oficio circular n° 17/2017/drei/sempe a todos os … · 2019-09-03 · oficio circular n°...

47
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa Departamento de Registro Empresarial e Integração SAUS Quadra 2, Lote 1/A, Brasília (DF) - CEP: 70.070-020 Fone: (61) 3411-8320 - E-mail: [email protected] Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS Assunto: Cumprimento de decisão judicial transitada em julgado. Senhores Presidentes, 1. É cediço que toda lei ou ato normativo anterior à Constituição e que de forma incontroversa não a afronte é por ela recepcionado. Havendo controvérsia razoável quanto à recepção de determinada norma cabe ao Supremo Tribunal Federal — STF decidir a questão, nos termos do art. 102, § 1° da Constituição de 1988, regulamentado pela Lei n° 9.882, de 1999, por meio de Ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental — ADPF. Constituição Federal Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: § 1.° A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. Lei n° 9.882 Art. 1° A argüição prevista no § 1° do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição; 2. Neste contexto, pela via eleita constitucionalmente não há decisão proferida pelo STF, no sentido de que a alínea "e" do art. 3° do Decreto n° 13.609, de 21 de outubro de 1943, não tenha sido recepcionado pela atual Constituição. 3. Pelo exposto e por força do inciso III do art. 4° da Lei n° 8.934, de 1994, este Departamento regulamentou o Decreto n° 13.609 por meio da Instrução Normativa DREI n° 17, de 2013. Vejamos:

Upload: others

Post on 19-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa

Departamento de Registro Empresarial e Integração SAUS Quadra 2, Lote 1/A, Brasília (DF) - CEP: 70.070-020

Fone: (61) 3411-8320 - E-mail: [email protected]

Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE

Brasília, 5 de maio de 2017.

A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

Assunto: Cumprimento de decisão judicial transitada em julgado.

Senhores Presidentes,

1. É cediço que toda lei ou ato normativo anterior à Constituição e que de forma incontroversa não a afronte é por ela recepcionado. Havendo controvérsia razoável quanto à recepção de determinada norma cabe ao Supremo Tribunal Federal — STF decidir a questão, nos termos do art. 102, § 1° da Constituição de 1988, regulamentado pela Lei n° 9.882, de 1999, por meio de Ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental — ADPF.

Constituição Federal Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda

da Constituição, cabendo-lhe:

§ 1.° A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

Lei n° 9.882 Art. 1° A argüição prevista no § 1° do art. 102 da Constituição Federal será

proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.

Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental:

I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição;

2. Neste contexto, pela via eleita constitucionalmente não há decisão proferida pelo STF, no sentido de que a alínea "e" do art. 3° do Decreto n° 13.609, de 21 de outubro de 1943, não tenha sido recepcionado pela atual Constituição.

3. Pelo exposto e por força do inciso III do art. 4° da Lei n° 8.934, de 1994, este Departamento regulamentou o Decreto n° 13.609 por meio da Instrução Normativa DREI n° 17, de 2013. Vejamos:

Page 2: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

(Continuação do Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE)

Decreto n° 13.609 Art. 30 O pedido de inscrição será instruido com documentos que comprovem:

e) a residência por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o ofício;

Instrução Normativa DREI n° 17 Art. 12. O pedido de inscrição será instruido com documentos que comprovem:

(—) VI - ser residente por mais de um ano na unidade federativa onde pretenda exercer o oficio;

4. Este Departamento, por meio do Memorando n. 00284/2017/CRACPR-1/PRU5R/PGU/AGU da Procuradoria-Geral da União da 5' Região (em anexo), recebeu comando para cumprir o acórdão transitando em julgado proferido nos autos do processo n° 0007892-90.2012.4.05.8300 (em anexo) para:

C.) (2) excluir a exigência de domicílio/residência prévia na unidade federativa onde pretenda exercer o ofício como requisito de inscrição ou de exercício da função de tradutor.

5. Informamos que a Instrução Normativa DREI n° 17, de 2013, encontra-se em processo de revisão e que a determinação judicial acima mencionada será contemplada no texto da nova instrução normativa.

6. Dessa forma, a partir desta data, por força da referida decisão do Tribunal Regional Federal da 53 Região as Juntas Comerciais estão desobrigadas de observar o disposto no inciso VI do art. 12 da Instrução Normativa DREI n° 17, de 2013.

7. Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Atenciosamente,

AMANDA MESQUITA SOUTO Coordenadora DREI/SEMPE

CONRADO VITOR LOPES FERNANDES Diretor

DREI/SEMPE

Page 3: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO

PROCURADORIA-REGIONAL DA UNIÃO DA 5P REGIÃO COORDENAÇÃO REGIONAL DE ATOS E CONTRATOS ADMINISTRATNOS, PATRIMÓNIO E RESIDUAL - 1

AV. HERCULANO BANDEIRA, 716 PINA - RECIFE/PE CEP 51.110-130 TELEFONE: (81) 2128-1200

MEMORANDO n. 00284/2017/CRACPR-1/PRU5R/PGU/AGU

Recife, 03 de maio de 2017.

A Sua Senhoria o Senhor Consultor Jurídico do Ministério do Desenvolvimento. Indústria e Comércio Exterior Esplanada dos Ministérios, Bloco "j" Brasília, DF, 70053-900

Assunto: Solicita cumprimento de decisão judicial transitada em julgado

Senhor Consultor,

No interesse da União, solicito o cumprimento do acórdão transitado em iulaado proferida nos autos do processo n.2 0007892-90.2012.4.05.8300, no ensejo de que remeto o anexo parecer de força executória, instruído com cópia da petição inicial, das principais decisões judiciais, nota interna e certidão de trânsito em julgado.

Requesto seja enviado em 05 dias, o comprovante da adoção das providências administrativas pertinentes.

Para tanto, segue, em anexo, cópia da petição inicial.

Processo n2. 0007892-90.2012.4.05.8300 (NUP: 00418.007935/2016-91) Juizo: 62 Vara Federal/PE Autor (a): Ministério Público Federal Ré (u): UNIÃO e JUCEPE

Atenciosamente,

Mariana Ferreira Cavalcanti Melo Advogada da União AGU/PRU 52 Região

*MENCIONAR NA RESPOSTA OS NOMES DAS PARTES, O NÚMERO DO OFÍCIO E O DO PROCESSO EM EPÍGRAFE.*

Documento assinado eletronicamente por MARIANA FERREIRA CAVALCANTI MELO, de acordo com os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 40460912 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): MARIANA FERREIRA CAVALCANTI MELO. Data e Hora: 03-05-2017 10:44. Número de Série: 102478721689992759803725881355870965609. Emissor: AC OAB G2.

Page 4: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO

PROCURADORIA-REGIONAL DA UNIÃO DA 5° REGIÃO COORDENAÇÃO REGIONAL DE ATOS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS, PATRIMÔNIO E RESIDUAL - 1

AV. HERCULANO BANDEIRA, 716 PINA - RECIFE/PE CEP 51.110-130 TELEFONE: (81) 2128-1200

PARECER DE FORÇA EXECUTDR1A n. 00103/2017/CRACPR-1/PRU5R/PGLUAGU

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO

Ação Civil Pública n°. 0007892-90.2012.4.05.8300 Autor (a): Ministério Público Federal Ré (u): UNIÃO e JUCEPE

II. DO ASSUNTO/OBJETO DO PROCESSO

Juízo: 6g Vara FederaVPE

Nos autos da ação civil pública em referência, ajuizada pelo Ministério Público Federal em face da União e da Junta Comercial do Estado de Pernambuco - JUCEPE por meio da qual pleiteou o afastamento da exigência de domicílio ou residência prévia como requisito previsto no edital para seleção pública de interpretes/tradutores juramentados.

Em relação à União, requereu fosse o ente condenado a abster-se de impor penalidades à JUCEPE em razão da extinção da exigência, bem como fosse determinada a alteração dos seus atos normativos infralegais, em especial da Instrução Normativa DNRC n.° 84, de 29/02/2000, a fim de excluir tal exigência.

A sentença julgou improcedente os pedidos, tendo o MPF apresentado recurso de apelação, que veio a ser provido pelo Tribunal Regional Federal da 5g Região por meio do acórdão, cuja ementa se transcreve:

"EMENTA: CONSTMJCIONAL ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REMESSA OFICIAL PROCESSO SELETIVO PARA HABIUTAÇÃO DE TRADUTOR JURAMENTADO. EXIGÊNCIA. SER O CANDIDATO RESIDENTE POR MAIS DE UM ANO NO ESTADO DE PERNAMBUCO. DECRETO NI9 13.609/43. ARE 39, ALÍNEA E. NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. ART. 37, 1 DA CARTA MAGNA. PLENA ACESSIBILIDADE E IGUALDADE DE OPORTUNIDADE AOS BRASILEIROS. APELAÇÃO PROVIDA. 1. Ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal visando a condenação da JUCEPE em não fazer constar, em suas futuras seleções para habilitação de tradutor, exigência de residência ou domicílio prévio como requisito de inscrição ou de exercício da função, bem como a que a UNIÃO FEDERAL seja condenada a não sancionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento da ordem.

2. Conhece-se da remessa oficial, por se aplicar ao caso em apreço o art. 19 da Lei n9 4.717/65 (Lei da Ação Popular).

3. Registre-se a legitimidade do Ministério Público Federal para atuar no controle da legalidade do processo seletivo em apreço, eis que o serviço é de natureza federal, delegado pela União por intermédio do Ministério da Indústria e Comércio.

4. Nos termos do art. 38 do Decreto n9 13.609/43, o Ofício de Tradutor Público e Intérprete Comercial será exercido, no país, mediante concurso de provas e nomeação concedida pelas Juntas Comerciais ou órgãos encarregados do registro do comércio e o pedido de inscrição no certame será instruído com documento que comprove a residência por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o ofício.

5. Tendo em vista o princípio da isonomia, sufragado pela Constituição Federal no art. 59, assim como em face da plena acessibilidade e igualdade de oportunidade aos brasileiros, asseguradas pelo art. 37, I, da Carta Magna, tem -se que a alínea e, do art. 39 do Decreto n9 13.609/43 não foi recepcionada pela Constituição de 1988.

6. Recurso de apelação do MPF e remessa oficial providos.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5Q Região, por unanimidade, dar provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento. Recife, 29 de agosto de 2013 (Data do julgamento)

JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

Relator"

Contra referido acórdão foram interpostos pela União embargos de declaração, recurso rejeitado pelo Quinto Regional.

Tendo em vista que a exigência de residência/domicílio prévio está sob a disciplina de atos normativos infralegais, revelou-se incabível a interposição de recurso especial e extraordinário, os quais

Page 5: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

somente poderiam versar sobre aplicação de lei federal em sentido estrito e da Constituição.

Assim sendo, o acórdão transitou em julgado em 06.12.2016.

Foi requerido então pelo MPF o cumprimento do acórdão transitado em julgado, segundo o qual incumbe à União: (1) abster-se de sancionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento do acórdão e (2) excluir a exigência de domicílio/residência prévia na unidade federativa onde pretenda exercer o ofício como requisito de inscrição ou de exercício da função de tradutor.

Pugnou pelo pagamento da muita diária em caso de descumprimento.

O MM juízo da 6a VF/PE determinou o cumprimento da obrigação de não-fazer no prazo de 15 dias.

III. DA FORÇA EXECUTORIA

O Acórdão transitou em julgado em 06.12.2016, consoante certidão emitida pelo TRF-52 Região.

Assim sendo, é dotado de plena exequibifidade, devendo ser integralmente cumprido e, neste sentido, deve o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio adotar as providências administrativas necessárias para a alteração dos atos normativos infralegais a fim de excluir a exigência mencionada, abstendo-se de sancionar a JUCEPE pela exclusão da exigência.

