o verde na paisagem agreste de pernambuco urbano e rural

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Organizadora Maria Betânia Moreira Amador O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

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Arborização Urbana

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  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) -1

    n

    Organizadora

    Maria Betnia Moreira Amador

    O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

  • 2- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Organizadora

    Maria Betnia Moreira Amador

    Graduao em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (1986), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1994), especializao em Silvicultura pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (1995) e doutorado em Geografia (Conceito CAPES 5) pela Universidade Federal de Pernambuco (2008). Ps-doutorado em Geografia na linha de pesquisas Ecossistemas e Impactos Ambientais, Universidade Federal de Pernambuco (2011). Professora adjunta da Universidade de Pernambuco, Campus Garanhuns. Atuando no curso de Geografia e realizando pesquisas nos seguintes temas: geografia com abordagem sistmica, agroecologia, geomorfologia, biogeografia, e educao ambiental. Experincia, tambm, em estudos e pesquisas sobre a algarobeira no Nordeste do Brasil.

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 3

    Organizadora

    Maria Betnia Moreira Amador

    O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    1 Edio

    Tup/SP ANAP 2014

  • 4- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Editora ANAP

    Associao Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos,

    fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Bolvia, n 88, Jardim Amrica,

    Cidade de Tup, Estado de So Paulo CEP 17.605-310

    Edio e Arte Sandra Medina Benini

    ndice para catlogo sistmico

    Brasil: Geografia

    Contato: [email protected] www.amigosdanatureza.org.br

    Amador, Maria Betnia Moreira Amador (Org.) O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco: Urbano e Rural Tup: ANAP, 2014. ISBN

    1. Pernambuco 2. Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural 4. Geografia Fsica I. Ttulo.

    ANAP

    Associao Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos

    Fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Bolvia, n 88, Jardim Amrica,

    Cidade de Tup, Estado de So Paulo. CEP 17.605-310

    Diretoria da ANAP

    Presidente: Sandra Medina Benini Vice-Presidente: Allan Leon Casemiro da Silva 1 Tesoureira Maria Aparecida Alves Harada

    2 Tesoureira Jefferson Moreira da Silva 1 Secretria Rosangela Parilha Casemiro

    2 Secretria Elisngela Medina Benini

    Foto da Capa Ana Maria Severo Chaves

    Darla Juliana Cavalcante Macedo Elaynne Mirele Sabino de Frana

    Ra Vincius Santos

    ndice para catlogo sistmico

    Brasil: Geografia

    Contato: (14) 3441-4945 [email protected]

    www.amigosdanatureza.org.br

    A481o O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco: Urbano e Rural / Maria Betnia Moreira Amador (org.). Tup: ANAP, 2014.

    130 p ; il. Color. 29,7 cm

    ISBN - 978-85-68242-00-1

    1. Pernambuco 2. Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural I. Ttulo.

    CDD: 900 CDU: 913/47

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 5

    Conselho Editorial da ANAP

    Oscar Andrs Hincapi Marn

    Daniela de Souza Ona

    Diana da Cruz Fagundes Bueno

    Edson Lus Piroli

    Eraldo Medeiros Costa Neto

    Joo Cndido Andr da Silva Neto

    Joo Osvaldo Nunes

    Jos Aparecido Lima Dourado

    Jos Carlos Ugeda Jnior

    Juliana Heloisa Pin Amrico

    Junior Ruiz Garcia

    Leonice Seolin Dias

    Marcos Reigota

    Maria Betnia Moreira Amador

    Maria Helena Pereira

    Natacha Cntia Regina Aleixo

    Nilzete Ferreira

    Paulo Cesar Rocha

    Rafael Montanhini Soares de Oliveira

    Reginaldo de Oliveira Nunes

    Ricardo Augusto Felicio

    Ricardo de Sampaio Dagnino

    Rodrigo Simo

    Rosa Maria Barilli Nogueira

    Sandra Medina Benini

    Snia Maria Marchiorato Carneiro

  • 6- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Sumrio

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 7

    Sumrio

    Prefcio

    09

    Apresentao

    11

    Captulo 1

    O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

    Ana Maria Severo Chaves

    ElaynneMirele Sabino de Frana

    Maria Betnia Moreira Amador

    16

    Captulo 2

    O VERDE NA REA RURAL DO MUNICPIO DE VENTUROSA-PE

    (Em estudo o juazeiro)

    Darla Juliana Cavalcanti Macedo

    Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

    Maria Betnia Moreira Amador

    34

    Captulo 3

    A NATUREZA NA CIDADE: UMA PERCEPO DAS PRINCIPAIS PRAAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

    ElaynneMirele Sabino de Frana

    ThamyllysMyllanny Pimentel Azevedo

    Maria Betnia Moreira Amador

    47

  • 8- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Captulo 4

    ARBORIZAO NO MUNICPIO DE JUPI-PE

    Leticia Florentino Dias de Oliveira

    Ana Maria Severo Chaves

    Maria Betnia Moreira Amador

    62

    Captulo 5

    ASPECTOS PAISAGSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS PE

    Maria Betnia Moreira Amador

    79

    Captulo 6

    A RELAO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRANA) COM O MEIO RURAL E URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICPIO DE CALADO-PE

    Ra Vincius Santos

    Darla Juliana Cavalcante Macedo

    Maria Betnia Moreira Amador

    102

    Captulo 7

    REFLEXES SISTMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (MIMOSA TENUIFLORA) COM ENFOQUE NO MUNICPIO DE SO JOO/PE

    Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

    Ra Vincius Santos

    Maria Betnia Moreira Amador

    111

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 9

    Prefcio

  • 10- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Prefcio

    O verde arbreo, como expresso dos recursos naturais renovveis, um segmento notvel no que se refere a abordagem temtica, quer sob a conotao de recurso de capital quer sob a de benesses paisagsticas, climticas, e demais; recurso que, sob os ditames da Me Natureza, dissemina-se espontaneamente, sendo a partir da fortemente suplementada pela ao humana levando-se em conta as aptides regional-locais. Tal disseminao, portanto, alm de obedecer, por exemplo, scondies edficas, espraia-se, em particular, como atributo cultural do meio em que se insere. gostar-se do verde no s para se admirar, mas, em particular, gostar-se devido ao fato de se conhecer.

    Os resultados acadmicos expostos, ao nvel municipal, apresentados sob a orientao da Profa. Dra. Maria Betnia M. Amador, constitui no s exemplificao de iniciativa profcua, que disciplina e ao mesmo tempo motiva academicamente um elenco de orientandos, mas tambm demonstra correto encaminhamento de produo individual que se desdobra em coletiva, que engrandece tanto elaboradores como o ente institucional ao qual se encontram vinculados. A isso se juntando o requisito tica, que com certeza norteia as premissas do grupo em apreo, a combinao v-se elevada ao nvel de excepcionalidade, fruto por assim dizer do plantio adequado de outrora combinado com salutar reproduo presente.

    O potencial da ideia em termos de grupo e entidade deve ser por demais, ressaltado: reflete melhoria na produo de recursos humanos e institucionais, to escassas nesses velhos tempos; as dimenses acadmica e de gesto municipal, face iniciativasdo gnero, podem evoluir, consolidar-se, e at expandir-se,mesmo que por via indireta - tudo isso sem abdicar de concepes como persistncia, abnegao, otimismo, atributos que devem sempre estar presentes na transio de sonho para realidade. O elenco produtor ora referido est enfim de parabns, de modo particular por sua contribuio apontar para a transio mencionada, sem nenhuma inibio no que toca expor sua condio potente.

    Pedro Amador - Economista Professor licenciado da UPE / Campus Garanhuns

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 11

    Apresentao

  • 12- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Apresentao

    Se pensarmos s em uma rvore talvez fique a sensao de estarmos pensando pequeno. Mas se pensarmos nas rvores dos quintais, dos jardins, das caladas, das ilhas, das avenidas, dos parques, da imensa massa verde que existe em vrias cidades, teremos a sensao gratificante de estar trabalhando por um ambiente melhor, mais saudvel, sustentvel... estaremos trabalhando pelas rvores, pela vida.

    Paulo de Tarso Batista1

    O estudo do verde de fundamental importncia para se entender a organizao do espao tanto rural, quanto urbano. No semirido do nordeste do Brasil, por exemplo, especificamente em reas do Agreste de Pernambuco verifica-se que, em ambos os espaos urbano e rural, h uma ntida falta de conexo entre o verde e o homem devido ao fato de se perceber que os elementos componentes da flora nativa e da paisagem tpica dos sertes, passam a dar lugar ao exotismo das palmas e gramneas para a formao de pastagens nas reas rurais enquanto que na area urbana, a arborizacao e o paisagismo passam a ser compostos, predominantemente, de exticas nas caladas e outros espaos pblicos ficando os cultivos de plantas nativas ou no, ornamentais ou medicinais restritas aos quintais e jardins, os quais se aproximam da flora local. Assim, objetivou-se fazer estudos nesses espacos, da situao presente, buscando-se evidenciar o contra-senso ou paradoxo da relao homem/natureza pela perspectiva sistmica de anlise da paisagem. Para tanto, teve-se a colaborao de bolsistas de iniciao cientfica que estudaram, em particular, seus municpios de origem fazendo-se, ento, articulaes entre as diferentes realidades encontradas para o entendimento da complexidade, a qual envolve a sustentabilidade, que se delineia frente s contradies do discurso ambiental, mediante a cultura j estabelecida do nordeste seco. Os aportes metodolgicos compreendem, fundamentalmente, a observao norteada pela percepo, aplicao de formulrios aos habitantes dos referidos municpios analisados, tomada de histria de vida em alguns casos, e registros fotogrficos das diversas situaes encontradas. Optou-se pela abordagem sistmica para encadear e articular os procedimentos, alm de se considerar vivel para o amalgamento da base terica calcada na teoria da complexidade de Morin. Os resultados apresentados apontam para uma concepo de verde que nao condiz com o ambiente semiarido e nem tampouco com as ideias de sustentabilidade. Pode-se citar que, como se pode verificar nos textos que compoem esse trabalho, observa-seum afastamento da flora local e nativa pela preferncia dada s espcies exticas em ambos os ambientes, rural e urbano. Tambm se ressalta o pouco apreo que se percebeu da populao, em geral, em relao aos elementos verdes, ou seja, apesar de expressarem preocupaes com a natureza, rvores entre outros, no praticam a observao valorativa do espao atravs da imagem e simbologia que as rvores, em especial, representam. Cabe, ainda considerar, nesse contexto, a pouca importncia dada pelas gestes municipais em termos de melhoramento, conservao e/ ou preservao de um patrimnio pblico e considerado pela legislao, como bem difuso da populao que o verde, seja rural ou urbano. Pressupe-se, portanto, que tratar do verde, em qualquer espao, colaborar para a construo de um ambiente mais adequado e mais sustentvel.

