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Chegamos ao ultimo numero online da OLD em 2011. Pra fechar o ano com chave de ouro temos os portfolios de Alexandre Wittboldt e Hermes dos Reis, alem de uma entrevista fantastica com a Cia de Foto! Aproveitem!

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Tales Sad

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Revista Old Número 06 - Novembro de 2011Equipe Editorial - Felipe Abreu e Paula HayasakiDireção de Arte - Felipe AbreuTexto e Entrevista - Felipe AbreuSocial Media - Pedro TestolinoCapa - Hermes dos Reis

FotografiasAlexandre Wittboldtwww.wittboldt.comCia de Fotowww.ciadefoto.com.brHermes dos Reisflick.com/hermes_exclamacao

EntrevistaCia de Foto

Parceiros:

Fale: [email protected]: www.facebook.com/revistaoldSiga: @revista_old

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Alexandre Wittboldt

Portfolio

Entrevista

Cia de Foto

Hermes Dos Reis

Portfolio

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Chegamos ao final do primeiro ano de vida da OLD. Foram seis edições, mais de cinco mil leitores, quatorze fotógrafos, entrevistas fantásticas e principalmente muita conversa e o sentimento de que o projeto está dando certo e crescendo cada vez mais rápido. No mês de Dezembro chega a segunda OLD impressa, que encerra de vez 2011 pra gente.Para fechar esse ano com chave de ouro estamos com uma edição fantástica! Temos os portfolios de Alexandre Wittboldt e Hermes dos Reis, além de uma entrevista muito especial com a Cia. de Foto.Espero muito que todos gostem da sexta edição da OLD e que nos encontremos no ano que vem, para continuar conversando sobre a nossa fotografia!

Felipe Abreu

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Com

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Alexandre WittboldtPortfolio

Alexandre apresenta para a OLD um projeto fotográfico feito todo na China, apresentando a imensa cidade de Shangai, buscando construir um espaço diferente, muito influenciado pela estética das HQs.

Você ficou dois meses na China e desse período nasceu este ensaio. Como foi essa experiência? Como é registrar uma cultura tão diferente da nossa?

Desde os meus 15 anos, quando fiz Kung Fu, a China ficou em minha cabeça. O oriente é muito incrível. Tudo parece ter uma explicação. Vivenciar a China foi uma experiência única e mágica. No começo me senti bem deslocado e perdido. Sentia até uma certa raiva em alguns momentos. Mas, aos poucos fui entendendo muita coisa e aprendendo com as diferenças. Claro que a China de hoje é, nas suas devidas proporções, bem semelhante

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ao que vemos no ocidente, especialmente nos grande centros. Mas, as diferenças estão lá: vivas e pulsantes! Foi incrível e o ensaio não se limitou apenas a este publicado. Acabei fazendo vários micro-ensaios. Porque, num país com tanta diversidade, é impossível nos limitarmos a apenas uma linguagem.

Não existem rostos neste ensaio e as cenas urbanas não remetem ao nosso imaginário do que é a China. Como foi o contato com esse espaço urbano? Porque a opção de não ter personagens humanos dentro deste trabalho?

Como falei anteriormente, a China é muito diversificada. Tenho várias fotos de personagens deste imenso país. Apesar de ter uma população gigantesca, a China guarda seus vazios. As cidades, por mais populosas que sejam, tem suas lacunas. É estranho estar em um país com tanta gente e ver estes

“buracos”. Mas, isso quebra um pouco esse rótulo de que tem gente em tudo que é lugar. Shanghai tem essa característica também. Lembro-me de precisar pegar um taxi e não conseguir. Lembro-me de estar circulando por lugares quase desertos. O contato com a urbe foi intensa e me sentia completamente à vontade. O fato de não ter muitos personagens humanos apenas surgiu. Quando me deparava com a cidade, pacientemente procurava escolher ângulos e atmosferas que gerassem um certo estranhamento e ao mesmo tempo fascínio. Mas, a presença humana existe sim: seja na forma pura, andando, caminhando pelas ruas, seja na atmosfera da própria cidade.

Este seu ensaio tem um tratamento bastante específico. Quais foram suas inspirações para desenvolver essa estética?

