ÓrgÃo oficial de publicaÇÃo cientÍfica da...

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EDITORIAL Fragilidade: como reconhecer e evitar? ............................................................................................................................225 Maysa Seabra Cendoroglo ARTIGOS ORIGINAIS Síndrome metabólica em idosos remanescentes da Comunidade dos Quilombos – Macapá, Amapá .......................................226 Ana Laura Carvalho Leite Medeiros, Karla Helena Coelho Vilaça, Graziella França Bernardelli Cipriano, Carlos Roberto Carvalho Leite, Adriano Bueno Tavares Fenótipo de fragilidade: quais itens são mais frequentes em um grupo de idosos de Belo Horizonte? ....................................237 Cintia da Silva Freire Jardim, Sheila Alves Gomes Tomaz, Vanessa Gomes da Silva, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva, Rosângela Corrêa Dias Associação entre autopercepção da saúde e síndrome da fragilidade em idosos ...................................................................246 Juliana Lustosa Torres, Rosângela Corrêa Dias, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva Efeito do exercício agudo realizado na plataforma vibratória sobre o equilíbrio estático e dinâmico de idosos .......................254 Marcelo Bigliassi, Erick Garcia Figueira da Costa, Franciele Fernanda Souza, Denilson de Castro Teixeira, Rubens Alexandre da Silva Júnior, Raymundo Pires Junior, Leandro Ricardo Altimari ARTIGOS DE REVISÃO Dispositivos auxiliares de marcha: orientação quanto ao uso, adequação e prevenção de quedas em idosos ...........................261 Soraia Fernandes das Neves Glisoi, Juliana Hotta Ansai, Tamara Oliveira da Silva, Fernanda Pretti Chalet Ferreira, Aline Thomaz Soares, Kelem de Negreiros Cabral, Celisa Tiemi Nakagawa Sera, Sérgio Paschoal Biomarcadores na doença de Alzheimer ...........................................................................................................................273 Karen Cecília de Lima Torres, Rodrigo Ribeiro dos Santos, Filipe Camilo Mapa, Flávia Lanna de Moraes, Edgar Nunes de Moraes, Marco Aurélio Romano Silva Avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde do idoso por meio do SF-12 ..................................................................283 Keila Cristianne Trindade da Cruz, Déborah Cristina de Oliveira, Maria José D’Elboux COMUNICAÇÃO BREVE Fragilidade na doença renal crônica .................................................................................................................................293 Henrique Novais Mansur, Marcus Gomes Bastos INTRUÇÕES AOS AUTORES ....................................................................................................................................................299 ISSN 1981-8289 ÓRGÃO OFICIAL DE PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA VOLUME 6 • NÚMERO 3 • JUL/AGO/SET 2012

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EDITORIAL

Fragilidade: como reconhecer e evitar? ............................................................................................................................225Maysa Seabra Cendoroglo

ARTIGOS ORIGINAIS

Síndrome metabólica em idosos remanescentes da Comunidade dos Quilombos – Macapá, Amapá .......................................226Ana Laura Carvalho Leite Medeiros, Karla Helena Coelho Vilaça, Graziella França Bernardelli Cipriano, Carlos Roberto Carvalho Leite, Adriano Bueno Tavares

Fenótipo de fragilidade: quais itens são mais frequentes em um grupo de idosos de Belo Horizonte? ....................................237Cintia da Silva Freire Jardim, Sheila Alves Gomes Tomaz, Vanessa Gomes da Silva, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva, Rosângela Corrêa Dias

Associação entre autopercepção da saúde e síndrome da fragilidade em idosos ...................................................................246Juliana Lustosa Torres, Rosângela Corrêa Dias, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva

Efeito do exercício agudo realizado na plataforma vibratória sobre o equilíbrio estático e dinâmico de idosos .......................254Marcelo Bigliassi, Erick Garcia Figueira da Costa, Franciele Fernanda Souza, Denilson de Castro Teixeira, Rubens Alexandre da Silva Júnior, Raymundo Pires Junior, Leandro Ricardo Altimari

ARTIGOS DE REVISÃO

Dispositivos auxiliares de marcha: orientação quanto ao uso, adequação e prevenção de quedas em idosos ...........................261Soraia Fernandes das Neves Glisoi, Juliana Hotta Ansai, Tamara Oliveira da Silva, Fernanda Pretti Chalet Ferreira, Aline Thomaz Soares, Kelem de Negreiros Cabral, Celisa Tiemi Nakagawa Sera, Sérgio Paschoal

Biomarcadores na doença de Alzheimer ...........................................................................................................................273Karen Cecília de Lima Torres, Rodrigo Ribeiro dos Santos, Filipe Camilo Mapa, Flávia Lanna de Moraes, Edgar Nunes de Moraes, Marco Aurélio Romano Silva

Avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde do idoso por meio do SF-12 ..................................................................283Keila Cristianne Trindade da Cruz, Déborah Cristina de Oliveira, Maria José D’Elboux

COMUNICAÇÃO BREVE

Fragilidade na doença renal crônica .................................................................................................................................293Henrique Novais Mansur, Marcus Gomes Bastos

INTRUÇÕES AOS AUTORES ....................................................................................................................................................299

ISSN 1981-8289

ÓRGÃO OFICIAL DE PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA

VOLUME 6 • NÚMERO 3 • JUL/AGO/SET 2012

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EDITORIAL

Fragilidade: como reconhecer e evitar? ............................................................................................................................225Maysa Seabra Cendoroglo

ORIGINAL ARTICLES

Metabolic syndrome in elderly remnants from Quilombo Community – Macapá, Amapá .......................................................226Ana Laura Carvalho Leite Medeiros, Karla Helena Coelho Vilaça, Graziella França Bernardelli Cipriano, Carlos Roberto Carvalho Leite, Adriano Bueno Tavares

Phenotype of frailty: which items are more frequent in a group of community-dwelling elderly of Belo Horizonte? ...............237Cintia da Silva Freire Jardim, Sheila Alves Gomes Tomaz, Vanessa Gomes da Silva, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva, Rosângela Corrêa Dias

Association between self-rated health and frailty in elderly ...............................................................................................246Juliana Lustosa Torres, Rosângela Corrêa Dias, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva

Effects of acute exercise realized in vibratory platform on static and dynamic equilibrium in elderly people ..........................254Marcelo Bigliassi, Erick Garcia Figueira da Costa, Franciele Fernanda Souza, Denilson de Castro Teixeira, Rubens Alexandre da Silva Júnior, Raymundo Pires Junior, Leandro Ricardo Altimari

REVIEWS

Auxiliary devices for walking: guidance, demands and falls prevention in elderly ................................................................261Soraia Fernandes das Neves Glisoi, Juliana Hotta Ansai, Tamara Oliveira da Silva, Fernanda Pretti Chalet Ferreira, Aline Thomaz Soares, Kelem de Negreiros Cabral, Celisa Tiemi Nakagawa Sera, Sérgio Paschoal

Biomarkers in Alzheimer disease .....................................................................................................................................273Karen Cecília de Lima Torres, Rodrigo Ribeiro dos Santos, Filipe Camilo Mapa, Flávia Lanna de Moraes, Edgar Nunes de Moraes, Marco Aurélio Romano Silva

Assessment of quality of life related to health of the elderly through the SF-12 ...................................................................283Keila Cristianne Trindade da Cruz, Déborah Cristina de Oliveira, Maria José D’Elboux

BRIEF COMUNICATION

Frailty in chronic kidney disease ......................................................................................................................................293Henrique Novais Mansur, Marcus Gomes Bastos

INSTRUCTIONS FOR AUTHORS .............................................................................................................................................299

ISSN 1981-8289

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VOLUME 6 . NÚMERO 3 . JUL/AGO/SET 2012

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Editora-chefeMaysa Seabra Cendoroglo - São Paulo, Brasil (Unifesp)

Geriatria & Gerontologia

Editores AssociadosJoão Macêdo Coelho Filho – Fortaleza, Brasil (UFC)

Wilson Jacob Filho – São Paulo, Brasil (USP)Júlio Cesar Moriguti – Ribeirão Preto, Brasil (USP-RP)Milton Luiz Gorzoni – São Paulo, Brasil (FCMSC-SP)

Rosângela Correa Dias – Belo Horizonte, Brasil (UFMG)

Editores ExecutivosJoão Senger – Novo Hamburgo, Brasil

Karla Cristina Giacomin – Belo Horizonte, BrasilMaria do Carmo Lencastre Lins - Recife, BrasilMonica Rodrigues Perracini – São Paulo, Brasil

Adriano César B. S. Gordilho – SalvadorAna Amélia Camarano – Rio de JaneiroÂngelo Boss – Porto AlegreAnnette Leibing – Rio de JaneiroAnita Liberalesso Néri – CampinasCarlos Montes Paixão Júnior – Rio de JaneiroCláudia Burlá – Rio de JaneiroClineu Mello Almada – São PauloEdgar Nunes de Moraes – Belo HorizonteEduardo Ferriolli – Ribeirão PretoEliane Jost Blessmann – Porto AlegreElisa Franco de Assis Costa – GoiâniaElizabete Viana de Freitas - Rio de JaneiroEmilio H. Moriguchi – Porto AlegreEmilio Jeckel Neto – Porto AlegreFlávio Chaimowicz – Belo HorizonteGuita Grib Debert – CampinasIvete Berkenbrock – CuritibaJoão Carlos Barbosa Machado – Belo HorizonteJoão Marcos Domingues Dias – Belo HorizonteJoão Toniolo Neto – São PauloJohannes Doll – Porto AlegreJosé Elias S. Pinheiro – Rio de JaneiroKarla Cristina Giacomin – Belo HorizonteKátia Magdala L. Barreto – RecifeLaura Mello Machado – Rio de JaneiroLeani Souza Máximo Pereira – Belo Horizonte

Ligia Py – Rio de JaneiroLuiz Eugênio Garcez Leme – São PauloLuiz Roberto Ramos – São PauloMarcella Guimarães A. Tirado – Belo HorizonteMarcos Aparecido Sarria Cabrera – LondrinaMaria Fernanda Lima-Costa – Belo HorizonteMaurício Gomes Pereira – BrasíliaMaurício Wajngarten – São PauloMyrian Spínola Najas – São PauloMônica Rodrigues Perracini – São PauloNewton Luiz Terra – Porto AlegreRenato Moraes Fabbri – São PauloRenato Maia Guimarães – BrasíliaRicardo Komatsu – MaríliaRoberto Dischinger Miranda – São PauloRômulo Luiz de Castro Meira – SalvadorSérgio Márcio P. Paschoal – São PauloSilvia Maria de A dos Santos – FlorianópolisSônia Lima Medeiros – São PauloTereza Loffredo Bilton – São PauloToshio Chiba – São PauloTulia Fernanda Meira Garcia – FortalezaUlisses Gabriel Vasconcelos Cunha – Belo HorizonteVânia Beatriz M. Herédia – Porto AlegreWilson Jacob Filho – São PauloMaira Tonidandel Barbosa – Belo HorizontePaulo Hekman – Porto Alegre

CONSELHO EDITORIAL NACIONAL

Andrea Caprara – Roma, ItáliaDavid V. Espino – San Antonio, EUAJeanne Wei – Little Rock, EUAPaulo Henrique M. Chaves – Baltimore, EUARoberto Kaplan – Buenos Aires, Argentina

Jay Luxenberg – San Francisco, EUAMasatoshi Takeda – Osaka, JapãoSergio Ariño Blasco – Barcelona, EspanhaAntony Bayer – Cardiff, Reino Unido

CONSELHO EDITORIAL INTERNACIONAL

Base Editorial

Av. Copacabana, 500 sala 609/610, Copacabana – CEP: 22020-001 – Rio de Janeiro.e-mails: [email protected] / [email protected]

Indexada na LATINDEX (Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal).

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PresidenteNezilour Lobato Rodrigues (PA)

1o Vice-PresidentePaulo Renato Canineu (SP)

Pres. Depto GerontologiaMariana Asmar Alencar (MG)

Secretária GeralAna Lúcia de Sousa Vilela (RJ)

Secretária AdjuntaLeila Auxiliadora José Sant’Ana (MT)

TesoureiroDaniel Kitner (PE)

Diretora CientíficaMaria Alice Vilhena Toledo (DF)

Diretora de Defesa ProfissionalSilvia Regina Mendes Pereira (RJ)

Conselho ConsultivoMaria Angélica dos Santos Sanchez (RJ)Marcos Aparecido Sarria Cabrera (PR)Paulo Roberto Cardoso Consoni (RS)

Membros do Conselho Consultivo Pleno Adriano Cesar Gordilho (BA)Antonio Jordão Neto (SP)Eliane Blessmann (RS)Elisa Franco de Assis Costa (GO)Elizabete Viana de Freitas (RJ)Flavio Aluizio Xavier Cançado (MG)João Carlos Barbosa Machado (MG)Jussara Rauth (RS)Laura Melo Machado (RJ)Margarida Santos (PE)Maria Auxiliadora Cursino Ferrari (SP)Marianela Flores de Hekman (RS)Myrian Spínola Najas (SP)Paulo Cesar Affonso Ferreira (RJ)Renato Maia Guimarães (DF)Silvia Regina Mendes Pereira (RJ)Sonia Maria Rocha (RJ)Tereza Bilton (SP)Zally Pinto Vasconcelos Queiroz (SP)

Comissão de NormasMarianela HekmanJussara Rauth

Diretoria Nacional da SBGG

ALAGOASPresidente: Helen Arruda Guimarães2a Vice-Presidente: Ana Elizabeth LinsDiretor Científico: Oswaldo da Silva Liberal

BAHIAPresidente: Romulo Meira2o Vice-Presidente: Fábio FalcãoDiretor Científico: Lucas Kuhn Prado

CEARÁPresidente: João Bastos Freire Neto2a Vice-Presidente: Túlia Fernanda Meira GarciaDiretor Científico: Jarbas de Sá Roriz Filho

DISTRITO FEDERALPresidente: Marco Polo Dias Freitas2o Vice-Presidente: Vicente de Paula FaleirosDiretor Científico: Leonardo Pitta

ESPÍRITO SANTOPresidente: Roni Chaim Mukamal2a Vice-Presidente: Neidil Espinola da CostaDiretora Científica: Daniela Souza Gonçalves Barbieri

GOIÁSPresidente: Isadora Crosara Alves Teixeira2a Vice-Presidente: Viviane Lemos Silva FernandesDiretor Científico: Ricardo Borges da Silva

DIRETORIAS DAS SEÇÕES ESTADUAIS DA SBGG

MARANHÃOPresidente: Jacira do Nascimento Serra2a Vice-Presidente: Adriano Filipe Barreto GrangeiroDiretores Científicos: Herberth Vera Cruz Furtado Marques Júnior / Margareth de Pereira de Paula

MATO GROSSOPresidente: Roberto Gomes de Azevedo2a Vice-Presidente: Roseane MunizDiretora Científica: Janine Nazareth Arruda

MATO GROSSO DO SULPresidente: José Roberto PelegrinoDiretora Científica: Marta Dreimeier

MINAS GERAISPresidente: Rodrigo Ribeiro dos Santos2a Vice-Presidente: Marcella Guimarães AssisDiretora Científica: Maria Aparecida Camargos Bicalho

PARÁPresidente: Karlo Edson Carneiro Santana Moreira2a Vice-Presidente: Maria Izabel Penha de O. SantosDiretor Científico: João Sergio Fontes do Nascimento

PARAÍBAPresidente: Arnaldo Henriques Gomes Viegas2a Vice-Presidente: Mirian Lucia TrindadeDiretor Científico: João Borges Virgolino

PARANÁPresidente: Debora Christina de Lacantara Lopes2a Vice-Presidente: Rosemary RauchbachDiretor Científico: Breno Barcelos Ferreira

PERNAMBUCOPresidente: Alexsandra Siqueira Campos2a Vice-Presidente: Marcia CarreraDiretor Científico: Sergio Murilo Fernandes

RIO DE JANEIROPresidente: Rodrigo Bernardo Serafim2a Vice-Presidente: Maria Angélica dos S. Sanchez Diretor Científico: Tarso Lameri Sant´Anna Mosci

RIO GRANDE DO SULPresidente: Ângelo José Bos2a Vice-Presidente: Vania HerediaDiretor Científico: Paulo Roberto Cardoso Consoni

SANTA CATARINAPresidente: Paulo Cesar dos Santos Borges2a Vice-Presidente: Silvia Maria Azevedo do SantosDiretora Científica: Nagele Belettini Hahn

SÃO PAULOPresidente: Renato Moraes Alves Fabbri2a Vice-Presidente: Valmari Cristina AranhaDiretora Científica: Maisa Carla Kairalla

Elisa Franco de Assis CostaAdriano Cesar Gordilho Silvia Pereira Eliane Jost BlessmannElizabete Viana de Freitas

Comissão de Defesa ProfissionalSilvia PereiraTassio da Silva

Comissão de ComunicaçãoSalo BuksmanIvete BerkenbrockRenato FabriLeni PereiraLeila Auxiliadora

Comissão de Cuidados PaliativosDaniel AzevedoIsadora Crosara Alves TeixeiraLaiane Moraes DiasJosecy PeixotoJosé Francisco OliveiraMaristela SantosClaudia BurláJohanner DollLigia PyLucia TakaseToshio Chiba

Comissão de Título de GeriatriaElisa Franco de Assis CostaVeronica HagemeyerRodolfo PedrãoPaulo José Villas BoasLiva DevénsKarlo Edson Carneiro Santana MoreiraAdriano Cesar Gordilho Maria do Carmo LencastreMaira Tonidandel

Comissão de Título de GerontologiaCláudia FlóAdriana KellerMarisa AcciolyTulia GarciaJordelina Schier

Comissão de Formação Profissional e CadastroGeriatria – Veronica Hagemeyer Gerontologia – Maria Celi Lyrio Crispim

Comissão de InformáticaAline ThomazRubens de Fraga JuniorRoberta Barros

Comissão Científica de GeriatriaMaria Alice de Vilhena ToledoMarcos CabreraAna Lúcia VilelaEinstein Camargos Claudia ZanataMarco Polo de FreitasEdgar Nunes de MoraesMaisa Cala KairallaJuliana JunqueiraJussimar Mendes de AquinoJacira do Nascimento SerraMonica Frank Maria Fernanda Coelho Moreira Costa

Comissão Científica de GerontologiaLeila Auxiliadora José Sant’ Anna Maria Angélica Sanchez Ligia Py Maria Izabel Penha de o. Santos Rosângela Corrêa Dias Ana Elizabeth dos Santos LinsLeonor Mauad Márcia Carrera Campos LealVania Beatriz M. Herédia

Comissão de Divulgação de Assuntos e Eventos CientíficosNezilour Lobato RodriguesMaria Alice Vilhena ToledoMariana Asmar AlencarMarianela HekmanLigia Py Daniel Apolinario

Representantes no Conselho da Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia (IAGG)Nezilour Lobato Rodrigues (PA)Mariana Asmar Alencar (MG)Marianela Flores de Hekman (RS)

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Editorial

Fragilidade: como reconhecer e evitar?

O envelhecimento se caracteriza por declínio de vários sistemas do organismo. No entanto, o espectro das diferentes possibilidades de envelhecer é muito amplo. Em um extremo podemos observar o envelhecimento ativo enquanto em outro encontraremos a fragilidade caracterizada por baixa reserva funcional, maior sucetibilidade à dependên-cia e morte. A identificação de como está se dando o envelhecimento é muito importan-te a nível individual para que medidas intervencionistas e preventivas possam otimizar esse processo e permitir que o idoso envelheça de forma ativa. A nível populacional, a identificação da população frágil e particularmente dos pré-frágeis, é fundamental para o estabelecimento de políticas públicas e equacionamento do sistema de saúde. A rele-vância dessa percepção é mundial e muitos critérios tem sido identificados para que a prática clínica, geriátrica e gerontológica possa incluir essa abordagem. A perda de peso, a exaustão, a fraqueza muscular, a baixa velocidade de caminhada e a pouca atividade físi-ca são critérios que vem sendo utilizados para identificar esse perfil de envelhecimento. Na revisão sistemática publicada no JAGS em 2011, a velocidade de marcha e a cognição foram apontadas como ferramentas importantes no screening desses pacientes. O equi-líbrio e a flexibilidade, também tem sido propostos por especialistas. No Brasil o estudo FIBRA apresenta resultados populacionais alarmantes e esclarecedores da nossa reali-dade. O reconhecimento dessa situação nos desafia a buscar alternativas de prevenção e medidas de contenção desse processo para que os idosos brasileiros possam envelhecer com qualidade de vida.

Maysa Seabra Cendoroglo

Editora

ERRATA

Na Edição ABR/MAI/JUN 2012, Volume 6 - Número 2, página 148, publicamos erroneamente a Conclusão do Artigo “O estilo defensivo dos cuidadores de pacientes oncológicos em cuidados paliativos”. A nota abaixo refere-se à Conclusão correta:

O estilo defensivo dos cuidadores de pacientes oncológicos em cuidados paliativosThe defensive style of caregivers of oncology patients in palliative care

Rejimara Alves Fernandes1, Marta Solange Streicher Janelli da Silva2, Eda Schwartz3

1Residente no Programa de Residência Integrada

Multiprofissional em Saúde Área de Concentração: Atenção

a Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas

(UFPEL), Pelotas, RS, Brasil.2Orientadora, mestre em

Educação Física e professora assistente da UFPEL.

3Co-orientadora, doutora em Enfermagem e professora adjunta

da UFPEL.

CONCLUSÃO Este estudo evidenciou que os cuidadores de pacientes oncológicos em cui-

dado paliativo com internação domiciliar apresentam com maior intensidade as defesas pertencentes ao estilo defensivo maduro, como a antecipação. Essas defesas são a principal manifestação das angústias, como modelo de proteção aos cuidados prolongados e às sobrecargas geradas por se prestar assistência ao familiar doente.

Isso indica que esses cuidadores manifestam um bom enfrentamento da situação vivenciada, demonstrando resiliência, o que não significa que o indiví-duo saia da crise ileso, mas que se adapta ao contexto, superando as condições adversas. É possível observar também que as mulheres apresentam maior intensidade do estilo defensivo maduro, talvez por estarem mais preparadas para vivenciar a sobrecarga da assistência continuada, que já vem imposta pelo estigma de elas serem responsáveis pelo cuidado dos familiares doentes.

Dessa forma, os mecanismos maduros sugeriram a evolução do processo adaptativo e sua maturidade enquanto indivíduo que oferece cuidados a seu familiar em processo de fim de vida, e o amadurecimento da vida humana é acompanhado pela evolução desses processos adaptativos.

A contribuição desta pesquisa foi identificar o estilo defensivo e as defesas que pontuaram maior intensidade nos cuidadores de pacientes oncológicos em cuidados paliativos. Como eixo para futuros estudos propõe-se a verifica-ção das causas da maior utilização dessa defesa específica, e a necessidade de fortalecer de forma hierárquica e assertiva o uso frequente do estilo defensivo maduro e de defesas mais adaptativas.

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Síndrome metabólica em idosos quilombolas 227ARTigO ORigiNAL

Síndrome metabólica em idosos remanescentes da Comunidade dos Quilombos – Macapá, AmapáMetabolic syndrome in elderly remnants from Quilombo Community – Macapá, Amapá

Ana Laura Carvalho Leite Medeiros¹, Karla Helena Coelho Vilaça¹, Graziella França Bernardelli Cipriano¹, Carlos Roberto Carvalho Leite², Adriano Bueno Tavares²

1Universidade Católica de Brasília Brasília, DF, Brasil.

2Universidade Federal da Paraíba João Pessoa - PB, Brasil.

Endereço para correspondência: Graziella França Bernardelli Cipriano - Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Gerontologia - Universidade Católica de Brasília (UCB) - SGAN 916 Módulo “B”. Av. W5 Norte, Sala 132 - Asa Norte - Brasília - DF - CEP: 70790-160 - Telefone: (61) 3448 7228, 3448 7229 - E-mail: [email protected]; [email protected]

RESUMOObjetivo:Comparar a prevalência da síndrome metabólica (SM) com diferentes critérios de classificação e perfil lipídico em idosos remanescentes dos quilombos. Métodos: Foram avaliados 110 idosos, 54 remanescentes dos quilombos (IRQ), média de idade 71,1 ± 9,6 anos. A classificação para SM ocorreu pela International Diabetes Federation (IDF) e National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP/ATPIII). Os IRQ foram pareados e comparados a um grupo controle de 56 idosos não remanescentes dos quilombos (INRQ) com idade média 68,8 ± 5,7 anos. Foram submetidos a uma entrevista, avaliação clínica, antropométrica e bioquímica. Resultados: A prevalência de SM entre os IRQ foi de 18,5% e 38,9%, e nos INRQ foi de 34% e 64,3%, pelos critérios do NCEP/ATPIII e da IDF. Pelo NCEP/ATPIII, o critério de SM mais prevalente foi baixo HDL-c. No perfil lipídico dos grupos, houve diferença de colesterol total (p ≤ 0,037), (VLDL p ≤ 0,001) e triglicerídeos (p ≤ 0,001). Os IRQ apresentaram redução na glicemia de jejum e triglicerídeos. Conclusão: Os IRQ apresentaram menor prevalência de SM em ambas as definições e valores significativamente menores de triglicerídeos, colesterol total e VLDL-c.

Palavras-chave: síndrome X metabólica, fatores de risco, idoso, grupos étnicos.

ABSTRACTObjective:To compare the prevalence of the metabolic syndrome (MS) with different classification criteria and lipid profile in elderly remnants from Quilombo (IRQ). Methods: We evaluated 110 elderly, IRQ 54, the criteria for MS was to the International Diabetes Federation (IDF) and National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP/ATPIII). They were compared to 56 elderly no remnants of a Quilombo (INR) submitted to an interview, and underwent clinical, anthropometric and biochemical evaluation. Results: The prevalence of MS among IRQ was 18.5% and 38.9%, and INRQ was 34% and 64.3% by NCEP/ATPIII and IDF. NCEP/ATPIII, the most prevalent criterion of MS was low HDL-c. Lipid profile of the groups was no difference in total cholesterol (p ≤ 0.037), VLDL (p ≤ 0.001) and triglycerides (p ≤ 0.001). Conclusion: The IRQ had a lower prevalence of MS in both settings and lower levels of triglycerides, total cholesterol and VLDL-C.

Keywords: Metabolic syndrome X, risk factors, aged, ethnic groups.

iNTRODUÇÃO A síndrome metabólica (SM) é caracteri-

zada pela interação de fatores de risco cardio-vascular, relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina.1 Apesar de intensas pesquisas, ainda não há um consen-so sobre os critérios que definem a SM. Des-ta forma, as principais definições atualmente utilizadas são do National Cholesterol Edu-cation Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP/ATPIII)2 e da International Diabetes Federation (IDF),2 que incluem os critérios de obesidade central, hipertensão arterial, disli-pidemia e diabetes mellitus (DM).3,4

Em estudos de prevalência sobre SM, têm-se identificado diferenças importantes deste parâmetro, o que demonstra variabili-dade em relação ao gênero, entre diferentes regiões e grupos étnicos,5-7 bem como crité-rios para classificação, podendo propiciar diagnósticos inespecíficos.8

Em um estudo realizado na Venezuela,9 demonstrou-se que a prevalência de SM au-menta com a idade e com a obesidade e observou-se que a obesidade, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a história fami-liar de DM apresentam associação com a SM. Além disso, verificou-se maior preva-lência de SM no grupo de mestiços. Entre as mulheres, não se observaram diferenças em relação às etnias.

Velásquez-Meléndez et al.10 estudaram uma população brasileira rural e observaram maior prevalência de SM entre mulheres ido-sas. Outros estudos,11,12 utilizaram os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e re-velaram maior prevalência de SM em indiví-duos com idade superior a 55 anos.

No Brasil, país reconhecidamente mis-cigenado, há carência de estudos epide-miológicos, demográficos e pesquisas em saúde sobre os diversos grupos étnicos

existentes, principalmente no que se refe-re às populações tradicionais, como as in-dígenas e quilombolas.13,14

Os remanescentes das comunidades dos quilombos são caracterizados como grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatri-buição, com trajetória histórica própria, do-tados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relaciona-da à resistência à opressão histórica sofrida.15 A Secretaria Especial de Promoção da Igual-dade Racial (Seppir, 2010) estima a existência de 3.900 comunidades quilombolas em todo o país, acrescentando que tais comunidades corresponderiam a 325 mil famílias, numa razão de pouco mais de oitenta famílias por comunidade.16,17 Especificamente no caso de idosos que fazem parte de comunidades re-manescentes dos quilombos, não se conhe-cem pesquisas que demonstrem aspectos epidemiológicos dessa população, dada a au-sência de informações específicas e correntes sobre condições de vida e saúde.17,18

Nesse contexto, o presente estudo visou a obter e comparar a prevalência de SM em ido-sos de uma comunidade remanescente de qui-lombo (IRQ) com uma amostra de idosos não remanescentes (INRQ) do Estado do Amapá, utilizando-se as definições do NCEP-ATPIII e da IDF, assim como apresentar características gerais e antropométricas e o perfil lipídico dessas populações.

MÉTODOS O estudo foi caracterizado como analí-

tico observacional transversal. Na pesquisa foram avaliados 110 idosos, sendo 54 rema-nescentes de uma comunidade de quilombos do Curiaú, localizada na área de Proteção Ambiental do Rio Curiaú, no município de Macapá, Amapá, Brasil. Foram elegíveis para a pesquisa os idosos com idade igual ou supe-

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Síndrome metabólica em idosos quilombolasGeriatria & Gerontologia228 229

rior a sessenta anos, de ambos os sexos, que apresentavam condições físicas, cognitivas e intelectuais que permitissem a realização da avaliação clínica, antropométrica e bioquími-ca. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amapá, sob o número 039/08. O termo de consentimento livre e esclarecido foi assina-do pelos responsáveis autorizando a partici-pação da pesquisa.

Grupo controleO grupo controle (GC) contou com 56 ido-

sos, com idade média de 68,8 ± 5,7 anos, sen-do 37 do gênero feminino. O GC foi recrutado aleatoriamente a partir de grupos de convi-vência de idosos da cidade de Macapá, sendo submetidos a uma entrevista para descartar a possibilidade de pertencerem à comunidade remanescente do quilombo. Posteriormente, o GC foi submetido ao mesmo protocolo de avaliação dos IRQ.

Avaliação clínicaOs idosos foram avaliados a partir de uma

entrevista clínica composta por dados socio-demográficos. Os voluntários foram submeti-dos a uma avaliação clínica e anamnese médi-ca, na qual se procedeu uma aferição da pres-são arterial (PA), seguindo as recomendações da V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arte-rial.19 Na sequência, foram realizadas as me-didas antropométricas e a coleta de sangue.

