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i Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia Amado Eira Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente Júri Presidente: Professor Ramiro Joaquim de Jesus Neves Orientador: Professora Maria do Rosário Partidário Vogal: Professor Henrique Miguel Pereira Setembro de 2009

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i

Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para

a Avaliação Ambiental Estratégica

Cátia Andreia Amado Eira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia do Ambiente

Júri

Presidente: Professor Ramiro Joaquim de Jesus Neves

Orientador: Professora Maria do Rosário Partidário

Vogal: Professor Henrique Miguel Pereira

Setembro de 2009

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ii

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer à Professora Maria do Rosário Partidário, por ter acreditado em mim e me ter

proporcionado a oportunidade de desenvolver este trabalho, disponibilizando a sua extensa experiência

na área.

Ao Sr. Pedro Ivo Arriegas e à Sra. Emília Silva, ambos do Departamento de Conservação e Gestão da

Biodiversidade do ICNB, pela partilha de ideias e, em especial a esta última pela disponibilidade, apoio e

simpatia que sempre demonstrou.

Ao Professor Henrique Pereira pelo esclarecimento de dúvidas e partilha de ideias.

À Rita Bruno Soares, pela motivação e simpatia com que me ajudou a organizar as ideias no momento

de iniciar o desenvolvimento desta Dissertação de Mestrado.

À Rita Gomes pela partilha de ideias na concepção da apresentação desta dissertação de mestrado.

A todos os colegas e amigos da universidade, pela partilha e companheirismo, em especial à Lara

Espírito Santo, Inês Amendoeira e Vera Brandão, pela amizade e por todos os momentos de trabalho e

lazer que partilhámos. Pelo que crescemos juntas.

Ao meu colega João Fernandes pelo seu contributo na formatação deste trabalho.

À Ana Anselmo e à Daniela Duarte, grandes amigas e colegas de casa, por toda a amizade, paciência e

apoio, características que só se encontram em grandes amigos. Por todos os momentos partilhados e por

todos os que ainda virão.

Um agradecimento muito especial aos meus pais, Maria das Dores Amado e Victor Eira, pela educação

transmitida, por sempre terem acreditado em mim, pela amizade única e todo o apoio e compreensão

que têm demonstrado em todos os momentos da minha vida, em especial naqueles em que estive de

estar afastada deles durante o meu percurso universitário. É muito bom saber que estarão sempre aí

para mim.

Um outro agradecimento especial à minha irmã, Joana Eira, pela amizade e carinho incondicionais que

sempre me demonstra, por toda a alegria com que me recebe sempre que regresso a casa.

Aos restantes familiares e aos amigos que sempre me apoiaram e motivaram com as suas palavras.

Por último, mas nunca menos importante, ao David, por todo o apoio, motivação, paciência e

compreensão que sempre demonstrou. Por me fazer acreditar em mim nos momentos mais difíceis. Por

estar sempre do meu lado.

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iii

RESUMO

A evolução crescente da economia nos últimos séculos tem sido suportada por um desenvolvimento

desregrado, em grande parte responsável pelo aumento significativo da perda de biodiversidade a nível

global.

O objectivo desta Dissertação de Mestrado é sistematizar as macro-políticas de biodiversidade,

internacionais e europeias, e explorar a forma de as integrar na Avaliação Ambiental Estratégica (AAE),

contribuindo para o reforço da inclusão da biodiversidade nos processos de desenvolvimento.

Este estudo desenvolveu-se segundo uma análise comparativa entre as recomendações da Convenção

sobre Diversidade Biológica (CDB), as dos documentos que resultaram da implementação da CDB a

nível europeu e nacional, e ainda a sua aplicação num conjunto de casos práticos.

Como seria de esperar, há uma estreita relação entre a fraca transposição das recomendações para o

direito comunitário e nacional e a não aplicação das mesmas a nível prático.

Verificaram-se lacunas na consideração e valorização dos serviços dos ecossistemas associados à

biodiversidade; na avaliação da biodiversidade ao nível genético; na avaliação das acções que

desencadeiam potenciais impactes sobre a mesma; na consideração dos impactes cumulativos, nos

processos de identificação e monitorização da biodiversidade e na adopção da Abordagem

Ecossistémica.

De um modo geral, os casos europeus e internacionais apresentam uma abordagem mais consistente

com as orientações da CDB do que os casos nacionais.

Conclui-se que a AAE é um bom promotor da protecção e conservação da biodiversidade. No entanto, é

necessário reforçar a pesquisa nesta área e aproveitar as potencialidades deste instrumento de avaliação

como forma de colmatar as lacunas existentes.

Palavras-chave: Biodiversidade, Avaliação Ambiental Estratégica, serviços dos ecossistemas,

Abordagem Ecossistémica, Forças Motrizes

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iv

ABSTRACT

The great economic growth of the last centuries has been supported by an uncontrolled development,

largely responsible for the significant increase of biodiversity loss in a global scale.

This Master’s Thesis intends to summarize the international and the national policies related with

biodiversity, and explore how to integrate them in Strategic Environmental Assessment (SEA), as a way to

enhance the inclusion of biodiversity into the development process.

This study was developed to conduct a comparative analysis between the guidelines proposed by the

Convention on Biological Diversity (CBD), resulting from the implementation of CBD at European and

national levels, and also the application of these guidelines in a set of case studies.

As expected, there is a close relation between the weak implementation of guidelines in the community

and national regulations and no application of them in practice.

There are gaps in the consideration and valuation of ecosystem services provided by biodiversity, the

assessment of the genetic level of biodiversity, the assessment of triggers, the consideration of cumulative

impacts, the identification and monitoring of biodiversity and the Ecosystem Approach.

Overall, the European and international cases show a great consistency with the guidelines of CBD then

the national cases.

This study allows to conclude that SEA is an effective tool to enhance biodiversity conservation, protection

and sustainable use. However, it is still necessary to improve the research in the field and to take the

potential of this assessment approach as a way to cover the flaws identified.

Keywords: Biodiversity, Strategic Environmental Assessment, ecosystem services, Ecosystem Approach,

drivers of change

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v

ÍNDICE GERAL

Agradecimentos .............................................................................................................................................. ii

Resumo ......................................................................................................................................................... iii

Abstract.......................................................................................................................................................... iv

Índice Geral .................................................................................................................................................... v

Índice de Quadros ........................................................................................................................................ vii

Índice de Figuras ............................................................................................................................................ x

Lista de Acrónimos ........................................................................................................................................ xi

1. Introdução .............................................................................................................................................. 1

1.1. Objectivo ........................................................................................................................................ 1

1.2. Metodologia ................................................................................................................................... 1

1.3. Motivação/Justificação do tema .................................................................................................... 2

1.4. Estrutura ........................................................................................................................................ 3

2. A Biodiversidade em AAE ...................................................................................................................... 4

2.1. Biodiversidade ............................................................................................................................... 4

2.2. Avaliação Ambiental Estratégica ................................................................................................... 9

2.3. Biodiversidade e Avaliação Ambiental Estratégica ....................................................................... 9

2.3.1. Modelo de avaliação (Millennium Ecosystem Assessment & IAIA) ...................................... 9

2.3.2. Modelo da Abordagem Ecossistémica ................................................................................ 12

3. Análise das directrizes da CDB para a AAE ........................................................................................ 15

4. Análise comparativa de casos nacionais e internacionais ................................................................... 23

4.1. Casos Nacionais .......................................................................................................................... 24

4.1.1. Caso 1 - Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico

(PNBEPH) ........................................................................................................................................... 24

4.1.2. Caso 2 - Plano Regional de Ordenamento do Território de Oeste e Vale do Tejo (PROT-

OVT) …………………………………………………………………………………………………………....27

4.1.3. Caso 3 - Estudo para análise técnica comparada das alternativas de localização do Novo

Aeroporto de Lisboa na zona da Ota e na zona do campo de tiro de Alcochete ................................ 30

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vi

4.1.4. Caso 4 - Plano Director Municipal de Vila Franca de Xira (PDM-VFX) .............................. 33

4.1.5. Caso 5 - Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) da ilha de Santa Maria, Açores

……………………………………………………………………………………………………….36

4.1.6. Caso 6 - Plano de Ordenamento da Albufeira das Fronhas (POAF) .................................. 38

4.1.7. Caso 7 - Revisão do Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês

(POPNPG) ............................................................................................................................................ 42

4.2. Casos Internacionais ................................................................................................................... 46

4.2.1. Caso 1 - Plano de Produção de Energia Eólica para a Comunidade Autónoma (CA) de

Castilla e León (2000-2004) ................................................................................................................. 46

4.2.2. Caso 2 - Plano Local de Transporte de Gloucester, Inglaterra ........................................... 48

4.2.3. Caso 3 - Programa de Cooperação entre a Lituânia e a Polónia (2007-2013) ................... 51

4.2.4. Caso 4 - Programa Operacional para o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional para

a região Sudeste de Inglaterra (2007-2013) ........................................................................................ 54

4.2.5. Caso 5 - Plano local do Parque Nacional de Cairngorms, Escócia .................................... 56

4.2.6. Caso 6 - Acordo N.ºCE 25/2001 – Estudo Hong Kong 2030: Planeamento da Visão e

Estratégia . ........................................................................................................................................... 60

4.2.7. Caso 7 - Plano de Desenvolvimento do Turismo das Fiji ................................................... 62

4.3. Comparação entre as orientações da CDB e as abordagens utilizadas em cada caso ............. 64

4.3.1. Casos nacionais .................................................................................................................. 65

4.3.2. Casos internacionais ........................................................................................................... 78

4.3.3. Quadro Síntese da consistência entre as orientações da CDB e a aplicação prática ........ 92

5. Conclusões e recomendações ............................................................................................................. 96

Referências Bibliográficas ......................................................................................................................... 104

Anexos ............................................................................................................................................................. i

Anexo I. Modelos de origem do actual modelo utilizado pela CDB na avaliação da Biodiversidade......... ii

Anexo II. Lista Indicativa dos Serviços dos Ecossistemas ........................................................................ iii

Anexo III. Lista das Forças Motrizes Directas e Forças Motrizes Indirectas .............................................. v

Anexo IV. Identificação e monitorização: Lista Indicativa de Componentes da Biodiversidade .............. vii

Anexo V. Opções Estratégicas identificadas para o POOC da ilha de Santa Maria ............................... viii

Anexo VI. Artigo 7º. do texto da CDB ......................................................................................................... x

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Anexo VII. Parque Nacional de Cairngorms, Escócia ............................................................................... xi

Anexo VIII. Quadro de Referência Estratégico para a Biodiversidade ..................................................... xii

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 2-1. Situações em que a AAE deve prestar especial atenção à biodiversidade e como deve ser

abordada...................................................................................................................................................... 12

Quadro 3-1. Sistematização das principais orientações de política da CDB para a efectiva inclusão da

biodiversidade em AAE e interpretação das mesmas ao nível da EEB, do PA e da ENCNB. ................... 16

Quadro 3-2. Sistematização das orientações da CDB relativas ao apoio técnico e financeiro na inclusão

da biodiversidade em AAE e interpretação das mesmas ao nível da EEB, do PA e da ENCNB. .............. 20

Quadro 4-1. Critérios de avaliação e indicadores para a biodiversidade no âmbito do PNBEPH .............. 25

Quadro 4-2. Problemas e propostas na abordagem à biodiversidade no âmbito do PNBEPH. ................. 26

Quadro 4-3. Critérios de avaliação e indicadores para a biodiversidade no âmbito do PROT-OVT .......... 28

Quadro 4-4. Propostas na abordagem à biodiversidade no âmbito do PROT-OVT ................................... 29

Quadro 4-5. Critérios de avaliação, indicadores e parâmetros para a biodiversidade no âmbito da análise

comparada das alternativas de localizações do NAL. ................................................................................ 31

Quadro 4-6. Propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito da análise comparada das

alternativas de localização do NAL ............................................................................................................. 32

Quadro 4-7. Critérios de avaliação e indicadores para a biodiversidade no âmbito do PDM de Vila Franca

de Xira ......................................................................................................................................................... 34

Quadro 4-8. Problemas e propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do PDM-VFX .............. 35

Quadro 4-9. Indicadores para a biodiversidade no âmbito do POOC de Santa Maria ............................... 37

Quadro 4-10. Problemas e propostas para a biodiversidade no âmbito do POOC de Santa Maria .......... 37

Quadro 4-11. Critérios de avaliação, objectivos e indicadores para a biodiversidade no âmbito do POAF

..................................................................................................................................................................... 39

Quadro 4-12. Problemas na abordagem da biodiversidade no âmbito do POAF ....................................... 40

Quadro 4-13. Critérios de avaliação e indicadores para a biodiversidade no âmbito do POPNPG ........... 43

Quadro 4-14. Problemas e propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do POPNPG ............. 45

Quadro 4-15. Problemas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Plano de Produção de Energia

Eólica para a região de Castilla e Léon ....................................................................................................... 47

Quadro 4-16. Indicadores para a biodiversidade no âmbito do Plano Local de Transporte de Gloucester 49

Quadro 4-17. Problemas e propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Plano Local de

Transporte de Gloucester ............................................................................................................................ 50

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Quadro 4-18. Indicadores para a biodiversidade no âmbito do Programa de Cooperação entre a Lituânia

e a Polónia ................................................................................................................................................... 52

Quadro 4-19. Propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Programa de Cooperação entre a

Lituânia e a Polónia ..................................................................................................................................... 53

Quadro 4-20. Indicadores identificados no âmbito do Programa Operacional para o Fundo de

Desenvolvimento Regional para a região Sudeste de Inglaterra para a área da biodiversidade ............... 55

Quadro 4-21. Objectivos e indicadores para a biodiversidade no âmbito do Plano Local do Parque

Nacional de Cairngorms .............................................................................................................................. 57

Quadro 4-22. Problemas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Plano Local do Parque Nacional

de Cairngorms ............................................................................................................................................. 59

Quadro 4-23. Indicadores para a biodiversidade no âmbito do Estudo Hong Kong 2030 .......................... 61

Quadro 4-24. Propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Estudo Hong Kong 2030 .......... 61

Quadro 4-25. Objectivos e indicadores para a biodiversidade no âmbito do Plano de Desenvolvimento do

Turismo das Fiji ........................................................................................................................................... 63

Quadro 4-26. Problemas e propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Plano de

Desenvolvimento do Turismo das Fiji ......................................................................................................... 64

Quadro 4-27. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

nacional 1 .................................................................................................................................................... 65

Quadro 4-28. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

nacional 2 .................................................................................................................................................... 67

Quadro 4-29. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

nacional 3 .................................................................................................................................................... 69

Quadro 4-30. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

nacional 4 .................................................................................................................................................... 70

Quadro 4-31. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

nacional 5 .................................................................................................................................................... 72

Quadro 4-32. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

nacional 6 .................................................................................................................................................... 74

Quadro 4-33. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

nacional 7 .................................................................................................................................................... 76

Quadro 4-34. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 1 ............................................................................................................................................. 78

Quadro 4-35. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 2 ............................................................................................................................................. 80

Quadro 4-36. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 3 ............................................................................................................................................. 82

Quadro 4-37. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 4 ............................................................................................................................................. 84

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ix

Quadro 4-38. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 5 ............................................................................................................................................. 86

Quadro 4-39. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 6 ............................................................................................................................................. 88

Quadro 4-40. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 7 ............................................................................................................................................. 89

Quadro 4-41. Quadro síntese: Consistência entre as orientações da CDB e a abordagem utilizada em

cada caso .................................................................................................................................................... 93

Quadro II-1. Lista de Serviços dos Ecossistemas..………………………………………………………………iii

Quadro V-1. Lista de Programas e Projectos proposta pelo POOC da ilha de Santa Maria

……………………………………………………………………………………………….…………….………....viii

Quadro VIII-1. Quadro de Referência Estratégico para a biodiversidade: Guia da CDB para a inclusão da

biodiversidade em AAE …………………………………………………………………………….………..……..xii

Quadro VIII.2 - Quadro de Referência Estratégico para a biodiversidade: Estratégia Europeia sobre a

Biodiversidade ………………………………………………………………………….……………………….….xiii

Quadro VIII.3 - Quadro de Referência Estratégico para a biodiversidade: Plano Comunitário para a

Biodiversidade para 2010 - e para além …………………………………………...………………….….…….xvii

Quadro VIII.4 - Quadro de Referência Estratégico para a biodiversidade: Estratégia Nacional para a

Conservação da Natureza e Biodiversidade ……………………………………….…………………….……..xxi

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x

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2-1. Representação esquemática do modelo conceptual adoptado pela CDB. .............................. 11

Figura 2-2. Diagrama de categorias dos serviços dos ecossistemas: prioridades da UNEP ..................... 13

Figura I-1. Modelo conceptual utilizado pelo Millenium Ecosystem Assessment ……………………………..ii

Figura I-2. Modelo de Avaliação de Impactes desenvolvido pela IAIA .......................................................... ii

Figura III-1. Forças Motrizes Directas. ........................................................................................................... v

Figura III-2. Forças Motrizes Indirectas. ........................................................................................................ vi

Figura VII-1. Parque Nacional de Cairngorms, Escócia. ............................................................................... xi

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xi

LISTA DE ACRÓNIMOS

AAE

AE

AIA

AIE

CDB

CITES

DQA

EEB

EEM

EER

EEU

ENCNB

FCD

FMD

FMI

GEF

IAIA

ICNB

IPF

MA

OGM

PA

PES

QCA

QRE

Avaliação Ambiental Estratégica

Abordagem Ecossistémica

Avaliação de Impacte Ambiental

Áreas de Intervenção Específica

Convenção sobre Diversidade Biológica

Convention on International Trade in Endangered Species

Directiva Quadro da Água

Estratégia Europeia sobre a Biodiversidade

Estrutura Ecológica Municipal

Estrutura Ecológica Regional

Estrutura Ecológica Urbana

Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade

Factores Críticos de Decisão

Forças Motrizes Directas

Forças Motrizes Indirectas

Fundo Global do Meio Ambiente

Associação Internacional de Avaliação de Impactes

Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade

Painel Intergovernamental sobre Florestas

Millennium Ecosystem Assessment

Organismos Geneticamente Modificados

Plano de Acção Comunitário

Payment for Ecosystem Services

Quadro Comunitário de Apoio

Quadro de Referência Estratégico

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xii

RAN

RFCN

REN

RNAP

SIC

SIPNAT

SNAC

SSSI

TEEB

TIC

UNEP

UNESCO

ZPC

ZEC

ZPE

ZPP

ZPT

Reserva Agrícola Nacional

Rede Fundamental de Conservação da Natureza

Reserva Ecológica Nacional

Rede Nacional de Áreas Protegidas

Sítios de Importância Comunitária

Sistema de Informação do Património Natural

Sistema Nacional de Áreas Classificadas

Sitios de Especial Interesse Científico

The Economics of Ecosystems and Biodiversity

Tecnologias de Informação e Comunicação

United Nations Environment Programme

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

Zonas de Protecção Complementar

Zonas Especiais de Conservação

Zonas de Protecção Especial

Zonas de Protecção Parcial

Zonas de Protecção Total

Page 13: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

1

1. INTRODUÇÃO

O presente capítulo estabelece o enquadramento desta Dissertação de Mestrado, fazendo referência ao

objectivo proposto, à metodologia utilizada e à motivação que levou à escolha do tema. Posteriormente é

apresentada a estrutura da Dissertação, com uma breve descrição do conteúdo de cada capítulo.

1.1. Objectivo

O objectivo deste estudo é sistematizar as macro-políticas de biodiversidade, internacionais e europeias,

e explorar a forma de as integrar na Avaliação Ambiental Estratégica. Como referencial foram tidas em

conta as recomendações associadas à implementação da Convenção sobre Diversidade Biológica

(CDB), e os documentos decorrentes da sua implementação a nível nacional.

1.2. Metodologia

Numa primeira fase procedeu-se ao levantamento e interpretação dos principais conceitos e linhas de

força associados à CDB e dos modelos de abordagem da biodiversidade em AAE que os concretizam.

Como base de informação foi utilizado o Guia da CDB para a inclusão da biodiversidade em AAE

(Biodiversity in EIA & SEA: Voluntary Guidelines on Biodiversity-Inclusive Impact Assessment).

Posteriormente foram analisados os documentos que resultaram da implementação da CDB a nível

europeu e nacional, nomeadamente a Estratégia Europeia sobre a Biodiversidade (EEB), o Plano de

Acção Comunitário para a Biodiversidade para 2010 – e para além e a Estratégia Nacional para a

Conservação da Natureza e Biodiversidade (ENCNB).

A interpretação dos documentos permitiu concluir acerca das recomendações chave a seguir para uma

eficaz abordagem das questões relacionadas com a biodiversidade em AAE.

Numa fase seguinte foram recolhidos casos de AAE nacionais, europeus e internacionais, seleccionados

com base em determinados critérios:

1. Abordar diferentes tipos de AAE (planos à escala nacional, regional e local, planos

especiais - Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas, Planos de Ordenamento das

Albufeiras e Planos de Ordenamento da Orla Costeira – estudos);

2. Casos de países com experiência sólida na aplicação da AAE e outros a iniciar a sua

aplicação;

3. Disponibilidade dos relatórios ambientais.

Os casos nacionais seleccionados seguem, com as adaptações necessárias, o Guia de Boas Práticas

para Avaliação Ambiental Estratégica – Orientações Metodológicas (Partidário, 2007), publicado pela

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2

Agência Portuguesa do Ambiente. Esta é a metodologia mais utilizada a nível nacional, daí ter sido

escolhida.

Os casos europeus apresentam metodologias diversas, embora convergindo para a base de orientação

que é a Directiva Comunitária (Directiva 2001/42/CE, de 27 de Junho), comum a todos os países

pertencentes à União Europeia.

Relativamente aos casos não europeus, e apesar da Directiva Comunitária não constituir qualquer

referência legal nessas situações, ela sugere um procedimento geral de elaboração das AAE e, estando

estandardizada num vasto e influente grupo de países, tem sido utilizada fora da União Europeia, uma

vez que facilita o benchmarking entre eles. Por outro lado é também um instrumento familiar

compreendido por parceiros e investidores. No entanto, é usual a existência de algumas diferenças ao

nível do processo de AAE nestes países.

Note-se que, para aplicação do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, que transpôs para o direito

nacional a Directiva Comunitária, considerou-se os casos referentes a estudos equivalentes a um plano

ou programa.

Todo o estudo se desenvolveu a partir da análise comparativa que confrontou os seguintes aspectos:

1. As recomendações da CDB, da EEB, do Plano de Acção (PA) e da ENCNB e os casos

práticos analisados, de forma a verificar se a transposição das orientações da CDB está a ser

efectuada correctamente para os níveis comunitário e nacional e se estas estão a ser

correctamente aplicadas nos casos práticos;

2. As propostas feitas no âmbito dos casos e as recomendações chave a seguir, de modo a

concluir se as propostas estão a dar continuidade às recomendações da CDB.

1.3. Motivação/Justificação do tema

Numa altura em que se reforça a preocupação pela procura de soluções sustentáveis torna-se essencial

a integração dos aspectos económicos, sociais e ecológicos em cada processo de desenvolvimento. A

partir do momento em que a consideração dos aspectos ambientais nos vários sectores deixa de ser um

obstáculo e se transforma numa oportunidade é essencial o recurso à Avaliação Ambiental Estratégica,

como instrumento de sustentabilidade e de integração dos componentes ambientais nos processos de

tomada de decisão. Sendo actualmente reconhecida a importância e o papel essencial da biodiversidade

no suporte da vida humana é primordial a sua integração efectiva em AAE, como forma de promover a

sua protecção e conservação e dos bens e serviços que fornece.

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3

Sendo que a aplicação deste instrumento de avaliação está ainda a dar os primeiros passos a nível

nacional, o que se pretende no âmbito desta dissertação de mestrado é a reestruturação da forma como

integra as questões da biodiversidade, de modo a colmatar as lacunas que parecem existir entre a

abordagem a nível europeu/internacional e a que é praticada a nível nacional.

1.4. Estrutura

A presente dissertação encontra-se organizada em cinco capítulos.

No capítulo 1 são apresentados os objectivos propostos, a metodologia utilizada para os alcançar e a

motivação que conduziu à escolha do tema.

O capítulo 2 estabelece o enquadramento do tema, apresentando os principais conceitos associados à

abordagem da biodiversidade em AAE propostos pela CDB.

No capítulo 3 é elaborada a análise das directrizes preconizadas pela CDB para a inclusão da

biodiversidade em AAE, verificando a efectividade da sua transposição para a legislação comunitária e

nacional.

No capítulo 4 é apresentada uma análise comparativa de casos de AAE internacionais e nacionais, onde

se verifica a concordância entre as directrizes da CDB e a abordagem utilizada em cada caso prático,

concluindo assim acerca das diferenças que existem a nível internacional e nacional.

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões do estudo, bem como algumas recomendações e

propostas para investigações futuras.

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4

2. A BIODIVERSIDADE EM AAE

No presente capítulo são sintetizadas as formas de abordagem e avaliação da biodiversidade, com

incidência nas considerações decorrentes da CDB. A abordagem tem início com uma breve

caracterização do estado da biodiversidade à escala global, uma descrição do conceito à luz da CDB e

uma revista dos principais documentos legislativos relativos à sua protecção e conservação, aplicados a

nível internacional, a nível comunitário e nacional. Numa segunda fase é referida a necessidade e

vantagens de aplicar a AAE como resposta aos objectivos propostos no seio da CDB. Numa última fase

são apresentados os principais conceitos e linhas de força decorrentes da CDB para posterior

caracterização e análise.

2.1. Biodiversidade

O aumento significativo da taxa de perda de biodiversidade ao nível planetário durante os últimos séculos

é uma clara consequência da acção humana [ (Global Biodiversity Scenarios for the year 2100, 2000);

(MEA, 2005); (Groombridge, et al., 2002)].

A preocupação com a perda da biodiversidade potenciou a criação de diversos acordos a nível global,

centrados na sua protecção e conservação, de entre as quais se destacam a Convenção de Ramsar

(1971), as Convenções da UNESCO para a protecção de reservas da biosfera (1971) e para a Protecção

da Cultura e Património Natural Mundial (1972), a Convenção CITES (1973) e a Convenção de Bona

(1979). O destaque vai para o ano 1992, que assinala a criação da CDB durante a Conferência das

Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento. É nesta convenção que é reconhecido pela primeira

vez o papel da biodiversidade na sustentação da vida humana (UNEP, 2006), através dos serviços dos

ecossistemas que fornece.

O reconhecimento de que as questões relacionadas com a biodiversidade não podem ser confinadas por

fronteiras administrativas ou políticas justifica a necessidade de criação de legislação internacional e uma

efectiva cooperação entre os países.

A legislação internacional criada para a conservação da natureza e biodiversidade abrange

essencialmente as resoluções criadas das convenções supracitadas. Ao nível comunitário as directivas

essenciais de transposição obrigatória para a legislação dos estados-membros são a Directiva n.º

79/409/CEE, de 2 de Abril (Directiva Aves) relativa à conservação das aves selvagens, a Directiva n.º

92/43/CEE, de 21 de Maio (Directiva Habitats) referente à preservação dos habitats naturais e da fauna e

flora selvagens, que integradas criaram a rede ecológica de áreas especiais protegidas designada

“Natura 2000” e as disposições da Convenção de Berna (1979).

Na legislação nacional destacam-se o Decreto-lei n.º 21/93, de 21 de Junho que aprova, para ratificação,

a Convenção sobre a Diversidade Biológica; a Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001 que cria

a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade; o Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24

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5

de Fevereiro, que transpôs para o ordenamento jurídico português as Directivas n.º 79/409/CEE e n.º

92/43/CEE; a Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008 relativa ao Plano Sectorial da Rede

Natura 2000 (PSRN2000); o Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho referente ao Regime Jurídico da

Conservação da natureza e da biodiversidade; o Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto e a Portaria

n.º 1356/2008, de 28 de Novembro relativos ao regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional (REN) e

aos usos compatíveis nas referidas áreas, respectivamente. O Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho

estabelece a Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN) e o Sistema Nacional de Áreas

Classificadas (SNAC). A RFCN é composta pelas áreas nucleares de conservação da natureza e da

biodiversidade integradas no SNAC e pelas áreas de Reserva Ecológica Nacional, de Reserva Agrícola

Nacional (RAN) e do domínio público hídrico. O SNAC é constituído pela Rede Nacional de Áreas

Protegidas (RNAP), criada pelo Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro, pelas áreas classificadas que

integram a Rede Natura 2000 (Zonas de Protecção Especial (ZPE) e as Zonas Especiais de

Conservação (ZEC)), e pelas demais áreas classificadas ao abrigo de compromissos internacionais

assumidos a nível nacional (Decreto-Lei n.º 142/2008). As ZEC são Sítios de Importância Comunitária

(SIC), que por serem considerados mais ameaçados e mais importantes em termos de conservação,

podem posteriormente ser designados como ZEC.

