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UFPB – PRG _____________________________________________________________X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA OS CENÁRIOS VISUAIS DO BAIRRO DA TORRE Juliane Lins de Souza Santos (2) , Maria Berthilde Moura Filha (3) Centro de Tecnologia/ Departamento de Arquitetura/ MONITORIA RESUMO Baseandose no estudo de Maria Elaine Kohlsdorf, intitulado “A Apreensão da Forma da Cidade”, o presente artigo vem apreender a forma do bairro da Torre, localizado na cidade de João PessoaPB. O bairro foi escolhido para tal análise devido o seu traçado, planejado por Nestor de Figueiredo em 1932, possuir um desenho diferente de outros setores da cidade, ora ortogonal ora em forma de leque. Respondendo as seguintes indagações: a beleza do traçado inovador de Nestor de Figueiredo é percebida pelo observador? Se não, quais os motivos? Se sim, quais os cenários criados? PALAVRASCHAVE: Apreensão, Cenários urbanos, Bairro da Torre. INTRODUÇÃO Análise do Espaço Urbano A apreensão do espaço urbano é a etapa inicial do processo cognitivo, que se compromete com informações, ocorrendo no senso comum, na ideologia e no conhecimento científico, e seu mecanismo constituise, portanto, em possível momento de encontro entre sujeitos e produtos. Esta apreensão do espaço não tem sido simples devido às constantes transformações que a cidade moderna passa. As diferentes formas dos lugares colocam condições que podem ser distintas para sua apreensão. Há impressões mais imediatas e mais facilmente percebidas do que outras, como também, em certos casos, necessitamos de mais informações além das dadas pelo espaço para nos localizar. Assim, podemos afirmar que os lugares possuem desempenho cognitivo, ou seja, especificidades para serem entendidos pelo observado como um dos pressupostos para intervir sobre a realidade. A abordagem deste trabalho, baseado nas características de apreensão do espaço urbano 1 já mencionadas, centrase na leitura do lugar a fim de indicar onde se está e identifique o próprio cenário urbano, atendendo os seguintes efeitos visuais 2 : Os efeitos topológicos se relacionam com as características físicas do espaço real e têm através do corpo humano as referências topológicas de base, ocorrendo aos pares, que se complementam por seus contrários. Envolvimento (x amplidão) quando o espaço se limita por elementos físicos suficientemente marcantes, possibilitando a sensação de que o observador está “dentro” do cenário podendo visualizar seu exterior. Amplidão (x envolvimento) – de proporção horizontal notória em quase todos os lados do observador, os limites encontramse muito distantes do mesmo, não fechando a visual dele. Estreitamento (x alargamento) – quando as laterais físicas do espaço urbano parecem se aproximar do observador, como se ele estivesse sendo comprimido. Alargamento (x estreitamento) – quando as laterais físicas do lugar parecem se afastar do observador, dando mais espaço para sua visual. Os efeitos perspectivos se manifestando através das sensações proporcionadas por pontos de fuga de uma perspectiva e são percebidos de maneiras isoladas e não mais aos pares. Direcionamento – geralmente percebido em esquinas ou lugares que não se fecham, mas que possuem uma continuidade. Impedimento – caracterizase pela interrupção da visual do observador, como se o mesmo estivesse visualizando um obstáculo. Emolduramento – quando ocorre uma delimitação do campo visual pro meio de um enquadramento da cena. 1 A apreensão do espaço urbano é composta por várias análises, a partir de efeitos visuais, das categorias das edificações, da morfologia, de mapas mentais, etc. Neste trabalho, analisaremos o bairro da Torre a partir dos efeitos visuais observados pela autora do mesmo. 2 A seguir serão apresentados os efeitos visuais presentes na apreensão do bairro já citado. No entanto, outros efeitos visuais são conceituados por Kohlsdorf, não abordados aqui por efeito metodológico. 2CTDAMT05.P __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ (2) Monitor(a)Voluntário; (3) Prof(a) Orientador(a)/Coordenador(a).