IV. DOS DOCUMENTOS ANEXOS

Cópia da petição inicial, sentença, acórdãos, nota interna, certidão de trânsito em julgado e pedido de cumprimento de sentença.

Recife, 03 de maio de 2017.

Marlene Ferreira Cavalcanti Melo Advogada da União

Documento assinado eletronicamente por MARLANA FERREIRA CAVALCANTI MELO, de acordo com os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 40460911 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): MARIANA FERREIRA CAVALCANTI MELO. Data e Hora: 03-05-2017 10:36. Número de Série: 102478721689992759803725881355870965609. Emissor: AC OAB G2.

Page 6: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

PROCURADORIA-REGIONAL DA UNIÃO - 5a REGIÃO

NOTA INTERNA N. $2O16

PROCESSO No: 0007892-90.2012.4.05.8300 (APELREEX28138-PE)

APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

APELADO : JUCEPE - JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO

APELADO : UNIÃO

Sra. Coordenadora

Cuida-se de apelação interposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em

face de sentença que julgou improcedente o pedido referente à abstenção da JUCEPE

quanto à exigência de residência ou de domicilio prévio como requisito na seleção para

habilitação de novos tradutores/interprétes, extinguido a Ação, nos termos do art. 269, I,

CPC. Por se tratarem de pedidos sucessivos, o pedido alusivo à abstenção da União em

aplicar eventual penalidade à JUCEPE resta prejudicado.

O c. TRF deu provimento à apelação do MPF em acórdão assim ementado:

EMENTA: CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REMESSA OFICIAL. PROCESSO SELETIVO PARA

HABILITAÇÃO DE TRADUTOR JURAMENTADO. EXIGÊNCIA. SER O

CANDIDATO RESIDENTE POR MAIS DE UM ANO NO ESTADO DE

PERNAMBUCO. DECRETO No 13,609/43. ART. 30, ALÍNEA E. NÃO

RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIO DA ISONOMIA.

ART. 37, I, DA CARTA MAGNA. PLENA ACESSIBILIDADE E IGUALDADE

DE OPORTUNIDADE AOS BRASILEIROS. APELAÇÃO PROVIDA.1. Ação

civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal visando a

condenação da JUCEPE em não fazer constar, em suas futuras seleções

para habilitação de tradutor, exigência de residência ou domicili

1

Page 7: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

prévio como requisito de inscrição ou de exercício da função, bem como

a que a UNIÃO FEDERAL seja condenada a não sancionar a JUCEPE em

decorrência do cumprimento da ordem.2. Conhece-se da remessa

oficial, por se aplicar ao caso em apreço o art. 19 da Lei no 4.717/65

(Lei da Ação Popular). 3. Registre-se a legitimidade do Ministério

Público Federal para atuar no controle da legalidade do processo

seletivo em apreço, eis que o serviço é de natureza federal, delegado

pela União por intermédio do Ministério da Indústria e Comércio. 4. Nos

termos do art. 30 do Decreto no 13.609/43, o Ofício de Tradutor Público

e Intérprete Comercial será exercido, no país, mediante concurso de

provas e nomeação concedida pelas Juntas Comerciais ou órgãos

encarregados do registro do comércio e o pedido de inscrição no

certame será instruído com documento que comprove a residência por

mais de um ano na praça onde pretenda exercer o ofício. 5. Tendo em

vista o princípio da isonomia, sufragado pela Constituição Federal no

art. 50, assim como em face da plena acessibilidade e igualdade de

oportunidade aos brasileiros, asseguradas pelo art. 37, I, da Carta

Magna, tem -se que a alínea e, do art. 30 do Decreto n°13.609/43 não

foi recepcionada pela Constituição de 1988.6. Recurso de apelação do

MPF e remessa oficial providos.

A União opôs embargos declaratários, os quais não foram conhecidos.

Contra a decisão acima transcrita, em acordo com a Constituição de 1988,

Código de Processo Civil e demais diplomas aplicáveis à espécie, seria oponível Recurso

Especial e/ou Extraordinário, desde que, obviamente, estejam presentes os requisitos

indispensáveis à interposição destes recursos, que devem ser demonstrados previamente

nas suas razões.

Contudo, não são os recursos extremos instrumentos hábeis para se discutir

tal matéria.

Inicialmente, por se tratar de questão infraconstitucional, incabível a

insurgência por meio do recurso extraordinário.

Observa-se, assim, que no caso, o recurso oponível seria o Recurso Especial,

desde que, obviamente, estivessem presentes os requisitos indispensáveis à interposição

do mesmo, que devem ser demonstrados previamente nas suas razões. Porém, parece-

2

Page 8: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

me inexistir tais requisitos.

Um dos requisitos indispensáveis à propositura de tais recursos é o

prequestionamento. Este se faz necessário na medida em que possibilita ao tribunal ad

quem conhecer dos pontos controvertidos, por ocasião da apreciação do recurso. Se as

questões não forem suscitadas nas razões ou contra-razões do recurso, ocorre a preclusão,

não havendo, assim, a possibilidade de conhecimento da matéria pelo tribunal.

In casu, no que tange ao requisito mencionado, é de se observar que a

matéria objeto da presente ação não está fundamentada em dispositivo legal,

caracterizando assim a inviabilidade da pretensão recursal da União.

O argumento da União está calcado no art. 4a da Instrução Normativa N° 84

do DNRC. Ocorre que referidas normas de cunho infralegal não são aptas a ensejar a

interposição de recurso especial por não se enquadrarem no conceito de lei federal previsto

no art. 105, III, da Constituição Federal.

De fato, o oficio de tradutores juramentados encontram-se sob o pálio das

Juntas Comerciais, instaladas em todos os Estados Federados e subordinadas duplamente:

administrativamente aos governos estaduais e tecnicamente ao Departamento Nacional de

Registro do Comércio - DNRC.

A norma que embasa o oficio é a Instrução Normativa 84 do DNRC, de 29

de fevereiro de 2000, que "dispõe sobre a habilitação, nomeação e matricula e seu

cancelamento de Tradutor Público e Intérprete Comercial e dá outras providências".

No entanto, a Instrução Normativa no 84, de 29 de fevereiro de 2000

estabelece a necessidade de que o postulante a tradutor e interprete estejam residindo a

mais de 1 ano no local em que desejem exercer suas profissões. Vejamos:

Art. 40 O pedido de inscrição será instruido com documentos que

comprovem:

I - ter a idade mínima de 21 anos;

II - ser cidadão brasileiro;

III - não ser empresário falido não reabilitado;

IV - não ter sido condenado por crime, cuja pena importe em demissão

de cargo público ou inabilitação para o exercer;

Page 9: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

V - não ter sido anteriormente destituído do ofício de Tradutor Público e

Intérprete Comercial;

VI - ser residente por mais de um ano na unidade federativa onde

pretenda exercer o ofício;

VII - estar quites com o serviço militar e eleitoral;

VIII - a identidade.

§ 10 A apresentação da documentação a que se refere este artigo poderá,

opcionalmente, ser exigida em outra oportunidade, desde que anterior à

nomeação dos candidatos aprovados.

§ 20 No caso do parágrafo anterior, o candidato, no ato da inscrição,

declarará a sua situação em relação a cada item especificado no art. 40 e

que, para sua nomeação, assume o compromisso de comprovar as suas

declarações por meio de documentos hábeis, exigidos no Edital.

§ 30 Constatada a inexatidão de afirmativas ou irregularidade de

documentos, ainda que verificada posteriormente, ficará o candidato

eliminado do Concurso, anulando-se todos os atos decorrentes da

inscrição, não tendo o candidato direito a devolução da taxa de inscrição.

Quanto à aplicabilidade de normas infralegais, não há possibilidade de discussão

da matéria em sede dos recursos excepcionais, já que os mesmos se prestam tão somente

a discussão de matéria legal e constitucional.

A respeito da impossibilidade de interposição de recurso especial por ofensa a

normas infralegais, eis o entendimento do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO

ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. TRANSPORTE

INTERMUNICIPAL DE PASSAGEIROS. SUPERLOTAÇÃO. MÁ PRESTAÇÃO

DO SERVIÇO. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO CPC/73. VIOLAÇÃO

À INSTRUÇÃO NORMATIVA. NORMA QUE NÃO SE ENQUADRA NO

CONCEITO DE LEI FEDERAL PREVISTO NO ART. 105, III, A, DA CF.

TRIBUNAL LOCAL QUE RECONHECEU COMPROVADO O ATO ILÍCITO, O

DANO E O NEXO DE CAUSALIDADE. REFORMA DO JULGADO. SÚMULA

No 7 DO ST). VERBA REPARATORIA. REDUÇÃO. DESNECESSIDADE.

OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA

PROPORCIONALIDADE.

1. Inaplicabilidade do NCPC neste julgamento ante os termos do

Enunciado Administrativo no 2 aprovado pelo Plenário do STJ na

4

Page 10: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no

CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016)

devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele

prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do

Superior Tribunal de Justiça.

2. A jurisprudência desta Corte firmou o entendimento de que

o recurso especial não constitui via adequada para análise de

ofensa a resolução, portaria, regimento interno ou instrução

normativa, por não estarem tais atos normativos compreendidos

na expressão de lei federal, consoante a alínea a do inciso III do

105 da CF.

3. O Tribunal local, soberano na análise do conjunto fático-

probatório da causa, reconheceu estar comprovado o ato ilícito, o

evento danoso e o nexo de causalidade entre eles, sendo devido o

pagamento da reparação por dano moral. A reforma desse

entendimento esbarra no óbice contido na Súmula no 7 do STJ.

4. A Corte de origem, ao manter o valor da reparação moral em R$

6.000,00 (seis mil reais), o fez em atenção aos princípios da

proporcionalidade e da razoabilidade, observando o grau de culpa, o nível

sócio-econômico da parte ofendida, o porte do ofensor, e, ainda,

levando em consideração as circunstâncias do caso, sendo, portanto,

inviável sua alteração nesta Corte Superior, que não é terceira instância

recursal.

5. Agravo regimental não provido.

(AgRg no AREsp 781.308/SC, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA

TURMA, julgado em 20/09/2016, Die 30/09/2016)

Portanto, resta concluir pela falta de interesse em recorrer da decisão em tela,

inexistindo prejuízo ou razões jurídicas que possam sustentar eventual recurso,

considerado o próprio deferimento administrativo do pedido formulado.

Sendo assim, diante do exposto, submeto à apreciação de Vossa Senhoria a

presente Nota, para solicitar dispensa de interposição de recurso contra a decisão em

questão.

cuP" ci° • JRecife, 01 de novembro O

Page 11: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

MARIA CAROLINA SCHEIDEGGER NEVES e

Advogada da União

6

Page 12: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

C'

20 24055300

4INISTÉRIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO

52 OFICIO DA TUTELA COLETIVA

xcelentissimo(a) Senhor(a) Juiz(íza) Federal da Vara em

ernambuco:

ANIFESTAÇÃO (Ação Civil Pública) no 5.875/2012

ef. Procedimento Administrativo n2 1.26.000.002974/2011-27

09600121

7:25

5 100

5620

1

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da

epública ao final assinado, no desempenho de suas atribuições

c nstitucionais e legais, com fundamento no procedimento administrativo em

anexo, e com fulcro nos artigos 127, caput, 129, III, da Constituição Federal e

ti

mbém na Lei Complementar na 75, de 20 de maio de 1993 (Lei Orgânica do

inistérlo Público da União), art. 6°, VII, d, vem propor a presente AÇÃO

IVIL PÚBLICA em face de:

JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO -

JUCEPE, autarquia estadual, sediada na Rua Imperial, n0

1.600, Bairro de São José, Recife/PE, CEP: 50.090-000;

UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno,

representada para este fim pela Advocacia-Geral da União em

Pernambuco, com endereço na Av. Herculano Bandeira, n°716,

Pina, Recife/PE,

i

elos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

Page 13: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

MINISTER PROCURA MANIFEST

I - DOS

O PÚBLICO FEDERAL ORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO

AO (Ação Civil Pública) n° 5.875/2012

FATOS

A presente ação está lastreada no Procedimento Administrativo n.

