Órgão independente - ano 2 - nº 003 - lagarto-se, 07 de...

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HISTÓRIA EM AMADURECIMENTO INFORMATIVO DE HISTÓRIA mente nada. Não so- mos ainda plenos co- nhecedores de nossa pequena história, pois as labaredas ain- da queimam e os per- sonagens dessa gran- de epopéia só colhe- ram os frutos quando a memória um dia re- solver gerá-los Muito se diz que quando se está se consumindo no fogo não se vê o resultado provocado pelas la- baredas. Quando se vive no olho do fura- cão, ele parece ser mais medonho do quê se imagina. Em História as coisa são assim: o tempo histó- rico se encarrega de ressignificar as coi- sas. O presente é cruel, mas o legado do passado deixa e- normes contribui- ções para a formação da identidade e para o aperfeiçoamento das relações huma- nas. Tem sido essa a atual saga do Curso de Licenciatura em História da Faculda- de José Augusto Vi- eira: tentar encontrar –se e dimensionar o tamanho do projeto que foi implantado a exatos três anos a- trás. Não temos do- mínio de absoluta- INFORMATIVO DE HISTÓRIA Ano 2 - nº 003 - 2007.2 Curso de Licenciatura em História da Faculdade José Augusto Vieira - Praça Nossa Senhora Aparecida, 40. Bairro Cidade Nova, Lagarto-SE - Fone: (79)3631-9216 (Ramal 16). www. fijav.com.br. http:// linux.alfamaweb.com.br/fijav/ historiadebate2/ Tiragem: 2.000 exemplares Nesta edição: Entrevistas 2 O Curso em Ação 3 Resumo das Atividades do Curso 3 Artigo 5 Ação Pedagógica 6 Ação Pedagógica 7 Nossa História tem Grandes Atores 8 Artigo 4 Órgão Independente - Ano 2 - nº 003 - Lagarto-SE, 07 de dezembro de 2007 PRESIDENTA Josete Reis Vieira DIRETORIA GERAL Bethrosa Leal Poderoso DIRETOR ADMINISTRATIVO Marcelo Godoi Vieira DIRETOR ACADÊMICO Lúcio César Santos de Jesus COORDENADOR GERAL Antônio Augusto Sá Mendonça COORDENADOR GERAL ADJUNTO José Valdelmo Monteiro Silva COORDENADORA DO ISEJAV Gisélia Ribeiro dos Santos EDIÇÃO Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos PRODUÇÃO E REDAÇÃO Acadêmicos em História da Turma E COORDENAÇÃO Profª. Cássia de Fátima S. Souza Profª. Geraldine Leal Martins DIAGRAMAÇÃO Papa-Jaca Produções EXPEDIENTE

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HISTÓRIA EM AMADURECIMENTO

INFORMATIVO DE HISTÓRIA

mente nada. Não so-

mos ainda plenos co-

nhecedores de nossa

pequena história,

pois as labaredas ain-

da queimam e os per-

sonagens dessa gran-

de epopéia só colhe-

ram os frutos quando

a memória um dia re-

solver gerá-los

Muito se diz que

quando se está se

consumindo no fogo

não se vê o resultado

provocado pelas la-

baredas. Quando se

vive no olho do fura-

cão, ele parece ser

mais medonho do

quê se imagina. Em

História as coisa são

assim: o tempo histó-

rico se encarrega de

ressignificar as coi-

sas. O presente é

cruel, mas o legado

do passado deixa e-

normes contribui-

ções para a formação

da identidade e para

o aperfeiçoamento

das relações huma-

nas.

Tem sido essa a

atual saga do Curso

de Licenciatura em

História da Faculda-

de José Augusto Vi-

eira: tentar encontrar

–se e dimensionar o

tamanho do projeto

que foi implantado a

exatos três anos a-

trás. Não temos do-

mínio de absoluta-

INFORMATIVO DE HISTÓRIA

Ano 2 - nº 003 - 2007.2

Curso de Licenciatura em História

da Faculdade José Augusto Vieira -

Praça Nossa Senhora Aparecida, 40.

