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Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XIV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio Sul S. Cruz do Sul - RS 30/05 a 01/06/2013
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Anlise do filme Obrigado por fumar a luz da teoria de Roberto Porto Simes1
Rayan MAGALHES 2
Victor Silva THEODORO 3
Paulo Cesar STECANELLA4
Juliana SALBEGO5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA - UNIPAMPA
RESUMO
O presente artigo visa criar uma relao entre o filme Obrigado por Fumar (2007) com a
teoria de Roberto Porto Simes, exposto no livro Relaes Pblicas: Funo Poltica
(2011). Para tal anlise, distinguem-se os conceitos e as funes do profissional de
Relaes Pblicas e Lobby, e as definies de Comunicao Persuasiva. Em seguida,
diferenciam-se os conceitos de ao tica e deslize tico, criado pelo autor, e quais
seriam suas ligaes com os dilogos de Nick Naylor, lobista da Academia de estudos
do tabaco, que utiliza a comunicao com a inteno de persuadir o governo e o
pblico, e com a finalidade de concretizar e ampliar a imagem institucional.
PALAVRAS-CHAVE: Ao tica; Comunicao; Deslize tico; Lobby; Persuaso;
Relaes Pblicas.
1. INTRODUO
Comunicao, ferramenta essencial para o desenvolvimento global. Persuaso,
ato de convencer o receptor sobre um determinado ponto de vista. Comunicao
1 Trabalho apresentado no DT 2 Publicidade e Propaganda do XIV Congresso de Cincias da
Comunicao na Regio Sul, realizado de 30 de maio a 01 de junho de 2013.
2 Autor do trabalho. Acadmico do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Pampa
campus So Borja, e-mail: [email protected]
3 Coautor do trabalho. Acadmico do curso de Relaes Pblicas nfase em Produo Cultural da
Universidade Federal do Pampa campus So Borja, e-mail: [email protected]
4 Coautor do trabalho. Acadmico do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do
Pampa campus So Borja, e-mail: [email protected]
5 Orientadora do trabalho. Professora Mestre do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade
Federal do Pampa campus So Borja, e-mail:
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Persuasiva, a unio de palavras que visam perpassar ideias, sejam os mesmos de carter
econmico, poltico, cultural ou social.
O filme, Obrigado por fumar, expe as atividades desenvolvidas pelo lobista -
caracterizando-o pelo uso excessivo da comunicao persuasiva, com o intuito de
modificar ou manipular as ideias ou ideais de seu pblico - e gera dvidas em relao a
sua tica de trabalho, pois o mesmo engloba o universo organizacional, na qual diversas
instituies - seja do mesmo ramo, ou no tendem a ruir a imagem institucional uma
das outras.
Primeiramente, contextualiza-se o ambiente na qual o artigo esta inserido
Resenha do Filme Obrigado por Fumar em um segundo momento definiremos os
conceitos de retrica e persuaso. Em seguida, descreve-se o surgimento da profisso de
Relaes Pblicas (EUA), e o trabalho do lobista, juntamente com suas diferenas e
afinidades. E por fim, utiliza-se como base o livro Relaes Pblicas: Funo Poltica,
do autor Roberto Porto Simes, para analisar, utilizando os conceitos de Ao tica e
Deslize tico, determinados dilogos existentes no decorrer do filme.
2. DESCRIO DO FILME OBRIGADO POR FUMAR
Um filme estadunidense de 2005, mesclando os gneros comdia/drama, escrito
e dirigido por Jason Reitman e estrelado por Aaron Eckhart. A produo uma stira
sobre a indstria do cigarro e o tabaco, baseado no romance homnimo de Christopher
Buckley, lembrando que o titulo em si, Obrigado por Fumar, j demonstra uma
provocao, sendo, obviamente, uma stira.
