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DAVID VIEIRA DA SILVA OS CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA APLICADOS NA EDUCAÇÃO Rio de Janeiro 2008

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DAVID VIEIRA DA SILVA

OS CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA APLICADOS NA EDUCAÇÃO

Rio de Janeiro

2008

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Universidade Candido Mendes

Projeto A Vez do Mestre

Os Critérios de Excelência Aplicados na Educação

Trabalho apresentado ao Departamento

de Educação da Universidade Candido

Mendes,como requisito parcial para a

conclusão do Curso de Pós –Graduação

em Administração da Qualidade

Por:

David Vieira da Silva

Professora Orientadora

Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2008

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes - Projeto A Vez do Mestre

Título da Monografia: Os Critérios de Excelência Aplicados na Educação

Autor: David Vieira da Silva

Data da entrega: Janeiro/2008

Avaliado por : Fabiane Muniz

Conceito:

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AGRADECIMENTOS

À Jesus Cristo, amigo sempre presente, sem o qual

nada teria feito.

Aos amigos, que sempre incentivaram meus sonhos e

estiveram sempre ao meu lado.

Aos meus colegas de classe e demais formandos pela

amizade e companheirismo que recebi.

À Prof.° Fabiane Muniz, que me acompanhou,

transmitindo-me tranqüilidade.

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RESUMO

Com a globalização dos mercados, surgiram as modernas ferramentas de

administração e os prêmios de excelência em gestão que buscam melhores

resultados, diminuição dos gastos públicos e melhoria da qualidade dos serviços

prestados ao cidadão. O conceito de qualidade em educação não pode prescindir de

um ensino que assegure o sucesso escolar de todos os alunos por meio de uma

formação que respeite a diversidade cultural, social e cognitiva de cada indivíduo

mas esse sucesso inclui o domínio pelos alunos de um sólido conjunto de

conhecimentos e conteúdos culturais que são aqui considerados essenciais para o

exercício pleno da cidadania. A implementação de um sistema de gestão para

qualidade depende de uma liderança participante, da capacidade das pessoas de se

envolverem e participarem do processo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................07

Justificativa ........................................................................................................08

1. QUALIDADE..........................................................................................................10

1.1. Evolução Histórica da Qualidade................................................................10

1.2. Qualidade no Brasil ....................................................................................13

2. A ESCOLA PÚBLICA COMO OBJETO DE ESTUDO: A OFERTA E A

QUALIDADE DO ENSINO MÉDIO REGULAR..........................................................17

2.1. Ensino Médio e Qualidade..........................................................................17

2.2. FAETEC - Histórico ....................................................................................24

3. MODELO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO PÚBLICA...........................................27

3.1. Programa da Qualidade do Serviço Público e o Prêmio Nacional da Gestão

Pública ..................................................................................................................30

CONCLUSÃO............................................................................................................35

REFERÊNCIAS .........................................................................................................36

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INTRODUÇÃO

No mundo contemporâneo e altamente competitivo, as variáveis ambientais

exercem pressão constante sobre as organizações, impondo uma adaptação ao

mercado em nível estratégico, gerencial e operacional. Nesse cenário, as

organizações devem permanentemente avaliar o mercado para tomar decisões

baseadas em informações e fatos. Tarefa que pode ser integrada, analisando-se, de

forma sistêmica, aspectos internos como pessoas, processos, informações, infra-

estrutura e externos como o meio ambiente, clientes, fornecedores e sociedade,

objetivando a melhoria contínua e a busca da excelência da organização.

No Brasil, em 1986, foi criado o Programa de Qualidade e Produtividade

(ProQP), que visava a impulsionar o crescimento econômico e industrial do País,

desenvolvendo produtos e serviços com qualidade e tornando-os competitivos no

mercado nacional e internacional. Atualmente o Movimento Brasil Competitivo (MBC)

tem a responsabilidade de promover a competitividade entre os setores público e

privado.

No caso das instituições de ensino que têm como funções a indissociabilidade

do ensino, da pesquisa e da extensão e o atendimento às necessidades da

sociedade, a relação universidade-sociedade deve ultrapassar as fronteiras, divulgar

ações, serviços, disponibilizar canais de acesso e estimular a participação do

exercício da cidadania.

A universidade enfrenta uma realidade desafiante, é alvo de questionamentos

e reflexões como a eqüidade de acesso ao ensino superior; o processo de avaliação

institucional; a qualidade tendo como enfoque a gestão universitária; a qualidade e o

compromisso com o ensino, a pesquisa e a extensão; a formação profissional e a

autonomia universitária. Por isso, a busca pela qualidade é um dos caminhos de

transformação das universidades na busca de melhoria de processos acadêmicos e

administrativos.

Para um processo acadêmico de excelência, é fundamental a busca do saber,

integrando-se ciência e tecnologia, e todos os elementos que fazem parte do

processo (docentes, discentes, técnico-administrativos, condições de infra-estrutura,

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sociedade). A excelência em educação constitui-se de avaliação continuada e

constante reestruturação interna para melhor adaptação às mudanças.

Para a modernização da gestão pública, foi criado, em 1998, o Programa da

Qualidade no Serviço Público (PQSP) que busca um novo modelo de desempenho e

gerenciamento da administração pública focado em resultados e orientado para a

satisfação do cidadão.

Esse modelo é chamado de Modelo de Excelência em Gestão Pública,

formado por sete critérios (liderança, estratégias e planos, cidadãos e sociedade,

informação e conhecimento, pessoas, processos e resultados) que avalia a gestão e

reconhece os resultados alcançados, estimulando as organizações públicas a

desempenhar melhor suas ações.

Desse modo, o presente estudo visa a analisar a base nos critérios de

avaliação do Programa da Qualidade no Serviço Público.

Justificativa

A globalização dos mercados acelerou o progresso, a competitividade e o

desempenho das organizações, provocando novas posturas administrativas em

busca da qualidade.

A adoção de modernas ferramentas de administração, como o planejamento

estratégico, benchmarking, programa 5S’s, e de estratégias de gestão para

qualidade propiciam às organizações confrontar esse cenário complexo e acelerado

com as freqüentes mudanças no ambiente externo.

A qualidade na administração pública surgiu como Subprograma Setorial do

Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) tendo como foco a

melhoria do desempenho, utilizando ferramentas da qualidade, em 1996, passou a

ser Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública que

implementou um novo modelo de gestão com ênfase na participação do servidor.