1.26.00'.002974/2011-27 (anexo), instaurado nesta Procuradoria da República em

face de epresentação formulada inicialmente ao serviço de denúncias do Ministério

Público stadual, posteriormente remetida a este parquet em razão da natureza da

matéria.

Cuida-se de irregularidade verificada em Processo Seletivo Simplificado

para Ha 'litação de Tradutor-Juramentado, promovido pela JUCEPE, consubstanciado

na inconstitucional exigência de ser o candidato residente por mais de um ano no

Estado d Pernambuco. v

Considerando-se que a irregularidade é pertinente ao provimento de

função ssencial ao registro de comércio,' e que este é serviço de natureza federal,

delegad pela União por meio do Ministério da Indústria e Comércio, tem o Ministério

Público ederal legitimidade para atuar no controle da legalidade do respectivo

processo seletivo, ajuizando a ação para corrigir eventual vício no seu foro natural,

que é a.Justiça Federa12.

Além do mais, a ação é proposta também em desfavor da União, tendo

em vista que a exigência ora combatida foi inserida no edital em razão de orientação

ilegal c ntida em Instrução Normativa do Departamento Nacional de Registro do

Comérci , órgão pertencente à estrutura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria

e Comer io Exterior.

Esclarece o MPF, por fim, que ao aportar a representação nesta

oria da República, em 29 de novembro de 2011, já haviam sido realizadas

fases do processo seletivo então em andamento (edital n0001/2011, de 16

1 Tradut r Público e Intérprete Comercial são agentes auxiliares do comércio, dando fé pública às traduções ou versões por eles feitas de documentações empresariais, certidões, contratos sociais e procurações

( tt • ' WW..uce Ne we • ov.br acessada em 29/3/2012) 2 "AÇÃO IVIL PÚBLICA PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

ART. 1O, I E §30 DA CONSTITUIÇÃO. ART. 20 DA LEI No 7.347/85. (Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgameito do RE 228955-9/RS, DJ de 14.04.2000, pág. 56),

Procura

todas as

Page 14: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

3 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURA ORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO MANIFEST ÇAO (Ação Civil Pública) if 5.875/2012

de junh de 2011), inclusive com a divulgação do resultado final em 16 de novembro

de 2011 , razão pela qual o MPF não pleiteará nesta ação a anulação do referido

certame limitando-se a presente ACP a perseguir provimento jurisdicional que

assegur seja expurgada a exigência ilegal nas futuros processos seletivos

promovi os pela autarquia demandada, bem como que a União se abstenha de

sancioná-la pela inobservância da regra em tela e adote providências para excluir a

orientaç o ilegal de seus atos normativos infralegais.

Assim age o MPF em homenagem ao princípio da segurança jurídica e

da proporcionalidade, considerando-se o elevado ônus que seria imposto aos

candidat

ser anui

outros n

lisura.

s que regular e efetivamente se submeteram ao concurso acaso viesse ele a

do. Também levou em conta o MPF o fato de não existir noticias de vícios

referido processo seletivo, que pudesse de alguma forma comprometer sua

II - DO IREITO

Público

ao pedid

exercer

Normati

de Com

O

O Decreto no 13.609/43 que regulamenta o oficio para Tradutor

Intérprete Comercial, em seu art. 30, alínea "e", estabelece como requisito

de inscrição a residência por mais de 1 (um) ano na praça onde pretenda

oficio'. Referido Decreto, por seu turno, inspirou a edição da Instrução

a no 84, de 29 de fevereiro de 2000, do Departamento Nacional do Registro

cio, que assim dispôs em seu art. 40, VI:

Art. 40 O pedido de inscrição será instruido com documentos que comprovem:

vi (••.)

- ser residente por mais de um ano na unidade federativa onde pretenda exercer o oficio; (••.)

estrito e

question

Como se vê, a esdrúxula exigência não é prevista em lei em sentido

não há qualquer justificativa plausível para a instituição do discrímen ora

do.

3 htto:4www.institutocidades.org.bil, acessada em 29/3/2012) 4 Art. 3°0 pedido de inscrição será instruído com documentos que comprovem:

e) a resi ência por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o oficio;

Page 15: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

MIN/STÉR O PÚBLICO FEDERAL PROCURA OR/A DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO MANIFEST ÇA0 (Ação Civil Pública) n'a 5.875/2012

Cediço que os princípios e normas constitucionais referentes à

Adminis ração Pública e ao concurso público aplicam-se, no que couber, às seleções

simplific das promovidas pela Administração Pública, dentre elas a que assegura a

plena a essibilidade e igualdade de oportunidade aos brasileiros, estatuídas no árt.

37, I:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;

Ainda que se admita, ad argumentandum, que as regras acima não se

aplicam à função de tradutor das Juntas Comerciais, por não se tratar de cargo,

empregs ou função pública, tem-se que a exigência questionada viola o art. 50, XIII,

da Cons ituiçãos, na medida em que cria obstáculos ao exercício profissional sem

previsão de lei.

acesso,

cargo, e

(Somente a lei em sentido estritd pode estabelecer as limitações de

ainda assim por motivos plenamente justificados em razão da natureza do

prego ou função.

Alexandre de Moraes ensina que "Os cargos, empregos e funções

públicas são acessíveis aos brasileiros, natos ou naturalizados, aos portugueses

equipara dos que preencham os requisitos estabelecidos em lei e, desde a

promulg ção da Emenda Constitucional no 19, em 04-06-1998, aos estrangeiros, na

forma à lei, sendo vedada qualquer possibilidade de discriminação abusiva, que

desresp ite o princípio da igualdade, por flagrante inconstitucionalidadesh6

5 Art. 50 todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangéiros residentes no País a Inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)

gxIII - é ivre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissãoyatendidas as qualificações profissionais que a lei estabele er;

6 De Mo es, Alexandre. Direito Constitucional. Décima Nona Edição. São Paulo. Alias. p. 315.

1 (

Page 16: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

MINISTÉT PÚBLICO FEDERAL PROCUFtA ORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO MANIFEST ÇÃO (Ação Civil Pública) n2 5.875/2012

O mesmo autor define bem o objetivo do princípio constitucional da

isonomi : "Dessa forma, o que tal principio veda são as diferenciações arbitrárias, as

discrimi ações absurdas, pois, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida

em que e desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de Justiça.'a

O caso em tela retrata justamente uma discriminação absurda,

imposta, ainda por cima, por meio de ato infralegal.

Observe-se, além do mais, que a exigência de domicílio é feita para se

canclidat r à função, nem ao menos é feita para o seu efetivo exercício, hipótese em

que ainda se poderia tentar argumentar no sentido de que a proximidade física do

prestad de serviço traria o benefício de maior disponibilidade. Mas mesmo esse

argume to não procede. De fato, uma coisa é exigir a presença do servidor no

expedia te de trabalho; outra, totalmente descabida, é exigir que ele more perto do

trabalho Por exemplo, se a pessoa decide morar na Paraíba e trabalhar no Recife, não

é assunts da alçada da Administração, que deve cuidar apenas de sua assiduidade ao

trabalho

A disposição normativa questionada, a toda evidência, desrespeita a

situação de isonomia estabelecida na Constituição para os brasileiros (art. 59,

situação essa que somente pode ser excepcionada nos casos em que o elemento de

discríme seja essencial para o exercício do cargo, função ou emprego.

Mas não é só. A exigência ora impugnada atenta contra o princípio

constitucional da eficiência, na medida em que restringe a competição, com reflexos

inequívocos no objetivo de seleção de pessoas mais qualificadas.

Inserido pela Emenda Constitucional no 19/98, também citado pela Lei

no 9.784, art. 20, caput, o princípio da eficiência da Administração Pública nas

palavras

impõe a

do renomado Professor Hely Lopes Meireles: "Dever de eficiência é o que se

todo agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e

rendimento funcional. É o mais moderno principio da função administrativa, que já

não se çontenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados

7 De Mores, Alexandre. Direito Constitucional. Décima Nona Edição. São Paulo. Atlas. p. 31.

Page 17: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCUFtlx0RIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO MANIFEST ÇA0 (Ação Civil Pública) nR 5.875/2012 •

positivos

com unid

para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da

de e de seus membros."'

Ainda sobre tal princípio, o autor disp5e: "A eficiência funcional é, pois,

consider da em sentido amplo, abrangendo não só a produtividade do exercente do

cargo o da função como a perfeição do trabalho e sua adequação técnica aos fins

visados ela Administração, para o quê se avaliam os resultados, confrontam-se os

desemp nhos e se aperfeiçoa o pessoal através de seleção e treinamento.

Assim, verificação da eficiência atinge os aspectos quantitativos e qualitativos do

serviço, ara aquilatar do seu rendimento efetivo, do seu custo operacional e da sua

real utili ade para os administrados e para a Administração. Tal controle desenvolve-

se porta to, na tríplice linha administrativa, econômica e técnica.'

Assim, a seleção de candidato mais qualificado deve sempre ser

persegui 'a pela Administração, independentemente de morar neste ou naquele

Estado d Federação.

Por todo o exposto, conclui-se que a exigência ora combatida contraria

a Consti uição, devendo ser expurgada dos futuros certames promovidos pelas Juntas

Comerci is.

Esclarece o MPF, por fim, que a matéria não é nova nessa Justiça

Federal, á havendo sido tal exigência combatida para a função de Leiloeiro por meio

da ACP 0017191-62.2010.4.05.8300, já com sentença favorável prolatada pela

Primeira Vara Federal dessa Seção Judiciária.

III — DOS REQUISITOS DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

O Código de Processo Civil, em seu art. 273, prevê a possibilidade de

antecipa ão da tutela pretendida na petição inicial, desde que presentes a prova

inequívoca e verossimilhança da alegação, bem como haja fundado receio de dano

irreparáJel ou de difícil reparação.

8 Lopes Meirelles, Hely. Direito Administrativo Brasileiro. 21a ed. Malheiros. São Paulo. p. 90; 9 Lopes Meirelles, Hely. Direito Administrativo Brasileiro. 21a ed. Malheiros. São Paulo. p. 90/91.

Page 18: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

M/NISTÉR O PÚBLICO FEDERAL PROCURA ORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO MANIFEST ÇA0 (Ação Civil Pública) riR 5.875/2012

Como visto linhas atrás, o MPF não pleiteará nesta ação a anulação da

I seleção implificada recém finda promovida pela JUCEPE, limitando-se a presente ACP

a perse uir provimento jurisdicional que assegure a exclusão da exigência ilegal nos

futuros dwocessos seletivos promovidos pela autarquia estadual demandada, além de

obrigar União a respeitar essa exclusão sem impor punição à JUCEPE, bem como

rever o 4to normativo que vincula as demais Juntas Comerciais.

Considerando-se, contudo, que não se sabe quando a JUCEPE ou outra

Junta in egrante do Sistema Nacional do Registro de Comércio virá a promover novos

process s seletivos, torna-se necessária a concessão da antecipação de tutela para

evitar qie a irregularidade venha a se repetir durante o trâmite da ação.

invocad

Os requisitos do perigo da demora e da plausibilidade do direito

estão bem assentes nesta peça.

