açoes e segurança do trabalho civ203-cap03
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CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
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3 - AÇÕES E SEGURANÇA NAS ESTRUTURAS
3.1 – Introdução:
No Capítulo 1 foram apresentados os conceitos de estrutura e de
sistema estrutural, bem como comentários básicos a respeito de sua
importância e de suas características de economia e eficiência.
Enfatizou-se que a economia está intimamente relacionada à rigorosa
análise dos materiais e das tecnologias disponíveis, à comparação de custos
de matérias primas, distâncias de transporte, consumo de materiais e de
mão de obra e do tempo de execução, entre outros fatores, além de ser
diretamente influenciada pela otimização do sistema estrutural, de modo a
assegurar o maior equilíbrio possível entre o consumo de material e de mão
de obra.
Por último, mas não menos importante, afirmou-se que, para garantia
da eficiência, além dos aspectos econômicos deve-se garantir que a
estrutura tenha CONDIÇÕES DE SEGURANÇA , ou seja, deve ser
resistente, estável e duradoura.
Neste capítulo, entre outros tópicos, será inicialmente abordado o
aspecto quantitativo das condições de segurança, apresentando-se os
conceitos e os principais princípios que regem os diferentes métodos de
dimensionamento que, intrinsecamente, fornecem as condições de
determinar o nível de segurança alcançado ou desejado.
3.2 – Método do Coeficiente de Segurança Interno
Este método resultou da contínua evolução experimentada no século
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XIX pela Teoria da Elasticidade. A introdução da segurança no projeto
estrutural, por este método, é feita através do coeficiente de segurança
interno iγγγγ , impondo-se a condição de que as maiores tensões que ocorram
por ocasião da utilização da estrutura não podem ultrapassar o valor das
correspondentes tensões, divididas por 0,1>>>>iγγγγ , de ruptura ou de
escoamento dos materiais, cujo valor resultante é denominado tensão
admissível de ruptura ou de escoamento, respectivamente.
O método equivale, portanto, à imposição de um limite superior para
as máximas tensões atuantes, as quais não podem ultrapassar as
correspondentes tensões admissíveis, ou seja:
admi
referênciadetensãomáximatensão σσσσ
γγγγ====≤≤≤≤
Os valores a serem adotados para iγγγγ devem levar em consideração
as inevitáveis variabilidades tanto das tensões de ruptura ou de escoamento
dos materiais, quanto das intensidades das ações, assim como expressar a
“responsabilidade” da estrutura e outros fatores que serão ainda discutidos.
A determinação dos coeficientes de segurança internos é empírica,
justificando-se seus valores pelos resultados disponíveis de estruturas
projetadas com a sua utilização, os quais também orientam a alteração dos
coeficientes, permitindo um progresso gradual e seguro dos critérios de
projeto, de modo a atender aos aspectos econômicos que exigem a
minimização dos valores de iγγγγ .
Para estados múltiplos de tensões podem ser definidas grandezas
que caracterizam os diferentes critérios de resistência adotados para cada
tipo de material, relativamente às quais são introduzidos os coeficientes de
segurança internos, verificando-se o mesmo para outros fenômenos como,
por exemplo, a fadiga em estruturas.
Analisando-se criticamente o método, percebe-se que não são feitas
considerações separadas a respeito das incertezas do sistema ou dos
parâmetros, da natureza da estrutura ou das consequências da ruína. Além
disso, as ações são, geralmente, especificadas por outras normas, sob a
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forma de valores médios para as cargas permanentes, valores máximos
estimados para as acidentais e valores estatísticos estimados para a ação
do vento.
Quanto às incertezas, cabe apenas ao calculista levá-las em
consideração, introduzindo, informalmente, hipóteses conservadoras a
respeito do seu modelo teórico e, formalmente, através da adoção de
valores para as ações e para as tensões admissíveis.
Um outro aspecto muito importante a considerar é o fato de que as
tensões máximas calculadas na estrutura ocorrem em pontos singulares,
constituindo-se em efeitos isolados. No caso de uma viga biapoiada
submetida a um carregamento uniformemente distribuído, por exemplo, o
momento máximo ocorre no ponto médio do vão, e a tensão máxima
ocorrerá também nesse ponto, mas apenas para as fibras longitudinais
superiores e inferiores.
A maioria das estruturas não entra em colapso simplesmente pelo fato
de existirem tensões altamente localizadas, ocorrendo redistribuição dessas
tensões para as regiões menos solicitadas da seção transversal ou do
elemento. Esse é o caso, por exemplo, de uma viga metálica biengastada,
com seção transversal “I”.
Observa-se na figura anterior que, à medida que cresce a solicitação
(momento fletor) na seção transversal, crescem as tensões nos pontos mais
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afastados da linha neutra, verificando-se, em determinada situação (M = My),
que a máxima tensão normal na seção transversal é igual à tensão de
escoamento do material (σy). Com o aumento da solicitação, ocorre uma
redistribuição de tensões para pontos em que a tensão atuante ainda é
menor que σy, até que todos os pontos da seção estejam solicitados pela
mesma tensão σy, dizendo-se que a seção atingiu a plastificação total, para
solicitação igual ao momento fletor de plastificação total (M = Mp).
Analisando-se o comportamento da viga biengastada, observa-se que
o momento fletor é máximo nos engastes, ocorrendo então, nesses pontos,
a formação de rótulas plásticas quando Meng = Mp. A viga, portanto,
considerando-se que não há mais resistência à rotação nos apoios, passa a
comportar-se como uma viga biapoiada, “transferindo” para outras seções
transversais a “responsabilidade” pela resistência ao acréscimo da
solicitação. O valor máximo do carregamento uniformemente distribuído será
aquele correspondente à solicitação de momento fletor de plastificação total
da seção do meio do vão, uma vez que, formada nesse ponto uma nova
rótula, ocorre a formação de um mecanismo e a viga sofre colapso.
Face ao exposto, o coeficiente de segurança iγγγγ deve procurar
representar uma série de incertezas e imprecisões que vão definir o grau de
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segurança de uma estrutura. No estudo dos fatores que devem ser levados
em consideração na análise da segurança estrutural, as comparações entre
solicitações e resistências serão feitas por meio dos esforços solicitantes, o
que é válido apenas para as estruturas reticuladas (elementos que podem
ter seu estudo reduzido ao comportamento de seu eixo longitudinal) e de
superfície (estudo do comportamento do plano médio dos elementos).
No caso de estruturas que possuam as três dimensões da mesma
ordem de grandeza, a comparação deve ser feita por meio das ações, sendo
necessário englobar-se os grupos (a) e (b), descritos a seguir, em um
mesmo grupo de fatores que influenciam a resistência das estruturas.
(a) Fatores que influem nas ações
- variabilidade da intensidade das ações;
- probabilidade da ação simultânea das diversas ações que a
estrutura deve suportar.
(b) Fatores que influem nos esforços solicitantes
- erros da análise estrutural: decorrentes da atribuição de um
esquema teórico de comportamento à estrutura real;
- erros numéricos de cálculo: decorrentes da análise de estruturas
complexas que exigem a solução de grandes sistemas de
equações, podendo atingir de 5% a 10%;
IMPORTANTE: Não se consideram previsões para enganos ou erros nos cálculos .
- imprecisões geométricas construtivas: decorrentes de
deformações iniciais (ou residuais) nos eixos das barras ou na
superfícies médias dos elementos de superfície (placas, cascas,
etc.) e do posicionamento das armaduras, entre outros;
- variabilidade das características mecânicas dos materiais em
laboratório: são inevitáveis e decorrentes dos processos de
caracterização do material;
- variabilidade das características mecânicas dos materiais, do
laboratório para a obra: no caso de estruturas metálicas este fator
praticamente não existe, enquanto para estruturas de concreto ele
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depende essencialmente do controle de qualidade dos materiais
recebidos na obra, da dosagem.
(c) Fatores que influem na responsabilidade da estrutura
- tipo e montante dos danos produzidos pela eventual ruína da
estrutura;
- capacidade de redistribuição dos esforços e de aviso de ruína
iminente: a capacidade de redistribuição dos esforços e de aviso
de ruína iminente pode minorar a responsabilidade da estrutura,
relativamente a uma outra que não possua tais características,
por permitir uma redução do montante dos danos e,
principalmente, por permitir a eliminação, ou pelo menos a
minimização de perdas de vidas humanas, no caso de uma
eventual ruína.
A seguir são apresentados alguns exemplos de estruturas que
permitirão discutir e esclarecer alguns conceitos básicos ligados à segurança
estrutural, considerando-se apenas materiais com comportamento reológico
representado pelo diagrama tensão-deformação abaixo representado,
caracterizando um comportamento elastoplástico perfeito.
Quanto aos critérios de resistência, admite-se que o material satisfaça
ao Critério da Máxima Energia de Distorção (Hencky/Von Mises)
Exemplo 3.1 :
Determinar a maior força P que pode ser suportada pelo tirante da
figura, com seção transversal constante, sendo σy = 30kN/cm2 e adotando-
se coeficiente de segurança γi = 3.
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Solução:
Sendo A = b.h , a tensão máxima na estrutura é P/A e a condição de
segurança, decorrente do método é:
221 3ττττσσσσσσσσ ++++≥≥≥≥adm , (Resistência dos Materiais, Jaime Ferreira da Silva Jr., pág. 282)
onde σσσσ1 é a tensão normal máxima e ττττ tem valor nulo (tração simples).
Portanto: iyadmadm APe γγγγσσσσσσσσσσσσσσσσσσσσ //maxmax ====≤≤≤≤====≤≤≤≤
Desse modo: kNxx
AP iy 40003
401030/max ========≤≤≤≤ γγγγσσσσ
Exemplo 3.2 :
A viga da figura é constituída por material com σy = 30kN/cm2. Determinar o máximo valor de P que pode ser suportado pela viga, com γi = 2.
Solução:
A maior tensão normal na estrutura é dada por: I
hM2max
max ====σσσσ
Sabendo-se que o momento máximo ocorre na seção transversal
correspondente ao engaste e vale P x L , tem-se:
kNxx
xxPou
l
hbP
hbLP
i
y
i
yadm
12024006
401230
66
2
max
2
max2
========
====∴∴∴∴====≤≤≤≤γγγγ
σσσσγγγγσσσσ
σσσσ
Uma outra verificação que pode ocorrer aos mais detalhistas, é a do
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esforço cortante. Entretanto, analisando-se as distribuições de tensões para
as duas solicitações, encontra-se a distribuição apresentada na figura a
seguir, onde observa-se que, quando uma tensão tem o seu valor máximo, a
outra é nula. Pelo critério de resistência adotado, para o cisalhamento tem-
se 22_
3ττττσσσσσσσσ ++++≥≥≥≥ e, para 0====σσσσ , encontra-se: yσσσσσσσσσσσσττττ 3,06,03/___
====≅≅≅≅==== ,
que é, aproximadamente, o valor utilizado em diversas normas.
Para V = Pmax = 120 kN, tem-se bIQV
.
.max ====ττττ .
Sendo (((( )))) (((( )))) 12/8/4/2/ 32 hbIehbhxhbQ ============ , obtém-se:
2_
2max
/0,9303,03,0
/375,05,1812
cmkNxe
cmkNAV
bhV
y ============
============
σσσσττττ
ττττ
Portanto, no cisalhamento, 24375,00,9
max
_
============ττττ
ττττγγγγ i .
Este valor permite a constatação que, nos casos normais de flexão, o
fator limitante é a tensão normal (((( ))))σσσσ . A tensão de cisalhamento (((( ))))ττττ só é
limitante em vigas com vãos pequenos, submetidas a ações muito altas e
que possuam pequena largura (b), como no caso de vigas metálicas.
Pode parecer importante, ainda, a verificação em pontos onde ambas
as tensões não são nulas. Entretanto, uma vez que o valor da tensão normal
(((( ))))σσσσ varia muito mais rapidamente que o da tensão de cisalhamento (((( ))))ττττ ,
conclui-se que somente ocorrem máximos nos pontos mais afastados da
linha neutra.
Exemplo 3.3 :
Determinar a máxima força P que pode ser suportada pela viga da
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figura, com seção transversal constante, considerando σy = 18kN/cm2 e γi =
2.
Solução:
O momento máximo, bem como as tensões máximas, ocorrem na
seção do meio do vão, obtendo-se:
PPxxx
hbx
Pl0125,0
6020466006
4 22max ============σσσσ
A condição de segurança do método permite escrever:
kNP
Pouiy
720
2/180125,0/_
max
≤≤≤≤∴∴∴∴
≤≤≤≤====≤≤≤≤ γγγγσσσσσσσσσσσσ
Nos problemas anteriores, conhecia-se o material e as dimensões das
barras e buscava-se o maior valor que a força aplicada poderia atingir, com
determinado iγγγγ . Diversos problemas de Engenharia apresentam-se desta
forma mas, na grande maioria dos casos, conhece-se o carregamento, o
material e o coeficiente de segurança interno iγγγγ , buscando-se dimensionar a
seção transversal.
3.3 – Método do Coeficiente de Segurança Externo
Em 1849, dois anos após o colapso de uma ponte sobre o Rio Dee
(Inglaterra), construída com treliças de ferro fundido, ainda era discutida a
utilização desse material na construção de pontes. Vários eminentes
engenheiros deparavam-se com a pergunta: “Qual o múltiplo da maior
carga atuante em uma estrutura deve ser considerada como carga de
ruptura da mesma? ”. Brunel e Robert Stephenson, entre outros destacados
calculistas da época, passaram a interessar-se pelo comportamento das
estruturas no caso de ocorrer uma sobrecarga, realizando provas de carga
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de modo a assegurar-se de que a estrutura fosse capaz de suportar as
cargas de serviço.
Esses engenheiros possuíam uma intuição que parece inibida nos
profissionais modernos, distraídos pela exatidão da teoria da elasticidade e
pelo consequente uso das tensões admissíveis. Se, por um lado, não pode
ser negado o sucesso da engenharia através da utilização e do
desenvolvimento da teoria da elasticidade, por outro é lamentável que essa
teoria tenha sido tão sufocante. Nas últimas décadas, com o
desenvolvimento cada vez maior da teoria da plasticidade aplicável às
estruturas de aço e da teoria da ruptura utilizada nas estruturas de concreto,
tem ocorrido uma espécie de retorno ao método de avaliação da segurança
que se revelou com aquela pergunta feita em 1849.
A teoria da plasticidade tornou oportuno lembrar que, para avaliação
da segurança da estrutura, é importante conhecer as condições de colapso.
Decorre daí a introdução de um fator de carga em alguns métodos de
dimensionamento e sua definição como carga de colapso, dividida pela
carga de serviço, exatamente a mesma relação utilizada há 150 anos. A
única diferença é que hoje, faz-se uma estimativa da carga de colapso por
cálculo teórico, enquanto, naquela época, somente era possível estimar-se o
seu valor através de provas de carga.