    O contexto atual, em termos de se pensar a sustentabilidade do planeta, favorece reflexes sob diversas abordagens praticas, tericas e metodolgicas, tambm, em nveis locais e regionais. Logo, o semirido nordestino brasileirodemanda estudos nos quais os resultados contribuam, em alguma escala, para as dimenses educacionais, politicas, administrativas entre outras.

    A temtica que se insere traz a tona elementos que identificam certa discrepncia evidenciada na relao homem

    1 Disponivel em http://www.sbau.org.br/materias.htm. Acesso: 27 abr. 2014

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 13

    / natureza no mbito urbano e, tambm rural em termos de vegetao. Natureza que na concepo de Moscovici (2007, p. 28) pensada semelhana de um arco-ris: eu sei que a natureza no tem nada de verde nem de cinza, que ela representa na verdade, uma paleta infinita de cores. Ela para ns a ideia que compreende todos os caminhos possveis, no tempo, entre o acaso e a necessidade limitante. Assim, o semirido nordestino e o homem sertanejo foram, na linha do tempo, associados ao sofrimento e ao cinza da paisagem da caatinga. Costumeiramente rotulados com o fardo histrico do determinismo, parecendo no haver sada ou soluo. Pensamento que vem, gradativamente se modificando pelas inmeras iniciativas publica e/ou privadas de mostrar que a convivncia com, e no semirido possvel desde que se encontrem persistentes formas de desenvolver a rea, produzindo e vivendo com respeito a essa natureza, atentando para suas fragilidades.

    Na trilha desse movimento engaja-se, tambm, com pesquisa sobre o verde urbano e rural sobre alguns municpios do agreste de Pernambuco utilizando-se a estratgia de agregar subprojetos que oportunizam aos acadmicos bolsistas de iniciao cientifica a experincia de estudar o verde de seus municpios de origem, seja urbano ou rural. Nesse contexto, importa que, mediante leituras dirigidas de cunho sistmico, os mesmos percebam a importncia do lugar e suas paisagens articulando os conceitos com a dinmica evidenciada na relao do citadino, morador, transeunte, proprietrio rural com o verde em sua volta, quase fazendo lembrar a organizao do cristal com sua rigidez mineral e a chama da vela decompondo-se pela fumaa, tomando-se Atlan (1992, p.9) como referencia.

    Os estudos sistmicos visam contextualizar a realidade ressaltando as teias que esto pr-estabelecidas e aquelas que esto se formando, cujas tramas possibilitam uma melhor compreenso da situao por no se limitar na extenuante busca da causa efeito, mas contribui para o questionamento do ser pensante e da sociedade sobre os elos com a natureza num mundo cada vez mais sem tempo pelo trabalho que se impe.

    Logo, fato que as paisagens urbanas e rurais so reflexos dessa forma de relacionamento ecologia x economia ao mesmo tempo em que a afetividade com o lugar, principalmente pela falta ou pela pouca experincia e/ou vivencia, propicia certo afastamento, praticamente sem culpa ou responsabilidade maior com os bens capitais naturais e, concorda-se com Serres quando ele afirma que a sociedade encontra-se num momento de assinatura de um contrato:

    Trata-se da necessidade de rever e de voltar a assinar o mesmo contrato social primitivo. Este diz-nos respeito para o melhor e para o pior, segundo a primeira diagonal, sem mundo; agora que sabemos associar-nos perante o perigo, precisamos de conceber, ao longo da outra diagonal, um novo pacto a assinar com o mundo: o contrato natural. Cruzam-se, assim, os dois contratos fundamentais (SERRES, 1990, p. 31 - 32).

    Ou seja, a busca da compatibilidade harmoniosa entre o verde endmico e o verde extico deveria ser melhor considerado. No porque se est num municpio interiorano que se despe a paisagem urbana das conotaes da vegetao do entorno, de certa forma negando-a, mas pelo contrario, os elementos verdes presentes naturalmente no local prestam-se bem ao paisagismo desde que este, enquanto atividade da administrao municipal, seja adequadamente planejado e gerido podendo, inclusive ser concatenado com o exotismo de outras espcies.

    As pesquisas apresentadas nesse livro tem como ancoradouro a proposta de estudar o verde do Agreste de Pernambuco, especialmente o Agreste Meridional tendo-se Garanhuns e municpios prximos como locais de estudo, desde que estejam inseridos no semirido, cujo mapa (Figura 1) apresenta nova configurao politica.

    Alm dos 1.031 municpios j incorporados, passam a fazer parte do semirido outros 102 novos municpios [...]. Com essa atualizao, a rea classificada oficialmente como semirido brasileiro aumentou de 892.309,4 km2 para 969.589,4 km2, um acrscimo de 8,66%. Minas Gerais teve o maior nmero de incluses na nova lista - dos 40 municpios anteriores, vai para 85, variao de 112,5%. A rea do Estado que fazia anteriormente parte da regio era de 27,2%, tendo aumentado para 51,7%de acordo com a Secretaria de Polticas de Desenvolvimento Regional. Ministrio da Integrao Nacional (2005. p. 05).

    A regio semirida do nordeste brasileiro (Figura 1) corresponde, aproximadamente, a 13,5% do territrio. Se caracteriza pelas irregularidades pluviomtricas e temperaturas elevadas apresentando o clima BSh, tomando-se como referencia a classificao de Koppen. Os solos, em geral, podem ser caracterizados como slico argiloso e apresenta, ainda, uma alta radiao solar, baixa nebulosidade, media anual de temperatura elevada, baixas taxas de umidade relativa e evapotranspirao elevada. Esse conjunto de caractersticas propicia o fato de que a maioria dos rios dessa regio seja intermitente (ABILIO; FLORENTINO, 2011, p. 42 43).

  • 14- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Figura 1: Mapa do Semirido BrasileiroFonte: Secretaria de Polticas Desenvolvimento Regional. Ministrio da Integrao Nacional.

    Disponvel em:< http://www.museusemiarido.org.br/expedicao/cartilha_delimitacao_semi_arido.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2011.

    O levantamento bibliogrfico foi dirigido para assimilao de cada proposta, uma vez que os sub projetos tem

    ao similar e simultnea, mas com realidades diferenciadas, encontrando- se no contedo interdisciplinar as bases necessrias ao enfoque integrado da questo do verde urbano e/ou rural. Aplicou-se a tcnica da observao associada aplicao de formulrios em todos os casos nos diferentes municpios. Constitui-se o formulrio, predominantemente de perguntas fechadas dirigidos aos atores presentes por ocasio da abordagem.

    Os dados apresentados, os quais foram estudados luz da literatura disponvel sobre o assunto e associados, sempre que possvel, ao registro fotogrfico contribuindo assim na documentao da informao, proporcionaram concluses, algumas parciais, outras consideradas de carter mais concreto e final, as quais podem ser uteis para fomentar novos estudos e aes. Registra-se, ainda, que em alguns casos utilizou-se a tcnica de histria de vida.

    A aplicao dessa tcnica foi, e continua sendo um dos pontos relevantes dessa pesquisa. Tecnicamente, as representaes dos sujeitos, baseados em suas histrias de vida, so fundamentais para o entendimento da questo, pois, s possvel chegar aos aspectos do cotidiano desses sujeitos que vivem em seus municpios seja na rea urbana ou rural atravs de suas memorias.

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 15

    Segundo Meihy (1996), a histria de vida constitui-se numa metodologia que trata a narrativa do conjunto de experincias de vida de uma pessoa. Trata-se de um tipo de busca que visa a utilizao de fontes orais em diferentes propsitos, para adquirir um melhor entendimento do que se almeja com a referida pesquisa, sendo importante frisar que considera-se ser uma maneira inovadora de se tratar a temtica do verde sob abordagem sistmica e interdisciplinar.

    Espera-se que os relatos advindos por ocasio da coleta das histrias orais possam, por meio da memria dos sujeitos e dos processos dinmicos ocorridos em suas vidas, trazer tona elementos substanciais das relaes destes com os contedos do local onde reside, associados ao verde.

    Enfatiza-se tambm, que este mtodo possibilita extrair da comunidade conhecimentos exclusivo daquela rea. Assim, por meio da subjetividade e do simbolismo h uma grande contribuio para a pesquisa em seu mbito qualitativo. Atravs dos fatos e dos aspectos identitrios, emergem os objetos, ou seja, a fala, os gestos, as aes, se constituindo desse modo num registro que guarda uma diversidade profunda de manifestaes inerentes trajetria do sujeito, em que sua vida cultural foi constituda.

    Assim, a metodologia que se apresenta tem um carter dinmico coadunando-se com a viso sistmica e interdisciplinar, posies tericometodolgicas, atualmente em ascenso nos meios acadmicos, principalmente.

    Assim sendo, contempla-se nesse trabalho resultados de trabalhos e subprojetos referentes aos municpios de Canhotinho, Correntes, Calcado, Garanhuns, Jupi, So Joo, e Venturosa todos na regio semirida do agreste pernambucano. Registra-se, ainda, que os mesmos serao dispostos ao longo do livro em ordem alfabetica dos principais autores.

    No mais, espera-se estar disponibilizando um conteudoutil e atualizado para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o assunto tratado, bem como enriquecer o conhecimento existente para os municipios contemplados nessa empreitada.

    REFERENCIAS

    ABLIO, Francisco Jos Pegado; FLORENTINO, Hugo da Silva. Ecologia e conservao ambiental no semirido. In:

    Educao ambiental para o semirido. Joo Pessoa: Editora Universitria da UFPB, 2011.

    ATLAN, Henri. Entre o cristal e a fumaa: ensaio sobre a organizao do ser vivo. Traduo de Vera Ribeiro. Rio de

    Janeior: Jorge Zahar Ed., 1992.

    BATISTA, Paulo de Tarso. O meio ambiente, as cidades, as arvores urbanas e a sbau. In: Sociedade Brasileira de

    Arborizao, 2010. Dispnivel em http://www.sbau.org.br/materias.htm. Acesso: 27 abr 2014.

    Mapa do Semirido Brasileiro. Secretaria de Polticas Desenvolvimento Regional. Ministrio da Integrao Nacional. Nova delimitao do semirido brasileiro. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2011. MEIHY, Carlos Sebe. Bom, manual de histria oral. Loyola, So Paulo,1996. Ministrio da Integrao Nacional. Nova delimitao do semirido brasileiro. Disponvel em: . Acesso em: 08 nov. 2011. MOSCOVICI, Serge. Natureza: para pensar a ecologia. 2 ed. Traducao de Maria Louise Trindade Conilh de Beyssac e

    Regina Mathieu. Rio de Janeiro: Mauad X: Instituto Gaia, 2007.

    SERRES, Michel. O contrato natural. Traduo de Serafim Ferreira. Lisboa, Portugal: Instituto Piaget, 1990.

