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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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O DESPERTAR À LEITURA - RECITAÇÃO DE POESIA

Beatriz Zardo da Silva1

Profª. Drª. Iara Aquino Henn2

RESUMO: O presente artigo tem como finalidade mostrar e relatar uma alternativa implementada

na Proposta de Intervenção, a partir de um estudo com o gênero textual poema. A realização do projeto de pesquisa ocorreu com a turma de educandos do 9º ano do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Castro Alves- Ensino Fundamental e Médio da cidade Enéas Marques, Paraná. Foi realizado como parte da implementação do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)

3 no 1º

semestre de 2014, tendo como tema: O despertar à leitura – recitação de poesia, o qual teve como maior enfoque, motivar o educando à leitura como prática social contribuindo assim, na formação do leitor, enfatizando o gênero textual poema, instigando o prazer da leitura e apreciação desses textos, descobrindo sua importância na construção da leitura, de forma atrativa e prazerosa ao seu aprendizado intelectual, afetivo, entre outros. Trabalhar a prática social da leitura por meio do gênero literário poema possibilitou a contextualização e a apreciação da leitura, assim, esse estudo teve como objetivo levar o leitor a despertar a sensibilidade poética, a “saborear

4” os poemas, instigando-o

ao prazer da leitura e apreciação de textos poéticos, descobrindo sua importância na construção do imaginário, da criatividade e dos processos de conhecimentos como saber pedagógico.

Palavras-chave: Leitura. Poesia. Prática Social. Sensibilidade.

1 Professora PDE Núcleo Regional de Francisco Beltrão, atuando no Colégio Estadual Castro Alves – Ensino Fundamental e Médio de Enéas Marques – P.R. Graduação em Letras: Português e Inglês, Licenciatura pela Faculdade Integrada de Palmas – Facipal. Pós-graduada em Língua Portuguesa e Comunicação, Educação Especial e Psicopedagogia. E-mail: [email protected] 2 Graduação em Pedagogia. Mestre em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do

Noroeste do Estado do Rio Grande Do Sul. Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Nacional de Misiones – Argentina. 3 Programa de Desenvolvimento Educacional: é uma política pública de Estado, que estabelece o

diálogo entre os professores do ensino superior e os da educação básica, através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense. 4 Saborear: linguagem conotativa, simbólica, figurada, utilizada principalmente em textos literários.

Expressa sentimento e subjetividade de expressão na mensagem.

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INTRODUÇÃO

“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.”

Carlos Drummond de Andrade

Neste estudo, as atividades exploradas elencam a relevante importância do

ato de ler perante a análise dos textos poéticos, contemplando, a ação da leitura

como prática social enquanto perspectiva para o desenvolvimento cultural do ser

humano. Por meio da leitura o sujeito adquire informações que ao serem

transformadas em conhecimentos, amplificam o senso crítico, buscando estratégias

norteadoras que possibilitam subsidiar a escrita, a compreensão e a interpretação da

leitura de mundo.

A leitura norteia um entendimento que potencializa conhecimentos no ser

humano, viabilizando um processo de transformações quando o educando adquire o

domínio das informações, ou seja, desses conhecimentos apropriados a partir da

leitura é que se constroem posicionamentos, opiniões próprias, conceitos e

conhecimentos perante a sociedade e consequentemente o educando terá uma

leitura crítica e reflexiva dos contextos sociais, políticos e culturais.

Em razão do assunto abordado e da relevância do mesmo, este projeto teve

como objetivo possibilitar aos educandos, maior incentivo e aprendizagem da leitura,

pois a poesia pode oferecer um trabalho sensível e interessante, o qual o leitor

alimenta seu imaginário ao interagir com as construções literárias, inventadas a

partir do real. Sendo que a poesia é considerada uma das primeiras manifestações

de expressão literária e é por ela que se iniciam todas as literaturas.

Evidenciando que os estudantes do Colégio Estadual Castro Alves, de um

modo geral, apresentavam constante dificuldades na prática social da leitura,

planejamos desenvolver um estudo elaborado, oportunizando a realização de uma

ampla abordagem sobre a importância e o gosto pela leitura, através de mecanismo

dessemelhante ao habitual.

Para isso, foram utilizadas as teorias de Drummond (1974), Bakhtin (1992),

Cosson (2009), Foucambert (1998), Cunha (1983), Kirinus (1998), Freire (2005),

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Machado (2011), Meireles (2001), Silva (2005) Soares (2009), Vigotsky (2003),

Zamel (1992), DCEs (2008), e PCNs (1990).

O projeto O despertar à leitura – recitação de poesia possibilitou ações a fim

de instigar, desafiar e atrair o educando a realizar a prática social da leitura, de

forma atrativa e prazerosa ao seu aprendizado intelectual, afetivo, entre outros. Em

outras palavras, o mesmo teve a intencionalidade de despertar, aguçar e cativar no

educando o gosto, a aprendizagem e o “prazer” pela leitura. Enfatizando essa

concepção Drummond (1974, p.16) ressalta que:

O que eu pediria à escola, se não me faltasse luzes pedagógicas era considerar a poesia como primeira visão direta das coisas, e depois como veículo de informação prática e teórica, preservando em cada educando o fundo mágico, lúdico, intuitivo e criativo, que se identifica basicamente com a sensibilidade poética.

Nesta mesma linha de entendimento, Machado (2001) salienta que a poesia

possui valor estético e comunicativo, e que convém ser incluída como conteúdo

didático pedagógico em todas as disciplinas, independente de ser geografia ou

matemática. Algumas instituições escolares pressupõem que a função do ensino é

trabalhar apenas com os conhecimentos que já estão prontos e organizados nos

livros didáticos, possuem uma concepção de que a função da educação escolar é,

principalmente, formar habilidades, ou seja, preocupam-se muito mais em repassar

conteúdo do que com a apropriação de conhecimentos. Nesse sentido Drummond

(1974, p.16) destaca que:

A escola enche o menino de matemática, de geografia, de linguagem, sem, via de regra, fazê-lo através da poesia da matemática. A escola não repara em seu ser poético, não o atende em sua capacidade de viver poeticamente o conhecimento e o mundo.

