o verde na paisagem agreste de pernambuco: …

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Organizadora Maria Betânia Moreira Amador O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO: URBANO E RURAL

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Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) -1

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Organizadora

Maria Betacircnia Moreira Amador

O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

2- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Organizadora

Maria Betacircnia Moreira Amador

Graduaccedilatildeo em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (1986) mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1994) especializaccedilatildeo em Silvicultura pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (1995) e doutorado em Geografia (Conceito CAPES 5) pela Universidade Federal de Pernambuco (2008) Poacutes-doutorado em Geografia na linha de pesquisas Ecossistemas e Impactos Ambientais Universidade Federal de Pernambuco (2011) Professora adjunta da Universidade de Pernambuco Campus Garanhuns Atuando no curso de Geografia e realizando pesquisas nos seguintes temas geografia com abordagem sistecircmica agroecologia geomorfologia biogeografia e educaccedilatildeo ambiental Experiecircncia tambeacutem em estudos e pesquisas sobre a algarobeira no Nordeste do Brasil

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 3

Organizadora

Maria Betacircnia Moreira Amador

O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

1ordf Ediccedilatildeo

TupatildeSP ANAP 2014

4- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Editora ANAP

Associaccedilatildeo Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos

fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Boliacutevia nordm 88 Jardim Ameacuterica

Cidade de Tupatilde Estado de Satildeo Paulo CEP 17605-310

Ediccedilatildeo e Arte Sandra Medina Benini

Iacutendice para cataacutelogo sisteacutemico

Brasil Geografia

Contato editoraamigosdanaturezaorgbr wwwamigosdanaturezaorgbr

Amador Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco Urbano e Rural ndash Tupatilde ANAP 2014 ISBN

1 Pernambuco 2 Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural 4 Geografia Fiacutesica I Tiacutetulo

ANAP

Associaccedilatildeo Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos

Fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Boliacutevia nordm 88 Jardim Ameacuterica

Cidade de Tupatilde Estado de Satildeo Paulo CEP 17605-310

Diretoria da ANAP

Presidente Sandra Medina Benini Vice-Presidente Allan Leon Casemiro da Silva 1ordf Tesoureira ndash Maria Aparecida Alves Harada

2ordf Tesoureira ndash Jefferson Moreira da Silva 1ordf Secretaacuteria ndash Rosangela Parilha Casemiro

2ordf Secretaacuteria ndash Elisacircngela Medina Benini

Foto da Capa Ana Maria Severo Chaves

Darla Juliana Cavalcante Macedo Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Raiacute Viniacutecius Santos

Iacutendice para cataacutelogo sisteacutemico

Brasil Geografia

Contato (14) 3441-4945 editoraamigosdanaturezaorgbr

wwwamigosdanaturezaorgbr

A481o O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco Urbano e Rural Maria Betacircnia Moreira Amador (org) ndash Tupatilde ANAP 2014

130 p il Color 297 cm

ISBN - 978-85-68242-00-1

1 Pernambuco 2 Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural I Tiacutetulo

CDD 900 CDU 91347

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 5

Conselho Editorial da ANAP

Oscar Andreacutes Hincapieacute Mariacuten

Daniela de Souza Onccedila

Diana da Cruz Fagundes Bueno

Edson Luiacutes Piroli

Eraldo Medeiros Costa Neto

Joatildeo Cacircndido Andreacute da Silva Neto

Joatildeo Osvaldo Nunes

Joseacute Aparecido Lima Dourado

Joseacute Carlos Ugeda Juacutenior

Juliana Heloisa Pinecirc Ameacuterico

Junior Ruiz Garcia

Leonice Seolin Dias

Marcos Reigota

Maria Betacircnia Moreira Amador

Maria Helena Pereira

Natacha Ciacutentia Regina Aleixo

Nilzete Ferreira

Paulo Cesar Rocha

Rafael Montanhini Soares de Oliveira

Reginaldo de Oliveira Nunes

Ricardo Augusto Felicio

Ricardo de Sampaio Dagnino

Rodrigo Simatildeo

Rosa Maria Barilli Nogueira

Sandra Medina Benini

Socircnia Maria Marchiorato Carneiro

6- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Sumaacuterio

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 7

Sumaacuterio

Prefaacutecio

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Apresentaccedilatildeo

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Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

16

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

34

Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

ThamyllysMyllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

47

8- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

62

Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

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Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

102

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (MIMOSA TENUIFLORA) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

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Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 9

Prefaacutecio

10- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Prefaacutecio

O verde arboacutereo como expressatildeo dos recursos naturais renovaacuteveis eacute um segmento notaacutevel no que se refere a abordagem temaacutetica quer sob a conotaccedilatildeo de recurso de capital quer sob a de benesses paisagiacutesticas climaacuteticas e demais recurso que sob os ditames da Matildee Natureza dissemina-se espontaneamente sendo a partir daiacute fortemente suplementada pela accedilatildeo humana levando-se em conta as aptidotildees regional-locais Tal disseminaccedilatildeo portanto aleacutem de obedecer por exemplo agravescondiccedilotildees edaacuteficas espraia-se em particular como atributo cultural do meio em que se insere Eacute gostar-se do verde natildeo soacute para se admirar mas em particular eacute gostar-se devido ao fato de se conhecer

Os resultados acadecircmicos expostos ao niacutevel municipal apresentados sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Maria Betacircnia M Amador constitui natildeo soacute exemplificaccedilatildeo de iniciativa profiacutecua que disciplina e ao mesmo tempo motiva academicamente um elenco de orientandos mas tambeacutem demonstra correto encaminhamento de produccedilatildeo individual que se desdobra em coletiva que engrandece tanto elaboradores como o ente institucional ao qual se encontram vinculados A isso se juntando o requisito eacutetica que com certeza norteia as premissas do grupo em apreccedilo a combinaccedilatildeo vecirc-se elevada ao niacutevel de excepcionalidade fruto por assim dizer do plantio adequado de outrora combinado com salutar reproduccedilatildeo presente

O potencial da ideia em termos de grupo e entidade deve ser por demais ressaltado reflete melhoria na produccedilatildeo de recursos humanos e institucionais tatildeo escassas nesses velhos tempos as dimensotildees acadecircmica e de gestatildeo municipal face iniciativasdo gecircnero podem evoluir consolidar-se e ateacute expandir-semesmo que por via indireta - tudo isso sem abdicar de concepccedilotildees como persistecircncia abnegaccedilatildeo otimismo atributos que devem sempre estar presentes na transiccedilatildeo de sonho para realidade O elenco produtor ora referido estaacute enfim de parabeacutens de modo particular por sua contribuiccedilatildeo apontar para a transiccedilatildeo mencionada sem nenhuma inibiccedilatildeo no que toca expor sua condiccedilatildeo potente

Pedro Amador - Economista Professor licenciado da UPE Campus Garanhuns

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Apresentaccedilatildeo

12- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Apresentaccedilatildeo

Se pensarmos soacute em uma aacutervore talvez fique a sensaccedilatildeo de estarmos pensando pequeno Mas se pensarmos nas aacutervores dos quintais dos jardins das calccediladas das ilhas das avenidas dos parques da imensa massa verde que existe em vaacuterias cidades teremos a sensaccedilatildeo gratificante de estar trabalhando por um ambiente melhor mais saudaacutevel sustentaacutevel estaremos trabalhando pelas aacutervores pela vida

Paulo de Tarso Batista1

O estudo do verde eacute de fundamental importacircncia para se entender a organizaccedilatildeo do espaccedilo tanto rural quanto urbano No semiaacuterido do nordeste do Brasil por exemplo especificamente em aacutereas do Agreste de Pernambuco verifica-se que em ambos os espaccedilos urbano e rural haacute uma niacutetida falta de conexatildeo entre o verde e o homem devido ao fato de se perceber que os elementos componentes da flora nativa e da paisagem tiacutepica dos sertotildees passam a dar lugar ao exotismo das palmas e gramiacuteneas para a formaccedilatildeo de pastagens nas aacutereas rurais enquanto que na area urbana a arborizacao e o paisagismo passam a ser compostos predominantemente de exoacuteticas nas calccediladas e outros espaccedilos puacuteblicos ficando os cultivos de plantas nativas ou natildeo ornamentais ou medicinais restritas aos quintais e jardins os quais se aproximam da flora local Assim objetivou-se fazer estudos nesses espacos da situaccedilatildeo presente buscando-se evidenciar o contra-senso ou paradoxo da relaccedilatildeo homemnatureza pela perspectiva sistecircmica de anaacutelise da paisagem Para tanto teve-se a colaboraccedilatildeo de bolsistas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica que estudaram em particular seus municiacutepios de origem fazendo-se entatildeo articulaccedilotildees entre as diferentes realidades encontradas para o entendimento da complexidade a qual envolve a sustentabilidade que se delineia frente agraves contradiccedilotildees do discurso ambiental mediante a cultura jaacute estabelecida do nordeste seco Os aportes metodoloacutegicos compreendem fundamentalmente a observaccedilatildeo norteada pela percepccedilatildeo aplicaccedilatildeo de formulaacuterios aos habitantes dos referidos municiacutepios analisados tomada de histoacuteria de vida em alguns casos e registros fotograacuteficos das diversas situaccedilotildees encontradas Optou-se pela abordagem sistecircmica para encadear e articular os procedimentos aleacutem de se considerar viaacutevel para o amalgamento da base teoacuterica calcada na teoria da complexidade de Morin Os resultados apresentados apontam para uma concepccedilatildeo de verde que nao condiz com o ambiente semiarido e nem tampouco com as ideias de sustentabilidade Pode-se citar que como se pode verificar nos textos que compoem esse trabalho observa-seum afastamento da flora local e nativa pela preferecircncia dada agraves espeacutecies exoacuteticas em ambos os ambientes rural e urbano Tambeacutem se ressalta o pouco apreccedilo que se percebeu da populaccedilatildeo em geral em relaccedilatildeo aos elementos verdes ou seja apesar de expressarem preocupaccedilotildees com a natureza aacutervores entre outros natildeo praticam a observaccedilatildeo valorativa do espaccedilo atraveacutes da imagem e simbologia que as aacutervores em especial representam Cabe ainda considerar nesse contexto a pouca importacircncia dada pelas gestotildees municipais em termos de melhoramento conservaccedilatildeo e ou preservaccedilatildeo de um patrimocircnio puacuteblico e considerado pela legislaccedilatildeo como bem difuso da populaccedilatildeo que eacute o verde seja rural ou urbano Pressupotildee-se portanto que tratar do verde em qualquer espaccedilo eacute colaborar para a construccedilatildeo de um ambiente mais adequado e mais sustentaacutevel

O contexto atual em termos de se pensar a sustentabilidade do planeta favorece reflexotildees sob diversas abordagens praticas teoacutericas e metodoloacutegicas tambeacutem em niacuteveis locais e regionais Logo o semiaacuterido nordestino brasileirodemanda estudos nos quais os resultados contribuam em alguma escala para as dimensotildees educacionais politicas administrativas entre outras

A temaacutetica que se insere traz a tona elementos que identificam certa discrepacircncia evidenciada na relaccedilatildeo homem

1 Disponivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

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natureza no acircmbito urbano e tambeacutem rural em termos de vegetaccedilatildeo Natureza que na concepccedilatildeo de Moscovici (2007 p 28) eacute pensada agrave semelhanccedila de um arco-iacuteris ldquoeu sei que a natureza natildeo tem nada de verde nem de cinza que ela representa na verdade uma paleta infinita de cores Ela eacute para noacutes a ideia que compreende todos os caminhos possiacuteveis no tempo entre o acaso e a necessidade limitanterdquo Assim o semiaacuterido nordestino e o homem sertanejo foram na linha do tempo associados ao sofrimento e ao cinza da paisagem da caatinga Costumeiramente rotulados com o fardo histoacuterico do determinismo parecendo natildeo haver saiacuteda ou soluccedilatildeo Pensamento que vem gradativamente se modificando pelas inuacutemeras iniciativas publica eou privadas de mostrar que a convivecircncia com e no semiaacuterido eacute possiacutevel desde que se encontrem persistentes formas de desenvolver a aacuterea produzindo e vivendo com respeito a essa natureza atentando para suas fragilidades

Na trilha desse movimento engaja-se tambeacutem com pesquisa sobre o verde urbano e rural sobre alguns municiacutepios do agreste de Pernambuco utilizando-se a estrateacutegia de agregar subprojetos que oportunizam aos acadecircmicos bolsistas de iniciaccedilatildeo cientifica a experiecircncia de estudar o verde de seus municiacutepios de origem seja urbano ou rural Nesse contexto importa que mediante leituras dirigidas de cunho sistecircmico os mesmos percebam a importacircncia do lugar e suas paisagens articulando os conceitos com a dinacircmica evidenciada na relaccedilatildeo do citadino morador transeunte proprietaacuterio rural com o verde em sua volta quase fazendo lembrar a organizaccedilatildeo do cristal com sua rigidez mineral e a chama da vela decompondo-se pela fumaccedila tomando-se Atlan (1992 p9) como referencia

Os estudos sistecircmicos visam contextualizar a realidade ressaltando as teias que estatildeo preacute-estabelecidas e aquelas que estatildeo se formando cujas tramas possibilitam uma melhor compreensatildeo da situaccedilatildeo por natildeo se limitar na extenuante busca da causa ndash efeito mas contribui para o questionamento do ser pensante e da sociedade sobre os elos com a natureza num mundo cada vez mais sem tempo pelo trabalho que se impotildee

Logo eacute fato que as paisagens urbanas e rurais satildeo reflexos dessa forma de relacionamento ecologia x economia ao mesmo tempo em que a afetividade com o lugar principalmente pela falta ou pela pouca experiecircncia eou vivencia propicia certo afastamento praticamente sem culpa ou responsabilidade maior com os bens capitais naturais e concorda-se com Serres quando ele afirma que a sociedade encontra-se num momento de assinatura de um contrato

Trata-se da necessidade de rever e de voltar a assinar o mesmo contrato social primitivo Este diz-nos respeito para o melhor e para o pior segundo a primeira diagonal sem mundo agora que sabemos associar-nos perante o perigo precisamos de conceber ao longo da outra diagonal um novo pacto a assinar com o mundo o contrato natural Cruzam-se assim os dois contratos fundamentais (SERRES 1990 p 31 - 32)

Ou seja a busca da compatibilidade harmoniosa entre o verde endecircmico e o verde exoacutetico deveria ser melhor considerado Natildeo eacute porque se estaacute num municiacutepio interiorano que se despe a paisagem urbana das conotaccedilotildees da vegetaccedilatildeo do entorno de certa forma negando-a mas pelo contrario os elementos verdes presentes naturalmente no local prestam-se bem ao paisagismo desde que este enquanto atividade da administraccedilatildeo municipal seja adequadamente planejado e gerido podendo inclusive ser concatenado com o exotismo de outras espeacutecies

As pesquisas apresentadas nesse livro tem como ancoradouro a proposta de estudar o verde do Agreste de Pernambuco especialmente o Agreste Meridional tendo-se Garanhuns e municiacutepios proacuteximos como locais de estudo desde que estejam inseridos no semiaacuterido cujo mapa (Figura 1) apresenta nova configuraccedilatildeo politica

Aleacutem dos 1031 municiacutepios jaacute incorporados passam a fazer parte do semiaacuterido outros 102 novos municiacutepios [] Com essa atualizaccedilatildeo a aacuterea classificada oficialmente como semiaacuterido brasileiro aumentou de 8923094 km2 para 9695894 km2 um acreacutescimo de 866 Minas Gerais teve o maior nuacutemero de inclusotildees na nova lista - dos 40 municiacutepios anteriores vai para 85 variaccedilatildeo de 1125 A aacuterea do Estado que fazia anteriormente parte da regiatildeo era de 272 tendo aumentado para 517de acordo com a Secretaria de Poliacuteticas de Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (2005 p 05)

A regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro (Figura 1) corresponde aproximadamente a 135 do territoacuterio Se caracteriza pelas irregularidades pluviomeacutetricas e temperaturas elevadas apresentando o clima BSh tomando-se como referencia a classificaccedilatildeo de Koppen Os solos em geral podem ser caracterizados como siacutelico argiloso e apresenta ainda uma alta radiaccedilatildeo solar baixa nebulosidade media anual de temperatura elevada baixas taxas de umidade relativa e evapotranspiraccedilatildeo elevada Esse conjunto de caracteriacutesticas propicia o fato de que a maioria dos rios dessa regiatildeo seja intermitente (ABILIO FLORENTINO 2011 p 42 ndash 43)

14- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 1 Mapa do Semiaacuterido BrasileiroFonte Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

Disponiacutevel emlt httpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_aridopdfgt Acesso em 08 nov 2011

O levantamento bibliograacutefico foi dirigido para assimilaccedilatildeo de cada proposta uma vez que os sub projetos tem

accedilatildeo similar e simultacircnea mas com realidades diferenciadas encontrando- se no conteuacutedo interdisciplinar as bases necessaacuterias ao enfoque integrado da questatildeo do verde urbano eou rural Aplicou-se a teacutecnica da observaccedilatildeo associada agrave aplicaccedilatildeo de formulaacuterios em todos os casos nos diferentes municiacutepios Constitui-se o formulaacuterio predominantemente de perguntas fechadas dirigidos aos atores presentes por ocasiatildeo da abordagem

Os dados apresentados os quais foram estudados agrave luz da literatura disponiacutevel sobre o assunto e associados sempre que possiacutevel ao registro fotograacutefico contribuindo assim na documentaccedilatildeo da informaccedilatildeo proporcionaram conclusotildees algumas parciais outras consideradas de caraacuteter mais concreto e final as quais podem ser uteis para fomentar novos estudos e accedilotildees Registra-se ainda que em alguns casos utilizou-se a teacutecnica de histoacuteria de vida

A aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica foi e continua sendo um dos pontos relevantes dessa pesquisa Tecnicamente as representaccedilotildees dos sujeitos baseados em suas ldquohistoacuterias de vidardquo satildeo fundamentais para o entendimento da questatildeo pois soacute eacute possiacutevel chegar aos aspectos do cotidiano desses sujeitos que vivem em seus municiacutepios seja na aacuterea urbana ou rural atraveacutes de suas memorias

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 15

Segundo Meihy (1996) a histoacuteria de vida constitui-se numa metodologia que trata a narrativa do conjunto de experiecircncias de vida de uma pessoa Trata-se de um tipo de busca que visa a utilizaccedilatildeo de fontes orais em diferentes propoacutesitos para adquirir um melhor entendimento do que se almeja com a referida pesquisa sendo importante frisar que considera-se ser uma maneira inovadora de se tratar a temaacutetica do verde sob abordagem sistecircmica e interdisciplinar

Espera-se que os relatos advindos por ocasiatildeo da coleta das histoacuterias orais possam por meio da memoacuteria dos sujeitos e dos processos dinacircmicos ocorridos em suas vidas trazer agrave tona elementos substanciais das relaccedilotildees destes com os conteuacutedos do local onde reside associados ao verde

Enfatiza-se tambeacutem que este meacutetodo possibilita extrair da comunidade conhecimentos exclusivo daquela aacuterea Assim por meio da subjetividade e do simbolismo haacute uma grande contribuiccedilatildeo para a pesquisa em seu acircmbito qualitativo Atraveacutes dos fatos e dos aspectos identitaacuterios emergem os objetos ou seja a fala os gestos as accedilotildees se constituindo desse modo num registro que guarda uma diversidade profunda de manifestaccedilotildees inerentes agrave trajetoacuteria do sujeito em que sua vida cultural foi constituiacuteda

Assim a metodologia que se apresenta tem um caraacuteter dinacircmico coadunando-se com a visatildeo sistecircmica e interdisciplinar posiccedilotildees teoacutericondashmetodoloacutegicas atualmente em ascensatildeo nos meios acadecircmicos principalmente

Assim sendo contempla-se nesse trabalho resultados de trabalhos e subprojetos referentes aos municiacutepios de Canhotinho Correntes Calcado Garanhuns Jupi Satildeo Joatildeo e Venturosa todos na regiatildeo semiaacuterida do agreste pernambucano Registra-se ainda que os mesmos serao dispostos ao longo do livro em ordem alfabetica dos principais autores

No mais espera-se estar disponibilizando um conteudoutil e atualizado para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o assunto tratado bem como enriquecer o conhecimento existente para os municipios contemplados nessa empreitada

REFERENCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado FLORENTINO Hugo da Silva Ecologia e conservaccedilatildeo ambiental no semiaacuterido In

Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFPB 2011

ATLAN Henri Entre o cristal e a fumaccedila ensaio sobre a organizaccedilatildeo do ser vivo Traduccedilatildeo de Vera Ribeiro Rio de

Janeior Jorge Zahar Ed 1992

BATISTA Paulo de Tarso O meio ambiente as cidades as arvores urbanas e a sbau In Sociedade Brasileira de

Arborizaccedilatildeo 2010 Dispnivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Mapa do Semiaacuterido Brasileiro Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MEIHY Carlos Sebe Bom manual de histoacuteria oral Loyola Satildeo Paulo1996 Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MOSCOVICI Serge Natureza para pensar a ecologia 2 ed Traducao de Maria Louise Trindade Conilh de Beyssac e

Regina Mathieu Rio de Janeiro Mauad X Instituto Gaia 2007

SERRES Michel O contrato natural Traduccedilatildeo de Serafim Ferreira Lisboa Portugal Instituto Piaget 1990

16- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM

AGRESTE DE CORRENTES-PE

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 17

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

Futuramente soacute seraacute concebiacutevel uma natureza de dupla pilotagem a natureza deve ser pilotada pelo homem mas este por sua vez deve ser pilotado pela natureza Os dois co-pilotos embora heterogecircneos satildeo absolutamente inseparaacuteveis

Edgar Morin 2

O verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE eacute uma temaacutetica que foi trabalhada durante dois anos atraveacutes dos projetos de pesquisas ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo em 2012 e ldquoO Verdedas Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo em 2013 Projetos que tiveram como principal objetivo averiguar o verde existente no municiacutepio diagnosticando a importacircncia da presenccedila vegetal arboacuterea ou natildeodos espaccedilos urbanos puacuteblicos e particulares na paisagem urbana de Correntes-PE atraveacutes da abordagem sistecircmica

O desenvolvimento desses projetos de pesquisas resultou em alguns trabalhos apresentados e publicados que de forma sucinta tambeacutem estatildeo no corpo do presente capiacutetulo Ressalta-se a relevacircncia de estudos sobre o verde urbano para um melhor entendimento da presenccedila da massa verde na cidade bem como sua funcionalidade e contribuiccedilatildeo para um ambiente urbano mais saudaacutevel e beneacutefico agrave populaccedilatildeo As pesquisas satildeo de ordem qualitativo-quantitativa cujo meacutetodo pauta-se na observaccedilatildeo e na percepccedilatildeo Assim procurou-se sempre manter um diaacutelogo e participaccedilatildeo em cada etapa das pesquisas e no decorrer dos estudos realizados O trabalho que se apresenta situa-se no acircmbito da ciecircncia Geograacutefica atraveacutes da sua categoria de anaacutelise paisagem

Nesta perspectiva a paisagem agreste do municiacutepio de Correntes eacute uma fonte da subjetividade na qual se desenvolve relaccedilotildees afetivas com o meio onde a populaccedilatildeo interage com os ambientes que lhe eacute disponiacutevel mantendo com esses espaccedilos laccedilos afetivos Considerando-se a paisagem urbana como reflexo da interaccedilatildeo dos indiviacuteduos em sociedade eas construccedilotildees hierarquizadas espelhando de certa forma um espaccedilo subjetivo sentido e vivido por cada habitante de maneira particular e em grupo formando assim uma identidade com o lugar em constante interaccedilatildeo sistecircmica

2 MORIN 1991 apud DARDEL 2011 p 69

18- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

1 CORRENTES-PE

Correntes eacute um municiacutepio relativamente pequeno com 17419 habitantes (IBGE 2010) que passou a fazer parte da nova delimitaccedilatildeo do Semiaacuterido em 2005 Sua economia eacute baseada na agricultura pecuaacuteria e comeacutercio em geral Sua histoacuteria eacute como em muitas outras cidades interioranas e ribeirinhas se deu por motivos religiosos onde em 1826 o portuguecircs Antocircnio Machado Dias abastado fazendeiro que residiu onde hoje eacute a cidade de Correntes-PE fez construir uma igreja dedicada ao santo de seu nome Esse fato atraiu grande nuacutemero de pessoas que se foram agrupando em torno do templo formando a povoaccedilatildeo que tomou o nome de Barra de Correntes localizada as margens do Rio Correntes e do Rio Mundauacute posteriormente passou a se chamar Correntes nome que tecircm origem no rio de trecircs nascentes (que se chama 3 correntes) sendo entatildeo denominado de rio das Correntes 12 Localizaccedilotildees do Municiacutepio de Correntes-PE e Seus Aspectos Geograacuteficos

O municiacutepio (figura 1) estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco limitando-se a norte com Garanhuns e Palmeirina ao sul com o Estado das Alagoas a leste com o Estado das Alagoas e a oeste com Lagoa do Ouro A aacuterea municipal ocupa 2841 km2 e representa 029 do Estado de Pernambuco Distante 2577 km da capital cujo acesso eacute feito pela BR-101 PE-126177187 e BR-424

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Correntes-PE

A vila de Correntes fora criada pela lei provincial nordm204 em julho de 1848 foi o primeiro territoacuterio desmembrado do municiacutepio de Garanhuns que passava agrave categoria de municiacutepio O municiacutepio foi criado em 27051879 pela Lei Provincial no 1423 sendo formado pelos distritos de Correntes (sede) e pelos povoados de Poccedilo Comprido de Pau Amarelo e Olho dAgua do Gois Anualmente no dia 27 de agosto Correntes comemora a sua emancipaccedilatildeo politica

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 19

Correntes-PE estaacute inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema formada por maciccedilos e outeiros altos com altitude variando entre 650 a 1000 metros Ocupa uma aacuterea de arco que se estende do sul de Alagoas ateacute o Rio Grande do Norte o relevo eacute geralmente movimentado com vales profundos e estreitos dissecados 2 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ESTUDO DO VERDE URBANO DE CORRENTES-PE O tema verde urbano eacute um referencial para a sociedade em geral quando o assunto se refere agraves questotildees ambientais Quando se pretende melhorar as condiccedilotildees ambientais das cidades a arborizaccedilatildeo quase sempre eacute a primeira opccedilatildeo isso eacute devidoagraves diversas funcionalidades e benefiacuteciosadvindos da arborizaccedilatildeo diante de um ambiente artificial e jaacute degradado pelas accedilotildees antroacutepicas direcionadas a um desenvolvimento econocircmico que deixa o meio ambiente quase sempre de lado Em relaccedilatildeo agrave paisagem urbana Amador destaca que

No tocante aacutes paisagens urbanas tem-se uma longa histoacuteria relacionada ao verde e este transformando espaccedilos elaborando-se e reelaborando-se paisagens podendo-se ressaltar algumas informaccedilotildees que tomadas em consequecircncia evidenciam tempos e espaccedilos repletos de diferentes propoacutesitos e ideologias (AMADOR 2013 p 119)

Logo cabe considerar que a paisagem urbana tem nos elementos verdes sejam arboacutereos ou natildeo um de seus alicerces de bem-estar conforto e beleza Poreacutem esses atributos nem sempre satildeo percebidos pela populaccedilatildeo que quando se refere ao verde residencial (verde em espaccedilos particulares) presente em quintais jardins e calccediladas o associa com algo trabalhoso e em alguns casos ateacute mesmo perigoso Essa percepccedilatildeo leva a populaccedilatildeo em geral a erradicar principalmente aacutervores de suas calccediladas bem como procuram deixar seus quintais livres ou com pouca vegetaccedilatildeo Porem no que se refere ao verde puacuteblico presente em praccedilas e canteiros centrais a populaccedilatildeo natildeo dialoga a sua importacircncia para o meio ambiente urbano e pouco eacute esclarecido sobre a relevacircncia dessa presenccedila bem como sobre a funcionalidade de tais espaccedilos introduzidos no meio ambiente urbano Mesmo todos sabendo que se retiroudestruiu a natureza para sua concretizaccedilatildeo ou melhor o trabalho de paisagismo o qual introduz a natureza na forma de arborizaccedilatildeo eou aacutereas verdes Esse ato faz parte da tentativa de reverter uma problemaacutetica ambientalque surgiu quando o homem considerou-se ser capaz de viver em um espaccedilo puramente construiacutedo e artificial poreacutem ele percebeu que a natureza em seus diversos acircmbitos eacute necessaacuteria a seu bem-estarno desenvolvimento de uma vida saudaacutevel ao mesmo tempo de um ambiente urbano mais sadio Esse espaccedilo construiacutedo segundo Eric Dardel (2011) tem sua principal importacircncia ligada ao habitar do homem Espaccedilo artificial no qual o homem eacute moldado em suas condutas haacutebitos costumes ideias e sentimentos ldquopor esse horizonte artificial que se viu nascer crescer escolher sua profissatildeordquo (DARDEL 2011 p 27) Assim a cidade seja pequena ou grande objeto da construccedilatildeo humana na forma de sociedade em que o homem eacute criado e socializado encontra nas aacutereas verdes e espaccedilos arborizados elementos naturais que proporcionamagrave populaccedilatildeo ter uma vida mais saudaacutevel contribuindo para um melhor desenvolvimento ambiental E a visatildeo geograacutefica em relaccedilatildeo ao espaccedilo urbano e interaccedilotildees que ocorrem no mesmo mostra a possibilidade de melhor interpretaccedilatildeo da complexidade dos espaccedilos e atraveacutes do enfoque sistecircmico das inter-relaccedilotildees do espaccedilo vivido e o individuo que o vive levando em conta tudo que o cerca visivelmente ou natildeo mas que integra a experiecircncia do ambiente urbano em seu todo artificial com a introduccedilatildeo da natureza que o homem constroacutei para usufruir de uma melhor qualidade de vida Assim Camargo relata

O espaccedilo vivido caracteriacutestico da corrente humanista relaciona-se com a dimensatildeo da experiecircncia humana dos lugares ou com a maneira como o sujeito percebe o objeto [] remete o geoacutegrafo a interpretar toda a complexidade existente em cada regiatildeo [] O cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locais (CAMARGO 2008 p 100 ndash 101)

Tambeacutem tem-se em Tuan (1980) em sua obraTopofilia que refere-se a todos os laccedilos afetivos do ser humano com o meio ambiente pois segundo ele ldquoo meio ambiente eacute o veiacuteculo de acontecimentos emocionante fortes ou eacute percebido como um siacutembolordquo (TUAN 1980 p 107) Assim o meio em que o homem estaacute inserido representa muito mais

20- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

do que um meio fiacutesico do qual ele retira suas necessidades o meio ambiente seja urbano ou outro representa um lugar de relaccedilotildees emocionais e de pertencimento adquiridos atraveacutes das vivencias 21Contribuiccedilotildees da Massa Verde Urbana para a Cidade A presenccedila das aacutereas verdes urbanas possibilitam diversos benefiacutecios que se pode enunciar de acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS 2011 p 21)que destaca a arborizaccedilatildeo das cidadescomo uma estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos e importante diante dediversos aspectos como o ecoloacutegico histoacutericocultural social esteacutetico e paisagiacutestico contribuindo para

A manutenccedilatildeo da estabilidade microclimaacutetica O conforto teacutermico associado agrave umidade do ar e agrave sombra A melhoria da qualidade do ar A reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo A melhoria da infiltraccedilatildeo da aacutegua no solo evitando erosotildees associadas ao escoamento superficial das

aacuteguas das chuvas A proteccedilatildeo e direcionamento do vento A proteccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e do solo A conservaccedilatildeo geneacutetica da flora nativa O abrigo agrave fauna silvestre contribuindo para o equiliacutebrio das cadeias alimentares diminuindo pragas e

agentes vetores de doenccedilas A formaccedilatildeo de barreiras visuais eou sonoras proporcionando privacidade O cotidiano da populaccedilatildeo funcionando como elementos referenciais marcantes O embelezamento da cidade proporcionando prazer esteacutetico e bem-estar psicoloacutegico O aumento do valor das propriedades A melhoria da sauacutede fiacutesica e mental da populaccedilatildeo

No referido manual ainda eacute destacado a sistematicidade e complexidade da organizaccedilatildeo urbana pois ldquoos seres humanos constroem seus ambientes dentre eles a cidade cujoequiliacutebrio necessita ser mantido artificialmente pelo planejamento urbanovisando evitar consequecircncias indesejaacuteveisrdquo (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS2011 p 20) Assim a cidade eacute sistecircmica uma vez que seus variados aspectos e sistemas interagem em si e entre si por isso a cidade precisa ser compreendida como uma totalidade interacional e complexa porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitasrelaccedilotildees que nela se estabelecem pois a complexidade pode ser entendida como ldquoAgrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidadesrdquo (MORIN 2005 p35) Mas a complexidade tambeacutem desafia nossas possibilidades de caacutelculo ldquo[] ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios A complexidade num certo sentido sempre tem relaccedilotildees com o acasordquo (MORIN 2005 p35) e esse acaso estaacute presente nas relaccedilotildees que satildeo estabelecidas na sociedade A complexidade ultrapassa suas proacuteprias fronteiras vai desde o quantitativo ao subjetivo tendo um campo amplo do conhecimento que natildeo satildeo todos passiveis de quantificaccedilatildeo e verificaacuteveis mas tambeacutem indeterminados em seu entendimento antes compreendidos em si que pode-se ver nas relaccedilotildees urbanas Diante dessas colocaccedilotildeesentende-se que o verde urbano deva ser estudado de forma sistecircmica e complexa Assim Amador (2013 p 26) argumenta que ldquoLogo a complexidade a instabilidade e a intersubjetividade constituem em conjunto uma visatildeo de mundo sistecircmicardquo Entatildeo eacute atraveacutesda interaccedilatildeo dos diversos espaccedilos arborizados (quintais jardins e calccediladas) com as aacutereas verdes (praccedilas e canteiros centrais) em suas relaccedilotildees sistecircmicas que possibilitam acompreensatildeo da proeminecircncia presente na massa verde urbana Em consonacircncia Santosacentua que

Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) que muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as puacuteblicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando tambeacutem

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as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo (SANTOS 2001 2002 p 1-2)

Nessa perspectiva soacute atraveacutes do estudo dos diversos espaccedilos urbanos com a presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea ou natildeo quese pode verificar a importacircncia da arborizaccedilatildeo para o meio ambiente urbano como um todo 3 O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE quintais jardins e calccediladas O presente toacutepico refere-se ao primeiro projeto de pesquisa desenvolvido sobre o verde urbano do municiacutepio de Correntes-PE acerca do verde presente nas residecircncias atraveacutes dos estudos dos espaccedilos disponiacuteveis paraa arborizaccedilatildeo que satildeo os quintais jardins e calccediladas O principal objetivo foi ldquodiagnosticar como os moradores cuidam de seus jardins quintais e aacutervores das calccediladas atraveacutes da verificaccedilatildeo dos cuidados que eles tecircm com a arborizaccedilatildeo de suas casasrdquo Assim foi possiacutevel estabelecer um diaacutelogo durante a pesquisa com as diversas percepccedilotildees da populaccedilatildeo referentes agravetemaacutetica em estudo diagnosticando o quantoa presenccedila da arborizaccedilatildeo eou vegetaccedilatildeo eacute um fator importante parao meio ambiente urbano que no entendimento de Resende e Souza eacute ldquoa concepccedilatildeo de equiliacutebrio ambiental e fortalecimento das sensaccedilotildees de bem-estar e o definido paraiacuteso eacute simbolizado pela aacutervore ao passo que essa produz a reestruturaccedilatildeo do conforto e manteacutem uma relaccedilatildeo de proximidade sensorial ou emotiva do homemrdquo (REZENDE SOUZA 2009 p 55) Poreacutem nem todas as pessoas sabem desfrutar desses lazeres em seus lares pois associam a presenccedila arboacuterea e vegetal agrave outros fatores que lhes causam receio ou medo Em estudos realizados sobre o verde no municiacutepio de Correntes-PE foi verificado que o verde existente em quintais jardins e calccediladas nas ruas que constituem a aacuterea central do municiacutepio de Correntes-PE mas que estaacute cada vez mais escasso e um dos fatores que contribui com esse fato eacute a falta de incentivo e conhecimento dos benefiacutecios proporcionados pelo verde (CHAVES AMADOR 2012) Essa colocaccedilatildeo eacute relevante e adveacutem da falta de informaccedilatildeo sobre a arborizaccedilatildeo residencial fato que leva as pessoas a suprir essa presenccedila em seu lar sob outro ponto de vista pautado na relaccedilatildeo com a natureza Outros moradores mesmo de forma inadequada mantem sua aacutervore usufruindo assim de seus benefiacutecios conhecidos Nesse contexto foi verificado que poucos moradores satildeo esclarecidos sobre a importacircncia e funcionalidade da arborizaccedilatildeo e vegetaccedilatildeo presente em suas casas e que por vezes se encontra dividida em determinados espaccedilos da casa 31 Perspectivas dos Quintais Urbanos em Correntes-PE Os quintais de forma geral tem uma similaridade com os espaccedilos livres da Idade Meacutedia jaacute que nesse periacuteodo ocorreu o maior interesse em se cultivar espeacutecies frutiacuteferas e ornamentais em espaccedilos livres internos agraves residecircncias (LOBODA DE ANGELIS 2005) E dentre as principais funccedilotildees dos quintais domeacutesticos em Correntes-PE encontra-seo cultivo de frutiacuteferas de ervas hortaliccedilas legumes entre outros verificando-se que o desenvolvimento de tal atividade possibilita que os proacuteprios moradores disponham de tais elementos e assim possam utiliza-los na alimentaccedilatildeo e em outras atividades como a medicina caseira tornando-se desnecessaacuteria a compra do que se possui no quintal e em consequecircncia passa a ser um auxilio financeiro para a famiacutelia e ou comunidade local Mas de acordo com os estudos desenvolvidos no municiacutepio em tela alguns moradores desconsideram esse fator que de acordo com os estudos desenvolvidos por Ambroacutesio Peres e Salgado (1996) os mesmos constataram a sua contribuiccedilatildeo agrave alimentaccedilatildeo bem como sua contribuiccedilatildeo para a renda familiar Ressaltam ainda a relevacircncia do quintal para a diversificaccedilatildeo dos alimentos presentes na alimentaccedilatildeo diaacuteria relatando que a ausecircncia do quintal pode ser um fator de restriccedilatildeo da dieta das pessoas principalmente quando refere-se a alimentos ricos em vitaminas minerais e fibras como hortaliccedilas e frutas Esse estudo evidencia o quanto os quintais domeacutesticos tecircm uma ampla utilidade na vida das pessoas que os possuem Principalmente quintais com um pomar de frutas ou verduras que proporcionam um ambiente rico em benefiacutecios no acircmbito familiar ajudando na alimentaccedilatildeo atraveacutes principalmente do cultivo de produtos mais sadios para as famiacutelias sem o uso de agrotoacutexicos

22- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

E como resultado da pesquisa sobre quintais verificou-se que as principais frutiacuteferas encontradas nos quintais satildeo Goiabeira (Psiduimguajava) laranjeira (Citrussinensis) bananeira (Musa spp) e mamoeiro (Caricapapaya) entre outras Poreacutem pode-se ver na tabela 1 a heterogeneidade das espeacutecies de plantas cultivadas nos quintais estudados

Principais plantas Utilizaccedilatildeo Motivos

Frutiacuteferas Alimentaccedilatildeo Familiar Para servir de alimento para a famiacutelia e ajudar a economizar

Ervas medicinais Produccedilatildeo de Remeacutedios Caseiros

Curar doenccedilas sem precisar ir ao meacutedico como gripes dor de cabeccedila febres etc

Temperos Tempero para as Comidas Auxiliar na alimentaccedilatildeo

Plantas ornamentais Enfeites Por que gostaacha bonito Tabela 1 Quintais Domeacutesticos em Correntes-PE

Fonte Pesquisa de campo 2012

Salientando-se que os cuidados com as espeacutecies vegetais dos quintais satildeo irrigar adubar e em minoria

pulverizar algum produtocontra insetos fungos ou outrotipo de praga Mas tambeacutem verificou-se que haacute pessoas que nem se datildeo ao trabalho de cuidar de seus quintais e quando esse possui frutiacuteferas de grande porte as mesmas se mantem produzindo devido principalmente a sua estrutura natural de sobrevivecircncia 32 Jardins Residenciais e sua Percepccedilatildeo em Correntes-PE Para uma melhor compreensatildeo sobre o Jardim comeccedilamos introduzindoo conceito presente no dicionaacuterio da liacutengua portuguesa da Editora Avenida (2005 p 168) que classifica jardim como um ldquopedaccedilo de terreno geralmente cercado e proacuteximo de uma habitaccedilatildeo destinado ao cultivo de flores plantas e aacutervores ornamentaisrdquo Nessa classificaccedilatildeo eacute verificado quais satildeo os tipos de vegetaccedilatildeo que compotildeem esses espaccedilos destinados ao cultivo do verde urbano Tomoando-se outra referencia tem-se o seguinte conceito para jardim

O jardim eacute a reuniatildeo segundo certos preceitos teacutecnicos e esteacuteticos dos mais variados elementos da flora natildeo importando a natureza procedecircncia ou grau de desenvolvimento que possam atingir e bem assim a finalidade a que se destinarem Quando povoamos um jardim de apreciaacutevel numero de representantes da fauna o transformamos em jardim zooloacutegico (SANTOS 1978 p37)

Sabendo-se que o jardim eacute uma aacuterea da casa destinada ao cultivo do verde com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais que exige de quem tem um espaccedilo com tal funccedilatildeo uma atenccedilatildeo em relaccedilatildeo com os cuidados destinados ao jardim Cuidados esses que vatildeo requerer em geral gastos extras para a sua manutenccedilatildeo em termos esteacuteticos Os jardins em especial se destacamem sua utilizaccedilatildeo como espaccedilo de distraccedilatildeoocupacional por algumas pessoas e em especial idosas que consideram o ato de cuidar de plantas uma terapia ou seja uma terapia ocupacional pois nota-se que pessoas idosas dedicam o seu tempo livre aos cuidados de seus jardins que refletem o seu modo de vida jaacute passado e as lembranccedilas de uma cultura que eacute mudada com as inovaccedilotildees da modernidade Aleacutem da sensaccedilatildeo e percepccedilatildeo de que o verde que lhe rodeia tambeacutem lhe permite sentir-se bem Ainda de acordo com Loboda e De Angelis

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constitui-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A princiacutepio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LOBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Pode-se verificar com as colocaccedilotildees dos autores que o jardim aleacutem de exercer a funccedilatildeo esteacutetica tambeacutem passou no seacuteculo XIX a ter funccedilotildees utilitaacuterias nas zonas urbanas devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo e suas funcionalidades de bem-

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estar proporcionado agraves pessoas como terapia ocupacional aleacutem de contribuir para um meio ambiente com melhores condiccedilotildees ambientais Os jardins tambeacutem representam poder hieraacuterquico das populaccedilotildees nobres em detrimentodas menos abastadas Por sua vez os jardins em Correntes constituem-se em espaccedilos raros pois nem todos dispotildeem de tempo e condiccedilotildees financeiras para cultivaacute-los Foi observado que as casas possuem jardins apresentam vaacuterios tipos concepccedilatildeoe percepccedilatildeo que satildeo de acordo com cada niacutevel de formaccedilatildeo financeira e conhecimento do morador Observa-se ainda que pessoas que natildeo tem espaccedilo para tal fim usam o espaccedilo do quintal para cultivar espeacutecies como roseiras e plantas ornamentais numa espeacutecie de compensaccedilatildeo Assim percebeu-se que as residecircncias mais simples que possuem jardim (Figura 2) satildeo os proacuteprios donos que cultivam e cuidam das plantas aguando no veratildeo adubando a terra limpando e quando necessaacuterio podando as plantas que na maioria satildeo roseiras e plantas ornamentais Como exceccedilotildees haacute moradores que tambeacutem plantam hortaliccedilas e ervas tipo medicinal em seus jardins enquanto pessoas mais abastadas procuram uma valorizaccedilatildeo esteacutetica nos seus jardins (Figura 3) e para isso contratam jardineiro ou pessoas especializadas em botacircnica para cuidar dos mesmos aleacutem de implementa-los com objetos de maacutermores como esculturas e desenhos geomeacutetricos em sua forma de delimitaccedilatildeo

Figura 2 e 3 Tipos de Jardins de Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Assimeacute possiacutevel perceber atraveacutes das figuras 2 e 3 apresentadas a diferenciaccedilatildeo da estrutura dos jardins presentes no municiacutepio de Correntes Salienta-se que satildeo poucas residecircncias que possuem jardins e em sua maioriaos jardins ocupam pequenas aacutereas em frente agraves residecircnciasconstatando-se que essa diferenciaccedilatildeo deve-se principalmente ao niacutevel econocircmico 33 A Arborizaccedilatildeo de Calccediladas e sua problemaacutetica em Correntes-PE

As calccediladas satildeo espaccedilos puacuteblicos destinados ao transito de pedestres elas devem ter uma extensatildeo que permita a passagem das pessoas sem obstaacuteculos livres de irregularidades e acessiacuteveis aos portadores de mobilidade reduzida A calccedilada deve ser bem conservada e o piso apresentar elemento antiderrapante permitindo que as pessoas possam caminhar com seguranccedila em um percurso livre de obstaacuteculos e de forma compartilhada com os diversos usos e serviccedilos Trata-se de uma aacuterea impermeaacutevel com a presenccedila de vegetaccedilatildeo principalmente aacutervores desde que isso natildeo interfira no transitar dos pedestres

A calccedilada de acordo com o Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro eacute parte da via normalmente segregada e em niacutevel diferente natildeo destinada agrave circulaccedilatildeo de veiacuteculos reservada ao tracircnsito de pedestres e quando possiacutevel agrave implantaccedilatildeo de mobiliaacuterios urbano sinalizaccedilatildeo vegetaccedilatildeo e outros fins (RODRIGUES AZEVEDO 3)

3 Disponiacutevel em lthttpwwwcressprorgbrforumtopic38gt Acesso em 03 out 2012)

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Logo as calccediladas podem ter aleacutem da arborizaccedilatildeovegetaccedilatildeo outros elementos como mobiliaacuterios e sinalizaccedilatildeo entre os principais desde que isso natildeo interfira na passagem das pessoas E segundo a Cartilha de Arborizaccedilatildeo as calccediladas devem ser arborizadas de acordo com o espaccedilo aeacutereo e subterracircneo disponiacutevel observando as principais questotildees que interferem na escolha das espeacutecies para plantar em calccediladas que satildeo ldquoA largura das calccediladas Presenccedila ou ausecircncia de fiaccedilatildeo aeacuterea Tipo de fiaccedilatildeo aeacuterea (convencional isolada ou protegida) Recuo frontal das edificaccedilotildeesrdquo (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE sdp 6) Assim fica evidente que arborizar uma calccedilada natildeo eacute apenas plantar aacutervore em uma aacuterea permeaacutevel eacute essencial levar em conta o espaccedilo disponiacutevel em torno do local que se pretende fazer o plantio

Tambeacutem eacute relevante falar da importacircncia ecoloacutegica que a vegetaccedilatildeo arboacuterea das calccediladas possui pois proporciona habitaccedilatildeo para pequenas espeacutecies de animais e paacutessaros auxiliando na biodiversidade da fauna urbana Isso contribui para o desenvolvimento de um ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na convivecircncia e interaccedilatildeo das pessoas com o espaccedilo que as cercam

No que se refere agrave arborizaccedilatildeo das calccediladas das ruas do Municiacutepio das Correntes-PE o caso eacute bastante preocupante pois satildeo pouquiacutessimas as calccediladas com aacutervores as quais satildeo plantadas de forma inadequada (Figura 4 e 5) E os cuidados que os moradores correntenses dedicam agraves aacutervores de suas calccediladas em alguns casos variam com o desenvolvimento e crescimento da mesma Jaacute em outros casos os moradores ao perceberem que a aacutervore pode causar algum empecilho ou dano simplesmente erradicam a aacutervore sem procurar outras soluccedilotildees

Figura 4 e 5 Inadequaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo das calccediladas em Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Por ocasiatildeo de entrevistas com a populaccedilatildeo a respeito dos benefiacutecios das aacutervores nas calccediladas as principais

importacircncias percebidas pelos moradores eram a de amenizaccedilatildeo da temperatura e a sombra proporcionada por ela No entanto registra-se que um fato relevante das observaccedilotildees realizadas eacute que todas as aacutervores plantadas nas calccediladas estatildeo de forma inadequada Elas estatildeo muito proacuteximas da fiaccedilatildeo eleacutetrica ou os galhos se misturam a fiaccedilatildeo aleacutem de perceber-se que as calccediladas satildeo em sua maioria irregulares e possuem degraus aleacutem do espaccedilo destinado ao plantio ser pequeno ocasionando dificuldades agrave passagem das pessoas e danificando o espaccedilo fiacutesico da mesma

Outro dilema acerca da arborizaccedilatildeo das calccediladas eacute a poda visto que por ser um espaccedilo puacuteblico a populaccedilatildeo natildeo eacute esclarecida a respeito de quem deve ser responsaacutevel pela poda Logo sempre haacute conflitos entre populaccedilatildeo e poder

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puacuteblico sobre tal assunto Fato esse que natildeo eacute levado em conta no Municiacutepio das Correntes-PE resultando em calccediladas inadequadas e arborizaccedilatildeo deficiente 4 O VERDE DAS PRACcedilAS E CANTEIROS CENTRAIS NA PERSPECTIVA DA ORGANIZACcedilAtildeO DO ESPACcedilO NUMA ABORDAGEM SISTEcircMICA DA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ao finalizar as colocaccedilotildees debates e indagaccedilotildees sobre o Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE coloca-se agora em destaque de forma breve os resultados do segundo projeto de pesquisa o qual se deu em sequencia intitulado ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo desenvolvido em 2013 Os principais objetivos foram investigar a importacircncia dos espaccedilos verdes puacuteblicos para o contexto social tendo-se como referecircncia a inter-relaccedilatildeo homem homem homem natureza diagnosticando por meio de uma visatildeo sistecircmica como as praccedilas e canteiros centrais satildeo utilizados no planejamento urbano e quais usos e apropriaccedilotildees dos principais espaccedilos puacuteblicos arborizados de Correntes-PE

Logo apresenta-se os resultados acerca de problemas socioambientais ligados ao verde urbano dos espaccedilos livres puacuteblicos na forma das principais Praccedilas e Canteiros Centrais do Municiacutepio de Correntes-PE atraveacutes de uma visatildeo sistecircmica sobre esses espaccedilos na percepccedilatildeo dos moradores do referido MuniciacutepioO ambiente urbano entendido como conjunto dissociado de espaccedilos construiacutedos e espaccedilos livres de construccedilatildeo dispostos sobre uma organizaccedilatildeo funcional que regram a proacutepria organizaccedilatildeo e fluxo de pessoas na cidade

Os espaccedilos urbanos edificados satildeo ldquoaacutereas ocupadas de maneira significativamente densa pelas construccedilotildees que atendem as atividades do meio urbano de uso residencial comercial industrial de serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede educaccedilatildeo entre outrosrdquo (CARNEIRO MESQUITA 2000 p 24) Enquanto os espaccedilos livres satildeo aacutereas parcialmente edificadas com nula ou miacutenima proporccedilatildeo de elementos construiacutedos ou com presenccedila de vegetaccedilatildeo como por exemplo praccedilas parques e canteiros cujas funccedilotildees satildeo a recreaccedilatildeo circulaccedilatildeo composiccedilatildeo paisagiacutestica e de equiliacutebrio ambiental (CARNEIRO MESQUITA 2000)

Logo a cidade eacute uma formaccedilatildeo diversa constituiacuteda de espaccedilos modificados apropriados recriados e tornam-se propiacutecios a criaccedilatildeo de novos espaccedilos com novas funccedilotildees pelo homem sempre a procura de um melhor ambiente para o desenvolvimento de suas atividades A cidade tambeacutem se apresenta como um conjunto sistecircmico de interaccedilotildees e relaccedilotildees que variam de acordo com a percepccedilatildeo de cada indiviacuteduo e do olhar do observador de tais relaccedilotildees Esses espaccedilos arborizados apresentam certa harmonia e destinados a atividades saudaacuteveis ao mesmo tempo contribuem para um melhor ambiente urbano 41 As Aacutereas Verdes Urbanas Estudadas e Suas Contribuiccedilotildees para a Funcionalidade de Correntes-PE

Os principais espaccedilos puacuteblicos livres arborizados de Correntes-PE objetos do estudo foram a Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Essasaacutereas verdes contribuem para organizaccedilatildeo do municiacutepio devido as suaslocalizaccedilotildees que abrangemo ponto central do municiacutepio com as Praccedilas Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Praccedila Herciacutelio Victor da Silva e a Praccedila Pedro Alves Camelo onde convergemas principais relaccedilotildees urbanas enquanto que as principais saiacutedas e entradas do municiacutepio satildeo pela Praccedila Cursino Jacobina ou pela Avenida Raimundo Calado

As ruas do municiacutepio de Correntes-PE satildeo divididas em trechos tendo como divisatildeo dos trechos a extensatildeo principal da cidade que se inicia na entrada da aacuterea urbana e vai ateacute a saiacuteda em direccedilatildeo ao Distrito de Pau Amarelo onde

Trecho A - Correspondem as ruas que ficam do lado ESQUERDO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

Trecho B - Corresponde agraves ruas que se localizam do lado DIREITO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Pedro Alves Camelo

Trecho C - Corresponde agrave parte da cidade denominada Bairro da Bahia que se encontra separada da cidade pelo rio Mundauacute e nesse trecho natildeo se localiza nenhuma aacuterea verde estudada

26- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado localizam-se na extensatildeo principal que divide a cidade nos trechos A e B Logo eacute percebido que essas praccedilas contribuem para os fluxos urbanos e os desenvolvimentos das relaccedilotildees que se datildeo nessas aacutereas e em suas proximidades

Colocando-se ainda uma atribuiccedilatildeo agraves praccedilas elas podem ser arborizadas ou natildeo esse fato vai depender de sua funcionalidade ou intenccedilatildeo Logo sem a presenccedila de elementos naturais seja a arborizaccedilatildeo ou outro tipo de vegetaccedilatildeo satildeo destinadas a uma atividade especiacutefica como lugar de eventos Eacute o caso da Praccedila Pedro Alves Camelo em Correntes-PE enquanto que as praccedilas arborizadas apresentam diversas atribuiccedilotildees para populaccedilatildeo contribuindo para conservaccedilatildeo da natureza Natureza essa que foi praticamente destruiacuteda para construccedilatildeo das cidades e ao mesmo tempo necessaacuteria para o bom desenvolvimento do ambiente urbano como as demais praccedilas estudadas

42 A Quantificaccedilatildeo das Principais Espeacutecies Arboacutereas Presentes nas Aacutereas Verdes Estudadas em Correntes-PE

Uma das atividades desenvolvidas na pesquisa sobre a arborizaccedilatildeo dos principais espaccedilos puacuteblicos e arborizados foi agrave quantificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo das espeacutecies arboacutereas predominantes Assim seguem nos graacuteficos 1 e 2 as quantificaccedilotildees dessas espeacutecies

Graacutefico 1 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Graacutefico 2 Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Graacutefico 3 Praccedila Cursino Jacobina Graacutefico 4 Canteiro Central

20

27

7

46

Quantificaccedilatildeo da espeacutecies Arboacutereas da Praccedila Herciliacuteo Victor da Silva

Castanhola

Acaacutecia

Palmeira

Outras Espeacutecies

41

6 3

20

9

21

Quantificaccedilatildeo da Espeacutecie Arboacutereas da Praccedila Nossa Senhora da

Conceiccedilatildeo

Ficus

Pata de Vaca

Algarobeira

Palmeira

Acaacutecia

Outras Espeacutecies

28

44

17

11

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuterea da Praccedila Cursino Jacobina

Castanhola

Algarobeira

Flamboyant

Outras Espeacutecies

25

36 8 3

28

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacutereas do Cateiro Central da

Avenida Raimundo Calado

Ficus

Castanhola

Pata de Vaca

Pinheiro

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 27

Graacutefico 5 Praccedila Pedro Alves Camelo Graacutefico 6 Predominacircncia por Aacutereas Estudada

Graacuteficos 1 2 3 4 5 e 6 dados quantitativos das praccedilas sobre as espeacutecies arboacutereas presentes nos principais espaccedilos livres arborizados de Correntes - PE Fonte Chaves 2013

Com a presente quantificaccedilatildeo pode-se perceber que quase todas as espeacutecies identificadas satildeo exoacuteticas isso

deixa em evidencia a falta de criteacuterio e conhecimentos utilizados na escolha das espeacutecies arboacutereas usadas na arborizaccedilatildeo do municiacutepio bem como uma negaccedilatildeo das espeacutecies nativas Caso houvesse melhor distribuiccedilatildeo de forma mais harmoniosa e equitativa possibilitaria contribuiccedilotildees a essas aacutereas e valorizaccedilatildeo do local com a flora nativa E a natildeo identificaccedilatildeo de algumas espeacutecies remete ao problema de natildeo haver uma catalogaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo presente no municiacutepio 43 Os Diversos Usos e Apropriaccedilotildees dos Principais Espaccedilos Puacuteblicos Arborizados de Correntes-PE

Os espaccedilos livres urbanos satildeolocais onde se desenvolvem varias relaccedilotildees sociais sistecircmicas permitindo que a interaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo das vidas nela presentes se deem harmoniosamente entre os elementos artificiais e naturais atraveacutes dos modos de uso e apropriaccedilatildeo dos mesmos Tem-se entatildeo os seguintes usos e apropriaccedilatildeo de acordo com determinados espaccedilos da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Os modos de apropriaccedilatildeo da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (Figura 6) satildeo com a finalidade econocircmica na presenccedila dos seguintes equipamentos econocircmicos uma sorveteria um bar e algumas barracas de salgadinhos e doces apropriaccedilatildeo dos elementos contidos na proacutepria praccedila com finalidade esteacutetica e de lazer um chafariz e um caramanchatildeo no centro da praccedila

19

6

6

31

38

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuteresa da Praccedila Pedro Alves

Camelo

Ficus

Algarobeira

Castanhola

Palmeirinhas

Outras Espeacutecies

0

2

4

6

8

Praccedila NossaSenhora da

Conceiccedilatildeo

Praccedila Herciacutelio Victorda Silva

Praccedila Pedro AlvesCamelo

Praccedila CursinoJacobina

Canteiro Central daAvenida Raimundo

Calado

Pedrominancias de espeacutecies Arboacutereas por Aacuterea Estudada

Aacutereas Arorizadas

28- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 6Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo em Correntes-PE Fonte Chaves 2013

Enquanto os usos principais da praccedila satildeo circulaccedilatildeo devido agrave localizaccedilatildeo da mesma a qual se encontra no ponto

central do municiacutepio lazer quando a populaccedilatildeo se reuacutene para conversar brincar (crianccedilas e adolescentes) jogar cartas ou dominoacute andar de bicicleta namorar entre outros lazeres consumo tomar sorvete comprar doces e salgadinhos e tomar uma cachaccedila com os amigos (os adultos) ou simplesmente usam esse espaccedilo para aproveitar um ambiente agradaacutevel na cidade desfrutando de elementos naturais e artificiais e dos inuacutemeros benefiacutecios da arborizaccedilatildeo presente Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

A praccedila eacute localizada ao lado do Coleacutegio mais tradicional do ensino fundamental do municiacutepio logo seu publico principal eacute constituiacutedo de estudantes (Figura 7) que utilizam o espaccedilo da praccedila enquanto espera o horaacuterio da aula ou apoacutes a mesma para conversar ou brincar com os colegas de salas Tambeacutem eacute frequentada por casais principalmente casais de estudantes e a mesma ainda eacute sede de um centro comunitaacuterio de informaacutetica

Figura 7 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Fonte Chaves 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 29

Constatou-se entatildeo que a praccedila eacute bastante frequentada de segunda a sexta pelos estudantes e usuaacuterios do

centro de informaacutetica devido principalmente a sua localizaccedilatildeo Aos saacutebados basicamente e frequentada por alguns feirantes e aos domingos ela praticamente apresenta apenas a funccedilatildeo de circulaccedilatildeo por moradores do municiacutepio A Praccedila Pedro Alves Camelo

Eacute uma praccedila com pouca arborizaccedilatildeo destinada a eventos culturais e apresentaccedilotildees teatrais (Figura 8) A populaccedilatildeo que reside em seu entorno percebe esse espaccedilo atraveacutes de importantes benefiacutecios quais sejam oxigecircnio mais saudaacutevel sombra amenizaccedilatildeo das altas temperaturas e ventilaccedilatildeo nas casas

Figura 8 A Praccedila Pedro Alves Camelo Fonte Chaves 2013

A praccedila possui tambeacutem em seu entorno um salatildeo de cabelereiro para homens um salatildeo de manicure

residecircncias preacutedios puacuteblicos e outros serviccedilos aleacutem de ser bastante usada por crianccedilas para brincar com bola e por casais de namorados principalmente agrave noite nos banquinhos da praccedila pois durante o dia a falta de arborizaccedilatildeo a deixa pouco propicia para o lazer a ceacuteu aberto

Devido agrave presenccedila de um bar em seu entorno a praccedila mostra-se muito movimentada nos dias de jogos pois os torcedores gostam de assistir os jogos no bar com os amigos e ao mesmo tempo fazem uma confraternizaccedilatildeo Embora seu espaccedilo seja para realizaccedilatildeo de eventos as festas de ruas sempre satildeo realizadas em outros locais e natildeo nela pois seu espaccedilo natildeo comportaria um grande nuacutemero de pessoas ao mesmo tempo

Praccedila Cursino Jacobina

A praccedila aleacutem de seus elementos arboacutereos abriga uma estatua de Padre Cicero (Figura 9) e no dia desse padroeiro ocorre neste local celebraccedilotildees onde grande parte da populaccedilatildeo acende velas no altar como devoccedilatildeo Mas tirando essa eacutepoca de devoccedilatildeo a praccedila eacute frequentada tambeacutem com assiduidade pela populaccedilatildeo em geral devido a seu ambiente agradaacutevel e sombreado principal beneficio citado pelos frequentadores

30- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 9 Praccedila Cursino Jacobina Fonte Chaves 2013

Todos os dias proacuteximo da Estatua de Padre Cicero moradores que satildeo em sua maioria idosos da rua ou deruas

vizinhas se encontram para jogarem dominoacute ou baralho Aleacutem de jogar conversa fora como disse um dos senhores que tem essa pratica ldquoum bando de desocupadordquo respeitando-se o linguajar do cidadatildeo ipis litteris Essas pessoas em sua maioria satildeo senhores aposentados ou que se encontram em horaacuterios para lazer na praccedila Salienta-se ainda que estudantes tambeacutem participam desses encontros e atividades

Ao lado do canteiro localizam-se borracharias e oficinas Assim as pessoas colocam seus transportes na sombra das arvores de grande porte enquanto esperam serem atendidas Os moradores tambeacutem estacionam seus veiacuteculos ao lado do canteiro usufruindo assim da sombra proporcionada principalmente composta por amendoeiras e algarobeiras

Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado

Na percepccedilatildeo da populaccedilatildeo da Avenida Raimundo Calado em relaccedilatildeo agrave arborizaccedilatildeo do canteiro central a importacircncia se materializa pela sombra fornecida por servir de habitat para os paacutessaros aleacutem de acreditarem que preserva o meio ambiente mas a populaccedilatildeo natildeo especificou como se daacute essa preservaccedilatildeo ambiental

Na visatildeo de uma comerciante que se apropriou do espaccedilo do canteiro com a colocaccedilatildeo de uma barraca de doces e salgadinhos (Figura 10) antes de tudo a comerciante explica que estabeleceu sua barraca ali porque natildeo encontrou qualquer impedimento por parte da gestatildeo do municiacutepio para tal ato Assim quando ela foi colocar a barraca ha uns anos atraacutes pediu permissatildeo ao responsaacutevel da Prefeitura que lhe concedeu a permissatildeo

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 31

Figura 10 Apropriaccedilatildeo do Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Fonte Chaves 2013

A barraca eacute frequentada por pessoas de todas as idades que residem na avenida ou que passam por ali soacute natildeo eacute

mais frequentada por que natildeo vende bebidas Verifica-se que a mesma se beneficia da presenccedila da arborizaccedilatildeo que deixao ambiente mais agradaacutevel 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante do desenvolvimento dos projetos de pesquisas sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE atraveacutes do projeto realizado em 2012 com tema ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo e em 2013 com o projeto ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da paisagem Agreste de Correntes-PErdquo foi possiacutevel materializar alguns artigos durante o tempo da pesquisa e teve-se tambeacutem como principal resultado concreto o presente capiacutetulo de livro

Aqui procurou-se enfocar a importacircncia da vegetaccedilatildeo principalmente a arborizaccedilatildeo no ambiente urbano Pois tal presenccedila possibilita um desenvolvimento urbano mais saudaacutevel quando se pensa em desenvolvimento das atividades humanas bem como uma contribuiccedilatildeo ecoloacutegica diante da construccedilatildeo artificial que eacute a cidade que com frequecircncia evidencia-se desordenada e natildeo planejada

Assim diante da problemaacuteticacolocada e pesquisada pode-se perceber dilemas e conflitos presentes no ambiente urbano devido agrave arborizaccedilatildeo bem como a falta da arborizaccedilatildeo Mas uma coisa eacute certa a destruiccedilatildeo da natureza e a introduccedilatildeo da cidade em seu lugar levou o homem a perceber que natildeo eacute possiacutevel viver soacute de elementos artificias issogera paulatinamente no seu dia a dia a falta de condiccedilotildees para desenvolver seu bem-estar Logo a introduccedilatildeo de aacutereas verdes ou espaccedilos arborizados na cidade eacute a primeira opccedilatildeo na hora de procurar uma maneira de melhorar as condiccedilotildees ambientais do meio ambiente urbano

Aleacutem das diversas funcionalidades e benefiacutecios advindos do verde urbano elencado nos toacutepicos desse capiacutetulo a presenccedila desse verde no municiacutepio de Correntes-PE eacute em geral inadequadae deficiente no que se refere aos espaccedilos particulares mas abundante e com predomiacutenio de exoacuteticas nas aacutereas puacuteblicas mesmo sem o devido planejamento e gestatildeo adequados

A populaccedilatildeo em sua maioria desconhece a importacircncia da presenccedila do verde na cidade e mesmo usufruindo diariamente desses ambientes pouco sabe valorizar e cuidar desse ldquobemrdquo Mesmo as praccedilas ecanteiros centrais sendo espaccedilos puacuteblicos natildeo cabe apenas agrave Prefeitura cuidar e preservar tais ambientes Entendendo-se serembens comuns a

32- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

todos cabe a cada indiviacuteduo cuidar e preservar a integridade desses espaccedilos puacuteblicos aleacutem de caber sim agrave Prefeitura disponibilizar pessoas qualificadas para realizaccedilatildeo da manutenccedilatildeo necessaacuteria dos mesmos ou seja implementar uma melhor gestatildeo do verde na cidade

Correntesem Pernambuco como outros municiacutepios do semiaacuterido periodicamente sofrem com temperaturas altas e por esse motivo um projeto de arborizaccedilatildeo para as calccediladas foi desenvolvido numa tentativa de deixar os ambientes domiciliares mais amenos e agradaacuteveis Poreacutem a falta de estudos e planejamento fez com que anos apoacutes sua implantaccedilatildeo a arborizaccedilatildeo danificasse de diversos modos agraves residecircncias levando entatildeo os moradores a erradicarem as aacutervores plantadas Verificou-se no contexto que muitas das espeacutecies plantadas natildeo eram recomendadas para calccediladas visto que passaram a danificar o espaccedilo fiacutesico das mesmas bem como os imoacuteveis

E foi tambeacutem atraveacutes do estudo sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE por meio de meacutetodos de anaacutelise da paisagem no ambito da ciecircncia geograacutefica com abordagem das contradiccedilotildees sociais desenvolvidas no ambiente urbano que se pode perceber como a introduccedilatildeo de aacutereas verdes eacute ligada as funcionalidades urbanas a sua organizaccedilatildeo bem como aos seus fluxos e desenvolvimento

Conclui-se que eacute de suma importacircncia ter essas aacutereas verdes mas que seja de forma adequada e planejada evitando-se grandes problemas futuros Tambeacutem eacute necessaacuterio desenvolver atividades ou eventos que levem a populaccedilatildeo esclarecimentos e informaccedilatildeo sobre o porquecirc ter espaccedilos verdes no ambiente urbano pois uma coisa eacute certa nada existe por nada mesmo os acontecimentos fatos mais espontacircneos tudo tem uma razatildeo e contribuiccedilatildeo seja atraveacutes de seu uso estrutura e funcionalidade

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Abordagens geograacuteficas de antigas aacutereas algorobadas Recife Universidade da UFPE 2013

______ Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

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CAMARGO Luiacutes Henrique Ramos de A ruptura do meio ambiente conhecendo as mudanccedilas ambientais do planeta atraveacutes de uma nova percepccedilatildeo da ciecircnciaa geografia da complexidade 2 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2008

CARNEIRO Ana Rita MESQUITA Liana de Barros Espaccedilos livres de Recife Recife prefeitura da cidade do RecifeUniversidade Federal de Pernambuco 2000

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MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

RESENDE W X SOUZA R L Concepccedilatildeo e controveacutersias sobre aacutereas verdes urbanas In SOUZA R M Territoacuterio planejamento e sustentabilidade Satildeo Cristoacutevatildeo UFS 2009

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TUAN Yi-fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

34- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO

MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 35

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

A base de toda a sustentabilidade eacute o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza

Nagib Anderaacuteos Neto4

1 INTRODUCcedilAtildeO

A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o proacuteprio homem Para esta atividade o investigador recorre agrave observaccedilatildeo e agrave reflexatildeo que faz sobre os problemas que enfrenta e a experiecircncia passada e atual dos homens na soluccedilatildeo destes problemas a fim de munir-se dos instrumentos mais adequados agrave sua accedilatildeo e intervir no seu mundo para construiacute-lo adequado agrave sua vida (CHIZOTTI 2009 p11)

Seguindo-se o conceito acima descrito e com o intuito de trazer essa definiccedilatildeo para a pesquisa de campo desencadeou-se o objetivo de pesquisar espeacutecies arboacutereas da caatinga e visto tratar-se de uma regiatildeo bastante diversificada haacute sempre uma enorme gama de pontos a serem explorados Esses objetivos podem ser estendidos por diversas aacutereas do conhecimento como a Biologia a Botacircnica e a Geografia por exemplo E trazendo esse estudo bibliograacutefico e de campo para a Geografia tecircm-se uma abrangecircncia que vai aleacutem da classificaccedilatildeo das espeacutecies visto tratar-se de uma aacuterea que permite uma visatildeo ampla e que objetiva principalmente agrave compreensatildeo e o entendimento do espaccedilo como um todo

Na busca de trazer esses aspectos para a pesquisa de campo nas aacutereas verdes do Agreste nordestino mais especificamente para o verde na aacuterea rural do municiacutepio de Venturosa-PE apresenta-se o estudo sobre a espeacutecie do

4 Disponiacutevel emhttppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014

36- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

juazeiro aacutervore tiacutepica do Nordeste brasileiro Procurando-se destacar sua interaccedilatildeo com o clima solo relaccedilatildeo homemnatureza e sua incidecircncia na aacuterea estudada apesar da devastaccedilatildeo que sofre decorrente das atividades para o progresso desenvolvimento agropecuaacuterio

No caso do juazeiro como o mesmo geralmente estaacute posicionado dentro ou proacuteximo agraves aacutereas de pastagens procurou-se demonstrar sua fundamental importacircncia para a conjuntura espacial paisagiacutestica em uma complexidade agraacuteria e agroecoloacutegica Utilizando-se para este fim a Geografia atraveacutes de sua categoria de anaacutelise paisagem a qual oferece oportunidade para a realizaccedilatildeo de uma abordagem sistecircmica frente agraves necessidades de entendimento de cada objeto

2 LOCALIZACcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DO OBJETO DE ESTUDO

O Brasil eacute um paiacutes de grandes dimensotildees com uma aacuterea de abrangecircncia territorial de consideraacutevel extensatildeo onde estaacute inserida a Regiatildeo Nordeste a qual ocupa cerca de 18 do territoacuterio nacional com caracteriacutesticas marcantes e bastante diversificadas dentro de uma mesma regiatildeo e nesse contexto apresentam-se os domiacutenios morfoclimaacuteticos que se constituem numa siacutentese dos vaacuterios aspectos naturais de uma regiatildeo que de acordo com Arbex eBacic (1999 p12) os mesmos relatam que ldquosatildeo quatro os domiacutenios morfoclimaacuteticos na Regiatildeo Nordeste a Caatinga (depressotildees e planaltos semiaacuteridos) o dos Mares de Morros o Cerrado e o Amazocircnico (terras baixas florestadas equatoriais) sem contar as significativas faixas de transiccedilatildeo entre elesrdquo

Dentro dessa grande regiatildeo nordestina estaacute inserido o municiacutepio de Venturosa o qual se encontra localizado a 2434 km da capital Recife na Mesorregiatildeo do Agreste e Microrregiatildeo do Vale do Ipanema este formado pelos municiacutepios de Aacuteguas Belas Buiacuteque Itaiacuteba Pedra Tupanatinga e Venturosa no interior de Pernambuco (Figura 1)

Figura 1 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Venturosa adaptado por Darla Macedo 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 37

Venturosa tem na agropecuaacuteria principalmente na pecuaacuteria leiteira uma das fontes de renda mais importantes tanto no campo como na cidade havendo sempre uma dependecircncia dos habitantes para com essa atividade que eacute muito significativa pois do leite deriva uma cadeia produtiva que vai do queijo ao iogurte entre outros aproveitamentos e no qual Salienta-se que tambeacutem satildeo produzidos produtos como manteiga manteiga de garrafa doce de leite e bebidas tipo iogurte entre os principais (AMADOR 2008 pag 92) o que reforccedila a interligaccedilatildeo do campo com a cidade constituindo o principal setor econocircmico do municiacutepio

Trata-se portanto de uma atividade que interage com a vegetaccedilatildeo tanto natural quanto artificial de maneira unidimensional ou seja formam viacutenculos entre o humano e a natureza Nesse contexto encontra-se o Juazeiro (Zizyphusjoazeiro) planta de predominacircncia natural na regiatildeo e que eacute considerada por muitos como siacutembolo do Nordeste por ser facilmente encontrada e conhecida pela populaccedilatildeo principalmente da aacuterea rural onde tem sua quase totalidade de incidecircncia no municiacutepio tendo em vista que na aacuterea urbana sua presenccedila eacute minimamente observada (Figura 2)

Figura 2 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE Foto Arquivo da autora 2013

Importante salientar a grande devastaccedilatildeo por que passa a vegetaccedilatildeo natural do Nordeste especificamente a caatinga que eacute uma das aacutereas que vem gradativamente perdendo essa vegetaccedilatildeo natural para dar lugar as pastagens e outros usos Essa accedilatildeo humana transforma incessantemente o meio em que se vive mas ainda eacute possiacutevel encontrar vaacuterias espeacutecies tiacutepicas desse bioma as quais fazem parte do cenaacuterio natural da caatinga Cita-se por exemplo a jurema a catingueira a barauacutena como espeacutecies que ainda tem predominacircncia no jaacute citado municiacutepio E o juazeiro por sua vez eacute uma aacutervore tiacutepica da regiatildeo o que faz a mesma interagir plenamente com a flora e fauna nativas Tomando-se Vasconcelos Sobrinho (2005 p 187) tem-se a seguinte definiccedilatildeo

O Joazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) legiacutetimo representante das caatingas do Sertatildeo Seridoacute Agreste podendo-se mesmo encontraacute-lo nas matas uacutemidas do litoral Graccedilas a sua drupa comestiacutevel servindo de alimento a vaacuterias criaccedilotildees inclusive ao homem tem fraco poder de regeneraccedilatildeo por meio da semente Natildeo consegue expandir-se muito face suas folhas serem altamente forrageiras muito procuradas nos cercados em cantos de cerca e aceiros das matas pelos rebanhos soacute conseguindo proteccedilatildeo quando seguramente abrigadas e protegidas A sua brotaccedilatildeo de tronco e de raiz natildeo lhe favorece expansatildeo embora melhore muito sua riqueza em folhagem ao alcance dos gados Apresenta-se sempre verde aqui e acolaacute no meio da caatinga e pelos cercados quando escapam agrave destruiccedilatildeo pelos animais que satildeo aacutevidos de suas folhas nutritivas e palataacuteveis

38- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Diante dessa definiccedilatildeo tem-se uma siacutentese da significacircncia da planta para o espaccedilo semiaacuterido nordestino coadunando-se portanto com sua robustez fiacutesica resistecircncia aos periacuteodos de estiagens prolongadas e as oportunidades de aproveitamento econocircmico

Pode-se ressaltar que o juazeiro eacute de grande importacircncia natildeo apenas pelo bem que promove a natureza pela sua oacutetima integraccedilatildeo com o meio mas por sua beleza caracteriacutestica por manter-se verde durante quase todo o ano mesmo em meio agrave aridez de boa parte do Nordeste na eacutepoca da seca (Figura 3) O que acaba proporcionando sombra e outros benefiacutecios para amenizar as altas temperaturas que cotidianamente atingem o municiacutepio durante a maior parte do ano

Figura 3 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) em meio agrave caatinga Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

3 O EQUILIBRIO SOLO- CLIMA- VEGETACcedilAtildeO

Sabe-se que a natureza busca o equiliacutebrio de sua diversidade e consegue isso com perfeiccedilatildeo no entanto a interferecircncia humana de forma inadequada modifica a forma natural e normalmente gera consequecircncias para o meio em que se vive e para si proacuteprio

Para isso se faz necessaacuterio uma junccedilatildeo aparentemente de pouco significado poreacutem de fundamental importacircncia pois formam o motor da produccedilatildeo que move qualquer lugar que tenha como prioridade em sua produccedilatildeo econocircmica que eacute o equiliacutebrio entre o solo clima e vegetaccedilatildeo e que iratildeo dar o subsiacutedio para o desenvolvimento de qualquer aacuterea que

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tenha a pecuaacuteria ou qualquer atividade agricultaacutevel como fonte de renda Deixando-se claro que depende como essa integraccedilatildeo ocorre em cada aacuterea pois se natildeo houver uma accedilatildeo humana sustentaacutevel tambeacutem natildeo haveraacute forma de desenvolvimento adequado

Vasconcelos Sobrinho (2005) daacute uma definiccedilatildeo muito caracteriacutestica referente ao solo e a vegetaccedilatildeo do Agreste o mesmo diz que

O agreste de Pernambuco [] O solo formado pela decomposiccedilatildeo do granito e do gneiss eacute muito raso Jaacute estaacute erodido e depauperado e a vegetaccedilatildeo nativa encontra-se muito alterada na sua composiccedilatildeo inicial (VASCONCELOS 2005p 183)

Os solos do Agreste ocupam uma aacuterea de transiccedilatildeo entre Zona da Mata e Sertatildeo com relevo extremamente

variaacutevel associado a solos profundos solos rasos e solos relativamente feacuterteis que permitem realccedilar os diferentes tipos de solo no Agreste

Em Venturosa tem-se um aspecto muito importante no qual se pode destacar Tem-se que o relevo eacute descrito como suave ondulado e plano evidenciando como principais tipos de solos o argiloso arenoso pedregoso e rochoso (AMADOR 2008 p83) Nesse aspecto pode-se dizer que o juazeiro se adapta a esses diversos tipos de solo da regiatildeo o que favorece sua incidecircncia

No tocante agraves relaccedilotildees com o clima chamado de semiaacuterido devido sua baixa umidade e quantidade reduzida de chuva fator que influencia o volume de aacutegua nos rios que secam em determinadas eacutepocas do ano e diminuem as disponibilidades de aacutegua para as plantas animais e homens caracterizando assim a aridez do ambiente O clima se configura como fator bastante determinante da caatinga o qual define a paisagem e o modo de vida dos moradores que vivem um eterno racionamento de aacutegua numa prevenccedilatildeo para a eacutepoca de estiagem 4 O BIOMA CAATINGA E O JUAZEIRO

O bioma caracteriacutestico e uacutenico do Brasil especialmente da Regiatildeo Nordeste a caatinga apresenta baixos iacutendices

pluviomeacutetricos irregularidades de chuvas expondo uma vegetaccedilatildeo de grande resistecircncia a periacuteodos de estiagens Arbex Junior e Bacic Olic (1999 p12) datildeo a seguinte denominaccedilatildeo de caatinga

A caatinga vegetaccedilatildeo natural que daacute nome ao domiacutenio eacute constituiacuteda por aacutervores e arbustos normalmente espinhentos que perdem suas folhas no decorrer da longa estaccedilatildeo seca O clima semiaacuterido e o solo pouco profundo ensejaram o desenvolvimento de vegetais com folhas pequenas e raiacutezes longas

Essas caracteriacutesticas satildeo consideradas naturais no municiacutepio jaacute mencionado devido ao mesmo estar localizado na aacuterea de agreste poreacutem com aspectos tiacutepicos do sertatildeo entendendo-se que

Muito jaacute foi escrito sobre o Agreste poreacutem quando se busca trabalhar academicamente sobre a bibliografia pertinente observa-se a predominacircncia de estudos elaborados sobre a oacutetica cartesiana pautada esta no principio de dividir para conhecer embora natildeo se relegue sua importacircncia para a construccedilatildeo da ciecircncia (AMADOR 2008 pag87)

Tomando-se ainda a mesma autora elenca-se outras espeacutecies arboacutereas no contexto semiaacuterido agrestino em apoio agrave atividade agropecuaacuteria especialmente a pecuaacuteria de leite como a seguir

O angico o pereiro o juazeiro por exemplo satildeo referecircncias do bioma da caatinga deixados no pasto com o propoacutesito tiacutepico ainda das propriedades da regiatildeo de sombrear o gado mas que pode ser visto como testemunhos da vegetaccedilatildeo de caatinga antes existente no local (AMADOR 2008 p208)

Atraveacutes dessa afirmaccedilatildeo fica claro que existe uma devastaccedilatildeo da caatinga agrestina principalmente para ampliaccedilatildeo de pastagens aberturas de estradas vicinais equipamentos rurais entre outras necessidades inerentes agrave atividade agraacuteria Nessa direccedilatildeo cabe trazer agrave tona as preocupaccedilotildees com a sustentabilidade e a importacircncia do juazeiro para o bioma da caatinga

40- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

5 O JUAZEIRO NO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

No municiacutepio de Venturosa a vegetaccedilatildeo predominante caracteriacutestica eacute a caatinga definida por Abiacutelio (2010) como sendo

A caatinga eacute um bioma exclusivamente brasileiro que estaacute inserida no semi-aacuterido nordestino sendo caracterizada principalmente por aspectos climaacuteticos e pluviomeacutetricos detentora de uma rica biodiversidade a qual se encontra cada vez mais ameaccedilada decorrente da maacute utilizaccedilatildeo de seus recursos principalmente pelo forte extrativismo Havendo a necessidade de poliacuteticas que incentivem o desenvolvimento sustentaacutevel regional (ABIacuteLIO 2010 p156)

Eacute nessa vegetaccedilatildeo que estaacute o juazeiro (Zizyphusjoazeiro) aacutervore tipicamente nordestina com frutos de cor amarela quando maduros comestiacuteveis e bem adocicados Com folhas sempre verdes seus ramos satildeo tortuosos e espinhosos (Figura 4)

Figura 4 Galho de juazeiro com seus espinhos no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A aacutervore eacute bastante conhecida pelos venturosenses ateacute mesmo por habitantes citadinos que mesmo morando na cidade conhecem a aacutervore por haver sempre uma nas proximidades com o campo propriamente dito Natildeo deixando-se de ressaltar a presenccedila miacutenima na aacuterea urbana da espeacutecie em tela a qual natildeo eacute identificada como elemento da paisagem urbana Trata-se de uma arborizaccedilatildeo que carece de vegetaccedilatildeo nativa da regiatildeo e que concentra em seu conjunto arboacutereo espeacutecies exoacuteticas que foram aos poucos substituindo as aacutervores tiacutepicas da caatinga principalmente na cidade

Os moradores da zona rural costumam deixar juazeiros em seus terreiros entendendo-se por terreiro o espaccedilo na frente das casas como o evidenciado no exemplo da figura 2 e em seus currais (Figura 5)

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Figura 5 Juazeiro no curral no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A proximidade do juazeiro com o homem promove uma integraccedilatildeo agradaacutevel pois o mesmo proporciona sombra

de excelente qualidade aleacutem de contribuir parauma beliacutessima paisagem Tendo servido inclusive de inspiraccedilatildeo para letras de muacutesicas como retrata a bela canccedilatildeo de Luiz Gonzaga o Rei do Baiatildeo em parceria com Humberto Teixeira

O juazeiro Juazeiro juazeiro Me arresponda por favor Juazeiro velho amigo Onde anda o meu amor Ai juazeiro Ela nunca mais voltou Diz juazeiro Onde anda meu amor Juazeiro natildeo te alembra Quando o nosso amor nasceu Toda tarde agrave tua sombra Conversava ela e eu Ai juazeiro Como doacutei a minha dor Diz juazeiro Onde anda o meu amor Juazeiro seje franco Ela tem um novo amor Se natildeo tem porque tu choras Solidaacuterio agrave minha dor Ai juazeiro Natildeo me deixa assim roer Ai juazeiro Tocirc cansado de sofrer Juazeiro meu destino Taacute ligado junto ao teu No teu tronco tem dois nomes

42- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Ele mesmo eacute que escreveu Ai juazeiro Eu num guumlento mais roer Ai juazeiro Eu prefiro inteacute morrer Ai juazeiro

Luiz Gonzaga5

6 RETROSPECTIVA HISTOacuteRICADO LUGAR (VENTUROSA)

O ciclo natural da vida eacute seguido de forma semelhante em todo ser humano pois as pessoas nascem crescem e morrem concretizando o ciclo natural dos seres vivos E para que isso ocorra de uma forma agradaacutevel para todas as espeacutecies se requer um incentivo agrave educaccedilatildeo ambiental que deve acontecer no momento certo ou seja desde muito cedo para que realmente ocorra com o devido sucesso e sendo assim pode-se dizer que

Educaccedilatildeo Ambiental comeccedila no berccedilo ou seja o primeiro passo deve ser dado na infacircncia Deve-se se ensinar a crianccedila a observar a beleza e os segredos da natureza A beleza de um ipecirc em flor ou de um canteiro multicor o vocirco majestoso da ave no alto do ceacuteu o bater acelerado das asas de um beija-flor o crescer contiacutenuo das plantas e a reproduccedilatildeo dos animais A crianccedila natildeo entenderaacute as razotildees do funcionamento da natureza mas aprenderaacute a observar o que constitui a primeira etapa na formaccedilatildeo de uma consciecircncia

ecoloacutegica e o amor a natureza (TROPPMAIR 2008 p198)

Dessa forma pode-se dizer que se as pessoas se conscientizarem da importacircncia do meio ambiente desde cedo no futuro se beneficiaratildeo muito mais dela

Muitas pessoas desenvolvem um verdadeiro amor pelo seu lugar de origem no qual viveram durante toda sua vida Isso gera uma afeiccedilatildeo pelo seu lugar os moradores da zona rural na sua grande maioria desenvolvem esse apego ao lugar e apesar de enfrentarem grandes dificuldades na labuta diaacuteria do campo geralmente natildeo querem sair para a cidade preferem a calma do interior No entanto esse apego natildeo impede que o mesmo talvez por falta de oportunidade eou de conhecimento acabe causando males ao seu lugar de origem Nesse sentido tomam-se as palavras de Tuan

Para compreender a preferecircncia ambiental de uma pessoa necessitariacuteamos examinar sua heranccedila bioloacutegica criaccedilatildeo educaccedilatildeo trabalho e os arredores fiacutesicos No niacutevel de atitudes e preferecircncias de grupo eacute necessaacuterio conhecer a histoacuteria cultural e a experiecircncia de um grupo no contexto de seu ambiente fiacutesico Em nenhum dos casos eacute possiacutevel distinguir nitidamente entre os fatores culturais e o papel do meio ambiente fiacutesico Os conceitos cultura e meio ambiente se superpotildeem do mesmo modo que os conceitos homem e natureza (TUAN 1980 p 68)

O habitante da zona rural em sua grande maioria natildeo tem e nem teve oportunidades de conhecimento cientifico para aprender a diferenccedila entre o consumo sustentaacutevel e o natildeo sustentaacutevel o que acarreta ao longo dos anos prejuiacutezos incalculaacuteveis Visto que espeacutecies abundantes no lugar vatildeo se extinguindo ao longo dos anos principalmente por natildeo haver interesse de reposiccedilatildeo devido ser uma aacuterea de significativaabrangecircncia pecuaacuteria de no Estado

Os moradores da zona rural tecircm a cultura de desmatamento para o plantio de pastagens que servem de alimento para os rebanhos na maioria bovinos e tambeacutem alguns criatoacuterios de caprinos No entanto em menor quantidade no municiacutepio em relaccedilatildeo agrave bovinocultura que eacute a atividade que predomina na regiatildeo

5 Disponivel emhttpwwwvagalumecombrluiz-gonzagajuazeirohtml Acesso em 21 jan 2014

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No intuito de produzir o alimento para o rebanho durante todo o ano haacute a praacutetica da erradicaccedilatildeo de espeacutecies nativas da caatinga que iratildeo dar lugar as plantaccedilotildees que servem de alimento para os seus rebanhos Sendo assim os moradores pecuaristas produzem espeacutecies adaptaacuteveis ao clima da regiatildeo e em geral as mais comuns satildeo as plantaccedilotildees de palma e capim por serem espeacutecies mais resistentes ao clima semiaacuterido que eacute predominante durante a maior parte do ano e que muitas vezes se repete por vaacuterios anosconsecutivos

Essa natildeo eacute uma atividade que possa ser considerada recente visto que quando do momento da coleta de informaccedilotildees de pessoas que habitam no municiacutepio haacute anos ou desde seu nascimento colheu-se a informaccedilatildeo de que sempre se realizou essa praacutetica para o cultivo de alimentos Esse preparo do terreno para o plantio se daacute desde muitos anos ateacute os dias atuais por meio principalmente de brocas entendendo-se por brocas as queimadas que ocorrem em uma determinada porccedilatildeo de terra a qual depois de queimada seraacute cultivada No entanto essa praacutetica aumentou muito devido ao crescimento populacional e o que antes ocupava pequenas aacutereas hoje atinge grandes espaccedilos causando assim uma devastaccedilatildeo maior do meio ambiente Nesse sentido toma-se como referecircncia sobre esta questatildeo o conceito de Troppmair (2008) que diz