  • 16- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Captulo 1

    O VERDE URBANO NA PAISAGEM

    AGRESTE DE CORRENTES-PE

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 17

    Captulo 1

    O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

    Ana Maria Severo Chaves

    Elaynne Mirele Sabino de Frana

    Maria Betnia Moreira Amador

    Futuramente, s ser concebvel uma natureza de dupla pilotagem: a natureza deve ser pilotada pelo homem, mas este, por sua vez, deve ser pilotado pela natureza. Os dois co-pilotos, embora heterogneos, so absolutamente inseparveis.

    Edgar Morin 2

    O verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE, uma temtica que foi trabalhada durante dois anos, atravs dos projetos de pesquisas: O Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE: quintais, jardins e caladas em 2012 e O Verdedas Praas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizao do Espao numa Abordagem Sistmica da Paisagem Agreste de Correntes-PE em 2013. Projetos que tiveram como principal objetivo averiguar o verde existente no municpio, diagnosticando a importncia da presena vegetal arbrea ou nodos espaos urbanos pblicos e particulares na paisagem urbana de Correntes-PE atravs da abordagem sistmica.

    O desenvolvimento desses projetos de pesquisas resultou em alguns trabalhos apresentados e publicados, que de forma sucinta, tambm esto no corpo do presente captulo. Ressalta-se a relevncia de estudos sobre o verde urbano para um melhor entendimento da presena da massa verde na cidade, bem como, sua funcionalidade e contribuio para um ambiente urbano mais saudvel e benfico populao. As pesquisas so de ordem qualitativo-quantitativa, cujo mtodo pauta-se na observao e na percepo. Assim, procurou-se sempre manter um dilogo e participao em cada etapa das pesquisas e no decorrer dos estudos realizados. O trabalho que se apresenta situa-se no mbito da cincia Geogrfica, atravs da sua categoria de anlise paisagem.

    Nesta perspectiva, a paisagem agreste do municpio de Correntes uma fonte da subjetividade, na qual se desenvolve relaes afetivas com o meio, onde a populao interage com os ambientes que lhe disponvel mantendo com esses espaos laos afetivos. Considerando-se a paisagem urbana como reflexo da interao dos indivduos em sociedade e,as construes hierarquizadas espelhando de certa forma um espao subjetivo, sentido e vivido por cada habitante de maneira particular e em grupo formando, assim, uma identidade com o lugar em constante interao sistmica.

    2 MORIN, 1991 apud DARDEL, 2011, p. 69

  • 18- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    1. CORRENTES-PE

    Correntes um municpio, relativamente, pequeno com 17.419 habitantes (IBGE, 2010), que passou a fazer parte da nova delimitao do Semirido em 2005. Sua economia baseada na agricultura, pecuria e comrcio em geral. Sua histria como em muitas outras cidades interioranas e ribeirinhas, se deu por motivos religiosos, onde em 1826, o portugus Antnio Machado Dias, abastado fazendeiro que residiu onde hoje a cidade de Correntes-PE, fez construir uma igreja dedicada ao santo de seu nome. Esse fato atraiu grande nmero de pessoas que se foram agrupando em torno do templo, formando a povoao que tomou o nome de Barra de Correntes localizada as margens do Rio Correntes e do Rio Munda, posteriormente passou a se chamar Correntes, nome que tm origem no rio de trs nascentes (que se chama 3 correntes) sendo, ento, denominado de rio das Correntes. 1.2 Localizaes do Municpio de Correntes-PE e Seus Aspectos Geogrficos

    O municpio (figura 1) est localizado na Mesorregio Agreste e na Microrregio Garanhuns do Estado de Pernambuco, limitando-se a norte com Garanhuns e Palmeirina, ao sul com o Estado das Alagoas, a leste com o Estado das Alagoas, e a oeste com Lagoa do Ouro. A rea municipal ocupa 284,1 km2 e representa 0.29 % do Estado de Pernambuco. Distante 257,7 km da capital, cujo acesso feito pela BR-101; PE-126/177/187, e BR-424.

    Figura 1: Mapa de Localizao de Correntes-PE.

    A vila de Correntes fora criada pela lei provincial n204, em julho de 1848, foi o primeiro territrio desmembrado do municpio de Garanhuns, que passava categoria de municpio. O municpio foi criado em 27/05/1879, pela Lei Provincial no 1.423, sendo formado pelos distritos de: Correntes (sede) e pelos povoados de Poo Comprido, de Pau Amarelo e Olho d'Agua do Gois. Anualmente, no dia 27 de agosto, Correntes comemora a sua emancipao politica.

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 19

    Correntes-PE est inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema, formada por macios e outeiros altos, com altitude variando entre 650 a 1.000 metros. Ocupa uma rea de arco que se estende do sul de Alagoas at o Rio Grande do Norte, o relevo geralmente movimentado, com vales profundos e estreitos dissecados. 2. CONSIDERAES SOBRE O ESTUDO DO VERDE URBANO DE CORRENTES-PE O tema verde urbano um referencial para a sociedade em geral quando o assunto se refere s questes ambientais. Quando se pretende melhorar as condies ambientais das cidades, a arborizao quase sempre a primeira opo, isso devidos diversas funcionalidades e benefciosadvindos da arborizao diante de um ambiente artificial e j degradado pelas aes antrpicas, direcionadas a um desenvolvimento econmico, que deixa o meio ambiente quase sempre de lado. Em relao paisagem urbana Amador destaca que,

    No tocante s paisagens urbanas tem-se uma longa histria relacionada ao verde, e este transformando espaos, elaborando-se e reelaborando-se paisagens, podendo-se ressaltar algumas informaes que, tomadas em consequncia evidenciam tempos e espaos repletos de diferentes propsitos e ideologias. (AMADOR, 2013, p. 119)

    Logo, cabe considerar que a paisagem urbana tem nos elementos verdes, sejam arbreos ou no, um de seus alicerces de bem-estar, conforto e beleza. Porm, esses atributos nem sempre so percebidos pela populao que, quando se refere ao verde residencial (verde em espaos particulares), presente em quintais, jardins e caladas, o associa com algo trabalhoso e, em alguns casos, at mesmo perigoso. Essa percepo leva a populao em geral a erradicar, principalmente, rvores de suas caladas, bem como procuram deixar seus quintais livres ou com pouca vegetao. Porem, no que se refere ao verde pblico presente em praas e canteiros centrais, a populao no dialoga a sua importncia para o meio ambiente urbano, e pouco esclarecido sobre a relevncia dessa presena, bem como, sobre a funcionalidade de tais espaos introduzidos no meio ambiente urbano. Mesmo todos sabendo que se retirou/destruiu a natureza para sua concretizao ou melhor, o trabalho de paisagismo, o qual introduz a natureza na forma de arborizao e/ou reas verdes. Esse ato faz parte da tentativa de reverter uma problemtica ambientalque surgiu quando o homem considerou-se ser capaz de viver em um espao puramente construdo e artificial, porm ele percebeu que a natureza em seus diversos mbitos necessria a seu bem-estarno desenvolvimento de uma vida saudvel, ao mesmo tempo de um ambiente urbano mais sadio. Esse espao construdo, segundo Eric Dardel (2011), tem sua principal importncia ligada ao habitar do homem. Espao artificial no qual o homem moldado em suas condutas, hbitos, costumes, ideias e sentimentos, por esse horizonte artificial que se viu nascer, crescer, escolher sua profisso (DARDEL, 2011, p. 27). Assim, a cidade seja pequena ou grande, objeto da construo humana na forma de sociedade em que o homem criado e socializado, encontra nas reas verdes e espaos arborizados elementos naturais que proporcionam populao ter uma vida mais saudvel contribuindo para um melhor desenvolvimento ambiental. E a viso geogrfica, em relao ao espao urbano e interaes que ocorrem no mesmo, mostra a possibilidade de melhor interpretao da complexidade dos espaos, e atravs do enfoque sistmico das inter-relaes do espao vivido e o individuo que o vive, levando em conta tudo que o cerca visivelmente ou no, mas que integra a experincia do ambiente urbano em seu todo artificial com a introduo da natureza, que o homem constri para usufruir de uma melhor qualidade de vida. Assim, Camargo relata:

    O espao vivido, caracterstico da corrente humanista, relaciona-se com a dimenso da experincia humana dos lugares ou com a maneira como o sujeito percebe o objeto [...] remete o gegrafo a interpretar toda a complexidade existente em cada regio [...] O cotidiano tem, assim, sua leitura baseada na intuio obtida, associada experincia dos habitantes locais (CAMARGO, 2008, p. 100 101).

    Tambm tem-se em Tuan (1980), em sua obraTopofilia, que refere-se a todos os laos afetivos do ser humano com o meio ambiente, pois segundo ele o meio ambiente o veculo de acontecimentos emocionante fortes ou percebido como um smbolo (TUAN, 1980, p. 107). Assim, o meio em que o homem est inserido representa muito mais

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    do que um meio fsico do qual ele retira suas necessidades, o meio ambiente seja urbano ou outro, representa um lugar de relaes emocionais e de pertencimento adquiridos atravs das vivencias. 2.1Contribuies da Massa Verde Urbana para a Cidade A presena das reas verdes urbanas possibilitam diversos benefcios que se pode enunciar de acordo com o Manual de Arborizao Urbana (CEMIG; FUNDAO BIODIVERSITAS, 2011, p. 21),que destaca a arborizao das cidadescomo uma estratgia de amenizao de aspectos ambientais adversos e importante diante dediversos aspectos como o ecolgico, histrico,cultural, social, esttico e paisagstico, contribuindo para:

    A manuteno da estabilidade microclimtica; O conforto trmico associado umidade do ar e sombra; A melhoria da qualidade do ar; A reduo da poluio; A melhoria da infiltrao da gua no solo, evitando eroses associadas ao escoamento superficial das

    guas das chuvas; A proteo e direcionamento do vento; A proteo dos corpos dgua e do solo; A conservao gentica da flora nativa/ O abrigo fauna silvestre, contribuindo para o equilbrio das cadeias alimentares, diminuindo pragas e

    agentes vetores de doenas/ A formao de barreiras visuais e/ou sonoras, proporcionando privacidade; O cotidiano da populao, funcionando como elementos referenciais marcantes; O embelezamento da cidade, proporcionando prazer esttico e bem-estar psicolgico; O aumento do valor das propriedades; A melhoria da sade fsica e mental da populao.