Avaliação antropométricaPara aferição da massa corporal, foi uti-

lizada uma balança digital adulto com antro-pômetro (Filizola®), com capacidade máxima de 200 kg. Solicitou-se aos participantes que retirassem os sapatos e permanecessem com a menor quantidade de roupa possível, man-tendo-se no centro da balança em posição

ortostática com os braços ao longo do corpo. Para avaliação da altura, foi utilizado um an-tropômetro, com extensão de 1,93 m, com o paciente na posição ortostática. Para o diag-nóstico do estado nutricional dos indivíduos, foi utilizado o índice de massa corporal (IMC) [peso (kg)/altura (m2)], de acordo com a clas-sificação para o idoso: baixo peso (IMC < 22 kg/m2); normal (IMC 22 kg/m2 a < 27 kg/m2); e sobrepeso (IMC > 27 kg/m2).20

A medida da circunferência da cintura foi realizada com fita métrica flexível, com preci-são de 1 mm, a qual foi posicionada horizon-talmente no ponto médio entre a borda infe-rior da última costela e a crista ilíaca.

Avaliação laboratorialA segunda etapa da pesquisa envolveu a

coleta de sangue venoso para realização dos exames bioquímicos, os quais foram processa-dos no Centro de Análises Clínicas da Faculdade SEAMA, em Macapá. A coleta de sangue venoso foi realizada por um sistema de coleta a vácuo após a entrevista que confirmava o jejum de doze horas. A avaliação laboratorial foi com-posta por dosagem de triglicerídeos (TG), co-lesterol total (CT), colesterol de alta densidade (HDL-c), colesterol de baixa densidade (LDL-c) e colesterol de muito baixa densidade (VLDL-c).

As amostras de soro foram testadas para determinação enzimática da glicose, TG, CT e HDL-c por meio dos sistemas enzimáticos glucox 500, triglicerídeos 120, colesterol HDL e colesterol 250, utilizando o equipamento semiautomático (Modelo Bio 2000, Bioplus). O LDL-c foi estimado pela fórmula de Frie-dwald21 para valores de TG iguais ou inferiores a 400 mg/dL. Antes do início de cada rotina laboratorial, o equipamento era calibrado e amostras controles eram testadas utilizando--se soro controle N e P.

necessários) foi usado para avaliar a diferença de prevalência da SM entre os dois grupos de idosos. A razão de prevalência (risco relativo) foi calculada para estimar o risco de ocorrên-cia da SM com intervalo de confiança (IC) de 95%. A significância estatística foi considerada admitindo-se um nível crítico de 5% em todos os casos (p ≤ 0,05). Os dados foram analisados por meio do software SigmaStat versão 2.0 e apresentados em tabelas e gráficos.

RESULTADOS Características demográficas e sociais

Participaram do estudo 110 indivíduos. Os idosos do grupo IRQ tiveram média de idade de 71,1 ± 9,6 anos enquanto os idosos do grupo INRQ obtiveram uma média de 68,8 ± 5,7 anos.

Foi observada homogeneidade na amostra estudada, com exceção da etnia. A faixa etária preponderante nas duas amostras foi entre 60 a 69 anos, sendo de 26 (48,1%) para IRQ e 31 (55,4%) para INRQ.

Em relação às características antropométri-cas, a média observada para IMC no IRQ foi de 25 ± 5,1 kg/m2 e no INRQ foi de 27,2 ± 3,9 kg/m2 (p < 0,125). Tal homogeneidade também ocorreu na circunferência da cintura (89 ± 9 cm e 93,6 ± 7,1 cm (p < 0,30).

A análise do perfil lipídico demonstrou que os IRQ apresentaram menores níveis de CT (178 ± 34,4 mg/dL; p = 0,037) e VLDL-c (20,6 ± 11,1 mg/dL; p < 0,001) em relação aos INRQ. De for-ma semelhante, os níveis de TG dos IRQ (103,2 ± 55,6 mg/dL) foram menores do que nos INRQ (153,4 ± 78,1 mg/dL; p < 0,05).

Na análise dos critérios do NCEP/ATPII, a idade, a faixa etária e o gênero do grupo dos IRQ com SM apresentou média de idade de 67,3 ± 8,3 anos. Destes, houve predomí-nio de mulheres (70%) e de idosos na faixa etária de 60 a 69 anos (70%). Entre os INRQ

Diagnóstico da síndrome metabólicaPara diagnóstico da SM e posterior com-

paração das prevalências foram adotados os critérios do NCEP-ATPIII e da IDF. Segundo o NCEP/ATPIII, o diagnóstico de SM é realizado a partir da presença de pelo menos três dos seguintes componentes: glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL; pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 130 mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 85 mmHg; circunferência da cintura (CC) > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres; TG ≥ 150 mg/dL e HDL-c < 40 mg/dL em ho-mens e < 50 mg/dL em mulheres.3

De acordo com a definição da IDF, o diag-nóstico da SM é feito a partir da presença de obesidade central, definida pela medida da CC, com valores diferenciados para gêne-ro e grupos étnicos, somado a pelo menos dois dos seguintes fatores: TG ≥ 150 mg/dL ou tratamento específico para dislipidemia; HDL-c < 40 mg/dL para homens e < 50 mg/dL para mulheres, ou tratamento específico para dislipidemia; PAS ≥ 130 mmHg ou PAD ≥ 85 mmHg, ou tratamento para HAS; glice-mia de jejum ≥ 100 mg/dL ou diagnóstico prévio de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Em relação à CC, para povos asiáticos, da Améri-ca do Sul e América Central, CC ≥ 90 cm em homens e ≥ 80 cm em mulheres.4

Análise estatísticaOs resultados foram expressos em valores

absolutos e as respectivas médias, desvios-padrões em porcentagens. Para verificação da normalidade dos dados foi usado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Para comparação das variáveis relativas às características gerais e aos critérios da SM, foi utilizado o teste t de Stu-dent para amostras pareadas e não pareadas, seguido pelo teste de Mann-Whitney quan-do pertinente. O teste do qui-quadrado (teste exato de Fisher ou teste G de William quando

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Síndrome metabólica em idosos quilombolasGeriatria & Gerontologia230 231

Tabela 1. Características gerais dos sujeitos com SM de acordo com os grupos de idosos, segundo as definições do NCEP/ATPIII e da IDF

Características gerais

IRQ [n(%)] INRQ [n(%)] INRQ [n(%)]

NCEP/ATPIII IDF NCEP/ATPIII IDF p* p**

Idade 67,3 ± 8,3 67,9 ± 7,6 68,2 ± 5,7 68,6 ± 5,5 0,143 0,153

Faixa etária 0,247 0,342

60 a 69 7 (70) 13 (61,9) 12 (63,2) 20 (55,6)

70 a 79 1 (10) 5 (23,8) 6 (31,5) 14 (38,8)

≥ 80 2 (20) 3 (14,3) 1 (5,3) 02 (5,6)

Gênero 1,000 0,887

Masculino 3 (30) 6 (28,6) 5 (26,3) 11 (30,5)

Feminino 7 (70) 15 (71,4) 14 (73,7) 25 (69,5)IRQ = idosos remanescentes dos quilombos. INRQ = idosos não remanescentes dos quilombos. NCEP/ATPIII: National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III. IDF: International Diabetes Federation. SM (+): síndrome metabólica presente. SM (-): síndrome metabólica ausente. p*: comparação entre IRQ e INRQ segundo a definição do Ncep/ATPIII. p**: comparação entre IRQ e INRQ segundo a definição da IDF. Nível de significância menor ou igual a 5% (p ≤ 0,05).

Tabela 2. Critérios para diagnóstico da síndrome metabólica de acordo com os grupos de idosos estratificados por gênero. Macapá, 2008

CritériosIRQ INRQ IRQ x INRQ

M F p* M F p* pa’ p’’Gênero 22 (40,7) 32 (59,3) 19 (34%) 37 (66%) 0,58

Circunferência da cintura (cm) 89 ± 9 87,2 ± 10,6 93,6 ± 7,1 89,5 ± 8,6 0,07 0,076 0,30

Pressão arterial sistólica (mmHg) 130 ± 21,4 129,7 ± 18,6 129,5 ± 14,7 132,7 ± 11,7 0,35 0,915 0,74

Pressão arterial diastólica (mmHg) 81,8 ± 17,6 80,8 ± 11,1 81,3 ± 7,2 79,2 ± 9,5 0,31 0,704 0,75

Glicemia de jejum (mg/dL) 81,7 ± 6,8 96,6 ± 47,6 96,9 ± 21 112,7 ± 61,7 0,57 0,009 0,002

Triglicerídeos (mg/dL) 96,7 ± 45,9 107,7 ± 61,7 164,3 ± 100,8 147,8 ± 64,3 0,99 0,002 0,001

HDL-c (mg/dL) 43,3 ± 14,5 49,1 ± 17 38,6 ± 14,3 46,8 ± 12,8 0,033 0,301 0,52IRQ = idosos remanescentes dos quilombos. INRQ = idosos não remanescentes dos quilombos. M: gênero masculino. F: gênero feminino. HDL-c: fração de colesterol de lipoproteína de alta densidade. p’: comparação das médias do gênero masculino entre IRQ e INRQ. p’’: comparação de médias do gênero feminino entre indivíduos IRQ e INRQ. Nível de significância menor ou igual a 5%. * p ≤ 0,05. ** p ≤ 0,01. *** p ≤ 0,001.

com SM, a idade média foi de 68,2 ± 5,7 anos e a faixa etária mais acometida foi en-tre 60 e 69 anos (63,2%). Em relação ao gê-nero, houve predomínio feminino (62,2%). De acordo com a definição da IDF, para os IRQ com SM, a idade média foi 67,9 ± 7,6, a faixa etária predominante foi 60 a 69 anos (61,9%) e o gênero feminino foi o mais aco-metido (71,4%). Dentre os INRQ, observou--se média de idade de 68,6 ± 5,5 anos, sendo que 55,6% encontram-se na faixa etária de

60 a 69 anos e 69,5% pertencem ao gênero feminino. Comparando-se as características entre os IRQ e INRQ, não houve diferença em ambas as definições (Tabela 1).

Analisando-se os critérios isolados da SM nos grupos, os dados revelaram que tanto os idosos (p = 0,002) quanto as ido-sas (p < 0,001) remanescentes dos quilom-bos apresentaram menor valor de TG em relação aos INRQ. O mesmo foi observado em relação à glicemia de jejum, no gêne-

Tabela 3. Características dos critérios isolados dos sujeitos com e sem síndrome metabólica, de acordo com os grupos de idosos, segundo o Ncep/ATPIII e IDF. Macapá, 2008

Características1IRQ INRQ IRQ x INRQ IRQ x INRQ

SM (+) SM (-) p# SM (+) SM (-) p## p’’ p’’’

Ncep/ATPIII

Circunferência da cintura (cm) 96 ± 8,6 86,1 ± 9,3 ** 95,8 ± 5,7 88,4 ± 8,3 *** 0,945 0,238

PAS (mmHg) 134 ± 23,7 128,9 ± 18,7 137,4 ± 11,9 128,6 ± 12,3 * 0,612 0,950

PAD (mmHg) 86,5 ± 15,6 80 ± 13,5 83,4 ± 9,4 78,1 ± 7,9 ** 0,793 0,435

Glicemia de jejum (mg/dL) 118 ± 81,7 84,3 ± 10,5 140,1 ± 79,1 90,5 ± 11,2 ** 0,041 0,011

Triglicerídeos (mg/dL) 176,7 ± 85,1 86,5 ± 27,5 *** 195,7 ± 85,5 131,7 ± 65 *** 0,383 0,001

HDL-c (mg/dL) 35,5 ± 8,5 48,9 ± 16,4 * 38,8 ± 10,6 46,2 ± 14,5 * 0,400 0,457

IDF

Circunferência da cintura (cm) 94,1 ± 8,6 83,9 ± 8,6 *** 94,2 ± 6,7 84,9 ± 7,6 *** 0,954 0,668

PAS (mmHg) 136,2 ± 17,5 125,8 ± 20 * 135 ± 10,6 125,5 ± 14,3 ** 0,485 0,960

PAD (mmHg) 84,7 ± 12,5 78,9 ± 14,6 80,7 ± 9,8 78,5 ± 6,5 0,357 0,881

Glicemia de jejum (mg/dL) 102,3 ± 58,2 83 ± 6,9 119,8 ± 61,2 84,8 ± 8,5 *** 0,001 0,410

Triglicerídeos (mg/dL) 137 ± 73,4 81,7 ± 22,9 *** 171,7 ± 90,5 120,4 ± 27,8 * 0,142 0,001

HDL-c (mg/dL) 42,3 ± 13,4 49,6 ± 17,3 41 ± 12,3 48,2 ± 14,9 * 0,819 0,774IRQ = idosos remanescentes dos quilombos. INRQ = idosos não remanescentes dos quilombos. SM (+): síndrome metabólica presente. SM (-): síndrome metabólica ausente. NCEP/ATPIII: National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III. IDF: International Diabetes Federation. PAS: pressão arterial sistólica. PAD: pressão arterial diastólica. HDL-c: lipoproteína de alta-densidade. p#: comparação das características dos IRQ com e sem SM. p##: comparação das características dos INRQ com e sem SM. p’’: comparação das médias dos critérios isolados dos IRQ e INRQ com síndrome metabólica. p”’: comparação das médias dos critérios isolados dos IRQ e INRQ sem síndrome metabólica. Nível de significância menor ou igual a 5%. * p ≤ 0,05. ** p ≤ 0,01. *** p ≤ 0,001.

ro masculino (p = 0,009) e feminino (p = 0,002). Na amostra de INRQ, a média de HDL-c foi menor nos homens quando com-parada à das mulheres (38,6 ± 14,3 mg/dL versus 46,8 ± 12,8 mg/dL; p = 0,033), con-forme mostra a (Tabela 2).

Ao se comparar os IRQ e INRQ de acordo com os critérios isolados da SM, encontrou--se que os IRQ apresentaram níveis mais baixos de glicemia de jejum em relação aos INRQ, utilizando-se tanto a definição do NCEP/ATPIII (p = 0,041) quanto da IDF (p < 0,001), que utiliza um ponto de corte menor. Em relação aos idosos sem SM, os IRQ apresentaram taxas significativamente mais baixas de TG do que os INRQ, nas defi-

nições do NCEP/ATPIII (p < 0,001) e da IDF (p < 0,001) (Tabela 3).

Na análise da SM pela definição do NCEP/ATPIII, observou-se que o critério mais prevalente entre os IRQ foi baixo HDL-c (50%), seguido de HAS (37%). Entre os INRQ, os critérios mais prevalentes foram baixo HDL-c (67,9%) e obesidade central (41,1%). Utilizando-se os pontos de corte da definição da IDF, entre os IRQ, os crité-rios mais prevalentes foram HAS (66,7%) e obesidade central (59,3%). Nos INRQ, a obesidade central (80,4%) e os níveis bai-xos de HDL-c ou tratamento prévio para hi-percolesterolemia (76,8%) foram os crité-rios mais prevalentes (Tabela 4).

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Síndrome metabólica em idosos quilombolasGeriatria & Gerontologia232 233

Em relação ao risco relativo (RR), os INRQ apresentam prevalência duas vezes maior para o critério de hipertrigliceridemia. Em relação ao metabolismo da glicose, observou-se que a intolerância à glicose é o critério com menor prevalência em ambos os grupos. Ainda assim, pôde-se observar que os INRQ apresentam RR quatro vezes maior de preencher esse critério, segundo definição da IDF (Tabela 5).

A prevalência global da SM foi de 26,4% pelos critérios do NCEP/ATPIII e 51,8% pela IDF. Em relação à prevalência nas duas amos-tras separadamente, pelos critérios do NCEP/ATPIII, foi de 18,5% entre os IRQ e 34% entre os INRQ, diferença que não se mostrou sig-nificativa. Contudo, pela definição da IDF, a prevalência de SM foi de 38,9% entre os IRQ e 64,3% entre os INRQ (p = 0,013) (Tabela 6).

Tabela 4. Prevalência e risco relativo dos critérios isolados da síndrome metabólica pelas definições do NCEP/ATPIII e da IDF, de acor-do com os grupos de idosos. Macapá, 2008

Características1NCEP/ATP III IDF

IRQ N. (%) INRQ N. (%) Total n (%) p’ IRQ N. (%) INRQ N. (%) Total n (%) p’’

Hipertensão arterial 0,458 0,452

Sim 20 (37) 16 (28,6) 36 (32,7) 36 (66,7) 42 (75) 78 (71)

Não 34 (63) 40 (71,4) 74 (67,3) 18 (33,3) 14 (25) 32 (29)

RR (IC 95%) 1,3 (0,8 a 2,2) 0,8 (0,5 a 1,3) - 0,9 (0,7 a 1,1) 1,1 (0,9 a 1,4)

Intolerância à glicose/DM2 0,111 0,002

Sim 4 (7,4) 11 (19,6) 15 (13,6) 5 (9,3) 20 (35,7) 25 (22,7)

Não 50 (92,6) 45 (80,4) 95 (86,4) 49 (90,7) 36 (64,3) 85 (77,3)

RR (IC 95%) 0,4 (0,1 a 1,1) 2,7 (0,9 a 7,8) - 0,3 (0,1 a 0,6) 3,9 (1,6 a 9,5)

Hipertrigliceridemia 0025 0,015

Sim 9 (16,7) 21 (37,5) 30 (27,3) 13 (24,1) 27 (48,2) 40 (36,4)

Não 45 (83,3) 35 (62,5) 80 (72,7) 41 (75,9) 29 (51,8) 70 (63,6)

RR (IC 95%) 0,4 (0,2 a 0,9) 2,3 (1,1 a 4,5) - 0,5 (0,3 a 0,8) 2,0 (1,2 a 3,5)

Baixo HDL-c 0,087 0,05

Sim 27 (50) 38 (67,9) 65 (59,1) 31 (57,4) 43 (76,8) 74 (67,3)

Não 27 (50) 18 (32,1) 45 (40,9) 23 (42,6) 13 (23,2) 36 (32,7)

RR (IC 95%) 0,7 (5,-1) 1,4 (1 a 1,9) 0,8 (0,6-1) 1,3 (1 a 1,8)

Obesidade abdominal 0,397 0,027

Sim 17 (31,5) 23(41,1) 40 (36,4) 32 (59,3) 45 (80,4) 77 (70)

Não 37 (68,5) 33(58,9) 70 (63,6) 22 (40,7) 11 (19,6) 33 (30)

RR (IC 95%) 0,8 (0,5-1,3) 1,3 (0,8-2,2) 0,7 (0,6-1) 1,4 (1,1-1,8)

IRQ = idosos remanescentes dos quilombos. INRQ = idosos não remanescentes dos quilombos. NCEP/ATPIII: National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III. IDF: International Diabetes Federation. HDL-c: lipoproteína de alta-densidade. p*: comparação dos critérios da SM entre os IRQ e os INRQ pela definição da Ncep/ATPIII. p**: comparação dos critérios da SM entre os IRQ e os INRQ pela definição da IDF. Nível de significância menor ou igual a 5% (p ≤ 0,05).

Em ambas as definições, o grupo de INRQ apresentou maior RR. Dessa forma, conside-rando-se os critérios do NCEP-ATPIII, os INRQ apresentam uma probabilidade 1,83 maior de SM em relação aos IRQ. Para a definição da IDF, essa probabilidade é menor (1,65), po-rém significativa (p = 0,013).

DiSCUSSÃO Os resultados encontrados no presente

estudo demonstraram menor prevalência de SM no IRQ e menor fator de risco indepen-dente para doenças cardiovasculares (DCV) em ambas as definições, com grande contri-buição da glicemia de jejum e dos trigliceríde-os para esses resultados.

A prevalência de SM em idosos se modifi-ca de acordo com a população e a faixa etária estudada, bem como pelos critérios diagnós-ticos adotados. Ao considerar adultos com mais de 50 anos, estudos nacionais que utili-zaram as definições do NCEP/ATPIII e da IDF para SM mostraram taxas de prevalência que variaram de 30 a 48,3%.22,23

Outro estudo realizado na América do Sul retratou frequência de SM entre 45 a 55% nos indivíduos com idade superior a 50 anos, ca-racterizados pela definição do NCEP/ATPIII ─ resultados semelhantes foram evidenciados neste estudo.9

No presente estudo, foi encontrada diver-gência na prevalência de SM ao se comparar a definição da NCEP/ATPIII e IDF. Essa diferen-ça pôde ser observada tanto na prevalência global quanto na prevalência das duas amos-tras separadamente. A prevalência de SM en-contrada pela definição da IDF é aproximada-mente o dobro daquela observada pela defi-nição do NCEP/ATPIII. Estes resultados são semelhantes aos de Lima et al.,24 que obser-varam prevalência maior pelos critérios da IDF do que pelo NCEP/ATPIII em população brasileira adulta. No mesmo sentido, Manzur et al.,25 mostraram prevalência de 25,4% pelo NCEP/ATPIII e de 31,5% pela IDF em uma população colombiana adulta, porém a dife-rença só foi significativa no gênero masculi-no. A definição da IDF baseia-se na inclusão de indivíduos em tratamento prévio para DM tipo 2,

Tabela 5. Prevalência global e risco relativo da síndrome metabólica segundo as definições do NCEP/ATPIII e da IDF de acordo com os grupos de idosos. Macapá, 2008.

Status da SM1 SM (+) N (%) SM (-) n (%) Total n (%) RR (IC 95%) χ2 p#

Segundo o NCEP/ATPIII 2,62 0,106

IRQ 10 (18,5) 44 (81,5) 54 (49,1) 0,55 (0,3-1,1)

INRQ 19 (34) 37 (66) 56 (51,9) 1,83 (0,9 a 3,6)

Total 29 (26,4) 81 (73,6) 110 -

Segundo a IDF 6,12 0,013

IRQ 21 (38,9) 33 (61,1) 54 (49,1) 0,6 (0,4 a 0,9)

INRQ 36 (64,3) 20 (35,7) 56 (51,9) 1,65 (1,1 a 2,4)

Total 57 (51,8) 53 (48,2) 110 -IRQ = idosos remanescentes dos quilombos. INRQ = idosos não remanescentes dos quilombos. Ncep/ATPIII: National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III. IDF: International Diabetes Federation. SM (+): síndrome metabólica presente. SM (-): síndrome metabólica ausente. RR: risco relativo. Nível de significância menor ou igual a 5% (p ≤ 0,05).

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Síndrome metabólica em idosos quilombolasGeriatria & Gerontologia234 235

ao aumento da atividade da enzima lipase li-poproteica e, consequentemente, ao aumento da lipólise de TG.34 Contudo, em negros, há um menor comprometimento da enzima, com relativo controle da atividade enzimática. As-sim, determinados indivíduos podem se apre-sentar com RI e níveis reduzidos de HDL-c, porém com valores normais ou no limite da normalidade de TG.34

Em relação aos idosos com diagnóstico de SM, a glicemia de jejum e a dosagem de TG fo-ram bons preditores para SM. Dessa maneira, tal descoberta vai ao encontro da literatura que relata que negros apresentam menores índices de hipertrigliceridemia e baixo HDL-c em relação aos caucasianos.31

Os IRQ apresentaram maior prevalência de HAS, o que coincide com dados da literatura que relatam a significativa prevalência de HAS entre negros com SM, considerando tanto a de-finição da IDF quanto do NCEP/ATPIII.28 Con-tudo, em um trabalho relevante que avaliou os níveis pressóricos em adultos de uma comuni-dade quilombola no Estado de Goiás, os auto-res não encontraram elevação significativa da PA, mesmo quando relacionada ao aumento da idade, fato justificável pela influência de fato-res ambientais, culturais e hábitos de vida.33

Considerando-se a definição do NCEP/ATPIII, baixo HDL-c foi o critério mais preva-lente nos dois grupos. Taylor et al.31 demons-traram resultados semelhantes em afrodes-cendentes, com maior prevalência de baixo HDL-c, obesidade abdominal e elevação dos níveis pressóricos, utilizando-se os pontos de corte do NCEP/ATPIII.

Em relação às características antropomé-tricas, os IRQ apresentaram valores normais levando em consideração o ponto de corte adotado nesse estudo que é específico para idosos. Em contrapartida, os INRQ apresenta-ram IMC com valores classificados como so-

HAS, hipertrigliceridemia e hipercolesterole-mia. Além desse fato, a redução dos pontos de corte da glicemia de jejum e da RCQ, princi-palmente ao se utilizar os valores indicados para as populações latino-americanas, contri-buíram para o aumento do número de idosos classificados com SM nesse estudo.24,25

Os critérios utilizados para se definir a SM foram evidenciados no presente trabalho, sendo que os IRQ apresentaram menor pre-valência de SM em relação aos INRQ, quando caracterizados pela definição da IDF. Levan-do-se em conta o fator etnia, outros estudos corroboram a ideia de que negros apresen-tam menores taxas de SM em relação a dife-rentes grupos étnicos.26

Em relação ao gênero, houve preponde-rância de mulheres acometidas pela SM nas duas amostras, o que condiz com outros es-tudos.27-29 Um estudo peruano demonstrou predomínio da SM no gênero feminino em todos os estratos etários, inclusive entre as idosas.27 Na África, estudos revelaram preva-lência significativamente maior da SM entre as mulheres, independentemente das defini-ções utilizadas.28 Ford et al.29 analisaram a SM em adultos americanos e afrodescendentes e verificaram que o gênero feminino também apresentou maior prevalência de SM do que o gênero masculino. Vários autores tentam justificar tal diferença nos próprios critérios da SM, mas essa diferença também pode ser encontrada em outros parâmetros, como ati-vidade física, hábitos alimentares e condições socioeconômicas.30,31

Analisando-se o perfil lipídico, a litera-tura mostra que os caucasianos apresentam maior valor de TG em relação aos negros, o que pode ser corroborado aos achados des-se estudo.32,33 Esse fato encontra justificativa na relação entre resistência à insulina (RI) e taxas de TG. Sabe-se que o estado de RI leva

brepeso e as médias da RCQ foram superiores ao limite considerado normal nos dois grupos e nesse caso podem ser considerados fatores de risco, visto que o acúmulo de gordura ab-dominal está associado à maior prevalência de SM em idosos, particularmente naqueles com peso normal.34

Este estudo apresentou uma limitação em relação ao tamanho amostral reduzido, o que dificulta a generalização dos dados para outras populações quilombolas, principalmente entre os idosos nas faixas etárias mais longevas.

CONCLUSÃO O trabalho demonstrou que os IRQ apre-

sentaram menor prevalência de SM em re-lação aos INRQ pela definição da IDF, além de apresentarem valores significativamente menores de triglicerídeos, colesterol total, VLDL-c e glicemia de jejum. Os dados ainda ressaltam a importância de se utilizar a de-finição da IDF que, por definir critérios com menores pontos de corte, abrange maior nú-mero de indivíduos, ao passo que a definição do NCEP/ATPIII subestima o número de indi-víduos com a SM, mesmo que eles já apresen-tem algum fator de risco para o desenvolvi-mento de eventos cardiovasculares.

Os resultados deste estudo representam algumas características físicas e biológicas desse estrato populacional que podem contri-buir para o planejamento de ações específicas voltadas à promoção de saúde nos idosos re-manescentes dos quilombos. Contudo, outras pesquisas são necessárias para o estabeleci-mento de um perfil geral dessas comunida-des, propiciando medidas preventivas e cura-tivas para a saúde desses idosos.

CONFLiTO DE iNTERESSE A pesquisa não apresenta conflito de interesse.

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ARTigO ORigiNAL

Fenótipo de fragilidade: quais itens são mais frequentes em um grupo de idosos de Belo Horizonte?

Phenotype of frailty: which items are more frequent in a group of community-dwelling elderly of Belo Horizonte?

Cintia da Silva Freire Jardim1, Sheila Alves Gomes Tomaz1, Vanessa Gomes da Silva1, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva1, Rosângela Corrêa Dias1

1Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte,

Minas Gerais, Brasil.

Endereço para correspondência: Cintia da Silva Freire Jardim - Rua Wilson Soares Fernandes, 160 - Bairro Planalto, Belo Horizonte MG - CEP: 31730-700Tel: (31) 9106 8827/3494 1785E-mail: [email protected]

RESUMOObjetivo: A fragilidade caracteriza-se por aumento da vulnerabilidade a fatores estressores, que resulta da diminuição das reservas fisiológicas devido ao acúmulo de deficiências nos múltiplos sistemas. Esse processo, associado à diminuição da capacidade de o indivíduo suprir a demanda imposta, culmina no aparecimento da fragilidade. Portanto, o objetivo aqui é apontar, entre os cinco itens do fenótipo de fragilidade, os mais frequentes na identificação de fragilidade e pré-fragilidade entre os idosos entrevistados no inquérito da Rede Fibra em Belo Horizonte. Métodos: O presente estudo é um subprojeto da Rede Fibra e utilizou uma amostra aleatória de 199 idosos do banco de dados do polo de Belo Horizonte. Neste estudo, foi realizada a estatística descritiva de todas as variáveis. Para isso, utilizou-se o pacote estatístico Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 15.0. Resultados: A prevalência de fragilidade em nossa amostra foi de 14%, de forma que o item mais frequente foi a baixa velocidade de marcha tanto nos idosos frágeis (93,6%) como nos pré-frágeis (88,4%). Conclusão: A baixa velocidade de marcha foi o item mais recorrente entre os idosos frágeis e pré-frágeis. Assim, este deve ser um item que merece minuciosa observação por parte dos profissionais da saúde por melhor identificar condições de possível fragilidade em idosos. Palavras-chave: Envelhecimento, sarcopenia, marcha, idoso fragilizado.

ABSTRACTObjective: Frailty is characterized by increased vulnerability to stressors that results from decreased physiological reserves due to increased disability in multiple systems. This process, coupled with the decrease in the individual’s ability to meet the demand imposed, culminating in the appearance of fragility. To identify, among the five items on the phenotype of frailty, which were more frequent in the investigation of Rede Fibra in Belo Horizonte- MG. Methods: This study is a subproject of Rede Fibra and used a random sample of 199 elderly from the database center of Belo Horizonte. This study was performed descriptive statistics for all study variables. For this, we used the Statistical Package for Social Science (SPSS), version 15.0. Results: The prevalence of frailty in our sample was 14%, and the most frequent item of the sample was running at low speed in both, the frail elderly (93.6%) as in the pre-frail (88.4%). Conclusion: The low-speed running was most common among frail and pre-frail elderly. So, this should be an item that deserves careful observation by health professionals for better conditions to identify possible frailty in the elderly.Keywords: Aging, sarcopenic, gait, frail elderly.

