Óleos essenciais e seus compostos puros no...

90
APARECIDA SÍLVIA DOMINGUES ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO CONTROLE DE CÉLULAS PLANCTÔNICA E SÉSSEIS DE CEPAS DE Bacillus cereus LAVRAS MG 2015

Upload: duongdung

Post on 14-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

APARECIDA SÍLVIA DOMINGUES

ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS

PUROS NO CONTROLE DE CÉLULAS

PLANCTÔNICA E SÉSSEIS DE CEPAS DE

Bacillus cereus

LAVRAS – MG

2015

Page 2: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

APARECIDA SÍLVIA DOMINGUES

ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO CONTROLE

DE CÉLULAS PLANCTÔNICA E SÉSSEIS DE CEPAS DE

Bacillus cereus

Tese apresentada à Universidade

Federal de Lavras, como parte das

exigências do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola,

área de concentração em Microbiologia

Agrícola, para a obtenção do título de

Doutora.

Orientadora

Dra. Roberta Hilsdorf Piccoli

LAVRAS – MG

2015

Page 3: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Geração de Ficha Catalográfica da Biblioteca

Universitária da UFLA, com dados informados pelo(a) próprio(a) autor(a).

Domingues, Aparecida Sílvia. Óleos essenciais e seus compostos puros no controle de células

planctônica e sésseis de cepas de Bacillus cereus / Aparecida Sílvia

Domingues. – Lavras : UFLA, 2015. 89 p.

Tese(doutorado)–Universidade Federal de Lavras, 2015.

Orientadora: Roberta Hilsdorf Piccoli. Bibliografia.

1. Biofilme. 2. Sanitizante. 3. Citral. 4. Cinamaldeído. I.

Universidade Federal de Lavras. II. Título.

Page 4: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

APARECIDA SÍLVIA DOMINGUES

ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO CONTROLE

DE CÉLULAS PLANCTÔNICA E SÉSSEIS DE CEPAS DE

Bacillus cereus

Tese apresentada à Universidade

Federal de Lavras, como parte das

exigências do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola,

área de concentração em Microbiologia

Agrícola, para a obtenção do título de

Doutora.

APROVADA em 25 de fevereiro de 2015.

Dra. Patrícia Gomes Cardoso UFLA

Dra. Maíra Maciel Mattos de Oliveira IFES

Dra. Suzan Kelly Vilela Bertolucci UFLA

Dr. Victor Maximiliano Reis Tebaldi UFLA

Dra. Roberta Hilsdorf Piccoli

Orientadora

LAVRAS – MG

2015

Page 5: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Lavras (UFLA) e ao Departamento de Microbiologia

Agrícola pela oportunidade concedida para realização do doutorado;

À coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão de bolsa de estudos;

Aos professores do Departamento de Microbiologia Agrícola e Ciência dos

alimentos, pelos ensinamentos transmitidos;

À Professora Dra Roberta Hilsdorf Piccoli pela orientação, compreensão,

paciência, amizade e dedicação sem igual, e seus ensinamentos que foram de

grande relevância para a realização deste trabalho e meu crescimento

profissional;

Ao Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas;

Aos meus amigos que fizeram parte desses momentos sempre me ajudando e

incentivando, em especial à Mariana e Letícia, pela contribuição constante

durante todo esse período;

À técnica de laboratório, Eliana;

Aos meus pais, Geraldo e Rita, que sempre primaram pela minha Educação;

Aos meus irmão e sobrinhos, pela compreensão de minha ausência;

Ao meu marido, meu agradecimento profundo e sincero. O tempo todo ao meu

lado, incondicionalmente, compreendendo as minhas ausências constantes.

Page 6: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

RESUMO GERAL

Biofilmes microbianos representam um grande problema para as indústrias de alimentos e sua eliminação tem sido alvo de diversas pesquisas.

Assim, a primeira etapa desta pesquisa foi conduzida com o objetivo de avaliar a

atividade bactericida de óleos essenciais de cardamomo, capim – limão, tomilho,

cravo e canela e o dos compostos puros citral (CIT), timol (TIM), α-terpineol (TER), cinamaldeído (CIN) e eugenol (EUG) contra células planctônicas e

sésseis das cepas de Bacillus cereus ATCC 14579, ATCC11778, CCT 2897 e

CCT 7453. As concentrações Mínimas Inibitórias (CMIs) e Concentrações Mínimas Bactericidas (CMBs) foram determinadas por microdiluição em caldo.

Todos os constituintes apresentaram atividade antibacteriana. As soluções de

CIT e CIM, foram os constituintes que apresentaram os melhores resultados no

teste anterior. Estes foram testados contra biofilmes formados sobre aço inoxidável AISI#304. CIT e CIN apresentaram efeito antibacteriano também

contra células sésseis, podendo ser novas alternativas para elaboração de

sanitizantes. A segunda etapa desta pesquisa foi conduzida com o objetivo de avaliar o efeito da exposição do biofilme de B. cereus, durante sua formação, à

concentrações subletais de CIN e CIT. Pelo número de células sésseis após 48

horas de formação, verificou-se que a exposição à concentrações subletais de CIN e CIT afetou a formação dos biofilmes das cepas de Bacillus cereus,

podendo torná-lo mais resistente a estes compostos como também mais sensível,

de maneira cruzada ou não, sendo a ocorrência destes efeitos dependente da cepa

e do composto utilizado.

Palavras-chave: Biofilme. Sanitizantes. Citral. Cinamaldeído. Antimicrobiano.

Page 7: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

GENERAL ABSTRACT

Microbial biofilms are a major problem for the food industry and their disposal has been the subject of several studies. So the first step of this research

was conducted in order to evaluate the bactericidal activity of essential oils of

cardamom, lemon grass, thyme, cloves and cinnamon and of pure compounds

citral (CIT), thymol (TIM), α-terpineol (TER), cinnamaldehyde (CIN) and eugenol (EUG) against planktonic cells and sessile of Bacillus cereus strains

ATCC 14579, ATCC11778, CCT 2897 and CCT 7453. The concentration

minimum inhibitory (CMIs) and concentration minimum bactericidal (CMBs) were determined by broth microdilution. All constituents showed antibacterial

activity. The CIT and CIM solutions were the constituents that showed the best

results in the previous test. These were tested against biofilms formed on

stainless steel AISI # 304. CIT and CIN showed antibacterial effect also against sessile cells and may be new alternatives for the preparation of sanitizing. The

second stage of this research was conducted in order to assess the exposure

effect of the biofilm of B. cereus during their training, sublethal concentrations CIN and CIT. By the number of sessile cells after 48 hours of training, it was

found that exposure to sublethal concentrations of CIN and CIT affect biofilm

formation in Bacillus cereus strains can make it more resistant to these compounds as well as more sensitive, the Cross-way or not, the occurrence of

these effects are dependent on the strain, and the compound being employed.

Keywords: Biofilms. Sanitizers. Citral. Cinnamaldehyde. Antimicrobial.

Page 8: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 Introdução Geral ...................................................... 9

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................ 12

2.1 Como os microrganismos chegam às superfícies industriais e aos

alimentos ........................................................................................... 12

2.2 Biofilmes na indústria de alimentos e segurança alimentar ............ 13

2.3 Estrutura e composição do biofilme ................................................ 16

2.4 Microrganismos envolvidos no processo de adesão e formação do biofilme ........................................................................................ 18

2.4.1 Bacillus cereus .................................................................................. 19

2.5 Adaptação das bactérias a agentes antimicrobianos ....................... 21

2.6 Óleos essenciais ................................................................................. 23

2.6.1 Elettaria cardamomum ...................................................................... 24

2.6.2 Cymbopogon citratus ......................................................................... 25

2.6.3 Thymus vulgaris ................................................................................ 26

2.6.4 Syzygium aromaticum ....................................................................... 26

2.6.5 Cinnamomum cassia ......................................................................... 27

2.7 Constituintes Químicos isolados dos óleos Essenciais ..................... 28

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 30

REFERÊNCIAS ............................................................................... 31

CAPÍTULO 2 Ação antimicrobiana dos óleos essenciais e seus

compostos sobre cepas de Bacillus cereus ........................................ 43

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 45

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................ 48

2.1 Óleos essenciais e compostos dos óleos essenciais ............................ 48

2.2 Microrganismos e padronização dos inóculos ................................. 48

2.3 Determinação da concentração mínima inibitória e da

concentração mínima bactericida dos óleos essenciais .................... 49

2.4 Análise Estatística ............................................................................ 50

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................... 51

4 CONCLUSÃO .................................................................................. 57

REFERÊNCIAS ............................................................................... 58

CAPÍTULO 3 Potencial tolerância biocida e impacto sobre a

resposta adaptativa à concentrações subletais de soluções de três

terpenóides e dois fenilpropanóides, em cepas de Bacillus cereus... 62

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 64

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................ 66

2.1 Componentes majoritários ............................................................... 66

2.2 Microrganismos e padronização dos inóculos ................................. 66

Page 9: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

2.3 Determinação das concentrações mínimas inibitórias e bactericidas dos componentes sobre células planctônicas ............... 67

2.4 Formação de biofilme por cepas de Bacillus cereus ........................ 68

2.4.1 Classificação da capacidade de formação de biofilme de cepas de B. cereus ............................................................................................ 68

2.4.2 Formação de biofilmes de cepas de B. cereus em cupons de aço

inoxidável .......................................................................................... 69

2.5 Determinação das concentrações mínimas bactericidas dos

componentes majoritários sobre biofilmes de cepas de Bacillus

cereus ................................................................................................ 70

2.6 Formação de biofilme por Bacillus cereus em condições de estresse subletal ................................................................................ 70

2.7 Determinação da concentração mínima bactericida dos

componentes majoritários sobre biofilmes adaptados .................... 72

2.8 Determinação da concentração mínima bactericida do citral e cinamaldeído sobre biofilmes adaptados ......................................... 73

2.9 Análise estatística ............................................................................. 74

2.9.1 Desenvolvimento do biofilme ........................................................... 75

2.9.2 Estudo do comportamento das células após a exposição subletal ... 75

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................... 76

3.1 Atividade antimicrobiana em células planctônicas ......................... 76

3.2 Formação de biofilme e sua classificação......................................... 77

3.3 Formação de biofilme por Bacillus cereus em condições de

estresse subletal ................................................................................ 79

3.4 Concentração mínima bactericida em biofilmes ............................. 80

3.5 Efeito de exposição do biofilme à concentrações subletais de

antimicrobianos e resistência cruzada ............................................. 82

4 CONCLUSÃO .................................................................................. 86 REFERÊNCIAS ............................................................................... 87

Page 10: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

9

CAPÍTULO 1 Introdução Geral

1 INTRODUÇÃO

Os biofilmes microbianos formados por grupos de microrganismos

patogênicos ou deteriorantes tem apresentado expressiva participação nas

contaminações de ambientes industriais e hospitalares. Dentre os

microrganismos de interesse na indústria de alimentos e na saúde destacam-se as

bactérias do gênero Bacillus.

Bacillus cereus pertence ao grupo das bactérias Gram – positivas,

anaeróbias facultativas e formadoras de endósporos. Tem sido amplamente

relatado na literatura científica a presença de B. cereus em alimentos crus e

processados a base de carne, legumes, arroz e produtos lácteos. Está associada a

algumas doenças veiculadas por alimentos: a intoxicação emética e diarreica,

causada por duas toxinas distintas, além de relatos recentes de infecção

neuroinvasiva (RHEE et al., 2015).

Doenças transmitidas por alimentos é um grande problema, com

enormes custos associados. As superfícies de processamento podem transportar

os microrganismos para o alimento, atuando como rota de transmissão de

doenças bacterianas para os seres humanos e animais. Além disso, os

microrganismos patogênicos ocorrem amplamente na natureza, sendo difícil

evitar que entrem em contato com alimentos crus.

A segurança alimentar tem adquirido grande importância no campo da

saúde pública nos últimos anos. A melhoria na segurança dos alimentos é do

interesse da indústria alimentícia, que vem usando cada vez mais agentes

antimicrobianos na cadeia de produção de alimentos como maneira de controlar

o crescimento microbiano, reduzir a incidência de intoxicação alimentar,

deterioração e garantir alimentos seguros para os consumidores.

Page 11: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

10

O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

dos alimentos, muitas vezes expõem os microrganismos à concentrações

subletais desses antimicrobianos, aumentando a possibilidade de resistência

daqueles pela ativação dos mecanismos de respostas adaptativas e sobrevivência

ao stress, levando ao crescimento em condições ambientais antes impróprias

(DEPOORTER, et al., 2012; VAN BOXSTAEL, et al., 2012).

Nos últimos anos tem crescido a preocupação dos consumidores com os

efeitos negativos dos agentes antimicrobianos tradicionais, expressando o desejo

de que ocorra a redução de conservantes químicos para prevenção e controle de

microrganismos patogênicos em alimentos, o que levaram os pesquisadores e os

processadores de alimentos a procurar aditivos alimentares naturais com um

largo espectro de atividade antimicrobiana (VERRAES et al., 2013).

Neste contexto, estão sendo feitos grandes esforços na investigação de

novos antimicrobianos alternativos à base de compostos vegetais. Uma opção é a

utilização de óleos essenciais como antibacterianos, esses têm boa aceitação por

parte dos consumidores, por ter origem na natureza (NEREYDA, 2011;

SULLIVAN et al., 2012; VERGIS, et al., 2013).

Óleos essenciais (EOS) são líquidos oleosos, aromáticos e voláteis,

obtidos a partir de plantas que têm sido tradicionalmente utilizados para

conservar alimentos. Os óleos essenciais são compostos por vários constituintes

químicos e está bem estabelecido que a maioria deles tem amplo espectro de

atividade antimicrobiana contra bactérias patogênicas e deteriorantes de origem

alimentar. No entanto, em geral, verifica-se que concentrações mais elevadas de

OES são necessárias para se obter os mesmos efeitos antimicrobianos do que os

compostos puros, sendo esses uma alternativa a ser estudada (KLEIN et al.,

2013).

Os óleos essenciais e seus compostos são estudados para serem

utilizados na indústria alimentar. A preocupação atual é a possibilidade indutora

Page 12: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

11

de mecanismos de adaptação em microrganismos, se utilizado em doses

subletais como conservantes e desinfetantes. As propriedades antimicrobianas de

α-terpineol, citral, timol, eugenol e cinamaldeído tem sido estudadas (SHEN, et

al., 2015; AZNAR, et al., 2015; VERGIS, et al., 2013; BEVILACQUA et al.,

2010; PRAKASH et al., 2015).

A preocupação atual é a possibilidade indutora de mecanismos de

adaptação em microrganismos, se utilizado em doses subletais como

conservantes e desinfetantes.

Os objetivos deste trabalho foram avaliar a atividade bactericida das

soluções dos óleos essenciais de Elettaria cardamomum, Cymbopogon citratus,

Thymus vulgaris, Syzygium aromaticum e Cinnamomum cassia, e dos compostos

individuais citral, timol, α-terpineol, cinamaldeído, eugenol, sobre células

planctônicas e sésseis de cepas de Bacillus cereus; assim como avaliar a

capacidade de cepas Bacillus cereus de se adaptar às soluções dos compostos

individuais quando expostas à concentrações subletais dessas substâncias.

Page 13: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Como os microrganismos chegam às superfícies industriais e aos

alimentos

O processo de desinfecção e esterilização representa papel fundamental

na área de prevenção e redução de doenças infecciosas na área da saúde. Estes

processos são fundamentais também para a indústria alimentar

(WINKELSTROTER et al., 2013).

O processo de desinfecção e esterilização representa papel fundamental

na prevenção e redução de doenças infecciosas, além de serem fundamentais

para a indústria alimentar (WINKELSTROTER et al., 2013).

Apesar dos avanços nos procedimentos de higiene, do conhecimento do

consumidor, dos tratamentos e processamento de alimentos, as doenças

veiculadas por alimentos contaminados por microrganismos patogênicos ainda

representam uma ameaça significativa para a saúde pública em todo o mundo.

Por isso, há uma pressão constante para atingir processos de higienização

eficientes, a fim de cumprir os requisitos das partes interessadas (CRUZ;

FLETCHER, 2012).

O processo de higienização é realizado em duas etapas distintas e

subsequentes, a limpeza e sanitização. A primeira etapa consiste na limpeza, que

tem como objetivo principal a remoção de resíduos orgânicos aderidos às

superfícies, constituídos principalmente por carboidratos, proteínas, gorduras e

sais minerais. A segunda etapa é a sanitização, que por sua vez tem como

objetivo eliminar microrganismos patogênicos e reduzir o número de

microrganismos alteradores para níveis considerados seguros (ANDRADE,

2008; CRUZ; FLETCHER, 2012). Esse processo é fundamental para evitar que

Page 14: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

13

os microrganismos cheguem às superfícies de processamento e aos alimentos,

garantindo a segurança alimentar.

A contaminação de alimentos por microrganismos deteriorantes e

patogênicos custa milhões de dólares por ano para indústria de alimentos. Muitas

destas contaminações podem ser atribuídas a presença de bactérias que são

capazes de ligar às superfícies e são comumente encontradas em equipamentos

de poliestireno, vidro, borracha, aço inoxidável. A natureza dessas estruturas

dificulta o processo de higienização industrial, levando à formação de biofilmes

microbianos. Além disso, os métodos convencionais de limpeza e sanitização

são geralmente ineficientes em superfícies com formação de biofilme bacteriano

(KORENBLUM et al., 2008, MAFU et al., 2011).

2.2 Biofilmes na indústria de alimentos e segurança alimentar

Uma grande variedade de espécies bacterianas que estão presentes nos

ambientes de processamento de alimentos é conhecida por formar biofilmes em

superfícies. Por causa dessa grande diversidade, as comunidades associadas às

superfícies são geralmente múltiplas combinações de diferentes espécies, as

quais interagem de maneiras distintas por constituir uma rede complexa e

dinâmica (YANG , et al,. 2012; WINKELSTROTER et al., 2013).

A maior parte da atividade bacteriana na natureza ocorre não com

células individualizadas crescendo de maneira planctônica (livres, em

suspensão), mas como comunidades sésseis (células microbianas associadas a

diversos tipos de superfície), com diferentes graus de complexidade (WEBB;

GIVSKOVY; KJELLEBERG, 2003). Apesar das diferentes definições do termo

“biofilme” sugeridas por pesquisadores, algumas especificidades se mantém,

como o fato de ser estruturado em comunidade microbiana sésseis, que interage

entre si e com o ambiente, sendo metabolicamente ativa (NIKOLAEV;

Page 15: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

14

PLAKUNOV, 2007). Tais interações desempenham um papel fundamental na

formação da arquitetura biofilme e são responsáveis por funções específicas

(REN et al., 2015).