    No referido manual, ainda destacado a sistematicidade e complexidade da organizao urbana, pois os seres humanos constroem seus ambientes, dentre eles a cidade, cujoequilbrio necessita ser mantido artificialmente pelo planejamento urbano,visando evitar consequncias indesejveis (CEMIG; FUNDAO BIODIVERSITAS,2011, p. 20). Assim a cidade sistmica, uma vez que seus variados aspectos e sistemas interagem em si e entre si, por isso a cidade precisa ser compreendida como uma totalidade interacional; e complexa, porque devem ser entendidas e analisadas atravs das muitasrelaes que nela se estabelecem, pois a complexidade pode ser entendida como: primeira vista, um fenmeno quantitativo, a extrema quantidade de interaes e de interferncias entre um nmero muito grande de unidades (MORIN, 2005, p.35). Mas, a complexidade tambm desafia nossas possibilidades de clculo [...] ela compreende tambm incertezas, indeterminaes, fenmenos aleatrios. A complexidade num certo sentido sempre tem relaes com o acaso (MORIN, 2005, p.35), e esse acaso est presente nas relaes que so estabelecidas na sociedade. A complexidade ultrapassa suas prprias fronteiras, vai desde o quantitativo ao subjetivo, tendo um campo amplo do conhecimento que no so todos passiveis de quantificao e verificveis, mas tambm, indeterminados em seu entendimento, antes compreendidos em si, que pode-se ver nas relaes urbanas. Diante dessas colocaesentende-se que o verde urbano deva ser estudado de forma sistmica e complexa. Assim, Amador (2013, p. 26) argumenta que: Logo a complexidade, a instabilidade e a intersubjetividade constituem em conjunto uma viso de mundo sistmica. Ento, atravsda interao dos diversos espaos arborizados (quintais, jardins e caladas) com as reas verdes (praas e canteiros centrais), em suas relaes sistmicas que possibilitam acompreenso da proeminncia presente na massa verde urbana. Em consonncia, Santosacentua que:

    Para ns, deve-se considerar as reas verdes particulares (quintais e jardins), que muitas vezes so visivelmente maiores que as pblicas. Assim, quando falamos em reas verdes, estamos englobando tambm

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    as reas onde houve processo de arborizao pblico ou particular, sem exceo. (SANTOS, 2001; 2002, p. 1-2)

    Nessa perspectiva, s atravs do estudo dos diversos espaos urbanos com a presena de vegetao arbrea ou no, quese pode verificar a importncia da arborizao para o meio ambiente urbano como um todo. 3 O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE: quintais, jardins e caladas O presente tpico refere-se ao primeiro projeto de pesquisa desenvolvido sobre o verde urbano do municpio de Correntes-PE acerca do verde presente nas residncias, atravs dos estudos dos espaos disponveis paraa arborizao, que so os quintais, jardins e caladas. O principal objetivo foi diagnosticar como os moradores cuidam de seus jardins, quintais e rvores das caladas atravs da verificao dos cuidados que eles tm com a arborizao de suas casas. Assim foi possvel estabelecer um dilogo durante a pesquisa com as diversas percepes da populao, referentes temtica em estudo, diagnosticando o quantoa presena da arborizao e/ou vegetao um fator importante parao meio ambiente urbano que, no entendimento de Resende e Souza a concepo de equilbrio ambiental e fortalecimento das sensaes de bem-estar e o definido paraso, simbolizado pela rvore ao passo que essa produz a reestruturao do conforto e mantm uma relao de proximidade sensorial ou emotiva do homem (REZENDE; SOUZA, 2009, p. 55). Porm, nem todas as pessoas sabem desfrutar desses lazeres em seus lares, pois associam a presena arbrea e vegetal outros fatores que lhes causam receio ou medo. Em estudos realizados sobre o verde no municpio de Correntes-PE foi verificado que o verde existente em quintais, jardins e caladas nas ruas que constituem a rea central do municpio de Correntes-PE, mas que est cada vez mais escasso, e um dos fatores que contribui com esse fato a falta de incentivo e conhecimento dos benefcios proporcionados pelo verde. (CHAVES; AMADOR, 2012). Essa colocao relevante e advm da falta de informao sobre a arborizao residencial, fato que leva as pessoas a suprir essa presena em seu lar sob outro ponto de vista, pautado na relao com a natureza. Outros moradores, mesmo de forma inadequada, mantem sua rvore usufruindo, assim, de seus benefcios conhecidos. Nesse contexto foi verificado que poucos moradores so esclarecidos sobre a importncia e funcionalidade da arborizao e vegetao presente em suas casas, e que por vezes se encontra dividida em determinados espaos da casa. 3.1 Perspectivas dos Quintais Urbanos em Correntes-PE Os quintais, de forma geral, tem uma similaridade com os espaos livres da Idade Mdia, j que nesse perodo ocorreu o maior interesse em se cultivar espcies frutferas e ornamentais em espaos livres internos s residncias (LOBODA; DE ANGELIS, 2005). E dentre as principais funes dos quintais domsticos em Correntes-PE encontra-seo cultivo de frutferas, de ervas, hortalias, legumes, entre outros, verificando-se que o desenvolvimento de tal atividade possibilita que os prprios moradores disponham de tais elementos e assim, possam utiliza-los na alimentao e em outras atividades como a medicina caseira tornando-se desnecessria a compra do que se possui no quintal e, em consequncia, passa a ser um auxilio financeiro para a famlia e ou comunidade local. Mas, de acordo com os estudos desenvolvidos no municpio em tela, alguns moradores desconsideram esse fator que, de acordo com os estudos desenvolvidos por Ambrsio, Peres e Salgado (1996), os mesmos constataram a sua contribuio alimentao, bem como sua contribuio para a renda familiar. Ressaltam, ainda, a relevncia do quintal para a diversificao dos alimentos presentes na alimentao diria, relatando que a ausncia do quintal pode ser um fator de restrio da dieta das pessoas, principalmente quando refere-se a alimentos ricos em vitaminas, minerais e fibras, como hortalias e frutas. Esse estudo evidencia o quanto os quintais domsticos tm uma ampla utilidade na vida das pessoas que os possuem. Principalmente quintais com um pomar de frutas ou verduras que proporcionam um ambiente rico em benefcios no mbito familiar, ajudando na alimentao atravs, principalmente, do cultivo de produtos mais sadios para as famlias sem o uso de agrotxicos.

  • 22- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    E, como resultado da pesquisa sobre quintais verificou-se que as principais frutferas encontradas nos quintais so Goiabeira (Psiduimguajava), laranjeira (Citrussinensis), bananeira (Musa spp) e mamoeiro (Caricapapaya) entre outras. Porm, pode-se ver na tabela 1 a heterogeneidade das espcies de plantas cultivadas nos quintais estudados.

    Principais plantas Utilizao Motivos

    Frutferas Alimentao Familiar Para servir de alimento para a famlia e ajudar a economizar.

    Ervas medicinais Produo de Remdios Caseiros

    Curar doenas sem precisar ir ao mdico, como gripes, dor de cabea, febres etc.

    Temperos Tempero para as Comidas Auxiliar na alimentao

    Plantas ornamentais Enfeites Por que gosta/acha bonito Tabela 1: Quintais Domsticos em Correntes-PE

    Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

    Salientando-se que os cuidados com as espcies vegetais dos quintais so irrigar, adubar e, em minoria,

    pulverizar algum produtocontra insetos, fungos ou outrotipo de praga. Mas, tambm verificou-se que h pessoas que nem se do ao trabalho de cuidar de seus quintais, e quando esse possui frutferas de grande porte, as mesmas se mantem produzindo devido, principalmente, a sua estrutura natural de sobrevivncia. 3.2 Jardins Residenciais e sua Percepo em Correntes-PE Para uma melhor compreenso sobre o Jardim, comeamos introduzindoo conceito presente no dicionrio da lngua portuguesa da Editora Avenida (2005, p 168), que classifica jardim como um pedao de terreno, geralmente cercado e prximo de uma habitao, destinado ao cultivo de flores, plantas e rvores ornamentais. Nessa classificao verificado quais so os tipos de vegetao que compem esses espaos destinados ao cultivo do verde urbano. Tomoando-se outra referencia, tem-se o seguinte conceito para jardim:

    O jardim a reunio, segundo certos preceitos tcnicos e estticos, dos mais variados elementos da flora, no importando a natureza, procedncia ou grau de desenvolvimento que possam atingir e bem assim a finalidade a que se destinarem. Quando povoamos um jardim de aprecivel numero de representantes da fauna, o transformamos em jardim zoolgico (SANTOS, 1978, p.37).

    Sabendo-se que, o jardim uma rea da casa destinada ao cultivo do verde com predominncia de flores, roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais, que exige de quem tem um espao com tal funo, uma ateno em relao com os cuidados destinados ao jardim. Cuidados esses que vo requerer, em geral, gastos extras para a sua manuteno em termos estticos. Os jardins, em especial, se destacamem sua utilizao como espao de distrao/ocupacional por algumas pessoas e, em especial, idosas que consideram o ato de cuidar de plantas uma terapia, ou seja uma terapia ocupacional, pois nota-se que pessoas idosas dedicam o seu tempo livre aos cuidados de seus jardins, que refletem o seu modo de vida j passado e, as lembranas de uma cultura que mudada com as inovaes da modernidade. Alm da sensao e percepo de que o verde que lhe rodeia, tambm lhe permite sentir-se bem. Ainda de acordo com Loboda e De Angelis,

    O uso do verde urbano, especialmente no que diz respeito aos jardins, constitui-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes pocas e culturas. A princpio, estes tinham uma funo de dar prazer vista e ao olfato. Somente no sculo XIX que assumem uma funo utilitria, sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas. (LOBODA; DE ANGELIS, 2005 p. 126).

    Pode-se verificar com as colocaes dos autores, que o jardim alm de exercer a funo esttica, tambm passou no sculo XIX a ter funes utilitrias nas zonas urbanas devido presena da vegetao e suas funcionalidades de bem-

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 23

    estar proporcionado s pessoas como terapia ocupacional, alm de contribuir para um meio ambiente com melhores condies ambientais. Os jardins tambm representam poder hierrquico das populaes nobres em detrimentodas menos abastadas. Por sua vez, os jardins em Correntes, constituem-se em espaos raros, pois nem todos dispem de tempo e condies financeiras para cultiv-los. Foi observado que as casas possuem jardins, apresentam vrios tipos, concepoe percepo, que so de acordo com cada nvel de formao, financeira e conhecimento do morador. Observa-se, ainda, que pessoas que no tem espao para tal fim usam o espao do quintal para cultivar espcies como roseiras e plantas ornamentais numa espcie de compensao. Assim, percebeu-se que as residncias mais simples que possuem jardim (Figura 2), so os prprios donos que cultivam e cuidam das plantas, aguando no vero, adubando a terra, limpando e quando necessrio, podando as plantas que na maioria, so roseiras e plantas ornamentais. Como excees h moradores que tambm plantam hortalias e ervas tipo medicinal em seus jardins, enquanto pessoas mais abastadas procuram uma valorizao esttica nos seus jardins (Figura 3) e, para isso, contratam jardineiro ou pessoas especializadas em botnica para cuidar dos mesmos, alm de implementa-los com objetos de mrmores como esculturas e desenhos geomtricos em sua forma de delimitao.

    Figura 2 e 3: Tipos de Jardins de Correntes-PE. Fonte: Chaves 2012.