Nas civilizaccedilotildees primitivas pastoris e agriacutecolas o homem era um elemento integrado no sistema natureza e nele interferia apenas de forma restrita Com o aumento da populaccedilatildeo o surgimento de formas sociais mais complexas e principalmente com o advento dos centros urbanos e da era industrial que introduziu o emprego de maquinaacuterio mais potente e sofisticado e modificou modos de vida humana a interferecircncia e as perturbaccedilotildees provocadas pelo homem nos ecossistemas tornaram-se mais draacutesticas e conduziram aos problemas ambientais de nossos dias (TROPPMAIR 2008 p172)

Esse fator eacute primordial para o entendimento da questatildeo do desmatamento no municiacutepio pois onde antes era utilizado apenas o trabalho braccedilal para formaccedilatildeo de roccedilas e cercados entendendo-se por roccedilas e cercados os lugares onde satildeo produzidos os alimentos para os animais hoje haacute uma grande incidecircncia de maquinaacuterios especiacuteficos como tratores maquinas entre outros

Falta no entanto um pensamento que avance assim como os progressos agriacutecolas e que se difunda tambeacutem uma poliacutetica de conservaccedilatildeo do ambiente em prol do bem estar humano e do meio como um todo o qual possa gerar avanccedilos com a perspectiva da sustentabilidade Esperando-se que os mais novos habitantes sigam na linha de afeiccedilatildeo e apego ao lugar mas com modos mais conservacionistas e que aprendam a lidar mais adequadamente com o cultivoda terra 7 O VERDE RURAL E A RELACcedilAtildeO HOMEM NATUREZA

Quando se faz a junccedilatildeo de dois elementos complexos como o homem este no sentido do ser humano e natureza como sentido de lugar onde o homem habita haacute a necessidade de analisar a relaccedilatildeo que um deteacutem sobre o outro visto que ambos devem viver em condiccedilotildees harmocircnicas para soacute assim poder haver uma interligaccedilatildeo que iraacute gerar benefiacutecios para ambos (Figura 6)

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Figura 6 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A Geografia inserida nesse acircmbito eacute de fundamental importacircncia para um entendimento dessas relaccedilotildees tendo

em vista a abrangecircncia da disciplina que se encaixa nos mais diversos meios que venham a ser estudados sendo assim fundamental no estudo do verde seja ele rural ou urbano Nesse contexto tem-se em Barbosa (2008 p625)a seguinte definiccedilatildeo

A geografia hoje traz uma nova abordagem onde natildeo haacute mais como fazer distinccedilotildees entre Homem-Natureza onde o meio ambiente deve ser considerado como um todo resultado da relaccedilatildeo homem-natureza Esta abordagem recebe o nome de Sistecircmica e que tem influenciado atualmente nos estudos e anaacutelises feitas dentro do campo de atuaccedilatildeo da Geografia (BARBOSA 2008 p625)

Na relaccedilatildeo homem natureza nota-se que haacute uma cultura de desmatamento muito intensa na regiatildeo onde o verde eacute cada vez mais deixado de lado principalmente aquele vinculado as espeacutecies nativas da caatinga Quando haacute uma busca de desenvolvimento econocircmico pode-se dizer que o homem prefere anular a diversidade natildeo fazendo com isso conjunccedilatildeo de dois sistemas diferentes O ser humano na busca de seu desenvolvimento natildeo mede as consequecircncias de seus atos e tem com isso o que se chama de pensamento simplificador natildeo sabendo interagir com a natureza sem destrui-la Segundo Edgar Morin (2005 p 12) ldquoo pensamento simplificador eacute incapaz de conceber a conjunccedilatildeo do uno e do muacuteltiplo (unitat multiplex) Ou ele unifica abstratamente ao anular a diversidade ou ao contrario justapotildee a diversidade sem conceber a unidaderdquo

Enquanto natildeo houver um meio de integraccedilatildeo entre esses dois sistemas haveraacute sempre um obstaacuteculo para ambos prejudicando o homem e a natureza No entanto eacute cada vez mais raro encontrar uma real preocupaccedilatildeo com a natureza pela parte humana Visto que a mesma estaacute sempre em busca de benefiacutecios proacuteprios sem perceber as reais consequecircncias dos atos realizados natildeo visando agraves consequecircncias futuras que seus atos atuais teratildeo

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Infelizmente pela visatildeo mutiladora e unidimensional paga-se bem caro nos fenocircmenos humanos a mutilaccedilatildeo corta na carne verte o sangue expande o sofrimento A incapacidade de conceber a complexidade da realidade antropossocial em sua incodimenccedilatildeo (o ser individual) e em sua macrodimensatildeo(o conjunto da humanidade planetaacuteria) conduz a infinitas trageacutedias e os conduz a trageacutedia suprema Dizem-nos que a poliacutetica ldquodeverdquo ser simplificadora e maniqueiacutesta Sim claro em sua concepccedilatildeo manipuladora que utiliza as pulsotildees cegas Mas a estrateacutegia poliacutetica requer o conhecimento complexo porque ela se constroacutei na accedilatildeo com e contra o incerto o acaso o jogo do muacuteltiplo das interaccedilotildees e retroaccedilotildees (MORIN 2005 p 13)

Os moradores do municipio em estudado na sua grande maioria satildeo sacrificados ou seja trabalham durante toda sua vida para sobreviver em meio agrave quase constante semiaridez da regiatildeo aproveitando-se dos periacuteodos de maior precipitaccedilatildeo para fazer suas plantaccedilotildees e a partir daiacute alimentarem seus animais os quaisquase sempre representados pelo rebanho bovino para tirarem seu sustento e de sua famiacutelia 8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Pode-se afirmar atraveacutes dedepoimentos de moradores que as espeacutecies tiacutepicas como o juazeiro a catingueira a barauacutena a jurema entre outras eram bem mais abundantes outrorado que hoje

A diminuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais naturais do lugar ocorreu e ocorre devido a falta de um desenvolvimento sustentaacutevel o que gera uma gama de desmatamentos desordenados os quais no decorrer dos anos foram acarretando uma menor incidecircncia da vegetaccedilatildeo nativa ou seja a caatinga de forma natural e que foram dando lugar as pastagens que satildeo utilizadas para alimentar rebanhos principalmente bovinos espeacutecie mais comum para o desenvolvimento econocircmico da regiatildeo Em um conceito bastante oportuno de desenvolvimento sustentaacutevel e que se adeacutequa muito bem a aacuterea estudada encontra-se as seguintes palavras

Atualmente a temaacutetica Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) tem se tornado cada vez mais popular alcanccedilando todas as aacutereas que envolvem a relaccedilatildeo entre ser humano e o Meio Ambiente Mas na praacutetica o DS deteacutem poucos adeptos buscando uma melhor qualidade de vida priorizando a conservaccedilatildeo que vai de contra ao sistema capitalista tendo em vista que o crescimento econocircmico natildeo eacute um fator determinante para o desenvolvimento sustentaacutevel (ABIacuteLIO 2010 p159)

Nessa busca de progresso o homem acaba deixando de lado o principal que eacute a preservaccedilatildeo do meio ambiente e natildeo havendo a compreensatildeo de que a preservaccedilatildeo eacute uma saiacuteda que beneficia aleacutem da fauna e da flora o proacuteprio homem acredita-se que nunca se chegaraacute a um modo equilibrado de convivecircncia com o meio algo de fundamental importacircncia para o habitante da zona rural Preservar o mundo em que se vive comeccedilando pela sua proacutepria aacuterea seu proacuteprio lugarnatildeo se deixando conduzir apenas pelo capitalismo eacute o primeiro passo para o progresso de forma sustentaacutevel

Provavelmente o juazeiro por natildeo ser uma aacutervore muito utilizada na regiatildeo para finscomerciais como carvatildeo vegetal produtos cosmeacuteticos entre outros eacute tambeacutem bastante erradicado para dar lugar agraves plantaccedilotildees com a justificativa de ser empecilho ao avanccedilo da pecuaacuteria e que prejudica eou diminui o uso da terra 9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Conclui-se atraveacutes desses estudos e anaacutelises de campo que a espeacutecie arboacuterea denominada juazeiro eacute nativa da regiatildeo sendo encontrada e identificada com facilidade no municiacutepio deixando-se claro que essa ocorrecircncia se evidencia na zona rural natildeo sendo observada na aacuterea urbana a qual fica restrita a espeacutecies exoacuteticas Registra-se tambeacutem que a espeacutecie eacute considerada por muitos como siacutembolo do lugar o qual manteacutem caracteriacutesticas de Sertatildeo mesmo localizando-se na aacuterea Agreste do Estado Pernambuco caracterizando-se portanto como um ecotone

Um dos pontos focais da pesquisa foi aquestatildeo da relaccedilatildeo homem-natureza no qual ficam as observaccedilotildees de que apesar do homem danificar o meio ambiente de uma forma cada vez mais desenfreada o mesmo necessita da natureza de uma forma tambeacutem muito intensa Mas na maioria das vezes natildeo eacute isso que ocorre e partindo-se do ponto da observaccedilatildeo de que a cada dia aumenta mais as destruiccedilotildees e isso em grandes aacutereas o problema se expande mais E

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isso natildeo fica restrito ao municiacutepio de Venturosa-PE mas eacute uma constataccedilatildeo que se verifica em vaacuterios lugares que por sua vez vatildeo acumulando os problemas e no fim acarretam o desequiliacutebrio ambiental em todo planeta

Conclui-se queo homem natildeo tem ou natildeo procura ter uma percepccedilatildeo da real importacircncia de um desenvolvimento sustentaacutevel do meio em que vive e do quanto eacute importante a conservaccedilatildeo de aacutereas verdes em qualquer que seja a regiatildeo Em um entendimento mais especifico natildeo importa que seja Zona da Mata Agreste ou Sertatildeo a conservaccedilatildeo e a consciecircncia eacute de vital importacircncia natildeo apenas para a natureza mas para todo ser humano visto ser o principal beneficiado com aacutereas onde se praticar umamelhor conservaccedilatildeo ambiental REFEREcircNCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado Educaccedilatildeo Ambiental formaccedilatildeo continuada de professores no Bioma Caatinga In Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFBB 2010

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_____ A visatildeo Sistecircmica e sua contribuiccedilatildeo ao estudo do espaccedilo pecuaacuterio de Venturosa e Pedra no Agreste de Pernambuco Satildeo Paulo Blucher Acadecircmico 2008

ARBEX Juacutenior Joseacute BACIC OLIC Neacutelson O Brasil em regiotildees Nordeste Satildeo Paulo Moderna 1999 (Coleccedilatildeo polecircmica)

BARBOSA E F da F de M Abordagem do sistema geografia fiacutesica x geografia humana1deg SIMPGEO Rio Claro 2008 ISBN 978-85-88454-15-6

CHIZZOTTI Antonio Pesquisa em ciecircncias humanas e sociais 10 ed Satildeo Paulo Cortez 2009

MACEDO D J C RODRIGUES R R V AMADOR M B M O juazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) no contexto rural do municiacutepio de VenturosaPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 175-180 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleview555580 Acesso emacesso em 20 jan 2014

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre Sulina 2005

MINISTEacuteRIO DA INTEGRACcedilAtildeO NACIONAL Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_aridopdfgtAcesso em 08 nov 2011

Anderaacuteos Neto Nagib Frases textos pensamentos poesias e poemas de Nagib Anderaacuteos Neto no Pensador (Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014)

RODRIGUES Auro de Jesus Geografia introduccedilatildeo agrave ciecircncia geograacutefica Satildeo Paulo Avercamp 2008

TROPPMAIR Helmut Biogeografia e meio ambiente 8ordf ed Rio Claro Divisa 2008

TUAN Yi-Fu Topofilia Um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo DIFEL 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Reimpressatildeo Recife Companhia Editora de Pernambuco-CEPE 2005

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA

PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS

E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Thamyllys Myllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

Haacute quem passe por um bosque e soacute veja lenha para a fogueira Leon Tolstoi6

1 INTRODUCcedilAtildeO

Este trabalho traz uma pequena contribuiccedilatildeo quando realiza uma discussatildeo a partir de questionamentos sobre como pode ser vista e considerada a natureza o verde presente nos ambientes urbanos em diferentes escalas de localizaccedilatildeo

Tem-se observado que as discussotildees que se fazem em relaccedilatildeo agraves aacutereas vegetadas no contexto da cidade eacute um seguimento que ainda natildeo possui muitas referencias bibliograacuteficas Para tanto iniciativas e estudos que dizem respeito ao temaacuterio estatildeo provocadas na direccedilatildeo de observar as condiccedilotildees ambientais-socias-econocircmicas citadinas

Para se realizar um estudo da natureza na cidade nas praccedilas puacuteblicas e escolas municipais puacuteblicas de Canhotinho-PE com o intuito de se procurara compreender funccedilotildees e importacircncia das espeacutecies arboacutereas presentes nestes espaccedilos diante da perspectiva subjetiva da comunidade que frequenta e tem de alguma forma uma ligaccedilatildeo com estes lugares

Na obtenccedilatildeo de dados sobre os elementos em estudo adotou-se como referencia bibliograacutefica para fundamentar o olhar das pesquisadoras o pensamento de Yi-Fu Tuan (1974) o qual nos indica olhar os objetos presentes nos ambientes natildeo de forma simples e subjetiva pelas funccedilotildees que exercem nos lugares mas tambeacutem apresentar a ligaccedilatildeo que aquele objeto tem para com os diferentes olhares e sensaccedilotildees das pessoas

As consideraccedilotildees que se fazem satildeo realizadas a partir dos estudos desenvolvidos em que se buscou compreender o papel desempenhado pelas aacutereas verdes das praccedilas e como elas podem ser compreendidas enquanto manifestaccedilatildeo da presenccedila do verde urbano considerando o elo que une as pessoas a objetos materiais principalmente elementos bioacuteticos e imateriais pela percepccedilatildeo dos espaccedilos

Associa-se a esse contexto a manifestaccedilatildeo do verde nas escolas puacuteblicas destacando-se a percepccedilatildeo dos sentidos em relaccedilatildeo aos elementos arboacutereos expressos pela comunidade escolar sob a perspectiva do conceito de ldquotopofiliardquo desenvolvido pelo Yi-Fu Tuan

6 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrfraseMjQyMTY4 Acesso em 14 jan 2014

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Ressalta-se que as escolas aqui trabalhadas estatildeo denominadas por siacutembolos alfabeacuteticos ou seja ABCD e E tendo-se em vista a preservaccedilatildeo da eacutetica necessaacuteria aos trabalhos cientiacuteficos e especificamente nesse caso salvaguardando a identidade das entidades de ensino 2 PERCEPCcedilAtildeO UMA VISAtildeO DIFERENTE DO MUNDO ldquoTOPOFILIArdquo

A proposta da anaacutelise eacute perceber o lugar que segundo Yi-Fu Tuan trata-se da relaccedilatildeo de afeto com o lugar em que as pessoas vivem ou ateacute mesmo convivem Assim considera-se a definiccedilatildeo do termo a seguir pelo autor

A lsquorsquotopofiliarsquorsquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definido em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A reposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mais muito mais intensa que subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o loacutecus da reminiscecircncia e o meio de se ganhar a vida (YI-FU TUAN 1974 p107)

Dessa forma como o autor jaacute citou topofilia eacute o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente fiacutesico Pela sua

cidade ou ateacute mesmo um espaccedilo de uso comum como praccedilas escolas jardins entre outros Mesmo assim determinadas pessoas se identificam melhor em espaccedilos naturais alguns indiviacuteduos possuem

uma lealdade extremae chegam a derramar seu sangue para defender sua cidade ou ainda sua naccedilatildeo Logo este elo afetivo na maioria das vezes eacute muito forte sendo esta ligaccedilatildeo afetiva algo que muitas pessoas levam para sua vida toda

Cada pessoa possui uma sensibilidade para vere interpretar os fatos ou ateacute mesmo a realidade de acordo com que eacute mais conveniente para si ou ainda de acordo com suas influencias culturais Sendo assim constitui-se num processo operacional e natildeo apenas uma representaccedilatildeo de determinado objeto Segundo Tuan (1974 70) ldquo[] nas culturas em que os papeis dos sexos satildeo fortemente diferenciados homens e mulheres olharatildeo diferentes aspectos do meio e adquiriratildeo atitudes diferentes []rdquo

Nesse sentido tambeacutem eacute possiacutevel perceber natildeo mais um fenocircmeno mas uma teia de fenocircmenos recursivamente interligados e portanto ter-se-aacute diante de si a complexidade do sistema (AMADOR 2013 p 50)

Logo admite-se que os estudos devem considerar aspectos de ordem de sua totalidade ou ainda como diria Morin (2005) observar e analisar um fenocircmeno em aproximadamente todos os aspectos que interagem entre si e com o espaccedilo em seu entorno visto que ele influencia e eacute influenciado Assim sendo como o proacuteprio autor discutiu seria o pensar complexo rompendo com estudos reducionistas quando se refere

O que eacute a complexidade Agrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidades [] Mas a complexidade natildeo compreende apenas quantidades de unidade e interaccedilotildees que desafiam nossas possibilidades de calculo ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios [] (MORIN 2005 p 35)

Sob este aspecto eacute que se desenrolam os estudos no acircmbito dos espaccedilos livres e nas escolas puacuteblicas compreendendo para tanto o todo e natildeo soacute uma parte do espaccedilo observado

Tendo-se como suporte a Geografia para apreender como se daacute a inter-relaccedilatildeo das pessoas em seu meio de convivecircncia Nessa linha de pensamento considerou-se a percepccedilatildeo que segundo Amador (2013) demonstra ser algo subjetivo em que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo proacutepria do espaccedilo tomando vaacuterias formas e influenciada pela cultura de cada individuo

Considerando-se o fato da temaacutetica ambiental ter sido uma das grandes preocupaccedilotildees que emergiu nos cenaacuterios dos seacuteculos XX e XXI pelas dificuldades de fatores distintos observados (MENDONCcedilA 2002) na paisagem geograacutefica mas especificamente na cidade apresentando iniciativas no sentido de buscar e resguardar os anseios e necessidades humanas de qualidade de vida e ambiental aliados as intenccedilotildees de apreender as interaccedilotildees que se datildeo no espaccedilo

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21 Contextualizando a Natureza na Cidade

A cidade espaccedilo humanizado de muacuteltiplas relaccedilotildees mostra-se como local de contradiccedilotildees no que diz respeito agraves interaccedilotildees que se processam entre o homem e a natureza sendo esta ldquosegunda naturezardquo por vezes uma contradiccedilatildeo da cidade (com a erradicaccedilatildeoda vegetaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo do urbano) e posterior volta dessa mesma vegetaccedilatildeo compreendida como vaacutelvula de escape para amenizar os problemas ambientais urbanos (FRANCcedilA AMADOR 2013)

Os ambientes citadinos lugares em que se estabelecem distintas relaccedilotildees entre homem e meio apresentam diferentes paisagens diante daquilo que eacute visto condicionado pelos processos que se datildeo no espaccedilo e tempo de cada periacuteodo

Por algum tempo muito se tem argumentado sobre o que se pode definir como natureza e como ela aparece no cenaacuterio das cidades Diante do expressivo progresso nas ultimas trecircs deacutecadas das ferramentas e teacutecnicas no periacuteodo vigente pela capacidade humana e o poder de tomar conhecimento sobre grande parte dos elementos presentes da Terra em suas diversas relaccedilotildees e suas potencialidades

A natureza antes era tida como obstaculo para realizaccedilatildeo humana (HENRIQUE 2009) mas hoje em dia ela vem sendo tratada de diferentes formas e ressaltadas suasfunccedilotildees mediante as intencionalidades humanas dependendo das condiccedilotildees ambientais dos espaccedilos urbanos com valores e sentidos expressos por fatores esteacuteticos ambientais sociais e ateacute mesmo econocircmicos Assim caracteriacutesticas geograacuteficas que eram fatores determinantes para o uso e apropriaccedilatildeo do espaccedilo passam a exercer menor influencia decisiva na construccedilatildeo de objetos necessaacuterios a uma condiccedilatildeo de vida mais apropriada mais digna do ponto de vista ambiental

Tanto os elementos materiais e imateriais presentes no espaccedilo urbano apresentam em si um dialogo em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que se estabelece entre o homem e o meio de modo ldquoindissociaacutevelrdquo na paisagem (AMADOR 2011) como se atuasse em um sistema que ao mesmo tempo eacute influenciado e esta influenciando

Aqui se considera como ldquonaturezardquo aquela evidenciadapelas aacutereas que possuem algum tipo de vegetaccedilatildeo seja nativa ou exoacutetica como aquelas preservadas naturalmente ou inseridas pela accedilatildeo humana em seus limites Atentando-se ainda para o fato das inter-relaccedilotildees soacutecio-ambientais que ocorrem nesta ldquonaturezardquo sendo o homem tambeacutem inserido no contexto aleacutem dos demais elementos bioacuteticos e abioacuteticos BeninI e Martin (2012) expressam o conceito de aacutereas verdes da seguinte forma

[] aacuterea verde puacuteblica eacute todo espaccedilo livre (aacuterea verdelazer) que foi afetado de uso comum e que apresenta algum tipo de vegetaccedilatildeo (espontacircnea ou plantada) que possa contribuir em termos ambientais (fotossiacutentese evapotranspiraccedilatildeo sombreamento permeabilidade conservaccedilatildeo da biodiversidade e mitigue dos efeitos da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica) e que tambeacutem seja utilizado com objetivos soacutecias ecoloacutegicos cientiacuteficos ou culturais (BENINI MARTIN 2012 p 77)

Tomando-se essa referencia admite-se que satildeo aacutereas verdes todo espaccedilo livre puacuteblico em que haacute presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea presente principalmente nas cidades de pequeno porte do interior de Pernambuco aleacutem de compreendecirc-las como representaccedilatildeo fundamental da natureza na cidade

Segundo Amador (2012) e Benini (2011) entende-se praccedila como um ldquoespaccedilo livre puacuteblicordquo com papel para o desempenho entre outros fins do lazer dos seus frequentadores Sendo uma aacuterea verde considerando-se nesse sentido as caracteriacutesticas e funccedilotildees que exercem quando haacute presenccedila da vegetaccedilatildeo e se encontra permeabilizada

A preservaccedilatildeo ou incorporaccedilatildeo da natureza na cidade se insere por meio dos parques praccedilas canteiros quintais calccediladas e jardins rotatoacuterias trevos lugares de domiacutenio puacuteblico ou privado que estatildeo disponiacuteveis a populaccedilatildeo que deseja e por vezes pode desfrutar desses espaccedilos

No entanto esta ldquonaturezardquo natildeo se manifesta apenas em ambientes externos puacuteblicos mas tambeacutem na parte interior de aacutereas privadas ou puacuteblicas dependendo do tipo de construccedilatildeo que apresentem elementos verdes na paisagem considerando-se nesse contexto as escolas que apresentarem vegetaccedilatildeo e exercerem as mesmas funccedilotildees ambientais que outros espaccedilos exercem

Logo insere-se a seguir estudos que se desenvolveram a respeito das praccedilas puacuteblicas e escolas municipais de Canhotinho-PE

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22 Localizaccedilatildeo Geograacutefica do Municiacutepio e Apresentaccedilatildeo das Praccedilas de Canhotinho-PE

Limita-se ao norte com Lajedo e Jurema ao sul com Palmeirina a leste com Quipapaacute e o estado de Alagoas a oeste com Calccedilado e Angelim A altitude eacute de 520 m Latitude 08deg 52 56 e Longitude 36deg 11 28 distando da capital 210 km

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Canhotinho ndash PE

Fonte Adaptado pelas autoras

Com uma populaccedilatildeo de aproximadamente 25000 habitantes o municiacutepio apresentado deveria assimilar em suas poliacuteticas puacuteblicas iniciativas que contemplem planejamento e gestatildeo de aacutereas verdes em sua abrangecircncia Dispondo de regras ou leis que normatizam e deem legitimidade as responsabilidades e planejamento da arborizaccedilatildeo urbana

Deixando de forma clara todas as accedilotildees que podem ser realizadas diante do processo de arborizar manter e informar sobre quais seriam os casos de supressatildeo e substituiccedilatildeo de elementos arboacutereos das aacutereas as que devem ser preservadas entre outras atribuiccedilotildees para mantecirc-las em bom estado para uso da populaccedilatildeo e seguranccedila de sua presenccedila nas cidades A seguir apresentar-se o trabalho realizado nas praccedilas de Canhotinho-PE

221 Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

A praccedila foi construiacuteda em 1988 em homenagem ao padre da Paroacutequia de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo de 1964-1982 querido pela populaccedilatildeo por sua postura amaacutevel e bondade perante as pessoas Logo recebeu o nome de Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula (P1) o mesmo apesar de natildeo ser filho desta terra o tributo foi concretizado Outra motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo do projeto estaacute ligado ao laccedilo de amizade que o unia ao atual prefeito agrave eacutepoca de nome Waldemar Joseacute de Torres Ateacute entatildeo o referido prefeito se candidatou com o apoio do amigo que era preferido pelos cidadatildeos canhotinhenses para o cargo mas segundo contam o bispo da eacutepoca natildeo aprovou a pretensatildeo do homenageado

A praccedila estaacute situada na parte central e comercial da cidade abordada ou seja na Rua Eugecircnio Tavares de Miranda aacuterea muito valorizada pelos negociantes de bens duraacuteveis e natildeo duraacuteveis onde a concorrecircncia e o valor de alugueis dos espaccedilos satildeo bem avaliados em relaccedilatildeo agraves outras localidades Regiatildeo que quase onde natildeo se encontra

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casas domiciliares jaacute produto da accedilatildeo do homem que a partir das suas relaccedilotildees sociais estaacute distribuindo as residecircncias para as regiotildees perifeacutericas das cidades e as casas comerciais para os centros

Figura 1 e 2 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

222 Praccedila Cloacuteves Vidal

A Praccedila Cloacuteves Vidal (P2) situa-se em uma rua que daacute nome a este espaccedilo ao mesmo tempo em que serve tambeacutem de divisoacuteria desse espaccedilo Eacute nela que se concretiza uma separaccedilatildeo por encontrar-se no meio da rua o que implicitamente realiza uma organizaccedilatildeo e divisatildeo na via puacuteblica induzindo a percepccedilatildeo dos condutores de veiacuteculos sobre o lugar certo em que devem trafegar

Figura 3 e 4 Imagens parcias da Praccedila Cloves Vidal

Fonte Trabalho de campo 2013

Como pontua Sobrinho (2011) as praccedilas possuem muitos significados elas natildeo estatildeo ali por estar mas ocupando um lugar que estava vazio por exemplo Pode ter sido planejada para outra solucionar ou amenizar algum problema ou dificuldade no ambiente urbano local Porem em dado momento passa a ser percebida ou mesmo

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construiacutedacomo benfeitoria realizada natildeo somente pelo executor da obra que em geral e puacuteblico mas por toda uma sociedade que se beneficia de sua esteacutetica e outros elementos beneacuteficos coadjuvantes Semelhanccedilas podem ser observadas entre as Praccedilas Padre Josias e Cloves Vidal algumas caracteriacutesticas como uma homenagem para uma pessoa ilustre do municiacutepio de CanhotinhoPE com intuito de registrar na memoacuteria dos cidadatildeos da referida cidade que haacute um filho da terra com valor inestimaacutevel e que seu reconhecimento estaacute marcado na histoacuteria e no espaccedilo da cidade que nos casos satildeo as praccedilas Quanto ao que foi destacado acima se pode observar a importacircncia e o papel que estes espaccedilos livres puacuteblicos inseridos no contexto urbano desempenham quando se diz ser uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo na cidade 3 RESULTADOS OBTIDOS COM A PESQUISA DE CAMPO

Para tanto se realizou a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio misto para coleta de dados e analise dos dados obtidos O questionaacuterio foi aplicado nas duas praccedilas objeto de estudo com o intuito de se compreender como a vegetaccedilatildeo que faz parte da praccedila tem contribuiacutedo de positivo e negativo neses ambientes urbanos a partir das principais praccedilas do municiacutepio de CanhotinhoPE definido-se assim qual seria seu papel desempenhado na paisagem

Quando questionados sobre o que compreendiam por aacuterea verde a maioria das respostas dos entrevistados indicou que seria um local com aacutervores em sua composiccedilatildeo O que se aproxima das definiccedilotildees que muitos dos estudiosos do tema que buscam uma definiccedilatildeo teoacuterica aceitaacutevel pela maioria No entanto a percepccedilatildeo comum das pessoas em geral e realmente associar aacuterea verde com aqueles espaccedilos que contem espeacutecies arboacutereas em sua composiccedilatildeo podem ser urbano ou rural

Ao seres questionados sobre o tipo de memoacuteria que porventura lhes remetiam ao transitar ou simplesmente usufruir de alguma forma a praccedila as respostas que se sobressaiacuteram foram aquelas que remetiam a lembranccedilas fortes dos familiares e amigos pontuando em segunda posiccedilatildeo para esta resposta as lembranccedilas de infacircncia Isso e importante porque reforccedila que o ser e gregaacuterio naturalmente vive em sociedade natildeo se constitui em uma ilha e na individualidade extrema

Assim considera-se que a ligaccedilatildeo individual entre as pessoas e entre essas e a praccedila eacute mais enfaacutetica do que desconsiderar natildeo haver nenhum tipo de afeiccedilatildeo quanto ao espaccedilo puacuteblico presente nos espaccedilos urbanos Revelando-se entatildeo que cada objeto disposto no espaccedilo tem um significado e intenccedilotildees de estarem ali e da forma que se apresentam

Um dado que natildeo foi considerado entre os formulaacuterios que foram aplicados fala sobre se ter a lembranccedila em primeiro plano da pessoa que leva o nome da praccedila das impressotildees e memoacuterias pessoais que se sobrepotildeem nas respostas Apesar das indicaccedilotildees a partir do busto presente na P1 e uma placa que faz referencia na P2 pouco se ouviu falar dos mesmos evidenciando dessa forma que a memoria coletiva e de interesse da sociedade pelo menos local deveria ser melhor trabalhada

Isto aponta para um descuido e falta de sensibilidade e curiosidade para se conhecer o significado de tais construccedilotildees e indagar qual relaccedilatildeo que se faz aos nomes das praccedilas visto que elas fazem uma representaccedilatildeo material da histoacuteria e de personalidades ilustres que viveram ou contribuiacuteram de forma significativa para construccedilatildeo e organizaccedilatildeo do municiacutepio e das impressotildees pessoais dos homenageados para populaccedilatildeo Perguntando-se qual a opiniatildeo dos transeuntes sobre as aacutervores introduzidas ou natildeo nas praccedilas as respostas para as duas praccedilas se colocam entre ldquooacutetimordquo e ldquobomrdquo Poreacutem algumas opiniotildees colocadas se referiram ao fato das arvores atrapalhar ou sujar as vias puacuteblicas deixando-se serem influenciados pela leitura das praccedilas em momento esporaacutedicos de falta de manutenccedilatildeo Quando solicitada a opiniatildeo sobre se de alguma forma as aacutervores presentes nas praccedilas beneficiariam a populaccedilatildeo que utilizam as P1 e P2 eacute quase unanime nas duas representaccedilotildees do graacutefico que elas dispotildeem contribuiccedilotildees positivas para as pessoas E natildeo foram respondidos se de alguma forma elas pudessem prejudicar ou influenciar direta ou indiretamente na vida das pessoas O que foi justificado por cada pessoa diante nas consideraccedilotildees realizadas diz respeito agraves contribuiccedilotildees ecoloacutegicas que as aacutervores realizam no ambiente sendo salientada a sombra das aacutervores que se projetam para aqueles que se encontram abrigados dos fortes raios solares e que sem elas consideraram ser insuportaacutevel a temperatura Aleacutem

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do mais foi destacado nas respostas que os elementos arboacutereos em si resultam num aspecto visual de vivacidade ao ambiente Apesar de que natildeo pode ser visto ou considerada pontuaccedilotildees quanto agraves espeacutecies arboacutereas de instigarem agrave memoacuteria do sentimento de pertencimento a determinada regiatildeo pois se observou que poucas ou quase nenhuma das espeacutecies vegetais satildeo nativas mas aacutervores exoacuteticas inseridas nas aacutereas estudadas Mesmo tendo-se na P1 uma aacutervore de grande valor econocircmico outrora e de sentimento patrioacutetico uma vez que associa-se a nossa identidade e territoacuterio que eacute o Pau-brasil Esses dados formam entatildeo as principais informaccedilotildees colhidas para que pudessem ser realizadas as analises e impressotildees alcanccedilando-se em consequecircncia os objetivos almejados na pesquisa para compreensatildeo do papel das praccedilas enquanto representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo no acircmbito urbano 4 IMPORTAcircNCIA DA ARBORIZACcedilAtildeO PARA A COMUNIDADE DE CANHOTINHO-PE COM DESTAQUE PARA AS ESCOLAS MUNICIPAIS DA AacuteREA URBANA

Em continuidade agrega-se a analise de algumas aacutereas com espaccedilos de uso comum no municiacutepio de Canhotinho-

PE no acircmbito da paisagem urbana que satildeo as escolas municipais objeto de outra pesquisa dessa vez de Iniciaccedilatildeo Cientificano ambito da FACEPE-Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Ciecircncia e Tecnologia do Estado de Pernambuco

Pode-se observar que as cinco escolas municipais apresentam pouca ou nenhuma arborizacao A maioria das escolas possuiaacutereas livres sendo que duas delas natildeo possuem espaccedilo livre nenhumquais sejam escola municipal ldquoErdquo e a escola municipal ldquoCrdquo Por falta de espaccedilo ademais estas escolas natildeo tecircm como oferecer uma arborizaccedilatildeo em suas areas de uso comum

Ao visitar essas unidades escolarespuacuteblicas percebeu-se em uma delas a atitude positiva de uma gestora que comeccedilou a arborizar a escola com vaacuterios tipos de mudas arboacutereas para proporcionar uma melhor sensaccedilatildeo teacutermica controle da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica acuacutestica e visual contato com a natureza fotossiacutentese lazer entre outros o que evidencia a sensibilidade ambiental e social da referida gestora atributo que deveria ser levado em consideraccedilatildeo ao se eleger eou escolher pessoas para cargos assim

Para algumas pessoas as aacutervores frutiacuteferas satildeo oacutetimas mas ao mesmo tempo prejudicam a estrutura das casaseou edificaccedilotildeespor serem em geral de porte meacutedio a grande No caso de uma dessas escolas que apresenta uma uacutenica esperice arboacuterea a responsaacutevel pela gestatildeo comentou que ia mandar derrubar a aacutervore pois a mesma afirmou que a aacutervore estaacute prejudicando a estrutura da escola ou seja nesse caso tipifica a falta de sensibilidade com o ambiental e o social haja vista que natildeo fica demonstrado a preocupaccedilatildeo de resolver o problema que atenda de forma mais adequada agrave situaccedilatildeo como por exemplo consultar profissionais que entendam do assunto procurando compatibilizar a estrutura do preacutedio com a arvore Por outro lado percebe-se a preocupaccedilatildeo demonstrada e com razatildeo com o patrimocircnio publico e com seus frequentadores sejam alunos funcionaacuterios e visitantes

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Figura 5 Imagem parcial de aacutervore Fonte Trabalho de campo 2013

Segundo o que foi observado e compreendido a partir de conversas com a comunidade escolar (alunos

educadores servidores famiacutelias entre outros) tais aacutervores natildeo tecircm nenhum significado e que ao derrubar uma aacutervore natildeo vai fazer diferenccedila nenhuma para a populaccedilatildeo Mais uma vez observa-se que haacute um ldquoecordquo na sociedade local que evidencia fortemente a falta de uma percepccedilatildeo positiva dos elementos verdes e seus benefiacutecios Em termos de ensino constata-se um fato lamentaacutevel que eacute a pouca importacircncia dada ao trabalho de Educaccedilatildeo Ambiental o que levaaos seguintes questionamentos o que eacute educaccedilatildeo ambiental Para que serve educaccedilatildeo ambiental Ou ainda a quem serve a educaccedilatildeo ambiental

Mas ao se procurar contextualizar esta arborizaccedilatildeo na paisagem municipal de CanhotinhoPE percebeu-se que muitas concepccedilotildees natildeo representam a realidade da arborizaccedilatildeo Poreacutem pode ser lapidado para uma melhor compreensatildeo mesmo com cada pessoa ou observador tendo uma visatildeo diferente de se perceber um ambiente

A arborizaccedilatildeo oferece benefiacutecios ambientais importantes que podem ser notados pela populaccedilatildeo entre eles tem-se no quadro urbaniacutestico propiciar sombra purificar o ar diminuir impactos das chuvas amenizar o calor entre outros

Poreacutem mesmo com todos estes benefiacutecios que as aacutervores propiciam para a comunidade escolar e para o ambiente percebeu-se que natildeo existem tantas aacutervores em tais lugares A arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o conjunto escolar contribuindo assim para a melhoria da vida de cada aluno que convive e integra as escolas Assim sendo constata-se que a arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o meio

Logo pode-se notar com este estudo nas escolas municipais de CanhotinhoPE que haacute pouca arborizaccedilatildeo nesses espaccedilos de uso comum e em outras natildeo existe nenhuma espeacutecie de aacutervore nem nativa da regiatildeo e nem exoacutetica seja por natildeo possuiacuterem espaccedilos livres por natildeo haver nenhum plano da escola ou da Secretaria de Educaccedilatildeo para motivar o procedimento de arborizaccedilatildeo destes espaccedilos O graacutefico 1 mostra o percentual de aacutervores presentes nas escolas do municiacutepio em discussatildeo

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Graacutefico 1 Quantitativo de aacutervores nas escolas municipais

Fonte Trabalho de Campo 2013

O graacutefico 1 mostra que a escola Municipal ldquoDrdquo eacute a mais arborizada em relaccedilatildeo agraves outras por ateacute mesmo estar sendo realizado um processo de plantio de mudas

Enquanto outras natildeo possuem nenhum tipo de arborizaccedilatildeo lembrando que uma das escolas natildeo possui aacuterea livre para esse fim jaacute outra escola possui aacutereas livres mas natildeo possui um plano de arborizaccedilatildeo e a ultima restante possui apenas uma

Os espaccedilos livres das instituiccedilotildees devem ser aproveitados para o lazer de professores e alunos deveria ser feito um planejamento pela Secretaria de Educaccedilatildeo visando promover nestas escolas em seus espaccedilos livres um processo de arborizaccedilatildeo Segundo Santos (2011) oestudo do espaccedilo envolve entatildeo os sentimentos espaciais e as ideias de um povo atraveacutes da experiecircncia enquanto o lugar eacute o centro de significado e foco de vinculaccedilatildeo emocional para o homem coadunando-se plenamente com Yi-fu Tuan (1980)

Admite-se que seria conveniente a realizaccedilatildeo nessas escolas de um processo de reeducaccedilatildeo para com alunos e gestores com foco no ambiental especificamente a valorizaccedilatildeo do verde urbano e rural Os professores poderiam incorporar valores e significados com base nesse tema para trabalhar os seus alunos no dia-a-dia Como uma aacutervore pode trazer benefiacutecios Cabendo mesclar a biologia a botacircnica a geografia a gestatildeo a religiosidade a cultura enfim tantos contextos quanto forem cabiacuteveis de se adaptar e absorver de forma prazerosa e interdisciplinar Mas mesmo assim cabe ao poder puacuteblico criar projetos e proteger aacutereas de bem comum de bem difuso destacando-se a seguir a Lei 1025701 da Constituiccedilatildeo Federal e do Estatuto da Cidade

Por se tratar de uma atividade de ordem puacuteblica imprescindiacutevel ao bem estar da populaccedilatildeo [] cabe ao Poder Puacuteblico municipal em sua poliacutetica de desenvolvimento urbano entre outras atribuiccedilotildees criar preservar e proteger as aacutereas verdes da cidade mediante leis especiacuteficas bem como regulamentar o sistema de arborizaccedilatildeo Disciplinar a poda das aacutervores e criar viveiros municipais de mudas estatildeo entre as providecircncias especiacuteficas neste sentido sem contar na importacircncia de normas sobre o tema no plano diretor por exemploart 30VIII183

Assim sendo cada pessoa estudante professores a famiacutelia pode contribuir para a melhoria de seus espaccedilos livres e para proporcionar melhorias buscando conjuntamente por projetos e iniciativas dos gestores escolares e a Secretaria de Educaccedilatildeo para desenvolver planos e accedilotildees de arborizaccedilatildeo

Mas natildeo eacute somente plantar tem-se que articular formas para manejar com as espeacutecies arboacutereas e as instituiccedilotildees no caso das escolas deve possuir um planejamento em relaccedilatildeo aos cuidados de tais aacutervores observando o bem estar e seguranccedila inerente a utilizaccedilatildeo destes elementos na paisagem dependendo das condiccedilotildees fiacutesicas da vegetaccedilatildeo

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Nuacutemeros de Aacutervores nas Escolas

Escola A Escola B

Grupo C Escola D

Escola E

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5 OBSERVACcedilOtildeES E INDICACcedilOtildeES

Diante dos resultados dos dados colhidos nas aacutereas verdes das praccedilas e das escolas puacuteblicas do municiacutepio em estudo questiona-se ainda quanto agraves possibilidades e indicaccedilotildees que aqui poderiam ser propostas no intuito de contribuir para planejamento preservaccedilatildeo e manejo desta ldquonaturezardquo para a gestatildeo puacuteblica e a populaccedilatildeo

Observando-se regras para tratamento das aacutervores em seus ambientes pontua-se para a questatildeo dos cuidados fitossanitaacuterios realizados por pessoas qualificadas E teacutecnicas que podem ser aplicadas ndash exclusatildeo erradicaccedilatildeo proteccedilatildeo imunizaccedilatildeo e dendrocirurgia - para prevenccedilatildeo e propagaccedilatildeo de pragas apoacutes realizaccedilatildeo do parecer teacutecnico7

E tambeacutem os procedimentos para a remoccedilatildeo e reposiccedilatildeo de espeacutecies que estejam causando danos fiacutesicos a patrimocircnios puacuteblicos ou privados que devem sersubsidiados por laudo indicando o procedimento mais adequado para as distintas situaccedilotildees aleacutem da autorizaccedilatildeo se for o caso de remoccedilatildeo dada pelo oacutergatildeo gestor responsaacutevel

A partir do que foi observado na figura 6 o peacute-de-manga na imagem ou seja arvore frutiacutefera nativa do sul e sudeste asiaacutetico introduzida no Brasil com grande ecircxito tem-se pelo que foi notado prejudicado a estrutura fiacutesica da escola influenciada pelas profundas raiacutezes que estatildeo rachando as paredes e tambeacutem a proximidade dos galhos com o telhado que ao balanccedilarem derrubam algumas no chatildeo Logo cabe ressaltar que se houvesse algueacutem envolvido na construccedilatildeo do preacutedio que entendesse do assunto arborizaccedilatildeo e paisagismo com certeza teria encontrado uma soluccedilatildeo compatiacutevel e natildeo ter-se-ia chegado nessa situaccedilatildeo

Nessas condiccedilotildees provavelmente seria indicado realizar uma provaacutevel remoccedilatildeo desta aacutervore e substituiccedilatildeo por outra em que pudesse se adequar aacute aacuterea livre para inserccedilatildeo de outra espeacutecie indicado ainda agrave introduccedilatildeo de grades protetoras no espaccedilo meacutetrico da base da arvores para seu desenvolvimento e impedir o contato direto com as raiacutezes expostas ou grama sedimentos que estejam ali presentes

E ainda implementar um objeto que projeteja em volta da aacutervore inserir uma grade deforma geometrica proporcional ao tamanho da espessuro do caule e de seu desevolvimento quando atingir a altura de cada especie com perfuraccedilotildees para a infiltraccedilatildeo de aacutegua proveniente das chuvas ou regada pelo homem Assim disponibilizaria mais espaccedilo para os trasuentes no caso a comunidade escolar a circularem pela aacuterea

Figura 6 Grade em volta da vegetaccedilatildeo arboacuterea

Fonte LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

7 LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

58- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Esta iniciativa ainda seria de valia quanto a este objeto impedir as raizes em evoluccedilatildeo de ficarem expostas ou

ainda diminuiria o impacto do solo Outro fator importante e o raio que a copa pode atingir sendo entao importante que um teacutecnico possa sugerir a especie adequada para aquele espaccedilo Procedimento indicado tambeacutem para as calccediladas em que haacute presenccedila de elementos arboacutereos visto que as dimensotildees de algumas calccediladas possuem pouco espaccedilo

Tendo-se grande atenccedilatildeo quanto agrave escolha de espeacutecies vegetal da qual se vai introduzir no espaccedilo das praccedilas ou aacutereas livres nas escolas calccediladas entre outros por conta da influencia que este elemento bioacutetico pode provocar na paisagem Influencias estas que podem ser realizadas negativamento quando proximo das aacutervores existem redes eleacutetricas de altura baixa ou meacutedia que permite a vegetaccedilatildeo encostar em seus galhos redes de esgostos podem ser atingidos pelas raizes de algumas especies questotildees no tocante a pragas e animais que podem corroer o caule da vegetaccedilatildeo e provocar danos na sua estrutura ou ateacute mesmo queda sem que se perceba a tempo tal accedilatildeo entre outros pontos

Como exemplo aponta-se um caso que ocorreu durante o periacuteodo em que foram realizadas as observaccedilotildees das pesquisas nas praccedilas mais especificamente na Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula em que a Eritrina-brasileirinha uma aacutervore de meacutedio porte com folhagem muito ornamental chegando de 8 a 12m de altura com folhas verdes e amarelas estaria sendo atacada por algum tipo de praga e em consequecircncia deixava o cauletronco uacutemido e de aspecto pouco resistente como um desprendimento das ceacutelulas originando um aspecto fofo como pode ser observado na figura 9 a seguir

Figura 7 8 e 9 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

Verificou-se que nenhuma providencia foi efetivamente tomada e a aacutervore foi com o tempo perdendo suas

folhas secando ateacute o ponto de restar apenas os galhos sem vida momento em que se notaram as condiccedilotildees fiacutesicas dela e resolveram cortar seus galhos e depois tronco uma retirada da aacutervore por conta do risco que ela apresentava para as

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pessoas que circulavam pela praccedila e ao mesmo tempo para os patrimocircnios privados como lojas comercias carros motos situados proacuteximos agrave praccedila

Configuram-se algumas das realidades que podem ser vistas nos ambientes principalmente quando se fala de vegetaccedilatildeo ressaltando ser de suma importacircncia se pensar em um planejamento que envolva o manejo e tratamento necessaacuterios a manter as condiccedilotildees ambientais e fiacutesicas das aacutervores presentes nos espaccedilos livres puacuteblicos incluindo-se as escolas

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estes ldquoespaccedilos livres puacuteblicosrdquo os quais constituem em sua maioria importante representaccedilatildeo do verde urbano

das cidades principalmente das interioranas podem ser entendidos como redutos de condiccedilotildees ambientais mais afaacuteveis em detrimento da grande quantidade de equipamentos como preacutedios casas asfalto inerentes ao contexto urbano que via de regra alteram o equiliacutebrio tanto climaacutetico quanto paisagiacutestico do lugar provocando desconforto na populaccedilatildeo

Revela-se que todas as pessoas que foram alvo de entrevistas realizadas por meio de formulaacuterio misto e aquelas que se realizaram pelo diaacutelogo apontam semelhanccedilas quanto agrave maioria das pessoas que fizeram parte destes processos ou seja apontarem ser positiva a presenccedila das aacutervores nos dois objetos de estudo

Destacando-se a relevacircncia quanto agraves funccedilotildees desempenhadas pela vegetaccedilatildeo no ambiente apontando-se para suas benesses ecoloacutegicas culturais paisagiacutesticas entre outras E que a ldquonaturezardquo eacute revelada atraveacutes das praccedilas e tambeacutem nas escolas puacuteblicas quando apresenta e oferece vivencia nas aacutereas verdes urbanas

A manifestaccedilatildeo do verde urbano pode ser apresentada em diferentes espaccedilos e por conseguinte fazem uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo nos ambientes transformados pelo homem agraves cidades principalmente em Canhotinho-PE em que se pode observar a presenccedila arboacuterea em diferentes espaccedilos do municiacutepio e natildeo somente em espaccedilos como os aqui contemplados atraveacutes de praccedilas e escolas

A plantaccedilatildeo de algumas aacutervores natildeo resolveraacute todo o problema dos sistemas urbanos entretanto aparece como uma das possibilidades de se minimizar as dificuldades apresentadas no espaccedilo Cabe entatildeo investigar a relaccedilatildeo entre o verde das praccedilas e os equipamentos da cidade tendo em vista a necessidade de um manejo apropriado das espeacutecies arboacutereas Os entrevistados falam em seu discurso sobre a importacircncia da presenccedila da vegetaccedilatildeo nos espaccedilos urbanos quanto aos aspectos paisagiacutesticos social nas condiccedilotildees ambientais do tempo e de aspectos ecoloacutegicos Constituindo-se principalmente em elementos destacados como importantes benefiacutecios por vezes apontando a ligaccedilatildeo subjetiva e sentimento revelado do que representa estes espaccedilos livres para cada um

E para tanto se observa a necessidade que a Secretaria da Educaccedilatildeo junto agrave Secretaria ou responsaacutevel pela gestatildeo ambiental do municiacutepio a promoverem iniciativas quanto ao processo de arborizaccedilatildeo e possam criar projetos inserindo comunidade escolar para o temaacuterio criando quem sabe um plano ou programa de educaccedilatildeo ambiental que vise conscientizar a comunidade escolar e tambeacutem a populaccedilatildeo da cidade fazendo com que haja uma aproximaccedilatildeo para uma sensibilizaccedilatildeo quanto agraves questotildees ambientais

A populaccedilatildeo por sua vez poderia contribuir para tornar a cidade mais humanizada e com uma melhor qualidade de vida a partir de intervenccedilotildees que propotildee o elo afetivo com tal lugar Sendo uma das funccedilotildees importantes da arborizaccedilatildeo natildeo soacute o lazer e a esteacutetica paisagiacutestica do lugar mas tambeacutem a percepccedilatildeo de prazer calma lembranccedilas identificaccedilatildeo com os elementos dispostos na aacuterea entre outros

Contextualizando assim a presenccedila de aacutervores em tais ambientes contribui na reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar e sonora trazendo assim para perto dos alunos um bem estar e um contado mais direto com a natureza Aprendendo a ter de cuidar do meio em que vivem e percebendo a importacircncia de tal atitude quando se toma consciecircncia das influencias provocadas pela relaccedilatildeo existente entre o homem no meio em que vive

Para isso as observaccedilotildees realizadas e que ainda se faratildeo intenciona apontar e mostrar para tais instituiccedilotildees a importacircncia da arborizaccedilatildeo e seus benefiacutecios e com isso conscientizar as entidades escolares para que ao longo deste percurso de estudo possam gestores ou responsaacuteveis introduzir uma aacuterea livre em sua escola para vegetaccedilatildeo favorecendo dessa forma um ambiente mais agradaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico paisagiacutestico e cultural

60- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Os estudos realizados satildeo uma pequena iniciativa e traz um esboccedilo sobre o olhar geograacutefico com um objeto de estudo que natildeo eacute muito utilizado pelos profissionais da aacuterea ou seja uma praccedila como manifestaccedilatildeo da natureza ndash a vegetaccedilatildeo ndash ainda presente ou a volta desta para a cidade como subsidio para se compreender as suas distintas funccedilotildees desempenhados na malha urbana E que assim como um espaccedilo puacuteblico livre pode revelar distintas percepccedilotildees quanto ao uso e ocupaccedilatildeo realizados pelas pessoas bem como os elementos presentes em cada espaccedilo que se revelam sendo pois um objeto de estudo de outros estudiosos mas que se revelam como uma promissora perspectiva do ambito geograacutefico

Abrangendo ainda o ambiente interno de patrimocircnios puacuteblicos ou privados no caso as escolas municipais de Canhotinho-PE como parte da curiosidade de compreender as visotildees que as pessoas tecircm em relaccedilatildeo a composiccedilatildeo arboacuterea presente em distintos espaccedilos

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismoe sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

______ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

BENINI Sandra Medina Aacutereas verdes puacuteblicas Mini-curso In VII Foacuterum Ambiental da Alta Paulista Tupatilde SP 2011

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62- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE

JUPI-PE

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Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

Na vida moderna o contato Fiacutesico com o proacuteprio meio ambiente natural eacute cada vez mais indireto e limitado a ocasiotildees especiais

Yi-Fu Tuan (1980 p 110)

Nos centros urbanos a vegetaccedilatildeo tem diversas funccedilotildees no ambiente Nas cidades pode-se identificar facilmente as diferenccedilas que existem entre as aacutereas arborizadas e aquelas desprovidas de vegetaccedilatildeo pois os locais arborizados tornam-se mais agradaacuteveis aos olhos do ser humano proporcionando um bem-estar segundo Yi-Fu Tuan (1980 p 7) ldquoA visatildeo humana como de outros primatas evoluiu em um meio arboacutereo ()rdquo Sendo assim a arborizaccedilatildeo tem um importante papel quando se fala no bom-humor do homem Por sua vez Gomes (2005 p57) completa falando que as aacutereas verdes ldquodo ponto de vista psicoloacutegico e social influencia o estado de acircnimo dos indiviacuteduos massificados com o transtorno das grandes cidadesrdquo O autor afirma tambeacutem que a vegetaccedilatildeo oferece outros benefiacutecios como por exemplo ldquoregula a umidade e temperatura do ar mantem a permeabilidade fertilidade e umidade do solo e protege-o contra a erosatildeo e reduz os niacuteveis de ruiacutedos servindo como amortecedor do barulho das cidadesrdquo

Geralmente as cidades natildeo possuem um preacutevio planejamento de arborizaccedilatildeo em virtude desse tipo de atitude e acabam adquirindo um manejo incorreto na hora de plantar uma aacutervore com essa pratica ela acaba natildeo conseguindo apresentar seus benefiacutecios e sim muitos problemas Para obter os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio um planejamento adequado pois as necessidades urbanas envolvem uma avaliaccedilatildeo esteacutetica econocircmica psicoloacutegica entre outras Pois mesmo as cidades que se adequam a um planejamento estatildeo sujeitas no futuro a necessitar de ajustes Tomando-se como referencia Dantas e Souza (2004) os mesmos dizem que o ato de planejar a arborizaccedilatildeo eacute fundamental para o desenvolvimento urbano pois dessa forma evita prejuiacutezos para o meio ambiente

E foi devido aos muacuteltiplos benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para o meio ambiente e sociedade que o municiacutepio de Jupi-PE adotou um planejamento adequado para a cidade o que contribuiu bastante para a educaccedilatildeo ambiental da populaccedilatildeo

1 PRINCIacutePIO DA PRAacuteTICA DE ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Durante muito tempo observou-se a aacutervore apenas como um fator esteacutetico da paisagem assim sendo sempre observada de um modo individual e natildeo coletivo ela natildeo passava de mais um elemento que integrava o cenaacuterio observado Do mesmo modo que a superfiacutecie da terra eacute vista de diferentes formas pois cada indiviacuteduo tem sua percepccedilatildeo em observar os elementos que o rodeia A respeito da visatildeo diversificada que existe quanto ao modo de ver a superfiacutecie da terra Yi-Fu Tuan (1974 p 6) diz que ldquosatildeo as mais variadas agraves maneiras como as pessoas percebem e

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avaliam essa superfiacutecie Duas pessoas natildeo veem a mesma realidade Nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avaliaccedilatildeo do meio ambienterdquo

No entanto para entender o contexto de arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio que se observe aleacutem do colorido que se produz deve-se observa-la de uma forma sistecircmica para que se possa entender todos os seus valores

Ao escolher uma aacutervore para compor a paisagem urbana natildeo se deve apenas atentar para a beleza que ela proporciona para a cidade mas se faz necessaacuterio se ater para o fator ecoloacutegico que ela desempenha no meio ambiente Desse modo a aacutervore eacute um elemento da paisagem que traz consigo diversos benefiacutecios para o meio ambiente entre eles para o microclima da regiatildeo e para a reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar

Em contrapartida a arborizaccedilatildeo urbana sem um devido planejamento proporciona diversos conflitos na estrutura urbana como por exemplo a pressatildeo exercida pelas raiacutezes nas calccediladas podem provocar rachadurase especificamente arvores de grande porte quando plantadas em calccediladas podem prejudicar a visibilidade de placas de tracircnsitofavorecendo riscos de acidentes Para erradicar tais problemas entre tantos outros e visando os benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para a cidade a Prefeitura Municipal da cidade de Jupi-PE em 2011 aprovou um projeto de Educaccedilatildeo Ambiental que ficou conhecido por ldquoProjeto Meio Ambienterdquo

2 REFLEXOS DA ADOCcedilAtildeO DA ARBORIZACcedilAtildeO NA CIDADE DE JUPI-PE

Desde a implantaccedilatildeo do projeto ateacute os dias atuais o municiacutepio de Jupi-PE vem apresentado vaacuterios resultados positivos pois representou para a cidade uma grande evoluccedilatildeo no sentindo ambiental Uma vez que existiu e existem discussotildees junto agrave populaccedilatildeo para a conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente palestras realizadas nas escolas municipais da cidade (figura 1 e 2) levando informaccedilotildees sobre educaccedilatildeo ambiental para as crianccedilas fazendo com que elas tenham uma noccedilatildeo do impacto que causam ao meio ambiente quando jogam lixo de forma inadequada ou destroem uma planta movimentaccedilotildees como campanhas na zona rural e urbana do municiacutepio incentivando a populaccedilatildeo para a arborizaccedilatildeo fazendo doaccedilotildees de mudas de arvores (figura 3) e ajudando na sua plantaccedilatildeo para serem cultivadas nos quintais calccediladas e jardins da comunidade e assim aumentando a mancha verde da cidade

Figura 1 Palesta de Educaccedilatildeo Ambiental na Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima

Fonte Paacutegina no Facebook ANDUHS 2013

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Figura 2 Desfile da Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima nas ruas da cidade em comemoraccedilatildeo ao dia do meio ambiente

Fonte Paacutegina no facebook JG viacutedeo Locadora 2013

Figura 3 Doaccedilotildees de mudas de aacutervores para a populaccedilatildeo de Jupi-PE

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

Figura 4 Prefeita Celina Maciel e os voluntaacuterios do projeto Meio Ambiente comemorando o dia do Meio Ambiente em 07072013

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Na figura 4 acima eacute possiacutevel observar o engajamento da prefeita Celina Tenoacuterio de Brito Maciel para a melhoria da cidade a mesma saiu nas ruas de Jupi juntamente com os voluntaacuterios que trabalham para uma melhor qualidade de vida atraveacutes da arborizaccedilatildeo No quadro 1 a seguir estatildeo exemplificadas algumas das espeacutecies de aacutervores que foram distribuiacutedas para a populaccedilatildeo

Nome comum Nome cientiacutefico

Nim Azadirachta indica A Juss

Palmeira imperial Roystoneaooleracea

Ipecirc roxo Handroanthusimpetiginosus

Ipecirc amarelo Tabebuia chrysotricha

Ipecirc branco Tabebuia roseo-alba

Canafistula Cassia leptophylla

Castanhola Terminaliacatappa

Jambo Sysygiummalaccense

Algaroba Prosopisjuliflora

Carambola Averrhoa carambola

Pau-Brasil Caesalpiniaechinata

Eucalipto Eucalyptus globulus Labill

Acaacutecia Amarela Acaciapodalytifolia

Quadro 1 Nomes comuns e cientificos de algumas das espeacutecies de arvores distribuiacutedas na cidade de Jupi-PE

Analisando-se o quadro 1 pode-se observar que as espeacutecies que foram distribuiacutedas satildeo na sua maioria aacutervores exoacuteticas e percebe-se que natildeo foi dada preferencia para as nativas No entanto mesmo existindo a preferecircncia por espeacutecies estrangeiras verifica-se que as praticas de arborizaccedilatildeo estatildeo funcionando na cidade contribuindo tambeacutem para o seu visual assim conseguindo adquirir mais credibilidade abrilhantando-seaos olhos dos seus visitantes e da populaccedilatildeo jupiense

As figuras 5 e 6 a seguir mostram algumas das calccediladas da cidade que receberam algumas das aacutervores

Figura 5 Castanholas (Terminaliacatappa) plantadas nas calccediladas da Rua Joseacute Correia de Lima

Fonte Leticia Oliveira 2013

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Figura 6 Aacutervores diversas plantadas na calccedilada do Foacuterum de Jupi localizadas na Rua Antocircnio Pereira Braga Fonte Leticia Oliveira 2013

A figura 7que se seguem nos mostra a evoluccedilatildeo do Hospital Municipal de Jupi que antes era um Posto de Higiene

mas o quese quer destacar satildeo as aacutervores que foram plantadas na sua frente no trancorrer dos anos fazendo com que o mesmo receba um olhar diferenciado pela sua valorizaccedilatildeo esteacutetica

Figura 7 A influecircncia do verde na evoluccedilatildeo frontal do Hospital Municipal de Jupi Fonte Leticia Oliveira 2013

3 HISTOacuteRIA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Os espinhos chamados pelos nativos de yupi que significa espinho agudo deu origem ao nome do municiacutepio de Jupi que como povoado pertenceu ao municiacutepio de Brejo da Madre de Deus jaacute na categoria de distrito passou a

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pertencer a outro municiacutepio denominado de Satildeo Bento do Una depois passou ao municiacutepio de Canhotinho a seguir ao municiacutepio de Palmeirina e por uacuteltimo ao municiacutepio de Angelim8

Nos meados do seacuteculo XVI o portuguecircs Antocircnio Vieira de Melo desterrado de Portugal para o Brasil por ordem da Coroa desembarcou em Salvador e foi deportado pelo governo da eacutepoca para o interior do Estado penetrando pelas matas Depois de vaacuterios meses foi ter em taba de iacutendios no Estado de Alagoas onde hoje estaacute localizada a cidade de Uniatildeo dos Palmares Em pouco tempo conseguiu a simpatia e confianccedila dos iacutendios Atingiu o planalto de Garanhuns na Capitania de Pernambuco cujo donataacuterio na eacutepoca era Duarte Coelho Pereira Dali embrenhou-se nas matas vindo ter ao sopeacute de uma serra onde havia abundante aacutegua boa e bastante caccedila onde tambeacutem elementos da mesma tribo de origem tinham feito uma aldeia nas proximidades de uma fonte por eles denominada Olho Daacutegua de Yu-py As malocas desta aldeia iacutendios Caeteacutes tribo que tinha como idioma o Tupi foram feitas e cobertas com folhas das palmeiras nativas do local que os iacutendios denominaram de Ouricury

Deste ponto Antocircnio Vieira de Melo resolveu ir agrave Bahia pedindo ao chefe da tribo dois iacutendios de sua confianccedila para seremseus companheiros de viagem Laacute chegando foi bem recebido pelo governador da Bahia relatando ao mesmo todos os acontecimentos Em troca solicitou o fornecimento de ferramentas e sementes para o cultivo da terra feacutertil do Olho Daacutegua de Yu-py Voltando agrave Bahia a fim de prestar contas ao governador do que havia feito e resultado obtido desviou-se da rota traccedilada para viagem tomando-se entatildeo prisioneiro com seus companheiros de uma tribo canibal sendo todos amarrados estando agrave fogueira acesa onde seria ele e seus companheiros assados vivos Antocircnio Vieira de Melo recorreu agrave Virgem Santiacutessima do Rosaacuterio prometendo que se fosse salvo com seus companheiros buscaria a sua imagem em Portugal e com os iacutendios ergueriauma capela em sua honra na localidade Olho DAacutegua de Yu-py cingindo sua fronte com uma coroa de ouro maciccedilo Satildeo e salvo Antocircnio Vieira de Melo cumpriu sua promessa trazendo a imagem que ficou sendo venerada em Jupi (PREFEITURA MUNICIPAL DE JUPI sd)

Ao longo de sua historia o municiacutepio recebeu nomes como Olho Daacutegua de Yu-py Jupy mas foi somente em 1948 que houve alteraccedilatildeo para Jupi atraveacutes da Lei Estadual nordm 421 de 31 de dezembro de 1948 Sua emancipaccedilatildeo no entanto se deu em 1958 pelo entatildeo deputado Joatildeo Calado Borba quando foi apresentada agrave Assembleia Estadual a proposta de emancipaccedilatildeo de Jupi do municiacutepio de Angelim Assim deu-se a aprovaccedilatildeo da Lei nordm 3331 de dezembro de 1958

O municiacutepio se localiza na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do Semiaacuterido pernambucano e encontra-se inserido no Planalto da Borborema apresentando relevo suave e ondulado Eacute uma cidade que se localiza em uma aacuterea de transiccedilatildeo entre os biomas da Caatinga e Mata Atlacircntica apresenta vegetaccedilatildeo (figura 8) composta por subcaducifoacutelica e caducifoacutelica Jupi encontra-se nos domiacutenios das bacias hidrograacuteficas (figura 9) dos rios Mundauacute e Una e tem como principais tributaacuterios os rios da Chata e do Retiro e os riachos do Estreito e Volta do Rio

8 IBGE ndash Disponiacutevel emhttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historico Acesso em 13 jan 2014)

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Figura 8 Mapa de vegetaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi

Fonte Adaptado por Samuel Othon 2013

Figura 9 Mapa da Hidrografia de Jupi-PE

Fonte adaptada Samuel Othon 2013

Mostra-se tambeacutem o mapa de localizaccedilatildeo da cidade de Jupi-PE no estado de Pernambuco (figura 10) e as fotos da antiga Praccedila do Rosaacuterio e como ela se encontra atualmente (Figuras 12 e 13)

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Figura 10 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi-PE

Fonte adaptada por Leticia Oliveira 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes (figura 11) satildeo Satildeo Bento do Una ao norte Jucati ao oeste Satildeo Joatildeo e Angelim ao sul e

Calccedilados ao Leste O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Figura 11 Mapa dosmuniciacutepios limiacutetrofes

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Figura 12 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE antigamente

Fonte Google 2013

Figura 13 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE atualmente

Fonte Google 2013 4 FORMACcedilAtildeO ADMINISTRATIVA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Em divisatildeo administrativa referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Jupy pela lei estadual nordm 1931 de 11 de setembro de 1931 eacute criado o novo municiacutepio de Angelim passando o distrito de Jupy a pertencer ao municiacutepio de Angelim

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Na divisatildeo referente ao de 1933 o distrito de Jupy figura no municiacutepio de Angelim pela lei estadual nordm 421 de 31-12-1948 o distrito de Jupy teve sua grafia alterada para Jupi

Em divisatildeo territorial datada de 01 de setembro de 1950 o distrito de Jupi figura no municiacutepio de Angelim e assim permanecendo ate 01 julho de 1955 Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Jupi pela Lei Estadual nordm 3331 de 31 de dezembro de 1958 quando desmembrado de Angelim Aleacutem da sede no antigo distrito de Angelim constituem-se mais dois distritos Jupi e Jucati ex-Pindorama Desmembrado de Angelim Instalado em 11 de marccedilo de 1962

Com a separaccedilatildeo datada de 31 de dezembro de 1963 o municiacutepio fica constituiacutedode 2 distritos Jupi e Jucati e pela Lei Municipal nordm 97 de 13 de marccedilo 1968 eacute criado o distrito de Neves o qual eacute anexado ao municiacutepio de Jupi

Na desagregaccedilatildeo datada de 01 de janeiro 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo de 3 distritos Jupi Jucati e Neves Mas pela Lei Estadual nordm 10624 de 01 de janeiro 1991 desmembra-se do municiacutepio de Jupi os distritos de Jucati e Neves para formar o novo municiacutepio de Jucati com aacuterea acrescida pelo povoado de Neves

Em divisatildeo territorial datada de 01 de junho de 1995 o municiacutepio fica constituiacutedo do distrito sede apenas assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 20059 5 JUPI UM DOS MAIORES PRODUTORES DE FARINHA DE MANDIOCA DO AGRESTE PERNAMBUCANO

A mandioca eacute uma planta de origem sul-americana cultivada desde a antiguidade pelos povos nativos desse continente Oriunda de regiatildeo tropical encontra condiccedilotildees favoraacuteveis para seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais

De modo geral o plantio deve ser feito no iniacutecio da estaccedilatildeo chuvosa quando a umidade e o calor tornam-se elementos essenciais para a brotaccedilatildeo enraizamento e estabelecimento das plantas no campo Em decorrecircncia da grande extensatildeo territorial do Brasil e das diferenccedilas regionais de clima e solo o plantio da mandioca ocorre em diferentes eacutepocas10

Assim por sua facilidade de adaptaccedilatildeo e grande aproveitamento a mandioca tornou-se para Jupi um das maiores fontes de renda embora os produtores de farinha de mandioca da regiatildeo natildeo tenham rentabilidade adequada Uma vez que o aproveitamento dessa planta eacute totalizado em quase cem por cento pois seu caule (maniva) serve de raccedilatildeo para animais e como semente sua raiz a mandioca eacute para a fabricaccedilatildeo de farinha feacutecula ou amido mandioca de mesa (aipim macaxeira) e a casca da mandioca tambeacutem eacute utilizada como alimentaccedilatildeo para animais aleacutem do liquido que eacute extraiacutedo da prensagem da mandioca (manipueira) na hora da fabricaccedilatildeo da farinha

No entanto Jupi por produzir uma alta quantidade de farinha de mandioca acaba por poluir bastante o meio ambiente pois a manipueira conteacutem aacutecido cianiacutedrico que possui um altiacutessimo grau de toxidez e inflamabilidade Quando esse liquido eacute jogado a ceacuteu aberto traz inuacutemeros prejuiacutezos Nesse pensamento Oliveira Silva et al completam

Muitos produtores despejam a manipueira de forma concentrada e em grande quantidade a ceacuteu aberto ou em cursos dacuteaacutegua agredindo assim o meio ambiente com elevada carga de mateacuterias orgacircnicas e aacutecido cianiacutedrico (OLIVEIRA SILVA et al 2013p 1)

Aleacutem de poluir o meio ambiente estaacute tambeacutem desperdiccedilando um liquido riquiacutessimo porque a manipueira eacute reutilizaacutevel de diversas formas como apontam os autores jaacute citados

Para que a manipueira deixe de ser um veneno e se transforme em um complemento alimentar seguro basta submetecirc-la agrave fermentaccedilatildeo anaeroacutebica O aacutecido cianiacutedrico considerado venenoso evapora e resta a manipueira pronta para servir de complemento alimentar para o gado Constitui-se ainda agrave fabricaccedilatildeo de tijolos e a produccedilatildeo do bioetanol misturada com oacuteleo de mamona ela pode ser usada tambeacutem no controle de carrapatos (OLIVEIRA SILVA et al p 1 2013)

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A zona urbana da cidade de Jupi conta com cinco casas de farinha consideradas de grande porte e dezenas na zona rural Sendo assim a economia da cidade eacute baseada na fabricaccedilatildeo da farinha pois uma boa parcela da populaccedilatildeo trabalha nessas fabricas Em 2011 aconteceu a FEMUPE- Festas dos municiacutepios de Pernambuco e o municiacutepio de Jupi foi apresentado como ldquoTerra da farinha de mandiocardquo ( figura 14)

Figura 14 Representaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi como sendo um forte produtor da farinha de mandioca na FEMUPE 2011 Fonte Site prefeitura de Jupi

6 POPULACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Com o passar dos anos o municiacutepio de Jupi teve uma diminuiccedilatildeo na sua populaccedilatildeo a tabela a baixo especifica esse decliacutenio

ANO JUPI PERNAMBUCO BRASIL

1991 19865 7127855 146825475

1996 11606 7361368 156032944

2000 12329 7918344 169799170

2007 13628 8485386 183987291

2010 13705 8796448 190755799

Fonte IBGE Censo Demograacutefico 1991 Contagem Populacional 1996 Censo Demograacutefico 2000 Contagem Populacional 2007 e Censo Demograacutefico 2010

7 PRAacuteTICAS PARA UM PLANEJAMENTO DE ARBORIZACcedilAtildeO URBANA

Retomando-se a questatildeo da arborizaccedilatildeo tem-se queum planejamento adequado para a inserccedilatildeo de aacutereas verdes nas zonas urbanas dos municiacutepios deve por principio respeitar os valores culturais e ambientais da cidade Tem que ser devidamente bem elaborado e estudado pois pode trazer prejuiacutezos para a populaccedilatildeo em vez de benefiacutecios Uma vez que

74- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo estatildeo condicionados ao seu planejamento esse tipo de procedimento eacute importante independentemente do porte da cidade

Os habitantes de uma cidade bem arborizada percebem e valorizam os benefiacutecios ambientais sociais paisagiacutesticos e patrimoniais proporcionados pelas as arvores e pelos espaccedilos verdes existentes mas natildeo abrem matildeo de serviccedilos puacuteblicos de qualidade como o acesso contiacutenuo a energia eleacutetrica aacutegua ou telefonia (MANUAL DE ARBORIZACcedilAtildeO 2011 p 4)

Quando se trata de arborizaccedilatildeo Sinvinskas (1999 p 1) define que o ato ou efeito de arborizar ldquoArborizar por seu turno eacute plantar ou guarnecer de arvoresrdquo Mas o planejamento da arborizaccedilatildeo na aacuterea urbana passa pelo processo da escolha da arvore a ser plantada ou seja da arvore certa para o lugar certo levando em consideraccedilatildeo os processos cientiacuteficos e teacutecnicos para seu estabelecimento em curto meacutedio e longo prazo Santos (2001 2002) considera que a arborizaccedilatildeo em locais privados como jardins e quintais tambeacutem fazem parte da paisagem urbana afirma que

Em suma toda vegetaccedilatildeo ou arvore isolada quer que seja publica ou particular ou de qualquer forma de disposiccedilatildeo que exista na cidade constitui a ldquomassa verde urbanardquo por consequecircncia a sua aacuterea verde Aliaacutes haacute divergecircncias ateacute quando a forma de obter o iacutendice aacuterea verdehabitante pois alguns utilizam em seus caacutelculos somente as aacutereas publicas enquanto outros toda a ldquomassa verderdquo da cidade Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as publicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo ( SANTOS 2001 2002 p 1 e 2)

A arborizaccedilatildeo pode ser implantada em diversos ambientes como parques praccedilas ruas calccediladas jardins entre outras localidades No entanto existem diferenccedilas entre esses locais na hora de se plantar Nos parques a escolha quanto ao porte da aacutervore eacute mais flexiacutevel comparada a outros locais pois possuem bastante espaccedilo para as raiacutezes e copas de arvores de grande porte jaacute nas ruas e calccediladas existem mais restriccedilotildees requer mais cuidado por existir a presenccedila de fiaccedilatildeo aeacuterea e subterracircnea asfaltamento a infraestrutura da calccedilada tem que ser observada porque com o passar do tempo pode vir a danifica-la e no caso da arvore caducifoacutelia pode causar o entupimento das calhas e redes de esgoto vindo a poluir as vias puacuteblicas devido ao excesso de folhas caiacutedas

Quando o planejamento do plantio de arvores nas calccediladas natildeo eacute bem elaborado elas sofrem um impacto ambiental muito grande ou seja quebra de galhos podem morrer por falta de aacutegua podas incorretas Essas agressotildees prejudicam o ciclo de vida da aacutervore provocando o seu envelhecimento precoce

Quanto aos jardins De Angelis em Lonboda relatam que

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constituem-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A principio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LONBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Completando o pensamento sobre jardins Chaves (2012) diz que

Logo o jardim se constitui em aacuterea de casa destinada ao cultivo do verde com caracteriacutesticas arboacutereas ou natildeo com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais o que exige a atenccedilatildeo e cuidados especiais resultando em gastos para a sua manutenccedilatildeo (CHAVES p 635 2012)

No entanto a melhor forma de planejar a arborizaccedilatildeo de uma cidade eacute primeiro levantar as caracteriacutesticas fiacutesicas dos locais onde seratildeo plantadas as aacutervores para depois definir os criteacuterios da escolha da espeacutecie para cada regiatildeo soacute posteriormente levantar a espeacutecie a ser plantada Tem-se que observar tambeacutem a melhor espeacutecie que se adequa aos termos paisagiacutesticos do local considerar os limites fiacutesicos e bioloacutegicos que o local impotildee ao crescimento da arvore e analisar quais espeacutecies seriam mais adequadas para melhorar o microclima e outras condiccedilotildees ambientais daquela localidade Um exemplo de arborizaccedilatildeo (figura 15) no municiacutepio de Jupi-PE

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 75

Figura 15 Palmeiras Imperiais plantadas no canteiro da Br 423 na cidade de Jupi-PE

Fonte Leticia Oliveira 2013

Percebe-se claramente a opccedilatildeo feita por palmeiras imperiais que satildeo na realidade exoacuteticas Esse fato reforccedila a

ideia que se tem inclusive na literatura de que a vegetaccedilatildeo nativa natildeo apresenta qualquer tipo de beleza mas que por outro lado esta associada ao atraso falta de desenvolvimento e por que natildeo dizer ao estado de pobreza Almeja-se entatildeo que o bioma caatinga principal representante das zonas fisiografias do Agreste e do Sertatildeo seja visto de uma forma mais positiva e assim contribuir para a promoccedilatildeo de seu estudo dirigido ao paisagismo publico e particular

A importacircncia da arborizaccedilatildeo nos centros urbanos

As aacutervores satildeo a maior forma de vida existente no planeta presentes em praticamente todos os continentes Apresentam alto grau de complexidade e de adaptaccedilotildees agraves condiccedilotildees do meio permitindo sua convivecircncia em diversos ambientes incluindo as cidades (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) 2011 p 11)

A maioria da populaccedilatildeo reside nos centros urbanos que se caracterizam pelas construccedilotildees civis que a cada ano vem crescendo Com o crescimento das cidades consequentemente haacute alteraccedilotildees no clima como a intensidade da radiaccedilatildeo solar a temperatura a umidade relativa do ar a precipitaccedilatildeo entre outros fatores que alteram o conforto da populaccedilatildeo

Os aspectos ambientais das aacutereas verdes estatildeo interligados ao se ter ou adquirir um planejamento de arborizaccedilatildeo na cidade As aacutervores purificam o ar esse eacute um dos seus principais benefiacutecios Pois a poluiccedilatildeo do ar eacute um dos maiores transtornos dos grandes centros urbanos Neste sentido a arborizaccedilatildeo urbana consiste no plantio de aacutervores nas aacutereas livres tornando-se assim uma possibilidade de minimizar os aspectos negativos do avanccedilo das cidades

Os benefiacutecios gerados pelas aacutereas verdes vatildeo aleacutem da recreaccedilatildeo para a populaccedilatildeo e seus valores esteacuteticos suas funccedilotildees excedem amplamente essas funccedilotildees Amenizam os aspectos ambientais adversos tambeacutem eacute importante sob os aspectos histoacutericos culturais esteacuteticos paisagiacutesticos assim contribuindo para

A melhoria da qualidade do ar Reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo Evita a erosatildeo do solo Direcionamento do vento Formaccedilatildeo de barreiras visuais proporcionando privacidade O embelezamento da cidade A melhoria fiacutesica e mental da populaccedilatildeo O aumento do valor das propriedades

76- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Podem-se observar os benefiacutecios das aacutervores no seu sentido histoacuterico cultural nas imagens a seguir (figuras 16 e

17)

Figura 16 Aacutervores histoacutericas do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atual Academia da Cidade de Jupi

Fonte Paacutegina no Facebook JG viacutedeo locadora

Figura 17 Antes local do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atualmente (2014) Academia da Cidade

Fonte Leticia Oliveira 2013

Entatildeo pode-se assim afirmar que aleacutem de tudo as aacutervores possuem valores centenaacuterios que contribuem para a

histoacuteria da cidade Pois mesmo passando-se anos as mesmas aacutervores continuam nos lugares de sempre perpassando pela a vida de centenas de moradores e visitantes da cidade Enfatizando-se os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo para os centros urbanos Souza et al diz que

Natildeo haacute duvidas de que a arborizaccedilatildeo urbana eacute um instrumento eficaz para minimizar os impactos negativos dos centros urbanos defender o meio ambiente como um direito comum natildeo deve ser apenas uma iniciativa de militantes mas uma obrigaccedilatildeo do governo e da sociedade (SOUZA et al 2006 p 66)

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Aleacutem disso arborizaccedilatildeo urbana eacute caracterizada principalmente pelos elementos de porte arboacutereo em parques calccediladas de vias puacuteblicas e jardins sem serem denominadas e entendidas Aacutereas de preservaccedilatildeo Permanente (APP) e podem ser divididas em aacutereas verdes de uso puacuteblico (lazer) e particular

As aacutervores e as aacutereas verdes urbanas tornam-se importantes para a preservaccedilatildeo do meio ambiente o que aumenta sua importacircncia para a coletividade agregando-lhe o fator ecoloacutegico 8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute evidente a importacircncia de um planejamento de arborizaccedilatildeo na zona urbana mas os municiacutepios ainda possuem uma enorme deficiecircncia quanto a esse processo Infelizmente a preocupaccedilatildeo de quem planeja estaacute centrada em caracteriacutesticas socioeconocircmicas deixando de lado a importacircncia dos elementos naturais

Portanto eacute necessaacuterio que existam algumas medidas a serem tomadas pelos gestores das cidades pois a arborizaccedilatildeo eacute vital para a cidade e para o meio ambiente Satildeo inuacutemeras suas contribuiccedilotildees uma delas eacute para melhorar o clima e sobretudo a qualidade de vida Atraveacutes de pesquisas realizadas com a populaccedilatildeo jupiense foi possiacutevel observar que as praacuteticas educacionais implantadas na cidade tiveram um importante papel foi possiacutevel perceber que a populaccedilatildeo obteve oportunidades para aprimorar seus conhecimentos sobre Educaccedilatildeo Ambiental neste contexto a arborizaccedilatildeo foi a que mais se destacou por que contribuiu tambeacutem para a mudanccedila visual do municiacutepio REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

CHAVES Ana Maria Severo AMADOR Maria Betacircnia Delineamento do verde existente em quintais jardins e calccediladas correntes-PE Anais do III SPGEO Natal ISSN 2178-8804 2012

CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) Manual de arborizaccedilatildeo Belo Horizonte CemigFundaccedilatildeo Biodiversitas 2011 Disponiacutevel em lt wwwcomigcombrManual-Arborizaccedilatildeo-Cemig-biodiversidadepdgt acesso em 28 dez 2013

DANTAS I C SOUZA C M C Arborizaccedilatildeo urbana na cidade de Campina Grande-PB Inventaacuterio e suas espeacutecies Revista de Biologia e ciecircncias da Terra Universidade da Praiacuteba Campina Grande 2004

EMBRAPA-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Mandioca e Fruticultura Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso em 22 jan 2014

GOMES Marcos Antocircnio Silvestre As praccedilas de Ribeiratildeo Preto-SP uma contribuiccedilatildeo geograacutefica ao planejamento e agrave gestatildeo dos espaccedilos puacuteblicos 204 f 2005 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal de Uberlacircndia Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Geografia Uberlacircndia 2005

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica IBGE cidades Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrasufphplang=ampcoduf=26ampsearch=pernambucogt Acesso em 13 jan 2014

LOBODA C R ANGELIS B L de Aacutereas verdes puacuteblicas conceitos usos e definiccedilotildees Revista Ambiecircncia Guarapuva-PR2005Disponivel emlthttpwwwrevistaunicentrobrindexphpambieenciaarticledownload185gt Acesso em 01 dez 2013

78- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

OLIVEIRA L F D SILVA A M AMADOR Maria Betacircnia Moreira Impactos ambientais e sociais acarretados pelo mau armazenamento da manipueira In IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista 2013 TupatildeSP Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP ANAP 2013 v 9 p 189-192

PENA-VEGA Alfredo O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

Prefeitura Municipal de Jupi Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwjupipegovbrgt acesso em 28 dez 2013

SANTOS S R Arborizaccedilatildeo urbana consideraccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwautimaarcadenoecombrgt acesso 20 dez 2013

SOUZA I M C de PALMERIM M S S CANTUAacuteRIA P de C Diagnoacutestico da arborizaccedilatildeo de praccedilas puacuteblicas do municiacutepio de Macapaacute-AP Brasil Macapaacute MMES 2006 TCC (Trabalho de Conclusatildeo de Curso em Engenharia Florestal Tropicais) 66 p 2006 Idem p 70

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA

VEGETACAO DE ALGUMAS

AVENIDAS E PARQUES DE

GARANHUNS ndash PE

80- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e

Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns

[]

Marciacutelio L Renaux (1979 p 96)

1 PAISAGEM ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E GEOGRAFIA

Os conceitos de uma maneira geral geram interpretaccedilotildees distintas de acordo com a perspectiva intelectual do pesquisador e seu aporte teoacuterico de conduccedilatildeo dos trabalhos e pesquisas Em termos do conceito de paisagem aleacutem de ser uma categoria de anaacutelise da Geografia eacute um termo que se aplica em inuacutemeros contextos e nesse caso especifico mescla-se com os inerentes a Arquitetura Urbanismo e Geografia

No acircmbito geograacutefico toma-se o conceito de Paisagem Integrada desenvolvido nas ultimas deacutecadas como assinala Guerra Marccedilal (2009 102) ou seja ldquoa perspectiva de anaacutelise integrada do sistema natural e a inter-relaccedilatildeo entre os sistemas naturais sociais e econocircmicos vecircem dando um novo redirecionamento e interpretaccedilatildeo ao conceito de paisagemrdquo

Admite-se que conceitualmente a arborizaccedilatildeo urbana pode ser entendida como um conjunto de vegetaccedilatildeo arboacuterea e arbustiva distribuiacuteda nas vias puacuteblicas de uma cidade na qual a presenccedila da vegetaccedilatildeo exerce influecircncia positiva tanto no bem estar dos habitantes em geral como nos transeuntes

Em consonacircncia a questatildeo que se apresenta pode ser enquadrada na Geografia Ambiental a qual tem a interdisciplinaridade e o sistecircmico intriacutenseco agrave sua essecircncia

Entre as temaacuteticas que a Geografia aborda estaacute o contexto urbano e sua preocupaccedilatildeo com o espaccedilo geograacutefico Atraveacutes da anaacutelise da produccedilatildeo geograacutefica podemos reconstruir os caminhos percorridos para o entendimento do urbano e da cidade e assim construir um quadro que nos leve a compreender essa produccedilatildeo

A abordagem dos estudos sobre o espaccedilo urbano consiste em entender o seu significado procurando defini-lo atraveacutes de suas caracteriacutesticas demograacuteficas de sua morfologia de suas funccedilotildees e do seu papel econocircmico e social Considera-se dessa forma o estudo do espaccedilo urbano como o estudo da cidade (AZEVEDO 2012)

Sabe-se ainda que o espaccedilo urbano pode ser entendido como uma produccedilatildeo social e como tal eacute um produto histoacuterico pois eacute resultado de accedilotildees acumuladas atraveacutes do tempo e ao mesmo tempo eacute realidade presente e imediata

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Como resultado da dinacircmica social de determinada sociedade que ao reproduzir-se atraveacutes de um determinado modo de produccedilatildeo imprime na paisagem urbana as marcas correspondentes (SILVEIRA 2003 p 25)

Como visto a Geografia eacute uma das ciecircncias que oferece pensar a paisagem De acordo com (SILVA 2002 p 73) ldquoCostuma-se reduzir a paisagem agrave anaacutelise do visiacutevel Sabemos que algumas realidades escapam agrave visatildeo mas cabe ao geoacutegrafo perceber na paisagem fatos da subjetividade e da cultura assim como as estruturas sociaisrdquo

Nesse acircmbito as aacutervores influenciam em todo um desenho dinacircmico que se estabelece no espaccedilo A paisagem passa a representar a teia que envolve a vida com o cotidiano reforccedilando a ideia de uno Nesse ir e vir fragmenta-se para envolver uma gecircnese de atitudes e condutas movimentos ritmos formando sub-paisagens externando as fragmentaccedilotildees vivenciadas sob diferentes tempos Paisagem que reflete a dureza a labuta ao mesmo tempo em que expotildee os sonhos os devaneios das experiecircncias e percepccedilotildees dos transeuntes comerciantes e residentes Mello aborda que

Ao associar as transformaccedilotildees na paisagem em decorrecircncia de seu uso urbano e comprometimento ambiental tornam-se visiacuteveis elementos como a localizaccedilatildeo das diferentes parcelas sociais as aacutereas de vegetaccedilatildeo naturais e o atual iacutendice de verdehabitante os tipos de solo e os usos urbanos as condiccedilotildees geomorfoloacutegicas a declividade e a erosatildeo presente em determinados ambientes a identificaccedilatildeo das aacutereas fraacutegeis e de risco a contaminaccedilatildeo das aacuteguas as condiccedilotildees de salubridades dos ambientes e das populaccedilotildees a precariedade das condiccedilotildees de habitabilidade de esgotamento sanitaacuterio da coleta de lixo e como constituintes da qualidade de vida urbana (MELLO 1996 p 106)

2 ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E PLANEJAMENTO URBANO

Ao fazer o estudo sobre a Avenida Santo Antocircnio no centro de Garanhuns Azevedo (2012) fez breve reflexatildeo sobre o planejamento urbano e como o tema arborizaccedilatildeo se insere no contexto Para isso a autora traz ao trabalho algumas consideraccedilotildees existentes na literatura concernente ao tema como a seguir

No acircmbito da globalizaccedilatildeo o discurso da importacircncia da questatildeo ambiental da ecologia conceitos do tipo ldquoo politicamente corretordquo e a rdquoqualidade de vidardquo se firmam como tendecircncias mundiais inseridas na miacutedia diaacuteria O mesmo acontece de forma mais sutil com a valorizaccedilatildeo daquilo que remete ao passado Neste contexto o interesse pelos ldquovalores culturaisrdquo pode ser considerada uma oportunidade desde que embasado no efetivo resgate desta identidade da memoacuteria das raiacutezes que satildeo suporte de nossa existecircncia Satildeo justamente os substratos histoacutericos que conferem materialidade a essas expressotildees um sentido de lugar e identidade agraves cidades e sua continuidade histoacuterica A essencialidade da memoacuteria reside no fato de que eacute por ela que se daacute a relaccedilatildeo com a variaacutevel temporal fundamental para o desenvolvimento e a continuidade de nossa existecircncia (ADAMS 2002 p116)

