Órgão independente - ano 2 - nº 003 - lagarto-se, 07 de...
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HISTÓRIA EM AMADURECIMENTO
INFORMATIVO DE HISTÓRIA
mente nada. Não so-
mos ainda plenos co-
nhecedores de nossa
pequena história,
pois as labaredas ain-
da queimam e os per-
sonagens dessa gran-
de epopéia só colhe-
ram os frutos quando
a memória um dia re-
solver gerá-los
Muito se diz que
quando se está se
consumindo no fogo
não se vê o resultado
provocado pelas la-
baredas. Quando se
vive no olho do fura-
cão, ele parece ser
mais medonho do
quê se imagina. Em
História as coisa são
assim: o tempo histó-
rico se encarrega de
ressignificar as coi-
sas. O presente é
cruel, mas o legado
do passado deixa e-
normes contribui-
ções para a formação
da identidade e para
o aperfeiçoamento
das relações huma-
nas.
Tem sido essa a
atual saga do Curso
de Licenciatura em
História da Faculda-
de José Augusto Vi-
eira: tentar encontrar
–se e dimensionar o
tamanho do projeto
que foi implantado a
exatos três anos a-
trás. Não temos do-
mínio de absoluta-
INFORMATIVO DE HISTÓRIA
Ano 2 - nº 003 - 2007.2
Curso de Licenciatura em História
da Faculdade José Augusto Vieira -
Praça Nossa Senhora Aparecida, 40.
Bairro Cidade Nova, Lagarto-SE -
Fone: (79)3631-9216 (Ramal 16).
www. f i j av .com.br . h t tp : //
l inux.al famaweb.com.br/fi jav/
historiadebate2/
Tiragem: 2.000 exemplares
Nesta edição:
Entrevistas 2
O Curso em Ação 3
Resumo das Atividades do Curso 3
Artigo 5
Ação Pedagógica 6
Ação Pedagógica 7
Nossa História tem Grandes Atores
8
Artigo 4
Órgão Independente - Ano 2 - nº 003 - Lagarto-SE, 07 de dezembro de 2007
PRESIDENTA Josete Reis Vieira
DIRETORIA GERAL Bethrosa Leal Poderoso
DIRETOR ADMINISTRATIVO Marcelo Godoi Vieira
DIRETOR ACADÊMICO Lúcio César Santos de Jesus
COORDENADOR GERAL Antônio Augusto Sá Mendonça
COORDENADOR GERAL ADJUNTO José Valdelmo Monteiro Silva
COORDENADORA DO ISEJAV Gisélia Ribeiro dos Santos
EDIÇÃO Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos
PRODUÇÃO E REDAÇÃO Acadêmicos em História da Turma E
COORDENAÇÃO Profª. Cássia de Fátima S. Souza
Profª. Geraldine Leal Martins
DIAGRAMAÇÃO Papa-Jaca Produções
EXPEDIENTE
Página 2 INFORMATIVO DE HISTÓRIA
O CURSO EM AÇÃO HISTÓRIA EM DEBATE ON LINE
A home page do curso de Licenciatura em História foi criaco pelos alunos da turma “A” no ano de 2005/2,orientados pelo Professor Lângesson Lopes da Silva, na disciplina Informática Educativa Aplicada à História.
O link mostra o histórico da FJAV, informações sobre os projetos e artigos desenvolvidos pelos alunos, professores e Coor-denação do Curso , calendários, Museu e outros.
A turma “B” através da mesma disciplina, ministrada pelo Professor Lângesson, vem no período passado, atualizou e trouxe novidades para o link.
RESUMO DAS ATIVIDADES DO CURSO EVENTOS
- I Seminário de História (O Homem Construtor) – 13 a 17 de junho de 2005.
- I Mostra de História – 03 a 10 de dezembro de 2005.
- Lançamento do Centro de Pesquisa Histórica Emerson da Silva Carvalho – 03 de dezembro de 2005.
- Apresentação Pública dos Resultados da 1ª Edição do Projeto Doe Memória e Faça História - 22 de janeiro de 2005.
- Apresentação Pública dos Resultados da 2ª Edição do Projeto Doe Memória e Faça História - 03 de dezembro de 2005.