    Assim, possvel perceber atravs das figuras 2 e 3 apresentadas, a diferenciao da estrutura dos jardins, presentes no municpio de Correntes. Salienta-se que so poucas residncias que possuem jardins e, em sua maioria,os jardins ocupam pequenas reas em frente s residncias,constatando-se que essa diferenciao deve-se, principalmente ao nvel econmico. 3.3 A Arborizao de Caladas e sua problemtica em Correntes-PE

    As caladas so espaos pblicos destinados ao transito de pedestres, elas devem ter uma extenso que permita a passagem das pessoas sem obstculos, livres de irregularidades e acessveis aos portadores de mobilidade reduzida. A calada deve ser bem conservada e o piso apresentar elemento antiderrapante, permitindo que as pessoas possam caminhar com segurana em um percurso livre de obstculos e de forma compartilhada com os diversos usos e servios. Trata-se de uma rea impermevel com a presena de vegetao principalmente rvores, desde que isso no interfira no transitar dos pedestres.

    A calada, de acordo com o Cdigo de Trnsito Brasileiro : parte da via, normalmente segregada e em nvel diferente, no destinada circulao de veculos, reservada ao trnsito de pedestres e quando possvel, implantao de mobilirios urbano, sinalizao, vegetao e outros fins. (RODRIGUES; AZEVEDO 3)

    3 Disponvel em: . Acesso em 03 out. 2012).

  • 24- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Logo as caladas podem ter, alm da arborizao/vegetao, outros elementos como mobilirios e sinalizao entre os principais, desde que isso no interfira na passagem das pessoas. E, segundo a Cartilha de Arborizao, as caladas devem ser arborizadas de acordo com o espao areo e subterrneo disponvel observando as principais questes que interferem na escolha das espcies para plantar em caladas que so: A largura das caladas; Presena ou ausncia de fiao area; Tipo de fiao area (convencional, isolada ou protegida); Recuo frontal das edificaes (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, s/d,p. 6). Assim, fica evidente que, arborizar uma calada no apenas plantar rvore em uma rea permevel, essencial levar em conta o espao disponvel em torno do local que se pretende fazer o plantio.

    Tambm relevante falar da importncia ecolgica que a vegetao arbrea das caladas possui, pois proporciona habitao para pequenas espcies de animais e pssaros, auxiliando na biodiversidade da fauna urbana. Isso contribui para o desenvolvimento de um ambiente urbano, mais agradvel e saudvel na convivncia e interao das pessoas com o espao que as cercam.

    No que se refere arborizao das caladas das ruas do Municpio das Correntes-PE, o caso bastante preocupante, pois so pouqussimas as caladas com rvores, as quais so plantadas de forma inadequada (Figura 4 e 5). E os cuidados que os moradores correntenses dedicam s rvores de suas caladas em alguns casos variam com o desenvolvimento e crescimento da mesma. J em outros casos, os moradores ao perceberem que a rvore pode causar algum empecilho ou dano, simplesmente erradicam a rvore sem procurar outras solues.

    Figura 4 e 5: Inadequao da arborizao das caladas em Correntes-PE. Fonte: Chaves 2012.

    Por ocasio de entrevistas com a populao a respeito dos benefcios das rvores nas caladas, as principais

    importncias percebidas pelos moradores eram a de amenizao da temperatura e a sombra proporcionada por ela. No entanto, registra-se que um fato relevante das observaes realizadas que todas as rvores plantadas nas caladas esto de forma inadequada. Elas esto muito prximas da fiao eltrica ou os galhos se misturam a fiao, alm de perceber-se que as caladas so, em sua maioria, irregulares e possuem degraus, alm do espao destinado ao plantio ser pequeno ocasionando dificuldades passagem das pessoas e danificando o espao fsico da mesma.

    Outro dilema acerca da arborizao das caladas a poda, visto que por ser um espao pblico, a populao no esclarecida a respeito de quem deve ser responsvel pela poda. Logo, sempre h conflitos entre populao e poder

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    pblico sobre tal assunto. Fato esse que no levado em conta no Municpio das Correntes-PE, resultando em caladas inadequadas e arborizao deficiente. 4. O VERDE DAS PRAAS E CANTEIROS CENTRAIS NA PERSPECTIVA DA ORGANIZAO DO ESPAO NUMA ABORDAGEM SISTMICA DA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

    Ao finalizar as colocaes, debates e indagaes sobre o Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE, coloca-se agora em destaque, de forma breve, os resultados do segundo projeto de pesquisa, o qual se deu em sequencia, intitulado O Verde das Praas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizao do Espao numa Abordagem Sistmica da Paisagem Agreste de Correntes-PE, desenvolvido em 2013. Os principais objetivos foram investigar a importncia dos espaos verdes pblicos para o contexto social, tendo-se como referncia a inter-relao homem / homem, homem / natureza, diagnosticando por meio de uma viso sistmica, como as praas e canteiros centrais so utilizados no planejamento urbano e quais usos e apropriaes dos principais espaos pblicos arborizados de Correntes-PE.

    Logo, apresenta-se os resultados acerca de problemas socioambientais ligados ao verde urbano dos espaos livres pblicos na forma das principais Praas e Canteiros Centrais do Municpio de Correntes-PE, atravs de uma viso sistmica sobre esses espaos na percepo dos moradores do referido Municpio.O ambiente urbano, entendido como conjunto dissociado de espaos construdos e espaos livres de construo dispostos sobre uma organizao funcional, que regram a prpria organizao e fluxo de pessoas na cidade.

    Os espaos urbanos edificados so reas ocupadas de maneira significativamente densa pelas construes que atendem as atividades do meio urbano de uso residencial, comercial, industrial, de servios de educao, sade, educao, entre outros (CARNEIRO; MESQUITA, 2000, p. 24). Enquanto, os espaos livres so reas parcialmente edificadas com nula ou mnima proporo de elementos construdos ou com presena de vegetao, como por exemplo, praas, parques e canteiros, cujas funes so: a recreao, circulao, composio paisagstica e de equilbrio ambiental (CARNEIRO; MESQUITA, 2000).

    Logo, a cidade uma formao diversa, constituda de espaos modificados apropriados, recriados e, tornam-se propcios a criao de novos espaos com novas funes pelo homem, sempre a procura de um melhor ambiente para o desenvolvimento de suas atividades. A cidade tambm se apresenta como um conjunto sistmico de interaes e relaes que variam de acordo com a percepo de cada indivduo e do olhar do observador de tais relaes. Esses espaos arborizados apresentam certa harmonia e destinados a atividades saudveis, ao mesmo tempo, contribuem para um melhor ambiente urbano. 4.1 As reas Verdes Urbanas Estudadas e Suas Contribuies para a Funcionalidade de Correntes-PE

    Os principais espaos pblicos livres arborizados de Correntes-PE, objetos do estudo foram: a Praa Nossa Senhora da Conceio, a Praa Herclio Victor da Silva, a Praa Pedro Alves Camelo, a Praa Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado. Essasreas verdes contribuem para organizao do municpio, devido as suaslocalizaes que abrangemo ponto central do municpio com as Praas Nossa Senhora da Conceio, Praa Herclio Victor da Silva e a Praa Pedro Alves Camelo, onde convergemas principais relaes urbanas, enquanto que as principais sadas e entradas do municpio so pela Praa Cursino Jacobina ou pela Avenida Raimundo Calado.

    As ruas do municpio de Correntes-PE so divididas em trechos, tendo como diviso dos trechos a extenso principal da cidade que se inicia na entrada da rea urbana e vai at a sada, em direo ao Distrito de Pau Amarelo onde:

    Trecho A - Correspondem as ruas que ficam do lado ESQUERDO; no sentido de entrada do municpio, abrangendo a Praa Herclio Victor da Silva;

    Trecho B - Corresponde s ruas que se localizam do lado DIREITO, no sentido de entrada do municpio, abrangendo a Praa Pedro Alves Camelo;

    Trecho C - Corresponde parte da cidade denominada Bairro da Bahia que se encontra separada da cidade pelo rio Munda, e nesse trecho no se localiza nenhuma rea verde estudada.

  • 26- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    A Praa Nossa Senhora da Conceio, a Praa Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado localizam-se na extenso principal que divide a cidade nos trechos A e B. Logo, percebido que essas praas contribuem para os fluxos urbanos e os desenvolvimentos das relaes que se do nessas reas e em suas proximidades.

    Colocando-se ainda uma atribuio s praas: elas podem ser arborizadas ou no, esse fato vai depender de sua funcionalidade ou inteno. Logo, sem a presena de elementos naturais, seja a arborizao ou outro tipo de vegetao, so destinadas a uma atividade especfica como lugar de eventos. o caso da Praa Pedro Alves Camelo em Correntes-PE, enquanto que as praas arborizadas apresentam diversas atribuies para populao contribuindo para conservao da natureza. Natureza essa que foi, praticamente, destruda para construo das cidades e ao mesmo tempo, necessria para o bom desenvolvimento do ambiente urbano como as demais praas estudadas.

    4.2 A Quantificao das Principais Espcies Arbreas Presentes nas reas Verdes Estudadas em Correntes-PE

    Uma das atividades desenvolvidas na pesquisa sobre a arborizao dos principais espaos pblicos e arborizados foi quantificao e identificao das espcies arbreas predominantes. Assim seguem nos grficos 1 e 2, as quantificaes dessas espcies:

    Grfico 1: Praa Herclio Victor da Silva Grfico 2: Praa Nossa Senhora da Conceio

    Grfico 3: Praa Cursino Jacobina Grfico 4: Canteiro Central

    20%

    27%

    7%

    46%

    Quantificao da espcies Arbreas da Praa Hercilo Victor da Silva

    Castanhola

    Accia

    Palmeira

    Outras Espcies

    41%

    6% 3%

    20%

    9%

    21%

    Quantificao da Espcie Arbreas da Praa Nossa Senhora da

    Conceio

    Ficus

    Pata de Vaca

    Algarobeira

    Palmeira

    Accia

    Outras Espcies

    28%

    44%

    17%

    11%

    Quantificao das Espcies Arbrea da Praa Cursino Jacobina

    Castanhola

    Algarobeira

    Flamboyant

    Outras Espcies

    25%

    36% 8% 3%

    28%

    Quantificao das Espcies Arbreas do Cateiro Central da

    Avenida Raimundo Calado

    Ficus

    Castanhola

    Pata de Vaca

    Pinheiro

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 27

    Grfico 5: Praa Pedro Alves Camelo Grfico 6: Predominncia por reas Estudada

    Grficos 1, 2, 3, 4, 5 e 6: dados quantitativos das praas sobre as espcies arbreas presentes nos principais espaos livres arborizados de Correntes - PE. Fonte: Chaves 2013

    Com a presente quantificao, pode-se perceber que quase todas as espcies identificadas so exticas, isso

    deixa em evidencia a falta de critrio e conhecimentos utilizados na escolha das espcies arbreas usadas na arborizao do municpio, bem como, uma negao das espcies nativas. Caso houvesse melhor distribuio de forma mais harmoniosa e equitativa possibilitaria contribuies a essas reas e valorizao do local com a flora nativa. E a no identificao de algumas espcies remete ao problema de no haver uma catalogao da arborizao presente no municpio. 4.3 Os Diversos Usos e Apropriaes dos Principais Espaos Pblicos Arborizados de Correntes-PE

    Os espaos livres urbanos solocais onde se desenvolvem varias relaes sociais sistmicas, permitindo que a interao e inter-relao das vidas nela presentes, se deem harmoniosamente entre os elementos artificiais e naturais, atravs dos modos de uso e apropriao dos mesmos. Tem-se, ento, os seguintes usos e apropriao de acordo com determinados espaos da Praa Nossa Senhora da Conceio, a Praa Herclio Victor da Silva, a Praa Pedro Alves Camelo, a Praa Cursino Jacobina, o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado. Praa Nossa Senhora da Conceio

    Os modos de apropriao da Praa Nossa Senhora da Conceio (Figura 6), so com a finalidade econmica: na presena dos seguintes equipamentos econmicos: uma sorveteria, um bar e algumas barracas de salgadinhos e doces; apropriao dos elementos contidos na prpria praa com finalidade esttica e de lazer: um chafariz e um caramancho no centro da praa.