A mediação do professor é necessária, mas o enriquecimento, o

aprofundamento para o conhecimento, a construção discursiva da argumentação, os

diferentes raciocínios, capacidades de interpretação e a escrita com coerência e

coesão são resultados do aprofundamento mediado também pela leitura,

transformadas em conhecimentos. A leitura, sem dúvida, amplifica o conhecimento.

Para Cosson (2006) a formação de leitores, é uma atividade pedagógica, um

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processo de aprendizagem, independente de ser realizado na escola ou por meio de

esforço próprio do sujeito, como é o caso dos autodidatas. O educando que tem

acesso e prática da leitura, transforma informações em conhecimentos,

desenvolvendo assim o senso crítico e reflexivo.

Com o avanço da ciência e as tecnologias é papel da escola na formação de

leitores proficientes ressaltarem aos educandos a devida importância da prática

social da leitura na sociedade moderna. O enigma está em trabalhar

pedagogicamente isso com os educandos, sendo que, o desafio é fazer com que

transponham como prática à sua vida pessoal e social. A formação do educando

como leitor na perspectiva de alcançarmos a proficiência5 tem sido um trabalho cada

vez mais árduo. As tecnologias da comunicação e da informação, o acesso restrito à

leitura no contexto familiar e social por parte de alguns, têm contribuído para afastá-

los dessa prática e ocasionar cada vez mais as dificuldades em tornar-se leitor.

Nesse sentido, as tecnologias da comunicação e da informação (TICs) e

outros meios de entretenimento, vêm ocupando um espaço significativo na vida de

educandos e educadores. Para alguns educandos, tudo é mais prazeroso do que ler,

assim, a leitura torna-se indesejada por eles. Tornar o gosto e a aprendizagem da

leitura uma prática social prazerosa no dia a dia do estudante é uma tarefa que

também desafia o educador. Faz-se necessário que os educadores utilizem as TICs

a fim de aprimorarem sua prática pedagógica, pois de nada adianta usar esses

meios somente para buscar informações, é essencial transformar essas informações

em conhecimentos. Para Cosson (2006) no percurso de sensibilidade poética e

capacidade de letramento, é necessário, selecionar gêneros textuais diferentes

adequados para o nível da turma. A mensagem precisa vir acompanhada de um

significado, para assim, haver um conhecimento e ter um valor de aprendizagem

cognitiva.

5 A proficiência na leitura é essencial para formação de um sujeito letrado que saiba agir em seu contexto de forma crítica e reflexiva. A leitura é um dos principais meios que a escola dispõe para uma incessante busca para o letramento. Sabe-se que a maior dificuldade dos alunos está ligada à proficiência na leitura, por isso, têm dificuldades em ler e entender de forma significativa textos didáticos, enunciados de exercícios, dentre outros contextos linguísticos em todos os componentes curriculares. Em outras palavras, a não proficiência na leitura delimita as perspectivas positivas na vida escolar dos alunos comprometendo o sucesso destes. Soares (2009) afirma que a formação de leitores, em grande escala, por meio da escola, só ocorrerá se houver uma prática de oferta de bons materiais escritos, instalação de biblioteca, bem equipada, além de uma adequada formação de professores-leitores.

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Trazer a leitura à sala de aula de forma intencional como contribuição para a

formação do leitor é papel da escola e dos educadores. Os textos poéticos que

provocam uma sensação diferente dos outros textos, quando bem selecionados

podem ser trabalhados na escola de forma atraente, emocionando o leitor e ainda

acrescentar o interesse em ler outros textos literários ou não literários. É possível

fazer uma conexão com os textos poéticos e a intertextualidade, já que em muitos

poemas as figuras poéticas sugerem ideias camufladas, onde propõe vários olhares

para um mesmo tema, além de apresentar diferentes formatos de elaboração em

ritmos, estilos, musicalidade, entre outros.

Trabalhar com a prática social da leitura possibilita à contextualização e

apreciação da leitura. O despertar à leitura – recitação de poesia proporcionou o

leitor à sensibilidade poética, a “saborear” os poemas e sensibilizá-los com as

poesias, estimulando-lhe o imaginário. A melhor maneira de formar leitores é

construir o caminho da leitura de maneira atrativa e com estratégias motivadoras,

norteando assim, a consciência da autenticidade da prática social da leitura

enquanto processo de ensino e aprendizagem, de interpretação, oralidade e escrita.

Um fato importante que deve ser mencionado sobre o Projeto PDE como um

todo, foi à oportunidade que tivemos durante o ano de 2013 para leitura e

aprofundamento do tema abordado e posteriormente a partilha de tudo o que foi

pesquisado, com os demais colegas da área no Grupo de Trabalho em Rede (GTR)6

no primeiro semestre de 2014.

IMPORTÂNCIA DA LEITURA POR MEIO DO GÊNERO POEMA

“A poesia é mais fina e mais filosófica do que a história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o detalhe”.

Aristóteles

6 Grupo de Trabalho em Rede: constituem uma atividade do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, que se caracteriza pela interação virtual entre os Professores PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual.

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A partir do olhar dos educadores no colégio onde se desenvolveu o referido

projeto, e das avaliações realizadas na disciplina de Língua Portuguesa, constatou-

se grande desinteresse pela leitura, fator este que tem preocupado cada vez mais os

profissionais da educação e a comunidade escolar em geral. Parece existir um

grande obstáculo entre o leitor e a leitura. E, consequentemente, o resultado disso

acarreta no processo de aprendizagem que se torna limitada em alguns aspectos. É

essencial ler, para bem escrever e para construir o domínio da escrita. Para tal, é

primordial desde cedo a conscientização da relevância em adquirir a práxis da

leitura. Isso se reafirma com o que Silva (2013, p.24) propõe:

Nunca é demais lembrar que a prática da leitura é um princípio de cidadania, ou seja, leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz.