O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as consequecircncias geradas pela falta de planejamento

urbano despertaram a atenccedilatildeo de planejadores no sentido de se perceber a vegetaccedilatildeo como componente necessaacuterio ao espaccedilo urbano O plantio de aacutervores inadequadas agrave estrutura urbana gera conflitos com equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros postes de iluminaccedilatildeo entre outros Esses problemas satildeo muito comuns de serem visualizados e causam na maioria das vezes um manejo inadequado e prejudicial agraves aacutervores Eacute comum se ver aacutervores podadas de forma draacutestica e com muitos problemas fitossanitaacuterios como presenccedila de cupins brocas outros tipos de patoacutegenos injuacuterias fiacutesicas como anelamentos caules ocos e podres galhos apresentando lascas entre outros Assim tambeacutem fica claro que a percepccedilatildeo eacute peccedila-chave na boa conduccedilatildeo de trabalhos de planejamento e gestatildeo ambientais principalmente voltados agrave arborizaccedilatildeo urbana

A percepccedilatildeo ambiental abrange a compreensatildeo das inter-relaccedilotildees entre o meio ambiente e os atores sociais ou seja como a sociedade percebe o seu meio circundante expressando suas opiniotildees expectativas e propondo linhas de conduta desta forma os estudos que se caracterizam pela aplicaccedilatildeo da percepccedilatildeo ambiental objetivam investigar a maneira como o homem enxerga interpreta convive e se adapta agrave realidade do meio em que vive principalmente em se tratando de ambientes instaacuteveis ou vulneraacuteveis socialmente e naturalmente (OKAMOTO 1996 p200)

82- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A arborizaccedilatildeo urbana no Brasil eacute de competecircncia das administraccedilotildees municipais mas segundo (BONONI 2006) enfrenta uma seacuterie de problemas principalmente por despreparo de alguns profissionais

Embora haja uma crescente disposiccedilatildeo tanto dos oacutergatildeos governamentais envolvidos como de grande parcela da populaccedilatildeo muitos satildeo os problemas enfrentados como a falta de teacutecnicos capacitados que orientem sobre um plantio correto escolha da espeacutecie poda de formaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de tutores grade de proteccedilatildeo irrigaccedilatildeo em periacuteodo de estiagem e adubaccedilatildeo (BONONI 2006 p213-255)

Em sequecircncia expotildee-se a colocaccedilatildeo de outro autor o qual afirma que

O crescimento desordenado dos centros urbanos gerou uma condiccedilatildeo de artificialidade em relaccedilatildeo agraves aacutereas verdes naturais e com isso vaacuterios prejuiacutezos agrave qualidade de vida dos habitantes Poreacutem parte desses prejuiacutezos podem ser evitados pela legislaccedilatildeo e controle das atividades urbanas e outra parte amenizada pelo planejamento urbano ampliando-se qualitativa e quantitativamente a arborizaccedilatildeo de ruas e as aacutereas verdes (MILANO 1987 1517 e 21)

A maioria dos problemas de arborizaccedilatildeo urbana satildeo causados pelo confronto de aacutervores inadequadas com

equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros e postes de iluminaccedilatildeo Os fatores que devem ser considerados na arborizaccedilatildeo urbana satildeo vaacuterios podendo-se destacar o ambiente urbano caracterizado em termos de clima solos topografia o espaccedilo fiacutesico disponiacutevel em relaccedilatildeo agrave largura de ruas e calccediladas afastamento predial a altura das construccedilotildees a presenccedila de cabos eleacutetricos aeacutereos tubulaccedilatildeo de aacutegua esgoto galerias pluviais rede de telefonia as caracteriacutesticas das espeacutecies a utilizar no que concerne agrave adaptabilidade climaacutetica resistecircncia a pragas e doenccedilas toleracircncia agrave poluiccedilatildeo ausecircncia de princiacutepios toacutexicos eou aleacutergicos e caracteriacutesticas fenoloacutegicas (forma porte raiz floraccedilatildeo frutificaccedilatildeo etc) e morfoloacutegicas

Analisada a questatildeo da adaptaccedilatildeo ecoloacutegica (aclimataccedilatildeo naturalizaccedilatildeo acomodaccedilatildeo) deve-se atentar para a disponibilidade da cidade para a arborizaccedilatildeo natildeo introduzindo as espeacutecies a esmo (SAMPAIO 2006 SERAFIM 2007)

Em termos mais amplos a importacircncia da vegetaccedilatildeo no espaccedilo urbano natildeo se reteacutem apenas aos seus benefiacutecios aos seres humanos mas tambeacutem se verifica ser uma forma contributiva para a manutenccedilatildeo da fauna e flora de uma regiatildeo

A arborizaccedilatildeo de ruas eacute um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capazes de integrar espaccedilos livres aacutereas verdes e remanescentes florestais conectando estes ambientes de forma a colaborar com a diversidade da flora e da fauna (MENEGHETTI 2012 p1-2)

Nunca se deve esquecer ou desconsiderar que o plantio de aacutervores em larga escala nas cidades pode promover a diminuiccedilatildeo do efeito de ilha de calor no veratildeo e amenizar problemas dos ventos

A arborizaccedilatildeo urbana entatildeo eacute um tema que vem sendo discutido cada vez mais na atualidade considerando-se sua relevacircncia nota-se que estaacute aumentando a preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao meio ambiente urbano e a qualidade de vida de nossas cidades

A arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano pois contribui para funccedilotildees importantes no meio ambiente assim como para a sociedade aleacutem de propiciar sombra purificar o ar diminuir ruiacutedos diminuir a poluiccedilatildeo e tambeacutem proporcionar efeitos paisagiacutesticos Considerando-se que a arborizaccedilatildeo no contexto urbano eacute um patrimocircnio que deve ser mantido e conhecido pela populaccedilatildeo torna-se imprescindiacutevel a realizaccedilatildeo de um levantamento das principais espeacutecies arboacutereas e arbustivas distribuiacutedas na via urbana considerada Av Santo Antocircnio em Garanhuns afim de se poder contribuir com subsiacutedios para futuros planejamentos do paisagismo urbano e para uma melhor organizaccedilatildeo do espaccedilo

3 LOCALIZACAO DO MUNICIPIO DE GARANHUNS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

A cidade de Garanhuns no estado de Pernambuco (Figura 1) dista 228 km da capital pernambucana Recife Localizando-se na regiatildeo montanhosa do Planalto da Borborema eacute tambeacutem conhecido como a Suiacuteccedila Pernambucana por causa de seu clima ameno no veratildeo e temperaturas baixas no inverno atiacutepico para o resto da regiatildeo Outras alcunhas satildeo Cidade das Flores ou Cidade da Garoa

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O municiacutepio possui latitude 8ordm5325 sul e a longitude 36ordm2934 oeste estando a uma altitude meacutedia de 900 metros Seu ponto mais alto eacute o Monte Magano com 1030 m de altitude seu rio mais importante o rio Mundauacute Sua populaccedilatildeo eacute de aproximadamente 129392 habitantes segundo estimativas do IBGE para o ano de 2010

Garanhuns apresenta uma paisagem urbana no que se refere agrave habitaccedilatildeo composta em sua maioria por edificaccedilotildees de pequeno porte exceto no Bairro do Helioacutepolis Neste encontra-se edificaccedilotildees com maior porte No que se refere agrave arborizaccedilatildeo percebe-se que estaacute composta entre canteiros centrais e em calccediladas sendo sua maior parte em canteiros centrais como exemplo tem-se a Avenida Rui Barbosa a Avenida Caruaru Constata-se que a arborizaccedilatildeo em geral concentra-se em canteiros centrais com exceccedilatildeo da Av Santo Antocircnio bem no centro da cidade Nas demais localidades de Garanhuns observa-se que a arborizaccedilatildeo ocorre nas calccediladas principalmente em frente agraves residecircncias quando existe

Figura 1 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Garanhuns ndash PE Fonte Chaves 2013

Quanto ao histoacuterico da avenida em destaque tem-se que sua criaccedilatildeo se deu

Pelo alvaraacute de 10 de marccedilo de 1811 por solicitaccedilatildeo do entatildeo governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro foi criada a Vila de Santo Antocircnio de Garanhuns Neste mesmo ano de 1811 a capela foi reconstruiacuteda e transformada na Matriz de Santo Antonio Esta matriz localizada na antiga avenida Rio Branco hoje Avenida Santo Antocircnio [] O seu primeiro vigaacuterio foi Fabriacutecio da Costa Ferreira(Historia de Garanhuns Disponiacutevel em lthttpanchietabarrosblogspotcombr201302historia-de-garanhuns-controversia-dahtmlgt Acesso em 28 jan 2014

Logo pode-se perceber que se trata de uma via relativamente antiga mas que desde o inicio evidenciou a tendecircncia de ser um caminho central que congregou ao longo do tempo comeacutercio lazer religiatildeo entre as funccedilotildees visiacuteveis e permanentes que se pode observar pelas fotografiasrepresentadas pelas figuras 2 e 3 as quais constituem resgate de algumas memoacuterias e tambeacutem da contemporaneidade

84- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

N

Na foto correspondente agrave figura 2 pode-se verificar que havia pessoas caminhando como em um singelo passeio tendo-se a Catedral de Santo Antocircnio ao fundo poucos veiacuteculos estacionados indicando o escasso fluxo automotivo da eacutepoca Natildeo se identifica nenhum uso de fins comerciais proacuteximo a esse canteiro central o que contrasta significativamente com os dias atuais

Pelas fotos visualizadas nas figuras 2 e 3 percebe-se o quanto a referida avenida transformou-sepor conta da urbanizaccedilatildeo da cidade de Garanhuns Atualmente essa avenida eacute a regiatildeo core da cidade eacute laacute que se situam as principais lojas magazines e o setor financeiro com a presenccedila de vaacuterios importantes bancos Trata-se ainda de um locusque atende natildeo somente os garanhunenses mas tambeacutem um bom nuacutemero de municiacutepios que satelizam Garanhuns 4 ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA SANTO ANTOcircNIO CARACTERIacuteSTICAS E DINAcircMICA

Segundo Milano e Dalcin (2000) atualmente a arborizaccedilatildeo nas ruas eacute uma estrateacutegia importante para as condiccedilotildees ambientais adversas como elemento esteacutetico da paisagem urbana em busca de suporte para projetos de renovaccedilatildeo do tecido urbano

No caso especifico da Av SantoAntocircnio as aacutervores satildeo encontradas ao longo das calccediladas e nos canteiros centrais da avenida Acredita-se que essas plantas exercem funccedilatildeo ecoloacutegica no sentido de melhoria do ambiente urbano aleacutem de favorecer a esteacutetica no sentido de embelezamento das vias puacuteblicas e consequentemente da cidade

A arborizaccedilatildeo urbana gera benefiacutecios ambientais e sociais e contribui para uma a qualidade de vida dos moradores da cidade dos transeuntes que por ali circulam e da populaccedilatildeo como um todo Sendo assim eacute de suma importacircncia discutir e analisar o papel da arborizaccedilatildeo urbana para melhor aproveitamento dos espaccedilos natildeo edificados da cidade Reforccedilando-se essa ideia toma-se o pensamento de dois autores que se apresenta a seguir

[] a arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano possuem funccedilotildees importantiacutessimas como propiciar sombra purificar o ar atrair aves diminuir a poluiccedilatildeo sonora constituir fator esteacutetico e paisagiacutestico diminuir impactos das chuvas contribuir para o balanccedilo hiacutedrico assim como valorizar economicamente as propriedades ao entorno proteger e direcionar o vento proporcionar melhor efeito esteacutetico auxiliar na diminuiccedilatildeo da temperatura pois absorve os raios solares e refresca o ambiente pela grande quantidade de aacutegua transpirada pelas folhas (PIVETTA SILVA FILHO 2002p69)

Os vaacuterios benefiacutecios da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas estatildeo condicionados agrave qualidade de seu planejamento

Um planejamento adequado tem que partir primeiramente dos oacutergatildeos puacuteblicos que satildeo os que mais devem se preocupar com este tipo de planejamento como tambeacutem os moradores transeuntes e demais pessoas que por ali circulam pois a arborizaccedilatildeo eacute um bem comum de todos favorecendo a todos o tatildeo almejado bem estar

A arborizaccedilatildeo bem planejada eacute muito importante independentemente do porte da cidade pois eacute muito mais faacutecil implantar arvores quando se tem um planejamento Caso contraacuterio passa a ter um caraacuteter de remediaccedilatildeo agrave medida que

Figura 2 Av Stordm Antocircnio na deacutecada de 1970 Fonte Blog de Iba Mendes in Leidjane (2012)

Figura 3 Visatildeo geral da Av Sto Antocircnio com destaque para os pinheiros Fonte Leidjane (2012)

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se tenta encaixar dentro das condiccedilotildees jaacute existentes e solucionar problemas de toda ordem Para um adequado planejamento da arborizaccedilatildeo da avenida de uma cidade alguns fatores devem ser considerados Tambeacutem o conhecimento das condiccedilotildees ambientais locais eacute preacute-condiccedilatildeo para o sucesso da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas Qualquer planta soacute adquire pleno desenvolvimento em clima apropriado caso contraacuterio poderaacute ter alteraccedilotildees no porte floraccedilatildeo e frutificaccedilatildeo Deve-se evitar portanto o plantio de espeacutecies cuja aclimataccedilatildeo natildeo seja comprovada

A Av Santo Antocircnio possui uma vegetaccedilatildeo mesclada de nativas e exoacuteticas cuja diversidade de plantas e aacutervores proporciona aos residentes comerciantes e transeuntes uma agradaacutevel sensaccedilatildeo de conforto (Figura 4 e 5)

O espaccedilo urbano eacute considerado um fator de grande importacircncia visto que eacute neste que as relaccedilotildees homem e natureza interagem produzindo a dinacircmica do lugar Pode-se assim afirmar que a Geografia uma das ciecircncias que mais se preocupa com tais questotildees possibilita um vasto campo de estudos que identifique a relaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo da sociedade garanhuense com a referidaavenida

Eacute neste espaccedilo em quemoradores comerciantes transeuntes entre outros atores circulam desenvolvendo diversos tipos de atividades relacionando-se com o lugar de diversas formas dando sentido a paisagem Sendo esta cada vez mais urbanizada diante do crescimento da cidade produzindo espaccedilos cada vez menos naturais Portanto eacute de suma importacircncia a preservaccedilatildeo das praccedilas e canteiros existentes ao longo da avenida

A Av Santo Antocircnio evidencia um processo de arborizaccedilatildeo que estaacute diretamente ligado agraves questotildees culturais e ambientais que envolvem este lugar onde tradicionalmente se desenvolveu caracteriacutesticas proacuteprias e peculiares que a tornaram uma das aacutereas mais populares da cidade e que tambeacutem propiciou a instalaccedilatildeo formal ou natildeo de pequenos comeacutercios no canteiro central da avenida em vaacuterios trechos imponho-lhe um novo ritmo cuja vegetaccedilatildeo eacute subjugada agraves necessidades das necessidades econocircmicas

A paisagem encontrada no percurso da avenida eacute bastante diversificada nela pode-se encontrar vaacuterios atores urbanos desenvolvendo suas funccedilotildees de forma praticamente permanente tais como jardineiros comerciantes flanelinhas turistas engraxates entre outros aleacutem de uma variedade de plantas que se misturam com essa trama econocircmico-social produzindo um ambiente nem sempre harmonioso mas de faacutecil compreensatildeo se pensarmos na dinacircmica que envolve homem e natureza

Enfim na Av Santo Antocircnio existe um contexto de arborizaccedilatildeo que implica uma identificaccedilatildeo e uma caracterizaccedilatildeo do tema abordado bem como promove gradativamente conhecimento mais aprofundado da Geografia o

Figura 4 Castanhola localizada em frente a Catedral numa das cabeceiras da Av Sto Antonio Fonte Leidjane (2012)

Figura 5 Canteiro ajardinado com alguns croacutetons como tambeacutem pingo-de-ouro grama entre outros com a presenccedila de bancos para sentar Fonte Leidjane (2012)

86- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

que mostra como os estudos sobre avenidas ruas rotatoacuterias e outras vias urbanas foram enriquecidos e atualmente apresentam abordagens cada vez mais diversas o que faz a Geografia Urbana e Ambiental se destacar cada vez mais tanto para a proacutepria ciecircncia geograacutefica como para a sociedade em geral 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS SOBRE A ARBORIZACcedilAtildeO X DINAcircMICA ESPACIAL DA AV SANTO ANTOcircNIO

A avaliaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo da Av Sto Antocircnio em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que estaacute presente na paisagem leva a considerar-se a percepccedilatildeo dos atores envolvidos tanto de forma positiva quanto negativa num esforccedilo de se refletir o ambiente em suas nuances ecoloacutegicas sociais e econocircmicas Logo a partir do enfoque sistecircmico pode-se verificar o distanciamento do olhar dos que labutam e transitam em relaccedilatildeo agrave presenccedila desse verde o que inclui natildeo somente as aacutervores mas tambeacutem os canteiros com flores e outras espeacutecies vegetais que datildeo o embelezamento paisagiacutestico do lugar

Por sua vez sabe-se que o lugar soacute eacute sentido e apreciado quando se tem oportunidade de vivenciaacute-lo de forma a ter-se uma relaccedilatildeo de afeto Sentimento este que favorece a manutenccedilatildeo e cuidado com o patrimocircnio que embora puacuteblicoimprime certa carga de valoraccedilatildeo e de pertencimento induzindo assim agraveuma atitude reivindicativa criacutetica e proacutepria de um cidadatildeo 6 ENFOQUE NA ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA RUI BARBOSA GARANHUNS-PE

A Avenida Rui Barbosa municiacutepio de Garanhuns ndash PE foi aberta em 1925 pelo prefeito Euclides Dourado Sua construccedilatildeo deu iniacutecio ao povoamento do maior bairro de da cidade que gradativamente tornou-se um dos bairros nobres da cidade denominado Helioacutepolis Nessa avenida estaacute o uacutenico Reloacutegio de Flores do norte e nordeste do paiacutes e este eacute praticamente o siacutembolo que identifica Garanhuns em termos nacional e ateacute internacionalmente (CHAVES 2013)

Predominantemente atualmente o comercio a prestaccedilatildeo de serviccedilo aleacutem de continuar evidenciando residecircncias que aos poucos vatildeo cedendo lugar para outros empreendimentos outros Registra-se ainda que em uma de suas cabeceiras encontra-se a Praccedila Tavares Correia na qual situa-se o Reloacutegio das Flores Esse equipamento atrai turistas o ano inteiro devido sua beleza originalidade e funcionamento

Retomando-se o canteiro central da avenida verifica-se que eacute bem arborizado porem a espeacutecie arboacuterea predominante enfrenta um dilema serio Ou seja ao longo do tempo tornou-se praticamente inadequada devido ao grande fluxo de veiacuteculos usos das vias para festas com trios eleacutetricos fiaccedilatildeo eleacutetrica e as consequentes podas frequentes que de certa maneira significa uma injuria para a aacutervore apesar da necessidade que se impotildee frente ao grande fluxo de pessoas e veiacuteculos no local Que arvore e essa Flamboyant (Figura 6) Aleacutem dela tecircm-se ainda espeacutecies como o Ipecirc e a Castanhola Dessas trecircs apenas o Ipecirc eacute espeacutecie nativa as outras duas satildeo exoacuteticas a Flamboyant eacute africana e a Castanhola eacute asiaacutetica Acredita-se que na eacutepoca do planejamento da avenida e talvez em outros momentos de renovaccedilatildeo paisagiacutestica com base nos elementos arboacutereos no passado o canteiro central da Av Rui Barbosa natildeo foi suficientemente avaliado com respeito a compatibilizaccedilatildeo da espeacutecie escolhida com futuras e atuais funccedilotildees dadas a referida avenida

No caso do Flamboyant (Delonix regia) pertencente agrave famiacutelia dasFabaceaes e de origem africana chega a atingir entre 6 a 12 metros de altura e eacute considerada uma das aacutervores mais belas do mundo principalmente devido ao colorido intenso de suas flores e suas raiacutezes bastante agressivas porem detentoras de um belo desenho quando a mostra Assim com parte delas acima da superfiacutecie a sua presenccedila torna-se improacutepria para a ornamentaccedilatildeo de calccediladas ruas ou proacuteximas a tubulaccedilotildees de aacutegua esgoto paredes e ateacute mesmo fiaccedilatildeo eleacutetrica pois aleacutem dos possiacuteveis danos fiacutesicos pode sem sombra de duvida ocasionar um problema com o transeunte desavisado

A castanhola (Terminaliacatappa figura 7)da famiacutelia das Combretaceaesde origem asiaacutetica chega a mais de 12 metros de altura Ela apresenta caule ereto Sua copa eacute incomum formada por uma ramagem horizontal agrupada a espaccedilos regulares no tronco Eacute uma aacutervore indicada para as condiccedilotildees adversas do litoral Sua copa ampla e cheia fornece sombra farta no escaldante veratildeo dos troacutepicos Natildeo satildeo indicadas para estacionamentos ou em locais com grande movimento de automoacuteveis pois os frutos ricos em aacutecidos podem manchar os automoacuteveis

E apenas o Ipecirc (Tabebuia impetiginosa figura 8) eacute da famiacutelia Bignoniaceae e originaacuteria da Ameacuterica do Sul com altura entre 6 a 9 metros Eacute uma oacutetima aacutervore ornamental para arborizaccedilatildeo urbana de crescimento moderado a raacutepido

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que natildeo possui raiacutezes agressivas sua floraccedilatildeo eacute maravilhosa e recompensadora aleacutem de atrair polinizadores como beija-flores e abelhas Pode ser cultivada em regiotildees subtropicais tendo nestes casos uma reduccedilatildeo na velocidade de crescimento

Verificou-se que a maior parte das espeacutecies arboacutereas eacute exoacutetica os galhos ficam proacuteximos a edificaccedilotildees e fiaccedilatildeo

eleacutetrica natildeo satildeo bem podadas e apresentam problemas fitossanitaacuterios como cupim decomposiccedilatildeo principalmente no tronco galhos secos entre outros

Acredita-se que um dos principais motivos da falta de sincronia entre planejamento e plantio da arborizaccedilatildeo urbana no espaccedilo puacuteblico da Avenida Rui Barbosa em Garanhuns-PE eacute falta de estudo em relaccedilatildeo agrave espeacutecie arboacuterea adequada a ser plantada

De acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana os seres humanos constroem seus ambientes para neles viverem e dele retirarem suas necessidades e a cidade eacute construiacuteda para melhorar e facilitar a vida dos homens porem ela eacute uma construccedilatildeo planejada eacute artificial fazendo-se necessaacuterio a introduccedilatildeo de elementos naturais para melhorar a vida dos seres vivos urbanos (homens animais insetos entre outros) Assim satildeo criados espaccedilos livres destinados agrave arborizaccedilatildeo e que aleacutem de estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos eacute importante sob os aspectos ecoloacutegico histoacuterico cultural social esteacutetico e paisagiacutestico

Esses fatores e a accedilatildeo antroacutepica tornam as cidades organizaccedilotildees sistecircmicas e complexas sistecircmicas porque seus variados aspectos precisam ser compreendidos como uma totalidade onde os homens necessitam da natureza e das construccedilotildees artificias para melhorar suas condiccedilotildees de vida e esses fatores satildeo vistos em conjunto e natildeo isolados e complexas porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitas relaccedilotildees que estabelecem homem meio ambiente homem meio ambiente urbano meio ambiente e meio ambiente urbano

E a falta de articulaccedilatildeo entre a arborizaccedilatildeo e o planejamento das cidades tornam os espaccedilos livres desestruturados onde a populaccedilatildeo que necessita dessa aacuterea para seu lazer acaba por natildeo poder desfrutar desses ambientes pois os mesmos apresentam calccedilamento danificado pela falta de compatibilidade da raiz da espeacutecie arboacuterea e o espaccedilo fiacutesico destinado ao plantio Infelizmente pode-se ter a vida em risco por causa de acidentes devido agrave falta de observacircncia desses detalhes de suma importacircncia

Outro fator relevante da arborizaccedilatildeo e a funccedilatildeo paisagiacutestica desempenhada esta valoriza o espaccedilo do ponto de vista esteacutetico e se tratando da arborizaccedilatildeo do canteiro central da Av Rui Barbosa tem-se a valorizaccedilatildeo econocircmica via que da acesso a uma das entradas da cidade e comportar o Reloacutegio das Flores Por esses motivos a arborizaccedilatildeo natildeo deveria apresentar essa falta de articulaccedilatildeo com o planejamento desse local bem como se deveria ter um estudo

Figura 6 Flamboyant no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 7 Castanhola no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 8 Ipecirc no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

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aprofundado das espeacutecies adequadas a esse espaccedilo evitando-se assim problemas derivados da falta de sincronia e ou harmonizaccedilatildeo

Os dilemas da sustentabilidade urbana satildeo muitos Assunto esse de extrema importacircncia quando se falar no bem estar da populaccedilatildeo das cidades jaacute que a introduccedilatildeo desses espaccedilos verdes beneficiam a populaccedilatildeo contribuindo para ambientes mais saudaacuteveis e confortaacuteveis ajuda na amenizaccedilatildeo das altas temperaturas tatildeo comuns em cidades do nordeste brasileiro aleacutem de outros benefiacutecios advindos da arborizaccedilatildeo urbana

Foi verificado que o canteiro central da Av Rui Barbosa eacute um espaccedilo limitado entre duas vias de grande movimento de veiacuteculos e pessoas cercado de objetos urbanos como fiaccedilatildeo eleacutetrica edifiacutecios grandes semaacuteforos e tubulaccedilotildees subterracircneas entre outros elementos Logo eacute necessaacuterio um estudo adequado sobre as espeacutecies escolhidas para arborizar esse espaccedilo urbano bem como estudar o espaccedilo em si e seu tamanho

Nesse sentido ao se estudar as espeacutecies arboacutereas pode-se saber seu tipo de raiz tamanho expansatildeo da copa frutos elementos necessaacuterios para a escolha e definiccedilatildeo do espaccedilo adequado ao seu plantio Fato esse que se pode dizer muito provavelmente natildeo ter sido levado em consideraccedilatildeo quando escolheram a principal espeacutecie arboacuterea dessa avenida uma vez que a Flamboyant eacute uma espeacutecie de grande porte de raiz agressiva que necessitada de amplo espaccedilo para seu desenvolvimento

Faz-se assim necessaacuterio um estudo sobre essa arborizaccedilatildeo para que essa escolha inadequada natildeo venha a prejudicar o espaccedilo em que as aacutervores estatildeo plantadas ou cause algum acidente que afete a populaccedilatildeo jaacute que boa parte das aacutervores estaacute danificada e em sua maioria no tronco os quais se apresentam deteriorados com cupim e muita delas com aparecircncia de estarem secas e quase mortas Aleacutem de ser visiacutevel que o calccedilamento proacuteximo agraves aacutervores Flamboyant apresenta-se danificado

Apresenta-se a seguir trecircs quadros com base nos estudos de Laurie em Schutzer (2012) onde eacute possiacutevel ver o quanto a presenccedila arboacuterea deixa o ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na vida das cidades com base em dados encontrados na literatura

Quadro 1Temperaturas superficiais de diferentes tipos de pisos do ambiente urbano

Temperaturas degC 50degC 17degC 37degC 47degC 35degC

Tipos de Pisos Asfalto ao Sol Grama a Sombra Concreto a Sombra Concreto ao Sol Grama ao Sol

Quadro 2Diferentes temperaturas entre as aacutereas expostas ao sol e as aacutereas sombreadas por algumas aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol (degC) 35degC 36degC 375degC

Aacuterea sombreada (degC) 305degC 22degC 33degC

Espeacutecie arboacuterea Cinamomo Sibipiruna Extremosa

Quadro 3Diferenccedilas de umidade relativa do ar entre aacutereas expostas a radiaccedilatildeo solar e as aacutereas sombreadas por trecircs tipos de aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol () 40 32 37

Aacuterea sombreada () 55 52 42

Espeacutecie arboacuterea Ligustro Sibipiruna Jacarandaacute

Esse estudo colocado em quadros demostra o quanto a aacutervore eacute beneacutefica ao ambiente das cidades contribuindo principalmente para o conviacutevio harmocircnico dos elementos naturais e artificiais os quais devem estar em sincronia para natildeo se tornarem maleacuteficos ao espaccedilo ocupado 7 AVENIDA CARUARU GARANHUNS-PE E A ALGAROBEIRA (PROSOPIS JULIFLORA (SW) DC)COMOELEMENTO DO VERDE

URBANO

Compreender o significado da implantaccedilatildeo dessa exoacutetica no paisagismo urbano de GaranhunsPE eacute uma forma tambeacutem de compreender as multiplicidades e singularidades presentes nesta aacuterea com algarobeira

Do ponto de vista ecoloacutegico conforme antes argumentado qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica

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Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54)

Assim a espeacutecie (Prosopisjuliflora (Sw) DC) poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventos fortes Eacute fato que em sua accedilatildeo paisagiacutestica a algarobeira apresenta em aacutereas arborizadas pela mesma um ambiente apresentando uma paisagem verde durante todo o ano

Aleacutem de proporcionar sombra e beleza no ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada a qual oferece a populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel tanto em baixo de sua copa quanto dentro das residecircncias que estatildeo ao seu entorno

Adiante apresenta-se a figura 9 a qual evidencia a extensatildeo da Avenida Caruaru uma das mais importantes vias da cidade a qual congrega comeacutercio residecircncias escolas e faculdades

A arborizaccedilatildeo da Avenida Caruaru constituiacuteda de ipecircs algarobeiras (Figura 10) castanholas fiacutecus paus-brasil figueiras da Iacutendia palmeiras pinheiros paus drsquoarco estaacute disposta no canteiro central tendo como espeacutecie predominante a algarobeira (Prosopisjuliflora (Sw) DC)

A Prosopis juliflora (SW) DC originaacuteria da regiatildeo do Piura no Norte do Peru foi introduzida no nordeste brasileiro por volta de 1942 em Serra Talhada-PE pelo Professor J B Griffing Em seguida a algaroba disseminou-se no Rio Grande do Norte em 1944 na Fazenda Satildeo Miguel municiacutepio de Angicos e no Estado do Cearaacute em 1954 seguido pelos demais estados do poliacutegono das secas (GOMES 1961) salientando-se que a literatura acusa mais duas origens quais sejam Sudatildeo e Novo Meacutexico

Na regiatildeo Nordeste haacute mais de meio seacuteculo a algarobeira se constitui numa das vaacuterias espeacutecies capazes de possibilitar aos animais e ao proacuteprio homem uma atenuaccedilatildeo aos efeitos adversos das secas perioacutedicas A algarobeira eacute altamente resistente agrave seca e tem um potencial de adaptaccedilatildeo por demais favoraacutevel agraves condiccedilotildees de solo e clima do semiaacuterido razatildeo pela qual a cultura despertou interesse de autoridades governamentais oacutergatildeos de pesquisa universidades teacutecnicos e produtores rurais (SILVA AZEVEDO 1998)

Figura 10Algarobeira na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Figura 9 Foto de sateacutelite da Avenida Caruaru Fonte httpmapsgooglecombrmapshl=pt-BRamptab=wl

90- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

8 A UTILIZACcedilAtildeO DA ALGAROBEIRA NO PROCESSO DE ARBORIZACcedilAtildeO

Atualmente haacute vaacuterios trabalhos referentes agrave arborizaccedilatildeo urbana os quais visam o paisagismo e o bem-estar da populaccedilatildeo Existe tambeacutem a praacutetica no senso comum da conduccedilatildeo de poliacuteticas publicas de urbanismo e paisagismo e nesse contexto percebe-se a natildeo observacircncia de elementos fundamentais como altura das aacutervores proximidade de tubulaccedilotildees podas inadequadas entre outros por parte da maioria dos administradores das cidades principalmente interioranas

Entre os tipos de vegetaccedilatildeo urbana encontram-se espeacutecies ornamentais que geralmente satildeo colocadas em parques jardins gramados alamedas e decoraccedilotildees de interiores Apesar de bonitas e funcionais contribuem para baixar a diversidade de espeacutecies ressaltando-se que a observaccedilatildeo ganha relevacircncia quando se considera a cidade como um ecossistema (AMADOR 2011 p 124)

A arborizaccedilatildeo no espaccedilo urbano pode ser de caraacuteter esteacutetico ecoloacutegico fiacutesico e psiacutequico do homem que por sua

vez eacute poliacutetico social e econocircmico Nessa linha de raciociacutenio julga-se que o caraacuteter mais representativo para se relacionar com a algarobeira no municiacutepio em foco eacute paisagiacutestico

Do ponto de vista ecoloacutegico qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades (ANDRESSEN apud BIONDI 1995 p160)

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54 apud AMADOR 2011 p127)

Assim a espeacutecie Prosopisjuliflora (SW) DC poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventanias (Figura 11)

Figura 11 Levantamento de calccediladas e tombamentos por ventos fortes

Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Poreacutem quando se coloca qualquer aacutervore ou arbusto nas aacutereas urbanas faz-se necessaacuterio primeiro conhecer a estrutura e fisiologia das espeacutecies catalogadas ou pensadas para esse fim saber administrar os diversos interesses particulares e puacuteblicos em relaccedilatildeo agravequeles indiviacuteduos vegetais ter boa articulaccedilatildeo com os diversos oacutergatildeos que de uma forma ou outra realizam seus trabalhos abaixo das vias puacuteblicas (trabalhos subterracircneos) e isso inclui calccediladas observar com acuidade o plano diretor de cada cidade e constantemente treinar equipes de podaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos elementos verde urbanos (AMADOR 2011 p136)

O processo que acompanhou a introduccedilatildeo dessa espeacutecie no semiaacuterido nordestino foi cheio de bons propoacutesitos tanto que no caso das cidades foi utilizada largamente na arborizaccedilatildeo urbana (Figura 12) Problemas apareceram natildeo por conta dela em si mas por falta de conhecimento adequado por parte daqueles que a manusearam pode-se afirmar

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sem sombra de duacutevida que elas exerceram seu papel no verde urbano oferecendo uma sombra excelente entre outros fatores

Figura 12Algarobeiras na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo

Foto Gama Santos 2011

Assim de acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa constatou-se que a algarobeira ainda suscita muitas discussotildees entre aqueles que convivem com ela de alguma maneira com base nas histoacuterias de vidas coletadas pode-se dizer que a mesma eacute vista como beneacutefica uma vez que a mesma proporciona sombra e beleza ao ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada oferecendo consequentemente agrave populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel Logo como se pode constatar na fala de um dos entrevistados ldquo[] eu gosto delas faz sombra soacute solta muitas folhas mas eacute bom a ventilaccedilatildeo []rdquo (Pesquisa de campo 2011)

No que se refere aos aspectos negativos a percepccedilatildeo das pessoas eacute que ela ocasiona a dilataccedilatildeo das vias puacuteblicas como tambeacutem quedas das folhas e vagens

Desse modo foi possiacutevel constatar que o conhecimentoacerca das histoacuterias de vidas das pessoas que se relacionam com as algarobeiras na arborizaccedilatildeo urbana especificamente na Avenida Caruaru foi de fundamental importacircncia para chegar agraves percepccedilotildees dos significados que a algarobeira ostenta desde sua introduccedilatildeo na deacutecada de 1940 ateacute os dias atuais

Assim obteve-se um delineamento da trajetoacuteria desse significado ao longo do tempo via resgate oral de memoacuteria que ateacute certo ponto coincide com o exposto na literatura mas acredita-se que se conseguiu avanccedilar no sentido da dinacircmica das informaccedilotildees ricas em subjetividade de significados e suas inter-relaccedilotildees com o marco teacutecnico e estanque presente no senso comum e em muitos trabalhos acadecircmicos produzidos ateacute entatildeo

9 A PAISAGEM VERDE NOS PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

No contexto do verde urbano os parques desempenham funccedilotildees variadas e que visam atender a populaccedilatildeo em

suas diferentes aspiraccedilotildees entre os principais pode-se citar lazer e contemplaccedilatildeo Com a explosatildeo na miacutedia de informaccedilotildees acerca do clima e suas mudanccedilas as aacutereas verdes urbanas comeccedilaram a ganhar espaccedilo tanto no setor de planejamento puacuteblico quanto nos anseios da populaccedilatildeo em geral por significar um de bem estar Poreacutem o que se constata na praacutetica pelo menos em alguns lugares natildeo eacute o que se cogita legalmente e nem no cotidiano

Mas o verde urbano se reveste conceitualmente de especificidades que vatildeo desde a discussatildeo se aacutervores em calccediladas podem ser consideradas como arborizaccedilatildeo urbana logo natildeo integrando o sistema de aacutereas verdes ateacute definiccedilotildees de parques praccedilas e outros Eacute sabido que os estudos dos espaccedilos verdes urbanos encontram-se interrelacionados com o planejamento da paisagem urbana cuja aacuterea de interesse faz parte da Ecologia da Paisagem que vem se apresentando como uma nova aacuterea do conhecimento dentro da ecologia e tambeacutem da geografia

92- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Assim sendo toma-se como fio condutor do trabalho os parques Euclides Dourado e o Ruben van der Linden no centro urbano de Garanhuns-PE por expressarem de certa forma essa demanda por uma vida saudaacutevel para a populaccedilatildeo e para a cidade

Nesse contexto Carneiro e Mesquita (2000 p20) citados por Bovo e Amorim (2012) afirmam que parques urbanos satildeo espaccedilos livres puacuteblicos com funccedilatildeo predominante de recreaccedilatildeo ocupando na malha urbana uma aacuterea em grau de equivalecircncia superior a uma quadra tiacutepica urbana em geral apresentando componentes da paisagem natural vegetaccedilatildeo topografia elemento aquaacutetico como tambeacutem edificaccedilotildees destinadas a atividades recreativas culturais eou administrativas

Essa concepccedilatildeo aponta para vaacuterios elementos que integram a paisagem e entre elas encontra-se a vegetaccedilatildeo principal foco do estudo em pauta 10 PARQUES URBANOS

De acordo com Bovo Amorim (2012) no Brasil ldquoos parques puacuteblicos surgem no Rio de Janeiro com a vinda da famiacutelia real em 1808 pois neste periacuteodo teve iniacutecio agrave lsquoorganizaccedilatildeo urbanarsquo que consistia na limpeza das ruas na criaccedilatildeo da poliacutecia militar na criaccedilatildeo da imprensa reacutegia e na fundaccedilatildeo do Banco do Brasilrdquo Sabe-se ainda que por influecircncia europeacuteia se procurou reproduzir o desenho e arquitetura dos espaccedilos puacuteblicos europeus principalmente franceses Tambeacutem se importou a ideia de se procurar plantar espeacutecies exoacuteticas desde que exuberantes e diferentes da vegetaccedilatildeo local

Em termos de vegetaccedilatildeo de espaccedilos puacuteblicos pode-se dizer que foi com o arquiteto e paisagista Burle Marx que as espeacutecies nativas de todas as regiotildees do paiacutes tiveram seu reconhecimento sendo incorporadas nos projetos urbaniacutesticos de diversas cidades brasileiras

Ao mesmo tempo os olhos da sociedade voltam-se para o verde urbano frente a dinacircmica de crescimento que as maioria das cidades passaram a enfrentar nas deacutecadas poacutes segunda guerra mundial aumentando significativamente com as questotildees ambientais de poluiccedilatildeo aquecimento global entre outros Tambeacutem paralelamente cada vez mais as pessoas demandavam aacutereas de lazer em diferentes niacuteveis impulsionando o setor puacuteblico a destinar espaccedilos para fins de lazer contemplaccedilatildeo que com o passar dos anos e dependendo da situaccedilatildeo na qual se encontravam foram assumindo caracteriacutesticas de parques temaacuteticos de conservaccedilatildeo esteacutetico entre outros

Nesse sentido faz-se uma analogia tomando-se Dardel (2011 p 14-16) que diz ldquoa cidade ativa natildeo eacute um espaccedilo inerte mas um espaccedilo que se move um espaccedilo vivordquo Logo um parque tambeacutem pode ser considerado um espaccedilo vivo ele se transforma se adeacutequa agraves necessidades da contemporaneidade e sua vegetaccedilatildeo prioritariamente as aacutervores as quais se revestem de simbolismos de expressividades estimulam o ser humano a pensar nelas como elemento primordial na organicidade da vida transmitindo forccedila energia sem esquecer do proacuteprio ciclo da vida como bem coloca Farah (2008) Ademais de acordo com Ferry (2009 p 24) as aacutervores estatildeo ldquoobtendo acesso ao estatuto de seres juriacutedicosrdquo pensadas num contexto sistecircmico caracterizando uma preocupaccedilatildeo complexa com a totalidade a biosfera

Em seguida seratildeo tratados os espaccedilos selecionados no municiacutepio de Garanhuns Pernambuco com suas molduras paisagiacutesticas com base na arborizaccedilatildeo e principais funccedilotildees

11 PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

Na cidade de Garanhuns propriamente dita encontra-se dois parques que apresentam singularidades diferenciadas em termos de funccedilatildeo satildeo eles o Parque Euclides Dourado e o Parque Euclides Dourado e o Parque Ruber van der Linden cuja disposiccedilatildeo na malha urbana pode ser ilustrada atraveacutes da figura 13

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Figura 13 Visualizaccedilatildeo por imagem de sateacutelite dos parques Euclides Dourado e

Ruber van der Linden na malha urbana de Garanhuns-PE

121 Parque Euclides Dourado Euclides da Costa Dourado importante poliacutetico municipal nas deacutecadas de 1920 -1930 daacute nome ao antigo parque

municipal Mas como antes hoje a populaccedilatildeo continua identificando esse espaccedilo como Parque dos Eucaliptos (Figura 14) O referido parque apresentava e apresenta ainda a predominacircncia de eucaliptos conforme se observa na construccedilatildeo poeacutetica que se segue

O Parque dos Eucaliptos Que lindo plaino Que docilidade Da natureza quando rompe o dia Ou quando a tarde cai saudosa e fria Naquela singular tranquumlilidade A viraccedilatildeo que silva e que se evade O estandarte das flores alicia A adoraacutevel fragacircncia que irradia A perfumosa vegetabilidade Os eucaliptos de bailar natildeo cessam Enquanto os pombos ceacuteleres regressam Agrave paz acolhedora do pombal Cair da tarde E a viraccedilatildeo fogueira Envolve sussurrante e prazenteira A vesperal paisagem do Arraial (CYSNEIROS 1979 p 11)

Pode-se entatildeo apreender dessa poesia que outrora o parque realmente exibia outra denominaccedilatildeo jaacute com a

vegetaccedilatildeo predominante de eucaliptos mas da mesma forma que antes a sensaccedilatildeo de bem-estar eacute transmitida agraves pessoas que o frequentam Transparece ainda a consistecircncia do relevo local quando o autor inicia o texto e diz ldquoQue lindo plainordquo evocando claramente a ideia de relevo plano informaccedilatildeo importante tendo-se em vista ser o municiacutepio incrustado entre sete colinas e ademais vai favorecer a funccedilatildeo de lazer que se sobressai frente agraves outras que existe na atualidade No sentido de dar mais solidez as reflexotildees cita-se mais uma poesia que enfoca a beleza a vegetaccedilatildeo e o imaginaacuterio popular do passado em relaccedilatildeo ao parque dos eucaliptos (Figuras 15 16 e 17) permitindo assim que se possa estabelecer alguns tecircnues viacutenculos com o presente

Figura 14 Predominacircncia de eucaliptos Dourado-GaranhunsPE Foto M Amador 2012

94- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O Parque dos Eucaliptos

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns Entre sonhos e riscos As bicicletas reluziam de homens Com quadro As de moccedila com Tela rendada multicolorida sobre A roda traseira ldquoMe daacute uma triscardquoDizia um moleque E laacute seguiacuteamos triscando por Entre os perfumados eucaliptos A casinha dos macacos Pulando alegres o cercado da ema Pescoccedilo imenso olhos arregalados Coelhos algumas pacas e muitas Cotias Bicicletas ldquotriscandordquo na gente O menino de rolete de cana Doce que soacute a peste gritava Pirulito e sorvete Tardes de sol Ensombreados pelos eucaliptos Carramanchotildees de namorados No centro do parque A construccedilatildeo branca do barzinho

Era uma floresta imensa De perfumados espaccedilos Entremeados de sonhos e Bicicletas O parque de Garanhuns (RENAUX 1979 p 91-92)

Atraveacutes da leitura percebe-se que esse espaccedilo Parque Euclides Dourado ao longo do tempo foi palco de lugar apraziacutevel de passeio e ao que tudo indica em dado momento exibiu uma fauna indicativa de zooloacutegico embora natildeo se possa afirmar por falta de evidecircncias documentais no presente momento Poreacutem quando o autor remete ao fato dos macacos da ema e outros pequenos animais isso faz com que se estabeleccedila uma conexatildeo com um espaccedilolugarpaisagem nos quais o ambiente aparentemente se mostrava mais equilibrado e em harmonia com diversas dimensotildees da sustentabilidade quais seja social econocircmica e ecoloacutegica evidenciando-se nas palavras dos

Figura 15 Vista dos eucapitos Foto de Amador 2012

Figura 16 Vista do parque sob outro angulo Foto M Amador 2012

Figura 17 Parquinho entre os eucaliptos Foto M Amador 2012

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autores poetas citados e que refletem o cotidiano da eacutepoca ldquoO cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locaisrdquo (CAMARGO 2008 p 101)

Observa-se atualmente que o parque encontra-se proacuteximo ao centro da cidade bem como passou a exibir como funccedilatildeo principal o loacutecus de praacuteticas esportivas com equipamentos como pista de caminhada (Figura 18) quadra de jogos (Figura 19) aacuterea especiacutefica de recreaccedilatildeo de crianccedilas entre outros e por ser de caraacuteter municipal tambeacutem abriga uma biblioteca apresentando sua aacuterea externa ajardinada

Figura 18 Pista de caminhada Amador2012 Figura 19 Quadra esportiva Amador 2012

Poreacutem o sentimento de pertencimento e a ideia introjetada pela populaccedilatildeo da possibilidade de bem-estar advindo

da praacutetica de exerciacutecio fiacutesicos tecircm ressaltado nesse espaccedilo mais que qualquer outra a dimensatildeo social e a psicoloacutegica A primeira pela ldquopossibilidade de lazer que essas aacutereas oferecem agrave populaccedilatildeordquo e a segunda pela ldquopossibilidade de realizaccedilatildeo de exerciacutecios de lazer e de recreaccedilatildeo que funcionam como atividades ldquoante-estresserdquo e relaxamento uma vez que as pessoas entram em contato com os elementos naturais dessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

122 Parque Ruber Van Der Linden

O Parque Ruber Van Der Linden apresenta significativa importacircncia para o municiacutepio de Garanhuns Sua proacutepria

histoacuteria jaacute eacute relevante pois foi o primeiro espaccedilo com caracteriacutesticas ecoloacutegicas do interior pernambucano e desde sua criaccedilatildeo ganhou popularidade junto aos seus habitantes os quais reservavam horas livres para passeios em um ambiente agradaacutevel e diferente em relaccedilatildeo ao centro urbano ressaltando-se que nos dias atuais eacute considerado um dos mais apraziacuteveis espaccedilos verdes de Garanhuns e regiatildeo

O parque tem este nome devido ser uma homenagem a quem o implantou e administrou o Engenheiro Ruber Van

Der Linder cidadatildeo garanhuense nascido em 28 de junho de 1896 ldquomuito estudioso aprofundou-se nos conhecimentos de agronomia pecuaacuteria e engenharia civil fiacutesica e quiacutemica ()rdquo Tambeacutem eacute considerado ldquohistoriador jornalista desenhista e poetardquo (GUEIROS SILVA AMADOR 2009) De acordo com Recircgo

Durante vaacuterios anos no cargo de gerente da empresa de aacutegua e luz do municiacutepio com recursos proacuteprios da mencionada empresa idealizou e implantou o ldquopau pombordquo que hoje tem o seu nome ldquoParque Ruber Van Der Lindenrdquo considerando-o uma pequena reserva florestal significando sobretudo um alerta para a defesa dos mananciais e a formaccedilatildeo de uma aacuterea ecoloacutegica para o ldquooacuteciordquo dos homens apoacutes a estafante labuta semanal e recreio destinado a gurizada (REcircGO 1987 p 195)

O parque funcionava na antiga Companhia de Abastecimento de Aacutegua e Luz de Garanhuns sendo reformado pela uacuteltima vez em 1994 Inicialmente essa aacuterea era denominada de ldquoo pau pombo ficava em siacutetio desmembrado da propriedade de Sr Joatildeo Carneiro que se iniciava em residecircncia ruacutestica ao lado direito da Matriz de Santo Antocircniordquo (CAVALCANTI 1893 p 247) Esse parque situa-se aproximadamente a menos de 500 metros do centro da cidade e apesar dessa proximidade manteacutem-se bem arborizado com flores paacutessaros saguumlins preguiccedila e mantendo uma das

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nascentes do Rio Mundauacute tornando-se assim um dos mais requisitados pontos turiacutesticos da cidade de acordo com Gueiros Silva Amador (2009)

Adquirido pela ldquocompanhia de melhoramentosrdquo ldquoo pau pombordquo recebeu inuacutemeros benefiacutecios inclusive com a construccedilatildeo de accedilude sob a orientaccedilatildeo de Ruber Van Der Linder Era tambeacutem um dos locais apraziacuteveis da cidade e nele se realizavam sempre os piqueniques Naquele tempo os homens todos vestidos a caraacuteter em trajes de passeio formal (paletoacute e gravata) as senhoras com suas roupas domingueiras e chapeacuteus de abas longas muito em voga na eacutepoca Natildeo faltava orquestra nem cantores inclusive o boecircmio Augusto Calheiros (CAVALCANTI 1893 p 247)

No entanto apesar de toda essa diversidade fauniacutestica floriacutestica e esteacutetica que transpotildee seacuteculos percebe-se que natildeo haacute uma valorizaccedilatildeo adequada por parte da populaccedilatildeo nem do setor puacuteblico municipal O referido espaccedilo eacute frequentemente utilizado para visitaccedilatildeo de turistas principalmente em momentos de festividades na cidade (Figura 20) ficando agrave revelia de seus moradores Importante salientar que o Parque em apreccedilo estaacute situado em uma aacuterea em declive o que proporciona o uso do desenho do terreno para o embelezamento do parque atraveacutes dos terraceamentos (Figura 21) que foram feitos para facilitar o escoamento de aacuteguas de chuvas contribuir na sustentaccedilatildeo do solo na encosta e tambeacutem aproveitados tambeacutem para dar maior conforto ao usuaacuterio do parque em seus passeios

Figura 20 Movimento de turistas Figura 21 Passeio em terraceamento

Foto M Amador 2012 Foto M Amador 2012

Recentemente tecircm-se notiacutecias de que se estaacute usando o lugar para praacuteticas de educaccedilatildeo ambiental atraveacutes de iniciativas de alguns profissionais do ensino o que eacute bastante salutar A valorizaccedilatildeo natureza eacute de fundamental importacircncia para que se possa garantir bem estar e qualidade de vida para as futuras geraccedilotildees Endossa-se pois as iniciativas levadas agrave praacutetica pela educaccedilatildeo ambiental visto ser um processo de (re) educaccedilatildeo contiacutenua na esperanccedila que o ser humano se harmonize com o meio ambiente jaacute que ldquoa problemaacutetica ambiental exige mudanccedilas de comportamentos de discussatildeo e construccedilatildeo de formas de pensar e agir na relaccedilatildeo com a naturezardquo (BRASIL 1998 p180)

Segundo estudo de Gueiros Silva Amador (2009) o parque possuiacutea aacutervores raras como a Jacaratiaacute e que natildeo existe mais afirmaccedilatildeo encontrada em Valenccedila (2012) que indica ter sido orientaccedilatildeo de Rubens Van Der Linden a transformaccedilatildeo do Siacutetio Vaacuterzea um verdadeiro pomar onde se encontrava frutos de clima temperado como a uva e o caquiacute aleacutem da jacaratiaacute hoje extinta no Nordesterdquo O jaracatiaacute faz parte do contexto de vegetaccedilatildeo endecircmica amazocircnico-nordestino e por ser Garanhuns-PE uma aacuterea de exceccedilatildeo por estar sobre o Planalto da Borborema (Figura 22) beneficiada com uma pluviometria caracteriacutestica de brejos de altitude geralmente entre 500 e 1100 mm ofereciaoferece condiccedilotildees ambientais para florestas de certo porte conforme Tabarelli ( 2012 p 287)

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Figura 22 Ilustraccedilatildeo de uma aacuterea de exceccedilatildeo por altitude Fonte TABARELLI Disponiacutevel em httpwwwculturaapicolacomarapunteslibrosCaatingaparte9_brejospdf Acesso em 04 set 2012 p 287)

Quanto agrave diversidade fauniacutestica no presente a mesma se constitui principalmente de insetos paacutessaros saguins e algumas preguiccedilas que vivem nas copas das aacutervores e dificilmente satildeo vistas Tambeacutem uma das nascentes do Rio Mundauacute

Logo a principal funccedilatildeo do Parque Ruber Van Der Linden eacute de ordem ecoloacutegica pois dispotildee de maior diversidade de espeacutecies floriacutesticas e fauniacutesticas maior interaccedilatildeo solo ndash planta ndash aacutegua Formalmente uma aacuterea livre eou parque com massa verde significativa favorece o ldquoprovimento de melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar aacutegua e solo resultando no bem estar dos habitantes devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo do solo natildeo impermeabilizado e de uma fauna mais diversificada nessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

Como ultimas consideraccedilotildees sobre o trabalho dos parques entende-se que os mesmos abordados nesse trabalho possuem uma longa trajetoacuteria junto ao municiacutepio considerado os quais ora se adaptaram agraves novas demandas da populaccedilatildeo ressaltando-se aacuterea de lazer mas tambeacutem eacute visiacutevel que a relaccedilatildeo que estaacute estabelecida no seio da populaccedilatildeo em geral eacute de afastamento com este bem chamado parque urbano difuso e de fundamental importacircncia para o bem estar das pessoas e do ambiente em termos macros entendendo-se como local municipal Nesse sentido acredita-se serem os estudos da percepccedilatildeo ambiental essenciais para compreender as inter-relaccedilotildees entre o homem e o ambiente

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Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL

DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS

(BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE

PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE

CALCcedilADO-PE

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Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

O tratamento da temaacutetica ambiental eacute por assim dizer atividade bastante complexa do ponto de vista teoacuterico e mais ainda do ponto de vista da praacutexis Somente as accedilotildees desenvolvidas do ponto de vista da holisticidade da temaacutetica eacute que conseguem apresentar resultados satisfatoacuterios no tocante agraves tentativas de recuperaccedilatildeo e preservaccedilatildeo de ambientes degradados locais regionais ou planetaacuterio ndash a biosfera Tal complexidade abarca ateacute a maneira de como se deve conceber o meio ambiente

Francisco de Assis Mendonccedila

(MENDONCcedilA 2004 p70)

No desenvolvimento de uma pesquisa uma seacuterie de reflexotildees satildeo necessaacuterias para uma boa execuccedilatildeo das atividades as quais se seguiratildeo no decorrer dos estudos Tratar da temaacutetica ambiental ainda em emergecircncia a qual estaacute inserida na atualidade eacute um desafio e ao mesmo tempo uma necessidade pois natildeo se pode deixar que discursos poliacuteticos e midiaacuteticos sirvam de norte para a maioria da populaccedilatildeo mundial Eacute de suma importacircncia que ao falar de meio ambiente possa-se dar meios para que a compreensatildeo deste tema seja bem alicerccedilado em teorias e concepccedilotildees pertinentes aos tempos em que vivemos trabalhando de forma integrada o a natureza e o homem Neste sentido a anaacutelise da Barauacutena (Schinopsis brasiliensis) num contexto sistecircmico agregado agraves questotildees ambientais na relaccedilatildeo do homem com a natureza eacute uma fonte quase que inesgotaacutevel de diversas possibilidades de variaacuteveis que se apresentam como essenciais para se adquirir um resultado satisfatoacuterio da pesquisa Assim para que a execuccedilatildeo se encaminhasse pela proposta pretendida foi necessaacuterio a interdisciplinaridade no que se refere agrave anaacutelise social e natural que mediante essa interaccedilatildeo permitiu trazer o pensamento complexo proposto por Edgar Morin o qual defende um diferente olhar paradigmaacutetico natildeo necessariamente novo mas suficientemente transformador na abordagem da temaacutetica ambiental

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A existecircncia da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado- PE levou agrave busca de argumentos que subsidiassem uma discussatildeo sob o vieacutes sistecircmico voltado a paisagem verde e no caso especiacutefico a pesquisa centrou-se nas aacutervores do semiaacuterido nordestino e para ser mais preciso da Caatinga bioma uacutenico no mundo tendo-se como foco a espeacutecie barauacutena por ter existido em abundancia no passado e atualmente estar em processo de extinccedilatildeo no referido municiacutepio

Os elementos que se apresentam como propostas nesta anaacutelise afirmam estabelecer novas concepccedilotildees agravequelas que segregam as relaccedilotildees de diaacutelogo entre o homem e o meio que do ponto de vista geograacutefico se reportam natildeo apenas a meras descriccedilotildees mas acima de tudo a buscar os fluxos concretos de interaccedilatildeo do natural com o social Assim natildeo foi observada qualquer paisagem como algo estaacutetico mas sempre observada como algo dinacircmico que se abre e permite desvendar novas formas de vecirc-las tanto ligadas a sensibilidade e imaginaccedilatildeo das pessoas quanto a proacutepria capacidade de transformaccedilatildeo natural do meio

Como jaacute exposto esta anaacutelise se reporta a pesquisa que trouxe como tema ldquoA Relaccedilatildeo Natural e Social da Schinopsis brasiliensis (Brauacutena) com o Meio Rural e Urbano numa Perspectiva de Paisagem Verde no Municiacutepio de Calccedilado-PErdquo a qual fez parte de um trabalho de maior porte sobre o verde do agreste tanto rural quanto urbano Nesse contexto reconhecer a Brauacutena ou Barauacutena do sertatildeoagreste como tambeacutem eacute denominado foi papel fundamental no caminhar desta pesquisa podendo-se perceber o quanto a mesma eacute notaacutevel sua importacircncia para cada lugar no sentido de troca de benefiacutecios com outras espeacutecies e tambeacutem da proacutepria identidade de moradores e seu apego com elas

A Brauacutena do Sertatildeo considerada aacutervore nobre eacute nativa dessa regiatildeo No bioma Caatinga e no estado de Pernambuco admite-se que haacute ocorrecircncia de ateacute dez indiviacuteduos por hectare As Schinopsis brasiliensis (Brauacutenas) de ordem sapendalesda famiacutelia anacordiacease gecircnero schinapes satildeo aacutervores espinhentas e de comportamento deciacuteduo As maiores aacutervores atingem dimensotildees proacuteximas a 15 m de altura na idade adulta sendo uma das maiores aacutervores da caatinga As flores satildeo pequenas medindo de 3 mm a 4 mm de diacircmetro brancas glabras e suavemente perfumadas O fruto eacute uma drupa alada medindo de 3 cm a 35 cm de comprimento de coloraccedilatildeo castanho-claro e cheia de massa esponjosa A brauacutena apresenta crescimento lento a idade de corte daacute-se geralmente entre 20 a 30 anos Eacute uma espeacutecie nobre da caatinga como jaacute descrito e devido a grande variedade na sua utilizaccedilatildeo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Isso se seguiu ao quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido (EMBRAPA 2009) e aqui fica a preocupaccedilatildeo quem fiscaliza essa proibiccedilatildeo Em termos de comercializaccedilatildeo formal ateacute se admite haver fiscalizaccedilatildeo mas no dia a dia do campo frente agrave necessidade de espaccedilo para outras culturas e principalmente pastos acredita-se que quem sabe ignora e quem natildeo sabe considera sua derrubada um ato natural e sem nenhuma consequecircncia seja para o ambiente seja para eles mesmos

Objetivou-se analisar a Barauacutena em sua funcionalidade tanto natural quanto social inserida na aacuterea rural e urbana do municiacutepio de Calccedilado-PE num contexto sistecircmico atrelado a questotildees que envolvem o verde da paisagem principalmente rural Essa questatildeo ligada ao verde abre um amplo debate em vaacuterios segmentos do contexto ambiental e propotildee uma seacuterie de interconexotildees com vaacuterias aacutereas afins mas na pesquisa em questatildeo deu-se ecircnfase ao verde associado a uma funccedilatildeo social e natural Tem grande relevacircncia quanto a necessidade do municiacutepio conhecer e reconhecer a Barauacutena como aacutervore de importacircncia iacutempar para a sociedade e para o meio natural tambeacutem pela relevacircncia de se refletir e socializar a compreensatildeo do objeto de estudo para evidenciar e discutir a questatildeo da preservaccedilatildeo e da sua funccedilatildeo para a paisagem como parte de um sistema bem como servir de base para fundamentaccedilatildeo de pesquisas posteriores

O estudo foi realizado no municiacutepio de Calccedilado-PE o qual estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco (Figura 1) fazendo parte do semiaacuterido distante 2001 Km do Recife e destaca-se pela produccedilatildeo agriacutecola de feijatildeo A temperatura meacutedia anual eacute de 221 ordmC

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Figura 1 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Calccedilado - PE Adaptado por Raiacute Viniacutecius 2014

1 HISTOacuteRICO E CARACTERIZACAO DE CALCADO-PE

O nome Calccedilado originou-se de um boi preto cujas patas eram totalmente brancas chamado por isso ldquoO Boi Calccediladordquo O boi vivia solto e costumava pastar e descansar a sombra da aacutervore denominada barriguda Essa aacutervore existia onde eacute hoje o centro da cidade Daiacute resultou a expressatildeo ldquopara onde vais Vou para Calccediladordquo A cidade acha-se edificada em uma semiencosta declive de um oitizeiro

Em 1825 era uma fazenda de propriedade do senhor Bernadino Alves do Nascimento conhecido por Bernardo Pedra devido seu riacutegido caraacuteter Existiam quatro casas onde residiam os senhores Tomas Vieira Bernardino Alves do Nascimento Joatildeo Gonccedilalves e Joseacute Vieira

Foi construiacuteda uma capela sob a invocaccedilatildeo de Nossa Senhora de Lourdes Teve como bem feitor o senhor Bernardino que lhe doou a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e um sino recebidos de presente do Padre Moura em um dos vaacuterios passeios em sua residecircncia Doou ao mesmo tempo o terreno para que fizesse parte do patrimocircnio da Igreja cujos direitos continuam vigorando ateacute hoje Com auxiacutelio de sua santa protetora que se encontra atualmente na Igreja Matriz Calccedilado desenvolveu-se muito no decorrer dos anos

Em 1845 jaacute se achava bem povoado Existia um nuacutemero de noventa casas destacando-se as residecircncias dos senhores Cacircndido Alexandre e Joseacute Alexandre da Silva

Calccedilado foi no passado grande centro comercial e industrial com a faacutebrica de beneficiar algodatildeo pertencente ao saudoso Cacircndido Alexandre Passando a Vila em 1885 viveu muitos anos sob os domiacutenios de Canhotinho-PE sendo a maior fonte econocircmica e poliacutetica daquele municiacutepio

Em primeiro de fevereiro de 1932 foi elevado agrave categoria de Paroacutequia tendo como primeiro vigaacuterio o Padre Sizenando Saacute Barreto Sucederam-se outros padres os quais contribuiacuteram muito para o progresso do municiacutepio

Em iniacutecio de fevereiro de 1963 nasceu nos coraccedilotildees dos Calccediladenses um desejo de emancipaccedilatildeo Foram organizados os documentos necessaacuterios e enviados agrave Assembleia do Estado Logo se deu a formaccedilatildeo administrativa onde a divisatildeo referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Calccedilado No quadro fixado para vigorar no periacuteodo de 1944-1948 o distrito de Calccedilado permanece no municiacutepio de Canhotinho Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 01 de julho de 1960

106- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Calccedilado (Figura 1) ja evidenciado acima pela Lei Estadual nordm 4948 de 20- de dezembro de 1963 desmembrado de Canhotinho Sede no antigo distrito de Calccedilado Constituiacutedo do distrito sede Instalado em 22 de fevereiro de 1964 Em divisatildeo territorial datada de 01 de janeiro de 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo do distrito sede Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 2005 (IBGE 2013)

2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A pesquisa em si teve como base metodoloacutegica adotada o levantamento bibliograacutefico bem como a ida ao campo para observaccedilotildees e entrevistas algumas tendo como objetivo o resgate de histoacuteria oral que expressassem essa conotaccedilatildeo de diaacutelogo entre o objeto de estudo e o cotidiano das pessoas

Em termos de procedimento mostrou-se tambeacutem necessaacuterio agrave interdisciplinaridade no trato de questotildees expostas que emergiram no processo de evoluccedilatildeo do estudo bem como o uso da percepccedilatildeo como ferramenta de anaacutelise da paisagem a qual assume ser peccedila fundamental numa pesquisa voltada a temaacutetica sobre meio ambiente Houve tambeacutem aplicaccedilatildeo de questionaacuterios associados agrave entrevistas aos moradores proacuteximos do objeto de estudo e sempre que possiacutevel utilizou-se a maacutequina fotograacutefica para tomada de algumas fotos importantes na documentaccedilatildeo do trabalho de campo

Na identificaccedilatildeo da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado-PE inicialmente realizou-se uma busca aos siacutetios que estatildeo inseridos na aacuterea de estudo Procurou-se tambeacutem o conhecimento mesmo que preliminar dessa aacutervore na dinacircmica de cada localidade Cabe salientar ainda que esta pesquisa integrou trabalhos no Grupo de Estudos Sistecircmicos do SemiAacuterido do Nordeste ndash GESSANE compondo o projeto denominado ldquoO verde na paisagem agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo que visa obter um quadro da situaccedilatildeo do verde urbano e rural de municiacutepios na aacuterea de abrangecircncia de Garanhuns considerado polo educacional turiacutestico e comercial na microrregiatildeo considerada

3 PERSPECTIVAS E DISCUSSOtildeES DA BARAUacuteNA NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO- PE

Na pesquisa que foi desenvolvida houve a percepccedilatildeo da importacircncia da Barauacutena tanto para a sociedade quanto para a proacutepria dinacircmica natural No municiacutepio de Calccedilado foi encontrada a aacutervore em alguns dos siacutetios quais sejam o Siacutetio Pitombeira Boa Vista Mocoacutes Riacho Dantas Olho dacuteagua Velho e Vaacuterzea do Gado Cabe salientar que destes citados o Siacutetio Pitombeira se sobressai por uma quantidade maior de aacutervores dessa espeacutecie As fotos mostradas abaixo satildeo de barauacutenas no Siacutetio Pitombeira (Figuras 2 e 3)

Figuras 2 e 3 Barauacutenas no Sitio Pitombeira em Calccedilado ndash PE 2013 Foto Raiacute Viniacutecius 2013

O relacionamento dessa aacutervore com o ser humano remete a uma sensaccedilatildeo de lembranccedilas que por muitas vezes

gera apego pois se apresentam como objeto causador dessas lembranccedilas Caracterizando-se essa visatildeo de apego foi notado algumas caracteriacutesticas que revelam o forte sentimento de pertecimento com essas aacutervores e portanto absorve-

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se daiacute um cuidado maior que tornam algumas pessoas praticamente defensores tenazes das barauacutenas e de todas as aacutervores de grande porte do semiaacuterido

Espera-se no entanto que esses sentimentos percebidos tenham maior abrangecircncia e que esses valores consigam alcanccedilar outras geraccedilotildees de herdeiros coadunando-se assim com uma das mais importantes premissas da sustentabilidade ambiental a qual pode ser entendida como um principio

O principio da sustentabilidade coloca a preservaccedilatildeo e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais como condiccedilatildeo essencial para a reproduccedilatildeo socioeconoacutemica da sociedade seja ela urbana ou rural (MARTINS SOARES 2010 p 149 apud AMADOR 2011 p52)

Cabe agora abordar nessa discussatildeo a conceituaccedilatildeo de percepccedilatildeo e sua utilizaccedilatildeo nesta pesquisa e antes de fazer a relaccedilatildeo da percepccedilatildeo com a questatildeo ambiental eacute importante conhecer o que de fato eacute percepccedilatildeo

[] destina-seas formas em quehomem sentee entende oambiente(naturaleartificial) especialmenteinfluenciadopor fatores sociaise culturaisTrata-se deuma reflexatildeo sobre oniacutevel de conhecimentoe de sua organizaccedilatildeo os valores que foram colocadas sobremeio ambienteas preferecircnciasdo homem ea maneira em que as escolhassatildeo exercidase os conflitosresolvidos(ONU 1973 p 09)

O conceito de percepccedilatildeo ambiental num contexto mais amplo nas diferentes ciecircncias agrega na proacutepria discussatildeo ambiental uma conotaccedilatildeo subjetiva e carregada de atributos que a torna complexa envolvendo pontos de interseccedilatildeo entre a geografia e a psicologia para o surgimento da percepccedilatildeo

Eacute interessante notar como esse conceito tem estabelecido conexotildees entre um estudo sobre o meio fiacutesico afeito aos meacutetodos da geografia ou da arquitetura e uma reflexatildeo sobre as relaccedilotildees desse meio com a subjetividade proacutepria do instrumental psicoloacutegico Parece ser exatamente por se colocar no meio do terreno que esse conceito tem sido definido de maneira ora mais proacutexima agraves ciecircncias naturais ora mais proacutexima aos saberes que no passado foram chamados lsquociecircncias do espiacuteritorsquo Percepccedilatildeo ambiental eacute uma representaccedilatildeo cientiacutefica e como tal tem sua utilidade definida pelos propoacutesitos que embalam os projetos do pesquisador (PACHECO 2009 pag 19)

Para Tuan (1980) ldquoestudar a percepccedilatildeo leva o sujeito agrave compreensatildeo de si mesmordquo Assim eacute importante entender que a percepccedilatildeo no caso em que foi analisada assumiu uma postura das relaccedilotildees de afeto ao lugar onde fez-se necessaacuteria uma visatildeo sistecircmica dessa relaccedilatildeo

No caso especiacutefico da interpretaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de paisagens naturais construiacutedas e ecleacuteticas temos um avanccedilo significativo a partir do iniacutecio da deacutecada de 1980 estimulado pelos estudos inter e multidisciplinares na aacuterea das Ciecircncias Ambientais especialmente no campo da Ecologia de Paisagens influenciados pela visatildeo sistecircmica (GUIMARAtildeES 2009 p 4-5)

Importante salientar que a percepccedilatildeo ambiental natildeo toma para si uma anaacutelise das representaccedilotildees da realidade mas discute cientificamente perspectivas complexas que aparecem como fundamentais num contexto amplo

Discutir o conceito de percepccedilatildeo ambiental natildeo eacute portanto uma questatildeo de dizer quais das representaccedilotildees parecem corresponder melhor agrave realidade mas elucidar as perspectivas cientiacuteficas sociais ou poliacuteticas veiculadas atraveacutes da utilizaccedilatildeo desse conceito (EacuteSER HILTON 2006 p 7)

Eacute a partir da percepccedilatildeo ambiental que se pode pensar a paisagem como um centro de expansotildees e retraccedilotildees de nossos pensamentos e sentimentos O uso da percepccedilatildeo numa anaacutelise sobre o meio ambiente possibilita uma escuta de valores necessidades e expectativas sobre determinada unidade ambiental

A Barauacutena eacute uma espeacutecie da Caatinga e devido a grande variedade de sua utilizaccedilatildeo e de ser madeira considerada ldquonobrerdquo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Consequentemente isso acarretou o quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido e a pesquisa vecircm reafirmar veementemente esse fato

108- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Ressalta-se nesse ponto que de acordo com Tarsa (2008 p 33 ndash 34 apud ARRUDA 2013 p 97) ldquoa Caatinga eacute hoje uma das regiotildees do planeta mais ameaccediladas pela exploraccedilatildeo humana predatoacuteria e eacute uma das menos protegidasrdquo aleacutem de ser comprovadamente um dos ecossistemas de ecologia fraacutegil e pouco conhecido bem como sujeito ao processo de desertificaccedilatildeo como ja preconizado deacutecadas atraacutes pelo ecoacutelogo Vasconcelos Sobrinho

As discussotildees que envolvem as questotildees ambientais demandam atenccedilotildees no meio acadecircmico favorecendo assim o surgimento de pesquisas nas quais a complexidade presente nesse tema contribua para reflexatildeo da necessidade e importacircncia colaborativa tanto entre os professores das diversas aacutereas do conhecimento quanto para a populaccedilatildeo em geral pois se acredita que o trabalho sistecircmico e interdisciplinar que tambeacutem eacute complexo contribui na relaccedilatildeo intriacutenseca que existe entre o homem e o meio

Entatildeo a discussatildeo sobre a temaacutetica ambiental que se estendeu desde o naturalismo passando por vaacuterias vertentes do pensamento moderno e poacutes-moderno natildeo conseguiu tratar adequadamente desses dois segmentos da ciecircncia humana e natural de forma integrada mas que conforme o tempo passa cada vez mais se vai estreitando e ficando quase que impossiacutevel serem trabalhadas de forma segregada

Assim ao se descobrir que o meio ambiente afirma as complexas interrelaccedilotildees entre o social e o natural ambos em constante transformaccedilatildeo comeccedilam a surgir vaacuterias discussotildees no meio acadecircmico e o aparecimento de muitos trabalhos que evidenciam a problemaacutetica nesse contexto Torna-se relevante em consequecircncia uma ampla discussatildeo que se integre em diversas aacutereas do saber onde o pensamento complexo possa tomar para si o tema e abordar sob a oacutetica fundamental das relaccedilotildees que se estabelecem na discussatildeo de ambos os contextos perfazendo um caminho de diaacutelogo entre eles

O dialogo nesse contexto por sua vez exige o imaginaacuterio presente na sociedade e a humildade do pensar cientiacutefico Mas mesmo assim ainda considera-se insuficiente frente agrave falta de sensibilidade para questotildees dessa natureza vindas principalmente do setor administrativo em todas as esferas hieraacuterquicas o qual vive e segue o sistema econocircmico reinante em sua plenitude Constata-se que a realidade eacute ecossistemica e portanto dinacircmica ao mesmo tempo humana e subjetiva artificial e objetiva

Pensar nos fatos abordados calcados no sistemismo eacute pensar sob um vieacutes amplo e aberto ao dinamismo complexo que se estabelece a partir das variaacuteveis existentes das mais diversas aacutereas do conhecimento Nessa visatildeo que une as vertentes fiacutesicas agrave humana tem-se que adentrar em termos mais amplos onde a percepccedilatildeo que foi peccedila fundamental neste trabalho entrou em cena como um forte meio para execuccedilatildeo dos estudos Na Geografia a questatildeo da percepccedilatildeo ambiental se apresenta como um elo capaz de aproximar o sub-ramo fiacutesico ao humano e eacute atraveacutes dessa percepccedilatildeo que as discussotildees devem ser feitas com muita profundidade para o desenvolvimento de reflexotildees acerca do meio ambiente

4 SOCIEDADE versus NATUREZA

Pensar e refletir sob a perspectiva sistecircmica e complexa do meio ambiente com o uso da Barauacutena como elemento

fundamental talvez pareccedila num primeiro instante algo novo que traz uma possiacutevel busca de unir vertentes fiacutesica agraves humanas e que talvez suas raiacutezes estejam fincadas em solos rasos

Natildeo o que no entanto essa nova visatildeo traz eacute algo que vai muito aleacutem do que um simples olhar superficial e de aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas ultrapassadas para esse tipo de abordagem face ao desenvolvimento do conhecimento o que essa anaacutelise propotildee eacute um olhar amplo soacutelido e embasado numa discussatildeo que se estende nas mais diversas aacutereas do conhecimento e que natildeo se fecha a tomada de novas variaacuteveis pois estas enriquecem sem sombra de duacutevida aos questionamentos que movem o mundo cientiacutefico

O homem que se diz um ser cultural e assim o eacute tambeacutem tem que tomar para si consciecircncia de que ao mesmo tempo eacute natureza e essa visatildeo conjunta torna-o parte e protagonista do relacionamento com o ambiente afirmando a complexidade que existe nesse relacionamento carregado de fatos concretos e de valores impliacutecitos que os tornam fonte inesgotaacutevel de estudos sistecircmicos

A natureza em nenhuma hipoacutetese deve ser taxada como uma obra estaacutetica ou mesmo ateacute acabada ela antes de tudo eacute sempre algo que se renova e estaacute em uma contiacutenua transformaccedilatildeo acompanhando tambeacutem essa evoluccedilatildeo que o homem vive na atual configuraccedilatildeo social a qual caminha a humanidade Neste sentido a interferecircncia que o homem

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exerce sobre o meio vem aumentando gradativamente e sua influecircncia gera cuidados pois essa mesma influecircncia se caracteriza muitas vezes em accedilotildees erradas onde a agressatildeo e as formas estuacutepidas com que alguns agem fazem com que vidas da fauna e flora estejam correndo riscos eminentes como eacute o caso da Barauacutena uma bela e importante aacutervore do semiaacuterido que atualmente estaacute em risco de extinccedilatildeo

Ao se tratar de questotildees que envolvem a sociedade e a natureza natildeo se pretende aqui discutir as particularidades de cada uma ou mesmo dar prioridade a uma discussatildeo dissociada da outra O que se busca quando tratamos dessas temaacuteticas de forma conjunta eacute trazer os resultados dessa interaccedilatildeo e se fazer uma anaacutelise minuciosa de cada uma delas para formaccedilatildeo de um contexto que eacute mais amplo porque faz emergir a complexidade presente

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O pensamento complexo na questatildeo ambiental trazida principalmente por Edgar Morin vem ao encontro de uma

nova reflexatildeo sobre a questatildeo em pauta deixando de ser apenas natural e passando a se relacionar ao social proporcionando assim novas discussotildees e o surgimento de novos paradigmas em vaacuterias aacutereas do conhecimento aleacutem do conceito de uma organizaccedilatildeo sistecircmica quebrando preconceitos e tabus que pudessem existir sobre o meio ambiente e o uso dessa expressatildeo

Essa questatildeo abriu as portas ao despertar ecoloacutegico tratado por Alfredo Pena-Vega que calcado nas concepccedilotildees complexas do proacuteprio Edgar Morin escreveu sobre as intriacutensecas relaccedilotildees de dependecircncias e independecircncias do homem e do meio como integrante de um sistema e sem esquecer contudo da questatildeo da preservaccedilatildeo do meio ambiente que se tornou de relevante importacircncia devido aos muitos desequiliacutebrios ecoloacutegicos respaldado tambeacutem numa reorganizaccedilatildeo epistemoloacutegica colocada pelo Michel Foucault (1966) como salientado por Pena-Vega em sua obra ldquoO Despertar Ecoloacutegicordquo (2003) o que possibilitou novas visotildees sobre ecologia

Essa visatildeo de sistemas colocada para tornar o meio ambiente parte dinacircmica relacionada agrave accedilatildeo humana foi tido como principal meacutetodo de abordagem que evidenciasse justamente essa relaccedilatildeo existente entre o natural e o social pois na evoluccedilatildeo do pensamento geograacutefico desde sua sistematizaccedilatildeo com Humboldt que era naturalista e Ritter que descrevia as organizaccedilotildees espaciais dos homens sobre os diferentes lugares atrelaram-se a essas vertentes poreacutem com dissociaccedilotildees que ao mesmo tempo as separavam Mais tarde Ratzel propocircs uma visatildeo do determinismo dos lugares sobre o homem contrapondo-se a isso La Blache concebia as possibilidades que o homem poderia ter sobre o meio e a separaccedilatildeo entre elementos fiacutesico-naturais e elementos humano-sociais No entanto nenhuma dessas concepccedilotildees conseguiu inter-relacionar sistemicamente o homem com o meio natural

Seguindo-se a discussatildeo do pensamento complexo e a ideia de sistemas eacute notaacutevel que nem o meacutetodo positivista que natildeo conseguia associar a questatildeo fiacutesica agrave humana nem o marxismo que partia da criacutetica do homem e sua sociedade foram capazes de conceber em seus estudos as relaccedilotildees complexas do meio ambiente sendo a teoria de sistemas o principal meacutetodo encarregado do estudo dessa aacuterea Por volta dos anos 1930 surge a abordagem sistecircmica defendida e divulgada por Ludwig von Bertalanffy bioacutelogo alematildeo e que soacute deacutecadas depois teve a obra Teoria dos Sistemas difundida em praticamente todas as aacutereas da ciecircncia

Chegamos entatildeo a uma concepccedilatildeo que por oposiccedilatildeo ao reducionismo podemos denominar perspectivismo Natildeo podemos reduzir os niacuteveis bioloacutegico social e do comportamento ao niacutevel mais baixo o das construccedilotildees e leis da fiacutesica Podemos contudo encontrar construccedilotildees e possivelmente leis nos niacuteveis individuais [] O principio unificador e que encontramos organizaccedilatildeo em todos os niacuteveis (BERTALANFFY 2009 p 76)

Assim a barauacutena aacutervore tatildeo importante na dinacircmica natural do semiaacuterido eacute um grandioso e ao mesmo tempo

pequeno elemento de uma discussatildeo que abrange diversas concepccedilotildees e que busca essa imersatildeo harmoniosa na relaccedilatildeo do homem com seu meio

A pesquisa sem duacutevida alcanccedilou suas expectativas pois a cada passo dado pocircde-se desvendar essa fascinante dimensatildeo do envolvimento cotidiano e histoacuterico da vida do ser humano totalmente ligado a vida natural e nesse caso especifico ao elemento Barauacutena

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REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_______ Maria Betacircnia Moreira Abordagem geograacutefica de antigas aacutereas algarobadas atraveacutes do estudo sistecircmico dos processos superficiais da paisagem e sua influecircncia na biota local MonteiroPR Maria Betacircnia Moreira Amador ndash Recife Ed Universitaacuteria as UFPE 2013

ARRUDA Lucielma Bernardino Coelho de Alfabetizacao ecoloacutegica a caatinga como ponto de partida In SOUZA Debora Quetti Marques de (Org) Educaccedilatildeo em debate toacutepicos atuais Recife Editora Universitaria da UFPE 2013

BERTALANFFY Ludwig von Teoria geral dos sistemas fundamentos desenvolvimento e aplicaccedilotildees 4 ed Traduccedilatildeo de Francisco M Guimaraes Petropolis Rio de Janeiro Vozes 2009

GUIMARAtildeES Solange T de Lima Percepccedilatildeo Ambiental Paisagem e Valores OLAM- Ciecircncia e Tecnologia Nordm 2 2009lt Disponiacutevel em HTTP www cecemcarcunespbrojsiacutendex-phpolamiacutendex- Acesso em 03062013

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrashomephpgt Acesso em 25 de novembro de 2013

MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e meio ambiente Francisco de Assis Mendonccedila 7 Ed ndash Satildeo Paulo Contexto 2004 ndash (caminhos da Geografia)

PACHECO SILVA Eacuteser e Hilton P Compromissos epistemoloacutegicos do conceito de percepccedilatildeo ambiental Programa EICOSUFRJ Departamento de Antropologia Museu nacional e programa EICOSUFRJ 2009

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo de Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

TUAN Yu Fu Topofilia Um Estudo da Percepccedilatildeo Atitudes e Valores do Meio Ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

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Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE

A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO

JOAtildeOPE

112- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE

SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carecircncia Se cada um tomasse o que lhe fosse necessaacuterio natildeo havia pobreza no mundo e ningueacutem morreria de fome

MAHATMA GANDHI11

Este capiacutetulo aborda reflexotildees sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) sob os pontos de vista ambiental e econocircmico inserida na aacuterea rural do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no acircmbito das questotildees verdes do Agreste Pernambucano atraveacutes da visatildeo sistecircmica Foi idealizado com o intuito de contribuir para uma melhor apreensatildeo sobre esta aacutervore cogitando suas relaccedilotildees no espaccedilo geograacutefico e agraacuterio na qual estaacute absorvida Tambeacutem com a finalidade de contribuir para um maior conhecimento da aacuterea de estudo

Objetivou-se com este trabalho identificar e esclarecer as relaccedilotildees e as funcionalidades que a Jurema Preta tem em seu ambiente natural inserida no municiacutepio em estudo Portanto as informaccedilotildees seratildeo de fundamental importacircncia para os leitores que se interessam pelos assuntos que remetem agraves questotildees ambientais em especiacutefico o verde no ambiente rural enquadrados no sistemismo e na geografia ambiental e conhecer um pouco sobre Satildeo JoatildeoPE

As informaccedilotildees contidas neste capiacutetulo satildeo fruto de uma pesquisa realizada no municiacutepio selecionado por meio de uma bolsa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica atraveacutes do PIBIC-ICUPECNPq2013-2014 Tambeacutem pela experiecircncia de vida do autor e por fontes de autores que tambeacutem trabalham a respeito da Jurema 1 DEFINICcedilAtildeO DA JUREMA PRETA E CARACTERIacuteSTICAS GERAIS

O objeto de estudo eacute a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) de sinocircnimo botacircnico Mimosa hostilisBenth espeacutecie arboacuterea-arbustiva pioneira tiacutepica e encontrada frequentemente no bioma Caatinga pertencente agrave

11 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 113

famiacutelia Fabaceae da ordem das Fabales ocorrendo nas regiotildees semiaacuteridas do Brasil principalmente nos estados do Nordeste brasileiro Tambeacutem eacute conhecida por calumbi em algumas regiotildees do Nordeste

Tem o nome de Jurema Preta para se diferenciar de outro tipo de jurema a Jurema Branca (Mimosa verrucosa ou Mimosa ophtalmocentra Mart Ex Benth) Vasconcelos Sobrinho (1970) define Jurema Preta afirmando que

A Mimosa hostilisBenth Jurema Preta ndash Leguminosa ndash eacute aacutervore de pequeno porte ateacute 5 metros de altura por 020 centiacutemetros de diacircmetro casca escura com acuacuteleos Madeira muito dura castanho-escura geralmente utilizada para carvatildeo em fundiccedilotildees dado o seu alto poder caloriacutefico (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

A Jurema Preta (Figura 1) se destaca pelas suas variadas formas de utilizaccedilotildees devido suas significativas potencialidades que vatildeo desde as suas raiacutezes ateacute suas folhas Dela satildeo feitos vaacuterios produtos de aproveitamento humano e animal

Figura 1 ndash Jurema Preta no siacutetio Vaacuterzea do Barro Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto acima pode ser observado que a Jurema tem um aspecto arboacutereo poreacutem isso vai depender do tipo de solo em que ela estaacute fixada Se for um solo muito pedregoso ficaraacute apenas um arbusto e seu crescimento seraacute limitado e com bastante galhos retorcidos que natildeo viraratildeo estacas Jaacute na imagem da figura 1 o solo eacute mais arenoso e isso faz com que ela cresccedila mais os galhos ficam retiliacuteneos proporcionando melhor qualidade as estacas e a copa fica mais frondosa

114- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na sua morfologia a Jurema tem seu tronco apresentando variaccedilatildeo entre 15-30 centiacutemetros de diacircmetro revestido com uma casca grossa escura rugosa e com espinhos Suas folhas (Figura 2) satildeo bipinadas compostas com 4-7 pares de folhas pinadas O conjunto dessas pinas se estende por hastes (talos) perifeacutericas de 2-4 cm de comprimento e eacute composto por 15-33 pares de foliacuteolos de 5-6 mm de comprimento cada um

Figura 2 ndash Folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

As flores (Figura 3) satildeo alvas pequenas de 4-8 cm de comprimentodispostas em espigas O fruto eacute uma vagem de tamanho pequeno (25-5 mm) e quebradiccedilo quando amadurecido Em cada vagem haacute cerca de 4-6 sementes estas satildeo de coloraccedilatildeo marrom apresentando forma oval e achatada com aproximadamente 3 mm de diacircmetro

Nesse contexto a flor da Jurema eacute muito importante para as abelhas e outros insetos que se alimentam do poacutelen e isso faz com que usem a aacutervore para fins apiacutecolas

Figura 3 ndash Flores e vagem da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

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Tanto as flores quanto as folhas tem um cheiro caracteriacutestico e forte que ao exalar atraem insetos que iratildeo se

alimentar do seu poacutelen promovendo assim a fecundaccedilatildeo e as sementes seratildeo disseminadas para outras aacutereas Sua floraccedilatildeo eacute bastante perceptiacutevel onde toda a copa da aacutervore fica florida (Figura 4)

Figura 4 ndash Jurema Preta em floraccedilatildeo siacutetio Vaacuterzea da Pedra Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Esta imagem mostra uma Jurema em floraccedilatildeo Seu aspecto fiacutesico eacute de um arbusto e de galhos retorcidos devido

ao local onde estaacute fixada O solo desse local apresenta o predomiacutenio de muitas rochas e com isso acarreta uma limitaccedilatildeo no crescimento das raiacutezes e consequentemente da planta 2 SAtildeO JOAtildeOPE ndash AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo eacute o municiacutepio de Satildeo Joatildeo (figura 5) pertencente ao Estado de Pernambuco situado na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do semiaacuterido pernambucano Administrativamente eacute constituiacutedo pelo distrito sede e pelos povoados de Frexeiras Taquari e Volta do Rio Distancia da capital 236 km atraveacutes da rodovia asfaltada deputado Joseacute Cardoso - PE 177 e a BR 423

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Figura 5 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no Estado de Pernambuco

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes satildeo Jupi (24 km ao norte) Jucati (32 km ao norte) Palmeirina (31 km ao sul) Angelim (12 km a leste) e Garanhuns (16 km a oeste) O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Sua emancipaccedilatildeo poliacutetica ocorreu em 25 de novembro de 1958 pela lei nordm 3280 A instalaccedilatildeo do municiacutepio soacute veio a ocorrer em 1962 devido a questotildees poliacuteticas As terras onde o municiacutepio se originou eram pertencentes agrave fazenda Burgos de Manuel da Cruz Vilela Naquelas terras formou-se o Siacutetio Satildeo Joatildeo nome este devido a uma capela dedicada a Satildeo Joatildeo que posteriormente tornou-se povoado e em 1885 figura como distrito de Garanhuns

Satildeo Joatildeo estaacute localizado a uma latitude 08ordm52rsquo32rsquorsquo sul e a uma longitude 36ordm22rsquo00rsquo oeste com altitude de 716 metros Seu bioma eacute a Mata Atlacircntica e se encontra incluiacutedo na unidade geoambiental das Superfiacutecies Retrabalhadas com relevo dissecado e vales profundos Apresenta vegetaccedilatildeo composta por Florestas Subperenefoacutelias e com partes de Florestas Hipoxeroacutefilas No mapa a seguir (Figura 6) mostra o tipo de vegetaccedilatildeo da regiatildeo que no caso predomina a Floresta Estacional Semidecidual

