operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

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Paulo César de Araújo O SEGURO E O GERENCIAMENTO DE RISCO NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL. O CASO EMPRESA X TRANSPORTES DE CARGA Trabalho de conclusão de curso de Administração de Empresas com Habilitação em Logística e Varejo da Faculdade Novos Horizontes. Orientador: Prof. Marcone Paulo Rodrigues Belo Horizonte 2008

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O caso da empresa de transportes X apresenta a administração de seguros, procedimentos de gerenciamento de riscos e sinistros como medidas exigidas pelas seguradoras para garantir as indenizações de sinistros de transportes de carga. O gerenciamento de risco tem a finalidade de reduzir riscos para minimizar os sinistros, mantendo o equilíbrio no resultado da carteira de seguros até o fim da vigência. Esse equilíbrio é medido pelo histórico de Sinistro x Prêmio pago e demonstra no final do período o interesse que a seguradora terá na renovação ou cancelamento do seguro.

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Page 1: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

Paulo César de Araújo

O SEGURO E O GERENCIAMENTO DE RISCO NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL.

O CASO EMPRESA X TRANSPORTES DE CARGA

Trabalho de conclusão de curso de Administração de Empresas com Habilitação em Logística e Varejo da Faculdade Novos Horizontes.

Orientador: Prof. Marcone Paulo Rodrigues

Belo Horizonte

2008

Page 2: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

2

O SEGURO E O GERENCIAMENTO DE RISCO NO TRANSPORTE

RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL.

O caso da empresa de transportes X1 apresenta a administração de seguros,

procedimentos de gerenciamento de riscos e sinistros como medidas exigidas pelas

seguradoras para garantir as indenizações de sinistros de transportes de carga. O

gerenciamento de risco tem a finalidade de reduzir riscos para minimizar os sinistros,

mantendo o equilíbrio no resultado da carteira de seguros até o fim da vigência.

Esse equilíbrio é medido pelo histórico de Sinistro x Prêmio pago e demonstra no

final do período o interesse que a seguradora terá na renovação ou cancelamento

do seguro.

1 APRESENTAÇÃO

Fundada em 1971, a empresa iniciou suas atividades como empresa regional e em

1976 passou a atuar nacionalmente com foco no setor siderúrgico. Na década de 80,

se tornou líder no setor de transportes neste segmento onde mantém esta posição.

A empresa também atua nos segmentos de carga automobilístico auto peças, peças

e máquinas industriais, agrícolas entre outros.

Nos últimos 10 anos, a receita da empresa cresceu 10 vezes mais, com

crescimento médio de 30% ao ano. Em 1989 iniciou a operação de transportes

internacionais para os países do conesul2, com participação crescente nos mercados

de transportes Argentino, Chileno e Uruguaio.

Atualmente possui 26 filiais nacionais e 24 pontos de apoio 3 de operação no Brasil e

04 filiais no Exterior.

1 Nome fictício para preservar a identidade da empresa estudada

2 O Cone Sul é o nome comumente dado à parte meridional da América do Sul.

3 Mini filial não possui toda estrutura de uma filial, tem apenas 1 funcionário que cuida da rotina de

contratação de motoristas para carregamento no embarcador, conta com o apoio das filiais próxima da

região.

Page 3: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

3

Geograficamente segue abaixo (Fig. 1) apresentação das filiais

Figura 1 – Mapa de localização das filiais Fonte: Site da empresa X

Todas as filiais a partir de 2006 foram integradas “on-line” através de sistema de

gestão. Esse sistema possibilita as filiais inclusive do Mercosul a disponibilizar dados

e relatórios para consulta imediata ao cliente.

Os principais clientes da empresa são Grupo ArcelorMittal, Gerdau, Companhia

Siderúrgica Nacional (CSN), Confab, V&M do Brasil, Fiat, Teksid, Nemak entre

outros.