De acordo com a CDB o termo biodiversidade, ou diversidade biológica, pode ser definido como “a

variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens, incluindo, inter alia, os ecossistemas

terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte;

compreende a diversidade dentro de cada espécie (ao nível genético), entre as espécies e dos

ecossistemas” (Convenção sobre Diversidade Biológica, 1993). O conceito de biodiversidade é muito

abrangente, compreendendo no seu sentido mais lato toda a biosfera (MEA, 2005).

A CDB estabeleceu uma meta para a biodiversidade, o Objectivo 2010, que sugere a redução

significativa da actual taxa de perda de biodiversidade a nível global e até ao final do ano referido. A nível

pan-europeu e da União Europeia a meta é mais ambiciosa, onde se pretende mesmo travar a perda de

biodiversidade até ao final do mesmo ano (IUCN, 2009).

Para alcançar a meta proposta a CDB estabeleceu como principais objectivos a conservação da

diversidade biológica, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos

benefícios que advêm da utilização dos recursos genéticos, nomeadamente através do acesso adequado

a esses recursos e da transferência apropriada das tecnologias relevantes, bem como através de um

financiamento adequado (Convenção sobre Diversidade Biológica, 1993).

A CDB torna possível a aplicação das políticas de conservação da biodiversidade aos níveis genético,

das espécies e dos ecossistemas. O nível genético compreende a variabilidade genética intra-específica,

seja entre populações separadas ou entre indivíduos de uma mesma população. A diversidade ao nível

das espécies inclui todas as espécies existentes numa determinada área ou em todo o planeta. A

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diversidade ao nível dos ecossistemas inclui a diversidade de processos ecológicos dentro de um dado

ecossistema ou entre ecossistemas. Por processos ecológicos entende-se a interacção entre os

organismos (e.g. competição) e a sua interacção com o meio físico envolvente (e.g. fixação de azoto no

solo) (Proença, et al., 2009).

A perda da biodiversidade que tem vindo a verificar-se resulta em grande parte de dois aspectos. O

primeiro prende-se com a ausência de meios efectivos de consideração e valorização dos bens e

serviços por ela fornecidos. O segundo aspecto encontra-se associado ao facto de muitas das políticas

relevantes ainda não estarem implementadas na sua totalidade (UNEP, 2007). Para a resolução destes

problemas a CDB propõe que cada parte contratante “integre, na medida do possível e conforme

apropriado, a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica nos planos, programas e

políticas sectoriais ou inter-sectoriais” (alínea b do art.º 6º) (Convenção sobre Diversidade Biológica,

1993). Constata-se então, que a Avaliação Ambiental Estratégica pode constituir um eficaz instrumento

de inclusão e avaliação da biodiversidade nos processos de tomada de decisão e, portanto uma resposta

adequada aos propósitos da CDB.

Um dos aspectos que já começa a ser abordado é a vertente económica da biodiversidade e dos

ecossistemas. A sua valorização é uma prioridade dado que contribui para uma efectiva conservação da

biodiversidade (Conference Proceedings: High Level Conference on Business & Biodiversity, 2008).

Uma das formas de valorizar economicamente a biodiversidade é através de programas PES, que

recompensam a protecção dos serviços dos ecossistemas e reforçam os benefícios que os mesmos

fornecem (UNEP, 2009a). Existem já vários casos de países onde o pagamento por serviços dos

ecossistemas (Payment for Ecosystem Services – PES) é uma realidade, nomeadamente a Costa Rica, o

México, a Colômbia e o Equador (MEA, 2005b).

Na Caixa 1, como exemplo, é apresentado um caso de PES da Costa Rica.

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7

No que respeita à existência de estudos sobre o valor económico da biodiversidade e dos serviços dos

ecossistemas é essencial referir o estudo global intitulado “A Economia dos Ecossistemas e da

Biodiversidade” (The Economics of Ecosystems and Biodiversity - TEEB), produzido em 2008. Este

estudo tem como objectivo avaliar os custos globais da perda de biodiversidade e dos serviços dos

ecossistemas associados e compará-los com os custos de conservação e uso sustentável da

biodiversidade (ICNB, 2008).

Uma das primeiras conclusões do estudo é o agravamento do actual declínio da biodiversidade e

consequente aumento da perda dos serviços dos ecossistemas no caso do cenário “business as usual”

(IUCN, 2009a).

Este estudo analisa as soluções disponíveis para uma melhor gestão do capital natural, nomeadamente

(1) a remuneração dos benefícios provenientes da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas

através do pagamento por esses benefícios e da criação de mercados próprios; (2) a reestruturação de

subsídios que levam a danos sobre a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas, ou que sejam

ineficientes na protecção dos mesmos (e.g. subsídios que suportam a produção e o consumo de

CAIXA 1. CASO DE PROTECÇÃO DOS SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS NA COSTA RICA

(PAGAMENTO POR SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS)

A Costa Rica foi o primeiro país a adoptar um programa de PES. Este programa foi criado em

1997 ao ocorrer uma alteração na Lei da Floresta, que passou a estabelecer um pagamento aos

proprietários de grandes áreas florestais pelo fornecimento de quatro tipos de serviços de

ecossistema: sequestro de carbono, protecção das bacias hidrográficas, beleza associada e

manutenção da biodiversidade. Inicialmente o governo esperou um grande fluxo monetário resultante

da venda de títulos de emissão devido ao sequestro de carbono e da pesquisa de biodiversidade por

parte das indústrias farmacêuticas. Apesar deste último aspecto não se ter verificado continua a

esperar-se bastante do primeiro. O programa PES passou a compensar os proprietários pelo valor

criado pela extensão de floresta natural ou plantada existente na propriedade. No âmbito deste

programa foram criados contratos de conservação da floresta, com o requisito de proteger a floresta

durante 5 anos, sem efectuar qualquer alteração na cobertura do solo; contratos de gestão

sustentável da floresta (cessados em 2000) que compensavam os proprietários que permitissem a

extracção limitada de madeira mas mantendo intactos os serviços fornecidos pela floresta e

contratos de reflorestação que compensavam a plantação de árvores em áreas abandonadas e a

sua manutenção durante 15 anos. De acordo com um estudo do Banco Mundial de 1993, 66% dos

benefícios criados por estes serviços de ecossistema teriam impacte em todo o mundo e os

restantes 34% seriam sentidos na Costa Rica.

Baseado em (van Beukering, et al., 2008)

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combustíveis fósseis); (3) a abordagem das perdas de biodiversidade por meio da regulamentação e do

estabelecimento de mecanismos compensatórios, baseados nos princípios do poluidor-pagador e do “full

cost recovery”1; (4) Adição de valor através das áreas protegidas: aumentar a sua extensão e

financiamento irá intensificar o seu potencial para manter a biodiversidade e reforçar os serviços dos

ecossistemas, que garantem benefícios a nível local, nacional e global e (5) o investimento em

infraestruturas ecológicas, que permitam, por exemplo, aumentar a resiliência da biodiversidade e dos

ecossistemas às alterações climáticas, reduzir o risco de desastres naturais e melhorar a condição dos

recursos hídricos (UNEP, 2009a).

Há a reter deste estudo dois aspectos importantes. O primeiro é que os investimentos de manutenção e

conservação são quase sempre mais baratos do que a restauração de ecossistemas degradados. O

segundo refere-se ao facto dos benefícios sociais que surgem da restauração dos ecossistemas poderem

ser muito mais elevados do que os custos dessa restauração (UNEP, 2009a).

De acordo com o estudo TEEB é essencial uma melhor compreensão e quantificação da biodiversidade e

dos valores dos ecossistemas, que suportem a avaliação de soluções a longo-prazo para a efectiva

protecção e gestão da biodiversidade. A primeira necessidade chave é melhorar e utilizar

sistematicamente indicadores com base científica que quantifiquem os impactes sobre a biodiversidade e

o progresso do seu estado, permitindo antecipar, por exemplo, o colapso de ecossistemas. É necessário

desenvolver indicadores específicos para os serviços dos ecossistemas. Outra necessidade chave

prende-se com a consideração do valor dos bens naturais na contabilização dos rendimentos nacionais,

e ainda com a monitorização da forma como o valor desses bens pode ser inflacionado ou reduzido

através de determinados investimentos (UNEP, 2009a).

No seguimento da valorização dos serviços dos ecossistemas é natural o desenvolvimento de um

mercado que promova os bens e serviços fornecidos pela biodiversidade (Conference Proceedings: High

Level Conference on Business & Biodiversity, 2008). A falta de preços de mercado para a biodiversidade

e para os serviços dos ecossistemas significa que os benefícios que obtemos dos bens e serviços

fornecidos são geralmente negligenciados ou subestimados nos processos de tomada de decisão. Este

facto leva a acções que resultam na perda de biodiversidade e em impactes sobre o bem-estar humano

(UNEP, 2009a). Para evitar o insucesso desta iniciativa é indispensável recorrer a diversas abordagens

de gestão ao nível do território para evitar a sobreexploração dos ecossistemas, respeitar a sua

capacidade de resiliência e ainda dispor de um suporte financeiro adequado. No entanto, alguns desafios

surgem associados à criação de tal mercado, como os elevados custos de transacção para assegurar a

manutenção de determinados recursos biológicos e a dificuldade na atribuição de valor a certos bens e

serviços (Conference Proceedings: High Level Conference on Business & Biodiversity, 2008).

1 Segundo este princípio o custo de fornecimento de bens e serviços é atribuído ao utilizador ou ao beneficiário dos

mesmos. Os consumidores pagam o custo total do que consomem, e.g. pelo abastecimento de água ou pelas concessões madeireiras (UNEP, 2009a).

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9

2.2. Avaliação Ambiental Estratégica

De acordo com o considerando n.º 4 da Directiva Europeia relativa à AAE, “a avaliação ambiental

constitui um instrumento importante de integração das considerações ambientais na preparação e

aprovação de determinados planos e programas que possam ter efeitos significativos no ambiente nos

Estados-Membros, uma vez que garante que os efeitos ambientais da aplicação dos planos e programas

são tomados em consideração durante a sua preparação, antes da sua aprovação” (Directiva 2001/42/CE

do Parlamento Europeu e do Conselho, 2001).

O regime jurídico da AAE resulta do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, que transpôs para a

legislação nacional a Directiva 2001/42/CE, de 27 de Junho, relativa à avaliação dos efeitos de

determinados planos e programas no ambiente, e a Directiva 2003/35/CE, de 26 de Maio, referente à

participação do público na elaboração de certos planos e programas relativos ao ambiente (APA).

A AAE é uma ferramenta de avaliação que pode responder aos pontos fracos apresentados pela

Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) na avaliação da biodiversidade. Em primeiro lugar, a AAE

possibilita a consideração de uma vasta gama de impactes (cumulativos, secundários e indirectos) [

(Canadian Environmental Assessment Research Council, 1989); (Strategic Environmental Assessment:

An Overview, 1992); (Sadler, 1994); (Secretariat of the Convention on Biological Diversity & Netherlands

Commission for Environmental, 2006); (Sadler, et al., 1996); (Dalal-Clayton, et al., 1999)]. Em segundo

lugar engloba níveis e escalas de avaliação mais abrangentes do que a AIA. Em terceiro lugar a AAE é

posta em prática desde o início do desenvolvimento das políticas, planos e programas, antes de

quaisquer decisões, desenvolvendo desde cedo várias alternativas e uma vasta gama de medidas de

mitigação. Para além disso, a AAE fornece uma visão holística do objecto de avaliação, sendo bastante

detalhada apenas ao nível dos factores ambientais chave, designados por factores críticos de decisão

(FCD). Conclui-se assim que a AAE permite a integração dos princípios de sustentabilidade nos

processos de tomada de decisão [ (Shepherd, et al., 1996); (Samarakoon, et al., 2008)].

2.3. Biodiversidade e Avaliação Ambiental Estratégica

2.3.1. MODELO DE AVALIAÇÃO (MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT & IAIA)

O modelo de abordagem da biodiversidade adoptado pela CDB surge da integração do modelo do

Millenium Ecosystem Assessment (MA) e do modelo desenvolvido pela International Association of

Impact Assessment (IAIA). Ambos os modelos se encontram apresentados no Anexo I.

O MA um programa de trabalho internacional criado em 2001 que colabora com diversas convenções

internacionais, incluindo a CDB. Os seus principais objectivos são a avaliação das consequências das

alterações nos ecossistemas sobre o bem-estar humano e a análise das opções disponíveis para

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10

melhorar a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas e a forma como essas opções contribuem

para o bem-estar humano (MEA, 2005).

O modelo desenvolvido (figura 2.1) baseia-se na avaliação da biodiversidade segundo o conceito de

serviços dos ecossistemas (Anexo II), “os benefícios que a sociedade obtém dos ecossistemas” (MEA,

2005). Este conceito é uma ferramenta robusta para a avaliação de impactes, já que permite traduzir as

questões da biodiversidade em aspectos directamente relacionados com o bem-estar humano e a

redução da pobreza, que podem ser directamente considerados no processo de tomada de decisão

(Secretariat of the Convention on Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental,

2006).

Para além disso, o modelo explora o conceito de forças motrizes (drivers of change), que exercem

influência directa e indirecta sobre os ecossistemas (Anexo III). Como exemplos de forças motrizes

directas (FMD) contam-se as alterações no uso e cobertura do solo, a fragmentação e o isolamento, a

extracção de espécies, inputs externos como emissões e efluentes, perturbações, introdução de espécies

invasoras e/ou geneticamente modificadas, renovações e restaurações (Secretariat of the Convention on

Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental, 2006). A longo-prazo o efeito das

alterações climáticas pode também conduzir, directamente, a alterações nos ecossistemas (Proença, et

al., 2009). Este modelo introduz, pela primeira vez, o conceito de forças motrizes indirectas (FMI) que,

não afectando directamente os ecossistemas, exercem efeito sobre as FMD. São exemplos deste tipo de

forças os factores demográficos, políticos, económicos, sociais, culturais e os processos tecnológicos

(Secretariat of the Convention on Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental,

2006). É de salientar a importância que desempenham a alteração de valores culturais e fenómenos de

consciencialização social, que embora sendo processos lentos, podem influenciar significativamente

outras forças motrizes (Proença, et al., 2009).

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11

Figura 2-1. Representação esquemática do modelo conceptual adoptado pela CDB.

Fonte: (Secretariat of the Convention on Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental, 2006)

O modelo descreve a relação entre as triggers e as alterações provocadas. As triggers são fenómenos ou

acções que despoletam potenciais impactes na biodiversidade. Estas podem ser de três tipos: as que

afectam uma determinada área e os serviços dos ecossistemas associados (trigger 1), as que estimulam

as FMD (trigger 2) e as que estimulam as FMI (trigger 3). A afectação das primeiras (alterações biofísicas

e socioeconómicas), quer pela acção desenvolvida quer pelas FMI quer pela actividade realizada

(actividade 1) gera modificações nos ecossistemas e nos serviços que eles fornecem, o que conduz a

alterações na forma como os stakeholders os avaliam, e consequentemente no bem-estar humano

(Secretariat of the Convention on Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental,

2006). Por sua vez, a sociedade reage a estas alterações no valor dos serviços dos ecossistemas, o que

gera alterações sociais. Também é possível que alterações socioeconómicas originem alterações

biofísicas, um exemplo desta situação é a migração humana que conduz à ocupação do solo. Quaisquer

alterações biofísicas podem influenciar a composição, a estrutura e os processos chave dos

ecossistemas.

Neste modelo o maior desafio é identificar os impactes nos serviços dos ecossistemas resultantes das

FMD. Outro refere-se à criação de uma relação entre ambas as forças motrizes.

O quadro 2.1 sintetiza as condições em que a AAE deve prestar especial atenção às questões da

biodiversidade e como é que estas devem ser abordadas.

Page 24: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

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Quadro 2-1. Situações em que a AAE deve prestar especial atenção à biodiversidade e como deve ser abordada.

Trigger Quando é necessário dar atenção à

biodiversidade Como abordar a biodiversidade

Trigger 1

Se a política, plano e programa influenciam:

Serviços de ecossistema importantes,

protegidos ou não; Áreas legalmente protegidas

e/ou com estatuto internacional; Biodiversidade

com valor, que deve ser mantida para as

gerações futuras

Planos de conservação para

biodiversidade não protegida;

Mapeamento dos serviços dos

ecossistemas; Ligação entre os serviços

dos ecossistemas e os stakeholders

Trigger 2

Se a política, plano ou programa conduzem a:

Alterações biofísicas que afectam

significativamente os serviços dos

ecossistemas; Alterações não biofísicas com

consequências biofísicas (e.g. migração

humana, reforço das acessibilidades)

Identificação das FMD; Dentro das

fronteiras administrativas às quais se

aplica a política, plano ou programa,

proceder à identificação dos

ecossistemas sensíveis a alterações

biofísicas

Triggers

1 + 2 Combinação das condições anteriores

Identificação dos serviços dos

ecossistemas dentro da área de

influência; Definição dos impactes das

FMD sobre a composição, estrutura ou

processos chave dos ecossistemas;

Descrição dos serviços dos ecossistemas

afectados e relação com os stakeholders

Trigger 3

Se os promotores de alteração indirectos

afectam a forma como as populações:

Produzem ou consomem os produtos; Utilizam o

solo e a água; Exploram os serviços dos

ecossistemas

A metodologia desenvolvida pelo MA é

uma importante ferramenta para

identificar a relação entre as FMD e as

FMI, mas é necessária mais pesquisa

Fonte: (Secretariat of the Convention on Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental, 2006)

2.3.2. MODELO DA ABORDAGEM ECOSSISTÉMICA

A Abordagem Ecossistémica (AE) foi criada pela CDB em 2001 e constitui uma estratégia para a

integração da gestão do solo, da água e dos recursos vivos, que promove a conservação e o uso

sustentável dos serviços dos ecossistemas de um modo equitativo. Esta abordagem reconhece o Homem

como componente integral de muitos ecossistemas [ (Secretariat of the Convention on Biological Diversity

& Netherlands Commission for Environmental, 2006); (UNEP, 2009)]. É considerado o primeiro modelo

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desenvolvido para abordar, de forma equilibrada, os objectivos da CDB (Secretariat of the Convention on

Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental, 2006).

A AE assenta num conjunto de pressupostos: o papel chave desempenhado pelas populações na gestão

da biodiversidade; a gestão da biodiversidade para além das áreas protegidas, reconhecendo, no

entanto, que estas são também vitais para assegurar os objectivos da CDB; dar resposta ao maior

número de interesses dos vários sectores e a ênfase na identificação e optimização dos benefícios

funcionais dos ecossistemas, como a fixação do carbono, a protecção contra fenómenos climáticos

extremos, a qualidade do ar e da água. Esta abordagem veio responder à necessidade de uma visão

holística na criação de uma relação entre os serviços dos ecossistemas e as necessidades humanas

(UNEP, 2009).

O Programa de Gestão dos Ecossistemas, criado pela United Nations Environment Programme (UNEP),

tem como principais objectivos a integração da AE nos processos de desenvolvimento e planeamento; a

melhoria da capacidade de utilização das ferramentas de gestão dos ecossistemas e o financiamento de

programas ambientais para a redução da degradação dos serviços dos ecossistemas prioritários (UNEP,

2009). A UNEP identificou onze serviços dos ecossistemas prioritários de entre os quinze listados pelo

MA como estando em declínio (figura 2.2).

Figura 2-2. Diagrama de categorias dos serviços dos ecossistemas: prioridades da UNEP

Fonte: (UNEP, 2009)

Esta selecção foi baseada nos critérios de “gravidade da degradação”, “impacte sobre o bem--estar

humano” e “possibilidade de comprometer o desenvolvimento sustentável”. A assimetria e

descentralização do diagrama, que beneficiam os serviços reguladores com a área mais representativa,

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ilustram o papel mais expressivo por parte da UNEP sobre estes serviços. Na região interior do diagrama

localizam-se os seis serviços com maior prioridade (energia, recursos hídricos, regulação do clima, da

água, de riscos naturais e o ciclo dos nutrientes) e na periferia encontram-se os restantes serviços

prioritários (UNEP, 2009).

Os serviços dos ecossistemas fornecem diversos benefícios numa vasta gama de escalas espaciais e

temporais (Hein, et al., 2006), que vão desde o benefício a curto-prazo, ao nível local (serviços que

fornecem determinadas amenidades às comunidades locais), aos benefícios a longo-prazo, ao nível

global (sequestro de carbono) [ (Ecological-economic analysis of wetlands: scientific integration for

management and policy, 2000); (Complex systems and valuation, 2002)]. As escalas e os stakeholders

estão frequentemente relacionados, uma vez que a escala a que os benefícios são fornecidos pelos

serviços dos ecossistemas determina que stakeholders irão tirar partido deles (Vermeulen, et al., 2002).

A degradação de muitos dos serviços dos ecossistemas pode ser revertida até 2050, no entanto as

acções necessárias para tal ainda não estão em curso. Estas incluem (1) investimentos nos bens

públicos (e.g. educação acerca do valor dos serviços dos ecossistemas) e redução da pobreza; (2)

eliminação das barreiras comerciais e subsídios danosos para a biodiversidade, como os subsídios de

produção agrícola e piscícola; (3) adopção de uma gestão activa e adaptativa da biodiversidade e (4)

pagamento por serviços dos ecossistemas (PES) (MEA, 2005b).

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15

3. ANÁLISE DAS DIRECTRIZES DA CDB PARA A AAE

No presente capítulo procedeu-se à sistematização das macro-políticas de biodiversidade, em particular

da CDB, de modo a verificar a efectiva inclusão da biodiversidade em AAE. Numa fase posterior estas

foram confrontadas com as orientações de política associadas à implementação da CDB em Portugal: a

EEB (desenvolvida em 1998), o Plano de Acção Comunitário (PA) (desenvolvido em 2006) e a ENCNB

(desenvolvido em 2001).

A partir desta análise comparativa foi possível verificar a efectividade da transposição das orientações de

política da CDB para o nível comunitário e nacional, ou seja, verificar a forma como as políticas

apresentadas (EEB, PA e ENCNB) interpretam as orientações chave propostas pela CDB.

Note-se que pelo facto do PA ter sido criado posteriormente à ENCNB é de esperar que nem todas as

orientações propostas pela PA apresentem seguimento na ENCNB.

As macro-políticas da CDB, da EEB, do PA e da ENCNB encontram-se sintetizadas no anexo VIII, e

constituem o Quadro de Referência Estratégico (QRE) para a área da biodiversidade a nível nacional.

É com base nas orientações de política apresentadas nos quadros 3-1 e 3-2 que todo o estudo se

desenvolve.

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Quadro 3-1. Sistematização das principais orientações de política da CDB para a efectiva inclusão da biodiversidade em AAE e interpretação das mesmas ao nível da EEB, do PA e da ENCNB.

ORIENTAÇÕES PARA A INCLUSÃO DA BIODIVERSIDADE EM AAE

CDB EEB PA ENCNB

Abordagem integrada

da biodiversidade

(relação com o bem-

estar social e

económico)

Partilhar os benefícios

resultantes da

utilização dos recursos

genéticos;

Internalizar os valores

da biodiversidade nas

análises custo-

benefício;

Promover opções de

ordenamento em zonas

rurais, reforçando a

sinergia entre

desenvolvimento

económico e

protecção/conservação

da biodiversidade;

Sistemas de incentivos

sociais e económicos

para a conservação de

espécies locais.

Compatibilidade do

desenvolvimento do

território com a

biodiversidade;

Turismo sustentável.

Desenvolvimento

sustentável das áreas

adjacentes às áreas

protegidas;

Desenvolvimento de

actividades económicas

tradicionais

sustentáveis (e.g.

apicultura);

Integração da política

de conservação da

natureza nas políticas

sectoriais;

Ecoturismo.

Abordagem Ecossistémica

Não responde

Abordagem

Ecossistémica aplicada

ao meio marinho

Conservação e gestão

das espécies e habitats

preferencialmente in

situ, privilegiando uma

abordagem integrada,

por ecossistema

Serviços dos

ecossistemas

Aumento da extensão

florestal para maximizar

a sua função de

sumidouro de carbono

Reforçar a eficácia no

apoio e gestão dos

serviços dos

ecossistemas;

Apoio ao

Não responde

Page 29: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

17

desenvolvimento que

reforce os benefícios

dos serviços dos

ecossistemas;

Reduzir o impacte do

comércio internacional

sobre os serviços dos

ecossistemas;

Reforçar a

compreensão e

comunicação acerca do

valor dos serviços dos

ecossistemas.

Avaliação dos três

níveis da

biodiversidade

Avaliação dos vários

níveis da

biodiversidade da

perspectiva de todos os

stakeholders;

Planos de recuperação

para espécies

ameaçadas;

Desenvolvimento de

bancos de genes para

a conservação dos

recursos genéticos;

Encorajar a avaliação

da capacidade de carga

dos ecossistemas e

habitats.

Reduzir o impacte das

espécies e genótipos

invasores;

Reduzir o impacte da

pesca sobre espécies e

habitats que não são

explorados a nível

comercial.

Conservação e gestão

de espécies e habitats;

Recuperação de

ecossistemas;

Quadro normativo que

regulamente o acesso

aos recursos genéticos

de potencial interesse

agrícola;

Modelos de

organização territorial

adequados a cada tipo

de habitat ou espécie

protegida;

Avaliação da

capacidade de carga de

ecossistemas e

habitats;

Não responde à

avaliação da

biodiversidade ao nível

Page 30: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

18

genético

Consideração das

Forças Motrizes/

Avaliação das triggers:

I - Área fornece

serviços dos

ecossistemas;

II - Actividade actua

sobre as FMD

III - Actividade actua

sobre as FMI

Optimizar os impactes

positivos de áreas

agrícolas sobre a

conservação e uso

sustentável da

biodiversidade;

Desenvolver

indicadores para

monitorizar actividades

que causam a

degradação de

habitats, a colheita

insustentável de

recursos, a emissão de

poluentes e a

propagação de

espécies invasoras ou

de Organismos

Geneticamente

Modificados (OGM);

Não responde à

avaliação das

actividades que

afectam as FMI

Reforçar a coerência, a

conectividade e a

resiliência da rede de

áreas protegidas;

Progressos no “bom

estado ecológico” das

águas marinhas;

Não responde à

avaliação das

actividades que

afectam as forças

motrizes.

Valorizar as áreas

protegidas;

Protecção e

recuperação de

habitats;

Recarga e valorização

das praias;

Não responde à

avaliação das

actividades que

afectam as forças

motrizes.

Cumprimento das

obrigações legais de

protecção e

conservação

Conservação e uso

sustentável dentro e

fora das áreas

protegidas;

Promover a

implementação das

orientações da

Conferência de

Helsínquia e as

recomendações do

Proteger as espécies e

os habitats mais

importantes;

Fornecer financiamento

adequado à Rede

Natura 2000;

Melhoria no

cumprimento da

regulamentação

Alcançar os objectivos

visados na área da

conservação da

biodiversidade, em

especial os definidos na

CDB;

Valorizar as áreas

protegidas e assegurar

a conservação do seu

património natural,

Page 31: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

19

Painel

Intergovernamental

sobre Florestas (IPF).

ambiental. cultural e social;

Assegurar que as

intervenções de

desenvolvimento

regional dão

cumprimento às

disposições legais

nacionais ou

comunitárias.

Previsão de impactes

cumulativos Não responde

Ter em consideração

os impactes

cumulativos

Não responde

Numa primeira análise da transposição das recomendações da CDB para o direito nacional são

perceptíveis lacunas nos seguintes aspectos:

Consideração de serviços de ecossistemas associados à biodiversidade, incluindo a valorização

dos mesmos;

Avaliação da biodiversidade ao nível genético;

Avaliação das triggers, nomeadamente das actividades que afectam as forças motrizes;

Consideração de impactes cumulativos.

Existe ainda um conjunto importante de orientações da CDB directamente relacionado com o apoio

técnico e financeiro indispensável a uma efectiva protecção e conservação da biodiversidade. Por se

referirem a aspectos que nem sempre são expostos nos casos práticos, não serão abordados

directamente no ponto 4.3 aquando da comparação entre as orientações da CDB e a abordagem

utilizada em cada caso prático. Desta forma, evita-se apresentar informação que depois não seja passível

de ser comparada. No entanto, sempre que se revelar importante referi-las elas virão associadas às

orientações principais.

Este segundo grupo de orientações de política encontra-se apresentado no quadro 3.2.

Page 32: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

20

Quadro 3-2. Sistematização das orientações da CDB relativas ao apoio técnico e financeiro na inclusão da biodiversidade em AAE e interpretação das mesmas ao nível da EEB, do PA e da ENCNB.

ORIENTAÇÕES PARA A INCLUSÃO DA BIODIVERSIDADE EM AAE

CDB EEB PA ENCNB

Financiamento

Financiamento

suficiente para a

biodiversidade

Fundos estruturais e

fundo de coesão para o

desenvolvimento

sustentável e para a

biodiversidade

Apoio financeiro pelo

Quadro Comunitário de

Apoio (QCA);

Financiamentos do

Fundo de Coesão, do

Programa Operacional

de Ambiente e dos

Programas

Operacionais

Regionais.