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Figura 6 ndash Mapa mostrando o tipo de vegetaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo-PE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Em relaccedilatildeo agrave hidrografia o municiacutepio insere-se nos domiacutenios da bacia hidrograacutefica do rio Mundauacute e tem como principais afluentes o rio Inhauacutema e os riachos do Papagaio Volta do Rio de Dentro do Tamborim e Mocambo todos de regime intermitentes Ademais conta ainda com a Barragem da Onccedila e o Accedilude Municipal localizada a 1 km do centro da cidade e localizado no proacuteprio centro urbano respectivamente

Os tipos de solos predominantes satildeo o NeossoloRegoliacutetico e o Argissolo Amarelo O mapa a seguir (Figura 7) mostra os tipos e a localizaccedilatildeo destes

Figura 7 ndash Mapa de solos de Satildeo JoatildeoPE Fonte Adaptaccedilatildeo Renner Rodrigues 2013

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O clima predominante nesta regiatildeo onde se encontra Satildeo Joatildeo segundo o Plano Territorial de Rede Produtiva ndash

PTRP eacute o Tropical Semiuacutemido ndash Quente com meacutedia maior que 18degC em todos os meses do ano (04 e 05 meses secos) Eacute tambeacutem encontrado o clima Tropical Semiuacutemido ndash Subquente com meacutedia entre 15degC e 18degC em pelo menos 01 mecircs por ano (04 e 05 meses secos) o que eacute caracterizado como micro clima ndash regiatildeo de Garanhuns (PTRP 2012 p 21)

O mapa representado na figura 8 mostra o clima e o micro clima (circulado em vermelho) predominante na parte onde Satildeo Joatildeo estaacute inserido

Figura 8 ndash Tipos de climas do Agreste Meridional

Fonte PTRP 2012

A base da economia do municiacutepio gira em torno da produccedilatildeo agropecuaacuteria tendo produccedilatildeo agriacutecola atual de feijatildeo

milho e mandioca onde antes eram as culturas de cafeacute algodatildeo e cana-de-accediluacutecar A cultura do feijatildeo eacute a que mais se destaca dando a Satildeo Joatildeo o status de maior produtor de feijatildeo da regiatildeo e do Estado de Pernambuco Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o destaque maior eacute a criaccedilatildeo de gado bovino para corte e leite Entretanto tambeacutem satildeo comercializados caprinos ovinos suiacutenos e aves Estas criaccedilotildees satildeo negociadas na feira local (Parque da Feira de Animais de Satildeo Joatildeo) e em feiras de municiacutepios vizinhos a exemplo Capoeiras Garanhuns e Lajedo

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2010 sua populaccedilatildeo absoluta foi de 21312 habitantes com estimativa de 22162 para 2013 A aacuterea da unidade territorial eacute de 258334 kmsup2 Possui densidade demograacutefica de 8250 (habkmsup2)

No turismo o municiacutepio de Satildeo Joatildeo se destaca pelas belezas naturais que se encontram na parte sul do municiacutepio (tambeacutem conhecida popularmente por zona da mata ou simplesmente mata) cita-se como exemplo a Bica do Matatildeo e Barragem Inhumas salientando-se que na Inhumas haacute trilhas de cunho ecoloacutegico proacuteximo agrave cidade estaacute a Barragem da Onccedila (Figura 9) que aleacutem de ser parte dos recursos hiacutedricos do municiacutepio tambeacutem pode ser encontrado resquiacutecios da Mata Atlacircntica com grande biodiversidade Ainda no contexto haacute o Accedilude Municipal que se encontra na cidade sendo um cartatildeo postal e ponto turiacutestico do municiacutepio

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Figura 9 ndash Barragem da Onccedila Siacutetio Olho Drsquoaacutegua da Onccedila Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto satildeo mostrados aspectos das margens da Barragem da Onccedila ao seu redor eacute percebe-se a vegetaccedilatildeo predominante e o relevo se apresenta com algumas elevaccedilotildees acentuadas

No aspecto cultural cita-se o carnaval o qual eacute considerado o melhor da regiatildeo pelos foliotildees do municiacutepio e de cidades proacuteximas Tem as festividades juninas tanto na aacuterea rural quanto na aacuterea urbana No espaccedilo rural tem a Quadrilha Milharal com mais de 20 anos de tradiccedilatildeo No dia 07 de setembro tem a comemoraccedilatildeo da Independecircncia do Brasil com desfile ciacutevico das escolas municipais das particulares e da escola estadual onde abordam temas relevantes ao puacuteblico que as assistem e haacute as apresentaccedilotildees das Bandas Marciais Mirim e dos Ex-Alunos no dia 25 de novembro tem a comemoraccedilatildeo da emancipaccedilatildeo poliacutetica data muito importante para os satildeo-joanenses

Outras manifestaccedilotildees culturais ainda ocorrem a exemplo da literatura de cordel onde tem-se grandes cordelistas no municiacutepio entre eles ressalta-se a senhora Santina Izabel o senhor Joatildeo Pimentel Joseacute de Souza Zumba (Gonccedilalo) entre outros e grupos de danccedilas que tentam resgatar e manter as raiacutezes das culturas dos nossos antepassados fazendo suas apresentaccedilotildees na cidade e em outros espaccedilos disseminando a cultura local

No municiacutepio haacute tambeacutem grande influecircncia do turismo religioso pois eacute comum vaacuterios turistas irem visitar o povoado de Frexeiras no qual se encontra o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras com a imagem de Santa Quiteacuteria e o museu

De acordo com a Rota da Feacute Pernambuco aponta-se o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria como um dos maiores centros de romaria do Nordeste abrigando o maior acervo de ex-votos de Pernambuco Salienta-se ainda que

Em propriedade particular eacute um dos mais importantes centros de romarias do Nordeste e abriga o maior acervo de ex-votos de Pernambuco A imagem da Santa foi trazida para a capela haacute mais de 200 anos e a sua guarda estaacute sob a responsabilidade da famiacutelia Guilherme da Rocha desde o seacuteculo XVIII A secular construccedilatildeo que abriga o santuaacuterio caracteriza-se pelo estilo de suas linhas calccedilada alta e um alpendre amplo que serve para abrigar os romeiros No interior do casaratildeo encontra-se a nave principal onde estaacute o altar com a imagem de Santa Quiteacuteria toda coberta por adornos em ouro doados em reconhecimento pelas graccedilas alcanccediladas A Festa de Santa Quiteacuteria ponto culminante das romarias acontece anualmente em setembro com grande participaccedilatildeo popular (ROTA DA FEacute PERNAMBUCO s d)

No ambito do turismo religioso encontra-se o Bloco Jesus Me Sacoleje criado em setembro de 2005 pelo paacuteroco da Igreja Catoacutelica (Paroacutequia de Satildeo Joatildeo BatistaDiocese de Garanhuns) o Padre Seacutergio Tenoacuterio de Oliveira Desde entatildeo o bloco conta com 9 ediccedilotildees arrastando multidotildees pelas principais ruas da cidade trazendo grandes nomes da muacutesica catoacutelica para os fieis e evidenciando a feacute catoacutelica na regiatildeo O percurso eacute feito a peacute seguindo o trem eleacutetrico realizando

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oraccedilotildees e reflexotildees A saiacuteda eacute em frente ao Accedilude Municipal com sentido a Praccedila de Eventos de Satildeo Joatildeo onde eacute realizado um grande show finalizando as atividades do evento

A escolha do municiacutepio para estudo se deu pelo fato do autor ser residente de Satildeo Joatildeo e viver no municiacutepio desde a infacircncia ate a vida adulta bem como pelo municiacutepio estar incluiacutedo no semiaacuterido do Nordeste Tambeacutem pelas relaccedilotildees afetivas com o ambiente material no qual o individuo estaacute inserido fazendo-se uma alusatildeo agrave topofilia de Yi-Fu Tuan geoacutegrafo chinecircs e professor de Geografia de vaacuterias Universidades Ocidentais e que em sua literatura diz que

A palavra ldquotopofiliardquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definida em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mas muito mais intensa que eacute subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o locus de reminiscecircncias e o meio de se ganhar a vida (TUAN 1980 p 107)

Eacute nesta perspectiva de sentimentos para o lugar que o municiacutepio foi selecionado Daiacute a importacircncia dada para

tambeacutem estudaacute-lo jaacute que o objeto de estudo a Jurema Preta se encontra em abundacircncia nos domiacutenios do espaccedilo geograacutefico tratado

3 UTILIDADES DA JUREMA PRETA EM SAtildeO JOAtildeO

No espaccedilo rural do municiacutepio de Satildeo Joatildeo-PE esta aacutervore se encontra em grande abundacircncia Ela eacute encontrada isolada ou agrupada onde recebe o nome de juremais sendo vista em vaacuterias aacutereas (siacutetios) e compondo a paisagem do municiacutepio e por efeito do Agreste de Pernambuco (RODRIGUES AMADOR 2013 p 183)

Embora a Jurema Preta seja uma aacutervore tiacutepica do bioma Caatinga verificou-se a sua abundacircncia em Satildeo Joatildeo que se encontra inserida no bioma Mata Atlacircntica segundo o IBGE Isso acontece devido o municiacutepio estar situado na faixa de transiccedilatildeo entre os dois biomas mencionados Portanto eacute comum a presenccedila de elementos que satildeo caracteriacutesticos dos dois domiacutenios morfoloacutegicos na aacuterea de estudo 31 Carvatildeo e lenha

Uma praacutetica comum feita por agricultores da regiatildeo eacute a extraccedilatildeo de lenha para as casas-de-farinha e para as

padarias onde seus fornos satildeo movidos agrave lenha principalmente a lenha oriunda da Jurema pelo seu alto teor caloriacutefico Para a fabricaccedilatildeo do carvatildeo aleacutem da lenha tambeacutem se usa a madeira que tem boa qualidade para tal finalidade

A madeira bom poder calorifico em funccedilatildeo do alto peso especiacutefico baacutesico que eacute de 091gcmsup3 o que classifica como excelente madeira para o carvatildeo (FARIAS 1984 p 84)

Aleacutem disso usam-se estas lenhas nas proacuteprias casas domiciliares em ldquofogotildeesrdquo feitos de barro onde se utiliza tanto a lenha quanto o carvatildeo Essa praacutetica de utilizar ldquofogotildees agrave lenhardquo jaacute foi bastante intensa entretanto natildeo se faz mais como antes porque a lenhacarvatildeo foi substituiacuteda pelo gaacutes butano o popular gaacutes de cozinha

O carvatildeo produzido da Jurema eacute feito em caieiras (Figura 10) de maneira artesanal Pegam-se a madeira e coloca dentro de uma vala feita em qualquer espaccedilo na propriedade Depois cobre com areia e palha apoacutes isso ateia fogo e com certo periacuteodo essa madeira se transforma em carvatildeo

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Figura 10 ndash Caieira artesanal no siacutetio Vaca Morta Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto da figura 10 foi retratada a caieira feita na propriedade utilizando madeira da proacutepria Sua construccedilatildeo eacute simples de fazer natildeo precisa de muita matildeo de obra e natildeo tem custo algum

O carvatildeo eacute uma renda extra para pequenos agricultores familiares que tem juremais em suas propriedades Ele eacute bem procurado pois o da Jurema eacute o melhor em relaccedilatildeo a outros tipos de madeiras As partes da Jurema onde se faz o carvatildeo satildeo as raiacutezes mais grossas e o tronco sendo este a parte mais apropriada para fabricaccedilatildeo devido a sua densidade A saca do carvatildeo custa em meacutedia R$ 2400 tomando-se como referencia o mecircs de dezembro de 2013

311 Cercas

Por ter madeira densa (densidade 112 gcmsup3) pesada de grande durabilidade natural e muito resistente a pragas esses atributos possibilitam aos residentes da aacuterea rural de Satildeo Joatildeo utilizar a Jurema de vaacuterias maneiras Atraveacutes do corte de seu tronco se obteacutem estacas (Figura 11) ou mourotildees depedendo de seu diacircmetro Com esse material satildeo construiacutedas e feitas manutenccedilatildeo de cercas (Figura 12) onde podem ser utilizadas para currais cercados para pastagens de criaccedilotildees e tambeacutem a usam para delimitaccedilatildeo das propriedades

Com cerca de 45 anos jaacute se pode obter estacas onde custam em meacutedia R$ 700 Jaacute os mourotildees variam de preccedilos de R$ de 1000 a R$ 2000 por unidade referencia de preccedilo dezembro de 2013

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Figura 11 Estacas de Jurema Figura 12 construccedilatildeo de cercas com as mesmas

Fotos Renner Rodrigues 2013 Fotos Renner Rodrigues 2013

Nas fotos das figuras 11 e 12 acima eacute mostrada estacas da Jurema que posteriormente foram construiacutedas cercas de arame farpado com as proacuteprias com o intuito de demarcar territoacuterio No caso isso aconteceu no siacutetio Vaacuterzea do Barro e a propriedade media 2 hectares 312 Sombra

Outra utilidade da Jurema eacute a sombra para os animais (Figura 13) jaacute que eacute comum ter a aacutervore em meio agrave pastagem e em dias quentes os animais descansam debaixo da sua sombra

Figura 13 ndash Bovinos descansando debaixo de uma Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

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Na foto pode ser observado bovinos descansando nas imediaccedilotildees de vaacuterias Juremas que estatildeo localizadas no siacutetio Vaacuterzea da Pedra em Satildeo JoatildeoPE

Nesse contexto entra em questatildeo do bem estar animal onde o local que estaacute a sombra se torna um lugar agradaacutevel e tranquilo deixando o animal bem acomodado e em pleno sossego Dessa forma eis que surge o valor da Jurema Preta dada a importacircncia para o sombreamento dos animais e para o solo

313 Alimentaccedilatildeo

Por suas folhas serem palataacuteveis muitos animais (Figura 14) buscam na Jurema uma alternativa a mais para saciar sua fome Ela eacute bastante procurada pelos caprinos ovinos e em algumas vezes os bovinos

Figura 14 ndash Caprinos se alimentando de folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto se tem a observaccedilatildeo de caprinos comendo as folhas do talo da Jurema eles comem tanto que fica somente o talo sem folha nenhuma 314 Abrigo

Na questatildeo do abrigo se observou que vaacuterias aves como o anu a garrincheira a casaca de couro a rolinha entre outros constroem seus ninhos entre os galhos da Jurema (Figura 15) e a confecccedilatildeo destes ninhos eacute feito com gravetos da proacutepria aacutervore principalmente aqueles gravetos mais secos e espinhosos que caem no chatildeo onde estes espinhos protegem os ovos e os filhotes dos predadores naturais

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Figura 15 ndash Ninho de casaca de couro

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto acima a abordagem de um ninho de casaca de couro em uma Jurema feito atraveacutes de galhos da proacutepria

315 Relaccedilotildees com outras espeacutecies e com outras aacutervores nativas e exoacuteticas

A vegetaccedilatildeo arboacuterea de Satildeo Joatildeo se encontra muito alterada pela accedilatildeo antroacutepica principalmente na parte norte onde a regiatildeo fitogeograacutefica eacute a Agreste onde cada vez mais a vegetaccedilatildeo nativa vem dando espaccedilo as roccedilas feitas pelos produtores rurais O municiacutepio tem duas regiotildees fitogeograacuteficas o Agreste e a Mata Uacutemida (Figura 16)

Figura 16 ndash Mapa da fitogeografia do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

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Na parte Agreste existem pequenas propriedades de agricultores familiares que em suas terras plantam aacutervores frutiacuteferas como a jaqueira mangueira o cajueiro entre outras ficando apenas esse tipo arboacutereo na paisagem predominando mais uma vegetaccedilatildeo arbustiva com gramiacuteneas jaacute que as terras satildeo agricultaacuteveis e os produtores acreditam que as aacutervores atrapalham o crescimento das lavouras e retiram as aacutervores deixando as propriedades em campos abertos Isso acontece devido a falta de informaccedilatildeo da importacircncia da vegetaccedilatildeo arboacuterea na propriedade

Em relaccedilatildeo agrave Jurema no Agreste nos juremais haacute uma grande diversidade de aves e insetos que ali se reproduzem e vivem em consonacircncia com a aacutervore Jaacute na Mata Uacutemida tambeacutem se encontra aacutervores frutiacuteferas poreacutem diferente do Agreste em vez de serem pequenas propriedades observa-se que eacute bastante comum a existecircncia de fazendas e nelas predominam mais aacutervores caracteriacutesticas da Mata Atlacircntica E em relaccedilatildeo a Jurema tambeacutem haacute a predominacircncia dela pelas propriedades

No contexto ambiental sua importacircncia se daacute pela relaccedilatildeo do espaccedilo convivido com outras aacutervores nativas como o cajueiro o mulungu e as cactaacuteceas nativas a exemplo o mandacaru (Cereus jamacaru) e facheiro tambeacutem a exoacutetica Algaroba (Prosopisjuliflora) (Figura 17)

Figuras 17 ndash Relaccedilatildeo da Jurema com o mandacaru

Foto Renner Rodrigues 2013

Aleacutem disso outros vegetais animais insetos e aves se relacionam com a Jurema Tem-se na foto da figura 17 a

associaccedilatildeo da Jurema com o Mandacaru (no plano de fundo) Cabe considerar a relaccedilatildeo da Jurema com a Algaroba no sentido de benefiacutecio muacutetuo o que eacute relevante pois

muitos acreditam que a Prosopis inibe a presenccedila de espeacutecies nativas caracterizando a invasatildeo bioloacutegica Em Satildeo Joatildeo pode-se observar com frequecircncia a presenccedila da algarobeira em meio ao juremal proveniente de uma propagaccedilatildeo de sementes acredita-se por via animal

126- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

4 OUTRAS UTILIDADES NUM CONTEXTO GERAL

Aleacutem das raiacutezes da Jurema Preta poder ser utilizadas na produccedilatildeo de carvatildeo tambeacutem satildeo usadas para se fazer uma bebida que igualmente eacute chamada de Jurema ou o Vinho da Jurema para os adeptos de religiotildees africanas o Candombleacute por exemplo Acreditam que quando tomam essa bebida teratildeo bons sonhos Natildeo soacute os religiosos mas tambeacutem os iacutendios fazem esse tipo de bebida

De acordo com Vasconcelos Sobrinho (1970) da casca de suas raiacutezes faziam certas tribos de iacutendios ndash Carajaacutes e outras ndash bebida estupefaciente e alucinatoacuteria com caracteriacutesticas semelhantes agrave dos ampliadores de consciecircncia (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

Ademais a Jurema Preta eacute a leguminosa para ser introduzida com sucesso nas pastagens sem a proteccedilatildeo de suas mudas e na presenccedila do gado (DIAS SOUTO 2007 p 268) 5 METODOLOGIA

A metodologia materializa-se pelo levantamento bibliograacutefico bem como a ida a campo para observaccedilatildeo

Mostrando-se necessaacuterio a interdisciplinaridade para se refletir sobre questotildees mostradas no projeto jaacute que foram utilizadas vaacuterias aacutereas do conhecimento Houve tambeacutem registros fotograacuteficos para tomadas de cenas importantes

Desse modo foram feitas reflexotildees sistecircmicas a partir de cada funcionalidade que o objeto de estudo apresenta em seu espaccedilo abordando suas relaccedilotildees e importacircncia para os animais e os humanos 6 VINCULACcedilAtildeO E BASES TEOacuteRICAS

Esta pesquisa estaacute vinculada a um projeto maior o projeto Guarda Chuva intitulado ldquoO Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo de autoria da Profordf Drordf Mordf Betacircnia M Amador que visa analisar o verde em aacutereas urbanas e rurais de forma sistecircmica por municiacutepio selecionado no meu caso Satildeo Joatildeo Tambeacutem visando contribuir para um melhor conhecimento da regiatildeo e o aperfeiccediloamento em termos de iniciaccedilatildeo cientiacutefica dos discentes do Curso de Licenciatura em Geografia da UPE Garanhuns Amador (2011) com base em Morin (2005) e Vasconcellos (2002) afirma que

Pensar complexamente requer trabalhar com o objeto em contexto ampliar o foco e conseguir visualizar sistemas amplos Tira-se o foco exclusivo do elemento e incluem-se as relaccedilotildees O contexto diz respeito entatildeo agraves relaccedilotildees entre os elementos envolvidos (AMADOR 2011 p 99)

Eacute nesta perspectiva de pensar complexamente que se pode ter subsiacutedios para melhor compreensatildeo sobre as funcionalidades interaccedilotildees e a importacircncia da Jurema Preta na paisagem agreste do espaccedilo rural de Satildeo Joatildeo

O sistemismo por sua vez nos traz a ideia de sistemas E esses sistemas vatildeo de um todo organizado e nesse todo se analisa os elementos e as accedilotildees que estaratildeo relacionados entre si

O pensamento sistecircmico eacute contextual ou seja o oposto do pensamento analiacutetico requer que para se entender alguma coisa seja necessaacuterio entendecirc-la como tal e em um determinado contexto maior ou seja como componente de um sistema maior que eacute o tambeacutem chamado ambiente (AMADOR 2011 p 90)

Tem-se por base referencial as literaturas da Profordf Drordf Maria Betacircnia Amador (Sistemismo e Sustentabilidade Questatildeo Interdisciplinar e Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas) de Edgar Morin (Introduccedilatildeo ao pensamento complexo) de Alfredo Pena-Vega (O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa) de Vasconcelos Sobrinho (As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo)tambeacutem Iniciaccedilatildeo em Pesquisa Cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas de Aureacutelio Molina et al entre as principais

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) atraveacutes de bolsa de Iniciaccedilatildeo Cientifica PFAPIBICCNPq entre o periacuteodo de agosto de 2013 agrave julho de 2014

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7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Mesmo apresentando todo esse potencial a Jurema Preta vem a cada dia sendo erradicada por vaacuterios fatores entre eles o mais comum o avanccedilo da agropecuaacuteria onde a derrubada dos juremais para a produccedilatildeo agriacutecola e pecuaacuteria eacute evidenciada Neste caso os agricultores acreditam que a Jurema atrapalha no desenvolvimento da vegetaccedilatildeo rasteira como o capim e as gramiacuteneas na pecuaacuteria principalmente Jaacute na agricultura acreditam ser a Jurema a vilatilde da maacute germinaccedilatildeo das culturas de milho feijatildeo e mandioca onde as sementes mal germinam e quando germinam com o tempo natildeo sobrevivem

Pela pesquisa verificou-se que suas folhas seriam uma alternativa a mais na alimentaccedilatildeo do gado em eacutepocas de secas prolongadas por ser palataacutevel eacute uma opccedilatildeo de forragem Poreacutem natildeo se precisaria cortar a aacutervore por inteiro para obter as folhas cortar-se-ia ou podar-se-ia apenas parte da mesma a qual viria a rebrotar novamente

Vale salientar que eacute possiacutevel trabalhar com os recursos naturais ancorados nos princiacutepios da sustentabilidade e ainda simultaneamente preservando estes recursos renovaacuteveis que a natureza nos oferece de modo que natildeo seja de maneira predatoacuteria Tambeacutem garantindo uma renda extra para o sustento das famiacutelias de agricultores que se aportem no manejo sustentaacutevel da Jurema Preta Basta apenas conhecer saber utilizar respeitar e natildeo deixar que acabe para que outras geraccedilotildees futuras possam tambeacutem usufruir

Assim eacute dada importacircncia agrave Jurema Preta aacutervore de uso diversificado Poreacutem pouco estudada e pouco discutida a sua relevacircncia para o municiacutepio E nesse contexto de pouca discussatildeo os produtores rurais acabam erradicando todas as aacutervores de suas propriedades e em consequecircncia disso a Jurema vem sendo reduzida do seu ambiente natural dando espaccedilo agraves principais atividades econocircmicas do municiacutepio a agricultura e a pecuaacuteria

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

________ O pensamento de Edgar Morin e a geografia da complexidadeRevista Cientiacutefica ANAP Brasil n 2 ano 2 ndash p 60-76 2009

DIAS PF SOUTO SM Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) Leguminosa arboacuterea recomendada para ser introduzida em pastagens em condiccedilotildees de mudas sem proteccedilatildeo e na presenccedila do gado Revista da FZVA Uruguaiana v 14 n 1 p 258-272 2007 Disponiacutevel em lthttprevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfzvaarticleviewFile24921951gt Acesso em 19 ago 2013

FARIAS W L F A Jurema Preta (Mimosa hostilis Benth) como fonte energeacutetica do semi-aacuterido do Nordeste-carvatildeo 1984 128 f Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba PR 1984 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbrdspacebitstreamhandle188425171D2020FARIA20WASHINGTON20LUIZ20FONSECApdfsequence=1gt Acesso em 18 ago 2013

GANDHI Mahatma Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 Histoacuterico de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em lthttpwww1ibgegovbrcidadesatpainelhistoricophplang=ampcodmun=261320ampsearch=pernambuco|sao-joao|infograficos-historicogt Acesso em 11 jan 2014

128- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 ndash Populaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em httpwww1ibgegovbrcidadesatxtrasperfilphplang=ampcodmun=261320gt Acesso em 11 jan 2014

MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

PLANO TERRITORIAL DE REDE PRODUTIVA ndash PTRP Rede Territorial Produtiva do Feijatildeo Agreste Meridional e Central Estado de Pernambuco RecifePE 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwproruralpegovbrdownloadsPTRT20FeijaoPTRP20FEIJAOpdfgt Acesso em 13 jan 2014

PREFEITURA DE SAtildeO JOAtildeO Dados gerais do municiacutepio Disponiacutevel em lthttpsaojoaopegovbrdados-gerais-do-municipiogtAcesso em 30 dez 2013

RODRIGUES R R V AMADOR M B M Reflexotildees Sistecircmicas sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) com enfoque no municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 181-186 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleviewFile556581gt Acesso em 20 jan 2014

ROTA DA FEacute PERNAMBUCO Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras Disponiacutevel em lthttpwwwrotadafepecombrdetalhephpc=1amps=2ampid=29gt Acesso em 13 jan 2014

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Recife CONDEPE 1970 (Reimpressatildeo 2005)

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 129

130- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Associaccedilatildeo Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos

Fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Boliacutevia nordm 88 Jardim Ameacuterica

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Organizadora

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Graduaccedilatildeo em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (1986) mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1994) especializaccedilatildeo em Silvicultura pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (1995) e doutorado em Geografia (Conceito CAPES 5) pela Universidade Federal de Pernambuco (2008) Poacutes-doutorado em Geografia na linha de pesquisas Ecossistemas e Impactos Ambientais Universidade Federal de Pernambuco (2011) Professora adjunta da Universidade de Pernambuco Campus Garanhuns Atuando no curso de Geografia e realizando pesquisas nos seguintes temas geografia com abordagem sistecircmica agroecologia geomorfologia biogeografia e educaccedilatildeo ambiental Experiecircncia tambeacutem em estudos e pesquisas sobre a algarobeira no Nordeste do Brasil

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Organizadora

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O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

1ordf Ediccedilatildeo

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Ediccedilatildeo e Arte Sandra Medina Benini

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Amador Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco Urbano e Rural ndash Tupatilde ANAP 2014 ISBN

1 Pernambuco 2 Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural 4 Geografia Fiacutesica I Tiacutetulo

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Diretoria da ANAP

Presidente Sandra Medina Benini Vice-Presidente Allan Leon Casemiro da Silva 1ordf Tesoureira ndash Maria Aparecida Alves Harada

2ordf Tesoureira ndash Jefferson Moreira da Silva 1ordf Secretaacuteria ndash Rosangela Parilha Casemiro

2ordf Secretaacuteria ndash Elisacircngela Medina Benini

Foto da Capa Ana Maria Severo Chaves

Darla Juliana Cavalcante Macedo Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Raiacute Viniacutecius Santos

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130 p il Color 297 cm

ISBN - 978-85-68242-00-1

1 Pernambuco 2 Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural I Tiacutetulo

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Conselho Editorial da ANAP

Oscar Andreacutes Hincapieacute Mariacuten

Daniela de Souza Onccedila

Diana da Cruz Fagundes Bueno

Edson Luiacutes Piroli

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Joatildeo Cacircndido Andreacute da Silva Neto

Joatildeo Osvaldo Nunes

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Joseacute Carlos Ugeda Juacutenior

Juliana Heloisa Pinecirc Ameacuterico

Junior Ruiz Garcia

Leonice Seolin Dias

Marcos Reigota

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Rafael Montanhini Soares de Oliveira

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Ricardo de Sampaio Dagnino

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Rosa Maria Barilli Nogueira

Sandra Medina Benini

Socircnia Maria Marchiorato Carneiro

6- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Sumaacuterio

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Sumaacuterio

Prefaacutecio

09

Apresentaccedilatildeo

11

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

16

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

34

Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

ThamyllysMyllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

47

8- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

62

Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

79

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

102

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (MIMOSA TENUIFLORA) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

111

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 9

Prefaacutecio

10- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Prefaacutecio

O verde arboacutereo como expressatildeo dos recursos naturais renovaacuteveis eacute um segmento notaacutevel no que se refere a abordagem temaacutetica quer sob a conotaccedilatildeo de recurso de capital quer sob a de benesses paisagiacutesticas climaacuteticas e demais recurso que sob os ditames da Matildee Natureza dissemina-se espontaneamente sendo a partir daiacute fortemente suplementada pela accedilatildeo humana levando-se em conta as aptidotildees regional-locais Tal disseminaccedilatildeo portanto aleacutem de obedecer por exemplo agravescondiccedilotildees edaacuteficas espraia-se em particular como atributo cultural do meio em que se insere Eacute gostar-se do verde natildeo soacute para se admirar mas em particular eacute gostar-se devido ao fato de se conhecer

Os resultados acadecircmicos expostos ao niacutevel municipal apresentados sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Maria Betacircnia M Amador constitui natildeo soacute exemplificaccedilatildeo de iniciativa profiacutecua que disciplina e ao mesmo tempo motiva academicamente um elenco de orientandos mas tambeacutem demonstra correto encaminhamento de produccedilatildeo individual que se desdobra em coletiva que engrandece tanto elaboradores como o ente institucional ao qual se encontram vinculados A isso se juntando o requisito eacutetica que com certeza norteia as premissas do grupo em apreccedilo a combinaccedilatildeo vecirc-se elevada ao niacutevel de excepcionalidade fruto por assim dizer do plantio adequado de outrora combinado com salutar reproduccedilatildeo presente

O potencial da ideia em termos de grupo e entidade deve ser por demais ressaltado reflete melhoria na produccedilatildeo de recursos humanos e institucionais tatildeo escassas nesses velhos tempos as dimensotildees acadecircmica e de gestatildeo municipal face iniciativasdo gecircnero podem evoluir consolidar-se e ateacute expandir-semesmo que por via indireta - tudo isso sem abdicar de concepccedilotildees como persistecircncia abnegaccedilatildeo otimismo atributos que devem sempre estar presentes na transiccedilatildeo de sonho para realidade O elenco produtor ora referido estaacute enfim de parabeacutens de modo particular por sua contribuiccedilatildeo apontar para a transiccedilatildeo mencionada sem nenhuma inibiccedilatildeo no que toca expor sua condiccedilatildeo potente

Pedro Amador - Economista Professor licenciado da UPE Campus Garanhuns

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Apresentaccedilatildeo

12- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Apresentaccedilatildeo

Se pensarmos soacute em uma aacutervore talvez fique a sensaccedilatildeo de estarmos pensando pequeno Mas se pensarmos nas aacutervores dos quintais dos jardins das calccediladas das ilhas das avenidas dos parques da imensa massa verde que existe em vaacuterias cidades teremos a sensaccedilatildeo gratificante de estar trabalhando por um ambiente melhor mais saudaacutevel sustentaacutevel estaremos trabalhando pelas aacutervores pela vida

Paulo de Tarso Batista1

O estudo do verde eacute de fundamental importacircncia para se entender a organizaccedilatildeo do espaccedilo tanto rural quanto urbano No semiaacuterido do nordeste do Brasil por exemplo especificamente em aacutereas do Agreste de Pernambuco verifica-se que em ambos os espaccedilos urbano e rural haacute uma niacutetida falta de conexatildeo entre o verde e o homem devido ao fato de se perceber que os elementos componentes da flora nativa e da paisagem tiacutepica dos sertotildees passam a dar lugar ao exotismo das palmas e gramiacuteneas para a formaccedilatildeo de pastagens nas aacutereas rurais enquanto que na area urbana a arborizacao e o paisagismo passam a ser compostos predominantemente de exoacuteticas nas calccediladas e outros espaccedilos puacuteblicos ficando os cultivos de plantas nativas ou natildeo ornamentais ou medicinais restritas aos quintais e jardins os quais se aproximam da flora local Assim objetivou-se fazer estudos nesses espacos da situaccedilatildeo presente buscando-se evidenciar o contra-senso ou paradoxo da relaccedilatildeo homemnatureza pela perspectiva sistecircmica de anaacutelise da paisagem Para tanto teve-se a colaboraccedilatildeo de bolsistas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica que estudaram em particular seus municiacutepios de origem fazendo-se entatildeo articulaccedilotildees entre as diferentes realidades encontradas para o entendimento da complexidade a qual envolve a sustentabilidade que se delineia frente agraves contradiccedilotildees do discurso ambiental mediante a cultura jaacute estabelecida do nordeste seco Os aportes metodoloacutegicos compreendem fundamentalmente a observaccedilatildeo norteada pela percepccedilatildeo aplicaccedilatildeo de formulaacuterios aos habitantes dos referidos municiacutepios analisados tomada de histoacuteria de vida em alguns casos e registros fotograacuteficos das diversas situaccedilotildees encontradas Optou-se pela abordagem sistecircmica para encadear e articular os procedimentos aleacutem de se considerar viaacutevel para o amalgamento da base teoacuterica calcada na teoria da complexidade de Morin Os resultados apresentados apontam para uma concepccedilatildeo de verde que nao condiz com o ambiente semiarido e nem tampouco com as ideias de sustentabilidade Pode-se citar que como se pode verificar nos textos que compoem esse trabalho observa-seum afastamento da flora local e nativa pela preferecircncia dada agraves espeacutecies exoacuteticas em ambos os ambientes rural e urbano Tambeacutem se ressalta o pouco apreccedilo que se percebeu da populaccedilatildeo em geral em relaccedilatildeo aos elementos verdes ou seja apesar de expressarem preocupaccedilotildees com a natureza aacutervores entre outros natildeo praticam a observaccedilatildeo valorativa do espaccedilo atraveacutes da imagem e simbologia que as aacutervores em especial representam Cabe ainda considerar nesse contexto a pouca importacircncia dada pelas gestotildees municipais em termos de melhoramento conservaccedilatildeo e ou preservaccedilatildeo de um patrimocircnio puacuteblico e considerado pela legislaccedilatildeo como bem difuso da populaccedilatildeo que eacute o verde seja rural ou urbano Pressupotildee-se portanto que tratar do verde em qualquer espaccedilo eacute colaborar para a construccedilatildeo de um ambiente mais adequado e mais sustentaacutevel

O contexto atual em termos de se pensar a sustentabilidade do planeta favorece reflexotildees sob diversas abordagens praticas teoacutericas e metodoloacutegicas tambeacutem em niacuteveis locais e regionais Logo o semiaacuterido nordestino brasileirodemanda estudos nos quais os resultados contribuam em alguma escala para as dimensotildees educacionais politicas administrativas entre outras

A temaacutetica que se insere traz a tona elementos que identificam certa discrepacircncia evidenciada na relaccedilatildeo homem

1 Disponivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 13

natureza no acircmbito urbano e tambeacutem rural em termos de vegetaccedilatildeo Natureza que na concepccedilatildeo de Moscovici (2007 p 28) eacute pensada agrave semelhanccedila de um arco-iacuteris ldquoeu sei que a natureza natildeo tem nada de verde nem de cinza que ela representa na verdade uma paleta infinita de cores Ela eacute para noacutes a ideia que compreende todos os caminhos possiacuteveis no tempo entre o acaso e a necessidade limitanterdquo Assim o semiaacuterido nordestino e o homem sertanejo foram na linha do tempo associados ao sofrimento e ao cinza da paisagem da caatinga Costumeiramente rotulados com o fardo histoacuterico do determinismo parecendo natildeo haver saiacuteda ou soluccedilatildeo Pensamento que vem gradativamente se modificando pelas inuacutemeras iniciativas publica eou privadas de mostrar que a convivecircncia com e no semiaacuterido eacute possiacutevel desde que se encontrem persistentes formas de desenvolver a aacuterea produzindo e vivendo com respeito a essa natureza atentando para suas fragilidades

Na trilha desse movimento engaja-se tambeacutem com pesquisa sobre o verde urbano e rural sobre alguns municiacutepios do agreste de Pernambuco utilizando-se a estrateacutegia de agregar subprojetos que oportunizam aos acadecircmicos bolsistas de iniciaccedilatildeo cientifica a experiecircncia de estudar o verde de seus municiacutepios de origem seja urbano ou rural Nesse contexto importa que mediante leituras dirigidas de cunho sistecircmico os mesmos percebam a importacircncia do lugar e suas paisagens articulando os conceitos com a dinacircmica evidenciada na relaccedilatildeo do citadino morador transeunte proprietaacuterio rural com o verde em sua volta quase fazendo lembrar a organizaccedilatildeo do cristal com sua rigidez mineral e a chama da vela decompondo-se pela fumaccedila tomando-se Atlan (1992 p9) como referencia

Os estudos sistecircmicos visam contextualizar a realidade ressaltando as teias que estatildeo preacute-estabelecidas e aquelas que estatildeo se formando cujas tramas possibilitam uma melhor compreensatildeo da situaccedilatildeo por natildeo se limitar na extenuante busca da causa ndash efeito mas contribui para o questionamento do ser pensante e da sociedade sobre os elos com a natureza num mundo cada vez mais sem tempo pelo trabalho que se impotildee

Logo eacute fato que as paisagens urbanas e rurais satildeo reflexos dessa forma de relacionamento ecologia x economia ao mesmo tempo em que a afetividade com o lugar principalmente pela falta ou pela pouca experiecircncia eou vivencia propicia certo afastamento praticamente sem culpa ou responsabilidade maior com os bens capitais naturais e concorda-se com Serres quando ele afirma que a sociedade encontra-se num momento de assinatura de um contrato

Trata-se da necessidade de rever e de voltar a assinar o mesmo contrato social primitivo Este diz-nos respeito para o melhor e para o pior segundo a primeira diagonal sem mundo agora que sabemos associar-nos perante o perigo precisamos de conceber ao longo da outra diagonal um novo pacto a assinar com o mundo o contrato natural Cruzam-se assim os dois contratos fundamentais (SERRES 1990 p 31 - 32)

Ou seja a busca da compatibilidade harmoniosa entre o verde endecircmico e o verde exoacutetico deveria ser melhor considerado Natildeo eacute porque se estaacute num municiacutepio interiorano que se despe a paisagem urbana das conotaccedilotildees da vegetaccedilatildeo do entorno de certa forma negando-a mas pelo contrario os elementos verdes presentes naturalmente no local prestam-se bem ao paisagismo desde que este enquanto atividade da administraccedilatildeo municipal seja adequadamente planejado e gerido podendo inclusive ser concatenado com o exotismo de outras espeacutecies

As pesquisas apresentadas nesse livro tem como ancoradouro a proposta de estudar o verde do Agreste de Pernambuco especialmente o Agreste Meridional tendo-se Garanhuns e municiacutepios proacuteximos como locais de estudo desde que estejam inseridos no semiaacuterido cujo mapa (Figura 1) apresenta nova configuraccedilatildeo politica

Aleacutem dos 1031 municiacutepios jaacute incorporados passam a fazer parte do semiaacuterido outros 102 novos municiacutepios [] Com essa atualizaccedilatildeo a aacuterea classificada oficialmente como semiaacuterido brasileiro aumentou de 8923094 km2 para 9695894 km2 um acreacutescimo de 866 Minas Gerais teve o maior nuacutemero de inclusotildees na nova lista - dos 40 municiacutepios anteriores vai para 85 variaccedilatildeo de 1125 A aacuterea do Estado que fazia anteriormente parte da regiatildeo era de 272 tendo aumentado para 517de acordo com a Secretaria de Poliacuteticas de Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (2005 p 05)

A regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro (Figura 1) corresponde aproximadamente a 135 do territoacuterio Se caracteriza pelas irregularidades pluviomeacutetricas e temperaturas elevadas apresentando o clima BSh tomando-se como referencia a classificaccedilatildeo de Koppen Os solos em geral podem ser caracterizados como siacutelico argiloso e apresenta ainda uma alta radiaccedilatildeo solar baixa nebulosidade media anual de temperatura elevada baixas taxas de umidade relativa e evapotranspiraccedilatildeo elevada Esse conjunto de caracteriacutesticas propicia o fato de que a maioria dos rios dessa regiatildeo seja intermitente (ABILIO FLORENTINO 2011 p 42 ndash 43)

14- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 1 Mapa do Semiaacuterido BrasileiroFonte Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

Disponiacutevel emlt httpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_aridopdfgt Acesso em 08 nov 2011

O levantamento bibliograacutefico foi dirigido para assimilaccedilatildeo de cada proposta uma vez que os sub projetos tem

accedilatildeo similar e simultacircnea mas com realidades diferenciadas encontrando- se no conteuacutedo interdisciplinar as bases necessaacuterias ao enfoque integrado da questatildeo do verde urbano eou rural Aplicou-se a teacutecnica da observaccedilatildeo associada agrave aplicaccedilatildeo de formulaacuterios em todos os casos nos diferentes municiacutepios Constitui-se o formulaacuterio predominantemente de perguntas fechadas dirigidos aos atores presentes por ocasiatildeo da abordagem

Os dados apresentados os quais foram estudados agrave luz da literatura disponiacutevel sobre o assunto e associados sempre que possiacutevel ao registro fotograacutefico contribuindo assim na documentaccedilatildeo da informaccedilatildeo proporcionaram conclusotildees algumas parciais outras consideradas de caraacuteter mais concreto e final as quais podem ser uteis para fomentar novos estudos e accedilotildees Registra-se ainda que em alguns casos utilizou-se a teacutecnica de histoacuteria de vida

A aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica foi e continua sendo um dos pontos relevantes dessa pesquisa Tecnicamente as representaccedilotildees dos sujeitos baseados em suas ldquohistoacuterias de vidardquo satildeo fundamentais para o entendimento da questatildeo pois soacute eacute possiacutevel chegar aos aspectos do cotidiano desses sujeitos que vivem em seus municiacutepios seja na aacuterea urbana ou rural atraveacutes de suas memorias

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 15

Segundo Meihy (1996) a histoacuteria de vida constitui-se numa metodologia que trata a narrativa do conjunto de experiecircncias de vida de uma pessoa Trata-se de um tipo de busca que visa a utilizaccedilatildeo de fontes orais em diferentes propoacutesitos para adquirir um melhor entendimento do que se almeja com a referida pesquisa sendo importante frisar que considera-se ser uma maneira inovadora de se tratar a temaacutetica do verde sob abordagem sistecircmica e interdisciplinar

Espera-se que os relatos advindos por ocasiatildeo da coleta das histoacuterias orais possam por meio da memoacuteria dos sujeitos e dos processos dinacircmicos ocorridos em suas vidas trazer agrave tona elementos substanciais das relaccedilotildees destes com os conteuacutedos do local onde reside associados ao verde

Enfatiza-se tambeacutem que este meacutetodo possibilita extrair da comunidade conhecimentos exclusivo daquela aacuterea Assim por meio da subjetividade e do simbolismo haacute uma grande contribuiccedilatildeo para a pesquisa em seu acircmbito qualitativo Atraveacutes dos fatos e dos aspectos identitaacuterios emergem os objetos ou seja a fala os gestos as accedilotildees se constituindo desse modo num registro que guarda uma diversidade profunda de manifestaccedilotildees inerentes agrave trajetoacuteria do sujeito em que sua vida cultural foi constituiacuteda

Assim a metodologia que se apresenta tem um caraacuteter dinacircmico coadunando-se com a visatildeo sistecircmica e interdisciplinar posiccedilotildees teoacutericondashmetodoloacutegicas atualmente em ascensatildeo nos meios acadecircmicos principalmente

Assim sendo contempla-se nesse trabalho resultados de trabalhos e subprojetos referentes aos municiacutepios de Canhotinho Correntes Calcado Garanhuns Jupi Satildeo Joatildeo e Venturosa todos na regiatildeo semiaacuterida do agreste pernambucano Registra-se ainda que os mesmos serao dispostos ao longo do livro em ordem alfabetica dos principais autores

No mais espera-se estar disponibilizando um conteudoutil e atualizado para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o assunto tratado bem como enriquecer o conhecimento existente para os municipios contemplados nessa empreitada

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Mapa do Semiaacuterido Brasileiro Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MEIHY Carlos Sebe Bom manual de histoacuteria oral Loyola Satildeo Paulo1996 Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MOSCOVICI Serge Natureza para pensar a ecologia 2 ed Traducao de Maria Louise Trindade Conilh de Beyssac e

Regina Mathieu Rio de Janeiro Mauad X Instituto Gaia 2007

SERRES Michel O contrato natural Traduccedilatildeo de Serafim Ferreira Lisboa Portugal Instituto Piaget 1990

16- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM

AGRESTE DE CORRENTES-PE

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 17

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

Futuramente soacute seraacute concebiacutevel uma natureza de dupla pilotagem a natureza deve ser pilotada pelo homem mas este por sua vez deve ser pilotado pela natureza Os dois co-pilotos embora heterogecircneos satildeo absolutamente inseparaacuteveis

Edgar Morin 2

O verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE eacute uma temaacutetica que foi trabalhada durante dois anos atraveacutes dos projetos de pesquisas ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo em 2012 e ldquoO Verdedas Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo em 2013 Projetos que tiveram como principal objetivo averiguar o verde existente no municiacutepio diagnosticando a importacircncia da presenccedila vegetal arboacuterea ou natildeodos espaccedilos urbanos puacuteblicos e particulares na paisagem urbana de Correntes-PE atraveacutes da abordagem sistecircmica

O desenvolvimento desses projetos de pesquisas resultou em alguns trabalhos apresentados e publicados que de forma sucinta tambeacutem estatildeo no corpo do presente capiacutetulo Ressalta-se a relevacircncia de estudos sobre o verde urbano para um melhor entendimento da presenccedila da massa verde na cidade bem como sua funcionalidade e contribuiccedilatildeo para um ambiente urbano mais saudaacutevel e beneacutefico agrave populaccedilatildeo As pesquisas satildeo de ordem qualitativo-quantitativa cujo meacutetodo pauta-se na observaccedilatildeo e na percepccedilatildeo Assim procurou-se sempre manter um diaacutelogo e participaccedilatildeo em cada etapa das pesquisas e no decorrer dos estudos realizados O trabalho que se apresenta situa-se no acircmbito da ciecircncia Geograacutefica atraveacutes da sua categoria de anaacutelise paisagem

Nesta perspectiva a paisagem agreste do municiacutepio de Correntes eacute uma fonte da subjetividade na qual se desenvolve relaccedilotildees afetivas com o meio onde a populaccedilatildeo interage com os ambientes que lhe eacute disponiacutevel mantendo com esses espaccedilos laccedilos afetivos Considerando-se a paisagem urbana como reflexo da interaccedilatildeo dos indiviacuteduos em sociedade eas construccedilotildees hierarquizadas espelhando de certa forma um espaccedilo subjetivo sentido e vivido por cada habitante de maneira particular e em grupo formando assim uma identidade com o lugar em constante interaccedilatildeo sistecircmica

2 MORIN 1991 apud DARDEL 2011 p 69

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1 CORRENTES-PE

Correntes eacute um municiacutepio relativamente pequeno com 17419 habitantes (IBGE 2010) que passou a fazer parte da nova delimitaccedilatildeo do Semiaacuterido em 2005 Sua economia eacute baseada na agricultura pecuaacuteria e comeacutercio em geral Sua histoacuteria eacute como em muitas outras cidades interioranas e ribeirinhas se deu por motivos religiosos onde em 1826 o portuguecircs Antocircnio Machado Dias abastado fazendeiro que residiu onde hoje eacute a cidade de Correntes-PE fez construir uma igreja dedicada ao santo de seu nome Esse fato atraiu grande nuacutemero de pessoas que se foram agrupando em torno do templo formando a povoaccedilatildeo que tomou o nome de Barra de Correntes localizada as margens do Rio Correntes e do Rio Mundauacute posteriormente passou a se chamar Correntes nome que tecircm origem no rio de trecircs nascentes (que se chama 3 correntes) sendo entatildeo denominado de rio das Correntes 12 Localizaccedilotildees do Municiacutepio de Correntes-PE e Seus Aspectos Geograacuteficos

O municiacutepio (figura 1) estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco limitando-se a norte com Garanhuns e Palmeirina ao sul com o Estado das Alagoas a leste com o Estado das Alagoas e a oeste com Lagoa do Ouro A aacuterea municipal ocupa 2841 km2 e representa 029 do Estado de Pernambuco Distante 2577 km da capital cujo acesso eacute feito pela BR-101 PE-126177187 e BR-424

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Correntes-PE

A vila de Correntes fora criada pela lei provincial nordm204 em julho de 1848 foi o primeiro territoacuterio desmembrado do municiacutepio de Garanhuns que passava agrave categoria de municiacutepio O municiacutepio foi criado em 27051879 pela Lei Provincial no 1423 sendo formado pelos distritos de Correntes (sede) e pelos povoados de Poccedilo Comprido de Pau Amarelo e Olho dAgua do Gois Anualmente no dia 27 de agosto Correntes comemora a sua emancipaccedilatildeo politica

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Correntes-PE estaacute inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema formada por maciccedilos e outeiros altos com altitude variando entre 650 a 1000 metros Ocupa uma aacuterea de arco que se estende do sul de Alagoas ateacute o Rio Grande do Norte o relevo eacute geralmente movimentado com vales profundos e estreitos dissecados 2 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ESTUDO DO VERDE URBANO DE CORRENTES-PE O tema verde urbano eacute um referencial para a sociedade em geral quando o assunto se refere agraves questotildees ambientais Quando se pretende melhorar as condiccedilotildees ambientais das cidades a arborizaccedilatildeo quase sempre eacute a primeira opccedilatildeo isso eacute devidoagraves diversas funcionalidades e benefiacuteciosadvindos da arborizaccedilatildeo diante de um ambiente artificial e jaacute degradado pelas accedilotildees antroacutepicas direcionadas a um desenvolvimento econocircmico que deixa o meio ambiente quase sempre de lado Em relaccedilatildeo agrave paisagem urbana Amador destaca que

No tocante aacutes paisagens urbanas tem-se uma longa histoacuteria relacionada ao verde e este transformando espaccedilos elaborando-se e reelaborando-se paisagens podendo-se ressaltar algumas informaccedilotildees que tomadas em consequecircncia evidenciam tempos e espaccedilos repletos de diferentes propoacutesitos e ideologias (AMADOR 2013 p 119)

Logo cabe considerar que a paisagem urbana tem nos elementos verdes sejam arboacutereos ou natildeo um de seus alicerces de bem-estar conforto e beleza Poreacutem esses atributos nem sempre satildeo percebidos pela populaccedilatildeo que quando se refere ao verde residencial (verde em espaccedilos particulares) presente em quintais jardins e calccediladas o associa com algo trabalhoso e em alguns casos ateacute mesmo perigoso Essa percepccedilatildeo leva a populaccedilatildeo em geral a erradicar principalmente aacutervores de suas calccediladas bem como procuram deixar seus quintais livres ou com pouca vegetaccedilatildeo Porem no que se refere ao verde puacuteblico presente em praccedilas e canteiros centrais a populaccedilatildeo natildeo dialoga a sua importacircncia para o meio ambiente urbano e pouco eacute esclarecido sobre a relevacircncia dessa presenccedila bem como sobre a funcionalidade de tais espaccedilos introduzidos no meio ambiente urbano Mesmo todos sabendo que se retiroudestruiu a natureza para sua concretizaccedilatildeo ou melhor o trabalho de paisagismo o qual introduz a natureza na forma de arborizaccedilatildeo eou aacutereas verdes Esse ato faz parte da tentativa de reverter uma problemaacutetica ambientalque surgiu quando o homem considerou-se ser capaz de viver em um espaccedilo puramente construiacutedo e artificial poreacutem ele percebeu que a natureza em seus diversos acircmbitos eacute necessaacuteria a seu bem-estarno desenvolvimento de uma vida saudaacutevel ao mesmo tempo de um ambiente urbano mais sadio Esse espaccedilo construiacutedo segundo Eric Dardel (2011) tem sua principal importacircncia ligada ao habitar do homem Espaccedilo artificial no qual o homem eacute moldado em suas condutas haacutebitos costumes ideias e sentimentos ldquopor esse horizonte artificial que se viu nascer crescer escolher sua profissatildeordquo (DARDEL 2011 p 27) Assim a cidade seja pequena ou grande objeto da construccedilatildeo humana na forma de sociedade em que o homem eacute criado e socializado encontra nas aacutereas verdes e espaccedilos arborizados elementos naturais que proporcionamagrave populaccedilatildeo ter uma vida mais saudaacutevel contribuindo para um melhor desenvolvimento ambiental E a visatildeo geograacutefica em relaccedilatildeo ao espaccedilo urbano e interaccedilotildees que ocorrem no mesmo mostra a possibilidade de melhor interpretaccedilatildeo da complexidade dos espaccedilos e atraveacutes do enfoque sistecircmico das inter-relaccedilotildees do espaccedilo vivido e o individuo que o vive levando em conta tudo que o cerca visivelmente ou natildeo mas que integra a experiecircncia do ambiente urbano em seu todo artificial com a introduccedilatildeo da natureza que o homem constroacutei para usufruir de uma melhor qualidade de vida Assim Camargo relata

O espaccedilo vivido caracteriacutestico da corrente humanista relaciona-se com a dimensatildeo da experiecircncia humana dos lugares ou com a maneira como o sujeito percebe o objeto [] remete o geoacutegrafo a interpretar toda a complexidade existente em cada regiatildeo [] O cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locais (CAMARGO 2008 p 100 ndash 101)

Tambeacutem tem-se em Tuan (1980) em sua obraTopofilia que refere-se a todos os laccedilos afetivos do ser humano com o meio ambiente pois segundo ele ldquoo meio ambiente eacute o veiacuteculo de acontecimentos emocionante fortes ou eacute percebido como um siacutembolordquo (TUAN 1980 p 107) Assim o meio em que o homem estaacute inserido representa muito mais

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do que um meio fiacutesico do qual ele retira suas necessidades o meio ambiente seja urbano ou outro representa um lugar de relaccedilotildees emocionais e de pertencimento adquiridos atraveacutes das vivencias 21Contribuiccedilotildees da Massa Verde Urbana para a Cidade A presenccedila das aacutereas verdes urbanas possibilitam diversos benefiacutecios que se pode enunciar de acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS 2011 p 21)que destaca a arborizaccedilatildeo das cidadescomo uma estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos e importante diante dediversos aspectos como o ecoloacutegico histoacutericocultural social esteacutetico e paisagiacutestico contribuindo para

A manutenccedilatildeo da estabilidade microclimaacutetica O conforto teacutermico associado agrave umidade do ar e agrave sombra A melhoria da qualidade do ar A reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo A melhoria da infiltraccedilatildeo da aacutegua no solo evitando erosotildees associadas ao escoamento superficial das

aacuteguas das chuvas A proteccedilatildeo e direcionamento do vento A proteccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e do solo A conservaccedilatildeo geneacutetica da flora nativa O abrigo agrave fauna silvestre contribuindo para o equiliacutebrio das cadeias alimentares diminuindo pragas e

agentes vetores de doenccedilas A formaccedilatildeo de barreiras visuais eou sonoras proporcionando privacidade O cotidiano da populaccedilatildeo funcionando como elementos referenciais marcantes O embelezamento da cidade proporcionando prazer esteacutetico e bem-estar psicoloacutegico O aumento do valor das propriedades A melhoria da sauacutede fiacutesica e mental da populaccedilatildeo

No referido manual ainda eacute destacado a sistematicidade e complexidade da organizaccedilatildeo urbana pois ldquoos seres humanos constroem seus ambientes dentre eles a cidade cujoequiliacutebrio necessita ser mantido artificialmente pelo planejamento urbanovisando evitar consequecircncias indesejaacuteveisrdquo (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS2011 p 20) Assim a cidade eacute sistecircmica uma vez que seus variados aspectos e sistemas interagem em si e entre si por isso a cidade precisa ser compreendida como uma totalidade interacional e complexa porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitasrelaccedilotildees que nela se estabelecem pois a complexidade pode ser entendida como ldquoAgrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidadesrdquo (MORIN 2005 p35) Mas a complexidade tambeacutem desafia nossas possibilidades de caacutelculo ldquo[] ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios A complexidade num certo sentido sempre tem relaccedilotildees com o acasordquo (MORIN 2005 p35) e esse acaso estaacute presente nas relaccedilotildees que satildeo estabelecidas na sociedade A complexidade ultrapassa suas proacuteprias fronteiras vai desde o quantitativo ao subjetivo tendo um campo amplo do conhecimento que natildeo satildeo todos passiveis de quantificaccedilatildeo e verificaacuteveis mas tambeacutem indeterminados em seu entendimento antes compreendidos em si que pode-se ver nas relaccedilotildees urbanas Diante dessas colocaccedilotildeesentende-se que o verde urbano deva ser estudado de forma sistecircmica e complexa Assim Amador (2013 p 26) argumenta que ldquoLogo a complexidade a instabilidade e a intersubjetividade constituem em conjunto uma visatildeo de mundo sistecircmicardquo Entatildeo eacute atraveacutesda interaccedilatildeo dos diversos espaccedilos arborizados (quintais jardins e calccediladas) com as aacutereas verdes (praccedilas e canteiros centrais) em suas relaccedilotildees sistecircmicas que possibilitam acompreensatildeo da proeminecircncia presente na massa verde urbana Em consonacircncia Santosacentua que

Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) que muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as puacuteblicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando tambeacutem

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as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo (SANTOS 2001 2002 p 1-2)

Nessa perspectiva soacute atraveacutes do estudo dos diversos espaccedilos urbanos com a presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea ou natildeo quese pode verificar a importacircncia da arborizaccedilatildeo para o meio ambiente urbano como um todo 3 O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE quintais jardins e calccediladas O presente toacutepico refere-se ao primeiro projeto de pesquisa desenvolvido sobre o verde urbano do municiacutepio de Correntes-PE acerca do verde presente nas residecircncias atraveacutes dos estudos dos espaccedilos disponiacuteveis paraa arborizaccedilatildeo que satildeo os quintais jardins e calccediladas O principal objetivo foi ldquodiagnosticar como os moradores cuidam de seus jardins quintais e aacutervores das calccediladas atraveacutes da verificaccedilatildeo dos cuidados que eles tecircm com a arborizaccedilatildeo de suas casasrdquo Assim foi possiacutevel estabelecer um diaacutelogo durante a pesquisa com as diversas percepccedilotildees da populaccedilatildeo referentes agravetemaacutetica em estudo diagnosticando o quantoa presenccedila da arborizaccedilatildeo eou vegetaccedilatildeo eacute um fator importante parao meio ambiente urbano que no entendimento de Resende e Souza eacute ldquoa concepccedilatildeo de equiliacutebrio ambiental e fortalecimento das sensaccedilotildees de bem-estar e o definido paraiacuteso eacute simbolizado pela aacutervore ao passo que essa produz a reestruturaccedilatildeo do conforto e manteacutem uma relaccedilatildeo de proximidade sensorial ou emotiva do homemrdquo (REZENDE SOUZA 2009 p 55) Poreacutem nem todas as pessoas sabem desfrutar desses lazeres em seus lares pois associam a presenccedila arboacuterea e vegetal agrave outros fatores que lhes causam receio ou medo Em estudos realizados sobre o verde no municiacutepio de Correntes-PE foi verificado que o verde existente em quintais jardins e calccediladas nas ruas que constituem a aacuterea central do municiacutepio de Correntes-PE mas que estaacute cada vez mais escasso e um dos fatores que contribui com esse fato eacute a falta de incentivo e conhecimento dos benefiacutecios proporcionados pelo verde (CHAVES AMADOR 2012) Essa colocaccedilatildeo eacute relevante e adveacutem da falta de informaccedilatildeo sobre a arborizaccedilatildeo residencial fato que leva as pessoas a suprir essa presenccedila em seu lar sob outro ponto de vista pautado na relaccedilatildeo com a natureza Outros moradores mesmo de forma inadequada mantem sua aacutervore usufruindo assim de seus benefiacutecios conhecidos Nesse contexto foi verificado que poucos moradores satildeo esclarecidos sobre a importacircncia e funcionalidade da arborizaccedilatildeo e vegetaccedilatildeo presente em suas casas e que por vezes se encontra dividida em determinados espaccedilos da casa 31 Perspectivas dos Quintais Urbanos em Correntes-PE Os quintais de forma geral tem uma similaridade com os espaccedilos livres da Idade Meacutedia jaacute que nesse periacuteodo ocorreu o maior interesse em se cultivar espeacutecies frutiacuteferas e ornamentais em espaccedilos livres internos agraves residecircncias (LOBODA DE ANGELIS 2005) E dentre as principais funccedilotildees dos quintais domeacutesticos em Correntes-PE encontra-seo cultivo de frutiacuteferas de ervas hortaliccedilas legumes entre outros verificando-se que o desenvolvimento de tal atividade possibilita que os proacuteprios moradores disponham de tais elementos e assim possam utiliza-los na alimentaccedilatildeo e em outras atividades como a medicina caseira tornando-se desnecessaacuteria a compra do que se possui no quintal e em consequecircncia passa a ser um auxilio financeiro para a famiacutelia e ou comunidade local Mas de acordo com os estudos desenvolvidos no municiacutepio em tela alguns moradores desconsideram esse fator que de acordo com os estudos desenvolvidos por Ambroacutesio Peres e Salgado (1996) os mesmos constataram a sua contribuiccedilatildeo agrave alimentaccedilatildeo bem como sua contribuiccedilatildeo para a renda familiar Ressaltam ainda a relevacircncia do quintal para a diversificaccedilatildeo dos alimentos presentes na alimentaccedilatildeo diaacuteria relatando que a ausecircncia do quintal pode ser um fator de restriccedilatildeo da dieta das pessoas principalmente quando refere-se a alimentos ricos em vitaminas minerais e fibras como hortaliccedilas e frutas Esse estudo evidencia o quanto os quintais domeacutesticos tecircm uma ampla utilidade na vida das pessoas que os possuem Principalmente quintais com um pomar de frutas ou verduras que proporcionam um ambiente rico em benefiacutecios no acircmbito familiar ajudando na alimentaccedilatildeo atraveacutes principalmente do cultivo de produtos mais sadios para as famiacutelias sem o uso de agrotoacutexicos

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E como resultado da pesquisa sobre quintais verificou-se que as principais frutiacuteferas encontradas nos quintais satildeo Goiabeira (Psiduimguajava) laranjeira (Citrussinensis) bananeira (Musa spp) e mamoeiro (Caricapapaya) entre outras Poreacutem pode-se ver na tabela 1 a heterogeneidade das espeacutecies de plantas cultivadas nos quintais estudados

Principais plantas Utilizaccedilatildeo Motivos

Frutiacuteferas Alimentaccedilatildeo Familiar Para servir de alimento para a famiacutelia e ajudar a economizar

Ervas medicinais Produccedilatildeo de Remeacutedios Caseiros

Curar doenccedilas sem precisar ir ao meacutedico como gripes dor de cabeccedila febres etc

Temperos Tempero para as Comidas Auxiliar na alimentaccedilatildeo

Plantas ornamentais Enfeites Por que gostaacha bonito Tabela 1 Quintais Domeacutesticos em Correntes-PE

Fonte Pesquisa de campo 2012

Salientando-se que os cuidados com as espeacutecies vegetais dos quintais satildeo irrigar adubar e em minoria

pulverizar algum produtocontra insetos fungos ou outrotipo de praga Mas tambeacutem verificou-se que haacute pessoas que nem se datildeo ao trabalho de cuidar de seus quintais e quando esse possui frutiacuteferas de grande porte as mesmas se mantem produzindo devido principalmente a sua estrutura natural de sobrevivecircncia 32 Jardins Residenciais e sua Percepccedilatildeo em Correntes-PE Para uma melhor compreensatildeo sobre o Jardim comeccedilamos introduzindoo conceito presente no dicionaacuterio da liacutengua portuguesa da Editora Avenida (2005 p 168) que classifica jardim como um ldquopedaccedilo de terreno geralmente cercado e proacuteximo de uma habitaccedilatildeo destinado ao cultivo de flores plantas e aacutervores ornamentaisrdquo Nessa classificaccedilatildeo eacute verificado quais satildeo os tipos de vegetaccedilatildeo que compotildeem esses espaccedilos destinados ao cultivo do verde urbano Tomoando-se outra referencia tem-se o seguinte conceito para jardim

O jardim eacute a reuniatildeo segundo certos preceitos teacutecnicos e esteacuteticos dos mais variados elementos da flora natildeo importando a natureza procedecircncia ou grau de desenvolvimento que possam atingir e bem assim a finalidade a que se destinarem Quando povoamos um jardim de apreciaacutevel numero de representantes da fauna o transformamos em jardim zooloacutegico (SANTOS 1978 p37)

Sabendo-se que o jardim eacute uma aacuterea da casa destinada ao cultivo do verde com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais que exige de quem tem um espaccedilo com tal funccedilatildeo uma atenccedilatildeo em relaccedilatildeo com os cuidados destinados ao jardim Cuidados esses que vatildeo requerer em geral gastos extras para a sua manutenccedilatildeo em termos esteacuteticos Os jardins em especial se destacamem sua utilizaccedilatildeo como espaccedilo de distraccedilatildeoocupacional por algumas pessoas e em especial idosas que consideram o ato de cuidar de plantas uma terapia ou seja uma terapia ocupacional pois nota-se que pessoas idosas dedicam o seu tempo livre aos cuidados de seus jardins que refletem o seu modo de vida jaacute passado e as lembranccedilas de uma cultura que eacute mudada com as inovaccedilotildees da modernidade Aleacutem da sensaccedilatildeo e percepccedilatildeo de que o verde que lhe rodeia tambeacutem lhe permite sentir-se bem Ainda de acordo com Loboda e De Angelis

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constitui-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A princiacutepio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LOBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Pode-se verificar com as colocaccedilotildees dos autores que o jardim aleacutem de exercer a funccedilatildeo esteacutetica tambeacutem passou no seacuteculo XIX a ter funccedilotildees utilitaacuterias nas zonas urbanas devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo e suas funcionalidades de bem-

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estar proporcionado agraves pessoas como terapia ocupacional aleacutem de contribuir para um meio ambiente com melhores condiccedilotildees ambientais Os jardins tambeacutem representam poder hieraacuterquico das populaccedilotildees nobres em detrimentodas menos abastadas Por sua vez os jardins em Correntes constituem-se em espaccedilos raros pois nem todos dispotildeem de tempo e condiccedilotildees financeiras para cultivaacute-los Foi observado que as casas possuem jardins apresentam vaacuterios tipos concepccedilatildeoe percepccedilatildeo que satildeo de acordo com cada niacutevel de formaccedilatildeo financeira e conhecimento do morador Observa-se ainda que pessoas que natildeo tem espaccedilo para tal fim usam o espaccedilo do quintal para cultivar espeacutecies como roseiras e plantas ornamentais numa espeacutecie de compensaccedilatildeo Assim percebeu-se que as residecircncias mais simples que possuem jardim (Figura 2) satildeo os proacuteprios donos que cultivam e cuidam das plantas aguando no veratildeo adubando a terra limpando e quando necessaacuterio podando as plantas que na maioria satildeo roseiras e plantas ornamentais Como exceccedilotildees haacute moradores que tambeacutem plantam hortaliccedilas e ervas tipo medicinal em seus jardins enquanto pessoas mais abastadas procuram uma valorizaccedilatildeo esteacutetica nos seus jardins (Figura 3) e para isso contratam jardineiro ou pessoas especializadas em botacircnica para cuidar dos mesmos aleacutem de implementa-los com objetos de maacutermores como esculturas e desenhos geomeacutetricos em sua forma de delimitaccedilatildeo

Figura 2 e 3 Tipos de Jardins de Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Assimeacute possiacutevel perceber atraveacutes das figuras 2 e 3 apresentadas a diferenciaccedilatildeo da estrutura dos jardins presentes no municiacutepio de Correntes Salienta-se que satildeo poucas residecircncias que possuem jardins e em sua maioriaos jardins ocupam pequenas aacutereas em frente agraves residecircnciasconstatando-se que essa diferenciaccedilatildeo deve-se principalmente ao niacutevel econocircmico 33 A Arborizaccedilatildeo de Calccediladas e sua problemaacutetica em Correntes-PE

As calccediladas satildeo espaccedilos puacuteblicos destinados ao transito de pedestres elas devem ter uma extensatildeo que permita a passagem das pessoas sem obstaacuteculos livres de irregularidades e acessiacuteveis aos portadores de mobilidade reduzida A calccedilada deve ser bem conservada e o piso apresentar elemento antiderrapante permitindo que as pessoas possam caminhar com seguranccedila em um percurso livre de obstaacuteculos e de forma compartilhada com os diversos usos e serviccedilos Trata-se de uma aacuterea impermeaacutevel com a presenccedila de vegetaccedilatildeo principalmente aacutervores desde que isso natildeo interfira no transitar dos pedestres

A calccedilada de acordo com o Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro eacute parte da via normalmente segregada e em niacutevel diferente natildeo destinada agrave circulaccedilatildeo de veiacuteculos reservada ao tracircnsito de pedestres e quando possiacutevel agrave implantaccedilatildeo de mobiliaacuterios urbano sinalizaccedilatildeo vegetaccedilatildeo e outros fins (RODRIGUES AZEVEDO 3)

3 Disponiacutevel em lthttpwwwcressprorgbrforumtopic38gt Acesso em 03 out 2012)

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Logo as calccediladas podem ter aleacutem da arborizaccedilatildeovegetaccedilatildeo outros elementos como mobiliaacuterios e sinalizaccedilatildeo entre os principais desde que isso natildeo interfira na passagem das pessoas E segundo a Cartilha de Arborizaccedilatildeo as calccediladas devem ser arborizadas de acordo com o espaccedilo aeacutereo e subterracircneo disponiacutevel observando as principais questotildees que interferem na escolha das espeacutecies para plantar em calccediladas que satildeo ldquoA largura das calccediladas Presenccedila ou ausecircncia de fiaccedilatildeo aeacuterea Tipo de fiaccedilatildeo aeacuterea (convencional isolada ou protegida) Recuo frontal das edificaccedilotildeesrdquo (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE sdp 6) Assim fica evidente que arborizar uma calccedilada natildeo eacute apenas plantar aacutervore em uma aacuterea permeaacutevel eacute essencial levar em conta o espaccedilo disponiacutevel em torno do local que se pretende fazer o plantio

Tambeacutem eacute relevante falar da importacircncia ecoloacutegica que a vegetaccedilatildeo arboacuterea das calccediladas possui pois proporciona habitaccedilatildeo para pequenas espeacutecies de animais e paacutessaros auxiliando na biodiversidade da fauna urbana Isso contribui para o desenvolvimento de um ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na convivecircncia e interaccedilatildeo das pessoas com o espaccedilo que as cercam

No que se refere agrave arborizaccedilatildeo das calccediladas das ruas do Municiacutepio das Correntes-PE o caso eacute bastante preocupante pois satildeo pouquiacutessimas as calccediladas com aacutervores as quais satildeo plantadas de forma inadequada (Figura 4 e 5) E os cuidados que os moradores correntenses dedicam agraves aacutervores de suas calccediladas em alguns casos variam com o desenvolvimento e crescimento da mesma Jaacute em outros casos os moradores ao perceberem que a aacutervore pode causar algum empecilho ou dano simplesmente erradicam a aacutervore sem procurar outras soluccedilotildees

Figura 4 e 5 Inadequaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo das calccediladas em Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Por ocasiatildeo de entrevistas com a populaccedilatildeo a respeito dos benefiacutecios das aacutervores nas calccediladas as principais

importacircncias percebidas pelos moradores eram a de amenizaccedilatildeo da temperatura e a sombra proporcionada por ela No entanto registra-se que um fato relevante das observaccedilotildees realizadas eacute que todas as aacutervores plantadas nas calccediladas estatildeo de forma inadequada Elas estatildeo muito proacuteximas da fiaccedilatildeo eleacutetrica ou os galhos se misturam a fiaccedilatildeo aleacutem de perceber-se que as calccediladas satildeo em sua maioria irregulares e possuem degraus aleacutem do espaccedilo destinado ao plantio ser pequeno ocasionando dificuldades agrave passagem das pessoas e danificando o espaccedilo fiacutesico da mesma

Outro dilema acerca da arborizaccedilatildeo das calccediladas eacute a poda visto que por ser um espaccedilo puacuteblico a populaccedilatildeo natildeo eacute esclarecida a respeito de quem deve ser responsaacutevel pela poda Logo sempre haacute conflitos entre populaccedilatildeo e poder

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puacuteblico sobre tal assunto Fato esse que natildeo eacute levado em conta no Municiacutepio das Correntes-PE resultando em calccediladas inadequadas e arborizaccedilatildeo deficiente 4 O VERDE DAS PRACcedilAS E CANTEIROS CENTRAIS NA PERSPECTIVA DA ORGANIZACcedilAtildeO DO ESPACcedilO NUMA ABORDAGEM SISTEcircMICA DA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ao finalizar as colocaccedilotildees debates e indagaccedilotildees sobre o Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE coloca-se agora em destaque de forma breve os resultados do segundo projeto de pesquisa o qual se deu em sequencia intitulado ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo desenvolvido em 2013 Os principais objetivos foram investigar a importacircncia dos espaccedilos verdes puacuteblicos para o contexto social tendo-se como referecircncia a inter-relaccedilatildeo homem homem homem natureza diagnosticando por meio de uma visatildeo sistecircmica como as praccedilas e canteiros centrais satildeo utilizados no planejamento urbano e quais usos e apropriaccedilotildees dos principais espaccedilos puacuteblicos arborizados de Correntes-PE

Logo apresenta-se os resultados acerca de problemas socioambientais ligados ao verde urbano dos espaccedilos livres puacuteblicos na forma das principais Praccedilas e Canteiros Centrais do Municiacutepio de Correntes-PE atraveacutes de uma visatildeo sistecircmica sobre esses espaccedilos na percepccedilatildeo dos moradores do referido MuniciacutepioO ambiente urbano entendido como conjunto dissociado de espaccedilos construiacutedos e espaccedilos livres de construccedilatildeo dispostos sobre uma organizaccedilatildeo funcional que regram a proacutepria organizaccedilatildeo e fluxo de pessoas na cidade

Os espaccedilos urbanos edificados satildeo ldquoaacutereas ocupadas de maneira significativamente densa pelas construccedilotildees que atendem as atividades do meio urbano de uso residencial comercial industrial de serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede educaccedilatildeo entre outrosrdquo (CARNEIRO MESQUITA 2000 p 24) Enquanto os espaccedilos livres satildeo aacutereas parcialmente edificadas com nula ou miacutenima proporccedilatildeo de elementos construiacutedos ou com presenccedila de vegetaccedilatildeo como por exemplo praccedilas parques e canteiros cujas funccedilotildees satildeo a recreaccedilatildeo circulaccedilatildeo composiccedilatildeo paisagiacutestica e de equiliacutebrio ambiental (CARNEIRO MESQUITA 2000)

Logo a cidade eacute uma formaccedilatildeo diversa constituiacuteda de espaccedilos modificados apropriados recriados e tornam-se propiacutecios a criaccedilatildeo de novos espaccedilos com novas funccedilotildees pelo homem sempre a procura de um melhor ambiente para o desenvolvimento de suas atividades A cidade tambeacutem se apresenta como um conjunto sistecircmico de interaccedilotildees e relaccedilotildees que variam de acordo com a percepccedilatildeo de cada indiviacuteduo e do olhar do observador de tais relaccedilotildees Esses espaccedilos arborizados apresentam certa harmonia e destinados a atividades saudaacuteveis ao mesmo tempo contribuem para um melhor ambiente urbano 41 As Aacutereas Verdes Urbanas Estudadas e Suas Contribuiccedilotildees para a Funcionalidade de Correntes-PE

Os principais espaccedilos puacuteblicos livres arborizados de Correntes-PE objetos do estudo foram a Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Essasaacutereas verdes contribuem para organizaccedilatildeo do municiacutepio devido as suaslocalizaccedilotildees que abrangemo ponto central do municiacutepio com as Praccedilas Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Praccedila Herciacutelio Victor da Silva e a Praccedila Pedro Alves Camelo onde convergemas principais relaccedilotildees urbanas enquanto que as principais saiacutedas e entradas do municiacutepio satildeo pela Praccedila Cursino Jacobina ou pela Avenida Raimundo Calado

As ruas do municiacutepio de Correntes-PE satildeo divididas em trechos tendo como divisatildeo dos trechos a extensatildeo principal da cidade que se inicia na entrada da aacuterea urbana e vai ateacute a saiacuteda em direccedilatildeo ao Distrito de Pau Amarelo onde

Trecho A - Correspondem as ruas que ficam do lado ESQUERDO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

Trecho B - Corresponde agraves ruas que se localizam do lado DIREITO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Pedro Alves Camelo

Trecho C - Corresponde agrave parte da cidade denominada Bairro da Bahia que se encontra separada da cidade pelo rio Mundauacute e nesse trecho natildeo se localiza nenhuma aacuterea verde estudada

26- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado localizam-se na extensatildeo principal que divide a cidade nos trechos A e B Logo eacute percebido que essas praccedilas contribuem para os fluxos urbanos e os desenvolvimentos das relaccedilotildees que se datildeo nessas aacutereas e em suas proximidades

Colocando-se ainda uma atribuiccedilatildeo agraves praccedilas elas podem ser arborizadas ou natildeo esse fato vai depender de sua funcionalidade ou intenccedilatildeo Logo sem a presenccedila de elementos naturais seja a arborizaccedilatildeo ou outro tipo de vegetaccedilatildeo satildeo destinadas a uma atividade especiacutefica como lugar de eventos Eacute o caso da Praccedila Pedro Alves Camelo em Correntes-PE enquanto que as praccedilas arborizadas apresentam diversas atribuiccedilotildees para populaccedilatildeo contribuindo para conservaccedilatildeo da natureza Natureza essa que foi praticamente destruiacuteda para construccedilatildeo das cidades e ao mesmo tempo necessaacuteria para o bom desenvolvimento do ambiente urbano como as demais praccedilas estudadas

42 A Quantificaccedilatildeo das Principais Espeacutecies Arboacutereas Presentes nas Aacutereas Verdes Estudadas em Correntes-PE

Uma das atividades desenvolvidas na pesquisa sobre a arborizaccedilatildeo dos principais espaccedilos puacuteblicos e arborizados foi agrave quantificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo das espeacutecies arboacutereas predominantes Assim seguem nos graacuteficos 1 e 2 as quantificaccedilotildees dessas espeacutecies

Graacutefico 1 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Graacutefico 2 Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Graacutefico 3 Praccedila Cursino Jacobina Graacutefico 4 Canteiro Central

20

27

7

46

Quantificaccedilatildeo da espeacutecies Arboacutereas da Praccedila Herciliacuteo Victor da Silva

Castanhola

Acaacutecia

Palmeira

Outras Espeacutecies

41

6 3

20

9

21

Quantificaccedilatildeo da Espeacutecie Arboacutereas da Praccedila Nossa Senhora da

Conceiccedilatildeo

Ficus

Pata de Vaca

Algarobeira

Palmeira

Acaacutecia

Outras Espeacutecies

28

44

17

11

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuterea da Praccedila Cursino Jacobina

Castanhola

Algarobeira

Flamboyant

Outras Espeacutecies

25

36 8 3

28

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacutereas do Cateiro Central da

Avenida Raimundo Calado

Ficus

Castanhola

Pata de Vaca

Pinheiro

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 27

Graacutefico 5 Praccedila Pedro Alves Camelo Graacutefico 6 Predominacircncia por Aacutereas Estudada

Graacuteficos 1 2 3 4 5 e 6 dados quantitativos das praccedilas sobre as espeacutecies arboacutereas presentes nos principais espaccedilos livres arborizados de Correntes - PE Fonte Chaves 2013

Com a presente quantificaccedilatildeo pode-se perceber que quase todas as espeacutecies identificadas satildeo exoacuteticas isso

deixa em evidencia a falta de criteacuterio e conhecimentos utilizados na escolha das espeacutecies arboacutereas usadas na arborizaccedilatildeo do municiacutepio bem como uma negaccedilatildeo das espeacutecies nativas Caso houvesse melhor distribuiccedilatildeo de forma mais harmoniosa e equitativa possibilitaria contribuiccedilotildees a essas aacutereas e valorizaccedilatildeo do local com a flora nativa E a natildeo identificaccedilatildeo de algumas espeacutecies remete ao problema de natildeo haver uma catalogaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo presente no municiacutepio 43 Os Diversos Usos e Apropriaccedilotildees dos Principais Espaccedilos Puacuteblicos Arborizados de Correntes-PE

Os espaccedilos livres urbanos satildeolocais onde se desenvolvem varias relaccedilotildees sociais sistecircmicas permitindo que a interaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo das vidas nela presentes se deem harmoniosamente entre os elementos artificiais e naturais atraveacutes dos modos de uso e apropriaccedilatildeo dos mesmos Tem-se entatildeo os seguintes usos e apropriaccedilatildeo de acordo com determinados espaccedilos da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Os modos de apropriaccedilatildeo da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (Figura 6) satildeo com a finalidade econocircmica na presenccedila dos seguintes equipamentos econocircmicos uma sorveteria um bar e algumas barracas de salgadinhos e doces apropriaccedilatildeo dos elementos contidos na proacutepria praccedila com finalidade esteacutetica e de lazer um chafariz e um caramanchatildeo no centro da praccedila

19

6

6

31

38

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuteresa da Praccedila Pedro Alves

Camelo

Ficus

Algarobeira

Castanhola

Palmeirinhas

Outras Espeacutecies

0

2

4

6

8

Praccedila NossaSenhora da

Conceiccedilatildeo

Praccedila Herciacutelio Victorda Silva

Praccedila Pedro AlvesCamelo

Praccedila CursinoJacobina

Canteiro Central daAvenida Raimundo

Calado

Pedrominancias de espeacutecies Arboacutereas por Aacuterea Estudada

Aacutereas Arorizadas

28- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 6Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo em Correntes-PE Fonte Chaves 2013

Enquanto os usos principais da praccedila satildeo circulaccedilatildeo devido agrave localizaccedilatildeo da mesma a qual se encontra no ponto

central do municiacutepio lazer quando a populaccedilatildeo se reuacutene para conversar brincar (crianccedilas e adolescentes) jogar cartas ou dominoacute andar de bicicleta namorar entre outros lazeres consumo tomar sorvete comprar doces e salgadinhos e tomar uma cachaccedila com os amigos (os adultos) ou simplesmente usam esse espaccedilo para aproveitar um ambiente agradaacutevel na cidade desfrutando de elementos naturais e artificiais e dos inuacutemeros benefiacutecios da arborizaccedilatildeo presente Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

A praccedila eacute localizada ao lado do Coleacutegio mais tradicional do ensino fundamental do municiacutepio logo seu publico principal eacute constituiacutedo de estudantes (Figura 7) que utilizam o espaccedilo da praccedila enquanto espera o horaacuterio da aula ou apoacutes a mesma para conversar ou brincar com os colegas de salas Tambeacutem eacute frequentada por casais principalmente casais de estudantes e a mesma ainda eacute sede de um centro comunitaacuterio de informaacutetica

Figura 7 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Fonte Chaves 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 29

Constatou-se entatildeo que a praccedila eacute bastante frequentada de segunda a sexta pelos estudantes e usuaacuterios do

centro de informaacutetica devido principalmente a sua localizaccedilatildeo Aos saacutebados basicamente e frequentada por alguns feirantes e aos domingos ela praticamente apresenta apenas a funccedilatildeo de circulaccedilatildeo por moradores do municiacutepio A Praccedila Pedro Alves Camelo

Eacute uma praccedila com pouca arborizaccedilatildeo destinada a eventos culturais e apresentaccedilotildees teatrais (Figura 8) A populaccedilatildeo que reside em seu entorno percebe esse espaccedilo atraveacutes de importantes benefiacutecios quais sejam oxigecircnio mais saudaacutevel sombra amenizaccedilatildeo das altas temperaturas e ventilaccedilatildeo nas casas

Figura 8 A Praccedila Pedro Alves Camelo Fonte Chaves 2013

A praccedila possui tambeacutem em seu entorno um salatildeo de cabelereiro para homens um salatildeo de manicure

residecircncias preacutedios puacuteblicos e outros serviccedilos aleacutem de ser bastante usada por crianccedilas para brincar com bola e por casais de namorados principalmente agrave noite nos banquinhos da praccedila pois durante o dia a falta de arborizaccedilatildeo a deixa pouco propicia para o lazer a ceacuteu aberto

Devido agrave presenccedila de um bar em seu entorno a praccedila mostra-se muito movimentada nos dias de jogos pois os torcedores gostam de assistir os jogos no bar com os amigos e ao mesmo tempo fazem uma confraternizaccedilatildeo Embora seu espaccedilo seja para realizaccedilatildeo de eventos as festas de ruas sempre satildeo realizadas em outros locais e natildeo nela pois seu espaccedilo natildeo comportaria um grande nuacutemero de pessoas ao mesmo tempo

Praccedila Cursino Jacobina

A praccedila aleacutem de seus elementos arboacutereos abriga uma estatua de Padre Cicero (Figura 9) e no dia desse padroeiro ocorre neste local celebraccedilotildees onde grande parte da populaccedilatildeo acende velas no altar como devoccedilatildeo Mas tirando essa eacutepoca de devoccedilatildeo a praccedila eacute frequentada tambeacutem com assiduidade pela populaccedilatildeo em geral devido a seu ambiente agradaacutevel e sombreado principal beneficio citado pelos frequentadores

30- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 9 Praccedila Cursino Jacobina Fonte Chaves 2013

Todos os dias proacuteximo da Estatua de Padre Cicero moradores que satildeo em sua maioria idosos da rua ou deruas

vizinhas se encontram para jogarem dominoacute ou baralho Aleacutem de jogar conversa fora como disse um dos senhores que tem essa pratica ldquoum bando de desocupadordquo respeitando-se o linguajar do cidadatildeo ipis litteris Essas pessoas em sua maioria satildeo senhores aposentados ou que se encontram em horaacuterios para lazer na praccedila Salienta-se ainda que estudantes tambeacutem participam desses encontros e atividades

Ao lado do canteiro localizam-se borracharias e oficinas Assim as pessoas colocam seus transportes na sombra das arvores de grande porte enquanto esperam serem atendidas Os moradores tambeacutem estacionam seus veiacuteculos ao lado do canteiro usufruindo assim da sombra proporcionada principalmente composta por amendoeiras e algarobeiras

Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado

Na percepccedilatildeo da populaccedilatildeo da Avenida Raimundo Calado em relaccedilatildeo agrave arborizaccedilatildeo do canteiro central a importacircncia se materializa pela sombra fornecida por servir de habitat para os paacutessaros aleacutem de acreditarem que preserva o meio ambiente mas a populaccedilatildeo natildeo especificou como se daacute essa preservaccedilatildeo ambiental

Na visatildeo de uma comerciante que se apropriou do espaccedilo do canteiro com a colocaccedilatildeo de uma barraca de doces e salgadinhos (Figura 10) antes de tudo a comerciante explica que estabeleceu sua barraca ali porque natildeo encontrou qualquer impedimento por parte da gestatildeo do municiacutepio para tal ato Assim quando ela foi colocar a barraca ha uns anos atraacutes pediu permissatildeo ao responsaacutevel da Prefeitura que lhe concedeu a permissatildeo

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 31

Figura 10 Apropriaccedilatildeo do Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Fonte Chaves 2013

A barraca eacute frequentada por pessoas de todas as idades que residem na avenida ou que passam por ali soacute natildeo eacute

mais frequentada por que natildeo vende bebidas Verifica-se que a mesma se beneficia da presenccedila da arborizaccedilatildeo que deixao ambiente mais agradaacutevel 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante do desenvolvimento dos projetos de pesquisas sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE atraveacutes do projeto realizado em 2012 com tema ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo e em 2013 com o projeto ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da paisagem Agreste de Correntes-PErdquo foi possiacutevel materializar alguns artigos durante o tempo da pesquisa e teve-se tambeacutem como principal resultado concreto o presente capiacutetulo de livro

Aqui procurou-se enfocar a importacircncia da vegetaccedilatildeo principalmente a arborizaccedilatildeo no ambiente urbano Pois tal presenccedila possibilita um desenvolvimento urbano mais saudaacutevel quando se pensa em desenvolvimento das atividades humanas bem como uma contribuiccedilatildeo ecoloacutegica diante da construccedilatildeo artificial que eacute a cidade que com frequecircncia evidencia-se desordenada e natildeo planejada

Assim diante da problemaacuteticacolocada e pesquisada pode-se perceber dilemas e conflitos presentes no ambiente urbano devido agrave arborizaccedilatildeo bem como a falta da arborizaccedilatildeo Mas uma coisa eacute certa a destruiccedilatildeo da natureza e a introduccedilatildeo da cidade em seu lugar levou o homem a perceber que natildeo eacute possiacutevel viver soacute de elementos artificias issogera paulatinamente no seu dia a dia a falta de condiccedilotildees para desenvolver seu bem-estar Logo a introduccedilatildeo de aacutereas verdes ou espaccedilos arborizados na cidade eacute a primeira opccedilatildeo na hora de procurar uma maneira de melhorar as condiccedilotildees ambientais do meio ambiente urbano

Aleacutem das diversas funcionalidades e benefiacutecios advindos do verde urbano elencado nos toacutepicos desse capiacutetulo a presenccedila desse verde no municiacutepio de Correntes-PE eacute em geral inadequadae deficiente no que se refere aos espaccedilos particulares mas abundante e com predomiacutenio de exoacuteticas nas aacutereas puacuteblicas mesmo sem o devido planejamento e gestatildeo adequados

A populaccedilatildeo em sua maioria desconhece a importacircncia da presenccedila do verde na cidade e mesmo usufruindo diariamente desses ambientes pouco sabe valorizar e cuidar desse ldquobemrdquo Mesmo as praccedilas ecanteiros centrais sendo espaccedilos puacuteblicos natildeo cabe apenas agrave Prefeitura cuidar e preservar tais ambientes Entendendo-se serembens comuns a

32- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

todos cabe a cada indiviacuteduo cuidar e preservar a integridade desses espaccedilos puacuteblicos aleacutem de caber sim agrave Prefeitura disponibilizar pessoas qualificadas para realizaccedilatildeo da manutenccedilatildeo necessaacuteria dos mesmos ou seja implementar uma melhor gestatildeo do verde na cidade