Bairro Cidade Nova, Lagarto-SE -

Fone: (79)3631-9216 (Ramal 16).

www. f i j av .com.br . h t tp : //

l inux.al famaweb.com.br/fi jav/

historiadebate2/

Tiragem: 2.000 exemplares

Nesta edição:

Entrevistas 2

O Curso em Ação 3

Resumo das Atividades do Curso 3

Artigo 5

Ação Pedagógica 6

Ação Pedagógica 7

Nossa História tem Grandes Atores

8

Artigo 4

Órgão Independente - Ano 2 - nº 003 - Lagarto-SE, 07 de dezembro de 2007

PRESIDENTA Josete Reis Vieira

DIRETORIA GERAL Bethrosa Leal Poderoso

DIRETOR ADMINISTRATIVO Marcelo Godoi Vieira

DIRETOR ACADÊMICO Lúcio César Santos de Jesus

COORDENADOR GERAL Antônio Augusto Sá Mendonça

COORDENADOR GERAL ADJUNTO José Valdelmo Monteiro Silva

COORDENADORA DO ISEJAV Gisélia Ribeiro dos Santos

EDIÇÃO Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos

PRODUÇÃO E REDAÇÃO Acadêmicos em História da Turma E

COORDENAÇÃO Profª. Cássia de Fátima S. Souza

Profª. Geraldine Leal Martins

DIAGRAMAÇÃO Papa-Jaca Produções

EXPEDIENTE

Página 2 INFORMATIVO DE HISTÓRIA

O CURSO EM AÇÃO HISTÓRIA EM DEBATE ON LINE

A home page do curso de Licenciatura em História foi criaco pelos alunos da turma “A” no ano de 2005/2,orientados pelo Professor Lângesson Lopes da Silva, na disciplina Informática Educativa Aplicada à História.

O link mostra o histórico da FJAV, informações sobre os projetos e artigos desenvolvidos pelos alunos, professores e Coor-denação do Curso , calendários, Museu e outros.

A turma “B” através da mesma disciplina, ministrada pelo Professor Lângesson, vem no período passado, atualizou e trouxe novidades para o link.

RESUMO DAS ATIVIDADES DO CURSO EVENTOS

- I Seminário de História (O Homem Construtor) – 13 a 17 de junho de 2005.

- I Mostra de História – 03 a 10 de dezembro de 2005.

- Lançamento do Centro de Pesquisa Histórica Emerson da Silva Carvalho – 03 de dezembro de 2005.

- Apresentação Pública dos Resultados da 1ª Edição do Projeto Doe Memória e Faça História - 22 de janeiro de 2005.

- Apresentação Pública dos Resultados da 2ª Edição do Projeto Doe Memória e Faça História - 03 de dezembro de 2005.

- Apresentação Pública dos Resultados da 3ª Edição do Projeto Doe Memória e Faça História - 13 de dezembro de 2006.

- II Seminário de História (A Cultura Afro-Brasileira e o Ensino de História) – 28 de novembro a 01 de dezembro de 2006.

EXTRACURRICULARES E INTERDISCIPLINARES

- Projeto Na Calada dos Textos, as Oposições Aumentam (Profª. Msc. Fábilia Aparecida Rocha de Carvalho – 1º Período de 2004).

- Seminário de Introdução à Filosofia e Metodologia Científica (Prof. Carlos Rubens de Brito Silva e Profª. Cássia de Fátima da S. Souza) – 21,26 e 28 de fevereiro e 07 de março de 2005.

- Seminário de Introdução à Filosofia (Prof. Carlos Rubens de Brito Silva) – 28/11/2005, 01/12/2005, 05/12/2005, 08/12/2005 e 12/12/2005.

- 1ª Excursão ao Museu Arqueológico de Xingó (Canindé do São Francisco – SE) – 23 de janeiro de 2005.

- 2ª Excursão ao Museu Arqueológico de Xingó (Canindé do São Francisco – SE) – 09 de janeiro de 2006.

