obàtálà & odùdúwà na gênese yorubá

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0 CAMINHOS DE ODU Obàtálà e Odùdúwà Gênese Iorubá José Alfredo Bião Oberg 19/08/20 14

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CAMINHOS DE ODU

Obtl e Oddw

Gnese Iorub

Jos Alfredo Bio Oberg19/08/2014

Desejo atravs deste trabalho, mostrar o significado dos rs-funfun na Gnese do Universo, no seu Cosmo-Gnese, como tambm, o seu significado psicolgico e humano, atravs do tan gb-nd iy, revelado pelo Od-If trpn-wrn; assim como, mostrar que os mitos cosmognicos no descrevem o incio absoluto do mundo, mas, o surgimento da conscincia como segunda criao.1

s Elgbra

Owe ni If Ipa mrn ni m (If fala sempre por parbolas; sbio aquele quesabe entend-las).2

Sumrio

Prefcio - pg. 3

Agradecimentos - pg. 5

Introduo - pg. 6

Definies - pg. 8

O Mito - pg. 9

Primeiro captulo - A Criao - pg. 13

Segundo captulo - A Concepo - pg. 35

Terceiro captulo - A Sntese - pg. 43

Quarto captulo - O Homem - pg. 50

Mensagem - Poema Zen - pg. 73

Dados Bibliogrficos - pg. 74

Glossrio - pg. 763

Prefcio

Joana Elbein dos Santos, no livro Os Ng e a Morte, em sua tese de Doutorado em Etnologia na Universidade de Sorbonne, em Paris, traduzida pela Universidade Federal da Bahia, forneceu-me os dados necessrios sobre os dois princpios responsveis pela Gnese do Universo, - Obtl e Oddw, que disputam o ttulo de rs da Criao, revelando-me que houve um embate pela supremacia entre estes dois princpios; sendo assim, um fator constante em todos os mitos e textos litrgicos Ng. Segundo ela, em alguns mitos, Oddw, tambm chamado Oda, a representao deificada das Iy-mi, a representao coletiva das mes ancestrais e princpio feminino onde tudo se origina. Assim, Od corresponde a Obtl ou rsl, que o princpio criativo masculino.O fato de ter feito analogias com textos bblicos cristos, taostas, budistas, teosficos, esotricos e psicolgicos para decodificar a mensagem mtica deste tn, teve por finalidade esclarecer aos leitores com os seus acervosculturais, psicolgicos e religiosos, que todos os vasos so de ouro puro, como dizem os mestres budistas. Ou seja, a Verdade Una, chegou para todos de forma diferenciada, apenas na sua forma, conforme a sua cultura. Observei que a cosmo viso religiosa do Candombl fortemente influenciada pela concepo de mundo na tradio Yorub e que essa tradio possui uma grande complexidade devido falta de uniformidade,permitindo assim um grande nmero de conceitos e interpretaes por no ter nenhuma instncia que sirva de referncia e medida para o todo. Em compensao, h uma viso unitria bsica da existncia, que compartilhada pelos filhos de santo. A concepo Yorub de mundo existe em dois nveis denominados doubl, iy e Orn, que no so locais separados existencialmente, mas, formas e possibilidades diferenciadas entre si, que no se opem uma a outra, existindo de formaparalela apenas. Logo, o iy no um nvel de existncia fora do Orn, mas um tero que o fecunda e manifesta toda a sua criatividade ilimitada, gerando um equilbrio. Um no subsiste sem o outro e desta harmonia depende todo universo e suas formas de vida. A manuteno deste equilbrio harmnico na natureza e no ser o objetivo do Candomblatravs de suas atividades religiosas.A Gnese Ng Yorub retrata atravs do mito Igb-Od a luta travada entre os princpios responsveis pela Criao, Obtl e Oddw para o restabelecimento dessa harmonia a partir do conflito gerado por suas polaridades complementares. Obtl o elemento criativo idealizador, Oddw, o elemento gestor de toda a existncia material, fsica e humana. A mensagem deste belssimo Itn tem a finalidade de nos mostrar4

que s atravs da individuao e integralidade dos opostos possvel gerarmos algo criativo com sucesso e harmonia.Algumas pessoas, no decorrer deste trabalho, no discerniram com facilidade o termo individuao, criado por Carl Gustav Jung. Por isso, tentarei esclarec-lo para uma melhor compreenso.H uma enorme diferena entre individuao e individualismo, pois a individuao respeita as normas coletivas de uma sociedade e o individualismo as combate. A individuao um processo no qual o ego visa tornar-se diferenciado da coletividade com tendncias inconscientes, apesar de nela viver e ainda assim, ampliar as suas relaes sociais. J o individualismo, cede tendncias egocntricas e narcisistas, identificando-se com papis coletivos inconscientes. A individuao integra o ser levando-o realizao espiritual e ao Self ou Eu superior, ao invs dasatisfao egtica. Este processo, porm, s alcanado atravs de uma grande resistncia e defesa do ego, que gera assim, um grande conflito. Muitas vezes, sonhamos com figuras que tendem a demonstrar a necessidade de uma integralidade com a polarizao oposta nossa conscincia. Precisamos a partir da saber de forma consciente o recadoque o nosso inconsciente nos d, integralizando-nos, acabando assim com o conflito que bloqueia o crescimento espiritual exigido. Como exemplo, darei o sonho Bblico de Jac, em Gnesis 28:10, onde o mesmo, depois de uma cansativa viagem pelo deserto, deita-se e recosta sua cabea sobre uma pedra para dormir. Depara-se em sonho com a imagem de uma grande escada que se apia na terra e chega aos cus. Os anjos do Senhor sobem edescem os seus degraus! Eis que Iahweh estava de p diante dele e lhe disse: Eu sou o Deus de Abrao. A terra sobre a qual dormiste, eu a dou t e a tua descendncia. Eu estou contigo e te guardarei em todo o lugaronde fores, e te reconduzirei a esta terra, porque no te abandonarei enquanto no tiver realizado o que prometi. Este sonho arquetpico nos revela a ajuda que o Self nos d atravs de imagens onricas, que intermediam essa jornada de crescimento e integralidade, vencendo emprimeira instncia as contendas do inconsciente pessoal para depois ir para o coletivo, sua nova etapa, aquela que Deus escolhera para ele. Observe que Jac ao acordar deduz assustado: Na verdade o Senhor est neste lugar, e eu no o sabia! Teve medo e disse: Este lugar terrvel! O local deste encontro Bblico sombrio e terrvel, como relata Jac, porm,s a a casa de Deus, - o inconsciente, onde o sonho a porta dos cus!Portanto, sede vs perfeitos, como perfeito o vosso Pai Celeste. Esta a proposta de Jesus em Matheus 5:48, uma meta que deve ser aspirada por todos os seres para a sua evoluo espiritual, trocando o conceito de bem e mal por algo que lhe convm ou no para a sua evoluo. Essa perfeio fruto de um consenso espiritual entre os seres humanos, a partir da graa que o Consolador nos intermedia.5

Agradecimentos

Agradeo, em memria, ao pai Cludio Alexandrino dos Santos, de gun, a minha iniciao e feitura para sl no Ketu em 16 de Maro de 1989, assim como, ao pai Benedito de sl, me Menininha de gun, minha madrinha; me Xica de sl, matriarca do As, em Edson Passos, na Avenida Nicia. Especial lembrana em memria, Meneses de smr, arteso de jias de prata da Praa General Osrio, que me apresentou ao professor Agenor Miranda da Rocha. Ao pai Agenor, em memria, que olhou e confirmou os meus rs, aconselhando-me a assentar o Caboclo Flexeiro em primeiro lugar... Uma experincia nica para um abi. me Gisele Bion Crossard, Omindarew, por ter com ela realizado uma obrigao trs anos aps, j que o meu pai j estava adoentado;assim como, ter recebido de Yemanj, em sua casa, um cargo anosdepois, na festa das Yabs. Zezito da sun, patriarca do Ijes no Rio de Janeiro, abnegado e devocional zelador, dos poucos que representam o Candombl da Bahiacom fidelidade. Quem o conhece, sabe bem o que estou dizendo, um pequeno grande homem, dedicado exclusivamente ao rs. Aos pais: Alcir de sl e Nelson da sun, filhos de santo de Zezito; pelo incentivo dado minha iniciativa de fazer esta pesquiza. Ao pai Jorge F. Santanna, por ajudar-me atravs dos seus sbios questionamentos, que alm de prestimoso amigo, tem a qualidade rara da dedicaodevocional s entidades e, aos rs. Um exemplo de ser humano a ser seguido. Ao apoio e estmulo que a amiga Conceio da sun me deu para a finalizao desta obra de pesquisa literria. Especialagradecimento jornalista Natlia Amorim pela reviso ortogrfica. Juana Elbein dos Santos, Descoredes Maximiliano dos Santos, Pierre Verger, Roger Bastide, Jos Beniste, Jlio Braga, Lydia Cabrera, Zeca Ligiero, Muniz Sodr, Raul Lody, Altair Togun, Reginaldo Prandi, NeyLopes, Clo Martins, Adilson de sl, Maria das Graas de Santana Rodrigu e Gisele Crossard, pelos belssimos trabalhos literrios que fizeram, divulgando a cultura religiosa Yorub, que me serviram de base para a pesquisa e realizao deste trabalho.Ao esclarecedor psiclogo Junguiano, Robert A. Jonson, moderno eprofundo conhecedor da alma humana. Ao acervo analtico e teraputico deixado por C. G. Jung que me levou a expandir o escopo do meu trabalho, e me serviu para avaliar que a nossa cultura ocidental pode estar, de certa forma pronta, para receber uma segunda viso sobre a tradio religiosa Yorub, que tanto sentido e luz trouxeram minha viagem chamada vida.6

Introduo

H sempre a oportunidade de fazermos uma oferenda para a qualidademomento que estamos vivenciando.O mito Ng Yorub, Igb-Od, uma Gnese que retrata esse sbio conselho, necessrio ao nosso desenvolvimento pessoal e uma anteviso do caminho a ser percorrido. Juana Elbein dos Santos.Quando apresentamos um mito como este, existe para a pessoa que o vivencia, um efeito curativo; devido sua participao enquadrado nela um arqutipo de comportamento e, desse modo pode chegarpessoalmente integralidade. Se esses arqutipos, fatos pr-existentes e pr-formadores da nossa psique forem considerados como simplesinstintos, como demnios ou deuses, em nada altera o fato de sua presena atuante em ns. Mas far certamente uma grande diferena, se ns os desvalorizarmos como simples instintos, os reprimindo como demnios, ou os supervalorizarmos como deuses. Carl G. Jung.Espero que esse conto mtico produza insights compreensveis aomeio, - o povo do santo do Candombl, como tambm a todos que buscam uma integrao com o grupo como caminho de individuao e crescimento espiritual.Os mitos, assim como toda cultura Yorub religiosa, no foram criados por um indivduo, so experincias e produtos da imaginao de um povo, em todas as suas geraes. medida que so contados,recontados e vividos, vo agregando novas experincias e aperfeioando-se de forma lapidar. Dessa forma, expressam as imagens do inconsciente coletivo de toda uma cultura e descrevem nveis derealidade que exprimem o mundo, sua manifestao exterior, racional e consciente, assim como os mundos interiores, inconscientes, pouco compreensveis por ns. Quero crer que sentimentos fortes iro aflorar quando alcanarmos o insight psicolgico que os mitos nos trazem.Por serem imagens arcaicas e distanciadas da nossa realidade, primeira vista, no nos so compreensveis, porm, iro aflorando conscincia e sero discernidos prazerosamente, ajudando assim a nos integrarmos. Existem, segundo recentes pesquisas, diferentes enfoques e verses sobre a Criao do Mundo no conceito Yorub. As mais conhecidas soas de Juana Elbein dos Santos, esposa de Mestre Didi; o belssimotrabalho do Fatumbi, - Pierre Verger, com alguns renomados nomes, como seguidores; o de Ney Lopes, profundo conhecedor e pesquisador da cultura negra e africana, o esclarecedor trabalho de Adilson de sl, apresentando-o de forma acessvel para os menos esclarecidos; o do dedicado e profundo conhecedor, - o pesquisador Jos Beniste, a quem7

