oba 05 web set out 2013

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2 3 4 oram anos que exigiram muita resistência, muito trabalho, Fmuito fôlego e muita sorte! Fundado em 2006, o Teatro Imaginário Maracangalha (TIM) completou sete anos de atuação, tendo a rua, as avenidas, as praças, as encruzilhadas como cenário. Atores que se confundem com o povo em permanente intercâmbio de informações e emoções. O grupo, idealizado pelo ator e diretor Fernando Cruz, tem a marca da resistência, da luta dura, da ternura e do afeto. E, assim, faz enfrentamentos. Trabalha temas sociais fortes como o genocídio indígena, a situação do negro, da mulher, as questões ambiental e cultural, muitas vezes negligenciadas pelo Estado e pela administração e sociedade locais. Soma hoje dezenas de pessoas que desenvolvem um feixe de atividades culturais, traduzidas em arte da e na rua. O Teatro influenciou decisivamente a vida de seus integrantes e da cidade. O Maracangalha e outros grupos que fazem da rua o palco natural da manifestação artística materializam a metáfora Flores no Asfalto, que dá nome a esta edição do Sarobá, porque buscam o direito à liberdade de expressão a céu aberto, legitimando os espaços públicos como lugares de cidadania plena. São flores que brotam no asfalto, resistindo e vencendo a impermeabilidade das leis e das mentalidades que representam o atraso. Flores no asfalto Campo Grande, MS – Setembro/Outubro de 2013 Folhetim do Sarobá Ano I - nº 05 As lentes do repórter-fotográfico Roberto Higa registraram o Sarobá como um momento de muita tranquilidade, paz e integração entre as pessoas que o frequentam. Veja a Galeria Obá na página 02. Integrantes assumem o guarda-roupa do Maracangalha e falam da experiência de participar do teatro de rua. Página 03 A arquiteta Neila Janes Viana Vieira escreve sobre a praça, espaço de cidadania. Página 04 Teatro Imaginário Maracangalha apresenta Areôtorare Olhar sensível Eu sou maracangalha eu sou... A praça é do povo

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Obá, folhetim da ação cultural Sarobá - Campo Grande-MS-Brasil - Setembro/outubro 2013

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oram anos que exigiram muita resistência, muito trabalho, Fmuito fôlego e muita sorte!

Fundado em 2006, o Teatro Imaginário Maracangalha (TIM) completou sete anos de atuação, tendo a rua, as avenidas, as praças, as encruzilhadas como cenário. Atores que se confundem com o povo em permanente intercâmbio de informações e emoções. O grupo, idealizado pelo ator e diretor Fernando Cruz, tem a marca da resistência, da luta dura, da ternura e do afeto. E, assim, faz enfrentamentos. Trabalha temas sociais fortes como o genocídio indígena, a situação do negro, da mulher, as questões ambiental e cultural, muitas vezes negligenciadas pelo Estado e pela administração e sociedade locais. Soma hoje dezenas de pessoas que desenvolvem um feixe de atividades culturais, traduzidas em arte da e na rua. O Teatro influenciou decisivamente a vida de seus integrantes e da cidade. O Maracangalha e outros grupos que fazem da rua o palco natural da manifestação artística materializam a metáfora Flores no Asfalto, que dá nome a esta edição do Sarobá, porque buscam o direito à liberdade de expressão a céu aberto, legitimando os espaços públicos como lugares de cidadania plena. São flores que brotam no asfalto, resistindo e vencendo a impermeabilidade das leis e das mentalidades que representam o atraso.

Flores no asfaltoCampo Grande, MS – Setembro/Outubro de 2013 Folhetim do Sarobá

Ano I - nº 05

As lentes do repórter-fotográfico Roberto Higa registraram o Sarobá

como um momento de muita tranquilidade, paz e integração entre

as pessoas que o frequentam. Veja a Galeria Obá na página 02.

Integrantes assumem o guarda-roupa do Maracangalha e falam da experiência de

participar do teatro de rua.Página 03

A arquiteta Neila Janes Viana Vieira escreve sobre a praça,

espaço de cidadania. Página 04

Teatro Imaginário Maracangalha apresenta Areôtorare

Olhar sensível Eu sou maracangalha eu sou...