Embora a determinação da carga de colapso, por meios teóricos
(adotando-se modelos simplificados), seja menos precisa que a obtida por
meio de provas de carga, hoje pode-se contar com os ensaios em modelos
reduzidos, eliminando-se a necessidade de construção da estrutura para
obter-se a carga de colapso (ou a existência de estruturas similares, já
construídas, para a execução da prova de carga).
Se as estruturas apresentassem resposta linear durante toda a sua
“história” de carregamento proporcional e crescente, ou seja, se elas
apresentassem, em todas as condições, proporcionalidade entre a
intensidade do carregamento e a intensidade das tensões correspondentes,
em todos os pontos e em todos os planos, seria possível dar uma
interpretação externa ao coeficiente de segurança interno iγ , que passaria
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a ser um coeficiente que, ao multiplicar o carregamento de utilização da
estrutura, definiria um carregamento proporcional ao mesmo, produzindo
ruptura ou colapso da estrutura.
A resposta linear de uma estrutura, porém, somente existe enquanto
as relações tensão-deformação do seu material permanecerem lineares
(linearidade física), enquanto sua geometria ficar pouco alterada pelos
deslocamentos produzidos pelo carregamento (linearidade geométrica) e
enquanto todas as ações na estrutura permanecerem proporcionais entre si.
Entretanto, a maioria das estruturas sujeitas a um carregamento
proporcional, mesmo apresentando resposta linear em uma certa faixa
desse carregamento, antes de atingir a ruptura ou o colapso, deixa de
apresentar tal tipo de resposta, quer por perder, sensivelmente, a linearidade
geométrica, quer por perder a linearidade física, ao deixar de seguir a Lei de
Hooke em alguns de seus pontos.
Observa-se que, a rigor, são poucas as estruturas que não perdem
linearidade geométrica, adotando-se a teoria linear como uma aproximação
do comportamento não linear das mesmas. No entanto, existem estruturas
em que esse afastamento teórico é pouco sensível, até que elas atinjam a
ruptura ou o colapso. Como consequência, a interpretação externa que se
poderia dar a iγγγγ e que, quase certamente, estava implícita na conceituação
de seus introdutores, perde significado.
Para “medir-se, externamente ”, a distância entre as condições de
utilização da estrutura e as correspondentes condições de ruptura ou
colapso, define-se como coeficiente de segurança externo eγγγγ de uma
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estrutura, sujeita a um certo carregamento, ao valor pelo qual deve-se
multiplicar as intensidades desse carregamento, proporcional ao primeiro, de
forma a produzir a ruptura ou o colapso da estrutura.
Exemplo 3.4 :
Determinar o coeficiente de segurança externo eγγγγ da estrutura
apresentada na figura ao lado, submetida ao carregamento de compressão
P = 4.000 kN. Utilizar σy = 30kN/cm2 e E = 20.000kN/cm2.
Solução :
A tensão normal máxima correspondente ao carregamento de
utilização especificado é (((( )))) 2/101040/4000 cmkNx ========σσσσ . Se a estrutura
mantivesse resposta linear até a ruptura, teríamos 0,3======== ei γγγγγγγγ , uma vez
que 0,310/30/ ========σσσσσσσσ y .
No entanto, ao ser atingida a carga de flambagem da estrutura, o
comportamento da estrutura deixa de ser linear, verificando-se um
crescimento das tensões, a partir de então, muito mais rapidamente que o
das ações. Assim, a ruptura da estrutura se dá com um carregamento muito
pouco superior a flP , podendo ser, na prática, confundido com este valor,
dado por (abstraindo-se a correção do comprimento de flambagem devido ás
condições de extremidade):
kNxx
xxxxl
IEPfl 34,112.4
2004121040102
4 2
342
2
2
============ππππππππ
e, portanto, 028,14000
34,4112 ============P
Pfleγγγγ
Isto mostra que a aplicação do método do coeficiente interno, neste
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caso, conduziu a uma distância insuficiente entre o carregamento de
utilização da estrutura e o de ruptura, já que ambos foram praticamente
coincidentes. Este fato, devido à perda da linearidade geométrica da
estrutura produzida pela flambagem, foi o primeiro grande argumento
levantado contra o método do coeficiente de segurança interno, conduzindo,
já de longa data, à utilização de eγγγγ em estruturas sujeitas à flambagem.
A figura abaixo ilustra o comportamento altamente não linear da
estrutura considerada.
É possível, porém, determinar o valor de P para que se tenha
0,3====eγγγγ . Para isto, basta fazer:
kNPP elfadm 371.13/34,4112/ ≅≅≅≅======== γγγγ
Uma outra opção, mantendo-se o valor de P = 4.000kN, seria
redimensionar a seção transversal da barra, para obter-se 0,3====eγγγγ , ou seja:
kNxPP eadmlf 000.1234000. ========≥≥≥≥ γγγγ
ou kNlIE 120004/ 22 ≥≥≥≥ππππ
(((( )))) 83,972620000/20041200012/ 223 ≅≅≅≅≥≥≥≥==== xxxbhI ππππ
Como h = 40cm, b = 10cm e a flambagem ocorrerá segundo o eixo de
menor inércia (paralelo a h), aumentando-se "b" a inércia aumenta muito
mais rapidamente.
cmbbxI 29,1483,726.912/40 3 ≥≥≥≥⇒⇒⇒⇒≥≥≥≥====∴∴∴∴
3.4 – Método das Tensões Admissíveis:
Este método serviu de base às normas de dimensionamento das
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estruturas até quase os dias de hoje mas, devido a algumas falhas que
serão discutidas mais adiante, vem sendo substituído por outros métodos.
A introdução da segurança no dimensionamento é feita de duas
maneiras distintas:
a) Nos elementos submetidos a solicitações estabilizantes, como as
de tração, utiliza o coeficiente de segurança interno iγγγγ ;
b) Nos elementos que podem apresentar flambagem, como por
exemplo, em pilares ou vigas que não possuem adequadas
contenções laterais, o método utiliza o coeficiente de segurança
externo , só que dividindo o carregamento teórico de ruptura ou
de colapso para obter o valor admissível.
Exemplo 3.5 :
Determinar a tensão admissível do pilar calculado no exemplo 3.4,
para obter 0,2====eγγγγ .
Solução :
A tensão admissível, nesse caso, nada mais é do que a tensão de
flambagem dividida pelo coeficiente de segurança externo, ou seja:
2/4895,1023,1440
12000cmkN
xxe
lfadm ============
γγγγσσσσ
σσσσ
Esta tensão conduz a uma carga admissível (Padm) de:
kNxxAxP admadm 000.63,14404895,10 ≅≅≅≅======== σσσσ
que corresponde, exatamente, ao valor da carga dividido por eγγγγ , ou seja:
kNPP elfadm 000.62/12000/ ============ γγγγ
Como já visto, através dos coeficientes de segurança o método das
tensões admissíveis procura:
a) Estabelecer uma medida da segurança das estruturas;
b) Estabelecer uma sistemática para a introdução da segurança nos
projetos estruturais.
No que diz respeito à medida da segurança introduzida, pode-se de
imediato observar que ela é bastante deficiente. Como já afirmado, o
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coeficiente de segurança iγγγγ deve depender, entre outros fatores, da
variabilidade das resistências dos materiais, crescendo com o crescimento
das dispersões correspondentes. Este fator justifica a utilização de 2====iγγγγ
em uma estrutura metálica e a utilização de 4====iγγγγ , por exemplo para uma
estrutura de madeira.
A simples consideração deste exemplo permite concluir que iγγγγ não é
uma boa medida de segurança, uma vez que, quando se projeta uma
estrutura de madeira com 4====iγγγγ , não se deseja e nem se consegue que ela
tenha uma segurança maior do que a de uma estrutura metálica projetada
com 2====iγγγγ , mas sim que as duas estruturas tenham a mesma segurança
ou, pelo menos, segurança da mesma ordem de grandeza .
Por outro lado, a constatação de que apenas o valor de iγγγγ não define
a segurança de uma estrutura acaba por mostrar a deficiência de tal medida
de segurança. Para exemplificar, se duas estruturas, uma de madeira e
outra metálica, possuírem 2====iγγγγ , a primeira terá segurança menor que a
segunda, embora ambas tenham o mesmo iγγγγ .
No que diz respeito à sistemática para a introdução da segurança nos
projetos estruturais que o método das tensões admissíveis estabelece,
podem ser feitas críticas ainda mais contundentes.
Inicialmente, cabe a crítica de que há uma preocupação apenas com
o estabelecimento de uma conveniente distância entre a situação de
utilização da estrutura e aquela que corresponderia a uma ruptura da
estrutura (desagregação do material) ou a um colapso da mesma (perda da
capacidade portante da estrutura, por se tornar parcial ou totalmente
hipostática). Não há preocupação com a verificação de outras condições que
possam invalidar a utilização da estrutura, como por exemplo o
aparecimento de deformabilidade exagerada da mesma.
Esta crítica não é, contudo, a mais grave, pois outras condições que
possam colocar a estrutura inadequada à utilização, poderiam ser satisfeitas
por meio de verificações adicionais, em separado.
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A principal crítica que se pode e que se deve fazer ao método das
tensões admissíveis é justamente a respeito da distância que ele introduz
entre a situação de utilização da estrutura e aquela que corresponderia a
uma ruptura ou a um colapso da mesma. A medida da distância entre as
situações mencionadas fica muito mais bem definida quando procura-se
estabelecer uma relação entre os carregamentos correspondentes a elas
(((( ))))eγγγγ do que procurando-se estabelecer a relação entre as tensões
correspondentes a tais situações (((( ))))iγγγγ .
As estimativas teóricas são seguras, desde que a idealização do
comportamento da estrutura seja feita de forma conservadora. Além disso, a
carga de colapso é obtida de modo muito mais rápido e econômico que a
obtida por prova de carga. O maior avanço do método do coeficiente
externo , em relação ao método do coeficiente interno , é que nele, tenta-
se considerar a forma de comportamento da estrutura ou seja, como o
modelo ideal da estrutura se comportaria se essa estrutura fosse construída.
Entretanto, o método ainda apresenta muitos defeitos como, por
exemplo, o fato de não existir uma separação entre as incertezas do sistema
e a incerteza dos parâmetros. Além disso, as ações são especificadas da
mesma forma que para o método do coeficiente interno ou seja, uma mistura
de médias , máximas e valores estatísticos estimados . Existe, também
neste método, uma confusão filosófica e falta de rigor, não existindo uma
estrutura lógica de raciocínio, por meio da qual possam ser examinados
todos os estados limitativos da estrutura.
Como consequência, o método das tensões admissíveis não retrata
com boa precisão a condição de colapso, nem permite que seja feita uma
avaliação confiável dessa condição. O método, contudo, representa uma
subestimativa da segurança, ou seja, um limite inferior de segurança, além
de ser um método simples, direto e de fácil utilização, desde que os
coeficientes de segurança sejam adequadamente escolhidos.
Entretanto, como não é um método realista, poderia apresentar perigo
nos casos em que o calculista, baseando-se em uma análise mais
sofisticada da estrutura, imaginasse ser possível a redução do coeficiente de
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segurança. Isso somente seria possível caso fosse feito um estudo mais
rigoroso a respeito das incertezas do sistema e dos parâmetros.
Adicionalmente, é óbvio que outros efeitos, que não sejam tensões,
dever ser analisados no projeto de uma estrutura, como, por exemplo,
deformações, controle de fissuras, etc. Não obstante as normas tratarem
desses efeitos, o método permanece obscuro e desprovido de unidade
filosófica, apresentando uma ênfase excessiva às tensões elásticas e pouca
às restrições que devem ser impostas à utilização da estrutura. Em resumo,
a moderna Engenharia já ultrapassou este método
3.5 – Introdução aos Métodos Probabilísticos
Os conceitos e as análises apresentadas parecem indicar que um
método de introdução de segurança em uma estrutura deve levar em
consideração a completa conceituação de segurança , observando-se todos
os seus aspectos e adotando-se, para medida de segurança, o coeficiente
de segurança externo.
Um método com estas características, porém, permite a crítica
fundamental de que, além da premissa de que o comportamento estrutural é
um fenômeno determinístico , considera-se que os parâmetros mecânicos
e geométricos da estrutura também o são.
A primeira premissa, relativa ao comportamento estrutural
determinístico, é lógica e verificada experimentalmente, não se conhecendo
situações que a contradigam. Entretanto, a hipótese não é verificada
experimentalmente no que se refere aos parâmetros mecânicos e
geométricos, observando-se, por exemplo, que a tensão correspondente ao
limite de escoamento de um material (((( ))))yσσσσ é uma variável aleatória
contínua , à qual deve-se associar uma lei de distribuição de densidade de
probabilidade.
Esta constatação, inclusive, é suficiente para que se possa formular
uma ideia fundamental: eγγγγ também não é uma medida satisfatória da
segurança de uma estrutura uma vez que, mesmo considerando-se que
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apenas yσσσσ não tenha um comportamento determinístico, duas estruturas
geometricamente iguais e igualmente solicitadas, projetadas com o mesmo
eγγγγ , mas construídas com materiais cujos yσσσσ apresentam diferentes
dispersões, apresentarão nível de segurança diferente, sendo menor a
segurança da estrutura cujo material apresentar yσσσσ com maior dispersão.
Por exemplo, uma estrutura metálica e uma de madeira,
geometricamente iguais e igualmente solicitadas, ambas projetadas com
3====eγγγγ , possuem diferentes níveis de segurança, sendo menos segura a
estrutura de madeira por apresentar maior dispersão para yσσσσ .
A conclusão apresentada, obtida com a consideração de que apenas
yσσσσ comporta-se como variável aleatória, fica reforçada com a consideração
de que todas as características geométricas e mecânicas da estrutura
também são variáveis aleatórias e, ainda mais, com a consideração
adicional de que as ações também apresentam esta característica..
Exemplo 3.6 :
Seja a viga do exemplo 3.2, construída com um material com yσσσσ
apresentando uma distribuição log-normal de média 2/30 cmkNm ====σσσσ e
coeficiente de variação de 15%. Determinar os valores de P e as
correspondentes probabilidades de ruína, para coeficientes de segurança
internos iguais a 1, 2 e 3.