Requer o Ministério Público Federal, assim, a concessão da

antecipa ão da tutela, determinando-se:

a) à UCEPE, que em suas futuras seleções para habilitação de tradutor não faça

cTstar exigência de residência ou domicilio como requisito de inscrição ou de

eiercício da função;

b) à UNIÃO, para que não sancione a JUCEPE pela exclusão dessa exigência, bem

c mo para que a exclua de seus atos normativos infralegais, especialmente a

instrução Normativa DNRC no84, de 29/2/2000, adequando-os à Constituição.

IV - DO PEDIDO PRINCIPAL

Requer o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL:

I. a citação das requeridas, para, querendo, contestarem a presente ACP;

c,-

Page 19: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

M/N/STÉR O PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO MANIFEST ÇA0 (Ação Civil Pública) ngt 5.1375/2012

sejam tornados definitivos os pedidos realizados em antecipação de

tu ela, condenando i) a 3UCEPE na obrigação de não fazer, no sentido de que

en suas futuras seleções para habilitação de tradutor não faça constar

eN gência de residência ou domicílio como requisito de inscrição ou de exercício

d9 função; ii) a UNIÃO na obrigação de não fazer, consistente em não

saincionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento da ordem .contida no item

"i' supra, bem como na obrigação de fazer, no sentido de excluir a exigência

I

ma de seus atos normativos infralegais, especialmente a Instrução

Normativa DNRC no84, de 29/2/2000, adequando-os à Constituição.

III. a fixação de multa diária para a hipótese de descumprimento das

obrigações de fazer e não fazer impostas pela sentença, no prazo que vier a ser

fi ado;

V — DA PROVAS

Protesta o autor por todos os meios de prova em direito admitidos, os

quais se ão oportunamente especificados.

Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Pede deferimento.

Recife, 02 de abril de 2012

IAA ANTONI CARLOS DE V. COELHO BARRETO CAMPELLO Procurador da República

50 OTC, em substituição ao 30 OTC

CaMpello/prtlehnge/concursolUCEP exigencla clornIcIllo PA 2974.2011-274oc

Page 20: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

pds

o

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seçdo Judiciària de Pernambuco e VARA

ACP. 0007892-90.2012.4.05.8300

PROCESSO Nc 0007892-90.2012.4.05.8300 CL SSE : 1 AÇÃO CIVIL PÚBLICA AU OR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. RÍIJ: JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO — JUCEPE E UNIÃO FEDERAL.

Sentença

Vistos, etc...

1. Trata-se de AÇÃO CIVIL PÚBLICA movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, contra JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO — JUCEPE E UNIÃO FEDERAL, devidamente qualificados. Pretende obter provimento jurisdicional para determinar que a JUCEPE se abstenha de exigir a residência ou komicílio prévio como requisito na seleção para habilitação de novos tradutores/intérpretes, be como que a União não sancione a referida Junta Comercial em face da abstenção requerida pel4 Parque!.

2. Na inicial de fls. 03/10, a parte Autora aduziu, em sínt se, que: a) a presente ação está lastreada no Procedimento Administrativo n° 1.24.000.002974/2011-27, instaurado nesta Procuradoria da República em face de representação forrhulada, inicialmente, perante o Ministério Público Estadual, posteriormente remetida a este Pa quet, em razão da natureza da matem; b) cuida-se de irregularidade verificada em Processo Seletivo Simplificado para Habilitação de Tradutor Juramentado, promovido pela JUCEPE, co4ubstanciado na inconstitucional exigência de ser o candidato residente por mais de um ano no Estado de Pernambuco; b) considerando-se que a irregularidade é pertinente ao provimento de função essencial ao registro de comércio e que este é serviço de natureza federal, delegado pel;União por meio do Ministério da Indústria e Comércio, tem o MPF legitimidade para atuar no ontrole da legalidade do respectivo processo seletivo; c) a ação é proposta em desfavor tanném da União tendo em vista que a exigência ora combatida foi inserida no edital em razão de orientação ilegal contida em Instrução Normativa do Departamento Nacional de Registro do Co ercio, Orgão pertencente à estrutura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; d) O MPF não pretende impugnar o processo seletivo então em andamento (EdIal n° 001/2011 de junho de 2011), mas sim expurgar a exigência ilegal dos concursos vindouros; d) o Decreto n° 13.609/43 regulamenta o ofício de Tradutor Público e Intérprete Comercial, em seu art. 3°, "e", estabelece como requisito ao pedido de inscrição a residência por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o oficio. O referido Decreto ensejou a edição da Instrução Normativa n° 84/00, do Departamento Nacional do Registro de Comércio, que assim disrõs em seu art. 4°, VI: "O pedido de inscrição será instruído com documentos que em provem: (...) VI — ser residente por mais de um ano na unidade federativa onde pretenda exe cer o oficio"; e) entende que o requisito fere a isonomia constitucional. Esclarece que o MPt

. já ajuizou a ACP n° 0017191-62.2010.4.05.8300 em face de exigência semelhante

relationada à função de Leiloeiro, sendo a sentença favorável. Em sede de antecipação de tutela, pleiteou a concessão da medida, determinado-se: (i) à JUCEPE, que, em suas futuras seleções pard habilitação de tradutor, não faça constar exigência de residência ou domicílio como requisito de inscrição ou de exercício da função; (ii) à União, para que não sancione a JUCEPE

Page 21: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seyilo Judiciária dc Pernambuco VARA

ACP. 0007892-90.2012.4.05.8300

pel exclusão dessa exigência, bem como para que a exclua de seus atos normativos infralegais, especialmente a Instrução Normativa DNRC N° 84, DE 29/2/2000, adequando-os à Constituição. Ao final, requereu que: (i) a JUCEPE seja condenada na obrigação de não fazer, no àentido de que suas futuras seleções para habilitação de tradutor não faça constar exigência de esidência ou domicílio como requisito de inscrição ou de exercício da função; (ii) a União sej4 condenada na obrigação de não fazer, consistente em não sancionar a JUCEPE em dec rrência do cumprimento da ordem contida no item supra, bem como na obrigação de fazer, no bentido de excluir a exigência acima de seus atos normativos infralegais, especialmente a Instrução Normativa DNRC n° 84 de 29/02/2000, adequando-os à Constituição; (iii) a fixação de multa diária para a hipótese de descumprimento das obrigações de fazer e não fazer impostas pela sentença, no prazo que vier a ser fixado.

3. O MPF, com a inicial, acostou Procedimento inistrativo — PA 1.26.000.002974/2011-27, às fls. 11/59.

4. Despacho inicial, às fls. 60, determinando a intimação da /UCPE e da União Federal para, no prazo de 05 (cinco) dias, manifestarem-se acerca do ped.do de antecipação de tutela.

5. A União Federal, às fls. 61/81, peticionou o seguinte: a) dntende que há ausência de pressupostos autorizadores do provimento de urgência (prova e verossimilhança); b) a tarefa do intérprete comercial e tradutor público, de modo que o exercício de duas profissões exprima o mais próximo possível a realidade em que as operações comerciais estejam ocorrendo, e no local onde elas estejam ocorrendo, para traduzir isso em linguagem acessível à comunidade internacional, é o que se pode extrair da legislação pertinente ao caso. AsWim, a questão, no seu ponto de vista, deve ser examinada segundo os registros desses prohssionais para que estejam aptos a atuar. Razão pela qual, a Lei Federal n° 8.934/94, ao dispor sobre a competência do Departamento Nacional de Registro do Comércio apontou suas atri uições; c) considerando perfeitamente cabível tanto a fixação de exigências pelo DNRC, pará estabelecer e consolidar, com exclusividade, as Normas e Diretrizes Gerais do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, este Departamento editou a Instrução Norimativa n° 84, de 29 de fevereiro de 2000, como também perfeitamente legítimo que o Decreto n° 13.609, de 23 de outubro de 1943, estabeleça a necessidade de que o postulante a tradutor e interprete estejam residindo, há mais de 01 (um) ano no local em que desejem exercer as suas profissões; d) o Autor fez o pedido expresso para esse Juízo, em sede de Ação Civil Pública, e de forma liminar, declare a inconstitucionalidade de norma, o que em sua opinião, coátitui uma via transversa/inadequada e que suprime a competência do STF, porque a ACP não pode fazer as vezes de ADfN. O controle de constitucionalidade difuso, caracteriza-se, priri cipalmente, pelo fato de ser exercitável somente perante um caso concreto a ser decidido pelo Poder Judiciário. Dessa forma, em tese, nada impedirá o exercício do controle difuso de con titucionalidade em sede de ACP, seja em relação às leis federais/estaduais/distritais ou mu icipais em face da Constituição Federal. Ocorre, porém, que, se a decisão do Juiz ou Tribunal, em sede ACP, declarando a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em face da Constituição Federal gerará efeitos erga games, e no caso, como requereu o MPF, isso implicará provimento que afetará as demais unidades da Federação; e) aponta o perigo de irreversibilidade do provimento antecipatório. Ao final, requereu o indeferimento da liminar antecipatória pos ulada. Acostou documentos às fls. 82/96.

6. A Junta Comercial do Estado de Pernambuco — JUCEPE, às fls. 99/104, expôs o seguinte: a) o risco de dano irreparável ou de difícil reparação flaárantemente não se delineia na hipótese concreta porque inexiste qualquer Processo Selei

Ad

2

Page 22: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

o N

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária de Pernambuco C VARA

ACP. 0007892-90.2012.4.0S.5300

em cursos no âmbito da JUCEPE para o exercício da função de Tradutor Público; b) excluída a carácterização da emergência, passa-se a abordar aspecto relacionado à legalidade da regra editalícia estabelecendo para o candidato ao ofício de Tradutor Público e Intérprete Comercial a res dencia por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o oficio. A norma em questão, pretvista no edital n°001, de 16/06/2011, divulgado pela JUCEPE, com respaldo e fidelidade ao disposto no art. 3°, "e", do Decreto n° 13.609/43. Sem a revogação pelo Executivo ou do reconhecimento jurisdicional da inconstitucionalidade, a regra editalícia padece apenas de inchnstitucionalidade formal; c) não é possível declarar a inconstitucionalidade, em sede de ACP, quando o pedido for formulado como o principal, posto que tal expediente usurpa a competência do STF. Da mesma forma, entende comprometida a legitimidade do MPF para a pro ositura da demanda, eis que o caso não se enquadraria nas hipóteses da Lei n° 7.347/85. Pugnou pelo indeferimento da liminar.

7. Decisão proferida às fls. 106/108, de minha lavra, indeferindo o pedido de liminar.

8. O MPF informou, às fls. 109, que deixava de apresentar recurso contra a retro decisão.

9. Contestação da JUCEPE às fls. 139/153. Argumentou, em suma, que: a) o Decreto n° 13.609, de 21 de outubro de 1943, publicado sob a égide da Constituição Federal de 1936, é ato normativo pelo qual se estabelecem regras para o exercício da profissão de Tradutor Público e Intérprete Comercial. Cabe salientar que o indicado diploma legal, apesar de sua nomenclatura remeter a uma idéia de ato regulamentar, na verdade, é ato norinativo primário (decreto autônomo). Sendo assim, o Decreto n° 13.609/43 inova no ordenamento jurídico, criando direitos e obrigações que antes não haviam sido previstas em nenhum outro regramento; b) entende que há razoabilidade na discriminação prevista no art. 30, "el do Decreto n° 13.609. A obrigação do Tradutor Público ou Intérprete Comercial residir, por mais de um ano, na praça onde pretenda exercer o oficio decorre da necessidade de se garantir o exercício da fiscalização por parte da JUCEPE, a qual é vinculado àquele profissional. Isso poli ue a JUCEPE possui um limite espacial quanto à aplicação de seu poder fiscalizador, sendo res rito ao espaço ao qual atua; c) no seu entendimento, inexiste similitude fática com o decidido na IACP n° 0017191-62.2010.4.05.8300 referente aos Leiloeiros, para os quais não havia

l pre isão expressa do requisito impugnado pelo MPF. Requereu: (i) a extinção do Feito em face da carência da ação pela inexistência de interesse de agir (adequação — uso de ACP como sucedâneo de ADIN); (ii) ou, caso ultrapassada a preliminar, que haja improcedência dos pedidos. Acostou documentos às fls. 154/170.

