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CEEBJA - CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Sarandi - 2011

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Page 1: ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - Notícias · Sarandi, é uma escola pública que oferta o curso presencial em nível de Ensino Fundamental (Fase II) e Ensino Médio, nos turnos da manhã,

CEEBJA - CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS

ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Sarandi - 2011

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ÍNDICE

JUSTIFICATIVA.....................................................................................................................5

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................7

1. IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO....................................................................8

1.1. Da Localização e Propriedade..............................................................................................8

2. ORGANIZAÇÃO DA ENTIDADE ESCOLAR.....................................................................8

2.1. Histórico...............................................................................................................................82.2. Caracterização da População................................................................................................92.3. Objetivos Gerais deste Estabelecimento............................................................................112.4. Nível de Ensino..................................................................................................................12

2.4.1. Ensino Fundamental – Fase II...............................................................................122.4.2. Ensino Médio.........................................................................................................12

2.5. Educação Especial..............................................................................................................122.6. Ações Pedagógicas Descentralizadas.................................................................................132.7. Turno / Horário de Funcionamento / Local........................................................................132.8. Formação Continuada dos profissionais da Educação.......................................................142.9. Organização da hora / atividade.........................................................................................15

3. RECURSOS FÍSICOS, AUDIOVISUAIS E TECNOLÓGICOS........................................16

3.1. Recursos Físicos.................................................................................................................163.2. Biblioteca Escolar .............................................................................................................173.3. Laboratório.........................................................................................................................173.4. Recursos Audiovisuais e Tecnológicos..............................................................................18

3.4.1. Recursos Audiovisuais e Tecnológicos - Número.................................................193.5. Recursos Financeiros.........................................................................................................19

4. CONSELHO ESCOLAR...................................................................................................21

5. ASSOCIAÇÃO DE ALUNOS, PAIS, MESTRES E FUNCIONÁRIOS – A.A.P.M.F. .....22

6. GRÊMIO ESTUDANTIL...................................................................................................23

7. RECURSOS HUMANOS.................................................................................................24

7.1. Atribuições dos Recursos Humanos..................................................................................247.1.1. Direção...................................................................................................................247.1.2. Professor Pedagogo...............................................................................................267.1.3. Coordenações.........................................................................................................28

7.1.3.1. Coordenador Geral....................................................................................287.1.3.2. Coordenador Itinerante..............................................................................297.1.3.3. Coordenador de Exames Supletivos..........................................................30

7.1.4. Docentes................................................................................................................317.1.5. Funcionários .........................................................................................................32

7.1.5.1. Áreas de Manutenção de Infraestrutura...................................................327.1.5.2. Áreas de Administração Escolar e Operação de Multimeios Escolares...34

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8. FINS E OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO............................................................................36

9. FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS DO CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS DE SARANDI ..................................38

10. MATRIZ CURRICULAR – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO................................42

10.1. Ensino Fundamental - Fase II.......................................................................................4210.2. Ensino Médio................................................................................................................43

11. CONCEPÇÃO EDUCACIONAL.....................................................................................44

12. PROCESSO DE AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO.............................................................44

13. PLANO DE AÇÃO PARA O ANO LETIVO DE 2011.....................................................48

14. PROJETOS INTEGRADOS AO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO......................52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................55

15. DIRETRIZES CURRICULARES DE EJA - ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II E ENSINO MÉDIO...................................................................................................................57

15.1 DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA..................................................................5715.1.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA.............................5715.1.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS..................................................6015.1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO6215.1.4 REFERÊNCIAS...................................................................................................64

15.2 DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA E ARTE..................................................6515.2.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA E ARTE.............6515.2.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS..................................................6715.2.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO7115.2.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.................................................................74

15.3 DISCIPLINA DE LINGUA ESTRANGEIRA MODERNA (LEM) - INGLÊS..............7615.3.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE LINGUA ESTRANGEIRA MODERNA (LEM) - INGLÊS...........................................................................................................................7615.3.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS..................................................7715.3.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS...............................................................78

15.3.3.1 ENSINO FUNDAMENTAL....................................................................7815.3.3.2 ENSINO MÉDIO.....................................................................................79

15.3.4 REFERÊNCIAS...................................................................................................8015.4 DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA.........................................................................81

15.4.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA....................................8115.4.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS..................................................8215.4.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO86

15.4.3.1 CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO.........8815.4.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................90

15.5 DISCIPLINA DE MATEMÁTICA..................................................................................9315.5.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DA MATEMÁTICA.............................................9315.5.2 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO......................................................9715.5.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS.............................................................101

15.5.3.1 ENSINO FUNDAMENTAL..................................................................10115.5.3.2. ENSINO MÉDIO..................................................................................104

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15.5.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................10715.6 DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS...................................................................109

15.6.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS....................................................10915.6.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS................................................11115.6.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS.............................................................11415.6.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...............................................................116

15.7 DISCIPLINA DE BIOLOGIA........................................................................................11715.7.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE BIOLOGIA...................................................11715.7.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS................................................119

15.7.2.1 CONTEÚDOS – BIOLOGIA ENSINO MÉDIO...................................12215.7.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................128

15.8 DISCIPLINA DE FÍSICA..............................................................................................13015.8.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DA FÍSICA.........................................................13015.8.2 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO....................................................134

15.8.2.1 CONTEÚDOS DE FÍSICA – ENSINO MÉDIO...................................14015.8.3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................143

15.9 DISCIPLINA DE QUÍMICA..........................................................................................14515.9.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE QUÍMICA.....................................................14515.9.2 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO....................................................147

15.9.2.1 CONTEÚDOS DE QUÍMICA – ENSINO MÉDIO..............................15015.9.3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................152

15.10 DISCIPLINA DE HISTÓRIA......................................................................................15315.10.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA..................................................15315.10.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS..............................................154

15.10.2.1. ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS.............................................15715.10.3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................163

15.11 DISCIPLINA DE GEOGRAFIA .................................................................................16515.11.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DA GEOGRAFIA.............................................16515.11.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS..............................................168

15.11.2.1 CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA.......................................................17010.11.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................171

15.12 DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO – FASE II...................................................17315.13 DISCIPLINA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA - ENSINO MÉDIO .......................173

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JUSTIFICATIVA

A Educação de Jovens e Adultos – EJA, representa uma possibilidade de direito à

educação. De acordo com Ireland (2007) ao ser humano é facultado o princípio do direito

à educação. Conforme o autor, a compreensão de que não basta oferecer qualquer tipo

de educação, o entendimento da mesma como direito e como processo de aprendizagem

que acompanha o ser humano ao longo de sua vida, tornaram-se as premissas básicas

para a política de educação de jovens e adultos. “Por direito à educação entende-se não

somente a educação de qualidade, mas também o direito de uma educação que possui

relevância social e cultural para os sujeitos do processo” (IRELAND, 2007, p.1).

Embasados neste princípio, cabe a escola oportunizar a apropriação do

conhecimento pelo sujeito, possibilitando condições de emancipação e desenvolvimento

humano. Portanto, para que este direito se constitua, cabe-nos a reflexão-ação, buscando

a efetivação da aprendizagem. Resultante do aprendizado, o conhecimento é ressaltado

por Gramsci, como condição de inserção do homem no social, para que aí, junto com,

associado com, opere mudanças que visem o desenvolvimento humano pleno (PIMENTA,

1991). Nesse aspecto, o direito à educação, no sentido de oportunidade de apropriação

do conhecimento pelo sujeito, é a função primordial da escola, a qual deve ser gerado dos

fundamentos para a sua efetivação.

Pensar sobre as possibilidades de transformar a escola, exige posicionamentos

definidos quanto à direção que queremos dar às nossas ações, a partir do entendimento

que temos da função da escola e do projeto social que defendemos. Nesse sentido, Freire

(2006), argumenta que “ a natureza da prática educativa, e sua necessária diretividade, os

objetivos, os sonhos que se perseguem na prática não permitem que ela seja neutra, mas

política sempre”. Portanto, o trabalho voltado para a educação de jovens e adultos deve

estar comprometido com a educação libertadora, que envolve a formação do educando

em um ser crítico, que pensa, age e intervém no mundo.

[ …] os educadores progressistas sabem muito bem que a educação não é a

alavanca da transformação da sociedade, mas sabem também o papel que ela tem

nesse processo. A eficácia da educação está em seus limites. Se ela tudo pudesse,

ou se ela pudesse nada, não haveria porque falar de seus limites. Falamos deles

precisamente porque, não podendo tudo, pode alguma coisa. A nós, educadores

educadoras progressistas, nos cabe ver o que podemos para competentemente

realizar (FREIRE, 2006).

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Portanto, refletir sobre a prática pedagógica, bem como os princípios educacionais

que norteiam o trabalho dos educadores é de suma importância. Se acreditamos que a

escola tem o dever de oferecer educação de qualidade a todos, sem distinção, auxiliando

na diminuição das desigualdades e ampliando o exercício da cidadania, cabe-nos

contribuir nesse processo.

Desta forma o presente projeto político pedagógico representa as intenções e

compromisso desta comunidade escolar.

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INTRODUÇÃO

O Projeto Político Pedagógico do CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica

para Jovens e Adultos tem por finalidade atender ao disposto na Constituição Federal de

1988, Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, Deliberações 06/05 e

009/01 do Conselho Estadual de Educação.

A reconstrução do presente Projeto Político Pedagógico resultou de um processo

de estudos, discussões e reflexões críticas realizadas em encontros proporcionados pela

Secretaria de Estado da Educação, dos Núcleos Regionais da Educação, em conjunto

com as escolas, buscando efetivar o compromisso de ofertarmos uma educação de

qualidade e significativa para o alunado de EJA. Neste sentido Veiga (2001, p.8) enfatiza

que:

O projeto é um meio de engajamento coletivo para integrar ações dispersas, criar

sinergias no sentido de buscar soluções alternativas para diferentes momentos do

trabalho pedagógico–administrativo, desenvolver o sentimento de pertença,

mobilizar os protagonistas para a explicitação de objetivos comuns, definindo o

norte das ações a serem desencadeadas, fortalecer a construção de uma

coerência comum, mas indispensável, para que a ação coletiva produza seus

efeitos.

Acreditamos que a educação representa um importante papel no processo de

construção da cidadania, pois ela é a base constitutiva na formação do ser humano.

Sabemos, que a educação não pode ser vista como um único meio de efetivar o direito à

cidadania, mas pode dar uma importante contribuição a esse processo, na caminhada

rumo a construção de uma sociedade mais justa. “Se de um lado, a educação não é a

alavanca das transformações sociais, de outro, estas não se fazem sem ela” (FREIRE,

1997, p. 267).

Neste sentido, esse Estabelecimento de Ensino tem o compromisso político com as

camadas populares, pois entende que a educação escolar é um dos instrumentos

possibilitadores do acesso aos bens culturais produzidos historicamente pela humanidade

e, dessa forma, pode constituir-se numa chave importante para se ler o mundo e a

sociedade em que vivem e atuar sobre ele.

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1. IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO

1.1. Da Localização e Propriedade

O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de Sarandi - Ensino

Fundamental e Médio, localiza-se na Av. Antonio Volpato , nº 1488 – Jardim Europa, e-

mail: [email protected], no município de Sarandi.

Este estabelecimento tem como mantenedor o Governo do Estado do Paraná e

funciona em prédio locado.

Sua localização é em área urbana, ficando a aproximadamente 10 km do NRE de

Maringá, ao qual é jurisdicionado.

Para efeitos administrativos, o CEEBJA - Centro Estadual de Educação Básica

para Jovens e Adultos de Sarandi, vincula-se ao Departamento de Educação Básica, da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

A área de atuação deste CEEBJA compreende o município de Sarandi, o qual está

jurisdicionado ao Núcleo Regional de Educação de Maringá.

2. ORGANIZAÇÃO DA ENTIDADE ESCOLAR

2.1. Histórico

O CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos) de

Sarandi, é uma escola pública que oferta o curso presencial em nível de Ensino

Fundamental (Fase II) e Ensino Médio, nos turnos da manhã, tarde e noite, sendo

mantido pelo Governo do Estado do Paraná.

Iniciou sua “atividade” como NAES ( Núcleo Avançado de Estudos Supletivos)

vinculado ao CES (Centro de Estudos Supletivos) Professor Manoel Rodrigues da Silva,

de Maringá, em 1987. Porém, em fevereiro de 1995, através da Resolução nº 405/95,

transformou-se em CES (Centro de Estudos Supletivos) de Sarandi. Em 1998, através da

Resolução nº 3120/98, CES de Sarandi passou a denominar CEAD (Centro de Educação

Aberta, Continuada, à Distância) de Sarandi e em 1999, através da Resolução nº

4561/99, CEAD – Sarandi passou a denominar CEEBJA (Centro Estadual de Educação

Básica para Jovens e Adultos ) de Sarandi.

O Ensino Fundamental foi reconhecido pela Resolução nº 2232/97. Ainda no

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mesmo ano foi autorizada a implantação do Ensino Médio, através da Resolução nº

1087/97 e teve seu reconhecimento em 1999, através da Resolução nº 4818/99.

Atualmente neste Estabelecimento de Ensino é ofertado o 2º Segmento do Ensino

Fundamental e Ensino Médio em regime de matrícula por disciplina , além da Educação

Especial para educandos surdos e também alunos com dificuldades de aprendizagem,

através de metodologias adequadas ao desenvolvimento intelectual dos alunos.

Oferta ainda Exame de Suplência em nível de conclusão do 2º Segmento do

Ensino Fundamental e do Ensino Médio na cidade de Sarandi.

Em 1997 implantou-se o PAC (Posto Avançado do CES) do 2º Segmento do Ensino

Fundamental, atendendo em algumas escolas municipais de Sarandi. E em 1998 iniciou-

se o funcionamento de duas salas de descentralização em nível do 1º Segmento do

Ensino Fundamental que a partir de 2002 foi transformada em PAC do 1º Segmento do

Ensino Fundamental. Finalmente em 2002 implantou-se o PAC do Ensino Médio que era

a reivindicação da comunidade sarandiense.

Em 2006, o PAC passou a usar a terminologia APED (Ação Pedagógica

Descentralizada) e deixou de atender o 1º Segmento do Ensino Fundamental, passando

estes a serem atendidos em sua totalidade em 2007 pelo município de Sarandi.

Atualmente neste Estabelecimento de Ensino é ofertado o Ensino Fundamental

Fase II e Ensino Médio, em regime de matrícula por disciplina, além da Educação

Especial para educando surdos e também alunos com dificuldades de aprendizagem,

através de metodologias adequadas ao desenvolvimento intelectual dos alunos.

É ofertado ainda o Exame de Suplência em nível de conclusão de Ensino

Fundamental (anos finais) e do Ensino Médio, na cidade de Sarandi.

O CEEBJA de Sarandi está jurisdicionado ao NRE de Maringá e ao Departamento

de Educação e Trabalho da Secretaria de Estado da Educação do Paraná,

caracterizando-se como uma unidade educacional devidamente adequada às exigências

e necessidades dos alunos que em sua maioria são trabalhadores.

2.2. Caracterização da População

Esta instituição atende educandos jovens, adultos e idosos que se afastaram da

escola na denominada idade própria por diversos fatores. Entre eles: a entrada prematura

no mundo do trabalho, a evasão ou repetência escolar. Atende ainda um número

considerável de adolescentes, uma vez que a Instrução nº 032/2010, determina que a

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partir do ano de 2011, seja considerada a idade mínima de 15 (quinze) anos completos,

para matrícula no Ensino Fundamental. A grande maioria desses adolescentes é oriunda

de um processo educacional fragmentado, marcado por evasão e reprovação no Ensino

Fundamental e Médio regulares.

No entanto, é necessário frisar que a EJA atende preferencialmente os alunos

acima de 18 anos no Ensino Fundamental (Fase II) e acima de 21 anos no Ensino Médio,

visando o caráter histórico para a qual a EJA foi criada, ou seja, o público jovem, adulto e

idoso.

Os alunos que procuram esta escola tem a necessidade da escolarização formal,

seja pelas necessidades pessoais ou pelas exigências do mundo do trabalho.

Esses educandos possuem uma bagagem de conhecimentos adquiridos em outras

instâncias sociais, pois a escola não é o único espaço de produção e socialização dos

saberes. Muitos destes já exercem a cidadania em vários setores da sociedade, com suas

crenças e seu modo próprio de olhar o mundo, o que os torna mais habilitados a adquirir

e aprofundar novos conhecimentos.

Muitos alunos trazem um modelo de escola predominantemente tradicional,

depositando no educador e na escola total responsabilidade pela sua aprendizagem, bem

como um certo grau de insegurança ao retornar. Portanto, para que se tornem sujeitos

ativos do processo educacional é necessário romper com esse modelo, motivando a

autonomia intelectual e auto estima.

Esta escola atende também educandos com necessidades educacionais especiais.

Possui serviço de apoio na educação de alunos surdos, nos períodos da manhã, tarde e

noite e para alunos com dificuldade de aprendizagem enquadrados na modalidade –

deficiência intelectual, nos períodos da tarde e da noite.

O atendimento educacional oferecido aos alunos surdos é desenvolvido por meio

de proposta bilíngüe (LIBRAS / Língua Portuguesa) respeitando as diferenças lingüísticas

e possibilitando o avanço da escolarização.

Em relação à direção escolar, coordenadores pedagógicos e docentes deste

estabelecimento, em sua quase totalidade são professores do Quadro Próprio do

Magistério, não havendo mudanças significativas no quadro de professores que atuam na

Sede. Uma vez que estes profissionais já conhecem o perfil do alunado da EJA , bem

como a Proposta Pedagógica de trabalho, há mais facilidade e coesão em seu

desenvolvimento.

O Regime Contratual dos professores que atuam nas APED's (Ações Pedagógicas

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Descentralizadas) é o PSS (Processo Seletivo Simplificado). Desta forma, há uma grande

rotatividade dos mesmos, dificultando a continuidade e a eficácia dos trabalhos a serem

desenvolvidos.

Não há ainda um funcionário específico para atender o laboratório de informática,

bem como na biblioteca, acarretando prejuízos à comunidade escolar.

Mesmo com as dificuldades elencadas, existe envolvimento e dedicação dos

profissionais deste estabelecimento, buscando a efetivação das propostas de trabalho em

prol do alunado.

2.3. Objetivos Gerais deste Estabelecimento

O CEEBJA de Sarandi tem como finalidade efetivar o processo de apropriação do

conhecimento, respeitando os dispositivos constitucionais Federal e Estadual, a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9.394/96, a Deliberação nº 06/05 –

CEE, Diretrizes Curriculares Nacional de EJA – Parecer CEB nº 11/00, o Estatuto da

Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº 8.069/90 e a Legislação do Sistema Estadual de

Ensino, mediante a oferta de escolarização de jovens, adultos e idosos que buscam dar

continuidade a seus estudos no Ensino Fundamental e Médio, proporcionando-lhes

oportunidades apropriadas, considerando suas características, interesses, condições de

vida e de trabalho, mediante ações didático pedagógicas coletivas e/ou individuais, que

priorizem o processo ensino-aprendizagem.

O trabalho pedagógico a ser desenvolvido na EJA deve contemplar três eixos –

cultura, trabalho e tempo. Tem o compromisso com a formação humana e com o acesso à

cultura geral, de modo que os educandos venham a participar política e produtivamente

das relações sociais, com comportamento ético e compromisso político, por meio do

desenvolvimento da autonomia intelectual e moral.

Esta instituição de ensino busca oferecer uma educação efetiva, onde o educando

da EJA, possa por meio deste conhecimento, relacioná-la com o mundo do trabalho,

buscando se apropriar dos bens produzidos pelos homens, melhorando sua qualidade de

vida.

A Educação de Jovens e Adultos deve oferecer condições de acesso e

permanência do aluno na escola, garantindo o princípio democrático de gratuidade na

rede pública, em seus diferentes níveis – Fundamental- Fase II e Médio, vedada qualquer

forma de discriminação e segregação.

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Atendendo a esses objetivos, o Centro Estadual de Educação Básica para Jovens

e Adultos deverá assegurar gratuitamente, oportunidades educacionais apropriadas de

escolarização, mediante cursos e exames supletivos em nível de ensino fundamental e

médio, para os alunos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, obedecendo

as normas vigentes.

2.4. Nível de Ensino

2.4.1. Ensino Fundamental – Fase II

Ao se ofertar estudos referentes ao Ensino Fundamental – Fase II, este

estabelecimento escolar terá como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais e

Estaduais, que consideram os conteúdos ora como meios, ora como fim do processo de

formação humana dos educandos, para que os mesmos possam produzir e ressignificar

bens culturais, sociais, econômicos e deles usufruírem.

Visa, ainda, o encaminhamento para a conclusão do Ensino Fundamental e

possibilita a continuidade dos estudos para o Ensino Médio.

2.4.2. Ensino Médio

O Ensino Médio no Estabelecimento Escolar terá como referência em sua oferta,

os princípios, fundamentos e procedimentos propostos nas Diretrizes Curriculares

Nacionais para o Ensino Médio – Parecer 15/98 e Resolução n.º 02 de 07 de abril de

1998/CNE, nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação de Jovens e Adultos e nas

Diretrizes Curriculares Estaduais Orientadoras da Educação Básica.

2.5. Educação Especial

A EJA contempla, também, o atendimento a educandos com necessidades

educativas especiais. Considerando a situação em que se encontram individualmente

estes educandos, deve-se priorizar ações educacionais específicas e que oportunizem o

acesso, a permanência e o êxito destes no espaço escolar.

Uma vez que esta terminologia pode ser atribuída a diferentes grupos de

educandos, desde aqueles que apresentam deficiências permanentes até aqueles que,

por razões diversas, fracassam em seu processo de aprendizagem escolar, a legislação

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assegura a oferta de atendimento educacional especializado aos educandos que

apresentam necessidades educativas especiais decorrentes de:

• deficiências intelectual, física/neuromotora, visual e auditiva;

• condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos;

e

• superdotação/altas habilidades.

É importante destacar que “especiais” devem ser consideradas as alternativas e as

estratégias que a prática pedagógica deve assumir para remover barreiras para a

aprendizagem e participação de todos os alunos (CARVALHO, 2001).

Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao educando para o enfoque

do especial atribuído à educação. Mesmo que os educandos apresentem características

diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências mas, também, de condições sócio-

culturais diversas e econômicas desfavoráveis, eles terão direito a receber apoios

diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação escolar.

Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se, assegurando o

direito à igualdade com eqüidade de oportunidades. Isso não significa o modo igual de

educar a todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços especializados para que

cada um aprenda, resguardando-se suas singularidades.

2.6. Ações Pedagógicas Descentralizadas

Este Estabelecimento Escolar desenvolverá ações pedagógicas descentralizadas,

efetivadas em situações de evidente necessidade, dirigidas a grupos sociais com perfis e

necessidades próprias e onde não haja oferta de escolarização para jovens, adultos e

idosos, respeitada a proposta pedagógica e o regimento escolar, desde que autorizado

pela SEED/PR, segundo critérios estabelecidos pela mesma Secretaria em instrução

própria.

2.7. Turno / Horário de Funcionamento / Local

Este Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos atende nos seguintes

períodos:

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Sede:

Matutino: 07:30 às 11:45

Vespertino: 14:00 às 18:20

Noturno: 18:30 às 22:40

APED – Ação Pedagógica Descentralizada

Noturno: 19:00 às 22:20

Nas APEDs é ofertado o Ensino Fundamental – Fase II e o Ensino Médio, nas

seguintes escolas municipais:

• Escola Municipal Tisuro Tsuji Barros Cunha – Ensino Fundamental

• Escola Municipal Padre José de Anchieta – Ensino Infantil e Fundamental

• Escola Municipal José Polo – Ensino Infantil e Fundamental

• Escola Municipal Sagrada Família – Ensino Infantil e Fundamental

• Escola Municipal Yoshio Hayashi – Ensino Fundamental

• Escola Municipal Ayres Aniceto de Andrade – Ensino Infantil e Fundamental

• Escola Municipal Poetisa Cecília Meireles – Ensino Infantil e Fundamental

• Escola Municipal Olinda Dias Pereira – Ensino Fundamental

2.8. Formação Continuada dos profissionais da Educação

A escola pelo fato de ser a instituição social que, por sua natureza e especificidade,

trabalha diretamente com o conhecimento e com o ser humano, exige do profissional do

magistério um processo de formação continuada que acrescente e supere sua formação

inicial, não só para acompanhar os processos evolutivos da sociedade, mas

principalmente para que possa interferir nas transformações necessárias que dêem conta

de sua prática escolar. No entanto, essa formação continuada para que tenha êxito não

pode ser desvinculada da prática docente, experiências e reflexões constantes pelos

profissionais da educação.

Desta forma, além da capacitação oferecida aos profissionais deste Centro,

considera-se de suma importância a formação continuada para todos os segmentos da

comunidade escolar. Assim sendo, este estabelecimento incentivará e apoiará a

participação de todos os profissionais em cursos de aperfeiçoamento propostos pela

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mantenedora e por outras instituições, bem como utilizará os encontros previstos em

calendário escolar, destinados às reuniões pedagógicas para estudos.

2.9. Organização da hora / atividade

O acompanhamento pedagógico implica em uma relação de parceria estabelecida

entre professores e pedagogos no sentido de refletir em conjunto sobre a prática de

ensino, organização e planejamento do tempo e das atividades a serem desenvolvidas de

acordo com a organização curricular.

Para tanto, os professores na Sede organizarão a hora atividade de acordo com o

cronograma das áreas, de forma a garantir atendimento diário, sem prejuízo ao aluno e,

os professores das APEDs realizarão a Hora Atividade às sextas-feiras, conforme

instrução específica.

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3. RECURSOS FÍSICOS, AUDIOVISUAIS E TECNOLÓGICOS

3.1. Recursos Físicos

NÚMERO DE AMBIENTES PEDAGÓGICOS

SALA DE AULA - 01 36,45 (m²)SALA DE AULA - 02 36,18 (m²)SALA DE AULA - 03 17,66 (m²)SALA DE AULA - 04 17,66 (m²)SALA DE AULA - 05 41,22 (m²)SALA DE AULA - 06 35,89 (m²)SALA DE AULA - 07 35,30 (m²)SALA DE AULA - 08 35,23 (m²)SALA DE AULA - 09 35,23 (m²)SALA DIREÇÃO - 01 9,4 (m²)SALA EQUIPE PEDAGÓGICA – 01 (sede) 7,1 (m²)SALA COORDENAÇÃO APED - 01 5,40 (m²)SALA DOS PROFESSORES - 01 19,25 (m²)

NÚMERO DE AMBIENTES ADMINISTRATIVOS

SECRETARIA - 01 25,29 (m²)ALMOXARIFADO 1 8,52 (m²)ÁREA DESTINADA Á BIBLIOTECA 15,02(m²)ÁREA DESTINADA LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA 52,36(m²)COZINHA 12,51(m²)REFEITÓRIO 94,0(m²)DESPENSA 8,1(m²)ALMOXARIFADO 2 6,6(m²)

NÚMERO DE COMPLEXO HIGIÊNICO-SANITÁRIO

BANHEIRO METRAGEM Nº PIAS Nº MICTÓRIOS Nº VASOS SANITÁRIOS

Masculino (alunos)

11,16 (m²) 2 2 2

Feminino (alunos) 9,9 (m²) 2 - 2

Funcionários 0,9 (m²) 1 - 1

Observações: Este CEEBJA funciona em um prédio locado, sendo que o mesmo foi

adaptado para o funcionamento deste estabelecimento.

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3.2. Biblioteca Escolar

Biblioteca não deve ser pensada como um espaço onde apenas o aluno é

freqüentador, mas também professores e a própria comunidade. Para entendermos

melhor o conceito de biblioteca escolar é preciso entendê-la como um local privilegiado

para a prática pedagógica, constituindo-se num importante recurso pedagógico com a

finalidade de auxiliar no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Deve ser

organizada para se integrar com a sala de aula no desenvolvimento do currículo escolar.

Além disso, a Biblioteca Escolar tem como objetivo despertar os alunos para a leitura,

desenvolvendo-lhes o prazer de ler. Pode servir, também, como suporte para a

comunidade em suas necessidades de informação, estimulando ainda a freqüência dos

alunos a outras bibliotecas em busca de informação, conhecimento e lazer.

Para tanto, este espaço educativo, deve ser prioridade da mantenedora, visto que,

atualmente os livros encontram-se defasados, escassos e aquém da necessidade da

comunidade escolar. Vale ressaltar que este Centro de Educação não foi contemplado,

com a biblioteca do professor.

Apesar do entendimento de toda a comunidade escolar sobre a importância do

funcionamento efetivo de uma biblioteca dentro de uma instituição educativa, estes ainda

não tiveram assegurado esse direito.

3.3. Laboratório

Ciência e tecnologia são elementos essenciais para a transformação e o

desenvolvimento da sociedade atual. Esta, por sua vez, tem exigido um volume de

informações muito maior do que em qualquer época do passado, quer seja para o acesso

ao mundo do trabalho, como para o exercício consciente da cidadania e para as

atividades do cotidiano.

As atividades de laboratório, quando bem implementadas, assumem papel de

suma importância, auxiliando o professor no encaminhamento metodológico de temas ou

assuntos em estudos, propiciando a participação ativa dos educandos, potencializando as

atividades experimentais e facilitando a compreensão de conceitos ou fenômenos.

Seguindo o entendimento do Conselho Estadual de Educação, expresso no

parecer nº 095/99 “ ... indubitavelmente, um conceito novo para o espaço denominado

laboratório acompanha uma educação científica nova, espaço que passará a incluir

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também o pátio da escola, a beira do mar, o bosque ou praça pública...” explicitam a não

obrigatoriedade de espaço científico e materiais pré-determinados, para a concretização

de experimentos nos estabelecimentos de ensino, reforçando o princípio pedagógico da

contextualização, já implementados neste Centro Estadual de Educação Básica para

Jovens e Adultos.

A apropriação significativa do conhecimento científico, de modo a contribuir para a

compreensão dos fenômenos do mundo natural, em diferentes espaços e tempos do

planeta, como elementos em permanente interação, do corpo humano e sua integridade,

da saúde como dimensão pessoal e social, do desenvolvimento tecnológico e das

transformações ambientais causadas pelo ser humano, são os resultados esperados na

área de Ciências do Ensino Fundamental e Médio.

3.4. Recursos Audiovisuais e Tecnológicos

As tecnologias da informação e da comunicação estão presentes em grande parte

do trabalho e das das atividades humanas contemporâneas. Na educação é um

importante recurso pedagógico que pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem.

Desta forma, a utilização criteriosa desse recurso como ferramenta pedagógica, contribui

na formação da autonomia dos sujeitos, possibilitando-lhes conhecer o mundo e refletí-lo.

Os recursos tecnológicos provocam mudanças nas relações sociais e oferecem na

educação estratégias pedagógicas que podem voltar-se a uma prática libertadora ou

alienante. Assim sendo, a tecnologia da informação e comunicação na escola voltada a

uma prática libertadora, pode criar possibilidades de inserção do sujeito no mundo atual

com novas formas de expressão e comunicação. Neste enfoque será tratada como um

recurso e estratégia para ampliar a qualidade do processo ensino-aprendizagem.

Incorporar as tecnologias no ambiente escolar e instrumentalizar os alunos quanto

a esta nova linguagem de comunicação, faz parte da luta na conquista de uma sociedade

mais justa. Pois como enfatiza Freire:

[…] se o meu compromisso é realmente com o homem concreto, com a causa de sua

humanização, de sua libertação, não posso por isso mesmo prescindir da ciência, nem da

tecnologia, com as quais me vou instrumentando para melhor lutar por essa causa

(FREIRE, 1979).

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3.4.1. Recursos Audiovisuais e Tecnológicos - Número

• 02 Retroprojetor – Campanha Cidadão Nota 10

• 01 Máquina de xerox modelo 54/16

• 01 Fax

• 03 Impressoras – Paraná digital

• 01 impressora – AAPMF

• 01 computador - AAPMF

• 01 Antena Parabólica – Fundepar

• 01 Caixa Amplificadora WM 800

• 01 Microfone marca Churi com e sem fio

• 01 Data Show

• 02 DVD

• 11 TV Pendrive

• 01 rádio CD/USB

• 20 computadores Paraná Digital

• 20 computadores Proinfo

• 01 impressora colorida

• Roteador Wireless

3.5. Recursos Financeiros

Todas as escolas estaduais recebem mensalmente o Fundo Rotativo. Este recurso

é proveniente do Governo do Estado, é subdividido em várias cotas, podendo ser

utilizado para consumo, serviço e para merenda (Programa Escola Cidadã). Esta escola

recebe também o PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), que é uma verba federal

que tem como objetivo a melhoria da infraestrutura física e pedagógica, o reforço da

autogestão escolar e a elevação dos índices de desempenho da educação básica. Os

recursos do programa são transferidos de acordo com o número de alunos, de acordo

com o censo escolar do ano anterior ao do repasse.

Este Estabelecimento de Ensino funciona em espaço alugado. Devido a sua

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localização houve um aumento considerável da demanda de alunos, fazendo-se

necessário a ampliação do espaço físico.

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4. CONSELHO ESCOLAR

O Conselho Escolar deste Estabelecimento de Ensino é um órgão colegiado

constituído por representantes de todos os segmentos da comunidade escolar,

compreendida esta como o conjunto de profissionais da educação atuantes na escola,

alunos devidamente matriculados e freqüentando regularmente, pais e/ou responsáveis

pelos alunos, representantes dos segmentos organizados da sociedade, comprometidos

com a educação. Este Conselho é de natureza deliberativa, consultiva no que se refere a

organização e realização do trabalho pedagógico e administrativo da instituição escolar.

A função deliberativa do Conselho Escolar corresponde à tomada de decisões a

respeito das diretrizes e linhas gerais das ações pedagógicas, administrativas e

financeiras referente ao direcionamento das políticas públicas desenvolvidas no âmbito da

escola.

A função consultiva concerne à emissão de pareceres para dirimir dúvidas e

tomada de decisões respeito de questões pedagógicas, administrativas e financeiras,

desde que, de sua competência.

A função avaliativa diz respeito ao acompanhamento sistemático das ações

pedagógicas efetivadas pelo Estabelecimento de Ensino, com objetivo de além de

identificar problemas, propor alternativas para melhoria do desempenho, bem como,

garantir a transparência do processo pedagógico, administrativo e financeiro.

A função fiscalizadora refere-se ao acompanhamento e fiscalização da gestão

pedagógica, administrativa e financeira da unidade escolar, garantindo a legitimidade de

suas ações.

A principal função do Conselho Escolar refere-se à aprovação e acompanhamento

da efetivação do projeto político-pedagógico deste Estabelecimento de Ensino.

O Conselho Escolar tem como membro nato o Diretor do Estabelecimento de

Ensino, constituindo-se Presidente do referido Conselho.

As eleições para escolha dos membros do Conselho Escolar, titulares e suplentes,

realizar-se-ão em reunião de cada segmento convocado para este fim, para um mandato

de 2 (dois) anos, admitindo-se uma única reeleição consecutiva.

As reuniões do Conselho Escolar desse Estabelecimento de Ensino ocorrerão

bimestralmente, sendo convocada pelo Presidente do Conselho ou por um representante

designado pelo mesmo, com 72 (setenta e duas) horas de antecedência, com pauta

definida no edital de convocação.

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5. ASSOCIAÇÃO DE ALUNOS, PAIS, MESTRES E FUNCIONÁRIOS – A.A.P.M.F.

A Associação de Alunos, Pais, Mestres e Funcionários do Centro Estadual de

Educação Básica para Jovens e Adultos de Sarandi, é pessoa jurídica, não tendo caráter

político partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos, não sendo remunerados os seus

dirigentes e conselheiros.

