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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
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FÍSICA FUNDAMENTAL DO COTIDIANO
O PROFESSOR INVESTIGADOR E INSTIGADOR
Autor: José Carlos Silva Gomes1
Orientador: Ricardo Fernandes da Silva2
RESUMO
O ensino de Física nas escolas precisa ultrapassar o saber curricular, buscando articular o conteúdo trabalhado em sala de aula com o conhecimento vivenciado no cotidiano dos nossos alunos. O objetivo deste trabalho foi apresentar de forma clara experimentos práticos de Física, utilizando materiais de baixo custo. Em geral os alunos só terão um contato inicial com a disciplina e os conceitos de Física no 9
o ano do Ensino Fundamental, gerando uma maior dificuldade em sua
abordagem e compreensão. Os experimentos foram apresentados aos alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino Médio no período da manhã de um Colégio da rede Estadual de Ensino de Curitiba.
Palavras-chave: Atividades experimentais, Novas tecnologias da educação, Ensino de
Física, PDE.
_________________
1 Professor da Rede Estadual de Educação do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento
Educacional, turma 2014. 2 Departamento de Física – Grupo de Multimateriais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Curitiba
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1 - INTRODUÇÃO
De acordo com Xavier (2005), os alunos chegam ao Ensino Médio com medo
e muitas vezes traumatizado com o Ensino de Física, muitos têm a disciplina como
algo impossível de se compreender e aprender. É comum encontrarmos professores
de Física com dificuldades em ajudar a levar seu aluno a construir o conhecimento
em física. De uma forma geral a Física é vista como difícil de ser ensinada e
compreendida, muitas vezes o professor se depara com alunos desinteressados e
com dificuldades na aprendizagem. O processo de ensino aprendizagem é uma via
de mão dupla, portando a responsabilidade deve ser compartilhada tanto por
professores quanto por alunos (Pérez Gómez, 2000). Acredita-se que do ponto de
vista dos professores essa dificuldade se apresenta, porque em alguns casos, eles
utilizam metodologias de ensino ultrapassadas, métodos de ensino inadequados,
possuem pouco tempo para a preparação das aulas (carga horária excessiva, muitas
turmas, escolas e alunos), e em alguns casos não possuem formação acadêmica
adequada. Em contrapartida aos alunos porque, possuem ou apresentam pouca
capacidade de entender os fenômenos assim como a falta de pré-requisitos e
despreparo em matemática e pouco hábito de leitura, além da falta de motivação. É
comum durante as aulas de física os alunos perguntarem “Por que preciso aprender
isso?”. “Onde vou usar isso?”.
2 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1 - PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) é uma política pública
do Estado do Paraná, regulamentado pela Lei no 130 de 14 de julho de 2010, que
busca estabelecer o diálogo entre professores do Ensino Superior com os da
Educação Básica, por meio de atividades teórico-práticas orientadas. O programa
objetiva proporcionar aos professores da rede pública estadual recursos que
auxiliem no desenvolvimento de suas práticas educacionais, contribuindo para um
melhor redimensionamento de suas aulas. (BRASIL, 2012).
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O PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional pressupõe o
reconhecimento dos professores como produtores de conhecimento sobre: o
processo ensino aprendizagem; a organização dos programas de formação
continuada; a criação de condições efetivas, no interior da escola, para o debate e
promoção de espaços para a construção coletiva do saber (PARANÁ, SEED, 2013).
A estrutura organizacional está representada, para fins didáticos, no Plano Integrado
de Formação Continuada, constituindo-se de três eixos de atividades, são elas:
teórico-práticas, de aprofundamento teórico e didádico-pedagógicas, com utilização
de suporte tecnológico, sendo todas realizadas no decorrer do Programa, composto
de quatro períodos semestrais, distribuídos em dois anos (PARANÁ, 2013).
Os trabalhos do PDE se distribuem em cursos de formação e
aperfeiçoamento pessoal e profissional, elaboração e implantação de um projeto de
intervenção para a escola da rede pública estadual em que o professor faz parte
(específico para um tema abrangente de sua área de trabalho e que esteja de
acordo com a relevância docente) e encontros de orientações a esse respeito.
Também inclui no Programa de Desenvolvimento Educacional, como atividades do
professor participante do PDE, um sistema de Educação a Distância – EaD, por
meio de uma plataforma Moodle, em que o professor é responsável pelas tutorias,
desenvolvimento teórico e níveis de aproveitamento, criando um Grupo de trabalho
em Rede – GTR.
