os desafios da escola pÚblica paranaense na … · de problemas, o aluno seja levado a buscar...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO CÁLCULO DE VOLUMES
SILVA, Carlos Antonio Tanajura da1
CARVALHO, Túlio Oliveira de2
Resumo Este artigo é o resultado obtido da implementação da Unidade Didática com uma turma do 7º Ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual “Anastácio Cerezine”, no município de Alvorada do Sul, Núcleo Regional de Educação de Londrina, Estado do Paraná. O trabalho teve como objetivo pedagógico desenvolver as habilidades de interpretar e expressar informações sobre as Medidas de Volume a partir da resolução de problemas. Este trabalho oportunizou aos alunos uma forma de compreensão mais abrangente dos conceitos envolvidos, por meio de comparações e relações entre diferentes grandezas. As atividades seguem os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), na proposição de que cabe ao professor trabalhar práticas que ampliem, aprofundem e construam novos sentidos para os conhecimentos prévios que os alunos possuem.
Palavras-Chave: Educação Matemática. Resolução de Problemas. Grandezas e Medidas.
Cálculo de Volumes.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta os resultados do desenvolvimento da Proposta de
Implementação Pedagógica com alunos do 7º ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual “Anastácio Cerezine”, da cidade de Alvorada do Sul, Estado do
Paraná. São as respostas do trabalho de conclusão do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE-2013/2014), que busca um diálogo entre o
Governo do Estado, Universidades e profissionais da Educação Básica que, em
parceria, agregam conhecimentos na esperança de estabelecerem melhores
metodologias e estratégias no processo de ensino e de aprendizagem.
Esta proposta teve como tema a “Resolução de Problemas no Cálculo de
Volumes” evidenciando a relevância da compreensão dos conceitos e de sua
aplicabilidade no cotidiano.
1 Professor da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná. E-mail de contato: [email protected] 2 Professor da Universidade Estadual de Londrina – UEL – PR. E-mail de contato: [email protected]
Para avaliar as respostas obtidas considerou-se o fato da escola pública
receber alunos vindos de diferentes realidades socioculturais e econômicas,
contemplando a heterogeneidade se obteve certa diversidade em relação aos
resultados esperados, fato que, no entanto, não atrapalhou o aprendizado, muito
pelo contrário, transformou a busca em motivação.
A proposta se apoiou nas ideias de Onuchic (1999), Polya (1978) e Buriasco
(1995), que discutem a resolução de problemas como recomendação para o ensino
da Matemática, como uma forma de abordagem mais significativa que pode
contribuir também para o aprendizado do cálculo de volumes.
Vale lembrar que o referido Plano de Implementação teve origem na busca de
novas formas de tornar o processo do ensino e de aprendizagem da Matemática
mais atraente, com a proposta de ensinar o cálculo de volumes a partir de uma nova
metodologia, motivadora, fator considerado fundamental para esta disciplina. Os
recursos utilizados, as propostas de Resolução de Problemas, todos de fácil acesso,
permitiram o uso de heurísticas pelos alunos.
A partir da escolha do tema, passou-se a integrar conteúdo didático e
métodos de trabalho, para que as atividades fossem contextualizadas com a
realidade (em si, diversa) do grupo de alunos que participaram desta prática,
fazendo com que fosse eliminada qualquer relação que sugerisse hierarquia ou
autoritarismo por parte do professor em relação a eles, de forma que puderam
perceber um diálogo franco, não se sentindo obrigados a trabalhar, mas, fazendo-o
por motivação, por desejo de aprender.
Sendo assim, o cálculo de volumes, tantas vezes tido com de difícil
aprendizado, foi trabalhado de acordo com a percepção deles, entendendo que este
assunto faz parte de suas vidas e, por isso, puderam constatar que são eles os
responsáveis pelos resultados dos problemas cotidianos que envolvem o cálculo de
volumes e a matemática, de forma geral. Eles perceberam que as medidas de
volume estão muito mais próximas do que poderiam imaginar. E esta constatação
facilitou o desenvolvimento das atividades.
Ao trabalhar com cálculo de volumes durante a elaboração da Unidade de
Implementação, pensou-se em ir além do plano teórico, enquanto se desenvolvia um
material prático com este objetivo, além do objetivo maior de fazer com que o aluno
se auto avaliasse durante a tomada de decisões na resolução dos problemas
propostos, concordando assim com a intenção do autor desta Proposta Pedagógica.