hoje o Candombl deve a sua divulgao e profunda pesquisa, e, o mais atual, o de Gisele Omndarew Crossard, AW.Me Gisele relatou-me que, em suas viagens constantes ao continente africano, em suas pesquisas de campo com babalas africanos, que Obtl criou o mundo com a ajuda de Yeyemowo, sua esposa, e que oprimeiro ser criado por ele chamava-se Lamurudu, fundador da cidade de If. Que, no se dando bem por l, foi badalar pelo mundo. Nas suas andanas, teve um filho a quem deu o nome de Oddw. Antes de morrer, Lamurudu aconselhou seu filho Oddw a ir at f, o que ele fez prontamente.Oddw, em If, teve um filho chamado Okambi e esse teve setefilhos, que a partir deles criaram outros reinos no pas Yorub. Disse-me ela, que na Nigria, as escolas ensinam para as crianas nos livros, que Oddw o fundador de If e considerado um ancestral divinizado. Continuando o seu relato, conta-me ela, que encontrou em Cotonu, cidade africana, uma mocinha feita para Oddw. Disse-me tambm que ao se aprofundar nos fundamentos Yorubs, mais perplexa ficou evitando por isso construir uma tese como esta, sobre a dualidade masculino-feminina de Obtl, na Gnese da Criao e o Caminho de Volta...Agradeo a ela o incentivo dado ao ler em primeira mo, via e-mail, este trabalho aqui apresentado, como tambm, a sua elegncia e humildade em consider-lo. Por que ento escolhi a pesquisa de campo de Joana Elbein dos Santos como referncia? Para mim, em se tratando de umaGnese, suponho que nada antes existia de forma manifesta e material, logo, no devo confundir o dedo que aponta para a luz, com a prpria luz.8

Definies

Os mitos foram primeira expresso da eterna busca de compreenso do homem acerca do mundo e de si mesmo. Diferentes da cincia, que busca o como, os mitos explicam porque as coisas so assim. , por isso, a forma mais concreta da verdade.Alan Watts (escritor e conferencista).

O mito encarna a abordagem mais prxima da verdade absoluta que pode ser expressa em palavras.Ananda Coomacaswamy (1877-1947) Filsofo indiano.

O mito o estgio intermedirio natural e indispensvel entre a cognio inconsciente e a consciente. Compreendi subitamente o que significa viver com um mito e o que significa viver sem ele. Portanto, o homem que pensa que pode viver sem o mito, ou fora dele, uma exceo. como uma pessoa desenraizada, sem um verdadeiro vnculo com o passado, com a vida ancestral dentro dela, ou com a vida contempornea.Carl Gustav Jung (Psicanalista).

Criar um mito, isto , aventurar-se por traz da realidade dos sentidos com o intuito de encontrar uma realidade superior, o sinal mais manifesto da grandeza da alma humana e a prova de sua capacidade de infinito crescimento e desenvolvimento.Louis Auguste Sabatier (1839 1901) Telogo protestante francs.

A religio Nag Yorub rica em contos mticos, fazendo-se necessrio lembrar que o mito uma entidade viva que existe dentro de ns, como um arqutipo ancestral coletivo do nosso inconsciente. Se o imaginarmos como um espiral, girando de baixo para cima, como principio dinmico de evoluo no nosso interior, seremos ns capazes de captar a sua verdadeira forma e sentir como ele est vivo dentro de ns. Juana Elbein dos Santos (Etnloga).9

O Mito

Esta histria-mtica (tn), sobre a criao do mundo encontra-se revelada no livro Os Ng e a Morte, de Juana Elbein dos Santos e faz parte do conjunto de textos oraculares de If, segundo ela. Representando um dos duzentos e cinqenta e seis signos, denominados Od. Segundo Juana, este tan pertence ao od-If trpn-wnrn, sendo apenas uma verso resumida devido ao tamanho do seu texto e a riqueza de dados.Tento aqui apenas ilustrar ao leitor a origem, assim como mostrar a beleza dos seus fundamentos que me serviram de base para uma viagemarquetpica com os seus personagens mticos.

tn gb-nd iy: Quando Olrun decidiu criar a terra, chamou Obtl e entregou-lhe o saco da existncia, p-iw, e deu-lhe a instruo necessria para a realizao da magna tarefa. Obtl reuniu todos os rs e preparou-se sem perda de tempo. De sada, encontrou-se com Oda que lhe disse que s o acompanharia aps realizar suas obrigaes rituais. J no na-run, - caminho, Obtl passou diante por s, este, grande controlador e transportador de sacrifcios, que domina os caminhos, perguntou-lhe se ele j tinha feito as oferendas propiciatrias. Sem se deter, Obtl respondeu-lhe que no tinha feito nada e seguiu o seu caminho sem dar mais importncia questo. E foi assim que s sentenciou que nada do que ele se propunha empreender seria realizado.Com efeito, enquanto Obtl seguia seu caminho, comeou a ter sede passou perto de um rio, mas no parou. Passou por uma aldeia onde lhe ofereceram leite, mas ele no aceitou. Continuou andando. Sua sede aumentava e era insuportvel. De repente, viu diante de s uma palmeira Ig-pe e, sem se poder conter, plantou no tronco da arvore o seu cajado ritual, o p-sr, e bebeu a seiva (vinho de palmeira). Bebeu insaciavelmente at que suas foras o abandonaram, at perder os sentidos e ficou estendido no meio do caminho. Nesse meio tempo, Oda, que foi consultar If, fazia suas oferendas a s. Seguindo os conselhos dos babalwo, ela trouxera cinco galinhas, das que tem cinco dedos em cada pata, cinco pombos, um camaleo, dois mil elos de cadeia e todos os outros elementos que acompanham o sacrifcio. s apanhou estes ltimos e uma pena da cabea de cada ave e devolveu a Oda a cadeia, as aves e o camaleo vivos. Oda consultou outra vez os babalwo que lhe indicaram ser necessrio, agora, efetuar um ebo, isto , um sacrifcio, aos ps de Olrun, de duzentos gbin, - os caracis que contm sangue branco, a gua que apazigua, - omi-r.10

Quando Oda levou o cesto com os gbin, lrun aborreceu-se vendo que Oda ainda no tinha partido com os outros. Oda no perdeu a sua calma e explicou que estava obedecendo ordem de If.Foi assim que lrun decidiu aceitar a oferenda, e ao abrir o seu pre- od - espcie de grande almofada onde geralmente Ele est sentado,para colocar a gua dos gbin, viu, com surpresa, que no havia colocado no p-w - bolsa da existncia - entregue a Obtl, um pequeno saco contendo a terra. Ele entregou a terra nas mos de Oda, para que ela por sua vez a remetesse a Obtl.Oda partiu para alcanar Obtl. Ela o encontrou inanimado ao p da palmeira, contornado por todos os rs que no sabiam que fazer.Depois de tentar em vo acord-lo, ela apanhou o p-w que estava no cho e voltou para entreg-lo a Olrun. Este decidiu, ento, encarregarOda da criao da Terra. Na volta de Oda, Obtl ainda dormia; ela reuniu todos Ors e, explicou-lhes o que fora delegado por Olrun e eles, dirigiram-se todos juntos para o run ks por onde deviam passar para assim alcanar o lugar determinado por lrun para a criao da terra. s, gn, ssi e ja conheciam o caminho que levas guas onde iam caar e pescar. gn ofereceu-se para mostrar o caminho e converteu-se no Asiwaj e no Olln aquele que est na vanguarda e aquele que desbrava os caminhos. Chegando diante do p-run-on-iy, o pilar que une o run ao mundo, eles colocaram a cadeia ao longo da qual Oda deslizou at o lugar indicado por cima das guas. Ela lanou a terra e enviou Eyel, a pomba, para esparram-la.Eyel trabalhou muito tempo. Para apressar a tarefa, Oda enviou as cinco galinhas de cinco dedos em cada pata. Estas removeram e espalharam a terra imediatamente em todas as direes, direita, esquerda e ao centro, a perder de vista. Elas continuaram durante algum tempo. Oda quis saber se a terra estava firme. Enviou o camaleo que, com muita precauo, colocou primeiro a pata, tateando, apoiando-se sobre esta pata, colocou a outra e assim sucessivamente at que sentiu aterra firme sob suas as patas.

Ole? Kole?Ela esta firme? Ela no est firme?

Quando o camaleo pisou por todos os lados, Oda tentou por sua vez. Oda foi a primeira entidade a pisar na terra, marcando-a com sua primeira pegada. Essa marca chamada es ntaiy Oddw.Atrs de Oda, vieram todos os outros rs colocando-se sob sua autoridade. Comearam a instalar-se. Todos os dias rnml patro do orculo consultava If para Oda. Nesse meio tempo Obtl11

acordou e vendo-se s sem o p-w, retornou a lrun, lamentando-se de ter sido despojado do p.lrun tentou apazigu-lo e em compensao transmitiu-lhe o saber profundo e o poder que lhe permitia criar todos os tipos de seres que iriam povoar a terra.A narrao diz textualmente:Is jlo y nni seda, ti fi mo seda won nyn ti orsirsi ohun gbogbo t m de iy un ti igi gbogbo, tkn, koriko, eranko, eie, eja, ati won nyn.Os trabalhos transcendentais de criao permitir-lhe-iam criar todos os seres humanos e as mltiplas variedades de espcies que povoariam osespaos do mundo: todas as rvores, plantas, ervas, animais, aves,pssaros, peixes, e todos os tipos de humanos.Foi assim que Obtl aprendeu e foi delegado para executar esses importantes trabalhos. Ento, ele se preparou para chegar a terra. Reuniu os rs que esperavam por ele, Olfn, Eteko, Olorogbo, Olwofin, gyn e o resto dos rs-funfun.No dia em que estavam para chegar, rnml, que estava consultandoIf para Oda, anunciou-lhe o acontecimento. Obtl, ele mesmo, e seu squito vinham dos espaos do rn. rnml, fez com que Oda soubesse que se ela quizesse que a terra fosse firmemente estabelecida e que a existncia se desenvolvesse e crescesse como ela havia projetado, ela devia receber Obtl com reverncia e todos deveriam consider-lo como seu pai.No dia de sua chegada, rsnl, foi recebido e saudado com grande respeito:1. Oba-l o k b!2. Oba nl m w d oo!3. O k rn!4. Er w dj.5. Er w dj6. Olw iy wny .