Os grupos de trabalho em Rede constituem-se em uma atividade do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que se caracteriza pela
interação virtual entre os professores PDE e os demais professores da Rede Pública
Estadual. O GTR se apresenta pelos objetivos de: incentivar o aprofundamento
teórico-metodológico, nas áreas de conhecimento; possibilitar novas alternativas de
formação continuada para os professores da rede Pública Estadual; viabilizar mais
um espaço de estudo e discussão sobre as especificidades da realidade escolar;
socializar o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola elaborado pelo professor
PDE com os demais profissionais da Rede.
Ao término, e já com a retomada às atividades em sala pelo professor PDE,
conclui-se todo o trabalho com um artigo final, apontando conceitos teóricos e
práticos, desenvolvimento dos trabalhos e aproveitamento, tanto pelo GTR como
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pela intervenção docente realizada na escola. Lembrando que todo esse
procedimento foi submetido às orientações e suportes técnicos, com seus devidos
prazos, pareceres e normas. Assim, o Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE promove uma nova concepção de Formação Continuada que constitui a política
de valorização dos professores que fazem parte da Rede Pública Estadual de
Ensino do Estado do Paraná (PARANÁ, 2013).
2.2 - HISTÓRICO DA DISCIPLINA
Segundo o conceito apresentado por Cherman (2004) baseado no Dicionário
Aurélio, entende-se por Física (do grego: φύσις physis, natureza) a ciência que
estuda a natureza e seus fenômenos em seus aspectos gerais. Ciência de conteúdo
vasto e de fronteiras não muito definidas, que analisa suas relações e propriedades,
além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências. Fundamenta-se
na busca da compreensão científica dos comportamentos naturais, desde as
partículas elementares até o universo como um todo.
Com o amparo do método científico e da lógica, tendo a matemática como
linguagem natural, a Física descreve a natureza por meio de modelos científicos,
completa Mateus (2013). É considerada ciência fundamental, de ampla presença no
cotidiano. Sua aplicação contribuiu de forma inestimável para o desenvolvimento de
toda a tecnologia moderna e futura, desde o automóvel até os computadores
quânticos.
Segundo Lopes (2011) o crescimento da Física tem trazido mudanças
fundamentais nas ideias acerca do mundo material e filosófico, bem como na
tecnologia moderna. No início do século XX se inaugurou uma série de revoluções
na Física, com conceitos e teorias sustentáveis até hoje. A história da Ciência para
enriquecer o ensino de Física e tornar mais interessante seu aprendizado, passou a
ser uma ferramenta imprescindível à sua compreensão, como uma ciência de
construção humana, que busca obter explicações racionais sobre o mundo real, em
contraste com explicações metafísicas, mitológicas, religiosas ou até mesmo
aquelas ditas como mágicas.
A demarcação das ciências naturais em relação à filosofia foi um processo
longo e gradual, afirma Sklar (2005). Antigamente, a investigação da natureza de
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qualquer coisa consistia numa mistura entre o que hoje seria visto como filosofia (um
saber abstrato, afastado da realidade e da vida) e o que hoje seria considerado
como próprio das ciências particulares (a acumulação de fatos da observação e a
formulação de hipóteses teóricas que buscam explicações).
O pensamento físico e o pensamento filosófico mantém estreita relação, da
atividade criadora aos debates sobre interpretação, afirma Paty (1993). Mas as
considerações gerais sobre a natureza exata desta relação são ainda imprecisas e
somente o exame de situações efetivas, e dos pensamentos dos cientistas, em sua
diversidade, podem instruir sobre essa relação.
Sklar (2005) relata que ao atentar para os fragmentos das obras dos filósofos
pré-socráticos, encontra-se não só tentativas importantes e engenhosas para aplicar
a razão a questões metafísicas e epistemológicas vastas, como também as
primeiras teorias físicas, simples mas extraordinariamente imaginativas, sobre a
natureza da matéria e os seus aspectos mutáveis.
A autora ainda lembra que na época da filosofia grega clássica era possível
encontrar uma certa separação entre a Filosofia e Ciência. Em suas obras
metafísicas, Aristóteles faz claramente algo que hoje seria feito por filósofos, mas em
muitas das suas obras de biologia, astronomia e física encontram-se métodos de
investigação que são comuns na prática dos cientistas, em especial de físicos e
químicos. Concluindo que, à medida que as ciências particulares, como a física, a
química e a biologia, foram aumentando em número, canalizando cada vez mais
recursos e desenvolvendo metodologias altamente individualizadas, conseguiram
descrever e explicar os aspectos fundamentais do mundo em que vivemos.