Dentre os objetivos da A.A.P.M.F. destacam-se:

Discutir, no seu âmbito de ação, sobre ações de assistência ao educando , do

aprimoramento do ensino e integração família – escola – comunidade, enviando

sugestões, em consonância com a Proposta Pedagógica, para apreciação do Conselho

Escolar e equipe-pedagógica-administrativa;

Representar os reais interesses da comunidade escolar, contribuindo dessa forma,

para a melhoria da qualidade do ensino, visando uma escola pública gratuita e universal;

Promover o entrosamento entre alunos, professores e funcionários e toda a

comunidade, através de atividades sócio-educativas culturais e desportivas, ouvido o

Conselho Escolar;

Gerir e administrar os recursos financeiros próprios e os que lhes forem repassados

através de convênios, de acordo com as prioridades estabelecidas em reunião conjunta

com o Conselho Escolar, com registro em livro ata;

Colaborar com a manutenção e conservação do prédio escolar e suas instalações,

conscientizando sempre a comunidade sobre a importância desta ação.

São órgãos da administração da A.A.P.M.F.: Assembléia Geral; Conselho

Deliberativo e Fiscal; Diretoria; Assessoria Técnica.

A Assembléia Geral Ordinária será constituída pela totalidade dos integrantes,

convocada e presidida pelo presidente da A.A.P.M.F. A ela compete eleger,

bianualmente, a Diretoria e o Conselho Fiscal; discutir e aprovar o relatório anual e a

prestação de contas referentes ao exercício anterior, com base em parecer do Conselho

Escolar; deliberar sobre assuntos gerais de interesse da A.A.P.M.F. constantes no edital

de convocação.

As eleições para a Diretoria e o Conselho Deliberativo e Fiscal realizar-se-ão

bianualmente, podendo ser reeleitos por mais 2 (dois) mandatos.

O Conselho Deliberativo e Fiscal será constituído por 2 (dois) mestres, 2(dois)

funcionários e 4 (quatro) alunos, desde que não sejam funcionários do Estabelecimento

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de Ensino em questão.

É de competência do Conselho Deliberativo e Fiscal, convocar, sempre que

justificado, a Assembléia Geral Extraordinária, além das competências explicitadas no

Estatuto da A . A . M. F.

A Diretoria da A.A.P.M.F. será composta de: Presidente; Vice-presidente, 1º

Secretário, 2º Secretário, 1º Tesoureiro, 2º Tesoureiro, 1º Diretor Sócio Cultural e

Esportivo e 2º Diretor Sócio Cultural e Esportivo.

Os cargos de Diretoria serão ocupados somente por integrantes efetivos, eleitos

em Assembléia Geral convocada especificamente para este fim.

Os cargos de Presidente, Vice-presidente, 1º Tesoureiro e 2º Tesoureiro serão

privativos de alunos matriculados com freqüência regular.

Os cargos de 1º e 2º Secretários e 1º e 2º Diretor Sócio Cultural e Esportivo serão

privativos de professores e ou funcionários do Estabelecimento de Ensino.

A assessoria Técnica é constituída pelo Diretor, representante da equipe

pedagógica e administrativa da Unidade Escolar, independente do mandato da Diretoria

da A. A.P. M. F.

É de competência da Assessoria Técnica, apreciar projetos a serem executados

pela Associação visando sempre a garantia da execução da Proposta Pedagógica e da

assistência ao aluno; aprimorar sobre a aplicação dos recursos de acordo com as

finalidades da A.A.P.M.F.; além das competências explicitadas no Estatuto da

mesma.

6. GRÊMIO ESTUDANTIL

O grêmio é uma organização sem fins lucrativos que representa o interesse dos

estudantes e que tem fins cívicos, culturais, educacionais, desportivos e sociais.

O grêmio é o órgão máximo de representação dos estudantes da escola.

O grêmio tem como principais objetivos:

• Congregar e representar os estudantes da escola;

• Defender seus direitos e interesse;

• Cooperar para melhorar a escola e a qualidade do ensino;

• Incentivar e promover atividades educacionais, culturais, cívicas, desportivas e

sociais.

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• Realizar intercâmbio e colaboração de caráter cultural e educacional com outras

instituições de caráter educacional.

Dentre as muitas atividades que o grêmio pode realizar, destaca-se:

• Integrar os alunos e a comunidade, promovendo eventos culturais como

projeção de filmes, peças teatrais, gincanas, concursos de poesia, coral, festival

de dança, de música, etc.

• Cursos de artesanato;

• Campeonatos esportivos nas diversas modalidades;

• Palestra sobre, violência, drogas, sexualidade e meio ambiente, etc.

• Campanhas de agasalho, de alimentos e de outros recursos para as populações

carentes;

• Jornal da escola;

• Premiação dos alunos destaques nas diversas modalidades.

O mandato da Diretoria do Grêmio será de l (um) ano a partir da data da posse.

A dissolução do Grêmio só ocorrerá quando a Escola for extinta, ou quando a

Assembleia Geral assim deliberar por maioria absoluta de votos, revertendo-se seus bens

a entidades congêneres.

7. RECURSOS HUMANOS

7.1. Atribuições dos Recursos Humanos

De todos os profissionais que atuam na gestão, ensino e apoio pedagógico neste

Estabelecimento Escolar na modalidade Educação de Jovens e Adultos, exigir-se-á o

profundo conhecimento e estudo constante da fundamentação teórica e da função social

da EJA, do perfil de seus educandos jovens, adultos e idosos; das Diretrizes Curriculares

Nacionais e Estaduais de EJA; bem como as legislações e suas regulamentações

inerentes à Educação e, em especial, à Educação de Jovens e Adultos.

7.1.1. Direção

O diretor deve administrar o Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos,

junto com o Conselho Escolar, coordenando a execução de um plano de trabalho,

construído coletivamente, no sentido de elevar os padrões de qualidade do

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estabelecimento escolar.

Em linhas gerais, o diretor trabalha com uma equipe constituída por professores,

equipes de apoio pedagógico e administrativo e coordenadores. É responsável por

coordenar todas as atividades pedagógicas e administrativas realizadas no Centro

Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos.

O principal papel deste líder é agir como motivador. Responsável pela integração e

articulação das diversas atividades internas e externas, para viabilização de uma política

institucional em educação na forma presencial, assim como pela definição de operações e

tomada de decisões, para que os objetivos fundamentais do curso sejam alcançados.

Cumpre ao diretor ser um articulador dos diferentes segmentos escolares em torno

da proposta pedagógica que se quer desenvolver. Quanto maior for essa articulação,

melhor poderão ser desempenhadas suas próprias tarefas, seja no aspecto

organizacional ou da comunidade em que a escola está inserida.

Operando a partir dos dados da realidade e das condições concretas existentes

nas escolas, espera-se que o Diretor incentive o trabalho coletivo, de modo a mobilizar a

comunidade escolar em torno do compromisso com a qualidade do ensino público.

Compete ao Diretor:

• Convocar integrantes da comunidade escolar para elaboração do Plano Anual e

do Regulamento Interno do Estabelecimento de Ensino, submetendo-o à

apreciação e aprovação do Conselho Escolar;

• elaborar os planos de aplicação financeira, a respectiva prestação de contas e

submeter à apreciação e aprovação do Conselho Escolar;

• elaborar e submeter à aprovação do Conselho Escolar as diretrizes específicas

de administração deste estabelecimento, em consonância com as normas e

orientações gerais da Secretaria de Estado da Educação;

• coordenar a implementação das Diretrizes Pedagógicas, aplicar normas,

procedimentos e medidas administrativas e avaliativas de acordo com

instruções da Secretaria de Estado da Educação;

• supervisionar as atividades dos órgãos de apoio , administrativo e pedagógico

do estabelecimento;

• coordenar e supervisionar os serviços da secretaria escolar;

• abrir espaço para discussão, avaliação e intercâmbio, interno e externo das

experiências de sucesso;

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• implementar uma gestão participativa, estimulando o desenvolvimento das

responsabilidades individuais e promovendo o trabalho coletivo neste Centro;

• coordenar a equipe pedagógica, professores e coordenadores, para a coleta e

análise dos indicadores educacionais, bem como, a elaboração e

implementação do plano de trabalho;

• administrar os serviços de apoio, de modo a estimulá-los a participar nos

processos decisórios da escola;

• promover no ambiente escolar; harmonia, interação e participação de todos os

segmentos, levando em conta as necessidades dos envolvidos direta ou

indiretamente nesse processo;

• executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

7.1.2. Professor Pedagogo

O professor pedagogo tem funções no contexto pedagógico e também no

administrativo, tais como:

• Orientar e acompanhar a elaboração dos guias de estudos de cada disciplina;

• Coordenar e acompanhar ações pedagógicas descentralizadas e exames supleti-

vos quando, no estabelecimento, não houver coordenação(ões) específica(s) des-

sa(s) ação(ões).

• Executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

• Coordenar a elaboração coletiva e acompanhar a efetivação do projeto político-

pedagógico e do plano de ação da escola;

• Coordenar a construção coletiva e a efetivação da proposta curricular da escola, a

partir das políticas educacionais da SEED/PR e das Diretrizes Curriculares Nacio-

nais do CNE;

• Promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e

aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico e para a elaboração

de propostas de intervenção na realidade da escola;

• Participar e intervir, junto à direção, da organização do trabalho pedagógico esco-

lar no sentido de realizar a função social e a especificidade da educação escolar;

• Participar da elaboração do projeto de formação continuada de todos os profissio-

nais da escola; tendo como finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho

pedagógico escolar;

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• Analisar os projetos de natureza pedagógica a serem implantados na escola;

• Coordenar a organização do espaço-tempo escolar a partir do projeto político-pe-

dagógico e da proposta curricular da escola, intervindo na elaboração do calendá-

rio letivo, na formação de turmas, na definição e distribuição do horário semanal

da aulas e disciplinas, da hora-atividade e de outras atividades que interfiram dire-

tamente na realização do trabalho pedagógico;

• Coordenar, junto à direção, o processo de distribuição de aulas e disciplinas a

partir de critérios legais, pedagógico-didáticos e da proposta pedagógica da esco-

la;

• Implantar mecanismos de acompanhamento e avaliação do trabalho pedagógico

escolar pela comunidade interna e externa;

• Apresentar propostas, alternativas, sugestões e/ou críticas que promovam o de-

senvolvimento e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar, conforme o

projeto político-pedagógico, a proposta curricular e o plano de ação da escola e

as políticas educacionais da SEED;

• Coordenar a elaboração de critérios para aquisição, empréstimo e seleção de ma-

teriais, equipamentos e/ou livros de uso didático-pedagógico, a partir da proposta

curricular e do projeto político-pedagógico da escola;

• Participar da organização pedagógica da biblioteca da escola, assim como do

processo de aquisição de livros e periódicos;

• Orientar o processo de elaboração dos planejamentos de ensino junto ao coletivo

de professores da escola;

• Subsidiar o aprimoramento teórico-metodológico do coletivo de professores da

escola, promovendo estudos sistemáticos, trocas de experiência , debates e ofici-

nas pedagógicas;

• Elaborar o projeto de formação continuada do coletivo de professores e promover

ações para sua efetivação;

• Organizar a hora-atividade do coletivo de professores da escola, de maneira a ga-

rantir que esse espaço-tempo seja de reflexão-ação sobre o processo pedagógico

desenvolvido em sala de aula;

• Atuar, junto ao coletivo de professores, na elaboração de projetos de recuperação

de estudos a partir das necessidades de aprendizagem identificadas em sala de

aula, de modo a garantir as condições básicas para que o processo de socializa-

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ção do conhecimento científico e de construção do saber realmente se efetive;

• Organizar a realização de um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho

pedagógico desenvolvido pela escola e em sala de aula, além de coordenar a ela-

boração de propostas de intervenção decorrentes desse processo;

• Informar ao coletivo da comunidade escolar os dados do aproveitamento escolar,

de forma a promover o processo de reflexão-ação sobre os mesmos para garantir

a aprendizagem de todos os alunos;

• Coordenar o processo coletivo de elaboração e aprimoramento do Regimento Es-

colar da escola, oportunizando a participação democrática de toda a comunidade

escolar;

• Orientar a comunidade escolar a interferir na construção de um processo pedagó-

gico numa perspectiva transformadora;

• Participar do Conselho Escolar subsidiando teórica e metodologicamente as dis-

cussões e reflexões acerca da organização e efetivação do trabalho pedagógico

escolar;

• Propiciar o desenvolvimento da representatividade dos alunos e sua participação

nos diversos momentos e órgãos colegiados da escola;

• Promover a construção de estratégias pedagógicas de superação de todas as for-

mas de discriminação, preconceito e exclusão social e de ampliação do compro-

misso ético-político com todas as categorias e classes sociais;

• Observar os preceitos constitucionais, a legislação educacional em vigor e o Esta-

tuto da Criança e do Adolescente, como fundamentos da prática educativa.

7.1.3. Coordenações

As Coordenações de Ações Pedagógicas Descentralizadas – Coordenação Geral e

Coordenação Itinerante, bem como a Coordenação de Exames Supletivos, têm como

finalidade a execução dessas ações pelo Estabelecimento Escolar, quando autorizadas e

regulamentadas pela mantenedora.

Cabe ao(s) Coordenador(es) de Ações Pedagógicas Descentralizadas:

7.1.3.1. Coordenador Geral

• Receber e organizar as solicitações de Ações Pedagógicas Descentralizadas.

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• Organizar os processos dessas Ações para análise pelo respectivo NRE.

• Elaborar os cronogramas de funcionamento de cada turma da Ação.

• Digitar os processos no Sistema e encaminhar para justificativa da direção do

Estabelecimento.

• Acompanhar o funcionamento de todas turmas de Ações Pedagógicas

Descentralizadas vinculados ao Estabelecimento.

• Acompanhar a matrícula dos educandos e a inserção das mesmas no Sistema.

• Organizar a documentação dos educandos para a matrícula.

• Organizar as listas de freqüência e de notas dos educandos.

• Enviar material de apoio didático para as turmas das Ações Pedagógicas

Descentralizadas.

• Responder ao NRE sobre todas as situações dessas turmas.

• Organizar o rodízio dos professores nas diversas disciplinas, garantindo o

atendimento aos educandos de todas as turmas.

• Orientar e acompanhar o cumprimento das atividades a serem executadas

durante as horas-atividade dos professores.

• Realizar reuniões periódicas de estudo que promovam o intercâmbio de

experiências pedagógicas e a avaliação do processo ensino-aprendizagem.

• Elaborar materiais de divulgação e chamamento de matrículas em comunidades

que necessitam de escolarização.

• Acompanhar a ação dos Coordenadores Itinerantes.

• Tomar ciência e fazer cumprir a legislação vigente.

• Prestar à Direção, à Equipe Pedagógica do Estabelecimento e ao NRE, quando

solicitado, quaisquer esclarecimentos sobre a execução da escolarização pelas

Ações Pedagógicas Descentralizadas sob sua coordenação.

7.1.3.2. Coordenador Itinerante

• Acompanhar o funcionamento in loco das Ações Pedagógicas Descentralizadas.

• Atender e/ou encaminhar as demandas dos professores e dos educandos.

• Verificar o cumprimento do horário de funcionamento das turmas.

• Observar e registrar a presença dos professores.

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• Atender à comunidade nas solicitações de matrícula.

• Solicitar e distribuir o material de apoio pedagógico.

• Solicitar e distribuir as listas de freqüência e de nota dos educandos.

• Encaminhar as notas e freqüências dos educandos para digitação.

• Acompanhar o rodízio de professores, comunicando à Coordenação Geral

qualquer problema neste procedimento.

• Solicitar e organizar a documentação dos educandos para a matrícula.

• Acompanhar o funcionamento pedagógico e administrativo de todas as turmas

das Ações Pedagógicas Descentralizadas sob sua responsabilidade.

• Participar das reuniões pedagógicas e da hora atividade, juntamente com os

professores;

7.1.3.3. Coordenador de Exames Supletivos

• Acompanhar e viabilizar todas as ações referentes aos Exames Supletivos

• Tomar conhecimento do edital de exames.

• Fazer as inscrições dos candidatos, conforme datas determinadas no edital.

• Verificar o número mínimo de candidatos inscritos para que os exames possam

ser executados.

• Digitar, no sistema, a inscrição dos candidatos.

• Conferir a inserção das inscrições dos candidatos no Sistema por meio da

emissão de Relatório de Inscritos.

• Solicitar credenciamento de outros espaços escolares, quando necessário, para

execução dos exames.

• Solicitar, por e-mail ou ofício, com o conhecimento do NRE, as provas em Braille

e as ampliadas, das etapas à serem realizadas, quando for o caso.

• Solicitar, por e-mail ou ofício, com o conhecimento do NRE, para o

DET/CEJA/SEED, autorização para a realização de quaisquer bancas especiais.

• Comunicar ao NRE todos os procedimentos tomados para realização dos

Exames.

• Receber os materiais dos Exames Supletivos nos NREs.

• Capacitar a(s) equipe(s) de trabalho do Estabelecimento para a realização dos

Exames Supletivos, quanto ao cumprimento dos procedimentos, em especial a

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organização e o preenchimento dos cartões-resposta.

• Acompanhar a aplicação das provas, para que transcorram com segurança e

tranqüilidade, em conformidade com os procedimentos inerentes aos Exames.

• Divulgar as atas de resultado.

• Acompanhar e executar todas as ações referentes aos Exames On Line.

7.1.4. Docentes

O processo educativo deve estar compromissado com a mudança social,

buscando a formação de identidade dos cidadãos. Pensar na formação do jovem e adulto

trabalhador que responda às novas exigências desta sociedade, requer um educador que

possibilite a inter-relação personalizada e contínua do educando com o sistema de

ensino, propondo coletivamente as ações de intervenção, acompanhando e avaliando

sistematicamente o trabalho a ser realizado. Desta forma, cabe ao docente:

• Definir e desenvolver o seu plano de ensino, conforme orientações das

Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais de EJA e da proposta pedagógica

deste Estabelecimento de Ensino;

• Organizar os conteúdos a serem abordados de forma interdisciplinar e

contextualizada, obedecendo os conteúdos curriculares;

• Estimular e motivar o educando, levando-o a acreditar em sua capacidade de

adquirir os conhecimentos científicos;

• Conhecer o perfil de seus educandos jovens, adultos e idosos;

• Oferecer ao aluno aula dialogada, onde ele possa dar opiniões e sugestões, de

modo que a interação aconteça com o professor e com os demais alunos; pois

estabelecer relações é de grande ajuda no processo ensino/aprendizagem;

• Organizar, acompanhar e validar o processo de apropriação de conteúdos por

disciplina;

• Estabelecer um processo de avaliação, tendo como princípio o

acompanhamento contínuo da aprendizagem, respeitando o desempenho dos

alunos;

• Analisar sistematicamente o resultado do processo de aprendizagem do aluno,

para fins de replanejamento;

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• Oportunizar a recuperação de conteúdos visando a apropriação dos mesmos

pelos discentes;

• Utilizar adequadamente os espaços e materiais didático-pedagógicos

disponíveis, tornando-os meios para implementar uma metodologia de ensino

que respeite o processo de aquisição do conhecimento do aluno;

• Executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

O docente suprido neste Estabelecimento de Ensino deverá atuar na sede e nas

ações pedagógicas descentralizadas, bem como nos exames supletivos. Deverá atuar em

todas as formas de organização do curso: aulas presenciais coletivas e individuais.

Os docentes de EJA deverão apresentar um perfil que contemple:

• Busca pela inovação e pelo trabalho coletivo;

• Disposição em enfrentar mudanças;

• Compromisso com a proposta de EJA;

• Objetividade;

• Disponibilidade de horário;

• Criatividade;

• Visão global do currículo e os princípios de sua organização;

• Postura interdisciplinar e contextualizada;

• Planejamento de estratégias pedagógicas;

• Busca de aprimoramento profissional constante, seja através de oportunidades

oferecidas pela mantenedora, pelo Centro ou iniciativa própria.

7.1.5. Funcionários

7.1.5.1. Áreas de Manutenção de Infraestrutura

É o profissional responsável no Estabelecimento de Ensino pela manutenção de

infra-estrutura, preservação do meio ambiente e alimentação escolar, bem como a de

educador escolar. Ou seja, alguém preparado e comprometido com a educação e com a

proposta pedagógica da escola em que atua.

A este profissional cabe:

• Executar atividade de manutenção e limpeza, zelando pelo ambiente escolar;

• comunicar com antecedência à direção da escola sobre a falta de material de

limpeza, para que a compra seja providenciada;

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• abrir, fechar portas e janelas nos horários estabelecidos para tal, promovendo o

bom andamento do estabelecimento de ensino e o cumprimento do horário de

aulas ou outras atividades da escola;

• guardar sob sua responsabilidade as chaves da instituição, quando for o caso,

ou deixar as chaves nos locais previamente estabelecidos;

• zelar pelo patrimônio, atentando para eventuais anormalidades, bem como

identificando avarias nas instalações e solicitando, quando necessário,

atendimento policial, do corpo de bombeiros, atendimento médico de emergência

devendo, obrigatoriamente, comunicar as ocorrências à chefia imediata;

• observar o movimento de pessoas nas dependências do estabelecimento de

ensino, cooperando com a organização das atividades desenvolvidas na unidade

escolar;

• participar de cursos, capacitações, reuniões, seminários ou outros encontros

correlatos às funções exercidas ou sempre que convocado;

• agir como educador na construção de hábitos de preservação e manutenção do

ambiente físico, do meio-ambiente e do patrimônio escolar;

• preparar a alimentação escolar sólida e líquida observando os princípios de

higiene, valorizando a cultura alimentar local, programando e diversificando a

merenda escolar;

• responsabilizar-se pelo acondicionamento e conservação dos insumos recebidos

para a preparação da alimentação escolar;

• verificar a data de validade dos alimentos estocados, utilizando-os em data

própria, a fim de evitar o desperdício e a inutilização dos mesmos;

• organizar espaços para a alimentação dos alunos e fazer a distribuição da

mesma, incentivando-os a evitar o desperdício;

• comunicar ao(à) diretor(a), com antecedência, a falta de algum componente

necessário à preparação da alimentação escolar, para que o mesmo seja

adquirido;

• acompanhar os educandos em atividades extracurriculares e extraclasse quando

solicitado.

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7.1.5.2. Áreas de Administração Escolar e Operação de Multimeios Escolares

É o profissional responsável no Estabelecimento de Ensino pela administração

escolar e operação de multimeios. A ele também cabe o papel de educador escolar, ou

seja, alguém preparado e comprometido com a educação e com a proposta pedagógica

da escola em que atua.

Este serviço é coordenado e supervisionado pela Direção, ficando a ela

subordinado.

Ao profissional atuante na área de Administração Escolar, cabe as seguintes

tarefas:

• Manter atualizado o sistema de acompanhamento do educando, considerando a

organização da EJA prevista nesta proposta;

• Conhecer a legislação que rege o registro de documentação de alunos: matrícu-

la e manter todos os registros sobre o processo escolar em pastas individualiza-

das, expedindo toda a documentação (declarações, certificados, transferências,

relatórios, estatísticas e outros) sempre que necessário;

• Realizar atividades administrativas e de secretaria da instituição escolar onde

trabalha;

• auxiliar na administração do estabelecimento de ensino, atuando como educador

e gestor dos espaços e ambientes de comunicação e tecnologia;

• manter em dia a escrituração escolar: boletins estatísticos;

• receber e expedir correspondências em geral, juntamente com a direção da

escola;

• emitir e assinar, juntamente com o diretor, históricos e transferências escolares;

• classificar, protocolar e arquivar documentos;

• prestar atendimento ao público, de forma pronta e cordial;

• atender ao telefone;

• prestar orientações e esclarecimentos ao público em relação aos procedimentos

e atividades desenvolvidas na unidade escolar;

• lavrar termos de abertura e encerramento de livros de escrituração;

• manter atualizados dados funcionais de profissionais docentes e não docentes

do estabelecimento de ensino;

• manter atualizada lista telefônica com os números mais utilizados no contexto da

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escola;

• comunicar à direção fatos relevantes no dia-a-dia da escola;

• manter organizado e em local acessível o conjunto de legislação atinente ao

estabelecimento de ensino;

• acompanhar os alunos, quando solicitado, em atividades extraclasse ou

extracurriculares;

• participar de reuniões escolares sempre que necessário;

• participar de eventos de capacitação sempre que solicitado;

• manter organizado o material de expediente da escola, comunicando

antecipadamente à direção sobre a falta de material de expediente para que os

procedimentos de aquisição dos mesmos sejam realizados;

• executar outras atividades correlatas às ora descritas;

Os profissionais que atuam na área de Operação de Multimeios Escolares, terão

as seguintes atribuições:

• catalogar e registrar livros, fitas, DVD, fotos, textos, CD;

• registrar todo material didático existente na biblioteca, nos laboratórios de

ciências e de informática;

• manter a organização da biblioteca, laboratório de ciências e informática;

• restaurar e conservar livros e outros materiais de leitura;

• atender aos alunos e professores, administrando o acervo e a manutenção do

banco de dados;

• zelar pelo controle e conservação dos documentos e equipamentos da

Biblioteca;

• conservar, conforme orientação do fabricante, materiais existentes nos

laboratórios de informática e de ciências;

• reproduzir material didático através de cópias reprográficas ou arquivos de

imagem e som em vídeos, “slides”, CD e DVD;

• registrar empréstimo de livros e materiais didáticos;

• organizar agenda para utilização de espaços de uso comum;

• zelar pelas boas condições de uso de televisores e outros aparelhos disponíveis

nas salas de aula;

• zelar pelo bom uso de murais, auxiliando na sua organização;

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• agir como educador, buscando a ampliação do conhecimento do educando,

facilitada pelo uso dos recursos disponíveis na escola;

• participar das capacitações propostas pela SEED ou outras de interesse da

unidade escolar;

• decodificar e mediar o uso dos recursos pedagógicos e tecnológicos na prática

escolar;

• executar outras atividades correlatas às ora descritas.

Os funcionários da escola são educadores fora da sala de aula, pois interagem

com os educandos e com toda a comunidade escolar. São os responsáveis pela gestão

da totalidade material da educação escolar, ou seja, dos canais pelos quais perpassam as

atividades de ensino e aprendizagem.

8. FINS E OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO

O CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos para

constituir seus fins e objetivos da educação, baseia-se na Constituição da República

Federativa do Brasil (1988), Capítulo III, Seção I, na Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – Títulos I, II e III e na Deliberações 06/2005 e 009/01 do

Conselho Estadual de Educação que estabelece normas para a Educação de Jovens e

Adultos no Ensino Fundamental e Médio, do Sistema de Ensino do Paraná.

Do Capítulo III, Seção I da Constituição da República Federativa do Brasil, para

se determinar os fins e objetivos da educação desta instituição escolar, foram

considerados os seguintes artigos:

Art. 205 – A educação, direito de todos e de dever do Estado e da família, será promovida

e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício de cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206 – O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

Garantia de padrão de qualidade.

Art. 210 – Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a

assegurar a formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,

nacionais e regionais.

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Da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foram considerados os

Títulos I (da Educação), II (dos Princípios e Fins da Educação Nacional) e III (Do Direito à

Educação e do Dever de Educar).

Título I – Da Educação

Art. 1º- A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos

movimentos sócios e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

§1º Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,

predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.

§2º A educação deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a prática social.

Título II – Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Art. 2º - A educação, dever da família e do Estado inspirada nos princípios de liberdade e

nas idéias de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, vedada

qualquer forma de discriminação e segregação;

II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a

arte e o saber;

III. pluralismo de ideias e concepções pedagógicas;

IV. respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII. valorização do profissional da educação escolar;

VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação

dos sistemas de ensino;

IX. garantia de padrão de qualidade;

X. valorização da experiência extra-escola;

XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

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Título III- Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Art. 4º -O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a

garantia de:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não

tiveram acesso na idade própria;

II - universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Lei nº 12.061, de

2009)

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com

necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;

VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características

e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se

aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;

Art. 5º - O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo

qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical,

entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar

o Poder Público para exigí-lo.

9. FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS DO CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS DE SARANDI

A educação oferecida neste centro é pautada num projeto revestido de

intencionalidade, aspirando uma proposta de educação emancipadora, assentada numa

perspectiva de humanização do homem e no resgate do valor social do conhecimento.

Reiteramos as finalidades e objetivos contidos nas Diretrizes Curriculares da Educação

de Jovens e Adultos, que traz o compromisso com a formação humana e com o acesso à

cultura geral, como premissas para o aprimoramento da consciência crítica e do processo

de construção da cidadania. A educação não pode ser vista como único meio de efetivar

a garantia dos direitos à cidadania, mas pode dar uma importante contribuição a esse

processo, rumo a construção de uma sociedade mais justa e menos excludente. “Se de

um lado, a educação não é a alavanca das transformações sociais, de outro, estas não

se fazem sem ela” (FREIRE, 1997, p.267).

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A escola é um dos espaços em que os educandos desenvolvem a capacidade de

pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo por meio da atividade reflexiva. A ação

deste estabelecimento será de mediadora entre o educando e os saberes de forma que o

mesmo assimile este conhecimento, buscando interagir com a sociedade em que está

inserido, de modo que possa participar política e produtivamente das relações sociais,

com comportamento ético e compromisso político, através do desenvolvimento da

autonomia intelectual e moral.

É necessário que o processo ensino-aprendizagem, na Educação de Jovens e

Adultos seja coerente com os três eixos articuladores do trabalho pedagógico com jovens,

adultos e idosos – cultura, trabalho e tempo.

Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA, as relações entre cultura,

conhecimento e currículo, oportunizam uma proposta pedagógica pensada e estabelecida

a partir de reflexões sobre a diversidade cultural, tornando-a mais próxima da realidade e

garantindo sua função socializadora – promotora do acesso ao conhecimento capaz de

ampliar o universo cultural do educando – e, sua função antropológica - que considera e

valoriza a produção humana ao longo da história.

A compreensão de que o educando da EJA relaciona-se com o mundo do trabalho

e que através deste busca melhorar a sua qualidade de vida e ter acesso aos bens

produzidos pelo homem, significa contemplar, na organização curricular, as reflexões

sobre a função do trabalho na vida humana.

É inerente a organização pedagógico-curricular da EJA, a valorização dos

diferentes tempos necessários à aprendizagem dos educandos de EJA, considerando os

saberes adquiridos na informalidade das suas vivências e do mundo do trabalho, face à

diversidade de suas características.

E ainda, conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação de Jovens e

Adultos no Estado do Paraná:

• A EJA deve constituir-se de uma estrutura flexível, pois há um tempo

diferenciado de aprendizagem e não um tempo único para todos os educandos,

bem como os mesmos possuem diferentes possibilidades e condições de

reinserção nos processos educativos formais;

• O tempo que o educando jovem, adulto e idoso permanecerá no processo

educativo tem valor próprio e significativo, assim sendo, à escola cabe superar

um ensino de caráter enciclopédico, centrado mais na quantidade de

informações do que na relação qualitativa com o conhecimento;

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• Os conteúdos específicos de cada disciplina, deverão estar articulados à

realidade, considerando sua dimensão sócio-histórica, vinculada ao mundo do

trabalho, à ciência, às novas tecnologias, dentre outros;

• A escola é um dos espaços em que os educandos desenvolvem a capacidade

de pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo, por meio da atividade

reflexiva. A ação da escola será de mediação entre o educando e os saberes, de

forma a que o mesmo assimile estes conhecimentos como instrumentos

possibilitadores de transformação de sua realidade social;

• O currículo na EJA não deve ser entendido, como na pedagogia tradicional, que

fragmenta o processo de conhecimento e o hierarquiza nas matérias escolares,

mas sim, como uma forma de organização abrangente, na qual os conteúdos

culturais relevantes, estão articulados à realidade na qual o educando se

encontra, viabilizando um processo integrador dos diferentes saberes, a partir da

contribuição das diferentes áreas/disciplinas do conhecimento.

Por isso, a presente proposta e o currículo dela constante incluirá o

desenvolvimento de conteúdos e formas de tratamento metodológico que busquem

chegar às finalidades da educação de jovens e adultos, a saber:

• Traduzir a compreensão de que jovens e adultos não são atrasados em seu

processo de formação, mas são sujeitos sócio-histórico-culturais, com

conhecimentos e experiências acumuladas, com tempo próprio de formação e

aprendizagem;

• Contribuir para a ressignificação da concepção de mundo e dos próprios

educandos;

• O processo educativo deve trabalhar no sentido de ser síntese entre a

objetividade das relações sociais e a subjetividade, de modo que as diferentes

linguagens desenvolvam o raciocínio lógico e a capacidade de utilizar

conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos;

• Possibilitar trajetórias de aprendizado individuais com base na referência, nos

interesses do educando e nos conteúdos necessários ao exercício da cidadania

e do trabalho.

Em síntese, o atendimento a escolarização de jovens, adultos e idosos, não refere-

se exclusivamente a uma característica etária, mas a articulação desta modalidade com a

diversidade sócio-cultural de seu público, composta, dentre outros, por populações do

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campo, em privação de liberdade, com necessidades educativas especiais, indígenas,

que demandam uma proposta pedagógica-curricular que considere o tempo/espaço e a

cultura desse grupos.

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10. MATRIZ CURRICULAR – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

10.1. Ensino Fundamental - Fase II

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO FUNDAMENTAL – FASE IIESTABELECIMENTO: CEEBJA - SarandiENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do ParanáMUNICÍPIO: Sarandi NRE: MaringáANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2011 FORMA: SimultâneaCARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1660/1610 H ou 1920/1932 H/A

DISCIPLINASTotal de

Horas

Total de

horas/aula

LÍNGUA PORTUGUESA 280 336ARTE 94 112

LEM – INGLÊS 213 256EDUCAÇÃO FÍSICA 94 112

MATEMÁTICA 280 336CIÊNCIAS NATURAIS 213 256

HISTÓRIA 213 256GEOGRAFIA 213 256

ENSINO RELIGIOSO* 10 12

TOTAL 1600/1610 1920/1932

Total de Carga Horária do Curso 1600/1610 horas ou 1920/1932 h/a

* Disciplina de oferta obrigatória pelo Estabelecimento de Ensino e de matrícula

facultativa para o educando.

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10.2. Ensino Médio

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO MÉDIO ESTABELECIMENTO: CEEBJA -SarandiENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do ParanáMUNICÍPIO: Sarandi NRE: Maringá ANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2011 FORMA: SimultâneaCARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1440 H/A ou 1200 HORAS

DISCIPLINASTotal de

Horas

Total de

horas/aula

L. PORTUGUESA E

LITERATURA174 208

LEM – INGLÊS 106 128FILOSOFIA 54 64

SOCIOLOGIA 54 64ARTE 54 64

EDUCAÇÃO FÍSICA 54 64MATEMÁTICA 174 208

QUÍMICA 106 128FÍSICA 106 128

BIOLOGIA 106 128HISTÓRIA 106 128

GEOGRAFIA 106 128

* ESPANHOL

Disciplina de oferta

obrigatória pelo

Estabelecimento de Ensino e

de matrícula facultativa para

o educando.

TOTAL 1200 1440

Total de Carga Horária do Curso 1200 horas ou 1440 h/a

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11. CONCEPÇÃO EDUCACIONAL

Os princípios que sustentam as necessidades das escolas públicas do Paraná,

bem como, este Centro de Educação estão apoiados numa concepção progressista de

educação, fundamentada na teoria crítica de currículo.

A escola é condicionada pelos aspectos sociais, políticos e culturais, mas

contraditoriamente existe nela um espaço que aponta a possibilidade de transformação

social; pois a educação, pode possibilitar ao indivíduo a compreensão da realidade

histórico-social na qual está inserido. No entanto, Freire alerta que “a educação é

essencialmente um ato de conhecimento e de conscientização e que, por si só, não leva

uma sociedade a se libertar da opressão” (FREIRE, 2007, p. 10- 11).