A praça é do povo

Quem faz o Oba

(Expediente) Folhetim Sarobá – Órgão de divulgação das ações culturais do Coletivo Sarobá – Ano I, No. 5 – setembro/outubro 2013. Campo Grande-MS.

Editor responsável: Edson Silva (MTb 091) Colaboradores: Leila Nocko, Tainá Mendes Jara, Diogo Gonçalves Rôlo, Roberto Higa, Guilherme Zanchett, Willian Henesse, Moreno Mourão.

Revisão: Ana Cláudia Salomão

Criação, diagramação e arte: Grafiqx

Produção e publicidade: Rogéria Costa, Kássia Rosa

Distribuição: Leandro Mendonça Barbosa

Impressão: Gráfica Qualidade

Conselho Editorial: Bia Marques, Carol Alencar, Edson José de Moraes, Edson Silva, Fernando Cruz, Luiz Katsuren, Norberto Soares, Rogéria Castro Costa, Werther Fioravante.

Fale com o Obá: Rua Júlio Dittmar, 26-A, Bairro São Francisco – Campo Grande-MS – CEP: 79.077-006. Telefones: (67) 3356.7682/ 8187.5609. E-mail: [email protected] /[email protected]

GALERIA

(67) 3026 4830 FRUTOS DO MATO(67)

3346-8914

ATENDEMOS ENCOMENDAS

Aberto de Segunda a Sábado a partir das 16hB A R

PEDRÃO AGUENA

Pelas lentes de HigaPelas lentes de Higa

O Sarobá inscreve-se como um marco importante na vida cultural de Campo Grande (leia opiniões em “Sarobá da diversidade” nesta página). A ação cultural, no entanto, ganha importância e projeção quando registrada por profissionais reconhecidos pelo trabalho que realizam há muitos anos. É o caso de Roberto Higa, nosso fotógrafo-documentarista maior. Eis o Sarobá Liberdade! Liberdade! (julho-agosto) pelas lentes de Higa.

Minc aplaude o ObáA secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do

Ministério da Cultura, Márcia Helena Gonçalves Rollemberg, parabenizou a ação cultural Sarobá pela edição do Folhetim Obá. Em ofício de 16 de julho de 2013, ela comenta: “Parabenizamos pela iniciativa de criação do Folhetim Obá. Esperamos que em breve seja criada uma versão digital para ampliar a difusão por meio da internet”. Então, congratulações a todos que direta ou indiretamente contribuem com a existência da publicação. O Obá desde a última edição circula pela internet em PDF, e a intenção é de que logo seja criada a página no Facebook, conforme sugere Márcia Rollemberg.

O Sarobá ao longo dos quatro anos de realização cativou um público. Marcada pela diversidade cultural e com participação de pessoas de idades bem diferenciadas (de bebês a idosos), a ação cultural agrada e é aguardada, sempre, com muita expectativa. Leia abaixo a

opinião dos entrevistados.

Thiago Alem, 33 anos, músico: É a primeira vez que venho. Tem muita gente da área cultural. É um ambiente muito família, e a lagoa [Itatiaia, local da última ação cultural] ajuda a dar um clima.

Axana Uwimana, 19 anos, estudante: Venho sempre ao Sarobá. Desde a primeira edição. Reúne pessoas de várias idades, gostos, ritmos e idéias. Acho interessante porque as pessoas acabam tendo acesso à cultura do nosso próprio Estado.

João Carlos Portela, 83 anos, aposentado: É a quinta vez que venho ao Sarobá. A festa é muito boa. Tem de tudo. De gosto muito bom. Para mim a música é o que mais chama atenção. De um modo geral eu gosto de todos os ritmos que tocam. Essa mistura toda é muito legal.

Otávio Neto, 38 anos, músico: É um lugar onde a gente respira cultura. Reúne vários segmentos, música, teatro, artesanato. Acho que Campo Grande está deixando de ser uma criança cultural.

