onças pardas (puma concolor) do médio do paranapanema ... · populacionais e a distribuição dos...
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Fernanda S.Luccas, Universidade Estadual Paulista – Unesp, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório
de Comportamento de Vertebrados, Av. Dom Antônio 2.100, Assis – SP, CEP 19 810-000, Brasil,
Carlos C. Alberts, Universidade Estadual Paulista – Unesp, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório
de Comportamento de Vertebrados, Av. Dom Antônio 2.100, Assis – SP, CEP 19 810-000, Brasil,
Onças Pardas (Puma concolor) do Médio do Paranapanema
realmente comem Lebrões (Lepus europaeus) ?
Resumo. Entender como se dão as relações entre predadores e presas é fundamental em estudos ecológicos que
buscam subsidiar propostas de manejo e conservação da fauna. Existem diversas teorias que embasam estudos
desse tipo as quais têm sido continuamente modificadas, nos anos recentes. A fim de entender a regulação do
tamanho populacional dos dois grupos aqui estudados – Onças Pardas (Puma concolor) e Lebrão (Lepus
europaeus) - foram usadas teorias que ora consideram um controle exercido pelas presas, ora pelos predadores,
sendo necessários mais estudos para definir qual desses realmente se aplicaria para a compreensão das
flutuações observadas pelos grupos em estudo. O contexto histórico de ocupação do Vale do Paranapanema
trouxe como conseqüências, profundas modificações ambientais (no que se infere sobre o uso da terra e dos
recursos naturais) e antrópicas, construindo, portanto, condições regionais para que as populações de Onças
Pardas tornassem – se ameaçadas de extinção e as de Lebrões consideradas pragas agrícolas. Neste trabalho,
foram levantados quais fatores influenciam no estabelecimento de populações de Onças Pardas na região do
Médio Paranapanema: as populações de Lebrões ou o somatório dos recursos naturais. Partindo da hipótese que
tal responsabilidade seria das grandes populações de Lebrões existentes na região, investigou-se como ela
interagia com os grupos de Onça e também, qual era a importância dos demais fatores ambientais no equilíbrio
geral desse sistema. Para que fosse feito o censo populacional destes animais, com radiomonitoramento, exigiria
um tempo de pesquisa maior que dois anos (além de ser uma técnica muito cara), optou-se por estudar uma área
equivalente a 50% da área total do Vale do Médio Paranapanema. Assim, foi possível identificar
minuciosamente, como todos os fatores de fauna, flora e recursos ambientais, equilibravam – se, uma vez que,
característica principal dessa área, é a extensa degradação ambiental. Portanto, ao considerarmos para efeito de
estudo, que essa amostra fosse a população total, todas as características obtidas por questionários e dados
oficiais, forneciam respostas qualitativas da atual situação. Este estudo fornece então, as diretrizes para que
pesquisas posteriores sejam realizadas nas demais áreas do vale não estudadas, bem como, para estudos similares
em áreas distintas. Outro ponto importante é a identificação da real importância do Lebrão para o equilíbrio do
sistema, já que é uma espécie exótica, muito danosa a agricultura e pouco estudada, não podendo ser sugerida
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uma proposta de manejo, mas podendo afirmar que o manejo (e até a diminuição populacional) pode ser feito
sem maiores riscos para o ambiente.
Palavras-chave: Relações Predador-Presa, Puma concolor, Lepus europaeus, Interações Ecológico-
Comportamentais, recursos ambientais.
Mountain Lions (Puma concolor) of Medium Paranapanema Valley
really eat Brown Hares (Lepus europaeus)?
Abstract: In order to formulate correctly handling and conservation approaches to study the relationships
between the predators and it preys. In the present work, we will investigate populations of Mountain Lions
(Puma concolor) and Brown Hares (Lepus europaeus). This animals are knew as a vulnerable situation and are
considered dangerous to local agriculture, due to the environmental changes that happens either naturally or by
human actions - specially in Paranapanema Valley historical occupation process, where there is a great
environmental degradation, building therefore, regional conditions to populations of Mountain Lions (Puma
concolor) begins threatened of extinction and the Brown Hares, considered agricultural curses. In the theoretical
point of view, the study of the relationships between predators and their prey has changed continuously, in
particular in the recent years. In this work, were lifted up which factors influence in the establishment of
Mountain Lions populations, in the Medium Paranapanema area: if due to the populations of Brown Hares or the
sum of the natural resources. Supposed the responsibility would be of the great Brown Hares populations
existent in the area, it was investigated as it interacted with the groups of Mountain Lions and also, which was
the importance of the other environmental factors in the general balance of that system. So that it was made the
population census of these encourage, with radio collar, it would demand a time of larger research than two years
(besides being a very expensive technique), opted then to study an equivalent area to 50% of the total area of the
Medium Paranapanema Valley. Like this, it was possible to identify thoroughly, how all the fauna, flora and
environmental resources, are balanced, once, main characteristic of that area, is the extensive environmental
degradation. Therefore, for consider study effect, that sample was the total population, all the characteristics
obtained by standard form and data officials, they supplied qualitative answers of the current situation. This
study supplies then, the guidelines so that you research subsequent they are accomplished in the other areas of
the valley not studied, as well as, for similar studies in different areas. Another important point, is the
identification of the real importance of the Brown Hare on the system balance, since it is a exotic species, very
harmful to the agriculture and little studied, not could be suggested a handling proposal, but could affirmed it
(until the population decrease) can be done without larger risks for the atmosphere.
Key Words: Predator- prey Relationships, Puma concolor, Lepus europaeus, Dynamics of ecological behaviour,
environmental resources.
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1. Introdução e Área de Estudo:
No final da década de 10 (entre 1918 e 1920), a estrada de Ferro Sorocabana foi estendida a todo Vale
do Paranapanema, concomitantemente com o processo de ocupação e povoamento desta mesma região, chamado
pelo governo do Brasil de “Segundas Bandeiras” (ANDRADE, 2005), passando inclusive pela região
contemplada neste estudo. O transporte ferroviário era utilizado para a distribuição de sacas de café e outros
produtos com rapidez. O grande problema estava na matriz energética usada: carvão e lenha (BRANNSTROM,
2001).