10. Réplica do MPF às fls. 173/174. Afastou as, preliminares ventiladas. Pugnou pelo julgamento antecipado da demanda.

11. As partes foram intimadas a fim de especificarem provas (fls. 175). Os Réus não se manifestaram (fls. 176-v.). O MPF informou que não tinha provas a produzir (fls. 177).

É o RELATÓRIO.

PRELIMINARES

Page 23: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária de Pernambuco 61 VARA

ACP. 0007892-90.2012.4.05.8300

12. Rejeito a preliminar de inexistência de interesse de agir (adequação — uso de ACP como sucedâneo de ADIN), nos termos do precedente abaixo acostado (parte pertinente):

PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI COMO CAUSA DE PEDIR EFEITO INTER PARTES. LITISCONSORCIO FACULTATIVO. (...) 2. A decisão que declara a inconstitucionalidade de lei em controle difuso de constitucionalidade tem efeitos meramente inter partes, de modo que não alcança a esfera jurídica de terceiros que não participaram do processo. 3. A tendência de "abstrativização" controle difuso efetuado pelo Supremo Tribunal Federal não pode estender-se para o âmbito de um Tribunal de Justiça, porquanto estar-se-ia usurpando a competência do Excelso Pretório, guardião maior da Constituição da República. 4. Fosse o pedido da parte autora, ora recorrente, a declaração de inconstitucionalidade da lei estadual, como quis entender o Órgão a quo, a ação civil pública constituiria em verdadeiro sucedâneo de ação de controle concentrado de constitucionalidade. Isso não ocorre in casu. Na espécie, a inconstitucionalidade é apenas causa de pedir. (...) (RESP 200602614634, MAURO CAMPBELL MARQUES, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:15/10/2010.) (Grifos).

13. Acerca da ventilada ilegitimidade do MPF para a propositura da demanda, eis que o caso não se enquadraria nas hipóteses da Lei n° 7347/85, entendo que "não é razoável conferir interpretação restritiva às normas infraconstaucionais, para o efe to de excluir a legitimidade da Instituição, tendo em vista que a Constituição da República outorgou-lhe amplos poderes (de provocação do Poder Judiciário), inter alia, para a proteção da ordem jurídica e do patrimônio público e social." (APELREEX 00132748419964036100, JUIZ CONVOCADO MOINO CINACCHI, TRF3 - QUINTA TURMA, DJU DATA:21/08/2007 _FONTE REPUBLICAC40:.) (Grifar).

MÉRITO

14. Nos presentes Autos, o MPF pretende obter provimento jurisdicional para determinar que a JUCEPE se abstenha de exigir a residência ou domicilio prévio como requisito na seleção para habilitação de novos tradutores/intérpretes, bem como que a União não sancione a referida Junta Comercial em face da abstenção requerida pelo Parque!.

15. Como razão de julgar, no que tange à matéria de fundo, transcrevo a decisão proferida às fls. 106/108, de minha lavra, indeferindo o pedido de liminar, "in verbis":

Page 24: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária de Pernambuco 6' VARA

ACP. 0007892-90.2012.4.05.8300

5. Resume-se a hipótese liminar ao pleito de que a JUCEPE não faça constar, em suas finuras seleções para habilitação de Tradutor Público, como requisito de inscrição ou de exercício da função, a exigência de que o candidato resida no Estado de Pernambuco. 6. Nessa análise prefaciai, SMJ, não vislumbro os requisitos para o deferimento da tutela de urgência requerida. Isso porque, no que diz respeito ao perigo da demora, inexiste processo seletivo em andamento para Tradutor Público, em Pernambuco, ou mesmo previsão para a sua realização.

7. Quanto à verossimilhança, cabe consignar que a Lei n° 8.934/94, que dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, estabelece, em seu art. 5°1 , que a competência das Juntas Comerciais é restrita aos limites territoriais dos respectivos Estados. Também, o art. 602 da mesma Lei, determina a subordinação administrativa das Juntas Comerciais ao governo da unidade federativa de sua jurisdição, em consonância com o art. 243, III, da Constituição da República, e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro do Comércio - DNRC.

8. Assim, conquanto as Juntas Comerciais estejam tecnicamente subordinadas ao Departamento Nacional de Registro de Comércio, gozam de autonomia administrativa, sendo, inclusive, entidades pertencentes à estrutura administrativa dos Estados Federados. 9. Nesse passo, o art. 374 do Decreto Federal n° 13.609/43, que regulamenta o oficio de Tradutor Público e Intérprete Comercial, confere às Juntas Comerciais a atividade fiscalizatória do oficio de Tradutor Público e Intérprete Comercial sob sua jurisdição, enquanto que o art. 25, "b", do mesmo Decreto, prescreve que compete àqueles órgãos a aplicação de penalidades, quando configurada eventual infração no desempenho daquelas funções.

10. Assim, respeitosa vênia, não há inconstitucionalidade na exigência descrita no art. 4° da IN do DNRC n° 84/2000, que tem por fundamento o art. 3° do Decreto n° 13.609/43, haja vista não representar uma simples discriminação em razão do Estado onde o tradutor mora, ou, ainda, uma reserva de mercado aos candidatos locais, mas a necessidade de

I Lei n°8.934/94: Art. 5° Haverá urna junta comercial em cada unidade federativa, com sede na capital e jurisdição na Área da circunscrição territorial respectiva. Grifei

2 An. 60 As juntas comerciais subordinam-se administrativamente ao inverno da unidade federativa de sua jurisdição c tecnicamente ao DNRC nos termos desta lei. Grifei.

3 CF/88: Art.24 - Compete tk União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

III -juntas comerciais;

4 Decreto n° 13.609/43: Ad. 37. Aos Órgãos encarregados do registro do comércio, no Distrito Federal e nos Estados, compete a fiscalização dos oficio& de tradutor público e intérprete comercial.

5

Page 25: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTANCIA

Seção Judiciária de Pernambuco 6' VARA

ACP. 0007892-902012.4.05.8300

fiscalização da atividade de tradução pela Junta Comercial de cada Estado, decorrente da sua competência territorial e material.

ISTO POSTO, passo a DECIDIR. II. INDEFIRO a liminar requerida.

12. Citem-se o Réu.

13. Dê-se vista ao Ministério Público Federal.

Publique-se. Intime-se. Recife/PE, 01 de junho de 2012.

DR. HÉLIO SILVIO OUREM CAMPOS JUIZ FEDERAL DA C VARA-PE

16. Verifico que a matéria ventilada, nos Autos, não é estranha às hostes da Justiça Federal. Nesse sentido, acosto o precedente abaixo:

COMPETÊNCIA. CONFLITO. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA FEDERAL MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DO PRESIDENTE DA JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS. COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE. PRECEDENTES. CONFLITO PROCEDENTE. 1 - Em se cuidando de mandado de segurança, a competência se define em razão da qualidade de quem ocupa o polo passivo da relação processual. II - As INJuntas Comerciais efetuam o registro do comércio por delegação federal, sendo da competência da Justiça Federal, a teor do artigo 109-VIII, da Constituição, o julgamento de mandado de segurança contra ato do Presidente daquele órgão. III - Consoante o art. 32. I, da Lei 8.934/94, o registro do comércio compreende "a matricula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais. trapicheiros e administradores de armazéns-gera is"(CC 200100070388, SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, ST] - SEGUNDA SEÇÃO, DJ DATA:14/04/2003 PG:00174.) (Grifos).

17. Na presente demanda, o MPF insurge-se contra a previsão normativa da exigência de domicílio prévio no local do exercício profissional, por mais de um ano, como requisito previsto no curso da seleção para habilitação de novos Tradutores/Intérpretes Públicos.

18. Consoante ficou registrado na retro decisão transcrita acima, o art. 375 do Decreto Federal n° 13.609/43, que regulamenta o oficio de Tradutor Público

5 Decreto n° 13.609/43: Art. 37. Aos &galas encarregados do registro do comercio, no Distrito Federal e nos E tados, compete a tisealizaçao dos oficios de tradutor público e interprete comercial.

Page 26: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária de Pernambuco 6° VARA

ACP. 0007892-90.2012.4M5.1300

e Intérprete Comercial, confere às Juntas Comerciais a atividade fisealizatória do oficio de Tradutor Público e Intérprete Comercial sob sua jurisdição, enquanto que o art. 25, "b", do mesmo Decreto, prescreve que compete àqueles órgãos a aplicação de penalidades, quando configurada eventual infração no desempenho daquelas funções.

19. Frise-se, ainda, que o Departamento Nacional de Registro de Comércio — DNRC, com fundamento na Lei n° 8.934/94, editou a Instrução Normativa DNRC de n° 84, de 29 de 02/02/2000, que, em seu art. 40, assim dispõe sobre a habilitação, nomeação matrícula e cancelamento de Tradutor Público e Intérprete Comercial:

"Art. 40 O pedido de inscrição será instruido com documentos que comprovem: (...) VI -_ ser residente por mais de um ano na unidade federativa onde exercer o oficio". (Grifos).

20. Não vislumbro, data vênia, na edição da aludida Instrução Normativa nenhuma restrição ao exercício legal da profissão, mormente quando o próprio texto do art. 50, XIII, da Constituição Federal ressalva a liberdade do exercício de qualquer profissão, "atendidas as qualificações que a lei estabelecer". (Grifos).

21. A referida Instrução Normativa, estabeleceu, corno requisito para habilitação do Tradutor/Intérprete, a residência por mais de um na unidade federativa, onde se pretende o exercício profissional, tal exigência, consoante determinação do art. 12, do Decreto de n° 13.609/43 coaduna-se com a Lei.

22. Como arremate, colaciono precedente que trata de questão semelhante ao caso versado nos Autos, monas mutandis:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EXTINÇÃO DO FEITO. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO PARÁGRAFO 3°, DO ART. 515 DO CPC. PREPOSTO DE LEILOEIRO OFICIAL. EXIGÊNCIA PARA CONCESSÃO DE MATRÍCULA "NÃO SER MATRICULADO EM OUTRA UNIDADE DA FEDERAÇÃO". DECRETO N° 21.981/32. LEI 8.934/94 E INSTRUÇÃO NORMATIVA DNRC N° 110/2009. OBSERVÂNCIA. AUSÊNCIA DE AFRONTA AO LIVRE EXERCÍCIO DA PROFISSÃO, 1. Cuida-se de apelação da sentença que extinguiu o processo, sem julgamento do mérito - que objetivava que o Presidente da Junta Comercial do Estado de Pernambuco, em definitivo, desse posse ao Impetrante, na qualidade de Preposto de Leiloeiro Oficial deste Estado, entregando-lhe a carteira de

Page 27: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

M3ç)k

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária de Pernambuco VARA

ACP. 0007892-90.2012.4.05.8300

identidade profissional, devidamente assinada, e ainda, que se abstivesse de suspender ou cassar a matrícula, pelo simples fato de o Impetrante também estar matriculado em outra Junta Comercial da Federação -, por carência da ação, nos termos do art. 267, VI do CPC, à ausência de comprovação de que a parte impetrante resida nesta cidade há mais de 5 anos, ou mesmo, que tenha aqui domicílio legal, requisito essencial ao direito objetivado. 2. A impedir a extinção do feito por ausência de prova pré-constituída - de domicílio legal nesta cidade do Recife -, como assim entendeu a julgadora sentenciante, está a declaração constante dos autos, onde o próprio impetrante informa ser residente e domiciliado nesta cidade há mais de 5 (cinco) anos. 3. Cuidando de matéria eminentemente de direito e, encontrando-se o processo em condições de imediato julgamento, aplica-se ao caso, o julgamento da lide, por esta Corte, com fundamento no § 30, do art. 515 do CPC. 4. O Departamento Nacional de Registro de Comércio - DNRC, com fundamento no art. 40, da Lei 8.934/2009, editou a Instrução Normativa DNRC de n° 110, de 19.06.2009 que, ao dispor sobre o processo de concessão, fiscalização e o cancelamento da matricula de Leiloeiro, estabeleceu, em seu art. 30, IX, como requisito necessário à concessão de sua matrícula, "não ser matriculado em outra unidade da federação". 5. Não se vislumbra, na edição da aludida Portaria, nenhuma restrição ao exercício legal da profissão, mormente quando o próprio texto do art. 5°, XIII, da Constituição Federal ressalva a liberdade do exercício de qualquer profissão, "atendidas as qualificações Que a lei estabelecer". 6. A Instrução Normativa, estabeleceu como requisito para habilitação do Leiloeiro, não ser este matriculado em outra Unidade da Federação, exigência esta que devera ser igualmente observada em relação aos prepostos de leiloeiro, consoante determinação do art. 12 do Decreto de n°21.981/32, e que se justifica, levando-se em conta as particularidades pertinentes às atividades dos Leiloeiros. 7. Segurança denegada.(AC 00038462920104058300, Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::30/09/2010 - Página::247.) (Grifos).