Tainara Rebelo, jornalista: No dia 13 de julho (Sarobá Liberdade! Liberdade!) me vi diante de uma manifestação cultural nunca antes percebi-da na cidade de Campo Grande. Juntos em um mesmo espaço estavam dezenas de artistas de rua. Todos espalhados à beira de uma lagoa, com roupas e sons para entreter a quem quisesse ver, o que quisesse ver, seja lá qual fosse a idade. Vi famílias inteiras se divertindo com teatro de bonecos, grupos de amigos dançando e muita, muita gente experimentando um pouco de cada arte exposta, absorvendo sem perceber. Grande iniciativa o Sarobá. Que venha o próximo!

Maria Angélica Chiang, acadêmica de Artes Visuais: participei de outros dois Sarobá: Rodoviária e Praça Cuiabá. É legal a iniciativa de ocupar os espaços públicos. Programa alternati-vo que permite a participação das pessoas.

Patrícia Rassolin, bióloga: É um evento cultural amplo para quem tem crianças. Pode sentar, ler, encontrar os amigos. É um ambiente aberto a todos.

(Entrevistas: Tainá Mendes Jara.Fotos: Diogo Gonçalves Rôlo)

Sarobá da diversidade

Amigos de Eduardo Miranda se mobilizaram e organizaram a campanha “Dudu Livre”, que reivindica a liberdade imediata do ator, ativista social e cultural. Dudu foi preso pela Guarda Municipal durante as manifestações em 21 de junho sob a alegação de ser traficante de drogas. Integrantes de entidades do movimento social e cultural que apoiam o ator consideram a detenção como ação repressiva contra ativistas sociais. Postagens na internet acusam: “Dudu é negro, pobre, vítima de racismo e preconceito social. Existem vários Dudu entre nós”. Como parte da campanha, amigos de Dudu realizaram no dia 7 de setembro manifesto na Praça do Rádio para denunciar a forma arbitrária da prisão do ativista, por meio da arrecadação de livros visando à formação de uma biblioteca que será organizada por Dudu junto ao presídio. Foram arrecadados inicialmente 40 volumes de autores consagrados como Raquel de Queiroz, Aloísio Azevedo, Érico Veríssimo, Lima Barreto, Machado de Assis, entre outros. O Teatro Imaginário Maracangalha e a ação cultural Sarobá apoiam as iniciativas para a libertação de Dudu Miranda.

Liberdade para Dudu Miranda

Bodoquena-MS-Brasil.

[email protected]

O grupo de uma pessoa só transformou-se em coletivo. A seleção de gente para participar de peças teatrais converteu-se em escola de teatro. A convivência diária dos ensaios e as apresentações são experiência de vida da maior

intensidade. A arte teatral com lastro na rua, comprovadamente, é uma forma de resistência aos desmandos do poder e motivo para a mobilização social, além de ser determinante para afiar e afinar o afeto humano, a generosidade, o gosto estético e as posições ideológicas. Assim é o Teatro Imaginário Maracangalha na ótica de seus integrantes: arte e vida.

Maracangalha arte e vida

Alessandra Moura da Silva - Muito prazer e gozo em fazer parte da trupe do TIM. Contemporâneo, político, feito com a rua, com afetivida-de, generosidade. Vida longa! Evoé!

Kássia Rosa - O TIM sempre foi um grupo que admirei devido às atitudes e temas abordados, que me instigavam a rediscutir conceitos já estabeleci-dos em minha formação como pessoa. Hoje, dentro do grupo, redescubro uma profissional e ainda me redescubro como pessoa, fazendo da rua instrumento de pesquisa. Que venham mais sete anos! Evoé!

Camilah Brito - A minha trajetória com o TIM (Tekohá) começou em 2010. A experiência com teatro de rua foi e é muito enriquecedora. Com o Maragangalha eu pude compreender, na prática, o que é fazer teatro com muita pesquisa, além de que o afeto é a base de tudo. Evoé, Maracangalha!

Rogéria Castro Costa - Era um grupo de uma pessoa só: Fernando Cruz. Foi uma explosão na minha vida, com conhecimento de mundo afetivo, profissional, social e principalmente cultural. O grupo aumentou ao ponto de se tornar um “bando” com muitos comparsas. Vida longa ao TIM!

Moreno Pereira Mourão - Viva o Maracangalha! Viva o teatro de rua!