Na maior parte da história da microbiologia, microrganismos foram

essencialmente caracterizados por cultivo de células planctônicas e descritos

com base nas características do seu crescimento em meios de cultura

nutricionalmente ricos. Porém, cerca de 95 a 99% dos microrganismos existem

na forma de biofilmes, alterando entre os estados planctônico e séssil (LYNCH;

ROBERTSON, 2008).

Os microrganismos são frequentemente vistos como seres simples

quando comparados aos organismos superiores. A redescoberta do fenômeno

microbiológico, primeiramente descrita por Van Leeuwenhoek, de que os

microrganismos crescem de forma agregada sobre as superfícies expostas, levou

a estudos que revelaram que este é o modo predominante de vida das bactérias

em todos os nichos ambientais (COSTERTON, 2004). São encontrados

agregados, em camadas únicas ou em disposição tridimensional (STOODLEY et

al., 2002). Quando formados por mais camadas de células, apresentam canais

que possibilitam fluxo de líquido e gases, circulação de nutrientes e eliminação

de compostos (MCLANDSBOOUGH et al., 2006).

Biofilmes podem ser definidos como um complexo ecossistema

microbiológico formado por população microbiana desenvolvida a partir de uma

única espécie ou por comunidades derivadas de múltiplas espécies microbianas

aderidas a superfícies vivas (bióticas) ou inertes (abióticas) (EL ABED, et al.

2011). Um número crescente de estudos têm relatado que os biofilmes

multiespécie parecem ser mais resistentes a atividade antimicrobiana do que de

monoespécies (VAN DER VEEN; ABEE, 2011; GIAOURIs et al., 2013;

SCHWERING et al, 2013; REN et al., 2015;)

Page 16: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

15

A fixação em superfícies envolve a superfície celular da bactéria, onde

pode ser encontrados estruturas que facilitam a adesão, como ácidos Teicóicos

ou lipoteicóico, polissacarídeos e, em algumas espécies, a presença de uma

cápsula e vários apêndices. Apêndices, como flagelos ou pili pode estender até

várias vezes o comprimento da célula e é provável que seja a parte da bactéria

que primeiro entra em contato com a superfície na qual o biofilme se instala

(JARRELL; McBRIDE, 2008; FUENTE-NÚÑEZ et al., 2013).

A adesão pelos colonizadores primários constitui a primeira etapa de

formação do biofilme e caracteriza-se por apresentar interações entre a parede

celular dos microrganismos e as macromoléculas da superfície. A velocidade

inicial de formação do biofilme depende da concentração de nutrientes, da

afinidade das moléculas com superfície e das condições ambientais. A adesão

segue alguns passos: ligação inicial reversível da bactéria, desenvolvimento do

biofilme, ligação irreversível e maturação (COSTERTON et al., 2002).

A colonização microbiana das superfícies é um processo que envolve

fenômenos biológicos e físico-químico, possivelmente explicada através de um

modelo de desenvolvimento (MONDS; O’TOOLE, 2009). A formação começa

com o contato da célula com a superfície que desencadeia uma adesão reversível

através de van der Waals, forças eletrostáticas e forças de interações

hidrofóbicas (FUENTE-NUÑEZ et al., 2013). A adesão irreversível resulta da

fixação permanente de apêndices, como pili, flagelos, proteínas denominadas de

adesina e/ou da produção de substância poliméricas extracelulares (EPS)

(BIGGS; PAPIN, 2013).

Após a fase de amadurecimento, as células sésseis são destacadas e em

seu estado planctônico podem colonizar outras superfícies e causar novas

contaminações (CLONTS, 2008). O desprendimento dessas células pode

culminar na disseminação de bactérias patogênicas das superfícies para os

alimentos (WALTER et al., 2013);

Page 17: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

16

2.3 Estrutura e composição do biofilme

Biofilmes são associações que aumentam a eficiência em tornar o

microambiente mais favorável aos microrganismos (WATINICK; KOLTER,

2000). As características estruturais, capacidade de coesão, morfologia e

fisiologia do biofilme são determinadas pela EPS. Os EPS atuam na aderência e

defesa das células, proporcionando resistência às condições adversas como a

diminuição de água e nutrientes e a presença de antimicrobianos (KOLODKIN-

GAL, et al., 2012).

Grande parte da matriz (até 97%) é constituída por água, dependendo de

cada biofilme e dos microrganismos presentes no mesmo, que pode ser parte da

composição das células ou existir livre no meio circundante, agindo como

solvente. Além da água, os EPS compõem 50-90% do carbono orgânico total. A

matriz extracelular do biofilme também contém outros materiais de origem

celular, incluindo DNA extracelular (eDNA). A presença de eDNA em biofilmes

é devido a um número de mecanismos, incluindo a lise das células, e é

acumulado no interior de biofilmes em uma rede filamentosa de estruturas tipo

grade (TURNBULL; WHITCHURCH, 2012). Os biofilmes também podem

conter materiais não-celulares na matriz, tais como proteínas, gorduras, minerais

e materiais corrosivos. Estes materiais não-celulares são incorporados aos

biofilmes a partir do ambiente circundante em que são formados (DONLAN,

2002). A composição do biofilme está representada na Tabela 1.

Page 18: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

17

Tabela 1 Composição da matriz do biofilme

Componentes Percentagem

Água Até 97%

Células Microbianas 2-5% (várias espécies)

Polissacarídeos 1-2%

Proteínas (extracelular e resultante da

lise) <1-2%(várias, incluindo enzimas)

DNA e RNA <1-2% ( resultante da lise)

Íons (ligados e livres)

Fonte: Surtheland (2001).

Na maioria dos biofilmes, os microrganismos constituem menos de 10%

da matéria seca, enquanto a matriz pode ser responsável por mais de 90% da

composição (FLEMMING; WINGENDER, 2010). Os biofilmes mais antigos

tendem a ter uma maior quantidade de EPS que em biofilmes mais jovens (JIAO

et al., 2010). O topo e a base do biofilme tem maior densidade de células e

muitas vezes existem canais para o transporte de água, nutrientes e resíduos

(REN; SIMS; WOOD, 2002). As células dentro do biofilme estão sujeitas a

gradientes de nutrientes, que normalmente resultam em células metabolicamente

ativas, ou seja, com acesso a nutrientes na superfície intermediária do biofilme, e

células metabolicamente inativas no líquido sobreposto à periferia e na

superfície mais interna (PARSEK; FUQUA, 2004). Os biofilmes contêm células

bacterianas em diferentes estágios de desenvolvimento fisiológicos.

A composição da matriz é dependente de fatores intrínsecos e

extrínsecos. Os fatores intrínsecos surgem de acordo com o perfil genético dos

compostos das células microbianas e fatores extrínsecos incluem o ambiente

físico-químico no qual o biofilme e sua matriz estão localizados, o que,

inevitavelmente, é constantemente influenciado pelo transporte de soluto e

Page 19: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

18

gradientes de difusão. Devido a grande variedade de substâncias que constituem

o EPS e a dificuldade de analisá-los, tem sido chamado de “matéria escura de

biofilmes” (SHENG; YU; YU, 2005; FLEMMING; NEU; WOZNIAK., 2007).

De acordo com Boari et al. (2009), a estrutura das células sésseis

apresentam viscoelasticidade e hidratação, e o grau de elasticidade está

relacionado à interação entre a matriz e/ou proteinas e a superfície onde o

biofilme será formado. A matriz polissacarídica que envolve o biofilme pode ser

comparada com um sistema de enzimas imobilizadas em que o meio e as

atividades enzimáticas estão em constante mudança. Entre estas, as propriedades

de superfície das células mudam durante a formação do biofilme e as proteínas

do EPS funcionam de forma inespecífica (KARUNAKARAN; BIGGS, 2010). O

EPS forma uma espécie de crosta, sob a qual os microrganismos continuam a

crescerem, formando cultivo puro ou associação com outros microrganismos,

aumentando a proteção contra agressões químicas e físicas (SUTHERLAND,

2001).

A concentração, coesão, carga, capacidade de sorção, especificidade e

natureza dos compostos indivíduais do EPS, assim como a arquitetura

tridimensional da matriz (densidade, poros e canais), determina o modo de vida

do biofilme (FLEMMING; WINGENDER, 2010).

2.4 Microrganismos envolvidos no processo de adesão e formação do

biofilme

Praticamente todos os microrganismos, tanto os deteriorantes quanto os

patogênicos, possuem potencial para aderir e formar biofilmes em diversos tipos

de superfícies. Na indústria de alimentos, o grupo de maior predominância é o

das bactérias, cujas elevadas taxas de reprodução, grande capacidade de

Page 20: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

19

adaptação e produção de substâncias e estruturas extracelulares os fazem aptos à

formação de biofilme (NITSCHKE, 2006).

Bacillus cereus, Escherichia coli, Shigella spp. e Staphylococcus aureus

foram detectados em biofilmes desenvolvidos nas indústrias de processamento

de laticínios e ovos (SHARMA; ANAND, 2002; SHI; ZHU, 2009; JAN et al,

2011), e Listeria spp., Staphylococcus spp., Vibrio spp foram isolados a partir

de superfícies de equipamentos industriais em fábricas de processamento de

frutos do mar ( BAGGE-RAVN et al, 2003; SHI; ZHU, 2009; GUTIERREZ et

al, 2009; MILLEZI et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2012;).

2.4.1 Bacillus cereus

Bacillus cereus é habitante natural dos solos, apresenta-se na forma de

bastonete Gram-positivo, aeróbio facultativo, sendo caracterizado pela formação

de endósporos, tendo assim duas formas morfológicas: endósporo e célula

vegetativa. É conhecido por seu amplo espectro de características fenotípicas,

permitindo-lhe ocupar diversos nichos ecológicos. (BOTTONE, 2010;

EHLING-SCHULZ; MESSELHAUSSER, 2013).

A capacidade de B. cereus em produzir e secretar certas toxinas são os

mais importantes aspectos bioquímicos deste microrganismo. Inúmeras

linhagens sintetizam grande variedade de metabólitos extracelulares, incluindo

enzimas que podem promover a deterioração dos alimentos (STARK et

al.,2013). As diferentes cepas desses microrganismos são responsáveis por

vários surtos envolvendo diversos produtos, como arroz, macarrão, carne,

legumes e laticínios (DELBRASSINNE et al., 2011; ELHARIRY, 2011; JAN et

al., 2011; KAMGA WAMBO et al., 2011; KOTZEKIDOU, 2013). No entanto, a

prevalência de B. cereus causando doenças transmitidas por alimentos é difícil

de determinar e pode ser subestimado devido aos sintomas associados às

Page 21: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

20

infecções ou intoxicações serem geralmente leves e nem sempre relatadas

(CADEL SIX et al., 2012). No entanto, casos mais graves que podem levar ao

óbito também têm sido relatados, demonstrando a possível gravidade da

síndrome emética (DIERICK et al, 2005;. SHIOTA et al, 2010; NARANJO et al,

2011). Além de relatos recentes de septicemia e infecção neuroinvasiva em

paciente imunocomprometidos (BOTTONE, 2010; RHEE et al., 2015).

B. cereus provoca dois principais tipos de intoxicação alimentar: a

emética e a diarreica. Intoxicação emética está associada com a produção de

cerulide, uma toxina lipofílica. Esta toxina é extremamente estável ao calor, e

pode ser produzida em alimentos contaminados por células B. cereus.

Notavelmente, a cerulide pode persistir no corpo humano por um longo período,

afetando diversos órgãos e, eventualmente, levando a morte do paciente

(THORSEN et al. 2011).

A toxinfecção diarreica é causada por outro grupo de moléculas tóxicas,

as enterotoxina Hemolisina, a enterotoxina não-hemolítico e a citotoxina. Essas

toxinas tem alta sensibilidade ao pH baixo e as proteases digestivas impedindo o

desenvolvimento de sintomas diarreicos, quando ocorre a produção no alimento.

Portanto, toxinfecção ocorre devido à produção de enterotoxinas na intestino

delgado pelas células B. cereus ou endósporos que foram ingeridas

(GUINEBRETIÈRE et al, 2008).

B. cereus produz endósporos altamente resistente a ambientes inóspitos

e são capaz de sobreviver ao calor, a ausência de água, aos procedimentos de

sanitização, ao processamento de alimentos e também agregam em comunidades

bacterianas chamados biofilmes (BALL et al, 2008;. SHAHEEN et al., 2010;

ELHARIRY, 2011). Os estudos sobre a espécie bacteriana do mesmo gênero, o

B. Subtilis, revelou que biofilmes são reservatórios naturais de endósporos

tornando difícil a sua erradicação (BRANDA et al.,2006).

Page 22: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

21

Embora a formação de biofilmes tem sido estudado em detalhe em B.

subtilis, uma espécie muito próxima ao B.cereus, pouco se sabe sobre este.

Porém sabe-se da relevância da motilidade e dos endósporos na adesão em

superfícies abióticas (AUGER et al., 2009; VILAIN et al., 2009; HOURY et al.,

2010; KARUNAKARAN; BIGGS, 2011).

As cepas de Bacillus tem sido estudadas por serem capazes de formar

biofilmes em surperfícies de metal e produzir elaboradas comunidades

multicelulares que apresentam características arquitetônicas, como projeções

aéreas que se estendem em toda superfície do biofilme (BRANDA et al., 2006;

AUGER et al. 2009; SIMÕES, SIMÕES; VIEIRA; 2010). Outros estudos

mostraram a capacidade de adesão de diferentes cepas de Bacillus e forneceu

informações sobre potenciais mecanismos de controle para este organismo

problemático. Observou-se grandes diferenças entre as cepas avaliadas em

relação a capacidade e consistência do biofilme formado e a resposta aos

diferentes tipos de estresse testados (ANDERSON et al, 2005; DE BEEN et al,

2011; KARUNAKARAN; BIGGS, 2011). Além disso, várias espécies

resistentes de Bacillus foram identificadas em plantas de processamento de

alimentos (VLAMAKIS et al., 2013).

2.5 Adaptação das bactérias a agentes antimicrobianos

Atualmente pode-se inferir que a resistência antimicrobiana é resultado

de complexa interação entre os agentes antimicrobianos, microrganismos e meio

ambiente. Assim, a versatilidade microbiana de se adequar às condições

impostas, representa formidável mecanismo de defesa (FIOCRUZ, 2005).

A resistência das bactérias aos antimicrobianos tem sido atribuída a

mecanismos herdados e não herdados (LEVIN, 2006), que estão diretamente

ligados à espécie bacteriana e ao estado fisiológico (LEVIN, 2006).

Page 23: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

22

Vários estudos têm relatado que o uso de determinados sanificantes

promovem pressão seletiva e contribuem para o surgimento de microrganismos

resistentes a eles (LANGSRUD et al., 2003). Após a exposição regular aos

sanificantes, bactérias Gram positivas apresentam tolerância a estes compostos

químicos. Estudos revelaram que bactérias de mesmo gênero e espécie têm

diferentes graus de sensibilidade ao mesmo desinfetante. Além disso,

desinfetante com formulações químicas similares, porém não idênticas, têm

eficácia diferente contra as mesmas bactérias (SANDER et al., 2002).

Assim, é possível que a resistência dos microrganismos em biofilme a

sanificantes também possa ser consequência da exposição prolongada a doses

subletais destes compostos (DAVIDSON; HARRISON, 2002).

Apesar da base da resistência bacteriana a antibióticos ser bastante

conhecida, a resistência a sanificantes e conservantes de alimentos ainda é pouco

estudada. Os mecanismos bioquímicos exatos de adaptação e de resistência

permanecem largamente desconhecidos (LEVIN, 2006; BRAOUDAKI;

HILTON, 2005; RUSSEL, 2003).

A preocupação com a produção de alimentos mais seguros e com o

aumento da vida útil dos produtos tem levado ao uso mais frequente da

sanitização química (LANGSRUD et al., 2003). Assim, se os agentes

antimicrobianos e sanificantes tem o intuito de ter papel significativo no controle

eficaz de patógenos de origem alimentar, os fabricantes de alimentos devem

saber mais sobre o potencial de desenvolvimento de resistência entre os

microrganismos alvos (DAVIDSON; HARRISON, 2002).

Resistência cruzada pode ocorrer quando diferentes agentes

antimicrobianos atacam o mesmo alvo na célula, atingem rota comum de acesso

aos respectivos alvos ou iniciam uma via comum para a morte celular, ou seja, o

mecanismo de resistência é o mesmo para mais de um agente antibacteriano

(CHAPMAN, 2003).

Page 24: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

23

De acordo com Landau; Shapira (2012), evidências moleculares e

fisiológicas apontam para o fato de muitas bactérias patogênicas de origem

alimentar estarem se adaptando a estresses subletais e, como consequência,

tornando-se mais resistentes em níveis letais de estresse ou proteção cruzada

contra outros estressores.

2.6 Óleos essenciais

Os óleos essenciais são formados a partir de vias metabólicas

secundárias e podem ser definidos como misturas complexas de substâncias

voláteis, lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas, que ocorrem em estruturas

secretoras especializadas, tais como pêlos glandulares, células parenquimáticas

diferenciadas, canais oleíferos ou em bolsas lisígenas ou esquizolisígenas.

Podem ser estocados nas flores, folhas, casca do caule, madeira, raízes, rizomas,

frutos e sementes, podendo variar na sua composição de acordo com a

localização em uma mesma espécie (SIMÕES; SPITZER, 2004). Os óleos

essenciais são constituídos por compostos tais como terpenos, aldeídos, ésteres,

cetonas, fenóis e álcoois (RADULESCU; CHILIMENT; OREA, 2004).

O mecanismo de ação dos óleos essenciais nas células bacterianas diz

respeito, principalmente, aos danos estruturais e funcionais à membrana

citoplasmática (SIKKEMA et al., 1994). Como são tipicamente lipofílicos, os

óleos essenciais se acumulam na bicamada lipídica da membrana citoplasmática,

conferindo característica de permeabilidade (SIKKEMA et al., 1994; BAKKALI

et al., 2008). A permeabilidade das membranas celulares é dependente da sua

composição e da hidrofobicidade dos solutos que a atravessam (SIKKEMA et

al., 1995), de maneira que a resistência bacteriana a óleos essenciais parece estar

relacionada à habilidade de partição dos compostos dos mesmos na fase lipídica

da membrana (LAMBERT et al., 2001).