23. Em face de todo o explanado, com fundamento nos precedentes acima listados, o pedido inicial, referente à abstenção da JUCEPE quanto à exigência de residência ou de domicilio prévio como requisito na seleção para habilitação de novos tradutores/interprétes, é improcedente. Por se tratarem de pedidos sucessivos, o pedido alusivo à abstenção da União em aplicar eventual penalidade à JUCEPE resta prejudicado.

ISTO POSTO, passo a DECIDIR:

Page 28: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

SeMo Judiciária de Pernambuco 6° VARA

ACP. 0807892-90.2012.4.05.8300

JULGO IMPROCEDENTE o pedido inicial referente à abstenção da JUCEPE quanto à exigência de residência ou de domicilio prévio como requisito na seleção para habilitação de novos tradutores/interprétes, extinguido a Ação, nos termos do art. 269, 1, CPC. Por se tratarem de pedidos sucessivos, o pedido alusivo à abstenção da União em aplicar eventual penalidade à JUCEPE resta prejudicado.

advocaticios6. Sem custas e sem condenação em honorários

Obrigatório'. Sentença sujeita ao Duplo Grau de Jurisdição

Recife, 18 de f ereiro de 2013.

Dr. élio Silvio Ourém Campirs3 Juiz Federal da C-Vá-ira-PE

Lei n°7.347)85- Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários peribiais c quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais. (Redação dada pela Lei n°8,078. de 19901

7 PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, IMPROCEDÊNCIA. REMESSA NECESSÁRIA. CABIMENTO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 19, DA LEI N° 4.717)65, SENTENÇA MANTIDA, REMESSA NECESSÁRIA DESPROVIDA. 1. A sentença de improcedência em ação civil pública, ajuizada com o objetivo de obter o ressarcimento de dano causado ao erário, encontra-se sujeita ao duplo grau de jurisdição por força de aplicação analógica do art. 19, da Lei n° 4.717/65. Precedente jurispruclencial do egragioSuperiorTribunaldelustiça.(...).(REO 200340000023845, DESEMBARGADOR FEDERAL ITALO FIORAVANTI SABO MENDES, TRF I - QUARTA TURMA, 06/05/2010)

9

Page 29: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DAS' REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO N° 28138 PE (0007892- 90.2012.4.05.8300) APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APELADO : JUCEPE - JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO ADV/PROC : LIA SAMPAIO SILVA E OUTROS ORIGEM : e VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO - PE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma

RELATÓRIO

O JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI (RELATOR): Trata-se de apelação interposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em face de sentença que julgou improcedente o pedido.

Eis o dispositivo redigido para a sentença:

JULGO IMPROCEDENTE o pedido inicial referente à abstenção da JUCEPE quanto à exigência de residência ou de domicilio prévio como requisito na seleção para habilitação de novos tradutores/interprétes, extinguido a Ação, nos termos do art. 269, I, CPC. Por se tratarem de pedidos sucessivos, o pedido alusivo à abstenção da União em aplicar eventual penalidade à JUCEPE resta prejudicado.

Sem custas e sem condenação em honorários advocatfcios.

Sentença sujeita ao Duplo Grau de Jurisdição Obrigatório.

O Ministério Público Federal interpôs recurso de apelação, fls. 190/198 aduzindo, em suma, ser inconstitucional a exigência disposta no art. 3°, "e", do Decreto n° 13.609/43 e no art. 40, VI, da IN DNRC n° 84/2000. Em seguida, defende que o Decreto n° 13.609/43 não foi recepcionado pelo Constituição de 1988. Acrescenta que "os princípios e normas constitucionais referentes à Administração Pública e ao concurso público aplicam-se às seleções simplificadas promovidas pela Administração Pública, dentre elas a que assegura a plena acessibilidade e igualdade de oportunidade aos brasileiros, estatufh as no Int. 37, I, da Carta Magna". Invoca, ainda, o princípio genérico da igualdade tre brasileiros, qualquer que seja a sua procedência. Sublinha que, "a pretensão rec do Ministério Público Federal cinge-se à modificação da sentença monocrática, te orna que seja condenada a JUCEPE em obrigação de não fazer, consistente em «ão azei constar, em suas futuras seleções para habilitação de tradutor, exigência de esid ncia ou domicílio prévio como requisito de inscrição ou de exercício da função, bem como a que a UNIÃO FEDERAL seja condenada na obrigação de não sistente em não sancionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento da m como em obrigação de fazer no sentido de excluir a exigência em seu rmativos infralegais, especialmente a Instrução Normativa DNRC n° 84, de O, adequando-os à Constituição Federal". Ao final, requer o provimento do rec

APELREEX 2813 M1073

1

Page 30: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 511 REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

Contrarrazões da JUCEPE às fls. 203/217 e da UNIÃO à fl. 219.

Parecer do MD. Procurador Regional da República, fls. 358/371.

Vieram os autos conclusos por distribuição.

É o relatório.

Dispensada a revisão. Peço dia para julgamento.

CO CAVALCANTI Relator

APELREEX 28138 PE M1073 2

Page 31: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

er-

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5' REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO N° 28138 PE (0007892- 90.2012.4.05.8300) APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APELADO : JUCEPE - JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO ADV/PROC : LIA SAMPAIO SILVA E OUTROS ORIGEM :6' VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO - PE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REMESSA OFICIAL. PROCESSO SELETIVO PARA HABILITAÇÃO DE TRADUTOR JURAMENTADO. EXIGÊNCIA. SER O CANDIDATO RESIDENTE POR MAIS DE UM ANO NO ESTADO DE PERNAMBUCO. DECRETO N° 13.609/43. ART. 3°, ALÍNEA E. NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. ART. 37, I, DA CARTA MAGNA. PLENA ACESSIBILIDADE E IGUALDADE DE OPORTUNIDADE AOS BRASILEIROS. APELAÇÃO PROVIDA. 1. Ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal visando a condenação da JUCEPE em não fazer constar, em suas futuras seleções para habilitação de tradutor, exigência de residência ou domicílio prévio como requisito de inscrição ou de exercício da função, bem como a que a UNIÃO FEDERAL seja condenada a não sancionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento da ordem. 2. Conhece-se da remessa oficial, por se aplicar ao caso em apreço o art. 19 da Lei n°4.717/65 (Lei da Ação Popular). 3. Registre-se a legitimidade do Ministério Público Federal para atuar no controle da legalidade do processo seletivo em apreço, eis que o serviço é de natureza federal, delegado pela União por intermédio do Ministério da Indústria e Comércio. 4. Nos termos do art. 3° do Decreto n° 13.609/43, o Oficio de Tradutor Público e Intérprete Comercial será exercido, no país, mediante concurso de provas e nomeação concedida pelas Juntas Comerciais ou órgãos encarr ados do registro do comércio e o pedido de inscrição no certame será in 'do com documento que comprove a residência por mais de um ano na p ça onde pretenda exercer o oficio.

m vista o princípio da isonomia, sufragado pela Constituição art. 5°, assim como em face da plena acessibilidade e

ortunidade aos brasileiros, asseguradas pelo art. 37, I, da tem -se que a alínea e, do art. 3° do Decreto n° 13.609/43 limada pela Constituição de 1988.

de apelação do MPF e remessa oficial providos.

3

Page 32: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

APELREEX 28 Ml 073

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5° REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

O JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI (RELATOR): Como ensaiado no relatório, cuida-se de apelação interposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em face de sentença que julgou improcedente o pedido "referente à abstenção da JUCEPE quanto à exigência de residência ou de domicílio prévio como requisito na seleção para habilitação de novos tradutores/interprétes, extinguido a Ação, nos termos do art. 269, I, CPC".

De logo, registra-se o atendimento dos pressupostos intrínsecos (cabimento, interesse, legitimidade e ausência de fato extintivo e impeditivo do direito de recorrer) e extrínsecos (tempestividade e regularidade formal) de admissibilidade, pelo que merecem trânsito os recursos.

Inicialmente, é de se dizer que se conhece da remessa oficial, por se aplicar ao caso em apreço o art. 19 da Lei n°4.717/65 (Lei da Ação Popular).

Saliente-se, ainda, a legitimidade do Ministério Público Federal para atuar no controle da legalidade do processo seletivo em apreço, eis que o serviço é de natureza federal, delegado pela União por intermédio do Ministério da Indústria e Comércio.

Passa-se à análise do thema decidendum.

Razão assiste ao apelante. Eis os fundamentos de tal ilação.

Dispõe o art. 1°, do Decreto n° 13.609, de 21 de outubro de 1943:

Art. I° O Oficio de Tradutor Público e Intérprete Comercial será exercido, no pais, mediante concurso de provas e nomeação concedida pelas Juntas Comerciais ou órgãos encarregados do registro do comércio. Parágrafo único. No Distrito Federal o processamento dos pedidos será feito pelo Departamento Nacional da Indústria e Comércio, na conformidade do presente regulamento, continuando da competência do Presidente da República as nomeações bem como as demissões.

Em seguida, o art. 3° do já referido Decreto n° 13.609/43 estabelece os requisitos para inscrição no certame, com destaque acrescido:

Art. 300 pedido de inscrição será instruído com documentos que comprovem: , ia) ter o requerente a idade mínima de 21 anos completos; ; b) não ser negociante flido irrehabilitado; ' c)' a qualidade de cidadão brasileiro nato ou naturalizado; d) linão estar sendo processado nem ter sido condenado por crime cuja pena

' importe em demissão de cargo público ou irreabilitação para o exercer; e) a residência por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o ofício; 0 ai uitação com o serviço militar; e g identidade. 1 a agrafo único. Não podem exercer o oficio os que dele tenham sido

an eriormente demitidos.

1 J 4

Page 33: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5° REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

A questão que se põe é saber se a referida norma foi, ou não, recebida pela Constituição Federal.

De logo, frise-se que a Constituição Federal, no art. 5°, sufragou o princípio da isonomia assegurando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

Demais disso, a Carta Magna garantiu plena acessibilidade e igualdade de oportunidade aos brasileiros, é o que se lê do art. 37, I, da Constituição Federal, aplicável também aos processos seletivos simplificados.

Exigir, assim, que o candidato seja residente por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o oficio não se coaduna com os princípios consagrados pela Constituição Federal.