Atualmente, o governo federal promove o PQSP que apóia as organizações

públicas no seu processo de transformação gerencial cujo objetivo é “melhoria da

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qualidade dos serviços prestados aos cidadãos” e o direcionamento da gestão das

organizações para melhoria de seu desempenho. O modelo é constituído de sete

critérios: liderança, estratégias e planos, cidadãos e sociedade, informação e

conhecimento, pessoas, processos e resultados. Muitas organizações públicas

adotaram esse modelo de gestão da qualidade, inclusive as instituições de ensino

superior.

Algumas Instituições utilizam o modelo de gestão do PQSP para auto-

avaliação das práticas de gestão, para melhoria de seus processos, diminuição de

gastos públicos, melhores resultados, tendo como finalidade identificar

oportunidades de melhoria e promover a satisfação do cidadão.

Diante dessas considerações, ressalta-se a importância da adoção de

programas de qualidade para aumentar a satisfação do cidadão, melhorar o

desempenho da Instituição, otimizar recursos e reorganizar os processos.

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1.QUALIDADE

Este capítulo se refere aos conhecimentos relativos à qualidade, breve

evolução ao longo do tempo e a origem da qualidade no Brasil, que representa o

marco do desenvolvimento organizacional, da competitividade e qualidade de vida

dos cidadãos.

1.1 Evolução histórica da qualidade

A preocupação com a qualidade data do início da humanidade. Muitos

acontecimentos marcaram a sua história, como se observa no homem primitivo a

busca de materiais mais resistentes para a fabricação de suas armas e ferramentas.

As pirâmides do Egito, construídas com precisão e ajuste perfeito, a indústria

artesanal chinesa que influenciou o comércio e a produção de bens com seus

produtos, porcelanas, seda, chá, pólvora, bússola, e suas leis e decretos editados

para o controle da produção, isso significava que os produtos que não atendessem

às dimensões ou requisitos não eram vendidos.

Na arquitetura grega, a qualidade estava presente no controle do processo

utilizando conceitos matemáticos associados com beleza e funcionalidade. Já a

civilização persa utilizava o controle do processo em suas ações militares no uso de

métodos padronizados de como os soldados deveriam arrumar os equipamentos e

as roupas quando estivessem em batalha.

No Império Romano, o controle do processo foi diferenciado, seus prédios

exigiam muita mão-de-obra que não era qualificada, como afirma Algarte &

Quintanilha (2000, p. 23) “o que os levou a desenvolver métodos simplificados de

construção, usando estrutura de tijolo com enchimento de concreto, que não exigia

tanta precisão quanto às técnicas de corte de pedra”. Para melhorar a aparência de

suas construções, as paredes foram revestidas de mármores por pedreiros

qualificados. Como havia trabalhadores qualificados e não-qualificados, os romanos

criaram o cargo do supervisor e do inspetor para acompanhar o trabalho dos não-

qualificados.

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Dessa forma, surgiu a era da inspeção do trabalho, mais tarde a era do

controle estatístico e finalmente, a era da qualidade total que pode ser visualizada

na Figura 1.

Figura 1 – Era da qualidade.

O Quadro 1 apresenta a evolução da qualidade no século XX, com os novos

conceitos nos processos de melhoria da qualidade. O Quadro 2 mostra a evolução

da qualidade no século XXI com suas tendências.

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Quadro 1 – Evolução da qualidade no século XX.

1.2 Qualidade no Brasil

Em 1991, o Comitê Nacional da Qualidade e Produtividade criou o Prêmio

Nacional da Qualidade (PNQ) como incentivo para as empresas à busca de gestão

da qualidade. O Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP), em 1996,

realizou a primeira edição do Prêmio Qualidade RS.

A qualidade, no País, teve início com Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade (PBQP) cuja finalidade era o controle de processos por meio de

métodos estatísticos e implementação de programas de qualidade para satisfazer as

necessidades dos clientes.

O PBQP surgiu conforme Algarte & Quintanilha (2000, p. 7), “como uma

resposta efetiva de governo e sociedade à retomada da competitividade. O

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realinhamento estratégico de 1998 do PBQP integra o conceito de qualidade à

cidadania, transformando-o em movimento nacional de governo e sociedade”.

O PBQP é o maior movimento de mobilização da sociedade que ocorreu até hoje no país, cujo objetivo é a melhoria da qualidade de vida do brasileiro, conta com a participação voluntária de diversos agentes (de governo, empresários, trabalhadores, meio acadêmico, consumidor) empenhados com a melhoria da qualidade e produtividade e, conseqüentemente, com o aumento da competitividade dos produtos e serviços brasileiros no mercado exterior e no mercado interno (ALGARTE & QUINTANILHA, 2000, p.108).

O PBQP teve três fases conforme mostra o Quadro 3:

O Movimento Brasil Competitivo (MBC) surgiu em 2001, é uma Organização

da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), congrega as funções do Instituto

Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e do PBQP. Conforme Johannpeter

(www.mbc.org.br, 2006), tem como objetivo “promover um aumento radical da

competitividade das organizações privadas e públicas brasileiras, de maneira

sustentável, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população”.

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...o grande desafio desta década está centrado em dois elementos-chave: a elevação da competitividade do país e da qualidade de vida dos cidadãos [...] Desta forma, e para atender os novos desafios, foi idealizado o Movimento Brasil Competitivo – MBC, como o novo Movimento da Qualidade no Brasil (MBC, 2002, p.4).

O MBC recebeu a certificação International Organization for Standardization

(ISO) 9001:2000, em 2004, procurando, com isso, promover a competitividade, a

busca da satisfação e a adoção de sistemas de gestão de qualidade. Desenvolve

projetos como o programa de benchmarking, de gestão e de inovação que auxiliam

as organizações na obtenção de melhorias na gestão, na integração dos programas

de qualidade e produtividade existentes no país, na realização de eventos sobre

inovação tecnológica, na adaptação dos indicadores de competitividade usados pelo

Conselho de Competitividade dos Estados Unidos da América (Us Concil) para a

realidade brasileira.

Buscar permanentemente a inovação, procurar estratégias de diferenciação dos concorrentes com a introdução de novos produtos, adotar processos produtivos mais eficientes, desenvolver as competências organizacionais são elementos fundamentais ao êxito das empresas no mundo atual (MBC, 2002, p.6).

O MBC é formado por comitês temáticos que são órgãos de assessoramento

estruturados para dar apoio ao Conselho Superior e o Conselho das Partes

Interessadas (ConPI). Esses comitês estudaram assuntos específicos, no período de

2003 a 2005, sobre os temas: educação, coordenado pela Universidade do Vale do

Rio dos Sinos (UNISINOS), gestão e estratégia, inovação, setor público e

desenvolvimento sustentável, no que resultou na publicação de um relatório com a

finalidade de divulgar os resultados e as conclusões do grupo de trabalho. Para

2006, os temas propostos são: cadeias e arranjos produtivos locais, inovação, o

papel da educação na competitividade, programas estaduais de qualidade,

produtividade e competitividade e rede de competitividade.