Os alunos trabalharam com medidas padronizadas e não padronizadas,
respeitando as etapas de Polya (1978) e apresentando discussões que, muitas
vezes, obrigaram o docente à retomada de conceitos ou de operações, para que
eles pudessem compreender melhor o significado daquela atividade e, assim,
buscassem os resultados.
Concluiu-se que a Educação Matemática tem que sair das páginas do
caderno e ser facilitada pela prática, com alusão e contextualização à realidade do
aluno, para que, a partir das atividades concretas, eles percebam o quanto é
importante e eficiente aprender matemática. Todos os alunos se envolveram e
colaboraram para que os resultados apresentados, agora, tivessem a conotação do
sucesso fruto da participação deles nas atividades propostas pelo primeiro autor.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os alunos costumam dizer que não gostam de Matemática e acabam sendo
desmotivados em aprender chegando a desistir da disciplina. Nestes casos julga-se
que possa existir uma deficiência no aprendizado deles, mas nem sempre se
repensa a competência do Sistema Educacional e as Metodologias empregadas no
Ensino de Matemática.
A Matemática é uma Ciência Exata, mas a Educação Matemática é uma
Ciência Social, que vai exigir inúmeras competências do profissional da Educação
que vão além de conhecer a disciplina que ele leciona. No caso da Educação
Matemática espera-se que ela venha produzir conhecimento matemático apropriado,
a multiplicidade de capacidades de cada aluno compreender e adquirir habilidades
durante o processo, que é justamente o objetivo principal.
2.1 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO CÁLCULO DE VOLUMES
Há alguns anos, o ensino e o aprendizado da Matemática eram
tradicionalmente conhecidos pelas técnicas de memorização. Quem tem
aproximadamente 40 anos pode se lembrar de que foi obrigado a escrever a
tabuada centenas de vezes, preenchendo as linhas de diversos cadernos,
especialmente quando não conseguia responder oralmente ao professor sobre tais
multiplicações.
Nesta época, lembra Onuchic (1999), o caminho de trabalho da Matemática
era a aritmética, a álgebra e a geometria. Mas, no caminhar histórico da Educação
Matemática, passando pela técnica de repetição, por exemplo, percebeu-se que
sempre havia muita abstração no ensino da Matemática. Eram muitos símbolos e
uma gama de conceitos de difícil abordagem, com excessiva formalidade, o que
afastava o ensino da realidade sociocultural dos estudantes. Tudo isto contribuía
para desanimar os alunos e os professores que viam suas estratégias fracassarem.
Onuchic (1999) esclarece que foi então que a resolução de problemas passou
a receber atenção dos educadores matemáticos em todo o mundo, no final da
década de 1970, e a partir de 1980 ficaram sendo conhecidas as recomendações
para o ensino de matemática, tendo a resolução de problemas como uma das
principais linhas de ensino da Matemática. A resolução de problemas passou a ser
uma concepção relevante, pois, a partir dela o aluno aprendia matemática
resolvendo problemas, tendo que aprendê-la para resolvê-los.
Trata-se de uma abordagem mais significativa e que está fundamentada nas
recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que informam que os
conceitos e habilidades matemáticas são passiveis de serem aprendidos no contexto
da resolução de problemas (ONUCHIC, 1999);
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p.40):
A prática mais frequente na Resolução de Problemas, consiste em ensinar um conceito, um procedimento ou técnica e depois apresentar um problema para avaliar se os alunos são capazes de empregar o que lhes foi ensinado. Para a maioria dos alunos, resolver um problema significa fazer cálculos com números do enunciado ou aplicar algo que aprendam nas aulas. Desse modo o que o professor explora na atividade matemática não é mais a atividade, ela mesma, mas seus resultados, técnicas e demonstrações.
A solução de um problema irá exigir uma série de investigações, a partir da
formação de um conceito que será o primeiro passo para se alcançar o objetivo
esperado. É a operação mental fazendo com que na atividade prática, da resolução
de problemas, o aluno seja levado a buscar possíveis caminhos para atingir o
resultado, motivado pelo desafio anunciado.