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UFPB – PRG _____________________________________________________________X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

OS CENÁRIOS VISUAIS DO BAIRRO DA TORRE Juliane Lins de Souza Santos (2) , Maria Berthilde Moura Filha (3)

Centro de Tecnologia/ Departamento de Arquitetura/ MONITORIA

RESUMO Baseando­se no estudo de Maria Elaine Kohlsdorf, intitulado “A Apreensão da Forma da Cidade”, o presente artigo vem apreender a forma do bairro da Torre, localizado na cidade de João Pessoa­PB. O bairro foi escolhido para tal análise devido o seu traçado, planejado por Nestor de Figueiredo em 1932, possuir um desenho diferente de outros setores da cidade, ora ortogonal ora em forma de leque. Respondendo as seguintes indagações: a beleza do traçado inovador de Nestor de Figueiredo é percebida pelo observador? Se não, quais os motivos? Se sim, quais os cenários criados?

PALAVRAS­CHAVE: Apreensão, Cenários urbanos, Bairro da Torre.

INTRODUÇÃO

Análise do Espaço Urbano A apreensão do espaço urbano é a etapa inicial do processo cognitivo, que se

compromete com informações, ocorrendo no senso comum, na ideologia e no conhecimento científico, e seu mecanismo constitui­se, portanto, em possível momento de encontro entre sujeitos e produtos. Esta apreensão do espaço não tem sido simples devido às constantes transformações que a cidade moderna passa. As diferentes formas dos lugares colocam condições que podem ser distintas para sua apreensão. Há impressões mais imediatas e mais facilmente percebidas do que outras, como também, em certos casos, necessitamos de mais informações além das dadas pelo espaço para nos localizar. Assim, podemos afirmar que os lugares possuem desempenho cognitivo, ou seja, especificidades para serem entendidos pelo observado como um dos pressupostos para intervir sobre a realidade.

A abordagem deste trabalho, baseado nas características de apreensão do espaço urbano 1 já mencionadas, centra­se na leitura do lugar a fim de indicar onde se está e identifique o próprio cenário urbano, atendendo os seguintes efeitos visuais 2 :

Os efeitos topológicos se relacionam com as características físicas do espaço real e têm através do corpo humano as referências topológicas de base, ocorrendo aos pares, que se complementam por seus contrários.

Envolvimento (x amplidão) – quando o espaço se limita por elementos físicos suficientemente marcantes, possibilitando a sensação de que o observador está “dentro” do cenário podendo visualizar seu exterior.

Amplidão (x envolvimento) – de proporção horizontal notória em quase todos os lados do observador, os limites encontram­se muito distantes do mesmo, não fechando a visual dele.

Estreitamento (x alargamento) – quando as laterais físicas do espaço urbano parecem se aproximar do observador, como se ele estivesse sendo comprimido.

Alargamento (x estreitamento) – quando as laterais físicas do lugar parecem se afastar do observador, dando mais espaço para sua visual.

Os efeitos perspectivos se manifestando através das sensações proporcionadas por pontos de fuga de uma perspectiva e são percebidos de maneiras isoladas e não mais aos pares.

Direcionamento – geralmente percebido em esquinas ou lugares que não se fecham, mas que possuem uma continuidade.

Impedimento – caracteriza­se pela interrupção da visual do observador, como se o mesmo estivesse visualizando um obstáculo.

Emolduramento – quando ocorre uma delimitação do campo visual pro meio de um enquadramento da cena.

1 A apreensão do espaço urbano é composta por várias análises, a partir de efeitos visuais, das categorias das edificações, da morfologia, de mapas mentais, etc. Neste trabalho, analisaremos o bairro da Torre a partir dos efeitos visuais observados pela autora do mesmo. 2 A seguir serão apresentados os efeitos visuais presentes na apreensão do bairro já citado. No entanto, outros efeitos visuais são conceituados por Kohlsdorf, não abordados aqui por efeito metodológico.

2CTDAMT05.P

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(2 ) Monitor(a)Voluntário; (3) Prof(a) Orientador(a)/Coordenador(a).