Solução :
Suponhamos que, para a determinação de mσσσσ , tenham sido
realizados ensaios de caracterização do material da viga, cujos resultados,
adequadamente manipulados, proporcionaram o estabelecimento de uma
distribuição log-normal de densidade de probabilidade, ou seja, uma
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
38
distribuição tal que ln (((( ))))yσσσσ apresente uma distribuição normal de densidades
de probabilidade. Assim, sendo mσσσσ e "c", respectivamente a média e o
coeficiente de variação da distribuição log-normal, a distribuição normal de
ln (((( ))))yσσσσ apresenta média ln (((( ))))ββββ e desvio padrão δδδδ dados por:
(((( )))) 22
2
1δδδδ
σσσσββββδδδδ−−−−
====++++==== eecnl m
No caso de ter-se c = 0,15 (15%), vem:
(((( ))))(((( )))) 39,3ln/6681,2930
1492,015,0122/)1492,0(
2
2
====∴∴∴∴========
====++++====−−−− ββββββββ
δδδδ
cmkNex
nl
Sendo 26 bhPl====σσσσ (Exemplo 3.2) a maior tensão que ocorrerá na
estrutura, tem-se: lhb
Pmáx 6
2σσσσ====
Fazendo-se iy γγγγσσσσσσσσσσσσ /======== , para os valores de iγγγγ do problema,
obtém-se:
iγγγγ σσσσ (kN/cm2) P (kN)
1,0 30 240
2,0 15 120
3,0 10 80
Para o cálculo das probabilidades de ruína correspondentes aos
valores de P obtidos, deve-se considerar a forma reduzida da função
densidade de probabilidade de yσσσσ na forma
(((( ))))ππππ
σσσσ2
)(ln2/2u
y
ef
−−−−
==== , onde δδδδ
ββββσσσσ nlnlu y −−−−
==== .
A probabilidade da variável yσσσσ situar-se em um intervalo (a,b) será
expressa por:
(((( )))) (((( ))))y
b
a
uy debap σσσσ
ππππσσσσ ∫∫∫∫
−−−−====≤≤≤≤≤≤≤≤ 2/2
2
1
que é representada pela área hachurada da figura abaixo, entre os valores
“a” e “b”.
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
39
ba
δδδδδδδδ ln ( ) + u(p%)ββββββββln ( ) - u(p%) ββββln ( )
= =
p %
( )σσσσln y
dens
idad
e de
pro
babi
lidad
e
Analogamente, fixada uma certa probabilidade “p”, pode ser
determinado o intervalo em torno da média (no caso ββββln ) dentro do qual
devem estar situados todos os valores da variável, definindo-se tal intervalo
em função do parâmetro "u" (p%) e do desvio padrão δδδδ .
Entretanto, esta integral não pode ser calculada pelos meios comuns,
uma vez que não é possível encontrar uma função cuja derivada seja igual a
2/2ue−−−− , sendo necessário recorrer a métodos de integração numérica que
permitem a tabulação dos valores de “p” em função de “u”.
Para o concreto, por exemplo, as normas preveem a probabilidade de
que, em apenas 5% dos casos, a resistência do concreto possa apresentar
valor inferior à resistência característica calculada. Assim, o quantil de 5% (p
= 0,95) deve ser procurado na tabela da distribuição normal para obter-se o
correspondente valor de “u”.
Utilizando-se, por exemplo, a tabela apresentada por Meyer
(Probabilidade: Aplicações à Estatística, p.369-370), obtém-se:
- para p = 0,9495 ⇒ u = 1,64
- para p = 0,9505 ⇒ u = 1,65
Interpolando-se os valores, linearmente, tem-se:
- para p = 0,95 ⇒ u = 1,645
Portanto, a resistência característica do concreto deve ser calculada como δδδδ645,1−−−−==== cjck ff
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40
onde fcj é a resistência média dos corpos de prova ensaiados e δ é o desvio
padrão do lote ensaiado.
Para o caso do exemplo, utilizando as tabelas, obtém-se:
- (((( )))) (((( ))))
(((( ))))
⇔⇔⇔⇔====
====−−−−====
⇒⇒⇒⇒====%97,525297,0
0745,01492,0
6681,29ln30ln/30 2
tabelap
ucmkNσσσσ
-
(((( )))) (((( ))))
(((( ))))
⇔⇔⇔⇔====
−−−−====−−−−====
⇒⇒⇒⇒====−−−− %001,010
5712,41492,0
6681,29ln15ln
/155
2
tabelap
ucmkNσσσσ
-
(((( )))) (((( ))))
(((( ))))
⇔⇔⇔⇔====
−−−−====−−−−====
⇒⇒⇒⇒====−−−− %000000001,010
2888,71492,0
6681,29ln10ln
/1011
2
tabelap
ucmkNσσσσ
Deve-se observar que a variação da probabilidade de ruína, embora
tenha uma relação direta com o valor da tensão máxima atuante na estrutura
ou à carga P aplicada, não é diretamente proporcional a ela, ou seja, uma
redução de 50% na tensão máxima atuante (de 30 para 15kN/cm2) reduziu a
probabilidade de ruína de 52,97% para 0,001%, correspondente a uma
redução de 99,8%.
Para melhor observação desse fenômeno, vamos considerar ainda os
valores 1,5 e 1,515 para iγγγγ , obtendo-se:
iγγγγ σσσσ (kN/cm2) P (kN) u p (%)
1,5 20 160 -2,64 0,41
1,515 19,8 158,4 -2,71 0,34
0,8 37,5 300 1,57 94,18
Observa-se que a redução de 1% na carga aplicada (de 160kN para
158,4kN) resultou em aproximadamente 17% de redução da probabilidade
de ruína (de 0,41% para 0,34%).
A última linha da tabela acima foi incluída para que seja observado
que, probabilisticamente , o fato de a tensão máxima atuante ter superado
a tensão média (((( ))))22 /30/5,37 cmkNcmkN m ====>>>>==== σσσσσσσσ não implica,
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
41
necessariamente , em ruína da estrutura, embora haja 94,18% de
probabilidade de que isto venha a acontecer.
Existem ainda outras ideias fundamentais que podem ser agora
introduzidas, como por exemplo, as interpretações físicas da probabilidade
de ruína de uma estrutura.
A probabilidade “p” de um certo evento pode ser entendida como o
limite para o qual tende a frequência relativa da o corrência daquele
evento, quando o número de repetição das situações em que ele pode
ocorrer tende para infinito . Assim sendo, se forem construídas e
carregadas “n” estruturas, igualmente especificadas e controladas, se o
número de ruínas for “r”, à medida que “n” crescer, a relação "r/n" tenderá a
“p”, podendo-se, para um “n” suficientemente grande, supor npr ==== . Assim,
se 410−−−−====p , para “n” suficientemente grande, uma em cada 10.000
estruturas construídas deverá atingir a ruína.
Por intermédio da probabilidade de ruína de uma estrutura, pode-se
chegar a uma medida conceitualmente perfeita da segurança de uma
estrutura . Sendo “p” a probabilidade de ruína, (1 – p) pode expressar a
segurança, levando-se em consideração todos os fatores que influem na
mesma. Entretanto, devido aos valores assumidos por “p”, a possibilidade de
sobrevivência de uma estrutura apresenta uma faixa de variação muito
estreita, por exemplo entre 0,999 e 0,999999, o que torna inconveniente a
sua utilização corrente, face à sua falta de sensibilidade numérica.
Para contornar esse inconveniente, diversas medidas da segurança
podem ser introduzidas, sendo uma delas, perfeitamente satisfatória, o
índice de segurança , definido por s = colog p.
Do exemplo 3.6 podem ser extraídos os seguintes valores de “s”:
iγγγγ p s
0,8 0,9418 0,026 1,0 0,5297 0,28 1,5 0,0041 2,39 1,515 0,0034 2,47 2 10-5 5 3 10-11 11
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42
Portanto, dentro da concepção probabilística que obrigatoriamente
deve ser introduzida nos métodos de dimensionamento, os conceitos de
coeficientes de segurança devem ser abandonados, por não representarem,
efetiva e satisfatoriamente, o conceito de segurança desejado.
Apesar disso, no estágio atual de desenvolvimento dos métodos
probabilísticos de dimensionamento, ainda parece ser conveniente a
manutenção dos coeficientes de segurança, principalmente em face das
grandes dificuldades ainda existentes para o cálculo de “s” nos casos reais
de projeto. No entanto, a sua manutenção só pode e somente deve ser feita
sabendo-se que ela é provisória , formalmente imperfeita e deve
subordinar-se , sempre que possível, aos métodos probabilísticos .
A conclusão de que a segurança estrutural é um problema
probabilístico tem implicações conceituais, éticas e econômicas.
O conceito de que uma estrutura, ao ser projetada e construída,
apresenta sempre uma probabilidade de ruína pode parecer chocante a
muitas pessoas e mesmo a muitos engenheiros. Durante muitos e muitos
anos, a teoria das estruturas deu a falsa sensação de que era possível
alcançar uma segurança absoluta, especialmente se houvesse um controle
operacional das ações que viessem a agir sobre a estrutura.
Embora desde 1936 já estivesse clara a conceituação probabilística,
apenas recentemente ela vem impondo-se de uma forma mais ampla.
Assim, resta aos engenheiros projetar e construir estruturas que apresentem
baixas probabilidades de ruína, comparáveis àquelas probabilidades de risco
inevitáveis, ligados a outras atividades humanas.
Por exemplo, a probabilidade de uma pessoa ser morta em acidentes
de estradas é de 0,7%, igual à probabilidade de sofrer um acidente uma
pessoa que voa 10 horas por ano. Para uma pessoa que faz 300 viagens de
trem por ano, a probabilidade de acidente é de 0,2%, enquanto a
probabilidade de que qualquer pessoa, em perfeitas condições físicas e
mentais venha a falecer, antes de terminar o dia, é da ordem de 10-5.
Considerações desse tipo acabam por levar à conclusão de que são
normalmente admissíveis para as estruturas probabilidades de ruína entre
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
43
10-3 e 10-6, ou seja, valores do índice de segurança “s” de 3 a 6.
Sob o aspecto ético, cabe ao engenheiro definir as probabilidades de
ruína aceitáveis em cada situação, levando em consideração não só os
riscos humanos e materiais envolvidos mas, principalmente, considerando o
fato consumado de que o risco é inevitável. Por outro lado, cabe à sociedade
passar a entender e a julgar os engenheiros considerando a inevitabilidade
desse risco e a não pressupor que eles trabalham com segurança absoluta.
Porém, para que isso possa efetivamente ocorrer, é essencial que os
próprios engenheiros distingam, clara e corajosamente, no caso de
acidentes, aqueles devidos a erros de projeto ou de execução daqueles
devidos à aleatoriedade inevitável dos fatores de que a segurança depende.
Sob o aspecto econômico, cabe ao engenheiro tomar uma decisão
perante a incerteza, fixando a probabilidade de ruína “p” com que irá projetar
e construir uma certa estrutura, levando em consideração os custos da
construção e o montante de danos decorrentes de uma eventual ruína.
3.6 – Método dos Estados Limites
O conceito de dimensionamento nos estados limites foi desenvolvido
na Rússia, de 1947 a 1949, aprovado em 1955 e introduzido na Engenharia
Civil em 1958. Foi a primeira tentativa de disciplinar todos os aspectos da
análise de estruturas, incluindo a especificação de ações e a análise da
segurança.
É um critério utilizado para definir um limite acima do qual um
elemento da estrutura não poderá mais ser utilizado (estado limite de
utilização), ou acima do qual será considerado inseguro (estado limite
último). Portanto, quando um elemento da estrutura tornar-se inadequado
para utilização, ou quando uma estrutura deixar de satisfazer a uma das
finalidades de sua construção, diz-se que ela atingiu um estado limite , ou,
por extensão, que atingiu a ruína .
Combinando-se esta definição com a conceituação de segurança,
pode-se dizer que segurança de uma estrutura é a capacidade que ela
apresenta de suportar as diversas ações que vierem a solicitá-la
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44
durante a sua vida útil, sem atingir qualquer estad o limite .
Como visto, os estados limites podem ser classificados em duas
categorias:
- estados limites últimos
- estados limites de utilização
Os estados limites últimos são aqueles correspondentes ao
esgotamento da capacidade portante da estrutura, podendo ser originados,
em geral, por um ou vários dos seguintes fenômenos:
- perda da estabilidade de equilíbrio de uma parte ou do
conjunto da estrutura, assimilada a um corpo rígido. Por
exemplo, tombamento, arrancamento de suas fundações,
etc.;
- colapso da estrutura, ou seja, transformação da estrutura
original em uma estrutura parcial ou totalmente hipostática,
por plastificação;
- perda da estabilidade de uma parte ou do conjunto da
estrutura, por deformação;
- deformações elásticas ou plásticas, deformação lenta e
fissuração (no caso de concreto estrutural) que provoquem
uma mudança de geometria que exija uma substituição da
estrutura;
- perda de capacidade de sustentação por parte de seus
elementos, ruptura de seções, por ter sido ultrapassada a
resistência do material, sua resistência à flambagem, à
fadiga, etc.;
- propagação de um colapso que inicia-se em um ponto ou
região da estrutura, para uma situação de colapso total
(colapso progressivo ou falta de integridade estrutural);
- grandes deformações, transformação em mecanismo,
instabilidade global.
De forma geral, pode-se dizer que os estados limites últimos estão
relacionados ao colapso da estrutura ou de parte dela (colapso real ou
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
45
convencional), com uma probabilidade muito pequena de ocorrência, uma
vez que terá como consequência a possível perda de vidas humanas e da
propriedade.
Um estado limite último também pode ocorrer devido à sensibilidade
da estrutura aos efeitos da repetição das ações, do fogo, de uma explosão,
etc. Estas causas devem ser consideradas por ocasião da concepção da
estrutura e os estados limites últimos a elas associados deverão ser
obrigatoriamente verificados, mesmo não estando previstos explicitamente
nas normas de dimensionamento.
Os estados limites de utilização estão relacionados à interrupção da
utilização normal da estrutura, aos danos e à deterioração da mesma. Para
esses estados limites poderá ser tolerada maior probabilidade de ocorrência,
pelo fato de não representarem situações tão perigosas quanto os estados
limites últimos.
Em última análise, os estados limites de utilização correspondem às
exigências funcionais e de durabilidade da estrutura, podendo ser
originados, em geral, por um ou vários dos seguintes fenômenos:
- deformações excessivas para uma utilização normal da
estrutura como, por exemplo, flechas ou rotações que
afetam a aparência da estrutura, o uso funcional ou a
drenagem de um edifício, ou que possam causar danos a
componentes não estruturais e aos seus elementos de
ligação;
- deslocamentos excessivos, sem perda de equilíbrio;
- danos locais excessivos (fissuração, rachaduras, corrosão,
escoamento localizado ou deslizamento) que afetam a
aparência, a utilização ou a durabilidade da estrutura;
- vibração excessiva que afeta o conforto dos ocupantes da
edificação ou a operação de equipamentos.
O dimensionamento pelo método dos estados limites é um processo
que envolve:
i) a identificação de todos os modos de colapso ou maneiras
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
46
pelas quais a estrutura poderia deixar de cumprir as
finalidades para as quais foi projetada (estados limites);
ii) a determinação de níveis aceitáveis de segurança contra a
ocorrência de cada estado limite;
iii) a consideração, pelo calculista da estrutura, dos estados
limites significativos.
