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Oferta e Demanda II: mercados e bem-estar

Prof. Sérgio Mayerle EPS5222 – Métodos Econômicos e Quantitativos

Consumidores, produtores e eficiência dos mercados

Produtores sempre desejam receber mais por seus produtos...

Consumidores sempre reclama dos preços e desejam pagar menos...

Qual o preço certo do ponto de vista da sociedade?

Qual a quantidade ideal de produto que a sociedade deveria produzir e consumir?

Abordagem descritiva (como é...) x Abordagem normativa (como deveria ser)

Sabe-se que o mercado ajusta preços e quantidades de modo que exista um equilíbrio entre oferta e demanda!

Mas, no ponto de equilíbrio a quantidade produzida e a quantidade consumida são muito grandes, muito pequenas ou exatemente adequadas?

Dos dez princípios de economia sabemos que mercados são um boa forma de organizar a atividade econômica, mas como usar este princípio para induzir o bem-estar da sociedade? Como deveria funcionar a sociedade?



Disposição para pagar

É a quantia máxima que um comprador pagará por um bem.

Exemplo: Quatro consumidores estão dispostos a comprar um disco de Elvis Presley.

Havendo apenas um disco, o preço estabelecido seria de $80. A este preço ou um pouco mais, apenas John se habilita a adquirir o disco, e apenas John fica satisfeito. Como estava disposto a pagar $100 e levou o disco por $80, acabou economizando $20, que é um excedente do consumidor.

Se existirem dois discos, a um preço de pouco mais de $70 haverão exatamente dois compradores que ficarão com os dois discos de Elvis Presley. Ambos irão pagar $70 e ficarão satisfeitos por economizar (em conjunto) o montante de $40. Portanto, neste caso em que mais consumidores foram satisfeitos, o excedente dos consumidores aumentou.



Disposição para pagar x Curva de demanda

A curva da demanda é definida pela disposição dos consumidores em pagar um bem.



Curva de demanda: Preço x Excedente do consumidor

Com um preço mais baixo, aumenta o excedente do consumidor.

Excedente do consumidor: é a quantia que o comprador está disposto a pagar por um bem, menos a quantia que ele paga de fato.



No caso de uma curva de demanda contínua... como um preço mais baixo aumenta o excedente?

Efeito da redução de preços = aumento do excedente dos consumidores antigos +

surgimento de novos consumidores, que também obtém excedentes



O que mede o excedente do consumidor?

Em geral os economistas consideram que:

• consumidores são racionais;

• consumidores buscam seus melhores interesses (existem excessões: drogas, por exemplo);

• consumidores são capazes de melhor julgar os benefícios daquilo que consomem;

• disposição para pagar é uma medida razoável para definir a importância do bem, segundo a preferência do consumidor;

• valores efetivamente pagos correspondem a valores que não poderão ser usados na aquisição de outros bens;

• excedentes maiores poderão ser usados para adquirir mais bens importantes.

Portanto, maiores excedentes dos consumidores estão associados ao fato dos mesmos estarem adquirindo bens de maior “valor”, segundo seu próprio julgamento.

Então, o que mede o excedente do consumidor?



O excedente do consumidor é uma medida de

BEM-ESTAR dos consumidores.

Ao longo do século 20, inúmeros foram os desenvolvimentos tecnológicos que reduziram os custos, fazendo com que bens antes inimagináveis ficassem disponíveis à população:

• energia elétrica, petróleo em substituição ao vapor

• substituição do ferro pelo aço

• infra-estrutura urbana (água, esgoto,...)

• automóveis, aviões

• computadores e informática

• forno micro-ondas, geladeiras

• telecomunicações, serviços bancários

• procedimentos médicos e remédios (penicilina, vacinas,...)

Todas estas tecnologias vieram para facilitar a vida das pessoas, e melhorar o bem-estar.



Custo e disposição para vender

Custo é o valor de tudo aquilo que o vendedor deve desistir para produzir um bem.

