atuacao nas açoes regressivas previdenciarias

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Atuação nas

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  • CARTILHA DE ATUAO NAS

    AES REGRESSIVAS PREVIDENCIRIAS

  • 3ADVOGADO-GERAL DA UNIOMinistro Lus Incio Lucena Adams

    PROCURADOR-GERAL FEDERALMarcelo de Siqueira Freitas

    COORDENADORA-GERAL DE COBRANA E RECUPERAO DE CRDITOS Tarsila Ribeiro Marques Fernandes

    Membros do Ncleo de Estudos em Aes Regressivas Previdencirias NEARP

    Bruno Bianco Leal

    Clio Rodrigues da CruzCirlene Luza Zimmermann

    Fernando MacielGeraldo Magela Ribeiro de Souza

    Gisele Moreira de Oliveira Ingrid Pequeno S GiroJuliana Guilliod ArajoTales Cato Monte Raso

  • 4SUMRIOCARTILHA DE ATUAO NAS AES REGRESSIVAS ACIDENTRIAS

    1 APRESENTAO ........................................................................................................................................................6

    2 INTRODUO ............................................................................................................................................................6

    3 ATUAO DA PROCURADORIA-GERAL FEDERAL NAS AES REGRESSIVAS PREVIDENCIRIAS ...........83.1 Procuradoria-Geral Federal PGF3.2 Coordenao-Geral de Cobrana e Recuperao de Crditos CGCOB3.3 Diviso de Gerenciamento de Aes Regressivas e Execues Fiscais Trabalhistas DIGETRAB .........................93.4 Grupo de Trabalho Aes Regressivas Acidentrias GT Regressivas3.5 Ncleo de Estudos de Aes Regressivas Previdencirias NEARP.................................................................. 103.6 Servios e Sees de Cobrana e Recuperao de Crditos SERCOB/SEOB3.7 Aes Regressivas e seu carter prioritrio

    4 AES REGRESSIVAS PREVIDENCIRIAS.........................................................................................................114.1 Conceito 4.2 Espcies 4.3 Fundamentos normativos 4.4 Pressupostos 4.4.1 Ao Regressiva Acidentria 4.4.2 Ao Regressiva de Trnsito......................................................................................................................12 4.4.3 Ao Regressiva Maria da Penha .......................................................................................................134.5 Objetivos ...................................................................................................................................................................14 4.5.1 Ressarcimento da despesa previdenciria 4.5.2 Medida punitivo-pedaggica

    5 FASE PR-PROCESSUAL .........................................................................................................................................145.1 Instruo prvia s aes regressivas previdencirias. 5.1.1 Atividades proativas que podero subsidiar a produo de informaes para a instaurao de Procedimento de Instruo Prvia PIP ....................................................................................................................155.2 Procedimento de Instruo Prvia PIP .............................................................................................................165.3 Fases do PIP 5.3.1 Instaurao 5.3.1.1 Instaurao de ofcio pelo Procurador ..................................................................................17 5.3.1.2 Instaurao mediante provocao interna 5.3.1.3 Instaurao mediante provocao externa 5.3.2 Instruo 5.3.2.1 Diligncias para identificar a ocorrncia de ilcitos sociais 5.3.2.2 Diligncias para identificar o implemento das prestaes sociais pelo INSS...................18 5.3.2.3 Da coleta dos elementos de prova ........................................................................................19 .3.2.3.1 Ao Regressiva Acidentria 5.3.2.3.2 Regressiva Maria da Penha .................................................................................22 5.3.2.4 Requerimento de cpia do processo administrativo do benefcio e atualizao das pre-staes vencidas ..............................................................................................................................................................23 5.3.3 Concluso do PIP 5.3.3.1 Arquivamento 5.3.3.2 Sobrestamento..........................................................................................................................24 5.3.3.3 Redistribuio a outra Procuradoria

  • 5 5.3.3.4 Ajuizamento..............................................................................................................................24

    6 FASE PROCESSUAL...................................................................................................................................................256.1 Competncia jurisdicional6.2 Legitimidade..............................................................................................................................................................26 6.2.1 Ativa 6.2.2 Passiva 6.2.2.1 Litisconsrcio passivo entre corresponsveis 6.2.2.2 Responsabilidade solidria.....................................................................................................27 6.2.2.3 Responsabilidade do grupo econmico................................................................................286.3 Fundamentao.........................................................................................................................................................296.4 Pedidos 6.4.1 Ressarcimento das prestaes vencidas 6.4.2. Ressarcimento das prestaes vincendas6.5 Valor da causa 6.5.1 Expectativa de ressarcimento6.6 Acompanhamento prioritrio das aes regressivas previdencirias................................................................306.7 Estratgias Processuais 6.7.1 Petio inicial 6.7.2 Rplica........................................................................................................................................................31 6.7.3 Instruo processual 6.7.4 Alegaes finais ........................................................................................................................................32 6.7.5 Hipoteca Judiciria 6.7.6 Apelao ....................................................................................................................................................33 6.7.7 Acordo ou transao6.8 Da petio de cumprimento da sentena..............................................................................................................346.9 Do pagamento...........................................................................................................................................................356.10 Do fluxo de cobrana das prestaes vincendas

  • 61 APRESENTAO

    2 INTRODUO

    A elaborao da primeira cartilha de atuao nas aes regressivas acidentrias foi uma das vrias atividades realizadas pelo Grupo de Trabalho Aes Regressivas Acidentrias GT Regressivas, tendo por objetivo aux-iliar os Procuradores Federais e servidores atuantes nos expedientes que envolvem referidas aes, servindo como instrumento de apoio s suas respectivas atividades.

    Fruto da atuao prioritria que a Procuradoria-Geral Federal PGF vem emprestando s aes regressivas desde 2008, sobrevieram significativos resultados que destacaram o carter punitivo-pedaggico desse insti-tuto, motivo pelo qual a PGF resolveu ampliar sua atuao para contribuir com a concretizao de outras polticas pblicas, notadamente a preveno de acidentes de trnsito e de violncia domstica e/ou familiar ocorridos no Brasil.

    Eis agora uma nova verso atualizada e ampliada da Cartilha, a qual foi desenvolvida pelo Ncleo de Estudos em Aes Regressivas Previdencirias NEARP a fim de contemplar uma abordagem mais ampla dessa rel-evante postura institucional.

    O cenrio nacional em matria de acidentes do trabalho apresenta nmeros alarmantes. Segundo o Anurio Estatstico de Acidentes do Trabalho AEAT, da Previdncia Social, em 2012, foram registrados 705.239 aci-dentes, contra 720.629 em 2011. Houve uma pequena reduo, mas o total continua acima dos 700 mil por ano, o que continua sendo preocupante. O nmero de trabalhadores mortos em 2012 foi de 2.731, enquanto em 2011 foram 2.938. Ficaram permanentemente incapacitados para o trabalho 14.755 trabalhadores. Foram 541.286 acidentes com Comunicados de Acidente de Trabalho CAT emitidos e 163.953 sem emisso de CAT.

    O setor com maior nmero de acidentes o de Comrcio e Reparao de Veculos Automotores, com 95.659 registros, seguido, no ano de 2012, pelo setor de Sade e Servios Sociais, com 66.302 acidentes. O setor com o terceiro maior ndice de registros de acidentes o da construo civil, que apresentou um aumento, passando de 60.415 em 2011, para 62.874 em 2012. O elevado nmero de acidentes do trabalho no Brasil gera um custo altssimo para o INSS, que implanta e paga os benefcios acidentrios e as aposentadorias especiais decorrentes das inadequadas condies ambientais do trabalho.

    A ttulo de informao, o INSS gastou, em setembro de 2013, o equivalente a R$ 733.638.248,00 (setecentos e trinta e trs milhes, seiscentos e trinta e oito mil e duzentos e quarenta e oito reais) com benefcios de natureza acidentria, segundo o Boletim Estatstico da Previdncia Social BEPS do ms em comento .

    Esse numerrio pode ser obtido somando-se o valor total dos crditos emitidos na concesso para benefcios acidentrios (correspondente primeira prestao paga ao beneficirio antes do benefcio ser includo na folha de pagamento do INSS quadro 09, do BEPS) com o valor total dos benefcios acidentrios emitidos (benef-cios que j esto na folha de pagamento do INSS naquele ms quadro 11, do BEPS).

    O cenrio nacional em matria de acidentes de trnsito tambm se apresenta bastante preocupante. Segundo dados da Organizao Mundial da Sade OMS, o Brasil ocupa o quinto lugar no mundo em relao ao nmero de acidentes de trnsito fatais, atrs apenas da ndia, China, Estados Unidos e Rssia.

    De acordo com o DNIT e a Polcia Rodoviria Federal, no ano de 2010, ocorreram nas estradas federais bra-sileiras, 180.742 acidentes, com 6.986 mortos. J os dados do seguro DPVAT, que consolida as informaes sobre indenizaes liquidadas por acidentes de trnsito de um modo geral (rodovias federais, estaduais, mu-nicipais etc.), indicam que, no ano de 2010, ocorreram 50.780 indenizaes por mortes.A despeito da despesa efetiva suportada pelo errio, estimada em R$ 8 bilhes anuais, o maior impacto , indis-

  • 7cutivelmente, o de natureza social, de mensurao indefinida, que se revela na perda de vidas, na incapacidade de trabalhadores, bem como no desamparo familiar de milhares de dependentes, gerando efeitos deletrios no s para a economia como tambm para o desenvolvimento social brasileiro.

    J no que se refere questo da violncia domstica, de acordo com o IPEA, no Brasil, entre 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicdios (mdia de 5.664 mortes/ano, 472/ms, 15/dia, ou uma morte a cada 1h30).

    A Secretaria de Polticas para as Mulheres da Presidncia da Repblica SPM afirma que a cada quatro minu-tos uma mulher vtima de agresso no Brasil. Registra-se que, de janeiro a junho de 2013, o servio de atendi-mento Ligue 180 da SPM recebeu 306.201 registros.

    As mulheres de 15 a 44 anos, ao redor do mundo, correm mais risco de sofrer estupro e violncia domstica do que de serem acometidas de doenas como o cncer ou a malria ou de sofrerem acidentes de trnsito, con-forme dados do Banco Mundial .

    Segundo o Centro Feminista de Estudos e Assessoria para Enfrentamento Violncia contra as Mulheres (CFEMEA), o Brasil est em 13 no ranking internacional de homicdios contra mulheres .

    Tais crimes, evidentemente, ocasionam significativo impacto no Fundo do Regime Geral de Previdncia Social - FRGPS, tanto de ordem financeira, quanto de ordem operacional, por representarem considervel volume de fatos geradores de prestaes previdencirias.

    Alm disso, resultam em significativo impacto social, em razo da perda de vidas e da incapacidade provocada em milhares de mulheres.

    Assim, alm de ser um meio processual que viabiliza ao INSS o ressarcimento dos gastos com as prestaes sociais, a ao regressiva um relevante instrumento de concretizao da poltica pblica de represso contra a violncia em face da mulher.