Page 25: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

24

Em bactérias, a permeabilidade da membrana citoplasmática está

associada à dissipação da força próton motiva, no que diz respeito à redução do

pool de ATP, do pH interno e do potencial elétrico, e à perda de metabólitos e

íons, como íons potássio e fosfato (LAMBERT et al., 2001; BAKKALI et al.,

2008). Dessa forma, danos estruturais à membrana citoplasmática levam ao

comprometimento de suas funções como barreira seletiva e local de ação

enzimática e geração de energia (SIKKEMA et al., 1994).

2.6.1 Elettaria cardamomum

A Família Zingeberaceas engloba cerca de 50 gêneros e 1100 espécies

distribuídas em países tropicais, sobretudo no Extremo Oriente (SOUZA, 2005).

Elettaria cardamomum é uma espécie pertencente à família

Zingeberaceae, uma das culturas de especiarias mais importantes cultivadas na

Índia, Guatemala, Tanzânia, Papua Nova Guiné, Costa Rica, Sri Lanka, El

Salvador, Vietnã, Laos e Camboja (LUCCHESI, 2007; PARTHASARATHY et

al. 2008; TYAGI et al., 2009). É uma planta perene com raízes laterais, que

podem crescer até a altura de 2,4 metros (SAJINA et al., 1997; DUBEY;

YADAV, 2001). A planta é valorizada pelo seu fruto seco que é chamado de

cardamomo. O fruto, juntamente as sementes, contém OE, esteróis, ácidos

fenólicos e lipídios. Os frutos e as sementes do cardamomo possui em média 4%

de óleos essenciais. Entre os compostos ativos encontra-se o -pineno, sabineno,

1,8- cineol, 4-terpineol, -terpineol, o cineol, o limoneno, o cabineno e o pineno,

α-terpenyl acetato, linalool. A proporção dos constituintes no óleo é muito

variável. (RÍOS et al,.2007; SERESHTI et al. 2012). O OE tem atividade

antimicrobiana anti-inflamatório, analgésico e antiespasmódico (TYAGI et al.,

2009; JAMAL et al., 2006). É usado principalmente como um agente

aromatizante na preparação de doces, produtos de panificação, conservas de

Page 26: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

25

fruta, arroz e carne. O óleo também é usado nas indústrias de perfumaria,

bebidas e farmacêuticos, como um sabor e carminativa. O teor de óleo essencial

de E. cardamomum é fortemente dependente das condições de armazenamento,

mas pode ser bem elevado e possuir atividade antimicrobiana contra bactéria

Gram-negativas e Gram -positivas (MAHADY et al., 2005).

2.6.2 Cymbopogon citratus

Cymbopogon é um gênero importante da família Poaceae e é

representado por cerca de 120 espécies e suas variedades, em torno de 100

espécies são encontradas em países tropicais. Esse gênero tem grande

importância econômica na produção de óleo essência, como por exemplo, o C.

citratus (NEGRELLE; GOMES, 2007). É conhecida popularmente com

diferentes nomes conforme a região onde se encontra: capim-limão, capim-

santo, erva-cidreira, capim-catinga, capim-de-cheiro, capim-cidrão,

capimcidrilho, capim-cidró e capim-ciri (COSTA et al., 2013).

Com base na medicina popular é utilizado como calmante, ministrado no

preparo de chá a partir de suas folhas; analgésico em dores estomacais,

abdominais e de cabeça; antifebril; antirreumático; carminativo; diurético, em

distúrbios digestivos (COSTA et al, 2013).

Cymbopogon citratus contém grande variedade de constituintes

químicos e uma grande proporção desses produtos é utilizada na indústria

alimentícia, na perfumaria, detergentes, cosméticos, produtos farmacêuticos e

insecticidas (EVANS, 1996; NEGRELLE; GOMES, 2007).

Porém, sua maior importância econômica consiste da obtenção do seu

óleo essencial. Sua composição química pode variar, sendo influenciada pela

diversidade genética e o habitat (SANTOS et al., 2009). O principal constituinte

é o citral, uma mistura dos isômeros geranial e neral e seu conteúdo varia entre

Page 27: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

26

47 a 85% (ANDRADE et al., 2009). Em menor proporção foram identificados

outros constituintes químicos como o canfeno, citonelal, citronelol, farnesol,

geraniol, limoneno, linalol, mentol, mirceno, nerol, a-pineno, b-pineno e

terpineol (BASSOLÉ; JULIANI, 2012; WEI; WEE, 2013). Estudos realizados

têm demostrado a ação antimicrobiana do óleo essencial de C. citratus

(NGUEFACKA et al. 2012; BASSOLÉ; JULIANI, 2012; WEI; WEE, 2013).

2.6.3 Thymus vulgaris

Thymus vulgaris é uma planta aromática e condimentar pertencente à

família Lamiaceae, conhecida no Brasil como tomilho, arçã, arçanha, poejo,

segurelha, timo. Adapta-se bem nas regiões de climas temperados quentes

(SILVA JÚNIOR; VERONA, 1997). É considerada adstringente e expectorante,

com propriedades antissépticas, antifúngicas, antioxidantes e antimicrobianas

(LORENZI; MATOS, 2002; SILVA JÚNIOR; BADI et al., 2004).

O óleo essencial do tomilho é rico em timol e carvacrol, sendo que

outros compostos fenólicos, como taninos e flavonoides já foram encontrados

em extratos da planta (SHAN, 2011).

2.6.4 Syzygium aromaticum

A árvore produtora de Syzygium aromaticum, vulgarmente conhecida

como cravo da índia, da família Myrtaceae, é endêmica nas Moluscas do Norte

(Arquipélago de Moluscas, Indonésia), tendo sido disseminada pelos alemães

durante a colonização pelas outras ilhas do arquipélago, assim como para outros

países. Atualmente, Zanzibar e Madagascar são os principais produtores desta

espécie, seguidos pela Indonésia. No Brasil, praticamente apenas na Bahia, esta

Page 28: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

27

especiaria é produzida na forma comercial (FRAIFE-FILHO et al., 2005;

CHAIEB et al., 2007; WENQIANG et al., 2007).

É muito utilizado também como condimento na culinária devido ao seu

marcante aroma e sabor conferido por um composto fenólico volátil, o eugenol.

Ele chega a representar aproximadamente 95% do óleo extraído das folhas

(GULCIN, 2012). Sua ação antimicrobiana foi demonstrada sobre vários

microrganismos, incluindo ação antilisterial em carne e queijo (MATAN et al.,

2006). O principal constituinte de botões de cravo é o eugenol. O óleo de cravo

foi listado como uma substância "geralmente considerada como seguro" pelo

FDA quando administrado em níveis que não excedam 1500 ppm nas categorias

de alimentos. Além disso, os peritos em aditivos alimentares da Organização

Mundial da Saúde (OMS) estabeleceram uma dose diária aceitável para o

consumo humano de óleo de cravo a 2,5 mg / kg de peso corporal humano

(KILDEAA et al., 2004).

2.6.5 Cinnamomum cassia

Cinnamomum cassia, a canela, constitui uma das mais antigas

especiarias conhecidas. Sua utilização é descrita desde os tempos remotos e o

controle de seu comércio foi um dos incentivadores das grandes explorações

marítimas. Seu primeiro relato legítimo ocorreu em trabalhos escrito na china no

século IV a.c. sobre a obtenção do óleo essencial tanto das cascas como das

folhas (PRITAM, et al. 2013). Muitas propriedades biológicas têm sido

estudadas e atribuídas à canela, como antioxidantes e antimicrobianas (SINGH

et al., 2007). Dentre os principais compostos temos o cinamaldeído e o eugenol

(PRITAM, et al. 2013). Estudos da Cinnamomum cassia verificou-se sua

atividade antimicrobiana para E. coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas

Page 29: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

28

aeruginosa, mas alguns microrganismos deteriorantes de alimentos ainda não

foram estudados (PRITAM, et al. 2013).

2.7 Constituintes Químicos isolados dos óleos Essenciais

Os óleos essenciais são compostos por vários constituintes químicos e

está bem estabelecido que a maioria deles tem amplo espectro de atividade

antimicrobiana contra agentes patogênicos e bactérias deteriorantes de origem

alimentar (BASSOLÉ, et al., 2012; KLEIN et al., 2013; AZNAR et al., 2015).

No entanto, em geral, verifica-se que concentrações mais elevadas de OES são

necessárias para se obter os mesmos efeitos antimicrobianos do que os

compostos individuais, sendo esses uma alternativa a ser estudada (KLEIN et al.,

2013).

O α-terpineol é um álcool terpeno que têm demostrado atividade

antimicrobiana de largo espectro (PARK et al., 2009). Ele pode ser isolado de

diferentes OE, dentre eles o de cardamomo (PARK et al., 2012).

O citral é um aldeído naturalmente encontrado nas folhas e frutos de

várias espécies de plantas, incluindo árvores de murta, manjericão africano,

limões, limas, capim-limão, laranja e bergamota. É constituída por uma mistura

de dois isómeros, geranial e neral, e devido ao seu poderoso aroma de limão é

usado para aromatizar a bebidas à base de citrinos e outros produtos (RESS et al

2003; LALKO; API 2008). O citral é geralmente reconhecido como aditivo

alimentar seguro (GRAS) e foi aprovado pela Food and Drug Administration

para uso em alimentos (FDA, GRAS, 21 CFR 182 · 60). Além disso, citral foi

registrado pela Comissão Europeia para o uso como aromatizante em gêneros

alimentícios, porque o seu uso não apresenta risco à saúde do consumidor

(BURT, 2004). Levando-se em conta suas propriedades antimicrobianas,

agradável aroma frutado e segurança para os consumidores, citral pode se tornar

Page 30: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

29

um ingrediente antimicrobiano adequado para utilização mais ampla na indústria

de alimentos. Embora seja um constituinte do óleo essencial amplamente

estudada, os principais fatores que afetam a resistência microbiana ao citral, o

seu mecanismo de ação antimicrobiana e a base biológica por trás da resistência

microbiana não são completamente compreendidos. Sabe-se que, em geral, a

membrana plasmática é o principal local de ação tóxica de terpenos (PRASHAR

et al 2003; LUO et al 2004;. PARK et al 2009), mas os mecanismos finais de

inibição de crescimento, lesão celular e inativação não são totalmente definidas.

O timol é um monoterpeno obtido do OE de tomilho e apresenta ampla

atividade antimicrobiano (AZNAR, et al, 2015).

O eugenol foi relatado ter atividade antifúngica (LEE; SHIBAMOTO,

2002; MIYAZAWA; HISAMA, 2003). Como aditivo alimentar, foi classificada

pelo FDA como uma substância considerada segura (GULCIN, 2012). Os altos

níveis de eugenol encontrado no óleo essencial de cravo possivelmente confere a

sua atividade antimicrobiana.

O cinamaldeído é o componente principal no óleo de canela e é um

GRAS para uso alimentar com base em 21 CFR (Code of Federal Regulation)

parte 172,515 (CFR 2009). Demonstrou ser o principal composto antimicrobiano

na canela, além de exibirem atividade antibacteriana, inibindo também o

crescimento de fungos e produção de microtoxinas (BEUCHAT, 1994).

Page 31: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

30

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O recente interesse na resistência de espécies de B. cereus enfatiza um

problema bem reconhecido no campo da qualidade e segurança de alimentos.

Este estudo mostrou que os compostos foram bem adequados no controle de

células planctônica e séssil, mesmo quando sujeito a condições de stress

subletais. No entanto, a exposição a concentrações subletais pode afetar biofilme

B. cereus, podendo torná-lo muito mais resistentes a esses compostos.

A heterogeneidade das cepas frente a exposição ao estresse pode

contribuir para a avaliação da otimização das margens de segurança para

condições de processamento de alimentos, a fim de garantir os alimentos de

qualidade e segurança alimentar.

Os resultados são importantes para uma nova linha de pesquisa a ser

seguido, novos estudos para elucidar os mecanismos responsáveis pelo aumento

da resistência ou susceptibilidade bacteriana.

Page 32: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

31

REFERÊNCIAS

ANDERSON, J. L. et al. The isoprenoid substrate specificity of isoprenylcysteine carboxylmethyltransferase: development of novel inhibitors.

Journal of biological chemistry, Batimore, v. 280, p. 29454-29461, 2005.

ANDRADE, E. H. A; GUIMARÃES, E. F.; MAIA, J. G. S. Variabilidade química em óleos essenciais de espécies de Piper da Amazônia, In: 52

0

Congresso Brasiléiro de Química, 448, 2009, Belém. Anais... Belém:

FEQ/UFPA. 1 CD-ROM.

ANDRADE, N. J. Higiene na indústria de alimentos: avaliação e controle de

adesão e formação de biofilmes bacterianos. 1 ed, São Paulo: Varela, 2008. 400 p.

AUGER S. et al. The genetically remote pathogenic strain NVH391-98 of the

Bacillus cereus group is representative of a cluster of thermophilic strains. Applied and Enviromental Microbiology, Washington, v.74, p. 1276–1280,

2009.

AZNAR, A. et al. Antimicrobial activity of nisin, thymol, carvacrol and cymene

against growth of Candida lusitaniae. Food Science and Technology

International, Ibaraki, v.21, p. 72-79, 2015.

BAGGE-RAVN, D. et al. The microbial ecology of processing equipment in

different fish industries- analysis of the microflora during processing and

following cleaning and disinfection. International Journal of Food

Microbiology, Amsterdan, v. 87, n.3, p. 239-250, 2003.

BAKKALI, F. et al. Biological effects of essential oils: a review. Food and

Chemical Toxicology, Oxford, v. 46, n. 2, p. 446-475, fev. 2008.

BALL, D. A. et al. Structure of the exosporium and sublayers of spores of the

Bacillus cereus family revealed by electron crystallography. Mol. Microbiol, v.68, p.947–958, 2008.

BASSOLÉ, I. H. N.; JULIANI, H. R. Essential oil in combination and Their Antimicrobial properties. Molecules, Basel, v. 17, p. 3989-4006, 2012.

Page 33: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

32

BEVILACQUA, A.; CORBO, M. R.; SINIGAGLIA, M. In vitro evaluation of the antimicrobial activity of eugenol, limonene, and citrus extract against

bacteria and yeasts, representative of the spoiling microflora of fruit juices.

Journal Food Protect, v. 73, p. 888-894, 2010.

BIGGS, M.B.; PAPIN, J.A. Novel multiscale modeling tool applied to

Pseudomonas aeruginosa biofilm formation. PloS One, v.8, p.78011, 2013.

BOARI, C. A. et al. Formação de biofilme em aço inoxidável por Aeromonas

hydrophila e Staphylococcus aureus usando leite e diferentes condições de

cultivo. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 29, p. 886-895, 2009.

BOTTONE, E. J. Bacillus cereus, a volatile human pathogen. Clinical of

Microbiology Review, v.23, p.382–398, 2010.

BRANDA, S. S. et al. A major protein component of the Bacillus subtilis

biofilm matrix. Mol. Microbiol. v.59, p. 1229-1238, 2006.

BRAOUDAKI, M.; HILTON, A. C. Mechanisms of resistance in Salmonella

enterica adapted to erythromycin, benzalkonium chloride and triclosan.

International Journal of Antimicrobial Agents, Amsterdam, v. 25, p.31–37, 2005.

BURT, S. Essential oils: their antibacterial properties and potential application

in foods: a review. International Journal of Food Microbiology, v. 94, p. 223–253, 2004.

CADEL SIX, S. et al. Toxi-infections alimentaires collectives à Bacillus cereus: bilan de la caractérisation des souches de 2006 à 2010.Bull. Épidémiol.v. 50, p.

57–61, 2012.

CHAIEB, K. et al. The chemical composition and biological activity of clove

essential oil, Eugenia caryophyllata (Syzigium aromaticum L. myrtaceae): a

short review. Phytotherapy Research, v. 21, n. 6, p. 501-506, 2007.

CHAPMAN, J. S. Desinfectant resistance mechanisms, cross-resistance, and co-

resistance. International Biodeterioration & Biodegradation, v. 51, p.271-

276, 2003.

CLONTS, L. Como evitar a formação de biofilmes. Revista Controle de

Contaminação, São Pauo, v. 109, p. 50-56, maio, 2008.

Page 34: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

33

COSTA, L. C. B. et al. Cymbopogon citratus (Poaceae) ESSENTIAL OIL ON Frankliniella schultzei (Thysanoptera: Thripidae) and Myzus persicae

(Hemiptera: Aphididae). Biosci. J., Uberlândia, n. 6, v. 29, p. 1840-1847, 2013.

COSTERTON, J. W.; DAVIES, D. G.; STOODLEY, P. Biofilms as complex

differentiated communities. Annual Review Microbiology, v.56, p.187–209,

2002.

COSTERTON, W. J.; WILSON. M. Introducing em Biofilms. Biofilms, Reino

Unido, v 1, p. 1-4, Mai.2004.

CRUZ, C. D.; FLETCHER, G. C. Assessing manufacturers’ recommended

concentrations of commercial sanitizers on inactivation of Listeria

monocytogenes. Food Control, Vurrey, v.26, p. 194–199, 2012.

DAVIDSON, P. M.; HARRISON, M. A. Resistance and adaptation to food

antimicrobials, sanitizers, and other process controls. Food technology, v. 56, p.

69-78, 2002. DELBRASSINNE L. et al. Follow-up of the Bacillus cereus emetic toxin

production in penne pasta under household conditions using liquid

chromatography coupled with mass spectrometry. Food Microbiol. v.28, p.1105–1109, 2011.

DEPOORTER, P. et al. Assessment of human exposure to 3rd generation

cephalosporin resistant E. coli (CREC) through consumption of broiler meat in Belgium. Int. J. Food Microbiol, v.159, p.30–38, 2012.

DIERICK, K. et al. Fatal Family Outbreak of Bacillus cereus-Associated Food Poisoning. Journal of Clinical Microbiology, Washington, n. 8, v. 43, p. 4277–

4279, Aug. 2005.

DONLAN, R.M. Biofilms: microbial life on surfaces. Emerging Infectious

Diseases, v. 8, p. 881–890, 2002.

DUBEY, A.K.; YADAV, D.S. Comparative performance of different varieties of large cardamom (Amomum subulatum Roxb.) under mid altitude of Arunachal

Pradesh. Journal of Spices and Aromatic Crops, n. 2, v. 10, p. 119-122, 2001.