Suponha que existem 4 prestadoras de serviços de pintura de casas:

Quando estas empresárias concorrem pelo fornecimento do serviço de pintura, aquela que oferece o serviço pelo menor preço é contratada. Quando um preço de $600 ou pouco menos se estabelece, apenas Vovó é capaz de realizar o serviço. As demais prestadoras não poderão (racionalidade) abrir mão da oportunidade de ganhar $900, $800 ou mesmo $600 para executar o serviço e ganhar um pouco menos de $600. Se existem duas casas para serem pintadas, o preço de mercado, para que exatamente duas empresárias se habilitem, deve se estabelecer entre pouco mais de $600 e $800.

Neste caso, Geórgia também se prontifica a realizar o serviço.



Custo e disposição para vender x Curva de oferta

A curva de oferta é definida pela disposição dos produtores em vender um bem ou serviço.



Curva de oferta: Preço x Excedente do produtor

Com um preço mais elevado, aumenta o excedente do produtor.

Excedente do produtor:é a quantia recebida por um vendedor menos o custo de produção.



No caso de uma curva de oferta contínua... como um preço mais alto aumenta o excedente?

Efeito do aumento de preços = aumento do excedente dos produtores antigos +

surgimento de novos produtores, que também obtém excedentes



O que mede o excedente do produtor?

Em geral os economistas consideram que o excedente do produtor é uma medida de

BEM-ESTAR dos produtores.

A mesma tecnologia que produziu bens de consumo mais acessíveis para consumidores também induziu maiores excedentes para produtores:

• surgimento das grandes mineradoras, siderúrgicas, petrolíferas,... (Vale, ArcelorMittal, ThyssenKrupp, BP, Shell,...)

• surgimento de grandes empresas na indústria autombilística (Ford, Chevrolet, Fiat, VW,...)

• surgimento das empresas de alta tecnologia (IBM, Microsoft, Oracle,...)

• surgimento de empresas do ramo farmaceutico e químico (Medley, Aché, Basf, Down,...)

• surgimento de empresas do setor de telecomunicações (AT&T, Vodafone, China Mobile,...)

• surgimento do conglomerados bancários (ICBC, CCB, JP Morgan, HSBC,...)



Eficiência do Mercado

Considere que, além do produtor e do consumidor, exista um terceiro personagem hipotético, denominado de planejador social benevolente. Este personagem é um ditador, que tudo conhece, tudo pode e é bem-intencionado.

Como deveria agir este planejador?

• Deveria deixar compradores e vendedores entregues ao equilíbrio que eles alcançam naturalmente entre si sós?

• Ou poderia ele aumentar o bem-estar econômico, alterando de alguma maneira os resultados de mercado?

Uma questão preliminar: O que é ser bem-intencionado? Sob o ponto de vista de quem?

Bem-intencionado ≡ Imparcial



Eficiência do Mercado

Questão 1: o planejador benevolente precisa decidir como medir o bem-estar econômico total da sociedade

Uma medida que naturalmente é lembrada:

total prod consE E Eα β= +



Equidade no Mercado

Questão 2: o planejador benevolente precisa distribuir, de modo imparcial entre os membros da sociedade, este bem-estar total

Quais os pesos ,α β deveriam ser adotados sob o ponto de vista da equidade? Estaria a equidade no mercado resolvida? E a distribuição do bem-estar entre os membros de cada segmento?

O bem-estar econômico total, proveniente do comércio, é um “bolo” que precisa ser dividido entre os componentes da sociedade. Enquanto que a eficiência se preocupa em aumentar o tamanho do bolo, a equidade se preocupa em como fatiar e distribuir o “bolo”.

• Não existe uma forma de fazer com que todos ganhem uma fatia maior, sem que o “bolo” cresça.

• Arbitrar uma divisão do “bolo” implica em privilegiar um segmento em detrimento de outro.



No Equilíbrio do Mercado

1. Mercados livres alocam a oferta de bens para os compradores que lhes atribuem o maior valor, tal como medido pela sua disposição para pagar.

2. Mercados livres alocam a demanda por bens para vendedores que os produzem pelo menor custo.

3. Mercados livres produzem a quantidade de bens que maximiza os excedentes do produtor e do consumidor.

Mercado livre é uma condição que maximiza a eficiência do mercado.

