Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação

Diretoria e Políticas e Programas Educacionais

Programa de Desenvolvimento Educacional

UNIDADE DIDÁTICA

ARTE MURALISTA E POPULAR.

“OLHAR ALÉM DO VER”

Unidade Didática apresentada como um

dos requisitos do PDE- Programa de

Desenvolvimento Educacional 2013,

ofertado pela Secretaria de Estado da

Educação do Paraná/SEED, na área de

Arte, em parceria com a Universidade

Estadual do Centro Sul do Paraná –

UNICENTRO, campus de Guarapuava

Orientadora: Profª Mestre Desirée Paschoal de Melo

GUARAPUAVA – PR

2013

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-

PEDAGÓGICA

Título: ARTE MURALISTA E POPULAR. “OLHAR ALÉM DO VER”

Autor Liane Inês Finger Pletsch

Disciplina/Área (ingresso no PDE)

Arte

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Carlos Drummond de Andrade

Município da escola Foz do Iguaçu

Núcleo Regional de Educação

Foz do Iguaçu

Professor Orientador Profª Mestre Desirée Paschoal de Melo

Instituição de Ensino Superior

UNICENTRO - Guarapuava

Relação Interdisciplinar Língua portuguesa

Resumo Esta unidade didática aborda a arte muralista enquanto elemento de formação da educação dos sujeitos em relação à arte. A arte muralista tem como características a reprodução de fatos e de opiniões sociais, assim esta unidade tem como direcionamento principal desenvolver a análise da arte muralista enquanto princípio de arte popular, direcionada à população em geral. O surgimento dessa linguagem de arte é consequência da necessidade levar a arte para rua deixando de ser um privilégio das classes dominantes que têm acesso às galerias de arte. No Paraná, o artista que se destacou na realização de muralismo foi Poty Lazzarotto, um curitibano que se dedicou a levar a arte para o povo através do mural. No entanto, essa unidade não se limita à contemplação da arte produzida, ela também se volta para o conhecimento de técnicas de arte que podem levar os alunos a produção artística por meio da representação de temas sociais.

Palavras-chave (3 a 5 palavras)

Espaço urbano; arte muralista; educação do olhar.

Formato do Material Didático

Unidade Didática

Público Alvo 9 ºano do Ensino Fundamental

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 4

UNIDADE DIDÁTICA ....................................................................................6

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS ...........................................................13

MÓDULO I - A ARTE MURALISTA NO PARANÁ: POTY LAZZAROTTO......14

MÓDULO II - MURALISMO: OS ASPECTOS SOCIAIS DA ARTE.............20

MÓDULO III - A ARTE MURALISTA NA ESCOLA FUNDAMENTAL............25

CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................30

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APRESENTAÇÃO

Esta unidade didática apresenta uma proposta de intervenção que será

desenvolvida na disciplina de arte, no 9º ano do Ensino Fundamental, no Colégio

Estadual Carlos Drummond de Andrade, na cidade de Foz do Iguaçu, no estado do

Paraná. Como tema foi selecionado a leitura e produção da arte muralista.

A arte muralista engloba o conjunto de obras pictóricas realizadas sobre

paredes, assim, é possível propor, no ensino de arte sobre o tema, uma nova visão,

por meio da produção e análise de imagens que possibilitam a realização de novas

criações que permitem dar “voz” as ideias dos alunos através da arte em espaços

não convencionais, como o muro.

Com a arte muralista, a população tem acesso à “arte pública”, uma vez que o

acesso a galerias e museus de arte é difícil para uma parte da população. A pintura

mural leva a arte para a esfera pública, onde muitas vezes os espaços urbanos

tornam-se verdadeiras galerias de arte a céu aberto.

Desde a pré-história, o homem sempre sentiu a necessidade de expressar

seus sentimentos, de comunicar-se com o outro; foi a partir daí que surgiram as

primeiras formas de expressão nos “muros”, as chamadas pinturas na caverna. A

sociedade evoluiu, porém ainda nos surpreendemos com expressões murais em

vias públicas.

A pintura mural ou parietal difere das outras formas de arte pictórica por estar

profundamente vinculada à arquitetura, pois é uma arte realizada nas ruas das

cidades que se transformam em galerias de arte ao ar livre, quando os artistas usam

os muros, fachadas de prédio, ao invés de pintar em tela. Esse meio de expressão

não é simplesmente pela dificuldade de expor em galerias e museus, na maioria das

vezes é uma opção do artista, porque é nas ruas que ele conseguirá que sua arte

seja visualizada por todos os públicos.

Para abordar a arte muralista selecionamos o artista paranaenses Poty

Lazarotto, por se tratar de artista que possue obras próximas ao cotidiano dos

alunos, tanto pela proximidade de acesso físico as obras, localizadas na cidade que

residem, quanto pela proximidade das histórias relatadas nos murais, assuntos que

abordam a cultura local. Nesse sentido, o objetivo é fazer com que os alunos

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entendam e compreendam a proximidade da arte histórica e social, aliado ao

cotidiano do aluno, que de certa forma, possibilita uma análise de que essa arte não

está distante do seu dia a dia.

A partir do momento que o aluno começa a valorizar sua cidade isso faz que

ele valorize mais o ambiente escolar, modificando suas ações, passando a acreditar

que a arte muralista tem seu valor, seu significado e que seus conteúdos favorecem

o espírito crítico e faz uma compreensão mais precisa do ser humano e da sua

história.

O tema central deste trabalho é o valor artístico e social da arte muralista, já

que, ao longo da História, ela tem sido utilizada pelo homem como forma de

linguagem e de expressão. Isso tem se dado pelos motivos mais diversos, inclusive

para a sensibilização e mobilização do público em torno de ideais filosóficos,

políticos e sociais.

O ser humano sempre procurou representar a realidade em que vive pessoas,

objetos, animais e elementos da natureza através da arte. Para compreender a

relação entre eles (arte, sociedade e cultura), é importante observar a complexidade

da cultura. De acordo com Fischer. “Enquanto formos incapazes, como no presente,

de distinguir um grande tema de um tema miúdo, uma visão ampla de uma visão

estreita ficaremos inteiramente à mercê das emoções que nos envolvem”.

(FISCHER, 2002, p.108).

Sendo assim, a arte inserida na escola de uma forma especial e

fundamentada de conhecimentos, pode contribuir para o desenvolvimento do

educando, tornando-os além de mais realizados e motivados dentro das salas de

aulas, pessoas conscientes, críticas, cada vez mais criativas e mais apto a entender

o mundo de forma proativa. Promovendo assim uma articulação de saberes e

permitindo ter uma visão mais integrada do mundo em que vive, promovendo na

escola a interdisciplinaridade, e levando o aluno a expressar seus sentimentos e

opiniões de forma apropriada.