A teoria crítica propõe a valorização da ação pedagógica como mediação entre o

indivíduo e o social, exercendo a articulação entre a transmissão dos conteúdos e da

assimilação ativa por parte dos alunos, como via de emancipação humana; pois concebe

o conhecimento como instrumento de compreensão da realidade social e atuação crítica e

democrática para a transformação dessa realidade.

Portanto, a Teoria Crítica almeja o esclarecimento do homem sobre a sua

historicidade e as implicações desta em suas condições de vida e das relações sociais às

quais está submetido, a fim de criar situações capazes de mobilizá-los para uma ação

transformadora.

12. PROCESSO DE AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO

12.1. Concepção teórica da Avaliação

A avaliação é compreendida como uma prática que alimenta e orienta a

intervenção pedagógica. É um dos principais componentes do ensino, pelo qual se estuda

e interpreta os dados da aprendizagem. Tem a finalidade de acompanhar e aperfeiçoar o

processo de aprendizagem dos educandos, diagnosticar os resultados atribuindo-lhes

valor. A avaliação será realizada em função dos conteúdos expressos na proposta

pedagógica.

Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de reflexão

dos educandos frente às suas próprias experiências. E, portanto, deve ser entendida

como processo contínuo, diagnóstico, dialético que oportuniza ao aluno uma atitude

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crítico-reflexiva frente à realidade concreta.

A avaliação educacional, nesse Estabelecimento Escolar, seguirá orientações

contidas no artigo 24, da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios:

• Investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações

necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos;

• Contínua: permite a observação permanente do processo ensino-

aprendizagem e possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica;

• Sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do educando, utilizando

instrumentos diversos para o registro do processo;

• Abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempo-escola

do educando;

• Permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo

educando no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico

da escola.

A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais como:

provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e pesquisas,

participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades complementares

propostas pelo professor, que possam elevar o grau de aprendizado dos educandos e

avaliar os conteúdos desenvolvidos.

É vedada a avaliação em que os educandos sejam submetidos a uma única

oportunidade de aferição.

A avaliação da aprendizagem será realizada pelo aluno com a orientação do

professor, segundo o princípio cumulativo expresso na Lei 9394/96 , Artigo 24, inciso V,

alínea “a” - A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de

eventuais provas finais.

De acordo com o contido nas Diretrizes Curriculares de EJA, “a avaliação não

pode ser um mecanismo para classificar, excluir ou promover o aluno, mas um parâmetro

da práxis pedagógica que toma os erros e os acertos como elementos sinalizadores para

o seu replanejamento”.

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12.2. Procedimentos e Critérios para Atribuições de Notas

As avaliações serão realizadas utilizando-se técnicas e instrumentos diversificados,

sempre com finalidade educativa.

Para fins de promoção serão registradas notas, que corresponderão às provas

individuais escritas e também a outros instrumentos avaliativos adotados, durante o

processo de ensino.

A avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os

resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez virgula zero). Devemos

frisar, que as notas não são um fim em si mesmas, e sim a aprendizagem. Portanto, a

composição desta nota é de responsabilidade do professor, sobre a qual deve estar toda

uma compreensão da concepção de avaliação, de ensino e aprendizagem, bem como da

própria educação.

Para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis vírgula

zero), de acordo com a Resolução nº 3794/047 – SEED.

Os resultados das avaliações dos educandos deverão ser registrados em

documentos próprios, a fim de que sejam assegurados a regularidade e autenticidade da

vida escolar do educando.

O educando portador de necessidades educativas especiais será avaliado não por

seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver.

12.3. Recuperação de estudos

A oferta da recuperação de estudos significa encarar o erro como hipótese de

construção do conhecimento, de aceitá-lo como parte integrante da aprendizagem,

possibilitando a reorientação dos estudos. Ela se dará concomitantemente ao processo

ensino-aprendizagem, considerando a apropriação dos conhecimentos básicos, sendo

direito de todos os educandos, independentemente do nível de apropriação dos mesmos.

A recuperação será também individualizada. Os educandos que não se

apropriarem dos conteúdos básicos, será oportunizada a recuperação de estudos por

meio de novas atividades significativas e de novos instrumentos de avaliação, conforme

consta no Regimento Escolar.

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12.4. Aproveitamento de Estudos

O aluno poderá requerer aproveitamento integral de estudos realizados com

êxito equivalente às disciplinas ofertadas neste Estabelecimento Escolar, amparado pela

legislação vigente, conforme regulamentado no Regimento Escolar, por meio de cursos

ou de exames supletivos, nos casos de matrícula inicial, transferência e prosseguimento

de estudos.

12.5. Classificação e Reclassificação

Para a classificação e reclassificação este estabelecimento de ensino utilizará o

previsto na legislação vigente, conforme regulamentado no Regimento Escolar.

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13. PLANO DE AÇÃO PARA O ANO LETIVO DE 2011

Este plano de ação foi elaborado coletivamente a partir da análise das condições presentes e considerando a necessidade de

repensar a organização do trabalho pedagógico deste Centro de Educação, buscando estabelecer caminhos para nortear a ação

educativa, contemplando ações específicas que favoreçam a apropriação dos conhecimentos científicos, que é a função primordial da

escola.

TEMÁTICA: GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA

OBJETIVOS AÇÕES CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

- Proporcionar a toda comunidade escolar a participação efetiva nas decisões que norteiam a instituição educativa, por meio da gestão democrática.

- Dinamizar o trabalho com os órgãos colegiados, conforme determinações existentes no Regimento Escolar, para que possam acompanhar e avaliar a proposta pedagógica desenvolvida pela instituição;

- Organizar reuniões com os órgãos colegiados em tempo hábil, para que os representantes dos diferentes segmentos possam consultar seus pares quanto às decisões a serem tomadas;

- Divulgar as decisões do Conselho Escolar, bem como a prestação de contas, para a comunidade, por meio de um painel informativo;

- Fixar em lugar de destaque uma Caixa de Sugestões para que a comunidade escolar

- Reuniões bimestrais e/ou semestrais e, quando necessário convocar os membros desses órgãos colegiados para reuniões extraordinárias.

- Bimestral e/ou semestral

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contribua com sugestões e críticas, buscando a melhoria do trabalho desenvolvido por esta Instituição.

-Durante o ano letivo.

TEMÁTICA: MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA

OBJETIVOS AÇÕES CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

- Enriquecer o trabalho pedagógico, buscando a efetivação do processo ensino-aprendizagem, através da reflexão-ação-reflexão .

- Encontros por área para discussão de assuntos diversos: plano de ação docente, processo ensino/aprendizagem, avanços e desafios em relação ao trabalho pedagógico, relação professor/aluno, bem como elaboração de materiais didáticos.

- Reuniões semestrais por área; - Durante a hora atividade do professor.

TEMÁTICA: DIVERSIDADE E INCLUSÃO

OBJETIVOS AÇÕES CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

- Refletir sobre a inclusão educacional, viabilizando avanços reais nesse processo;

- Propiciar ações que promovam maior entrosamento entre os professores da área de educação especial e intérpretes com os demais segmentos educacionais, a fim de que todos entendam a necessidade de um trabalho diferenciado para aqueles que necessitam .

- Organizar reuniões, palestras, vídeos (filmes), textos que abordem este tema;

- Programar reuniões e rever o plano de ação docente, a fim de possibilitar ações voltadas ao processo de inclusão.

- Durante o ano letivo;

- Nas reuniões pedagógicas e na hora atividade dos professores.

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TEMÁTICA: EVASÃO ESCOLAR

OBJETIVOS AÇÕES CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

- Diminuir o índice de evasão escolar deste estabelecimento de ensino.

- Levantamento de alunos faltosos, por parte dos professores;

- Entrar em contato com estes alunos, via telefone, verificando os motivos das faltas e incentivar para o retorno às aulas;

- Para casos relativos a questões didático-pedagógicos, organizar reuniões, a fim de refletir sobre os problemas detectados, buscando a melhoria da aprendizagem.

- Sistematizar, por meio de gráficos, os resultados quantitativos de alunos matriculados, concluintes e evadidos para apresentar a comunidade escolar e discutir encaminhamentos buscando a melhoria do trabalho desenvolvido por esta instituição.

- Mensalmente – Modalidade individual- Quinzenalmente- Modalidade Coletivo

- No decorrer do processo.

- Semestralmente

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TEMÁTICA: CULTURA E INTEGRAÇÃO

OBJETIVOS AÇÕES CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

- Proporcionar o contato dos educandos com a arte cinematográfica;

- Propiciar aos alunos o contato com espetáculos teatrais, música, dança, visitas a museus dentre outros;

- Realizar confraternizações envolvendo o coletivo escolar, a fim de possibilitar maior integração entre escola e comunidade.

- Projeção de filmes selecionados previamente pelos professores, bem como, ao cinema.

- Organizar passeios culturais: “Convite a música” , Convite a dança” …;

- Festa junina/julina como encerramento do 1º semestre;- Atividades de encerramento para alunos concluintes: culto ecumênico e apresentação de “show de talentos” de alunos do CEEBJA de Sarandi.

- Mensalmente, em 2 sessões, para atender um número maior de alunos;

- Cronograma semestral – 2 turmas de cada vez;

- Mês de junho ou julho; - Mês de dezembro.

A avaliação do Projeto Político Pedagógico será realizada anualmente, durante a primeira semana destinada a reunião

pedagógica com todos os envolvidos no processo.

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14. PROJETOS INTEGRADOS AO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Tema: Hora da Leitura

Justificativa

A realidade de leitura de grande parte do povo brasileiro encontra-se longe do

acesso a livros diversos e de qualidade, devido a vários fatores, dentre os quais

financeiros e culturais, onde falta uma política efetiva. Convivemos com uma grande

lacuna de leitores, que poderiam estar inseridos aos bens culturais produzidos, e nisso se

inclui a literatura.

“O acesso à informação, á ficção, a toda forma de leitura, toma as pessoas mais

conscientes para participar das decisões e é fundamental para uma sociedade mais

igualitária, explicou a doutora em literatura Vera Teixeira de Aguiar, e ela prossegue

dizendo que, formar um leitor não é apenas alfabetizá-lo, mas possibilitar a realização de

leituras mais críticas e torná-lo capaz de comparar e se posicionar perante o texto.”

A leitura proporciona emoção, fantasia, reflexão, viagens e conhecimentos, e por

isto LER com prazer desde a infância, é o primeiro passo para uma melhor qualidade de

leitores e do despertar para o hábito e o prazer deste exercício cerebral” . (Marilze

Brandão Assis – Projeto Malhação Cerebral).

Objetivos

• Organizar o espaço escolar como fomentador cultural e gerador de conhecimento;

•Estimular no aluno o prazer pelo hábito da leitura;

•Democratizar o acesso às diferentes leituras;

•Promover o conhecimento em suas diferentes manifestações;

•Despertar a reflexão para a ação prática no processo histórico social.

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Metodologia

Este será desenvolvido no CEEBJA – Sede e também nas APED’s (Ação

Pedagógica Descentralizada), envolvendo alunos, professores e funcionários.

Inicialmente, o horário definido será de 40 minutos, uma vez por semana; sendo

que, em cada área haverá uma caixa disponível com revistas, livros literários, jornais, etc.

No decorrer do mês haverá rodízio destes materiais com as demais áreas.

Cronograma

Este projeto ocorrerá durante todo o ano letivo.

Avaliação

A avaliação será realizada pela observação do envolvimento e interesse das

pessoas, bem como, através da rotatividade dos livros nas áreas.

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Tema – Tele Vídeo Interativo

Justificativa

Tendo em vista a expectativa da grande parte dos educandos de EJA (Educação

de Jovens e Adultos) em depositar na escola uma grande parcela de sua aprendizagem,

cabe-nos viabilizar o rompimento desta visão proporcionando-lhes outras formas de

leitura e aprendizagem intermediadas pela reflexão crítica, ampliando sua visão de mundo

e abertura de novos horizontes. Para tanto, a utilização dos filmes será um instrumento

intermediador deste processo.

Objetivos

• Proporcionar lazer educativo, intermediado por filmes;

• Desenvolver um outro olhar a partir da leitura cinematográfica;

• Despertar o interesse pela linguagem cinematográfica;

• Despertar a crítica e a discussão, abrangendo temas diversos;

• Desenvolver a reflexão, a interpretação e a escrita através das fichas de vídeo

que serão utilizadas após cada filme.

Metodologia

Será utilizada uma sala de vídeo, preparada para este fim, com filmes

previamente selecionados, atendendo aos objetivos propostos.

Após cada sessão o educando responderá a uma ficha vídeo.

Cronograma

Inicialmente será programado duas sessões mensais, com possibilidades de

alteração no cronograma, dependendo da receptividade e participação dos educandos.

Avaliação

O resultado será analisado em conjunto com os alunos e professores no decorrer

desse projeto.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

5ª Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (V CONFINTEA).

CARVALHO, R.E. Removendo barreiras à aprendizagem. Porto Alegre, 2000, p.17

Conselho Estadual de Educação – PR- Deliberação 011/99 – CEE.- Deliberação 014/99 – CEE.- Deliberação 09/01 –CEE.- Deliberação 06/05 – CEE.- Indicação 004/96 – CEE.

Conselho Nacional de Educação- Parecer 011/2000 – Diretrizes Curriculares Nacionais de EJA.- Parecer 004/98 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental.- Parecer 015/98 –Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.- Resolução 03/98 – CEB.

Constituição Brasileira – Artigo 205.

DEMO, Pedro. A Nova LDBEN – Ranços e Avanços. Campinas, SP : Papirus, 1997.

FREIRE, P. A educação na cidade. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.

_______. Educação e mudança. 30ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1979.

_______. Pedagogia da autonomia. 37ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

hptt://www.alb.com.br/anais16/prog pdf/prog01 01.pdf. Acesso em 10 mar. 2008.

http://www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/gremio/atividades.php

IRELAND, T. D. Educação de jovens e adultos como direito: vencer as barreiras da exclusão e da inclusão tutelada. In 16º Congresso de Leitura do Brasil – COLE, X Seminário de Educação de Jovens e Adultos. UNICAMP, Campinas-SP, 11 a 13 de julho de 2007. Disponível em:

Parâmetros Curriculares Nacionais 2º segmento do Ensino Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio.

Parâmetros Curriculares Nacionais 2º segmento do Ensino Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio.

Plano Nacional de Educação – Educação de Jovens e Adultos.

PIMENTA, S. G. O Pedagogo na escola pública. 3ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 1991.

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Parâmetros Curriculares Nacionais 2º segmento do Ensino Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio.

Plano Nacional de Educação – Educação de Jovens e Adultos.

VEIGA, I. P. A. (Org.) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 23. ed. Campinas: Papirus, 2001.

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15. DIRETRIZES CURRICULARES DE EJA - ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II E ENSINO MÉDIO

15.1 DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

15.1.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Considerando-se as indicações das Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação

de Jovens e Adultos que propõem o compromisso com a formação humana e com o

acesso à cultura geral, bem como o respeito à diversidade cultural, à inclusão e ao perfil

do educando, o estudo da linguagem na organização da proposta pedagógica do ensino

de Língua Portuguesa está pautado na concepção sociointeracionista, a qual dá ênfase

ao uso social dos diferentes gêneros textuais.

Nesse sentido, a escola está sendo entendida como um espaço onde se produz o

conhecimento e tem por objetivo propiciar uma formação intelectual, cognitiva e política,

por meio de pesquisas, leituras, estudos que favoreçam o respeito aos diferentes falares e

aos saberes próprios da cultura do educando, preparando-o para produção de seu próprio

texto, oral ou escrito, adequado às exigências dos diversos contextos sociais.

O trabalho pedagógico proposto para as práticas de linguagem está fundamentado

nos pressupostos teóricos de alguns estudiosos que entendem a linguagem como

interação.

VYGOTSKY (1989) dedicou-se a estudos sobre a origem cultural das funções

superiores do ser humano, isto é, o funcionamento psicológico, a partir da interação social

e da relação linguagem-pensamento. Por isso, propõe que se estudem as mudanças

ocorridas no desenvolvimento mental, inserindo o indivíduo num determinado contexto

cultural, a partir da interação com os membros de seu grupo e de suas práticas sociais.

Para esse autor, a cultura é uma espécie de palco de negociações. Seus membros estão

em movimentação constante de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e

significados.

Nessa mesma direção, BAKHTIN (2003) afirma que os seres humanos apreendem

a realidade e a constróem na medida em que se relacionam com o outro, atribuindo

assim, sentido ao seu próprio viver, permeado pelo exercício efetivo da linguagem. Esse

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autor propõe o confronto dos diversos discursos a partir de temáticas do cotidiano, com

ênfase na polifonia, dialogismo e polissemia. O primeiro constitui as diversas vozes do

discurso oral e escrito; o segundo, consiste na interação do “eu” com o “outro”; por último,

a polissemia, que compreende os diferentes significados da palavra, de acordo com a

vivência sociocultural de cada sujeito.

As ideias de BAKHTIN e FREIRE (2004) convergem, no sentido de que a prática

pedagógica deve se dar numa relação dialógica, entre os sujeitos envolvidos no processo

ensino-aprendizagem. Para FREIRE, a relação pedagógica consiste no diálogo entre

educador e educando, como sujeitos mediatizados pelo mundo.

As propostas teóricas dos autores citados valorizam o processo interativo como

espaço de construção dos sentidos do texto, confrontando situações a partir do contexto

histórico, político, filosófico, social, entre outros.

Nessa perspectiva, GERALDI (2001, p. 41) identifica, historicamente, três

concepções de linguagem: como expressão do pensamento, destacada nos estudos

tradicionais; como instrumento de comunicação; como uma forma de interação humana.

A linguagem como interação propõe estudar as relações que se constituem entre

os sujeitos no momento em que falam, e não simplesmente estabelecer classificações e

dominar os tipos de sentenças. Portanto, o objeto de estudo da língua deve ser o texto

oral e escrito produzido nas diversas situações de interação social.

A partir desses pressupostos, Val (1993, p.3) estabelece como propriedades do

texto, a unidade sociocomunicativa – interação social e a unidade semântica – em que a

coerência é o fator responsável pela unidade formal e material, ou seja, “pode-se definir

texto ou discurso como ocorrência lingüística falada ou escrita, de qualquer extensão,

dotada de unidade sociocomunicativa, semântica ou formal”.

Essa autora afirma que, para o texto ser compreendido, precisa ser avaliado sob

três aspectos: o pragmático, que se pontua em situação informal e comunicativa; o

semântico, que depende da coerência; e o formal, que diz respeito à coesão.

Ainda de acordo com a autora, “a textualidade é o conjunto de características que

fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma seqüência de frases ” (VAL,

1993, p.5). Embasada em Beaugrande e Dressler, VAL relaciona sete fatores

responsáveis pela textualidade de um discurso qualquer: coerência, coesão,

intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade.

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Portanto, pode-se afirmar que o texto, em suas diferentes formas de apresentação

ou gêneros, se constrói no aspecto sociocomunicativo por meio dos fatores pragmáticos

funcionais, em constante interação entre os sujeitos.

Os gêneros, segundo BAKHTIN (1997, p.179), são caracterizados pelo conteúdo

temático, pelo estilo e pela construção composicional, que numa esfera de utilização

apresentam tipos relativamente estáveis de enunciados, tais como o conto, o relato, o

texto de opinião, a entrevista, o artigo, o resumo, a receita, a conta de luz, os manuais,

entre outros. A escolha do gênero depende do contexto imediato e, consequentemente,

da finalidade a que se destina, dos destinatários e do conteúdo.

O trabalho com a diversidade de gêneros textuais possibilita o confronto de

diferentes discursos sobre a mesma temática e ainda, permite uma metodologia

“interdisciplinar com atenção especial para o funcionamento da língua e para as

atividades culturais e sociais” (MARCUSCHI, 2005, p.18). Além disso, contribui para que o

educando perceba a organização e os elementos de construção dos diferentes gêneros

ou tipos textuais para que o educando possa reconhecer a finalidade, as características e

produzir textos, seja do tipo narrativo, descritivo, argumentativo ou expositivo, entre

outros.

A enunciação é dotada de tema e significação. O tema dá sentido na realização da

enunciação, uma vez que ele é determinado não só pelas formas linguísticas, mas

também pelos elementos não verbais da situação. Segundo Bakhtin (1986, p. 132) “ toda

palavra usada na fala real possui não apenas tema e significação no sentido objetivo, de

conteúdo, desses termos, mas também um acento de valor ou apreciativo, isto é, quando

um conteúdo objetivo é expresso (dito ou escrito) pela fala viva, ele é sempre

acompanhado por um acento apreciativo determinado. Sem acento apreciativo não há

palavra”.

O tema e a significação indicam as particularidades de estilo e composição do

enunciado, esclarecendo a que gênero pertence o texto, se é composto por um ou por

diferentes tipos de discurso, considerando um acento de valor, ou seja, “convém discernir

igualmente o grau de firmeza ideológica, o grau de autoritarismo e de dogmatismo que

acompanha a apreensão do discurso” Bakhtin (1986, p.149). Nesse enfoque há que se

considerar o contexto de produção e o conteúdo temático que o sujeito utiliza para

produzir um texto, envolvendo os três mundos distintos, interiorizados por ele: o mundo

físico, o mundo social e o mundo subjetivo, Assim, o contexto de produção ou a situação

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comunicativa exercem influências na forma como um texto se apresenta.

Ler um texto, nessa perspectiva, significa perceber o contexto histórico, social,

econômico, filosófico e político em que ele se insere, assim como a ideologia, a finalidade

do texto, a posição do autor e o possível interlocutor, dentre outros elementos tais como a

escolha pela linguagem utilizada, os elementos gramaticais e seus efeitos na construção

do texto nos diferentes gêneros textuais nos momentos de reflexão sobre a língua.

15.1.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

A concepção assumida em Língua Portuguesa pressupõe ações pedagógicas

pautadas na construção do conhecimento de forma crítica, reflexiva, engajada na

realidade, de modo a privilegiar a relação teoria-prática, na busca da apreensão das

diferentes formas de apresentação do saber. Nesse sentido, a organização do

planejamento pedagógico pressupõe a reflexão sobre a linguagem a partir de temáticas

que exploram os diferentes gêneros discursivos e tipos de textos, com o objetivo de

analisar as práticas de linguagem, ou seja, leitura, análise linguística e produção textual.

A prática de leitura pressupõe a análise de diferentes linguagens, seja na forma

verbal ou não verbal: iconográfica (imagens, desenhos, filmes, charges, outdoors, entre

outros), cinética (sonora, olfativa, tátil, visual e gustativa) e alfabética, nos diferentes

níveis.

Os diferentes níveis de leitura constituem-se num meio para identificar, nos

diversos gêneros, os elementos de construção do texto, localizar as informações

explícitas, subentender as implícitas, fazer ligação entre o conhecimento do educando e o

texto, bem como estabelecer relações intertextuais.

Os gêneros textuais apresentados aos educandos precisam contemplar as

possíveis situações de uso social da linguagem nas atividades propostas, tendo por

objetivo identificar a finalidade do texto, a posição assumida pelo autor, o contexto social,

político, histórico, econômico, filosófico, entre outros, com destaque para as variedades

linguísticas, os mecanismos gramaticais e os lexicais na construção do texto.

Nesse contexto, salienta-se a importância de apreender os dados sobre o autor

(biografia), a fonte referencial (data, local, suporte de texto), além do interlocutor a quem

se destina o texto.

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Os mecanismos gramaticais e lexicais não são estudados de forma

descontextualizada ou com a intenção da apropriação da metalinguagem, mas a partir do

texto para que o educando possa reconhecê-los como elementos de construção textual

dos gêneros estilísticos e do cotidiano, uma vez que o objetivo do ensino da língua é

orientar para o uso social da linguagem, de acordo com a norma padrão.

Para isso, faz-se necessária a prática orientada da produção oral e escrita de

textos dos diferentes gêneros do discurso. O desenvolvimento dessa prática é importante

porque o texto do educando revela, além do conhecimento de mundo, os conteúdos

aprendidos e os que devem ser priorizados no planejamento do educador.

Para a seleção de conteúdos essenciais do Ensino Fundamental e Médio, bem

como para as práticas de linguagem , foram utilizados os seguintes critérios: o perfil do

educando da EJA; a diversidade cultural; a experiência social construída historicamente e

os conteúdos significativos a partir de atividades que facilitem a integração entre os

diferentes saberes. É importante destacar que embora os conteúdos sejam os mesmos

para os dois níveis de ensino, o que difere é o grau de complexidade dos textos

apresentados para a reflexão sobre a linguagem.

A avaliação precisa ser entendida como instrumento de compreensão do nível de

aprendizagem dos alunos em relação às práticas de linguagem: leitura, produção de texto

e análise lingüística, para que o educador possa reencaminhar seu planejamento.

O processo avaliativo deve ser coerente com os objetivos propostos e com os

encaminhamentos metodológicos. Desse modo, a avaliação deve ser dialética, ou seja, o

educando confronta-se com o objeto do conhecimento, com participação ativa,

valorizando o fazer e o refletir. Sendo assim, o erro no processo ensino-aprendizagem

indica os conteúdos que devem ser retomados. Portanto, o trabalho com as práticas de

linguagem deve partir das necessidades dos educandos.

Para isso, é importante que o educador dê significado ao objeto do conhecimento,

lance desafios aos educandos, incentive os questionamentos e exerça a função de

mediador da aprendizagem, valorizando a interação.

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15.1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Variedades linguísticas

Norma culta, dialetos, gírias, regionalismos, outras formas de registros.

Funções da linguagem.

Linguagem verbal e não-verbal.

Gêneros textuais ou discursivos

Elementos da construção dos diferentes gêneros discursivos e tipos de textos

(informativo, instrucional, poético, narrativo, carta, bilhete, sinopse, etc.)

Análise do discurso: linguagem, aspecto formal, finalidade, estilo, ideologia, posição do

autor, ideologia, contexto histórico, social, econômico, político, entre outros.

Elementos coesivos e coerência textual: unidade temática, elementos lógico-discursivos,

tese, organização dos parágrafos, contexto discursivo, interlocutor, idéia central,

sequencia lógica, progressão, retomada dos elementos coesivos, título como elemento

coesivo entre outros.

Discurso direto e indireto.

Recursos visuais, sonoros, olfativos, gráficos, etc.

Relações referenciais: elipse, repetição, sinais de pontuação.

Aspectos formais do texto: acentuação, pontuação, ortografia, paragrafação, título

legibilidade, aceitabilidade, entre outros.

Ambiguidade como recurso de construção do texto.

Ambiguidade como problema de construção do texto.

Informações explícitas, implícitas e intertextualidade.

Relações entre imagem e texto.

Elementos Gramaticais na construção do texto

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Pontuação e seus efeitos de sentido na construção do texto: vírgula, ponto-e-vírgula,

ponto final, ponto de interrogação, exclamação, dois pontos, aspas, parênteses,

travessão, reticências, entre outros.

Emprego da crase na construção do texto.

Classes de palavras: substantivo, adjetivo, verbo, preposição, conjunção, artigo, numeral,

pronome, advérbio e interjeição na construção do texto.

Sujeito e predicado na construção do texto.

Vozes do verbo na construção do texto.

Adjunto adnominal e complemento adnominal na construção do texto.

Aposto e vocativo na construção do texto.

Orações coordenadas, subordinadas, reduzidas e intercaladas na construção do texto.

Concordância verbal e nominal na construção do texto.

Colocação pronominal na construção do texto.

Figuras de linguagem na construção do texto.

Formação de palavras: prefixo, sufixo, radical, derivação e composição.

Para o Ensino Ensino Médio devem ser acrescidos os seguintes conteúdos de

Literatura:

Arte literária e as outras artes.

História e literatura.

Os gêneros literários e os elementos/recursos que os compõem.

Periodização e estilos de época da literatura brasileira: O Quinhentismo brasileiro

(literatura de informação), Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo e Naturalismo,

Parnasianismo, Simbolismo, vanguarda europeias, Pré-Modernismo, Modernismo, Pós-

Modernismo.

Os períodos literários e a relação com o período histórico, as artes e o cotidiano.

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15.1.4 REFERÊNCIAS

BAKHTIN, Mikhail (In: VOLOSHINOV, V.N). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná (versão preliminar), Curitiba, 2004.

FARACO, Carlos Alberto; CASTRO, Gilberto de. Por uma teoria lingüística que fundamente o ensino de língua materna (ou de como apenas um pouquinho de gramática nem sempre é bom). In: Educar, n.15, Curitiba: UFPR, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática pedagógica educativa. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

GERALDI, João Wanderlei (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001.

MARCUSCHI, Luiz antônio. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, Acir Mário; GAYDECKZKA, Beatriz; BRITO, Karim S. (Orgs.) Gêneros textuais: reflexões e ensino. União da vitória: Gráfica Kaygangue, 2005.

VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

VYGOTSKI, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

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15.2 DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA E ARTE

15.2.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA E ARTE

Encontramos o ensino da Arte presente no Brasil desde o século XVI, com a ação

dos jesuítas. A Arte era parte dos ensinamentos, cujo objetivo principal era a

catequização dos grupos que aqui habitavam e que incluía a Retórica, a Literatura, a

Escultura, a Pintura, a Música e as Artes Manuais. Com a expulsão dos jesuítas pelo

Marquês de Pombal e a posterior Reforma Educacional Brasileira (1792-1800) – Reforma

Pombalina - o ensino da Arte tornou-se irrelevante e o Desenho, por exemplo, foi

associado à Matemática na forma de Desenho Geométrico.

Mesmo com o incentivo de D. João VI ao ensino da Arte no início do século XIX – o

que resultou na Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro (1826) – nas escolas, o

ensino ainda era influenciado pelo Iluminismo, priorizando a área científica. Essa visão foi

ratificada na 1ª. Reforma Educacional do Brasil República em 1890, realizada por

Benjamin Constant, cujo objetivo ainda era valorizar a Ciência e a Geometria. A partir de

1931, com a implantação do ensino da Música por meio do Canto Orfeônico, o ensino da

Arte fez-se presente no primeiro projeto de educação pública de massa.

No Paraná, em 1954, foi criada a Escola de Artes no Colégio Estadual, na cidade

de Curitiba, envolvendo Artes Plásticas, Teatro e Música.

O ensino da Arte somente passa a ser obrigatório nas escolas brasileiras em 1971,

com a Lei 5692/71, porém, com conteúdo reduzido, fundado em uma visão tecnicista e

entendendo o educador de Artes como um profissional polivalente, ou seja, aquele que

deve dominar os conteúdos de Artes Plásticas e Música. Em 1996, a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação ratifica a obrigatoriedade do ensino da Arte na Educação Básica,

porém, a Arte passa a compor a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias,

abrangendo a Música, Artes Visuais, Dança e Teatro.

Esse breve passeio pela história nos dá uma ideia dos conceitos que permearam a

educação de Artes no Brasil, abrangendo desde um caráter religioso, com a catequização

dos nativos, até aquela com fins puramente tecnicistas. Passamos de um extremo a outro,

do “sensibilizador” para o “científico racional”. É importante frisar que a educação pública

no Brasil até o início do séc. XX estava voltada para uma elite basicamente masculina.

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Verificamos também que, após a expulsão dos jesuítas, o pensamento iluminista e

positivista foi preponderante no ensino público brasileiro.

Atualmente, o trabalho na disciplina de Arte exige do educador reflexões que

contemplem a arte efetivamente como área de conhecimento fundamental na formação

dos educandos e das educandas.

Quando Regina Migliori (1993 p.14) propõe uma “perspectiva de abordagem global”

como sendo “a possibilidade de lidarmos com tudo o que se nos apresenta e não somente

com os aspectos artificialmente eleitos”, a ideia é que se busque uma nova leitura da

realidade. O entendimento de Migliori nos remete para uma perspectiva de uma formação

omnilateral,1 crítica e autônoma do educando e da educanda, ou seja, “temos que

aprender a lidar com as divergências de forma não excludente” (MIGLIORI, 1993 p. 14).

Quando privilegiamos a produção artística de um determinado grupo, povo ou

etnia, fragmentamos a realidade e automaticamente criamos um juízo de valor no qual os

recortes do conhecimento que fazemos passam a ser os verdadeiros ou os únicos. “Essa

visão fragmentada, geradora dos incluídos e excluídos, gera uma outra verdade cruel: a

marginalidade que não é alternativa” (MIGLIORI. 1993 p.14). Isso implica que ao

apresentarmos em nossa seleção de conteúdos curriculares outras vozes que estão

presentes na ação histórica da construção do conhecimento, possibilitamos ao educando

e a educanda outras leituras diferentes daquelas que vêm sendo oficialmente

apresentadas.

A Arte – fruto da percepção e da necessidade da expressão humana – revela a

realidade interior e exterior ao homem e à mulher. Essa expressão artística é concretizada

utilizando-se de sons, formas visuais, movimentos do corpo, representação cênica, dentre

outras, que são percebidas pelos sentidos. Isso contribui para outras possibilidades de

leituras da realidade e, portanto, com mais subsídios para repensá-la. O objetivo dessa

proposta é gerar um ser reflexivo, autônomo e inserido criticamente na realidade em que

vive. A Arte nos ajuda nesse processo, na medida em que nos fornece uma simbologia

própria e portanto, outras leituras do mundo que nos cerca. Segundo Isabel Marques2:

“Um dos elementos essenciais que caracteriza o ensino da Arte no ambiente escolar é o

1 Explicar omnilateralidade em função do trabalho e da educação nos reporta no tempo em que o homem tinha a necessidade de conhecimento do todo, ou seja, pensar o objeto, fazer o objeto e vender o objeto. Como na educação, que se preocupava com as ciências exatas, as artes, a sociologia, e o espiritual, quando os quatro eixos eram de extrema importância e tinham o mesmo peso em valor.

2 Esta citação é transcrição da fala da Profª Dra Isabel Marques no Simpósio Estadual de Educação Artística, Paraná abril, 2005.

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fato de que, na escola, temos a possibilidade de relacionar, questionar, experimentar,

refletir e contextualizar os trabalhos artísticos a fim de que façam sentido em nossas

próprias vidas e na construção da sociedade brasileira.”

A discussão em torno da arte como linguagem pondera o entendimento de que a

arte não apenas suscita sentimentos, mas pressupõe uma relação de transmissão e

recepção de ideias, ou seja, de comunicação. Portanto, a Arte aqui é entendida como

linguagem, que se utiliza de símbolos e de elementos próprios que estão presentes na

Dança (movimento e não movimento), na Música (sons), no Teatro (dramatização) e nas

Artes Visuais (forma e luz).

Ler o produto artístico em suas diversas relações, nos diversos prismas e no que

tange aos seus significados socialmente construídos pressupõe que o produto artístico

como seja um “veículo portador de significado” (ver Bakhtin 1995, p.132). Nesse sentido,

os símbolos são fundamentais para a vida social, pois é por meio deles que nos

comunicamos e manifestamos nossa capacidade de sentir e de pensar.

Na cultura escolar, os saberes são apropriados pela escola de maneira singular,

dando-lhes um sentido pedagógico (Sacristan J.G., 2001). Na escola, esse trabalho,

ressignifica os saberes e os conceitos científicos produzidos na sociedade. É com base

nestes pressupostos que trataremos a Arte como linguagem. Linguagem artística.

15.2.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

O encaminhamento metodológico para a disciplina de Artes do ensino fundamental

e médio da Educação de Jovens e Adultos da rede pública do Estado do Paraná está

fundamentado nas Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA, onde estão identificados três

eixos articuladores: cultura, trabalho e tempo. Com base nesses eixos que norteiam o

currículo na EJA, elegemos ARTE E ESTÉTICA, ARTE E IDENTIDADE e ARTE E

SOCIEDADE como eixos específicos da disciplina de Artes, dos quais derivarão as

temáticas propostas e os conteúdos que serão desenvolvidos em células de aula.