Correntesem Pernambuco como outros municiacutepios do semiaacuterido periodicamente sofrem com temperaturas altas e por esse motivo um projeto de arborizaccedilatildeo para as calccediladas foi desenvolvido numa tentativa de deixar os ambientes domiciliares mais amenos e agradaacuteveis Poreacutem a falta de estudos e planejamento fez com que anos apoacutes sua implantaccedilatildeo a arborizaccedilatildeo danificasse de diversos modos agraves residecircncias levando entatildeo os moradores a erradicarem as aacutervores plantadas Verificou-se no contexto que muitas das espeacutecies plantadas natildeo eram recomendadas para calccediladas visto que passaram a danificar o espaccedilo fiacutesico das mesmas bem como os imoacuteveis

E foi tambeacutem atraveacutes do estudo sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE por meio de meacutetodos de anaacutelise da paisagem no ambito da ciecircncia geograacutefica com abordagem das contradiccedilotildees sociais desenvolvidas no ambiente urbano que se pode perceber como a introduccedilatildeo de aacutereas verdes eacute ligada as funcionalidades urbanas a sua organizaccedilatildeo bem como aos seus fluxos e desenvolvimento

Conclui-se que eacute de suma importacircncia ter essas aacutereas verdes mas que seja de forma adequada e planejada evitando-se grandes problemas futuros Tambeacutem eacute necessaacuterio desenvolver atividades ou eventos que levem a populaccedilatildeo esclarecimentos e informaccedilatildeo sobre o porquecirc ter espaccedilos verdes no ambiente urbano pois uma coisa eacute certa nada existe por nada mesmo os acontecimentos fatos mais espontacircneos tudo tem uma razatildeo e contribuiccedilatildeo seja atraveacutes de seu uso estrutura e funcionalidade

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Abordagens geograacuteficas de antigas aacutereas algorobadas Recife Universidade da UFPE 2013

______ Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

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CAMARGO Luiacutes Henrique Ramos de A ruptura do meio ambiente conhecendo as mudanccedilas ambientais do planeta atraveacutes de uma nova percepccedilatildeo da ciecircnciaa geografia da complexidade 2 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2008

CARNEIRO Ana Rita MESQUITA Liana de Barros Espaccedilos livres de Recife Recife prefeitura da cidade do RecifeUniversidade Federal de Pernambuco 2000

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RESENDE W X SOUZA R L Concepccedilatildeo e controveacutersias sobre aacutereas verdes urbanas In SOUZA R M Territoacuterio planejamento e sustentabilidade Satildeo Cristoacutevatildeo UFS 2009

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TUAN Yi-fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

34- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO

MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 35

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

A base de toda a sustentabilidade eacute o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza

Nagib Anderaacuteos Neto4

1 INTRODUCcedilAtildeO

A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o proacuteprio homem Para esta atividade o investigador recorre agrave observaccedilatildeo e agrave reflexatildeo que faz sobre os problemas que enfrenta e a experiecircncia passada e atual dos homens na soluccedilatildeo destes problemas a fim de munir-se dos instrumentos mais adequados agrave sua accedilatildeo e intervir no seu mundo para construiacute-lo adequado agrave sua vida (CHIZOTTI 2009 p11)

Seguindo-se o conceito acima descrito e com o intuito de trazer essa definiccedilatildeo para a pesquisa de campo desencadeou-se o objetivo de pesquisar espeacutecies arboacutereas da caatinga e visto tratar-se de uma regiatildeo bastante diversificada haacute sempre uma enorme gama de pontos a serem explorados Esses objetivos podem ser estendidos por diversas aacutereas do conhecimento como a Biologia a Botacircnica e a Geografia por exemplo E trazendo esse estudo bibliograacutefico e de campo para a Geografia tecircm-se uma abrangecircncia que vai aleacutem da classificaccedilatildeo das espeacutecies visto tratar-se de uma aacuterea que permite uma visatildeo ampla e que objetiva principalmente agrave compreensatildeo e o entendimento do espaccedilo como um todo

Na busca de trazer esses aspectos para a pesquisa de campo nas aacutereas verdes do Agreste nordestino mais especificamente para o verde na aacuterea rural do municiacutepio de Venturosa-PE apresenta-se o estudo sobre a espeacutecie do

4 Disponiacutevel emhttppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014

36- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

juazeiro aacutervore tiacutepica do Nordeste brasileiro Procurando-se destacar sua interaccedilatildeo com o clima solo relaccedilatildeo homemnatureza e sua incidecircncia na aacuterea estudada apesar da devastaccedilatildeo que sofre decorrente das atividades para o progresso desenvolvimento agropecuaacuterio

No caso do juazeiro como o mesmo geralmente estaacute posicionado dentro ou proacuteximo agraves aacutereas de pastagens procurou-se demonstrar sua fundamental importacircncia para a conjuntura espacial paisagiacutestica em uma complexidade agraacuteria e agroecoloacutegica Utilizando-se para este fim a Geografia atraveacutes de sua categoria de anaacutelise paisagem a qual oferece oportunidade para a realizaccedilatildeo de uma abordagem sistecircmica frente agraves necessidades de entendimento de cada objeto

2 LOCALIZACcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DO OBJETO DE ESTUDO

O Brasil eacute um paiacutes de grandes dimensotildees com uma aacuterea de abrangecircncia territorial de consideraacutevel extensatildeo onde estaacute inserida a Regiatildeo Nordeste a qual ocupa cerca de 18 do territoacuterio nacional com caracteriacutesticas marcantes e bastante diversificadas dentro de uma mesma regiatildeo e nesse contexto apresentam-se os domiacutenios morfoclimaacuteticos que se constituem numa siacutentese dos vaacuterios aspectos naturais de uma regiatildeo que de acordo com Arbex eBacic (1999 p12) os mesmos relatam que ldquosatildeo quatro os domiacutenios morfoclimaacuteticos na Regiatildeo Nordeste a Caatinga (depressotildees e planaltos semiaacuteridos) o dos Mares de Morros o Cerrado e o Amazocircnico (terras baixas florestadas equatoriais) sem contar as significativas faixas de transiccedilatildeo entre elesrdquo

Dentro dessa grande regiatildeo nordestina estaacute inserido o municiacutepio de Venturosa o qual se encontra localizado a 2434 km da capital Recife na Mesorregiatildeo do Agreste e Microrregiatildeo do Vale do Ipanema este formado pelos municiacutepios de Aacuteguas Belas Buiacuteque Itaiacuteba Pedra Tupanatinga e Venturosa no interior de Pernambuco (Figura 1)

Figura 1 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Venturosa adaptado por Darla Macedo 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 37

Venturosa tem na agropecuaacuteria principalmente na pecuaacuteria leiteira uma das fontes de renda mais importantes tanto no campo como na cidade havendo sempre uma dependecircncia dos habitantes para com essa atividade que eacute muito significativa pois do leite deriva uma cadeia produtiva que vai do queijo ao iogurte entre outros aproveitamentos e no qual Salienta-se que tambeacutem satildeo produzidos produtos como manteiga manteiga de garrafa doce de leite e bebidas tipo iogurte entre os principais (AMADOR 2008 pag 92) o que reforccedila a interligaccedilatildeo do campo com a cidade constituindo o principal setor econocircmico do municiacutepio

Trata-se portanto de uma atividade que interage com a vegetaccedilatildeo tanto natural quanto artificial de maneira unidimensional ou seja formam viacutenculos entre o humano e a natureza Nesse contexto encontra-se o Juazeiro (Zizyphusjoazeiro) planta de predominacircncia natural na regiatildeo e que eacute considerada por muitos como siacutembolo do Nordeste por ser facilmente encontrada e conhecida pela populaccedilatildeo principalmente da aacuterea rural onde tem sua quase totalidade de incidecircncia no municiacutepio tendo em vista que na aacuterea urbana sua presenccedila eacute minimamente observada (Figura 2)

Figura 2 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE Foto Arquivo da autora 2013

Importante salientar a grande devastaccedilatildeo por que passa a vegetaccedilatildeo natural do Nordeste especificamente a caatinga que eacute uma das aacutereas que vem gradativamente perdendo essa vegetaccedilatildeo natural para dar lugar as pastagens e outros usos Essa accedilatildeo humana transforma incessantemente o meio em que se vive mas ainda eacute possiacutevel encontrar vaacuterias espeacutecies tiacutepicas desse bioma as quais fazem parte do cenaacuterio natural da caatinga Cita-se por exemplo a jurema a catingueira a barauacutena como espeacutecies que ainda tem predominacircncia no jaacute citado municiacutepio E o juazeiro por sua vez eacute uma aacutervore tiacutepica da regiatildeo o que faz a mesma interagir plenamente com a flora e fauna nativas Tomando-se Vasconcelos Sobrinho (2005 p 187) tem-se a seguinte definiccedilatildeo

O Joazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) legiacutetimo representante das caatingas do Sertatildeo Seridoacute Agreste podendo-se mesmo encontraacute-lo nas matas uacutemidas do litoral Graccedilas a sua drupa comestiacutevel servindo de alimento a vaacuterias criaccedilotildees inclusive ao homem tem fraco poder de regeneraccedilatildeo por meio da semente Natildeo consegue expandir-se muito face suas folhas serem altamente forrageiras muito procuradas nos cercados em cantos de cerca e aceiros das matas pelos rebanhos soacute conseguindo proteccedilatildeo quando seguramente abrigadas e protegidas A sua brotaccedilatildeo de tronco e de raiz natildeo lhe favorece expansatildeo embora melhore muito sua riqueza em folhagem ao alcance dos gados Apresenta-se sempre verde aqui e acolaacute no meio da caatinga e pelos cercados quando escapam agrave destruiccedilatildeo pelos animais que satildeo aacutevidos de suas folhas nutritivas e palataacuteveis

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Diante dessa definiccedilatildeo tem-se uma siacutentese da significacircncia da planta para o espaccedilo semiaacuterido nordestino coadunando-se portanto com sua robustez fiacutesica resistecircncia aos periacuteodos de estiagens prolongadas e as oportunidades de aproveitamento econocircmico

Pode-se ressaltar que o juazeiro eacute de grande importacircncia natildeo apenas pelo bem que promove a natureza pela sua oacutetima integraccedilatildeo com o meio mas por sua beleza caracteriacutestica por manter-se verde durante quase todo o ano mesmo em meio agrave aridez de boa parte do Nordeste na eacutepoca da seca (Figura 3) O que acaba proporcionando sombra e outros benefiacutecios para amenizar as altas temperaturas que cotidianamente atingem o municiacutepio durante a maior parte do ano

Figura 3 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) em meio agrave caatinga Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

3 O EQUILIBRIO SOLO- CLIMA- VEGETACcedilAtildeO

Sabe-se que a natureza busca o equiliacutebrio de sua diversidade e consegue isso com perfeiccedilatildeo no entanto a interferecircncia humana de forma inadequada modifica a forma natural e normalmente gera consequecircncias para o meio em que se vive e para si proacuteprio

Para isso se faz necessaacuterio uma junccedilatildeo aparentemente de pouco significado poreacutem de fundamental importacircncia pois formam o motor da produccedilatildeo que move qualquer lugar que tenha como prioridade em sua produccedilatildeo econocircmica que eacute o equiliacutebrio entre o solo clima e vegetaccedilatildeo e que iratildeo dar o subsiacutedio para o desenvolvimento de qualquer aacuterea que

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tenha a pecuaacuteria ou qualquer atividade agricultaacutevel como fonte de renda Deixando-se claro que depende como essa integraccedilatildeo ocorre em cada aacuterea pois se natildeo houver uma accedilatildeo humana sustentaacutevel tambeacutem natildeo haveraacute forma de desenvolvimento adequado

Vasconcelos Sobrinho (2005) daacute uma definiccedilatildeo muito caracteriacutestica referente ao solo e a vegetaccedilatildeo do Agreste o mesmo diz que

O agreste de Pernambuco [] O solo formado pela decomposiccedilatildeo do granito e do gneiss eacute muito raso Jaacute estaacute erodido e depauperado e a vegetaccedilatildeo nativa encontra-se muito alterada na sua composiccedilatildeo inicial (VASCONCELOS 2005p 183)

Os solos do Agreste ocupam uma aacuterea de transiccedilatildeo entre Zona da Mata e Sertatildeo com relevo extremamente

variaacutevel associado a solos profundos solos rasos e solos relativamente feacuterteis que permitem realccedilar os diferentes tipos de solo no Agreste

Em Venturosa tem-se um aspecto muito importante no qual se pode destacar Tem-se que o relevo eacute descrito como suave ondulado e plano evidenciando como principais tipos de solos o argiloso arenoso pedregoso e rochoso (AMADOR 2008 p83) Nesse aspecto pode-se dizer que o juazeiro se adapta a esses diversos tipos de solo da regiatildeo o que favorece sua incidecircncia

No tocante agraves relaccedilotildees com o clima chamado de semiaacuterido devido sua baixa umidade e quantidade reduzida de chuva fator que influencia o volume de aacutegua nos rios que secam em determinadas eacutepocas do ano e diminuem as disponibilidades de aacutegua para as plantas animais e homens caracterizando assim a aridez do ambiente O clima se configura como fator bastante determinante da caatinga o qual define a paisagem e o modo de vida dos moradores que vivem um eterno racionamento de aacutegua numa prevenccedilatildeo para a eacutepoca de estiagem 4 O BIOMA CAATINGA E O JUAZEIRO

O bioma caracteriacutestico e uacutenico do Brasil especialmente da Regiatildeo Nordeste a caatinga apresenta baixos iacutendices

pluviomeacutetricos irregularidades de chuvas expondo uma vegetaccedilatildeo de grande resistecircncia a periacuteodos de estiagens Arbex Junior e Bacic Olic (1999 p12) datildeo a seguinte denominaccedilatildeo de caatinga

A caatinga vegetaccedilatildeo natural que daacute nome ao domiacutenio eacute constituiacuteda por aacutervores e arbustos normalmente espinhentos que perdem suas folhas no decorrer da longa estaccedilatildeo seca O clima semiaacuterido e o solo pouco profundo ensejaram o desenvolvimento de vegetais com folhas pequenas e raiacutezes longas

Essas caracteriacutesticas satildeo consideradas naturais no municiacutepio jaacute mencionado devido ao mesmo estar localizado na aacuterea de agreste poreacutem com aspectos tiacutepicos do sertatildeo entendendo-se que

Muito jaacute foi escrito sobre o Agreste poreacutem quando se busca trabalhar academicamente sobre a bibliografia pertinente observa-se a predominacircncia de estudos elaborados sobre a oacutetica cartesiana pautada esta no principio de dividir para conhecer embora natildeo se relegue sua importacircncia para a construccedilatildeo da ciecircncia (AMADOR 2008 pag87)

Tomando-se ainda a mesma autora elenca-se outras espeacutecies arboacutereas no contexto semiaacuterido agrestino em apoio agrave atividade agropecuaacuteria especialmente a pecuaacuteria de leite como a seguir

O angico o pereiro o juazeiro por exemplo satildeo referecircncias do bioma da caatinga deixados no pasto com o propoacutesito tiacutepico ainda das propriedades da regiatildeo de sombrear o gado mas que pode ser visto como testemunhos da vegetaccedilatildeo de caatinga antes existente no local (AMADOR 2008 p208)

Atraveacutes dessa afirmaccedilatildeo fica claro que existe uma devastaccedilatildeo da caatinga agrestina principalmente para ampliaccedilatildeo de pastagens aberturas de estradas vicinais equipamentos rurais entre outras necessidades inerentes agrave atividade agraacuteria Nessa direccedilatildeo cabe trazer agrave tona as preocupaccedilotildees com a sustentabilidade e a importacircncia do juazeiro para o bioma da caatinga

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5 O JUAZEIRO NO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

No municiacutepio de Venturosa a vegetaccedilatildeo predominante caracteriacutestica eacute a caatinga definida por Abiacutelio (2010) como sendo

A caatinga eacute um bioma exclusivamente brasileiro que estaacute inserida no semi-aacuterido nordestino sendo caracterizada principalmente por aspectos climaacuteticos e pluviomeacutetricos detentora de uma rica biodiversidade a qual se encontra cada vez mais ameaccedilada decorrente da maacute utilizaccedilatildeo de seus recursos principalmente pelo forte extrativismo Havendo a necessidade de poliacuteticas que incentivem o desenvolvimento sustentaacutevel regional (ABIacuteLIO 2010 p156)

Eacute nessa vegetaccedilatildeo que estaacute o juazeiro (Zizyphusjoazeiro) aacutervore tipicamente nordestina com frutos de cor amarela quando maduros comestiacuteveis e bem adocicados Com folhas sempre verdes seus ramos satildeo tortuosos e espinhosos (Figura 4)

Figura 4 Galho de juazeiro com seus espinhos no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A aacutervore eacute bastante conhecida pelos venturosenses ateacute mesmo por habitantes citadinos que mesmo morando na cidade conhecem a aacutervore por haver sempre uma nas proximidades com o campo propriamente dito Natildeo deixando-se de ressaltar a presenccedila miacutenima na aacuterea urbana da espeacutecie em tela a qual natildeo eacute identificada como elemento da paisagem urbana Trata-se de uma arborizaccedilatildeo que carece de vegetaccedilatildeo nativa da regiatildeo e que concentra em seu conjunto arboacutereo espeacutecies exoacuteticas que foram aos poucos substituindo as aacutervores tiacutepicas da caatinga principalmente na cidade

Os moradores da zona rural costumam deixar juazeiros em seus terreiros entendendo-se por terreiro o espaccedilo na frente das casas como o evidenciado no exemplo da figura 2 e em seus currais (Figura 5)

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Figura 5 Juazeiro no curral no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A proximidade do juazeiro com o homem promove uma integraccedilatildeo agradaacutevel pois o mesmo proporciona sombra

de excelente qualidade aleacutem de contribuir parauma beliacutessima paisagem Tendo servido inclusive de inspiraccedilatildeo para letras de muacutesicas como retrata a bela canccedilatildeo de Luiz Gonzaga o Rei do Baiatildeo em parceria com Humberto Teixeira

O juazeiro Juazeiro juazeiro Me arresponda por favor Juazeiro velho amigo Onde anda o meu amor Ai juazeiro Ela nunca mais voltou Diz juazeiro Onde anda meu amor Juazeiro natildeo te alembra Quando o nosso amor nasceu Toda tarde agrave tua sombra Conversava ela e eu Ai juazeiro Como doacutei a minha dor Diz juazeiro Onde anda o meu amor Juazeiro seje franco Ela tem um novo amor Se natildeo tem porque tu choras Solidaacuterio agrave minha dor Ai juazeiro Natildeo me deixa assim roer Ai juazeiro Tocirc cansado de sofrer Juazeiro meu destino Taacute ligado junto ao teu No teu tronco tem dois nomes

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Ele mesmo eacute que escreveu Ai juazeiro Eu num guumlento mais roer Ai juazeiro Eu prefiro inteacute morrer Ai juazeiro

Luiz Gonzaga5

6 RETROSPECTIVA HISTOacuteRICADO LUGAR (VENTUROSA)

O ciclo natural da vida eacute seguido de forma semelhante em todo ser humano pois as pessoas nascem crescem e morrem concretizando o ciclo natural dos seres vivos E para que isso ocorra de uma forma agradaacutevel para todas as espeacutecies se requer um incentivo agrave educaccedilatildeo ambiental que deve acontecer no momento certo ou seja desde muito cedo para que realmente ocorra com o devido sucesso e sendo assim pode-se dizer que

Educaccedilatildeo Ambiental comeccedila no berccedilo ou seja o primeiro passo deve ser dado na infacircncia Deve-se se ensinar a crianccedila a observar a beleza e os segredos da natureza A beleza de um ipecirc em flor ou de um canteiro multicor o vocirco majestoso da ave no alto do ceacuteu o bater acelerado das asas de um beija-flor o crescer contiacutenuo das plantas e a reproduccedilatildeo dos animais A crianccedila natildeo entenderaacute as razotildees do funcionamento da natureza mas aprenderaacute a observar o que constitui a primeira etapa na formaccedilatildeo de uma consciecircncia

ecoloacutegica e o amor a natureza (TROPPMAIR 2008 p198)

Dessa forma pode-se dizer que se as pessoas se conscientizarem da importacircncia do meio ambiente desde cedo no futuro se beneficiaratildeo muito mais dela

Muitas pessoas desenvolvem um verdadeiro amor pelo seu lugar de origem no qual viveram durante toda sua vida Isso gera uma afeiccedilatildeo pelo seu lugar os moradores da zona rural na sua grande maioria desenvolvem esse apego ao lugar e apesar de enfrentarem grandes dificuldades na labuta diaacuteria do campo geralmente natildeo querem sair para a cidade preferem a calma do interior No entanto esse apego natildeo impede que o mesmo talvez por falta de oportunidade eou de conhecimento acabe causando males ao seu lugar de origem Nesse sentido tomam-se as palavras de Tuan

Para compreender a preferecircncia ambiental de uma pessoa necessitariacuteamos examinar sua heranccedila bioloacutegica criaccedilatildeo educaccedilatildeo trabalho e os arredores fiacutesicos No niacutevel de atitudes e preferecircncias de grupo eacute necessaacuterio conhecer a histoacuteria cultural e a experiecircncia de um grupo no contexto de seu ambiente fiacutesico Em nenhum dos casos eacute possiacutevel distinguir nitidamente entre os fatores culturais e o papel do meio ambiente fiacutesico Os conceitos cultura e meio ambiente se superpotildeem do mesmo modo que os conceitos homem e natureza (TUAN 1980 p 68)

O habitante da zona rural em sua grande maioria natildeo tem e nem teve oportunidades de conhecimento cientifico para aprender a diferenccedila entre o consumo sustentaacutevel e o natildeo sustentaacutevel o que acarreta ao longo dos anos prejuiacutezos incalculaacuteveis Visto que espeacutecies abundantes no lugar vatildeo se extinguindo ao longo dos anos principalmente por natildeo haver interesse de reposiccedilatildeo devido ser uma aacuterea de significativaabrangecircncia pecuaacuteria de no Estado

Os moradores da zona rural tecircm a cultura de desmatamento para o plantio de pastagens que servem de alimento para os rebanhos na maioria bovinos e tambeacutem alguns criatoacuterios de caprinos No entanto em menor quantidade no municiacutepio em relaccedilatildeo agrave bovinocultura que eacute a atividade que predomina na regiatildeo

5 Disponivel emhttpwwwvagalumecombrluiz-gonzagajuazeirohtml Acesso em 21 jan 2014

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No intuito de produzir o alimento para o rebanho durante todo o ano haacute a praacutetica da erradicaccedilatildeo de espeacutecies nativas da caatinga que iratildeo dar lugar as plantaccedilotildees que servem de alimento para os seus rebanhos Sendo assim os moradores pecuaristas produzem espeacutecies adaptaacuteveis ao clima da regiatildeo e em geral as mais comuns satildeo as plantaccedilotildees de palma e capim por serem espeacutecies mais resistentes ao clima semiaacuterido que eacute predominante durante a maior parte do ano e que muitas vezes se repete por vaacuterios anosconsecutivos

Essa natildeo eacute uma atividade que possa ser considerada recente visto que quando do momento da coleta de informaccedilotildees de pessoas que habitam no municiacutepio haacute anos ou desde seu nascimento colheu-se a informaccedilatildeo de que sempre se realizou essa praacutetica para o cultivo de alimentos Esse preparo do terreno para o plantio se daacute desde muitos anos ateacute os dias atuais por meio principalmente de brocas entendendo-se por brocas as queimadas que ocorrem em uma determinada porccedilatildeo de terra a qual depois de queimada seraacute cultivada No entanto essa praacutetica aumentou muito devido ao crescimento populacional e o que antes ocupava pequenas aacutereas hoje atinge grandes espaccedilos causando assim uma devastaccedilatildeo maior do meio ambiente Nesse sentido toma-se como referecircncia sobre esta questatildeo o conceito de Troppmair (2008) que diz

Nas civilizaccedilotildees primitivas pastoris e agriacutecolas o homem era um elemento integrado no sistema natureza e nele interferia apenas de forma restrita Com o aumento da populaccedilatildeo o surgimento de formas sociais mais complexas e principalmente com o advento dos centros urbanos e da era industrial que introduziu o emprego de maquinaacuterio mais potente e sofisticado e modificou modos de vida humana a interferecircncia e as perturbaccedilotildees provocadas pelo homem nos ecossistemas tornaram-se mais draacutesticas e conduziram aos problemas ambientais de nossos dias (TROPPMAIR 2008 p172)

Esse fator eacute primordial para o entendimento da questatildeo do desmatamento no municiacutepio pois onde antes era utilizado apenas o trabalho braccedilal para formaccedilatildeo de roccedilas e cercados entendendo-se por roccedilas e cercados os lugares onde satildeo produzidos os alimentos para os animais hoje haacute uma grande incidecircncia de maquinaacuterios especiacuteficos como tratores maquinas entre outros

Falta no entanto um pensamento que avance assim como os progressos agriacutecolas e que se difunda tambeacutem uma poliacutetica de conservaccedilatildeo do ambiente em prol do bem estar humano e do meio como um todo o qual possa gerar avanccedilos com a perspectiva da sustentabilidade Esperando-se que os mais novos habitantes sigam na linha de afeiccedilatildeo e apego ao lugar mas com modos mais conservacionistas e que aprendam a lidar mais adequadamente com o cultivoda terra 7 O VERDE RURAL E A RELACcedilAtildeO HOMEM NATUREZA

Quando se faz a junccedilatildeo de dois elementos complexos como o homem este no sentido do ser humano e natureza como sentido de lugar onde o homem habita haacute a necessidade de analisar a relaccedilatildeo que um deteacutem sobre o outro visto que ambos devem viver em condiccedilotildees harmocircnicas para soacute assim poder haver uma interligaccedilatildeo que iraacute gerar benefiacutecios para ambos (Figura 6)

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Figura 6 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A Geografia inserida nesse acircmbito eacute de fundamental importacircncia para um entendimento dessas relaccedilotildees tendo

em vista a abrangecircncia da disciplina que se encaixa nos mais diversos meios que venham a ser estudados sendo assim fundamental no estudo do verde seja ele rural ou urbano Nesse contexto tem-se em Barbosa (2008 p625)a seguinte definiccedilatildeo

A geografia hoje traz uma nova abordagem onde natildeo haacute mais como fazer distinccedilotildees entre Homem-Natureza onde o meio ambiente deve ser considerado como um todo resultado da relaccedilatildeo homem-natureza Esta abordagem recebe o nome de Sistecircmica e que tem influenciado atualmente nos estudos e anaacutelises feitas dentro do campo de atuaccedilatildeo da Geografia (BARBOSA 2008 p625)

Na relaccedilatildeo homem natureza nota-se que haacute uma cultura de desmatamento muito intensa na regiatildeo onde o verde eacute cada vez mais deixado de lado principalmente aquele vinculado as espeacutecies nativas da caatinga Quando haacute uma busca de desenvolvimento econocircmico pode-se dizer que o homem prefere anular a diversidade natildeo fazendo com isso conjunccedilatildeo de dois sistemas diferentes O ser humano na busca de seu desenvolvimento natildeo mede as consequecircncias de seus atos e tem com isso o que se chama de pensamento simplificador natildeo sabendo interagir com a natureza sem destrui-la Segundo Edgar Morin (2005 p 12) ldquoo pensamento simplificador eacute incapaz de conceber a conjunccedilatildeo do uno e do muacuteltiplo (unitat multiplex) Ou ele unifica abstratamente ao anular a diversidade ou ao contrario justapotildee a diversidade sem conceber a unidaderdquo

Enquanto natildeo houver um meio de integraccedilatildeo entre esses dois sistemas haveraacute sempre um obstaacuteculo para ambos prejudicando o homem e a natureza No entanto eacute cada vez mais raro encontrar uma real preocupaccedilatildeo com a natureza pela parte humana Visto que a mesma estaacute sempre em busca de benefiacutecios proacuteprios sem perceber as reais consequecircncias dos atos realizados natildeo visando agraves consequecircncias futuras que seus atos atuais teratildeo

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Infelizmente pela visatildeo mutiladora e unidimensional paga-se bem caro nos fenocircmenos humanos a mutilaccedilatildeo corta na carne verte o sangue expande o sofrimento A incapacidade de conceber a complexidade da realidade antropossocial em sua incodimenccedilatildeo (o ser individual) e em sua macrodimensatildeo(o conjunto da humanidade planetaacuteria) conduz a infinitas trageacutedias e os conduz a trageacutedia suprema Dizem-nos que a poliacutetica ldquodeverdquo ser simplificadora e maniqueiacutesta Sim claro em sua concepccedilatildeo manipuladora que utiliza as pulsotildees cegas Mas a estrateacutegia poliacutetica requer o conhecimento complexo porque ela se constroacutei na accedilatildeo com e contra o incerto o acaso o jogo do muacuteltiplo das interaccedilotildees e retroaccedilotildees (MORIN 2005 p 13)

Os moradores do municipio em estudado na sua grande maioria satildeo sacrificados ou seja trabalham durante toda sua vida para sobreviver em meio agrave quase constante semiaridez da regiatildeo aproveitando-se dos periacuteodos de maior precipitaccedilatildeo para fazer suas plantaccedilotildees e a partir daiacute alimentarem seus animais os quaisquase sempre representados pelo rebanho bovino para tirarem seu sustento e de sua famiacutelia 8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Pode-se afirmar atraveacutes dedepoimentos de moradores que as espeacutecies tiacutepicas como o juazeiro a catingueira a barauacutena a jurema entre outras eram bem mais abundantes outrorado que hoje

A diminuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais naturais do lugar ocorreu e ocorre devido a falta de um desenvolvimento sustentaacutevel o que gera uma gama de desmatamentos desordenados os quais no decorrer dos anos foram acarretando uma menor incidecircncia da vegetaccedilatildeo nativa ou seja a caatinga de forma natural e que foram dando lugar as pastagens que satildeo utilizadas para alimentar rebanhos principalmente bovinos espeacutecie mais comum para o desenvolvimento econocircmico da regiatildeo Em um conceito bastante oportuno de desenvolvimento sustentaacutevel e que se adeacutequa muito bem a aacuterea estudada encontra-se as seguintes palavras

Atualmente a temaacutetica Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) tem se tornado cada vez mais popular alcanccedilando todas as aacutereas que envolvem a relaccedilatildeo entre ser humano e o Meio Ambiente Mas na praacutetica o DS deteacutem poucos adeptos buscando uma melhor qualidade de vida priorizando a conservaccedilatildeo que vai de contra ao sistema capitalista tendo em vista que o crescimento econocircmico natildeo eacute um fator determinante para o desenvolvimento sustentaacutevel (ABIacuteLIO 2010 p159)

Nessa busca de progresso o homem acaba deixando de lado o principal que eacute a preservaccedilatildeo do meio ambiente e natildeo havendo a compreensatildeo de que a preservaccedilatildeo eacute uma saiacuteda que beneficia aleacutem da fauna e da flora o proacuteprio homem acredita-se que nunca se chegaraacute a um modo equilibrado de convivecircncia com o meio algo de fundamental importacircncia para o habitante da zona rural Preservar o mundo em que se vive comeccedilando pela sua proacutepria aacuterea seu proacuteprio lugarnatildeo se deixando conduzir apenas pelo capitalismo eacute o primeiro passo para o progresso de forma sustentaacutevel

Provavelmente o juazeiro por natildeo ser uma aacutervore muito utilizada na regiatildeo para finscomerciais como carvatildeo vegetal produtos cosmeacuteticos entre outros eacute tambeacutem bastante erradicado para dar lugar agraves plantaccedilotildees com a justificativa de ser empecilho ao avanccedilo da pecuaacuteria e que prejudica eou diminui o uso da terra 9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Conclui-se atraveacutes desses estudos e anaacutelises de campo que a espeacutecie arboacuterea denominada juazeiro eacute nativa da regiatildeo sendo encontrada e identificada com facilidade no municiacutepio deixando-se claro que essa ocorrecircncia se evidencia na zona rural natildeo sendo observada na aacuterea urbana a qual fica restrita a espeacutecies exoacuteticas Registra-se tambeacutem que a espeacutecie eacute considerada por muitos como siacutembolo do lugar o qual manteacutem caracteriacutesticas de Sertatildeo mesmo localizando-se na aacuterea Agreste do Estado Pernambuco caracterizando-se portanto como um ecotone

Um dos pontos focais da pesquisa foi aquestatildeo da relaccedilatildeo homem-natureza no qual ficam as observaccedilotildees de que apesar do homem danificar o meio ambiente de uma forma cada vez mais desenfreada o mesmo necessita da natureza de uma forma tambeacutem muito intensa Mas na maioria das vezes natildeo eacute isso que ocorre e partindo-se do ponto da observaccedilatildeo de que a cada dia aumenta mais as destruiccedilotildees e isso em grandes aacutereas o problema se expande mais E

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isso natildeo fica restrito ao municiacutepio de Venturosa-PE mas eacute uma constataccedilatildeo que se verifica em vaacuterios lugares que por sua vez vatildeo acumulando os problemas e no fim acarretam o desequiliacutebrio ambiental em todo planeta

Conclui-se queo homem natildeo tem ou natildeo procura ter uma percepccedilatildeo da real importacircncia de um desenvolvimento sustentaacutevel do meio em que vive e do quanto eacute importante a conservaccedilatildeo de aacutereas verdes em qualquer que seja a regiatildeo Em um entendimento mais especifico natildeo importa que seja Zona da Mata Agreste ou Sertatildeo a conservaccedilatildeo e a consciecircncia eacute de vital importacircncia natildeo apenas para a natureza mas para todo ser humano visto ser o principal beneficiado com aacutereas onde se praticar umamelhor conservaccedilatildeo ambiental REFEREcircNCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado Educaccedilatildeo Ambiental formaccedilatildeo continuada de professores no Bioma Caatinga In Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFBB 2010

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_____ A visatildeo Sistecircmica e sua contribuiccedilatildeo ao estudo do espaccedilo pecuaacuterio de Venturosa e Pedra no Agreste de Pernambuco Satildeo Paulo Blucher Acadecircmico 2008

ARBEX Juacutenior Joseacute BACIC OLIC Neacutelson O Brasil em regiotildees Nordeste Satildeo Paulo Moderna 1999 (Coleccedilatildeo polecircmica)

BARBOSA E F da F de M Abordagem do sistema geografia fiacutesica x geografia humana1deg SIMPGEO Rio Claro 2008 ISBN 978-85-88454-15-6

CHIZZOTTI Antonio Pesquisa em ciecircncias humanas e sociais 10 ed Satildeo Paulo Cortez 2009

MACEDO D J C RODRIGUES R R V AMADOR M B M O juazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) no contexto rural do municiacutepio de VenturosaPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 175-180 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleview555580 Acesso emacesso em 20 jan 2014

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre Sulina 2005

MINISTEacuteRIO DA INTEGRACcedilAtildeO NACIONAL Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_aridopdfgtAcesso em 08 nov 2011

Anderaacuteos Neto Nagib Frases textos pensamentos poesias e poemas de Nagib Anderaacuteos Neto no Pensador (Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014)

RODRIGUES Auro de Jesus Geografia introduccedilatildeo agrave ciecircncia geograacutefica Satildeo Paulo Avercamp 2008

TROPPMAIR Helmut Biogeografia e meio ambiente 8ordf ed Rio Claro Divisa 2008

TUAN Yi-Fu Topofilia Um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo DIFEL 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Reimpressatildeo Recife Companhia Editora de Pernambuco-CEPE 2005

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA

PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS

E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Thamyllys Myllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

Haacute quem passe por um bosque e soacute veja lenha para a fogueira Leon Tolstoi6

1 INTRODUCcedilAtildeO

Este trabalho traz uma pequena contribuiccedilatildeo quando realiza uma discussatildeo a partir de questionamentos sobre como pode ser vista e considerada a natureza o verde presente nos ambientes urbanos em diferentes escalas de localizaccedilatildeo

Tem-se observado que as discussotildees que se fazem em relaccedilatildeo agraves aacutereas vegetadas no contexto da cidade eacute um seguimento que ainda natildeo possui muitas referencias bibliograacuteficas Para tanto iniciativas e estudos que dizem respeito ao temaacuterio estatildeo provocadas na direccedilatildeo de observar as condiccedilotildees ambientais-socias-econocircmicas citadinas

Para se realizar um estudo da natureza na cidade nas praccedilas puacuteblicas e escolas municipais puacuteblicas de Canhotinho-PE com o intuito de se procurara compreender funccedilotildees e importacircncia das espeacutecies arboacutereas presentes nestes espaccedilos diante da perspectiva subjetiva da comunidade que frequenta e tem de alguma forma uma ligaccedilatildeo com estes lugares

Na obtenccedilatildeo de dados sobre os elementos em estudo adotou-se como referencia bibliograacutefica para fundamentar o olhar das pesquisadoras o pensamento de Yi-Fu Tuan (1974) o qual nos indica olhar os objetos presentes nos ambientes natildeo de forma simples e subjetiva pelas funccedilotildees que exercem nos lugares mas tambeacutem apresentar a ligaccedilatildeo que aquele objeto tem para com os diferentes olhares e sensaccedilotildees das pessoas

As consideraccedilotildees que se fazem satildeo realizadas a partir dos estudos desenvolvidos em que se buscou compreender o papel desempenhado pelas aacutereas verdes das praccedilas e como elas podem ser compreendidas enquanto manifestaccedilatildeo da presenccedila do verde urbano considerando o elo que une as pessoas a objetos materiais principalmente elementos bioacuteticos e imateriais pela percepccedilatildeo dos espaccedilos

Associa-se a esse contexto a manifestaccedilatildeo do verde nas escolas puacuteblicas destacando-se a percepccedilatildeo dos sentidos em relaccedilatildeo aos elementos arboacutereos expressos pela comunidade escolar sob a perspectiva do conceito de ldquotopofiliardquo desenvolvido pelo Yi-Fu Tuan

6 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrfraseMjQyMTY4 Acesso em 14 jan 2014

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Ressalta-se que as escolas aqui trabalhadas estatildeo denominadas por siacutembolos alfabeacuteticos ou seja ABCD e E tendo-se em vista a preservaccedilatildeo da eacutetica necessaacuteria aos trabalhos cientiacuteficos e especificamente nesse caso salvaguardando a identidade das entidades de ensino 2 PERCEPCcedilAtildeO UMA VISAtildeO DIFERENTE DO MUNDO ldquoTOPOFILIArdquo

A proposta da anaacutelise eacute perceber o lugar que segundo Yi-Fu Tuan trata-se da relaccedilatildeo de afeto com o lugar em que as pessoas vivem ou ateacute mesmo convivem Assim considera-se a definiccedilatildeo do termo a seguir pelo autor

A lsquorsquotopofiliarsquorsquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definido em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A reposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mais muito mais intensa que subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o loacutecus da reminiscecircncia e o meio de se ganhar a vida (YI-FU TUAN 1974 p107)

Dessa forma como o autor jaacute citou topofilia eacute o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente fiacutesico Pela sua

cidade ou ateacute mesmo um espaccedilo de uso comum como praccedilas escolas jardins entre outros Mesmo assim determinadas pessoas se identificam melhor em espaccedilos naturais alguns indiviacuteduos possuem

uma lealdade extremae chegam a derramar seu sangue para defender sua cidade ou ainda sua naccedilatildeo Logo este elo afetivo na maioria das vezes eacute muito forte sendo esta ligaccedilatildeo afetiva algo que muitas pessoas levam para sua vida toda

Cada pessoa possui uma sensibilidade para vere interpretar os fatos ou ateacute mesmo a realidade de acordo com que eacute mais conveniente para si ou ainda de acordo com suas influencias culturais Sendo assim constitui-se num processo operacional e natildeo apenas uma representaccedilatildeo de determinado objeto Segundo Tuan (1974 70) ldquo[] nas culturas em que os papeis dos sexos satildeo fortemente diferenciados homens e mulheres olharatildeo diferentes aspectos do meio e adquiriratildeo atitudes diferentes []rdquo

Nesse sentido tambeacutem eacute possiacutevel perceber natildeo mais um fenocircmeno mas uma teia de fenocircmenos recursivamente interligados e portanto ter-se-aacute diante de si a complexidade do sistema (AMADOR 2013 p 50)

Logo admite-se que os estudos devem considerar aspectos de ordem de sua totalidade ou ainda como diria Morin (2005) observar e analisar um fenocircmeno em aproximadamente todos os aspectos que interagem entre si e com o espaccedilo em seu entorno visto que ele influencia e eacute influenciado Assim sendo como o proacuteprio autor discutiu seria o pensar complexo rompendo com estudos reducionistas quando se refere

O que eacute a complexidade Agrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidades [] Mas a complexidade natildeo compreende apenas quantidades de unidade e interaccedilotildees que desafiam nossas possibilidades de calculo ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios [] (MORIN 2005 p 35)

Sob este aspecto eacute que se desenrolam os estudos no acircmbito dos espaccedilos livres e nas escolas puacuteblicas compreendendo para tanto o todo e natildeo soacute uma parte do espaccedilo observado

Tendo-se como suporte a Geografia para apreender como se daacute a inter-relaccedilatildeo das pessoas em seu meio de convivecircncia Nessa linha de pensamento considerou-se a percepccedilatildeo que segundo Amador (2013) demonstra ser algo subjetivo em que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo proacutepria do espaccedilo tomando vaacuterias formas e influenciada pela cultura de cada individuo

Considerando-se o fato da temaacutetica ambiental ter sido uma das grandes preocupaccedilotildees que emergiu nos cenaacuterios dos seacuteculos XX e XXI pelas dificuldades de fatores distintos observados (MENDONCcedilA 2002) na paisagem geograacutefica mas especificamente na cidade apresentando iniciativas no sentido de buscar e resguardar os anseios e necessidades humanas de qualidade de vida e ambiental aliados as intenccedilotildees de apreender as interaccedilotildees que se datildeo no espaccedilo

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21 Contextualizando a Natureza na Cidade

A cidade espaccedilo humanizado de muacuteltiplas relaccedilotildees mostra-se como local de contradiccedilotildees no que diz respeito agraves interaccedilotildees que se processam entre o homem e a natureza sendo esta ldquosegunda naturezardquo por vezes uma contradiccedilatildeo da cidade (com a erradicaccedilatildeoda vegetaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo do urbano) e posterior volta dessa mesma vegetaccedilatildeo compreendida como vaacutelvula de escape para amenizar os problemas ambientais urbanos (FRANCcedilA AMADOR 2013)

Os ambientes citadinos lugares em que se estabelecem distintas relaccedilotildees entre homem e meio apresentam diferentes paisagens diante daquilo que eacute visto condicionado pelos processos que se datildeo no espaccedilo e tempo de cada periacuteodo

Por algum tempo muito se tem argumentado sobre o que se pode definir como natureza e como ela aparece no cenaacuterio das cidades Diante do expressivo progresso nas ultimas trecircs deacutecadas das ferramentas e teacutecnicas no periacuteodo vigente pela capacidade humana e o poder de tomar conhecimento sobre grande parte dos elementos presentes da Terra em suas diversas relaccedilotildees e suas potencialidades

A natureza antes era tida como obstaculo para realizaccedilatildeo humana (HENRIQUE 2009) mas hoje em dia ela vem sendo tratada de diferentes formas e ressaltadas suasfunccedilotildees mediante as intencionalidades humanas dependendo das condiccedilotildees ambientais dos espaccedilos urbanos com valores e sentidos expressos por fatores esteacuteticos ambientais sociais e ateacute mesmo econocircmicos Assim caracteriacutesticas geograacuteficas que eram fatores determinantes para o uso e apropriaccedilatildeo do espaccedilo passam a exercer menor influencia decisiva na construccedilatildeo de objetos necessaacuterios a uma condiccedilatildeo de vida mais apropriada mais digna do ponto de vista ambiental

Tanto os elementos materiais e imateriais presentes no espaccedilo urbano apresentam em si um dialogo em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que se estabelece entre o homem e o meio de modo ldquoindissociaacutevelrdquo na paisagem (AMADOR 2011) como se atuasse em um sistema que ao mesmo tempo eacute influenciado e esta influenciando

Aqui se considera como ldquonaturezardquo aquela evidenciadapelas aacutereas que possuem algum tipo de vegetaccedilatildeo seja nativa ou exoacutetica como aquelas preservadas naturalmente ou inseridas pela accedilatildeo humana em seus limites Atentando-se ainda para o fato das inter-relaccedilotildees soacutecio-ambientais que ocorrem nesta ldquonaturezardquo sendo o homem tambeacutem inserido no contexto aleacutem dos demais elementos bioacuteticos e abioacuteticos BeninI e Martin (2012) expressam o conceito de aacutereas verdes da seguinte forma

[] aacuterea verde puacuteblica eacute todo espaccedilo livre (aacuterea verdelazer) que foi afetado de uso comum e que apresenta algum tipo de vegetaccedilatildeo (espontacircnea ou plantada) que possa contribuir em termos ambientais (fotossiacutentese evapotranspiraccedilatildeo sombreamento permeabilidade conservaccedilatildeo da biodiversidade e mitigue dos efeitos da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica) e que tambeacutem seja utilizado com objetivos soacutecias ecoloacutegicos cientiacuteficos ou culturais (BENINI MARTIN 2012 p 77)

Tomando-se essa referencia admite-se que satildeo aacutereas verdes todo espaccedilo livre puacuteblico em que haacute presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea presente principalmente nas cidades de pequeno porte do interior de Pernambuco aleacutem de compreendecirc-las como representaccedilatildeo fundamental da natureza na cidade

Segundo Amador (2012) e Benini (2011) entende-se praccedila como um ldquoespaccedilo livre puacuteblicordquo com papel para o desempenho entre outros fins do lazer dos seus frequentadores Sendo uma aacuterea verde considerando-se nesse sentido as caracteriacutesticas e funccedilotildees que exercem quando haacute presenccedila da vegetaccedilatildeo e se encontra permeabilizada

A preservaccedilatildeo ou incorporaccedilatildeo da natureza na cidade se insere por meio dos parques praccedilas canteiros quintais calccediladas e jardins rotatoacuterias trevos lugares de domiacutenio puacuteblico ou privado que estatildeo disponiacuteveis a populaccedilatildeo que deseja e por vezes pode desfrutar desses espaccedilos

No entanto esta ldquonaturezardquo natildeo se manifesta apenas em ambientes externos puacuteblicos mas tambeacutem na parte interior de aacutereas privadas ou puacuteblicas dependendo do tipo de construccedilatildeo que apresentem elementos verdes na paisagem considerando-se nesse contexto as escolas que apresentarem vegetaccedilatildeo e exercerem as mesmas funccedilotildees ambientais que outros espaccedilos exercem

Logo insere-se a seguir estudos que se desenvolveram a respeito das praccedilas puacuteblicas e escolas municipais de Canhotinho-PE

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22 Localizaccedilatildeo Geograacutefica do Municiacutepio e Apresentaccedilatildeo das Praccedilas de Canhotinho-PE

Limita-se ao norte com Lajedo e Jurema ao sul com Palmeirina a leste com Quipapaacute e o estado de Alagoas a oeste com Calccedilado e Angelim A altitude eacute de 520 m Latitude 08deg 52 56 e Longitude 36deg 11 28 distando da capital 210 km

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Canhotinho ndash PE

Fonte Adaptado pelas autoras

Com uma populaccedilatildeo de aproximadamente 25000 habitantes o municiacutepio apresentado deveria assimilar em suas poliacuteticas puacuteblicas iniciativas que contemplem planejamento e gestatildeo de aacutereas verdes em sua abrangecircncia Dispondo de regras ou leis que normatizam e deem legitimidade as responsabilidades e planejamento da arborizaccedilatildeo urbana

Deixando de forma clara todas as accedilotildees que podem ser realizadas diante do processo de arborizar manter e informar sobre quais seriam os casos de supressatildeo e substituiccedilatildeo de elementos arboacutereos das aacutereas as que devem ser preservadas entre outras atribuiccedilotildees para mantecirc-las em bom estado para uso da populaccedilatildeo e seguranccedila de sua presenccedila nas cidades A seguir apresentar-se o trabalho realizado nas praccedilas de Canhotinho-PE

221 Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

A praccedila foi construiacuteda em 1988 em homenagem ao padre da Paroacutequia de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo de 1964-1982 querido pela populaccedilatildeo por sua postura amaacutevel e bondade perante as pessoas Logo recebeu o nome de Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula (P1) o mesmo apesar de natildeo ser filho desta terra o tributo foi concretizado Outra motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo do projeto estaacute ligado ao laccedilo de amizade que o unia ao atual prefeito agrave eacutepoca de nome Waldemar Joseacute de Torres Ateacute entatildeo o referido prefeito se candidatou com o apoio do amigo que era preferido pelos cidadatildeos canhotinhenses para o cargo mas segundo contam o bispo da eacutepoca natildeo aprovou a pretensatildeo do homenageado

A praccedila estaacute situada na parte central e comercial da cidade abordada ou seja na Rua Eugecircnio Tavares de Miranda aacuterea muito valorizada pelos negociantes de bens duraacuteveis e natildeo duraacuteveis onde a concorrecircncia e o valor de alugueis dos espaccedilos satildeo bem avaliados em relaccedilatildeo agraves outras localidades Regiatildeo que quase onde natildeo se encontra

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casas domiciliares jaacute produto da accedilatildeo do homem que a partir das suas relaccedilotildees sociais estaacute distribuindo as residecircncias para as regiotildees perifeacutericas das cidades e as casas comerciais para os centros

Figura 1 e 2 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

222 Praccedila Cloacuteves Vidal

A Praccedila Cloacuteves Vidal (P2) situa-se em uma rua que daacute nome a este espaccedilo ao mesmo tempo em que serve tambeacutem de divisoacuteria desse espaccedilo Eacute nela que se concretiza uma separaccedilatildeo por encontrar-se no meio da rua o que implicitamente realiza uma organizaccedilatildeo e divisatildeo na via puacuteblica induzindo a percepccedilatildeo dos condutores de veiacuteculos sobre o lugar certo em que devem trafegar

Figura 3 e 4 Imagens parcias da Praccedila Cloves Vidal

Fonte Trabalho de campo 2013

Como pontua Sobrinho (2011) as praccedilas possuem muitos significados elas natildeo estatildeo ali por estar mas ocupando um lugar que estava vazio por exemplo Pode ter sido planejada para outra solucionar ou amenizar algum problema ou dificuldade no ambiente urbano local Porem em dado momento passa a ser percebida ou mesmo

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construiacutedacomo benfeitoria realizada natildeo somente pelo executor da obra que em geral e puacuteblico mas por toda uma sociedade que se beneficia de sua esteacutetica e outros elementos beneacuteficos coadjuvantes Semelhanccedilas podem ser observadas entre as Praccedilas Padre Josias e Cloves Vidal algumas caracteriacutesticas como uma homenagem para uma pessoa ilustre do municiacutepio de CanhotinhoPE com intuito de registrar na memoacuteria dos cidadatildeos da referida cidade que haacute um filho da terra com valor inestimaacutevel e que seu reconhecimento estaacute marcado na histoacuteria e no espaccedilo da cidade que nos casos satildeo as praccedilas Quanto ao que foi destacado acima se pode observar a importacircncia e o papel que estes espaccedilos livres puacuteblicos inseridos no contexto urbano desempenham quando se diz ser uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo na cidade 3 RESULTADOS OBTIDOS COM A PESQUISA DE CAMPO

Para tanto se realizou a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio misto para coleta de dados e analise dos dados obtidos O questionaacuterio foi aplicado nas duas praccedilas objeto de estudo com o intuito de se compreender como a vegetaccedilatildeo que faz parte da praccedila tem contribuiacutedo de positivo e negativo neses ambientes urbanos a partir das principais praccedilas do municiacutepio de CanhotinhoPE definido-se assim qual seria seu papel desempenhado na paisagem

Quando questionados sobre o que compreendiam por aacuterea verde a maioria das respostas dos entrevistados indicou que seria um local com aacutervores em sua composiccedilatildeo O que se aproxima das definiccedilotildees que muitos dos estudiosos do tema que buscam uma definiccedilatildeo teoacuterica aceitaacutevel pela maioria No entanto a percepccedilatildeo comum das pessoas em geral e realmente associar aacuterea verde com aqueles espaccedilos que contem espeacutecies arboacutereas em sua composiccedilatildeo podem ser urbano ou rural

Ao seres questionados sobre o tipo de memoacuteria que porventura lhes remetiam ao transitar ou simplesmente usufruir de alguma forma a praccedila as respostas que se sobressaiacuteram foram aquelas que remetiam a lembranccedilas fortes dos familiares e amigos pontuando em segunda posiccedilatildeo para esta resposta as lembranccedilas de infacircncia Isso e importante porque reforccedila que o ser e gregaacuterio naturalmente vive em sociedade natildeo se constitui em uma ilha e na individualidade extrema

Assim considera-se que a ligaccedilatildeo individual entre as pessoas e entre essas e a praccedila eacute mais enfaacutetica do que desconsiderar natildeo haver nenhum tipo de afeiccedilatildeo quanto ao espaccedilo puacuteblico presente nos espaccedilos urbanos Revelando-se entatildeo que cada objeto disposto no espaccedilo tem um significado e intenccedilotildees de estarem ali e da forma que se apresentam

Um dado que natildeo foi considerado entre os formulaacuterios que foram aplicados fala sobre se ter a lembranccedila em primeiro plano da pessoa que leva o nome da praccedila das impressotildees e memoacuterias pessoais que se sobrepotildeem nas respostas Apesar das indicaccedilotildees a partir do busto presente na P1 e uma placa que faz referencia na P2 pouco se ouviu falar dos mesmos evidenciando dessa forma que a memoria coletiva e de interesse da sociedade pelo menos local deveria ser melhor trabalhada

Isto aponta para um descuido e falta de sensibilidade e curiosidade para se conhecer o significado de tais construccedilotildees e indagar qual relaccedilatildeo que se faz aos nomes das praccedilas visto que elas fazem uma representaccedilatildeo material da histoacuteria e de personalidades ilustres que viveram ou contribuiacuteram de forma significativa para construccedilatildeo e organizaccedilatildeo do municiacutepio e das impressotildees pessoais dos homenageados para populaccedilatildeo Perguntando-se qual a opiniatildeo dos transeuntes sobre as aacutervores introduzidas ou natildeo nas praccedilas as respostas para as duas praccedilas se colocam entre ldquooacutetimordquo e ldquobomrdquo Poreacutem algumas opiniotildees colocadas se referiram ao fato das arvores atrapalhar ou sujar as vias puacuteblicas deixando-se serem influenciados pela leitura das praccedilas em momento esporaacutedicos de falta de manutenccedilatildeo Quando solicitada a opiniatildeo sobre se de alguma forma as aacutervores presentes nas praccedilas beneficiariam a populaccedilatildeo que utilizam as P1 e P2 eacute quase unanime nas duas representaccedilotildees do graacutefico que elas dispotildeem contribuiccedilotildees positivas para as pessoas E natildeo foram respondidos se de alguma forma elas pudessem prejudicar ou influenciar direta ou indiretamente na vida das pessoas O que foi justificado por cada pessoa diante nas consideraccedilotildees realizadas diz respeito agraves contribuiccedilotildees ecoloacutegicas que as aacutervores realizam no ambiente sendo salientada a sombra das aacutervores que se projetam para aqueles que se encontram abrigados dos fortes raios solares e que sem elas consideraram ser insuportaacutevel a temperatura Aleacutem

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do mais foi destacado nas respostas que os elementos arboacutereos em si resultam num aspecto visual de vivacidade ao ambiente Apesar de que natildeo pode ser visto ou considerada pontuaccedilotildees quanto agraves espeacutecies arboacutereas de instigarem agrave memoacuteria do sentimento de pertencimento a determinada regiatildeo pois se observou que poucas ou quase nenhuma das espeacutecies vegetais satildeo nativas mas aacutervores exoacuteticas inseridas nas aacutereas estudadas Mesmo tendo-se na P1 uma aacutervore de grande valor econocircmico outrora e de sentimento patrioacutetico uma vez que associa-se a nossa identidade e territoacuterio que eacute o Pau-brasil Esses dados formam entatildeo as principais informaccedilotildees colhidas para que pudessem ser realizadas as analises e impressotildees alcanccedilando-se em consequecircncia os objetivos almejados na pesquisa para compreensatildeo do papel das praccedilas enquanto representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo no acircmbito urbano 4 IMPORTAcircNCIA DA ARBORIZACcedilAtildeO PARA A COMUNIDADE DE CANHOTINHO-PE COM DESTAQUE PARA AS ESCOLAS MUNICIPAIS DA AacuteREA URBANA

Em continuidade agrega-se a analise de algumas aacutereas com espaccedilos de uso comum no municiacutepio de Canhotinho-

PE no acircmbito da paisagem urbana que satildeo as escolas municipais objeto de outra pesquisa dessa vez de Iniciaccedilatildeo Cientificano ambito da FACEPE-Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Ciecircncia e Tecnologia do Estado de Pernambuco

Pode-se observar que as cinco escolas municipais apresentam pouca ou nenhuma arborizacao A maioria das escolas possuiaacutereas livres sendo que duas delas natildeo possuem espaccedilo livre nenhumquais sejam escola municipal ldquoErdquo e a escola municipal ldquoCrdquo Por falta de espaccedilo ademais estas escolas natildeo tecircm como oferecer uma arborizaccedilatildeo em suas areas de uso comum

Ao visitar essas unidades escolarespuacuteblicas percebeu-se em uma delas a atitude positiva de uma gestora que comeccedilou a arborizar a escola com vaacuterios tipos de mudas arboacutereas para proporcionar uma melhor sensaccedilatildeo teacutermica controle da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica acuacutestica e visual contato com a natureza fotossiacutentese lazer entre outros o que evidencia a sensibilidade ambiental e social da referida gestora atributo que deveria ser levado em consideraccedilatildeo ao se eleger eou escolher pessoas para cargos assim

Para algumas pessoas as aacutervores frutiacuteferas satildeo oacutetimas mas ao mesmo tempo prejudicam a estrutura das casaseou edificaccedilotildeespor serem em geral de porte meacutedio a grande No caso de uma dessas escolas que apresenta uma uacutenica esperice arboacuterea a responsaacutevel pela gestatildeo comentou que ia mandar derrubar a aacutervore pois a mesma afirmou que a aacutervore estaacute prejudicando a estrutura da escola ou seja nesse caso tipifica a falta de sensibilidade com o ambiental e o social haja vista que natildeo fica demonstrado a preocupaccedilatildeo de resolver o problema que atenda de forma mais adequada agrave situaccedilatildeo como por exemplo consultar profissionais que entendam do assunto procurando compatibilizar a estrutura do preacutedio com a arvore Por outro lado percebe-se a preocupaccedilatildeo demonstrada e com razatildeo com o patrimocircnio publico e com seus frequentadores sejam alunos funcionaacuterios e visitantes

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Figura 5 Imagem parcial de aacutervore Fonte Trabalho de campo 2013

Segundo o que foi observado e compreendido a partir de conversas com a comunidade escolar (alunos

educadores servidores famiacutelias entre outros) tais aacutervores natildeo tecircm nenhum significado e que ao derrubar uma aacutervore natildeo vai fazer diferenccedila nenhuma para a populaccedilatildeo Mais uma vez observa-se que haacute um ldquoecordquo na sociedade local que evidencia fortemente a falta de uma percepccedilatildeo positiva dos elementos verdes e seus benefiacutecios Em termos de ensino constata-se um fato lamentaacutevel que eacute a pouca importacircncia dada ao trabalho de Educaccedilatildeo Ambiental o que levaaos seguintes questionamentos o que eacute educaccedilatildeo ambiental Para que serve educaccedilatildeo ambiental Ou ainda a quem serve a educaccedilatildeo ambiental

Mas ao se procurar contextualizar esta arborizaccedilatildeo na paisagem municipal de CanhotinhoPE percebeu-se que muitas concepccedilotildees natildeo representam a realidade da arborizaccedilatildeo Poreacutem pode ser lapidado para uma melhor compreensatildeo mesmo com cada pessoa ou observador tendo uma visatildeo diferente de se perceber um ambiente

A arborizaccedilatildeo oferece benefiacutecios ambientais importantes que podem ser notados pela populaccedilatildeo entre eles tem-se no quadro urbaniacutestico propiciar sombra purificar o ar diminuir impactos das chuvas amenizar o calor entre outros

Poreacutem mesmo com todos estes benefiacutecios que as aacutervores propiciam para a comunidade escolar e para o ambiente percebeu-se que natildeo existem tantas aacutervores em tais lugares A arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o conjunto escolar contribuindo assim para a melhoria da vida de cada aluno que convive e integra as escolas Assim sendo constata-se que a arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o meio

Logo pode-se notar com este estudo nas escolas municipais de CanhotinhoPE que haacute pouca arborizaccedilatildeo nesses espaccedilos de uso comum e em outras natildeo existe nenhuma espeacutecie de aacutervore nem nativa da regiatildeo e nem exoacutetica seja por natildeo possuiacuterem espaccedilos livres por natildeo haver nenhum plano da escola ou da Secretaria de Educaccedilatildeo para motivar o procedimento de arborizaccedilatildeo destes espaccedilos O graacutefico 1 mostra o percentual de aacutervores presentes nas escolas do municiacutepio em discussatildeo

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Graacutefico 1 Quantitativo de aacutervores nas escolas municipais

Fonte Trabalho de Campo 2013

O graacutefico 1 mostra que a escola Municipal ldquoDrdquo eacute a mais arborizada em relaccedilatildeo agraves outras por ateacute mesmo estar sendo realizado um processo de plantio de mudas

Enquanto outras natildeo possuem nenhum tipo de arborizaccedilatildeo lembrando que uma das escolas natildeo possui aacuterea livre para esse fim jaacute outra escola possui aacutereas livres mas natildeo possui um plano de arborizaccedilatildeo e a ultima restante possui apenas uma

Os espaccedilos livres das instituiccedilotildees devem ser aproveitados para o lazer de professores e alunos deveria ser feito um planejamento pela Secretaria de Educaccedilatildeo visando promover nestas escolas em seus espaccedilos livres um processo de arborizaccedilatildeo Segundo Santos (2011) oestudo do espaccedilo envolve entatildeo os sentimentos espaciais e as ideias de um povo atraveacutes da experiecircncia enquanto o lugar eacute o centro de significado e foco de vinculaccedilatildeo emocional para o homem coadunando-se plenamente com Yi-fu Tuan (1980)

Admite-se que seria conveniente a realizaccedilatildeo nessas escolas de um processo de reeducaccedilatildeo para com alunos e gestores com foco no ambiental especificamente a valorizaccedilatildeo do verde urbano e rural Os professores poderiam incorporar valores e significados com base nesse tema para trabalhar os seus alunos no dia-a-dia Como uma aacutervore pode trazer benefiacutecios Cabendo mesclar a biologia a botacircnica a geografia a gestatildeo a religiosidade a cultura enfim tantos contextos quanto forem cabiacuteveis de se adaptar e absorver de forma prazerosa e interdisciplinar Mas mesmo assim cabe ao poder puacuteblico criar projetos e proteger aacutereas de bem comum de bem difuso destacando-se a seguir a Lei 1025701 da Constituiccedilatildeo Federal e do Estatuto da Cidade

Por se tratar de uma atividade de ordem puacuteblica imprescindiacutevel ao bem estar da populaccedilatildeo [] cabe ao Poder Puacuteblico municipal em sua poliacutetica de desenvolvimento urbano entre outras atribuiccedilotildees criar preservar e proteger as aacutereas verdes da cidade mediante leis especiacuteficas bem como regulamentar o sistema de arborizaccedilatildeo Disciplinar a poda das aacutervores e criar viveiros municipais de mudas estatildeo entre as providecircncias especiacuteficas neste sentido sem contar na importacircncia de normas sobre o tema no plano diretor por exemploart 30VIII183

Assim sendo cada pessoa estudante professores a famiacutelia pode contribuir para a melhoria de seus espaccedilos livres e para proporcionar melhorias buscando conjuntamente por projetos e iniciativas dos gestores escolares e a Secretaria de Educaccedilatildeo para desenvolver planos e accedilotildees de arborizaccedilatildeo

Mas natildeo eacute somente plantar tem-se que articular formas para manejar com as espeacutecies arboacutereas e as instituiccedilotildees no caso das escolas deve possuir um planejamento em relaccedilatildeo aos cuidados de tais aacutervores observando o bem estar e seguranccedila inerente a utilizaccedilatildeo destes elementos na paisagem dependendo das condiccedilotildees fiacutesicas da vegetaccedilatildeo

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Nuacutemeros de Aacutervores nas Escolas

Escola A Escola B

Grupo C Escola D

Escola E

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5 OBSERVACcedilOtildeES E INDICACcedilOtildeES

Diante dos resultados dos dados colhidos nas aacutereas verdes das praccedilas e das escolas puacuteblicas do municiacutepio em estudo questiona-se ainda quanto agraves possibilidades e indicaccedilotildees que aqui poderiam ser propostas no intuito de contribuir para planejamento preservaccedilatildeo e manejo desta ldquonaturezardquo para a gestatildeo puacuteblica e a populaccedilatildeo

Observando-se regras para tratamento das aacutervores em seus ambientes pontua-se para a questatildeo dos cuidados fitossanitaacuterios realizados por pessoas qualificadas E teacutecnicas que podem ser aplicadas ndash exclusatildeo erradicaccedilatildeo proteccedilatildeo imunizaccedilatildeo e dendrocirurgia - para prevenccedilatildeo e propagaccedilatildeo de pragas apoacutes realizaccedilatildeo do parecer teacutecnico7

E tambeacutem os procedimentos para a remoccedilatildeo e reposiccedilatildeo de espeacutecies que estejam causando danos fiacutesicos a patrimocircnios puacuteblicos ou privados que devem sersubsidiados por laudo indicando o procedimento mais adequado para as distintas situaccedilotildees aleacutem da autorizaccedilatildeo se for o caso de remoccedilatildeo dada pelo oacutergatildeo gestor responsaacutevel

A partir do que foi observado na figura 6 o peacute-de-manga na imagem ou seja arvore frutiacutefera nativa do sul e sudeste asiaacutetico introduzida no Brasil com grande ecircxito tem-se pelo que foi notado prejudicado a estrutura fiacutesica da escola influenciada pelas profundas raiacutezes que estatildeo rachando as paredes e tambeacutem a proximidade dos galhos com o telhado que ao balanccedilarem derrubam algumas no chatildeo Logo cabe ressaltar que se houvesse algueacutem envolvido na construccedilatildeo do preacutedio que entendesse do assunto arborizaccedilatildeo e paisagismo com certeza teria encontrado uma soluccedilatildeo compatiacutevel e natildeo ter-se-ia chegado nessa situaccedilatildeo

Nessas condiccedilotildees provavelmente seria indicado realizar uma provaacutevel remoccedilatildeo desta aacutervore e substituiccedilatildeo por outra em que pudesse se adequar aacute aacuterea livre para inserccedilatildeo de outra espeacutecie indicado ainda agrave introduccedilatildeo de grades protetoras no espaccedilo meacutetrico da base da arvores para seu desenvolvimento e impedir o contato direto com as raiacutezes expostas ou grama sedimentos que estejam ali presentes

E ainda implementar um objeto que projeteja em volta da aacutervore inserir uma grade deforma geometrica proporcional ao tamanho da espessuro do caule e de seu desevolvimento quando atingir a altura de cada especie com perfuraccedilotildees para a infiltraccedilatildeo de aacutegua proveniente das chuvas ou regada pelo homem Assim disponibilizaria mais espaccedilo para os trasuentes no caso a comunidade escolar a circularem pela aacuterea

Figura 6 Grade em volta da vegetaccedilatildeo arboacuterea

Fonte LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

7 LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

58- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Esta iniciativa ainda seria de valia quanto a este objeto impedir as raizes em evoluccedilatildeo de ficarem expostas ou

ainda diminuiria o impacto do solo Outro fator importante e o raio que a copa pode atingir sendo entao importante que um teacutecnico possa sugerir a especie adequada para aquele espaccedilo Procedimento indicado tambeacutem para as calccediladas em que haacute presenccedila de elementos arboacutereos visto que as dimensotildees de algumas calccediladas possuem pouco espaccedilo

Tendo-se grande atenccedilatildeo quanto agrave escolha de espeacutecies vegetal da qual se vai introduzir no espaccedilo das praccedilas ou aacutereas livres nas escolas calccediladas entre outros por conta da influencia que este elemento bioacutetico pode provocar na paisagem Influencias estas que podem ser realizadas negativamento quando proximo das aacutervores existem redes eleacutetricas de altura baixa ou meacutedia que permite a vegetaccedilatildeo encostar em seus galhos redes de esgostos podem ser atingidos pelas raizes de algumas especies questotildees no tocante a pragas e animais que podem corroer o caule da vegetaccedilatildeo e provocar danos na sua estrutura ou ateacute mesmo queda sem que se perceba a tempo tal accedilatildeo entre outros pontos

Como exemplo aponta-se um caso que ocorreu durante o periacuteodo em que foram realizadas as observaccedilotildees das pesquisas nas praccedilas mais especificamente na Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula em que a Eritrina-brasileirinha uma aacutervore de meacutedio porte com folhagem muito ornamental chegando de 8 a 12m de altura com folhas verdes e amarelas estaria sendo atacada por algum tipo de praga e em consequecircncia deixava o cauletronco uacutemido e de aspecto pouco resistente como um desprendimento das ceacutelulas originando um aspecto fofo como pode ser observado na figura 9 a seguir

Figura 7 8 e 9 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

Verificou-se que nenhuma providencia foi efetivamente tomada e a aacutervore foi com o tempo perdendo suas

folhas secando ateacute o ponto de restar apenas os galhos sem vida momento em que se notaram as condiccedilotildees fiacutesicas dela e resolveram cortar seus galhos e depois tronco uma retirada da aacutervore por conta do risco que ela apresentava para as

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 59

pessoas que circulavam pela praccedila e ao mesmo tempo para os patrimocircnios privados como lojas comercias carros motos situados proacuteximos agrave praccedila

Configuram-se algumas das realidades que podem ser vistas nos ambientes principalmente quando se fala de vegetaccedilatildeo ressaltando ser de suma importacircncia se pensar em um planejamento que envolva o manejo e tratamento necessaacuterios a manter as condiccedilotildees ambientais e fiacutesicas das aacutervores presentes nos espaccedilos livres puacuteblicos incluindo-se as escolas

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estes ldquoespaccedilos livres puacuteblicosrdquo os quais constituem em sua maioria importante representaccedilatildeo do verde urbano

das cidades principalmente das interioranas podem ser entendidos como redutos de condiccedilotildees ambientais mais afaacuteveis em detrimento da grande quantidade de equipamentos como preacutedios casas asfalto inerentes ao contexto urbano que via de regra alteram o equiliacutebrio tanto climaacutetico quanto paisagiacutestico do lugar provocando desconforto na populaccedilatildeo

Revela-se que todas as pessoas que foram alvo de entrevistas realizadas por meio de formulaacuterio misto e aquelas que se realizaram pelo diaacutelogo apontam semelhanccedilas quanto agrave maioria das pessoas que fizeram parte destes processos ou seja apontarem ser positiva a presenccedila das aacutervores nos dois objetos de estudo

Destacando-se a relevacircncia quanto agraves funccedilotildees desempenhadas pela vegetaccedilatildeo no ambiente apontando-se para suas benesses ecoloacutegicas culturais paisagiacutesticas entre outras E que a ldquonaturezardquo eacute revelada atraveacutes das praccedilas e tambeacutem nas escolas puacuteblicas quando apresenta e oferece vivencia nas aacutereas verdes urbanas

A manifestaccedilatildeo do verde urbano pode ser apresentada em diferentes espaccedilos e por conseguinte fazem uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo nos ambientes transformados pelo homem agraves cidades principalmente em Canhotinho-PE em que se pode observar a presenccedila arboacuterea em diferentes espaccedilos do municiacutepio e natildeo somente em espaccedilos como os aqui contemplados atraveacutes de praccedilas e escolas

A plantaccedilatildeo de algumas aacutervores natildeo resolveraacute todo o problema dos sistemas urbanos entretanto aparece como uma das possibilidades de se minimizar as dificuldades apresentadas no espaccedilo Cabe entatildeo investigar a relaccedilatildeo entre o verde das praccedilas e os equipamentos da cidade tendo em vista a necessidade de um manejo apropriado das espeacutecies arboacutereas Os entrevistados falam em seu discurso sobre a importacircncia da presenccedila da vegetaccedilatildeo nos espaccedilos urbanos quanto aos aspectos paisagiacutesticos social nas condiccedilotildees ambientais do tempo e de aspectos ecoloacutegicos Constituindo-se principalmente em elementos destacados como importantes benefiacutecios por vezes apontando a ligaccedilatildeo subjetiva e sentimento revelado do que representa estes espaccedilos livres para cada um

E para tanto se observa a necessidade que a Secretaria da Educaccedilatildeo junto agrave Secretaria ou responsaacutevel pela gestatildeo ambiental do municiacutepio a promoverem iniciativas quanto ao processo de arborizaccedilatildeo e possam criar projetos inserindo comunidade escolar para o temaacuterio criando quem sabe um plano ou programa de educaccedilatildeo ambiental que vise conscientizar a comunidade escolar e tambeacutem a populaccedilatildeo da cidade fazendo com que haja uma aproximaccedilatildeo para uma sensibilizaccedilatildeo quanto agraves questotildees ambientais

A populaccedilatildeo por sua vez poderia contribuir para tornar a cidade mais humanizada e com uma melhor qualidade de vida a partir de intervenccedilotildees que propotildee o elo afetivo com tal lugar Sendo uma das funccedilotildees importantes da arborizaccedilatildeo natildeo soacute o lazer e a esteacutetica paisagiacutestica do lugar mas tambeacutem a percepccedilatildeo de prazer calma lembranccedilas identificaccedilatildeo com os elementos dispostos na aacuterea entre outros

Contextualizando assim a presenccedila de aacutervores em tais ambientes contribui na reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar e sonora trazendo assim para perto dos alunos um bem estar e um contado mais direto com a natureza Aprendendo a ter de cuidar do meio em que vivem e percebendo a importacircncia de tal atitude quando se toma consciecircncia das influencias provocadas pela relaccedilatildeo existente entre o homem no meio em que vive

Para isso as observaccedilotildees realizadas e que ainda se faratildeo intenciona apontar e mostrar para tais instituiccedilotildees a importacircncia da arborizaccedilatildeo e seus benefiacutecios e com isso conscientizar as entidades escolares para que ao longo deste percurso de estudo possam gestores ou responsaacuteveis introduzir uma aacuterea livre em sua escola para vegetaccedilatildeo favorecendo dessa forma um ambiente mais agradaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico paisagiacutestico e cultural

60- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Os estudos realizados satildeo uma pequena iniciativa e traz um esboccedilo sobre o olhar geograacutefico com um objeto de estudo que natildeo eacute muito utilizado pelos profissionais da aacuterea ou seja uma praccedila como manifestaccedilatildeo da natureza ndash a vegetaccedilatildeo ndash ainda presente ou a volta desta para a cidade como subsidio para se compreender as suas distintas funccedilotildees desempenhados na malha urbana E que assim como um espaccedilo puacuteblico livre pode revelar distintas percepccedilotildees quanto ao uso e ocupaccedilatildeo realizados pelas pessoas bem como os elementos presentes em cada espaccedilo que se revelam sendo pois um objeto de estudo de outros estudiosos mas que se revelam como uma promissora perspectiva do ambito geograacutefico

Abrangendo ainda o ambiente interno de patrimocircnios puacuteblicos ou privados no caso as escolas municipais de Canhotinho-PE como parte da curiosidade de compreender as visotildees que as pessoas tecircm em relaccedilatildeo a composiccedilatildeo arboacuterea presente em distintos espaccedilos

REFEREcircNCIAS

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______ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

BENINI Sandra Medina Aacutereas verdes puacuteblicas Mini-curso In VII Foacuterum Ambiental da Alta Paulista Tupatilde SP 2011

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COSTA Samuel Othon de Souza FRANCcedilA ElaynneMirele Sabino GOMES Daniel Dantas Moreira O uso das imagens de sensoriamento remoto como auxilio para o planejamento das urbanas municiacutepio de Garanhuns-PE Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades v 01 n 06 2013 pp 01-12 Disponivel em lthttpamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpgerenciamento_de_cidadesarticleview520gt Acesso em 15 Jan 2014

COSTA SOBRINHO Werton Francisco Rios da Praccedila Rio Branco espacialidade cotidiano e memoacuteria In OLIVEIRA Stanley Braz de VASCONCELOS JUacuteNIOR Elmo de Paula VASCONCELOS Joseacute Geraldo ARAUacuteJO Maacutercio Igleacutesias (Orgs) Espaccedilos e tempos de aprendizagens geografia e educaccedilatildeo na cultura Fortaleza Ediccedilotildees UFC 2011

FRANCcedilA ElaynneMirele Sabino de AMADOR Maria Betacircnia Moreira Contextualizando as aacutereas verdes urbanas um estudo das praccedilas em Canhotinho-PE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista v 9 n 4 (2013) Disponiacutevel em

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MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e Meio ambiente 6ordm ed Satildeo Paulo Conxteto 2002

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62- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE

JUPI-PE

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 63

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

Na vida moderna o contato Fiacutesico com o proacuteprio meio ambiente natural eacute cada vez mais indireto e limitado a ocasiotildees especiais

Yi-Fu Tuan (1980 p 110)

Nos centros urbanos a vegetaccedilatildeo tem diversas funccedilotildees no ambiente Nas cidades pode-se identificar facilmente as diferenccedilas que existem entre as aacutereas arborizadas e aquelas desprovidas de vegetaccedilatildeo pois os locais arborizados tornam-se mais agradaacuteveis aos olhos do ser humano proporcionando um bem-estar segundo Yi-Fu Tuan (1980 p 7) ldquoA visatildeo humana como de outros primatas evoluiu em um meio arboacutereo ()rdquo Sendo assim a arborizaccedilatildeo tem um importante papel quando se fala no bom-humor do homem Por sua vez Gomes (2005 p57) completa falando que as aacutereas verdes ldquodo ponto de vista psicoloacutegico e social influencia o estado de acircnimo dos indiviacuteduos massificados com o transtorno das grandes cidadesrdquo O autor afirma tambeacutem que a vegetaccedilatildeo oferece outros benefiacutecios como por exemplo ldquoregula a umidade e temperatura do ar mantem a permeabilidade fertilidade e umidade do solo e protege-o contra a erosatildeo e reduz os niacuteveis de ruiacutedos servindo como amortecedor do barulho das cidadesrdquo

Geralmente as cidades natildeo possuem um preacutevio planejamento de arborizaccedilatildeo em virtude desse tipo de atitude e acabam adquirindo um manejo incorreto na hora de plantar uma aacutervore com essa pratica ela acaba natildeo conseguindo apresentar seus benefiacutecios e sim muitos problemas Para obter os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio um planejamento adequado pois as necessidades urbanas envolvem uma avaliaccedilatildeo esteacutetica econocircmica psicoloacutegica entre outras Pois mesmo as cidades que se adequam a um planejamento estatildeo sujeitas no futuro a necessitar de ajustes Tomando-se como referencia Dantas e Souza (2004) os mesmos dizem que o ato de planejar a arborizaccedilatildeo eacute fundamental para o desenvolvimento urbano pois dessa forma evita prejuiacutezos para o meio ambiente

E foi devido aos muacuteltiplos benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para o meio ambiente e sociedade que o municiacutepio de Jupi-PE adotou um planejamento adequado para a cidade o que contribuiu bastante para a educaccedilatildeo ambiental da populaccedilatildeo

1 PRINCIacutePIO DA PRAacuteTICA DE ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Durante muito tempo observou-se a aacutervore apenas como um fator esteacutetico da paisagem assim sendo sempre observada de um modo individual e natildeo coletivo ela natildeo passava de mais um elemento que integrava o cenaacuterio observado Do mesmo modo que a superfiacutecie da terra eacute vista de diferentes formas pois cada indiviacuteduo tem sua percepccedilatildeo em observar os elementos que o rodeia A respeito da visatildeo diversificada que existe quanto ao modo de ver a superfiacutecie da terra Yi-Fu Tuan (1974 p 6) diz que ldquosatildeo as mais variadas agraves maneiras como as pessoas percebem e

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avaliam essa superfiacutecie Duas pessoas natildeo veem a mesma realidade Nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avaliaccedilatildeo do meio ambienterdquo

No entanto para entender o contexto de arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio que se observe aleacutem do colorido que se produz deve-se observa-la de uma forma sistecircmica para que se possa entender todos os seus valores

Ao escolher uma aacutervore para compor a paisagem urbana natildeo se deve apenas atentar para a beleza que ela proporciona para a cidade mas se faz necessaacuterio se ater para o fator ecoloacutegico que ela desempenha no meio ambiente Desse modo a aacutervore eacute um elemento da paisagem que traz consigo diversos benefiacutecios para o meio ambiente entre eles para o microclima da regiatildeo e para a reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar

Em contrapartida a arborizaccedilatildeo urbana sem um devido planejamento proporciona diversos conflitos na estrutura urbana como por exemplo a pressatildeo exercida pelas raiacutezes nas calccediladas podem provocar rachadurase especificamente arvores de grande porte quando plantadas em calccediladas podem prejudicar a visibilidade de placas de tracircnsitofavorecendo riscos de acidentes Para erradicar tais problemas entre tantos outros e visando os benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para a cidade a Prefeitura Municipal da cidade de Jupi-PE em 2011 aprovou um projeto de Educaccedilatildeo Ambiental que ficou conhecido por ldquoProjeto Meio Ambienterdquo

2 REFLEXOS DA ADOCcedilAtildeO DA ARBORIZACcedilAtildeO NA CIDADE DE JUPI-PE

Desde a implantaccedilatildeo do projeto ateacute os dias atuais o municiacutepio de Jupi-PE vem apresentado vaacuterios resultados positivos pois representou para a cidade uma grande evoluccedilatildeo no sentindo ambiental Uma vez que existiu e existem discussotildees junto agrave populaccedilatildeo para a conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente palestras realizadas nas escolas municipais da cidade (figura 1 e 2) levando informaccedilotildees sobre educaccedilatildeo ambiental para as crianccedilas fazendo com que elas tenham uma noccedilatildeo do impacto que causam ao meio ambiente quando jogam lixo de forma inadequada ou destroem uma planta movimentaccedilotildees como campanhas na zona rural e urbana do municiacutepio incentivando a populaccedilatildeo para a arborizaccedilatildeo fazendo doaccedilotildees de mudas de arvores (figura 3) e ajudando na sua plantaccedilatildeo para serem cultivadas nos quintais calccediladas e jardins da comunidade e assim aumentando a mancha verde da cidade

Figura 1 Palesta de Educaccedilatildeo Ambiental na Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima

Fonte Paacutegina no Facebook ANDUHS 2013

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Figura 2 Desfile da Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima nas ruas da cidade em comemoraccedilatildeo ao dia do meio ambiente

Fonte Paacutegina no facebook JG viacutedeo Locadora 2013

Figura 3 Doaccedilotildees de mudas de aacutervores para a populaccedilatildeo de Jupi-PE

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

Figura 4 Prefeita Celina Maciel e os voluntaacuterios do projeto Meio Ambiente comemorando o dia do Meio Ambiente em 07072013

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Na figura 4 acima eacute possiacutevel observar o engajamento da prefeita Celina Tenoacuterio de Brito Maciel para a melhoria da cidade a mesma saiu nas ruas de Jupi juntamente com os voluntaacuterios que trabalham para uma melhor qualidade de vida atraveacutes da arborizaccedilatildeo No quadro 1 a seguir estatildeo exemplificadas algumas das espeacutecies de aacutervores que foram distribuiacutedas para a populaccedilatildeo

Nome comum Nome cientiacutefico

Nim Azadirachta indica A Juss

Palmeira imperial Roystoneaooleracea

Ipecirc roxo Handroanthusimpetiginosus

Ipecirc amarelo Tabebuia chrysotricha

Ipecirc branco Tabebuia roseo-alba

Canafistula Cassia leptophylla

Castanhola Terminaliacatappa

Jambo Sysygiummalaccense

Algaroba Prosopisjuliflora

Carambola Averrhoa carambola

Pau-Brasil Caesalpiniaechinata

Eucalipto Eucalyptus globulus Labill

Acaacutecia Amarela Acaciapodalytifolia

Quadro 1 Nomes comuns e cientificos de algumas das espeacutecies de arvores distribuiacutedas na cidade de Jupi-PE

Analisando-se o quadro 1 pode-se observar que as espeacutecies que foram distribuiacutedas satildeo na sua maioria aacutervores exoacuteticas e percebe-se que natildeo foi dada preferencia para as nativas No entanto mesmo existindo a preferecircncia por espeacutecies estrangeiras verifica-se que as praticas de arborizaccedilatildeo estatildeo funcionando na cidade contribuindo tambeacutem para o seu visual assim conseguindo adquirir mais credibilidade abrilhantando-seaos olhos dos seus visitantes e da populaccedilatildeo jupiense

As figuras 5 e 6 a seguir mostram algumas das calccediladas da cidade que receberam algumas das aacutervores

Figura 5 Castanholas (Terminaliacatappa) plantadas nas calccediladas da Rua Joseacute Correia de Lima

Fonte Leticia Oliveira 2013

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Figura 6 Aacutervores diversas plantadas na calccedilada do Foacuterum de Jupi localizadas na Rua Antocircnio Pereira Braga Fonte Leticia Oliveira 2013

A figura 7que se seguem nos mostra a evoluccedilatildeo do Hospital Municipal de Jupi que antes era um Posto de Higiene

mas o quese quer destacar satildeo as aacutervores que foram plantadas na sua frente no trancorrer dos anos fazendo com que o mesmo receba um olhar diferenciado pela sua valorizaccedilatildeo esteacutetica

Figura 7 A influecircncia do verde na evoluccedilatildeo frontal do Hospital Municipal de Jupi Fonte Leticia Oliveira 2013

3 HISTOacuteRIA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Os espinhos chamados pelos nativos de yupi que significa espinho agudo deu origem ao nome do municiacutepio de Jupi que como povoado pertenceu ao municiacutepio de Brejo da Madre de Deus jaacute na categoria de distrito passou a

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pertencer a outro municiacutepio denominado de Satildeo Bento do Una depois passou ao municiacutepio de Canhotinho a seguir ao municiacutepio de Palmeirina e por uacuteltimo ao municiacutepio de Angelim8

Nos meados do seacuteculo XVI o portuguecircs Antocircnio Vieira de Melo desterrado de Portugal para o Brasil por ordem da Coroa desembarcou em Salvador e foi deportado pelo governo da eacutepoca para o interior do Estado penetrando pelas matas Depois de vaacuterios meses foi ter em taba de iacutendios no Estado de Alagoas onde hoje estaacute localizada a cidade de Uniatildeo dos Palmares Em pouco tempo conseguiu a simpatia e confianccedila dos iacutendios Atingiu o planalto de Garanhuns na Capitania de Pernambuco cujo donataacuterio na eacutepoca era Duarte Coelho Pereira Dali embrenhou-se nas matas vindo ter ao sopeacute de uma serra onde havia abundante aacutegua boa e bastante caccedila onde tambeacutem elementos da mesma tribo de origem tinham feito uma aldeia nas proximidades de uma fonte por eles denominada Olho Daacutegua de Yu-py As malocas desta aldeia iacutendios Caeteacutes tribo que tinha como idioma o Tupi foram feitas e cobertas com folhas das palmeiras nativas do local que os iacutendios denominaram de Ouricury

Deste ponto Antocircnio Vieira de Melo resolveu ir agrave Bahia pedindo ao chefe da tribo dois iacutendios de sua confianccedila para seremseus companheiros de viagem Laacute chegando foi bem recebido pelo governador da Bahia relatando ao mesmo todos os acontecimentos Em troca solicitou o fornecimento de ferramentas e sementes para o cultivo da terra feacutertil do Olho Daacutegua de Yu-py Voltando agrave Bahia a fim de prestar contas ao governador do que havia feito e resultado obtido desviou-se da rota traccedilada para viagem tomando-se entatildeo prisioneiro com seus companheiros de uma tribo canibal sendo todos amarrados estando agrave fogueira acesa onde seria ele e seus companheiros assados vivos Antocircnio Vieira de Melo recorreu agrave Virgem Santiacutessima do Rosaacuterio prometendo que se fosse salvo com seus companheiros buscaria a sua imagem em Portugal e com os iacutendios ergueriauma capela em sua honra na localidade Olho DAacutegua de Yu-py cingindo sua fronte com uma coroa de ouro maciccedilo Satildeo e salvo Antocircnio Vieira de Melo cumpriu sua promessa trazendo a imagem que ficou sendo venerada em Jupi (PREFEITURA MUNICIPAL DE JUPI sd)

Ao longo de sua historia o municiacutepio recebeu nomes como Olho Daacutegua de Yu-py Jupy mas foi somente em 1948 que houve alteraccedilatildeo para Jupi atraveacutes da Lei Estadual nordm 421 de 31 de dezembro de 1948 Sua emancipaccedilatildeo no entanto se deu em 1958 pelo entatildeo deputado Joatildeo Calado Borba quando foi apresentada agrave Assembleia Estadual a proposta de emancipaccedilatildeo de Jupi do municiacutepio de Angelim Assim deu-se a aprovaccedilatildeo da Lei nordm 3331 de dezembro de 1958

O municiacutepio se localiza na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do Semiaacuterido pernambucano e encontra-se inserido no Planalto da Borborema apresentando relevo suave e ondulado Eacute uma cidade que se localiza em uma aacuterea de transiccedilatildeo entre os biomas da Caatinga e Mata Atlacircntica apresenta vegetaccedilatildeo (figura 8) composta por subcaducifoacutelica e caducifoacutelica Jupi encontra-se nos domiacutenios das bacias hidrograacuteficas (figura 9) dos rios Mundauacute e Una e tem como principais tributaacuterios os rios da Chata e do Retiro e os riachos do Estreito e Volta do Rio

8 IBGE ndash Disponiacutevel emhttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historico Acesso em 13 jan 2014)

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Figura 8 Mapa de vegetaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi

Fonte Adaptado por Samuel Othon 2013

Figura 9 Mapa da Hidrografia de Jupi-PE

Fonte adaptada Samuel Othon 2013

Mostra-se tambeacutem o mapa de localizaccedilatildeo da cidade de Jupi-PE no estado de Pernambuco (figura 10) e as fotos da antiga Praccedila do Rosaacuterio e como ela se encontra atualmente (Figuras 12 e 13)

70- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 10 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi-PE

Fonte adaptada por Leticia Oliveira 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes (figura 11) satildeo Satildeo Bento do Una ao norte Jucati ao oeste Satildeo Joatildeo e Angelim ao sul e