A arte amplia a visão de mundo e permite ao aluno ter vínculos com

realidades diversas. Com essa atividade, será possível desenvolver nos alunos

senso critico e de alguma forma a vontade de expressar sua opinião através da arte.

Oportunizá-los de alguma maneira por em prática as teorias aprendidas em sala de

aula e contemplar sua própria arte todos os dias.

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É por meio da arte que o professor pode estimular, provocar e instigar o

aluno, promover mudanças na sua realidade dentro do ambiente escolar e levá-lo a

aprendizagem, na busca do conhecer e, nesse instante, o professor se torna um

mediador do conhecimento e da descoberta, provocando a sensibilidade artística do

aluno, tornado-o capaz de expressar sua criatividade, sua expressividade e buscar

novas maneiras de obter e ampliar seu universo cultural.

Para Fischer (2002, p.170), “Novas maneiras de ver e de ouvir não são

apenas resultado de aperfeiçoamentos e refinamentos na percepção sensorial, mas

também uma decorrência de novas realidades sociais”.

Pareyson chama a atenção para a especificidade do trabalho artístico, para a

criação de novas maneiras de representação da realidade humana social por meio

das linguagens artísticas. A educação em arte diferencia da formação do artista, cuja

atividade, a execução e a criação acontecem simultaneamente sendo impossível

separar essas ações (PAREYSON, 1984, in. SCHLICHTA, 2009, p.31).

Ana Mae Barbosa acredita que

A construção do conhecimento em arte, acontece quando há a interseção da experimentação com a codificação e com a informação, considerando-se como objeto de conhecimento dessa concepção, a pesquisa e a compreensão da questão que envolve o modo de inter-relacionamento entre arte e público, propondo-se que a composição do programa de ensino de arte seja elaborado a partir de três ações básicas que executamos quando nos relacionamos com a arte. Ler a obra de arte, fazer arte e contextualizar.(BARBOSA, ANA MAE, 2008, p.36).

Ana Mae acrescenta ainda, “A leitura de obra de arte envolve o

questionamento, a busca, a descoberta e o despertar da capacidade critica do

aluno”.

UNIDADE DIDÁTICA

Ao refletir sobre os conteúdos que se deseja ensinar aos alunos do ensino

básico, deve-se observar que o conhecimento para ser válido precisa permitir ao

aluno aplicá-lo na vida cotidiana. Esses saberes são direcionados aos alunos das

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classes populares e por isso precisam direcionar para a consolidação de uma

formação crítica que seja capaz de relacionar a arte à vida das pessoas.

A educação do olhar para as obras de arte que se encontram nas ruas e que

trazem mensagens da vivência social é importante para a formação dos alunos, pois

indica a formação da sensibilidade para a compreensão de diferentes tipos de

comunicação exigida na sociedade contemporânea.

Assim, há que entender o que deve-se ensinar, como e por que estes

conteúdos são importantes para a formação dos cidadãos para vida em sociedade.

REVISÃO TEÓRICA

Segundo Ana Mae Barbosa, os conteúdos de arte estão norteados em três

eixos: produzir, apreciar e contextualizar. Através da produção o aluno se expressa

e experimenta todas as linguagens artísticas. A apreciação e a contextualização

entra em contato com a produção histórica e social da arte. Para Octávio Paz:“Cada

época escolhe sua própria definição de homem. Creio que a do nosso tempo é esta:

O homem é um emissor de símbolos. Entre esses símbolos há dois que são o

princípio e o fim da linguagem humana, sua plenitude e sua dissolução: o abraço

dos corpos e a metáfora poética”.( PAZ, 1991, p.114-5).

Sendo assim, somos capazes de criar novas ideias de acordo com o tempo

através dos nossos próprios sentimentos. A obra de arte une a realidade à

imaginação, dando significado as criações artísticas, de modo que a nova e mais

ampla realidade é determinada, em partes , pelo ponto de vista individual e social do

artista, envolvendo não só o passado como o futuro nas experiências e

acontecimentos da criação; os sonhos, pressentimentos, emoções, fantasias e

rotinas para se chegar na criação.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná de Arte-

DCE (2008), harmoniza-se com a teoria da prática de atividades relacionadas a

criação.

Criar é fazer existir algo inédito, um objeto novo que expressa o sujeito criador e, simultaneamente, o transcende, enquanto objeto portador de um conteúdo de cunho social e histórico e enquanto objeto concreto, como uma nova realidade social (PEIXOTO, 2003, p.39 In:PARANÁ/DCE, 2008. p.23).

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Assim, buscam ressaltar importância da disciplina de arte na formação do

cidadão consciente, crítico e criativo, capaz de expressar suas ideias e sentimentos

através da arte. A aprendizagem em arte é fundamental para o desenvolvimento dos

educandos e através do conhecimento, envolve-se o pensamento crítico, o

sentimento estético e a formação intelectual do aluno.

De acordo com Zagonel (2008, p.20): “Cada arte é estruturada a partir de

códigos particulares, e sua compreensão vem do hábito das pessoas em apreciá-la

e dos conhecimentos adquiridos sobre ela.”

A obrigatoriedade do ensino de arte está plenamente de acordo com os

objetivos da educação pregados pela lei nacional. Pelo ensino da arte, os alunos

podem estimular toda capacidade de sua inteligência, abrangendo uma ampla

variedade de domínios, o que nos leva a pensar em uma educação que nos

privilegie o desenvolvimento do pensamento lógico como um todo.

Com todas essas colocações de como desenvolver a arte na escola e

despertar o interesse no educando, a arte possibilita ainda reflexões e interpretações

referente as culturas . Para Ferraz e Fusari:

É preciso perceber e analisar de que maneira as inter-relações artísticas e estéticas vêm ocorrendo ao longo do processo histórico social da humanidade. Além disso, é preciso verificar como tais relações culturais mobilizam valores, concepção de mundo, de ser humano, de gosto e de grupo social (FERRAZ & FUSARI, 2004, p.18).

Desta forma, fica evidente, que a arte pode elevar o homem de um estado de

fragmentação a um estado íntegro, total. Capacitando-o para compreender, suportar

e transformar a realidade.

A arte também é uma forma de conhecimento e, desse modo, pode não só revelar as contradições da sociedade, prestando-lhe uma critica social, como também revelar ou representar tanto a vida interior do homem como a cultura. É ainda uma forma de trabalho criador e de expressão, mas, para que seja linguagem artística, é preciso acrescentar novos ingredientes a esta forma de expressão. Além disso, a arte pode proporcionar prazer (JUSTINO,1999,p.201).