Então, as madeiras existentes em todo Vale, passaram a ser extremamente utilizadas para a produção
destas matrizes. Não obstante, a existência de diferentes fisionomias do cerrado, como a floresta de cerradão,
campo sujo (onde predomina árvores, arbustos e plantas rasteiras) e campo limpo, possibilitaram não só a
exploração da madeira, mas o uso das áreas de campo sujo e campo limpo para criação de pastagens e
agricultura. As espécies de árvores nativas do cerrado, assim como os trechos de Mata Atlântica aqui
encontrados, tinham por características o crescimento lento e por este motivo, espécies de crescimento rápido
dos gêneros Pinus e Eucalyptus, começaram a ser cultivadas nas áreas de mata nativa. A necessidade de matrizes
energéticas abundantes para o transporte ferroviário, construindo, portanto, um quadro de alta degradação dos
recursos naturais nativos e condições para que as populações de Lebrões colonizassem o Vale (LUCCAS, 2002).
(ver figura 1).
A dinâmica de predadores e presas tem sido foco de muitos estudos, em diferentes países, desde a
década de 1920, buscou-se inicialmente a compreensão das relações de controle populacional entre os nichos
populacionais e a distribuição dos recursos do meio como simples reflexo dessas relações (ODUM, 2001). Anos
mais tarde, foram propostos estudos sobre esses casos tomando como base dados comportamentais, que foram
relacionados aos dados empíricos e estatísticos obtidos nas pesquisas iniciais (ODUM, 2001; KLOPFER, 1962).
Apesar de importantes, estes trabalhos traziam respostas pouco objetivas sobre o que de fato acontecia com as
populações de predadores e presas e por que as relações entre elas são tão dependentes. Tal característica
implica alterações muito tênues entre ambas as espécies envolvidas, sendo, denominada tanto matemática
quanto ecologicamente de flutuação populacional (ODUM, 2001).
O que se sabe com certeza é que em vertebrados e em certos artrópodos, dois mecanismos
comportamentais são essenciais para a manutenção das flutuações populacionais: o territorialismo e a conduta de
grupo (ODUM, 2001). O territorialismo define-se por algum mecanismo ativo que afaste os indivíduos ou os
grupos em questão uns dos outros, produzindo um isolamento que reduz a competição, conserva a energia
durante os períodos críticos evita a superpopulação e a exaustão dos recursos, é o caso por exemplo de aves,
roedores, felinos, mustelídeos e lagomorfos. A conduta de grupo define-se como uma organização temporal para
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períodos em que todos os indivíduos do grupo irão caçar, cortejar, procriar e se alimentar. Portanto ambos os
mecanismos são essenciais para o equilíbrio populacional (ODUM, 2001).
O comportamento é reflexo da interação entre o ambiente e o ser vivo, o que leva a compreender que as
relações entre predadores e presas não são lineares quanto pareceria nas primeiras pesquisas, nem mesmo como
ainda são utilizadas em estudos e projetos atuais a respeito da conservação de fauna - ou seja, os predadores nem
sempre controlam diretamente a população de suas presas, ou vice-versa (KLOPFER, 1962). O comportamento,
individual de cada grupo animal, assim como as formas de interações com outros grupos, tem fundamental
importância na dinâmica populacional; saber traduzi-las tendo em vista ambos os tipos de comportamento, além
das condições climáticas, disponibilidade de recursos, tamanho e necessidade territorial, migração e adaptação à
condições adversas em funções matemáticas, é interessante na medida em que estas trazem exatidão e precisão
na análise dessa dinâmica (ODUM, 2001; ERLINGE et al., 1984).
A Lebre européia, ou lebrão (Lepus europaeus), foi introduzida no continente americano entre os
séculos XVIII (1788) e XIX (GRIGERA; RAPOPORT, 1983; FUNES, 1996), servindo como animal de caça ou
como matéria prima destinada a indústria de peles. Esta interferência ocorreu ou inicialmente na região dos
Pampas argentinos e gaúchos. Esse animal teve uma ótima adaptação em todas as regiões continentais,
aumentando rapidamente sua densidade populacional, o que desequilibrou, nas mesmas proporções, o novo
habitat (RAMIREZ et al.,1981; VEBLEN et al., 1992). O Lebrão alastrou-se desde a Patagônia Chilena
(FRANKLIN et al., 1998) e Argentina (NAVARRO et al, 1997 ) até o Canadá e o Alaska (MURRAY, 1999),
como relatado em outros trabalhos (YÁÑES et al., 1986; RAU; JIMENEZ 2001; BONINO; MONTENEGRO,
1997; AURICCHIO; OLMOS, 1998; FLUX et al., 1990).
O desequilíbrio gerado por ela foi tão agudo, que muitas espécies nativas de herbívoros e onívoros
diminuíram muito numericamente ou desapareceram, , (no Brasil por exemplo passou a competir com a única
espécie de lagomorfo nativo, o Sylvilagus brasiliensis); por outro lado, modificou o hábito alimentar das
espécies de carnívoros, já que a sua dieta normal sofreu baixas com a competição da nova espécie (ANDELT,
1985; MACCRACKEN; HANSEN, 1987; NEWSOME et al., 1990; PECH et al., 1992; CORBEN, 1985).
As lebres em geral possuem um ciclo populacional variável entre quatro e 11 anos,sendo dependente
das condições adaptativas do grupo e das interações desse com as condições ambientais, sazonais e anuais. A
maioria deles tem seu período de acasalamento, reprodução e diminuição populacional entre a primavera e o
verão, sendo inverno e outono as estações em que se observa maior número de indivíduos (GOSSOW;
HONSIG-HERLENBURG,1986). Provavelmente devido a pelagem espessa e aos hábitos de vida, nesse período
tais animais não precisam de refúgios, pois não sofrem com o frio, além do que, a maior parte dos animais que
poderiam predá-los, ou encontram-se refugiados ou migraram para regiões mais quentes e então, não há tanta
necessidade de esconderem-se . (MURRAY, 2000).
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Estes animais reproduzem-se com relativa facilidade, porém, são extremamente sensíveis a mudanças
climáticas depois de adaptados ao novo ambiente (ou mesmo a ação de parasitas). Especula-se que essa seja uma
das causas importantes de flutuações populacionais quando ocorrem independentemente da ação predatória
(AURICHIO; OLMOS, 1999). outra característica é que as dinâmicas das populações do norte e sul do
continente são diferentes , o que torna o conhecimento sobre elas ainda mais confuso e impreciso. (MURRAY,
2000).
No Brasil, eles se adaptaram facilmente, devido, em especial, a existência de condições criadas pela
população humana e a existência de grande quantidade de áreas agricultáveis, onde encontraram alimentação
farta e variada o ano todo (AURICCHIO; OLMOS, 1999).