A leitura como prática social é importante ao longo de toda vida do ser

humano. É por meio dela que se constrói grande parte dos conhecimentos

adquiridos no decorrer de sua vivência. Lê-se para adquirir informações as quais se

transformarão em conhecimentos, proporcionando a inserção do mesmo no meio

social, caracterizando-o como cidadão culto e reflexivo.

Segundo Foucambert (1994, p.78) “o ato de ler, em qualquer circunstância, é

o meio de interrogar a escrita. A leitura não é a transmissão de uma mensagem,

mas uma construção induzida”. Para ele, ler nada mais é do que ser questionado

pelo mundo e por isso mesmo, algumas respostas podem ser encontradas na

escrita, significando ter acesso a essa escrita. O autor também ressalta que:

Ser leitor é saber o que se passa na cabeça de outro para compreender melhor o que se passa na nossa. Essa atitude, no entanto, implica a possibilidade de distanciar-se do fato, para ter dele uma visão de cima, evidenciando um aumento do poder sobre o mundo e sobre si, por meio de esforço teórico. Ao mesmo tempo implica o sentimento de pertencer a uma comunidade de preocupação que, mais que um destinatário, nos faz interlocutor do que o autor produziu. (FOUCAMBERT,1994, p.47)

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A leitura propicia ao sujeito uma sociabilidade com o universo e, é na leitura,

que acontece a interação com o conhecimento. Ler faz com que as pessoas reflitam

sobre suas ações. Sobre isso Freire (2005, p.20) complementa:

A leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele [..] a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por certa forma de escrevê-lo ou reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.

Para o autor um acontecimento, fato, efeito, canção, gesto, poema, ou um

livro, se acham sempre envolvidos em densas tramas, tocados por múltiplas razões

de ser. É essencial que o sujeito tenha um conhecimento elaborado dentro de uma

linguagem. Nessa perspectiva Vygotsky (2003, p.24) afirma que:

A escrita exige trabalho consciente porque a sua relação com a fala interior é diferente da relação com a fala oral. Esta última precede a fala interior no decorrer do desenvolvimento, ao passo que a escrita segue a fala interior e pressupõe a sua existência, o ato de se escrever implica uma tradução a partir da fala interior. Mas a gramática do pensamento não é igual nos dois casos.

Segundo Bakhtin (1992), a relevância do texto tem uma intencionalidade, ou

seja, um propósito, e também a execução dessa intenção. Para ele, a comunicação

só existe na reciprocidade do diálogo e isto é central na produção de sentidos em

leitura e escrita. Ainda para o autor, a palavra projeta-se para um destinatário,

estabelecendo-se uma relação social explícita com o sujeito falante, assim, a palavra

é o produto da relação entre sujeito falante e receptor.

O discurso constrói-se por meio de enunciados e estes não são

independentes nem diferentes uns dos outros. Cada enunciado é repleto de nuances

de outros enunciados, com os quais se relaciona no processo de comunicação

verbal. A leitura e a escrita são práticas sociais, constitutivas de sujeitos leitores e

escritores capazes de integrar nas tarefas de ler e escrever o contexto que os cerca.

Para Zamel (1992, p.480), “escrever é uma maneira de fazer da leitura uma

atividade de encontrar e fazer conexões de sentidos que são representativos aos

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leitores/escritores”, ou seja, a leitura e a escrita são atividades que permitem ao

leitor ou escritor entrar no texto de maneira organizada e o possibilita entender que

ler não é somente recepção do sentido do texto e escrever não é somente dispor de

uma determinada língua, mas um processo de produção de significados.

Para Zamel (1992) o sentido de diálogo diferencia-se do uso feito por Bakhtin

(1992). O autor, defende que o diálogo refere-se a interação do leitor /escritor e

texto e, enquanto que para Bakhtin, o diálogo é constituído do sentido da linguagem.

Desde séculos passados, a escrita e a leitura têm tido um papel fundamental

na sociedade. A leitura é um passaporte para a vida, isso se reafirma em uma das

falas do poeta Mário Quintana “os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a

ler e não leem.” Neste sentido Foucambert (1994, p.17) afirma que o livro é:

[...] um objeto incontestável, que não cumpre nenhum papel social, perigoso. Pois ele exerce, primeiro, a função de manter uma diferença entre os que o leem e os que não leem. Aprende-se a ler em qualquer idade e continua-se sempre aprendendo. A escola é um momento de formação do leitor. Mas se essa formação for abandonada mais tarde, ou seja, se as instâncias educativas não se dedicarem sempre a ela, teremos pessoas que, por motivos sociais e culturais, continuarão sendo leitores e progredirão em suas leituras, e outras que retrocederão e abandonarão qualquer processo de leitura.

Quem lê adquiri uma bagagem de conhecimentos que é para vida toda. O

leitor necessita de uma ampla prática de leitura para o exercício da reflexão, como

também entender o que é leitura e sentir-se provocado por ela. Ler é questionar o

mundo e ser questionado por ele. Foucambert (1998, p.45) argumenta que:

[...] leio bem, quando não desprezo o texto, quando sei perceber o jogo que ele me está propondo e diante dele tomo uma atitude digna: ou abandoná-lo, porque a partida não me interessa, ou aceitá-lo e, aí, jogar com tudo o que sei [...]. Exemplo de texto ruim: o que deseja explicar tudo, texto tagarela, que despreza a inteligência do leitor. Texto frígido, que não quer ser seduzido. Texto que não deixa o leitor, exercer sua função de co-autor.

Para o autor, um poema ou uma receita, um jornal ou um romance provocam

questionamentos, exploração de texto e respostas de natureza diferente; mas o ato

de ler, em qualquer caso, é o meio de interrogar a escrita e não tolera a amputação

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de nenhum de seus aspectos. Ler é reconhecer-se e lendo o leitor alimenta seu

imaginário ao interagir com as construções literárias, inventadas a partir do real.