Cooperação

internacional, regional e

mundial entre os

Estados, as

organizações

intergovernamentais e

o sector não

governamental

(e.g. estabelecer um

Clearing-house

mechanism)

Reforçar a

coordenação e

cooperação

transfronteiriça e entre

os Estados-Membros

em geral, dando

especial atenção aos

aspectos técnicos e

científicos;

Boas práticas entre

instituições públicas e

privadas.

Complementaridade

entre as estratégias

europeias, as dos

Estados-Membros e

planos de acção

Financiamento e gestão

do Fundo Global do

Meio Ambiente (GEF);

Gestão transfronteiriça

para as espécies

migratórias;

Aperfeiçoar a

articulação e a

cooperação entre a

administração central,

regional e local;

Completar as bases de

dados do Sistema de

Informação do

Património Natural

(SIPNAT), e articulá-lo

com o funcionamento

do mecanismo de

intercâmbio (Clearing-

house mechanism).

Page 33: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

21

Identificação e

monitorização dos

ecossistemas, espécies

habitats e genes do

Anexo I do texto da

CDB (Anexo IV)

Identificar e monitorizar

os componentes mais

importantes da

biodiversidade, dando

especial atenção à

listagem apresentada

no Anexo I do texto da

CDB

Revisão das listas de

espécies e habitats

prioritários com

interesse comunitário;

Não responde na

totalidade

Promover a

investigação científica

sobre o património

natural e a

monitorização de

espécies, habitats e

ecossistemas,

sobretudo os mais

significativos,

ameaçados de extinção

ou menos conhecidos;

Inventariar a

distribuição geográfica

dos valores naturais

prioritários a proteger

na Rede Natura 2000;

Não responde na

totalidade

Avaliação de alterações

na composição,

estrutura e processos

chave

Garantir que as

populações de

espécies selvagens

estão num satisfatório

estado de conservação,

no que se refere ao

tamanho, estrutura,

distribuição e

tendências;

Não responde a

alterações na

composição e

processos chave.

Tendência da

composição e extensão

de ecossistemas;

Não responde a

alterações na estrutura

e processos chave.

Não responde

Programas para

educação científica e

técnica e para

Programas de

informação, educação e

sensibilização do

Reforçar a educação,

sensibilização e

participação

Promover e apoiar

projectos de educação

e formação ambiental

Page 34: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

22

formação em métodos

de identificação,

conservação e

utilização sustentável

da biodiversidade e dos

seus componentes

público;

Programas de

formação dos recursos

humanos envolvidos na

implementação da

estratégia a nível

comunitário, nacional e

local

na área

Da análise do quadro anterior verifica-se uma lacuna na identificação e monitorização dos ecossistemas,

espécies, habitats e genes, e ainda na avaliação de alterações na composição, estrutura e processos

chave dos ecossistemas.

Page 35: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

23

4. ANÁLISE COMPARATIVA DE CASOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

No presente capítulo é apresentado um conjunto de casos de AAE nacionais e internacionais. Para cada

um deles é apresentada uma breve descrição em formato de ficha com palavras-chave, para estabelecer

o enquadramento de cada caso analisado. Após esta primeira apresentação é descrita, de forma mais

alargada, a abordagem seguida na consideração da biodiversidade, fazendo referência aos indicadores

desenvolvidos e aos problemas e propostas identificados nessa forma de abordagem.

Numa fase seguinte é verificada a eficácia da transposição das orientações de política da CDB

apresentadas no capítulo anterior para a abordagem utilizada nos casos práticos, e confrontadas as

propostas de melhoria feitas no âmbito de cada caso e essas orientações chave, de modo a concluir se

as mesmas dão continuidade a essas orientações.

Page 36: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

24

4.1. Casos Nacionais

4.1.1. CASO 1 - PROGRAMA NACIONAL DE BARRAGENS COM ELEVADO POTENCIAL HIDROELÉCTRICO

(PNBEPH)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Escala de análise de 1:250 000 foi alterada para 1:100 000 para tornar a avaliação da

biodiversidade mais robusta;

Avaliação da incompatibilidade com os Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas relevantes,

com o Plano Sectorial da Rede Natura 2000 e com as estratégias de conservação da natureza

adoptadas em Portugal;

Só foram consideradas as espécies com estatuto de conservação nacional elevado (estatuto

“vulnerável” ou superior, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral,

et al., 2006)) cuja sobrevivência está estritamente dependente dos ecossistemas ribeirinhos, uma

vez que são as que melhor permitem a identificação dos impactes potenciais mais significativos;

OBJECTIVOS DO PROGRAMA: Identificar e definir prioridades para os investimentos a realizar em

aproveitamentos hidroeléctricos no horizonte 2007-2020, de forma a atingir um potencial

hidroeléctrico nacional de 7000 MW até 2020.

FCD1. Alterações climáticas

FCD2. Biodiversidade

FCD3. Recursos naturais e culturais

FCD4. Riscos naturais e tecnológicos

FCD5. Desenvolvimento humano

FCD6. Competitividade

OBJECTIVOS DA AAE: Assegurar que as consequências ambientais do Programa sejam identificadas

numa fase precoce e assim integradas no desenvolvimento do mesmo.

OPÇÕES ESTRATÉGICAS:

Opção 1 – “Maximização da potência hidroeléctrica instalada e produção de energia”

Opção 2 – “Optimização do potencial hídrico da bacia hidrográfica”

Opção 3 – “Conflitos/ Condicionantes Ambientais”

Opção 4 – “Ponderação Energética, Socioeconómica e Ambiental” – Seleccionada como a mais

favorável

Baseado em (COBA & PROCESL, 2007)

Page 37: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

25

Avaliação do impacte potencial sobre espécies e habitats insuficientemente cobertos pela Rede

Natura 2000;

Caracterização qualitativa do grau de fragmentação: reduzida, moderada e elevada; a presença

de espécies exóticas e troços onde a vegetação ribeirinha se encontra significativamente alterada

não foram considerados como indicadores do grau de fragmentação;

As espécies de flora não foram consideradas devido à inexistência de um estatuto de

conservação nacional que permita equacionar e valorizar a afectação de espécies de flora e

ainda devido ao défice de informação existente relativo à sua distribuição a nível nacional fora

das áreas classificadas;

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES:

Quadro 4-1. Critérios de avaliação e indicadores para a biodiversidade no âmbito do PNBEPH

FACTORES CRÍTICOS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDICADORES

Biodiversidade

C1 – Áreas classificadas

Sobreposição com áreas

classificadas e respectivo grau

de afectação

C2 – Espécies ameaçadas particularmente

dependentes do ecossistema lótico

Sobreposição com áreas de

distribuição de espécies

particularmente dependentes

dos ecossistemas ribeirinhos e

com estatuto de conservação

elevado em Portugal

C3 - Espécies insuficientemente cobertas pela

Rede Natura 2000

Sobreposição com áreas de

distribuição de espécies

insuficientemente cobertas pela

Rede Natura 20002

C4 - Grau de naturalidade

1.Grau de pressão

antropogénica

2. Expressão dos factores de

fragmentação lótica

preexistentes

Fonte: (COBA & PROCESL, 2007)

2 Constantes da Directiva Habitats

Page 38: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

26

NOTA: O critério C4 avalia os impactes sobre as linhas de água afectadas pelos empreendimentos. Este

critério foi considerado o menos relevante já que avalia a pressão antropogénica actualmente existente e

não a existência de valores naturais que importa conservar, e portanto avalia de forma indirecta a

biodiversidade.

PROBLEMAS E PROPOSTAS:

Quadro 4-2. Problemas e propostas na abordagem à biodiversidade no âmbito do PNBEPH.

PROBLEMAS PROPOSTAS

ICNB considera que não está clara a descrição dos parâmetros

de avaliação da biodiversidade, bem como a sua ponderação;

Estado de degradação dos ecossistemas lóticos, resultante da

fragmentação e da pressão antropogénica, em zonas com

número reduzido de habitats e espécies de elevado valor

conservacionista e ecológico;

Possibilidade de: afectação de espécies e habitats protegidos

pela legislação nacional e comunitária, de aumento da

fragmentação e artificialização dos habitats e da afectação

cumulativa de empreendimentos sobre os ecossistemas a

jusante;

Espécies excluídas da análise devido às lacunas de

conhecimento acerca da sua distribuição e abundância.

Inclusão de indicadores que

confiram uma robustez acrescida

ao método e uma melhoria na

utilização da informação disponível;

Realização de estudos de recolha

de dados sobre a distribuição e

abundância dos habitats e

espécies;

Incrementar o conhecimento sobre

medidas compensatórias.

Fonte: (COBA & PROCESL, 2007)

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27

4.1.2. CASO 2 - PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DE OESTE E VALE DO TEJO

(PROT-OVT)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Manutenção e valorização das áreas classificadas;

OBJECTIVOS DO PLANO: Articulação do território com a Área Metropolitana de Lisboa, o Centro e o

Norte do país, o Alentejo e a Beira Interior, acolhendo actividades produtivas e logísticas, fornecendo

serviços à comunidade, preservando e valorizando os sistemas naturais e as actividades e produtos

verdes (agro-florestais, biocombustíveis e energias renováveis).

FCD1. Recursos Naturais e Culturais

FCD2. Energia

FCD3. Qualidade do Ambiente

FCD4. Potencial Humano

FCD5. Acessibilidades e Mobilidade

FCD6. Desenvolvimento Rural / Relação urbano – rural

FCD7. Fragmentação territorial

OBJECTIVOS DA AAE: Contribuir para a “adopção de soluções inovadoras mais eficazes e

sustentáveis e de medidas de controlo que evitem ou reduzam efeitos negativos significativos no

ambiente decorrentes da execução do plano”.

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO:

Cenário 1 – “Aposta nas actividades turísticas e de lazer”

Cenário 2 – “Aposta na sustentabilidade ambiental e enriquecimento da atractividade turística com

base em valências ligadas à natureza ou a actividades tradicionais da região”

Cenário 3 – “Aposta no desenvolvimento de actividades com forte intensidade de Competências,

Conhecimento e Criatividade, assim como numa dinamização do turismo assente no património

histórico” - Seleccionado como o mais favorável

OPÇÕES ESTRATÉGICAS:

Opção 1 – “Ganhar a aposta da inovação, competitividade e internacionalização”

Opção 2 – “Potenciar as vocações territoriais num quadro de sustentabilidade ambiental”

Opção 3 – “Concretizar a visão policêntrica e valorizar a qualidade de vida urbana”

Opção 4 – “Descobrir as novas ruralidades”

No âmbito da AAE não foi escolhida nenhuma opção estratégica.

Baseado em (Partidário, et al., 2008)

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28

Delimitação das Paisagens Agrícolas e Florestais de Elevado Valor Ecológico e apoio às

actividades económicas instaladas nessas áreas;

Definição de uma Estrutura Ecológica Municipal e Urbana (EEM e EEU, respectivamente);

Sustentabilidade cumulativa de práticas agrícolas e florestais intensivas, nomeadamente em

relação à manutenção da integridade do solo, biodiversidade e uso eficiente da água de rega,

assegurando as suas ligações sinérgicas com o turismo em espaço rural;

Dinamização de actividades económicas compatíveis com a conservação da natureza;

Actividades consumidoras de espaço (e.g. infraestruturas industriais e turísticas) levam ao

aumento da pressão sobre o solo agrícola e florestal e sobre os serviços dos ecossistemas

fornecidos por estas áreas;

Promover e garantir o acesso à utilização social das áreas florestais, fomentando a harmonização

das múltiplas funções que desempenha e salvaguardando os seus aspectos paisagísticos,

recreativos, científicos e culturais;

Definir estratégias de prevenção e mitigação de impactes ambientais cumulativos.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES:

Quadro 4-3. Critérios de avaliação e indicadores para a biodiversidade no âmbito do PROT-OVT

FACTORES CRÍTICOS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDICADORES

Recursos Naturais e Culturais Manutenção e valorização das

áreas de protecção Áreas com estatuto de protecção

Fragmentação Territorial Policentrismo

Fonte: (Partidário, et al., 2008)

Importa referir que foram ainda desenvolvidos alguns indicadores que afectam indirectamente a

biodiversidade, apesar de, no âmbito do processo de AAE, estarem associados a outros factores críticos.

Destacam-se a qualidade da água, as fontes de poluição existentes e o risco de incêndio.

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29

PROPOSTAS:

Quadro 4-4. Propostas na abordagem à biodiversidade no âmbito do PROT-OVT

PROBLEMAS

PROPOSTAS

Desconhecimento da carga da capacidade

turística ameaça a vulnerabilidade dos

ecossistemas naturais envolventes, devido ao

aumento da impermeabilização dos solos e à

pressão humana

Valorização económica dos recursos naturais

existentes através, por exemplo de turismo da

natureza, multi-funcionalidade dos espaços

agrícolas e valorização de um tipo de ocupação

policêntrico;

Promover a gestão dos leitos de cheia fora dos

aglomerados urbanos, como espaços

vocacionados para a actividade agrícola e como

corredores ecológicos;

Monitorizar a conservar os importantes sistemas

ecológicos da faixa costeira, designadamente as

arribas e faixas de protecção às arribas, os

sistemas dunares, as lagoas costeiras e outras

zonas húmidas, devendo em caso de degradação

restaurar a sua funcionalidade ecológica.

Fonte: (Partidário, et al., 2008)

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30

4.1.3. CASO 3 - ESTUDO PARA ANÁLISE TÉCNICA COMPARADA DAS ALTERNATIVAS DE LOCALIZAÇÃO DO

NOVO AEROPORTO DE LISBOA NA ZONA DA OTA E NA ZONA DO CAMPO DE TIRO DE ALCOCHETE

OBJECTIVOS DO ESTUDO: Análise comparada das alternativas de localização do Novo Aeroporto de Lisboa

(NAL) nas zonas da Ota e do Campo de Tiro de Alcochete (CTA).

FCD1. Segurança, eficiência e capacidade das operações do tráfego aéreo

FCD2. Sustentabilidade dos recursos naturais e riscos

FCD3. Conservação da natureza e biodiversidade

FCD4. Sistema de transportes terrestres e acessibilidades

FCD5. Ordenamento do território e desenvolvimento regional

FCD6. Competitividade e desenvolvimento económico e social

FCD7. Avaliação financeira

OBJECTIVOS DA AAE: (1) Reforço da internacionalização e competitividade da economia portuguesa; (2)

Modernização das acessibilidades da Região; (3) Assegurar a qualidade, flexibilidade e expansão da

infra-estrutura aeroportuária.

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO:

Cenário 1 – “Aposta na atracção de capital humano na área das actividades tecnológicas e/ou criativas;

Turismo baseado no património histórico, cultural e artístico; Reforço da conectividade internacional”

Cenário 2 – “Desenvolvimento baseado em actividades que explorem os recursos naturais; Exploração

das oportunidades logísticas; Distribuição do turismo (essencialmente Europa-Brasil); Relações

privilegiadas com países produtores de petróleo e matérias-primas”

Opção seleccionada: opção de localização “CTA”

Baseado em (LNEC & MOPTC, 2008)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Análise dos impactes (efeitos de orla, fragmentação e isolamento) sobre as áreas classificadas,

nomeadamente as pertencentes ao SNAC;

Identificação dos habitats e espécies mais relevantes às escalas nacional e internacional;

Avaliação do Valor Ecológico do Território, com a identificação de alterações no ordenamento do

território e nos usos do solo;

Importância crescente do valor económico de recursos naturais, bens e serviços ambientais dos

vários ecossistemas, designadamente do seu valor de existência.

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31

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES E PARÂMETROS ANALISADOS NO ÂMBITO DE CADA INDICADOR:

Quadro 4-5. Critérios de avaliação, indicadores e parâmetros para a biodiversidade no âmbito da análise comparada das alternativas de localizações do NAL.

FACTORES CRÍTICOS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

INDICADORES PARÂMETROS ANALISADOS

Conservação

da natureza e

biodiversidade

Valor

Ecológico do

Território

Sistema

Nacional de

Áreas

Classificadas

Área ocupada pelo SNAC;

Sobrevoo por aviões, alterações de uso, novas

vias de comunicação;

Fragmentação, isolamento, efeitos de orla.

Estrutura

Ecológica

Regional

(EER)

Ocupação por áreas estruturantes, áreas vitais e

corredores de ligação da EER;

Alterações de uso, estrangulamento de

corredores, sobrevoo por aviões;

Fragmentação, isolamento, efeitos de orla.

Ocupação do

Solo

Ocupação por usos do solo favoráveis à

conservação da natureza e da biodiversidade;

Redução da ocupação por usos do solo

favoráveis, para cenários pessimista e optimista

de minimização e compensação de impactes.

Habitats e

espécies

protegidos

Habitats

naturais

Número e ocupação por habitats de interesse

comunitário listados na Directiva 92/43/CEE;

Destruição e degradação de habitats a <5 km do

NAL;

Destruição e degradação de habitats a 5-20 km

por actividades induzidas pelo NAL.

Flora

Número de espécies de interesse comunitário

listados na Directiva 92/43/CEE, e de outras

espécies com interesse de conservação;

Destruição e degradação de núcleos

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32

populacionais a <5 km do NAL;

Destruição e degradação de núcleos

populacionais a 5-20 km por actividades

induzidas pelo NAL.

Fauna

Declínios populacionais por morte de indivíduos

e destruição de habitats de alimentação, refúgio

e reprodução;

Declínios populacionais por redução de

conectividade entre populações e entre habitats

complementares (e.g. refúgio e alimentação).

Fonte: (LNEC & MOPTC, 2008)

PROBLEMAS E PROPOSTAS:

Quadro 4-6. Propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito da análise comparada das alternativas de localização do NAL

PROPOSTAS

Assegurar a existência de zonas tampão para contenção e amortecimento de impactes e corredores

ecológicos que permitam a conectividade entre outras áreas naturais relevantes;

Sistemas de gestão ambiental do NAL e infraestruturas associadas que optimizem o seu desempenho

face aos objectivos de conservação da natureza e da biodiversidade;

Criação de uma cintura verde na envolvente do NAL;

Reordenamento da EER;

Realização de uma avaliação ambiental integrada e cumulativa dos projectos e infraestruturas

associadas ao NAL.

Fonte: (LNEC & MOPTC, 2008)

NOTA 1: Não se tornou evidente a identificação de problemas no processo de avaliação aplicado ao

presente estudo.

NOTA 2: Cumpridas as directrizes espera-se que a implantação do NAL satisfaça as exigências da

Directiva 92/43/CEE (Directiva Habitats), em particular do seu artigo 6º, de que não seja afectada a

integridade de nenhum SIC e que sejam mantidas as condições ecológicas dos tipos de habitats naturais

do Anexo I e das espécies do Anexo II presentes nesses SIC.

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33

A nota 2 supracitada só torna evidente, mais uma vez, a preocupação com a protecção e conservação

das áreas classificadas.

4.1.4. CASO 4 - PLANO DIRECTOR MUNICIPAL DE VILA FRANCA DE XIRA (PDM-VFX)

LINHAS DE FORÇA DO PLANO: (1) Reestruturar e controlar a expansão urbanística e industrial; (2) Aumentar

e desenvolver as valências turísticas; (3) Salvaguardar os valores naturais e patrimoniais sensíveis; (4)

Melhorar a mobilidade e a acessibilidade.

FCD1. Estruturação e requalificação urbana

FCD2. Valorização ambiental e cultural

FCD3. Ruralidade

FCD4. Emprego e qualificação humana

FCD5. Ligação/Interface com o rio

FCD6. Energia e Alterações Climáticas

OBJECTIVOS DA AAE: Incorporar valores ambientais e de sustentabilidade no processo de decisão

associado à elaboração do PDM de Vila Franca de Xira.

OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS: (1) “Ajustar as áreas urbanizadas e programar as urbanizáveis em função da

ocupação, das necessidades infraestruturais e das áreas de risco à edificação”; (2) “Libertar a frente

ribeirinha do excesso de áreas urbanizáveis, implementando alternativas no interior do concelho”; (3)

“Criar uma EEU e EEM adoptando as orientações do PROTAML1”; (4) “Dinamizar o turismo com a

criação de áreas apropriadas, e implementar um quadro normativo que viabilize o desenvolvimento do

sector”; (5) “Limitar os espaços industriais com maior impacte sobre os existentes que constituam uma

mais valia económica para o concelho”; (6) “Criar áreas multiusos para a fixação de actividades

logísticas, empresariais, científicas, tecnológicas e de investigação”; (7) “Articular a salvaguarda das

áreas mais sensíveis com o povoamento disperso existente nalgumas zonas, e criar áreas habitacionais

de baixa densidade e grande qualidade"; (8) “Estabelecer uma rede viária adequada às propostas de

ordenamento”; (9) “Salvaguardar os valores patrimoniais definindo medidas de protecção e incentivo à

conservação”

1Plano regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa

Baseado em (Partidário, et al., 2008)

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34

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Reforço e salvaguarda das áreas naturais sensíveis;

Assegurar a integridade biofísica e paisagística dos ecossistemas;

Desenvolvimento de corredores ecológicos;

Aumento dos espaços verdes em solo urbano, através do desenvolvimento da EEU;

Articulação das actividades económicas com a EEU (e.g. turismo rural), promovendo a

valorização cultural, natural e económica dos recursos naturais;

Aumento dos regimes de exploração de agricultura biológica.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES:

Quadro 4-7. Critérios de avaliação e indicadores para a biodiversidade no âmbito do PDM de Vila Franca de

Xira

FACTORES CRÍTICOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDICADORES

Estruturação e

requalificação urbana

Paisagem e requalificação

urbana Área da EEU

Valorização ambiental e cultural

Estrutura verde e valorização de

áreas naturais

Integração da Estrutura verde

em corredores ecológicos;

Ordenamento de áreas

classificadas;

Variação dos incêndios florestais

(ocorrências e áreas ardidas) e

bombeiros;

Variação da REN.

Fonte: (Partidário, et al., 2008)

Importa referir que foram desenvolvidos alguns indicadores que afectam, embora de modo indirecto, a

biodiversidade. Destacam-se a variação da qualidade da água superficial, fontes de poluição existentes e

a afectação dos espaços de recreio e lazer na frente ribeirinha.

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35

PROBLEMAS E PROPOSTAS:

Quadro 4-8. Problemas e propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do PDM-VFX

Fonte: (Partidário, et al., 2008)

PROBLEMAS PROPOSTAS

Insuficiente estrutura de espaços verdes em

espaços urbanos;

Ausência de um contínuo natural;

Possibilidade de desenvolvimento de iniciativas

turísticas em áreas classificadas (Turismo de

Natureza) pode pôr em causa a integridade biofísica

de algumas zonas sensíveis.

Consolidar os corredores ecológicos;

Mercados voluntários de carbono podem

gerar oportunidades de exploração

económica e ambiental das áreas florestais

existentes;

Desenvolver e implementar um programa de

medidas de gestão ambiental para as

actividades agrícolas;

Estabelecer critérios de expansão e regulação

para a indústria extractiva sempre que haja

valores naturais e culturais presentes;

Desenvolver e implementar um mecanismo

que assegure a protecção do coberto vegetal

em espaços naturais não classificados, de

modo a consolidar e reforçar a capacidade de

sequestro de carbono.

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36

4.1.5. CASO 5 - PLANO DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA (POOC) DA ILHA DE SANTA MARIA,

AÇORES

OBJECTIVOS DO PLANO: Preservar o património natural e geológico, potenciar as actividades de lazer

ligadas ao mar e as actividades tradicionais e atenuar a sazonalidade da procura turística.

CATEGORIAS AMBIENTAIS (segundo a Directiva 2001/42/CE):

1. Biodiversidade

2. Fauna

3. Flora

4. População

5. Solo

6. Água

7. Atmosfera

8. Factores Climáticos

9. Bens Materiais

10. Património Cultural

11. Paisagem

OBJECTIVOS DA AAE:

Melhoria da qualidade do ambiente, em geral, e das condições de vida das populações locais, em

particular.

OPÇÕES ESTRATÉGICAS, materializadas nos vários projectos definidos para cada programa de

intervenção (Anexo V).

No âmbito da AAE não foi escolhida nenhuma opção estratégica.

Baseado em (Centro de Informação Geográfica e Planeamento Territorial, 2008)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Protecção e valorização de áreas com especial interesse ambiental e dos recursos naturais,

promovendo a sua utilização sustentável pela população residente e sazonal;

Reforço do conhecimento acerca das áreas protegidas e da fauna e flora existentes no seu

interior;

Diminuição de actividades ilegais nas áreas protegidas;

Melhoria das condições de fruição de pontos turísticos importantes em articulação com a

recuperação e manutenção de ecossistemas costeiros;

Conservação das actividades agrícolas, da conservação da natureza e da paisagem cultural

associada ao desenvolvimento económico e turístico sustentado;

Prevenção e mitigação dos principais riscos à protecção e conservação dos ecossistemas;

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37

Preservação e recuperação de espécies e habitats ameaçados e endémicos;

Diminuição das áreas de vegetação exótica e renaturalização da paisagem;

Redução dos efeitos das espécies invasoras;

Classificação e qualificação dos locais de interesse geológico, biológico e paisagístico;

Melhoria da defesa costeira, através da retenção de areias, e requalificação das frentes litorais;

Monitorização ambiental das áreas protegidas e outras, com vista à melhoria da eficácia das

medidas de protecção ambiental das mesmas;

Monitorização das populações com maior interesse ecológico e/ou económico;

Divulgação, sensibilização, educação ambiental e participação dos diferentes agentes de

desenvolvimento local;

Maior investimento na investigação científica na área da biodiversidade e dos recursos naturais.

INDICADORES:

Quadro 4-9. Indicadores para a biodiversidade no âmbito do POOC de Santa Maria

INDICADORES

Áreas de degradação paisagística

Nível de restrição em espaços de protecção e

conservação da natureza

Área em perigo ecológico

Orla costeira artificializada

Fonte: (Centro de Informação Geográfica e Planeamento Territorial, 2008)

PROBLEMAS E PROPOSTAS:

Quadro 4-10. Problemas e propostas para a biodiversidade no âmbito do POOC de Santa Maria

PROBLEMAS

PROPOSTAS

Aumento da pressão urbanística e da expressão

agro-pecuária;

Aumento da artificialização de algumas áreas

costeiras;

Risco de erosão no período de tempo entre a

erradicação de flora invasora e o restabelecimento

da nativa;

O desenvolvimento turístico sem regras bem

definidas e fiscalização adequada pode criar

Intervenção em áreas prioritárias de risco

geológico;

Aposta na afectação de novas áreas com

especial interesse ambiental a regimes de

gestão específicos;

Criação de condicionantes à construção e

identificação de áreas críticas;

Propostas de requalificação e valorização;

Desenvolvimento de um plano de

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38

Fonte: (Centro de Informação Geográfica e Planeamento Territorial, 2008)

4.1.6. CASO 6 - PLANO DE ORDENAMENTO DA ALBUFEIRA DAS FRONHAS (POAF)

OBJECTIVOS DO PLANO: (1) Salvaguarda da qualidade dos recursos naturais; (2) Protecção e valorização

ambientais; (3) Aplicação da legislação vigente na gestão dos recursos hídricos e do ordenamento do

território; (4) Identificação das zonas do plano de água mais adequadas para a conservação da natureza

e para o recreio e lazer, compatibilizando as duas utilizações.

FCD1. Recursos hídricos

FCD2. Recursos naturais e paisagísticos

FCD3. Desenvolvimento socioeconómico

FCD4. Ordenamento e gestão territorial

FCD5. Riscos naturais

OBJECTIVOS DA AAE: (1) Recuperação e valorização do património natural, favorecendo a biodiversidade

e a protecção da água de uma forma sustentável; (2) Recuperação, valorização, preservação e

divulgação do património arqueológico, arquitectónico e histórico-cultural; (3) Criação de actividades

âncora (turismo, recreio, lazer).

OPÇÕES ESTRATÉGICAS / ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO:

Opção 1 – Salvaguarda dos usos principais da albufeira / Recuperação e prevenção da qualidade da

água;

Opção 2 – Protecção e valorização de ecossistemas / (1) Promoção da qualidade dos ecossistemas e da

biodiversidade em geral; (2) Conservação de habitats; (3) Promoção da educação ambiental;

Opção 3 – Definição e compatibilização dos usos secundários da albufeira / Definição e compatibilização

de actividades associadas ao recreio, lazer e turismo

No âmbito da AAE não foi escolhida nenhuma opção estratégica.

Baseado em (Agri-Pro Ambiente Consultores, 2008)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Promoção da qualidade dos ecossistemas mais sensíveis:

perturbações nos ecossistemas;

Aumento da avifauna nas falésias e ilhéus em

consequência do aumento do tráfego marítimo em

torno das ilhas.

monitorização ambiental das áreas

protegidas.

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39

Controle e eliminação de povoamentos de espécies invasoras;

Reconversão de áreas florestais (e.g. zonas de declive acentuado com predominância de

Eucalipto, que impedem o desenvolvimento do subcoberto estabilizador de solos, pondo

em risco a qualidade da água da albufeira);

Recuperação de áreas degradadas;

Implementação de medidas de prevenção e combate a fogos florestais e de campanhas

de sensibilização junto da população local;

Melhoria da gestão das descargas de água pela barragem, de modo a atenuar mudanças

drásticas no nível da água, que podem afectar negativamente a fauna ribeirinha;

Conservação dos habitats e espécies mais representativos em termos da biodiversidade através

de:

Acções de recuperação e conservação da vegetação ripícola;

Acções de conservação da ictiofauna;

Monitorização das:

Acções de promoção da qualidade dos ecossistemas e da biodiversidade;

Acções ao nível da conservação de habitats;

Promoção da educação ambiental.