Para Paty (1993) a Física, como prática filosófica, designa a escolha de
ângulo de abordagem sob o qual é possível perceber características fundamentais
desta ciência, que, como toda ciência particular, toma emprestado da filosofia
elementos de significação, sendo este o caso principalmente das categorias gerais
como as de ordem, lei, causalidade e determinismo.
Os papéis do físico e do filósofo não são especificamente demarcados, afirma
Paty (1993), pois a tarefa do físico é, inseparavelmente, enunciar a significação dos
conceitos, estabelecendo sua identificação lógico-matemática, e ligá-los à
experiência. Assim, pode-se entender que os conceitos em questão não são
realmente de natureza filosófica e que sua significação é dada no próprio sistema
teórico, isto é, pela física. Porém, de maneira geral, as ciências, mesmo
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consideradas em seu aspecto mais formal, puramente lógico-teórico, não podem ser
concebidas como fechadas nelas mesmas. A ligação entre ciência e filosofia é ainda
válida, mesmo que deslocada devido à atribuição diferente do papel da definição
teórica em relação ao trabalho do físico.
Desde os primórdios da humanidade, o homem tenta compreender a
natureza, o seu destino e a utilidade e razão de tudo o que existe. A Física é de
interesse de todos e está presente em praticamente tudo. De acordo com Martins
(2014) como todas as ciências, desenvolveu-se gradualmente ao longo do tempo,
passando por crises, avanços e retrocessos, fracassos e sucessos.
A História da Física pode ter seu início marcado a partir do momento em que
a humanidade começou a ver e analisar os fenômenos naturais de modo racional,
abandonando explicações místicas ou divinas. As primeiras tentativas racionais de
explicação da natureza vieram com os indianos e com os gregos antigos. A Filosofia
Natural, como era conhecida a Física até tempos mais modernos, confundia-se com
a Química e com certos aspectos da Matemática e Biologia, podendo ser
considerada a disciplina acadêmica mais antiga, ao considerar sua presença
também na Astronomia (FRANÇA FILHO, 2012).
Quando o jovem estudante ingressa na escola, vem estimulado pela
curiosidade e motivação na busca de novos conhecimentos. Entre os diversos
campos do saber, a expectativa é muito grande com relação ao estudo da Física. No
entanto, na maioria das vezes o contato em sala de aula com essa disciplina
curricular torna-se uma vivência pouco prazerosa chegando muitas vezes a
constituir-se numa experiência frustrante (BONADIMAN & HONENMACHER, 2007).
Segundo Lopes (2011) uma das principais funções da escola é a transmissão
dos conhecimentos acumulados pela humanidade, e para isso é necessário que o
conhecimento seja apresentado de maneira que possa ser aprendido pelos alunos
de maneira prazerosa e significativa. Transpondo à didática, é necessário construir
uma visão da Física que esteja voltada para a formação de um cidadão
contemporâneo, atuante e solidário com instrumentos para compreender, intervir e
participar em sua realidade social.
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2.3 - O ENSINO DE FÍSICA
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008, p.45)
“na escola secundária, o ensino de Física era uma realidade desde 1808, com a
vinda da família Real ao Brasil”. A inserção desse conhecimento no currículo visava
atender os anseios apenas da corte, para a formação de uma intelectualidade local.
Era destinado aos cursos de formação de engenheiros e médicos. Somente ao
longo de décadas, a disciplina de Física passou ser integrada no processo de ensino
para todos.
A história aponta que no ensino de Física, pouco se alterou no cenário desde
a sua implantação.
[...] hoje, no início do século XXI, mais de cem anos de história se passaram desde a introdução da Física nas escolas no Brasil, mas sua abordagem continua fortemente identificada com aquela praticada há cem anos: ensino voltado para a transmissão de informações através de aulas expositivas utilizando metodologias voltadas para a resolução de exercícios algébricos. Questões voltadas para o processo de formação dos indivíduos dentro de uma perspectiva mais histórica, social, ética, cultural, permanecem afastadas do cotidiano escolar, sendo encontradas apenas nos textos de periódicos relacionados ao ensino de Física, não apresentando um elo com o ambiente escolar (ROSA & ROSA, 2005, p. 06).
