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#209 EDIÇÃO OÁSIS ORIGENS DO UNIVERSO O QUE HAVIA ANTES DO BIG BANG MIL NAZISTAS A serviço da CIA e do FBI AS ESTRELAS DO ALENTEJO O céu mais bonito fica no sul de Portugal O MEDITADOR DOURADO O monge budista que medita há 900 anos

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#209

EDIÇÃO OÁSIS

ORIGENS DO UNIVERSO

O QUE HAVIA ANTES DO BIG BANG

MIL NAZISTASA serviço da CIA e do FBI

AS ESTRELAS DO ALENTEJOO céu mais bonito fica no sul de Portugal

O MEDITADOR DOURADOO monge budista que medita há 900 anos

2/39OÁSIS . EDITORIAL

POR

EDITOR

PELLEGRINILUIS

S e existe uma pergunta antiga quanto o próprio homem, ela diz respeito à origem do universo. Afinal, como foi que tudo come-çou? Centenas, provavelmente milhares de cosmogonias foram

idealizadas pela mente humana. Em todas essas criações a imaginação desempenhou um papel preponderante, já que sem ela não teríamos a extraordinária riqueza de símbolos, signos e metáforas contidas nas histó-rias que soubemos inventar sobre a gênese primordial.

Nas últimas décadas, mais propriamente desde o advento da física atômica e adjacências, o repertório das cosmogêneses só fez crescer e se mul-tiplicar. Atualmente, coube à ciência dar a sua contribuição, e ela não foi pouca. Pelo contrário, as hipóteses são muitas e muitas delas parecem à primeira vista serem tanto ou mais doidas do que os relatos criados com base no folclore, na mitologia, na superstição e, sobretudo, nos vastos arsenais de imagens guardadas no inconsciente individual e coletivo da humanidade.

MUITOS UNIVERSOS PODERIAM EXISTIR ALÉM DA PEQUENA PARTE DO COSMOS QUE OS NOSSOS

TELESCÓPIOS CONSEGUEM VARRER

OÁSIS . EDITORIAL

POR

EDITOR

PELLEGRINILUIS

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Nossa matéria de capa trata de algumas das hipóteses atualmente mais em voga para tentar explicar como o universo surgiu. Todas elas tentam definir a realidade que precedia o Big Bang: Entre elas a teoria das cordas, a teoria dos buracos-de-minhoca, a teoria do universo-mãe, etc. A análise das on-das gravitacionais originais, que acabam de ser captadas, podem esclarecer esse enigma. Muitos universos poderiam existir além da pequena parte do cosmos que os nossos telescópios conseguem varrer. Melhor ainda (ou, deveríamos dizer, pior ainda?), não se trata de fantasias, de frutos da imaginação exaltada de alguns cientistas ou místicos: pistas e restos daquilo que existia antes poderiam estar escondidos no espaço, sobretudo sob a forma de ondas gravitacionais, de extremamente fracas oscilações no espaço-tempo previstas por Einstein e com grande probabi-lidade observados por pesquisadores do projeto Colaboração BICEP2.

Essa busca é fascinante, mesmo para quem não possui sólida base de in-formação científica. Pela simples razão de que, ao estudá-las, percebemos que quanto mais descobrimos, menos sabemos...

CO

SM

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ORIGENS DO UNIVERSOO que havia antes do Big Bang

OÁSIS . COSMOS

OÁSIS . COSMOS

uitos universos poderiam existir além da pequena parte do cosmos que os nossos telescópios conse-guem varrer. A teoria clás-sica do Big Bang lembra, pelo menos em um aspec-to, a criação bíblica: Ela

diz que o tempo e o universo tiveram um co-meço. Será que isso é verdade? Difícil afirmar com certeza, mas as teorias modernas sobre a

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Muitas novas teorias tentam definir a realidade que precedia o Big Bang: entre elas a teoria das cordas, a teoria dos buracos-de-minhoca, a teoria do universo-mãe, etc. A análise das ondas gravitacionais originais, que acabam de ser captadas, podem esclarecer esse enigma

POR: EQUIPE OÁSIS

origem do mundo preveem a existência de um “antes”.

Não se trata de fantasias, de frutos da imagi-nação exaltada de alguns cientistas ou místi-cos: pistas e restos daquilo que existia antes poderiam estar escondidos no espaço, sobre-tudo sob a forma de ondas gravitacionais, de extremamente fracas oscilações no espaço--tempo previstas por Einstein e com grande probabilidade observados por pesquisadores do projeto Colaboração BICEP2.

Em março do ano passado, a divulgação dos últimos resultados desse projeto astrofísico, ligado ao observatório BICEP2, sacudiram o mundo científico de um modo que não era observado há várias décadas. Esses dados in-dicavam a presença de ondas gravitacionais na polarização da radiação cósmica de fundo – uma das previsões fundamentais da teoria da inflação, uma das várias hipóteses atual-mente discutidas sobre as origens do univer-so. Era como se “tremores” do que aconteceu no Big Bang ainda ecoassem pelo espaço a fora.

Há quase 14 bilhões de anos, o universo em que vivemos se expandiu graças a um evento extraordinário, uma explosão de proporções inimagináveis que foi chamada de Big Bang. Calcula-se que, numa fugaz fração de segun-do, o universo se expandiu exponencialmen

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te, indo muito além dos limites que podem ser alcançados pelos nossos melhores telescópios.