As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa (DCEs), destacam que “a

leitura de textos poéticos não deve se prestar exclusivamente a uma prática

utilitarista de leitura didatizada, a literatura é um excelente meio de contato com a

pluralidade de significações que a língua assume em seu grau máximo de efeito

estético”. (Paraná, 2008, p.20)

A leitura, por meio da poesia, tem função norteadora de estimular o educando

a criar o gosto, o prazer por essa ação. O texto poético não vem com uma leitura

decodificada, nele o educando cria, imagina, desenvolve o seu raciocínio. Para que

o trabalho com esse gênero seja relevante, é imprescindível que haja interesse do

professor em estimular a leitura e o gosto pela poesia. Cabe ao professor, propiciar

meios que o conduza o educando a apreciar o gênero poema. Alguns escritores

argumentam que para ter sucesso em sala de aula com os educandos, o mediador

tem que ser exemplo de leitura. É comum ouvir dos professores: Será que o

educando aprenderá por meio da poesia? Em que medida o gênero poema vai

contribuir para a sua aprendizagem? No que vai contribuir lendo poesia para sua

vida?

Para que ocorra o gosto pela leitura, e esta implique no processo de ensino e

aprendizagem, faz-se importante salientar o quanto a leitura deve ter sentido para o

leitor, proporcionando-lhe a prática social desta. Ler poesia pode ser um mecanismo

para chegar ao caminho da leitura. Promover o resgate em ler, pela poesia tem a

intencionalidade de fazer com que o educando possa refletir e questionar, ver o

mundo como cidadão crítico, atuante e capaz.

Dentre os diferentes gêneros literários, o gênero poema desperta uma grande

sensibilidade no educando. Isso se reafirma nas DCEs no sentido que:

O trabalho com a literatura potencializa uma prática diferenciada com o conteúdo Estruturante da Língua Portuguesa (O discurso como prática social) e constitui forte influxo capaz de fazer aprimorar o pensamento trazendo sabor ao saber. (PARANÁ 2008, p.42)

É necessário ler por prazer de ler. Forçar uma criança ou o adolescente a ler

um livro que não gosta, é o mesmo que pedir para não ler. Vários autores e

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pesquisas defendem que o gênero poema, é um dos gêneros que mais sensibilizam

os leitores. Também afirmam que a arte educa e a poesia, em particular, sensibiliza

e aprimora quem a faz e quem a lê, melhorando o ser humano.

Para Bakhtin (1992) a linguagem é analisada a partir da interação entre os

indivíduos dentro de uma prática social. A língua falada tem vida e se transforma

constantemente pela própria pressão do cotidiano, ela não pode ser separada do

fluxo da comunicação verbal.

Os indivíduos não recebem pronta para ser usada; eles penetram na corrente da comunicação verbal; ou melhor, somente quando mergulhamos nessa corrente é que sua consciência desperta e começa a operar [...]. Os sujeitos não adquirem sua língua materna: é nela e por meio dela que ocorre o primeiro despertar da consciência. (Bakhtin, 1992, p.108)

O trabalho poético está inteiramente inter-relacionado ao contexto social, para

o mesmo autor, “O poeta afinal, seleciona palavras não do dicionário, mas do

contexto da vida onde as palavras foram embebidas e se impregnam de julgamentos

de valor”. Assim sendo, os gêneros discursivos, por mobilizarem diferentes esferas

de atividade humana, representam unidades abertas da cultura.

Possibilitar situações agradáveis de leitura pode fazer com que o educando

mergulhe em outras leituras a partir dessa atividade. Isso se fortalece nas

afirmações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

A questão do ensino da literatura ou leitura envolve, portanto, esse exercício de reconhecimento das singularidades e das propriedades compositivas que matizam um tipo particular de escrita. Com isso, é possível afastar uma série de equívocos que costumam estarem presentes na escola em relação aos textos literários, ou seja, tratá-los como expedientes para servir ao ensino das boas maneiras, dos hábitos de higiene, dos deveres do cidadão, dos tópicos gramaticais, das receitas desgastada do “prazer do texto” etc. Posto de forma descontextualizada, tais procedimentos pouco ou nada contribuem para a formação de leitores capazes de reconhecer sutilezas, as particularidades, os sentidos, a extensão e a profundidade das construções literárias. (BRASIL, 1997, p.37-38)

A poesia pode oferecer um trabalho sensível e interessante, mas é

imprescindível ressaltar que, antes de qualquer ação, o professor precisa apreciar

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poesia e ser leitor. Existe resistência, de alguns professores, em oferecer o gênero

poema e trabalhá-lo em sala de aula. Talvez isso se deva a formação profissional do

professor que propaga uma falsa ideologia de que a escola é lugar de disciplina

científica e não de literatura, gerando certo desprezo por certos gêneros textuais

como conhecimento científico. O trabalho com poesia pode ser muito prazeroso,

quando bem conduzido. Nesse sentido, Kirinus (1998, p.90) faz um apontamento às

técnicas prontas:

Não com a finalidade de oferecer-lhe “técnicas” prontas, as quais, por sua vez, seriam repassadas aos educandos. Mas, a de oferecer para o professor possibilidades de resgatar suas palavras e de provocá-lo no sentido de refletir sobre a linguagem poética, além de oferecer-lhe o contato com a literatura infanto- juvenil.

O gênero poético, muitas vezes, é pouco explorado pelos educadores,

alegando encontrarem dificuldade em dinamizar esse gênero. Há uma avaliação um

tanto difundida na escola de que poesia é difícil e que por não ser narrativa, cansa e

dispersa a atenção dos educandos. Outros alegam não haver preparação para

incentivar a leitura, a criação de textos poéticos com seus educandos.

