ocepe - doc trabalho - 30dez2014

93
DOCUMENTO de TRABALHO Orientações Curriculares para a Educação Pré- Escolar Dezembro de 2014

Upload: j-amorim-silva

Post on 08-Sep-2015

16 views

Category:

Documents


7 download

DESCRIPTION

Documento de Trabalho sobre as Orientações Curriculares da Educação Pré-Escolar

TRANSCRIPT

  • DOCUMENTOdeTRABALHO

    Orientaes Curriculares para a Educao Pr-

    Escolar

    Dezembrode2014

  • 1Documentodetrabalho

    1

    FUNDAMENTOSEPRINCPIOSEDUCATIVOSDAPEDAGOGIAPARAAINFNCIA

    Oscontextoseducativosdestinadoseducaoecuidadosdecrianasentreos0eos6anos(entrada na escolaridade obrigatria) so muito diversos em Portugal. Estabelecese,tradicionalmente, uma diferena entre a fase de creche (03 anos) e a fase de jardimdeinfncia(36anos),justificandoseassimpropostasespecficasparaestasduasfases.Considerase,noentanto,quehumaunidadeemtodaapedagogiaparaa infnciaequeotrabalho profissional com crianas dos 0 aos 6 anos tem fundamentos comuns e deve serorientadopelosmesmosprincpioseducativos.Estes traduzemumadeterminadaperspetivasobre como as crianas sedesenvolveme aprendem, sendodedestacar,nesteprocesso, aqualidadedoclimarelacionalemquecuidareeducarestointimamenteinterligados.nestesfundamentos e princpios que se baseiam as Orientaes Pedaggicas para a Creche e asOrientaesCurricularesparaaEducaoPrEscolar.1.Odesenvolvimentoeaaprendizagemcomovertentes indissociveisnoprocessodeevoluodacriana

    Odesenvolvimentomotor,social,emocional,cognitivoelingusticodacrianaumprocessoquedecorreda interaoentreamaturaobiolgicaeasexperinciasproporcionadaspelomeiofsicoesocial.

    As relaes e interaes que a criana estabelece com adultos e outras crianas e asexperincias que lhe so proporcionadas pelos contextos sociais e fsicos em que viveconstituemformasdeaprendizagem,quevocontribuirparaoseudesenvolvimento.

    Destemodo,aaprendizagem influenciae influenciadapeloprocessodedesenvolvimentofsicoepsicolgicoda criana, sobretudonuma fasedavidaemqueessaevoluomuitorpida. Por isso, em educao de infncia, no se pode dissociar desenvolvimento eaprendizagem.

    Estainterligaodascaractersticasintrnsecasdecadacriana(oseupatrimniogentico),doseuprocessodematuraobiolgicaedasexperinciasdeaprendizagemvividas,fazdecadacrianaumsernico,comcaractersticas,capacidadeseinteressesprprios,comumprocessodedesenvolvimentosingulareformasprpriasdeaprender.

    Assim,asnormasdodesenvolvimentoestabelecidasouasaprendizagensesperadasparaumadeterminada faixa etria/idade no devem ser encaradas como etapas prdeterminadas efixas,pelasquaistodasascrianastmdepassar,masantescomorefernciasquepermitemsituarumpercursoindividualesingulardedesenvolvimentoeaprendizagem.

    Emboramuitasdasaprendizagensdascrianasaconteamdeformaespontnea,nosdiversosambientessociaisemquevivem,numcontextodeeducaodeinfnciaexistemfinalidadeseobjetivos educativos que norteiam o trabalho intencional do educador. A intencionalidadeeducativa concretizase atravs da disponibilizao de um ambiente culturalmente rico eestimulante edodesenvolvimentodeumprocessopedaggico coerente e consistente, emqueasdiferentesexperinciaseoportunidadesdeaprendizagemtmsentidoe ligaoentresi. Neste processo, o desenvolvimento de relaes afetivas estveis, em que a criana acolhidaerespeitada,promoveumsentimentodebemestareavontadedeinteragircomosoutrosecomomundo.

    Contudo, cada criana no se desenvolve e aprende apenas no contexto de educao deinfncia,mastambmnoutrosemqueviveuouvive,nomeadamentenomeiofamiliar,cujas

  • 1Documentodetrabalho

    2

    prticas educativas e cultura prpria influenciam o seu desenvolvimento e aprendizagem.Neste sentido, importaqueoeducadorestabelea relaesprximas com esseoutromeioeducativo, reconhecendooseuefeitonodesenvolvimentodascrianasenosucessodasuaaprendizagem.

    2.Reconhecimentodacrianacomosujeitoeagentedoprocessoeducativo

    Odesenvolvimentoeaprendizagemdacrianaocorremnumcontextodeinteraosocial,emque a criana desempenha um papel dinmico. Desde o seu nascimento, as crianas sodetentorasdeumenormepotencialdeenergia,deumacuriosidadenaturalparacompreenderedarsentidoaomundoqueasrodeia,sendocompetentesnasrelaese interaescomosoutroseabertasaoquenovoediferente.

    O reconhecimento da capacidade da criana para construir o seu desenvolvimento eaprendizagemsupeencarlacomosujeitoenocomoobjetodoprocessoeducativo,oquesignifica partirdas suas experincias e valorizaros seus saberes e competnciasnicas, demodoaquepossadesenvolvertodasassuaspotencialidades.

    Esse papel ativo da criana decorre tambm dos direitos de cidadania, que lhe soreconhecidos pela Conveno dosDireitos da Criana (1989): o direito de ser consultada eouvida,deteracessoinformao,liberdadedeexpressoedeopinio,detomardecisesemseubenefcioedoseupontodevistaserconsiderado.

    Garantircrianaoexercciodestesdireitostemcomoconsequnciaconsiderlaoprincipalagente da sua aprendizagem, dandolhe oportunidade de ser escutada e de participar nasdecisesrelativasaoseuprocessoeducativo,evidenciandoconfiananasuacapacidadeparaorientarasuaaprendizagemecontribuirparaaaprendizagemdosoutros.

    Cabeaoeducadorapoiareestimularessedesenvolvimentoeaprendizagem, tirandopartidodo meio social alargado e das interaes que os contextos de educao de infnciapossibilitam, demodo a que, progressivamente, as escolhas, opinies, perspetivas de cadacriana,sejamconfrontadasedebatidas.Destemodocadacrianaaprendeadefenderassuasideias e a respeitar asdosoutros e, simultaneamente, contribuiparao desenvolvimento eaprendizagemdetodos(crianaseeducador).

    3.Exignciaderespostaatodasascrianas

    O acesso educao tambmumdireitode todas as crianas,especificandosequeessaeducao tem como base uma igualdade de oportunidades (Conveno dos Direitos daCriana,1989,art.28).

    Dadaaimportnciadasprimeirasaprendizagens,atribudoeducaodeinfnciaumpapelrelevantenapromoodeumamaiorigualdadedeoportunidadesrelativamentescondiesde vida e aprendizagens futuras, sobretudopara as crianas cuja cultura familiar estmaisdistante da cultura escolar. Porm, os resultados da investigao indicam que essacontribuio depende muito da qualidade do ambiente educativo e do modo como estereconheceevalorizaascaractersticas individuaisdecadacriana, respeitaed respostassuasdiferenas,demodoaquetodassesintamincludasnogrupo.

    Assim, todasascrianas, independentementedasuanacionalidade, lnguamaterna,cultura,religio, etnia, orientao sexual de membro da famlia, nvel de desenvolvimento, etc.,

  • 1Documentodetrabalho

    3

    participamnavidadogrupo,sendoadiversidadeencaradacomoummeioprivilegiadoparaenriquecerasexperinciaseoportunidadesdeaprendizagemdecadacriana.A inclusodetodasascrianas implicaaadoodeprticaspedaggicasdiferenciadas,querespondamscaractersticas individuais de cada uma e atendam s suas diferenas, apoiando as suasaprendizagens e progressos. A interao e cooperao entre crianas permitem que estasaprendam,noscomoeducador,mastambmumascomasoutras.Estaperspetivasupequeoplaneamentorealizadosejaadaptadoediferenciado,emfunodogrupo,edeacordocom caractersticas individuais,demodoaproporcionara todasea cadaumadas crianascondiesestimulantesparaoseudesenvolvimentoeaprendizagem,promovendoemtodasodesenvolvimentodeumsentidodeseguranaeautoestima.

    Paraaconstruodeumambienteinclusivoevalorizadordadiversidade,fundamentalquetambmoestabelecimentoeducativoadoteumaperspetiva inclusiva,garantindoque:todos(crianas, pais e profissionais) se sintam acolhidos e respeitados; haja um trabalhocolaborativo entre profissionais; os pais sejam considerados como parceiros; exista umaligaoprximacomacomunidadeeumarentabilizaodosseusrecursos.Umapermanenteinteno demelhoria dos ambientes inclusivos deve considerar o planeamento e avaliaodestesaspetos,comocontributodetodososintervenientes.

    4.Construoarticuladadosaber

    Odesenvolvimentodacrianaprocessasecomoum todo,emqueasdimensescognitivas,sociais, culturais, fsicas e emocionais se interligam e atuam em conjunto. Tambm a suaaprendizagem se realiza de forma prpria, assumindo uma configurao holstica tanto naatribuiodesentidosemrelaoaomundoquearodeia,comonacompreensodasrelaesqueestabelececomosoutrosenaconstruodasuaidentidade.

    Por isso, a definio de quaisquer reas de desenvolvimento e aprendizagem representaapenasumaopopossveldeorganizaodaaopedaggica,constituindoumarefernciapara facilitar a observao, a planificao, o acompanhamento e a avaliao, devendo asdiferentesreasserabordadasdeformaintegradaeglobalizante.Estaarticulaodereasdedesenvolvimentoeaprendizagem implica reconhecerobrincar comoaatividadenaturaldacrianaquemelhorcorrespondesuaformaholsticadeaprender.

    Teroportunidadedebrincar livrementenacrecheounojardimdeinfnciapermitecrianadesenvolverosseus interesses,tomardecises,resolverproblemas,correrriscosetornarsemaisindependente.Atravsdobrincar,acrianaexprimeasuapersonalidadeesingularidade,desenvolve curiosidade e criatividade, estabelece relaes entre aprendizagens,melhora assuascapacidadesrelacionaisedeiniciativa,fazescolhaseassumeresponsabilidades.

    Importa,porm,diferenciaruma viso redutoradobrincar, como formade a criana estarocupada ou entretida, de uma perspetiva do brincar, como atividade que promove odesenvolvimento e aprendizagem.O brincar rico e estimulante caracterizase pelo elevadoenvolvimento da criana, demonstrado atravs de sinais como prazer, concentrao,persistnciaeempenhamento,oquea levamuitasvezesadespendergrandesesforosparaconseguirrealizaroquedeseja.Acriaodeumambienteeducativoemqueacrianadispedemateriaisdiversificadosqueestimulamosseusinteresses,eaatenodoeducadorssuasiniciativas,omodocomoaencorajaeosdesafiosquecolocaexploraoedescobertasofundamentaisparaesseenvolvimentoouimplicao.

    Mas, o desenvolvimento de uma abordagem integrada e globalizante implica aindacompreender que as aprendizagens que a criana realiza atravs do brincar atravessam

  • 1Documentodetrabalho

    4

    tambm todas as reas de desenvolvimento e aprendizagem na educao de infncia,constituindoosalicercesdeumaaprendizagemaolongodavida.

    Assim,obrincarummeioprivilegiadoparapromoverarelaoentrecrianaseentreestaseoeducador,facilitandoascompetnciassociaisecomunicacionaiseodomnioprogressivodaexpressooral.De igualmodo,outrasconquistasproporcionadaspelobrincar,taiscomo,teriniciativas, fazer descobertas, expressar as suas opinies, resolver problemas, persistir nastarefas, colaborar com os outros, desenvolver a criatividade, a curiosidade e o gosto poraprender, so competncias transversais a todas as reas do desenvolvimento eaprendizagem,constituindocondiesessenciaisparaqueacrianaaprendacomsucesso,isto,aprendaaaprender.

    Aconcretizaodetodosestesfundamentoseprincpioseducativosnodiaadiadacrecheedo jardimde infnciaexigeumprofissional reflexivoeatentoao vividoda criana comuminteressecontnuoemmelhoraraqualidadedarespostaeducativaNestesentidoaobservaoe registo permitem recolher informaes para uma avaliao, questionamento e reflexosobreasprticaseducativas(nomeadamente,agestodasrotinas,aorganizaodoespaoemateriais,aqualidadedasrelaesestabelecidas)sendoaindaessenciaisparaconhecercadacriana e a sua evoluo. As informaes recolhidas permitem fundamentar e adequar oplaneamento da ao pedaggica cuja realizao ir desencadear um novo ciclo deObservaoRegistoAvaliaoReflexo.