Outro grupo de animais em questão, são nativos e amplamente distribuídos por todo continente
americanas - as Onças Pardas - consideradas um predador eficiente para pequenas presas, como as lebres,
(NORRDAHL; KÖRPIMAKI, 2000).
As Onças Pardas (Felis concolor , Puma concolor, Cougar ou Montain Lion), pertencentes ao grupo dos
felinos, que vivem em regiões de cerrado, grandes planícies e em regiões de transição entre florestas densas,
como a floresta atlântica e o cerradão. Vivem sob condições de umidade relativa que variam de baixa à alta
sempre possuindo mananciais de água e cobertura vegetal suficiente para servir de abrigo para estes animais
(YÁÑES et al, 1986). A dieta delas é composta pelos grupos: Artiodactyla (carneiros e ovelhas), Carnívora
(outras espécies de felinos e canídeos), Lagomorfa (lebres e coelhos), Rodentia (roedores), várias aves (exceto as
de Rapina), Quelônios (tartarugas), porém, o consumo não se dá em proporções e situações idênticas
(MONDOLFI; HOOGESTEINJN, 1986), mudando proporcionalmente a variações climáticas, a flutuação
populacional, variação sazonal e a mudança de habitat (HORNOCKER; BAILEY,1986).
Estes são predadores localizados no nível mais alto das cadeias alimentares, cuja ação pode ajudar a
equilibrar a distribuição trófica entre os elos mais baixos, por meio da interação entre os mesmos e às condições
ambientais (ODUM, 2001), como dependerem exclusivamente de carne fresca para sobreviverem (tecidos
musculares e sangue) são considerados especialistas, no entanto sua alimentação é composta por variedade de 30
a 60 espécies diferentes de animais, cujos grupos foram descritos anteriormente (MONDOLFI;
HOOGESTEINJN, 1986). Apesar disso as populações de presas nativas, ainda que muito importantes na dieta
das onças, não conseguem minimizar ou controlar as flutuações populacionais das mesmas, já quando as lebres
fazem parte da dieta, a predação das outras espécies nativas pode se manter constante (RAU; JIMENEZ, 2001;
YÁÑES et al, 1986). Por outro lado, observa-se uma minimização dos picos populacionais do felino inferindo-se
,portanto, que as lebres podem contribuir para o equilíbrio populacional deles (MURRAY, 2000).
O estudo das interações predador – presa tenta responder duas grandes questões. Primeiro, os
predadores reduzem o tamanho de suas populações de presas abaixo da capacidade de suporte? Segundo, a
dinâmica da interação predador – presa é a causa da oscilação das populações? A primeira questão é de grande
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interesse prático por estudar como administrar pragas de plantação, populações de animais de jogos (como a
lebre em estudo, usada para prática da caça esportiva) e espécies em perigo, além de servir como base para o
entendimento das relações entre espécies que compartilham recursos e, portanto, para regulação das
comunidades biológicas. A segunda questão é motivada pela observação dos ciclos predador–presa na natureza,
direcionando - se para compreensão de como se processa a estabilidade dos sistemas naturais (RICKLEFS,
1996).
A visão clássica das relações de predação ensina – nos apenas uma das inúmeras possibilidades de
interação e equilíbrio entre predadores e presas. Segundo esta visão, a predação pode controlar o excedente
populacional de presas, através da atividade de seus predadores. Num período onde a taxa de predadores é baixa,
a taxa populacional das presas aumentará até um momento que haja uma quantidade tão alta destas, que a
população de predadores aumentará novamente, de forma a diminuir a população de presas mais uma vez,
mantendo sempre, picos de alto e baixo índice inversamente proporcionais entre predadores e presas (AMABIS;
MARTHO,1997; RICKLEFS,1996). Tal concepção, foi exemplificada usando o Lince ( Lynx lynx L.) e a Lebre
– das – neves (Lepus timidus), usando apenas um modelo linear baseado no número de indivíduos da população
por ano (GOSSOW; HONSIG-ERLENBURG,1986). Entretanto há outras formas de se medir o crescimento
populacional e as interações entre predadores e presas. O próprio exemplo dos linces e das lebres foi muito
estudado em diferentes países e cada pesquisador entendia o problema de uma forma. Por exemplo, no trabalho
de Stahl et al. 2001, a análise da taxa de predação foi medida pelo monitoramento das populações de linces e
ovelhas e também pela aplicação de questionários aos proprietários dos animais, periodicamente, durante quatro
anos.
Para alguns estudiosos, os felinos em geral, não têm sua população controlada diretamente pela
disponibilidade de presas, mas sim pelo territorialismo, pelas hierarquias organizadas entre os grupos (o que foi
definido como conduta de grupo anteriormente), capacidade de adaptação às pressões do ambiente, sendo as
presas então, não o principal fator limitante da população. Dependendo da importância da presa na dieta do
predador, elas são então um fator controlador da flutuação populacional, bem como, da diminuição ou aumento
da predação de outras presas, nativas ou não, pelo predador (KLOPFER, 1962).
Cada população apresenta seu próprio período de regulação, variando com o habitat, com os indivíduos
do grupo e com histórico individual que explique as condições particulares dos indivíduos de cada grupo
(HORNOCKER; BAILEY, 1986). Outros pontos importantes ao se analisar a dinâmica de uma população de
felinos, são, por exemplo, se as características observáveis num dado momento são duradouras ou recentes ou se
apenas não foram exploradas ou cogitadas. Saber a longevidade de cada indivíduo e sua posição hierárquica
dentro da população, conhecer o histórico reprodutivo tanto individual quanto populacional, uma vez que, para a
maioria desses pontos há um padrão já conhecido e esperado e, portanto, qualquer alteração pode dar pistas do
que está acontecendo com determinada população (HORNOCKER; BAILEY, 1986).
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Por exemplo, a forma como se organiza as hierarquias de cada grupo, que se dá pela criação e
manutenção de marcas visuais e olfativas (funcionando como um sistema primário de regulação), cuja função é
regular totalmente a distribuição espacial dos indivíduos, tornando assim a população flexível diante das
alterações ambientais (como mudança de estação e suprimento de alimentos). Controlando assim, indivíduos
transitores (indivíduos jovens, machos em sua maioria, que ainda não conseguiram estabelecer seus territórios
mas já têm capacidade de caça (HORNOCKER; BAILEY, 1986), indivíduos velhos que se perderam se seu
território ou foram expulsos pelos indivíduos mais jovens (em alguns poucos casos, expulsos pelas fêmeas do
bando) e fêmeas que estão em fase de transição de status no grupo (como sair da infância para a idade
reprodutiva, ou da fase reprodutiva para a fase estéril, devido ao avanço da idade) (HORNOCKER; BAILEY,
1986).