Para Lopes (2011) o ensino da Física é um dos grandes desafios para os
professores atualmente, pois foi construído ao longo do tempo um pensamento
negativo a este componente curricular dando espaço a paradigmas e denominações
pejorativas. Mesmo antes de os alunos terem contato com a disciplina de Física,
eles já apresentam-se temerosos e resistentes. O medo da não compreensão
perpassa por todo o Ensino Médio, acrescidas das deficiências do ensino que são
observadas nas escolas, e até mesmo nas universidades, reforçando a resistência
pela disciplina.
Tradicionalmente o curso de Física e também os livros didáticos privilegiam
uma formação acadêmica com enfoque altamente empirista-indutivista, ou seja, um
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enfoque no qual o conhecimento advém da generalização indutiva a partir da
observação, sem qualquer influência teórica ou subjetiva, e dessa forma capaz de
assegurar a verdade absoluta às afirmações científicas. Assim futuros professores
de física acabam resultando em práticas docentes inadequadas (MOREIRA,
MASSONI e OSTERMANN, 2007).
Muitos pesquisadores da educação têm direcionado seus estudos para
investigar a ação educativa, mostrando quanto às intenções da prática educativa são
abrangentes e que vão além do processo de transmissão dos conteúdos
(CACHAPUZ, 2005).
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (SEED, 2008)
no ensino de Física é importante considerar atividades experimentais para uma
melhor compreensão acerca dos fenômenos físicos, pois acredita-se que a
experimentação pode ser um componente, de uma proposta de ensino centrada no
conhecimento. “...é fundamental que o professor compreenda o papel dos
experimentos na ciência, no processo de construção do conhecimento científico.
Essa compreensão determina a necessidade (ou não) das atividades experimentais
nas aulas de física” (SEED, 2008 p. 71).
Na visão de Bonadiman e Honenmacher (2007) o professor deve conduzir
atividades experimentais e coordenar as discussões. “Cabe ao professor apresentar
outras atividades experimentais complementares, que possibilitem o
aprofundamento ou novas significações do conceito físico em elaboração, a serem
realizadas em sala de aula ou extraclasse” (BONADIMAN & HONENMACHER,
2007, p.58).
Um professor investigador é um praticante reflexivo, que identifica problemas,
questiona valores, observa o contexto político e social da escola e participa no
desenvolvimento curricular. É um professor que encara o ensino como um processo
permanente de construção coletiva, que impulsiona e incentiva o aprendizado por
meio de conceitos (ALARCÃO, 2001).
Nas palavras de Alarcão (2001, p. 6), “ser professor investigador é, pois,
primeiro que tudo ter uma atitude de estar na profissão como intelectual que
criticamente se questiona na tentativa de resolver problemas relacionados com a sua
prática”. Desta forma a investigação sobre a prática parte da compreensão da
natureza dos problemas que afetam essa mesma prática.
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Neste caso em específico, a compreensão de atitudes que podem possibilitar
maior vínculo com a disciplina de Física e consequentemente melhor aprendizagem,
instigando o conhecimento por meio de atividades práticas.
Os trabalhos com atividades experimentais e/ou práticas contribuem para o
processo de ensino aprendizagem. Hodson (1994) argumenta que o trabalho prático
nem sempre necessita incluir atividades em laboratório, mas que outras alternativas
podem também apresentar bons resultados, como atividades com o uso do
computador, a demonstração de filmes, estudos de caso, testes escritos, pôsteres,
jogos, álbuns e trabalhos variados.
Outro aspecto a considerar é que uma experiência que permite a manipulação de materiais pelos estudantes ou uma demonstração experimental pelo professor, nem sempre precisa estar associada a um aparato sofisticado. Importa à organização, discussão e reflexão sobre todas as etapas da experiência, o que propicia interpretar os fenômenos físicos e trocar informações durante a aula, seja ela na sala ou no laboratório (SEED, 2008, p. 74).