Sou um cara que muitas vezes anda

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devagar quase parando, apesar de ser uma bateria de 220V. Esse caminhar lento tem a ver com a busca por algo que me desperte um algo a mais. Estas fotos, por exemplo, foram feitas em janeiro de 2009 e praticamente agora saíram do forno, da maneira como achei que deveriam ser. Esse é o tal andar quase parando. Penso e reflito muito. Mas, isso não é regra. Muitas vezes tudo sai perfeito de uma vez só. Quando parei e a ficha caiu, notei muito o concreto, o aço. E para mim as fotos funcionariam muito bem da maneira que montei: papel metalizado em superfície de alumínio e acabadas com acrílico. Fiquei testando alguns tratamentos, onde busquei referências em HQ, na cidade em si e no cinema, especificamente uma pegada meio Blade Runner também.

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Qual o papel da arquitetura urbana dentro da construção das suas composições?

Sou super urbano e a arquitetura urbana me atrai muito: pela beleza plástica em si e não apenas a estética. Ah, é bonito. Acho que podemos extrair belas imagens do lixo, da sucata, dos caste-los e palácios. Mas, a arquitetura urbana faz parte de um uni-verso que gosto muito. Tem que estar presente, invariavelmente.

Você apresenta cenas urbanas do país mais populoso do mundo e elas estão pouco povoadas. Como foi a busca por estes espaços?

Os espaços, como falei anteriormente, surgiram nas caminha-das. Nas longas andanças atrás de conhecer e buscar. Sou meio instintivo, pois fotografar apenas tecnicamente é chato. É gostoso fotografar com as veias e o coração e esquecer um pouco o cére-bro. Onde acho que existe algo, por que não puxar o gatilho? Os espaços vieram naturalmente. O que eu fiz foi ordená-los da minha maneira.

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OLD entrevista Cia de Foto

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A OLD conversou com a Cia de Foto no escritório deles em São Paulo. Conversa-mos sobre o trabalho do coletivo, sobre seu planos para o futuro e sobre como eles vêem a fotografia contemporânea.

Vocês revolucionaram o mercado fotográ-fico brasileiro na última década. Como é estar no grupo dos principais fotógrafos brasileiros? O que vocês fazem para con-tinuar nesta posição?

Na verdade nunca foi uma ambição estar entre o grupo dos ditos “melhores”. A ideia de fundar a CIA era a de mostrar nossas ideias, para que elas pudessem ser discutidas, valo-rizadas, trabalhadas…Durante esses 8 anos de CIA, muita coisa foi evoluindo, se adap-tando. E é um retorno legal você estar dizen-do que estamos nesse grupo. Então, fazendo uma coisa que a gente se sente bem, a gente conseguiu um espaço que talvez o Mercado

estivesse pedindo. A gente não inventou nada…é mais uma reação do que uma ação. A gente começou a achar algumas brechas no Mercado e também a não respeitar al-guns paradigmas. A gente navega com muita liberdade nos diversos mercados que a gente atua. Não há problema em transitar entre o Mercado de fotojornalismo, arte, publicidade, porque o que a gente discute é a própria fo-tografia. Se existe alguma regra nesse jogo é a de respeitar nosso desejo inicial e respeitar o nosso objeto de discussão, que é a própria fotografia. O ponto de virada da CIA foi quan-do a gente se deu conta que deveria produzir para a gente mesmo. A gente tem que re-solver as nossas questões: de como a gente vai trabalhar, de como funciona um coletivo: e foi um momento muito importante aqui dentro. Mas há muito tempo que a gente não fica preso só à gente. A gente expande não só para outras áreas, mas também a outras pessoas de fora do coletivo, como músicos,

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cineastas. A gente não se limita a um campo de ação. A CIA tem várias raízes, com uma base forte e diversificada. É um pouco por isso que a gente está onde está.

O trabalho da Cia. está ficando cada vez mais multimídia. Como surgiu este pro-cesso dentro do grupo? Vocês acham que isso é uma tendência no mercado?