1. Oba-l, seja bem-vindo!2. Oba nl (o grande rei) acaba de chegar!3. Saudaes por ocasio da viagem que acaba de fazer!4. Os escravos vieram servir seu mestre.5. Os escravos vieram servir seu mestre.6. Oh! Senhor dos habitantes do mundo!Oda e Obtl ficaram sentados face a face, at o momento em que Obtl decidiu que iria instalar-se com sua gente e ocupariam um lugar chamado dta. Construram uma cidade e rodearam-na de vigias. Segue-se um longo texto, segundo o qual os dois grupos se interrogavam12

a fim de saber quem realmente devia reinar. Se Obtl poderoso, Oddw chegou primeiro e criou a terra sobre as guas, onde todos moram. Mas tambm foi Obtl quem criou as espcies e todos os seres. Os grupos no chegavam a um acordo e as divergncias e atritos se fizeram cada vez mais srios at terminar em escaramuas.As opinies no eram constantes e os partidrios de um ou de outro tanto aumentavam ou diminuam de acordo com o que parecia ser mais poderoso, at que explodiu uma verdadeira guerra, colocando em perigo toda a criao. rnml interveio e um novo Od, wor-gbr, trouxe a soluo. Esse signo apareceu no dia em que rnml consultou If a fim de que solucionasse a luta entre rsnl e Oda. rnml usou de toda sua sabedoria para fazer Oda e Obtl virem a Oropo, onde conseguiu sent-los face a face, assinalando a importncia da tarefa de cada um deles; reconfortou Obtl, dizendo que ele era o mais velho, que Oda havia criado a terra em seu lugar e que ele tinha vindo para ajudar e para consolidar a criao e no era justo que ele botasse tudo a perder. Depois, convenceu Oda a ser amvel com Obtl: no tinha sido ela quem havia criado a terra? Por acaso Obtl no tinha vindo do rn para que convivessem juntos? Por acaso, todas as criaturas, rvores, animais e seres humanos no sabiam que a terra lhe pertencia?In Oda ro,In Orixal naa a si ro.Oda apazigou-se, Obtl tambm se apazigou.Foi assim que ele fez Oda sentar-se sua esquerda e Obtl sua direita e colocando-se no centro, realizou os sacrifcios prescritos para selar o acordo. a partir desse acontecimento que celebram anualmente os sacrifcios e o festival com repasto (ododn sise), que rene os dois grupos que cultuam Oddw e Obtl, revivendo e ritualizando a relao harmoniosa entre o poder feminino e o poder masculino, entre o iy e o rn, o que permitir a sobrevivncia do universo e a continuao da existncia nos dois nveis.O feminino e o masculino complementando-se para poder conter os elementos-signo que permitem a procriao e a continuidade da existncia.

Juana Elbein dos Santos13

Primeiro Captulo

A Criao

Em Juana Elbein dos Santos, no seu maravilhoso livro Os Nago e a Morte celebrada a relao entre o poder masculino e o poder feminino, revivendo-a, ritualizando-a e harmonizando-a, permitindo assim alm da criao do universo, a continuao da existncia nos dois nveis, - Orun e Ayi. O feminino e o masculino complementam-se para a conteno de seu elemento-signo, permitindo a procriao e a continuidade da existncia.Farei de agora em diante nessa viagem arquetpica a celebrao dos embates da psique na alma de Odduw, denominada por Jung deAnimus e em Obtl denominada Anima, at a sua integralidade de opostos e harmonizao, permitindo o que denominamos individuao, que permite a criao alm do incio absoluto do mundo, tambm o surgimento da conscincia como coautora da sabedoria.

Nosso tn towdw, conto dos tempos imemoriais, comea como todos os outros: Era uma vez um reino... E, como sempre, existe um reino, que o incio de tudo.Em termos prticos, esse reino significa a nossa vida interior, pois nessetn se expressa um conhecimento imediato da nossa alma, por assimdizer, um conhecimento que ela trouxe consigo, pois o mais velho do mundo, simblico, uma parbola para o caminho do ser humano no reino interior, que no desse mundo.Como sempre, nesse reino h um rei, aqui chamado Oldmar, conhecido como jlrn e lrun, Senhor ou Rei do rn, o Alblxe, - Senhor que tem o poder de sugerir e realizar; a Fora Vital e o Universo; ou seja, um Ob arinn-rde, - Senhor queconcentra em si mesmo tudo o que interior e exterior, tudo o que oculto e o que manifesto. Assim, lrun criou Obtl, Oddw, If e Ltp; criando assim, o principio masculino, criativo e o principio feminino, receptivo; o princpio do conhecimento e sabedoria, e o princpio dinmico.Vivia Ele, na companhia de muitos filhos, estes, por um lado,expressavam as suas manifestaes, seus atributos e, obedeciam a uma hierarquia de funes. Dividiam-se princpio, em dois grupos principais: rs e bora.O filho que ocupa a mais alta funo hierrquica neste panteo Adjgunal ou rnml, como mais conhecido; outro funfun que originrio da fuso de duas energias femininas, Tor e Geg, - o14

Sacerdote do Reino, o Gbiy-gbrun, aquele que vive tanto no Cu como na Terra, aquele que representa a sabedoria expressa do pai Oldmar; o princpio do conhecimento expresso; o Elrpn - testemunha do destino ou Altnxe iy, - aquele que coloca o mundo em ordem. Seu nome significa: o Cu conhece a salvao. quem estabelece os desgnios atravs do orculo chamado If, depositrio do princpio de conhecimento e sabedoria de lrun, sistema que nos deixou como legado atravs dos tempos.O princpio no qual se baseia o sistema If, com o seu opl ou o rindilogum, chamado jogo de bzios, se encontra aparentemente em profunda contradio com a concepo do mundo ocidental, cientfica etecnolgica. Apesar de ser arcaico, tem um sistema binrio, onde seus16 Omo-Od consultam-se com os 16 Od principais, totalizando assim,256 combinaes; igual ao conceito do computador de hoje. Em outras palavras, arrisco dizer, proibido, uma vez que incompreensvel e foge ao nosso juzo racional. O sistema If no se baseia no princpio da causalidade e sim, num princpio que Carl Gustav Jung denominou de princpio de sincronicidade; pois existem manifestaes paralelas e comuns entre si que no se relacionam absolutamente de modo causal. Tal conexo baseia-se essencialmente na simultaneidade de eventos. Ou seja, tudo o que acontece no iy, simultaneamente ocorre no rn, pois l a matriz espiritual do que se manifesta aqui. Longe de ser uma abstrao, o tempo apresenta-se como continuidade concreta, contendo qualidades e condies bsicas que se manifestam em locais diferentes com simultaneidade, num paralelismo que no se explica de forma causal. Sendo assim apresentado no conceito Yorub de dobl, - o assim na terra como no cu, ocidental e cristo.Se considerarmos a existncia dos diagnsticos do orculo If corretos, estes sem dvida, no se baseiam nas influncias dos Od, mas nas hipotticas qualidades-momento do tempo que os representa. Ou seja, o que nasce ou criado num dado momento, adquire as qualidades destemomento. Carl G.Jung.Esta a frmula bsica do orculo If, atravs de rnml, ou o rndilogum, onde o patrono s.s leva como mensageiro para rnml o problema e sun revela-o atravs do quadro de Od a soluo ao manifest-lo na cada dosbzios. Sabe-se que o conhecimento do Od o que reproduz aqualidade do momento e que obtido atravs da manipulao puramente causal do opel ou dos bzios. Os bzios caem conforme se apresenta qualidade-momento dobl. A qualidade oculta do momento expressa e revelada atravs do signo smbolo do Od If, tornando-se ento legvel atravs do seu tn, - estria arquetpica, que nos mostra o15

caminho e a soluo, atravs da sua mensagem metafrica e do ritual propiciatrio, - ebo.O nascimento de uma situao corresponde configurao dos bzios cados, o signo-smbolo-od e a qualidade-momento ao tn, - conto mtico que o apresenta como um caminho indicado pelo Od If. Esselegado oracular que hoje em dia usado pelas tradicionais casas denominado Sistema Bmgbs.Todavia, essa sabedoria fica imobilizada sem o princpio dinmico - s, o filho mais irreverente e poderoso do panteo africano. Nada pode existir sem a sua participao e colaborao, o que bvio. Alm disso, para ns ocidentais, to racionalistas, necessrio ter f para aceitar osdesgnios de um orculo ou de um sonho com uma mensagem arquetpica.Para elucidar melhor o conceito de sincronicidade acima descrito, darei como exemplo a estria que Shree Braghavan Rascheneesh Osho nos relata em um dos seus livros.Havia um rabino chamado Eisik filho do rabino Yekel, da cidade deCracvia.Assim comea o relato:O rabino Eisik era um homem muito pobre e, h trs dias, estava tendo um sonho que relatava para ele haver na cidade de Praga, um tesouro enterrado embaixo de uma ponte que liga a cidade ao castelo do rei. Eisik resolveu ento viajar durante trs dias e trs noites at a referida capital. L chegando, descobriu que a ponte que dava acesso ao casteloera bem guardada pelos guardas do rei. Dia e noite, estava ele rondando a ponte para ver a possibilidade de descer at as suas bases e cavar. Seis dias se passaram. No stimo, foi repentinamente abordado pelo capitoda guarda local, que j o observava h dias. O capito, dirigindo-se a ele gentilmente, perguntou-lhe se esperava algum ou se procurava alguma coisa naquele lugar.Eisik contou-lhe o sonho que tivera h seis dias. O capito riu-se dele,dizendo: amigo, voc ainda acredita em sonhos, a ponto de gastar os seus sapatos e ter que viajar uma distncia to longa, s para ver se o seu sonho verdadeiro? Imagine, pois eu tive a mesma experincia que voc, h seis dias. Sonhei que havia um tesouro enterrado em baixo de um fogo na casa de um rabino chamado Eisik, filho de Yekel da cidade de Cracvia. Agora, observe bem, disse sorrindo, se eu acreditasse em sonhos, teria que ir at Cracvia, onde a metade dos judeus chama-se Eisik e a outra metade Yekel.O rabino Eisik ao ouvir o capito da guarda, agradeceu fazendo uma reverncia, saindo de volta sua casa na cidade de Cracvia.16

Trs dias depois, cansado da viagem, cavou em baixo do seu fogo e achou ento o seu tesouro enterrado. Construiu ento uma bela casa de oraes com o nome: O Shul do rabino Eisik.Ambos tiveram o mesmo sonho arquetpico, porm um s acreditou e partiu para a sua realizao. O pressgio foi o mesmo, a diferena quemfez foi a f. O mesmo se d quando um quadro de Od se configura numa cada e um ebo estabelecido; precisamos agir sem demora, doravante.Bem, voltando ao nosso tn: Diz o mito Yorub, que lrun no estava satisfeito com tanta perfeio sua volta, tudo era eterno no seu mundo inconsciente e com isso, a ociosidade era reinante. Algo precisava serfeito urgentemente para reverter esse quadro. Foi quando teve uma grande idia, que seria sem dvida alguma, o fim daquela situao.Cogitou ento, criar um mundo diferente do seu, mas que fosse tambm uma extenso deste. Seria habitado por seres mortais, passveis de erros e com nveis de discernimento diferentes. Iria criar um mundo consciente, manifesto e cclico, - algo bem dinmico!Convoca lrun, para esclarecer detalhes e estabelecer critrios, osrs e bora no seu projeto, pois cada um deles possua uma caracterstica sua, assim como, um atributo e um princpio seu.Segundo o conto mtico, lrun escolheu ento Obtl, seu filho mais velho, que significa: o rei da pureza tica, que reunia seu princpio ativo-masculino e criativo, assim como o princpio passivo-feminino Oddw, sua contraparte e irmo. Possua Obtl uma naturezaandrgina por excelncia, pois continha essa fuso do estado primordial. Reservou-lhe ento lrun, por suas qualidades intrnsecas, a grande misso de criar um mundo manifesto e consciente, assim comocomandar todos os outros rs nesta importante empreitada.Observem que doravante nem sempre tudo caminhar s mil maravilhas, compreensvel; especialmente se ns considerarmos a ancestralidade dos responsveis por essa misso e que os problemas quefundamentaram essa Criao j estavam nos planos de lrun: a idiade livre arbtrio e estgios de evoluo espiritual.Os rs possuem uma hierarquia maior que os bora por serem princpios comuns a toda existncia, o princpio criativo-masculino e o princpio receptivo-feminino que, em maior ou menor grau, estopresentes em toda manifestao. So denominados rs funfum, porserem ligados ao branco e, nossos pais celestiais, pois personificam o estado original: masculino e feminino, no mbito celeste, ou seja, no mundo das idias e sentimentos; so, pois, a expresso de dois princpios primordiais, que se tornam unos quando justapostos.Devo esclarecer que aqui, a justaposio tem a ver com integralidade e totalidade, no com perfeio conceitual. J os bora so os atributos17