Destarte, tem -se que a alínea e, do art. 3° do Decreto n° 13.609/43 não foi recepcionada pela Constituição de 1988.

Em face do exposto, dou provimento à remessa oficial e à apelação do Ministério Público Federal para condenar a JUCEPE em não fazer constar, em suas futuras seleções para habilitação de tradutor, exigência de residência ou domicílio prévio como requisito de inscrição ou de exercício da fruição, bem como para condenar a UNIÃO na obrigação de não sancionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento da ordem, bem como em obrigação de fazer no sentido de excluir a exigência em seus atos normativos infralegais.

É o meu voto.

APELREEX 28138 PE

5 M1073

Page 34: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

Concerva rio(a)

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA QUINTA REGIÃC Esparta - TRF5 FLS.

Minuta de Julgamento de Sessão Ordinária vag Primeira Turma

0007892-90.2012.4.05.8300

Pauta: 29/08/2013

Julgado: 2910812013 APELREEX28138-PE

Processo Originário:0007892-90.2012.4.05.8300 Origem: 63 Vara Federal de Pernambuco Relator: Exmo. Sr..DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO CAVALCANTI Presidente da Sessão: Exmo. Sr. DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT Procurador da República: Exmo. Sr. Dr(a).JOAQUIM BARROS DIAS

APELADO :JUCEPE - JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCC APELANTE :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ADV/PR9C :LIA SAMPAIO SILVA e outro:

CERTIDÃO

Certifico que a Egrégia Primeira Turma ao apreciar o processo em epígrafe, ern sessão:raalizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, deu provimento à apelação e à remessa oficial, nos terrnos do voto do relator. Participaram do julgamento os Exmos. Srs.: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA DE OLIVEIRA LUCENA, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO CAVALCANTI e DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT.

Page 35: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 53 REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO N° 28138 PE (0007892-90.2012.4.05.8300) APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APELADO : JUCEPE - JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO ADV/PROC : LIA SAMPAIO SILVA E OUTROS ORIGEM :6° VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO - PE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REMESSA OFICIAL. PROCESSO SELETIVO PARA HABILITAÇÃO DE TRADUTOR JURAMENTADO. EXIGÊNCIA. SER O CANDIDATO RESIDENTE POR MAIS DE UM ANO NO ESTADO DE PERNAMBUCO. DECRETO N° 13.609/43. ART. 30 , ALÍNEA E. NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. ART. 37, I, DA CARTA MAGNA. PLENA ACESSIBILIDADE E IGUALDADE DE OPORTUNIDADE AOS BRASILEIROS. APELAÇÃO PROVIDA. 1. Ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal visando a condenação da JUCEPE em não fazer constar, em suas futuras seleções para habilitação de tradutor, exigência de residência ou domicílio prévio como requisito de inscrição ou de exercício da função, bem como a que a UNIÃO FEDERAL seja condenada a não sancionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento da ordem. 2. Conhece-se da remessa oficial, por se aplicar ao caso em apreço o art. 19 da Lei n°4.717/65 (Lei da Ação Popular). 3. Registre-se a legitimidade do Ministério Público Federal para atuar no controle da legalidade do processo seletivo em apreço, eis que o serviço é de natureza federal, delegado pela União por intermédio do Ministério da Indústria e Comércio. 4. Nos termos do art. 3° do Decreto n° 13.609/43, o Oficio de Tradutor Público e Intérprete Comercial será exercido, no país, mediante concurso de provas e nomeação concedida pelas Juntas Comerciais ou órgãos encarregados do registro do comércio e o pedido de inscrição no certame será instruído com documento que comprove a residência por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o oficio. 5. ndo em v no . 5°, opo idade que a line Const 6. Rec

a o princípio da isonomia, sufragado pela Constituição Federal como em face da plena acessibilidade e igualdade de

brasileiros, asseguradas pelo art. 37, I, da Carta Magna, tem -se o art. 3° do Decreto n° 13.609/43 não foi recepcionada pela 988.

pelação do MPF e remessa oficial providos.

6

Page 36: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

Recife, 29 de agos ata do julgamento)

O CAVALCANTI lator

rosto]

§ fls. 4,0 "Vs-

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 53 REGIÃO GABINETE DO JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 53 Região, por unanimidade, dar provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento.

APELREEX 28138 PE Ml 073 7

Page 37: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

CERTIDÃO DE PU LICA ÃO

Certifico que o ACÓRDÃO retro foi incluído no expediente AC0/2013.137 1" Turma, disponibilizado no DJE TRF5 n" 16

8/2013, de 04.09.2013, fls. 124/174, e considerado tilt.~ em 05/09/2013, no,,termos do art. 30 da verdade e dou f" Resolução n° 19, de 22.07.2009, da Presidênci d Corte. O referido é Recife, 05/09/2013 Gilson Coejiopie Andrade

Téc. Ju Ido —683

Page 38: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.4 REGIÃO

Gabinete do Desembargador Federal Élio Siqueira Filho

IRF/f1s.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO (APELREEX) N° 28138/PE (0007892-90.2012.4.05.8300/01) APTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APDO : JUCEPE - JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO ADV/PROC : LIA SAMPAIO SILVA E OUTROS APDO :UNIÃO EMBTE : UNIÃO ORIGEM : 6° VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO - PE RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL ÉLIO SIQUEIRA FILHO - 1° TURMA

EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMNISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. 1. Embargos de declaração :opostos pela União, em face de Acórdão prolatado pela Primeira Turma desta Corte que, por unanimidade, deu provimento à remessa oficial e ao recurso de apelação do MPF. - 2. O prazo para a interposição dos embargos de declaração é de 05 (cinco) dias úteis, nos termos do art. 1.023 c/c o art. 12, do NCPC, e a Fazenda Pública possui prazo em dobro para recorrer (art. 183, do NCPC). Já o termo inicial para interposição do recurso é a data5;009timpçao,,d9 Advocacia Pública da decisão, segundo o art. 1.003 do NCPC.' t); 3. No presente —caso;—a União- intimada da decisão em 28/06/2016 (terça-feira), .sendo yeisté! o termo inicial para a interposição dos embargos. Aplicando-se o prazo de 05 (cinco) dias úteis (com o devido prazo em dobro), verifica-se que a data final para a interposição se deu em 11/07/2016 (segunda-feira). Como os embargos da Uniad foram apresentados apenas em 13/07/2016 (quarta-feira), ou seja, dois dias após o termo do prazo recursal, conclui-se pela sua intempestividade, razão pela qual não deve o recurso ser conhecido. 4. Não conhecimento dos embargos de declaração.

ACÓRDÃO Decide a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5a

Região, por unanimidade, não cotihadei' os embargos de declaração, nos termos do voto do relato?, ha'hforfiS' CIO," rgátárir e notas taquigráficas constantes nos autosV'querfearrifaidridO'Parte?rtiegrallite do presente julgado.

Recife, OfrclãteteMbrOde 2016.

Desembargador Federal ÉLIO SIOU IRA FILHO RELATOR

APELREEX ng 28138-PE VDCM

Page 39: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

I itt

AÍA, Aç di c o 144°'

1(6

redor Re tooal da Repúblrca po RCRha o . R snjos tieto

e

gAiao

CERTIDA0 DE PUBLICA AO- Certifico que o respeitável acórdão retro, incluído no Expediente n° AC0/2016.147 - P Turma, foi disponibilizada no DJE TRF5 n° 170 de 14.09.2016 e considerado publicado em 15.09.2016, nos termos do art. 3

0, da Resolução n° 19, de

22.07.2009, da Presidência desta Corte. O referido é verdade e dou fé.

Recife, 19 de setembro de 2016.

VISTA 1

de At cilas do mês de

os preserdes autos com vista , Gft,os

) ti U - ADVOCACIA GERAL DA UMAO, ficando a mesma intimada da decisão de Fls. • --s--- publicada em

conforme certidão retro. arefebdo.é;./ —erdade . , Deu fé Do que eu

Para j.

Ciente do (o) despacholDecisão De fis 3114 RecifedittaJG201

, Maria Carml eidegger Adv!J lieão

51 fd. 1.50-I6629

e P. PE 23 446

VISTA Nesta data, faço estes autos com vista ao MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Do que eu, , lavrei este termo.

Recife, .24 de AA de jíbi .

çtNI cAtkssand Sá Concerva

' Mat.: TRF5 5503

constar lavrei este termo.

Gabinete tr. Francisco Chaves de Infos Meia Recebido em:

.....

errei- amila de Vas ncelos P. Guerra

Secretariada Procurador Regional PRRS'Região

Matrícula: 28085-2

Page 40: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

mat. '71 )

- PODÉR JUDIOIÀRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5a REGIÃO

DIVISÃO DA PRIMEIRA' TURMA

À

Processo

iiÇERTIDÃO,i;

Certifico que ' o tespéÍtáveF acórdão de fls. 3 II(- 'TRANSITOU•EM JULGADO. O referido é verdade te dou fé do que eu, °solda Lucia•Magalhãeà — Técnico Judiciário para constar lavrei este termo.

Recife,

de 2016»

REMESSA

f9 6- dias do mês de remessa destes autos "es C» 6%."»,(4.2

do • ' que (lsolda Lucia Magalhães —

o mat. 971 ), para constar lavrei este eu, Técnico Judicia termo.

• Aos 2.056,fa o

ALÁ ti 044 aÀ4Aft

Mn Fita IlySee,~Wif

AL(tx-, de

Page 41: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM- pERNAMBUCO

ERMO(A). SR(A). JUIZaZA) DA e VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA NO

ESTADO DE PERNAMBUCO. ,

AÇÃO Ova PneucA No 0007892-90.2012.4.05.8300

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉu: JUNTA -COMERCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO E UNIÃO FEDERAL

Peticão MPF/PR-PE no. if 76Ç /2017,

-

O Ministério Público Federal, por—meio da - aia procuradora da República-

adiante assinada, Vem manifestar-se nos autos da ação em epígrafe nos termos que se

seguem:

Cuida-se dó ação civil públicá proposta pelo Ministério Público Federal em

face dá 3UCEPE e dá União com vistas à condenação da JuCÉpE na obrigação de não fazer

consistente em -se abster de exigir em seleções futuras o requisito de residência ou . , domicílio prévio de um ano para a inscrição ou exercício da função de tradátógintérprete.

Com relaçãoà União, buscou-se a tutela jurisclicional , para que fosse condenada à

.-obrigação de não fazer consistente em se abster de sancionar a JUCEPE quando esta

excluísse a exigência em seus atos normativos infralegais; especialmente ria Instrução

Normativa DNRC 84, de 29 de fevereiro de 2000. •

A sentença proferida em 19 grau julgou improcedente a pretensão do

Pah/cieis Todavia; interposta apelaçãopdrante o TRF da Sa Região (fls.:190/198), foi . .

Ás referânciá à paginá dizem respeito à Mimerdção.cips autos judieiáis copiados.

Page 42: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO

, proferido o acórdão de fls. 233/240 que deu provimento ao recurso. e à remessa oficial e

condenou a JUCÈPE e a União nos termos requeridos pêlo MPF. , .

Ante o trânsito em julgado do. acórdão (fl: 243), retornados os autos,

requereu-se o cumprimento das obrigações impostas às rés, dando início à execução do

jUlgado, nos termos, do art. 461 do CPC (fis. 246/247).

,Nada obstante, a União apresentou impugnação ,à obrigação de não ,fazer

contra si dirigida, alegando a inexigibilidade do título, executivo. Isso, porque não foi

intimada do; aSrcião proferido pelo TRF da 58 Região. Pugnou então pela devolução dos

autos ao Egrégio TRF dà 9 Região para reabertura dg prazo recursal (fls. 253/255).