ARTE E ESTÉTICA

Hoje se utiliza o termo estética para indicar... no campo das belas artes, uma concepção especial, uma maneira de fazer, uma escola ou tendência determinada (Zamacois, 1986)

A experiência estética se revela com a sensibilização, com a descoberta do olhar,

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um encontro com as emoções, libertando o ser para perceber o mundo em si e ao seu

redor, permitindo um pensar filosófico, crítico e reflexivo. Aurélio Buarque de Holanda

Ferreira, em seu Dicionário da Língua Portuguesa, apresenta, dentre outros, os seguintes

significados para a palavra estética: “1- estudo das condições e dos efeitos da criação

artística. 2- (...) estudo racional do belo, quer quanto à possibilidade da sua conceituação,

quer quanto à diversidade de emoções e sentimentos que ele suscita no homem”.

Partindo dessas definições e as ampliando, a Estética aqui é entendida como

sendo “toda teoria que se refira à beleza ou à arte" (Pareyson, 1997, p. 2), sendo ela

derivada de uma experiência filosófica ou concreta. E por ser uma reflexão sobre a

experiência, inclui-se aqui o fazer artístico, que é a manipulação dos elementos da

linguagem artística, presentes nas Artes Visuais, na Música, no Teatro e na Dança.

Portanto, entendemos que ao adotar um eixo articulador para a disciplina de Educação

Artística e Arte baseado no entendimento acima exposto, devemos possibilitar as

experiências estéticas e compreender como aproximar e proporcionar o olhar estético

para as produções artísticas e para o cotidiano. E assim sendo, “o educando da EJA

torna-se sujeito na construção do conhecimento mediante a compreensão dos processos

de trabalho, de criação, de produção e de cultura.”(Diretrizes Curriculares para a

Educação de Jovens e Adultos, p. 30)

ARTE E IDENTIDADE

É comum ouvirmos falar de crise de identidade, mas o que é identidade e como

essa identidade se revela a partir da arte que produzimos? A identidade está em crise?

O que é identidade? É idêntico, igual, registro... Para o dicionário Houaiss

identidade é:

1- estado que não muda <a identidade das impressões digitais>

2- consciência da persistência da própria identidade,

3- o que faz com que uma coisa seja a mesma que outra,

4- conjunto de características e circunstâncias que distinguem uma pessoa ou uma coisa

e graças às quais é possível individualizá-la.

A identidade singulariza e faz com que nos sintamos diferentes dos demais.

Identificar pode ser aplicado a indivíduos e grupos, ou seja, tornar idêntico, fazer (se)

reconhecer, distinguir traços característicos como gosto, música, festas, folguedos,

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crenças de grupos urbanos, rurais, etnias e outros tantos que usam da linguagem artística

para expressar-se e assinar suas características sociais, antropológicas e psicológicas.

Diferentes modos de vida social são constituídos a partir das ideias que as pessoas

têm sobre si, e das práticas que emergem dessas ideias e como afirma Candau (2002, p.

24), “identidade é um conceito polissêmico, podendo representar o que uma pessoa tem

de mais característico ou exclusivo e ao mesmo tempo, indica que pertencemos ao

mesmo grupo”, a identidade cultural de um indivíduo ou grupo permite que este seja

localizado em um sistema social. Em um mundo onde as mudanças são rápidas, face à

globalização e aos eventos tecnológicos e científicos vertiginosos, a arte é um dos

elementos que faz parte da identidade dos povos. As mudanças globais aceleradas

influenciam a identidade dos indivíduos e a sua manifestação artística.

Podemos ver com Marques (2003, p. 157) que:

não se domina um país pela invasão territorial, mas principalmente pela superposição e diluição de repertórios culturais e sociais. Caso nossos repertórios não estejam enraizados de forma significativa, ou seja, relacional, consciente e crítica, poderemos ser massacrados pela pasteurização de ideias estéticas.

A nossa identidade pessoal e social é um importante mediador das relações com

os demais. A proposta deste eixo temático na Educação de Jovens e Adultos do Ensino

Fundamental e Médio do Estado do Paraná preocupa-se em uma educação pela arte que

transmita significados que estão próximos da vida concreta do educando, produzindo

aprendizagem. É um processo que mobiliza tanto os significados e os símbolos quanto os

sentimentos e as experiências a que se propõe.

Quando um indivíduo desenvolve sua percepção estética e tem consciência do

poder destas representações, textos e imagens na produção das identidades,

compreende a força persuasiva da arte, no sentido de criar e reforçar representações que

possuímos como indivíduos e como identidade coletiva.

ARTE E SOCIEDADE

... concernem à determinação social da atividade artística, seja do ponto de vista da finalidade social das obras – por exemplo, o culto religioso ou o mercado de arte – seja o lugar ocupado pelo artista – por exemplo, iniciado numa seita secreta, financiado por um mecenas renascentista, profissional liberal ligado ao mercado de arte, etc – seja das condições de recepção da obra de arte – a comunidade de fiéis, a elite cultivada e economicamente poderosa, as classes populares, a massa, etc. (CHAUÍ, 2003, p. 153)

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A arte não é uma produção fragmentada ou fruto de modelos aleatórios ou

apartados do contexto social nem tampouco mera contemplação, e sim, uma ciência que

trabalha com o conhecimento presente em diferentes instâncias sociais.

A profunda relação entre arte e sociedade é possível na medida em que pensarmos

a arte como construção social e não como um dom natural, talento ou mera produção. As

pessoas são construções sociais que necessariamente influem e são influenciados pelo

fazer e pensar arte. A música rap, por exemplo, constrói um determinado tipo de

consciência social, propaga os conhecimentos de um grupo popular, que são absorvidos

e muitas vezes até revivificados em outras formas artístico-culturais. A abordagem crítica

e intertextualizada é necessária para que no cotidiano se problematizem as relações entre

arte e sociedade e se permita, assim, a formação de sínteses pessoais enriquecedoras.

Em outras palavras, o conceito de arte e sociedade abrange grandes temas da vida social

como: a relação do homem com o trabalho; as relações de gênero; a ocupação do espaço

urbano e outros. Também através deles podemos compreender, inclusive, a influência da

indústria cultural, segundo a qual, muitas vezes a (pseudo) cultura de massa tenta impor

uma ordem social passiva e alienada. Em contrapartida, o conhecimento da arte em seu

aspecto social, deve desvelar-se de modo que o ser humano possa pertencer, dialogar e

transformar a realidade que o circunda.

No que concerne à Educação de Jovens e Adultos, não podemos perder de vista

as concepções de mundo e de sociedade que queremos construir e vivenciar com os

educandos, pois o grande desafio do trabalho pedagógico em arte nos dias de hoje não

se resume somente em aceitar e respeitar a diversidade, mas principalmente em

trabalhar, partilhar, dialogar e recriar conjuntamente a fim de educar para uma sociedade

mais justa e igualitária. “A ação da escola será de mediação entre o educando e os

saberes, de forma que o mesmo assimile estes conhecimentos como instrumentos de

transformação de sua realidade social” (Diretrizes Curriculares para a Educação de

Jovens e Adultos, p. 31).

Os temas de estudo são temas que direcionam, motivam e articulam a construção

do conhecimento em arte, propiciando diferentes leituras de mundo, de cidadania

participativa, reflexiva e crítica. O educador escolherá um tema de estudos abrangente e

articulado entre os eixos – identificados na disciplina de Educação Artística e Arte e os

indicados nas Diretrizes Curriculares para a EJA – de maneira a englobar o conteúdo que

fará parte do planejamento da célula de aula. Os temas de estudo terão a flexibilidade

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necessária para que possam ser adequados ao contexto do educando e da educanda.

Os temas de estudo são perpassados por um processo, denominado “validação”,

ou seja, o tema só será adequado para continuar o planejamento se passar positivamente

pelas seguintes perguntas:

1. É relevante? É importante? Para quem? Perpassa pelos eixos definidos nas Diretrizes

Curriculares Estaduais de EJA - Cultura, Trabalho e Tempo?;

2. Gera conhecimento em arte? Perpassa pelos eixos Arte e Identidade, Arte e

Sociedade e Arte e Estética?

3. É abrangente? Contempla o local e o global (regional, nacional e mundial)? É flexível?

4. É possível adequá-lo às necessidades dos educandos e educandas da EJA (Idade,

condições físicas, espaciais, etc)?

Uma vez escolhido o tema de estudo, o próximo passo é a elaboração da célula de

aula, que serão compostas por (MARQUES, 2001, p.91-102):

1. Textos – Repertórios.

2. Subtexto – Elementos da linguagem (conteúdos da disciplina).

3. Contexto – Elementos históricos, sociais e culturais.

15.2.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Cada linguagem artística possui um elemento básico por meio do qual ela se

manifesta, ou seja: o som (Música), o movimento e o não movimento (Dança), a forma e a

luz (Artes Visuais) e a dramatização (Teatro). Destes elementos básicos derivam-se os

elementos de linguagem específicos da arte. Portanto, os conteúdos para o Ensino

Fundamental e Médio devem contemplar os elementos de cada linguagem artística

(Música, Teatro, Dança e Artes Visuais), sua articulação e organização. Esses elementos

permitirão ao educando e a educanda ler e interpretar o repertório, assim como elaborar o

seu próprio trabalho artístico. A leitura, interpretação e produção artística avalia a

apreensão por parte educando e da educanda dos conteúdos propostos na célula de aula.

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ARTES VISUAIS

a) Forma

Composição, Experimentação (como os elementos da linguagem visual se articulam?);

Suportes (onde está proposta a ideia imagética?);

Espacialidade – bidimensionais e tridimensionais (como está projetada, composta ou

representada no espaço?);

Texturas / acabamentos (como se apresenta?);

Movimento: dinâmica, força, fluência e equilíbrio (como se alternam, ritmo?).

b) Luz

Decomposição da luz branca;

Cor /pigmento / percepção da cor

Tons

Valores / classificação das cores;

Sombras e luz;

Contraste.

MÚSICA

a) distribuição dos sons de maneira sucessiva (intervalos melódicos/ melodia).

b) distribuição dos sons de maneira simultânea (intervalos harmônicos/ harmonia),

c) qualidades do som e suas variações:

intensidade (dinâmica)

duração (pulsação/ ritmo)

altura (grave/ agudo)

timbre (fonte sonora/ instrumentação)

d) estruturas musicais (organização e articulação dos elementos da linguagem musical/

forma musical).

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TEATRO

a) Elementos dramáticos:

a personagem: agente da ação;

enredo: como desdobramento de acontecimentos, desenvolvidos pela personagem;

espaço cênico: local onde se desenvolve a ação cênica.

b) Signos da Representação Teatral:

da personagem:

visuais: figurinos, adereços, gestual;

sonoros: fala (entonação)

do espaço cênico:

visuais: cenário, adereços de cena, iluminação;

sonoros: sonoplastia;

c) Gêneros Teatrais:

Tragédia e suas características: a fatalidade, o sofrimento, o pesar;

Comédia e suas características: o riso, a sátira, o grotesco;

Drama e suas características: o conflito.

DANÇA

Elementos do Movimento:

- corpo : articulações, superfícies, membros, tronco, quadril, cabeça.

- espaço : kinesfera (amplitudes), progressões espaciais, tensões espaciais, projeções

espaciais, orientação espacial, forma.

- ações : torcer, gesticular, inclinar, deslocar, rodar, parar, cair, expandir, recolher, saltar.

- dinâmicas : peso, espaço, tempo, fluência.

- relacionamentos .

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15.2.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

CAMPOS, Neide P. A construção do olhar estético crítico do educador. Florianópolis: UFSC, 2002

CANDAU, Vera Maria (org.). Sociedade, educação e cultura: questões e propostas. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003.

BAKHTIN, Mikhail (Volochínov). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara F. Vieira. 7ª ed. São Paulo: Hucitec, 1995.

BOURO, S.B. Olhos que pintam: a leitura de imagens e o ensino da arte. São Paulo: Educ/Fapesp/Cortez, 2002.

FERRAZ, M.; FUSARI, M. R. Metodologia do ensino de Arte. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1993.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. 3ª ed. Curitiba: Positivo, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

_____________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8ª ed. São Paulo: Terra e Paz, 1998.

_____________, A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1995.

HOUAISS, Antônio e Vilar, M. de S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1ª ed.Rio de Janeiro: Objetiva, 2001

LABAN, Rudolf. Domínio do Movimento. São Paulo: Summus, 1978.

MARQUES, Isabel A. Ensino de dança hoje: textos e contextos. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2001

_________________. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003.

MIGLIORI, R. Paradigmas e educação. São Paulo: Aquariana, 1993.

OSTROWER, Fayga P. Universo da arte, 7ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

PAREYSON, L. Os problemas da estética. São Paulo. Martins Fontes, 1997.

SACRISTAN J.G. A escolarização transforma-se em uma característica antropológica das sociedades complexas. In: A educação Obrigatória: seu sentido educativo e social. Porto Alegre: ARTMED, 2001, p. 35-55

SANTAELLA, Lucia. (Arte) & (Cultura): Equívocos do elitismo. São Paulo: Cortez, 3ª. Ed, 1995.

SILVA, Tomas Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

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ZAMACOIS, Joaquin. Temas de estética y de historia de la música. Barcelona: Labor, 1986.

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15.3 DISCIPLINA DE LINGUA ESTRANGEIRA MODERNA (LEM) - INGLÊS

15.3.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE LINGUA ESTRANGEIRA MODERNA (LEM) - INGLÊS

A Língua Estrangeira Moderna - LEM - é um espaço em que se pode ampliar o

contato com outras formas de perceber, conhecer e entender a realidade, tendo em vista

que a percepção do mundo está, também, intimamente ligada às línguas que se conhece.

Ela se apresenta também como um espaço de construções discursivas contextualizadas

que refletem a ideologia das comunidades que a produzem. Desta maneira, o trabalho

com LEM parte do entendimento do papel das línguas nas sociedades como mais do que

meros instrumentos de acesso à informação: as LEM são também possibilidades de

conhecer, expressar e transformar modos de entender o mundo e construir significados.

(SEED, 2005)

É um instrumento de inclusão social a partir do momento em que oportuniza o

acesso a outras comunidades e conhecimentos, permitindo o alargamento de horizontes e

a expansão das capacidades interpretativas e cognitivas dos educandos. Através da LEM

se reconhece a diversidade cultural, e torna-se possível oportunizar o educando a

vivenciar criticamente a cultura do outro ao mesmo tempo em que valoriza a própria.

A LDB 9394/96, estabelece o caráter compulsório de uma língua estrangeira a

partir da 5a série do Ensino Fundamental, facultando ao Ensino Médio a possibilidade da

inclusão de uma segunda língua estrangeira.

Segundo Gimenez (2005), a língua se constitui como um espaço de comunicação

intercultural, exercendo “o papel de mediadora das relações entre pessoas de diferentes

línguas maternas.”, tendo em vista que existem, aproximadamente, mais de 300 milhões

de falantes nativos e mais de 1 bilhão de usuários no mundo todo, sendo a língua

principal em livros, jornais, aeroportos e controle de tráfego aéreo, negócios internacionais

e conferências acadêmicas, ciência, tecnologia, medicina, diplomacia, esportes,

competições internacionais, música pop e propaganda.

Partindo desse pressuposto, a LEM é um instrumento para que o educando seja

capaz de construir e não somente consumir o conhecimento oferecido por outros,

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propiciando “reflexões sobre a relação entre língua e sociedade e, consequentemente,

sobre as motivações subjacentes às escolhas lingüísticas em situações de comunicação

(oral e escrita).” (PARANÁ, 2005). Ao serem expostos às diversas manifestações da

língua na sociedade, os educandos podem entender as implicações político-ideológicas.

15.3.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

O trabalho a ser desenvolvido com a língua segue uma abordagem onde a língua é

vista como instrumento de interação, investigação, interpretação, reflexão e construção,

norteada pelos três eixos articuladores: cultura, trabalho e tempo. Nessa concepção,

levar-se-á em consideração a realidade do educando, valorizando sua bagagem de

conhecimentos e respeitando suas necessidades e características individuais, na certeza

de que o adulto aprende melhor e desenvolve maior autonomia e responsabilidade

quando se vê envolvido no processo ensino-aprendizagem.

Há que se pensar que ao ensinar uma LEM deve-se buscar a autenticidade da

Língua, a articulação com as demais disciplinas e a relevância dos saberes escolares

frente à experiência social construída historicamente pelos educandos.

Para a definição das metodologias a serem utilizadas, é necessário levar em conta

que o educando é parte integrante do processo e deve ser considerado como agente ativo

da aprendizagem, visto que ele traz saberes e estes vão interagir com os saberes que ele

vai adquirir.

Na busca desta interação, deve-se buscar uma metodologia que leve em

consideração que as habilidades da LEM – leitura, escrita, compreensão oral e

compreensão auditiva – não são únicas, elas interagem de acordo com o contexto e

precisam ser vistas como plurais, complexas e dependentes de contextos específicos.

Deve-se levar em conta, ainda, que a língua não pode ser entendida como algo

fechado ou abstrato, na forma de uma gramática, onde toda a transformação, o aspecto

vivo da LEM, sua capacidade de se transformar em contextos diferentes, toda diversidade

da LE se perde.

Portanto, as metodologias a serem aplicadas devem levar em conta,

principalmente, o contexto em que estão sendo aplicadas, de acordo com as

necessidades regionais, que levem o educando a criar significados, posto que estes não

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vêm prontos na linguagem.

15.3.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS

15.3.3.1 ENSINO FUNDAMENTAL

No caso do ensino da Língua Inglesa na EJA, dadas as suas características, o

trabalho parte da exploração de diversos gêneros textuais que propiciam a exposição do

educando à língua dentro de um contexto, possibilitando a análise e estudo de sua

estrutura, servindo também como ponte para o criar a interação entre as habilidades em

cada contexto.

1. Textos (Escritos, orais, visuais, dentre outros)

Identificação de diferentes gêneros textuais, tais como: informativos,

narrações,descrições, poesias, tiras, correspondência, receitas, bulas de remédios,

folders, outdoors, placas de sinalização, etc.

Identificação da ideia principal de textos. (skimming)

Identificação de informações específicas em textos. (scanning)

Identificação de informações expressas em diferentes formas de linguagem (verbal e

não verbal).

Inferência de significados a partir de um contexto.

Trabalho com cognatos, falsos cognatos, afixos, grupos nominais, etc

1.1. Foco linguístico

Substantivos.

Adjetivos.

Pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos e interrogativos.

Verbo to be e there to be. (afirmativa, interrogativa e negativa).

Tempos verbais: presente simples e contínuo, passado simples (regular e irregular de

verbos mais comuns) e futuro com will.

Imperativo: afirmativa e negativa

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Preposições (in, on, at, from, to…)

Advérbios de tempo, lugar e frequência.

1.2. Vocabulário básico

saudações, apresentações, horas, família, partes do corpo, cores, dias da semana,

meses do ano, estações do ano, profissões, roupas, animais, locais públicos,

condições do tempo (rainy, sunny, windy, cloudy / cold, hot, cool, warm), partes da

casa, refeições, adjetivos, numerais (cardinal e ordinal).

15.3.3.2 ENSINO MÉDIO

1. Textos (Escritos, orais, visuais, dentre outros)

Identificação de diferentes gêneros textuais tais como: informativos, narrações,

descrições, poesias, tiras, correspondência, receitas, bulas de remédios, folders,

outdoors, placas de sinalização, etc.

Identificação da ideia principal de textos. (skimming)

Identificação de informações específicas em textos. (scanning)

Identificação de informações expressas em diferentes formas de linguagem (verbal e

não verbal).

Inferência de significados a partir de um contexto.

Trabalho com cognatos, falsos cognatos, afixos, grupos nominais, etc

Inferência de significados das palavras a partir de um contexto. (cognatos, etc...)

1.1. Foco Linguístico

Tempos verbais: presente simples e contínuo, passado simples (regular e irregular) e

contínuo e futuro com will e going to, nas formas afirmativa, interrogativa e negativa.

Comparativo e superlativo. (graus dos adjetivos)

Verbos Modais: Can, may, could, should, must.

Substantivos contáveis e incontáveis.

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Some, any, no e derivados.

1.2. Vocabulário

O vocabulário relacionado aos temas abordados nas unidades de estudo.

15.3.4 REFERÊNCIAS

GIMENEZ, Telma. Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental: Línguas Estrangeiras Modernas – Questões para Debate. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná: Língua Estrangeira Moderna.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná: Língua Estrangeira Moderna. Versão Preliminar. 2005.

PENNYCOOK, Alastair. English and the discourses of Colonialism. London: Routledge. 1999.

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15.4 DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

15.4.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Vivenciamos nos últimos quinze anos a afirmação gradativa do ensino da

Educação Física numa perspectiva cultural e é a partir desse referencial que se propõe

essa disciplina como área de estudo da cultura humana, ou seja, que estuda e atua sobre

o conjunto de práticas ligadas ao corpo e ao movimento, criadas pelo homem ao longo de

sua história. Trata-se, portanto, privilegiar nas aulas de Educação Física além da

aprendizagem de movimentos, a aprendizagem para e sobre o movimento.

Neste sentido, como enfatizam Taborda e Oliveira (apud PARANÁ, 2005, p.10) os

objetivos da Educação Física devem estar voltados para a humanização das relações

sociais, considerando a noção de corporalidade, entendida como a expressão criativa e

consciente do conjunto das manifestações corporais historicamente produzidas. Esse

entendimento permite ampliar as possibilidades da intervenção educacional dos

professores de Educação Física, superando a dimensão meramente motriz de uma aula,

sem no entanto negar o movimento como possibilidade de manifestação humana e,

desse modo contemplar o maior número possível de manifestações corporais explorando

os conhecimentos já trazidos pelos educandos e a sua potencialidade formativa.

Segundo Soares et al (1992, p. 50) a Educação Física é conceituada como:

(...) uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: o jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal. Esses conteúdos expressam um sentido/significado nos quais se interpenetram.

A partir desse entendimento a proposta para a disciplina de Educação Física deve

favorecer o estudo, a integração e a reflexão da cultura corporal de movimentos,

formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o

para usufruir das atividades proposta em beneficio da sua inserção social, levando-o a

descobrir motivos e sentidos nas práticas corporais que favoreçam o desenvolvimento de

atitudes positivas, contemplando assim todas as manifestações corporais e culturais,

partindo da realidade local para as diferentes culturas.

Cabe aos professores de Educação Física mediar o processo de ensino-

aprendizagem deflagrado nas aulas de Educação Física quanto à construção de um

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ambiente que proporcione ao aluno a aprendizagem dos conteúdos significativos para o

seu processo de conhecimento e desenvolvimento, incrementando sua capacidade para

tomar decisões relacionadas à atividade física, isto é, movimento corporal humano.

15.4.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

A Educação de Jovens e Adultos – EJA, atende um público diverso (jovens,

adultos, idosos, povos das florestas, ribeirinhos, indígenas, populações do campo, entre

outros) que não teve acesso ou não pode dar continuidade à escolarização mesma por

fatores, normalmente, alheios a sua vontade. Esses educandos possuem uma gama de

conhecimentos adquiridos em outras instâncias sociais, visto que, a escola não é o único

espaço de produção e socialização de saberes. O atendimento a esses alunos não se

refere, exclusivamente, a uma determinada faixa etária mas a diversidade sócio-cultural

dos mesmos.

Se considerarmos que os educandos freqüentadores dessa modalidade de ensino

encontram-se em grande parte, inseridos no mundo do trabalho, é importante que o

trabalho pedagógico nas aulas de Educação Física seja compatível com as peculiaridades

dessa parcela de educandos. Desse modo, a aprendizagem do movimento deve ceder

espaço às práticas que estejam direcionadas para e sobre o movimento, focalizando

preponderantemente aspectos relacionados ao desenvolvimento de atitudes favoráveis à

realização de atividades físicas e ao aprofundamento do entendimento de conceitos

relacionados a essas atividades.

Numa primeira aproximação, tendemos a nos precipitar na constatação da

incompatibilidade quase paradoxal de se relacionar a Educação Física com adolescentes,

adultos e até idosos na escolarização de Jovens e Adultos. Se nos apoiarmos, por

exemplo, nas práticas tradicionais que enfatizam atividades como as “bicicletas” do

futebol ou os saques “viagem ao fundo do mar” do voleibol como referências absolutas

das possibilidades de movimento corporal humano e como tipos de conteúdo e de

aprendizagem presentes na Educação Física, de fato sua adequabilidade será mínima.

Podemos assumir, portanto, que o propósito da intervenção do professor que atua

no campo da Educação Física no contexto da EJA é potencializar as possibilidades de

participação ativa de pessoas com demandas educacionais específicas, em programas

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com foco na atividade física/movimento corporal humano. Outrossim, há que se

considerar que a sustentação para ações pedagógicas direcionadas ao processo de

escolarização dessas mesmas pessoas encontra-se em fase de construção, carecendo

ainda da produção de conhecimento capaz de contribuir para a consolidação da

participação da Educação Física nessa modalidade de ensino.

Duas questões essenciais precisam nortear e servir de eixo orientador para o

trabalho pedagógico da disciplina de Educação Física com jovens e adultos:

- Quem são os alunos da EJA?

- Como pode ser desenvolvida a Educação Física para esses alunos?

Compreendendo o perfil do educando da EJA, a Educação Física deverá valorizar

a diversidade cultural dos educandos e a riqueza das suas manifestações corporais, a

reflexão das problemáticas sociais e a corporalidade “entendida como a expressão

criativa e consciente do conjunto das manifestações corporais historicamente produzidas”

(PARANA, 2005), considerando os três eixos norteadores do trabalho com a EJA que são

a cultura, o trabalho e o tempo1.

É, portanto, imprescindível que tempo, cultura e trabalho se manifestem na prática

pedagógica do educador, expressando ideias e ações relacionadas a: sequenciação

(organização do conteúdo em função do tempo escolar), comprometimento na condução

do processo ensino-aprendizagem (efetivação da aprendizagem dos conteúdos) e

avaliação do trabalho pedagógico (critérios de acompanhamento das consequências do

processo ensino-aprendizagem), conforme representados na figura 1:

1 Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná (versão preliminar).

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Sequenciação TempoCultura

Trabalho

Comprometimento

Avaliação

Figura 1: relação dos eixos tempo, cultura e trabalho com a intervenção pedagógica.

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A Educação Física na Educação de Jovens e Adultos representa importante

possibilidade de contato dos educandos com a diversidade da cultura corporal de

movimento, sem perder de vista o papel da EJA, que segundo KUENZER (apud

PARANÁ, 2005, p. 28),

deve estar voltado para uma formação na qual os educandos-trabalhadores possam aprender permanentemente; refletir criticamente; agir com responsabilidade individual e coletiva; participar do trabalho e da vida coletiva; comportar-se de forma solidária; acompanhar a dinamicidade das mudanças sociais; enfrentar problemas novos construindo soluções originais com agilidade e rapidez.

O planejamento das aulas para o perfil do educando da EJA necessita de um

levantamento junto aos mesmos, de como foram suas aulas e experiências anteriores,

para haver maior clareza de como o educador poderá planejar o trabalho pedagógico.

Outra perspectiva a ser considerada é o trabalho com a cultura local, buscando a origem

de suas práticas, transformações e diferenças em cada região.

Desse modo, os conteúdos a serem abordados devem levar em conta as

características peculiares do perfil de educador dessa modalidade de ensino, seja de

caráter presencial ou semi-presencial. Os conteúdos que apresentamos – constituintes da

cultura corporal de movimento – devem ser selecionados em função do projeto

pedagógico elaborado pela escola, considerando os interesses dos alunos observados

nas interações iniciais com o educador.

Vários são os princípios que abrangem o ensino da Educação Física (BETTI,

2002), destacando-se:

O Princípio da Inclusão que tem como meta a participação e reflexões concretas

e efetivas de todos os membros do grupo, buscando reverter o quadro histórico da área

de seleção entre indivíduos aptos e inaptos para as práticas corporais, resultando na

valorização exacerbada no desempenho e da eficiência, e conseqüentemente na

exclusão do educando .

O Princípio da Diversidade aplica-se à construção da aprendizagem na escolha

de objetivos e de conteúdos, que ampliem as relações entre os conhecimentos da cultura

corporal de movimento e o perfil dos sujeitos da aprendizagem. Com isso pretende-se

legitimar as possibilidades de aprendizagem que se estabelece nas dimensões afetivas,

cognitivas, motoras e sócio-culturais dos alunos.

Já no Princípio da Autonomia a relação com a cultura corporal de movimento,

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não se dá naturalmente, mas é fruto da construção e do esforço conjunto de professores

e alunos através de situações concretas e significativas. A busca da autonomia pauta-se

na ampliação do olhar da escola sobre o nosso objeto de ensino e aprendizagem. Essa

autonomia significa a possibilidade de construção pelo educando dos seus conceitos,

atitudes e procedimentos, ao invés de simples reprodução e memorização de

conhecimentos.

Tais princípios precisam estar presentes ao se buscar uma aprendizagem

significativa, entendida como a aproximação entre o conhecimento do educando e o

construído ao longo do tempo, não perdendo de vista que os mesmos estão inseridos

numa cultura e expressam uma aprendizagem social regida por uma organização política

e social.

O professor deve mediar o trabalho pedagógico para que o educando compreenda

o seu “eu” e o relacionar-se com o outro, a partir do conhecimento do seu corpo, como

instrumento de expressão e satisfação de suas necessidades, respeitando experiências

anteriores e dando-lhe condições de adquirir e criar novas formas de expressão.

A avaliação proposta para a EJA entende a necessidade da avaliação qualitativa e

voltada para a realidade. Proceder a avaliação da aprendizagem clara e consciente, é

entendê-la como processo contínuo e sistemático de obter informações, de perceber

progressos e de orientar os alunos para a superação das suas dificuldades. Reforçando

este pensamento Vasconcelos (apud PARANÁ, 1994, p. 44) diz que:

o professor que quer superar o problema da avaliação precisa a partir de uma autocrítica: abrir mão do uso autoritário da avaliação que o sistema lhe faculta e autoriza; rever a metodologia do trabalho em sala de aula; redimensionar o uso da avaliação (tanto do ponto de vista da forma como do conteúdo); alterar a postura diante dos resultados da avaliação; criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos colegas educadores e aos pais.

Atualmente a perspectiva tradicional de avaliação cede espaço para uma nova

visão que procura ser mais processual, abrangente e qualitativa. Não deve ser um

processo exclusivamente técnico que avalia a práxis pedagógica, mas que pretende

atender a necessidade dos educandos considerando seu perfil e a função social da EJA,

com o reconhecimento de suas experiências e a valorização de sua história de vida. Isso

torna-se essencial para que o educador reconheça as potencialidades dos educandos e

os ajude a desenvolver suas habilidades para que os mesmos atinjam o conhecimento na

busca de oportunidades de inserção no mundo do trabalho e na sociedade.

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A avaliação deverá portanto compreender formas tais como: a linguagem corporal,

a escrita, a oral, por meio através de provas teóricas, de trabalhos, de seminários e do

uso de fichas, por exemplo, proporcionando um amplo conhecimento e utilizando métodos

de acordo com as situações e objetivos que se quer alcançar. Devemos levar em

consideração que educando idosos, ou com menos habilidades, os com necessidades

especiais e o grau de desenvolvimento que possuem, bem como as suas experiências

anteriores

Pautados no princípio que valoriza a diversidade e reconhece as diferenças, a

avaliação precisa contemplar as necessidades de todos os educandos. Nesse sentido,

sugere-se o acompanhamento contínuo do desenvolvimento progressivo do aluno,

respeitando suas individualidades. Desse modo a avaliação não pode ser um mecanismo

apenas para classificar ou promover o aluno, mas um parâmetro da práxis pedagógica,

tomando os erros e os acertos como elementos sinalizadores para o seu replanejamento.

Dentro dessa perspectiva, para que a avaliação seja coerente e representativa é

fundamental que a relação entre os componentes curriculares se apóie em um diálogo

constante.

É importante lembrar no princípio da inclusão de todos na cultura corporal de

movimento. Assim, a avaliação deve propiciar um auto-conhecimento e uma análise

possível das etapas já vencidas no sentido de alcançar os objetivos propostos.

15.4.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Os conteúdos são definidos como conhecimentos necessários à apreensão do

desenvolvimento sócio-histórico das próprias atividades corporais e à explicitação das

suas significações objetivas. Os mesmos foram estruturados de forma a garantir

aprendizagens novas e significativas, despertando o interesse e a atenção dos educandos

a consciência da necessidade de atitudes favoráveis a prática de atividades físicas ao

longo da sua vida, valorizando a cultura corporal, logo “a cultura humana é uma cultura

corporal, uma vez que o corpo realiza as intenções humanas” (FREIRE, 2003 p. 34).

Desse modo a Educação Física deve considerar conteúdos e práticas que

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contemplem:

• a relação entre o conhecimento social e escolar do educando;

• a identidade e as diferenças sócio-culturais dos educandos na proposição das praticas

educativas;

• ensino com base na investigação e na problematização do conhecimento;

• as diferentes linguagens na medida em que se instituem como significativas na

formação do educando;

• a múltiplas interações entre os diferentes saberes;

• articulação entre teoria, prática e realidade social;

• atividades pedagógicas que priorizem o pensamento reflexivo.

Baseado na perspectiva dos educadores, propomos a articulação do trabalho

docente em torno dos seguintes conteúdos: saúde, esportes, jogos, ginástica, dança e

lazer.

Ultrapassando a tendência dominante de conceber a saúde como investimento

individual, o conteúdo deve oferecer condições de articular o individual com o cultural,

social e político. Ou seja, a saúde é um bem que se adquire, além de, pelas atividades

físicas e corporais, por intermédio de: alimentação, saneamento básico, moradia,

educação, informação e preservação do meio ambiente, enfim, o direito de acesso às

condições mínimas para uma vida digna. Esse conteúdo permite compreender a saúde

como uma construção que requer uma dimensão histórico-política e social.

O esporte pode ser abordado pedagogicamente no sentido de esportes “da

escola” e não “na escola”, como valores educativos para justificá-lo no currículo escolar

da EJA. Se aceitarmos o esporte como prática social, tema da cultura corporal, devemos

questionar suas normas resgatando os valores que privilegiam o coletivo sobre o

individual, o compromisso da solidariedade e respeito humano, que se deve jogar com o

outro e não contra o outro. Por isso esse conteúdo deve ser apresentado aos alunos de

forma a criticá-lo, promovendo a sua resignificação, e sua adaptação a realidade que a

prática cria e recria, colocando-o como um meio e não fim em si mesmo.

Os jogos oportunizam ao jovem e ao adulto experimentar atividades prazerosas,

que envolvam partilhas, negociações e confrontos que estimulem o exercício de reflexão

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sobre as relações entre as pessoas e os papéis que elas assumem perante a sociedade,

bem como a possibilidade de resgatar as manifestações lúdicas e culturais.

O estudo da ginástica pretende favorecer o contato do educando com as

experiências corporais diversificadas, seu caráter preventivo, modismo, melhora da

aptidão física, tem o objetivo de conscientizar os educandos de seus possíveis benefícios,

bem como os danos causados pela sua prática inadequada ou incorreta.

A dança a ser trabalhado na EJA contribui para o desenvolvimento, conhecimento

e ritmo do corpo. Ao relacionar-se com o outro, cada gesto representa sua história, sua

cultura, como manifestação de vida, por meio de um processo continuo de integração e

relacionamento social.

O estudo sobre o lazer proporciona reflexões a cerca do uso do tempo livre, com

atividades que lhe propiciem prazer, descontração, alegria, socialização, conscientização

clareza das necessidades e benefícios que serão adquiridos e que contribuam para o seu

bem estar físico, mental e social.

Os conteúdos propostos poderão ser distribuídos de forma informativa, prática ou

teórica e poderão ser modificados de acordo com cada realidade. Os conteúdos esporte,

jogos, dança, lazer e ginástica são comuns ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, o

conteúdo saúde mantêm a especificidade de cada ensino.

15.4.3.1 CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO

SAÚDE

(Ensino

Fundamental)

- Definição de saúde.