presentes em toda manifestao, envolvendo assim a qualidade da energia, a personalidade e o tipo fsico. So os nossos pais terrenos. Ficando entendido, serem ambos considerados os nossos genitores mticos e terrenos.Obtl, o mais velho, reunia em si todos os princpios necessrios misso de criar um mundo dinmico, chamado Aiy, e habit-lo. Tinhaele a capacidade de tornar visvel o contedo do mundo interior,dando-lhe forma, plasmando-o. Alm de possuir os princpios masculino-criativo e feminino-receptivo, possua tambm o Iw, princpio de existncia genrica, o se, princpio de realizao, e o b, princpio que induz um sentido, um objetivo e uma direo. Ele,Obtl, a qualidade da configurao energtica que antecede o contexto dinmico de cada situao. O contexto dinmico provm des, e sua configurao e manifestao de Oddw. Um idealiza, o outro germina e o outro cria.Faltava a ele, entretanto, para concretizar a sua importante misso, considerar o princpio mais importante para que a Criao pudesse se tornar possvel: s Latop, - o elemento catalisador, que mobiliza,desenvolve, transforma, comunica, faz crescer e coloca todos os outros princpios manifestos em ao; sendo gerador de s Sigidi, s Barb e s Yangi - protomatria do Universo, responsvel por todos os outros s provenientes do Big-Bang. Por estar correlacionado, virem de uma mesma origem e a partir da exploso, separados; continuam correlacionados entre si nas nove moradas, - como princpio dinmicodo Universo.lrun, seu pai, rene-os e passa para ele Obtl, o p-w, saco da existncia, que continha o material mtico e simblico, necessrio para a criao do iy, a Terra e dos ra-aiy, seus habitantes.Nas suas precisas instrues, observou ao seu filho Obtl, serem necessrios certos preceitos para a realizao da grande misso, sendo o primeiro deles a proibio de beber da seiva da palmeira do dendezeiroIgu-pe, chamado vinho de palma, elemento-atributo e genitor da prpria constituio de Obtl, que representa o sangue branco vegetal.Veremos mais tarde o motivo dessa proibio e suas consequncias, quando no observada com a devida considerao. A segunda instruo que Obtl busque os fundamentos necessrios Criao comrnml, o sacerdote que detm o princpio do conhecimento, poisrepresenta a Vontade do Pai, revelada atravs do sistema f.Logo aps as recomendaes do seu Pai, Obtl foi procura de rnml Bb If para saber os desgnios da sua misso, mas ao passar por Oddw, seu irmo no lhe deu a menor ateno, ignorando-o. Ele sentindo a sua indiferena, avisou a Obtal que s o acompanharia18

aps ele realizar suas obrigaes rituais a s, de acordo com o que fosse estabelecido pelo orculo If.Aqui, Obtl ao tomar conscincia de sua importncia e da sua importante misso, de forma unilateral, torna-se soberbo e vaidoso. Sua avaliao agora apenas intelectual, desconsiderando a sua contrapartefeminina, sentimental e emocional, - Oddw, sua anima.Precisamos saber que, em Obtl, sua contraparte, - sua alma, precisa de um momento de considerao, reconhecimento, recolhimento e avaliao interna, isto , contatando-se internamente, verificando os seus verdadeiros desejos, e sentimentos. Ou seja, Obtl precisava naquele momento resgatar a sua polaridade feminina, to importante para que asua misso desse certo. Assim, perderia a angstia de estar separado de si mesmo, tornando-se silencioso, meditativo, consciente do seu ricointerior e aberto vida. Oddw personifica o que ele no admite, no reconhece e que, no entanto, sempre se impe a ele, direta ou indiretamente. a sua personalidade oculta que tem um valor afetivo negativo, em virtude dele se contrapor com seu ego aflorado e inflacionado. agora, aquilo que ele recusa reconhecer nele por ser seuoposto, incompatvel com as suas ambies egticas.Obtl no sabe que quanto menos ele a incorporar sua vida, negando-a, mais escura e densa ela ser. Assim, se tornar uma trava inconsciente que frustra seus objetivos e intenes. Nessa aparente dicotomia dos dois eus, a ocorrncia se d porque Obtl no toma conhecimento do outro de forma consciente, chegando mesmo a negar asua importante existncia.Obtl inteiramente Criativo, enquanto o rumo do destino natural se encaminha para sua meia-noite, as suas foras ativas e criativas insistem em permanecer despertas, entretanto. A luta com Oddw representa o destino de mutaes inevitveis e o ego de Obtl tende a permanecer vivo e definido, apesar das circunstncias. Segundo Carl Gustav Jung: Onde o amor impera, no h desejo de poder; e onde o poder predomina, h falta de amor. Um, a sombra do outro.Depois de muito tempo destinado aos preparativos da consulta ao orculo If, rnml abre a mesa de jogo com o signo Od-If responsvel pela qualidade-momento daquela misso, - j Ogb, o Od da vida, que simboliza o princpio masculino, rege o sol, o dia e a abbada celeste. Foi aquele que recebeu a incumbncia de administraruma parte do Universo, o Oriente. responsvel pelo movimento de rotao da Terra. Ele controla os rios, as chuvas e os mares, a cabea humana e as dos animais, o pssaro Ieklek consagrado a sl, o elefante, o co, a rvore Irko e as montanhas. A Terra e o Mar pertencem a este signo, assim como todas as coisas brancas pertencem a ele. Rege o sistema respiratrio e tem tambm, sob suas ordens, a coluna19

vertebral, todos os vasos sanguineos, apesar do sangue pertencer a OsMej.Para que tudo desse certo, segundo o orculo If, Obtl deveria fazer um sacrifcio-oferenda a s Elgbra, o princpio dinmico que faltava e que era necessrio misso da Gnese.Tudo parecia favorvel, caso o consulente Obtl tivesse considerado a recomendao do sacerdote, fazendo a oferenda recomendada a s Elgbra, Senhor do Poder do Corpo, filho de rnml e Yebru e, companheiro inseparvel de gn.Ao ouvir a recomendao do seu sacerdote, Obtl ficou indignado! Ter que fazer oferendas sagradas para s era para ele uma humilhao.No via a menor necessidade de fazer os sacrifcios propiciatrios recomendados para que a sua misso tivesse xito. Era como se tivesseque renunciar aos seus poderes e direitos, e agora, tivesse de reconhecer os dele.Ora, s o princpio da existncia diferenciada, em consequncia de sua funo de elemento dinmico e catalisador, que o leva a propulsionar, desenvolver, mobilizar, crescer, transformar e comunicartudo o que era necessrio Criao de um mundo manifesto e cclico, segundo a Vontade de lrun.De acordo com o mito, rnml ou Adjgunal, seu conselheiro, o advertiu dizendo que o orculo no se equivocava e, que cabia agora a ele Obtl cumprir o veredicto ou manter a postura precipitada que tinha tomado, arcando naturalmente com as consequncias... Ou Obtlserve a Olrun, seu Self ou a seu ego, o gerador da crise. Ora, sabemos que o ritual nosso instrumento para fazer uma sntese das polaridades da realidade humana. a arte que consegue unir nossas duas metades. Oespiritual precisa ser unido nossa natureza terrena mtica e ancestral. O esprito masculino que est to abstrado na teoria precisa ser ancorado na feminina alma terrena, para poder se manifestar e tornar sagrado o que sagrado.Quem poderia imaginar que Obtl fosse ficar inflado e cheio de si, a ponto de no considerar a sua alma mtica, contraparte Odduw e no querer fazer as oferendas propiciatrias e sagradas a s?Sabemos agora de antemo, que Obtl criou dois problemas antes de partir: primeiro o de no ter levado em considerao a sua alma aparticipar da sua misso numa posio de destaque, considerando-asagrada e especial para fazer germinar o seu poder criativo masculino. Como consequncia, foi seduzido pela carncia dela, pois ficou mal- humorado, sentindo-se desprestigiado ao ter que considerar s. Em segundo lugar, isolou o ego em relao ao inconsciente, ao no consider-lo, pois em cada ser, masculino ou feminino, este princpio dinmico est presente e sua funo de atuar como um psicopompo -20

aquele que guia o ego ao mundo interior e que serve de mensageiro e mediador entre o inconsciente e o ego.Esse isolamento do inconsciente sinnimo do isolamento da sua alma irm Oddw, da vida do esprito. Deveria saber que qualquer elemento seu interior deve ser reconhecido, honrado e vivenciado emum nvel apropriado. Sentia-se supervalorizado com a escolha feita por seu Pai entre os demais, o que j uma possesso psicolgica perigosa.Quando agimos com um nico lado da nossa polaridade, enveredamos pelo caminho errado. Para gerarmos um ato criativo psicologicamente saudvel e produtivo temos que solicitar a aprovao dos opostos. Acabea precisa do consentimento do corao, o ego, do Self, o espiritual, do fsico, a anima, do animus. Atos desequilibrados trazem comoconsequncia sempre um desastre em seu rastro.Como Obtl trocou o amor para servir pelo poder, devido ao seu eu interior ainda imaturo, sofre o efeito desse ego dominador, por atribuir- se mritos que ainda no possui, acreditando ser credor de todas as benesses que lhe foram concedidas, anelando sempre por mais poder erecursos que no o plenificam.Temos sempre que enfrentar problemas como este, focalizando a nossa energia psicolgica atravs de um ritual, um trabalho interior ritualizado. Como no conhecemos o problema, ainda conscientemente, precisamos personific-lo no smbolo materialmente, trazendo mente as imagens e conversando com elas com seriedade.Personificar o problema , atravs do ritual da consulta ao orculo, procurar no Od com o seu signo o tan e o seu caminho - es, que vai represent-lo no smbolo, procurando saber quem so, o que querem,deixando fluir os sentimentos ao conversar com essas personalidades interiores. Depois, faa o ritual de oferenda: oferea um sacrifcio causa do problema, pretenso, depresso ou a qualquer ideal. Isso, ritualmente, o que Obtl deveria ter feito: despachar s. Isto ,dar atendimento prioritrio e consciente ao ideal imaginado e desejado, atravs de um ritual fsico e propiciatrio, representado fisicamente no smbolo.A batalha travada com a sombra, portanto, contnua. Quando se ama, se respeita e se atende aos compromissos em servir, a sombra perde aoportunidade de interferir, mas quando se reage, mantendo o egoaflorado egoisticamente, a sombra triunfa.Em Josu 6, um texto bblico do Antigo Testamento, esta experincia est explicita, quando Jhav orienta ao fiel Josu que faa um ritual sistemtico durante sete dias, para que as muralhas de Jeric viessem a ruir e, ela fosse tomada por assalto.21