Neste tipo de organização social, têm-se basicamente três classes de indivíduos, os residentes
(indivíduos jovens ou adultos que já possuem seu território bem definido), os imaturos (que são ainda muito
jovens ou filhotes, não conseguem caçar e por isso, dependem do cuidado materno para sobreviverem, mas
apesar de estarem no território de suas mães, não possuem seu território definido) e os indivíduos transitores,
cuja descrição já foi feita. Outro aspecto importante dessa distribuição territorial da população é a dispersão dos
jovens, cujo objetivo é prevenir o endocruzamento e assim, manter a variabilidade genética (HORNOCKER;
BAILEY, 1986).
Esta visão sobre a rigidez do comportamento social dos felinos tem sido desafiada em trabalhos
recentes. Ao contrário da percepção descrita acima, a densidade populacional, e conseqüentemente o
comportamento social dos felinos é variável e dependente da oferta alimentar. Quanto mais presas disponíveis,
maior a densidade dos predadores e maior a tolerância social. (ALBERTS, 2000; CAMERON-BEUMONT et al.,
1999).
Dentro da perspectiva apresentada por este sistema ecológico-comportamental, espera-se que uma
determinada distância entre os indivíduos de cada população, um padrão entre a distribuição do número e da
idade dos indivíduos nos diferentes locais, bem como, a densidade hierárquica em relação ao tamanho
populacional; quando esses padrões são diferentes dos esperados, torna-se muito mais fácil entender porque e
como ocorreram certas mudanças (HOPKINS et al., 1986).
Apesar de haver esses padrões, muitas considerações qualitativas e quantitativas sobre as condições
ambientais e populacionais devem ser feitas e cautelosamente analisadas, porque apesar do territorialismo e das
hierarquias estabeleceram a distribuição populacional, essas assertivas nem sempre são válidas para todas as
populações e se válidas, nem sempre nas mesmas proporções, pois o esses comportamentos são correntes mas
não obrigatórios em todas as populações.(HOPKINS et al., 1986; ALBERTS, 2000).
A introdução das lebres, devido a seus hábitos de vida e a seu ciclo populacional, na dieta das onças, foi
importante porque aparentemente, são os animais suporte para o equilíbrio populacional das onças, não pelo fato
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de que as onças não conseguiam se manter apenas com as espécies nativas, mas esta introdução somada a
expansão das fronteiras agrícolas e a ocupação desordenada das paisagens (DEAN, 1995; FLUX, 1990;
AURICCHIO; OLMOS, 1999), desequilibraram fortemente a ordenação de espaço e tempo dessas espécies
nativas e as lebres, não obstantes, tiveram importância nesse processo, aproveitando este espaço aberto pelo
desequilíbrio, otimizando a degradação ambiental já existente. O principal motivo foi as lebres terem se tornado
fortes competidoras das espécies nativas, mudando a dispersão dos nutrientes e muitas outras relações tróficas
bem organizadas antes de seu aparecimento (AURICCHIO; OLMOS, 1999).
Coincidentemente ou não, as mesmas regiões onde se verifica um aumento nas populações de onças e
nos índices de predação de alguns rebanhos animais, verificam-se também outra condição: muitas áreas
agricultáveis, onde há culturas de melancia, laranja, beterraba, cenoura, hortaliças, maçãs, café entre outras,
muitas plantações de Pinus e Eucalyptus; concomitantemente observam-se a presença ou um aumento
considerável da população das lebres citadas, sendo tais culturas, as preferidas por estes animais (AURICCHIO;
OLMOS, 1999).
Sabe-se que é pouco comum que uma Onça Parda prede um boi, por exemplo, ainda que isto tenha sido
registrado mais de uma vez. Porque além do boi ser um animal grande, elas só o predam em último recurso.
Como oportunistas que são, tendem a localizar o animal mais novo ou mais fraco, ou seja, aquele que é uma
presa fácil (ALBERTS, 1989). No entanto, não é isso que se observa nestes estados, apesar da predação do gado
não ser numericamente grande se considerarmos todas as ocorrências, ela é relativamente freqüente em muitos
tipos de rebanho, não apenas em bovinos. Esse tipo de informação não está muito presente na literatura
acadêmica, mas em literaturas mais populares e diárias, como jornais locais, revistas e denúncias às bases do
IBAMA (Instituto Brasileiro de proteção ao Meio Ambiente), como por exemplo, ao IBAMA Bauru e Brasília,
feita por agricultores, pecuaristas e a população em geral, em muitas cidades de fronteira agrícola dos estados de
São Paulo, Paraná, Santa Catarina, leste do Mato Grosso, mas o real motivo ainda não se sabe.
Apesar das lebres serem atualmente consideradas pragas agrícolas e de primeiramente esta introdução
ter trazido conseqüências negativas, tanto a dinâmica do ambiente quanto às populações nativas (incluindo-se as
Onças Pardas), posteriormente poderia ter se reequilibrado, por oferecer um novo e contínuo recurso alimentar
não só para as onças, mas a outros carnívoros nativos, como os canídeos Cerdocyon thous, e Chrysocyon
brachyurus e também felinos o jaguarundi, Herpailurus yagouarundi (AURICCHIO; OLMOS, 1999).
Portanto, entender se essas populações de lebres realmente mantêm os níveis tróficos das populações de
Onças ou se a participação dos recursos ambientais é mais importante para a existência do segundo grupo, é
essencial para a compreensão do diagnóstico dessas populações e do ambiente, proposto neste trabalho.
2. Objetivos:
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O presente trabalho tem por objetivo saber se as Lebres Européias da região do Médio Vale do
Paranapanema apresentam relação do tipo predador-presa, sendo então as responsáveis pelo aparente aumento e
colonização da área, pelas populações de Onças Pardas ou, se as características ambientais, atreladas às
atividades antrópicas é que são responsáveis por este processo. Como objetivo secundário, pode-se também
estabelecer diretrizes para trabalhos de impacto ambiental na região.