Tudo isso era apenas teoria. Mas, há menos de um ano, quando os cientistas da Colaboração BICEP anunciaram a primeira evidência direta dessa inflação cósmica, o mis-térios das origens ficou muito mais perto de ser desven-dado.

Os dados obtidos representavam as primeiras imagens de ondas gravitacionais, ou ondulações no espaço-tempo. Essas ondas passaram a ser descritas como os “primeiros

tremores do Big Bang”. Por fim, os dados confirmaram uma profunda conexão entre a mecânica quântica e a relatividade geral.

“Detectar estes sinais é um dos objetivos mais importantes da cosmologia hoje. Um monte de trabalho com um monte de gen-te levou até este ponto”, diz John Kovac (Harvard -Smithsonian Center for Astro-physics ), líder da colaboração BICEP2 .

Estes resultados inovadores vieram de ob-servações pelo telescópio BICEP2 da ra-diação cósmica de fundo – um brilho fraco que sobrou do Big Bang. Flutuações mi-núsculas deste pós-origem fornecem pistas para conhecermos as características e con-dições do universo primitivo. Por exemplo, pequenas diferenças de temperatura em todo o céu mostram onde as partes do uni-verso eram mais densas e, portanto, mais

propensas a se condensarem formando galáxias e aglo-merados galácticos.

Para captar esses sinais, já estão funcionando em todo o mundo detectores de ondas gravitacionais extremamen-te sensíveis e sofisticados como o “Ligo” e o “Virgo”, que usam raios laser para medir o comprimento das ondas com grande precisão (com uma margem de erro inferior à espessura de um cabelo em relação a todo o Sistema Solar!)

Outros instrumentos, como o próprio radiotelescópio

OÁSIS . COSMOS

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BICEP2, já revelaram as ondas gra-vitacionais surgidas imediatamente após o Big Bang. Também poderão revelar aquelas ondas surgidas ins-tantes antes, dando-nos algumas in-formações a mais a respeito do que existia antes do próprio Big Bang. Enquanto esperamos pelas confir-mações, aqui estão cinco hipóteses confiáveis e cientificamente coeren-tes que explicam o que poderia ter existido antes do Big Bang.

As teorias sobre o nascimento do Universo

Segundo alguns estudiosos de mecâ-nica quântica, a nossa própria reali-dade se desdobra toda vez que uma partícula tem a possibilidade de se comportar de modos diversos, dando vida a dois univer-sos paralelos: em um deles a partícula de um modo, no outro de modo oposto. De desdobramento em desdobra-mento são criadas todas as possíveis variáveis. Assim, existiria um mundo no qual a América não foi descoberta por Colombo, um outro mundo no qual a humanidade não surgiu na África, e sim no Alasca, e um terceiro mun-do no qual o Brasil não perdeu a última Copa do Mundo, pelo contrário, venceu esse campeonato vencendo a Ar-gentina por 7 a 1!

Parece que teremos de nos acostumar à ideia de que a

Terra não é o único planeta habitado (como parecem tes-temunhar o enorme número de exoplanetas descobertos até agora) - e que nosso planeta também não pertence ao único universo existente.

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1. Universos paralelos – Segundo Alan Guth, físico do MIT de Boston (EUA), o nosso universo surgiu a partir de uma instabilidade do “vazio” primordial. Esse vazio era semelhante a um fluido extremamente quente, no qual surgiam bolhas em contínua expansão... exatamente como acontece numa panela d’água em ebulição.

Nosso universo era uma das bolhas, as outras bolhas eram universos “paralelos” ao nosso. O Modelo de Guth foi superado pelo de Andrei Linde, físico da Universidade de Stanford (EUA), segundo o qual os universos não nas-cem de um estado primordial quentíssimo, mas sim de flutuações de certos parâmetros no vazio. Segundo Lin-de, a realidade última é um “ multiverso”: uma espécie de fluxo eterno de universos que nascem uns dos outros.

O universo seria constituído de muitas bolhas que, por sua vez, produzem novas bolhas, em um processo infini-to. As bolhas são criadas a partir de repentinas mudanças das características energéticas do vazio. As constantes físicas (como a velocidade da luz) teriam valores diferen-tes em cada uma das bolhas.

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OÁSIS . COSMOS

2. Universo-mãe. Um universo primordial genitor de si mesmo e de todos os outros universos, entre os quais o nosso. Esta é a ideia de J. Richard Gott e Li-Xin Li, físicos da Universidade de Princeton, EUA. O modelo é similar ao multiverso de Linde (hipótese precedente), mas segundo Gott e Li no princípio de tudo existe um “universo-mãe”, um mundo no qual a estrutura espaço--tempo se fecha e se completa em si mesma, como uma rosca.

Desse modo, o passado coincide com o futuro, como um trem que gire em círculo passando sempre pelos mesmos lugares. E, desse modo, continuamente fechando o círculo sobre si mesmo, como uma serpente que come o próprio rabo, o universo-mãe geraria outros universos ad infinitum, entre eles também o nosso.

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3. Teoria das cordas. Segundo o físico italiano Ga-briele Veneziano, um dos criadores da teoria das cordas, antes do Big Bang existia um oceano caótico de ondas no qual o tempo não tinha uma direção bem definida.

“A um certo ponto a matéria começou a ficar mais densa sob o efeito da gravidade e a flecha do tempo começou a apontar para uma direção precisa”, explica Veneziano.

“A matéria se comprimiu deformando o espaço e o tempo de um modo extremo e, como consequência desse proces-so, foi gerado o Big Bang”.