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Fenótipo de fragilidade em idososGeriatria & Gerontologia238 239

iNTRODUÇÃO O uso do termo fragilidade tem aumen-

tado na última década tanto entre os profis-sionais da saúde como na literatura científica. São várias as definições de fragilidade dispo-níveis,1 entre elas a proposta por Fried et al.,2 segundo os quais a fragilidade se caracteriza por um aumento da vulnerabilidade a fatores estressores que resulta da diminuição das re-servas fisiológicas devido ao acúmulo de defi-ciências nos múltiplos sistemas.2 A base bio-lógica para a síndrome da fragilidade é como um ciclo vicioso.3 Esse ciclo enfoca a sarcope-nia, que gera vulnerabilidade, perda da mo-bilidade, alterações na marcha e distúrbios de equilíbrio, os quais resultarão no agrava-mento da própria sarcopenia.2,3 Tal processo, associado à diminuição da capacidade de o indivíduo suprir a demanda imposta, culmina na fragilidade.3 Uma vez frágil, o indivíduo au-menta consideravelmente o risco de eventos adversos, como hospitalização, institucionali-zação, incapacidade e quedas.2

A limitação na mobilidade tem sido re-conhecida como a componente-chave da fragilidade. Evidências recentes demons-tram que a redução da velocidade de mar-cha e a diminuição do nível de atividade fí-sica estão entre as primeiras manifestações clínicas da fragilidade.4

O fenótipo de fragilidade operacionaliza-do por Fried et al.5 baseia-se nos componen-tes físicos da fragilidade e é composto por cinco itens:

• redução de peso autorrelatada maior ou igual a 4,5 kg ou 5% do peso corpo-ral no último ano;

• redução da força de preensão manu-al avaliada pelo dinamômetro manual Jamar® ajustado de acordo com gêne-ro e índice de massa corporal (IMC);

• exaustão autorrelatada por duas ques-tões da escala do Center of Epidemio-logic Studies – Depression (CES-D);

• baixa velocidade de marcha, de acor-do com o tempo gasto para percorrer 4,6 metros;

• diminuição do nível de atividade físi-ca, calculado pelo número das calorias gastas por semana valor obtido por meio do instrumento Minnesota Lei-sure Time Activity.5,6

Entre os itens, idosos que não apresen-tam nenhum item positivo para fragilidade são considerados não frágeis; pontuação em um ou dois itens fazem com que o idoso seja considerado pré-frágil; se pontuar em mais de três itens, é considerado frágil.

O fenótipo de fragilidade é uma das fer-ramentas disponíveis em busca da caracteri-zação da fragilidade nos idosos,2 porém não se sabe quais dos seus cinco itens mais se relacionam com a presença da Fragilidade. Estudos destes itens acrescentam informa-ções para o corpo de conhecimento existente e, baseado neles, espera-se ter informações para desenvolver modelos de diagnóstico, de-tecção precoce e tratamento da fragilidade a partir da utilização de instrumentos simples e válidos para idosos brasileiros.7

O objetivo desse estudo foi identificar, en-tre os cinco itens do fenótipo de fragilidade proposto por Fried et al.,2 quais foram os mais frequentes na identificação de fragilidade e pré-fragilidade e a relação entre as variáveis independentes como variáveis sociodemográ-ficas e clínicas entre os idosos entrevistados no inquérito da Rede Fibra em Belo Horizonte.

MATERiAiS E MÉTODOS O presente estudo é um subprojeto da

Rede Fibra e utilizou um recorte também

aleatório do banco de dados do polo de Belo Horizonte. A amostra original é composta de 613 idosos, de forma que o recorte utilizado para esse trabalho foi de 199 idosos. Os ido-sos foram selecionados aleatoriamente para manter a representatividade significativa do número de idosos de cada setor censitário. O estudo da Rede Fibra foi aprovado pelo Comi-tê de Ética em Pesquisa da Universidade Fe-deral de Minas Gerais, Parecer n. Etic 187/07, e todos os entrevistados concordaram com a participação por meio da assinatura do Ter-mo de Consentimento Livre e Esclarecido. Tendo em vista que este estudo analisou um recorte dessa amostra, este foi aprovado pelo parecer mencionado.

O Estudo Rede Fibra utiliza um pro-tocolo padronizado com um conjunto de testes aplicados que avaliam as variáveis sociodemográficas, ocorrência de quedas, capacidade funcional, medidas antropo-métricas e depressão.

Em relação às quedas, realizavam-se as seguintes perguntas: O senhor(a) sofreu que-das nos últimos 12 meses? Se sim, quantas vezes? Foi utilizado o questionário Falls Effi-cacy Scale-International (FES-I)8 para avaliar a preocupação do idoso em cair ao realizar atividades. O escore obtido em nossa amostra foi de 23,4 (± 7,1). Foi usada a escala de de-pressão geriátrica (GDS-15) e obtivemos um escore 7,38 (± 1,9). As medidas antropomé-tricas realizadas foram peso (kg), altura, cir-cunferência braquial, circunferência da cintu-ra e circunferência do quadril (cm).

Os dados relativos ao fenótipo de fragili-dade foram avaliados por meio da coleta de dados dos cinco itens propostos por Fried et al.,2 da seguinte forma:

• A força de preensão manual foi men-surada pelo dinamômetro de Jamar (hydraulic hand dynamometer Sa-

ehan, modelo SH5001 – 973, Yang-deck – Dong, PO Box 426, Masan Free Trade Zone, Masan 630-728 KOREA). Para ser considerado frágil por esse critério, o idoso deve estar abaixo do percentil 20 da amostra total, ajustado por sexo e índice de massa corporal (kg/m2).

• A perda de peso foi avaliada por per-gunta direta em busca do autorrela-to se o indivíduo apresentou perda maior ou igual a 4,5 kg ou perda maior ou igual a 5% do peso corporal nos úl-timos 12 meses.

• A exaustão foi verificada por meio da aplicação de duas questões da escala de depressão do Center for Epidemio-logical Studies (CES-D).9 Foram reali-zadas as seguintes perguntas aos par-ticipantes: “Sentiu que teve que fazer esforço para dar conta das suas tare-fas habituais?” e “Não conseguiu levar adiante suas coisas?” As respostas são em escala Likert (nunca ou raramen-te = 0; às vezes = 1; frequentemente = 2; sempre = 3). Completou o crité-rio para fragilidade o indivíduo que pontuou 2 ou 3 em qualquer uma das duas questões citadas.

• A marcha foi analisada pelo tempo gasto para o idoso percorrer 4,6 me-tros dentro de uma distância de 8,6 metros livres, excluindo 2 metros para a aceleração e 2 metros para a desace-leração. Foi estabelecido como padrão o uso de um cronômetro Professional Quartz Timer da marca Kadio, modelo KD 1069. Os resultados foram ajusta-dos por estatura e sexo e foram consi-derados frágeis por este critério aque-les que apresentaram tempo acima do percentil 80 da amostra.

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Fenótipo de fragilidade em idososGeriatria & Gerontologia240 241

• O nível de atividade física foi analisado por meio do questionário Minnesota Leisure Time Activity Questionare, que inclui diversas atividades realizadas pelo indivíduo, como caminhar e práticas es-portivas. Posteriormente, foi calculado o consumo energético em quilocalorias despendidas pelo indivíduo durante as atividades realizadas nos últimos quinze dias. Completou o critério para fragilida-de aqueles que ficaram abaixo do per-centil 20 da amostra, ajustado por sexo.2

Os idosos que não apresentam nenhum item positivo para fragilidade são conside-rados não frágeis; pontuação em um ou dois itens indica idoso pré-frágil; e se pontuar em mais de 3 itens, é considerado frágil.2

Neste estudo foi realizada a estatística des-critiva de todas as variáveis do estudo através de medidas de tendência central e dispersão, porcentagens e frequência das variáveis. Foi utilizado o pacote estatístico Statistical Packa-ge for Social Science (SPSS), versão 15.0.

RESULTADOS A média de idade da amostra de 199

idosos avaliados era de 73,61 anos (± 6,63). Destes, 136 (68,3%) eram mulheres e 103 (51,8%) casados. A média de escolaridade na amostra estudada foi de 6,7 anos (± 5,6). Em relação à moradia, 32 (16,1%) idosos mora-vam sozinhos (Tabela 1).

Tabela 1. Características sociodemográficas da amostra (n = 199)

Sexo N. %

Masculino 63 31,7

Feminino 136 68,3

Estado civil N. %

Solteiro 24 12,1

Casado 103 51,8

Divorciado 8 4,0

Viúvo 64 32,2

Escolaridade N. %

Nunca foi à escola 10 5,0

Analfabetos 2 1,0

Primário 97 48,7

Ginásio 32 16,1

Científico 29 14,6

Superior 23 11,6

Pós-graduados 4 2,0

Não responderam 1 0,5

Os indivíduos foram avaliados quanto à presença ou ausência de doenças crônicas au-torrelatadas diagnosticadas por um médico no último ano. A comorbidade mais frequente foi a hipertensão (55,3%). No total, a média do número de comorbidades foi de 1,54 (± 1,42) e a média do número de medicamentos utiliza-dos foi de 3,55 (± 2,84).

Outra variável analisada constitui-se nas quedas autorrelatadas no último ano, de forma que 49 idosos caíram (24,6%), dentre estes, 26 caíram uma vez (53,06%) e 23 eram caidores recorrentes (46%). O hábito de fumar estava presente em 14 indivíduos (7%); 74 indivídu-os faziam uso de bebida alcoólica (37,2%).

A Tabela 2 mostra a ausência ou presença de cada item do fenótipo de Fried2 em nossa amostra. De acordo com esse critério, 29 ido-sos (14,6%) foram considerados frágeis, 25 não frágeis (12,6%) e 145 pré-frágeis (72,9%).

DiSCUSSÃO O estudo identificou, entre os cinco

itens do fenótipo de fragilidade proposto por Fried et al.,2 quais foram os mais fre-quentes na identificação de fragilidade e pré-fragilidade e a relação entre as variá-veis sociodemográficas e clínicas entre os idosos entrevistados no inquérito da Rede Fibra em Belo Horizonte.

A média de idade da amostra estudada foi 73,61 anos, a qual é inferior a encontrada na maioria dos estudos,10,11 devido à média de idade da população americana ser superior à brasileira. Contudo, esse resultado foi se-melhante ao estudo de Vestergaard et al.12 no qual a média de idade da amostra foi de 74,5 anos. No presente estudo, 68,3% da amostra era composta pelo sexo feminino, resultado semelhante ao encontrado em outros estu-dos, o que caracteriza a feminilização da ve-lhice.2,10 A média de escolaridade da amostra de 6,7 anos foi inferior a alguns estudos,2,10 já que esta é superior na população ameri-cana em comparação à população brasileira. Todavia, é semelhante ao estudo de Ottenba-cher et al.13 no qual a média de escolaridade foi de 5,1 anos. A porcentagem de idosos que vivem sozinhos, 16,1%, foi inferior a encon-trada na maioria dos estudos,10,14 todavia, semelhante ao estudo de Ravaglia et al.,15 no qual 17,4% dos idosos moravam sozinhos.

Em relação ao número e à frequência de comorbidades nossos resultados corrobo-ram com estudos publicados previamente.2,5 Neste estudo, encontramos uma média de 1,54 (± 1,42) comorbidades por indivíduo de forma que as mais frequentes foram hiper-tensão arterial, artrite e doenças do pulmão. Além disso, Lima-Costa et al.16 também en-contraram resultados semelhantes aos nos-sos para hipertensão arterial e artrite.

Tabela 2. Frequência dos critérios de fragilidade na amostra (n = 199)

Critérios de fragilidadeAmostra total Pré-frágeis Frágeis% N. % N. % N.

Baixa velocidade de marcha 78,4 156 88,4 130 96,3 26

Baixo nível de atividade física 20,6 41 15,0 22 70,4 19

Baixa força de pressão manual 22,6 45 18,4 27 66,7 18

Perda de peso não intencional 18,1 36 14,3 21 55,6 15

Autorrelato de exaustão 13,6 27 11,6 17 37,0 10

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Fenótipo de fragilidade em idososGeriatria & Gerontologia242 243

Em média, os idosos de nossa amostra utilizavam 3,55 (± 2,84) medicamentos de uso contínuo. Esse valor é semelhante ao encontrado no estudo de Tinetti.17 A impor-tância dessa variável está no fato de quanto maior o número de medicamentos, maiores as chances de quedas.17 Essa relação tem maior importância se lembrarmos que os idosos que mais usam medicamentos são aqueles com maior incapacidade e, conse-quentemente, os que possuem maior possi-bilidade de quedas.17

Dos idosos entrevistados, 49 haviam ca-ído no último ano (24,6%); 26 caíram uma vez (53,06%); e 23 eram caidores recorren-tes (46,94%). Siqueira et al.,18 em seu estudo transversal sobre a prevalência de quedas entre idosos, encontraram um maior número de caidores (34,8%). Essa diferença pode ter ocorrido já que este estudo de 2007 apresen-tava 42% de idosos acima de oitenta anos, fase na qual o número de quedas aumenta consideravelmente. Porém em nossa amostra não realizamos tal divisão por faixa etária. Outro fator que poderia justificar um menor número de caidores em nossa amostra foi o fato de o idoso viver sozinho ou com com-panheiro. No estudo de Siqueira et al.,18 ape-nas 29% dos idosos eram casados ou viviam com companheiro; já em nosso estudo esse número era de 51%. Assim, a ajuda mútua entre parceiros poderia explicar um menor número de quedas. Em relação ao número de caidores recorrentes, os resultados foram se-melhantes aos nossos.18

A prevalência de fragilidade na amostra estudada (14,6%) foi superior à encontrada na maior parte dos estudos.2,19,20 Possivel-mente, as diferenças dos resultados encon-trados devem-se às diferenças metodológi-cas e de pontos de cortes utilizados em cada estudo. Alvarado et al.,20 por exemplo, encon-traram 40,6% de idosos frágeis em São Paulo,

porém utilizaram como base o Projeto Saú-de, Bem-estar e Envelhecimento (Sabe), que leva em consideração os aspectos culturais e sociais para classificação da fragilidade. Fo-ram encontrados resultados semelhantes aos nossos no estudo de Woods,14 em que 16,3% dos idosos foram categorizados como frágeis e no de Santos,21 com 13,2% frágeis. Esse fato pode ser explicado devido à amostra ser pro-veniente do mesmo local e terem sido utiliza-dos os mesmos instrumentos.

A ordem de frequência dos itens do fenó-tipo entre os idosos frágeis encontrada nesse estudo difere dos encontrados por Fried et al.,2 que obteve o baixo nível de atividade fí-sica como o item mais frequente, seguido de baixa velocidade de marcha, baixa força de preensão manual, autorrelato de exaustão e perda de peso, o que diferiu dos achados do presente estudo, no qual o item mais pontu-ado foi a baixa velocidade de marcha, tanto nos idosos frágeis, presente em 93,6% deles, como nos pré-frágeis, aparecendo em 88,4% dos idosos deste grupo.

Há evidências crescentes na literatura de que as limitações funcionais, particularmen-te o desenvolvimento de uma marcha lenta, são preditivos de fragilidade.22 Pinedo et al.,19 em um estudo transversal e descritivo, mos-trou que 64% dos idosos classificados como pré-frágeis provavelmente devem evoluir em pouco tempo para fragilidade, e a maior parte deles apresentava baixa velocidade de mar-cha. Além disso, Rotman et al.,10 em um estu-do longitudinal, concluíram que a baixa velo-cidade de marcha é o critério mais fortemente associado aos efeitos adversos, como quedas, hospitalização e incapacidades crônicas.10

A avaliação da velocidade da marcha é um importante critério para a identificação da fragilidade. Esses dados sugerem que esse instrumento pode representar a avaliação

mais adequada de um item único para ser im-plementado como avaliação clínica rotineira. Uma vez selecionada a população vulnerável, programas preventivos poderiam ser aplica-dos para a prevenção de desfechos adversos.22

O segundo item mais frequente encon-trado nos indivíduos frágeis da amostra foi baixo nível de atividade física, presente em 70,4% destes. Chipperfield23 demonstrou em seus estudos que, quando comparados idosos sedentários com os mais ativos, os sedentários apresentaram maior risco para mortalidade, além de maior risco de doenças e incapacidade,23 as quais se rela-cionam com a fragilidade.7

Entre os idosos pré-frágeis, o item baixo nível de atividade física apareceu em tercei-ro lugar, presente em 15% dos idosos. Faber et al.24 analisaram a aplicação de dois tipos de programas diferentes de exercícios físicos em indivíduos frágeis e pré-frageis, e a fragi-lidade foi avaliada e baseada na classificação de Fried et al.2 Os resultados encontrados de-monstraram que um programa de exercício de moderada intensidade teve efeitos positi-vos no desempenho físico em idosos pré-fra-geis, porém foram pouco significativos em idosos frágeis. Essa questão remete a uma reflexão sobre a importância do diagnósti-co precoce de fragilidade para a intervenção adequada no nível de atividade física de ido-sos da comunidade em geral.

O item preensão manual foi o tercei-ro mais frequente entre os idosos frágeis (66,7%) e segundo nos idosos pré-frágeis (18,4%). Esses resultados foram similares aos encontrados por Fried et al.2 (20%) para idosos frágeis.

A baixa força de preensão manual tem sido considerada um importante fator as-sociado a limitações funcionais, hospitali-zação e mortalidade.25 Xue et al.,26 em um

estudo longitudinal com 420 idosas não frágeis, observaram como a fragilidade pro-gride a partir de manifestações iniciais ba-seado no fenótipo proposto por Fried et al.2 De acordo com os resultados encontrados, a fraqueza muscular foi o item mais fre-quente e preditivo de início da fragilidade. Esses dados propõem que a redução da for-ça de preensão manual pode ser um sinal de sobreaviso importante para o início da fragilidade e que perda de peso e exaustão podem ajudar a identificar as mulheres com maiores riscos de eventos adversos. Tendo em vista que nossa amostra se compõe na maioria por idosos pré-frágeis (45%), po-de-se supor que estes se encontram no pe-ríodo de transição entre níveis de fragilida-de indicado por Xue et al.,26 o que justifica a prevalência dos critérios encontrados.

O quarto item foi a perda de peso não intencional tanto entre os idosos pré-frágeis (14,3%) quanto entre frágeis (55,6%). Na velhice, ocorre uma perda rápida e involun-tária de peso corporal e massa magra. Sarco-penia, perda de massa e força muscular con-tribuem para o comprometimento funcional segundo Bales e Ritchie.27 Contudo, a perda de peso, geralmente, decorre de uma redu-ção na ingestão de alimentos, e sua possível etiologia inclui uma série de causas fisioló-gicas e não fisiológicas.12 No estudo de Hub-bard et al.,28 a curva de fragilidade avaliada pelo IMC mostrou que tanto o menor quanto o maior IMC apresentaram as associações mais relevantes com a fragilidade. Dessa for-ma, uma justificativa para esse item ter sido um dos menos frequentes dá-se, provavel-mente, pela sua subjetividade e pelo fato de um IMC alto também possuir forte correla-ção com a fragilidade.

O item exaustão foi o menos frequente entre os idosos pré-frágeis (11,6%) e frágeis (37%). A exaustão tem sido recentemente

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Fenótipo de fragilidade em idososGeriatria & Gerontologia244 245

explorada como um instrumento único de avaliação de fragilidade. Contudo apresenta resultados contraditórios.22 Cansaço autorre-latado nas atividades diárias foi considerado um preditor de incapacidade e mortalidade independente e forte, itens estes relaciona-dos com fragilidade no estudo de Schultz--Larsen e Avlund.29 Contudo, a fadiga não foi associada a desfechos clínicos no estudo de Rothman et al.10 Esse item tem sido aceito como um sintoma comum do envelhecimen-to segundo o estudo de Bouzubar30 no qual 17% dos homens e 28% das mulheres acima de 75 anos se sentem cansados durante a re-alização das atividades de vida diária. Fadi-ga em pessoas idosas está associada a vários fatores, incluindo posição social (posse de moradia e renda individual), fraqueza mus-cular, comorbidades e depressão;16 além dis-so, é o principal sintoma de várias doenças crônicas.22 Provavelmente, uma das maiores limitações é a subjetividade desse critério, já que não se tem um parâmetro exato do que está realmente sendo avaliado, o que pode justificar a menor frequência desse item no presente estudo.

CONCLUSÃO A fragilidade está relacionada a conse-

quências adversas, que levam o idoso a limita-ções muitas vezes irreparáveis. São fundamen-tais, portanto, estudos que analisem a identifi-cação dos itens do fenótipo para utilização de medidas preventivas rápidas e precoces.

Em nossa amostra de idosos comunitários de Belo Horizonte, a baixa velocidade de mar-cha foi o item mais frequente entre os idosos frágeis e pré-frágeis. Assim, pode-se crer que esse deve ser um item de minuciosa observa-ção por parte dos profissionais de saúde por melhor predizer a fragilidade. Portanto, a in-vestigação desse desfecho funcional deve ser incluída na avaliação ampla do idoso. Mais es-

tudos são necessários para o desenvolvimento de um instrumento único e simples que identi-fique o idoso frágil precocemente, o qual pode-ria ser aplicado facilmente nos níveis básicos de saúde. Além disso, sugerimos estudos lon-gitudinais na população brasileira para enten-dermos a progressão da fragilidade e, assim, tratá-la de melhor modo.

CONFLiTOS DE iNTERESSE Os autores declaram não haver conflitos

de interesses pertinentes.

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Autopercepção da saúde e fragilidade 247ARTigO ORigiNAL

Associação entre autopercepção da saúde e síndrome da fragilidade em idososAssociation between self-rated health and frailty in elderly

Juliana Lustosa Torres1, Rosângela Corrêa Dias1, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva1

1Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Minas

Gerais (UFMG) – Belo Horizonte, MG, Brasil.

Endereço para correspondência: Juliana Lustosa Torres - Rua Perdigão Malheiros, 208 – Cidade Jardim - Belo Horizonte, MG - CEP: 30380-234Telefones: (31) 8805 3173, 3296 1840 - E-mail: [email protected]

RESUMOObjetivo: Avaliar associação entre fragilidade e a autopercepção da saúde em idosos comunitários. Métodos: Foram recrutados 79 homens e mulheres, com idade mínima de 65 anos, residentes em Belo Horizonte. Aplicou-se o inquérito da rede de estudos de fragilidade de idosos brasileiros (Rede Fibra) de dezembro de 2008 a maio de 2009, por entrevistadores previamente treinados. A autopercepção da saúde foi mensurada por meio de cinco quesitos: avaliação da saúde geral, cuidados com a saúde, saúde comparada com pessoas da mesma idade, saúde atual comparada ao ano anterior e nível de atividade comparado ao ano anterior. Os critérios de fragilidade foram os cinco itens do fenótipo da fragilidade. A análise estatística foi feita pelos testes de Kruskal Wallis e qui-quadrado, adotando-se α= 0,05. Resultados: A amostra foi constituída de 78% mulheres e 28% homens, com idade média de 75,15 ± 6,77 anos. O perfil de fragilidade foi de 22% frágeis, 48% pré-frágeis e 30% não frágeis. Houve associação estatisticamente significativa entre as perguntas sobre saúde comparada com pessoas da mesma idade e saúde atual comparada ao ano anterior em relação ao perfil de fragilidade. Somente a última foi significativa para identificação de idosos frágeis com resposta “pior saúde”. Conclusão: Os resultados apontam para uma associação estatisticamente significativa entre autopercepção da saúde e fragilidade, quando avaliada pela pergunta “Em comparação a um ano atrás, como o(a) senhor(a) considera a sua saúde hoje?”, sendo que idosos frágeis apresentaram maior proporção (p < 0,03) de resposta - “pior” Palavras-chave: Autoavaliação diagnóstica, idoso fragilizado, vulnerabilidade.

ABSTRACTObjective: To evaluate the association between frailty and self-rated health in community-dwelling elderly. Methods: 79 male and female subjects, aged 65 years or older, living in Belo Horizonte-MG, volunteered for the study. It was administered “rede Fibra” questionnaire from December 2008 to may 2009, by interviewers previously trained. Self-rated health was measured through five questions: self-rated general health, health care, health compared to people with same age, actual health compared to last year and activity level compared to last year. Frailty criteria was the five items of frailty phenotype. Statistic analyses was performed using Kruskal Wallis and chi-squared, with α = 0.05. Results: Sample was composed of 78% female and 28% male with mean age 75.15 ± 6.77 years. Prevalence of frailty was 22% frail, 48% pre-frail and 30% not frail. There was significant statistic association between questions about health compared to people with same age and actual health compared to last year and frailty profile. Only the last question was significant to identify frail elderly with answer “worst health”. Conclusions: Results suggested significant association (p < 0,03) between self-rated health and frailty when evaluated by the question: “Compared to last year, how do you consider your health now?” And the proportion of answers “worst” was higher in the frail elderly group.

Keywords: Diagnostic self evaluation, frail elderly, vulnerability.

iNTRODUÇÃO A população idosa no Brasil vem crescen-

do amplamente nas últimas décadas e esti-ma-se que, em 2020, 14% da população bra-sileira esteja com mais de 65 anos.1 Com o en-velhecimento populacional, advêm alterações fisiológicas que podem conduzir a déficits funcionais e ao declínio da mobilidade. Nesse contexto, destaca-se a síndrome da fragilida-de em indivíduos idosos que pode ser definida como um estado clínico aparente, o qual dimi-nui a reserva e resistência a estressores.2,3 Ela pode ser iniciada por uma doença, genética, baixo nível de atividade física, hábitos de vida prejudiciais, alimentação inadequada, estres-se, e/ou mudanças fisiológicas da idade,4,5 de modo que muitos deles interagem e podem ser, teoricamente, unificados em um ciclo, de-nominado ciclo da fragilidade.2

Há consenso na literatura de que indi-cadores da fragilidade incluem declínio da massa muscular, força, resistência, equilí-brio, desempenho na marcha e baixo nível de atividade física.2,6 Fried et al.2 prepuse-ram um fenótipo para idosos comunitários constando de cinco elementos do ciclo da fragilidade, dentre os quais se devem apre-sentar no mínimo três para ser considera-do frágil e um ou dois para ser pré-frágil: perda de peso involuntária, exaustão, baixo nível de atividade física, baixa velocidade de marcha e baixa força de preensão ma-nual. Muitos autores corroboram com sua detecção precoce uma vez que aculmina em eventos considerados adversos como défi-cits na capacidade funcional, quedas, hospi-talização, institucionalização e morte.2,3,6

Um dos indicadores mais usados em pes-quisas gerontológicas é a avaliação subjetiva da saúde ou autopercepção de saúde.7 Trata--se de uma avaliação simples e confiável8,9 da saúde global do idoso e prediz o declínio da

capacidade funcional8,10 e mortalidade.8 Além disso, está relacionada a problemas especí-ficos de saúde e suas consequências funcio-nais,9,11 renda e escolaridade.9 É avaliada por meio de quesitos simples que variam de estu-do para estudo: comparação da saúde do pa-ciente em relação a outros indivíduos da sua idade; saúde em geral percebida; avaliação da saúde no momento;8 e avaliação de aspectos da saúde física, cognitiva e emocional.9,11

Desse modo, a síndrome da fragilidade e uma pior autopercepção da saúde em idosos podem culminar em desfechos adversos seme-lhantes, como déficits na capacidade funcional e maior taxa de mortalidade. Estudos interna-cionais2,12 encontraram associação significati-va entre fragilidade e autopercepção da saú-de, em que idosos frágeis apresentaram pior autopercepção da saúde. Entretanto, ainda há pouca informação sobre esta associação com idosos brasileiros.13,14 O objetivo deste estudo foi avaliar se há associação entre a síndrome da fragilidade e a autopercepção da saúde em idosos comunitários de Belo Horizonte.

MÉTODO Sujeitos

Foram recrutados 79 participantes de ambos os sexos para compor uma amostra de conveniência, com idade mínima de 65 anos, residentes na cidade de Belo Horizonte. Os participantes foram recrutados em centros co-munitários, unidades básicas de saúde e por busca ativa em projetos da universidade que trabalham com população idosa. Para serem incluídos neste estudo, os idosos deveriam ob-ter escore maior ou igual a 17 no miniexame do estado mental (MEEM),15 além de assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG (Etic n. 187/07). Os critérios de exclu-são foram: temporária ou permanentemente

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Autopercepção da saúde e fragilidadeGeriatria & Gerontologia248 249

acamado; impossibilitado de caminhar ou em uso de cadeira de rodas; déficits sensoriais graves que comprometessem a locomoção, comunicação, escrita; sequelas cognitivas ou motoras graves de AVE; doença de Parkinson grave ou instável (“congelamento do andar”, dificuldade de fala, depressão grave); doença terminal, incluindo câncer; diagnóstico de demência ou grave déficit cognitivo.

ProcedimentosFoi aplicado o mesmo questionário uti-

lizado no inquérito desenvolvido pela Rede Fibra – pesquisa de caráter multicêntrico que investiga as características e a prevalência da síndrome biológica da fragilidade em di-versas regiões brasileiras com diferentes ín-dices de desenvolvimento. Esse questionário consta de perguntas sobre condições socio-demográficas e de saúde, saúde física perce-bida, hábitos de vida, expectativa de cuidado, quedas, capacidade funcional, dados clínicos e antropométricos e rastreio de depressão. Para responder à pergunta de interesse do presente estudo apenas as variáveis descriti-vas da amostra, as clínico-funcionais, a auto-percepção da saúde e a classificação da fragi-lidade foram analisadas.

As entrevistas foram realizadas por en-trevistadores previamente treinados, no do-micílio do idoso ou em outro local de fácil acesso e conveniente para o idoso, como cen-tro comunitário, unidade básica de saúde ou nos laboratórios da universidade.

A autopercepção da saúde foi mensurada por meio de cinco perguntas:

1. “Em geral, o (a) senhor (a) diria que a sua saúde é…?”2. “Em relação ao cuidado com a sua saú-de, o (a) senhor (a) diria que ele é, de uma forma geral…?”

Estas duas primeiras questões tinham como opções de resposta muito bom, bom, regular, ruim ou muito ruim.3. “Quando o (a) senhor (a) compara a sua saúde com a de outras pessoas da sua idade, como o (a) senhor (a) avalia a sua saúde no momento atual?”4. “Em comparação há um ano atrás, o (a) senhor (a) considera a sua saúde hoje como…?”5. “Em comparação há um ano atrás, como o (a) senhor (a) diria que está o seu nível de atividade ?”As três últimas questões tinham como op-

ções de resposta: igual, melhor ou pior. Caso o idoso não soubesse responder ou se recusas-se a responder, as opções “não sei” e “não res-pondeu”, respectivamente, eram assinaladas.

Para a classificação dos idosos, utiliza-ram-se os mesmos critérios e pontos de corte propostos por Fried et al.,2 composto pelos se-guintes itens: perda de peso não intencional, avaliada através da pergunta “no último ano, o senhor (a) perdeu mais do que 4,5 kg sem intenção (isto é, sem dieta ou exercício)?”; exaustão, avaliada pela escala de depressão do Center for Epidemiological Studies (CES-D), pelos itens 7 (“Senti que tive que fazer esforço para fazer tarefas habituais”) e 20 (“Não con-segui levar adiante minhas coisas”), com res-postas em escala Likert (nunca ou raramente = 0; às vezes = 1; frequentemente = 2; sempre = 3); força de preensão palmar (média de três medidas), avaliada através do dinamômetro do tipo JAMAR, modelo NC 701/42 – North Coast (www.ncmedical.com); nível de ativida-de física, avaliado pelo questionário Minneso-ta ─ contém itens referentes à atividade física e de lazer, no qual o idoso é encorajado a re-latar o número de vezes que realizou tal ativi-dade nas duas últimas semanas; e velocidade da marcha (média de três medidas), avaliada

em um percurso de 4,6 m com 2 m para aceleração e 2 m para desaceleração.

Análise dos dadosOs dados foram tabulados e analisados

utilizando-se a estatística descritiva, compos-ta por média, desvio-padrão para variáveis intervalares e proporção e o número de casos correspondentes à categoria em análise para variáveis nominais. O teste de normalidade Shapiro-Wilk foi usado para verificar a hipó-tese de normalidade dos dados e para as vari-áveis não paramétricas. Aplicou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar se era existente alguma diferença entre grupos, registrando--se diferenças significativas, recorrendo-se em seguida ao teste de Mann-Whitney para identi-

ficar entre quais grupos essas diferenças ocor-reram. A associação entre variáveis nominais foi verificada por meio do teste qui-quadrado. Para categorias em que houve associação esta-tisticamente significativa, aplicou-se o teste Z para testar as diferenças entre proporções en-tre os grupos. Para todos os testes adotou-se significativo o valor de α = 0,05.

