organização sindical, política industrial e trabalho...

88
Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente Construindo um modelo de desenvolvimento para o país Guarulhos (SP), 14 a 17 de abril de 2015 TEXTO BASE

Upload: buituyen

Post on 10-Feb-2019

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

1

CON

GRE

SSO

Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

Construindo um modelo de desenvolvimento para o país

Guarulhos (SP), 14 a 17 de abril de 2015

TEXTO BASE

Page 2: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

2

CON

GRE

SSO

SUMÁRIO

1. CONJUNTURA

* INTERNACIONAL................................................................................................................ página 03

* POLÍTICA NACIONAL........................................................................................................ página 12

* ECONÔMICA NACIONAL................................................................................................. página 17

2. TEMA DO 9º CONGRESSO – Organização, Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente: construindo ummodelo de desenvolvimento para o país............................................................................ página 48

3. BALANÇO DA GESTÃO............................................................................................................página 68

4. REGIMENTO INTERNO............................................................................................................. página 78

5. EXPEDIENTE................................................................................................................................. página 85

Page 3: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

3

CON

GRE

SSO

01 Nesta análise, procuramos sintetizar alguns dos fatos internacionais relevantes, sob a óptica po-lítica e econômica no período de 2011 a 2014 (des-de o último Congresso da categoria) e suas conse-quências para os próximos anos.

02 Observamos que o desemprego já não é uma ameaça, mas sim uma realidade em diversos países, principalmente na Europa, e a resposta a isso se dá por meio de um crescimento de medidas impopula-res e comportamentos protecionistas, tanto de ori-gem econômica como étnico-raciais.

03 Também trataremos das práticas antissindi-cais e da precarização do trabalho que, em períodos de turbulência, são reforçadas pelos grandes gru-pos econômicos, em muitos casos com apoio go-vernamental, que elevam os lucros das empresas e resultam em prejuízos a países como o Brasil, que possui uma legislação trabalhista consolidada e, em uma competição desleal, acaba levando à perda de competitividade.

04 A evolução para uma nova dinâmica econô-mica mundial ficou explícita nos últimos três anos, ainda como consequência da crise de 2008, que mos-trou de forma evidente a necessidade de uma maior intervenção por parte do Estado para a redução das desigualdades. Também apontou a necessidade de inclusão de economias emergentes nas ações estra-tégicas das grandes potências globais, como os Esta-dos Unidos, a União Europeia e o Japão.

05 A receita neoliberal se mostrou ineficaz, a partir do momento em que está provado que o li-vre mercado não é sustentável sem que haja inves-timentos sólidos em produção e emprego. A crise foi consequência de um processo inconsequente de especulação, que é parte de uma ideologia re-acionária, baseada em mercados autorregulados e teoricamente eficientes, caracterizando a fase mais perversa do capitalismo.

06 O advento da crise gerou também um novo processo de centralização e globalização do capi-tal, refletido por meio das fusões, incorporações e aquisições de empresas. Como consequência, todas as decisões tomadas pelos grandes grupos transna-cionais geram um impacto maior em todo o mundo. Cada vez mais, imposições e medidas que afetam diretamente os (as) trabalhadores (as) são tomadas sem escrúpulos pelos controladores do capital.

07 As transnacionais se aproveitam dos perío-dos de crise para abrir novos mercados, recuperar taxas de lucro e reduzir custos por meio da explora-ção dos (as) trabalhadores (as). Medidas como re-dução de salários, aumento na jornada de trabalho e eliminação de direitos trabalhistas conquistados por meio da ação sindical estiveram na pauta diá-ria destas corporações desde 2011. Isso se reflete principalmente nos Estados Unidos e na Europa acarretando aumento do desemprego, a aplicação de contratos de trabalho precarizados e constantes ataques aos direitos de organização sindical.

08 Nos Estados Unidos, há exemplos concretos neste sentido. No setor metalúrgico, o mais marcan-te é o que envolve a unidade de Canton (Mississipi) da montadora japonesa Nissan, que está em guerra com o UAW (United Auto Workers), sindicato que representa os (as) trabalhadores (as) do setor auto-motivo no país. Vale lembrar que empresas trans-nacionais de origem brasileira também têm adotado posturas semelhantes nos Estados Unidos e em ou-tras partes do mundo.

09 Sem o direito à livre associação, os (as) tra-balhadores (as) naquele país não têm representação sindical e nem acordos coletivos de trabalho. A sin-dicalização só é aceita se for aprovada em plebiscito por de 50% mais um dos (as) trabalhadores (as) de uma empresa. E há direitos que só são assegurados para quem é sócio (a) do sindicato.

CONJUNTURA INTERNACIONAL

Page 4: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

4

CON

GRE

SSO

10 A partir desta realidade, a Nissan tem utili-

zado diversos artifícios para intimidar e pressionar os (as) metalúrgicos (as), que vão desde reuniões com comparecimento obrigatório, nas quais são ex-postos os possíveis “prejuízos para o Estado” com o fortalecimento do sindicalismo, até ameaças de fechamento da fábrica.

11 Para amedrontar ainda mais os (as) meta-lúrgicos (as), a empresa demitiu dois militantes sindicais que lideram a defesa dos direitos dos (as) trabalhadores (as) naquela fábrica. Após uma gran-de campanha internacional, iniciada pelo UAW e que teve a CNM/CUT como uma das primeiras en-tidades a declarar apoio em todo o mundo, o meta-lúrgico Calvin Moore foi reintegrado, em 2014. A sua reintegração é considerada uma vitória na luta solidária contra as práticas antissindicais da Nissan desencadeada pelo movimento sindical em todo o mundo.

12 Hoje, vivemos uma crise diferente da ini-ciada em 2008. Se no primeiro momento, os prota-gonistas eram do setor privado, na figura dos ban-cos americanos e europeus, agora são os governos que estão inseridos no problema. E isso só ocorreu porque foram os governos dos países que ajudaram a socorrer os bancos e acabaram absorvendo boa parte dos efeitos da crise.

13 Para salvar os bancos – e um possível dano maior à economia mundial – os governos se endi-vidaram ao fazer operações de resgate, injetando recursos públicos nas instituições bancárias. Isso praticamente estatizou o sistema financeiro, geran-do por outro lado uma grande dívida pública por parte dos governos dos Estados Unidos e de países da Europa. Para piorar, a economia não cresceu na velocidade esperada.

14 Este extremo endividamento não permite a adoção de medidas que colocam o Estado como

indutor do reaquecimento da economia, por meio de grandes investimentos em áreas de interesse social.

15 Se por um lado os Estados Unidos estão se recuperando lentamente – com aumento no nível do emprego e a melhoria dos balanços das empre-sas em um contexto de condições financeiras fa-voráveis, aliados a uma recuperação no mercado imobiliário –, na Europa as consequências do bai-xo crescimento já são nítidas e preocupantes, com a adoção de medidas impopulares de ajustes pro-longados nos gastos públicos como fórmula para recuperar a confiança dos mercados.

16 O peso do setor público na Europa é maior do que nos Estados Unidos e a consequência disso pode ser um desmantelamento de longo prazo do estado de bem-estar social, através das medidas de austeridade que estão sendo aplicadas. Estas medidas preveem a retirada de direitos históricos conquistados pelos (as) trabalhadores (as) e sindi-catos e faz com que o grau de exploração se torne cada vez mais insuportável.

17 Além da ameaça da precarização, há um s ério problema estrutural, que é a falta de empregos. De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), há mais de 200 milhões de pessoas desempregadas e se espera que outros 13 milhões de pessoas engrossem essa lista até 20181.

18 Só no conjunto da União Europeia, o de-semprego alcançou 10,1% em agosto de 2014, isto é, atinge 24,642 milhões de pessoas. A Grécia registrou a maior taxa de desemprego, com 27%, seguida pela Espanha, com 24,4%. O desemprego dos jovens menores de 25 anos foi de 23,3% na zona do euro. A Alemanha, a Áustria e a Holanda registraram, nessa ordem, as menores taxas, infe-riores a 10,1%, enquanto que a Espanha (53,7%), a Grécia (51,5%) e a Itália (44,2%) encabeçam a lista com as maiores taxas2.

1- http://www.imf.org/external/Spanish/pubs/ft/survey/so/2014/POL100814AS.htm2- http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/economia/20141008/austeridade-discutida-cupula-sobre-emprego/197477.shtml

Page 5: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

5

CON

GRE

SSO

19 Por isso, o papel do movimento sindical neste contexto é decisivo. As greves e mobilizações organizadas por sindicatos na Europa, Ásia e Amé-rica Latina revelam que os (as) trabalhadores (as) estão reagindo e buscando alternativas para enfren-tar a globalização travestida de exclusão social.

20 Grandes mobilizações registradas na Itália e Espanha e a luta dos (as) trabalhadores (as) na Ford da Alemanha, que estavam prestes a perder seus empregos por conta de uma possível transfe-rência da produção para uma fábrica na Romênia (que teria condições muito inferiores de direitos e salários), revelam que os (as) trabalhadores (as) não estão dispostos a arcar com os custos da globalização e que é possível impor derrotas ao neoliberalismo.

21 As vitórias dos social-democratas, lidera-dos pelo metalúrgico e ex-presidente do IF Metall, Stefan Löfven nas eleições suecas, e do Syriza, de Alexis Tsipras, na Grécia, são dois exemplos de que a esquerda volta a ganhar espaço em alguns países da Europa.

22 Mas, ao mesmo tempo, os partidos de extre-ma-direita europeus têm registrado um forte senti-mento contra os imigrantes e, especialmente, uma enorme desconfiança em relação aos muçulmanos. Na Holanda, cerca de três milhões dos 16 milhões de habitantes são imigrantes ou filhos de imigran-tes. Na Suécia, são 1,5 milhão de 9 milhões. Se essa tendência se mantiver, no meio do século 21, a maioria dos países europeus terá de um quarto a um terço da população de origem não europeia.

23 Em cidades como Rotterdam (Holanda) e Marseille (França), imigrantes logo serão maioria. Prefeito de Rotterdam desde 2009, Ahmed Abouta-leb é muçulmano e nasceu no Marrocos. O historia-dor americano Bernard Lewis chegou a afirmar que a Europa será islâmica até o fim do século.

24 O islã de certa forma está modificando a

Europa. Quando os dinamarqueses quiseram impe-dir que imigrantes islâmicos importassem esposas – uma prática que limita a assimilação cultural –, criaram uma lei que dificulta que qualquer cidadão da Dinamarca se case com alguém de fora da União Europeia. Quando a França quis proibir véus nas escolas, para evitar acusações de racismo, baniram também qualquer outro símbolo religioso.

25 Os muçulmanos são apenas “bodes expia-tórios”, que canalizam a desconfiança popular e temores da crise econômica, e dão um rosto para o que está acontecendo de “errado” no país, de for-ma semelhante à imagem dos judeus que foi usada pelos nazistas no início do regime de Hitler na Ale-manha.3 Estes partidos da extrema-direita difundem ideias xenófobas, anti-imigração e anti-islâmicas, e estão se espalhando, tendo agora significativas re-presentações parlamentares nesses países.

26 Nas economias avançadas, a deflação e as taxas de juros próximas a zero ao lado de um bai-xo crescimento potencial continuam sendo riscos importantes a médio prazo. Um período longo de inflação baixa ou de deflação, particularmente na zona do euro, poderia supor um risco para a ativida-de e a sustentabilidade da dívida de alguns países.

27 Do outro lado do mundo, o Japão conseguiu se recuperar de boa parte dos choques econômicos trazidos mais pelo terremoto e pelo tsunami que atingiram o país em 2011 do que pela crise. Mesmo representando apenas 2,5% de toda a economia do país, a área devastada pelas ondas gigantes gerou perdas significativas para a indústria local.

28 O desastre fez a economia do país encolher 0,9% em 2011; mas já em 2012 e 2013 voltou a crescer em 1,5% por ano e a perspectiva é que o crescimento no país continue estável. O setor au-tomotivo foi o mais atingido pela tragédia, já que muitos fornecedores de autopeças tiveram que in-

terromper suas atividades.

3 - http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI181892-15227,00-A+ESCALADA+DA+EXTREMA+DIREITA+NA+EUROPA.html

Page 6: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

6

CON

GRE

SSO

baixos salários e outras práticas exploratórias – se configura em uma ameaça real para o ramo meta-lúrgico brasileiro nos setores siderúrgico, naval, eletroeletrônico, autopeças e de bens de capital.

33 Por outro lado, o ativismo crescente de tra-balhadores (as) na China claramente representa um desafio para as multinacionais que possuem negó-cios no país e que não enfrentaram obstáculos nas últimas três décadas.6

34 O crescimento nas economias de merca-dos emergentes e em desenvolvimento seguirá re-presentando uma fatia importante do crescimento mundial. Porém nestes países existe a necessidade de executar reformas estruturais específicas para garantir um crescimento mais sustentável.

35 Ao mesmo tempo, os mercados emergentes terão de estar preparados para a normalização da política monetária dos Estados Unidos e as possí-veis mudanças de atitude dos mercados financeiros. O que vem sendo apresentado é um novo modelo de capitalismo, com desdobramentos ainda impre-visíveis. E é neste cenário que os países emergen-tes passam a ocupar um lugar de destaque, já que possuem mercados internos com forte potencial para investimento e crescimento, além de serem ri-cos fornecedores de matrizes energéticas naturais, como gás, petróleo e eletricidade, associado a gran-des parques industriais. Mas a pergunta que fica é: a que preço?

29 Uma fábrica de motores da Nissan, com ca-pacidade de produção de 370 mil motores por ano, teve que suspender suas atividades por dois me-ses. Na Honda, os efeitos da catástrofe fizeram até mesmo a produção no Brasil ser interrompida em alguns momentos e a Toyota foi outra montadora diretamente afetada.4

30 A China foi o principal parceiro comercial do Brasil em 2012 e 2013, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), tomando o lugar que até 2011 pertencia aos Estados Unidos.

31 Mesmo havendo um superávit nas exporta-ções há um desequilíbrio nesta relação comercial, uma vez que os chineses recebem basicamente pro-dutos básicos e semimanufaturados provenientes do Brasil. Enquanto exportamos soja, couros e peles, celulose e minério de ferro, compramos produtos acabados como compostos orgânicos e inorgânicos, aparelhos transmissores e receptores, circuitos im-pressos, bombas e compressores, circuitos integra-dos, tecidos, motores e geradores, laminados planos e brinquedos, entre outros5.

32 A previsão de crescimento da China é de 7,4% entre 2014 e 2015. Em outras economias da Ásia também a expectativa é de um crescimento sólido. O impacto dessa política agressiva chinesa, com produtos de valor agregado vendidos em todo o mundo por preços baixos – muito em função dos

4 -http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=69005- http://mondialbusiness.com.br/importacaodachina/china-maior-parceiro-comercial-brasil-2013/6 - http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=6900

Page 7: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

7

CON

GRE

SSO

36 Neste momento de mudanças estruturais, é importante que tanto os países emergentes quanto os desenvolvidos assegurem que os investimentos das grandes corporações não se resumam a apenas redução de custos e precarização. É necessário aliar mão de obra qualificada a projetos que unam de-senvolvimento econômico sustentável e trabalho decente.

37 As crises econômica, ambiental e alimentícia que o mundo atravessa são sinais claros de que é ne-cessária uma regulação internacional. Hoje presen-ciamos uma nefasta combinação entre aquecimento global e produção de energia a qualquer custo, que podem estar entre os principais fatores causadores de altas nos preços de produtos básicos.7

38 Com base nas últimas previsões da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimenta-ção e Agricultura) de produção e utilização, os es-toques mundiais de cereais, levando em conta as safras que terminam em 2015, devem saltar para

627,5 milhões de toneladas, seu nível mais alto em 15 anos. Enquanto o milho deve registrar o maior aumento, seguido pelo trigo, espera-se declínio sem precedentes no nível dos estoques de arroz em todo o mundo.8

39 Um marco recente que consolida os países emergentes como protagonistas mundiais se dá a partir da criação de um banco de desenvolvimen-to pelos BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Trata-se de uma al-ternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetá-rio Internacional (FMI) que inicia sua atuação com US$ 50 bilhões em caixa para financiar obras de infraestrutura em países pobres e emergentes.

40 “Setenta anos é muito tempo para ter todas as instituições internacionais com alguma capaci-dade de decisão em questões econômicas sendo controladas pelos EUA e um punhado de aliados ricos”.9 A estrutura atual do FMI e do Banco Mun-dial tem sido dominada pelos Estados Unidos e por países europeus, ainda refletindo a ordem mundial do pós-guerra.

41 É em meio a este cenário em que os paí-ses emergentes ganham espaço e o Brasil busca se consolidar como protagonista mundial, que a atu-ação do governo brasileiro estimulou nos últimos três anos a competitividade da economia nacional com a redução do custo do capital; os incentivos aos investimentos; a política de redução dos juros; a redução do custo de mão de obra sem colocar em risco as conquistas trabalhistas; a importância dos investimentos em infraestrutura; a matriz energéti-ca nacional; os investimentos em ciência e tecno-logia com a adoção de programas como o Ciência sem Fronteiras; a educação para o desenvolvimen-to; a integração latino-americana; a governança e as reformas das instituições, dos instrumentos e dos mecanismos globais, entre outros.

7-http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/a-crise-mundial-de-alimentos-e-a-fome-que-vira-por-ai8-http://www.fao.org/worldfoodsituation/csdb/es/9-WEISBROT, Mark - co-diretor do Center for Economic and Policy Research http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/07/140710_banco_brics_lk

Page 8: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

8

CON

GRE

SSO

47 Uma reflexão que se faz necessária neste

sentido está sobre o futuro político e econômico da Argentina, que é o destino de mais de 20% das ex-portações de manufaturados brasileiros. Só na in-dústria automobilística brasileira, representam 12% do mercado, sendo o destino final de 88% do total de veículos exportados.

48 O país tem enfrentado dificuldades para pa-gar sua dívida externa, já que os credores não acei-tam os termos das negociações propostos e entraram na Justiça contra o país vizinho. Hoje, a dívida está em cerca de US$ 120 bilhões, quatro vezes maiores que as reservas argentinas.

49 Os efeitos destas disputas se refletiram no mercado interno, que sofreu um desaquecimento considerável no último semestre e é o destino de mais de 20% das exportações de manufaturados brasileiros.

50 Um dos setores que mais preocupa é o auto-motivo, que após um longo período de negociação, em junho de 2014 teve renovado o acordo que con-trola o intercâmbio comercial entre os dois países. Por ele, a Argentina pode importar, no máximo, 1,5 vezes o valor das exportações feitas ao Brasil. Ou seja, se a Argentina exportar US$ 1 milhão em car-ros e autopeças ao Brasil, irá importar, no máximo, US$ 1,5 milhão dos mesmos produtos.10 A falta de recursos para gerar financiamento e reaquecer um mercado – que somente no primeiro semestre de 2014 sofreu uma queda de 19% em relação ao mes-mo período do ano passado – poderia trazer graves consequências para as montadoras instaladas no Brasil.11

51 E para fortalecer a indústria nacional, o governo argentino criou o Procreauto, um progra-ma que reduz o preço final dos veículos entre 3%

42 Este protagonismo dos emergentes revelou também um problema grave de soberania para mui-tos países. Em 2011, o mundo descobriu que os Es-tados Unidos praticavam a espionagem não só dos cidadãos estadunidenses como também de países “amigos”.

43 Após a revelação do escândalo, Washington reagiu justificando a necessidade da espionagem por questões de segurança. E passou a atacar os denunciantes. Isso fez com que Julian Assange, do site Wikileaks, esteja desde então exilado no inte-rior da Embaixada do Equador em Londres, e levou para a cadeia o soldado Bradley Manning, suposta fonte de Assange.

44 Mais grave ainda foram as denúncias apre-sentadas em 2013 pelo analista de informações Edward Snowden, demonstrando como a NSA (National Security Agency) monitorava milhões de ligações telefônicas e mensagens de internet dentro e fora dos Estados Unidos, além das comunicações de autoridades de governos de outros países duran-te a realização grande eventos, como a Cúpula do G-20 em Londres, em 2009.

45 Entre as pessoas monitoradas pelo serviço secreto, estavam a presidenta Dilma Rousseff e a chanceler alemã Angela Merkel. Snowden, que vive atualmente em Moscou, revelou que parte do serviço de espionagem realizado pela NSA é feito por meio de articulações com multinacionais do se-tor de telecomunicações.

46 A América Latina teve nos últimos anos, acontecimentos marcantes, como a morte de Hugo Chávez, o golpe de Estado no Paraguai, e avanços importantes no Uruguai, liderados por José Mujica. A disputa entre projetos progressistas e conserva-dores está cada vez mais acirrada.

10- http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=147885611- http://economia.terra.com.br/entenda-o-calote-argentino-e-como-ele-pode-afetar-o-brasil,4e8e5c80c9f67410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

Page 9: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

9

CON

GRE

SSO

e 13%. O plano consiste em venda parcelada em até 60 prestações, com garantia de financiamento do Banco Nación. Os carros que podem ser com-prados com essas linhas devem ser produzidos na Argentina.

52 Mesmo adotando medidas protecionistas, a derrota nas eleições parlamentares mostrou que o kirchnerismo vem perdendo fôlego para a direita e deixa incerto o futuro do político do país, a partir das eleições de 2015. A presidenta Cristina Kirch-ner vem sofrendo um duro ataque a seu governo, principalmente pela imprensa, após a aprovação da Ley de Medios, que tirou a concentração de poder das grandes oligarquias de comunicação do país e que virou um modelo de democratização a ser se-guido pelo Brasil.

53 No Chile e no Uruguai, há boas perspec-tivas para o próximo período, com a eleição de Michele Bachelet, levando a esquerda novamente ao governo no Chile, e a perspectiva de continui-dade dos avanços conquistados por José Mujica com a provável eleição de Tabaré Vazquez para sua sucessão.

54 Na Bolívia, o governo progressista e popu-lar reeleito de Evo Morales nos revelou uma grata surpresa, ao tirar o país da dependência do Fundo Monetário Internacional. O país também demons-trou avanços em sua soberania ao retirar bases mi-litares americanas do país.

55 Mesmo em meio a um bombardeio midiáti-co e dificuldades na economia, principalmente com a inflação alta e o desabastecimento de alguns pro-dutos, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro vem buscando alternativas para dar continuidade às medidas adotadas por Chávez, que promoveu uma verdadeira transformação social no país desde o fim dos anos 1990. Um passo importante nesse senti-do é a fusão de instituições bancárias e fundos pú-

blicos do país (Banco do Povo, Banco da Mulher, Fundo Nacional dos Conselhos Comunais e Fundo de Desenvolvimento Microfinanceiro) para a cria-ção do Grande Banco de Desenvolvimento Comu-nal da Venezuela, que tem o objetivo de simplificar a organização financeira estatal do país nas áreas da agroindústria, infraestrutura, fomento público e desenvolvimento econômico e comunitário.12

56 No Paraguai, o golpe de Estado que derru-bou o presidente Fernando Lugo se estabeleceu no elo mais fraco do bloco de governos progressistas da região e demonstrou claramente que a relação de dependência das oligarquias locais com o imperia-lismo continua vivas.

57 A integração regional por meio do Mer-cosul e uma atuação política mais eficaz da Una-sul (União das Nações da América do Sul) devem permanecer na pauta dos governos da região para a consolidação de uma atuação estratégica para se relacionar com o mundo. Nesse sentido, o Brasil ocupa um papel protagonista na região, que só será mantido se continuarmos avançando pelas mãos de um governo progressista.

58 Outra vitória importante para a esquerda da América Latina foi a eleição de Salvador Sánchez Cerén, um ex-guerrilheiro que chegou à presidên-cia de El Salvador pelas urnas.

59 A morte de Nelson Mandela teve um impac-to mais simbólico do que político, fomentando um espírito de união que levou a África do Sul e o mun-do a um processo de reflexão. O aperto de mãos en-tre Barack Obama e Raúl Castro exemplifica bem esse espírito. Foi a primeira vez que um líder ameri-cano e um mandatário cubano se cumprimentaram em público.

60 Em 2014, poucos meses após a morte de seu líder, o partido Congresso Nacional Africano

12-http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,maduro-une-bancos-e-fundos-estatais-para-simplificar-economia-imp-,1561969

Page 10: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

10

CON

GRE

SSO

(CNA) foi eleito novamente com 62% dos votos. O grande desafio no período será recuperar o posto de maior economia do continente, que agora passa a ser da Nigéria.

61 Mas vale ressaltar que a população nigeria-na é de 170 milhões de pessoas, mais que o triplo da sul-africana, e seu PIB per capita é de apenas um terço dos seus vizinhos do Sul, que ainda tem um ambiente de negócios e uma infraestrutura infinita-mente mais avançada.

62 O desenvolvimento nigeriano está baseado em indústrias como a do petróleo, e isso se reflete em uma má distribuição de renda. Na prática, o país tem crescido, mas ainda convive lado a lado com aumento da pobreza e do desemprego.

63 Constantemente sob conflitos, o Oriente Médio e o norte da África seguem frágeis. Os riscos geopolíticos mais intensos são gerados pelos ata-ques como os promovidos por Israel à Palestina, a luta do grupo militante islâmico Boko Haram para derrubar o governo da Nigéria e criar um Estado islâmico, e a Guerra Civil na Líbia, iniciada antes da queda e morte de Muammar Gaddafi, em 2011 e que persiste até hoje, faz o país mergulhar na pior crise política e econômica desde então, levando a produção de petróleo a ficar quase completamente parada e o governo perder o controle de grandes territórios para as milícias, enquanto a violência au-mentou em todo o país.

64 As ações adotadas pelo grupo Estado Islâ-mico, que passou a participar da guerra civil na Sí-ria, além de provocar ataques no Iraque e outros pa-íses, podem provocar uma alta drástica nos preços dos combustíveis, trazer perturbações no comércio e maiores tensões econômicas. Com a presença dos rebeldes do Hezbollah e do Estado Islâmico, o go-verno sírio colocou o exército nas ruas e a guerra civil foi instaurada no país. As consequências fica-

rão para a população civil, com milhares de pessoas mortas e refugiadas.13

65 Além dos problemas econômicos e geopo-líticos, estamos em meio a indefinições sobre um futuro sustentável. Em 2012, a Rio+20 reuniu líde-res de 193 países membros da ONU para a segunda etapa da Cúpula da Terra, conhecida como ECO 92, realizada também no Rio de Janeiro.

66 A Rio+20 discutiu temas importantes como os processos da Economia Verde, maneiras de eli-minar a pobreza, ações que possam garantir o de-senvolvimento sustentável do planeta e o papel da governança internacional em meio a estes temas.

67 Mas como já eram esperados, os interes-ses dos países desenvolvidos geraram um impas-se que frustrou as expectativas de ações concretas que possam criar um desenvolvimento sustentável de fato. Para chegaram a um consenso, os pontos mais polêmicos saíram da redação final, e assim foi retirada a propostas de criação de um fundo para financiamento da transição para a economia verde em nações em desenvolvimento. Esta medida che-gou a ser apontada como crucial pelas nações mais pobres.

68 “A crise certamente influenciou a Rio+20; crise que se abate com força sobre países do Norte, principalmente. Ela provocou uma retração desses países em áreas importantes. Por esse ponto de vis-ta, o nível de ambição nessa área de financiamento foi afetado”, disse à época o ministro das Relações Exteriores e então negociador-chefe do Brasil na Conferência, embaixador Luiz Alberto Figueire-do Machado.14 O texto final também não apontou quais serão as metas de desenvolvimento sustentá-vel, mas apenas indica o processo em que elas serão definidas até 2014, para começarem a valer a partir de 2015.

13- http://portalsatc.com/site/interna.php?i_conteudo=15441&titulo=Entenda+a+guerra+civil+na+SAiria+e+as+consequAencias+dos+confrontos+no+Brasil14- http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/420365-DELEGADOS-DE-MAIS-DE-190-PAISES-APROVAM-DOCUMENTO-FINAL-DA-RIO+20.html

Page 11: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

11

CON

GRE

SSO

69 No que se refere à classe trabalhadora, em resumo percebe-se no mundo uma forte ameaça aos direitos trabalhistas conquistados nos séculos XX e XXI e diminuição do estado de bem-estar social nos países desenvolvidos. Além disso, os países po-

bres e emergentes sofrem as consequências da globa-lização, refletidas por meio das aquisições e fusões de pequenas, médias e grandes empresas. E isso tem transformado as transnacionais em agentes políticos cada vez mais poderosos.

Page 12: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

12

CON

GRE

SSO

70 Nas décadas de 1980 e 1990, consideradas como perdidas – em função da estagnação econô-mica no Brasil e na América Latina e do avanço do neoliberalismo, com privatizações, desmonte do Estado, desemprego e inflação – fizeram com que os espaços formadores e organizativos fossem verdadeiros provedores da consciência de classe, como aqueles que se vieram à tona, muitas vezes, na luta contra o arrocho salarial, pela manutenção do emprego e por direitos e participação social.

71 O cenário em que vivíamos obrigava os (as) trabalhadores (as) a constantes movimentos de luta e resistência. E os sindicatos desempenhavam papel norteador e polarizador na formação do sentimento de pertencimento de classe.

72 Nas eleições de 2002, o avanço das ações dos movimentos sociais contribuiu para a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As medidas do seu governo propiciaram enorme melhora na di-minuição da miséria e trouxe aumento significativo na geração de emprego e distribuição de renda.

73 Nesse contexto, a pauta dos sindicatos foi se “amenizando” frente ao ambiente do quase pleno emprego e dos aumentos reais de salário, fazendo com que as demandas sindicais perdessem a drama-ticidade e a urgência de outrora.

74 Não houve, porém, a manutenção de um ce-nário formador da consciência de classe, a exem-plo das greves que, anteriormente, se constituíam em espaços privilegiados para o exercício de uma consciência classista. A partir de 2003, o que vimos foi a sua diminuição nas bases metalúrgicas.

75 Ano após ano, os (as) trabalhadores (as) obtiveram aumento real de salário. As ações pla-nejadas e organizadas pelas várias entidades cutis-tas no campo da formação sindical, deu-se com o desenvolvimento de programas formativos para as suas bases. Entretanto, com o aumento considerável

CONJUNTURA POLÍTICA NACIONAL

dos (as) novos (as) trabalhadores (as), essas ações, de modo geral, acabaram não suprindo a demanda desses (as) que hoje integram a classe trabalhadora.

76 A necessidade de se estabelecer o debate po-lítico ainda é o nosso maior desafio em tempos de estabilidade econômica. Nosso papel é o de propor-mos uma ação sindical focada nessa nova geração. Precisamos que o nosso discurso e a nossa prática sejam direcionados ao fortalecimento da democra-cia, do sentimento de classe, dos laços de solida-riedade e senso crítico. A nova classe trabalhadora representa mais de 80% da população ocupada e, em sua maioria, concentrada na área de serviços. Contudo, ela não tem como referência os sindicatos ou outros espaços organizativos, nem tampouco se vê numa luta de classes.

77 Nós, do ramo da indústria, precisamos jogar luz sobre esse fenômeno e estabelecer ações sindi-cais com o objetivo de estreitar o relacionamento de nossos sindicatos com os (as) trabalhadores (as) de suas bases e firmarmos o que chamamos de interlo-cução e representatividade.

78 Historicamente, no Brasil a classe média se forjou nos moldes do conservadorismo, assumindo o discurso e os valores dos mais ricos, numa espécie de aliança com a burguesia, objetivando o acesso ao con-junto de oportunidades que somente os ricos tinham até o advento dos governos Lula e Dilma Rousseff.

79 O surgimento dessa nova classe trabalhado-ra com acesso ao emprego formal, à moradia, ao consumo de bens duráveis e às universidades, não veio acompanhado de uma politização que criasse um sentimento classista.

80 O processo de inclusão social contribuiu para o não reconhecimento de uma identidade de classe, e, portanto, tornou os (as) novos (as) traba-lhadores (as) suscetíveis aos valores e alvo de dis-puta da elite dominante.

Page 13: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

13

CON

GRE

SSO

cia da polícia. Porém, esse fenômeno social adqui-riu contornos singulares, que instilado pela mídia, cresceu e estabeleceu uma hostilidade – de modo geral – às instituições. Uma juventude que se ex-pressou nas ruas apresentando aspectos de uma so-ciedade envelhecida, e que funcionou como caixa de ressonância ao discurso golpista da mídia.

86 Uma reflexão cuidadosa nos aponta para a necessidade urgente do estabelecimento de proces-sos participativos, em que o diálogo com os (as) jo-vens esteja na pauta diária do movimento sindical. Incluí-los não significa mantê-los sob tutela, mas, acima de tudo, abrir espaço para que esses (as) no-vos (as) trabalhadores (as) possam interferir na vida sindical e, assim, despertar um sentimento classista e de pertencimento aos mecanismos de representa-ção da nossa classe.

87 Passado o furacão da disputa eleitoral, é pre-ciso saber interpretar as lições das urnas. Essa nova classe trabalhadora não possui os mesmos referen-ciais históricos daqueles que lutaram contra a dita-dura e fundaram a CUT. O referencial dessa nova geração de trabalhadores (as) é moldado no dia a dia com a sedução capitalista do consumo, do discurso meritocrata, das promessas de ascensão profissional, do individualismo e da negação da luta de classe.

88 Em junho de 2013, não conseguimos dialo-gar com as massas barulhentas das ruas. O discurso antipartido, anti-CUT, anti-esquerda foi mais alto que nossas palavras de ordem. Se naquele inverno as ideias de uma classe trabalhadora fortalecida e protagonista das lutas estavam hibernando, no auge da disputa do segundo turno das eleições de 2014, houve um despertar vermelho.