Para Cunha (1983, p.96) “O entendimento da poesia não é o essencial, pois a

poesia é para ser sentida, muito mais do que compreendida.” Destaca também que

são características do fenômeno poético “a ambiguidade e a conotação.” A poesia,

segundo ele “é fruto da sensibilidade do leitor: emoção e beleza. De todos os

gêneros, deve ser considerado, o menos comprometido com aspectos morais ou

instrutivos.” Enfatizando essa concepção Kirinus (1998, p.93) afirma que:

Compreender, amar e conhecer a poesia é fragmentos do mesmo todo que

compõe o ser poético – agente de re-ligações e re-citações ancestrais e

múltiplas. É também a condição prioritária e essencial para o professor que

procura o reequilíbrio racional e imaginário entre os educandos.

Na perspectiva de que é na escola que se possibilita o aprendizado da leitura

e da escrita pelos diversos gêneros textuais, dentre eles os textos poéticos, cabe ao

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mediador propiciar a vivência da poesia, pelos movimentos rítmicos, pela

dramatização, pelos jogos fônicos, pelas mensagens experimentadas e sentidas, em

sua riqueza de conteúdo e de linguagem. Na poesia não há apenas a linguagem

versificada, mas a poética e a simbólica. Nela o educando encontra ritmo,

sonoridade, estilo, simplicidade, musicalidade dentre outros.

Isso pode ser sentido no poema - “Motivo” de Cecília Meireles:

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

Sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento. [...]

Como também no belíssimo poema - “No meio do caminho” de Carlos

Drummond de Andrade:

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

É compromisso do mediador, mostrar que a “beleza” da poesia é uma beleza

para ser sentida, é algo que se encontra nas criaturas, na natureza, na vida

cotidiana, tudo pode ser poesia. Apesar da criatividade, e do interesse de alguns

professores, ainda não é comum, o trabalho sistemático com o poético. Talvez um

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maior interesse do professor em estimular a leitura da poesia em sala de aula,

pudesse render melhores resultados.

Entretanto, é imprescindível oferecer ao leitor, um material poético

diversificado, assim ao sentir-se intrigado com certo tipo de poema, poderá recorrer

a outros que o agradem, ao invés de afastar-se da poesia. Com isso, cada educando

poderá procurar na poesia, o que lhe convier, ou seja, aquilo que vier ao encontro de

seus anseios, suas sensibilidades e emoções. Por isso ler é imprescindível, mas na

realidade a prática da leitura, em grande parte, é realizada sob pressão, como algo

imposto, enquanto deveria ser por satisfação, prazer. Para que tenhamos uma

mudança nesse sentido, é necessário que o educando sinta-se motivado a ler,

experimentado essa atividade com o texto poético e queira aceitar o desafio dessa

proposta.

COMPARTILHANDO E VIVENCIANDO SABERES POÉTICOS

Neste artigo analiso os resultados da implementação do projeto que

apresentou uma metodologia para o trabalho de mediação de leitura por meio do

gênero literário poema, com a finalidade de promover o gosto no educando e

evidenciar o quão relevante é a importância do ato de ler, ou seja, a ação da leitura

como prática social enquanto perspectiva para o desenvolvimento cultural do ser

humano.

O intuito da implementação foi instigar o prazer da leitura e a apreciação dos

textos poéticos, descobrindo sua importância na construção do imaginário, da

criatividade e dos processos de conhecimentos e contribuindo na construção da

leitura como prática social. Portanto o trabalho com esse gênero propiciou despertar

no educando a sensibilidade poética, levando-o a "saborear" literalmente os poemas,

tendo com eles momentos de magia e prazer da leitura e apreciação dos textos

poéticos.

Em análise no decorrer das atividades realizadas, comprovei que os textos

poéticos provocam sensações diferentes dos outros textos. Oferecer atividades

metodológicas centradas nesse gênero textual para os educandos do 9º ano foi uma

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alternativa prazerosa para que se apropriassem da literatura, já que no próximo ano

será feito um estudo mais detalhado, no Ensino Médio, sobre essa área.

É imprescindível registrar a dimensão da relevância em desenvolver este

projeto. Experiência única que foi proporcionando tanto aos educandos quanto para

mim, ter acesso a esse incrível universo literário que é a poesia - gênero textual

poema.

No primeiro momento do projeto ouvimos uma canção: Duo são lindas-

poesia. Em seguida, foi feito uma conversação sobre os conhecimentos adquiridos

por eles até o momento em relação a poesia, com o intuito de verificar o

entendimento que cada educando abarcava. Essa foi uma maneira de preparar e

envolver os educandos e criar expectativas em relação ao projeto. A socialização do

projeto de intervenção em suas ações foi realizada em vários momentos, sempre

com a preocupação de fazer com que os educandos conhecessem a proposta e nela

interagissem. Com o esclarecimento da intenção do projeto de implementação, do

ponto de vista teórico-prático, mostrando como os educandos e a escola se

envolveriam no processo, constatou-se desde o primeiro instante grande aceitação

da proposta por todos.

No segundo momento do projeto ocorreu o início da construção do caderno

Saberes Poéticos7. Cada educando fez abertura do seu caderno, no qual foi

anexado todo o material trazido pelo professor e outros pesquisados no laboratório

de informática, a partir de elementos trabalhados durante a explanação das aulas.

Em seguida, foi realizada leitura por meio do gênero textual poema usando o

Projetor Multimídia para apresentar o projeto O despertar à leitura – recitação de

poesia e a importância da leitura por meio deste gênero.

7 Caderno Saberes Poéticos: a ideia partiu da necessidade em se produzir um caderno de conhecimentos sobre o gênero textual poema, no qual tudo o que fosse trabalhado e explorado durante a implementação pudesse ser arquivado e posteriormente ficar com o educando. Todo o material trazido para sala, tanto a parte escrita quanto o material utilizado para decoração dos cadernos, foi organizado e recortado em período contrário com um grupo de alunos voluntários. Depois de cada atividade, era repassado todo o material trabalhado aos educandos para que os mesmos anexassem ao Caderno Saberes Poéticos, assim, tudo o que foi trabalhado ficou registrado no caderno de cada aluno.