3. Materiais e Métodos:
3.1 Instrumentos de Coleta de Dados
· Questionário desenvolvido junto ao IBAMA – BRASÍLIA;
· Reuniões Periódicas com os produtores rurais, organizadas pela CATI (Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral para desenvolvimento e assistência rural) e pelo SAE (escritório do SEBRAE para
desenvolvimento econômico rural);
· Consulta aos dados de ataques ou aparecimentos de Onças Pardas e Lebres, existentes em escritórios de
IBAMAs de Bauru, Assis, Atibaia e Brasília;
· Compartilhamento dos mapas de áreas rurais, contendo dados sobre as atuais condições
ambientais, sobre os recursos fauna e de flora, como também, o nível de conservação de terra e disponibilidade
de água.
3.2 Metodologia
Os questionários foram aplicados de novembro de 2004 até outubro 2005, em produtores rurais do
Médio Paranapanema cujos municípios são: Assis, Borá, Campos Novos Paulista, Cabrália Paulista, Candido
Mota, Cruzália, Echaporã, Ibirarema, Iepê, João Ramalho, Lutécia, Maracaí, Martinópolis, Nantes, Oscar
Bressane, Palmital, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Platina, Quatá, Rancharia e Tarumã.
As questões abordadas nos questionários (tabela 1), buscavam informações de caráter qualitativo, sobre
as condições de cada propriedade rural. Como essas propriedades se localizam entre as bacias do Rio
Paranapanema e Tietê, margeando ainda o Rio Paraná, dentro da região das microbacias (locais de comunicação
hidrográfica entre as bacias), concomitantemente, foram recolhidas informações sobre as condições do
ecossistema regional do Médio Vale.
Depois de realizadas 254 as entrevistas (50% aproximadamente, do total de propriedades cadastradas do
Médio Vale), os dados foram divididos basicamente em três tipos de informações:
1. recursos ambientais disponíveis (água, cobertura vegetal, tamanho de rios, tamanho de propriedades);
2. números de vezes e descrição sobre os problemas envolvendo as Onças e as Lebres;
3. números e descrição sobre várias espécies de fauna encontradas nestas propriedades.
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4. Análise de dados:
Os dados coletados foram submetidos à análise estatística, não só descrevendo cada uma das variáveis
encontradas, mas as comparando por semelhança de características qualitativas. Como a banco de dados é
proveniente de questionários, não se podia avaliar quantos indivíduos de cada população existem ou nem
precisamente o tamanho,assim como a quantidade de todos os recursos naturais disponíveis, mas pode-se saber
quais recursos exatamente existem, dentro das 254 propriedades rurais analisadas. No escritório de CATI, há um
grupo de mapas que pertencentes ao "Programa Estadual das Microbacias Hidrográficas" do Estado de São
Paulo, que descrevem as condições rurais ambientais, além de mostrar o tamanho de toda área rural destes
municípios.
Como o estudo foi realizado em apenas uma parte da área total, tendo este local uma profunda
modificação ambiental, então as distribuições normais, como as encontradas em ambientes naturais ou
recuperados, não poderiam ser consideradas para as populações em estudo, já que não existe nenhum estudo
prévio destas, afirmando que o local já estaria reequilibrado. Outro ponto importante, é que os dados coletados
são provenientes de resposta humana (onde os desvios padrões e as margens de erro são desconhecidos para este
tipo de estudo de caso). Logo, não foi possível afirmar que os dados coletados representavam uma distribuição
Normal, tão pouco que a amostra era paramétrica ou não.
Em função disso, tratou-se a amostra como se esta fosse a área total ou, como se fosse uma área
homogênea (da mesma forma em que se divide toda região do Vale do Paranapanema, em outras quatro sub-
regiões). Para cada tipo de dado, considerado a partir de então, uma variável, foram atribuídos valores de zero
(0) para ausência e um (1) para presença.
Deste modo, as quantificações, porcentagens, gráficos e índices de correlação, são resultantes dos
somatórios de zero (0) e um (1), feitos para cada cidade e comparados entre cada uma delas ou, o somatório
geral de todas as cidades, para cada uma das variáveis, quando estas eram comparadas entre si.
5. Resultados:
Os resultados obtidos após a análise dos dados foram muito diferentes do que se esperava previamente.
Supunha-se que, as relações tróficas que envolviam as Onças Pardas e os Lebrões, estivessem mais
correlacionadas do ponto de vista das flutuações populacionais, podendo, portanto, explicar porque as primeiras
populações estariam aparentemente aumentando ou repovoando o Médio do Paranapanema.
O primeiro indício de que essas populações não apresentam dependência em seus crescimentos
populacionais, pode ser observado pelo gráfico 1. Neste gráfico, o parâmetro entre as populações mostrou-se
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diferente entre cada cidade. Cada uma delas apresentava uma proporção completamente diferente, dos mesmos
valores encontrados para as outras cidades. Entretanto, apenas com este gráfico não era possível afirmar com
certeza que as populações realmente não estavam diretamente correlacionadas. Como essa amostra não é
representativa de uma distribuição Normal, nem pode ser considerada uma amostra paramétrica ou não-
paramétrica, a solução encontrada para avaliar o quanto e como cada uma das populações estavam relacionadas,
foi usar um coeficiente que pudesse medir o quanto uma variável era importante para a modificação do número
da outra, por isso escolheu-se a correlação de Pearson, por ele demonstrar justamente isso.
As quantificações base dos cálculos de todos os gráficos apresentados aqui, foram feitas a partir do
somatório dos casos de cada cidade. Após isso, foi realizado o somatório dos valores encontrados para cada
variável em todas as cidades, como forma de caracterizar o valor total encontrado na região de estudo. Para
entender como cada variável se relacionava com a outra, foram fixadas como variáveis dependentes, o número
encontrado para a população de Onças e de Lebrões e, como variáveis independentes, os números encontrados
para os recursos ambientais: número de mananciais (como rio, lagos, riachos, cachoeiras, nascentes), número de
reservas de mata dentro das propriedades (como a mata ciliar e a reserva de 20% de mata nativa, exigida por lei)
e o número de matas nativas próximas às propriedades, mas não localizadas dentro de suas áreas (como alguns
fragmentos de floresta e de mata ciliar das microbacias).
Observando-se o gráfico 2, segundo o valor da correlação de Pearson, realmente pode-se compreender
que as populações de onças não dependem diretamente das populações de lebres para crescer, mas sim da
disponibilidade de recursos naturais, em especial, a presença das reservas de mata nativa. A correlação de
Pearson foi escolhida porque, ela consegue demonstrar através de seu intervalo numérico, de -1 a +1, o quanto
uma variável é importante ou deve ser considerada na avaliação do crescimento da outra. Quanto mais próximo
de +1 for o índice encontrado, mais estas variáveis estão correlacionadas, significando para este estudo que, seja
um processo de crescimento populacional, ou seja, de predação, estes só acontecem necessariamente porque há
outros eventos (variáveis) que participam ou desencadeiam tais processos.