S que dentro dessa muralha havia uma prostituta de nome Raabe, que no poderia ser morta, pois ajudara aos mensageiros de Josu. Como podemos ver, Deus nos recomenda dar voltas em torno do problema, consultar nossas personalidades interiores pedindo sua ajuda, sem preconceitos morais, at aparecer uma soluo, ao invs de ficarmos dando voltas em torno de Deus porque temos um problema.Obtl o andrgino dos tempos imemoriais. Podemos assim definir esse ser a partir da criao dos seres. Como um smbolo da energia psquico-primitiva e indiferenciada, to logo essa energia assume uma identidade egtica e comea a criar o seu prprio mundo. Oddw princpio feminino, mas Obtl logo se volta contra o seu irmo earrogantemente declara a sua independncia em relao ao mistrioinconsciente do qual ele surgiu. agora um ego alienado, definidopelo seu prprio sentido de identidade. Essa entidade psquica afasta-se da sabedoria de Oddw, que representa a sua alma contida no inconsciente e se declara criador e regente por direito, de forma unilateral. Ela o seu plo oposto, um princpio receptivo, a disposio de se deixar conduzir, de esperar o momento certo, a forma adequada para poder reagir ao impulso do seu irmo Obtl. Com ela, as coisas possuem uma forma e um espao para acontecerem.Ela a voz interior de Obtl, que d a forma digna de confiana: quando, onde, e como ele deve agir. Ela no separa e nem avalia, como seu irmo Obtl, porm sabe que s com a unio dos dois, resultar no todo - a Vontade do Pai revelada.Sabemos, entretanto, que Obtl no teve a menor considerao com esse importantssimo detalhe.Um psiclogo junguiano chamado Edward Edinger descreve da seguinte forma esse fenmeno: Todo tipo de motivao, de poder, sintoma de inflao. Sempre que algum age movido pelo poder, a onipotncia est implcita; mas a onipotncia um atributo apenas de Deus. A rigidez intelectual que tenta equacionar sua prpria verdade ou opinio com averdade universal, tambm inflao. a presuno de oniscincia. Todo desejo que d sua prpria satisfao um valor central que transcende os limites da realidade do ego e, em consequncia, assume os atributos dos poderes transpessoais.Obtl no desejava partilhar com ningum esse direito e essa escolha,reduzindo-se ao no se integrar sua contraparte Oddw, atravs de s. Com isso, perde a sua unidade original encontrando em si s unilateralidade, em vez de clareza. Sem saber, mata a sua ltima oportunidade de realizao, pois ao lutar contra s, que aqui representa o seu instinto de preservao e mobilizao, acaba transportando uma quantidade maior dessa energia para si prprio, como ego.22

Deveria saber que esse ego tem que estar a servio do seu Pai, seu Eu Superior - Oldmar, e que no devia reprimir s, pois assim ele se tornar agressivo e descontrolado, passando agora a ser sua sombra, - por ser o lado negado e negligenciado.Ao desconsiderar sua alma Oddw, Obtl usou apenas o intelecto, pois pensou sobre a importncia que passara a ter, fez uma apreciaointelectual a respeito, no considerando a falta de um sentido dejulgamento, no sendo ento conferido por ele Obtl, um valor real. Com isso, no houve um envolvimento total em si.Sabe-se, que o ato de pensar bem diferente do sentir, que dar valor a um sentimento. No soube manter um relacionamento satisfatrio comsua alma, Oddw, com os seus sentimentos, tanto que, segundo o conto mtico, Oddw queixa-se com o seu pai Oldmar por no terdado a ele uma participao honrosa na presente misso. Acredito que tenha sido proposital, pois aquele que no consegue harmonizar os dois polos em uma totalidade, invariavelmente faz-se vitima das expresses desorganizadas dos sentimentos, induzindo o ego emoes fortes e descontroladas.Caso Obtl tivesse feito a oferenda a s, teria usado esse poder masculino para abrir caminho no mundo adulto, tornando-se vitorioso, fazendo-o forte o suficiente para no ser vencido pela ira e pela arrogncia. Agora, tudo o que Obtl deixou acontecer interiormente, acontecer exteriormente, em contrapartida a essa sua atitude de carncia e arrogncia.O que o mito nos mostra que tanto a genialidade quanto a criatividade, so manifestaes da sua alma, Oddw, que lhe d a capacidade de dar a luz. A sua masculinidade permitir-lhe- propiciar apenas a formaao que faz nascer de si, no mundo exterior e manifesto. Obstinado, Obtl resolveu assim mesmo, preparar a comitiva de rs-funfum para essa jornada, como se fosse um jovem que descobre e impe a sua masculinidade a qualquer preo.Ornml j sabia o que iria acontecer, pois conhecia o poder do seu filho s Elgbra, assim como sabia que no poderia intervir naquilo que Oldmr, seu pai, chamava de livre arbtrio e estgios de evoluo.Segundo o nosso tn, Obtl salvou o jogo, isto : retribuiu com umpagamento o que recebera como aviso e pressgio para a realizao da sua misso, sem dar considerao alguma s recomendaes recebidas, saindo imediatamente para preparar e reunir a sua comitiva, pois tinha muitas tarefas para cuidar.O caminho na-rn era longo, rido e desconhecido para ele e como no podia deixar de ser, o sol era inclemente. O Od j Ogb tem o sol como regente principal, logo, sabe-se o que se podia esperar.23

Os rs no esto acostumados ao sol e ao calor e tinham no seu comando, o teimoso Obtl, que os liderava com todo o af. Todos j no aguentavam com sol quente, calor e sede e j pensavam em desistir por causa de tanto sofrimento e desconforto.s, enquanto isso, j tramava uma retaliao, pois o momento se apresentava o mais propcio possvel para pr em prtica o plano queplanejara com Oddw.Pegou o seu cajado chamado ogo, que tinha o poder de bi-locao, e colocou-o a girar acima da sua cabea, com a finalidade de colocar-se frente da comitiva de Obtl. Isso foi logo realizado, para que no passo seguinte, fsse criar uma frondosa palmeira chamada Ig-pe, umaqualidade de dendezeiro bem frondoso e bonito.A estratgia de s era chamar a ateno de Obtl para um osis, e como consequncia natural, a gua estaria presente para matar a sededos rs-funfum.Dito e feito. Logo Obtl o avistou e tratou de correr com o grupo naquela direo. Porm, ao chegar ao local, percebeu que estava enganado, pois no havia o menor indcio de gua naquele lugar. Tudono passara de uma projeo sua, uma miragem, j que estavaobstinado e desesperado de sede.Irado e frustrado, no pensou duas vezes, cravou o seu cajado, opsn, com toda a sua fora no tronco de uma palmeira, quando a percebeu que logo escorreu um lquido incolor pelo furo que fizera. Pegou a sua cabaa e comeou a aparar o precioso e oportuno lquido, tratando debeber at aplacar a sede. Acabara de cometer o segundo desatino, que seu Pai tanto recomendara evitar.Sabe-se que esse lquido tem grande poder alcolico e efeito imediato. uma bebida chamada em, um vinho de palma muito forte, que fora proibido de ser ingerido por seu Pai, antes de iniciar a jornada. Era uma recomendao, pois representa um atributo da sua prpria constituio, ou seja, estava proibido de beber de si, ficar ensimesmado, ou cheiode si.Obtl estava agora completamente embriagado e impossibilitado de prosseguir viagem, inviabilizando assim a sua misso.Tentou, mas foi logo vencido por aquela embriagus, deitando-se em total abandono e sono profundo. Todos, no comeo, tentaram em voacord-lo, mas a carraspana foi daquelas.Logo, os seus seguidores comearam a regressar, deixando-o s e cado. Ao seu lado, o precioso saco da existncia jazia cado e abandonado. Oddw vendo quela cena ridcula que ele e s provocaram, aproveitou para pegar o saco da existncia e retorn-lo ao rn. Estavam agora vingados da desconsiderao infligida por Obtl.24

Note que h muito que aprender com o Ig-pe, rvore do conhecimento, smbolo da Gnese Nag Yorub. Na busca pela realizao e na vivncia de uma experincia nova, Obtl prova algo da sua natureza ingnua no seu ntimo, sendo seu processo de conscientizao e caminho de encontro consigo mesmo, depois da sua queda. Ao ser, no entanto impossibilitado por ele, cai embriagado. A partir da conscientizou-se.Quebrou a unidade primordial da sua inconscincia original. Como Ado no Jardim do den aprendeu a se ver como unidade distinta dos demais e do mundo sua volta.Agora, aprender a dividir o mundo em categorias e a classific-lo.Chegou a um sentido de si prprio como indivduo desgarrado do rebanho.Mas ao ter provado do em, saciado a sua sede e provado o seu sabor, jamais esquecer essa experincia, que mais tarde ser a sua redeno, mas que em princpio causou-lhe um impedimento e uma humilhao. O primeiro lampejo ao acordar, ser uma tomada de conscincia sob forma de queda e perda. Mas, se assim no o fosse, como conseguiria terconscincia?A viagem desse nosso heri o padro arquetpico de um proceder que foi tecido e engendrado com essas imagens primordiais e que foi herdado por ns.Interessante notar que Obtl no comea como um ser dotado de total sabedoria, porm, ele amadurece e toma na sua volta uma posturasimples e modesta, entretanto sbia. o processo de crescimento e conscientizao.A princpio um tolo ingnuo, que tenta o novo sem consideraes, pois tem como objetivo a alegria de viver, de juntar experincias. Por causa desta insensatez, corre o risco de agregar mal entendidos.Obtl ter agora que vivenciar um processo, a evoluo da inconscincia pura e ingnua total conscincia de si mesmo, o cair emsi.Potencialmente tudo isso foi necessrio, segundo a Vontade do Pai Oldmar, para o desenvolvimento dos trs estgios psicolgicos do homem que Obtl iria criar. Agora tinha de passar da perfeio inconsciente que antes se encontrava, de ovelha arrebanhada inocente e pura, para a imperfeio consciente a que agora se encontra.Mais tarde, Obtl ir atingir a perfeio consciente, indo ao encontro do seu Pai para servi-lo, resgatando assim a sua unidade. Eu e o Pai somos Um! Caminhou da plenitude da pureza do mundo interior e exterior, ainda unidos, para um estgio em que se d a separao desses dois mundos, denotando a a dualidade da vida, para depois encontrar-se e atingir a iluminao. O que nada mais do que uma sntese25

harmoniosa do exterior com o interior. o que os meus ilustres amigos cristos chamam de caminho da conscincia Crstica, o que os meus amados mestres taostas chamam de caminho do Tao.Infelizmente a sociedade ocidental no entendeu a mensagem de Jesus, pois alcanamos um ponto no qual tentamos prosseguir sem o menorreconhecimento da vida interior, a nossa alma. H um exemplo Bblico que mostra isto, em que Pedro, juntamente com os outros discpulos, aps a ceia, reuniu-se com Jesus, pois o mestre pretendia orient-los sobre a forma como deveriam dar a boa nova. Dizia Ele, que ao falarem aos outros, em Seu nome, deveriam ser o menor de todos, ou seja, - humildes! Pedro, de pronto concordou com ele. Porm, o mestreque conhecia a Pedro, apanhou uma vasilha, colocou gua e foi lavar os seus ps. Pedro ao ver aquela atitude de Jesus, afastou com rapidez o ppara que o seu rabi no se humilhasse diante dele. Jesus chamou sua ateno a respeito do que acabara de orient-lo, pois apesar de concordar intelectualmente com o seu mestre, no tinha na sua alma a mesma concordncia. Tornara-se apenas conceitual a sua apreciao.Agimos como Obtl no incio da sua jornada, como se no houvesse oreino da alma, a sua anima, o inconsciente na morada do Pai. Como se pudssemos viver vidas completas, fixando-nos totalmente no mundo exterior, conceitual, material, intelectual e doutrinrio apenas. Deveramos discernir melhor quando Ele nos diz: meu reino no desse mundo.Acabaremos por descobrir que o mundo interior uma realidade e queteremos de enfrent-lo, apesar de tardiamente, no final dos tempos, ouquem sabe, quando Ele voltar.No sabemos ainda o suficiente. O isolamento do inconsciente sinnimo do isolamento da alma e morada do esprito. A perda da nossa verdadeira vida religiosa resultado dessa separao. Com isso, o mundo que a est o testemunho visvel das neuroses e dos conflitos interiores que no pode ser harmonizado apenas com o intelecto.Aqui estamos testemunhando atravs da mitologia Yorub, o primeiro desenvolvimento desse estgio, o primeiro passo do ser ao sair do den espiritual e entrar no mundo da dualidade.Obtl aqui comea a ser algum por si prprio. Ao ter que assumir essa conscientizao, ter agora que superar a sua queda, sofrimento ealienao. Observe que antes da fundao do mundo houve umsacrifcio e que Obtl foi a oferenda de sacrifcio para que o processo da Criao pudesse vir a se estabelecer.O processo no se completou e ainda est longe de ser completado. Seu relacionamento com o grupo agora est destrudo e ele ainda no se tornou um indivduo para que possa relacionar-se bem com a vida. Sente-se s, culpado e alienado em princpio. E essa alienao que26