Se tivesse que por uma data, diria que nosso momento de virada foi em 2006. E nosso primeiro trabalho: apresentado como coletivo foi o vídeo do “911”e ele já fazia isso: tinha música composta pra ele, um vídeo den-tro dele. A nossa formação dentro da CIA é distinta. Assim como a gente é fotógrafo e consome fotografia como espectador, a gente também consome todas as outras áreas, como música, cinema. A gente tem um con-hecimento como espectador e a gente domi-na uma linguagem que, querendo ou não,

O ponto de virada da CIA foi quando a gente se deu conta que deveria produzir para a gente mesmo. A gente tem que resolver as nossas questões

é base de muitas coisas. Hoje em dia se discute se quando os irmãos Lumiere fizeram o primeiro filme deles, se eles queria ser fotógrafos ou se foi a indústria que depois transformou aquilo em cinema. É natural, pois nunca tivemos preconceito com nada. Não acreditamos no paradigma de que o fotógrafo tem que editar 12 fotos e apresen-tar como ensaio. E então nós pensamos que se a música pode ajudar nosso trabalho,

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por que não podemos convidar alguém para tocar uma música? Hoje em dia a gente trabalha como diretor de filme publicitário. E o papel do diretor é esse, é meio que pensar em tudo. E a CIA é essencialmente, desde o princípio, digital. A gente usou filme 3 vezes na vida. E a gente decidiu experimentar. E desde o começo a gente quis entender esse negócio, estudar. A gente fez curso de Fo-tografia Digital bem no início, em 2004, para entender quais são as possibilidades do digital. Então a gente vai acompanhando o que a tecnologia traz pra gente. De vídeo a gente sempre gostou e quando apareceram câmeras que faziam isso, a gente aderiu. Mas sabe como é, fotógrafo às vezes demora pra incorporar uma coisa nova, eu mesmo tinha um pouco de resistência no começo, mas o Rafael tinha mais contato, fez Audiovi-sual, sabia editar. Acho que o coletivo é isso, cada um agrega um pouco. Se você for pra essência do mundo digital, o mundo binário,

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lá no começo mesmo, o 01, é tudo associa-ção. a fotografia digital, se tratada da forma correta, ela é captada em uma sequência de bits e bites e que depois é transformado por uma interface em uma fotografia. Em um trabalho nosso a gente discute exatamente isso. A gente associou os códigos binários das nossas imagens a música, porque se você for pra essência, você tá na matriz. Isso faz sua cabeça pensar, porque eu estou pensando só fotografia? Na verdade eu to fa-zendo uma associação de que aquilo é uma fotografia.

Acompanho o Flickr de vocês e gosto muito da imagens mais caseiras que aparecem por lá. Como é a relação de fo-tografar/expor a família? E, aproveitando o tema, como foi a produção do Caixa de Sapato?

O caixa de sapato surgiu em 2005/2006,

apesar de a gente já assinar como coletivo, existiam trabalhos individuais de nós três, e muitos autorretratos, o dia-a-dia de uma famí-lia sendo constituída, a balada, os amigos, momentos felizes e tristes. É uma forma de treinar também. Onde você vai treinar se não na sua casa? Experimentar sem nenhuma censura, sem tempo, sem prazo, sem nada. E daí era difícil pra gente se pensar num tra-balho que era um autorretrato coletivo. Então essas imagens estavam aqui dentro,

Onde você vai treinar se não na sua casa? Experimentar sem nenhuma censura, sem tempo, sem prazo, sem nada

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mas escondidas. quando a gente começou a pesquisar esse objeto, a caixa de sapato, todo mundo tinha referência em casa da caixa de sapato com fotos da família, com recortes, lembranças, e a gente usou o flickr como uma caixa de sapato virtual, que todo mundo tem a senha, todo mundo pode subir foto. Tem uma coisa da caixa de sapato que é interessante, que não importa muito quem fez aquelas fotografias. Quando você tem uma caixa dessas na sua família o que importa é a lembrança é ver como as pes-soas eram, como ela ficaram. Importa mais a relação afetiva que você tem com aquilo do que quem foi o fotógrafo. A caixa ela só é ativa quando você abre ela e olha, o evento que se faz em torno disso. Então decidimos criar uma caixa de sapatos que a gente foi alimentando com imagens do nosso cotidiano e o que importa é o que isso vai despertar nas pessoas. Tanto que no começo a gente liberou as imagens para qualquer tipo de uso