INDICADORES:

Quadro 4-11. Critérios de avaliação, objectivos e indicadores para a biodiversidade no âmbito do POAF

FACTORES CRÍTICOS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

OBJECTIVOS DE SUSTENTABILIDADE

INDICADORES

Recursos

hídricos

Águas

superficiais e

subterrâneas

Salvaguarda dos usos

principais da Albufeira;

Conservação de habitats.

Qualidade da água;

Ictiofauna.

Recursos

naturais e

paisagísticos

Solo

Protecção e valorização

dos ecossistemas;

Promoção da educação

ambiental.

Reserva Agrícola Nacional;

Reserva Ecológica Nacional;

Áreas com sensibilidade ecológica;

Acções de sensibilização e educação

ambiental.

Floresta

Protecção e valorização

dos ecossistemas;

Tipologia dos povoamentos florestais

(autóctones/exóticos);

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40

Promoção da educação

ambiental.

Áreas ardidas;

Acções de sensibilização e educação

ambiental.

Ecossistemas/

Biodiversidade

Protecção e valorização

dos ecossistemas;

Promoção da educação

ambiental.

Áreas com sensibilidade ecológica;

Zonas com valor ecológico;

Acções de sensibilização e educação

ambiental.

Paisagem

Proteger a identidade da

Paisagem;

Promoção da educação

ambiental.

Coberto florestal;

Acções de sensibilização e educação

ambiental.

Riscos

naturais

Erosão dos

solos

Prevenir a erosão dos solos

e assegurar a sua

protecção e recuperação

ambiental e paisagística;

Protecção de áreas com

sensibilidade ecológica.

Reserva Ecológica Municipal;

Áreas com potencial risco de erosão.

Incêndios

florestais

Redução da vulnerabilidade

a incêndios florestais Áreas Ardidas

Expansão de

espécies

invasoras

Eliminar e controlar a

expansão das espécies

exóticas

Povoamentos de espécies exóticas

Fonte: (Agri-Pro Ambiente Consultores, 2008)

PROBLEMAS:

Quadro 4-12. Problemas na abordagem da biodiversidade no âmbito do POAF

PROBLEMAS

A área de intervenção do POAF corresponde, fundamentalmente, a uma zona biologicamente

empobrecida, com baixa biodiversidade de espécies e desprovida de valores significativos. Tanto ao

nível da fauna como da flora e vegetação não se identificaram espécies relevantes;

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41

Risco de erosão dos solos, incêndios florestais e expansão de espécies exóticas;

Eliminação de espécies autóctones devido à expansão das exóticas.

Fonte: (Agri-Pro Ambiente Consultores, 2008)

O primeiro aspecto apresentado pode constituir um problema se esta zona for desvalorizada sem haver a

preocupação de avaliar se é essencial na manutenção do contacto entre áreas com grande diversidade

biológica (que podem inclusive apresentar estatuto de conservação). A perda ou fragmentação desta

área pode conduzir à perda e fragmentação de áreas ricas em biodiversidade.

NOTA: Não foram identificadas propostas evidentes no decorrer do processo de avaliação aplicado ao

Plano.

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42

4.1.7. CASO 7 - REVISÃO DO PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERÊS

(POPNPG)

OBJECTIVOS DA REVISÃO DO PLANO: (1) Preservar e restaurar os processos ecológicos, a biodiversidade e

geodiversidade, para assegurar o bom funcionamento dos serviços de ecossistemas; (2) Conservar o

património cultural e paisagístico; (3) Promover a compatibilização da protecção ambiental com os usos e

actividades humanas; (4) Sensibilizar a sociedade para a preservação do património do Parque através

da promoção de um regime de visitação sustentável.

FCD1. Património Natural e qualidade ambiental

FCD2. População e socioeconomia

OBJECTIVOS DE SUSTENTABILIDADE PARA CADA FCD:

FCD1: (1) Conservação de espécies de fauna e flora com estatutos de protecção e respectivos habitats;

(2) Protecção e valorização dos meios hídricos e respectivos sistemas biofísicos de suporte; (3)

Salvaguarda dos processos de formação e conservação do solo; (4) Conservação da Estrutura Ecológica

da Paisagem, enquanto suporte dos processos naturais e do fundo de fertilidade do território; (5)

Conservação de Unidades de Paisagens cujo modelo de ordenamento territorial (mosaico

agrosilvopastoril) está correlacionado com o património natural e cultural;

FCD2: (1) Ordenamento das actividades e usos com impactes muito significativos sobre o património

natural e a socioeconomia: o pastoreio, recreio e o turismo, exploração de recursos hídricos e eólicos e

exploração de inertes; (2) Valorização de conjuntos e/ou sítios relevantes do património cultural, da

identidade e da memória colectiva e revitalização das estruturas de povoamento.

CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO:

Cenário 1 – Situação actual

Cenário 2 – Tendências de evolução actual com o PO 95

Cenário 3 – Efeitos esperados com a revisão do PO PNPG – o mais favorável

PROPOSTAS DE REVISÃO: (1) Adequação dos níveis de protecção aos valores do património natural e da

biodiversidade, à salvaguarda das áreas de maior vulnerabilidade e à salvaguarda das áreas e sistemas

de suporte e regulação dos processos naturais; (2) Definição de uma área wilderness (praticamente

inexplorada) dedicada exclusivamente à conservação dos processos naturais livre de qualquer actividade

humana que implique a exploração de recursos e aberta à investigação científica e visitação

condicionada; (3) Regulação de usos e actividades humanas susceptíveis de provocar, ou que já tenham

provocado, impactes negativos sobre o património e o ordenamento do Parque; (4) Interdição de usos e

actividades incompatíveis com os objectivos de conservação do PNPG.

BASEADO EM (MINISTÉRIO DO AMBIENTE, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL & ICNB & PARQUE

NACIONAL DA PENEDA-GERÊS, 2009)

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43

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Desenvolvimento sustentado que compatibiliza as actividades humanas e a promoção do nível e

qualidade de vida das comunidades residentes, com a conservação e valorização da paisagem

humanizada e do património natural e cultural associado;

Manter actividades e práticas tradicionais de gestão territorial, de forma a proteger e conservar os

serviços dos ecossistemas;

Estabelecer um plano de monitorização de habitats e espécies prioritários;

Elaborar e Implementar o plano operacional de gestão para as Áreas de Intervenção Específica

(AIE);

Estudo de inventário, valoração e medidas de gestão para os geosítios;

Implementar uma rede de locais de monitorização da qualidade da água;

Implementar acções de condução e maneio do coberto vegetal nas áreas definidas como

prioritárias para a expansão da floresta nativa;

Desenvolvimento de estudos e projectos que optimizem numa escala de maior pormenor a

continuidade entre habitats relevantes, através de corredores ecológicos;

Sensibilização dos decisores e políticos para a importância estratégica de interdição de

construção de parques eólicos, novos aproveitamentos hidroeléctricos, bem como a construção

de novas infraestruturas e equipamentos que implicam a destruição directa de habitats e a

diminuição dos níveis de wilderness;

Zonamento do solo: Zonas de Protecção Total (ZPT), Zonas de Protecção Parcial (ZPP) e Zonas

de Protecção Complementar (ZPC);

Regulamentar edificabilidade fora dos perímetros do Parque, nomeadamente definindo as

tipologias de novas obras, melhorias e condicionantes de projecto (normativo mais restritivo para

preexistências);

Implementar a monitorização das alterações dos usos do solo e definir usos preferenciais;

Implementar uma fiscalização articulada com as autarquias no que toca ao depósito/abandono de

sucatas e outros resíduos e extracção de inertes.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES:

Quadro 4-13. Critérios de avaliação e indicadores para a biodiversidade no âmbito do POPNPG

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

INDICADORES

Tipos de

habitats

Representatividade dos habitats e espécies

(classificados e propostos para classificação)

Fauna e flora

Recursos Áreas com risco ou processos de erosão em curso*;

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44

hídricos Número de aproveitamentos hidroeléctricos e grau de artificialização da bacia

hidrográfica*.

Solo e floresta

Área de floresta com:

i. Povoamento extreme (com apenas uma espécie) a reconverter, em

reconversão ou já reconvertido;

ii. Povoamento misto a programar também para o recreio e lazer e/ou já

infraestruturado;

iii. Matas de protecção a conservar, com planos de gestão a elaborar e/ou

em implementação;

iv. Novas áreas de expansão da floresta nativa;

Áreas de floresta com coberto vegetal degradado.

Ordenamento

da paisagem

Área da Estrutura Ecológica do Parque Nacional da Peneda-Gerês (EEPNPG) e

diferentes sistemas identificados;

Expressão das descontinuidades/ continuidades entre habitats relevantes: áreas

de sobreposição entre habitats e/ou outras ocorrências relevantes do património

natural, com o sistemas da EEPNPG;

Áreas de sobreposição de usos incompatíveis com:

i. Áreas de ocorrência efectiva de valores naturais (habitats, espécies e

geosítios);

ii. Os sistemas da EEPNPG, designadamente com os sistemas de suporte

do ciclo da água (linhas de água e vales de drenagem, cabeceiras, áreas

de recarga de aquíferos;

Alterações dos usos do solo:

i. Expressividade das alterações dos usos do solo;

ii. Áreas da estrutura ecológica em solo rural e em solo urbano;

iii. Áreas desafectadas da RAN e novas ocupações dos sistemas da

EEPNPG;

Factores de degradação nas unidades de paisagem*:

i. Depósito/abandono de sucatas e outros resíduos;

ii. Extracção de inertes;

iii. Construção de estruturas e infraestruturas em solo rural;

iv. Edificabilidade fora dos perímetros urbanos definidos;

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45

Área actual e proposta para integrar os diferentes níveis de protecção (ZPT, ZPP

e ZPC);

Propostas, em elaboração e/ou implementação de UOPG’s

3 – Planos de Acção e

Gestão, com vista à conservação de recursos naturais e paisagísticos relevantes.

Fonte: (Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional & ICNB & Parque Nacional

da Peneda-Gerês, 2009)

NOTA: Os indicadores identificados com * afectam a biodiversidade de forma indirecta.

PROBLEMAS E PROPOSTAS:

Quadro 4-14. Problemas e propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do POPNPG

PROBLEMAS PROPOSTAS

Ordenamento não integra explicitamente a componente

conservação da natureza e da biodiversidade com os usos

dominantes do solo (actuais e prospectivos)

Integração dos diferentes níveis de

protecção: ZPT, ZPP e ZPC;

Elaboração e/ou implementação de

UOPG´s: Planos de Acção e de

Gestão, visando a conservação de

recursos naturais e paisagísticos

relevantes;

Criação de um plano de

monitorização de habitats e

espécies prioritários, associados

aos meios aquáticos;

Potenciar usos e práticas que

contribuam para o correcto

ordenamento do território e para a

valorização do património natural,

cultural e da paisagem;

Incrementar a valorização

económica e social da floresta.

3 Unidades Operativas de Planeamento e Gestão

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46

Fonte: (Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional & ICNB & Parque Nacional

da Peneda-Gerês, 2009)

4.2. Casos Internacionais

4.2.1. CASO 1 - PLANO DE PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA PARA A COMUNIDADE AUTÓNOMA (CA) DE

CASTILLA E LEÓN (2000-2004)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

A sensibilidade das espécies de fauna e flora foi identificada pela sua existência em áreas com

estatuto de protecção e em inventários nacionais e internacionais, nomeadamente na Directiva

Habitats;

Criação de um mapa em Sistemas de Informação Geográfica (SIG) onde foram identificados os

cinco elementos chave que dividiu a região de acordo com quatro níveis de impacte ambiental

OBJECTIVOS DO PLANO: Implementação de parques eólicos com o mínimo possível de impactes

ambientais, determinando o potencial eólico a ser desenvolvido em cada região e identificando as

áreas onde não é possível implementar.

ELEMENTOS CHAVE:

1. Espaços naturais

2. Impacte visual

3. Vegetação e biótopos da fauna associados

4. Impactes socioeconómicos e património arqueológico e histórico-cultural

5. Áreas de risco geomorfológico

OBJECTIVOS DA AAE: Regular e minimizar os potenciais impactes negativos do sector eólico em

geral, e do Plano em particular.

ALTERNATIVAS ESTRATÉGICAS:

Alternativa 1 – “Conservacionista” (Maior protecção ambiental)

Alternativa 2 – “Sustentável”

Alternativa 3 – “Promotora de desenvolvimento” (Orientada para as acções de desenvolvimento)

No âmbito da AAE não foi escolhida nenhuma opção estratégica.

Baseado em (Palerm, 2001)

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47

(nível 1 – desprezável, nível 4 – extremamente elevado). Um mapa final mostra o nível global de

impacte ambiental. O valor da sensibilidade ambiental foi definido pelo peso atribuído a cada um

dos cinco elementos, sendo que os “espaços naturais” e o “impacte visual” têm maior peso.

NOTA 1. Não foram desenvolvidos quaisquer indicadores no âmbito deste plano.

PROBLEMAS:

Quadro 4-15. Problemas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Plano de Produção de Energia Eólica

para a região de Castilla e Léon

PROBLEMAS

A escala utilizada (1:200 000) é inapropriada, uma vez que não permite a delimitação adequada das

áreas ecologicamente sensíveis;

Não foram realizados estudos sobre as rotas de migração das aves migratórias, que são, em termos

faunísticos, a classe mais prejudicada;

Não foram consideradas as áreas naturais que fazem fronteira com outras CA’s.

Fonte: (Palerm, 2001)

É perceptível no Plano, com a determinação do mapa de impacte global, a interligação entre os aspectos

ecológicos, os sociais e os económicos.

NOTA 2. Não foram identificadas propostas evidentes no decorrer do processo de avaliação aplicado ao

Plano.

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48

4.2.2. CASO 2 - PLANO LOCAL DE TRANSPORTE DE GLOUCESTER, INGLATERRA

OBJECTIVOS DO PLANO: Implementação de uma estratégia que abrange essencialmente o melhoramento

das acessibilidades, da qualidade do ar e da segurança e a redução do congestionamento, apresentando

alternativas aos veículos automóveis.

ASPECTOS AMBIENTAIS CHAVE:

1. Qualidade do ar

2. Biodiversidade

3. Factores climáticos

4. Património cultural (incluindo o património arquitectónico e arqueológico)

5. Saúde Humana (incluindo o ruído)

6. Paisagem

7. Bens materiais (incluindo recursos naturais)

8. População

9. Solo

10. Água

OBJECTIVOS DA AAE: Minimizar os potenciais impactes negativos do Plano sobre o ambiente, e propor

recomendações para evitar, reduzir ou compensar esses impactes. Foram definidos objectivos

específicos para cada aspecto ambiental chave, sempre no sentido de melhorar a qualidade do ambiente

e das condições de vida da população local.

OPÇÕES ESTRATÉGICAS:

Opção 1 – Não implementação do plano

Opção 2 – Melhoria nas infraestruturas de transporte para satisfazer as necessidades de todos os

utilizadores rodoviários, conferindo prioridade à abordagem dos atrasos na manutenção de auto-estradas

– Opção mais favorável

Opção 3 – Medidas adicionais de gestão da utilização de veículos automóveis nas principais áreas

urbanas e limitação da sua utilização noutras áreas

Opção 4 – Medidas adicionais para estimular a população a andar a pé e de bicicleta e a utilizar os

transportes públicos nas cidades e nas áreas interurbanas

BASEADO EM (BURKE, ET AL., 2005)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Conservação e aumento das áreas classificadas (e.g. Sítios de Especial Interesse Científico –

SSSI - e da Rede Natura 2000), espécies e habitats legalmente protegidos;

Conservação da biodiversidade a todos os níveis;

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49

Redução da área de perda de habitats prioritários incluídos no Plano de Acção sobre a

Biodiversidade junto aos limites das auto-estradas, uma vez que é frequente a destruição de uma

extensa zona, que não tem qualquer utilização rodoviária e que pode ser importante em termos

de biodiversidade;

Utilização de SIG para mapear bens ambientais existentes na área analisada, de modo a verificar

como é que as opções estratégicas e as medidas referidas no Plano afectam essa área. As

layers utilizadas para realizar o mapeamento dos recursos sensíveis foram as seguintes: “Bens

Patrimoniais” (Áreas de Conservação, Monumentos Antigos Inventariados, Parques e Jardins

Registados, Locais de Batalhas Históricas), “Denominações relacionadas com a biodiversidade”

(ZEC, SSSI, Reservas Naturais Nacionais e Locais, Locais Selvagens Chave) e “Áreas de Beleza

Natural Excepcional”;

Abordagem dos impactes indirectos sobre os ecossistemas, nomeadamente a perda e

fragmentação de habitats, os efeitos causadores de mortalidade de espécies e alterações na

qualidade do ar;

Adopção da Abordagem Ecossistémica, que permite a protecção de todos os valores de

biodiversidade e não apenas os raros ou os que já apresentem um estatuto legal.

INDICADORES:

Quadro 4-16. Indicadores para a biodiversidade no âmbito do Plano Local de Transporte de Gloucester

INDICADORES

Áreas de paisagem especial

Fonte: (Burke, et al., 2005)

Este indicador avalia as paisagens relevantes que devem ser protegidas através do controlo e do

planeamento de futuros projectos de desenvolvimento na região.

Relativamente aos indicadores indirectos que afectam a biodiversidade destacam-se os relacionados

com a qualidade da água e a poluição existente, a qualidade do solo, a utilização sustentável dos

recursos naturais e a requalificação urbana.

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50

PROBLEMAS E PROPOSTAS:

Quadro 4-17. Problemas e propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Plano Local de Transporte de Gloucester

PROBLEMAS PROPOSTAS

Utilização indevida de corredores ecológicos;

Perturbações em elementos delimitadores de

habitats, nomeadamente cursos de água, e em

habitats urbanos;

Fragmentação de habitats;

Expansão de espécies invasoras;

Afectação da biodiversidade existente junto aos

futuros locais de implementação das infraestruturas

associados aos Park & Rides4.

Criação de corredores ecológicos onde se

revelar necessário;

Criação e protecção de redes ecológicas;

Recriação de habitats.

Fonte: (Burke, et al., 2005)

4 Parques de estacionamento conectados ao sistema de transportes públicos, que permitem à população que se

pretende deslocar ao centro da cidade o estacionamento dos veículos pessoais e a transferência para veículos de transporte público. Estes parques estão geralmente localizados nos subúrbios das áreas metropolitanas ou na periferia de grandes cidades ((Gloucestershire County Council, 2009); (Norfolk County Council, 2005)).

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51

4.2.3. CASO 3 - PROGRAMA DE COOPERAÇÃO ENTRE A LITUÂNIA E A POLÓNIA (2007-2013)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Promoção da restauração, preservação e enriquecimento de recursos e outros elementos

naturais destruídos e garantia da utilização racional da diversidade biológica e da paisagem;

Manutenção e restauração dos estatutos de conservação de habitats naturais;

Desenvolvimento da Rede Natura 2000, incluindo a legislação relativa aos corredores ecológicos;

Reforço da protecção no interior das áreas protegidas existentes e criação de novas áreas;

Desenvolvimento de planos de gestão de recursos naturais e de áreas protegidas com carácter

transfronteiriço: potencia a criação de oportunidades de desenvolvimento de mapas de gestão da

natureza e biodiversidade que tenham em consideração apenas os valores naturais existentes

nas áreas e não as fronteiras físicas que os separam;

OBJECTIVOS DO PLANO: Facilitar a coesão socioeconómica entre a Lituânia e a Polónia, promovendo

o seu desenvolvimento sustentável, reforçando a competitividade e assegurando um bem-estar

social.

ASPECTOS AMBIENTAIS CHAVE:

1. Saúde humana

2. Paisagem natural e fauna, flora, incluindo a biodiversidade e os habitats naturais

3. Solo

4. Águas de superfície e subterrâneas

5. Ar

6. Alterações climáticas

7. Património cultural

8. Conservação e uso eficiente dos recursos naturais

OBJECTIVOS DA AAE: (1) Melhorar a atractividade das regiões (melhoria das acessibilidade,

assegurar serviços de qualidade e preservação do ambiente); (2) Encorajar a inovação (reforço da

economia e Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC); (3) Criar e melhorar os empregos.

PRIORIDADES:

Prioridade 1 – Crescimento da competitividade e da produtividade na região fronteiriça;

Prioridade 2 – Coesão fronteiriça e reforço da qualidade global da região considerada.

No âmbito da AAE não foi escolhida nenhuma opção estratégica.

Baseado em (Dudutyte, et al., 2007)

Page 64: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

52

Consideração dos impactes resultantes do desenvolvimento de infraestruturas em “zonas verdes”

não apenas sobre as áreas protegidas mas também sobre os corredores ecológicos e outros

ecossistemas relevantes;

Promover o turismo ecológico, concordante com as características ecológicas e as limitações

sociais;

Desenvolver um sistema de gestão dos recursos hídricos que disponibilize água potável à

população e assegure a protecção efectiva das massas de água, o potencial recreativo a ainda a

diversidade e produtividade dos ecossistemas aquáticos;

Remoção ou redução das ameaças à preservação da biodiversidade;

Desenvolver práticas agrícolas e promover a plantação de vegetação que evite ou minimize a

erosão dos solos.

INDICADORES DEFINIDOS POR ACÇÃO:

Quadro 4-18. Indicadores para a biodiversidade no âmbito do Programa de Cooperação entre a Lituânia e a

Polónia

PRIORIDADES

ACÇÕES INDICADORES

Prioridade 1.

Crescimento da

competitividade e da

produtividade na região

fronteiriça

Acção 1.1. Modernização das

infraestruturas económicas (por

exemplo, rede viária, aeroportos,

rede ferroviária)

Número de quilómetros de estrada

construídos;

Casos de desenvolvimento de

infraestruturas em áreas protegidas;

Número de medidas de conservação

da biodiversidade implementadas;

Número de hectares de solo

drenado.

Page 65: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

53

Acção 1.2. Promoção do

ambiente empresarial -

Acção 1.3. Desenvolvimento do

turismo sustentável e

preservação do património

cultural/histórico

Casos de desenvolvimento de

infraestruturas em áreas protegidas;

Percentagem de turistas a utilizar os

transportes públicos.

Prioridade 2. Coesão

fronteiriça e reforço da

qualidade global da região

considerada

Acção 2.1. Desenvolvimento de

novas redes de cooperação social

e cultural e reforço das já

existentes

-

Acção 2.2. Melhorar o meio

ambiente

Número de encontros destinados à

discussão acerca do

desenvolvimento de planos

transfronteiriços de gestão das áreas

protegidas;

Número de planos transfronteiriços

de gestão das áreas protegidas

aprovados;

Número de medidas concretas a

nível transfronteiriço para a

conservação e protecção de

espécies.

Fonte: (Dudutyte, et al., 2007)

Para as acções 1.2 e 2.1 não foram desenvolvidos indicadores, uma vez que não foi detectado qualquer

impacte das mesmas sobre as questões ambientais relevantes.

PROPOSTAS:

Quadro 4-19. Propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Programa de Cooperação entre a Lituânia e a Polónia

PROPOSTAS

Ter em conta nos planos de desenvolvimento a Abordagem Ecossistémica

Fonte: (Dudutyte, et al., 2007)

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54

4.2.4. CASO 4 - PROGRAMA OPERACIONAL PARA O FUNDO EUROPEU DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

PARA A REGIÃO SUDESTE DE INGLATERRA (2007-2013)

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Protecção e reforço da qualidade dos habitats selvagens, das paisagens e da zona costeira;

Promoção da preocupação com as questões ambientais ao nível empresarial (Business &

Biodiversidade);

Incremento do desenvolvimento das comunidades reduzindo a sua pegada ecológica;

Conhecimento da extensão e estado dos habitats chave;

Protecção e reforço dos elementos naturais da região, nomeadamente os corredores ecológicos,

parques e zonas verdes, bosques e florestas antigas, parques nacionais e áreas de beleza

natural excepcional;

Aumento da extensão de habitats recreando as zonas com pouca vida selvagem;

Identificação dos impactes directos, indirectos, secundários e cumulativos;

OBJECTIVOS DO PLANO: Promover a economia da região através do aumento da competitividade e

criação de empregos, de acordo com os objectivos propostos na Agenda Lisboa, e contribuir para a

redução da pegada ecológica da região, conforme o que ficou proposto na Agenda Gotemburgo.

ASPECTOS AMBIENTAIS CHAVE:

1. Alterações climáticas

2. Procura de recursos

3. Biodiversidade

4. Gestão de resíduos

OBJECTIVOS DA AAE: (1) Conservar a biodiversidade e melhorar a eficiência dos usos do solo; (2)

Melhorar a saúde e bem-estar da população; (3) Identificar formas de adaptação e mitigação às

alterações climáticas; (4) Melhorar a gestão e a qualidade dos recursos hídricos; (5) Reduzir o risco

de cheia; (6) Aumentar a eficiência energética e o recurso a fontes renováveis; (7) Melhorar a

qualidade do ar; (8) Incentivar o envolvimento em actividades culturais, proteger e melhorar o

património histórico e paisagístico; (9) Reduzir e gerir o consumo de recursos e a produção de

resíduos; (10) Reduzir os níveis de congestionamento e poluição.

PRIORIDADES / LINHAS DE DESENVOLVIMENTO:

Prioridade 1 – Inovação, transferência de conhecimento e produtividade sustentável; / (1) Promoção

de uma economia de conhecimento; (2) Promoção da produção e consumo sustentáveis.

Baseado em (Government Office for the South East & SEEDA, 2007)

Page 67: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

55

Aumento de esquemas agro-ambientais, que beneficiam as áreas onde são aplicados através de

práticas de gestão do solo melhoradas, que permitem proteger e restaurar a biodiversidade, o

solo e a qualidade da água;

Para a protecção e conservação dos serviços dos ecossistemas deve ser apoiada a integração

entre as actividades económicas das áreas rurais e o fornecimento de bens e serviços nas áreas

urbanas;

Criação de espaços de amortecimento de cheias.

INDICADORES:

Quadro 4-20. Indicadores identificados no âmbito do Programa Operacional para o Fundo de Desenvolvimento Regional para a região Sudeste de Inglaterra para a área da biodiversidade

INDICADORES

População de aves selvagens;

Estado dos SSSI;

Extensão e estado dos habitats chave incluídos no

Plano de Acção da Biodiversidade;

Extensão dos bosques mais antigos.

Fonte: (Government Office for the South East & SEEDA, 2007)

NOTA: Não foram identificadas propostas e problemas evidentes no decorrer do processo de avaliação

aplicado ao Plano.

Page 68: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

56

4.2.5. CASO 5 - PLANO LOCAL DO PARQUE NACIONAL DE CAIRNGORMS, ESCÓCIA

OBJECTIVOS DO PLANO: (1) Conservar e reforçar o património natural e cultural; (2) Promover o uso

sustentável dos recursos naturais; (3) Promover as qualidades do Parque e as possibilidades recreativas

associadas; (4) Promover o desenvolvimento socioeconómico sustentável das comunidades locais.

ASPECTOS AMBIENTAIS CHAVE:

1. Biodiversidade

2. Locais designados de conservação da natureza

3. População

4. Ambiente histórico

5. Paisagem e pedoforma4

6. Solo

7. Água

8. Ar

9. Acesso e recreação

10. Energia e infraestutura

11. Ambiente construído

OBJECTIVOS DA AAE: (1) Conservar e reforçar a diversidade de espécies e habitats e a integridade dos

ecossistemas; (2) Proteger e melhorar o estado dos recursos hídricos dentro do Parque ou com ele

relacionados; (3) Manter os sistemas hidrológicos; (4) Manter e melhorar a paisagem e o carácter cultural

do Parque; (5) Assegurar o acesso responsável por parte dos visitantes; (6) Manter e melhorar a

qualidade da atmosfera; (7) Consumo sustentável dos recursos naturais; (8) Manter a saúde na

comunidade local e promover a sustentabilidade, a nível energético, de poluição e na produção de

resíduos; (9) Manter e melhorar a qualidade do ambiente edificado.