exprime bem essa situao. Ele no considerou as advertncias do orculo If, atravs de rnml, sacerdote de Oldmar. Obtl usou sua contra parte, Odduw, sua Anima, na forma de maus humores, queixosa, vaidosa e orgulhosa. Enfrentou tambm s, de forma sombria, agressiva e arrogante, que para ser dominado, precisa primeiro ser reconhecido e considerado e a sim controlado. Foi derrotado por s, psicologicamente no seu interior. Ao acordar com o seu ego prostrado, descobrir que foi vencido por s e Oddw para a sua surpresa. No devia t-los reprimido e desconsiderado. J que o leite foi derramado, no adianta mais queixar-se. Ter agora que tornar o seu ego forte o bastante para no ser vencidos pela ira, arrogncia e mau humor. Por desconhec-la que suas intenes ficaram contaminadas por ela, sendo por isso boicotado, faltando os insights realistas necessrios para que seus projetos pudessem se realizar.Os mestres taostas chineses recomendam-nos que, ao invs de tentar matar essa virtude energtica, deveramos acrescent-la ao ego de forma criativa, para a realizao dos nossos objetivos.Interessante que a religio Yorub tambm adota de forma simblica, esse mesmo princpio, ao despachar s em primeiro lugar, dando adim (caminho) aos nossos ideais.Com o saco da existncia s costas, Oddw sabe que parte da sua trama com s tinha se concretizado. Afinal, algo precisava ser feito para equilibrar o inflado ego de Obtl.Tinha como desculpa a negligncia e a desconsiderao s determinaes dadas por rnml, feitas atravs do sistema If. A lei precisava se cumprir e ele, Oddw, dela fazia parte.Oldmar, ento parte para a segunda fase da sua idia. Chama Oddw, para que d prosseguimento misso que dera a Obtl, e manda reunir o seu grupo, que era composto de bora, o mais rpido possvel.Oddw pede permisso para consultar If antes de partir com o grupo, pois ele precisava saber qual a gide do Od-If, responsvel pela sua misso.rnml, - Elr pn testemunha dos destinos, fez os ors de abertura e jogou o opel sobre a esteira, Oyku Mj! Od-f ligado Morte, noite, e ao ponto cardeal oeste, o poente. a contrapartecomplementar do primeiro signo Od-If, j-Ogb. o ocidente, a morte, o fim de um ciclo, o esgotamento de todas as possibilidades.J que as trevas existiam antes que fosse criada a luz, considerado mais velho que j-Ogb, perdendo, porm o lugar para este, passando ento a ser sua complementao. Oyku Mj introduziu a morte, dependendo dele o chamamento das almas. quem comanda e participa27

dos rituais fnebres. quem comanda a abbada celeste durante a noite e o crepsculo. Tem uma influncia direta sobre a agricultura e a terra em oposio a j-Ogb, que comanda o cu. rnml joga ainda duas vezes mais e alegremente revela a Oddw que o caminho que o Od o conduz o mesmo de Ik, o rs da Morte. Ou seja, ele iria criar um mundo material, perecvel e cclico, aonde, tudo o que viesse a existir teria corpos materiais, com maior ou menor densidade, porm feitos da mesma essncia. A k caber o rito de passagem, de devolver a terra os corpos antes animados pelo Esprito do Pai, o Ipr.Recomendou ainda que ele vestisse roupas negras, em considerao ak e ao iy, o mundo manifesto que ele iria criar. Deu conhecimento a Oddw, de que para que sua misso chegasse a um bom termo,deveria ele dar uma oferenda a s Elgbra.Depois de prescrito o b, Oddw saudou o sacerdote rnml, esalvou a previso do orculo com 16 bzios, como pagamento.Quero esclarecer que Oddw ao ouvir as consideraes do orculo If, no acredita literalmente nos textos, porm, sente o verdadeiro sentido por traz de tudo o que dito. Em outro livro famoso a histriase repete. Assim como Maria, me de Jesus, que ao avisar ao filho que o vinho acabara, ouve o seu amado filho dizer: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda no chegou minha hora. Sua me, porm diz aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. Ela a fonte da inspirao profunda, que brota mais viva, quando decresce a conscincia cheia de critrios, por isso, no considera e nem d ouvidos ao seu conceitoracionalista naquele momento. Quem sabe como ela no ntimo, - faz a hora...Sob as bnos de lrun, Oddw chama s para partilhar de tudo, juntamente com gun, conhecedor dos caminhos, o grande Asiwaj e Ollon aquele que est na vanguarda e aquele que desbrava o caminho. Sabia ela, que sem eles nada se consegue levar a cabo. Segundo o mito, os rs e os bora ficaram escandalizados quandoviram Oddw vestido de preto e com vestes masculinas chegar ao ptio para conduzi-los nessa grande misso.Quanta simbologia interessante a ser observada! A Criao comea no smbolo do renascimento, pois houve sacrifcios de morte antes.Os primeiros passos no caminho de crescimento, porm evocam fortesresistncias do ego tirnico.O desenvolvimento espiritual nunca ocorre sem uma luta gerada pela arrogncia e pelo desejo de poder do ego. Assim, quando s, enviado por Odduw, esconde-se primeiro em Obtal, finalmente se separa dele e torna-se exterior, em forma de uma palmeira, que o representa. agora sua projeo egtica. Odduw, como uma puno interior, permanece como instrutora e inspirao em Obtl.28

Uma analogia psicolgica aparece na importncia do valor da alma, no apenas, enquanto reconhecida dentro da psiqu masculina de Obtl, mas tambm, quando projetada e aparecendo sobreposta em algo material, como a rvore gu-pe. Ela no fsica, um ser etreo e, ainda assim, suas pegadas podero ser vistas, tanto na queda de Obtl, quanto na concepo do mundo manifesto, o iy. Ela tem substncia, o poder que d ao mundo sagrado a matria do smbolo. Ela tira o sagrado do nvel da teoria, do abstrato e da figura de retrica. Ela o torna acessvel no aqui-e-agora para ser tocado, sentido e vivenciado.O mundo de Obtl s se far instantneo e palpvel atravs da experincia simblica e sagrada, que antes ele rejeitara.Algo feito sagrado, no apenas porque o em si mesmo, mas, tambmpela nossa atitude com relao a ele. Ao reconhec-lo e trat-lo como tal, incorporamos seu poder genitor e criativo.Agora, mergulhado em Oddw, sua sombra, esse lado desconsiderado de sua personalidade, se sobressai e passa a impulsionar as aes que esto destitudas de razo, de considerao e compaixo, desnaturadasnas bases dominantes da essncia instintiva.Esse tn maravilhoso nos mostra que a evoluo do cosmo feita de parceria entre Obtl e Oddw, entre Deus e a humanidade, entre o esprito e a alma. O sagrado sempre est presente, o mais prximo possvel. Mas ele s tem o poder de dar significado e valor a nossa vida, quando nos inclinamos humildemente com reverncia e respeito.O mistrio revelado a nossa conscincia, o nosso ato de reconhecimento, pois ele tem o poder de fazer com que as coisas sejam o que so e de tornar sagrado o que sagrado.A maioria das pessoas no mundo ocidental moderno aprendeu desde criana que nada sagrado, nada merece ser reverenciado e que tudo pode ser reduzido posse fsica, sexual, intelectualizada e conceitual. Resta-me perguntar a essas pessoas: como possvel construir aimortalidade da alma atravs das referncias de um corpo mortal?Os pensamentos de Obtl foram considerados pecados pelo pai lrun, porque ele foi posto frente a frente com o que espiritual, sagrado, transpessoal, e tentou trat-lo como se fosse algo conceitual, racional, fsico e pessoal. Tentou reduzir Oddw e s a um acessrio para o mundo do seu ego inflado. Agora ele ir gastar tempo e energiaaprendendo a vivenciar suas personalidades interiores, que se manifestam por rituais simblicos, como realidades interiores dele mesmo.Vejamos agora: Obtl com o seu lado masculino e criativo, perde a oportunidade de comear o processo da Criao, cedendo o lugar ao princpio feminino e irmo, Oddw.29

O signo Od-If, j-Ogb, smbolo da vida, d lugar a Oyk-Mj, smbolo da morte, para que a Criao possa ter incio. a transformao do ego, que ao penetrar no reino do inconsciente, se encontra e se integra com a alma, desistindo do seu minsculo domnio, para viver na vastido de um imprio muito maior. a morte do ego. Observe que desde os tempos primordiais, a morte foi concebida como um visto de sada da dimenso limitada do tempo e espao, para um universo ilimitado e imensurvel do esprito na eternidade. Esta liberao do fsico para o inconsciente um smbolo mais sutil. A liberao do ego dos limites do seu mundo pequeno e dos seus pontos de vista mesquinhos, para um universo interior livre e ilimitado.Sem as vises restritas do ego, que a associa com o fim, a morte um smbolo de transformaes.A morte aqui simboliza um limiar. Ela representa mudana profunda, graas ao fato da conscincia no mais ser dominada por um ego carente e sedento de poder.O eu agora se torna humilde e entrega a direo a uma instnciasuperior, o Si mesmo Oldmar.A nica e verdadeira soluo quem d Oldmar, com uma mudana de conscincia e valores, - com a morte do ego, ou seja, com o sacrifcio de Obtl, do seu velho ponto de vista, e, suas velhas atitudes enraizadas. Para nos libertar das energias krmicas da priso do destino, no podemos ter uma conscincia apoiada nas energias das polaridades, pois, todas essas referncias so apoiadas sobre o corpo mortal e impermanente.Naturalmente o verdadeiro potencial criativo est na profundidade, no reino interior; naquele que Obtl no olhou antes e nem considerou. O que se encontra na superfcie j foi assimilado pelo ego. Agora somente os conhecimentos intuitivos do reino inconsciente, evitado at o momento, rompero as estruturas existentes e possibilitaro novas perspectivas, novas esperanas e novos horizontes. Dentro da filosofia mstica chinesa Taosta: O Tudo Um, e o Zero a me do Um. O grande desafio transformar o Um em Zero. Para isso, necessrio mergulhar no imenso mar do Absoluto, quando o Um deixar de ser ele prprio e passar a ser o Zero que abraa o Um.O Zero o Absoluto; o Vazio a me da Onipotncia. Antes de tudo, oZero j estava presente; depois de tudo, o Zero continuar presente.O Um a Onipotncia, o pai de todas as coisas. Na existncia humana, muitos buscam o encontro com esse pai do poder. Durante a existncia de todas as coisas, o Zero e o Um coexistem no se chocando, mas se completando. Que analogia interessante! Observe que semelhana entre Obtl e Oddw, onde o elemento masculino e criativo precisa har no elemergulmento feminino e receptivo para poder gerar a30