    No intuito de contribuir para a mudana desses trgicos cenrios, a Procuradoria-Geral Federal vem imple-mentando uma postura institucional de carter proativo, ajuizando aes regressivas previdencirias por todo o pas, com o objetivo de ver ressarcidos os gastos pblicos com o pagamento das prestaes previdencirias e tambm para inibir a perpetuao de condutas ilcitas que afetam negativamente toda a sociedade.

    As aes regressivas acidentrias possuem expressa previso normativa na Lei n 8.213/91 (Lei de Benefcios da Previdncia Social), especificamente no art. 120.

    Importante destacar que, com o advento da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6, de 18 de janeiro de 2013, a ocorrncia de outros atos ilcitos, que no somente os acidentes de trabalho, podem ensejar o ajuizamento de ao regressiva. So eles: o cometimento de crimes de trnsito na forma do Cdigo de Trnsito Brasileiro e ainda o cometimento de ilcitos penais dolosos que resultarem em leso corporal, morte ou perturbao funcional (art. 4). Nesse ltimo exemplo, ganham destaque no cenrio nacional as aes regressivas ajuizadas contra a violncia domstica, com base na Lei n 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha).

    H de se ressaltar, ainda, o art. 5 da referida Portaria, que abre a possibilidade para o ajuizamento de aes regressivas pela ocorrncia de ilcitos culposos, desde que essa concluso advenha do exame concreto dos fatos e dos correspondentes argumentos jurdicos, assim como de outras hipteses de responsabilizao no men-cionadas na Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6, de 18 de janeiro de 2013.

  • 83 ATUAO DA PROCURADORIA-GERAL FEDERAL NAS AES REGRESSIVAS PREVIDENCIRIAS

    3.1 Procuradoria-Geral Federal PGFA Procuradoria-Geral Federal PGF, criada pela Lei n 10.480, de 2 de julho de 2002, rgo vinculado Advocacia-Geral da Unio, ao qual compete a representao judicial e extrajudicial das autarquias e fundaes pblicas federais , as respectivas atividades de consultoria e assessoramento jurdicos, bem como a apurao da liquidez e certeza dos crditos, de qualquer natureza, inerentes s suas atividades, inscrevendo-os em dvida ativa, para fins de cobrana amigvel ou judicial. Destaque-se que essas competncias foram confirmadas pelo Decreto n 7.392/2010, captulo II, seo VI.

    A Lei n 11.098, de 13 de janeiro de 2005, conferiu s Procuradorias Regionais Federais, s Procuradorias Federais nos Estados e s Procuradorias Seccionais Federais a possibilidade de centralizar as atividades de co-brana e recuperao de crditos e as atividades de consultoria e assessoramento jurdico delas derivadas, alm de prescrever o apoio tcnico, financeiro e administrativo das entidades representadas PGF, at o final de sua implantao.

    3.2 Coordenao-Geral de Cobrana e Recuperao de Crditos CGCOBNo exerccio da atribuio conferida no Decreto n 6.119/2007, o Advogado-Geral da Unio editou o Ato Regi-mental n 2, de 12 de junho de 2007, conferindo Coordenao-Geral de Cobrana e Recuperao de Crditos CGCOB papel relevante na recuperao de crditos das autarquias e fundaes pblicas federais.

    A Coordenao-Geral de Cobrana e Recuperao de Crditos da PGF CGCOB iniciou sua atuao em junho de 2007, sendo fixada sua competncia pelo referido Ato Regimental da AGU, que lhe atribuiu funes relativas apurao da liquidez e certeza dos crditos, de qualquer natureza, das autarquias e fundaes pbli-cas federais, bem como a inscrio em dvida ativa e a correspondente cobrana amigvel ou judicial.

    Com a promulgao da Lei n 11.457/2007, conhecida como Lei da Super-Receita, ao tempo em que perdeu a atribuio para cobrana das contribuies sociais do INSS, que se tornaram dvida ativa da Unio, a CGCOB recebeu a incumbncia de centralizar a dvida ativa das 159 autarquias e fundaes pblicas federais.

    Assim, foram editadas as Portarias PGF n 267 e n 709, de 16 de maro e de 27 de julho de 2009, respectiva-mente. Pela primeira norma, atribuiu-se, alm da representao judicial, a competncia para efetuar as ativi-dades de inscrio em dvida ativa dos crditos de todas as autarquias e fundaes pblicas federais s Procura-dorias Regionais Federais, Procuradorias Federais nos Estados, Procuradorias Seccionais Federais e Escritrios de Representao. J a Portaria PGF n 709/2009 estabeleceu as condies para a assuno dessas atividades, bem como o envio bimestral de informaes sobre arrecadao e estoque de dvida ativa.

    Cabe mencionar as competncias da Coordenao-Geral de Cobrana e Recuperao de Crditos CGCOB, segundo o Ato Regimental n 2, de 12 de junho de 2007:

    I - assessorar o Procurador-Geral Federal no mbito das competncias definidas neste Ato Regimental;

    II - planejar, orientar, coordenar e supervisionar a apurao da liquidez e certeza dos crditos de qualquer natureza das autarquias e fundaes pblicas federais, bem como a inscrio em dvida ativa e sua cobrana amigvel e judicial;

    III - realizar estudos de temas jurdicos especficos relacionados matria de cobrana e recuperao de crdi-tos;

  • 9IV - planejar e orientar aes visando recuperao de crditos das autarquias e fundaes pblicas federais no inscritos em Dvida Ativa, bem como a responsabilizao de terceiros por prejuzos causados a essas enti-dades;

    V - definir, planejar e orientar as atividades de acompanhamento de aes prioritrias relacionadas com a co-brana e recuperao de crditos;

    VI - gerenciar, em articulao com a Coordenao-Geral de Recursos Tecnolgicos e Informao CGRTI da Advocacia-Geral da Unio, os sistemas de execuo e controle das atividades de cobrana e recuperao de crditos;

    VII - supervisionar tecnicamente as atividades de consultoria e assessoramento jurdicos e contencioso exerci-das pelos rgos de execuo da Procuradoria-Geral Federal, no que se refere s competncias definidas neste Ato Regimental;

    VIII - coordenar e orientar as atividades de representao judicial e extrajudicial, includos inquritos e aes penais, relativas s competncias previstas neste Ato Regimental, inclusive nos Juizados Especiais;IX - promover a uniformizao e melhoria das aes empreendidas em juzo relacionadas cobrana e recu-perao de crditos;

    X - planejar, coordenar e orientar aes para a localizao de devedores e de bens penhorveis;

    XI - planejar, coordenar e orientar a representao judicial e extrajudicial da Unio, nos processos da Justia do Trabalho relacionados com a cobrana de contribuies previdencirias e do imposto de renda retido na fonte, nos termos da delegao firmada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional;

    XII - planejar, coordenar e orientar a cobrana judicial de outros crditos definidos em lei.

    3.3 Diviso de Gerenciamento de Aes Regressivas e Execues Fiscais Trabalhistas DI-GETRABNos termos do artigo 1, II, da Portaria PGF n 14, de 12 de janeiro de 2010 , as aes regressivas acidentrias esto sujeitas a um acompanhamento prioritrio no mbito dos rgos de execuo da PGF.

    Em razo de reestruturao interna no mbito da CGCOB, compete Diviso de Gerenciamento de Aes Re-gressivas e Execues Fiscais Trabalhistas DIGETRAB as atividades gerenciais relativas s aes regressivas previdencirias, regulamentadas pela Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6, de 18 de janeiro de 2013.

    3.4 Grupo de Trabalho Aes Regressivas Acidentrias GT RegressivasA Portaria PGF n 1.309/2008 atraiu para os rgos da PGF a atribuio do acompanhamento das aes regres-sivas, classificando-as como prioritrias e prevendo a criao de grupo de estudo especfico.

    Assim, com criao prevista na Portaria PGF n 1.309, de 11 de dezembro de 2008, foi institudo pela Portaria Conjunta PFE-INSS/CGCOB-PGF n 1, de 20 de janeiro de 2009, o Grupo de Trabalho Aes Regressivas Aci-dentrias GT Regressivas. Trata-se de grupo de estudo especfico sobre a matria, que tinha por finalidade a realizao de estudos jurdicos sobre temas afetos a aes regressivas acidentrias para subsidiar a atuao dos Procuradores Federais e padronizar procedimentos judiciais e rotinas administrativas a serem adotadas pelos rgos de execuo da PGF.

    Subordinado ao GT Regressivas, o Ncleo de Estudos de Acidentes do Trabalho NEAT, institudo pela Por-taria CGCOB n 2, de 2 de abril de 2009, desempenhou as atividades de inteligncia na identificao dos aci-

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    dentes de trabalho ocorridos no pas e dos maiores responsveis por tais ocorrncias.

    Importante mencionar, por fim, as concluses do GT Regressivas, constitudo pela Portaria Conjunta PFE-INSS/CGCOB-PGF n 1, de 20 de janeiro de 2009.

    Divulgadas atravs do Memorando-Circular n 011/2009/AGU/PGF/CGCOB, elas dizem respeito, basica-mente, a: prazo de prescrio da ao regressiva, cdigo de GPS para recolhimento pela empresa do valor devido, priorizao da constituio de capital como meio de cumprimento de sentena, criao de Ncleo de Estudos de Acidentes do Trabalho, elaborao de minuta de projeto de lei para alterao do artigo 120 da Lei n 8.213/91, estratgia de atuao, rotina de troca de informaes entre rgos da PGF, atribuio para anlise prvia, fluxo de rotina para utilizao do SICAU, elaborao de diretrizes procedimentais e troca de infor-maes com o Ministrio do Trabalho e Emprego MTE, definio de critrios para fixao do valor da causa e acordos de cooperao nacional.

    3.5 Ncleo de Estudos de Aes Regressivas Previdencirias NEARPA Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6, de 18 de janeiro de 2013, em seu art. 26, constituiu o NEARP - N-CLEO DE ESTUDOS DE AES REGRESSIVAS PREVIDENCIRIAS, com a funo de realizar estudos estatsticos, desenvolver teses e rotinas, monitorar acordos de cooperao tcnica e acompanhar resultados sobre o tema.

    Destaque-se que a coordenao do NEARP responsabilidade do Chefe da Diviso de Gerenciamento de Ex-ecues Fiscais Trabalhistas e Aes Regressivas DIGETRAB da CGCOB, conforme dispe o 1, do art. 26, do referido ato normativo.

    A primeira incumbncia do NEARP foi atualizar a presente cartilha de atuao nas aes regressivas, antes datada de 2010. Outros temas sero abordados futuramente pelo NEARP, dando nfase questo do prazo prescricional das aes regressivas e ainda a forma de cumprimento das decises favorveis ao INSS. A atualizao das defesas mnimas tambm tema que certamente passar pela anlise desse Ncleo, assim como o monitoramento dos inmeros acordos de cooperao que esto sendo firmados por todo o pas, com o intuito de angariar mais subsdios para a formalizao dos Procedimentos de Instruo Prvia PIPs e para o eventual ajuizamento de aes regressivas.