EHLING-SCHULZ M.; MESSELHAUSSER, UTE. Bacillus “next generation”

diagnostics: moving from detection toward subtyping and risk-related strain

profiling. Front microbial, v.4, p.147–164, 2013.

Page 35: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

34

EL ABED, S.; MOSTAKIM, M.; BERGUADI, F.; LATRACHE, H.; HOUARI, A.; HAMADI, F.; IBNSOUDA, S.K. Study of microbial adhesion on some

wood species: theoretical prediction. Microbiology, v. 80, p 43-49, 2011.

ELHARIRY, H. M. Attachment strength and biofilm forming ability of Bacillus

cereus on green-leafy vegetables: cabbage and lettuce. Food Microbiol. v.28, p.

1266–1274, 2011.

EVANS, e. C. Orders and Families of Medicinal Plants. In: Plharmocognosy. 4

ed 4. B Saunders Company Ltda, 1996. 120 p.

FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ (FIOCRUZ/LRNCEB/LAB). Manual de

Procedimentos para Determinação da Suscetibilidade Antimicrobiana em

Enterobactérias, 2005. (1 CD ROOM).

FLEMMING, H. C.; NEU, T. R.; WOZNIAK, D. The EPS matrix: the house of

biofilm cells. Journal Bacteriology, New York, v. 189, p.7945–7947, Nov.

2007.

FLEMMING, H. C.; WINGENDER, J. The biofilm matrix. Natures Reviews

Microbiology, London, v.8, p.623-633, aug. 2010.

FRAIFE-FILHO, G. A.; CÉSAR, J. O.; RAMOS, J. V. Cravo-da-india. Radar

Técnico; CEPLAC. 2005. Disponível em http://www.ceplac.gov.br/radar.htm.

Acesso em: mar. 2014.

FUENTE-NÚÑES, C. et al. E. Bacterial biofilm development as a multicellular

adaptation: antiobiotic resistance and new therapeutic strategies. Currente

Opinion in Microbiology, v. 16, p. 580-589, 2013.

GIAOURIS, E. et al. Co-culture with Listeria monocytogenes within a dual-species biofilm community strongly increases resitance of Pseudomonas putida

to benzalkonium choride. PloSOne,v. 8, p. 77276, 2013.

GUINEBRETIÈRE M. H. et al. Ecological diversification in the Bacillus cereus group. Environ. Microbiol.v.10, p. 851–865, 2008.

GULCIN, I. Antioxidant activity of food constituents: an overview. Arch

Toxicology, v. 86, p. 345-391, 2012.

Page 36: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

35

GUTIERREZ, J.; BARRY-RYAN, C.; BOURKE, P. Antimicrobial activity of plant essential oils using food model media: efficacy, synergistic potential and

interactions with food components. Food Microbiology. v. 26, p. 142–150,

2009.

HOURY, A. et al. Involvement of motility and flagella in Bacillus cereus

biofilm formation. Microbiology,v.156, p. 1009- 1018, 2010.

JAMAL, A. et al Gastroprotective effect of cardamom, Elettaria cardamomum

Maton. fruits in rats. Journal of Ethnopharmacology. v. 103, p.149–153, 2006.

JAN, S. et al. Biodiversity of psychrotrophic bacteria of the Bacillus cereus

group collected on farm and in egg product industry. Food Microbiol, London,

v.28, p.261-265, 2011.

JARRELL, K. F.; MCBRIDE, M. J. The surprisingly diverse ways that

prokaryotes move. Nat Rev Microbiol. v.6, p. 466–476, 2008.

JIAO, Y.Q. et al. Characterization of extracellular polymeric substances from

acidophilic microbial biofilms. Applied and Environmental Microbiology,

v.76, p. 2916–2922, 2010.

KAMGA WAMBO G. O. et al. The proof of the pudding is in the eating: an

outbreak of emetic syndrome after a kindergarten excursion, Euro Surveill.

Berlin,v.16, p.19839, 2011.

KARUNAKARAN, E. BIGGS, C. A. Mechanisms of Bacillus cereus biofilm

formation: an investigation of the physicochemical characteristics of cell surfaces and extracellular proteins. Applied Microbiology Biotechnology, v.89,

p.1161–1175, 2011.

KILDEAA, M. A.; ALLANB, G.L.; KEARNEY, R.E. Accumulation and

clearance of the anaesthetics clove oil and AQUI-S from the edible tissue of

silver perch (Bidyanus bidyanus). Aquaculture, v 232, p. 265-277, 2004.

KLEIN, G.; RU¨ BEN, C.; UPMANN, M. Antimicrobial activity of essential oil

components against potential food spoilage microorganisms. Current

Microbiology, New York, v. 67, p. 200–208, 2013.

KOLODKIN-GAL, I. et al. A self-produced trigger for biofilm disassembly that

targets exopolysaccharide. Cell v. 149, p. 684-692, 2012.

Page 37: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

36

KORENBLUM, E. et al. Action of antimicrobial substances produced by different oil reservoir Bacillus strains against biofilm formation. Applied

Microbiology and Biotechnology, Berlin, v. 79, p. 97-103, March 2008.

KOTZEKIDOU P. Microbiological examination of ready-to-eat foods and

ready-to-bake frozen pastries from university canteens. Food Microbiology,v.

34, p.337-343, 2013.

LALKO, J.; API, A.M. Citral: identifying a threshold for induction of dermal

sensitization. Regul Toxicol Pharmacol.v.52, p.62–73, 2008, 2008.

LAMBERT, R.J.W. et al. Study of the minimum inhibitory concentration and

mode of action of oregano essential oil, thymol and carvacrol. Journal of

Applied Microbiology, Oxford, v. 91, n. 3, p. 453-462, Sept. 2001.

LANDAU, E.; SHAPIRA, R. Effects of subinhibitory concentrations of menthol

on adaptation, morphological, and gene expression changes in

enterohemorrhagic Escherichia coli. Applied and Environmental

Microbiology , v. 78 n. 15 p. 5361–5367, August 2012.

LANGSRUD, S. et al. Bacterial disinfectant resistance - a challenge for the food industry. International Biodeterioration & Biodegradation, v.51, p. 283-290,

2003.

LEE, K. G.; SHIBAMOTO ,T. Antioxidant property of aroma extract isolated from clove buds [Syzygium aromaticum (L.) Merr. Et Perry]. Food Chem. v.74,

p. 443- 448, 2002.

LEVIN, B. R.; BONTEN, M. J. M. Cycling antibiotics may not be good for your

health. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States

of America.v. 101, p.13101–13102, 2004.

LIU, T. T.; YANG, T.-S. Antimicrobial impacto f the componentes of essential

oil of Litsea cubeba from Taiwan and antimicrobial activity of the oil in food

systems. International Journal of Food Microbiology. v.156, p. 68–75, 2012.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brail: nativas e

exóticas. Plantarum, nova odessa: são paulo, 2003.

LUCCHESI, M.E. et al. Solvent free microwave extraction of Eletaria

cardamomum L.: a multivariate study of a new technique for the extraction of

essencital oil. J. Food Eng., 79, p. 1079, 2007.

Page 38: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

37

LUO, M. et al. Effects of citral on Aspergillus flavus spores by quasi-elastic light scattering and multiplex microanalysis techniques. Acta Bochim Biophys Sin,

v.36, p.277–283, 2004.

LYNCH, A. S.; ROBETOSN, G. T. Bacterial and fungal biofilm infections.

Annual Review of Medicine, Palo Alto, v. 9, p. 415-428, 2008.

MAFU, A.A. et al. Adhesion of pathogenic bacteria to food contact surfaces: Influence of pH of culture. Int J Microbiol v.1 p. 1-9, 2011.

MAHADY, G. B. et al. In vitro susceptibility of Helicobacter pylori to botanical extracts used traditionally for the treatment of gastrointestinal disorders.

Phytother Res. v. 19, p. 988-91, 2005.

MATAN, N. et al. Antimicrobial activity of cinnamon and clove oils under modified atmosphere conditions.International Journal of Food Microbiology,

v.107, n.2, p.180-5, 2006.

MILLEZI, F.M. et al. Susceptibility of monospecies and dual-species biofilms

Staphylococcus aureus and Escherichia coli to essential oils. J Food Saf.;v.32,

p.351–359, 2012.

MIYAZAWA, M.; HISAMA, M. Antimutagenic activity of phenylpropanoids

from clove (Syzygium aromaticum). J. Agric. Food Chem. v.51,p. 6413-6422,

2003.

MONS, R. D.; O'TOOLE, G. A. The developmental model of microbial

biofilms: ten years of a paradigm up for review.Trends Microbiol. v. 17, p. 73–87, 2009.

NARANJO, M. et al. Sudden death of a young adult associated with Bacillus cereus food poisoning. J. Clin. Microbiol. v.49, p.4379– 4381, 2011.

NEGRELLE, R.R.B.; GOMES,E.C. Cymbopogon citratus (DC.) Stapf:chemical

composition and biological activities. Revista Brasileira de Plantas

Medicinais, Botucatu,v. 9, p. 80–92, 2007.

NEREYDA E. Uso de agentes antimicrobianos naturales en la conservación de frutas y hortalizas. Ra Ximhai, v.7, p.153-170, 2011.

Page 39: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

38

NGUEFACKA, J. et al. Synergistic action between fractions of essential oils from Cymbopogon citratus, Ocimum gratissimum and Thymus vulgaris against

Penicillium expansum.Food Control,v. 23, n. 2, p. 377-383, 2012.

NIKOLAEV, Y. A.; PLAKUNOV, V. K. Biofilm: “City of Microbes” or an

analogue of multicellular organisms? Microbiology, London, v. 76, n.2, p 125-

138, Apr. 2007.

NITSCHKE, M. Biotensoativos como agentes inibidores da adesão de patógenos

em superfícies de materiais utilizados na indústria de alimentos. Projeto de

Pesquisa. EMBRAPA. CTAA. RJ. 2006.

OLIVEIRA, M.M.M. et al. Cinnamom essential oil and cinnamaldehyde in the

control of bacterial biofilms formed on stainless steel surface. European Food

Research & Technology, v.234, p. 821-832, 2012.

PARK, M. J. et al. Effect of citral, eugenol, nerolidol and alpha-terpineol on the

ultrastructural changes of Trichophyton mentagrophytes Fitoterapia, Milano, v. 80, p. 290–296, 2009.

PARSEK, M. R.; FUQUA, C. Biofilms 2003: Emerging Themes and Challenges in Studies of Surface-Associated Microbial Life. Journal of Bacteriology,

Baltimore, n.14, v. 186, p. 4427-4440, July, 2004.

CHEMPAKAM, B. SINDHU, S. Small cardamom. In: PARTHASARATHY, V.A.; CHEMPAKAM,B.; ZACHARIAH, T. J. Chemistry of Spices,

Wallingford, Oxon, CAB International; 2008, p. 41–69.

PRAKASH, B. et al Efficacy of Angelica archangelica essential oil, phenyl

ethyl alcohol and α- terpineol against isolated molds from walnut and their

antiaflatoxigenic and antioxidant activity. Journal of Food Science and

Technology, v. 52, p. 2220-2228, 2015.

PRASHAR, A.; HILI, P.; VENESS, R.G.; EVANS, C. Antimicrobial action of

palmarosa oil (Cymbopogon martini) on Saccharomyces cerevisiae. Phytochemistry. v. 63, p. 569–575, 2003.

PRITAN, D. N. et al. Compararison of antimicrobial activity of Cinnamomum zeylanicum and Cinnamomum cassia on food spollage bacteria and water borne

bacteria. Scholars Research Library der Pharmacia Letter.v.5, p. 53-59,

2013.

Page 40: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

39

QIBLAWI, S. et al. Chemopreventive Effects of Cardamom (Elettaria cardamomum L.) on Chemically Induced Skin Carcinogenesis in Swiss Albino

Mice. Journal of Medicinal Food. v. 15, p. 576-580, 2012.

RADULESCU, V.; CHILIMENT, S.; OREA, E. Capillary gas chromatography-

mass spectophotometry of volatile and semi volatile compounds of Salvia

officinalis. Journal of chromatography, v.1027, p.121-126, 2004.

REN, D. et al. High prevalence of biofilm synergy among bacterial soil isolates

in cocultures indicates bacterial interspecific cooperation. The ISME Journal,

v.9, p.81–89, 2015.

REN, D.; SIMS, J. J.; WOOD, T. K. Inhibition of biofilm formation and

swarming of Bacillus subtilis by (5Z)-4-bromo-5-(bromomethylene)- 3-butyl-

2(5H)-furanone. Letters in Applied Microbiology, Oxford, v. 34, p. 293–299, Jan. 2002.

RESS, N.B. et al. Toxicology and carcinogenesis studies of microencapsulated citral in rats and mice. Toxicol Sci. v.71, p.198–206, 2003.

RHEE, C. et al. Epidemiologic Investigation of a Cluster of Neuroinvasive Bacillus cereus Infections in 5 Patients With Acute Myelogenous Leukemia.

Oxford University Press on behalf of the Infectious, V, 27, 2015.

RÍOS L. et al. Extracción y caracterización de aceite de cardamomo (Elettaria

cardamomum). DYNA Revista Fac Nac Minas, Medelin, v.74, n. 151, p. 47-52, Mar. 2007.

SAJINA, A. et al. Micropropagation of large cardamom (Amomum subulatum Roxb.). Journal of Spices and Aromatic Crops, India v. 6, n. 2, p. 145-148

1997.

SANDER, J. E. et al. Investigation of Resitance of Bacteria from commercial

poultru sources to commercial disinfectants. Avian Diseases, Washington, v. 46,

p. 997-1000, 2002.

SANTOS, A. et al. Determinação do rendimento e atividade antimicrobiana do

óleo essencial de Cymbopogoncitratus(DC.) Stapf em função de sazonalidade e

consorciamento. Brazilian Journal of Pharmacognosy, v. 19, n. 2, p. 436-441, 2009.

Page 41: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

40

SCHWERING, M. et al. Multi-species biofilms defined from drinking water microorganisms provide increased protection against chlorine disinfection.

Biofouling, v. 29, p. 917-928, 2013.

SERESHTI, H. et al. Bifunctional ultrasound assisted extraction and

determination of Elettaria cardamomum Maton essential oil. Journal of

Chromatography, v 1238 p. 46-53, 2012.

SHAHEEN, R. et al. Persistence strategies of Bacillus cereus spores isolated

from dairy silo tanks. Food Microbiol. v.27, p.347–355, 2010.

SHAN, B. et al. Potential application of spice and herb extracts as natural

preservatives in cheese. J. Med. Food. p. 14, p. 284-290, 2011

SHEN, S. et al. Effects of cinnamaldehyde on Escherichia coli andStaphylococcus aureus membrane. Food Control, v. 47, p. 196-202, 2015.

SHENG, G. P.; YU, H. Q.; YU, Z. Extraction of the extracellular polymeric substances from a photosynthetic bacterium Rhodopseudomonas acidophila.

Applied Microbiology Biotechnology, Berlin, v. 67, p.125–130, 2005.

SHI, X.; ZHU, X. Biofilm formation and foof safety in food industries. Trends

in Food Science e Technology, v. 3, p 1-7, 2009.

SHIOTA M. et al. Rapid detoxification of cereulide in Bacillus cereus food poisoning. Pediatrics, v.125, p. 951–955, 2010.

SIKKEMA, J.; BONT, J. A. M. de; POOLMAN, B. Interactions of cyclic hydrocarbons with biological membranes. Journal of Biological Chemistry,

Baltimore, v. 269, n. 11, p. 8022-8028, Mar. 1994.

SIKKEMA, J.; BONT, J. A. M. de; POOLMAN, B. Mechanisms of membrane

toxicity of hydrocarbons. Microbiological Reviews, Washington, v. 59, n. 2, p.

201-222, June 1995.

SIMÕES, C.M.O.; SPITZER, V. Óleos voláteis. In: SIMOES, C. M. O. et al.

Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto Alegre: Ed. da UFSC,

p. 467-495, 2004.

SIMÕES, M; SIMÕES, L.C; VIEIRA, M.J. A review of current and emergent

biofilm control strategies. LWT - Food Science and Technology, v.43, p. 573–

583, 2010.

Page 42: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

41

SINGH, G. et al. A comparison of chemical, antioxidant and antimicrobial studies of cinnamon leaf and bark volatile oils, oleoresins and their constituents.

Food and Chemical Toxicology, v.5, n. 9, p. 1650-1661, 2007.

SOUZA, E.L. et al. Combined application of Origanum vulgare l. essential oil

and acetic acid for controlling the growth of Staphylococcus aureus in foods.

Brazilian Journal of Microbiology, n. 40, p. 387–393, 2009.

STARK, T. et al. Mass spectrometric profiling of Bacillus cereus strains and

quantitation of the emetic toxin cereulide by means of stable isotope dilution

analysis and HEp-2 bioassay. Anal. Bioanal. Chem, v. 405, p. 191–201, 2013.

STOODLEY, P. et al. Biofilms as complex differentiated dcommunities.

Annual Review in Microbiology, Palo Altto, v. 56, p. 187-2009, Jan. 2002.

SULLIVAN, G. A. et al. Inhibition of Listeria monocytogenes using natural

antimicrobials in no-nitrate or nitriteadded ham. J. Food Protect., v.75, p.1071-

1076, 2012.

SURTHELAND, I. Biofilm exopolysaccharides: a strong and sticky framework.

Microbiology, v. 147, p. 3-9, 2001.

THORSEN, L. et al. Formation of cereulide and enterotoxins by Bacillus cereus

in fermented African locust beans. Food Microbiol. v.28, p.1441–1447, 2011.

TURNBULL, L.; WHITCHURCH, C.B. Explosive cell lysis in bacterial

biofilms produces membrane vesicles and extracellular DNA. In: Australian

Society for Microbiology Annual Scientific Meeting, 20, 2012, Australian. Anais… 6th ASM conference on biofilms, 2012, 1CD-ROOM.

TYAGI, D. K. Characteristics and natural product investigations of essential oil from the rhizomes of Alpinia calcarata rose. Int. J. Pharm. Bio. Sci. v. 4, p.

236-239, 2013.

TYAGI, R.K. et al. A. Micropropagation and slow growth conservation of cardamom (Elettaria cardamomum Maton). In Vitro cellular &

Developmental Biology - Plant. v.45, p. 721-729, 2009.

VAN BOXSTAEL, S. et al. Comparison of antimicrobial resistance patterns and

phage types of Salmonella Typhimurium isolated from pigs, pork and humans in

Belgium between 2001 and 2006. Food Res. Int. v.45, p. 913–918, 2012.