- Atividade física na produção de saúde.

- Sedentarismo.

- Postura.

- Anabolizantes e suas consequências.

- Controle de frequência cardíaca.

SAÚDE

(Ensino Médio)

- Definição de saúde.

- Obesidade.

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- Stresse.

- Hábitos alimentares.

- LER e DORT.

- Ergonomia.

- Corpo do trabalhador e seus sacrifícios.

- Controle de frequência cardíaca.

- Envelhecer com saúde.

ESPORTES

(Ensino

Fundamental

e Médio)

- Definições de esporte.

- História e origem.

- Princípios básicos (fundamentos).

- Táticas e regras.

- Esporte como fenômeno global.

- Atividades práticas.

JOGOS

(Ensino

Fundamental

e Médio)

- Definição de jogo.

- Aspectos históricos sociais.

- Tipos de jogos: jogos cooperativos, jogos recreativos/ jogos

lúdicos, jogos intelectivos, jogos de dramatização e jogos pré-

desportivos.

- Diferentes manifestações culturais.

- Atividades práticas.

GINÁSTICA

(Ensino

Fundamental

e Médio)

- História e origem.

- Tipos de ginástica: ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica

laboral e ginástica de academia.

- Princípios básicos.

- Atividades práticas.

DANÇA

(Ensino

- História e origem

- Tipos de dança: danças folclóricas, danças circulares, danças de

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Fundamental

e Médio)

salão, danças criativas.

- Expressão corporal/atividades rítmicas.

- Danças da cultura local.

- Atividades práticas.

LAZER

(Ensino

Fundamental

e Médio)

- Definição de lazer.

- Aproveitamento do tempo livre.

- Lazer e benefícios para saúde.

15.4.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTI, M.; ZULIANI. L.R. Educação Física: uma proposta de diretrizes pedagógicas . Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. Guarulhos I(I): 73-81.2002

COLL, C. Psicologia e currículo: uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. 2.ed. São Paulo: Ática, 1997.

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CORBIN, C.B. The field of Physical Education: common goals, not common roles. JOPERD, Reston, p.79-87, 1993.

FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A . J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.

LOVISOLO, H. Educação Física: a arte da mediação. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

NEIRA, M.G.; MATTOS. Educação Física na Adolescência: construindo o conhecimento na escola. São Paulo: Phorte, 2004.

NETO, L.P.X. ; ASSUNÇÃO, J.R. Saiba mais sobre Educação Física. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições, 2005.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná: Educação Física. Versão Preliminar. 2005.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná: Língua Estrangeira Moderna. Versão Preliminar. 2005.

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SANTO, D. L. Tendências e expectativas da educação física escolar. In: I Semana de Educação Física, 1993, São Paulo. Anais... São Paulo: Universidade São Judas Tadeu - Departamento de Educação Física, 1993. v. 1.

SAVIANI, D. Escola e democracia. 35.ed. Campinas: Autores Associados, 2002.

SOARES, C. L.; et all. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

SOUZA, E.S. VAGO. T. M. Trilhas e Partilhas: Educação Física na Cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte: Ed. dos Autores 1997.

ZABALA, A. Aprendizaje significativo: el professor como movilizador de lãs competências de sus alunos. In: SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE, 6., 1997, São Paulo. Anais... São Paulo: Grupo Associação de Escolas Particulares, 1997. p.1-39.

________. (Org.). Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

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BRACHT, V.; PIRES, R.; GARCIA, S.P.; SOFISTE, A.F.S. A prática pedagógica em educação física: a mudança a partir da pesquisa-ação. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v.23, n.2, p. 9-30, jan. 2002.

BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: < http://www.ufop.br/graduação/idbtext.html.>. Acesso em: 8 jan. 2001.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CEB nº 1, de 5 de julho de 2000. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília, 2000.

GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Implementação de programas de Educação Física escolar direcionados à promoção da saúde. Revista Brasileira de Saúde Escolar, Campinas, v. 3 n.1/4, p. 67-75, 1994.

LAWSON, H.A. Education for social responsibility: preconditions in retrospect and in prospect. QUEST, Champaign, n.51, p.116-149, 1999.

LOVISOLO, H. Hegemonia e legitimidade nas ciências dos esportes. Motus Corporis, Rio de janeiro, v.3, n.2, p.51-72, dez. 1996.

MANOEL, E.J. Desenvolvimento motor: implicações para a Educação Física escolar. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.8, n.1, p.82-97, 1994.

MATVEEV, A.P. Educação física escolar: teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1997.

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PARANÁ. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná. Curitiba, 1997.

TANI, G. Vivências práticas no curso de graduação em Educação Física: necessidade, luxo ou perda de tempo? Caderno Documentos, nº 2, Universidade de São Paulo, 1996.

UNESCO. Education: the necessary utopia. Disponível em: < http://www.unesco.org/delors/utopia.htm >. Acesso em: 18 jan. 2005.

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15.5 DISCIPLINA DE MATEMÁTICA

15.5.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DA MATEMÁTICA

A Educação Matemática é um importante ramo do conhecimento humano. A sua

origem remonta à antiguidade clássica greco-romana. Os gregos conceberam a

Matemática como um dos conteúdos da filosofia, portanto, como um dos instrumentos da

arte de conhecer o mundo em sua totalidade.

Dessa forma, o educador além de dominar os conteúdos matemáticos, deve

também conhecer os fundamentos histórico-filósoficos da Matemática, e ainda, o(s)

processo(s) pelo(s) qual(is) o educando aprende; aquisição do conhecimento.

Nesse sentido, é importante que o educador tenha conhecimento das práticas

pedagógicas que norteiam o ensino da Matemática na atualidade. Para tanto, é

necessário resgatar o processo educacional vivenciado, especialmente, a partir da

década de 60 do século passado.

O ensino da Matemática, desde então, tem sofrido alterações na sua forma de

organização e de conceber os conteúdos. Pode-se destacar as seguintes fases: até

meados de 1960, prevaleceu a chamada “Matemática Tradicional”, em que predominava

a valorização do conteúdo desvinculado da prática e com ênfase na memorização de

regras. Depois, surgiu o “Movimento da Matemática Moderna”, cujo objetivo principal era

a unificação dos vários campos da Matemática, tais como, a Aritmética, a Álgebra e a

Geometria. O seu grande objetivo era o trabalho pedagógico por meio da linguagem dos

conjuntos, mas que ficou reduzida a um simbolismo exagerado a ser memorizado pelo

aluno.

Os membros da comissão do Movimento da Matemática Moderna, por sua vez,

assinalaram vários defeitos no currículo tradicional difundido, afirmando a importância de

se abandonar o conteúdo tradicional em favor dos novos conteúdos, entre eles a álgebra

abstrata, a topologia, a lógica simbólica e a álgebra de Boole.

Vejamos como Morris Kline exemplifica, como sugestão, uma aula de Matemática,

nos moldes da Matemática Moderna:

“A professora pergunta:

― Por que 2 + 3 = 3 + 2 ?

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― Porque ambos são iguais a 5 – respondem os alunos sem hesitar.

― Não, a resposta exata é porque a propriedade comutativa da soma assim o sustenta.

― A segunda pergunta é: Porque 9 + 2 = 11 ?

Novamente os alunos se apressam a responder:

― 9 e 1 são 10 e mais um é 11.

― Está errado! – exclama a professora. – A resposta exata é que pela definição 2,

9 + 2 = 9 + (1 + 1) ... .

Vê-se, portanto, neste exemplo que as propriedades dos Números Naturais, Teoria

dos Conjuntos, se sobrepõe ao algoritmo da adição, Aritmética, no mesmo conjunto

numérico. No caso, essa sobreposição faz com que a professora classifique as respostas

indicadas pelos alunos como erradas, e, logo a seguir, a mesma reforça novamente a

resposta correta através da propriedade comutativa.(PETRONZELLI, 2002, pp.40-1)

Com o advento da Lei 5692/71, a ênfase passou a ser a metodologia, justificada

pela necessidade do aluno poder desenvolver toda sua potencialidade, ou seja, valorizou-

se a manipulação de materiais concretos, relegando-se a segundo plano a fase de

automação, priorizando-se o atendimento à criança em sua fase de desenvolvimento, mas

descuidando-se da sistematização dos conhecimentos matemáticos sócio-históricos

acumulados pela humanidade. A grande dificuldade dos professores foi, então, a

passagem do concreto para o abstrato, o que é fundamental para a matemática.

Na atual proposta pedagógica para a EJA, procura-se a interação entre o conteúdo

e as formas. A perspectiva, nesse sentido, é estabelecer uma relação dialética - teoria e

prática - entre o conhecimento matemático aplicado no processo de produção da base

material de existência humana e as manifestações teórico-metodológicas que estruturam

o campo científico da própria Matemática. Dessa forma, o ensino da Matemática deve ser

concebido de modo a favorecer as necessidades sociais, tais como: a formação do

pensamento dialético, a compreensão do mundo social e natural, a ciência como obra

decorrente do modo de cada sociedade - Grega, Feudal, Moderna – produzir a vida.

Concebida desta forma, a Educação Matemática desempenhará um papel

fundamental na aquisição da reflexão filosófica por parte dos educandos, isto é, da

consciência crítica que supera o senso comum que toma a aparência das coisas como

sendo verdades absolutas, ou seja, a Matemática deve ser vista, como uma ciência viva e

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dinâmica, produto histórico, cultural e social da humanidade.

Ao revelar a Matemática como uma produção humana, demonstrando as

necessidades e preocupações das diferentes culturas em diferentes épocas e ao

relacionar os conceitos matemáticos de hoje com os construídos no passado, o educador

permite que o educando reflita sobre as condições e necessidades que levaram o homem

a chegar até determinados conceitos, ou seja, o educador estará proporcionando no

processo de ensino-aprendizagem a reflexão da construção da sobrevivência dos homens

e da exploração do universo, dessa forma, estará caracterizando a relação do homem

com o próprio homem e do homem com a natureza.

O produto do desenvolvimento da humanidade pode ser demonstrado através da

historicidade. Isto indica que ao trabalhar nos bancos escolares a abstração, o

conhecimento sistematizado e teórico, o educando entenderá o avanço tecnológico, a

elaboração da ciência, a produção da vida em sociedade.

Portanto, a abordagem histórica da matemática permite ao educando jovem, adulto

e idoso, compreender que o atual avanço tecnológico não seria possível sem a herança

cultural de gerações passadas. Entretanto, essa abordagem não deve restringir-se a

informações relativas a nomes, locais e datas de descobertas, e sim ao processo

histórico, viabilizando com isso a compreensão do significado das ideias matemáticas e

sociais.

Mas, além de compreender que o conhecimento matemático é sócio-histórico, faz-

se necessário que o educando estabeleça relações entre os elementos internos da

própria Matemática - conteúdos escolares - e os conceitos sociais.

Esse conhecimento prescinde de um tratamento metodológico que considere a

especificidade da Educação de Jovens e Adultos - EJA e deve constituir o ponto de

partida para todo o ensino-aprendizagem da Matemática, ou seja, os educandos devem

ter oportunidades de contar suas histórias de vida, expor os conhecimentos informais que

têm sobre os assuntos, suas necessidades cotidianas, suas expectativas em relação à

escola e às aprendizagens em matemática.

Embora, os jovens, adultos e idosos, com nenhuma ou pouca escolaridade,

dominem algumas noções básicas dos conteúdos matemáticos que foram apreendidas de

maneira informal nas suas vivências, a EJA tem a função de transformar essas noções

elementares, conceitos espontâneos, em conceitos científicos, fazendo o educando

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dominar a Linguagem Matemática e suas Representações, os Conceitos Matemáticos e

Sociais, os Cálculos e os Algoritmos, a História da Matemática e a Resolução de

Problemas.

A compreensão e apreensão desses pressupostos metodológicos por parte dos

educandos e dos educadores, dão significado aos conteúdos escolares a serem

ensinados e estudados. Embora seja importante considerar que esses significados

também devem ser explorados em outros contextos, como por exemplo, nas questões

internas da própria Matemática e em problemas históricos.

Desconsiderar esses pressupostos metodológicos na Educação de Jovens e

Adultos uma prática centrada no desenvolvimento do pensamento linear e fragmentado,

numa concepção de ciência imutável, estabelecendo definitivamente o rompimento entre

o lógico e o histórico, entre o conteúdo e as formas, entre a teoria e a prática, entre a

lógica formal e a lógica dialética, entre a totalidade e as unidades, enfim, entre o mundo

social e natural.

A Educação Matemática deve ter, então, os seus pressupostos bem definidos e

delimitados, uma vez que a teoria se desdobra em “prática científica”:

Ao professor, como um profissional do ensino, é dada a responsabilidade não só de dominar a teoria como a de inscrevê-la no universo de um cotidiano que a justificaria(...). As abstrações reunidas na teoria, organicamente dispostas em definições e conceitos, devem transitar por um caminho inverso. O professor precisa demonstrar a utilidade ou funcionamento do sistema teórico no real. A teoria precisa transmutar-se em dados ou exemplos concretos, que garantam, justifiquem ou expliquem o já defendido (hipoteticamente) no discurso. Nesse sentido, a teoria precisa desmembrar-se, na voz do professor, no relato de múltiplas interações ou mediações que repõem o problema no rastro de sua solução.(NAGEL, pp. 3-4, 2003)

Nessa perspectiva, há de se considerar como ponto de partida a construção do

conhecimento, os saberes desenvolvidos no decorrer da vivência dos educandos, que se

manifestam em suas interações sociais e compõem suas bagagens culturais, que são

frequentemente desconsiderados na prática pedagógica da EJA. No entanto, a superação

desses saberes e a incorporação dos conceitos científicos são trabalhos que a escola

deve planejar e executar.

É importante enfatizar que, os conteúdos matemáticos quando abordados de forma

isolada, não são efetivamente compreendidos nem incorporados pelos educandos como

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ferramentas eficazes para resolver problemas e para construir novos conceitos, pois, é

perceptível que o conhecimento só se constrói plenamente quando é mobilizado em

situações diferentes daquelas que lhe deram origem, isto é, quando é transferível para

novas situações. Isto significa que os conhecimentos devem ser descontextualizados,

abstraídos, para serem novamente contextualizados, isto é, fazer a transposição didática.

Nesse sentido, a educação matemática para o educando jovem, adultos e idoso

deve ter como objetivo a reversão do atual quadro em que se encontra o ensino da

Matemática, ou seja, a definição dos conteúdos anteriormente fragmentados deve ser

visto em sua totalidade, sem o qual não é possível querer mudar qualquer prática

pedagógica consistente.

Dessa forma, é necessário que o ensino de Matemática e o seu significado sejam

restabelecidos, visto que, o ensino e a aprendizagem de Matemática devem contribuir

para o desenvolvimento do raciocínio crítico, da lógica formal e dialética, da coerência e

consistência teórica da Ciência – o que transcende os aspectos práticos. Com isso faz-se

necessário repensar o ensino de Matemática, pois o processo de emancipação política e

social da humanidade estão diretamente ligados ao domínio do conhecimento. Ele é parte

constitutiva da elaboração do pensamento reflexivo.

15.5.2 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Para dimensionar o papel da Matemática na formação do jovem, adulto e idoso é

importante que se discuta a natureza desse conhecimento, suas principais características

e seus métodos particulares, e ainda, é fundamental discutir suas articulações com outras

áreas do conhecimento.

As diversas contingências históricas têm levado os professores a deixar de lado a

importância do conhecimento teórico, no entanto, é de fundamental importância que o(a)

educador(a) tenha clareza que, sem o qual, não é possível mudar qualquer prática

pedagógica de forma significativa. Com isso, só se tem conseguido mudanças superficiais

no que se refere à reposição de conteúdos, por meio de estratégias metodológicas

tradicionais que não levem os educandos a uma transposição didática.

É perceptível que, a mera seleção de conteúdos não assegura o desenvolvimento

da prática educativa consistente. É necessário garantirmos, como dissemos

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anteriormente, a relação entre a teoria e a prática, entre o conteúdo e as formas, entre o

lógico e o histórico.

Portanto, é de suma importância que o educador se aproprie dos

encaminhamentos metodológicos do ensino da Matemática, e acrescente, esses

elementos a reflexão pedagógica da Educação de Jovens e Adultos.

Nessa perspectiva, a

contextualização do saber é uma das mais importantes noções pedagógicas que deve ocupar um lugar de maior destaque na análise da didática contemporânea. Trata-se de um conceito didático fundamental para a expansão do significado da educação escolar. O valor educacional de uma disciplina expande na medida em que o aluno compreende os vínculos do conteúdo estudado com uma contextualização compreensível por ele(...). O desafio didático consiste em fazer essa contextualização sem reduzir o significado da idéias matemáticas que deram ao saber ensinado.” (PAIS, 2001, pp. 26-27).

De forma equivocada, a abordagem de determinados conceitos fundamentais na

construção do conhecimento matemático é muitas vezes suprimida ou abreviada, sob a

alegação de que não fazem parte do cotidiano dos educandos. Tal concepção de ciência

e de conhecimento viabiliza na escola uma visão reducionista da Matemática, cuja

importância parece ficar restrita a sua utilidade prática; ao pragmatismo.

Nesse contexto, a noção de contextualização permite ao educador uma postura

crítica priorizando os valores educativos, sem reduzir o seu aspecto acadêmico (PAIS,

2001, p.27).

O processo de seleção dos conteúdos matemáticos escolares, envolve um desafio,

que implica na identificação dos diversos campos da Matemática e o seu objeto de

estudo; processo de quantificação da relação do homem com a natureza e do homem

com o próprio homem.

No entanto, não devemos deixar de identificar os conteúdos escolares matemáticos

que são socialmente relevantes para a EJA, pois os mesmos devem contribuir para o

desenvolvimento intelectual dos educandos.

• As Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Estado

da Educação do Paraná, versão preliminar, em seu capítulo “Orientações

Metodológicas”, aponta quatro critérios para a seleção de conteúdos e das práticas

educativas. São eles:

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• a relevância dos saberes escolares frente à experiência social construída

historicamente.

• os processos de ensino e aprendizagem, mediatizados pela ação docente junto aos

educandos.

• a organização do processo ensino-aprendizagem, dando ênfase às atividades que

permitem a integração entre os diferentes saberes.

• as diferentes possibilidades dos alunos articularem singularidade e totalidade no

processo de elaboração do conhecimento.

Nessa forma de organização curricular, as metodologias são um meio e não um fim

para se efetivar o processo educativo. É preciso que essas práticas metodológicas sejam

flexíveis, e que adotem procedimentos que possam ser alterados e adaptados às

especificidades da comunidade escolar.

Nessa perspectiva, é de suma importância evidenciar que o ensino-aprendizagem

de Matemática sejam permeados pela(os): História da Matemática; Resolução de

Problemas; Conceitos Matemáticos e Sociais; Linguagem Matemática e suas

Representações; Cálculos e/ou Algoritmos; Jogos & Desafios. Estes elementos devem

permear a Metodologia de Ensino da Matemática, pois eles expressam a articulação entre

a teoria e a prática, explicitando no ato pedagógico a relação entre o signo, o significado e

o sentido dos conteúdos escolares nos diversos contextos sociais e históricos.

É importante enfatizar que a relação de conteúdos não deve ser seguida

linearmente, mas desenvolvida em conjunto e de forma articulada, proporcionando ao

educando a possibilidade de desenvolver a capacidade de observar, pensar, estabelecer

relações, analisar, interpretar justificar, argumentar, verificar, generalizar, concluir e

abstrair. Dessa forma, serão estimulados a intuição, a analogia e as formas de raciocínio

indutivo e dedutivo.

Os conteúdos matemáticos presentes no ensino fundamental, a serem ensinados

nas escolas de EJA, estão organizados por eixos. são eles: números e operações,

geometria, medidas e tratamento de informação, que compreendem os elementos

essenciais da organização curricular.

Os eixos e seus respectivos conteúdos deverão ser trabalhados de forma

articulada. esta relação pode ser viabilizada entre os eixos e/ou entre os conteúdos.

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É importante ter clareza da especificidade de cada eixo, bem como, que estes não

devem ser trabalhados de maneira isolada, pois, é na inter-relação entre os conteúdos de

cada eixo, entre os eixos de conteúdos e entre os eixos metodológicos, que as ideias

matemáticas ganham significado.

Os conteúdos matemáticos presentes no Ensino Médio, a serem ensinados nas

escolas de EJA, deverão propiciar o desenvolvimento de conceitos: numéricos,

algébricos, geométricos e gráficos e da mesma forma, devem ser trabalhados como um

conjunto articulado. Isso significa que o tratamento dos conteúdos em compartimentos

estanques deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões sejam favorecidas e

destacadas.

Nesse contexto, a avaliação em Matemática na EJA deve permitir ao educador

fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da apreensão do

conhecimento pelo educando, estabelecendo inter-relações entre o conhecimento

matemático e o contexto social.

É fundamental que a avaliação seja coerente com a metodologia utilizada pelo

educador, bem como, com os objetivos que se pretende alcançar, visto que, esta tem a

finalidade de fornecer informações do processo de desenvolvimento do educando - a ele

mesmo e ao educador. Essas informações permitem ao educador, uma reflexão crítica

sobre a sua prática pedagógica, no sentido de captar seus avanços, suas resistências,

suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os

obstáculos, uma vez que os educandos possuem diferentes tempos de aprendizagem.

O processo avaliativo deve ser um recurso pedagógico, que considera erros e

acertos como elementos sinalizadores para seu replanejamento, ou seja, toma o erro

como ponto de partida para rever caminhos, para compreender e agir sobre o processo

de construção do conhecimento matemático.

No que se refere à avaliação em matemática, considerando o perfil do educando

jovem, adulto e idoso, pontua-se alguns indicativos a serem contemplados pelos

educadores:

• considerar todas as formas de raciocínio, ou seja, os procedimentos/métodos

utilizados pelo educando para resolver uma determinada situação-problema;

• resultado não é o único elemento a ser contemplado na avaliação matemática, pois,

mesmo que este não esteja de acordo, ele pode ter utilizado-se de métodos

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coerentes, equivocando-se em apenas parte do processo de desenvolvimento do

raciocínio matemático.

• erro deve ser considerado como ponto de partida para rever caminhos,

compreendendo todo o processo de construção do conhecimento matemático.

Portanto, a avaliação da aprendizagem matemática considerada como mecanismo

diagnóstico, deverá englobar todas as instâncias que compõem a escola: currículo,

planejamento, metodologia, conteúdos, o educando, o educador e a própria escola.

Entendida como processo, a avaliação deverá possibilitar uma constante

elaboração e reelaboração não só do conhecimento produzido, mas da ação pedagógica

como um todo.

15.5.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS

15.5.3.1 ENSINO FUNDAMENTAL

Números e Operações

Construção do conceito de número (IN, Z, Q, I e R): classificação e seriação.

Conjuntos numéricos: abordagem histórica.

Algoritmos e operações.

Raciocínio Proporcional.

Porcentagem.

Grandezas diretas e inversamente proporcionais.

Regra de três.

Juros simples e composto.

Expressar generalizações sobre propriedades das operações aritméticas.

Potenciação e radiciação.

Traduzir informações contidas em tabelas e gráficos em linguagem algébrica e vice-versa.

Operações com monômios e polinômios.

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Equações de 1º e 2º graus.

Sistema de equações de 1º grau – com duas variáveis.

Cálculo Mental e Estimativa.

Geometria

Conceitos de: direção e sentido; paralelismo e perpendicularismo.

Reconhecimento dos sólidos (faces, arestas e vértices).

Classificação dos sólidos (poliedros e corpos redondos).

Conceituação dos poliedros.

Identificar poliedros e polígonos:

• cubo – quadrado.

• paralelepípedo – retângulo.

• pirâmide – triângulo.

Trabalhando a relação de figuras espaciais e percepção espacial.

Noção de planificação (espaço para o plano).

Planificação – construção das figuras espaciais (plano para o espaço).

Identificar - faces, arestas e vértices.

Identificar figuras planas.

Classificação dos polígonos.

Ângulos - construção

Soma dos ângulos internos de um polígono.

Classificação de triângulo quanto aos lados e ângulos.

Ampliação e redução de figuras (percepção e criatividade).

Ângulos notáveis (articulado com simetria e a construção de gráficos de setores).

Relações entre figuras espaciais e planas.

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Decomposição e composição de figuras.

Congruência e semelhança: figuras planas, triângulos.

Simetria (conceitos/aplicações).

Teorema de Tales.

Teorema de Pitágoras.

Medidas de

Tempo: calendário, relógio e relações com o sistema de numeração decimal

uso das medidas de tempo e conversões de Temperatura (Corporal e Climática).

Sistema Monetário e sua relação com SND.

conversões e relação entre as principais moedas: real, dólar, euro, pesquisa de mercado.

Medidas de:

• ângulos.

• comprimento.

• superfície.

• capacidade.

• volume.

Razão entre áreas de figuras semelhantes.

Perímetro e área de figuras planas.

Cálculo de volume de alguns sólidos geométricos.

Medidas de Massa.

Tratamento de Informação

Probabilidade: experimentos e situações-problema.

Estatística: problematização, coleta, organização, representação e análise de dados

Medidas de posição.

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Análise Combinatória: agrupamentos e problemas de contagem.

Porcentagem, linguagem gráfica com análise quantitativa.

15.5.3.2. ENSINO MÉDIO

Números e Álgebra de Equações

Organização dos Campos Numéricos.

Razão e Proporção.

Regra de três simples e composta.

Possibilidade de diferentes escritas numéricas envolvendo as relações entre as

operações:

números decimais em forma de potência de 10, notação científica e potências de

expoente negativo.

Radicais em forma de potência.

A potenciação e a exponenciação.

Propriedades da potenciação.

A linguagem algébrica: fórmulas matemáticas e as identidades matemáticas.

Decodificação, codificação e verificação de equações de 1º e 2º graus.

Sistema com duas variáveis).

Funções

Função afim.

Função quadrática.

Sequências.

• Progressão Aritmética.

• Progressão Geométrica.

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Noções de:

• Matrizes;

• Determinantes;

• Sistemas Lineares (3x3).

Geometria e Trigonometria

Relações entre formas:

• espaciais e planas;

• planas e espaciais.

Representação geométrica dos números e operações.

Geometria Espacial e Plana:

Relações entre quadriláteros quanto aos lados e aos ângulos, paralelismo e

perpendicularismo.

Congruência e semelhança das figuras.

Propriedades de lados, ângulos e diagonais em polígonos.

Ângulos entre retas e circunferências e ângulos na circunferência.

Reta e plano no espaço, incidência e posição relativa.

Sólidos geométricos: representação, planificação e classificação.

Cilindro, cone, pirâmide, prismas e esfera.

Cálculo de volumes e capacidades.

Geometria Analítica:

o ponto (distância entre dois pontos e entre ponto e reta)

a reta (distância entre retas)

a circunferência.

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Trigonometria:

Ângulos, processo de triangulação, triângulo retângulo, semelhança de triângulos.

As razões trigonométricas e o triângulo retângulo.

Leis do seno e cosseno.

Tangente como a razão entre o seno e o cosseno.

Construção de tabelas de senos, cossenos e tangentes de ângulos.

Cálculos de perímetros e áreas de polígonos regulares pela trigonometria.

Ciclo Trigonométrico – Trigonometria da 1ª volta.

Gráfico de funções trigonométricas.

Tratamento de Informação

Estatística:

• Gráficos e tabelas

• Medidas e tendência central

• Polígonos de frequência

• Aplicações

• Análise de dados

• Sistematização da contagem:

• Princípio multiplicativo;

• Análise Combinatória;

• Probabilidade:

• Probabilidade de um evento;

• União e intersecção de eventos;

• Probabilidade condicional

• Relação entre probabilidade e estatística

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Noções de Matemática Financeira:

Porcentagem;

Juro composto;

Tabela Price (aplicação e construção).

15.5.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Matemática: livro do estudante: ensino fundamental/coordenação Zuleika de Felice Murrie. – Brasília: MEC: INEP, 2002

Matemática: matemática e suas tecnologias: livro do professor: ensino fundamental e médio/ coordenação Zuleika de Felice Murrie. – Brasília: MEC: INEP, 2002

BICUDO, M. A. V. e GARNICA, ª V. M. Filosofia da educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

BOYER, C. B. História da matemática. Tradução: Elza F. Gomide. São Paulo> Edgard Blucher, 1974

BRASIL, Ministério da Educação. Secretária de Educação Fundamental, 2002 – Proposta Curricular para a educação de jovens e adultos: segundo segmento do ensino fundamental: 5ª a 8ª série: introdução.

DUARTE, Newton. O ensino de matemática na educação de adultos. São Paulo: Cortez, 1994.

FONSECA, Maria da Conceição F.R. Educação Matemática de Jovens e Adultos: especificidades, desafios e contribuições. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

MATO GROSSO DO SUL, Secretária de Estado de Educação. Subsídios de matemática. V, 8ª: 1 ed. Campo Grande: 2000.

MIORIM, Maria Ângela. Introdução à história da matemática. São Paulo: Graal, 1973.

PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação de jovens e adultos no Estado do Paraná – DCE. Versão preliminar. Jan/2005.

PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental no Estado do Paraná – DCE. Versão preliminar. Jan/2005.

PAIS, L. C. Didática da matemática – uma análise da influência francesa. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

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SMOLE, K. S., DINIZ, M. I. Ler escrever e resolver problemas. Porto Alegre: ARTMED, 2001.

NAGEL, Lízia Helena. Em questão: profissionalismo no ensino. Maringá: UEM, 2003 (texto digitado)

PETRONZELLI, Vera Lúcia Lúcio. Educação Matemática e a aquisição do conhecimento matemático: alguns caminhos a serem trilhados, 2002. (Dissertação de Mestrado, UTP) 166p.

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15.6 DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS

15.6.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS

A Educação de Jovens e Adultos - EJA, no Estado do Paraná, de acordo com suas

Diretrizes Curriculares e em consonância com as discussões realizadas com os

professores da rede pública estadual de ensino, apresenta os fundamentos teóricos,

metodológicos e avaliativos do ensino de Ciências, que norteiam a elaboração da

proposta curricular desta disciplina.

Partindo do pressuposto que a ciência não se constitui numa verdade absoluta,

pronta e acabada, é indispensável rever o processo de ensino e aprendizagem de

Ciências no contexto escolar, de modo que o modelo tradicional de ensino dessa

disciplina, no qual se prioriza a memorização dos conteúdos, sem a devida reflexão, seja

superado por um modelo que desenvolva a capacidade dos educandos de buscar

explicações científicas para os fatos, através de posturas críticas, referenciadas pelo

conhecimento científico.

É necessário distinguir os campos de atuação da ciência, seus contextos e

valores, como também, os objetivos dispensados à disciplina de Ciências no contexto

escolar. Para tanto,

deve-se reconhecer que a ciência é diferente da disciplina escolar ciências. A ciência realizada no laboratório requer um conjunto de normas e posturas. Seu objetivo é encontrar resultados inéditos, que possam explicar o desconhecido. No entanto, quando é ministrada na sala de aula, requer outro conjunto de procedimentos, cujo objetivo é alcançar resultados esperados, aliás planejados, para que o estudante possa entender o que é conhecido. A ciência sabe como procurar mas não conhece resultados de antemão. O ensino, ao contrário, conhece muito bem quais são os objetivos a encontrar, mas as discussões de como proceder para alcançá-los apontam para diferentes caminhos. Existe portanto uma diferença fundamental entre a comunicação de conhecimento em congressos científicos, entre cientistas, e a seleção e adaptação de parcelas desse conhecimento para ser utilizado na escola por professores e alunos. (BIZZO, 2002, p.14)

Nessa perspectiva, a disciplina de Ciências tem como fundamento o conhecimento

científico proveniente da ciência construída historicamente pela humanidade.

Os fatos cotidianos e os conhecimentos adquiridos ao longo da história podem ser

entendidos pela interação das várias áreas do conhecimento, revelando a importância da

Química, da Física, da Biologia, da Astronomia e das Geociências, que se complementam

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para explicar os fenômenos naturais e as transformações e interações que neles se

apresentam.

Os fenômenos não são explicados apenas por um determinado conhecimento,

portanto, é importante estabelecer as relações possíveis entre as disciplinas, identificando

a forma com que atuam e as dimensões desses conhecimentos, pois o diálogo com as

outras áreas do conhecimento gera um movimento de constante ampliação da visão a

respeito do que se estuda ou se conhece.

Outro aspecto a ser desenvolvido pelo ensino de Ciências na EJA é a reflexão

sobre a importância da vida no Planeta. Isso inclui a percepção das relações históricas,

biológicas, éticas, sociais, políticas e econômicas, assim como, a responsabilidade

humana na conservação e uso dos recursos naturais de maneira sustentável, uma vez

que dependemos do Planeta e a ele pertencemos.

O caminho evolutivo da ciência promoveu o avanço tecnológico que deve ser

discutido no espaço escolar, de tal maneira que o educando possa compreender as

mudanças ocorridas no contexto social, político e econômico e em outros meios com os

quais interage, proporcionando-lhe também o estabelecimento das relações entre o

conhecimento trazido de seu cotidiano e o conhecimento científico e, partindo destas

situações, compreender as relações existentes, questionando, refletindo, agindo e

interagindo com o sistema.

Essa relação entre ciência e tecnologia, aliada à forte presença da tecnologia no cotidiano das pessoas, já não pode ser ignorada no ensino de Ciências, e sua ausência aí é inadmissível. Consideram-se, ainda, os efeitos da ciência/tecnologia sobre a natureza e o espaço organizado pelo homem, o que leva à necessidade de incluir no currículo escolar uma melhor compreensão do balanço benefício-malefício da relação ciência-tecnologia (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002, p.68-69).

É importante que o educando tenha acesso ao conhecimento científico a fim de

compreender conceitos e relações existentes entre o ambiente, os seres vivos e o

universo, numa concepção flexível e processual, por meio do saber questionador e

reflexivo. Da mesma forma, se faz necessário possibilitar ao educando perceber os

aspectos positivos e negativos da ciência e da tecnologia, para que ele possa atuar de

forma consciente em seu meio social e interferir no ambiente, considerando a ética e os

valores sociais, morais e políticos que sustam a vida.

O conjunto de saberes do educando deve ser considerado como ponto de partida

para o processo de ensino e aprendizagem, estabelecendo relações com o mundo do

trabalho e com outras dimensões do meio social.

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As Ciências Naturais são compostas de um conjunto de explicações com peculiaridades próprias e de procedimentos para obter essas explicações sobre a natureza e os artefatos materiais. Seu ensino e sua aprendizagem serão sempre balizados pelo fato de que os sujeitos já dispõem de conhecimentos prévios a respeito do objeto de ensino. A base de tal assertiva é a constatação de que participam de um conjunto de relações sociais e naturais prévias a sua escolaridade e que permanecem presentes durante o tempo da atividade escolar (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002, p.131).

Dessa forma, é importante que o ensino desenvolvido na disciplina de Ciências na

EJA, possibilite ao educando, a partir de seus conhecimentos prévios, a construção do

conhecimento científico, por meio da análise, reflexão e ação, para que possa argumentar

e se posicionar criticamente.

15.6.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

Na medida em que se acredita numa Ciência aberta, inacabada, produto da ação

de seres humanos inseridos num contexto próprio relativo ao seu tempo e espaço e, no

estudo na disciplina de Ciências, como uma das formas de resgate e de construção de

melhores possibilidades de vida individuais e coletivas, há que se optar por uma

metodologia de ensino e de aprendizagem adequada à realidade do educando da EJA,

em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais propostas para esta

modalidade de ensino. Segundo RIBEIRO (1999, p.8),

criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos.

