ensino superior e diversidade etnocultural: as açoes afirmativas

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ENSINO SUPERIOR E DIVERSIDADE ETNOCULTURAL : as « ações afirmativas ». José Wilson Rodrigues de Melo UFT, Palmas.

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Page 1: Ensino Superior e Diversidade Etnocultural: as açoes afirmativas

ENSINO SUPERIOR E DIVERSIDADE ETNOCULTURAL : as « ações

afirmativas ».José Wilson Rodrigues de Melo

UFT, Palmas.

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NOVO PARADIGMA CIVILIZACIONAL

A consolidação

de uma sociedade mundial globalizada

e o surgimento de um novo paradigma civilizacional

passa pelo cuidado com os pobres, marginalizados e excluídos.

Se seus problemas não forem equacionados, permaneceremos ainda

na pré-história. Poderemos ter inaugurado o novo milênio,

mas não a nova civilização e a era de paz eterna

como todos os humanos, os seres da criação

e o nosso esplêndido planeta.

L. BOFF (1999)

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O Brasil participa da comunidade internacional sendo signatário de váriosdocumentos. Estes instrumentos pretendem validar o reconhecimento de certosdireitos em todo o globo terrestre. A C.F. de 1988 (BRASIL, 1988) no Art. 5º, §2º, assegura: “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluemoutros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratadosinternacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. A DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos (1948) (UNESCO, 1948) é um exemplo dereferência da convivência tanto “intra” como “entre” os Estados. A ConvençãoRelativa à Luta Contra a Discriminação no Campo do Ensino, da UNESCO (1960)(UNESCO, 1960), A Conferência de Educação para Todos de Jomtien (1990)(UNESCO, 1990), A Declaração de Hamburgo (1997) (UNESCO, 1997), AConvenção sobre os Direitos da Criança, o Plano de Ação de Durban, produto daIII Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, Xenofobia eIntolerância Correlata, (UNESCO, 2001) etc. são referências de importantes atosinternacionais reconhecidos pelo Estado nacional brasileiro. (MELO, 2008: 185-6).

TRATADOS INTERNACIONAIS

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A C.F. DE 1988

A Constituição Federal – C.F. de 1988 (BRASIL,1988) estabelece um reconhecimento de direitoao princípio da igualdade imanente a todos osseres humanos. Em seu bojo, a C.F. prima pelodireito igualitário face à lei como uma busca deuma sociedade mais justa. Por contradição, a LeiMagna do país, ao assumir o uno (igualdade),ela pressupõe o direito à diferença (múltiplo)como um fator de enriquecimento da própriaigualdade. (MELO, 2008: 180)

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IGUALDADE RACIAL

INCLUSÃO SOCIAL

A Lei12.711/2012, maisconhecida como a « leidas cotas », rege aforma de acessar asuniversidades einstitutos dessa rede.

DEMOCRACIA

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A IDENTIDADE BRASILIERA

• A identidade brasileira é assentada sobre a pluralidade,mestiçagem, ou hibridismo. Consequentemente, aidentidade, aproximada pela origem étnica, tende a sefortalecer ou enfraquecer à medida que se aproximaou se distancia do ideal pleiteado pelas políticas deidentidade ou culturais forjadas no processo secular decomposição da sociedade. Este fenômeno, de cercaniaou distanciamento do ideal identitário, flutua também,pela posição dos diversos grupos situados naestratificação social. Por muito tempo, o ideal deidentificação adensou-se numa promoção do“branqueamento” da mestiçagem nacional. (MELO,2008: 168).

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AS DESIGUALDADES

IGUALDADE COMPLEXA

A « ação afirmativa » situa oprincípio do direito onde « odiferente tem de ser tratado demaneira diferente » como umaforma de preservar a igualdadecomplexa (Walzer, 1998). Estecontraponto faz a existência daigualdade na democracia. Esta é, porfim, uma maneira de diminuir asdesigualdades : uma constante naestrutura da sociedade brasileira aolongo da história

A DIFERENÇA

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POLITICAS DE INCLUSÃO ETNOCULTURAL

INCLUSÃO NAS UNIVERSIDADES

• O Brasil vem a ampliar aspoliticas de inclusãoetnocultural nos últimos anos.O principal fator deste méritodeve-se à retomada dademocracia. Assim, asoportunidades tendem aaumentar. Uma dessaspolíticas públicas é a de « açãoafirmativa » mediatizada pelarede de universidades e osinstitutos técnicos federais.