OPÇÃO PROPOSTA – Garantir o apoio ao potencial crescimento da comunidade local, através da

disponibilização de um grande número de habitações dentro do Parque;

ALTERNATIVA 1 – Uma abordagem muito restritiva no que respeita ao mercado habitacional, limitando o

número de ocupantes nas novas habitações – Rejeitada: não cumpre os objectivos do Plano e potencia

impactes sociais e económicos negativos sobre a comunidade local

ALTERNATIVA 2 - Continuação da aplicação da política de ordenamento habitacional convencional, que

exige a disponibilização de menos habitações - Rejeitada: não cumpre os objectivos do Plano

4 Formas da paisagem

Baseado em ( (Cairngorms National Park Authority, 2007); (Cairngorms National Park Authority a), 2007))

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57

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Protecção robusta de espécies e habitats prioritários, nomeadamente os pertencentes às áreas

classificadas como Rede Natura 2000;

Protecção de áreas de património natural;

Manutenção da integridade e conectividade dos ecossistemas, o que revela a importância dos

corredores ecológicos para a protecção e conservação da biodiversidade;

Dar prioridade à abordagem de espécies invasoras que representam uma ameaça ao património

natural e à gestão do Parque;

Promoção da sensibilização e compreensão das interacções entre usos do solo, turismo,

contacto com o exterior e conservação da natureza;

Condução de um programa de pesquisa que forneça informações e monitorize os habitats,

espécies e ecossistemas, funcionando como um guia para futuros processos de decisão;

Promoção de oportunidades Business & Biodiversidade;

Utilização sustentável dos recursos;

Gestão integrada do solo;

Promoção do turismo sustentável ou ecoturismo;

Acesso ao exterior e desenvolvimento de actividades recreativas.

INDICADORES DEFINIDOS POR OBJECTIVO:

Quadro 4-21. Objectivos e indicadores para a biodiversidade no âmbito do Plano Local do Parque Nacional

de Cairngorms

OBJECTIVOS INDICADORES

Conservar e aumentar a diversidade

de espécies

Perda de espécies prioritárias habitats associados;

Criação de habitats para espécies prioritárias;

Gestão de habitats para espécies prioritárias.

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58

Conservar e aumentar a diversidade

dos habitats

Perda de habitats prioritários;

Criação de habitats prioritários;

Gestão de habitats prioritários.

Manter e reforçar a integridade dos

ecossistemas

Continuidade de habitats prioritários;

Manutenção ou criação de habitats prioritários para o

desenvolvimento de redes.

Proteger e, quando apropriado

melhorar, o estado das massas de

água dentro ou relacionadas com a

área do Parque Nacional

Estado ecológico das massas de água;

Acções de desenvolvimentos em consonância com os

Sistemas de Drenagem Urbana Sustentável.

Manter os processos de captação e

sistemas hidrológicos

Acções de desenvolvimento, desde que permitido, nas

zonas húmidas e zonas de inundação;

Acções de desenvolvimento em consonância com os

Sistemas de Drenagem Urbana Sustentável;

Gestão das zonas húmidas.

Manter e reforçar a paisagem cultural

e tradicional característica do Parque

Alterações no carácter paisagístico causadas pelas acções

de desenvolvimento;

Acções de desenvolvimento que complementem o carácter

paisagístico;

Perda/perturbação de elementos geológicos e

geomorfológicos;

Percepção do Parque como um local “selvagem”,

inexplorado.

Utilizar os recursos naturais de forma

sustentável

Cessar a utilização de combustíveis fósseis em qualquer

projecto de desenvolvimento que tenha lugar;

Acções de desenvolvimento que utilizem e promovam os

produtos madeireiros do local.

Fonte: ( (Cairngorms National Park Authority, 2007); (Cairngorms National Park Authority a), 2007))

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59

PROBLEMAS:

Quadro 4-22. Problemas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Plano Local do Parque Nacional de Cairngorms

PROBLEMAS

Extensão do Parque por quatro áreas administrativas conduz à aquisição de dados

sobre os recursos e património natural do Parque em formatos diferentes, o que

dificulta a sua análise e comparação

Fonte: ( (Cairngorms National Park Authority, 2007); (Cairngorms National Park Authority a), 2007))

NOTA: Não foram identificadas propostas evidentes no decorrer do processo de avaliação aplicado ao

Plano.

Page 72: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

60

4.2.6. CASO 6 - ACORDO N.ºCE 25/2001 – ESTUDO HONG KONG 2030: PLANEAMENTO DA VISÃO E

ESTRATÉGIA

OBJECTIVOS DO PLANO: Preparar um modelo de planeamento estratégico do uso do solo para Hong

Kong até ao ano 2030.

ASPECTOS AMBIENTAIS CHAVE:

1. Qualidade do ar

2. Ruído

3. Geologia, solos e áreas contaminadas

4. Recursos hídricos e qualidade da água

5. Resíduos

6. Energia e recursos naturais

7. Paisagem e uso do solo

8. Ecologia

9. Património cultural

10. Gestão dos riscos

OBJECTIVOS DA AAE: Alcançar uma boa qualidade ambiental.

CENÁRIOS ESTRATÉGICOS:

Cenário 1. Fornecer uma boa qualidade do ambiente

Cenário 2. Reforçar a competitividade económica

Cenário 3. Fortalecer as ligações com o continente

OPÇÕES ESTRATÉGICAS:

No padrão de desenvolvimento: “Consolidação” e “Descentralização”

Na localização do terminal de contentores: “South West Tsing Yi” e “North West Lantau”

Opção seleccionada: Híbrido entre a consolidação e a descentralização; ainda não foi escolhida a

localização preferencial do terminal.

ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO:

Estratégia 1 - Estratégias de transporte e infra-estruturação;

Estratégia 2 - Definição de novas áreas de desenvolvimento;

Estratégia 3 – Abordagem fronteiriça

Baseado em (Planning Department of the Government of the Hong Kong Special Administrative Region, 2007)

Page 73: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

61

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Maior protecção e gestão dos locais ecológicos classificados, situados tanto em propriedades

públicas como privadas, através de acordos de gestão com os proprietários dos locais e

mecanismos de gestão em parceria entre as entidades públicas e privadas;

Gestão e reforço das áreas naturais para o benefício da biodiversidade e das comunidades

locais;

Elaboração de planos de zonamento destinados à designação de áreas de conservação;

Restauração de habitats degradados.

INDICADORES:

Quadro 4-23. Indicadores para a biodiversidade no âmbito do Estudo Hong Kong 2030

INDICADORES

Capacidade de carga dos recursos naturais

Capacidade de carga do território:

i. Área de território protegido por 100 000 habitantes;

ii. Volume de visitantes nas áreas protegidas por ano;

iii. Área ocupada por espaços verdes urbanos por km2;

iv. Taxa de área desenvolvida por área coberta de floresta

natural.

Capacidade de carga das populações:

i. Análise da dinâmica das populações;

ii. Nível de perturbação que conseguem suportar.

Distribuição e abundância de espécies

Estado de conservação de habitats e espécies

Fonte: (Planning Department of the Government of the Hong Kong Special Administrative Region, 2007)

PROPOSTAS:

Quadro 4-24. Propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Estudo Hong Kong 2030

PROPOSTAS

Promoção do ecoturismo;

Promoção da agricultura biológica;

Avaliação dos efeitos das novas infraestruturas associadas ao terminal e

próximo deste sobre a biodiversidade e a qualidade da água marinha;

Criação de áreas de conservação e de zonas de protecção costeira na

Page 74: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

62

elaboração de planos de zonamento;

Adopção da Abordagem Ecossistémica.

Fonte: (Planning Department of the Government of the Hong Kong Special Administrative Region, 2007)

NOTA: Não foram identificados problemas evidentes no decorrer do processo de avaliação aplicado ao

Plano.

4.2.7. CASO 7 - PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DAS FIJI

FORMA DE ABORDAGEM DA BIODIVERSIDADE:

Afectação de ecossistemas sensíveis e espécies em risco;

Protecção e gestão integrada da zona costeira;

Criação da Rede de Gestão da Área marinha;

Legislação e financiamento adequados para melhorar a gestão ambiental no sector turístico;

Pagamento de taxas no parque marinho de Bonaire.

OBJECTIVOS DO PLANO: Avaliar os impactes ambientais do Plano, de modo a contribuir para futuros

planos mais sustentáveis no sector do turismo, e testar a utilidade da AAE como instrumento de

sustentabilidade.

OBJECTIVOS DA AAE: (1) Manutenção e reforço da qualidade ambiental; (2) Manutenção da beleza

natural; (3) Promoção do desenvolvimento sustentável; (4) Melhoria da qualidade de vida da

população; (5) Equilíbrio entre a oferta e a procura de recursos.

PRIORIDADES CHAVE:

1. Gestão sustentável dos recursos

2. Desenvolvimento do turismo tendo em conta a capacidade de carga do ambiente

3. Desenvolvimento do turismo a um ritmo e a uma escala que se enquadre na quantidade de

recursos que a região possui e nos riscos e constrangimentos existentes

4. Disseminar pelas ilhas os benefícios socioeconómicos resultantes do turismo

5. Necessidade de melhorar os processos de desenvolvimento do turismo nas regiões indígenas;

6. Solucionar a carência de taxas a pagar pelos utilizadores para conseguir um turismo sustentável

Baseado em (Levett, et al., 2003)

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63

INDICADORES DEFINIDOS POR OBJECTIVO:

Quadro 4-25. Objectivos e indicadores para a biodiversidade no âmbito do Plano de Desenvolvimento do Turismo das Fiji

OBJECTIVOS INDICADORES DE RESULTADO INDICADORES DE ENTRADA, DE SÁIDA E DE PROCESSO

Proteger,

reforçar e

restaurar

ecossistemas

especiais, em

particular

mangais, recifes

de coral e

florestas

Área e qualidade dos ecossistemas;

Extensas áreas intactas;

Áreas não fragmentadas.

Desenvolvimento do turismo em

consonância com as políticas de gestão

de diversos sectores

Reduzir quando

possível o

número de

populações

ameaçadas

Populações das espécies identificadas

Desenvolvimento do turismo evitando

provocar stress nas populações;

Desenvolvimento de programas e

fundos de protecção e conservação.

Manter os

sistemas de

água doce

Fornecimento de quantidade da água

que satisfaça as necessidade humanas

sem comprometer a capacidade de

carga dos ecossistemas

Eficiência na utilização da água e

promoção de medidas de reutilização

em instalações turísticas;

Captação e armazenamento de água.

Prevenir a perda

de solos

Quantidade de solo perdido em zonas

vulneráveis e em rios/zonas costeiras

Gestão do solo para prevenir a perda

durante o desenvolvimento de

infraestruturas de apoio ao turismo;

Evitar as actividades que potenciem a

erosão do solo.

Manter os níveis

de poluição e

nutrientes dentro

do limite de

capacidade de

carga dos

Extensão dos ecossistemas (e.g. Área

ocupada pelos recifes, lagoas, mangais,

florestas) com manifestações de stress

provocado pelo excesso de nutrientes e

poluição;

Aplicação de regras aos projectos

relacionados com o turismo para

prevenir emissões que, tendo em conta

todas as outras emissões, podem

provocar a ruptura da capacidade de

carga dos ecossistemas

Page 76: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

64

ecossistemas Grau de stress, em particular se são

detectados danos irreversíveis.

Manter o acesso

das

comunidades

locais aos

recursos naturais

Número de pessoas privadas de

terrenos agrícolas, direitos de pesca ou

do acesso às praias; verificar se houve

retorno de ganhos para as comunidades

por consentirem tais perdas

Existência de um processo justo e

transparente na negociação de

compensações às comunidades,

assegurando que todos os residentes (e

não apenas os mais ricos) aceitam as

perdas

Fonte: (Levett, et al., 2003)

PROBLEMAS E PROPOSTAS:

Quadro 4-26. Problemas e propostas na abordagem da biodiversidade no âmbito do Plano de

Desenvolvimento do Turismo das Fiji

PROBLEMAS PROPOSTAS

Muitos dos benefícios ambientais nem são ainda valorizados,

devido à ausência de dados plausíveis e uma adequada

metodologia;

Dados incompletos sobre espécies e habitats ameaçados.

Valorização monetária dos serviços

dos ecossistemas;

Promoção do ecoturismo;

Fundos resultantes do turismo a

financiar acções de protecção e

conservação da biodiversidade.

Fonte: (Levett, et al., 2003)

4.3. Comparação entre as orientações da CDB e as abordagens utilizadas

em cada caso

Antes da análise dos resultados optou-se por fazer uma sistematização dos mesmos em quadro, onde se

adoptou a seguinte simbologia:

A abordagem adoptada segue totalmente as orientações da CDB

A abordagem adoptada não segue as orientações da CDB

A abordagem adoptada segue parcialmente as orientações da CDB

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65

4.3.1. CASOS NACIONAIS

4.3.1.1. CASO1. PROGRAMA NACIONAL DE BARRAGENS COM ELEVADO POTENCIAL

HIDROELÉCTRICO (PNBEPH)

Quadro 4-27. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso nacional 1

Orientações

CDB

Abord

age

m inte

gra

da d

a

bio

div

ers

idade

Abord

age

m E

cossis

tém

ica

Serv

iços d

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ção

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Cum

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conserv

ação

Impacte

s c

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ula

tivos

Abordagem Casos

O PNBEPH entra em conflito com os objectivos da CDB, já que provoca a perda de biodiversidade.

Relativamente à ENCNB o programa conflitua com as opções estratégicas 3 e 4: “Promover a valorização

das áreas protegidas e assegurar a conservação do seu património natural, cultural e social” e

“Assegurar a conservação e a valorização do património natural dos sítios e das zonas de protecção

especial integrados no processo da Rede Natura 2000”, respectivamente. Contudo, vai ao encontro da

opção 6 (“Promover a integração da política de conservação da natureza e do princípio da utilização

sustentável dos recursos biológicos na política de ordenamento do território e nas diferentes políticas

sectoriais”), ao considerar a biodiversidade como um FCD, logo assume uma abordagem integrada da

biodiversidade.

Não é utilizada uma Abordagem Ecossistémica nem referidos os serviços dos ecossistemas.

Quanto às forças motrizes, apenas são consideradas as directas, nomeadamente a fragmentação.

A avaliação da biodiversidade é concretizada ao nível dos ecossistemas e das espécies, o nível

genético não é abordado.

Para verificar se o Programa origina impactes sobre a biodiversidade dois aspectos são fundamentais: (1)

a área afectada e os serviços dos ecossistemas associados e (2) tipos de actividades previstas que

podem actuar como força motriz (directa ou indirecta) nos serviços dos ecossistemas. Estes aspectos

são geralmente designados por triggers.

Page 78: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

66

Neste Programa é feita referência à afectação de áreas protegidas, que albergam diversos bens e

serviços.

É também identificada como actividade que estimula a força motriz directa (fragmentação de habitats) a

implantação de infraestruturas associadas aos empreendimentos. Como resposta ao problema deverão

ser definidas medidas de mitigação exequíveis consoante a espécie e as condições hidromorfológicas.

Dado que todas as áreas afectadas estão perfeitamente delimitadas em termos geográficos é possível

identificar os ecossistemas e, em particular os bens e serviços afectados. No entanto, ao longo do

processo de avaliação não é feita nenhuma referência aos serviços dos ecossistemas afectados.

O PNBEPH não responde a todas as obrigações legais comunitárias e nacionais ao ir contra os

propósitos da Directiva Quadro da Água (DQA), das Directivas Aves e Habitats. No primeiro caso não

evita a continuação da degradação nem contribui para uma melhoria do estado dos ecossistemas

aquáticos e dos ecossistemas terrestres e zonas húmidas directamente dependentes dos ecossistemas

aquáticos, no que diz respeito às necessidades de água. No segundo e terceiro casos provoca impactes

sobre espécies com estatuto de ameaça elevado em Portugal e insuficientemente cobertas pela Rede

Natura 2000.

Finalmente, é notória a preocupação com a previsão dos impactes cumulativos sobre a biodiversidade,

sendo referida a necessidade de analisar os efeitos de fragmentação do contínuo lótico, dos habitats

terrestres e a perda de habitats.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

As propostas apontadas permitem reforçar a protecção e conservação da biodiversidade através da

melhoria da monitorização de espécies, habitats e ecossistemas, do reforço das bases de dados relativas

à sua distribuição e abundância e da melhoria das medidas compensatórias. Desta forma, vão ao

encontro dos objectivos da CDB (em particular o proposto no Art.º 7º do texto da CDB – ver Anexo VI) e a

opção 1 da ENCNB.

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67

4.3.1.2. CASO 2. PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DE OESTE E VALE DO TEJO

(PROT-OVT)

Quadro 4-28. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso nacional 2

Orientações

CDB

Abord

age

m inte

gra

da d

a

bio

div

ers

idade

Abord

age

m E

cossis

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Serv

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tecção e

conserv

ação

Impacte

s c

um

ula

tivos

Abordagem Casos

O PROT-OVT entra em conflito com as orientações da CDB, uma vez que provoca a perda de recursos

naturais e, consequentemente da biodiversidade. Para além de promover a extensão de actividades

fortemente consumidoras de recursos naturais o Plano não estabelece medidas concretas que

assegurem a sua valorização. O aumento da artificialização do território também contribui para tal perda.

Por outro lado, o Plano fomenta a criação e desenvolvimento de actividades económicas compatíveis

com a conservação da natureza, o que traduz a preocupação em adoptar uma abordagem integrada.

Verifica-se uma aproximação à aplicação do conceito de Abordagem Ecossistémica através da

preocupação em aumentar a sustentabilidade de práticas agrícolas e florestais, em particular no que se

refere à manutenção da integridade do solo, biodiversidade e uso eficiente da água de rega, e na

garantia da sua ligação ao turismo em espaço rural. Esta medida permite optimizar os benefícios dos

ecossistemas (e.g. fixação de carbono, qualidade da água), bem como dar resposta aos interesses dos

sectores da biodiversidade, do solo, da água e do turismo. No entanto, há que promover a integração

efectiva das populações locais nos processos de conservação e gestão da biodiversidade.

Quanto aos serviços dos ecossistemas, como já foi referido, é perceptível a preocupação em optimizar

os benefícios que os mesmos transportam e reduzir as pressões a que estão constantemente sujeitos. É

também reconhecida a importância para a sociedade dos aspectos paisagísticos, recreativos, científicos

e culturais associados a determinadas áreas (e.g. florestas).

Como FMD consideraram-se a fragmentação do território e a alteração dos usos do solo em áreas rurais.

Não foi feita qualquer referência a FMI.

Page 80: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

68

Quanto à avaliação da biodiversidade esta foi apenas referida a nível dos ecossistemas, com a focagem

nas áreas classificadas e na EEM. É necessário reforçar a avaliação ao nível das espécies e, mais

importante ainda, ao nível genético, que muito raramente é considerado.

No que diz respeito à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos

ecossistemas é essencial a afectação de áreas protegidas.

Quanto às actividades que estimulam a FMD “fragmentação do território” contam-se a urbanização

desregrada e a fraca conectividade; a FMD “alteração dos usos do solo” é afectada pelo reforço das

infraestruturas logísticas e industriais sobre os espaços rurais. Como principais respostas a estes

problemas são apresentadas medidas de requalificação territorial ao nível urbano, que promovam o

policentrismo, e infraestruturas logísticas; a qualificação do solo rural e a definição da Estrutura Ecológica

Municipal e Urbana.

Quanto à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não foi

evidente no Plano algo que levasse a concluir acerca do seu incumprimento.

Em relação aos impactes cumulativos a abordagem deve ser mais aprofundada no que diz respeito à

biodiversidade. De facto está presente a preocupação em definir estratégias de prevenção e mitigação de

impactes ambientais cumulativos e assegurar a sustentabilidade cumulativa das práticas agrícolas e

florestais intensivas. No entanto, deve partir-se para uma abordagem mais prática, apresentando

medidas concretas para resolver o problema dos impactes cumulativos, e alargada a todos os sectores

que possam influenciar a biodiversidade.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

A protecção e valorização dos serviços dos ecossistemas e a criação de corredores ecológicos são

propostas que vão ao encontro das orientações da CDB, e portanto contribuem para uma melhoria na

abordagem utilizada.

Page 81: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

69

4.3.1.3. CASO 3. ESTUDO PARA ANÁLISE TÉCNICA COMPARADA DAS ALTERNATIVAS DE LOCALIZAÇÃO

DO NOVO AEROPORTO DE LISBOA NA ZONA DA OTA E NA ZONA DO CAMPO DE TIRO DE

ALCOCHETE

Quadro 4-29. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso nacional 3

Orientações

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Abordagem Casos

A implantação do NAL entra em conflito com as orientações da CDB na medida em que conduz à

redução do valor ecológico do território, devido aos efeitos previstos sobre o SNAP e sobre as ocupações

do solo favoráveis à biodiversidade.

A consideração da biodiversidade como um FCD promove a sua integração nas políticas sectoriais, o que

sugere a adopção de uma abordagem integrada.

Não é referida qualquer aproximação à Abordagem Ecossistémica como forma de consideração da

biodiversidade.

É referida a importância da valorização económica dos recursos naturais, bens e serviços dos

ecossistemas, nomeadamente do seu valor de existência, o qual adquire uma utilidade para a sociedade

actual como garantia de futuro.

As FMD identificadas referem-se às alterações no ordenamento do território e nos usos do solo, ao

isolamento e fragmentação dos SIC.

Quanto às FMI não se tornou evidente a sua consideração.

No que respeita à avaliação da biodiversidade, mais uma vez não foi abordado o nível genético. Quanto

às espécies, habitats e ecossistemas foram identificados os mais relevantes às escalas nacional e

internacional, de conservação prioritária, e desenvolvidas acções de protecção e conservação dos

mesmos.

Page 82: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

70

Quanto à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos ecossistemas há

referência à importância na identificação de impactes sobre as áreas classificadas, nomeadamente as

pertencentes ao SNAP.

As actividades que estimulam as FMD identificadas são a artificialização do território envolvente e a

implantação de novas infraestruturas viárias e ferroviárias. De forma a reduzir os impactes destas

actividades refere-se como possíveis medidas a constituição de uma rede de corredores ecológicos que

minimize o efeito de isolamento; o controlo da dispersão da ocupação urbana; o reforço das

centralidades; a articulação das acessibilidades com os núcleos existentes e a reabilitação/reconversão

das áreas industriais obsoletas.

O Estudo cumpre as Directivas Aves e Habitats, bem como todos os compromissos formais de

conservação de habitats e espécies de importância comunitária associados às ZPE e aos SIC.

Ao longo do processo de avaliação é sempre referida identificação e medição de impactes directos e

indirectos (e.g. efeitos de orla e isolamento), só nas propostas é feita referência à importância dos

impactes cumulativos sobre a biodiversidade.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

O reforço e criação de zonas ecológicas na envolvente do NAL, a implementação de um SGA às

infraestruturas e a avaliação dos impactes cumulativos são propostas que vão ao encontro das

orientações da CDB, e portanto contribuem para uma maior protecção e conservação da biodiversidade.

A proposta de reordenamento da EER é a que apresenta menor relevância, devido ao facto de não

conferir estatutos legais de protecção fortes.

4.3.1.4. CASO 4. PLANO DIRECTOR MUNICIPAL DE VILA FRANCA DE XIRA (PDM-VFX)

Quadro 4-30. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso nacional 4

Orientações

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Abordagem Casos

Page 83: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

71

O PDM entra em conflito com as orientações da CDB, uma vez que provoca a perda de recursos naturais

e, consequentemente da biodiversidade pela degradação do espaço rural. Esta deve-se

fundamentalmente às actividades extractivas e à edificação dispersa. Para além disso, no PDM não são

muito evidentes as medidas propostas para o recuperar. Duas das principais medidas para a protecção e

conservação da biodiversidade são o reforço da estrutura verde e o desenvolvimento do ecoturismo.

É notória a abordagem integrada das questões da biodiversidade no sector económico e social pela

articulação das actividades económicas com a EEU, promovendo a valorização cultural e económica dos

recursos naturais, e ainda pelo aumento dos regimes de exploração de agricultura biológica.

Não é evidente a adopção de uma Abordagem Ecossistémica.

Os serviços dos ecossistemas das áreas florestais existentes são muito valorizados como contributo

para o sequestro de carbono. A afectação de uma vasta área do concelho à EEU contribui para a

renaturalização de áreas com potencial ecológico, para a consolidação dos corredores verdes e para a

criação de condições favoráveis à biodiversidade e controlo dos escoamentos hídricos, essencial na

gestão das cheias. Deste modo, a EEU contribui para reforçar os serviços dos ecossistemas.

As FMD identificadas são a extracção de inertes em áreas coincidentes com áreas de interesse ecológico

e ambiental, os efluentes e, a longo-prazo, as alterações climáticas.

Como FMI foi identificada a conjuntura de uma crise alimentar, que afecte as necessidades das

comunidades locais.

A avaliação da biodiversidade só se revelou ao nível dos ecossistemas. Existe uma grande preocupação

com o risco de degradação dos mesmos, devido à impermeabilização dos solos e aumento da pressão

humana resultantes da articulação das actividades económicas com a EEU. É referida ainda a

necessidade de assegurar a integridade biofísica e paisagística dos ecossistemas.

No que diz respeito à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos

ecossistemas a maior referência vai para as grandes áreas afectas à RAN, à REN e à Rede Natura 2000.

É referido como essencial o reforço e a salvaguarda das áreas naturais sensíveis e o desenvolvimento da

EEU.

No que toca à FMD “extracção de inertes” não são apresentadas medidas de controlo e gestão dos riscos

de destruição do solo e dos sistemas ecológicos, devido à impossibilidade legal do município proteger

efectivamente os valores naturais e ambientais presentes nessas áreas. Quanto à adaptação e mitigação

dos efeitos da FMD “alterações climáticas” sobre a biodiversidade também se verifica uma ausência de

estratégias municipais. É essencial criar medidas neste sector que diminuam a vulnerabilidade das

estruturas verdes aos riscos naturais, nomeadamente os incêndios florestais. A FMD “efluentes” resulta

de práticas agrícolas intensivas em meio rural. O PDM estabelece diversas medidas para resolver as

graves carências que se identificaram ao nível da drenagem e do tratamento dos mesmos.

Page 84: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

72

A FMI identificada (crise alimentar) pode potenciar o recurso a métodos de agricultura intensiva, que

apresenta um maior impacte sobre os recursos naturais e a biodiversidade.

No que respeita à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não

foi evidente no PDM algum indício do seu incumprimento.

Não são avaliados os impactes cumulativos nem propostas medidas para reduzir os seus efeitos sobre

a biodiversidade.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

As propostas de melhoria apontadas permitem reforçar a protecção e conservação da biodiversidade, já

que estabelecem a consolidação dos corredores ecológicos, reforçam os serviços dos ecossistemas,

promovem a protecção de áreas com valor ecológico não classificadas e a gestão ambiental nos sectores

agrícola e industrial.

4.3.1.5. CASO 5. PLANO DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA (POOC) DA ILHA DE SANTA MARIA

Quadro 4-31. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso nacional 5

Orientações

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Abordagem Casos

O Plano entra em conflito com as orientações da CDB, na medida em que conduz à perda de

biodiversidade devido à crescente artificialização de áreas costeiras; à pressão urbanística e ao

desenvolvimento turístico desregrado.

É notória a preocupação com a integração da biodiversidade nas políticas sectoriais, nomeadamente nos

sectores económico, agrícola e turístico, o que denota a adopção de uma abordagem integrada.

Page 85: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

73

No decorrer da avaliação das questões da biodiversidade não foi utilizada qualquer Abordagem

Ecossistémica.

Os serviços dos ecossistemas são valorizados, em particular os existentes nas áreas protegidas e os

relacionados com a defesa das zonas costeiras. Estão previstas ao longo do Plano várias melhorias ao

seu estado.

Uma das FMD refere-se à poluição difusa por parte das práticas agrícolas e das indústrias extractivas. A

poluição difusa pode provocar impactes sobre a biodiversidade numa área muito vasta e portanto é mais

difícil de prever a extensão dos danos. Outra FMD identificada é a conversão do uso do solo, resultante

da artificialização do território.

Não se tornou evidente a consideração de FMI.

Quanto à avaliação dos níveis da biodiversidade o nível genético não foi abordado, focando-se apenas

nos ecossistemas e espécies. A avaliação de ecossistemas passa fundamentalmente pela articulação

com as actividades económicas, reforçando a prevenção e mitigação dos riscos à sua protecção e

conservação. No que toca às espécies é referido principalmente a preservação e recuperação de fauna e

flora ameaçada e endémica e o reforço do conhecimento acerca das espécies existentes no interior das

áreas protegidas.

Em relação à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos ecossistemas a

maior referência é para às áreas protegidas e outras com valor ecológico, nomeadamente à sua

protecção e valorização, através da gestão das actividades aí desenvolvidas e apostando na

monitorização ambiental das medidas de protecção. Até os indicadores desenvolvidos remetem na sua

totalidade para a avaliação destas áreas e dos serviços dos ecossistemas associados.

Quanto à FMD “poluição difusa” são apresentadas como resposta o ordenamento das explorações de

indústria extractiva, com a compatibilização desta actividade com os restantes usos do solo e a melhoria

das condições de qualidade dos ecossistemas envolventes. Quanto ao sector agrícola devem adoptar-se

práticas ambientalmente sustentáveis, reduzindo a utilização de contaminantes na água e no solo. No

que toca à artificialização do território e à não são apresentadas medidas de resposta.

É referido no Plano o cumprimento de toda a legislação existente na Região Autónoma dos Açores

relativa à manutenção e recuperação do meio ambiente e habitats. Quanto à legislação comunitária e

internacional de protecção e conservação da biodiversidade não foi evidente no Plano algo que levasse a

concluir acerca do seu incumprimento.