No projeto de edifícios comuns, os itens (1) e (2) são contemplados
pelas normas, como por exemplo a NBR 8800/2008 – Projeto e execução de
estruturas de aço de edifícios, que indica os estados limites que devem ser
considerados. Para estruturas corriqueiras, o calculista é responsável pelo
item (iii), geralmente começando-se pelo estado limite mais crítico.
Dentre as etapas enumeradas acima, a etapa (ii) é aquela que
envolve a introdução da segurança aceitável ou desejável, relativamente a
cada estado limite pertinente, baseando-se em métodos probabilísticos para
levar em consideração a variabilidade das ações e das resistências, embora,
no projeto de uma estrutura, o calculista não tenha que trabalhar,
explicitamente, com o cálculo de probabilidades.
As principais vantagens do método de dimensionamento baseado no
conceito de estados limites (método dos estados limites) são as seguintes:
• confiabilidade mais coerente entre as várias situações de
projeto, uma vez que a variabilidade das resistências e das
ações é representada, de forma explícita e independente,
para resistências e ações;
• possibilidade de escolha do nível de confiabilidade, de tal
forma que possa refletir as consequências do colapso;
• melhor possibilidade de compreensão, por parte do
calculista, dos requisitos a serem atendidos pela estrutura e
do comportamento estrutural necessário para que esses
requisitos sejam atendidos;
• simplicidade do processo de dimensionamento;
• permite ao calculista a avaliação de situações não rotineiras
de projeto;
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
47
• permite, de maneira mais racional, a atualização das
normas de dimensionamento, em função dos avanços na
determinação das variabilidades das ações e das
resistências;
• utiliza variáveis probabilísticas, refletindo melhor o caráter
dos fenômenos envolvidos.
3.6.1 – Verificação de projeto
No dimensionamento de uma estrutura, o objetivo do calculista é
assegurar-se, com razoável nível de probabilidade, que, no todo ou em
parte, a estrutura não atingirá um estado limite, durante a sua construção ou
durante o período previsto para sua utilização (vida útil). Para alcançar este
objetivo, o dimensionamento pelo método dos estados limites consiste,
essencialmente, na determinação das ações, ou sua combinação, cujos
efeitos conduzem a estrutura a um estado limite e garantir que são
superiores às ações, determinadas probabilisticamente, a que ela pode estar
sujeita nesse período.
Na prática, o processo de verificação é, no entanto, inverso e baseia-
se no conceito de efeito das ações (Sd) e no conceito de resistência
correspondente (Rd) e em garantir-se que dd RS ≤≤≤≤
O caráter semiprobabilístico da verificação da segurança e das boas
condições de serviço (confiabilidade) é introduzido definindo-se as ações e
as resistências dos materiais através de seus valores característicos (Sk e
Rk) determinados estatisticamente ou baseados na prática de projeto.
Por sua vez, os valores de cálculo (ou de projeto) das ações (ou
seus efeitos) e das resistências são obtidos dos correspondentes valores
representativos, afetados por fatores de segurança , respectivamente fγγγγ e
mγγγγ , determinados por considerações probabilísticas para cada tipo de
estado limite, geralmente como produtos de coeficientes parciais .
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
48
Sd = Rd
A subdivisão em coeficientes γγγγ parciais tem por objetivo quantificar,
separadamente, as várias causas de incerteza, umas quantificáveis
probabilisticamente e outras dependentes de opções subjetivas. O fator fγγγγ
paras as ações (F) e efeitos S(F) é, geralmente, considerado como produto
de três fatores:
- 1fγγγγ ⇒ para levar em consideração a possibilidade de ocorrência
de ações que se afastem do valor característico;
- 2fγγγγ ⇒ chamado fator de combinação , cuja função é traduzir a
probabilidade reduzida de todas as ações, que atuam
combinadas, atingirem valores elevados simultaneamente.
Este fator é, usualmente, identificado como 0ψψψψ ;
- 3fγγγγ ⇒ para levar em consideração a imprecisão na determinação
dos efeitos das ações (solicitações ou tensões) e o efeito
da variação das dimensões nos esforços gerados na
montagem ou execução.
Para quantificação dos vários fγγγγ e, para o estabelecimento das
regras de combinação, as ações são classificadas, segundo sua
variabilidade ao longo do tempo, em três categorias:
- permanentes (G)
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- variáveis (Q)
- excepcionais (E)
As ações permanentes são aquelas cuja variação no tempo é
desprezível em relação ao tempo médio de vida útil da estrutura, podendo
ser divididas em duas classes:
- diretas ⇒ são consideradas ações permanentes diretas os pesos
próprios da estrutura e de todos os elementos
construtivos permanentes, os pesos dos equipamentos
fixos e os empuxos devidos ao peso próprio de terras
não removíveis e de outras ações sobre elas aplicadas
e, em casos particulares, os empuxos hidrostáticos
também podem ser considerados como permanentes;
- indiretas ⇒ são consideradas como ações permanentes indiretas
a protensão, os recalques de apoio e a retração dos
materiais.
São consideradas como ações variáveis as cargas acidentais das
construções, bem como seus efeitos, tais como forças de frenagem, de
impacto e centrífugas, os efeitos do vento, das variações de temperatura, do
atrito nos aparelhos de apoio e, em geral, as pressões hidrostáticas e
hidrodinâmicas. Em função de sua probabilidade de ocorrência durante a
vida útil da construção, as ações variáveis são classificadas em normais ou
especiais .
As ações variáveis normais são aquelas cuja probabilidade de
ocorrência é suficientemente grande para que sejam, obrigatoriamente,
consideradas no projetos das estruturas de um determinado tipo de
construção, enquanto são classificadas como ações variáveis especiais as
ações sísmicas ou cargas acidentais de natureza ou intensidades especiais,
atuantes em tipos particulares de estruturas.
Exemplos:
• nos edifícios habitacionais: sobrecarga devido à utilização da
edificação (pessoas, objetos, mobiliário, etc.) e forças devidas à
pressão do vento.
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• nos edifícios industriais e comerciais: sobrecarga de utilização
(equipamentos, pessoas, etc.) e forças devidas à pressão do
vento
- nas pontes e passarelas: sobrecarga de utilização (pessoas e
veículos) e forças devidas ao vento
- nas barragens e centrais nucleares: efeitos de natureza
sísmica
São consideradas como ações excepcionais as decorrentes
explosões, choques de veículos, incêndios, enchentes ou sismos
excepcionais. Os incêndios, ao invés de serem tratados como causa de
ações excepcionais, também podem ser levados em consideração por
intermédio de redução do valor das propriedades físicas dos materiais
constitutivos da estrutura.
Tendo em vista as diversas ações levadas em consideração no
projeto, o índice do coeficiente fγ pode ser alterado para identificar a ação
considerada, resultando nos símbolos gγγγγ , qγγγγ , pγγγγ e εεεεγγγγ , respectivamente
para as ações permanentes, variáveis, de protensão e para os efeitos de
deformações impostas (ações indiretas).
Os valores representativos das ações, como já comentado, podem ser
valores característicos, característicos nominais, reduzidos de combinação,
convencionais excepcionais, reduzidos de utilização e valores raros de
utilização, de acordo com o estado limite em questão.
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51
Assim, para os estados limites últimos , são considerados os
seguintes valores representativos:
1. valores característicos
• os valores característicos Fk das ações são definidos em
função da variabilidade de suas intensidades;
• os valores característicos das ações variáveis, estabelecidos
por consenso e indicados em normas específicas,
correspondem a valores que têm 25% a 35% de probabilidade
de serem ultrapassados no sentido desfavorável, durante um
período de 50 anos;
• para as ações permanentes que produzam efeitos
desfavoráveis na estrutura, o valor característico corresponde
ao quantil de 95% da respectiva distribuição de probabilidade
(valor característico superior) e, para as aquelas que produzem
efeitos favoráveis o valor característico corresponde ao quantil
de 5% de suas distribuições (valor característico inferior).
2. valores característicos nominais
• para as ações que não tenham sua variabilidade
adequadamente expressa por distribuições de probabilidade,
os valores característicos são substituídos por valores
nominais, convenientemente escolhidos.
3. valores reduzidos de combinação
• são determinados a partir dos valores característicos, pela
expressão kF0ΨΨΨΨ e são empregados nas condições de
segurança relativas a estados limites últimos, quando existem
ações variáveis de diferentes naturezas, levando em
consideração a baixa probabilidade de ocorrência simultânea
dos valores característicos de duas ou mais dessas ações;
• por simplicidade, qualquer que seja a natureza das ações
variáveis, o valores de 0ΨΨΨΨ é único.
4. valores convencionais excepcionais
• são valores arbitrados para as ações excepcionais,
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
52
estabelecidos por consenso entre o proprietário da construção
e as autoridades governamentais que nela tenham interesse.
Para os estados limites de utilização , os valores representativos
são:
1. valores reduzidos de utilização
• são determinados a partir dos valores característicos, pelas
expressões kF1ΨΨΨΨ e kF2ΨΨΨΨ , e empregados, respectivamente,
na verificação da segurança em relação a estados limites de
utilização decorrentes de ações que se repetem muitas vezes
e de ações de longa duração;
• os valores reduzidos kF1ΨΨΨΨ e kF2ΨΨΨΨ são designados,
respectivamente, por valores freqüentes e valores quase-
permanentes das ações variáveis.
2. Valores raros de utilização
• Quantificam as ações que podem acarretar estados limites de
utilização, mesmo que atuem com duração muito curta sobre a
estrutura.
A verificação da segurança em relação aos estados limites últimos é
feita em função das combinações últimas de ações e em relação aos
estados limites de utilização é feita em função das combinações de
utilização .
Em termos de carregamentos, durante a vida útil da estrutura, podem
ocorrer carregamentos normais, carregamentos especiais ou carregamentos
excepcionais, sendo necessária, em alguns casos particulares, a
consideração do carregamento de montagem ou de construção.
O carregamento normal decorre da utilização prevista para a
construção, admitindo-se que possa ter duração igual ao período de
referência da estrutura (vida útil). Este tipo de carregamento deve ser
sempre considerado na verificação da segurança, tanto em relação a
estados limites últimos quanto em relação a estados limites de utilização.
O carregamento especial decorre da atuação de ações variáveis de
natureza ou intensidade especiais, cujos efeitos superam, em intensidade,
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
53
os efeitos produzidos pelas ações consideradas no carregamento normal.
Os carregamentos especiais são transitórios, com duração muito pequena
em relação ao período de referência da estrutura e são, em geral,
considerados apenas na verificação da segurança em relação aos estados
limites últimos, correspondendo, a cada carregamento especial, uma única
combinação última especial de ações.
O carregamento excepcional é decorrente de ações excepcionais
que podem provocar efeitos catastróficos e somente devem ser
considerados no projeto de estruturas de determinados tipos de construção,
para os quais a ocorrência de ações excepcionais não possa ser desprezada
e que, além disso, na concepção estrutural, não possam ser tomadas
medidas que anulem ou atenuem a gravidade das conseqüências dos
efeitos dessas ações. O carregamento excepcional é transitório, com
duração extremamente curta, sendo considerado apenas na verificação da
segurança em relação a estados limites últimos, por intermédio de uma
única combinação última excepcional de ações.
O carregamento de construção é considerado apenas nas
estruturas em que haja risco de ocorrência de estados limites, durante a fase
de construção, portanto transitório, e sua duração deve ser definida em cada
caso particular. Devem ser consideradas tantas combinações de ações
quantas sejam necessárias para a verificação das segurança em relação a
todos os estados limites que são de se temer durante a fase de construção.
Portanto, a verificação da segurança para cada tipo de carregamento
deve considerar todas as combinações de ações que possam acarretar os
efeitos mais desfavoráveis na estrutura, observando-se, sempre, que:
- as ações permanentes devem ser consideradas em sua totalidade;
- devem ser consideradas apenas as parcelas das ações variáveis
que produzam efeitos desfavoráveis;
- as ações móveis devem ser consideradas em suas posições mais
desfavoráveis.
As ações incluídas em cada uma das condições indicadas devem ser
consideradas com seus valores representativos, multiplicados pelos
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
54
coeficientes de ponderação, adotando-se os seguintes critérios:
- as ações permanentes devem figurar em todas as combinações de
ações;
- em cada combinação última normal, uma das ações variáveis deve
ser considerada como principal, admitindo-se que ela atue com
seu valor característico Fk, enquanto as demais devem ser
consideradas como secundárias, adotando-se os seus respectivos
valores reduzidos de combinação kF0ΨΨΨΨ ;
- nas combinações ultimas, especiais ou excepcionais, a ação
variável, especial ou excepcional, deve ser considerada com seu
valor representativo ( 0,1====fγγγγ ) e, para as demais ações variáveis,
devem ser adotados valores correspondentes a uma probabilidade
não desprezível de atuação simultânea com a ação variável
especial ou excepcional.
Os coeficientes de ponderação gγγγγ (ações permanentes) majoram os
valores representativos que provocam efeitos desfavoráveis e minoram os
valores representativos daquelas que provocam efeitos favoráveis para a
segurança da estrutura. Nas combinações últimas, salvo indicação em
contrário expressa em norma relativa ao tipo de construção e de material
utilizado, devem ser tomados com os valores básicos indicados na tabela
apresentada a seguir.
Valores característicos de ponderação das ações
Combi- nações.
Ações Permanentes Ações
Variáveis Recalques de apoio e
retração Grande variabilidade
Pequena variabilidade
Desfav.
gγγγγ
Favorável
gγγγγ
Desfav.
gγγγγ
Favorável
gγγγγ
Geral
qγγγγ
Temp.
εεεεγγγγ
Desfav.
εεεεγγγγ
Favorável
εεεεγγγγ
Normais 1,4 0,9 1,3 1,0 1,4 1,2 1,2 1,0 Espec.
ou Constr.
1,3 0,9 1,2 1,0 1,2 1,0 1,2 1,0
Excep. 1,2 0,9 1,1 1,0 1,0 0 0 0
Para a determinação do coeficiente de ponderação gγγγγ as ações
permanentes são divididas em dois grupos:
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
55
• ações permanentes de grande variabilidade : são as
constituídas pelo peso próprio das estruturas, dos elementos
construtivos permanentes não estruturais e dos equipamentos
fixos, todos considerados globalmente, quando o peso próprio
da estrutura não superar 75% da totalidade desses pesos
permanentes;
• ações permanentes de pequena variabilidade : são as ações
permanentes quando o peso próprio da estrutura supera 75% da
totalidade dos pesos permanentes;
A tabela anteriormente apresentada indica, além dos coeficientes de
ponderação das ações permanentes e variáveis, os valores que devem ser
adotados para ações decorrentes de recalques de apoio e de retração dos
materiais.
Os fatores de combinação 0ΨΨΨΨ , salvo indicação em contrário, expressa
em norma relativa ao tipo de construção e de material utilizado, estão
indicados na tabela abaixo, juntamente com os fatores de redução 1ΨΨΨΨ e 2ΨΨΨΨ
referentes às combinações de utilização.