Quando o índice é +1, por exemplo, significa que são 100% de certeza que determinado processo influi
no aparecimento do outro. Portanto, analisando os resultados mostrados ainda no gráfico 2, pode-se afirmar que
as populações de onças realmente não dependem de forma direta da população de lebrões, mas sim da
quantidade de mata nativa e das populações das outras 63 espécies silvestres, identificadas no Médio Vale
(Tabela 2). Por definição da correlação de Pearson, para que um grupo seja considerado influente em outro, o
índice obtido tem que ser maior que 0,500; logo, ao se comparar os índices apresentados pelo gráfico, onde a
correlação entre onças e mananciais é de 0,4453; entre onças e reservas de mata, o índice é de 0,5609; entre
onças e cadeia alimentar média é de 0,5877 e entre onças e lebrões, é de 0,4907; ou seja, a população de lebrões
é pouco significativa para a flutuação e dispersão das Onças Pardas na região.
12
Apesar de o índice correlacionado para cadeia alimentar média (obtida através dos valores encontrados
para cada espécie silvestre), ser o maior apresentado aqui, pode-se classificá-lo com igual ou menor importância
em relação ao índice de reservas de mata, porque estas se apresentam equivalentes em área e em distribuição por
toda a região estudada; já os animais silvestres apresentam-se dispersos de uma forma muito heterogênea em
relação a cada cidade do Médio Vale.
A importância das matas nativas e das populações de animais silvestres para as onças, pode ser
corroborada também, pelo baixo índice de ataques a animais de criação, como bovinos e caprinos. As cidades
que apresentavam um alto índice de ataques de onças, eram casos isolados, não refletindo a situação das demais
cidades do Médio Vale. Lutécia se destacou por ter o maior índice de ataques a caprinos (100 % das
propriedades pesquisadas) e Cabrália Paulista apresentou um índice de 67%, dentre as propriedades pesquisadas,
de ataques a bovinos (Tabela 3). Do total de reservas de mata de toda a região, Cabrália têm o correspondente a
27% e Lutécia, 4%, o que pode sugerir que os ataques ocorridos tenham ligação com a posição geográfica de
cada criadouro, já que estas percentagens são correspondente ás reservas de mata nas proximidades das fazendas,
onde se inclui as matas ciliares das microbacias que interligam as propriedades rurais.
Estas matas ciliares que se localizam nas periferias das propriedades acabam funcionando como
corredores naturais de dispersão das onças, ligando as poucas áreas nativas restantes às áreas rurais. Portanto,
não se pode dizer que estes felinos são atraídos pela presença de animais de criação e por isso os preda, como
também, não pode ser atribuída a responsabilidade da dispersão e do possível aumento da população de onças na
região porque seu ambiente nativo está sendo destruído e daí, elas migrarem para outras áreas. O exemplo do
próprio Médio Vale do Paranapanema, que tem por característica essencial ser uma região agrícola, com suas
propriedades tendo em média 30 anos de existência e sua fronteira agrícola, apresentando uma expansão muito
discreta, já que a maior parte das áreas foi ocupada de 1891 a 1965, como afirmam Andrade (2005) e
Brannstrom (2001).
Após dois anos de extensos estudos teóricos sobre ecologia, um ano de coleta de dados e observações
em campo, pode-se esquematizar as hierarquias que culminam na possibilidade de colonização da região, pelas
Onças Pardas. Como é possível ver na figura 2, as relações estão organizadas em ordem de importância para a
população destes felinos; na segunda linha, temos as reservas de mata nativa, presenças de mananciais e animais
silvestres como 1º ordem de importância para tais populações. Há também um balão entre os itens “Mata
Nativa” e “Mananciais”, onde há as microbacias. De fato, na natureza, as microbacias só existem como unidade
geográfica, se necessariamente existirem reservas de mata, como a mata ciliar, para preservar o fluxo e a
quantidade de água daquele manancial.
As propriedades se colocam nas margens desses mananciais porque dependem das suas águas para
manterem as atividades agropecuaristas, como se verifica na figura 3. Por conseqüência dessas atividades, aliado
ainda a todo histórico de colonização das Lebres Européias, temos, portanto, um ambiente muito favorável ao
13
estabelecimento destas populações, que, entretanto, não têm as onças e nem outros carnívoros nativos como seus
principais predadores, provando desta forma, a característica exótica destes animais (todo animal exótico a uma
região, não possui predador nela e compete pelos nichos e recursos naturais, com as demais espécies nativas).
A predação dos rebanhos e de lebres, pelas onças, acontece de forma casual, uma vez que, estas onças
ao alcançarem as áreas rurais, seguindo os fluxos das microbacias, ora encontram animais de qualquer tipo de
rebanho, em situação vulnerável (seja por velhice, por doença ou por falta de proteção), assim como encontram
os Lebrões em grandes quantidades, culminando por predá-los, até porque sendo estes felinos, animais de topo
de cadeia e oportunistas, isso aconteceria inevitavelmente. Analisando-se mais uma vez a figura 2, entendemos
que a tríade reservas de mata, mananciais e animais silvestres é que são os verdadeiros responsáveis pela
dispersão das onças na região, mas também produzem juntas, as condições ambientais necessárias para a
existência de lebres, de áreas agrícolas e consequentemente, a predação esporádica de alguns animais de criação
e das próprias lebres.
6. Discussão:
É surpreendente que, ambientes tão degradados como se espera que sejam as áreas rurais, consigam
suportar populações tão exigentes ambientalmente, quanto são as Onças Pardas. Do início da coleta de dados até
o momento em que foram realizadas as análises estatísticas, acreditava-se que a distribuição e o aparente
aumento das populações destes felinos, estava diretamente ligada a presença da Lebre Européia, uma vez que ela
era encontrada em grandes quantidades,em todas as cidades pesquisadas, concomitantemente aos registros de
presença ou de problemas com as onças.
Se esse fato fosse verídico, seria a primeira vez que, uma espécie exótica, altamente danosa a
agricultura e a economia, estariam participando do reequilíbrio populacional, de uma espécie tão ameaçada como
a Onça Parda e, por conseguinte, a reorganização de um ecossistema altamente modificado, já que estes felinos
são animais localizados do topo da cadeia alimentar, sendo portanto, agentes do controle populacional de
diversas espécies nativas e dos recursos ambientais também.