transformao sntese exigida, - o elemento procriado, - o iy e os ara- iy. Por fim, Oddw, rs funfum do branco e princpio feminino, tem que se vestir de homem e de preto para poder chefiar os bora, que passam agora frente dos rs no processo da Criao.O princpio feminino e receptivo Oddw traz o sublime sucesso, propiciado atravs da perseverana devocional. Se ele empreender algoe tentar dirigir, se desviar; porm, se ele seguir o criativo Obtl,encontrar orientao.O branco agora est oculto no interior, representando o esprito imortal e genitor espiritual, o preto, representando a natureza manifesta no exterior, mortal e cclica. A roupa masculina representa exteriormenteOddw, o ser masculino manifesto, o agente imprescindvel Criao.A viagem do autoconhecimento no foi interrompida, apenas tomou uma direo diferente, o aprendizado agora ser feito atravs das experincias vivenciadas no mundo manifesto. Interessante essa mudana, pois agora o caminho para a Iluminao no mais pelas nuvens, pelas ideias ou ideais.Agora ter que estar expresso na realidade simblica da encarnao, atravs da conscincia. E essa encarnao nos fala do paradoxo de duas naturezas: divina e terrena.Outro smbolo de renascimento aparece quando Obtl fura a rvore g-pe com o seu cajado, o psn, uma vara lisa, com apenas uns sininhos na sua extremidade, que representa os mundos ainda unidos eque se transforma agora em outro smbolo mais complexo, o p-sr - cajado que a representao simblica de diferenciao entre o rn e o iy e, que estabelece os diferentes nveis de evoluo entre estes doismundos de existncia. A sua extremidade agora representada por um pombo branco, - Obtl, elemento Criador, smbolo da manifestao do Esprito, que possui agora mais trs pratos metlicos abaixo, espaados entre si, que representam outros mundos habitados, comgraus de densidade material e de evoluo diferentes, a casa do Pai tem muitas moradas. Representa tambm, morte e renascimento real, ritualstico e simblico. A Terra, onde o cajado se apia, o quinto prato, tendo ainda, mais quatro abaixo dela, - rn nsal mrrin, com nveis nferos de espiritualidade, onde habitam as y-m e osAparok. Totalizam-se assim nove rn, rn msn, ou seja, novemoradas.Para ns ocidentais, o grande smbolo dessas duas naturezas em integrao, Jesus, o Cristo, pois nela dito que Deus veio habitar o mundo fsico e o redimiu, tornando-se humano.Simbolicamente, representam que este mundo fsico, este corpo fsico e esta vida mundana que levamos na terra, tambm so sagrados. Significa31

que os demais seres humanos tm o seu prprio valor intrnseco: eles no esto aqui meramente para que possamos perceber refletida neles a nossa fantasia de um mundo mais perfeito, transportando assim as nossas projees de alma.Os mundos fsicos, mundanos e comuns tm sua prpria beleza, suavalidade prpria e suas leis para serem observadas. o da a Cezar oque de Cezar, e a Deus o que de Deus.Acho uma inflao descomunal do ego humano, julgar a criao material de Deus, como sendo algo cado que possa ser melhorado a partir de ns mesmos.Agora que a alma de Obtl est oportunamente reconsiderada,significa a personificao do seu mundo interior, portanto, tenho certeza que ela nos levar a uma jornada por esse mundo, pois ela que expressa o reino mtico e terreno.Observem que os animais sacrificados a Obtl so sempre do sexo feminino, e que a galinha dangola a representao sntese de Obtl e Oddw, pois possui o branco e o preto em suas penas e participou efetivamente da criao do iy.Os elementos signos-smbolo de oferenda estabelecida pelo orculo a s foram: cinco galinhas dangola, com cinco dedos em cada pata, cinco pombos, um camaleo e uma corrente de 2.000 elos para s, alm de 200 caracis igbim, que contm sangue branco, a gua que apazigua - om-r, que seriam sacrificados aos ps de Oldmar. Segundo o relato mtico, Oddw fez as oferendas a s, que ento lhedevolveu uma galinha, uma pomba e o camaleo, retirando apenas um elo da corrente para us-la como adorno. Recomendou ento s, que Oddw soltasse os bichos na metade do caminho e levasse consigo acorrente, pois todos seriam muito teis na misso.Oddw toma um banho, amac de ervas frescas, e vai ao encontro do seu pai lrun, levando os 200 caracis igbin para serem sacrificados por determinao do Sistema If, - orculo de rnml.Feita a recomendao, seu pai lrun lhe devolve um igbin, abrindo o pre-od, almofada na qual se sentava e coloca o restante dentro. Neste exato momento, descobre que havia uma pequena cabaa que continha o elemento terra, que estava faltando no saco da existncia, - o p-w, entregando-o ento a Oddw, para que ele pudesse agoraconcretizar o projeto de seu Pai.Interessante notar que, no relato acima, s, ao receber uma oferenda, restitui de tudo o que comeu para restabelecer a harmonia fecundante, fator de expanso, crescimento e transmisso do agbra -, fora que se propaga de forma inesgotvel, tendo como signo-smbolo o d-ran, uma cabaa de pescoo bem longo. Este poder foi delegado a s Elgbra por seu pai Oldmar.32

Essa uma etapa importante, porque ajuda a integrar a experincia de lrun no inconsciente, na vida consciente e desperta de Obtl, atravs da sua alma irm Oddw. Foi chegada a hora de fazer alguma coisa fsica, um ritual que traga para a realidade do cotidiano de forma poderosa, o significado da Vontade do Pai, que vive no inconsciente.O ritual uma representao fsica do princpio dinmico - s, da mudana de atitude interior, que o inconsciente est solicitando. Este o nvel de mudana que est sendo requisitado por Oldmar. s aconselha tambm Oddw a no falar a ningum sobre o desejo de seu pai lrun e sobre o ritual prescrito, ou seja, no seria uma boa ideiarevelarmos o nosso inconsciente e o ritual, pois o falar tende a pr todaexperincia por gua abaixo, em um nvel abstrato.Voc acaba estragando tudo, pelo desejo de se apresentar sob melhor ngulo, em vez de uma experincia vivida e ntima, termina-se em um bate-papo amorfo e coletivo. Toda verso com intenso foge verdade.O ritual tira o entendimento do nvel puramente abstrato do inconsciente e lhe confere uma realidade imediata e concreta. uma forma de colocaro inconsciente e seus contedos, no aqui e agora da vida fsica, - no smbolo. So atos simblicos que estabelecem uma conexo entre o consciente e o inconsciente e ele nos fornecer um meio de tirar os princpios do inconsciente e os imprimir luz, na mente consciente. O princpio dinmico s o veculo e mensageiro entre esses dois nveis. Deveramos sobrepujar os preconceitos culturais para melhor nosaproximarmos do inconsciente - Oldmar e respeitarmos os rituais, nos desligando de certos preconceitos arraigados e racionalistas. Acreditam algumas pessoas que os rituais nada mais so queremanescentes de um passado supersticioso ou de crenas religiosas profanas ou fora de moda. Com isso, ficamos empobrecidos ao abandonarmos aquilo que nossos ancestrais tinham como parte natural de sua vida espiritual cotidiana.O psiclogo junguiano Robert A. Johnson assim diz: Nossa nsia instintiva para o ritual expressivo permanece nos dias de hoje, mesmo tendo perdido o senso do seu papel psicolgico e espiritual em nossa vida.Oddw, ento reuniu o grupo de bora liderados por s, gn ess, que j conheciam o caminho para o rn ks, lugar onde lrum determinara para a criao do iy, mundo manifesto. Juntamente com todos os outros bora:syn, Omolu, sumr, Nana, rk, sun, Ymj, Ynsn, Sng, Oba, Iyewa, Lgun de, Ibji e egun Elbaj, dirigiu-se para o lugar onde havia um pilar de ligao, chamado p-rm-on-iy.33

Oddw parou e viu que era exatamente ali o local indicado, onde, por obra e graa do seu Pai, tudo comearia.Enquanto tudo isso ia tomando forma, s e rnml conversavam sobre os grandes fundamentos que estavam por trs de todo aquele trabalho, que se realizava atravs de Oddw.rnml fazia chegar ao conhecimento de s, a qualidade dos dois signos-smbolo ods, que se apresentaram mesa do orculo, quando Oddw foi se consultar. Dizia ele para s, que logo aps Oyku Mj ter apresentado os seus desgnios, jogara mais duas vezes. O primeiro Od a se apresentar fora d Mj e que corresponde posio Norte dos pontos cardeais, representando o aprisionamento do esprito matria para que a vida possa se tornar manifesta e surgir no mundo o que estava sendo criado.Com isso, os rs teriam tambm que abdicar de viver para sempre no rn. Agora, nesta primeira fase, viveriam da forma espiritual como ainda se encontram, mas aps a concluso dela, iriam tambm possuir um corpo material, denominado Ar, desta mesma matria que Oddw estava usando na confeco do mundo, sujeitando-se s suasnecessidades inerentes.Explicava rnml a s, que uma vez presos aos corpos materiais, no havia meios de regressarem rn, a no ser que o seu tempo estivesse terminado no iy. Explicou tambm, que os rs, por representarem uma fora universal, seriam os genitores divinos, e, os bora, matria de origem dos seres humanos, quando Iy-nl, a Terrafosse criada.O segundo Od que se apresentou mesa do jogo, - wr Mj: representa o ponto cardeal Sul, e representa o caminho do esprito. quem determina sua liberao do jugo da matria, dando liberdade para o esprito voltar ao rn, desligando-se assim dos corpos que iro compor esses seres, chamados humanos.Esses corpos, segundo o tn, so quatro: fsico, emocional, mental eespiritual. Sendo esse ltimo denominado pnr, partcula divina e imortal que pertence ao pai lrun. Os outros corpos: Ar (corpo fsico), Ojj (emocional), e por fim m (mental) foram criados em coparticipao com a Terra, atravs da lama (eerpe), matria prima que ku, o rs da Morte, retirou para a confeco do ser humano, entregando-a a Oldmar. O outro era que rsl, Olgama e Bab Ajl, o modelassem segundo: Nossa Imagem, conforme a Nossa Semelhana. Depois ento, sopraria o Seu hlito divino, o em, sopro de Oldmar, - o ar da vida.Explicou ainda, o sbio sacerdote a s: todos tero um corpo que se chamar ar e o que dar vida a esse corpo ser o em. A individualidade34

ser dada por or, a cabea e a qualidade-momento do nascimento determinar o od.Quando o ser humano morre, eles retornaro sua origem, - axex.O corpo voltar para y-nl, de donde foi tirado juntamente com o emocional, o ar, e voltar para a atmosfera, - smm. Or retornar aoOk pr, lugar de origem do seu as individual, seu genitor divino, rs. Ornml, conta tambm a s, que esses primeiros seres, j ancios, - gb, ao morrerem, seus espritos passariam a ser Ok-run, ancestrais, ou Irnmal-ancestre. Os seus descendentes-filhos, Irnmal- Omo ancestre, seriam chamados egun, explicando assim, o conceito de tnwa, de muitas reencarnaes, que retrata na verdade, a continuidadeda vida atravs dos seus descendentes. Alguns desses Irnmal Omo- ancestres, gns, depois de muitas vidas em diferentes corpos, serevoltariam e criariam uma confraria denominada Egb rn Abiku, pois no estariam dispostos a passar as provaes espirituais na Terra, provocando assim a sua prpria morte prematuramente.s estava interessadssimo com o relato feito pelo seu sacerdote, quando todos interromperam a conversa deles.Acho importante, mais a frente, explicar melhor o conceito yorub, atnw, pois existe uma grande confuso a respeito. Muito diferente de transmigrao budista e reencarnao esprita Kardecista, ainda assim, considerada semelhante, no que um grande engano.35