A histria gira em torno de Nick Naylor (Aaron Eckhart), o principal porta-voz
da Academia de Estudos do Tabaco. Enquanto anncios e manifestantes divulgam que
fumar causa inmeros malefcios, o seu trabalho convencer as pessoas de que os males
provocados pelo fumo no so to prejudiciais sade. O protagonista conhece os
efeitos negativos dos cigarros: danos fsicos, o vcio e que estes podem levar morte,
mas usa de suas habilidades argumentativas para ganhar debates a favor das empresas
tabagistas. Considerado um personagem com argumentos indiscutveis, ele transmite
calma em seus discursos, demonstrando um pouco de seu legado at para seu filho Joey
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1tirahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cigarrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tabacohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Thank_You_for_Smokinghttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Christopher_Buckley&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Christopher_Buckley&action=edit&redlink=1
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(Cameron Bright), citando para este: "A beleza de um argumento que, se voc
argumentar corretamente, voc nunca est errado.
A stira intensificada no filme pela associao informal do protagonista com
lobistas de outras indstrias que esto sujeitos a difamao de rotina nos meios de
comunicao, por exemplo, Bobby Jay Bliss (David Koechner), que representa a
indstria de armas de fogo e Polly Bailey (Maria Bello), uma lobista da indstria de
bebidas alcolicas, no caso, estes personagens, coletivamente, constituem o que
conhecido como "MOD" que significa "Mercadores da Morte".
Enquanto sua moral pode ser questionvel, o seu talento para persuadir pessoas a
seu favor, deixaria qualquer time de debate premiado com vergonha. O protagonista
possui uma retrica intocvel e uma capacidade de convencimento que fascinante,
sendo ntido o seu poder de persuaso. No momento em que o senador de Vermont
pretende rotular maos de cigarros com smbolos indicando que so venenosos, Naylor
em contra partida, cria estratgias comunicacionais e se encontra com um agente de
Hollywood para colocar os cigarros de volta as telas de cinema.
No curso do filme, o protagonista suborna Lorne Lutch (ator das propagandas
do cigarro Mallboro, conhecido como Cowboy da Marlboro) para manter sigilo total
sobre o seu cncer de pulmo. O senador Ortolan K. Finisterre (William H. Macy), um
dos crticos mais veementes de Naylor, o promotor de um projeto de lei para adicionar
uma caveira, ossos cruzados e um aviso de veneno para embalagens de cigarro. Durante
um debate na TV com o senador, o protagonista recebe uma ameaa de morte de um
telespectador. Apesar da ameaa, o protagonista ainda planeja comparecer perante um
comit do senado dos EUA para combater a lei do senador Finisterre. O protagonista
sequestrado e coberto por adesivos de nicotina.
Ao despertar no hospital, ele descobre que o nvel de tolerncia muito alta
nicotina resultante de seu hbito de fumar o salvou de um envenenamento que poderia
causar sua morte, aps o incidente, seu organismo perde parte da tolerncia a nicotina e
por ordens mdicas, o lobista proibido de fumar. Ele ento conhece Heather Holloway
(Katie Holmes), uma reprter sedutora de um jornal de Washington. Ela cria uma
imagem negativa dele, usando informaes obtidas em encontros, o que obviamente
acaba comprometendo-o. Seu reinado de notoriedade termina quando ela publica um
http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Koechnerhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Bellohttp://pt.wikipedia.org/wiki/William_H._Macyhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Katie_Holmes
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artigo expondo o suborno de Lorne Lutch (Sam Elliott), o esquema de colocao de
produtos em Hollywood, e sobre o esquadro "MOD". No sendo o suficiente, o
protagonista encontra-se em um dilema, sendo acusado pela jornalista de estar
treinando seu prprio filho a seguir seu exemplo imoral, isso acaba com a simpatia
que o pblico sentia por ele. Ele ento demitido pela Academia de Estudos do Tabaco.
O protagonista entra em depresso, at que seu filho o ajuda a recuperar a
integridade em seu trabalho, no caso, Naylor comea a defender corporaes que quase
ningum se sente a vontade em defender. Reestruturado, o protagonista diz a imprensa
sobre seu caso com Holloway e promete limpar os nomes de todos mencionados em seu
artigo, declara tambm que vai comparecer perante a comisso do senado. Na audincia,
o antigo lobista dos cigarros admite os perigos de fumar, mas argumenta que a
conscincia pblica j alta o suficiente sem avisos extras.