    3.6 Servios e Sees de Cobrana e Recuperao de Crditos SERCOB/SECOBO acompanhamento das aes regressivas previdencirias pelas Procuradorias Regionais Federais, Procura-dorias Federais nos Estados, Procuradorias Seccionais Federais e nos respectivos Escritrios de Representao realizado por meio dos Servios ou Sees de Cobrana e Recuperao de Crditos SERCOB ou SECOB.

    Por intermdio do artigo 6 da Portaria CGCOB n 03/08, a CGCOB recomendou aos responsveis pelas Procuradorias Regionais Federais, Procuradorias Federais nos Estados, Procuradorias Seccionais Federais e respectivos Escritrios de Representao, a criao de Ncleos de Aes Prioritrias para o acompanhamento prioritrio das aes regressivas acidentrias .

    3.7 Aes Regressivas e seu carter prioritrio Com o advento da Portaria PGF n 14/10 (art. 2), sobreveio a determinao do Procurador-Geral Federal para que as Procuradorias Regionais Federais e as Procuradorias Federais nos Estados destaquem, no mnimo, um Procurador Federal para atuar exclusivamente nas aes prioritrias elencadas na Portaria, devendo comunicar CGCOB o responsvel por tais aes.

    O Memorando-Circular PGF/CGCOB n 33/2011 ressaltou que o envio de informaes sobre o ajuizamento das denominadas aes prioritrias a que se refere o artigo 5 da Portaria PGF n 14/2010 deve ser feito em conformidade com o procedimento estabelecido no Memorando-Circular AGU/PGF/CGCOB n 20/2011.

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    Destaque-se que a mesma Portaria classifica como prioritrias as aes regressivas acidentrias (art. 1, II).

    A Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6, de 18 de janeiro de 2013, em seu art. 27, tambm determina que os rgos de execuo da PGF designaro, sempre que possvel, procuradores federais para atuar especificamente na instruo e ajuizamento das aes regressivas previdencirias. Destaque para o pargrafo nico, onde est descrito que a PFE-INSS poder indicar procuradores federais em exerccio em suas unidades para colaborar com os demais rgos de execuo da PGF responsveis pelas aes regressivas previdencirias, sob a coorde-nao destes.

    4 AES REGRESSIVAS PREVIDENCIRIAS

    4.1 Conceito Nos termos do art. 2 da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 06/2013, considera-se ao regressiva previden-ciria: a ao que tenha por objeto o ressarcimento ao INSS de despesas previdencirias determinadas pela ocorrncia de atos ilcitos.

    4.2 EspciesDe acordo com o art. 4 da referida Portaria, h trs espcies de ilcitos que podem ensejar o ajuizamento de uma ao regressiva previdenciria. So eles:

    a) o descumprimento de normas de sade e segurana do trabalho que resultar em acidente do trabalho, o que d ensejo AO REGRESSIVA ACIDENTRIA;

    b) cometimento de crimes de trnsito na forma do Cdigo de Trnsito Brasileiro, o que d ensejo AO REGRESSIVA DE TRNSITO; ou

    c) o cometimento de ilcitos penais dolosos que resultarem em leso corporal, morte ou perturbao funcional, o que nos casos de violncia domstica dar ensejo AO REGRESSIVA MARIA DA PENHA.

    4.3 Fundamentos normativosA ao regressiva acidentria possui fundamento legal no artigo 120 da Lei n 8.213/91, o qual estabelece que: Nos casos de negligncia quanto s normas padro de segurana e higiene do trabalho indicados para a pro-teo individual e coletiva, a Previdncia Social propor ao regressiva contra os responsveis.

    No entanto, ainda que no houvesse a previso legal e especfica acima, poderamos enquadrar a situao na regra geral da responsabilizao civil, conforme ocorre com as demais modalidades de aes regressivas, em que o fundamento normativo est no instituto da responsabilidade civil previsto nos arts. 186 c/c 927 do C-digo Civil, os quais preconizam que:

    Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.

    Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.A regra geral da responsabilizao civil tambm se aplica aos casos de acidentes do trabalho ocorridos antes da vigncia da Lei n 8.213/91, com base no Cdigo Civil de 1916 .

    4.4 Pressupostos

    4.4.1 Ao Regressiva AcidentriaA ao regressiva acidentria depende da concorrncia dos seguintes pressupostos fticos:

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    a) acidente do trabalho sofrido por um segurado do INSS:

    O acidente do trabalho, por definio dos artigos 19 e 20 da Lei n 8.213/91, o ocorrido pelo exerccio do trabalho a servio da empresa (ex. queda de andaime, choque eltrico, asfixia por produto qumico etc.), bem como a doena ocupacional produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar a determinada atividade (ex. doena adquirida por operador de raio-x, silicose etc.), ou em funo de condies especiais em que o trabalho realizado (ex. LER-DORT, perda auditiva induzida pelo rudo-PAIR etc.).

    b) despesa previdenciria:

    Nos termos do art. 3 da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 06/2013, Consideram-se despesas previden-cirias ressarcveis as relativas ao pagamento, pelo INSS, de penso por morte e de benefcios por incapacidade, bem como aquelas decorrentes do programa de reabilitao profissional.

    Nos casos em que o(a) segurado(a) vtima do acidente do trabalho j se encontrava aposentado(a) poca do infortnio, ocorrendo mera converso da aposentadoria em penso por morte, sem dispndio adicional ao INSS, no se consideram ressarcveis as despesas com o benefcio pago aos dependentes. Logo, no cabe o ajuizamento da ao regressiva.

    c) negligncia do empregador quanto ao cumprimento e fiscalizao das normas de segurana e sade do trabalho:

    O acidente de trabalho e a concesso de uma prestao social acidentria no autorizam, por si s, a prop-ositura da ao regressiva. necessrio que a pretenso de ressarcimento esteja fundada em elementos que demonstrem a culpa da empresa quanto ao cumprimento e fiscalizao das normas de segurana e sade do trabalho, indicadas para a proteo individual e coletiva dos trabalhadores.

    A culpa quanto ao cumprimento dos comandos normativos pertinentes proteo do trabalhador tambm pode advir da omisso dos responsveis, pois a esses compete munir os trabalhadores com os equipamentos de proteo adequados ao risco de cada atividade, bem como zelar pela sua efetiva utilizao, instruindo, exigindo e fiscalizando o seu correto manejo.

    Os elementos probatrios carreados no procedimento de instruo prvia, ainda que demonstrem to somente a ausncia de fiscalizao, serviro para formar a convico do Procurador oficiante no que tange culpa da empresa acerca do infortnio laboral.

    4.4.2 Ao Regressiva de TrnsitoA ao regressiva de trnsito pressupe a concorrncia dos seguintes pressupostos fticos:

    a) acidente de trnsito que vitime um segurado do INSS:

    De acordo com a definio adotada pelo Departamento Nacional de Trnsito DENATRAN, acidente de trnsito todo evento no intencional, envolvendo pelo menos um veculo, motorizado ou no, que circula por uma via para trnsito de veculos . Acidente de trnsito pode, ainda, ser conceituado como todo aconteci-mento desastroso, casual ou no, tendo como consequncias danos fsicos ou materiais, envolvendo veculos, pessoas e/ou animais nas vias pblicas .

    Para viabilizar uma ao regressiva de trnsito imprescindvel que esse sinistro vitime um segurado do INSS.

    b) despesa previdenciria:

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    Nos termos do art. 3 da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 06/2013, Consideram-se despesas previden-cirias ressarcveis as relativas ao pagamento, pelo INSS, de penso por morte e de benefcios por incapacidade, bem como aquelas decorrentes do programa de reabilitao profissional.Nos casos em que o(a) segurado(a) vtima do acidente de trnsito j se encontrava aposentado(a) poca do infortnio, ocorrendo mera converso da aposentadoria em penso por morte, sem dispndio adicional ao INSS, no se consideram ressarcveis as despesas com o benefcio pago aos dependentes. Logo, no cabe o ajuizamento da ao regressiva.

    c) culpa do causador do acidente, consubstanciado na afronta a algum dispositivo previsto no Cdigo de Trn-sito Brasileiro:

    O acidente deve resultar de uma conduta ilcita, tipificada pela afronta a algum dispositivo contido no Cdigo de Trnsito Brasileiro.

    4.4.3 Ao Regressiva Maria da PenhaA ao regressiva Maria da Penha pressupe a concorrncia dos seguintes pressupostos fticos:a) ato de violncia domstica e/ou familiar que vitime uma segurada do INSS:

    A violncia domstica e familiar contra mulher definida pela Lei n 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, como sendo qualquer ao ou omisso que cause morte, leso, sofrimento fsico, sexual ou psicolgico e dano moral ou patrimonial no mbito da unidade domstica, da famlia ou de qualquer relao ntima de afeto (art. 5).

    Compreende-se por unidade domstica o espao de convvio permanente de pessoas, com ou sem vnculo fa-miliar, inclusive as esporadicamente agregadas. A famlia, por sua vez, pode ser entendida como a comunidade formada por indivduos que so ou se consideram aparentados, unidos por laos naturais, por afinidade ou por vontade expressa. J a relao ntima de afeto, para fins da Lei Maria da Penha, aquela em que o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida independentemente de coabitao.

    certo que o ato de violncia contra a mulher, que poder vir a dar ensejo a uma ao regressiva, ser primor-dialmente a violncia fsica ou sexual, que acarrete o afastamento do trabalho ou a morte e resulte no paga-mento de despesas previdencirias.

    Para viabilizar uma ao regressiva Maria da Penha imprescindvel que o ato de violncia domstica e ou familiar vitime uma segurada do INSS. Isso porque, a jurisprudncia dominante do STJ no sentido de que a Lei Maria da Penha no se aplica aos homens. No obstante possa ser considerado agressor a pessoa, homem ou mulher, que conviva permanentemente com a vtima no ambiente domstico ou, ainda, que possua vnculos familiares ou uma relao ntima de afeto com a vtima.

    b) despesa previdenciria:

    Nos termos do art. 3 da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 06/2013, Consideram-se despesas previden-cirias ressarcveis as relativas ao pagamento, pelo INSS, de penso por morte e de benefcios por incapacidade, bem como aquelas decorrentes do programa de reabilitao profissional.

    Nos casos em que a segurada vtima da violncia domstica e/ou familiar j se encontrava aposentada poca do infortnio, ocorrendo mera converso da aposentadoria em penso por morte, sem dispndio adicional ao INSS, no se consideram ressarcveis as despesas com o benefcio pago aos dependentes. Logo, no cabe o ajuizamento da ao regressiva.

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    c) ao que cause morte ou leso, consubstanciado na afronta a algum dispositivo da Lei n 11.340, de 7 de agosto de 2006:

    O ato de violncia dever ser enquadrado em uma das formas previstas no art. 5 da Lei Maria da Penha.Para o ajuizamento da ao em referncia se faz necessria a comprovao apenas do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (leso ou morte) gerador do benefcio previdencirio.

    d) inexistncia de convivncia da vtima com o agressor:

    O objetivo do ajuizamento da regressiva em questo no vitimizar ainda mais a mulher, razo pela qual deve ser verificado se a vtima continua convivendo com o agressor. Assim, s devem ser ajuizadas as aes nos ca-sos em que a vtima esteja separada do agressor (no s de direito, mas de fato) ou, em casos de morte, que o agressor no tenha a guarda dos filhos.