- 3ª Excursão ao Museu Arqueológico de Xingó (Canindé do São Francisco – SE) – 05 de novembro de 2006.

- Mostra “As Várias Faces de um Povo” (Profª Joseane dos Santos) – 03 de dezembro de 2005.

- Apresentação Teatral: A Divina Comédia de Dante Alighieri (Prof. Msc. Marco Antônio) 10 de dezembro de 2005.

- Lançamento da Web do Curso de História da FJAV (Prof. Lângesson Lopes da Silva) - 10 de dezembro de 2005. - Lançamento do Informativo (nº 01) de História da FJAV (Profª. Cássia de Fátima S. Souza e Profª. Geraldine Leal Martins) - 10 de dezembro de 2005.

Reportagem: Tiago, Elba Gisely, Edinelma, Joelma , José Maicon, Iris, Jaciara Paixão, Roseclécia e Viviane.

Reportagem: Josevânio Nazário, Lucivânia de Jesus, Maria do Carmo, Daniela, Aucilene e Andréia.

PRODUÇÃO CIENTÍFICA

- Publicação da matéria do aluno Nilton César (Turma A), “Pré-História Sergipana” no jornal Sergipe Hoje – 1ª quinzena de abril de 2005.

- Publicação da matéria da aluna Maristela Andrade (Turma A), “Símbolo Lagartense” no jornal Sergipe Hoje – 2ª quinzena de abril de 2005.

- Publicação da matéria do aluno José Geraldo (Turma A), “As Pirâmides do Egito” no jornal Folha de Lagarto – julho de 2005.

- Publicação do artigo do Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos (Coordenação), “Galileu Galilei – Razão, Ciência e Transformação” na Revista Desvendando a História – Ano I – nº. 04 – 2005.

- Publicação do artigo do Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos na Revista Brasileira de História (SANTOS, Claudefranklin Monteiro e OLIVA, Terezinha Alves de. As multifaces de "Através do Brasil". Rev. Bras. Hist., 2004, vol.24, no.48, p.101-121. ISSN 0102-0188)

- Publicação da matéria do aluno Alisson Cardoso (Turma A), “Sagrado Coração de Jesus – 100 Anos de Dedicação” no jornal Folha de Lagar-to – setembro de 2005.

- Publicação da matéria da aluna Maristela Andrade (Turma A), “Independência do Brasil” no jornal Folha de Lagarto – setembro de 2005.

- Publicação da matéria do aluno Denival Fontes (Turma A), “Sócrates” no jornal Folha de Lagarto – outubro de 2005.

- Publicação da matéria do aluno José Uesele (Turma A), “Identidade Nacional” no jornal Folha de Lagarto – novembro de 2005.

- Publicação da matéria do aluno Márliton (Turma A), “Sergipe: História, Força e Superação” no jornal Folha de Lagarto – abril de 2006.

- Publicação da matéria do aluno Denival Fontes (Turma A), “A Teta da Vaca Brasil” no jornal O Lagarto – setembro de 2005.

- Publicação do artigo do Profª. Msc. Edna Maria Matos Antônio (Professora), “Insurreição de um Homem Só” na Revista Nossa História – Ano 4 – nº. 37 – 2006 (circulação nacional).

Página 3 Órgão Independente - Ano 2 - nº 003 - Lagarto-SE, 07 de dezembro de 2007

ARTIGOS Jeferson Augusto da Cruz e Ivana Ribeiro Viana Nascimento - Turma “E”

Acadêmicos do 1º Período do Curso de Licenciatura em História

Existem personagens na História brasileira que não conhecemos e quando sabemos de sua

existência, negligenciamos sua verdadeira história e seus feitos. É o caso de sua Majestade

Imperial D. Pedro II, o último monarca de um vasto império tropical (O segundo maior impé-

rio do mundo em extensão. Em primeiro estava a Rússia Czarista da Dinastia Romanov), que

reinou durante 49 anos. Muitas pessoas vêem na figura desse soberano um homem autoritário,

escravocrata e altamente conservador e esquecem do seu sofrimento de quando criança.

