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* TAMO LÁ! * 1 SET E OUT/2014 SETEMBRO E OUTUBRO DE 2014 Nº5 ANO 1 GRATUITO AS COTAS NA UFRGS – 6 ANOS DEPOIS – resultados e desafios DICAS A segunda parte da aula inter- disciplinar de Literatura e História sobre as leituras obrigatórias para o vestibular 2015, no Programa Convivências Restinga, estão neste número. Aproveite! PÁGINA 6 EXPERIÊNCIA PÁGINA 3 PÁGINAS 4 E 5 Daiane Moraes, do DEDS, mostra como surgiu a UFRGS enquanto um campus de ensino e como passou a fazer parte da memória e do patrimônio cultural dos porto-alegrenses e do Rio Grande do Sul. O Restinga REDSKULLS, que tem hoje em sua equipe 50 atletas, acredita que o futebol americano é um esporte democrático que fun- ciona como ferramenta de transfor- mação social. COMUNIDADE PÁGINAS 7 PÁGINAS 8 FUTURO Uma análise de Edilson Nabarro, da Coordenadoria de Ações Afir- mativas, sobre a implantação do sistema de cotas na UFRGS, revela o avanço na ocupação das vagas nos cursos de graduação, assim como a necessidade da expansão do direi- to ao ingresso no ensino superior para 40% em 2015 e 50% em 2016. Duas trajetórias de educadores de cursinhos populares, Stéphani, do Esperança Popular e José Claudio, do Zumbi dos Palmares, revelam a responsabilidade e o prazer que vão sendo descobertos durante a caminhada. JORNAL setembro outubro.indd 1 06/10/2014 08:29:15

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5ª edição do "Tamo Lá", jornal do cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga

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Page 1: TAMO LÁ - SET/OUT

* TAMO LÁ! * 1SET E OUT/2014

SETEMBRO E OUTUBRO DE 2014Nº5 ANO 1 GRATUITO

AS COTAS NA UFRGS – 6 ANOS DEPOIS – resultados e desafi os

DICASA segunda parte da aula inter-

disciplinar de Literatura e História sobre as leituras obrigatórias para o vestibular 2015, no Programa Convivências Restinga, estão neste número. Aproveite!

PÁGINA 6

EXPERIÊNCIA

PÁGINA 3

PÁGINAS 4 E 5

Daiane Moraes, do DEDS, mostra como surgiu a UFRGS enquanto um campus de ensino e como passou a fazer parte da memória e do patrimônio cultural dos porto-alegrenses e do Rio Grande do Sul.

O Restinga REDSKULLS, que tem hoje em sua equipe 50 atletas, acredita que o futebol americano é um esporte democrático que fun-ciona como ferramenta de transfor-mação social.

COMUNIDADE

PÁGINAS 7 PÁGINAS 8

FUTURO

Uma análise de Edilson Nabarro, da Coordenadoria de Ações Afi r-mativas, sobre a implantação do sistema de cotas na UFRGS, revela o avanço na ocupação das vagas nos cursos de graduação, assim como a necessidade da expansão do direi-to ao ingresso no ensino superior para 40% em 2015 e 50% em 2016.

Duas trajetórias de educadores de cursinhos populares, Stéphani, do Esperança Popular e José Claudio, do Zumbi dos Palmares, revelam a responsabilidade e o prazer que vão sendo descobertos durante a caminhada.

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* TAMO LÁ! *2 SET E OUT/2014

VESTIBULAR 2015 – UFRGSAs inscrições deverão ser realizadas exclusi-vamente pela internet no site www.vestibular.ufrgs.br, da zero hora do dia 15 de setembro até as 23h59 do dia 13 de outubro. O valor da inscrição é de R$ 110,00.http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/ufrgs-di-vulga-edital-do-vestibular-2015

MINUTO ENEM -dicas para as provas 2014http://www.ebc.com.br/educacao/2014/07/minuto-enem-confira-dicas-em-audio-para-as-provas-de-2014

VIDEO-AULAS, SIMULADOS, DICAS PARA O ENEM E VESTIBULAR, ATUALI-DADES, GUIA DE PROFISSÕESAcesse: http://guiadoestudante.abril.com.br/

VESTIBULARES 2014 – RSAcesse e fique por dentro: http://www.calen-dariodovestibular.com.br/category/sul/rio-grande-do-sul/

AGENDAEDITORIAL

Te liga nessas dicas do Cursinho Pré-Ves-tibular Esperança Popular Restinga. Não es-quece dessas datas! Anota, memoriza, copia, recorta, circula, mas não perde!