Renderson Valentim - Meu processo com o Maraca foi seguindo a linha das artes urbanas. Em 2006 já era amigo do Fernando Cruz e do Issac Zampieri, que haviam participado do Espetáculo “Em Cena: o Impacto das Ruas”, produzido pelo “Jovens Bons” e “Papo de Rua” (acho melhor aspar os dois grupos para que não pareçam um só), coletivos dos quais também sou idealizador. Esse encontro foi determinante para a formação do meu processo estético e ideológico da arte que eu sempre quis fazer.

Fernando Cruz - São sete anos de resistência. A rua é opção de espaço para pesquisa, estética e encenação. Fazemos da rua nosso espaço maior de diálogo, acreditando que nesse lugar todos têm voz e também a possibili-dade de conviver com as diferenças. Além das pessoas, a pesquisa do grupo também envolve a arquitetura, a história, o relevo, as cores e formas dos espaços públicos abertos e da cidade. Através desse olhar procuramos construir um teatro que fale sobre o ser humano e seu espaço de vida como lugar possível de transformação. Nessa perspectiva encon-tramos “comparsas”, pessoas dispostas a resistir e construir colaborativa-mente a arte pública, a exemplo do Sarobá, Seminário Arena Aberta, Temporada do Chapéu, carnaval de rua, São João, etc. Evoé Baco!

praça é um espaço público por excelência e talvez o mais demo-Acrático da cidade. É na praça que

as pessoas se encontram, convivem, trocam, se manifestam, descansam, praticam atividades físicas, brincam... enfim, como já dizia o poeta, a “praça é do povo”! A praça é um dos elementos urbanos mais importantes da estrutura física da cidade, é o espaço livre, é o vazio, é o verde, é o “respiro”, e, princi-palmente, é pública! Ela não pertence a alguém em especial, a um grupo social ou à prefeitura, ela é de todos, e cabe a nós o seu usufruto. Assim como a cidade, ela é plural, é múltipla, é multifacetada! É nela que encontramos a diversidade: pessoas de todas as idades, de todas as cores, raças, credos e culturas.

Ao longo da história das cidades, a praça desempenhou vários papéis para a sociedade, do lugar para se cultuar os deuses, ao local de discussão da vida pública, como as ágoras na Grécia antiga, depois o espaço do comércio, como as praças-mercados na Idade Média, e também se tornou o centro cívico onde aconteciam as manifestações políticas. A praça é o cotidiano, o local do encontro, do namoro, o lugar de brincar, correr, pular, tomar sol, o lugar de sentar à sombra e só observar, talvez até tirar um cochilo. E, nos dias atuais, em que as atividades físicas necessitam de espaço, novos elementos passam a compor a praça: quadras de esporte, pista de caminhada, academia ao ar livre e outros afins.

Ao assumir novos papéis, a praça também passou por transformações na sua forma. Praças grandes ou pequenas, largas ou estreitas, retangulares, redon-das... qual é o melhor tipo? Não existe uma regra específica, depende das funções para o qual ela foi projetada. O que de fato importa é o uso que lhe é conferido pela população, a forma como as pessoas se apropriam do que lhes pertence por direito! A vitalidade da praça está diretamente ligada ao seu uso. Quanto mais diverso e plural ele for, mais saúde tem o espaço público. No decorrer das suas metamorfoses, a praça não deixou o seu papel principal, o de ser o palco das manifestações humanas, e o homem, como um ser social e cultural, se manifesta com a sua cultura.

Dessa forma, a praça é, na sua essên-cia, um equipamento cultural onde os sentimentos, as sensações, o real, o lúdico e a fantasia se encontram e se materializam em prosa e verso, dança, música, teatro, artes plásticas e tudo mais que a imaginação abarcar. Portanto, cabe ao gestor público a viabilização e democratização desse espaço por meio de um projeto que contemple as múlti-plas possibilidades de uso, a flexibilidade de funções e a oferta de infraestrutura adequada para que todos os segmentos sociais e culturais usufruam dela em toda a sua plenitude.