As propostas pedagógicas, professores e o sistema educacional em geral

buscam tornar viável a estruturação de uma percepção que conduz o aluno a

adquirir consciência critica, ativa e exigente em relação a realidade humana e social,

na busca de compreender os reflexos dessa realidade por meio da arte.

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Para Barbosa (2008, p.72): "Ao tecer uma diferenciação entre olhar e ver,

alguns teóricos e artistas ressaltam que começamos olhando para depois

chegarmos ao ato de ver. Em geral, olha-se sem ver”.

O professor de arte deve construir esses significados de posse dos

conhecimentos que são adquiridos com um processo de alfabetização visual,

despertando assim, o gosto em ver, olhar, observar, criticar e criar. Muitas vezes,

não observamos os muros, parques e praças, e a arte pública, passa despercebida.

Andando pelas ruas das cidades brasileiras, encontramos rabiscos, letras,

desenhos e pinturas feitas sobre os muros de casas, edifícios comerciais, igrejas e

prédios públicos. Em meio a tanta poluição visual, começaram a surgir desenhos e

pinturas bastante originais. Bem feitas, variando no estilo, essas espontâneas

expressões dos artistas muitas vezes anônimos, chamado de grafite, vêm se

tornando uma linguagem artística que democratiza a arte. O fato de estarem nas

ruas para todo mundo apreciar, faz com que desafiem a análise dos que buscam

questionar, compreender e comentar os centros urbanos contemporâneos.

Contudo a pintura mural tem raízes no instinto primitivo dos povos que

decora seus ambientes e de usar a superfície das paredes para expressar ideias,

emoções e crenças. Entre os povos mesopotâmicos, egípcios e cretenses, os murais

eram empregados para decorar palácios e monumentos funerários. No Egito, país

localizado na região nordeste da África, em aproximadamente 3000 a.C., as paredes

já eram usadas para desenhar e fazer baixos relevos. A representação dos

personagens, obedecia a um padrão conhecido como “lei da frontalidade”. Também

foram cultivados na civilização Grego-romana, embora destes tenham restado

poucos exemplares, entre os quais se destacam os encontrados nas ruínas Pompéia

e Herculano.

Manifestações importantes da Arte Mural românica são as das Igrejas de

Berzé-em-Ville, na França de Oberzell, deTarrasa e Tahull, na Espanha. Na Idade

Média, o afresco é um método de pintura mural que consiste na aplicação de cores

diluídas em água sobre um revestimento de argamassa ainda fresca. Os povos da

antiguidade registraram fatos que são considerados fascinantes como é o caso dos

registros em túmulos de faraós egípcios em que imagens e textos contam histórias

por meio de composições elaboradas e ricas em formas de grandes murais. Essa

forma de comunicação foi também utilizada pelos povos do oriente, como China e

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Índia. Em Roma, os primeiros cristãos gravaram sinais religiosos nas catacumbas

onde se reuniam em segredo.

No Renascimento, foram criadas algumas obras primas do muralismo, com os

afrescos da capela Sistina por Michelangelo e a Última Ceia de Leonardo da Vinci.

Desde os tempos mais remotos para os artistas o local habitado serve como fonte

de inspiração ou como palco de suas realizações artísticas é chamado de arte

pública, onde se incluem esculturas, pinturas em murais e grafite. Para

encontrarmos esta arte, basta observarmos muros, parques, praças etc. Muitas

vezes, com o corre-corre da vida, passa despercebido, não apreciamos, nem

notamos esses verdadeiros museus a céu aberto, cujo a objetivo é proporcionar ao

público uma maneira de contemplar as obras de artes nas cidades, e até mesmo

refletir um pouco sobre seu significado.

Tomando o muralismo mexicano como modelo ou adotando técnicas

ilusionistas, de caráter hiper-realista, inventado soluções alternativas como Art-Door

e o grafite, assumindo formas coletivas como nas “Brigadas Artísticas”, o muralismo

contemporâneo voltou a se expandir em todo o mundo a partir dos anos sessenta, e

não cessou de crescer e de se renovar.

No entanto desde 1921 já se delineava o movimento muralista,

especialmente, a partir da afirmação de Siqueiros (1992, p.50): “Não queremos

enclausurar nossas obras em museus. Se o povo não consegue visitar museus,

faremos exposições nas ruas. Pintaremos os muros, as paredes dos edifícios

públicos, dos sindicatos de todos os cantos onde se reúna gente que trabalha”.

Assim, o muralismo mexicano deixou marcas profundas em vários países do

continente, reforçando tendências locais, influenciando as obras de alguns artistas,

isoladamente, e servindo como modelo de políticas artísticas em diversos países. O

muralismo passou a exercer numa verdadeira ditadura sobre as demais correntes

artísticas (SIQUEIROS, 1992).

Essa arte comunicativa, e popular que está ao alcance de todos, auxilia as

pessoas a aumentar sua percepção estética e cultural, interagindo com o outro

através da sua expressão artística. De acordo com o livro Metrópole e a Arte, no

Brasil, o primeiro mural do projeto “Arte nos muros” foi inaugurado em Janeiro de

1984, na parede cega da Escola Nacional de Música na Lapa, centro do Rio de

Janeiro.

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Poty Lazarotto, artista paranaense, deixou sua expressão através do

muralismo por várias cidades no Brasil e também em outros países. Poty tem uma

forma simples de detalhar todo um enredo através de uma obra de arte, o que aguça

nossa imaginação ao visualizar tais obras.

Pelas ruas do Brasil, principalmente no Paraná é possível se deparar com

obras do muralismo, em sua maioria assinadas por Poty Lazzarotto. Filho de italiano,

Napoleon Potyguara Lazzarotto, conhecido como simplesmente Poty, nasceu em

1924 na cidade de Curitiba no Paraná. Poty estudou litografia em Paris e deu aulas

em escolas de artes na Bahia, Recife e Curitiba. No decorrer de sua vida trabalhou

principalmente com desenhos, gravuras, murais, serigrafia e litografia, também

ilustrou livros de Jorge Amado, Graciliano ramos, Euclides da Cunha, Machado de

Assis, Guimarães Rosa e Gilberto Freire. Poty, faleceu de câncer no pulmão, em

1998, na capital paranaense.