TÁ SABENDO DE ALGUM EVENTO LEGAL? COMPARTILHA! Envie um e-mail para o Cursinho Esperança: [email protected]

“Na convivência, o tempo não importa.Se for um minuto, uma hora, uma vida...”

Mario Quintana Conviver: “viver junto com alguém/algo, mesmo que não lhe agrade ou concorde”. A base para uma boa convivência é o respeito, algo que pude perceber durante o Programa de Extensão Convivência, no Bairro Restinga. A oportunidade de participar deste programa trouxe para minha vida uma nova forma de perceber o mundo e as pes-soas que nele habitam, através do respeito, que se fez presente entre os “conviventes” - moradores da Restinga e integrantes da UFRGS. Como uma semente que se desenvolve, a ponto de tornar-se uma bela flor, a amizade entre os representantes da UFRGS, professores, técnicos, alunos e moradores da Restinga, foi aflorando e crescen- do. A troca de conhecimentos veio somar na vida de cada partici-pante deste projeto, que tem como objetivo a simples convivência e interação das pessoas. As atividades realizadas me proporciona-ram, além da reflexão social, reflexões a respeito de quem eu sou, onde quero chegar e o que posso fazer para ser uma pessoa melhor. Realizei com meus amigos e colegas Daniel e José Antônio o plane-jamento e a apresentação de uma aula interdisciplinar com o titulo “Leituras Obrigatórias da UFRGS e seus Contextos Históricos”, o que ampliou meus horizontes como educador. Para elaboração desta aula, realizamos diversos encontros, estudamos formas de transmitir nossos saberes a respeito do assunto de uma forma simples e intera-tiva, trazendo uma perspectiva mais participativa que não é abor-dada com frequência nas escolas. O aspecto da interdisciplinaridade também foi muito explorado na elaboração da aula, articulando Li-teratura e História. Afinal, apesar de serem duas disciplinas sepa-radas pela escola ocidental, são saberes que andam de mãos dadas, pois para entendermos uma necessitamos respectivamente da outra. Outro fator a destacar na experiência do Convivências foi a percepção da valorização das diferenças, cotidianamente trabalhada pelo DEDS e tambem pelo Esperança Popular, o que valoriza um novo olhar a respeito da educação no país. Tal educação deve buscar a inclusão e socialização do ensino, que é direito de todo cidadão brasileiro. Quando fui convidado para realizar uma atividade no Convivências, não fazia ideia do quanto isto viria a acrescentar na minha vida, dos momentos bons que passaria, dos aprendizados para minha formação como educador e dos amigos que conheceria. Nos momentos em que estive presente, um sentimento de felicidade e amor tomavam conta do meu coração, pois tinha certeza que aquilo que estava vivenciando fi-caria gravado em minha memória até o derradeiro dia de minha vida. Hoje ainda convivo... Com a saudade daqueles momentos, com a alegria pelo resultado do projeto e com o saber de que ano que vem tem mais.

Obrigado DEDS! Viva a Restinga!

Informações: http://www.ufrgs.br/deds

EDUCADORES Adriele Albuquerque Bruno AffeldtCamila DemirofDaniel BomqueirozDenise SantosFilipe de ZanettiGabriel GonzagaGabriela de MatosIgor BortolottiJulio BaldassoLucas SequeiraLucas EbbesenPedro CladeraRodrigo dos SantosSaul Bastos

CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR ESPERANÇA POPULAR

RESTINGACOMISSÃO EDITORIALDaiane MoraesLuciane Bello Rita Camisolão DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICOGregory Benes RaabeMarília Bandeira

A Arte de Conviver em HarmoniaPedro Felice Cladera

*As matérias assinadas nesta edição são de exclusiva responsabili-dade de seus autores

REVISÃONora Cinel

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* TAMO LÁ! * 3SET E OUT/2014

FUTURO

Daiane Moraes

COMO A UFRGS SURGIU...