Depois de ter sido impressionado pelo discurso do antigo lobista dos cigarros, o
que resulta em um voto contra projeto de lei do senador Finisterre, a Academia de
Estudos do Tabaco oferece a Naylor o seu emprego, mas este, publicamente recusa a
oferta. Heather Holloway, humilhada publicamente pelo protagonista, reduzida a
trabalhar como garota do tempo local. Logo depois, a Academia de Estudos do Tabaco
fechada, e o senador Finisterre comea a trabalhar para ter os cigarros removidos
digitalmente dos filmes clssicos. Os "Mercadores da Morte ainda se renem
semanalmente, agora com a adio de lobistas de resduos perigosos, fast food e do
petrleo.
Seguindo os passos e as lies que seu pai lhe ensinou, Joey ganha um debate
escolar. Naylor, por sua vez, abre uma empresa, em que podemos v-lo continuando no
mesmo caminho, defendendo agora, uma indstria de celulares, preocupado com as
alegaes de que celulares causam cncer no crebro. O filme termina com o
protagonista dizendo: "Todo mundo tem um talento, Michael Jordan joga basquete,
Charles Manson mata pessoas, eu falo.".
3. PERSUASO E RETRICA
Desde os primrdios da humanidade o homem encontra a necessidade de se
relacionar com os demais, e isso se d por meio da comunicao. Seja ela verbal ou no
http://en.wikipedia.org/wiki/Sam_Elliott
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verbal. E a partir do momento em que algum se comunica com um interlocutor, j h
inteno de persuadi-lo. Logo comunicao e persuaso so conceitos indissociveis. E
at mesmo o mais leigo sobre esse assunto usa de persuaso em seu discurso, mesmo
sem ter conhecimento disso.
No livro Retrica, Aristteles discorre sobre a persuaso e sobre a retrica,
estabelecendo uma linha tnue entre esses dois conceitos que at hoje so confundidos e
misturados no meio acadmico. Para o autor a retrica tem um mbito mais cientfico,
ou seja, um corpus com determinado objeto e um mtodo verificativo dos passos
seguidos para se persuadir. Assim sendo, no caberia retrica assumir uma atitude
tica, pois seu objetivo no comprovar a veracidade dos fatos, mas sim verificar quais
os mecanismos usados para se fazer algo ganhar a dimenso de verdade. Ou como
afirma Aristteles:
Assentemos que a Retrica a faculdade de ver teoricamente o que,
em cada caso, pode ser capaz de gerar persuaso. Nenhuma outra arte
possui esta funo, porque as demais artes tm, sobre o objeto que
lhes prprio, a possibilidade de instruir e de persuadir; por exemplo,
a medicina, sobre o que interessa sade e doena; a geometria,
sobre as variaes das grandezas; a aritmtica, sobre o nmero, e o
mesmo acontece com as outras artes e cincias. Mas a retrica parece
ser capaz de, por assim dizer, no concernente a uma dada questo,
descobrir o que prprio para persuadir. Por isso, dizemos que ela no
aplica suas regras a um gnero prprio e determinado. (p. 34, 2007)
Portanto, o autor deixa bem claro a diferena entre retrica e persuaso ao
demonstrar que retrica uma espcie de cdigo dos cdigos que est acima do
processo persuasivo, pois abarca todas as formas discursivas. E essa era a inteno de
Aristteles, sintetizar as vises que se acumulam em torno dos estudos retricos para
elucidar possveis dvidas sobre como se produzir um texto persuasivo.
Devidamente desvinculados os dois termos, apresentamos uma breve definio
do conceito de persuaso por Adair Peruzzolo:
Persuadir induzir a uma deciso ou adoo de uma ideia pelo
reconhecimento subjetivo pessoal dos valores da mensagem proposta,
segundo os critrios pessoais do reconhecedor ( p.6, 2007)
Peruzzolo salienta que uma mensagem persuasiva eficaz aquela na qual a
subjetividade de cada indivduo levada em conta, ou seja, mesmo estando inseridos
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em um pblico alvo muito bem definido, cada interlocutor tem a sua viso particular de
determinado produto ou assunto, que gerada por toda a bagagem sociocultural que ele
adquire ao longo da vida. O segredo das mensagens persuasivas de sucesso justamente
este, conseguir tocar na subjetividade de cada um, gerando uma identificao quase que
imediata com a ideia em questo. Alm da elaborao subjetiva das mensagens h
outros itens apontados por Aristteles que so indispensveis na elaborao de uma
mensagem persuasiva eficaz.