Segundo Captulo

A Concepo

Todos os bora dirigidos por Oddw dirigiram-se para o rn ks, lugar onde estariam diante do p-run-on-iy, pilar de ligao entre o rn e o espao, onde o iy seria criado.Os bora ficaram aterrorizados com o que viam. Eram trevas e escurido absolutas!Em sinal de profundo respeito e reverncia, ao lado misterioso e desconhecido do pai Oldmar, prostraram-se ao solo humildemente.Oddw levantou-se e comeou a dar incio ao projeto do seu Pai. rnml, ento explica para s as funes desses espaos criados.Aktl, dimenso e orientao; Orsunr, noo de tempo; Olmtutu, a essncia da gua e sua umidade; e Agbnid a energia do fogo, essncia de Oy. Gisle Omindarew Crossard.Segundo o tn, ele chamou snyn e Aroni, o ano perneta, para que achassem para ele uma cabaa bem grande, cortassem ao meio e acolocassem sua disposio.Observem que a cabaa, smbolo da separao e da dualidade do mundo que estava sendo criado, precisaria ser cortada.Logo o smbolo do Igb-Od, uma cabaa com os seus dois gomos, foram cortados ao meio por syn e Aroni, separando o lado superior do inferior. De agora em diante, ao unirmos as suas duas metades, umalinha divisria aparece, dividindo o espao no acima, superior e espiritual; no abaixo, inferior e terreno. Essa linha, ao se posicionar na manifestao, resulta na dualidade polar.Separado est tambm o principio masculino do princpio feminino. Simbolicamente esse momento tambm representa o conceito de necessidade, pois o sol no Od j-Ogb estava no nascente oriental e viajou para o poente, no horizonte ocidental. Um quadro de mudana daluz para o polo escuro, at agora negligenciado pelo princpio masculino Obtl, com relao sua contraparte Oddw; como tambm, um momento de mudana que o sol tem inevitavelmente de realizar.Tambm necessrias so as experincias nesta qualidade-momento de caminho.Simbolicamente, o que separa corresponde ao princpio masculino e oque une ao feminino. Igualmente, o trecho do caminho masculino de Obtl, nos separa da origem, ao passo que o trecho do caminho feminino em Oddw, por critrio de escolha feita, pelo pai Oldmar, para nos reconduzir origem.O pensamento masculino separador, diferenciador, analtico e sempre estabelece novos limites, determinando assim diferenas cada vez mais36

sutis, ao passo que o pensamento feminino, anlogo, integral, reconhece e acentua as coisas em comum e extingue os limites anteriormente estabelecidos.Obtl considera Oddw ambguo, porm ele sabe que a realidade complexa demais para se submeter clareza de uma nica frmulainequvoca.O caminho de Obtl nos levou para fora da unidade de origem, para a multiplicidade, em que o ego desperto, em desenvolvimento e, em constante esforo pela clareza, se tornou unilateral; assim, o incio do trecho deste caminho nossa frente, muitas vezes ambguo, nos levar em Oddw aos conhecimentos paradoxais, para finalmente nos levar unidade total e conciliatria. Mas essa mudana de direo estabelecida por Oldmar, que se torna manifesta e necessria, no agrada nem umpouco ao ego de Obtl. Com a maior m vontade, ele desiste de tentar esclarecer e determinar tudo de forma to inequvoca. Em Oddw, sua contraparte, ele estar sempre sendo esclarecido atravs do orculo If por rnml, quais as determinaes do seu Pai, quanto tarefa da Criao. Ter que se deixar ser conduzido pelo Self. Obtldesenvolver a compreenso das suas necessidades e, com isso, compreender que o caminho o obriga ao desenvolvimento e ao crescimento. Agora, ele ser confrontado com experincias palpveis e ambguas, as quais ele dever assimilar para poder amadurecer com sabedoria.A qualidade arquetpica deste caminho a previso do orculo, suadisposio ntima em aceit-lo. a vivncia e as experincias que permitem a cura e o renascimento. O ego precisa estar forte e amadurecer nos primeiros trechos deste caminho. Ele tem de estar solidamente enraizado na realidade exterior e ser capaz de dialogar com as foras do inconsciente, a fim de poder ficar firme no encontro que ir se realizar.Para se manter no longo caminho de realizaes materiais, a conscincia precisa encontrar a posio correta diante do inconsciente. Obtl terde aprender a se deixar conduzir confiantemente por sua contraparteOddw e, sobretudo, no prosseguir em quaisquer objetivos egostas ou gananciosos do eu.Se o ego de Obtl recusar esse exerccio de humildade e, em vezdisso, tentar roubar a fora mgica do inconsciente, - sua contraparte Oddw, por meio de truques, a fim de se apoderar desse poder, ele perde o que verdadeiro e torna-se vtima da sua fantasia de poder, fracassando em sua jornada de volta, aps a sua queda.A Bblia nos conta que o rei Nabucodonosor, ao receber um aviso emsonho, se enalteceu vaidosamente no telhado do seu palcio: No esta37

a grandiosa Babilnia que edifiquei para a capital do meu reino, com a fora do meu poder, para minha honra e glria? Daniel 4:27.Essas palavras ainda estavam ecoando quando se transformou em um animal e deram-lhe grama para comer, como aos bois Daniel 5:21. Quando Oddw assume a direo, mostra-nos que Obtl ter deabandonar, aos poucos, todos os smbolos de poder masculinos e que foram penosamente colocados prova nos trechos anteriores do caminho. O ego, agora fortalecido, ir amadurecendo, mas sedento de poder, precisa reconhecer seus limites e se tornar outra vez humilde e modesto. Antes, precisava fazer experincias, mas agora o desafio ficar sinceramente aberto s experincias. Agora, nada acontece quandoe por que o eu quer, mas quando e por que o seu Pai quer e, o caminho exige.A segunda metade do caminho que se inicia, s pode levar Obtl viso superior, porm somente quando tiver dominado as exigncias negligenciadas da primeira metade do caminho, - suas sombras. Novamente o desconhecido est diante dele.Muita apreenso, medo, h de vir nesta fase do caminho. A soma dassuas possibilidades no vividas e, na maioria das vezes, no amadas ser agora o seu lado sombra. o encontro pela primeira vez com o seu lado feminino Oddw, at ento oculto em sua alma, esprito encarnado.Quanto mais fraco for o seu ego, mais medo ele ter de fracassar na misso, e mais ser tentado em mostrar-se duro para compensar suafragilidade. Em vez de desenvolver uma firmeza interior, ele demonstrar uma dureza exterior, por trs da qual esconde instabilidade e sensibilidade de uma flor.Ter que reverter situao, sendo firme interiormente e flexvel exteriormente, domesticando assim o seu lado instintivo.H pouco, ele acreditava que tudo estava em ordem e sob seu controle... E, agora isso!Jung nos leva a refletir quando diz: No podemos viver tarde da vida com o mesmo programa com que vivemos a manh, pois o que pouco pela manh, noite ser muito.O Criativo conhece os grandes comeos e o Receptivo, completa as coisas, concludo-as.O princpio criativo Obtl produz as sementes invisveis de todo o vira ser. Estas sementes so, em princpio, puramente espirituais e por isso, sobre elas no possvel exercer qualquer ao ou procedimento, o conhecimento que age de forma criadora.Enquanto o Criativo Obtl atua no mundo do invisvel, tendo como campo o esprito e o tempo, o Receptivo Odduw, sua contraparte e irmo, opera sobre a matria distribuda no espao e completa as38

coisas concludas e concretizadas. Aqui, acompanha-se o processo de gerao e procriao at as suas ltimas profundezas metafsicas.O Criativo Obtl , em sua essncia, movimento lento e sem esforo. Atravs desse movimento, ele consegue unir o que est dividido, pois o Criativo Obtl age atravs do fcil, enquanto a sua contraparte, oReceptivo Odduw, age atravs do simples.Como a direo do movimento, o ba, determinado ainda no seu estado germinal do vir a ser, tudo o mais se desenvolve com facilidade, de forma espontnea, segundo as leis de sua prpria natureza.O Criativo Obtl, cuja tendncia dirigir-se frente, o tempo. Porm Odduw no se movimenta externamente, seu movimento interno, o espao. Seu gesto deve ser concebido como uma autodiviso e o estado de repouso devem ser entendidos como um fechar-se em simesmo, por isso no se trata de um movimento orientado para um objeto, para fora. Esta a oposio fundamental que existe no mundo: o princpio Criativo Obtl, a Criao, e o princpio Receptivo Odduw, a Concepo.Perfeita, em verdade, a condio sublime do Receptivo Oddw,pois todos lhe devem o seu nascimento, pois ele recebe e acolhe o elemento celestial com devoo. Assim, perfeito aquilo que atinge o ideal. Isso significa que Oddw depende do Criativo Obtl. Enquanto o Criativo o princpio gerador masculino, ao qual, todos devem os seus comeos. O princpio Receptivo e feminino o que parteja e acolhe em si a semente do Criativo Obtl e d aos seres uma forma corprea, tornando-os Omo-Oddw - filhos de Oddw. Em sua riqueza, ele portador de todas as coisas, sua essncia est em harmonia com o ilimitado. Em sua amplitude, abrange todas as coisas e em sua grandeza, a tudo ilumina e manifesta. Atravs dele, todos alcanam o sucesso. Enquanto o Criativo Obtl protege do alto as coisas e os seres, cobrindo-as com o seu Al, ar divino, furuf, que separa os dois nveis de existncia. O Receptivo Oddw quem os carrega, como fundamento que sempre subsiste. A sua essncia o ilimitado acordo com o Criativo Obtl. Esta a causa do seu sucesso. Enquanto o movimento lento do Criativo dirige-se para adiante, em linha reta, e seu estado de repouso a imobilidade; o repouso do Receptivo Oddw o fechar-se e seu movimento, o abrir-se. No estado fechado, abrange todas as coisas, como um grande seio materno. No estado aberto de movimento, ele d entrada luz do Criativo, com a qual tudo ilumina. Esta a fonte do seu sucesso na Criao, pois manifesta a realizao dos seres. No smbolo, o Criativo Obtl representado por uma pomba branca que permeia o rn. J o Receptivo Oddw, na manifestao do iy, representado pela galinha39

dangola, pintada de preto e branco. Um, o poder e o ideal etreo; o outro a forma e a condio manifesta.Goethe o chamaria de Deus e Natureza. O nosso tn nos d uma idia mais generalizada para designar este par de opostos: run e iy, Obtl e Oddw. Tudo em permanente mutao e movimento.Assim, um elemento da anttese pode ser, por exemplo, o espiritual e o outro, o material. E, dentro do espiritual, um pode ser a faceta intelectual e criativa, enquanto do outro lado, o afetivo e sensvel. Abrem-se assim, infinitas perspectivas entre esses dois princpios genitores.Odduw est ciente que agora tudo o Oceano do Vir a Ser, dentro daquele abismo de trevas criado por seu Pai.Agora, o princpio feminino que assume a direo no caminho, que introduz o princpio masculino nas profundezas do inconsciente, nosmistrios da vida. Nesse caminho de volta, preciso agora praticar a artedo deixar acontecer. preciso realmente participar, pois seja o que for nesse caminho, no mais possvel resolver atravs da reflexo ou de provrbios elegantes, mas somente passando incondicionalmente por essas experincias. ocaminho dos desejos e da misericrdia, no qual no progredimos quando queremos, mas somente quando ele quer