Apesar de ao longo do processo de avaliação ser dada muita importância à identificação e medição de

impactes, não é referida à avaliação de impactes cumulativos sobre a biodiversidade.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

Page 86: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

74

A definição de propostas de requalificação e valorização, a melhoria da gestão ambiental de áreas com

valor ecológico e o reforço da monitorização ambiental dentro e fora das áreas protegidas são propostas

que seguem as orientações da CDB, reforçando a protecção e conservação da biodiversidade.

4.3.1.6. CASO 6. PLANO DE ORDENAMENTO DA ALBUFEIRA DAS FRONHAS (POAF)

Quadro 4-32. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso nacional 6

Orientações

CDB

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Abordagem Casos

A área de intervenção do POAF não se insere em nenhuma área protegida ou classificada no âmbito do

SNAP ou Sítios e ZPE incluídas no Plano Sectorial da RN 2000. Daí não existirem problemas ambientais

relacionados com zonas de especial importância ambiental. Apesar disso, foram identificados vários

aspectos que conflituam com as orientações da CDB, dado que contribuem para a perda de recursos

naturais e, consequentemente da biodiversidade: a existência de diversas áreas com potencial risco de

erosão, que podem afectar o bom estado ecológico da água da albufeira; a expansão de espécies

invasoras, que tem vindo a eliminar as espécies autóctones e a perda de serviços dos ecossistemas, em

particular da função de estabilização de solos e prevenção da erosão.

A promoção do aumento da qualidade ecológica da albufeira numa perspectiva de desenvolvimento

sustentável denota a adopção de uma abordagem integrada no modo como a biodiversidade é

considerada.

Não é evidente a adopção de uma Abordagem Ecossistémica.

Quanto aos serviços dos ecossistemas é notória a preocupação em optimizar os benefícios que os

mesmos transportam. A medida mais evidente corresponde à reconversão de áreas florestais em zonas

de declive acentuado com predominância de Eucalipto, que dificultam a estabilização dos solos, pondo

em risco a qualidade da água da albufeira.

Page 87: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

75

Como FMD é identificada a alteração dos usos do solo. O abandono de áreas agrícolas aumenta o risco

de incêndio florestal, que ocorrendo, leva a desequilíbrios no ecossistema.

Como FMI conta-se o forte êxodo populacional associado à deslocação da população residente activa

para outros concelhos, o que conduz ao abandono das actividades económicas rurais e das práticas

agrícolas e florestais tradicionais. Tal facto repercute-se sobre a biodiversidade.

No que diz respeito à avaliação da biodiversidade não é abordado o nível genético. Ao nível dos

ecossistemas é promovida a qualidade dos casos mais sensíveis e a conservação de habitats. Quanto

às espécies é dada especial importância à recuperação e conservação da vegetação ripícola e da

ictiofauna, e ao repovoamento das áreas com espécies autóctones. É de destacar, em ambos os casos, a

relevância da monitorização das medidas de protecção e conservação estabelecidas.

No que diz respeito à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos

ecossistemas é referida a necessidade de recuperar e reconverter áreas degradadas, nomeadamente as

que são sensíveis em termos ecológicos e as que apresentam um potencial risco de erosão. Quanto às

actividades que estimulam a FMD contam-se o abandono de áreas agrícolas. Como possível solução

promove-se a plantação de espécies autóctones, que assegurem a contenção dos solos e a protecção da

água e da biodiversidade. Em relação à FMI devem ser criadas alternativas complementares à

agricultura, sobretudo no campo do turismo, de modo a evitar o êxodo das populações, aproveitando de

forma correcta as albufeiras existentes.

A legislação foi cumprida, inclusive os objectivos da RAN e da REN. Como a área de intervenção do

Plano não se encontra inserida em nenhuma área protegida ou classificada não foram estabelecidos

objectivos de protecção ambiental a nível internacional e comunitário para a área de intervenção.

Ao longo do processo de avaliação do Plano é referida a importância na identificação e avaliação dos

impactes cumulativos sobre a biodiversidade. No entanto, no âmbito da AAE estes não são referidos.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

Não foi evidente a apresentação de propostas no âmbito deste caso.

Page 88: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

76

4.3.1.7. CASO 7. REVISÃO DO PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NACIONAL DA PENEDA-

GERÊS (POPNPG)

Quadro 4-33. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso nacional 7

Orientações

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É notória a abordagem integrada das questões da biodiversidade no sector económico e social através

da promoção de um modelo de desenvolvimento sustentado que compatibiliza as actividades humanas e

a promoção do nível e qualidade de vida das comunidades residentes, com a conservação e valorização

da paisagem humanizada e do património natural e cultural que lhe está associado. Por outro lado, o

ordenamento do Parque não integra explicitamente a componente da conservação da natureza e

biodiversidade com os usos dominantes do solo. De um modo geral, não existe incompatibilidade dos

usos do solo actuais com habitats de elevado valor de conservação, verifica-se apenas alguma

incompatibilidade com algumas das práticas de gestão nos diferentes espaços de uso, nomeadamente

nos espaços de uso silvopastoril.

Não é utilizada uma Abordagem Ecossistémica na consideração da biodiversidade.

É referida a importância estratégica das actividades e práticas tradicionais de gestão territorial, de forma

a proteger e conservar os serviços dos ecossistemas, indispensáveis à manutenção do património

natural e cultural no Parque.

Como FMD refere-se a extracção de inertes, as alterações nos usos do solo, a colheita de plantas

aromáticas medicinais, o pastoreio, a caça ilegal e a instalação de infraestruturas de transporte (e.g.

sector da energia). As alterações climáticas, associadas à manutenção de práticas incorrectas de gestão

pelo fogo, ao abandono de áreas cada vez maiores, podem potenciar os incêndios florestais, agravando

a vulnerabilidade e risco de erosão em algumas áreas.

Quanto às FMI não há referência evidente.

A avaliação da biodiversidade é concretizada nos três níveis. A nível dos ecossistemas e das espécies

é promovida a monitorização de habitats e espécies prioritários, de modo a permitir uma efectiva

Page 89: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

77

protecção e conservação dos mesmos; a reconstituição de habitats de refúgio de espécie de fauna e flora

e valorização dos ecossistemas naturais; a interdição de actividades que impliquem a destruição directa

dos habitats e a diminuição dos níveis de wilderness e a optimização da continuidade entre habitats

relevantes através de corredores ecológicos.

A nível genético a necessidade passa pela pesquisa de fontes genéticas para fins científicos e

simultaneamente a garantia da manutenção das que se revelarem interessantes para o futuro da

humanidade.

No que diz respeito à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos

ecossistemas nota-se a relevância na elaboração e implementação de um plano de gestão para as AIE; a

inventariação, valorização e gestão dos geosítios; a gestão do coberto vegetal e restauração com

espécies nativas e o zonamento do solo, consoante os valores ecológicos presentes.

Em relação às forças motrizes directas pretende-se a interdição das actividades extractivas em toda a

área do Parque, através de fiscalização adequada e regulamentar a edificabilidade fora dos perímetros

do Parque, monitorizando as alterações dos usos do solo e definindo usos preferenciais.

No que respeita à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não

foi evidente no POPNPG algum indício do seu incumprimento.

Finalmente, é notória a preocupação com a previsão dos impactes cumulativos sobre a biodiversidade.

É identificada a pressão da actividade silvopastoril, com o encaminhamento do gado para as mesmas

áreas durante todo o ano, o que cumulativamente com o recurso a práticas de gestão dos matos e

pastagens (e.g. queimadas descontroladas) inviabiliza a regeneração natural e degrada os habitats, em

particular os mais sensíveis.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

As propostas definidas contribuem para a protecção e conservação dos recursos naturais e paisagísticos

relevantes e da biodiversidade. É notória a importância da criação de planos de monitorização de

espécies e habitats prioritários, a articulação entre os usos e práticas e o ordenamento do território e o

reforço dos serviços dos ecossistemas, em particular nas áreas florestais.

Page 90: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

78

4.3.2. CASOS INTERNACIONAIS

4.3.2.1. CASO 1. PLANO DE PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA PARA A COMUNIDADE AUTÓNOMA

(CA) DE CASTILLA E LEÓN

Quadro 4-34. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso internacional 1

Orientações

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Abordagem Casos

O Plano apresenta diversas irregularidades no seguimento dos objectivos da CDB. Em primeiro lugar não

delimita de forma adequada as áreas ecologicamente sensíveis, devido à escala inadequada a que

aborda a biodiversidade (1:200 000). Este facto leva a que não seja possível identificar com exactidão

todos os ecossistemas e, consequentemente todos os serviços dos ecossistemas afectados, o que

também impede a identificação e consulta de todos os stakeholders relevantes durante o processo de

avaliação. Outra irregularidade prende-se com a ausência de estudos sobre as rotas de migração de

espécies de aves migratórias, o que não permite concluir acerca do grau de afectação a que estão

sujeitas. Objectivos como a identificação e monitorização de ecossistemas e habitats frequentados por

espécies migratórias (Anexo I – texto da CDB), a identificação e gestão das áreas protegidas e a

conservação da biodiversidade dentro e fora das mesmas (alíneas a, b, c e e do Art.º 8º do texto da CDB)

e a cooperação transfronteiriça não são cumpridos pelo Plano. Este último é mesmo evidenciado como

um dos sub-objectivos do objectivo 3 da EEB (“Reforçar a coordenação transfronteiriça em situações de

interdependência de ecossistemas e processos ecológicos, de migração de espécies, de manutenção de

bancos de genes e de pressões/ameaças de natureza transfronteiriça”).

Apesar da abordagem integrada da biodiversidade ser evidente no Plano, pela elaboração de um mapa

de impacte global, que sugere a interligação entre os aspectos ecológicos, sociais e económicos, ela não

provou ser efectiva, isto porque não permitiu a definição clara e evidente das áreas onde a implantação

dos parques é permitida, nem das condições a respeitar para tal permissão.

Page 91: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

79

O presente Plano não recorre à Abordagem Ecossistémica na consideração da biodiversidade, não faz

referência aos serviços dos ecossistemas, nem considera quaisquer forças motrizes.

Em relação aos três níveis da biodiversidade só é avaliado de forma evidente o nível das espécies, com

a identificação de espécies sensíveis de fauna e flora existentes nas áreas protegidas e inventariadas a

nível nacional e internacional, em particular na Directiva Habitats.

Relativamente à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos ecossistemas

só é feita referência às áreas sensíveis, com estatuto de protecção. Como resposta à implantação dos

parques eólicos só é referida a reflorestação de áreas afectadas. A própria elaboração do mapa de

impacte global sugere a relevância concedida às áreas, em detrimento das actividades que estimulam as

forças motrizes e afectam a biodiversidade, que nem são referidas ao longo do processo de avaliação.

Pelas irregularidades supracitadas é evidente que o Plano não dá resposta às obrigações legais de

protecção e conservação da biodiversidade.

Quanto aos impactes cumulativos não há qualquer referência à sua identificação e avaliação.

Por último, e apesar dos seguintes aspectos não estarem directamente relacionados com a abordagem

da biodiversidade, é relevante a sua consideração como forma de evitar a repetição dos mesmos em

outras AAE. Em primeiro lugar não há definição de indicadores nem de programas de monitorização para

o Plano, excepto ao nível do projecto (cada turbina eólica foi avaliada em seio de Avaliação de Impacte

Ambiental). Em segundo lugar surge a participação tardia, que decorreu após a elaboração da

Declaração Ambiental. O Plano não era acessível para consulta e os mecanismos de notificação muito

pobres. Desta forma, só decorreu um processo de informação da população e não houve consulta

pública. Em último lugar não foi elaborado nenhum sumário não técnico, apesar de este ser obrigatório.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

Não foi evidente a apresentação de propostas no âmbito deste caso.

Page 92: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

80

4.3.2.2. CASO 2. PLANO LOCAL DE TRANSPORTE DE GLOUCESTER, INGLATERRA

Quadro 4-35. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 2

Orientações

CDB

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Abordagem Casos

O Plano apresenta alguns problemas no que toca à protecção e conservação da biodiversidade,

nomeadamente no que se refere à utilização indevida de corredores ecológicos, ao originar de

perturbações em elementos delimitadores de habitats (e.g. cursos de água e habitats urbanos) e à

afectação da biodiversidade devido à implementação das diversas infraestruturas de transporte.

Os aspectos ambientais chave considerados sugerem a adopção de uma abordagem integrada da

biodiversidade. No âmbito do Plano é referida a construção de passagens para a fauna nos casos em

que as infraestruturas de transporte interfiram com as áreas ocupadas pelas espécies.

Durante o processo de avaliação foi adoptada a Abordagem Ecossistémica, que possibilita a protecção

de todos os valores de biodiversidade e não apenas os raros ou os que já apresentem um estatuto legal.

Esta abordagem permite avaliar os impactes directos sobre os ecossistemas com valor ecológico mas

também a fragmentação e a perda de habitats, as alterações hidrológicas, a qualidade da água e do ar.

Quanto aos serviços dos ecossistemas é notória a preocupação em proteger e conservar os benefícios

que os mesmos transportam. Para tal, recorreu-se aos SIG para mapear os bens e serviços ambientais

existentes nas áreas afectadas, de modo a verificar como é que as opções estratégicas e as medidas

referidas no Plano os afectam.

Quanto às FMD identificadas contam-se a perda e fragmentação de habitats, os efeitos causadores de

mortalidade de espécies (e.g. contaminação do solo durante os trabalhos de escavação) e alterações na

qualidade da água e do ar.

Como FMI conta-se uma potencial mudança cultural.

Page 93: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

81

No que diz respeito à avaliação da biodiversidade ela é desenvolvida ao nível dos ecossistemas e das

espécies. Deve ser dada especial importância à conservação dos que são legalmente protegidos, e à

redução da área de perda de habitats prioritários incluídos no Plano de Acção sobre a Biodiversidade (em

particular os pertencentes aos SIC e ZPE) junto aos limites das auto-estradas. Deve promover-se a

monitorização dos ecossistemas com valor ecológico e a previsão de impactes sobre os mesmos. É

ainda relevante a conservação dos habitats de aves e espécies migratórias sensíveis. Destaca-se a

relevância da monitorização das medidas de protecção e conservação estabelecidas. Apesar de ser

referido como objectivo do Plano a avaliação da biodiversidade a todos os níveis não é apresentada,

posteriormente, qualquer medida nem orientação de como deve ser avaliado o nível genético.

Em relação à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos ecossistemas é

referida a necessidade de conservação e aumento das áreas classificadas, em particular dos SSSI, da

Rede Natura 2000 e das áreas de paisagem especial, e o mapeamento dos bens e serviços ambientais

existentes em cada área afectada.

Quanto às actividades que estimulam a FMD conta-se o reforço da infraestruturação. Como possível

solução promove-se a recriação de habitats, medidas de melhoria da qualidade da água, do ar e dos

solos.

A FMI identificada é potenciada pela aproximação de redes viárias junto a edifícios históricos, o que pode

potenciar o aumento das deslocações aos locais. Esta movimentação acrescida cria impactes sobre a

biodiversidade do local. Não é evidente no Plano a apresentação de medidas de resposta.

Quanto à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não foi

evidente no Plano algo que levasse a concluir acerca do seu incumprimento.

Ao longo do processo de avaliação do Plano é referida a importância na identificação e avaliação dos

impactes cumulativos sobre a biodiversidade. Conclui-se que não existem outros planos que

provoquem efeitos cumulativos com os identificados no âmbito do presente plano.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

As propostas de criação de corredores ecológicos onde se revelar necessário e de criação e protecção

de redes ecológicas e a recriação de habitats são adequadas para fomentar a protecção e conservação

da biodiversidade.

De notar, que deveriam ter sido desenvolvidos indicadores mais específicos associados à protecção da

biodiversidade, em particular no que respeita às áreas classificadas, espécies, habitats prioritários e

áreas de conexão.

Page 94: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

82

4.3.2.3. CASO 3. PROGRAMA DE COOPERAÇÃO ENTRE A LITUÂNIA E A POLÓNIA

Quadro 4-36. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 3

Orientações

CDB

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Abordagem Casos

É notória a abordagem integrada das questões da biodiversidade através da promoção do turismo

ecológico, concordante com as características ecológicas e as limitações sociais. Todas as actividades

no âmbito do Programa, em particular o desenvolvimento de infraestruturas devem ter em consideração

os valores das áreas protegidas, e os serviços dos ecossistemas associados, de modo a manter intactos

os valores naturais e culturais. Há ainda a referência ao desenvolvimento de um sistema de gestão dos

recursos hídricos que disponibilize água potável à população e assegure a protecção efectiva das

massas de água, o potencial recreativo a ainda a diversidade e produtividade dos ecossistemas

aquáticos.

Durante o processo de avaliação não foi adoptada uma Abordagem Ecossistémica.

Em relação aos serviços dos ecossistemas é reforçada a sua função de estabilizador dos solos através

de práticas agrícolas e da plantação de vegetação que contribuam para evitar ou minimizar a erosão dos

mesmos.

As FMD identificadas são as alterações no uso do solo, a perda de solos e a poluição difusa.

Como FMI foi identificada a depressão económica.

A avaliação da biodiversidade verifica-se apenas ao nível dos ecossistemas. Nos ecossistemas é

promovida a restauração e a preservação dos recursos e outros elementos naturais destruídos, a

manutenção e restauração dos estatutos de conservação de habitats naturais e a consideração dos

impactes resultantes do desenvolvimento de infraestruturas em “zonas verdes” não apenas sobre as

áreas protegidas mas também sobre os corredores ecológicos e outros ecossistemas relevantes.

Page 95: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

83

Quanto à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos ecossistemas é

fomentado o desenvolvimento da rede Natura 2000, incluindo a legislação relativa aos corredores

ecológicos, o reforço da protecção no interior das áreas protegidas existentes e o desenvolvimento de

planos de gestão de recursos naturais e de áreas protegidas com carácter transfronteiriço.

A FMD “perda de solos” resulta dos trabalhos de impermeabilização do solo. O Programa não apresenta

medidas de protecção do solo. A FMD “alterações no uso do solo” é estimulada pela expansão da

urbanização. Os impactes desta força motriz sobre a biodiversidade podem ser reduzidos apostando em

melhoramentos das infraestruturas existentes. A FMD “poluição difusa” surge como resultado das

práticas agrícolas insustentáveis, de carácter cada vez mais intensivo. A resposta passa pela promoção

de boas práticas, que evitem a utilização de contaminantes e promovam uma exploração agrícola menos

intensiva.

A FMI “depressão económica” favorece a eficiência energética, que permite uma optimização dos

desempenhos e, consequentemente, reduz os níveis de poluição (e.g. emissões, efluentes). Este facto

afecta a biodiversidade de forma positiva.

Em relação à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não foi

evidente no Programa algo que revelasse o seu incumprimento.

Ao longo do processo de avaliação foram identificados impactes cumulativos negativos e positivos

sobre a biodiversidade. Os negativos estão associados ao desenvolvimento do turismo e outras

actividades entre fronteiras, que levam à necessidade de reforçar as redes e infraestruturas viárias. A

longo-prazo o tráfego irá aumentar e com ele a poluição do ar e os efeitos das alterações climáticas, que

afectam de forma negativa a biodiversidade. Os positivos resultam de sinergias entre a transferência de

tecnologias sustentáveis e as acções de desenvolvimento: estas tecnologias promovem a eficiência

energética criando impactes positivos na qualidade da água, na gestão de recursos e, a longo-prazo,

sobre as alterações climáticas.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

Ter em conta nos planos de desenvolvimento a Abordagem Ecossistémica é uma proposta que melhora

a abordagem da biodiversidade, uma vez que contribui para o reforço da sua protecção e conservação.

Page 96: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

84

4.3.2.4. CASO 4. PROGRAMA OPERACIONAL PARA O FUNDO EUROPEU DE DESENVOLVIMENTO

REGIONAL PARA A REGIÃO SUDESTE DE INGLATERRA

Quadro 4-37. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 4

Orientações

CDB

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Abordagem Casos

É notória a abordagem integrada da biodiversidade através da promoção da preocupação com as

questões ambientais ao nível empresarial e do desenvolvimento das comunidades locais apostando na

redução da sua pegada ecológica.

Verifica-se uma aproximação à aplicação do conceito de Abordagem Ecossistémica através do

progressivo aumento de esquemas agro-ambientais, que beneficiam as áreas onde são aplicados através

de práticas de gestão do solo melhoradas, que permitem proteger e restaurar a biodiversidade, o solo e a

qualidade da água. Esta situação reforça o papel das populações na gestão da biodiversidade, a gestão

para além das áreas protegidas e a optimização dos serviços dos ecossistemas. Contudo, há que

continuar a reforçar a integração efectiva das populações locais nos processos de conservação e gestão

da biodiversidade.

Quanto à protecção e conservação dos serviços dos ecossistemas deve ser apoiada a integração entre

as actividades económicas das áreas rurais e o fornecimento de bens e serviços nas áreas urbanas. É

também referido o reforço dos serviços dos ecossistemas através da criação de espaços de

armazenamento de cheias.

As FMD identificadas são a perda de habitats, usos do solo incompatíveis, introdução de espécies e

poluição, e a longo-prazo o efeito das alterações climáticas.

Quanto às FMI conta-se o crescimento da população.

A avaliação da biodiversidade apenas não é concretizada a nível genético. A nível dos ecossistemas é

referida a necessidade de protecção e reforço da qualidade dos habitats selvagens, das paisagens e da

zona costeira; o reforço do conhecimento acerca da extensão e do estado dos habitats chave incluídos

Page 97: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

85

no Plano de Acção Comunitário. Ao nível das espécies é dada especial importância à identificação e

conservação de ZPE para as espécies raras e vulneráveis, listadas no anexo I da Directiva Aves, bem

como para todas as aves migratórias.

No que diz respeito à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos

ecossistemas é perceptível a importância da protecção e reforço dos elementos naturais da região (e.g.

corredores ecológicos, florestas antigas, parques nacionais e áreas de beleza natural excepcional) e o

conhecimento do estado dos SSSI. Quanto à FMD “alterações climáticas” é referida como resposta o

desenvolvimento de iniciativas que abordem as suas causas e estudem estratégias de adaptação aos

impactes.

Quanto à FMD “alterações climáticas” é referida como resposta o desenvolvimento de iniciativas que

abordem as suas causas e estudem estratégias de adaptação aos impactes.

A FMI “crescimento da população” leva a um aumento das descargas de efluentes domésticos tratados

nos rios, o que aumenta a poluição e afecta a qualidade da água e, consequentemente, a biodiversidade.

A acrescer a este impacte vem a poluição da água como resultado de práticas agrícolas. De modo a

concluir acerca do grau de afectação dos recursos naturais e da biodiversidade é essencial avaliar os

impactes cumulativos.

Em relação à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não foi

evidente no POPNPG algum indício do seu incumprimento.

Finalmente, é notória a preocupação com a previsão e avaliação dos impactes cumulativos sobre a

biodiversidade. Os impactes cumulativos associados ao Programa são os que resultam das seguintes

interacções: (1) aumento da procura no sector dos transportes e a qualidade do ar; (2) Procura de

energia e emissões de CO2 e (3) Qualidade do ambiente, saúde e bem-estar humano.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

Não foi evidente a apresentação de propostas no âmbito deste caso.

Page 98: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

86

4.3.2.5. CASO 5. PLANO LOCAL DO PARQUE NACIONAL DE CAIRNGORMS, ESCÓCIA

Quadro 4-38. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 5

Orientações

CDB

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Abordagem Casos

O Plano Local para o Parque Nacional de Cairngorms veio substituir os quatro planos locais existentes,

produzidos pelas autoridades locais de cada uma das áreas administrativas que o Parque intersecta.

Desta forma, todos os dados recolhidos referentes aos recursos e património natural do Parque não

podem ser analisados ao nível do Plano, uma vez que são provenientes de várias áreas administrativas.

Estes dados vêm, muitas vezes em formatos diferentes, o que dificulta a sua análise e comparação e

pode comprometer a protecção e conservação da biodiversidade.

Quanto à abordagem integrada da biodiversidade ela é alcançada através de medidas como a

promoção da sensibilização e compreensão das interacções entre usos do solo, turismo, contacto com o

exterior e conservação da natureza; da promoção de oportunidades Business & Biodiversidade e do

turismo sustentável.

Apesar do objectivo do Parque ser a integração da gestão dos vários sectores e áreas existentes no seu

interior, não se pode considerar que tal responda aos critérios que definem a Abordagem

Ecossistémica.

Relativamente aos serviços dos ecossistemas é evidente a preocupação em fomentar as acções de

desenvolvimento que utilizem e promovam os produtos madeireiros do local e em gerir os recursos do

Parque de modo a reforçar esses serviços.

AS FMD identificadas são a perda e fragmentação de habitats, a alteração nos usos do solo, a introdução

de espécies invasoras.

Não há referência a nenhuma FMI.

Page 99: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

87

A avaliação da biodiversidade é desenvolvida ao nível dos ecossistemas e das espécies e baseia-se

em medidas como a manutenção da integridade e conectividade dos ecossistemas; a protecção robusta

de espécies e habitats prioritários, nomeadamente os pertencentes às áreas classificadas como Rede

Natura 2000 e a criação de habitats para espécies prioritárias. Deve ainda ser dada prioridade à

abordagem de espécies invasoras que representam uma ameaça ao património natural e à gestão do

Parque.

É de destacar a importância da monitorização com o desenvolvimento de um programa de pesquisa que

forneça informações e monitorize os habitats, espécies e ecossistemas, funcionando como um guia para

futuros processos de decisão.

Relativamente à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos ecossistemas

é referida a protecção daquelas que apresentem elementos de património natural, a importância dos

corredores ecológicos para a conservação e a gestão das zonas húmidas.

Quanto às actividades que estimulam a FMD contam-se as acções de desenvolvimento relacionadas com

a construção das novas habitações. A deslocação de novos residentes para o interior do Parque leva ao

aumento de espécies invasoras na área e, portanto dos impactes destas sobre as espécies nativas.

Quanto à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não foi

evidente no Plano algo que levasse a concluir acerca do seu incumprimento.

Ao longo do processo de avaliação destaca-se a importância na identificação e avaliação dos impactes

cumulativos sobre a biodiversidade. Os impactes cumulativos potenciais estão relacionados com as

acções de desenvolvimento junto aos rios existentes e a descarga de efluentes, ambos devido ao

desenvolvimento de habitações dentro dos domínios de Parque (Anexo VII). No entanto, não se prevêem

impactes cumulativos significativos.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

Não foi evidente a apresentação de propostas no âmbito deste caso.

Page 100: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

88

4.3.2.6. CASO 6. ACORDO N.º CE 25/2001 – ESTUDO HONG KONG 2030: PLANEAMENTO DA

VISÃO E ESTRATÉGIA

Quadro 4-39. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 6

Orientações

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Abordagem Casos

No presente Estudo a gestão e reforço das áreas naturais para o benefício da biodiversidade e das

comunidades denuncia a adopção de uma abordagem integrada no modo como a biodiversidade é

considerada.

A Abordagem Ecossistémica não foi adoptada na consideração da biodiversidade.

Quanto aos serviços dos ecossistemas é notória a preocupação em utilizar, de modo sustentável, os

benefícios que os mesmos transportam e em reforçar o interesse na criação de um mercado de bens e

serviços ambientais. Para tal, deve ser explorado o mecanismo Joint Environment Markets Unit (JEMU),

que promove o mercado ambiental no meio empresarial.

Como FMD são identificadas a perda de solo rural e a proliferação de resíduos.

Como FMI conta-se o aumento da população e consequentemente a redução das áreas agrícolas, devido

à ocupação urbana. Este facto afecta negativamente a biodiversidade.

No que diz respeito à avaliação da biodiversidade não é abordado o nível genético. Ao nível dos

ecossistemas é promovida a protecção dos habitats mais representativos, em particular os habitats

marinhos. Nos casos em que não é possível evitar a sua degradação deve optar-se pela sua restauração.

Quanto às espécies é referida a importância do conhecimento acerca da sua distribuição e abundância.

Em ambos os casos é essencial reforçar o conhecimento acerca do estado de conservação.

No que diz respeito à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos

ecossistemas é referida a necessidade de reforçar a protecção e gestão dos locais ecológicos

classificados e outras áreas sensíveis e a criação de áreas de conservação e de zonas de protecção

costeira na elaboração de planos de zonamento.

Page 101: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

89

Quanto às actividades que estimulam as FMD “perda de solo rural” e “resíduos conta-se a proliferação de

infraestruturas. Em relação à FMD “resíduos” deve recorrer-se a medidas que promovam a reciclagem e

a reutilização dos materiais e a utilização progressiva de produtos ecológicos. Quanto à perda de solo

rural devem ser desenvolvidas estratégias de resposta.

Quanto a medidas para reduzir o efeito da FMI sobre a biodiversidade terá de se promover formas de

desenvolvimento mais sustentáveis, que não impliquem a perda de zonas rurais, ou que a minimize.

Quanto à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não foi

evidente no Estudo algum indício do seu incumprimento.