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A cidade de Porto Alegre no século XIX teve sua economia concentrada na região do porto, onde era o lo-cal em que se d e s e n v o l v i a toda a econo-

construído o primeiro prédio próprio (de dois pavimentos) nas terras doadas pelo governo municipal no Campo da Redenção localizado no antigo Potrei-ro da Várzea (o “inte-rior” do centro de Porto Alegre). Assim sendo, a Escola de Engenharia passou a formar um grupo de técnicos para atender a produção industrial gaúcha. A Escola teve como uma de suas metas o crescimento e o desenvolvimento da cidade de Porto Alegre, e consequentemente do Es-tado, proporcionando mão-de-obra qualificada para atender o mercado da época. Como esta meta também fazia parte das metas do governo, ele apoiou a Escola de Engenharia com recursos de orçamento estadual, para terminar de construir o prédio e ampliar as suas instalações (criação de um novo pré-dio na atual Rua Sarmento Leite, mon-

mia da cidade. Com o crescimento e a expansão dos recursos deste século (luz elétrica, serviço de distribuição de água, criação de esgotos, utiliza-ção de carros elétricos); o centro da cidade prosperou, e era o local onde se desenvolvia toda a vida econômica, social e comercial de Porto Alegre. No centro foram criados novos prédios, novas ruas, novos estabelecimentos comerciais; e o transporte elétrico (o

esta construção, estava criada a base para a Universidade no Rio Grande do Sul, o primeiro campus universitário do País. E somente em 1934, foi funda-da a Universidade de Porto Alegre, que mais tarde passou a se chamar Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul. Com o passar dos anos a Univer-sidade não virou só um campus de ensino, mas passou a fazer parte da memória e do patrimônio cultural dos porto-alegrenses e do Rio Grande do Sul. Os edifícios da UFRGS ilustram duas gerações históricas e artísticas dos séculos XIX e XX, onde a primeira geração corresponde a onze edifícios construídos entre 1898 e 1928, repre-sentativos do Ecletismo e do Art Nou-veau; e a segunda geração corresponde a dez edifícios construídos entre 1951 e 1964, representativos do Movimento

dios do Museu da UFRGS, da Rádio da Universidade, da Faculdade de Direito, do Observatório Astronômi-co, do Château e do Castelinho são reconhecidos como Patrimônio Cul-tural do Estado do Rio Grande do Sul. -Texto baseado no trabalho de conclusão de curso de Es-pecialização em Economia da Cultura/ UFRGS-2009 Patrimônio Histórico e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul

bonde), que estava no auge, conduzia muitas pessoas que iriam garantir o borbulhar econômico do comércio. Foi neste quadro de desenvolvi-mento porto-alegrense que a Escola de Engenharia foi gerada, por volta de 1896, por um grupo de engenhei-ros que se uniram para tal finalidade. A denominação de Escola surgiu, porque o grupo de fundadores eram adeptos às ideias positivistas, e uma delas era a favor da criação de Esco-las de ensino técnico; ao contrário da proposta do império, que era fundar Universidades. O objetivo da Escola de Engenharia era incluir os cidadãos ao mercado de trabalho, oferecendo a eles uma profissão. Este objetivo de in-clusão da sociedade no mercado local ganhou o apoio popular que os ajudar-am na arrecadação de fundos para fazer funcionar as primeiras aulas da Escola de Engenharia. E, em 1900, foi

tagem de gabinetes e laboratórios.). Já a elite da cidade estudava na Fa-culdade Livre de Direito, formada em 1900. Com o auxílio do governo esta-dual e, também do municipal, mais as doações de campanhas públicas junto à comunidade, se arrecadou recursos para a construção de um prédio próprio, na atual Avenida João Pessoa. Com mais

Moderno. Esta im-portância históri-ca foi observada pelo Instituto do Patrimônio Históri-co e Artístico Na-cional, que tombou os prédios da Fa-culdade de Direito e do Observatório A s t r o n ô m i c o reconhecendo-os como Bens Cul-turais. E os pré-A

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* TAMO LÁ! *4 SET E OUT/2014