Como demonstrá-lo? “A teoria prevê, entre outras coisas, a existência de uma partícu-la chamada “dilaton” que teria desempe-nhado um papel importante naquela fase”, conclui Veneziano “e da qual seria possível encontrar-se traços graças aos reveladores de ondas gravitacionais”.

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4. Teoria da membrana tridimensional. Uma hipótese re-cente, baseada sobre uma evolução da teoria das cordas, sustenta que o nosso universo seria uma “mem-brana tridimensional” suspensa em um espaço mais amplo, possuidor de 4 ou mais dimensões, no qual se encontram também outras membra-nas (outros universos paralelos).

O Big Bang teria surgido da energia que se liberou do choque da nossa membrana com uma outra. “Em algumas versões desse cenário, no momento do choque foi formada uma certa quantidade de “cordas cósmicas” (defeitos filiformes de enormes dimensões no espaço-tem-po) que ainda poderiam ser encon-tradas em nosso universo”, explica Veneziano. É possível verificar isso? Talvez: tais cordas se comportariam como uma lente e desviariam a luz que nos chega proveniente de estrelas distantes.

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5. Teoria dos buracos de minhoca. O físico teórico Nikodem Poplawski, da Universidade de In diana, EUA, publicou na revista científica Physics Letters B um estu-do no qual sugere uma curiosa e sugestiva eventualidade. A análise matemática dos buracos negros, dos buracos brancos, e dos pontos de Einstein-Rosen (túneis no espa-ço-tempo que os interligam), levou à teoria de que o nos-so universo possa existir no interior de um desses pontos. Existiriam portanto outros dois universos conectados en-tre si por um túnel buraco de minhoca, e nós estaríamos exatamente dentro do túnel que os conecta.

A teoria vai além. O físico, com efeito, con-sidera a hipótese de que todos os buracos negros do nosso universo estejam, por sua vez, conectados a pontos de Einstein-Ro-sen e em cada um deles teria sido gerado um universo diferente. Segundo Nikodem Poplawski, colocar o nosso universo no interior de um buraco de minhoca poderia ajudar a resolver a questão da origem da inflação, a rapidíssi-ma expansão introduzida pela teoria stan-dard do Big Bang com o objetivo de expli-car a homogeneidade do universo, e cuja existência foi confirmada pelo experimento BICEP2.

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HIS

RIAMIL NAZISTAS

A serviço da CIA e do FBI

OÁSIS . HISTÓRIA

ocumentos e entrevistas recen-temente divulgados provam que, nas décadas que se seguiram à Il Guerra Mundial, a CIA e outras agências norte-americanasempregaram pelo menos mil na-zis como espiões e informadores e que, ainda nos anos 90, escon-

deram as ligações entre o Governo e alguns deles, que continuavam vivos, nos Estados Unidos.

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Documentos que há pouco deixaram de ser classificados provam que, durante a Guerra Fria, mais de mil antigos colaboradores do Terceiro Reich trabalharam para os serviços secretos norte-americanos

POR: ERIC LICHTBLAU (*)FONTE: JORNAL THE NEW YORK TIMES

Documentos agora liberados (desclassifica-dos) mostram que, no auge da Guerra Fria, nos anos 50, diretores de forças policiais e dos serviços secretos, como J. Edgar Hoover do FBI e Allen Dulles da CIA, recrutaram ati-vamente nazis de todas as categorias, como uma “mais-valia” secreta na luta contra os soviéticos. Consideravam que o manancial de informação contra os russos de que es-tes dispunham era mais importante do que aquilo a que um alto funcionário chamou “lapsos morais” que pudessem ter cometido o serviço do Terceiro Reich.

Nos anos 50, por exemplo, a CIA contratou um espião que fora oficial das SS, mesmo depois de ter chegado à conclusão de que, provavelmente, era culpado de“crimes de guerra menores”.

Segundo um funcionário governamental, em 1994, um advogado da CIA pressionou o Mi-nistério Público para que desistisse de inves-tigar um ex-espião dos arredores de Boston, envolvido no massacre nazi de dezenas de milhares de judeus, na Lituânia.

As provas das ligações das autoridades a es-piões nazis começaram a surgir nos anos 70. Contudo, milhares de documentos desclassi-ficados, requerimentos apresentados ao abri-go do Freedom of Information Act (lei

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sobre a liberdade de informação, que obriga as agências federais a comunicar o conteúdo de documentos a quem o peça) e também as entrevistas com dezenas de altosfuncionários governamentais. atuais ou já afastados, mostram que o recrutamento de nazis pelo Governo foi muito mais longe do que se pensava anteriormente, e que as autoridades tentaram ocultar esses laços durante pelo menos meio século, após o final da Segunda Grande Guerra.

Como aterrorizar judeus

Em 1980, responsáveis do FBI recusaram--se a contar, até mesmo aos caçadores de nazistas do Departamento da Justiça, o que sabiam sobre 16 suspeitos que alega-damente viviam nos Estados Unidos.

Alguns memorandos indicam que aquela polícia federal ignorou o pedidode apresentação dos registos internos so-bre os suspeitos nazis, formulado peloMinistério Público, porque os 16 homens tinham trabalhado como informantes do FBI, e fornecido pistas sobre “simpatizan-tes” comunistas. Aliás, cinco deles ainda estavam na ativa. Numa tentativa de justi-ficar a recusa de cooperação, umalto funcionário do FBI sublinhou, num memorando, a necessidade de “proteger

o mais possível a confidencialidade desse tipo de fontes de informação”.