RESULTADOS A amostra foi constituída de 78% mu-

lheres e 28% homens, com idade média de 75,15 ± 6,77 anos.

Os grupos foram semelhantes em relação à etnia, nível de escolaridade, estado civil e arranjo familiar. O grupo frágil comparado ao grupo pré-frágil/não frágil diferiram em rela-

Tabela 1. Caracterização clínico-funcional dos sujeitos de acordo com a classificação da fragilidade

Variáveis Frágil (N = 17) Pré-frágil (N = 38) Não frágil (N = 24) Valor p

Idade 77,76 ± 6,39*1 76 ± 7,01 71,96 ± 5,56*1 0,01*

PASistólica

Diastólica126,53 ± 16,5773,41 ± 10,11

143,16 ± 23,9576,03 ± 12,32

142,83 ± 27,5179,08 ± 12,72

0,060,40

IMC 25,53 ± 3,83 27,33 ± 4,25 26,93 ± 3,53 0,36

Anos de escolaridade 6,94 ± 5,07 7,47 ± 5,56 9,13 ± 4,88 0,30

Renda proveniente de trabalho, aposentadoria e/ou pensão

1.344 ± 1.633 1.762 ± 1.999 1.813 ± 1.783 0,27

Renda mensal da família 2.664 ± 2.786 3.319 ± 3.463 3.511 ± 3.190 0,49

AAVDNunca fez

Deixou de fazerAinda faz

2,76 ± 1,304,00 ± 1,731

5,24 ± 2,221

2,95 ± 1,833,39 ± 2,032

5,63 ± 2,202

2,50 ± 1,962,17 ± 1,631,2

7,33 ± 1,711,2

0,510,01*

0*

Lawton 0,24 ± 0,56 0,29 ± 0,61 0 ± 0 0,06

Katz 0,29 ±0,47 0,18 ± 0,39 0,17 ± 0,38 0,57

GDS 5 ± 3,221 5,05 ± 2,992 2,54 ± 2,321,2 0*

Escore Meem 23,65 ± 3,441 25,24 ± 6,63 26,54 ± 2,281,2 0,04*

Dados expressos em média ± desvio-padrão; *valores estatisticamente significativos; ¹ ou ² par de grupos com diferenças estatisticamente significativas.

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Autopercepção da saúde e fragilidadeGeriatria & Gerontologia250 251

ção ao sexo (p = 0,01). O grupo frágil foi cons-tituído principalmente por pessoas do gênero feminino (94%), raça branca (59%), ensino médio (ou científico) de escolaridade (47%), estado civil viúvo (41%) e arranjo familiar de não morar sozinho (94%).

O perfil de fragilidade foi de 22% frágeis, 48% pré-frágeis e 30% não frágeis. A caracterização clínico-funcional dos participantes de acordo com o perfil de fragilidade encontra-se na Tabela 1.

Apenas dois idosos não souberam ou recusaram-se a responder a pergunta sobre a comparação de sua saúde com a de outras

pessoas da sua idade e um idoso não soube ou não respondeu a pergunta sobre nível de ati-vidade atual comparado ao do ano anterior. O teste qui-quadrado apontou associação esta-tisticamente significativa para as perguntas “quando o (a) senhor (a) compara a sua saúde com a de outras pessoas da sua idade, como o (a) senhor (a) avalia a sua saúde no momen-to atual?”, “Em comparação a um ano atrás, como o (a) senhor (a) considera a sua saúde hoje?” ─ Em relação ao perfil de fragilidade (p < 0,05). Após a aplicação do teste Z, verificou--se que a pergunta de comparação da saúde atual do idoso com a do último ano foi estatis-

Tabela 2. Distribuição de frequência da avaliação subjetiva da saúde segundo classificação da fragilidade

*valores estatisticamente significativos; ¹: menor proporção; ²: maior proporção.

PerguntasFrágil (N = 17) Pré-frágil (N = 38) Não frágil (N = 24) x2 Valor p

N. % N. % N. %Saúde em geral

Muito boaBoa

RegularRuim

Muito ruim

24

1100

12246500

2191520

5503950

611700

25462900

11,77 0,07

Saúde atual comparada com a de outras pessoas da sua idade

IgualMelhor

Pior

3103

196319

13222

35²59¹5

1221

4¹92²4

11,89 0,02*

Saúde atual comparada a do ano anterior

IgualMelhor

Pior

42

11

241265²

199

10

502426¹

1455

582121¹

10,35 0,03*

Cuidado com a saúde em geral

Muito bomBom

RegularRuim

Muito ruim

47600

24413500

4231010

11612630

813201

3354804

11,65 0,17

Nível de atividade atual comparado ao do ano anterior

IgualMelhor

Pior

908

530

47

205

12

541432

1455

582121

5,60 0,23

ticamente significativa para identificação de idosos frágeis, sendo que estes tiveram maior proporção de resposta “pior” quando compa-rada a pré-frágeis e não frágeis. Apesar de a pergunta sobre comparação da saúde com a de outras pessoas da mesma idade mostrar maior proporção de resposta “pior” para ido-sos frágeis, essa associação não foi significati-va. A Tabela 2 mostra a frequência de respos-ta entre os sujeitos.

DiSCUSSÃO Os resultados mostram que a autoper-

cepção da saúde está associada a síndrome da fragilidade através da pergunta: “Em comparação há um ano atrás, como o (a) se-nhor (a) considera a sua saúde hoje?” Ido-sos mais frágeis tiveram uma percepção de saúde inferior nessa pergunta. Esses acha-dos corroboram com relatos na literatura de autoavaliação da saúde em idosos.2,12-14

O perfil de fragilidade encontrado nes-se estudo foi maior do que o reportado na literatura.2,16 O tamanho da amostra e sua constituição por conveniência poderiam justificar essa diferença.

Em relação à homogeneidade dos gru-pos, eles diferiram-se em relação ao sexo e à idade, sendo que o grupo frágil foi compos-to principalmente por mulheres mais ve-lhas, o que corrobora com achados na lite-ratura.2 Um estudo brasileiro9 apontou que sexo, renda, nível de escolaridade, arranjo familiar e idade apresentam importante re-lação com a avaliação subjetiva da saúde em idosos. Idosos do sexo masculino, com ren-da mais baixa, que não moravam sozinhos e com menor nível de escolaridade apresenta-ram pior avaliação subjetiva da saúde. Com o avançar da idade, essa avaliação foi pio-rando, porém essa associação se inverteu nas idades acima de oitenta anos. O efeito

do sexo somente se sobressaiu após a inclu-são da variável doenças crônicas no modelo de regressão logística e se acentuou com a entrada da capacidade funcional. Portanto, concluímos que essa diferença não confun-diu nossos achados.

No presente estudo, a prevalência de idosos que vivem sozinhos foi maior entre não frágeis e os mesmos tiveram melhor capacidade funcional em AAVD, menor es-core no GDS e maior escore no Meem. Se-gundo Woods et al.,12 o idoso mais fragiliza-do perde a independência e a capacidade de morar sozinho.

A fragilidade está associada à autoper-cepção da saúde é o que a literatura aponta a respeito de idosos que moram nos Estados Unidos indagados acerca da classificação de sua saúde em geral,2,12 e as piores ava-liações de saúde foram associadas a idosos frágeis. Neste estudo, essa pergunta não foi associada com a síndrome da fragilidade. Ainda, Woods et al.12 descobriram que a au-topercepção da saúde e os níveis de fatores de risco poderiam explicar outros fatores associados com a incidência da fragilidade, como o nível educacional e raça.

Em estudos nacionais,13,14 a fragilida-de foi associada à autopercepção da saúde pelas perguntas de saúde em geral e saúde atual comparada a do último ano, ambas com pior percepção de saúde em idosos frágeis. Essa diferença permaneceu mesmo após o ajuste pelos blocos sociodemográfi-cos, saúde percebida e capacidade funcio-nal (p = 0,03 após ajuste).13

Outros estudos avaliaram a relação da autopercepção da saúde e a capacidade fun-cional em idosos17,18 e encontraram associa-ções positivas e estatisticamente significa-tivas. Um deles foi conduzido no Brasil,17 no município de Guatambu, com 352 idosos e

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Autopercepção da saúde e fragilidadeGeriatria & Gerontologia252 253

achou pior capacidade funcional pelo índi-ce de Barthel em idosos que avaliaram sua saúde como moderada/ruim e também em idosos com menor escolaridade. Outro estu-do nacional,7 em Bambuí, com 1.516 idosos, encontrou associação negativa entre renda mensal e avaliação subjetiva da saúde. No presente estudo, essas variáveis foram esta-tisticamente semelhantes entre os grupos, diminuindo fatores de confusão.

A mortalidade também foi avaliada em relação à autopercepção da saúde de ido-sos8,19,20 e todos encontraram associação positiva estatisticamente significativa. Em uma revisão, Idler e Benyamini8 apontaram que os métodos de avaliação da autoper-cepção da saúde diferem de um estudo para outro e variam muito na literatura, não ha-vendo consenso.

Neste estudo, apenas a autopercepção da saúde avaliada com a pergunta “em com-paração há um ano, como o (a) senhor (a) considera a sua saúde hoje?” foi relacionada estatisticamente com a síndrome da fragili-dade a fim de diferenciar idosos frágeis de não frágeis. Ela representa a saúde percebi-da pelo idoso, incluindo dimensões biológi-cas, psicológicas e sociais.11 Esses achados não excluem a importância da avaliação da fragilidade proposta por Fried et al.2 na prá-tica clínica, sendo apenas um fator a mais encontrado nessa população.

Pode ser considerado como limitação do estudo o tamanho amostral, gerando um comprometimento da validade exter-na. Portanto, estudos posteriores com po-pulações mais representativas são neces-sários para confirmar nossos dados. Ainda, estudos longitudinais poderiam explorar possíveis relações temporais entre essas variáveis.

CONCLUSÃO Os resultados encontrados apontam as-

sociação estatisticamente significativa entre autopercepção da saúde e síndrome da fra-gilidade, quando avaliada pela pergunta “em comparação há um ano, como o (a) senhor (a) considera a sua saúde hoje?”, sendo que ido-sos frágeis apresentaram maior proporção de resposta “pior”. Como esse foi um dos pri-meiros estudos a avaliar essa relação no Bra-sil e foi feito em uma amostra relativamente pequena e de conveniência, mais estudos são necessários para confirmar essas respos-tas. Além disso, futuras investigações usan-do dados longitudinais são necessárias para estabelecer as relações temporais existentes quanto à evolução da autopercepção da saúde na população de idosos frágeis.

AgRADECiMENTOS Os autores declaram não haver qual-

quer conflito de interesses na realização deste trabalho.

CONFLiTOS DE iNTERESSE Declaramos ausência de conflitos de inte-

resses.

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Plataforma vibratória e equilíbrio 255ARTigO ORigiNAL

Efeito do exercício agudo realizado na plataforma vibratória sobre o equilíbrio estático e dinâmico de idososEffects of acute exercise realized in vibratory platform on static and dynamic equilibrium in elderly people

Marcelo Bigliassi1, Erick Garcia Figueira da Costa1, Franciele Fernanda Souza1, Denilson de Castro Teixeira1, Rubens Alexandre da Silva Júnior2, Raymundo Pires Junior2, Leandro Ricardo Altimari1

1Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual

de Londrina (UEL), Londrina, PR, Brasil.

2Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Laboratório

de avaliação funcional e performance motora humana. Universidade Norte do Paraná,

Londrina, PR, Brasil.

Endereço: Leandro Ricardo Altimari - Departamento de Educação Física - Universidade Estadual de Londrina. - Rodovia Celso Garcia Cid, 445 km 380 - Campus Universitário, Cx. Postal 6001 - CEP 86051-990, Londrina, PR, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMOObjetivo: Verificar o comportamento do equilíbrio estático e dinâmico de mulheres idosas após sessão de treinamento na plataforma vibratória com diferentes cargas vibratórias. Métodos: Participaram do presente estudo quinze voluntárias (67,0 ± 4,7 anos; 69,1 ± 10,5 kg; 155,4 ± 4,5 cm), que realizaram oito sessões de exercício na plataforma vibratória em dias separados, em diferentes amplitudes e frequências (2 mm/30 Hz e 2 mm/50 Hz; 4 mm/30 Hz e 4 mm/50 Hz) de vibração, sendo as quatro primeiras sessões para avaliar o equilíbrio estático em apoio unipodal e as quatro sessões subsequentes para avaliar o equilíbrio dinâmico a partir do teste timed up and go nos momentos pré, imediatamente após, vinte e quarenta minutos após o término do teste. Resultados: Para tratamento dos dados foi utilizada a análise de variância Anova para medidas repetidas, seguido do teste de post hoc de Scheffé, quando p < 0,05. Nenhuma diferença estatisticamente significante foi encontrada para as variáveis – equilíbrio estático e dinâmico entre os momentos, amplitudes e frequências de vibração estudadas (p > 0,05). Conclusão: Os resultados sugerem que exercício agudo na plataforma vibratória não afeta o equilíbrio postural de mulheres idosas.

Palavras-chaves: Equilíbrio postural, idoso, exercício.

ABSTRACTObjective: The aim of this study was to investigate the static and dynamic balance after a training session on the vibration platform in elderly women with different loads. Methods: Participated in this study fifteen subjects (67.0 ± 4.7 years, 69.1 ± 10.5 kg, 155.4 ± 4.5 cm) underwent eight sessions in which the vibrating platform on separate days, in different frequencies and amplitudes (2 mm/30 Hz; 2mm/50 Hz, 4 mm/30 Hz, 4 mm/50 Hz), were evaluated after the first four sessions, the static balance test by one foot and in four subsequent sessions by the dynamic balance test “timed up and go”, checked in the pre, post, twenty minutes and forty minutes later. Results: The data were tested using the analysis of variance ANOVA for repeated measures following by Scheffé post hoc when p < 0,05. No statistically significant difference was found between the times for any of the protocols for the dynamic and static equilibrium. Conclusions: The results suggest that acute exercise on vibratory platform does not affect the post-balance in older women.

Keywords: Postural balance, aged, exercise.

iNTRODUÇÃO O processo de envelhecimento carac-

teriza-se fisiologicamente por alterações consideráveis, que levam à diminuição em diferentes níveis e magnitudes ao longo dos anos, nas mais diversas variáveis funcionais e orgânicas.1 De forma geral, a diminuição do desempenho motor durante a realização de testes psicomotores, por exemplo, pode ser dependente da deterioração no sistema biológico caracterizada pela baixa capaci-dade recuperativa e decréscimo metabólico, no que tange à velocidade de ação celular como um todo.2 Mais especificamente, para variáveis de desempenho motor, encontra-mos como o fator de maior responsabilidade a sarcopenia e a osteopenia, caracterizadas como a perda da massa muscular e óssea acarretada ao longo dos anos.3 Dentro dessa perspectiva, algumas estratégias surgem no sentido de ajudar na reabilitação neuromus-cular do indivíduo, como minimizar a magni-tude de perda muscular e óssea para trazer uma melhora da qualidade de vida.4

Dentre essas estratégias o treinamento físico aponta melhoras consideráveis com efeitos crônicos, demonstrando resultados positivos para as variáveis anteriormente ci-tadas.4 Ainda nesse âmbito algumas formas complementares no tratamento da reabili-tação surgem de forma a aprimorar a recu-peração do indivíduo tanto na forma de trei-namento agudo como crônico. Instrumentos de alta tecnologia como a plataforma vibra-tória têm sido usados de forma crescente nas academias e centros de reabilitação para treinamento neuromuscular e funcional dos indivíduos. No que concerne aos idosos, esse instrumento vibratório, por exemplo, pode ser usado para melhorar o equilíbrio postu-ral. O equilíbrio é uma variável importante na qualidade de vida dos idosos uma vez que grande parte dos problemas associados a

essa população destinam-se ao número ele-vado de quedas.5,6

Alguns estudos demonstram a melhora ou estabilização de certas variáveis motoras por meio do treinamento agudo ou crônico com a plataforma vibratória em idosos.7-9 Em adição, a plataforma vibratória age na propriocepção do indivíduo, por meio do aumento da sensibilidade ao reflexo de es-tiramento, facilitando o suporte neural dos motoneurônios nos músculos agonistas e inibindo a ação de motoneurônios antago-nistas. Dessa forma, o padrão de coordena-ção intramuscular é modulado, e o padrão de movimento ao redor da articulação vai se aprimorando.5 Entretanto, os resultados da literatura ainda são controversos e escassos quanto às recomendações para o uso da pla-taforma vibratória em idosos, especialmente com ênfase no impacto em relação ao equi-líbrio postural. Assim, o objetivo do presen-te estudo foi verificar o comportamento do equilíbrio estático e dinâmico de mulheres idosas após sessão de treinamento na plata-forma vibratória com diferentes cargas.

MATERiAiS E MÉTODOS Sujeitos

Participaram do presente estudo quinze mulheres idosas (67,0 ± 4,7 anos; 69,1 ± 10,5 kg; 155,4 ± 4,5 cm) envolvidas em um projeto de atividade física, realizado duas vezes por semana. Como critérios de exclusão foram adotadas as seguintes contraindicações apon-tadas pelo fabricante da plataforma vibrató-ria, sendo que essas estavam relacionadas à presença de doenças agudas e processos in-flamatórios: utilização de marca-passo, trom-bose aguda, cirurgias realizadas recentemen-te e osteoporose em caso avançado. Todas as voluntárias realizaram dois testes para fami-liarização com o aparelho e protocolo experi-

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Plataforma vibratória e equilíbrioGeriatria & Gerontologia256 257

mental. Foram também informadas sobre to-dos os procedimentos e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participação no estudo. O projeto foi aprova-do pelo comitê de ética local.

Delineamento experimental O estudo foi conduzido durante oito ses-

sões aleatórias, realizadas em um intervalo de no máximo 72 horas entre cada sessão, e agendadas de acordo com a disponibilidade das voluntárias. As participantes realizaram o exercício de agachamento paralelo estático sobre uma plataforma vibratória da marca Power Plate® (Figura 1) ─ os pés permane-ceram paralelos, os joelhos flexionados entre 110 e 130 graus e o quadril mantido em fle-xão de aproximadamente quarenta graus.

O protocolo experimental durante o exercício de agachamento consistiu da exposição à carga vibratória durante 45 segundos com um intervalo de 45 segundos (1:1), sendo realizadas três séries. As cargas vibratórias foram selecionadas de ma-neira aleatória e variaram de acordo com a ampli-tude e frequência. Foram utilizadas as seguintes frequências na amplitude baixa (2 mm): 30 e 50 Hz; e na amplitude alta (4 mm): 30 e 50 Hz.

O equilíbrio estático foi avaliado por meio do teste de equilíbrio unipodal10 aplicado antes e imediatamente após exposição à carga vibrató-ria, e aos vinte e quarenta minutos após o térmi-no da sessão de exercício. Ressalta-se que após o término da sessão de exercícios as idosas perma-neceram sentadas durante todo o tempo, aguar-dando os tempos predeterminados. Para realiza-ção do teste elas permaneceram em pé com as mãos na cintura e, a partir das palavras “atenção! Já!”, olhando para um ponto fixo (a uma distân-cia de 2 m da parede) e com uma das pernas flexionada na altura do joelho, escolhida à von-tade pela própria avaliada, mantiveram-se nessa posição por pelo menos trinta segundos. O ava-liador permaneceu durante todo tempo ao lado da avaliada, acionando o cronômetro (ClasseTM ─ modelo CLA-1063®) no momento das palavras de comando e parando no primeiro contato com o pé no chão mesmo que fosse antes do término de trinta segundos. Nos casos em que a avaliada conseguiu manter a posição durante esse tempo, o cronômetro foi parado de forma que ao térmi-no do exercício o descanso fosse realizado. Cada participante fez três tentativas com intervalo de repouso entre dez e quinze segundos. A média das tentativas foi utilizada para determinar o de-sempenho de equilíbrio postural estático.

Para a avaliação da agilidade e equilíbrio dinâmico foi utilizado o timed up and go, que é um indicador da mobilidade e do equilíbrio dinâmico a partir da mensuração do tempo em que os indivíduos realizam a tarefa de caminhar sobre uma linha de três metros.11 As voluntárias

Figura 1. Demostração do agachamento estático realizadosobre a plataforma vibratória.

iniciaram o teste sentadas em uma cadeira (45 cm de altura), com as mãos sobre as coxas e as costas apoiadas no encosto. Foram instruídas a ficar em pé e a percorrer o mais seguro e rá-pido possível a distância estipulada sobre uma linha de fita adesiva de cor vermelha visível no chão. Posteriormente foi-lhes indicado para contornar um cone posicionado nessa distância e retornar para a cadeira sentando-se na posi-ção inicial. Foram realizadas duas tentativas e o menor tempo medido por um cronômetro foi considerado para análise quantitativa.

Tratamento estatístico Para análise dos resultados, foi empregado o

pacote estatístico StatisticaTM 6.0®. Após constata-ção da normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk, os resultados obtidos no estudo foram apresentados

em média e desvio-padrão. A análise de variância (Anova) para medidas repetidas foi empregada para comparar os resultados de equilíbrio estático e dinâmico entre momentos, amplitudes e frequ-ências de vibração estudadas. O teste post hoc de Scheffé foi usado para localizar as diferenças nes-ses momentos, sendo adotado um p < 0,05.

RESULTADOS

Os tempos médios obtidos no teste de agilidade e equilíbrio dinâmico timed up and go nos momentos pré e imediatamen-te após a exposição à carga vibratória, e aos vinte e quarenta minutos após o tér-mino da sessão de exercício nas diferen-tes amplitudes e frequências são apresen-tados na Figura 2. Nenhuma diferença es-tatisticamente significante foi encontrada

Figura 2. Tempo (média ± DP) no teste de agilidade e equilíbrio dinâmico de mulheres idosas submetidas a diferentes amplitudes e frequências de vibração nos momentos pré e imediatamente após vinte e quarenta minutos depois da exposição à carga vibratória. Nenhuma diferença signifi cante foi encontrada (p > 0,05).

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Plataforma vibratória e equilíbrioGeriatria & Gerontologia258 259

entre os diferentes momentos analisados para as diversas amplitudes e frequências de vibração, demonstrando que o equilí-brio dinâmico das mulheres idosas estu-dadas não foi afetado pela exposição vi-bratória prévia.

Os tempos médios obtidos no teste de equilíbrio unipodal nos momentos pré, imediatamente após, vinte e quarenta minutos depois da exposição à carga vi-bratória nas diferentes amplitudes e fre-quências são apresentados na Figura 3. Nenhuma diferença estatisticamente sig-nificante foi encontrada entre os diferen-tes momentos para as amplitudes e fre-quências de vibração, indicando ausên-cia de modificação no equilíbrio estático após diferentes sessões de exercício de vibração em mulheres idosas.

DiSCUSSÃO Os resultados indicam ausência de diferen-

ças estatisticamente significantes no equilíbrio estático e dinâmico de mulheres idosas após sessão de exercício em plataforma vibratória, em diferentes amplitudes e frequências de vibração, indicando que as recomendações das cargas vi-bratórias utilizadas não afetariam em momen-tos subsequentes o equilíbrio, impossibilitando a preocupação com incremento aos riscos de queda nessa população quando submetida a tal estratégia de exercício físico ou reabilitação complementar. Torvinen et al.,12 ao verificarem a manifestação do efeito agudo da vibração com quatro minutos ininterruptos utilizando 2 mm de amplitude e frequência entre 25 e 40 Hz, tam-bém não observaram nenhuma alteração nas variáveis analisadas, sendo uma delas o equilí-brio estático. Porém ainda há controvérsias rela-cionadas ao tema. Torvinen et al.,13 utilizando a

Figura 3. Tempo (média ± DP) no teste de equilíbrio estático de mulheres idosas submetidas a diferentes amplitudes e frequências de vibração nos momentos pré, imediatamente após, vinte e quarenta minutos depois da exposição à carga vibratória. Nenhuma diferença signifi cante foi encontrada (p > 0,05).

mesma sequência de exercícios e tempo de vi-bração, observaram um aumento expressivo no desempenho de equilíbrio estático em 15,7%, especificamente para a avaliação de dois minu-tos após a intervenção. No entanto, não houve al-teração no teste após sessenta minutos de nova análise. Neste estudo a amplitude utilizada foi de 10 mm, e a frequência vibratória ocorreu entre 15 e 30 Hz, o que difere em grande quantidade no protocolo do presente estudo e na generalização dos resultados e sugere uma recomendação di-vergente mas capaz de causar através da mag-nitude uma resposta aguda nos momentos subsequentes, ocasionada possivelmente pelo aumento da sensibilização dos motoneurônios com melhora no padrão de movimento e coorde-nação intramuscular.5

A disparidade nos resultados da literatura pode ocorrer em razão dos protocolos de exer-cício utilizados, forma de treinamento (agudo ou crônico), testes funcionais e populações estuda-das.14,15 Esse cenário sugere a realização de novos estudos capazes de encontrar dentro das princi-pais indicações, protocolos e limitações capazes de evidenciar com maior robustez a possibilida-de de uso para a reabilitação, sem complicações momentâneas ou em longo prazo. Os resultados do presente estudo demonstram que a exposição à carga vibratória de maneira aguda não afeta a funcionalidade do idoso independentemente da amplitude ou frequência utilizada. Dessa forma parece não haver necessidade de outras inter-venções no intuito de recuperar o equilíbrio es-tático ou dinâmico de idosos ativos após sessão de exercício nesse tipo de aparelho.

CONCLUSÃO O treinamento vibratório pode ser uma ferra-

menta segura de treinamento para essa popula-ção, pois parece não expor os indivíduos a riscos, particularmente após as sessões de exercício.

CONFLiTO DE iNTERESSE Os autores declaram não existir nenhum

conflito de interesse potencial.

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15. Overstall PW. The use of balance training in elderly people with falls. Clin Gerontol. 2003;13(1):151-61.

ARTigO DE REViSÃO

Dispositivos auxiliares de marcha: orientação quanto ao uso, adequação e prevenção de quedas em idososAuxiliary devices for walking: guidance, demands and falls prevention in elderly

Soraia Fernandes das Neves Glisoi1, Juliana Hotta Ansai2, Tamara Oliveira da Silva3, Fernanda Pretti Chalet Ferreira1, Aline Thomaz Soares1, Kelem de Negreiros Cabral1, Celisa Tiemi Nakagawa Sera1, Sérgio Paschoal1

1 Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade

de São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil.

2 Universidade Federal de São Carlos, SP, Brasil.

3 Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Campinas,

SP, Brasil.

Endereço: Rua Carlos de Campos, 436 - Parque São Vicente - Mauá, SP - CEP: 09371-310 - E-mail: [email protected]: 9254-5220, 2312-9216

RESUMOObjetivo: O alto número de idosos que sofrem quedas engloba, entre outras questões, a importância do uso adequado dos dispositivos auxiliares de marcha (DAM): bengalas, muletas e andadores. Apesar dos DAM visarem à melhoria da independência funcional, o equilíbrio e a redução dos efeitos de deficiências, a maioria dos portadores não é instruída sobre seu uso correto e muitas vezes utilizam modelos inadequados, danificados ou com altura inapropriada. Poucos estudos comprovam a eficácia da prescrição isolada dos DAM em reduzir o risco de quedas, e poucos apontam a forma adequada de indicar e ajustar de maneira individual. Assim, com o objetivo de descrever, informar e orientar sobre o uso adequado dos DAM, foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados Medline, Lilacs, Scielo e PubMed, e uma consulta a referências literárias e capítulos de livros que abordavam o tema. Foram selecionados nove artigos e três capítulos de livro. Os resultados encontrados apontam, para cada tipo de DAM, indicação, utilização, variações e características, orientações quanto à marcha e transferências e ajustes relacionados à altura. Além disso, foram descritos outros assuntos relevantes, como características e limitações do paciente, ambiente no qual está inserido, condições econômicas e sociais e principalmente a funcionalidade deste indivíduo. A prescrição, a orientação e o acompanhamento adequado dos DAM com um fisioterapeuta proporcionam ao paciente maior confiança, habilidade e aderência aos dispositivos. Possivelmente, tal ganho interferirá no desempenho das atividades diárias do paciente e atuará na prevenção de quedas.Palavras-chave: Bengala, muletas, andadores, prescrição, idosos.

ABSTRACTObjective: The high number of elderly fallers raises, among other issues, the importance of proper use of assistive devices (DAM): crutches, canes and walkers. Despite DAM aim the improvement in functional independence, balance and the reduction of disability, most patients are not instructed on their proper use and they often use inadequate/damaged models or unsuitable height. Few studies have confirmed the efficacy of isolated prescription of DAM to reduce the risk of falls and few studies have shown the proper way to indicate and adjust them individually. Thus, in order to describe, inform and guide about the proper use of DAM, a literature review was conducted using the databases Medline, Lilacs, Scielo and PubMed, literary references and book chapters wich approached the topic. A total of nine articles and three book chapters were identified. The results showed, for each type of DAM, its indication, use, variations and its characteristics, guidance about walk and transfers and height adjustments. In addition, other relevant issues have been described such as patients’ features and limitations, their environment, their social and economic conditions and mostly their functional capacity. The prescription, guidance and proper follow up of DAM by a physical therapist provide better confidence, skill and adherence regarding their use. Possibly, such gain will interfere on patient’s daily activities performance and it will act on falls prevention.Keywords: osteoarthritis, knee, aged, obesity, quality of life, hydrotherapy

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Dispositivos auxiliares de marchaGeriatria & Gerontologia262 263

iNTRODUÇÃO As quedas são a principal causa de lesões,

hospitalização e perda de independência fun-cional entre os idosos acima de 65 anos. Esti-ma-se que um terço da população idosa caia pelo menos uma vez ao ano.1,2 Os dispositivos auxiliares de marcha (DAM), como bengalas, muletas e andadores, fazem parte de progra-mas multidimensionais de prevenção de que-das visto que melhoram a independência fun-cional, a mobilidade, o equilíbrio e a base de suporte e reduzem os efeitos de uma ampla gama de deficiências. Apesar da recomenda-ção do uso destes dispositivos, não existem es-tudos randomizados controlados que compro-vem a eficácia da prescrição isolada dos DAM em reduzir o risco de quedas.