AS COTAS NA UFRGS – 6 ANOS DEPOIS – resultados e desafios

CAPA

O Programa de Ação Afirma-tiva, em vigên-cia na UFRGS desde 2008, se incorporou a um singular ciclo de políticas inclusi-

vas adotadas por um grupo de pionei-ras Universidades Federais. Superando obstáculos institucionais e vencendo barreiras de conservadorismos, a reserva de vagas para estudantes de escolas públicas e autodeclarados ne-gros alterou de modo significativo o perfil dos ingressantes no ensino su-perior público, seja quanto à origem escolar, como a condição econômica. Na Universidade, a política de cotas representou do ponto de vista político, a efetivação dos compromis-sos institucionais revelados na forte atuação da Reitoria na aprovação da medida, agora expressa pela Decisão 134/2007, que implantou as ações afirmativas, executada em sua pri-meira fase no período 2008-2012.A adoção do Programa, refletiu tam-bém a consumação dos esforços reivindicatórios do movimento so-cial, em especial do movimento negro para a formulação efetiva de políti-cas compensatórias no ingresso dos grupos sociais e étnicos sub-repre-sentados no ensino superior público. O percentual de 30% sobre o total das vagas destinadas a estudantes oriun-dos da Escola Pública e, dessas, 50% para estudantes autodeclarados negros, acompanhou a modalidade adotada pela maioria das Universidades, princi-palmente quanto à utilização de percen-tual e não outro critério compensatório.

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Edilson Nabarro

O relatório de avaliação 2008-2012 revelou o aumento significativo do número de egressos de escola pú-blica entre os classificados em todos os cursos de graduação da UFRGS, pulando do percentual de 9,05% em 2007(último ingresso sem cota) para 15,51%, já em 2008. Em relação aos estudantes autodeclarados ne-gros, esse índice foi proporcional-mente mais significativo, evoluindo dos 3,27% em 2007 para 11,03%.A avaliação dos cinco anos do Pro-grama, em 2012 serviu de fonte es-tratégica para o trabalho realizado pela Comissão Especial do Conselho Universitário que elaborou a proposta de continuidade do programa, a qual redundou na aprovação da Decisão 268/2012, de agosto de 2013, sustenta-da pela avaliação positiva do programa. A aprovação da continuidade do Pro-grama, além de sustentar-se, seja pe-los êxitos que logrou, como pela ma-nutenção do apoio institucional da Administração da Universidade, ocor-reu imediatamente após o julgamento no STF da ADPF (Ação de Descumpri-mento de Preceito Fundamental), onde por unanimidade dos Ministros foi ad-mitida a constitucionalidade das Cotas Raciais, que já vinham sendo adotadas em várias Universidades. É de se con-siderar, que embora já haviam as con-dições objetivas para a aprovação da continuidade do Programa, a decisão do STF contribuiu para que no Con-selho Universitário fosse destacado muito mais a avaliação dos resultados e o aperfeiçoamento do Programa do que as justificativas para sua adoção.Mantida a estrutura básica, em relação ao percentual de 30% e as cotas sociais