    4.5 ObjetivosA ao regressiva previdenciria possui dois importantes objetivos. O primeiro, de carter explcito, a re-cuperao dos gastos suportados pelo INSS com as prestaes sociais implementadas nos casos de ilcitos. O segundo, de carter implcito, servir de medida punitivo-pedaggica que contribua para a concretizao das polticas pblicas, notadamente aquelas voltadas preveno de acidentes do trabalho, de trnsito e ilcitos em geral, com nfase para os casos de violncia domstica.

    4.5.1 Ressarcimento da despesa previdenciriaCom o manejo da ao regressiva previdenciria, o INSS busca a recuperao dos gastos com as prestaes so-ciais, bem como a proteo da integridade econmica e atuarial do fundo previdencirio destinado execuo das polticas do Regime Geral de Previdncia Social, o qual, com efeito, no foi concebido para custear a con-cesso precoce e extraordinria de prestaes previdencirias, originadas de ilcitos.

    4.5.2 Medida punitivo-pedaggicaA preveno de futuros acidentes do trabalho, de trnsito e ilcitos penais em geral o objetivo mediato da ao regressiva previdenciria.

    O carter punitivo-pedaggico da medida consiste na percepo de que o investimento em aes de preveno de acidentes do trabalho, a observncia s regras de trnsito, bem como legislao penal, notadamente os pre-ceitos que tutelam a vida e a integridade fsica das pessoas, forma importante de se evitar futuras condenaes de ressarcimento pelos danos causados por tais condutas ilcitas.

    5 FASE PR-PROCESSUAL

    5.1 Instruo prvia s aes regressivas previdenciriasAntes de ajuizar uma ao regressiva previdenciria, o Procurador Federal dever adotar algumas diligncias administrativas a ttulo de instruo prvia, o que dever ser feito a fim de identificar a ocorrncia dos pres-supostos fticos da pretenso ressarcitria. O art. 6 da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6, de 18 de janeiro de 2013, assim define essa fase instrutria: Art. 6 O procedimento de instruo prvia PIP compreende o levantamento das informaes, documentos previdencirios e constituio de prova da ocorrncia dos ilcitos tratados nesta portaria, com vistas ao even-tual ajuizamento da ao regressiva.

    Essas atividades instrutrias so materializadas no mbito de um Procedimento de Instruo Prvia PIP, o qual deve receber tramitao prioritria nos termos da Portaria CGCOB n 03/2008 e do art. 12, inciso I, alnea

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    a; e inciso II, alneas a, b, c e d, da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6/2013.

    5.1.1 Atividades proativas que podero subsidiar a produo de informaes para a instau-rao de Procedimento de Instruo Prvia PIPComo forma de otimizar o desenvolvimento das atividades na fase pr-processual, o rgo de execuo da PGF dever adotar prticas que podero subsidiar o planejamento do trabalho e a produo de informaes necessrias para a instaurao de Procedimento de Instruo Prvia PIP de aes regressivas previdencirias, tais como as recomendaes exemplificadas abaixo.

    a) Elaborao de relatrio de pesquisa de informaes previdencirias

    Pesquisar nos sistemas da Previdncia Social (SUIBE ou outro sistema que fornea dados gerenciais sobre a concesso de benefcios previdencirios) e emitir relatrios peridicos de todos os benefcios previdencirios acidentrios, especificando as informaes necessrias para a instruo do Procedimento de Instruo Prvia PIP.

    Classificar os dados extrados do sistema adotando os critrios necessrios para a anlise das informaes, gerando diversos relatrios, tais como:

    Relatrioporespciedebenefcioacidentrio;

    Relatrioporempregador(empregadorescomomaiornmerodeocorrnciasdebenefciosaciden-trios);

    Relatrioportipodedoena(selecionarasdoenasdotrabalho);

    Relatrioporempregador(empregadorescomomaiornmerodeocorrncia)etipodedoena(sele-cionar as doenas do trabalho);

    Relatriodeauxlio-doenaacidentrioqueaindanofoicessadoequepodeapresentarumcertoriscode ser transformado em aposentadoria por invalidez (exemplo: afastamento com durao superior a um ano, nas hipteses de CID indicativo de LER/DORT).

    b) Trabalhar em parceria e cooperao com outras entidades ou rgos que dispem de informaes sobre acidentes do trabalho, de trnsito e de violncia domstica ou familiar contra a mulher.

    Trabalhar em parceria e cooperao com entidades ou rgos que desenvolvem aes voltadas preveno de acidentes do trabalho, de trnsito e de violncia domstica ou familiar contra a mulher, principalmente com os seguintes rgos pblicos regionais ou locais:

    - Acidente do trabalho: Tribunal Regional do Trabalho, Ministrio Pblico do Trabalho e Superintendncia ou Delegacia Regional do Trabalho;

    - Acidente de Trnsito: Justia Estadual, Ministrio Pblico Estadual, Polcia Civil e Polcia Rodoviria Federal;

    - Violncia domstica: Justia Estadual, Ministrio Pblico Estadual, Defensoria Pblica Estadual e Polcia Civil, podendo ser contatados diretamente rgos que a compe, notadamente: Delegacias Especializadas em Atendimento Mulher DEAM e Delegacias Comuns.

    Outrossim, verifica-se extremamente importante o estabelecimento de uma estratgia de atuao conjunta

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    entre os parceiros, definindo mecanismos de troca de informaes entre os interessados, oferecendo em troca relatrios de benefcios previdencirios que contm informaes sobre os trabalhadores acidentados, empre-gadores, espcies de benefcios, tipos de doena e perodo do afastamento, como forma de subsidiar a elabo-rao de planejamento dos rgos interessados.

    A realizao de acordos de cooperao sempre dever contar com a anuncia da CGCOB.

    c) Criao de Grupo de Trabalho Interinstitucional

    Estimular a criao de grupos de trabalho interinstitucional que tenham como atribuies o desenvolvimento de aes voltados preveno de acidentes do trabalho, de trnsito e de combate violncia domstica ou fa-miliar, e participar efetivamente desses grupos, representando o rgo de execuo da PGF.

    d) Formalizao de Acordos de Cooperao Tcnica objetivando estabelecer a captao de informaes acerca de infortnios e realizar cruzamentos das informaes com os sistemas do INSS, com a finalidade de identifi-car os benefcios concedidos e que estejam relacionados com o fato objeto da apurao.

    5.2 Procedimento de Instruo Prvia PIPConceitua-se o PIP como o expediente administrativo instaurado no mbito da PGF, cuja finalidade identifi-car a coexistncia dos pressupostos fticos que viabilizam o ajuizamento de uma ao regressiva previdenciria.

    O PIP possui disciplina normativa bsica no Captulo II, artigos 6 a 14 da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6/2013.

    5.3 Fases do PIPO PIP composto de 03 (trs) fases: instaurao, instruo e concluso.

    5.3.1 InstauraoA instaurao do PIP cabe ao rgo de execuo da PGF do local dos fatos, ou seja, da Procuradoria com atribuio sobre o local em que ocorreu o acidente do trabalho, de trnsito ou ento a violncia domstica (art. 8, da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6/2013), por meio de portaria interna.

    Os rgos de execuo da PGF tero o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogveis por igual perodo, na forma do art. 11, pargrafo nico, da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6/2013, para instaurar o Procedimento de In-struo Prvia - PIP, a partir do conhecimento da ocorrncia de algum dos pressupostos das aes regressivas previdencirias, ocasio em que dever ser expedida uma Portaria de Instaurao, conforme modelo constante do ANEXO I da presente cartilha, que poder ser:

    I de ofcio, em razo do conhecimento direto do caso;

    II mediante provocao interna;

    III mediante provocao externa, decorrente do recebimento de representaes e documentos provenientes de particulares ou de rgos pblicos.

    A Portaria de Instaurao determinar as diligncias preliminares seguintes, sem prejuzo de outras a critrio do Procurador Federal oficiante:

    a) cadastramento no SICAU a partir do Nmero nico de Protocolo - NUP, com a observncia dos parmetros abaixo:

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    - Relevncia: Social;- Classe da ao: A400 Procedimento Administrativo;- Competncia: 8 Administrativa;- Autor: INSS;- Ru(s): Investigado(s);- Tema: 020 Cobrana e Recuperao de Crditos;- Subtema: 0200004 Ressarcimento ao Errio;- Objeto do Pedido: 2000090 INSS Ressarcimento ao Errio decorrente de ao regressiva previdenciria;

    b) digitalizao dos documentos para fins de formao do dossi virtual, ou ento, no sendo isso possvel, a autuao dos documentos para fins de formao do dossi fsico;

    c) outras diligncias preliminares, a critrio do Procurador Federal oficiante.

    Na hiptese em que uma Procuradoria for cientificada de algum pressuposto relativo a ato ilcito ensejador da pretenso ressarcitria do INSS ocorrido em local no abrangido por sua atribuio, os elementos devero ser encaminhados Procuradoria responsvel pela instaurao do PIP, envio que poder ser efetuado de forma digitalizada a partir do e-mail institucional ou sistema da AGU.

    5.3.1.1 Instaurao de ofcio pelo ProcuradorA instaurao de ofcio resultar de uma postura proativa do Procurador Federal, que poder ser materiali-zada via informaes previdencirias obtidas mediante o acesso aos sistemas da Previdncia Social (PLENUS, CNIS, CAT-SUIBE e INFORMAR), os quais viabilizaro o acesso aos benefcios concedidos pelo INSS. A in-staurao de ofcio dever observar a ordem de prioridade estabelecida no art. 12, inciso I, alnea a; e inciso II, alneas a, b, c e d, da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6/2013.

    5.3.1.2 Instaurao mediante provocao internaA provocao interna poder resultar dos expedientes encaminhados pela CGCOB; a partir das informaes compartilhadas pelos Procuradores atuantes nas Execues Fiscais Trabalhistas, nas aes de benefcios aci-dentrios, ou ento que tenham conhecimento de algum acidente de trnsito ou violncia domstica ou famil-iar que possa ensejar o ajuizamento de uma ao regressiva previdenciria.

    5.3.1.3 Instaurao mediante provocao externaA provocao externa poder ocorrer a partir das informaes enviadas por qualquer rgo e/ou entidade alheia estrutura da PGF, em especial: a Superintendncia Regional do Trabalho e Emprego SRTE; a Justia Especializada do Trabalho; o Ministrio Pblico do Trabalho MPT; o Ministrio Pblico Estadual; a Polcia Civil; a Polcia Rodoviria Federal; a Secretaria de Polticas para as Mulheres da Presidncia da Repblica SPM, as Secretarias de Sade; os Sindicatos; entre outros.

    5.3.2 InstruoInstaurado o PIP, incumbe ao Procurador Federal diligenciar a identificao dos demais pressupostos fticos das aes regressivas previdencirias.