Uma questo que Aristteles aponta a disposio correta dos argumentos em
um texto. Devido a isso ele prope um mecanismo de organizao do texto em quatro
instncias sequenciais e integradas. Primeiramente o mesmo destaca o comeo do
discurso, denominado Exrdio. Esse pode ser a indicao do assunto, um comentrio ou
uma introduo, com o objetivo de assegurar a ateno dos interlocutores. A Narrao
o assunto ou andamento argumentativo, onde os fatos ocorrem, o ambiente em que se
encontra inserido. Para o autor, necessrio ter cuidado neste ponto, principalmente
para no errar na medida das informaes, pelo exagero ou pela falta delas. Devem-se
levar em conta dois pontos as Provas, que seria a parte que exige a comprovao das
informaes dadas no discurso, na qual a credibilidade do argumento depende da
capacidade de comprovar tais informaes; e a Perorao, que o eplogo, a concluso.
Pelo carter finalstico, se tratando de um texto persuasivo, aqui a ultima chance para
se assegurar a fidelidade do interlocutor.
Este roteiro para construir textos persuasivos usado desde o incio da
comunicao na humanidade, desde a poca da pedra lascada, e ainda est implcito em
nossa sociedade atual. Na escola aprendemos, mesmo que sem saber, essas tais regras
que nos ajudam durante toda a vida a transmitir uma mensagem com xito.
Dentro da retrica clssica, reconhecemos diversos raciocnios que atuam como
mecanismo de construo do discurso persuasivo. Aristteles destaca a utilizao de
alguns raciocnios, entre eles o Raciocnio Apodtico, o qual possui tom de verdade
inquestionvel, argumentao coesa que no deixa transparecer ao receptor outra
possibilidade se no a passada pelo emissor. Devido ao uso do tempo verbal imperativo
torna-se indiscutvel o enunciado. O interlocutor fica impedido de esboar qualquer
reao. uma argumentao to fechada que no abre margem para discusso.
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Primeiramente importante salientar sobre o Raciocnio Dialtico o termo
dialtico de Aristteles anterior ao de Hegel e Marx, portanto no h nenhuma
ligao entre ambos. Com este primeiro ponto ressaltado, encontramos nessa linha de
raciocnio uma tentativa de quebrar a inflexibilidade do raciocnio apodtico, apontando
mais de uma concluso possvel, sendo que o modo de formular as hipteses acaba por
indicar a uma concluso mais aceitvel. um jogo de sutilezas que induz o destinatrio
a pensar que est livre para fazer a sua opo. Para isso faz uso de verbos no
condicional com a inteno de passar a ideia de mltiplas escolhas.
O Raciocnio Retrico possui certa semelhana entre o raciocnio dialtico,
principalmente na busca de argumentos racionais, mas eles se diferem na busca pela
emotividade contida no raciocnio retrico. Este capaz de atuar junto razo e
emoo num eficiente mecanismo de envolvimento do interlocutor. Nesse caso no so
usadas apenas proposies lgicas e racionais, apela-se para dados emocionais, e para o
referencial material do receptor.
4. RELAES PBLICAS E LOBBY AES E DIFERENCIAIS
Primeiramente define-se e contextualiza-se a atividade de Relaes Pblicas. Os
inventores dessa profisso foram os norte-americanos, no incio do sculo XX,
quando a indstria comeou a ser atacada por lderes do governo e escritores de fama
(CANFIELD, 1970, p.22). Ou como afirmaram Daniel Barquero e Mario Barquero,
em face de uma estimulante necessidade econmica-empresarial,
pois os empresrios se deram conta de que necessitavam da figura de
um especialista que compreendesse tanto os seus pblicos internos
quanto os externos para o bom funcionamento das organizaes
(2001,p.129)
O povo americano se deparava com uma economia voltada para a elite. A poca
vivenciada era marcada pela busca frentica ao dlar, individualismo, o governo visava
o interesse empresarial, opresso da classe mais baixa, e diante de tantos fatores
negativos, a necessidade de um profissional qualificado para constituir e concretizar a
imagem institucional.