Calccedilados ao Leste O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Figura 11 Mapa dosmuniciacutepios limiacutetrofes

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Figura 12 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE antigamente

Fonte Google 2013

Figura 13 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE atualmente

Fonte Google 2013 4 FORMACcedilAtildeO ADMINISTRATIVA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Em divisatildeo administrativa referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Jupy pela lei estadual nordm 1931 de 11 de setembro de 1931 eacute criado o novo municiacutepio de Angelim passando o distrito de Jupy a pertencer ao municiacutepio de Angelim

72- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na divisatildeo referente ao de 1933 o distrito de Jupy figura no municiacutepio de Angelim pela lei estadual nordm 421 de 31-12-1948 o distrito de Jupy teve sua grafia alterada para Jupi

Em divisatildeo territorial datada de 01 de setembro de 1950 o distrito de Jupi figura no municiacutepio de Angelim e assim permanecendo ate 01 julho de 1955 Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Jupi pela Lei Estadual nordm 3331 de 31 de dezembro de 1958 quando desmembrado de Angelim Aleacutem da sede no antigo distrito de Angelim constituem-se mais dois distritos Jupi e Jucati ex-Pindorama Desmembrado de Angelim Instalado em 11 de marccedilo de 1962

Com a separaccedilatildeo datada de 31 de dezembro de 1963 o municiacutepio fica constituiacutedode 2 distritos Jupi e Jucati e pela Lei Municipal nordm 97 de 13 de marccedilo 1968 eacute criado o distrito de Neves o qual eacute anexado ao municiacutepio de Jupi

Na desagregaccedilatildeo datada de 01 de janeiro 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo de 3 distritos Jupi Jucati e Neves Mas pela Lei Estadual nordm 10624 de 01 de janeiro 1991 desmembra-se do municiacutepio de Jupi os distritos de Jucati e Neves para formar o novo municiacutepio de Jucati com aacuterea acrescida pelo povoado de Neves

Em divisatildeo territorial datada de 01 de junho de 1995 o municiacutepio fica constituiacutedo do distrito sede apenas assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 20059 5 JUPI UM DOS MAIORES PRODUTORES DE FARINHA DE MANDIOCA DO AGRESTE PERNAMBUCANO

A mandioca eacute uma planta de origem sul-americana cultivada desde a antiguidade pelos povos nativos desse continente Oriunda de regiatildeo tropical encontra condiccedilotildees favoraacuteveis para seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais

De modo geral o plantio deve ser feito no iniacutecio da estaccedilatildeo chuvosa quando a umidade e o calor tornam-se elementos essenciais para a brotaccedilatildeo enraizamento e estabelecimento das plantas no campo Em decorrecircncia da grande extensatildeo territorial do Brasil e das diferenccedilas regionais de clima e solo o plantio da mandioca ocorre em diferentes eacutepocas10

Assim por sua facilidade de adaptaccedilatildeo e grande aproveitamento a mandioca tornou-se para Jupi um das maiores fontes de renda embora os produtores de farinha de mandioca da regiatildeo natildeo tenham rentabilidade adequada Uma vez que o aproveitamento dessa planta eacute totalizado em quase cem por cento pois seu caule (maniva) serve de raccedilatildeo para animais e como semente sua raiz a mandioca eacute para a fabricaccedilatildeo de farinha feacutecula ou amido mandioca de mesa (aipim macaxeira) e a casca da mandioca tambeacutem eacute utilizada como alimentaccedilatildeo para animais aleacutem do liquido que eacute extraiacutedo da prensagem da mandioca (manipueira) na hora da fabricaccedilatildeo da farinha

No entanto Jupi por produzir uma alta quantidade de farinha de mandioca acaba por poluir bastante o meio ambiente pois a manipueira conteacutem aacutecido cianiacutedrico que possui um altiacutessimo grau de toxidez e inflamabilidade Quando esse liquido eacute jogado a ceacuteu aberto traz inuacutemeros prejuiacutezos Nesse pensamento Oliveira Silva et al completam

Muitos produtores despejam a manipueira de forma concentrada e em grande quantidade a ceacuteu aberto ou em cursos dacuteaacutegua agredindo assim o meio ambiente com elevada carga de mateacuterias orgacircnicas e aacutecido cianiacutedrico (OLIVEIRA SILVA et al 2013p 1)

Aleacutem de poluir o meio ambiente estaacute tambeacutem desperdiccedilando um liquido riquiacutessimo porque a manipueira eacute reutilizaacutevel de diversas formas como apontam os autores jaacute citados

Para que a manipueira deixe de ser um veneno e se transforme em um complemento alimentar seguro basta submetecirc-la agrave fermentaccedilatildeo anaeroacutebica O aacutecido cianiacutedrico considerado venenoso evapora e resta a manipueira pronta para servir de complemento alimentar para o gado Constitui-se ainda agrave fabricaccedilatildeo de tijolos e a produccedilatildeo do bioetanol misturada com oacuteleo de mamona ela pode ser usada tambeacutem no controle de carrapatos (OLIVEIRA SILVA et al p 1 2013)

9 IBGE Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historicogt Acesso em 13 jan 2014 10 EMBRAPA - Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso 22 jan 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 73

A zona urbana da cidade de Jupi conta com cinco casas de farinha consideradas de grande porte e dezenas na zona rural Sendo assim a economia da cidade eacute baseada na fabricaccedilatildeo da farinha pois uma boa parcela da populaccedilatildeo trabalha nessas fabricas Em 2011 aconteceu a FEMUPE- Festas dos municiacutepios de Pernambuco e o municiacutepio de Jupi foi apresentado como ldquoTerra da farinha de mandiocardquo ( figura 14)

Figura 14 Representaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi como sendo um forte produtor da farinha de mandioca na FEMUPE 2011 Fonte Site prefeitura de Jupi

6 POPULACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Com o passar dos anos o municiacutepio de Jupi teve uma diminuiccedilatildeo na sua populaccedilatildeo a tabela a baixo especifica esse decliacutenio

ANO JUPI PERNAMBUCO BRASIL

1991 19865 7127855 146825475

1996 11606 7361368 156032944

2000 12329 7918344 169799170

2007 13628 8485386 183987291

2010 13705 8796448 190755799

Fonte IBGE Censo Demograacutefico 1991 Contagem Populacional 1996 Censo Demograacutefico 2000 Contagem Populacional 2007 e Censo Demograacutefico 2010

7 PRAacuteTICAS PARA UM PLANEJAMENTO DE ARBORIZACcedilAtildeO URBANA

Retomando-se a questatildeo da arborizaccedilatildeo tem-se queum planejamento adequado para a inserccedilatildeo de aacutereas verdes nas zonas urbanas dos municiacutepios deve por principio respeitar os valores culturais e ambientais da cidade Tem que ser devidamente bem elaborado e estudado pois pode trazer prejuiacutezos para a populaccedilatildeo em vez de benefiacutecios Uma vez que

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os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo estatildeo condicionados ao seu planejamento esse tipo de procedimento eacute importante independentemente do porte da cidade

Os habitantes de uma cidade bem arborizada percebem e valorizam os benefiacutecios ambientais sociais paisagiacutesticos e patrimoniais proporcionados pelas as arvores e pelos espaccedilos verdes existentes mas natildeo abrem matildeo de serviccedilos puacuteblicos de qualidade como o acesso contiacutenuo a energia eleacutetrica aacutegua ou telefonia (MANUAL DE ARBORIZACcedilAtildeO 2011 p 4)

Quando se trata de arborizaccedilatildeo Sinvinskas (1999 p 1) define que o ato ou efeito de arborizar ldquoArborizar por seu turno eacute plantar ou guarnecer de arvoresrdquo Mas o planejamento da arborizaccedilatildeo na aacuterea urbana passa pelo processo da escolha da arvore a ser plantada ou seja da arvore certa para o lugar certo levando em consideraccedilatildeo os processos cientiacuteficos e teacutecnicos para seu estabelecimento em curto meacutedio e longo prazo Santos (2001 2002) considera que a arborizaccedilatildeo em locais privados como jardins e quintais tambeacutem fazem parte da paisagem urbana afirma que

Em suma toda vegetaccedilatildeo ou arvore isolada quer que seja publica ou particular ou de qualquer forma de disposiccedilatildeo que exista na cidade constitui a ldquomassa verde urbanardquo por consequecircncia a sua aacuterea verde Aliaacutes haacute divergecircncias ateacute quando a forma de obter o iacutendice aacuterea verdehabitante pois alguns utilizam em seus caacutelculos somente as aacutereas publicas enquanto outros toda a ldquomassa verderdquo da cidade Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as publicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo ( SANTOS 2001 2002 p 1 e 2)

A arborizaccedilatildeo pode ser implantada em diversos ambientes como parques praccedilas ruas calccediladas jardins entre outras localidades No entanto existem diferenccedilas entre esses locais na hora de se plantar Nos parques a escolha quanto ao porte da aacutervore eacute mais flexiacutevel comparada a outros locais pois possuem bastante espaccedilo para as raiacutezes e copas de arvores de grande porte jaacute nas ruas e calccediladas existem mais restriccedilotildees requer mais cuidado por existir a presenccedila de fiaccedilatildeo aeacuterea e subterracircnea asfaltamento a infraestrutura da calccedilada tem que ser observada porque com o passar do tempo pode vir a danifica-la e no caso da arvore caducifoacutelia pode causar o entupimento das calhas e redes de esgoto vindo a poluir as vias puacuteblicas devido ao excesso de folhas caiacutedas

Quando o planejamento do plantio de arvores nas calccediladas natildeo eacute bem elaborado elas sofrem um impacto ambiental muito grande ou seja quebra de galhos podem morrer por falta de aacutegua podas incorretas Essas agressotildees prejudicam o ciclo de vida da aacutervore provocando o seu envelhecimento precoce

Quanto aos jardins De Angelis em Lonboda relatam que

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constituem-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A principio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LONBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Completando o pensamento sobre jardins Chaves (2012) diz que

Logo o jardim se constitui em aacuterea de casa destinada ao cultivo do verde com caracteriacutesticas arboacutereas ou natildeo com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais o que exige a atenccedilatildeo e cuidados especiais resultando em gastos para a sua manutenccedilatildeo (CHAVES p 635 2012)

No entanto a melhor forma de planejar a arborizaccedilatildeo de uma cidade eacute primeiro levantar as caracteriacutesticas fiacutesicas dos locais onde seratildeo plantadas as aacutervores para depois definir os criteacuterios da escolha da espeacutecie para cada regiatildeo soacute posteriormente levantar a espeacutecie a ser plantada Tem-se que observar tambeacutem a melhor espeacutecie que se adequa aos termos paisagiacutesticos do local considerar os limites fiacutesicos e bioloacutegicos que o local impotildee ao crescimento da arvore e analisar quais espeacutecies seriam mais adequadas para melhorar o microclima e outras condiccedilotildees ambientais daquela localidade Um exemplo de arborizaccedilatildeo (figura 15) no municiacutepio de Jupi-PE

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Figura 15 Palmeiras Imperiais plantadas no canteiro da Br 423 na cidade de Jupi-PE

Fonte Leticia Oliveira 2013

Percebe-se claramente a opccedilatildeo feita por palmeiras imperiais que satildeo na realidade exoacuteticas Esse fato reforccedila a

ideia que se tem inclusive na literatura de que a vegetaccedilatildeo nativa natildeo apresenta qualquer tipo de beleza mas que por outro lado esta associada ao atraso falta de desenvolvimento e por que natildeo dizer ao estado de pobreza Almeja-se entatildeo que o bioma caatinga principal representante das zonas fisiografias do Agreste e do Sertatildeo seja visto de uma forma mais positiva e assim contribuir para a promoccedilatildeo de seu estudo dirigido ao paisagismo publico e particular

A importacircncia da arborizaccedilatildeo nos centros urbanos

As aacutervores satildeo a maior forma de vida existente no planeta presentes em praticamente todos os continentes Apresentam alto grau de complexidade e de adaptaccedilotildees agraves condiccedilotildees do meio permitindo sua convivecircncia em diversos ambientes incluindo as cidades (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) 2011 p 11)

A maioria da populaccedilatildeo reside nos centros urbanos que se caracterizam pelas construccedilotildees civis que a cada ano vem crescendo Com o crescimento das cidades consequentemente haacute alteraccedilotildees no clima como a intensidade da radiaccedilatildeo solar a temperatura a umidade relativa do ar a precipitaccedilatildeo entre outros fatores que alteram o conforto da populaccedilatildeo

Os aspectos ambientais das aacutereas verdes estatildeo interligados ao se ter ou adquirir um planejamento de arborizaccedilatildeo na cidade As aacutervores purificam o ar esse eacute um dos seus principais benefiacutecios Pois a poluiccedilatildeo do ar eacute um dos maiores transtornos dos grandes centros urbanos Neste sentido a arborizaccedilatildeo urbana consiste no plantio de aacutervores nas aacutereas livres tornando-se assim uma possibilidade de minimizar os aspectos negativos do avanccedilo das cidades

Os benefiacutecios gerados pelas aacutereas verdes vatildeo aleacutem da recreaccedilatildeo para a populaccedilatildeo e seus valores esteacuteticos suas funccedilotildees excedem amplamente essas funccedilotildees Amenizam os aspectos ambientais adversos tambeacutem eacute importante sob os aspectos histoacutericos culturais esteacuteticos paisagiacutesticos assim contribuindo para

A melhoria da qualidade do ar Reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo Evita a erosatildeo do solo Direcionamento do vento Formaccedilatildeo de barreiras visuais proporcionando privacidade O embelezamento da cidade A melhoria fiacutesica e mental da populaccedilatildeo O aumento do valor das propriedades

76- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Podem-se observar os benefiacutecios das aacutervores no seu sentido histoacuterico cultural nas imagens a seguir (figuras 16 e

17)

Figura 16 Aacutervores histoacutericas do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atual Academia da Cidade de Jupi

Fonte Paacutegina no Facebook JG viacutedeo locadora

Figura 17 Antes local do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atualmente (2014) Academia da Cidade

Fonte Leticia Oliveira 2013

Entatildeo pode-se assim afirmar que aleacutem de tudo as aacutervores possuem valores centenaacuterios que contribuem para a

histoacuteria da cidade Pois mesmo passando-se anos as mesmas aacutervores continuam nos lugares de sempre perpassando pela a vida de centenas de moradores e visitantes da cidade Enfatizando-se os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo para os centros urbanos Souza et al diz que

Natildeo haacute duvidas de que a arborizaccedilatildeo urbana eacute um instrumento eficaz para minimizar os impactos negativos dos centros urbanos defender o meio ambiente como um direito comum natildeo deve ser apenas uma iniciativa de militantes mas uma obrigaccedilatildeo do governo e da sociedade (SOUZA et al 2006 p 66)

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Aleacutem disso arborizaccedilatildeo urbana eacute caracterizada principalmente pelos elementos de porte arboacutereo em parques calccediladas de vias puacuteblicas e jardins sem serem denominadas e entendidas Aacutereas de preservaccedilatildeo Permanente (APP) e podem ser divididas em aacutereas verdes de uso puacuteblico (lazer) e particular

As aacutervores e as aacutereas verdes urbanas tornam-se importantes para a preservaccedilatildeo do meio ambiente o que aumenta sua importacircncia para a coletividade agregando-lhe o fator ecoloacutegico 8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute evidente a importacircncia de um planejamento de arborizaccedilatildeo na zona urbana mas os municiacutepios ainda possuem uma enorme deficiecircncia quanto a esse processo Infelizmente a preocupaccedilatildeo de quem planeja estaacute centrada em caracteriacutesticas socioeconocircmicas deixando de lado a importacircncia dos elementos naturais

Portanto eacute necessaacuterio que existam algumas medidas a serem tomadas pelos gestores das cidades pois a arborizaccedilatildeo eacute vital para a cidade e para o meio ambiente Satildeo inuacutemeras suas contribuiccedilotildees uma delas eacute para melhorar o clima e sobretudo a qualidade de vida Atraveacutes de pesquisas realizadas com a populaccedilatildeo jupiense foi possiacutevel observar que as praacuteticas educacionais implantadas na cidade tiveram um importante papel foi possiacutevel perceber que a populaccedilatildeo obteve oportunidades para aprimorar seus conhecimentos sobre Educaccedilatildeo Ambiental neste contexto a arborizaccedilatildeo foi a que mais se destacou por que contribuiu tambeacutem para a mudanccedila visual do municiacutepio REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

CHAVES Ana Maria Severo AMADOR Maria Betacircnia Delineamento do verde existente em quintais jardins e calccediladas correntes-PE Anais do III SPGEO Natal ISSN 2178-8804 2012

CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) Manual de arborizaccedilatildeo Belo Horizonte CemigFundaccedilatildeo Biodiversitas 2011 Disponiacutevel em lt wwwcomigcombrManual-Arborizaccedilatildeo-Cemig-biodiversidadepdgt acesso em 28 dez 2013

DANTAS I C SOUZA C M C Arborizaccedilatildeo urbana na cidade de Campina Grande-PB Inventaacuterio e suas espeacutecies Revista de Biologia e ciecircncias da Terra Universidade da Praiacuteba Campina Grande 2004

EMBRAPA-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Mandioca e Fruticultura Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso em 22 jan 2014

GOMES Marcos Antocircnio Silvestre As praccedilas de Ribeiratildeo Preto-SP uma contribuiccedilatildeo geograacutefica ao planejamento e agrave gestatildeo dos espaccedilos puacuteblicos 204 f 2005 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal de Uberlacircndia Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Geografia Uberlacircndia 2005

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica IBGE cidades Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrasufphplang=ampcoduf=26ampsearch=pernambucogt Acesso em 13 jan 2014

LOBODA C R ANGELIS B L de Aacutereas verdes puacuteblicas conceitos usos e definiccedilotildees Revista Ambiecircncia Guarapuva-PR2005Disponivel emlthttpwwwrevistaunicentrobrindexphpambieenciaarticledownload185gt Acesso em 01 dez 2013

78- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

OLIVEIRA L F D SILVA A M AMADOR Maria Betacircnia Moreira Impactos ambientais e sociais acarretados pelo mau armazenamento da manipueira In IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista 2013 TupatildeSP Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP ANAP 2013 v 9 p 189-192

PENA-VEGA Alfredo O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

Prefeitura Municipal de Jupi Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwjupipegovbrgt acesso em 28 dez 2013

SANTOS S R Arborizaccedilatildeo urbana consideraccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwautimaarcadenoecombrgt acesso 20 dez 2013

SOUZA I M C de PALMERIM M S S CANTUAacuteRIA P de C Diagnoacutestico da arborizaccedilatildeo de praccedilas puacuteblicas do municiacutepio de Macapaacute-AP Brasil Macapaacute MMES 2006 TCC (Trabalho de Conclusatildeo de Curso em Engenharia Florestal Tropicais) 66 p 2006 Idem p 70

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA

VEGETACAO DE ALGUMAS

AVENIDAS E PARQUES DE

GARANHUNS ndash PE

80- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e

Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns

[]

Marciacutelio L Renaux (1979 p 96)

1 PAISAGEM ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E GEOGRAFIA

Os conceitos de uma maneira geral geram interpretaccedilotildees distintas de acordo com a perspectiva intelectual do pesquisador e seu aporte teoacuterico de conduccedilatildeo dos trabalhos e pesquisas Em termos do conceito de paisagem aleacutem de ser uma categoria de anaacutelise da Geografia eacute um termo que se aplica em inuacutemeros contextos e nesse caso especifico mescla-se com os inerentes a Arquitetura Urbanismo e Geografia

No acircmbito geograacutefico toma-se o conceito de Paisagem Integrada desenvolvido nas ultimas deacutecadas como assinala Guerra Marccedilal (2009 102) ou seja ldquoa perspectiva de anaacutelise integrada do sistema natural e a inter-relaccedilatildeo entre os sistemas naturais sociais e econocircmicos vecircem dando um novo redirecionamento e interpretaccedilatildeo ao conceito de paisagemrdquo

Admite-se que conceitualmente a arborizaccedilatildeo urbana pode ser entendida como um conjunto de vegetaccedilatildeo arboacuterea e arbustiva distribuiacuteda nas vias puacuteblicas de uma cidade na qual a presenccedila da vegetaccedilatildeo exerce influecircncia positiva tanto no bem estar dos habitantes em geral como nos transeuntes

Em consonacircncia a questatildeo que se apresenta pode ser enquadrada na Geografia Ambiental a qual tem a interdisciplinaridade e o sistecircmico intriacutenseco agrave sua essecircncia

Entre as temaacuteticas que a Geografia aborda estaacute o contexto urbano e sua preocupaccedilatildeo com o espaccedilo geograacutefico Atraveacutes da anaacutelise da produccedilatildeo geograacutefica podemos reconstruir os caminhos percorridos para o entendimento do urbano e da cidade e assim construir um quadro que nos leve a compreender essa produccedilatildeo

A abordagem dos estudos sobre o espaccedilo urbano consiste em entender o seu significado procurando defini-lo atraveacutes de suas caracteriacutesticas demograacuteficas de sua morfologia de suas funccedilotildees e do seu papel econocircmico e social Considera-se dessa forma o estudo do espaccedilo urbano como o estudo da cidade (AZEVEDO 2012)

Sabe-se ainda que o espaccedilo urbano pode ser entendido como uma produccedilatildeo social e como tal eacute um produto histoacuterico pois eacute resultado de accedilotildees acumuladas atraveacutes do tempo e ao mesmo tempo eacute realidade presente e imediata

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Como resultado da dinacircmica social de determinada sociedade que ao reproduzir-se atraveacutes de um determinado modo de produccedilatildeo imprime na paisagem urbana as marcas correspondentes (SILVEIRA 2003 p 25)

Como visto a Geografia eacute uma das ciecircncias que oferece pensar a paisagem De acordo com (SILVA 2002 p 73) ldquoCostuma-se reduzir a paisagem agrave anaacutelise do visiacutevel Sabemos que algumas realidades escapam agrave visatildeo mas cabe ao geoacutegrafo perceber na paisagem fatos da subjetividade e da cultura assim como as estruturas sociaisrdquo

Nesse acircmbito as aacutervores influenciam em todo um desenho dinacircmico que se estabelece no espaccedilo A paisagem passa a representar a teia que envolve a vida com o cotidiano reforccedilando a ideia de uno Nesse ir e vir fragmenta-se para envolver uma gecircnese de atitudes e condutas movimentos ritmos formando sub-paisagens externando as fragmentaccedilotildees vivenciadas sob diferentes tempos Paisagem que reflete a dureza a labuta ao mesmo tempo em que expotildee os sonhos os devaneios das experiecircncias e percepccedilotildees dos transeuntes comerciantes e residentes Mello aborda que

Ao associar as transformaccedilotildees na paisagem em decorrecircncia de seu uso urbano e comprometimento ambiental tornam-se visiacuteveis elementos como a localizaccedilatildeo das diferentes parcelas sociais as aacutereas de vegetaccedilatildeo naturais e o atual iacutendice de verdehabitante os tipos de solo e os usos urbanos as condiccedilotildees geomorfoloacutegicas a declividade e a erosatildeo presente em determinados ambientes a identificaccedilatildeo das aacutereas fraacutegeis e de risco a contaminaccedilatildeo das aacuteguas as condiccedilotildees de salubridades dos ambientes e das populaccedilotildees a precariedade das condiccedilotildees de habitabilidade de esgotamento sanitaacuterio da coleta de lixo e como constituintes da qualidade de vida urbana (MELLO 1996 p 106)

2 ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E PLANEJAMENTO URBANO

Ao fazer o estudo sobre a Avenida Santo Antocircnio no centro de Garanhuns Azevedo (2012) fez breve reflexatildeo sobre o planejamento urbano e como o tema arborizaccedilatildeo se insere no contexto Para isso a autora traz ao trabalho algumas consideraccedilotildees existentes na literatura concernente ao tema como a seguir

No acircmbito da globalizaccedilatildeo o discurso da importacircncia da questatildeo ambiental da ecologia conceitos do tipo ldquoo politicamente corretordquo e a rdquoqualidade de vidardquo se firmam como tendecircncias mundiais inseridas na miacutedia diaacuteria O mesmo acontece de forma mais sutil com a valorizaccedilatildeo daquilo que remete ao passado Neste contexto o interesse pelos ldquovalores culturaisrdquo pode ser considerada uma oportunidade desde que embasado no efetivo resgate desta identidade da memoacuteria das raiacutezes que satildeo suporte de nossa existecircncia Satildeo justamente os substratos histoacutericos que conferem materialidade a essas expressotildees um sentido de lugar e identidade agraves cidades e sua continuidade histoacuterica A essencialidade da memoacuteria reside no fato de que eacute por ela que se daacute a relaccedilatildeo com a variaacutevel temporal fundamental para o desenvolvimento e a continuidade de nossa existecircncia (ADAMS 2002 p116)

O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as consequecircncias geradas pela falta de planejamento

urbano despertaram a atenccedilatildeo de planejadores no sentido de se perceber a vegetaccedilatildeo como componente necessaacuterio ao espaccedilo urbano O plantio de aacutervores inadequadas agrave estrutura urbana gera conflitos com equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros postes de iluminaccedilatildeo entre outros Esses problemas satildeo muito comuns de serem visualizados e causam na maioria das vezes um manejo inadequado e prejudicial agraves aacutervores Eacute comum se ver aacutervores podadas de forma draacutestica e com muitos problemas fitossanitaacuterios como presenccedila de cupins brocas outros tipos de patoacutegenos injuacuterias fiacutesicas como anelamentos caules ocos e podres galhos apresentando lascas entre outros Assim tambeacutem fica claro que a percepccedilatildeo eacute peccedila-chave na boa conduccedilatildeo de trabalhos de planejamento e gestatildeo ambientais principalmente voltados agrave arborizaccedilatildeo urbana

A percepccedilatildeo ambiental abrange a compreensatildeo das inter-relaccedilotildees entre o meio ambiente e os atores sociais ou seja como a sociedade percebe o seu meio circundante expressando suas opiniotildees expectativas e propondo linhas de conduta desta forma os estudos que se caracterizam pela aplicaccedilatildeo da percepccedilatildeo ambiental objetivam investigar a maneira como o homem enxerga interpreta convive e se adapta agrave realidade do meio em que vive principalmente em se tratando de ambientes instaacuteveis ou vulneraacuteveis socialmente e naturalmente (OKAMOTO 1996 p200)

82- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A arborizaccedilatildeo urbana no Brasil eacute de competecircncia das administraccedilotildees municipais mas segundo (BONONI 2006) enfrenta uma seacuterie de problemas principalmente por despreparo de alguns profissionais

Embora haja uma crescente disposiccedilatildeo tanto dos oacutergatildeos governamentais envolvidos como de grande parcela da populaccedilatildeo muitos satildeo os problemas enfrentados como a falta de teacutecnicos capacitados que orientem sobre um plantio correto escolha da espeacutecie poda de formaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de tutores grade de proteccedilatildeo irrigaccedilatildeo em periacuteodo de estiagem e adubaccedilatildeo (BONONI 2006 p213-255)

Em sequecircncia expotildee-se a colocaccedilatildeo de outro autor o qual afirma que

O crescimento desordenado dos centros urbanos gerou uma condiccedilatildeo de artificialidade em relaccedilatildeo agraves aacutereas verdes naturais e com isso vaacuterios prejuiacutezos agrave qualidade de vida dos habitantes Poreacutem parte desses prejuiacutezos podem ser evitados pela legislaccedilatildeo e controle das atividades urbanas e outra parte amenizada pelo planejamento urbano ampliando-se qualitativa e quantitativamente a arborizaccedilatildeo de ruas e as aacutereas verdes (MILANO 1987 1517 e 21)

A maioria dos problemas de arborizaccedilatildeo urbana satildeo causados pelo confronto de aacutervores inadequadas com

equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros e postes de iluminaccedilatildeo Os fatores que devem ser considerados na arborizaccedilatildeo urbana satildeo vaacuterios podendo-se destacar o ambiente urbano caracterizado em termos de clima solos topografia o espaccedilo fiacutesico disponiacutevel em relaccedilatildeo agrave largura de ruas e calccediladas afastamento predial a altura das construccedilotildees a presenccedila de cabos eleacutetricos aeacutereos tubulaccedilatildeo de aacutegua esgoto galerias pluviais rede de telefonia as caracteriacutesticas das espeacutecies a utilizar no que concerne agrave adaptabilidade climaacutetica resistecircncia a pragas e doenccedilas toleracircncia agrave poluiccedilatildeo ausecircncia de princiacutepios toacutexicos eou aleacutergicos e caracteriacutesticas fenoloacutegicas (forma porte raiz floraccedilatildeo frutificaccedilatildeo etc) e morfoloacutegicas

Analisada a questatildeo da adaptaccedilatildeo ecoloacutegica (aclimataccedilatildeo naturalizaccedilatildeo acomodaccedilatildeo) deve-se atentar para a disponibilidade da cidade para a arborizaccedilatildeo natildeo introduzindo as espeacutecies a esmo (SAMPAIO 2006 SERAFIM 2007)

Em termos mais amplos a importacircncia da vegetaccedilatildeo no espaccedilo urbano natildeo se reteacutem apenas aos seus benefiacutecios aos seres humanos mas tambeacutem se verifica ser uma forma contributiva para a manutenccedilatildeo da fauna e flora de uma regiatildeo

A arborizaccedilatildeo de ruas eacute um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capazes de integrar espaccedilos livres aacutereas verdes e remanescentes florestais conectando estes ambientes de forma a colaborar com a diversidade da flora e da fauna (MENEGHETTI 2012 p1-2)

Nunca se deve esquecer ou desconsiderar que o plantio de aacutervores em larga escala nas cidades pode promover a diminuiccedilatildeo do efeito de ilha de calor no veratildeo e amenizar problemas dos ventos

A arborizaccedilatildeo urbana entatildeo eacute um tema que vem sendo discutido cada vez mais na atualidade considerando-se sua relevacircncia nota-se que estaacute aumentando a preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao meio ambiente urbano e a qualidade de vida de nossas cidades

A arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano pois contribui para funccedilotildees importantes no meio ambiente assim como para a sociedade aleacutem de propiciar sombra purificar o ar diminuir ruiacutedos diminuir a poluiccedilatildeo e tambeacutem proporcionar efeitos paisagiacutesticos Considerando-se que a arborizaccedilatildeo no contexto urbano eacute um patrimocircnio que deve ser mantido e conhecido pela populaccedilatildeo torna-se imprescindiacutevel a realizaccedilatildeo de um levantamento das principais espeacutecies arboacutereas e arbustivas distribuiacutedas na via urbana considerada Av Santo Antocircnio em Garanhuns afim de se poder contribuir com subsiacutedios para futuros planejamentos do paisagismo urbano e para uma melhor organizaccedilatildeo do espaccedilo

3 LOCALIZACAO DO MUNICIPIO DE GARANHUNS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

A cidade de Garanhuns no estado de Pernambuco (Figura 1) dista 228 km da capital pernambucana Recife Localizando-se na regiatildeo montanhosa do Planalto da Borborema eacute tambeacutem conhecido como a Suiacuteccedila Pernambucana por causa de seu clima ameno no veratildeo e temperaturas baixas no inverno atiacutepico para o resto da regiatildeo Outras alcunhas satildeo Cidade das Flores ou Cidade da Garoa

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O municiacutepio possui latitude 8ordm5325 sul e a longitude 36ordm2934 oeste estando a uma altitude meacutedia de 900 metros Seu ponto mais alto eacute o Monte Magano com 1030 m de altitude seu rio mais importante o rio Mundauacute Sua populaccedilatildeo eacute de aproximadamente 129392 habitantes segundo estimativas do IBGE para o ano de 2010

Garanhuns apresenta uma paisagem urbana no que se refere agrave habitaccedilatildeo composta em sua maioria por edificaccedilotildees de pequeno porte exceto no Bairro do Helioacutepolis Neste encontra-se edificaccedilotildees com maior porte No que se refere agrave arborizaccedilatildeo percebe-se que estaacute composta entre canteiros centrais e em calccediladas sendo sua maior parte em canteiros centrais como exemplo tem-se a Avenida Rui Barbosa a Avenida Caruaru Constata-se que a arborizaccedilatildeo em geral concentra-se em canteiros centrais com exceccedilatildeo da Av Santo Antocircnio bem no centro da cidade Nas demais localidades de Garanhuns observa-se que a arborizaccedilatildeo ocorre nas calccediladas principalmente em frente agraves residecircncias quando existe

Figura 1 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Garanhuns ndash PE Fonte Chaves 2013

Quanto ao histoacuterico da avenida em destaque tem-se que sua criaccedilatildeo se deu

Pelo alvaraacute de 10 de marccedilo de 1811 por solicitaccedilatildeo do entatildeo governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro foi criada a Vila de Santo Antocircnio de Garanhuns Neste mesmo ano de 1811 a capela foi reconstruiacuteda e transformada na Matriz de Santo Antonio Esta matriz localizada na antiga avenida Rio Branco hoje Avenida Santo Antocircnio [] O seu primeiro vigaacuterio foi Fabriacutecio da Costa Ferreira(Historia de Garanhuns Disponiacutevel em lthttpanchietabarrosblogspotcombr201302historia-de-garanhuns-controversia-dahtmlgt Acesso em 28 jan 2014

Logo pode-se perceber que se trata de uma via relativamente antiga mas que desde o inicio evidenciou a tendecircncia de ser um caminho central que congregou ao longo do tempo comeacutercio lazer religiatildeo entre as funccedilotildees visiacuteveis e permanentes que se pode observar pelas fotografiasrepresentadas pelas figuras 2 e 3 as quais constituem resgate de algumas memoacuterias e tambeacutem da contemporaneidade

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N

Na foto correspondente agrave figura 2 pode-se verificar que havia pessoas caminhando como em um singelo passeio tendo-se a Catedral de Santo Antocircnio ao fundo poucos veiacuteculos estacionados indicando o escasso fluxo automotivo da eacutepoca Natildeo se identifica nenhum uso de fins comerciais proacuteximo a esse canteiro central o que contrasta significativamente com os dias atuais

Pelas fotos visualizadas nas figuras 2 e 3 percebe-se o quanto a referida avenida transformou-sepor conta da urbanizaccedilatildeo da cidade de Garanhuns Atualmente essa avenida eacute a regiatildeo core da cidade eacute laacute que se situam as principais lojas magazines e o setor financeiro com a presenccedila de vaacuterios importantes bancos Trata-se ainda de um locusque atende natildeo somente os garanhunenses mas tambeacutem um bom nuacutemero de municiacutepios que satelizam Garanhuns 4 ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA SANTO ANTOcircNIO CARACTERIacuteSTICAS E DINAcircMICA

Segundo Milano e Dalcin (2000) atualmente a arborizaccedilatildeo nas ruas eacute uma estrateacutegia importante para as condiccedilotildees ambientais adversas como elemento esteacutetico da paisagem urbana em busca de suporte para projetos de renovaccedilatildeo do tecido urbano

No caso especifico da Av SantoAntocircnio as aacutervores satildeo encontradas ao longo das calccediladas e nos canteiros centrais da avenida Acredita-se que essas plantas exercem funccedilatildeo ecoloacutegica no sentido de melhoria do ambiente urbano aleacutem de favorecer a esteacutetica no sentido de embelezamento das vias puacuteblicas e consequentemente da cidade

A arborizaccedilatildeo urbana gera benefiacutecios ambientais e sociais e contribui para uma a qualidade de vida dos moradores da cidade dos transeuntes que por ali circulam e da populaccedilatildeo como um todo Sendo assim eacute de suma importacircncia discutir e analisar o papel da arborizaccedilatildeo urbana para melhor aproveitamento dos espaccedilos natildeo edificados da cidade Reforccedilando-se essa ideia toma-se o pensamento de dois autores que se apresenta a seguir

[] a arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano possuem funccedilotildees importantiacutessimas como propiciar sombra purificar o ar atrair aves diminuir a poluiccedilatildeo sonora constituir fator esteacutetico e paisagiacutestico diminuir impactos das chuvas contribuir para o balanccedilo hiacutedrico assim como valorizar economicamente as propriedades ao entorno proteger e direcionar o vento proporcionar melhor efeito esteacutetico auxiliar na diminuiccedilatildeo da temperatura pois absorve os raios solares e refresca o ambiente pela grande quantidade de aacutegua transpirada pelas folhas (PIVETTA SILVA FILHO 2002p69)

Os vaacuterios benefiacutecios da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas estatildeo condicionados agrave qualidade de seu planejamento

Um planejamento adequado tem que partir primeiramente dos oacutergatildeos puacuteblicos que satildeo os que mais devem se preocupar com este tipo de planejamento como tambeacutem os moradores transeuntes e demais pessoas que por ali circulam pois a arborizaccedilatildeo eacute um bem comum de todos favorecendo a todos o tatildeo almejado bem estar

A arborizaccedilatildeo bem planejada eacute muito importante independentemente do porte da cidade pois eacute muito mais faacutecil implantar arvores quando se tem um planejamento Caso contraacuterio passa a ter um caraacuteter de remediaccedilatildeo agrave medida que

Figura 2 Av Stordm Antocircnio na deacutecada de 1970 Fonte Blog de Iba Mendes in Leidjane (2012)

Figura 3 Visatildeo geral da Av Sto Antocircnio com destaque para os pinheiros Fonte Leidjane (2012)

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se tenta encaixar dentro das condiccedilotildees jaacute existentes e solucionar problemas de toda ordem Para um adequado planejamento da arborizaccedilatildeo da avenida de uma cidade alguns fatores devem ser considerados Tambeacutem o conhecimento das condiccedilotildees ambientais locais eacute preacute-condiccedilatildeo para o sucesso da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas Qualquer planta soacute adquire pleno desenvolvimento em clima apropriado caso contraacuterio poderaacute ter alteraccedilotildees no porte floraccedilatildeo e frutificaccedilatildeo Deve-se evitar portanto o plantio de espeacutecies cuja aclimataccedilatildeo natildeo seja comprovada

A Av Santo Antocircnio possui uma vegetaccedilatildeo mesclada de nativas e exoacuteticas cuja diversidade de plantas e aacutervores proporciona aos residentes comerciantes e transeuntes uma agradaacutevel sensaccedilatildeo de conforto (Figura 4 e 5)

O espaccedilo urbano eacute considerado um fator de grande importacircncia visto que eacute neste que as relaccedilotildees homem e natureza interagem produzindo a dinacircmica do lugar Pode-se assim afirmar que a Geografia uma das ciecircncias que mais se preocupa com tais questotildees possibilita um vasto campo de estudos que identifique a relaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo da sociedade garanhuense com a referidaavenida

Eacute neste espaccedilo em quemoradores comerciantes transeuntes entre outros atores circulam desenvolvendo diversos tipos de atividades relacionando-se com o lugar de diversas formas dando sentido a paisagem Sendo esta cada vez mais urbanizada diante do crescimento da cidade produzindo espaccedilos cada vez menos naturais Portanto eacute de suma importacircncia a preservaccedilatildeo das praccedilas e canteiros existentes ao longo da avenida

A Av Santo Antocircnio evidencia um processo de arborizaccedilatildeo que estaacute diretamente ligado agraves questotildees culturais e ambientais que envolvem este lugar onde tradicionalmente se desenvolveu caracteriacutesticas proacuteprias e peculiares que a tornaram uma das aacutereas mais populares da cidade e que tambeacutem propiciou a instalaccedilatildeo formal ou natildeo de pequenos comeacutercios no canteiro central da avenida em vaacuterios trechos imponho-lhe um novo ritmo cuja vegetaccedilatildeo eacute subjugada agraves necessidades das necessidades econocircmicas

A paisagem encontrada no percurso da avenida eacute bastante diversificada nela pode-se encontrar vaacuterios atores urbanos desenvolvendo suas funccedilotildees de forma praticamente permanente tais como jardineiros comerciantes flanelinhas turistas engraxates entre outros aleacutem de uma variedade de plantas que se misturam com essa trama econocircmico-social produzindo um ambiente nem sempre harmonioso mas de faacutecil compreensatildeo se pensarmos na dinacircmica que envolve homem e natureza

Enfim na Av Santo Antocircnio existe um contexto de arborizaccedilatildeo que implica uma identificaccedilatildeo e uma caracterizaccedilatildeo do tema abordado bem como promove gradativamente conhecimento mais aprofundado da Geografia o

Figura 4 Castanhola localizada em frente a Catedral numa das cabeceiras da Av Sto Antonio Fonte Leidjane (2012)

Figura 5 Canteiro ajardinado com alguns croacutetons como tambeacutem pingo-de-ouro grama entre outros com a presenccedila de bancos para sentar Fonte Leidjane (2012)

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que mostra como os estudos sobre avenidas ruas rotatoacuterias e outras vias urbanas foram enriquecidos e atualmente apresentam abordagens cada vez mais diversas o que faz a Geografia Urbana e Ambiental se destacar cada vez mais tanto para a proacutepria ciecircncia geograacutefica como para a sociedade em geral 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS SOBRE A ARBORIZACcedilAtildeO X DINAcircMICA ESPACIAL DA AV SANTO ANTOcircNIO

A avaliaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo da Av Sto Antocircnio em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que estaacute presente na paisagem leva a considerar-se a percepccedilatildeo dos atores envolvidos tanto de forma positiva quanto negativa num esforccedilo de se refletir o ambiente em suas nuances ecoloacutegicas sociais e econocircmicas Logo a partir do enfoque sistecircmico pode-se verificar o distanciamento do olhar dos que labutam e transitam em relaccedilatildeo agrave presenccedila desse verde o que inclui natildeo somente as aacutervores mas tambeacutem os canteiros com flores e outras espeacutecies vegetais que datildeo o embelezamento paisagiacutestico do lugar

Por sua vez sabe-se que o lugar soacute eacute sentido e apreciado quando se tem oportunidade de vivenciaacute-lo de forma a ter-se uma relaccedilatildeo de afeto Sentimento este que favorece a manutenccedilatildeo e cuidado com o patrimocircnio que embora puacuteblicoimprime certa carga de valoraccedilatildeo e de pertencimento induzindo assim agraveuma atitude reivindicativa criacutetica e proacutepria de um cidadatildeo 6 ENFOQUE NA ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA RUI BARBOSA GARANHUNS-PE

A Avenida Rui Barbosa municiacutepio de Garanhuns ndash PE foi aberta em 1925 pelo prefeito Euclides Dourado Sua construccedilatildeo deu iniacutecio ao povoamento do maior bairro de da cidade que gradativamente tornou-se um dos bairros nobres da cidade denominado Helioacutepolis Nessa avenida estaacute o uacutenico Reloacutegio de Flores do norte e nordeste do paiacutes e este eacute praticamente o siacutembolo que identifica Garanhuns em termos nacional e ateacute internacionalmente (CHAVES 2013)

Predominantemente atualmente o comercio a prestaccedilatildeo de serviccedilo aleacutem de continuar evidenciando residecircncias que aos poucos vatildeo cedendo lugar para outros empreendimentos outros Registra-se ainda que em uma de suas cabeceiras encontra-se a Praccedila Tavares Correia na qual situa-se o Reloacutegio das Flores Esse equipamento atrai turistas o ano inteiro devido sua beleza originalidade e funcionamento

Retomando-se o canteiro central da avenida verifica-se que eacute bem arborizado porem a espeacutecie arboacuterea predominante enfrenta um dilema serio Ou seja ao longo do tempo tornou-se praticamente inadequada devido ao grande fluxo de veiacuteculos usos das vias para festas com trios eleacutetricos fiaccedilatildeo eleacutetrica e as consequentes podas frequentes que de certa maneira significa uma injuria para a aacutervore apesar da necessidade que se impotildee frente ao grande fluxo de pessoas e veiacuteculos no local Que arvore e essa Flamboyant (Figura 6) Aleacutem dela tecircm-se ainda espeacutecies como o Ipecirc e a Castanhola Dessas trecircs apenas o Ipecirc eacute espeacutecie nativa as outras duas satildeo exoacuteticas a Flamboyant eacute africana e a Castanhola eacute asiaacutetica Acredita-se que na eacutepoca do planejamento da avenida e talvez em outros momentos de renovaccedilatildeo paisagiacutestica com base nos elementos arboacutereos no passado o canteiro central da Av Rui Barbosa natildeo foi suficientemente avaliado com respeito a compatibilizaccedilatildeo da espeacutecie escolhida com futuras e atuais funccedilotildees dadas a referida avenida

No caso do Flamboyant (Delonix regia) pertencente agrave famiacutelia dasFabaceaes e de origem africana chega a atingir entre 6 a 12 metros de altura e eacute considerada uma das aacutervores mais belas do mundo principalmente devido ao colorido intenso de suas flores e suas raiacutezes bastante agressivas porem detentoras de um belo desenho quando a mostra Assim com parte delas acima da superfiacutecie a sua presenccedila torna-se improacutepria para a ornamentaccedilatildeo de calccediladas ruas ou proacuteximas a tubulaccedilotildees de aacutegua esgoto paredes e ateacute mesmo fiaccedilatildeo eleacutetrica pois aleacutem dos possiacuteveis danos fiacutesicos pode sem sombra de duvida ocasionar um problema com o transeunte desavisado

A castanhola (Terminaliacatappa figura 7)da famiacutelia das Combretaceaesde origem asiaacutetica chega a mais de 12 metros de altura Ela apresenta caule ereto Sua copa eacute incomum formada por uma ramagem horizontal agrupada a espaccedilos regulares no tronco Eacute uma aacutervore indicada para as condiccedilotildees adversas do litoral Sua copa ampla e cheia fornece sombra farta no escaldante veratildeo dos troacutepicos Natildeo satildeo indicadas para estacionamentos ou em locais com grande movimento de automoacuteveis pois os frutos ricos em aacutecidos podem manchar os automoacuteveis

E apenas o Ipecirc (Tabebuia impetiginosa figura 8) eacute da famiacutelia Bignoniaceae e originaacuteria da Ameacuterica do Sul com altura entre 6 a 9 metros Eacute uma oacutetima aacutervore ornamental para arborizaccedilatildeo urbana de crescimento moderado a raacutepido

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que natildeo possui raiacutezes agressivas sua floraccedilatildeo eacute maravilhosa e recompensadora aleacutem de atrair polinizadores como beija-flores e abelhas Pode ser cultivada em regiotildees subtropicais tendo nestes casos uma reduccedilatildeo na velocidade de crescimento

Verificou-se que a maior parte das espeacutecies arboacutereas eacute exoacutetica os galhos ficam proacuteximos a edificaccedilotildees e fiaccedilatildeo

eleacutetrica natildeo satildeo bem podadas e apresentam problemas fitossanitaacuterios como cupim decomposiccedilatildeo principalmente no tronco galhos secos entre outros

Acredita-se que um dos principais motivos da falta de sincronia entre planejamento e plantio da arborizaccedilatildeo urbana no espaccedilo puacuteblico da Avenida Rui Barbosa em Garanhuns-PE eacute falta de estudo em relaccedilatildeo agrave espeacutecie arboacuterea adequada a ser plantada

De acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana os seres humanos constroem seus ambientes para neles viverem e dele retirarem suas necessidades e a cidade eacute construiacuteda para melhorar e facilitar a vida dos homens porem ela eacute uma construccedilatildeo planejada eacute artificial fazendo-se necessaacuterio a introduccedilatildeo de elementos naturais para melhorar a vida dos seres vivos urbanos (homens animais insetos entre outros) Assim satildeo criados espaccedilos livres destinados agrave arborizaccedilatildeo e que aleacutem de estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos eacute importante sob os aspectos ecoloacutegico histoacuterico cultural social esteacutetico e paisagiacutestico

Esses fatores e a accedilatildeo antroacutepica tornam as cidades organizaccedilotildees sistecircmicas e complexas sistecircmicas porque seus variados aspectos precisam ser compreendidos como uma totalidade onde os homens necessitam da natureza e das construccedilotildees artificias para melhorar suas condiccedilotildees de vida e esses fatores satildeo vistos em conjunto e natildeo isolados e complexas porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitas relaccedilotildees que estabelecem homem meio ambiente homem meio ambiente urbano meio ambiente e meio ambiente urbano

E a falta de articulaccedilatildeo entre a arborizaccedilatildeo e o planejamento das cidades tornam os espaccedilos livres desestruturados onde a populaccedilatildeo que necessita dessa aacuterea para seu lazer acaba por natildeo poder desfrutar desses ambientes pois os mesmos apresentam calccedilamento danificado pela falta de compatibilidade da raiz da espeacutecie arboacuterea e o espaccedilo fiacutesico destinado ao plantio Infelizmente pode-se ter a vida em risco por causa de acidentes devido agrave falta de observacircncia desses detalhes de suma importacircncia

Outro fator relevante da arborizaccedilatildeo e a funccedilatildeo paisagiacutestica desempenhada esta valoriza o espaccedilo do ponto de vista esteacutetico e se tratando da arborizaccedilatildeo do canteiro central da Av Rui Barbosa tem-se a valorizaccedilatildeo econocircmica via que da acesso a uma das entradas da cidade e comportar o Reloacutegio das Flores Por esses motivos a arborizaccedilatildeo natildeo deveria apresentar essa falta de articulaccedilatildeo com o planejamento desse local bem como se deveria ter um estudo

Figura 6 Flamboyant no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 7 Castanhola no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 8 Ipecirc no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

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aprofundado das espeacutecies adequadas a esse espaccedilo evitando-se assim problemas derivados da falta de sincronia e ou harmonizaccedilatildeo

Os dilemas da sustentabilidade urbana satildeo muitos Assunto esse de extrema importacircncia quando se falar no bem estar da populaccedilatildeo das cidades jaacute que a introduccedilatildeo desses espaccedilos verdes beneficiam a populaccedilatildeo contribuindo para ambientes mais saudaacuteveis e confortaacuteveis ajuda na amenizaccedilatildeo das altas temperaturas tatildeo comuns em cidades do nordeste brasileiro aleacutem de outros benefiacutecios advindos da arborizaccedilatildeo urbana

Foi verificado que o canteiro central da Av Rui Barbosa eacute um espaccedilo limitado entre duas vias de grande movimento de veiacuteculos e pessoas cercado de objetos urbanos como fiaccedilatildeo eleacutetrica edifiacutecios grandes semaacuteforos e tubulaccedilotildees subterracircneas entre outros elementos Logo eacute necessaacuterio um estudo adequado sobre as espeacutecies escolhidas para arborizar esse espaccedilo urbano bem como estudar o espaccedilo em si e seu tamanho

Nesse sentido ao se estudar as espeacutecies arboacutereas pode-se saber seu tipo de raiz tamanho expansatildeo da copa frutos elementos necessaacuterios para a escolha e definiccedilatildeo do espaccedilo adequado ao seu plantio Fato esse que se pode dizer muito provavelmente natildeo ter sido levado em consideraccedilatildeo quando escolheram a principal espeacutecie arboacuterea dessa avenida uma vez que a Flamboyant eacute uma espeacutecie de grande porte de raiz agressiva que necessitada de amplo espaccedilo para seu desenvolvimento

Faz-se assim necessaacuterio um estudo sobre essa arborizaccedilatildeo para que essa escolha inadequada natildeo venha a prejudicar o espaccedilo em que as aacutervores estatildeo plantadas ou cause algum acidente que afete a populaccedilatildeo jaacute que boa parte das aacutervores estaacute danificada e em sua maioria no tronco os quais se apresentam deteriorados com cupim e muita delas com aparecircncia de estarem secas e quase mortas Aleacutem de ser visiacutevel que o calccedilamento proacuteximo agraves aacutervores Flamboyant apresenta-se danificado

Apresenta-se a seguir trecircs quadros com base nos estudos de Laurie em Schutzer (2012) onde eacute possiacutevel ver o quanto a presenccedila arboacuterea deixa o ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na vida das cidades com base em dados encontrados na literatura

Quadro 1Temperaturas superficiais de diferentes tipos de pisos do ambiente urbano

Temperaturas degC 50degC 17degC 37degC 47degC 35degC

Tipos de Pisos Asfalto ao Sol Grama a Sombra Concreto a Sombra Concreto ao Sol Grama ao Sol

Quadro 2Diferentes temperaturas entre as aacutereas expostas ao sol e as aacutereas sombreadas por algumas aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol (degC) 35degC 36degC 375degC

Aacuterea sombreada (degC) 305degC 22degC 33degC

Espeacutecie arboacuterea Cinamomo Sibipiruna Extremosa

Quadro 3Diferenccedilas de umidade relativa do ar entre aacutereas expostas a radiaccedilatildeo solar e as aacutereas sombreadas por trecircs tipos de aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol () 40 32 37

Aacuterea sombreada () 55 52 42

Espeacutecie arboacuterea Ligustro Sibipiruna Jacarandaacute

Esse estudo colocado em quadros demostra o quanto a aacutervore eacute beneacutefica ao ambiente das cidades contribuindo principalmente para o conviacutevio harmocircnico dos elementos naturais e artificiais os quais devem estar em sincronia para natildeo se tornarem maleacuteficos ao espaccedilo ocupado 7 AVENIDA CARUARU GARANHUNS-PE E A ALGAROBEIRA (PROSOPIS JULIFLORA (SW) DC)COMOELEMENTO DO VERDE

URBANO

Compreender o significado da implantaccedilatildeo dessa exoacutetica no paisagismo urbano de GaranhunsPE eacute uma forma tambeacutem de compreender as multiplicidades e singularidades presentes nesta aacuterea com algarobeira

Do ponto de vista ecoloacutegico conforme antes argumentado qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica

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Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54)

Assim a espeacutecie (Prosopisjuliflora (Sw) DC) poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventos fortes Eacute fato que em sua accedilatildeo paisagiacutestica a algarobeira apresenta em aacutereas arborizadas pela mesma um ambiente apresentando uma paisagem verde durante todo o ano

Aleacutem de proporcionar sombra e beleza no ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada a qual oferece a populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel tanto em baixo de sua copa quanto dentro das residecircncias que estatildeo ao seu entorno

Adiante apresenta-se a figura 9 a qual evidencia a extensatildeo da Avenida Caruaru uma das mais importantes vias da cidade a qual congrega comeacutercio residecircncias escolas e faculdades

A arborizaccedilatildeo da Avenida Caruaru constituiacuteda de ipecircs algarobeiras (Figura 10) castanholas fiacutecus paus-brasil figueiras da Iacutendia palmeiras pinheiros paus drsquoarco estaacute disposta no canteiro central tendo como espeacutecie predominante a algarobeira (Prosopisjuliflora (Sw) DC)

A Prosopis juliflora (SW) DC originaacuteria da regiatildeo do Piura no Norte do Peru foi introduzida no nordeste brasileiro por volta de 1942 em Serra Talhada-PE pelo Professor J B Griffing Em seguida a algaroba disseminou-se no Rio Grande do Norte em 1944 na Fazenda Satildeo Miguel municiacutepio de Angicos e no Estado do Cearaacute em 1954 seguido pelos demais estados do poliacutegono das secas (GOMES 1961) salientando-se que a literatura acusa mais duas origens quais sejam Sudatildeo e Novo Meacutexico

Na regiatildeo Nordeste haacute mais de meio seacuteculo a algarobeira se constitui numa das vaacuterias espeacutecies capazes de possibilitar aos animais e ao proacuteprio homem uma atenuaccedilatildeo aos efeitos adversos das secas perioacutedicas A algarobeira eacute altamente resistente agrave seca e tem um potencial de adaptaccedilatildeo por demais favoraacutevel agraves condiccedilotildees de solo e clima do semiaacuterido razatildeo pela qual a cultura despertou interesse de autoridades governamentais oacutergatildeos de pesquisa universidades teacutecnicos e produtores rurais (SILVA AZEVEDO 1998)

Figura 10Algarobeira na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Figura 9 Foto de sateacutelite da Avenida Caruaru Fonte httpmapsgooglecombrmapshl=pt-BRamptab=wl

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8 A UTILIZACcedilAtildeO DA ALGAROBEIRA NO PROCESSO DE ARBORIZACcedilAtildeO

Atualmente haacute vaacuterios trabalhos referentes agrave arborizaccedilatildeo urbana os quais visam o paisagismo e o bem-estar da populaccedilatildeo Existe tambeacutem a praacutetica no senso comum da conduccedilatildeo de poliacuteticas publicas de urbanismo e paisagismo e nesse contexto percebe-se a natildeo observacircncia de elementos fundamentais como altura das aacutervores proximidade de tubulaccedilotildees podas inadequadas entre outros por parte da maioria dos administradores das cidades principalmente interioranas

Entre os tipos de vegetaccedilatildeo urbana encontram-se espeacutecies ornamentais que geralmente satildeo colocadas em parques jardins gramados alamedas e decoraccedilotildees de interiores Apesar de bonitas e funcionais contribuem para baixar a diversidade de espeacutecies ressaltando-se que a observaccedilatildeo ganha relevacircncia quando se considera a cidade como um ecossistema (AMADOR 2011 p 124)

A arborizaccedilatildeo no espaccedilo urbano pode ser de caraacuteter esteacutetico ecoloacutegico fiacutesico e psiacutequico do homem que por sua

vez eacute poliacutetico social e econocircmico Nessa linha de raciociacutenio julga-se que o caraacuteter mais representativo para se relacionar com a algarobeira no municiacutepio em foco eacute paisagiacutestico

Do ponto de vista ecoloacutegico qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades (ANDRESSEN apud BIONDI 1995 p160)

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54 apud AMADOR 2011 p127)

Assim a espeacutecie Prosopisjuliflora (SW) DC poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventanias (Figura 11)

Figura 11 Levantamento de calccediladas e tombamentos por ventos fortes

Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Poreacutem quando se coloca qualquer aacutervore ou arbusto nas aacutereas urbanas faz-se necessaacuterio primeiro conhecer a estrutura e fisiologia das espeacutecies catalogadas ou pensadas para esse fim saber administrar os diversos interesses particulares e puacuteblicos em relaccedilatildeo agravequeles indiviacuteduos vegetais ter boa articulaccedilatildeo com os diversos oacutergatildeos que de uma forma ou outra realizam seus trabalhos abaixo das vias puacuteblicas (trabalhos subterracircneos) e isso inclui calccediladas observar com acuidade o plano diretor de cada cidade e constantemente treinar equipes de podaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos elementos verde urbanos (AMADOR 2011 p136)

O processo que acompanhou a introduccedilatildeo dessa espeacutecie no semiaacuterido nordestino foi cheio de bons propoacutesitos tanto que no caso das cidades foi utilizada largamente na arborizaccedilatildeo urbana (Figura 12) Problemas apareceram natildeo por conta dela em si mas por falta de conhecimento adequado por parte daqueles que a manusearam pode-se afirmar

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sem sombra de duacutevida que elas exerceram seu papel no verde urbano oferecendo uma sombra excelente entre outros fatores

Figura 12Algarobeiras na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo

Foto Gama Santos 2011

Assim de acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa constatou-se que a algarobeira ainda suscita muitas discussotildees entre aqueles que convivem com ela de alguma maneira com base nas histoacuterias de vidas coletadas pode-se dizer que a mesma eacute vista como beneacutefica uma vez que a mesma proporciona sombra e beleza ao ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada oferecendo consequentemente agrave populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel Logo como se pode constatar na fala de um dos entrevistados ldquo[] eu gosto delas faz sombra soacute solta muitas folhas mas eacute bom a ventilaccedilatildeo []rdquo (Pesquisa de campo 2011)

No que se refere aos aspectos negativos a percepccedilatildeo das pessoas eacute que ela ocasiona a dilataccedilatildeo das vias puacuteblicas como tambeacutem quedas das folhas e vagens

Desse modo foi possiacutevel constatar que o conhecimentoacerca das histoacuterias de vidas das pessoas que se relacionam com as algarobeiras na arborizaccedilatildeo urbana especificamente na Avenida Caruaru foi de fundamental importacircncia para chegar agraves percepccedilotildees dos significados que a algarobeira ostenta desde sua introduccedilatildeo na deacutecada de 1940 ateacute os dias atuais

Assim obteve-se um delineamento da trajetoacuteria desse significado ao longo do tempo via resgate oral de memoacuteria que ateacute certo ponto coincide com o exposto na literatura mas acredita-se que se conseguiu avanccedilar no sentido da dinacircmica das informaccedilotildees ricas em subjetividade de significados e suas inter-relaccedilotildees com o marco teacutecnico e estanque presente no senso comum e em muitos trabalhos acadecircmicos produzidos ateacute entatildeo

9 A PAISAGEM VERDE NOS PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

No contexto do verde urbano os parques desempenham funccedilotildees variadas e que visam atender a populaccedilatildeo em

suas diferentes aspiraccedilotildees entre os principais pode-se citar lazer e contemplaccedilatildeo Com a explosatildeo na miacutedia de informaccedilotildees acerca do clima e suas mudanccedilas as aacutereas verdes urbanas comeccedilaram a ganhar espaccedilo tanto no setor de planejamento puacuteblico quanto nos anseios da populaccedilatildeo em geral por significar um de bem estar Poreacutem o que se constata na praacutetica pelo menos em alguns lugares natildeo eacute o que se cogita legalmente e nem no cotidiano

Mas o verde urbano se reveste conceitualmente de especificidades que vatildeo desde a discussatildeo se aacutervores em calccediladas podem ser consideradas como arborizaccedilatildeo urbana logo natildeo integrando o sistema de aacutereas verdes ateacute definiccedilotildees de parques praccedilas e outros Eacute sabido que os estudos dos espaccedilos verdes urbanos encontram-se interrelacionados com o planejamento da paisagem urbana cuja aacuterea de interesse faz parte da Ecologia da Paisagem que vem se apresentando como uma nova aacuterea do conhecimento dentro da ecologia e tambeacutem da geografia

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Assim sendo toma-se como fio condutor do trabalho os parques Euclides Dourado e o Ruben van der Linden no centro urbano de Garanhuns-PE por expressarem de certa forma essa demanda por uma vida saudaacutevel para a populaccedilatildeo e para a cidade

Nesse contexto Carneiro e Mesquita (2000 p20) citados por Bovo e Amorim (2012) afirmam que parques urbanos satildeo espaccedilos livres puacuteblicos com funccedilatildeo predominante de recreaccedilatildeo ocupando na malha urbana uma aacuterea em grau de equivalecircncia superior a uma quadra tiacutepica urbana em geral apresentando componentes da paisagem natural vegetaccedilatildeo topografia elemento aquaacutetico como tambeacutem edificaccedilotildees destinadas a atividades recreativas culturais eou administrativas

Essa concepccedilatildeo aponta para vaacuterios elementos que integram a paisagem e entre elas encontra-se a vegetaccedilatildeo principal foco do estudo em pauta 10 PARQUES URBANOS

De acordo com Bovo Amorim (2012) no Brasil ldquoos parques puacuteblicos surgem no Rio de Janeiro com a vinda da famiacutelia real em 1808 pois neste periacuteodo teve iniacutecio agrave lsquoorganizaccedilatildeo urbanarsquo que consistia na limpeza das ruas na criaccedilatildeo da poliacutecia militar na criaccedilatildeo da imprensa reacutegia e na fundaccedilatildeo do Banco do Brasilrdquo Sabe-se ainda que por influecircncia europeacuteia se procurou reproduzir o desenho e arquitetura dos espaccedilos puacuteblicos europeus principalmente franceses Tambeacutem se importou a ideia de se procurar plantar espeacutecies exoacuteticas desde que exuberantes e diferentes da vegetaccedilatildeo local

Em termos de vegetaccedilatildeo de espaccedilos puacuteblicos pode-se dizer que foi com o arquiteto e paisagista Burle Marx que as espeacutecies nativas de todas as regiotildees do paiacutes tiveram seu reconhecimento sendo incorporadas nos projetos urbaniacutesticos de diversas cidades brasileiras

Ao mesmo tempo os olhos da sociedade voltam-se para o verde urbano frente a dinacircmica de crescimento que as maioria das cidades passaram a enfrentar nas deacutecadas poacutes segunda guerra mundial aumentando significativamente com as questotildees ambientais de poluiccedilatildeo aquecimento global entre outros Tambeacutem paralelamente cada vez mais as pessoas demandavam aacutereas de lazer em diferentes niacuteveis impulsionando o setor puacuteblico a destinar espaccedilos para fins de lazer contemplaccedilatildeo que com o passar dos anos e dependendo da situaccedilatildeo na qual se encontravam foram assumindo caracteriacutesticas de parques temaacuteticos de conservaccedilatildeo esteacutetico entre outros

Nesse sentido faz-se uma analogia tomando-se Dardel (2011 p 14-16) que diz ldquoa cidade ativa natildeo eacute um espaccedilo inerte mas um espaccedilo que se move um espaccedilo vivordquo Logo um parque tambeacutem pode ser considerado um espaccedilo vivo ele se transforma se adeacutequa agraves necessidades da contemporaneidade e sua vegetaccedilatildeo prioritariamente as aacutervores as quais se revestem de simbolismos de expressividades estimulam o ser humano a pensar nelas como elemento primordial na organicidade da vida transmitindo forccedila energia sem esquecer do proacuteprio ciclo da vida como bem coloca Farah (2008) Ademais de acordo com Ferry (2009 p 24) as aacutervores estatildeo ldquoobtendo acesso ao estatuto de seres juriacutedicosrdquo pensadas num contexto sistecircmico caracterizando uma preocupaccedilatildeo complexa com a totalidade a biosfera

Em seguida seratildeo tratados os espaccedilos selecionados no municiacutepio de Garanhuns Pernambuco com suas molduras paisagiacutesticas com base na arborizaccedilatildeo e principais funccedilotildees

11 PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

Na cidade de Garanhuns propriamente dita encontra-se dois parques que apresentam singularidades diferenciadas em termos de funccedilatildeo satildeo eles o Parque Euclides Dourado e o Parque Euclides Dourado e o Parque Ruber van der Linden cuja disposiccedilatildeo na malha urbana pode ser ilustrada atraveacutes da figura 13

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Figura 13 Visualizaccedilatildeo por imagem de sateacutelite dos parques Euclides Dourado e

Ruber van der Linden na malha urbana de Garanhuns-PE

121 Parque Euclides Dourado Euclides da Costa Dourado importante poliacutetico municipal nas deacutecadas de 1920 -1930 daacute nome ao antigo parque

municipal Mas como antes hoje a populaccedilatildeo continua identificando esse espaccedilo como Parque dos Eucaliptos (Figura 14) O referido parque apresentava e apresenta ainda a predominacircncia de eucaliptos conforme se observa na construccedilatildeo poeacutetica que se segue

O Parque dos Eucaliptos Que lindo plaino Que docilidade Da natureza quando rompe o dia Ou quando a tarde cai saudosa e fria Naquela singular tranquumlilidade A viraccedilatildeo que silva e que se evade O estandarte das flores alicia A adoraacutevel fragacircncia que irradia A perfumosa vegetabilidade Os eucaliptos de bailar natildeo cessam Enquanto os pombos ceacuteleres regressam Agrave paz acolhedora do pombal Cair da tarde E a viraccedilatildeo fogueira Envolve sussurrante e prazenteira A vesperal paisagem do Arraial (CYSNEIROS 1979 p 11)

Pode-se entatildeo apreender dessa poesia que outrora o parque realmente exibia outra denominaccedilatildeo jaacute com a

vegetaccedilatildeo predominante de eucaliptos mas da mesma forma que antes a sensaccedilatildeo de bem-estar eacute transmitida agraves pessoas que o frequentam Transparece ainda a consistecircncia do relevo local quando o autor inicia o texto e diz ldquoQue lindo plainordquo evocando claramente a ideia de relevo plano informaccedilatildeo importante tendo-se em vista ser o municiacutepio incrustado entre sete colinas e ademais vai favorecer a funccedilatildeo de lazer que se sobressai frente agraves outras que existe na atualidade No sentido de dar mais solidez as reflexotildees cita-se mais uma poesia que enfoca a beleza a vegetaccedilatildeo e o imaginaacuterio popular do passado em relaccedilatildeo ao parque dos eucaliptos (Figuras 15 16 e 17) permitindo assim que se possa estabelecer alguns tecircnues viacutenculos com o presente

Figura 14 Predominacircncia de eucaliptos Dourado-GaranhunsPE Foto M Amador 2012

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O Parque dos Eucaliptos

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns Entre sonhos e riscos As bicicletas reluziam de homens Com quadro As de moccedila com Tela rendada multicolorida sobre A roda traseira ldquoMe daacute uma triscardquoDizia um moleque E laacute seguiacuteamos triscando por Entre os perfumados eucaliptos A casinha dos macacos Pulando alegres o cercado da ema Pescoccedilo imenso olhos arregalados Coelhos algumas pacas e muitas Cotias Bicicletas ldquotriscandordquo na gente O menino de rolete de cana Doce que soacute a peste gritava Pirulito e sorvete Tardes de sol Ensombreados pelos eucaliptos Carramanchotildees de namorados No centro do parque A construccedilatildeo branca do barzinho

Era uma floresta imensa De perfumados espaccedilos Entremeados de sonhos e Bicicletas O parque de Garanhuns (RENAUX 1979 p 91-92)

Atraveacutes da leitura percebe-se que esse espaccedilo Parque Euclides Dourado ao longo do tempo foi palco de lugar apraziacutevel de passeio e ao que tudo indica em dado momento exibiu uma fauna indicativa de zooloacutegico embora natildeo se possa afirmar por falta de evidecircncias documentais no presente momento Poreacutem quando o autor remete ao fato dos macacos da ema e outros pequenos animais isso faz com que se estabeleccedila uma conexatildeo com um espaccedilolugarpaisagem nos quais o ambiente aparentemente se mostrava mais equilibrado e em harmonia com diversas dimensotildees da sustentabilidade quais seja social econocircmica e ecoloacutegica evidenciando-se nas palavras dos

Figura 15 Vista dos eucapitos Foto de Amador 2012

Figura 16 Vista do parque sob outro angulo Foto M Amador 2012

Figura 17 Parquinho entre os eucaliptos Foto M Amador 2012

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autores poetas citados e que refletem o cotidiano da eacutepoca ldquoO cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locaisrdquo (CAMARGO 2008 p 101)

Observa-se atualmente que o parque encontra-se proacuteximo ao centro da cidade bem como passou a exibir como funccedilatildeo principal o loacutecus de praacuteticas esportivas com equipamentos como pista de caminhada (Figura 18) quadra de jogos (Figura 19) aacuterea especiacutefica de recreaccedilatildeo de crianccedilas entre outros e por ser de caraacuteter municipal tambeacutem abriga uma biblioteca apresentando sua aacuterea externa ajardinada

Figura 18 Pista de caminhada Amador2012 Figura 19 Quadra esportiva Amador 2012

Poreacutem o sentimento de pertencimento e a ideia introjetada pela populaccedilatildeo da possibilidade de bem-estar advindo

da praacutetica de exerciacutecio fiacutesicos tecircm ressaltado nesse espaccedilo mais que qualquer outra a dimensatildeo social e a psicoloacutegica A primeira pela ldquopossibilidade de lazer que essas aacutereas oferecem agrave populaccedilatildeordquo e a segunda pela ldquopossibilidade de realizaccedilatildeo de exerciacutecios de lazer e de recreaccedilatildeo que funcionam como atividades ldquoante-estresserdquo e relaxamento uma vez que as pessoas entram em contato com os elementos naturais dessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

122 Parque Ruber Van Der Linden

O Parque Ruber Van Der Linden apresenta significativa importacircncia para o municiacutepio de Garanhuns Sua proacutepria

histoacuteria jaacute eacute relevante pois foi o primeiro espaccedilo com caracteriacutesticas ecoloacutegicas do interior pernambucano e desde sua criaccedilatildeo ganhou popularidade junto aos seus habitantes os quais reservavam horas livres para passeios em um ambiente agradaacutevel e diferente em relaccedilatildeo ao centro urbano ressaltando-se que nos dias atuais eacute considerado um dos mais apraziacuteveis espaccedilos verdes de Garanhuns e regiatildeo

O parque tem este nome devido ser uma homenagem a quem o implantou e administrou o Engenheiro Ruber Van

Der Linder cidadatildeo garanhuense nascido em 28 de junho de 1896 ldquomuito estudioso aprofundou-se nos conhecimentos de agronomia pecuaacuteria e engenharia civil fiacutesica e quiacutemica ()rdquo Tambeacutem eacute considerado ldquohistoriador jornalista desenhista e poetardquo (GUEIROS SILVA AMADOR 2009) De acordo com Recircgo

Durante vaacuterios anos no cargo de gerente da empresa de aacutegua e luz do municiacutepio com recursos proacuteprios da mencionada empresa idealizou e implantou o ldquopau pombordquo que hoje tem o seu nome ldquoParque Ruber Van Der Lindenrdquo considerando-o uma pequena reserva florestal significando sobretudo um alerta para a defesa dos mananciais e a formaccedilatildeo de uma aacuterea ecoloacutegica para o ldquooacuteciordquo dos homens apoacutes a estafante labuta semanal e recreio destinado a gurizada (REcircGO 1987 p 195)

O parque funcionava na antiga Companhia de Abastecimento de Aacutegua e Luz de Garanhuns sendo reformado pela uacuteltima vez em 1994 Inicialmente essa aacuterea era denominada de ldquoo pau pombo ficava em siacutetio desmembrado da propriedade de Sr Joatildeo Carneiro que se iniciava em residecircncia ruacutestica ao lado direito da Matriz de Santo Antocircniordquo (CAVALCANTI 1893 p 247) Esse parque situa-se aproximadamente a menos de 500 metros do centro da cidade e apesar dessa proximidade manteacutem-se bem arborizado com flores paacutessaros saguumlins preguiccedila e mantendo uma das

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nascentes do Rio Mundauacute tornando-se assim um dos mais requisitados pontos turiacutesticos da cidade de acordo com Gueiros Silva Amador (2009)

Adquirido pela ldquocompanhia de melhoramentosrdquo ldquoo pau pombordquo recebeu inuacutemeros benefiacutecios inclusive com a construccedilatildeo de accedilude sob a orientaccedilatildeo de Ruber Van Der Linder Era tambeacutem um dos locais apraziacuteveis da cidade e nele se realizavam sempre os piqueniques Naquele tempo os homens todos vestidos a caraacuteter em trajes de passeio formal (paletoacute e gravata) as senhoras com suas roupas domingueiras e chapeacuteus de abas longas muito em voga na eacutepoca Natildeo faltava orquestra nem cantores inclusive o boecircmio Augusto Calheiros (CAVALCANTI 1893 p 247)

No entanto apesar de toda essa diversidade fauniacutestica floriacutestica e esteacutetica que transpotildee seacuteculos percebe-se que natildeo haacute uma valorizaccedilatildeo adequada por parte da populaccedilatildeo nem do setor puacuteblico municipal O referido espaccedilo eacute frequentemente utilizado para visitaccedilatildeo de turistas principalmente em momentos de festividades na cidade (Figura 20) ficando agrave revelia de seus moradores Importante salientar que o Parque em apreccedilo estaacute situado em uma aacuterea em declive o que proporciona o uso do desenho do terreno para o embelezamento do parque atraveacutes dos terraceamentos (Figura 21) que foram feitos para facilitar o escoamento de aacuteguas de chuvas contribuir na sustentaccedilatildeo do solo na encosta e tambeacutem aproveitados tambeacutem para dar maior conforto ao usuaacuterio do parque em seus passeios

Figura 20 Movimento de turistas Figura 21 Passeio em terraceamento

Foto M Amador 2012 Foto M Amador 2012

Recentemente tecircm-se notiacutecias de que se estaacute usando o lugar para praacuteticas de educaccedilatildeo ambiental atraveacutes de iniciativas de alguns profissionais do ensino o que eacute bastante salutar A valorizaccedilatildeo natureza eacute de fundamental importacircncia para que se possa garantir bem estar e qualidade de vida para as futuras geraccedilotildees Endossa-se pois as iniciativas levadas agrave praacutetica pela educaccedilatildeo ambiental visto ser um processo de (re) educaccedilatildeo contiacutenua na esperanccedila que o ser humano se harmonize com o meio ambiente jaacute que ldquoa problemaacutetica ambiental exige mudanccedilas de comportamentos de discussatildeo e construccedilatildeo de formas de pensar e agir na relaccedilatildeo com a naturezardquo (BRASIL 1998 p180)

Segundo estudo de Gueiros Silva Amador (2009) o parque possuiacutea aacutervores raras como a Jacaratiaacute e que natildeo existe mais afirmaccedilatildeo encontrada em Valenccedila (2012) que indica ter sido orientaccedilatildeo de Rubens Van Der Linden a transformaccedilatildeo do Siacutetio Vaacuterzea um verdadeiro pomar onde se encontrava frutos de clima temperado como a uva e o caquiacute aleacutem da jacaratiaacute hoje extinta no Nordesterdquo O jaracatiaacute faz parte do contexto de vegetaccedilatildeo endecircmica amazocircnico-nordestino e por ser Garanhuns-PE uma aacuterea de exceccedilatildeo por estar sobre o Planalto da Borborema (Figura 22) beneficiada com uma pluviometria caracteriacutestica de brejos de altitude geralmente entre 500 e 1100 mm ofereciaoferece condiccedilotildees ambientais para florestas de certo porte conforme Tabarelli ( 2012 p 287)

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Figura 22 Ilustraccedilatildeo de uma aacuterea de exceccedilatildeo por altitude Fonte TABARELLI Disponiacutevel em httpwwwculturaapicolacomarapunteslibrosCaatingaparte9_brejospdf Acesso em 04 set 2012 p 287)

Quanto agrave diversidade fauniacutestica no presente a mesma se constitui principalmente de insetos paacutessaros saguins e algumas preguiccedilas que vivem nas copas das aacutervores e dificilmente satildeo vistas Tambeacutem uma das nascentes do Rio Mundauacute

Logo a principal funccedilatildeo do Parque Ruber Van Der Linden eacute de ordem ecoloacutegica pois dispotildee de maior diversidade de espeacutecies floriacutesticas e fauniacutesticas maior interaccedilatildeo solo ndash planta ndash aacutegua Formalmente uma aacuterea livre eou parque com massa verde significativa favorece o ldquoprovimento de melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar aacutegua e solo resultando no bem estar dos habitantes devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo do solo natildeo impermeabilizado e de uma fauna mais diversificada nessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

Como ultimas consideraccedilotildees sobre o trabalho dos parques entende-se que os mesmos abordados nesse trabalho possuem uma longa trajetoacuteria junto ao municiacutepio considerado os quais ora se adaptaram agraves novas demandas da populaccedilatildeo ressaltando-se aacuterea de lazer mas tambeacutem eacute visiacutevel que a relaccedilatildeo que estaacute estabelecida no seio da populaccedilatildeo em geral eacute de afastamento com este bem chamado parque urbano difuso e de fundamental importacircncia para o bem estar das pessoas e do ambiente em termos macros entendendo-se como local municipal Nesse sentido acredita-se serem os estudos da percepccedilatildeo ambiental essenciais para compreender as inter-relaccedilotildees entre o homem e o ambiente

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102- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL

DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS

(BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE

PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE

CALCcedilADO-PE

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Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

O tratamento da temaacutetica ambiental eacute por assim dizer atividade bastante complexa do ponto de vista teoacuterico e mais ainda do ponto de vista da praacutexis Somente as accedilotildees desenvolvidas do ponto de vista da holisticidade da temaacutetica eacute que conseguem apresentar resultados satisfatoacuterios no tocante agraves tentativas de recuperaccedilatildeo e preservaccedilatildeo de ambientes degradados locais regionais ou planetaacuterio ndash a biosfera Tal complexidade abarca ateacute a maneira de como se deve conceber o meio ambiente

Francisco de Assis Mendonccedila

(MENDONCcedilA 2004 p70)

No desenvolvimento de uma pesquisa uma seacuterie de reflexotildees satildeo necessaacuterias para uma boa execuccedilatildeo das atividades as quais se seguiratildeo no decorrer dos estudos Tratar da temaacutetica ambiental ainda em emergecircncia a qual estaacute inserida na atualidade eacute um desafio e ao mesmo tempo uma necessidade pois natildeo se pode deixar que discursos poliacuteticos e midiaacuteticos sirvam de norte para a maioria da populaccedilatildeo mundial Eacute de suma importacircncia que ao falar de meio ambiente possa-se dar meios para que a compreensatildeo deste tema seja bem alicerccedilado em teorias e concepccedilotildees pertinentes aos tempos em que vivemos trabalhando de forma integrada o a natureza e o homem Neste sentido a anaacutelise da Barauacutena (Schinopsis brasiliensis) num contexto sistecircmico agregado agraves questotildees ambientais na relaccedilatildeo do homem com a natureza eacute uma fonte quase que inesgotaacutevel de diversas possibilidades de variaacuteveis que se apresentam como essenciais para se adquirir um resultado satisfatoacuterio da pesquisa Assim para que a execuccedilatildeo se encaminhasse pela proposta pretendida foi necessaacuterio a interdisciplinaridade no que se refere agrave anaacutelise social e natural que mediante essa interaccedilatildeo permitiu trazer o pensamento complexo proposto por Edgar Morin o qual defende um diferente olhar paradigmaacutetico natildeo necessariamente novo mas suficientemente transformador na abordagem da temaacutetica ambiental

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A existecircncia da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado- PE levou agrave busca de argumentos que subsidiassem uma discussatildeo sob o vieacutes sistecircmico voltado a paisagem verde e no caso especiacutefico a pesquisa centrou-se nas aacutervores do semiaacuterido nordestino e para ser mais preciso da Caatinga bioma uacutenico no mundo tendo-se como foco a espeacutecie barauacutena por ter existido em abundancia no passado e atualmente estar em processo de extinccedilatildeo no referido municiacutepio

Os elementos que se apresentam como propostas nesta anaacutelise afirmam estabelecer novas concepccedilotildees agravequelas que segregam as relaccedilotildees de diaacutelogo entre o homem e o meio que do ponto de vista geograacutefico se reportam natildeo apenas a meras descriccedilotildees mas acima de tudo a buscar os fluxos concretos de interaccedilatildeo do natural com o social Assim natildeo foi observada qualquer paisagem como algo estaacutetico mas sempre observada como algo dinacircmico que se abre e permite desvendar novas formas de vecirc-las tanto ligadas a sensibilidade e imaginaccedilatildeo das pessoas quanto a proacutepria capacidade de transformaccedilatildeo natural do meio

Como jaacute exposto esta anaacutelise se reporta a pesquisa que trouxe como tema ldquoA Relaccedilatildeo Natural e Social da Schinopsis brasiliensis (Brauacutena) com o Meio Rural e Urbano numa Perspectiva de Paisagem Verde no Municiacutepio de Calccedilado-PErdquo a qual fez parte de um trabalho de maior porte sobre o verde do agreste tanto rural quanto urbano Nesse contexto reconhecer a Brauacutena ou Barauacutena do sertatildeoagreste como tambeacutem eacute denominado foi papel fundamental no caminhar desta pesquisa podendo-se perceber o quanto a mesma eacute notaacutevel sua importacircncia para cada lugar no sentido de troca de benefiacutecios com outras espeacutecies e tambeacutem da proacutepria identidade de moradores e seu apego com elas

A Brauacutena do Sertatildeo considerada aacutervore nobre eacute nativa dessa regiatildeo No bioma Caatinga e no estado de Pernambuco admite-se que haacute ocorrecircncia de ateacute dez indiviacuteduos por hectare As Schinopsis brasiliensis (Brauacutenas) de ordem sapendalesda famiacutelia anacordiacease gecircnero schinapes satildeo aacutervores espinhentas e de comportamento deciacuteduo As maiores aacutervores atingem dimensotildees proacuteximas a 15 m de altura na idade adulta sendo uma das maiores aacutervores da caatinga As flores satildeo pequenas medindo de 3 mm a 4 mm de diacircmetro brancas glabras e suavemente perfumadas O fruto eacute uma drupa alada medindo de 3 cm a 35 cm de comprimento de coloraccedilatildeo castanho-claro e cheia de massa esponjosa A brauacutena apresenta crescimento lento a idade de corte daacute-se geralmente entre 20 a 30 anos Eacute uma espeacutecie nobre da caatinga como jaacute descrito e devido a grande variedade na sua utilizaccedilatildeo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Isso se seguiu ao quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido (EMBRAPA 2009) e aqui fica a preocupaccedilatildeo quem fiscaliza essa proibiccedilatildeo Em termos de comercializaccedilatildeo formal ateacute se admite haver fiscalizaccedilatildeo mas no dia a dia do campo frente agrave necessidade de espaccedilo para outras culturas e principalmente pastos acredita-se que quem sabe ignora e quem natildeo sabe considera sua derrubada um ato natural e sem nenhuma consequecircncia seja para o ambiente seja para eles mesmos

Objetivou-se analisar a Barauacutena em sua funcionalidade tanto natural quanto social inserida na aacuterea rural e urbana do municiacutepio de Calccedilado-PE num contexto sistecircmico atrelado a questotildees que envolvem o verde da paisagem principalmente rural Essa questatildeo ligada ao verde abre um amplo debate em vaacuterios segmentos do contexto ambiental e propotildee uma seacuterie de interconexotildees com vaacuterias aacutereas afins mas na pesquisa em questatildeo deu-se ecircnfase ao verde associado a uma funccedilatildeo social e natural Tem grande relevacircncia quanto a necessidade do municiacutepio conhecer e reconhecer a Barauacutena como aacutervore de importacircncia iacutempar para a sociedade e para o meio natural tambeacutem pela relevacircncia de se refletir e socializar a compreensatildeo do objeto de estudo para evidenciar e discutir a questatildeo da preservaccedilatildeo e da sua funccedilatildeo para a paisagem como parte de um sistema bem como servir de base para fundamentaccedilatildeo de pesquisas posteriores

O estudo foi realizado no municiacutepio de Calccedilado-PE o qual estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco (Figura 1) fazendo parte do semiaacuterido distante 2001 Km do Recife e destaca-se pela produccedilatildeo agriacutecola de feijatildeo A temperatura meacutedia anual eacute de 221 ordmC

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Figura 1 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Calccedilado - PE Adaptado por Raiacute Viniacutecius 2014

1 HISTOacuteRICO E CARACTERIZACAO DE CALCADO-PE

O nome Calccedilado originou-se de um boi preto cujas patas eram totalmente brancas chamado por isso ldquoO Boi Calccediladordquo O boi vivia solto e costumava pastar e descansar a sombra da aacutervore denominada barriguda Essa aacutervore existia onde eacute hoje o centro da cidade Daiacute resultou a expressatildeo ldquopara onde vais Vou para Calccediladordquo A cidade acha-se edificada em uma semiencosta declive de um oitizeiro

Em 1825 era uma fazenda de propriedade do senhor Bernadino Alves do Nascimento conhecido por Bernardo Pedra devido seu riacutegido caraacuteter Existiam quatro casas onde residiam os senhores Tomas Vieira Bernardino Alves do Nascimento Joatildeo Gonccedilalves e Joseacute Vieira

Foi construiacuteda uma capela sob a invocaccedilatildeo de Nossa Senhora de Lourdes Teve como bem feitor o senhor Bernardino que lhe doou a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e um sino recebidos de presente do Padre Moura em um dos vaacuterios passeios em sua residecircncia Doou ao mesmo tempo o terreno para que fizesse parte do patrimocircnio da Igreja cujos direitos continuam vigorando ateacute hoje Com auxiacutelio de sua santa protetora que se encontra atualmente na Igreja Matriz Calccedilado desenvolveu-se muito no decorrer dos anos

Em 1845 jaacute se achava bem povoado Existia um nuacutemero de noventa casas destacando-se as residecircncias dos senhores Cacircndido Alexandre e Joseacute Alexandre da Silva

Calccedilado foi no passado grande centro comercial e industrial com a faacutebrica de beneficiar algodatildeo pertencente ao saudoso Cacircndido Alexandre Passando a Vila em 1885 viveu muitos anos sob os domiacutenios de Canhotinho-PE sendo a maior fonte econocircmica e poliacutetica daquele municiacutepio

Em primeiro de fevereiro de 1932 foi elevado agrave categoria de Paroacutequia tendo como primeiro vigaacuterio o Padre Sizenando Saacute Barreto Sucederam-se outros padres os quais contribuiacuteram muito para o progresso do municiacutepio

Em iniacutecio de fevereiro de 1963 nasceu nos coraccedilotildees dos Calccediladenses um desejo de emancipaccedilatildeo Foram organizados os documentos necessaacuterios e enviados agrave Assembleia do Estado Logo se deu a formaccedilatildeo administrativa onde a divisatildeo referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Calccedilado No quadro fixado para vigorar no periacuteodo de 1944-1948 o distrito de Calccedilado permanece no municiacutepio de Canhotinho Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 01 de julho de 1960

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Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Calccedilado (Figura 1) ja evidenciado acima pela Lei Estadual nordm 4948 de 20- de dezembro de 1963 desmembrado de Canhotinho Sede no antigo distrito de Calccedilado Constituiacutedo do distrito sede Instalado em 22 de fevereiro de 1964 Em divisatildeo territorial datada de 01 de janeiro de 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo do distrito sede Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 2005 (IBGE 2013)

2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A pesquisa em si teve como base metodoloacutegica adotada o levantamento bibliograacutefico bem como a ida ao campo para observaccedilotildees e entrevistas algumas tendo como objetivo o resgate de histoacuteria oral que expressassem essa conotaccedilatildeo de diaacutelogo entre o objeto de estudo e o cotidiano das pessoas

Em termos de procedimento mostrou-se tambeacutem necessaacuterio agrave interdisciplinaridade no trato de questotildees expostas que emergiram no processo de evoluccedilatildeo do estudo bem como o uso da percepccedilatildeo como ferramenta de anaacutelise da paisagem a qual assume ser peccedila fundamental numa pesquisa voltada a temaacutetica sobre meio ambiente Houve tambeacutem aplicaccedilatildeo de questionaacuterios associados agrave entrevistas aos moradores proacuteximos do objeto de estudo e sempre que possiacutevel utilizou-se a maacutequina fotograacutefica para tomada de algumas fotos importantes na documentaccedilatildeo do trabalho de campo

Na identificaccedilatildeo da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado-PE inicialmente realizou-se uma busca aos siacutetios que estatildeo inseridos na aacuterea de estudo Procurou-se tambeacutem o conhecimento mesmo que preliminar dessa aacutervore na dinacircmica de cada localidade Cabe salientar ainda que esta pesquisa integrou trabalhos no Grupo de Estudos Sistecircmicos do SemiAacuterido do Nordeste ndash GESSANE compondo o projeto denominado ldquoO verde na paisagem agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo que visa obter um quadro da situaccedilatildeo do verde urbano e rural de municiacutepios na aacuterea de abrangecircncia de Garanhuns considerado polo educacional turiacutestico e comercial na microrregiatildeo considerada