89 Passado o primeiro turno, em que as ideias multifacetárias se confrontaram e claramente o que se decantou dos debates foram propostas de avan-ços e retrocessos, projetos antagônicos e irreconci-liáveis, a sociedade abrira os olhos e as multidões puderam acordar da proposta letárgica de que um país se faz sem partido e sem política partidária.

81 A direita brasileira, alinhada aos ditames das grandes potências e grupos econômicos mun-diais, ensaiou no Brasil o chamado “Golpe Lento”, uma série de medidas orquestradas que visavam à derrubada ou enfraquecimento do governo Dilma Rousseff, para impedir a sua reeleição em 2014.

82 Esse “Golpe Lento”, já utilizado em vários países – como o Egito, Líbia, Síria, Venezuela, en-tre outros –, tem o seguinte receituário: criar um descontentamento junto à população, retirando pro-dutos de primeira necessidade do mercado; incutir no povo a imagem de incompetência do governo; fomentar manifestações de descontentamento e in-tensificar, por meio da mídia, a perseguição ao go-verno e a manipulação de informações.

83 Completando este nefasto roteiro, a elite buscou aproveitar a repercussão das manifesta-ções ocorridas em junho de 2013, decorrentes do aumento de 20 centavos no transporte público (no município de São Paulo), que desencadearam uma onda de protestos inicialmente protagonizados pelo Movimento Passe Livre (MPL), sobretudo por conta da truculência da polícia militar do Es-tado de São Paulo – que agrediu de forma despro-porcional os manifestantes. Este episódio provo-cou em todo o país uma reação de solidariedade ao MPL e tornou-se o estopim para a direita – poten-cializada pela mídia – fazer o seu movimento no tabuleiro do “Golpe Lento”.

84 Nesse cenário efervescente, parcelas signi-ficativas da juventude foram às ruas protestar. Mas o que se viu foi uma colcha de retalhos, várias e diferentes reinvindicações surgiam nos cartazes es-critos à mão pelos manifestantes. Um fenômeno cí-clico: a velha juventude novamente vai às ruas por um país melhor, como o fez em 1968 na França e no Brasil sob a ditadura, em 1978, nas greves do ABC, em 1983 e 1984 no movimento Diretas Já e em 1992, com o “Fora Collor”.

85 A juventude de junho de 2013 foi para as ruas com um sentimento de repúdio contra a violên-

Page 14: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

14

CON

GRE

SSO

90 Mas esse despertar se deu um pouco tarde:

já havia passado o primeiro turno em que a des-politização e o ódio instilado pela mídia golpista produziram um novo Congresso, mais conservador e mais à direita. A eleição do deputado federal Ti-ririca, com 1.016.796 votos em São Paulo, revela um voto explícito de deboche e protesto com sua campanha ancorada num humor apolítico.

91 Já a votação mais que expressiva de Marcos Feliciano, em São Paulo, e Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, nada tem de humor e deboche. Repre-senta o voto à direita, raivoso, conservador e ho-mofóbico, inseridos nas bandeiras da parte mais reacionária da política nacional. Foi um claro sinal de que a campanha consistente na mídia burguesa teve seu resultado; se não impediu a eleição de Dil-ma naquele momento, ao menos obteve avanços no Congresso Nacional.

92 Mas o despertar tardio de uma parcela sig-nificativa da juventude que foi às ruas para impedir o retrocesso revela uma grande oportunidade para que a militância sindical possa e deva estabelecer o diálogo do avanço.

93 A juventude trabalhadora que vestiu verme-lho representa a oportunidade da oxigenação das entidades sindicais. É preciso dar espaço para que essa nova geração da classe trabalhadora se apro-prie dos espaços de debate e da luta sindical.

94 A escolha depositada nas urnas mostrou o caminho que milhões de brasileiros (as) querem que o país percorra nos próximos quatro anos, com continuidade nos avanços conquistados até agora, além de mais melhorias nas condições de vida da população. Mostrou também a necessidade de ama-durecimento da democracia, junto com a consolida-ção de um patamar mais elevado da cidadania, com eleitores (as) mais conscientes de seus direitos.

95 No entanto, reduzir estas eleições presiden-ciais à agressividade, desqualificar eleitores (as) por sua localização geográfica, afirmar que é baixaria

questionar o nepotismo, a violência contra a mulher ou improbidades administrativas de candidatos é tentar fazer de conta que essas questões não sejam de interesse do eleitor. Carimbar esses “ataques” como algo de cunho pessoal, em vez de político, sugere uma leitura inteiramente enviesada do processo real de disputa político eleitoral recém-concluído.

96 Isso porque o que presenciamos ao longo do processo foi o debate de temas incomuns pouco pautados nas campanhas anteriores, como indepen-dência ou autonomia do Banco Central, a necessi-dade de uma reforma política relacionada à corrup-ção e financiamento público das campanhas. Fortes debates foram travados sobre a criminalização da homofobia, modelos econômicos de desenvolvi-mento que incentivam o emprego e a renda, que combatem a inflação, retomam o crescimento eco-nômico, política externa brasileira e suas diferen-tes posições. As políticas sociais – Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos, Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), ProUni (Programa Universidade para Todos) – dirigiram os debates com uma intensidade e frequência jamais vistas em outros pleitos.

97 Não há como negar que essa foi uma campanha com nível de politização de temas de interesse nacional e da relação do Brasil com o mundo. Não se pode, por isso, reduzi-la somente à agressividade e ao suposto atraso do Nordeste em relação ao Sul e Sudeste.

98 Nesse processo, é inegável reconhecer a im-portância do papel das redes sociais e da internet e dizer que elas foram decisivas, pois possibilitou a manifestação de diversas opiniões contrárias àque-las defendidas pela grande mídia – que representa a direita conservadora brasileira –, muito embasada de informações, esclarecimentos e estatísticas com-provadas por órgãos oficiais. Esse processo se deu em tempo real, não permitindo que, de certa forma, a desinformação ou as inverdades tomassem conta do cenário da campanha ou que ficássemos restritos às “notícias” dos meios de comunicação de massa.

Page 15: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

15

CON

GRE

SSO

102 O governo Lula e Dilma, a despeito dos inegáveis avanços, não conseguiu imprimir ao PT uma revitalização do seu enraizamento popular. Ainda sofrendo os ataques diários e a criação de uma imagem ligada à corrupção na mídia, o Par-tido penou nessa eleição para se sagrar vitorioso. Venceu, mas não conseguiu recuperar um dos seus maiores patrimônios: a imagem da transparência, da nova política (não a personificada pela candi-data Marina Silva) e a de um partido honesto. Sem possuir ao seu lado nenhuma grande emissora de TV, o PT amargou anos a fio um massacre. O que poderia opor-se a isso seria uma das suas carac-terísticas iniciais: um partido popular, organizado desde os seus núcleos, protagonizado por uma ju-ventude vermelha, disposta e atuante. Sem eles, a população fica refém do discurso midiático raivoso e inflexível.

103 O PT abdicou de uma política de enraiza-mento através dos seus núcleos, o que poderia revi-talizar um processo de politização junto às camadas da sociedade mais beneficiadas pelas políticas in-clusivas desenvolvidas em todo o país.

104 É preciso recuperar a utopia, aproximando-se das massas de jovens trabalhadores (as), rejuve-nescendo o partido. A melhor oportunidade é agora, quando uma imensa juventude vestiu as cores do partido e disse não ao retrocesso. É preciso criar as pontes com essa geração de jovens trabalhadores (as), que foram às ruas em junho de 2013 e que par-cela considerável retornou elas no segundo turno.

105 Já no que se refere ao Congresso Nacio-nal, a base aliada que deu sustentação à presidenta Dilma nos últimos quatro anos, dá sinais evidentes, nesse final de mandato, de uma política de frag-mentação. Metade do PMDB, a despeito de estar na chapa majoritária, fez campanha para Aécio Neves e votou contra a Política Nacional de Participação Social proposta pela presidenta para continu-ar aprofundando a participação da sociedade na vida pública do país.

99 Como exemplo disso, tivemos a “bala de prata” da revista Veja, divulgando como matéria de capa uma acusação, sem provas, de que a presiden-ta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tinham conhecimento de um suposto esquema de corrup-ção da Petrobras, o que desmentido logo após a publicação. A edição da revista saiu dois dias an-tes do segundo turno da eleição e só não fez maior estrago devido à rápida reação da militância, por meio das redes sociais. A militância, já sabedora das artimanhas e golpes dos meios de comunicação desde a eleição de 1989, não vacilou na defesa da candidatura Dilma e em argumentar contra Aécio Neves. Foi um espaço de guerra total e centenas de imagens e denúncias foram postados por ambos os lados. O diferencial é que enquanto Dilma apresen-ta um currículo dos mais sóbrios e sólidos, o mes-mo não se deu com Aécio Neves. Acostumado com uma blindagem na imprensa mineira, o candidato tucano perdeu as penas ao ser exposto em toda a rede de computadores.

100 Sem esse espaço e essa atuação da mili-tância, não haveria o contraditório e, fatalmente, poderíamos ter na Presidência da República um representante do neoliberalismo, um receituário de desindustrialização, privatizações e de Estado míni-mo. A última bala de prata da revista Veja suscitou a necessidade de uma reforma política para o Brasil e um dos pontos importantes é uma nova legislação dos meios de comunicação, à semelhança do que houve tanto na Argentina quanto no Reino Unido, retirando o poder dos grandes grupos econômicos.

101 Não compete aqui traçarmos um balanço da atuação do Partido dos Trabalhadores, mas ine-gavelmente é esse partido que conduziu o país nos últimos anos, período em que vivenciamos a recu-peração da economia, um crescimento há muito não visto e uma situação de quase pleno emprego. Tudo isso não foi suficiente e nunca será para angariar o apoio popular nas urnas. Prova disso é que mesmo quando o governo é bem avaliado, não significa que será bem votado.

Page 16: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

16

CON

GRE

SSO

106 Claramente a base aliada dá sinais de in-

flexão à direita, enquanto Dilma, em seu discurso depois de eleita, aponta para a necessidade de seu partido estabelecer novamente uma agenda mais à esquerda. Essa base nem tão aliada assim faz, como sempre, um movimento de tensionamento, tem uma agenda própria e distinta da agenda da classe trabalhadora.

107 Os partidos que compuseram a coligação de Dilma Rousseff em 2014 foram PT, PMDB, PR, PRB, PROS, PDT, PC do B, PP e PSD. Se essas alianças de campanha forem mantidas, a composi-ção do Congresso a partir de 2015 dará à presidente Dilma uma base aliada de 304 deputados (59% da Câmara) e 58 senadores (dois terços do Senado). Grande parte da base é composta por PT e PMDB, maior aliado do governo e partido do atual vice-presidente Michel Temer; juntas, as duas legendas somarão 168 senadores e deputados federais na próxima legislatura. O número corresponde a um terço da composição total das duas Casas. A pre-sidenta precisará fazer gestões para ampliar essa base, lembrando que essa chamada base pode ser alterada ao sabor do jogo político, pois os peque-nos partidos podem mudar de posição objetivando a própria sobrevivência.

108 Não há nenhuma dúvida de que a Repú-blica democrática é o melhor para a classe tra-balhadora no marco histórico do capitalismo. Entretanto, um discurso de ódio, de xenofobia e clamores pela volta da ditadura militar vem sendo mostrado por uma minoria que não aceitou o re-sultado das urnas. Isso não seria um problema se a direita, e dentro dela o PSDB, firmassem o com-promisso com a democracia. O que ocorre porém, é que figuras notórias como o ex-presidente FHC, ao adotarem o discurso inconformista, acabam in-centivando essa minoria raivosa.

109 Não se pode esquecer que o nazismo tam-bém começou com uma minoria raivosa. Por isso,

não se pode vacilar na defesa intransigente da de-mocracia. Ao não ser combatido por partidos como o PSDB, esse inconformismo raivoso acaba arras-tando a sigla para a vala comum da ignomínia. A manifestação em São Paulo no dia 1º de novembro foi marcada pelo discurso do ódio, da xenofobia e pela volta da ditadura militar, contra Cuba e contra a Venezuela. Pior ainda foram as faixas pela sepa-ração do Estado de São Paulo do restante do país, notadamente do Norte e Nordeste. Para completar, o deputado estadual eleito por SP Eduardo Bolsona-ro, um dos oradores no carro de som, portava uma pistola semiautomática na cintura. Com o velho jargão de ‘abaixo a corrupção e fora PT’, o grupo de cerca de dois mil manifestantes hostilizou várias pessoas que ousaram demonstrar sua discordância do movimento.

110 A tarefa mais importante dos movimentos sociais comprometidos com a democracia é não perder de vista o horizonte do aprofundamento da nossa democracia. Não se pode ficar calado diante dos ataques ao estado de direito e é preciso, mais do que nunca, termos a coragem para ir às ruas para mostrar que a ousadia é a nossa companheira de sempre e que a defesa dos interesses históricos e imediatos da classe trabalhadora é tarefa inalienável do movimento sindical e popular. É preciso ter um coração vibrante, sedento de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna, onde homens e mulhe-res livres sejam os protagonistas de uma sociedade participativa, democrática e militante.

111 É preciso que o movimento sindical não ab-dique do seu papel histórico. Não se pode deixar o destino da classe trabalhadora na roda-viva daque-les que querem novamente usurpá-lo. Ontem cantá-vamos que hoje seria um novo dia, e é. O sol ainda tênue da nossa jovem democracia brilha, apesar de algumas nuvens esparsas. Para que a primavera não se torne cinza, é preciso ter um coração vibrante, militante. É preciso ter determinação permanente, é preciso ter, acima de tudo, um coração valente.

Page 17: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

17

CON

GRE

SSO

112 A partir da análise internacional apresen-tada, importa agora observar os desdobramentos ocorridos na economia brasileira, seus impactos entre 2011 até início do segundo semestre de 2014 (período desde a realização do 8º Congresso Na-cional da categoria). As informações apresentadas, embora não consigam explicar toda a conjuntura, contribuem para entender as movimentações no de-senvolvimento brasileiro.

113 São apresentados aqui os resultados por-menorizados da evolução do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2011 e 2014, tanto de forma agregada como da forma mais detalhada; a taxa de juros bá-sica executada nesse mesmo período e seus des-dobramentos na conjuntura; bem como o controle da inflação. São também observados indicadores impactados pela economia mundial, sendo os prin-cipais a taxa de câmbio e a Balança Comercial (as exportações e importações brasileiras).

114 Também serão mostrados os resultados das políticas governamentais referente ao crédito ban-cário para pessoas físicas e empresas, bem como os investimentos feitos através do Programa de Acele-ração do Crescimento 2 (PAC 2), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras empresas e agências estatais. Por fim, nes-sa análise mais global discorre sobre o Mercado de Trabalho, sua evolução em cada grande setor da economia.

115 Um segundo momento dessa conjuntura trata exclusivamente da Indústria de Transforma-ção e o Plano Brasil Maior (PBM), os impactos na produção, emprego e balança comercial, tendo um destaque exclusivo para o Ramo Metalúrgico.

116 Antes de adentrar nos pontos relacionados estritamente a uma análise mais econômica, faz-se

um balanço mais geral dos acontecimentos desse período (2011 a 2014) relacionados ao bem-estar social no país.

117 Entre 2011 e 2014, foi dada continuidade à estratégia de desenvolvimento socioeconômico iniciada em 2003. Tal estratégia aposta, no curto prazo, na formação de um mercado interno robusto como propulsor da economia, através da inclusão de milhares de brasileiros (as) no mercado consumidor (nova classe trabalhadora), seja pelas políticas de distribuição de renda ou pelas políticas de incen-tivo ao consumo (redução de impostos, ampliação do credito, entre outras); no médio e longo prazo, o crescimento seria sustentado pelos investimentos em infraestrutura e pela retomada da política indus-trial, sem perder o foco da redução das desigualda-des, no intuito de consolidar a economia brasileira e reposicionar estrategicamente o país no cenário internacional de forma mais competitiva.

118 São apresentados alguns indicadores15 que demonstram o êxito alcançado por estas políticas de governo nos dois períodos. Os quadros a seguir apresentam alguns dados de bem-estar, como edu-cação, saúde, trabalho e renda, previdência, entre outros indicadores de infraestrutura e acesso a ser-viços no setor de energia, transporte e comunica-ção, significativos para o desenvolvimento do país.

119 Na Tabela 1 aparece a trajetória de sucesso no âmbito social, em matéria de renda, transferên-cia e assistência. O destaque para a área de renda é o crescimento real do Salário Mínimo (SM), ga-rantido pela política de valorização, vigente desde 2007 e aprovado como lei em fevereiro de 2011. Uma conquista da luta do movimento sindical, o SM é instrumento poderoso para fortalecer o ob-jetivo de fortalecer o mercado interno. Como fru-tos da distribuição de renda e diminuição das desi-

CONJUNTURA ECONÔMICA NACIONAL

15- Reunidos e organizados por Ricardo Bielschowsky, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Page 18: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

18

CON

GRE

SSO

da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE).

120 Outro fator relevante é a queda da parce-la da população com renda familiar média abaixo da linha da extrema pobreza17, que caiu de 14%, em 2002, para 5,3%, em 2012. Segundo o Mapa da Fome 2013 da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), apresentado em setembro de 2014, o Brasil é exemplo de combate

gualdades, nota-se que nos domicílios com menor renda o crescimento foi superior ao dos domicílios com maior renda, resultado que se confirma com a queda do índice de Gini16, que saiu do patamar de 0,57, em 2002 para 0,50, em 2013, segundo dados

TABELA 1 – INDICADORES DE BEM-ESTAR, SELECIONADOSBrasil 2002, 2006, 2010 e 2013

Área Indicador 2002 2006 2010 2013

Ren

da

Índice de salário mínimo real (2002=100) 100 127 157 175 Índice de salário médio real - PME/IBGE (2002=100) 100 107 123 134 Índice de renda domiciliar - média per capita (2002=100)

50% de domicílios de menor renda 100 124 155 179

50% de domicílios de maior renda 100 110 124 136

Prev

idên

cia Beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (milhões) 18,9 21,6 24,4 27,0

Índice de valor médio real por beneficiário (2002=100) 100 131 146 154

Índice de valor real total de benefícios (2002=100) 100 149 188 221

Ass

istê

ncia

Benefício de Prestação Continuada e Renda Mensal Vitalícia

Número de beneficiário (milhões) 2,3 2,9 3,7 4,2

Valor médio real por beneficiário (2002=100) 100 127 157 175

Bolsa Família Nº de famílias beneficiárias (milhões) 3,6* 11,0 12,8 14,1

Valor real médio dos benefícios (R$) - 81,7 105,4 141,8

Fonte: BIELSCHOLWISK, a partir de dados do IBGE, IPEA data, SPI/MPOGObs.: 1) valores a preços de 2013 / (*) outros programas 2) A fim de dimensionar o crescimento de certos indicadores, em alguns casos, o ano de 2002 foi tomado como base 100 (ou seja, como ponto de partida para análise comparada). Assim, por exemplo, o valor do SM teve aumento de 27% entre 2002 e 2006; de 57%, entre 2002 e 2010, e, por fim, de 75% no período 2002-2013 (com valores atualizados para 2013)

16-GINI com base no rendimento médio mensal de todas as fontes. O índice de GINI é uma medida do grau de concentração de rendimento, cujo valor varia de zero (perfeita igualdade) até um (máxima desigualdade).17-Conforme o IBGE, a linha de pobreza foi estabelecida em R$ 70 per capita, considerando o rendimento nominal mensal domiciliar; qualquer pessoa residente em domicílio com rendimento até esse valor é considerada extremamente pobre.18-Para a ONU, extremamente pobres são aqueles que vivem com menos de US$ 1 ao dia.19-Segundo o estudo “Investimentos para acabar com a pobreza” também da ONU.

à pobreza e de redução da fome. Pelos critérios18 da ONU, o Brasil conseguiu reduzir a pobreza extrema em 75%, entre 2001 e 2012, sendo um dos países que mais investem no combate à pobreza19. Esses dados são reflexos dos resultados dos programas: Fome Zero, Bolsa Família, Brasil sem Miséria e Brasil Carinhoso.

121 Em complemento à tabela anterior, a Tabe-la 2 traz dados de avanços importantes na área de educação, saúde, desenvolvimento urbano e agrá-rio. Os avanços nas áreas da saúde e da educação também podem ser relacionados ao programa Bolsa Família, já que parte das suas condicionantes está ligada ao cumprimento de requisitos nessas áreas.

Page 19: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

19

CON

GRE

SSO

122 Entre 2003 e 2010, a taxa de investimento subiu cerca de cinco pontos percentuais no PIB, sain-do de 14% e chegando a 19% (a preços constantes de 2000) e permaneceu nesse patamar entre 2011 e 2013, sob o impacto do crescimento econômico e do PAC,

Área Indicador 2002 2013

Saúde

Nº de procedimentos ambulatoriais (bilhões) 1,8 3,8

Nº de procedimentos na atenção básica (bilhões) 0,9 1,2

Nº de procedimentos na atenção especializada (bilhões) 0,15 0,45

Nº de internações eletivas (milhões) 1,5 2,2

Mortalidade Infantil (por 100 mil crianças nascidas) 26,1 14,6

Esperança de vida ao nascer (anos) 70,3 74,5

Educação

Matrículas na Educação Profissional de nível médio (milhões) 0,3 0,45

Matrículas na rede pública de Ensino Superior (milhões) 1,1 1,7

Taxa de frequência escolar 4 e 5 anos de idade 61,5 (2005) 78,5 6 a 14 anos de idade 96,1 (2005) 98,2 15 a 17 anos de idade 81,9 (2005) 84,2

Média de anos de estudo pessoas com 25 anos ou mais 6,1 7,6 (2012)

Desenvolvimento Urbano

Moradias - Minha Casa, Minha Vida (milhão) - 1,5 (2011-2013)

Percentual de pessoas que vivem em domicílios satisfatórios 36,8 (2001) 58,2 (2012)

Desenvolvimento Rural Número de contratos do Pronaf 0,9 (safra 2002/03) 2,2 (safra 2012/13)

TABELA 2 – INDICADORES DE BEM-ESTAR, SELECIONADOSBrasil 2002 e 2013

Fonte: BIELSCHOLWISK, a partir de dados dos Ministérios da Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Cidades e Desenvolvimento AgrárioSPI/MPOG, Relatório de Avaliação do PPA 2013.

além dos desembolsos crescentes do BNDES. A Ta-bela 3 mostra dados que dizem respeito à expansão da demanda e da oferta de infraestrutura de transportes, energia e comunicações, apresentando os resultados dos avanços feitos para superar esses desafios.

TABELA 3 - INDICADORES DE DEMANDA E OfERTA DE INfRAESTRUTURA: TRANSPORTE, ENERGIA E COMUNICAÇÃO - BRASIL, ANOS DISTINTOS DE REfERêNCIA E 2013

Setor Indicadores Referência 2013

Tran

spor

te

Bilhetes pagos em voos regulares nacionais 34,3 milhões (2002) 89,9 milhões

Movimentação de passageiros nos aeroportos 71,2 milhões (2003) 193,1 milhões

Extensão da malha rodoviária pavimentada (km) 156,4 mil (2002) 202,6 mil

Frota de veículos 39,0 milhões (2004) 82,0 milhões

Movimentação dos contêineres (ton) 35,0 milhões (2002) 98,0 milhões

Movimentação de cargas em portos e terminais (ton) 529 milhões (2002) 931 milhões

Extensão da malha ferroviária (km) 28,8 mil (2004) 29,6 mil

Carga transportada em ferrovias (tu) 389 mil (2006) 463 mil

Ener

gia Capacidade instalada em geração (mw) 102,6 mil (2008) 126,7 mil

Número de unidades consumidoras 61,0 milhões (2007) 74,6 milhões

Extensão de linhas de transmissão (km) 94,8 mil (2008) 116,8 mil

Com

unica

ção Telefones móveis ativos 34,8 milhões (2008) 271,1 milhões

Escolas públicas urbanas com banda larga 21,3 mil (2008) 62,5 mil

Assinantes de TV 3,5 milhões (2002) 18,0 milhões

Domicílios com acesso à internet 12,9% (2005) 40%

Fonte: BIELSCHOLWISK, a partir de dados SPI/MPOG, ANAC, DNIT, Denatran, ANTT, ANTAQ, CMSE, ANATEL, CTIC.br.

Page 20: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

20

CON

GRE

SSO

Indicadores Econômicos

123 Muitas notícias têm vinculado que os re-sultados apresentados são ínfimos comparados aos períodos anteriores, por problemas relacionados a erros na política econômica implementada pelo go-verno federal. O PIB de 2013 teve um crescimen-to de 2,5% em relação ao ano anterior. Em 2011 e 2012, o crescimento foi de 2,7% e 1,0%, na compa-ração com os anos imediatamente anteriores.

124 Se por um lado é certo afirmar que a mé-dia de crescimento desse período foi menor que os passados – a média de crescimento do PIB de 2011 a 2013 foi de 2,1%, enquanto entre 2008 a 2010 foi de 4,1% e de 2005 a 2007 foi de 4,4% –, ignorar as informações referente à conjuntura in-ternacional seria um grave erro. Das dez maiores economias do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Rússia, Índia, China e Brasil), as únicas que apresentam crescimento maior que o brasileiro foram Rússia, Índia e Chi-na, que necessitam de uma análise específica de seus desenvolvimentos. Os demais países tiveram

uma variação do PIB que vai de -1,8% (Itália) a 2,0% (Japão), excluídos Índia e China (Tabela 4).

125 Após um resultado excepcional no final de 2010 (crescimento de 7,5%), por conta de uma variação negativa em 2009, o impacto da crise, representado no PIB, é observado na redução do crescimento trimestral comparado ao mesmo tri-mestre do ano anterior. Partindo de um crescimen-to de 4,2% no primeiro trimestre de 2011, esse indicador é reduzido até o segundo trimestre de 2012, com 0,6%. Apresenta recuperação deste mo-mento até o terceiro trimestre de 2013, por conta das diversas medidas tomadas pelo governo fede-ral no incentivo ao crescimento – como a redução gradual da taxa Selic (ver explicação no Gráfico 2) e as desonerações da folha de pagamento e de vários produtos industriais –, com o objetivo de reduzir os custos de produção e aumentar a taxa de investimentos (que alcançou 3,5% do crescimen-to), para entrar numa tendência de declínio nova-mente, mas ainda acima do visto em 2012. É certo que a economia brasileira não se encontra em um quadro de crise, mas vem indicando um desaque-cimento gradual.

Países 2011 2012 2013 Média 2011- 2013

Mundo 3,9 3,5 3,2 3,5 Estados Unidos 1,8 2,8 1,6 2,1 Japão -0,6 2,0 2,0 1,1 Alemanha 3,4 0,9 0,5 1,6 França 2,0 0,1 0,2 0,8 Itália 0,4 -2,4 -1,8 -1,3 Reino Unido 1,1 0,2 1,4 0,9 Rússia 4,3 3,4 1,5 3,1 Índia 6,3 3,2 3,8 4,4 China 9,3 7,7 7,6 8,2 Brasil 2,7 1,0 2,5 2,0

Fonte: FMI/IBGE

TABELA 4 – VARIAÇÃO ANUAL DO PIB NAS DEz MAIORES ECONOMIAS DO MUNDO2011 - 2013

Page 21: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

21

CON

GRE

SSO

GRÁfICO 1 – PIB – BRASIL – TRIMESTRE EM RELAÇÃO AO TRIMESTRE DO ANO ANTERIOR2011 - 2013

126 Ao abrir mais informações do PIB para o mesmo período analisado (2011-2013), primeiro pela ótica da oferta, que apresenta a participação dos setores da economia na geração de riqueza, o setor da Agropecuária teve uma média de cresci-mento acima do total, com 3,0%, puxado pelo cres-cimento no ano de 2013, já que em 2012 os resulta-dos foram negativos em todos os trimestres. O setor de Serviços apresentou um crescimento médio de 2,3% (puxados pelos Serviços de Informação, com crescimento médio de 4,9%; Transporte, armazena-gem e correio, com média 2,6%; e Comércio, com média de 2,4%, entre as maiores evoluções), com uma redução do crescimento também em 2012, mas sem apresentar resultados negativos; em 2013, seus indicadores permaneceram estáveis.

127 Já a Indústria foi que indicou o menor crescimento no período, de 0,8% na média dos três anos. A exemplo do setor Agropecuário, em 2012 teve resultados negativos. Mas em 2013, sua re-cuperação não acompanhou a do Agropecuário, se mantendo em índices moderados de crescimento. A Indústria extrativa é a que mostrou os piores re-sultados, com uma média de crescimento nula. Em todos os trimestres de 2013 houve queda na produ-ção. A Indústria de Transformação ficou próxima de zero (média de 0,1%). Apenas os segmentos de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana e

4,234,8

,550,8

3,458,6

2,176,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

Var

iaçã

o do

PIB

em

%

Trimestre

Fonte: Banco Central (BACEN)

o da construção civil mostraram crescimento acima da média da Indústria, com 3,4% e 2,2%.

128 Em 2013, a participação de cada setor da economia na formação do PIB ficou assim distri-buída: o setor de Serviços respondeu por 58,8% (em 2011 era de 57,1%); já a Indústria teve uma participação de 21,2%, perdendo 2,3% de 2011 até o fim de 2013; o setor Agropecuário participou com 4,8%.

129 Pela ótica da demanda, a participação dos grupos que determinam o consumo final do PIB no ano de 2013 é o seguinte: o consumo das famílias representou 62,6% do total; o do governo repre-sentou 22,0%; investimentos ficaram com 18,2%; e na balança comercial, a exportação representou 12,6% e a importação, 15%. A taxa de crescimento do consumo das famílias, que tem uma participação importante na formação do PIB, caiu entre 2011 a 2013, partindo de uma evolução de 6,0% no primei-ro trimestre de 2011, para 2,5% no último trimestre de 2013.

130 Já os gastos do governo se mantiveram estáveis no período, com uma média de 2,4% de crescimento, sendo que em 2012 o aumento foi li-geiramente maior em relação aos dois outros anos analisados (2011 e 2013).

Page 22: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

22

CON

GRE

SSO

131 O destaque fica para o crescimento da For-

mação Bruta de Capital Fixo (os investimentos), que em 2011 teve um crescimento de 4,7%, mas que apresentou forte queda em 2012 – com uma taxa negativa de -4,0% – e se recuperou em 2013, fechando com um crescimento de 5,2%.

132 Os resultados para o primeiro semestre de 2014 trazem um quadro de desalento da economia. O crescimento do semestre, comparado ao mesmo período de 2013, foi de apenas 0,5%. E olhando apenas para o segundo trimestre deste ano, houve uma queda de -0,9% do PIB.

133 O setor da Indústria foi o que apresentou maior queda no semestre, de -1,4%, com destaque para o segmento da Construção Civil, com -4,9%, seguido pela Indústria de Transformação, com -3,1%. Os demais setores tiveram crescimento aci-ma da média: setor de Serviços, com 1,1%, e Agro-pecuário, com 1,2%.

134 Pelo lado do consumo, os gastos das famí-lias tiveram um crescimento de 1,7% no semestre, comparado ao mesmo período de 2013. Já os gastos do governo representaram 2,1% e houve uma queda forte do Investimento, de -6,8%.

135 No que se refere à taxa básica de juros (Se-lic), a política do governo se mantém ambígua no

período de 2011 a 2013. Parte de uma taxa elevada de 10,75% a.a (ao ano) em dezembro de 2010, su-bindo até o marco de 12,5% a.a. em julho de 2011, diminuindo-a em seguida a cada nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), até chegar a uma taxa de 7,5% a.a. em outubro de 2012. É um índice ainda alto, quando comparado a outros pa-íses e à necessidade de alavancar o investimento produtivo, mas aponta para um futuro mais promis-sor nesse sentido. E essa foi uma medida importan-te para que o crescimento posterior do PIB (como mencionado acima) tivesse resultado. Contudo, a partir de abril de 2013, é retomada novamente a ele-vação da taxa básica de juros, chegando em 11,0% em maio de 2014, como observado no Gráfico 2.

136 É certo que a taxa de juros está muito abai-xo dos níveis apresentados nas duas décadas an-teriores, mas ainda tem um índice muito elevado. Essa política de alta de juros, cedendo à pressão do mercado financeiro, inviabiliza o investimento pro-dutivo no longo prazo, não incentivando o capital privado a aplicar na produção e fazendo-o se vol-tar ao sistema financeiro. As consequências podem trazer problemas maiores, além do apresentado, como o aumento do desemprego, visto todo efeito em cadeia que existe na redução do consumo e dos investimentos produtivos, onde apenas o sistema fi-nanceiro sai ganhando.

GRÁfICO 2 – EVOLUÇÃO DA TAXA BÁSICA DE JUROS (SELIC)2010 – 2013

Fonte: BACEN.

Obs.: O aumento da Selic é um mecanismo de contenção de um processo inflacionário, segundo a percepção das consultorias do mercado, tendo como pressuposto que a inflação é causada pelo aumento exacerbado do consumo (pressão da demanda). Para tornar esse movimento de consumo mais caro, o aumento da Selic eleva todas as demais taxas de juros utilizadas, inibindo a tomada de crédito e, como consequência, o consumo, reduzindo, assim, essa pressão sobre os preços

Page 23: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

23

CON

GRE

SSO

137 A inflação (IPCA) média entre 2011 a 2013 ficou em 6,1%. Ao comparar com os períodos ante-riores (2005-2007 a 2008-2010), encontra-se 0,4% acima da média de cada momento, contudo mui-to abaixo das décadas passadas. O governo federal se orienta por uma meta inflacionária de 4,5% ao ano, tendo um ponto mínimo de 2,5% e máximo de 6,5%. E, no curso desses anos, apenas em 2011 a inflação ficou no teto da meta.