A empresa possui hoje uma frota de veículos com 146 Cavalos mecânicos, 30

Caminhões semi pesados Truck´s4, cerca de 600 carretas semi-reboques - bi-trens,

arameiras, siders, graneleiras, conteineiras, extensiva, rebaixadas - que percorrem

rotas que cobrem todo o território nacional e no Mercosul. Além disso 500 veículos

agregados5 e conta ainda com mais de 3000 veículos terceirizados “carreteiros” para

escoamento das demais cargas devido ao grande volume de transportes da

4 Veículo de carga dotado de três eixos

5 Veículo com contrato de comodato por rodar com carreta da empresa, presta serviço em regime de

exclusividade

Page 4: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

4

empresa. O volume médio de embarques da empresa mensal chega a cerca de

15.000 embarques.

Em 1994 desenvolveu projeto de uma plataforma de Logística Integrada em Betim.

Foi realizada uma associação com uma empresa de outro grupo, criando uma

terceira empresa, sendo 50% pertencente à empresa X e 50% pertencente à

empresa Y.

Em 1991, a empresa X abriu um negócio no ramo de Logística de armazenagem em

terminais Multimodais, em 1998 começou a operar a central de logística integrada e

oferecer amplos serviços, que vai desde o gerenciamento de expedições, até o

transporte “Porta a Porta”. A empresa subsidiária utiliza operações rodo-ferroviárias,

retro-portuárias e armazenagem em Centros de Distribuição com localizações

estratégicas. Trabalha de forma integrada com diversos modais (rodoviário,

ferroviário, cabotagem6 e marítimo), através de terminais de carga em Vitória/ES,

São Paulo/SP, Contagem/MG, Salvador/BA e Uruguaiana/RS que contam com uma

ampla estrutura associada à equipamentos de movimentação compatíveis com a

modalidade em que opera.

Terminal rodo-ferroviário Matriz/MG

Figura 2 – Linha ferroviária terminal de carga e descarga Fonte Acervo empresa X

6 Transporte marítimo feito através da costa do país

Page 5: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

5

A empresa busca maximizar para seus clientes o uso de espaços internos para

atividade fim, assim disponibiliza áreas para armazenagem, visando manter a

integridade do produto, através da utilização de movimentações adequadas,

associadas a armazenagem e a operação multimodal, gerindo estoques,

armazenando, controlando, fornecendo informações e desenvolvendo sistemas

individualizados de armazenagem. Assim oferecendo ao cliente soluções de

serviços com redução de custos, controle de estoque, segurança dos produtos,

menor necessidade de grandes espaços para estoques, maior agilidade nas

entregas de cargas com saída a partir de seu centro de distribuição. Para

atendimento desses serviços a empresa conta hoje 780 empregados.

2 DESENVOLVIMENTO

Na década de 80 até o meio dos anos 90, o Brasil viveu contantes variações na

economia com altos índices de desemprego e inflação. Observou-se que nesse

período devido a instabilidade econômica, o crime organizado ganhou força

especificamente no desvio de carga onde teve grande crescimento até

aproximadamente o ano 2000. Com o crescimento acentuado ocorriam desvios de

cargas por toda parte do país nos centros urbanos, nas rodovias municipais,

estaduais e federais.

Nesse contexto, com a limitação da segurança pública do país tornou-se difícil a

contratação de seguro de transporte de carga, especificamente para roubo de carga

onde exigiu-se uma adequação por parte da iniciativa privada para combater esses

tipos de eventos que geram grandes prejuízos as seguradoras, bem como muitos

transtornos para transportadores, clientes embarcadores7 e clientes destinatários

das cargas.

Como muitas empresas de transportes no Brasil, a empresa X tinha sua área de

seguros terceirizada, onde um corretor de seguros autônomo cuidava das rotinas.

7 Aquele que contrata o serviço de transporte, não sendo necessariamente o dono da mercadoria

Page 6: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

6

Este profissional dedicava um tempo parcial a empresa X, sendo responsável por

todos processos relacionado a seguros. Era subordinado a coordenação da área de

compras de suprimentos da empresa. Os controle das atividades do departamento

eram feitos de forma manual devido não existir sistema informatizado estruturado

para os controles diversos.