    19%

    6%

    6%

    31%

    38%

    Quantificao das Espcies Arbresa da Praa Pedro Alves

    Camelo

    Ficus

    Algarobeira

    Castanhola

    Palmeirinhas

    Outras Espcies

    0

    2

    4

    6

    8

    Praa NossaSenhora da

    Conceio

    Praa Herclio Victorda Silva

    Praa Pedro AlvesCamelo

    Praa CursinoJacobina

    Canteiro Central daAvenida Raimundo

    Calado

    Pedrominancias de espcies Arbreas por rea Estudada

    reas Arorizadas

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    Figura 6:Praa Nossa Senhora da Conceio em Correntes-PE. Fonte: Chaves 2013

    Enquanto os usos principais da praa so: circulao devido localizao da mesma, a qual se encontra no ponto

    central do municpio; lazer quando a populao se rene para conversar, brincar (crianas e adolescentes), jogar cartas ou domin, andar de bicicleta, namorar entre outros lazeres; consumo, tomar sorvete, comprar doces e salgadinhos e tomar uma cachaa com os amigos (os adultos); ou simplesmente usam esse espao para aproveitar um ambiente agradvel na cidade desfrutando de elementos naturais e artificiais e dos inmeros benefcios da arborizao presente. Praa Herclio Victor da Silva

    A praa localizada ao lado do Colgio mais tradicional do ensino fundamental do municpio, logo seu publico principal constitudo de estudantes (Figura 7), que utilizam o espao da praa enquanto espera o horrio da aula ou aps a mesma, para conversar ou brincar com os colegas de salas. Tambm frequentada por casais, principalmente casais de estudantes e a mesma, ainda sede de um centro comunitrio de informtica.

    Figura 7: Praa Herclio Victor da Silva. Fonte: Chaves 2013.

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    Constatou-se, ento, que a praa bastante frequentada de segunda a sexta pelos estudantes e usurios do

    centro de informtica devido, principalmente, a sua localizao. Aos sbados, basicamente e frequentada por alguns feirantes, e aos domingos ela praticamente apresenta, apenas, a funo de circulao por moradores do municpio. A Praa Pedro Alves Camelo

    uma praa com pouca arborizao, destinada a eventos culturais e apresentaes teatrais (Figura 8). A populao que reside em seu entorno percebe esse espao atravs de importantes benefcios, quais sejam, oxignio mais saudvel, sombra, amenizao das altas temperaturas e ventilao nas casas.

    Figura 8: A Praa Pedro Alves Camelo. Fonte: Chaves 2013.

    A praa possui, tambm, em seu entorno um salo de cabelereiro para homens, um salo de manicure,

    residncias, prdios pblicos e outros servios, alm de ser bastante usada por crianas para brincar com bola e por casais de namorados, principalmente noite nos banquinhos da praa, pois durante o dia a falta de arborizao a deixa pouco propicia para o lazer a cu aberto.

    Devido presena de um bar em seu entorno, a praa mostra-se muito movimentada nos dias de jogos, pois os torcedores gostam de assistir os jogos no bar com os amigos e ao mesmo tempo fazem uma confraternizao. Embora seu espao seja para realizao de eventos, as festas de ruas sempre so realizadas em outros locais e no nela, pois seu espao no comportaria um grande nmero de pessoas ao mesmo tempo.

    Praa Cursino Jacobina

    A praa, alm de seus elementos arbreos, abriga uma estatua de Padre Cicero (Figura 9) e, no dia desse padroeiro ocorre neste local, celebraes onde grande parte da populao acende velas no altar como devoo. Mas, tirando essa poca de devoo, a praa frequentada tambm com assiduidade pela populao em geral, devido a seu ambiente agradvel e sombreado, principal beneficio citado pelos frequentadores.

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    Figura 9: Praa Cursino Jacobina. Fonte: Chaves 2013.

    Todos os dias, prximo da Estatua de Padre Cicero, moradores que so em sua maioria idosos da rua ou deruas

    vizinhas se encontram para jogarem domin ou baralho. Alm de jogar conversa fora, como disse um dos senhores que tem essa pratica: um bando de desocupado, respeitando-se o linguajar do cidado ipis litteris. Essas pessoas, em sua maioria, so senhores aposentados ou que se encontram em horrios para lazer na praa. Salienta-se, ainda, que estudantes tambm participam desses encontros e atividades.

    Ao lado do canteiro localizam-se borracharias e oficinas. Assim, as pessoas colocam seus transportes na sombra das arvores de grande porte enquanto esperam serem atendidas. Os moradores tambm estacionam seus veculos ao lado do canteiro usufruindo, assim, da sombra proporcionada, principalmente composta por amendoeiras e algarobeiras.

    Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado

    Na percepo da populao da Avenida Raimundo Calado, em relao arborizao do canteiro central, a importncia se materializa pela sombra fornecida, por servir de habitat para os pssaros, alm de acreditarem que preserva o meio ambiente, mas a populao no especificou como se d essa preservao ambiental.

    Na viso de uma comerciante que se apropriou do espao do canteiro com a colocao de uma barraca de doces e salgadinhos (Figura 10), antes de tudo a comerciante explica que estabeleceu sua barraca ali porque no encontrou qualquer impedimento por parte da gesto do municpio para tal ato. Assim, quando ela foi colocar a barraca, ha uns anos atrs, pediu permisso ao responsvel da Prefeitura que lhe concedeu a permisso.

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    Figura 10: Apropriao do Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado: Fonte: Chaves 2013.

    A barraca frequentada por pessoas de todas as idades que residem na avenida ou que passam por ali, s no

    mais frequentada por que no vende bebidas. Verifica-se que a mesma se beneficia da presena da arborizao que deixao ambiente mais agradvel. 5. CONSIDERAES FINAIS

    Diante do desenvolvimento dos projetos de pesquisas sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE, atravs do projeto realizado em 2012 com tema O Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE: quintais, jardins e caladas e em 2013 com o projeto O Verde das Praas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizao do Espao numa Abordagem Sistmica da paisagem Agreste de Correntes-PE, foi possvel materializar alguns artigos durante o tempo da pesquisa e teve-se, tambm, como principal resultado concreto o presente captulo de livro.

    Aqui procurou-se enfocar a importncia da vegetao, principalmente a arborizao no ambiente urbano. Pois tal presena possibilita um desenvolvimento urbano mais saudvel quando se pensa em desenvolvimento das atividades humanas, bem como uma contribuio ecolgica diante da construo artificial que a cidade, que com frequncia evidencia-se desordenada e no planejada.

    Assim, diante da problemticacolocada e pesquisada, pode-se perceber dilemas e conflitos presentes no ambiente urbano devido arborizao, bem como a falta da arborizao. Mas uma coisa certa, a destruio da natureza e a introduo da cidade em seu lugar levou o homem a perceber que no possvel viver s de elementos artificias, issogera paulatinamente no seu dia a dia a falta de condies para desenvolver seu bem-estar. Logo, a introduo de reas verdes ou espaos arborizados na cidade a primeira opo na hora de procurar uma maneira de melhorar as condies ambientais do meio ambiente urbano.

    Alm das diversas funcionalidades e benefcios advindos do verde urbano elencado nos tpicos desse captulo, a presena desse verde no municpio de Correntes-PE em geral, inadequadae deficiente no que se refere aos espaos particulares, mas abundante e com predomnio de exticas nas reas pblicas, mesmo sem o devido planejamento e gesto adequados.

    A populao, em sua maioria, desconhece a importncia da presena do verde na cidade, e mesmo usufruindo diariamente desses ambientes, pouco sabe valorizar e cuidar desse bem. Mesmo as praas ecanteiros centrais sendo espaos pblicos, no cabe apenas Prefeitura cuidar e preservar tais ambientes. Entendendo-se serembens comuns a

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    todos, cabe a cada indivduo cuidar e preservar a integridade desses espaos pblicos, alm de caber, sim, Prefeitura disponibilizar pessoas qualificadas para realizao da manuteno necessria dos mesmos, ou seja, implementar uma melhor gesto do verde na cidade.

    Correntesem Pernambuco, como outros municpios do semirido, periodicamente sofrem com temperaturas altas e por esse motivo, um projeto de arborizao para as caladas foi desenvolvido numa tentativa de deixar os ambientes domiciliares mais amenos e agradveis. Porm, a falta de estudos e planejamento, fez com que anos aps sua implantao, a arborizao danificasse de diversos modos s residncias levando, ento, os moradores a erradicarem as rvores plantadas. Verificou-se no contexto, que muitas das espcies plantadas no eram recomendadas para caladas, visto que passaram a danificar o espao fsico das mesmas, bem como os imveis.

    E foi, tambm atravs do estudo sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE, por meio de mtodos de anlise da paisagem no ambito da cincia geogrfica com abordagem das contradies sociais desenvolvidas no ambiente urbano que se pode perceber, como a introduo de reas verdes ligada as funcionalidades urbanas, a sua organizao, bem como, aos seus fluxos e desenvolvimento.

    Conclui-se que de suma importncia ter essas reas verdes, mas que seja de forma adequada e planejada, evitando-se grandes problemas futuros. Tambm necessrio desenvolver atividades ou eventos que levem a populao esclarecimentos e informao sobre o porqu ter espaos verdes no ambiente urbano, pois uma coisa certa: nada existe por nada, mesmo os acontecimentos, fatos mais espontneos, tudo, tem uma razo e contribuio seja atravs de seu uso, estrutura e funcionalidade.

    REFERNCIAS

    AMADOR, Maria Betnia Moreira. Abordagens geogrficas de antigas reas algorobadas. Recife: Universidade da UFPE, 2013.