    Noquadroseguinteresumemseosfundamentoseprincpioseducativosenunciadoseassuasimplicaesparaaaodoeducadordeinfncia.

  • 1Documentodetrabalho

    5

    FUNDAMENTOS

    PRINCPIOSEDUCATIVOS

    CRIANA EDUCADOR

    Desenvolvimento eaprendizagem comovertentesindissociveis

    Cada criana tem umaidentidade nica e singular,tendo necessidades, interessesecapacidadesprprias.

    Vive num meio cultural efamiliar que deve serreconhecidoevalorizado.

    Tem em conta as caractersticas dacriana, criando oportunidades quelhe permitam realizar todas as suaspotencialidades.

    Considera a famlia e sua cultura nasuaaoeducativa.

    Reconhecimento dacrianacomosujeitoeagente do processoeducativo

    A criana detentora de umacuriosidade natural paracompreender e dar sentido aomundo que a rodeia, sendocompetente nas relaes einteraesqueestabelece.

    Temdireitoaserescutadaeassuas opinies devem ser tidasemconta.

    Parte das experincias da criana evaloriza os seus saberes ecompetncias como fundamento denovasaprendizagens.

    Escuta e considera as opinies dacriana garantindo a suaparticipaonasdecisesrelativasaoseuprocessoeducativo;

    Estimula as iniciativas da crianaapoiando o seu desenvolvimento eaprendizagem.

    Exigncia de respostaatodasascrianas

    Todasascrianas tmdireitoaumaeducaodequalidadeemque as suas necessidades,interesses e capacidades soatendidosevalorizados;

    Todasascrianasparticipamnavidadogrupo.

    Aceita e valoriza cada criana,reconhecendoosseusprogressos.

    Tira partido da diversidade paraenriquecer as experincias eoportunidades de aprendizagem detodasascrianas.

    Adota prticas pedaggicasdiferenciadas, que respondam scaractersticas individuais de cadacrianaeatendamssuasdiferenas.

    Promove o desenvolvimento de umsentido de segurana e autoestima atodasascrianas.

    Construo articuladadosaber

    O desenvolvimento e aaprendizagemprocessamsedeformaholstica

    Brincar ummeioprivilegiadode aprendizagem que leva aodesenvolvimento decompetncias transversais atodas as reas dodesenvolvimento eaprendizagem.

    Aborda as diferentes reas de formaglobalizanteeintegrada;

    Estimula o brincar, atravs demateriais diversificados, apoiando asescolhas, exploraes e descobertasdacriana;

    Valoriza a qualidade do investimentoda criana facilitando condies paraqueaprendaaaprender.

  • 1Documentodetrabalho

    6

    ORGANIZAODASORIENTAESCURRICULARESPARAAEDUCAOPRESCOLAR

    As Orientaes Curriculares para a Educao PrEscolar aliceramse nos fundamentos eprincpios enunciados para toda a pedagogia da educao de infncia, centrandose nodesenvolvimentoeaprendizagemdascrianasquefrequentamojardimdeinfncia.

    Constituemumsuporteparaodesenvolvimentocurricularnaeducaoprescolarquedaresponsabilidadede cadaeducadorde infncia,em colaborao comaequipaeducativadecadaestabelecimento.

    Reconhecendoaperspetivaholsticaquecaracterizatodaaeducaode infnciaetendoemcontaosobjetivos legaisestabelecidosparaaEducaoPrEscolar(LeiQuadrodaEducaoPrEscolar,Lei5/97,10fevereiro),asOrientaesCurricularesestoorganizadasdaseguinteforma:

    Organizao do ambiente educativo considerado como o contexto facilitador doprocessodeeducativodetodasecadaumadascrianas,dedesenvolvimentoprofissionalederelaesentreosdiferentes intervenientes.Adotandoumaperspetivasistmicaeecolgica,detalhase a importncia da organizao do estabelecimento educativo, enquanto contextoglobal,queenquadraorganizaodoambienteeducativodasala,comosuportedotrabalhocurriculardoeducadoredasuaintencionalidade,atravsdomodocomoorganizaogrupo,oespaoeotempo.Enumeramseaindaasdiferentes interaeserelaesqueestecontextoproporcionaeassuaspotencialidadeseducativas.

    reas de contedo constituem as referncias gerais a considerar no planeamento eavaliaodassituaeseoportunidadesdeaprendizagem,quedevemserabordadasdeformaarticuladaeglobalizante,distinguindosetrsreasdecontedo:

    readeFormaoPessoaleSocialconsideradacomoreatransversal,porque,embora tendo uma intencionalidade prpria, est presente em todo o trabalhoeducativo realizadono jardimdeinfncia.Compreendea formacomoascrianas serelacionamconsigoprprias,comosoutrosecomomundo,numprocessoqueimplicaodesenvolvimentodeatitudes,disposiesevaloresque lhespermitamcontinuaraaprendercomsucessoeatornaremsecidadosautnomos,conscientesesolidrios.

    readeExpressoeComunicao entendidacomoreabsica,umavezqueengloba diferentes formas de linguagem que so indispensveis para a crianainteragir comosoutrosdar sentidoe representaromundoquea rodeia.Estareacompreendetrsdomnios:

    Educaoartsticaeeducaomotoraenglobaaspossibilidadesdeacrianautilizar o corpo em relao com espaos, tempos e materiais diversos,proporcionandolhe ocasies de se exprimir, comunicar e representar omundo.Diferenciamsenestedomnionosaeducaomotoracomotambmdiferentesmodalidadesdeeducaoartsticaartesvisuais, jogodramtico/teatro;msica;dana.

  • 1Documentodetrabalho

    7

    Linguagemoraleabordagemescritaodesenvolvimentodalinguagemoralfundamental na educao prescolar, como instrumento de expresso,comunicao,que a criana vaiprogressivamente ampliando edominandonestaetapadoseuprocessoeducativo.Importaaindanestaetapafacilitaraemergnciadalinguagemescrita,atravsdocontactoeusodaleituraedaescrita,emsituaesreaisefuncionaisassociadasaoquotidianodacriana

    MatemticaAscrianasvoespontaneamenteconstruindonoesmatemticasa partir das vivncias do dia a dia. O papel da matemtica na estruturao dopensamento, as suas funes na vida corrente e a sua importncia paraaprendizagensfuturas,determinamaimportnciadamatemticanaeducaoprescolarenquantoacessoauma linguagemqueacrianautilizarparaconhecererepresentaromundo.

    readoConhecimentodoMundo umarea integradoradediferentessaberes,onde se procura que a criana adote uma atitude de questionamento e de procuraorganizadaparaa soluodeproblemas,prpriadametodologia cientfica,demodoapromoverasuacompreensodomundofsico,socialetecnolgicoquearodeia.

    Intencionalidadeeducativaeocicloplanear,avaliar,agir,avaliaraintencionalidadeque caracteriza a ao profissional do educador e lhe permite desenvolver prticaspedaggicasdiferenciadas,exigequereflitasobreasfinalidadeseosentidodassuasprticaspedaggicasedosmodoscomoorganizaasuaaoeaadequasnecessidadesdascrianas.Esta reflexo assenta no ciclo de avaliao, planeamento, ao e avaliao, apoiado emdiferentesformasdeobservao,registoedocumentao.

    Continuidadeeducativaetransiesaoiniciaremaeducaoprescolar,ascrianasjtiveram um percurso de desenvolvimento e aprendizagem (em contexto familiar ouinstitucional)que importadarcontinuidade.Odesenvolvimentodaspotencialidadesdecadacriana, criar condies para que tenham sucesso na transio para o 1 ciclo, numaperspetivadecontinuidadedasaprendizagensquerealizounojardimdeinfncia.

  • 1Documentodetrabalho

    8

    ORGANIZAODOAMBIENTEEDUCATIVO

    Paraque aeducaoprescolarencontre as respostasmais adequadas populaoque afrequenta,aorganizaodoambienteeducativoteremcontadiferentesnveiseminterao,o que aponta para uma abordagem sistmica e ecolgica da educao prescolar. Estaperspetiva assenta no pressuposto que o desenvolvimento humano constitui um processodinmicoderelaocomomeio,emqueoindivduoinfluenciado,mastambminfluenciaomeioemquevive.

    Para compreender a complexidade do meio importa considerlo como constitudo pordiferentessistemasquedesempenham funesespecficaseque,estandoem interconexo,se apresentam como dinmicos e em evoluo. Assim, o indivduo em desenvolvimentointeragecomdiferentessistemasqueestoelesprpriosemevoluo.

    Nesta abordagem importa distinguir os sistemas restritos e imediatos, com caractersticasfsicasemateriaisparticularesacasa,asaladejardimdeinfncia,arua,etc.emquehumainteraodiretaentreatoresqueadesempenhamdiferentespapispaioume,filhodocente, aluno, etc. e desenvolvem formas de relao interpessoal, implicandose ematividadesespecficasque se realizamemespaose temposprprios. Soexemplosdestessistemasrestritos,comparticularimportnciaparaaeducaodacriana,omeiofamiliareocontextodeeducaoprescolar.

    Asrelaesqueseestabelecementreesteseoutrossistemasrestritosformamumoutrotipodesistemacomcaractersticasefinalidadesprprias (asrelaesentrefamliaseocontextodeeducaodeinfncia).

    Porseuturno,estessistemasrestritoseossistemasderelaosoenglobadosporsistemassociaismaisalargadosqueexercemumainfluenciasobreeles(porexemplo,aorganizaodoeducaode infncianosistemaeducativoenosistemasocial influenciamo funcionamentodosjardinsdeinfncia).

    Deuma formaesquemtica,podersedizerqueaperspetivasistmicaeecolgicaofereceelementospara:

    Compreender melhor cada criana, ao conhecer os sistemas em que esta cresce e sedesenvolve, de forma a respeitar as suas caractersticas pessoais, cultura e saberes jadquiridos, apoiando a suamaneirade se relacionar comosoutros e com omeio social efsico;

    Contribuirparaadinmicadocontextodeeducaoprescolarnasua interao interna(relaes entre crianas e crianas e adultos) e na interao que estabelece com outrossistemasque tambm influenciamaeducaodascrianas (relaocomas famlias)eaindacom o meio social envolvente e a sociedade em geral, de forma a que esse contexto seorganizepararespondermelhorssuascaractersticasenecessidades;

  • 1Documentodetrabalho

    9

    Perspetivar o processo educativo de forma integrada, tendo em conta que a crianaconstrio seudesenvolvimentoeaprendizagem,de formaarticulada,em interao comosoutrosecomomeio;

    Permitirautilizaoe gesto integradados recursosdoestabelecimentoeducativoederecursosqueexistindonomeiosocialenvolvente,podemserdinamizados;

    Acentuaraimportnciadasinteraeserelaesentreossistemasquetmumainflunciadiretaouindiretanaeducaodascrianas,demodoatirarproveitodassuaspotencialidadese ultrapassar as suas limitaes, para alargar e diversificar oportunidades educativas dascrianaseapoiarotrabalhodosadultos.

    A abordagem sistmica e ecolgica constitui, assim, uma perspetiva de compreenso darealidade que permite adequar, de forma dinmica, o contexto educativo institucional scaractersticasenecessidadesdascrianaseadultos,constituindo,ainda,um instrumentodeanliseparaqueoeducadorpossaadaptarasuaintervenoscrianaseaomeiosocialemquetrabalha.

    Para facilitar a concretizao desta perspetiva, analisamse seguidamente algumascaractersticasrelevantesparaaorganizaodoambienteeducativoemcontextodeeducaoprescolar:

    Organizaodomeioeducativoinstitucional Organizaodoambienteeducativodasala

    Organizaodogrupo Organizaodoespao Organizaodotempo

    Relaesentreosdiferentesintervenientes.

    ORGANIZAODOMEIOINSTITUCIONAL

    O contexto institucional de educao prescolar deve organizarse como um ambientefacilitadordodesenvolvimentoedaaprendizagemdascrianas.Esteambientedeveraindaproporcionar ocasies de formao dos adultos que trabalham nesse contexto. Estaorganizaodizrespeitoscondiesde interaoentreosdiferentes intervenientes entrecrianas, entre crianas e adultos e entre adultos e gesto de recursos humanos emateriais, o que implica a prospeo de meios para melhorar as funes educativas dainstituio. A instituio educativa tem uma influncia determinante no trabalho que oeducador realiza com o seu grupo de crianas e pais/famlias, bem como na dinmica daequipaeducativa.

    Cadacontextoorganizacionaltemcaractersticasprpriaseumaespecificidadequedecorredaforma/modalidadeda sua inclusono sistemaeducativo (comopblica,privada solidriaouprivadacooperativa)dadimensoedosrecursosmateriaisehumanosdequedispe.