Ser competitivo é ter maior produtividade entre todos os seus concorrentes. O que realmente garante a sobrevivência das empresas é a garantia de sua competitividade. No entanto, estas coisas estão todas interligadas: a garantia de sobrevivência decorre da competitividade, a competitividade decorre da produtividade e esta da qualidade (CAMPOS, 1992, p.6).

O MBC busca transformar o Brasil num país competitivo sem descuidar a

importância da educação por isso, o comitê temático da educação discute “o papel

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da educação na competitividade”, é formado por representantes de várias

organizações, entre elas, Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE), Banco do Brasil, Fundação Nacional da Qualidade (FNQ),

Ministério da Ciência e Tecnologia.

Possui como macro objetivos:

– disseminar a cultura da competitividade para o setor privado e da

qualidade e produtividade para o setor público;

– atuar para o desenvolvimento e fortalecimento de organizações,

setores, regiões, cadeias, arranjos produtivos e redes;

– atuar com excelência de desempenho, transparência e visibilidade.

O mercado internacional tornou-se complexo com a formação de grupos ou

blocos econômicos, para competir nesse meio faz-se necessária a utilização de

técnicas de gestão empresarial, sistemas de gestão da qualidade como as normas

ISO para certificação de processos e meio ambiente, Norma Internacional de

Responsabilidade Social (SA) e Normas do Sistema de Gestão da Segurança e

Saúde no Trabalho (OHSAS) e também a adoção de modelos de excelência em

gestão.

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2. A ESCOLA PÚBLICA COMO OBJETO DE ESTUDO: A OFERTA E

A QUALIDADE DO ENSINO MÉDIO REGULAR

2.1 Ensino médio e qualidade

Para se pensar numa escola como organização é necessário que se pense

nas pessoas que a constituem, que trabalham com vistas a alcançar objetivos

comuns, e nas relações que estabelecem entre si. Uma escola não deixa de ser um

conjunto de indivíduos que interagem. O que fizerem de suas relações vai se

constituir na identidade da organização. Essas relações dependem, em grande

parte, da posição que cada um ocupa no universo hierarquizado da organização. E

cada escola tem a sua particularidade, como afirma Hutmacher (1995): “... Não é a

escola em geral, mas sim o estabelecimento de ensino com a sua identidade

específica, que, na subjetividade dos professores e alunos, constitui o lugar concreto

de trabalho e de investimento” (p. 55).

A escola é um espaço de interação orientado por normas próprias (quer as

definidas pelo sistema central, quer as definidas no âmbito de cada escola), que

permitem a cada ator, ou ao conjunto de atores, certo grau de autonomia, de forma a

que se possa delinear estratégias de atuação em função dos objetivos

organizacionais.

Hutmacher (1995, p. 56) anuncia que esta lógica de regulação por parte dos

sistemas de ensino tem se modificado passando do “... controle baseado na

conformidade com as regras e as diretivas impostas pela hierarquia para um controle

baseado na conformidade com os objetivos e as finalidades de ação”. Isto significa

um maior poder interno nas escolas para a tomada de decisões, isto é, autonomia

administrativa. No entanto,

A autonomia não significa inevitavelmente uma melhoria da qualidade; em ultima análise, é o uso da autonomia que é determinante. E este uso depende, nomeadamente, da maneira como se pensa o estabelecimento de ensino, o seu lugar no sistema educativo, o seu modo de organização interna, a organização do trabalho, a partilha das tarefas e responsabilidades, a atribuição dos recursos humanos e materiais, as estratégias de avaliação e as formas de regulação das relações de trabalho (HUTMACHER 1995 p. 57).

Na argumentação de Bourdieu (1998c), os atores sociais estão inseridos

espacialmente em determinados campos sociais; a posse de grandezas de certos

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capitais e o habitus de cada ator social condicionam seu posicionamento espacial e,

na luta social, fazem com que se identifique com sua classe social. Bourdieu afirma

ainda que, para se ocupar um espaço, é necessário conhecer as regras dentro do

campo social. Para este autor, o capital social é:

o conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e inter-reconhecimento ou, em outros termos, à vinculação de um grupo, como conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns, mas são unidos por ligações permanentes e úteis (BOURDIEU, 1998c, p. 67).

A quantidade acrescida de capital, seja econômico, seja cultural, seja ainda

social, é o que origina as classes sociais, e seu perfil reside no espaço social. Os

espaços sociais são definidos pelos diferenciais de consumo cultural. O resultado

esperado é que grupos sociais sejam desenvolvidos a partir da respectiva

distribuição de bens culturais e financeiros.

O capital social não é jamais completamente independente deles [capital econômico e cultural] pelo fato de as trocas que instituem o interreconhecimento supõe o reconhecimento de no mínimo homogeneidade “objetiva” e de que ele exerce um efeito multiplicador sobre o capital possuído com exclusividade (BOURDIEU, 1998c, p. 67).

A escola, segundo Bourdieu, cumpre o papel de legitimação das

desigualdades, pois o conhecimento aí transmitido é distribuído de forma desigual

entre as diferentes classes e os diferentes grupos sociais. A escola converte as

diferenças sociais demandadas pelas diferentes formas de aquisição de capital

cultural e atribui valor às diferenças acadêmicas e cognitivas, relacionando-as aos

méritos e dons individuais. Deste modo, observa-se que a escola encaixa-se na lei

de retorno: o capital simbólico retorna às mãos dos que já o possuem.

Para que sejam favorecidos todos os mais favorecidos e desfavorecidos os menos favorecidos, é necessário que a escola ignore no âmbito dos conteúdos do ensino que transmite, dos métodos e técnicas de transmissão e dos critérios de avaliação, as desigualdades culturais entre as crianças das diferentes classes sociais. Em outras palavras, tratando todos os educandos, por mais desiguais que sejam eles de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar sua sanção às desigualdades iniciais diante da cultura (BOURDIEU, 1998a, p. 53).

Bourdieu (1998a, p. 64) completa seu argumento, afirmando que a extrema

rigidez social autoriza as classes favorecidas a monopolizar a instituição escolar que

detém o monopólio dos “bens culturais e signos institucionais da salvação cultural”.

Assim como as instituições e os agentes econômicos regulam-se e são

regulados pela tendência de concentração do capital econômico, a escola, como

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instituição cultural, regula-se e é regulada para a concentração do capital simbólico.