138 É duvidoso crer que a política econômi-ca deva ser determinada por essa política de metas de inflação. Junto com outras duas políticas – o su-perávit primário e o câmbio flutuante –, são ferra-mentas provindas de um período de hegemonia do neoliberalismo, com o objetivo de manter a “esta-bilidade” da economia, que carrega em si uma alta carga ideológica. Contudo, se o objetivo do atual governo é manter a inflação nesses marcos, não há razões para crer que o país esteja em um processo de descontrole inflacionário, visto que se mantém dentro dos padrões predeterminados.

139 Mesmo estando próxima do teto de 6,5%, ao desagregá-la, os principais produtos que em-purram o índice para cima estão no grupo de Ali-mentação, que tem como influência, em sua grande maioria, fatores externos como períodos de estia-gem, mudanças nas safras e preços determinados internacionalmente. Nos três anos analisados, esse grupo apresentou índice inflacionário acima da mé-dia de cada ano. Assim como nos demais anos, no

início de 2014, o IPCA apresentou índices elevados também. Mas, ele vem caindo de abril a agosto e a projeção do mercado é que fique abaixo do teto mais uma vez.

140 A taxa de câmbio – que indica o valor da moeda Real em dólares – desde o início de 2011 até agosto de 2014, encontra-se num processo de desvalorização: saiu de um valor de R$ 1,67/dó-lar para R$ 2,24/dólar. A desvalorização do Real é importante para a indústria brasileira, pois permite que os preços de seus produtos sejam competitivos com os dos demais países. O contrário, quando é valorizado, possibilita a renovação e modernização dos maquinários das empresas – através da impor-tação de Máquinas e Equipamentos mais modernos e sofisticados, bem como a compra de outros insu-mos e peças que não têm produção nacional mais baratos –, mas, no médio prazo, inviabiliza a in-dústria nacional, visto que é mais barato importar tanto produtos finais como componentes dos diver-sos setores produtivos, enfraquecendo toda a cadeia produtiva de cada setor.

141 Desde a década de 1990, o Brasil vem so-frendo com esse processo de valorização do Real. Com a política de câmbio flutuante, ficou a cargo do mercado determinar o preço ideal, o que sempre acaba sendo desfavorável aos interesses nacionais. Embora os índices atuais estejam melhores que no passado, ainda é uma taxa que não defende a indús-tria local e permite a desestruturação da mesma.

Page 24: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

24

CON

GRE

SSO

142 A trajetória do saldo da Balança Comercial brasileira, entre 2011 a 2014, apresentou saldos po-sitivos nos três primeiros anos. Apesar desses bons resultados, nota-se que tanto as importações como exportações apresentaram queda no período. No acu-mulado até junho de 2014, o saldo da balança apre-senta um déficit de US$ 915,9 milhões (Gráfico 4).

143 Dos principais fatos do cenário nacional e internacional que tiveram implicações sobre o co-mércio exterior brasileiro estão: a permanência da

GRÁfICO 3 – EVOLUÇÃO DA TAXA DE CâMBIO2011 – 2014

1,67 1,56

1,88

2,11

2,00

2,37 2,43

2,24

jan/

2011

mar

/201

1

mai

/201

1

jul/

2011

set/

2011

nov/

2011

jan/

2012

mar

/201

2

mai

/201

2

jul/

2012

set/

2012

nov/

2012

jan/

2013

mar

/201

3

mai

/201

3

jul/

2013

set/

2013

nov/

2013

jan/

2014

mar

/201

4

mai

/201

4

jul/

2014

Fonte: BACEN

recessão econômica deflagrada com a última crise, o encerramento do ciclo de alta no preço das com-modities (devido à desaceleração do crescimento chinês) e o início do processo de normalização mo-netária dos Estados Unidos. Apesar da nova ordem do comércio internacional, consolidada a partir da crise, ter favorecido o Brasil, tanto no aspecto po-lítico como econômico, de forma geral nos últimos anos os resultados comerciais dos diferentes seg-mentos da economia apresentaram um comporta-mento heterogêneo.

GRÁfICO 4 – BALANÇA COMERCIAL, BRASIL 2011- 2014 (EM US$ MILhõES)

2011 2012 2013 2014 até

julho

exportação 256.039,50 242.578,00 242.178,70 133.554,90

importação 226.243,50 223.183,50 239.620,90 134.470,89

saldo 29.796,00 19.394,50 2.557,80 -915,99

-50.000,00 0,00

50.000,00 100.000,00 150.000,00 200.000,00 250.000,00 300.000,00

Fonte: Elaborado pela Funcex a partir de dados da Secex/MDICObs.: valores a preços correntes

Page 25: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

25

CON

GRE

SSO

144 Em 2011, a balança comercial fechou com superávit de US$ 29,8 bilhões, com taxas anuais de crescimento de 26,8% para as exportações e de 24,5% para as importações. A alta das exportações foi praticamente determinada por ganhos de preço (23%), já que em peso total dos produtos (quantum) cresceu apenas 3%. Nas importações, o movimento foi semelhante, com 14,3% para os preços, contra 9% do quantum. Um destaque na balança comer-cial em 2011 foi a piora relativa no desempenho das exportações dos produtos manufaturados, cujas exportações cresceram 16%, contra as taxas anuais de crescimento de 36% dos produtos básicos e de 28% dos produtos semimanufaturados.

145 Em 2012, o saldo da balança ficou positivo em mais de US$ 19,3 bilhões. Porém, houve um recuo de 35% em relação ao saldo do ano anterior. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indús-tria e Comercio Exterior (MDIC), as exportações foram impactadas pela queda dos preços, visto que a quantidade exportada ficou ligeiramente acima de 2011. Também na comparação com 2011, todos os grupos de agregados sofreram retração nas ven-das externas, sendo que a menor redução foi nos produtos manufaturados (-1,7%), isso em relação aos produtos básicos (-7,4%) e semimanufaturados (-8,3%). As importações também se contraíram em 2012, porém, em menor ritmo, registrando queda de 1,4% em relação a 2011, reflexo do crescimento do PIB.

146 O ano de 2013 registrou um saldo de US$ 2,56 bilhões na balança comercial, valor 86% infe-rior ao de 2012. O montante exportado se manteve, já o valor das importações cresceu cerca de 6,5% em relação a 2012. Cresceram as vendas externas de produtos manufaturados (+1,8%), enquanto ca-íram as de produtos semimanufaturados (-8,3%) e de básicos (-1,2%). Nas importações, houve cres-cimento nos gastos com combustíveis e lubrifican-tes (+13,8%), matérias-primas e intermediários (+5,8%), bens de capital (+5,4%) e bens de con-sumo (+ 3,4%). O destaque ficou para o petróleo,

apesar das exportações de industrializados terem subido principalmente em função das plataformas de extração de petróleo, e o comércio de platafor-mas ter contribuído com a balança.

147 De forma geral, houve elevação das impor-tações e diminuição das exportações, decorrente da manutenção de plataformas e refinarias, do aumento do consumo interno, impulsionado pelo crescimen-to da frota de veículos e o acionamento, ao longo de quase todo o ano, do uso de usinas termelétricas. Além disso, os gastos de cerca de US$ 4,5 bilhões com a compra de petróleo no fim de 2012 só entra-ram na balança comercial de 2013, em função de uma norma da Receita Federal que permite o regis-tro de importações até 50 dias após a transação.

148 Os sete primeiros meses de 2014 registraram déficit na balança comercial de US$ 915,9 milhões. Nesse período, o Brasil enfrentou algumas condições desfavoráveis às suas exportações, que tiveram gran-de efeito nos resultados da balança comercial do país: as economias desenvolvidas, como Estados Unidos e a União Europeia, não deslancharam no primeiro trimestre; a queda das exportações e redução dos pre-ços das commodities – puxada principalmente pela China –, que acabou também atingindo as vendas de produtos básicos; e a retração das compras argenti-nas, no setor automotivo. Segundo projeção do Ban-co Central, o saldo da Balança Comercial deve ficar em US$ 3 bilhões, em 2014.

149 Existem diversos fatores internos e exter-nos que podem afetar a balança comercial, como os custos logísticos e de produção, a conjuntura econômica, as políticas de comércio internacional, a taxa de câmbio, entre outros. Com a crise, além do menor crescimento econômico mundial, que por si só gera queda nas exportações, houve o acirra-mento da competição internacional, que também dificultou as vendas externas brasileiras.

150 Para além desse cenário, os gargalos bra-sileiros colocam o país na 86ª posição, entre 138

Page 26: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

26

CON

GRE

SSO

nações listadas no ranking Enabling Trade Index 2014 de qualificações para o comércio. Apesar das ações do governo para enfrentar esses gargalos, as medidas parecem não estar em sincronia e nem na intensidade necessária ao enfrentamento dos efei-tos da crise mundial no comercio internacional. As-sim, medidas protecionistas sem alinhamento com estratégias de longo prazo e exigências de contra-partidas, somadas à complexidade tributária e à in-fraestrutura ainda deficiente, anulam possíveis des-dobramentos positivos da depreciação cambial.

151 O saldo de crédito do Sistema Financeiro de 2011 até o final de 2013 cresceu 58,5%. Desses recursos, os que são destinados a Pessoas Físicas cresceram 61,1% (acima da média total), um re-sultado alinhado à proposta de ampliar o mercado consumidor. Mas no mesmo período, pode-se ob-servar uma diminuição da participação dos crédi-tos livres (cheques, cartões de crédito, aquisição de automóveis etc.) para os recursos direcionados (financiamentos imobiliários, créditos específicos com taxas especiais, concedidos pelo mercado ou pelo BNDES etc.). No início de 2011, o primeiro representava 61,6% do total e no final de 2013 cai para 55,6%, com o aumento da participação dos recursos direcionados, destinados a adquirir bens mais duráveis e investimentos de maior prazo.

152 Para Pessoas Jurídicas, o maior crescimen-to de liberação dos créditos direcionados foi para o Financiamento Imobiliário (134,1%), seguido pelo Crédito Rural (118,4%). Para Pessoas Físicas, o maior aumento desse grupo foi de Microcrédito, destinado a microempreendedores (344,7%). Isso evidencia a importância do consumo no crescimen-to econômico e o destaque para recursos que serão destinados ao desenvolvimento de empreendimen-tos para além do consumo familiar.

153 Visando o crescimento, o governo fez uma série de investimentos, entre 2011 e 2014, tanto se-

toriais como em infraestrutura, em âmbito público e de apoio ao privado, a fim de sanar os gargalos brasileiros. Setorialmente, estabeleceu áreas estra-tégicas para crescimento. Em algumas, concluiu-se a necessidade de maior presença do Estado. Nessas, as instituições estatais teriam a função de desenvol-ver tais áreas, conforme assinala o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada):

154 “A Telebrás renasce com a tarefa de am-pliar a presença na área de internet de banda larga e difundir a tecnologia digital no país. A Empresa de Planejamento de Logística (EBL) surge com a mis-são de articular toda a infraestrutura de transporte e pensar a logística de maneira integrada. A Agência Brasileira de Gestão de Fundos e Garantias (ABGF) tem a missão de assegurar os riscos em operações de comércio exterior e obras de infraestrutura de grande porte [...]. A Empresa Brasileira de Pesqui-sa e Inovação Industrial (Embrapii), com atuação nas áreas de inovação industrial; a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), na gestão de pro-jetos relacionados ao programa nuclear, à constru-ção e manutenção de submarinos e ao fomento da indústria nuclear; o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) do Ministério da Ci-ência, Tecnologia e Inovação (MCTI), voltado ao desenvolvimento da indústria de microeletrônica; e a Infraero Serviços, com a tarefa de adquirir conhe-cimentos e ofertar serviços de planejamento, admi-nistração e apoio à operação de terminais aeroviá-rios” (IPEA, 2012: 243)20.

155 Além disso, foram feitas concessões e Par-cerias Público Privado na área de saneamento, em portos, aeroportos, rodovias, para atacar o atraso em infraestrutura e ao mesmo tempo incentivar o setor privado.

156 O Programa de Aceleração do Cresci-mento, em sua segunda fase (o PAC 2, de 2011 a 2014), busca, através das suas seis frentes de atu-

20-Disponível em: http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_presente_futuro_desenvolvimento

Page 27: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

27

CON

GRE

SSO

ação – Cidade Melhor, Comunidade Cidadã, Minha Casa Minha Vida, Água e Luz para Todos, Trans-portes e Energia –, investir em setores estruturantes da economia brasileira, por meio de obras de infra-estrutura social, urbana, logística e energética.

157 Segundo o 10º balanço do programa, 95,5% das ações previstas para período já foram concluídas e 84,6% dos recursos previstos serão executados até o final do programa. O PAC sig-nifica a retomada do planejamento e investimento de longo prazo em infraestrutura e a consolidação uma nova forma de realizar grandes empreendi-

mentos, em parceria entre os entes federativos e entre o setor público e privado. Além de gerar me-lhorias na infraestrutura, o PAC tem gerado em-prego e renda ao trabalhador (BRASIL, 2014)21.

158 Outra importante ferramenta para investi-mento a longo prazo é o Banco Nacional de De-senvolvimento Econômico e Social (BNDES) que, ao longo dos anos, se tornou um importante instru-mento de desenvolvimento nacional. Hoje, o Ban-co atua de forma alinhada aos objetivos do Estado, priorizando investimentos em infraestrutura, logís-tica, inovação e mobilidade urbana e social.

GRÁfICO 5 - EXECUÇÃO PAC 2, 2011-2014 (R$ BILhõES)

2,3

13,1

78,0

92,8

168,5

231,4

285,3

871,4

0 150 300 450 600 750 900

CONTRAPARTIDAS DE ESTADOS E …

FINANCIAMENTO AO SETOR PÚBLICO

MINHA CASA MINHA VIDA

OGU FISCAL E SEGURIDADE

SETOR PRIVADO

ESTATAL

FINANCIAMENTO HABITACIONAL

TOTAL

Fonte: 10º Balanço Completo do PAC 2.Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.

Obs.: ¹ Valores do Fundo de Marinha Mercante, de concessões aeroportuárias, de financiamento habitacional/SBPE e de Minha Casa, Minha Vida correspondem aos montantes contratados. ² Execução até 30/04/2014.

21-Disponível em: http://www.pac.gov.br/sobre-o-pac/divulgacao-do-balanco

Page 28: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

28

CON

GRE

SSO

TABELA 5 – DESEMBOLSO DO BNDES, POR SETOR CNAE – BRASIL, 2011-2014 (R$ MILhõES)

Discriminação 2011 2012 2013 2014 AGROPECUÁRIA 9.759,0 11.362,2 18.662,2 7.542,3 INDÚSTRIA EXTRATIVA 3.579,0 1.825,3 4.055,7 809,2 INDÚSTRIA TRANSFORMAÇÃO 40.270,4 45.861,0 53.959,8 21.420,8

Produtos alimentícios 5.261,6 4.690,0 7.070,2 2.869,3 Bebidas 1.567,8 1.426,2 800,9 523,4 Fumo 12,2 6,1 18,5 0,6 Têxtil 1.544,7 1.234,7 988,7 200,2 Confec., vestuário e acessórios 1.011,3 1.478,5 907,9 316,3 Couro, artefato e calçado 647,2 835,5 602,2 146,6 Madeira 543,2 761,5 780,0 203,8 Celulose e papel 1.457,6 4.218,6 3.830,8 2.189,6 Gráfica 128,6 179,7 152,5 63,7 Coque, petróleo e combustível 4.466,5 6.281,4 7.243,8 3.420,1 Química 2.457,9 1.997,7 3.396,0 1.714,4 Farmoquímico, farmacêutico 225,1 246,1 548,2 186,8 Borracha e plástico 1.498,8 2.248,8 2.455,5 627,0 Mineral não metálico 1.971,4 2.203,5 2.637,3 731,4 Metalurgia 2.551,1 2.538,4 2.551,1 782,7 Produto de metal 1.204,5 1.327,7 1.517,2 1.064,6 Equip. inform., eletrônico, ótico 298,3 961,5 836,2 370,1 Máq., aparelho elétrico 1.399,4 1.228,5 1.690,1 378,8 Máquinas e equipamentos 2.781,0 3.418,9 4.216,3 937,3 Veículo, reboque e carroceria 4.658,9 4.643,2 6.851,9 1.660,7 Outros equip. transporte 3.543,9 2.350,0 3.452,3 2.557,3 Móveis 670,4 1.028,4 928,6 288,3 Produtos diversos 294,7 393,7 266,3 109,6 Manutenção, reparação, instalac. 74,4 162,5 217,6 78,2 COMÉRCIO E SERVIÇOS 85.265,0 96.943,7 113.741,3 54.313,6 Eletricidade e gás 16.286,1 19.359,4 20.366,7 7.050,1 Água, esgoto e lixo 1.549,8 1.492,2 1.680,1 641,7 Construção 7.195,2 8.028,7 9.731,2 4.072,7 Comércio 11.309,5 13.201,7 16.840,1 7.059,7 Transporte terrestre 28.623,8 18.844,0 25.537,9 12.724,8 Transporte aquaviário 1.980,9 2.222,8 2.206,4 162,1 Transporte aéreo 395,0 545,7 335,3 76,2 Ativ. aux. transporte e entrega 3.505,4 4.699,0 7.861,9 5.035,4 Alojamento e alimentação 563,2 693,9 908,6 516,1 Informação e comunicação 586,0 550,9 861,4 241,4 Telecomunicações 3.107,8 4.836,1 2.694,5 4.193,6 Ativ. financeira e seguro 1.341,7 2.692,7 4.208,3 939,9 Ativ. imobil., profissional e adm. 3.718,0 4.726,7 5.254,8 2.424,0 Administração pública 3.047,6 12.108,4 12.098,7 7.428,8 Educação 244,6 444,5 488,4 368,4 Saúde e serv. social 672,9 731,1 1.174,4 684,3 Artes, cultura e esporte 961,3 1.567,7 1.309,8 566,8 Outras ativ. serviços 176,2 198,2 182,8 127,7

TOTAL 138.873,4 155.992,3 190.419,0 84.085,8 Fonte: BNDES, 2014.

Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.Obs.: dados até junho de 2014.

Page 29: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

29

CON

GRE

SSO

161 Os dados de 2011 apontaram um cresci-mento do emprego formal de 5,09% (lembrando que o PIB foi de 2,7%) em relação a 2010. O dinamismo do mercado de trabalho, neste ano, pode ser atribuí-do, preponderantemente, ao desempenho do empre-go celetista. Todos os setores expandiram o nível de emprego, comportamento proporcionado, em grande medida, pelo fortalecimento da demanda interna.

162 Em 2012, houve uma expansão de 2,5% (o PIB nesse ano foi de 1,0%), comparado ao ano anterior. O dinamismo decorreu do emprego formal celetista22, semelhante ao ano anterior, e na análise setorial, os indicadores mostram que a expansão do emprego formal em 2012 ocorreu em quase todos os setores.

163 Em 2013, houve um incremento de 3,1% (o PIB foi de 2,5%) no total de vínculos ativos na confrontação com o ano de 2012. Diferentemente dos anos anteriores, a dinâmica do emprego for-mal decorreu do aumento no contingente de esta-tutários23, que por sua vez, pode estar relacionado à dinâmica eleitoral municipal, já que em 2013 teve início um novo período de mandato, associado a novas contratações.

159 De 2011 a 2014, os desembolsos do BN-DES cresceram na ordem de 37,1%. Até primei-ro semestre de 2014, os desembolsos alcançaram o montante de R$ 84,1 bilhões. De acordo com o Banco, os setores de química/petroquímica e transporte rodoviário foram os destaques do pri-meiro semestre de 2014, contribuindo com 23,9% e 31,7% dos desembolsos da indústria e da infra-estrutura, respectivamente.

160 Olhando para a criação de empregos no período, o número de trabalhadores (as) formais saiu de 46.310.63, em 2011, e chegou a 49.453.347, em julho de 2014. São mais de 3,1 milhões novos postos, que representam um crescimento de 6,8% do emprego formal no Brasil, de acordo com as bases de dados oficiais – Relação Anual de Infor-mações Sociais (RAIS) e Cadastro Geral de Em-pregados e Desempregados (Caged) – do Ministé-rio do Trabalho e Emprego (MTE). Vale lembrar que os dados da RAIS e do Caged se restringem ao mercado de trabalho formal. Portanto, não são considerados na análise os (as) trabalhadores (as) com vínculo precário de trabalho.

46.310.631

47.458.712

48.948.433 49.453.347

40.000.000

41.000.000

42.000.000

43.000.000

44.000.000

45.000.000

46.000.000

47.000.000

48.000.000

49.000.000

50.000.000

2011 2012 2013 2014

22-Contratados pelas normas da Consolidação da Leis do Trabalho (CLT). 23-Contratados pelo o regime estatutário, que é um conjunto de regras que regulam a relação entre o servidor público e o Estado.

GRÁfICO 4 – TRABALhADORES fORMAIS, EM MILhõES - BRASIL 2011 - 2014

Fonte: RAIS 2011, 2012, 2013 / CAGED 2014 – MTE. Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.

Page 30: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

30

CON

GRE

SSO

164 De acordo com os dados do Caged, até ju-

lho de 2014 houve um avanço de 1,0% no contin-gente de assalariados formais em relação ao final de 2013: foram 504.914 postos gerados nos primeiros sete meses do ano. No acumulado do ano, apenas o setor do Comércio apresentou saldo negativo, com-portamento semelhante ao mesmo período do ano anterior (o que pode indicar um movimento sazo-nal), porém de forma mais elevada. E somente o

setor de Serviços gerou mais postos em 2014 em comparação com 2013, no acumulado até julho.

165 O crescimento ininterrupto do emprego for-mal contribuiu para a redução da taxa de desemprego no Brasil. Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego brasileira estava em 5,0% na média até abril de 2014.

GRÁfICO 6 - TAXA DE DESEMPREGO, EM % - BRASIL2011-2014

Fonte: PME – IBGE.Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.

6,0

5,5 5,4

5,0

2011 2012 2013 2014

Page 31: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

31

CON

GRE

SSO

166 Pelo recorte geográfico, no período entre janeiro de 2011 e julho de 2014, houve expansão generalizada do emprego nas cinco regiões do país, com destaque para o Centro-Oeste, que cresceu 12,3%. Quanto às Uni-

dades da Federação (UF), com exceção de Alagoas (-5,0%), todas as outras tiveram ex-pansão do emprego, com taxa de crescimen-to variando de 1,0% (Roraima) a 14,8 (Mato Grosso) no período.

TABELA 6 – EMPREGO fORMAL, POR Uf – BRASIL2011 - 2014

Região/UF 2011 2012 2013 2014 2014-2011

Centro Oeste 3.849.483 3.993.465 4.240.172 4.321.771 12,27% Distrito Federal 1.156.908 1.181.649 1.302.284 1.311.802 13,39% Goiás 1.385.230 1.450.065 1.509.395 1.552.620 12,08%

Mato Grosso 709.377 744.558 792.868 814.129 14,77%

Mato Grosso do Sul 597.968 617.193 635.625 643.220 7,57% Nordeste 8.481.080 8.613.556 8.926.710 8.889.103 4,81%

Alagoas 497.898 505.132 509.125 473.142 -4,97%

Bahia 2.265.618 2.256.621 2.314.907 2.333.350 2,99% Ceará 1.406.906 1.423.648 1.495.923 1.507.045 7,12% Maranhão 675.274 696.348 721.490 718.349 6,38% Paraíba 614.813 628.047 659.242 660.060 7,36% Pernambuco 1.648.927 1.694.647 1.758.482 1.721.976 4,43% Piauí 393.363 418.380 444.121 450.986 14,65% Rio Grande do Norte 592.444 602.226 617.645 618.013 4,32% Sergipe 385.837 388.507 405.775 406.182 5,27%

Sul 7.902.443 8.129.698 8.415.302 8.578.227 8,55% Paraná 2.920.277 3.033.665 3.121.384 3.183.876 9,03% Rio Grande do Sul 2.920.589 2.993.031 3.082.991 3.125.977 7,03% Santa Catarina 2.061.577 2.103.002 2.210.927 2.268.374 10,03%

Norte 2.562.748 2.622.185 2.743.248 2.757.693 7,61% Acre 121.321 125.229 129.232 129.586 6,81% Amazonas 597.910 616.377 644.411 636.416 6,44% Amapá 119.211 122.956 126.731 124.487 4,43% Pará 1.037.089 1.052.344 1.125.536 1.143.265 10,24% Rondônia 352.460 365.142 367.645 368.811 4,64% Roraima 91.988 93.777 92.157 92.932 1,03% Tocantins 242.769 246.360 257.536 262.196 8,00%

Sudeste 23.514.877 24.099.808 24.623.001 24.906.553 5,92% Espírito Santo 902.070 926.336 954.791 964.124 6,88% Minas Gerais 4.850.976 4.928.225 5.057.080 5.139.284 5,94% Rio de Janeiro 4.349.052 4.461.706 4.586.790 4.604.934 5,88% São Paulo 13.412.779 13.783.541 14.024.340 14.198.211 5,86%

BRASIL 46.310.631 47.458.712 48.948.433 49.453.347 6,79%

Fonte: RAIS 2011, 2012, 2013 / CAGED 2014 – MTE. Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.

Page 32: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

32

CON

GRE

SSO

167 Porém, a distribuição do emprego formal

continua evidenciando a desigualdade regional bra-sileira. Os mapas da Figura 1 apresentam a distri-buição dos (as) trabalhadores (as) no primeiro e no último ano de análise. Neles, quanto mais escura a coloração, há mais trabalhadores (as), e nota-se a permanência da concentração no eixo Sul-Sudeste, com destaque para o Estado de São Paulo.

168 A análise setorial demonstra crescimento do emprego em todos os setores da economia entre 2011 e 2014. Os destaques vão para os setores de Serviços e Comércio, que juntos correspondem a cerca de 54% do mercado de trabalho formal – são mais de 26,5 milhões trabalhadores (as) emprega-dos (as) nesses setores no Brasil. De 2011 a 2014, houve um incremento de 2,3 mil trabalhadores (as)

no Serviços e Comércio. Esse montante correspon-de a um crescimento de 9,5%.

169 Entre 2011 e 2014, o setor de Extração Mi-neral teve crescimento 13,5% – isso significa 31,4 mil trabalhadores (as); já nos Serviços Industriais de Utilidade Pública o aumento foi de 8,9% ou 36,7 mil novos (as) trabalhadores (as); no setor de Agro-pecuária, Extrativa Vegetal, Caça e Pesca o avanço foi de 7,4% (mais 109,2 mil postos); na Administra-ção Pública, o aumento foi de 2,9% (mais 262.664 postos); por fim, na Construção Civil – um dos ra-mos do Macrossetor da Indústria24 – foram mais de 200,8 mil empregos, o que corresponde a uma ex-pansão de 7,3%, na análise ano a ano (a Construção Civil apresentou um crescimento de 2,1% em 2013, ante um aumento de 3,0% em 2012 e 9,6% em 2011, evidenciando que vem perdendo dinamismo).

24-Além do Macrossetor da Indústria, existem: o Macrossetor do Serviço Público; do Comércio, Serviços e Logística; e o Rural.

2011 2014

fIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS (AS) TRABALhADORES (AS) fORMAIS, POR Uf – BRASIL 2011/2014

Fonte: RAIS 2011, 2012, 2013 / CAGED 2014 – MTE. Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP. Obs.: dados de 2014 até julho.

Page 33: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

33

CON

GRE

SSO

GRÁfICO 7 – TRABALhADORES (AS) fORMAIS, POR SETOR – BRASIL2011 – 2014

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

14.000.000

16.000.000

18.000.000

Extrativa Mineral

S.I.U.P A.E.V.C.P. Construção Civil

Ind. de Transf.

Adm. Pública

Comércio Serviços

2011 2012 2013 2014

A Indústria Brasileira e o Plano Brasil Maior

170 Dando continuidade à aposta de um Esta-do indutor do desenvolvimento, reconhecendo a re-tração no setor industrial – causada pelo desmonte ocorrido nos anos 1990 – e que a recuperação da sua competitividade era primordial para desenvol-vimento do país, o governo federal lançou em 2011 a nova versão da política industrial, o Plano Brasil Maior (PBM). O PBM é a continuidade da políti-ca governamental de incentivo e fortalecimento da indústria nacional implementada a partir de 2003. Assim, a Política Industrial é elemento central da estratégia de crescimento acelerado traçada para o Brasil, explicado mais detalhadamente no Capítulo 2 desta publicação, que trata do tema do 9º Con-gresso (página 48).

171 Os resultados observados primeiro pelo índice de Produção Física, medido pelo IBGE, in-dicam um crescimento da Indústria geral de 3,6%,

entre 2011e 2013, sendo que a Indústria Extra-tiva cresceu 5,9% e a Indústria de Transforma-ção alcançou o mesmo percentual do índice ge-ral (3,6%), comparados aos três anos anteriores (2008 a 2010). Ao analisar cada ano em separado, a taxa de crescimento comparada aos anos an-teriores tem grandes evoluções. Em 2011, a In-dústria Geral apresenta crescimento de 0,5%; em 2012, apresenta resultado negativo de 0,7% e tem uma recuperação em 2013 (2,2%), sendo que a In-dústria de Transformação tem o resultado melhor de 2,9% nesse ano.

172 É certo que os demais fatores citados an-teriormente, desde os desdobramentos da crise in-ternacional, a alta taxa de juros e o câmbio ainda valorizado, impedem que os impactos positivos do Plano Brasil Maior sejam maiores do que o espera-do. Se não entrou em uma espiral de crescimento pujante, as medidas implementadas tiveram a ca-pacidade de manter esses índices de elevação, bem como o aumento do emprego.

Fonte: RAIS 2011, 2012, 2013 / CAGED 2014 – MTE. Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP. Obs.: S.I.U.P – Serviço Industrial de utilidade Pública A.E.V.C.P - Agropecuária, Extrativa Vegetal, Caça e Pesca

Page 34: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

34

CON

GRE

SSO

173 Embora o PBM tenha o objetivo de ala-vancar o desenvolvimento no médio e longo prazo, os dados da indústria no curto prazo ficaram alar-mantes no primeiro semestre de 2014. A queda da produção industrial é de 2,6%. Só na Indústria de Transformação a redução é de 3,3%.

174 Além das medidas sistêmicas, o PBM possui as Agendas Estratégicas Setoriais, que são o resultado do debate de 19 grupos divididos por segmentos, formados pelo governo, empresários e trabalhadores (as), por meio das Centrais Sindicais. Desses grupos, foram elencados para cada segmento os objetivos necessários para alcançar as metas gerais da política industrial. Aqui serão mencionados ape-

Evolução da Indústria 2011 2012 2013 Acumulado 2011-2013

jan-julho/2014

Indústria geral 0,5 -2,7 2,2 3,6 -2,6 Indústria extrativa 2,1 -0,7 -3,4 5,9 4,5 Indústria de transformação 0,4 -2,8 2,9 3,6 -3,3

TABELA 7Evolução da Produção física da Indústria – 12 meses acumulado,

2011 a 2013 e janeiro a julho de 2014

nas os trabalhos referentes ao ramo metalúrgico.

175 Ao analisar a Balança Comercial, a partir do recorte por categoria de uso e que concentra a grande maioria da indústria, três classificações acu-mulam déficits sucessivos. São elas: Bens de Ca-pital, Bens de Consumo Duráveis e Combustíveis, conforme o gráfico a seguir. Vale lembrar aqui que o aprofundamento da crise econômica argentina abalou as relações comerciais com o Brasil e culmi-nou na queda das exportações para aquele país. O maior impacto foi sentido pela indústria automotiva (a Argentina é o terceiro maior destino das exporta-ções brasileiras; só o setor automotivo representava mais de 20% das exportações no primeiro semestre de 2013, de acordo com dados do MDIC).

Fonte: PIM-PF/IBGE

(50.000)

0

50.000

100.000

150.000

200.000

expor. impor. Saldo expor. impor. Saldo expor. impor. Saldo expor. impor. Saldo

2011 2012 2013 2014 até julho

Bens de Capital Bens Intermediários Bens de Consumo Duráveis Bens de Consumo Não Duráveis Combustíveis

Fonte: Funcex a partir de dados da Secex/MDIC.Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP. Observação: valores a preços correstes

GRÁfICO 7 – SALDO DA BALANÇA COMERCIAL, POR CATEGORIA DE USOBRASIL 2011- 2014 (EM US$ MILhõES)

Page 35: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

35

CON

GRE

SSO

176 Apenas as categorias de Bens Intermedi-ários e Bens de Consumo Não Duráveis apresen-tam saldos positivos em todo o período. A queda de 2014 foi puxada, basicamente, pela retração da Indústria de Transformação, que acumulou um dé-ficit de US$ 37,7 bilhões até julho.

177 Ao desagregar a Balança Comercial por Classificação Nacional de Atividade Econômicas (CNAE), observa-se que dos 30 setores, somente 10 têm saldo positivo em todos os anos do recorte da análise e apenas um deles está no ramo Metalúr-gico (Tabela 8).