  • 1Documentodetrabalho

    10

    Asdiferentesorganizaesemqueaeducaoprescolarseinsereincluem,frequentemente,outrosnveiseducativos,comoacrecheououtrosciclosdoensinoobrigatrio.Esta inseronum contexto organizacional mais vasto permite tirar proveito de recursos humanos emateriais,facilitandoaindaacontinuidadeeducativa.

    Cadaorganizaoeducativatemumadinmicaprpriaqueesthabitualmenteconsignadanoprojeto educativo/plano de melhoria, acompanhado normalmente, pelo regulamento dainstituio, onde se prev as funes e formas de relao com os diversos grupos quecompemacomunidade(rgosdegesto,profissionais,paisecrianas).

    H ainda determinadas questes gerais de gesto da organizao que tm uma influnciadireta nas salas de jardimdeinfncia, tais como a definio de prioridades de inscrio,distribuio de grupos e horrios dos diferentes profissionais, critrios de composio dosgrupos e organizao global do tempo (horas de entrada e sada, horas de almoo,disponibilidadedeutilizaoderecursoscomuns).

    As instituies de educao prescolar proporcionam, tambm, um espao alargado dedesenvolvimentoeaprendizagemdetodasascrianas,emqueosespaoscomuns(entrada,corredores,refeitrio,biblioteca,ginsio,etc.)deveroserplaneadosemconjuntopelaequipaeducativa.Nestesespaos,acrianaegrupo tmoportunidadedese relacionarcomoutrascrianaseadultoseoutrosgruposdecrianaseadultos.

    Acomponentedeapoiofamliatambmdecididaanveldaorganizao,importandoqueoeducador planeie e supervisione a sua concretizao, tendo em conta as finalidades que adistinguemdacomponenteeducativa.

    Nestecontextoglobal,cada sala seorganizade formaadar respostaaodesenvolvimentoeaprendizagemdeumdeterminadogrupodecrianas

    ORGANIZAODOAMBIENTEEDUCATIVODASALA

    Aeducaoprescolarumcontextodesocializaoemquemuitasaprendizagensdecorremdevivnciasrelacionadascomoalargamentodomeiofamiliardecadacriana,deexperinciasrelacionais e de aprendizagem. Este processo educativo implica a insero da criana numgrupo,emqueserelacionacomoutrascrianaseadultos,situasenumespaoquedispedemateriaisdiversos,erealizasenumdeterminadotempo.Aorganizaodogrupo,doespaoedotempoconstituemdimensesinterligadasdaorganizaodoambienteeducativodasala.

    Aorganizaodoambienteeducativodasalaconstituiuosuportedo trabalhocurriculardoeducador. Importa, assim, que este reflita sobre as oportunidades educativas que esseambienteoferece,ouseja,queplaneieessaorganizaoeavalieomodocomocontribuiparaaeducaodascrianas,introduzindoosajustamentosecorreesnecessrios.

    ORGANIZAODOGRUPO

    Naeducaoprescolarogrupoproporcionao contexto imediatode interao socialedesocializao atravs da relao entre crianas, crianas e adultos e entre adultos o queconstituiabasedoprocessoeducativo.

  • 1Documentodetrabalho

    11

    Hdiferentes fatoresque influenciamomodoprpriode funcionamentodeumgrupo, taiscomo,ascaractersticas individuaisdascrianasqueocompem,omaioroumenornmerodecrianasdecadasexo,adiversidadedeidades,adimensodogrupo.

    A composioetriadogrupopodedependerdeumaopopedaggica,benefciosdeumgrupo com idades prximas ou diversas; das condies institucionais em que o jardimdeinfncia se insere e das caractersticas demogrficas da populao que serve. Sabese, noentanto,quea interaoentrecrianasemmomentosdiferentesdedesenvolvimentoecomsaberesdiversos,facilitadoradodesenvolvimentoedaaprendizagem.

    Qualquer que seja a composio do grupo, a relao individualizada que o educadorestabelece com cada criana facilitadorada sua inseronogrupoedas relaes comasoutrascrianas.Naeducaodeinfnciacuidareeducarestointimamenterelacionados,poisserresponsvelporumgrupodecrianasimplicacompetnciasprofissionaisquesetraduzememprestaratenoaoseubemestaremocionalefsico,dandorespostassuassolicitaes(explicitasouimplcitas).Estecuidarticoenvolveassimacriaodeumambientesecurizantequecadacrianaconheceeondesesentevalorizada.

    Aorganizaodogrupoimplicaumconjuntodeaspetosaterememconsideraoqueaseguirsedescrevem:

    Pertenaaum grupo respeitopor cada criana/Dinmicado grupo aatitudedecuidado do educador, a forma como se relaciona com as crianas e apoia as interaes erelaes entre crianas, contribuem para o sentimento de pertena e para a tomada deconscincia de si em relao com outros. Alguns instrumentos frequentes em jardinsdeinfnciaquadrodepresenas,quadrodetarefaseoutrospodem facilitaratomadadeconscinciadepertenaaumgrupoe,ainda,aatenoeorespeitopelooutro.Verificarquemest e quem falta, bem como a marcao de presenas, pode, tambm, contribuir paraaprendizagensmatemticas,paraaconstruodanoodotempoefacilitaraidentificaodepalavras,ligandosetambmaoreconhecimentodaescrita.

    Avivncianumgruposocialalargadoconstituiainda,abasedodesenvolvimentodareadeFormao Pessoal e Social e da aprendizagem da vida democrtica, o que implica que oeducadorcrie situaesdiversificadasdeconhecimento,atenoe respeitopelooutro.Estavida em grupo proporciona tambm oportunidades de aprendizagens em outras reas decontedo.

    Trabalho cooperado O trabalhoentrepareseempequenosgrupos,emqueas crianastmoportunidadedeconfrontaremosseuspontosdevistaedecolaboraremnaresoluodeproblemas ou dificuldades colocadas por uma tarefa comum, alarga as oportunidadeseducativas, ao favorecer uma aprendizagem cooperada em que a criana se desenvolve eaprende,contribuindoparaodesenvolvimentoeaprendizagemdasoutras.

    Assim, trabalhar em grupos constitudos por crianas com diversas idades ou diferentescapacidades,permitequeas ideiasdeuns influenciemasdosoutros.Esteprocessocontribuiparaaaprendizagemdetodosnamedidaemqueconstituiumaoportunidadedeexplicitarassuaspropostaseescolhae,comoasconseguiramrealizar.

  • 1Documentodetrabalho

    12

    Entendimento da perspetiva do outro/ resoluo de conflitos O desenvolvimentosocial fazse atravs de duas vertentes contraditrias. A necessidade de relao deproximidadecomosoutroseodesejodeafirmaodeautonomiapessoal.

    Nestesentidooeducadordeveapoiaracompreensoqueascrianasdesdemuitocedotmdos sentimentos intenes e emoes dos outros observando os seus comportamentos, efacilitando o desenvolvimento desta compreenso. Cabe tambm ao educador mediar assituaesdeconflitoemqueapoiaaexplicitaoeaceitaodosdiferentespontosdevista,astentativasdenegociaoe resoluo, favorecendooportunidadesdecriar soluesquedoresposta.

    Elaborao de regras As razes das normas que decorrem da vida em grupo porexemplo,esperarpelasuavez,arrumaroquedesarrumou,etc.terodeserexplicitadasecompreendidaspelas crianas, comoo respeitopelosdireitosde todos aumbem coletivo.Estasnormaseoutrasregrasindispensveisvidaemcomumadquiremmaiorforaesentidosetodoogrupoparticiparnasuaelaborao,bemcomonadistribuiodetarefasnecessrias vida coletivapor exemplo, regar asplantas, tratarde animais, encarregarsedepr amesa,distribuirrefeies,etc.

    Aparticipaodecadacrianaedogruponoprocessoeducativoatravsdeoportunidadesdedecisoemcomumderegrascoletivasindispensveisvidasocialdogrupoedistribuiodetarefas necessrias vida coletiva constituem outras experincias de vida democrticaproporcionadaspelavidaemgrupo.

    ParticipaonoplaneamentoeavaliaoPlaneareavaliarcomascrianasoprocessodeaprendizagem, individualmente,empequenosgruposounograndegruposooportunidadesdeparticipaodascrianasemeiosdedesenvolvimentocognitivoeda linguagem.Preveroque se vai fazer, tomar conscincia do que foi realizado so condies da organizaodemocrtica do grupo, como tambm o suporte da aprendizagem nas diferentes reas decontedo.

    Aoparticiparemnoplaneamentoeavaliaoascrianasestoacolaborarnaconstruonoseuprocessoeducativo.

    ORGANIZAODOESPAO

    Os espaos de educao prescolar podem ser diversos, mas o tipo de equipamento, osmateriaisexistenteseaformacomestodispostoscondicionam,emgrandemedida,oqueascrianaspodemfazereaprender.

    Aorganizaoeautilizaodoespaoda sala soexpressodas inteneseducativasedadinmica do grupo, sendo indispensvel que o educador se interrogue sobre a funo efinalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razes dessaorganizao.

    A reflexopermanente sobrea funcionalidadeeadequaodoespaoeaspotencialidadeseducativasdosmateriaispermitequeasuaorganizaovsendomodificadadeacordocom

  • 1Documentodetrabalho

    13

    as necessidades e evoluo do grupo. Esta reflexo sobre o espao, materiais e suaorganizaocondio indispensvelparaevitarespaosestereotipadosepadronizadosquenosodesafiadoresparaascrianas.

    O conhecimento do espao, dos materiais e das atividades possveis uma condio dodesenvolvimento da autonomia da criana e do grupo, o que implica que as crianascompreendam comooespaoestorganizadoe comopode serutilizadoequeparticipemnessaorganizaoenasdecisessobreasmudanasarealizar.Estaapropriaodoespaodlhes a possibilidade de fazer escolhas, de utilizar osmateriais de diferentes maneiras, porvezesimprevistasecriativas,edeformascadavezmaiscomplexas.

    A partilha dos materiais e do espao supe uma negociao entre crianas (escolha dosparceirosde jogo,esperarpelasuaveznautilizaodeumespaooumaterial)eaindaumaresponsabilizaopeloquepartilhadoportodos.

    A importnciadeque se revesteoequipamentoeomaterialnaaprendizagemdascrianasimplicaqueoeducadordefinaprioridadesnasuaaquisio,deacordocomasnecessidadesdascrianasoseuprojetopedaggico.Aprogressododesenvolvimentoedaaprendizagemdascrianas,ao longodoano, levaro introduodenovosespaosemateriais,quesejammaisdesafiadoresecorrespondamaosinteressesquevomanifestando.

    A escolha de materiais dever atender a critrios de qualidade e variedade, baseados nafuncionalidade,versatilidade,durabilidade,seguranaevaloresttico.Autilizaodematerialde desperdcio (caixas de diferentes tamanhos, bocados de canos, interior de embalagens,bocados de tecidos, pedaos de madeira, fios etc.), pode proporcionar inmerasaprendizagens e incentivar a criatividade, contribuindo ainda para a conscincia ecolgica(importnciadareutilizao)efacilitandoacolaboraocomospaiseacomunidade

    Naorganizaodesteespaonopodeaindaserdescuradaaformacomosoaproveitadasasparedes,oqueaexpostoecomofeitaessaapresentao.

    O espao exterior do estabelecimento de educao prescolar igualmente um espaoeducativo. Pelas suaspotencialidades epelasoportunidades educativasquepodeoferecer,mereceamesmaatenodoeducadorqueoespaointerior.

    O espao exterior um local que pode proporcionar momentos educativos intencionais,planeadospeloeducadorepelascrianas, idnticosaosquesepodem realizarnasala,maspermiteumadiversificaodeoportunidadeseducativas,pelautilizaodeumespao comoutrascaractersticasepotencialidades.

    um local privilegiado do brincar da iniciativa das crianas, em que tm possibilidade dedesenvolver diversas formas de interao social e de contacto e explorao de materiaisnaturais (pedras, folhas, plantas, paus, areia, terra, gua etc.) que por sua vez podem sertrazidosparaasalaeserobjetodeoutrasexploraeseutilizaes.aindaumespaoemqueascrianastmoportunidadededesenvolveratividadesfsicas (correr,saltar,trepar, jogarbola, fazer diferentes tipos de jogos de regras, etc.) Nestes momentos, o educador podemanterse como um observador atento, de modo a conhecer melhor as crianas, as suas

  • 1Documentodetrabalho

    14

    relaes, interesses e progressos, ou interagir, apoiando e enriquecendo as iniciativas dascrianas.