UFPB – PRG _____________________________________________________________X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

Mirante – a relação do lugar com os seus circunvizinhos, possibilitando uma maior abrangência visual naquele do que nestes, ocasionando a percepção da “vista de paisagens”.

Realce – aqui o observador é atraído por um elemento que se acentua na cena urbana, seja pela ênfase dos elementos, pela cor, pelo material de revestimento, etc.

Efeito em Y – quando ocorre uma bifurcação da cena, geralmente em seu eixo e em ângulos agudos.

Os efeitos semânticos caracterizam boa legibilidade ao espaço urbano real, os mesmos são relacionados de forma que se complementam.

Orientabilidade – geralmente, esse efeito é proporcionado por um marco que oferece ao observador uma melhor orientação percorrer a cidade ou parte dela.

Continuidade – elementos interdependentes, porém que se associam em uma situação do cenário urbano.

Clareza – efeito ocasionado por elementos que se destacam da silhueta da cidade. Dominância – quando um elemento que compõem a paisagem urbana se sobressai em

relação aos demais, diferindo em proporção, quase sempre contribuindo para orientabilidade. Complexidade – este efeito acontece quando observamos elementos estruturados com

base em outros, geralmente diferentes e relacionados entre si de maneira diversificada. Variabilidade – de menor intensidade de variação que o efeito de complexidade, é a

condição que certos elementos possuem de se transformarem e adaptarem os usos.

A Cidade de João Pessoa e o Bairro da Torre

Fundada em 1585 às margens do Rio Sanhauá, obedecendo os ditames da colonização portuguesa, João Pessoa era constituída por duas partes, de acordo com sua topografia: cidade baixa e cidade alta. Aquela, concentrava as atividades comerciais que estavam ligadas ao Porto do Capim, enquanto esta, “erguida para a exaltação de Deus e o exercício do poder” 3 . Seu traçado era configurado por quadras de desenho regular. No entanto, a cidade foi lentamente se expandindo sem planejamento, formando­se áreas de traçado irregular e espontâneo.

Atentos às problemáticas causadas pelo crescimento desordenado, a partir de Beaurepaire Rohan (1857­1859), os governantes passaram a investir, embora de maneira sutil, no melhoramento dos serviços necessários à cidade. Apenas no início do século XX é que podemos observar um planejamento mais intenso para a cidade, especialmente na década de 20, influenciado pelo discurso da salubridade urbana e as reformas de Pereira Passos para o Rio de Janeiro.

Partindo do trinômio sanear, embelezar e circular, governantes como João Machado (1908­1912), Camilo de Holanda (1916­1920) e Walfredo Guedes Pereira (1920­1924), determinaram o atual desenho do nosso centro histórico, promovendo o alargamento, o alinhamento e/ou o nivelamento de algumas ruas existentes, a desapropriação de lotes para abertura de novas vias e de praças, pavimentações, saneamentos, iluminação pública, etc. Entre 1924 e meados de 1930, a cidade passou por um processo de amenização na sua modernização, retornando às obras de melhoramento durante o governo de Argemiro de Figueiredo (1935­1940).

Em 1932, o interventor Anthenor Navarro convida o urbanista Nestor de Figueiredo para elaborar um plano de remodelação e extensão da capital paraibana. No entanto, a morte de Anthenor Navarro, em abril de 1932, interrompeu o projeto para a cidade, sendo retomado por Argemiro de Figueiredo, no final dos anos 30. A proposta de Nestor de Figueiredo levou em consideração as modernizações já realizadas na cidade durante a década de 20, sendo assim, seu plano era dividido em duas partes: cidade existente e cidade futura. Para a cidade existente, Nestor de Figueiredo concentrou sua remodelação no melhoramento da chegada pelo rio, criando uma Praça de Desembarque e alargando vias de ligação entre cidade alta e cidade baixa.

3 _________. João Pessoa: a cidade, o rio e o mar. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1991. p.16.