“AS ALTERAÇÕES PRODUZIDAS PELA LEI 12.711/2012, COMO A

DISPENSA DA EXIGÊNCIA DE METADE DO ENSINO

FUNDAMENTAL PODE TER SIDO UM DOS FATORES RESPONSÁVEIS TANTO

PELO AUMENTO DO NÚME-RO DE INSCRITOS NO VES-TIBULAR DE 2013/2014,

COMO PELO AUMENTO DA TAXA DE OCUPAÇÃO DAS

VAGAS RESERVADAS PARA OS AUTODECLARADOS NE-GROS, COMPARADOS AOS

NÚMEROS DO PERÍODO

2008-2012.“

com subcota racial na mesma pro-porção da Decisão 134/2007, vencida a proposição de cotas raciais puras e per-centual de 50%, a Decisão 268/2012 trouxe como um dos seus principais avanços a extensão da vigência do Programa pelo período de 10 anos. Em se tratando de políticas destinadas a reduzir desigualdades de oportuni-dades a grupos sociais sub-representados no Ensino su-perior público, a extensão do prazo de vigência do Progra-ma reconheceu o ainda longo caminho a ser percorrido para a expansão desses direitos. Em outubro de 2012, o Go-verno Federal editou a Lei 12.711(Lei de Cotas) pa-dronizando a Reserva de Va-gas de estudantes oriundos do Ensino Público para to-das as Universidades e Ins-titutos federais. Em relação ao percentual, estipulou a obrigatoriedade de que todas as Instituições Federais, dis-ponibilizassem o mínimo de 12,5% do seu total de vagas a cada ano, de modo a que até 2016, alcançassem o percen-tual obrigatório de no míni-mo 50% do total de vagas em todos os cursos de graduação. Em relação ao Programa ado-tado na UFRGS, produziu uma alteração significativa, qual seja, o direito de concorrência nos proces-sos seletivos daqueles que tivessem completado todo o ensino médio ex-clusivamente em escola pública, até então na UFRGS, também era exigido metade do ensino fundamental em es-

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* TAMO LÁ! * 5SET E OUT/2014

AS COTAS NA UFRGS – 6 ANOS DEPOIS – resultados e desafios

CAPA

“AS ALTERAÇÕES PRODUZIDAS PELA LEI 12.711/2012, COMO A

DISPENSA DA EXIGÊNCIA DE METADE DO ENSINO

FUNDAMENTAL PODE TER SIDO UM DOS FATORES RESPONSÁVEIS TANTO

PELO AUMENTO DO NÚME-RO DE INSCRITOS NO VES-TIBULAR DE 2013/2014,

COMO PELO AUMENTO DA TAXA DE OCUPAÇÃO DAS

VAGAS RESERVADAS PARA OS AUTODECLARADOS NE-GROS, COMPARADOS AOS

NÚMEROS DO PERÍODO

2008-2012.“

cola pública. O modelo de reserva de vagas adotado pela UFRGS pode ajus-tar-se adequadamente às exigências da Lei de Cotas por já estar atendendo dois critérios importantes: a modali-dade de cota social com subcota racial e o percentual de 30% com o padrão de ingresso vigente, a não ser a inclusão do critério renda econômica e a conse-

quente inclusão de duas no-vas modalidades de ingresso (renda inferior e superior). A manutenção da metade das vagas reservadas aos auto-declarados negros (agora PP – Pretos e Pardos) e indíge-nas, representando um per-centual maior do previsto pela Lei, relativo à partici-pação demográfica desses agrupamentos, demonstra que não houve retrocesso quanto à manutenção de um percentual maior do que a própria Lei estabelece. Mesmo com as vulnerabi-lidades próprias para a exe-cução de políticas públicas específicas, o programa na UFRGS 2008-2012 con-seguiu superar os desafios de uma política inovadora diante do paradigma das políticas universalistas. Ini-ciou o desenvolvimento de um ciclo de compro-

misso com a diversidade sociorracial e como consequência realizou o enfren-tamento da matriz de conservadorismo e exclusão, ainda persistente no âm-bito das comunidades universitárias, de outras organizações públicas e na sociedade em geral. Mesmo que os re-

sultados sejam satisfatórios, trata-se, no entanto, de um estágio ainda incipi-ente, se considerarmos os desafios que virão pela frente, seja com a expansão do percentual da reserva de vagas, seja pela necessidade de consolidação de novos programas e ações vincu-lados, principalmente, às políticas de permanência dos estudantes cotistas. As alterações produzidas pela Lei 12.711/2012, como a dispensa da exigência de metade do ensino fun-damental, podem ter sido um dos fa-tores responsáveis pelo aumento do número de inscritos no vestibular de 2013/2014, como pelo aumento da taxa de ocupação das vagas reservadas para os autodeclarados negros, comparados aos números do período 2008-2012.A tendência de baixa ocupação das vagas destinada aos estudantes au-todeclarados negros, que no período 2008-2012, alcançou menos dos 50% das vagas disponíveis, foi parcialmente revertida com a aprovação pelo CEPE da Resolução, que alterou os critérios de ordem classificatória para correção da redação, passando a ter efeito direto sobre a ocupação das vagas a partir do vestibular de 2012. No curso de Me-dicina, até 2011 apenas 3 vagas foram ocupadas das 84 disponíveis, entretan-to, nos Vestibulares de 2012, 2013 e 2014 todas as 21 vagas anuais foram ocupadas, representando um total de 63 estudantes. No curso de Direito ocorreu o mesmo efeito, onde nos ves-tibulares de 2013 e 2014, as 53 vagas anuais disponíveis foram ocupadas. A taxa de ocupação de 78% alcança-da em 2014 mais que dobrou em re-lação a taxa de 2010, que foi de 32%.Em relação ao perfil da ocupação de