    5.3.2.1 Diligncias para identificar a ocorrncia de ilcitos sociaisa) Acidentes do Trabalho

    De acordo com o art. 22 da Lei n 8.213/91, as empresas devem comunicar Previdncia Social a ocorrncia dos acidentes do trabalho, o que ser feito mediante a expedio da competente Comunicao de Acidente do Trabalho CAT. Ocorre que, no Brasil, inmeros acidentes deixam de ser notificados (fenmeno da subnotifi-

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    cao), motivo pelo qual a atuao da PGF no deve ficar restrita aos casos formalmente comunicados ao INSS.

    No intuito de combater os efeitos da subnotificao, o Procurador poder manter contato com as Secretarias de Sade locais e regionais, a fim de solicitar informaes acerca dos casos de trabalhadores vtimas de acidentes laborais com atendimento na rede pblica de sade, informao privilegiada que, alm de suprir eventual no emisso da CAT por parte dos empregadores, ao ser compartilhada com a SRTE/MTE, propiciar a imediata realizao da anlise do acidente, o que contribuir para a identificao das causas dos acidentes.

    b) Acidentes de Trnsito

    At que os sistemas do INSS sejam adaptados para permitir a pesquisa dos benefcios concedidos em virtude de acidentes de trnsitos, tais casos podem ser identificados a partir de acordos de cooperao tcnica que o INSS iro ser celebrados com a Polcia Rodoviria Federal, Seguro DPVAT, e outras instituies que, periodica-mente, iro informar, respectivamente, os acidentes ocorridos nas rodovias federais e as indenizaes pagas s vtimas de acidentes de trnsito ocorridos no Brasil.

    Alm disso, considerando que os casos de acidentes de trnsito mais graves so repercutidos na mdia, os mei-os de comunicao (jornais, telejornais, sites etc.) so importantes fontes de informaes que podem subsidiar a instaurao de um PIP por acidente de trnsito.

    c) Violncia domstica e familiar contra mulher

    At que os sistemas do INSS sejam adaptados para permitir a pesquisa dos benefcios concedidos em virtude de violncia domstica e familiar contra a mulher ou, ainda, at que seja institudo um cadastro nacional desses crimes , tais casos podem ser identificados a partir de acordos de cooperao tcnica a serem celebrados com os rgos que dispem de informaes sobre esses crimes.

    Atravs da celebrao de um acordo de cooperao tcnica possvel estabelecer uma mtua colaborao entre a PGF e os rgos em referncia, de modo que estes enviem, periodicamente, a relao dos crimes praticados contra mulheres.

    Ademais, assim como os acidentes de trnsito, os casos de violncia contra a mulher mais graves so ampla-mente divulgados nos diversos tipos de mdia. Destarte, os meios de comunicao (jornais, telejornais, sites etc.) so importantes fontes de informaes que podem subsidiar a instaurao do PIP por violncia domstica e familiar contra a mulher.

    5.3.2.2 Diligncias para identificar o implemento das prestaes sociais pelo INSS

    O implemento de alguma prestao social pelo INSS pode ser identificado diretamente pelo Procurador Fed-eral, a partir da consulta aos sistemas informatizados PLENUS, CNIS, CAT-SUIBE e INFORMAR. Na hiptese de o Procurador oficiante ainda no ter acesso a esses sistemas, a informao poder ser obtida a partir de solicitao dirigida ao rgo local do INSS (Gerncia Executiva, Agncia da Previdncia Social etc.).Dos sistemas previdencirios, alm dos dados bsicos de concesso, de manuteno e histrico de crditos pelos valores brutos, devero ser extradas as seguintes informaes:

    I no caso de penso por morte: qualificao do segurado instituidor, dos dependentes e dados de eventual desdobramento do benefcio;

    II no caso de benefcio por incapacidade: qualificao do segurado, histrico mdico e, no caso de acidente de trabalho, extrato da Comunicao de Acidente de Trabalho CAT.

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    Na hiptese de reabilitao profissional, devero ser comprovadas as despesas realizadas mediante cpias dos procedimentos de aquisio de bens e servios, e documentos de disponibilizao ao segurado, bem como avaliada a expectativa de despesas futuras.

    Relativamente penso por morte, os Procuradores Federais oficiantes na execuo fiscal trabalhista devero encaminhar aos rgos responsveis pelas aes regressivas acidentrias as decises judiciais de que tomarem conhecimento quando estas resultarem em condenao por descumprimento de normas de sade e segurana do trabalho.

    a) cadastramento no SICAU a partir do Nmero nico de Protocolo - NUP, com a observncia dos parmetros abaixo:

    - Relevncia: Social;- Classe da ao: A400 Procedimento Administrativo;- Competncia: 8 Administrativa;- Autor: INSS;- Ru(s): Investigado(s);- Tema: 020 Cobrana e Recuperao de Crditos;- Subtema: 0200004 Ressarcimento ao Errio;- Objeto do Pedido: 2000090 INSS Ressarcimento ao Errio decorrente de ao regressiva previdenciria;

    b) quando for o caso, vincular o procedimento cadastrado com o Nmero nico de Protocolo (NUP) ao cor-respondente procedimento cadastrado com o Nmero do Benefcio (NB).

    5.3.2.3 Da coleta dos elementos de provaAs provas da ocorrncia do ato ilcito podero ser obtidas, sem prejuzo de outros modos determinados pelas circunstncias dos fatos, da seguinte forma:

    5.3.2.3.1 Ao Regressiva Acidentria a) Por encaminhamento espontneo, ou mediante solicitao, de laudo de anlise de acidente Superintendn-cia Regional do Trabalho e Emprego - SRTE da localidade

    O art. 156 da CLT dispe que incumbe s Superintendncias Regionais do Trabalho e Emprego promover a fiscalizao do cumprimento das normas de segurana e medicina do trabalho. No desempenho desse mister, os Auditores Fiscais do Trabalho analisam os acidentes do trabalho e lavram os respectivos relatrios fiscais em que so apontados os fatores causais que contriburam para o sinistro.

    A partir do Acordo de Cooperao Tcnica n 08/2008 firmado entre o Ministrio da Previdncia Social (MPS) e o Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), bimestralmente o INSS repassar ao MTE as comunicaes de acidentes do trabalho (CATs) registradas no perodo. Na posse dessas informaes, o MTE analisar os sinis-tros e emitir os respectivos relatrios que indicaro as causas dos acidentes. Por fim, o MTE repassar esses relatrios PGF, para fins de instaurao dos PIPs, que verificar a viabilidade do ajuizamento da respectiva ao regressiva.

    O Decreto n 7.331, de 19 de outubro de 2010, que acrescentou o Pargrafo nico ao art. 341 do Regulamento da Previdncia Social, aprovado pelo Decreto n 3.048, de 06 de maio de 1999, determina que o Ministrio do Trabalho e Emprego, com base em informaes fornecidas trimestralmente, a partir de 1 de maro de 2011, pelo Ministrio da Previdncia Social relativas aos dados de acidentes e doenas do trabalho constantes das comunicaes de acidente de trabalho registradas no perodo, encaminhar Previdncia Social os respectivos

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    relatrios de anlise de acidentes do trabalho com indcios de negligncia quanto s normas de segurana e sade do trabalho que possam contribuir para a proposio de aes judiciais regressivas.

    Na hiptese de o PIP ser instaurado a partir da provocao externa de outro rgo/entidade, o Procurador Federal dever solicitar a anlise do acidente do trabalho respectiva SRTE com atribuio sobre o local do acidente.

    Acaso o relatrio da SRTE/MTE atribua empresa a culpa pelo acidente, porm no explicite quais os disposi-tivos normativos violados (artigos da CLT, itens das NRs do MTE, itens da ABNT etc.), havendo necessidade, o Procurador Federal oficiante solicitar a confeco de laudo complementar que supra essa omisso.

    Pode ocorrer de o MTE no ter analisado o acidente, bem como o transcurso do tempo impedir a anlise su-perveniente dos fatores causais do sinistro, hipteses em que o Procurador certificar tal circunstncia no PIP e diligenciar a obteno de outros meios probatrios acerca da culpa da empresa pelo acidente do trabalho.

    Obs. 1: A manuteno de uma postura meramente requisitria no se apresenta a mais adequada para o esta-belecimento de um clere e constante fluxo de informaes entre a PGF e o MTE. Considerando-se que o MTE tem sido o principal parceiro da PGF em matria de aes regressivas acidentrias, deve-se evitar um relacion-amento estritamente burocrtico (via ofcios requisitrios), sendo oportuno um contato pessoal e peridico entre o Procurador Federal e o chefe da Seo de Sade e Segurana SEGUR da respectiva SRTE/MTE, a fim de ser estabelecida uma estratgia de atuao conjunta.

    Recomenda-se que esse relacionamento seja estabelecido a partir de uma reunio inicial em que o Procurador Federal possa expor os objetivos que a PGF pretende alcanar com as aes regressivas acidentrias, pois muito mais do que um instrumento processual que viabiliza o ressarcimento dos gastos suportados pelo INSS, essas aes tm contribudo para a concretizao da poltica pblica de preveno de acidentes do trabalho, visto que as condenaes obtidas tm servido de medida pedaggica ao setor empresarial.

    Obs. 2: Considerando-se que a propositura de uma ao regressiva acidentria a partir de um relatrio fiscal do MTE representa a valorizao do trabalho dos AFTs, recomenda-se comunicar a SRTE/MTE sempre que uma ao for ajuizada e/ou decidida, pois esse feedback contribui para o estreitamento dos laos institucionais entre a PGF e o MTE.

    b) Por solicitao de informaes e documentos relacionados ao acidente do trabalho e/ou doena ocupa-cional aos rgos do Ministrio Pblico Estadual ou do Distrito Federal e Territrios, Ministrio Pblico do Trabalho, Polcia Civil, Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Sade e Segurana do Trabalho FUNDACEN-TRO, Sindicatos e outras entidades que porventura disponham desses elementos probatrios

    Os acidentes do trabalho tambm podem repercutir na esfera criminal, pois invariavelmente resultam em ilci-tos (leses corporais e homicdios culposos) que so investigados pela Polcia Civil, os quais podem culminar em aes penais movidas pelo Ministrio Pblico e julgadas pela Justia Estadual.

    Os elementos probatrios produzidos na esfera penal, notadamente as percias tcnicas realizadas nos locais dos acidentes, e os depoimentos das testemunhas oculares dos fatos podem ser utilizados nas aes regressivas para evidenciar a negligncia da empresa com relao s normas de sade e segurana do trabalho.

    A fim de obter acesso a tais elementos, o Procurador Federal oficiar Polcia Civil solicitando informaes acerca da existncia de inqurito policial IPL instaurado para apurar o homicdio e/ou leso corporal culposa resultante do acidente do trabalho, bem como, em caso positivo, o envio de cpia do respectivo procedimento inquisitorial. Na hiptese de a ao penal j ter sido ajuizada, o Procurador oficiante dever verificar o atual andamento do processo, bem como providenciar cpias dos elementos de prova e de eventuais provimentos

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    judiciais (sentena/acrdo), os quais devem instruir a ao regressiva previdenciria.