Em 1935, na praça 19 de Dezembro, em Curitiba, Paraná, o painel azulejar

dentro do espírito narrativo, marca toda a produção muralista. Atualmente, a

maioria dos murais encontrados em Curitiba é de autoria de Poty. Sua obra de

caráter expressionista demonstra realismo social, o nativismo paranaense e ainda

faz alusão ao fantástico. Segundo o livro A Metrópole e a Arte. Poty realizou, ainda

em Curitiba diversos murais como o do Hospital das clínicas e do Centro Politécnico

da Universidade Federal do Paraná , ele registra o cotidiano, os afazeres, a rotina e

a vida do povo.

Poty estava trabalhando, em um painel (Barrageiro) (Figura 1) em companhia

de Adoaldo Lenzi encomendado pela a Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, que

foi inaugurada em novembro 1998, como uma homenagem aos cerca de cem mil

trabalhadores brasileiros e paraguaios, que ajudaram a construir a Itaipu. Este é o

número estimado de barrageiros que trabalhavam nas obras, a partir de 1975. As

obras de Lenzi são frequentemente associadas aos painéis que fez em parceria com

Poty Lazzarotto. O painel que simboliza a construção da usina, tem 180 metros

quadrados e fica bem em frente ao Mirante Central, de onde se pode ter a melhor

visão da barragem de Itaipu. Um atrativo a mais para quem aprecia a boa arte.

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Figura 1: Mural "O Barrageiro", na Usina Hidrelétrica de Itaipu (1998).

Fonte: Fotografia tirada pela autora, 2013

O painel "O Barrageiro" de Poty Lazarotto e Adoaldo Lenzi está localizado na

Itaipu Binacional de Foz do Iguaçu, sendo uma homenagem as pessoas que

construíram a usina hidrelétrica de Itaipu, percebemos o emprego da cor do desenho

e o tratamento temático pode alterar radicalmente a percepção espacial da

construção.

Uma parte dos muros nos Estados Unidos, como na Europa, tem um sentido

eminentemente crítico, e outra cumpre uma função de embelezamento. Os murais

ajudam a camuflar a deterioração dos equipamentos urbanos, a aridez da

arquitetura, rompendo como falsidade e monotonia das metrópoles.

A arte está em toda parte, devemos despertar o nosso “olhar-ver”, aguçando

o nosso senso observador, crítico, e criativo, aplaudindo, protestando e

experimentando na construção da arte, fomentando através da liberdade de criar e

ter o povo apreciando. As ruas das cidades se transformam em galerias, expressa a

sensação de liberdade, de expressão, de ter “voz” através das pinturas em muros,

paredes e fachadas. A expressão por meio da arte contribui para incentivar os

alunos na participação ativa, crítica e reflexiva em seus trabalhos, em relação ao

ensino aprendizagem, diferentes maneiras de ver e representar, tornando-os os

mais ativos a medida que os alunos conscientes de seu papel como tradutores,

reconstrutores sociais e estéticos, cumprindo suas funções na sociedade através

dos significados eminentemente ocultos, ampliando seus conceitos acerca do

mundo para interagir, expressar e comunicar-se entre si e com os outros de várias

formas e diferentes situações.

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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Esta unidade didática apresenta três módulos a serem desenvolvidos com os

alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e tem a finalidade de organizar o trabalho

de forma a tornar possível a construção de conhecimentos sobre a arte muralista a

partir da análise da biografia e obras do artista paranaense Poty Lazzarotto e da

formação de conceitos sobre a finalidade social do muralismo, uma vez que os

muros, neste caso, são instrumentos de comunicação com o público, aferindo à arte

uma conotação social e política.

As obras de Poty servirão como base na análise para a produção muralista.

Os alunos pesquisarão sobre o referido tema (mural) e sua relação ao longo da

história da arte.

O primeiro módulo conceitua o muralismo, apresenta Poty Lazzarotto e

analisa sua obra, o segundo módulo fundamenta a arte muralista e conceitua as

partes que a compõem identificando os muros e paredes como instrumentos da arte,

mas também como elemento de comunicação social da arte. Enfim, o terceiro

módulo desenvolve técnicas e realiza um mural artístico com os alunos

Espera-se que com o desenvolvimento deste tipo de análise possa-se educar

o olhar, permitindo que os alunos ao perceber a existência de arte na rua possam

identificar a verdadeira arte e suas mensagens.

A arte muralista é realizada para sair das galerias e alcançar a população, é

reconhecida como a arte produzida sobre paredes, o que a torna acessível à toda a

população independente da estratificação social a que a mesma pertença.

A arte muralista realizada pelo artista paranaense Poty Lazzarotto é de fácil

interpretação e de assumida importância na formação da compreensão do contexto

histórico e social do povo do Paraná.

Diante disso, desenvolver o estudo da arte muralista contribui para a

formação da crítica às contradições sociais, políticas e econômicas presentes na

estrutura da sociedade contemporânea e permite compreender a produção científica

e a reflexão filosófica a respeito do contexto que a constitui.

.

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MÓDULO I

A ARTE MURALISTA NO PARANÁ: POTY LAZZAROTTO

O primeiro módulo conceitua o muralismo, apresenta Poty Lazzarotto e

analisa sua obra por meio de duas atividades apresentadas abaixo. O objetivo geral

é, conhecer a arte muralista paranaense, sendo que os objetivos específicos são,

estudar a vida e as obras de Poty Lazzarotto, identificando o conceito de arte

muralista.

Atividade 1: Conceituando a arte muralista de Poty Lazzarotto

Tempo: 4 horas-aula

Conteúdo: Vida e obra de Poty Lazzarotto

Objetivo: Reconhecer Poty como representante da arte muralista paranaense.

INSTRUÇÕES

Iniciar a aula assistindo o vídeo que contem imagens e obras de Poty

Lazarotto de 07:50 minutos, disponível em: <http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/

video/showVideo.php?video=6322>, complementar com a leitura do texto disponível

em <Fonte: www.cultura.pr.gov.br, 2013>. Em seguida, fomentar um debate

direcionado sobre o vídeo e o texto biográfico de Poty Lazarotto.

Após a leitura e o debate solicitar aos alunos que comentem sobre o que

entenderam da trajetória de Poty até ser reconhecido no mundo da arte.

O professor pode apresentar questões aos alunos para que ao buscar as

respostas o aluno construa conhecimentos sólidos a respeito da arte de Poty

Lazarotto, como:

.

a) Que cidades a arte de Poty conquistou na década de 1940?

b) Como o Governo do Paraná homenageou Poty?

c) Por que Poty foi ao Xingu?

d) Cite as exposições internacionais realizadas por Poty.

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Após a realização do debate, o professor complementa os conhecimentos

sobre Poty apresentando o documentário "Pelos Traços de Poty" de Karla

Nascimento, disponível em: A Arte na Escola VI.