Depois de um parto difícil, sua mãe, a Imperatriz Leopoldina morre um ano depois do seu nascimento. Com cinco anos, seu

pai, D. Pedro I, abdicou o trono em seu favor e vai para Portugal deixando o pequeno príncipe e suas três irmãs “por conta do

Estado” e dois anos depois, morre sua irmã mais nova, a Princesa Paula Mariana.

Envolto de tantas desgraças dinásticas e questões de Estado, o jovem imperador dedicou-se aos estudos, às artes, à música e

às línguas: “Sua Majestade fala e escreve muito bem o Inglês, Francês, Alemão e Espanhol (...) sua sede de conhecimento é e-

norme”. Escreveu o Marquês de Itanhaém ao seu avô, o imperador da Áustria, Francisco I. Na aparência, era mais Habsburgo

que Bragança-Bourbon, nada tinha do seu pai nem a opulência e a frivolidade dos seus antepassados.

Ao ser coroado em 18 de julho de 1840, Pedro tinha 15 anos e notáveis 1,90m. Levou o povo da Corte a sair nas ruas e glori-

ficar o seu novo soberano. A nobreza Tupiniquim ressurgia depois de anos incógnita; as pessoas desfilam em trajes e jóias ri-

quíssimas, mas jamais presenciariam acontecimentos desse nível, pois D. Pedro II era um monarca de uma simplicidade sem

tamanho, o Palácio da Quinta da Boa Vista, residência da Família Imperial,não tinha grandeza como outros palácios europeus.

Ele era a antítese dos seus frívolos antepassados: o Rei de Portugal e o Imperador da Áustria eram seus avós; os bisavós, reis da

Espanha e de Nápoles. O Imperador preferia dedicar-se à educação para torná-la um instrumento da democracia, pois ele era a

favor de eleições livres. A educação das filhas Isabel e Leopoldina, frutos de seu casamento com a Princesa Tereza Cristina de

Nápoles, era seu passa-tempo predileto, afinal, Isabel era a herdeira e se não fosse o golpe de 1889, ela seria a terceira monarca

do país. O amor do Imperador pela leitura também era grande. Quando viajou para a Europa, ao invés de se encontrar com outros

monarcas, preferia conhecer grandes escritores como Wagner, Victor Hugo e Alessandro Manzoni.

Na sua segunda viagem à Europa, em 1871, foi questionado pelo seu primo, Francisco José I, da Áustria e por sua esposa a

Imperatriz Sissi, sobre a nódoa do seu reinado e do Brasil, a escravidão. Assim respondeu aos primos: “Temo por não torná-la

extinta o mais rápido possível, acho que não é uma incumbência minha, creio que Isabel a fará melhor quando tornar-se Impera-

triz”, isso aconteceu muito antes da Princesa assumir o trono e foi um dos motivos para a extinção da monarquia no Brasil. Pedro

II não se sentiu bem na Corte mais sofisticada da Europa, achou o Palácio Schoenbrunn opulente e faustoso demais para quem

reinava na simplicidade da Quinta; ele tinha aversão à pompa, que também foi outro fator para extinção da monarquia considera-

da insólita: “O país o queria mais ver de cetro reinando a cavalo (...) mantendo os palácios, as guardas-de-honra, e os chapéus

que nenhuma outra mulher usaria se não fosse rainha ” ironizou Gilberto Freyre.

Os republicanos queriam que as pessoas o esquecessem, varrendo-o da história para sempre e exilaram a Família Imperial às

escuras para não haver uma reação popular. Mas não conseguiram, o espectro de D. Pedro II ronda todo dia 15 de novembro,

onde conquista o primeiro lugar no quadro dos brasileiros mais ilustres da história.

Mesmo sendo considerado insólito por alguns, D. Pedro II é lembrado por muitos no dia em que sua monarquia tropical ago-

nizava. Um soberano que tinha mais poderes constitucionais que sua prima e contemporânea, a Rainha Vitória, da Inglaterra,

apoiou e admirou a imprensa que os republicanos censuraram. A caminho do exílio, negou a ajuda de 5.000 contos de réis afir-

mando que eram da nação. Levou apenas um travesseiro com terra para apoiar a imperial cabeça no derradeiro dia.