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Diante desse contexto, surge Ivy Lee (1877-1934), jornalista e mais tarde
publicitrio, fundou com Goerge Parker, a agncia Parker & Lee, com o propsito de
prestar servio de imprensa. Marques de Melo retrata o momento da poca, ao afirmar
que as empresas passaram a no visar apenas o lucro, mas sim as boas relaes externas
e internas, Ao procurar harmonizar os benefcios do capital e do trabalho e ao
patrocinar o dilogo entre o interesse pblico e os interesses privados, os novos
profissionais da comunicao institucional ganham espao na sociedade moderna
(2007, p.27).
Lee consolida seu nome, em 1914, quando trabalha como consultor do magnata
americano John RockFeller Jr, a fim de modificar a imagem do mesmo perante a
sociedade da poca, a qual o detestava, por diversos fatores, entre eles a necessidade de
poder e de capital, e a crueldade.
Com o passar dos anos, esse profissional visa maior reconhecimento e ampliao
do seu espao na rea mercadolgica e acadmica. De uma maneira bem superficial, o
profissional de Relaes Pblicas tem a funo de estreitar laos entra a instituio e o
seu pblico-alvo. Maria Aparecida Ferrari afirma,
Dessa maneira, as relaes pblicas atuam para construir
relacionamentos com pblicos, que so grupos de pessoas cujo
comportamento pode afetar as organizaes ou ser por elas afetadas.
Os pblicos so o objeto da atividade de relaes pblicas e para
eles que desenvolvemos os relacionamentos, visando estabelecer o
equilbrio de interesse. (2009,p.247)
A autora continua: Se construirmos nossos relacionamentos com os pblicos
estratgicos, pensando nas organizaes para os quais prestamos servios, mesmo que
indiretamente, estaremos tambm beneficiando a sociedade. (2009,p.247) E Fabio
Frana completa essa ideia, explicando a necessidade desse estreitamento de laos,
[...] o principal objetivo do relacionamento organizao-pblicos
sustenta-se por interesses institucionais, promocionais ou de
desenvolvimento de negcios como sucede com os colaboradores,
clientes, fornecedores, revendedores e de mais pblicos ligados s
operaes produtivas e comerciais da organizao. (2004,p.100).
O autor refere-se, por um lado, ao retorno mercadolgico e institucional
almejado pelas organizaes e por outro, a busca por preos mais acessveis, produtos
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de qualidades, entre outros pontos desejados pelos consumidores. A empresa no pode e
no deve apenas se preocupar com os consumidores, diversos setores a rodeiam, entre
eles os fornecedores, os quais abastecem as instituies com matrias-primas.
Em sequncia, com o intuito de diferenciarmos as duas profisses Relaes
Pblicas e Lobby- define-se o termo lobby. O mesmo possui diversos significados.
Sad Farhat a intitula como toda atividade organizada, exercida dentro da lei e da tica,
por um grupo de interesses definidos e legtimos, com o objetivo de ser ouvido pelo
poder pblico para inform-lo e dele obter determinadas medidas, decises, atitudes.
(2007, p. 50-51). O autor afirma que o lobista responsvel pela organizao dos
processos comunicacionais, sempre atuando (ou no) dentro da lei, baseado em
princpios operacionais e ticos (lobby lcito), na busca de interesses definidos e
legtimos, utilizando a comunicao para obter xito.