Deste modo, a produção do chamado “fracasso escolar” advém de uma variedade

de dimensões que só podem ser entendidas no interior de políticas educacionais

subordinadas a tais interesses.

Ainda segundo Bourdieu (1998a), a inserção e o sucesso escolar dos

estudantes dependem da continuidade entre os universos simbólicos utilizados no

ambiente familiar e na escola. Assim, ao utilizar o código elaborado, a escola

contribui para a manutenção das desigualdades sociais, por meio do insucesso

escolar das populações menos favorecidas.

A relação entre a política educacional e a política econômica, por outro lado,

revela que as condições concretas da escola, do ensino e dos educadores são

determinadas a partir das contradições presentes na sociedade.

Somos obrigados a concluir que a equidade formal à qual obedece todo o sistema escolar é injusta de fato, e que, em toda sociedade onde se proclamam ideais democráticos, ela protege melhor os privilégios do que a transmissão aberta dos privilégios (BOURDIEU, 1998a, p. 53).

Quanto mais forem desfavorecidas as classes sociais de origem, mais

acentuada é a ausência ou insuficiência de capital cultural familiar a ser convertido

em capital escolar (Bourdieu, 1998a). Isso se justifica pelo fato de que as famílias

dessas classes não investem com clareza e/ou com convicção seu tempo ou suas

economias na educação escolar e, por conseguinte, não exibem um projeto para a

escolarização dos filhos. Essas famílias acreditam que, para além do que possam

fazer em prol da escolarização do filho, mesmo com o prosseguimento sem

interrupções, sem reprovações, o “sucesso escolar” é uma possibilidade remota.

Pela falta de condições suficientes, sob todos esses aspectos, trata-se de algo difícil

de ser pensado e quase impossível de ser realizado, ainda que tenha sido

idealizado.

Uma questão importante acerca das desigualdades verificadas na escola,

estudada por Bourdieu & Passeron (1982), reside na relação entre a linguagem que

o estudante traz para a escola, a linguagem formal da instituição escolar e o

rendimento escolar desse aluno ou dessa aluna. Estas distinções são importantes

para entender as desigualdades sociais dos estudantes em relação à escola que os

recebe, pois permitem verificar que chegam à instituição escolar com discursos

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distintos, revelando esses discursos formas diferentes de sentir e experimentar a

realidade. Esta situação agrava-se com o fato de que o discurso da escola assenta

no código elaborado, encontrando-se os estudantes dos meios mais desfavorecidos

em situação de desigualdade. Para conseguir ter sucesso na sala de aula, eles têm

de aprender um novo tipo de discurso. Contudo, ao adquirir este novo tipo de

discurso, ficam em “contradição” com o código utilizado no seu ambiente familiar e

são obrigados a aprender a trocar os códigos conforme a situação. Desta forma, é

exigido destes estudantes um esforço adicional na sua atividade cognitiva.

Para Pérez Gómez (2001), a lógica que permeia a educação na atualidade é

a lógica do mercado, na perspectiva neoliberal. E, por conseguinte, na formação de

docentes, a preocupação pela qualidade concentra-se na produtividade, para a qual

o produto final, e não o processo, é o mais significativo: “... a valorização exclusiva

dos produtos e a consideração indiferente dos processos”, diz Pérez Gómez (2001,

p. 141). Fazer muitas coisas ao mesmo tempo, obter os melhores resultados por

meio de processos os mais aligeirados possíveis constitui-se na tônica imperiosa da

ideologia neoliberal que encontra receptividade nos ambientes educacionais:

O conhecimento na era do livre mercado se vincula diretamente às suas aplicações tecnológicas e adquire valor, porque serve para otimizar a rentabilidade de qualquer processo ou de qualquer produto: maximiza os produtos, reduzindo ao mínimo os custos (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 139).

A formação do professor dentro do modelo de treinamento baseado na

aquisição de competências configura-se na lógica da racionalidade técnica,

dominada pela razão instrumental que se molda por uma visão da atividade humana,

especializada, fragmentada e impessoal. As mudanças nas organizações sociais

ocorrem em ritmo cada vez mais acelerado e, segundo Hargreaves (1998), resultam

em sobrecarga de trabalho para o docente e tendem a tornar precárias as suas

condições laborais. A instabilidade na atividade docente não se restringe ao plano

individual, mas vincula-se às formas de organização do trabalho na escola, que, por

sua vez, são reguladas por um ordenamento diametralmente diferente dos objetivos

educacionais.

Hargreaves (1998) detém-se no trabalho do professor, a partir do pressuposto

de que as formas de organização do tempo sofreram significativas mudanças. Sobre

essa questão, o autor faz uma análise sob duas perspectivas: “... duas das

explicações mais amplas em contenda são as da profissionalização e da

intensificação do trabalho docente” (HARGREAVES, 1998, p. 131).

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A tese da profissionalização consiste na graduação do nível de complexidade

e, ao mesmo tempo, na qualificação do trabalho docente em busca de

profissionalismo. A tese da intensificação apresenta o trabalho do professor mais

rotineiro, desqualificado e proletarizado. O autor debruça-se particularmente sobre

esta última tese e interroga-a pelas vozes dos próprios docentes que consideram a

intensificação a perspectiva que mais se adequada para explicar o seu trabalho.

Segundo Hargreaves (1998), o conceito de intensificação, advindo das

teorias gerais do processo de trabalho, conforme mostram os estudos de Larson, é a

“... forma com que o os privilégios de trabalho dos empregados instruídos sofrem

uma erosão” (HARGREAVES, 1998, p. 132), pela redução do tempo, no qual o

trabalho é realizado e não produz mais-valia. Como conseqüência dessa aceleração

de atividades, ocorre visível queda na qualidade do trabalho realizado, no tempo

disponível para aperfeiçoamento, nas diversas formas de lazer e na criatividade: o

professor desenvolve dependência daquilo que já está pronto, tanto do ponto de

vista material, como na aquisição de novos conhecimentos. Verifica-se, assim: “...

uma crescente dependência em relação a um aparelho de objetivos

comportamentais de avaliações e de instrumentos de prestação de contas relativos à

sala de aula e de tecnologias de gestão de ensino, todos eles produzidos e impostos

externamente (HARGREAVES, 1998, p. 133).

O sentimento geral que se percebe nos professores diante de tantas

mudanças que, de maneira vertiginosa, interferem em sua prática é o seguinte: as

sucessivas reformas, projetos e diretrizes que, determinadas por interesses

econômicos, alheios ao que acontece no cotidiano escolar, atropelam educadores,

desorganizando seu “saber fazer”, tornam-nos descrentes dos “pacotes

pedagógicos” e esterilizam o chão das escolas, forrado de desânimo, sentimento de

impotência, raiva e estratégias de sobrevivência que as distanciam de seu objetivo

de ensinar.