Durante o Estudo são identificados impactes cumulativos sobre a qualidade da água e do ar, a poluição

e efeitos directos sobre a biodiversidade, a paisagem e o património cultural, devido à implementação do

futuro aeroporto, diversas alterações realizadas ao nível do porto e inúmeras infraestruturas de suporte.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

As propostas de promoção do ecoturismo e da agricultura biológica e a avaliação dos impactes de

infraestruturas sobre a biodiversidade marinha vão ao encontro das orientações da CDB, ao promover a

protecção e conservação da biodiversidade.

4.3.2.7. CASO 7. PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DAS FIJI

Quadro 4-40. Comparação entre as orientações da CDB e a abordagem da biodiversidade no caso

internacional 7

Orientações

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Abordagem Casos

O Plano apresenta alguns problemas no que toca à protecção e conservação da biodiversidade,

nomeadamente à não valorização de muitos dos benefícios ambientais, devido à ausência de dados

Page 102: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

90

plausíveis e uma adequada metodologia. Para além disso, existem lacunas nas informações disponíveis

sobre espécies e habitats ameaçados.

A promoção do desenvolvimento turístico em consonância com as políticas de gestão de diversos

sectores sugere a adopção de uma abordagem integrada da biodiversidade.

A Abordagem Ecossistémica não foi adoptada na consideração da biodiversidade.

No Plano tornou-se evidente a preocupação em manter o acesso das comunidades locais aos recursos

naturais e, consequentemente aos bens e serviços dos ecossistemas. É também a protecção e

conservação destes bens e serviços que mantém o turismo da ilha. Os mangais, por exemplo, servem de

protecção contra as marés e tempestades, protegendo a zona costeira, e ainda fornecem madeira e

matéria-prima para fabrico de medicamentos.

Quanto às FMD identificadas contam-se a alteração dos usos do solo e. a longo-prazo, as alterações

climáticas.

Como FMI refere-se uma mudança cultural.

No que diz respeito à avaliação da biodiversidade ela é desenvolvida ao nível dos ecossistemas e das

espécies. Deve ser dada especial importância à afectação de ecossistemas sensíveis e espécies em

risco; à manutenção da qualidade e da área dos ecossistemas; ao desenvolvimento de programas e

fundos de protecção e conservação de espécies ameaçadas; à protecção e gestão integrada da zona

costeira. Não há qualquer referência à avaliação da biodiversidade ao nível genético.

Em relação à avaliação da trigger relacionada com as áreas de suporte de serviços dos ecossistemas é

referida a necessidade de criar uma Rede de Gestão da Área marinha, desenvolvendo um sistema de

pagamento de taxas no parque marinho de Bonaire, que possa, inclusive, contribuir para o financiamento

da gestão da Rede.

A FMD “alteração dos usos do solo” resulta do desenvolvimento de infraestruturas de apoio ao turismo. A

FMI “alterações culturais” resulta do progressivo aumento de habitantes com emprego na área do

turismo. Este facto levou a alterações ao nível da dieta alimentar: estes habitantes passaram a obter nas

lojas os alimentos que antes eram obtidos directamente da floresta ou do oceano. Estas diferenças

podem conduzir a alterações na forma como os habitantes valorizam os ecossistemas e os bens e

serviços associados.

Quanto à legislação comunitária e nacional de protecção e conservação da biodiversidade não foi

evidente no Plano algo que levasse a concluir acerca do seu incumprimento.

No entanto, deve ser criada legislação e financiamento mais adequados à melhoria da gestão ambiental

no sector turístico.

Page 103: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

91

Ao longo do Plano são identificados como impactes cumulativos o efeito de sucessivos

desenvolvimentos no sector do turismo sobre os recursos hídricos em áreas de captação.

Adequação das propostas de melhoria na abordagem da biodiversidade:

As propostas de valorização monetária dos serviços dos ecossistemas e da promoção do financiamento

de acções de protecção e conservação da biodiversidade pelo sector turístico contribuem para os

objectivos da CDB.

Para facilitar a análise da consistência entre as orientações propostas e a abordagem utilizada nos casos

práticos apresenta-se uma síntese dos resultados obtidos no quadro 4-41.

Page 104: Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes ... · Orientações de política sobre Biodiversidade relevantes para a Avaliação Ambiental Estratégica Cátia Andreia

92

4.3.3. QUADRO SÍNTESE DA CONSISTÊNCIA ENTRE AS ORIENTAÇÕES DA CDB E A APLICAÇÃO PRÁTICA

O quadro 4-41 apresentado sintetiza os resultados obtidos da avaliação da transposição das orientações

chave propostas pela CDB para a abordagem da biodiversidade seguida pelos casos práticos analisados.

Através da análise da forma de abordagem apresentada imediatamente após a apresentação de cada

caso, bem como dos indicadores desenvolvidos, foi possível identificar a forma como cada um deles

interpreta cada orientação chave.

Um plano/programa segue uma abordagem integrada da biodiversidade se tem em consideração a

biodiversidade de uma perspectiva biofísica, mas também como fornecedora de meios de subsistência

(e.g. actividades agrícolas e piscícolas). Os aspectos biofísicos, sociais e económicos são vistos como

complementares, sendo essa complementaridade especialmente importante nas zonas rurais, onde o

objectivo fundamental de desenvolvimento é a melhoria das condições económicas e sociais da

comunidade local. Uma boa solução para conjugar estes aspectos é, por exemplo, promover o

ecoturismo.

Se um plano/programa adopta uma Abordagem Ecossistémica, segue um princípio de gestão integrada

do solo, da água e dos recursos vivos, designando à comunidade local um papel chave na gestão da

biodiversidade, através por exemplo do aumento da sustentabilidade de práticas agrícolas e florestais,

em particular no que se refere à manutenção da integridade do solo, biodiversidade e uso eficiente da

água de rega, e na garantia da sua ligação ao turismo em espaço rural. Esta estratégia reforça também a

necessidade de uma gestão para lá das áreas protegidas e a identificação e reforço dos benefícios dos

ecossistemas.

A orientação “Serviços dos ecossistemas” é seguida por um plano/programa se estes são tidos em

consideração durante o processo de avaliação (e.g. fixação de carbono, purificação e regulação dos

recursos hídricos, regulação do clima e dos riscos naturais, recreação), em vez de considerar os recursos

naturais isoladamente (e.g. massa de água, floresta) ou apenas determinada espécie de fauna ou flora. O

conceito de serviços dos ecossistemas deve ser visto como uma forma de considerar globalmente os

benefícios que a sociedade extrai dos ecossistemas. A forma de pensamento deste conceito, por focar

também os aspectos sociais e os económicos, pode relacionar-se com a abordagem integrada da

biodiversidade. Sendo o conceito de serviços dos ecossistemas mais recente parece ter-se desenvolvido

com base na necessidade de uma abordagem biofísica, social e económica da biodiversidade.

Um plano/programa considera as forças motrizes directas e indirectas se identifica os promotores de

alteração do ecossistema, que exercem uma influência directa ou indirecta sobre o mesmo, como por

exemplo, tem em conta o impacte que a fragmentação, a introdução de espécies invasoras ou a

migração de populações exercem sobre os ecossistemas.

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93

Se um plano/programa avalia os ecossistemas, as espécies de fauna e flora e os recursos genéticos

presentes na área de influência do mesmo, então ele considera os três níveis da biodiversidade ao longo

do seu processo de avaliação.

O plano/programa segue a orientação “Avaliação das triggers” se refere que fenómenos ou acções

despoletaram as forças motrizes, e que soluções devem ser postas em prática para minimizar ou travar

esses fenómenos ou acções. Para esta orientação ser seguida na totalidade há que identificar e avaliar

as trigger do tipo 1 (afectam uma determinada área e os serviços dos ecossistemas associados), 2

(estimulam as FMD) e 3 (estimulam as FMI).

Para o plano/programa cumprir totalmente as obrigações legais de protecção e conservação da

biodiversidade deve fazê-lo em relação à legislação definida para (1) áreas protegidas e espécies

protegidas; (2) serviços dos ecossistemas valorizados (e.g. actividades florestais, protecção costeira,

áreas recreativas, áreas de infiltração de água para fornecimento de água potável – Anexo II); (3) áreas

terrestres e aquáticas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas pelas comunidades indígenas ou locais e

(4) tratados, convenções e acordos internacionais, como a Convenção da UNESCO para a Protecção de

Reservas da Biosfera e para a Protecção da Cultura e Património Natural Mundial, a Convenção de

Ramsar.

A consideração dos impactes cumulativos inclui a identificação, avaliação e a proposta de medidas de

mitigação ou compensação em resposta aos impactes totais, presentes na área de influência do

plano/programa, que resultam dos “impactes incrementais de uma dada acção quando somados aos de

outras acções, passadas, presentes ou razoavelmente previsíveis, considerando um dado período de

tempo” (NEPA, 1970).

Quadro 4-41. Quadro síntese: Consistência entre as orientações da CDB e a abordagem utilizada em cada caso

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CASOS NACIONAIS

PNBEPH

PROT-OVT

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94

NAL

PDM-VFX

POOC STA. MARIA

POAF

POPNPG

CASOS EUROPEUS / INTERNACIONAIS PLANO EÓLICO

(ESPANHA)

PLANO TRANSPORTE (INGLATERRA)

PLANO COOPERAÇÃO

(LITUÂNIA/POLÓNIA)

PROGRAMA OPERACIONAL

(INGLATERRA)

PLANO PARQUE NACIONAL (ESCÓCIA)

ESTUDO PLANEAMENTO

(HONG KONG)

PLANO TURISMO (FIJI)

Analisando o quadro síntese verifica-se que a abordagem integrada, a consideração dos serviços dos

ecossistemas fornecidos pela biodiversidade e o cumprimento das obrigações legais de preservação e

conservação são orientações seguidas na totalidade pela maioria dos casos.

Por outro lado, a Abordagem Ecossistémica da biodiversidade é a orientação menos seguida. Apenas

três dos catorze casos a seguem, dois dos quais internacionais.

A avaliação dos três níveis da biodiversidade e a avaliação das triggers são seguidas por todos os casos,

no entanto a maioria deles só as seguem parcialmente. É de destacar que a avaliação dos três níveis da

biodiversidade (ecossistema, espécie e gene) só é seguida pelo POPNPG.

De entre os casos analisados os dois que seguem todas as orientações da CDB são o Programa

Operacional para o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e o Plano Local de Transporte de

Gloucester, ambos ingleses.

Por outro lado, os dois que seguem menos orientações são o Plano de produção de Energia Eólica, da

Espanha, e o PNBEPH.

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95

De um modo geral, verifica-se que os casos europeus e internacionais apresentam uma abordagem da

biodiversidade mais consistente com as orientações da CDB do que os casos nacionais. As maiores

lacunas verificam-se ao nível da consideração das forças motrizes que influenciam a biodiversidade, da

avaliação das triggers e da previsão e avaliação dos impactes cumulativos. Quanto à adopção da

Abordagem Ecossistémica nada se pode concluir, uma vez que a vantagem dos casos

europeus/internacionais sobre os nacionais é muito pouco expressiva.

Ao contrário do que seria de esperar à primeira vista, tanto a nível nacional como internacional, nos

planos criados com o propósito de protecção e conservação da biodiversidade, como é o caso do

POPNPG e do Plano do Parque Nacional da Escócia, a incorporação da biodiversidade em AAE não é

mais efectiva do que nos outros casos. Tal facto poderá estar relacionado com a limitação imposta pela

legislação existente em matéria de protecção e conservação da biodiversidade. Por outro lado, poderá

também estar relacionado com algumas lacunas existentes a nível dos mecanismos financeiros de apoio,

bem como dos recursos humanos e técnicos nessa área.

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96

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este capítulo reúne as conclusões obtidas ao longo do estudo, apresentando algumas recomendações

de melhoria na forma de abordagem da biodiversidade em AAE, de acordo com as orientações da CDB,

e propostas para estudos futuros. Com isto pretende-se reforçar a importância de uma inclusão efectiva

da biodiversidade nos processos de desenvolvimento, e através da AAE, aproveitar os benefícios e as

oportunidades que lhe estão associados.

De modo a alcançar o Objectivo 2010 para a biodiversidade recorrendo à Avaliação Ambiental

Estratégica a CDB sugere, no guia de inclusão da biodiversidade em AAE (“Biodiversity in EIA & SEA:

Voluntary Guidelines on Biodiversity-Inclusive Impact Assessment”) a avaliação dos componentes da

biodiversidade de acordo com o proposto pelo modelo de avaliação conceptual desenvolvido pelo MA em

colaboração com a IAIA. Este modelo baseia-se nos conceitos de serviços dos ecossistemas, forças

motrizes e triggers. Outro dos modelos a adoptar é o da Abordagem Ecossistémica, assegurando o

seguimento de uma série de princípios fundamentais, que serão apresentados mais à frente neste

capítulo.

Um dos aspectos que desempenha um papel fundamental no sucesso da protecção e gestão da

biodiversidade é a abordagem económica da biodiversidade e dos ecossistemas.

Um dos estudos mais importantes e desenvolvidos nesta matéria é o TEEB, relativo à Economia dos

Ecossistemas e da Biodiversidade. Este estudo conclui acerca do agravamento do actual declínio da

biodiversidade e consequente aumento da perda dos serviços dos ecossistemas no caso do cenário

“business as usual” (IUCN, 2009a).

De um modo geral, as soluções apresentadas para responder a esta situação referem-se à promoção e

adopção de programas PES, à criação de mercados próprios e a alterações nos subsídios e

regulamentação existente para se ajustarem à efectiva protecção e gestão da biodiversidade e,

consequentemente dos serviços dos ecossistemas.

É ainda necessário desenvolver indicadores mais eficazes na quantificação dos impactes sobre a

biodiversidade e do progresso do seu estado e ainda criar indicadores específicos para os serviços dos

ecossistemas. Por outro lado, deve ser possível a quantificação do valor dos bens naturais e a

monitorização da forma como o valor desses bens pode ser inflacionado ou reduzido através de

determinados investimentos (UNEP, 2009a).

O desenvolvimento de um mercado que promova os bens e serviços fornecidos pela mesma permite a

consideração e a valorização dos benefícios que obtemos da biodiversidade nos processos de tomada de

decisão. Para levar a cabo esta iniciativa de forma eficaz devem ser tidos em conta aspectos como a

resiliência dos ecossistemas e a dificuldade na atribuição de valor a determinados bens e serviços

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97

(Conference Proceedings: High Level Conference on Business & Biodiversity, 2008), bem como dispor de

financiamento adequado.

O estudo elaborado no âmbito da presente dissertação permitiu identificar as lacunas que se verificam

actualmente na avaliação e consideração da biodiversidade nos processos de tomada de decisão, no que

se refere à aplicação da AAE. Desta forma, torna-se possível, partindo dos resultados obtidos, colmatar

as lacunas identificadas, reformulando a regulamentação corrente e o tipo de abordagem da

biodiversidade nos casos práticos, de modo a ir ao encontro das propostas e soluções apresentadas na

actual literatura.

Durante a análise comparativa realizada ao nível da transposição das orientações para a legislação

comunitária e nacional, conclui-se que existem lacunas na:

Consideração de serviços de ecossistemas associados à biodiversidade, incluindo a valorização

dos mesmos;

Avaliação da biodiversidade ao nível genético;

Avaliação das triggers, nomeadamente das actividades que afectam as forças motrizes;

Consideração de impactes cumulativos;

Identificação e monitorização dos ecossistemas, espécies, habitats e genes;

Avaliação de alterações na composição, estrutura e processos chave dos ecossistemas.

Em relação à consistência entre as orientações propostas e a abordagem dos casos práticos, verifica-se

que as lacunas ocorrem principalmente na:

Abordagem Ecossistémica;

Avaliação dos três níveis da biodiversidade, em particular do nível genético;

Avaliação das triggers.

Nos casos nacionais acresce ainda a fraca consideração dos impactes cumulativos. Apesar de nem todos os casos apresentarem propostas de melhoria da abordagem da biodiversidade, as

que são apresentadas são adequadas e dão seguimento às orientações da CDB, e referem-se

fundamentalmente a:

Melhorias na monitorização de espécies, habitats e ecossistemas e reforço das bases de

dados/inventariação da sua distribuição e abundância;

Melhoria ao nível das medidas compensatórias;

Criação de corredores ecológicos;

Avaliação dos impactes cumulativos sobre a biodiversidade;

Reforço dos serviços dos ecossistemas, em particular os das áreas florestais;

Melhorias na gestão ambiental nos sectores agrícola e florestal;

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Adopção da AE.

Comparando a transposição das orientações para a legislação comunitária e nacional e a aplicação

prática das mesmas verifica-se, como seria de esperar, que há uma estreita relação entre a fraca

transposição e a não aplicação das orientações a nível prático.

Por outro lado, há a destacar a Abordagem Ecossistémica, que apesar de estar prevista nos documentos

legais, não está a ser aplicada a nível prático.

De acordo com a CDB, a aplicação efectiva da AE exige a incorporação de um conjunto de doze

princípios nos instrumentos políticos e nos processos de planeamento:

1. Integração dos aspectos culturais e sociais na gestão do território e dos recursos vivos;

COMO?

Envolvendo os stakeholders, incluindo as comunidades locais, delimitar claramente a área em

questão e os objectivos definidos. Detectar possíveis problemas e incluir as contribuições dos

stakeholders nas tomadas de decisão.

2. Gestão descentralizada até ao nível mais baixo possível (o mais próximo possível do

ecossistema);

COMO?

Gestão dividida: as decisões estratégicas devem ser tomadas por um organismo central, as

decisões operacionais por um organismo local e as decisões sobre a alocação dos benefícios

entre os membros da comunidade pela própria comunidade.

3. Ter em conta os impactes, presentes e potenciais, sobre outros ecossistemas;

COMO?

Estabelecer e manter sistemas de monitorização a nível nacional e regional e desenvolver

mecanismos específicos para abordar os riscos associados a ecossistemas adjacentes e a

transferência de impactes ecológicos transfronteiriços. Não esquecer de considerar todos os

elementos que podem conectar o ecossistema alvo de gestão com outros, como por exemplo

a movimentação de aves migratórias.

4. Entender e gerir o ecossistema num contexto económico;

COMO?

Aplicar metodologias de valorização económica apropriadas aos bens e serviços dos

ecossistemas (valores directos, indirectos e intrínsecos) e aos impactes ambientais (efeitos

ou externalidades);

Criação de incentivos sociais e económicos para promover a conservação e o uso

sustentável da biodiversidade.

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99

5. Conservação da estrutura e funcionamento do ecossistema, de forma a manter os serviços

que o mesmo fornece;

COMO?

Avaliar em que medida a composição, a estrutura e o funcionamento do ecossistema

contribui para o fornecimento dos serviços dos ecossistemas, para chegar a um equilíbrio

entre a sua conservação e os resultados socioeconómicos;

Expandir o conhecimento acerca da resposta do ecossistema, em termos de alterações na

composição, estrutura e funcionamento, a perturbações internas e externas (e.g. poluição,

espécies exóticas, utilização pelo Homem);

Aplicação de instrumentos de restauração dos serviços dos ecossistemas.

6. Ter em conta a capacidade de carga do ecossistema;

COMO?

Implementar uma abordagem de gestão adaptativa (ver princípio 9), dado que os limites do

ecossistema não são estáticos;

Tendo em conta a incerteza geralmente associada à definição dos limites de funcionamento

do ecossistema deve ser aplicado o Princípio da Precaução;

Encorajar a utilização de avaliações (incluindo os impactes cumulativos) e monitorizações

ambientais, de modo a determinar a resposta do ecossistema à perturbação;

Implementar regulamentação, códigos de boa prática e outros instrumentos para evitar o uso

do ecossistema para lá dos seus limites.

7. A AE deve ser concretizada a escalas espaciais e temporais adequadas;

COMO?

Reforçar o conhecimento acerca das escalas a que o ecossistema opera;

Ajustar as escalas de gestão às escalas do ecossistema analisado;

A gestão de grandes áreas (e.g. bacias hidrográficas) exige geralmente a aplicação de novos

mecanismos institucionais para envolver os stakeholders das diversas áreas administrativas

e de várias escalas de gestão;

8. Reconhecer a diferença entre as escalas temporais das actividades de gestão e as escalas

de ocorrência de alterações no ecossistema: objectivos devem ser estabelecidos a longo-prazo;

COMO?

O desenvolvimento de objectivos e planos a longo-prazo permite ter em conta a equidade

entre gerações, dando resposta às necessidades imediatas (e.g. fome, pobreza, abrigo);

Os sistemas de monitorização deverão ser capazes de abranger a mudança temporal das

variáveis do ecossistema monitorizadas.

9. A gestão deve reconhecer a constante mudança dos ecossistemas e adaptar-se a ela;

COMO?

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100

Considerar a mudança nos planos de gestão, identificando os potenciais riscos e incertezas;

Recorrer aos conhecimentos e práticas tradicionais facilita a detecção e compreensão da

mudança do ecossistema, e o desenvolvimento de medidas de adaptação adequadas.

10. Equilíbrio entre a conservação e a utilização da biodiversidade e integrar os dois aspectos;

COMO?

Desenvolvimento de legislação, políticas e medidas económicas;

Promover a participação integrada, assegurando que todo o conjunto de valores e opções de

uso são consideradas e avaliadas.

Desenvolvimento de mecanismos de gestão que optimizem a capacidade do ecossistema

fornecer os bens e serviços e a conservação da sua qualidade ambiental.

11. Considerar todas as fontes de informação relevante, incluindo o conhecimento, inovações e

práticas das comunidades locais;

COMO?

Disponibilizar as informações relevantes aos stakeholders interessados, de uma forma

acessível a todos;

Promover a partilha de conhecimentos, em especial dos que se baseiam nas práticas locais,

através do desenvolvimento de mecanismos adequados.

12. Envolvimento de todos os sectores relevantes da sociedade e de todas as áreas científicas.

COMO?

Desenvolvimento de mecanismos e procedimentos que promovam a comunicação e a

cooperação;

Consulta pública mais efectiva, que integre todos os stakeholders interessados, e não

apenas os institucionais.

Fonte: (CDB, 2007) De forma a colmatar a lacuna existente quanto à avaliação das triggers há que seguir os procedimentos

propostos pela CDB.

No caso da área afectada fornecer importantes serviços dos ecossistemas (trigger 1):

Identificar os ecossistemas e usos do solo existentes na área (alguns usos do solo podem

funcionar como forma de maximizar os serviços dos ecossistemas, geralmente à custa de outros

serviços);

Identificar os serviços dos ecossistemas existentes e os stakeholders associados;

Implementar planos de conservação da biodiversidade (protegida e não protegida) a pensar nos

futuros stakeholders (gerações futuras).

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No caso das actividades que influenciam as forças motrizes directas (trigger 2):

Identificar as FMD;

Identificar os ecossistemas existentes na área que sejam sensíveis às alterações biofísicas

causadas pelas FMD.

Como nem sempre se consegue delimitar a área de influência das F.M.D., não é possível determinar com

certeza os impactes sobre os serviços dos ecossistemas, todos são potenciais.

Quanto às actividades que influenciam as forças motrizes indirectas (trigger 3) é necessária mais

pesquisa na identificação da relação entre as FMD e as FMI.

(Slootweg, et al., 2006a)

Conclui-se também que é necessário reforçar o conhecimento acerca da avaliação dos três níveis da

biodiversidade, em especial do nível genético, que geralmente não é considerado; reforçar a identificação

e avaliação dos impactes cumulativos sobre a biodiversidade e a avaliação de alterações na composição,

estrutura e processos chave dos ecossistemas. Mais uma vez a AE pode contribuir eficazmente para a

melhoria destes dois últimos aspectos referidos.

Outro dos aspectos que é necessário ter em grande consideração é a identificação e monitorização dos

ecossistemas, espécies, habitats e genes. Tal deve ser conseguido seguindo as recomendações

dispostas no artigo 7º e no Anexo I do texto da CDB, referente à identificação e monitorização dos

componentes da biodiversidade relevantes para a sua conservação e utilização sustentável.

É também fundamental identificar as fontes de impactes negativos significativos na conservação e

utilização sustentável da biodiversidade e monitorizar esses efeitos, mantendo sempre acessíveis e

organizados os dados recolhidos.

De modo a melhorar o processo de monitorização deverão ser desenvolvidos indicadores mais

específicos e eficazes. Tal como referido no estudo TEEB é essencial desenvolver indicadores

específicos para os serviços dos ecossistemas. Por outro lado, devem ser postas em prática medidas

que travem a degradação dos mesmos, que ainda não estão em curso. Estas baseiam-se

fundamentalmente no reforço dos investimentos na educação acerca desta temática e redução da

pobreza, na eliminação de subsídios prejudiciais para a biodiversidade e na adopção de PES e de

programas de gestão mais efectivos (MEA, 2005b).

As dificuldades e lacunas referentes à forma de abordagem da biodiversidade apontadas neste capítulo

permitem concluir que as acções que estão a ser postas em prática não são suficientes para alcançar os

três objectivos fundamentais propostos pela CDB e consequentemente o Objectivo 2010 para a

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biodiversidade. Daí que existe a necessidade de seguir algumas recomendações em termos de medidas

a tomar:

Aposta na adopção de uma Abordagem Ecossistémica;

Criação de um quadro normativo que regulamente o desenvolvimento de um mercado de bens e

serviços fornecidos pela biodiversidade;

Adopção de programas de pagamento por serviços dos ecossistemas devidamente

regulamentados e fiscalizados;

Criação de um mercado para os bens e serviços dos ecossistemas, à semelhança do

Endangered Species Banking (crédito para espécies em risco), desenvolvido nos Estados Unidos

da América, dos Biodiversity Offset Programs (programas de compensação da biodiversidade),

criado na Austrália e das compensações voluntárias da biodiversidade (World Resources Institute

& Meridian Institute & World Business Council for Sustainable Development & BCSD Portugal,

2008);

Desenvolver legislação adequada e reforçar os meios financeiros, humanos e técnicos;

Aposta no desenvolvimento sustentável das áreas adjacentes às áreas protegidas que financie a

gestão das mesmas;

Criar um protocolo para a biodiversidade, semelhante ao Protocolo de Quioto, com metas de

conservação e utilização sustentável dos serviços dos ecossistemas;

Desenvolver estudos que revelem, de forma inequívoca, a relação entre a biodiversidade, os

serviços dos ecossistemas e o bem-estar humano.

Esta última surge devido à dificuldade em estabelecer essa relação: a uma larga escala a conexão entre

a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas é inegável (e.g. importância de uma grande diversidade

de polinizadores para a agricultura); já quando nos referimos a um determinado componente da

biodiversidade, como as espécies ameaçadas, essa conexão é menos óbvia, a menos que se considere

um serviço cultural, o que pode parecer uma relação um pouco artificial.

A ligação entre a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas é mais óbvia nos países em

desenvolvimento, onde é frequente a dependência das comunidades em relação a eles.

Uma possibilidade de resolver o problema é a utilização de diferentes abordagens consoante o

desenvolvimento do país em questão. Se estivermos a tratar com um país em desenvolvimento a

abordagem dos serviços dos ecossistemas é adequada. Quanto aos países desenvolvidos a abordagem

pode basear-se mais nos valores não utilitaristas da biodiversidade (e.g. valores culturais, estéticos,

espirituais). No entanto, esta última abordagem não parece ser suficiente para assegurar a protecção e a

conservação da biodiversidade em geral, e dos serviços dos ecossistemas em particular. As questões

económicas ainda continuam, e provavelmente vão continuar sempre, a ser preponderantes nesse

aspecto e, portanto os valores intrínsecos à biodiversidade não irão impedir a sua destruição.

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103

Tal como referido na literatura actual, no desenvolvimento de um mercado de bens e serviços fornecidos

pela biodiversidade a grande lacuna está associada à demonstração do elevado valor monetário dos

mesmos (Conference Proceedings: High Level Conference on Business & Biodiversity, 2008). Não

existem actualmente mecanismos capazes de associar um valor económico aos componentes da

biodiversidade, e portanto é necessário desenvolvê-los.

No entanto, esta questão também é arriscada na medida em que pode levar ao consumo desregrado e

insustentável da biodiversidade, se não existir regulamentação e fiscalização bem definidas. Por outro

lado, poderá haver exclusão de stakeholders que dependam directamente dos serviços dos ecossistemas

mas que não possuam influência política ou económica.

Deve ainda haver uma separação dos conceitos de bens e serviços dos ecossistemas, já que os

primeiros podem ser transportados e participar no mercado mundial e os segundos, geralmente, não

podem ser movidos e dificilmente podem ser separados do local de origem do ecossistema. Uma

excepção é o serviço de sumidouro de carbono que apresenta benefícios a nível global.

Quanto a projectos futuros que podem vir a ser desenvolvidos sugere-se a:

Criação de um guia com medidas de adaptação da biodiversidade às alterações climáticas;

Criação de um guia de recomendações para a protecção e conservação da biodiversidade

sistematizadas por escala de análise (nacional, regional e local) e por área de estudo (e.g. zonas

costeiras, zonas rurais, zonas florestais, áreas protegidas).

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2008.