AÇÕES AFIRMATIVAS

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INCLUSÃO SOCIAL E ETNOCULTURAL

Política de Inclusão

O objetivo é ampliar oacesso de jovens pobresoriundos das escolaspúblicas, assim como afro-brasileiros e indígenas.Pode-se aferir que areferida lei protagoniza apolítica de inclusão social eetnocultural.

Unidade na Diversidade

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IGUALDADE NA DIVERSIDADE

• Michael WALZER (1997), no livro Las esferas de la justiça: una defensa

del pluralismo y de la igualdad, teoriza a premência de a igualdade ser

tomada além do seu sentido literal (simples). A democracia como sistema

de possibilidades estabelece uma relação dialética entre a igualdade e a

diferença. Daí o primado da igualdade na diversidade. Quando o diferente é

tratado de modo desigual quebram-se os imperativos democráticos. A

compreensão da igualdade pressupõe uma dimensão mais complexa.

WALZER (1997:33) estabelece o significado de igualdade complexa nos

seguintes termos: (...) En términos formales, la igualdad compleja significa

que ningún ciudadano ubicado en una esfera o en relación con un bien

social puede ser coartado por ubicarse en otro esfera a un bien distinto.

(MELO, 2008 : 66).

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A DEMOCRACIA NA ATUALIDADE

• TAYLOR encontra respaldo nas discussões e ações dademocracia no contexto presente. Democracia comoum conceito transparente às transformações domundo em que vivemos. Um conceito que trata aigualdade diferente do sentido de semelhante, depadronização, uniformização: o direito de ser igual nadiferença. Uma análise complexa quando a definiçãode igualdade tende ao seu sentido comum ou literal,simplista. Diz TAYLOR (1992:21): (...) Democracy hasushered in a politics of equal recognition, which hastaken various forms over the years, and has nowreturned in the form of demands for the equal status ofcultures and genders. (MELO, 2008: 61)

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AVANÇOS

Políticas Públicas

Os avanços nos anos pós-Constituiçao Federal de 1988,Lei de Diretrizes e Bases daEducaçao Nacional – LDBEN,ademais da criação daSecretaria de Políticas dePromoção da Igualdade Racial– SEPPIR, dentre outras ações,marcam as mudanças nasociedade.

Multiculturalidade Brasileira

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REDE DAS UNIVERSIDADE FEDERAIS

EXPANSÃO UNIVERISTARIA

A rede das universidadesfederais é composta por 59unidades dispostas em todo opaís. Uma delas é aUniversidade Federal doTocantins – UFT. Esta faz-sepresente em por todo oterritorio do estado. A sedeestá localizada na cidade dePalmas.

UNIVERSIDADE E OPORTUNIDADE

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GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

Expansão das UniversidadesAtualmente, o número deestudantes de graduação na UFTé da estimativa de 12 mil. Em umcrescimento vertiginosoencontram-se os cursos de pós-graduação stricto-sensu(mestrado e doutorado) e lato-senso (especializações, etc).Adensando-se ao contingente dealunos presenciais encontram-seos coletivos dos cursosdisponibilizados no formatoEducação à Distância – EAD.

Políticas de Permanência• Permitir aos cidadãos estudarem no ensino

superior mudou o objetivo das políticas

educacionais. Especialmente no atual

contexto da sociedade do conhecimento.

Os países procuram alcançar esse

propósito há vários anos, mais

precisamente nas últimas quatro décadas

(Harvey , L. , Drew , S., Smith, M. , 2006).

Eles destacam um número significativo de

alunos que têm experimentado o fracasso

e o abandono no ensino superior. Isso

passou a ser um desafio para atingir a

perspectiva de democratização da

universidade e das sociedades.

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AS POLITICAS MULTICULTURAIS

AÇÕES AFIRMATIVAS

A UFT ao perseguir a inclusãoetnocultural criou a política de« ação afirmativa » (2004) ondecinco por cento das vagasapresentadas no vestibular sãoreservadas para indígenas. Este ano(2013) foram integrados os afro-brasileiros denominados dequilombolas ». Uma grande vitóriapara este segmento da populaçãolocal.