Page 43: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

42

VAN DER VEEN, S.; ABEE, T. Mixed species biofilms of Listeria monocytogenes and Lactobacillus plantarum show enhanced resistance to

benzalkonium chloride and peracetic acid. Int. J. Food Microbiol, v. 144, p.

421- 431, 2011.

VERGIS, J. et al. Essential oils as natural food antimicrobial agents: a review.

Crit Rev Food Sci Nutr, v. 55, p. 1320-1323, 2015.

VERRAES, C. et al. Antimicrobial resistance in the food chain: a review. Int. J.

Environ. Res. Public Health, Basel, v.10, p. 2643e2669, 2013.

VILAIN, S. et al. DNA as an adhesin: Bacillus cereus requires extracellular

DNA to form biofilms. Appli Environ Microbiol., v.75, p. 2861-2868, 2009.

VLAMAKIS H. et al. Sticking together: building a biofilm the Bacillus subtilis way. Nat Rev Microbiol, v.11, p. 157–168, 2013.

WALTER, M. et al Detachment characteristics of a mixed culture biofilm using particle size analysis. Chemical Engineering Journal, v. 228, p. 1140-1147,

2013.

WATINICK, P.; KOLTER, R. Biofilm, city of microbes. Journal of

Bacteriology, Baltimore, v. 182, n. 10, p. 2675-2679, May 2000.

WEBB, J. S.; GIVSKOV, M.; KJELLEBERG, S. Bacterial biofilmes: prokaryotic adventures in multicelularity. Current Opinion inMicrobiology, v.

6, p. 578-585, 2003.

WEI, L. S. WEE, W. Chemical composition and antimicrobial activity of

Cymbopogon nardus citronella essential oil against systemic bacteria of aquatic

animals. Iran Journal Of Microbiology, v. 5, p. 147-152, 2013.

WENQIANG, G. et al. Comparison of essential oils of clove buds extracted with

supercritical carbon dioxide and other three traditional extraction methods

Chemistry of essential oils. Food Chemistry, v.101, p.1558-1564, 2007.

WINKELSTROTER, L .K.. et al. Unraveling microbial biofilms of importance

for food microbiology. Microb. Ecology, v. 1, p. 12, 2013.

YANG, L. et al. Combating biofilms. FEMS Immunol Med Microbiol, v. 65,

p. 146 – 157, 2012.

Page 44: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

43

CAPÍTULO 2 Ação antimicrobiana dos óleos essenciais e seus compostos

sobre cepas de Bacillus cereus

RESUMO

Bacillus cereus é uma bactéria formadora de esporos, causadora de deterioração de alimentos e toxinfecção alimentar, com capacidade de formar

biofilme, sendo seu controle de grande interesse na indústria de alimentos. Os

objetivos deste trabalho foram avaliar a concentração mínima inibitória e a concentração mínima bactericida dos óleos essenciais de Cymbopogon citratus,

Thymus vulgaris, Elettaria cardamomum, Syzygium aromaticum e Cinnamomum

cassia, e dos seus compostos puros, citral, timol, α-terpineol, cinamaldeido e eugenol, sobre diferentes cepas de B. cereus. O óleo essencial de C. citratus e do

C. cassia, e seus compostos químicos individuais, citral e cinamaldeído,

respectivamente, apresentaram os melhores resultados para todas as cepas

testadas. As CMI e CMB para o óleo essencial de capim-limão e citral foram iguais para todas as cepas de B. cereus estudadas, 1,2 e 0,6 µL.mL

-1,

respectivamente. Já para a canela, houve variação da CMI e CMB, entretanto,

para a maioria das cepas, a CMI foi de 0,6 e a CMB de 1,2 µL.mL-1

. Portanto, resultados bem semelhantes, mostrando que a atividade antimicrobiana desses

óleos essenciais, está associada, principalmente, aos seus compostos

majoritários.

Palavras-chave: Citral. Cinamaldeído. Toxinfeção alimentar. Thymus vulgaris.

Elettaria cardamomum.

Page 45: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

44

ABSTRACT

Bacillus cereus is a spore-forming bacteria, causes food spoilage and

food poisoning, with ability to form biofilm, such their control, of great interest

in the food industry. The objectives of this study were to evaluate the minimum

inhibitory concentration and minimum bactericidal concentration of essential oils of Cymbopogon citratus, Thymus vulgaris, Elettaria cardamomum,

Syzygium aromaticum and Cinnamomum cassia , and its individual chemical

compounds, citral, thymol, α-terpineol, cinnamaldehyde, eugenol on different strains of B. cereus. The essential oil of C. citratus and C. cassia and its

individual chemical compounds citral and cinnamaldehyde, respectively,

showed the best results for all tested strains.

Key-words: Bacillus cereus. Essential oil. Pure compounds.

Page 46: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

45

1 INTRODUÇÃO

Bacillus cereus pertence ao grupo de bactérias Gram-positivas,

formadoras de endósporos, sendo classificado como patógeno humano

emergente. Em 2009, foi considerado a terceira causa mais importante de

incidentes coletivos de toxinfecção alimentar na Europa, precedido apenas por

Salmonella e Staphylococcus aureus (EFSA J. 2009). No entanto, doenças de

origem alimentar causadas por B. cereus, são, em grande parte, sub-relatadas,

pois seu relato não é obrigatório. São várias as estirpes de B. cereus observadas

como sendo capazes de causar doença de origem alimentar (NARANJO et al.,

2011; RAMARAO, 2012; RHEE et al., 2015).

Em todo o mundo, há grande número de cepas bacterianas resistentes a

múltiplas drogas, aumentando a morbidade, os custos inerentes à saúde pública,

e as taxas de mortalidade devido a infecções (DIAS; MONTEIRO, 2010).

No que diz respeito a crescente importância dada às infecções

bacterianas, e o desenvolvimento progressivo da resistência antimicrobiana,

grande número de estudos têm sido realizados com produtos naturais, em busca

de nova perspectiva de antimicrobiano (STOJKOVIC et al., 2011; MILLEZI et

al., 2012; MILLEZI et al., 2013). Muitas plantas foram avaliadas, não apenas

pela sua atividade antimicrobiana direta, mas também como agente modificador

de resistência (SCHALLENBERGER et al., 2010). Além disso, nos últimos

anos, a busca por substâncias antimicrobianas naturais, como os óleos

essenciais, tornou-se popular devido às demandas de produtos mais naturais e

seguros.

Os óleos essenciais de plantas são misturas complexas de substâncias

voláteis isoladas por diferentes processos físicos. Ao longo da história, os óleos

essenciais vêm sendo empregados como agentes antimicrobianos, e

recentemente, vêm sendo usados em grande número de fármacos, alimentos e

Page 47: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

46

cosméticos, uma vez que estes óleos são capazes de inibir de forma ampla e

eficaz, o crescimento de várias espécies de microrganismos, com menos efeitos

colaterais, do que os agentes antimicrobianos tradicionais (NEREYDA, 2011).

Apesar do uso generalizado dos óleos essenciais, pouco se conhece

sobre seu potencial de ação, sendo necessário ainda, muitos estudos nesse

campo. Assim, muitos pesquisadores têm colaborado na caracterização e

confirmação das propriedades antimicrobianas dos óleos essenciais de diferentes

plantas (PARK et al., 2009; ABDELWAHAB et al., 2010; RANA, et al., 2011;

STOJKOVIC et al., 2011; MILLEZI et al., 2012; MILLEZI et al., 2013;

OLIVEIRA, et al., 2012; OLIVEIRA; BRUGNERA; PICCOLI 2013; AZNAR

et al., 2015).

A atividade antimicrobiana é uma das mais importantes propriedades

dos óleos essenciais. Assim, conhecer o efeito inibitório dos óleos essenciais e

dos compostos individualizados, é fundamental para elucidar a ação destes (LIU;

YANG, 2012; AZNAR et al., 2015). A partir disso, é possível entender a

importância relativa do componente individual do óleo essencial, em toda a sua

atividade antimicrobiana.

A maioria dos estudos tem sido realizada com os óleos essenciais

(OLIVEIRA et al., 2010; MILLEZI et al., 2012; OLIVEIRA, et al., 2012;

MILLEZI et al., 2013). No entanto, os compostos individuais dos óleos

essenciais, são estruturalmente diferentes, e por terem propriedades químicas

distintas, tais como volatilidade e estabilidade oxidante, podem apresentar

atividade antimicrobiana diferente do óleo essencial.

Portanto, os objetivos deste estudo foram investigar a atividade

antimicrobiana in vitro de óleos essenciais de Elettaria cardamomum

(cardamomo), Cinnamomum cassia (canela), Syzygium aromaticum (cravo),

Cymbopogon citratus (capim-limão), Thymus vulgaris (tomilho); e a ação

Page 48: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

47

individual dos compostos α-terpineol, cinamaldeido, eugenol, citral e timol

sobre cepas de B. cereus.

Page 49: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

48

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Óleos essenciais e compostos dos óleos essenciais

Os óleos essenciais (OEs) de cardamomo, canela, cravo, capim-limão e

tomilho foram adquiridos da FERQUIMA Ind. e Com. LTDA, e os compostos

puros α-terpineol (pureza = 90%), cinamaldeido (pureza = 93%), eugenol

(pureza = 99%), citral (pureza = 95%) e timol (pureza = 99,5%), foram

adquiridos da Sigma – Aldrich. Grau de pureza fornecido pela Sigma – Aldrich.

2.2 Microrganismos e padronização dos inóculos

Foram utilizadas as cepas de Bacillus cereus ATCC 14579, B. cereus

ATCC 11778, B. cereus CCT 2897 e B. cereus CCT 7453. Durante todo o

experimento, as cepas foram estocadas em meio de congelamento (15 mL

glicerol; 0,5 g peptona bacteriológica; 0,3 g de extrato de levedura e 0,5 g NaCl;

100 mL de água destilada, pH 7,2-7,4). A padronização do inóculo foi realizada

mediante curva de crescimento. A cepa foi reativada pela transferência de

alíquotas da cultura estoque, e foram transferidas para caldo Brain Heart

Infusion (BHI, Himedia, Índia), com auxílio de alça de repicagem. Foram

realizados três repiques consecutivos, com incubação a 32°C por 24 horas. Após

a terceira repicagem, a cultura foi estriada em Agar Triptona de Soja (TSA)

(Himedia®, Índia) e incubada a 32 °C por 24 horas. As colônias formadas na

superfície de TSA foram removidas e transferidas para 50 mL de caldo BHI, e

incubadas a 32 ºC. O crescimento foi monitorado por leituras periódicas em

espectrofotômetro (CARY Varian Inc.), (D.O 600 nm) e plaqueamento em

superfície em TSA, e incubação a 32 ºC por 24h. A cultura foi padronizada em

108UFC.mL

-1.

Page 50: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

49

2.3 Determinação da concentração mínima inibitória e da concentração

mínima bactericida dos óleos essenciais

A Concentração Mínima Inibitória (CMI) dos EOs foi determinada

utilizando-se a técnica da microdiluição em caldo, em placas de poliestireno de

96 cavidades, de acordo com o National Committee for Clinical Laboratory

Standards (M7-A6) (NCCLS,2003), com adaptações.

Para tanto, soluções de BHI acrescidas de 0,5% de Tween 80, e de óleos

essenciais ou compostos dos óleos essenciais, foram preparadas nas

concentrações de 80; 40; 20; 10; 5; 2,5; 1,2; 0.6; 0.3; e 0,0 µL. mL-1

. Alíquotas

de 150µL dessas soluções foram adicionadas nas cavidades.

Previamente, as culturas estoque foram inoculadas em 50 mL de caldo

BHI e incubadas a 32 °C por 24 h. Após esse período, as culturas foram

padronizadas em 105 UFC.mL

-1 (LIU; YANG, 2010). Alíquotas de 10 µL dessa

cultura foram adicionadas às soluções contendo os óleos essenciais, ou

compostos dos óleos essenciais, previamente dispensadas nas cavidades das

microplacas. Estas foram tampadas e incubadas a 32 °C por 24h. A concentração

mínima inibitória (CMI) foi determinada por avaliação visual do crescimento

bacteriano pela turvação do meio. Em seguida, a concentração mínima

bactericida (CMB) foi determinada verificando-se o crescimento celular em

placas contendo TSA. Como controle positivo, foi utilizado caldo BHI

inoculado com B. cereus, sem adição de óleo ou componente testados. Para o

controle negativo utilizou-se caldo BHI acrescido de 0,5% de Tween 80, e óleo

essencial ou seus componentes. Todo o experimento foi realizado em triplicata e

três repetições. A CMI foi definida como a menor concentração de óleo

essencial e dos seus compostos, que resultou na ausência de crescimento visível

em caldo; e a CMB foi definida como a menor concentração do óleo essencial e

Page 51: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

50

de seus compostos, que resultou na ausência de crescimento de B. cereus em

placa.

2.4 Análise Estatística

Foi utilizado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis para confrontar

tratamentos independentes. Com análise significativa (p<0,05) foram aplicados

os testes de Dunn e o de Student-Newman-Keuls, para comparações múltiplas

entre os tratamentos (Programa SPSS 19.0).

Page 52: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

51

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da CMI e CMB dos cinco óleos essenciais estão

apresentados na Tabela 1.

Os óleos essenciais avaliados apresentaram atividade antimicrobiana em

concentrações abaixo de 5 µL.mL-1, exceto os óleos essenciais de cardamomo e

tomilho, onde a atividade antimicrobiana ocorreu em concentrações acima de 20

µL.mL-1

.

Os óleos essenciais de canela e capim-limão foram os mais eficazes

sobre todas as cepas B. cereus avaliadas, tanto para a atividade bactericida,

quanto para a bacteriostática. O óleo essencial de canela apresentou CMI de 1,2

µL.mL-1

para todas as cepas, e o óleo essencial de capim -limão apresentou CMI

de 1,2 µL.mL-1

para B. cereus ATCC 14579 e 0,6 µL.mL-1

para as demais cepas.

Na Tabela 2, são mostrados os resultados da atividade bacteriostática e

bactericida dos compostos puros sobre as cepas de B. cereus.

Os compostos avaliados apresentaram atividade antimicrobiana em

concentrações abaixo de 5 µL.mL-1

para todas as cepas testadas. Os valores de

CMI e CMB para os compostos mostraram que os mais eficazes, para todas as

cepas estudadas, foram o cinamaldeido e o citral (compostos majoritários dos

óleos essenciais de canela e capim-limão). O cinamaldeído e o citral

apresentaram atividade bacteriostática e bactericida em concentrações abaixo de

1,2 µL.mL-1

, demonstrando maior efeito antimicrobiano comparado aos demais

compostos testados.

Page 53: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

52

Tabela 1 Concentração Mínima Inibitória (CMI) e concentração mínima bactericida (CMB) de óleos essenciais para estirpes de Bacillus cereus

Óleo Essencial (µL.mL-1

)

Bacillus cereus E. cardamomum C. cassia S. aomaticum C. citratus T. vulgaris

CMI CMB CMI CMB CMI CMB CMI CMB CMI CMB

ATCC 14579 40 40 1,2 1,2 2,5 5,0 1,2 1,2 20 20

ATCC 11778 40 40 0,6 1,2 2,5 2,5 1,2 1,2 40 40

CCT 7453 20 20 0,6 1,2 5,0 5,0 1,2 1,2 20 20

CCT 2897 20 20 0,6 0,6 5,0 5,0 1,2 1,2 40 40

Page 54: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

53

Tabela 2 Concentração Mínima Inibitória (CMI) e a concentração mínima bactericida (CMB) dos compostos puros para estirpes de Bacillus cereus

Componente (µL.mL-1

)

Bacillus cereus α-terpineol Cinnamaldeido Eugenol Citral Timol

CMI CMB CMI CMB CMI CMB CMI CMB CMI CMB

ATCC 14579 5 5 1,2 1,2 2,5 2,5 0,6 0,6 2,5 2,5

ATCC 11778 5 5 0,6 0,6 5,0 5,0 0,6 0,6 2,5 2,5

CCT 7453 2,5 2,5 0,6 1,2 1,2 2,5 0,6 0,6 2,5 2,5

CCT 2897 5 5 0,6 0,6 5,0 5,0 0,6 0,6 0,6 0,6

Page 55: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

54

As cepas avaliadas apresentaram variada sensibilidade aos óleos

essenciais e aos compostos puros. Delgado et al. (2004), avaliando diferentes

cepas de B. cereus a antimicrobianos naturais, também encontraram diferentes

graus de sensibilidade aos compostos testados, para as cepas estudadas.

O gênero Bacillus é reconhecido como sendo geneticamente mais

heterogêneo do que a maioria dos outros gêneros de bactérias. As espécies do

mesmo gênero, da maioria das bactérias, geralmente não se diferem mais do que

10 a 15% na sua composição de bases de DNA, ao passo que as estirpes de

Bacillus têm variação de 32 a 69% de teor G + C (ZWICK et al., 2012;

CARLSON et al., 1992). Esta variabilidade genética pode fazer as estirpes

apresentarem resistência variada aos mesmos antibacterianos.

A estrutura química dos compostos dos óleos essenciais influencia seu

modo de ação sobre a célula bacteriana. Devido à variabilidade de compostos

químicos presentes nos óleos essenciais, observa-se que a atividade

antibacteriana não é atribuída somente a um mecanismo específico, havendo

múltiplos alvos na célula bacteriana (LV et al., 2011; ZWICK et al., 2012). Os

mecanismos de ação dos óleos podem afetar outros alvos além de seu alvo

principal (BURT, 2004). Foi demonstrado entre os mecanismos, que os óleos

essenciais, por serem lipofílicos, atravessam a parede celular e a membrana

citoplasmática, interrompendo sistemas enzimáticos, comprometendo o material

genético da bactéria (BURT et al., 2007; DE SOUZA et al., 2010; LV et al.,

2011; BAJPAI; BAEK; KANG, et al. 2012).

Confirmando os resultados encontrados nesse trabalho, estudos

realizados anteriormente demonstraram que os compostos testados podem ser

considerados agentes antimicrobianos de largo espectro (RAYBAUDI-

MASSILIA et al. 2008; PEI, et al., 2009; GALLUCCI, et al., 2010; OLIVEIRA

et al. 2012; LIANG, et al., 2015).