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O plano de Nestor de Figueiredo trata­se de um plano de conjunto, ou seja, aborda a cidade de uma maneira global, com a clara intenção de ordenar o espaço urbano. O zoneamento e o sistema viário são instrumentos importantes para tal planejamento, tentando prevenir o caos que poderia se tornar a cidade a partir de seu crescimento espontâneo, favorecendo a ligação entre bairros e centro, além da estética.

O zoneamento de Figueiredo reforçou tendências de usos historicamente já consolidados, seu ponto forte são os conjuntos ideaes de edificação. Sendo cinco conjuntos, eles eram interligados por parkways (avenidas muito largas e arborizadas) e eram nomeados da seguinte maneira: o Centro Cívico (administração estadual), o Centro Universitário, o Centro da Administração Municipal, o Bairro da Saúde e a Praça de Desembarque (englobando porto e estação ferroviária). Os dois primeiros localizados na cidade futura e os demais na cidade existente.

A área onde atualmente se encontra o bairro da Torre, tem a predominância de seu desenho pelo consagrado esquema de quadrículas. No entanto, parte do seu desenho, onde seria implementado o Centro Cívico, foi adotada uma nova fórmula, até então inexistente no traçado da cidade: o desenvolvimento em leque, isto é, na forma de um semicírculo cortado por vias radiais e concêntricas. O desenho de Figueiredo transmite uma forte tendência ao tratamento monumental do espaço urbano – explorando muito mais o aspecto cênico do que o técnico. Sendo este aspecto cênico que almejamos registrar com este trabalho.

Figura 01 – Plano de Remodelação e Extensão de João Pessoa – Nestor de Figueiredo, 1932.

Em destaque os conjuntos ideais de edifícios: 1 – Praça de Desembarque, 2 – Centro da Administração Municipal, 3 – Bairro da Saúde, 4 – Centro Universitário e 5 – Centro Cívico. Em amarelo os parkways e as novas ligações viárias.

Fonte: Acervo Paulo Peregrino in. Wylnna Carlos Lima Vidal.

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DESCRIÇÃO METODOLÓGICA

A metodologia utilizada na elaboração deste trabalho consiste nas seguintes etapas: referencial teórico, pesquisa de campo e análise visual. Para a escolha da área a ser estudada, foi necessário ter como referência algumas bibliografias que relatassem a expansão da cidade de João Pessoa e apresentassem a configuração da malha urbana de tais locais. Afinal, a intenção deste trabalho é analisar como um inovador traçado urbano influência na criação de cenários visuais. A outra parte referencial teórica se refere ao estudo da apreensão da forma da cidade, aprofundando o estudo dos efeitos visuais e da percepção do observador. Para analisar tais cenários, foi necessária uma pesquisa de campo com o auxílio iconográfico para registro dos mesmos. Percorrendo todo o bairro, os efeitos visuais percebidos eram registrados, afim de serem apresentados como resultados deste trabalho. A partir dos registros iconográficos feitos em loco, ocorreu a análise: a beleza do traçado inovador de Nestor de Figueiredo é percebida pelo observador? Se não, quais os motivos? Se sim, quais os cenários criados?

RESULTADOS

Alargamento/ Estreitamento

O encontro entre curvas e retas no traçado urbano do bairro da Torre gera pontos de alargamento/estreitamento, embora sejam sutis devido a largura generosa de suas ruas. Outras áreas que geram esses efeitos visuais são as ruas radiais as praças.

Envolvimento

Um fator importante da ocupação do bairro da Torre é a grande quantidade de árvores nas suas ruas e nos lotes que o compõe. Tais vegetações além de favorecer a qualidade térmica do lugar, ainda geram efeitos de envolvimento como mostrado abaixo:

Figura 03 – Alargamento. Local: Por trás do Lactário vendo a Avenida Juarez Távora.

Figura 02 – Estreitamento. Local: Por trás do Lactário vendo a Avenida Juarez Távora.

Figura 05 – Envolvimento. Local: Rua Florêncio Costa esquina com Rua Doutor Severino Procópio.

Figura 04 – Preparação para o envolvimento. Local: Rua Florêncio Costa esquina com Rua Doutor Severino Procópio.