Estima-se que aproximadamente 6,8 mi-lhões de pessoas nos Estados Unidos3 usem DAM. Alguns idosos relatam que, além da re-dução das deficiências citadas anteriormente, o DAM pode ser útil para defesa pessoal.4 O uso desses dispositivos apresenta uma correlação com o risco aumentado de quedas tanto no que tange ao seu uso incorreto,5 quanto ao fato de servir como um marcador, já que os indiví-duos que apresentam pior déficit de marcha e/ou equilíbrio são os que mais recebem a pres-crição para o uso do DAM.6,7

Observa-se na prática clínica que a maioria das pessoas que utilizam esses DAM não foi in-truída sobre o uso correto e muitas vezes utiliza modelos inadequados, danificados ou com al-tura inapropriada.8 Os idosos devem ser desen-corajados a comprar ou pegar emprestado um DAM sem antes receber a adequada avaliação de qual dispositivo seria melhor para o caso. Por isso, os profissionais de saúde envolvidos com a população idosa, devem rotineiramente avaliar o DAM de seus pacientes para garantir boa al-tura, ajuste e manutenção, e também orientar o uso correto do dispositivo.9

Quando há indicação para o uso do DAM, este deverá ser prescrito após a avaliação de variáveis como: força muscular atual do indi-víduo, resistência, equilíbrio, marcha, função cognitiva, dor e demandas ambientais.8,9 Após essa avaliação pode-se indicar para o mesmo indivíduo dois dispositivos, um para uso domi-ciliar e outro para ambientes externos.

Assim, propomos, nesta revisão, descrever, in-formar e orientar sobre o uso adequado dos DAM.

MÉTODOS Foi feita revisão de literatura das bases

de dados Medline, Lilacs, Scielo e PubMed, e consulta a referências literárias e capítulos de livros que abordavam este tema.

Foram selecionados os artigos e textos que apresentavam informações referentes ao tipo e uso de DAM, padrões de marcha e sua correlação com quedas em idosos. Uti-lizaram-se referências publicadas até o ano de 2011 com os seguintes descritores: acci-dental falls, crutches, canes, walkers e aged.

RESULTADOS A partir da pesquisa nas bases de dados,

foram identificados 73 artigos que continham os descritores. Excluímos todos os artigos que não continham em seu resumo informa-ções sobre a correlação do seu uso, orienta-ções de modo de usar e quedas. Após as exclu-sões, foram revisados nove artigos completos e, em seguida a uma consulta a referências literárias, foram selecionados três capítulos de livros.

Os DAM são divididos em três categorias principais: bengalas, muletas e andadores. A es-colha do modelo a ser prescrito difere de acordo com a necessidade de cada paciente e a sua con-dição financeira. Sua prescrição pode ser indi-

Tabela 1. Variações da bengala e suas características

Bengala Descrição Vantagens Desvantagens

Convencional/regular ou padrão

Feita de madeira, alumínio ou plástico. Possuem apoio de mão

em formato de meio círculo/cajado ou tradicional

Melhora do equilíbrio; preço acessível; cabe em espaços

limitados (escadas)

Mais pesadas do que a de alumínio; seu apoio manual, quando anteriorizado, pode

desencadear síndrome do túnel do carpo; não pode ser ajustada

a menos que seja cortada

Ajustável de alumínio convencional

Apoio de mão em meio círculo ou tradicional; altura ajustável

entre 68 e 98 cm através de mecanismo de botão de pressão

Ajuste de altura adequado; leveza; cabe com facilidade em

escadas

Quando o ponto de apoio é anteriorizado pode causar

síndrome do túnel do carpo; tem mais leveza e é de maior custo quando comparada à

convencional

Ajustável de alumínio com recuo

Possui recuo anterior no corpo da bengala criando um cabo reto ou recuado; altura ajustável de 68 a 98 cm por meio do mecanismo

de botão de pressão

Permite que a pressão seja colocada no centro da bengala

para maior estabilidade

Preço elevado em comparação com as convencionais ou de

alumínio ajustáveis

Quatro pontas (quatro apoios)

Feita em alumínio. Base alargada ou estreita; base de apoio ampla

através dos quatro pontos de contato com o solo

Oferece apoio sobre uma base larga (aumento da base de

suporte); facilmente ajustável

Dependendo do modelo a pressão exercida pela mão pode não ficar centrada na bengala; mais pesada do que a bengala

convencional; de difícil utilização em superfícies instáveis

Tipo andador

Feita em alumínio; base muito ampla; pernas mais distantes do paciente anguladas para manter contato com o solo e promover estabilidade; dobrável; altura

variável entre 73 e 94 cm

Base de apoio larga; mais estáveis do que as bengalas

de quatro pontos; podem ser dobradas para viagem ou

guardadas

Não podem ser utilizadas em escadas; o posicionamento da mão de apoio pode não ficar

centralizado; uso de progressão lenta; mais caras do que as bengalas de quatro pontas

Com rodas

Feita em alumínio. Base ampla e com rodas, permite progressão

contínua à frente; altura ajustável entre 71 e 94 cm;

possui freio sensível à pressão manual

A base com rodas permite que o peso seja aplicado de forma contínua; não é

necessário levantar o dispositivo (progressão mais rápida)

Requer força de membro superior e preensão para acionar

mecanismo de freio; mais cara do que as bengalas de quatro

pontas

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Dispositivos auxiliares de marchaGeriatria & Gerontologia264 265

cada para problemas de equilíbrio, dor, fadiga, fraqueza, instabilidade articular, carga esque-lética excessiva e estética.10,11 A Figura 1 ilustra alguns dos DAM utilizados na prática clínica.

BengalaA principal função das bengalas é aumen-

tar a base de apoio, melhorando assim o equi-líbrio. Sua utilização se dá na mão oposta ao membro afetado a fim de diminuir a sobre-carga na musculatura do quadril (as bengalas podem transmitir, das extremidades inferio-res, de 20 a 25% do peso do corpo), diminuir a compressão das articulações e favorecer o paciente em situações como subir e descer escadas.10 A Tabela 1 mostra as variações da bengala e suas características.

Marcha e transferências com o uso da bengala Marcha

A bengala deve ser posicionada no membro superior oposto ao membro afe-tado. Ao deambular, a bengala e o membro inferior contralateral devem avançar si-multaneamente. A bengala deve encontrar--se relativamente próxima ao corpo, porém sem ser posicionada à frente dos dedos do membro inferior.

Quando o envolvimento for bilateral (tanto de membros superiores quanto de inferiores) é pre-ciso decidir de que lado do corpo a bengala per-manecerá. Deverá ser avaliado qual lado o pacien-te apresenta melhor equilíbrio e resistência física para deambulação, segurança durante a marcha e força de preensão palmar, entre outros aspectos.

Subir e descer escadas Para subir, deve-se segurar o corrimão

(se possível), levando para o degrau primeiro o membro inferior que apresentar melhores condições físicas, a seguir levar a bengala dis-posta na mão oposta ao membro inferior aco-metido e subir um degrau com o membro in-ferior acometido. Para descer a escada, o indi-víduo deve primeiro posicionar a bengala no degrau, então apoiar o membro inferior com piores condições e finalmente o outro mem-bro inferior, o qual suportará o peso do corpo.

Sentar e levantarPara se levantar, o indivíduo é orientado a

mover o corpo para frente na cadeira, inclinar o tronco anteriormente, pressionar para baixo com as duas mãos contra os apoios de braços/assento, caso seja necessário e, após levantar--se, segurar a bengala.

Figura 1. Dispositivos auxiliares de marcha. A: bengala convencional; B: bengala de alumínio convencional; C: bengala quatro pontas; D: muleta de Lofstrand; E: andador fixo.

Para sentar-se, o paciente aproxima-se da cadeira realizando um pequeno círculo em direção ao lado não envolvido até que sinta a cadeira contra suas pernas, então encosta a bengala, alcança o apoio de braços e senta-se.10

MuletasAs muletas são úteis para indivíduos que ne-

cessitam usar seus membros superiores para sus-tentação de peso e propulsão.12 Essa transferência de peso para os membros superiores permite a deambulação funcional e, ao mesmo tempo, man-tém uma situação de sustentação de peso restri-ta.13 Em geral, são utilizadas bilateralmente.

Existem três modelos básicos de muletas: muletas axilares; de antebraço ou Lofstrand (erro-neamente chamadas canadenses); e de descarga de peso antebraquial,12 representadas na Tabela 2.

Marcha e transferências com o uso da muletaMarcha tipo mergulho

Indicada quando há incapacidade de des-carregar completamente o peso nos membros inferiores por fratura, dor, amputação ou pós--operatório, entre outros. Deve-se iniciar essa marcha levando-se as muletas à frente do corpo e, enquanto há descarga de peso total nos mem-bros superiores, os membros inferiores devem ser impulsionados e deslocados até a frente da linha entre as muletas ao mesmo tempo.12

Este padrão favorece uma velocidade de mar-cha rápida, porém com gasto energético elevado e grande exigência de força de membros superio-res.12

Tabela 2. Variações de muletas e características

Muleta Descrição Vantagens Desvantagens

Muleta axilar

Apoio axilar através de um bloco almofadado superiormente;

empunhadura manual; possui altura regulável, conforme

o comprimento do braço do usuário

Representa um alívio de até 80% da carga dos membros inferiores

A regulação incorreta do apoio axilar pode causar compressão

do nervo e/ou artéria axilar;uso restrito a lugares amplos

Muleta de Lofstrand

Possui uma braçadeira de antebraço para aumentar o braço

de alavanca da empunhadura; mais adequada quando usada

por períodos prolongados

Permite mobilidade em escadas, bem como para entrar e sair

de automóveis; permite que a empunhadura seja solta sem que

a muleta caia

Menor apoio lateral dado pela ausência da barra axilar;

braçadeiras difíceis de remover (algumas marcas); requer maior

controle e força em membros superiores; mais caras do que as

muletas axilares

Muleta de descarga antebraquial

Possui uma plataforma horizontal para todo o antebraço,

que é utilizado para suportar o peso (em vez da mão)

Indicada quando o punho não pode receber carga

Dificuldade no aprendizado do uso

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Dispositivos auxiliares de marchaGeriatria & Gerontologia266 267

Marcha tipo semimergulhoEste padrão é indicado quando há fra-

queza em ambos os membros inferiores. Primeiramente ambas as muletas devem ser levadas à frente, e, enquanto há descarga de peso total nos membros superiores, ambos os membros inferiores devem ser levados à frente ao mesmo tempo, porém as muletas não devem ser ultrapassadas.13

A aprendizagem desse padrão é fácil, po-rém há grande exigência de força de mem-bros superiores.13

É importante frisar que não se deve apoiar as axilas na muleta durante a marcha. A força toda deve acontecer no cotovelo e no punho, evitando dessa forma compressão da artéria e nervo axilar.12

Marcha de três pontosÉ indicada quando há incapacidade de

descarregar o peso em um dos membros in-feriores ─ membro acometido por fratura, dor, amputação, pós-operatório, entre outros. Primeiramente, ambas as muletas devem ser levadas à frente e, em seguida, o membro afe-tado. O peso do corpo deve ser descarregado sobre as muletas e por último o membro não afetado irá à frente. Possui como vantagem a eliminação de descarga de peso sobre o mem-bro afetado, porém é necessário que o pacien-te tenha um bom equilíbrio.12

Marcha de quatro pontosÉ indicada quando há fraqueza em am-

bos os membros inferiores ou coordenação insuficiente. A sequência de movimentos nes-se padrão de marcha é a alternância entre os membros, ou seja, muleta esquerda, pé direi-to; muleta direita, pé esquerdo. Possui como vantagem a garantia de estabilidade uma vez que sempre há três pontos de apoio no solo. A

desvantagem é a baixa velocidade de marcha e a necessidade de coordenação dos movi-mentos por parte dos pacientes.12

Marcha de dois pontosA marcha de dois pontos é indicada quan-

do há fraqueza em ambos os membros infe-riores ou coordenação deficiente. A sequên-cia de movimentos nesse padrão de marcha é a seguinte: muleta esquerda e pé direito jun-tos; muleta direita e pé esquerdo juntos.12

Essa marcha possui como vantagem a ve-locidade mais rápida do que na marcha em quatro apoios. Porém, como desvantagem, existe a dificuldade em aprender a sequência dos movimentos.12,13

Subir e descer escadasAo subir as escadas, o membro inferior

menos acometido deve ser posicionado no primeiro degrau e as muletas, assim como o membro inferior acometido no degrau seguinte, progredindo a subida pelos de-mais degraus.14

Ao descer as escadas, o membro inferior mais acometido e as muletas devem iniciar o movimento de descida, sendo posicionados no primeiro degrau, seguidos pelo membro inferior menos acometido, progredindo a des-cida dessa maneira pelos degraus restantes.14

Caso seja muito difícil ao indivíduo rea-lizar a subida e a descida progredindo pelos degraus, ele poderá ser orientado a adotar esse padrão, porém deve progredir a subida e a descida degrau a degrau.

Em escadas onde houver corrimãos por toda sua extensão e que estejam devi-damente fixados na parede, esse recurso poderá ser utilizado como suporte (ambas as muletas devem ser seguradas no lado contralateral ao corrimão).

Tabela 3. Variações de andador e suas características

Andador Descrição Vantagens Desvantagens

Articulado ou recíprocoQuatro pernas com pontas de

borracha; mobilidade unilateral

Proporciona maior oscilação dos braços; não é necessário erguer

o andador

Uso em escadas contraindicado; volumoso (dificuldade em

manobrá-lo em portas ou áreas congestionadas); menos estável

que o andador fixo

Fixo

Quatro pernas com pontas de borracha; não apresenta mobilidade em nenhum dos

planos

Melhor estabilidade anterior e lateral; maior sensação de segurança; ampla base de

suporte; ideal para pessoas com fraqueza de membros inferiores

Uso em escadas contraindicado; volumoso; padrão de marcha

mais lento e controlado; requer maior atenção; reduz o balanço dos membros superiores; não é aconselhável para pessoas

com déficit cognitivo e fraqueza de membros superiores; maior

gasto energético; flexão de tronco não funcional

Com rodas dianteiras

Duas pernas traseiras com pontas de borracha e duas dianteiras com rodas (fixas ou com suporte giratório);

não apresenta mobilidade em nenhum dos planos

Pode ser utilizado em pessoas com déficit cognitivo, com problemas de ombro e/ou

incapazes de erguer o andador; velocidade de marcha mais

funcional e rápida

Uso em escadas contraindicado; volumoso; maior chance de

perder controle; redução do balanço dos membros

superiores; flexão não funcional de tronco durante a marcha

Com quatro rodas

Quatro pernas com rodas (fixas ou com suporte giratório) e

não apresenta mobilidade em nenhum dos planos

Pode ser utilizado em pessoas com déficit cognitivo e

problemas de ombro e/ou incapazes de erguer o andador;

velocidade de marcha mais funcional e rápida

Uso em escadas contraindicado; volumoso; redução do balanço

dos membros superiores; maior chance de perder seu controle;

menos estável

Com três rodas

Modelo tripé; três pernas com rodas (fixas ou com suporte

giratório); roda da frente pode girar para qualquer direção e as duas rodas traseiras são

unidirecionais

Pode ser utilizado em pessoas com déficit cognitivo e

problemas de ombro e/ou incapazes de erguer o andador; permite manobras e mudanças de direção com um círculo de giro pequeno; é dobrável, de fácil utilização; marcha mais

funcional e rápida

Uso em escadas contraindicado; volumoso; redução do balanço

dos membros superiores; maior chance de perder seu controle;

menos estável

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Dispositivos auxiliares de marchaGeriatria & Gerontologia268 269

Sentar e levantarO indivíduo deve ser orientado a levar

o membro inferior mais acometido à fren-te e segurar ambas as muletas em uma das mãos, utilizando a outra mão para sentir o assento da cadeira, e sentar lentamente. Ao ficar em pé, as muletas devem ser co-locadas ligeiramente à frente da cadeira, ambas as muletas devem ser seguras na mão ipsilateral ao membro inferior menos acometido. O indivíduo deve deslocar seu corpo para frente na cadeira, impulsionar--se para cima e deslocar seu peso para o membro inferior menos acometido.14

AndadorOs andadores fornecem três a quatro

pontos de contato com o solo e assim me-lhoram o equilíbrio por meio do aumen-to da base de suporte, maior estabilida-de anterior e lateral e suporte do peso da pessoa. Propiciam também maior senso de segurança às pessoas que apresentam medo de cair ao andar.10

Os tamanhos dos andadores são ajustáveis sendo sua altura variável en-tre 81 a 92 cm. Geralmente são feitos de alumínio tubular e pegadores de vinil moldado.

Existem alguns recursos adicionais que o andador pode fornecer, como ces-tas, sistemas de travagem, assentos, des-lizadores, apoios de mãos, mecanismo do-brável e pegadores.10,15

Quando necessário, podem ser pos-tas plataformas junto aos andadores para melhor redistribuição do peso corporal, exigindo menor esforço para os membros superiores.16

Há cinco tipos de andador: articulado; fixo; com rodas dianteiras; de quatro ro-

das; e de três rodas. Na Tabela 3, encon-tram-se as descrições, vantagens e des-vantagens de cada tipo de andador.

Marcha e transferências com o uso do andadorMarcha

Deve-se prestar atenção a alguns pontos quanto ao uso do andador a fim de utilizá--lo com a máxima efetividade e segurança. Os quatro apoios deste dispositivo devem ser transferidos e posicionados simultane-amente, evitando o balanço dos apoios ou deslizamento anterior do andador. A pessoa é instruída a olhar para frente, manter um bom alinhamento postural e não pisar perto demais da parte anterior do dispositivo para não reduzir a base de sustentação e ter o risco de queda posterior.10

As pessoas que utilizam o andador fixo são orientadas a retirar completamente o an-dador do chão, colocá-lo à frente ─ cerca de um braço de comprimento ─, levar o primei-ro membro inferior (comprometido ou não) para frente e, depois, o segundo membro in-ferior, com um passo à frente do primeiro.10

No andador articulado, não há necessida-de de erguer o andador. O paciente move um lado do andador para frente junto ao membro inferior e depois faz o mesmo no outro lado.

Os andadores com três e quatro rodas pro-movem uma progressão suave e contínua à fren-te, não havendo necessidade de erguer o disposi-tivo. No andador de rodas dianteiras, é necessá-rio inicialmente que se o posicione à frente, sem necessidade de erguê-lo ─ leva-se o membro inferior para frente e depois o segundo, dando o passo mais à frente que o primeiro membro.

Deve-se tomar cuidado ao deambular com o uso do andador em rampas, principalmente os andadores com rodas, a fim de evitar pos-síveis acidentes, como quedas.

Subir e descer escadasOs idosos devem ser orientados a nunca

subir escadas ou usar escadas rolantes com o andador, devido à dificuldade de manuseá-lo e ao risco de queda.

Sentar-se e levantar-sePara levantar-se, orienta-se o paciente

a deslocar o corpo para frente, posicionar o andador na frente da cadeira, inclinar o tronco anteriormente, pressionar para baixo com as mãos nos apoios de braços/assento, se necessário, e, assim que se le-vantar, estender as mãos (uma de cada vez) para segurar o andador.

Para sentar-se, o indivíduo aproxima-se da cadeira com o uso do andador, realizando um pequeno círculo em direção ao lado mais forte, até sentir a cadeira contra suas pernas.Logo após, estende uma mão por vez em di-reção aos apoios de braço e desce de modo controlado até a cadeira.10

Ajuste dos DAMPara medir a altura, a bengala é colocada

aproximadamente a 15 cm da borda lateral dos dedos dos pés. O topo da bengala deve fi-car aproximadamente na altura do trocanter maior, e o cotovelo deve estar flexionado de 15° a 30°. Devem ser levadas em consideração as variações anatômicas de cada indivíduo.

Para selecionar a altura do andador, utili-za-se o mesmo método descrito para bengala.10

Os modelos de muletas axilares em geral possibilitam o ajuste do comprimento total e também para o apoio da mão. Em ortosta-tismo estático, o ponto mais alto da muleta, deve situar-se dois a três dedos abaixo da axi-la até um ponto cerca de 15 a 20 cm afastado lateralmente do seu pé. As mãos devem estar posicionadas de tal forma que permitam uma

flexão de cotovelo de cerca de 30°. Nas mule-tas de antebraço, o posicionamento deve per-mitir uma flexão de cerca de 30° de cotovelo. A muleta deve tocar no solo cerca de 5 a 10 cm para fora e cerca de 15 cm à frente do pé.

Orientações geraisA utilização adequada dos DAM depen-

de, entre outros fatores, de modificações no ambiente domiciliar do paciente. A seguir se-rão expostas algumas medidas importantes e simples que podem evitar quedas durante o uso desses dispositivos auxiliares de marcha:

• retirar tapetes, fios elétricos e qual-quer outro objeto que possa levar a uma queda;

• no banheiro, utilizar tapetes antider-rapantes, barras de apoio, assento ele-vado de vaso sanitário e cadeira para banho;

• simplificar a casa, mantendo os itens de maior uso ao alcance das mãos e re-tirando aqueles que não são utilizados;

• utilizar sacolas, pastas, cestas e mo-chilas para auxiliar no transporte de objetos.14

DiSCUSSÃO O uso adequado dos DAM é resultado

de um conjunto de fatores que envolvem os critérios de prescrição, a escolha do dispo-sitivo e o desempenho durante a marcha, de acordo com as características físico--funcionais, segurança e especificidades de cada indivíduo (Figura 2).

A Tabela 4 mostra as principais evidên-cias na prática clínica com relação às reco-mendações dos DAM.8,16-18

Segundo Dean e Ross,19 em idosos sau-dáveis, com baixa taxa de quedas, ativos e

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Dispositivos auxiliares de marchaGeriatria & Gerontologia270 271

Tabela 4. Principais evidências na prática clínica

Tabela 2. Seleção adequada dos dispositivos auxiliares de marcha.

Recomendação clínica Nível de evidência

Dispositivos de apoio podem ser prescritos para melhorar o equilíbrio, reduzir a dor, e aumentar a mobilidade e confiança12 C

A maioria dos pacientes utiliza dispositivos de marcha por conta própria, sem avaliação, prescrição e orientação de um profissional de saúde14 C

Quando é necessário auxílio para descarga parcial de peso e equilíbrio, uma bengala é o indicado. Quando é necessário auxílio para descarga total de peso, as muletas ou um andador são os mais apropriados8 C

A altura correta de uma bengala ou andador é ao nível da dobra do pulso do paciente – medida com o paciente em pé, com os braços relaxados. Ao segurar o dispositivo nessa altura, o cotovelo do paciente é

naturalmente flexionado em 15º a 30º5

C

independentes, a adequação dos ajustes da bengala (altura e orientação do membro de apoio) não apresentou correlação com me-lhor funcionalidade e prevenção de quedas. Porém a presença do dispositivo influenciou no comportamento dos indivíduos que apre-sentaram maior confiança para realizar as suas atividades de vida diária, facilitando a manutenção da sua independência.

Em um estudo realizado com 710 idosos, sem déficit cognitivo, o uso dos DAM, associado à realização de atividades físicas diárias mode-radas, como limpeza do domicílio, caminhada e exercícios aeróbios, mostrou-se eficaz para a prevenção de quedas, com redução da taxa de quedas em indivíduos que caem recorrente-mente. A execução das atividades aumenta a exposição ambiental aos fatores de risco para quedas, porém o uso adequado dos DAM fun-ciona como estratégia preventiva.19

Os DAM ajudam na prevenção de quedas em idosos com baixa mobilidade, mas também podem oferecer riscos. Em um estudo com o objetivo de caracterizar as sequelas das quedas relacionadas ao uso de andadores e bengalas, aproximadamente 47.312 idosos foram atendi-dos entre 2001 e 2006 em 66 prontos-socorros dos Estados Unidos, sendo 87,3% das quedas relacionadas com andador, 12,3% com bengala e 0,4% com ambos os dispositivos. As sequelas mais prevalentes foram as fraturas e as contu-sões, das quais 1/3 necessitou de internação hospitalar. As estratégias de prevenção de que-das em idosos vulneráveis, associada ao uso correto dos DAM, mostraram-se importantes em diversos contextos de risco.20

Um estudo realizado em 200921 aponta que cerca de 129 idosos americanos com mais de 65 anos, também entre os anos 2001 e 2006, foram atendidos diariamente em salas de emer-gência devido a quedas por uso inadequado de dispositivos de marcha, sendo que 87% dessas

quedas foram atribuídas ao uso inadequado do andador. O risco de quedas quando se utiliza um andador de forma inadequada é sete vezes maior comparado ao uso da bengala. A maior parte das lesões com andador (78%) e benga-la (66%) ocorre no sexo feminino. Além disso, idade superior a 85 anos associada ao uso ina-dequado de dispositivos auxiliares de marcha aumenta a chance de quedas.21

CONSiDERAÇÕES FiNAiS Todos os pacientes devem ser observados

quanto ao uso de seus DAM. Os profissionais de saúde devem rotineiramente verificar se o dis-positivo é apropriado, avaliar a manutenção do equipamento (incluindo a verificação da altura, atrito com o solo, condição do equipamento, ro-das, ferrugem), compensações, presença de dor e força de membros superiores, incluindo a for-ça de preensão palmar, além de oferecer orien-tações. As principais limitações e desvantagens para o uso de dispositivos auxiliares de marcha são os efeitos adversos em extremidades supe-riores, estigma social e possível aumento do ris-co de quedas.

Pacientes que têm distúrbios de marcha ou equilíbrio, ou dificuldade em utilizar seus dis-positivos auxiliares podem se beneficiar de um encaminhamento para um fisioterapeuta.

A prescrição e orientação adequada destes dispositivos bem como o acompanhamento e treinamento de marcha com um fisioterapeuta proporcionam ao paciente maior confiança, ha-bilidade e aderência ao seu DAM. Tal ganho in-terfere na execução e no desempenho das suas atividades diárias e atua possivelmente de for-ma preventiva na ocorrência de quedas.

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Geriatria & Gerontologia272

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ARTigO DE REViSÃO

Biomarcadores na doença de Alzheimer

Biomarkers in Alzheimer disease

Karen Cecília de Lima Torres1, Rodrigo Ribeiro dos Santos1, Filipe Camilo Mapa1, Flávia Lanna de Moraes1, Edgar Nunes de Moraes1,2, Marco Aurélio Romano Silva1

1Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia de Medicina

Molecular (INCT-MM)/Laboratório de Neurociência,

Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte,

MG, Brasil. 2Departamento de Clínica

Médica/Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal

de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil.

Endereço: Karen Cecília de Lima Torres - Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia de Medicina Molecular, Laboratório de Neurociência, Departamento de Saúde Mental, Faculdade de Medicina - Avenida Alfredo Balena, 190, 114 - Santa Efigênia, Belo Horizonte, MG. - CEP: 30130-100Telefone: (31) 3409-9753 E-mail: [email protected]

RESUMOObjetivo: Apresentar os potenciais biomarcadores para a doença de Alzheimer. Métodos: Revisão da literatura, a partir de 2000, empregando o banco de dados PubMed. Resultados: Esta revisão apresenta evidências atuais dos principais marcadores envolvidos na doença de Alzheimer, incluindo os de natureza molecular presentes no líquido cefalorraquidiano, sangue, os associados aos métodos de imagem (tomografia por emissão de pósitrons – PET, ressonância magnética – RM), e os marcadores de redes neurais. Conclusão: Encontrar um marcador eficiente acarretará impactos significativos na avaliação clínica e na abordagem da progressão da doença, além de possibilitar o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.

Palavras-chave: Biomarcadores farmacológicos, doença de Alzheimer, diagnóstico.

ABSTRACTObjective: To present the ongoing researches for biomarkers in Alzheimer disease Methods: Bibliographic review, starting from 2000, utilizing PubMed data bank. Results: This revision presents the actual evidences of the main markers involved in Alzheimer disease including the molecular (presented in blood and cerebrospinal fluid), the associated with image (pósitron emission tomography, single photon emission computed tomography and magnetic ressonance) and neural networks. Conclusions: Finding an efficient biomarker will enable significative progress in the clinic evaluation and in the disease development approaches, also, will contribute to the increment of new therapeutic estrategies.

Keywords: Pharmacological biomarkers, Alzheimer disease, diagnosis.

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Biomarcadores na doença de AlzheimerGeriatria & Gerontologia274 275

iNTRODUÇÃO

Demência é uma síndrome clínica carac-terizada pela deterioração progressiva de múltiplos domínios da cognição, capaz de comprometer a autonomia do indivíduo. A doença de Alzheimer (DA), descrita em 1906 por Alois Alzheimer, é a principal causa de demência irreversível, responsável por 50 a 60% dos casos e está presente em aproxima-damente 4,5 milhões de pessoas apenas nos Estados Unidos.1 A expectativa de vida tem aumentado nos últimos cem anos e como a idade avançada é o fator de risco mais im-portante. A prevalência de pacientes acome-tidos por esta demência ou formas mistas tem aumentado dramaticamente. No Brasil, um estudo feito na cidade de Catanduva de-monstrou uma prevalência de demência de 7,1% em pacientes com mais de 65 anos e 55,1% dos diagnósticos de demência corres-pondendo à DA.2 As estatísticas mostram que haverá em torno de 80 milhões de pacientes com DA no mundo em 2050. Considerando a evolução do tratamento da doença de Al-zheimer e a necessidade de identificar os pacientes portadores de declínio cognitivo leve amnéstico com elevado risco de conver-são para DA é imperativo diagnosticar esses pacientes em fase precoce. Nesse contexto, a identificação de potenciais biomarcadores que auxiliem no diagnóstico precoce é uma necessidade. Ademais, os biomarcadores po-derão ser úteis também para avaliar a pro-gressão da doença, identificar respondedo-res à terapia farmacológica e corroborar no diagnóstico diferencial com outras síndro-mes demenciais.

O diagnóstico definitivo de Alzheimer requer o diagnóstico clínico e detecção post mortem. O diagnóstico de doença de Alzheimer provável pode ser estabelecido com 95% de confiança baseado em crité-

rios clínicos, incluindo história médica, tes-tes laboratoriais e de imagem e avaliação neuropsicológica. O diagnóstico antecipado de Alzheimer ainda é difícil porque os sin-tomas iniciais são compartilhados por uma série de desordens, incluindo formas mis-tas de demência e depressão. Sendo assim, uma área promissora de pesquisa é o diag-nóstico bioquímico de DA e formas mistas de demência, em que se utilizam o líquor, plasma ou sangue de pacientes.

O substrato neuropatológico da doença de Alzheimer é a presença de placas ami-loides e emaranhados neurofibrilares, bem como as perdas sinápticas, degeneração neuronal (apoptose), infiltrado inflamatório e angiopatia amiloide. As placas senis são depósitos extracelulares esféricos de agre-gados insolúveis da proteína beta-amiloide, localizadas, inicialmente, no sistema límbico (hipocampo, córtex entorrinal, amígdala e em algumas áreas corticais e subcorticais). Os emaranhados neurofibrilares são agre-gados intracitoplasmáticos de filamentos helicoidais pareados, compostos pela pro-teína Tau hiperfosforilada.3 As placas senis são derivadas de peptídeos A-beta (beta-ami-loides) formados a partir da clivagem da pro-teína precursora amiloide (APP) pela enzima alfa-secretase seguida da gama-secretase (via amiloidogênica), gerando fragmentos peptí-dicos com alto potencial tóxico, pois podem se agregar, levando à formação de placas ami-loides insolúveis. Na doença de Alzheimer, a A-beta40 (ou seja, o peptídeo beta-amiloide de 40 aminoácidos de extensão) é produzida em pequenas quantidades, enquanto há uma superprodução de A-beta42, que é mais tóxi-co que A-beta40, pois seu potencial de agre-gação é superior.3,4.