Page 56: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

55

O citral e o óleo essencial de capim-limão apresentaram efeitos similares

sobre as cepas de B. cereus. As cepas avaliadas também apresentaram a mesma

sensibilidade para o óleo essencial de canela e o composto cinamaldeído. Esse

resultado pode ser explicado, uma vez que o óleo de capim-limão e canela

possuem o citral (65-85%) e o cinamaldeído (75-90%) como componentes

majoritários, respectivamente (CHANTHAI et al. 2012; NG; WU, 2011).

Embora haja considerável variabilidade na composição dos óleos

essências, obtidos de diferentes espécies de canela e capim-limão, observa-se

que esses contêm em maior quantidade em relação aos demais compostos, o

cinnamaldeido e o citral, respectivamente (WANG et al., 2009; CHANTHAI et

al. 2012). Assim, os valores encontrados para as cepas avaliadas nesse trabalho,

são indicativos de que o efeito dos óleos essenciais de capim limão e canela está

relacionado à presença do citral e cinamaldeído, respectivamente.

O cinamaldeído, um fenilpropanoide, não está associado à ruptura da

membrana celular, mas pode inibir a atividade de várias enzimas celulares e

proteínas, devido a sua facilidade de penetração na célula, em função da

solubilidade em água (KHAYYAT; SADDIQ, 2015). Essa solubilidade se deve

ao grupo carbonila livre do cinamaldeído, o qual pode reagir prontamente com

os grupos amino livres dos aminoácidos, formando adutos bases Schiff (FEHN

ET AL., 2001), cuja principal vantagem é a sua solubilidade em água.

Para a maioria dos óleos essenciais e compostos testados, a CMB

apresentou valor igual à CMI, exceto para o cinamaldeído e o eugenol, que

apresentaram valores de CMB maior que a CMI. Estudo realizado por Kwon et

al. (2003), demostrou que o cinamaldeido pode inibir a divisão celular de B.

cereus, impedindo o aumento do número de células no meio de cultivo, sem

levar à morte celular.

Ao comparar os resultados obtidos para as diferentes cepas de B. cereus

utilizadas (Tabelas 1 e 2), verifica-se que a sensibilidade B. cereus é dependente

Page 57: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

56

da cepa e do óleo essencial e compostos utilizados. Isso demonstra o risco da

tomada de decisão, de se utilizar um antimicrobiano natural baseada na análise

de apenas uma cepa, ou de apenas um óleo essencial ou composto.

Page 58: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

57

4 CONCLUSÃO

De maneira geral, enfatiza-se que a avaliação da atividade

antimicrobiana de óleos essenciais e seus constituintes sobre células

planctônicas, deve ser a etapa inicial para selecionar os agentes mais ativos a

serem posteriormente avaliados, como conservantes naturais em alimentos, ou

como constituintes de soluções sanificantes.

Quanto ao efeito antibacteriano sobre as cepas de B. cereus, com base

nos resultados de todas as quatro cepas testadas, os compostos são eficientes

para a inativação destas, podendo ser novas alternativas para o controle de B.

cereus em indústrias de alimentos.

Page 59: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

58

REFERÊNCIAS

AZNAR, A. et al. Antimicrobial activity of nisin, thymol, carvacrol and cymene against growth of Candida lusitaniae. Food Science and Technology

International, Ibaraki, v.21, p. 72-79, 2015.

Anonymous. The community summary report on food-borne outbreaks in the European Union in 2007. EFSA J. 2009.

BAJPAI V. K.; BAEK K. H.; KANG S. C. Control of Salmonella in foods by using essential oils: A review. Food Research International, Essex, v. 45,

p.722–734, 2012.

BURT S. A. et al. Carvacrol induces heat shock protein 60 and inhibits synthesis

of flagellin in Escherichia coli O157:H7.Applied and Enviromental

Microbiology, Washington, v.73, 4484–4490,2007.

BURT, S. Essential oils: their antibacterial properties and potential applications

in foods:a review. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam,

v. 94, p.223-53, 2004.

CARLSON, L. L. PAGE, A. W. BESTOR, T. H. Localization and properties of

DNA methyltransferase in preimplantation mouse embryos: implications for

genomic imprinting. Genes and Development, Cold Spring Harbor NY, v. 6, p. 2536–2541, 1992.

CHANTHAI, S. et al. Influence of extraction methodologies on the analysis of five major volatile aromatic compounds of citronella grass (Cymbopogon

nardus) and lemongrass (Cymbopogon citratus) grown in Thailand. Journal of

AOAC International, Arlington, v.95, p.763-772, 2012.

DE SOUZA, E. L. et al. Influence of Origanum vulgare L. essential oil on

enterotoxin production, membrane permeability and surface characteristics of

Staphylococcus aureus. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v.137, p.308-311, 2010.

DIAS, M.; MONTEIRO, M. S. Antibióticos e Resistência Bacteriana, Velhas Questões, Novos Desafios. Cadernos Otorrinolaringologia. Clínica,

Investigação e Inovação, v.1, p. 1-10, 2010.

Page 60: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

59

DELGADO, B. et al. Effect of thymol and cymene on Bacillus cereus vefetative cells evaluated through the use of frequency distributions. Food Microbiology,

London, v. 21, p. 327-334, 2004.

FEHN, A. et al. Metal complexes with biologically important ligands. CXXVII.

Half-sandwich complexes of ruthenium, rhodium and iridium as well as

phosphine-containing palladium-and platinum (II) complexes with Schiff bases

from amino acid anions and aldehydes. Journal of Organonic Chemistry, Washington, v.621, p. 109–119, 2001.

GALLUCCI, M.N. et al. Antimicrobial combined action of terpenes against the food-borne microorganisms Escherichia coli, Staphylococcus aureus and

Bacillus cereus. Flavour Fragr. J.,v. 24,p. 348–354, 2009

KHAYYAT, S.; SADDIQ, A. A. Photochemical and Antimicrobial Studies of Cinnamaldehyde and its Bioactive Derivatives. Asian Journal of Chemistry,

v.27, p. 3023-3027, 2015.

KWON, J.A.; YU, C.B.; PARK, H.D.; Bacterial effects andinhibition of cell

separation of cinnamic aldehyde on B.cereus. Letters in Applied

Microbiology,Oxford, v. 37, p.61–65, 2003.

LIANG, D. et al. Inhibitory Effect of Cinnamaldehyde, Citral, and Eugenol on

Aflatoxin Biosynthetic Gene Expression and Aflatoxin B1 Biosynthesis in

Aspergillus flavus. Journal of Food Science, Chicago, v.1, p 325-333, 2015

LIU, T. T.; YANG, T.-S. Antimicrobial impacto f the componentes of essential

oil of Litsea cubeba from Taiwan and antimicrobial activity of the oil in food systems. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v.156, p.

68–75, 2012.

LV F.; LIANG H.; YUAN Q.; LI C. In vitro antimicrobial effects and

mechanism of action of selected plant essential oil combinations against four

food-related microorganisms. Food Research International, Essex, v.44,

p.3057–3064, 2011.

MILLEZI, F.M. et al. Susceptibility of monospecies and dual-species biofilms

Staphylococcus aureus and Escherichia coli to essential oils. Journal of Food

Safety;v.32, p.351–359, 2012.

Page 61: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

60

MILLEZI, F.M. et al. Reduction of Aeromonas hidrophyla biofilm on stainless stell surface by essential oils. Brazilian Journal of Microbiology, São Paulo,

v.44, p. 73–80, 2013.

NARANJO, M. et al. Sudden death of a young adult associated with Bacillus

cereus food poisoning. Journal of clinical microbiology, Washington, v.49,

p.4379– 4381, 2011.

NEREYDA E. Uso de agentes antimicrobianos naturales en la conservación de

frutas y hortalizas. Ra Ximhai, v.7, p.153-170, 2011.

NG, L. T.; WU, S. J. Antiproliferative activity of Cinnamomum cassia

constituents and effects of pifithrin-alpha on their apoptotic signalling

pathwaysin Hep G2 Cells, Evid Based Complement Alternat Med.,v. 2011, p.

492148, 2011.

OLIVEIRA, M.M.M. et al. Cinnamom essential oil and cinnamaldehyde in the

control of bacterial biofilms formed on stainless steel surface. European Food

Research and Technology, Berlin, v.234, p. 821-832, 2012.

OLIVEIRA, M.M.M.; BRUGNERA, D. F.; PICCOLI, R. H. Essential oils of thyme and Rosemary in the controlo of Listeria monocytogenes in raw beef.

Brazilian Journal of Microbiology, São Paulo, v.44, p. 1181-1188, 2013.

OLIVEIRA, M.M.M. et al. Disinfectant action of Cymbopogon sp. Essential oils in different phases of biofilm formation by Lysteria monocytogenes on stainless

steel surface. Food Control, Vurrey, v.1, n.4, p. 549-543, 2010.

PARK, M. J. et al. Effect of citral, eugenol, nerolidol and alpha-terpineol on the

ultrastructural changes of Trichophyton mentagrophytes Fitoterapia, Milano, v.

80, pp. 290–296, 2009.

PEI, R.S.; ZHOU, F.; JI, B.P.; XU, J. Evaluation of combined antibacterial

effects of eugenol, cinnamaldehyde, thymol, and carvacrol against E. coli with

an improved Method. Journal of Food Science, Chicago, v. 74, p.379–383, 2009.

RAMARAO, N. Bacillus cereus: Caractéristiques et pathogénicité. EMC Biol.

Méd. v.7, p. 1–11, 2012.

Page 62: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

61

RANA, I. S.; RANA, A. S.; RAJAK, R. C. Evaluation of antifungal activity in essential oil of the Syzygium aromaticum (L.) by extraction, purification and

analusis of its main componente eugenol. Brazilian Journal of Microbiology,

São Paulo, v 42, n 4, 2011.

RAYBAUDI-MASSILIA R. M.; MOSQUEDA-MELGAR J.; MARTÍN-

BELLOSO O. Edible alginate-based coating as carrier of antimicrobials to

improve shelf-life and safety of fresh-cut melon. International Journal of Food

Microbiology, Amsterdam, v.121, 313–327, 2008.

RHEE, C. et a. Epidemiologic Investigation of a Cluster of Neuroinvasive Bacillus cereus Infections in 5 Patients With Acute Myelogenous Leukemia.

Oxford University Press on behalf of the Infectious, v., 27, 2015.

SCHALLENBERGER, M. A. et al. The Psychotrimine Natural Products have Antibacterial Activity Against Gram-Positive Bacteria and Act Via Membrane

Disruption. Journal Antimicrobial, Tokyo, v. 63, n.11, p. 685-687, 2010.

STOJKOVIC, D. et al Chemical composition and antimicrobial activity of Vitex agnus-castus L. fruits and leaves essential oils. Food Chemistry, Barking,

v.128, p.1017–1022, 2011.

WANG, H.; PENG, D.; XIE, J. Ginseng leaf-stem: bioactive constituents and

pharmacological Functions. Chinese Medicine, London, v 4, 20, 2009.

ZWICK M. E. et al. Genomic characterization of the Bacillus cereus sensu lato species: backdrop to the evolution of Bacillus anthracis. Genome Research,

New York, v. 22, p. 1512–1524, 2012.

Page 63: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

62

CAPÍTULO 3 Potencial tolerância biocida e impacto sobre a resposta

adaptativa à concentrações subletais de soluções de três

terpenóides e dois fenilpropanóides, em cepas de Bacillus

cereus

RESUMO

A rápida evolução de certos microrganismos permite sua adaptação em

ambientes e condições distintas, desenvolvendo tolerância, e até mesmo resistência ao aumento de um ou mais estresses. O uso de compostos obtidos a

partir de produtos naturais tem sido estudado como possível alternativa ao

controle de crescimento e aquisição de resistência por esses microrganismos.

Esse trabalho visou verificar a adesão e atividade antibiofilme de cepas B.cereus; verificar ação sanificante frente aos compostos α-terpineol,

cinamaldeído, eugenol, citral e timol e; posteriormente, estudar a adaptação e a

adaptação cruzada à concentrações subletais de dois compostos mais efetivos, em células sésseis de cepas de B. cereus. As cepas de B. cereus apresentaram

adesão e atividade antibiofilme frente aos compostos testados. As soluções

sanificantes apresentaram atividade bactericida contra células planctônicas e sésseis, porém, foram encontradas diferenças significativas entre as

concentrações (p<0,005). As soluções de citral e cinamaldeído foram as mais

eficazes para todas as cepas testadas. Os resultados obtidos demonstraram que B.

cereus apresentou adaptação e adaptação cruzada ao citral e cinamaldeído. O presente trabalho sugere estudos futuros ainda mais abrangentes quanto à

potencialidade antimicrobiana destes compostos

Palavras- chave: Antimicrobianos naturais. Compostos bioativos. Patógeno alimentar.

Page 64: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

63

ABSTRACT

Some microorganisms have rapid evolved and their adaptation in different environments and conditions, developing tolerance and even resistance

to the increase of one or more stresses. The use of compounds obtained from

natural products have been studied as an alternative to growth control and

acquisition of resistance to these microorganisms. This study aimed to verify adherence and antibiofilm activity of B. cereus strains; verify action sanitizing

front of α-terpineol compounds cinnamaldehyde, eugenol, citral and thymol, and

then study the adaptation and cross-adaptation to sublethal concentrations of the two most effective compounds in sessile cells of B. cereus strains. The strains of

B. cereus showed adhesion and antibiofilm activity against the tested

compounds. The sanitizing solutions showed bactericidal activity against

planktonic and sessile cells, however significant differences were found between concentrations (p <0.005). The solution citral and cinnamaldehyde were the

most effective for all strains tested. The results showed that B. cereus introduced

adaptation and cross-adaptation to citral and cinnamaldehyde. This study suggests future studies even more comprehensive as the antimicrobial potential

of these compounds.

Key-words: Natural antimicrobial. Bioactive compounds. Food pathogen.

Page 65: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

64

1 INTRODUÇÃO

Bacillus cereus é uma bactéria formadora de endósporos comumente

isolada de produtos alimentícios, podendo causar toxinfecções alimentares,

síndrome emética ou diarreica (RAHIMI et al., 2013; RHEE et al., 2015). Além

disso, a literatura sugere três aspectos importantes resultantes da presença de B.

cereus na indústria alimentar, o que torna seu controle difícil. Em primeiro

lugar, é pouco provável conseguir evitar a contaminação total, uma vez que esta

bactéria (sob a forma de células vegetativas e endósporos) é amplamente

difundida no ambiente natural, em particular, no solo. Em segundo lugar, tem a

capacidade de adesão e formação de biofilme em diferentes superfícies, e a

temperatura de processamento da maioria dos alimentos é geralmente

insuficiente para destruir seus endósporos, que permanecerão viáveis no produto

e nas superfícies de processamento (GRANUM, 2001; ARAÚJO et al., 2009;

JAN et al., 2011; PADEGAR; SINGH, 2012).

Ao longo da cadeia alimentar, superfícies industriais molhadas, com

falhas nos procedimentos de limpeza e higienização, podem proporcionar

substrato para o desenvolvimento e persistência de um ecossistema dinâmico

espacialmente organizado, chamado biofilme, que pode conter microrganismos

patogênicos (WINKELSTROTER et al., 2013).

Os microrganismos, quando em biofilme, alteraram a sua fisiologia,

tornando-se mais resistentes aos agentes antimicrobianos, antibióticos e

desinfetantes disponíveis no comércio, por conseguinte, desempenham papel-

chave na capacidade dos microrganismos patogênicos persistirem na cadeia

alimentar (VERRAES et al., 2013).

Antimicrobianos naturais, como óleos essenciais e seus componentes,

são alternativa aos antimicrobianos tradicionais, e têm a vantagem de que as

suas origens naturais não levam à rejeição do consumidor. No entanto, antes da

Page 66: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

65

indústria utilizá-los em grande escala, é necessário conhecer seus efeitos sobre

microrganismos.

As propriedades antimicrobianas dos óleos essenciais têm sido relatadas

em vários estudos (BAKKALI, et al., 2008; BAJPAI; BAEK; KANG, et al.,

2012). Em muitos casos, a atividade resulta de complexa interação entre as

diferentes classes de compostos, tais como fenóis, aldeídos, cetonas, álcoois,

ésteres, éteres ou hidrocarbonetos, encontrados nos óleos essenciais (BAJPAI;

BAEK; KANG, et al., 2012). Porém, em alguns casos, a bioatividade dos óleos

essenciais está intimamente relacionada à atividade de um composto específico

nele presente (BASSOLÉ; JULIANI, 2012).

Neste trabalho, foi avaliada a ação sanificante dos componentes α-

terpineol, cinamaldeído, eugenol, citral e timol, sobre células planctônicas e

séssil, de cepas de Bacillus cereus; e o efeito da exposição das células

bacterianas à concentrações subletais, dos compostos que apresentaram maior

atividade antimicrobiana.

Page 67: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

66

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Componentes majoritários

Os componentes α-terpineol (pureza = 90%), cinnamaldeido (pureza =

93%), eugenol (pureza = 99%), citral (pureza = 95%), timol (pureza = 99,5%),

foram adquiridos da Sigma – Aldrich. Grau de pureza fornecido pela Sigma –

Aldrich.

2.2 Microrganismos e padronização dos inóculos

Foram utilizadas as cepas de Bacillus cereus ATCC 14579, B. cereus

ATCC 11778, B. cereus CCT 2897 e B. cereus CCT 7453. Durante todo o

experimento, as cepas foram estocadas em meio de congelamento (15 mL

glicerol; 0,5 g peptona bacteriológica; 0,3 g de extrato de levedura e 0,5 g NaCl;

100 mL de água destilada, pH 7,2-7,4). A padronização do inóculo foi realizada

mediante curva de crescimento. A cepa foi reativada pela transferência de

alíquotas da cultura estoque, que foram transferidas para caldo Brain Heart

Infusion (BHI, Himedia, Índia), com auxílio de alça de repicagem. Foram

realizados três repiques consecutivos, com incubação a 32°C por 24 horas. Após

a terceira repicagem, a cultura foi estriada em Agar Triptona de Soja (TSA)

(Himedia®, Índia) e incubada a 32 °C por 24 horas. As colônias formadas na

superfície de TSA foram removidas e transferidas para 50 mL de caldo BHI, e

incubadas a 32 ºC. O crescimento foi monitorado por leituras periódicas em

espectrofotômetro (CARY Varian Inc.), (D.O 600 nm) e plaqueamento em

superfície em TSA, e incubação a 32 ºC por 24h. A cultura foi padronizada em

108UFC.mL

-1.