- Apresentação Pública dos Resultados da 3ª Edição do Projeto Doe Memória e Faça História - 13 de dezembro de 2006.
- II Seminário de História (A Cultura Afro-Brasileira e o Ensino de História) – 28 de novembro a 01 de dezembro de 2006.
EXTRACURRICULARES E INTERDISCIPLINARES
- Projeto Na Calada dos Textos, as Oposições Aumentam (Profª. Msc. Fábilia Aparecida Rocha de Carvalho – 1º Período de 2004).
- Seminário de Introdução à Filosofia e Metodologia Científica (Prof. Carlos Rubens de Brito Silva e Profª. Cássia de Fátima da S. Souza) – 21,26 e 28 de fevereiro e 07 de março de 2005.
- Seminário de Introdução à Filosofia (Prof. Carlos Rubens de Brito Silva) – 28/11/2005, 01/12/2005, 05/12/2005, 08/12/2005 e 12/12/2005.
- 1ª Excursão ao Museu Arqueológico de Xingó (Canindé do São Francisco – SE) – 23 de janeiro de 2005.
- 2ª Excursão ao Museu Arqueológico de Xingó (Canindé do São Francisco – SE) – 09 de janeiro de 2006.
- 3ª Excursão ao Museu Arqueológico de Xingó (Canindé do São Francisco – SE) – 05 de novembro de 2006.
- Mostra “As Várias Faces de um Povo” (Profª Joseane dos Santos) – 03 de dezembro de 2005.
- Apresentação Teatral: A Divina Comédia de Dante Alighieri (Prof. Msc. Marco Antônio) 10 de dezembro de 2005.
- Lançamento da Web do Curso de História da FJAV (Prof. Lângesson Lopes da Silva) - 10 de dezembro de 2005. - Lançamento do Informativo (nº 01) de História da FJAV (Profª. Cássia de Fátima S. Souza e Profª. Geraldine Leal Martins) - 10 de dezembro de 2005.
Reportagem: Tiago, Elba Gisely, Edinelma, Joelma , José Maicon, Iris, Jaciara Paixão, Roseclécia e Viviane.
Reportagem: Josevânio Nazário, Lucivânia de Jesus, Maria do Carmo, Daniela, Aucilene e Andréia.
PRODUÇÃO CIENTÍFICA
- Publicação da matéria do aluno Nilton César (Turma A), “Pré-História Sergipana” no jornal Sergipe Hoje – 1ª quinzena de abril de 2005.
- Publicação da matéria da aluna Maristela Andrade (Turma A), “Símbolo Lagartense” no jornal Sergipe Hoje – 2ª quinzena de abril de 2005.
- Publicação da matéria do aluno José Geraldo (Turma A), “As Pirâmides do Egito” no jornal Folha de Lagarto – julho de 2005.
- Publicação do artigo do Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos (Coordenação), “Galileu Galilei – Razão, Ciência e Transformação” na Revista Desvendando a História – Ano I – nº. 04 – 2005.
- Publicação do artigo do Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos na Revista Brasileira de História (SANTOS, Claudefranklin Monteiro e OLIVA, Terezinha Alves de. As multifaces de "Através do Brasil". Rev. Bras. Hist., 2004, vol.24, no.48, p.101-121. ISSN 0102-0188)
- Publicação da matéria do aluno Alisson Cardoso (Turma A), “Sagrado Coração de Jesus – 100 Anos de Dedicação” no jornal Folha de Lagar-to – setembro de 2005.
- Publicação da matéria da aluna Maristela Andrade (Turma A), “Independência do Brasil” no jornal Folha de Lagarto – setembro de 2005.
- Publicação da matéria do aluno Denival Fontes (Turma A), “Sócrates” no jornal Folha de Lagarto – outubro de 2005.
- Publicação da matéria do aluno José Uesele (Turma A), “Identidade Nacional” no jornal Folha de Lagarto – novembro de 2005.
- Publicação da matéria do aluno Márliton (Turma A), “Sergipe: História, Força e Superação” no jornal Folha de Lagarto – abril de 2006.