Valores dos fatores de combinação e de utilização
Ações em geral 0ΨΨΨΨ 1ΨΨΨΨ 2ΨΨΨΨ
- Variações uniformes de temperatura em rel. à média anual local 0,6 0,5 0,3 - Pressão dinâmica do vento n as estruturas em geral 0,4 0,2 0 - Pressão dinâmica do vento nas estruturas cuja ação variável
principal tem pequena variabilidade durante grandes intervalos de tempo
0,6
0,2
0
Cargas acidentais em edifícios 0ΨΨΨΨ 1ΨΨΨΨ 2ΨΨΨΨ
- Locais em que não há predominância de pesos de equi pamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo n em de elevada concentração de pessoas
0,4
0,3
0,2 - Locais em que há predominância de pesos de equipame ntos q ue
permanecem fixos por longos períodos de tempo ou de elevada concentração de pessoas
0,7
0,6
0,4 - Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens
Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos 0ΨΨΨΨ 1ΨΨΨΨ 2ΨΨΨΨ
- Pontes de pedestres 0,4 0,3 0,2(*)
- Pontes rodoviárias 0,6 0,4 0,2(*)
- Pontes ferroviárias (ferrovias não especializadas) 0,8 0,6 0,4(*)
Admite-se 02 ====ΨΨΨΨ para ação principal correspondente a um efeito sís mico
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
56
Quando são considerados estados limites de utilização, os
coeficientes de ponderação das ações são tomados com valor 0,1====fγγγγ ,
salvo exigência em contrário, expressa em norma especial.
Os coeficientes parciais de ponderação 1f
γγγγ e 3f
γγγγ podem ser
quantificados, individualmente, nos seguintes casos:
• comportamento com não linearidade geométrica
- para efeitos desfavoráveis, os valores do coeficiente de
ponderação fγγγγ para as combinações normais podem ser
desdobrados no produto dos coeficientes parciais 1f
γγγγ e 3f
γγγγ ,
mantendo-se, nesse caso, 1,13
≥≥≥≥fγγγγ .
• Ações com distribuições truncadas
- para ação com distribuição de probabilidade truncada, em
virtude de arranjos físicos que, efetivamente, impeçam o
aumento significativo da intensidade da ação atuante acima do
valor representativo adotado, permite-se tomar o valor
31. fff γγγγγγγγγγγγ ==== , com 1,1
3≥≥≥≥fγγγγ e
1fγγγγ coerente com a variabilidade
efetiva da ação considerada.
Em casos especiais, considerados em normas correspondentes a
determinados tipos de construção, podem ser alterados os coeficientes de
ponderação das resistências ou das ações de valor 1>>>>fγγγγ , multiplicando-se
os valores usuais por coeficientes de ajustamento nγγγγ dados por
2.1 nnn γγγγγγγγγγγγ ==== , sendo 2,1
1≤≤≤≤nγγγγ em função da ductilidade de uma eventual
ruína e 2,12
≤≤≤≤nγγγγ em função da gravidade das conseqüências de uma
eventual ruína.
Conhecidas as combinações necessárias à verificação da segurança
bem como as ações que as compõem e os coeficientes que afetam essas
ações, pode-se obter as expressões que as representam, para os diferentes
casos a serem analisados:
• combinações normais últimas
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
57
∑∑∑∑ ∑∑∑∑==== ====
ΨΨΨΨ++++++++====
m
i
n
jQjQqGgd kjkkii
FFFF1 2
0 ,,1,.. γγγγγγγγ
onde kiGF
, representa o valor característico das ações permanentes,
kQF,1
é o valor característico da ação variável principal da combinação e
kjQj F,
.0ΨΨΨΨ é o valor reduzido de combinação de cada uma das demais ações.
Em casos especiais devem ser consideradas duas combinações: em
uma, admite-se que as ações permanentes sejam desfavoráveis e, na outra,
que sejam favoráveis para a segurança.
• combinações últimas especiais ou de construção
∑∑∑∑ ∑∑∑∑==== ====
ΨΨΨΨ++++++++====
m
i
n
jQefjQqGgd kjkkii
FFFF1 2
,0 ,,1,.. γγγγγγγγ
onde kiGF
, representa o valor característico das ações permanentes,
kQF,1
é
o valor característico da ação variável admitida como principal para a
situação transitória considerada e kjQefj F
,.,0ΨΨΨΨ é o fator de combinação
efetivo de cada uma das demais ações variáveis que podem agir
concomitantemente com a ação principal 1QF durante a situação transitória.
O fator efj ,0ΨΨΨΨ é igual ao fator j0ΨΨΨΨ adotado nas combinações normais, salvo
quando a ação principal 1QF tiver um tempo de atuação muito pequeno,
caso em que efj ,0ΨΨΨΨ pode ser tomado como o correspondente j2ΨΨΨΨ .
• combinações últimas excepcionais
∑∑∑∑ ∑∑∑∑==== ====
ΨΨΨΨ++++++++====m
i
n
jQefjqexcQGgd kjkii
FFFF1 2
,0, ,,.. γγγγγγγγ
onde excQF , é o valor da ação transitória excepcional e os demais termos já
foram definidos nas expressões anteriores.
Nas combinações de utilização são consideradas todas as ações
permanentes, inclusive as deformações impostas permanentes, e as ações
variáveis correspondentes a cada um dos tipos de combinações, de acordo
com o que é indicado a seguir:
• combinações quase permanentes de utilização
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
58
- todas as ações variáveis são consideradas com seus valores
quase permanentes kQF2ΨΨΨΨ
∑∑∑∑∑∑∑∑========
ΨΨΨΨ++++====n
jQj
m
iGutild kjki
FFF2
21
, ,,
• combinações frequentes de utilização
- A variável principal 1QF é tomada com seu valor frequente
kQF,11ΨΨΨΨ e todas as demais variáveis são tomadas com seus
valores quase permanentes kQF2ΨΨΨΨ
∑∑∑∑∑∑∑∑========
ΨΨΨΨ++++ΨΨΨΨ++++====n
jQj
m
iQGutild kjkki
FFFF2
21
1, ,,1,
• combinações raras de utilização
- a ação variável principal 1QF é tomada com seu valor
característico kQF
,1 e todas as demais variáveis são tomadas
com seus valores frequentes kQF1ΨΨΨΨ
∑∑∑∑∑∑∑∑========
ΨΨΨΨ++++++++====n
jQj
m
iQGutild kjkki
FFFF2
11
, ,,1,
3.6.2 – Resistência dos materiais estruturais
A resistência é a propriedade da matéria suportar tensões. Do ponto
de vista prático, a medida dessa aptidão é considerada como a própria
resistência, que pode ser determinada, convencionalmente, pela máxima
tensão que pode ser aplicada ao corpo de prova do material considerado,
até o aparecimento de fenômenos particulares de comportamento, além dos
quais há restrição ao emprego do material em elementos estruturais.
De um modo geral, esses fenômenos são os de ruptura ou de
deformação específica excessiva, sendo especificados quais os fenômenos
que permitem determinar a resistência nas normas correspondentes a cada
material.
A resistência média mf é dada pela média aritmética das resistências
dos elementos que compõem o lote considerado do material, calculando-se
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
59
os valores característicos das resistências kf com pequena probabilidade de
serem ultrapassados, no sentido desfavorável para a segurança.
Usualmente é de interesse a resistência característica inferior inf,kf ,
cujo valor é inferior à resistência média mf , embora, em alguns casos, seja
interessante expressar a resistência em termos da resistência característica
superior mk ff >>>>sup, .
Exceto quando houver exigência expressa em norma referente a um
determinado material ou tipo de construção, o valor representativo deve ser
tomado como o valor da resistência característica inferior, sempre que a
segurança dependa das porções menos resistentes do material da estrutura.
Este valor pode ser tomado como o da resistência média quando a
segurança é condicionada pela soma das resistências de muitas porções do
material da estrutura, sem que cada uma delas, individualmente, tenha
influência determinante.
A resistência de cálculo df é dada por mkd ff γγγγ/==== , onde kf é a
resistência característica inferior e mγγγγ é o coeficiente de ponderação das
resistências, sendo 321
.. mmmm γγγγγγγγγγγγγγγγ ==== .
O parâmetro 1mγγγγ expressa a variabilidade da resistência efetiva,
transformando a resistência característica em um valor extremo de menor
probabilidade de ocorrência, 2mγγγγ representa as diferenças entre a
resistência efetiva do material da estrutura, medida convencionalmente em
corpos de prova padronizados e 3mγγγγ traduz, numericamente, as incertezas
existentes na determinação das solicitações resistentes, seja em decorrência
dos métodos construtivos, seja em virtude do método de cálculo empregado.
3.6.3 – Comentários finais:
A fase atual, no que tange à filosofia de dimensionamento de
estruturas, é de transição, não existindo ainda informações estatísticas
suficientes, em quantidade e qualidade, para o estabelecimento de um
método inteiramente probabilístico e de confiabilidade perfeitamente
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
60
uniforme.
Os métodos baseados em estados limites são um passo à frente no
processo de evolução e, dada a ausência de bases estatísticas completas,
foram calibrados com métodos anteriores. Isto significa que, apesar de
resultados isolados serem diferentes de resultados anteriores, a média dos
resultados é a mesma.
Futuramente deverão ocorrer ajustes nos coeficientes de segurança
das ações e das resistências, à medida em que a massa de dados
disponível for sendo enriquecida.
3.7 – Exemplos gerais de aplicação:
Exemplo 3.7 :
Seja um elemento tracionado, confeccionado em aço, que possui 2/50 cmkNy ====σσσσ , com seção transversal quadrada e constante, submetido às
ações P1 = 60kN, devido ao peso próprio; P2 = 130kN, devido à carga de
utilização (sobrecarga) e P3 = 40kN, devido à ação do vento.
Dimensionar a seção transversal do elemento (((( ))))a pelo método das
tensões admissíveis, com 67,1====iγγγγ (usual em aço) e (((( ))))b pelo método dos
estados limites, com 12,1====mγγγγ .
Solução:
(((( ))))a Método das tensões admissíveis
A condição do método permite escrever: 2max /30/ cmkNiy ≅≅≅≅≤≤≤≤ γγγγσσσσσσσσ e,
sendo AP /maxmax ====σσσσ , com ∑∑∑∑ ======== kNPP i 230max , tem-se:
cmAbcmA 77,267,730/230 min2 ========∴∴∴∴====≥≥≥≥
(((( ))))b Método dos estados limites
Neste caso somente é cabível a verificação dos estados limites
últimos, adotando-se, como combinação última normal
[[[[ ]]]][[[[ ]]]] kNxxS
PPPS
d
qgd
6,299406,01304,1604,13021
====++++++++====∴∴∴∴
ΨΨΨΨ++++++++==== γγγγγγγγ
Para a resistência de cálculo, tem-se:
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
61
AAAR myd 6,4412,1/.50/. ≅≅≅≅======== γγγγσσσσ
Impondo-se a condição de resistência dd SR ≥≥≥≥ , obtém-se:
cmb
cmAA
59,272,6
72,66,2996,44
min
2
≅≅≅≅====∴∴∴∴
≥≥≥≥⇒⇒⇒⇒≥≥≥≥
Exemplo 3.8 :
Dimensionar o pórtico da figura , construído com material com 2/10 cmkNy ====σσσσ , 24 /102 cmkNxE ==== , seções transversais constantes e
regulares, com bh 2==== e submetido às ações p1 = 6kN/m (ação permanente)
e p2 = 20kN/m (sobrecarga), admitindo-se que não ocorram instabilidades
fora do plano do pórtico, considerando:
(((( ))))a o método das tensões admissíveis, com ei γγγγγγγγγγγγ ============ 2
(((( ))))b o método dos estados limites, com 5,1====mγγγγ
Solução :
(((( ))))a Método das tensões admissíveis
(((( ))))1.a Dimensionamento da viga
(((( )))) 2221 /5/.11700.1178/ cmkNecmkNmkNlppM y ================++++==== γγγγσσσσσσσσ
σσσσσσσσ ≤≤≤≤==== WM / , sendo 3/26/ 32 bhbW ========
(((( )))) cmbb 197,1553/2/11700 3 ≥≥≥≥∴∴∴∴≤≤≤≤ . Adota-se cmb 5,15==== e cmh 31==== .
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
62
Para a viga, deve-se ainda verificar a flecha máxima que, neste caso,
ocorre no meio do vão, sendo IElp 384/5 4====∆∆∆∆
cmxxxxxx 57,0)12/315,15102384(/60026,05 344 ========∆∆∆∆
Usualmente, para vigas, admite-se deformações ou flechas máximas
da ordem de 350/l ou 500/l .
Fazendo-se ∆∆∆∆>>>>====⇒⇒⇒⇒====∆∆∆∆ cml 714,1350/600350/max ou, de outro
modo, oklll ⇒⇒⇒⇒<<<<<<<<≅≅≅≅====∆∆∆∆ 350/1053/63,1052/ .
(((( ))))2.a Dimensionamento dos pilares
(((( ))))kNxNlIEN
kNxlppN
ecr 156278.)2(/
782/6262/22
21
========≥≥≥≥====
========++++====
γγγγππππ
4422 5,284)102(/3004156 cmxxxxI ====≥≥≥≥ ππππ e 12/3bhI ====
cmxb 43,62/125,2844 ====≥≥≥≥∴∴∴∴ . Adota-se cmb 5,6==== e cmh 13====
Uma verificação adicional é necessária, uma vez que as normas de
dimensionamento costumam impor um valor limite para a esbeltez dos
elementos comprimidos. Sendo 200max ====λλλλ , e considerando-se que a
imposição refere-se à esbeltez mínima (mesmo que, como no caso deste
exemplo, não ocorram instabilidades fora do plano), tem-se:
(((( )))) (((( )))) max3 76,31912/5,613/135,63002// λλλλλλλλλλλλ >>>>∴∴∴∴================ xxxxIAlkrlk
Para que a imposição normativa seja atendida, é necessário que
cmbcmxrrx 39,103200/3002/3002200 ≥≥≥≥∴∴∴∴====≥≥≥≥⇒⇒⇒⇒≥≥≥≥====λλλλ
Adota-se, portanto, cmb 5,10==== e cmh 21==== .
Importante: Como presume-se não haver instabilidade fora do plano, o
posicionamento da seção transversal deverá ser aquele que possibilite, no
plano do pórtico, a maior resistência á flambagem do pilar, Em outras
palavras, a dimensão b2 (ver figura) deverá ser perpendicular ao plano da
estrutura.
(((( ))))b Método dos estados limites
(((( ))))1.b Dimensionamento da viga
mkNxxqd /4,36204,164,1 ====++++====
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
63
WxWWM
cmkNmkNxM
myr
d
67,65,1/10/.
.16380.8,1638/64,36 2
========================
γγγγσσσσ
No regime elástico, Considerando-se a possibilidade de formação de
rótula plástica, o momento resistente plástico é dado por 322 4/)2(4/ bbbhbW ============ .