A rotina do corretor de seguros era cotar e filtrar as negociações e posteriormente

apresentar a área de compras para analise e definição junto a diretoria para

efetivação do negocio. Esse processo ocorria em toda carteira de seguros, tanto no

seguro de transporte quanto nos demais ramos de seguros. Porém, como foi citado

anteriormente, o corretor de seguro é um profissional autônomo e tem seu salário

determinado por comissão paga pela seguradora a partir das vendas de seguros e

por isso defendia apenas os seus interesses. Com isso a empresa perdia

oportunidade de melhoria de redução de custos e integração entre áreas internas,

principalmente com a área operacional, que merece atenção especial por se tratar

da área responsável por todos os procedimentos de gerenciamento de riscos de

transportes.

Em 2001 após analisar todos os problemas que ocorriam em relação a gestão de

seguros, a diretoria da empresa resolveu reestruturar essa área, decidiu criar um

departamento de seguros por se tratar de uma área que envolvia altos valores e

onde ocorriam muitos problemas de ordem técnica. Em fevereiro de 2001, foi

contratado um profissional para atuar especificamente na criação do departamento

de seguros, a fim de controlar de forma eficaz todas as atividades do departamento,

bem como para criação e implantação de procedimentos e normas específicas para

seguros, gerenciamento de riscos e sinistros, com finalidade de gerir o

departamento, garantir os reembolsos das indenizações de seguros e buscar

melhores condições no ponto de vista de custos e da sustentabilidade dos negócios.

Antes da criação do departamento de seguros, os contratos de seguros passavam

por constantes alterações de seguradoras, principalmente na carteira de transportes

de cargas que é atividade principal da empresa. Essas alterações tinham relação

direta com o histórico negativo de sinistros x prêmios8. Para calcular o

8 Valor indenizado pela segurado em decorrência de sinistros contra o valor pago pelo seguro

Page 7: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

7

sinistroxprêmio, a seguradora considera alguns itens como sinistro, ou seja, mais a

soma do pagamento de comissões ao corretor, despesas da regulação de sinistros,

como investigações e salvamentos de cargas, despesas administrativas, mais os

sinistros indenizados aos cliente, contra o prêmio de seguro pago, ou quanto custou

o seguro no fim do período do contrato. A carteira de clientes da empresa cresceu,

aumentando consideravelmente o volume de transportes, consequentemente,

também cresceram os obstáculos dos transportes rodoviários de carga, onde

ocorriam sinistros de diversas naturezas, desde desvio de carga, acidentes e avarias

em transportes.

Fotos ilustrativas de mal acondicionamento de carga e acessórios lonas em mas

condições de conservação e uso.

Figura 3 – Cargas avariadas no transporte Fonte: Acervo empresa X

Após adaptação do profissional, conhecendo as operações da empresa,

funcionamento da área de seguros, observou-se a necessidade de muitas

mudanças, onde a primeira seria o desenvolvimento de normas especificas e

procedimentos para divulgação a matriz e todas as filiais da empresa. Foram criados

procedimentos para gerenciamento de riscos, sinistros e informações das condições

de seguros para todas as áreas envolvidas nas operações de transportes, quanto as

obrigações contratuais e a importância no cumprimento das normas de comunicação

de sinistros para acionamento a seguradora no momento do sinistro. Anteriormente

ocorriam sinistros que não eram comunicados em tempo hábil pelas filiais devido

falta de orientação, a empresa sofreu muitas penalidades devido a falta de

Page 8: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

8

cumprimento dos procedimentos. Muitas vezes perdendo o direito ao reembolso da

indenização de seguro. Outras penalidades sofridas variavam quanto a participação

nos prejuízos através de franquias de acordo com o tipo de evento ou até mesmo, a

perda integral do direito a indenização. A área de suprimentos não tinha condições

de criar procedimentos específicos devido a falta conhecimento técnico. O corretor

de seguros não se dedicava 100% a empresa a fim de resolver todos os problemas,

faltava tempo no dia a dia para orientar todas as filiais envolvidas nas operações.