vagas pelos autodeclarados negros, houve uma grande elevação dos cur-sos que tiveram a ocupação total das vagas reservadas aos autodeclarados negros e PPI. Se em 2010 apenas 3 cursos tiveram ocupação total, em 2012, 20 cursos, evoluindo para 28, em 2013, e 41, em 2014. Destaca-se, que entre os cursos com ocupação to-tal, além do Direito e da Medicina já referidos, os outros que completam as listas são os de densidade alta e média, indicando a tendência dos candidatos autodeclarados negros/PPI aceitarem o desafio de ingresso e permanência em curso de maior competitividade. O critério sócio-econômico, ino-vação trazida pela Lei da Cotas, sec-cionou os egressos de escola pública e PPI (Pretos, Pardos e Indígenas) em quatro novas modalidades de con-corrência no Concurso Vestibular.Os resultados alcançados até agora, principalmente relacionados com a inclusão de estudantes autodeclara-dos negros de escola pública, de-vem ser celebrados, como resulta-dos da necessidades de políticas públicas de promoção da igualdade racial no campo da educação superior.Contudo, mesmo dentro dessa conjun-tura institucional de relativa estabili-dade do Programa de Ação Afirmativa vigente nas Universidades Federais, os desafios a serem superados são muitos. A expansão do percentual de vagas reservadas para 40% em 2015 e 50% em 2016 exigirá, da gestão das Univer-sidades, bem como do Governo, a con-solidação dos mecanismos de garantias da permanência dos estudantes ingres-santes e que levem a sua diplomação.

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* TAMO LÁ! *6 SET E OUT/2014

MENSAGEM STÉPHANIDICAS

Jorge Amado - «Terras do sem Fim»*Disputa de Terras*Cultivo do Cacau 1912

2001*Ditadura Vargas/Censura*Imperialismo/Colonialismo Europeu*Ásia/África

Santa Cruz, 15/9/1938

Lya Luft «As Parceiras»*Romance Intimista*1ª pessoa*FamíliaMaternidade

Alegrete, 25/7/1940

Sergio Faraco «Dançar Tango em POA»*Interior do RS*Descobertas da Infância*Mundo Urbano/Capital

*Ditadura Militar-Repressão/Violência/Censura-Resistência Armada - Estudantes, Artis-tas, ComunistasLegalidade - Brizola/Jango(RS)

Final da Ditadura - 1985*Movimentos Sociais-Movimento Negro/Movimento Gay/Movi-mento Mulheres Crecheiras/Movimento MST/*Criação do PT

Tabajara Ruas «O Amor de Pedro Por João»*Ditadura - Exílio*Militância Política*Linguagem Cinemátográfica*Solidão/Esperança/Amor 11/8/19421ª Guerra Mundial - 1914-19182ª Guerra Mundial - 1939-1945-Estado Novo-1930/1937/1945«Tendências Fascistas»

18/6/1946

Lídia Jorge «A Noite das Mulheres Cantoras»* Busca pela Fama* Obsessão pelo estrelato*Talento/Falta de dizer*Globalização*Neoliberalismo - FMI*FHC/Lula/Dilma/Aécio Marina*Eleições 2014*Internet

Panis At CircensisCaetano Veloso, Gilberto Gil, Mutantes, Tom Zé, Gal Costa, Nara Leão, Capi-anan-Tropicália- 1968Fraça/Brasil/Mundo*Revolução Cultural-Costumes/Música/Política/Hippies/Comportamento/Estética/Sexual

A linha de tempo com as seis últimas leituras obrigatórias para o Concurso Vestibular de 2015 estão coloca-das em destaque abaixo. Inicia com Jorge Amado (1912-2001), segue com três escritores gaúchos: Lya Luft, Sérgio Faraco e Tabajara Ruas, e uma escritora portuguesa, Lídia Jorge, todos em plena produção literária. No próximo Vestibular, ainda teremos como leitura obrigatória, que deverá também se converter em “escu-ta obrigatória”, o disco, gravado originalmente em vinil, em 1968. Panis et Circenses é uma obra coletiva que teve a participação de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Gal Costa, Nara Leão, Capinam, Torquato Neto, Rogério Duprat e o grupo Os Mutantes. O disco marcou o início do movimento musical/cultural/político que ficou conheci-do como Tropicália ou Tropicalismo. Esperamos que a linha de tempo seja um incentivo para o estudo de Literatu-ra Brasileira e História aos estudantes do Cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular da Restinga, Porto Alegre – RS.