Pérez Gómez, porém, adverte que a instabilidade causada pelo momento de

transição por que passam a escola e a cultura docente é justificada até certo ponto,

pois “... a especificidade da sua função educativa legitima a autonomia relativa de

suas iniciativas e atuações a favor do desenvolvimento autônomo e crítico das

formas de pensar, sentir e atuar dos sujeitos” (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 177). E

acrescenta:

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A concepção da função docente como uma tarefa de grupo pode ser a melhor resposta ante a intensificação do estresse. Complementaridade, apoio afetivo e intelectual e estimulação da reflexão e experimentação críticas são os recursos fundamentais para aliviar a angústia e incrementar a criatividade educativa da prática (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 177; grifo meu).

As normas, preceitos e regras estão alheios à realidade viva da escola. Esta,

contudo, não se deixa abater. Para esse autor: “... impõe-se lentamente, mas de

maneira tenaz...” sua própria cultura, calcada no conjunto de ações, idéias e valores

que se desenvolvem independentemente das pressões que a rodeiam. Mesmo

sujeita às interferências externas, a escola possui singularidade em suas práticas,

que são próprias do que vivencia no cotidiano (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 11),.

Ritos, normas e espaços tornam as escolas comuns e semelhantes perante

as outras instituições sociais. Mas as rotinas e as vivências cotidianas fazem com

que a escola produza e reproduza uma cultura que lhe é própria a partir do contexto

social e histórico no qual se insere. Conhecer o movimento das diversas culturas que

se entrecruzam e se interagem no espaço escolar possibilita o entendimento do

verdadeiro sentido da escola, cuja função precípua é oferecer ao estudante a

oportunidade de descobrir os propósitos de vida social e cultural da comunidade na

qual está inserido. Antes disso, cabe à escola a responsabilidade de refletir sobre

seus propósitos: “... a escola deve refletir sobre si mesma para poder se oferecer

como plataforma educativa” (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 18).

É pertinente entender a escola como esse entrecruzamento de culturas que

provoca tensões, aberturas, restrições e contrastes na construção de significados.

Ao interpretar fatores que intervêm na vida escolar como culturas ressaltam-se o

caráter vivo dos elementos que influem na determinação dos intercâmbios de

significados e condutas dentro da instituição escolar, assim como a natureza tácita,

imperceptível e pertinaz dos influxos e elementos que configuram a cultura cotidiana

(PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 12).

O conceito de cultura é entendido, ainda segundo Pérez Gómez, como:

“...o conjunto de significados, expectativas e comportamentos compartilhados por um determinado grupo social, o qual facilita e ordena, limita e potencializa os intercâmbios sociais, as produções simbólicas e materiais e as realizações individuais e coletivas dentro de um marco espacial e temporal” (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 17).

A cultura da escola representa, então, um campo de manifestação das

relações sociais, que se potencializam ou limitam as trocas que ali acontecem.

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As discussões teóricas desenvolvidas por HARGREAVES, PÉREZ GÓMEZ

(2001) e FARIA FILHO (2004) em análises relevantes sobre cultura, cultura escolar e

o trabalho docente darão suporte teórico para compreender se existe relação entre

as condições de trabalho dos professores das escolas pesquisadas e a qualidade do

ensino oferecido.

A opção por trazer também as contribuições de VIÑAO FRAGO como

referencial teórico para esta pesquisa justifica-se pelos estudos que esse autor tem

se dedicado sobre espaços e tempos escolares. Deste modo é possível obter

clareza sobre os espaços, saberes e a materialidade escolar, bem como, sobre as

formas de utilização destes elementos. Para este autor, o espaço é vivido. Não é um

meio objetivo, mas uma “realidade psicológica viva”: “... o espaço objetivo — para

denominá-lo de alguma maneira — não existe. E se existe, não conta — salvo como

possibilidade e como limite” (VIÑAO FRAGO & ESCOLANO, 1998, p. 63). O que

conta é uma noção subjetiva de espaço: “... o espaço jamais é neutro: em vez disso

ele carrega, em sua configuração como território e lugar, signos, símbolos e

vestígios da condição e das relações sociais de e entre aqueles que o habitam”

(VIÑAO FRAGO & ESCOLANO, p. 64).

Viñao Frago & Escolano (1998) destacam que nem os espaços, nem os

tempos escolares são dimensões neutras na educação. Cada escola, colégio e

universidade têm uma singularidade própria identificadora. O espaço da escola é

entendido como princípio conformador da cultura escolar que o envolve. Os hábitos

e comportamentos, as experiências cognitivas que a escola proporciona a

estudantes e docentes no processo ensino-aprendizagem configuram-se em um

corpo social integrado no ambiente escolar, mediatizados pelas noções de espaço e

tempo.

Para o autor, a escola é concebida não só como espaço predeterminado, mas

como espaço dotado de natureza própria. Os espaços são constituídos cultural e

socialmente e hoje se torna necessário refletir sobre os espaços escolares para

transformá-los em espaços que educam, que interferem, que modificam e que

catalisam múltiplas relações. Um espaço que se estabelece pelo movimento e pelo

favorecimento das atividades escolares.

Embora a estrutura das escolas atenda a um padrão básico referencial,

construído a partir de uma concepção previamente determinada pelo poder público,

os agentes que convivem no cotidiano escolar são os que a qualificam. São os

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responsáveis por fazer do espaço da escola um ambiente de liberdade ou opressão,

de inclusão ou de exclusão, de aprendizagem efetiva ou maquiada. O espaço vivido

muitas vezes não está em consonância com o espaço pensado e idealizado, aquele

que é tecido pelas necessidades cotidianas de professores e estudantes por suas

ações cotidianas.

Os estudos dos autores aqui apresentados permitem organizar um primeiro

roteiro conceitual a respeito de: escola como realidade social e espaço de ações de

pessoas situadas num sistema de interações; identidade específica de cada escola;

regras do espaço escolar; legitimação das desigualdades sociais no espaço escolar;

condições concretas da escola a partir das contradições presentes na sociedade;

lógica de mercado, formação dos professores e proposta pedagógica; a atividade

docente e sua intensificação; as reformas, as mudanças e os sentimentos dos

professores; escola e entrecruzamento de culturas; o espaço e o tempo na

compreensão da cultura escolar. Esse roteiro iluminará a análise dos dados e a

discussão dos indicadores de qualidade.