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No terceiro momento do projeto, interagindo com a poesia, foram realizados

questionamentos sobre o gênero textual poema fazendo uma sondagem sobre a

poesia, com o propósito de verificar o conhecimento prévio que os educandos

tinham referente às percepções sobre o gênero. Com a realização de uma

sondagem através de um questionário, pode-se melhor avaliar o impacto dessa

implementação na formação para a leitura, dos educandos envolvidos no projeto.

Na sequência foi feito uma pesquisa relâmpago, ou seja, pesquisa rápida no

laboratório de informática, onde os educandos tiveram acesso a cada um dos estilos

de textos poéticos e assim puderam conhecer os estilos que até então não eram do

seu conhecimento. Os educandos retornaram para sala e com o auxílio do Projetor

Multimídia foi explorado e debatido o gênero textual poema, nesse momento cada

educando expôs suas ideias contribuindo com que havia pesquisado.

Com o objetivo de envolver mais os educandos no projeto e mostrar a arte

que há na poesia, foi elaborado algumas atividades que despertassem a

sensibilidade pelo gênero textual poema e ao mesmo tempo brincassem com a

poesia. Para isso, foram distribuídas aos educandos diferentes atividades

recreativas bem como: Poesia Relâmpago, Brincando de Rima, Brincando de Cara-

Metade, Brincando de Adivinhas. Os educandos demonstraram interesse e

satisfação em participar de cada atividade.

No quarto momento foi trabalhado com os tipos de poesia: lírica - dramática e

narrativa. Por meio da atividade: Aprendendo com a poesia, foi utilizada a TV

Multimídia para melhor explorar os conhecimentos sobre os poemas. Em seguida,

os educandos utilizaram o laboratório de informática, onde tiveram acesso a vários

poemas com autores diferentes, assim, em contato com os tipos de poesia, puderam

averiguar cada um deles.

No quinto momento foram analisados os estilos poéticos: haicai, soneto trova,

cordel, quadra, rondó, vilancete, balada, parlenda, acróstico, paródia. Com o auxílio

da TV Multimídia foi explorado os conhecimentos sobre os diferentes estilos

poéticos. Em seguida, foi realizado o circuito da poesia, no qual os educandos

formaram pequenos grupos, trabalhando com diferentes tipos de estilos poéticos

selecionados pela professora. No laboratório de informática, cada grupo,

responsabilizou-se pela pesquisa do seu estilo. Em seguida, na sala, cada grupo

socializou o seu trabalho e distribuiu o material para os demais. Tendo em vista que

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todos tiveram acesso a todos os estilos durante a socialização e apresentação dos

grupos.

No sexto momento com a atividade: É hora de aprender mais explorando as

características do poema, foi realizado uma problematização oral sobre

características presentes no gênero textual poema. Mais do que criar motivações

esporádicas, há a necessidade de se efetivar de forma contínua um conjunto de

ações que possam, além de incentivar, construir uma consciência cultural voltada

para leitura.

No sétimo momento com a atividade: Aprender mais explorando a estrutura

do gênero textual poema, foram explorados questionamentos sobre a estrutura do

gênero textual poema, bem como: verso, estrofe, rima, ritmo, tema, jogo das

palavras, linguagem conotativa ou figurada. Assim, diante do exposto, considera-se

esta implementação uma experiência carregada de significados para todos os

envolvidos, quando constatamos o prazer e a alegria na realização das atividades,

fatores que, sem dúvida, têm seus reflexos na concepção de leitura.

No oitavo momento com o intuito de conhecer e compartilhar um pouco sobre

a vida do autor, realizou-se a atividade: Circuito da poesia no laboratório de

informática, onde os educandos em grupos pesquisaram sobre a vida dos poetas:

Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de

Melo Neto, Mário Quintana, Oswald de Andrade e Paulo Leminski, fazendo a

trajetória de vida deles. Em seguida, na sala, cada grupo apresentou o seu autor

com a sua trajetória. Depois os trabalhos foram organizados em cartazes, formando

uma linha de tempo com a vida de cada um dos poetas. Os cartazes foram

guardados para serem expostos no saguão da escola no dia da recitação das

poesias.

Com a realização desta atividade diferenciada constatou-se a ampliação do

horizonte de expectativas e uma nova atitude em relação à maneira de olhar a

poesia, principalmente aqueles que diziam não entender a poesia e não saber sobre

a vida de alguns poetas. Este foi um importante momento para os educandos, pois

tiveram a oportunidade de conhecer a trajetória de vida de alguns poetas, entre eles:

Cecília Meireles foi uma das grandes escritoras da literatura brasileira, seus

poemas encantam os leitores de todas as idades. Sua infância foi marcada pela dor

e solidão, pois perdeu a mãe com apenas três anos de idade, e seu pai não chegou

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a conhecer, morreu três meses antes de seu nascimento. Seriam quatro irmãos, mas

nunca chegaram a ser dois sequer, porque mal nascia um o outro já tinha morrido,

só ficou Cecília que foi criada por sua vó Dona Jacinta Benevides. Por volta dos

nove anos começou a escrever poesia, formou-se professora e com 18 anos

publicou seu primeiro livro “Espectro”, escreveu várias obras. Casou-se com 20

anos, teve três filhas, e cinco netos, seu marido suicidou-se após vários anos de

sofrimento por depressão, anos depois, casou-se novamente. Foi poetiza,

professora e jornalista. “Minha infância de menina sozinha, deu-me duas coisas que

parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão”.

Carlos Drummond de Andrade: poeta, cronista, contista e tradutor brasileiro.

De uma família de fazendeiros em decadência. Estudou no Colégio Anchieta, em

Nova Friburgo - RJ. Nesse ano escreve sua primeira novela, sobre uma formiga

filósofa, que é lida por apenas por um amigo da escola. Embora tenha notas

excelentes, Drummond começa a se enfastiar da vida no colégio e, no ano seguinte,

ao discordar de um professor durante a aula é expulso por mau comportamento,

”insubordinação mental”, como diz a carta enviada pela instituição ao pai do menino.