VESTIBULAR 2015: LEITURAS OBRIGATÓRIAS

Adiles Lima, Daniel Bomqueiroz, José Antônio dos Santos e Pedro Cladera

(parte 2)

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* TAMO LÁ! * 7SET E OUT/2014

MENSAGEM STÉPHANIEXPERIÊNCIA

Stéphani Pedrotti

Engrandece-dora. Talvez esta seja a pa-lavra certa para definir a minha experiência no cursinho Es-perança. Pri-m e i r a m e n t e ,

GALERIAEspaço cultural do jornal em que iremos expor a cada edição a arte de nossos educandos e educadores, e da comunidade

Quer que seu trabalho apareça aqui?Envie para [email protected]

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porque me propiciou conviver com pessoas de diferentes faixas etárias, modos de vida e costumes distin-tos. Também porque me trouxe uma maneira mais brilhante de enxergar o quão é essencial a presença de um professor na trajetória de um aluno. Considero o Esperança um projeto fas-cinante, seja pelo seu objetivo central, seja pelos membros que o compõem. E me sinto lisonjeada de - em pleno 2° semestre da faculdade de Ciências Bi-ológicas - ter feito parte de um trabalho que visa auxiliar pessoas a realizar o

sonho de ingressar em uma faculdade. Foi ano passado, com a consagração da minha presença na equipe, que tive certeza de que desejo a profissão de professora para meu futuro, já tão próximo. E, não menos importante, fica a eterna lembrança de que minha caminhada como educadora iniciou-se no Esperança Popular da Restinga.Indubitavelmente, o trabalho dos professores estudantes da UFRGS, e dos próprios alunos do cursinho tem evoluído de uma maneira visi-velmente positiva, e a tendência é es-tar cada vez melhor. Tive o prazer de ver de perto parte deste crescimento.Por fim, agradeço ter participado desta experiência. Desejo a todos os alunos do cursinho, que, com estudo, dedicação e comprometimento con-sigam alcançar seu objetivo maior.

Adiles Lima, Daniel Bomqueiroz, José Antônio dos Santos e Pedro Cladera

Comecei a participar do projeto do cur-sinho pré-ves-tibular Zumbi dos Palmares em 1999, na Escola de En-sino Funda-

mental Farroupilha em Viamão, a Con-vite da coordenadora do curso, Enilza Garcia, permanecendo até 2001. O público alvo fazia parte de grupos so-ciais tradicionalmente excluídos do ensino superior (negros, moradores de áreas populares, egressos de esco-las públicas), fiquei um pouco receoso de participar. Não sou professor, não

gosto de falar em público. Mas o de-safio estava proposto. Passei a dividir a disciplina de física com o colega Haroldo Nunes Vieira; fiquei com a parte de eletrodinâmica, eletrostática e eletromagnetismo em função da min-ha formação em Engenharia Elétrica. Me senti emocionado ao primeiro contato com os alunos. A sala cheia. Tantos adolescentes, jovens adul-tos reunidos, acreditando no projeto, acreditando que as pessoas à frente do curso são sérias e que aquelas aulas à noite poderiam levá-los à Uni-versidade. Senti a responsabilidade. Ao longo das semanas, acabei con-versando com a maioria dos alunos, todos com história de vida de dificul-

dades, mas determinados a buscar seus objetivos. Naquele período em que participei do Curso, por volta de 20% dos alunos eram aprovados no ves-tibular e muitos retornavam ao curso como monitores, auxiliares, sempre em busca de uma tarefa na intenção de continuar participando do projeto. Foi um grande aprendizado. Até aquele momento discutia a militân-cia no movimento social apenas no campo das ideias, embora acredite que nós, negros, nascemos militantes pelos enfrentamentos ao longo da vida. Foi a oportunidade de despertar para prática inclusive de outras lutas.