A proteína Tau é responsável pela estabi-lidade e o funcionamento adequado do siste-ma microtubular intraneuronal. A hipótese

amiloide propõe que a doença de Alzheimer seja deflagrada por excesso de produção, deposição e agregação da proteína beta--amiloide40/42, levando à disfunção neuronal, oxidação, excitotoxicidade e neuroinflama-ção, responsáveis pela apoptose. O resultado final, decorrido da morte neuronal, é o défi-cit na neurotransmissão colinérgica, seroto-ninérgica, dopaminérgica e noradrenérgica, com predomínio da disfunção colinérgica.5 A hipótese da cascata amiloide é a mais aceita, porém não se pode subestimar a importân-cia da hiperfosforilação da proteína Tau. Os emaranhados neurofibrilares são descritos, também, na demência frontotemporal, dege-neração corticobasal, paralisia supranuclear progressiva e em idosos normais. Na doença de Alzheimer, são diretamente proporcio-nais à gravidade da demência.5 A disfunção de estruturas neurovasculares, processos inflamatórios, estresse oxidativo e disfunção mitocondrial também são também altera-ções conhecidas.

Como o diagnóstico conclusivo da doen-ça de Alzheimer é eminentemente clínico e, nesses casos, a neurodegeneração já se ins-talou no cérebro do paciente, esforços têm sido realizados para encontrar um marca-dor molecular e/ou de imagem capaz de permitir um diagnóstico precoce da doença, quando a morte neuronal ainda não se espa-lhou pelo cérebro. A tendência atual aponta para a procura de um marcador com consi-derável sensibilidade e especificidade para o estágio precoce da doença, que inclui a fase de transição entre envelhecimento nor-mal e DA, conhecida como declínio cogniti-vo leve (mild cognitive impairment ─ MCI). Além disso, procura-se por biomarcadores que possam prever o desenvolvimento da DA. Dubois et al.6 afirmam que ainda não há um biomarcador definitivo ou combina-ções de marcadores que possam ser usados

para corroborar o diagnóstico da doença. Um perfil de diagnóstico futuro, com espe-cificidade e sensibilidade apropriadas, deve incluir medidas neurobiológicas em seu critério. No entanto, ainda há vários passos para avaliá-los, principalmente as medidas bioquímicas e de imagem.

A compilação dos dados foi realizada por meio de uma revisão sistemática da literatu-ra, a partir do banco de dados PubMed, uti-lizando-se artigos sobre biomarcadores na doença de Alzheimer e revisões sobre este tema desde o ano 2000.

Marcadores bioquímicos

Moléculas relacionadas à inflamação e ao metabolismo neuronal na DA têm sido exten-sivamente consideradas no sentido de evi-denciar os mecanismos de degeneração neu-ronal e a sua relação com o declínio cognitivo de maneira temporal.

Biomarcadores no líquido cefalorraqui-diano (LCR)

A importante característica patológica da DA ─ o acúmulo de A-beta42 ─, pode ser inicia-da não apenas pela produção excessiva deste peptídeo, mas também ser inicialmente cau-sada por defeitos em mecanismos fisiológicos de limpeza (clearance) ou drenagem destes peptídeos do cérebro. A limpeza e drenagem fisiológica destes peptídeos é feita por micró-glia, astrócitos e macrófagos, que fagocitam os peptídeos e drenam para os espaços peri-vasculares.7 Pacientes com DA possuem uma fagocitose deficiente em relação a indivídu-os idosos não dementes, consequentemente uma limpeza pior de A-beta42.8 Pacientes com DA exibem menores níveis de A-beta42 no LCR e isto parece ocorrer devido à deposição de moléculas nas placas amiloides ou também pode ser correlacionado com uma limpeza

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Biomarcadores na doença de AlzheimerGeriatria & Gerontologia276 277

deficiente de A-beta42 do parênquima cere-bral destes pacientes.9

Há indícios de que idade e níveis de ex-pressão de A-beta42 no LCR correlacionam-se inversamente em indivíduos positivos para o alelo ε42 da apolipoproteína E (ApoE), ou seja, quanto maior a idade do paciente meno-res os níveis de A-beta42 no líquor. Novamen-te, isto pode ser devido à piora do processo de fagocitose que acontece com a idade, sen-do que a ApoE também participa do processo de limpeza de A-beta42.8 Fagan et al.10 mos-traram que são expressos níveis médios de A-beta42 no LCR em pacientes com DA leve e níveis ainda menores em pacientes com DA muito leve (clinical dementia rating–CDR de 0,5 e 1,0, respectivamente). Eles concluíram que este biomarcador está presente em am-bos os pacientes com DA de sintomatologia leve e avançada, e que a relação Tau/A-beta42 no LCR poderia prever o desenvolvimento da doença no futuro em adultos normais.

Mattsson et al.11 avaliaram a acurácia de A-beta42, p-Tau (proteína Tau fosforilada) e t--Tau (proteína Tau total) no LCR na prevenção do desenvolvimento de DA em pacientes com MCI. Os pacientes com MCI que desenvolveram DA apresentavam menores índices de A-beta42 e maiores níveis de p-Tau e t-Tau que os pa-cientes com MCI que não desenvolveram DA. O valor preditivo positivo utilizando-se estes fatores analisados em conjunto foi de 62%, en-quanto o valor preditivo negativo foi de 88%. Esse estudo multicêntrico mostrou que A-be-ta42, p-Tau e t-Tau são fatores que apresentam boa acurácia na predição de desenvolvimento de DA em pacientes com MCI.

Marcadores de imagem

A Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative (ADNI) é uma das iniciativas para construir uma plataforma de rastreamento de mudanças cerebrais na DA com protocolos padronizados, o que facilita a troca e a com-paração das informações6 (Tabela 1).

Tabela 1. Alterações estruturais vistas em técnicas de imagem

ROI Análise Técnica Comparações Alterações Ref.

Hipocampo Volume RMI Controle e MCI – 13

Córtex supramarginal Espessura RMI Controle e MCI – 13

Córtex entorrinal Espessura RMI Controle e MCI – 13

Córtex cingulado posterior

Metabolismo deCMRglu

Fluordeoxiglicose FDG-PET

Carreadores do alelo ε4

Diminuição 15

Córtex temporal direito

Metabolismo deCMRglu

FDG-PETCarreadores do alelo

ε4Diminuição 15

Córtex pré-frontal direito

Metabolismo deCMRglu

FDG-PETCarreadores do alelo

ε4Diminuição 15

Córtex pré-frontal esquerdo

Metabolismo de

CMRgluFDG-PET

Carreadores do alelo

ε4Diminuição 15

Imagem de ressonância magnética (IRM)

Um método mais útil e prático de estudo poderia ser a IRM, a qual é reprodutível e tem maior acurácia de discriminação. A IRM é ba-seada em desenhos probabilísticos prévios de regiões de interesse (regions of interests – ROI) e variações nas intensidades dos voxels. Estas regiões representam áreas cerebrais que devem ser analisadas.

A atrofia cerebral e a dilatação ventri-cular são as maiores alterações observadas na DA. Tais mudanças são extensivamente relatadas.12 O principal marcador radioló-gico da doença de Alzheimer é a atrofia da região temporal medial, especificamente do volume do córtex entorrinal.5 A progressão da doença caracteriza-se pelo envolvimento do giro cingulado posterior e córtex tempo-roparietal de associação. As alterações da substância branca (hipodensas na tomogra-fia computadorizada – TC – ou hiperintensas nas imagens em T2 na IRM) são comuns no idoso e podem sugerir comprometimento de pequenos vasos (leucoaraiose periventricu-lar ou microangiopatia obstrutiva),5 confor-me mostrado na Tabela 1.

Dekisan et al.13 encontraram diferenças significativas entre as seguintes regiões de grupos controle e indivíduos com declínio cognitivo leve: espessura e volume do córtex entorrinal, lóbulo parietal inferior, giro tem-poral inferior, córtex lingual, giro temporal medial, giro para-hipocampal e precúneos;

espessura do istmo do córtex cingulado, cór-tex occipital lateral, giro temporal superior, giro supramarginal, polo temporal; e volu-mes da amígdala e hipocampo. Dentre esses dados, a espessura do giro supramarginal e do córtex entorrinal e o volume hipocampal representam os melhores discriminadores de MCI e DA, com sensibilidade de 73 a 90% e especificidade de 91 a 94% (ver Tabela 1). Estes achados estavam altamente correla-cionados com medidas de gravidade clínica (clinical dementia rate – CDR-SB – e minie-xame de estado mental – Meem), juntamente com achados bioquímicos (A-beta42, Tau e P--Tau), conforme a Tabela 2.

Tomografia por emissão de pósitrons

O PET (positron emission tomography) produz imagens tridimensionais ou imagens funcionais de processos do organismo, mas é utilizado somente em pesquisas. Seu uso na DA baseia-se na avaliação do metabolismo ce-rebral da glicose, via fluordeoxiglicose (FDG), ou da deposição da proteína beta-amiloide, via PiB (Pittsburg compound B). Na DA é des-crita menor captação da glicose nas regiões temporais mediais e no cíngulo, enquanto no MCI a captação está mais reduzida somente no córtex entorrinal. Além disso, o FDG for-nece informações úteis sobre a progressão e gravidade da demência. Por outro lado, o PIB, que se liga às placas beta-amiloides, seria mais útil para o diagnóstico precoce do MCI e para predizer o risco de conversão para doen-

Tabela 2. Sensibilidade e especificidade de marcadores no diagnóstico ou previsão da DA

Marcadores Sensibilidade Especificidade Ref.

Razão A-beta42/p-Tau e t-Tau 83% 72% 7

Coerência eletroencefalográfica - 73 a 75% 19

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Biomarcadores na doença de AlzheimerGeriatria & Gerontologia278 279

ça de Alzheimer, baseado na presença de altos níveis de retenção do PIB (ver Tabela 1).

Petrie et al.14 avaliaram as correlações en-tre os biomarcadores do LCR (A-beta42, t-Tau, p-Tau181) e a taxa de metabolismo cerebral da glicose (CMRglu) por tomografia por emissão de pósitrons com fluordeoxiglicose (fluoro-deoxyglucose positron emission tomography ─ FDG-PET). Em indivíduos saudáveis, altos níveis de t-Tau e p-Tau no LCR associaram--se com intenso hipometabolismo em várias regiões cerebrais que são atingidas no início do desenvolvimento da DA, enquanto baixas concentrações de A-beta42 associaram-se com hipometabolismo somente no lobo temporal medial. Esses resultados sugerem que altera-ções precoces em t-Tau e A-beta42 podem es-tar associadas com mudanças sinápticas sú-bitas em regiões cerebrais vulneráveis à DA.

Reiman et al.15 encontraram anormalida-des regionais de CMRglu em carreadores jo-vens do alelo ε4 (20 a 39 anos de idade) no córtex cingulado posterior, no temporal e no pré-frontal. Este resultado é interessante pois demonstra que indivíduos carreadores de gene de suscetibilidade para a Datem (diace-tyl tartaric acid ester of mono and diglyceri-des) apresentam funções cerebrais anormais em adultos jovens várias décadas antes de uma possível manifestação demencial.

Marcadores inflamatóriosProteínas inflamatórias podem ser alvo

para o diagnóstico de DA ou alvos terapêu-ticos? Isso depende da magnitude da morte neuronal e do declínio cognitivo ocorridos devido ao processo inflamatório,16 sendo que concentrações aumentadas de fator de necrose tumoral TNF-alfa estão associadas com o aumento da mortalidade. Holmes et al.17 sugerem que o aumento de TNF-alfa periférico pode ser um fator de risco para

a DA, além de estar relacionado com a pro-gressão da doença.17 A produção sistêmica de TNF-alfa, ligada à inflamação aguda e crônica, parece estar associada com declí-nio cognitivo em pacientes com DA leve e grave. Menores concentrações de TNF- lfa parecem estar correlacionadas a menores mudanças na Alzheimer’s Disease Assess-ment Scale (Adas-COG) ─ escala de avalia-ção da doença ─, e um aumento na linha de base está associado ao aumento de quatro vezes do declínio cognitivo.

No contexto inflamatório, CXCR218 e MIP-1-alfa19 foram encontrados superex-pressos em células T periféricas de pacien-tes com DA e podem influenciar a permeabi-lidade da barreira hematoencefálica (BHE) para essas células. O receptor de quimioci-na CCR5 também foi encontrado suprarre-gulado pela A-beta em células endoteliais e parece promover a migração transendote-lial de células T.19,20

A superexpressão de IL33 está associada com menor secreção de A-beta40 em mode-los celulares, sem a modificação na produ-ção de A-beta42. As alterações genéticas des-sa citocina estão associadas a uma diminui-ção do risco potencial da DA, possivelmente pela modulação da formação de angiopatia amiloide.19,21

A proteína cinase C (protein kinase C ─ PKC) é conhecida por ajudar a controlar a fosforilação da proteína precursora amiloi-de (amyloid precursor protein ─ APP) por meio das vias alfa e beta-secretórias ─ aliás, pode ser inativada pela A-beta. A PKC inibe indiretamente uma das enzimas responsá-veis pela fosforilação da Tau (GSK-3-beta), reduzindo a produção de agregados de p--Tau, NFT e A-beta. A PKC é encontrada alte-rada em fibroblastos e linfócitos do sangue de pacientes com DA.19

Giunta et al.22 demonstraram que IFN-ga-ma e outras citocinas pró-inflamatórias inte-ragem com o processamento e a produção de peptídeos A-beta, sugerindo que o inflamma-ging (aumento de parâmetros inflamatórios que acompanham o envelhecimento)23 pode-ria ser um pródromo para a DA. Entretanto, condições que elevem a imunidade inata com a produção aumentada de proteínas inflama-tórias estão associadas tanto com o envelhe-cimento saudável quanto com a DA. Isso su-gere que as pessoas que envelhecem “bem” apresentam mecanismos anti-inflammaging e fatores que contraponham à resposta imune do inflammaging. Então, uma resposta con-trária ao processo de inflammaging poderia prevenir ou tratar sintomas da DA.23

Um estudo recente de O’Bryant et al.24 desenvolveu um algoritmo que separa os pa-cientes com DA dos indivíduos-controle utili-zando a avaliação de várias proteínas do soro com um número muito superior de marcado-res inflamatórios. Quando idade, sexo, nível educacional e avaliação da Apoe são adiciona-dos, há um aumento da sensibilidade e espe-cificidade do algoritmo. Este trabalho aponta a existência de endofenótipos relacionados a inflamação na DA sugerindo oportunidades de alvos terapêuticos para estas subpopula-ções de pacientes.

Marcadores gerais A glicoproteína Dickkopf homolog 3 (Dkk-3)

foi encontrada em altas concentrações no LCR de pacientes com DA, comparado com indivíduos com MCI e controle.25 A hemeo-xigenase 1 é outra proteína encontrada al-terada, superexpressa, correlacionada com as concentrações de colesterol em tecido cerebral de pacientes com DA e MCI.26 Uma correlação negativa fraca foi encontrada en-tre altas concentrações de colesterol total e

menores notas no Meem. No plasma e nas células mononucleares de sangue periférico, maiores concentrações de lipídeos neutros e proteína ACAT-1 (modula a formação de A--beta) foram encontradas em pacientes com DA e parentes de primeiro grau com alto ris-co de desenvolver DA.27

Uma variedade de marcadores no plasma tem sido avaliada por meio de estudos de pro-teômica. Alguns desses marcadores incluem a proteínas Tau, alfa-1-antitripsina, galectina-7, apolipoproteínas e outras, que são reguladas de forma alterada na DA.28,29

Marcadores genéticosO único gene bem conhecido relacionado

com a DA é o alelo APO ε4. Carreadores deste alelo parecem ter uma menor concentração média de A-beta42 no líquor do que não carre-adores em grupos-controle.11 Na forma usual da doença, cujo início se dá após os sessenta anos, a importância dos fatores genéticos é menor e está relacionada ao gene codificador da apolipoproteína E, localizada no cromos-somo 19.5 Esse gene é composto por três ale-los comuns (ε2, ε3 e ε4). A presença do alelo ε4 do gene da ApoE aumenta o risco das for-mas tardias ou esporádicas da DA, de modo dose-dependente. A presença de um alelo ε4 aumenta o risco em 3 a 4 vezes, enquan-to o genótipo ε4/ε4 está associado a um risco quinze vezes maior. Estima-se que 50% dos pacientes portadores da doença de Alzheimer não apresentam este genótipo. Além disso, cerca de 14% das pessoas apresentam o alelo ε4 e, provavelmente, mais de 50% poderá en-velhecer sem a doença.5

Outros polimorfismos associados com o risco de DA têm sido reportados recente-mente, como o gene para a interleucina 33 (IL-33). Polimorfismos deste gene estão as-sociados com menor angiopatia amiloide ce-

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Biomarcadores na doença de AlzheimerGeriatria & Gerontologia280 281

rebral ou menor risco para DA em não carre-adores do alelo ε4.21,30

Outros genes relacionados com o de-senvolvimento da DA são os que codificam a presenilina-1 (PS-1), presenilina-2 (PS-2) e a proteína precursora amiloide (amyloid precursor protein ─ APP). Mutações domi-nantes destes genes estão presentes na maioria dos casos de DA familiar de início precoce, mas correspondem a menos de 1% de todos os casos da DA.31

Redes neurais He et al.31 revisaram várias pesquisas

baseadas nas evidências de que conectivida-de neuronal entre áreas cerebrais na DA dão origem à “noção da DA como uma síndrome de desconexão’’. Essa abordagem utiliza fer-ramentas de imagem, neurofisiologia, simula-ção computacional e teoria de exposição grá-fica para criar modelos de descrição de redes neurais, incluindo dados de eletroencefalo-grama (EEG), magnetoencefalografia (MEG), IRM funcional (IRMf), como os expostos previamente. O modelo de redes small-word (SW) é um método para descrever sistemas cerebrais complexos, de forma funcional e es-trutural. Na DA, foram encontrados padrões anormais com perda de caracteres das redes SW, usados para explicar as alterações cogni-tivas funcionais.31 É necessária a avaliação da existência ou não de alterações em pacientes antes e após o desenvolvimento da DA, com a possibilidade de reconhecer um possível marcador ou uma predisposição.

DiSCUSSÃO

Apesar do enorme potencial para uso de biomarcadores na prática clínica, isso ainda não é uma realidade. Até o presente momen-to, é óbvio, pelas evidências apresentadas,

que ainda não dispomos de um biomarcardor ideal. Este deve ter elevada sensibilidade e es-pecificidade para o diagnóstico de DA, estar presente nos indivíduos nas fases pré-clíni-cas, ser detectado por métodos não invasivos, além de apresentar elevada reprodutibilida-de e baixo custo.

Os marcadores revisados têm sensibili-dade e especificidade insuficientemente al-tas para a eficiência clínica adequada de for-ma isolada.7,19 Contudo, acreditamos que os estudos nessa área devem continuar. O uso associado de marcadores poderá se mostrar uma ferramenta útil em situações específicas, como identificar pacientes com declínio cog-nitivo leve amnéstico com elevado risco para conversão para DA, ou corroborar no diagnós-tico diferencial entre as síndromes demen-ciais (Alzheimer e demência frontotemporal).

CONSiDERAÇÕES FiNAiS

A busca por novos biomarcadores con-siste de um estudo para maior compreensão da fisiopatologia da doença de Alzheimer. A identificação de biomarcardores, mesmo que não venha ter utilidade na prática clí-nica, pode abrir caminhos para novas abor-dagens terapêuticas. Isso é fundamental de-vido à incapacidade de modificar de forma eficiente a evolução da DA, pois atualmen-te só se consegue retardar a velocidade da progressão da doença.

AgRADECiMENTOS

Agradecemos ao apoio financeiro do Con-selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (Fape-mig) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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Geriatria & Gerontologia282

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ARTigO DE REViSÃO

Avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde do idoso por meio do SF-12

Assessment of quality of life related to health of the elderly through the SF-12

Keila Cristianne Trindade da Cruz1, Déborah Cristina de Oliveira2, Maria José D’Elboux3

1 Professora Assistente da Universidade de Brasília (UnB),

Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem

Brasília, DF, Brasil. 2 Enfermeira e mestranda em

enfermagem pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem

da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) –

Campinas, SP, Brasil. 3 Professora Associada do

Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas

da Unicamp.

Endereço: Keila Cristianne Trindade da Cruz - Condomínio Ouro Vermelho 1, Vetor II, Quadra 10, Lote 4. - Lago Sul, Brasília DF - CEP: 71680-379. E-mail: [email protected]. - Tel: (61) 8166-6376.

RESUMOObjetivo: Identificar e caracterizar os estudos de base populacionais com o uso do SF-12 para avaliação da Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) de idosos. Revisão integrativa da literatura para a seleção de pesquisas online que utilizaram o SF-12 para avaliação da QVRS de indivíduos com idade igual ou superior a sessenta anos em estudos de base populacional nos últimos cinco anos. Foram selecionados dezoito artigos que utilizaram o SF-12 em pesquisas com idosos para avaliar a predição de hospitalização e mortalidade em idosos da comunidade, avaliação de programas e serviços de saúde, avaliações de tratamentos e condições de saúde e para avaliação de medidas psicométricas. As populações dos estudos foram compostas por idosos da comunidade. O SF-12 foi considerado um instrumento curto, de fácil compreensão, de rápida aplicação e com boas medidas psicométricas. Em idosos, é recomendada sua aplicação sob forma de entrevista para garantir a avaliação da QVRS do idoso.

Palavras-chave: Idoso, qualidade de vida, geriatria

ABSTRACTObjective: Identify and characterize population-based studies using the SF-12 as a means of evaluating the elderly’s quality of life related to health (HRQoL). Integrative literature review about population-based studies that used the SF-12 as a means of evaluating the HRQoL of individuals aged sixty years or older in the last five years.We selected eighteen articles that used the SF-12 to assess prediction of hospitalization and mortality in elderly community, program evaluation and health services, assessments and treatments for health conditions and evaluation of psychometric measures. The population-based studies were composed of community elders. The SF-12 instrument was considered a short, understandable, quick and with good psychometric measures. We recommend their application as an interview to ensure the assessment of HRQOL in the elderly.

Keywords: Aged, quality of life, geriatrics

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Qualidade de vida relacionada à saúde do idosoGeriatria & Gerontologia284 285

iNTRODUÇÃO

O estado de saúde é um dos aspectos que interferem na qualidade de vida (QV) das pes-soas. Ao se avaliar os aspectos da vida que são afetados por mudanças no estado de saúde do indivíduo, e que são significativos para a sua qualidade de vida, utiliza-se a expressão qua-lidade de vida relacionada à saúde (QVRS).1

Nas últimas décadas, muitos instrumen-tos de avaliação da QVRS foram criados e validados, especialmente em âmbito inter-nacional, a fim de garantir a efetividade das avaliações individuais, grupais ou mesmo populacionais.2

As medidas de avaliação da QVRS atual-mente são aplicadas em diferentes contextos. Exemplo disso é a medida da autopercepção da saúde em estudos de base populacional,3 avaliação de serviços de saúde4 e tratamentos de diferentes doenças,5,6 avaliação de custos em serviços de saúde,7 predição de hospita-lização e mortalidade8 estudos com interven-ção,9,10 uso inadequado de drogas e efetivida-de de intervenções médicas,11 dentre outros, com a finalidade de identificar situações que possam contribuir para uma melhor QV .

O envelhecimento da população e a sua repercussão na área da saúde têm sido mo-tivo de estudos relevantes que buscam obter a opinião do idoso sobre a sua própria saúde em diferentes contextos. Atualmente, existem instrumentos voltados para a avaliação da QVRS de idosos, tanto genéricos, que podem ser usados em diferentes faixas etárias e em indivíduos com diferentes doenças, quanto específicos que atendem às características específicas dessa faixa etária.2

O 12-Item Short Form Health Survey (SF-12) tem sido considerado uma opção para

avaliação da QVRS em estudos populacionais, sendo frequentemente utilizado para compa-rar o estado de saúde entre grupos de pacien-tes com as mesmas condições clínicas, para rastreamento de problemas de saúde e para identificar fatores que levam a alterações do estado de saúde.2,6,12,13

Desde sua elaboração, em 1994, o SF-12 tem se mostrado um instrumento breve e de rápida aplicação, com o seu preenchimento em torno de dois a três minutos. Além disso, apresenta as medidas psicométricas do SF-36, com uma acurácia de 90%. Seus resultados podem ser comparáveis aos do SF-36, quando aplicado em grandes populações, e possibili-tam a avaliação do estado de saúde em geral e em populações específicas, especialmente em idosos, pois é considerado curto e não possui questão relacionada ao trabalho,14 além de ser de fácil compreensão.8,15-17

A análise dos resultados do SF-12 é rea-lizada mediante a atribuição de escores que são resumidos em dois grandes componentes, o componente físico – ou physical component score (PCS) – e o componente mental ou men-tal component score (MCS). Para cada questão os valores são transformados em uma esca-la de 0 a 100, em que 0 equivale a uma pior QVRS, e 100 a uma melhor QVRS.15

No Brasil, o SF-12 apresentou boa re-produtibilidade em indivíduos com escle-rose sistêmica progressiva, porém com re-comendação para uso apenas em pesquisa clínica.18 Na sua aplicação em sujeitos com doença pulmonar obstrutiva crônica (Dpoc) mostrou-se válido para essa população.19 Especificamente com idosos, mostrou-se um instrumento capaz de avaliar aspectos físicos e mentais importantes na compreen-são da linguagem oral.20

Algumas limitações são relatadas na li-teratura sobre o uso do SF-12: escore muito resumido, não considera informações impor-tantes sobre a QV na velhice21 e uso restrito apenas a estudos clínicos18 e populacionais.2 Pesquisadores destacam ainda limitações es-pecíficas quando aplicado à população idosa, referentes ao formato do questionário e ao número de itens para a resposta das ques-tões que têm como consequência a ausência de respostas13,14 e a necessidade de reade-quações do instrumento para essa popula-ção.12 Além disso, estudos têm sido realizados considerando idosos que não responderam todas as perguntas do questionário SF-12, verificando associações com idade avançada, dentre outras características, como: sexo fe-minino, baixa escolaridade e necessidade de auxílio para atividades da vida diária.14 Nesse sentido, há recomendações para que, em ido-sos, o SF-12 seja aplicado sob forma de entre-vista com o objetivo de garantir o completo preenchimento do instrumento.13

Considerando que o SF-12 tem sido utili-zado como uma ferramenta importante para avaliação da QVRS em estudos populacionais principalmente com a população idosa em diferentes contextos, o presente estudo teve por objetivo identificar e analisar os estudos de base populacional que utilizaram este ins-trumento para a avaliação da QVRS em idosos.

ESTRATÉgiAS DE BUSCA Trata-se de uma revisão integrativa da

literatura que possibilita uma compreensão mais abrangente sobre um determinado fe-nômeno ou problema de saúde.22,23

Para tanto, foram seguidas as etapas pro-postas por diferentes autores,22-24 conforme segue: elaboração da questão de pesquisa re-

levante; estabelecimento do objetivo; elabo-ração de critérios de inclusão e exclusão das investigações (seleção da amostra); definição das informações a serem extraídas dos tra-balhos selecionados; avaliação dos estudos incluídos na revisão; interpretação dos resul-tados e apresentação da revisão.

Considerando o SF-12 um importante instrumento de avaliação da QVRS em estu-dos populacionais com idosos elaborou-se a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as ca-racterísticas dos estudos populacionais que utilizam o SF-12 na avaliação da QVRS em idosos? Entende-se como as características dos estudos: ano de realização, local e idioma, objetivos dos estudos, método utilizado (ca-racterística da amostra, instrumentos utiliza-dos e sua abordagem) e resultados.

Posto isso, o objetivo desta revisão foi identificar e caracterizar os estudos de base populacionais com o uso do SF-12 para ava-liação da QVRS de idosos, a fim de contextua-lizar o estado da arte sobre a QVRS em popu-lações de idosos.

SELEÇÃO E AVALiAÇÃO DOS ARTigOS Para a seleção dos artigos foram estabele-

cidos os seguintes critérios de inclusão:

• pesquisas disponíveis online que uti-lizam o SF-12 como medida de avalia-ção da QVRS de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos;

• pesquisas de base populacional;

• publicações referentes ao período de janeiro de 2006 a abril de 2011;

• indexação dos periódicos disponí-veis em uma ou mais das bases: Web of Science ou ISI Web of Knowledge,

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Qualidade de vida relacionada à saúde do idosoGeriatria & Gerontologia286 287

PubMed, Scopus, e Literature Latino--Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs)

• disponíveis nos idiomas inglês, portu-guês e espanhol.

As estratégias de busca foram adequadas às especificidades de cada base de dados consi-derando os seguintes descritores: idoso, quali-dade de vida e estudos populacionais, nos três idiomas de escolha. Apesar do termo SF-12 não ser padronizado como descritor em ciências da saúde no descritores em saúde (Decs) e no Medical Subject Headings (Mesh), publicações que utilizam esse instrumento muitas vezes o utilizam como palavra-chave, motivo pelo qual foi considerado o termo SF-12 para as buscas.

Da pesquisa nos bancos de dados foram ob-tidas 148 publicações. Uma vez selecionados, passou-se à leitura completa dos textos. A sele-ção dos artigos está representada na Tabela 1.

A partir dessa amostra inicial (n = 148) foram eliminadas 130 investigações que não atenderam os critérios de inclusão (98 conti-nham sujeitos com idade inferior a 60 anos, 24

não eram estudos de base populacional, três artigos foram publicados em idiomas francês e alemão, dois eram protocolos de estudo e um não utilizou o SF-12 como instrumento de medida de QVRS). Portanto a amostra des-ta revisão contou com dezoito investigações de base populacional que utilizaram o SF-12 para avaliação da QVRS em idosos no período de janeiro de 2006 a abril de 2011.

As características dos estudos desta revi-são estão apresentadas nas Tabelas 2 e 3.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOSE DiSCUSSÃO

Os anos com maior número de publicações foram 2006 (n = 5) e 2010 (n = 5). Os Estados Unidos, local de origem do SF-12, foi o país que mais publicou (n = 9), e o inglês foi o idioma predominante da amostra. Não foi encontrado nenhum artigo brasileiro. O SF-12 em pesqui-sas com idosos tem sido utilizado para avaliar a predição de hospitalização e mortalidade em idosos da comunidade com comorbidades,8 para avaliação de programas e serviços de saú-

Tabela 1. Distribuição dos números de artigos encontrados, segundo as bases de dados. Campinas, 2011.