    Obs.: No que tange aos acidentes do trabalho, dada a especificidade da matria, via de regra, os Delegados, Inspetores, Peritos Criminais, Promotores de Justia e os Juzes de Direito no possuem um conhecimento aprofundado em matria de normas de sade e segurana do trabalho, de sorte que, na instruo dos inquri-tos penais e respectivos processos-crime, a violao desses preceitos normativos no tem sido adequadamente apurada, o que muitas vezes tem ensejado o arquivamento dos inquritos e a improcedncia dos pedidos con-tidos nas denncias, no por falta de elementos de culpabilidade, mas sim porque a investigao/instruo no realizou uma anlise multidisciplinar do acidente, j que o trabalho pericial, a instruo criminal e a prpria deciso proferida no processo-crime so analisados meramente sob o aspecto penal, dizer: quanto existn-cia ou no de fato tpico/ilcito penal.

    Diante da independncia das esferas civil, penal e administrativa, a ausncia de tipicidade penal no quer dizer necessariamente que no tenha ocorrido um ilcito civil consubstanciado na negligncia quanto observncia das normas de segurana e medicina do trabalho.

    No intuito de contribuir para a alterao desse panorama, oportuno que o Procurador Federal mantenha con-tato com representantes da Polcia Civil, Ministrio Pblico Estadual e Justia Estadual, a fim de conscientiz-los acerca do elevado nmero de acidentes do trabalho registrados em nosso pas, os quais invariavelmente culminam em homicdios e leses corporais culposos, bem como de que a atuao nos inquritos e processos penais pode contribuir no apenas para a punio dos responsveis pelos ilcitos, mas tambm para evitar futuros casos de acidentes do trabalho, o que se materializa em eficcia preventiva das aes regressivas aci-dentrias.

    O Ministrio Pblico do Trabalho-MPT, no desempenho de sua funo institucional de promover a tutela cole-tiva dos trabalhadores, instaura inquritos civis e ajuza aes civis pblicas, os quais podem propiciar contato com elementos de prova acerca da negligncia das empresas em matria de normas de sade e segurana do trabalho. A obteno desses elementos pode ser de grande valia para os PIPs que tenham como objeto a apu-rao de doenas profissionais ou do trabalho em que houver um grande nmero de trabalhadores vitimados pelo mesmo fato ou sujeitos s mesmas condies imprprias de trabalho.

    Deparando-se com alguma dessas hipteses, o Procurador Federal solicitar informaes ao MPT local acerca de eventual inqurito civil e/ou ao civil pblica que apresente conexo com a matria investigada no PIP.

    Outrossim, oportuno salientar que, nos casos de doenas ocupacionais que venham a atingir um expressivo nmero de trabalhadores que atuam numa determinada empresa, ao invs de ingressar com vrias aes re-gressivas, o Procurador poder avaliar a possibilidade de promover uma AO REGRESSIVA COLETIVA, na qual se pleitear o ressarcimento de toda a despesa previdenciria suportada pelo INSS em virtude da conduta culposa do empregador.

    Como exemplo dessa iniciativa, podemos citar o caso pioneiro promovido pela PRF-4 (Ao Regressiva Co-letiva n 5054054-96.2012.404.7100 ), julgada procedente pela Justia Federal de Porto Alegre/RS e que con-denou uma empresa do ramo frigorfico a ressarcir ao INSS a despesa previdenciria relativa aos benefcios acidentrios concedidos a mais de 100 empregados vtimas de condies ergonmicas inadequadas.

    c) Por meio de pesquisas e requerimentos aos rgos jurisdicionais da Justia dos Estados ou Distrito Federal, ou da Justia do Trabalho a respeito de eventuais aes de indenizao.

    Ao julgar as aes indenizatrias por danos advindos dos acidentes do trabalho, de trnsito ou casos de violn-cia domstica, o Poder Judicirio se depara com elementos probatrios (documentos, percias, depoimentos testemunhais etc.) de grande utilidade para a comprovao do nexo de causalidade necessrio para o ajuiza-

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    mento das aes regressivas previdencirias.

    No que tange aos casos de acidentes do trabalho, considerando o Protocolo de Cooperao Tcnica celebrado pelo Tribunal Superior do Trabalho, Conselho Superior da Justia do Trabalho, Ministrio da Sade, Minist-rio do Trabalho e Emprego, Ministrio da Previdncia Social e Advocacia-Geral da Unio, com a finalidade de obteno de um fluxo de informaes permanentes entre a PGF e a Justia do Trabalho, o TST editou a Reco-mendao Conjunta GP. CGJT. N 2/2011, de 28 de outubro de 2011, contendo a orientao seguinte:

    RECOMENDAR aos Desembargadores dos Tribunais Regionais do Trabalho e aos Juzes do Trabalho que encaminhem respectiva unidade da Procuradoria Geral Federal PGF (relao anexa), por intermdio de endereo de e-mail institucional, cpia das sentenas e/ou acrdos que reconheam conduta culposa do em-pregador em acidente de trabalho, a fim de subsidiar eventual ajuizamento de Ao Regressiva, nos termos do art. 120 da Lei n 8.213/91.

    Pesquisas e requerimentos aos rgos jurisdicionais dos Estados e Distrito Federal tambm podero ser teis na identificao de eventuais aes de indenizao que tenham como causa de pedir o acidente do trabalho que gerou para o segurado da previdncia social o direito concesso de benefcio acidentrio.

    5.3.2.3.2 Regressiva Maria da Penhaa) Por solicitao de informaes e documentos relacionados violncia domstica e familiar contra a mulher aos rgos da Polcia Civil, do Ministrio Pblico Estadual ou Distrital e da Defensoria Pblica dos Estados e do Distrito Federal.

    Uma vez tomado conhecimento de um caso de violncia domstica e familiar contra a mulher que tenha gerado benefcio previdencirio, cumprir ao Procurador atuante no feito contatar os rgos acima identificados a fim de obter a documentao necessria para comprovar a presena dos demais pressupostos necessrios ao ajuizamento da ao.

    O primeiro rgo que pode ser contatado a Polcia Civil. Poder o Procurador Federal oficiar o men-cionado rgo a fim de obter informaes acerca da instaurao/concluso de inqurito policial IPL para apurar o homicdio e/ou leso corporal resultante da violncia domstica e familiar contra a mulher. Para o ajuizamento de uma ao regressiva Maria da Penha, indispensvel a comprovao do nexo de causali-dade entre a conduta e o resultado (leso ou morte), fato gerador do benefcio. No se exige, porm, a necessi-dade de sentena penal condenatria transitada em julgado ou, ainda, o ajuizamento da prpria ao penal.

    A partir do acima exposto, uma vez comprovado, no prprio inqurito policial, o nexo de causalidade, a cpia do IPL ser suficiente para a demonstrao desse pressuposto.

    Outrossim, caso a ao penal j tenha sido proposta pelo Ministrio Pblico Estadual ou Distrital, aps verifi-car o atual andamento do processo, prefervel que o Procurador Federal solicite a cpia dos autos, haja vista que neles, certamente, constaro outros elementos de prova alm das j colhidas no procedimento inquisito-rial, podendo, inclusive, j constar eventuais provimentos judiciais (sentena/acrdo), que devem instruir a ao regressiva.

    Obs.: Uma cautela que deve ser tomada para o ajuizamento deste tipo de ao regressiva verificar se a vtima, nos casos de leso corporal, ainda convive com o agressor ou, ainda, nos casos de homicdio, se o agressor tem a guarda dos filhos. Como visto (item 4.4.3, d, da Cartilha), quando cabvel, a inexistncia de convivncia da vtima com o agressor e a no deteno da guarda dos filhos pelo agressor so pressupostos para o ingresso da correspondente ao.

    Esta preocupao de grande valia e deve ser redobrada quando o ilcito ainda est sendo apurado na fase de

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    inqurito, tendo em vista que o ajuizamento da ao regressiva Maria da Penha, como instrumento de concre-tizao da poltica pblica de represso violncia, no poder vitimizar ainda mais a mulher j fragilizada em virtude da agresso.

    5.3.2.4 Requerimento de cpia do processo administrativo do benefcio e atualizao das prestaes vencidasNa hiptese de as diligncias anteriores constatarem a ocorrncia dos pressupostos das aes regressivas previ-dencirias, o Procurador Federal poder solicitar ao INSS o envio de cpia integral do processo administrativo de concesso do benefcio, acompanhada de extratos do INFBEN, CONSIT, DESDOB, PARTIC, INSTIT, HIS-CRE e outros de casual interesse encontrados no Sistema PLENUS.

    Quando necessrio e sem prejuzo do imediato ajuizamento da ao regressiva, o Procurador Federal oficiante solicitar ao INSS, por meio eletrnico, a correo da espcie do benefcio concedido, anexando-se a respectiva cpia ao PIP.

    O Procurador encaminhar o histrico de crditos ao ncleo de clculos e percias NECAP, solicitando a elaborao de memria atualizada do clculo relativo s prestaes vencidas do benefcio, as quais devero ser corrigidas monetariamente pela SELIC. Registra-se que alguns Tribunais Regionais Federais j disponibilizam em suas pginas eletrnicas alguns programas de clculos de fcil manuseio, os quais podem ser utilizados na hiptese de a unidade da PGF ainda no dispor de um NECAP .

    Alm disso, a PFE-INSS disponibilizou uma planilha de clculos com o objetivo de facilitar a elaborao da conta com atualizao dos valores atrasados e j pagos pelo INSS com aplicao da SELIC. A planilha deve ser baixada para o microcomputador do usurio e possui atualizador de ndices de correo monetria automtico. O link de acesso o seguinte: http://www-pfeinss/pfeinss/index.php?option=com_content&view=article&id=938 &Itemid=514

    5.3.3 Concluso do PIPA concluso do PIP dever ocorrer no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contado da sua instaurao. Esse prazo poder ser prorrogado, justificadamente e por meio de cota, mediante solicitao ao ncleo de cobrana da respectiva Procuradoria Federal no Estado PF ou Procuradoria Regional Federal PRF.

    O no ajuizamento da ao regressiva, nos termos do art. 9, inciso II, da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6/2013, dar-se- nos casos de:

    a) no comprovao ou ausncia de ato ilcito;b) no comprovao ou ausncia de dolo ou culpa;c) no existncia de nexo de causalidade entre a ao ou omisso ilcita e o evento que gerou a concesso de benefcio previdencirio;d) no concesso de benefcio; ou e) penso por morte decorrente de mera converso da aposentadoria, nos casos em que o(a) segurado(a) vti-ma do ato ilcito j se encontrava aposentado(a) poca do infortnio, sem gerar dispndio adicional ao INSS.

    Encerrada a fase instrutria, o PIP poder ser: a) arquivado; b) sobrestado; c) redistribudo a outra Procurado-ria; d) embasar o ajuizamento de ao regressiva previdenciria.

    5.3.3.1 ArquivamentoEsgotadas as diligncias instrutrias, no restando configurada a culpa da empresa, do condutor do veculo ou do agressor nos casos de violncia domstica ou familiar, ou a inexistncia dos demais pressupostos necessri-os para o ajuizamento das regressivas, na hiptese de o Procurador Federal responsvel vir a concluir pelo no

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    ajuizamento, a nota conclusiva de arquivamento ser submetida aprovao de sua chefia imediata.

    Em havendo aprovao da chefia imediata, o PIP ser arquivado.