    Estas mltiplas funes do espao exterior exigem que o educador reflita sobre as suaspotencialidades e que a suaorganizao seja cuidadosamentepensada,nomeadamente noqueserefereintroduodemateriaiseequipamentos,quesejamestimulanteseatendamacritriosdequalidade,comparticularatenoscondiesdesegurana.

    Oespaoeducativo inclui tambmosespaoscomunsa todaa instituioqueaeducadoradeverutilizarerentabilizardeacordocomassuaspropostasparaogrupoarticulandosecomoqueseestadesenvolvernasala.

    Finalmenteestemeio institucional,porsuavez,englobadopelomeiosocial,maisvasto.Oconhecimento do meio mais prximo e de outros meios mais distantes constitui umaoportunidadedealargamentodosinteresseseaprendizagensdascrianas,nomeadamentenodomniodasArtesedoConhecimentodoMundo.

    ORGANIZAODOTEMPO

    Otempoeducativotem,emgeral,umadistribuioflexvel,emboracorrespondaamomentosqueserepetemcomumacertaperiodicidade.Asucessodecadadia,asmanhsetardestmum determinado ritmo existindo, deste modo, uma rotina que educativa porque intencionalmenteplaneadapeloeducadoreporqueconhecidapelascrianasquesabemoquepodemfazernosvriosmomentosepreverasuasucesso,tendoa liberdadedepropormodificaes.Nemtodososdiassoiguais,aspropostasdoeducadoroudascrianaspodemmodificaroquotidianohabitual.

    Mas o tempo dirio, inscrevese num tempo, semanal e anual. Estes tempos tm tambmritmos prprios e a sua organizao tem de ser planeada. Estas unidades de tempo serotambm progressivamente compreendidas pela criana atravs do conhecimento da rotinasemanal, dos momentos festivos anuais, do contacto com calendrios, etc. As refernciastemporaissosecurizantesparaacrianaeservemcomofundamentoparaacompreensodotempo:passado,presente,futuro.

    Porqueotempodecadacriana,dogrupodecrianasedoeducador,importaquehajaumaorganizaodotempodecididapeloeducadorepelascrianas.Umtempoquecontempledeformaequilibradadiversosritmosetiposdeatividade,emdiferentessituaes individual,comoutracriana,comumpequenogrupo,comtodoogrupoepermitaoportunidadesdeaprendizagemdiversificadas,tendoemcontaasdiferentesreasdecontedo.

    Tratasedeprevereorganizarum temposimultaneamenteestruturadoe flexvelemqueosdiferentesmomentostenhamsentidoparaascrianasequetenhaemcontaqueprecisamdetempo para fazerem experincias e explorarem, para brincarem e praticarem, paraexperimentaremnovasideiasemodificaremassuasrealizaes,emrespostaaofeedbackquerecebem. Ser ento necessrio refletir a forma como se organiza o tempo para apoiar oprocesso de aprendizagem, permitindo a sua continuidade para que possa prolongarse no

  • 1Documentodetrabalho

    15

    tempo (de manh at tarde; de dia para dia; durante semanas), tornando possvel oaperfeioamentoeodesenvolvimentodasideiaserealizaes.

    Adistribuiodotemporelacionasecomaorganizaodoespaopoisautilizaodotempodependedasexperinciaseoportunidadeseducativasproporcionadaspelosespaos.

    O tempo, o espao e a sua articulao devero adequarse s caractersticas do grupo enecessidadesdecadacriana.

    QuestesdeReflexo:

    Comofacilitaainserodecadacriananogrupo? Como surgem as regras de funcionamento do grupo? Como so explicitadas e

    decididas?Eoquecostumafazerquandonosocumpridas? Que espaos/ reas existem na sala? Porque so estes? Como e porqu foram

    evoluindoaolongodoano?Qualocontributoeparticipaodascrianasparaessaevoluo?

    Queoportunidadesdeaprendizagem soproporcionadaspelasdiferentesreasemateriais?

    Emquemomentosascrianaspodemescolheroquequeremfazerequaisaquelesemqueaspropostasenvolvemtodoogrupo?

    Qual a especificidade da sua interveno em momentos de trabalho em grandegrupo,pequenosgruposeindividual?

    RELAESENTREOSDIFERENTESINTERVENIENTES

    Numa perspetiva sistmica e ecolgica so fundamentais as relaes e interaes que seestabelecementreosdiferentesintervenientes.Oambienteeducativodainstituioedasalade jardimdeinfncia proporcionam diversas formas de relaes recprocas, que importaenumerar,indicandoassuaspotencialidades:

    Relaoentrecrianaseeducadornocontextodasala,arelaoentreoeducadoreascrianasassumediversas formasque temdeser intencionalmentepensadaseadaptadasssituaes: modera as discusses; estimula quem tem mais dificuldade em partilhar o quepensa;apoiaeorientaasescolhasdascrianas,de formaapossibilitara suaconcretizao;estatentoaoquedizemascrianas;apoiaeestimulaasatividadesescolhidasporelasearealizaodasquesopropostaspeloeducador;valorizadeformaempticaostrabalhosqueas crianas apresentam, as suas descobertas e as solues que encontra para resolverproblemasedificuldades.Propeaindaideiasquelevemascrianasatervontadedemelhoraroseutrabalho.

    Aescutadascrianasaolongodosvriosmomentosdodiapermiteaoeducadorperceberosseusinteressesenegociarcomelasoqueserpossvelporemao,verificaroqueserealizouequalasuacontinuidadeousesepassaparaoutrasugesto.Paraalmdestaparticipaodascrianasnoplaneamentoeavaliao,oeducadoracompanhaaaodascrianas,estandoaatentoaoqueseestapassar.

  • 1Documentodetrabalho

    16

    Relaes entre crianas a frequncia de uma instituio educativa, oferece crianaoportunidadesdealargarassuas relaescomoutrascrianas,nomeadamenteasdogrupoemqueest inserido,mastambmdecontactaroutrascrianasegruposque frequentamainstituio.Estasrelaescontribuemparaodesenvolvimentodacomunicao(noverbaleverbal) experienciar ocasies de cooperao, mas tambm de conflito. So aindaoportunidadesparaacrianaassumirresponsabilidades.

    Relaes entre pais/famlias e o educador de infncia A comunicao que aorganizaoeducativaestabelececomasfamliaseaformacomoasacolheeouve,influenciaasrelaesquecadaeducadorestabelececomasfamliasdecadaumaedetodasascrianasdoseugrupo.Noentanto,cabeaoeducadorpensarnaformacomovaidesenvolverarelaocompais/famliasdemodoacorrespondersexpetativasqueospaistmparaosseusfilhos.A comunicao com os pais/famlias, atravs de trocas informais (orais ou escritas), e dereuniessoocasiesdeconhecerassuasexpectativaseducativas,deosesclarecersobreoprocessoeducativoadesenvolveredesenvolvidocomogrupo,deouvirassuassugestesedeincentivar a suaparticipao, combinando asdiversas formasquemelhor correspondem sdisponibilidades de cada famlia. A avaliao de cada criana que o educador realiza, bemcomo adocumentaodoprocesso educativo, constituium recurso fundamentalpara essacomunicao.

    Oplaneamentodeestratgiasdiversificadasparaaparticipaodospais/famliasnoprocessoeducativoaformadetodosparticiparem.Hpaisquepodero,eventualmente,viraojardimde infnciapara contaremuma histria, falarem da sua profisso, acompanharem visitas epasseios,etc.,paraosquenopodemvirsalaseroencontradasoutrasformasdeobteroseu contributo para o que se est a realizar, garantindo que todas as crianas vejamrepresentadososcontributosdosseuspais/famlias.

    Assim, a colaborao dos pais/famlias, e tambm de outros membros da comunidade, ocontributodosseussaberesecompetnciasparaotrabalhoeducativoadesenvolvercomascrianas,ummeiodealargareenriquecerassituaesdeaprendizagem.Oeducador,aodarconhecimento aospais/famliaspresencialmenteou distncia (blog,plataformadaescola,etc.)eaoutrosmembrosdacomunidadedoprocessoeprodutosrealizadospelascrianasapartir das suas contribuies, favorece um clima de comunicao, de troca e procura desaberesentrecrianaseadultos.Acolaboraocomcadafamlianaeducaodacrianaeaparticipaodospaisnoprojetodasalasomeiosdeesclarecimentoedecompreensodotrabalhoeducativoqueserealizanaeducaoprescolar.

    RelaesentreascrianaseassuasfamliasAfrequnciadaeducaoprescolarteminfluncia nas relaes familiares, as informaes que a criana presta sobre o que faz nojardimdeinfnciaeacomunicaocoma instituio,facilitamodilogoentreacrianaeospais, e tambm o seu interesse por participar na instituio, sendo a criana a principalmediadoraentreaorganizaoeducativaeasfamlias.

    Relaesentreas famliasea instituiodeeducaoprescolaranecessidadedecomunicaocomospaisouencarregadosdeeducaotemcaractersticasmuitoprpriasnaeducao prescolar. Os pais/famlia e a instituio de educao prescolar so dois

  • 1Documentodetrabalho

    17

    contextossociaisquecontribuemparaaeducaodamesmacriana, importapor isso,quehajaumarelaoentreestesdoissistemas.

    As relaes comospaispodem revestir vrias formasenveisemque sepodedistinguir arelaoqueseestabelececomcadafamliaquedecorredofactodaeducaoprescolarea famlia serem dois contextos que contribuem para a educao da mesma criana darelaoorganizacionalqueimplicacoletivamenteospais.

    A relao com cada pais/famlia, resultante de pais e adultos da instituio seremcoeducadores da mesma criana, centrase em cada criana, passando pela troca deinformaessobreoque lhedizrespeito,comoestna instituio,qualoseuprogresso,ostrabalhosque realiza.Mas,porqueospaissoosprincipais responsveispelaeducaodascrianas tm tambmodireitodeconhecer,escolherecontribuirparaa respostaeducativaque desejam para os seus filhos. Este o sentido da constituio de associaes depais/famliaseasuaparticipaonoprojetoeducativodainstituio,aformaglobalcomoseorganizaparadarumamelhor respostaeducaodascrianas,snecessidadesdospaisecaractersticasdacomunidade.

    Relaes entre pais/famlias O contacto entre pais/famlias que frequentam amesmainstituio/grupo permite criar relaes informais, de solidariedade, de apoiomtuo entrefamliascomproblemassemelhantes,ououtras,queasajudemnassuas funesedeciseseducativas.Ainstituiopodeproporcionarcondiesparaessasrelaesseestabeleam.

    Relao entre profissionais da instituio de educao prescolar o contextoinstitucionaldeverfavorecerotrabalhoemequipadosprofissionaisque,nainstituio,tmumpapelnaeducaodascrianas.Asreuniesregularesentreaequipaquetrabalhacomomesmogrupodecrianas:educador,auxiliardeaoeducativa,animadoresdacomponentefamliaououtrosprofissionaisqueintervenhamcomascrianasemtempoletivo(professordeeducaoespecialouprofessor comespecialidadenumadeterminadarea) sonecessriaspara desenvolver uma ao articulada, que se integre na dinmica global do grupo e notrabalhoqueestarealizar.

    Tambmanveldainstituiohaverencontroperidicosentreosprofissionaisquetrabalhamnaeducaoprescolareentreesteseosprofessoresdeoutrosciclos.Estesdois tiposdetrabalho em equipa so um meio importante de coordenao, planeamento e avaliaoconjuntoscomefeitosnaformaoprofissionalenaeducaodascrianas.

    Cabeaodiretor/coordenadorpedaggico,emcolaboraocomoseducadores,encontrarasformas e os diferentes momentos de trabalho em equipa. Estas equipas podem aindabeneficiardoapoiodeoutrosprofissionais, tais comopsiclogos, trabalhadores sociais,etc.que,enriquecendootrabalhodaequipa,facilitamaprocuraderespostasmaisadequadasscrianasesfamlias.Otrabalhoemcooperaoentreosdiferentesprofissionaistambmumaformadedesenvolvimentoprofissional.

    RelaescomprofissionaisdeoutrosnveiseducativosOcontextoorganizacionalpodeaindafavorecerocontactocomoutrosprofissionaisqueestiveramouiroestarencarregadosdaeducaodasmesmascrianas.Nomeadamente,oseducadoresdecrecheeprofessoresdo

  • 1Documentodetrabalho

    18

    1ciclo.Nocabeapenas individualmenteaoeducador,masatodaaorganizaoeducativa,garantiraarticulaoumacontinuidadedoprocessonaeducaodecadacriana.