Setores da CNAE 2.0 2011 2012 2013 2014* Agricultura e pecuária 25.179,8 26.999,5 31.214,3 22.445,3 Produção florestal 39,7 70,3 52,4 58,5 Pesca e aquicultura 203,7 218,2 350,8 240,2 Extração de carvão mineral 4.293,4 3.013,4 2.454,5 1.434,2 Extração de petróleo e gás natural 4.527,4 2.152,8 10.052,8 3.789,2 Extração de minerais metálicos 42.726,4 32.309,3 33.748,8 16.872,2 Extração de minerais não-metálicos 95,1 84,4 25,2 78,1 Produtos alimentícios 39.376,9 37.580,8 36.703,0 19.177,5 Bebidas 807,4 789,7 658,1 423,4 Produtos do fumo 2.833,2 3.151,3 3.194,1 1.068,5 Produtos têxteis 1.265,9 473,8 1.513,1 1.309,2 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 1.534,6 2.034,0 2.235,8 1.426,1 Couros, artefatos de couro, artigos para viagem e calçados 2.498,9 2.214,3 2.548,4 1.734,5 Produtos de madeira 1.722,4 1.710,3 1.840,4 1.128,7 Celulose, papel e produtos de papel 5.065,0 4.698,2 5.303,1 3.169,2 Impressão e reprodução de gravações 248,2 247,7 266,0 127,3 Derivados do petróleo biocombustíveis e coque 15.158,1 11.270,6 13.495,0 8.688,1 Produtos químicos 22.007,2 22.919,8 25.976,9 14.037,8 Produtos farmoquímicos farmacêuticos 6.383,0 6.799,6 7.494,4 4.284,8 Produtos de borracha e de material plástico 2.549,8 2.878,8 3.518,6 2.027,6 Produtos de minerais não-metálicos 321,6 474,4 371,1 117,7 Metalurgia 11.113,8 9.939,4 8.287,4 4.920,2 Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 1.964,7 1.775,9 2.759,8 1.474,3 Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 24.317,8 24.358,9 26.095,8 15.111,8 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 5.675,3 5.459,0 6.584,0 3.374,1 Máquinas e equipamentos 13.849,3 14.053,5 16.456,2 8.299,8 Veículos automotores, reboques e carrocerias 7.935,2 8.368,3 9.156,3 6.388,8 Outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores 418,8 651,4 6.880,5 232,6

Móveis 256,4 137,3 42,0 1,4 Indústrias diversas 2.012,9 2.441,2 2.554,2 1.542,6

TABELA 8 – SALDO DA BALANÇA COMERCIAL POR CNAE, BRASIL 2011-2014 (US$ MILhõES)

Fonte: Funcex a partir de dados da Secex/MDIC.Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP. Observação: (*) acumulado até julho de 2014. Valores a preços correntes.

Page 36: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

36

CON

GRE

SSO

tivo. O setor de Outros Equipamentos de Transpor-te, exceto veículos automotores, teve exceções em 2012 e 2013, quando também registrou superávits.

179 Os impactos do PBM sobre a Balança Co-mercial aparentemente não resultaram em dados positivos. O déficit na Indústria de Transformação cresceu, também influenciado por fatores externos como a crise internacional, que amplia a concorrên-cia por mercados, e o câmbio valorizado.

180 Ao observar o Mercado de Trabalho na In-dústria de Transformação, o avanço na criação de emprego foi de apenas 2,4% no estoque de traba-lhadores (as), o menor entre todos os setores para o período compreendido de 2011 a 2014. Esse avan-ço corresponde a 198.980 novos postos com car-teira assinada em toda Indústria de Transformação. Essa trajetória no emprego demostra a falta de con-solidação desse setor tão importante na dinâmica econômica.

181 Os dados de 2011 parecem indicar que os efeitos da crise externa – que repercutiram nas ex-

portações – são um dos principais fatores explicati-vos da redução no ritmo de crescimento (2,9%) na Indústria de Transformação. O setor também regis-trou um desempenho tímido (0,43%) em 2012, com a geração de aproximadamente 34,5 mil postos de trabalho, uma consequência do baixo crescimento da economia no ano. Já em 2013 revelou um de-sempenho mais favorável, quando gerou 144,4 mil postos de trabalho, reflexo da retomada do cresci-mento econômico.

182 Até julho de 2014, foram criados pouco mais de 20 mil novos postos de trabalho na Indústria de Transformação, o que representa uma expansão de apenas 0,24% do mercado de trabalho. O fraco desempenho foi puxado pelas perdas nas Indústrias de Material de Transportes, Metalurgia, e de Mate-rial Elétrico e Comunicação, principalmente.

183 O Macrossetor da Indústria (MSI) repre-senta 22,7% de todo o emprego formal brasileiro, e segue a distribuição do mercado de trabalho formal como um todo, com 50,3% dos seus postos con-centrado na região Sudeste, seguido da Sul (23%), Nordeste, com 15,2%, Centro-Oeste, com 6,8%, e Norte, com 4,7%.

TABELA 9 – EMPREGO fORMAL NO MACROSSETOR DA INDúSTRIA **, POR RAMO – BRASIL, 2011-2014

Fonte: RAIS 2011, 2012, 2013 / CAGED 2014 – MTE. Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.Obs.: (*) dados até julho(**) O Macrossetor da Indústria (MSI) é um dos quatro mecanismos de organização da CUT e reúne metalúrgicos, químicos, trabalhadores na alimentação, na indústria têxtil e da construção civil e madeira. Os três outros macrossetores são: trabalhadores rurais, serviço público, comércio, serviço e logística.

Ramos 2011 2012 2013 2014* Construção

Civil e Madeira

3.760.292 3.883.488 3.969.323 4.024.594

Indústria Alimentação 1.598.796 1.598.469 1.658.042 1.657.714

Metalúrgico 2.384.250 2.394.806 2.446.272 2.412.366 Químico 1.473.671 1.514.508 1.541.555 1.567.753 Têxtil e

Vestuário 1.415.056 1.395.640 1.394.415 1.422.172

Outros 118.067 125.056 131.781 132.999 Total 10.750.132 10.911.967 11.141.388 11.217.598

178 Na Tabela 8, aparecem em destaque os se-tores ligados ao ramo metalúrgico. Com exceção da Metalurgia, todos os outros apresentam saldo nega-

Page 37: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

37

CON

GRE

SSO

184 Pelo recorte do Macrossetor da Indústria, nota-se uma expansão generalizada do emprego (4,3%), entre 2011 e 2014. O destaque é o setor Construção Civil e Madeira, que cresceu 7,0%, se-guido pelo Químico, com 6,4%, Indústria de Ali-mentação, com 3,7%, Metalúrgico, com 1,2%, e Têxtil e Vestuário, com 0,5%. Porém, de acordo com os dados apurados até julho de 2014, os ramos Metalúrgico e da Indústria de Alimentação apre-sentam um estoque de trabalhadores (as) inferior ao registrado no final de 2013.

Ramo Metalúrgico

185 O Ramo Metalúrgico, que tem uma divi-são muito heterogênea e é encontrado em diversas cadeias produtivas (abarca desde a transformação dos minérios metálicos até a construção de grandes plataformas petrolíferas), está presente em seis gru-pos do PBM, com representação da CNM/CUT em cinco deles. São eles: Automotivo, Bens de Capital, TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) e Complexo Eletroeletrônico, Defesa, Aeronáutico e Espacial, Metalurgia e Petróleo, Gás e Naval (nes-te último, a participação ficou com a Confederação Nacional dos Químicos da CUT). Não é possível detalhar aqui também os objetivos de cada agenda e em que condição se encontram, mas as principais medidas, bem como sua conjuntura nesses 3,5 anos serão analisados um de cada vez.

186 O emprego metalúrgico está presente em todas as Unidades da Federação. São cerca de 2,4 milhões de metalúrgicos (as) em todo território na-cional. Sua distribuição é ainda mais concentrada que a do mercado de trabalho, em geral, com 62,0% de seus (suas) trabalhadores (as) concentrados (as) na região Sudeste. Só o Estado de São Paulo res-ponde por 42,8% de todo emprego metalúrgico.

187 No segmento AUTOMOTIVO, o principal programa viabilizado pelo PBM é o Inovar Auto (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Au-tomotores). Trata-se do novo regime automotivo brasileiro, que vigorará entre 2013 e 2017 e que se enquadra nos Regimes Tributários Especiais men-cionados acima, com o objetivo de incentivar a pro-dução local e o adensamento tecnológico.

188 Com o novo regime automotivo, o governo federal estabeleceu o mesmo aumento de alíquota de IPI para todos os veículos, nacionais e importados, com acréscimo de 30%. Por outro lado, seguindo o objetivo de nacionalizar a produção automotiva, as montadoras que cumprirem as obrigações do pro-grama conquistarão abatimento de imposto (cha-mado de crédito presumido), podendo chegar até uma alíquota de 5% (este percentual é inferior em relação à menor alíquota aplicada anteriormente, de 7% para veículos de passeio com motor 1.0)

Setor 2011 2012 2013 2014 Aeroespacial 25.957 26.592 27.501 27.598 Automotivo 542.459 529.642 549.180 526.382

Eletroeletrônico 422.940 429.958 433.613 430.591 Máquinas e

equipamentos 533.615 554.484 577.035 575.468

Naval 46.441 59.260 68.042 70.326 Outros materiais

transportes 40.341 36.874 39.776 39.200

Siderurgia e metalurgia básica 772.497 757.996 751.125 742.801

Metalúrgico 2.384.250 2.394.806 2.446.272 2.412.366

TABELA 10 – EMPREGO fORMAL METALúRGICO, POR RAMO – BRASIL, 2011 - 2014

Fonte: RAIS 2011, 2012, 2013 / CAGED 2014 – MTE. Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.Obs.: (*) dados até julho

Page 38: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

38

CON

GRE

SSO

189 Entre outras, as principais medidas para se

enquadrar no programa são:

1- Certidão Negativa de Débitos;

2- Eficiência Energética (todas as empresas se comprometem em melhorar a eficiência ener-gética em pelo menos 12% até 2017);

3- Desenvolver certa quantidade de etapas pro-dutivas em pelo menos 80% dos veículos pro-duzidos no Brasil, com prazo até 2017;

4- Aumentar a participação dos gastos com Pes-quisa e Desenvolvimento na receita das em-presas;

5- Realizar investimentos em engenharia, tecno-logia básica e capacitação de fornecedores;

6- Etiquetagem Veicular estabelecido pelo Inme-tro (Instituto Nacional de Metrologia, Quali-dade e Tecnologia).

190 Por conta disso, observa-se um crescimento das plantas industriais de automóveis no Brasil, com novas marcas se instalando no país para poderem se enquadrar no novo regime automotivo. Hoje são 33 unidades produtivas entre as tradicionais e as novas (em instalação ou já instaladas), com um aumento sig-nificativo das marcas asiáticas e de luxo. Outro fator é a descentralização regional que ocorre, com a expan-são dessas unidades em todas as regiões do país.

191 Nesse período (2011 a 2013), o cresci-mento acumulado da produção de automóveis foi de 9,76%, saindo de uma produção já recorde de 3,416 milhões de unidades, em 2011, para 3,712 milhões, em 2013. O crescimento só não foi maior por conta do ano de 2012, que teve uma leve queda da produção (de -0,4%). Para esse mesmo período, o crescimento acumulado das exportações foi de 12,6%, e das importações de apenas 1,36%, segun-do os dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos) e do MDIC.

192 A partir da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE para o período de 2011 a 2013,

o volume de vendas de veículos, motos, partes e peças teve um crescimento acumulado de 16,2%. O ano de 2013 apresentou o menor índice de cresci-mento, em torno de 1,7%. Os demais anos foram de 7,1% (em 2011) e 6,7% (em 2012).

193 O ano de 2014 tem apresentado grandes dificuldades para o segmento, como já mencionado acima. Comparado com o mesmo período do ano anterior, de janeiro a julho de 2014 a queda da pro-dução já é de 17,4%, segundo a Anfavea. As ex-portações caíram 35,4% e as importações tiveram redução de 15,5%. As vendas até julho, segundo a PMC, caíram 8,6%.

194 O emprego no segmento (que represen-ta 22,4% do total do ramo metalúrgico) teve um crescimento de 1,24% de 2011 a 2013, saindo de 542.459 trabalhadores (as) para 549.180. É um crescimento pequeno se comparado a todo o ramo metalúrgico, que foi de 2,6%. Contudo, dada toda conjuntura mencionada, a previsão era de queda maior do emprego, se não fossem implementadas as diversas medidas, com o objetivo central de manter o emprego estável.

195 Quadro diferente ocorre este ano. De janei-ro a julho, houve uma queda de 4,15% no número de empregos no setor. Comparados com o fim de 2013, foram 22.798 postos de trabalho fechados nesse período. Assim, no período de 2011 a 2014 vê-se então uma queda de 2,96% do emprego no segmento automotivo, que agrega tanto as Monta-doras como o segmento de Autopeças.

196 O segmento NAVAL, dentre os demais do ramo metalúrgico, é o que tem apresentado o maior crescimento, por conta do incentivo que vem rece-bendo desde o início de 2003. Por conta disso, no que tange ao PBM, a maioria de suas medidas, que estão umbilicalmente ligadas ao setor de Petróleo e Gás, são uma continuidade do projeto iniciado com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

197 O inovador do PBM é superar os novos

Page 39: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

39

CON

GRE

SSO

desafios encontrados, como o aumento da cadeia de fornecedores do segmento, que tem áreas da produ-ção com uma necessidade de tecnologia intensiva, para a qual o país ainda não tem especialização. In-centivar essas novas áreas e qualificar os profissio-nais têm sido objetivos importantes, além da manu-tenção e ampliação das políticas já implementadas, como o grau de conteúdo local exigidos nos estalei-ros para a construção dos navios e plataformas.

198 Hoje o segmento possui uma carteira de projetos que garante sua sobrevivência e ampliação produtiva. São mais de 390 obras em andamento e uma demanda com previsão até 2020, principal-mente puxadas pelo setor do petróleo, com pro-dução de plataformas e embarcações específicas. O país toca o maior programa de investimentos offshore do mundo (está relacionado com a ativi-dade – prospecção, perfuração e exploração – de empresas de exploração petrolífera que operam ao longo da costa).

199 Embora seja intensiva em capital, a indús-tria naval também se configura como intensiva em trabalhadores (as), com exigência de um grau de qualificação maior para o cumprimento das tarefas do processo produtivo, que é um gargalo que o seg-mento vem enfrentando atualmente.

200 Em 2014, foram entregues algumas obras já previstas que, de certa forma, impactam o em-prego e produção até o início dos novos projetos. Por conta disso, em alguns polos é possível captar essas quedas. Um problema diz respeito ao aumen-to das importações de peças da China, que, segun-do os estaleiros, ainda não tem afetado o emprego. Outro desafio são recorrentes problemas de gestão observados nos estaleiros: mesmo com uma cartei-ra de pedidos extensa, muitos têm descumprido os cronogramas estipulados.

201 O emprego no segmento (que representa apenas 2,7% do total do ramo metalúrgico) foi o que apresentou os maiores índices de crescimento,

de 46,51% entre 2011 e 2013, saltando de 46.441 trabalhadores (as) para 68.042. Como mencionado, a carteira de pedidos até 2020 e a preponderância do setor petrolífero para o segmento é o que vem puxando esses resultados.

202 Nos sete primeiros meses de 2014, houve um crescimento de 3,36%, em comparação com o fim de 2013, chegando a 70.326 postos de traba-lho diretos. De todo o ramo metalúrgico, é um dos únicos que teve o crescimento positivo nesse ano. No período de 2011 a 2014, o crescimento total foi de 51,43%.

203 O segmento de BENS DE CAPITAL con-centra um papel fundamental no desenvolvimento geral da economia, pois a sua inovação leva neces-sariamente ao aumento da produtividade geral. A necessidade de interligação em toda a cadeia pro-dutiva é um desses efeitos positivos, para a redução dos custos e a sua especialização. A ligação com os fornecedores diretos fortalece a cadeia para trás, e o contato direto com o cliente, atendendo suas ne-cessidades e se aprimorando a cada etapa, fortalece a cadeia para frente. O fomento na construção e ins-talação dos fornecedores especializados próximos à Indústria de Máquinas e Equipamentos são deter-minantes para o crescimento econômico do país.

204 Entendendo sua importância, o PBM colo-ca o segmento como um dos estratégicos do progra-ma. Das medidas específicas, são três grandes ob-jetivos traçados: 1- aumento do consumo de Bens de Capital, com redução simultânea do coeficien-te de importação; 2- Aumento das exportações de Bens de Capital; e 3- Aumentar a competitividade da indústria de Bens de Capital. Cada objetivo des-te contém diversos desdobramentos, que vão desde o aumento nas exigências de conteúdo local até a redução de impostos sobre importação de máqui-nas com maior conteúdo tecnológico, observando a Norma Regulamentadora nº 12 (NR-12), além da necessidade de investir em novas fontes de energia

Page 40: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

40

CON

GRE

SSO

renováveis (eólica, solar, fotovoltaica, biomassa, Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCHs etc.).

205 A maioria das medidas sistêmicas abor-dadas anteriormente beneficiam diretamente esse segmento: o Programa de Sustentação de Investi-mento (PSI) que trata de linhas de Financiamen-to para o setor, com o intuito de impulsionar esse mercado, seja na compra, inovação ou exportação, tendo como exigência uma participação mínima de conteúdo local (60%); as compras pelo governo de Máquinas e Equipamentos que beneficiem a produ-ção local, feito também em outros programas que dialogam com o PBM, como o PAC 2, o Reintegra, a redução do PIS/COFINS e IPI, entre outros.

206 Entre 2002 e 2008, a produção física do segmento teve um crescimento importante. Con-tudo, após a crise internacional, por ser um setor que é mais influenciado pelas condições macroe-conômicas, registrou uma forte queda em 2009, se recuperando em 2010. Mas de lá para cá, veio di-minuindo sua taxa de crescimento. Do período de 2011 a 2013, a produção do segmento de Bens de Capital foi de 7,6%, que é um bom crescimento. No entanto, ao excluir os equipamentos de transporte industrial (que contém ônibus, caminhões, navios e aviões) o resultado se inverte, ficando em -5,7%.

207 Em 2011, o setor apresentou um cresci-mento total de 5,0%, mas, se excluídos os equipa-mentos de transporte industrial, o resultado foi de -1,2%. Semelhante a toda economia, em 2012 o segmento teve uma das maiores quedas, em torno

de 11,2% no total. Já em 2013, volta a apresentar uma produção robusta. Puxada pelos equipamentos de transporte industrial, o total foi de 11,9%, mas se este foi excluído, a taxa foi de 3,7%.

208 A balança comercial do setor teve seu pior resultado em 2011 e o déficit vem diminuindo nos anos seguintes, mas com ainda com resultados ne-gativos muito elevados. Uma das grandes reclama-ções das empresas do segmento é a forte concorrên-cia internacional e as condições macroeconômicas brasileiras desfavoráveis (câmbio valorizado e altas taxas de juros).

209 No primeiro semestre de 2014, a produção física da indústria de Bens de Capital, excluído os equipamentos de transporte industrial, tem mantido a tendência de queda, em torno de 1,7%. No total, a queda tem sido maior, puxada pelos equipamentos, ficando em torno de -7,8%. Como já mencionado, esse segmento sente com mais intensidade as varia-ções da economia e as respostas por investimento, nesse caso negativas.

210 O emprego no segmento (que represen-ta 23,4% do total do ramo metalúrgico) teve um crescimento de 8,14% de 2011 a 2013, saindo de 533.615 trabalhadores (as) para 577.035. É o seg-mento que mais cresceu depois do Naval.

211 Quadro diferente ocorre nos sete primeiros meses de 2014, que apresentou queda de 0,27%, comparados ao fim de 2013. Foram 15.767 postos de trabalho fechados nesse período. O segmento foi

Evolução da Indústria 2011 2012 2013 Acumulado 2011-2013 janeiro-julho/2014

Bens de capital 5,0 -11,2 11,9 7,6 -7,8 Bens de capital, exceto equipamentos de transporte industrial -1,2 -10,3 3,7 -5,7 -1,7

Equipamentos de transporte industrial 11,6 -12,0 26,4 25,7 -16,3

TABELA 11 EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO fÍSICA DA INDúSTRIA DE BENS DE CAPITAL 12 MESES ACUMULADO, 2011 A 2013 E JANEIRO A JULhO DE 2014

Fonte: PIM-PF/IBGE

Page 41: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

41

CON

GRE

SSO

o que menos fechou postos, seguido do Aeroespa-cial (a média do ramo foi de -1,39%). No período de 2011 a 2014, o crescimento foi de 7,84% do em-prego no segmento.

212 O segmento ELETROELETRÔNICO abarca uma diversidade muito grande de áreas, que vão desde a fabricação de produtos de Gera-ção, Transmissão e Distribuição (GTD) de energia elétrica até produtos de uso doméstico, como gela-deiras, fogão, televisores, entre outros. No PBM, a escolha de quais segmentos para atuação foram claras: dizem respeito aos TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) e nas áreas que con-centram maior tecnologia na produção de eletroe-letrônicos.

213 Sendo assim, o foco está na inovação e desenvolvimento de tecnologia, atraindo e fomen-tando investimentos na manufatura de displays LCD, semicondutores, Chips, microeletrônica com programas específicos de Regimes Tributá-rios Especiais, como o Programa de Apoio ao De-senvolvimento Tecnológico da Indústria de Semi-condutores (Padis). Outros programas são a Lei do Bem, Lei da Informática, Programa Nacional de Banda Larga, Inova Energia, Programa um Com-putador por Aluno, dentre os principais que têm como incentivo a redução da cobrança de certos impostos, mas com algumas contrapartidas, como o desenvolvimento da cadeia de produção local. Os demais setores recebem incentivos, mas não são colocados como estratégicos para o desenvol-vimento desse segmento.

214 Ao analisar a produção física da fabricação de equipamentos de informática, produtos eletro-eletrônicos e ópticos no período de 2011 a 2013, observa uma queda na produção de -6,8% no acu-mulado. Em 2011 e 2013, apresentou um bom cres-cimento de 2,5% e 5,2%, respectivamente. Contu-do, o ano de 2012 foi de grande queda da produção, com -12,4%, o que no acumulado deixa um resulta-do negativo para o segmento.

215 Porém, a tendência para o primeiro se-mestre de 2014 é de crescimento, com uma taxa de 7,2%, comparando ao primeiro semestre de 2013, que também teve um crescimento importante. Esse segmento é fortemente pressionado pelas importa-ções, que vêm crescendo ano a ano, inclusive nesse período de 2014. Mas os resultados indicam que o setor vem se fortalecendo a despeito da conjuntura internacional adversa.

216 O emprego no segmento (que represen-ta 17,8% do total do ramo metalúrgico) teve um crescimento de 2,52% de 2011 a 2013, saindo de 422.940 trabalhadores (as) para 433.613. Foi um crescimento próximo à média do ramo metalúrgico, que foi de 2,6%.

217 Quadro diferente ocorre nos sete primeiros meses de 2014, com uma queda de -0,70%, em com-paração com os indicadores do fim de 2013. Foram 3.022 postos de trabalho fechados nesse ano. No período de 2011 a 2014, o segmento registrou um crescimento de 1,81% do nível de emprego.

Evolução da Indústria 2011 2012 2013 Acumulado 2011-2013 janeiro-julho/2014

Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos

1,7 -12,4 5,2 -6,8 7,2

TABELA 12EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO fÍSICA DE EqUIPAMENTOS DE INfORMÁTICA, PRODUTOS ELE-TRÔNICOS E óPTICOS – 12 MESES ACUMULADO, 2011 A 2013 E JANEIRO A JULhO DE 2014

Fonte: PIM-PF/IBGE

Page 42: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

42

CON

GRE

SSO

218 O segmento AEROESPACIAL E DE DE-

FESA está contemplado na agenda estratégica da Defesa, Aeronáutico e Espacial do Plano Brasil Maior. Segundo o relatório de fevereiro de 2014, a agenda tem 29% das medidas concluídas, 50% es-tão sendo executadas como planejado, 7% estão em tramitação no executivo, 45 em tramitação no legis-lativo, outros 7% estão dentro do prazo planejado e 4% estão em fase de implementação e operação. O índice geral de escopo (IGP) dessa agenda está em cerca de 55% (esse índice mede a porcentagem de avanço da agenda estratégica como um todo).

219 Seus cinco objetivos são: fortalecer a ca-deia produtiva de defesa, aeronáutico e espacial; consolidar o sistema de compensação tecnológica, industrial e comercial – CTIC (offset), para as com-pras e as vendas nos setores de defesa, espacial e aeronáutico; fomentar a capacitação da indústria nacional no desenvolvimento e produção de equipa-mentos e subsistemas de satélites geoestacionários; estimular o desenvolvimento de sistemas espaciais completos; e implementar um programa de P&D pré-competitivo para o setor aeronáutico, baseado em projetos de desenvolvimento de tecnologias na fronteira tecnológica.

220 A característica mais marcante desse se-tor é o elevado grau tecnológico, dentre as demais cadeias produtivas da Indústria de Transformação. As empresas fabricantes de aeronaves muitas vezes são responsáveis também pela produção de mísseis, satélites e veículos espaciais, produtos com um alto valor agregado. Com isso, não somente as fabrican-tes do bem final, mas também os fornecedores – de motores e outros componentes – devem possuir ele-vado conhecimento.

221 Outro dado muito relevante sobre a indús-tria é ser extremamente concentrada em nível na-cional, pois cada país possui uma empresa de des-taque, à exceção dos Estados Unidos. No caso do brasileiro, esta empresa é a Embraer, fundada com

propósitos militares, mas que atua também no mer-cado da aviação civil e de jatos executivos.

222 O emprego no segmento (que representa apenas 1,1% do total do ramo metalúrgico) teve um crescimento de 5,95% de 2011 a 2013, saindo de 25.957 trabalhadores (as) para 27.501. Foi um cres-cimento acima da média do ramo metalúrgico (que foi de 2,6%).

223 Entre janeiro e julho de 2014, houve um leve crescimento, de 0,35%, na comparação com o fim de 2013: foram 97 postos de trabalho criados nesse ano. É o único segmento, depois do Naval, que apresenta crescimento. No período de 2011 a 2014, o aumento do nível de emprego foi de 6,32%.

224 O segmento de SIDERURGIA E META-LURGIA básica agrega desde as grandes siderúr-gicas instaladas no país até as pequenas fábricas de produção de artefatos de metal. Em muitos momen-tos, encontram-se em conjunturas distintas, visto o grau de concentração do mercado e o nível de tec-nologia empregado em cada um serem bem díspa-res. Tratando das siderúrgicas, o Brasil continua na divisão internacional da produção, com produtos ou subprodutos mais simples do processo siderúrgico, que agregam menor valor.

225 O PBM apresentou apenas dois objetivos para o segmento, que são o estímulo ao aumento da demanda brasileira por metais nacionais e a pro-moção do desenvolvimento tecnológico e a inova-ção na metalurgia. Para o primeiro, o intuito é que segmentos beneficiados pelos regimes tributários especiais aumentem o conteúdo nacional através da compra dos metais fabricados no país. Os únicos que estão em execução até o momento são as obras do PAC na área de mobilidade urbana e no regime automotivo, com o sistema de rastreabilidade. Os demais (energia elétrica, naval e P&G) ainda não estão em execução.

226 Observando a Produção Física da siderur-

Page 43: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

43

CON

GRE

SSO

gia de 2011 a 2013, observa-se um crescimento de 5,3% para a produção de ferro-gusa e ferro-ligas e de 0,1% (sem crescimento) para a siderurgia, com-parados aos três anos anteriores. O ferro-gusa é o primeiro momento da produção, que não culmina em um produto acabado e que poderia ser utiliza-do em outras cadeias produtivas. O resultado é um produto de baixo valor agregado, que em grande parte é direcionado para a exportação, onde será transformado nas usinas de outros países.

227 Apenas 2011 foi favorável a esse segmen-to no crescimento da produção. Comparando ano a ano, para a Siderurgia os indicadores foram negati-vos nos três anos seguidos. Muitos fatores influen-ciam o segmento e a alta concorrência internacio-nal é o principal agravante, tendo a China como a maior produtora e consumidora mundial deste se-tor. Por se tratar de um segmento estratégico para a indústria no mundo, os países que possuem usinas estimulam a sua permanência, não incentivando a sua desativação. Com isso, vai se configurando uma produção em excesso para o mercado mundial, apontando para sérios problemas no futuro.

228 No primeiro semestre de 2014, a produ-ção de ferro-gusa e ferro-ligas cresceu 5,1%, em comparação como mesmo período de 2013. Já a Siderurgia mantém o ritmo de queda dos anos an-teriores, com recuo de 5,9%.

229 A Balança Comercial, apesar de positiva, tem apresentados queda no saldo. Em 2004, o sal-do foi de mais de US$ 4 bilhões, enquanto que em 2013 foi de pouco mais de US$ 1 bilhão. Em 2013,

foram exportadas oito milhões de toneladas, que renderam cerca de US$ 5,5 trilhões, e foram im-portadas 3,7 milhões de toneladas, que geraram um gasto de US$ 4,2 trilhões, ou seja, exportou produtos de menor valor agregado e importou os de maior.

230 Apesar da distância tecnológica entre o Brasil e os países centrais, a produtividade da indús-tria siderúrgica brasileira subiu de 188 toneladas/homem/ano em 1991 para 332 toneladas/homem/ano em 2013. Além disso, as vantagens compara-tivas da indústria siderúrgica nacional, como a dis-ponibilidade e proximidade de grandes jazidas de minério de ferro e os reduzidos custos com força de trabalho, garantem ao Brasil um dos menores cus-tos operacionais do mundo.

231 Por outro lado, como a indústria siderúrgi-ca está operando muito próximo do limite da capa-cidade instalada, faz-se necessários novos investi-mentos no setor. Em 2013, foram investidos mais de US$ 2 bilhões e, entre 2014 e 2016, estão pre-vistos mais de US$ 7 trilhões, segundo divulgação das empresas.

232 O emprego no segmento (que represen-ta 31,1% do total do ramo metalúrgico) apresen-tou uma queda de 2,77% de 2011 a 2013, sain-do de 772.497 trabalhadores (as) para 751.125, reflexo da alta concorrência internacional como já apontado e lembrando que o segmento agre-ga tanto a Siderurgia como também a Metalur-gia Básica.

Evolução da Indústria 2011 2012 2013 Acumulado 2011-2013 janeiro-julho/2014

Produção de ferro-gusa e de ferro-ligas 4,9 -2,8 -8,6 5,3 5,1 Siderurgia -1,8 -4,8 -0,8 0,1 -5,9

TABELA 13EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO fÍSICA DE fERRO-GUSA E DE fERRO-LIGAS E SIDERURGIA –

12 MESES ACUMULADO, 2011 A 2013 E JANEIRO A JULhO DE 2014

Fonte: PIM-PF/IBGE

Page 44: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

44

CON

GRE

SSO

233 Nos sete primeiros meses de 2014, a ten-

dência de queda se mantém, sendo de 1,11%, quan-do comparado com o fim de 2013 (foram 8.324 pos-tos de trabalho fechados só neste ano). No período de 2011 a 2014, a queda do emprego foi de 3,84%.

234 Em síntese, o programa estabelecido pelo governo federal tem sido executado e aprofun-dado em seus objetivos. Contudo, a tendência de redução progressiva do crescimento, evidencia-da tanto no PIB, como na produção industrial e emprego, indica que se chegou a um estágio de esgotamento, represado em grande parte pela cri-se internacional, com o fechamento de mercados externos e acirramento da concorrência, por meio da forte intervenção dos demais países visando a reativação das economias locais. Nesse sentido, a Balança Comercial brasileira tem sentido esse impacto mais fortemente, com déficits sucessi-vos. A pressão para que setores da indústria se mantenham em segmentos que produzam menor valor agregado está presente. O saldo da balança comercial é positivo apenas na Metalurgia, ex-

portando muito mais produtos com pouca trans-formação industrial (ferro-gusa), ao invés de seg-mentos do aço.

235 As políticas econômicas adotadas têm au-xiliado na manutenção do crescimento e na esta-bilidade econômica, porém, ainda presas aos ins-trumentos convencionais de décadas passadas. Os índices altos da taxa de juros continuam corroendo o orçamento público, visto que mais de 40% deste recurso são usados para pagar a dívida pública, re-munerada pela Selic, bem como deixando de incen-tivar o investimento produtivo.

236 O Plano Brasil Maior é um programa para a indústria que tem sido estratégico na definição dos objetivos de médio prazo. Seu fortalecimen-to é necessário, aprofundando as necessidades de criação de mais empregos e inovação tecnológica. A centralidade de reforçar o conteúdo local nas di-versas cadeias de produção são objetivos vitais para se conseguir re-industrializar, em um momento de queda da indústria mundial e no país.

SÍNTESE DO PERFIL DOS METALÚRGICOS

Os dois quadros a seguir apresentam os principais indicadores do emprego no ramo metalúrgico, por segmento, segundo a CNM/CUT. Os dados da RAIS são referentes aos anos de 2011 e 2013, com o obje-tivo de verificar a evolução do período. No Quadro

1, o destaque vai para participação das mulheres que cresceu, enquanto a diferença salarial entre elas e os homens caiu. No segundo quadro, notamos o aumento da escolaridade e o crescimento da participação de empresas de pequeno e médio porte no ramo.