LUZ, CÂMERA E AÇÃO

Página 4 INFORMATIVO DE HISTÓRIA

tório o quê tornava o tempo mais logo

ainda.

Finalmente o material chegou

e todos foram convidados para assisti-

lo. Quando a equipe chegou ao prédio

Em 1977, a ditadura militar brasileira começava a dar sinais de desgastes. Apesar do forte aparelho

repressivo, muitos intelectuais e organizações de esquerda se mantiveram em atuação conservando

a centelha da liberdade. Os clubes de cinema foram, sem dúvida, centros de convergência de signi-

ficante parcela dos estudantes secundaristas e universitários que se encontravam para assistir, altas

-horas da madrugada os filmes dos grandes mestres. Obras como o Encouraçado Pontemkin, de Sergei, Os Fuzis, de Ruy

Guerra e Terra em Transe, de Glauber Rocha etc. eram proibidas de serem exibidas e somente na calada da noite grupos

reduzidos podiam usufruir de tal privilégio.

Naquele mesmo ano foi iniciado o CINECEAS (Cineclube do Colégio Estadual Atheneu Sergipense), sob a dire-

ção do Professor Djaldino Mota Moreno. Inicialmente foram selecionados dezesseis alunos para participarem do Curso

Básico de Cinema. Ao final do terceiro ano, somente seis continuavam freqüentando e se preparando para rodar o seu pri-

meiro filme. Após a realização de um pequeno experimento coletivo intitulado Momento “M”, foram selecionados os ro-

teiros: Carro de Bois, de Floriano Santos Fonseca e São João: Povo e Festa, de Marcelo Deda Chagas. Durante o VII Festi-

val Nacional de Cinema organizado pela UFES, PROEX E CULTART, O Filme Carro de Bois recebeu o troféu de melhor

filme sergipano. A justificativa dos jurados foi: ”pela sua expressiva técnica cinematográfica e por seu importante tema

regional.” (MORENO, Djaldino Mota. VII Festival Nacional de Cinema, Documentos. Aracaju: UFES. 1980. p. 48)

Em 1984, quatro anos após a primeira premiação, o filme acumularia diversos prêmios nos principais festivais de

cinema do Brasil. Finalmente, durante a Mostra Retrospectiva do Filme Sergipano, o Carro de Bois recebeu o troféu do

melhor filme sergipano realizado até aquele ano.

Mas o que há de importante no filme? Certamente a inexperiência e ousadia fizeram dele um trabalho digno de admira-

ção. A película foi rodada durante todo um dia de sábado no povoado Olhos D’água, no município de Lagarto SE, mais

precisamente na fazenda do senhor conhecido por Izaac da Caçuba. A equipe chegou junto com os primeiros raios de sol

daquele verão abrasador. Antes do início das filmagens, o cinegrafista Marcelo Deda notou que os cartuchos de negativos

estavam trocados e a sensibilidade era alta para aquele ambiente de muita luz. Não havendo outra alternativa senão retor-

nara para Aracaju. A responsabilidade então passaria para minha pessoa e resolvi apostar tudo colocando diversos filtros e

redutores na lente da câmera para avaliar a luminosidade. Apesar da tentativa continuava alta e mesmo assim autorizei o

início das filmagens contra a vontade da equipe. Foram 30 minutos de fita que se transformaram em 18 após a edição. Ao

final da tarde a equipe já se encontrava em Lagarto, mas a preocupação com o resultado era grande. Ninguém informou ao

professor Djaldino o que ocorrera. Foram 30 dias de silêncio e angústia, afinal os rolos de filmes eram revelados em Reci-

fe e o resultado só seria conhecido com o seu retorno. Durante o tempo de espera não havia qualquer contato com o labora-

ARTIGOS

Floriano Santos Fonseca - Turma “A”