    Relaesda instituio coma comunidadeemgeralarealizaodas finalidadesdasorganizaeseducativasbeneficiadocontributodeoutrasorganizaes,servioserecursosdacomunidadeprximaealargada(autarquiasserviosdesade,seguranasocial,PSP,centrosculturaisedesportivos,instituiesdeensinosuperior,etc.).Acolaboraodestesrecursosdacomunidadepodeassumiraformadeparceriasformais,atravsdeacordosouprotocoloscomcontinuidade,ou serem solicitadasocasionalmenteparadar respostaaquestes levantadaspelofuncionamentodainstituio.

    Estas parcerias, para alm de contriburem para a realizao das finalidades educativas dainstituio, podem ser mobilizadas para beneficiar individualmente pais/famlias,disponibilizandoinformaosobresuasfunesefuncionamentoefacilitandoseuacesso.

    Ocontributoprestadopelosdiversosrecursosdacomunidadeorganizaoeducativatraduzsenumcompromissodedarcontadosresultadosdessacooperao.Garantirestadevoluod visibilidade ao funcionamento da instituio educativa e permite nomeadamente quecomunidade em geral compreenda as finalidades, funes e benefcios educativos daeducaoprescolar.

    QuestesdeReflexo:

  • 1Documentodetrabalho

    19

    REASDECONTEDO

    Consideramseas"reasdecontedo"comombitosdesaber,comumaestruturaprpriaecom pertinncia sociocultural, que incluem diferentes tipos de aprendizagem, no apenasconhecimentos,mastambmatitudes,disposiesesaberesfazer.Odesenvolvimentodasdiferentesreasdecontedobaseiasenosfundamentoseprincpioscomuns a toda a pedagogia da educao de infncia, pressupondo o desenvolvimento e aaprendizagemcomovertentesindissociveisdoprocessoeducativo.Fundamentandosenesta interligao,adesignaodasreasdecontedotemsemelhanascomasutilizadasparaoutrosnveisdosistemaeducativonosentidodefavoreceraarticulaodaeducaoprescolarcomoensinoobrigatrioefacilitaracomunicaoentreeducadoreseprofessores.Estaarticulaono significaqueaeducaoprescolar sedeva centrarnumapreparaoparaoensinobsico,massimnumdesenvolvimentodaspotencialidadesdecadacriana,quelhepermitamtersucessonaformaoaolongodavida.Odesenvolvimentodessaspotencialidades implicapartirdasexperincias,dossaberesedascompetncias nicas de criana e reconhecer a sua capacidade para construir o seudesenvolvimentoeaprendizagemecontribuirparaaaprendizagemdasoutras.Nesteprocessoeducativoencaraseacrianacomosujeitoeagentedasuaaprendizagem,garantindolheaoportunidade de ser escutada e de participar nas decises relativas sua aprendizagem econtribuirparaaconstruo/desenvolvimentodocurrculo.A abordagemdasdiferentes reasde contedo fundamentase, ainda,naperspetivaqueobrincar ummeioprivilegiadode aprendizagem,uma vez que atravsda explorao domundoquearodeiaqueacrianadescobrerelaesconsigoprpria,comosoutrosecomosobjetos, desenvolve a curiosidade e criatividade, estabelece relaes entre aprendizagens,melhora as suas capacidades relacionais e de iniciativa, faz escolhas e assumeresponsabilidades.Atravsdobrincarascrianasvoseapropriandodeconceitosquelhepermitemdarsentidoao mundo e em que o educador pode reconhecer o contributo para a aprendizagem dediversas reas curriculares como a lngua, a matemtica, as cincias. No h, assim, umaoposio,masumacomplementaridadeecontinuidadeentreobrincareaaprendizagemdecontedoscurriculares.Aformadeaprendizagemholsticaqueestsubjacenteaobrincarestartambmpresentenaabordagemdasdiferentesreasdecontedo,cujadistinocorrespondeaumachamadadeatenoparaaspetosacontemplar,masquedevemservistasdeformaarticulada,vistoqueaconstruo do saber se processa de forma integrada, e que h interrelaes entre osdiferentescontedoseaspetosformativosquelhessocomuns.Destemodo,asdiferentesreasdecontedodeveroserconsideradascomorefernciasateremcontanoplaneamentoeavaliaodeexperinciaseoportunidadeseducativasenocomocompartimentosestanques(ousaberesdisciplinares)aseremabordadosseparadamente.

  • 1Documentodetrabalho

    20

    Esta abordagem holstica no quer, porm, dizer que qualquer aprendizagem tenhanecessariamentedeenvolver todas as reas,masque, a intencionalidadeda crianaoudoeducador, se contextualiza numa determinada rea, podendo simultaneamentemobilizar edesenvolveraprendizagensdeoutrasreasoudomnios.Oeducador temumpapel fundamentalnodesenvolvimentoeaprendizagemnasdiferentesreasdecontedo,nosentidode: Articularaabordagemdasdiferentesreasdecontedoedomniosinscritosemcadauma,demodoaquese integremnumprocessoflexveldeaprendizagemquecorrespondassuasinteneseobjetivoseducativoseque,tendoaparticipaodacriana,faasentidoparaela. Estabelecer uma progresso de experincias e oportunidades de aprendizagem nasdiferentesreasdecontedos, tendoemcontaoqueobservaeavaliasobreaevoluodogrupoeodesenvolvimentoeaprendizagemdecadacriana. Apoiar cada crianaparaque atinjanveis aqueno chegariapor si s, facilitandoumaaprendizagem cooperada,quedoportunidades crianasde colaboraremnoprocessodeaprendizagemumasdasoutras. Diferenciaroprocessodeaprendizagem,propondo situaesque sejam suficientementeinteressantesedesafiadorasdemodoaestimularacriana,masdecujaexigncianoresultedesencorajamentoediminuiodaautoestima.Para clarificarmelhorodesenvolvimentoeaprendizagemem cadareaedomnio,ea suaarticulao,organizousecadaumatendoporbaseumaestruturacomumquecontempla:

    Um Texto Introdutrio sobre o seu sentido e indicao de possveis relaes comoutrasreasedomnios, sendoqueesta referncia surgeapenasa ttulo indicativo,cabendoacadaeducadorencontraroutraspossibilidades.

    Especificao de Componentes a contemplar nessa rea/domnio Aprendizagensglobaisadesenvolveremcadacomponente.

    Exemplosde concretizaodessasaprendizagens, isto,comoessasaprendizagensse podem manifestar. Estes exemplos no esgotam todas as evidncias deaprendizagens a realizar, nem tm como inteno diferenciar ou situar nveis dedesenvolvimentoeaprendizagem

    Exemplos de estratgiasque ilustram algumaspossibilidadesparapromover essasaprendizagens,quecadaeducadoradequarecompletardeacordocomocontextoeogrupo.

    Questesde reflexoquepretendemalertaroeducadorparaalgunsaspetosqueopodero levar a compreendermelhor a sua ao, as caratersticasdas crianas eoprocessodeensinoedeaprendizagem,demodoapromovereventuaismudanasqueotornemmaiseficaznasuaintervenoeducativa.

    Esta forma de apresentao tem, assim, como principal finalidade apoiar o educador naconstruo ena gestodo currculo,nopretendendo ser limitativadasopes,prticas ecriatividadedecadaeducador.

  • 1Documentodetrabalho

    21

    READEFORMAOPESSOALESOCIALA rea de Formao Pessoal e Social considerada uma rea transversal, porque, emboratendoumaintencionalidadeprpria,estpresenteemtodootrabalhoeducativorealizadonojardimdeinfncia,umavezqueestareatemavercomaformacomoacrianaserelacionaconsigoprpria,comosoutrosecomomundo,numprocessoqueimplicaodesenvolvimentode atitudes, valores e disposies que lhes permitam uma aprendizagem bem sucedida aolongodavidaeatornaremsecidadosconscientesesolidrios.Aformaopessoalesocialest,nestesentido,intimamenterelacionadacomaeducaoparaacidadania.A importncia dada Formao Pessoal e Social decorre dos fundamentos e princpios dapedagogiaparaaeducaodeinfncia:queoserhumanonicoeseconstrieminteraosocial, sendo influenciadoe influenciandoomeioqueo rodeia;protagonistadoprocessoeducativo.noscontextossociaisemquevive,nas relaese interaescomoutrosqueacrianavaiconstruindoreferncias,quelhepermitamconstruirasuaidentidadeerespeitaradosoutros,desenvolvera suaautonomiacomopessoaecomoaprendente,compreenderoqueestcertoeerrado,oquepodeenopodefazer,osdireitosedeveresparaconsigoeparacomosoutros.So os valores subjacentes prtica do educador e o modo como este os concretiza noquotidianodojardimdeinfncia,quepermitemqueaeducaoprescolarsejaumcontextosocialerelacionalfacilitadordaformaopessoalesocial.Ascrianasaprendemacomportarse a partir dos exemplos que lhes so proporcionados. Os educadores ao demonstrarematitudesdetolerncia,cooperao,partilha,sensibilidade,respeito,justia,etc.entreadultos(outrosprofissionaisepais)ecrianasconstituemsecomoummodeloessencialparaqueascrianas aprendam os valores.Os valores no se ensinam,mas aprendemse a partir doexemploenoprocessoquotidianodasrelaescomosoutros.Asrelaeseinteraesqueoeducadorestabelececomcadacrianaecomogrupo,aformacomo apoia as relaes e interaes entre crianas no grupo, so o suporte da formaopessoalesocial.A rea de Formao Pessoal e Social atravessa todas as experincias e oportunidades deaprendizagemquesoproporcionadasscrianasnojardimdeinfnciarelacionandosecomaorganizaodoambienteeducativo,construdocomoumambienterelacionalesecurizante,emqueacrianavalorizadaeescutada,oquecontribuiparaoseubemestareautoestima.Aorganizaodemocrticadavidadogrupoconstituiabasedodesenvolvimentodaformaopessoale social,dadoquea criana temoportunidadede se irapropriandoe contribuindoparaaorganizaodoespaoedotempo,departiciparnadefiniodasregrascoletivas,edeassumirresponsabilidadesnocumprimentodessasregrasedesempenhartarefasnecessriasaobomfuncionamentodogrupo,colaborandoparaobemestarcoletivo..nainterrelaoqueacrianavaiaprendendoaatribuirvaloracomportamentoseatitudesseusedosoutros,conhecendo,reconhecendoediferenciandomodosdeinteragir.Aeducaoparaosvaloresacontece,assim,em situao,numprocessopessoale socialdeprocuradobemprprioebemcoletivo.A vida em grupo implica tambm o confronto de opinies e a soluo de conflitos, o quepermite uma primeira tomada de conscincia de perspetivas e valores diferentes, que

  • 1Documentodetrabalho

    22

    suscitaroanecessidadededebateenegociao,demodoafacilitaracompreensodopontodevistadooutroeapromoveratitudesdetolerncia,compreensoerespeitopeladiferena.Mas, tambm todas as outras reas de contedo contribuem ou so uma ocasio para odesenvolvimentodareadeFormaoPessoaleSocial,numprocessodeaprendizagem,emqueascrianassoprotagonistastomando iniciativas,fazendoescolhas,expressandoassuasideiasepreferncias, tomandodecisese encontrando critriose razesparaessas ideias,escolhasepreferncias.Estatransversalidadedaformaopessoalesocialmobilizacontedosdas outras reas, havendo aprendizagens enunciadas nesta que podem ser facilmenterelacionadascomoutrasreasedomnios.Assim, a curiosidade natural da criana e o seu desejo de aprender so alargados pelodesenvolvimento de propostas e projetos, que possibilitam a iniciativa, processos deplanificao e avaliao da aprendizagem, promovendo autoconfiana, persistncia ecapacidade de ultrapassar as dificuldades. As oportunidades individuais de participao nogrupo,deformaresponsveleautnomasoabaseparaaconstruodeidentidadepessoal,mas tambm social,atravsdapartilhadeaprendizagens,numaperspetivade aprender aaprender.As aprendizagens a promover nesta rea tm que ser entendidas como um processo dedesenvolvimentoprogressivo, realizado ao longoda educaoprescolar e continuadas aolongodavida.Nessasaprendizagensinterligadaspodemconsiderarsequatrocomponentes:

    Construodaidentidadeedaautoestima; IndependnciaeAutonomia; Conscinciadesicomoaprendente; Convivnciademocrticaecidadania.