Page 45: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

45

CON

GRE

SSO

Indicadores do emprego no ramo metalúrgico de 2011 a 2013

Participação de mulheres em relação ao

total (em %)

Remuneração média das mulheres em relação a

dos homens (em %)

Remuneração média total (em R$ com preços de

dez/2013) Idade média (em anos)

2011 2013 Diferença (2013-2011) 2011 2013 Diferença

(2013-2011) 2011 2013 Evolução (2013/2011) 2011 2013 Diferença

(2013-2011) Aeroespacial 14,0 15,2 1,17 83,1 81,1 -2,1 6.285 6.263 -0,3% 36,1 36,5 0,4

Automotivo 16,5 18,1 1,59 67,9 67,5 -0,4 3.510 3.557 1,3% 33,8 34,4 0,6

Eletroeletrônico 34,9 36,3 1,38 62,7 62,9 0,2 2.551 2.615 2,5% 32,5 32,9 0,4 Máquinas e equipamentos 12,9 13,9 0,97 79,0 78,5 -0,5 2.736 2.865 4,7% 34,6 34,9 0,3

Naval 7,6 8,8 1,20 97,3 93,1 -4,2 2.785 3.265 17,2% 36,3 35,5 -0,8 Outros materiais transportes 14,6 16,8 2,16 77,9 72,0 -5,9 2.725 2.884 5,8% 33,2 33,9 0,7

Siderurgia e metalurgia básica 13,9 14,8 0,97 80,1 80,6 0,5 2.312 2.373 2,6% 34,4 35,0 0,6

Total Geral 17,9 19,0 1,14 71,7 71,6 -0,1 2.781 2.874 3,3 34,0 34,5 0,5

Indicadores do emprego no ramo metalúrgico de 2011 a 2013

Escolaridade - Ensino Médio Completo ou mais em relação

ao total (em %)

Jornada média de trabalho (em

horas)

Participação das pequenas e médias

empresas em relação ao total (em %)

Participação de negros (as) em relação ao total (em %)

2011 2013 Diferença (2013-2011) 2011 2013 2011 2013 Diferença

(2013-2011) 2011 2013 Diferença (2013-2011)

Aeroespacial 93,2 93,5 0,31 42:58 42:55 23,2 25,5 2,28 9,2 9,8 0,60

Automotivo 73,7 76,3 2,58 42:44 42:38 23,2 38,2 14,97 21,9 22,7 0,77

Eletroeletrônico 77,9 80,0 2,12 43:20 43:13 44,9 59,4 14,47 28,7 30,4 1,69 Máquinas e equipamentos 65,7 69,2 3,54 43:35 43:30 69,1 79,8 10,70 22,7 23,7 0,98

Naval 53,5 57,6 4,09 43:39 43:34 27,2 30,0 2,82 52,1 52,3 0,21 Outros materiais transportes 75,3 74,6 -0,73 42:54 42:55 39,2 54,7 15,55 54,9 52,4 -2,49

Siderurgia e metalurgia básica 60,7 64,3 3,60 43:12 43:10 62,9 75,1 12,13 29,2 30,2 0,98

Total Geral 68,3 71,2 2,96 43:12 43:09 50,6 63,0 12,43 26,7 27,8 1,09

PRINCIPAIS INDICADORES DO EMPREGO NO RAMO METALúRGICO - 2011 E 2013

Fonte: RAIS 2011, 2013Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.

Centrais Sindicais 2011 2013 Diferença (2013-2011) Participação no total em 2013

Força Sindical 993.667 960.122 -3,4% 39,2% CUT 781.563 861.232 10,2% 35,2% Independentes 250.546 258.104 3,0% 10,6% CTB 221.712 226.216 2,0% 9,2% CONLUTAS 86.299 85.168 -1,3% 3,5% UGT 27.432 29.805 8,7% 1,2% CGTB 23.031 25.625 11,3% 1,0% Total Geral 2.384.250 2.446.272 2,6% 100,0%

Fonte: RAIS 2011, 2013Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.

O quadro e mapa a seguir apresentam a participação (absoluta e percentual, assim como a evolução no período) e a distribuição territorial por Central Sindical no ramo metalúrgico.

PARTICIPAÇÃO POR CENTRAL SINDICAL NO RAMO METALúRGICO DE 2011 E 2013

Page 46: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

46

CON

GRE

SSO

MAPA DA DISTRIBUIÇÃO DOS TRABALhADORES DO

RAMO METALúRGICO POR CENTRAL SINDICAL - 2013

Fonte: RAIS 2011, 2013Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP

MAPA COM A DISTRIBUIÇÃO DOS TRABALhADORES DO RAMO METALúRGICO DA CUT EM 2013

Fonte: RAIS 2011, 2013Elaboração: Subseção Dieese CNM/CUT – FEM-CUT/SP.

Page 47: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

47

CON

GRE

SSO

O gráfico abaixo mostra a representação, em porcentagem, dos 20 maiores sindicatos em relação ao total de trabalhadores do ramo metalúrgico.

20 MAIORES SINDICATOS DE METALúRGICOS NO BRASIL EM 2013

15,4%

8,3% 7,7%

7,7%

6,7%

5,6%

5,0%

4,5% 4,3%

4,2% 3,8% 3,8% 3,8% 3,5%

3,4% 2,7%

2,5% 2,5% 2,4%

2,4%

STIM de Mogi das Cruzes e SP

STIM do ABC

STIM de Amazonas

STIM de Curitiba

STIM de Campinas

STIM de Caxias do Sul

STIM de B. Horizonte e região

STIM de Guarulhos

STIM de Sorocaba

STIM do Rio de Janeiro

STIM de Osasco

STIM de Betim

STIM de Joinville

STIM de Pernambuco

STIM de São José dos Campos

STIM de Jundiai

STIM de Saltinho

STIM de Porto Alegre

STIM de Limeira

STIM de Espirito Santo

Page 48: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

48

CON

GRE

SSO

TEMA DO 9º CONGRESSO NACIONAL

ORGANIzAÇÃO SINDICAL, POLÍTICA INDUSTRIAL E TRABALhO DECENTE:CONSTRUINDO UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO PARA O PAÍS

237 Em junho de 2013, a CNM/CUT realizou a Plenária Estatutária com o tema “Política Indus-trial – o Brasil precisa e nós queremos!”, que deba-teu os rumos da política industrial brasileira sob a perspectiva do trabalho decente, em um cenário de incertezas e importantes transformações no Brasil, que vivia um ano pré-eleitoral e assistia à ascen-são de manifestações de grande proporção nas ruas, ao mesmo tempo em que o mundo estava em crise (como continua).

238 Portanto, a escolha deste tema para o 9º Congresso é uma forma de continuar o debate so-bre a importância da política industrial brasileira, demonstrando que o que está em jogo é um projeto em disputa entre um modelo de nação em que o Es-tado se coloca como indutor do desenvolvimento econômico e, principalmente, com a participação dos (as) trabalhadores(as) neste processo, intervin-do e propondo medidas; ou um retrocesso ao mode-lo neoliberal, já conhecido pelos (as) trabalhadores (as), em que nos colocaríamos apenas como coad-juvantes na defesa do que já foi conquistado nos últimos 12 anos.

239 Nós, metalúrgicos e metalúrgicas da CUT, sempre protagonistas na luta por uma sociedade justa, com valorização do trabalho, participação so-cial, distribuição de renda e políticas públicas de qualidade aos (às) trabalhadores (as), entendemos que é fundamental para alcançar esses objetivos o estímulo e a participação de uma indústria forte em nosso país.

240 Ao longo da história da industrialização brasileira, a participação da indústria no crescimento do país mostrou-se determinante. Mas, temos visto que a sua fatia no PIB (Produto Interno Bruto) tem declinado. No período de 1950 até 1985, este indi-cador vinha num crescente: em 1985, a participação

da indústria no PIB era de 27,2%. Mas a partir de 1986 até os dias de hoje, a curva tem declinado: em 2004 representava 19,2% do PIB; e em 2013, 13% (dados do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp). Portanto, é imprescindível a participação e a intervenção dos (as) trabalhadores (as) e do movimento sindical na elaboração de uma política industrial que estimule a competitividade e, assim, o desenvolvimento econômico e social com a geração de postos de trabalho decente.

241 Nesse sentido, reconhecemos o desafio de construir este modelo de desenvolvimento em que os (as) trabalhadores (as) tenham participação ativa na tomada de decisões na política geral, na política macroeconômica e na política industrial, que im-pactam diretamente suas vidas. Por isso, definimos como tema para o 9º Congresso Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT: “Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente: construindo um modelo de desenvolvimento para o país”.

242 Segundo o Dieese (Departamento Intersin-dical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), “política industrial pressupõe um conjunto de me-didas que forneça bases adequadas para o desenvol-vimento do setor produtivo, tais como incentivos fiscais, investimentos em pesquisa e desenvolvi-mento (P&D), créditos subsidiados, intervenção direta do Estado no processo produtivo, parcerias público-privadas, criação de zonas francas e de pro-cessamento para exportação (ZPE), entre outros”.

243 Geralmente, a política industrial vem acompanhada de ações complementares na área de comércio exterior e de tecnologia. Isso porque, nos dias atuais, a tendência é de crescente participação das economias no comércio internacional, vale di-zer, no processo mundial de produção e circulação de mercadorias e serviços. Pressupõe-se, então, a

Page 49: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

49

CON

GRE

SSO

adequação da produção nacional, ou, pelo menos, de parte dela, ao comércio internacional, no senti-do de produzir aqueles bens que apresentem maior competitividade em relação aos demais países pro-dutores.

244 Partindo deste conceito, faremos uma bre-ve descrição da história da industrialização brasilei-ra e as diferentes políticas industriais adotadas ao longo de sua trajetória.

“[O] capitalismo mundial nesse período [anos 1880] foi claramente diferente do que fora nos anos 1860. Agora, ele consistia numa pluralidade de ‘eco-nomias nacionais’ rivais, ‘protegendo-se’ umas das outras. Em suma, a política e a economia não podem ser separadas na sociedade capitalista, assim como a religião e a sociedade não podem ser isoladas nas regiões islâmicas” (Hobsbawm, 1988: 104).

245 No Brasil, tivemos uma industrialização tardia, a partir de 1930, época em que vários países da Europa e os EUA já tinham desenvolvido suas in-dústrias, expandiam seus mercados pelo mundo e o que já estava estabelecido era o modelo em que pre-dominava a disputa de hegemonia entre as nações, com a política e economia agindo articuladamente.

246 Em que contexto surgiu a industrialização brasileira? O mundo passava por uma crise do mo-delo liberal – a famosa crise de 1929 que deixou grande parte do povo americano na miséria e teve impactos no mundo – e, simultaneamente, na Eu-ropa existia o modelo de bem-estar social com alta intervenção do Estado na economia e sistemas de proteção social.

247 O Brasil, que era um país agrário exporta-dor, cujo principal produto era seu famoso café – com predominância de trabalho escravo até 1888 (herança que traz impactos negativos na socieda-de até os dias de hoje) e, na sequência, com mão de obra assalariada, com destaque para a vinda dos trabalhadores imigrantes ao país –, passava por uma fase de diminuição da demanda agrícola,

que impedia seu desenvolvimento diante do mun-do industrializado.

248 Em 1930, sob o governo de Getúlio Var-gas, é iniciado o modelo desenvolvimentista, com a intervenção do Estado na economia através de medidas anticíclicas, ou seja, medidas de iniciativa governamental que visam minimizar os impactos do ciclo natural do mercado mundial na economia nacional, e priorização da industrialização com in-vestimentos no setor de bens de capital, conside-rado estratégico ao desenvolvimento, aumento de gastos públicos e criação de empresas estatais como a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Vale do Rio Doce, entre outras.

249 Como continuidade desse modelo, além das mudanças já citadas, destaca-se também a apli-cação de medidas políticas e econômicas materiali-zadas em planos que visavam ao desenvolvimento do Brasil através da indústria, como o plano SAL-TE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), em 1950. O plano originou a criação do BNDE (Ban-co Nacional de Desenvolvimento Econômico) em 1953, ano de criação também da Petrobrás. Na se-quência, em 1956, veio o Plano de Metas, que tinha como slogan “Avançar o Brasil 50 anos em cinco”, e em 1963, o Plano Trienal. Já na ditadura militar, tivemos a criação do PAEG (Plano de Ação Econô-mica do Governo) em 1964, seguido da implanta-ção do II PND (Programa Nacional de Desenvolvi-mento), que durou até 1980.

250 Na década de 1980, houve uma ruptura do desenvolvimentismo. Foi um período marcado por um contexto de queda do crescimento econômico mundial, crise do petróleo, modelo neoliberal em evidência no mundo. O Brasil era a 8ª economia mundial, porém com 35% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, com altos índices de inflação, alta dívida externa, crise da ditadura mi-litar, surgimento de mobilizações populares, novo sindicalismo e luta pela anistia.

251 O desenvolvimento econômico e social do

Page 50: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

50

CON

GRE

SSO

país no período anterior à década de 1980, aliado à incorporação do padrão americano de consumo que moldou a classe média brasileira, contribuiu com o desenvolvimento da indústria de bens duráveis (carro, eletrodomésticos etc.). Porém, a partir de 1980, este ciclo de consumo estava se esgotando e as empresas privadas pressionavam o governo por incentivos que antes priorizavam empresas estatais, fatores estes que mudaram as diretrizes da política econômica do país.

252 De 1990 até a eleição de um metalúrgico à Presidência em 2002, vivemos a ascensão do ideá-rio neoliberal que reduziu o papel do Estado na eco-nomia, em nome do livre mercado, produzindo um cenário de privatizações, reestruturação produtiva, demissões, precarização das relações de trabalho, redução de direitos, corte de investimentos públi-cos para as políticas sociais e fragilidade financeira internacional.

253 Partindo da constatação do ocorrido na década de 1990, quando a indústria brasileira permaneceu bem longe do desenvolvimento pro-metido com o ideário neoliberal – o que foi refor-çado com medidas adotadas junto com o Plano Real –, a modernização do parque produtivo bra-sileiro não foi voltada à expansão de capacida-de produtiva, mas apenas à substituição da mão de obra por maquinário. Outro aspecto foi que a combinação do câmbio valorizado, para conter a inflação, com juros altos afetou o desempenho da indústria.

254 O processo de destruição da indústria foi tão prolongado, que se observou uma regressão tecnológica da indústria de transformação, além da desnacionalização de suas cadeias produtivas, a “re-primarização” das exportações e o desadensamento produtivo. Como exemplo, a indústria da constru-ção que, após um grande crescimento até a década de 1980, observou queda até pelo menos meados dos anos 2000, quando o governo Lula implantou programas como o PAC (Programa de Aceleração

do Desenvolvimento) e o “Minha Casa, Minha Vida”, que promoveram uma recuperação do setor.

255 A partir de 2003, a aposta foi em um Estado com papel regulador e indutor do desenvolvimento. Inicialmente delineada no Roteiro para Agenda de Desenvolvimento (2003), que levanta alguns pontos-base para a política industrial a ser seguida, em 2004 o governo federal define as Diretrizes de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior. No início de 2005, a partir dessas diretrizes, é elabora-do um programa com ações e metas (PITCE). Em 2008, é lançada a PDP (Política de Desenvolvimento Produtivo), pela qual, além das ações e programas, o governo consegue articular os diversos ministérios e instrumentos estatais, garantindo que a implementa-ção das várias ações ocorresse de modo coordenado. Finalmente, em 2011, no governo Dilma Rousseff, é lançada a nova versão da política industrial, o Plano Brasil Maior (PBM).

256 O PBM é a continuidade da política gover-namental de incentivo e fortalecimento da indústria nacional implementada anteriormente através da PITCE e da PDP, e foi pensado para o período de 2011 a 2014. O PBM é mais abrangente no número de setores envolvidos e, além da indústria, engloba ações e medidas para o incentivo ao setor de comér-cio e serviços ligados à indústria e ainda tem como desafio ultrapassar o cenário internacional ainda marcado pela incerteza.

257 Por se tratar de um programa que exige um material próprio, é apresentado aqui uma síntese das suas principais medidas sistêmicas, passados três anos de sua implementação, que serão aborda-das em três grandes blocos.

258 O primeiro diz respeito à redução dos cus-tos de produção (trabalho e capital empregados). Uma das medidas principais desse eixo foi a de-soneração da folha de pagamento, com a isenção da contribuição patronal do INSS em troca de uma compensação parcial de nova alíquota sobre o fa-

Page 51: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

51

CON

GRE

SSO

turamento bruto. Essa medida abarca 56 setores. De 2011 a 2014, essa renúncia do governo federal ficou estimada em R$ 42 bilhões. A previsão para período de 2015 a 2017 é de mais de R$ 82 bilhões. Há uma série de outras medidas nesse tema, que vão desde a redução da cobrança de diversos outros impostos (PIS/COFINS, IPI, depreciação acelerada etc.), como programas de fortalecimento das em-presas com a ampliação do Simples Nacional, a ex-tensão e ampliação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), entre outros.

259 O outro bloco de medidas é referente à pro-moção e defesa comercial, viabilizando o papel da indústria brasileira no comércio internacional, com condições iguais para a concorrência. São programas que abarcam o incentivo à exportação das empresas (Reintegra, PROEX Financiamento etc.), facilitação de todo processo comercial, redução de impostos de importação para produtos específicos que fomentem a inovação tecnológica (Ex-tarifários) e, por outro lado, o fim dessas medidas para produtos que pos-suem fabricação local. Além disso, há ações anti-dumping e antifraude da Receita Federal.

260 Por fim, um conjunto de medidas de apoio à inovação e defesa do mercado interno, com diver-

sos programas de incentivo à inovação em cada setor (Inova Empresa, Pronatec PBM, InovAtiva Brasil, BNDES Inovação etc.), compõem o último bloco, com a instituição das compras governamentais com margem de preferência de até 25% para produtos e serviços nacionais e dos Regimes Tributários Espe-ciais, que são diversos programas específicos para setores considerados estratégicos, com o intuito de incentivar a produção local e o adensamento tec-nológico (Inovar Auto, Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa, Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Se-micondutores, Regime Especial de Tributação do Programa Nacional de Banda Larga etc.).

261 O PBM está constituído em duas dimen-sões, a sistêmica – de abrangência horizontal e transversal centrada na maior eficiência da econo-mia e desenvolvimento tecnológico – e a dimensão setorial, que trata da competitividade, produtivida-de e inovação e é organizada por grupos setoriais.

262 A gestão deste Plano em suas duas dimen-sões, setorial e sistêmica, é tripartite, exercida por grupos dos quais participam governo, empresários e trabalhadores. As medidas apresentadas em relação ao PBM foram elaboradas a partir destes grupos.

Comércio Exterior

Investimento

Inovação

Formação e qualificaçãoprofissional

Produção sustentável

Competitividade depequenos negócios

Ações especiais emdesenvolvimento regional

Bem-estar do consumidor

ComitêsExecutivos

Conselhos decompetitividade

setorial

CNDICoordenação: Presidência da República

Coo

rden

açõe

sSi

stêm

icas

Coo

rden

açõe

sSe

toria

is

Comitê GestorCasa Civil, MDIC, MF, MCT, MP

Coordenação: MDIC

Grupo ExecutivoCasa Civil, MDIC, MP, MF, MCT, ABDI, BNDES e FINEP

Coordenação: MDIC

Aconselhamentosuperior

Gerenciamento edeliberação

Articulação eformulação

Condições e Relações detrabalho

Page 52: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

52

CON

GRE

SSO

263 Entre os setores envolvidos no PBM, está o

metalúrgico – naval, eletroeletrônico, automotivo, bens de capital e aeronáutico e complexo de defesa –, além de setores dos ramos químico, vestuário, alimentação, serviços, construção civil, energia, mineração, agricultura e serviço público.

264 Assistimos hoje ao mundo em meio à cri-se. A Europa, berço do estado de bem-estar social se esfacelando, está cortando direitos, aumentando impostos, demitindo, precarizando ainda mais as re-lações de trabalho e castigando seu povo. Simulta-neamente, o Brasil vem crescendo, gerando postos de trabalho e reduzindo a desigualdade social. Isso se deve em grande parte às medidas anticíclicas de intervenção na economia tomadas pelo governo. Estas medidas se deram não apenas na política in-dustrial, mas na política econômica. A valorização do salário mínimo, os programas de transferência de renda, investimentos no PAC, “Minha Casa, Mi-nha Vida”, o Programa Luz para Todos e fortaleci-mento do BNDES foram algumas delas. Tudo isso também contribuiu com o crescimento da atividade industrial.

265 Embora tenhamos conseguido driblar al-guns impactos da atual crise que assola o mundo, ainda vivemos em um país onde há seres humanos trabalhando em condições desumanas. Qual a rela-ção disso com a política, com a economia e com a política industrial?

266 O conjunto das decisões tomadas nestas três áreas tem efeitos diretos na vida dos (as) tra-balhadores e trabalhadoras, conforme os diferentes contextos apresentados em relação à trajetória da indústria brasileira e do desenvolvimento do país.

267 A Central Única dos Trabalhadores e, em especial, os (as) metalúrgicos (as), na busca do al-mejado modelo de desenvolvimento em que haja inclusão, desenvolvimento sustentável, distribuição de renda e a valorização do trabalho, compreendem que é crucial a participação dos (as) trabalhadores

(as) neste processo de construção, enquanto su-jeitos de sua história.

268 Isso significa dizer que é fundamental a continuidade do projeto político e econômico iniciado pelo governo Lula, do qual os (as) tra-balhadores (as) têm participação ativa nos con-selhos, conferências e, em especial, no Plano Brasil Maior, contribuindo para uma política in-dustrial que promova o desenvolvimento econô-mico e social e gere postos de trabalho decente.

269 Nos oito anos de governo anterior ao do presidente Lula, foram gerados 800 mil postos de trabalho. Já nos últimos 12 anos, tivemos a geração de 20 milhões, uma diferença brutal. Po-rém, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego em abril de 2014, a mé-dia salarial mensal brasileira, que vem crescen-do nos últimos anos, continua muito baixa (é de R$1.166,84). Isso quer dizer que ainda temos um longo caminho a percorrer em busca de trabalho decente para todos (as) trabalhadores (as). Mas o que significa “postos de trabalho decente”?

“De acordo com a OIT, trabalho decente é um trabalho adequadamente remunerado, exer-cido em condições de liberdade, equidade e se-gurança, capaz de garantir uma vida digna aos trabalhadores e trabalhadoras.” (Trabalho De-cente na Estratégia da CUT, 2011 – p. 13)

270 Em um cenário em que ainda colhemos frutos negativos da história brasileira no que se refere às relações de trabalho, com destaque para o passado colonial e o período neoliberal, convi-vemos cotidianamente com condições precárias de trabalho, que estão longe do que considera-mos trabalho decente. Terceirização, flexibili-zação das relações de trabalho, informalidade, alta rotatividade, busca por mão de obra barata, trabalho informal e até os históricos trabalhos infantil e escravo são algumas delas. Temos nú-meros que assustam: segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, em 2013, ano em que co-

Page 53: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

53

CON

GRE

SSO

memoramos 125 anos da assinatura da Lei Áurea, houve o resgate de 2.063 trabalhadores (as), que se encontravam em condições de trabalho escravo ou análogo à escravidão.

271 É fato que estas formas de precarização do trabalho são resultado da corrida capitalista sem fronteiras, onde o mercado é o protagonista e os (as) trabalhadores (as) meros coadjuvantes. O primeiro tem imposto cada vez mais a desregulamentação do Estado, enfraquecendo sua soberania e a participa-ção dos (as) trabalhadores (as) na esfera sindical.

272 Mas também é fato que no Brasil, na déca-da de 1990, sob o ideário neoliberal, houve maior deterioração das relações de trabalho, provando que a qualidade dos empregos e, por consequência, da vida dos (as) trabalhadores (as) está intimamente ligada ao projeto político adotado. E o que vivemos hoje é um processo de retomada do papel do Estado e de fortalecimento da participação dos (as) traba-lhadores (as) nas esferas política e econômica.

273 Portanto, os metalúrgicos e as metalúrgicas da CUT têm o desafio de, através da “organização sindical baseada nos princípios cutistas”, contribuir para a construção de uma sociedade em que, a des-peito dos efeitos nocivos da globalização, os (as) trabalhadores (as) sejam sujeitos ativos no processo e não objeto de manipulação a serviço das necessi-dades do capital.

274 Concretamente, em uma sociedade em que o papel do Estado legitime a participação da classe trabalhadora no conjunto de decisões que definem os rumos para o país, são determinantes as possibi-lidades de intervenção na política industrial, esta-belecendo metas em favor da distribuição de renda, geração de trabalho formal nos setores beneficiados por esta política, respeito à livre negociação sindi-cal, à negociação coletiva e à geração de trabalho decente.

275 Nesse sentido, após três anos da implemen-tação do PBM, os (as) metalúrgicos (as) da CUT

que têm participado dos Conselhos de Competitivi-dade dos diferentes setores do ramo avaliam que as medidas estruturantes e setoriais têm se mostrado insuficientes, muito em função do prolongado pe-ríodo de desestruturação do parque produtivo na-cional, materializado em sua crescente defasagem tecnológica, além da desnacionalização de suas ca-deias produtivas, da “reprimarização” das exporta-ções e aumento das importações.

276 Como forma de trazer maior dinamismo à indústria, impactos positivos para o desenvolvimen-to social e geração de postos de trabalho decente, os (as) metalúrgicos (as) da CUT, também membros dos Conselhos de Competitividade do PBM, acre-ditam que apenas com medidas estruturais, como as propostas abaixo, os desafios com os quais nos deparamos serão contornados:

a. Implementar política econômica com foco na redução da taxa básica de juros, incentivando o investimento produtivo;

b. Retomar a política de utilização dos bancos públicos como indutores da queda dos juros ao consumidor e da maior oferta de linhas de crédito;

c. Otimizar a fiscalização das importações e evi-tar a entrada de produtos estrangeiros que es-tejam fora dos padrões de qualidade e segu-rança da produção nacional;

d. Criar ferramentas tributárias que protejam a competitividade da indústria nacional;

e. Taxar as remessas de lucro das multinacio-nais, estimulando o reinvestimento produtivo no país;

f. Criar a exigência de contrapartidas sociais para desonerações fiscais, empréstimos e li-citações públicas;

g. Implementar a política de controle cambial, com ajuste gradual do câmbio, para patama-res favoráveis ao desenvolvimento e ao forta-lecimento da indústria nacional;

Page 54: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

54

CON

GRE

SSO

medidas deveriam ser tomadas para sanar os problemas identificados:

q. Tornar os espaços tripartites permanentes;

r. Fazer valer o estatuto que rege a constituição e andamento dos trabalhos;

s. Garantir a paridade entre as bancadas;

t. Construir calendário de encontros periódicos para acompanhamento e aprimoramento da agenda setorial;

u. Retomar os trabalhos dos setores que pouco se reuniram;

v. Garantir que se privilegie o debate e o diálogo no interior dos espaços de participação.

277 Considerando a importância da participa-ção dos (as) trabalhadores (as) no processo de de-senvolvimento do país e na política industrial, mas assumindo que esta participação apenas nas esferas legitimadas pelo governo é insuficiente à promoção do trabalho decente – uma vez que o processo de globalização e sua lógica perversa em nome do lu-cro tem atuado em todas as dimensões e acentuado a desigualdade de oportunidades e a exclusão no âmbito do trabalho –, a CNM/CUT, para além de sua participação na política industrial e não menos importante, tem baseado as ações em seus eixos e áreas de atuação.

278 Os eixos são:

• Organização e Política Sindical• Contrato Coletivo Nacional de Trabalho• Políticas gerais e permanentes (mulheres, igualdade racial, juventude e pessoas com deficiência).

279 As áreas de atuação são:

• Relações internacionais• Formação• Comunicação• Saúde do trabalhador, previdência social e meio ambiente• Gestão política, administrativa e financeira

h. Incentivar a exportação de produtos com maior valor agregado;

i. Estabelecer medidas de incentivo e proteção à indústria nacional tradicional, assim como segmentos mais avançados tecnologicamen-te, com desenvolvimento sustentável;

j. Ofertar mais e melhores programas de for-mação profissional, com objetivo de pro-porcionar melhores condições salariais;

k. Incentivar a criação de centros de pesquisa e desenvolvimento, através das universidades brasileiras, com vistas a aumentar a produ-tividade e a competitividade da produção nacional;

l. Condicionar investimentos públicos em em-presas que cumpram critérios de conteúdo mínimo nacional;

m. Estabelecer critérios para o deslocamento das empresas de uma localidade para outra, para que sejam minimizados os impactos das mudanças na vida dos (as) trabalhado-res (as);

n. Criar mecanismos de participação para que os (as) trabalhadores (as) tenham assento no CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

o. Ao contrário do que propõe a CNI (Confede-ração Nacional da Indústria), defensora da criação de um espaço bipartite de tomada de decisão entre patrões e governo, no cam-po da participação institucional, os (as) tra-balhadores (as) consideram que a premissa básica de formulação de políticas que visem o desenvolvimento do país deve ser fruto de diálogo social, com regras claras e acesso à informação.

p. Especificamente no que se refere ao fun-cionamento dos Conselhos de Competiti-vidade do PBM, os representantes dos (as) trabalhadores (as) consideram que algumas

Page 55: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

55

CON

GRE

SSO

280 O conceito de trabalho decente definido pela OIT em 1999, já citado anteriormente – que tem por objetivos garantir a mulheres e homens oportunidades de emprego produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade – se articula com um dos eixos históricos da CUT, que é a luta por mais e melhores empregos e, por conse-quência, com a luta de nós, metalúrgicos (as).

281 Sem a intenção de definir os desafios de cada Secretaria da CNM/CUT ou para cada área de atuação, apresentaremos a seguir contribuições ao debate do 9º Congresso Nacional dos Metalúrgicos e das Metalúrgicas da CUT, no sentido de que se produzam resoluções que dialoguem com a visão de futuro da Confederação, na perspectiva do tra-balho decente.

282 As MULHERES representam 51% da po-pulação (Censo 2010), mas ainda estão longe de manter essa proporção de representação nos espa-ços da política, do mundo sindical e no mercado de trabalho. Na Câmara dos Deputados, apenas 10% são mulheres (51 de um total de 513) e no Senado são 11 de um total de 81, representando 13,6% (da-dos do site www.gazetadopovo.com.br). Em rela-ção à questão salarial, na média o aumento real tem sido maior para as mulheres: entre janeiro e setem-bro de 2014, o aumento real da remuneração das mulheres foi de 3,18% e dos homens de 0,82% (em relação ao mesmo período de 2013, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio). A PNAD mostra que no início da década passada o rendimento das mulheres correspondia a 70% do rendimento dos homens e que, dez anos depois, equivale a 73%.

283 Nos espaços de representação sindical, a aprovação da cota de 30% para mulheres nas dire-ções da CUT Nacional, das 27 CUTs estaduais e en-tidades orgânicas, tem ampliado a participação das trabalhadoras nas instâncias. Hoje elas presidem oito CUTs estaduais e ocupam cargos decisivos nessas e em outras estruturas orgânicas da nossa

Central Sindical. Em função dessa e outras políticas afirmativas, as mulheres passam a ocupar espaços que historicamente eram dominados por homens, inclusive em categorias predominantemente mas-culinas.

284 No ramo metalúrgico, atualmente 19,03% são mulheres, ou 464 mil trabalhadoras (em 2002, elas eram 14,7%, ocupando 197 mil postos de tra-balho na categoria), possuem nível de escolarida-de maior que o dos homens e ganham em média 71,21% do salário dos homens. Do total de mulheres na categoria, 36% estão no setor eletroeletrônico, que possui a menor média de remuneração (salário 37% menor que o dos homens). Outra informação importante é que o preconceito racial atinge com mais vigor as mulheres, que chegam a receber em média 30% a menos que as mulheres não negras (RAIS 2012/Caged 2013).

285 A convenção coletiva é um instrumento importante para atenuar as diferenças entre homens e mulheres, não só em relação à remuneração, mas para garantir cláusulas sociais que representem con-quistas nesse tema. Para cumprir esse objetivo, faz-se necessário um esforço que é ter a participação de mulheres na organização no local de trabalho, nas mesas de negociação e nas direções dos Sindicatos, além de cotidianamente debater o tema de gênero no âmbito masculino, uma vez que a luta por igual-dade de oportunidades no trabalho e na sociedade é uma luta de todos, homens e mulheres.

286 Diante das dificuldades de incorporação das mulheres no mercado de trabalho, uma vez que elas ainda são responsáveis em sua maioria pelas tarefas de reprodução e cuidados com a família, é crucial à igualdade de oportunidades o desenvolvi-mento de políticas em favor do compartilhamento de responsabilidades, da licença maternidade de 180 dias, da luta por creches em números suficientes e de qualidade, não só como instrumento facilitador à atividade laboral feminina, mas como um direito da criança. Sem perder de vista o avanço obtido no

Page 56: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

56

CON

GRE

SSO

último mandato, garantindo na pauta proposta para o Contrato Coletivo Nacional da CNM/CUT uma cláusula sobre a creche, deve-se dar continuidade a esta luta.

287 No que se refere à POPULAÇÃO NE-GRA do país, segundo estudo realizado pelo Die-ese em 2013, 48% da população ocupada nas re-giões metropolitanas são negros (as). Em média, os (as) negros (as) ganham R$ 6,80/hora, enquanto não negros (as) recebem R$ 10,70. Na indústria de transformação, 58,7% dos (as) trabalhadores (as) são negros (as). Em todos os níveis de escolaridade dos (as) trabalhadores (as) na indústria, os (as) não negros (as) têm maior remuneração, com destaque para os de nível superior completo. Nessa faixa de escolaridade, enquanto os (as) não negros (as) ga-nham em média R$ 29,00/hora, os (as) negros (as) recebem apenas R$ 17,40.