- Publicação da matéria do aluno Denival Fontes (Turma A), “A Teta da Vaca Brasil” no jornal O Lagarto – setembro de 2005.
- Publicação do artigo do Profª. Msc. Edna Maria Matos Antônio (Professora), “Insurreição de um Homem Só” na Revista Nossa História – Ano 4 – nº. 37 – 2006 (circulação nacional).
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ARTIGOS Jeferson Augusto da Cruz e Ivana Ribeiro Viana Nascimento - Turma “E”
Acadêmicos do 1º Período do Curso de Licenciatura em História
Existem personagens na História brasileira que não conhecemos e quando sabemos de sua
existência, negligenciamos sua verdadeira história e seus feitos. É o caso de sua Majestade
Imperial D. Pedro II, o último monarca de um vasto império tropical (O segundo maior impé-
rio do mundo em extensão. Em primeiro estava a Rússia Czarista da Dinastia Romanov), que
reinou durante 49 anos. Muitas pessoas vêem na figura desse soberano um homem autoritário,
escravocrata e altamente conservador e esquecem do seu sofrimento de quando criança.
Depois de um parto difícil, sua mãe, a Imperatriz Leopoldina morre um ano depois do seu nascimento. Com cinco anos, seu
pai, D. Pedro I, abdicou o trono em seu favor e vai para Portugal deixando o pequeno príncipe e suas três irmãs “por conta do
Estado” e dois anos depois, morre sua irmã mais nova, a Princesa Paula Mariana.
Envolto de tantas desgraças dinásticas e questões de Estado, o jovem imperador dedicou-se aos estudos, às artes, à música e
às línguas: “Sua Majestade fala e escreve muito bem o Inglês, Francês, Alemão e Espanhol (...) sua sede de conhecimento é e-
norme”. Escreveu o Marquês de Itanhaém ao seu avô, o imperador da Áustria, Francisco I. Na aparência, era mais Habsburgo
que Bragança-Bourbon, nada tinha do seu pai nem a opulência e a frivolidade dos seus antepassados.
Ao ser coroado em 18 de julho de 1840, Pedro tinha 15 anos e notáveis 1,90m. Levou o povo da Corte a sair nas ruas e glori-
ficar o seu novo soberano. A nobreza Tupiniquim ressurgia depois de anos incógnita; as pessoas desfilam em trajes e jóias ri-
quíssimas, mas jamais presenciariam acontecimentos desse nível, pois D. Pedro II era um monarca de uma simplicidade sem
tamanho, o Palácio da Quinta da Boa Vista, residência da Família Imperial,não tinha grandeza como outros palácios europeus.
Ele era a antítese dos seus frívolos antepassados: o Rei de Portugal e o Imperador da Áustria eram seus avós; os bisavós, reis da
Espanha e de Nápoles. O Imperador preferia dedicar-se à educação para torná-la um instrumento da democracia, pois ele era a
favor de eleições livres. A educação das filhas Isabel e Leopoldina, frutos de seu casamento com a Princesa Tereza Cristina de
Nápoles, era seu passa-tempo predileto, afinal, Isabel era a herdeira e se não fosse o golpe de 1889, ela seria a terceira monarca
do país. O amor do Imperador pela leitura também era grande. Quando viajou para a Europa, ao invés de se encontrar com outros
monarcas, preferia conhecer grandes escritores como Wagner, Victor Hugo e Alessandro Manzoni.
Na sua segunda viagem à Europa, em 1871, foi questionado pelo seu primo, Francisco José I, da Áustria e por sua esposa a
Imperatriz Sissi, sobre a nódoa do seu reinado e do Brasil, a escravidão. Assim respondeu aos primos: “Temo por não torná-la
extinta o mais rápido possível, acho que não é uma incumbência minha, creio que Isabel a fará melhor quando tornar-se Impera-
triz”, isso aconteceu muito antes da Princesa assumir o trono e foi um dos motivos para a extinção da monarquia no Brasil. Pedro
II não se sentiu bem na Corte mais sofisticada da Europa, achou o Palácio Schoenbrunn opulente e faustoso demais para quem
reinava na simplicidade da Quinta; ele tinha aversão à pompa, que também foi outro fator para extinção da monarquia considera-
da insólita: “O país o queria mais ver de cetro reinando a cavalo (...) mantendo os palácios, as guardas-de-honra, e os chapéus
que nenhuma outra mulher usaria se não fosse rainha ” ironizou Gilberto Freyre.