* Neila Janes Viana Vieira - arquiteta urbanista, mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Campo Grande, MS – Julho/Agosto de 2013

A praça como equipamento cultural

Seminário Arena Aberta - "Teatro a céu aberto”Dia 13/09/13Local: Sede do Teatro Imaginário Maracangalha: Rua Júlio Dittmar, 26 A – São FranciscoGrupos convidados: Circo do Mato, Flor &Espinho, Teatral Grupo de Risco, Teatro Imaginário MaracangalhaExposição: Lançamento “Homem peixe” - Vinícius IbanhêzLançamento da 5ª. edição do Folhetim Obá

Festa/SarauDia 14/09/13Local Orla Ferroviária (em frente ao Hotel Gaspar) – Av. Mato Grosso esq. Av. CalógerasMúsica:- Irene e Irany - As Irmãs Vai ou Racha- Os Walquírias- Augusto Paulista e Júlio Prodigy- Alien Sputinick- Sarau Livre

Programação

SAROBÁ FLORES NO ASFALTODança:- Capoeira Roda de Bamba- Projeto CorpHomem na Dança Teatro- Cortejo Imaginário Maracangalha com figurino de Fábio Maurício- Intervenção- Caminho de ferro - Isac Zampieri e Tiago MouraCenografia de palco: Rafael MarecoVaral de poesia: Lu TannoLiteratura: Tânia GautoAudiovisual: T‘amo na rodoviária e TranscineArtes Visuais- Instalação - Flores do mal - Ghva e Estúdio Vespa- Performance - SN - Thiago Silva e José Henrique YuraFolhetim Obá – Distribuição da 5ª. ediçãoCasa da Ciência- Observação do céuFEIRA DE ARTESANATO/ ESCAMBINHO/ BOLICHO LOBIVAR MATOS

ampo Grande revelou nos últimos anos iniciativas artísticas que mostram a importância da ocupação dos espaços públicos. O teatro de rua marca presença Cforte e isso é que leva a ação cultural Sarobá a propor o diálogo entre coletivos. O

seminário Arena Aberta propõe, assim, o tema “Teatro a Céu Aberto” que reunirá, além do Maracangalha, o Circo do Mato, Flor & Espinho e Teatral Grupo de Risco.

Segundo o diretor do Teatro Imaginário Maracangalha (TIM), Fernando Cruz, anfitrião dessa boa conversa, “a discussão sobre os espaços públicos está pegando. A ideia é saber como os grupos de teatro estão vivenciando a prática da ocupação e como isso pode ser fortalecido pelo trabalho conjunto. “Existe o cerceamento dos espaços públicos. A população sente-se enjaulada e percebe a necessidade de buscar arte, cultura e lazer na rua”, afirma o diretor do Maracangalha.

Arena Aberta

Teatro a céu aberto

“A prosa poética de Luciene lembrou-me a escola existencialista de Jean-Paul Sartre, que vê a solidão como essência do ser humano”. Quem analisa a produção de Lu Tanno é a escritora Raquel Naveira, a partir da leitura de fragmentos do livro Nonsenses e Instruções para o amor e para a morte. A obra provoca e questiona as convenções sociais e morais para pregar o não-senso. Lu Tanno é a convidada do Varal de Poesia Lobivar Matos nesta edição primaveril. Conheça trecho do livro e visite o Varal no dia 14 para ver mais:

O nonsense de Lu Tanno

A realização do Sarobá na Orla Ferroviária nos remete a lembranças da nossa própria história, particularmente o advento da Ferrovia Noroeste do Brasil, ramal da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que liga Bauru (SP) a Corumbá (MS), à Bolívia e ao Peru. Velho sonho da sociedade moderna de unir comercialmente o Atlântico ao Pacífico, com entroncamento em Campo Grande, passando também por Ponta Porã na fronteira com o Paraguai. No início do século passado, a ferrovia mudou os rumos econômicos e culturais desta terra produtiva, tirando-nos da dependência dos comerciantes platinos pelo Rio Paraguai, agregando valor à nossa produção agropecuária e extração mineral, permitindo a exportação e integração com os demais estados brasileiros, países Andinos e de além mar. (Norberto Soares)

A orla ferroviária, cenário do Sarobá

Varal Lobivar Matos

“A estética prevalece

à ética.

Minha ética com ele era

jamais me afastar. Mesmo

depois do orgasmo os corp

os

permaneciam em conjunção

por horas a fio. Seu dorso

sobre o meu como no quadro

da Tarsila, como um animal

qualquer de monta e seu

dono” (Nonsense XIII).