Também Polya, em seu livro A Arte de Resolver Problemas (1978), apresenta
um conjunto de passos que deverá levar os alunos a fazerem descobertas na
matemática, desenvolvendo o raciocínio. Esses passos são: a compreensão do
problema, a concepção de um plano, a execução do plano e a reflexão sobre o que
foi feito. Utiliza o termo heurística, para demonstrar os passos que são exigidos na
arte da resolução de problemas. Para ele, resolver um problema é encontrar um
caminho a partir de uma dificuldade.
Para Buriasco (1995) a Resolução de Problemas deve ser desenvolvida
sempre partindo de problemas que serão utilizados como meio para alcançar
determinados fins, podendo servir como justificativa, motivação, recreação,
desenvolvimento de novas habilidades e como prática da técnica aprendida.
É uma estratégia que busca atingir outros objetivos. Este seria um dos
significados da resolução de problemas, mas, além dele também é necessário que a
resolução de problemas seja vista como uma habilidade em si mesma que poderá
se tornar um instrumento para a aquisição de conceitos matemáticos básicos, da
capacidade de resolver problemas rotineiros e não rotineiros, bem como, é preciso
que esta estratégia sirva para “fazer matemática” (grifo da autora). Aprender
matemática é aprender a resolver problemas (BURIASCO, 1995).
O problema a ser resolvido será sempre uma situação nova que desafiará a
utilização de estratégias para a tomada de decisões em busca dos resultados, o que
deverá levar o aluno a converter-se em aprendiz independente, intérprete e usuário
da matemática. Exposta esta tendência, esta pesquisa segue investigando como
utilizar tal metodologia para o cálculo de volumes.
2.2 GRANDEZAS E MEDIDAS
Com a Revolução Francesa os padrões universais de medidas consolidaram-
se, o que não impediu que as pessoas continuassem utilizando outras formas não
padronizadas de medir.
Ao sistema escolar cabe o ensino sistematizado com medidas, que deve partir
do conhecimento que o aluno apresenta sobre o tema, cuidando para que, ao
apresentar o conteúdo nas aulas de Matemática, tal trabalho seja de forma
investigativa e a partir da resolução de problemas que possibilite o resgate do
conhecimento de cada um deles para a construção de um saber elaborado e formal
a respeito do conteúdo programado.
A proposta apresentada para o Ensino Fundamental pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) é a de que no ensino de Grandezas e
Medidas se busque comparar grandezas de mesma natureza, com a escolha de
uma unidade de medida da mesma espécie do atributo a ser mensurado;
identifiquem-se as grandezas mensuráveis no contexto diário, como comprimento,
massa, capacidade, etc.; reconheça-se e utilize-se de unidades usuais de medida
como o metro, o grama, o litro, o quilômetro, etc.; reconheça-se e utilize-se das
unidades usuais de tempo e temperatura; estabeleçam-se relações entre as
unidades usuais de medida de uma mesma grandeza, etc.
O aluno deverá compreender que grandeza é tudo aquilo que pode ser
medido, contado, e que estas grandezas podem ter suas medidas aumentadas ou
diminuídas. Por isso, situações cotidianas servirão de exemplos para que eles
possam relacionar uma ou mais grandezas, e exercitarem o conceito na prática.
Visto que o tema Grandeza e Medidas têm cunho social muito forte, os alunos já
vem para a escola com experiências, mesmo que informais, desta natureza.
2.3 MEDIDAS DE VOLUME
As medidas de volume são também conhecidas como medidas de
capacidade. A unidade usual de volume deve ser utilizada de acordo com as
unidades das dimensões do corpo, que ocupará um espaço ou comportará alguma
substância, o que então será chamado de volume.
A leitura das medidas de volume segue o mesmo procedimento do aplicado
às medidas lineares. As unidades de volume são apresentadas de acordo com o
Sistema Internacional de Medidas (SI) abordando as medidas de metros
cúbicos=m³; a do decímetro cúbico=dm³; e a de centímetro cúbico = cm³, bem como,
são ensinadas as medidas de capacidade, o litro=l e o mililitro =ml.
Se torna bem mais motivador apresentar ou rever o conceito de volume
associado à visualização e ao raciocínio espacial, por sugerir outras investigações,
pois, as imagens possibilitam o esclarecimento e a simplificação de conceitos
geométricos e matemáticos, segundo estudos de Battista e Clements (1998 apud
SERRA, 2010).