<http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/noticias/documentario-revela-curitiba-

nos-tracos-de-poty/>.

O tema do documentário gira em torno da vida e da obra do notável Napoleon

Potyguara Lazzarotto, o artista plástico Poty e foi filmado inteiramente na cidade de

Curitiba em tecnologia digital. A fotografia e a montagem são assinadas pelo

premiado diretor Beto Carminatti, já a trilha sonora original foi composta por Rodrigo

Janiszewiski e Fabiano O Tiziu.

Agora que os alunos conhecem um pouco sobre a vida de Poty Lazzarotto

eles podem apresentar considerações sobre sua arte, respondendo aos seguintes

questionamentos, se necessário utilizar laboratório de informática para pesquisa. O

professor deverá deixar bem claro aos alunos que se trata de uma pesquisa e por

isso, não se pode copiar os dados do computador sem registrar os autores dos

textos e das imagens.

a) Anotar a biografia do autor

b) Analisar as características de suas obras

c) Procurar o conceito de arte muralista

d) Identificar as principais obras de Poty

e) Apresentar figuras contendo obras de Poty na sala de aula, desenvolver uma

análise das obras analisando os traços e técnicas utilizadas pelo artista.

Após os alunos assistirem ao vídeo de Poty Lazarotto e pesquisado, eles

farão uma releitura da obra que mais gostou, baseada no seu cotidiano,

identificando os elementos visuais, como cores, linhas, formas e texturas.

Sugestão de link com obras de Poty Lazzarotto:

http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=302&evento=1#me

nu-galeria.

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Conclusão

Com o desenvolvimento de leitura, filme e pesquisa on line pretende-se que o

aluno tenha aprendido a apresentar as impressões sobre Poty e sua obra, contar

como Poty descobriu sua vocação de muralista, estabelecer uma cronologia para as

obras de Poty e relacionar as principais obras de Poty na arte muralista.

Avaliação

A avaliação segue os preceitos formativos previstos na proposta pedagógica

do estabelecimento que prevê avaliação contínua, observação direta das atividades

desenvolvidas pelos alunos e registro sistemático das atividades e participação de

cada um.

Atividade 2: Conceituando a arte muralista

Tempo: 4 horas - aula

Conteúdo: Características do Muralismo

Objetivo: Identificar as características referentes à arte muralista do Paraná

INSTRUÇÕES

Iniciar esta atividade apresentando um conceito sobre muralismo, sugestão

de imagens sobre o tema, disponível em:< https://www.google.com.br/search?q=

pintura+muralista&espv=210&es_sm=122&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=

cPyNUubJJdPqkQe5kYDoCA&ved=0 >.

O professor poderá ainda ler e comentar sobre o texto, muralismo: uma forma

de arte pública, disponível em <http://educacao.uol.com.br>.

Com as explicações e leituras realizadas a respeito do muralismo pretende-

se que os alunos encontrem respostas para questionamentos como:

a) Qual a diferença entre pintar um muro e realizar muralismo?

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b) Porque o muralismo é considerado arte?

c) O que significa ser uma arte pública?

d) Já presenciou e analisou um mural enquanto obra de arte?

e) Qual muralista brasileiro realizou uma obra de arte em Foz do Iguaçu?

f) O que é o projeto “Arte nos muros”?

g) Onde foi realizado o primeiro mural?

h) Quem realizou o primeiro mural e por quê?

i) Que motivos teria um artista atual para realizar um mural?

Tomando como princípio que a arte muralista tem como objetivo levar arte as

ruas onde toda a população tem acesso.

O objetivo dos questionamentos é promover uma reflexão sobre a educação

do olhar para a percepção da arte muralista.

3. Análise de obras de arte muralista.

Observar os painéis de Poty Lazarotto e Adoaldo Lenzi, bem como, as

características das obras em relação às formas, cores, traços, temática, etc.

Mural que retrata a história do municipio Santa Helena Fonte:Foto tirada pela autora, 2013.

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Mural em homenagem aos pioneiros da cidade Santa Terezinha de Itaipu Fonte: Foto tirada pela autora, 2013

Mural em homenagem aos Barrageiros em Itaipu Fonte: Foto tirada pela autora, 2013.

Encontrar nas figuras as respostas para as questões:

a. Em que época foram realizados esses painéis?

b. Que cenas representam?

c. Que características do muro foram utilizadas pelo artista?

d. O muro se apresenta como um recurso para o artista? Por quê?

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e. O muro apresenta arte a céu aberto, ele apresenta alguma crítica de

ordem social?

f. O mural aborda características culturais da cidade de Santa Helena, Santa

Terezinha de Itaipu e Foz do Iguaçu. Quais?

O professor deverá promover entre os alunos o mesmo processo em relação

à análise da obra, promovendo uma reflexão sobre a arte muralista na região do

Lago de Itaipu.

É necessário também conduzir os alunos à compreensão de que existem

obras de Poty que foram realizadas em parceria com Adoaldo Lenzi, assim o

professor pode orientar uma pesquisa para saber como isto aconteceu, quem foi

este parceiro de Poty e as obras que mais se destacaram nesta parceria.

Observando os painéis de Poty Lazarotto e Adoaldo Lenzi os alunos em

duplas deverão criar uma poesia, a partir das temáticas dos painéis. Essa poesia

poderá ser apresentada no encerramento do trabalho juntamente com a inauguração

do mural no final do Módulo III.

Apresentar figuras da arte muralista, pesquisar em revistas e livros, na

internet e fazer um acervo de figuras e montar um painel na sala (papel craft).

Pretende-se com estas aulas que o aluno compreenda os diferentes tipos de

arte mural, que ele possa refletir sobre as causas que levaram o artista a projetar e

executar cada mural abordado.

Conclusão

Com esta atividade pretende-se desenvolver o conceito de arte paranaense

tomando como temáticas os aspectos sociais e culturais da região oeste do estado

do Paraná, assim os alunos poderão perceber como a sociedade influencia

Avaliação

A avaliação é formativa e segue as determinações da proposta pedagógica do

estabelecimento que indica a avaliação contínua, observação direta das atividades

desenvolvidas pelos alunos e registro sistemático das atividades e participação de

cada um.

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MÓDULO II

MURALISMO: OS ASPECTOS SOCIAIS DA ARTE

O segundo módulo fundamenta a arte muralista e conceitua as partes que a

compõem identificando os muros e paredes como instrumentos da arte, mas

também como elemento de comunicação social da arte. Organizado em duas

atividades, o objetivo é compreender a arte muralista como um instrumento de

reflexão político social.