288 O combate ao racismo e a toda e qualquer forma de discriminação em busca da igualdade ra-cial é complexo numa sociedade que se constituiu e se estruturou a partir da herança escravagista e do mito da democracia racial. E como não podia ser diferente, o mundo do trabalho acaba refletindo essa triste realidade, com a desigualdade de direitos e oportunidades entre negros (as) e não negros (as). Nesse sentido, a luta de classes e a luta antirracista são faces de uma mesma moeda.

289 Fundamentado nessa premissa, a Secreta-ria de Igualdade Racial tem a missão de elaborar e coordenar políticas permanentes de combate ao racismo e à discriminação étnico racial, bem como organizar os (as) metalúrgicos (as) negros (as) para a luta por igualdade de direitos e oportunidades não só em suas atividades laborais, como também na busca pelo empoderamento nas instâncias de dire-ção do movimento sindical.

290 Ao avaliar a JUVENTUDE, percebe-se que a população está envelhecendo. A redução da quantidade de filhos nas famílias, a ampliação da

expectativa de vida e a redução da mortalidade tra-çam um novo perfil. A população jovem está dimi-nuindo.

291 Vivemos um momento dessa transição, que é chamado de bônus demográfico. Isso significa que, devido ao perfil etário da população, atualmente te-mos mais pessoas produtivas do que dependentes. Mas esse quadro irá mudar nas próximas décadas.

292 Considerando jovens aqueles (as) com até 35 anos, segundo critério da CUT, 54% dos (as) tra-balhadores (as) formais estão nesta faixa etária. Já considerando critério adotado pelo IBGE, de que são jovens aqueles (as) com até 29 anos, este per-centual cai para 35%. Na base da CNM/CUT 43% têm até 29 anos, sendo que, destes, 35% são negros e 22,2% são mulheres. No que se refere à escolari-dade, 61% dos jovens possuem ensino médio com-pleto. A alta rotatividade e baixa média de remu-neração – 44% menor do que os (as) trabalhadores (as) acima de 29 anos – são características entre os (as) jovens metalúrgicos (as). É importante ressal-tar que 50% dos (as) trabalhadores (as) do setor ele-troeletrônico são jovens de até 29 anos; este setor é o que tem a média de remuneração mais baixa e condições precárias de trabalho (RAIS 2012/Caged 2013/2014).

293 Visto que a parcela de jovens trabalhadores (as) está mais vulnerável às formas de precarização das condições de trabalho e tendo diagnosticado dificuldades da condição juvenil, em 2011 foi lan-çada a Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude, construída de forma tripartite (Organi-zação Internacional do Trabalho – OIT, governo e trabalhadores) e que prioriza quatros aspectos:

• Mais e melhor educação

• Conciliação dos estudos, trabalho e vida familiar

• Inserção ativa e digna no mundo do trabalho

• Diálogo Social

Page 57: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

57

CON

GRE

SSO

294 Diante disso, a Secretaria de Juventude da CNM/CUT compartilha das prioridades destacadas em consonância com esta Agenda e assume a ne-cessidade de atuar em duas frentes, na luta por tra-balho decente para os que já estão no mercado de trabalho e por políticas públicas que possibilitem o direito de conclusão do ciclo educacional antes do ingresso no mercado de trabalho.

295 Pensando na juventude metalúrgica da CUT e o papel do movimento sindical para com esta parcela de trabalhadores e trabalhadoras, deve-mos fazer a seguinte reflexão:

296 Os inegáveis avanços sociais obtidos na última década traduziram-se na formação de uma nova classe trabalhadora, mais jovem e, portanto, sem os mesmos referenciais históricos que forma-ram a sociedade brasileira dos anos 1990. Essa nova classe precisa ser objeto de todos os esforços da nossa ação sindical. É um coletivo de trabalhado-res (as) jovens que não se referenciam pelos sindi-catos, não se referenciam pelas lutas de resistência aos ataques do neoliberalismo e à própria luta pela redemocratização do país, ou seja, eles já chegaram quando o copo não estava mais vazio, estava meio cheio. E eles querem mais e estão certos.

297 Graças ao crescimento econômico, aliado a uma política sólida de distribuição de renda, os (as) filhos (as) dos mais pobres estão começando a tra-balhar mais tarde, por conta dos estudos. Quando ingressam no mercado de trabalho, já se apresentam com uma formação diferenciada. Eles (as) têm, por-tanto, um acúmulo e uma cultura que precisam ser entendidas e respeitadas pelas direções sindicais.

298 Não se pode menosprezar o acúmulo de um (a) jovem trabalhador (a), que inicia sua car-reira profissional objetivando algo maior do que simplesmente “trabalhar”. Ele (a) chega contami-nado por um discurso meritocrata, por meio do qual considera que conseguiu aquele emprego por méri-tos absolutamente pessoais. Isso é um fenômeno de

aproximação dessa nova classe trabalhadora com os valores e o discurso da burguesia e não se dá somente aqui no Brasil, é um fenômeno mundial.

299 Quando o debate político não se realiza com esses (as) novos (as) trabalhadores (as), não se cria o sentimento de coletividade, nem da consciên-cia de classe. O Sindicato fica num plano invisível e desimportante, ficando uma sensação de ascensão pessoal graças aos méritos próprios e uma tendên-cia a menosprezar os que ficaram para trás.

300 Diante disso e em busca do trabalho de-cente para a juventude, compreendendo que a par-ticipação dela no movimento sindical é imprescin-dível para dar voz às suas demandas específicas nas esferas sindicais e, assim, estender o debate a todos (as), além de contribuir para a renovação das direções nas instâncias, a Secretaria de Juventude da CNM/CUT deve priorizar ações formativas que tenham como objetivo politizar esta parcela de tra-balhadores (as), fazendo com que eles (as) se vejam enquanto classe trabalhadora e sujeitos de sua his-tória e do país.

301 “Quando falamos de PESSOAS COM DE-FICIÊNCIA, estamos nos referindo a uma parcela da população que durante muito tempo foi tratada pela sociedade e pelo Estado como merecedores de caridade e de medidas assistencialistas. Essas pes-soas viviam à margem da sociedade, eram invisíveis e, quando percebidas, tratadas como doentes ou in-capazes de produzir. Hoje, em um cenário ainda em construção, obtivemos vários avanços e certamente o principal deles é o início da mudança desta visão. Nem sempre a pessoa com deficiência tem algum tipo de doença e, portanto, não deve ser tratada como tal. O que a limita não é a sua deficiência, mas as barreiras encontradas no espaço em que ela vive; por-tanto, são pessoas como quaisquer outras, plenamen-te capazes de produzir e ter autonomia, participação na vida econômica, social e cultural em igualdade de oportunidades”. (Fonte: Caderno de Texto Base - Ple-nária Estatutária da CNM/CUT 2013)

Page 58: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

58

CON

GRE

SSO

302 Em 1991, foi instituída no Brasil a lei

8.213, que determina uma cota de contratação de pessoas com deficiência de acordo com o número total de trabalhadores (as) nas empresas. Essa me-dida compulsória visa à inclusão desta parcela no mercado de trabalho. E mais do que isso, prevê que as empresas providenciem condições ao exercício do trabalho.

303 Para além do papel do movimento sindical de fiscalizar o cumprimento desta lei, cabe aos (às) dirigentes sindicais a importante tarefa de estender este debate às esferas das organizações de classe e à sociedade, no sentido de combater toda forma de discriminação e promover o direito à cidadania e a igualdade de oportunidades.

304 Percebe-se que as desigualdades praticadas contra as minorias citadas acima, reflexo de uma sociedade com construções históricas de preconcei-to e exclusão, são gritantes e estão na contramão do trabalho decente.

305 As políticas desenvolvidas para estes te-mas, apesar de terem suas especificidades, devem ser tratadas de forma transversal, uma vez que, quando a incidência de mais de um dos temas re-cai sobre a mesma pessoa (mulher, negra, jovem e com deficiência, por exemplo), a vulnerabilidade à precariedade é muito maior. Argumento ainda mais importante é o fato de que a luta por igualdade de oportunidade no trabalho, na vida e no movimento sindical é uma luta de todos (as).

306 Pensando na geração de postos de tra-balho decente, mas em âmbito global – pois as-sim é o capital, que pensa e age globalmente –, a CNM/CUT, através de sua Secretaria de RELA-ÇÕES INTERNACIONAIS tem desenvolvido ações em consonância com a IndustriALL, a fe-deração internacional dos (as) trabalhadores (as) na indústria, para fortalecer as relações com en-tidades sindicais internacionais em busca da unida-de da classe trabalhadora no mundo e na luta contra o combate do trabalho precário.

307 Esta luta é empreendida pela Central Única dos Trabalhadores desde sua fundação, mas é inegável que o empenho da OIT (Organi-zação Internacional do Trabalho) pela promoção do trabalho decente desde 1999 fez com que este tema ganhasse mais força no mundo. Assim, a IndustriALL e o movimento sindical brasileiro assumiram essa causa com mais vigor.

308 Compreendendo a ação sindical como principal instrumento de luta contra a precariza-ção nas relações de trabalho, e considerando a importância da cooperação internacional neste processo, a CNM/CUT deve, além de ações pon-tuais em direção à solidariedade internacional, pensar e dar continuidade às políticas permanen-tes que contribuam com a formação e o inter-câmbio sindical em todos os países envolvidos. A ação deve ser focada em áreas estratégicas, como a formação de lideranças sindicais – prin-cipalmente jovens e mulheres –, a construção de redes sindicais em empresas multinacionais e a celebração de Acordos Marco Globais (AMGs). Os AMGs consistem em acordos firmados e im-plementados por trabalhadores (as) e empresas e visam constituir normas básicas referentes às re-lações de trabalho, geralmente baseadas em nor-mas da OIT, que se aplicam em todas as plantas de determinada empresa no mundo.

309 Diante disso, estabelecer e fortalecer la-ços permanentes com entidades sindicais inter-nacionais, com a IndustriALL e com as Confe-derações Internacionais pelo mundo, no sentido de unificar a luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora, é fundamental ao princípio fun-dante de nossa central: a solidariedade, ao forta-lecimento do movimento sindical internacional, ao combate à toda forma de trabalho precário e à geração de postos de trabalho decente.

310 A FORMAÇÃO SINDICAL, já citada em várias partes deste texto, além de ser uma área de atuação da CNM/CUT, é um meio para

Page 59: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

59

CON

GRE

SSO

que se atinjam os eixos objetivos da Confederação; portanto, está presente em todos os outros eixos e áreas e é também meio fundamental ao alcance de postos de trabalho decente, uma vez que é primor-dial nesse processo qualificar a ação sindical.

“A formação da CNM/CUT parte do pressupos-to que o ser humano é um ser integral, com múl-tiplas dimensões. Ou seja, um ser singular, com subjetividade e objetividade, histórico e social, afetivo e cognitivo, incompleto e inacabado e, por-tanto, capaz de transformar-se e intervir a partir de suas relações com o mundo e com os outros ho-mens.” (Trecho extraído do Caderno de Textos do 8º Congresso Nacional dos/as Metalúrgicos/as da CUT - 2011)

311 Apropriar-se das ferramentas pedagógicas e formativas e colocá-las a serviço da classe tra-balhadora é tarefa intransferível de nossa Confe-deração. A formação político-sindical está na base das transformações necessárias para a construção de um sindicalismo que preconize os preceitos fun-damentais de nossa Central, um sindicalismo que tenha como compromisso “a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, a luta por melhores condições de vida e trabalho e o engajamento no processo de transformação da sociedade brasileira em direção à democracia e ao socialismo” (trecho do estatuto da CUT - Objetivos Fundamentais).

312 Os avanços sociais obtidos nos últimos 12 anos, principalmente no campo da Educação, apon-tam para que o movimento sindical, notadamente o metalúrgico, eleja a defesa do ensino fundamental, médio e profissional como pontos relevantes de sua pauta.

313 É preciso apropriar-se desses avanços e pautar o governo federal para que os investimen-tos nesta área propiciem as condições para que se estabeleça no país polos de excelência no ensino técnico e profissional, com um olhar não apenas

tecnicista, mas sim mais amplo, socialmente enga-jado, objetivando uma sociedade mais participativa e fraterna.

314 Na CNM/CUT, acreditamos que a forma-ção há que ser uma política transversal, abrangen-do as várias áreas do conhecimento, por considerar o ser humano, seu principal objeto, um ser plural, multifacetário, inconcluso e em eterna construção, a partir de si e de suas relações com o outro. A po-lítica de formação deve apontar para o trabalho de-cente, como a base comum na qual estabeleceremos a gestação de uma sociedade mais humana.

315 Através das OLTs (Organizações por Lo-cal de Trabalho), podemos e devemos estabelecer a luta para a melhoria constante das condições de tra-balho. Como estratégia cutista de organização sin-dical a partir do local de trabalho é nosso objetivo, e tarefa indelegável, estabelecer planos de formação para as CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes), SURs (Sistemas Únicos de Repre-sentação), CSEs (Comitês Sindicais de Empresas), comissões de negociação de PLRs (Participação nos Lucros e/ou Resultados) e toda e qualquer ini-ciativa que os (as) trabalhadores (as) se organizem a partir de seus locais de trabalho.

316 Outra tarefa de nossa Confederação é o fortalecimento de nossa rede nacional de formação, através dos coletivos estaduais e ou regionais, irra-diando para toda nossa base os acúmulos comparti-lhados por nossos Sindicatos e Federações.

317 Um programa nacional de formação e ex-tensão universitária tem se tornado elemento vitali-zador de nossos quadros em todo o país, permitindo uma relação com as universidades em que os currí-culos e as grades dos cursos objetivam a capacita-ção das lideranças sindicais, permitindo a reflexão de um conhecimento acumulado na prática com aquele construído na academia, para propiciar aos dirigentes e às dirigentes condições para uma inter-venção mais qualificada na conjuntura do país.

Page 60: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

60

CON

GRE

SSO

cas e bens de consumo e, por consequência, tem outros valores e anseios que não incluem a luta por uma sociedade melhor para o coletivo, a COMUNICAÇÃO do movimento sindical com a sociedade e, em especial com esta parcela, é fundamental. Isso porque os principais meios de comunicação agem de forma manipuladora, a serviço de seus próprios interesses – que são os da elite econômica – e acabam estimulando o individualismo, o consumismo e a ideia da meri-tocracia. Estas ideias estão na contramão da de-mocracia e da consciência de classe, fazem com que os (as) trabalhadores (as) não se enxerguem mais enquanto classe e sim como indivíduos ca-pazes de conquistar tudo o que quiserem por mé-ritos próprios, enfraquecendo, assim, a luta por uma sociedade com igualdade de oportunidades para todos e todas.

323 Nesse sentido, a CUT tem como im-portante bandeira de luta a democratização dos meios de comunicação, que tem por objetivo principal mudar o atual sistema de concessões de emissoras de rádio e TV, criado na década de 1960 e que tem privilegiado apenas algumas fa-mílias. Os meios de comunicação devem primar pela efetiva liberdade de expressão, para que to-dos os cidadãos e cidadãs se sintam representa-dos (as). Com esta perspectiva, foi criada a TVT (TV dos Trabalhadores), primeira emissora de televisão outorgada a uma organização sindical e que tem sido importante instrumento de comu-nicação por meio do qual os (as) trabalhadores (as) não só recebem informações, mas encon-tram espaço para a participação.

324 Para além dos meios de comunicação tradicionais, é fato que hoje a internet e, em es-pecial, as redes sociais têm assumido um impor-tante papel na comunicação (para o bem e para o mal), uma vez que é uma alternativa para se comunicar com muita rapidez, quase que instan-taneamente, e de fácil acesso.

318 A demanda atual nos obriga a ter um papel cada vez mais propositivo, mais amplo na disputa da hegemonia num ambiente de movimentação so-cial, em que uma nova classe trabalhadora se for-ma como consequência de uma política acertada de crescimento econômico com distribuição de renda e geração de emprego.

319 O nosso papel, portanto, adquire uma di-mensão que nos obriga a pensar e repensar constan-temente no ser que somos e no ser que objetivamos ser, em nosso discurso e em nossa prática.

320 Historicamente no Brasil, a classe média se forjou aliada ao conservadorismo, assumindo o discurso e os valores dos mais ricos, numa espécie de aliança com a burguesia, objetivando o acesso ao conjunto de oportunidades que somente os ri-cos tinham até o advento do governo Lula/Dilma. De lá para cá, o acesso ao emprego, à moradia e às universidades pelos mais pobres permitiu que a nova classe trabalhadora, também ao seu modo, se contagiasse (de forma relativa) a esse discurso amplamente disseminado pelos grandes grupos de comunicação.

321 Essa nova classe trabalhadora é, portanto, parcela da sociedade que está em disputa tanto pela burguesia quanto pela classe trabalhadora organi-zada pela CUT. Esse embate por mentes e corações canaliza para o campo da formação sindical uma enorme tarefa, que não permite vacilo de nossa par-te. É missão deste Congresso que nos debrucemos sobre este tema, que se apresenta como o nosso maior desafio: a formação de uma hegemonia cutis-ta junto à classe trabalhadora, a manutenção de um sentimento de classe, de uma vontade coletiva de transformação de nossa sociedade, rumo a um país mais justo igualitário e fraterno.

322 Diante do desafio explícito do movimen-to sindical em atingir esta massa de trabalhadores (as) que hoje têm mais acesso às políticas públi-

Page 61: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

61

CON

GRE

SSO

325 Considerando esta parcela da população que está em disputa na sociedade, constituída em sua maioria por jovens trabalhadores (as), a CNM/CUT, além de defender a democratização dos meios de comunicação, têm utilizado como ferramentas comunicadoras, além de seu site, as redes sociais, como forma de não só transferir informação, mas interagir com a categoria e com a sociedade.

326 Nesse sentido, são dois os desafios a serem superados neste campo: a democratização dos meios de comunicação e a atualização constante em rela-ção à dinâmica da inovação tecnológica dos meios de comunicação, para usá-los em favor da classe trabalhadora. A gama de oportunidades oferecidas pela tecnologia é imensa e deixar de acompanhar esta evolução significa envelhecer, deixar de dialo-gar e perder a disputa político-ideológica imposta claramente pelos donos dos meios de comunicação tradicionais. Significa retrocesso na busca pelo mo-delo de país que buscamos em que prevaleça a de-mocracia.

327 Todos (as) concordamos que o bem mais precioso que temos é a vida. Mas será que quan-do falamos em “trabalho decente” as primeiras coisas que vem à nossa mente são a SAÚDE E A SEGURANÇA do (a) trabalhador (a)? O que temos visto hoje é uma inversão destes valores. O cenário globalizado e a competitividade acirrada entre as empresas têm estimulado também a com-petitividade entre trabalhadores (as). As famosas metas de produtividade, muitas vezes condiciona-das a benefícios monetários e que afetam a saúde e a segurança dos trabalhadores (as) têm inverti-do esta lógica e colocado os ganhos financeiros à frente da vida humana.

328 Este é apenas um dos desafios enfrentados hoje pelo movimento sindical no que se refere à saúde e segurança nos locais de trabalho. Poderí-amos enumerar infinitas situações que colocam em risco a vida humana em nome do lucro. Excesso de

horas extras, dinâmica dos turnos de revezamento, falta de ações de prevenção de acidentes e condi-ções de trabalho inadequadas são algumas.

329 Diante disso, e pensando na saúde como o estado completo de bem-estar do indivíduo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, o movimento sindical deve pensar ações que tenham como objetivo a luta por duas frentes: “disputar o modelo de organização das empresas, consideran-do as necessidades para a qualidade de vida dos (as) trabalhadores (as); e lutar para que o Estado regule e fiscalize o ambiente de trabalho” (trecho extraído do Caderno de texto do 8º Congresso Na-cional dos Metalúrgicos da CUT - 2011).

330 Isso implica em dar continuidade às ações já descritas neste caderno, no tópico Balanço da Gestão, mas também lutar pela substituição das CI-PAs por Comissões de Saúde autônomas e sob o controle dos (as) trabalhadores (as), participar dos Conselhos Municipais de Saúde do Trabalhador, coibir exigências de metas de produtividade, forta-lecer o papel dos Centros de Referência Regionais e Estaduais da Saúde do Trabalhador e promover o debate sobre o tema em todas as esferas sindicais e na sociedade.

331 A CNM/CUT prima por uma GESTÃO democrática, transparente e ágil, que esteja sempre em sintonia com as entidades filiadas, buscando contemplar o maior número possível de atividades para estreitar os laços de solidariedade com os Sin-dicatos e as Federações cutistas da categoria. Para que isso aconteça, é fundamental que se faça con-vênios e parcerias para investir na formação políti-ca de nossos dirigentes e corpo de assessoria. As-sim, a CNM/CUT desenvolve condições para dar continuidade à excelência já notória na organização das atividades, desde cursos de formação sindical, seminários, conferências e encontros, até as instân-cias deliberativas, como nossas Plenárias e o nosso Congresso.

Page 62: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

62

CON

GRE

SSO

332 Para o bom andamento de todas as áreas de

atuação descritas acima, está na origem da CNM/CUT o seu papel de agente articulador de políticas organizativas para os sindicatos filiados. É da es-sência da nossa entidade buscar aprofundar a con-cepção sindical libertária da Central Única dos Tra-balhadores.

333 ORGANIZAÇÃO E POLÍTICA SINDI-CAL são a base sem as quais não conseguiremos atingir nossos objetivos. A democratização das relações de trabalho é das tarefas históricas mais importantes de nossa Central. Para a CUT e esta Confederação, estender a democracia no chão de fábrica é entender que o local de trabalho ainda é o ambiente em que as relações entre o capital e o trabalho se dão sem que o respeito à dignidade hu-mana prevaleça.

334 O direito ao trabalho reconhece a desigual-dade da relação empregadora e empregado (a), esta-belecendo como um dos seus princípios específicos o da proteção. Entretanto, ainda que preveja uma série de direitos, a legislação não é suficientemen-te capaz para que os (as) trabalhadores (as) de fato usufruam desses direitos. O que acontece na maio-ria das vezes é que quando o (a) trabalhador (a) se sente aviltado (a) em sua dignidade, ele (a) se vê obrigado (a) a produzir provas para que, num pro-cesso na Justiça Trabalhista, possa ser indenizado (a) por não ter usufruído desse ou daquele direito. Mas na prática a Justiça Trabalhista não garante a aplicação do direito, mas sim uma indenização pelo não gozo desse direito.

335 A precariedade, portanto, ainda é o maior desafio para a sociedade brasileira no campo das re-lações de trabalho. A democracia ainda não chegou ao local de trabalho. É lá onde se dá a exploração da mão de obra, e não há de fato um sistema de solu-ção de conflitos onde prevaleça o respeito à pessoa humana. Salvo as experiências de OLT, como os Comitês Sindicais de Empresa, os Sistemas Únicos de Representação e as Comissões de Fábrica exis-

tentes em alguns sindicatos de nossa base, a maioria dos (as) trabalhadores (as) brasileiros (as) carece de mecanismos capazes de solucionar problemas no local onde eles acontecem, de fiscalizar e garantir o cumprimento de direitos assegurados em lei e em convenções coletivas de trabalho.

336 Num cenário de quase pleno emprego como estamos vivenciando no último período, há uma me-lhoria relativa das condições de trabalho. Entretanto, tão logo surgem oscilações na economia, o fantas-ma das demissões torna-se a ameaça central contra a dignidade dos (as) trabalhadores (as).

337 A proposta da CNM/CUT é a de que os (as) trabalhadores (as) estejam organizados (as) e mobilizados (as) desde o chão de fábrica, passan-do por seus sindicatos, federações, confederação e também mundialmente, através das centrais sindi-cais internacionais.

338 Essa articulação é de vital importância para a defesa dos direitos históricos e imediatos da clas-se trabalhadora. Uma nova estrutura sindical que respeite o direito à liberdade e autonomia sindicais explicitados na Convenção 87 da OIT (que garante esse livre direito de organização aos trabalhadores) é a referência de nossa ação sindical.

339 Essa proposta não é nova e já foi debatida e defendida pela CUT no Fórum Nacional do Tra-balho. No entanto, os avanços dependem da apro-vação no Congresso Nacional, fato que ainda não se materializou, porque a representação direta da classe trabalhadora no Legislativo não é maioria.

340 A visão da CNM/CUT é de que precisa-mos empreender as mudanças necessárias para que possamos obter a contratação de trabalho nacional-mente articulada. Porém, ainda há um vasto cami-nho a trilhar para que isso se concretize.

345 O CONTRATO COLETIVO NACIONAL DE TRABALHO tem como objetivos democrati-

Page 63: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

63

CON

GRE

SSO

zar as relações de trabalho, fortalecer a organização sindical, superar os limites estabelecidos na estru-tura sindical que pulverizam o poder de negociação dos (as) trabalhadores (as) e eliminar todo o tipo de contratação precária.

346 Nessa perspectiva, deve-se pensar em ações que deem continuidade à busca por unidade nas convenções coletivas e acordos por empresa, como a definição de uma pauta nacional de negociação coletiva elaborada na “1ª Conferência Nacional de Negociação Coletiva”, realizada pela Confederação em 2012. As redes sindicais por empresa também devem ser vistas como estratégia para se estabelecer acordos nacionais, unificando, assim, direitos entre os (as) trabalhadores (as) das diferentes plantas. As redes sindicais são instrumentos de organização dos (as) trabalhadores (as) criados pelo movimento sindical, em resposta à estratégia de articulação em rede das multinacionais – envolvendo fornecedo-res, cadeia produtiva, tecnologia etc. – e que tem impactado, e muito, a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.

347 As redes favorecem a troca de informações entre dirigentes sindicais de diferentes plantas, am-pliam o poder de negociação dos (as) trabalhado-res (as) e seus representantes e, consequentemen-te, ajudam a melhorar as relações de trabalho. O movimento sindical precisa estar um passo à frente dessas corporações. Enquanto as empresas se utili-zam das vantagens corporativas e competitivas pro-porcionadas pela sua organização internacional em redes, para buscar altos índices de lucratividade, nós devemos ir mais adiante e evitar a armadilha da divisão sindical. Trabalhando em redes, poderemos ter um importante instrumento para nos contrapor ao poder das multinacionais.

348 Democratizar as relações de trabalho prevê uma organização sindical que dê conta dos diversos níveis já citados, mas o mais difícil tem sido a insta-lação de OLT (Organização no Local de Trabalho). É no local de trabalho que o capital efetiva a sua

dominação e exploração sobre os (as) trabalhadores (as). Não havendo organização e mobilização den-tro das empresas, toda luta se torna muito difícil e as conquistas nem sempre acontecem.

349 O modelo de organização sindical preco-nizado pela CUT prevê que o foco principal seja sempre os (as) trabalhadores (as), como legítimos protagonistas de sua própria história. Portanto, toda e qualquer entidade de representação sindical deve estar a serviço da defesa intransigente dos direitos dos (as) trabalhadores (as).

350 Nossa ação sindical objetiva a melhoria das condições de trabalho tendo por referência os conceitos já explicitados aqui em defesa do traba-lho decente. Garantir igualdade de oportunidades e trabalho decente é tarefa urgente e inadiável. En-tendemos que é preciso fortalecer os espaços de re-presentação dos trabalhadores tais como as CIPAs, Comissões de Negociação de PLR, Comissões de Fábrica, SURs, as direções de base de nossos sindi-catos e os CSEs, fortalecendo assim a nossa repre-sentação no chão de fábrica.

351 Não há como efetivar os avanços da legis-lação sem que tenhamos dentro dos locais de tra-balho os (as) legítimos (as) representantes dos (as) trabalhadores (as), grande batalha a ser travada em toda a base para que possamos de fato fortalecer a nossa ação sindical, articulando-a nacionalmente.

352 As experiências bem sucedidas de OLT precisam ser disseminadas, fortalecendo a repre-sentatividade de nossos sindicatos, a política sindi-cal e apontando para uma melhoria nas condições de vida da classe trabalhadora. Só assim aglutina-remos forças para interferir na política industrial deste ou de qualquer outro governo. É preciso que nossas entidades sindicais se apropriem dos debates sobre a política industrial, capacitando seus (suas) representantes para fortalecer nossas bancadas de negociação, articuladas em torno de objetivos co-muns de toda a nossa base.

Page 64: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

64

CON

GRE

SSO

353 Toda política industrial que não preveja a

participação efetiva da classe trabalhadora não é uma política que atende aos nossos interesses. Por-tanto, é preciso cada vez mais fortalecer uma con-cepção de envolvimento dos (as) trabalhadores (as) nos espaços de decisão, seja através de fóruns tri-partites, seja através da pressão dentro das fábricas, para que eles (as) possam de fato atuar de modo propositivo nos caminhos do desenvolvimento da indústria no país.

354 Dessa forma, estaremos estabelecendo o debate e a defesa de mais e melhores empregos, ga-rantindo os preceitos do trabalho decente. Na práti-ca, significa diminuirmos os lucros do capital, redu-zindo as desigualdades salariais e potencializando as lutas por melhores condições de trabalho.

355 Ao fortalecer as entidades sindicais como efetivos instrumentos da luta de classe, fortalece-mos a classe trabalhadora em sua luta por um país mais justo para todos e todas. A CNM/CUT, para tanto, vem desenvolvendo políticas de fortaleci-mento de suas Federações, para que estas possam cada vez mais articular os Sindicatos, melhorando a comunicação entre eles, estreitando os laços de solidariedade e apontando para o avanço das cam-panhas salariais.

356 Articular a nossa base em torno de propos-tas concretas para a classe trabalhadora é tarefa in-delegável. Por isso, nossa prática nos últimos anos tem sido estabelecer o debate sobre a importância de uma organização sindical que aponte para a de-mocratização das relações de trabalho.

357 O processo de precarização das relações de trabalho, que reduz direitos e aprofunda as desi-gualdades, tende a excluir uma determinada parcela de trabalhadores (as) do mercado e impedir o aces-so às condições definidas como trabalho decente. Imaginemos uma pirâmide em que no topo estão os postos de trabalho decente e na base dessa pirâmide, ficam aqueles que estão mais longe desta condição

de trabalho. Esta base é constituída, em sua maio-ria, por mulheres, negros, pessoas com deficiência e jovens. Para cada uma destas especificidades, te-mos várias justificativas construídas historicamente e que resultam nesta exclusão. Sociedade patriarcal e machista, herança escravagista da era colonial e preconceito são algumas delas.

Macrossetor da Indústria como estratégia de Organização

dos Ramos da CUT

358 A classe trabalhadora no Brasil ainda sofre com a falta de liberdade e autonomia sindical. O tri-pé do corporativismo ainda se mantém, a despeito dos avanços conquistados em mais de 30 anos de existência da CUT. Esse tripé, formado pelo poder normativo da Justiça do Trabalho, unicidade sindi-cal e imposto sindical, perpetua uma prática de con-ciliação de classe por parte de uma enorme parcela de sindicatos brasileiros.

359 Os trabalhadores na indústria, pulveriza-dos nas bases de milhares de sindicatos por todo o país, acabam sofrendo as consequências de uma fragmentação das suas lutas, com várias datas-ba-ses, diferenças de pisos salariais, acordos coletivos precários, inúmeras mesas de negociação com a pa-tronal e com um sentimento de que somos diferen-tes uns dos outros e que as desigualdades existentes entre as diversas categorias decorrem desse fator. Isso é um erro crasso e que somente corrobora com uma visão divisionista e, portanto, corporativista.

360 Se a base do corporativismo ainda é um flagelo para a classe trabalhadora, e se ainda a cor-relação de forças no Congresso Nacional não nos é favorável, para implementar uma reforma sindical que democratize as relações de trabalho, torna-se necessário adotarmos medidas que apontem para uma ação sindical articulada nacionalmente.

361 Não há outro caminho senão o de poten-cializarmos a nossa luta, articulando os diversos

Page 65: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

65

CON

GRE

SSO

sindicatos do ramo da indústria, através de nossas federações, confederações e do Macrossetor da In-dústria (MSI). Para tanto, os delegados e as dele-gadas no 11º CONCUT aprovaram esta importante resolução:

“Para avançar na atualização da estrutura ver-tical, a CUT decide constituir um espaço nacional dos macrossetores (Indústria, Comércio e Serviços, Rural e Serviço Público), visando elaborar uma proposta final de organização setorial para o 12º CONCUT, efetuando uma avaliação parcial na 14ª Plenária Nacional”.

362 Logo depois do término do 11º Congresso de nossa Central, a CNM/CUT, assumindo papel protagonista, estabeleceu articulações com os de-mais ramos da indústria – Vestuário, Alimentação, Químicos e Construção Civil –, objetivando a con-cretização desse Macrossetor. A assertividade dessa resolução refletiu-se na pronta movimentação das entidades, no sentido de colocar em funcionamen-to o MSI. As coordenações nacionais dos ramos da indústria reuniram-se e estabeleceram um processo amplo de debates sobre quais caminhos levariam ao sucesso da empreitada.

363 Realizamos, como ponto de partida, um Planejamento Estratégico do MSI, quando estabe-lecemos pontos convergentes de entendimento so-bre os desafios dos nossos Sindicatos, tais como:

•Combater a Terceirização;

•Contra a Rotatividade da Mão de Obra;

•OLT - Organização no Local de Trabalho;

•Lutar contra os Baixos Salários;

•Saúde e Segurança;

•Igualdade de oportunidades;

•Deslocamento das indústrias.

364 São pautas da CNM/CUT para o Macros-setor da Indústria:

1º - Formação e Qualificação da Mão de Obra

Qualquer proposta de política industrial deve atender as demandas de formação e qualificação dos (as) trabalhadores (as). Hoje há uma forte demanda para trabalhadores (as) qualificados (as) e, por isso, o acesso ao ensino superior de qualidade focado nas demandas da indústria é fator fundamental para se evitar a importação de mão de obra qualificada.