    ______. Sistemismo e sustentabilidade: questo interdisciplinar. So Paulo: Scortecci, 2011.

    AMBROSIO, L.A.; PERES, F.C.; SALGADO, J.M. Diagnstico dos produtos do quintal na alimentao das famlias rurais: Microbacia D gua F, Vera Cruz. Informaes Econmicas, SP, v.26, n.7, jul. 1996. Disponvel em: . Acesso em: 14 Maio, 2012.

    CAMARGO, Lus Henrique Ramos de. A ruptura do meio ambiente: conhecendo as mudanas ambientais do planeta atravs de uma nova percepo da cincia:a geografia da complexidade. 2 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

    CARNEIRO, Ana Rita; MESQUITA, Liana de Barros. Espaos livres de Recife. Recife: prefeitura da cidade do Recife/Universidade Federal de Pernambuco, 2000.

    CEMIG; FUNDAO BIODIVERSITAS (Orgs.). Manual de arborizao. Belo Horizonte: Cemig/Fundao Biodiversitas, 2011. Disponvel em: Acesso em: 22 fer. 2012.

    CHAVES, Ana Maria Severo; AMADOR, Maria Betnia Moreira.O verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE: quintais, jardins e caladas. In: XVII Encontro Nacional de Gegrafos. Belo Horizonte, 2012.Disponvel em:. Acesso em: 03 nov. 2012.

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    IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Disponvel em: . Acesso em: 25 de novembro de 2013.

    LOBODA, C. R.; DE ANGELLIS, B. L. D. reas verdes publicas: conceitos, usos e definies. Ambincia Guarapuava, PR v.1 n.1 p. 125-139 jan./jun.2005. Disponvel em: . Acesso em: 17 mai. 2012.

    MORIN, Edgar. Introduo ao pensamento complexo. Traduo de Eliane Lisboa. Porto Alegre, RS: Sulina, 2005.

    RESENDE, W. X; SOUZA, R. L. Concepo e controvrsias sobre reas verdes urbanas. In: SOUZA, R. M. Territrio, planejamento e sustentabilidade. So Cristvo: UFS, 2009.

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    SANTOS, Manoel Coutinho dos. Manual de jardinagem e paisagismo. 3 ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1978.

    SANTOS, S. R. Arborizao urbana: consideraes. Disponvel em . Acesso em: 15 jul. 2012.

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    TUAN, Yi-fu: Topofilia: um estudo da percepo, atitudes e valores do meio ambiente. So Paulo: Ed. Difel, 1980.

  • 34- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Captulo 2

    O VERDE NA REA RURAL DO

    MUNICPIO DE VENTUROSA-PE

    (Em estudo o juazeiro)

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    Captulo 2

    O VERDE NA REA RURAL DO MUNICPIO DE VENTUROSA-PE

    (Em estudo o juazeiro)

    Darla Juliana Cavalcanti Macedo

    Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

    Maria Betnia Moreira Amador

    A base de toda a sustentabilidade o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza.

    Nagib Anderos Neto4

    1. INTRODUO

    A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o prprio homem. Para esta atividade, o investigador recorre observao e reflexo que faz sobre os problemas que enfrenta, e a experincia passada e atual dos homens na soluo destes problemas, a fim de munir-se dos instrumentos mais adequados sua ao e intervir no seu mundo para constru-lo adequado sua vida. (CHIZOTTI, 2009. p.11)

    Seguindo-se o conceito acima descrito e com o intuito de trazer essa definio para a pesquisa de campo desencadeou-se o objetivo de pesquisar espcies arbreas da caatinga e, visto tratar-se de uma regio bastante diversificada, h sempre uma enorme gama de pontos a serem explorados. Esses objetivos podem ser estendidos por diversas reas do conhecimento como a Biologia, a Botnica e a Geografia, por exemplo. E, trazendo esse estudo bibliogrfico e de campo para a Geografia tm-se uma abrangncia que vai alm da classificao das espcies, visto tratar-se de uma rea que permite uma viso ampla e que objetiva, principalmente, compreenso e o entendimento do espao como um todo.

    Na busca de trazer esses aspectos para a pesquisa de campo nas reas verdes do Agreste nordestino, mais especificamente para o verde na rea rural do municpio de Venturosa-PE apresenta-se o estudo sobre a espcie do

    4 Disponvel em:http://pensador.uol.com.br/autor/nagib_anderaos_neto/. Acesso em 28 abr. 2014

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    juazeiro, rvore tpica do Nordeste brasileiro. Procurando-se destacar sua interao com o clima, solo, relao homem/natureza e sua incidncia na rea estudada apesar da devastao que sofre decorrente das atividades para o progresso / desenvolvimento agropecurio.

    No caso do juazeiro, como o mesmo geralmente est posicionado dentro ou prximo s reas de pastagens, procurou-se demonstrar sua fundamental importncia para a conjuntura espacial paisagstica em uma complexidade agrria e agroecolgica. Utilizando-se, para este fim, a Geografia atravs de sua categoria de anlise paisagem, a qual oferece oportunidade para a realizao de uma abordagem sistmica frente s necessidades de entendimento de cada objeto.

    2. LOCALIZAO E CARACTERIZAO DO OBJETO DE ESTUDO

    O Brasil um pas de grandes dimenses com uma rea de abrangncia territorial de considervel extenso onde est inserida a Regio Nordeste, a qual ocupa cerca de 18% do territrio nacional com caractersticas marcantes e bastante diversificadas dentro de uma mesma regio, e nesse contexto apresentam-se os domnios morfoclimticos que se constituem numa sntese dos vrios aspectos naturais de uma regio que, de acordo com Arbex eBacic (1999, p.12), os mesmos relatam que: so quatro os domnios morfoclimticos na Regio Nordeste: a Caatinga (depresses e planaltos semiridos), o dos Mares de Morros, o Cerrado e o Amaznico (terras baixas florestadas equatoriais), sem contar as significativas faixas de transio entre eles.

    Dentro dessa grande regio nordestina est inserido o municpio de Venturosa, o qual se encontra localizado a 243,4 km da capital Recife na Mesorregio do Agreste e Microrregio do Vale do Ipanema este formado pelos municpios de guas Belas, Buque, Itaba, Pedra, Tupanatinga e Venturosa no interior de Pernambuco (Figura 1).

    Figura 1: Mapa de localizao do municpio de Venturosa, adaptado por Darla Macedo, 2013.

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    Venturosa tem na agropecuria, principalmente na pecuria leiteira, uma das fontes de renda mais importantes, tanto no campo como na cidade havendo sempre uma dependncia dos habitantes para com essa atividade que muito significativa, pois do leite deriva uma cadeia produtiva que vai do queijo ao iogurte, entre outros aproveitamentos e no qual: "Salienta-se que, tambm so produzidos produtos como manteiga, manteiga de garrafa, doce de leite, e bebidas tipo iogurte, entre os principais" (AMADOR, 2008, pag. 92), o que refora a interligao do campo com a cidade constituindo o principal setor econmico do municpio.

    Trata-se, portanto, de uma atividade que interage com a vegetao tanto natural, quanto artificial, de maneira unidimensional, ou seja, formam vnculos entre o humano e a natureza. Nesse contexto, encontra-se o Juazeiro (Zizyphusjoazeiro), planta de predominncia natural na regio e que considerada por muitos como smbolo do Nordeste por ser facilmente encontrada e conhecida pela populao, principalmente da rea rural, onde tem sua quase totalidade de incidncia no municpio, tendo em vista que na rea urbana sua presena minimamente observada (Figura 2).

    .

    Figura 2: Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro), Stio Pedrinhas, Venturosa / PE Foto: Arquivo da autora, 2013.

    Importante salientar a grande devastao por que passa a vegetao natural do Nordeste, especificamente a caatinga que uma das reas que vem, gradativamente, perdendo essa vegetao natural para dar lugar as pastagens e outros usos. Essa ao humana transforma, incessantemente, o meio em que se vive, mas ainda possvel encontrar vrias espcies tpicas desse bioma, as quais fazem parte do cenrio natural da caatinga. Cita-se, por exemplo, a jurema, a catingueira, a barana como espcies que ainda tem predominncia no j citado municpio. E o juazeiro, por sua vez, uma rvore tpica da regio, o que faz a mesma interagir plenamente com a flora e fauna nativas. Tomando-se Vasconcelos Sobrinho (2005, p. 187), tem-se a seguinte definio:

    O Joazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) legtimo representante das caatingas do Serto, Serid, Agreste, podendo-se mesmo encontr-lo nas matas midas do litoral. Graas a sua drupa comestvel, servindo de alimento a vrias criaes, inclusive ao homem, tem fraco poder de regenerao por meio da semente. No consegue expandir-se muito, face suas folhas serem altamente forrageiras, muito procuradas nos cercados, em cantos de cerca e aceiros das matas pelos rebanhos, s conseguindo proteo, quando seguramente abrigadas e protegidas. A sua brotao de tronco e de raiz no lhe favorece expanso, embora melhore muito sua riqueza em folhagem ao alcance dos gados. Apresenta-se sempre verde, aqui e acol, no meio da caatinga e pelos cercados, quando escapam destruio pelos animais que so vidos de suas folhas nutritivas e palatveis.

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    Diante dessa definio tem-se uma sntese da significncia da planta para o espao semirido nordestino coadunando-se, portanto, com sua robustez fsica, resistncia aos perodos de estiagens prolongadas e as oportunidades de aproveitamento econmico.

    Pode-se ressaltar que o juazeiro de grande importncia no apenas pelo bem que promove a natureza pela sua tima integrao com o meio, mas por sua beleza caracterstica por manter-se verde durante quase todo o ano, mesmo em meio aridez de boa parte do Nordeste na poca da seca (Figura 3). O que acaba proporcionando sombra, e outros benefcios, para amenizar as altas temperaturas que cotidianamente atingem o municpio durante a maior parte do ano.

    . Figura 3: Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) em meio caatinga. Stio Pedrinhas, Venturosa / PE

    Foto: Arquivo da autora, 2013.

    3. O EQUILIBRIO SOLO- CLIMA- VEGETAO

    Sabe-se que a natureza busca o equilbrio de sua diversidade e consegue isso com perfeio, no entanto a interferncia humana de forma inadequada modifica a forma natural e normalmente gera consequncias para o meio em que se vive e para si prprio.

    Para isso, se faz necessrio uma juno aparentemente de pouco significado, porm de fundamental importncia, pois formam o motor da produo que move qualquer lugar que tenha como prioridade em sua produo econmica, que o equilbrio entre o solo, clima e vegetao e que iro dar o subsdio para o desenvolvimento de qualquer rea que

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    tenha a pecuria, ou qualquer atividade agricultvel como fonte de renda. Deixando-se claro que, depende como essa integrao ocorre em cada rea, pois se no houver uma ao humana sustentvel , tambm no haver forma de desenvolvimento adequado.