Atividade 3: A comunicação e a arte nos muros e paredes

Tempo: 2 horas - aula

Conteúdo: A relação entre a arte muralista e a sociedade

Objetivo: Identificar as implicações da cultura social no desenvolvimento da

arte muralista

INSTRUÇÕES

1. O professor poderá iniciar esta atividade exibindo aos alunos os seguintes

vídeos, disponíveis em <https://www.youtube.com/watch?v=FTYSbLizWVc> e <

https://www.youtube.com/watch?v=jOyft252S18>, os quais relatam um pouco sobre

a arte muralista no Brasil e no exterior.

Após a exibição dos vídeos, o professor promoverá um debate sobre a

história da arte muralista e arte pública, analisando junto com os alunos as

principais características, o período em que ela se desenvolveu e os pintores com

maior destaque.

A arte muralista deve ser percebida como uma expressão da arte que

contribui para a reflexão crítica, social e política, mas acima de tudo como arte, não

como utilitarismo.

Para Santana (2009) a arte representa a memória cultural das cidades e

comenta sobre vários monumentos e expressões da arte presentes na

representação cultural de diferentes cidades e espaços: O Cristo Redentor no Rio de

Janeiro, A estátua de Platão em Atenas na Grécia, As esculturas de Aleijadinho em

Congonhas do Campo, o monumento a Duque de Caxias em São Paulo e tantos

21

outros espaços e monumentos que caracterizam as cidades. Estes são alguns

exemplos do que se pode admirar de arte nas cidades, um verdadeiro museu a céu

aberto. Muitos artistas foram eternizados em realizações de grandes monumentos e

murais, o que merece um estudo detalhado dessa representação social da arte.

2. Orientar os alunos a desenvolver uma pesquisa sobre o diálogo entre a arte e as

cidades, para tanto será necessário desenvolver um trabalho de pesquisa na

biblioteca e no laboratório de informática, para com a ajuda de livros, revistas,

jornais, máquina fotográfica e cartões postais montar um álbum em caderno espiral,

que servirá de acervo ou banco de imagens para estudos posteriores.

# Realizar uma discussão sobre a importância das obras públicas na cidade;

#Nomear as imagens, monumentos, murais e outras representações

existentes na cidade de Foz do Iguaçu;

# Conversar sobre os monumentos e obras de arte que os alunos já viram

pessoalmente ou em jornais, revistas, livros ou publicações on line;

# A importância dos cartões postais como representação da arte;

# Montar um álbum com figuras e fotos de obras de arte que sejam

expressivas da cidade onde moram.

Conclusão

Nesta aula pretende-se relacionar a arte com a sociedade e com a dinâmica

das cidades, educando o olhar para diferenciar arte de outras expressões da

comunicação.

Avaliação

A avaliação desenvolvida nestas aulas segue a determinação do PPP da

escola que adota a avaliação formativa, valorizando os requisitos desenvolvidos

pelos alunos e diagnosticando as ações seguintes de acordo com a avaliação

contínua dos alunos, determinando a retomada de conteúdos sempre que

necessária a reconstrução de conhecimentos.

22

Atividade 4: A importância social da arte muralista

Tempo: 4 horas

Conteúdo: Diferença entre grafite e pichação

Objetivo: Reconhecer a diferença entre arte e manifesto social

Inicialmente o professor deve promover uma reflexão a respeito dessas duas

manifestações que tem nos muros a sua fonte de comunicação, realizando uma

comparação.

Grafite Pichação

Fonte:http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=302&evento=1#menu-galeria

1. Após as observações dos desenhos e apresentação do tema, debater com os

alunos, pode-se desenvolver uma leitura de esclarecimento do assunto. Leia e reflita

sobre o texto abaixo:

Pichação e grafite são a mesma coisa?

Há quem diga que pichação e grafite são a mesma coisa, de fato ambos se

apóiam no proibido, na surpresa, e se definem como forma de intervenção e

transgressão no espaço urbano. No entanto, existem algumas diferenças: grafites

são mais figurativos e trazem símbolos da cultura pop, como desenhos animados,

personagens em quadrinhos, frases de protesto, figuras do hip-hop e outros

símbolos. É de rápida aplicação. Podem ser feitos com spray, rolinhos de tinta, látex,

pincéis e máscaras. A pichação, em geral, é mais rápida e não figurativa, resumindo-

se a nomes e palavras de ordem aplicados com spray de uma só cor. Costuma ser

mais agressiva, chegando a invadir espaços internos, como pátios escolares,

banheiros públicos, estátuas, monumentos, topos mais altos de edifícios e outros

lugares de difícil acesso, como uma demonstração de força das turmas. Seus

23

adeptos gostam de andar em grupos, que agem com violência quando outros

pichadores invadem seu território (SILVA, 2003).

Após o debate e a leitura, o professor promove uma reflexão para que os

alunos respondam ao questionamento de maneira crítica e reflexiva, com

conhecimento sobre o assunto a partir de perguntas como:

a) O que os alunos sabem sobre grafite?

b) Qual a opinião deles sobre essa manifestação: é arte ou sujeira?

c) Existem muitos grafites na sua cidade?

d) Os alunos prestam atenção nos muros da cidade quando se locomovem?

e) Grafitar e pichar a cidade é crime? Por quê?

f) Pesquisar o que diz a legislação a respeito da poluição visual, caso seja

necessário usar laboratório de informática para pesquisa.

2. Como já vimos mais sobre grafite, convide os alunos a criar um painel com grafite.

Material:

Lápis, papel para desenho, grampeador e fita crepe, papel cartão para fazer

moldes vazados, carbono, caneta hidrográfica, estilete.

Como fazer:

Desenhar a imagem que deseja transformar em stêncil sobre o papel para

desenho, fixar o desenho sobre o papel cartão e com ajuda do carbono

transportar a imagem para o papel cartão, com a caneta hidrográfica refazer o

desenho deixado pelo carbono, Com cuidado recortar com estilete os traços

fazendo um molde. Fixe o molde sobre o painel onde será reproduzido o

desenho e pinte com o spray. Usar máscaras de proteção, luvas óculos para

evitar problemas com a tinta.

(Como o mural será exposto na escola poderá ser confeccionado em papel

craft, para evitar danos ao patrimônio público)

Cada aluno irá se expressar por meio de palavras ou desenhos abordando o

tema "minha cidade" (pontos turísticos, problemas sociais, o cotidiano, como ele vê a

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sua cidade), da forma como ele gostaria de deixar sua marca para observação pelos

demais alunos.