Falha do mercado:

a) mercados não são perfeitos pois podem permitir que determinados grupos tenham “poder de influenciar preços”;

b) efeitos colaterais denimonados de externalidades.



Custos da Tributação

A tributação de um bem coloca uma cunha entre o preço que os consumidores pagam e os preços que os vendedores recebem, e a quantidade vendida do bem diminui. A receita tributária é a área delimitada por T x Q.



Peso Morto do Imposto

A área (C + E) é a redução do excedente total e é o peso morto do imposto. O tributo é novamente injetado na economia, mas o peso morto é perdido, acumulando-se na forma de ineficiências.

Sem Imposto Com Imposto Diferença

Excedente do Consumidor A + B + C A -(B + C)

Excedente do Produtor D + E + F F -(D + E)

Receita Tributária Nenhuma B + D +(B + D)

Excedente Total A + B + C + D + E + F A + B + D + F -(C + E)



Determinantes do Peso Morto dos Impostos

Demanda e Impostos são os mesmos, mas a elasticidade da oferta é maior em (b).



Determinantes do Peso Morto dos Impostos

Oferta e Impostos são os mesmos, mas a elasticidade da demanda é maior em (d).



Variação do Peso Morto dos Impostos e da Receita Tributária



Variação do Peso morto dos Impostos e da Receita Tributária

O peso morto (ineficeiência do mercado) aumenta com o valor do tributo, enquanto que a receita tributária aumenta até um dado ponto para depois reduzir. Portanto, nada justifica o aumento ilimitado do tributo, nem mesmo sob a perspectiva de se aumentar a equidade, pois a partir de um dado montante, a receita tributária utilizada para a prática da equidade diminui.



Curva de Laffer

A curva de Laffer mostra que a receita tributária cresce até um dado montante dos impostos. O peso morto (ineficiência do mercado), entretanto, aumenta de forma acelerada com o aumento dos impostos. Com o aumento da ineficiência, menos bens são produzidos; e maior é a escassez e os preços.

Receita

Trbutária



Comércio Internacional: Ganhos e Perdas de um País Exportador

Antes do Comércio Depois do Comércio Diferença

Excedente do Consumidor A + B A -B

Excedente do Produtor C B + C + D +(B + D)

Excedente Total A + B + C A + B + C + D +D



Comércio Internacional: Ganhos e Perdas de um País Importador

Antes do Comércio Depois do Comércio Diferença

Excedente do Consumidor A A + B + D +(B + D)

Excedente do Produtor B + C C -B

Excedente Total A + B + C A + B + C + D +D



Comércio Internacional: Ganhos e Perdas com Tarifa de Importação

Antes da Tarifa Depois da Tarifa Diferença

Excedente do Consumidor A + B + C + D + E + F A + B -(C + D + E + F)

Excedente do Produtor G C + G +C

Receita do Governo Nenhuma E +E

Excedente Total A + B + C + D + E + F + G A + B + C + E + G -(D + F)



Comércio Internacional: Ganhos e Perdas com Quota de Importação

Antes da Quota Depois da Quota Diferença

Excedente do Consumidor A + B + C + D + E’ + E” + F A + B -(C + D + E’ + E”+ F)

Excedente do Produtor G C + G +C

Receita do Governo Nenhuma E’ + E” +(E’ + E”)

Excedente Total A + B + C + D + E’ + E” + F + G A + B + C + E’ + E” + G -(D + F)



Argumentos em Favor da Restrição ao Comércio Exterior

1. Argumento dos empregos: empregos nacionais precisam ser protegidos dos produtos estrangeiros, mas os benefícios com o comércio são maiores que as perdas...

2. Argumento da segurança nacional: setores nacionais podem ser estratégicos em caso de guerra, mas isto pode ser usado de forma distorcida para proteger indevidamente setores não estratégicos...

3. Argumento da indústria nascente: indústrias em fase de implantação precisam ser protegidas até que possam competir com os produtos estrangeiros, mas até quando?...

4. Argumento da concorrência desleal: isenção de imposto por parte de governos estrangeiros produzem vantagem competitivas, mas isto é um benefício para o consumidor nacional...

5. Proteção como instrumento de barganha: forçar que governos estrangeiros retirem de seus produtos subsídios...

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