2.2 FAETC - Histórico

A estratégia para o desenvolvimento de “ilhas de excelência”1 nas escolas

públicas, desvinculando as escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino

médio e algumas escolas técnicas profissionalizantes da SEE para a FAEP, que

seria, em momento posterior, transformada em FAETEC, a fim de que essas escolas

recebessem um tratamento diferenciado (privilegiado).

A FAEP (Fundação de Apoio à Escola Pública do Rio de Janeiro) foi instituída

em 21/07/87, pela Lei 1176, com o intuito de complementar as funções da SEE na 1 Na realidade, o termo “ilha de excelência” é aqui utilizado com referência à FAETEC, como instituição mantenedora das escolas - as próprias escolas, que antes pertenciam à Secretaria de Estado de Educação - (SEE) e que passaram a ser mantidas pela FAETEC, ligada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT), atualmente, no governo de Rosinha Matheus, Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI). As referidas Secretarias serão referenciadas no decorrer do texto por suas abreviaturas. A imprensa, em 2003, ao referir-se às escolas da “Rede FAETEC”, ainda as trata como “ilhas de excelência”. O jornal carioca “Extra”, no seu caderno Educação Pública, edição de 18 de maio de 2003, assim anunciou: “Ilha de excelência no ensino - sucesso inesperado, escolas da FAETEC desbancam CEFET, Pedro II e Aplicação no vestibular da UERJ”. Isto demonstra que os efeitos nocivos da dissociação das Redes de Ensino no Estado do Rio de Janeiro, fenômeno que conceituamos como excelentização do ensino, continuam a existir, causando na mente da população a visão de que no Estado do Rio o melhor ensino está na FAETEC. Essa fratura induz a uma visão de que a culpa pelo funcionamento precário de inúmeras escolas da Rede Pública ligadas à SEE está na má administração da Secretaria e não na segregação de recursos, efetivada pelo governo estadual ainda na atualidade.

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agilização dos mecanismos necessários ao funcionamento da Rede Pública

Estadual de ensino, atuando como unidade de apoio técnico à SEE.

A FAEP, como Fundação, possuía autonomia administrativa, patrimonial e

financeira, com personalidade jurídica de direito privado a partir da inscrição no

registro civil das pessoas jurídicas e de seu estatuto. Possuía também orçamento

estadual e era sujeita à prestação de contas ao Tribunal de Contas do Estado do Rio

de Janeiro – TCE.

Faziam parte do regimento interno da FAEP, publicado por resolução estadual

em 14/08/88, constando de categoria, finalidade, estrutura organizacional,

competências dos órgãos referidos, as atribuições gerais dos dirigentes e auxiliares

e outras disposições gerais, o que tornava-a uma instituição de porte estratégico

para alavancar os setores da educação tecnológica no estado, dentro da política de

excelentização do ensino a que o estado se adequava.

A FAETEC teria como missão principal a atuação no gerenciamento da Rede

de Ensino Técnico do estado do Rio de Janeiro.

O corpo funcional da FAETEC passou, por sua vez, a ser regido pela

Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), autorizando a FAETEC a contratar, em

caráter excepcional e temporário, professores substitutos para suprir necessidades

de serviço pelo prazo de um ano, prorrogável somente para assegurar o término do

ano letivo. Com a referida lei, a FAETEC passou a ter, em sua estrutura, os

Conselhos Superior, Consultivo e Fiscal, que lhe conferiam mais autonomia de

trabalho. Essa estrutura provavelmente era uma antevisão do que estaria por vir,

com respeito à entrada dessa Fundação também na educação superior.

Desde então, a FAETEC veio assumindo e criando novas escolas técnicas e

profissionalizantes. Dentro dessa política de crescimento e independência

administrativa, como veremos adiante, o Instituto de Educação do Rio de Janeiro

(IERJ) também foi abarcado.

A modificação do nome FAEP para FAETEC, longe de representar uma

simples mudança de nomenclatura, representou uma mudança de visão, de metas e

de políticas na educação. A FAEP fora criada para dar suporte a todas as escolas da

Rede Pública Estadual, independentemente de sua identidade formativa. Já a

FAETEC representou uma ruptura político-ideológica por parte do governo Marcello

Alencar e seus assessores, por beneficiar a estrutura das escolas técnicas, visando

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à otimização do ensino técnico no estado e privilegiando esse setor da educação,

em detrimento das demais escolas vinculadas à SEE. Com essa decisão, não

somente foi criada uma nova Fundação, como também o governo passou a valorizar

mais algumas escolas, que, por ficarem vinculadas à FAETEC, passaram não

somente a ter tratamento privilegiado e boa soma de recursos, como a inflacionar a

procura por essas escolas pela população, causando a percepção de que o que era

bom estava na FAETEC e o que era ruim estava na SEE. Em um mesmo governo,

portanto, vemos a criação de um verdadeiro mercado educacional, com a

competição entre as duas Secretarias.

Assim, o Estado do Rio passou a ter duas gestões a conduzir seu sistema

educacional: uma na FAETEC e outra na SEE.

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3. MODELO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO PÚBLICA

Este capítulo aborda o Modelo de Excelência em Gestão Pública do PQSP,

que se originou na década de 90, bem como o Programa da Qualidade no Serviço

Público e o Prêmio Nacional da Gestão Pública.

O modelo constitui o Programa da Qualidade no Serviço Público (PQSP) no

qual proporciona a mudança no gerenciamento das organizações, na prestação de

serviço à comunidade e na melhoria dos processos. Seu principal foco são os

resultados e a orientação para o cidadão. De acordo com o Instrumento para

Avaliação da Gestão Pública – Ciclo 2005 (2005, p. 7), o modelo “é um sistema

gerencial formado por partes integradas que orientam a adoção de práticas de

excelência em gestão com a finalidade de levar as organizações públicas em

alcançarem melhor desempenho em gestão”. Essas partes integradas servem de

instrumento para avaliação da gestão pública e foram transformadas e estruturadas

em sete critérios que, conforme o Quadro 4, são: liderança, estratégias e planos,

cidadãos e sociedade, informação e conhecimento, pessoas, processos e

resultados.

Quadro 4 – Critérios de excelência do PQSP

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A adoção desses critérios pelas organizações faz com que haja

continuamente avaliações das práticas e, conseqüentemente, a implementação de

melhorias e aperfeiçoamentos da gestão. Possuem três funções: ajudam a

aperfeiçoar as práticas de gestão, o desempenho organizacional, e o processo

decisório; facilitam a comunicação e o compartilhamento das melhores práticas entre

as organizações; e servem como ferramenta de trabalho para entender e gerenciar a

organização, oportunizando aprendizagem (buscando inovações, novas tecnologias,

e a eliminação de causas dos problemas, bem como a motivação das pessoas).