    CONSTRUODAIDENTIDADEEDAAUTOESTIMAAconstruoda identidadepassapelo reconhecimentodascaractersticas individuaisepelacompreensodascapacidadesedificuldadesprpriasdecadaum,quaisquerqueestassejam.Nascrianaspequenas,anoodoeuestaindaemconstruoe influenciadapositivaounegativamentepelomodocomoosadultossignificativosareconhecem.Aconstruodasuaautoestima depende tambm da forma como os adultos e nomeadamente o educador avalorizaerespeita,estimulaeencorajaosseusprogressos.Aconstruodaautoestimapassatambmpelaaceitaodecadacrianapelogrupo,tendooeducadorumpapelnoapoiosrelaeseinteraesqueseestabelecemnogrupo.Neste processo de construo de identidade o reconhecimento das suas caractersticassingularesdesenvolvesesimultaneamentecomaperceodasquesocomunsediferentesdasdeoutrossereshumanos.Reconhecerlaosdepertenasocialeculturalfaztambmpartedaconstruodaidentidadeedaautoestima.Oseducadores contribuemparaa construoda identidadee autoestimaao respeitaremevalorizaremaculturadecadacrianaedasuafamlia.Aprendizagensapromover:

    Identificarecompreenderassuascaractersticaspessoais. Conhecerevalorizarasuaidentidadesocialecultural.

  • 1Documentodetrabalho

    23

    Estasaprendizagenspodemsermanifestadas,porexemplo,quandoacriana

    9 Identifica as suas caractersticas individuais (por exemplo sexo, idade, nome, etc.), ereconhecesemelhanasediferenascomascaractersticasdosoutros

    9 capaz de expressar as suas necessidades, emoes e sentimentos (situaesrelacionadascomoseubemestartemfome,estcansada,esttriste,temqueircasadebanho,estcontente,etc.)

    9 Explicitaosseusgostosepreferncias(porex.gostodepintar,quero irparaareadosjogos

    9 Mantmejustificaasuaopinio,aceitandotambmadosoutros9 Manifestaprazernassuasprodueseprogressos(gostademostrarefalardoquefaz,de

    comunicaroquedescobriueaprendeu)

    9 Demonstraconfianaemexperimentaratividadesnovas,proporideiasefalaremgrupo.9 Aceita algumas frustraes e insucessos (perder ao jogo, dificuldades de realizar

    atividadesetarefas)semdesanimar,procurandoformasdeasultrapassaredemelhorar(pedindoajudadoeducadoroudeoutrascrianas,ensaiandooutrasformasdefazer,ouprocurandonovosmateriais).

    9 Representapapisesituaesdasuaculturafamiliaremmomentosdejogodramtico.9 Reconhece laos de pertena a diferentes grupos (famlia, escola, comunidade entre

    outros)que constituem elementosda sua identidade cultural e social (ex. identificaosmembros da sua famlia, sabe ondemora, conhece caractersticas do seu bairro, sabedizerasuaescola

    9 Identificaevalorizatraosdasculturasondeestinserida,apreciandonomeadamenteasmanifestaesdebelezanaturaleartstica.

    9

    Os/Aseducadores/aspromovemestasaprendizagensquando,porexemplo:

    Valorizaerespeitacadacriana,manifestandoessaatitudedemodoaqueaconstituaummodelodarelaoentrecrianas.

    Est atento a cada criana e ao que esta pretende transmitir verbal ou noverbalmente.

    Identificaevalorizaoseucomportamentopositivoeprsocial. Valorizaastentativaseesforosderealizaodascrianasdandomaisimportnciaao

    processodoqueaoproduto. Apoiaacrianaaexpressaropiniessobreoquev,ouveousente. Respeitaadiferenae tiraproveitodadiversidadecomomeiodeenriquecimentodo

    ambienteeducativoedoprocessodeaprendizagem. Manifesta respeito pelas culturas familiares de cada criana, (ex. tendo na sala

    materiaisrepresentativosdessasculturas. Promoveosentidodepertenadacrianaaumacomunidadefacilitandoasinteraes

    compessoaseosrecursosecontextoprximo.

  • 1Documentodetrabalho

    24

    Questesdereflexo: Queestratgiasdesenvolvepara,nocontextodegrupo,estaratentoacadacriana? Oquefazquandoumacrianadiz:nosoucapazounosei? Comosovividosnasuaprticavaloresquesejammodeloparaascrianas? (porex.

    Comomanifestaorespeitopelasdiversasculturaseoucrenasreligiosas?). Comolidacomadiversidadedecrenasreligiosas,dehbitosculturaisedeconcees

    deeducaodasfamlias?

    INDEPENDNCIAEAUTONOMIA

    Adquirirmaiorindependnciasignifica,naeducaoprescolar,sabercuidardesi,sercapazde utilizarmelhor osmateriais e instrumentos sua disposio, assumir progressivamentemaiores responsabilidades pela sua segurana e bemestar fsico. A independncia dascrianasedogrupopassatambmporumaapropriaodoespaoedotempoqueconstituiabase de uma progressiva autonomia, em que vai aprendendo a fazer escolhas e a tomardecises.

    Aconstruodeautonomiasupeacapacidade individualecoletivade ir,progressivamente,assumindoresponsabilidades.Esteprocessodedesenvolvimentopessoalesocialdecorredeumapartilhadopoderentreoeducador,ascrianaseogrupo.

    Aconstruodeumaautonomiacoletivaquepassaporumaorganizaosocialparticipadaemqueas regras,elaboradasenegociadasentre todos, so compreendidaspelogrupo,que secomprometeaaceitlasoquepermiteumaprogressivaautorregulaodocomportamento.Tambmadecisocoletivasobreastarefasnecessriasaobomfuncionamentodogruposoequitativamente distribudas, colaborando cada um para o bem estar coletivo. Estas sovivnciasdevaloresdemocrticos, taiscomoaparticipao,a justia,a responsabilizao,acooperao.

    Avidaemgrupo implicaoconfrontodeopiniesea soluodeconflitosquepermiteumaprimeira tomada de conscincia de perspetivas e valores diferentes, que suscitaro anecessidade de debate e negociao, de modo a fomentar atitudes de tolerncia,compreensodooutro,respeitopeladiferena.

    Aprendizagensapromover:

    Sabercuidardesieresponsabilizarseprogressivamentepelasuaseguranaebemestar.

    Iradquirindoumaprogressivacapacidadede fazerescolhas,tomardeciseseassumirresponsabilidades.

  • 1Documentodetrabalho

    25

    Estasaprendizagenspodemsermanifestadas,porexemplo,quandoacriana

    9 Realizadeformacadavezmaisindependenteastarefasindispensveisvidadodiaadia ( ex.: vestirse, despirse, lavarse, comer utilizando adequadamente ostalheres,etc.)

    9 Conheceosmateriaisdisponveisasualocalizaoeapropriaseprogressivamentedasua utilizao (ex.: jogos, tintas, pincis, lpis....), servindose deles com cuidado earrumandoosquandojnoprecisa.

    9 Adquireummaior controlodo seu corpo, foraagilidade,equilbrioe coordenaomuscularquelhepermitemrealizarprogressivamentemovimentosmaiscomplexoseprecisos(ex.subiredescerescadas,trepar,encaixar,recortar,etc.).

    9 Conheceosdiferentesmomentosdarotinadiria,asuasucesso,oquefazemcadaumdeleseparaqu.

    9 Escolheasatividadesquepretenderealizarevaiadquirindoprogressivamentemaiorautonomianaseleodosrecursosdisponveisparaas levaracabosemperturbarogrupo.

    9 Encarregasedastarefasquesecomprometeurealizareexecutaasdeformacadavezmaisautnoma.

    9 Conhece e compreende a importncia de normas e hbitos de vida saudvel e dehigiene pessoal e vai procurando plos em prtica (ex. distingue os alimentossaudveis e a sua importncia para a sade, por que importante fazer exercciofsico,porquequandoprecisolavarasmoseosdentes,etc.).

    9 Tem conscincia dos riscos fsicos que pode correr e adota normas segurana emcasa, no jardimdeinfncia e na rua (ex. tem alguma conscincia e cuidado dassituaesemque sepodemagoar,pedindoajuda, conheceecumpreos cuidadoaatravessarruas,identificaortulodeperigodeprodutos,etc.).

    9 Progressivamente resolve situaes de conflito de forma autnoma atravs dodebate.

    9

    Os/Aseducadores/aspromovemestasaprendizagensquando,porexemplo:

    Doportunidadeetempocrianapararealizarastarefasdodiaadia Organiza as reas emateriaisda sala com aparticipaodas crianasparaque se

    apropriemdautilizaodoespaoedalocalizaodosdiferentestiposdematerial Observaautilizaodoespaopelascrianasparasaberdasuaadequaoaogrupoe

    consultaasnasuamodificao Falacomascrianassobreosmomentosdarotinaesobreoquesefazemcadaum

    deles Facilita as escolhas e iniciativas das crianas, apoiandoas para as enriquecer e

    complexificar Distribuiastarefasnecessriasvidadogrupo (tratardosanimais,arrumaogeral

    dasala Alerta as crianasparaosproblemasde segurana (materiaisperigosos, segurana

    rodoviria,etc. Tendo em conta o contexto, os interesses e questes colocadas pelas crianas,

    introduzaimportnciadoshbitosdevidasaudvel. Vai construindo com o grupo as regras comuns, facilitando a compreenso da sua

    razoediscutindoalternativasaoquenosedevefazer.

  • 1Documentodetrabalho

    26

    Questesdereflexo:

    Comofazquandoumaouvriascrianasnocumpremumaregraestabelecida? Comoequandohparticipaodascrianasnaorganizaodoespaoedotempo? Quando consideranecessrio intervirnum conflito entre as crianas?Que atitudes

    toma?CONSCINCIADESICOMOAPRENDENTEA participao das crianas no passa apenas pela organizao social do grupo, mas estpresentenoprocessodeaprendizagem,emqueescolhemoqueremfazer,fazempropostasecolaboramnaspropostasdoeducadoredasoutrascrianasecooperamemprojetoscomuns.estaparticipaodascrianasnoseuprocessodeaprendizagemquelhespermitetomaremconscincia do que aprenderam, como aprenderam, como ultrapassaram as dificuldadesassumindoprogressivamenteumpapelativonaautogestodasuaaprendizagem.Esteumprocesso que se vai desenvolvendo e que permite a cada um enfrentar os desafios deaprendizagemqueselhevocolocandoaolongodavida.Esteprocesso tem comopontodepartidaoque as crianas sabeme faz sentidoparaelastendo o educador um papel essencial na capacidade de refletir com as crianas sobre oprocessodeaprendizagem,omodocomofizeram,quesaberesqueconsideramteradquiridoecomopodemcontinuaraaprender.Cabetambmaoeducadorfacilitarqueascrianascooperementresiexpondoassuasideiasedebatendoaformacomoofizeram,destemodocadacrianacontribuiparaaaprendizagemdetodoseemsimultneotomamconscinciadesicomoaprendentes.Aprendizagensapromover:

    Participarnoplaneamento,realizaoeavaliaodasaprendizagens. Sercapazdeensaiardiferentesestratgiaspararesolverasdificuldadeseproblemas

    queselhecolocam.

    Cooperarcomoutrosnoprocessodeaprendizagem.Estasaprendizagenspodemsermanifestadas,porexemplo,quandoacriana

    9 Manifestacuriosidadepelomundoquearodeia,formulandoquestessobreoqueobserva,9 Revelainteresseegostoporaprender,usandonoquotidianoasnovasaprendizagensquevai

    realizando.9 Expressaassuasopinies,prefernciaseapreciaescrticas, indicandoalgunscritriosou

    razesqueasjustificam.

    9 Contribuiparaofuncionamentoeaprendizagemdogrupo,fazendopropostas,colaborandona procura de solues, partilhando ideias, perspetivas e saberes e reconhecendo ocontributodosoutros.

    9 Participanaplanificaode atividadesedeprojetos individuaise coletivos cada vezmaiscomplexos, explicitando o que pretende fazer, tendo em conta as escolhas dos outros econtribuindoparaaelaboraodeplanoscomuns.

    9 Colabora em atividades de pequeno e grande grupo, cooperando no desenrolar daatividade/aoe/ounaelaboraodoprodutofinal.

  • 1Documentodetrabalho

    27

    9 progressivamentecapazedeexplicitaredepartilharcomoeducadoreasoutrascrianasoquedescobriueaprendeu

    9 Avalia, apreciando criticamente, os seus comportamentos, aes e trabalhos e os doscolegas,dandoepedindosugestesparamelhorar.

    9 Expressaassuasideias,paracriarerecriaratividades,materiaisesituaesdoquotidianoepara encontrar novas solues para problemas que se colocam (na vida do grupo, naaprendizagem), com recurso a diferentes tipos de linguagem (oral, escrita,matemtica egrfica.).