Os republicanos queriam que as pessoas o esquecessem, varrendo-o da história para sempre e exilaram a Família Imperial às
escuras para não haver uma reação popular. Mas não conseguiram, o espectro de D. Pedro II ronda todo dia 15 de novembro,
onde conquista o primeiro lugar no quadro dos brasileiros mais ilustres da história.
Mesmo sendo considerado insólito por alguns, D. Pedro II é lembrado por muitos no dia em que sua monarquia tropical ago-
nizava. Um soberano que tinha mais poderes constitucionais que sua prima e contemporânea, a Rainha Vitória, da Inglaterra,
apoiou e admirou a imprensa que os republicanos censuraram. A caminho do exílio, negou a ajuda de 5.000 contos de réis afir-
mando que eram da nação. Levou apenas um travesseiro com terra para apoiar a imperial cabeça no derradeiro dia.
LUZ, CÂMERA E AÇÃO
Página 4 INFORMATIVO DE HISTÓRIA
tório o quê tornava o tempo mais logo
ainda.
Finalmente o material chegou
e todos foram convidados para assisti-
lo. Quando a equipe chegou ao prédio
Em 1977, a ditadura militar brasileira começava a dar sinais de desgastes. Apesar do forte aparelho
repressivo, muitos intelectuais e organizações de esquerda se mantiveram em atuação conservando
a centelha da liberdade. Os clubes de cinema foram, sem dúvida, centros de convergência de signi-
ficante parcela dos estudantes secundaristas e universitários que se encontravam para assistir, altas
-horas da madrugada os filmes dos grandes mestres. Obras como o Encouraçado Pontemkin, de Sergei, Os Fuzis, de Ruy
Guerra e Terra em Transe, de Glauber Rocha etc. eram proibidas de serem exibidas e somente na calada da noite grupos
reduzidos podiam usufruir de tal privilégio.
Naquele mesmo ano foi iniciado o CINECEAS (Cineclube do Colégio Estadual Atheneu Sergipense), sob a dire-
ção do Professor Djaldino Mota Moreno. Inicialmente foram selecionados dezesseis alunos para participarem do Curso
Básico de Cinema. Ao final do terceiro ano, somente seis continuavam freqüentando e se preparando para rodar o seu pri-
meiro filme. Após a realização de um pequeno experimento coletivo intitulado Momento “M”, foram selecionados os ro-
teiros: Carro de Bois, de Floriano Santos Fonseca e São João: Povo e Festa, de Marcelo Deda Chagas. Durante o VII Festi-
val Nacional de Cinema organizado pela UFES, PROEX E CULTART, O Filme Carro de Bois recebeu o troféu de melhor
filme sergipano. A justificativa dos jurados foi: ”pela sua expressiva técnica cinematográfica e por seu importante tema
regional.” (MORENO, Djaldino Mota. VII Festival Nacional de Cinema, Documentos. Aracaju: UFES. 1980. p. 48)
Em 1984, quatro anos após a primeira premiação, o filme acumularia diversos prêmios nos principais festivais de
cinema do Brasil. Finalmente, durante a Mostra Retrospectiva do Filme Sergipano, o Carro de Bois recebeu o troféu do
melhor filme sergipano realizado até aquele ano.