Apesar de nunca ter havido estudos de impacto ambiental para esta região de estudo e da característica
primeira deste trabalho ser identificar a dinâmica populacional das populações de onças, um ponto importante a
ser discutido aqui é justamente a qualidade do ambiente rural. Para que um felino ou qualquer outro predador de
topo de cadeia exista e permaneça numa região, é necessário que ela tenha um estado de conservação dos
recursos naturais muito bom ou que estes predadores sejam altamente adaptáveis à condições ambientais ruins.
A região estudada apresenta um alto índice de mananciais, matas nativas e diversidade de fauna,
caracterizando então, um novo paradigma sobre o estado de conservação dos recursos nos ambientes rurais,
diferente do que se vê e se lê, cotidianamente, nas mídias faladas e escritas ou mesmo, nos conteúdos
14
apresentados em sites de organizações não-governamentais (ONGs), como por exemplo o Greenpeace e a Pró-
Carnívoros, onde o discurso apresentado é sempre catastrofista em relação as condições ambientais e ao número
de indivíduos de uma população ameaçada de extinção. Portanto, verificamos aqui, que o ambiente altamente
degradado, do Médio Vale - e do Vale do Paranapanema como um todo - está passando por um processo de
reequilíbrio ou de reestruturação entre os recursos disponíveis e os nichos ocupados por toda a fauna local.
A reorganização ecológica do ambiente rural, não só no que diz respeito aos recursos do ambiente, mas
também a distribuição das espécies florísticas e faunísticas, se deve principalmente ao replantio das matas
ciliares e à leis do Estado, que obrigam as propriedades rurais manterem ou reflorestarem pelo menos 20% do
total de suas áreas. Pelo que se pode constatar nas observações em campo, há um esforço dos proprietários rurais
em manterem esses 20% de área nas periferias de suas propriedades, constituindo regiões de conurbação entre as
propriedades, sendo estas, localizadas próximas dos mananciais, como se confere mais uma vez, pela figura 3,
como forma de manterem o fluxo e a quantidade de águas disponíveis ou, nas margens das propriedades longe
dos mananciais, como forma de aumentar mais rapidamente essa porcentagem de 20% ou de chegar a ela, como
manda a lei, já que muitas propriedades ainda não possuem esta percentagem. Ao se isolar uma área de floresta
(ou mesmo reflorestar), próxima à outra já existente, os recursos de fauna e flora são constantemente trocados;
quando respeitadas as características de cada ecossistema e ali colocadas espécies florísticas nativas, esse fluxo é
potencializado pela ação da fauna nativa dispersora dessas espécies, melhorando assim, o ambiente como um
todo. Nos últimos dois anos, essas áreas de 20% de reserva, chamadas APP (Área de Preservação Permanente),
assim como a reestruturação das matas ciliares, foram fiscalizadas e implantadas por determinação do governo
estadual, pela CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral para desenvolvimento e assistência rural),
sendo os resultados confirmados, portanto, por este trabalho.
Segundo as teorias de Erlinge et al. (1984), Schneider (2001), Flux (1990) e Sinclair et al. (1996), as
populações de presas e de predadores são reguladas intrinsecamente, através de suas interações com o meio
ambiente e de seus comportamentos que auto distribuem suas respectivas populações no território,
hierarquicamente, cuja função é tornar as relações de predação possíveis, na medida em que, tais populações
entram em contato ao se dispersarem.
Desta forma, os picos populacionais seriam quase coincidentes, mas estariam sempre próximos de um
ponto de equilíbrio, mesmo se em alguns períodos as taxas populacionais de predadores ou presas estivessem
baixas. Como ambas as populações regulam-se intrinsecamente, este equilíbrio implicaria em taxas baixas para
ambas, quase concomitantemente, como proposto por Nicholson (1933) e Lack (1966). Outra implicação deste
sistema, é que o equilíbrio, além de ser mantido pelos dois nichos citados, é mantido também pela existência de
outras presas e predadores competidores, o que manteriam as populações com uma flutuação populacional baixa.
Em específico, sobre as populações de onças e lebres na região, as propostas destes pesquisadores se
corroboram. As populações de Onças Pardas se mantêm em números baixos ainda na região, provavelmente
15
porque existam outros predadores de topo de cadeia, como por exemplo, as raposas e os cachorros do mato,
como pode ser visto no gráfico 3, os quais competem com as onças por alimento, mas já estão adaptados
dispersos há mais tempo que estas na área de estudo.
As lebres se colocariam neste ambiente com uma função positiva, no que diz respeito a diversidade de
fauna (presas em potencial para os predadores existentes no Médio Vale), por elas também serem competidoras
de quase todas as espécies nativas da região, contribuindo portanto, para o controle populacional destas espécies
e evitando também, a extinção de algumas espécies nativas devido a competição das outras espécies do mesmo
grupo. Por definição, animais exóticos como estas lebres, não podem trazer benefícios as populações nativas,
entretanto, isso é sugerido aqui, porque esses exóticos estão dispersos na região, há mais de trinta anos, como se
verifica na literatura e, se estes animais realmente trouxessem danos as espécies nativas, as populações destas
não seriam bem maiores do que são, como pode-se verificar pelo gráfico 3. Talvez o momento de maior impacto
entre esses exóticos e os nativos, tenha se dado no período em que os primeiros chegaram a área de estudo e
também, nos dois ou três anos que se seguiram. Depois, ou até mesmo nos anos mais recentes, devido aos
programas e leis governamentais de reestruturação e manutenção de áreas de mata e mananciais, criou-se
condições para que todos os grupos animais aqui mencionados, pudessem se reequilibrar dentro do mesmo
ambiente supostamente tão degradado.
Conclui-se então, que o maior problema causado pelas lebres é o dano econômico á agricultura, por elas
se alimentarem de todos os tipos de cultura com exceção da cana-de-açúcar, mas para o ambiente propriamente
do Médio Vale do Paranapanema, elas não são motivo de preocupação excessiva. Os esforços devem continuar
concentrados na manutenção das características e da qualidade do ambiente, como se pode avaliar com este
estudo, ou seja, se o ambiente tiver condições de sustentabilidade, pouco impacto haverá, sobre ele próprio ou
sobre as espécies florísticas e faunísticas nativas, quando um animal exótico entrar na região.