PRÉ-VESTIBULAR ZUMBIJosé Claudio Garcia

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Os educadores do Esperança, fi-zeram uma aula sobre ditadura civil-militar em conjunto e pro-puseram um trabalho envolven-do a lei da anistia de 1979, pro-blematizando sobre os agentes envolvidos e os interesses em jogo.As melhores produções so-bre o tema serão premiadas. Compartilhamos com vocês a produção de Jean e In-grid no https://www.face-book.com/groups/pvprestinga/

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* TAMO LÁ! *8 SET E OUT/2014

JUNTOS, SOMOS MAIS FORTES

COMUNIDADE

A Associação Atlética Restinga Red-skulls teve inicio no final de 2011, quando dois membros do time Denner Euzebio e Lucas Fonseca, avistaram algumas pessoas brincando com uma bola oval. Os mesmos já praticavam Futebol Americano em outra equipe chamada Huskies, no parque Mari-nha do Brasil - POA. No momento, os dois pensaram na viabilidade da prática do esporte no próprio bairro (Restinga), com alguns amigos. Com quatro amigos, idealizaram a formação de um time convidan-do mais pessoas a participar do

grupo, resolvendo batizar o time de Porto Alegre Hasgardians.Os encontros seguiram aos do-mingos no campo do Pampa, na Av. Macedônia, no Bairro Res-tinga Nova, onde muitos curiosos observavam e ficavam curiosos, se aproximavam e alguns acaba-vam por aderir a causa, às vezes, momentaneamente e, às vezes, em definitivo. Após algum tempo, depois de doze membros no time, resolveram mudar o nome do time para Porto Alegre Redskulls. Nes-sa mesma época, o Porto Alegre Redskulls teve seu primeiro pre-sidente e capitão da defesa Lucas Fonseca, que iniciou seu processo administrativo com a elaboração de regras, tornando séria a par-ticipação no time. No jogo em que os Porto Alegre Redskulls ganharam dos Huskies por 36 a 18, a euforia tomou conta de todos os atletas do time Red-skulls prometeram que aquilo não parava por ali, que jogaríam campeo-natos. Mesmo com mudanças, o time persistiu e formulou seu estatuto dando

inicio de fato com sua fundação legal em 07 de outubro de 2012. No seu primeiro ano, venceu 4 jogos segui- dos. Atualmente, é a única equipe de Futebol Americano invicta no estado.Dia 03 de Novembro de 2013 foi uma data histórica para a nossa equipe, pro-movendo o primeiro jogo de Futebol Americano no bairro da Restinga, con-tra a equipe do Carlos Barbosa Ximan-gos, jogo esse que foi vencido pelo

Redskulls por 56 x 7, atraindo uma média de 150 pessoas, fato inédito na comunidade para um jogo de Futebol Americano. Em Setembro, os “Cavei-ras”, como são chamados os atletas do Redskulls, irão defender a sua inven-cibilidade em um torneio que será rea-lizado no bairro que dá nome ao time,

que contará com as equipes do Viamão Raptors, São Leopoldo Mustangs e Pelotas Ants, onde se espera grande público para prestigiar todos os atletas e tornar o espetáculo memorável.Este torneio também marca o fim da era “No Pads” (Sem proteção) dos jo-gos do Restinga, pois, em Dezembro, fará um amistoso com a equipe do Ijuí Drones, iniciando a época de jogos com proteções (Full Pads) necessárias

para o esporte como capacetes e ombreiras. Hoje a equipe conta com 50 atletas no seu plantel, das mais diferentes idades, in-cluindo sua comissão técnica.Acreditamos que o Futebol Americano é uma excelente fer-ramenta de transformação so-cial, agregando valores como companheirismo, sociabilização e integração através do esporte, sendo, entre todos os desportos coletivos, o esporte mais de-mocrático, onde jovens altos, baixos, gordos, magros ou de diferentes cores podem dividir o mesmo espaço, tendo o mesmo valor e importância para o time.Desde já, agradecemos o seu in-teresse pelo Futebol Americano!

Fique conectado conosco!www.facebook.com/[email protected] Rodrigues – Presidente55 (51) 84439162Paulo de Tarso Pillar – Treinador55 (51) 98502928

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