Mas o que há de importante no filme? Certamente a inexperiência e ousadia fizeram dele um trabalho digno de admira-
ção. A película foi rodada durante todo um dia de sábado no povoado Olhos D’água, no município de Lagarto SE, mais
precisamente na fazenda do senhor conhecido por Izaac da Caçuba. A equipe chegou junto com os primeiros raios de sol
daquele verão abrasador. Antes do início das filmagens, o cinegrafista Marcelo Deda notou que os cartuchos de negativos
estavam trocados e a sensibilidade era alta para aquele ambiente de muita luz. Não havendo outra alternativa senão retor-
nara para Aracaju. A responsabilidade então passaria para minha pessoa e resolvi apostar tudo colocando diversos filtros e
redutores na lente da câmera para avaliar a luminosidade. Apesar da tentativa continuava alta e mesmo assim autorizei o
início das filmagens contra a vontade da equipe. Foram 30 minutos de fita que se transformaram em 18 após a edição. Ao
final da tarde a equipe já se encontrava em Lagarto, mas a preocupação com o resultado era grande. Ninguém informou ao
professor Djaldino o que ocorrera. Foram 30 dias de silêncio e angústia, afinal os rolos de filmes eram revelados em Reci-
fe e o resultado só seria conhecido com o seu retorno. Durante o tempo de espera não havia qualquer contato com o labora-
ARTIGOS
Floriano Santos Fonseca - Turma “A”
Acadêmico do 7º período do Curso de Licenciatura em História da Faculdade José Augusto Vieira
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ARTIGOS
da CULTART o professor Djaldino já se encontrava debruçado sobre a moviola e alarmado perguntou: de quem foi a idéi-
a?. Claro que ninguem quis assumir, afinal a responsabilidade era do diretor do filme. Então ele falou: as imagens são im-
pressionantes o que vocês fizeram? Então foi tudo explicado e naquela noite mesmo o filme foi montado. A sonorização
ficou também sob minha responsabilidade quando musiquei o poema “Sodade do Carreiro” do Desembargador Carvalho
Deda, e das falas gravadas durante as filmagens tendo como sonoplasta Augusto César Marcieira.
O filme chegou ao VII FENAC sob grande comentário positivo da imprensa aracajuana. Não faltaram os críticos
que comparavam-no ao Carro de boi de Humberto Mauro, ou mesmo faziam todo tipo de analogia. As imagens enchiam os
olhos dos espectadores quando em sua primeira exibição aplaudiram-no efusivamente.
Um grande problema, entretanto, viria a ocorrer em pouco tempo. Diversos festivais, mostras e exibições em es-
colas da capital e do interior do estado, acabaram por deteriorar a única cópia existente. No início dos anos oitenta eu já
estava morando no interior da Bahia e perdi o contato com o professor e parte da equipe. Daí por diante não vi mais o fil-
me. No início dos anos 90, o professor Djaldino conseguiu verba junto a Aperipê e efetuou a transcrição para VHS. Po-
rém a única cópia existente nos dias de hoje demonstra por si, a falta de cuidado com a matriz. Segundo o velho mestre, o
original se encontra extraviado existindo então, apenas a última cópia.
Após um mês de insistentes telefonemas consegui que ele autorizasse sob seus cuidados uma cópia para DVD. De
início o professor negou o meu pedido, afirmando ser perigoso perder a última cópia existente. Após algumas semanas
recebi uma ligação em que ele me convidava a ir até Aracaju receber a cópia. No dia seguinte como combinado lá estava
eu no prédio da CULTART. Foi um reencontro de muita emoção, pois já se passara 28 anos sem ver o carro “cantar”. Ao
chegar em casa já tarde da noite assisti ao filme com uma certa desolação pelo seu estado. A transcrição ficou muito ruim
retirando o brilho das cores originais e escurecendo alguns trechos. O som ganhou uma velocidade antes inexistente e só
me restou iniciar imediatamente um penoso processo de restauração. Serão algo em torno de 26 mil frames a serem repara-
dos e toda a sua trilha sonora.
Apesar de toda essa dificuldade o Carro de Bois estará de volta e será presenteado a todos que estiverem presentes
a abertura da 1ª Mostra de Cinema da FJAV. E como diria Carvalho Deda:
“Sodade mesmo, divéra
Eu juro qui inda tenho,
Daqueles tempo qui eu era
Carreiro lá nos engenho.”
Equipe durante as filmagens: Floriano Fonsêca, Marcelo Deda, Oliveira Junior e Epitácio Fonsêca
(garoto)
ARTIGOS
Página 6 INFORMATIVO DE HISTÓRIA
O CONCÍLIO VATICANO II
Alexandre Simões Filho - Turma “D”
Acadêmico do 2º período do Curso de Licenciatura em História da Faculdade José Augusto Vieira
Durante toda a sua história, Igreja Católica passou por bons e temerosos momentos. Um desses signi-
ficativos instantes foi a realização do Concílio Vaticano II, que marcou uma profunda renovação da
Igreja Católica.