Em 2002 iniciou-se o desenvolvimento de um novo sistema próprio de gestão

informatizado. Em junho de 2002 iniciou-se o desenvolvimento do módulo de

seguros/sinistros. Hoje o módulo de seguros conta com o cadastro das apólices de

seguros, cadastro de sinistros, contas a pagar integrado ao módulo financeiro e

relatórios de contas a pagar, sinistros registrados por período, tipo de evento,

veículos, notas fiscais, conhecimentos de transportes, que permitem filtrar as

informações para tomada de decisões. Com o mapeamento do cadastro de sinistro

e geração de relatório mensais, foi possível intensificar orientações sobre

procedimentos específicos para cada filial de acordo com os tipos de eventos. Com

isso a empresa, também tem intensificado a importância da comunicação dos

sinistros para registros, o que ajuda na tomada de decisão quanto ao plano de ação

e mensura os gastos com relação as indenizações do período. Na antiga gestão,

devido a falta de procedimentos e orientações, muitos sinistros não eram

comunicados, não existia formulário especifico padrão e muitas vezes sequer as

filiais acionavam a seguradora para atendimento, onde ocorriam geração de

despesas de socorro da carga desnecessárias e que ficavam como prejuízo para

empresa. O controle de sinistros possibilita um acompanhamento permanente do

sinistroxprêmio, sendo possível confrontar os números apresentados pela

seguradora quando das negociações de renovação dos seguros.

Segundo Gristec9, devido ao crescente índice de sinistros de roubo de carga, as

seguradoras no Brasil começaram a exigir cada vez mais a implantação de medidas

de gerenciamento de riscos desenvolvidas e controladas por empresas privadas

9 Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e

Monitoramento

Page 9: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

9

especializadas em gerenciamento de riscos para minimizar os eventos de sinistro

balanceando e controlando a manutenção de suas carteiras de seguros de

transportes de cargas.

O gerenciamento de riscos da empresa X, foi implantado a partir da escolha de

fornecedores que participam nos processos de negociação da empresa. Nesta

seleção analisa-se principalmente o perfil dos fornecedores de serviços, corretor de

seguros, seguradoras e gerenciadoras de riscos, verificando se na carteira de

clientes dos fornecedores, existem empresas com o perfil da empresa X e a quanto

tempo existe a parceria, a fim de medir a capacidade de atendimento ao Grupo.

A primeira exigência de gerenciamento de riscos nos seguros de transporte de carga

é a liberação do motorista, ajudante e veículos, através da pesquisa cadastral que

avalia cada um dos agentes envolvidos no transporte. Sem a autorização da

gerenciadora de riscos não é liberado o carregamento. O rastreamento e

monitoramento do veículo também é outro ponto exigido e varia de acordo com o

tipo de carga e valor. Dependendo do tipo de mercadoria, pode ser exigido ainda a

escolta armada por empresa devidamente especializada com rota específica de

transporte e paradas obrigatórias nos pontos determinados. No cadastro de

motorista são analisados os seguintes pontos, situação financeira, protestos,

processos penais entre outros, estado geral do veículo, seus acessórios, se

encontram-se em boas condições de uso, itens básicos como pneus, carroceria,

semi-reboques, lonas, assoalho do veículo, se já envolveu em acidentes graves,

roubo de carga entre outros.

Essas medidas preventivas tem a finalidade de inibir os sinistros de transportes,

devido ao crescente numero de sinistros de diversas natureza que vem ocorrendo

no Brasil. As seguradoras em geral adotam esse tipo de postura como padrão de

gerenciamento de riscos para cargas especificas com a finalidade de diminuir suas

perdas. Para implantar essas medidas é analisado o perfil do transportador, onde as

seguradoras cobram como medidas obrigatórias todos os itens citados ou podem

flexibilizar tais exigências de acordo com o perfil de cargas transportadas utilizando

medidas parciais.