Base de dados N. de artigos excluídos N. de artigos incluídos Total

Webof Science/ISI 88 15 102

PubMed 8 0 8

Scopus 35 3 38

Lilacs 0 0 0

Total 131 18 148

Autores e ano País e idioma Objetivos Tipo de

pesquisa Sujeitos Instrumentos e aplicação

Resultados relacionados

ao SF-12

Dorr et al.,8 2006Estados Unidos

Inglês

Investigar se as medidas de QVRS dos idosos

em cuidados primários de saúde podem ser

utilizadas como preditoras de hospitalização e

mortalidade

Prospectivo coorte

Idosos da comunidade, ≥ 65 anos, com 1 ou mais

doenças crônicas n = 3.042

Impact SF-12 Questionário autoaplicado

SF-12 é preditor de morte e hospitalização É preditor

confiável para morte quando comparado às medidas

tradicionais

Franic e Jiang,11 2006Estados Unidos

Inglês

Investigar a associação entre uso de drogas

potencialmente inadequadas e a QVRS de idosos americanos,

utilizando as definições atualizadas das drogas

Retrospectivo coorte longitudinal

Idosos da comunidade,≥ 65 anos n = 1.161

SF-12 EQ-5D

Questionário autoaplicado

Não houve associação entre o uso de drogas

potencialmente inadequadas nos idosos e sua QVRS

Hunkeler et al.,10 2006Estados Unidos

Inglês

Determinar o efeito tardio do cuidado colaborativo

em idosos com depressão e com idade avançada

Estudo clínico

Grupo intervenção: idosos com depressão, ≥ 60 anos,

em tratamento inicial n = 1.801

IMPACT - SF-12 Entrevistas face a face

Grupo de intervenção teve melhores resultados no SF-12

do que o grupo controle

Reid et al.,26 2006Estados Unidos

Inglês

Determinar a ocorrência e o reconhecimento

de problemas comuns relacionados ao sono e sua associação com medidas de

QVRS em idosos

TransversalIdosos da comunidade ≥ 60 anos n = 1.502

SQ-5SF-12

Entrevista face a face

As queixas de dificuldade para dormir e cansaço pela

manhã foram preditores da QVRS

Grandes períodos de sono durante o dia foram

associados à piora da QVRS

Quandt et al.,25 2007Estados Unidos

Inglês

Determinar o impacto do diabetes mellitus e do suporte social na QVRS

entre idosos residentes na zona rural

Transversal

Idosos da comunidade, ≥ 65 anos,

Idosos nativos, africanos e brancosn = 665

CES-DSF-12, HbAIC

IMCMOS Index

Entrevista face a face

Maiores valores de componente físico do SF-12 foi associado

com sexo, menor nível de escolaridade, independência

funcional, poucas doenças crônicas e falta de assistência ambulatorial para controle do

diabetes mellitus Maiores valores do

componente mental do SF-12 foi associado com independência, poucas

condições crônicas maior nível de escolaridade

de Belvis et al.,27 2008ItáliaInglês

Determinar a associação entre o relacionamento

social e QVRS em idosos da região de Lázio – Itália

TransversalIdosos da comunidade,

≥ 60 anosn = 1.601

SF-12Questionário

autorrespondido

O SF-12 foi considerado limitado por não abranger

outras dimensões do constructo QV (ambiente e

nível socioeconômico)O SF-12 conseguiu

discriminar os componentes físicos e mentais

de Belvis et al.,28 2008ItáliaInglês

Investigar a associação entre relacionamento

social e QVRS entre idosos da Itália

Transversal

Idosos da comunidade, não institucionalizados,

≥ 60 anos.n = 33.744

SF-12Questionário

autorrespondido

Estudos longitudinais são necessários para mostrar

a relação entre QVRS e relacionamento social entre

idosos e suas associações com doenças, incapacidades

e acesso/uso de serviços de saúde

Não foi possível avaliar se as associações com outras dimensões da QVRS não

existem ou não foram detectadas pelo SF-12

Tabela 2. Perfil dos estudos populacionais selecionados sobre a aplicação do SF-12 em idosos. Campinas, 2011

(Continua)

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Qualidade de vida relacionada à saúde do idosoGeriatria & Gerontologia288 289

Autores e ano País e idioma Objetivos Tipo de

pesquisa Sujeitos Instrumentos e aplicação

Resultados relacionados

ao SF-12

Kerse et al.,29

2008Estados Unidos

Inglês

Investigar os fatores de risco associados a

quedas únicas, múltiplas e fraturas, especialmente relacionadas à depressão

e ao uso de medicamentos psicotrópicos

Transversal

Idosos da comunidade≥ 60 anos

Idosos que moravam em residências equipadas

n = 21.596

PHQ-9 Duke Social Support IMC

SF-12HADS

Questionário autorrespondido

O SF-12 discriminou os idosos com artrite, que tiveram pior

estado de saúde (menores valores do componente

físico e esteve associado com todas as quedas (com ou sem

fratura)

Lucca et al.,30

2008ItáliaInglês

Investigar a associação da anemia de grau leve

com variáveis relacionadas à saúde como padrão

cognitivo, funcionalidade, humor e QV

Transversal

Idosos da comunidade com anemia de grau leve

(n = 170) e não anêmicos (n = 547)

65 a 84 anosn = 717

MEEMCERAD

The Stroop Colour-Word ABVDGDS

SF-12FACT-An

Entrevista face a face

O uso do SF-12 mostrou que idosos com anemia de grau

leve apresentam pior estado cognitivo, físico, humor e QV

Begum et al.,3 2009Inglaterra

Inglês

Comparar os transtornos de saúde vascular e não vascular com a função cognitiva e transtorno

mental comum

Transversal

Idosos da comunidade que moravam em casa de

família60 a 74 anos

n = 2.007

TICSm modificada;Teste de fluência verbal

(1 minuto)Entrevista clínica

CID-10AVD

SF-12 (PCS)Entrevista face a face

Transtornos vasculares foram associados com prejuízo da função cognitiva e da

memóriaNão houve associação das variáveis com transtornos

não vasculares

Halvorsrud et al.,6

2010Noruega

Inglês

Explorar como sintomas depressivos,

funcionalidade, satisfação com a saúde, idade e

fatores ambientais que são preditores da QV num

modelo conceitual baseado no Modelo de Wilson e

Cleary (WCM)

Transversal

Idosos doentes da comunidade61 a 90 anos

n = 89

GDSSF-12 – (PCS)

Whoqol-old; Whoqol-100Whoqol-bref: (satisfação com a saúde e condições

ambientais)Entrevista face a face

O SF-12 foi utilizado apenas como medida física

A função física junto com satisfação com a saúde foi

mediadora entre os sintomas depressivos e a QV

Kwong et al.,31 2010Austrália

Inglês

Descrever a prevalência e o impacto da IU na QV de uma coorte de base populacional de idosos

australianos do sexo masculino residentes na

comunidade

Transversal

Homens idosos da comunidade70 a 97 anos - n = 1.705

SF-12 ICIQ.

Questionário autoadministrado

O SF-12 discriminou homens com e sem IU.

É sabido que o SF-12 tem menor sensibilidade na

medida do impacto da IU na QV quando comparado com um questionário de

QV específcico. Entretanto o uso do SF-12 permite a

comparação entre diferentes condições clínicas

Schmader et al.,9

2010Estados Unidos

Inglês

Determinar a eficácia da vacina contra herpes-zóster na melhora da AVDs e QVRS

de idosos

Estudo clínico

Idosos da comunidade com história de varicela ou 30 anos de residência nos

Estados Unidos≥ 60 anosn = 38.546

SF-12ZBPI Inventário abreviado

do ZOSTER;ZIQ

Euroqol VASEntrevista face a face

O SF-12 evidenciou que a vacina reduziu pela metade o

impacto do virus na QVRS

Fagerström e Hellström,322011

SuéciaInglês

Investigar a presença de queixas relacionadas ao

sono e sua associação com os graus de comorbidade e QVRS entre idosos com 60

anos ou mais na Suécia

TransversalIdosos da comunidade

≥ 60 anos n = 1.128

SF-12Compreensive Assesment

and Referral Evaluation interview Schedule.

Entrevista face a face

O SF-12 apresentou boas medidas psicométricas

(Cronbach 0,86-PCS e 0,77 MCS)

O SF-12 identificou que queixa de sono, acompanhada com comorbidades prejudica a

QVRS dos idosos

(Continuação)

* Uso de drogas potencialmente inadequadas (uso de drogas que oferecem mais riscos do que benefícios).Improving Mood Promoting Access to Collaborative Care Treatment Programme (Impact); Centro de Estudos Epidemiológicos Depression Scale (CES-D); Hemoglobina A1 (HbA1C), Índice de massa corporal (IMC); Medical Outcomes Study (MOS) Physical Functioning Measure (MOS Index); EuroQol 5 dimensões (EQ5D); Five-item Sleep Quetionnaire (SQ-5); the Nine Item Depression Scale of the Patient Health Questionnaire (PHQ-9); Duke Social Support (Duke social); Hospital, Anxiety and Depression Scale (HADS); Miniexame do Estado Mental (Meem); Atividades básicas da vida diária (ABVD), Atividades instrumentais da vida diária (AIVD); Functional Assesment of Cancer Therapy-Anemia (Fact-An); The Modified Thelefone Interview or Cognitive Status” ( TICSm); Classificação Internacional de Doenças (CID-10); Atividades da vida diária (AVD); The International Consultation on Incontinence Questionnaire (ICIQ); The Zozter Brief Pain Inventory (ZPBI); The Zoster Impact Questionnaire (ZIQ); EuroQol Visual Analog Scale (EuroQol VAS).

N Autores PaísIdioma Objetivos Sujeitos Instrumentos Resultados

8 Von Steinbuchel al.,21

2006SuíçaInglês

Analisar as propriedades psicométricas da versão francesa do questionário Whoqol-bref em

idosos saudáveis e comparar o perfil das médias dos participantes com

o perfil das médias obtidas em estudo de validação internacional

do Whoqol-Bref

Idosos da comunidade

≥ 60 anosn = 262

Whoqol-brefSF-12GDS

MeemQuestionário

autorrespondido

O SF-12 foi utilizado para avaliar o estado de saúde do idoso

Os itens do Whoqol-bref foram melhores preditores de boa saúde

física e mental em relação ao SF-12Concluiu-se que o perfil de cada

resposta dos idosos transmitem mais informações do que os escores dos

domínios de cada instrumentoEssas informações excedentes

podem ser cruciais em pesquisas sobre QV na velhice

11 Jakobson,14

2007SuéciaInglês

Apresentar os escores de PCS e MCS em vários grupos de idade, medidas psicométricas do SF-12 e investigar as características dos respondentes e não respondentes

do instrumentos em idosos maiores de 75 anos

Idosos da comunidade

75 a 105 anos4.278

SF-12Questionário

autorrespondido

PCS 37,5(SD 11,9) e MCS 50,3 (SD 11,5)

Ambos diminuíram com a idade. Os não respondentes eram mais

velhos, do sexo feminino, moravam sozinhas em acomodações especiais.

Preocupam-se com a saúde, necessitam de auxílio para realizar

as atividades da vida diária, referem poucos sintomas, possuem maior

necessidade de ajuda para as ABVD e possuem menor rede social em

relação aos respondentesBoa confiabilidade e validade, porém necessitam-se maiores estudos com

a população

40 Bentur e King,12

2010IsraelInglês

Avaliar as propriedades psicométricas e viabilidade da utilização de uma versão em

hebraico do SF-12 para idosos de comunidade

Idosos da comunidade

≥ 70 anosn = 421

Índice de BarthelABVD GDS

SF-12Entrevista face a face

Boa consistência internaO MCS do SF-12 teve associação

significativamente negativa com a pontuação da GDS, enquanto que o PCS teve uma associação positiva e significativa com escores da escala

de ABVD e negativa com AIVD A versão em hebraico do SF-12

(com alterações para melhor compreensão do idoso) mostrou-se um instrumento prático para o uso

entre os idosos

41 Cernin et al.,13

2010Estados Unidos

Inglês

Examinar a confiabilidade e a validade de uma versão do SF-12,

administrada verbalmente, em uma amostra populacional de idosos afro-americanos residentes na

comunidade, utilizando o banco de dados de avaliação de necessidades de toda a cidade de Detroit, Estados

Unidos

idosos americanos e africanos da

comunidade - 61-95 anos

n = 985

SF-12Entrevista telefônica

A pontuação total do SF-12 foi significativamente relacionado com a utilização de serviços de saúde em casa, visita s a um médico, número

de medicamentos em uso e número de doenças crônicas

O SF-12 é uma medida válida e confiável usada como um

dispositivo de triagem para idosos afro-americanos em geral. Porém

são sugeridas modificações na pontuação tradicional do SF-12

Tabela 3. Perfil dos estudos metodológicos sobre o uso do instrumento SF-12 em idosos. Campinas, 2011.

Escala de Depressão Geriátrica (GDS); Miniexame do Estado Mental (Meem); Atividades básicas da vida diária (ABVD), atividades instrumentais da vida diária (AIVD).

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Qualidade de vida relacionada à saúde do idosoGeriatria & Gerontologia290 291

de,10,11,25 avaliações de tratamentos e condições de saúde3,5,6,9,26-32 e para avaliação das suas me-didas psicométricas.12-14 Quanto ao desenho das pesquisas, houve predomínio de estudos tranversais3,5,6,25-30 (n = 8), seguidos de estudos metodológicos12-14 (n = 4), somente duas publi-cações foram estudos clínicos com base em in-tervenção9,10 (ver Tabela 2).

As populações dos estudos foram compos-tas por idosos da comunidade12,14,27,28 (n = 6), com comorbidades8 (n = 1), com depressão10 (n = 1), diferentes etnias13,25 (n = 2), diferen-tes moradias29 (n = 1), com anemia30 (n = 1), distúrbios do sono26,32 (n = 2), problemas men-tais3,6 (n = 2), incontinência urinária31 (n = 1) e história de varicela9 (n = 1).

O SF-12 foi utilizado na maioria das vezes (n = 12) como um entre vários instrumentos de avaliação da saúde dos idosos. Outros ins-trumentos de avaliação da QV como o EQ-5D,11 Whoqol-Bref,21,26 Whoqol-old e Whoqol-100 foram aplicados concomitantemente.6 Além disso, outras medidas importantes foram avaliadas, com destaque para avaliação de programas que estimulam a melhora de tra-tamentos8,10 e avaliações cognitivas.6,12,30

A QVRS foi avaliada por meio dos escores do seus componentes físico e mental ora en-quanto variável dependente,27,28 ora como in-dependente,13 considerando os objetivos dos estudos. O instrumento SF-12 apresentou boa confiabilidade e validade ao ser utilizado com idosos de diferentes países.13,14 Sua forma de aplicação variou muito, sendo a autoadminis-trada a predominante,8,9,27-29,31 seguida da en-trevista pessoal10,25,26,30 e por telefone.3,13

Dentre os estudos metodológicos, vale ressaltar uma publicação que apresentou, além das medidas psicométricas do SF-12, as características dos idosos que não responde-ram ao instrumento em sua totalidade. Estes idosos eram mais longevos, do sexo feminino,

moravam sozinhos em acomodações espe-ciais, necessitavam de auxílio para as ativi-dades da vida diária e possuíam menor rede social em relação aos respondentes.14

Na presente revisão integrativa da literatu-ra não foram encontradas teses e dissertações, apenas artigos publicados em periódicos.

A avaliação da QVRS, por meio do SF-12, em estudos populacionais com idosos, tem sido realizada nos últimos cinco anos em gru-pos específicos em função de doenças pró-prias desta faixa etária e tratamentos, por meio de estudos transversais. Nos estudos metodológicos, destaca-se a ênfase para pes-quisas de avaliação das propriedades psico-métricas do SF-12.

Estudos de intervenção ainda são escas-sos, o que aponta para possível dificuldade dos estudiosos e pesquisadores em realizar pesquisas desta natureza, além da opção do presente estudo por estudos populacionais.

Destaca-se ainda a utilização de outros instrumentos associados ao SF-12, com pre-domínio de instrumentos de avaliação do es-tado de saúde física e mental. Embora o com-ponente físico seja considerado importante para a avaliação da QVRS, o relacionamento social e a proximidade de residência quanto aos familiares foram identificadas como fato-res prejudiciais à QVRS em idosos da comuni-dade de forma geral ou mesmo em idosos com comorbidade.14,27,28 Houve diferenças entre os sexos, homens apresentaram maior impacto no componente físico da QVRS31 enquanto mulheres tiveram maior satisfação com o su-porte social e mais sentimentos negativos.14,21

O SF-12 mostrou-se um instrumento de avaliação da QVRS limitado pois não possi-bilita avaliar associação com outras dimen-sões da QV.25 Foi possível identificar também que cada resposta avaliada individualmente transmite mais informações do que os es-

cores dos domínios de cada instrumento de avaliação de QV e que essas informações po-dem ser cruciais em pesquisas sobre QV na velhice.21 Por haver variáveis não abordadas pelo SF-12, novos estudos foram recomenda-dos com o intuito de verificar a relação entre QVRS e aspectos que dizem respeito à intera-ção social entre idosos, sua associação com doenças, incapacidades e acesso/uso de ser-viços de saúde.27,28

Nos estudos de forma geral, o SF-12 foi apresentado como um instrumento breve, de aplicação rápida e com boas medidas psico-métricas. Os não respondentes mereceram atenção em uma pesquisa com o uso do SF-12 e foram analisados descritivamente.14 Além disso, pesquisadores realizaram adaptações do SF-12 na versão hebraica para facilitar a compreensão do idoso12 e chamaram a aten-ção para possíveis ajuste estatísticos para a os escores PCS e MCS exclusivamente para ido-sos com idade mais avançada.13

CONSiDERAÇÕES FiNAiS O presente artigo identificou e analisou

estudos de base populacionais que utilizaram o SF-12 para avaliação de QVRS em diferen-tes contextos. O SF-12 é considerado uma ferramenta importante na avaliação da QVRS em estudos populacionais com idosos. É um instrumento curto, de fácil compreensão, de rápida aplicação e com boas medidas psico-métricas. Além disso, pode ser aplicado tanto como questionário autoadministrado quanto em forma de entrevista. Porém, em idosos, é recomendada a aplicação sob forma de en-trevista para garantir o preenchimento com-pleto do instrumento e, consequentemente, a avaliação da QVRS do idoso.

Novas pesquisas com o uso do SF-12 em idosos são recomendadas a fim de avaliar a QVRS dessa população.

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COMUNiCAÇÃO BREVE

Fragilidade na doença renal crônicaFrailty in chronic kidney disease

Henrique Novais Mansur1, Marcus Gomes Bastos2

1Universidade Salgado de Oliveira (Universo), Juiz de Fora, MG,

Brasil.2Programa de Pós-graduação em

Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora,

MG, Brasil.

Endereço para correspondência: Henrique Novais Mansur - Rua Wolfgang Amadeus Mozart, 131 - Condomínio São Lucas – São Pedro - Juiz de Fora – MGCEP: 36036-631 - Telefone: (32) 3217-8528

RESUMOObjetivo: Fragilidade é um estado de alta vulnerabilidade e efeitos adversos à saúde, comum em pessoas idosas, mas também fortemente associado à doença renal crônica (DRC). As causas dessa associação podem ser a inflamação a hipovitaminose D e a anemia. Porém, como o paciente com DRC apresenta essas intercorrências independentemente da idade, a preocupação com a fragilidade nestes casos deve ser prática corrente no atendimento ao paciente.

Palavras-chave: insuficiência renal crônica, nefropatias, fatores de risco, vulnerabilidade.

ABSTRACTObjective: Frailty is a high vulnerability state and adverse health effects common to the elderly, but it is also strongly associated with chronic kidney disease (CKD). The causes of this association may be inflammation, vitamin D deficiency and anemia. However, as the patient with CKD presents these events independent of age, worrying about the fragility in CKD patients should be a standard practice for patient care.

Keywords: renal insufficiency, chronic kidney disease, risk factors, vulnerability.

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Fragilidade na doença renal crônicaGeriatria & Gerontologia294 295

iNTRODUÇÃO Pacientes com doença renal crônica (DRC)

têm, reconhecidamente, uma reduzida função cognitiva e física, que afeta a sua qualidade de vida. Além disso, a DRC per se é uma impor-tante comorbidade, principalmente para indi-víduos idosos.1

Não obstante a DRC ter como consequência a redução da função física, poucos estudos têm examinado a associação da fragilidade com a DRC, principalmente nos estágios mais pre-coces da doença. Esses estudos normalmente são associados à população idosa, mesmo na DRC. Porém Shillipak et al.2 e Johansen et al.3 encontraram forte relação entre fragilidade e DRC também em indivíduos não idosos.

No presente artigo, os autores discutem os possíveis determinantes dessa relação e aler-tam para a necessidade do diagnóstico precoce, objetivando a implementação de intervenções que preservem a independência, a qualidade de vida e a prevenção da mortalidade prematura.

Definição e diagnóstico de fragilidadeFragilidade é um estado de alta vulnera-

bilidade e efeitos adversos à saúde, o que in-

clui dependência física, instabilidade, quedas, necessidade de cuidados duradouros e mor-talidade. Os marcadores mais comuns são a perda de massa magra, de força e resistência muscular, de equilíbrio e baixo desempenho na caminhada, resultando em um aumento do risco de incapacidade, hospitalização, institu-cionalização e hospitalização.1

Fried et al.4 desenvolveram um protocolo de avaliação da fragilidade no qual os elemen-tos identificativos desse estado eram perda de peso, exaustão, fraqueza muscular, baixa velo-cidade de caminhada e pouca atividade física. Quando o paciente apresentava três ou mais critérios, denominava-se fenótipo de fragili-dade. Aqueles que apresentassem um ou dois critérios eram denominados pré-frágeis, e aqueles sem nenhum critério, não frágeis.

Baseados nestes conceitos, Fried et al.4 identi-ficaram 6,9% da população americana idosa sen-do frágil e 47% sendo pré-frágil. O impacto adver-so da fragilidade ficou evidente quando, após 84 meses de acompanhamento, 43% dos pacientes frágeis foram a óbito, comparativamente a 23% dos pré-frágeis e 12% dos não frágeis.

Figura 1. Ciclo das causas da fragilidade. Fonte: adaptado de Fried et al.4

Fatores associados à fragilidade

A fragilidade possivelmente resul-ta da interação complexa de alterações bioquímicas e multissistêmicas que de-terminam uma diminuição nas reservas fisiológicas do indivíduo. Os mecanismos que podem levar à fragilidade são poli-farmácia, mudanças relacionadas à idade como sarcopenia e osteopenia, obesida-de, anorexia, tabagismo, depressão, al-coolismo, inatividade física, isolamento social e doenças crônicas.1

A Figura 1 é uma adaptação da sequência fisiopatológica e os sinais e sintomas decor-rentes observados na fragilidade a partir da proposta de Fried et al.4

A grande maioria dos estudos que ava-liam a fragilidade utiliza o protocolo proposto por Fried et al.;4 porém Johansen et al.3 utili-zaram uma forma de avaliação clinicamente mais viável.

A Tabela 1 apresenta e compara os instru-mentos de avaliação propostos por Johansen et al.3 e Fried et al.4

Tabela 1. Comparação entre os métodos de avaliação da fragilidade

Componentes da Fragilidade

Método de avaliação proposto por Johansen et al.3 Método de avaliação proposto por Fried et al.4

Fraqueza muscular Domínio da função física (SF-36) < 75 pontos Teste de força de preensão manual (hand grip), estratificado por sexo e quartis de índice de massa corporal (IMC)

Baixa velocidade usual de caminhada Não utilizou Teste de caminhada usual de 15 pés, estratificado por sexo e altura

Exaustão Domínio da vitalidade (SF-36) < 55 pontos

Respostas a duas perguntas do Questionário CES-D de Depressão- Eu senti que tudo que fiz foi com esforço

- Eu não pude fazerQuantas vezes na última semana você se sentiu assim?

- Raramente ou nunca = 0- 1 ou 2 dias = 1- 3 ou 4 dias = 2

- ≥ 5 dias = 3

Resposta 2 ou 3 é critério de exaustão

Inatividade física

Com qual frequência você pratica atividade física no seu tempo livre?

- diariamente - 4 a 5 vezes por semana - 2 a 3 vezes por semana

- quase nunca - nunca

Se responderam “quase nunca ou nunca”, eram considerados inativos

Gasto energético calculado pela versão curta do Questionário de Minessota de Atividade Física

O último quintil de gasto energético estratificado por sexo foi considerado inativo

Perda de peso não intencional

Sub ou malnutrido, caquexia avaliada por dados “abstratos” (prontuário do paciente)

dentro de 30 dias antes da entrada no estudoPerda de peso involuntário maior que 4,5 kg no último ano

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Fragilidade na doença renal crônicaGeriatria & Gerontologia296 297

Fragilidade e doença renal crônicaNo curso da progressão da DRC é comum

observar complicações como anemia, acidose metabólica, alterações do metabolismo mi-neral e ósseo, e comorbidades como doenças cardiovasculares, depressão e déficit cogniti-vo, que predispõem os pacientes a apresen-tarem diminuição do estado de saúde, limita-ções físicas e óbito prematuro. Contudo, até o momento, poucos estudos examinaram a associação entre DRC e fragilidade.

Shilipak et al.2 foram os primeiros a es-tudarem a fragilidade na DRC. Os autores ob-servaram que a prevalência de fragilidade foi maior nos portadores de DRC (15%) do que naqueles sem a doença (6%). Isso significa que os pacientes com DRC tinham três vezes mais chances de serem frágeis do que os de-mais. Além disso, observaram alta prevalên-cia de fragilidade ─ 34% entre as mulheres com DRC, particularmente as negras. Os au-tores propõem que inflamação, anemia e ate-rosclerose, provavelmente, mediam a relação entre fragilidade e DRC.

Johansen et al.3 estudaram a prevalência e o impacto da fragilidade no curso da DRC em pacientes submetidos a tratamento dia-lítico, identificando o fenótipo de fragilida-de em 67,7% dos pacientes em terapia renal substitutiva. Um novo achado foi a constata-ção de que a fragilidade foi caracterizada em pacientes não idosos e no período de dois anos do estudo associou-se com desfechos adversos, tais como internação hospitalar e maior mortalidade.

Mais recentemente, Wilhem-Leen et al.5 encontraram um aumento da prevalência de fragilidade nos estágios mais avançados da DRC. A prevalência de fragilidade foi de 5,9%, 10,7% e 20,4% nos estágios 1 e 2, 3A e 3B e 5 (excluíndo os pacientes em diálise) da DRC, respectivamente. Outro achado importante

deste estudo foi a verificação de que o risco de fragilidade aumenta de acordo com o está-gio da DRC ─ ocorre cerca de duas vezes mais nos estágios iniciais da doença e de seis vezes mais nos pacientes com taxa de filtração glo-merular menor que 45 mL/min/1,73 m2.

Estudos recentes identificam a inflama-ção, a anemia, a depressão e a hipovitaminose D como complicações comuns à fragilidade e à DRC, alterações que servem de base, entre outras, para explicar a maior prevalência de fragilidade e a sua ocorrência antes dos ses-senta anos em pacientes com DRC.

Fatores associados à fragilidade na doença renal crônicaInflamação

Uma das causas da fragilidade na popula-ção em geral deve-se à presença de citocinas pró-inflamatórias relacionadas aos processos fisiológicos do envelhecimento.1 Dentre elas, citam-se a proteína C-reativa (PCR), a inter-leucina-1 (IL1) e 6 (IL6) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α).

Walston et al.6 identificaram uma asso-ciação entre o aumento de PCR e o risco de ser frágil, mesmo após ajustamento para as doenças cardiovasculares e o diabetes melli-tus. A IL6, chamada também de citocina geri-átrica, ativa a função osteoclástica e a reab-sorção óssea e está associada com a redução da massa muscular.

Já o TNF-α pode levar à anorexia ─ comum na DRC e em idosos ─ e à lipólise. Isso agrava-ria o quadro de ingestão proteica que seria, consequentemente, associado à fragilidade, por ativar a via ubiquitina-proteossoma, re-sultando em proteólise, além de produzir um quadro de resistência insulínica, o que tam-bém dificultaria o ganho de massa muscular.

AnemiaA anemia frequentemente ocorre de forma

precoce no curso da DRC, bem antes da falência funcional, e piora com a progressão da doença.7

A anemia da DRC ocorre, principalmente, da produção inadequada de eritropoietina pelos rins. Níveis diminuídos de hemoglobina se associam com a liberação subótima de oxi-gênio aos principais órgãos e impacta negati-vamente na capacidade de os pacientes com DRC e anemia desempenharem atividades físicas. Consequentemente, os pacientes com DRC e anemia podem experimentar perda acelerada de massa muscular, o que promo-veria o desenvolvimento de fragilidade.

DepressãoA prevalência de depressão em pacientes

idosos não institucionalizados é da ordem de 8,2%,8 valor que aumenta na DRC para 44% nos pacientes incidentes em diálise,9 acome-tendo até 20% dos pacientes em tratamento conservador.10

Estudos prévios identificaram a depres-são como fator de risco independente para hospitalização e óbito em pacientes em tra-tamento dialítico.11 A depressão associa-se a diminuição da funcionalidade e da qualidade de vida, taxas mais elevadas de mortalidade, aumento da demanda por cuidadores e dos serviços de saúde e a fragilidade.12

Hipovitaminose DA relação entre hipovitaminose D e fragi-

lidade está associada a alguns fatores, como sua relação com o metabolismo ósseo e mus-cular, pois sua influência no metabolismo do cálcio e do PTH pode resultar em distorções da microarquitetura trabecular, aumentando a porosidade cortical, levando a um maior risco de fratura. No metabolismo muscular, como este tecido possui receptores específi-cos de vitamina D, a hipovitaminose D pode gerar redução da força muscular e sarcopenia por diminuição da síntese proteica e altera-ção de propriedades contráteis do músculo.13

Apesar de os estudos verificarem a corre-lação entre fragilidade e vitamina D, no nos-so conhecimento, nenhum deles foi realizado em pacientes com DRC.

IdadeA literatura mostra que a DRC, apesar

de estar diretamente associada à fragilidade também pelas suas consequências, não deve haver preocupação somente com os pacientes idosos. Tabela 2 sintetiza esse preceito.

Como a fadiga, a fraqueza e a perda de peso são características do paciente em es-tado pré-urêmico, a avaliação de marcadores de DRC, como a avaliação da creatinina e da proteinúria, pode possibilitar ao médico a prevenção de fragilidade e melhoria da qua-lidade de vida dos seus pacientes.2

Tabela 2. Relação DRC e fragilidade independentemente da idade

Variáveis Idosos DRC Idosos com DRCAnemia + ++ +++

Inflamação + ++ +++

Hipovitaminose D + ++ +++

Acidose metabólica + ++ +++

Distúrbio mineral ósseo + ++ +++

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Geriatria & Gerontologia298

CONCLUSÃO Após análise dos trabalhos publicados so-

bre o tema, é reconhecida a importância do conhecimento sobre fragilidade na DRC. Além disso, observa-se que a fragilidade, na nefro-logia, deve ser avaliada não somente no indi-víduo idoso, pois pacientes nos estágios ini-ciais da doença e mesmo pacientes não idosos podem apresentar esse quadro que, se não tratado, acarretará queda abrupta da quali-dade de vida, hospitalizações mais precoces e maior número e óbitos nessa população.

Entretanto, pesquisas clínicas são neces-sárias para que se possa dimensionar a chan-ce de pacientes jovens desenvolverem a fragi-lidade na DRC e também elaborar tratamen-tos adequados e precoces para evitar quadros de fragilidade.

REFERÊNCiAS 1. Fried LF, Lee JS, Shlipak M, Chertow GM, Green C, Ding J et al.

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Informações geraisA revista Geriatria & Gerontologia – G&G é uma publicação científica trimes-tral da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – SBGG cujo objetivo é veicular artigos que contribuam para a promoção do conhecimento na área de Geriatria e Gerontologia, em suas diversas subáreas e interfaces. A G&G aceita submissão de artigos em português, inglês e espanhol. Seu conteúdo encontra-se disponível em versão impressa, distribuída a todos os associados da SBGG, e em versão eletrônica acessada pelo site: www.sbgg.org.br.