É possível encontrar outros sólidos de outras formas que possuem volume e
capacidade. No caso da medida de capacidade de 1 litro (l), há a correspondência
de 1000 mililitros (ml).
A medida padrão de volume ou capacidade é representada simbolicamente
por m3 (metro cúbico), que é uma unidade derivada do metro. Além do metro cúbico
(m3), neste projeto são apresentados o decímetro e centímetro cúbico (dm3, cm3).
2.3.1 Medida de Volume e a Resolução de Problemas
O volume representa o que um corpo ocupa no espaço; e a capacidade, o
quanto ele é capaz de armazenar em seu interior, torna-se interessante partir para a
proposta de resolução de problemas para observar o quanto o aluno reconhece esta
medição no seu dia a dia. Tais situações-problemas permitem que os alunos
rememorem os conceitos já aprendidos.
A prática diária de cada aluno pode dar a conhecer quantos milímetros
cúbicos cabem dentro de um litro, mas é muito difícil que já tenham compreendido
que um litro é igual a um decímetro cúbico, fato que importa para a escolha das
situações problemas que surgem no decorrer do aprendizado de grandezas e
medidas, especialmente no caso da medida de volume.
São muitas as situações que necessitam do cálculo de volumes. E elas
devem ser dadas a refletir para que os alunos consigam resolver problemas que lhes
sejam úteis. Antes eles precisam imaginar momentos em que este cálculo é usado,
como, por exemplo, o volume do concreto a ser usado numa fundação, o volume de
água em uma piscina, a capacidade de armazenamento de um silo de grãos ou de
carga em um caminhão.
Trata-se de uma visão mais ampla e integrada do cálculo da medida de
volume, cálculo este que deve ser iniciado com a revisão do conceito de área,
buscando encontrar uma forma para simplificar essa contagem.
Os alunos precisam compreender o que vai ser medido (volume); para que
escolham o instrumento que utilizaram para fazer a medição; e, por último, decidam
a forma como os resultados serão apresentados.
Métodos não usuais, ou medidas não convencionais, são mais atraentes, pois
podem possibilitar a proximidade do problema a ser resolvido com a realidade do
aluno. Ademais, podem-se explorar os números racionais em sua notação
fracionária (½ litro) e decimal (500 ml), num momento em que os alunos deverão
mudar a unidade escolhida.
Antes de falar em litro, por exemplo, o professor pode se utilizar de copos
para medir volume, e desenvolver, a partir disso muitas atividades exploratórias para
traçar um diagnóstico do conhecimento prévio de cada aluno.
A partir deste tipo de comunicação eles percebem um padrão para chegar às
soluções dos problemas apresentados.
3 PRODUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO
3.1 MEDIDAS NÃO-PADRONIZADAS E PADRONIZADAS
Inicialmente o professor observou as dificuldades apresentadas pela turma
fazendo uma sondagem, para verificar a melhor forma de desenvolver o trabalho.
Em seguida comentou sobre a metodologia utilizada em conformidade com Polya,
que em seu livro A arte de Resolver Problemas (1978), apresenta os seguintes
passos: a compreensão do problema, a concepção de um plano, a execução do
plano e a reflexão do que foi feito. Foi explicado que esta metodologia tem o objetivo
de levar os alunos a fazerem descobertas na matemática, desenvolvendo o
raciocínio.
Quando da primeira atividade, os alunos com a posse de gavetinhas de
caixas de fósforo adaptadas e cubinhos de 1 cm3, deveriam verificar o volume
ocupado pela gavetinha.
Figura 1: Gavetinhas de caixa de fósforos adaptada e cubinhos de 1 cm3
Fonte: arquivo do autor
Verificou-se que, os alunos seguiram as etapas de Polya (1978), isto é,
através da leitura do problema, compreenderam o que estava sendo abordado,
construíram um plano, o executaram e discutiram os resultados obtidos. Como esta
atividade era considerada fácil, a etapa mais difícil foi, após a leitura, interpretar o
que estava sendo pedido no problema.
A figura abaixo mostra o resultado obtido na elaboração do problema.
Figura 2: Resultado da atividade do volume da gavetinha de caixa de fósforos Fonte: arquivo do autor
A atividade foi um bom preparo para os alunos realizarem os demais
problemas propostos e atingirem o objetivo que era verificar o volume e conceituá-lo
como medida, e também, aprofundar o conhecimento do tridimensional e outros
conteúdos da geometria.