Page 68: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

67

2.3 Determinação das concentrações mínimas inibitórias e bactericidas dos

componentes sobre células planctônicas

Os inóculos utilizados foram obtidos a partir da inoculação das culturas

estoque em 50 mL de caldo BHI, e incubados a 32 °C por 24 h. Após esse

período, as culturas foram padronizadas em 105 UFC.mL

-1.

A Concentração Mínima Inibitória (CMI) dos componentes majoritários

α-terpineol, cinamaldeido, eugenol, citral e timol, foi determinada utilizando-se

a técnica da microdiluição em caldo, em placas de poliestireno de 96 cavidades,

de acordo com o National Committee for Clinical Laboratory Standards (M7-

A6) (NCCLS,2003), com adaptações.

Para tanto, soluções antimicrobianas contendo caldo BHI acrescido de

0,5% de Tween 80 e de compostos majoritários, foram preparadas nas

concentrações de 80; 40; 20; 10; 5; 2,5; 1,2; 0.6; 0.3; e 0,0 µL. mL-1

. Alíquotas

de 150µL dessas soluções foram adicionadas nas cavidades.

Alíquotas de 10 µL das culturas padronizadas foram adicionadas às

soluções antimicrobianas dispensadas nas cavidades das microplacas, que foram

tampadas e incubadas a 32 °C por 24h. A CMI foi determinada por avaliação

visual do crescimento bacteriano pela turvação do meio. A CMI foi definida

como a menor concentração de compostos, que resultou na ausência de

crescimento visível em caldo.

A concentração mínima bactericida (CMB) foi determinada verificando-

se o crescimento celular em placas contendo TSA. Como controle positivo foi

utilizado caldo BHI inoculado com B. cereus, sem adição de componente

majoritário. Para o controle negativo utilizou-se caldo BHI acrescido de 0,5% de

Tween 80 e componente majoritário. A CMB foi definida como a menor

concentração dos compostos, que resultou na ausência de crescimento de B.

Page 69: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

68

cereus em placa. Todo o experimento foi realizado em triplicata e três

repetições.

2.4 Formação de biofilme por cepas de Bacillus cereus

As cepas de B. cereus foram avaliadas quanto à capacidade de formar

biofilme em microplacas de poliestireno e cupons de aço inoxidável.

2.4.1 Classificação da capacidade de formação de biofilme de cepas de B.

cereus

Os biofilmes de B. cereus foram formados nas cavidades das

microplacas, pela inoculação de alíquotas de 50 µL de cultura padronizada em

150 µL de BHI, e incubados a 32 ºC por 48 h. Para controle negativo foi

adicionado nas cavidades, 200 µL de BHI. Após esse período, a cultura foi

removida e as cavidades foram lavadas três vezes consecutivas com solução

salina (0,85% m/v), para remoção das células não aderidas. Em seguida, 200 µL

de solução de cristal violeta (0,1% m/v) foi adicionado em cada cavidade. Após

10 minutos de contato, a solução de cristal violeta foi removida, e os poços

foram lavados três vezes com solução salina (0,85% m/v). Os biofilmes visíveis

como anéis corados nas paredes das cavidades, foram desprendidos após a

secagem das placas ao ar, pela adição de 200 µL de etanol a 95% (v/v). Após 10

minutos de contato, o conteúdo das cavidades foi homogeneizado e transferido

para nova microplaca. A concentração de cristal violeta na fase líquida foi

avaliada, medindo-se a absorbância a 600nm em leitor de microplaca (adaptado

de MERRITT et al., 2005).

A classificação que segue foi utilizada para determinar a capacidade de

formação de biofilme: não-formadoras de biofilme (DOA ≤ Docn); fracamente

Page 70: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

69

formadora de biofilme (Docn <Doa≤2xDocn); moderadamente formadora de

biofilme (2xDocn <Doa≤4xDocn) e; fortemente formadora de biofilme (4xDocn

<DOA). Doa é a densidade óptica do biofilme e Docn é a densidade óptica do

controle de crescimento negativo (STEPANOVIÉ et al., 2000). Os valores finais

foram obtidos pelas médias aritméticas das absorbâncias lidas, sendo realizadas

8 replicatas.

2.4.2 Formação de biofilmes de cepas de B. cereus em cupons de aço

inoxidável

Cupons de aço inoxidável AISI 304 (#4) (1x8x18mm) foram

previamente higienizados e esterilizados de acordo com Rossoni e Gaylard

(2000), citado por Oliveira et al. (2010). Duas cepas com maior capacidade de

adesão, determinadas anteriormente, foram utilizadas para o teste de adesão

sobre aço inoxidável: B. cereus ATCC 14579 e B. cereus CCT 2897.

Os cupons foram dispostos em placas de Petri (120 mm de diâmetro)

contendo 60 mL de BHI. Em seguida, os inóculos padronizados foram

acrescentados na concentração final de 7 log UFC.mL-1

. A incubação foi

conduzida a 32 ºC, por 72 h, em condições estáticas. Durante esse período, a

cada 12 horas, a adesão foi avaliada pela retirada de cupons do meio de cultivo,

que foram lavados três vezes com solução salina para remoção das células não

aderidas, imersos em água peptonada 0,1% (m/v) contida em tubo de ensaio, e

submetidos a agitação por 2 minutos em agitador tipo vortex, para remoção das

células sésseis. Alíquotas de 10 µL das diluições adequadas foram plaqueadas

em TSA, empregando-se a técnica de microgota, e incubadas a 32 ºC por 12 h.

Page 71: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

70

2.5 Determinação das concentrações mínimas bactericidas dos componentes

majoritários sobre biofilmes de cepas de Bacillus cereus

Os cupons contendo os biofilmes de B. cereus ATCC 14579 e B. cereus

CCT 2897 foram imersos em solução salina acrescida de 0,5% de Tween 80 e

dos componentes majoritários nas concentrações de 80; 40; 20; 10; 5; 2,5; 1,2;

0,6; e 0,3 µL. mL-1

. Após 20 minutos de contato à temperatura ambiente e

condições estáticas, os cupons foram lavados três vezes com solução salina, para

remoção dos compostos residuais. Em seguida, foram transferidos para tubos de

ensaio contendo água peptonada 0,1% (m/v) e submetidos a agitação por 2

minutos em agitador tipo vortex, para remoção das células sésseis. Alíquotas de

10 µL das diluições adequadas foram plaqueadas em TSA, empregando-se a

técnica de microgota, e incubadas a 32 ºC por 12 h.

A concentração mínima bactericida (CMBB) dos componentes

majoritários sobre os biofilmes de B. cereus, foi definida como a menor

concentração de antimicrobiano capaz de reduzir a números indetectáveis em

TSA, as células destacadas do biofilme.

2.6 Formação de biofilme por Bacillus cereus em condições de estresse

subletal

A influência do estresse subletal, causada pela presença dos compostos α

- terpineol, cinamaldeído, eugenol, citral e timol na formação de biofilme por B.

cereus foi avaliada.

Biofilmes de B. cereus ATCC 14579 e B. cereus CCT 2897 em aço

inoxidável, foram formados em presença de concentrações subletais dos

compostos majoritários, observando-se as CMBB para os microrganismos. Os

compostos na concentração de 1/4 CMBB impediram a formação dos biofilmes,

Page 72: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

71

assim, testes foram realizados para determinar a concentração máxima subletal

(CMS), que permite o crescimento do microrganismo (Di PASQUA et al.,

2010). Definiu-se então, ¼ da CMB das células planctônicas, como a CMS para

ser utilizada.

Os cupons de aço inoxidável foram dispostos em placas de Petri (120

mm de diâmetro) contendo 60 mL de BHI, adicionados de 0,5% de Tween 80 e

CMS (¼ MCB) dos compostos (Tabela 1).

Em seguida, os inóculos padronizados foram adicionados na

concentração final de 7 log UFC.mL-1

e as placas incubadas em condições

estáticas a 32 ºC por 48 horas. O biofilme controle foi formado sob as mesmas

condições, entretanto, sem adição dos compostos.

Após as 48h de incubação, os cupons foram lavados três vezes com

solução salina 0,85% (m/v) para remoção das células não aderidas, transferidos

para tubos de ensaio contendo água peptonada 0,1% (m/v), e submetidos a

agitação por 2 minutos em agitador tipo vortex, para remoção das células

sésseis. Alíquotas de 10 µL das diluições adequadas foram plaqueadas em TSA,

empregando-se a técnica de microgota, e incubadas a 32 ºC por 12 h.

Page 73: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

72

Tabela 1 Concentração subletal dos componentes majoritários usados no cultivo de Bacillus cereus para formação de biofilme em cupons de

aço inoxidável

Compostos

Concentração subletal (µL. mL-1

)

ATCC 14579 CCT 2897

α -terpineol 1,2 1,2

Cinamaldeído 0,3 0,15

Eugenol 0,6 1,2

Citral 0,15 0,15

Timol 0,6 0,15

Controle 0 0

2.7 Determinação da concentração mínima bactericida dos componentes

majoritários sobre biofilmes adaptados

Após formação de biofilmes de B. cereus ATCC 14579 e B.cereus CCT

2897 sobre cupons de aço inoxidável por 48h, estes foram retirados das placas e

expostos por 20 minutos a soluções contendo solução salina, 0,5% de Tween 80,

e componentes majoritários nas concentrações de ¼ CMB. Os cupons foram

removidos e lavados três vezes com solução salina 0,85% (m/v), para remover a

solução residual. Em seguida os cupons foram novamente dispostos em placas

de Petri (120 mm de diâmetro) contendo 60 mL de BHI, e incubados a 32 °C por

12 h em condições estáticas.

Os cupons contendo os biofilmes adaptados foram transferidos para

tubos de ensaio contendo água destilada, 0,5% de Tween 80 e os mesmos

componentes majoritários, aos quais foram expostos anteriormente em

concentrações subletais, nas concentrações de 80; 40; 20; 10; 5; 2,5; 1,2; 0,6; e

0,3 µL. mL-1

. Após 20 minutos de contato à temperatura ambiente, e condições

estáticas, os cupons foram lavados três vezes com solução salina, para remoção

Page 74: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

73

das células não aderidas, transferidos para tubos de ensaio contendo água

peptonada 0,1% (m/v) e submetidos a agitação por 2 minutos em agitador tipo

vortex, para remoção das células sésseis. Alíquotas de 10 µL das diluições

adequadas foram plaqueadas em TSA, empregando a técnica de microgota, e

incubadas a 32 ºC por 12 h.

2.8 Determinação da concentração mínima bactericida do citral e

cinamaldeído sobre biofilmes adaptados

Com base no teste anterior, foram selecionados o citral e o

cinamaldeído, compostos com a atividade antimicrobiana mais elevada dentre

todos, para a avaliação da capacidade de adaptação cruzada do biofilme.

Os cupons foram dispostos em placas de Petri (120 mm de diâmetro)

contendo 60 mL de BHI e incubados a 32 °C por 48 h em condições estáticas.

Durante esse período, a cada 12 horas, avaliou-se a formação de biofilme. Após

as 48h de incubação, os cupons foram removidos, lavados três vezes com

solução salina para remoção das células não aderidas, e sanificados em solução

de água destilada, 0,5% de Tween 80 e concentrações subletais (¼ MCB) de

citral e cinamaldeído, por 20 minutos em temperatura ambiente, e condições

estáticas Após exposição ao estresse subletal, os cupons foram novamente

dispostos em placas de Petri (120 mm de diâmetro), contendo 60 mL de BHI e

incubados a 32 °C por 12 h em condições estáticas.

Após esse período, os cupons foram submetidos à sanitização. Foram

removidos e lavados três vezes com solução salina, para retirar as células não

aderidas. Em seguida, os cupons foram sanificados em solução de água destilada

contendo 0,5% (v/v) de Tween 80, e do componente puro em diferentes

concentrações (Tabela 2).

Page 75: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

74

Tabela 2 Composição das soluções sanificantes usadas no tratamento dos biofilmes de B. cereus em cupons de aço inoxidável

Soluções

Composição

Água destilada com

0,5% Tween 80 (µL.

mL-)

Cinamaldeido

(µL. mL-)

Citral

(µL. mL-)

SC 100,00 0,00 0,00

SCIN 1 99,70 0,3 0,00

SCIN 2 99,85 0,15 0,00

SCIT 1 99,85 0,00 0,15

SCIT 2 99,85 0,00 0,15

SC (solução controle). Scin 1 (solução com concentração subletal de cinamaldeído, preparado para cepa ATCC 14579). Scin 2 (solução com concentração subletal de

cinamaldeído, preparado para cepa CCT 2897). SCIT 1 (solução com concentração

subletal de citral, preparado para cepa ATCC 14579). SCIT 2 (solução com

concentração subletal de citral, preparado para cepa CCT 2897).

O tratamento foi mantido por 20 minutos em temperatura ambiente e

condições estáticas. Os cupons foram lavados três vezes numa solução salina

para remover os compostos residuais. Em seguida foram imersos em tubos de

ensaio contendo água peptonada a 0,1% (m/v), e agitados por 2 minutos em

agitador tipo vortex, para remoção das células sésseis. Alíquotas de 10 µL das

diluições adequadas foram plaqueadas em TSA, empregando a técnica de

microgota, e incubadas a 32 ºC por 12 h.

2.9 Análise estatística

O experimento foi conduzido em dois delineamentos.

Page 76: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

75

2.9.1 Desenvolvimento do biofilme

Delineamento inteiramente casual em arranjo fatorial 2 x 5 (estirpes x

tempos de formação), em três repetições. Os resultados foram submetidos à

análise de variância, análise de regressão e teste de média (Skott-Knott).

2.9.2 Estudo do comportamento das células após a exposição subletal

Delineamento inteiramente casual em arranjo fatorial 3 x 3 (soluções

sanificantes x condições de formação), em três repetições. Os resultados foram

submetidos à análise de variância e teste (Skott-Knott). As análises estatísticas

foram realizadas utilizando-se o programa Sisvar 5.3 (FERREIRA, 2008).

Page 77: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

76

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Atividade antimicrobiana em células planctônicas

As Atividades antimicrobianas das soluções dos compostos puros α-

terpineol, cinamaldeido, eugenol, citral e timol, em células planctônicas de cepas

de Bacillus cereus, são apresentadas na Tabela 3. Os resultados apresentados

mostram que as soluções possuem atividade antibacteriana em diferentes

concentrações. A maior concentração mínima bactericida encontrada foi de

5,0 µL. mL-1

apresentada pelos compostos α-terpineol e eugenol.

A solução a base de citral foi mais eficaz contra células planctônicas de

todas as cepas testadas, apresentando concentração mínima bactericida de

0,6 µL/ mL-1

.

Tabela 3 Concentração mínima bactericida de citral (CIT), timol (TIM), α-

terpineol(TER), cinamaldeido(CIN), eugenol(EUG) sobre cepas de Bacillus cereus

Cepas Componentes (µL. mL

-1)

CIT TIM TER CIN EUG

Bacillus cereus ATCC 14579 0,6 2,5 5,0 1,2 2,5

Bacillus cereus ATCC 11778 0,6 2,5 5,0 0,6 5,0

Bacillus cereus CCT 7453 0,6 2,5 2,5 1,2 2,5

Bacillus cereus CCT 2897 0,6 0,6 5,0 0,6 5,0

A diferença entre a atividade antibacteriana dos compostos puros pode

ser atribuída às composições químicas, à sua configuração estrutural, e à

natureza dos mesmos (CHANG; CHEN; CHANG, 2001).

Page 78: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

77

Em geral, o que se encontra na literatura, é que os compostos

fenilpropanóides são mais eficazes contra microrganismos (DI PASCA et al.,

2010; OUSSALAH et al. 2007). Porém, nesse trabalho, o eugenol, um

fenilpropanóides, apresentou resultados inferiores aos compostos terpenóides

utilizados.

Os terpenóides podem perturbar as células modulando a fluidez da

membrana, aumentando a permeabilidade ou solubilizando as biomembranas

(WINK, 2008). Neste trabalho, observou-se a importância da lipofilicidade de

terpenos para a atividade do composto, evidenciado pela maior ação do citral.

3.2 Formação de biofilme e sua classificação

As quatro cepas utilizadas apresentaram capacidade de aderir e formar

biofilme. As cepas de B. cereus ATTCC 14579 e B. cereus CCT 2897 foram

classificadas como moderados formadores de biofilme. As cepas de B. cereus

ATTCC 11778 e B. cereus CCT 7453 foram classificadas como fracamente

capazes de formar biofilme.

A fim de confirmar que a diferença na formação de biofilme entre as

quatro cepas, não está relacionada à diferença da taxa de crescimento entre as

linhagens, avaliou-se a taxa de crescimento, encontrando-se aproximadamente

0,88 gerações por hora, em todas as cepas (curva de crescimento não mostrada).

A formação de biofilme de B. cereus foi inicialmente testada em placas

de poliestireno. Os resultados obtidos foram consistentes com os encontrados na

literatura. No teste de adesão em poliestireno, as cepas classificadas como

fracamente capazes de formar biofilme, não foram mais utilizadas nesse

trabalho.

Page 79: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

78

As cepas classificadas como moderadamente formadoras de biofilme em

poliestireno, foram testadas para formação de biofilme em aço inoxidável

(Figura 1).

Figura 1 Formação de biofilme por duas cepas de Bacillus cereus em

superfície de aço inoxidável

Legenda: (◊) Médias de adesão da cepa ATCC 14579, (♦) Médias de adesão da cepa

CCT 2897. Em cada estágio de formação de biofilme, a mesma letra não

difere pelo teste Skott-Knott a 5% probabilidade.

As estirpes de B. cereus avaliadas foram capazes de aderir e formar

biofilmes na superfície de aço inoxidável. De acordo com a análise de variância,

houve diferença significativa (p<0,05) entre a capacidade de formação de

biofilme das duas cepas testadas. Neste estudo, foi observado que as duas cepas

de B.cereus (ATTC 14579 e CCTT 2897) diferiram entre si na capacidade de

formação de biofilme ao longo do tempo. Após 12 e 24 horas de cultivo, as duas

cepas apresentaram comportamento de adesão semelhante, não diferindo

significativamente (p <0.05) na contagem do número de células aderidas. A

Page 80: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

79

diferença na adesão ocorreu após 36 horas de cultivo, e permaneceu por todo o

período avaliado.