Instruções para o envio dos manuscritosOs trabalhos devem ser enviados por via eletrônica para o endereço: [email protected]; ou por correio, em CD ou DVD, para SBGG - Av. Copacabana, 500 – sala 609/610, Copacabana - 22020-001, Rio de Janeiro – RJ. Os manuscritos devem ser digitados em Word for Windows (inclusive tabelas); as figuras devem ser enviadas em arquivo JPG com no mínimo 300 dpi de resolução. O autor para correspondência receberá mensagem acusan-do recebimento do trabalho; caso isto não aconteça até sete dias úteis após o envio, deve-se entrar em contato. Concomitantemente, o autor deverá enviar, por vias eletrônica e postal, uma declaração de que o manuscrito está sendo submetido apenas à revista G&G e a concordância com a cessão de direitos autorais, o termo de consentimento livre e esclarecido e a declaração de conflito de interesses.

Avaliação dos manuscritos por pareceristas (peer review)Os manuscritos que atenderem à política editorial e às instruções aos au-tores serão encaminhados aos editores, que considerarão o mérito científico da contribuição. Aprovados nesta fase, os manuscritos serão encaminhados para pelo menos dois revisores de reconhecida competência na temática abordada. Os manuscritos aceitos poderão retomar aos autores para aprova-ção de eventuais alterações no processo de editoração e normalização, de acordo com o estilo da revista. Manuscritos não aceitos não serão devolvidos, a menos que sejam solicitados pelos respectivos autores no prazo de até três meses. Os manuscritos publicados são de propriedade da revista, sendo proi-bida tanto a reprodução, mesmo que parcial, em outros periódicos, como a tradução para outro idioma.

Pesquisas envolvendo seres humanosResultados de pesquisas relacionadas a seres humanos devem ser acompa-nhados de declaração de que todos os procedimentos tenham sido aprova-dos pelo comitê de ética em pesquisa da instituição de origem a que se vin-culam os autores ou, na falta deste, por um outro comitê de ética em pesqui-sa credenciado junto a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde. Além disso, deverá constar, no ultimo parágrafo do item Métodos, uma clara afirmação do cumprimento dos princípios éticos contidos na De-

claração de Helsinki (2000), além do atendimento a legislação especificas do país no qual a pesquisa foi realizada. Os indivíduos incluídos em pesquisas devem ter assinado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Tipos de artigos publicadosA revista G&G aceita a submissão de:Editoriais e comentários: esta seção destina-se à publicação de artigos subscritos pelos editores ou aqueles encomendados a autoridades em áreas específicas, devendo ser prioritariamente relacionados a conteúdos dos artigos publicados na revista.Artigos originais: contribuições destinadas à divulgação de resultados de pesquisas inéditas tendo em vista a relevância do tema, o alcance e o conheci-mento gerado para a área da pesquisa. Devem ter de 2 mil a 4 mil palavras, ex-cluindo ilustrações (tabelas, figuras [máximo de cinco]) e referências (máximo de 30).Artigos de revisão: avaliação crítica sistematizada da literatura sobre de-terminado assunto, de modo a conter uma análise comparativa dos trabalhos na área, que discuta os limites e alcances metodológicos, permitindo indicar perspectivas de continuidade de estudos naquela linha de pesquisa e devendo conter conclusões. Devem ser descritos os procedimentos adotados para a re-visão, bem como as estratégias de busca, seleção e avaliação dos artigos, escla-recendo a delimitação e limites do tema. Sua extensão máxima deve ser de 5 mil palavras e o numero máximo de referências bibliográficas de 50.Comunicações breves: são artigos resumidos destinados a divulgação de re-sultados preliminares de pesquisa; resultados de estudos que envolvam metodo-logia de pequena complexidade; hipóteses inéditas de relevância na área de Geriatria e Gerontologia. Devem ter de 800 a 1.600 palavras (excluindo tabelas, figuras e referências [máximo de dez]). Deve ter a estrutura de um artigo original.Relatos de caso: são manuscritos relatando casos clínicos inéditos e inte-ressantes. Devem observar a estrutura de resumo com introdução, relato do caso (com descrição do paciente, resultados de exames clínicos, seguimento, diagnóstico), discussão (com dados de semelhança na literatura) e conclusão. Devem conter a bibliografia consultada e não devem ter mais de 1.500 palavras e 15 referências.Artigos especiais: são manuscritos entendidos pelos editores como de especial relevância e que não se enquadram em nenhuma das categorias citadas. Sua revisão admite critérios próprios, não havendo limite de tamanho ou exigências previas quanto as referencias bibliográficas.Cartas ao editor: seção destinada à publicação de comentários, discussão ou críticas de artigos da revista. O tamanho máximo é de mil e até cinco referências.

Orientações para a preparação dos manuscritosOs manuscritos devem ser digitados em Word for Windows (inclusive tabe-las); as figuras devem ser enviadas em arquivo JPG com no mínimo 300 dpi de resolução.

InSTRUçõES AOS AUTORES

Geriatria & Gerontologia 301

Devem ser apresentados na sequência:a) Título completo do trabalho, em português e inglês, com até 90 caracteres; b) título abreviado do trabalho com até 40 caracteres (incluindo espaços), em português e inglês; c) nome de todos os autores por extenso, indicando a filia-ção institucional de cada um; d) dados de um dos autores para correspondên-cia, incluindo nome, endereço, telefones, fax e e-mail.Resumo: todos os artigos submetidos deverão ter resumo em português e em inglês (abstracts), entre 150 a 250 palavras. Para os artigos originais e co-municações breves, os resumos devem ser estruturados incluindo objetivos, métodos, resultados e conclusões. Para as demais categorias, o formato dos resumos pode ser o narrativo, mas preferencialmente com as mesmas infor-mações. Não devem conter citações e abreviaturas. Destacar no mínimo três e no máximo seis termos de indexação, extraídos do vocabulário “Descritos em Ciências d Saúde” (DeCS - www.bireme.br), quando acompanharem os resu-mos em português, e do Medical Subject Headings – MeSH (http://www.nlm.nih.gov/mesh/), quando acompanharem os “Abstracts”. Se não forem encon-trados descritores disponíveis para cobrirem a temática do manuscrito, poderão ser indicados termos ou expressões de uso conhecido.Texto: com exceção dos manuscritos apresentados como Artigos de Revisão os trabalhos deverão seguir a estrutura formal para trabalhos científicos: In-trodução: deve conter revisão da literatura atualizada e pertinente ao tema, ad-equada a apresentação do problema, e que destaque sua relevância. Não deve ser extensa, definindo o problema estudado, sintetizando sua importância e destacando as lacunas do conhecimento (estado de arte) que serão abordadas no artigo. Métodos: devem conter descrição clara e sucinta dos procedimentos adotados; universo e amostra; fonte de dados e critérios de seleção; instru-mentos de medida, tratamento estatístico, dentre outros. Resultados. Devem se limitar a descrever os resultados encontrados sem incluir interpretações e comparações. Sempre que possível, os resultados devem ser apresentados em tabelas ou figuras, elaboradas de forma a serem autoexplicativas e com análise estatística. Discussão: deve explorar, adequada e objetivamente, os resultados, discutidos a luz de outras observações já registradas na literatura. É importante assinalar limitações do estudo. Deve culminar com as Conclusões, indicando caminhos para novas pesquisas ou implicações para a prática profis-sional. Agradecimentos: podem ser registrados agradecimentos, em parágrafo não superior a três linhas, dirigidos a instituições ou indivíduos que prestaram efetiva colaboração para o trabalho.

Conflito de interessesDeve incluir relações com: a) conflitos financeiros, como empregos, víncu-los profissionais, financiamentos, consultoria, propriedade, participação em lucros ou patentes relacionados a empresas, produtos comerciais ou tecno-logias envolvidas no manuscrito; b) conflitos pessoais: relação de parentesco próximo com proprietários e empregadores de empresas relacionadas a produtos comerciais ou tecnologias envolvidas no manuscrito; c) potenciais conflitos: situações ou circunstâncias que poderiam ser consideradas capazes de influenciar a interpretação dos resultados.

Referências bibliográficasAs referências devem ser listadas no final do artigo, numeradas consecu-tivamente, seguindo a ordem em que foram mencionadas a primeira vez no texto, baseadas no estilo Vancouver (consultar: “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Medical Publication” www.icmje.org). Nas referências com até seis autores, citam-se todos os autores; acima de seis autores, citam-se os seis primeiros autores, seguindo de et al. As abreviaturas dos títulos dos periódicos citados deverão estar de acordo com o MedLine. A exatidão e a adequação das refe-rências a trabalhos que tenham sido consultados e mencionados no texto do artigo são de responsabilidade do autor.

Livros

Kane RL, Ouslander JG, Abrass IB. Essentials of clinical geriatrics 5th ed. New York: McGraw Hill, 2004.

Capítulos de livros

Sayeg MA. Breves considerações sobre planejamento em saúde do idoso. In: Menezes AK, editor. Caminhos do envelhecer. Rio de Janeiro: Revinter/SBGG; 1994. p. 25-8

Artigos de periódicos

Ouslander JG. Urinary incontinence in the elderly. West J Med. 1981; 135 (2): 482-91

Dissertações e teses

Marutinho AF. Alterações clinicas e eletrocardiográficas em pacientes idosos portadores de Doença de Chagas [dissertação]. São Paulo: Universidade Fe-deral da SBGG; 2003.

Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, en-contros, seminários e outros

Peterson R, Grundman M, Thomas R, Thal L. Donepezil and vitamin E as treat-ments for mild congnitive impairment. In: Annals of the 9th International Conference on Alzheimer´s Disease and Related Disorders; 2004 July; United States, Philadelphia; 2004. Abstract 01-05-05.

Artigos em periódicos eletrônicos

Boog MCF. Construção de uma proposta de ensino de nutrição para curso de enfermagem. Ver Nutr [periódico eletrônico] 2002 [citado em 2002 Jun 10]; 15(1). Disponivel em www.scielo.br/rm

Textos em formato eletrônico

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Estatisticas de saúde: assistên-cia médico-sanitária. WWW.ibge.gov.br (acessado em 05/02/2004).Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Available from URL; www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm. Acesso em: 05/06/1996.

Instruções aos autores

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Geriatria & Gerontologia 302

BackgroundGeriatria & Gerontologia (Brazilian Geriatrics & Gerontology) G&G is a quar-terly scientific publication by Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) (Brazilian Geriatrics and Gerontology Society) aiming the publication of articles on Geriatrics and Gerontology, including their several subareas and interfaces G&G accepts artirle submissions in Portuguese, English, and Spanish I ho print content is available for SBGG members and the online con-tent can be accessed at: www.sbgg.org br

instructions for Manuscript Sending Papers should be sent either by e-mail to: [email protected] ou by mail in CD or DVD to Av. Copacabana, 500 – sala 609/610, Copacabana - 22020-001 Rio de Janeiro – RJ. Manuscripts should be typed in Word for Windows [(includ-ing tables), figures should be supplied as JPG file and a minimum of 300 dpi resolution]. The corresponding author will recerve message acknowledging the paper receipt should this do not occur up to seven working days from the end-ing, the author should get m touch with the journal Concurrently, the author should send by e-mail and by mail a declaration stating that the manuscript is being submitted only to Geriatria & Gerontologia and that he (she) agrees with the cession of copyright, o TCLE and conflict of interest declaration.

Manuscript Evaluation by Peer Review Manuscripts that regard the editorial policy and the instructions for authors will e referred to editors who will evaluate the their scientific merit Manu-scripts will be submitted o at least two reviewers with expertise in the ad-dressed theme Accepted manuscripts might return for authors’ approval of in case of changes made for editorial and standardization purposes, according to the journal style Manuscripts not accepted will not be returned, unless they are requested by Die respective authors within three months Published manuscripts are journal ownership, so either reproduction, even partial, m other journals or translation into another language is unauthorized.

Research involving Human Subjects Articles related to research involving human subjects should indicate whether the procedures followed were in accordance with the ethi-cal standards of the responsible committee on human experimenta-tion (institutional or regional) accredited by the Comissao Nacional de £ tics em Pesqwsa do Ministerio da Saude (Health Ministry National Research Ethics Committee), In addition, a clear statement of compli-ance with ethical principles outlined in Helsinki Declaration (2000) shall appeal’ in the lest paragraph of Methods section, as well as fulfillment of specific lew requirements of the nation the research was per-formed in. The subjects included in the rosearch should have signed a Free and Informed Consent Term.

Categories of Manuscripts

G&G accepts the following submissions:Original Articles. Contributions aiming at release of unpublished research results considering the theme relevance, its range and the knowledge gen-erated for research purposes Original articles should contain 7,000 to 4,000 words, excluding illustrations (tables, figures (not exceeding 5) and refer-ences (not exceeding 30). Review Articles. Critical and systematic evaluation of literature on I certain subject containing a comparative review of papers in that area, discussing methodological limitations and ranges, indicating further study needs for that research area, and containing conclusions. The proceedings adopted for the review, as well as search, selection, and article evaluation strategies should be described, informing the limits of the theme They should not ex-ceed 5,000 words and 50 references.Brief Communications. These manuscripts are short articles aiming at release of preliminary results of research study results involving low com-plexity methodology, relevant unpublished hypotheses in Geriatrics and Gerontology They should not exceed 800 to 1.600 words (tables, figures and references [not exceeding 10) excluded) The structure should follow what is requested in an original article. Case Reports. These manuscripts report unpublished and interesting clini-cal cases They should follow an abstract structure with Introduction. Case fleporf (describing the patient, clinical examination results, follow-up. diag-nosis), Discussion (showing similar data in literature), and Conclusion They should contain the bibliography consulted and should not exceed 1,500 words and 15 references.Letters to the Editor. Section designed for publication of comments, discussion or any article reviews They should not exceed 1 000 words and 5 references.

instructions for Manuscript PreparationManuscripts should be typed in Word for Windows [(including tables), figures should be supplied as JPG file and a minimum of 300 dpi resolu-tion]. Manuscripts should be prepared according to the sequence below: a) paper full title in Portuguese and English not exceeding 90 characters, b) paper short title not exceeding 40 characters (spaces included) in Por-tuguese and English, c) authors’ and coauthors’ complete name, indicating institutional affiliations for each one of them; d) corresponding author data, including name, address, telephone and fax numbers, and e-mail.Abstract: all manuscripts should be submitted with an abstract in Portuguese and in English having no more than 150 to 250 words. For original articles and brief communications, abstracts should be structured to include objective, methods, results, and conclusions For other manuscript categories, abstract models could be narrative, but rather carrying the same information Abstracts should not contain quota-tions and abbreviations At least three and at most six key words should ac-

InSTRUCTIOnS FOR AUThORS company the Abstracts being extracted from the vocabulary Descritores em Ciências da Saude (DeCS – www.bireme.br) when accompanying abstracts in Portuguese and from Medical Subject Headings -MeSH (http //www.nlm nih gov/mesh/) when accompanying abstracts in English. If no descriptor is available to cover the manuscript theme, words or expressions of known use might be indicated .Text except for Review Articles, papers should assume formal structure of a scientific text Introduction The introduction should contain updated literature review, being appropriate to the theme, suitable to the problem introduced, and enhancing the theme relevance The introduction should not be extensive, but define the problem studied, synthesizing its impor-tance and stressing the knowledge gaps addressed in the article. Methods This section should have clear and brief description of proceedings adopted, sampling; data source and selection criteria, measurement instruments; statistical analysis, among other features Results This section should be limited to describing the results found without including interpretation and comparison. Whenever possible, results should be displayed in tables or figures designed to be self-explanatory and having statistical analysis. Discussion The discussion should properly and objectively explore the results, discussed in the light of further observation al-ready registered in literature It is important to point out the study limitations. The discussion should culminate by conclusions indicat-ing avenues for new research or implications for professional practice. Acknowledgements: Acknowledgments may be written in a no more than 3-line paragraph towards institutes or individuals that effectively contrib-uted to the paper.

Conflict of interestConflict of interest includes a) financial conflict such as employment, pro-fessional liaisons, funding, consulting, ownership, profit or patent sharing related to marketed products or technology involved in the manuscript; b) personal conflict: close relatedness to owners and employers in companies connected to marketed products or technology involved in the manuscript c) potential conflict: situations or circumstances that could be considered capable of influencing the result interpretation.

ReferencesShould be listed at the end of the manuscript and numbered in the order they are first mentioned in the text, following Vancouver style (v Uni-form Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals Writing and Editing for Medical Publication [hup .//www. icmje org]).

List all authors up to 6; if more than six, list the first 6 followed by et al.

The titles of journals should be abbreviated according to style used in Med-

Line. Authors are responsible for the accuracy and completeness of refer-

ences consulted and cited in the text.

Examples of reference style

BooksKane RL, Ouslander JG, Abrass IB Essentials of clinical geriatrics. 5th ed New

York McGraw Hill; 2004

Book chaptersSayeg MA. Breves consideragoes sobre planejamento em saúde do idoso In

Menezes AK, editor Cammhos do envelhecer Rio de Janeiro: Revinter/SBGG,

1994 p 25-8.

Journal articlesOuslander JG. Urinary incontinence in the elderly West J Med

1981;135(2):482-91.

Essays and thesesMarutinho AF Alteragoes clmicas e eletrocardiogrficas em pacientes idosos

portadores de doença de Chagas [dissertação]. São Paulo: Universidade Fed-

eral da SBGG; 2003.

Papers introduced in congresses, symposiums, meet-ings, seminars etc.Petersen R, Grundman M. Thomas R. Thai L Donepezil and vitamin E as

treatments for mild cognitive impairment. In Annals of the 9* International

Conference on Alzheimer’s Disease and Related Disorders; 2004 July; United

States. Philadelphia, 2004 Abstract 01-05-05

Articles from electronic journalsBoog MCF Construgao de uma proposta de ensino de nutrição para curso

de enfermagem Rev Nutr [periddico eletronico] 2002 [citado em 2002 Jun

10).15(1). Disponivel em. http.//www.scielo.br/RN

Texts in electronic formatInstitute Brasileiro de Geografia e Estatistica. Estatisticas da saude: assistên-

cia médico-sanitária. http.//www.ibge gov br (acessado em 05/Fev/2004L

Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Available from

URL http://www.cdc gov/ncidod/EID/eid htm Acesso em: Jun 5 1996.

303 Instructions for authors

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Endereço: Avenida Loefgreen, 882, Cj. 32 Vila Clementino - São Paulo - CEP: 04044-000 - SP - Email: [email protected]: Ari Junior Diretor comercial: Flávio Tavares Comunicações médicas: Vania de Oliveira Coordenador editorial: Alexandre Mendes

Diagramação: Igor Ferraz Revisoras: Diva Godói e Renata Truyts Produtor gráfico: Adriane Sperandio

Todos os anúncios devem respeitar rigorosamente o disposto na RDC nº. 96/08

305

Reunimos as últimas evoluções científicas aqui.Só falta a sua.

ÓRGÃO OFICIAL DE PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA

A Geriatria & Gerontologia circula nas

principais bibliotecas de ciências da saúde do país

com artigos selecionados seguindo os padrões

internacionais de indexação.

Com seu caráter interdisciplinar, é a revista

de maior circulação da área, com distribuição

para cerca de 2.000 associados da SBGG.

Enfim, é evidente que sobram motivos

para publicar na Geriatria & Gerontologia.

www.SBGG.org.br

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Editora-chefeMaysa Seabra Cendoroglo - São Paulo, Brasil (Unifesp)

Geriatria & Gerontologia

Editores AssociadosJoão Macêdo Coelho Filho – Fortaleza, Brasil (UFC)

Wilson Jacob Filho – São Paulo, Brasil (USP)Júlio Cesar Moriguti – Ribeirão Preto, Brasil (USP-RP)Milton Luiz Gorzoni – São Paulo, Brasil (FCMSC-SP)

Rosângela Correa Dias – Belo Horizonte, Brasil (UFMG)

Editores ExecutivosJoão Senger – Novo Hamburgo, Brasil

Karla Cristina Giacomin – Belo Horizonte, BrasilMaria do Carmo Lencastre Lins - Recife, BrasilMonica Rodrigues Perracini – São Paulo, Brasil

Adriano César B. S. Gordilho – SalvadorAna Amélia Camarano – Rio de JaneiroÂngelo Boss – Porto AlegreAnnette Leibing – Rio de JaneiroAnita Liberalesso Néri – CampinasCarlos Montes Paixão Júnior – Rio de JaneiroCláudia Burlá – Rio de JaneiroClineu Mello Almada – São PauloEdgar Nunes de Moraes – Belo HorizonteEduardo Ferriolli – Ribeirão PretoEliane Jost Blessmann – Porto AlegreElisa Franco de Assis Costa – GoiâniaElizabete Viana de Freitas - Rio de JaneiroEmilio H. Moriguchi – Porto AlegreEmilio Jeckel Neto – Porto AlegreFlávio Chaimowicz – Belo HorizonteGuita Grib Debert – CampinasIvete Berkenbrock – CuritibaJoão Carlos Barbosa Machado – Belo HorizonteJoão Marcos Domingues Dias – Belo HorizonteJoão Toniolo Neto – São PauloJohannes Doll – Porto AlegreJosé Elias S. Pinheiro – Rio de JaneiroKarla Cristina Giacomin – Belo HorizonteKátia Magdala L. Barreto – RecifeLaura Mello Machado – Rio de JaneiroLeani Souza Máximo Pereira – Belo Horizonte

Ligia Py – Rio de JaneiroLuiz Eugênio Garcez Leme – São PauloLuiz Roberto Ramos – São PauloMarcella Guimarães A. Tirado – Belo HorizonteMarcos Aparecido Sarria Cabrera – LondrinaMaria Fernanda Lima-Costa – Belo HorizonteMaurício Gomes Pereira – BrasíliaMaurício Wajngarten – São PauloMyrian Spínola Najas – São PauloMônica Rodrigues Perracini – São PauloNewton Luiz Terra – Porto AlegreRenato Moraes Fabbri – São PauloRenato Maia Guimarães – BrasíliaRicardo Komatsu – MaríliaRoberto Dischinger Miranda – São PauloRômulo Luiz de Castro Meira – SalvadorSérgio Márcio P. Paschoal – São PauloSilvia Maria de A dos Santos – FlorianópolisSônia Lima Medeiros – São PauloTereza Loffredo Bilton – São PauloToshio Chiba – São PauloTulia Fernanda Meira Garcia – FortalezaUlisses Gabriel Vasconcelos Cunha – Belo HorizonteVânia Beatriz M. Herédia – Porto AlegreWilson Jacob Filho – São PauloMaira Tonidandel Barbosa – Belo HorizontePaulo Hekman – Porto Alegre

CONSELHO EDITORIAL NACIONAL

Andrea Caprara – Roma, ItáliaDavid V. Espino – San Antonio, EUAJeanne Wei – Little Rock, EUAPaulo Henrique M. Chaves – Baltimore, EUARoberto Kaplan – Buenos Aires, Argentina

Jay Luxenberg – San Francisco, EUAMasatoshi Takeda – Osaka, JapãoSergio Ariño Blasco – Barcelona, EspanhaAntony Bayer – Cardiff, Reino Unido

CONSELHO EDITORIAL INTERNACIONAL

Base Editorial

Av. Copacabana, 500 sala 609/610, Copacabana – CEP: 22020-001 – Rio de Janeiro.e-mails: [email protected] / [email protected]

Indexada na LATINDEX (Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal).

PresidenteNezilour Lobato Rodrigues (PA)

1o Vice-PresidentePaulo Renato Canineu (SP)

Pres. Depto GerontologiaMariana Asmar Alencar (MG)

Secretária GeralAna Lúcia de Sousa Vilela (RJ)

Secretária AdjuntaLeila Auxiliadora José Sant’Ana (MT)

TesoureiroDaniel Kitner (PE)

Diretora CientíficaMaria Alice Vilhena Toledo (DF)

Diretora de Defesa ProfissionalSilvia Regina Mendes Pereira (RJ)

Conselho ConsultivoMaria Angélica dos Santos Sanchez (RJ)Marcos Aparecido Sarria Cabrera (PR)Paulo Roberto Cardoso Consoni (RS)

Membros do Conselho Consultivo Pleno Adriano Cesar Gordilho (BA)Antonio Jordão Neto (SP)Eliane Blessmann (RS)Elisa Franco de Assis Costa (GO)Elizabete Viana de Freitas (RJ)Flavio Aluizio Xavier Cançado (MG)João Carlos Barbosa Machado (MG)Jussara Rauth (RS)Laura Melo Machado (RJ)Margarida Santos (PE)Maria Auxiliadora Cursino Ferrari (SP)Marianela Flores de Hekman (RS)Myrian Spínola Najas (SP)Paulo Cesar Affonso Ferreira (RJ)Renato Maia Guimarães (DF)Silvia Regina Mendes Pereira (RJ)Sonia Maria Rocha (RJ)Tereza Bilton (SP)Zally Pinto Vasconcelos Queiroz (SP)

Comissão de NormasMarianela HekmanJussara Rauth

Diretoria Nacional da SBGG

ALAGOASPresidente: Helen Arruda Guimarães2a Vice-Presidente: Ana Elizabeth LinsDiretor Científico: Oswaldo da Silva Liberal

BAHIAPresidente: Romulo Meira2o Vice-Presidente: Fábio FalcãoDiretor Científico: Lucas Kuhn Prado

CEARÁPresidente: João Bastos Freire Neto2a Vice-Presidente: Túlia Fernanda Meira GarciaDiretor Científico: Jarbas de Sá Roriz Filho

DISTRITO FEDERALPresidente: Marco Polo Dias Freitas2o Vice-Presidente: Vicente de Paula FaleirosDiretor Científico: Leonardo Pitta

ESPÍRITO SANTOPresidente: Roni Chaim Mukamal2a Vice-Presidente: Neidil Espinola da CostaDiretora Científica: Daniela Souza Gonçalves Barbieri

GOIÁSPresidente: Isadora Crosara Alves Teixeira2a Vice-Presidente: Viviane Lemos Silva FernandesDiretor Científico: Ricardo Borges da Silva

DIRETORIAS DAS SEÇÕES ESTADUAIS DA SBGG

MARANHÃOPresidente: Jacira do Nascimento Serra2a Vice-Presidente: Adriano Filipe Barreto GrangeiroDiretores Científicos: Herberth Vera Cruz Furtado Marques Júnior / Margareth de Pereira de Paula

MATO GROSSOPresidente: Roberto Gomes de Azevedo2a Vice-Presidente: Roseane MunizDiretora Científica: Janine Nazareth Arruda

MATO GROSSO DO SULPresidente: José Roberto PelegrinoDiretora Científica: Marta Dreimeier

MINAS GERAISPresidente: Rodrigo Ribeiro dos Santos2a Vice-Presidente: Marcella Guimarães AssisDiretora Científica: Maria Aparecida Camargos Bicalho

PARÁPresidente: Karlo Edson Carneiro Santana Moreira2a Vice-Presidente: Maria Izabel Penha de O. SantosDiretor Científico: João Sergio Fontes do Nascimento

PARAÍBAPresidente: Arnaldo Henriques Gomes Viegas2a Vice-Presidente: Mirian Lucia TrindadeDiretor Científico: João Borges Virgolino

PARANÁPresidente: Debora Christina de Lacantara Lopes2a Vice-Presidente: Rosemary RauchbachDiretor Científico: Breno Barcelos Ferreira

PERNAMBUCOPresidente: Alexsandra Siqueira Campos2a Vice-Presidente: Marcia CarreraDiretor Científico: Sergio Murilo Fernandes

RIO DE JANEIROPresidente: Rodrigo Bernardo Serafim2a Vice-Presidente: Maria Angélica dos S. Sanchez Diretor Científico: Tarso Lameri Sant´Anna Mosci

RIO GRANDE DO SULPresidente: Ângelo José Bos2a Vice-Presidente: Vania HerediaDiretor Científico: Paulo Roberto Cardoso Consoni

SANTA CATARINAPresidente: Paulo Cesar dos Santos Borges2a Vice-Presidente: Silvia Maria Azevedo do SantosDiretora Científica: Nagele Belettini Hahn

SÃO PAULOPresidente: Renato Moraes Alves Fabbri2a Vice-Presidente: Valmari Cristina AranhaDiretora Científica: Maisa Carla Kairalla

Elisa Franco de Assis CostaAdriano Cesar Gordilho Silvia Pereira Eliane Jost BlessmannElizabete Viana de Freitas

Comissão de Defesa ProfissionalSilvia PereiraTassio da Silva

Comissão de ComunicaçãoSalo BuksmanIvete BerkenbrockRenato FabriLeni PereiraLeila Auxiliadora

Comissão de Cuidados PaliativosDaniel AzevedoIsadora Crosara Alves TeixeiraLaiane Moraes DiasJosecy PeixotoJosé Francisco OliveiraMaristela SantosClaudia BurláJohanner DollLigia PyLucia TakaseToshio Chiba

Comissão de Título de GeriatriaElisa Franco de Assis CostaVeronica HagemeyerRodolfo PedrãoPaulo José Villas BoasLiva DevénsKarlo Edson Carneiro Santana MoreiraAdriano Cesar Gordilho Maria do Carmo LencastreMaira Tonidandel

Comissão de Título de GerontologiaCláudia FlóAdriana KellerMarisa AcciolyTulia GarciaJordelina Schier

Comissão de Formação Profissional e CadastroGeriatria – Veronica Hagemeyer Gerontologia – Maria Celi Lyrio Crispim

Comissão de InformáticaAline ThomazRubens de Fraga JuniorRoberta Barros

Comissão Científica de GeriatriaMaria Alice de Vilhena ToledoMarcos CabreraAna Lúcia VilelaEinstein Camargos Claudia ZanataMarco Polo de FreitasEdgar Nunes de MoraesMaisa Cala KairallaJuliana JunqueiraJussimar Mendes de AquinoJacira do Nascimento SerraMonica Frank Maria Fernanda Coelho Moreira Costa

Comissão Científica de GerontologiaLeila Auxiliadora José Sant’ Anna Maria Angélica Sanchez Ligia Py Maria Izabel Penha de o. Santos Rosângela Corrêa Dias Ana Elizabeth dos Santos LinsLeonor Mauad Márcia Carrera Campos LealVania Beatriz M. Herédia

Comissão de Divulgação de Assuntos e Eventos CientíficosNezilour Lobato RodriguesMaria Alice Vilhena ToledoMariana Asmar AlencarMarianela HekmanLigia Py Daniel Apolinario

Representantes no Conselho da Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia (IAGG)Nezilour Lobato Rodrigues (PA)Mariana Asmar Alencar (MG)Marianela Flores de Hekman (RS)

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Endereço: Avenida Loefgreen, 882, Cj. 32 Vila Clementino - São Paulo - CEP: 04044-000 - SP - Email: [email protected]: Ari Junior Diretor comercial: Flávio Tavares Comunicações médicas: Vania de Oliveira Coordenador editorial: Alexandre Mendes

Diagramação: Igor Ferraz Revisoras: Diva Godói e Renata Truyts Produtor gráfico: Adriane Sperandio

Todos os anúncios devem respeitar rigorosamente o disposto na RDC nº. 96/08

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