    Vasconcelos Sobrinho (2005) d uma definio muito caracterstica referente ao solo e a vegetao do Agreste, o mesmo diz que:

    O agreste de Pernambuco [...]. O solo formado pela decomposio do granito e do gneiss muito raso. J est erodido e depauperado e a vegetao nativa encontra-se muito alterada na sua composio inicial. (VASCONCELOS, 2005p. 183)

    Os solos do Agreste ocupam uma rea de transio entre Zona da Mata e Serto com relevo extremamente

    varivel associado a solos profundos, solos rasos, e solos relativamente frteis, que permitem realar os diferentes tipos de solo no Agreste.

    Em Venturosa tem-se um aspecto muito importante no qual se pode destacar: "Tem-se que o relevo descrito como suave ondulado e plano, evidenciando como principais tipos de solos o argiloso, arenoso, pedregoso e rochoso" (AMADOR, 2008, p.83). Nesse aspecto, pode-se dizer que o juazeiro se adapta a esses diversos tipos de solo da regio o que favorece sua incidncia.

    No tocante s relaes com o clima, chamado de semirido devido sua baixa umidade e quantidade reduzida de chuva, fator que influencia o volume de gua nos rios que secam em determinadas pocas do ano e diminuem as disponibilidades de gua para as plantas, animais e homens caracterizando, assim, a aridez do ambiente. O clima se configura como fator bastante determinante da caatinga, o qual define a paisagem e o modo de vida dos moradores que vivem um eterno racionamento de gua numa preveno para a poca de estiagem. 4. O BIOMA CAATINGA E O JUAZEIRO

    O bioma caracterstico e nico do Brasil, especialmente da Regio Nordeste, a caatinga apresenta baixos ndices

    pluviomtricos, irregularidades de chuvas expondo uma vegetao de grande resistncia a perodos de estiagens. Arbex Junior e Bacic Olic (1999, p.12) do a seguinte denominao de caatinga:

    A caatinga, vegetao natural que d nome ao domnio, constituda por rvores e arbustos, normalmente espinhentos que perdem suas folhas no decorrer da longa estao seca. O clima semirido e o solo pouco profundo ensejaram o desenvolvimento de vegetais com folhas pequenas e razes longas.

    Essas caractersticas so consideradas naturais, no municpio j mencionado devido ao mesmo estar localizado na rea de agreste porm, com aspectos tpicos do serto entendendo-se que:

    Muito j foi escrito sobre o Agreste, porm quando se busca trabalhar academicamente sobre a bibliografia pertinente, observa-se a predominncia de estudos elaborados sobre a tica cartesiana, pautada esta no principio de dividir para conhecer, embora no se relegue sua importncia para a construo da cincia (AMADOR, 2008, pag.87).

    Tomando-se, ainda, a mesma autora, elenca-se outras espcies arbreas no contexto semirido agrestino em apoio atividade agropecuria, especialmente a pecuria de leite, como a seguir:

    O angico, o pereiro, o juazeiro, por exemplo, so referncias do bioma da caatinga, deixados no pasto com o propsito tpico, ainda das propriedades da regio, de sombrear o gado, mas que pode ser visto como testemunhos da vegetao de caatinga, antes existente no local (AMADOR, 2008, p.208).

    Atravs dessa afirmao, fica claro que existe uma devastao da caatinga agrestina, principalmente para ampliao de pastagens, aberturas de estradas vicinais, equipamentos rurais, entre outras necessidades inerentes atividade agrria. Nessa direo, cabe trazer tona as preocupaes com a sustentabilidade e a importncia do juazeiro para o bioma da caatinga.

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    5. O JUAZEIRO NO MUNICPIO DE VENTUROSA-PE

    No municpio de Venturosa a vegetao predominante caracterstica a caatinga definida por Ablio (2010) como sendo:

    A caatinga um bioma exclusivamente brasileiro, que est inserida no semi-rido nordestino, sendo caracterizada principalmente por aspectos climticos e pluviomtricos, detentora de uma rica biodiversidade a qual se encontra cada vez mais ameaada decorrente da m utilizao de seus recursos, principalmente pelo forte extrativismo. Havendo a necessidade de polticas que incentivem o desenvolvimento sustentvel regional. (ABLIO, 2010, p.156).

    nessa vegetao que est o juazeiro (Zizyphusjoazeiro), rvore tipicamente nordestina com frutos de cor amarela, quando maduros comestveis e bem adocicados. Com folhas sempre verdes, seus ramos so tortuosos e espinhosos (Figura: 4)

    Figura 4: Galho de juazeiro com seus espinhos no municpio de Venturosa / PE

    Foto: Arquivo da autora, 2013.

    A rvore bastante conhecida pelos venturosenses, at mesmo por habitantes citadinos, que mesmo morando na cidade conhecem a rvore por haver sempre uma nas proximidades com o campo propriamente dito. No deixando-se de ressaltar a presena mnima na rea urbana da espcie em tela, a qual no identificada como elemento da paisagem urbana. Trata-se de uma arborizao que carece de vegetao nativa da regio e que concentra em seu conjunto arbreo espcies exticas que foram, aos poucos, substituindo as rvores tpicas da caatinga, principalmente na cidade.

    Os moradores da zona rural costumam deixar juazeiros em seus terreiros, entendendo-se por terreiro o espao na frente das casas como o evidenciado no exemplo da figura 2, e em seus currais (Figura 5):

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    Figura 5: Juazeiro no curral no municpio de Venturosa / PE

    Foto: Arquivo da autora, 2013.

    A proximidade do juazeiro com o homem promove uma integrao agradvel, pois o mesmo proporciona sombra

    de excelente qualidade, alm de contribuir parauma belssima paisagem. Tendo servido, inclusive, de inspirao para letras de msicas como retrata a bela cano de Luiz Gonzaga, o Rei do Baio em parceria com Humberto Teixeira:

    O juazeiro "Juazeiro, juazeiro Me arresponda, por favor, Juazeiro, velho amigo, Onde anda o meu amor Ai, juazeiro Ela nunca mais voltou, Diz, juazeiro Onde anda meu amor Juazeiro, no te alembra Quando o nosso amor nasceu Toda tarde tua sombra Conversava ela e eu Ai, juazeiro Como di a minha dor, Diz, juazeiro Onde anda o meu amor Juazeiro, seje franco, Ela tem um novo amor, Se no tem, porque tu choras, Solidrio minha dor Ai, juazeiro No me deixa assim roer, Ai, juazeiro T cansado de sofrer Juazeiro, meu destino T ligado junto ao teu, No teu tronco tem dois nomes,

  • 42- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

    Ele mesmo que escreveu Ai, juazeiro Eu num gento mais roer, Ai, juazeiro Eu prefiro int morrer. Ai, juazeiro..."

    Luiz Gonzaga5

    6. RETROSPECTIVA HISTRICADO LUGAR (VENTUROSA)

    O ciclo natural da vida seguido de forma semelhante em todo ser humano, pois, as pessoas nascem, crescem e morrem concretizando o ciclo natural dos seres vivos. E, para que isso ocorra de uma forma agradvel para todas as espcies, se requer um incentivo educao ambiental que deve acontecer no momento certo, ou seja, desde muito cedo para que realmente ocorra com o devido sucesso e sendo assim, pode-se dizer que:

    Educao Ambiental comea no bero, ou seja, o primeiro passo deve ser dado na infncia. Deve-se se ensinar a criana a observar a beleza e os segredos da natureza. A beleza de um ip em flor ou de um canteiro multicor, o vo majestoso da ave no alto do cu, o bater acelerado das asas de um beija-flor, o crescer contnuo das plantas e a reproduo dos animais. A criana no entender as razes do funcionamento da natureza, mas aprender a observar, o que constitui a primeira etapa na formao de uma conscincia

    ecolgica e o amor a natureza. (TROPPMAIR, 2008, p.198)

    Dessa forma, pode-se dizer que se as pessoas se conscientizarem da importncia do meio ambiente desde cedo, no futuro se beneficiaro muito mais dela.

    Muitas pessoas desenvolvem um verdadeiro amor pelo seu lugar de origem, no qual viveram durante toda sua vida. Isso gera uma afeio pelo seu lugar, os moradores da zona rural na sua grande maioria desenvolvem esse apego ao lugar, e apesar de enfrentarem grandes dificuldades na labuta diria do campo, geralmente no querem sair para a cidade, preferem a calma do interior. No entanto, esse apego no impede que o mesmo, talvez por falta de oportunidade e/ou de conhecimento, acabe causando males ao seu lugar de origem. Nesse sentido, tomam-se as palavras de Tuan:

    Para compreender a preferncia ambiental de uma pessoa, necessitaramos examinar sua herana biolgica, criao, educao, trabalho e os arredores fsicos. No nvel de atitudes e preferncias de grupo, necessrio conhecer a histria cultural e a experincia de um grupo no contexto de seu ambiente fsico. Em nenhum dos casos possvel distinguir nitidamente entre os fatores culturais e o papel do meio ambiente fsico. Os conceitos "cultura" e "meio ambiente" se superpem do mesmo modo que os conceitos "homem" e "natureza" (TUAN, 1980, p. 68)

    O habitante da zona rural em sua grande maioria, no tem e nem teve oportunidades de conhecimento cientifico para aprender a diferena entre o consumo sustentvel e o no sustentvel, o que acarreta ao longo dos anos prejuzos incalculveis. Visto que espcies abundantes no lugar vo se extinguindo ao longo dos anos, principalmente por no haver interesse de reposio devido ser uma rea de significativaabrangncia pecuria de no Estado.

    Os moradores da zona rural tm a cultura de desmatamento para o plantio de pastagens que servem de alimento para os rebanhos, na maioria bovinos e, tambm alguns criatrios de caprinos. No entanto, em menor quantidade no municpio, em relao bovinocultura que a atividade que predomina na regio.

    5 Disponivel em:http://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/juazeiro.html. Acesso em 21 jan. 2014.

  • Maria Betnia Moreira Amador (Org.) - 43

    No intuito de produzir o alimento para o rebanho durante todo o ano, h a prtica da erradicao de espcies nativas da caatinga que iro dar lugar as plantaes que servem de alimento para os seus rebanhos. Sendo assim, os moradores pecuaristas produzem espcies adaptveis ao clima da regio e, em geral, as mais comuns so as plantaes de palma e capim por serem espcies mais resistentes ao clima semirido que predominante durante a maior parte do ano e que, muitas vezes, se repete por vrios anosconsecutivos.

    Essa no uma atividade que possa ser considerada recente visto que, quando do momento da coleta de informaes de pessoas que habitam no municpio h anos, ou desde seu nascimento, colheu-se a informao de que sempre se realizou essa prtica para o cultivo de alimentos. Esse preparo do terreno para o plantio se d desde muitos anos at os dias atuais por meio, principalmente de brocas, entendendo-se por brocas, as queimadas que ocorrem em uma determinada poro de terra, a qual depois de queimada ser cultivada. No entanto, essa prtica aumentou muito devido ao cr