A Figura 2 apresenta o modelo constituído dos sete critérios e suas inter-

relações dentro do sistema de gestão das organizações.

Figura 2 – Modelo de excelência em gestão pública do PQSP.

O modelo é constituído pelos critérios que, reunidos, formam quatro blocos de

relacionamentos com o meio interno e externo: planejamento, execução, controle e

inteligência da organização.

O planejamento é composto pela liderança, estratégias e planos, cidadãos e

sociedade.

A execução pelas pessoas e processos. O controle é exercido pelo

acompanhamento dos resultados da organização.

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A inteligência da organização representa as informações e conhecimento e

são provenientes do ambiente externo que processados e avaliados influenciam os

rumos da organização.

Os critérios estão reunidos para enfatizar a importância da liderança manter um foco na estratégia, nos alunos e nas partes interessadas. A liderança superior estabelece o direcionamento organizacional, desenvolve um ambiente de aprendizagem e busca oportunidades futuras para a organização. A gestão dos docentes e funcionários, o gerenciamento de processos e os resultados de desempenho organizacional representam a tríade dos resultados: os docentes e funcionários e seus processos-chave executam o trabalho que produz os resultados da organização. As informações e suas análises são críticas à eficiência na administração da organização. Um sistema integrado de dados, composto por indicadores correlacionados, definidos de forma balanceada, serve como alicerce para o sistema de gerenciamento do desempenho (GIANOTTI, 2004, p.70).

O modelo está alicerçado em princípios constitucionais da administração

pública que, conforme o art. 37, da Constituição Federal, são: legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência. E em fundamentos da gestão

de excelência apresentados a seguir: excelência dirigida ao cidadão, gestão

participativa, gestão baseada em processos e informações, valorização das

pessoas, visão de futuro, aprendizado organizacional, agilidade, foco em resultados,

inovação e controle social.

No Instrumento para Avaliação da Gestão Pública – Ciclo 2005 (2005, p. 9),

“esses fundamentos e princípios constitucionais, juntos, definem o que se entende

hoje por excelência em gestão pública”. Os fundamentos quando orientam as

práticas de gestão das organizações se transformam em valores que,

compreendidos, são internalizados por todos e incorporados à cultura da

organização.

A estrutura do modelo demonstra a abordagem sistêmica entendida como a

combinação de recursos: capital humano, instalações, equipamentos, softwares,

infra-estrutura que, integrados, promovem uma reação global na organização.

Os critérios de excelência são usados como base para o Prêmio Nacional da

Gestão Pública (PNGP), que permitem diagnosticar e avaliar a organização. Têm

como objetivo a melhoria contínua, a satisfação do cidadão e a participação e o

comprometimento das pessoas que constituem os pilares da qualidade. Juntamente

com outros aspectos, como liderança, processos e informação complementam e

facilitam o desenvolvimento da gestão da qualidade nas organizações.

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3.1 Programa da Qualidade no Serviço Público e o Prêmio Nacional da Gestão

Pública

Na administração pública, o termo qualidade começou a ser implementado

em 1991, com o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP), no

Subprograma da Administração Pública, tendo como propósito melhorar o

desempenho interno das organizações públicas utilizando técnicas e ferramentas da

qualidade. Ressalta Angelim (2003, p. 11) “nessa época, seu foco era na

sensibilização e capacitação de funcionários de organizações públicas para a

melhoria da qualidade dos processos de trabalho, por meio de algumas ferramentas,

como 5S’s, e de cursos sobre análise e melhoria dos processos”.

No ano de 1996, o Subprograma Setorial do PBQP passa a ser Programa da

Qualidade e Participação na Administração Pública (QPAP), mudando o enfoque

para a gestão e resultado, visando à melhoria contínua de toda a organização.

Em 1999, o programa passou a denominar-se de Programa da Qualidade no

Serviço Público, alterando a ênfase para a satisfação do cidadão, como observado

na Figura 3.

Figura 3 – Fases do desenvolvimento do PQSP.

O objetivo do programa é apoiar as organizações públicas no processo de

transformação gerencial, produzindo resultados positivos para a sociedade,

otimizando custos operacionais, motivando os servidores, racionalizando no modo

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de fazer, definindo objetivos e controlando resultados, e promovendo o controle

social.

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) é o órgão

responsável pelo PQSP por meio da Gerência Executiva que coordena as ações

para o desenvolvimento do programa em três áreas de atuação: mobilização das

organizações públicas; avaliação e melhoria da gestão pública; e melhoria da

qualidade dos serviços. Para o desenvolvimento dessas ações que ocorrem de

forma descentralizada em todo território nacional, diversos comitês e núcleos

promovem encontros nacionais anuais para capacitar voluntários em gestão das

organizações.

Para o sistema de avaliação e melhoria da gestão pública, é necessário a

organização fazer a adesão ao programa e manter os ciclos de avaliação. As etapas

do processo de adesão ao PQSP são: as organizações públicas devem aderir ao

programa, formalizando a adesão por meio de um termo de adesão realizado pelo

dirigente máximo da organização; sensibilizar e envolver a alta administração,

gerência e os formadores de opinião e montar um comitê para a coordenação dos

trabalhos. Os ciclos de avaliação compreendem ações: de auto-avaliação contínua

da gestão e dos resultados; validação externa da auto-avaliação; de planejamento

para a melhoria da gestão; de implementação das melhorias; de acompanhamento e

controle.

No ano de 2005, o governo brasileiro instituiu o Programa Nacional de Gestão

Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA) que, de acordo com o Decreto n 5.378,

de 23 de fevereiro de 2005, tem como “finalidade contribuir com a melhoria da

qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da

competitividade do País”. O GESPÚBLICA é um conjunto de orientações que

servem para avaliar a gestão pública de forma continuada, objetiva e consistente.

Orienta a gestão para a busca de resultados que atendam ao interesse do cidadão,

que promovam um melhor aproveitamento de seus recursos e capacitem seus

órgãos para a implantação de ciclos de avaliação em busca da melhoria contínua da

gestão.

O Prêmio Nacional da Gestão Pública (PNGP), criado em março de 1998,

ampliou seu propósito exclusivo do poder executivo para um prêmio aberto a todas

as organizações públicas nos três poderes das esferas federal, estadual e municipal.

É considerado como uma das principais estratégias de gerenciamento pela

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qualidade, serve para orientar as ações aos cidadãos e, conseqüentemente, para

melhorar a qualidade das organizações públicas.