Não podia voltar à escola e nem terminar os estudos. Drummond em vida, sempre

fez questão de lembrar esse fato. Fato esse que faz com que as pessoas o admirem

ainda mais, pois foi considerado alvo de admiração “irrestrita” tanto pela obra quanto

pelo seu comportamento como escritor. Aclamado por muitos críticos como o maior

poeta brasileiro, Drummond renovou e aprofundou as propostas iniciais do

modernismo, talento também na prosa. “Ah o amor... que nasce não sei aonde, vem

não sei como e dói não sei por que”.

Vinícius de Moraes: Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes aos nove anos

parece que pressente o poeta, e vai com a irmã Lygia ao cartório na Rua São José -

Centro do Rio, e altera seu nome para Vinícius de Moraes (depois de fazer a

primeira comunhão). Poeta e conservador, a imagem clássica de Vinícius,

bonachão, descalço, camisa de manga curta aberta até o peito, cabelos compridos,

sempre acompanhado do cigarro e do copo de uísque parece ficção perto do

Vinícius que se formou em direito e concluiu o curso de Preparação de Oficiais da

Reserva. É um dos poetas mais populares da Literatura Brasileira. Conhecido como

poeta da paixão, foi um homem que viveu para ultrapassar e para desmentir. Poeta

essencialmente lírico, o poetinha como ficou conhecido, viveu intensamente altos e

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baixos da vida boêmia, além dos nove casamentos. “Amei porque nada melhor para

a saúde que um amor correspondido”.

Por meio desses e outros autores citados e estudados, os educandos

descobriram o humano do poeta como alguém que ”faz poesia”, contextualizando o

cotidiano vivenciado, expressando mais ou menos suas experiências. Porém

conhecer o poeta não apenas para saber de sua biografia, mas conhecê-lo e

entendê-lo como pessoa sensível e que faz da poesia jeito ou forma de não apenas

expressar suas emoções, mas integrá-las ao seu ser.

O nono momento, apreciando a linguagem poética, no laboratório de

informática cada educando escolheu duas poesias, as quais foram ilustradas de

acordo com sua interpretação. Em seguida foi confeccionado o varal poético com as

poesias ilustradas em um varal na sala de aula e posteriormente no saguão do

colégio no momento da recitação. Também, houve a decoração da porta da sala,

onde cada educando construiu um acróstico com a palavra Brasil. Em seguida foi

construído um novo acróstico, sendo este coletivo para ser exposto na porta com

ilustrações da bandeira brasileira.

No Décimo momento foi apresentada a amostra dos cadernos, ou seja, a

exposição dos cadernos Saberes Poéticos confeccionados com material adquirido

durante a implementação da Produção Didático-Pedagógica.

Sarau de poesia: É hora de compartilhar os saberes poéticos por meio da

recitação! A recitação das poesias se iniciou em sala de aula, e se propagou no

saguão onde aconteceu o sarau de poesias. Os educandos formaram um grupo e

passaram nas salas divulgando o projeto O despertar à leitura – recitação de poesia.

Momento da dramatização: os educandos foram organizados para dramatizar o

poema Operário em construção de Vinícius de Moraes.

Para complementar o Projeto de Intervenção Pedagógica, foi realizada a

apresentação e exposição das atividades realizadas no decorrer da implementação.

Este foi um momento que proporcionou a socialização dos trabalhos realizados, a

recitação de poesia, e a dramatização do poema “Operário em construção” de

Vinícius de Moraes com os demais educandos do Colégio Castro Alves, professores,

equipe pedagógica e representante do Núcleo Regional de Francisco Beltrão.

No decorrer das atividades realizadas, constatei o quanto os textos poéticos

provocam sensações diferentes dos outros textos estudados. Sendo a poesia um

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gênero privilegiado para incentivar a leitura, já que são textos mais curtos, densos e

com musicalidade proporcionada pelas rimas. Os educandos mostravam-se

satisfeitos com o projeto e ansiosos a cada aula. Sendo aulas diferentes da rotina, e

oportunizando um momento de expressão por meio de poemas, o comprometimento

foi recíproco e imediato. Eles envolveram-se de tal forma significativa que o projeto

passou a ser algo prazeroso e desejado. A aproximação dos educandos com o

projeto ficava evidente a cada aula, pois a receptividade das atividades, o

envolvimento em fazer sempre da melhor forma, era contagiante. O interesse por

parte dos educandos foi crescendo cada vez mais, pois se mostravam motivados

expondo suas emoções por meio da linguagem poética, assim sendo, foram

mergulhando na literatura e descobrindo a arte que existe nela, e como tal, é repleta

de beleza, de magia e encantamento. Acompanhei em cada rostinho o

encantamento, a alegria e a satisfação estampada ao construir seu caderno Saberes

Poéticos, pois demonstravam prazer em aprender algo novo e transitar pelo universo

mágico que é a poesia.

O trabalho com o projeto do PDE foi um desafio, uma experiência gratificante

e única, reforçando a importância do educador como mediador no processo ensino e

aprendizagem. Com o desafio que incluiu necessária fundamentação teórica,

pesquisa, busca de novos caminhos, alternativas, e inovações pedagógicas. Resulta

desse processo, a sensação de realização e contribuição para o aprimoramento

pessoal e profissional.

O trabalho de implementação da proposta na escola ocorreu no terceiro

período concomitante ao trabalho desenvolvido com os demais professores do

Grupo de Trabalho em Rede (GTR), orientação aos grupos de professores realizado

de forma virtual, que por meio do ambiente de aprendizagem Moodle, estiveram

conectados a discussão e execução de atividades de formação continuada acerca

de meu de estudo no PDE.