    No caso de no aprovao da nota conclusiva, o caso ser submetido ao ncleo de cobrana da Procuradoria Federal PF ou Procuradoria Regional Federal PRF respectiva, que decidir a divergncia.

    Na hiptese de o rgo de execuo da PGF responsvel pelo ajuizamento discordar da concluso do pro-cedimento do rgo de origem, dever submeter o caso deciso da respectiva PF ou PRF, com manifestao fundamentada.

    Os conflitos entre rgos de execuo subordinados a Procuradorias Regionais Federais distintas sero dirimi-dos pela CGCOB.

    Concludo o PIP sem ajuizamento de ao regressiva em funo da no concesso de benefcio, o Procurador Federal responsvel dever solicitar ao INSS que realize marcao nos cadastros da vtima em sistemas espec-ficos, para efeito de posterior informao ao rgo de execuo da PGF a respeito de eventual concesso futura de benefcio, fato que determinar a reabertura do procedimento.

    Enquanto tais sistemas no estiverem implementados, os expedientes devero ser recebidos e sobrestados pelo INSS para tratamento em ocasio oportuna, conforme Comunicado CGAIS (Coordenao-Geral de Admin-istrao de Informaes de Segurados) n 14 de 27/06/2013, cujo inteiro teor encontra-se no ANEXO II da presente cartilha.

    Ressalta-se que o arquivamento do PIP no produzir efeitos irreversveis, pois a identificao superveniente de algum elemento de culpabilidade da empresa poder ensejar a reabertura do expediente, observado o prazo prescricional para o exerccio da pretenso ressarcitria.

    5.3.3.2 SobrestamentoEstando pendente a concesso de benefcio, inclusive nos casos de indeferimento discutido em instncias re-cursais administrativas ou em instncias judiciais, o PIP ser sobrestado aps a concluso da instruo relati-vamente conduta ilcita.

    5.3.3.3 Redistribuio a outra ProcuradoriaEstabelece o art. 8 da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6/2013 que cabe ao rgo de execuo da PGF do local dos fatos instaurar e concluir o PIP, enquanto o art. 16 do mesmo ato normativo determina que a ao ser ajuizada perante a Justia Federal no foro do domiclio do ru.Na hiptese de o Procurador Federal responsvel pela instaurao do PIP no possuir atribuio perante a Vara com jurisdio sobre o domiclio do responsvel pelo ilcito social, far um relatrio circunstanciado que demonstre a viabilidade da propositura da ao regressiva, remetendo o expediente Procuradoria com atribuio perante o rgo jurisdicional competente para ajuizamento da ao regressiva previdenciria.

    Concluindo o rgo de execuo da PGF responsvel pelo ajuizamento pela necessidade de complementao do PIP, dever encaminh-lo origem para adequao.

    No havendo concordncia quanto ao pedido de complementao de instruo, o procedimento dever ser encaminhado ao Servio ou Seo de Cobrana da respectiva PF ou PRF, com manifestao fundamentada, que decidir a divergncia.

    5.3.3.4 AjuizamentoA ao regressiva previdenciria ser proposta quando estiverem presentes os elementos suficientes de prova

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    da ocorrncia do ato ilcito, da culpa, do nexo causal e da realizao de despesas previdencirias.

    O rgo de execuo da PGF do local do ajuizamento ser responsvel pela elaborao da petio inicial.Distribuda a ao regressiva, o Procurador Federal dever providenciar o cadastramento do processo no SI-CAU, observando os seguintes critrios:

    - Relevncia: Social;- Classe da ao: A374 Ao Regressiva;- Autor: INSS;- Ru(s): Demandado(s);- Tema: 020 Cobrana e Recuperao de Crditos;- Subtema: 0200004 Ressarcimento ao Errio;- Objeto do Pedido: 2000090 INSS Ressarcimento ao Errio decorrente de ao regressiva previdenciria.

    Os rgos de execuo da PGF devero comunicar mensalmente CGCOB, atravs do procedimento estabel-ecido no Memorando-Circular AGU/PGF/CGCOB n 20/2011, o ajuizamento de aes regressivas previden-cirias, o respectivo trmite atualizado, as decises de natureza cautelar, sentenas, recursos e acrdos. Os rgos de execuo da PGF adotaro as medidas necessrias celebrao de acordos de cooperao tcnica perante os rgos do Ministrio Pblico Estadual ou do Distrito Federal e Territrios e do Trabalho, Super-intendncias Regionais do Trabalho e Emprego, Tribunais Regionais do Trabalho, e outros rgos de mbito regional ou local, com o objetivo de viabilizar as atividades previstas na Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6/2013.

    A CGCOB divulgar semestralmente as estatsticas relativas aos procedimentos de instruo prvia e s aes regressivas previdencirias.

    Obs.: No intuito de contribuir com a postura institucional da PGF em prol da reduo de demandas, nos casos de pequeno valor, como, por exemplo, aqueles que resultam da concesso de um benefcio de curta durao, antes de promover o ajuizamento da ao regressiva, o Procurador pode tentar obter o ressarcimento espont-neo por parte do(a) investigado(a).

    Nesses casos, o Procurador poder oficiar e/ou notificar o(a) investigado(a) acerca da concluso do PIP, o qual lhe imputa a responsabilidade pelo ato ilcito, concedendo-lhe o prazo de 30 dias para proceder ao pagamento espontneo do valor corrigido, sob pena de, assim no o fazendo, ser demandada em sede de ao regressiva, conforme modelo constante do ANEXO III da presente cartilha.

    6 FASE PROCESSUAL6.1 Competncia jurisdicionalCompete Justia Federal da Subseo do foro do domiclio do ru processar e julgar a ao regressiva previ-denciria (art. 109, 1, da Constituio da Repblica c/c art. 16 da Portaria Conjunta PGF/INSS n 06, de 18 de janeiro de 2013).

    Quando houver pluralidade de domiclios de um mesmo ru, o ajuizamento ser feito no foro do domiclio onde tiver ocorrido o fato. O mesmo critrio aplica-se aos casos de responsabilidade solidria ou de litiscon-srcio passivo entre corresponsveis, quando forem diversos os domiclios dos rus.

    Ocorrendo pluralidade de domiclios da empresa-r, em caso de acidente do trabalho, se a filial situada no local do acidente tiver sido extinta com o encerramento de suas atividades e as filiais ativas em nada contriburam para o referido infortnio, a competncia para a propositura da ao regressiva deslocada para o foro do domiclio da sede/matriz da empresa empregadora. Isso se justifica porque as aes regressivas se utilizam de

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    provas pr-constitudas, formalizadas pelo PIP. Nesse caso, se houver necessidade de oitiva de testemunhas, no haver prejuzo para o trmite processual, pois isso facilmente poder ser viabilizado por meio de carta precatria.

    6.2 Legitimidade

    6.2.1 AtivaO Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deve figurar no polo ativo da ao regressiva previdenciria, pois se trata da Autarquia Pblica Federal criada para gerir, controlar e efetuar a remunerao rede prestadora de servios da Previdncia Social.

    Compete ao INSS efetuar o pagamento das prestaes sociais por ele administradas, bem como executar os servios de arrecadao de seus crditos, excetuadas as contribuies previdencirias.

    6.2.2 PassivaNo polo passivo da ao regressiva deve(m) figurar o(s) responsvel(eis) pelo dano.

    O descumprimento das normas padro de segurana e sade do trabalho, indicadas para a proteo individual e coletiva dos trabalhadores, o descumprimento das normas que regulamentam o trnsito ou o cometimento de ilcitos penais que resultarem em leso corporal, morte ou perturbao funcional estaro suscetveis a pos-sibilitar o ajuizamento de aes regressivas.

    A concesso de benefcios gerada pelo descumprimento das normas acima referidas, determinada por um ato ilcito, viola as premissas da Previdncia Social e, consequentemente configura dano ao Regime Geral da Previdncia Social RGPS. Sendo o INSS gestor desse patrimnio, o mesmo deve buscar o ressarcimento das despesas previdencirias realizadas e por realizar.

    O inciso XXII do artigo 7 da Constituio Federal assevera que direito do trabalhador a reduo dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de sade e segurana. Por sua vez, o artigo 157 da Consolidao das Leis do Trabalho atribui s empresas a responsabilidade pela observncia dessas normas, bem como pela instruo dos empregados quanto s precaues de se evitar acidentes de trabalho ou doenas ocupacionais.O artigo 19, 1, da Lei n 8.213/91 tambm prev a responsabilidade da empresa pela adoo e uso das medi-das de proteo e segurana da sade do trabalhador.

    De igual modo, toda e qualquer conduta ilcita praticada em desacordo com a legislao protetiva que o Estado eleja, quais sejam: a integridade fsica ou psquica, atingindo o bem jurdico tutelado, pode ensejar o exerccio da pretenso ressarcitria.

    Respondendo a Previdncia Social pelo pagamento de despesas previdencirias, conserva o direito de regresso, baseado na responsabilidade subjetiva, contra aqueles que deram causa.

    Afigura-se, pois, que a Previdncia Social conta com direito ao ressarcimento das despesas, decorrentes dos fatos havidos a partir do descumprimento das normas legais, havendo de envidar esforos no sentido de iden-tificar os responsveis, levantar provas e propor as medidas judiciais cabveis.

    6.2.2.1 Litisconsrcio passivo entre corresponsveis Quando o fato tiver por causa a interao de diversos fatores imputveis a mais de um responsvel, todos que concorreram para o infortnio devero ser includos no polo passivo da demanda, em litisconsrcio.

    Nesse caso, deve-se responsabilizar solidariamente todos aqueles que contriburam ou estiveram envolvidos

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    nas circunstncias do fato. (Art. 18 da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6, de 18 de janeiro de 2013).

    O Cdigo Civil regulamenta as chamadas obrigaes solidrias, mais especificamente nos artigos 264 e 265, seno vejamos:

    Art. 264. H solidariedade, quando na mesma obrigao concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, dvida toda.

    Art. 265. A solidariedade no se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

    6.2.2.2 Responsabilidade solidriaO conceito de responsabilidade solidria estabelece que cada parte deve responder pelos atos da outra em igual intensidade, possibilitando se exigir de qualquer dos solidrios as obrigaes.

    De tal forma, responsabilidade solidria torna a promoo da sade e segurana obrigao indivisvel, assim, cada solidrio tem o dever de fazer toda a obrigao, e se a obrigao de fazer no tiver sido realizada ou tiver sido sanada parcialmente por um dos solidrios, todos os outros tm o dever de realizar e completar a ao e de satisfazer a obrigao.

    A responsabilidade solidria entre empregadores, tomadores de servio e contratantes de mo de obra pode advir da culpa in eligendo ou da culpa in vigilando, conforme demonstrar o conjunto probatrio carreado no procedimento de instruo prvia, podendo tambm decorrer de norma legal ou regulamentar.