3 PERSPECTIVAS E DISCUSSOtildeES DA BARAUacuteNA NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO- PE

Na pesquisa que foi desenvolvida houve a percepccedilatildeo da importacircncia da Barauacutena tanto para a sociedade quanto para a proacutepria dinacircmica natural No municiacutepio de Calccedilado foi encontrada a aacutervore em alguns dos siacutetios quais sejam o Siacutetio Pitombeira Boa Vista Mocoacutes Riacho Dantas Olho dacuteagua Velho e Vaacuterzea do Gado Cabe salientar que destes citados o Siacutetio Pitombeira se sobressai por uma quantidade maior de aacutervores dessa espeacutecie As fotos mostradas abaixo satildeo de barauacutenas no Siacutetio Pitombeira (Figuras 2 e 3)

Figuras 2 e 3 Barauacutenas no Sitio Pitombeira em Calccedilado ndash PE 2013 Foto Raiacute Viniacutecius 2013

O relacionamento dessa aacutervore com o ser humano remete a uma sensaccedilatildeo de lembranccedilas que por muitas vezes

gera apego pois se apresentam como objeto causador dessas lembranccedilas Caracterizando-se essa visatildeo de apego foi notado algumas caracteriacutesticas que revelam o forte sentimento de pertecimento com essas aacutervores e portanto absorve-

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se daiacute um cuidado maior que tornam algumas pessoas praticamente defensores tenazes das barauacutenas e de todas as aacutervores de grande porte do semiaacuterido

Espera-se no entanto que esses sentimentos percebidos tenham maior abrangecircncia e que esses valores consigam alcanccedilar outras geraccedilotildees de herdeiros coadunando-se assim com uma das mais importantes premissas da sustentabilidade ambiental a qual pode ser entendida como um principio

O principio da sustentabilidade coloca a preservaccedilatildeo e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais como condiccedilatildeo essencial para a reproduccedilatildeo socioeconoacutemica da sociedade seja ela urbana ou rural (MARTINS SOARES 2010 p 149 apud AMADOR 2011 p52)

Cabe agora abordar nessa discussatildeo a conceituaccedilatildeo de percepccedilatildeo e sua utilizaccedilatildeo nesta pesquisa e antes de fazer a relaccedilatildeo da percepccedilatildeo com a questatildeo ambiental eacute importante conhecer o que de fato eacute percepccedilatildeo

[] destina-seas formas em quehomem sentee entende oambiente(naturaleartificial) especialmenteinfluenciadopor fatores sociaise culturaisTrata-se deuma reflexatildeo sobre oniacutevel de conhecimentoe de sua organizaccedilatildeo os valores que foram colocadas sobremeio ambienteas preferecircnciasdo homem ea maneira em que as escolhassatildeo exercidase os conflitosresolvidos(ONU 1973 p 09)

O conceito de percepccedilatildeo ambiental num contexto mais amplo nas diferentes ciecircncias agrega na proacutepria discussatildeo ambiental uma conotaccedilatildeo subjetiva e carregada de atributos que a torna complexa envolvendo pontos de interseccedilatildeo entre a geografia e a psicologia para o surgimento da percepccedilatildeo

Eacute interessante notar como esse conceito tem estabelecido conexotildees entre um estudo sobre o meio fiacutesico afeito aos meacutetodos da geografia ou da arquitetura e uma reflexatildeo sobre as relaccedilotildees desse meio com a subjetividade proacutepria do instrumental psicoloacutegico Parece ser exatamente por se colocar no meio do terreno que esse conceito tem sido definido de maneira ora mais proacutexima agraves ciecircncias naturais ora mais proacutexima aos saberes que no passado foram chamados lsquociecircncias do espiacuteritorsquo Percepccedilatildeo ambiental eacute uma representaccedilatildeo cientiacutefica e como tal tem sua utilidade definida pelos propoacutesitos que embalam os projetos do pesquisador (PACHECO 2009 pag 19)

Para Tuan (1980) ldquoestudar a percepccedilatildeo leva o sujeito agrave compreensatildeo de si mesmordquo Assim eacute importante entender que a percepccedilatildeo no caso em que foi analisada assumiu uma postura das relaccedilotildees de afeto ao lugar onde fez-se necessaacuteria uma visatildeo sistecircmica dessa relaccedilatildeo

No caso especiacutefico da interpretaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de paisagens naturais construiacutedas e ecleacuteticas temos um avanccedilo significativo a partir do iniacutecio da deacutecada de 1980 estimulado pelos estudos inter e multidisciplinares na aacuterea das Ciecircncias Ambientais especialmente no campo da Ecologia de Paisagens influenciados pela visatildeo sistecircmica (GUIMARAtildeES 2009 p 4-5)

Importante salientar que a percepccedilatildeo ambiental natildeo toma para si uma anaacutelise das representaccedilotildees da realidade mas discute cientificamente perspectivas complexas que aparecem como fundamentais num contexto amplo

Discutir o conceito de percepccedilatildeo ambiental natildeo eacute portanto uma questatildeo de dizer quais das representaccedilotildees parecem corresponder melhor agrave realidade mas elucidar as perspectivas cientiacuteficas sociais ou poliacuteticas veiculadas atraveacutes da utilizaccedilatildeo desse conceito (EacuteSER HILTON 2006 p 7)

Eacute a partir da percepccedilatildeo ambiental que se pode pensar a paisagem como um centro de expansotildees e retraccedilotildees de nossos pensamentos e sentimentos O uso da percepccedilatildeo numa anaacutelise sobre o meio ambiente possibilita uma escuta de valores necessidades e expectativas sobre determinada unidade ambiental

A Barauacutena eacute uma espeacutecie da Caatinga e devido a grande variedade de sua utilizaccedilatildeo e de ser madeira considerada ldquonobrerdquo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Consequentemente isso acarretou o quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido e a pesquisa vecircm reafirmar veementemente esse fato

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Ressalta-se nesse ponto que de acordo com Tarsa (2008 p 33 ndash 34 apud ARRUDA 2013 p 97) ldquoa Caatinga eacute hoje uma das regiotildees do planeta mais ameaccediladas pela exploraccedilatildeo humana predatoacuteria e eacute uma das menos protegidasrdquo aleacutem de ser comprovadamente um dos ecossistemas de ecologia fraacutegil e pouco conhecido bem como sujeito ao processo de desertificaccedilatildeo como ja preconizado deacutecadas atraacutes pelo ecoacutelogo Vasconcelos Sobrinho

As discussotildees que envolvem as questotildees ambientais demandam atenccedilotildees no meio acadecircmico favorecendo assim o surgimento de pesquisas nas quais a complexidade presente nesse tema contribua para reflexatildeo da necessidade e importacircncia colaborativa tanto entre os professores das diversas aacutereas do conhecimento quanto para a populaccedilatildeo em geral pois se acredita que o trabalho sistecircmico e interdisciplinar que tambeacutem eacute complexo contribui na relaccedilatildeo intriacutenseca que existe entre o homem e o meio

Entatildeo a discussatildeo sobre a temaacutetica ambiental que se estendeu desde o naturalismo passando por vaacuterias vertentes do pensamento moderno e poacutes-moderno natildeo conseguiu tratar adequadamente desses dois segmentos da ciecircncia humana e natural de forma integrada mas que conforme o tempo passa cada vez mais se vai estreitando e ficando quase que impossiacutevel serem trabalhadas de forma segregada

Assim ao se descobrir que o meio ambiente afirma as complexas interrelaccedilotildees entre o social e o natural ambos em constante transformaccedilatildeo comeccedilam a surgir vaacuterias discussotildees no meio acadecircmico e o aparecimento de muitos trabalhos que evidenciam a problemaacutetica nesse contexto Torna-se relevante em consequecircncia uma ampla discussatildeo que se integre em diversas aacutereas do saber onde o pensamento complexo possa tomar para si o tema e abordar sob a oacutetica fundamental das relaccedilotildees que se estabelecem na discussatildeo de ambos os contextos perfazendo um caminho de diaacutelogo entre eles

O dialogo nesse contexto por sua vez exige o imaginaacuterio presente na sociedade e a humildade do pensar cientiacutefico Mas mesmo assim ainda considera-se insuficiente frente agrave falta de sensibilidade para questotildees dessa natureza vindas principalmente do setor administrativo em todas as esferas hieraacuterquicas o qual vive e segue o sistema econocircmico reinante em sua plenitude Constata-se que a realidade eacute ecossistemica e portanto dinacircmica ao mesmo tempo humana e subjetiva artificial e objetiva

Pensar nos fatos abordados calcados no sistemismo eacute pensar sob um vieacutes amplo e aberto ao dinamismo complexo que se estabelece a partir das variaacuteveis existentes das mais diversas aacutereas do conhecimento Nessa visatildeo que une as vertentes fiacutesicas agrave humana tem-se que adentrar em termos mais amplos onde a percepccedilatildeo que foi peccedila fundamental neste trabalho entrou em cena como um forte meio para execuccedilatildeo dos estudos Na Geografia a questatildeo da percepccedilatildeo ambiental se apresenta como um elo capaz de aproximar o sub-ramo fiacutesico ao humano e eacute atraveacutes dessa percepccedilatildeo que as discussotildees devem ser feitas com muita profundidade para o desenvolvimento de reflexotildees acerca do meio ambiente

4 SOCIEDADE versus NATUREZA

Pensar e refletir sob a perspectiva sistecircmica e complexa do meio ambiente com o uso da Barauacutena como elemento

fundamental talvez pareccedila num primeiro instante algo novo que traz uma possiacutevel busca de unir vertentes fiacutesica agraves humanas e que talvez suas raiacutezes estejam fincadas em solos rasos

Natildeo o que no entanto essa nova visatildeo traz eacute algo que vai muito aleacutem do que um simples olhar superficial e de aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas ultrapassadas para esse tipo de abordagem face ao desenvolvimento do conhecimento o que essa anaacutelise propotildee eacute um olhar amplo soacutelido e embasado numa discussatildeo que se estende nas mais diversas aacutereas do conhecimento e que natildeo se fecha a tomada de novas variaacuteveis pois estas enriquecem sem sombra de duacutevida aos questionamentos que movem o mundo cientiacutefico

O homem que se diz um ser cultural e assim o eacute tambeacutem tem que tomar para si consciecircncia de que ao mesmo tempo eacute natureza e essa visatildeo conjunta torna-o parte e protagonista do relacionamento com o ambiente afirmando a complexidade que existe nesse relacionamento carregado de fatos concretos e de valores impliacutecitos que os tornam fonte inesgotaacutevel de estudos sistecircmicos

A natureza em nenhuma hipoacutetese deve ser taxada como uma obra estaacutetica ou mesmo ateacute acabada ela antes de tudo eacute sempre algo que se renova e estaacute em uma contiacutenua transformaccedilatildeo acompanhando tambeacutem essa evoluccedilatildeo que o homem vive na atual configuraccedilatildeo social a qual caminha a humanidade Neste sentido a interferecircncia que o homem

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exerce sobre o meio vem aumentando gradativamente e sua influecircncia gera cuidados pois essa mesma influecircncia se caracteriza muitas vezes em accedilotildees erradas onde a agressatildeo e as formas estuacutepidas com que alguns agem fazem com que vidas da fauna e flora estejam correndo riscos eminentes como eacute o caso da Barauacutena uma bela e importante aacutervore do semiaacuterido que atualmente estaacute em risco de extinccedilatildeo

Ao se tratar de questotildees que envolvem a sociedade e a natureza natildeo se pretende aqui discutir as particularidades de cada uma ou mesmo dar prioridade a uma discussatildeo dissociada da outra O que se busca quando tratamos dessas temaacuteticas de forma conjunta eacute trazer os resultados dessa interaccedilatildeo e se fazer uma anaacutelise minuciosa de cada uma delas para formaccedilatildeo de um contexto que eacute mais amplo porque faz emergir a complexidade presente

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O pensamento complexo na questatildeo ambiental trazida principalmente por Edgar Morin vem ao encontro de uma

nova reflexatildeo sobre a questatildeo em pauta deixando de ser apenas natural e passando a se relacionar ao social proporcionando assim novas discussotildees e o surgimento de novos paradigmas em vaacuterias aacutereas do conhecimento aleacutem do conceito de uma organizaccedilatildeo sistecircmica quebrando preconceitos e tabus que pudessem existir sobre o meio ambiente e o uso dessa expressatildeo

Essa questatildeo abriu as portas ao despertar ecoloacutegico tratado por Alfredo Pena-Vega que calcado nas concepccedilotildees complexas do proacuteprio Edgar Morin escreveu sobre as intriacutensecas relaccedilotildees de dependecircncias e independecircncias do homem e do meio como integrante de um sistema e sem esquecer contudo da questatildeo da preservaccedilatildeo do meio ambiente que se tornou de relevante importacircncia devido aos muitos desequiliacutebrios ecoloacutegicos respaldado tambeacutem numa reorganizaccedilatildeo epistemoloacutegica colocada pelo Michel Foucault (1966) como salientado por Pena-Vega em sua obra ldquoO Despertar Ecoloacutegicordquo (2003) o que possibilitou novas visotildees sobre ecologia

Essa visatildeo de sistemas colocada para tornar o meio ambiente parte dinacircmica relacionada agrave accedilatildeo humana foi tido como principal meacutetodo de abordagem que evidenciasse justamente essa relaccedilatildeo existente entre o natural e o social pois na evoluccedilatildeo do pensamento geograacutefico desde sua sistematizaccedilatildeo com Humboldt que era naturalista e Ritter que descrevia as organizaccedilotildees espaciais dos homens sobre os diferentes lugares atrelaram-se a essas vertentes poreacutem com dissociaccedilotildees que ao mesmo tempo as separavam Mais tarde Ratzel propocircs uma visatildeo do determinismo dos lugares sobre o homem contrapondo-se a isso La Blache concebia as possibilidades que o homem poderia ter sobre o meio e a separaccedilatildeo entre elementos fiacutesico-naturais e elementos humano-sociais No entanto nenhuma dessas concepccedilotildees conseguiu inter-relacionar sistemicamente o homem com o meio natural

Seguindo-se a discussatildeo do pensamento complexo e a ideia de sistemas eacute notaacutevel que nem o meacutetodo positivista que natildeo conseguia associar a questatildeo fiacutesica agrave humana nem o marxismo que partia da criacutetica do homem e sua sociedade foram capazes de conceber em seus estudos as relaccedilotildees complexas do meio ambiente sendo a teoria de sistemas o principal meacutetodo encarregado do estudo dessa aacuterea Por volta dos anos 1930 surge a abordagem sistecircmica defendida e divulgada por Ludwig von Bertalanffy bioacutelogo alematildeo e que soacute deacutecadas depois teve a obra Teoria dos Sistemas difundida em praticamente todas as aacutereas da ciecircncia

Chegamos entatildeo a uma concepccedilatildeo que por oposiccedilatildeo ao reducionismo podemos denominar perspectivismo Natildeo podemos reduzir os niacuteveis bioloacutegico social e do comportamento ao niacutevel mais baixo o das construccedilotildees e leis da fiacutesica Podemos contudo encontrar construccedilotildees e possivelmente leis nos niacuteveis individuais [] O principio unificador e que encontramos organizaccedilatildeo em todos os niacuteveis (BERTALANFFY 2009 p 76)

Assim a barauacutena aacutervore tatildeo importante na dinacircmica natural do semiaacuterido eacute um grandioso e ao mesmo tempo

pequeno elemento de uma discussatildeo que abrange diversas concepccedilotildees e que busca essa imersatildeo harmoniosa na relaccedilatildeo do homem com seu meio

A pesquisa sem duacutevida alcanccedilou suas expectativas pois a cada passo dado pocircde-se desvendar essa fascinante dimensatildeo do envolvimento cotidiano e histoacuterico da vida do ser humano totalmente ligado a vida natural e nesse caso especifico ao elemento Barauacutena

110- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

REFEREcircNCIAS

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GUIMARAtildeES Solange T de Lima Percepccedilatildeo Ambiental Paisagem e Valores OLAM- Ciecircncia e Tecnologia Nordm 2 2009lt Disponiacutevel em HTTP www cecemcarcunespbrojsiacutendex-phpolamiacutendex- Acesso em 03062013

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrashomephpgt Acesso em 25 de novembro de 2013

MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e meio ambiente Francisco de Assis Mendonccedila 7 Ed ndash Satildeo Paulo Contexto 2004 ndash (caminhos da Geografia)

PACHECO SILVA Eacuteser e Hilton P Compromissos epistemoloacutegicos do conceito de percepccedilatildeo ambiental Programa EICOSUFRJ Departamento de Antropologia Museu nacional e programa EICOSUFRJ 2009

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo de Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

TUAN Yu Fu Topofilia Um Estudo da Percepccedilatildeo Atitudes e Valores do Meio Ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 111

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE

A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO

JOAtildeOPE

112- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE

SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carecircncia Se cada um tomasse o que lhe fosse necessaacuterio natildeo havia pobreza no mundo e ningueacutem morreria de fome

MAHATMA GANDHI11

Este capiacutetulo aborda reflexotildees sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) sob os pontos de vista ambiental e econocircmico inserida na aacuterea rural do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no acircmbito das questotildees verdes do Agreste Pernambucano atraveacutes da visatildeo sistecircmica Foi idealizado com o intuito de contribuir para uma melhor apreensatildeo sobre esta aacutervore cogitando suas relaccedilotildees no espaccedilo geograacutefico e agraacuterio na qual estaacute absorvida Tambeacutem com a finalidade de contribuir para um maior conhecimento da aacuterea de estudo

Objetivou-se com este trabalho identificar e esclarecer as relaccedilotildees e as funcionalidades que a Jurema Preta tem em seu ambiente natural inserida no municiacutepio em estudo Portanto as informaccedilotildees seratildeo de fundamental importacircncia para os leitores que se interessam pelos assuntos que remetem agraves questotildees ambientais em especiacutefico o verde no ambiente rural enquadrados no sistemismo e na geografia ambiental e conhecer um pouco sobre Satildeo JoatildeoPE

As informaccedilotildees contidas neste capiacutetulo satildeo fruto de uma pesquisa realizada no municiacutepio selecionado por meio de uma bolsa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica atraveacutes do PIBIC-ICUPECNPq2013-2014 Tambeacutem pela experiecircncia de vida do autor e por fontes de autores que tambeacutem trabalham a respeito da Jurema 1 DEFINICcedilAtildeO DA JUREMA PRETA E CARACTERIacuteSTICAS GERAIS

O objeto de estudo eacute a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) de sinocircnimo botacircnico Mimosa hostilisBenth espeacutecie arboacuterea-arbustiva pioneira tiacutepica e encontrada frequentemente no bioma Caatinga pertencente agrave

11 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 113

famiacutelia Fabaceae da ordem das Fabales ocorrendo nas regiotildees semiaacuteridas do Brasil principalmente nos estados do Nordeste brasileiro Tambeacutem eacute conhecida por calumbi em algumas regiotildees do Nordeste

Tem o nome de Jurema Preta para se diferenciar de outro tipo de jurema a Jurema Branca (Mimosa verrucosa ou Mimosa ophtalmocentra Mart Ex Benth) Vasconcelos Sobrinho (1970) define Jurema Preta afirmando que

A Mimosa hostilisBenth Jurema Preta ndash Leguminosa ndash eacute aacutervore de pequeno porte ateacute 5 metros de altura por 020 centiacutemetros de diacircmetro casca escura com acuacuteleos Madeira muito dura castanho-escura geralmente utilizada para carvatildeo em fundiccedilotildees dado o seu alto poder caloriacutefico (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

A Jurema Preta (Figura 1) se destaca pelas suas variadas formas de utilizaccedilotildees devido suas significativas potencialidades que vatildeo desde as suas raiacutezes ateacute suas folhas Dela satildeo feitos vaacuterios produtos de aproveitamento humano e animal

Figura 1 ndash Jurema Preta no siacutetio Vaacuterzea do Barro Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto acima pode ser observado que a Jurema tem um aspecto arboacutereo poreacutem isso vai depender do tipo de solo em que ela estaacute fixada Se for um solo muito pedregoso ficaraacute apenas um arbusto e seu crescimento seraacute limitado e com bastante galhos retorcidos que natildeo viraratildeo estacas Jaacute na imagem da figura 1 o solo eacute mais arenoso e isso faz com que ela cresccedila mais os galhos ficam retiliacuteneos proporcionando melhor qualidade as estacas e a copa fica mais frondosa

114- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na sua morfologia a Jurema tem seu tronco apresentando variaccedilatildeo entre 15-30 centiacutemetros de diacircmetro revestido com uma casca grossa escura rugosa e com espinhos Suas folhas (Figura 2) satildeo bipinadas compostas com 4-7 pares de folhas pinadas O conjunto dessas pinas se estende por hastes (talos) perifeacutericas de 2-4 cm de comprimento e eacute composto por 15-33 pares de foliacuteolos de 5-6 mm de comprimento cada um

Figura 2 ndash Folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

As flores (Figura 3) satildeo alvas pequenas de 4-8 cm de comprimentodispostas em espigas O fruto eacute uma vagem de tamanho pequeno (25-5 mm) e quebradiccedilo quando amadurecido Em cada vagem haacute cerca de 4-6 sementes estas satildeo de coloraccedilatildeo marrom apresentando forma oval e achatada com aproximadamente 3 mm de diacircmetro

Nesse contexto a flor da Jurema eacute muito importante para as abelhas e outros insetos que se alimentam do poacutelen e isso faz com que usem a aacutervore para fins apiacutecolas

Figura 3 ndash Flores e vagem da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

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Tanto as flores quanto as folhas tem um cheiro caracteriacutestico e forte que ao exalar atraem insetos que iratildeo se

alimentar do seu poacutelen promovendo assim a fecundaccedilatildeo e as sementes seratildeo disseminadas para outras aacutereas Sua floraccedilatildeo eacute bastante perceptiacutevel onde toda a copa da aacutervore fica florida (Figura 4)

Figura 4 ndash Jurema Preta em floraccedilatildeo siacutetio Vaacuterzea da Pedra Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Esta imagem mostra uma Jurema em floraccedilatildeo Seu aspecto fiacutesico eacute de um arbusto e de galhos retorcidos devido

ao local onde estaacute fixada O solo desse local apresenta o predomiacutenio de muitas rochas e com isso acarreta uma limitaccedilatildeo no crescimento das raiacutezes e consequentemente da planta 2 SAtildeO JOAtildeOPE ndash AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo eacute o municiacutepio de Satildeo Joatildeo (figura 5) pertencente ao Estado de Pernambuco situado na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do semiaacuterido pernambucano Administrativamente eacute constituiacutedo pelo distrito sede e pelos povoados de Frexeiras Taquari e Volta do Rio Distancia da capital 236 km atraveacutes da rodovia asfaltada deputado Joseacute Cardoso - PE 177 e a BR 423

116- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 5 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no Estado de Pernambuco

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes satildeo Jupi (24 km ao norte) Jucati (32 km ao norte) Palmeirina (31 km ao sul) Angelim (12 km a leste) e Garanhuns (16 km a oeste) O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Sua emancipaccedilatildeo poliacutetica ocorreu em 25 de novembro de 1958 pela lei nordm 3280 A instalaccedilatildeo do municiacutepio soacute veio a ocorrer em 1962 devido a questotildees poliacuteticas As terras onde o municiacutepio se originou eram pertencentes agrave fazenda Burgos de Manuel da Cruz Vilela Naquelas terras formou-se o Siacutetio Satildeo Joatildeo nome este devido a uma capela dedicada a Satildeo Joatildeo que posteriormente tornou-se povoado e em 1885 figura como distrito de Garanhuns

Satildeo Joatildeo estaacute localizado a uma latitude 08ordm52rsquo32rsquorsquo sul e a uma longitude 36ordm22rsquo00rsquo oeste com altitude de 716 metros Seu bioma eacute a Mata Atlacircntica e se encontra incluiacutedo na unidade geoambiental das Superfiacutecies Retrabalhadas com relevo dissecado e vales profundos Apresenta vegetaccedilatildeo composta por Florestas Subperenefoacutelias e com partes de Florestas Hipoxeroacutefilas No mapa a seguir (Figura 6) mostra o tipo de vegetaccedilatildeo da regiatildeo que no caso predomina a Floresta Estacional Semidecidual

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Figura 6 ndash Mapa mostrando o tipo de vegetaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo-PE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Em relaccedilatildeo agrave hidrografia o municiacutepio insere-se nos domiacutenios da bacia hidrograacutefica do rio Mundauacute e tem como principais afluentes o rio Inhauacutema e os riachos do Papagaio Volta do Rio de Dentro do Tamborim e Mocambo todos de regime intermitentes Ademais conta ainda com a Barragem da Onccedila e o Accedilude Municipal localizada a 1 km do centro da cidade e localizado no proacuteprio centro urbano respectivamente

Os tipos de solos predominantes satildeo o NeossoloRegoliacutetico e o Argissolo Amarelo O mapa a seguir (Figura 7) mostra os tipos e a localizaccedilatildeo destes

Figura 7 ndash Mapa de solos de Satildeo JoatildeoPE Fonte Adaptaccedilatildeo Renner Rodrigues 2013

118- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O clima predominante nesta regiatildeo onde se encontra Satildeo Joatildeo segundo o Plano Territorial de Rede Produtiva ndash

PTRP eacute o Tropical Semiuacutemido ndash Quente com meacutedia maior que 18degC em todos os meses do ano (04 e 05 meses secos) Eacute tambeacutem encontrado o clima Tropical Semiuacutemido ndash Subquente com meacutedia entre 15degC e 18degC em pelo menos 01 mecircs por ano (04 e 05 meses secos) o que eacute caracterizado como micro clima ndash regiatildeo de Garanhuns (PTRP 2012 p 21)

O mapa representado na figura 8 mostra o clima e o micro clima (circulado em vermelho) predominante na parte onde Satildeo Joatildeo estaacute inserido

Figura 8 ndash Tipos de climas do Agreste Meridional

Fonte PTRP 2012

A base da economia do municiacutepio gira em torno da produccedilatildeo agropecuaacuteria tendo produccedilatildeo agriacutecola atual de feijatildeo

milho e mandioca onde antes eram as culturas de cafeacute algodatildeo e cana-de-accediluacutecar A cultura do feijatildeo eacute a que mais se destaca dando a Satildeo Joatildeo o status de maior produtor de feijatildeo da regiatildeo e do Estado de Pernambuco Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o destaque maior eacute a criaccedilatildeo de gado bovino para corte e leite Entretanto tambeacutem satildeo comercializados caprinos ovinos suiacutenos e aves Estas criaccedilotildees satildeo negociadas na feira local (Parque da Feira de Animais de Satildeo Joatildeo) e em feiras de municiacutepios vizinhos a exemplo Capoeiras Garanhuns e Lajedo

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2010 sua populaccedilatildeo absoluta foi de 21312 habitantes com estimativa de 22162 para 2013 A aacuterea da unidade territorial eacute de 258334 kmsup2 Possui densidade demograacutefica de 8250 (habkmsup2)

No turismo o municiacutepio de Satildeo Joatildeo se destaca pelas belezas naturais que se encontram na parte sul do municiacutepio (tambeacutem conhecida popularmente por zona da mata ou simplesmente mata) cita-se como exemplo a Bica do Matatildeo e Barragem Inhumas salientando-se que na Inhumas haacute trilhas de cunho ecoloacutegico proacuteximo agrave cidade estaacute a Barragem da Onccedila (Figura 9) que aleacutem de ser parte dos recursos hiacutedricos do municiacutepio tambeacutem pode ser encontrado resquiacutecios da Mata Atlacircntica com grande biodiversidade Ainda no contexto haacute o Accedilude Municipal que se encontra na cidade sendo um cartatildeo postal e ponto turiacutestico do municiacutepio

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Figura 9 ndash Barragem da Onccedila Siacutetio Olho Drsquoaacutegua da Onccedila Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto satildeo mostrados aspectos das margens da Barragem da Onccedila ao seu redor eacute percebe-se a vegetaccedilatildeo predominante e o relevo se apresenta com algumas elevaccedilotildees acentuadas

No aspecto cultural cita-se o carnaval o qual eacute considerado o melhor da regiatildeo pelos foliotildees do municiacutepio e de cidades proacuteximas Tem as festividades juninas tanto na aacuterea rural quanto na aacuterea urbana No espaccedilo rural tem a Quadrilha Milharal com mais de 20 anos de tradiccedilatildeo No dia 07 de setembro tem a comemoraccedilatildeo da Independecircncia do Brasil com desfile ciacutevico das escolas municipais das particulares e da escola estadual onde abordam temas relevantes ao puacuteblico que as assistem e haacute as apresentaccedilotildees das Bandas Marciais Mirim e dos Ex-Alunos no dia 25 de novembro tem a comemoraccedilatildeo da emancipaccedilatildeo poliacutetica data muito importante para os satildeo-joanenses

Outras manifestaccedilotildees culturais ainda ocorrem a exemplo da literatura de cordel onde tem-se grandes cordelistas no municiacutepio entre eles ressalta-se a senhora Santina Izabel o senhor Joatildeo Pimentel Joseacute de Souza Zumba (Gonccedilalo) entre outros e grupos de danccedilas que tentam resgatar e manter as raiacutezes das culturas dos nossos antepassados fazendo suas apresentaccedilotildees na cidade e em outros espaccedilos disseminando a cultura local

No municiacutepio haacute tambeacutem grande influecircncia do turismo religioso pois eacute comum vaacuterios turistas irem visitar o povoado de Frexeiras no qual se encontra o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras com a imagem de Santa Quiteacuteria e o museu

De acordo com a Rota da Feacute Pernambuco aponta-se o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria como um dos maiores centros de romaria do Nordeste abrigando o maior acervo de ex-votos de Pernambuco Salienta-se ainda que

Em propriedade particular eacute um dos mais importantes centros de romarias do Nordeste e abriga o maior acervo de ex-votos de Pernambuco A imagem da Santa foi trazida para a capela haacute mais de 200 anos e a sua guarda estaacute sob a responsabilidade da famiacutelia Guilherme da Rocha desde o seacuteculo XVIII A secular construccedilatildeo que abriga o santuaacuterio caracteriza-se pelo estilo de suas linhas calccedilada alta e um alpendre amplo que serve para abrigar os romeiros No interior do casaratildeo encontra-se a nave principal onde estaacute o altar com a imagem de Santa Quiteacuteria toda coberta por adornos em ouro doados em reconhecimento pelas graccedilas alcanccediladas A Festa de Santa Quiteacuteria ponto culminante das romarias acontece anualmente em setembro com grande participaccedilatildeo popular (ROTA DA FEacute PERNAMBUCO s d)

No ambito do turismo religioso encontra-se o Bloco Jesus Me Sacoleje criado em setembro de 2005 pelo paacuteroco da Igreja Catoacutelica (Paroacutequia de Satildeo Joatildeo BatistaDiocese de Garanhuns) o Padre Seacutergio Tenoacuterio de Oliveira Desde entatildeo o bloco conta com 9 ediccedilotildees arrastando multidotildees pelas principais ruas da cidade trazendo grandes nomes da muacutesica catoacutelica para os fieis e evidenciando a feacute catoacutelica na regiatildeo O percurso eacute feito a peacute seguindo o trem eleacutetrico realizando

120- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

oraccedilotildees e reflexotildees A saiacuteda eacute em frente ao Accedilude Municipal com sentido a Praccedila de Eventos de Satildeo Joatildeo onde eacute realizado um grande show finalizando as atividades do evento

A escolha do municiacutepio para estudo se deu pelo fato do autor ser residente de Satildeo Joatildeo e viver no municiacutepio desde a infacircncia ate a vida adulta bem como pelo municiacutepio estar incluiacutedo no semiaacuterido do Nordeste Tambeacutem pelas relaccedilotildees afetivas com o ambiente material no qual o individuo estaacute inserido fazendo-se uma alusatildeo agrave topofilia de Yi-Fu Tuan geoacutegrafo chinecircs e professor de Geografia de vaacuterias Universidades Ocidentais e que em sua literatura diz que

A palavra ldquotopofiliardquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definida em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mas muito mais intensa que eacute subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o locus de reminiscecircncias e o meio de se ganhar a vida (TUAN 1980 p 107)

Eacute nesta perspectiva de sentimentos para o lugar que o municiacutepio foi selecionado Daiacute a importacircncia dada para

tambeacutem estudaacute-lo jaacute que o objeto de estudo a Jurema Preta se encontra em abundacircncia nos domiacutenios do espaccedilo geograacutefico tratado

3 UTILIDADES DA JUREMA PRETA EM SAtildeO JOAtildeO

No espaccedilo rural do municiacutepio de Satildeo Joatildeo-PE esta aacutervore se encontra em grande abundacircncia Ela eacute encontrada isolada ou agrupada onde recebe o nome de juremais sendo vista em vaacuterias aacutereas (siacutetios) e compondo a paisagem do municiacutepio e por efeito do Agreste de Pernambuco (RODRIGUES AMADOR 2013 p 183)

Embora a Jurema Preta seja uma aacutervore tiacutepica do bioma Caatinga verificou-se a sua abundacircncia em Satildeo Joatildeo que se encontra inserida no bioma Mata Atlacircntica segundo o IBGE Isso acontece devido o municiacutepio estar situado na faixa de transiccedilatildeo entre os dois biomas mencionados Portanto eacute comum a presenccedila de elementos que satildeo caracteriacutesticos dos dois domiacutenios morfoloacutegicos na aacuterea de estudo 31 Carvatildeo e lenha

Uma praacutetica comum feita por agricultores da regiatildeo eacute a extraccedilatildeo de lenha para as casas-de-farinha e para as

padarias onde seus fornos satildeo movidos agrave lenha principalmente a lenha oriunda da Jurema pelo seu alto teor caloriacutefico Para a fabricaccedilatildeo do carvatildeo aleacutem da lenha tambeacutem se usa a madeira que tem boa qualidade para tal finalidade

A madeira bom poder calorifico em funccedilatildeo do alto peso especiacutefico baacutesico que eacute de 091gcmsup3 o que classifica como excelente madeira para o carvatildeo (FARIAS 1984 p 84)

Aleacutem disso usam-se estas lenhas nas proacuteprias casas domiciliares em ldquofogotildeesrdquo feitos de barro onde se utiliza tanto a lenha quanto o carvatildeo Essa praacutetica de utilizar ldquofogotildees agrave lenhardquo jaacute foi bastante intensa entretanto natildeo se faz mais como antes porque a lenhacarvatildeo foi substituiacuteda pelo gaacutes butano o popular gaacutes de cozinha

O carvatildeo produzido da Jurema eacute feito em caieiras (Figura 10) de maneira artesanal Pegam-se a madeira e coloca dentro de uma vala feita em qualquer espaccedilo na propriedade Depois cobre com areia e palha apoacutes isso ateia fogo e com certo periacuteodo essa madeira se transforma em carvatildeo

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Figura 10 ndash Caieira artesanal no siacutetio Vaca Morta Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto da figura 10 foi retratada a caieira feita na propriedade utilizando madeira da proacutepria Sua construccedilatildeo eacute simples de fazer natildeo precisa de muita matildeo de obra e natildeo tem custo algum

O carvatildeo eacute uma renda extra para pequenos agricultores familiares que tem juremais em suas propriedades Ele eacute bem procurado pois o da Jurema eacute o melhor em relaccedilatildeo a outros tipos de madeiras As partes da Jurema onde se faz o carvatildeo satildeo as raiacutezes mais grossas e o tronco sendo este a parte mais apropriada para fabricaccedilatildeo devido a sua densidade A saca do carvatildeo custa em meacutedia R$ 2400 tomando-se como referencia o mecircs de dezembro de 2013

311 Cercas

Por ter madeira densa (densidade 112 gcmsup3) pesada de grande durabilidade natural e muito resistente a pragas esses atributos possibilitam aos residentes da aacuterea rural de Satildeo Joatildeo utilizar a Jurema de vaacuterias maneiras Atraveacutes do corte de seu tronco se obteacutem estacas (Figura 11) ou mourotildees depedendo de seu diacircmetro Com esse material satildeo construiacutedas e feitas manutenccedilatildeo de cercas (Figura 12) onde podem ser utilizadas para currais cercados para pastagens de criaccedilotildees e tambeacutem a usam para delimitaccedilatildeo das propriedades

Com cerca de 45 anos jaacute se pode obter estacas onde custam em meacutedia R$ 700 Jaacute os mourotildees variam de preccedilos de R$ de 1000 a R$ 2000 por unidade referencia de preccedilo dezembro de 2013

122- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 11 Estacas de Jurema Figura 12 construccedilatildeo de cercas com as mesmas

Fotos Renner Rodrigues 2013 Fotos Renner Rodrigues 2013

Nas fotos das figuras 11 e 12 acima eacute mostrada estacas da Jurema que posteriormente foram construiacutedas cercas de arame farpado com as proacuteprias com o intuito de demarcar territoacuterio No caso isso aconteceu no siacutetio Vaacuterzea do Barro e a propriedade media 2 hectares 312 Sombra

Outra utilidade da Jurema eacute a sombra para os animais (Figura 13) jaacute que eacute comum ter a aacutervore em meio agrave pastagem e em dias quentes os animais descansam debaixo da sua sombra

Figura 13 ndash Bovinos descansando debaixo de uma Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

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Na foto pode ser observado bovinos descansando nas imediaccedilotildees de vaacuterias Juremas que estatildeo localizadas no siacutetio Vaacuterzea da Pedra em Satildeo JoatildeoPE

Nesse contexto entra em questatildeo do bem estar animal onde o local que estaacute a sombra se torna um lugar agradaacutevel e tranquilo deixando o animal bem acomodado e em pleno sossego Dessa forma eis que surge o valor da Jurema Preta dada a importacircncia para o sombreamento dos animais e para o solo

313 Alimentaccedilatildeo

Por suas folhas serem palataacuteveis muitos animais (Figura 14) buscam na Jurema uma alternativa a mais para saciar sua fome Ela eacute bastante procurada pelos caprinos ovinos e em algumas vezes os bovinos

Figura 14 ndash Caprinos se alimentando de folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto se tem a observaccedilatildeo de caprinos comendo as folhas do talo da Jurema eles comem tanto que fica somente o talo sem folha nenhuma 314 Abrigo

Na questatildeo do abrigo se observou que vaacuterias aves como o anu a garrincheira a casaca de couro a rolinha entre outros constroem seus ninhos entre os galhos da Jurema (Figura 15) e a confecccedilatildeo destes ninhos eacute feito com gravetos da proacutepria aacutervore principalmente aqueles gravetos mais secos e espinhosos que caem no chatildeo onde estes espinhos protegem os ovos e os filhotes dos predadores naturais

124- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 15 ndash Ninho de casaca de couro

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto acima a abordagem de um ninho de casaca de couro em uma Jurema feito atraveacutes de galhos da proacutepria

315 Relaccedilotildees com outras espeacutecies e com outras aacutervores nativas e exoacuteticas

A vegetaccedilatildeo arboacuterea de Satildeo Joatildeo se encontra muito alterada pela accedilatildeo antroacutepica principalmente na parte norte onde a regiatildeo fitogeograacutefica eacute a Agreste onde cada vez mais a vegetaccedilatildeo nativa vem dando espaccedilo as roccedilas feitas pelos produtores rurais O municiacutepio tem duas regiotildees fitogeograacuteficas o Agreste e a Mata Uacutemida (Figura 16)

Figura 16 ndash Mapa da fitogeografia do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

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Na parte Agreste existem pequenas propriedades de agricultores familiares que em suas terras plantam aacutervores frutiacuteferas como a jaqueira mangueira o cajueiro entre outras ficando apenas esse tipo arboacutereo na paisagem predominando mais uma vegetaccedilatildeo arbustiva com gramiacuteneas jaacute que as terras satildeo agricultaacuteveis e os produtores acreditam que as aacutervores atrapalham o crescimento das lavouras e retiram as aacutervores deixando as propriedades em campos abertos Isso acontece devido a falta de informaccedilatildeo da importacircncia da vegetaccedilatildeo arboacuterea na propriedade

Em relaccedilatildeo agrave Jurema no Agreste nos juremais haacute uma grande diversidade de aves e insetos que ali se reproduzem e vivem em consonacircncia com a aacutervore Jaacute na Mata Uacutemida tambeacutem se encontra aacutervores frutiacuteferas poreacutem diferente do Agreste em vez de serem pequenas propriedades observa-se que eacute bastante comum a existecircncia de fazendas e nelas predominam mais aacutervores caracteriacutesticas da Mata Atlacircntica E em relaccedilatildeo a Jurema tambeacutem haacute a predominacircncia dela pelas propriedades

No contexto ambiental sua importacircncia se daacute pela relaccedilatildeo do espaccedilo convivido com outras aacutervores nativas como o cajueiro o mulungu e as cactaacuteceas nativas a exemplo o mandacaru (Cereus jamacaru) e facheiro tambeacutem a exoacutetica Algaroba (Prosopisjuliflora) (Figura 17)

Figuras 17 ndash Relaccedilatildeo da Jurema com o mandacaru

Foto Renner Rodrigues 2013

Aleacutem disso outros vegetais animais insetos e aves se relacionam com a Jurema Tem-se na foto da figura 17 a

associaccedilatildeo da Jurema com o Mandacaru (no plano de fundo) Cabe considerar a relaccedilatildeo da Jurema com a Algaroba no sentido de benefiacutecio muacutetuo o que eacute relevante pois

muitos acreditam que a Prosopis inibe a presenccedila de espeacutecies nativas caracterizando a invasatildeo bioloacutegica Em Satildeo Joatildeo pode-se observar com frequecircncia a presenccedila da algarobeira em meio ao juremal proveniente de uma propagaccedilatildeo de sementes acredita-se por via animal

126- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

4 OUTRAS UTILIDADES NUM CONTEXTO GERAL

Aleacutem das raiacutezes da Jurema Preta poder ser utilizadas na produccedilatildeo de carvatildeo tambeacutem satildeo usadas para se fazer uma bebida que igualmente eacute chamada de Jurema ou o Vinho da Jurema para os adeptos de religiotildees africanas o Candombleacute por exemplo Acreditam que quando tomam essa bebida teratildeo bons sonhos Natildeo soacute os religiosos mas tambeacutem os iacutendios fazem esse tipo de bebida

De acordo com Vasconcelos Sobrinho (1970) da casca de suas raiacutezes faziam certas tribos de iacutendios ndash Carajaacutes e outras ndash bebida estupefaciente e alucinatoacuteria com caracteriacutesticas semelhantes agrave dos ampliadores de consciecircncia (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

Ademais a Jurema Preta eacute a leguminosa para ser introduzida com sucesso nas pastagens sem a proteccedilatildeo de suas mudas e na presenccedila do gado (DIAS SOUTO 2007 p 268) 5 METODOLOGIA

A metodologia materializa-se pelo levantamento bibliograacutefico bem como a ida a campo para observaccedilatildeo

Mostrando-se necessaacuterio a interdisciplinaridade para se refletir sobre questotildees mostradas no projeto jaacute que foram utilizadas vaacuterias aacutereas do conhecimento Houve tambeacutem registros fotograacuteficos para tomadas de cenas importantes

Desse modo foram feitas reflexotildees sistecircmicas a partir de cada funcionalidade que o objeto de estudo apresenta em seu espaccedilo abordando suas relaccedilotildees e importacircncia para os animais e os humanos 6 VINCULACcedilAtildeO E BASES TEOacuteRICAS

Esta pesquisa estaacute vinculada a um projeto maior o projeto Guarda Chuva intitulado ldquoO Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo de autoria da Profordf Drordf Mordf Betacircnia M Amador que visa analisar o verde em aacutereas urbanas e rurais de forma sistecircmica por municiacutepio selecionado no meu caso Satildeo Joatildeo Tambeacutem visando contribuir para um melhor conhecimento da regiatildeo e o aperfeiccediloamento em termos de iniciaccedilatildeo cientiacutefica dos discentes do Curso de Licenciatura em Geografia da UPE Garanhuns Amador (2011) com base em Morin (2005) e Vasconcellos (2002) afirma que

Pensar complexamente requer trabalhar com o objeto em contexto ampliar o foco e conseguir visualizar sistemas amplos Tira-se o foco exclusivo do elemento e incluem-se as relaccedilotildees O contexto diz respeito entatildeo agraves relaccedilotildees entre os elementos envolvidos (AMADOR 2011 p 99)

Eacute nesta perspectiva de pensar complexamente que se pode ter subsiacutedios para melhor compreensatildeo sobre as funcionalidades interaccedilotildees e a importacircncia da Jurema Preta na paisagem agreste do espaccedilo rural de Satildeo Joatildeo

O sistemismo por sua vez nos traz a ideia de sistemas E esses sistemas vatildeo de um todo organizado e nesse todo se analisa os elementos e as accedilotildees que estaratildeo relacionados entre si

O pensamento sistecircmico eacute contextual ou seja o oposto do pensamento analiacutetico requer que para se entender alguma coisa seja necessaacuterio entendecirc-la como tal e em um determinado contexto maior ou seja como componente de um sistema maior que eacute o tambeacutem chamado ambiente (AMADOR 2011 p 90)

Tem-se por base referencial as literaturas da Profordf Drordf Maria Betacircnia Amador (Sistemismo e Sustentabilidade Questatildeo Interdisciplinar e Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas) de Edgar Morin (Introduccedilatildeo ao pensamento complexo) de Alfredo Pena-Vega (O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa) de Vasconcelos Sobrinho (As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo)tambeacutem Iniciaccedilatildeo em Pesquisa Cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas de Aureacutelio Molina et al entre as principais

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) atraveacutes de bolsa de Iniciaccedilatildeo Cientifica PFAPIBICCNPq entre o periacuteodo de agosto de 2013 agrave julho de 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 127

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Mesmo apresentando todo esse potencial a Jurema Preta vem a cada dia sendo erradicada por vaacuterios fatores entre eles o mais comum o avanccedilo da agropecuaacuteria onde a derrubada dos juremais para a produccedilatildeo agriacutecola e pecuaacuteria eacute evidenciada Neste caso os agricultores acreditam que a Jurema atrapalha no desenvolvimento da vegetaccedilatildeo rasteira como o capim e as gramiacuteneas na pecuaacuteria principalmente Jaacute na agricultura acreditam ser a Jurema a vilatilde da maacute germinaccedilatildeo das culturas de milho feijatildeo e mandioca onde as sementes mal germinam e quando germinam com o tempo natildeo sobrevivem

Pela pesquisa verificou-se que suas folhas seriam uma alternativa a mais na alimentaccedilatildeo do gado em eacutepocas de secas prolongadas por ser palataacutevel eacute uma opccedilatildeo de forragem Poreacutem natildeo se precisaria cortar a aacutervore por inteiro para obter as folhas cortar-se-ia ou podar-se-ia apenas parte da mesma a qual viria a rebrotar novamente

Vale salientar que eacute possiacutevel trabalhar com os recursos naturais ancorados nos princiacutepios da sustentabilidade e ainda simultaneamente preservando estes recursos renovaacuteveis que a natureza nos oferece de modo que natildeo seja de maneira predatoacuteria Tambeacutem garantindo uma renda extra para o sustento das famiacutelias de agricultores que se aportem no manejo sustentaacutevel da Jurema Preta Basta apenas conhecer saber utilizar respeitar e natildeo deixar que acabe para que outras geraccedilotildees futuras possam tambeacutem usufruir

Assim eacute dada importacircncia agrave Jurema Preta aacutervore de uso diversificado Poreacutem pouco estudada e pouco discutida a sua relevacircncia para o municiacutepio E nesse contexto de pouca discussatildeo os produtores rurais acabam erradicando todas as aacutervores de suas propriedades e em consequecircncia disso a Jurema vem sendo reduzida do seu ambiente natural dando espaccedilo agraves principais atividades econocircmicas do municiacutepio a agricultura e a pecuaacuteria

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

________ O pensamento de Edgar Morin e a geografia da complexidadeRevista Cientiacutefica ANAP Brasil n 2 ano 2 ndash p 60-76 2009

DIAS PF SOUTO SM Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) Leguminosa arboacuterea recomendada para ser introduzida em pastagens em condiccedilotildees de mudas sem proteccedilatildeo e na presenccedila do gado Revista da FZVA Uruguaiana v 14 n 1 p 258-272 2007 Disponiacutevel em lthttprevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfzvaarticleviewFile24921951gt Acesso em 19 ago 2013

FARIAS W L F A Jurema Preta (Mimosa hostilis Benth) como fonte energeacutetica do semi-aacuterido do Nordeste-carvatildeo 1984 128 f Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba PR 1984 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbrdspacebitstreamhandle188425171D2020FARIA20WASHINGTON20LUIZ20FONSECApdfsequence=1gt Acesso em 18 ago 2013

GANDHI Mahatma Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 Histoacuterico de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em lthttpwww1ibgegovbrcidadesatpainelhistoricophplang=ampcodmun=261320ampsearch=pernambuco|sao-joao|infograficos-historicogt Acesso em 11 jan 2014

128- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 ndash Populaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em httpwww1ibgegovbrcidadesatxtrasperfilphplang=ampcodmun=261320gt Acesso em 11 jan 2014

MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

PLANO TERRITORIAL DE REDE PRODUTIVA ndash PTRP Rede Territorial Produtiva do Feijatildeo Agreste Meridional e Central Estado de Pernambuco RecifePE 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwproruralpegovbrdownloadsPTRT20FeijaoPTRP20FEIJAOpdfgt Acesso em 13 jan 2014

PREFEITURA DE SAtildeO JOAtildeO Dados gerais do municiacutepio Disponiacutevel em lthttpsaojoaopegovbrdados-gerais-do-municipiogtAcesso em 30 dez 2013

RODRIGUES R R V AMADOR M B M Reflexotildees Sistecircmicas sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) com enfoque no municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 181-186 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleviewFile556581gt Acesso em 20 jan 2014

ROTA DA FEacute PERNAMBUCO Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras Disponiacutevel em lthttpwwwrotadafepecombrdetalhephpc=1amps=2ampid=29gt Acesso em 13 jan 2014

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Recife CONDEPE 1970 (Reimpressatildeo 2005)

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Fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Boliacutevia nordm 88 Jardim Ameacuterica

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Organizadora

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O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

1ordf Ediccedilatildeo

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Amador Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco Urbano e Rural ndash Tupatilde ANAP 2014 ISBN

1 Pernambuco 2 Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural 4 Geografia Fiacutesica I Tiacutetulo

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Presidente Sandra Medina Benini Vice-Presidente Allan Leon Casemiro da Silva 1ordf Tesoureira ndash Maria Aparecida Alves Harada

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2ordf Secretaacuteria ndash Elisacircngela Medina Benini

Foto da Capa Ana Maria Severo Chaves

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A481o O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco Urbano e Rural Maria Betacircnia Moreira Amador (org) ndash Tupatilde ANAP 2014

130 p il Color 297 cm

ISBN - 978-85-68242-00-1

1 Pernambuco 2 Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural I Tiacutetulo

CDD 900 CDU 91347

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Diana da Cruz Fagundes Bueno

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Joatildeo Cacircndido Andreacute da Silva Neto

Joatildeo Osvaldo Nunes

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Joseacute Carlos Ugeda Juacutenior

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Junior Ruiz Garcia

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Rafael Montanhini Soares de Oliveira

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Sandra Medina Benini

Socircnia Maria Marchiorato Carneiro

6- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Sumaacuterio

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 7

Sumaacuterio

Prefaacutecio

09

Apresentaccedilatildeo

11

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

16

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

34

Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

ThamyllysMyllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

47

8- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

62

Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

79

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

102

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (MIMOSA TENUIFLORA) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

111

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 9

Prefaacutecio

10- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Prefaacutecio

O verde arboacutereo como expressatildeo dos recursos naturais renovaacuteveis eacute um segmento notaacutevel no que se refere a abordagem temaacutetica quer sob a conotaccedilatildeo de recurso de capital quer sob a de benesses paisagiacutesticas climaacuteticas e demais recurso que sob os ditames da Matildee Natureza dissemina-se espontaneamente sendo a partir daiacute fortemente suplementada pela accedilatildeo humana levando-se em conta as aptidotildees regional-locais Tal disseminaccedilatildeo portanto aleacutem de obedecer por exemplo agravescondiccedilotildees edaacuteficas espraia-se em particular como atributo cultural do meio em que se insere Eacute gostar-se do verde natildeo soacute para se admirar mas em particular eacute gostar-se devido ao fato de se conhecer

Os resultados acadecircmicos expostos ao niacutevel municipal apresentados sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Maria Betacircnia M Amador constitui natildeo soacute exemplificaccedilatildeo de iniciativa profiacutecua que disciplina e ao mesmo tempo motiva academicamente um elenco de orientandos mas tambeacutem demonstra correto encaminhamento de produccedilatildeo individual que se desdobra em coletiva que engrandece tanto elaboradores como o ente institucional ao qual se encontram vinculados A isso se juntando o requisito eacutetica que com certeza norteia as premissas do grupo em apreccedilo a combinaccedilatildeo vecirc-se elevada ao niacutevel de excepcionalidade fruto por assim dizer do plantio adequado de outrora combinado com salutar reproduccedilatildeo presente

O potencial da ideia em termos de grupo e entidade deve ser por demais ressaltado reflete melhoria na produccedilatildeo de recursos humanos e institucionais tatildeo escassas nesses velhos tempos as dimensotildees acadecircmica e de gestatildeo municipal face iniciativasdo gecircnero podem evoluir consolidar-se e ateacute expandir-semesmo que por via indireta - tudo isso sem abdicar de concepccedilotildees como persistecircncia abnegaccedilatildeo otimismo atributos que devem sempre estar presentes na transiccedilatildeo de sonho para realidade O elenco produtor ora referido estaacute enfim de parabeacutens de modo particular por sua contribuiccedilatildeo apontar para a transiccedilatildeo mencionada sem nenhuma inibiccedilatildeo no que toca expor sua condiccedilatildeo potente

Pedro Amador - Economista Professor licenciado da UPE Campus Garanhuns

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 11

Apresentaccedilatildeo

12- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Apresentaccedilatildeo

Se pensarmos soacute em uma aacutervore talvez fique a sensaccedilatildeo de estarmos pensando pequeno Mas se pensarmos nas aacutervores dos quintais dos jardins das calccediladas das ilhas das avenidas dos parques da imensa massa verde que existe em vaacuterias cidades teremos a sensaccedilatildeo gratificante de estar trabalhando por um ambiente melhor mais saudaacutevel sustentaacutevel estaremos trabalhando pelas aacutervores pela vida

Paulo de Tarso Batista1

O estudo do verde eacute de fundamental importacircncia para se entender a organizaccedilatildeo do espaccedilo tanto rural quanto urbano No semiaacuterido do nordeste do Brasil por exemplo especificamente em aacutereas do Agreste de Pernambuco verifica-se que em ambos os espaccedilos urbano e rural haacute uma niacutetida falta de conexatildeo entre o verde e o homem devido ao fato de se perceber que os elementos componentes da flora nativa e da paisagem tiacutepica dos sertotildees passam a dar lugar ao exotismo das palmas e gramiacuteneas para a formaccedilatildeo de pastagens nas aacutereas rurais enquanto que na area urbana a arborizacao e o paisagismo passam a ser compostos predominantemente de exoacuteticas nas calccediladas e outros espaccedilos puacuteblicos ficando os cultivos de plantas nativas ou natildeo ornamentais ou medicinais restritas aos quintais e jardins os quais se aproximam da flora local Assim objetivou-se fazer estudos nesses espacos da situaccedilatildeo presente buscando-se evidenciar o contra-senso ou paradoxo da relaccedilatildeo homemnatureza pela perspectiva sistecircmica de anaacutelise da paisagem Para tanto teve-se a colaboraccedilatildeo de bolsistas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica que estudaram em particular seus municiacutepios de origem fazendo-se entatildeo articulaccedilotildees entre as diferentes realidades encontradas para o entendimento da complexidade a qual envolve a sustentabilidade que se delineia frente agraves contradiccedilotildees do discurso ambiental mediante a cultura jaacute estabelecida do nordeste seco Os aportes metodoloacutegicos compreendem fundamentalmente a observaccedilatildeo norteada pela percepccedilatildeo aplicaccedilatildeo de formulaacuterios aos habitantes dos referidos municiacutepios analisados tomada de histoacuteria de vida em alguns casos e registros fotograacuteficos das diversas situaccedilotildees encontradas Optou-se pela abordagem sistecircmica para encadear e articular os procedimentos aleacutem de se considerar viaacutevel para o amalgamento da base teoacuterica calcada na teoria da complexidade de Morin Os resultados apresentados apontam para uma concepccedilatildeo de verde que nao condiz com o ambiente semiarido e nem tampouco com as ideias de sustentabilidade Pode-se citar que como se pode verificar nos textos que compoem esse trabalho observa-seum afastamento da flora local e nativa pela preferecircncia dada agraves espeacutecies exoacuteticas em ambos os ambientes rural e urbano Tambeacutem se ressalta o pouco apreccedilo que se percebeu da populaccedilatildeo em geral em relaccedilatildeo aos elementos verdes ou seja apesar de expressarem preocupaccedilotildees com a natureza aacutervores entre outros natildeo praticam a observaccedilatildeo valorativa do espaccedilo atraveacutes da imagem e simbologia que as aacutervores em especial representam Cabe ainda considerar nesse contexto a pouca importacircncia dada pelas gestotildees municipais em termos de melhoramento conservaccedilatildeo e ou preservaccedilatildeo de um patrimocircnio puacuteblico e considerado pela legislaccedilatildeo como bem difuso da populaccedilatildeo que eacute o verde seja rural ou urbano Pressupotildee-se portanto que tratar do verde em qualquer espaccedilo eacute colaborar para a construccedilatildeo de um ambiente mais adequado e mais sustentaacutevel

O contexto atual em termos de se pensar a sustentabilidade do planeta favorece reflexotildees sob diversas abordagens praticas teoacutericas e metodoloacutegicas tambeacutem em niacuteveis locais e regionais Logo o semiaacuterido nordestino brasileirodemanda estudos nos quais os resultados contribuam em alguma escala para as dimensotildees educacionais politicas administrativas entre outras

A temaacutetica que se insere traz a tona elementos que identificam certa discrepacircncia evidenciada na relaccedilatildeo homem

1 Disponivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 13

natureza no acircmbito urbano e tambeacutem rural em termos de vegetaccedilatildeo Natureza que na concepccedilatildeo de Moscovici (2007 p 28) eacute pensada agrave semelhanccedila de um arco-iacuteris ldquoeu sei que a natureza natildeo tem nada de verde nem de cinza que ela representa na verdade uma paleta infinita de cores Ela eacute para noacutes a ideia que compreende todos os caminhos possiacuteveis no tempo entre o acaso e a necessidade limitanterdquo Assim o semiaacuterido nordestino e o homem sertanejo foram na linha do tempo associados ao sofrimento e ao cinza da paisagem da caatinga Costumeiramente rotulados com o fardo histoacuterico do determinismo parecendo natildeo haver saiacuteda ou soluccedilatildeo Pensamento que vem gradativamente se modificando pelas inuacutemeras iniciativas publica eou privadas de mostrar que a convivecircncia com e no semiaacuterido eacute possiacutevel desde que se encontrem persistentes formas de desenvolver a aacuterea produzindo e vivendo com respeito a essa natureza atentando para suas fragilidades

Na trilha desse movimento engaja-se tambeacutem com pesquisa sobre o verde urbano e rural sobre alguns municiacutepios do agreste de Pernambuco utilizando-se a estrateacutegia de agregar subprojetos que oportunizam aos acadecircmicos bolsistas de iniciaccedilatildeo cientifica a experiecircncia de estudar o verde de seus municiacutepios de origem seja urbano ou rural Nesse contexto importa que mediante leituras dirigidas de cunho sistecircmico os mesmos percebam a importacircncia do lugar e suas paisagens articulando os conceitos com a dinacircmica evidenciada na relaccedilatildeo do citadino morador transeunte proprietaacuterio rural com o verde em sua volta quase fazendo lembrar a organizaccedilatildeo do cristal com sua rigidez mineral e a chama da vela decompondo-se pela fumaccedila tomando-se Atlan (1992 p9) como referencia

Os estudos sistecircmicos visam contextualizar a realidade ressaltando as teias que estatildeo preacute-estabelecidas e aquelas que estatildeo se formando cujas tramas possibilitam uma melhor compreensatildeo da situaccedilatildeo por natildeo se limitar na extenuante busca da causa ndash efeito mas contribui para o questionamento do ser pensante e da sociedade sobre os elos com a natureza num mundo cada vez mais sem tempo pelo trabalho que se impotildee

Logo eacute fato que as paisagens urbanas e rurais satildeo reflexos dessa forma de relacionamento ecologia x economia ao mesmo tempo em que a afetividade com o lugar principalmente pela falta ou pela pouca experiecircncia eou vivencia propicia certo afastamento praticamente sem culpa ou responsabilidade maior com os bens capitais naturais e concorda-se com Serres quando ele afirma que a sociedade encontra-se num momento de assinatura de um contrato

Trata-se da necessidade de rever e de voltar a assinar o mesmo contrato social primitivo Este diz-nos respeito para o melhor e para o pior segundo a primeira diagonal sem mundo agora que sabemos associar-nos perante o perigo precisamos de conceber ao longo da outra diagonal um novo pacto a assinar com o mundo o contrato natural Cruzam-se assim os dois contratos fundamentais (SERRES 1990 p 31 - 32)

Ou seja a busca da compatibilidade harmoniosa entre o verde endecircmico e o verde exoacutetico deveria ser melhor considerado Natildeo eacute porque se estaacute num municiacutepio interiorano que se despe a paisagem urbana das conotaccedilotildees da vegetaccedilatildeo do entorno de certa forma negando-a mas pelo contrario os elementos verdes presentes naturalmente no local prestam-se bem ao paisagismo desde que este enquanto atividade da administraccedilatildeo municipal seja adequadamente planejado e gerido podendo inclusive ser concatenado com o exotismo de outras espeacutecies

As pesquisas apresentadas nesse livro tem como ancoradouro a proposta de estudar o verde do Agreste de Pernambuco especialmente o Agreste Meridional tendo-se Garanhuns e municiacutepios proacuteximos como locais de estudo desde que estejam inseridos no semiaacuterido cujo mapa (Figura 1) apresenta nova configuraccedilatildeo politica

Aleacutem dos 1031 municiacutepios jaacute incorporados passam a fazer parte do semiaacuterido outros 102 novos municiacutepios [] Com essa atualizaccedilatildeo a aacuterea classificada oficialmente como semiaacuterido brasileiro aumentou de 8923094 km2 para 9695894 km2 um acreacutescimo de 866 Minas Gerais teve o maior nuacutemero de inclusotildees na nova lista - dos 40 municiacutepios anteriores vai para 85 variaccedilatildeo de 1125 A aacuterea do Estado que fazia anteriormente parte da regiatildeo era de 272 tendo aumentado para 517de acordo com a Secretaria de Poliacuteticas de Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (2005 p 05)

A regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro (Figura 1) corresponde aproximadamente a 135 do territoacuterio Se caracteriza pelas irregularidades pluviomeacutetricas e temperaturas elevadas apresentando o clima BSh tomando-se como referencia a classificaccedilatildeo de Koppen Os solos em geral podem ser caracterizados como siacutelico argiloso e apresenta ainda uma alta radiaccedilatildeo solar baixa nebulosidade media anual de temperatura elevada baixas taxas de umidade relativa e evapotranspiraccedilatildeo elevada Esse conjunto de caracteriacutesticas propicia o fato de que a maioria dos rios dessa regiatildeo seja intermitente (ABILIO FLORENTINO 2011 p 42 ndash 43)

14- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 1 Mapa do Semiaacuterido BrasileiroFonte Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

Disponiacutevel emlt httpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_aridopdfgt Acesso em 08 nov 2011

O levantamento bibliograacutefico foi dirigido para assimilaccedilatildeo de cada proposta uma vez que os sub projetos tem

accedilatildeo similar e simultacircnea mas com realidades diferenciadas encontrando- se no conteuacutedo interdisciplinar as bases necessaacuterias ao enfoque integrado da questatildeo do verde urbano eou rural Aplicou-se a teacutecnica da observaccedilatildeo associada agrave aplicaccedilatildeo de formulaacuterios em todos os casos nos diferentes municiacutepios Constitui-se o formulaacuterio predominantemente de perguntas fechadas dirigidos aos atores presentes por ocasiatildeo da abordagem

Os dados apresentados os quais foram estudados agrave luz da literatura disponiacutevel sobre o assunto e associados sempre que possiacutevel ao registro fotograacutefico contribuindo assim na documentaccedilatildeo da informaccedilatildeo proporcionaram conclusotildees algumas parciais outras consideradas de caraacuteter mais concreto e final as quais podem ser uteis para fomentar novos estudos e accedilotildees Registra-se ainda que em alguns casos utilizou-se a teacutecnica de histoacuteria de vida

A aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica foi e continua sendo um dos pontos relevantes dessa pesquisa Tecnicamente as representaccedilotildees dos sujeitos baseados em suas ldquohistoacuterias de vidardquo satildeo fundamentais para o entendimento da questatildeo pois soacute eacute possiacutevel chegar aos aspectos do cotidiano desses sujeitos que vivem em seus municiacutepios seja na aacuterea urbana ou rural atraveacutes de suas memorias

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 15

Segundo Meihy (1996) a histoacuteria de vida constitui-se numa metodologia que trata a narrativa do conjunto de experiecircncias de vida de uma pessoa Trata-se de um tipo de busca que visa a utilizaccedilatildeo de fontes orais em diferentes propoacutesitos para adquirir um melhor entendimento do que se almeja com a referida pesquisa sendo importante frisar que considera-se ser uma maneira inovadora de se tratar a temaacutetica do verde sob abordagem sistecircmica e interdisciplinar

Espera-se que os relatos advindos por ocasiatildeo da coleta das histoacuterias orais possam por meio da memoacuteria dos sujeitos e dos processos dinacircmicos ocorridos em suas vidas trazer agrave tona elementos substanciais das relaccedilotildees destes com os conteuacutedos do local onde reside associados ao verde

Enfatiza-se tambeacutem que este meacutetodo possibilita extrair da comunidade conhecimentos exclusivo daquela aacuterea Assim por meio da subjetividade e do simbolismo haacute uma grande contribuiccedilatildeo para a pesquisa em seu acircmbito qualitativo Atraveacutes dos fatos e dos aspectos identitaacuterios emergem os objetos ou seja a fala os gestos as accedilotildees se constituindo desse modo num registro que guarda uma diversidade profunda de manifestaccedilotildees inerentes agrave trajetoacuteria do sujeito em que sua vida cultural foi constituiacuteda

Assim a metodologia que se apresenta tem um caraacuteter dinacircmico coadunando-se com a visatildeo sistecircmica e interdisciplinar posiccedilotildees teoacutericondashmetodoloacutegicas atualmente em ascensatildeo nos meios acadecircmicos principalmente

Assim sendo contempla-se nesse trabalho resultados de trabalhos e subprojetos referentes aos municiacutepios de Canhotinho Correntes Calcado Garanhuns Jupi Satildeo Joatildeo e Venturosa todos na regiatildeo semiaacuterida do agreste pernambucano Registra-se ainda que os mesmos serao dispostos ao longo do livro em ordem alfabetica dos principais autores

No mais espera-se estar disponibilizando um conteudoutil e atualizado para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o assunto tratado bem como enriquecer o conhecimento existente para os municipios contemplados nessa empreitada

REFERENCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado FLORENTINO Hugo da Silva Ecologia e conservaccedilatildeo ambiental no semiaacuterido In

Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFPB 2011

ATLAN Henri Entre o cristal e a fumaccedila ensaio sobre a organizaccedilatildeo do ser vivo Traduccedilatildeo de Vera Ribeiro Rio de

Janeior Jorge Zahar Ed 1992

BATISTA Paulo de Tarso O meio ambiente as cidades as arvores urbanas e a sbau In Sociedade Brasileira de

Arborizaccedilatildeo 2010 Dispnivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Mapa do Semiaacuterido Brasileiro Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MEIHY Carlos Sebe Bom manual de histoacuteria oral Loyola Satildeo Paulo1996 Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MOSCOVICI Serge Natureza para pensar a ecologia 2 ed Traducao de Maria Louise Trindade Conilh de Beyssac e

Regina Mathieu Rio de Janeiro Mauad X Instituto Gaia 2007

SERRES Michel O contrato natural Traduccedilatildeo de Serafim Ferreira Lisboa Portugal Instituto Piaget 1990

16- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM

AGRESTE DE CORRENTES-PE

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 17

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

Futuramente soacute seraacute concebiacutevel uma natureza de dupla pilotagem a natureza deve ser pilotada pelo homem mas este por sua vez deve ser pilotado pela natureza Os dois co-pilotos embora heterogecircneos satildeo absolutamente inseparaacuteveis

Edgar Morin 2

O verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE eacute uma temaacutetica que foi trabalhada durante dois anos atraveacutes dos projetos de pesquisas ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo em 2012 e ldquoO Verdedas Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo em 2013 Projetos que tiveram como principal objetivo averiguar o verde existente no municiacutepio diagnosticando a importacircncia da presenccedila vegetal arboacuterea ou natildeodos espaccedilos urbanos puacuteblicos e particulares na paisagem urbana de Correntes-PE atraveacutes da abordagem sistecircmica

O desenvolvimento desses projetos de pesquisas resultou em alguns trabalhos apresentados e publicados que de forma sucinta tambeacutem estatildeo no corpo do presente capiacutetulo Ressalta-se a relevacircncia de estudos sobre o verde urbano para um melhor entendimento da presenccedila da massa verde na cidade bem como sua funcionalidade e contribuiccedilatildeo para um ambiente urbano mais saudaacutevel e beneacutefico agrave populaccedilatildeo As pesquisas satildeo de ordem qualitativo-quantitativa cujo meacutetodo pauta-se na observaccedilatildeo e na percepccedilatildeo Assim procurou-se sempre manter um diaacutelogo e participaccedilatildeo em cada etapa das pesquisas e no decorrer dos estudos realizados O trabalho que se apresenta situa-se no acircmbito da ciecircncia Geograacutefica atraveacutes da sua categoria de anaacutelise paisagem

Nesta perspectiva a paisagem agreste do municiacutepio de Correntes eacute uma fonte da subjetividade na qual se desenvolve relaccedilotildees afetivas com o meio onde a populaccedilatildeo interage com os ambientes que lhe eacute disponiacutevel mantendo com esses espaccedilos laccedilos afetivos Considerando-se a paisagem urbana como reflexo da interaccedilatildeo dos indiviacuteduos em sociedade eas construccedilotildees hierarquizadas espelhando de certa forma um espaccedilo subjetivo sentido e vivido por cada habitante de maneira particular e em grupo formando assim uma identidade com o lugar em constante interaccedilatildeo sistecircmica

2 MORIN 1991 apud DARDEL 2011 p 69

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1 CORRENTES-PE

Correntes eacute um municiacutepio relativamente pequeno com 17419 habitantes (IBGE 2010) que passou a fazer parte da nova delimitaccedilatildeo do Semiaacuterido em 2005 Sua economia eacute baseada na agricultura pecuaacuteria e comeacutercio em geral Sua histoacuteria eacute como em muitas outras cidades interioranas e ribeirinhas se deu por motivos religiosos onde em 1826 o portuguecircs Antocircnio Machado Dias abastado fazendeiro que residiu onde hoje eacute a cidade de Correntes-PE fez construir uma igreja dedicada ao santo de seu nome Esse fato atraiu grande nuacutemero de pessoas que se foram agrupando em torno do templo formando a povoaccedilatildeo que tomou o nome de Barra de Correntes localizada as margens do Rio Correntes e do Rio Mundauacute posteriormente passou a se chamar Correntes nome que tecircm origem no rio de trecircs nascentes (que se chama 3 correntes) sendo entatildeo denominado de rio das Correntes 12 Localizaccedilotildees do Municiacutepio de Correntes-PE e Seus Aspectos Geograacuteficos

O municiacutepio (figura 1) estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco limitando-se a norte com Garanhuns e Palmeirina ao sul com o Estado das Alagoas a leste com o Estado das Alagoas e a oeste com Lagoa do Ouro A aacuterea municipal ocupa 2841 km2 e representa 029 do Estado de Pernambuco Distante 2577 km da capital cujo acesso eacute feito pela BR-101 PE-126177187 e BR-424

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Correntes-PE

A vila de Correntes fora criada pela lei provincial nordm204 em julho de 1848 foi o primeiro territoacuterio desmembrado do municiacutepio de Garanhuns que passava agrave categoria de municiacutepio O municiacutepio foi criado em 27051879 pela Lei Provincial no 1423 sendo formado pelos distritos de Correntes (sede) e pelos povoados de Poccedilo Comprido de Pau Amarelo e Olho dAgua do Gois Anualmente no dia 27 de agosto Correntes comemora a sua emancipaccedilatildeo politica

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Correntes-PE estaacute inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema formada por maciccedilos e outeiros altos com altitude variando entre 650 a 1000 metros Ocupa uma aacuterea de arco que se estende do sul de Alagoas ateacute o Rio Grande do Norte o relevo eacute geralmente movimentado com vales profundos e estreitos dissecados 2 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ESTUDO DO VERDE URBANO DE CORRENTES-PE O tema verde urbano eacute um referencial para a sociedade em geral quando o assunto se refere agraves questotildees ambientais Quando se pretende melhorar as condiccedilotildees ambientais das cidades a arborizaccedilatildeo quase sempre eacute a primeira opccedilatildeo isso eacute devidoagraves diversas funcionalidades e benefiacuteciosadvindos da arborizaccedilatildeo diante de um ambiente artificial e jaacute degradado pelas accedilotildees antroacutepicas direcionadas a um desenvolvimento econocircmico que deixa o meio ambiente quase sempre de lado Em relaccedilatildeo agrave paisagem urbana Amador destaca que

No tocante aacutes paisagens urbanas tem-se uma longa histoacuteria relacionada ao verde e este transformando espaccedilos elaborando-se e reelaborando-se paisagens podendo-se ressaltar algumas informaccedilotildees que tomadas em consequecircncia evidenciam tempos e espaccedilos repletos de diferentes propoacutesitos e ideologias (AMADOR 2013 p 119)

Logo cabe considerar que a paisagem urbana tem nos elementos verdes sejam arboacutereos ou natildeo um de seus alicerces de bem-estar conforto e beleza Poreacutem esses atributos nem sempre satildeo percebidos pela populaccedilatildeo que quando se refere ao verde residencial (verde em espaccedilos particulares) presente em quintais jardins e calccediladas o associa com algo trabalhoso e em alguns casos ateacute mesmo perigoso Essa percepccedilatildeo leva a populaccedilatildeo em geral a erradicar principalmente aacutervores de suas calccediladas bem como procuram deixar seus quintais livres ou com pouca vegetaccedilatildeo Porem no que se refere ao verde puacuteblico presente em praccedilas e canteiros centrais a populaccedilatildeo natildeo dialoga a sua importacircncia para o meio ambiente urbano e pouco eacute esclarecido sobre a relevacircncia dessa presenccedila bem como sobre a funcionalidade de tais espaccedilos introduzidos no meio ambiente urbano Mesmo todos sabendo que se retiroudestruiu a natureza para sua concretizaccedilatildeo ou melhor o trabalho de paisagismo o qual introduz a natureza na forma de arborizaccedilatildeo eou aacutereas verdes Esse ato faz parte da tentativa de reverter uma problemaacutetica ambientalque surgiu quando o homem considerou-se ser capaz de viver em um espaccedilo puramente construiacutedo e artificial poreacutem ele percebeu que a natureza em seus diversos acircmbitos eacute necessaacuteria a seu bem-estarno desenvolvimento de uma vida saudaacutevel ao mesmo tempo de um ambiente urbano mais sadio Esse espaccedilo construiacutedo segundo Eric Dardel (2011) tem sua principal importacircncia ligada ao habitar do homem Espaccedilo artificial no qual o homem eacute moldado em suas condutas haacutebitos costumes ideias e sentimentos ldquopor esse horizonte artificial que se viu nascer crescer escolher sua profissatildeordquo (DARDEL 2011 p 27) Assim a cidade seja pequena ou grande objeto da construccedilatildeo humana na forma de sociedade em que o homem eacute criado e socializado encontra nas aacutereas verdes e espaccedilos arborizados elementos naturais que proporcionamagrave populaccedilatildeo ter uma vida mais saudaacutevel contribuindo para um melhor desenvolvimento ambiental E a visatildeo geograacutefica em relaccedilatildeo ao espaccedilo urbano e interaccedilotildees que ocorrem no mesmo mostra a possibilidade de melhor interpretaccedilatildeo da complexidade dos espaccedilos e atraveacutes do enfoque sistecircmico das inter-relaccedilotildees do espaccedilo vivido e o individuo que o vive levando em conta tudo que o cerca visivelmente ou natildeo mas que integra a experiecircncia do ambiente urbano em seu todo artificial com a introduccedilatildeo da natureza que o homem constroacutei para usufruir de uma melhor qualidade de vida Assim Camargo relata

O espaccedilo vivido caracteriacutestico da corrente humanista relaciona-se com a dimensatildeo da experiecircncia humana dos lugares ou com a maneira como o sujeito percebe o objeto [] remete o geoacutegrafo a interpretar toda a complexidade existente em cada regiatildeo [] O cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locais (CAMARGO 2008 p 100 ndash 101)

Tambeacutem tem-se em Tuan (1980) em sua obraTopofilia que refere-se a todos os laccedilos afetivos do ser humano com o meio ambiente pois segundo ele ldquoo meio ambiente eacute o veiacuteculo de acontecimentos emocionante fortes ou eacute percebido como um siacutembolordquo (TUAN 1980 p 107) Assim o meio em que o homem estaacute inserido representa muito mais

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do que um meio fiacutesico do qual ele retira suas necessidades o meio ambiente seja urbano ou outro representa um lugar de relaccedilotildees emocionais e de pertencimento adquiridos atraveacutes das vivencias 21Contribuiccedilotildees da Massa Verde Urbana para a Cidade A presenccedila das aacutereas verdes urbanas possibilitam diversos benefiacutecios que se pode enunciar de acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS 2011 p 21)que destaca a arborizaccedilatildeo das cidadescomo uma estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos e importante diante dediversos aspectos como o ecoloacutegico histoacutericocultural social esteacutetico e paisagiacutestico contribuindo para

A manutenccedilatildeo da estabilidade microclimaacutetica O conforto teacutermico associado agrave umidade do ar e agrave sombra A melhoria da qualidade do ar A reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo A melhoria da infiltraccedilatildeo da aacutegua no solo evitando erosotildees associadas ao escoamento superficial das

aacuteguas das chuvas A proteccedilatildeo e direcionamento do vento A proteccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e do solo A conservaccedilatildeo geneacutetica da flora nativa O abrigo agrave fauna silvestre contribuindo para o equiliacutebrio das cadeias alimentares diminuindo pragas e

agentes vetores de doenccedilas A formaccedilatildeo de barreiras visuais eou sonoras proporcionando privacidade O cotidiano da populaccedilatildeo funcionando como elementos referenciais marcantes O embelezamento da cidade proporcionando prazer esteacutetico e bem-estar psicoloacutegico O aumento do valor das propriedades A melhoria da sauacutede fiacutesica e mental da populaccedilatildeo

No referido manual ainda eacute destacado a sistematicidade e complexidade da organizaccedilatildeo urbana pois ldquoos seres humanos constroem seus ambientes dentre eles a cidade cujoequiliacutebrio necessita ser mantido artificialmente pelo planejamento urbanovisando evitar consequecircncias indesejaacuteveisrdquo (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS2011 p 20) Assim a cidade eacute sistecircmica uma vez que seus variados aspectos e sistemas interagem em si e entre si por isso a cidade precisa ser compreendida como uma totalidade interacional e complexa porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitasrelaccedilotildees que nela se estabelecem pois a complexidade pode ser entendida como ldquoAgrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidadesrdquo (MORIN 2005 p35) Mas a complexidade tambeacutem desafia nossas possibilidades de caacutelculo ldquo[] ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios A complexidade num certo sentido sempre tem relaccedilotildees com o acasordquo (MORIN 2005 p35) e esse acaso estaacute presente nas relaccedilotildees que satildeo estabelecidas na sociedade A complexidade ultrapassa suas proacuteprias fronteiras vai desde o quantitativo ao subjetivo tendo um campo amplo do conhecimento que natildeo satildeo todos passiveis de quantificaccedilatildeo e verificaacuteveis mas tambeacutem indeterminados em seu entendimento antes compreendidos em si que pode-se ver nas relaccedilotildees urbanas Diante dessas colocaccedilotildeesentende-se que o verde urbano deva ser estudado de forma sistecircmica e complexa Assim Amador (2013 p 26) argumenta que ldquoLogo a complexidade a instabilidade e a intersubjetividade constituem em conjunto uma visatildeo de mundo sistecircmicardquo Entatildeo eacute atraveacutesda interaccedilatildeo dos diversos espaccedilos arborizados (quintais jardins e calccediladas) com as aacutereas verdes (praccedilas e canteiros centrais) em suas relaccedilotildees sistecircmicas que possibilitam acompreensatildeo da proeminecircncia presente na massa verde urbana Em consonacircncia Santosacentua que

Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) que muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as puacuteblicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando tambeacutem

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as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo (SANTOS 2001 2002 p 1-2)

Nessa perspectiva soacute atraveacutes do estudo dos diversos espaccedilos urbanos com a presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea ou natildeo quese pode verificar a importacircncia da arborizaccedilatildeo para o meio ambiente urbano como um todo 3 O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE quintais jardins e calccediladas O presente toacutepico refere-se ao primeiro projeto de pesquisa desenvolvido sobre o verde urbano do municiacutepio de Correntes-PE acerca do verde presente nas residecircncias atraveacutes dos estudos dos espaccedilos disponiacuteveis paraa arborizaccedilatildeo que satildeo os quintais jardins e calccediladas O principal objetivo foi ldquodiagnosticar como os moradores cuidam de seus jardins quintais e aacutervores das calccediladas atraveacutes da verificaccedilatildeo dos cuidados que eles tecircm com a arborizaccedilatildeo de suas casasrdquo Assim foi possiacutevel estabelecer um diaacutelogo durante a pesquisa com as diversas percepccedilotildees da populaccedilatildeo referentes agravetemaacutetica em estudo diagnosticando o quantoa presenccedila da arborizaccedilatildeo eou vegetaccedilatildeo eacute um fator importante parao meio ambiente urbano que no entendimento de Resende e Souza eacute ldquoa concepccedilatildeo de equiliacutebrio ambiental e fortalecimento das sensaccedilotildees de bem-estar e o definido paraiacuteso eacute simbolizado pela aacutervore ao passo que essa produz a reestruturaccedilatildeo do conforto e manteacutem uma relaccedilatildeo de proximidade sensorial ou emotiva do homemrdquo (REZENDE SOUZA 2009 p 55) Poreacutem nem todas as pessoas sabem desfrutar desses lazeres em seus lares pois associam a presenccedila arboacuterea e vegetal agrave outros fatores que lhes causam receio ou medo Em estudos realizados sobre o verde no municiacutepio de Correntes-PE foi verificado que o verde existente em quintais jardins e calccediladas nas ruas que constituem a aacuterea central do municiacutepio de Correntes-PE mas que estaacute cada vez mais escasso e um dos fatores que contribui com esse fato eacute a falta de incentivo e conhecimento dos benefiacutecios proporcionados pelo verde (CHAVES AMADOR 2012) Essa colocaccedilatildeo eacute relevante e adveacutem da falta de informaccedilatildeo sobre a arborizaccedilatildeo residencial fato que leva as pessoas a suprir essa presenccedila em seu lar sob outro ponto de vista pautado na relaccedilatildeo com a natureza Outros moradores mesmo de forma inadequada mantem sua aacutervore usufruindo assim de seus benefiacutecios conhecidos Nesse contexto foi verificado que poucos moradores satildeo esclarecidos sobre a importacircncia e funcionalidade da arborizaccedilatildeo e vegetaccedilatildeo presente em suas casas e que por vezes se encontra dividida em determinados espaccedilos da casa 31 Perspectivas dos Quintais Urbanos em Correntes-PE Os quintais de forma geral tem uma similaridade com os espaccedilos livres da Idade Meacutedia jaacute que nesse periacuteodo ocorreu o maior interesse em se cultivar espeacutecies frutiacuteferas e ornamentais em espaccedilos livres internos agraves residecircncias (LOBODA DE ANGELIS 2005) E dentre as principais funccedilotildees dos quintais domeacutesticos em Correntes-PE encontra-seo cultivo de frutiacuteferas de ervas hortaliccedilas legumes entre outros verificando-se que o desenvolvimento de tal atividade possibilita que os proacuteprios moradores disponham de tais elementos e assim possam utiliza-los na alimentaccedilatildeo e em outras atividades como a medicina caseira tornando-se desnecessaacuteria a compra do que se possui no quintal e em consequecircncia passa a ser um auxilio financeiro para a famiacutelia e ou comunidade local Mas de acordo com os estudos desenvolvidos no municiacutepio em tela alguns moradores desconsideram esse fator que de acordo com os estudos desenvolvidos por Ambroacutesio Peres e Salgado (1996) os mesmos constataram a sua contribuiccedilatildeo agrave alimentaccedilatildeo bem como sua contribuiccedilatildeo para a renda familiar Ressaltam ainda a relevacircncia do quintal para a diversificaccedilatildeo dos alimentos presentes na alimentaccedilatildeo diaacuteria relatando que a ausecircncia do quintal pode ser um fator de restriccedilatildeo da dieta das pessoas principalmente quando refere-se a alimentos ricos em vitaminas minerais e fibras como hortaliccedilas e frutas Esse estudo evidencia o quanto os quintais domeacutesticos tecircm uma ampla utilidade na vida das pessoas que os possuem Principalmente quintais com um pomar de frutas ou verduras que proporcionam um ambiente rico em benefiacutecios no acircmbito familiar ajudando na alimentaccedilatildeo atraveacutes principalmente do cultivo de produtos mais sadios para as famiacutelias sem o uso de agrotoacutexicos

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E como resultado da pesquisa sobre quintais verificou-se que as principais frutiacuteferas encontradas nos quintais satildeo Goiabeira (Psiduimguajava) laranjeira (Citrussinensis) bananeira (Musa spp) e mamoeiro (Caricapapaya) entre outras Poreacutem pode-se ver na tabela 1 a heterogeneidade das espeacutecies de plantas cultivadas nos quintais estudados

Principais plantas Utilizaccedilatildeo Motivos

Frutiacuteferas Alimentaccedilatildeo Familiar Para servir de alimento para a famiacutelia e ajudar a economizar

Ervas medicinais Produccedilatildeo de Remeacutedios Caseiros

Curar doenccedilas sem precisar ir ao meacutedico como gripes dor de cabeccedila febres etc

Temperos Tempero para as Comidas Auxiliar na alimentaccedilatildeo

Plantas ornamentais Enfeites Por que gostaacha bonito Tabela 1 Quintais Domeacutesticos em Correntes-PE

Fonte Pesquisa de campo 2012

Salientando-se que os cuidados com as espeacutecies vegetais dos quintais satildeo irrigar adubar e em minoria

pulverizar algum produtocontra insetos fungos ou outrotipo de praga Mas tambeacutem verificou-se que haacute pessoas que nem se datildeo ao trabalho de cuidar de seus quintais e quando esse possui frutiacuteferas de grande porte as mesmas se mantem produzindo devido principalmente a sua estrutura natural de sobrevivecircncia 32 Jardins Residenciais e sua Percepccedilatildeo em Correntes-PE Para uma melhor compreensatildeo sobre o Jardim comeccedilamos introduzindoo conceito presente no dicionaacuterio da liacutengua portuguesa da Editora Avenida (2005 p 168) que classifica jardim como um ldquopedaccedilo de terreno geralmente cercado e proacuteximo de uma habitaccedilatildeo destinado ao cultivo de flores plantas e aacutervores ornamentaisrdquo Nessa classificaccedilatildeo eacute verificado quais satildeo os tipos de vegetaccedilatildeo que compotildeem esses espaccedilos destinados ao cultivo do verde urbano Tomoando-se outra referencia tem-se o seguinte conceito para jardim

O jardim eacute a reuniatildeo segundo certos preceitos teacutecnicos e esteacuteticos dos mais variados elementos da flora natildeo importando a natureza procedecircncia ou grau de desenvolvimento que possam atingir e bem assim a finalidade a que se destinarem Quando povoamos um jardim de apreciaacutevel numero de representantes da fauna o transformamos em jardim zooloacutegico (SANTOS 1978 p37)

Sabendo-se que o jardim eacute uma aacuterea da casa destinada ao cultivo do verde com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais que exige de quem tem um espaccedilo com tal funccedilatildeo uma atenccedilatildeo em relaccedilatildeo com os cuidados destinados ao jardim Cuidados esses que vatildeo requerer em geral gastos extras para a sua manutenccedilatildeo em termos esteacuteticos Os jardins em especial se destacamem sua utilizaccedilatildeo como espaccedilo de distraccedilatildeoocupacional por algumas pessoas e em especial idosas que consideram o ato de cuidar de plantas uma terapia ou seja uma terapia ocupacional pois nota-se que pessoas idosas dedicam o seu tempo livre aos cuidados de seus jardins que refletem o seu modo de vida jaacute passado e as lembranccedilas de uma cultura que eacute mudada com as inovaccedilotildees da modernidade Aleacutem da sensaccedilatildeo e percepccedilatildeo de que o verde que lhe rodeia tambeacutem lhe permite sentir-se bem Ainda de acordo com Loboda e De Angelis

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constitui-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A princiacutepio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LOBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Pode-se verificar com as colocaccedilotildees dos autores que o jardim aleacutem de exercer a funccedilatildeo esteacutetica tambeacutem passou no seacuteculo XIX a ter funccedilotildees utilitaacuterias nas zonas urbanas devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo e suas funcionalidades de bem-

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estar proporcionado agraves pessoas como terapia ocupacional aleacutem de contribuir para um meio ambiente com melhores condiccedilotildees ambientais Os jardins tambeacutem representam poder hieraacuterquico das populaccedilotildees nobres em detrimentodas menos abastadas Por sua vez os jardins em Correntes constituem-se em espaccedilos raros pois nem todos dispotildeem de tempo e condiccedilotildees financeiras para cultivaacute-los Foi observado que as casas possuem jardins apresentam vaacuterios tipos concepccedilatildeoe percepccedilatildeo que satildeo de acordo com cada niacutevel de formaccedilatildeo financeira e conhecimento do morador Observa-se ainda que pessoas que natildeo tem espaccedilo para tal fim usam o espaccedilo do quintal para cultivar espeacutecies como roseiras e plantas ornamentais numa espeacutecie de compensaccedilatildeo Assim percebeu-se que as residecircncias mais simples que possuem jardim (Figura 2) satildeo os proacuteprios donos que cultivam e cuidam das plantas aguando no veratildeo adubando a terra limpando e quando necessaacuterio podando as plantas que na maioria satildeo roseiras e plantas ornamentais Como exceccedilotildees haacute moradores que tambeacutem plantam hortaliccedilas e ervas tipo medicinal em seus jardins enquanto pessoas mais abastadas procuram uma valorizaccedilatildeo esteacutetica nos seus jardins (Figura 3) e para isso contratam jardineiro ou pessoas especializadas em botacircnica para cuidar dos mesmos aleacutem de implementa-los com objetos de maacutermores como esculturas e desenhos geomeacutetricos em sua forma de delimitaccedilatildeo