Vários espiões dos Estados Unidos tinham trabalhado ao mais alto nível para os nazistas. Um oficial das SS, Otto von Bolschwing, fora o mentor e braço-direito de Adolf Eichmann, o arquiteto da “solução final”, e escrevera documentos de orientação sobre a forma de aterrorizar judeus.

Os registos mostram que, depois da guerra, a CIA não só o contratou como espião na Europa, como o instalou,

OÁSIS . HISTÓRIA

Allen Dulles, diretor da CIA

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com a família, em Nova Iorque, em 1954. Segundo escreveu esta agência, a iniciativa foi considerada como “uma recompensa pelos seus bons e leais serviços no pós-guerra e tendo em conta a inocuidade das suas atividades no seio do partido (nazi)”.

O filho, Gus von Bolschwing, que só muitos anos depois ficou sabendo das ligações do pai com os nazistas, considera a relação entre a agência de espionagem e o seu pai como uma relação de conveniência mútua, forjada pela Guerra Fria. “Usaram--no e ele os usou”, declarou Gus von Bolschwing, hoje com 75 anos, numa entrevista. “Não devia ter acontecido. Ele nunca deveria ter sido autorizado a entrar nos Estados Unidos. Isso não era coerente com os valores do nosso país.”

Alguns memorandos provam que quando os agentes is-raelenses detiveram Eichmann na Argentina, em 1960, Otto von Bolschwing pediu ajuda à CIA, porque tinha medo de que viessem atrás dele. Segundo relatou um alto funcionário da CIA, os responsáveis da agência também receavam que Von Bolschwing pudesse ser apontado como “colaborador e parceiro nas ações de Eichmann, e que a publicidade daí resultante viesse a constituir um embaraço para os EUA”.

Os registos mostram que, em 1961, depois de Von Bols-chwing ter se encontrado com dois agentes da CIA, esta agência lhe prometeu não revelar as suas ligações com Eichmann. O ex-SS viveu tranquilamente mais 20 anos, até os magistrados do Ministério Público terem desco-berto o papel que ele desempenhara durante a guerra e terem aberto um processo contra ele. Em 1981, Von Bols-chwing aceitou renunciar à cidadania norte-americana e morreu meses mais tarde.

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Ao final da Segunda Grande Guerra, soldados aliados entram em Berlim, e exibem bandeira nazista e retrato de Adolf Hitler

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Mentalidade da Guerra Fria

Segundo Richard Breitman, especialista do Holocausto da American University e membro de uma equipe de pe-ritos nomeada pelo Governo para desclassificar os regis-tos de crimes de guerra, as Forças Armadas norte-ame-ricanas, a CIA, o FBI e outras agências federais, no seu conjunto teriam contratado cerca de mil nazistas como

espiões e informadores. Na opinião de Norman Goda, historiador da Universida-de da Flórida e também membro da equi-pe de desclassificação, o cômputo de nazis transformados em espiões deve ser ainda mais elevado, mas muitos registos continu-am, ainda hoje, a ser secretos, o que torna impossível o cálculo do número exato.

“Direta ou indiretamente, as agências dos Estados Unidos contrataram muitosagentes policiais nazis e colaboradores da Europa do Leste que eram, obviamente, culpados de crimes de guerra, adiantou Goda. “Era fácil obter a informação de que se tratava de homens comprometidos.”

O uso alargado de espiões nazis nasceu de uma mentalidade da Guerra Friapartilhada por dois titãs dos serviços de informação, nos anos 5O: J. Edgar Hoover,

diretor do FBI durante cerca de 50 anos, e Allen Dulles, diretor da CIA, com a ascensão à presidência de Eisenho-wer. Dulles pensava que os nazis “moderados” podiam “ser úteis” aos Estados Unidos. Hoover aprovou pesso-almente o recrutamento de alguns nazis, repudiando as acusações de que tinham cometido atrocidades durante a guerra e alegando que estas eram propaganda soviética.

Em 1968, Hoover autorizou o FBI a colocar sob escuta o jornalista de esquerda Charles Allen, que escrevia artigos críticos sobre os nazis nos Estados Unidos, alegando que

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Capa do livro de Eric Lichtblau

OÁSIS . HISTÓRIA

Allen era uma ameaça potencial à segurança nacional.

Muitos espiões nazis revelaram-se incompetentes. Vários eram men-tirosos inveterados, impostores ou enganadores

“Retrospectivamente, torna-se claro que Hoover, e por extensão o FBI, teve uma manifesta falta de visão, ao rejeitar provas da relação entre imigrantes alemães e do leste da Eu-ropa e os crimes de guerra dosnazis”, admite John Fox, historiador principal do FBI. “Contudo, convém lembrar que isso aconteceu no auge das tensões da Guerra Fria.”

A CIA recusou-se a fazer declara-ções para este artigo. Os documentos revelam que, ao longo dos anos 50 e 60, os espiões nazis realizaram di-versas missões, das mais perigosas às mais triviais, por conta de agências norte-americanas.

No estado de Maryland, instrutores do Exército forma-ram vários antigos oficiais nazis em guerra de guerrilha, para uma possível invasão da Rússia. No Connecticut, a CIA encarregou um antigo guarda nazi de analisar os símbolos inscritos nos selos do correio proveniente do bloco soviético, em busca de sentidos ocultos. No esta-do de Virgínia, um dos principais conselheiros de Hitler

dava conferências de acesso restrito sobre assuntos sovi-éticos. E, na Alemanha, oficiais das SS infiltraram-se nas zonas controladas pelos russos, para instalar cabos de escuta e vigiar o tráfico ferroviário.