Acadêmico do 7º período do Curso de Licenciatura em História da Faculdade José Augusto Vieira

Página 5 Órgão Independente - Ano 2 - nº 003 - Lagarto-SE, 07 de dezembro de 2007

ARTIGOS

da CULTART o professor Djaldino já se encontrava debruçado sobre a moviola e alarmado perguntou: de quem foi a idéi-

a?. Claro que ninguem quis assumir, afinal a responsabilidade era do diretor do filme. Então ele falou: as imagens são im-

pressionantes o que vocês fizeram? Então foi tudo explicado e naquela noite mesmo o filme foi montado. A sonorização

ficou também sob minha responsabilidade quando musiquei o poema “Sodade do Carreiro” do Desembargador Carvalho

Deda, e das falas gravadas durante as filmagens tendo como sonoplasta Augusto César Marcieira.

O filme chegou ao VII FENAC sob grande comentário positivo da imprensa aracajuana. Não faltaram os críticos

que comparavam-no ao Carro de boi de Humberto Mauro, ou mesmo faziam todo tipo de analogia. As imagens enchiam os

olhos dos espectadores quando em sua primeira exibição aplaudiram-no efusivamente.

Um grande problema, entretanto, viria a ocorrer em pouco tempo. Diversos festivais, mostras e exibições em es-

colas da capital e do interior do estado, acabaram por deteriorar a única cópia existente. No início dos anos oitenta eu já

estava morando no interior da Bahia e perdi o contato com o professor e parte da equipe. Daí por diante não vi mais o fil-

me. No início dos anos 90, o professor Djaldino conseguiu verba junto a Aperipê e efetuou a transcrição para VHS. Po-

rém a única cópia existente nos dias de hoje demonstra por si, a falta de cuidado com a matriz. Segundo o velho mestre, o

original se encontra extraviado existindo então, apenas a última cópia.

Após um mês de insistentes telefonemas consegui que ele autorizasse sob seus cuidados uma cópia para DVD. De

início o professor negou o meu pedido, afirmando ser perigoso perder a última cópia existente. Após algumas semanas

recebi uma ligação em que ele me convidava a ir até Aracaju receber a cópia. No dia seguinte como combinado lá estava

eu no prédio da CULTART. Foi um reencontro de muita emoção, pois já se passara 28 anos sem ver o carro “cantar”. Ao

chegar em casa já tarde da noite assisti ao filme com uma certa desolação pelo seu estado. A transcrição ficou muito ruim

retirando o brilho das cores originais e escurecendo alguns trechos. O som ganhou uma velocidade antes inexistente e só

me restou iniciar imediatamente um penoso processo de restauração. Serão algo em torno de 26 mil frames a serem repara-

dos e toda a sua trilha sonora.

Apesar de toda essa dificuldade o Carro de Bois estará de volta e será presenteado a todos que estiverem presentes

a abertura da 1ª Mostra de Cinema da FJAV. E como diria Carvalho Deda:

“Sodade mesmo, divéra

Eu juro qui inda tenho,

Daqueles tempo qui eu era

Carreiro lá nos engenho.”

Equipe durante as filmagens: Floriano Fonsêca, Marcelo Deda, Oliveira Junior e Epitácio Fonsêca

(garoto)

ARTIGOS

Página 6 INFORMATIVO DE HISTÓRIA

O CONCÍLIO VATICANO II

Alexandre Simões Filho - Turma “D”

Acadêmico do 2º período do Curso de Licenciatura em História da Faculdade José Augusto Vieira

Durante toda a sua história, Igreja Católica passou por bons e temerosos momentos. Um desses signi-

ficativos instantes foi a realização do Concílio Vaticano II, que marcou uma profunda renovação da

Igreja Católica.

O CV II foi realizado entre os dias 11 de outubro de 1963 e 08 de dezembro de 1965, convocado pelo

então Sumo Pontífice João XXIII. O evento teve como ponto de partida para as discussões a nova

atuação da Igreja Católica Apostólica Romana na chamada Era Contemporânea. João XXII compartilhou da idéia do Papa

Pio XI, que em 1953 afirmava que os católicos estavam deixando de conhecer sua própria Igreja e seu funcionamento.