Reconhecido o, vício na falta de intimaçao da. União, os autos foram

encaminhados ao TRF da 58 Região, para que esse a intimasse do acórdão que reformou , ,

a sentença de 1° grau, abrindo -prazo para que se manifestasse.

•A União, devidamente• intimada; interpôs, Embargos de Declaração (fls.

291/299): Esses, tiveram 'sua tempestividade impugnada por este 'órgão ministerial, o que

veio a ser, posteriormente, reconhecido pelos doutos desembargadores da 18 turma do ,

TRF5, que não ginhecerarn dg referido recurso.

•0 respeitável acórdão, que não reconheceu ó recurso interposto pela União,

transitou em julgado ao dia 06 de dezembro de 2016, conforme certidão de fls. 316.

C? Ministério Público Federal foi intimado (fls. 317).

É o que importa relatar:

Ante o exposto, tem-Se que redtou consignado no acórdão decfis. 233-240 a

Page 43: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA PA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO

condenação das rés nos seguintes termos:

1) à jUCEPE, não fazer constar; em suas futuras s'eleções para habilitação • , , - , de tradutor, -exigência de residência ou domicílio prévio como requisito de' , , . inscrição Ou de exercício da função;

2);à UNIÃO, não sancionar a JUCEPE ,em decorrência 'do cumprimento da

' referida ordem, bem como, excluir a exigência em seus atos normatiVos •

infralegais.

Assim, considerando que todas as ,Partes foram devidamente intimadas da

decisão do -112F da 5a, Região, e, ante o trânsito em julgado do açordão condenatório, faz-

se necessária à intimação dos réus JUNTA COMERCIAL, DO ESTADO DE

PERNAMBUCO — JUCEPE e UNIÃO FEDERAL para darem cumprimento às obrigações .

de não fazer acima especificadas, sob pena de sofrerem multa arbitrada errijuízo, tudo em

conformidade com o 'artigo 47 do Novo Código de PrpC9SSO. CiVil.

Recife/PÉ, 08 de fevereirode 2017.,

SILVIA RE et o P NTES toPgs

procuradora:cie República .

Atuando einIsuStituiç'ab no 20.0TC

Page 44: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

JFPE - Fls.

JUSTIÇA FEDERAL - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO 6 a. VARA FEDERAL

Processo n°0007892-90.2012.4.05.8300 Classe: 229 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

CONCLUSÃO Nesta data, faço conclusos os presentes autos a(o) M.M.(a) Juiz(a) da 6 a. VARA FEDERAL Sr.(a) Dr.(a) FIELIO SILVIO OUREM CAMPOS

Recife, 17/02/2Q j7

PAULO DWPAULA L. NETO Encarregado(a) do Setor

DESPACHO

R.H. 1. Defiro o pedido do MPF de fls. 318/319. 2. Intime-se: 2.1) a JUCEPE, através da procuradoria do Estado de Pernambuco, para, nas futuras seleções para habilitação de tradutores, não exigir residência o domicílio prévio como requisito de inscrição ou de exercício da função; 2.2) a UNIÃO (AGU/PRU) para que se abstenha se sancionar, ou aplicar pena, à JUCEPE em decorrência da não exigência de domicílio prévio ou residência para inscrição ou exercício da função de tradutor, devendo excluir tal exigência em atos normativos infralegais. A parte Ré deverá demonstrar, nestes Autos, que adotou as providências necessárias ao cumpriniento da obrigação de não fazer retro apontadas. Prazo de 15 (quinze) dias. 3. Destaco que o descumprimento da obrigação encartada no título executivo judicial, poderá dar vezo a aplicação de multa, a ser arbitrada por este juízo, a fim de assegurar o resultado prático da obrigação. 4. Após, os Autos devem retornar conclusos.

Recife, 17/02/2017

HELIO SILVIO OUREM CAMPOS Juiz(a) Federal

Page 45: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA JURIDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS JUDICIAIS E REGIMENTAIS

NOTA n. 00111/2017/CONIUR-MDIC/CGU/AGU

NUP: 00728.000131/2017-48 (REF. 00418.007935/2016-91) INTERESSADOS: JUCEPE E OUTROS ASSUNTOS: CONCURSO PUBLICO / EDITAL

Senhor Consultor Jurídico Substituto,

1. A Procuradoria - Regional da União - 50 Região, mediante o Memorando n. 00284/2017/CRACPR-1/PRU5R/PGU/AGU, solicita o cumprimento do acórdão transitado em julgado, em 06.12.2016, nos termos do PARECER DE FORÇA EXECUTÓRIA n. 00103/2017/CRACPR- 1/PRUSR/PGU/AGU, bem como que seja enviado, em 05 dias o comprovante da adoção das providências administrativas pertinentes.

2.Trata-se de Ação Civil Pública nQ. 0007892-90.2012.4.05.8300, ajuizada pelo Ministério Público Federal em face da União e da Junta Comercial do Estado de Pernambuco - JUCEPE por meio da qual pleiteou o afastamento da exigência de domicílio ou residência prévia como requisito previsto no edital para seleção pública de interpretes/tradutores juramentados.

3.A sentença julgou improcedente os pedidos, tendo o MPF apresentado recurso de apelação, que veio a ser provido pelo Tribunal Regional Federal da Região por meio do acórdão, cuja ementa se transcreve:

"EMENTA: CONSITRJCIONAL. ADMINISTRAIIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REMESSA OFICIAL. PROCESSO SELETIVO PARA HABILITAÇÃO DE TRADUTOR JURAMENTADO. EXIGÊNCIA. SER O CANDIDATO RESIDENTE POR MAIS DE UM ANO NO ESTADO DE PERNAMBUCO. DECRETO N° 13.609/43. ARE 3°, ALÍNEA E. NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. ARE 37, I, DA CARTA MAGNA. PLENA ACESSIBILIDADE E IGUALDADE DE OPORTUNIDADE AOS BRASILEIROS. APELAÇÃO PROVIDA.

1. Ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal visando a condenação da JUCEPE em não fazer constar, em suas futuras seleções para habilitação de tradutor, exigência de residência ou domicílio prévio como requisito de inscrição ou de exercício da função, bem como a que a UNIÃO FEDERAL seja condenada a não sancionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento da ordem. 2. Conhece-se da remessa oficial, por se aplicar ao caso em apreço o art. 19 da Lei n° 4.717/65 (Lei da Ação Popular). 3. Registre-se a legitimidade do Ministério Público Federal para atuar no controle da legalidade do processo seletivo em apreço, eis que o serviço ê de natureza federal, delegado pela União por intermédio do Ministério da Indústria e Comércio.

4. Nos termos do art. 32 do Decreto n° 13.609/43, o Oficio de Tradutor Público e Intérprete Comercial será exercido, no país, mediante concurso de provas e nomeação concedida pelas Juntas Comerciais ou órgãos encarregados do registro do comércio e o pedido de inscrição no certame será instruído com documento que comprove a residência por mais de um ano na praça onde pretenda exercer o ofício.

5. Tendo em vista o princípio da isonomia, sufragado pela Constituição Federal no art. 5°, assim como em face da plena acessibilidade e igualdade de oportunidade aos brasileiros, asseguradas pelo art. 37, I, da Carta Magna, tem -se que a alínea e, do art. 32 do Decreto n° 13.609/43 não foi recepcionada pela Constituição de 1988.

6. Recurso de apelação do MPF e remessa oficial providos.

ACÓRDÃO Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 50 Região, por unanimidade, dar provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento. Recife, 29 de agosto de 2013 (Data do julgamento)

JUIZ FRANCISCO CAVALCAN11 Relator"

4. No bojo do referido Parecer n2 00103/2017/CRACPR-1/PRU5R/PGU/AGU, a Procuradoria- Regional atesta a força executória do dectsum, nos seguintes termos:

Page 46: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

Assim sendo, é dotado de plena exequibilidade, devendo ser integralmente cumprido e, neste sentido, deve o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio adotar as providências administrativas necessárias para a alteração dos atos normativos infralegais a fim de excluir a exigência mencionada, abstendo-se de sancionar a JUCEPE pela exclusão da exigência. Assim sendo, é dotado de plena exequibilidade, devendo ser integralmente cumprido e, neste sentido, deve o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio adotar as providências administrativas necessárias para a alteração dos atos normativos infralegais a fim de excluir a exigência mencionada, abstendo-se de sancionar a JUCEPE pela exclusão da exigência. Ademais, o MPF requer o cumprimento do acórdão transitado em julgado, segundo o qual incumbe à União: (1) abster-se de sancionar a JUCEPE em decorrência do cumprimento do acórdão e (2) excluir a exigência de domicilio/residência prévia na unidade federativa onde pretenda exercer o ofício como requisito de inscrição ou de exercício da função de tradutor.

5. Frise-se que o MM Juízo da 6° VF/PE determinou o cumprimento da obrigação de não-fazer no prazo de 15 dias, bem como o pagamento da multa diária em caso de descumprimento.

6. Da leitura dos autos, é possível concluir que o caso envolve atribuições que hoje estão com o Departamento de Registro Empresarial e Integração DREI, da Secretaria de Racionalização e Simplificação vinculada à Secretaria da Micro e Pequena Empresa, a qual foi transferida para este Ministério nos termos do art. 1°, inc. II, do Decreto n°9.004. de 17 de março de 2017.

7. Diante do acima exposto, proponho o encaminhamento dos autos à Secretaria de Micro e Pequena Empresa, para atender a presente solicitação, devendo informar diretamente a Advogada da União, Mariana Ferreira Cavalcanti Melo, o cumprimento do acordão, no prazo de 5 dias, nos termos do Memorando n° 00284/2017/CRACPR-1/PRU5R/PGU/AGU.

À consideração superior.

Brasília, 03 de maio de 2017.

ANNAMARIA MUNDIM GUIMARÃES BORGES MESSIN Advogada da União

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br mediante o fornecimento do Número tJnico de Protocolo (NUP) 00728000131201748 e da chave de acesso 0de0923d

Documento assinado eletronicamente por ANNAMARLA MUNDIM GUIMARAES BORGES MESSIN, de acordo com os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 40704548 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): ANNAMARLA MUNDIM GUIMARAES BORGES MESSIN. Data e Hora: 03-05-2017 16:09. Número de Série: 13883966. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv4.

Page 47: Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE A TODOS OS … · 2019-09-03 · Oficio Circular n° 17/2017/DREI/SEMPE Brasília, 5 de maio de 2017. A TODOS OS PRESIDENTES DE JUNTAS COMERCIAIS

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS GABINETE DA CONJUR

DESPACHO n 00470/2017/CONJUR-MDIC/CGU/AGU

NUP: 00728.000131/2017-48 (REF. 00418.007935/2016-91) INTERESSADOS: JUCEPE E OUTROS ASSUNTOS: CONCURSO PÚBLICO / EDITAL

1. Aprovo a NOTA ng 111/2017/CONJUR-MDIC/CGU/AGU, da lavra da Dra. Annamaria Messin, por seus judiciosos fundamentos.

2. Ao Setor de Apoio da CONJUR, para adoção das providências cabíveis.

3. Em seguida, encaminhem-se os autos, com a máxima urgência para a Secretaria Especial de Micro e Pequena Empresa.

Brasília, 03 de maio de 2017.

(assinado eletronicamente) CAIO MÁRCIO MELO BARBOSA

CONSULTOR JURÍDICO - SUBSTITUTO ADVOGADO DA UNIÃO

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 00728000131201748 e da chave de acesso 0de0923d

Documento assinado eletronicamente por CAIO MARCIO MELO BARBOSA, de acordo com os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 40712520 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): CAIO MARCIO MELO BARBOSA. Data e Hora: 03-05-2017 16:25. Número de Série: 13648929. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv4.