Nessa perspectiva, destaca-se a importância de propiciar aos educandos, a

compreensão dos conceitos científicos de forma significativa, ou seja, que o

conhecimento possa estar sendo percebido em seu contexto mais amplo, não somente

nos afazeres diários, mas na forma de perceber a realidade local e global, o que lhe

permitirá posicionar-se e interferir na sociedade de forma crítica e autônoma. Para tanto, o

educador da EJA deve partir dos saberes adquiridos previamente pelos educandos,

respeitando seu tempo próprio de construção da aprendizagem, considerando

• que o educador é mediador e estimulador do processo, respeitando, de forma real,

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como ponto de partida, o conjunto de saberes trazidos pelos educandos;

• as experiências dos educandos no mundo do trabalho;

• a necessária acomodação entre o tempo e o espaço do educando, ainda, o tempo

pedagógico e o tempo físico;

• as relações entre o cotidiano dos educandos e o conhecimento científico.

Nesse aspecto, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de Ciências de

forma contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao educando jovem e adulto

a inter-relação dos vínculos dos conteúdos com as diferentes situações com que se

deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode acontecer a partir de uma

problematização, ou seja, em lançar desafios que necessitem de respostas para

determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade (...), um obstáculo que

é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma dúvida que não

pode deixar de ser dissipada" (SAVIANI, 1993, p.26). As dúvidas são muito comuns na

disciplina de Ciências, devendo ser aproveitadas para reflexão sobre o problema a ser

analisado, e assim, para o educador, o desafio consiste em realizar esta contextualização,

sem reduzir os conteúdos apenas à sua aplicação prática, deixando de lado o saber

acadêmico.

Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de Ciências

é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do pensamento da

Ciência, propiciando condições para que o educando perceba o significado do estudo

dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem própria e da cultura

científica e tecnológica oriundas desse processo.

É importante salientar o uso criativo das metodologias pelo educador, que será

indispensável em todos os momentos do seu trabalho, bem como o olhar atento e crítico

sobre a realidade trazida pelos educandos.

A busca de soluções para as problematizações constitui-se em referência

fundamental no ensino de Ciências. Quando elaborada individual ou coletivamente deve

ser registrada, sendo valorizados os saberes trazidos pelos educandos e a evolução do

processo de aprendizagem. É importante lembrar que a cultura científica deve ser

incentivada mesmo que de forma gradual, respeitando o tempo de cada grupo ou

indivíduo.

Uma estratégia comum em Ciências é a utilização de experimentos e práticas

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realizadas em laboratório. É importante que seja definido com clareza o sentido e o

objetivo dessa alternativa metodológica, visto que muitas vezes, situações muito ricas do

cotidiano são deixadas de lado em detrimento do uso do laboratório. Deve-se considerar a

possibilidade de aproveitamento de materiais do cotidiano, assim como lugares

alternativos, situações ou eventos para se desenvolver uma atividade científica. A

utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório devem ser vistas como

uma atividade comum e diversificada e que não abrem mão do rigor científico, devendo

ser acompanhada pelo professor. Segundo BIZZO (2002, p.75),

é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos.

Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do material

de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que não seja o

único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro didático, BIZZO (2002, p.

66), propõe

que ele deve ser utilizado como um dos materiais de apoio, como outros que se fazem necessários, cabendo ao professor, selecionar o melhor material disponível diante de sua própria realidade, onde as informações devem ser apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos.

Ao pensar na organização dos conteúdos, o educador deve priorizar aqueles que

possam ter significado real à vida dos educandos jovens e adultos. Os conteúdos devem

possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre um

determinado fenômeno e, a partir das relações entre os diversos saberes, estimular a

autonomia intelectual dos mesmos, através da criticidade, do posicionamento perante as

situações-problemas e da busca por mais conhecimentos. Os conteúdos podem ser

organizados sem a rígida sequencia linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve

ser avaliada a relevância e a necessidade desses conteúdos, assim como a coerência

dos mesmos no processo educativo.

O processo avaliativo precisa ser reconhecido como meio de desenvolver a

reflexão de como vem ocorrendo o processo de aquisição do conhecimento por parte do

educando. A verificação da aquisição do conhecimento deve ser ponto de partida para a

revisão e reconstrução do caminho metodológico percorrido pelo educando e,

principalmente, pelo educador.

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O ensino de Ciências na EJA deve propiciar o questionamento reflexivo tanto de

educandos como de educadores, a fim de que reflitam sobre o processo de ensino e

aprendizagem. Desta forma, o educador terá condições de dialogar sobre a sua prática a

fim de retomar o conteúdo com enfoque metodológico diferenciado e estratégias

diversificadas, sendo essencial valorizar os acertos, considerando o erro como ponto de

partida para que o educando e o educador compreendam e ajam sobre o processo de

construção do conhecimento, caracterizando-o como um exercício de aprendizagem.

Partindo da ideia de que a metodologia deve respeitar o conjunto de saberes do

educando, o processo avaliativo deve ser diagnóstico no sentido de resgatar o

conhecimento já adquirido pelo educando permitindo estabelecer relações entre esses

conhecimentos. Desta forma, o educador terá possibilidades de perceber e valorizar as

transformações ocorridas na forma de pensar e de agir dos educandos, antes, durante e

depois do processo.

A avaliação não pode ter caráter exclusivamente mensurável ou classificatório,

deve-se respeitar e valorizar o perfil e a realidade dos educandos da EJA em todos os

seus aspectos, oportunizando-lhe o acesso e a permanência no sistema escolar. Há

necessidade, tanto por parte do educador, quanto da comunidade escolar, de conhecer o

universo desses educandos, suas histórias de vida e suas trajetórias no processo

educativo, visto que, cada um seguirá seu próprio caminho, dentro dos seus limites.

Portanto, a avaliação tem como objetivo promover um diálogo constante entre educador

e educandos, visando o seu êxito nos estudos e, de modo algum, a sua exclusão do

processo educativo.

15.6.3 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS

É indispensável que a organização dos conteúdos da disciplina de Ciências na

proposta curricular esteja vinculada ao espaço e ao tempo de estudo dos educandos e à

experiência cotidiana destes, procurando apresentar os conteúdos como instrumentos de

melhor compreensão e atuação na realidade.

Ao pensar nessa organização, o educador deve priorizar os conteúdos que possam

ter significado real à vida dos educandos, possibilitando-lhes a percepção das diversas

abrangências sobre um determinado fenômeno. Dessa forma, o ensino de Ciências não

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pode se restringir apenas ao livro didático ou ao material de apoio. “A seleção de

conteúdos é tarefa do professor; ele pode produzir uma unidade de ensino que não existe

no livro ou deixar de abordar um de seus capítulos, pode realizar retificações ou propor

uma abordagem diferente” (BIZZO, 2000, p.66).

Considerando as Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de Jovens e

Adultos e as especificidades desta modalidade de ensino, principalmente no que tange ao

tempo de ensino do educador e o tempo de aprendizagem dos educandos, a proposta de

conteúdos essenciais da disciplina de Ciências, contempla:

Universo.

Sistema Solar.

Planeta Terra.

Matéria e Energia.

Materiais, Átomos e Moléculas.

Ligações, Transformações e Reações Químicas.

Tipos de Energia, Movimentos, Leis de Newton.

Calor, Ondas, Luz, Eletricidade e Magnetismo.

Água, Ar e Solo.

Desequilíbrios Ambientais.

Biosfera.

Ecossistemas.

Seres Vivos.

Organismo Humano.

Saúde e Qualidade de vida.

Biotecnologia.

Ciência, Tecnologia e Sociedade.

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15.6.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.

BORGES, R. M. R. Em debate: cientificidade e educação em Ciências. Porto Alegre: SE/CEC/RS, 1996.

CANIATO, R. O céu. São Paulo: Ática, 1990.

_____. O que é astronomia. São Paulo: Brasiliense, 1981.

_____. A terra em que vivemos. Campinas: Papirus, 1985.

CHASSOT, A. I. Catalisando transformações na educação. Ijuí: Editora Unijuí, 1994.

_____. Para que(m) é útil o ensino? Canoas: Editora da ULBRA, 1995.

_____.A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994.

CHASSOT, A. I. & OLIVEIRA, R. J. (Org.) Ciência, ética e cultura na educação. São Leopoldo: Unisinos, 1998.

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 1992.

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. .A.; PERNAMBUCO, M. A. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.

GASPAR, Alberto. Experiências de Ciências para o Ensino Fundamental. São Paulo: Ática, 2003.

GIL-PEREZ, D. & CARVALHO, A. M. P. Formação de professores de ciências: tendências e inovações. São Paulo: Cortez.

HAMBERGER, A. I. & LIMA, E.C. A. S. Pensamento e ação no ensino de ciências. São Paulo: Instituto de Física, 1989.

KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: EPU/USP, 1987.

OLIVEIRA, Renato José de. A escola e o ensino de ciências. São Leopoldo: Unissinos, 2000.

RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educação & Sociedade. v.20, n. 68, Campinas: UNICAMP, dez, 1999.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2001.

SAVIANI, Dermeval. A filosofia na formação do educador. In: _______. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores Associados, 1993, p.20-28.

STENGERS, Isabelle. Quem tem medo da ciência? São Paulo: Siciliano, 1989.

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15.7 DISCIPLINA DE BIOLOGIA

15.7.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE BIOLOGIA

A Educação de Jovens e Adultos - EJA, no Estado do Paraná, de acordo com suas

Diretrizes Curriculares e em consonância com o documento apresentado como a segunda

proposta preliminar das Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino Médio de Biologia

da Rede Estadual de Ensino do Paraná, apresenta os fundamentos teóricos,

metodológicos e avaliativos do ensino de Biologia, que norteiam a elaboração da proposta

curricular desta disciplina.

Partindo do pressuposto que a ciência não se constitui numa verdade absoluta,

pronta e acabada, é indispensável rever o processo de ensino e aprendizagem da

Biologia no contexto escolar, de modo que o modelo tradicional de ensino dessa

disciplina, no qual se prioriza a memorização dos conteúdos, sem a devida reflexão, seja

superado por um modelo que desenvolva a capacidade dos educandos em buscar

explicações científicas para os fatos, através de posturas críticas, referenciadas pelo

conhecimento científico.

É necessário distinguir os campos de atuação da ciência, seus contextos e valores,

como também, os objetivos dispensados à disciplina de Biologia no contexto escolar.

Segundo as Diretrizes Curriculares de Biologia - Ensino Médio, desta Secretaria de

Estado da Educação, “é objeto de estudo da Biologia o fenômeno vida em toda sua

diversidade de manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por um conjunto de

processos organizados e integrados, quer no nível de uma célula, de um indivíduo, ou

ainda, de organismos no seu meio. Um sistema vivo é sempre fruto da interação entre

seus elementos constituintes e da interação entre esse mesmo sistema e os demais

componentes de seu meio. As diferentes formas de vida estão sujeitas a transformações

que ocorrem no tempo e no espaço, sendo, ao mesmo tempo, transformadas e

transformadoras do ambiente”.

Nas Diretrizes, ainda, afirma-se que “ao longo da história da humanidade várias

foram as explicações para o surgimento e a diversidade da vida, de modo que os modelos

científicos conviveram e convivem com outros sistemas explicativos como, por exemplo,

os de inspiração filosófica ou religiosa. Elementos da História e da Filosofia tornam

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possível, aos alunos, a compreensão de que há uma ampla rede de relações entre a

produção científica e os contextos sociais, econômicos e políticos. É possível verificar que

a formulação, a validade ou não das diferentes teorias científicas está associada a seu

momento histórico.”

As Diretrizes do Ensino Médio para a disciplina de Biologia consideram que “o

conhecimento do campo da Biologia deve subsidiar a análise e reflexão de questões

polêmicas que dizem respeito ao desenvolvimento, ao aproveitamento de recursos

naturais e a utilização de tecnologias que implicam em intensa intervenção humana no

ambiente, levando-se em conta a dinâmica dos ecossistemas, dos organismos, enfim, o

modo como a natureza se comporta e a vida se processa. Sabe-se que desde o

surgimento do planeta Terra, a espécie humana, ou Homo sapiens, não foi o ser

predominante, e muito menos, o ser vivo mais importante dentre todos os diversos seres

vivos que por aqui passaram. Por outro lado, ao longo deste processo de humanização,

que durou aproximadamente três milhões de anos, o homem criou a linguagem, a escrita

e a fala, diferenciando-se de todas as demais formas de vida. Isso possibilitou ao homem

a socialização, a organização dos espaços físicos, a fabricação de instrumentos utilitários

e o início das atividades agrícolas”.

Ressaltam também, “o papel da Ciência e da sociedade como pontos articuladores

entre a realidade social e o saber científico. Cabe aos seres humanos, enquanto sujeitos

históricos atuantes num determinado grupo social, reconhecerem suas fragilidades e

buscarem novas concepções sobre a natureza (...) É preciso que estes sujeitos percebam

que sua sobrevivência, enquanto espécie, depende do equilíbrio e do respeito a todas as

formas de vida que fazem do planeta o maior ser vivo conhecido”.

É importante que o educando jovem e adulto tenha acesso ao conhecimento

científico a fim de compreender conceitos e relações existentes entre o ambiente, os

seres vivos e o universo, numa concepção flexível e processual, por meio do saber

questionador e reflexivo. Da mesma forma, se faz necessário que perceba os aspectos

positivos e negativos da ciência e da tecnologia, para que possa atuar de forma

consciente em seu meio social e interferir no ambiente, considerando a ética e os valores

sociais, morais e políticos que sustentam a vida.

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15.7.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

O conjunto de saberes do educando deve ser considerado o ponto de partida para

o processo de ensino e aprendizagem, estabelecendo relações com o mundo do trabalho

e com outras dimensões do meio social.

Conforme as Diretrizes Curriculares para a disciplina de Biologia- Ensino Médio –

SEED-PR, “ na escola, a Biologia deve ir além das funções que já desempenha no

currículo escolar. Ela deve discutir com os jovens instrumentalizando-os para resolver

problemas que atingem direta ou indiretamente sua perspectiva de futuro”.

As Diretrizes, ainda, consideram que para a discussão de todas estas

características socioambientais e do papel do ensino formal de Biologia, as relações

estabelecidas entre professor-aluno e aluno-aluno são determinantes na efetivação do

processo ensino-aprendizagem, e para isto, há necessidade de leitura e conhecimento

sobre metodologia de ensino para que as aulas de Biologia sejam dinâmicas,

interessantes, produtivas, e resultem em verdadeira aprendizagem.

Ressaltam também que, “pensar criticamente, ser capaz de analisar fatos e

fenômenos ocorridos no ambiente, relacionar fatores sociais, políticos, econômicos e

ambientais exige do aluno investigação, leitura, pesquisa. No ensino de Biologia,

diferentes metodologias podem ser utilizadas com este propósito. A metodologia de

investigação, por exemplo, permite ao aluno investigar a realidade buscando respostas

para solucionar determinados problemas”.

Na medida em que se acredita numa Ciência aberta, inacabada, produto da ação

de seres humanos inseridos num contexto próprio relativo ao seu tempo e espaço e,

ainda na disciplina de Biologia, como forma de resgate e de construção de melhores

possibilidades de vida individuais e coletivas, há que se optar por uma metodologia de

ensino e aprendizagem adequada à realidade do aluno da EJA. Segundo RIBEIRO (1999,

p.8),

criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos.

Nessa perspectiva, destaca-se a importância de propiciar aos educandos, a

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compreensão dos conceitos científicos de forma significativa, ou seja, que o

conhecimento possa estar sendo percebido em seu contexto mais amplo, não somente

nos afazeres diários, mas na forma de perceber a realidade local e global, o que lhe

permitirá posicionar-se e interferir na sociedade de forma crítica e autônoma. Para tanto, o

educador da EJA deve partir dos saberes adquiridos previamente pelos educandos,

respeitando seu tempo próprio de construção da aprendizagem, considerando

• que o educador é mediador e estimulador do processo, respeitando, de forma real,

como ponto de partida o conjunto de saberes trazidos pelos educandos;

• as experiências dos educandos no mundo do trabalho;

• a necessária acomodação entre o tempo e o espaço do educando, o tempo

pedagógico e o físico, visto que os mesmos interferem na sua “formação” científica;

• as relações entre o cotidiano dos educandos e o conhecimento científico.

Nesse contexto, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de forma

contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao educando jovem e adulto a

inter-relação dos vínculos do conteúdo estudado com as diferentes situações com que se

deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode-se dar a partir de uma

problematização, ou seja, em lançar desafios que necessitem de respostas para

determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade (...), um obstáculo que

é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma dúvida que não

pode deixar de ser dissipada” (SAVIANI, 1993, p.26)”. As dúvidas são muito comuns na

disciplina de Biologia, devendo ser aproveitadas para reflexão sobre o problema a ser

analisado, e assim, para o educador, o desafio consiste em realizar esta contextualização,

sem reduzir os conteúdos apenas à sua aplicação prática, deixando de lado o saber

acadêmico.

Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de Biologia

é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do pensamento da

Ciência, propiciando condições para que o educando perceba o significado do estudo

dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem própria e da cultura

científica e tecnológica oriundas desse processo.

É importante salientar o uso criativo das metodologias pelo educador, que será

indispensável em todos os momentos do seu trabalho, bem como o olhar atento e crítico

sobre a realidade trazida pelos educandos.

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A busca de soluções para as problematizações constitui-se em referência

fundamental no ensino de Biologia. Quando elaborada individual ou coletivamente deve

ser registrada, sendo valorizados os saberes trazidos pelos educandos e a evolução do

processo de aprendizagem. É importante lembrar que a cultura científica deve ser

incentivada mesmo que de forma gradual, respeitando o tempo de cada grupo ou

indivíduo.

Uma estratégia comum em Biologia é a utilização de experimentos e práticas

realizadas em laboratório. É importante que seja definido com clareza o sentido e o

objetivo dessa alternativa metodológica, visto que muitas vezes, situações muito ricas do

cotidiano são deixadas de lado em detrimento do uso do laboratório. Deve-se considerar a

possibilidade de aproveitamento de materiais do cotidiano, assim como espaços

alternativos, situações ou eventos para se desenvolver uma atividade científica. A

utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório devem ser vistas como

uma atividade comum e diversificada e que não abrem mão do rigor científico, devendo

ser acompanhada pelo professor. Segundo BIZZO (2002, p.75),

é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos.

Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do material

de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que não seja o

único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro didático, BIZZO (2002, p.

66) propõe que ele deve ser utilizado como um dos materiais de apoio, como outros que

se fazem necessários, cabendo ao professor, selecionar o melhor material disponível

diante de sua própria realidade, onde as informações devem ser apresentadas de forma

adequada à realidade dos alunos.

Ao pensar na organização dos conteúdos, o educador deve priorizar aqueles que

possam ter significado real à vida dos educandos jovens e adultos. Os conteúdos devem

possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre um

determinado fenômeno e, a partir das relações entre os diversos saberes, estimular a

autonomia intelectual. Os conteúdos podem ser organizados sem a rígida seqüência

linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a relevância e a

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necessidade dos mesmos, bem como a coerência dos mesmos no processo educativo.

O processo avaliativo precisa ser reconhecido como meio de desenvolver a

reflexão, de como vem ocorrendo o processo de aquisição do conhecimento por parte do

educando. A verificação da aquisição do conhecimento deve ser ponto de partida para a

revisão e reconstrução do caminho metodológico percorrido pelo educando e,

principalmente, pelo educador.

O ensino de Biologia na EJA deve propiciar o questionamento reflexivo tanto de

educandos como de educadores, a fim de que reflitam sobre o processo de ensino e

aprendizagem. Desta forma, o educador terá condições de dialogar sobre a sua prática a

fim de retomar o conteúdo com enfoque metodológico diferenciado e estratégias

diversificadas, sendo essencial valorizar os acertos, considerando o erro como ponto de

partida para que o educando e o educador compreendam e ajam sobre o processo de

construção do conhecimento, caracterizando-o como um exercício de aprendizagem.

Partindo da ideia de que a metodologia deve estar respeitando o conjunto de

saberes do educando, o processo avaliativo deve ser diagnóstico no sentido de resgatar o

conhecimento já adquirido pelo educando permitindo estabelecer relações entre esses

conhecimentos. Desta forma, o educador terá possibilidades de perceber e valorizar as

transformações ocorridas na forma de pensar e de agir dos educandos, antes, durante e

depois do processo.

A avaliação não pode ter caráter exclusivamente mensurável ou classificatório,

visto que o ensino de Biologia deve respeitar e valorizar a realidade do educando em

todos os seus aspectos, principalmente naqueles que deram origem à sua exclusão do

processo educativo.

15.7.2.1 CONTEÚDOS – BIOLOGIA ENSINO MÉDIO

A proposta de sugestão de conteúdos básicos para a elaboração do currículo da

disciplina de Biologia na Educação de Jovens e Adultos – EJA, fundamenta-se nas

“Diretrizes Curriculares de Biologia – Ensino Médio”, da Secretaria de Estado da

Educação do Paraná– SEED – Pr.

É importante considerar que a organização dos conteúdos curriculares da

disciplina de Biologia na EJA tem o objetivo de contemplar as necessidades e o perfil dos

educandos desta modalidade de ensino da Educação Básica.

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Segundo as Diretrizes Curriculares de Biologia–Ensino Médio – SEED-PR,

os conteúdos básicos são entendidos como os saberes mais amplos da disciplina que podem ser desdobrados nos conteúdos pontuais que fazem parte de um corpo estruturado de saberes construídos e acumulados historicamente e que identificam a disciplina como um campo do conhecimento. Dentro da perspectiva dos conteúdos escolares como saberes, o termo "conteúdo" não se refere apenas a fatos, conceitos ou explicações destinados aos alunos para que estes conheçam, memorizem, compreendam, apliquem, relacionem, etc. Hoje, o critério que decide se certos conhecimentos concretos devem ser incluídos no currículo não se restringe ao seu valor epistemológico e aceitação como conhecimento válido: a relevância cultural, o valor que lhes é atribuído no âmbito de uma cultura particular em um determinado momento histórico, entra em cena.

Segundo as Diretrizes,

estabelecer os conteúdos básicos para o ensino de Biologia requer uma análise desse momento histórico, social, político e econômico que vivemos; da relevância e abrangência dos conhecimentos que se pretendem serem desenvolvidos nessa modalidade de ensino; da atuação do professor em sala de aula; dos materiais didáticos disponíveis no mercado; das condições de vida dos alunos e dos seus objetivos. A decisão sobre o que e como ensinar Biologia no Ensino Médio deve ocorrer de forma a promover as finalidades e objetivos dessa modalidade de ensino e da disciplina em questão. Não se trata de estabelecer uma lista de conteúdos em detrimento de outra por manutenção tradicional ou por inovação arbitrária. Referimo-nos aos conceitos e concepções que têm a ver com a construção de uma visão de mundo; outros práticos e instrumentais para a ação, e ainda aqueles que permitem a formação de um sujeito crítico.Precisaremos estabelecer conteúdos básicos que, por sua abrangência, atendem às realidades regionais e, ao mesmo tempo garantem a identidade da disciplina.

Na proposta, elaborada a partir das discussões com os professores do Ensino

Médio Regular, propõe-se ampliar a integração entre os conteúdos básicos, destacando

os aspectos essenciais sobre a vida e a vida humana que vão ser trabalhados por meio

dos conhecimentos científicos referenciados na prática.

A sugestão de conteúdos básicos estão descritos a seguir:

ORGANIZAÇÃO E

DISTRIBUIÇÃO

DOS SERES

VIVOS

BIODIVERSIDADE

PROCESSO DE

MODIFICAÇÃO

DOS

SERES VIVOS

IMPLICAÇÕES

DOS AVANÇOS

BIOLÓGICOS NO

CONTEXTO DA

VIDA

Organização celular

e molecular:

Biomas terrestre e

Aquáticos

Origem e evolução

da Vida

Ciência e saúde

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• membrana,

- citoplasma e

núcleo

• divisão celular

- tecidos

Os seres vivos e o

Ambiente

Saúde

Ecossistemas

Ciclos

Biogeoquímicos

Desequilíbrio

ambiental urbano e

rural

Origem das espécies

Genética,

Embriologia,

Fisiologia comparada

Pesquisas

científicas

Biológicas

Bioética

Biotecnologia

Ainda no que consta nas Diretrizes Curriculares de Biologia – Ensino Médio –

SEED-PR, há a justificativa para a organização e distribuição dos Conteúdos básicos,

descrita a seguir:

Os Conteúdos básicos de Biologia ao mesmo tempo agrupam as diferentes áreas da Biologia e proporcionam um novo pensar sobre como relacioná-los sem que se perca de vista o objetivo do ensino da disciplina no Ensino Médio. A nova proposta pretende modificar a estrutura firmada pela trajetória que o ensino de Biologia vem atravessando nestas últimas décadas. Estabelece os conteúdos básicos e um novo olhar de forma a relacioná-los com seus conteúdos pontuais sob os pontos de vista vertical, transversal e horizontal, procurando uma lógica dialética que leve o professor a integrá-los e relacioná-los de maneira que o aluno não tenha mais uma visão fragmentada da biologia.

Organização e distribuição dos seres vivos

O estudo acerca da organização dos seres vivos, iniciou-se com as observações

macroscópicas dos animais e plantas da natureza.

Somente com o advento da invenção do microscópio por Robert Hooke século

XVII, com base nos estudos sobre lentes de Antonie von Leewenhoeck, o mundo

microscópico até então não observado foi evidenciado à luz da Ciência e da Tecnologia.

A descoberta do mundo microscópico colocou em xeque várias teorias sobre o

surgimento da vida e proporcionou estudos específicos sobre as estruturas celulares.

Como exemplos desta influência têm-se o estudo da anatomia das células das plantas

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pelo holandês Jan Swammerdam e, o aperfeiçoamento das Teorias Evolucionistas ambas

no séc. XVII.

No séc. XIX, à luz destas descobertas e Teorias, o alemão Christian Heineich

Pander e o estoniano Karl Ernst von Baer desenvolveram estudos sobre a embriologia

que estabeleceram as bases para estudos da Teoria Celular. Hugo von Mohl descobriu a

existência do núcleo e do protoplasma da célula; Walther Fleming estudou o processo de

mitose nos animais e Eduard Strasburger estudou este processo nas plantas.

Assim, como relatam GAGLIARD & GIORDAN (apud BASTOS, 1998, p 255) ... a

relação entre o nível microscópico e o macroscópico é um conceito básicos: uma vez que

o aluno tenha adquirido poderá entender que a compreensão de todos os fenômenos de

um ser vivo requer um conhecimento dos níveis moleculares subjacentes. Justifica-se

este conteúdo básico por ser a base do pensamento biológico sobre a organização celular

do ser vivo, relacionando-a com a distribuição dos seres vivos na Natureza, o que

proporcionará ao aluno compreender a organização e o funcionamento dos fenômenos

vitais e estabelecer conexões com os demais conteúdos básico da disciplina.

Biodiversidade

A curiosidade humana sobre os fenômenos naturais e a necessidade de caçar para

se alimentar e vestir, tentar curar doenças, entre outras atividades vitais, fizeram com que

o homem passasse a estudar e observar a Natureza. Tem-se registros deste

conhecimento biológico empírico das atividades humanas, através das representações de

animais e plantas nas pinturas ruprestes realizadas nas cavernas e também de alguns

manuscritos deixados pelos Babilônios por volta do ano 1800 a.C.

A organização dos seres vivos começou a ser registrada em documentos com o

Filósofo Aristóteles, que viveu no século IV a.C. e através de suas observações ele

escreveu o livro “As Partes dos Animais”. Seu discípulo Teofasto deteve-se mais aos

estudos das plantas, iniciando uma pré-classificação dos vegetais agrupando-as em

espécies afins. Pelos seus estudos detalhados dos órgãos vegetais e descrição dos

tecidos que as formam, Teofasto é considerado o fundador da anatomia vegetal.

Percebe-se que as primeiras áreas da Biologia foram a zoologia e a botânica, não

só pela curiosidade e necessidade, mas também pela facilidade de observação.

Justifica-se estudá-las pelos mesmos motivos dos povos antigos que seria

conhecer a diversidade de plantas e animais que habitam a Terra, qual sua utilidade para

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a nossa sobrevivência e a sobrevivência de todos os seres vivos.

Além destes aspectos, há a necessidade de se estudar outras implicações

decorrentes da história da humanidade que permeiam hoje as atividades agrícolas, de

manejo de Florestas, o mau uso dos recursos naturais, a destruição das espécies de

animais e vegetais, a construção de cidades em lugares impróprios para habitação, como

também, a influência da tecnologia em nosso cotidiano. Esclarecer que ao estudar a

Biodiversidade estaremos diante de grandes desafios diante do progresso científico

O significado científico, econômico e ético do estudo da diversidade biológica deve

ser compreendido pelos alunos, não só como análise de espécimes mas entendendo que

a observação e sistematização do observado é uma atividade científica relevante que se

consolida nos sistemas de classificação e na taxionomia. (KRASILCHIK,2004)

Processo de modificação dos seres vivos

No século XVII com a invenção do microscópio pelo holandês Antonie van

Leewenhoock (ROOSI, 2001), a biologia chamada celular e molecular tiveram um grande

avanço significativo em suas descobertas. Marcelo Malpighi examinou grande quantidade

de tecidos animais e vegetais, Robert Hooke descobriu a estrutura celular, e os primeiros

micoorganismos, inicialmente denominados animáculos, foram observados (ROSSI,

2001).

Houve muitos avanços tecnológicos decorrentes do advento do microscópio,

inclusive a formulação de novas teorias sobre o surgimento da vida, colocando à prova

teorias tão dogmáticas como foi a Teoria da Geração Espontânea. Diferentes idéias

transformistas foram se consolidando entre os cientistas, mas o grande marco para o

mundo científico e biológico foi a publicação do livro “Origens das Espécies” de Charles

Darwin, no século XIX. Foi também, na mesma época que Louis Pasteur, demonstrou o

papel desempenhado pelos microorganismos no desenvolvimento de doenças infecciosas

e realizou estudos sobre a fermentação.

No século XX com o advento da invenção do microscópio eletrônico foi possível em

1953, a descoberta do DNA (ácido desoxirribonucléico), material químico que constitui o

gene. Foram desenvolvidas técnicas de manipulação do DNA, que permitem modificar

espécies de seres vivos; produzir substâncias como a insulina, através de bactérias;

criação de cabras que produzem remédios no leite; criação de plantas com toxinas contra

pragas e, de porcos com carne menos gordurosa. Além disso, a terapia gênica tem sido

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bastante estudada com fins de eliminar doenças geneticamente transmitidas.

A Biologia ajuda a compreender melhor essas e outras técnicas que podem

transformar a nossa vida e aprofundar o conhecimento que temos de nós mesmos. Daí a

importância do seu estudo, dar o mínimo de conhecimento a todas as pessoas, para que

elas possam opinar e criticar a utilização dessas técnicas, uma vez que o controle delas e

a aplicação destas descobertas científicas são função importante da própria sociedade.

Implicações dos avanços biológicos no contexto da vida

Os avanços científicos atuais permitiram que a genética e a biologia molecular

alcançassem uma formidável capacidade tecnológica, que se torna cada vez mais efetiva,

como, por exemplo, em poder-se modificar substancialmente um vírus, bactérias, plantas,

animais e os próprios seres humanos. (SIDEKUM, 2002)

Esse acelerado desenvolvimento científico e tecnológico nos deixa atordoados,

sem saber exatamente até onde podemos chegar e do que realmente podemos nos

apropriar, mas por outro lado, estes avanços nos proporcionam um enorme conhecimento

sobre a natureza, nos colocando muitas vezes acima dela.

É importante o estudo da biotecnologia, dos avanços científicos e de suas

implicações éticas e morais na sociedade, para que os estudantes no caso, de biologia,

possam discutir questões como nutrição, saúde, emprego e preservação do ambiente que

indiretamente influenciam suas vidas.

A análise de fenômenos biotecnológicos serve também para diminuir a divisão

entre a escola e o mundo em que os estudantes vivem, na medida em que estes podem

constatar as relações entre a pesquisa científica e a produção industrial ou a tecnologia

tradicionalmente usada em sua comunidade. A busca das raízes científicas destas

tecnologias tradicionais e de maneiras de aprimorá-las, a fim de que melhor sirvam à

necessidade de elevar a qualidade de vida é uma forma de vincular o ensino à realidade

em que vive o aluno. (KRASILCHIK, 2004, p. 186)

Quanto às questões éticas, a atual discussão sobre a manipulação genética do ser

humano provoca inúmeras controvérsias sobre o uso da tecnologia (biotecnologia) e as

perspectivas de mudanças de valores morais. Para CHAUÍ, 1995, “nossos sentimentos e

nossas ações exprimem nosso senso moral” e movidos pela sensibilidade, somos

capazes de reagir, de questionar, de nos manifestar contra ou a favor de determinadas

atitudes para procurar esclarecer ou resolver problemas.

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Porém, questões sobre aborto, eutanásia, clonagem, transgenia, geram dúvidas

quanto à decisão a ser tomada e põem à prova, além do nosso senso moral, nossa

consciência moral, “... pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos para

nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as

conseqüências delas, porque somos responsáveis por nossas decisões”. (CHAUÍ, 1995).

Caberá ao professor de Biologia indicar temas de discussão ética e auxiliar o aluno

na análise “à luz dos princípios, regras e direitos alternativos, além de levar em conta a

avaliação intuitiva do aluno” (KRASILCHIK, 2004).

15.7.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAPTISTA, G.C.S. Jornal a Página da Educação, ano 11, nº 118, dez 2002, p.19

BASTOS, F. História da Ciência e pesquisa em ensino de ciências. In: NARDI,R. Questões Atuais no Ensino de Ciências. São Paulo: Escrituras,1998.

BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.

_____. Manual de Orientações Curriculares do Ensino Médio, MEC, Brasília, 2004.

BERNARDES,J.A .& FERREIRA, F. P. de M. Sociedade e Natureza. In: CUNHA, S.B. da & GUERRA,A.J.T. A Questão Ambiental. Diferentes Abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

CARRETRO, Mario. Construir y enseñar las ciencias experimentales. Aique Grupo Editor. Argentina.

FRIGOTTO, Gaudêncio, CIAVATTA, Maria. Ensino Médio: ciência, cultura e trabalho. Secretaria de Educação Média e Tecnológica – Brasília: MEC, SEMTEC, 2004.

KRASILCHIK, Myriam. Prática de Ensino de Biologia. 4ª ed. revisado e ampliado. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

_____. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1987.

KUENZER,A . Z. Ensino Médio: Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2002.

MEC/SEB – Orientações Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília, 2004.

MORIN,E. O Pensar Complexo e a Crise da Modernidade. In: GUIMARÃES,M. A formação de Educadores a Ambientais Campinas, São Paulo: Papirus, 2004.

RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educação & Sociedade. v.20, n. 68, Campinas: dez, 1999.

SAVIANI, Dermeval. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores associados, 1993, p.20-28.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Departamento de Ensino Médio.

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Texto elaborado pelos participantes do “I e II Encontro de Relações (Im) pertinentes”. Pinhais (2003) e Pinhão (2004).

SIDEKUM,A. Bioética: como interlúdio interdisciplinar. Revista Centro de Educação. vol.27,n.º 01. Edição 2002, disponível em www.ufsm.br/ce/revista/index.htm

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15.8 DISCIPLINA DE FÍSICA

15.8.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DA FÍSICA

Os princípios que norteiam a proposta da elaboração do currículo da disciplina de

Física para a Educação de Jovens e Adultos – EJA, baseiam-se na Fundamentação

Teórico-Metodológica, contida na parte da “Introdução” das “Orientações Curriculares de

Física – Texto Preliminar - Ensino Médio”, da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná– SEED – Pr.

O processo ensino-aprendizagem em Física tem sido objeto de pesquisas por

aqueles que se interessam ou se identificam com esse objeto. Parece haver um certo

consenso que "... a preocupação central tem estado na identificação do estudante com o

objeto de estudo. Em outras palavras, a questão emergente na investigação dos

pesquisadores está relacionada à busca por um real significado para o estudo dessa

Ciência na educação básica - ensino médio" (ROSA & ROSA, 2005, p.2).