só pedindo pras pessoas falarem para que elas iriam usar e ninguém usou pra publici-dade ou nada disso, as pessoas pegavam para colocar no quarto delas, ou porque lembrava alguém da família delas. Então as pessoas se relacionam afetivamente com aquilo. Isso só comprovou uma coisa que a gente já intuía sobre esse tipo de fotografia.Sobre mostrar nossa rotina e nossa família, a gente veio do fotojornalismo e aprendemos nessa escola, em uma linha mais antiga, que o fotojornalista tem que ir longe pra realizar o seu trabalho e pesquisando o mercado de arte e a fotografia estrangeira percebemos que muitos fotógrafos, que a gente admira muito, estavam fotografando as suas famí-lias e amigos dos mais variados jeitos. Com isso a gente juntou o desejo de fazer esse autorretrato coletivo e o desejo de mostrar pro mercado que não precisava ir longe para fazer um trabalho de qualidade, para ter um assunto, tanto que 90% do nosso trabalho

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está ligado à São Paulo. Depois do Caixa de Sapato, e não fui eu que falei isso en-tão tenho uma certa isenção, nós vimos um monte de gente pegando fotos da família e vindo mostrar pra gente, trabalhos novos, de uma geração posterior à nossa indo nessa linha, falando sobre relação com os pais, com a família, etc. talvez a gente tenha dado um empurrão junto com esse questionamen-to sobre o tema. Talvez as pessoas já quises-sem falar sobre o isso mas não achavam que era um assunto relevante, que tivesse valor. Acho que a Cia tem essa relação com a juventude até pelo nosso formato mesmo, por sermos digitais, estarmos perto das faculdades, inseridos nas redes sociais, todo mundo que entra em contato a gente recebe aqui, acho que isso ajudou muito a dissemi-nar esses conceitos. Isso ajuda nosso tra-balho a chegar a muito mais gente. As coisas estão ai pra serem mostradas, a internet está ai, não adianta colocar marca d’água nas

imagens, não adianta esconder o trabalho, porque se não ele não cresce, você não vai receber nenhum resposta sobre ele, a gente tem canais de veiculação do nosso trabalho muito ricos, talvez seja mais legal ter seu tra-balho na internet pra todo mundo ver do que só na galeria.

Vocês tem um trabalho da campanha pela prefeitura de São Paulo que aproveita da multiplicidade da Cia e faz registros simultâneos dos candidatos. Como foi explorar essa “vantagem”? Como fun-ciona a produção de vocês para trabalhos comerciais/pautados considerando este sentido?

A questão do sincronismo é presente em vários trabalhos nossos, ela fica mais explíci-ta no trabalho dos políticos, mas ela também está presente no Caixa de Sapato que tem as três câmeras sincronizadas em um trajeto

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entre as nossas casas, que foi uma semana depois do trabalho dos políticos, dá até pra ver o jornal com as imagens dentro do vídeo. A gente já tinha tentado fazer isso em outro trabalho, sobre a fronteira, mas não deu certo, talvez pelo tema, talvez pelo tamanho do projeto. Quando a Folha convidou a gente pra fazer esse trabalho deu vontade de aplicar essa questão que a gente já vinha pesquisando em uma situação de jornalismo tradicionalíssimo. Até pela questão do fotojor-nalismo ter a questão do momento, da fo-tografia que sintetiza tudo, também é um jeito de veladamente, questionar o fotojornalismo dentro do próprio jornal. Quando você vê a sequência dos candidatos de três ângulos diferentes ao mesmo tempo você questiona qual a parcialidade do fotógrafo. A Marta aparece rodeada de gente em uma das fotos, mas na outra você percebe que é só gente do comitê dela e os fotógrafos, que ajudam a construir essa massa. Depois do final do

a gente percebeu a potência que ele teve e de certa forma conseguimos encerrar um ciclo dentro da Cia, com a questão do sin-cronismo, do fotojornalismo, de tudo isso. Mas assim como tudo que sai da Cia já era uma pesquisa que a gente estava fazendo aqui dentro que a gente percebeu que era o momento certo de divulgar essa questão. Tanto que depois a gente aplica imediata-mente no Caixa de Sapato. E vai ser feito desse jeito, cada um segue na sua casa se encontrando e depois separando. E a coisa do trabalho comercial, a gente trabalha muito sob encomenda. Os trabalhos políticos são trabalhos sob encomenda que a gente re-solveu aplicar uma ideia que era uma ideia que já estava presente aqui. Isso é uma coisa que a gente faz muito, muito dos nos-sos trabalhos surgem de uma demanda comercial, direta ou indiretamente. Esse trabalho das pessoas chorando começou de uma pesquisa que a gente tava fazendo em