Para inserir o conteúdo estruturante do ensino de medida de volume, foi
necessário revisar outros conceitos e operações, para que os alunos entendessem o
significado do conteúdo, seu caráter prático e utilitário, obedecendo ao que é
proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p.25) quando diz
que “o conhecimento matemático em relação à quantificação real, contagem,
medição de grandezas, vai muito além [...]”. O aluno pode fazer conexões com
diversos temas matemáticos, com as demais áreas do conhecimento e situações do
meio em que ele vive.
Por isso, é necessário sempre desenvolver habilidades para interpretar e
expressar informações sobre a Medida de Volume no contexto da resolução de
problemas, de forma que se possa reconhecer sua importância conceitual.
3.2 INTEGRAÇÃO DOS CONTEÚDOS MATEMÁTICOS COM OUTRAS ÁREAS
De acordo com Onuchic (2012) o ensino da Matemática pode ser melhorado
observando alguns pontos. Dentre eles, cabe notar que é preciso ensinar tanto as
habilidades básicas quanto as de ordem superior; que os estudantes devem ser
levados a acreditar que podem imaginar, representar e compreender o que
aprendem, que o ensino da Matemática deve ser uma atividade para a vida toda e
que todas as facilitações para isto devem estar sempre disponíveis, a Matemática
deve ser aprendida como um todo integrado – com atividades concretas e intuitivas,
que os alunos devem perceber que a Matemática pode ser utilizada com eficiência e
que é preciso que os professores conheçam diversos caminhos para ajudar os
estudantes a aprenderem Matemática.
É preciso, portanto, ir ao encontro das necessidades dos alunos,
especialmente no momento atual onde as mudanças ocorrem de forma tão rápida
exigindo que o aprendizado seja útil para ser interessante.
Buscando a integração dos conteúdos matemáticos com outras áreas do
conhecimento, a segunda atividade envolveu-se com os conteúdos de língua
portuguesa e história em que se inicia com o relato de um dos três problemas
clássicos da geometria grega ocorrido por volta de V e IV a.C., a “Duplicação do
Cubo”, consistindo em construir um cubo com o dobro do volume do outro.
Por quanto se deve multiplicar a aresta do primeiro cubo para que se tenha
um segundo cubo com o dobro do volume do primeiro?
V1 = a3 V2 = 2.a
3
Figura 3: Volume do cubo 1 Figura 4: Volume do cubo 2 Fonte: arquivo do autor Fonte: arquivo do autor
Este problema foi o que mais chamou a atenção da equipe pedagógica, no
momento da apresentação na semana pedagógica, e o autor teve que resolver o
problema no quadro, satisfazendo assim, as curiosidades de todos participantes
daquele encontro.
Os professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede, na ocasião do
fórum, questionaram sobre o grau de dificuldade que os alunos encontraram para
resolver o problema que envolvia o cálculo de raiz cúbica, reiteraram que este
conteúdo é trabalhado no ano seguinte, ou seja, 8 º ano do Ensino Fundamental;
mas foi respondido que o aluno iria depender apenas do conhecimento de números
racionais, pois iria utilizar à calculadora e fazer as devidas aproximações.
3.3 ESTABELECENDO A RELAÇÃO ENTRE MEDIDA DE VOLUME E
CAPACIDADE
Para estabelecer a relação entre medida de volume e capacidade foi
solicitado que os alunos trouxessem embalagens no formato de bloco retangular,
como exemplo: embalagens de leite, de sucos, água de coco e outras que tivessem
o formato solicitado para a realização da atividade.
Figura 5: Embalagem de leite Fonte: arquivo do autor
As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (PARANÁ, 2008), já
esclarecem que se deve trabalhar as noções de medidas por meio de atividades
significativas, de forma que a unidade em estudo possa ser comparada com a
grandeza a ser medida, bem como conheça os instrumentos utilizados nos dias
atuais, e ainda recordem que no decorrer do tempo histórico houve uma evolução
nas escolhas destes instrumentos.
De acordo com as DCE/PR para o Ensino Fundamental, dentro do Conteúdo
Estruturante Grandezas e Medidas, se encontram o conteúdo de “medidas
derivadas”, onde se enquadra a medida de volume, tema abordado juntamente com
outros conteúdos matemáticos (PARANÁ, 2008).