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Enquadramento

Impedimento

Continuidade

Dominância/ Orientabilidade

Figura 07 – Impedimento. Local: Vila à Avenida Carlos Gomes.

O bairro da Torre possui inúmeras vilas proporcionando uma grande quantidade de impedimentos. Além delas, as vias radiais que formam o leque, e as ligações das ruas na parte ortogonal do bairro formando “T”, também geram tal efeito. No entanto, esses pontos não são tão valorizados, uma vez que poderiam sem o ponto de fuga de monumentos ou edificações de valor arquitetônico.

Figura 08 – Continuidade. Local: Avenida Manoel Deodato, radial à Praça São Gonçalo.

O bairro da Torre não possui muitos exemplares de continuidade, pois seus lotes são ocupados por edificações recuadas de seus limites, não havendo uma leitura direta de suas construções, além disso, suas edificações não possuem semelhanças referentes a estilo arquitetônico, dificultando ainda mais este efeito. Ao lado, uma exceção. Outra exceção seriam as vilas, caracterizadas pela semelhança das fachadas que as compõem.

Figura 09 – Dominância e Orientabilidade. Local: Av. Manoel Deodato, radial à Praça São Gonçalo.

Um dos efeitos predominantes, a dominância, quase sempre gera o efeito de orientabilidade, como mostrado na figura ao lado. O fator principal para tal fato é a verticalização isolada de alguns lotes. O bairro em sua maioria constituído por edificações térreas, com a construção de alguns edifícios comerciais ou residenciais, passa a ter este tipo de cenário visual, que existirá até que a ocupação vertical predomine.

Figura 06 – Enquadramento. Local: Avenida Aragão e Melo.

Assim como a vegetação possibilita o efeito de envolvimento para o observador que percorre o bairro da Torre, também proporciona o efeito de enquadramento. No caso ao lado, o cenário focado é de importância arquitetônica, o Hospital da Unimed, um dos poucos cenários visuais encontrados de valor a partir da arquitetura.

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Direcionamento

Complexidade

CONCLUSÃO Dado o exposto, constatamos que apesar da existência de um grande número de

cenários visuais no bairro da Torre, predominando os efeitos de dominância e impedimento, a intenção monumental do desenho de Nestor de Figueiredo não foi alcançada, pela falta de uma boa arquitetura, não permitindo que os cenários existentes sejam de interesse estético ao observador. Assim, podemos afirmar que a arquitetura e o desenho urbano estão intimamente relacionados, ou seja, no momento projetual do traçado urbano é importante idealizar áreas de efeitos visuais que favoreçam a arquitetura e, também, ao projetar um edifício é importante que o profissional analise o entorno e, se existir efeito visual, tire partido do mesmo.

REFERÊNCIAS KOHLSDORF, Maria Elaine. A Apreensão da Forma da Cidade. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996. 253p.:il. LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 227p.:il. VIDAL, Wylnna Carlos Lima. Transformações Urbanas: a modernização da capital paraibana e o desenho da cidade, 1910­1940. João Pessoa. Tese de Mestrado do Curso de Pós­graduação em Engenharia Urbana da UFPB. 2004. TINEM, Nelci (org). Fronteiras Marcos e Sinais: Leituras das ruas de João Pessoa. Editora Universitária/ Prefeitura Municipal de João Pessoa. João Pessoa, 2006. 304p.:il.

Figura 11 – Complexidade. Local: Avenida Juarez Távora.

As áreas comerciais presentes no bairro, como as avenidas Nossa Senhora de Fátima, Juarez Távora, Dom Pedro II, Ministro José Américo de Almeida e Rui Barbosa, devido o grande número de letreiros e placas, ocasionam complexidade na cena observada pelo indivíduo, ou seja, são áreas que não possuem boa legibilidade.

Figura 10 – Direcionamento. Local: Avenida Ministro José Américo de Almeida.

As parkways projetadas por Nestor de Figueiredo, afim de facilitar a circulação, são cenários visuais importantes quando observada sua vegetação. A mesma, propicia o efeito visual de direcionamento, semelhante aos grandes boulevards do Plano para Paris.