1638067,6 3 ====≤≤≤≤∴∴∴∴ bM d e cmb 394,13≥≥≥≥ , adotando-se cmb 5,13==== e cmh 27====
Na verificação da flecha, que é um estado limite de utilização, faz-se
1======== qg γγγγγγγγ , o que conduz ao mesmo cálculo realizado para o método das
tensões admissíveis, porém com inércia um pouco menor, obtendo-se
cm98,0====∆∆∆∆ ou 350/1612/1/ <<<<====∆∆∆∆ l .
(((( ))))2.b Dimensionamento dos pilares
Também para o Método dos Estados Limites vale a restrição
200max ====λλλλ , tendo-se, portanto, partir da seção mínima cmxcm 215,10 :
kNxxAR myd 14705,1/10215,10/. ============ γγγγσσσσ e
.2,1092/6)204,164,1( okRNkNxxxN ddd →→→→<<<<⇒⇒⇒⇒====++++====
3.8 – Tipos e Natureza das Ações:
No item 3.6.1, a título de determinação dos valores de cálculo (ou de
projeto das ações ou de seu efeitos, foram definidos os tipos e a natureza
das ações que podem atuar em uma estrutura, durante a sua vida útil.
De modo sucinto, e de acordo com as normas técnicas brasileiras,
como a NBR 8681 – Ações e Segurança nas Estruturas, as ações podem
ser classificadas como ações permanentes (por exemplo o peso próprio da
estrutura e de todos os elementos construtivos permanentes), variáveis
(sobrecargas, efeitos do vento, pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas,
etc.) e ações excepcionais (decorrentes explosões, choques de veículos,
incêndios, enchentes ou sismos excepcionais).
Neste item será dada especial atenção à avaliação das ações mais
comuns em estruturas, ou seja, ao cálculo das ações decorrentes do peso
próprio, das sobrecargas e, no item seguinte, da ação do vento.
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
64
O peso próprio dos materiais de construção são estabelecidos, em
termos de valores médios, e apresentados em tabelas fornecidas pela NBR
6120 ou, no caso de elementos estruturais pré-fabricados (concreto, chapas,
perfis laminados, soldados ou conformados a frio), fornecidas pelos
fabricantes. Neste último caso, por exemplo, um perfil “I” 250x37 identifica
um elemento estrutural soldado, cuja seção transversal, em forma de “I”,
com 250 mm de altura e 37 kg de peso por metro linear.
Caso tais informações não sejam disponíveis, pode-se calcular o peso
próprio de um elemento multiplicando-se o volume do mesmo pelo peso
específico do material do qual o elemento é feito. Porém, em função das
dimensões relativas do elemento, é comum adotar-se o peso próprio por
metro linear (vigas e paredes) ou por metro quadrado (lajes e coberturas, por
exemplo).
Para a sobrecarga, a NBR 6120 estabelece os valores a serem
adotados em função da destinação da estrutura, apresentando-se, a seguir,
os casos mais comuns em estruturas convencionais:
• forros não destinados a depósitos: 0,5kN/m2;
• dormitórios, salas, copa, cozinha e banheiro: 1,5kN/m2;
• despensa, área de serviço e lavanderia: 2kN/m2;
• locais destinados a reuniões e acesso público: 3kN/m2;
• pisos de lojas: 4 kN/m2;
• locais destinados a bailes, ginástica e esportes: 5kN/m2;
Para a sobrecarga em pisos de locais destinados a arquivos e
depósitos deve-se determinar, em função da destinação específica (tipo de
material) o valor a ser adotado em cada caso.
3.9 – Ação do Vento:
Pode-se, de maneira simplificada, definir o vento como o movimento
de massas de ar, decorrente das diferenças de pressão na atmosfera.
Na Engenharia Civil, considerando-se que o ar é um fluido em
movimento e exercerá uma pressão sobre um obstáculo situado em sua
trajetória, a ação do vento será norteada pela consideração de qual será o
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
65
efeito dessa pressão sobre as estruturas.
Pode-se também definir o vento como um fluxo de ar médio,
sobreposto a flutuações de fluxo, denominadas rajadas ou turbulências, as
quais, por apresentarem velocidade superior à média, são responsáveis,
portanto, pelas “forças” que irão solicitar as estruturas, sendo importante
salientar o caráter aleatório do vento em termos de intensidade, duração e
direção, o que deverá ser levado em consideração na determinação dessas
forças.
Sem maior aprofundamento em termos dos aspectos meteorológicos
do vento, é conveniente comentar alguns de seus conceitos fundamentais:
• circulação global : O aquecimento diferenciado entre a região
equatorial e os polos faz com que massas de ar frio (mais
densas) desloquem-se em direção ao equador em virtude do
movimento ascendente do ar desta região (menos denso). Esse
deslocamento, associado à rotação da Terra, origina o que se
denomina circulação global;
• frente fria : Movimentação de massa de ar frio, sob massa de ar
quente, caracterizando-se por fortes zonas de instabilidade e
provocando chuvas na região de superfície frontal, com ventos
de até 30m/s (108km/h);
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
66
• frente quente : Movimentação de massa de ar quente, sobre
massa de ar frio, apresentando-se mais estável que a frente fria e
com menor velocidade dos ventos;
• tempestade tropical : Caracteriza-se pela formação de uma
célula (nuvem) convectiva, seguida de seu desenvolvimento pela
entrada de umidade e calor. Após isso processa-se o
crescimento vertical, com altura podendo chegar a 12km, seguido
do movimento externo da massa de ar frio, o que inicia a
precipitação. O colapso do topo da nuvem, associado a seu
deslocamento em função das condições de pressão e
temperatura, pode produzir ventos com velocidade superior a
30m/s (108km/h).
Formação da nuvem Desenvolvimento
Crescimento vertical Desabamento do topo da nuve m
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
67
Este breve relato da formação do vento e de alguns aspectos
meteorológicos é importante como introdução ao estudo dos efeitos do vento
nas edificações.
3.9.1 – Efeitos do vento
Os ventos fortes são os de maior interesse na engenharia de
estruturas e a rugosidade do terreno, bem como os obstáculos naturais e
artificiais, serão objeto de consideração para determinar a velocidade do
vento.
É até comum a ruína parcial ou total de edificações (casas, torres,
silos, coberturas, caixilhos, etc.). devido à ação do vento. Alguns são dignos
de nota, como, talvez o maior deles, a ruína da ponte Tacoma Narrows, nos
Estados Unidos, em um dia de ventos constantes com frequência próxima
da frequência natural característica da ponte, o que provocou grandes
oscilações. A ruína ocorreu aproximadamente 6 horas após o início das
oscilações e foi filmada, celebrizando mundialmente este acidente.
Escala de Beaufort
Grau Veloc . do vento
Descrição do vento Efeitos devidos ao vento Intervalo
(m/s) Média (km/h)
0 0 – 0,5 1 calmaria - - - - 1 0,5 – 1,7 4 sopro a fumaça sobe praticamente n a vertical 2 1,7 – 3,3 8 brisa leve sente -se o vento nas faces 3 3,3 – 5,2 15 brisa fraca movem -se as folhas das árvores
4 5,2 – 7,4 20 brisa moderada movem-se pequenos ramos
5 7,4 – 9,8 30 brisa viva movem -se ramos maiores 6 9,8 – 12,4 40 brisa forte movem -se os arbustos
7 12,4 – 15,2 50 ventania
fraca flexionam -se galhos fortes e o vento é ouvido em
edifícios
8 15,2 – 18,2 60 ventania
moderada difícil caminhar, galhos quebram -se, os troncos das
árvores oscilam
9 18,2 – 21,5 70 ventania objetos lev es são deslocados, partem -se arbustos e
galhos grossos, avarias em chaminés
10 21,5 – 25,5 80 ventania
forte árvores são arrancadas, quebram-se os postes
11 25,5 – 29 95 ventania destrutiva avarias severas
12 > 29 105 furacão Avarias desastrosas, calami dades
Não é muito fácil para o ser humano quantificar a velocidade do vento.
Uma tentativa de classificar a velocidade do vento, em graus crescentes, em
função dos efeitos causados, foi feita por Beaufort (1774 - 1857). A tabela
acima apresenta uma reprodução desta escala, permitindo a quantificação
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
68
aproximada da velocidade dos ventos a partir da avaliação dos danos
causados.
A ação dos ventos nas edificações depende, necessariamente, dos
aspectos aerodinâmicos e meteorológicos .
Os aspectos meteorológicos serão responsáveis pela primeira
pergunta a ser respondida: Qual a velocidade do vento a considerar no
projeto de uma dada edificação?
Esta velocidade será avaliada a partir de considerações tais como:
• local da edificação;
• tipo de terreno (plano, aclive, morro, etc.);
• altura da edificação;
• rugosidade do terreno (tipo e altura dos obstáculos);
• tipo de ocupação.
É evidente que, no cálculo da velocidade, deve-se considerar todos
esses aspectos, bem como as dimensões da edificação e as condições dos
locais em que a mesma será construída.
Outro aspecto a ser considerado é a aleatoriedade do vento, o que
exige não só a necessidade de realizar medições do vento natural, como
também a adoção de simplificações para que seja possível a avaliação de
seus efeitos.
A variação da velocidade do vento com a altura é outro aspecto
importante a ser observado, tendo sido proposta, por Davenport (1932-
2009), uma variação exponencial que considera perfis de velocidade média
para três tipos de terreno:
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
69
• região com grandes obstruções (centros de grandes cidades)
• regiões com obstruções uniformes, com obstáculos com altura
média de 10m (cidades pequenas e subúrbios de grandes
cidades);
• região com poucos obstáculos (campo aberto, fazendas, etc.).
A observação dos perfis de velocidade média permite admitir a
existência de uma velocidade limite, denominada velocidade gradiente ,
associada a uma altura gradiente, acima da qual não ocorrerão alterações
significativas da velocidade.
Por outro lado, o caráter localizado do vento e os efeitos das rajadas
serão os responsáveis pela velocidade do ar que atinge uma determinada
edificação, podendo-se dizer que, em um dado instante, a velocidade pode
ser expressa por:
(((( )))) (((( )))) (((( ))))ttmt VVV ∆∆∆∆++++====
onde: (((( ))))tV é a velocidade em um instante t;
(((( ))))tmV é a velocidade média do fluxo de ar no instante t;
(((( ))))tV∆∆∆∆ é a variação da velocidade média (efeito de rajada ou
turbulência)
A turbulência (ou rajada) é tratada de várias maneiras, porém um
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
70
critério de avaliação simples e de fácil visualização é imaginar-se a rajada
associada a um grande turbilhão, em forma de tubo idealizado, envolvendo
toda a edificação para que esta seja totalmente solicitada, como
exemplificado na figura acima.
O tempo de rajada está associado à passagem deste tubo idealizado
sobre a edificação, o que já permite concluir que as dimensões da edificação
serão responsáveis pelo tempo de rajada a ser considerado.
Entretanto, é necessário definir-se, inicialmente, uma velocidade de
referência para uma dada situação de tempo de rajada, rugosidade do
terreno e altura para, a partir daí, considerar as particularidades de cada
edificação.
O aspecto aerodinâmico da ação do vento será definido pela análise
da edificação e da sua forma, a qual tem um papel importante para a
determinação da força devida ao vento que a solicitará.
O vento, ao incidir sobre uma edificação terá, evidentemente, um
comportamento diferente, em função da forma desta edificação.
Intuitivamente é possível imaginar que o vento, ao incidir sobre um
telhado tipo “duas águas”, um arco, ou um edifício de andares múltiplos, terá
sua trajetória alterada em função da forma diferenciada dessas edificações.
A visualização das linhas de fluxo pode ser feita por intermédio das
linhas de fluxo sobre uma edificação com telhado tipo “duas águas”.
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
71
3.9.2 – Velocidade básica e velocidade característi ca do vento:
O conceito de velocidade básica do vento está diretamente associado
às condições em que são efetuadas as medidas desta velocidade para o
vento natural, ou seja, posicionando-se os anemômetros (ou anemógrafos),
a 10m de altura, em terrenos planos e sem obstruções que possam interferir
diretamente na velocidade do vento, definindo-se, assim, um padrão de
comparação para que sejam feitas as devidas correções para cada caso
particular de edificação.
A NBR 6123 estabelece para a velocidade básica um gráfico de
isopletas (curvas de igual velocidade do vento) baseado nas seguintes
condições:
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
72
• velocidade básica para uma rajada de três segundos;
• período de retorno de 50 anos;
• probabilidade de 63% de ser excedida, pelo menos uma vez,
no período de retorno;
• altura de 10 metros;
• terreno plano, em campo aberto, sem obstruções.
Portanto, a velocidade básica é um padrão de referência, sendo
necessário determinar a velocidade do vento que atuará sobre uma
determinada edificação, ou seja, determinar a velocidade característica .
A determinação da velocidade característica deverá levar em
consideração os aspectos particulares da edificação, podendo-se citar:
• a topografia do local;
• a rugosidade do terreno;
• a altura da edificação;
• as dimensões da edificação;o tipo de ocupação e os riscos à
vida humana.
Para a consideração de todos esses aspectos, a NBR 6123 prevê que
a velocidade característica deverá ser obtida por 3210 ... SSSVVk ==== .
onde 0V = velocidade básica; 1S = fator topográfico; 2S = fator de
rugosidade do terreno (dimensões e altura da edificação) e 3S = fator
estatístico.
O fator topográfico representa os efeitos das variações do relevo do
terreno onde a edificação será construída, ou seja, majora ou minora a
velocidade básica em função da topografia do terreno.
A norma brasileira considera, basicamente, três situações: terreno
plano ou pouco ondulado, taludes e morros, e vales profundos protegidos do
vento.
Na figura abaixo observa-se a aproximação ou afastamento das linhas
de fluxo, onde os pontos A ( 0,11 ====S ) e B representam, respectivamente,
terreno plano e aclive com aumento de velocidade, enquanto o ponto C
( 9,01 ====S ) representa a situação de um vale protegido, com diminuição de
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
73
velocidade do vento.
Para a situação de taludes e morros, a correção da velocidade básica
deve ser feita a partir do ângulo de inclinação do talude ou morro, de acordo
com as situações apresentadas na figura a seguir.
No ponto B [ 1S é uma função (((( ))))zS1 ]:
• 03≤≤≤≤θθθθ ⇒⇒⇒⇒ (((( )))) 0,11 ====zS
• 00 176 ≤≤≤≤≤≤≤≤ θθθθ ⇒⇒⇒⇒ (((( )))) (((( )))) 0,135,20,1 01 ≥≥≥≥−−−−
−−−−++++==== θθθθtgdz
zS
• 045≥≥≥≥θθθθ ⇒⇒⇒⇒ (((( )))) 0,131,05,20,11 ≥≥≥≥
−−−−++++==== xdz
zS
• Interpolar, linearmente, para 00 63 ≤≤≤≤≤≤≤≤ θθθθ e 00 4517 ≤≤≤≤≤≤≤≤ θθθθ
sendo "z" a altura medida a partir da superfície do terreno, no ponto
considerado; "d" = diferença de nível entre a base e o topo do talude ou
morro e θθθθ a inclinação média do talude ou encosta do morro.