3 - MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
Os métodos e procedimentos adotados para a implementação foram organizados e aplicados de acordo com a tabela abaixo:
Nº PERÍODO
/ DATA
CARGA HORÁRIA
AÇÃO ESTRAGÉGIAS UTILIZADAS
1 16/03/15
a 19/03/15
6 h/a
Apresentar o Projeto a Equipe
Pedagógica e explicar os objetivos
do mesmo;
Foi apresentado a equipe pedagógica o objetivo do projeto e a metodologia a ser utilizada;
Aos professores colaboradores após a apresentação do projeto e dos experimentos a ser trabalhado em cada série/turma procuramos analisar junto ao horário da escola e de cada professor a melhor data para aplicar as atividades;
2 23/03/15
24/03/15
25/03/15
26/03/15
8 h/a
Apresentar o Projeto aos Professores
de Ciências do Ensino Fundamental
e de Física do Ensino Médio para
que os mesmo atuem como parceiros
na implementação das ações
propostas;
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3* De
30/03/15 a
17/04/15
38 h/a
Aplicação das atividades práticas
propostas no Projeto de Intervenção
Pedagógica nas turmas do Ensino
Fundamental com o objetivo de
proporcionar aos alunos o primeiro
contato com a disciplina e se
apresentar como um facilitador na
compreensão dos conteúdos para os
alunos do Ensino Médio;
Os alunos foram encaminhados para o
laboratório de ciências/física para o
desenvolvimento de cada experimento;
4 11/06/15
15/06/15
17/06/15
18/06/15
10h/a
Reunião com os professores
envolvidos na aplicação do Projeto
de Intervenção e que atuaram como
colaboradores para levantar
sugestões e reação dos alunos
envolvidos;
Após o desenvolvimento de todas as
atividades propostas por série/turma foi
efetuado uma mesa redonda com os
professores colaboradores com o objetivo
de levantar sugestões e as observações
sobre interesse e se a escolha de cada
experimento foi adequada para cada
turma/série.
5 30/06/15 2h/a
Reunião com a Equipe Pedagógica
para apresentar e avaliar os
resultados da aplicação do Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola.
Apresentação dos resultados obtidos e das
sugestões da mesa redonda entre os
professores colaboradores.
* ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR SÉRIE:
Canhão de sal de frutas I – 6º ano
Faça Dinheiro – 7º ano
Espelho Côncavo – 8º ano
Efeito Quente – 9º ano
Canhão de sal de frutas II – 1º ano EM
Propagação de calor por condução – 2º ano EM
Motor elétrico – 3º ano EM
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4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante a implementação do projeto foi observado uma dificuldade de grau
pequeno na apresentação do projeto para a equipe pedagógica em função do
volume de trabalho dos pedagogos para preparar a escola com o início do ano
letivo.
Com relação à apresentação para os professores colaboradores houve uma
dúvida se os mesmos teriam de aplicar as atividades propostas e a preocupação
que, com a disponibilidade de aulas para as mesmas poderia dificultar o
desenvolvimento do conteúdo do currículo de cada turma/série. Durante o
desenvolvimento das atividades com os alunos os problemas encontrados foram
número de turmas com muitos alunos, falta de um laboratorista para preparar as
atividades e apoiar no desenvolvimento das mesmas.
A falta de material básico no laboratório foi também um fator negativo. Com
número elevado de alunos em algumas turmas foi preciso dividir a presença no
laboratório para que as atividades propostas pudessem ser acompanhadas por
todos. O que ocasionou a necessidade de um professor acompanhar os alunos que
ficaram em sala e ajudar no rodízio dos mesmos. A reunião com os professores
envolvidos e a equipe pedagógica após a apresentação das atividades foi dificultada
em função de eventos externos a sala de aula que tornaram estes agentes
educacionais menos propensos ao aprendizado e menos receptivos, além dos
eventos causarem um estreitamento considerável do calendário para dar conta dos
conteúdos e as aulas de reposição.
Os alunos foram bem receptivos e interessados em participar, os do ensino
médio procuravam entender os fenômenos físicos envolvidos em cada experimento.
Os alunos do ensino fundamental se mostraram bem à vontade e interessados nos
resultados apresentados. Perguntavam quando teriam aulas de física e a maioria
solicitava para colaborar no desenvolvimento das mesmas.
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5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os experimentos desenvolvidos e apresentados para os alunos durante a
implementação do projeto contribuíram para levá-los a se aproximarem mais da
disciplina de Física.
Houve participação de todos com interesse e curiosidade. Atividades práticas
nas aulas de Física precisam ser aplicadas desde o início do Ensino Médio e ser
algo constante, visando contribuir com a aprendizagem e ser um elemento facilitador
na compreensão dos conceitos da disciplina.
Foi possível desenvolver a I MOSTRA DE TRABALHOS PRÁTICOS no
Colégio Estadual Professor Brasílio Vicente de Castro com a distribuição dos alunos
em equipes e cada uma responsável por desenvolver uma atividade prática
relacionada ao seu conteúdo. Pretendo tornar algo constante e ser uma prática
pedagógica que buscar tornar a Física mais acessível e de mais fácil compreensão
pelos alunos.
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6 - REFERÊNCIAS
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