    9

    Os/Aseducadores/aspromovemestasaprendizagensquando,porexemplo:

    Estimulaacuriosidadedascrianas,chamandoaatenoparaoqueasrodeia,equestionaassuasobservaes

    Apoiaacrianaemrelacionaraquiloquejsabecomoquenovo. Escuta o que as crianas tm para dizer, apoiando a explicitao das suas razes,

    chamando a ateno para a diversidade de opinies, a importncia de as respeitar,(procurando articularos diferentes contributos,ou ajudandoo grupo a chegar anovasconcluses)

    Apoiaascrianasaexplicitaremoquevofazerecomoetambmoquefizeramecomo Envolveas crianasnosprocessosdeplaneamento, realizaoeavaliao (individual,a

    pares,empequenogrupoegrandegrupo) Acompanhaasexperinciasqueacriana realiza,proporcionandoumdilogo interativo

    entre crianas e com o envolvimento do educador, que facilite uma coconstruo dopensamento.

    Apoia a criatividade das crianas na procura de solues para os problemas que secolocamnavidadogrupoenasdiferentesreasdecontedo

    Questesparareflexo:

    CONVIVNCIADEMOCRTICAECIDADANIAA vidano jardimde infnciaorganizase comoum contextode vidademocrticaemqueaaceitaodadiferenasexual,socialetnicafacilitadoradaigualdadedeoportunidadesnumprocesso educativoque respeitadiferentesmaneirasde ser ede saber,paradar sentido aquisiodenovos saberese culturas.numaperspetivadeeducaomulticulturalque seconstriumamaiorigualdadedeoportunidadesentremulheresehomens,entreindivduosdediferentesclassessociaisedediferentesetnias.Estaperspetivaintegrasenaeducaoparaacidadania,enquantoformaodepessoasresponsveis,autnomas,solidrias,queconheceme exercem os seus direitos e deveres em dilogo e no respeito pelos outros, com espritodemocrtico,pluralista,crticoecriativo.

  • 1Documentodetrabalho

    28

    A educao para cidadania relacionase tambm com o desenvolvimento progressivo doespritocrtico faceaomundoque rodeiaacriana, incluindo,nomeadamenteosdiferentesmeiosdecomunicaocomquecontactanodiaadia.Orespeitoevalorizaopeloambientenatural e social so tambm abordados na formao pessoal e social numa perspetiva dacorresponsabilizao do que de todos no presente e tendo em conta o futuro. OaprofundamentodestesaspetostemumantimaligaocomoConhecimentodoMundo.

    Aprendizagensapromover:

    Respeitaradiversidadeesolidarizarsecomosoutros. Desenvolver progressivamente uma atitude crtica relativamente ao que se

    passanomundoquearodeia.

    Conhecer e valorizar manifestaes do patrimnio natural e culturalreconhecendoanecessidadedasuapreservao.

    Estasaprendizagenspodemsermanifestadas,porexemplo,quandoacriana

    9 Espera pela sua vez na realizao de jogos e na interveno nos dilogos e dando

    oportunidadesaosoutrosparaintervirem.9 Contribui para a elaborao das regras de vida em grupo, reconhece a sua razo e

    necessidadeeprocuracumprilas.9 Aceita a resoluo de conflitos pelo dilogo e as decises tomadas coletivamente,

    contribuindocomsugestesvlidas.9 Perante opinies e perspetivas diferentes da sua, escuta, questiona e argumenta,

    procurandochegarasoluesouconclusesnegociadas.9 Desenvolveumsentidoestticoperantemanifestaesartsticasdediferentestempose

    culturas.9 Demonstra comportamentos de apoio e entreajuda, por iniciativa prpria ou quando

    solicitado.9 Reconhece a diversidade de caractersticas e hbitos de outras pessoas e grupos,

    manifestandorespeitoporcrianaseadultos, independentementedediferenas fsicas,decapacidades,degnero,etnia,cultura,religioououtras.

    9 Reconhecequeasdiferenascontribuemparaoenriquecimentodavidaemsociedade,identificandoessescontributosemsituaesdoquotidiano.

    9 Aceitaquemeninosemeninas,homensemulherespodem fazerasmesmascoisasemcasaeforadecasa.

    9 Identifica no seu contexto social (grupo, comunidade) algumas formas de injustia ediscriminao,(pormotivosdeetnia,gnero,estatutosocial,deincapacidadeououtras),propondooureconhecendoformasdeasresolverouminorar.

    9 Identifica algumas manifestaes do patrimnio artstico e cultural (local, regional,nacionalemundial)manifestandointeresseepreocupandosecomasuapreservao.

    9 Reconhece a importnciadopatrimnionatural, identifica algumasdas ameaas suaconservaoeadotaprticasamigasdoambiente.

    9 Emiteopiniessobreoquesepassanomundoquearodeia.9

  • 1Documentodetrabalho

    29

    Os/Aseducadores/aspromovemestasaprendizagensquando,porexemplo:

    Manifesta respeitopelasnecessidades,sentimentos,opiniesculturasevaloresdas

    crianaseadultos. Respeitaevalorizaasdiversidadesculturaisdascrianasedassuasfamlias. Incentiva a resoluode conflitospelodilogo e a tomadadedeciso individual e

    coletiva. Escutaoqueascrianasdizem,apoiaaexplicitaodassuasopiniese incentivaa

    suaparticipaoativanasconversas. .

    Questesparareflexo:

  • 1Documentodetrabalho

    30

    READEEXPRESSOECOMUNICAO

    DOMNIODAEDUCAOARTSTICAEDAEDUCAOMOTORA

    O domnio da educao artstica e da educao motora inclui situaes e experincias deaprendizagemdiversificadasquepermitemcriana irdominandoo seucorpoediferentesformasdecomunicaoeexpresso.Ocontactocomdiferentesformasdeexpressoartsticaemotoraenglobadiversaspossibilidadesdacrianautilizarocorpoemrelaocomespaos,tempos e materiais diversos, que a levam a observar, analisar, explorar, manipular etransformar,deformaatomarconscinciadesiprpria,dosoutrosedesinarelaocomosoutros e com os objetos. Estas diferentes formas de expresso so assim, centrais naconstruo de uma identidade social e cultural e no reconhecimento e respeito peladiversidadecultural.

    OincluirnomesmodomnioaEducaoArtsticaeaEducaoMotoratememcontanosaespecificidadede cadaumadelas como tambm as suas complementaridadesque importacontemplarnaeducaoprescolare,ainda,asuaarticulaocomoutrasreasdecontedo

    EDUCAOARTSTICA

    Aeducaoartsticapropesepotenciaracriatividadedascrianas,despertarasensibilidadeedesenvolverosentidoesttico,utilizandodiferenteslinguagensartsticas(ArtesVisuais,JogoDramtico/Teatro,MsicaeDana)demodoa contribuirparaa construoda suaprpriavisodomundo.

    O processo de aprendizagem na educao artstica implica o progressivo domnio deinstrumentose tcnicas,oquepressupeno saexploraoespontneadacrianacomotambm a interveno do educador, de modo a proporcionar s crianas, vivncias dediferentesuniversosculturaisemque,deummodoglobalizante,apoiado:

    O Desenvolvimento da Criatividade Respeitando o mundo interior eespontaneidadedacriana,odesenvolvimentodacriatividadeassentanamobilizaoe integraodeum conjunto de experincias, saberes, eprocessosque as crianaspercecionam, selecionam e organizam, atribuindolhes novos significados. Estedesenvolvimento da criatividade permite um enriquecimento dos seus universossimblicos, que podem assumir diferentes manifestaes e experimentaes(plsticas,cinestsicas,teatrais,musicais).

    O Sentido esttico Para incentivar o sentido esttico importa proporcionar criana oportunidades de apreciar e fruir diferentes manifestaes artsticas. Ocontacto com o meio envolvente, com a natureza, com a cultura, com diferentesformas de expresso artstica permitiro criana apreciar a beleza em diferentescontextosesituaes,contribuindoparaodesenvolvimentodoseusentidoesttico.

    O Contacto com diferentes universos culturais a criana desenvolve acriatividade e a sensibilidade esttica atravs do contacto com diferentesmanifestaes artsticas, que representem diferentes pocas, culturas e estilos, emreasdiversificadasdaMsica,doTeatro,daDanaedasArtesVisuais.

  • 1Documentodetrabalho

    31

    A educao artstica passa pela mobilizao de trs tipos de abordagens que, emboraapresentadosdemodoseparado,sedevemconsiderarcomointerdependentes:

    ExperimentaoCriao

    Pretendese que a criana, nas suas exploraes e atividades expressivas, v integrandointencionalmentemateriais,meios,tcnicaseconhecimentos.

    FruioContemplao

    De forma sistemtica, organizada e globalizante, as crianas contactam com diferentesuniversosculturais (visuais,dramticos,musicais,coreogrficos,entreoutros)no sentidodedesenvolverasuacapacidadedeobservaoeapreciaoedecompreenderapossibilidadedemltiplasleituras.

    InterpretaoReflexo

    A partir da experincia de cada criana e do contacto com diversas linguagens artsticas,incentivaseogostopelasdiferentesmanifestaesculturais,aapreciaoestticaeestimulaseodesenvolvimentoprogressivodeprocessosdedescrio,interpretaoeanlisecrtica.

    Aintencionalidadeeducativanestedomnioorganizasetendoemconsiderao,porumlado,aexperinciapessoaldacrianaque,progressivamentevaidesenvolvendoasuacapacidadede expresso, comunicao e criatividade eporoutro, a apropriaode conhecimentos dalinguagemelementardasartesedasuacompreensonocontexto.

    Aformacomoseorganizaeseusaoespaoexteriore interiorfundamentalnacriaodeoportunidadesparaascrianasseexprimirem.Aorganizaodoespaoedosmateriais,asuadiversidade e acessibilidade, so determinantes para a qualidade das oportunidades deexploraoecriaodascrianas.

    Asdiferentesformasdeeducaoartsticadesenvolvemacuriosidade,proporcionamocasiesderesoluodeproblemas,deexpressoverbalenoverbaledeespritocrticoque,sendocomuns a diferentes reas de contedo, facilitam a sua articulao, nomeadamente com amatemtica,alinguagemeoconhecimentodomundo.

    Emboraasdiferentes linguagensartsticaspartilhemumconjuntodeprincpioscomuns,porrazes de ordem metodolgica so apresentadas em separado de modo a realar asespecificidadesdecadaumadelas.

    ARTESVISUAIS

    As Artes Visuais so formas de expresso artstica que incluem a pintura, o desenho, aescultura,aarquitetura,agravura,afotografia,etc.,quesendofundamentalmentecaptadaspelaviso,podemenvolveroutrossentidos.

    Senestaformadeexpressoartsticasecolocamuitasvezesaenfasenofazer,fundamentalque,para almde experimentar, as crianas tenhamoportunidadedeolhar, veredialogarsobreaquiloque fazemeobservam.Cabeaoeducadorexplorar comas crianas temticas,personagensehistriasqueasimagenscontame,levlasdemodoprogressivo,aperceberaimportnciaeaexpressividadedoselementosformaisdacomunicaovisual.

  • 1Documentodetrabalho

    32

    Os elementos da comunicao visual a explorar somuito diversificados podendo integraraspetoscomo:acorcoresprimriasesecundrias,misturadecores;atextura:mole,rugosa;as formasgeomtricas:quadrado, retngulo, tringulo, circulo,etc.;as linhas: retas, curvas,verticais,horizontais;astonalidades:claroescuro;afigurahumana:retratoeautorretrato;adesproporoeaproporonatural.

    Asexploraeseodilogosobreasimagenscomosseusparesecomoeducador,despertanacriana o desejo de querer ver mais e a descoberta de novos elementos, potenciando oestabelecimento de relaes entre as suas vivncias e novos conhecimentos, levandoa adescrever, analisar e refletir sobre o que Olha e V. Ao longo deste percurso visual queinterrelacionaofalarsobreasimagenseosmodosdeverasimagens,acrianaenriqueceoseuimaginrio,aprendenovossaberes,integraosnoquejsabe,e,experimentacriarnovasimagens, desenvolvendo progressivamente a sua sensibilidade esttica e expressividadeatravs de diversas modalidades (desenho, pintura, colagens, tcnica mista, assemblage,modelagem,entreoutras).

    Nasartesvisuaisaqualidadeediversidadedosrecursosassumemumaparticularimportncia,quer relativamente aosmateriais e instrumentos que sodisponibilizados s crianas,querquanto aos objetos que tem oportunidade de observar, nomeadamente obras de arte eelementosdanatureza.

    Como meios de alargar as experincias, desenvolver a imaginao e as possibilidades decriao importa que as crianas tenham acesso a uma multiplicidade de materiais einstrumentos (porexemplopapeldediferentesdimensese texturas, tintasdevriascores,diferentes tipos de lpis como pastel seco, carvo, etc, barro, plasticina e outrosmateriaismoldveis).