Tem como objetivos:

– reconhecer formalmente os resultados alcançados pelas organizações com

a implementação da Gestão Pública pela Qualidade;

– estimular órgãos e entidades da administração pública brasileira a

priorizarem ações voltadas para a melhoria da gestão e do desempenho

institucional;

– disponibilizar para as organizações informações sobre práticas bem-

sucedidas da gestão pública empreendedora.

O PNGP reconhece e premia organizações que comprovem, por meio de

ações, a sua qualidade em gestão. Para a conquista da premiação, as organizações

públicas se candidatam, a cada ano, para avaliação de sua gestão que tem por base

o modelo de excelência em gestão pública. A avaliação é realizada por uma banca

de especialistas em gestão pública de diversos setores da administração pública.

Essa avaliação proporciona um diagnóstico da gestão, verifica como as ações estão

sendo desenvolvidas dentro da organização e se atendem aos critérios de

excelência.

O prêmio está alinhado com os modelos de gestão praticados por diversos

países, mantendo características universais de gestão de excelência.

As instituições eleitas foram avaliadas segundo o modelo de Excelência em Gestão Pública adotado pelos setores público e privado em mais de 120 países. São os mesmos critérios que servem de parâmetro para prêmios como o Prêmio Nacional da Qualidade (Brasil), o Prêmio Europeu de Qualidade, o Prêmio Ibero-Americano de Qualidade e o Prêmio Malcoln Baldrige National Quality Award, dos Estados Unidos (PQSP, 2005).

Para as premiações, é organizado um evento presidido pelo Presidente da

República que divulga as organizações que se destacaram pela excelência em

gestão que passam a ser reconhecidas como referencial de práticas bem-sucedidas

que poderão ser utilizadas para transformar outras organizações.

Destaca-se, na faixa prata, categoria especial educação, premiada em 2000,

o Instituto Militar de Engenharia (IME) do Rio de Janeiro; na faixa ouro, categoria

especial educação, premiada em 2004, o Colégio Militar de Brasília, e, na faixa

prata, categoria autarquias e fundações, em 2004 e 2005, o INMETRO (Instituto

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).

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De acordo com o site www.pqsp.planejamento.gov.br, o número de

organizações públicas adesas ao PQSP, até julho de 2005, é de 2.019, sendo que,

dessas, 11 são universidades: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul/RS, a

Universidade Federal do Rio Grande do Norte/RN, a Universidade Federal do Rio de

Janeiro/RJ, a Universidade Federal de Santa Maria/RS, a Universidade do Estado da

Bahia/BA, a Universidade do Estado de Mato Grosso/MT, a Universidade do Estado

do Pará/PA, a Universidade Federal de Pelotas/RS, Fundação Universidade de Rio

Grande/RS, Escola Superior de Agricultura de Mossoró/RN e a Universidade Federal

de São João Del Rei/MG. Desse total, 365 organizações públicas desenvolvem o

programa e encontram-se entre o nível 0 e nível 6, conforme o Quadro 5:

Quadro 5 – Número de organizações públicas adesas ao PQSP por nível de gestão.

As informações contidas no site www.pqsp.planejamento.gov.br/

pqgf_indicadores.htm, sobre o programa, mostram que, desde o primeiro ciclo em

1998 até 2005, as categorias definidas pelo PQSP que mais obtiveram premiações

foram: 51 em empresas públicas, representando 57,30% do total; seguindo-se de 21

na administração direta; e das categorias especiais: educação, saúde e

saneamento, dessas a saúde possui nove premiações, como se evidencia no

Quadro 6:

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Quadro 6 – Número de organizações reconhecidas pelo PQSP por categoria.

No Quadro 7, apresentam-se as organizações reconhecidas, distribuídas por

tipo de premiação.

Quadro 7 – Organizações reconhecidas pelo PQSP por tipo de premiação.

O PNGP já recebeu 263 candidaturas e reconheceu 89 organizações, sendo

9% troféu, 13,48% prêmio ouro, 38,20% prata e 39,32% bronze. No Anexo A, consta

a relação das organizações premiadas por faixa, ano e categoria.

De acordo com site www.pqsp.planejamento.gov.br/pqgf_simboloQ.htm, o

PNGP utiliza um troféu de pirâmide invertida, tendo na parte superior a letra Q, que

representa a qualidade no serviço público, com três círculos que representam os três

poderes e sugere um movimento contínuo.

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CONCLUSÃO

Hoje, o Ensino Médio sofre mudanças e há a necessidade de se preocupar

com a implantação de uma reforma que se preocupa em elevar os níveis de sucesso

escolar. Por isso, é urgente prosseguir nessa direção, em pesquisa, mostrando o

caminho que essa escola bem sucedida percorre para atingir o sucesso, analisando

o apoio aos professores e as exigências de transformação de concepções

pedagógicas devido aos novos paradigmas vigentes na sociedade, bem como

processos que se desenrolam em torno do que é exigido para o ingresso no Ensino

Superior, sempre como foco de contribuição e orientação para as demais escolas

que ainda não chegaram a esse ponto. Quantidade aponta para o horizonte da

extensão. A qualidade indica a dimensão da intensidade.

Quando se quer reconhecer qualidade na educação, encontra-se um tipo de

raciocínio que tende a dizer “há qualidade da educação quando se reconhece que

há qualidade na educação; e se reconhece que há qualidade na educação quando

há qualidade no aprendizado”. É um pensamento circular que não permite avançar.

Definiu-se qualidade da educação como um nível aceitável de rendimento ou

sucesso acadêmico e considerou-se como rendimento ou sucesso acadêmico a nota

obtida de respostas corretas nos itens das provas de linguagem e matemática. É

claro que esta definição é restrita e incompleta.

Para compreender a natureza complexa dos processos educacionais, é

necessário observar os vários contextos envolvidos. É necessário perceber as

relações que existem entre o que ocorre na escola e fatores tais como o

desenvolvimento cultural, econômico e social.

Em suma, não se pode olhar o rendimento sem observar, ao mesmo tempo,

vários âmbitos e níveis de análise: o contexto externo, o ambiente interno, a situação

em que se encontram os atores, o papel que desempenham. No que diz respeito a

conhecer o que ocorre dentro das escolas, pode-se utilizar questionários em que se

pergunta aos atores: aspectos materiais (infra-estrutura, mobiliário e recursos da

escola); características e percepções dos atores: estudantes, docentes, pais

(responsáveis) e diretores; microcosmo escolar, clima organizacional, gestão;

organização da sala de aula, pedagogia, clima emocional.

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