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
74
O fator de rugosidade 2S leva em consideração as particularidades
de uma dada edificação (dimensões), bem como a rugosidade média geral
do terreno no qual a edificação será construída.
A rugosidade do terreno está diretamente associada ao perfil de
velocidade que o vento apresenta quando interposto por obstáculos naturais
ou artificiais.
A NBR 6123 estabelece cinco categorias de terrenos, em função da
rugosidade:
• Categoria I ⇒⇒⇒⇒ Superfícies lisas de grandes dimensões, com
mais de 5 km de extensão, medida na direção e sentido do
vento incidente. Exemplos: mar calmo, lagos e rios,
pântanos sem vegetação;
• Categoria II ⇒⇒⇒⇒ Terrenos abertos, em nível ou
aproximadamente em nível, com poucos obstáculos isolados
tais como árvores e edificações baixas. Exemplos: zonas
costeiras planas, pântanos com vegetação rala, campos de
aviação, pradarias, fazendas sem sebes ou muros (A cota
média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou igual
a 1 metro);
• Categoria III ⇒⇒⇒⇒ Terrenos planos ou ondulados com
obstáculos, tais como sebes e muros, poucos quebra-ventos
de árvores, edificações baixas e esparsas. Exemplos:
granjas e casas de campo (com exceção das partes com
matos), fazendas com sebes ou muros, subúrbios a
considerável distância do centro, com casas baixas e
esparsas (A cota média do topo dos obstáculos é
considerada igual a 3 metros);
• Categoria IV ⇒⇒⇒⇒ Terrenos cobertos por obstáculos
numerosos e pouco espaçados, em zona florestal, industrial
ou urbanizada. Exemplos: zonas de parques e bosques com
muitas árvores, cidades pequenas e seus arredores,
subúrbios densamente construídos de grandes cidades,
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
75
áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas (A
cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 10
metros);
• Categoria V ⇒⇒⇒⇒ Terrenos cobertos por obstáculos
numerosos, grandes, altos e pouco espaçados. Exemplos:
florestas com árvores altas de copas isoladas, centros de
grandes cidades, complexos industriais bem desenvolvidos
(A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual ou
superior a 25 metros).
Em termos de dimensões das edificações, a relação é direta com o
turbilhão (ou rajada) que deverá envolver toda a edificação, ou seja, quanto
maior é a edificação, maior deverá ser o turbilhão e, por conseqüência,
menor será a velocidade média.
Uma forma de se compreender esse efeito é através da
materialização da rajada como um grande tubo envolvendo a edificação. O
tempo que este tubo irá gastar para ultrapassá-la será considerado o tempo
de rajada, resultando em que, quanto maior a edificação, maiores deverão
ser as dimensões do tubo.
São definidas, por norma, três classes de edificações e de seus
elementos, considerando-se os intervalos de tempo de 3,5 segundos para as
rajadas:
• Classe A ⇒⇒⇒⇒ Todas as unidades de vedação, seus elementos
de fixação e peças individuais de estruturas sem vedação;
bem como toda edificação ou parte da edificação na qual a
maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal
não exceda 20 metros;
• Classe B ⇒⇒⇒⇒ Toda edificação ou parte da edificação para a
qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície
frontal esteja entre 20 e 50 metros;
• Classe C ⇒⇒⇒⇒ Toda edificação ou parte da edificação para a
qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície
frontal exceda 50 metros.
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
76
O fator 2S , portanto, pode ser obtido por intermédio da expressão
(((( ))))pr zFbS 10/2 ====
onde "" z é a altura acima do terreno (limitada à altura gradiente); rF é o
fator de rajada correspondente à categoria II ( item 5.5.3 da NBR-6123 );
""b é um parâmetro de correção da classe da edificação e e "" p é um
parâmetro meteorológico.
Parâmetros “b”, “p” e “F r”
Categoria zg
(m) Parâmetros Classes
A B C
I 250 b p
1,10 0,06
1,11 0,065
1,12 0,07
II 300 b Fr p
1,00 1,00
0,085
1,00 0,98 0,09
1,00 0,95 0,1
III 350 b p
0,94 0,10
0,94 0,105
0,93 0,115
IV 420 b p
0,86 0,12
0,85 0,125
0,84 0,135
V 500 b p
0,74 0,15
0,73 0,16
0,71 0,175
Valores do fator S 2
z (m)
Categorias I II III IV V
Classes Classes Classes Classes Classes A B C A B C A B C A B C A B C
≤ 5 1,06 1,04 1,01 0,94 0,92 0,89 0,88 0,86 0,82 0,79 0,76 0,73 0,74 0,72 0,67 10 1,10 1,09 1,06 1,00 0,98 0,95 0,94 0,92 0,88 0,86 0,83 0,80 0,74 0,72 0,67 15 1,13 1,12 1,09 1,04 1,02 0,99 0,98 0,96 0,93 0,90 0,88 0,84 0,79 0,76 0,72 20 1,15 1,14 1,12 1,06 1,04 1,02 1,01 0,99 0,96 0,93 0,91 0,88 0,82 0,80 0,76 30 1,17 1,17 1,15 1,10 1,08 1,06 1,05 1,03 1,00 0,98 0,96 0,93 0,87 0,85 0,82 40 1,2 1,19 1,17 1,13 1,11 1,09 1,08 1,06 1,04 1,01 0,99 0,96 0,91 0,89 0,86 50 1,21 1,21 1,19 1,15 1,13 1,12 1,10 1,09 1,06 1,04 1,02 0,99 0,94 0,93 0,89 60 1,22 1,22 1,21 1,16 1,15 1,14 1,12 1,11 1,09 1,07 1,04 1,02 0,97 0,95 0,92 80 1,25 1,24 1,23 1,19 1,18 1,17 1,16 1,14 1,12 1,10 1,08 1,06 1,01 1,00 0,97 100 1,26 1,26 1,25 1,22 1,21 1,20 1,18 1,17 1,15 1,13 1,11 1,09 1,05 1,03 1,01 120 1,28 1,28 1,27 1,24 1,23 1,22 1,20 1,20 1,18 1,16 1,14 1,12 1,07 1,06 1,04 140 1,29 1,29 1,28 1,25 1,24 1,24 1,22 1,22 1,20 1,18 1,16 1,14 1,10 1,09 1,07 160 1,30 1,30 1,29 1,27 1,26 1,25 1,24 1,23 1,22 1,20 1,18 1,16 1,12 1,11 1,10 180 1,31 1,31 1,31 1,28 1,27 1,27 1,26 1,25 1,23 1,22 1,20 1,18 1,14 1,14 1,12 200 1,32 1,32 1,32 1,29 1,28 1,28 1,27 1,26 1,25 1,23 1,21 1,20 1,16 1,16 1,14 250 1,34 1,34 1,33 1,31 1,31 1,31 1,30 1,29 1,28 1,27 1,25 1,23 1,2 1,20 1,18 300 1,34 1,33 1,33 1,32 1,32 1,31 1,29 1,27 1,26 1,23 1,23 1,22 350 1,34 1,34 1,33 1,32 1,30 1,29 1,26 1,26 1,26 400 1,34 1,32 1,32 1,29 1,29 1,29 420 1,35 1,35 1,33 1,30 1,30 1,30 450 1,32 1,32 1,32 500 1,34 1,34 1,34
O fator estatístico 3S está relacionado com a segurança da
edificação, considerando-se, para isso, conceitos probabilísticos e o tipo de
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
77
ocupação, o que é feito pela NBR 6123 ao estabelecer como vida útil da
edificação o período de 50 anos e uma probabilidade de 63% da velocidade
básica ser excedida, pelo menos uma vez, nesse período.
Para adotar-se outros parâmetros estatísticos, o fator 3S pode ser
calculado por
(((( )))) 157,0
3
1ln54,0
−−−−
−−−−−−−−====m
pS m
onde “pm” é a probabilidade considerada e “m” é o período de retorno
adotado.
Valores mínimos do fator S 3
Grupo Descrição S3
1
Edificação cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou possibilidade de socorro a pessoas após uma temp estade destrutiva (hospitais, qu artéis de bombeiros e de forças de segurança, centrais de comunicação, etc.)
1,10
2 Edificações para hotéis e residências, comércio e i ndústria com alto fator de ocupação 1,00
3 Edificações e instalações industriais com baixo fat or de ocupação (depósitos, silos, construções rurais, etc .) 0,95
4 Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc.) 0,88
5 Edificações temporárias e estruturas dos grupos 1 a 3 durante a construção 0,83
3.9.3 – Exemplos de Determinação da Velocidade Cara cterística:
Exemplo 3.9 :
Calcular a velocidade característica do vento para um edifício
industrial a ser construído em local com smV /400 ==== , em terreno plano, zona
industrial (categoria IV).
Solução :
• Fator 1S : 0,11 ====S (terreno plano)
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
78
• Fator 3S : 0,13 ====S (alto fator de ocupação)
• Fator 2S :
(((( )))) 84,010/1595,084,0 135,01,2 ======== xxS (((( )))) 88,010/1598,085,0 125,0
2,2 ======== xxS
3210 SxSxSxVVk ====
smxxxVk /6,33184,01401, ======== smxxxVk /2,35188,01402, ========
Exemplo 3.10 :
Calcular a velocidade característica do vento para um edifício
habitacional e suas esquadrias, para smV /350 ==== , região categoria IV.
Solução :
Para o caso de edifícios de grande altura, é possível dividi-los em
várias partes e, a partir daí, calcular a velocidade característica para essas
partes, tomando-se como referência a cota superior de cada trecho.
Dados gerais: Categoria IV, Classe B, divisão da altura em 5 partes
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
79
⇒: Velocidade característica para a edificação:
smV /350 ====
0,11 ====S (terreno plano)
0,13 ====S (edifício habitacional – alto fator de ocupação)
2S ⇒ determinado por trechos
Resultado de kV para cada trecho
Trechos Hi (m) S1 S2 S3
Vk (m/s)
1 10 1,0 0,83 1,0 29,00 2 20 1,0 0,91 1,0 31,85 3 30 1,0 0,96 1,0 33,60 4 40 1,0 0,99 1,0 34,65 5 50 1,0 1,02 1,0 35,70
⇒ Caixilhos e elementos de vedação:
Para esses elementos a NBR 6123 recomenda adotar a altura
máxima.
smV /350 ==== ; 0,11 ====S
04,12 ====S (h = 50 m, classe A) e 88,03 ====S (elemento de vedação)
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
80
smxxxVk /03,3288,004,1135 ========
3.9.4 –Coeficientes aerodinâmicos e ação estática d o vento:
Sabe-se que a aproximação das linhas de fluxo de um fluido em
movimento indica aumento da velocidade e seu afastamento caracteriza
uma diminuição da mesma.
Este conceito será extremamente importante para a compreensão dos
aspectos físicos que serão apresentados a seguir.
De acordo com o Teorema de Bernoulli, para um fluido incompressível
e um fluxo de regime permanente, pode-se dizer que a soma das pressões
estática, dinâmica e piezométrica é constante. Logo:
teczgPV ====++++++++ ρρρρρρρρ 2
21
onde P = pressão estática; V = velocidade; g = aceleração da gravidade;
ρρρρ = massa específica do ar e z = cota do ponto considerado.
No caso da ação do vento em edificações é possível desprezar a
pressão piezométrica, podendo-se dizer que:
tecPV ====++++2
21 ρρρρ
Aplicando-se o Teorema de Bernoulli para a situação esquematizada
na figura acima, tem-se:
222
211 2
121
VPVP ρρρρρρρρ ++++====++++
Mas, sendo 2/,0 21212 VPPV ρρρρ====−−−−==== qVP ========∆∆∆∆∴∴∴∴ 2/2
1ρρρρ .
Define-se, com isso, o parâmetro q , pressão de obstrução, sendo 1V
a velocidade característica do vento kV .
Portanto: 2/2kVq ρρρρ==== .
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
81
Substituindo o valor de ρρρρ , massa específica do ar, obtém-se:
2242 /613,0/.226,18066,9022,12
mNVqmsNg k====∴∴∴∴============ ρρρργγγγ
3.9.4.1 – Coeficiente de forma e de pressão externa :
Os coeficientes de forma Ce informam o sentido e o grau de esforço,
relativamente à pressão dinâmica “q”, produzido pelo vento, externamente,
em uma parte da estrutura de uma edificação em estudo.
Para a definição do coeficiente de forma eC , aplica-se o Teorema de
Bernoulli, entre os pontos 1 (velocidade característica kV ) e 3 (onde existe
pressão dinâmica), obtendo-se:
233
211 2
121
VPVP ρρρρρρρρ ++++====++++ ou 23
2113 2
121
VVPP ρρρρρρρρ −−−−====−−−−
−−−−====
−−−−====−−−−====∆∆∆∆ 2
23
2
232
13 1121
kkk V
Vq
V
VVPPP ρρρρ
Define-se
−−−−==== 2
231k
e V
VC .
Este coeficiente, a ser aplicado a um ponto da superfície, pode ser
obtido por meio de ensaios de protótipos em túnel de vento, para as
diferentes formas de edificações. Esta metodologia, aplicada para uma série
de tipos de edificações, permitiu a apresentação, pela NBR 6123, dos
respectivos valores de eC .
Obtida a pressão de obstrução e o coeficiente de pressão externa, a
força externa para uma dada superfície da edificação será:
AqCF ee ====
onde A é a área da superfície analisada.
Coeficientes C e Valores médios de C e
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
82
A representação esquemática da figura anterior mostra que a
distribuição do coeficiente eC apresenta valores elevados em pequenas
regiões das paredes e dos telhados. Os valores médios de eC podem ser
considerados razoáveis para o dimensionamento de toda a estrutura( peC =
coeficiente de pressão externa) e não podem ser ignorados para o
dimensionamento de partes da estrutura (telhas, caixilhos ou terças).
Vórtices que geram altos
valores de C e Regiões de C pe
A explicação para esses altos valores está na formação localizada de
vórtices, sobre o telhado e as paredes, como esquematizado na figura
acima. Também deve-se observar que um coeficiente de forma ou de
pressão positivo significa que ocorre uma sobrepressão externa no elemento
ou na parte da estrutura em estudo e que um valor negativo representa a
ocorrência de uma sucção externa.
As tabelas apresentadas a seguir, reproduzidas da NBR 6123,
fornecem os valores dos coeficientes de forma e de pressão externa para
paredes, telhados simétricos com duas águas e telhados com uma água em
edificações de planta retangular.