Por isso, quando do trabalho com o conteúdo de Medida de Volume para a
Educação Básica (no Ensino Fundamental) foi necessário que os conhecimentos
geométricos fossem valorizados, pois este conhecimento geométrico engloba a
geometria espacial, nomenclaturas, estruturas e dimensões dos sólidos geométricos,
bem como os cálculos de medidas de arestas, volume de prismas retangulares
(paralelepípedo e cubo) (PARANÁ, 2008).
Os alunos realizaram as medidas das embalagens, eles transcreveram os
dados obtidos no caderno e efetuaram os cálculos comparando os valores da
capacidade com o valor aproximado do volume, conforme o ilustrado na figura 6 a
seguir:
Figura 6: Resultado do volume da embalagem de leite Fonte: arquivo do autor
Os resultados alcançados no cálculo dos volumes foram próximos aos valores
da capacidade observados nas embalagens, logo, os alunos estabeleceram as
relações entre a medida de capacidade e volume. Esta atividade, de certa forma,
envolveu as famílias dos alunos na seleção dos materiais e poderia ser também
trabalhado com o reaproveitamento das mesmas juntamente com a disciplina de
Arte, tais como: porta canetas, vasos decorativos, dentre outros.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados alcançados pela implementação pedagógica foram
satisfatórios, tendo em vista o grande avanço na aprendizagem, bem como na
aceitação dos alunos pela utilização da metodologia de resolução de problemas. Em
mediações com os mesmos, o autor percebeu também um aumento na autoestima
dos educandos e certamente uma curiosidade nas realizações das atividades
descritas.
Neste sentido, este trabalho ressaltou aspectos qualitativos, ou seja,
procedimentos, atitudes e conceitos; pois as dificuldades na aprendizagem variam
em cada indivíduo dentro de um mesmo contexto. A ênfase é naturalmente maior no
processo do que no produto.
Foi possível perceber a dificuldade dos alunos na aprendizagem das
operações matemáticas, mesmo sabendo que muitos destes já trabalham, recebem,
fazem compras, entre outras atividades; necessitando ainda mais destas operações
básicas para o seu cotidiano.
A utilização da resolução de problemas no cálculo de volumes proporcionou
aos alunos o sentido do objeto de estudo, eles conseguiram construir um
pensamento indutivo, sem a necessidade de fórmulas e/ou cópias de modelos
repetitivos das situações problemas, pois aprenderam refletindo e pensando no
saber matemático.
Os professores do Grupo de Trabalho em Rede participaram, interagiram e
contribuíram de forma satisfatória e os resultados obtidos na implementação
pedagógica foram muito além dos esperados, de forma que satisfez o autor e toda
equipe pedagógica, que concluíram que plano de intervenção teve êxito, podendo e
pode ser utilizado a qualquer momento junto a alunos que compõem a rede pública
de educação, nas séries finais do ensino fundamental.
5 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Ensino de 5° a 8° séries. Brasília-DF: MEC, 1998.
BURIASCO, R. L. C. de. Sobre a Resolução de Problemas (I). Nosso Fazer. Londrina, 1, n.5. Londrina, 1995, p. 1. ONUCHIC, L. R.. Ensino-aprendizagem de Matemática através da resolução de Problemas. In: Maria Aparecida Viggiani Bicudo. (Org.). Pesquisa em educação matemática. São Paulo: Editora da UNESP, 1999.
______. A resolução de problemas na Educação Matemática: onde estamos e para onde iremos? IV Jornada Nacional de Educação Matemática. XVII Jornada Regional de Educação Matemática. Passo Fundo-RS. Universidade de Passo Fundo, 06 a 09 de maio de 2012. Disponível em: <http://www.upf.br/jem/index.php?option=com_content&task=view&id=10&Itemid=> Acesso em: 02 jun. 2013.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica - Matemática. Curitiba: SEED/PR, 2008.
POLYA, G.. A. arte de resolver problemas: um novo aspecto do método matemático. Rio de Janeiro: Interciência, 1978.
SERRA, S. C. C.. Conceito de Volume: uma experiência no 6º ano de escolaridade. Dissertação de Mestrado. Escola de Educação Superior de Lisboa. Lisboa, 2010.