Durante os três anos em que se realizou o CV II, foram abertos vários debates de ordem intelectual, ética e religio-

sa, marcando seu tom inovador: a nova forma de celebrar as Missa, a questão de se comungar ou não, o celibato sacerdo-

tal, o surgimento de novos movimentos, dentre tantos. Houve avanços em algumas discussões, noutras prevaleceu a postu-

ra conservadora da instituição.

É importante salientar que essas novas atuações e nova maneira de evangelizar não desprezaram certos costumes e

tradições consideradas sagradas, deixadas pela Igreja Primitiva.

Para muitos, a forma mais objetiva e direta de os cristãos católicos conhecerem sua doutrina seja através dos Concí-

lios Ecumênicos promovidos pela Igreja. Passados mais de quarenta anos, considerando as profundas mudanças porque

passou a humanidade, o clima de ceticismo que toma conta das pessoas, o esvaziamento dos templos, faz-se importante

saber o que foi efetivamente importante no Concílio Vaticano II.

CONCÍLIO VATICANO II

PERIODICIDADE 11 de outubro de 1962 – 08 de dezembro de 1965

CONVOCAÇÃO Papa João XXIII

PRESIDÊNCIA Papa João XXIII e Papa Paulo VI

PRINCIPAL DISCUSSÃO A ação da Igreja na Contemporaneidade

DOCUMENTOS

Constituições: Deim Verbum, Lumem Gentium, Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes

Declarações: Gravissima Educationis, Nostra Aetate, Dignitates Humanae

Decretos: Ad Gentes, Presbyterorum Ordinis, Apostolicam Actuositatem, Opta-tam Totius, Perfctae Caritatis, Christus Dominus, Unitatis Redintegrati-o, Orientalium Ecclesiarum, Inter Mirifica.

Página 7 Órgão Independente - Ano 2 - nº 003 - Lagarto-SE, 07 de dezembro de 2007

OPINIÃO

TEMPO, CALENDÁRIO E PODER

Juciara Pinheiro Santos - Turma “E”

Acadêmica do 1º período do Curso de Licenciatura em História da Faculdade José Augusto Vieira

Nos primórdios da humanidade, o tempo era observado através dos ritmos da natureza,

tendo a lua ou o sol referências, o ser humano mal discernia a escuridão e a luz. Mais tarde, fez-

se necessária uma instrumentalização e uma sistematização do tempo, exigência da “classe do-

minante”. Quem o controlava, obtinham também o controle da atividade humana em suas ativi-

dades econômico-sociais.

Elaborado por especialistas que normalmente faziam parte do “gueto” religioso (como o

Clero), ou a serviço das autoridades estatais essa observação passa a ser mais precisa, pois havia

a necessidade de se determinar o tempo para plantar, colher, cobrar impostos e festejar seus ritu-

ais. Sendo reformulado conforme as exigências do interesse econômico, mas se caracterizando

como necessidade de organização dos ritmos temporal-naturais.

Cada povo elabora e reforma o seu calendário conforme suas crenças e culturas, daí ser um instrumento ora científi-

co, cultural, religioso ou social, a deixa seu grande propósito claro que o de tentar controlar o universo e as forças naturais,

por essência, incontroláveis.

Nessa saga de controlar o universo, o homem percebe ser impossível tal empreitada. O tempo fica então à mercê das

ingerências de quem domina essa massa alienada chamada humanidade

Sendo um conceito estritamente abstrato, resta-nos a incógnita: controlamos o tempo ou ele nos controla?

PERSONAGEM

Página 8 INFORMATIVO DE HISTÓRIA

APOIO CULTURAL - FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO VIEIRA

E a história continua a ser contada e recontada, encantada e cantada,

conquistada.

AÇÃO PEDAGÓGICA - FORMANDO PROFESSORES PESQUISADORES