3. Outra atividade que poderá ser desenvolvida para enriquecer o conhecimento

sobre esse assunto e que vai contribuir para a educação do olhar é fotografar

pichações existentes em muros de sua cidade e decifrar a mensagem deixada pelo

pichador em forma de texto.

Da mesma forma, os alunos podem ser incentivados a fazer um comentário

dando sua opinião sobre a arte do grafite, orientando-se pelo roteiro abaixo:

# Inicie o texto comentando a diferença entre grafite e pichação

# Dê sua opinião, o grafite é uma arte?

# Desenvolva seu texto comentando a intenção dos grafiteiros em expor seus

trabalhos nas ruas. Dê sua opinião sobre isso.

# Você conhece algum artista do grafite? De qual você mais gosta? Por quê?

# Conclua seu texto comentando sobre o seu desejo de fazer um grafite com

sua imagem em algum lugar da cidade, onde você gostaria que fosse? Por

quê?

Conclusão

Há um desencontro de informações a respeito da caracterização da arte

muralista e sua relação com o grafite e a pichação. É importante que os alunos

tenham clareza em relação ao crime que representa a pichação, uma vez que esta é

considerada ação de vandalismo. O grafite é reconhecido como uma arte popular

que deve ser realizada com consentimento do proprietário ou do poder público e não

ser considerada ofensiva amoral e aos bons costumes, quase sempre vem

acompanhada de crítica social. A arte muralista deve ser reconhecida pelos alunos

como a que se destina ao marco de uma época, às homenagens a heróis ou

representar feitos históricos.

Avaliação

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A avaliação desenvolvida nestas aulas segue a determinação do PPP da

escola que adota a avaliação formativa, valorizando os requisitos desenvolvidos

pelos alunos e diagnosticando as ações seguintes de acordo com a avaliação

contínua dos alunos, determinando a retomada de conteúdos sempre que

necessária a reconstrução de conhecimentos.

MÓDULO III

A ARTE MURALISTA NA ESCOLA FUNDAMENTAL

O terceiro módulo desenvolve técnicas e realiza um mural artístico com os

alunos, organizado em três atividade o objetivo é desenvolver técnicas de criação de

arte muralista com alunos do nono ano do Ensino Fundamental.

Atividade 5: O planejamento e o projeto dos murais

Tempo: 4 horas - aula

Conteúdo: As técnicas de construção de murais artísticos: Pintura, Stencil e grafite.

Objetivo: Relacionar temas sociais à arte muralista

INSTRUÇÕES

1. Desenvolvimento de um projeto de mural, para a primeira etapa na elaboração do

mural os alunos farão no caderno vários esboços onde terão a liberdade de criar

sob orientação do professor a intervenção que ele, posteriormente, fará no muro.

# O primeiro passo para que a turma concretize seu estudo produzindo arte

muralista é escolher o muro onde será realizada a obra de arte;

# Realizar uma pesquisa sobre o tema a ser desenvolvido no mural. Os temas

que podem ser transformados e servir de inspiração para a realização de arte

visual pode ser escolhido pelo aluno de acordo com a sua afinidade e

curiosidade. Os alunos deverão realizar a composição de um texto sobre o

26

tema escolhido e depois criar arte visual sobre o que escreveu, primeiro cada

um vai fazer essa atividade no seu caderno, onde ele vai fazer o estudo das

cores, linhas, formas, podendo fazer vários esboços até chegar na

composição que realmente seja do seu agrado para marcar no muro, os

temas sociais que podem ser abordados pelos alunos são: Política, Miséria,

Sport, Heróis anônimos,Drogas, Belezas naturais, outros .

# É necessário desenvolver as técnicas que serão utilizadas, pois numa turma

há alunos com diferentes habilidades, pode-se desenvolver desenho livre, a

técnica de stencil e a reprodução a partir de escala. ou seja a mesma técnica

usada para ampliar mapas. Atualmente, devido ao desenvolvimento

tecnológico poder-se-á utilizar um projetor para projetar a arte no muro e fazer

o esboço do desenho.

# A turma deverá entrar em consenso sobre as técnicas de pintura e as cores

que serão utilizadas.

# Escolher a data em que será executada a arte muralista e quem vai registrar

as atividades para compor um relato sobre os acontecimentos que culminarão

com a execução e a inauguração do mural para visitação comunitária.

Conclusão

A realização de um mural é uma pretensão do projeto a ser realizada nesta

atividade, quando os alunos já terão atingido o conhecimento necessário para a

realização do mesmo, além de poder decidir sobre a temática a ser abordada, os

alunos poderão decidir sobre quem homenagear, como e por que, definindo as

técnicas de reprodução dos desenhos e a escolha dos materiais. Esta é uma

oportunidade dos alunos demonstrarem o seu envolvimento no estudo da arte

muralista.

Avaliação

A avaliação é formativa conforme determina o PPP da escola, avalia-se o

resultado do trabalho, registrando a participação dos alunos.

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Atividade 6: A relação existente entre os temas sociais e a arte muralista.

Tempo: 10 horas - aula

Conteúdo: Promover a criação de um mural artístico com a participação de todos os alunos

Objetivo: Criação de mural artístico

1. Desenvolvimento do projeto mural, pintura que usa como suporte um muro.

# Depois de selecionar os esboços no caderno vamos confeccionar o mural.

# Após a escolha do muro que irá receber a intervenção dos alunos, o espaço

deverá receber um fundo branco a base de água, até que a superfície fique

uniforme. Cada aluno terá um espaço predeterminado pelo professor onde

realizará seu trabalho.

# Realizar a transferência do esboço para o muro ou parede a ser escolhido e

fazer a pintura, usando o projetor, escala ou mão livre, dependendo da

habilidade de cada aluno.

# Assim que concluir o desenho e a pintura o mural deverá ser coberto e

depois inaugurado para visitação planejando um ato solene para a ocasião.

Material:

Rolos, pincéis, tinta acrílica, bisnagas de várias cores, recipientes para

misturar tinta, trapos.

Passo a Passo para fazer o Mural

Coloque uma lona no chão para proteção; cobrir o fundo do muro com tinta

branca até ficar uniforme para receber o desenho e deixe secar; transferir a

imagem selecionada, caso queira utilizar o projetor, use a imagem escolhida,

podendo ampliá-la no xérox, faça uma transparência e coloque no projetor,

ligue o projetor e projete a imagem na área desejada da parede, contorne o

desenho com lápis ou giz; com a ajuda do professor misture a tinta,

proporcional a área pintada, coloque a tinta branca no pote e misturar com a

bisnaga colorida, até chegar a cor pretendida, baseando-se nas cores da

cópia do projeto; use pincéis do tamanho necessário para a sua área de

trabalho detalhe o tema; use pedaços de fitas para separar as imagens que

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ficarão em segundo plano; espere a tinta secar, antes de pintar sobre ela,

caso queira acrescentar algum detalhe.