2º - Investimentos em Pesquisa e Desenvolvi-mento

Uma indústria de ponta necessita de polos de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Para isso, é preciso investir de forma consistente nesses polos, com financiamento da pesquisa e política de fomento para novas empresas brasileiras que desenvolvam produtos com inova-ção tecnológica.

3º - Aumentar os índices de nacionalização da produção

Dentro desta Plataforma de Política Industrial não podemos fechar nosso olhar sobre a imensa quantidade de peças e componentes que são impor-tados pelas grandes empresas. É preciso aumentar os índices de nacionalização da produção, sob risco de que nosso parque industrial seja desmantelado e que as grandes empresas funcionem apenas como CKD. As indústrias que mais empregam são aque-las que estão mais ameaçadas pela importação de autopeças e componentes de linha branca.

4º - Maior valor agregado na indústria de trans-formação

O Brasil ainda é um grande exportador de com-modities e um grande importador de produtos aca-bados e com maior valor agregado, como chapas de aço, componentes eletrônicos e autopeças. Para que possamos ter uma indústria forte e sustentável, tam-bém do ponto de vista ambiental, é necessário que

Page 66: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

66

CON

GRE

SSO

se invista em toda a cadeia, desde a produção até o tratamento dado aos produtos descartados, dan-do destinação ecológica a uma imensa lista de itens que acabam impactando o meio ambiente.

5º - Mais investimentos em infraestrutura

É preciso modernizar a malha ferroviária, os portos e as rodovias em todo o país, possibilitan-do a circulação da produção, diminuindo os custos de transporte tanto das matérias primas quanto dos produtos acabados.

6º - Fortalecimento do poder de compra dos sa-lários e políticas de distribuição de renda e ci-dadania

Uma indústria de porte necessita de um mercado consumidor forte, que alavanque sua demanda. A política de valorização do Salário Mínimo demons-trou, inegavelmente, que a distribuição de renda au-menta a cidadania com acesso a bens duráveis por importante parcela da população. Foi esse mercado consumidor fortalecido que possibilitou ao Brasil atravessar a crise da economia mundial desde 2008, sem os desastrosos efeitos que ainda assolam eco-nomias importantes da Europa, como Portugal, Es-panha e Grécia.

7º - Contrato Coletivo Nacionalmente Articulado e pisos salariais nacionais

É necessário um Contrato Coletivo Nacionalmen-te Articulado, que sirva de base mínima por meio da qual os sindicatos possam estabelecer suas conven-ções coletivas. Nada justifica que em determinadas áreas fabris se pratiquem salários que beiram o mí-nimo. Em determinadas regiões, o trabalho precário aliado aos baixíssimos salários criam verdadeiras “Zonas Chinesas de Produção”. É inegável que a va-riável do salário e das condições de trabalham serve como instrumento cruel que as empresas se utilizam para manter sua margem de lucratividade.

8º - Contrapartidas que efetivamente estabelecem a Democratização das Relações de Trabalho

As empresas invariavelmente buscam linhas de financiamento junto a bancos públicos, como a Caixa e o BNDES. Não é possível que um banco que pertença ao povo financie empresas que não respeitam os mínimos direitos de organização dos trabalhadores. Portanto, para qualquer linha de fi-nanciamento de bancos públicos, as empresas to-madoras de empréstimos deverão, de forma efetiva, estabelecer OLT, aos moldes do SDRT (Sistema De-mocrático de Relações do Trabalho) proposto pela CUT, sob a supervisão dos sindicatos e das Centrais Sindicais envolvidas.

9º - Contra a rotatividade da mão de obra e pela implementação da Convenção 158 da OIT

Os empresários se utilizam da rotatividade da mão de obra para diminuírem seus custos com a folha de pagamento e aumentarem seu lucro. Esse artifício atinge de forma direta grande parcela da juventude trabalhadora e, muitas vezes, trabalhado-res (as) sequelados (as) por um modo de produção que não respeita a saúde e a segurança. Portanto, a implementação da Convenção 158 da OIT, que impede a demissão imotivada, torna-se um impor-tante instrumento contra a precarização do trabalho através da rotatividade.

10º - Contra toda e qualquer iniciativa que favore-ça o conteúdo do projeto de lei 4.330

Uma indústria de primeira não pode ter traba-lhadores de terceira. Contra a terceirização e seus malefícios à classe trabalhadora.

11º - Reforma tributária e fim da guerra fiscal

É preciso uma reforma tributária que efetivamen-te acabe com a guerra fiscal entre os Estados, para as empresas não tenham estímulos para se transferir de forma predatória. Essa reforma tributária deve

Page 67: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

67

CON

GRE

SSO

ter mecanismos que não penalizem os salários e que taxem as grandes fortunas.

12º - Apoio às pequenas e microempresas e às ini-ciativas da Economia Solidária

São as pequenas e microempresas as grandes contratadoras de mão de obra. Por isso, é necessá-ria uma política industrial que proteja o pequeno e o microempresário, com linha de crédito e capital de giro, apoio e consultoria. É preciso também que as cooperativas e experiências de economia solidária tenham apoio do Estado, por meio de sistema de compras públicas voltado ao cooperativismo, cen-tros e incubadoras de economia solidária etc.

13º - Acesso ao crédito e pela redução das taxas de juros

O acesso ao crédito e a redução das taxas de ju-ros é de vital importância para os (as) trabalhadores (as), como fórmula para incentivar a produção e a geração de empregos na indústria.

365 Os primeiros passos estão dados. Há von-tade política dos ramos envolvidos para que o MSI seja um eixo norteador das lutas gerais dos (as) trabalhadores (as) na indústria. Sem essa vontade, não há como aglutinar nossas campanhas salariais em torno de uma pauta nacional que venha dimi-

nuir as desigualdades entre os (as) trabalhadores (as). Porém, apenas essa vontade não garante uma real articulação das lutas. É preciso que a Central continue a investir nesse modo de organização, para que o Macrossetor não dependa apenas da vontade dos dirigentes dos ramos envolvidos, mas que seja uma política perene de organização sin-dical da CUT e que aponte para a liberdade e a autonomia sindical, na construção de uma pauta nacional unificada.

366 A experiência do Macrossetor da Indústria tem se mostrado como uma ação vitoriosa e acerta-da da Central. Mais que uma opção de organização, o Macrossetor torna-se uma necessidade dos traba-lhadores e das trabalhadoras de toda a nossa base cutista. É preciso dar consistência a essa iniciativa da CUT e dos Ramos, para que num espaço razoá-vel de tempo possamos ter acordos nacionais míni-mos, que sejam a base das campanhas salariais em todo o país. E, além disso, para que tenhamos um grau de articulação entre os nossos sindicatos, que favoreça as negociações coletivas, estabelecendo uma comunicação ágil entre as centenas de dirigen-tes, potencializando a nossa luta e apontando para a necessidade de um novo modelo de organização sindical que atenda as necessidades imediatas e his-tóricas da classe trabalhadora.

Page 68: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

68

CON

GRE

SSO

367 O 8º Congresso dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT, realizado no período de 24 a 27 de abril de 2011, na cidade de Guarulhos (SP), reuniu cerca de 450 delegados (as) de todo país. Naquela ocasião, eles (as) aprovaram diversas resoluções relativas aos seguintes temas: políticas sociais, formação, juventude, saúde, previdência social, comunicação, gênero, organização sindical, igualdade racial e de-senvolvimento sustentável.

368 Ao logo deste mandato, o Conselho Dire-tivo da CNM/CUT eleito realizou quatro planeja-mentos estratégicos, com o objetivo de transformar as resoluções aprovadas no 8º Congresso em ações para a entidade.

369 Em junho de 2013, durante a Plenária Es-tatutária “Política Industrial – o Brasil precisa e nós queremos!”, debatemos os rumos da política industrial brasileira e a geração de mais e melhores empregos, no contexto da agenda do trabalho de-cente, e as intervenções necessárias ao movimento sindical metalúrgico. Nessa oportunidade, revimos e redirecionamos nosso plano de lutas, com as dire-trizes até o final do mandato, além de organizarmos um grande debate sobre os setores do ramo meta-lúrgico. Tudo isso culminou em um plano de ação para a retomada de nossas intervenções nessas áre-as específicas.

370 O balanço que apresentamos a seguir refe-re-se às ações planejadas e desenvolvidas ao longo dos quatro anos de mandato desta Direção.

371 Mas, antes de iniciar esse balanço, destaca-mos alguns aspectos que se constituíram diretrizes básicas para nortear todas as políticas realizadas no período:

a. A CNM/CUT, como uma entidade orgânica à CUT, procurou respeitar e desenvolver as deliberações aprovadas pela Central em seus

Congressos e Plenárias, bem como participar das diversas campanhas propostas;

b. As Secretarias que compõem a CNM/CUT participaram dos espaços e fóruns organiza-dos pela CUT (coletivos nacionais e grupos de trabalhos), respeitando suas orientações e debatendo-as no ramo metalúrgico;

c. A CNM/CUT procurou trabalhar em conjun-to com seus Sindicatos, Federações e CUTs Estaduais, fortalecendo e desenvolvendo o papel de cada uma dessas instâncias na orga-nização dos (as) trabalhadores (as);

d. No âmbito internacional, também participou da fundação e desenvolveu as propostas da Indus-triALL Global Union, a federação internacio-nal dos (as) trabalhadores (as) na indústria.

• PRESIDÊNCIA

372 O atual mandato teve seu início marcado pela realização de um planejamento estratégico com todos os 41 membros do Conselho Diretivo, para definição dos passos a serem seguidos no sentido de cumprir a missão estabelecida pela CNM/CUT, que é a de “organizar, apoiar e orientar os Sindica-tos e Federações filiadas, com base nos princípios e bandeiras da CUT, bem como representar os (as) trabalhadores (as) metalúrgicos (as) frente ao capi-tal, aos governos e à sociedade”.

373 Ao mesmo tempo, para executar o compro-misso assumido na cerimônia de posse, o presidente percorreu todos os Sindicatos e Federações filiados, com o objetivo de conhecer a realidade local e as dificuldades e estratégias criadas por cada um deles no enfrentamento da relação capital-trabalho, o que levou o dirigente a ter a denominação de “presiden-te chão de fábrica”.

BALANÇO DA GESTÃO 2011-2015

Page 69: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

69

CON

GRE

SSO

374 Essas visitas contribuíram para melhor compreensão da realidade dos (as) trabalhadores (as) metalúrgicos (as), inseridos (as) na grande di-versidade regional brasileira, seja do ponto de vista de sua cultura bem como da organização de suas bases; dessa forma, pudemos estabelecer funda-mentos mais concretos para a luta por um Contrato Coletivo Nacional de Trabalho e aumentar o grau de interlocução com os Sindicatos e seus dirigen-tes, para assim ter o protagonismo no movimento sindical, nos debates sobre a indústria brasileira, na defesa do produto e do emprego nacional e, princi-palmente, levar para todas as partes do país as polí-ticas da CNM/CUT e os princípios cutistas.

375 Nesse percurso, houve uma inevitável e saudável aproximação com a Central nas regiões (as CUTs Estaduais), ampliando e fortalecendo nossa articulação com os diversos estados e ramos de trabalhadores (as), processo esse que possibili-tou a eleição de 17 metalúrgicos para as direções das CUTs estaduais.

376 Em 2012, realizamos a Conferência Na-cional de Negociação Coletiva, com o objetivo de conhecer ainda mais a realidade das negociações coletivas dos cerca de 70 Sindicatos filiados na épo-ca. A partir dos levantamentos realizados pela sub-seção do DIEESE da CNM/CUT, debatemos nessa conferência as cláusulas que seriam negociadas na-cionalmente nas campanhas salariais subsequentes, que foram as seguintes: creche, acesso ao local de trabalho, CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), controle das demissões e distribuição da jornada.

377 Com a deliberação, no 11º Congresso Na-cional da CUT (2011), da criação dos macrosse-tores, estrutura organizativa da Central por ramos com atividades-fim semelhantes, os (as) metalúrgi-cos (as) passaram a constituir o Macrossetor da In-dústria (MSI). O MSI é composto pela CNM/CUT, Contac (Confederação Nacional dos Trabalhadores

nas Indústrias da Alimentação, Agroindústrias, Co-operativas de Cereais e Assalariados Rurais), CNQ (Confederação Nacional dos Químicos), Conticom (Confederação Nacional dos Sindicatos de Traba-lhadores nas Indústrias da Construção Civil e Ma-deira) e CNTV (Confederação Nacional dos Traba-lhadores do Vestuário).

378 A partir de então, o presidente da CNM/CUT se tornou um dos coordenadores desse Macros-setor. Nesse período, realizamos um planejamento estratégico contendo as ações conjuntas dos cinco ramos para enfrentamento de problemas comuns, como a terceirização, rotatividade, desigualdade salarial entre os gêneros etc. Organizamos cinco encontros regionais do MSI: Pernambuco, Paraíba, Amazonas, Rio Grande do Sul e Bahia e um en-contro nacional de comunicação. Mantivemos uma agenda de diálogo permanente com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), em que os ramos da indústria levaram suas reivindi-cações sobre os investimentos na política industrial brasileira e as propostas dos (as) trabalhadores (as) no Plano Brasil Maior.

379 Em dezembro de 2012, o presidente da CNM/CUT tornou-se conselheiro da ABDI (Agên-cia Brasileira de Desenvolvimento Industrial), re-presentando os (as) trabalhadores (as) da CUT. Essa Agência está ligada ao MDIC e tem por função “promover a execução da política industrial brasi-leira, em consonância com as políticas de ciência e tecnologia, inovação e comércio exterior”.

380 Também neste mandato, a Comunicação da CNM/CUT passou a ser coordenada pela Presidên-cia. A equipe foi reconfigurada e a Confederação investiu na reformulação de seu portal na internet, tornando-o mais ágil e leve, além de passar a utili-zar diariamente as redes sociais, particularmente o Facebook e o Twitter, como mecanismos para agi-lizar a comunicação da entidade com os (as) tra-balhadores (as) e o público em geral, contribuindo

Page 70: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

70

CON

GRE

SSO

também para que as notícias da entidade fossem reproduzidas por Federações, Sindicatos filiados e militantes.

381 Coube ainda à Presidência investir na for-mação e capacitação de sua equipe de trabalho, dando condições para que seus (suas) assessores (as) participassem de cursos, seminários e outras atividades afins, visando melhores condições para que cada um possa exercer suas funções de forma mais adequada.

• ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS

382 Neste mandato, a Secretaria de Adminis-tração e Finanças realizou o trabalho de gestão da CNM/CUT em conjunto com a Presidência e Secretaria Geral. Buscamos fornecer aos Sindi-catos e Federações que solicitaram apoio alter-nativas de modelos de organização contábil e ju-rídica para que as entidades pudessem trabalhar com mais transparência e subsidiar as atividades sindicais organizadas para sua base de trabalha-dores (as). Desenvolvemos parcerias junto às entidades sindicais internacionais para organi-zação e/ou apoio de atividades, buscando sem-pre estabelecer com elas as mesmas condições de eficiência e atendimento. Estabelecemos com extremo sucesso a coparticipação dos Sindicatos e Federações nos custos das atividades propos-tas pela CNM/CUT, criando um critério em que todos os inscritos, independentes da localização geográfica de sua origem ou situação financei-ra da entidade, contribuísse com o mesmo va-lor, reforçando assim os laços de solidariedade entre elas. Realizamos um trabalho constante de aproximação com os Sindicatos, reforçando a importância de manter as contribuições à nossa Central, pois isso fortalece a ação sindical para a classe trabalhadora.

383 Por fim, apoiamos financeiramente os Sin-dicatos e Federações em suas disputas eleitorais,

bem como na realização das atividades de forma-ção política do quadro de seus dirigentes sindicais.

• SECRETARIA GERAL

384 À Secretaria Geral coube a tarefa constante de elaborar, organizar e monitorar todas as ações propostas, nos quatro planejamentos estratégicos das 11 secretarias que compõe a Direção Execu-tiva. Para isso, foi necessário o exercício semanal de coordenar as reuniões de agenda. Essas reuniões são organizadas através de uma ferramenta digital acessível aos secretários – que reúne todos os con-vites recebidos, compromissos agendados e ações promovidas pela CNM/CUT – e contam com a pre-sença dos dirigentes presentes na sede e também de outros estados, que participam via Skype.

385 As reuniões de agenda são um espaço deli-berativo, onde os dirigentes participantes, indepen-dente da Secretaria que ocupam, avaliam e decidem sobre todos os convites recebidos pela CNM/CUT, seja para seminários, palestras, plenárias, represen-tações, intercâmbios nacionais e internacionais etc.

386 Essa forma de gestão política da instituição tem como pressuposto a transparência e participa-ção de todos (as) no cotidiano da instituição, in-clusive dos (as) funcionários (as) que compõem as equipes de assessoria, tornando-a mais democrática e coletiva, preservando um importante espaço onde todos (as) possam opinar e compartilhar as decisões tomadas.

387 Outro pressuposto dessa forma de organi-zação desenvolvida neste mandato foi o de inserir todos os membros do Conselho Consultivo nas ati-vidades de representação e formação que a CNM/CUT esteve presente.

388 É importante destacar a representação po-lítica da Secretaria Geral nas lutas gerais dos (as) trabalhadores (as) defendidas pelo movimento sin-dical cutista, como em campanhas para redução da

Page 71: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

71

CON

GRE

SSO

jornada de trabalho sem redução de salários, fator previdenciário, defesa de 10% do PIB para educa-ção, democratização da mídia, trabalho decente etc.

389 Cumprindo uma das funções da Secretaria Geral, organizamos em junho de 2013 a Plenária Estatutária “Política Industrial - o Brasil precisa e nós queremos!”, com a presença de aproximada-mente 150 delegados (as) de todo país, na qual re-novamos nosso plano de lutas de acordo com a con-juntura da época, para até o final do mandato. Nesse momento, pudemos retomar as pesquisas, debates e encaminhamentos de propostas para os seis setores do ramo metalúrgico: aeroespacial, eletroeletrônico, siderúrgico, bens de capital, automotivo e naval.

390 Essa retomada também foi impulsionada pelo lançamento e desenvolvimento do PBM (Pla-no Brasil Maior), que exigiu a organização de pro-postas dos (as) trabalhadores (as) nos Conselhos de Competitividade previstos nesse fórum de discus-são da política industrial. O ramo metalúrgico teve participação nos seguintes Conselhos: bens de capi-tal, defesa, eletroeletrônico e automotivo (repetido com Sec Organização). E coube à Secretaria Geral articular e monitorar todas as ações planejadas pe-los seis setores, além de acompanhar a realização das ações de todos os planejamentos.

391 Por fim, garantimos a periodicidade nas reuniões da Executiva e do Conselho Diretivo, com o objetivo de manter a participação de todos os 41 membros, atualizar os assuntos da conjuntura po-lítica e econômica, bem como socializar todos os informes das Federações e Sindicatos, no que diz respeito às campanhas salariais, eleições sindicais etc., o que permitiu manter a unidade política ne-cessária à condução dos rumos da CNM/CUT.

• FORMAÇÃO

392 Ao longo deste mandato, a Secretaria de Formação organizou suas ações em algumas fren-tes, buscando contribuir com as demais secretarias da Confederação e também com o processo forma-

tivo desencadeado pelas entidades filiadas.

393 Juntamente com Coletivo Nacional de Formação procurou embasar as políticas da CNM/CUT nos Sindicatos e Federações. Nesse Coleti-vo, estavam presentes os secretários de Formação das Federações e Sindicatos de base estadual, bem como os (as) metalúrgicos (as) que atualmente ocu-pam o cargo de secretários de Formação nas CUTs estaduais, com o objetivo de garantir e fortalecer as políticas da CUT no ramo metalúrgico. Realiza-mos oito encontros (dois por ano), além de apoiar os Encontros Regionais nas Federações. Aqui é im-portante lembrar a diretriz estabelecida pela CNM/CUT, de trabalhar sempre de forma conjunta com as Federações, para construir cada vez mais o apri-moramento dos papéis de cada instância na área da formação (CUT, CNM/CUT, Federações Estaduais dos Metalúrgicos e Sindicatos).

394 Durante esse período, a Secretaria organi-zou uma série de Encontros de Formação Sindical, entre os quais três atividades sobre Política Indus-trial e Desenvolvimento Sustentável e um curso sobre os temas gênero/juventude/igualdade racial (cada atividade teve carga horária de 40 horas). Promoveu também um encontro de atualização das duas turmas que participaram do curso de extensão universitária (2012 e 2013) em Economia do Tra-balho e Sindicalismo do CESIT (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho).

395 Considerando a concepção de Formação como um tema transversal às atividades realiza-das pela CNM/CUT, a Secretaria realizou várias parcerias para articulação e desenvolvimento de atividades formativas com a Secretaria de Política Sindical: elaboração e participação de planejamen-tos estratégicos de mandato de Sindicatos e Fede-rações – Pouso Alegre, Extrema e Federação/MG; Rio Grande, São Leopoldo e Sapiranga/RS; Itu/SP; Campo Grande/MS e Toledo/PR; atividades de formação sobre concepção e prática sindical para cipeiros e dirigentes de base de primeiro mandato.

Page 72: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

72

CON

GRE

SSO

Com a Secretaria de Organização Sindical desen-volveu Encontros de Redes e Comitês Sindicais e atividades de formação de trabalhadores (as) dos setores do ramo metalúrgico;

396 Além disso, participou dos fóruns das Secre-tarias que possuem Coletivos Nacionais (Formação, Saúde, Juventude, Mulheres) com objetivo de unifi-car as ações e garantir que o debate dessas políticas estivesse sempre presentes nessas Secretarias.

• IGUALDADE RACIAL

397 Criada no 8º Congresso, a Secretaria de Igualdade Racial surgiu em consonância com as demandas e debates realizados pela sociedade civil sobre o tema, tornando-se uma ferramenta a mais para a organização e atuação da população negra trabalhadora no movimento sindical, em especial no ramo metalúrgico. Ao longo desses anos iniciais de trabalho, participou do fórum dos coletivos da CNM/CUT (Mulheres, Juventude, Saúde e Forma-ção), garantindo que o tema fosse colocado como transversal a esses espaços organizativos.

398 Promovemos o Curso de Formação Sin-dical “Combate ao racismo para a construção da igualdade racial”, com o objetivo de sensibilizar, propiciar formação teórica e criar o Coletivo de Igualdade Racial da CNM/CUT. O Curso foi de-senvolvido em dois módulos, com 50 horas de du-ração no total e contou com a participação de 35 dirigentes, entre metalúrgicos (as), químicos (as) e têxteis (na lógica de fortalecer o Macrossetor da Indústria). Participamos do Programa de Formação da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, desenvolvendo esse mesmo tema.

399 Em conjunto com a Secretaria de Saúde, realizamos o Seminário “Saúde Integral do Povo Negro”. Para subsidiar a ação da Secretaria, organi-zamos a pesquisa sobre o perfil dos (as) trabalhado-res (as) negros (as) metalúrgicos (as).

400 Criamos o Coletivo Nacional de Igualdade Racial da CNM/CUT, com representantes das Fe-derações, Sindicatos de base estadual e do Macros-setor da Indústria (dos ramos químico e têxtil).

• INTERNACIONAL

401 Manter e ampliar as relações de solidarie-dade internacional e a organização de estratégias dos (as) trabalhadores (as) frente ao capital cada dia mais globalizado e materializado nas empre-sas transnacionais foram ações constantes deste mandato.

402 Em 2012, foi criada a mais nova federação internacional de trabalhadores (as), a IndustriALL – resultado da fusão da Fitim (Federação Interna-cional dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgi-cas), ICEM (Federação Internacional de Sindicatos da Química, Energia, Minas e Indústrias Diversas) e Fittvc (Federação Sindical Internacional dos Tra-balhadores dos setores Têxtil, Vestuário e Couro), em Congresso realizado em Copenhagen, Dina-marca, com a presença de 1.400 delgados dos cinco continentes. Nessa ocasião, oito latino-americanos foram eleitos para o Comitê Executivo, sendo um deles o secretário geral e de Relações Internacio-nais da CNM/CUT, João Cayres.

403 A partir de então, passamos a participar de importantes campanhas internacionais coordena-das pela IndustriALL, contra o trabalho precário, contra as práticas antissindicais das transnacionais, como o caso da japonesa Nissan – que demitiu dois importantes militantes sindicais que lideram a defe-sa dos direitos dos (as) trabalhadores (as) na planta de Canton (Mississipi/EUA). Essa campanha, que ganhou dimensão internacional, foi iniciada pelo UAW (United Auto Workers) – sindicato dos traba-lhadores nas montadoras dos EUA – e teve a CNM/CUT como primeira entidade do mundo a declarar seu apoio à luta contra as práticas antissindicais da Nissan em Canton.

Page 73: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

73

CON

GRE

SSO

404 Em 2014, a CNM/CUT, junto com a In-dustriALL, articulou e apoiou a eleição do primeiro latino-americano, o cutista João Felício, para presi-dente da CSI (Central Sindical Internacional), que hoje representa aproximadamente 180 milhões de trabalhadores (as) dos cinco continentes.

405 Ao longo deste mandato, a CNM/CUT foi representada em vários congressos internacionais de metalúrgicos e de centrais sindicais, entre eles: Comissiones Obreras (CC.OO) - Espanha, Central Geral dos Trabalhadores (CGT) - França, IF Metal (sindicato nacional dos metalúrgicos) - Suécia, Uni-ted Auto Workers (UAW) - Estados Unidos, United Steelworkers (USW) - Estados Unidos, Constra-met – Chile, União de Trabalhadores Metalúrgi-cos e Ramos Afins (UNTMRA) - Uruguai, FIOM/CGIL e FIM/CISL - Itália, Congresso Estatutário da NUMSA - África do Sul e na Convenção Geral Ordinária da União Nacional de Mineiros do Méxi-co, Unifor (fusão da Canadian Auto Workers com outras entidades) – Canadá, Confederação Sindical Internacional (CSI) – Berlim.

406 Também participamos de importantes en-contros e intercâmbios sindicais, com o objetivo de conhecer e trocar experiências entre alguns países, como o intercâmbio do setor automotivo organiza-do pelo IG Metall (sindicato dos metalúrgicos da Alemanha) e que teve a participação da Argenti-na, Alemanha e Brasil; Seminário sobre Formação Sindical do IG Metall; do Simpósio sobre a Lei de Negociação Coletiva do Sindicato de Metalúrgicos da Turquia e o I Encontro Regional de Jovens da IndustriALL da América Latina e Caribe.

407 Assumimos a coordenação do grupo de tra-balho sobre Acordos Marcos Globais (AMGs) da IndustriALL, com o objetivo de estudar e propor novos modelos de acordos marcos para as empresas multinacionais representadas por essa Federação Internacional.

408 Mantendo os laços históricos de fraternida-

de entre os (as) trabalhadores (as) de outros países e de outras centrais sindicais, iniciamos projetos de formação e intercâmbio de metalúrgicas (os) com a FES (Fundação Friedrich Ebert), DGB Bildun-gswerk (centro de formação da Central Sindical Alemã) e SASK (Centro de Solidariedade Sindical da Finlândia)

• JUVENTUDE

409 A Secretaria de Juventude foi criada no 8º Congresso, diante da necessidade, já apontada pela CUT, de aproximação do movimento sindical com a juventude e da renovação e formação de novos quadros políticos, tanto na Central, como nos ra-mos. Assim, não foi diferente na CNM/CUT.

410 Hoje a realidade é que milhares de jovens entram no mercado de trabalho e apresentam an-seios e necessidades muito diferentes daqueles dos anos 1980 e 1990, naquela época, lutava-se por mais democracia na sociedade, nas relações de trabalho e nos Sindicatos e hoje a luta é pela manutenção de conquistas e por direitos sociais, bem como a inclusão desses jovens nas políticas públicas espe-cificas, como, por exemplo, um sistema público de educação profissional e tecnológica que garanta a sua permanência na educação formal o tempo ne-cessário à sua formação.

411 Assim, a Secretaria procurou estabelecer políticas para a juventude em consonância com as orientações da CUT e articuladas com as Federa-ções e Sindicatos, que deram sustentação e bases para essa construção, permitindo maior interlocu-ção com os jovens. Além disso, representamos o ramo no Coletivo de Juventude da CUT.

412 Desenvolvemos dois projetos de formação para a juventude metalúrgica em parceria com a In-dustriALL Global Union, um deles com apoio da Fundação Friedrich Ebert (FES) e outro com o Cen-tro de Solidariedade do movimento sindical da Fin-

Page 74: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

74

CON

GRE

SSO

lândia (SASK). O primeiro proporcionou dois in-tercâmbios, um na Alemanha e outro na Argentina, com o objetivo de conhecer a fundo a organização sindical e da juventude nestes países. O segundo buscou fortalecer as políticas de organização e ação sindical para jovens no Brasil, Uruguai, Colômbia, Nicarágua e México.

413 Em ambos os projetos as atividades conta-ram com a participação de metalúrgicos (as) e tam-bém de trabalhadores (as) químicos (as) e têxteis, da CUT e da Força Sindical. O principal objetivo destes projetos é estimular a participação de jovens e trocar experiências organizativas entre esses dife-rentes países e ramos de trabalhadores (as) em nível nacional e internacional.

• MULHERES

414 Durante este mandato, a Secretaria de Mu-lheres da CNM/CUT pode dar continuidade às polí-ticas formuladas e implantadas durante o desenvol-vimento da parceria com a Canadian Auto Workers (CAW, atualmente UNIFOR).

415 O Coletivo Nacional manteve a periodi-cidade de encontros semestrais, com o objetivo de orientar e fortalecer os coletivos regionais. Nesses espaços, as dirigentes puderam debater e elaborar ações que contribuíssem com a redução das desi-gualdades entre homens e mulheres. A partir de 2013, a realização desses encontros tornou-se itine-rante, o que permitiu às metalúrgicas a ampliação de seus conhecimentos para além de sua região e Sindicatos.

416 Nesse sentido, garantiu-se que o debate sobre creche fizesse parte das cláusulas aprovadas durante a Conferência Nacional de Negociação Co-letiva Metalúrgica (2012), com a seguinte redação: “será garantida para crianças de zero a seis anos; a creche será de livre escolha dos pais ou respon-sáveis legais; o reembolso do auxílio creche será

de, no mínimo, 50% do piso salarial da categoria e o direito será garantido não apenas para as mães, mas também para pais e responsáveis legais”.

417 A estreita e longa duração mantida com a CAW (de mais de dez anos) nos permitiu ampliar a cooperação e solidariedade internacional. Isso nos fez desenvolver um programa de formação e capacitação de mulheres metalúrgicas em Moçam-bique, por meio de parceria entre CNM/CUT, CAW e IndustriALL. Foram quatro encontros realizados naquele país e um intercâmbio sindical de metalúr-gicas moçambicanas no Brasil, para conhecer nossa realidade, trocar experiências e aprendizados.

418 Em relação à presença das metalúrgicas nos espaços sindicais, asseguramos o aumento da participação de mulheres nas direções dos Sindica-tos e em algumas Federações. Além disso, a CNM/CUT garantiu a cota de participação de 30% de mulheres na maioria das atividades que realizou nesse mandato. Apesar dos esforços empreendi-dos, ainda não conseguimos garantir a presença de mulheres nos encontros de redes e comitês, mas conseguimos que o tema fosse inserido na pauta dessas atividades.

• POLÍTICA SINDICAL

419 A Secretaria de Política Sindical procurou, neste mandato, manter e reforçar a articulação po-lítica entre a CNM/CUT e a sua base organizada nos Sindicatos e Federações, bem como estreitar relações com as CUTs nos Estados, que muito nos apoiou em nossas demandas para avançarmos onde ainda havia espaços a conquistar, fortalecendo os princípios cutistas. E para isso:

420 Acompanhamos eleições sindicais estraté-gicas como Pernambuco, Ponta Grossa (PR), Mato Grosso do Sul, Ipatinga (MG), Joinville e Araqua-ri (SC), Canoas (RS). Acompanhamos e apoiamos também as oposições sindicais comprometidas com os princípios cutistas, em Camaçari (BA), Angra

Page 75: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

75

CON

GRE

SSO

dos Reis e Volta Redonda (RJ);

421 Com apoio das CUT estaduais, trouxemos para nossa base os Sindicatos dos Metalúrgicos de Santo Ângelo e Rio Grande (RS) e Mogi Guaçu (SP). Para este último, recebemos apoio direto do Macrossetor da Indústria da CUT, especificamente da CONTAC.

422 Intermediamos junto ao Ministério do Tra-balho o registro sindical de importantes Sindicatos – Concórdia e Araquari (SC), Toledo (PR) e Venân-cio Aires (RS) –, que tinham pendências jurídicas antigas, além de acompanhar o andamento do pro-cesso de legalização da Federação dos Metalúrgi-cos do Nordeste que há tempo possuía problemas com sua documentação legal.

423 Além disso, ampliamos o espaço dos metalúrgicos em Santa Catarina, conquistando a compreensão da necessidade de unidade dos (as) metalúrgicos (as) em torno do projeto nacional, apresentado nas eleições de 2014. Neste caso, o Sindicato de Brusque está sendo a porta de entrada para o diálogo do projeto estratégico dos metalúrgi-cos catarinenses, coordenado pelos metalúrgicos do nosso Departamento da CNM/CUT no Estado.