DIVERSIDADE ETNOCULTURAL

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A PERMANÊNCIA NA UNIVERSIDADE

A PERMANÊNCIA NAS IFESAssim, de um modo geral, faz-sesignificativo otimisar as políticas depermanência na universidade. Destemodo, é indispensável uma boagestão dos obstáculos e desafios noterreno da acolhida, da integração,do sucesso acadêmico dos gruposidentificados pela diversidadecultural. A democratização dasociedade passa pela universidade.As políticas multiculturaisrepresentam avanços nodesenvolvimento social e nos direitoshumanos.

DIREITOS HUMANOS

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UM PAÍS UNO NA MULTIPLICIDADE

Talvez nossa história possa ser contada com outras letras nodia em que o principal motivo de orgulho da nação seja oseu povo. Este terá, por sua vez, que desfrutar de dignidadede vida enquanto cidadão. Sem dúvida, isto não ocorrerásem mudanças efetivas na escola concreta que os filhos/asdeste mesmo povo frequentam. Na atualconjuntura, muitos deles ainda não têm acesso a aquela.Obviamente, um conjunto de outros setores terá queencontrar-se articulado na direção desta mesmatransformação. Assim, possivelmente, chegaremos a umBrasil moderno com condições reais de inclusão de todos etodas na escolaridade e na cidadania. Um país uno em suamultiplicidade. (MELO, 2008: 188).

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REFERÊNCIAS BOFF, L. (1999). Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes.BRASIL. (2012). Lei 12.711. de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. (D.O.U. 30/08/2012).BRASIL. (1996). Lei n. 9.394, de 20/12/96. Fixa diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, Congresso Nacional. (DOU de 21 de dezembro de 1996).BRASIL. (1988). Constituição Federativa do Brasil. S.Paulo, Tecnoprint.GOMES, L. (1997). O currículo na escola básica: caminhos para a formação da cidadania. Rio de Janeiro: Qualitymark / Dunya Ed.MELO, J.W.R. (2008). Currículo e diversidade cultural no estado do Tocantins, Brasil: análises e perspectivas. Santiago de Compostela : USC. (Tese deDoutoramento)

Harvey, L., Drew. S. and Smith, M. (2006). The first-year experience: a review of literature for the Higher Education Academy, York : HEA.

TAYLOR, C. (1992). Multiculturalism and the politics of recognition. Princeton: PUPUNESCO. (2002). Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf, 20/10/2012.UNESCO. (2001). Convenção Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata. Declaração e Programa de Ação. Adotada em 8 de setembro de 2001 em Durban, África do Sul. http://www.mulheresnegras.org/doc/Declafinal.pdf, 20/10/2012.UNESCO. (1997). Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos. V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos – V CONFINTEA, julho de 1997. http://www.lpp-uerj.net/forumeja/documentos/declarac_hamburgo.pdf, 20/10/2012.UNESCO. (1994). Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais. Realizada de 7 a 10 de julho de 1994 na cidade de Salamanca, Espanha. Adotada por aclamação, nesta cidade, em 10 de julho de 1994.UNESCO. (1990). Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem. Aprovada pela Conferência Mundial sobre Educação para Todos. Jomtien, Tailândia – 5 a 9 de março de 1990.http://www.unesco.org.br/publicacoes/copy_of_pdf/decjomtien, 20/10/2012.UNESCO. (1989). Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. Aprovada pela Resolução 44/25 da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989. http://www.mj.gov.br/sedh/dca/convdir.htm, 20/10/2012.UNESCO. (1960). Convenção relativa à luta contra a discriminação no campo do ensino. Adotada e proclamada em 14 de dezembro de 1960, pela Conferência Geral da UNESCO, em sua 11ª Sessão, reunida em Paris de 14 a15 de dezembro de 1960. http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/conv_discriminacao_ensino.htm , 20/10/2012.UNESCO. (1948). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) em 10 de dezembro de 1948.http://www.unesco.org.br/publicacoes/copy_of_pdf/decunivdireitoshumanos.pdf, 20/10/2012WALZER, M. (1997). Las esferas de la justicia: una defensa del pluralismo y la igualdad. México, D.F.: Fondo de Cultura EconómicaTOM ZÉ (2006). Unimultiplicidade. http://tom-ze.letras.terra.com.br/imprimir-letra/919299/, 20/12/12• As imagens foram descarregadas do google.com.br