Conclusão

O aluno, ao realizar esta atividade, necessita sentir-se valorizado em sua

participação, pois será aproveitada toda a criatividade expressa por ele, realizando a

sua arte como expressão dos seus sentimentos, opiniões e conhecimentos

expressos. A participação da comunidade é a premiação pelo êxito na realização do

trabalho.

Avaliação

A avaliação formativa segue a determinação do PPP da escola, nesta

atividade avalia-se o resultado de todo o trabalho, aproveitando os registros da

participação de todos os alunos.

Atividade 7: Conclusão e avaliação do mural.

Tempo: 2 horas

Conteúdo: Relação entre artes visuais a outras formas de arte.

Objetivo: Provocar a sensibilidade artística do aluno, ampliando assim seu universo cultural

INSTRUÇÕES

Inicialmente o professor orienta a turma para debater sobre a relação entre os

diferentes tipos de arte e para comprovar esta relação, os alunos poderão escolher

entre três tipos de arte para representar os painéis: dramatização, dança, música ou

poesia.

Orientar os alunos para escolher um dos painéis para ser representado em

outro gênero artístico.

A turma poderá ser dividida em grupos e cada grupo trabalhar com uma

representação artística, devendo preparar para a inauguração do painel.

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Realizar uma inauguração do mural, onde os artistas recepcionarão pais,

professores e comunidade escolar para visitar o mural.

Promover um sarau para a inauguração do painel onde os alunos

apresentarão a relação entre os painéis e outras representações artísticas.

Elaborar um texto narrativo em forma de relatório da construção do painel

artístico.

Conclusão

A criatividade do aluno repercute a sua adaptação aos novos conhecimentos,

sabe-se que ele aprendeu sobre a arte muralista à medida que ele se envolve na

execução das tarefas e todas as atividades devem culminar com a execução do

painel e a apresentação artística que vai valorizar a ação proposta.

Avaliação

A avaliação vai ser realizada a partir da apresentação artística e do mural

para a comunidade a ser realizada no final do projeto. As ações deverão ser

registradas por imagens e por meio de relatório das atividades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A UNIDADE DIDÁTICA

Ao propor a utilização do plano de Unidade Didática, organizado em torno da

arte muralista nas aulas de arte, teremos objetivo de instigar, provocar e estimular o

aluno promovendo mudanças dentro e fora do ambiente escolar, levando ao prazer

na busca do conhecer e neste instante o professor se torna um mediador do

conhecimento e da descoberta provocando a sensibilidade artística do aluno,

tornando-o capaz de expressar sua criatividade, sua expressividade e buscar novas

maneiras de obter e ampliar seu universo cultural.

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A arte muralista contribui para que os alunos entendam e compreendam a

proximidade da arte histórico social, aliada ao cotidiano do aluno, que de certa forma

possibilita uma análise de que esta arte não esta tão distante do seu dia-a-dia.

Para Ana Mae Barbosa, a construção do conhecimento em arte acontece

quando há a interseção da experimentação com a codificação e com a informação.

Com a produção desse trabalho busca-se a descoberta o despertar a capacidade

critica do aluno, colocando em pratica alguns pressupostos da metodologia do

ensino da arte.

Assim esta Unidade Didática, poderá ser utilizada por outros professores da

rede estadual de Ensino do Paraná (SEED) como uma eficaz ferramenta

pedagógica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, Jaqueline. Projeto educação para o Século XXI. São Paulo:Moderna, 2002. ARTE, Diretrizes Curriculares da Educação Básica, Secretaria de Estado da Educação Básica do Paraná. Curitiba, 2008. ARTE, vários autores, Ensino Médio, Secretaria de Estado de Educação, Curitiba,2006. BARBOSA, Ana Mae. Inquietação e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo:Cortez, 2008. BARBOSA, Ana Mae Tavares. Arte-Educação: Leitura no Subsolo. São Paulo:Cortez, 2005. BRASIL – Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília-DF: MEC, 1999. FISCHER, Ernst. A necessidade da Arte. Rio de Janeiro:Guanabara, 1987. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1996. FUSARI, Maria F. de Rezende E, & FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Arte na Educação Escolar.São Paulo: Cortez, 2001. JUSTINO, M.J.A. Admirável complexidade da arte.In: ARAÚJO,S.M.Bório, E.Cordi,C. et al. Para Filosofar. São Paulo: Scipione,1999.

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NOBRE, Suzy Margaret Damasceno. Disponível em: www..bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/4469/1/2011. acesso em 15/06/2013 PAZ, Octávio.Convergências: Ensaio sobre arte e Literatura. Trad. Moacir Werneck de Castro. Rio de Janeiro: Rocco,1991. SANT’ANNA, Renata. Saber e Ensinar Arte Contemporânea. São Paulo: Panda Books, 2009. SCHLICHTA, Consuelo. Mundo das ideias: Arte e educação, há um lugar para a arte no ensino médio.Curitiba:Yamará,2009. SCHONE, Adriano. Uma-arte-pública-quase-despercebida. Disponível em: www.lounge.obviousmag.org/taberna_das_artes/2012/10/ acesso em 15/06/2013 TORRES, Rosa Maria. Educação Popular - um encontro com Paulo Freire. São Paulo:Loyola, 1987. VENTRELLA, Roseli & ARRUDA, Jaqueline. Projeto Educação para o Século XXI. São Paulo: Moderna, 2002. ZAGONEL, Bernadete. Metodologia do Ensino de Artes. Curitiba:IBPEX,2008. A metrópole e a Arte- São Paulo: Prêmio, 1992.

WEBGRAFIA:

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Arte Seed. Galeria de Imagens: Artes Visuais. http://www.arte.seed.pr.gov.br

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Fundação Cultural de Curitiba. Karla Nascimento. Documentário revela Curitiba

nos traços de Poty. Ano 2013. http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br

/noticias/documentario-revela-curitiba-nos-tracos-de-poty/. Acessado em 20/11/2013.

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Youtube. TVBrasil. Portinari - De lá pra Cá. Ano 2012. https://www.youtube.com

/watch?v=FTYSbLizWVc. Acessado em 02/12/2013.

Youtube. Ignacio Aceituno. Muralismo y grafitti. Ano 2012. https://www.youtube.

com/watch?v=jOyft252S18