Em muitos casos, diversos especialistas brasileiros, atribuem fatores negativos
referentes a esta rea de atuao, pois os mesmos no atuam no mercado com a tica
trabalhista necessria (lobby ilcito) Para tanto, o profissional, utiliza a comunicao
como o grande instrumento necessrio para o xito dessa operao, sempre vinculada
tica profissional. Essa ideia confirmada,
Lobby no significa necessariamente ter amigos influentes, mas ter
mensagens consistentes e lev-las, de forma constante e sistemtica,
aos formadores de opinio. O principal objetivo do lobista vender
credibilidade, (o que) requer sequncia e presena, mais que
contribuies financeiras. (SETBAL, Laerte, apud Farhat, 2007,
p. 54)
Ainda segundo Farhat a destreza da comunicao necessria para a criao de
novas aes voltadas para o trabalho do lobby, para atuar em harmonia, sincronizao
e articulao com as atividades de lobby. Acrescenta o autor:
No contexto dos pleitos controversos, a utilizao da comunicao
social ser tanto mais recomendvel e necessria quanto os resultados
esperados da ao dos lobistas mais possam intervir em formar,
consolidar, melhorar ou, conforme o caso, mudar a imagem da
empresa, corporao, produto, pessoa, servio, entidade, proposta,
ideia, ideologia, ou quaisquer outros interesses divisveis
econmicos, polticos, sociais, regionais no mbito de determinada
sociedade. (2007, p. 117-118),
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A comunicao, juntamente com o trabalho do lobista, diferencia-se de diversos
trabalhos, pois uma forma eficaz de gerar relacionamentos duradouros com as diversas
partes interessadas, sendo uma fonte de informaes para deixar claro os objetivos da
empresa, seja para o pblico interno ou externo, defendendo assim os seus ideais, ou
seja, seus valores, viso, misso, produtos, consolidando assim a sua imagem
institucional.
Diversos autores apresentam a diferena entre Relaes Pblicas e Lobby.
Assim, Relaes Pblicas consiste em comunicar e informar os seus diversos pblicos,
seja o interno ou externo, no atuando, na maior parte das vezes, diretamente com a
relao existente entre a instituio e o governo; ao contrrio do lobista que atua
diretamente na conservao de laos comunicacionais entre a instituio que representa
e o governo, seja do estado ou nacional.
5. RELAES PBLICAS: FUNO POLTICA
Um dos pilares das Relaes Pblicas, de acordo com o autor Roberto Porto
Simes, alm de tratar da relao de poder entre dois ou mais elementos, analisa e
interfere na relao, de maneira especfica, com cada grupo de interesse; jamais atua,
globalmente, tomando decises que afetem todos os grupos ao mesmo tempo. (2001, p.
75)., ou seja, o mesmo tem a funo de analisar a micropoltica dos subsistemas de uma
organizao, visando o estreitamento de laos internos ou externos, e auxiliando na
tomada de decises, intermediando as relaes de poder.
O autor adverte ainda que a atividade deste profissional envolve trs aspectos
que se agregam: a essncia que est ligada administrao da funo poltica; a
aparncia que est relacionada administrao da comunicao; e por fim a
circunstncia voltada a administrar o conflito, mas enfatiza a funo poltica como a
maior eficcia da atividade e, portanto, a que exige maior preocupao e interesse.
Roberto Porto Simes afirma Persuadir outros atravs de argumentos lgicos
para seus prprios pontos de vista ao tica e bsica da democracia, mesmo porque,
como se expressa Arendt5
, quando argumentos so usados, a autoridade deixada em
suspenso. (2011, p.118), ou seja, a ao tica, termo definido pelo autor, se embasa
atravs do uso de verdades concretas, tendo a tica como principal caracterstica. O
personagem Nick Naylor a utiliza em diversos momentos do filme.
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Diferenciando-se da ideia anterior, surge ento, o deslize tico. Para o autor,
O deslize tico, nesta base, ocorre pela manipulao, quando o dizer
contm mentiras ou verdades parciais, levando as pessoas a certos
procedimentos, mas que, caso soubessem a verso completa ou
correta, teriam outro posicionamento. Wrong6 manifesta-se sobre o
assunto de forma radical: Manipulao apresenta-se como a forma
mais desumanizada de poder, at mesmo mais que a fora fsica,
donde pelo menos a vtima conhecedora e objeto de agresso de seu
corpo por outros ou a frustrao de suas necessidades bsicas.