    Podem ainda ser utilizados outro tipo demateriais de uso utilitrio ou reciclveis (tecidos,carto,objetosnaturais,papeldejornal,latas,fios,embalagens,aparasdemadeira,algodo,elementos da natureza etc.), para serem integrados e redefinidos a partir de novasfuncionalidadesesignificados,oquepermitecrianacomearaperceberqueaarteeavidasoindissociveis,alimentandosereciprocamente.

    A multiplicidade e diversidade de todos estes possveis materiais exigem uma organizaocuidadaque faciliteoacessoeutilizaoautnomaporpartedas crianas condicionandoodesenvolvimentodacapacidadeexpressivadecadacrianaedogrupo.Aobservaoedilogode diferentes formas visuais (natureza, obra de arte, arquitetura, design, artefactos, etc.)constituemmeiosdedesenvolveressaexpressividade.Ocontactocomdiferentesmodalidadesexpressivas (pintura, escultura, fotografia, cartaz, banda desenhada, entre outros) emdiferentes contextos (museus,galerias, catlogos,monumentoseoutros centrosde cultura,Internet, CDROM), permite introduzir a criana na cultura do mundo a que pertence,promovendoasuaidentidadeeosentimentodepertenacomunidade.

  • 1Documentodetrabalho

    33

    Aprendizagensapromover

    Desenvolver progressivamente capacidades expressivas e criativas em exploraes eexperimentaesplsticas.

    Reconhecerelementosdacomunicaovisualmobilizandoostantonaobservaodeimagenscomonasuautilizao.

    Interpretardiferentesuniversosvisuaisatravsdaobservaoeapreciaodevriasmodalidadesexpressivas (pintura,desenho,escultura, fotografia,vdeo,entreoutras)emcontextosdiferenciados.

    Estasaprendizagenspodemsermanifestadas,porexemplo,quandoacriana

    9 Explora e experimenta diferentes modalidades de expresso visual (pintura,

    desenho, colagens, modelagem) mobilizando diferentes elementos da linguagemplstica(cores,linhas,manchas,formas).(Exemplo:)

    9 Representa plasticamente vivncias individuais, temas, histrias, paisagens entreoutros,atravsdevriosmeiosdeexpresso(Exemplo:).

    9 Introduz, nas suas experimentaes plsticas elementos visuais (cores, formas,texturas, etc.), de modo espontneo ou sugerido, para representar temticas,ilustrarhistrias,etc.(Exemplo:).

    9 Compara imagens e / ou objetos identificando as suas diferenas e semelhanasformais,estilsticasetemticas(Exemplo:).

    9 Dialogasobreasdiferentesimagense/ouobjetosemdiferentescontextos(museus,galerias,entreoutras instituiesculturais,nanatureza,reproduesemcontextodesala)(Exemplo:).

    9 Utiliza, de forma autnoma, diferentes materiais (lpis de pastel, carvo, tintas,esponjas, matrias moldveis, entre outros) e diferentes meios de expresso(pintura,colagem,desenho,entreoutros)pararecrearvivnciasindividuais,temas,histrias,etc.

    9 Verbaliza as suas opinies sobre os seus trabalhos, os dos seus pares e sobrediferentes universos visuais com que contacta, indicando algumas razes dessaapreciao

    9

    Os/Aseducadores/aspromovemestasaprendizagensquando,porexemplo:

    Organizam o ambiente educativo de forma a promover a explorao econhecimentodasartesvisuais:o Disponibilizamdiversosmateriaisdeelevadaqualidade,organizadoseacessveis

    s crianas e promovem situaes que permitam a explorao de diferentesmodalidadesexpressivas.

    o Geremasatividadesdemodoflexvelpermitindoqueacrianatenhaotempode que necessita para o seu processo expressivo,mesmo que seja necessrioretomar o trabalho em momento (s) posterior (es) at que ela o considere

  • 1Documentodetrabalho

    34

    terminado.o Selecionam criteriosamente obras de artes e locais a visitar, associados a

    diferentesmanifestaesartsticasquetenhamsignificadoparaascrianas.o Expemostrabalhosdascrianasenvolvendoasnasuaescolhaenadefiniode

    critriosestticosdasuaapresentao. Proporcionam a observao de diversas formas visuais de diferentes culturas e

    tradies(natureza,obradearte,arquitetura,design,artefactos,etc.). Promovemocontactocomdiferentesmodalidadesexpressivas(pintura,escultura,

    fotografia,cartaz,bandadesenhada,etc.)emdiferentescontextosfsicos(museus,galerias, catlogos,monumentos eoutros centrosde cultura) edigitais (Internet,CDROM).

    Usamnaturalmentetermosligadossartesvisuaispromovendoasuautilizaoporpartedascrianas(Exemplo:)

    Comentamos trabalhosdascrianas realandoascaratersticasdoselementosdecomunicaovisualutilizados.

    Questesparareflexo:

    JOGODRAMTICO/TEATRO

    Nestedomnioprocuramseabordardiferentesformasdecomunicaoerepresentaoquemobilizampredominantementeosgestos,avozeomovimentodocorponomeadamenteojogodramticoeo teatro.Procuraestabelecerseumacontinuidadeentreo jogodramtico(fazdeconta) e o teatro tendo em conta algumas das suas caratersticas comuns,nomeadamente: a inteno de explorar situaes reais ou imaginrias; o que se est arepresentar ser a realidade no momento; assumiremse e incorporaremse papis,personagens e o enredo de uma situao ficcional. Tanto o jogo dramtico como o teatroexigemenvolvimento,interesseeconcentrao,contudodistinguemsepoisojogodramticosurge naturalmente por iniciativa da criana e o teatro implica a inteno deliberada derepresentar uma ao significativa para a criana. Atravs destas diferentes formas decomunicao e representao, a criana desenvolve conhecimentos e capacidadesdiversificados, tais como competnciasde socializaoe convivncia social, identificaodeemoes(medo,surpresa,alegria,tristeza),conhecimentodomundo,formasdecomunicao,vocabulrio,conhecimentodesi,etc.

    O jogodramticoumaatividadeespontneaquepermitecrianarecrearexperinciasdavida quotidiana, situaes imaginrias e utilizar os objetos livremente, atribuindolhessignificadosmltiplos.ummeiodedescobertadesiedooutro,deafirmaodesiprprionarelaocomo(s)outro(s).Na interaocomoutraououtrascrianas,ematividadesde jogodramtico,osdiferentesparceirostomamconscinciadassuasreaesedoseupodersobrearealidade,criandosituaesdecomunicaoverbalenoverbal.

  • 1Documentodetrabalho

    35

    A interveno do educador permite um alargamento do jogo dramtico que amplia aspropostas das crianas, que as leva a criar novas situaes de comunicao e a definir ecaraterizarmelhorospapisqueestadesempenhar.Dialogarcomascrianassobrequalomaterialnecessrio,comooadaptaretransformareoqueacrescentarparacorresponderaosinteresses e necessidades, so meios de enriquecer as situaes de jogo dramtico. Oeducadordeverestaratento representaodeesteretiposculturais (tnicos,degnero,etc.) debatendo posteriormente com as crianas o sentido desses comportamentos epossibilidadesdesoluotendoemcontaaigualdadededireitos.

    A interveno do educador vai permitir a emergncia de outras situaes de expresso ecomunicao em que a criana representa intencionalmente diferentes formas demimar edramatizarvivnciaseexperincias.Atravsdocorpo/vozpodemexprimirsesituaesdavidaquotidiana (levantarse, vestirse, viajar), movimentos (vento, crescer), sentimentos ouatitudes(estartriste,alegre,cansado).

    Progressivamente a criana vai adquirindo maiores capacidades comunicativas e corporaisexperimentando diversas tcnicas teatrais como fantoches, sombras chinesas, etc., quefacilitamaexpressoeacomunicaoatravsde "umoutro", servindo tambmde suporteparaacriaodepequenosdilogos,histrias,etc.

    Decorre,ainda,da intervenodoeducadorapossibilidadedechegaradramatizaesmaiscomplexasque implicamumencadeamentodeaes,que seguemumaestruturanarrativacomumfiocondutor,emquesorecriadaspersonagensdandoscrianasaoportunidadedeescolher e desempenhar diferentes papis (dramatizao de histrias conhecidas ouinventadas, recriao de situaes e acontecimentos da vida quotidiana). Estas situaespodemincluirodesenvolvimentodeatividadesmaiscomplexasqueexigemumplaneamentodeespaos,adereos,cenrios,tarefas,enredo,recursoaoutraslinguagensartsticas(dana,msica),etc,necessriossuarealizao.

    A experimentao dramtica da criana no uma atividade espordica, meramentereprodutiva de determinada conceo de espetculos, nem uma imitao dos espetculosprofissionais,consistindofundamentalmentenuma(re)invenodesoluesparaacriaodenovaspossibilidades.Neste sentidoodesenvolvimentodoprocesso com aparticipaodascrianastemumpapelformativoeeducativomuitoimportante.

    Estessaberespodemseraprofundadosatravsdocontactocomprticasteatraisdediferentesestilos, gneros eorigens culturais (espetculos,performances, jogosdramticos, teatrodefantoches,narraodramatizadadehistrias),emcontextosdiversificados(grandesala,salaestdio, rua) e com recurso a vrios suportes (bibliogrfico, audiovisual, multimdia,digital).

    atravsdaobservaoe/oudaexperimentaodramticaqueascrianasvoaprendendoossaberesdaprticateatraldemodoaidentificareanalisar,comumvocabulrioespecficoeadequado, conceitos, personagens, cenrios, ambientes, tenses, problemas e soluescolocados pela realizao da ao dramtica. Estas experincias proporcionam aindaoportunidades de reflexo, facilitando a descoberta e interpretao da especificidade dosmeioselinguagensdoteatroefacilitandoaemergnciadeumaopiniocrtica.Esteprocessopossibilitatambmqueacrianatomeconscinciadequeoteatroumaarteintegradoradeoutras linguagensartsticasedediferentesmeiostcnicos(msica,artesvisuais,multimdia,luz,).

  • 1Documentodetrabalho

    36

    Aprendizagensapromover:

    Utilizar e recriar o espao e os objetos, atribuindolhes significados mltiplos ematividades de fazdeconta, situaes imaginrias e de recriao de experincias doquotidiano,individualmenteecomoutros.

    Inventar e experimentar personagens e situaes de dramatizao, por iniciativaprpriae/ouapartirdediferentessituaesepropostas,diversificandoasformasdeconcretizao.

    Apropriarse gradualmente da especificidade das artes dramticas, exprimindoopiniespessoais,emsituaesdeexperimentao/criaoedefruio,recorrendoavocabulrioadequado.

    Estasaprendizagenspodemsermanifestadas,porexemplo,quandoacriana

    9 Envolveseemsituaesdejogodramticocadavezmaiscomplexas(caracterizaode papis, desenrolar da ao, interaes verbais e no verbais e tempos dedurao)

    9 Expe,discuteideiasepropesoluesparadesafioscriativos,emcontextodefazdecontaouderepresentao.

    9 Interessaseporprticasteatraisecomentaosespetculosaqueassisteutilizandoprogressivamente conceitos e vocabulriode teatro (espao cnico,personagem,enredo, cenrio, conflito, etc.), nomeando diferentes funes convencionais doprocessodecriaoteatral(autordotexto,encenador,ator/atriz,etc.).

    9 Recriae inventahistriasedilogose/oucolaboranaelaborao guiescnicos,com recurso a diversificados tipos de registo (ilustrao, simbologia inventada,registoescritopeloadulto)

    9 Reconheceautilizaodoespaocomfinalidadecnica,experimentaobjetoscomoadereos (de cena e de guardaroupa) e explora recursos tcnicos diversificados,especficose/ouimprovisados(luz,cenrio,musica,etc.).

    9

    Os/Aseducadores/aspromovemestasaprendizagensquando,porexemplo:

    Estimula a progressiva elaborao do jogo dramtico e debate os esteretiposculturaisquandoobservaasuamanifestao.

    Proporciona materiais diversos e adereos que estimulem a criatividade e oenvolvimento da criana no jogo dramtico e cnico (representao de diversospapeissociais,situaes,personagens,etc.).

    Propiciaespaosprpriosparaodesenrolardo jogodramtico/teatro,para almdosespaosdasala,emqueestessedesenvolvehabitualmente.

    Envolve a criana no planeamento de todo o processo cnico: conceo (guio)previsodarealizao(inventariaodetarefasemateriais),desenvolvimentodepropostascnicas(assunodefunes,quenoserestringemrepresentaoemcena)enasuaavaliao.

    Promoveocontactoereflexosobreprticasteatraisdediferentesestilos,gneroseorigensculturais.

  • 1Documentodetrabalho

    37

    Questesdereflexo:

    MSICA

    A educao musical pressupe uma prtica sistemtica e contnua, com intencionalidadeespecfi