No caso das Onças Pardas desta região, além de se saber o quanto os características ambientais, muito
discutidas aqui, são determinantes para o equilíbrio e o reestabelecimento de suas populações, ao contrário do
que se pensava na verdade, eram as populações de Lebrões que constituíam o atrativo de dispersão, bem como,
eram a base de sustentabilidade das populações de onças. Outro ponto importante, é que, haver populações de
Onças Pardas e outros predadores de igual importância, nas propriedades rurais, não significa dano, mas sim que
essa propriedade ou o local onde ela está inserida, apresenta boas percentagens de conservação ambiental, sendo
por este motivo, um atrativo para tais animais. Então, uma sugestão interessante, é que, estudos de impacto
ambiental locais fossem realizados e de acordo com os critérios de conservação dos recursos naturais e da
diversidade de fauna e flora (em especial, quando houver Onças Pardas, por exemplo) que fosse criado um selo
ambiental. Com este selo, vantagens poderiam ser dadas aos proprietários, já que estes são produtores rurais de
pequeno e médio porte, incentivando assim, manutenção da conservação deste ambiente, além, da manutenção
16
das atividades agropecuaristas de pequenas e médias propriedades, pois estas são responsáveis por dois terços de
toda a agropecuária do país. (EMBRAPA, 2004).
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19
8. Tabelas, gráficos e figuras. Tabela1. Questionário aplicado aos agropecuaristas do Médio Vale do Paranapanema.
Questionário Onça Parda Identificação Nome: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Idade: ................ Telefone para contato: ...................... Endereço da Propriedade:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Cidade: ................................................................................................................. 1) Tipo de Atividade ( ) Agricultura ( ) Para Subsistência ( ) Para o Mercado Tipos de Culturas.................................................................................................. ( ) Pecuária ( ) Subsistência ( ) Mercado Tipos Pecuária........................................................................................................ 2) Em sua(s) propriedade(s) existe(m) mananciais (rios, lagoas ou lago)? ( ) Sim ( ) Não Quantos?................................................................................................................. 3) Há reservas de mata nativa em sua propriedade? ( ) Sim ( ) Não Qual o tamanho dessa reserva?.......................................................................... 4) Em volta da sua propriedade ou próximo dela, há reservas de mata nativa? ( ) Sim ( ) Não Qual o tamanho dessa reserva?.......................................................................... 5) Já foi vista em sua propriedade a Onça Parda? ( ) Sim ( ) Não Quantas vezes? ( ) 6) Elas atacaram algum animal de sua propriedade? ( ) Sim ( ) Não Quais animais?...................................................................................................... 7) Já foi vista em sua propriedade o Lebrão ou lebre européia ? ( ) Sim ( ) Não Quantas vezes? ( ) 8) Elas atacaram alguma cultura de sua propriedade? ( ) Sim ( ) Não Qual cultura?......................................................................................................... 9) Com que freqüência (ou de quanto em quanto tempo) em sua propriedade, apareceram as Onças? ( ) no ano passado ( ) no ano retrasado ( ) frequentemente ( ) nunca 10) Com que freqüência (ou de quanto em quanto tempo) em sua propriedade, apareceram as Lebres? ( ) no ano passado ( ) no ano retrasado ( ) frequentemente ( ) nunca 11) Há outros animais silvestres em sua propriedade? ( ) Sim ( ) Não Quais? ......................................................................................................... 12) Qual o tamanho da sua propriedade?
20
Gráfico 1. Ocorrência de Onças Pardas x Lebrões por área rural em cada cidade.
Ocorrência de Onças e Lebrôes por cidade
010203040
C. Mota
Echap
orã
Lutéc
ia
Cabrál
ia Pta.
Platina
Tarumã
S. Ped
ro Turv
oQua
tá
Pon
tal
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ão
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Pau
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Núm
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as d
os a
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ais
nas á
reas
rura
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e ca
da c
idad
e
LebrõesOnças Pardas
Oc
Figura 1. Foto ilustrativa do desmatamento do Vale do Paranapanema (1912)
Fonte : CEDAP – Centro de Documentação e Apoio a Pesquisa
UNESP- Assis/SP
Gráfico 2. Comparação dos índices de correlação de Pearson para Onças Pardas.
* Exceto Lebrões, no gráfico de cadeia alimentar média.
Tabela 2. Diagnóstico das espécies silvestres encontradas no Médio Vale do Paranapanema.
Espécies % de espécies encontradas Número de espécies de cada grupo
Índice de correlação de Pearson entre Onças e Recursos Naturais
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
1Valores médios para cada categoria por
cidades
Valor dos Índices
Mananciais
Reservas deMata Nativa
CadeiaAlimentarMédiaOnças Pardasx Lebrão
21
Pássaros Felinos
Roedores Canídeos
Marsupiais Primatas Cervídeo
Mustelídeos Lagartos Cobras
51% 3%
12% 4%
16% 1% 2% 2% 4% 6%
22 4 8 3 8 2 1 2 2
11
TOTAL 100% 63
Tabela 3. Diagnóstico de ataques de Onças em cidades de maior importância percentual.
Porcentagens de Ataques (%) Cidades Onças
avistadas Ausência de ataques
Bovino Caprino Cães Aves
Candido Mota Paraguaçu Pta. Echaporã Campos Novos Lutécia Cruzália Cabrália Pta. Assis Platina Ibirarema Tarumã Pedrinhas Pta. S. Pedro Turvo Maracaí Quatá Nantes Pontal Getulina
0 29 8 5 3 0
11 0
32 5 0 0 8 0 0 0 0 0
0 12 4 9 6 0 3 0 5 6 0 0 3 0 0 0 0 0
0 33 0 0 0 0
67 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0
100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 11 11 11 11 0
33 0
22 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0
50 0
50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Figura 2.Organograma das relações ecológicas determinantes para a distribuição e colonização do ambiente pelas Onças Pardas.
ONÇAS PARDAS Puma concolor
RESERVAS DE MATA
MANANCIAIS ANIMAIS SILVESTRES
ÁREA
AGROPECUARISTA LEBRÕES
Lepus europaeus
Microbacia
22
Figura 3. Caracterização da distribuição das propriedades rurais do Médio Vale.
Gráfico 3. Correlações de Cadeia Alimentar Média em relação a Onça Parda e densidade das populaces
de Cachorro do Mato, Lobo Guará e Raposa.
Correlações de Cadeia Alimentar
0
50
100
150
200
250
300
C. M
ota
P. P
ta
Echa
porã
Cam
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QuatiTatu BolaMacaco PregoVeado do CampoLontrasCachorro do MatoLobo GuaráRaposaPreáRato do MatoRatoLebrãoTapitiPacaAntaCapivaraOnça Parda