Page 10: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

10

O que motiva o desenvolvimento de todos os critérios citados acima deve-se ao alto

índice de sinistralidade de diversas naturezas, mas têm em comum o foco principal

no desvio de carga, roubo ou furto da carga em conjunto com o veículo. Abaixo

dados no período de 2004 a 2008 referente a evolução das ocorrências de sinistros

da empresa X. Com o acompanhamento e controle das ocorrências é possível

implementar ações preventivas e corretivas a fim de evitar esses tipos de sinistros.

O gráfico 1 apresenta a evolução dos sinistros ocorridos do ano de 2004 a 2008

Gráfico 1 – Histórico de sinistros período de 2004 a 2008 Fonte: Dados coletados na pesquisa

No quadro 1, o custo dos sinistrosxprêmios por ano de 2004 a 2008

OBS: Os custos referente ao ano de 2008 são relativos até o mês de outubro Quadro 1 – Custo de sinistrosxprêmios de 2004 a 2008 Fonte: Dados coletados pesquisa

SIN

IST

RO

S 2

004

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RO

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005

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RO

UB

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S 2

006

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TO

SIN

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RO

S 2

007

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RO

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S 2

008

AV

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DIO

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RO

UB

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AR

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AM

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TO

0

5

10

15

20

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30

35

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5

1

6

3

7

2

5

2

6

11

3

1

4

6

9

19

6

1

9

3

6

32

6

1

17

3

8

TOTAL=34TOTAL=25TOTAL=25 TOTAL=67TOTAL=44

ANO INDENIZAÇÕES R$ PRÊMIOS PAGOS R$ SINISTROXPREMIO%

2008 1.196.461,73 1.257.169,59 95,17

2007 710.317,04 1.224.568,08 58,01

2006 996.495,35 947.049,94 105,22

2005 431.182,34 1.015.815,42 42,45

2004 407.013,97 967.116,06 42,09

TOTAL 3.741.470,43 5.411.719,09 69,14

Page 11: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

11

Observa-se que existe uma variação do percentual de sinistroxprêmio do período de

2004 a 2008, essa variação tem relação com o aumento de volume de transportes,

que conseqüentemente gera também uma variação nas ocorrências de sinistros.

Vale ressaltar ainda que os valores apresentados na planilha acima não consideram

custos da seguradora como despesas administrativas, pagamento de comissões ao

corretor, bem como o custo de regulação dos sinistros, despesas com salvamento

de carga e deslocamento de veículos e funcionários. Estima-se que esse custo seja

em torno de 40% sobre o prêmio pago.

Cenário do roubo de cargas período de 2002 a 2007, o gráf. 2 apresenta a

quantidade e o gráf. 3 os valores gastos com a industria de roubo de carga no País.

Gráfico 2 – Sinistros por ano, quantidade de roubo de carga no Brasil Fonte: Assessoria de segurança/NTC

De acordo com o gráfico acima o número de ocorrência de desvio de carga no Brasil

de 2002 a 2007, foi em média de 11.791 ocorrências por ano.

Page 12: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

12

Gráfico 3 – sinistros por ano, valores de roubo de carga no Brasil Fonte: Assessoria de segurança/NTC

De acordo com o gráfico acima observa-se que são gastos com as ocorrência de

desvio de carga no Brasil em média o valor de R$ 675 milhões por ano.

Abaixo apresentamos gráfico com o custo dos acidentes de transito com veículos de

carga no período de 2004 e 2005 no Brasil.

Quadro 2 – Sinistros de acidentes de trânsito ano 2004 e 2005,

Fonte: IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

De acordo com o quadro acima observa-se que ocorrem em média 111.250

acidentes ano envolvendo veículos de carga e são gastos cerca de R$ 7,7 bilhões

por ano.

Após várias mudanças de seguradoras devido o índice de sinistrosxprêmio, com a

integração do departamento de seguros com a área operacional da empresa,

sempre divulgando de forma intensa as normas e procedimentos relacionados aos

Page 13: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

13

seguros, gerenciamento de riscos e sinistros, controlado as perdas diversas que

ocorriam anteriormente, as demais áreas começaram a ver a área de seguros como

um parceiro no auxílio dos processos operacionais.