Após 36 horas de cultivo, houve estabilização do número de células

aderidas para as duas cepas avaliadas, não ocorrendo diferença significativa (p

<0.05) na adesão, após 36, 48 e 72 horas de cultivo da mesma cepa. Com 72

horas de cultivo, B. cereus ATCC 1459 apresentou adesão de 5,36 log. UFC. cm-

2 e B. cereus CCT 2897 de 5,92 log. UFC. cm

-2. Resultados semelhantes foram

encontrados por Bernardes et al. (2010), onde a adesão foi avaliada durante 10

dias, atingindo o 4,43 log. UFC cm-2

.

Após a estabilização do biofilme, as células sésseis podem se desprender

e contaminar o substrato em circulação. Isso mostra o risco que essas

comunidades microbianas representam para a qualidade dos alimentos e

segurança dos consumidores (OLIVEIRA et al., 2010).

3.3 Formação de biofilme por Bacillus cereus em condições de estresse

subletal

As estirpes de B. cereus mostraram-se capazes de formar biofilme na

presença de compostos puros em concentração subletal (Tabela 4). O tempo de

estabilização do número de células aderidas para as cepas B. cereus foi de 36

horas (figura 1), por isso, definiu-se o tempo de avaliação de formação de

biofilmes em presença dos compostos após 48 horas de cultivo.

Ambas as cepas cultivadas em presença de compostos puros em

concentrações subletais, foram capazes de se aderirem e formarem biofilme

sobre aço inoxidável, porém, a adesão foi menor em comparação com o controle

(Tabela 4).

Page 81: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

80

Tabela 4 Biofilme (B) de Bacillus cereus formado sob estresse subletal promovido por citral (CIT), cinamaldeido(CIN), eugenol(EUG),

timol (TIM), α-terpineol(TER) e controle (C)

Condições de

formação de biofilme

Log UFC cm-2

Médias

ATCC 14579 CCT 2897

BC 5,05 ±0.23 Aa 5,92 ±0.08 Ab 5,48±0.61

BCIT 3,53 ±0.52 Ba 3,69 ±0.24 Bb 3,61±0.11

BCIN 3,35 ±0.17 Ca 3,45 ±0.29 Cb 3,40±0.07

BEUG 3,17 ±0.08 Da 3,36 ±0.49 Db 3,27±0.13

BTIM 3,16 ±0.45 Da 3,21 ±0.18 Ea 3,19±0.04

BTER 3,11 ±0.29 Da 3,17 ±0.32 Ea 3,14±0.04

Médias 3,56±0.68 3,8±0.296

Resultados expressos como média ± desvio padrão. As letras maiúsculas na mesma

coluna e na mesma linha não diferem pelo teste Scott-Knott a 5% probabilidade.

Verificou-se que houve diferença significativa entre a capacidade de

formação de biofilme das duas cepas utilizadas na presença dos compostos, bem

como no controle (p<0,05), exceto na presença do composto timol e α-terpineol.

A maior aderência celular ocorreu na presença dos compostos

cinamaldeído e citral, sugerindo possível indução da resistência por esses

compostos.

Para Ceri et al., (2001), células organizadas começam a ter vantagens em

relação às células em seu estado planctônico, por terem melhores condições de

sobrevivência e resistência a agentes antimicrobianos.

3.4 Concentração mínima bactericida em biofilmes

Na Tabela 5, observa-se o comportamento dos biofilmes formados por

B. cereus ATCC 14579 e B. cereus CCT2897, crescidos em concentrações

subletais. E em seguida, avaliou-se a concentração mínima bactericida para o

Page 82: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

81

biofilme controle (biofilme) e para o biofilme submetido ao crescimento com os

compostos puros (adaptação).

Os resultados obtidos mostram que as cepas de B. cereus adaptaram-se

às concentrações subletais dos compostos puros, pois foram encontradas

diferenças na concentração mínima bactericida entre as condições de adaptação

e biofilme (Tabela 5).

Tabela 5 Concentração mínima inibitória de compostos α-terpineol, cinnamaldeido, eugenol, citral, timol para biofilmes de Bacillus

cereus ATCC 14579 e CCT 2897, crescidos expostos à concentração

subletal dos mesmos compostos

Bacillus cereus

Componentes (µL. mL-1

)

α-

terpineol Cinamaldeido

Eugenol Citral Timol

Não adaptado

ATCC 14579 5 2,5 5,0 2,5 5,0 CCT 2897 5 2,5 10 5 10

Adaptado

ATCC 14579 20 10 40 10 20

CCT 2897 5 10 40 10 20

É possível observar que foram necessárias concentrações muito maiores

de soluções para inibir o desenvolvimento dos biofilmes formados por cepas de

B. cereus, quando submetidas ao crescimento em concentrações subletais dos

compostos, evidenciando a adaptação e o aumento da tolerância dos

microrganismos aos antimicrobianos, quando expostos a condições não ideais

para a sua eliminação.

Os resultados também mostram as variações no que diz respeito às

concentrações que resultaram na inibição de crescimento encontrados para as

células planctônicas e sésseis (Tabela 3 e 5). As células planctônicas

Page 83: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

82

apresentaram maior sensibilidade aos compostos puros que as células sésseis.

Isso pode ser explicado pelo comportamento diferente das células planctônicas e

sésseis.

Resultados encontrados na literatura corroboram com esse trabalho, em

que as células sésseis foram mais resistentes aos produtos antibacterianos

naturais do que as células planctônicas, e apenas as concentrações mais elevadas

de alguns compostos puros reduziram a viabilidade das bactérias presentes em

biofilmes (LIU; YANG, 2012).

A exposição constante do biofilme bacteriano, em concentrações

subletais de sanitizantes, durante os procedimentos de limpeza, pode ativar os

mecanismos de resposta adaptativa ao estresse, fazendo com que as bactérias

sobrevivam em condições ambientais, antes hostis. Resultados encontrados em

estudo com diversas cepas de Bacillus cereus, mostram que estas apresentavam

alta resistência aos agentes antimicrobianos tradicionais, quando expostas por

períodos prolongados aos mesmos (MERZOUGUI, et al., 2014).

3.5 Efeito de exposição do biofilme à concentrações subletais de

antimicrobianos e resistência cruzada

A resposta adaptativa à exposição a concentrações subletais foi avaliada

(Tabela 6 e Tabela 7).

Page 84: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

83

Tabela 6 Valores de log-redução dos biofilmes (B) formados por Bacillus cereus ATCC 14579 após 48 horas (2 dias) obtidos após tratamento

com soluções (S) contendo concentrações subletais de cinamaldeído (CIN) e citral (CIT) e solução controle (SC)

Soluções

Condições de formação

BC BCIN BCIT

Log-reduction % Log-reduction % Log-reduction %

SC 0.58±0.25aA 12,89 0.28±0.08aA 5.61 0.35±0.39aA 9.72

SCIT 1.62±0.44bB 38.61 1.95±1.50bB 52.09 2.33±0.41bB 56.42

SCIN 2.28±0.18bB 55,21 2.26±1.36bB 55.19 2.90±1.03bC 57.00

Resultados expressos pela média ± o desvio padrão. Letras minúsculas iguais na mesma

coluna e maiúsculas iguais na mesma linha não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott

ao nível de 5% de probabilidade. BC (biofilme controle), BCIN (biofilme exposto a

concentrações subletais de cinamaldeído durante a sua formação), BCIT (biofilme exposto a concentrações subletais de citral durante a sua formação).

Os resultados obtidos para as diferentes cepas de B. cereus, mostraram

que a sensibilidade do microrganismo, após a exposição a doses subletais de

CIN e CIT, é dependente da estirpe e dos óleos essenciais utilizados.

A cepa de B. cereus ATCC14579, crescidos em concentrações subletais

de cinamaldeído e citral, não apresentaram diferença significativa para

eliminação dos biofilmes com a solução de cinamaldeído e citral (p<0,05). As

soluções dos compostos diferiram significativamente da solução controle

(p<0,05) (Tabela 6).

Page 85: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

84

Tabela 7 Valores de log-redução dos biofilmes (B) formados por Bacillus cereus CCT2897 após 48 horas (2 dias) obtidos após tratamento com

soluções contendo concentrações subletais de cinamaldeído (CIN) e citral (CIT) e solução controle (SC)

Soluções

Condições de formação

BC BCIN BCIT

Log-reduction % Log-reduction % Log-reduction %

SC 0.58±0.25aA 12,19 0.18±0.08aA 3,61 0.35±0.39aA 8.42

SCIT 0,95±0.44aA 14.61 0,62±1.50bB 13,09 0.63±0.41bB 13.22

SCIN 0.78±0.18aA 13,98 0.56±1.36bB 11,89 0.90±1.03bC 14,43

Resultados expressos pela média ± o desvio padrão. Letras minúsculas iguais na mesma

coluna e maiúsculas iguais na mesma linha não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott

ao nível de 5% de probabilidade. BC (biofilme controle), BCIN (biofilme exposto a

concentrações subletais de cinamaldeído durante a sua formação), BCIT (biofilme

exposto a concentrações subletais de citral durante a sua formação).

A cepa de B. cereus CCT 2897 crescidos em concentrações subletais de

cinamaldeído e citral, apresentou diferença significativa para eliminação dos

biofilmes com a solução citral, e não apresentou diferença significativa para a

solução de cinamaldeído (p<0,05). As soluções dos compostos diferiram

significativamente da solução controle (p<0,05) (Tabela 6).

Os biofilmes crescidos em presença de cinamaldeído apresentaram Log

da redução semelhante para solução de citral, cinamaldeído e solução controle.

Isso mostra que a exposição frequente a concentrações subletais de CIN ou CIT,

afetou negativamente a eliminação dos biofilmes das cepas de B. cereus

estudadas.

Muitos microrganismos são capazes de desenvolverem resposta

adaptativa ao estresse subletal, o que lhes permite tolerar e sobreviver à

exposição subsequente a níveis letais do mesmo estresse, ou até mesmo a um

Page 86: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

85

tipo diferente de estresse (UTLEE et al, 2000). A maior resposta adaptativa das

células é manter a fluidez da membrana com um valor constante, independente

das condições ambientais no momento.

Os óleos essenciais são lipofílicos e têm capacidade de penetrar na

membrana citoplasmática e alterar a sua permeabilidade. Essa alteração leva à

perda de íons, alterações na bomba de prótons e perdas de ATP, coagulação

citoplasmática e quebra de macromoléculas (SOLOMAKOS et al. 2008).

As condições que os microrganismos enfrentam durante o

processamento de sanitização, podem levar ao desenvolvimento de respostas

adaptativas, e desenvolvimento de tolerância após a exposição a fatores subletais

de estresse, capazes de provocar danos às células microbianas (LUZ et al.,

2012). É bem conhecido que a exposição a condições subletais de substâncias

antimicrobianas, pode resultar no desenvolvimento de aumento da tolerância aos

mesmos (homólogos), ou a agente de estresse de tolerância cruzada

(heterólogos) (ALVAREZ-ORDÓÑEZ et al., 2008).

A adaptação de Bacillus cereus ao citral e cinamaldeído pode ter

ocorrido por diversos fatores. Estudo realizado com Bacillus cereus, em

presença de carvacrol, apresentou diminuição da fluidez da membrana

citoplasmática, devido a alterações nas estruturas da mesma. Além disso, o

composto, embora tenha alterado a composição da membrana, não foi

metabolizado (UTLEE et al., 2000).

Apesar de aparentemente interessante do ponto de vista científico, este

fato deve ser visto de maneira cuidadosa, pois a possível adaptação, e possível

aquisição de resistência por parte dos microrganismos em questão, podem

apresentar sérios problemas futuros.

Isso demonstra o risco que a tomada de decisão baseada na análise de

apenas uma cepa de microrganismos, ou de apenas um composto sanificante,

pode levar.

Page 87: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

86

4 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos são importantes dentro de uma nova linha de

pesquisa a ser seguida. Mais estudos para elucidar os mecanismos responsáveis

pelo aumento da resistência, ou da suscetibilidade bacteriana, devem ser

realizados, bem como ensaios envolvendo cepas persistentes ou isoladas,

diretamente de indústrias de alimentos.

Page 88: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

87

REFERÊNCIAS

ADUKWU, E. C.; ALLEN, S. C.; PHILLIPS, C. A. The anti-biofilm activity of lemongrass (Cymbopogon flexuosus) and grapefruit (Citrus paradisi) essential

oils against five strains of Staphylococcus aureus. Journal of Applied

Microbiology, Oxford, v. 113, p. 1217-1227, 2012.

ALVAREZ-ORDONEZ, A. et al. Modifications in membrane fatty acid

composition of Salmonella typhimurium in response to growth conditions and

their effect on heat resistance. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v.123p. 212-219, 2008.

ARAÚJO, E. A. et al. Hidrofobicidade de ribotipos de Bacillus cereus isolados de indústria de laticínios. Alimentos e Nutrição, Campinas v. 20, p. 491-497,

2009.

AZNAR, A. et al. Antimicrobial activity of nisin, thymol, carvacrol and cymene against growth of Candida lusitaniae. Food Science and Technology

International, Ibaraki, v.21, p. 72-79, 2015.

BAJPAI V. K.; BAEK K. H.; KANG S. C. Control of Salmonella in foods by

using essential oils: A review. Food Research International, Essex, v. 45,

p.722–734, 2012.

BAKKALI F. et al. Biological effects of essential oils– a review. Food and

Chemical Toxicology, Oxford, v.46, p. 446–475, 2008.

BASSOLÉ, I. H. N.; JULIANI, H. R. Essential oil in combination and Their

Antimicrobial properties. Molecules. Basel, v. 17, p. 3989-4006, 2012.

CHANG, S. T.; CHEN, P. F., CHANG, S. C. Antibactey activity of leaf

essential oils and their constituents from Cinnamomum osmophloeum. Journal

Ethnopharmacol, Limerick, v. 77, p. 123-127, 2001.

DI PASCA, R. et al. Changes in the proteome of Salonella entérica serovar

Thompson as stress adaptation to sublethal concentrations of thymol.

Proteomics. Weinheim,v. 10, p 1040-1049, 2010.

FERREIRA, D.F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística.

Revista Symposium, v.6, p.36-41, 2008.

Page 89: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

88

GRANUM, P.E. Bacillus cereus. In: DOYLE, M.P., BEUCHAT, L.R., MONTVILLE, T.J. Food Microbiology: Fundamentals and Frontiers, 2 ed.

Washington: ASM Press, 2001, p. 327–336.

JAN, S. et al. Biodiversity of psychrotrophic bacteria of the Bacillus cereus

group collected on farm and in egg product industry. Food Microbiol, London,

v.28, p.261-265, 2011.

LUZ, I. S. et al. Evidence for no acquisition of tolerance in Salmonella

typhimurium ATCC 14028 after exposure to subinhibitory amounts of

Origanum vulgare L. essential oil and carvacrol. Applied and Envirometal

Microbiology, Washington, v 78, p.5021–5024, 2012.

KLEIN, G.; RU¨ BEN, C.; UPMANN, M. Antimicrobial activity of essential oil

components against potential food spoilage microorganisms. Current

Microbiology, New York, v. 67, p. 200–208, 2013.

LIU, T. T.; YANG, T.-S. Antimicrobial impacto f the componentes of essential oil of Litsea cubeba from Taiwan and antimicrobial activity of the oil in food

systems. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v.156, p.

68–75, 2012.

MERZOUGUI, S. et al. Prevalence, PFGE typing, and antibiotic resistance of

Bacillus cereus group isolated from food in Morocco. Foodborne Pathogens

and Disease, v.11, p.145-149, 2014.

MILLEZI, F.M. et al. Reduction of Aeromonas hidrophyla biofilm on stainless

stell surface by essential oils. Brazilian Journal of Microbiology, São Paulo, v.44, p. 73–80, 2013.

MILLEZI, F.M. et al. Susceptibility of monospecies and dual-species biofilms Staphylococcus aureus and Escherichia coli to essential oils. J Food Saf.;v.32,

p.351–359, 2012.

CERI, H. et al. The MBEC Assay System: multiple equivalent biofilms for antibiotic and biocide susceptibility testing. Methods Enzymology, New York,

v. 337, p. 377-385, 2001.

OLIVEIRA, M. M. et al .Biofilm formation by Listeria monocytogenes on

stainless steel surface and biotransfer potential. Brazilian Journal

Microbiology, São Paulo, v. 1, p. 97-106, 2010.

Page 90: ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS COMPOSTOS PUROS NO …repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/10636/1/TESE_Óleos... · O uso indiscriminado desses agentes, a fim de proporcionar a segurança

89

OLIVEIRA, M.M.M. et al. Disinfectant action of Cymbopogon sp. Essential oils in different phases of biofilm formation by Lysteria monocytogenes on stainless

steel surface. Food Control,Vurrey, v.1, n.4, p. 549-543, 2010.

OLIVEIRA, M.M.M. et al. Cinnamom essential oil and cinnamaldehyde in the

control of bacterial biofilms formed on stainless steel surface. European Food

Research & Technology, v.234, p. 821-832, 2012.

OUSSALAH, M. S. et al. Inhibitory effects of selected plant essential oils on the

growth of four pathogenic bacteria:E. coli O157: H7, Salmonella typhimurium,

Staphylococcus aureus and Listeria monocytogenes. Food Control, Vurrey,v. 18, p.414-420, 2007.

PAGEDAR, A., SINGH, J. Influence of physiological cell stages on biofilm

formation by Bacillus cereus of dairy origin. International Dairy Journal, Barking, v.23, n.1, p.30-35, 2012.

RHEE, C. et al. Epidemiologic Investigation of a Cluster of Neuroinvasive Bacillus cereus Infections in 5 Patients With Acute Myelogenous Leukemia.

Oxford University Press on behalf of the Infectious, v., 27, 2015.

RAHIMI, E. et al. Bacillus cereus in infant foods: Prevalence study and

distribution of enterotoxigenic virulence factorsin Isfahan Province, Iran.

World's Poultry Science Journal, London, v. 2013, p.1-5, 2013.

SOLOMAKOS, N. et al. The contribution of transcriptomic and proteomics

analysis in elucidating stress adaptation responses of Listeria monocytogenes.

Foodborne Phatogens and Disease, n. 8, v.8, pl 843-852, 2011.

ULTEE, A. et al. Adaptation of the food-boorne pathogen Bacillus cereus to

carvacrol. Archives of Microbiology. n. 4, v. 174, p. 233- 238, 2000.

VERRAES, C. et al. Antimicrobial resistance in the food chain: a review. Int. J.

Environ. Res. Public Health, Basel, v.10, p. 2643e2669, 2013.

WINKELSTROTER, L .K.. et al. Unraveling microbial biofilms of importance

for food microbiology. Microb. Ecology, v. 1, p. 12, 2013.