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um banco de imagens, de retratos em es-túdio, a gente começou a experimentar luz com nossa assistente, Alexia, fazendo um estudo de luz, daí o Pio brigou com a Alexia e ela chorou..Daí fizemos a foto e pronto: temos um ensaio. A gente tem essa coisa, tem um treino. O carnaval que eu acho que tem um trabalho que está mais exposto, o João estava trabalhando para a Ivete San-galo e aproveitou e fez aquele ensaio. Você só chega naquele lugar daquele jeito. Subir no trio elétrico da Ivete Sangalo deve ser uma das coisas mais difíceis que existem. Tem meia dúzia de convidados Vips, cada fotografo da imprensa pode ficar 5 minutos lá em cima. Mas a gente estava lá fotografando ela. Se você quisesse e tivesse essa ideia de fotografar a galera olhando pra cima, pro trio elétrico da Ivete Sangalo, como você faria? Então a gente tem esse treino para aproveitar situações e como a gente vive o tempo inteiro, as idéias tão sempre por aqui,

de repente a gente se vê numa situação e pensa: dá pra aplicar isso. E a demanda comercial de alguma forma leva a gente para lugares inimagináveis. 90% do que conheço hoje é porque eu sou fotógrafo. A fotografia te leva a lugares que normalmente você não iria.

Quando você vê a sequência dos candidatos de três ângulos diferentes ao mesmo tempo você questiona qual a parcialidade do fotógrafo.

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Hermes dos ReisPortfolio

Hermes é aluno de Artes plásticas na USP e apresenta na OLD um portfolio urbano, feito todo com filme, construindo um mundo próprio, que transita entre o público e o privado, descontruindo todo o mundo do fotógrafo.

Como surgiu a fotografia dentro do seu caminho pelas artes plásticas?

Surgiu comumente, tive um bom professor,que soube mostrar o lado insti-gante; que caminha ao lado do desenho de observação, no meu processo.Digo da parte de sair e ver o mundo!

Todas as imagens que você mandou foram feitas com filme colorido e poste-riormente digitalizadas, certo? Como é a sua relação com o processo fotográfico analógico?

Definidora, ainda não entrei no processo digi-tal propriamente.Penso mesmo pelo viés do grão-luz e das 36 poses somente.

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Como você encara o ajuste de cores e tons de uma fotografia na pós? Esse é um fator importante dentro da sua produção?

Presente.Na maioria das vezes tento tra-balhar na chave das possibilidades que o processo analógico me daria,e isso ainda me ensina muito.

Qual a importância pra você de incluir família e amigos dentro da sua produção fotográfica?

Busco fotos sinceras. Nesse sentido o cos-tumeiro ganha significado, família e amigos ganham importância, acho que tudo ganha.

Suas imagens apresentam um cotidiano urbano que parece ser extraído, em grande parte, do seu dia-a-dia. Você cos-tuma fotografar sempre? Escolhe um tema e sai em busca dele? Como é sua produção fotográfica?

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Fotografo sempre, o objetivo; não sair do lado da câmera. Morei no centro minha vida toda, então é mesmo meu dia-dia.Várias vezes saio a esmo, ou a algum lugar onde o cotidiano esteja acontecendo e enxergo até a foto se mostrar presente.

Você criou com suas fotografias um mundo distópico, escuro, em que nada é o que realmente parece. Você vê sua cidade assim? Este é sempre seu desejo ao fo-tografar?

Tento não ter muitos precedentes.A realidade é sempre nova e sem destino claro, talvez por isso o distópico.O escuro também é uma forma de falar da luz penso, de dizer da sua presença. No todo não acho que sejam só escuras. Tem muito a ver com a lente que eu uso também, uma 50mm.Prefiro pensar que o que parece não seja o que realmente é. Há de fato algo mais pro-fundo acontecendo. Meu desejo em fotogra-far é ser e estar presente, tento ter isso sempre claro.

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Mande seu portfolio para [email protected]

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