Agentes duplos a soldo da URSS

Informes desses relatórios de segurança agora desclas-sificados, revelam no entanto que muitos espiões nazis revelaram-se incompetentes ou pior.

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Eric Lichtblau em conferência

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Vários deles eram mentirosos inveterados, impostores ou burlões; verificou-se que alguns eram inclusive agentes duplos, a soldo dos soviéticos.

Richard Breitman observou que o aspecto ético de recru-tar nazis raramente foi levado em conta: “Tudo isto resul-tou de uma espécie de pânico, do medo de termos poucos recursos para enfrentar os comunistas, vistos como ter-rivelmente poderosos”. As tentativas de ocultar os laços

agora revelados duraram décadas. Em 1994, quando o Departamento de Justiça se preparava para processar um colabora-dor nazi de alta patente chamado Aleksan-dras Lileikis, que se encontrava em Boston, a CIA procurou intervir. Os próprios arqui-vos da agência ligavam Lileikis ao massa-cre de 60 mil judeus, na Lituânia. Da ficha de Lileikis na CIA constava que trabalha-ra “sob o controle da Gestapo, durante a guerra”, e “estivera possivelmente envolvi-do no fuzilamento de judeus em Vilnius”.

Apesar disso, os registros mostram que, em 1952, a agência o contratou como es-pião na Alemanha de Leste - pagando-lhe 1700 dólares por ano e dois pacotes de cigarros por mês - e que, quatro anos mais tarde, lhe abriu o caminho para emigrar para os Estados Unidos. Lileikis viveu em paz durante quase 40 anos, até o Minis-

tério Público descobrir o seu passado nazi e se preparar para o deportar, em 1994.

Unidade de caça aos nazis

Mas, quando a CIA soube dessas intenções do Ministério Público americano, um dos seus advogados telefonou a Eli Rosenbaum, da unidade de caça aos nazistas do De-partamento da Justiça, e disse-lhe que “não podia avan-çar com aquele Processo” - contou Rosenbaum, numa entrevista. A agência não queria correr o risco de divul-gar registros secretos sobre o seu antigo espião. Ro

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J. Edgard Hoover, esquerda, ex-diretor do FBI

OÁSIS . HISTÓRIA

senbaum disse ainda ter chegado a um entendimento com a CIA: se a agência fosse obrigada a entregar registros questionáveis, a sua uni-dade desistiria do processo. Mas isso não aconteceu e Lileikis acabou mesmo sendo deportado.

A CIA escondeu ainda dos legislado-res o que sabia sobre o passado de Lileikis. Em 1995, num memorando para o Comitê de Informação da Câ-mara dos Representantes, a CIA re-conheceu que o usara como espião, mas não fez qualquer referência aos registros que o associavam a assas-sínios em massa. “Não ha provas de que esta agência tivesse conheci-mento das suas atividades durante a guerra”, informou a agência.

(*)Eric Lichtblau é jornalista do jornal The New York Times. Este artigo foi adaptado do seu li-vro The Nazis Next Door: How America Became a Safe Haven for Hitlers Men (Os nazistas da porta ao lado: Como a América tornou-se um porto seguro para homens de Hitler, recente-mente publicado)

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Neonazista posa de costas em manifestação nos Estados Unidos

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VIA

GEM

SIS

A constelação de Órion, no céu da cidade de Alqueva, Alentejo

AS ESTRELAS DO ALENTEJOO céu mais bonito fica no sul de Portugal

OÁSIS . VIAGEM OÁSIS

iajar para o Alentejo é muito mais do que conhecer um pouco sobre as tradições, a história e a cultura de Portugal. É também literalmente observar um dos pedacinhos de céu mais bonitos do planeta, segundo a Unesco e a Organização Mundial de

Turismo (OMT).

Recentemente, as duas entidades certificaram algumas cidades com o Starlight Tourism Des-tination, elegendo as melhores vistas noturnas do planeta. Com um céu repleto de estrelas cadentes, Alqueva, na região do Alentejo, con-sagrou-se como o primeiro destino indicado.

VRica em história e em tradições, a encantadora região situada no coração de Portugal abriga ainda o céu mais bonito do planeta

POR: FABÍOLA MUSARRA

Batizada com o nome oficial de Freguesia de Alqueva, a região tem seu ponto forte no tu-rismo ecológico, oferecendo diversas opções de hospedagem nas propriedades rurais e nos hotéis que abriga. Se você pretende pas-sar uns dias por lá, a dica é consultar o site www.roteirodoalqueva.com, que reúne en-dereços de restaurantes e de hospedagens na região, além de suas atrações turísticas.

Quanto a essas últimas, os passeios de bar-co são outra das principais estrelas do lugar. Então, o que acha de embarcar em um de-les e fazer um tour na Barreira de Alqueva, o maior lago artificial da Europa. Com 250 quilômetros quadrados e mais de 1.100 qui-lômetros de margens, abrange cinco conce-lhos do Alentejo: Portel, Moura, Reguengos de Monsaraz, Mourão e Alandroal, além dos municípios de Olivença, Cheles, Alconchel e Villanueva del Fresno.