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83
Coeficientes de Forma e de Pressão Externa em pared es de edificações com planta retangular
Altura relativa
Valores de C e para Cpe
médio αααα =0º αααα = 90º
A1 B1
A2
B2 C D A B C1
D1
C2
D2
h/b ≤≤≤≤ 1/2
1≤≤≤≤a/b≤≤≤≤3/2 -0,8 -0,5 0,7 -0,4 0,7 -0,4 -0,8 -0,4 -0,9
2≤≤≤≤a/b≤≤≤≤4 -0,8 -0,4 0,7 -0,3 0,7 -0,5 -0,9 -0,5 -1,0
1/2<<<<h/b≤≤≤≤3/2
1≤≤≤≤a/b≤≤≤≤3/2 -0,9 -0,5 0,7 -0,5 0,7 0,7 -0,9 -0,5 -1,1
2≤≤≤≤a/b≤≤≤≤4 -0,9 -0,4 0,7 -0,3 0,7 -0,6 -0,9 -0,5 -1,1
3/2<<<< h/b ≤≤≤≤6
1≤≤≤≤a/b≤≤≤≤3/2 -1,0 -0,6 0,8 -0,6 0,8 -0,6 -1,0 -0,6 -1,2
2≤≤≤≤a/b≤≤≤≤4 -1,0 -0,5 0,8 -0,3 0,8 -0,6 -1,0 -0,6 -1,2
Notas: a) Para a/b entre 3/2 e 2, interpolar linearmente. b) Para vento a 0º, nas partes A3 e B3 o coeficiente de forma Ce tem os seguintes valores: Para a/b=1: mesmo valor das partes A2 e B2 Para a/b≥2: Ce= -0,2 Para 1<a/b<2: interpolar linearmente.
c) Para cada uma das duas incidências do vento (0º ou 90º) o coeficiente de pressão médio externo, Cpe médio, é aplicado à parte de barlavento das paredes paralelas ao vento, em uma distância igual a 0,2b ou h, considerando-se o menor destes dois valores.
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
84
-Coeficientes de pressão e forma externos para telha dos com duas águas, simétricos, em edificações de planta retangu lar
Altura Relativa θθθθ
Valores de C e para Cpe médio αααα =90º αααα = 0º
EF GH EG FH
h/b ≤ 1/2
0º -0,8 -0,4 -0,8 -0,4 -2,0 -2,0 -2,0 - 5º -0,9 -0,4 -0,8 -0,4 -1,4 -1,2 -1,2 -1,0
10º -1,2 -0,4 -0,8 -0,6 -1,4 -1,4 -1,2 15º -1,0 -0,4 -0,8 -0,6 -1,4 -1,2 -1,2 20º -0,4 -0,4 -0,7 -0,6 -1,0 -1,2 30º 0 -0,4 -0,7 -0,6 -0,8 -1,1 45º +0,3 -0,5 -0,7 -0,6 -1,1 60º +0,7 -0,6 -0,7 -0,6 -1,1
1/2 ≤ h/b ≤ 3/2
0º -0,8 -0,6 -1,0 -0,6 -2,0 -2,0 -2,0 - 5º -0,9 -0,6 -0,9 -0,6 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0
10º -1,1 -0,6 -0,8 -0,6 -2,0 -2,0 -1,5 -1,2 15º -1,0 -0,6 -0,8 -0,6 -1,8 -1,5 -1,5 -1,2 20º -0,7 -0,5 -0,8 -0,8 -1,5 -1,5 -1,5 -1,0 30º -0,2 -0,5 -0,8 -0,8 -1,0 -1,0 45º +0,2 -0,5 -0,8 -0,8
60º +0,6 -0,5 -0,8 -0,8
3/2 ≤ h/b ≤ 6
0º -0,8 -0,6 -0,9 -0,7 -2,0 -2,0 -2,0 - 5º -0,8 -0,6 -0,8 -0,8 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0
10º -0,8 -0,6 -0,8 -0,8 -2,0 -1,2 15º -0,8 -0,6 -0,8 -0,8 -1,8 -2,0 -1,5 -1,2 20º -0,8 -0,6 -0,8 -0,8 -1,5 -1,8 -1,5 -1,2 30º -1,0 -0,5 -0,8 -0,7 -1,5 -1,5 -1,5 40º -0,2 -0,5 -0,8 -0,7 -1,0 50º +0,2 -0,5 -0,8 -0,7
60º +0,5 -0,5 -0,8 -0,7
Notas:
a) O coeficiente de forma Ce na face inferior do beiral é igual ao da parede correspondente.
b) Nas zonas em torno de partes de edificações salientes ao telhado (chaminés, reservatórios, torres, etc.) deve ser considerado um coeficiente de forma Ce=1,2, até uma distância igual a metade da dimensão da diagonal da saliência vista em planta.
c) Na cobertura de lanternins, Cpe médio = -2,0 d) Para vento a 0º, nas partes I e J o coeficiente de forma Ce tem os seguintes valores:
a/b = 1: mesmo valor das partes F e G; a/b ≥ 2: Ce = -0,2. Interpolar linearmente para valores intermediários de a/b.
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Coeficientes de pressão e de forma externos, para t elhados com um água, em edificações de planta retangular com h/b <<<< 2
- y = h ou 0,15b (tomar o menor dos dois valores) - As superfícies H e L referem-se a todo respectivo quadrante
θ
Valores de C e para ângulo de incidência do vento de: 90º(C) 45º 0º -45º -90º
H L H L H e L (A)
H e L (B) H L H L
5º 10º 15º 20º 25º 30º
-1,0 -1,0 -0,9 -0,8 -0,7 -0,5
-0,5 -0,5 -0,5 -0,5 -0,5 -0,5
-1,0 -1,0 -1,0 -1,0 -1,0 -1,0
-0,9 -0,8 -0,7 -0,6 -0,6 -0,6
-1,0 -1,0 -1,0 -0,9 -0,8 -0,8
-0,5 -0,5 -0,5 -0,5 -0,5 -0,5
-0,9 -0,8 -0,6 -0,5 -0,3 -0,1
-1,0 -1,0 -1,0 -1,0 -0,9 -0,6
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1
0
-1,0 -1,0 -1,0 -1,0 -0,9 -0,6
θ Cpe médio
H1 H2 L1 L2 He Le
5º 10º 15º 20º 25º 30º
-2,0 -2,0 -1,8 -1,8 -1,8 -1,8
-1,5 -1,5 -0,9 -0,8 -0,7 -0,5
-2,0 -2,0 -1,8 -1,8 -0,9 -0,5
-1,5 -1,5 -1,4 -1,4 -0,9 -0,5
-2,0 -2,0 -2,0 -2,0 -2,0 -2,0
-2,0 -2,0 -2,0 -2,0 -2,0 -2,0
(A) Até uma profundidade igual a b/2.
(B) De b/2 até a/2.
(C) Considerar valores simétricos do outro lado do eixo de simetria paralelo ao vento.
Nota : Para vento a 0º, nas partes I e J (que se referem aos respectivos quadrantes) o coeficiente de forma Ce tem os seguintes valores:
a/b = 1 – mesmo valor das partes H e L a/b = 2 – Ce = -0,2.
Interpolar linearmente para valores intermediários de a/b.
3.9.4.2 – Coeficiente de forma e de pressão interna :
O coeficiente de pressão interna está diretamente associado ao fato
de que as edificações, em sua grande maioria, apresentam aberturas que
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
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permitem a entrada do vento.
A análise do coeficiente de pressão externa permitiu a conclusão de
que ele é decorrente, principalmente, das características aerodinâmicas da
edificação, ocorrendo nas paredes e telhados, externamente, sobrepressões
e sucções. Já o coeficiente de pressão interna é decorrente dessas mesmas
sobrepressões e sucções externas que atuam nas várias aberturas da
edificação.
A figura acima ilustra os efeitos de aberturas a barlavento (de onde
vem o vento) e a sotavento (por onde sai o vento), sendo evidente que, no
primeiro caso têm-se sobrepressões internas e, no segundo, sucções
internas.
Observando-se a figura anterior, fica evidente que o coeficiente de
pressão interna depende das dimensões e da localização das aberturas, da
direção do vento, bem como das condições de abertura, ou seja, da
permeabilidade de cada face da edificação.
O conceito de permeabilidade está associado à presença de
aberturas, que podem ser decorrentes de janelas, portões, frestas na
colocação das telhas, ou mesmo aberturas provenientes de danos em
elementos da cobertura ou vedação (paredes, vidros, etc.).
Estudos teóricos permitiram concluir que a pressão interna é
diretamente proporcional à vazão do fluido na região da abertura, podendo
ser expressa por VAKQ ... ρρρρ====
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87
onde Q = vazão volumétrica da abertura;
A = área da abertura;
ρρρρ = massa específica do ar;
V = velocidade do ar na abertura.
A velocidade do ar na abertura pode ser obtida por: ρρρρ
ie PPV
∆∆∆∆−−−−∆∆∆∆====
2
Sob o ponto de vista prático, é muito difícil calcular o coeficiente de
pressão interna, pois a expressão anterior exige uma série de aproximações
sucessivas para sua solução. Assim, a NBR 6123 apresenta uma série de
situações de abertura e permeabilidade para facilitar esse cálculo, baseadas
em algumas definições, apresentadas a seguir:
• elementos impermeáveis: lajes e cortinas de concreto, paredes
de alvenaria, blocos ou pedras sem nenhuma abertura;
• índice de permeabilidade: relação entre a área das aberturas e
a área total da superfície considerada;
• abertura dominante: abertura com área igual ou superior à soma
das áreas das outras aberturas da edificação.
A pressão interna é considerada uniforme e atuando em todas as
faces, com valores positivos de piC (considerados iguais aos coeficientes
internos de forma) indicando sobrepressão interna e valores negativos
correspondendo a sucção interna.
Os valores do coeficiente de pressão interna, recomendados pela
NBR 6123 são:
a) duas faces opostas permeáveis e as outras impermeáveis:
- vento perpendicular às faces permeáveis ⇒ 2,0++++====piC
- vento perpendicular às faces impermeáveis ⇒ 3,0−−−−====piC
b) quatro faces igualmente impermeáveis:
- adotar 3,0−−−−====piC ou 0====piC
c) abertura dominante com outras faces permeáveis:
- abertura dominante na face de barlavento ⇒ piC é função
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88
da relação entre a área da abertura dominante e a área total
das aberturas succionadas nas outras faces
Relação de áreas piC
1,0 + 0,1 1,5 + 0,3 2,0 + 0,5 3,0 + 0,6 6,0 + 0,8
- abertura dominante na face de sotavento epi CC ====
(correspondente à face de sotavento que contém esta
abertura)
- abertura dominante nas faces paralelas ao vento
• não situada em zona de alta sucção externa epi CC ====
(correspondente à face de sotavento que contém esta
abertura)
- situada em zona de alta sucção externa ⇒ piC é função da
relação entre a área da abertura dominante e as demais
áreas de aberturas succionadas externamente
Relação de áreas piC
0,25 - 0,4 0,5 - 0,5 0,75 - 0,6 1,0 - 0,7 1,5 - 0,8 >= 3,0 - 0,9
É importante ressaltar que a determinação dos coeficientes de
pressão interna deve ser feita de modo a reproduzir, o mais fielmente
possível, as condições gerais e as possibilidades de abertura em uma
edificação.
Esta análise, entretanto, deve ser criteriosa, não sendo recomendável
“buscar” situações extremas. Exemplificando, considerar que, em um
determinado edifício, todas as janelas de uma única face estejam abertas e
ser esta a direção considerada, parece ser uma hipótese exagerada do
ponto de vista de probabilidade de ocorrência.
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
89
Entretanto, é conveniente ressaltar que as altas sobrepressões
internas, advindas de aberturas a barlavento, têm originado uma ‘serie de
acidentes, sendo portanto conveniente dar ao coeficiente de pressão interna
um tratamento o mais realista possível.
3.9.5 – Exemplo de determinação dos coeficientes de pressão:
Determinar a ação do vento atuante nos pórticos de um galpão para
armazenamento de materiais, localizado em subúrbio densamente povoado,
terreno fracamente acidentado, com smV /330 ==== .
Solução:
a) Pressão dinâmica do vento: 3210 SSSVVk ====
- smV /330 ====
- 0,11 ====S ⇒ terreno fracamente acidentado
- 95,03 ====S ⇒ edificação com baixo fator de ocupação
Para a determinação do fator 2S , devem ser consideradas a altura da
edificação. Adotando-se as faixas apresentadas sugeridas pela NBR 6123 e
sendo 2613,0 kVq ==== , obtém-se os valores apresentados na tabela abaixo,
considerando-se edificação categoria IV (subúrbio densamente povoado),
classe B (maior dimensão da fachada é 30 metros):
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90
z (m) S2 Vk (m/s) q (N/m 2) até 5 0,76 23,83 348 de 5 a 10 0,83 26,02 415
b) coeficientes de pressão externa:
75,3830 ========
ba
e 875,087 ========
bh
- Paredes
αααα = 00 A1 e B1 A2 e B2 C D - 0,9 - 0,4 + 0,7 - 0,3 αααα = 900 A B C1 e D1 C2 e D2 + 0,7 - 0,6 - 0,9 - 0,5
- Telhado
θθθθ0 Valores de C e
αααα = 900 αααα = 00 EF GH EG FH 10 - 1,1 - 0,6 - 0,8 - 0,6
c) Coeficientes de pressão interna
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
91
Será feita a consideração de que o galpão possui duas faces
opostas (correspondentes aos eixos 1 e 7) igualmente
permeáveis e as outras impermeáveis.
- vento perpendicular às faces permeáveis ( 00====αααα ): 2,0++++====piC
- vento perpendicular às faces impermeáveis ( 090====αααα ): 3,0−−−−====piC
d) Determinação de ie CC −−−−
O parâmetro ie CC −−−− será calculado para os pórticos
CIV 203 – Sistemas Estruturais _________________________________________________________________________________________________________________
92
localizados nas regiões mais desfavoráveis, isto é, que estarão
sujeitos a maiores esforços, para o vento incidindo a 00====αααα e
090====αααα
e) Determinação das forças do vento nos pórticos
Para um pórtico localizado nas condições estabelecidas no
item anterior, portando, as forças serão calculadas em função
dos maiores valores do parâmetro ie CC −−−− , em cada situação de
direção da ação do vento, utilizando-se a expressão
(((( )))) AxqxCCF ie −−−−====
onde A = área de influência de cada pórtico (igual à metade do
espaçamento entre eles)
- Para 00====αααα :
mNxxx
p
mNxxx
p
mNxxx
p
/20754
454150,1
/5,22822
254151,1
/19145
553481,1
3
2
1
========
========
========
- Para 090====αααα :
mNxxx
p
mNxxx
p
mNxxx
p
mNxxx
p
mNxxx
p
mNxxx
p
/5,6224
454153,0
/16604
454158,0
/5,6222
254153,0
/5225
553483,0
/20752
254150,1
/17405
553480,1
9
8
7
6
5
4
========
========
========
========
========
========