2.1 SEGURO DE TRANSPORTE DE CARGA

Segundo condições gerais e particulares de seguro de transportes Porto Seguro –

Ano 2008: O seguro de transporte para transportadores no percurso nacional se

divide em dois seguros, um para sinistros de acidentes e avarias em transporte que

é o RCTR-C e outro para Desaparecimento de carga o RCF-DC.

RCTR-C – Responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga – Danos à

carga – Cobertura exclusiva a carga transportada:

Coberturas: Tombamento, capotamento, colisão, incêndio, etc

Coberturas acessórias particulares: Avarias em transportes, molhadura, queda de

mercadorias.

RCF-DC – Responsabilidade civil facultativa em desaparecimento de carga: A

cobertura de desaparecimento de carga concomitante com o veículo transportador.

Em ambos os casos, quando da ocorrência de sinistro, é obrigatório o acionamento

da seguradora através do serviço de atendimento para salvamento, apuração dos

prejuízos ou investigação e recuperação da carga. O transportador ainda deverá

tomar todas as medidas de salvaguarda e minimização dos prejuízos sobre pena de

perda de direito a indenização.

Franquia de seguro: Refere-se à parte que o transportador terá de assumir no

montante do prejuízo decorrente do sinistro. A franquia pode ser extinta do seguro a

partir de negociação antecipada que prevê cobrança adicional de taxa especifica

para isenção da franquia. Cabe ao transportador avaliar se vale a pena o pagamento

adicional para todos os embarques ou assumir os casos que ocorrem sinistros.

Nesse caso específico, a franquia só está prevista para a cobertura acessória de

Page 14: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

14

avarias em transportes. A franquia funciona como um limitador para minimizar a

quantidade de reclamações de sinistros.

Para obter a cobertura integral do seguro é preciso cumprir com todas as condições

particulares de seguro, como a exigência de veículo rastreado e/ou com escolta

armada, bem como, com o cadastro/consulta dos motoristas nas empresas

gerenciadoras de riscos especificadas no contrato do seguro de RCF-DC, para

preveservar contra sinistros de roubo de cargas. Algumas particularidades são

exigidas para cargas especificas ou de alto valor agregado que são relacionadas no

contrato de seguro devido serem muito visadas no roubo de cargas. Em caso de não

cumprimento dessas exigências de contrato, o transportador poderá perder

integralmente o direito ao reembolso da indenização do seguro.

Reembolso: Devolução, pela seguradora, dos valores totais ou parciais pagos com

recursos próprios do segurado, no caso de eventos e/ou sinistros cobertos pelo

seguro.

Finalidade do seguro: Garantir a reparação dos prejuízos hora assumidos pelo

transportador em decorrência dos sinistros de riscos cobertos pelos contratos de

seguros até o limite de responsabilidade estipulado na apólice de seguro.

Em 2004 devido ao crescente histórico de roubo de cargas no país e no Mercosul, a

empresa preocupada com segurança das cargas de seus clientes, investiu na

aquisição de um lote de equipamentos rastreadores com a finalidade de proteger a

cargas e o veículo contra roubo, bem como para utilizar esta ferramenta na logística

de posicionamento das cargas a fim de agregar valor ao serviço de transportes,

onde passou a dar informações precisas ao cliente de onde se encontra sua carga e

em tempo é a previsão de entrega. Esse serviço muitas vezes é um diferencial de

mercado devido as empresas não trabalharem com estoques e necessitar da

mercadoria que encontra-se em trânsito, quando da ocorrência de qualquer

irregularidade, ocorrem muitos transtornos e até mesmo prejuízos aos agentes

envolvidos na operação.

Page 15: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

15

O transporte utiliza recursos temporais (isto é, tempo), já que o produto transportado torna-se inacessível durante o transporte. Produtos nesse estágio, normalmente conhecido como estoque em trânsito, têm-se tornado uma questão importante à medida que várias estratégias que envolvem a cadeia de suprimento, como as práticas Just in time e quick-response

10,

visam reduzir os estoques das fábricas e dos centros de distribuição.