O CV II foi realizado entre os dias 11 de outubro de 1963 e 08 de dezembro de 1965, convocado pelo
então Sumo Pontífice João XXIII. O evento teve como ponto de partida para as discussões a nova
atuação da Igreja Católica Apostólica Romana na chamada Era Contemporânea. João XXII compartilhou da idéia do Papa
Pio XI, que em 1953 afirmava que os católicos estavam deixando de conhecer sua própria Igreja e seu funcionamento.
Durante os três anos em que se realizou o CV II, foram abertos vários debates de ordem intelectual, ética e religio-
sa, marcando seu tom inovador: a nova forma de celebrar as Missa, a questão de se comungar ou não, o celibato sacerdo-
tal, o surgimento de novos movimentos, dentre tantos. Houve avanços em algumas discussões, noutras prevaleceu a postu-
ra conservadora da instituição.
É importante salientar que essas novas atuações e nova maneira de evangelizar não desprezaram certos costumes e
tradições consideradas sagradas, deixadas pela Igreja Primitiva.
Para muitos, a forma mais objetiva e direta de os cristãos católicos conhecerem sua doutrina seja através dos Concí-
lios Ecumênicos promovidos pela Igreja. Passados mais de quarenta anos, considerando as profundas mudanças porque
passou a humanidade, o clima de ceticismo que toma conta das pessoas, o esvaziamento dos templos, faz-se importante
saber o que foi efetivamente importante no Concílio Vaticano II.
CONCÍLIO VATICANO II
PERIODICIDADE 11 de outubro de 1962 – 08 de dezembro de 1965
CONVOCAÇÃO Papa João XXIII
PRESIDÊNCIA Papa João XXIII e Papa Paulo VI
PRINCIPAL DISCUSSÃO A ação da Igreja na Contemporaneidade
DOCUMENTOS
Constituições: Deim Verbum, Lumem Gentium, Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes
Declarações: Gravissima Educationis, Nostra Aetate, Dignitates Humanae
Decretos: Ad Gentes, Presbyterorum Ordinis, Apostolicam Actuositatem, Opta-tam Totius, Perfctae Caritatis, Christus Dominus, Unitatis Redintegrati-o, Orientalium Ecclesiarum, Inter Mirifica.
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OPINIÃO
TEMPO, CALENDÁRIO E PODER
Juciara Pinheiro Santos - Turma “E”
Acadêmica do 1º período do Curso de Licenciatura em História da Faculdade José Augusto Vieira
Nos primórdios da humanidade, o tempo era observado através dos ritmos da natureza,
tendo a lua ou o sol referências, o ser humano mal discernia a escuridão e a luz. Mais tarde, fez-
se necessária uma instrumentalização e uma sistematização do tempo, exigência da “classe do-
minante”. Quem o controlava, obtinham também o controle da atividade humana em suas ativi-
dades econômico-sociais.
Elaborado por especialistas que normalmente faziam parte do “gueto” religioso (como o
Clero), ou a serviço das autoridades estatais essa observação passa a ser mais precisa, pois havia
a necessidade de se determinar o tempo para plantar, colher, cobrar impostos e festejar seus ritu-
ais. Sendo reformulado conforme as exigências do interesse econômico, mas se caracterizando
como necessidade de organização dos ritmos temporal-naturais.
Cada povo elabora e reforma o seu calendário conforme suas crenças e culturas, daí ser um instrumento ora científi-
co, cultural, religioso ou social, a deixa seu grande propósito claro que o de tentar controlar o universo e as forças naturais,
por essência, incontroláveis.
Nessa saga de controlar o universo, o homem percebe ser impossível tal empreitada. O tempo fica então à mercê das
ingerências de quem domina essa massa alienada chamada humanidade
Sendo um conceito estritamente abstrato, resta-nos a incógnita: controlamos o tempo ou ele nos controla?
PERSONAGEM