424 Em parceria com a Secretaria de Formação, realizamos planejamentos de eleições, de mandatos sindicais e cursos de concepção e prática sindical, como estratégia de acompanhamento dos Sindi-catos conquistados.Com a Secretaria de Saúde, elaboramos e divulgamos a cartilha sobre a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que tem sido utilizada em formação de cipeiros e diri-gentes de primeiro mandato;

425 A Secretaria de Política Sindical participou do grupo de trabalho organizado pela CUT com os ramos sobre a mudança de tabela de categorias, de-fendendo, por exemplo, a permanência dos Sindi-catos dos Trabalhadores em Reparação de Veículos

no ramo metalúrgico. Temos defendido ainda que a representação dos metalúrgicos não pode ser dimi-nuída, a fim de ajustar interesses vinculados aos do imposto sindical corporativo.

• POLÍTICAS SOCIAIS

426 Durante este mandato, a Secretaria de Po-líticas Sociais reuniu esforços na busca pela organi-zação e consolidação do Coletivo de Pessoas com Deficiência, realizando duas reuniões com a parti-cipação de dirigentes e militantes sindicais de nossa base. Assim, demos os primeiros passos nesse tema e trocamos experiências e aprendizados.

427 Participamos do Seminário dos Trabalha-dores com Deficiência – Avanços e Desafios, even-to realizado pelo Coletivo de Políticas Sociais da Subsede da CUT/ABC e disponibilizamos no site da CNM/CUT a cartilha “LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais) – Conhecer, Entender e Respeitar, Sim. Discriminar, Não”, produzida pela CUT/SP. Esta publicação busca contribuir para o debate e para a construção da igualdade no ambien-te de trabalho.

• SAÚDE, PREVIDÊNCIA E MEIO AMBIENTE

428 Ao longo deste mandato, a Secretaria manteve a periodicidade semestral do Coletivo Na-cional de Saúde, com o objetivo de nortear as ações regionais, aprimorando e orientando os dirigentes nas questões referentes à saúde e segurança dos (as) trabalhadores (as) e, dessa forma, fortalecendo a política nacional da CNM/CUT e da CUT.

429 Em agosto de 2012, realizamos a 2ª Con-ferência Nacional de Saúde do (a) Trabalhador (a), com a participação de mais de 60 delegados (as) de todo país, que resultou em uma série de recomen-dações sobre o tema. Entre elas, uma foi dirigida ao Congresso Nacional da CUT, sugerindo a realiza-ção da 1ª Conferência de Saúde do (a) Trabalhador (a) da CUT, que foi aprovada e garantiu a realiza-

Page 76: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

76

CON

GRE

SSO

ção do evento em abril de 2014.

430 Em outubro de 2013, organizamos o Se-minário Nacional “Trabalho em Máquinas e Pren-sas – a NR 12 e a Categoria Metalúrgica”, com a participação de 40 dirigentes e militantes, quando debatemos a nova realidade de saúde e segurança nas atividades laborais no chão de fábrica a partir da implementação dessa Norma Regulamentadora. A partir dessa atividade nacional, foram realizados seis seminários regionais de metalúrgicos sobre o tema.

431 Além disso, a Secretaria está participando ativamente do projeto de elaboração de um material didático em forma de HQ (História em Quadrinhos) sobre o uso de nanotecnologia e seus impactos na saúde dos (as) trabalhadores (as) no ramo metalúr-gico, em parceria com a Fundacentro. Esse projeto está em curso, com previsão de conclusão para o próximo ano.

432 Através do secretário de Saúde, represen-tamos a CUT no CNS (Conselho Nacional de Saú-de), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, do qual fazemos parte da mesa diretora. Além disso, p secretário assumiu o cargo de Coordenador Nacio-nal da CIST (Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador) e também o cargo de Coordenador Geral da 4ª Conferência Nacional de Saúde do (a) Trabalhador (a). Assim, participamos de várias Conferências macrorregionais e estaduais prepa-ratórias à 4ª Conferência Nacional, realizada em dezembro de 2014.

433 Também representamos a CUT nos grupos de trabalho das CNTTs (Comissões Nacionais Tri-partites Temáticas), órgãos de negociação compos-tos por representantes do governo federal, dos (as) trabalhadores (as) e empregadores, nas seguintes Normas Regulamentadoras: NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual, NR 12 - Máquinas e Equi-pamentos, NR 15 - Atividades e Operações Insalu-bres, NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho, NR 34 - Condições e Meio

Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval.

434 Em parceria com a Secretaria de Igualdade Racial, organizamos o Seminário sobre Saúde Inte-gral da População Negra, que fez integrou uma ativi-dade de formação sobre combate ao racismo. Outra atividade realizada foi um seminário sobre logística reversa e resíduos sólidos na indústria brasileira, para inserir nos debates da categoria a necessidade de se estabelecer uma política de preservação do meio am-biente e do desenvolvimento sustentável tendo como parâmetro o processo industrial nacional, internacio-nal e o ramo metalúrgico.

• ORGANIZAÇÃO SINDICAL

435 Uma das tarefas da Secretaria tem sido a organização dos trabalhadores (as) de uma mesma empresa, no Brasil e no exterior, a partir de Redes e Comitês Sindicais. Articular essas experiências tem nos ajudado no caminho para construção do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho, bem como no enfrentamento das práticas danosas aos (às) trabalhadores (as) pelas multinacionais.

436 Nesse processo, contamos com parcei-ros históricos FES (Fundação Friedrich Ebert) e a central sindical alemã DGB (Deutscher Gewerks-chaftsbund), no apoio à formação de novas Redes e para a continuidade daquelas já criadas.

437 Em parceria com a CUT, o IOS (Institu-to Observatório Social) e a DGB, desenvolvemos o projeto “Promoção de Direitos Trabalhistas na América Latina”, fomentando a criação de Redes Sindicais nas seguintes empresas alemãs: Stihl, Vallourec, WEG (rede composta também com o ramo químico) e ThyssenKrupp.

438 Além disso, continuamos nosso trabalho com as Redes Sindicais de empresas como a Arce-lorMittal, Gerdau e ZF (esta, com participação nos Comitê Mundial).

Page 77: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

77

CON

GRE

SSO

439 Com o propósito de construir unidade polí-tica entre as Redes organizadas pela CNM/CUT, re-alizamos em novembro 2012 o encontro de coorde-nadores de Redes Sindicais, com a participação de 31 trabalhadores (as) das seguintes empresas: Ger-dau, Arcelor, ZF, Dana, Mercedes, ThyssenKrupp, Leoni, Mannesmann, Stihl, Schaefler, Rolls Royce, além de presidentes de alguns Sindicatos.

440 Participamos também de Grupo de Tra-balho da CUT e do Fórum Nacional de Terceiri-

zação. Esses organismos mantiveram atividades permanentes de produção de documentos, formu-lação de denúncias sobre práticas de precarização no trabalho, ataques aos direitos trabalhistas, bem como atuando diretamente na mobilização contra o projeto de lei 4.330 e contra a repercussão geral no processo da empresa Cenibra no Supremo Tribunal Federal. Se aprovado, esse processo estenderá a de-cisão para todos os casos que tratam da legalidade

da terceirização na atividade fim.

Page 78: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

78

CON

GRE

SSO

Regimento Interno9º Congresso Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT

CAPÍTULO I

DOS OBJETIVOS

Art. 1º - O Congresso Nacional dos (as) Metalúr-gicos (as) da CUT é a instância máxima e soberana da Confederação Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT, entidade da estrutura vertical da CUT, representante dos(as) metalúrgicos(as) cutistas em todo o território nacional e nas suas relações e ações internacionais.

Art. 2º - A Convocação do 9º Congresso, elabo-rada em consonância com os estatutos da CUT e da Confederação Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT, foi aprovada consensualmente pela Dire-ção Executiva da CNM/CUT, em reunião realizada no dia 11 de novembro de 2014, na cidade de Gua-rulhos/SP, e enviada a todos os sindicatos filiados, federações, oposições reconhecidas e membros na-tos das instâncias da CNM e da CUT.

Art. 3º - Com base nas conjunturas: a) política, econômica, nacional e internacional; b) dos debates sobre organização sindical, política industrial e tra-balho decente, especialmente no ramo metalúrgico; o 9º Congresso Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT tem o seguinte temário:

a) Conjuntura Internacional e Nacional;b) Balanço do Mandato;c) Contribuições ao Debate;d) Estatuto;e) Organização Sindical, Política Industrial e

Trabalho Decente;f) Políticas Permanentes;g) Eleição e Posse do Conselho Diretivo da

CNM/CUT;h) Plano de Lutas.

CAPÍTULO II

DA REALIzAÇÃO E ORGANIzAÇÃO

Art. 4º - O 9º Congresso Nacional dos(as) Me-talúrgicos (as) da CUT será realizado nos dias 14 (terça-feira), 15 (quarta-feira), 16 (quinta-feira) e 17 (sexta-feira) de abril de 2015, na cidade de Gua-rulhos, Estado de São Paulo, no Hotel Pulmman, situado na Rodovia Hélio Smidt, s/nº, tendo como Coordenador Geral João Cayres, secretário geral e de Relações Internacionais da CNM/CUT.

CAPÍTULO III

DOS(AS) PARTICIPANTES

Art. 5º - Participam do 9º Congresso Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT:

a) Os Sindicatos dos (as) Metalúrgicos (as) filia-dos à CUT, em dia com suas obrigações esta-tutárias, através de seus (suas) delegados(as);

b) As oposições aos sindicatos de metalúrgicos (as), reconhecidas (os) pela CUT, CNM e Fe-derações Estaduais de Metalúrgicos, através de seus delegados(as);

c) Os membros da Direção Executiva da CNM/CUT, na qualidade de delegados (as) natos (as);

d) Os membros da Executiva Nacional da CUT, vinculados à categoria metalúrgica na situa-ção de natos.

§ Único – As delegações dos sindicatos e das oposições reconhecidas deverão ser eleitas em Assembleias ou Congressos, de acordo com os critérios estabelecidos na Convoca-ção do 9º Congresso.

Page 79: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

79

CON

GRE

SSO

CAPÍTULO IV

DO CREDENCIAMENTO

Art. 6º - A Secretaria do 9º Congresso efetuará o credenciamento dos (as) delegados (as) das 08h00 às 20h00 do dia 14 de abril de 2015 (terça-feira) e das 08h00 às 12h00 do dia 15 de abril de 2015 (quarta-feira) período este improrrogável para o cre-denciamento dos(as) delegados(as) inscritos(as).

§ 1º - O credenciamento dos (as) suplentes a de-legados (as) ocorrerá no período entre 12h00 e 13h00 do dia 15 de abril de 2015 (quarta-feira), período este também improrrogável.

§ 2º - Qualquer suplente poderá ser credenciado (a) no período dos (as) delegados (as) efetivos (as), desde que apresente carta do delegado (a) efetivo (a), com visto do (a) responsável pela delegação, comunicando por escrito a sua impossibilidade de comparecer ao Con-gresso.

§ 3º - Para o credenciamento do (a) suplente será obedecida a ordem crescente da lista da ficha de inscrição da delegação.

Art. 7º - O credenciamento do pessoal de apoio, observadores (as), convidados (as) nacionais, con-vidados (as) internacionais e imprensa obedecerão horários que serão determinados pela Comissão Or-ganizadora.

Art. 8º - Encerrado o período do credenciamento dos (as) delegados (as), os trabalhos da Secretaria serão encerrados e os materiais dos (as) delegados (as) ausentes serão destruídos.

Art. 9º - Cada delegado (a) é responsável pelo material contido nas pastas, devendo conferi-lo e assinar recibo no ato do recebimento.

§ Único - Não haverá, em hipótese alguma, r posição de crachá ou cédula de votação.

CAPÍTULO V

DO fUNCIONAMENTO

Art. 10º - O 9º Congresso funcionará com as se-guintes mesas: mesa de instalação e aprovação de regimento interno, mesa sobre o balanço da gestão e conjuntura, mesa de abertura do Congresso, mesa sobre política industrial e trabalho decente, mesa sobre políticas permanentes, mesa sobre estatuto, mesa para a eleição e posse da nova direção; e mesa para deliberação do plano de lutas, na seguinte con-figuração:

a) Sessão de instalação do 9º Congresso, com apreciação do regimento interno e exame dos recursos, caso existam

b) Apresentação sobre o Balanço da Gestão da CNM/CUT (2011-2015)

c) Apresentação sobre Conjuntura Internacional e Conjuntura Nacional

d) Apresentação sobre o tema Organização Sin-dical, Política Industrial e Trabalho Decente

e) Lançamento da Cartilha de NR-12

f) Lançamento do Diagnóstico dos Setores do Ramo Metalúrgico - DIEESE

g) Grupos de Trabalho sobre Políticas Perma-nentes

h) Votação do Novo Estatuto pelo Plenário do Congresso

i) Plenária sobre Políticas Permanentes

j) Eleição da direção da CNM/CUT

k) Aprovação do Plano de Lutas.

CAPÍTULO VI

DOS DOCUMENTOS AO 9º CONGRESSO

Art. 11º - Constituem documentos do 9º Con-gresso para as discussões: a) Caderno de Textos, elaborado pela Direção Executiva; b) Propostas de resolução dos Congressos/Plenárias/Assembleias das Federações e/ou Sindicatos; c) Propostas de re-

Page 80: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

80

CON

GRE

SSO

solução dos Trabalhos em Grupo sobre temas cons-tantes do Caderno de Textos e demais adendos ao mesmo, em consonância com o fixado neste artigo;

§ Único - Os textos que não serão submetidos à votação serão os de Balanço da Gestão, Conjuntura Internacional, Conjuntura Econômica e Conjuntura Nacional.

CAPÍTULO VII

DOS GRUPOS DE TRABALhO

Art. 12º - Durante o 9º Congresso, funcionarão oito grupos de trabalho a saber:

1) Políticas Gerais;

2) Relações Internacionais;

3) Saúde e Meio Ambiente;

4) Políticas Sociais;

5) Política Sindical;

6) Formação;

7) Organização Sindical;

8) Política Industrial.

Art. 13º - Os Grupos de Trabalho funcionarão nos horários previstos no programa do 9º Congres-so e em locais e com composição determinados pela Comissão Organizadora.

Art. 14º - Nos Grupos de Trabalho, os (as) de-legados (as) deverão procurar obter o consenso so-bre as propostas que irão para o plenário. As não consensuais deverão ser submetidas à votação no grupo, indo para a Plenário todas as que obtiverem 20% (vinte por cento) dos votantes dos Grupos de Trabalho;

Art. 15º - Podem participar dos Grupos de Tra-balho os (as) observadores (as) e convidados (as),

devidamente credenciados (as), sendo que a estes (as) últimos (as) poderá ser facultado o direito a voz pelo Grupo de Trabalho;

Art. 16º - Os Grupos de Trabalho são dirigi-dos por uma Mesa Coordenadora, composta por 1 (um) (uma) Coordenador(a) e um mínimo de 2 (dois) (duas) Relatores(as), eleitos (as) pelos(as) delegados(as) componentes do Grupo de Trabalho (grupo) e 1 (um) (a) assessor(a) indicado pela Co-ordenação do Congresso.

Art. 17º - As reuniões dos Grupos de Trabalho começarão e serão encerradas nos horários previs-tos na Programação do 9º Congresso.

Art. 18º - A consolidação dos relatórios para serem apresentados ao plenário será feita pela Co-missão Organizadora do Congresso, auxiliada pe-los (as) Coordenadores (as) e Relatores (as) dos Grupos de Trabalho e assessores (as), que poderão ser solicitados (as) a prestarem os esclarecimentos necessários durante a Plenária.

Art. 19º - As discussões e votações nos Grupos de Trabalho obedecem ao previsto nos capítulos se-guintes e, por conseguinte, válidos para todo o 9º Congresso.

CAPÍTULO VIII

DAS DISCUSSõES

Art. 20º - As discussões terão sempre como obje-tivo a busca do consenso entre os (as) delegados (as), aprofundando os debates, com base nos documentos do 9º Congresso, determinados no Capítulo VI.

Art. 21º - A dinâmica e os respectivos horários do Congresso, previstos no Cap. V, funcionarão de acordo com o Programa do Congresso, em anexo.

Art. 22º - As discussões no plenário serão feitas com base nos seguintes temas:

Page 81: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

81

CON

GRE

SSO

a) Políticas Permanentes:

- Políticas Gerais;

- Relações Internacionais;

- Saúde e Meio Ambiente;

- Políticas Sociais;

- Política Sindical;

- Formação;

- Organização Sindical

- Mulher Metalúrgica

b) Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente;

c) Gestão administrativa e financeira

e) Contribuições ao Debate;

f) Estatuto.

Art. 23º - As discussões sobre cada um dos te-mas serão feitas com base no Caderno de Textos, seus anexos e as propostas apresentadas pelos sin-dicatos, oposições ou Federações/Plenária dentro do prazo estabelecido pela Coordenação e durante o 9º Congresso, até às 18h00 do dia 16 de abril de 2015, sob forma de propostas de resolução.

§ 1º - À cada proposta de resolução apresentada, a mesa verificará a existência ou não de posi-ção (ões) contrária (s) no plenário. Em segui-da, oferecerá a palavra para a posição contrá-ria à proposta de resolução e outra a posição a favor da proposição. Se necessário, a mesa poderá oferecer a palavra para mais uma in-tervenção a favor e mais uma contrária. Em seguida, o (a) presidente da mesa colocará a proposta de resolução em votação.

§ 2º - Quando uma proposta de resolução apro-vada tiver uma ou mais emendas, estas, da

mesma forma, serão discutidas e colocadas em votação.

§ 3º - Se a emenda for rejeitada integralmente, não haverá discussão nem votação das(s) subemenda(s), caso existam.

§ 4º - Não havendo mais qualquer proposta de resolução ao tema em pauta, a mesa conside-rará a discussão sobre o referido tema encer-rada.

Art. 24º - As discussões sobre as emendas ou subemendas referentes às propostas de resoluções apresentadas ao Congresso, além do previsto no ar-tigo anterior, se darão da seguinte forma:

I - Nos casos das propostas não constarem do Caderno de Textos e nem tiverem sido adendadas, deverá haver um acordo da mesa ou sorteio da or-dem de apresentação das mesmas;

II - Para cada proposta de resolução apresentada ao 9º Congresso, poderá haver inscrição de 1 (um) (uma) delegado (a) para explicar o seu objetivo e conteúdo, utilizando o tempo máximo de 3 (três) minutos. Havendo posições contrárias à proposta, a mesa oferecerá a palavra para uma intervenção contrária e uma a favor, pelo mesmo tempo ante-rior. Se necessário, a critério da mesa, poderá ser aceita mais uma inscrição contrária e uma a favor. Em seguida, o presidente da mesa colocará a pro-posta em votação.

Art. 25º - As discussões e votações de cada um dos temas deverão obedecer rigorosamente ao tem-po estabelecido no Programa do 9º Congresso. En-cerrando o tempo previsto, o plenário decidirá so-bre os encaminhamentos dos pontos que não foram apreciados.

Art. 26º - Somente os (as) delegados (as) creden-ciados (as) terão o direito, além da voz, ao voto que aprova ou rejeita as propostas de resoluções e suas emendas e moções, sendo facultado à mesa autori-

Page 82: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

82

CON

GRE

SSO

zar o direito à voz e a votação simbólica por parte dos (as) convidados (as), sempre que julgar conve-niente ou for solicitada por 50% mais um dos (as) delegados (as).

§ 1º - Para fazer uso da palavra, o (a) delegado (a) deve inscrever-se previamente, median-te a apresentação de seu crachá, e aguardar a ordem de chamada pelo (a) presidente da mesa.

§ 2º - Cada orador (a) terá o tempo máximo de 3 (três) minutos, podendo ser prorrogado por mais 1 (um), a critério da mesa.

§. 3º - Cada orador (a) deverá inicialmente iden-tificar-se, dizendo seu nome e sindicato, opo-sição ou instância da CNM ou CUT a qual pertence.

Art. 27º - Caso algum (a) orador (a) faça qual-quer alusão que implique em juízo de valores sobre a conduta de algum (a) delegado (a), a mesa poderá, a seu critério, conceder o direito de resposta pelo tempo máximo de 01 (um) minuto.

CAPÍTULO IX

DAS VOTAÇõES

Art. 28º - As votações serão realizadas de acordo com os seguintes critérios:

A) cada delegado (a) terá direito a 1 (um) voto;

B) não haverá voto por procuração;

C) não serão aceitos, em hipótese alguma, ques-tão de ordem, esclarecimentos ou encaminha-mentos durante o regime de votação;

D) as votações serão por aclamação ou mediante levantamento do crachá de identificação dos (as) delegados (as) e será considerada vence-dora a proposta que obtiver a maioria simples dos votos;

E) em caso de dúvida por parte da mesa coorde-nadora dos trabalhos sobre a proposta vence-dora, repete-se a votação e, persistindo a dú-vida, a mesa realizará a contagem dos votos;

F) as declarações de abstenções de votos pode-rão ocorrer sempre por escrito e serão lidas em plenário pela mesa.

CAPÍTULO X

DA ELEIÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA E DO CONSELhO fISCAL

Art. 29º - No que se refere à eleição da Direção Executiva e do Conselho Fiscal, o 9º Congresso obedecerá todas as regras regulamentadas pelo Es-tatuto da CUT, estabelecidas em seu Capítulo IV, Seção I.

§ 1º - Para fins de cumprimento do Estatuto da CNM/CUT, o 9º Congresso elege os (as) diri-gentes (as) membros da Comissão Organiza-dora como integrantes da Comissão Eleitoral desse 9º Congresso.

§ 2º - As inscrições da (s) chapa (s) para con-correr aos cargos da Direção Executiva e do Conselho Fiscal da CNM/CUT deverão ser feitas das 16h00 do dia 14 até às 11h30 do dia 15 abril de 2015.

§ 3º - As chapas deverão ser inscritas contendo os nomes para Direção Executiva e para o Conselho Fiscal em lista. Os (as) candidatos (as) deverão estar com seus nomes completos e com a identificação do sindicato ou oposi-ção a qual pertence o inscrito.

§ 4º - Não será permitida a inscrição de chapas que tiver, dentre seus membros, candidatos (as) não credenciados como delegados (as) do 9º Congresso.

Art. 30º - Em nenhuma hipótese, a mesa aceitará

Page 83: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

83

CON

GRE

SSO

a inscrição de chapas que não cumprirem as nor-mas estatutárias da Central ou tampouco aquelas que não observarem os critérios estabelecidos nos parágrafos do Artigo anterior.

§ Único - Cada chapa inscrita deverá ser consti-tuída por 30% de um dos gêneros, conforme estatuto da CUT.

Art. 31º - O processo eleitoral terá início às 17h00 e será encerrado, impreterivelmente, às 18h00 do dia 15 de abril de 2015.

§ Único - Caso as discussões do tema em pauta não tenham sido concluídas dentro do tempo previsto, o (a) presidente da mesa deverá sus-pender temporariamente os debates e abrir o processo de eleição do Conselho Diretivo e do Conselho Fiscal, de acordo com os seguin-tes critérios:

I - O (a) presidente da mesa informará quantas chapas foram inscritas. Caso haja mais de uma, o (a) presidente definirá por sorteio a ordem numéri-ca na cédula de votação, bem como a da apresenta-ção e defesa de cada uma das chapas.

II - Os nomes constantes da (s) chapa (s) deve-rá (ão) ser lidos (s) no prazo máximo de 5 (cinco) minutos.

III - A defesa de cada chapa poderá ser feita por mais de um orador (a), desde que não ultrapasse o tempo de 6 (seis) minutos.

Art. 32º - A votação para a eleição do Conselho Diretivo e do Conselho Fiscal se dará por votos dos (as) delegados(as), que deverão ser depositados nas urnas preparadas para este fim.

§ Único - Havendo apenas uma chapa concor-rente, a votação poderá ser feita por aclama-ção, sucedendo-se a posse conforme previsto no Programa.

I – Nessa situação, a mesa poderá autorizar que convidados (as) e observadores (as) também parti-cipem da votação por aclamação.

CAPÍTULO XI

DAS MESAS COORDENADORAS DOS TRABALhOS

Art. 33º - As mesas que coordenarão os trabalhos serão compostas pelo (a) presidente, vice-presidente e 1 (um) (uma) secretário (a) eleitos (as) pelo plená-rio, na sessão de instalação do Congresso, podendo para cada tema ou conjunto de temas ser eleita uma única mesa;

Art. 34º - Cada mesa poderá contar com assesso-res (as) que ajudarão nos trabalhos, a serem indica-dos (as) pela Comissão Organizadora.

§ Único – A Comissão Organizadora, na insta-lação do 9º Congresso, fará a proposta para composição das mesas correspondentes a um cada dos temas e indicará os (as) assessores (as).

CAPÍTULO XII

DAS DISPOSIÇõES GERAIS

Art. 35º - As concessões aos pedidos de “QUES-TÃO DE ORDEM” serão decididas pela mesa, podendo esta, a seu critério, consultar o plenário. As “QUESTÕES DE ORDEM” somente poderão se referir exclusivamente à ordem e aos temas dos trabalhos.

CAPÍTULO XIII

DAS MOÇõES

Art. 36º - Serão consideradas para discussão e deliberação do plenário as moções apresentadas por Sindicatos e Oposições credenciados, e aquelas que

Page 84: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

84

CON

GRE

SSO

forem apresentadas por pelo menos 10% dos (as) delegados (as) credenciados.

Art. 37º - O conteúdo das moções devem con-siderar as definições e deliberações da CNM/CUT, bem como o que até o momento de sua apresenta-ção já tiver sido aprovado no 9º Congresso.

Art. 38º - Para serem apreciadas pelo plenário, as moções deverão ser encaminhadas à mesa até o final das votações das propostas de resolução.

CAPÍTULO XIV

DOS RECURSOS PARA OCREDENCIAMENTO DE DELEGAÇõES

Art. 39º - Os recursos às decisões da Comissão Organizadora, referentes ou não ao credenciamento de qualquer delegação ao Congresso, deverão obe-decer o seguinte procedimento:

I - Os recursos deverão ser encaminhados à Co-missão Organizadora do 9º Congresso;

II - As justificativas deverão ser apresentadas por escrito e assinadas pelo sindicato, responsável pela oposição ou federação;

III - Para efeito de julgamento, a Comissão Orga-nizadora seguirá o calendário estipulado na Convo-cação do 9º Congresso, com eventuais adaptações que tenham sido introduzidas durante o percurso;

Art. 40º - Os recursos contrários à decisão da Comissão Organizadora sobre o credenciamento ou não de qualquer delegação deverão obedecer os se-guintes procedimentos:

I - Os recursos deverão ser apresentados, por escrito, à mesa até o horário em que se encerrar a

votação deste regimento, com as devidas justifica-tivas, não podendo ser apresentados recursos que não tenham sido já julgados pela Comissão Orga-nizadora;

II - A mesa deverá encaminhar a discussão dos recursos apresentados da seguinte forma:

A - A Comissão Organizadora do Congresso de-verá apresentar, de forma resumida, os mo-tivos pelo não credenciamento ou credencia-mento da delegação em questão;

B - A mesa oferecerá a palavra para 1 (um) (uma) representante da delegação por 3 (três) minutos, que deverá proferi-la em defesa do credenciamento.

C - Os mesmos 3 (três) minutos serão oferecidos em defesa da posição contrária ao credencia-mento da delegação em questão.

D - A seguir, proceder-se-á a votação.

CAPÍTULO XV

DAS DISPOSIÇõES fINAIS

Art. 41º - Os casos omissos neste Regimento serão resolvidos pela Comissão Organizadora, “ad-referendum” do Plenário.

Art. 42º - Este Regimento entra em vigor a par-tir de sua aprovação pelo plenário do 9º Congresso Nacional dos(as) Metalúrgicos(as) da CUT.

Guarulhos, abril de 2015

Plenário do 9º Congresso Nacional dos(as) Metalúrgicos(as) da CUT

Page 85: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

85

CON

GRE

SSO

EXPEDIENTE

• Comissão Organizadora do 9º Congresso Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT

João Cayres – secretário geral (Coordenação), Marli Melo do Nascimento – secretária da Mulher, Edson Carlos Rocha da Silva – secretário de Administração e Finanças, Ubirajara Alves de Freitas – secretário de Organização, Loricardo de Oliveira – secretário de Políticas Sindicais, Leandro Marcos Soares – secretário da Juventude, Christiane Aparecida dos Santos – Secretaria de Igualdade Racial , Geordeci Menezes de Souza – Secretário de Saúde, Previdência e Meio Ambiente, Valdinei Ferreira da Silva – FEM-CUT/MG e Cícera Michele Silva Marques – FEM-CUT/SP)

• Elaboração

Equipe de Assessoria e Subseção do DIEESE da CNM/CUT

Secretaria

Eva Gomes de Sousa

Cinthia Blikstein

Setor Administrativo financeiro

Bruno José de Oliveira

Celso Batista Nunes

Lindomar de Souza Araújo

Marcello Leal Braga Godoy

Coordenação: Vera Izuno

Assessoria

Jorge Rodrigo Nascimento Spínola

Mauro Sérgio Gaioto

Renata Gnoli Paneque

Valter Bittencourt

Coordenação: Maria de Lourdes Tieme Ide

Page 86: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

86

CON

GRE

SSO

Assessoria da Presidência

Fernando da Silva Cardoso

Assessoria de Imprensa

Solange do Espírito Santo

Shayane Servilha

Subseção do DIEESE

André Cardoso

Cristiane Tiemi Ganaka

Apoio

Alessandra Alves Ferreira da Silva

Roberto Nogueira

Alexandre Brasil

Contato

Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT

Av. Antártico, 480 – Jardim do Mar – CEP 09726-150 – São Bernardo do Campo, SP

Tel.: 55 11 4122-7700. Site: www.cnmcut.org.br

Page 87: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

87

CON

GRE

SSO

Direção Executiva da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT

Gestão 2011-2015

• Presidente: Paulo Aparecido Silva Cayres (STIM ABC-SP)

• 1ª Vice-Presidente: Rosilene Matos da Silva (STIM Amazonas)

• 2º Vice-Presidente: Fábio Dias de Souza (STIM Feira de Santana-BA)

• Secretaria Geral e Relações Internacionais: João Vicente Silva Cayres (STIM ABC-SP)

• Secretaria de Administração e Finanças: Edson Carlos Rocha da Silva (STIM Niterói-RJ)

• Secretaria da Mulher: Marli Melo do Nascimento (STIM Campina Grande-PB)

• Secretaria de Formação: Michele Ida Ciciliato (STIM Taubaté-SP)

• Secretaria de Políticas Sociais: Flávio José Fontana de Souza (STIM Canoas-RS)

• Secretaria de Organização: Ubirajara Alves de Freitas (STIM BH/Contagem-MG)

• Secretaria de Política Sindical: Loricardo de Oliveira (STIM São Leopoldo-RS)

• Secretaria de Saúde, Segurança no Trabalho e Meio Ambiente: Geordeci Menezes de Souza (STIM Natal-RN)

• Secretaria de Juventude: Leandro Candido Soares (STIM Sorocaba-SP)

• Secretaria da Igualdade Racial: Christiane Aparecida dos Santos (STIM Pouso Alegre-MG)

• Diretor Executivo: Kleber Wiliam de Souza (STIM Timóteo-MG)

• Diretor Executivo: Valter Sanches (STIM ABC-SP)

• Diretor: Paulo Dutra Gomes (STIM Taubaté-SP)

• Diretor: Vilmar Sizino Garcia (STIM Jaraguá do Sul-SC)

• Diretor: Francisco Wil Pereira (STIM Ceará)

• Diretor: Lírio Segalla Martins Rosa (STIM Porto Alegre-RS)

• Diretora: Cátia Maria Braga Cheve (STIM Amazonas)

• Diretor: Roberto Pereira de Souza (STIM Espírito Santo)

• Diretor: Genivaldo Marcos Ferreira (STIM Joinville-SC)

Page 88: Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decentecnmcut.org.br/midias/arquivo/210-texto-base-ok.pdf · Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente

88

CON

GRE

SSO

• Diretor: Pedro Cícero Cassiano da Silva (STIM Toledo-PR)

• Diretor: José da Silva Cavalcanti (STIM Pernambuco)

• Diretor: Henrique Almeida Ribeiro (STIM Juiz de Fora-MG)

• Diretor: Benedito Sérgio Irineu (STIM Pindamonhangaba-SP)

• Diretor: Ervano da Silva Melo (STIM Amazonas)

• Diretor: Ricardo Pereira (STIM Amazonas)

• Diretora: Shirley Aparecida Cruz (STIM São Leopoldo-RS)

• Diretor: Adilson Faustino (STIM Sorocaba-SP)

• Diretor: Mauro Soares (STIM ABC-SP)

• Diretor: José Quirino dos Santos (STIM João Monlevade-MG)

• Diretora: Maria Ferreira Lopes (STIM BH/Contagem-MG)

• Diretor: Mauri Antônio Schorn (STIM Sapiranga-RS)

• Diretora: Cícera Michele Silva Marques (STIM ABC-SP)

• Conselho Fiscal: Dorival Jesus do Nascimento Junior (STIM Itu-SP)

• Conselho Fiscal: Antônio Marcos Martins (STIM Timóteo-MG)

• Conselho Fiscal: José de Oliveira Mascarenhas (STIM Niterói-RJ)

• 1ª Suplente Conselho Fiscal: Manuela Cristina de Alencar Silva (STIM Natal-RN)

• 2º Suplente Conselho Fiscal: Valdeci Henrique da Silva (STIM Sorocaba-SP)

• 3ª Suplente Conselho Fiscal: Ângela Batistello (STIM Canoas-RS)