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O céu sobre as ruinas celtas (cromleck) do Xerez, no Alentejo

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Castelo da Beja, no Alentejo

Se você ficou interessado, saiba que os barcos partem diariamente da Marina da Amieira e dos cais da Barra-gem e de Reguengos de Monsaraz. Os diferentes tipos de embarcação – a motor e à vela, pequenos e até os com ca-pacidade para 120 pessoas – fazem diferentes trajetos ao longo da barragem. Há variadas opções de passeios, des-de os de curta duração até os cruzeiros de várias horas com parada em uma das aldeias ribeirinhas do Alqueva.

Terra de pastores – Aldeias e vilarejos de simpáticas casinhas são o que não faltam nesse cantinho de terra. Situado no centro-sul do país, o Alentejo, na realidade, compreende os distritos de Portalegre, Évora e Beja, a metade sul do distrito de Setubal e parte do distrito de Santarém, sendo assim a maior região de Portugal. Em função de seu tamanho, o governo português dividiu a província em Alto Alentejo no norte (capital: Évora) e Baixo Alentejo no sul (capital: Beja). Paradoxalmente, a região é a menos povoada de Portugal.

Predominantemente habitada por pastores e campone-ses, o Alentejo é o maior produtor de cortiça do mundo. Curioso saber que a cortiça é uma casca que somente pode ser extraída do sobreiro (Quercus súber) uma vez a cada nove anos, período em que a árvore permanece sem ser descortiçada.

Se você estiver viajando pelo Alentejo de carro rapida-mente vai notar as planícies ora recobertas por incontá-veis sobreiros, ora tingidas por infinitos campos de trigo. Aqui e ali também vai se deparar com as intrigantes ca-sas de minúsculas janelas, assim construídas para man-ter o frescor nos quentes dias verão e o calor no frio do inverno.

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Via Láctea, como é vista na região de Hospitalarios, Alentejo

OÁSIS . VIAGEM OÁSIS

História – O céu não é a única estrela do Alentejo. De-senhada por paisagens naturais estonteantes, a região oferece atrações para todos os gostos, desde roteiros que revivem a história até os feitos sob medida para os segui-dores de Bacco e para os amantes de um bom prato.Se o assunto é história, o Alentejo reúne incontáveis tes-temunhas da presença de diferentes civilizações em Por-tugal. São castelos, monumentos, ruínas e vestígios roma-nos e de confrontos com mouros e com outros povos que invadiram o país.

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Declarada Patrimônio da Huma-nidade pela Unesco, Évora é um endereço obrigatório para quem gosta de história. Abriga a ruína com colunas coríntias do século I do Templo Romano, a Catedral de Santa Maria, a Igreja de São José e a Capela dos Ossos, o Palácio Dom Manuel e a Ermida de São Brás, entre muitas outras antigas edifica-ções.

Não é só. Subindo a Serra de São Mamede até Marvão, um castelo construído em 1299 exibe uma for-taleza de lindas muralhas. Já em Elvas fica o Aqueduto da Amoreira, com sete quilômetros de extensão.Pão & Vinho – Para os amantes de vinho, o Alentejo oferece diversos programas, desde visitar a Enoteca e o Museu do Vinho de Redondo

até conhecer algumas das mais de 250 vinícolas da re-gião. Se essa é a sua intenção, o site da Associação Rota dos Vinhos do Alentejo (www.vinhosdoalentejo.pt) pode ser útil, indicando a localização e o caminho das proprie-dades onde você pode provar excelentes vinhos.

Beber combina com comer. E a gastronomia é um ca-pítulo à parte do Alentejo. Riquíssima em sabores e pa-ladares, sempre esteve ligada aos produtos do campo e baseia-se na trilogia pão, azeite e ervas aromáticas.O pão é o eterno acompanhante de todos os petiscos e

As casas caiadas de Monsaraz, no Alentejo

pratos principais. Também está presente nas típicas sopas da região, como as sopas de peixes, por exemplo. É ainda o principal protagonista das migas, um prato típico da Pe-nínsula Ibérica, cuja receita combina pão duro com baca-lhau ou com carne de porco. As migas também podem ser de tomate, de couve-flor e de aspargos verde...

Quanto ao azeite, faz toda a diferença na hora do preparo dos pratos. No Alentejo, você vai perceber o que é significa saborear refeições preparadas com azeite virgem. O azeite alentejano é um dos melhores do mundo.

Já as ervas aromáticas – os coentros, poejos, a hortelã, a segurelha, o tomilho, o orégano e o louro – são os astros da gastronomia local. Juntos, pão, azeite e ervas enrique-cem os pratos típicos da região, como os preparados com carne de porco, legumes, peixes e frutos do mar. O Alentejo é único, porém diverso. É atlântico e mediter-râneo, serra e planície, costa e interior, rios e mar. Sua gastronomia é um reflexo disso tudo. Preciso dizer mais? Informações: www.turismodoalentejo.com.br

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Mesa típica com iguarias do Alentejo

Milão se prepara para a maior feira do mundoA arrojada cidade de Milão, no norte da Itália, será palco de um dos mais importantes eventos internacionais do planeta: a Expo Milano 2015, que acontece do dia 1º de maio a 31 de outubro. Mais do uma viagem pelos sabores e tradições gastronômicas do mundo, a feira tem como tema “Nutrir o planeta, energia para a vida” e pretende levantar discussões sobre a educação alimentar, a nutri-ção, a tecnologia e os recursos planetários.

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Para isso, os mais de 145 países participantes, incluindo o Brasil, vão mostrar e, sobretudo, analisar o passado e o presente da alimen-tação, traçando os futuros cenários da nutrição e os desafios que en-volvem o tema.