Os livros didáticos, de uma maneira geral, apresentam um discurso que mostra

uma preocupação com a Física como uma ciência que permite compreender uma

imensidade de fenômenos físicos naturais, que seriam indispensáveis para a formação

profissional ou como subsídio para a preparação para o vestibular e a compreensão e

interpretação do mundo pelos sujeitos-educandos. No entanto, neles a ênfase recai nos

aspectos quantitativos em detrimento dos qualitativos e conceituais, privilegiando a

resolução de “Problemas de Física” que, quase sempre, se traduzem em exercícios

matemáticos com respostas prontas. Esse discurso tem norteado o trabalho de muitos

professores e, mais que isso, as estruturas curriculares por eles organizadas.

Não é leviano afirmar que as estruturas curriculares se valem dos livros didáticos para se organizarem. A opção de tal e tal livro didático determinará, a princípio, a constituição das disciplinas que assumem seu espaço curricular, demarcado pelo tempo (número de aulas) e profundidade. Mesmo que o discurso didático do professor seja amplo, abrangente e propicie contextualizações, em geral, ele fará uso de exercícios e problemas do livro didático e sua avaliação terá como base a literatura disciplinar do livro adotado. É importante lembrar que os livros didáticos dirigidos ao Ensino Médio refletem o mesmo enfoque disciplinar presente no meio universitário, levando os professores a consolidarem, na sua prática pedagógica, o estilo reprodutivista e disciplinar adquirido em sua formação. (...) Os currículos de Física nos cursos de graduação também colaboram para a manutenção do conhecimento físico ensinado nos moldes ditados internamente pelas disciplinas. (...) Certamente este indicador pode ser estendido, sem muitas ressalvas, à maioria dos cursos de formação de professores de Física e para a maioria das licenciaturas

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em ciências. O peso de uma tradição disciplinar, historicamente constituída, se impõe fortemente aos currículos dos cursos universitários, entre outros motivos, pela sua proximidade (mesmo que virtual) com as comunidades de produtores de conhecimento. (PIETROCOLA; ALVES; PINHEIRO, s/d, p. 6-7)

Nessa perspectiva, "... via de regra, os conteúdos acabam por ser desenvolvidos

como se estabelecessem relações com eles mesmos, sendo desconsideradas as

diversas relações com outros tópicos da própria Física e de outros campos de

conhecimento" (GARCIA; ROCHA; COSTA, 2001, p. 138).

Essa concepção faz com que o ensino de física se transforme num ensino livresco,

descontextualizado em sua história, não permitindo a compreensão de que a ciência é

uma construção humana, com todas as implicações que isso possa ter, inclusive os erros

e acertos decorrentes das atividades humanas, levando o estudante

... a ter uma idéia distorcida do que é a Física e quase sempre ao desinteresse pela matéria. Os estudantes devem ser levados a perceber que os modelos dos quais os pesquisadores lançam mão para descrever a natureza são aproximações válidas em determinados contextos, mas que não constituem uma verdade absoluta. Muitas vezes idéias como as de partícula, gás ideal, queda livre, potencial elétrico e muitas outras são apresentadas sem nenhuma referência à realidade que representam, levando o estudante a julgá-los sem utilidade prática. Outras vezes modelos como o de um raio luminoso, de átomo, de campo, de onda eletromagnética, etc., são apresentados como se fossem entes reais. (ALVARES, 1991, p. 42).

Assim, a Física deixa de ser mais um instrumento para a compreensão do mundo,

não permitindo ao aluno o acesso à compreensão conceitual e ao formalismo próprio

deste campo de conhecimentos, essencial para o desenvolvimento de uma cultura em

ciência, tendo em vista que "... um número elevado dos estudantes brasileiros, ou, não

tem acesso aos estudos superiores, ou, segue cursos para os quais a Física não tem

caráter propedêutico" (ALVARES, 1991, p. 25). Além disso, apesar do incentivo que deve

ser dado à carreira universitária, esta deveria ser mais uma possibilidade e não o objetivo

principal do ensino desta disciplina no nível médio.

Também parece haver um consenso entre os professores em torno da idéia de

que a Física é uma ciência experimental. No entanto, apesar de enfatizarem esse caráter

experimental da matéria e a importância dessa consideração no sentido de contribuir para

uma melhor compreensão dos fenômenos físicos, é comum

... adotarem textos que, além de não apresentarem uma só sugestão de experimento a ser realizado pelo professor ou pelos seus alunos, tratam os assuntos sem nenhuma preocupação com seu desenvolvimento experimental. Ou, outros, que se dizem preocupados com um curso voltado para a compreensão dos conceitos, escolherem textos que tratam

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matematicamente os tópicos abordados, sem trabalharem aspectos cognitivos da aprendizagem. (Ibidem, 1991, p. 25)

Assim,

... como um empreendimento humano, a ciência é falível, ela pode degenerar ou pode responder as supremas aspirações dos homens. Como parte da sociedade, a Ciência também está aberta a influências externas, como qualquer atividade social, pode ser bem ou mal usada. (KNELLER, 1980, prefácio da obra)

Deriva-se daí que a Ciência não é neutra visto que o cientista faz parte de um

contexto social, econômico e cultural, influenciando e sendo influenciado por esse

contexto, fato que não pode ser ocultado de nossos estudantes. Isso significa mostrar que

a ciência não está pronta nem acabada e não é absoluta, mas, revelar aos nossos

estudantes “... como é penoso, lento, sinuoso e, por vezes, violento, o processo de

evolução das ideias científicas” (PONCZEK, 2002, p. 22).

Se o conhecimento físico é ou foi produzido pelos sujeitos sociais que vivem ou

que viveram num determinado contexto histórico, então, ele faz parte da cultura social

humana e, portanto, é um direito dos estudantes conhecê-lo.

Alem disso, se queremos contribuir para a formação de sujeitos que sejam capazes

de refletir e influenciar de forma consciente nas tomadas de decisões, não podemos

deixá-los alheios às questões relativas à Ciência e à tecnologia. Por isto é importante

buscarmos o entendimento das possíveis relações entre o desenvolvimento da Ciência e

da tecnologia e as diversas transformações culturais, sociais e econômicas na

humanidade decorrentes deste desenvolvimento que, em muitos aspectos, depende de

uma percepção histórica de como estas relações foram sendo estabelecidas ao longo do

tempo.

Mas, considerando que também as tecnologias são historicamente construídas e

entendendo que

... tecnologia refere-se à forma específica da relação entre o ser humano e a matéria, no processo de trabalho, que envolve o uso de meios de produção para agir sobre a matéria, com base em energia, conhecimento e informação. (...) refere-se a arranjos materiais e sociais que envolvem processos físicos e organizacionais, referidos ao conhecimento científico aplicável. No entanto, a tecnologia não é propriedade neutra ligada à eficiência produtivista, e não determina a sociedade, da mesma forma que esta não escreve o curso da transformação tecnológica. Ao contrário, as tecnologias são produtos da ação humana, historicamente construídos, expressando relações sociais das quais dependem, mas que também são influenciados por eles. Os produtos e processos tecnológicos são considerados artefatos sociais e culturais, que carregam consigo relações

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de poder, intenções e interesses diversos. (OLIVEIRA,2001, p. 101-102)

Considerando ainda que, como nos ensina Paulo Freire, ensinar exige respeito aos

saberes dos educandos, o processo de ensino-aprendizagem em Física deve partir do

conhecimento prévio dos alunos respeitando seu contexto social e suas concepções

espontâneas a respeito de ciência.

Em primeiro lugar, de acordo com MOREIRA (s/d, p.2), devemos abandonar o

papel de ser apenas transmissores de conhecimentos e passarmos a ver, de fato, os

sujeitos como elaboradores do saber físico, mas que precisam do professor como

mediador. O autor parte do pressuposto que o objetivo do ensino é compartilhar,

professor e aluno, significados e promover a aprendizagem significativa. Mas, isso

acontecerá somente quando o educando internalizar esses significados de maneira não

arbitrária e não literal, quando as novas informações adquirirem significado por interação

com o conhecimento prévio do aluno e, simultaneamente, derem significados adicionais,

diferenciarem, integrarem, modificarem e enriquecerem o conhecimento já existente.

Em segundo, é preciso considerar que os sujeitos constroem suas ideias, sua

visão do mundo tendo em vista os objetos a que têm acesso nas suas experiências

diárias e nas suas relações afetivas. Segundo Novak, citado por MOREIRA (1999), os

seres humanos fazem três coisas: pensam, sentem e atuam (fazem). Ou seja, ao se

pensar uma metodologia de ensino para a Física é preciso ter em vista o que os

estudantes já conhecem. Esta ideia remete aos estudos das concepções espontâneas ou

ideias alternativas dos sujeitos:

(...) Os estudos realizados sob essa perspectiva revelaram que as idéias alternativas de crianças e adolescentes são pessoais, fortemente influenciadas pelo contexto do problema e bastante estáveis e resistentes à mudança, de modo que é possível encontrá-las mesmo entre estudantes universitários (...). Realizadas em diferentes partes do mundo, as pesquisas mostraram o mesmo padrão de idéias em relação a cada conceito investigado. (MORTINER, 1996, p.2)

O educando será apresentado a princípios, concepções, linguagem, entre outros

elementos utilizados pela Física, em que o discurso do professor deve permitir que ele

perceba as diferenças entre a sua forma e a forma utilizada pela ciência para explicar um

determinado fenômeno. Esse processo contribuirá para que o educando reformule as

suas ideias tendo em vista a concepção científica. Assim, espera-se que esteja

reelaborando seus conceitos, mas não necessariamente, que abandone suas ideias

espontâneas. Poderá estar negociando ou adequando sua interpretação e linguagem ao

contexto de utilização. Ou seja, seus conceitos serão mais elaborados ou menos

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elaborados, ou mais próximos do científico quanto maior for a necessidade ou interesse

deste sujeito em utilizar esses conhecimentos no contexto da comunidade científica.

Entendemos, então, que a Física deve educar para cidadania, contribuindo para o

desenvolvimento de um sujeito crítico, "... capaz de compreender o papel da ciência no

desenvolvimento da tecnologia. (...) capaz de compreender a cultura científica e

tecnológica de seu tempo" (CHAVES & SHELLARD, 2005, p. 233).

Cabe colocar aqui que a cidadania da qual estamos falando não é a cidadania para

o consumo, não é a cidadania construída através de intervenções externas, doações da

burguesia e do Estado moderno, mas, a cidadania que se constrói no interior da prática

social e política de classes. Estamos entendendo que a

... nossa maneira de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o mundo. Mas, histórico como nós, o nosso conhecimento do mundo tem historicidade. (...) Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente. (FREIRE, 1996, p.31)

Por isso entendemos que a contribuição da Física no Ensino Médio é a contribuição

para a formação dos sujeitos através das

... lutas pela escola e pelo saber, tão legítimos e urgentes (...). Por este caminho nos aproximamos de uma possível redefinição da relação entre cidadania e educação (...) a luta pela cidadania, pelo legítimo, pelos direitos, é o espaço pedagógico onde se dá o verdadeiro processo de formação e constituição do cidadão. A educação não é uma precondição da democracia e da participação, mas é parte, fruto e expressão do processo de sua constituição. (ARROYO, 1995, p.79)

15.8.2 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, o conhecimento físico na EJA ainda

é tratado como enciclopédico, resumindo-se a um aparato matemático que, normalmente,

não leva a compreensão dos fenômenos físicos e ainda, acaba por distanciar o interesse

dos educandos pela disciplina.

Nessa perspectiva o ensino de Física apresenta conceitos simplificados e

reduzidos, bem como, leis e fórmulas desarticuladas do mundo vivencial. Além disso, é

tratado como um campo de conhecimentos acabados, como verdades absolutas, fruto de

alguns gênios da humanidade, contribuindo para que os educandos tornem-se passivos

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em sala de aula.

É preciso repensar os aspectos metodológicos, para que propiciem condições de

ensino que aproxime educadores e educandos da aventura da descoberta, tornando o

processo de ensino e aprendizagem prazeroso, criativo e estimulador.

Criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, seqüenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos. (RIBEIRO, 1999, p 7-8)

A partir desse pressuposto, para romper com o modelo tradicional de ensino é

necessário rever os meios de apresentação dos conteúdos, priorizando os conceitos

físicos e optando por metodologias de ensino que se adaptem às necessidades de

aprendizagem dos educandos. (...),

não vemos como necessário, no momento, grandes alterações nos conteúdos tradicionais, mas sim, na forma como eles serão desenvolvidos. Entendemos que o avanço nos conhecimentos de Física deverá ser dado por uma inovação na metodologia de trabalho e não em termos de conteúdos. (GARCIA; ROCHA;COSTA, 2000, p.40)

Na reflexão desenvolvida com professores de Física da Educação de Jovens e

Adultos, identificou-se algumas estratégias para o desenvolvimento metodológico da

disciplina de Física, considerando que essas estratégias metodológicas podem contribuir

para o ensino e a aprendizagem dos educandos. Dessa forma, deve ser levado em conta

a formação do professor, o espaço físico, os recursos disponíveis, o tempo de

permanência do educando no espaço escolar e as possibilidades de estudo fora deste,

para que as estratégias metodológicas possam ser efetivadas. Os indicativos discutidos

com os professores contemplam:

A abordagem da Física enquanto construção humana

No desenvolvimento dos conteúdos é necessário abordar a importância da Física

no mundo, com relevância aos aspectos históricos, o conhecimento enquanto construção

humana e a constante evolução do pensamento científico, assim como, as relações das

descobertas científicas com as aplicações tecnológicas na contemporaneidade.

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A história da física não se limita à história de seus protagonistas. Antes ao contrário: é uma história do pensamento em que idéias surgem e desaparecem, em que pensamentos, muitas vezes completamente despropositados na época em que aparecem, tomam forma e ultrapassam as barreiras profissionais contemporâneas. Afinal, a física é hoje – num mundo em que a tecnologia permite revoluções e promete saídas para ao mais graves problemas – uma das manifestações de maior transparência de nossa cultura. (BARROS, 1996, p.7)

O papel da experimentação no ensino de Física

O uso da experimentação é viável e necessário no espaço e tempo da EJA,

mesmo que seja por meio de demonstração feita pelo educador, ou da utilização de

materiais alternativos e de baixo custo, na construção ou demonstração dos

experimentos. Assim, “quando o aluno afirma que um imã atrai todos os metais, o

professor sugere que ele coloque essa hipótese à prova com pedaços de diferentes

metais. Por mais modesta que pareça esta vivência, é rica em ensinamentos” (AXT, s/d,

p.78).

O lúdico – Brinquedos e jogos no ensino de Física

Por meio desta estratégia de ensino o educando será instigado a pesquisar e

propor soluções, visto que a ludicidade “... decorre da interação do sujeito com um dado

conhecimento, sendo portanto subjetiva. Seu potencial didático depende muito da

sensibilidade do educador em gerar desafios e descobrir interesses de seus alunos.”

(RAMOS; FERREIRA, 1993, p.376)

O cuidado com os conceitos e definições em Física

O educando traz ideias e contextos para as coisas, para compreender e atuar no

mundo. Essas ideias podem ser aproveitadas como ponto de partida para a construção do

conhecimento científico, mas será necessário fazer a transposição destes conceitos

espontâneos ou do senso comum para o conhecimento científico, com os cuidados

necessários.

Atualmente o entendimento do ensino de física é fortemente associado às

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idéias de conceitos espontâneos. Tais idéias indicam que quando as pessoas vêm para a escola, elas já têm um contexto para as coisas. Por outro lado, à medida que vamos inserindo os assuntos na sala de aula, queremos que o aluno vá montando aquela estrutura que nós temos, ligando os conceitos da forma como nós o fazemos. Entretanto, à medida que vamos ensinando, ele vai fazendo as ligações que quer. (...). Que pode, que consegue. E assim, os mesmos conceitos podem ser ligados de maneiras diferentes, em estruturas diferentes. É comum pensarmos que a lógica, a maneira de raciocinar, de inserir algo em contextos mais amplos, utilizados por nós, professores, para construirmos nossas estruturas, seja algo absoluto, algo transcedental. Mas não é. A lógica depende do contexto em vigor. (...), sempre achamos que com a informação que fornecemos aos alunos eles farão as ligações que nós fizemos, mas isso não é necessariamente verdade. Não há nada que nos assegure que o aluno faz as ligações que nós gostaríamos que ele fizesse. O que dizemos em sala de aula pode ser interpretado de várias maneiras diferentes. (ROBILOTTA;BABICHAK, 1997, p.22)

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O cotidiano dos alunos/contextualização

O educador deve ser o responsável pela mediação entre o saber escolar e as

experiências provenientes do cotidiano dos educandos, as quais devem ser aproveitadas

no processo da aprendizagem.

Quanto mais próximos estiverem o conhecimento escolar e os contextos presentes na vida pessoal e no mundo no qual eles transitam, mais o conhecimento terá significado. Contextualizar o ensino significa incorporar vivências concretas e diversificadas, e também, incorporar o aprendizado em novas vivências. (SEED-PR, 2000, s/d)

O papel do erro na construção do conhecimento

Os erros e acertos no processo de ensino e aprendizagem devem ser

considerados como elementos sinalizadores para a reconstrução dos conceitos e melhor

compreensão dos conteúdos. Cabe ao educador administrar este processo no qual os

educandos da EJA necessitam de apoio, principalmente pelo processo diferenciado de

estudo e o tempo que permanecem no espaço escolar. É essencial valorizar os acertos e

tornar o erro como algo comum, caracterizando-o como um exercício de aprendizagem.

O incentivo à pesquisa e a problematização

É importante incentivar os educandos para que ampliem seus conhecimentos por meio de

pesquisa, como atitude cotidiana e na busca de resultados. Para tanto,

será útil distinguir entre pesquisa como atitude cotidiana e pesquisa como resultado específico. Como atitude cotidiana, está na vida e lhe constitui a forma de passar por ela criticamente, tanto no sentido de cultivar a consciência crítica, quanto no de saber intervir na realidade de modo alternativo com base na capacidade questionadora. (...). Como resultado específico, pesquisa significa um produto concreto e localizado, (...), de material didático próprio, ou de um texto com marcas científicas. (...). Os dois horizontes são essenciais, um implicando o outro. No segundo caso, ressalta muito mais o compromisso formal do conhecimento reconstruído, enquanto o primeiro privilegia a prática consciente. (DEMO, 1997, p. 12-13)

A problematização consiste em lançar desafios que necessitem de respostas para

determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade.(...), um obstáculo que

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é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma dúvida que não

pode deixar de ser dissipada” (SAVIANI, 1993, p.25-26). As dúvidas são ocorrências

muito comuns na Física, porém, poderão ser aproveitadas para as reflexões sobre o

problema a ser analisado.

Os recursos da informática no ensino da Física

O uso da informática na educação vem se tornando uma ferramenta cada vez mais

importante e indispensável para o enriquecimento das aulas teóricas e à melhor

compreensão dos estudos elaborados. A familiarização do educando com o computador

se faz necessária dentro da escola, visto que a tecnologia se faz presente nos lares, no

trabalho e aonde quer que se vá. É necessário o mínimo de entendimento sobre as

tecnologias usuais e como utilizar-se desta ferramenta para ampliar os conhecimentos.

O uso de textos de divulgação científica em sala de aula

Os textos científicos encontrados em jornais, revistas, sites e em outros meios de

divulgação científica, podem conter conteúdos significativos ao ensino de Física e serem

explorados de diversas formas. Deve-se ter o cuidado de estar selecionando textos

validados por profissionais da área e que tenham cunho científico, observando a

existência de erros conceituais ou informações incorretas.

A utilização do material de apoio

O ensino da Física não deve estar apenas pautado no uso do material didático

fornecido pela entidade mantenedora, é fundamental utilizar-se de outros recursos, como

os apontados anteriormente, para enriquecer as aulas e tornar o processo de ensino mais

harmonioso e agradável. Assim, o material deve servir de apoio, tanto ao educador como

ao educando, ao lado de outras alternativas de ensino e aprendizagem que

complementem o conhecimento proposto.

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15.8.2.1 CONTEÚDOS DE FÍSICA – ENSINO MÉDIO

Considerando-se a amplitude dos conhecimentos físicos, é necessário pensar a

importância e essencialidade dos conteúdos, visando contemplar aprendizagens

significativas aos educandos da EJA.

Para isso, é indispensável que a organização dos conteúdos na proposta curricular

esteja vinculada ao espaço e ao tempo de estudo dos educandos e a experiência

cotidiana destes, procurando apresentar esses conteúdos como instrumentos de melhor

compreensão e atuação na realidade. Para a maioria dos educandos da EJA, como

também

... para uma grande parte da população, os conhecimentos de Física do Ensino Médio têm grande possibilidade de serem os únicos dessa disciplina aos quais os alunos terão acesso pela via escolar. Percebemos, então, a pertinência e necessidade de reorganização dos componentes curriculares de física - entendida aqui a idéia de currículo como sendo algo muito mais amplo do que mera listagem de conteúdos de tal forma que possam dar conta, tanto das demandas de continuidade dos estudos e das de natureza profissional como, e principalmente, daquelas exigidas pela vida no seu dia-a-dia. (GARCIA; ROCHA; COSTA, 2000, p. 139-140)

Ao pensar os conteúdos a serem trabalhados, o educador deve priorizar os

essenciais, ou seja, àqueles que possam ter significado real à vida dos educandos. Os

conteúdos devem possibilitar a percepção das diversas abrangências sobre um

determinado fenômeno, portanto, o ensino não pode se restringir apenas ao livro didático

ou ao material de apoio. “A seleção de conteúdos é tarefa do professor; ele pode produzir

uma unidade de ensino que não existe no livro ou deixar de abordar um de seus

capítulos, pode realizar retificações ou propor uma abordagem diferente” (BIZZO, 2000,

p.66).

Considerando-se ainda as Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de

Jovens e Adultos e as especificidades desta modalidade de ensino, principalmente no que

tange ao tempo de ensino do educador e o tempo da aprendizagem dos educandos, a

proposta de conteúdos básicos da disciplina de Física, segue o disposto a seguir.

INTRODUÇÃO À FÍSICA

Campo de estudo e atuação da Física.

História da Física.

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A Física contemporânea e suas aplicações tecnológicas.

MECÂNICA

Movimento retilíneo.

Movimentos curvilíneos.

Movimento circular uniforme.

Queda-livre.

Os Princípios da Mecânica (Leis de Newton).

Energia. Trabalho. Potência.

Impulso e quantidade de movimento.

A Gravitação Universal.

A Hidrostática.

FÍSICA TÉRMICA

Fenômenos térmicos.

O calor e a temperatura.

O fenômeno da dilatação nos sólidos, líquidos e gases.

As mudanças de estado físico da matéria.

Trocas de calor. Transmissão de calor.

Comportamento térmico dos gases.

As Leis da Termodinâmica.

ONDULATÓRIA

Fenômenos ondulatórios.

Ondas mecânicas e eletromagnéticas.

Natureza ondulatória e quântica da luz.

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ÓPTICA

Fenômenos luminosos.

Princípios da Óptica Geométrica.

Aplicações do fenômeno da reflexão e refração da luz.

Lentes e instrumentos ópticos de observação.

Espelhos.

A óptica e o olho humano.

ELETRICIDADE E MAGNETISMO

Fenômenos elétricos e magnéticos.

Aspectos estáticos e dinâmicos da eletricidade.

A Lei de Coulomb.

O campo elétrico . Potencial elétrico.

A corrente elétrica.

Geradores e circuitos elétricos.

O campo magnético.

Indução magnética.

ENERGIA

Energia e suas transformações.

Fontes e tipos de energia.

Energia, meio ambiente e os potenciais energéticos do Brasil.

A energia elétrica nas residências.

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15.8.3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARES. B.A. Livro didático – análise e reflexão. In: MOREIRA, M. A.; AXT, R. Tópicos em Ensino de Ciências. Porto Alegre: Sagra, 1991, p.18-46.

ARROYO, M. G. Educação e exclusão da cidadania. In: BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel G.; NOSELLA, PAULO. Educação e cidadania: quem educa o cidadão? 5 ed. São Paulo: Cortez, 1995. (Coleção questões de nossa época)

AXT, Rolando. O Papel da Experimentação no Ensino de Ciências. In: MOREIRA,

Marco Antonio. AXT, Rolando. Tópicos em Ensino de Ciências. Porto Alegre: Sagra, s/d.

BARROS, Henrique Lins.In: BEM-DOV, Yoav. Convite à física. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1996. Prefácio da obra.

BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.

CHAVES, A.; SHELLARD, R.C. Física para o Brasil: pensando o futuro. São Paulo: Sociedade Brasileira de Física, 2005.

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 2. ed.,Campinas: Autores Associados, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura)

GARCIA, N. M. Dias ; ROCHA,V. Jazomar ; COSTA, R. Z. Visneck. Física. In: KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000.

MOREIRA, M.A. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.

MOREIRA, M. A. Revalorização do professor e aprendizagem significativa: dois fatores importantes para a reconstrução da escola pública. Texto digitalizado, s/d2.

MORTIMER, F. E. Construtivismo, Mudança Conceitual e Ensino de Ciências: para onde vamos? Investigações em Ensino de Ciências. V.1, n.1, abril de 1996. In: http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/. Acesso em 07/06/2005.

OLIVEIRA. M. R.N. S. Do mito da tecnologia ao paradigma tecnológico; a mediação tecnológica nas práticas didático-pedagógicas. In: Revista Brasileira de Educação, set/ou/nov/dez, 2001, n.18. Reunião anual da ANPED, 24º. Caxambu: ANPED, p.101-107.

RAMOS, Eugênio M. de França. FERREIRA, Norberto Cardoso. O desafio lúdico como alternativa metodológica para o ensino de física. In: Atas do X SNEF, 25-29/ janeiro, 1993.

RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educação & Sociedade, vol. 20, n.68, Campinas: UNICAMP, dez, 1999.

ROBILOTTA, Manoel Roberto. BABICHAK, Cezar Cavanha. Definições e conceitos em Física. In: Cadernos Cedes, ano XVIII, no. 41, junho/ 97, p. 35 – 45.

ROSA, C. W. da; ROSA, A. B. da. Ensino de Física: objetivos e imposições no ensino médio.

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Revista Eletrónica de Ensenãnza de las Ciencias. Vol.4, nº 1, 2005.

SEED-PR. Proposta pedagógica e autonomia da escola. Set, 2000, texto digitalizado.

SAVIANI, Dermeval. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores Associados, 1993, p. 20-28.

PIETROCOLA, M.; ALVES, J. de P.F.; PINHEIRO, T. de F. Pratica disciplinar de professores de ciências. In: htttp://www.if.ufrgs.br/public/ensino/vol8/n2/v8_v8_n2_a3.html. Acesso em 09/06/2005.

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15.9 DISCIPLINA DE QUÍMICA

15.9.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE QUÍMICA

A consolidação da Química como ciência foi um dos fatos que permitiu o

desenvolvimento das civilizações, determinando maneiras diferenciadas no modo de

viver. A Química está inserida nas ações e nos recursos utilizados nas diversas atividades

diárias das pessoas e, segundo BIZZO (2002, p.12),

o domínio dos fundamentos científicos hoje em dia é indispensável para que se possa realizar tarefas tão triviais como ler um jornal ou assistir à televisão. Da mesma forma, decisões a respeito de questões ambientais, por exemplo, não podem prescindir da informação científica, que deve estar ao alcance de todos.

Assim, a Química fundamenta-se como uma ciência que permite a evolução do ser

humano nos aspectos ambientais, econômicos, sociais, políticos, culturais, éticos, entre

outros, bem como o seu reconhecimento como um ser que se relaciona, interage e

modifica, positiva ou negativamente, o meio em que vive.

A Química como ciência contempla as tradições culturais e as crenças populares

que despertam a curiosidade por fatos, propiciando condições para o desenvolvimento

das teorias e das leis que fundamentam as ciências. BIZZO (2002, p.17), afirma que

a ciência não está amparada na verdade religiosa nem na verdade filosófica, mas em um certo tipo de verdade que é diferente dessas outras. Não é correta a imagem de que os conhecimentos científicos, por serem comumente fruto de experimentação e por terem uma base lógica, sejam “melhores” do que os demais conhecimentos. Tampouco se pode pensar que o conhecimento científico possa gerar verdades eternas e perenes.

Desta forma, é importante considerar que o conhecimento químico não é algo

pronto, acabado e inquestionável, mas em constante transformação.

A Química, trabalhada como disciplina curricular do Ensino Médio, deve

apresentar-se como propiciadora da compreensão de uma parcela dos resultados obtidos

a partir da Química como ciência.

A ciência realizada no laboratório requer um conjunto de normas e posturas. Seu objetivo é encontrar resultados inéditos, que possam explicar o desconhecido. No entanto, quando é ministrada na sala de aula, requer outro conjunto de procedimentos, cujo objetivo é alcançar resultados esperados, aliás planejados, para que o estudante possa entender o que é conhecido. (...) Existe portanto uma diferença

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fundamental entre a comunicação de conhecimento em congressos científicos, entre cientistas, e a seleção e adaptação de parcelas desse conhecimento para ser utilizado na escola por professores e alunos. (BIZZO, 2002, p.14)

Essa percepção deve fazer parte do trabalho pedagógico realizado nas escolas e

conforme MALDANER (2000, p.196),

compreender a natureza da ciência química e como ela se dá no ensino e na aprendizagem passou a ser um tema importante, revelado a partir das pesquisas educacionais, principalmente as pesquisas realizadas na década de 1980 sobre as idéias alternativas dos alunos relacionadas com as ciências naturais. No âmbito da pesquisa educacional, mais ligado à educação científica, estava claro, já no início dos anos 90, que era fundamental que os professores conhecessem mais o pensamento dos alunos, bem como, a natureza da ciência que estavam ensinando. No entanto, isso não era prática usual nos cursos de formação desses professores

Tal consideração vem de encontro com a forma com que muitos educadores têm

trabalhado esta disciplina, priorizando fatos desligados da vida dos educandos, em que

os educadores abordam, principalmente, os conteúdos acadêmicos, enfatizando a

memorização, o que torna a disciplina desvinculada da realidade dos seus alunos e sem

significação para sua vida.

Considerando que uma das funções do aprendizado dos conhecimentos químicos

na escola deve ser a de perceber a presença e a importância da Química em sua

vivência, para DELIZOICOV et.al. (2002, p.34),

a ação docente buscará constituir o entendimento de que o processo de produção do conhecimento que caracteriza a ciência e a tecnologia constitui uma atividade humana, sócio-historicamente determinada, submetida a pressões internas e externas, com processos e resultados ainda pouco acessíveis à maioria das pessoas escolarizadas, e por isso passíveis de uso e compreensão acríticos ou ingênuos; ou seja, é um processo de produção que precisa, por essa maioria, ser apropriado e entendido.

Assim, é importante que o ensino desenvolvido na disciplina de Química na EJA,

possibilite ao educando, a partir de seus conhecimentos prévios, a construção do

conhecimento científico, por meio da análise, reflexão e ação, para que possa argumentar

e se posicionar criticamente.

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15.9.2 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Considerando os encaminhamentos metodológicos contidos na proposta

pedagógica de ensino para a disciplina de Química no Ensino Médio Regular, faz-se

necessário refletir as especificidades do trabalho com a Química na Educação de Jovens

e Adultos (EJA), considerando as Diretrizes Curriculares Estaduais para essa modalidade

de ensino da educação básica.

Nesse sentido, para o trabalho metodológico com essa disciplina, uma alternativa

seria partir da seqüência: “fenômeno–problematização–representação-explicação”

(MALDANER, 2000, p.184). Para o autor,

episódios de alta vivência dos alunos passariam a ser importantes no processo de ensino e aprendizagem e não obstáculo a ser superado (...) O importante é identificar situações de alta vivência comuns ao maior número possível de alunos e a partir delas começar o trabalho de ensino. (MALDANER, 2000, p. 184)

Nessa ótica, não cabe ao educador apresentar apenas fórmulas, classificações,

regras práticas, nomenclaturas, mas sim, trabalhar conteúdos com os quais o educando

venha a apropriar-se dos conhecimentos de forma dinâmica, interativa e consistente,

respeitando os diferentes tempos de aprendizagem e propiciando condições para que o

mesmo perceba a função da Química na sua vida.

Criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos. (RIBEIRO, 1999, p.8)

Conforme SCHNETZLER (2000) citada em MALDANER (2000, p. 199), “Aprender

significa relacionar”. A aprendizagem dos vários conceitos químicos terá significado

somente se forem respeitados os conhecimentos e as experiências trazidos pelo

educando jovem e adulto, de onde sejam capazes de estabelecer relações entre

conceitos micro e macroscópicos, integrando os diferentes saberes – da comunidade, do

educando e acadêmico.

Segundo FREIRE (1996, p.38), “a educação emancipatória valoriza o ’saber de

experiência feito’, o saber popular, e parte dele para a construção de um saber que ajude

homens e mulheres na formação de sua consciência política.”

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Para que isso se evidencie no ambiente escolar, para a disciplina de Química,

considera-se a afirmação de MALDANER (2000, p. 187), de que “o saber escolar deve

permitir o acesso, de alguma forma, ao conhecimento sistematizado. Assim ele será

reconstruído e reinventado em cada sala de aula, na interação alunos/professor,

alunos/alunos e, também, na interação com o entorno social”. Dessa forma, o ensino da

disciplina de Química deve contribuir para que o educando jovem e adulto desenvolva um

olhar crítico sobre os fatos do cotidiano, levando-o a compreensão dos mesmos de forma

consciente, dando-lhe condições de discernir algo que possa ajudá-lo, daquilo que pode

lhe causar problemas.

Nesse sentido, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de forma

contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao educando jovem e adulto a

inter-relação dos vínculos do conteúdo estudado com as diferentes situações com que se

deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode-se dar a partir de uma

problematização, ou seja, lançando desafios que necessitem de respostas para

determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade (...), um obstáculo que

é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma dúvida que não

pode deixar de ser dissipada.” (SAVIANI, 1993, p.26) As dúvidas são muito comuns em

Química, devendo ser aproveitadas para a reflexão sobre o problema a ser analisado.

Sendo assim, para o educador, o desafio consiste em realizar esta contextualização sem

reduzir os conteúdos apenas a sua aplicação prática, deixando de lado o saber

acadêmico.

Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de Química

é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do pensamento na

ciência Química, propiciando condições para que o educando perceba o significado do

estudo dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem própria e da cultura

científica e tecnológica oriundas desse processo, pois as diversas contingências históricas

têm levado os professores a deixar de lado a importância do saber sistematizado,

resultando numa prática pedagógica pouco significativa.

É fundamental mencionar, também, a utilização de experimentos e as práticas

realizadas em laboratório como um dos recursos a serem utilizados no trabalho docente,

a fim de que o educando possa visualizar uma transformação química, inserindo

conceitos pertinentes e estabelecendo relações de tal experimento com aspectos da sua

vivência. Segundo BIZZO (2002, p.75), é

importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento

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essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) ...a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos.

Nesse sentido, um aspecto importante a ser considerado é o fato de que o

educador não deve se colocar como o verdadeiro e único detentor do saber,

apresentando todas as respostas para todas as questões. Conforme BIZZO (2002, p.50),

o professor deveria enfrentar a tentação de dar respostas prontas, mesmo que detenha a informação exata, oferecendo novas perguntas em seu lugar, que levassem os alunos a buscar a informação com maior orientação e acompanhamento. Perguntas do tipo “por quê?” são maneiras de os alunos procurarem por respostas definitivas, que manifestem uma vontade muito grande de conhecer. Se o professor apresenta, de pronto, uma resposta na forma de uma longa explicação conceitual, pode estar desestimulando a busca de mais dados e informações por parte dos alunos.