    A ttulo de exemplo, cita-se a hiptese prevista no item 4.5 da Norma Regulamentadora n 4 do Ministrio do Trabalho e Emprego, que estabelece a obrigatoriedade da empresa contratante estender seus servios especiali-zados em engenharia de segurana aos empregados da contratada:

    4.5 A empresa que contratar outra(s) para prestar servios em estabelecimentos enquadrados no Quadro II, anexo, dever estender a assistncia de seus Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Me-dicina do Trabalho aos empregados da(s) contratada(s), sempre que o nmero de empregados desta(s), ex-ercendo atividade naqueles estabelecimentos, no alcanar os limites previstos no Quadro II, devendo, ainda, a contratada cumprir o disposto no subitem 4.2.5.

    O Cdigo Civil amplia a responsabilidade pela reparao do dano a outras pessoas que, por uma relao ju-rdica subjacente, igualmente devem recompor. Trata-se de casos em que a prpria norma atribui solidariedade para ressarcir a leso causada, ainda que essa pessoa no tenha efetivamente causado o dano. Vejamos:

    Art. 932. So tambm responsveis pela reparao civil:

    I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

    II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condies.

    III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviais e prepostos, no exerccio do trabalho que lhes competir, ou em razo dele;(...)

    Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que no haja culpa de sua parte, respondero pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.(...)

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    Art. 935. A responsabilidade civil independente da criminal, no se podendo questionar mais sobre a ex-istncia do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questes se acharem decididas no juzo criminal.(...)

    Art. 942. Os bens do responsvel pela ofensa ou violao do direito de outrem ficam sujeitos reparao do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos respondero solidariamente pela reparao.Pargrafo nico. So solidariamente responsveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932. (grifos nossos)

    6.2.2.3 Responsabilidade do grupo econmicoOs grupos econmicos formados pela associao de empresas para realizar atividades comuns no respondem diretamente pelos danos causados ao errio em razo do acidente do trabalho, pois lhes falta personalidade jurdica para ser sujeito passivo de uma obrigao, ainda que decorrente de ato ilcito.

    Transcrevemos a seguir, os artigos 265 e 278 da Lei n 6.404/76, para melhor entendimento.

    Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos deste Captulo, grupo de sociedades, mediante conveno pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforos para a realizao dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns.

    1 A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser brasileira, e exercer, direta ou indiretamente, e de modo permanente, o controle das sociedades filiadas, como titular de direitos de scio ou acionista, ou mediante acordo com outros scios ou acionistas.

    2 A participao recproca das sociedades do grupo obedecer ao disposto no artigo 244.

    Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou no, podem constituir con-srcio para executar determinado empreendimento, observado o disposto neste Captulo.

    1 O consrcio no tem personalidade jurdica e as consorciadas somente se obrigam nas condies previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigaes, sem presuno de solidariedade.

    2 A falncia de uma consorciada no se estende s demais, subsistindo o consrcio com as outras contra-tantes; os crditos que porventura tiver a falida sero apurados e pagos na forma prevista no contrato de con-srcio.As empresas que compem o grupo econmico, entretanto, respondem solidariamente pelas dvidas trabal-histas (art. 2, 2, da CLT) e pelas obrigaes decorrentes das Normas Regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego, conforme se infere do item 1.6.1 da NR 01:

    1.6.1 Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurdica prpria, estiverem sob direo, controle ou administrao de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econmica, sero, para efeito de aplicao das Normas Regulamentadoras - NR, soli-dariamente responsveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

    As empresas do grupo tambm respondem entre si pelas dvidas previdencirias, conforme dispe o artigo 30, IX, da Lei n 8.212/91:

    IX - as empresas que integram grupo econmico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigaes decorrentes desta Lei;

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    6.3 FundamentaoOs fundamentos jurdicos da ao regressiva previdenciria compreendem a demonstrao do descumpri-mento do dever de cuidado objetivo e a prpria inteno em ofender o bem jurdico protegido, manifestado pela desobedincia/infringncia s normas de tutela do Estado.

    Para os casos de acidentes do trabalho, configuram-se no descumprimento das normas de proteo constantes na CLT, Normas Regulamentadoras - NRs, normas dos conselhos de fiscalizao profissional, normas de se-gurana inerentes a certas atividades profissionais, entre outras.

    Por essa razo, de extrema relevncia demonstrar minuciosamente na petio inicial, o nexo de causalidade entre o acidente e a sua causa (culpa do responsvel quanto ao descumprimento e ausncia de fiscalizao das normas de segurana do trabalho).

    Para os demais casos hbeis a promoes de aes regressivas, as fundamentaes jurdicas baseiam-se no afrontamento aos bens jurdicos tutelados e ainda no descumprimento de normas afetas segurana no trn-sito, proteo s pessoas e sade e integridade fsica e mental da populao.

    As normas descumpridas devem ser expressamente indicadas. Do mesmo modo, devem ser enfatizadas as con-cluses das provas periciais carreadas no procedimento de investigao prvia, evitando-se meras remisses a esses documentos.

    6.4 Pedidos

    6.4.1 Ressarcimento das prestaes vencidasO objeto da ao regressiva consiste no pedido de condenao do ru ao ressarcimento de todas as prestaes sociais, sejam decorrentes de benefcios ou servios.

    Na hiptese de ter sido prestada a reabilitao profissional ao segurado acidentado, dever ser solicitado Gerncia-Executiva do INSS cpia dos documentos que demonstrem o custo dos equipamentos e servios oferecidos (rteses, prteses, cursos, transporte, dirias, entre outros) para fins de incluso de pedido espec-fico e clculo do valor da causa.

    6.4.2. Ressarcimento das prestaes vincendasQuando se tratar de cobrana de valores despendidos com benefcio previdencirio ativo, o pedido tambm compreender o ressarcimento das prestaes vincendas, inclusive de espcies distintas, desde que decorrentes do mesmo ato ilcito (por exemplo, nos casos em que o auxlio-doena transformado em auxlio-acidente, aposentadoria por invalidez ou penso por morte), as quais devero ser garantidas, preferencialmente, medi-ante cauo real ou fidejussria capaz de suportar a cobrana de eventual no pagamento futuro.

    6.5 Valor da causaO valor da causa corresponde soma das prestaes vencidas (corrigidas pela SELIC) e vincendas, estas corre-spondentes a uma prestao anual, conforme os parmetros estabelecidos pelo art. 260 do Cdigo de Processo Civil.

    Os gastos com as demais prestaes sociais, como os servios de reabilitao profissional, tambm devero ser mensurados para fins de clculo do valor da causa, requisitando-se ao INSS as informaes.

    6.5.1 Expectativa de ressarcimentoRegistra-se que o valor da causa no se confunde com a expectativa de ressarcimento, a qual resulta da mul-tiplicao da renda mensal do benefcio pela expectativa de sobrevida do beneficirio, a qual obtida a partir

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    da Tbua Completa de Mortalidade disponibilizada no site do IBGE (www.ibge.gov.br Populao Tbuas Completas de Mortalidade).

    Vejamos um exemplo:

    Valor mensal do benefcio = R$ 700,00 (setecentos reais);

    Despesa anual = 12 x R$ 700,00 + abono anual = R$ 9.100,00 (nove mil e cem reais);

    Suponhamos que o(a) beneficirio(a) tenha 60 anos. Nesse caso, conforme a Tbua Completa de Mortalidade - Ambos os Sexos 2012, a expectativa de vida de mais 21,6 anos;

    Expectativa de ressarcimento = R$ 9.100,00 x 21,6 = R$ 196.560,00 (cento e noventa e seis mil, quinhentos e sessenta reais).

    Vale destacar que esses valores no esto corrigidos e que as rendas mensais dos benefcios so reajustadas periodicamente, de maneira que o valor correspondente ao que dever ser ressarcido superar bastante o valor encontrado na simulao acima.

    6.6 Acompanhamento prioritrio das aes regressivas previdenciriasPara fins de acompanhamento prioritrio das aes regressivas no mbito dos Tribunais Regionais Federais, a interposio de recursos (agravos e apelaes) e/ou contrarrazes devero ser informadas ao Ncleo de Aes Prioritrias das Procuradorias Regionais Federais respectivas. Para tanto, necessrio se faz que as peties de recurso e/ou contrarrazes sejam anexadas no SICAU.

    Considerando que o mrito das aes regressivas representado por questes de ndole ftico-probatria, em virtude do bice contido na Smula 07 do STJ , muitas vezes os TRFs acabam emitindo deciso final do pro-cesso. Portanto, a apresentao de memoriais e a realizao de sustentaes orais so imprescindveis para um acompanhamento prioritrio no mbito da segunda instncia.

    O acompanhamento das aes regressivas nos Tribunais Superiores ser feito pelo Departamento de Conten-cioso da PGF, cabendo aos Procuradores atuantes no 2 grau informar ao DEPCONT e CGCOB/DIGETRAB, via sistema da AGU, os dados e trmites da ao regressiva que subir instncia superior, para acompanha-mento prioritrio.

    6.7 Estratgias Processuais

    6.7.1 Petio inicialA pretenso regressiva do INSS se ampara na responsabilidade de terceiros (que no os segurados) pela ocor-rncia de atos ilcitos.

    A petio inicial descrever a responsabilidade do Ru de acordo com o ato ilcito (art. 4, da Portaria Conjunta PGF/PFE-INSS n 6, de 18/01/2013) que ocorreu no caso concreto: nas regressivas acidentrias, a responsabi-lidade das empresas decorre da negligncia quanto ao cumprimento e fiscalizao das normas de proteo da sade e segurana dos trabalhadores; nas regressivas de trnsito, a responsabilidade do agente decorre do cometimento de crime de trnsito na forma do CTB; nas regressivas decorrentes dos eventos que resultem em leso corporal, morte ou perturbao funcional, com especial foco nas hipteses de violncia domstica contra a mulher, a responsabilidade decorre da prtica de ilcito penal doloso.

    Sendo assim, a petio inicial da ao regressiva acidentria dever indicar expressamente as normas de segu-

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    rana descumpridas; a regressiva de trnsito identificar o crime cometido, apontando o tipo penal previsto no CTB; finalmente, a regressiva decorrente de ilcito penal doloso tambm deve apontar claramente o artigo do Cdigo Penal violado.

    Em todos os casos, a petio inicial dever citar as provas periciais e os principais trechos dos elementos col-igidos no PIP, transcrevendo-os e demonstrando o nexo causal entre a conduta do Ru (descumprimento de norma de segurana, crime de trnsito ou ilcito penal doloso) e o resultado (acidente de trabalho, em se tra-tando ao regressiva acidentria, ou leso corporal, morte ou perturbao funcional nos demais casos).

    A mera remisso s provas coletadas no PIP no se afigura suficiente: necessrio transcrever, com destaques, os trechos dos relatrios fiscais do Ministrio do Trabalho, das Aes Civis Pblicas do Ministrio Pblico do Trabalho, laudos periciais elaborados por ocasio dos Inquritos Policiais IP e das Reclamatrias Trabalhistas RT, dos depoimentos prestados por ocasio do IP e/ou da RT, das denncias e sentenas proferidas nas aes penais, bem como das iniciais, sentenas e acrdos atinentes s RTs etc.

    6.7.2 RplicaEm sede de rplica, devem ser rechaadas as teses defensivas (materiais e processuais) contrrias ao INSS. Especificamente no que diz respeito s aes regressivas