Para realizar uma feira do porte da Expo, um terreno de aproxi-madamente um milhão de metros quadrados na área noroeste de Milão está em obras, abrangendo ainda as cidades limítrofes de Rho, Baranzate, Bollate e Pero. Alguns dos melhores arquitetos do mundo trabalham no projeto.

A Expo Milano 2015 deve atrair mais de 20 milhões de pessoas. Estará aberta diariamente das 10 às 23 horas. Os ingressos já podem

ser adquiridos no site www.expo2015.org

Maquete do Pavilhão da Alemanha na Expo Milano 2015

Navio da Disney traz “Frozen” a bordo A Disney Cruise Line tem novi-dades para o verão no Hemis-fério Norte: durante toda essa estação, o Navio Magic terá uma programação temática inspira-da no filme “Frozen”. Durante o trajeto rumo a Noruega, a terra que inspirou o fictício reino de Arendelle, os passageiros partici-parão de atrações em terra firme, a serem realizadas no porto.

O porto norueguês de Ålesund será palco de uma delas. Com recriações de construções do século 19 e um grand finale com a presença dos personagens da animação, a atração foi idealiza-da especialmente para a Disney Cruise Line para fascinar os viajantes com o charme das pequenas cidades norue-guesas.

Além de Ålesund, o navio faz ainda paradas em fiordes e nos portos norueguesas de Stavanger, Geiranger, Molde, Olden and Bergen e Geiranger. Já os passageiros interes-sados podem embarcar em um passeio para conhecer as belezas naturais e a rica arquitetura escandinava repro-duzida em “Frozen”.A viagem será acompanhada pelos personagens do filme,

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com atividades que lembram a obra infantil. Por sua vez, o interior da embarcação será transformado em um “rei-no de inverno”, proporcionando aos passageiros a expe-riência de se viver no palácio de gelo nas montanhas da rainha Elsa, personagem principal da animação.

Danças folclóricas, músicos locais, jogos da época e a gastronomia da Noruega completam a programação. Os pacotes de sete e nove noites começam em 6 de junho. Informações podem ser obtidas no site da Disney Cruise Line (www.disneycruise.com) e nas agências de viagens.

A incrível Alesund, na Noruega

Promoção oferece dias extras de viagemA Rail Europe, distribuidora de bilhetes e passes de trens europeus, está com uma promoção que oferece até cinco dias extras de viagem para quem adquirir o Eurail Global Pass, passe que permite viagens de trem por 28 países eu-ropeus.

Pela promoção, quem comprar o Eurail Global Pass para 15 dias ganha dois dias extras de viagem. Já o passe para 21 dias oferece terá três dias a mais para viajar, enquanto

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o passe de 30 dias, cinco dias ex-tras.

A promoção somente vale para compras efetuadas até o dia 27 de março. Já as viagens podem ocor-rer até seis meses a partir da data de emissão. Mais detalhes estão disponíveis site da Rail Europe, no link www.raileurope.com.br/special-offers

O TGV, na França, um dos trens da Rail Europa

Monticello está entre as top 10 áreas vinícolas dos EUAA região Monticello, na Virginia, foi eleita pela revista Condé Nast Traveler como a sexta área vi-nícola dos Estados Unidos para ser explorada pelos turistas este ano. O ranking foi elaborado pe-los jornalistas Elizabeth Stark e Brian Campbell, ambos especia-lizados em gastronomia. Anteriormente, o Estado da Vir-ginia também havia sido reco-nhecido como um dos melhores destinos de vinho pelas publi-cações Wine Enthusiast, USA Today, Food & Wine Magazine e Washington Post.

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A vinícola da família Corley, uma das mais importantes de Monticello

Wine Tourism Conference 2015Por falar em vinhos, o governador do Estado da Virginia, Terry McAuliffe, anunciou a escolha de Loudoun County – região do interior que reúne 40 das mais de 250 viníco-las do Estado – para sediar o Wine Tourism Conference 2015, um fórum que oferece oportunidades de conhe-cimento e networking para os profissionais do setor. O evento acontece entre os dias 18 e 20 de novembro e de-verá receber mais de 200 profissionais da área enogastro-nômica do mundo todo.

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No ano passado, 25 vinícolas fo-ram inauguradas na Virginia. Atu-almente, o Estado abriga mais 1,2 mil hectares de vinhedos, divididos em mais de 250 vinícolas. Mais de 12 roteiros passam por essas pro-priedades produtoras de vinho. Se você visitar a região, vale a pena conhecer pelo menos uma delas.

Entardecer em Loudoun County, na Virgínia

Montevidéu vai ter táxis elétricosA cidade de Montevidéu anun-ciou que irá licenciar 50 táxis elétricos para que passem a cir-cular na capital uruguaia. A me-dida visa estimular o uso desse tipo de transporte na cidade. Os novos táxis serão 100% elétricos e foram desenvolvidos pela mon-tadora chinesa BYD, especiali-zada em veículos elétricos. Estes automóveis não produzem gases tóxicos, são carregáveis em duas horas e possuem 330 km de au-tonomia.

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Montevideo sai na frente e implanta frota de taxis elétricos

Curitiba ganha terminal de informaçõesEstá visitando Curitiba (PR) pela primeira vez? Está com sorte e acaba de ganhar um aliado que vai te ajudar a “an-dar” pela capital: o recém-inaugurado terminal de infor-mações do saguão de desembarque do Aeroporto Afonso Pena.