(BOWERSOX; CLOSS, 2001, p279)

Por essas exigências dos contratos de seguros, bem como dos clientes, a empresa

investiu na aquisição de 100 equipamentos rastreadores, onde optou por adquirir um

equipamento de nível médio para posteriormente adquirir mais equipamentos. Foi

vinculado o serviço de gerenciamento de risco monitoramento de veículos na

empresa do mesmo grupo que negociou os equipamentos.

Devido problemas de sinistros com falha do equipamento rastreador e do

gerenciador de risco que operava o monitoramento, a empresa decidiu por mudar os

equipamentos rastreadores e a gerenciadora de risco. A adquiriu mais 150

equipamentos rastreadores, somando um total de 250 equipamentos e passou ser

gerenciado no monitoramento pela mesma gerenciadora que já cuidava da parte de

pesquisas e consulta de motoristas, ajudante e veículos que estava relacionada ao

contrato de seguro de transporte internacional.

Em 2004 a empresa contrata um gestor para criação de um departamento de

monitoramento próprio da empresa. Esse departamento fica ligado diretamente a

área operacional e contribui para disseminação das normas e procedimentos de

relacionadas a seguros e gerenciamento de riscos conforme obrigações contratuais

da empresa de transportes, bem como para garantir o comprimento de todos os

outros procedimentos dos seguros dos embarcadores em relação as normas e

procedimentos específicos de gerenciamento de riscos.

2.1.1 Rastreamento

10

Expressões consagradas e amplamente utilizadas no Brasil, Ambas representam estratégias baseadas no tempo, às quais

têm como principio básico a resposta rápida à demanda de recursos em regime “puxado”. Enquanto o Just in time surgiu na indústria automotiva, o quick-response tem sua origem na indústria de vestuário. (BOWERSOX; CLOSS, 2001, p 279)

Page 16: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

16

(http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=R) Atividade que tem por fim

acompanhar o posicionamento dos veículos de transporte de carga pelo GPS11,

informando aos operadores, em intervalos pré-definidos, onde e como o veículo se

encontra.

2.1.2 Atuador

(http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=A) Dispositivo que atua com o

objetivo de aumentar a segurança da carga, do veículo e do motorista, minimizando

a ação dos bandidos. Pode ser ativado automaticamente pelo sistema ou pelo

operador no monitoramento. Entre os principais atuadores estão o bloqueio

mecânico do veículo transportador da carga; o travamento das portas do baú, do

motorista e do carona; o travamento do desengate do cavalo mecânico e a carreta, o

acionamento da sirene e da buzina e a disponibilização do botão de pânico.

Ilustração de sistema de rastreamento

Figura 4 – Sistema de rastreamento de veículos Fonte Acervo empresa X

11

Sistema global de posição – equipamento rastreador permiti localizar o veículo e tem ações sobre o mesmo

Page 17: Operação de transporte estudo de caso empresa x 2008

17

2.1.3 Monitoramento

(http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=M) Ação de controle de um operador

do centro de monitoramento sobre um veículo rastreado visualizado em seu monitor,

a qual lhe permite, quando necessário, adotar medidas preventivas ou corretivas

sobre o veículo transportador, com o objetivo de evitar um sinistro ou atividade

suspeita de roubo de carga e ainda alertar os órgãos de segurança pública situados

na região.

Quadro 3 – cadastro ANTT por tipo de transportador Fonte: Fonte ANTT

Segundo ANTT, no Brasil temos aproximadamente 1.823.534 veículos de carga

sendo que apenas 952.766 são registrados.

Hoje a empresa opera com uma média de 15.000 embarques mês, onde 10% da

operação é feita por veículos da frota própria, 40% feito por veículos agregados e

50% realizado por carreteiros autônomos sem vínculo com a empresa.

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Questões para discussão do caso A alta direção da empresa deve preocupar-se com o aumento das ocorrências de

sinistros da empresa e no Brasil?

Qual a importância em comprar os veículos zeros de fabrica já equipados com

rastreados?

É possível transportar somente com veículos frota própria e/ou agregados?