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i

ANEXOS

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ii

Anexo I. Modelos de origem do actual modelo utilizado pela CDB na avaliação da Biodiversidade

Figura I.1 - Modelo conceptual utilizado pelo Millenium Ecosystem Assessment

Fonte: (MEA, 2005a)

Figura I.2 - Modelo de Avaliação de Impactes desenvolvido pela IAIA.

Fonte: (Slootweg, et al., 2006a)

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iii

Anexo II. Lista Indicativa dos Serviços dos Ecossistemas

Quadro II.1 - Lista de Serviços dos Ecossistemas.

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iv

Fonte: (World Resources Institute & Meridian Institute & World Business Council for Sustainable Development & BCSD Portugal, 2008)

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v

Anexo III. Lista das Forças Motrizes Directas e Forças Motrizes Indirectas

Figura III.1 - Forças Motrizes Directas.

Fonte: (Secretariat of the Convention on Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental, 2006)

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vi

Figura III.2 - Forças Motrizes Indirectas

Fonte: (Secretariat of the Convention on Biological Diversity & Netherlands Commission for Environmental, 2006)

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vii

Anexo IV. Identificação e monitorização: Lista Indicativa de Componentes

da Biodiversidade

Anexo I

Identificação e Monitorização

1. Ecossistemas e habitats que:

Contenham grande diversidade, grande número de espécies endémicas ou ameaçadas, ou

espécies selvagens;

Sejam frequentados por espécies migratórias, tenham importância social, económica, cultural ou

científica;

Sejam representativos, únicos ou associados a processos evolutivos chave ou a outros

processos biológicos.

2. Espécies e comunidades que:

Estejam ameaçadas;

Sejam parentes selvagens de espécies domesticadas ou cultivadas;

Tenham valor medicinal, agrícola ou outro valor económico;

Tenham importância social, científica ou cultural;

Sejam importantes para investigação sobre a conservação e utilização sustentável da diversidade

biológica, como as espécies indicadoras.

3. Genomas e genes descritos e com importância social, científica ou económica.

Fonte: (Convenção sobre Diversidade Biológica, 1993)

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viii

Anexo V. Opções Estratégicas identificadas para o POOC da ilha de Santa Maria

Quadro V.1 - Lista de Programas e Projectos proposta pelo POOC da ilha de Santa Maria.

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ix

Fonte: (Centro de Informação Geográfica e Planeamento Territorial, 2008)

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x

Anexo VI. Artigo 7º. do texto da CDB

Artigo 7º

Identificação e Monitorização

Cada Parte Contratante deverá, na medida do possível e conforme apropriado, em especial para o

disposto nos artigos 8º a 10º:

a) Identificar os componentes da diversidade biológica importantes para a sua conservação e

utilização sustentável, tendo em consideração a lista indicativa de categorias estabelecidas no

Anexo I do texto da CDB (Anexo IV do presente estudo);

b) Monitorizar, mediante amostragem e outras técnicas, os componentes da diversidade biológica

identificados em conformidade com a alínea a) deste artigo, prestando especial atenção aos que

requerem a adopção de medidas urgentes de conservação e aos que oferecem o maior potencial

para a utilização sustentável;

c) Identificar os processos e categorias de actividades que tenham, ou seja provável que tenham,

impactes adversos significativos na conservação e utilização sustentável da diversidade biológica

e monitorizar os seus efeitos, mediante amostragem e outras técnicas; e

d) Manter e organizar, mediante qualquer mecanismo, os dados provenientes das actividades de

identificação e monitorização em conformidade com as alíneas a), b) e c) do presente artigo.

Fonte: (Convenção sobre Diversidade Biológica, 1993)

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xi

Anexo VII. Parque Nacional de Cairngorms, Escócia

Figure VII.1 - Parque Nacional de Cairngorms, Escócia.

Fonte: (Cairngorms National Park Authority, 2007)

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xii

Anexo VIII. Quadro de Referência Estratégico para a Biodiversidade

Quadro VIII.1 - Quadro de Referência Estratégico para a biodiversidade: Guia da CDB para a inclusão da biodiversidade em AAE.

QRE OBJECTIVOS

Guia da CDB para a inclusão

da biodiversidade

em AAE

1. Abordagem integrada da biodiversidade, associando-a ao bem-estar social e económico;

2. Promover a Abordagem Ecossistémica como forma de abordar a biodiversidade;

3. Introdução do conceito de serviços dos ecossistemas, que traduz a biodiversidade em valores para a sociedade;

4. Avaliar os três níveis da biodiversidade: genético, espécies e ecossistemas, sendo este último o mais adequado;

5. Avaliar os impactes sobre a biodiversidade em termos de:

Alterações na composição;

Alterações na estrutura;

Alterações nos processos chave: processos físicos, biológicos ou humanos que determinam a criação e manutenção

dos ecossistemas;

Escalas temporais e espaciais mais extensas do que as consideradas nas AAE convencionais (normalmente o

horizonte temporal não excede os 15 anos e a área abrangida pelo estudo não é suficientemente extensa para que

seja possível identificar repercussões na biodiversidade de outras áreas);

6. Necessidade de avaliar a biodiversidade em AAE nas seguintes situações:

Área em questão fornece serviços dos ecossistemas;

Actividade humana actua sobre os promotores de alteração directos;

Actividade humana actua sobre os promotores de alteração indirectos;

7. Efectiva incorporação da biodiversidade em AAE por:

Obrigações legais:

- Áreas e espécies protegidas;

- Serviços de ecossistemas valorizados (Anexo II)

- Zonas terrestres e aquáticas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas por comunidades locais ou indígenas;

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xiii

- Tratados, acordos e convenções internacionais;

Facilitar a identificação dos stakeholders;

Salvaguardar a biodiversidade como base de subsistência;

Comportar uma vertente económica, pelo facto de alguns serviços dos ecossistemas poderem ser valorizados

monetariamente, o que possibilita a estimativa dos potenciais benefícios e perdas económicas causados pela

implementação das actividades;

Permitir a previsão dos impactes cumulativos sobre a biodiversidade;

Permitir a manutenção da base genética como resposta a futuros desafios, característicos de ambientes em

constante mudança;

Beneficiar a sociedade, através da promoção de opções de desenvolvimento sustentáveis.

TEXTO DA CDB

8. Pesquisa e monitorização dos tipos de ecossistema, habitats, espécies e genes listados no Anexo I do texto da CDB.

(Anexo IV)

9. Reforçar a cooperação internacional, regional e mundial entre os Estados, as organizações intergovernamentais e o sector

não governamental (e.g. estabelecer um Clearing-house mechanism para promover e facilitar a cooperação técnica e

científica).

10. Desenvolver programas para educação científica e técnica e para formação em métodos de identificação, conservação e

utilização sustentável da biodiversidade e dos seus componentes.

Fonte: (Slootweg, et al., 2006a)

Quadro VIII.2 - Quadro de Referência Estratégico para a biodiversidade: Estratégia Europeia sobre a Biodiversidade.

QRE OBJECTIVOS

Estratégia Europeia sobre

a Biodiversidade

1. Conservação e uso sustentável da biodiversidade dentro e fora das áreas protegidas:

Apoiar a criação de redes de áreas protegidas, em particular a Rede Natura 2000;

Prevenir, gerir e remover, sempre que possível, os efeitos prejudiciais de espécies invasoras sobre os ecossistemas,

habitats ou espécies prioritárias;

Garantir que as populações de espécies selvagens estão num satisfatório estado de conservação, no que se refere

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ao tamanho, estrutura, distribuição e tendências;

Internalizar os valores da biodiversidade nas análises custo-benefício;

Rotulagem ecológica de produtos cuja produção, distribuição, utilização ou eliminação não afectem a biodiversidade;

Criar incentivos que potenciem os impactes positivos sobre a conservação e uso sustentável da biodiversidade e

remover os que conduzem a impactes negativos.

2. Partilha de benefícios resultantes da utilização dos recursos genéticos:

Apoiar os países de origem dos recursos genéticos no desenvolvimento de estratégias para a bioprospecção e

acesso aos mesmos;

Facilitar a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento.

3. Pesquisa, identificação, monitorização e troca de informação:

Identificar e monitorizar os componentes mais importantes da biodiversidade, dando especial atenção à listagem

apresentada no Anexo I do texto da CDB;

Reforçar a compreensão acerca das funções da biodiversidade nas diferentes escalas (global, regional e local) e dos

impactes das actividades humanas sobre os sistemas ecológicos;

Identificar as alterações necessárias ao nível da legislação para uma efectiva conservação, uso sustentável e partilha

equitativa dos benefícios resultantes da biodiversidade;

Promover a avaliação dos vários níveis da biodiversidade da perspectiva de todos os stakeholders;

Desenvolver indicadores para monitorizar actividades que causam a degradação de habitats, a colheita insustentável

de recursos, a emissão de poluentes e a propagação de espécies invasoras ou de OGM;

Reforçar a coordenação transfronteiriça em situações de interdependência de ecossistemas e processos

ecológicos, de migração de espécies, de manutenção de bancos de genes e de pressões/ameaças de natureza

transfronteiriça.

4. Educação, formação e sensibilização:

Desenvolver programas de informação, educação e sensibilização do público para a questão da conservação e uso

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xv

sustentável da biodiversidade;

Desenvolver programas para assegurar a formação dos recursos humanos envolvidos na implementação da

estratégia a nível comunitário, nacional e local.

SECTORES DE ACTUAÇÃO

I – Conservação dos Recursos Naturais

Desenvolver instrumentos em cooperação com os Estados-Membros para reforçar a conservação e uso

sustentável da biodiversidade fora das áreas protegidas;

Utilizar a Directiva Quadro da Água como ferramenta de conservação e uso sustentável da biodiversidade,

desenvolvendo para cada bacia hidrográfica análises de qualidade/quantidade da água versus procura, destinada a

irrigação, geração de energia, actividade industrial, abastecimento de água potável e usos ecológicos;

Promover uma melhor coordenação com as iniciativas internacionais no campo das alterações climáticas, da

destruição da camada de ozono e da desertificação.

II – Agricultura

Promover o desenvolvimento de bancos de genes para a conservação in-situ e ex-situ dos recursos genéticos para a

alimentação e agricultura;

Encorajar o desenvolvimento das funções ecológicas nas zonas rurais;

Desenvolver e implementar medidas agro-ambientais para optimizar os benefícios da biodiversidade, avaliando o seu

desempenho face a indicadores específicos;

Desenvolvimento de sistemas de incentivos sociais e económicos para a conservação de espécies locais.

III – Pescas

Promover a criação de medidas de conservação e uso sustentável das populações piscícolas, nomeadamente a

definição de áreas interditas à pesca;

Evitar práticas de aquacultura que possam afectar a conservação de habitats através da ocupação de áreas

sensíveis, da poluição resultante dos inputs e outputs e da contaminação genética causada pela possível fuga de

espécies criadas.

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xvi

IV – Políticas regionais e ordenamento do território

Promover as opções de ordenamento que permitam a conservação/reforço da biodiversidade, em particular no que

se refere a: a) Corredores ecológicos e zonas tampão; b) Áreas não protegidas com um elevado valor em

biodiversidade (ex: montanhas, ilhas e zonas costeiras); c) Zonas rurais, reforçando a sinergia entre os objectivos de

desenvolvimento económico e a necessidade de conservação da biodiversidade.

V – Florestas

Desenvolver o programa de apoio comunitário sobre medidas florestais (Council Regulation 2080/92) para aumentar

os benefícios para a biodiversidade;

Promover o aumento da extensão florestal para maximizar a sua função de sumidouro de carbono, sem afectar

negativamente áreas com valor ecológico;

Promover a implementação das orientações gerais para a conservação da biodiversidade nas florestas europeias

(Resolução H2 da Conferência de Helsínquia) e as recomendações do IPF.

VI – Energia e Transporte

Minimizar o impacte das infraestruturas energéticas (quer de fontes convencionais quer de fontes renováveis) sobre

a biodiversidade;

Minimizar os impactes das infraestruturas de transporte sobre a biodiversidade, optimizando a capacidade e a

eficiência das infraestruturas existentes e considerando todos os aspectos ambientais em caso de novas

infraestruturas.

VII – Turismo

Encorajar a avaliação da capacidade de carga dos ecossistemas e habitats face ao turismo;

Encorajar a troca de boas práticas entre instituições públicas e privadas do sector do turismo.

VIII – Desenvolvimento e cooperação económica

Assegurar a complementaridade e coordenação entre as políticas e abordagens dos programas de apoio dentro

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da comunidade, bem como entre outras instituições internacionais, em particular o GEF;

Disponibilizar financiamento suficiente para a biodiversidade quer ao nível dos programas de apoio quer dos

mecanismos internacionais (e.g. CDB).

Fonte: (European Commission, 1998)

Quadro VIII.3 - Quadro de Referência Estratégico para a biodiversidade: Plano Comunitário para a Biodiversidade para 2010 - e para além

QRE OBJECTIVOS E METAS

Plano de Acção Comunitário

para a Biodiversidade para 2010 – e

para além

A – 10 OBJECTIVOS PRIORITÁRIOS DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO 1 – BIODIVERSIDADE E A UE 1. Proteger as espécies e os habitats mais importantes;

Metas:

Reforçar, salvaguardar e gerir a Rede Natura 2000 até 2010, para a biodiversidade marinha até 2012, tendo em

conta os impactes directos, indirectos e cumulativos;

Reforçar substancialmente a coerência, a conectividade e a resiliência da rede de áreas protegidas na Europa até

2010, e reforçar efectivamente até 2013;

Assegurar que nenhuma espécie prioritária apresenta um pior estado de conservação até 2010 e que a maioria das

espécies prioritárias apresenta, ou caminha, para um estado de conservação favorável até 2013;

Tendência da composição e extensão de ecossistemas.

2. Conservação e restauração da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas nas zonas rurais;

Metas:

Optimização dos sectores da agricultura, desenvolvimento rural e florestas para benefício da biodiversidade entre

2007 e 2013;

Redução substancial dos riscos a que está sujeita a biodiversidade do solo até 2013;

Progressos substanciais no “bom estado ecológico” da água doce até 2010, e novos progressos até 2013;

Reduzir substancialmente os principais poluentes que afectam a biodiversidade terrestre e aquática até 2010, e

novamente até 2013;

Assegurar que os planos de gestão de risco de cheia são concebidos de modo a evitar e minimizar a perda de

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xviii

biodiversidade e a optimizar os ganhos, até 2015;

3. Conservação e restauração da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas no ambiente marinho;

Metas:

Progressos substanciais no “bom estado ecológico” das águas marinhas até 2010, e novos progressos até 2013;

Reduzir substancialmente os principais poluentes que afectam a biodiversidade marinha até 2010, e novamente até

2013;

Abordagem Ecossistémica para a protecção dos mares, com a implementação de medidas de gestão das pescas,

o mais tardar até 2016;

Reforçar substancialmente o financiamento para a gestão da pesca “amiga do ambiente”, a partir de 2007;

Manter os stocks das populações ou restaurá-los até ao nível de “rendimento máximo sustentável”, o mais tardar até

2015;

Reduzir substancialmente o impacte da pesca sobre espécies e habitats que não são explorados a nível comercial, o

mais tardar até 2015;

Melhorar significativamente a integração ambiental na Política Comum das Pescas a partir de 2008;

4. Reforçar a compatibilidade do desenvolvimento do território com a biodiversidade;

Metas:

Contribuição positiva dos fundos estruturais e do fundo de coesão para o desenvolvimento sustentável e para a

biodiversidade, prevenindo ou minimizando os impactes negativos ou, quando inevitáveis, compensando-os, a partir

de 2006;

Prevenir ou minimizar os impactes negativos e optimizar os impactes positivos dos planos territoriais sobre a

biodiversidade, a partir de 2006 (tendo em conta os impactes directos, indirectos e cumulativos);

Promover a coerência e reforço da estrutura ecológica no ordenamento do território, a partir de 2006;

Aumento significativo na proporção do turismo sustentável até 2010, e novamente até 2013;

5. Reduzir substancialmente o impacte dos genótipos e espécies invasoras;

Metas:

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xix

Reduzir substancialmente os impactes das espécies invasoras sobre a biodiversidade até 2010, e novamente até

2013;

Reduzir substancialmente os impactes das genótipos exóticos sobre a biodiversidade até 2010, e novamente até

2013;

DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO 2 – A EU E A BIODIVERSIDADE GLOBAL 6. Reforçar substancialmente a eficácia da gestão internacional da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas;

Metas:

Gestão internacional mais efectiva da biodiversidade, que potencie resultados positivos na área até 2010;

7. Reforçar substancialmente o apoio externo nas questões da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas;

Metas:

Aumento dos recursos financeiros encaminhados para projectos que beneficiam a biodiversidade para o período

2006-2010 (em relação ao período 2000-2005), e novamente para o período 2011-2013;

Tornar prioritário o apoio ao desenvolvimento que reforce a biodiversidade e os benefícios relacionados com os

meios de subsistência que disponibiliza, e que previna ou minimize os impactes negativos sobre a biodiversidade, a

partir de 2006.

8. Reduzir substancialmente o impacte do comércio internacional sobre a biodiversidade global e os serviços dos

ecossistemas;

Metas:

Reduzir o impacte sobre a biodiversidade resultante do comércio na EU até 2010, e novamente até 2013.

DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO 3 – BIODIVERSIDADE E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

9. Apoiar a adaptação da biodiversidade às alterações climáticas;

Metas:

Redução de 8% nas emissões de gases com efeito de estufa até 2010;

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xx

Aumento da temperatura média anual da superfície em não mais do que 2ºC em relação aos níveis pré-industriais;

Medidas de mitigação e adaptação às alterações climáticas que tragam benefícios à biodiversidade e previna ou

minimize os impactes negativos, a partir de 2006;

Reforço substancial da resiliência da biodiversidade às alterações climáticas, até 2010.

DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO 4 – BASE DE CONHECIMENTO

10. Reforçar substancialmente a base de conhecimento em matéria de conservação e uso sustentável da biodiversidade na

EU e globalmente;

Metas:

Os resultados das pesquisas sobre a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas permitem aumentar a

capacidade de assegurar a sua conservação e uso sustentável até 2010, e novamente até 2013.

B – MEDIDAS DE APOIO 1. Assegurar financiamento adequado para a biodiversidade;

Metas:

Fornecer financiamento adequado à Rede Natura 2000, à biodiversidade fora da Rede Natura 2000, à pesquisa,

inventariação e monitorização da biodiversidade no período 2007-2013;

2. Reforçar a inclusão da biodiversidade nos processos de tomada de decisão;

Metas:

Fornecer um quadro político até 2010 que beneficie a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas e reduza os

impactes negativos sobre os mesmos, reforçando a compreensão e comunicação acerca do valor dos serviços dos

ecossistemas;

Melhor integração das necessidades da biodiversidade nas “Perspectivas Financeiras” pós-2013 e qualquer revisão

intercalar no período 2007-2013;

Reforçar a complementaridade entre as estratégias europeias, as dos Estados-Membros e os planos de acção até

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xxi

2010;

Integração efectiva da Rede Natura 2000, desenvolvimento rural, gestão das bacias hidrográficas e outros planos

territoriais e programas de apoio à biodiversidade até 2010, pela aplicação da Abordagem Ecossistémica aos meios

terrestres e aquáticos;

Melhoria substancial no cumprimento da regulamentação ambiental até 2010, e novamente até 2013.

3. Estabelecer parcerias na área da biodiversidade;

Metas:

Participação activa dos principais stakeholders na conservação da biodiversidade a partir de 2006.

4. Reforçar a educação, sensibilização e participação na área da biodiversidade;

Metas:

10 milhões de europeus a participar activamente na conservação da biodiversidade até 2010, e 15 milhões até 2013.

Fonte: (Commission of the European Communities, 2006)

Quadro VIII.4 - Quadro de Referência Estratégico para a biodiversidade: Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade.

QRE OBJECTIVOS E OPÇÕES ESTRATÉGICAS

Estratégia Nacional para a Conservação da

Natureza e Biodiversidade

3 OBJECTIVOS GERAIS

1. Conservar a natureza e a diversidade biológica, incluindo os elementos notáveis da geologia, geomorfologia e

paleontologia;

2. Promover a utilização sustentável dos recursos biológicos;

3. Contribuir para a prossecução dos objectivos visados pelos processos de cooperação internacional na área da

conservação da natureza, em especial os objectivos definidos na CDB, designadamente a conservação da biodiversidade, a

utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos

recursos genéticos;

10 OPÇÕES ESTRATÉGICAS

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xxii

1. Promover a investigação científica e o conhecimento sobre o património natural, bem como a monitorização de

espécies, habitats e ecossistemas:

Aprofundar o conhecimento sobre os elementos do património natural e da biodiversidade, sobretudo os mais

significativos, ameaçados de extinção ou menos conhecidos, e inventariar a sua distribuição, recorrendo a SIG;

2. Constituir a Rede Fundamental de Conservação da Natureza e o Sistema Nacional de Áreas Classificadas, integrando

neste a Rede Nacional de Áreas Protegidas:

Promoção do desenvolvimento sustentável das áreas adjacentes às áreas protegidas, assegurando que esse

desenvolvimento não afecta o propósito de conservação no interior das áreas protegidas;

3. Promover a valorização das áreas protegidas e assegurar a conservação do seu património natural, cultural e social:

Valorizar as raças autóctones;

Aprofundar o conhecimento acerca de actividades económicas tradicionais ambientalmente sustentáveis (ex:

apicultura, cultivo de plantas medicinais) e dos produtos regionais/locais, incentivando a sua manutenção, divulgação

e valorização através da certificação de origem, de rotulagem ecológica e protecção jurídica dos produtos de

qualidade não abrangidos por legislação comunitária;

4. Assegurar a conservação e a valorização do património natural dos Sítios e das Zonas de Protecção Especial integrados

no processo da Rede Natura 2000:

Elaborar, recorrendo a SIG, a cartografia identificadora da distribuição geográfica dos valores naturais prioritários a

salvaguardar no interior das áreas integradas no processo da Rede Natura 2000;

5. Desenvolver em todo o território nacional acções específicas de conservação e gestão de espécies e habitats, bem como

de salvaguarda e valorização do património paisagístico e dos elementos notáveis do património geológico, geomorfológico e

paleontológico:

Conservação e gestão das espécies e habitats preferencialmente in situ, privilegiando uma abordagem integrada,

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xxiii

por ecossistema;

Promover acções de protecção e recuperação dos habitats: galerias ripícolas, montados, sapais, habitats

cavernícolas e rupícolas, dunas, turfeiras, bosques mediterrânicos, atlânticos e macaronésicos e lameiros;

Desenvolver a Rede Nacional de Recolha e Recuperação de Animais Selvagens, integrando pólos de recepção e

centros de recuperação, e a Rede Nacional para a Recepção de Mamíferos marinhos;

Elaboração e implementação do Plano Nacional de Controlo ou Erradicação das espécies não indígenas

classificadas como invasoras e desenvolver desde já acções de controlo e erradicação das mesmas;

6. Promover a integração da política de conservação da natureza e do princípio da utilização sustentável dos recursos

biológicos na política de ordenamento do território e nas diferentes políticas sectoriais (desenvolvido no tópico “Sectores de

Actuação”);

7. Aperfeiçoar a articulação e a cooperação entre a administração central, regional e local:

Adoptar um programa de formação profissional dos funcionários e técnicos das autarquias locais com intervenção

em matéria de conservação da natureza e biodiversidade;

Estabelecer mecanismos de articulação, intercâmbio de informação e cooperação técnica entre a administração

central, regional e local;

8. Promover a educação e a formação em matéria de conservação da natureza e da biodiversidade:

Envolver a comunidade científica, o sector privado e as organizações não-governamentais no desenvolvimento de

acções de educação e formação em matéria de conservação da natureza e biodiversidade;

Promover e apoiar projectos de educação ambiental em matéria de conservação da natureza e da biodiversidade, ao

nível formal e não formal;

9. Assegurar a informação, sensibilização e participação do público, bem como mobilizar e incentivar a sociedade civil:

Completar e aperfeiçoar as bases de dados no âmbito do Sistema de Informação do Património Natural (SIPNAT), e

articulá-lo com o funcionamento do mecanismo de intercâmbio (clearing-house mechanism);

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10. Intensificar a cooperação internacional:

Reforçar o sistema de aplicação e fiscalização do cumprimento da Convenção CITES e das demais convenções

relevantes;

Valorizar a participação de Portugal no financiamento e gestão do GEF como instrumento da política de cooperação

com os países em desenvolvimento, nomeadamente através do apoio á elaboração de projectos técnica e

financeiramente fundamentados;

SECTORES DE ACTUAÇÃO

I – Política de ordenamento do território e urbanismo e política para as cidades

Promoção da requalificação urbana, nomeadamente através da recuperação de áreas urbanas degradadas, centros

históricos e o património cultural e ambiental, da salvaguarda da estrutura ecológica urbana, do aumento dos

espaços verdes

II - Política para o litoral e para os ecossistemas marinhos

Recuperação das arribas litorais e os ecossistemas dunares; combater a erosão; recarga e valorização das praias;

salvaguardar e requalificar as zonas estuarinas e lagunares;

Promoção da segurança e controlo do tráfego marítimo e de outras actividades económicas no mar territorial e na

zona económica exclusiva; aperfeiçoamento dos planos de contingência em caso de acidente associado a poluição;

III - Política de recursos hídricos

Minimização dos efeitos de secas, cheias e dos riscos de acidentes de poluição;

Recuperação de albufeiras em estado de eutrofização;

IV - Política de desenvolvimento regional

Assegurar que as intervenções no âmbito do desenvolvimento regional, co-financiadas por fundos comunitários ou

outros, dêem cumprimento às disposições legais nacionais ou comunitárias, como condição prévia à aprovação

dos apoios financeiros, conforme já se exige no âmbito do actual QCA;

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Apoiar programas ou acções específicas que, de forma directa ou indirecta, contribuam para a promoção da

conservação da natureza e da biodiversidade, bem como a sua utilização sustentável, de acordo com as

especificidades de cada região;

Financiamentos do Fundo de Coesão, do Programa Operacional de Ambiente e dos Programas Operacionais

Regionais.

V - Política agrícola

Promoção da adopção de sistemas de produção que contrariem os processos erosivos e previnam a degradação dos

recursos;

Assegurar a protecção dos solos que integram a RAN, no quadro dos instrumentos de ordenamento do território e da

legislação especial aplicável;

Estabelecer o quadro normativo que regulamente o acesso aos recursos genéticos nacionais de potencial

interesse agrícola, com base nos princípios constantes nos acordos internacionais pertinentes de que Portugal seja

signatário;

VI - Política Florestal

Desenvolver para os espaços florestais e recursos associados os modelos de organização territorial e de

silvicultura adequados a cada tipo de habitat ou espécie protegida;

Divulgar os modelos de gestão florestal sustentável, através da criação de códigos de boas práticas florestais;

Aperfeiçoar e reforçar as medidas de prevenção e combate aos incêndios florestais, bem como de recuperação de

áreas ardidas;

VII - Política cinegética

No caso das espécies migratórias é essencial recorrer à cooperação internacional, estabelecendo regras apropriadas

à sua gestão transfronteiriça e elaborando planos específicos de gestão para as áreas onde se verifiquem

importantes concentrações de espécies e em zonas de passagem;

VIII - Política de pescas e aquicultura

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Promoção do ordenamento pesqueiro, incluindo a zona económica exclusiva, e criação de uma rede nacional de

zonas de aptidão para a cultura de espécies aquícolas, o que permite conservar as espécies aquícolas e

simultaneamente manter as comunidades piscatórias;

Promoção da investigação científica sobre os recursos vivos marinhos, lagunares, estuarinos e de água doce;

Promoção de estudos sobre o funcionamento dos ecossistemas e habitats que os constituem, tendo em conta as

suas capacidades de carga, em particular aqueles que integram a Rede Fundamental de Conservação da Natureza;

Reduzir o impacte das actividades pesqueiras e outras actividades humanas sobre os ecossistemas e espécies

marinhas, incluindo as que não são explorados a nível comercial.

IX - Política de turismo

Promoção do ecoturismo, baseado na valorização e divulgação do património natural e cultural, assim como da

paisagem rural;

X - Política Industrial

Adopção de programas de melhoria da eficiência energética e qualificação ambiental das indústrias;

Adopção de tecnologias “amigas do ambiente”;

Aperfeiçoamento das soluções de gestão de resíduos e das acções de recuperação de áreas industriais degradadas

e descontaminação de solos;

XI – Política Energética e estratégia para as alterações climáticas

Assinatura do Acordo de Copenhaga para combate ao aquecimento global;

Reforçar a promoção da produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis;

XII - Política de Transportes

Aperfeiçoar as medidas de mitigação ou de compensação dos impactes negativos identificados;

Incentivos à utilização de combustíveis menos poluentes e renovação do parque automóvel;

No domínio dos transportes de mercadorias fomentar a utilização da ferrovia e do transporte marítimo;

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xxvii

Desenvolvimento de uma rede nacional de logística eficiente, associando os principais aeroportos, portos e ferrovias,

em boa articulação com as acessibilidades rodoviárias.

Fonte: (MAOT, 2001)