Curitiba, na realidade, possui diversos desses terminais interativos espalhados em suas principais ruas. Ao recor-rer a um deles, você pode se informar sobre transporte,

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horários de vôos, pontos turísticos, serviços e eventos, entre outros as-suntos. Boa estadia na cidade!

Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba, ganha terminal de informações

Brasília está atenta à OlimpíadaBrasília (DF) será uma das cida-des-sedes dos Jogos Olímpicos de 2016 e já se organiza para receber as competições de fu-tebol masculino e feminino do torneio, quando pretende repetir os resultados obtidos na Copa do Mundo.

Na época, o Aeroporto Jusceli-no Kubitschek bateu recorde em voos internacionais, registrando um aumento de 55% na opera-ção. Ainda no mesmo período, a capital brasileira recebeu 633 mil visitantes de 87 nacionalida-des. Os turistas movimentaram R$ 1,3 bilhão, segundo dados da Secretaria de Turismo do Distrito Federal.

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Estádio Mané Garrincha, em Brasília

Recife terá voo semanal para Cabo VerdeRecife (PE) vai ter um voo semanal para Cabo Verde em junho. Operado pela Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), que já voa para Fortaleza (CE), a nova freqüência permitirá conexões para vários países da Europa.

(*) Correspondência para https://fabiolamusarra.wordpress.com/

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Praia na Ilha do Sal, em Cabo Verde

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TÉR

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O MEDITADOR DOURADO

O monge budista que medita há

900 anos

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A estátua do monge budista e, a direita, a sua tomografia computadorizada

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primeira vista ela parece uma simples estátua de Buda. Mas essa escultura do 11o ou 12o s século XI ou século XII D. C. guarda um segredo. Encapsu-lados em seu interior estão os despojos de um monge budista,

ainda em meditação, sentado na clássica posi-ção do lótus. No corpo do religioso não mais existem os ór-gãos, mas sim antigos rolos de textos escritos nos caracteres chineses antigos. A descoberta, digna de um filme de Indiana Jones, é de um

ÀUma estátua que esconde um segredo: a incrível história de um sábio budista que do ano 1100 até hoje permaneceu na posição meditativa do lótus

POR: EQUIPE OÁSISFOTOS: WORLD MUSEUM DE ROTERDÃ, HOLANDA

grupo de pesquisadores do Meander Medical Centre de Amersfoort, nas proximidades de Utrecht, na Holanda. Quem era o meditador

A presença da múmia no interior da estátua já era conhecida pelos pesquisadores. Há um ano, uma tomografia computadorizada da imagem revelou em seu interior o perfil de um esqueleto humano escondido. Segundo Erik Bruijn, experto de arte e cultura budista e curador convidado do World Museum de Roterdã, o corpo pertence a um mestre bu-dista chamado Liuquan, da Escola Chinesa de Meditação, morto ao redor do ano 1100 d.

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A imagem ingressa no equipamento de tomografia computadorizada

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C.

A descoberta aconteceu poucos dias depois de uma ou-tra, também de um monge budista morto há cerca de 200 anos, cujo corpo mumificado foi encontrado, sempre na posição do lótus, na província de Ulan Bator, capital da Mongólia. Segundo alguns devotos budistas, o monge Liuquan, bem como o seu colega de Ulan Bator, não te-riam morrido, mas se encontrariam apenas em um estado muito avançado de meditação.

A meditação de Liuquan foi novamente “perturbada” em setembro 2014, quando a múmia desse monge foi sub-

metida a mais uma tomografia e a algumas imagens en-doscópicas durante as quais foram retiradas amostras de tecido da cavidade toráxica e abdominal. Foi aí que se chegou a uma nova, incrível descoberta: no lugar dos te-cidos dos órgãos foram encontrados fragmentos de papel escritos em ideogramas chineses. Os órgãos do monge foram provavelmente removidos durante a mumificação e substituídos com rolos que cer-tamente eram considerados sagrados. Isso levaria a pen-sar que Liuquan foi mumificado depois de morto,

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A equipe de pesquisadores se reúne no Meander Medisch Centrum, na Holanda, para fazer a tomografia da estátua

Técnico verifica detalhes para poder fazer a tomografia da estátua

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e não automumificado, como alguns opinaram antes. A automumificação é um antigo e muito raro procedimento budista que consiste no abandono voluntário do próprio corpo. Sabe-se que esse processo foi tentado por vários monges idosos, mas apenas cerca de vinte casos bem des-critos chegaram até nós.

Essa prática – uma espécie de longo suicídio ritual – im-plicava em alguns anos de dieta prévia à base de semen-tes, de infusões venenosas e de raízes. Essas fórmulas se destinavam à eliminação das gorduras corpóreas e para impedir que os tecidos fossem corrompidos após a morte pelos processos naturais de putrefação. Quando o mon-

ge morria, numa posição de oração, o seu cadáver nun-ca mais era tocado e ele passava a ser venerado como se fosse um santo. Mas, se também Liuquan tivesse morrido nessas circuns-tâncias, provavelmente os seus órgãos não teriam sido retirados e substituídos por rolos de papel. A misteriosa múmia em meditação, que recentemente foi levada para a Hungria, permanecerá exposta no Museu de História Natural de Budapeste até maio de 2015.

Veja o vídeo aqui

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Múmia de monge budista em posição de lótus descoberta em Ulan Bator, na Mongólia