Diante das reflexões no decorrer do curso, observou-se que os cursistas

tiveram uma boa aceitação referente ao projeto O despertar à leitura – recitação de

poesia, afirmando que o mesmo seria perfeitamente objeto de trabalho em suas

escolas e com certeza contribuiria para uma atividade prazerosa e de aceitação por

parte dos educandos. Sendo que os conhecimentos linguísticos, textual e de mundo

são essenciais tanto para desenvolver a leitura como a escrita, pois quanto mais

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conhecimento o leitor tiver, maior será sua compreensão e melhor sua escrita. Mas,

perceberam que a viabilidade do projeto se faz necessário também para resgatar a

prática social da leitura em sala de aula. O projeto tem o objetivo de desenvolver um

novo posicionamento do professor e do educando em sala de aula, instigando de

forma prazerosa e interessante a leitura. Envolvendo outras disciplinas, para que o

educando perceba que toda a escola está compartilhando as mesmas ideias e

trabalho em sala de aula.

Segundo os cursistas, as aulas com poesia são produtivas, pois a poesia é

carregada de ritmo, imaginação, movimento, expressão, levando-os a desenvolver

um senso crítico. Alguns mencionaram que se fosse desenvolvido na escola em que

atuam seria de grande valor educacional, já que possuem vários educandos que não

demonstram muito interesse pela leitura. Como a poesia é um tipo de atividade que

sairia da rotina deles, acreditam que seria muito bem aceito. O trabalho com poesias

poderia ser usado não só na disciplina de português como também geografia,

sociologia, sala de recurso, entre outras, pois ao falar dos estados, das cidades, do

país, poderiam estar fazendo poesias e com isso melhorando o desenvolvimento

escolar.

Para os cursistas, o projeto foi visto como um material de grande importância

para o desenvolvimento do educando. Pois o texto poético desperta no educando a

sensibilidade, os valores estéticos, aprimora as emoções e aguça sensações.

Propõem ainda, ao estudante, recriar o mundo por meio da imaginação. As

atividades propostas no material leva à criança a se perceber como sujeito

construtor de significados, aquele que não se contenta com as versões recebidas,

mas que questiona e transforma a realidade por meio das diferentes linguagens.

Também acrescentaram que o conteúdo do projeto é acessível não apenas

para o 9º ano, também poderia ser trabalhado em outras turmas na escola em que

atuam, já que o mesmo apresenta uma proposta de atividades bem elaboradas e

dinâmicas diversificadas. Argumentaram que este projeto teria uma ótima

repercussão, pois é muito atrativo, sendo capaz de despertar leitores e

consequentemente escritores para esta categoria textual e todos os cursistas

afirmaram que sem dúvida desenvolveriam algumas das atividades em sua escola

tranquilamente.

Assim sendo ressaltaram que:

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“O GTR é um trabalho importante, pois além de obtermos mais

conhecimentos, há a interação entre professores e troca de experiências, que muito

contribuem para a nossa prática pedagógica”. (Cursistas 1)

“Percebo no GTR, um instrumento de reflexão que nos possibilita ver o

ambiente da sala de aula com olhares mais atentos e focados nas reais

necessidades educacionais de nossos estudantes, principalmente no que diz

respeito ao trabalho com gêneros textuais, indubitavelmente, ao ensino da poesia

como resgate da sensibilidade, humanidade e respeito que tanto faz falta no

contexto da educação do século XXI. Meu desejo é que o fazer poético ultrapasse o

limite da função denotativa das palavras e se torne um meio de ilustrar o quanto

estreitar as relações nos torna mais humanas”. (Cursista 2)

“Confesso que fico maravilhado quando tenho o privilégio de dialogar com

profissionais da educação tão apaixonados e encantados igual a você, isso está

acontecendo por meio do GTR. A nossa voz, o nosso olhar e a nossa postura são

capazes de criar esperança naqueles, cujo único referencial de sonho e expectativa

de vida está no que levamos para a sala de aula. Ademais, quando acreditamos no

que fazemos, por árduo que seja o trabalho, conseguimos mexer em algumas

estruturas”. (Cursista 3)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma essa pesquisa visou contribuir na formação do leitor enfatizando o

gênero textual poema, instigando o prazer da leitura e apreciação de textos poéticos,

descobrindo sua importância na construção do imaginário, da criatividade e dos

processos de conhecimentos. Assim como, explorar os tipos de poesia, diversos

estilos poéticos, organizar conexões com os textos poéticos e a intertextualidade, já

que em muitos poemas as figuras poéticas sugerem ideias camufladas, onde propõe

vários olhares para um mesmo tema, além de apresentar diferentes formatos de

elaboração em ritmo, estilo, musicalidade, entre outros.

Com a finalização do projeto constatou-se que os resultados apresentados no

decorrer da implementação na escola foram positivos por serem atividades bem

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diversificadas, estratégias e alternativas, que levaram o educando a desenvolver

melhor sua oralidade, demonstrar sua criatividade, ter desenvoltura nas atividades

lúdicas e a obtenção de novos conhecimentos. Atividades como essas despertam o

interesse e o prazer de ler no educando. Foi gratificante trabalhar com esta

proposta, pois os educandos corresponderam às expectativas com bom

desempenho em todas as atividades que lhes foram sugeridas.

Compreendo o Projeto Despertar à leitura - recitação de poesia como um

trabalho de relevância para a escola, porque além de ajudar a melhorar a oralidade

também ajuda na escrita e na produção. Os educandos mostravam-se encantados e

desempenhavam com dedicação e carinho a construção do caderno Saberes

Poéticos. Por meio da efetivação desse projeto, verificou-se que a participação e a

mobilização dos educandos foi diferente de outras atividades até então, pois o

mesmo fez com que eles tivessem um olhar diferenciado para o trabalho que estava

sendo feito perante o comprometimento de todos. O compromisso e o interesse

foram fundamentais para o sucesso da proposta. Houve grande envolvimento entre

professor/ educando em todos os sentidos e momentos, inclusive no relacionamento

entre todos os educandos, tornando um grupo unido e amigo.

Diante de tudo o que foi apresentado, trabalhar com textos poéticos é

apontar caminhos, trajetórias a serem seguidas. É importante direcionar um trabalho

pedagógico de modo que o educando perceba no texto poético, algo significativo e

com uma intencionalidade na construção do conhecimento. E a fruição dessa prática

social venha despertá-lo ao tão sonhado “prazer e gosto pela leitura”.

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