Ao proceder dessa forma, o educador leva o educando a pensar e a refletir sobre o

assunto trabalhado, estimulando-o a buscar mais dados e informações.

Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do material

de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que não seja o

único recurso a ser utilizado pelo educador. MALDANER (2000, p. 185), afirma que

é por isso que não é possível seguir um “manual” de instrução, do estilo de muitos livros “didáticos” brasileiros originados dos “cursinhos pré-vestibulares”, para iniciar o estudo de química no ensino médio. A lógica proposta nesses “manuais” é a da química estruturada para quem já conhece a matéria e pode servir, perfeitamente, de revisão da matéria para prestar um exame tão genérico como é o exame vestibular no Brasil.(...) O que seria adequado para uma boa revisão da matéria, característica original dos “cursinhos pré-vestibulares”, tornou-se programa de ensino na maioria das escolas brasileiras.

A respeito do livro didático, BIZZO (2002, p. 66) propõe que ele deve ser utilizado

como um dos materiais de apoio, como outros que se fazem necessários, cabendo ao

professor, selecionar o melhor material disponível diante de sua própria realidade, onde

as informações devem ser apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos.

Ao pensar os conteúdos a serem trabalhados, o educador deve priorizar os

essenciais, ou seja, aqueles que possam ter significado real à vida dos educandos jovens

e adultos. Os conteúdos trabalhados devem possibilitar aos mesmos a percepção de que

existem diversas visões sobre um determinado fenômeno e, a partir dessa relação,

poderem constituir a sua própria identidade cultural, estimulando sua autonomia

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intelectual. Os conteúdos podem ser organizados sem a rígida sequencia linear proposta

nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a relevância e a necessidade desses

conteúdos, assim como a coerência dos mesmos para o processo educativo.

15.9.2.1 CONTEÚDOS DE QUÍMICA – ENSINO MÉDIO

O programa de Química contempla os seguintes conteúdos, considerados

essenciais para a conclusão da disciplina de Química no Ensino Médio na modalidade

Educação de Jovens e Adultos.

Matéria e substâncias

Reações Químicas

Funções Orgânicas e Inorgânicas

Ligações Químicas

Ligações entre as moléculas

Tabela periódica e periodicidade

Estrutura atômica

Estequiometria

Estudo dos Gases

Radioatividade

Propriedades coligativas

Eletroquímica

Equilíbrio Químico

Soluções

Termoquímica

É importante ressaltar que cabe ao educador, a partir da investigação dos

conhecimentos informais que os educandos têm sobre a Química, sistematizar as

estratégias metodológicas, planejando o que será trabalhado dentro de cada um dos

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conteúdos mencionados anteriormente, qual a intensidade de aprofundamento, bem como

a articulação entre os mesmos ou entre os tópicos de cada um.

Para a organização dos conteúdos é indicado que seja utilizada a problematização,

cujo objetivo consiste em gerar um tema para contextualização. Os temas são baseados

em fatos locais, regionais, nacionais ou mundiais, que possam refletir sobre os

acontecimentos que relacionam a Química com a vida, com o ambiente, com o trabalho e

com as demais relações sociais.

A partir do contexto abordado, devem ser selecionados os conteúdos que possam

ser trabalhados, independentemente da seqüência usual presente nos livros didáticos da

disciplina. Nesse sentido, ao organizar os conteúdos, bem como, a forma como serão

desenvolvidas as atividades para aprofundamento e avaliação, o educador terá condições

de desenvolver metodologias que visem evitar a fragmentação ou a desarticulação dos

conteúdos dessa disciplina.

Na perspectiva que se propõe, a avaliação na disciplina de Química vem mediar a

práxis pedagógica, sendo coerente com os objetivos propostos e com os

encaminhamentos metodológicos, onde os erros e os acertos deverão servir como meio

de reflexão e reavaliação da ação pedagógica como um todo. É essencial valorizar os

acertos, considerando o erro como ponto de partida para que o educando e o educador

compreendam e ajam sobre o processo de construção do conhecimento, caracterizando-o

como um exercício de aprendizagem.

Nessa ótica, a avaliação deve considerar que a cultura científica é repleta de

falhas, de pontos de vista diferenciados e, muitas vezes, sem consenso.

A avaliação é sempre uma atividade difícil de se realizar. Toda avaliação supõe um processo de obtenção e utilização de informações, que serão analisadas diante de critérios estabelecidos segundo juízos de valor. Portanto, não se pode pretender que uma avaliação seja um processo frio e objetivo; ele é, em si, subjetivo, dependente da valorização de apenas uma parcela das informações que podem ser obtidas. Essas características são importantíssimas para que possamos compreender a utilidade e os limites da avaliação e como ela pode ser utilizada pelo próprio professor para reorientar sua prática. (BIZZO, 2002, p.61)

Assim, ao avaliar, o educador deve superar o autoritarismo, o conteudismo e o ato

de avaliar como objeto de punição, perpassando por vários caminhos, fundamentados na

concepção teórica e no encaminhamento metodológico da disciplina de Química,

estabelecendo uma perspectiva de torná-la reflexiva, crítica, que valoriza a diversidade e

reconhece as diferenças, voltada para a autonomia do educando jovem, adulto e idoso.

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15.9.3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.

DELIZOICOV, D., ANGOTTI, J. A. & PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MALDANER, O. A. A formação inicial e continuada de professores de química. Ijuí: Editora Unijuí, 2000.

RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educação & Sociedade. v.20, n. 68, Campinas: UNICAMP, dez, 1999.

SAVIANI, Dermeval. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores Associados, 1993, p.20-28.

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15.10 DISCIPLINA DE HISTÓRIA

15.10.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA

A História é um conhecimento construído pelo ser humano em diferentes tempos e

espaços. É a memória que se tornou pública, em geral, expressão das relações de poder.

De acordo com BEZERRA, (2003 pg. 42) “o objetivo primeiro do conhecimento

histórico é a compreensão dos processos e dos sujeitos históricos, o desvendamento das

relações que se estabelecem entre os grupos humanos em diferentes tempos e espaços”.

Diferentes historiadores e sujeitos históricos contam a História a partir de sua visão

de mundo. Nesse sentido não há uma verdade única, mas sim aquela que foi tecida por

um grupo social. Trata-se de um conhecimento científico, que precisa ser interpretado.

Hoje, por exemplo a História busca os diversos aspectos que compõem a

realidade histórica e tem nisso o seu objeto de estudo, deixando de lado uma História que

a partir do século XIX privilegiava o fato político, os grandes feitos e os heróis em direção

a um progresso pautado pela invenção do estado-nação que precisava ser legitimado.

Nesse contexto, é criada a disciplina de História que tinha como função legitimar a

identidade nacional.

Até a década de 80, do século XX, a disciplina de História manteve seu conteúdo

eurocêntrico e sua divisão quadripartite, até hoje presente no currículo de muitos cursos

universitários. Numa outra perspectiva algumas universidades, começaram a abrir espaço

ao estudo da História Oriental e da História da África. No entanto, essa é uma prática bem

recente.

A História trata de toda ação humana no tempo em seus múltiplos aspectos:

econômicos, culturais, políticos, da vida cotidiana, de gênero, etc. Para se perceber

como sujeito da História, o educando precisa reconhecer que essa ação transforma a

sociedade, movimenta um espiral de mudanças, na qual há permanências e rupturas.

O homem/mulher como sujeito da História, deve ser conhecedor dos porquês, dos

problemas, das idéias, das ideologias e que só com uma visão holística do mundo e da

sociedade ele se entenderá como cidadão ativo e conhecedor de seus direitos e de seus

deveres.

Na Educação de Jovens e Adultos deve-se levar em consideração o fato de que os

seus educandos possuem maior experiência de vida e que essa modalidade tem como

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finalidade e objetivos o compromisso com a formação humana e o acesso à cultura geral.

A diversidade presente na sala de aula, a partir dos diferentes perfis sociais, deve ser

utilizada a favor do trabalho pedagógico no ensino de História. Pode-se recorrer às

diferenças para estabelecer comparações, levantar diferentes concepções de mundo e

ainda buscar trabalhar com o respeito e a aceitação das diferenças.

É preciso que o ensino de História na Educação de Jovens e Adultos seja

dinâmico e que o educando perceba que a História não está sepultada, mas em

constante transformação. Nesse sentido, pode-se tomar sempre como ponto de partida e

de chegada o próprio presente, onde estão inseridos educandos e educadores. Há que se

considerar que o passado explica o presente, mas também o presente explica o passado.

Isso não significa, no entanto, que se possa abrir mão do rigor na interpretação do

passado, pois não se pode incorrer em anacronismos ou em posturas teleológicas. É

preciso estimular o interminável diálogo entre o presente e o passado levando em

consideração as especificidades de cada contexto histórico.

É fundamental que o educador de História não atue como reprodutor de um

conhecimento pronto, de uma coleção inesgotável de fatos do passado. Mas, que torne

possível desconstruir na sala de aula os múltiplos olhares da História, criar argumentos

que possam concordar ou discordar de um autor, tomar posição diante do que já ocorreu

e ainda está ocorrendo. Não se pode ser um cidadão pleno sem que se realize uma

análise crítica dos caminhos percorridos pelo homem/mulher ao longo da história.

Por fim, reconhecer que esses sujeitos são produtores de signos e utopias,

capazes de transformar a natureza e escrever sua própria História. Portanto, a História

é uma construção coletiva em que todos os sujeitos tem um papel principal e suas ações

são de suma importância para uma participação consciente na transformação da

sociedade e do mundo em que vivem.

15.10.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

De acordo com as contribuições da historiografia, nas últimas décadas a

aprendizagem histórica se efetiva quando o conhecimento passa a ser experiência para o

educando no sentido de que ele se aproprie do que aprendeu para ler e explicar o seu

mundo.

No mundo contemporâneo um constante (re)pensar sobre a cultura escolar é

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fundamental para acompanhar as mudanças que ocorrem quotidianamente e que

implicam diretamente na vida de educandos e educadores. Nesse sentido, a partir de

discussões teórico-metodológicas significativas e que colocam o educando na

centralidade do processo ensino-aprendizagem, pretende-se contribuir para uma prática

de qualidade e de reflexão nas ações pedagógicas.

Para isso, propõem-se a abordagem dos conteúdos a partir de temáticas, no

ensino de História, para os educandos (as) da Educação de Jovens e Adultos rompendo,

dessa forma, com a narrativa linear e factual num diálogo permanente com a realidade

imediata sobre a qual se constituem os diversos saberes. Pretende-se com isso priorizar

uma prática pautada na associação ensino-pesquisa e no uso de diferentes fontes e

linguagens.

Nessa perspectiva, exige-se uma abordagem problematizadora dos conteúdos de

História, em que educadores e educandos possam dialogar e nesse diálogo, propiciar

condições de pensar, argumentar e fundamentar suas opiniões através dos conteúdos

socialmente significativos relacionados ao contexto político e social, reconhecendo a

pluralidade étnica e cultural onde esses sujeitos estão inseridos.

Esta problematização deve propiciar uma análise crítica da realidade social,

distinguindo-se da “educação bancária” em que o educador apresenta os conteúdos aos

educandos, impondo-lhes um saber desprovido de reflexão (FREIRE, 1987).

É impossível, ensinar tudo a todos, desta forma se faz necessário a seleção e a

escolha de conteúdos essenciais que possibilitem o êxito no processo ensino-

aprendizagem e permitam satisfazer as necessidades dos educandos, respeitando suas

especificidades, objetivando sua formação humanista e a busca de sua autonomia

intelectual e moral.

Considerando a concepção do ensino de História pautada pela linha da cultura,

optou-se por três eixos articuladores: Cultura, Trabalho e Tempo, que também orientam o

documento das Diretrizes Curriculares para EJA no Estado do Paraná. Esses eixos

estabelecem relações entre si e articulam-se às temáticas que por sua vez articulam-se

aos conteúdos, sendo que o eixo Tempo, presente nessa concepção, refere-se ao tempo

histórico.

Os conteúdos selecionados, foram organizados em quatro temas plurais no Ensino

Fundamental: Identidade e Cultura; Estado e Relações de Poder; Terra e Propriedade;

Cidadania e Trabalho e tres temas para o Ensino Médio: Diversidade Cultural; Relações

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de Poder e Movimentos Sociais; Mundo do Trabalho e Cidadania . É importante que na

abordagem desses conteúdos o educador crie situações de aprendizagem, que

respeitem o perfil dos educandos da EJA e possibilitem o diálogo entre os conceitos

construídos cientificamente e a cultura do educando, considerando a sua História de vida,

o ambiente cultural e a identidade do grupo.

A abordagem pode ser realizada partindo do não conhecido ao conhecido ou do

conhecido ao conhecido de outra forma. Os conteúdos não devem ser trabalhados de

forma isolada ou compartimentada, o estudo deve se dar de forma abrangente no tempo e

no espaço, como por exemplo, no que refere as questões sociais, as contradições, a

Histórica local, conteúdos estes que estabeleçam relação entre o local e o global e

possibilitem aos educandos, compreender as semelhanças e diferenças, as permanências

e as rupturas do contexto histórico.

Transformar os conteúdos em “situações problemas” é imprescindível para

demonstrar a relevância do que se vai estudar. O questionamento deve levar a reflexão

crítica e permanente, possibilitando a construção de saberes socialmente significativos

para que o educando interfira no sentido de transformar a sociedade, em que vive. Dessa

forma o ensino de História será sempre possibilidade e nunca determinação.

É essencial no processo ensino-aprendizagem que a teoria esteja em sintonia com

a prática, respeitando os níveis de compreensão dos educandos sobre a própria

realidade.

Em suma, esse processo deve contribuir para formar um educando leitor e escritor,

que se aproprie dos conhecimentos históricos, a partir da leitura, análise e interpretação

de diversas linguagens, bem como da produção de textos orais e escritos, que valorizem

o fazer e o refletir. Também é importante que o educando da EJA possa ampliar a sua

leitura de mundo percebendo-se como sujeito da História na busca da autonomia e da

cidadania.

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15.10.2.1. ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS

Ensino Fundamental e Médio

EIXOS

ORIENTA-

DORES

TEMASCONTEÚDOS – ENSINO FUNDAMENTAL

CULTURA

TRABALHO

TEMPO

IDENTIDADE

CULTURAL

CONSTRUÇÃO DO SUJEITO HISTÓRICO: o homem

um sujeito histórico, atuação do sujeito histórico-

memória.

PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO:

conceito de ciência histórica, como o historiador

reconstrói a história?

diferentes temporalidades, fontes históricas,

patrimônio cultural, a origem do homem e o começo

dos tempos.

ENCONTRO ENTRE DIFERENTES CULTURAS: o

Paraná no Século XV, ocupação do espaço

paranaense, o domínio cultural e político europeu,

principais etnias, dominação e resistência,

patrimônio cultural paranaense.

157

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TERRA E

PROPRIEDADE

NOS

DIFERENTES

PERÍODOS

HISTÓRICOS

DIFERENTES MODOS DE DISTRIBUIÇÃO DA TERRA:

Capitalista, socialista, primitiva, feudal e escravista.

CONCENTRAÇÃO DE TERRAS NO BRASIL:

Capitanias hereditárias, sesmarias, reduções,

engenhos, rendeiros/meeiros

Quilombos, comunidades indígenas, leis de terras,

imigração européia.

TENTATIVAS DE REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL

REPÚBLICA:

Plano de metas, reforma de base, ditadura militar,

proposta de Tancredo Neves, a questão da terra nos

governos; Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio

Lula da Silva.

CONFLITOS AGRÁRIOS PELA TERRA NO BRASIL:

Canudos, Contestado, ligas camponesas,

demarcação das terras indígenas, luta dos povos da

floresta, movimento dos trabalhadores rurais sem

terra.

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O ESTADO E

AS RELAÇÕES

DE PODER

ESTADO NEOLIBERAL: origem, emprego,

flexibilização dos direitos sociais, neoliberalismo no

Brasil .

ESTADO DITATORIAL E TOTALITARIO: ditadura

militar no Brasil, ditadura na América espanhola,

princípios fundamentais do totalitarismo, contexto da

Segunda Guerra.

ESTADO POPULISTA: o populismo no Brasil e na

América espanhola.

ESTADO INTERVENCIONISTA: revolução de 1930,

Crise de 1929, Constituição de 1934.

ESTADO OLIGARQUICO: Coronelismo, Revolução

Federalista no Paraná, Tenentismo.

ESTADO LIBERAL CLÁSSICO: Século das Luzes,

Imperialismo, Primeira Guerra Mundial.

FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL: O Estado

Absolutista, O poder da Igreja no Brasil colônia.

Separação entre Estado e Igreja no Brasil.

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CIDADANIA E

TRABALHO

CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO: Conceitos de

Cidadania e trabalho, direitos civis, políticos e

sociais.

CIDADANIA EM OUTRAS SOCIEDADES: Sociedade

árabe, sociedade chinesa, Grécia e Roma. Servidão

feudal.

CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO MUNDO

CONTEMPORÂNEO: o humanismo no renascimento

cultural ,Revoluções burguesas e Iluminismo,

formação da classe operária, relação capital e

trabalho. Apartheid.

DESAFIOS E OBSTÁCULOS NA CONSTRUÇÃO DA

CIDADANIA BRASILEIRA: trabalho escravo e infantil,

movimento operários e sociais, a Constituição cidadã

de 1988

EIXOS

ORIENTA-

DORES

TEMASCONTEÚDOS – ENSINO MÉDIO

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CULTURA

TRABALHO

TEMPO

DIVERSI-

DADE

CULTU-RAL

CONSTRUÇÃO DO SUJEITO HISTÓRICO: o

homem/mulher como sujeitos históricos, formação da

identidade e alteridade, História local.

PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO: história

como ciência, natureza e cultura, diferentes

temporalidades, fontes históricas, as primeiras

civilizações, patrimônio cultural.

DIFERENTES CULTURAS: dominação e resistência na

formação da sociedade brasileira, o mundo árabe, a

cosmovisão africana., cultura oriental, os diversos

Brasis.

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RELAÇÕES

DE PODER E

MOVIMENTOS

SOCIAIS

A RELAÇÃO COLONIZADOR/COLONIZADO NA

AMÉRICA: dominio cultural e político europeu,

assimilação e aculturação.

HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL E NOS

ESTADOS UNIDOS: trabalho escravo,

Formas de resistência, movimentos abolicionistas,

guerra de secessão.

LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO: Estado liberal

clássico, as idéias iluministas, a partilha do mundo,

Primeira Guerra Mundial.

SÉCULO XX MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS: formação

dos estados totalitarios, o mundo em guerra,

descolonização afro-asiática, movimentos sociais no

pós-guerra, conflitos culturais na América espanhola.

FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL: emancipação

política das colônias americanas, a construção do

estado brasileiro, o período republicano.

LUTAS PELA POSSE DA TERRA: conflitos agrários pela

posse da terra no Brasil e na América espanhola,

conflito árabe-israelense.

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MUNDO DO

TRABALHO E

CIDADANIA

CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO: Conceitos de Cidadania

e trabalho, direitos civis, políticos e sociais.

CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO MUNDO

CONTEMPORÂNEO: o humanismo no renascimento

cultural, Revoluções burguesas e Iluminismo, Apartheid,

o leste europeu, sociedade árabe, sociedade chinesa.

DESAFIOS E OBSTÁCULOS NA CONSTRUÇÃO DA

CIDADANIA NO SÉCULO XXI: movimento operários e

sociais, a Constituição cidadã de 1988, a paz no mundo,

desigualdade social.

MUNDO DO TRABALHO: flexibilização do emprego,

trabalho escravo e infantil,

relação capital e trabalho, movimentos sindicais, a

tecnologia no mundo globalizado.

15.10.3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.

BLOCH, Marc. Introdução à história. Lisboa, Portugal: Europa-América, 1997.

CABRINI, Conceição et. al. O ensino de história: revisão urgente. São Paulo: Brasiliense, 1986.

DAVIES, Nicholas (Org.). Para além dos conteúdos no ensino de história. Niterói: Eduff,

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1987.

KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003.

SILVA, Marcos A. da (Org.). Repensando a história. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1984.

163

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SILVA, Thelma Nobre Machado Bittencourt & RABELLO, Heloisa de Jesus. O ensino da hitória. Niterói, RJ: Eduff, 1992.

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15.11 DISCIPLINA DE GEOGRAFIA

15.11.1 CONCEPÇÃO DO ENSINO DA GEOGRAFIA

Atualmente, a grande velocidade com que vem ocorrendo as transformações no

espaço planetário, tem levado a escola a rever conceitos e metodologias, pois esses

refletem diretamente nos elementos fundamentais do ensino da Geografia.

Para iniciar a reflexão sobre o ensino de Geografia se colocam algumas questões:

O que é Geografia? Para que serve? Como ensinar Geografia?

Para responder a essas questões, faz-se necessário esclarecer que a Geografia

como ciência, sofreu ao longo da história profundas transformações, tanto em nível

teórico quanto metodológico. Até as primeiras décadas do século XX, predominavam nas

escolas concepções tradicionais e os livros se limitavam a uma Geografia puramente

descritiva e enumerativa, tipo catálogo. Os educandos eram obrigados a memorizar listas

intermináveis de nomes e números, ou confundiam a Geografia com a topografia e a

cartografia.

Esta Geografia tradicional, centrada na observação e na descrição principalmente

do quadro natural estrutura-se em três aspectos: os físicos, os humanos e os econômicos.

Os aspectos físicos, nesta concepção, são considerados os mais importantes.

Abrangem especialmente a hidrografia (rios, bacias hidrográficas, redes fluviais e tudo o

que se refere ao mundo das águas); o relevo (planícies, planaltos, serras – ou seja, as

formas da superfície terrestre); o clima ( calor, frio, geada, neve e estados do tempo em

geral); e a vegetação (florestas, campos, cerrados, caatinga e temas relacionados à

distribuição das espécies vegetais pela superfície terrestre).

Os aspectos humanos referem-se ao homem “inserido” no quadro natural, como se

a paisagem tivesse sido moldada para recebê-lo e fornecer-lhe suas “dádivas”, ou seja,

seus recursos: solo, água, animais, vegetais e minerais, por exemplo.

Por fim, na parte econômica busca-se explicar como o homem explora e

transforma o ambiente por meio das atividades econômicas, expressas pela seguinte

ordem: extrativismo, agricultura, pecuária, indústria, comércio, serviços e meios de

transporte – a circulação no território.

Observa-se que, na Geografia tradicional, o ensino desenvolve-se por meio de

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blocos (Geografia física, humana e econômica) que não se relacionam nem internamente,

nem entre si, desarticulados no espaço e no tempo. Na Geografia física, por exemplo, não

é estabelecida uma relação entre clima, solo, relevo e hidrografia, faz-se uma descrição

sem correlações entre os elementos. Com tudo isso, segundo MORAES (1993, p.93), no

Brasil, “a partir de 1970, a Geografia Tradicional está definitivamente enterrada; suas

manifestações, dessa data em diante, vão soar como sobrevivências, resquícios de um

passado já superado”.

Assim, se faz necessário repensar o ensino e a construção do conhecimento

geográfico, bem como a serviço de quem está esse conhecimento. Qual o papel do

ensino de Geografia na formação de um cidadão crítico da organização da realidade

socioespacial.

A partir da compreensão do espaço geográfico como “um conjunto indissociável,

solidário e também contraditório de sistemas, de objetos e sistemas de ações, não

considerados isoladamente, mas como quadro único no qual a história se dá”, Santos

(1996, p.51), propõe uma concepção de geografia que possibilite ao educando

desenvolver um conhecimento do espaço, que o auxilie na compreensão do mundo,

privilegiando a sua dimensão socioespacial. Para MORAES (1998, p.166), “formar o

indivíduo crítico implica estimular o aluno questionador, dando-lhe não uma explicação

pronta do mundo, mas elementos para o próprio questionamento das várias explicações.

Formar o cidadão democrático implica investir na sedimentação no aluno do respeito à

diferença, considerando a pluralidade de visões como um valor em si”.

Nesse contexto, a Geografia explicita o seu objetivo, de analisar e interpretar o

espaço geográfico, partindo da compreensão de que o espaço é entendido como produto

das múltiplas, reais e complexas relações, pois, como mostra SANTOS (2001, p.174)

“vive-se em um mundo de indefinição entre o real e o que imagina-se dele”. E, em

conformidade com RESENDE (1986, p.181) “é preciso reconhecer a existência de uma

saber geográfico, que é próprio do educando trabalhador, um saber que está diretamente

ligado com sua atitude intelectiva, respondendo sempre ao seu caráter social, objetivo, de

um todo integrado, um espaço real”.

Desse modo, à Geografia escolar cabe fornecer subsídios que permitam aos

educandos compreenderem a realidade que os cerca em sua dimensão espacial, em sua

complexidade e em sua velocidade, onde o espaço seja entendido como o produto das

relações reais, que a sociedade estabelece entre si e com a natureza. Segundo CARLOS

(2002, p.165) “A sociedade não é passiva diante da natureza; existe um procedimento

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dialético entre ambas que reproduz espaços e sociedades diferenciados em função de

momentos históricos específicos e diferenciados. Nesse sentido, o espaço é humano não

porque o homem o habita, mas porque o produz”.

Compreender as contradições presentes no espaço é o objetivo do

conhecimento geográfico, ou seja, perceber além da paisagem visível.

Torna-se urgente, assim, romper com a compartimentalização do conhecimento

geográfico. Neste sentido, faz-se necessário considerar o espaço geográfico a partir de

vários aspectos interligados e interdependentes, os fenômenos naturais e as ações

humanas, as transformações impostas pelas relações sociais e as questões ambientais

de alcance planetário, não desprezando a base local e regional.

Nesse contexto, o homem passa a ser visto como sujeito, ser social e histórico

que produz o mundo e a si próprio. Segundo CAVALCANTI (1998, p.192) “O ensino de

geografia deve propiciar ao aluno a compreensão de espaço geográfico na sua

concretude, nas suas contradições, contribuindo para a formação de raciocínios e

concepções mais articulados e aprofundados a respeito do espaço, pensando os fatos e

acontecimentos mediante várias explicações”.

O ensino de Geografia comprometido com as mudanças sociais revela as

contradições presentes na construção do espaço, inerentes ao modo como homens e

mulheres transformam e se apropriam da natureza. Nesta perspectiva, há que se tornar

possível ao educando perceber-se como parte integrante da sociedade, do espaço e da

natureza. Daí a possibilidade dele poder (re)pensar a realidade em que está inserido,

descobrindo-se nela e percebendo-se na sua totalidade, onde revelam-se as

desigualdades e as contradições. Sob tal perspectiva, o ensino de Geografia contribui na

formação de um cidadão mais completo, que se percebe como agente das

transformações socioespaciais, reconhecendo as temporalidades e o seu papel ativo nos

processos.

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15.11.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

Percebe-se que a prática metodológica no tocante ao ensino de Geografia, tem

sido assentada em aulas expositivas, na leitura de textos e em questionários com

respostas pré-determinadas, tendo como objetivo a memorização dos conteúdos. Porém,

tal prática tem se mostrado insuficiente para que se concretize a construção do

conhecimento geográfico. Portanto, faz-se necessário repensar a metodologia para que,

de fato, se assegurem os objetivos a que a disciplina de Geografia se propõe.

É preciso que o educando se perceba enquanto sujeito, como produto e ao mesmo

tempo transformador do espaço, por meio de suas ações e até mesmo de suas

omissões.

É importante que a escolha da metodologia possibilite ao educando mecanismos

de análise e reflexão sobre sua condição. Segundo FREIRE (1983, p.61): “não há

educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados”, portanto, é

importante a valorização dos saberes que os educandos possuem e que foram

acumulados ao longo de suas existências. Esses saberes devem ser o ponto de partida

para a construção de outros saberes. No caso da Geografia, tais pressupostos se tornam

mais evidentes e necessários.

A realidade dos educandos deve ser valorizada e a metodologia deve tornar os

conteúdos significativos para que, por intermédio do diálogo, se busque explicitar e

oportunizar a observação, a análise e a reflexão, categorias essenciais para o

desenvolvimento de “um olhar geográfico” da realidade, ou seja, do mundo vivido.

Nessa perspectiva a problematização surge como metodologia para a abordagem

dos conteúdos ou temas. Problematizar significa levantar questões referentes ao tema e

ao cotidiano dos educandos, o que implica em expor as contradições que estão postas,

buscar explicações e relações e construir conceitos. Exemplo: ao trabalhar o tema

“Indústrias no Brasil”, escolher uma indústria local e questionar:

• Qual a necessidade de termos uma indústria na nossa cidade?

• Quais mudanças foram provocadas por sua instalação?

• Qual a sua importância para o município, estado, país?

• Qual sua importância para a população?

• Por que ela se instalou nessa região?

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• Como é seu processo produtivo?

• Quais impactos vem causando no ambiente?

Se não houver indústria local, problematizar a razão disso e questionar se é

necessário uma indústria para garantir qualidade de vida na comunidade ou na cidade.

A problematização pressupõe que se estabeleça o diálogo, ou seja, que o

educando seja ouvido, o que significa envolve-lo na construção do conhecimento.

Considerando a concepção do ensino de Geografia, numa perspectiva crítica e

dialética e tendo em vista que no seu encaminhamento metodológico é fundamental

considerar os saberes que os educandos trazem consigo, vinculados a sua história de

vida, optou-se pela organização do currículo de Geografia, em três grandes eixos:

Espaço, Relações Sociais e Natureza.

Esses eixos estabelecem relações entre si e permitem a compreensão da

totalidade do espaço geográfico. Vale ressaltar, que a totalidade aqui não é a soma, mas

o conjunto da formação socioespacial. A compreensão da migração campo-cidade, por

exemplo, só ganha sentido quando a ela se relaciona a estrutura fundiária, a questão da

má distribuição das terras, a industrialização das grandes metrópoles, a periferização e a

qualidade de vida em si.

O conjunto dos eixos, o Espaço, as Relações Sociais e a Natureza articula-se as

temáticas expostas no quadro de conteúdos. Dessa maneira, os conteúdos selecionados,

devem ser trabalhados nas suas interrelações, rompendo-se com a

compartimentalização e com a linearidade do conhecimento geográfico, possibilitando a

explicitação do processo de produção do espaço pelas sociedades.

Cabe ao professor, como mediador na construção do conhecimento, criar situações

de aprendizagem, tomando como ponto de partida as experiências concretas dos

educandos no seu local de vivência, seja uma área rural, uma aldeia indígena ou no meio

urbano, de modo a permitir a resignificação de sua visão de mundo.

Nessa perspectiva, para que a avaliação cumpra o seu papel como parte integrante

do processo ensino-aprendizagem, se faz necessário definir o objetivo da atividade

avaliativa e o conteúdo a ser avaliado. E ainda utilizar instrumentos diferenciados, analisar

e qualificar os resultados, para que a partir deles o educando possa refletir e opinar sobre

os saberes construídos e os conhecimentos organizados e para que o educador possa

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rever a sua prática pedagógica.

A avaliação deve contemplar situações formais e informais e utilizar diversas

linguagens.

Os objetos da avaliação no ensino de Geografia, são os três eixos mencionados:

Espaço, Relações Sociais e Natureza. A partir deles, utilizar-se-á da descrição, da

representação, da interpretação, da localização e da análise para a compreensão das

transformações que se processam no espaço e na maneira como homens e mulheres

organizam e produzem o espaço por eles vivido.

Dessa forma, o educador deve encaminhar as ações do dia-a-dia, possibilitando a

construção de conceitos e, ao mesmo tempo, acompanhando o desenvolvimento da

aprendizagem dos educandos, para que, de fato, possa se efetivar a construção da sua

autonomia e cidadania plena.

15.11.2.1 CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA

Ensino Fundamental e Médio

Os conteúdos propostos são os mesmos para o Ensino Fundamental e para o

Ensino Médio. A abordagem dos conteúdos, deve ser diferenciada nos níveis de ensino a

partir do grau de aprofundamento e de complexidade dos textos.

Os conteúdos devem ser trabalhados em diferentes escalas: local, regional,

nacional e mundial.

Porém é necessário que o educador perceba que o espaço geográfico só pode ser

entendido em sua totalidade, sendo que os recortes de análise espacial, devem ser

apenas procedimentos operacionais para decompor o espaço, para depois recompô-lo,

sobretudo para facilitar a compreensão do educando.

EIXOS TEMÁTICA CONTEÚDOS

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ESPAÇO

RELAÇÕS

SOCIAIS

NATUREZA

RELAÇÃO CIDADE–

CAMPO

ORGANIZAÇÃO

SOCIOESPACIAL

CIDADANIA

DEMOGRAFIA: dinâmica da população,

pirâmide etária, padrão de vida,

movimentos migratórios,.

ATIVIDADES ECONÔMICAS: cadeias

produtivas, redes de distribuição,

transporte e comunicação, espaço

agrícola, fontes de energia, comércio,

indústria, turismo, circuitos produtivos,

Divisão Internacional do Trabalho,

flexibilização do trabalho, economia

solidária.

POLÍTICAS PÚBLICAS: agricultura

familiar, reforma agrária, assistência

social, educação, meio ambiente,

habitação, cultura, saúde.

URBANIZAÇÃO: expansão urbana, infra-

estrutura, plano diretor urbano.

AGRÁRIA: estrutura fundiária,

modernização do campo, conflitos no

campo, agricultura familiar, políticas

agrárias.

GEOPOLÍTICA: organização

socioespacial, fronteira, estado, nação,

território, territorialidade.

REPRESENTAÇÃO SOCIOESPACIAL:

Planeta Terra, localização espacial,

orientação, coordenadas geográficas,

cartografia.

QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS:

degradação ambiental, desenvolvimento

sustentável, qualidade de vida.

10.11.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Page 172: ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - Notícias · Sarandi, é uma escola pública que oferta o curso presencial em nível de Ensino Fundamental (Fase II) e Ensino Médio, nos turnos da manhã,

CARLOS, Ana Fani A. A Geografia brasileira hoje: Algumas reflexões. São Paulo: Terra Livre/AGB, vol. 1, nº 18, 2002.

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos, (org.) Geografia em sala de aula: Práticas e Reflexões. Porto Alegre, RS: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/AGB, 1999.

CAVALCANTI, L.S. Geografia: escola e construção de conhecimentos. Campinas: Papirus, 1998.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

MORAES, Antonio C R. Geografia: Pequena História Crítica. São Paulo: Hucitec, 1993.

MOREIRA, Ruy. O que é Geografia. São Paulo: Brasiliense, 1981.

RESENDE, M.S. A Geografia do aluno trabalhador. São Paulo: Loyola, 1986.

RODRIGUES, Neidson. Por uma nova escola. São Paulo: Cortez, 1987.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.

_______ Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2001.

172

Page 173: ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - Notícias · Sarandi, é uma escola pública que oferta o curso presencial em nível de Ensino Fundamental (Fase II) e Ensino Médio, nos turnos da manhã,

15.12 DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO – FASE II

15.13 DISCIPLINA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA - ENSINO MÉDIO

De acordo, com:

- Deliberação nº 01/06 – CEE, que normatiza a oferta da disciplina de Ensino Religioso

no Ensino Fundamental no Sistema Estadual de Ensino;

- Deliberação nº 06/06 – CEE, que dispõe sobre as Normas Complementares às

Diretrizes Curriculares Nacionais para a inclusão obrigatória das disciplinas de

Filosofia e Sociologia da Matriz Curricular do Ensino Médio nas Instituições de Ensino

do Paraná;

- Instrução nº 015/2006 – SUED/SEED;

Esclarece que, este Estabelecimento de Ensino passou a ofertar, no ano letivo de 2007 as

disciplinas mencionadas; no entanto, cabe ressaltar que os Conteúdos e Metodologias destas

disciplinas, que farão parte da Proposta Pedagógica Curricular, deverá, de acordo com a Instrução

Normativa nº 02/2006-DEJA, aguardar o Parecer do Conselho Estadual de Educação para

oficializar.

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