(SIMES, 2011, p.118)
Portanto o Deslize tico se embasa no uso de verdades parciais, ou at mesmo de
mentiras, com a finalidade de manipular o receptor. Pois quando as utilizam, no
proporcionam contedos integrais para uma possvel inverso de opinies. Entre
diversos exemplos de deslize tico destaca-se a frase dita por Nick Naylor, logo no
comeo do filme O que a rede de tabaco perderia com a morte desse jovem?, essa
frase questiona de maneira irnica algo desnecessrio e totalmente perceptvel, pois o
lobista tenta se defender, e cria aes imediatas, com a finalidade de postergar a imagem
negativa para outra empresa, Os Roons Goodes deste mundo querem que os Robin
Willigers morram.
Mais adiante, Naylor afirma: A propsito, estamos para lanar uma campanha
de 50 milhes de dlares direcionadas a persuadir jovens a no fumar, em primeira
instncia, identifica-se o deslize tico, pois como afirmado anteriormente, o profissional
cria aes imediatas para amenizar os danos. Aps algumas cenas, BR, chefe de Nick
Naylor, indaga furioso: US$ 50 milhes, voc est louco? O combinado foi US$ 5
milhes. Surge, ento, a passagem do deslize tico para a ao tica, na qual a empresa
foi forada a investir 50 milhes em uma campanha antifumo, com a inteno de
dissuadir jovens e crianas de consumir tabaco.
Em grande parte dos dilogos existentes no filme, Nick Naylor, utiliza-se e
apropria-se da persuaso para obter resultados mercadolgicos e institucionais para a
empresa na qual trabalha, ou seja, em quaisquer que sejam as falas escolhidas para
anlise, o conceito de ao tica e deslize tico podero ser introduzidos.
5 Simes apud ARENDT, Hannah. Between Past and Future. Nova York: The Viking Press, 1961,p. 93.
6 Simes apud WRONG, D. Power. Its Forms, Bases and Uses, cit., p.30.
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6. CONCLUSO
A partir da anlise e contextualizao feita sobre a teoria de Relaes Pblicas,
de Roberto Porto Simes, e conceitos de retrica, observa-se diversas interaes
comunicacionais de cunho persuasivo. A inteno do emissor, em grande parte, sempre
implcita, pois o mesmo envia a mensagem com a finalidade de persuadir o receptor.
So inmeras as estratgias de argumentao usadas para a mesma finalidade.
O trabalho sintetiza brevemente a teoria de Aristteles sobre a Retrica, seus
tipos de raciocnio e tambm o Esquema Aristotlico, que consiste na diviso dos
argumentos de forma com que a ordem dos fatores ajude na elaborao do discurso
persuasivo. O Lobby, atividade desenvolvida a luz da comunicao persuasiva, utiliza-
se de inmeras estratgias em seu discurso para induzir o interlocutor aderncia de
determinada ideia. A relao existente entre manipulao x persuaso est concernente
relacionado ao padro de conduta, na qual a manipulao representa o mau uso de
contrato fiducirio7 reflete confiana e lealdade - expondo-se a animosidade
irreversvel.
Enfim, nota-se que os termos persuaso e lobby esto interligados. Permitem
interpretao pessoal sobre o que tico ou antitico. Assim, cada receptor julga as
mensagens de acordo com seus preceitos, aderindo-as ou no. A anlise totalmente
interpretativa e pessoal independente do tipo de mdia em que a mensagem persuasiva
se encontra, ou seja, at um livro ou um filme, no qual o discurso estabelecido de
forma clara e evidente, possibilitando diversas interpretaes por parte do receptor.
REFERNCIA BIBLIOGRFICA
ARISTTELES. Retrica. 2.ed. Imprensa Nacional - Casa da Moeda. 2005
BARQUERO, J.D.C., BARQUERO, M.C., O livro de ouro das Relaes Pblicas.
Portugal: Porto, 2001.
CANFIELD, Bertrand R. Relaes Pblicas: princpios, casos e problemas. 2. Ed.
So Paulo: Pioneira, 1970.
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