Podemos exigir de carreteiros autónomos veículos com equipamentos rastreadores?

Após treinamento especifico a motoristas e funcionários operacionais é percebido

melhoria na prestação de serviço?

O veículo equipado com rastreador esta isento de roubo de carga?

Existem outras medidas para inibir o roubo de carga no País?

Quais serviços de gerenciamento de risco pode ser considerado mais barato?

Equipar o veículo com rastreador e arcar com o custo do monitoramento por

empresa especializada e bancar o custo da comunicação, ou contratar escolta

armada para os veículos?

Os clientes embarcadores são responsáveis apenas por produzir e vender seus

produtos, ou também devem se preocupar com o transporte de suas cargas e com

as ações que devem ser implementadas?

É importante a participação dos clientes embarcadores nas cobranças junto as

autoridades para dar soluções que minimizem os sinistros de desvio de carga e de

acidentes, ou essa é uma obrigação do transportador da carga?

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se que a empresa X ganhou em muitos aspectos com a contratação de

um profissional técnico em seguros, pois as metas de criação do departamento

técnico de seguros, planejamento e implantação de sistemas, negociações com

fornecedores, criação de normas específicas, procedimentos, implantação de

controles diversos, além da redução de custos de seguros em 65%, foram

alcançadas. Anteriormente a empresa X, não praticava todos controles que se tem

hoje, devido o corretor e o departamento de suprimentos não cumprirem com as

atribuições que hoje o departamento de seguros cumpre.

A gestão de seguros tem finalidade de gerenciar todos os processos relativos ao

gerenciamento de riscos, comunicação de sinistros, regulação e acompanhamento

de processos junto as seguradoras, controle de contas a pagar e receber e ainda

sinalizar através de indicadores para a empresa quanto as perdas que ocorreram,

para a partir de uma análise, seja tomada uma ação por parte da direção da

empresa. O gerenciamento de risco é uma ferramenta importante de prevenção

contra perdas diversas e possibilita a melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Com a implantação de um plano de gerenciamento de riscos a partir da análise de

indicadores de sinistros é possível ampliar treinamentos específicos nas operações.

O modal de transporte rodoviário de carga detém hoje cerca de 60% das operações

de transportes no país, as estradas brasileira tem 55% de suas vias classificadas

como ruins ou péssimas e isso contribui para grande parte dos acidentes de trânsito.

O roubo de carga ganha força no País devido a ação do crime organizado. Em

conseqüência disso, as empresas de transportes investem na compra de

equipamentos rastreadores e qualificação de seus funcionários, com a finalidade de

reduzir os índices de sinistros. Devido ao interesse das seguradoras na redução dos

sinistros e manutenção das contas de seguros, algumas oferecem como diferencial

de mercado equipamentos rastreadores a título de comodato, como forma de tentar

inibir os sinistros e balancear a conta do sinistro X Prêmio. Observa-se que o

gerenciamento de risco agrega valor a qualidade do serviço de transporte de carga,

contribuindo na prevenção e redução dos obstáculos diversos. Porém, para uma

eficiente gestão em seguros é necessário conhecimento técnico para elaboração de

procedimentos específicos que devem ser cumpridos pelo transportador.

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REFERÊNCIAS

BOWERSOX, Donald J, CLOSS, David J. Logística Empresarial, São Paulo: Editora Atlas, 2001. 594f. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/Logística empresarial, São Paulo: Editora Atlas, 2006. 615.f KEEDI, Samir. Transportes, Unitização e Seguros Internacionais de Carga, São Paulo: Editora Atlas, 2006. 264f. Gerenciamento de riscos. Disponível em: <http://www.gristec.com.br/glossario.php>. Acesso em: 27.out. 2008. Seguro de transportes para transportadora RCTRC e RCF-D Disponível em: C <http://www.portoseguro.com.br/site/produtos/condicoesgerais/transportes.cfm>. Acesso em: 10.out. 2008. Cadastro de transportador <http://www.antt.gov.br>. Acesso em 12.dez.2008.