Figura 2 e 3 Tipos de Jardins de Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Assimeacute possiacutevel perceber atraveacutes das figuras 2 e 3 apresentadas a diferenciaccedilatildeo da estrutura dos jardins presentes no municiacutepio de Correntes Salienta-se que satildeo poucas residecircncias que possuem jardins e em sua maioriaos jardins ocupam pequenas aacutereas em frente agraves residecircnciasconstatando-se que essa diferenciaccedilatildeo deve-se principalmente ao niacutevel econocircmico 33 A Arborizaccedilatildeo de Calccediladas e sua problemaacutetica em Correntes-PE

As calccediladas satildeo espaccedilos puacuteblicos destinados ao transito de pedestres elas devem ter uma extensatildeo que permita a passagem das pessoas sem obstaacuteculos livres de irregularidades e acessiacuteveis aos portadores de mobilidade reduzida A calccedilada deve ser bem conservada e o piso apresentar elemento antiderrapante permitindo que as pessoas possam caminhar com seguranccedila em um percurso livre de obstaacuteculos e de forma compartilhada com os diversos usos e serviccedilos Trata-se de uma aacuterea impermeaacutevel com a presenccedila de vegetaccedilatildeo principalmente aacutervores desde que isso natildeo interfira no transitar dos pedestres

A calccedilada de acordo com o Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro eacute parte da via normalmente segregada e em niacutevel diferente natildeo destinada agrave circulaccedilatildeo de veiacuteculos reservada ao tracircnsito de pedestres e quando possiacutevel agrave implantaccedilatildeo de mobiliaacuterios urbano sinalizaccedilatildeo vegetaccedilatildeo e outros fins (RODRIGUES AZEVEDO 3)

3 Disponiacutevel em lthttpwwwcressprorgbrforumtopic38gt Acesso em 03 out 2012)

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Logo as calccediladas podem ter aleacutem da arborizaccedilatildeovegetaccedilatildeo outros elementos como mobiliaacuterios e sinalizaccedilatildeo entre os principais desde que isso natildeo interfira na passagem das pessoas E segundo a Cartilha de Arborizaccedilatildeo as calccediladas devem ser arborizadas de acordo com o espaccedilo aeacutereo e subterracircneo disponiacutevel observando as principais questotildees que interferem na escolha das espeacutecies para plantar em calccediladas que satildeo ldquoA largura das calccediladas Presenccedila ou ausecircncia de fiaccedilatildeo aeacuterea Tipo de fiaccedilatildeo aeacuterea (convencional isolada ou protegida) Recuo frontal das edificaccedilotildeesrdquo (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE sdp 6) Assim fica evidente que arborizar uma calccedilada natildeo eacute apenas plantar aacutervore em uma aacuterea permeaacutevel eacute essencial levar em conta o espaccedilo disponiacutevel em torno do local que se pretende fazer o plantio

Tambeacutem eacute relevante falar da importacircncia ecoloacutegica que a vegetaccedilatildeo arboacuterea das calccediladas possui pois proporciona habitaccedilatildeo para pequenas espeacutecies de animais e paacutessaros auxiliando na biodiversidade da fauna urbana Isso contribui para o desenvolvimento de um ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na convivecircncia e interaccedilatildeo das pessoas com o espaccedilo que as cercam

No que se refere agrave arborizaccedilatildeo das calccediladas das ruas do Municiacutepio das Correntes-PE o caso eacute bastante preocupante pois satildeo pouquiacutessimas as calccediladas com aacutervores as quais satildeo plantadas de forma inadequada (Figura 4 e 5) E os cuidados que os moradores correntenses dedicam agraves aacutervores de suas calccediladas em alguns casos variam com o desenvolvimento e crescimento da mesma Jaacute em outros casos os moradores ao perceberem que a aacutervore pode causar algum empecilho ou dano simplesmente erradicam a aacutervore sem procurar outras soluccedilotildees

Figura 4 e 5 Inadequaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo das calccediladas em Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Por ocasiatildeo de entrevistas com a populaccedilatildeo a respeito dos benefiacutecios das aacutervores nas calccediladas as principais

importacircncias percebidas pelos moradores eram a de amenizaccedilatildeo da temperatura e a sombra proporcionada por ela No entanto registra-se que um fato relevante das observaccedilotildees realizadas eacute que todas as aacutervores plantadas nas calccediladas estatildeo de forma inadequada Elas estatildeo muito proacuteximas da fiaccedilatildeo eleacutetrica ou os galhos se misturam a fiaccedilatildeo aleacutem de perceber-se que as calccediladas satildeo em sua maioria irregulares e possuem degraus aleacutem do espaccedilo destinado ao plantio ser pequeno ocasionando dificuldades agrave passagem das pessoas e danificando o espaccedilo fiacutesico da mesma

Outro dilema acerca da arborizaccedilatildeo das calccediladas eacute a poda visto que por ser um espaccedilo puacuteblico a populaccedilatildeo natildeo eacute esclarecida a respeito de quem deve ser responsaacutevel pela poda Logo sempre haacute conflitos entre populaccedilatildeo e poder

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 25

puacuteblico sobre tal assunto Fato esse que natildeo eacute levado em conta no Municiacutepio das Correntes-PE resultando em calccediladas inadequadas e arborizaccedilatildeo deficiente 4 O VERDE DAS PRACcedilAS E CANTEIROS CENTRAIS NA PERSPECTIVA DA ORGANIZACcedilAtildeO DO ESPACcedilO NUMA ABORDAGEM SISTEcircMICA DA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ao finalizar as colocaccedilotildees debates e indagaccedilotildees sobre o Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE coloca-se agora em destaque de forma breve os resultados do segundo projeto de pesquisa o qual se deu em sequencia intitulado ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo desenvolvido em 2013 Os principais objetivos foram investigar a importacircncia dos espaccedilos verdes puacuteblicos para o contexto social tendo-se como referecircncia a inter-relaccedilatildeo homem homem homem natureza diagnosticando por meio de uma visatildeo sistecircmica como as praccedilas e canteiros centrais satildeo utilizados no planejamento urbano e quais usos e apropriaccedilotildees dos principais espaccedilos puacuteblicos arborizados de Correntes-PE

Logo apresenta-se os resultados acerca de problemas socioambientais ligados ao verde urbano dos espaccedilos livres puacuteblicos na forma das principais Praccedilas e Canteiros Centrais do Municiacutepio de Correntes-PE atraveacutes de uma visatildeo sistecircmica sobre esses espaccedilos na percepccedilatildeo dos moradores do referido MuniciacutepioO ambiente urbano entendido como conjunto dissociado de espaccedilos construiacutedos e espaccedilos livres de construccedilatildeo dispostos sobre uma organizaccedilatildeo funcional que regram a proacutepria organizaccedilatildeo e fluxo de pessoas na cidade

Os espaccedilos urbanos edificados satildeo ldquoaacutereas ocupadas de maneira significativamente densa pelas construccedilotildees que atendem as atividades do meio urbano de uso residencial comercial industrial de serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede educaccedilatildeo entre outrosrdquo (CARNEIRO MESQUITA 2000 p 24) Enquanto os espaccedilos livres satildeo aacutereas parcialmente edificadas com nula ou miacutenima proporccedilatildeo de elementos construiacutedos ou com presenccedila de vegetaccedilatildeo como por exemplo praccedilas parques e canteiros cujas funccedilotildees satildeo a recreaccedilatildeo circulaccedilatildeo composiccedilatildeo paisagiacutestica e de equiliacutebrio ambiental (CARNEIRO MESQUITA 2000)

Logo a cidade eacute uma formaccedilatildeo diversa constituiacuteda de espaccedilos modificados apropriados recriados e tornam-se propiacutecios a criaccedilatildeo de novos espaccedilos com novas funccedilotildees pelo homem sempre a procura de um melhor ambiente para o desenvolvimento de suas atividades A cidade tambeacutem se apresenta como um conjunto sistecircmico de interaccedilotildees e relaccedilotildees que variam de acordo com a percepccedilatildeo de cada indiviacuteduo e do olhar do observador de tais relaccedilotildees Esses espaccedilos arborizados apresentam certa harmonia e destinados a atividades saudaacuteveis ao mesmo tempo contribuem para um melhor ambiente urbano 41 As Aacutereas Verdes Urbanas Estudadas e Suas Contribuiccedilotildees para a Funcionalidade de Correntes-PE

Os principais espaccedilos puacuteblicos livres arborizados de Correntes-PE objetos do estudo foram a Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Essasaacutereas verdes contribuem para organizaccedilatildeo do municiacutepio devido as suaslocalizaccedilotildees que abrangemo ponto central do municiacutepio com as Praccedilas Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Praccedila Herciacutelio Victor da Silva e a Praccedila Pedro Alves Camelo onde convergemas principais relaccedilotildees urbanas enquanto que as principais saiacutedas e entradas do municiacutepio satildeo pela Praccedila Cursino Jacobina ou pela Avenida Raimundo Calado

As ruas do municiacutepio de Correntes-PE satildeo divididas em trechos tendo como divisatildeo dos trechos a extensatildeo principal da cidade que se inicia na entrada da aacuterea urbana e vai ateacute a saiacuteda em direccedilatildeo ao Distrito de Pau Amarelo onde

Trecho A - Correspondem as ruas que ficam do lado ESQUERDO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

Trecho B - Corresponde agraves ruas que se localizam do lado DIREITO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Pedro Alves Camelo

Trecho C - Corresponde agrave parte da cidade denominada Bairro da Bahia que se encontra separada da cidade pelo rio Mundauacute e nesse trecho natildeo se localiza nenhuma aacuterea verde estudada

26- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado localizam-se na extensatildeo principal que divide a cidade nos trechos A e B Logo eacute percebido que essas praccedilas contribuem para os fluxos urbanos e os desenvolvimentos das relaccedilotildees que se datildeo nessas aacutereas e em suas proximidades

Colocando-se ainda uma atribuiccedilatildeo agraves praccedilas elas podem ser arborizadas ou natildeo esse fato vai depender de sua funcionalidade ou intenccedilatildeo Logo sem a presenccedila de elementos naturais seja a arborizaccedilatildeo ou outro tipo de vegetaccedilatildeo satildeo destinadas a uma atividade especiacutefica como lugar de eventos Eacute o caso da Praccedila Pedro Alves Camelo em Correntes-PE enquanto que as praccedilas arborizadas apresentam diversas atribuiccedilotildees para populaccedilatildeo contribuindo para conservaccedilatildeo da natureza Natureza essa que foi praticamente destruiacuteda para construccedilatildeo das cidades e ao mesmo tempo necessaacuteria para o bom desenvolvimento do ambiente urbano como as demais praccedilas estudadas

42 A Quantificaccedilatildeo das Principais Espeacutecies Arboacutereas Presentes nas Aacutereas Verdes Estudadas em Correntes-PE

Uma das atividades desenvolvidas na pesquisa sobre a arborizaccedilatildeo dos principais espaccedilos puacuteblicos e arborizados foi agrave quantificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo das espeacutecies arboacutereas predominantes Assim seguem nos graacuteficos 1 e 2 as quantificaccedilotildees dessas espeacutecies

Graacutefico 1 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Graacutefico 2 Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Graacutefico 3 Praccedila Cursino Jacobina Graacutefico 4 Canteiro Central

20

27

7

46

Quantificaccedilatildeo da espeacutecies Arboacutereas da Praccedila Herciliacuteo Victor da Silva

Castanhola

Acaacutecia

Palmeira

Outras Espeacutecies

41

6 3

20

9

21

Quantificaccedilatildeo da Espeacutecie Arboacutereas da Praccedila Nossa Senhora da

Conceiccedilatildeo

Ficus

Pata de Vaca

Algarobeira

Palmeira

Acaacutecia

Outras Espeacutecies

28

44

17

11

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuterea da Praccedila Cursino Jacobina

Castanhola

Algarobeira

Flamboyant

Outras Espeacutecies

25

36 8 3

28

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacutereas do Cateiro Central da

Avenida Raimundo Calado

Ficus

Castanhola

Pata de Vaca

Pinheiro

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 27

Graacutefico 5 Praccedila Pedro Alves Camelo Graacutefico 6 Predominacircncia por Aacutereas Estudada

Graacuteficos 1 2 3 4 5 e 6 dados quantitativos das praccedilas sobre as espeacutecies arboacutereas presentes nos principais espaccedilos livres arborizados de Correntes - PE Fonte Chaves 2013

Com a presente quantificaccedilatildeo pode-se perceber que quase todas as espeacutecies identificadas satildeo exoacuteticas isso

deixa em evidencia a falta de criteacuterio e conhecimentos utilizados na escolha das espeacutecies arboacutereas usadas na arborizaccedilatildeo do municiacutepio bem como uma negaccedilatildeo das espeacutecies nativas Caso houvesse melhor distribuiccedilatildeo de forma mais harmoniosa e equitativa possibilitaria contribuiccedilotildees a essas aacutereas e valorizaccedilatildeo do local com a flora nativa E a natildeo identificaccedilatildeo de algumas espeacutecies remete ao problema de natildeo haver uma catalogaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo presente no municiacutepio 43 Os Diversos Usos e Apropriaccedilotildees dos Principais Espaccedilos Puacuteblicos Arborizados de Correntes-PE

Os espaccedilos livres urbanos satildeolocais onde se desenvolvem varias relaccedilotildees sociais sistecircmicas permitindo que a interaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo das vidas nela presentes se deem harmoniosamente entre os elementos artificiais e naturais atraveacutes dos modos de uso e apropriaccedilatildeo dos mesmos Tem-se entatildeo os seguintes usos e apropriaccedilatildeo de acordo com determinados espaccedilos da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Os modos de apropriaccedilatildeo da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (Figura 6) satildeo com a finalidade econocircmica na presenccedila dos seguintes equipamentos econocircmicos uma sorveteria um bar e algumas barracas de salgadinhos e doces apropriaccedilatildeo dos elementos contidos na proacutepria praccedila com finalidade esteacutetica e de lazer um chafariz e um caramanchatildeo no centro da praccedila

19

6

6

31

38

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuteresa da Praccedila Pedro Alves

Camelo

Ficus

Algarobeira

Castanhola

Palmeirinhas

Outras Espeacutecies

0

2

4

6

8

Praccedila NossaSenhora da

Conceiccedilatildeo

Praccedila Herciacutelio Victorda Silva

Praccedila Pedro AlvesCamelo

Praccedila CursinoJacobina

Canteiro Central daAvenida Raimundo

Calado

Pedrominancias de espeacutecies Arboacutereas por Aacuterea Estudada

Aacutereas Arorizadas

28- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 6Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo em Correntes-PE Fonte Chaves 2013

Enquanto os usos principais da praccedila satildeo circulaccedilatildeo devido agrave localizaccedilatildeo da mesma a qual se encontra no ponto

central do municiacutepio lazer quando a populaccedilatildeo se reuacutene para conversar brincar (crianccedilas e adolescentes) jogar cartas ou dominoacute andar de bicicleta namorar entre outros lazeres consumo tomar sorvete comprar doces e salgadinhos e tomar uma cachaccedila com os amigos (os adultos) ou simplesmente usam esse espaccedilo para aproveitar um ambiente agradaacutevel na cidade desfrutando de elementos naturais e artificiais e dos inuacutemeros benefiacutecios da arborizaccedilatildeo presente Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

A praccedila eacute localizada ao lado do Coleacutegio mais tradicional do ensino fundamental do municiacutepio logo seu publico principal eacute constituiacutedo de estudantes (Figura 7) que utilizam o espaccedilo da praccedila enquanto espera o horaacuterio da aula ou apoacutes a mesma para conversar ou brincar com os colegas de salas Tambeacutem eacute frequentada por casais principalmente casais de estudantes e a mesma ainda eacute sede de um centro comunitaacuterio de informaacutetica

Figura 7 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Fonte Chaves 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 29

Constatou-se entatildeo que a praccedila eacute bastante frequentada de segunda a sexta pelos estudantes e usuaacuterios do

centro de informaacutetica devido principalmente a sua localizaccedilatildeo Aos saacutebados basicamente e frequentada por alguns feirantes e aos domingos ela praticamente apresenta apenas a funccedilatildeo de circulaccedilatildeo por moradores do municiacutepio A Praccedila Pedro Alves Camelo

Eacute uma praccedila com pouca arborizaccedilatildeo destinada a eventos culturais e apresentaccedilotildees teatrais (Figura 8) A populaccedilatildeo que reside em seu entorno percebe esse espaccedilo atraveacutes de importantes benefiacutecios quais sejam oxigecircnio mais saudaacutevel sombra amenizaccedilatildeo das altas temperaturas e ventilaccedilatildeo nas casas

Figura 8 A Praccedila Pedro Alves Camelo Fonte Chaves 2013

A praccedila possui tambeacutem em seu entorno um salatildeo de cabelereiro para homens um salatildeo de manicure

residecircncias preacutedios puacuteblicos e outros serviccedilos aleacutem de ser bastante usada por crianccedilas para brincar com bola e por casais de namorados principalmente agrave noite nos banquinhos da praccedila pois durante o dia a falta de arborizaccedilatildeo a deixa pouco propicia para o lazer a ceacuteu aberto

Devido agrave presenccedila de um bar em seu entorno a praccedila mostra-se muito movimentada nos dias de jogos pois os torcedores gostam de assistir os jogos no bar com os amigos e ao mesmo tempo fazem uma confraternizaccedilatildeo Embora seu espaccedilo seja para realizaccedilatildeo de eventos as festas de ruas sempre satildeo realizadas em outros locais e natildeo nela pois seu espaccedilo natildeo comportaria um grande nuacutemero de pessoas ao mesmo tempo

Praccedila Cursino Jacobina

A praccedila aleacutem de seus elementos arboacutereos abriga uma estatua de Padre Cicero (Figura 9) e no dia desse padroeiro ocorre neste local celebraccedilotildees onde grande parte da populaccedilatildeo acende velas no altar como devoccedilatildeo Mas tirando essa eacutepoca de devoccedilatildeo a praccedila eacute frequentada tambeacutem com assiduidade pela populaccedilatildeo em geral devido a seu ambiente agradaacutevel e sombreado principal beneficio citado pelos frequentadores

30- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 9 Praccedila Cursino Jacobina Fonte Chaves 2013

Todos os dias proacuteximo da Estatua de Padre Cicero moradores que satildeo em sua maioria idosos da rua ou deruas

vizinhas se encontram para jogarem dominoacute ou baralho Aleacutem de jogar conversa fora como disse um dos senhores que tem essa pratica ldquoum bando de desocupadordquo respeitando-se o linguajar do cidadatildeo ipis litteris Essas pessoas em sua maioria satildeo senhores aposentados ou que se encontram em horaacuterios para lazer na praccedila Salienta-se ainda que estudantes tambeacutem participam desses encontros e atividades

Ao lado do canteiro localizam-se borracharias e oficinas Assim as pessoas colocam seus transportes na sombra das arvores de grande porte enquanto esperam serem atendidas Os moradores tambeacutem estacionam seus veiacuteculos ao lado do canteiro usufruindo assim da sombra proporcionada principalmente composta por amendoeiras e algarobeiras

Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado

Na percepccedilatildeo da populaccedilatildeo da Avenida Raimundo Calado em relaccedilatildeo agrave arborizaccedilatildeo do canteiro central a importacircncia se materializa pela sombra fornecida por servir de habitat para os paacutessaros aleacutem de acreditarem que preserva o meio ambiente mas a populaccedilatildeo natildeo especificou como se daacute essa preservaccedilatildeo ambiental

Na visatildeo de uma comerciante que se apropriou do espaccedilo do canteiro com a colocaccedilatildeo de uma barraca de doces e salgadinhos (Figura 10) antes de tudo a comerciante explica que estabeleceu sua barraca ali porque natildeo encontrou qualquer impedimento por parte da gestatildeo do municiacutepio para tal ato Assim quando ela foi colocar a barraca ha uns anos atraacutes pediu permissatildeo ao responsaacutevel da Prefeitura que lhe concedeu a permissatildeo

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 31

Figura 10 Apropriaccedilatildeo do Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Fonte Chaves 2013

A barraca eacute frequentada por pessoas de todas as idades que residem na avenida ou que passam por ali soacute natildeo eacute

mais frequentada por que natildeo vende bebidas Verifica-se que a mesma se beneficia da presenccedila da arborizaccedilatildeo que deixao ambiente mais agradaacutevel 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante do desenvolvimento dos projetos de pesquisas sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE atraveacutes do projeto realizado em 2012 com tema ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo e em 2013 com o projeto ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da paisagem Agreste de Correntes-PErdquo foi possiacutevel materializar alguns artigos durante o tempo da pesquisa e teve-se tambeacutem como principal resultado concreto o presente capiacutetulo de livro

Aqui procurou-se enfocar a importacircncia da vegetaccedilatildeo principalmente a arborizaccedilatildeo no ambiente urbano Pois tal presenccedila possibilita um desenvolvimento urbano mais saudaacutevel quando se pensa em desenvolvimento das atividades humanas bem como uma contribuiccedilatildeo ecoloacutegica diante da construccedilatildeo artificial que eacute a cidade que com frequecircncia evidencia-se desordenada e natildeo planejada

Assim diante da problemaacuteticacolocada e pesquisada pode-se perceber dilemas e conflitos presentes no ambiente urbano devido agrave arborizaccedilatildeo bem como a falta da arborizaccedilatildeo Mas uma coisa eacute certa a destruiccedilatildeo da natureza e a introduccedilatildeo da cidade em seu lugar levou o homem a perceber que natildeo eacute possiacutevel viver soacute de elementos artificias issogera paulatinamente no seu dia a dia a falta de condiccedilotildees para desenvolver seu bem-estar Logo a introduccedilatildeo de aacutereas verdes ou espaccedilos arborizados na cidade eacute a primeira opccedilatildeo na hora de procurar uma maneira de melhorar as condiccedilotildees ambientais do meio ambiente urbano

Aleacutem das diversas funcionalidades e benefiacutecios advindos do verde urbano elencado nos toacutepicos desse capiacutetulo a presenccedila desse verde no municiacutepio de Correntes-PE eacute em geral inadequadae deficiente no que se refere aos espaccedilos particulares mas abundante e com predomiacutenio de exoacuteticas nas aacutereas puacuteblicas mesmo sem o devido planejamento e gestatildeo adequados

A populaccedilatildeo em sua maioria desconhece a importacircncia da presenccedila do verde na cidade e mesmo usufruindo diariamente desses ambientes pouco sabe valorizar e cuidar desse ldquobemrdquo Mesmo as praccedilas ecanteiros centrais sendo espaccedilos puacuteblicos natildeo cabe apenas agrave Prefeitura cuidar e preservar tais ambientes Entendendo-se serembens comuns a

32- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

todos cabe a cada indiviacuteduo cuidar e preservar a integridade desses espaccedilos puacuteblicos aleacutem de caber sim agrave Prefeitura disponibilizar pessoas qualificadas para realizaccedilatildeo da manutenccedilatildeo necessaacuteria dos mesmos ou seja implementar uma melhor gestatildeo do verde na cidade

Correntesem Pernambuco como outros municiacutepios do semiaacuterido periodicamente sofrem com temperaturas altas e por esse motivo um projeto de arborizaccedilatildeo para as calccediladas foi desenvolvido numa tentativa de deixar os ambientes domiciliares mais amenos e agradaacuteveis Poreacutem a falta de estudos e planejamento fez com que anos apoacutes sua implantaccedilatildeo a arborizaccedilatildeo danificasse de diversos modos agraves residecircncias levando entatildeo os moradores a erradicarem as aacutervores plantadas Verificou-se no contexto que muitas das espeacutecies plantadas natildeo eram recomendadas para calccediladas visto que passaram a danificar o espaccedilo fiacutesico das mesmas bem como os imoacuteveis

E foi tambeacutem atraveacutes do estudo sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE por meio de meacutetodos de anaacutelise da paisagem no ambito da ciecircncia geograacutefica com abordagem das contradiccedilotildees sociais desenvolvidas no ambiente urbano que se pode perceber como a introduccedilatildeo de aacutereas verdes eacute ligada as funcionalidades urbanas a sua organizaccedilatildeo bem como aos seus fluxos e desenvolvimento

Conclui-se que eacute de suma importacircncia ter essas aacutereas verdes mas que seja de forma adequada e planejada evitando-se grandes problemas futuros Tambeacutem eacute necessaacuterio desenvolver atividades ou eventos que levem a populaccedilatildeo esclarecimentos e informaccedilatildeo sobre o porquecirc ter espaccedilos verdes no ambiente urbano pois uma coisa eacute certa nada existe por nada mesmo os acontecimentos fatos mais espontacircneos tudo tem uma razatildeo e contribuiccedilatildeo seja atraveacutes de seu uso estrutura e funcionalidade

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Abordagens geograacuteficas de antigas aacutereas algorobadas Recife Universidade da UFPE 2013

______ Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

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CAMARGO Luiacutes Henrique Ramos de A ruptura do meio ambiente conhecendo as mudanccedilas ambientais do planeta atraveacutes de uma nova percepccedilatildeo da ciecircnciaa geografia da complexidade 2 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2008

CARNEIRO Ana Rita MESQUITA Liana de Barros Espaccedilos livres de Recife Recife prefeitura da cidade do RecifeUniversidade Federal de Pernambuco 2000

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RESENDE W X SOUZA R L Concepccedilatildeo e controveacutersias sobre aacutereas verdes urbanas In SOUZA R M Territoacuterio planejamento e sustentabilidade Satildeo Cristoacutevatildeo UFS 2009

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TUAN Yi-fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

34- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO

MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 35

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

A base de toda a sustentabilidade eacute o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza

Nagib Anderaacuteos Neto4

1 INTRODUCcedilAtildeO

A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o proacuteprio homem Para esta atividade o investigador recorre agrave observaccedilatildeo e agrave reflexatildeo que faz sobre os problemas que enfrenta e a experiecircncia passada e atual dos homens na soluccedilatildeo destes problemas a fim de munir-se dos instrumentos mais adequados agrave sua accedilatildeo e intervir no seu mundo para construiacute-lo adequado agrave sua vida (CHIZOTTI 2009 p11)

Seguindo-se o conceito acima descrito e com o intuito de trazer essa definiccedilatildeo para a pesquisa de campo desencadeou-se o objetivo de pesquisar espeacutecies arboacutereas da caatinga e visto tratar-se de uma regiatildeo bastante diversificada haacute sempre uma enorme gama de pontos a serem explorados Esses objetivos podem ser estendidos por diversas aacutereas do conhecimento como a Biologia a Botacircnica e a Geografia por exemplo E trazendo esse estudo bibliograacutefico e de campo para a Geografia tecircm-se uma abrangecircncia que vai aleacutem da classificaccedilatildeo das espeacutecies visto tratar-se de uma aacuterea que permite uma visatildeo ampla e que objetiva principalmente agrave compreensatildeo e o entendimento do espaccedilo como um todo

Na busca de trazer esses aspectos para a pesquisa de campo nas aacutereas verdes do Agreste nordestino mais especificamente para o verde na aacuterea rural do municiacutepio de Venturosa-PE apresenta-se o estudo sobre a espeacutecie do

4 Disponiacutevel emhttppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014

36- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

juazeiro aacutervore tiacutepica do Nordeste brasileiro Procurando-se destacar sua interaccedilatildeo com o clima solo relaccedilatildeo homemnatureza e sua incidecircncia na aacuterea estudada apesar da devastaccedilatildeo que sofre decorrente das atividades para o progresso desenvolvimento agropecuaacuterio

No caso do juazeiro como o mesmo geralmente estaacute posicionado dentro ou proacuteximo agraves aacutereas de pastagens procurou-se demonstrar sua fundamental importacircncia para a conjuntura espacial paisagiacutestica em uma complexidade agraacuteria e agroecoloacutegica Utilizando-se para este fim a Geografia atraveacutes de sua categoria de anaacutelise paisagem a qual oferece oportunidade para a realizaccedilatildeo de uma abordagem sistecircmica frente agraves necessidades de entendimento de cada objeto

2 LOCALIZACcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DO OBJETO DE ESTUDO

O Brasil eacute um paiacutes de grandes dimensotildees com uma aacuterea de abrangecircncia territorial de consideraacutevel extensatildeo onde estaacute inserida a Regiatildeo Nordeste a qual ocupa cerca de 18 do territoacuterio nacional com caracteriacutesticas marcantes e bastante diversificadas dentro de uma mesma regiatildeo e nesse contexto apresentam-se os domiacutenios morfoclimaacuteticos que se constituem numa siacutentese dos vaacuterios aspectos naturais de uma regiatildeo que de acordo com Arbex eBacic (1999 p12) os mesmos relatam que ldquosatildeo quatro os domiacutenios morfoclimaacuteticos na Regiatildeo Nordeste a Caatinga (depressotildees e planaltos semiaacuteridos) o dos Mares de Morros o Cerrado e o Amazocircnico (terras baixas florestadas equatoriais) sem contar as significativas faixas de transiccedilatildeo entre elesrdquo

Dentro dessa grande regiatildeo nordestina estaacute inserido o municiacutepio de Venturosa o qual se encontra localizado a 2434 km da capital Recife na Mesorregiatildeo do Agreste e Microrregiatildeo do Vale do Ipanema este formado pelos municiacutepios de Aacuteguas Belas Buiacuteque Itaiacuteba Pedra Tupanatinga e Venturosa no interior de Pernambuco (Figura 1)

Figura 1 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Venturosa adaptado por Darla Macedo 2013

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Venturosa tem na agropecuaacuteria principalmente na pecuaacuteria leiteira uma das fontes de renda mais importantes tanto no campo como na cidade havendo sempre uma dependecircncia dos habitantes para com essa atividade que eacute muito significativa pois do leite deriva uma cadeia produtiva que vai do queijo ao iogurte entre outros aproveitamentos e no qual Salienta-se que tambeacutem satildeo produzidos produtos como manteiga manteiga de garrafa doce de leite e bebidas tipo iogurte entre os principais (AMADOR 2008 pag 92) o que reforccedila a interligaccedilatildeo do campo com a cidade constituindo o principal setor econocircmico do municiacutepio

Trata-se portanto de uma atividade que interage com a vegetaccedilatildeo tanto natural quanto artificial de maneira unidimensional ou seja formam viacutenculos entre o humano e a natureza Nesse contexto encontra-se o Juazeiro (Zizyphusjoazeiro) planta de predominacircncia natural na regiatildeo e que eacute considerada por muitos como siacutembolo do Nordeste por ser facilmente encontrada e conhecida pela populaccedilatildeo principalmente da aacuterea rural onde tem sua quase totalidade de incidecircncia no municiacutepio tendo em vista que na aacuterea urbana sua presenccedila eacute minimamente observada (Figura 2)

Figura 2 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE Foto Arquivo da autora 2013

Importante salientar a grande devastaccedilatildeo por que passa a vegetaccedilatildeo natural do Nordeste especificamente a caatinga que eacute uma das aacutereas que vem gradativamente perdendo essa vegetaccedilatildeo natural para dar lugar as pastagens e outros usos Essa accedilatildeo humana transforma incessantemente o meio em que se vive mas ainda eacute possiacutevel encontrar vaacuterias espeacutecies tiacutepicas desse bioma as quais fazem parte do cenaacuterio natural da caatinga Cita-se por exemplo a jurema a catingueira a barauacutena como espeacutecies que ainda tem predominacircncia no jaacute citado municiacutepio E o juazeiro por sua vez eacute uma aacutervore tiacutepica da regiatildeo o que faz a mesma interagir plenamente com a flora e fauna nativas Tomando-se Vasconcelos Sobrinho (2005 p 187) tem-se a seguinte definiccedilatildeo

O Joazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) legiacutetimo representante das caatingas do Sertatildeo Seridoacute Agreste podendo-se mesmo encontraacute-lo nas matas uacutemidas do litoral Graccedilas a sua drupa comestiacutevel servindo de alimento a vaacuterias criaccedilotildees inclusive ao homem tem fraco poder de regeneraccedilatildeo por meio da semente Natildeo consegue expandir-se muito face suas folhas serem altamente forrageiras muito procuradas nos cercados em cantos de cerca e aceiros das matas pelos rebanhos soacute conseguindo proteccedilatildeo quando seguramente abrigadas e protegidas A sua brotaccedilatildeo de tronco e de raiz natildeo lhe favorece expansatildeo embora melhore muito sua riqueza em folhagem ao alcance dos gados Apresenta-se sempre verde aqui e acolaacute no meio da caatinga e pelos cercados quando escapam agrave destruiccedilatildeo pelos animais que satildeo aacutevidos de suas folhas nutritivas e palataacuteveis

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Diante dessa definiccedilatildeo tem-se uma siacutentese da significacircncia da planta para o espaccedilo semiaacuterido nordestino coadunando-se portanto com sua robustez fiacutesica resistecircncia aos periacuteodos de estiagens prolongadas e as oportunidades de aproveitamento econocircmico

Pode-se ressaltar que o juazeiro eacute de grande importacircncia natildeo apenas pelo bem que promove a natureza pela sua oacutetima integraccedilatildeo com o meio mas por sua beleza caracteriacutestica por manter-se verde durante quase todo o ano mesmo em meio agrave aridez de boa parte do Nordeste na eacutepoca da seca (Figura 3) O que acaba proporcionando sombra e outros benefiacutecios para amenizar as altas temperaturas que cotidianamente atingem o municiacutepio durante a maior parte do ano

Figura 3 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) em meio agrave caatinga Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

3 O EQUILIBRIO SOLO- CLIMA- VEGETACcedilAtildeO

Sabe-se que a natureza busca o equiliacutebrio de sua diversidade e consegue isso com perfeiccedilatildeo no entanto a interferecircncia humana de forma inadequada modifica a forma natural e normalmente gera consequecircncias para o meio em que se vive e para si proacuteprio

Para isso se faz necessaacuterio uma junccedilatildeo aparentemente de pouco significado poreacutem de fundamental importacircncia pois formam o motor da produccedilatildeo que move qualquer lugar que tenha como prioridade em sua produccedilatildeo econocircmica que eacute o equiliacutebrio entre o solo clima e vegetaccedilatildeo e que iratildeo dar o subsiacutedio para o desenvolvimento de qualquer aacuterea que

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tenha a pecuaacuteria ou qualquer atividade agricultaacutevel como fonte de renda Deixando-se claro que depende como essa integraccedilatildeo ocorre em cada aacuterea pois se natildeo houver uma accedilatildeo humana sustentaacutevel tambeacutem natildeo haveraacute forma de desenvolvimento adequado

Vasconcelos Sobrinho (2005) daacute uma definiccedilatildeo muito caracteriacutestica referente ao solo e a vegetaccedilatildeo do Agreste o mesmo diz que

O agreste de Pernambuco [] O solo formado pela decomposiccedilatildeo do granito e do gneiss eacute muito raso Jaacute estaacute erodido e depauperado e a vegetaccedilatildeo nativa encontra-se muito alterada na sua composiccedilatildeo inicial (VASCONCELOS 2005p 183)

Os solos do Agreste ocupam uma aacuterea de transiccedilatildeo entre Zona da Mata e Sertatildeo com relevo extremamente

variaacutevel associado a solos profundos solos rasos e solos relativamente feacuterteis que permitem realccedilar os diferentes tipos de solo no Agreste

Em Venturosa tem-se um aspecto muito importante no qual se pode destacar Tem-se que o relevo eacute descrito como suave ondulado e plano evidenciando como principais tipos de solos o argiloso arenoso pedregoso e rochoso (AMADOR 2008 p83) Nesse aspecto pode-se dizer que o juazeiro se adapta a esses diversos tipos de solo da regiatildeo o que favorece sua incidecircncia

No tocante agraves relaccedilotildees com o clima chamado de semiaacuterido devido sua baixa umidade e quantidade reduzida de chuva fator que influencia o volume de aacutegua nos rios que secam em determinadas eacutepocas do ano e diminuem as disponibilidades de aacutegua para as plantas animais e homens caracterizando assim a aridez do ambiente O clima se configura como fator bastante determinante da caatinga o qual define a paisagem e o modo de vida dos moradores que vivem um eterno racionamento de aacutegua numa prevenccedilatildeo para a eacutepoca de estiagem 4 O BIOMA CAATINGA E O JUAZEIRO

O bioma caracteriacutestico e uacutenico do Brasil especialmente da Regiatildeo Nordeste a caatinga apresenta baixos iacutendices

pluviomeacutetricos irregularidades de chuvas expondo uma vegetaccedilatildeo de grande resistecircncia a periacuteodos de estiagens Arbex Junior e Bacic Olic (1999 p12) datildeo a seguinte denominaccedilatildeo de caatinga

A caatinga vegetaccedilatildeo natural que daacute nome ao domiacutenio eacute constituiacuteda por aacutervores e arbustos normalmente espinhentos que perdem suas folhas no decorrer da longa estaccedilatildeo seca O clima semiaacuterido e o solo pouco profundo ensejaram o desenvolvimento de vegetais com folhas pequenas e raiacutezes longas

Essas caracteriacutesticas satildeo consideradas naturais no municiacutepio jaacute mencionado devido ao mesmo estar localizado na aacuterea de agreste poreacutem com aspectos tiacutepicos do sertatildeo entendendo-se que

Muito jaacute foi escrito sobre o Agreste poreacutem quando se busca trabalhar academicamente sobre a bibliografia pertinente observa-se a predominacircncia de estudos elaborados sobre a oacutetica cartesiana pautada esta no principio de dividir para conhecer embora natildeo se relegue sua importacircncia para a construccedilatildeo da ciecircncia (AMADOR 2008 pag87)

Tomando-se ainda a mesma autora elenca-se outras espeacutecies arboacutereas no contexto semiaacuterido agrestino em apoio agrave atividade agropecuaacuteria especialmente a pecuaacuteria de leite como a seguir

O angico o pereiro o juazeiro por exemplo satildeo referecircncias do bioma da caatinga deixados no pasto com o propoacutesito tiacutepico ainda das propriedades da regiatildeo de sombrear o gado mas que pode ser visto como testemunhos da vegetaccedilatildeo de caatinga antes existente no local (AMADOR 2008 p208)

Atraveacutes dessa afirmaccedilatildeo fica claro que existe uma devastaccedilatildeo da caatinga agrestina principalmente para ampliaccedilatildeo de pastagens aberturas de estradas vicinais equipamentos rurais entre outras necessidades inerentes agrave atividade agraacuteria Nessa direccedilatildeo cabe trazer agrave tona as preocupaccedilotildees com a sustentabilidade e a importacircncia do juazeiro para o bioma da caatinga

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5 O JUAZEIRO NO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

No municiacutepio de Venturosa a vegetaccedilatildeo predominante caracteriacutestica eacute a caatinga definida por Abiacutelio (2010) como sendo

A caatinga eacute um bioma exclusivamente brasileiro que estaacute inserida no semi-aacuterido nordestino sendo caracterizada principalmente por aspectos climaacuteticos e pluviomeacutetricos detentora de uma rica biodiversidade a qual se encontra cada vez mais ameaccedilada decorrente da maacute utilizaccedilatildeo de seus recursos principalmente pelo forte extrativismo Havendo a necessidade de poliacuteticas que incentivem o desenvolvimento sustentaacutevel regional (ABIacuteLIO 2010 p156)

Eacute nessa vegetaccedilatildeo que estaacute o juazeiro (Zizyphusjoazeiro) aacutervore tipicamente nordestina com frutos de cor amarela quando maduros comestiacuteveis e bem adocicados Com folhas sempre verdes seus ramos satildeo tortuosos e espinhosos (Figura 4)

Figura 4 Galho de juazeiro com seus espinhos no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A aacutervore eacute bastante conhecida pelos venturosenses ateacute mesmo por habitantes citadinos que mesmo morando na cidade conhecem a aacutervore por haver sempre uma nas proximidades com o campo propriamente dito Natildeo deixando-se de ressaltar a presenccedila miacutenima na aacuterea urbana da espeacutecie em tela a qual natildeo eacute identificada como elemento da paisagem urbana Trata-se de uma arborizaccedilatildeo que carece de vegetaccedilatildeo nativa da regiatildeo e que concentra em seu conjunto arboacutereo espeacutecies exoacuteticas que foram aos poucos substituindo as aacutervores tiacutepicas da caatinga principalmente na cidade

Os moradores da zona rural costumam deixar juazeiros em seus terreiros entendendo-se por terreiro o espaccedilo na frente das casas como o evidenciado no exemplo da figura 2 e em seus currais (Figura 5)

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Figura 5 Juazeiro no curral no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A proximidade do juazeiro com o homem promove uma integraccedilatildeo agradaacutevel pois o mesmo proporciona sombra

de excelente qualidade aleacutem de contribuir parauma beliacutessima paisagem Tendo servido inclusive de inspiraccedilatildeo para letras de muacutesicas como retrata a bela canccedilatildeo de Luiz Gonzaga o Rei do Baiatildeo em parceria com Humberto Teixeira

O juazeiro Juazeiro juazeiro Me arresponda por favor Juazeiro velho amigo Onde anda o meu amor Ai juazeiro Ela nunca mais voltou Diz juazeiro Onde anda meu amor Juazeiro natildeo te alembra Quando o nosso amor nasceu Toda tarde agrave tua sombra Conversava ela e eu Ai juazeiro Como doacutei a minha dor Diz juazeiro Onde anda o meu amor Juazeiro seje franco Ela tem um novo amor Se natildeo tem porque tu choras Solidaacuterio agrave minha dor Ai juazeiro Natildeo me deixa assim roer Ai juazeiro Tocirc cansado de sofrer Juazeiro meu destino Taacute ligado junto ao teu No teu tronco tem dois nomes

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Ele mesmo eacute que escreveu Ai juazeiro Eu num guumlento mais roer Ai juazeiro Eu prefiro inteacute morrer Ai juazeiro

Luiz Gonzaga5

6 RETROSPECTIVA HISTOacuteRICADO LUGAR (VENTUROSA)

O ciclo natural da vida eacute seguido de forma semelhante em todo ser humano pois as pessoas nascem crescem e morrem concretizando o ciclo natural dos seres vivos E para que isso ocorra de uma forma agradaacutevel para todas as espeacutecies se requer um incentivo agrave educaccedilatildeo ambiental que deve acontecer no momento certo ou seja desde muito cedo para que realmente ocorra com o devido sucesso e sendo assim pode-se dizer que

Educaccedilatildeo Ambiental comeccedila no berccedilo ou seja o primeiro passo deve ser dado na infacircncia Deve-se se ensinar a crianccedila a observar a beleza e os segredos da natureza A beleza de um ipecirc em flor ou de um canteiro multicor o vocirco majestoso da ave no alto do ceacuteu o bater acelerado das asas de um beija-flor o crescer contiacutenuo das plantas e a reproduccedilatildeo dos animais A crianccedila natildeo entenderaacute as razotildees do funcionamento da natureza mas aprenderaacute a observar o que constitui a primeira etapa na formaccedilatildeo de uma consciecircncia

ecoloacutegica e o amor a natureza (TROPPMAIR 2008 p198)

Dessa forma pode-se dizer que se as pessoas se conscientizarem da importacircncia do meio ambiente desde cedo no futuro se beneficiaratildeo muito mais dela

Muitas pessoas desenvolvem um verdadeiro amor pelo seu lugar de origem no qual viveram durante toda sua vida Isso gera uma afeiccedilatildeo pelo seu lugar os moradores da zona rural na sua grande maioria desenvolvem esse apego ao lugar e apesar de enfrentarem grandes dificuldades na labuta diaacuteria do campo geralmente natildeo querem sair para a cidade preferem a calma do interior No entanto esse apego natildeo impede que o mesmo talvez por falta de oportunidade eou de conhecimento acabe causando males ao seu lugar de origem Nesse sentido tomam-se as palavras de Tuan

Para compreender a preferecircncia ambiental de uma pessoa necessitariacuteamos examinar sua heranccedila bioloacutegica criaccedilatildeo educaccedilatildeo trabalho e os arredores fiacutesicos No niacutevel de atitudes e preferecircncias de grupo eacute necessaacuterio conhecer a histoacuteria cultural e a experiecircncia de um grupo no contexto de seu ambiente fiacutesico Em nenhum dos casos eacute possiacutevel distinguir nitidamente entre os fatores culturais e o papel do meio ambiente fiacutesico Os conceitos cultura e meio ambiente se superpotildeem do mesmo modo que os conceitos homem e natureza (TUAN 1980 p 68)

O habitante da zona rural em sua grande maioria natildeo tem e nem teve oportunidades de conhecimento cientifico para aprender a diferenccedila entre o consumo sustentaacutevel e o natildeo sustentaacutevel o que acarreta ao longo dos anos prejuiacutezos incalculaacuteveis Visto que espeacutecies abundantes no lugar vatildeo se extinguindo ao longo dos anos principalmente por natildeo haver interesse de reposiccedilatildeo devido ser uma aacuterea de significativaabrangecircncia pecuaacuteria de no Estado

Os moradores da zona rural tecircm a cultura de desmatamento para o plantio de pastagens que servem de alimento para os rebanhos na maioria bovinos e tambeacutem alguns criatoacuterios de caprinos No entanto em menor quantidade no municiacutepio em relaccedilatildeo agrave bovinocultura que eacute a atividade que predomina na regiatildeo

5 Disponivel emhttpwwwvagalumecombrluiz-gonzagajuazeirohtml Acesso em 21 jan 2014

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No intuito de produzir o alimento para o rebanho durante todo o ano haacute a praacutetica da erradicaccedilatildeo de espeacutecies nativas da caatinga que iratildeo dar lugar as plantaccedilotildees que servem de alimento para os seus rebanhos Sendo assim os moradores pecuaristas produzem espeacutecies adaptaacuteveis ao clima da regiatildeo e em geral as mais comuns satildeo as plantaccedilotildees de palma e capim por serem espeacutecies mais resistentes ao clima semiaacuterido que eacute predominante durante a maior parte do ano e que muitas vezes se repete por vaacuterios anosconsecutivos

Essa natildeo eacute uma atividade que possa ser considerada recente visto que quando do momento da coleta de informaccedilotildees de pessoas que habitam no municiacutepio haacute anos ou desde seu nascimento colheu-se a informaccedilatildeo de que sempre se realizou essa praacutetica para o cultivo de alimentos Esse preparo do terreno para o plantio se daacute desde muitos anos ateacute os dias atuais por meio principalmente de brocas entendendo-se por brocas as queimadas que ocorrem em uma determinada porccedilatildeo de terra a qual depois de queimada seraacute cultivada No entanto essa praacutetica aumentou muito devido ao crescimento populacional e o que antes ocupava pequenas aacutereas hoje atinge grandes espaccedilos causando assim uma devastaccedilatildeo maior do meio ambiente Nesse sentido toma-se como referecircncia sobre esta questatildeo o conceito de Troppmair (2008) que diz

Nas civilizaccedilotildees primitivas pastoris e agriacutecolas o homem era um elemento integrado no sistema natureza e nele interferia apenas de forma restrita Com o aumento da populaccedilatildeo o surgimento de formas sociais mais complexas e principalmente com o advento dos centros urbanos e da era industrial que introduziu o emprego de maquinaacuterio mais potente e sofisticado e modificou modos de vida humana a interferecircncia e as perturbaccedilotildees provocadas pelo homem nos ecossistemas tornaram-se mais draacutesticas e conduziram aos problemas ambientais de nossos dias (TROPPMAIR 2008 p172)

Esse fator eacute primordial para o entendimento da questatildeo do desmatamento no municiacutepio pois onde antes era utilizado apenas o trabalho braccedilal para formaccedilatildeo de roccedilas e cercados entendendo-se por roccedilas e cercados os lugares onde satildeo produzidos os alimentos para os animais hoje haacute uma grande incidecircncia de maquinaacuterios especiacuteficos como tratores maquinas entre outros

Falta no entanto um pensamento que avance assim como os progressos agriacutecolas e que se difunda tambeacutem uma poliacutetica de conservaccedilatildeo do ambiente em prol do bem estar humano e do meio como um todo o qual possa gerar avanccedilos com a perspectiva da sustentabilidade Esperando-se que os mais novos habitantes sigam na linha de afeiccedilatildeo e apego ao lugar mas com modos mais conservacionistas e que aprendam a lidar mais adequadamente com o cultivoda terra 7 O VERDE RURAL E A RELACcedilAtildeO HOMEM NATUREZA

Quando se faz a junccedilatildeo de dois elementos complexos como o homem este no sentido do ser humano e natureza como sentido de lugar onde o homem habita haacute a necessidade de analisar a relaccedilatildeo que um deteacutem sobre o outro visto que ambos devem viver em condiccedilotildees harmocircnicas para soacute assim poder haver uma interligaccedilatildeo que iraacute gerar benefiacutecios para ambos (Figura 6)

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Figura 6 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A Geografia inserida nesse acircmbito eacute de fundamental importacircncia para um entendimento dessas relaccedilotildees tendo

em vista a abrangecircncia da disciplina que se encaixa nos mais diversos meios que venham a ser estudados sendo assim fundamental no estudo do verde seja ele rural ou urbano Nesse contexto tem-se em Barbosa (2008 p625)a seguinte definiccedilatildeo

A geografia hoje traz uma nova abordagem onde natildeo haacute mais como fazer distinccedilotildees entre Homem-Natureza onde o meio ambiente deve ser considerado como um todo resultado da relaccedilatildeo homem-natureza Esta abordagem recebe o nome de Sistecircmica e que tem influenciado atualmente nos estudos e anaacutelises feitas dentro do campo de atuaccedilatildeo da Geografia (BARBOSA 2008 p625)

Na relaccedilatildeo homem natureza nota-se que haacute uma cultura de desmatamento muito intensa na regiatildeo onde o verde eacute cada vez mais deixado de lado principalmente aquele vinculado as espeacutecies nativas da caatinga Quando haacute uma busca de desenvolvimento econocircmico pode-se dizer que o homem prefere anular a diversidade natildeo fazendo com isso conjunccedilatildeo de dois sistemas diferentes O ser humano na busca de seu desenvolvimento natildeo mede as consequecircncias de seus atos e tem com isso o que se chama de pensamento simplificador natildeo sabendo interagir com a natureza sem destrui-la Segundo Edgar Morin (2005 p 12) ldquoo pensamento simplificador eacute incapaz de conceber a conjunccedilatildeo do uno e do muacuteltiplo (unitat multiplex) Ou ele unifica abstratamente ao anular a diversidade ou ao contrario justapotildee a diversidade sem conceber a unidaderdquo

Enquanto natildeo houver um meio de integraccedilatildeo entre esses dois sistemas haveraacute sempre um obstaacuteculo para ambos prejudicando o homem e a natureza No entanto eacute cada vez mais raro encontrar uma real preocupaccedilatildeo com a natureza pela parte humana Visto que a mesma estaacute sempre em busca de benefiacutecios proacuteprios sem perceber as reais consequecircncias dos atos realizados natildeo visando agraves consequecircncias futuras que seus atos atuais teratildeo

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Infelizmente pela visatildeo mutiladora e unidimensional paga-se bem caro nos fenocircmenos humanos a mutilaccedilatildeo corta na carne verte o sangue expande o sofrimento A incapacidade de conceber a complexidade da realidade antropossocial em sua incodimenccedilatildeo (o ser individual) e em sua macrodimensatildeo(o conjunto da humanidade planetaacuteria) conduz a infinitas trageacutedias e os conduz a trageacutedia suprema Dizem-nos que a poliacutetica ldquodeverdquo ser simplificadora e maniqueiacutesta Sim claro em sua concepccedilatildeo manipuladora que utiliza as pulsotildees cegas Mas a estrateacutegia poliacutetica requer o conhecimento complexo porque ela se constroacutei na accedilatildeo com e contra o incerto o acaso o jogo do muacuteltiplo das interaccedilotildees e retroaccedilotildees (MORIN 2005 p 13)

Os moradores do municipio em estudado na sua grande maioria satildeo sacrificados ou seja trabalham durante toda sua vida para sobreviver em meio agrave quase constante semiaridez da regiatildeo aproveitando-se dos periacuteodos de maior precipitaccedilatildeo para fazer suas plantaccedilotildees e a partir daiacute alimentarem seus animais os quaisquase sempre representados pelo rebanho bovino para tirarem seu sustento e de sua famiacutelia 8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Pode-se afirmar atraveacutes dedepoimentos de moradores que as espeacutecies tiacutepicas como o juazeiro a catingueira a barauacutena a jurema entre outras eram bem mais abundantes outrorado que hoje

A diminuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais naturais do lugar ocorreu e ocorre devido a falta de um desenvolvimento sustentaacutevel o que gera uma gama de desmatamentos desordenados os quais no decorrer dos anos foram acarretando uma menor incidecircncia da vegetaccedilatildeo nativa ou seja a caatinga de forma natural e que foram dando lugar as pastagens que satildeo utilizadas para alimentar rebanhos principalmente bovinos espeacutecie mais comum para o desenvolvimento econocircmico da regiatildeo Em um conceito bastante oportuno de desenvolvimento sustentaacutevel e que se adeacutequa muito bem a aacuterea estudada encontra-se as seguintes palavras

Atualmente a temaacutetica Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) tem se tornado cada vez mais popular alcanccedilando todas as aacutereas que envolvem a relaccedilatildeo entre ser humano e o Meio Ambiente Mas na praacutetica o DS deteacutem poucos adeptos buscando uma melhor qualidade de vida priorizando a conservaccedilatildeo que vai de contra ao sistema capitalista tendo em vista que o crescimento econocircmico natildeo eacute um fator determinante para o desenvolvimento sustentaacutevel (ABIacuteLIO 2010 p159)

Nessa busca de progresso o homem acaba deixando de lado o principal que eacute a preservaccedilatildeo do meio ambiente e natildeo havendo a compreensatildeo de que a preservaccedilatildeo eacute uma saiacuteda que beneficia aleacutem da fauna e da flora o proacuteprio homem acredita-se que nunca se chegaraacute a um modo equilibrado de convivecircncia com o meio algo de fundamental importacircncia para o habitante da zona rural Preservar o mundo em que se vive comeccedilando pela sua proacutepria aacuterea seu proacuteprio lugarnatildeo se deixando conduzir apenas pelo capitalismo eacute o primeiro passo para o progresso de forma sustentaacutevel

Provavelmente o juazeiro por natildeo ser uma aacutervore muito utilizada na regiatildeo para finscomerciais como carvatildeo vegetal produtos cosmeacuteticos entre outros eacute tambeacutem bastante erradicado para dar lugar agraves plantaccedilotildees com a justificativa de ser empecilho ao avanccedilo da pecuaacuteria e que prejudica eou diminui o uso da terra 9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Conclui-se atraveacutes desses estudos e anaacutelises de campo que a espeacutecie arboacuterea denominada juazeiro eacute nativa da regiatildeo sendo encontrada e identificada com facilidade no municiacutepio deixando-se claro que essa ocorrecircncia se evidencia na zona rural natildeo sendo observada na aacuterea urbana a qual fica restrita a espeacutecies exoacuteticas Registra-se tambeacutem que a espeacutecie eacute considerada por muitos como siacutembolo do lugar o qual manteacutem caracteriacutesticas de Sertatildeo mesmo localizando-se na aacuterea Agreste do Estado Pernambuco caracterizando-se portanto como um ecotone

Um dos pontos focais da pesquisa foi aquestatildeo da relaccedilatildeo homem-natureza no qual ficam as observaccedilotildees de que apesar do homem danificar o meio ambiente de uma forma cada vez mais desenfreada o mesmo necessita da natureza de uma forma tambeacutem muito intensa Mas na maioria das vezes natildeo eacute isso que ocorre e partindo-se do ponto da observaccedilatildeo de que a cada dia aumenta mais as destruiccedilotildees e isso em grandes aacutereas o problema se expande mais E

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isso natildeo fica restrito ao municiacutepio de Venturosa-PE mas eacute uma constataccedilatildeo que se verifica em vaacuterios lugares que por sua vez vatildeo acumulando os problemas e no fim acarretam o desequiliacutebrio ambiental em todo planeta

Conclui-se queo homem natildeo tem ou natildeo procura ter uma percepccedilatildeo da real importacircncia de um desenvolvimento sustentaacutevel do meio em que vive e do quanto eacute importante a conservaccedilatildeo de aacutereas verdes em qualquer que seja a regiatildeo Em um entendimento mais especifico natildeo importa que seja Zona da Mata Agreste ou Sertatildeo a conservaccedilatildeo e a consciecircncia eacute de vital importacircncia natildeo apenas para a natureza mas para todo ser humano visto ser o principal beneficiado com aacutereas onde se praticar umamelhor conservaccedilatildeo ambiental REFEREcircNCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado Educaccedilatildeo Ambiental formaccedilatildeo continuada de professores no Bioma Caatinga In Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFBB 2010

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_____ A visatildeo Sistecircmica e sua contribuiccedilatildeo ao estudo do espaccedilo pecuaacuterio de Venturosa e Pedra no Agreste de Pernambuco Satildeo Paulo Blucher Acadecircmico 2008

ARBEX Juacutenior Joseacute BACIC OLIC Neacutelson O Brasil em regiotildees Nordeste Satildeo Paulo Moderna 1999 (Coleccedilatildeo polecircmica)

BARBOSA E F da F de M Abordagem do sistema geografia fiacutesica x geografia humana1deg SIMPGEO Rio Claro 2008 ISBN 978-85-88454-15-6

CHIZZOTTI Antonio Pesquisa em ciecircncias humanas e sociais 10 ed Satildeo Paulo Cortez 2009

MACEDO D J C RODRIGUES R R V AMADOR M B M O juazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) no contexto rural do municiacutepio de VenturosaPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 175-180 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleview555580 Acesso emacesso em 20 jan 2014

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre Sulina 2005

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Anderaacuteos Neto Nagib Frases textos pensamentos poesias e poemas de Nagib Anderaacuteos Neto no Pensador (Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014)

RODRIGUES Auro de Jesus Geografia introduccedilatildeo agrave ciecircncia geograacutefica Satildeo Paulo Avercamp 2008

TROPPMAIR Helmut Biogeografia e meio ambiente 8ordf ed Rio Claro Divisa 2008

TUAN Yi-Fu Topofilia Um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo DIFEL 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Reimpressatildeo Recife Companhia Editora de Pernambuco-CEPE 2005

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA

PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS

E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

48- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Thamyllys Myllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

Haacute quem passe por um bosque e soacute veja lenha para a fogueira Leon Tolstoi6

1 INTRODUCcedilAtildeO

Este trabalho traz uma pequena contribuiccedilatildeo quando realiza uma discussatildeo a partir de questionamentos sobre como pode ser vista e considerada a natureza o verde presente nos ambientes urbanos em diferentes escalas de localizaccedilatildeo

Tem-se observado que as discussotildees que se fazem em relaccedilatildeo agraves aacutereas vegetadas no contexto da cidade eacute um seguimento que ainda natildeo possui muitas referencias bibliograacuteficas Para tanto iniciativas e estudos que dizem respeito ao temaacuterio estatildeo provocadas na direccedilatildeo de observar as condiccedilotildees ambientais-socias-econocircmicas citadinas

Para se realizar um estudo da natureza na cidade nas praccedilas puacuteblicas e escolas municipais puacuteblicas de Canhotinho-PE com o intuito de se procurara compreender funccedilotildees e importacircncia das espeacutecies arboacutereas presentes nestes espaccedilos diante da perspectiva subjetiva da comunidade que frequenta e tem de alguma forma uma ligaccedilatildeo com estes lugares

Na obtenccedilatildeo de dados sobre os elementos em estudo adotou-se como referencia bibliograacutefica para fundamentar o olhar das pesquisadoras o pensamento de Yi-Fu Tuan (1974) o qual nos indica olhar os objetos presentes nos ambientes natildeo de forma simples e subjetiva pelas funccedilotildees que exercem nos lugares mas tambeacutem apresentar a ligaccedilatildeo que aquele objeto tem para com os diferentes olhares e sensaccedilotildees das pessoas

As consideraccedilotildees que se fazem satildeo realizadas a partir dos estudos desenvolvidos em que se buscou compreender o papel desempenhado pelas aacutereas verdes das praccedilas e como elas podem ser compreendidas enquanto manifestaccedilatildeo da presenccedila do verde urbano considerando o elo que une as pessoas a objetos materiais principalmente elementos bioacuteticos e imateriais pela percepccedilatildeo dos espaccedilos

Associa-se a esse contexto a manifestaccedilatildeo do verde nas escolas puacuteblicas destacando-se a percepccedilatildeo dos sentidos em relaccedilatildeo aos elementos arboacutereos expressos pela comunidade escolar sob a perspectiva do conceito de ldquotopofiliardquo desenvolvido pelo Yi-Fu Tuan

6 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrfraseMjQyMTY4 Acesso em 14 jan 2014

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Ressalta-se que as escolas aqui trabalhadas estatildeo denominadas por siacutembolos alfabeacuteticos ou seja ABCD e E tendo-se em vista a preservaccedilatildeo da eacutetica necessaacuteria aos trabalhos cientiacuteficos e especificamente nesse caso salvaguardando a identidade das entidades de ensino 2 PERCEPCcedilAtildeO UMA VISAtildeO DIFERENTE DO MUNDO ldquoTOPOFILIArdquo

A proposta da anaacutelise eacute perceber o lugar que segundo Yi-Fu Tuan trata-se da relaccedilatildeo de afeto com o lugar em que as pessoas vivem ou ateacute mesmo convivem Assim considera-se a definiccedilatildeo do termo a seguir pelo autor

A lsquorsquotopofiliarsquorsquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definido em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A reposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mais muito mais intensa que subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o loacutecus da reminiscecircncia e o meio de se ganhar a vida (YI-FU TUAN 1974 p107)

Dessa forma como o autor jaacute citou topofilia eacute o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente fiacutesico Pela sua

cidade ou ateacute mesmo um espaccedilo de uso comum como praccedilas escolas jardins entre outros Mesmo assim determinadas pessoas se identificam melhor em espaccedilos naturais alguns indiviacuteduos possuem

uma lealdade extremae chegam a derramar seu sangue para defender sua cidade ou ainda sua naccedilatildeo Logo este elo afetivo na maioria das vezes eacute muito forte sendo esta ligaccedilatildeo afetiva algo que muitas pessoas levam para sua vida toda

Cada pessoa possui uma sensibilidade para vere interpretar os fatos ou ateacute mesmo a realidade de acordo com que eacute mais conveniente para si ou ainda de acordo com suas influencias culturais Sendo assim constitui-se num processo operacional e natildeo apenas uma representaccedilatildeo de determinado objeto Segundo Tuan (1974 70) ldquo[] nas culturas em que os papeis dos sexos satildeo fortemente diferenciados homens e mulheres olharatildeo diferentes aspectos do meio e adquiriratildeo atitudes diferentes []rdquo

Nesse sentido tambeacutem eacute possiacutevel perceber natildeo mais um fenocircmeno mas uma teia de fenocircmenos recursivamente interligados e portanto ter-se-aacute diante de si a complexidade do sistema (AMADOR 2013 p 50)

Logo admite-se que os estudos devem considerar aspectos de ordem de sua totalidade ou ainda como diria Morin (2005) observar e analisar um fenocircmeno em aproximadamente todos os aspectos que interagem entre si e com o espaccedilo em seu entorno visto que ele influencia e eacute influenciado Assim sendo como o proacuteprio autor discutiu seria o pensar complexo rompendo com estudos reducionistas quando se refere

O que eacute a complexidade Agrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidades [] Mas a complexidade natildeo compreende apenas quantidades de unidade e interaccedilotildees que desafiam nossas possibilidades de calculo ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios [] (MORIN 2005 p 35)

Sob este aspecto eacute que se desenrolam os estudos no acircmbito dos espaccedilos livres e nas escolas puacuteblicas compreendendo para tanto o todo e natildeo soacute uma parte do espaccedilo observado

Tendo-se como suporte a Geografia para apreender como se daacute a inter-relaccedilatildeo das pessoas em seu meio de convivecircncia Nessa linha de pensamento considerou-se a percepccedilatildeo que segundo Amador (2013) demonstra ser algo subjetivo em que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo proacutepria do espaccedilo tomando vaacuterias formas e influenciada pela cultura de cada individuo

Considerando-se o fato da temaacutetica ambiental ter sido uma das grandes preocupaccedilotildees que emergiu nos cenaacuterios dos seacuteculos XX e XXI pelas dificuldades de fatores distintos observados (MENDONCcedilA 2002) na paisagem geograacutefica mas especificamente na cidade apresentando iniciativas no sentido de buscar e resguardar os anseios e necessidades humanas de qualidade de vida e ambiental aliados as intenccedilotildees de apreender as interaccedilotildees que se datildeo no espaccedilo

50- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

21 Contextualizando a Natureza na Cidade

A cidade espaccedilo humanizado de muacuteltiplas relaccedilotildees mostra-se como local de contradiccedilotildees no que diz respeito agraves interaccedilotildees que se processam entre o homem e a natureza sendo esta ldquosegunda naturezardquo por vezes uma contradiccedilatildeo da cidade (com a erradicaccedilatildeoda vegetaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo do urbano) e posterior volta dessa mesma vegetaccedilatildeo compreendida como vaacutelvula de escape para amenizar os problemas ambientais urbanos (FRANCcedilA AMADOR 2013)

Os ambientes citadinos lugares em que se estabelecem distintas relaccedilotildees entre homem e meio apresentam diferentes paisagens diante daquilo que eacute visto condicionado pelos processos que se datildeo no espaccedilo e tempo de cada periacuteodo

Por algum tempo muito se tem argumentado sobre o que se pode definir como natureza e como ela aparece no cenaacuterio das cidades Diante do expressivo progresso nas ultimas trecircs deacutecadas das ferramentas e teacutecnicas no periacuteodo vigente pela capacidade humana e o poder de tomar conhecimento sobre grande parte dos elementos presentes da Terra em suas diversas relaccedilotildees e suas potencialidades

A natureza antes era tida como obstaculo para realizaccedilatildeo humana (HENRIQUE 2009) mas hoje em dia ela vem sendo tratada de diferentes formas e ressaltadas suasfunccedilotildees mediante as intencionalidades humanas dependendo das condiccedilotildees ambientais dos espaccedilos urbanos com valores e sentidos expressos por fatores esteacuteticos ambientais sociais e ateacute mesmo econocircmicos Assim caracteriacutesticas geograacuteficas que eram fatores determinantes para o uso e apropriaccedilatildeo do espaccedilo passam a exercer menor influencia decisiva na construccedilatildeo de objetos necessaacuterios a uma condiccedilatildeo de vida mais apropriada mais digna do ponto de vista ambiental

Tanto os elementos materiais e imateriais presentes no espaccedilo urbano apresentam em si um dialogo em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que se estabelece entre o homem e o meio de modo ldquoindissociaacutevelrdquo na paisagem (AMADOR 2011) como se atuasse em um sistema que ao mesmo tempo eacute influenciado e esta influenciando

Aqui se considera como ldquonaturezardquo aquela evidenciadapelas aacutereas que possuem algum tipo de vegetaccedilatildeo seja nativa ou exoacutetica como aquelas preservadas naturalmente ou inseridas pela accedilatildeo humana em seus limites Atentando-se ainda para o fato das inter-relaccedilotildees soacutecio-ambientais que ocorrem nesta ldquonaturezardquo sendo o homem tambeacutem inserido no contexto aleacutem dos demais elementos bioacuteticos e abioacuteticos BeninI e Martin (2012) expressam o conceito de aacutereas verdes da seguinte forma

[] aacuterea verde puacuteblica eacute todo espaccedilo livre (aacuterea verdelazer) que foi afetado de uso comum e que apresenta algum tipo de vegetaccedilatildeo (espontacircnea ou plantada) que possa contribuir em termos ambientais (fotossiacutentese evapotranspiraccedilatildeo sombreamento permeabilidade conservaccedilatildeo da biodiversidade e mitigue dos efeitos da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica) e que tambeacutem seja utilizado com objetivos soacutecias ecoloacutegicos cientiacuteficos ou culturais (BENINI MARTIN 2012 p 77)

Tomando-se essa referencia admite-se que satildeo aacutereas verdes todo espaccedilo livre puacuteblico em que haacute presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea presente principalmente nas cidades de pequeno porte do interior de Pernambuco aleacutem de compreendecirc-las como representaccedilatildeo fundamental da natureza na cidade

Segundo Amador (2012) e Benini (2011) entende-se praccedila como um ldquoespaccedilo livre puacuteblicordquo com papel para o desempenho entre outros fins do lazer dos seus frequentadores Sendo uma aacuterea verde considerando-se nesse sentido as caracteriacutesticas e funccedilotildees que exercem quando haacute presenccedila da vegetaccedilatildeo e se encontra permeabilizada

A preservaccedilatildeo ou incorporaccedilatildeo da natureza na cidade se insere por meio dos parques praccedilas canteiros quintais calccediladas e jardins rotatoacuterias trevos lugares de domiacutenio puacuteblico ou privado que estatildeo disponiacuteveis a populaccedilatildeo que deseja e por vezes pode desfrutar desses espaccedilos

No entanto esta ldquonaturezardquo natildeo se manifesta apenas em ambientes externos puacuteblicos mas tambeacutem na parte interior de aacutereas privadas ou puacuteblicas dependendo do tipo de construccedilatildeo que apresentem elementos verdes na paisagem considerando-se nesse contexto as escolas que apresentarem vegetaccedilatildeo e exercerem as mesmas funccedilotildees ambientais que outros espaccedilos exercem

Logo insere-se a seguir estudos que se desenvolveram a respeito das praccedilas puacuteblicas e escolas municipais de Canhotinho-PE

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22 Localizaccedilatildeo Geograacutefica do Municiacutepio e Apresentaccedilatildeo das Praccedilas de Canhotinho-PE

Limita-se ao norte com Lajedo e Jurema ao sul com Palmeirina a leste com Quipapaacute e o estado de Alagoas a oeste com Calccedilado e Angelim A altitude eacute de 520 m Latitude 08deg 52 56 e Longitude 36deg 11 28 distando da capital 210 km

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Canhotinho ndash PE

Fonte Adaptado pelas autoras

Com uma populaccedilatildeo de aproximadamente 25000 habitantes o municiacutepio apresentado deveria assimilar em suas poliacuteticas puacuteblicas iniciativas que contemplem planejamento e gestatildeo de aacutereas verdes em sua abrangecircncia Dispondo de regras ou leis que normatizam e deem legitimidade as responsabilidades e planejamento da arborizaccedilatildeo urbana

Deixando de forma clara todas as accedilotildees que podem ser realizadas diante do processo de arborizar manter e informar sobre quais seriam os casos de supressatildeo e substituiccedilatildeo de elementos arboacutereos das aacutereas as que devem ser preservadas entre outras atribuiccedilotildees para mantecirc-las em bom estado para uso da populaccedilatildeo e seguranccedila de sua presenccedila nas cidades A seguir apresentar-se o trabalho realizado nas praccedilas de Canhotinho-PE

221 Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

A praccedila foi construiacuteda em 1988 em homenagem ao padre da Paroacutequia de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo de 1964-1982 querido pela populaccedilatildeo por sua postura amaacutevel e bondade perante as pessoas Logo recebeu o nome de Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula (P1) o mesmo apesar de natildeo ser filho desta terra o tributo foi concretizado Outra motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo do projeto estaacute ligado ao laccedilo de amizade que o unia ao atual prefeito agrave eacutepoca de nome Waldemar Joseacute de Torres Ateacute entatildeo o referido prefeito se candidatou com o apoio do amigo que era preferido pelos cidadatildeos canhotinhenses para o cargo mas segundo contam o bispo da eacutepoca natildeo aprovou a pretensatildeo do homenageado

A praccedila estaacute situada na parte central e comercial da cidade abordada ou seja na Rua Eugecircnio Tavares de Miranda aacuterea muito valorizada pelos negociantes de bens duraacuteveis e natildeo duraacuteveis onde a concorrecircncia e o valor de alugueis dos espaccedilos satildeo bem avaliados em relaccedilatildeo agraves outras localidades Regiatildeo que quase onde natildeo se encontra

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casas domiciliares jaacute produto da accedilatildeo do homem que a partir das suas relaccedilotildees sociais estaacute distribuindo as residecircncias para as regiotildees perifeacutericas das cidades e as casas comerciais para os centros

Figura 1 e 2 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

222 Praccedila Cloacuteves Vidal

A Praccedila Cloacuteves Vidal (P2) situa-se em uma rua que daacute nome a este espaccedilo ao mesmo tempo em que serve tambeacutem de divisoacuteria desse espaccedilo Eacute nela que se concretiza uma separaccedilatildeo por encontrar-se no meio da rua o que implicitamente realiza uma organizaccedilatildeo e divisatildeo na via puacuteblica induzindo a percepccedilatildeo dos condutores de veiacuteculos sobre o lugar certo em que devem trafegar

Figura 3 e 4 Imagens parcias da Praccedila Cloves Vidal

Fonte Trabalho de campo 2013

Como pontua Sobrinho (2011) as praccedilas possuem muitos significados elas natildeo estatildeo ali por estar mas ocupando um lugar que estava vazio por exemplo Pode ter sido planejada para outra solucionar ou amenizar algum problema ou dificuldade no ambiente urbano local Porem em dado momento passa a ser percebida ou mesmo

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construiacutedacomo benfeitoria realizada natildeo somente pelo executor da obra que em geral e puacuteblico mas por toda uma sociedade que se beneficia de sua esteacutetica e outros elementos beneacuteficos coadjuvantes Semelhanccedilas podem ser observadas entre as Praccedilas Padre Josias e Cloves Vidal algumas caracteriacutesticas como uma homenagem para uma pessoa ilustre do municiacutepio de CanhotinhoPE com intuito de registrar na memoacuteria dos cidadatildeos da referida cidade que haacute um filho da terra com valor inestimaacutevel e que seu reconhecimento estaacute marcado na histoacuteria e no espaccedilo da cidade que nos casos satildeo as praccedilas Quanto ao que foi destacado acima se pode observar a importacircncia e o papel que estes espaccedilos livres puacuteblicos inseridos no contexto urbano desempenham quando se diz ser uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo na cidade 3 RESULTADOS OBTIDOS COM A PESQUISA DE CAMPO

Para tanto se realizou a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio misto para coleta de dados e analise dos dados obtidos O questionaacuterio foi aplicado nas duas praccedilas objeto de estudo com o intuito de se compreender como a vegetaccedilatildeo que faz parte da praccedila tem contribuiacutedo de positivo e negativo neses ambientes urbanos a partir das principais praccedilas do municiacutepio de CanhotinhoPE definido-se assim qual seria seu papel desempenhado na paisagem

Quando questionados sobre o que compreendiam por aacuterea verde a maioria das respostas dos entrevistados indicou que seria um local com aacutervores em sua composiccedilatildeo O que se aproxima das definiccedilotildees que muitos dos estudiosos do tema que buscam uma definiccedilatildeo teoacuterica aceitaacutevel pela maioria No entanto a percepccedilatildeo comum das pessoas em geral e realmente associar aacuterea verde com aqueles espaccedilos que contem espeacutecies arboacutereas em sua composiccedilatildeo podem ser urbano ou rural

Ao seres questionados sobre o tipo de memoacuteria que porventura lhes remetiam ao transitar ou simplesmente usufruir de alguma forma a praccedila as respostas que se sobressaiacuteram foram aquelas que remetiam a lembranccedilas fortes dos familiares e amigos pontuando em segunda posiccedilatildeo para esta resposta as lembranccedilas de infacircncia Isso e importante porque reforccedila que o ser e gregaacuterio naturalmente vive em sociedade natildeo se constitui em uma ilha e na individualidade extrema

Assim considera-se que a ligaccedilatildeo individual entre as pessoas e entre essas e a praccedila eacute mais enfaacutetica do que desconsiderar natildeo haver nenhum tipo de afeiccedilatildeo quanto ao espaccedilo puacuteblico presente nos espaccedilos urbanos Revelando-se entatildeo que cada objeto disposto no espaccedilo tem um significado e intenccedilotildees de estarem ali e da forma que se apresentam

Um dado que natildeo foi considerado entre os formulaacuterios que foram aplicados fala sobre se ter a lembranccedila em primeiro plano da pessoa que leva o nome da praccedila das impressotildees e memoacuterias pessoais que se sobrepotildeem nas respostas Apesar das indicaccedilotildees a partir do busto presente na P1 e uma placa que faz referencia na P2 pouco se ouviu falar dos mesmos evidenciando dessa forma que a memoria coletiva e de interesse da sociedade pelo menos local deveria ser melhor trabalhada

Isto aponta para um descuido e falta de sensibilidade e curiosidade para se conhecer o significado de tais construccedilotildees e indagar qual relaccedilatildeo que se faz aos nomes das praccedilas visto que elas fazem uma representaccedilatildeo material da histoacuteria e de personalidades ilustres que viveram ou contribuiacuteram de forma significativa para construccedilatildeo e organizaccedilatildeo do municiacutepio e das impressotildees pessoais dos homenageados para populaccedilatildeo Perguntando-se qual a opiniatildeo dos transeuntes sobre as aacutervores introduzidas ou natildeo nas praccedilas as respostas para as duas praccedilas se colocam entre ldquooacutetimordquo e ldquobomrdquo Poreacutem algumas opiniotildees colocadas se referiram ao fato das arvores atrapalhar ou sujar as vias puacuteblicas deixando-se serem influenciados pela leitura das praccedilas em momento esporaacutedicos de falta de manutenccedilatildeo Quando solicitada a opiniatildeo sobre se de alguma forma as aacutervores presentes nas praccedilas beneficiariam a populaccedilatildeo que utilizam as P1 e P2 eacute quase unanime nas duas representaccedilotildees do graacutefico que elas dispotildeem contribuiccedilotildees positivas para as pessoas E natildeo foram respondidos se de alguma forma elas pudessem prejudicar ou influenciar direta ou indiretamente na vida das pessoas O que foi justificado por cada pessoa diante nas consideraccedilotildees realizadas diz respeito agraves contribuiccedilotildees ecoloacutegicas que as aacutervores realizam no ambiente sendo salientada a sombra das aacutervores que se projetam para aqueles que se encontram abrigados dos fortes raios solares e que sem elas consideraram ser insuportaacutevel a temperatura Aleacutem

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do mais foi destacado nas respostas que os elementos arboacutereos em si resultam num aspecto visual de vivacidade ao ambiente Apesar de que natildeo pode ser visto ou considerada pontuaccedilotildees quanto agraves espeacutecies arboacutereas de instigarem agrave memoacuteria do sentimento de pertencimento a determinada regiatildeo pois se observou que poucas ou quase nenhuma das espeacutecies vegetais satildeo nativas mas aacutervores exoacuteticas inseridas nas aacutereas estudadas Mesmo tendo-se na P1 uma aacutervore de grande valor econocircmico outrora e de sentimento patrioacutetico uma vez que associa-se a nossa identidade e territoacuterio que eacute o Pau-brasil Esses dados formam entatildeo as principais informaccedilotildees colhidas para que pudessem ser realizadas as analises e impressotildees alcanccedilando-se em consequecircncia os objetivos almejados na pesquisa para compreensatildeo do papel das praccedilas enquanto representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo no acircmbito urbano 4 IMPORTAcircNCIA DA ARBORIZACcedilAtildeO PARA A COMUNIDADE DE CANHOTINHO-PE COM DESTAQUE PARA AS ESCOLAS MUNICIPAIS DA AacuteREA URBANA

Em continuidade agrega-se a analise de algumas aacutereas com espaccedilos de uso comum no municiacutepio de Canhotinho-

PE no acircmbito da paisagem urbana que satildeo as escolas municipais objeto de outra pesquisa dessa vez de Iniciaccedilatildeo Cientificano ambito da FACEPE-Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Ciecircncia e Tecnologia do Estado de Pernambuco

Pode-se observar que as cinco escolas municipais apresentam pouca ou nenhuma arborizacao A maioria das escolas possuiaacutereas livres sendo que duas delas natildeo possuem espaccedilo livre nenhumquais sejam escola municipal ldquoErdquo e a escola municipal ldquoCrdquo Por falta de espaccedilo ademais estas escolas natildeo tecircm como oferecer uma arborizaccedilatildeo em suas areas de uso comum

Ao visitar essas unidades escolarespuacuteblicas percebeu-se em uma delas a atitude positiva de uma gestora que comeccedilou a arborizar a escola com vaacuterios tipos de mudas arboacutereas para proporcionar uma melhor sensaccedilatildeo teacutermica controle da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica acuacutestica e visual contato com a natureza fotossiacutentese lazer entre outros o que evidencia a sensibilidade ambiental e social da referida gestora atributo que deveria ser levado em consideraccedilatildeo ao se eleger eou escolher pessoas para cargos assim

Para algumas pessoas as aacutervores frutiacuteferas satildeo oacutetimas mas ao mesmo tempo prejudicam a estrutura das casaseou edificaccedilotildeespor serem em geral de porte meacutedio a grande No caso de uma dessas escolas que apresenta uma uacutenica esperice arboacuterea a responsaacutevel pela gestatildeo comentou que ia mandar derrubar a aacutervore pois a mesma afirmou que a aacutervore estaacute prejudicando a estrutura da escola ou seja nesse caso tipifica a falta de sensibilidade com o ambiental e o social haja vista que natildeo fica demonstrado a preocupaccedilatildeo de resolver o problema que atenda de forma mais adequada agrave situaccedilatildeo como por exemplo consultar profissionais que entendam do assunto procurando compatibilizar a estrutura do preacutedio com a arvore Por outro lado percebe-se a preocupaccedilatildeo demonstrada e com razatildeo com o patrimocircnio publico e com seus frequentadores sejam alunos funcionaacuterios e visitantes

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Figura 5 Imagem parcial de aacutervore Fonte Trabalho de campo 2013

Segundo o que foi observado e compreendido a partir de conversas com a comunidade escolar (alunos

educadores servidores famiacutelias entre outros) tais aacutervores natildeo tecircm nenhum significado e que ao derrubar uma aacutervore natildeo vai fazer diferenccedila nenhuma para a populaccedilatildeo Mais uma vez observa-se que haacute um ldquoecordquo na sociedade local que evidencia fortemente a falta de uma percepccedilatildeo positiva dos elementos verdes e seus benefiacutecios Em termos de ensino constata-se um fato lamentaacutevel que eacute a pouca importacircncia dada ao trabalho de Educaccedilatildeo Ambiental o que levaaos seguintes questionamentos o que eacute educaccedilatildeo ambiental Para que serve educaccedilatildeo ambiental Ou ainda a quem serve a educaccedilatildeo ambiental

Mas ao se procurar contextualizar esta arborizaccedilatildeo na paisagem municipal de CanhotinhoPE percebeu-se que muitas concepccedilotildees natildeo representam a realidade da arborizaccedilatildeo Poreacutem pode ser lapidado para uma melhor compreensatildeo mesmo com cada pessoa ou observador tendo uma visatildeo diferente de se perceber um ambiente

A arborizaccedilatildeo oferece benefiacutecios ambientais importantes que podem ser notados pela populaccedilatildeo entre eles tem-se no quadro urbaniacutestico propiciar sombra purificar o ar diminuir impactos das chuvas amenizar o calor entre outros

Poreacutem mesmo com todos estes benefiacutecios que as aacutervores propiciam para a comunidade escolar e para o ambiente percebeu-se que natildeo existem tantas aacutervores em tais lugares A arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o conjunto escolar contribuindo assim para a melhoria da vida de cada aluno que convive e integra as escolas Assim sendo constata-se que a arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o meio

Logo pode-se notar com este estudo nas escolas municipais de CanhotinhoPE que haacute pouca arborizaccedilatildeo nesses espaccedilos de uso comum e em outras natildeo existe nenhuma espeacutecie de aacutervore nem nativa da regiatildeo e nem exoacutetica seja por natildeo possuiacuterem espaccedilos livres por natildeo haver nenhum plano da escola ou da Secretaria de Educaccedilatildeo para motivar o procedimento de arborizaccedilatildeo destes espaccedilos O graacutefico 1 mostra o percentual de aacutervores presentes nas escolas do municiacutepio em discussatildeo

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Graacutefico 1 Quantitativo de aacutervores nas escolas municipais

Fonte Trabalho de Campo 2013

O graacutefico 1 mostra que a escola Municipal ldquoDrdquo eacute a mais arborizada em relaccedilatildeo agraves outras por ateacute mesmo estar sendo realizado um processo de plantio de mudas

Enquanto outras natildeo possuem nenhum tipo de arborizaccedilatildeo lembrando que uma das escolas natildeo possui aacuterea livre para esse fim jaacute outra escola possui aacutereas livres mas natildeo possui um plano de arborizaccedilatildeo e a ultima restante possui apenas uma

Os espaccedilos livres das instituiccedilotildees devem ser aproveitados para o lazer de professores e alunos deveria ser feito um planejamento pela Secretaria de Educaccedilatildeo visando promover nestas escolas em seus espaccedilos livres um processo de arborizaccedilatildeo Segundo Santos (2011) oestudo do espaccedilo envolve entatildeo os sentimentos espaciais e as ideias de um povo atraveacutes da experiecircncia enquanto o lugar eacute o centro de significado e foco de vinculaccedilatildeo emocional para o homem coadunando-se plenamente com Yi-fu Tuan (1980)

Admite-se que seria conveniente a realizaccedilatildeo nessas escolas de um processo de reeducaccedilatildeo para com alunos e gestores com foco no ambiental especificamente a valorizaccedilatildeo do verde urbano e rural Os professores poderiam incorporar valores e significados com base nesse tema para trabalhar os seus alunos no dia-a-dia Como uma aacutervore pode trazer benefiacutecios Cabendo mesclar a biologia a botacircnica a geografia a gestatildeo a religiosidade a cultura enfim tantos contextos quanto forem cabiacuteveis de se adaptar e absorver de forma prazerosa e interdisciplinar Mas mesmo assim cabe ao poder puacuteblico criar projetos e proteger aacutereas de bem comum de bem difuso destacando-se a seguir a Lei 1025701 da Constituiccedilatildeo Federal e do Estatuto da Cidade

Por se tratar de uma atividade de ordem puacuteblica imprescindiacutevel ao bem estar da populaccedilatildeo [] cabe ao Poder Puacuteblico municipal em sua poliacutetica de desenvolvimento urbano entre outras atribuiccedilotildees criar preservar e proteger as aacutereas verdes da cidade mediante leis especiacuteficas bem como regulamentar o sistema de arborizaccedilatildeo Disciplinar a poda das aacutervores e criar viveiros municipais de mudas estatildeo entre as providecircncias especiacuteficas neste sentido sem contar na importacircncia de normas sobre o tema no plano diretor por exemploart 30VIII183

Assim sendo cada pessoa estudante professores a famiacutelia pode contribuir para a melhoria de seus espaccedilos livres e para proporcionar melhorias buscando conjuntamente por projetos e iniciativas dos gestores escolares e a Secretaria de Educaccedilatildeo para desenvolver planos e accedilotildees de arborizaccedilatildeo

Mas natildeo eacute somente plantar tem-se que articular formas para manejar com as espeacutecies arboacutereas e as instituiccedilotildees no caso das escolas deve possuir um planejamento em relaccedilatildeo aos cuidados de tais aacutervores observando o bem estar e seguranccedila inerente a utilizaccedilatildeo destes elementos na paisagem dependendo das condiccedilotildees fiacutesicas da vegetaccedilatildeo

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Nuacutemeros de Aacutervores nas Escolas

Escola A Escola B

Grupo C Escola D

Escola E

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5 OBSERVACcedilOtildeES E INDICACcedilOtildeES

Diante dos resultados dos dados colhidos nas aacutereas verdes das praccedilas e das escolas puacuteblicas do municiacutepio em estudo questiona-se ainda quanto agraves possibilidades e indicaccedilotildees que aqui poderiam ser propostas no intuito de contribuir para planejamento preservaccedilatildeo e manejo desta ldquonaturezardquo para a gestatildeo puacuteblica e a populaccedilatildeo

Observando-se regras para tratamento das aacutervores em seus ambientes pontua-se para a questatildeo dos cuidados fitossanitaacuterios realizados por pessoas qualificadas E teacutecnicas que podem ser aplicadas ndash exclusatildeo erradicaccedilatildeo proteccedilatildeo imunizaccedilatildeo e dendrocirurgia - para prevenccedilatildeo e propagaccedilatildeo de pragas apoacutes realizaccedilatildeo do parecer teacutecnico7

E tambeacutem os procedimentos para a remoccedilatildeo e reposiccedilatildeo de espeacutecies que estejam causando danos fiacutesicos a patrimocircnios puacuteblicos ou privados que devem sersubsidiados por laudo indicando o procedimento mais adequado para as distintas situaccedilotildees aleacutem da autorizaccedilatildeo se for o caso de remoccedilatildeo dada pelo oacutergatildeo gestor responsaacutevel

A partir do que foi observado na figura 6 o peacute-de-manga na imagem ou seja arvore frutiacutefera nativa do sul e sudeste asiaacutetico introduzida no Brasil com grande ecircxito tem-se pelo que foi notado prejudicado a estrutura fiacutesica da escola influenciada pelas profundas raiacutezes que estatildeo rachando as paredes e tambeacutem a proximidade dos galhos com o telhado que ao balanccedilarem derrubam algumas no chatildeo Logo cabe ressaltar que se houvesse algueacutem envolvido na construccedilatildeo do preacutedio que entendesse do assunto arborizaccedilatildeo e paisagismo com certeza teria encontrado uma soluccedilatildeo compatiacutevel e natildeo ter-se-ia chegado nessa situaccedilatildeo

Nessas condiccedilotildees provavelmente seria indicado realizar uma provaacutevel remoccedilatildeo desta aacutervore e substituiccedilatildeo por outra em que pudesse se adequar aacute aacuterea livre para inserccedilatildeo de outra espeacutecie indicado ainda agrave introduccedilatildeo de grades protetoras no espaccedilo meacutetrico da base da arvores para seu desenvolvimento e impedir o contato direto com as raiacutezes expostas ou grama sedimentos que estejam ali presentes

E ainda implementar um objeto que projeteja em volta da aacutervore inserir uma grade deforma geometrica proporcional ao tamanho da espessuro do caule e de seu desevolvimento quando atingir a altura de cada especie com perfuraccedilotildees para a infiltraccedilatildeo de aacutegua proveniente das chuvas ou regada pelo homem Assim disponibilizaria mais espaccedilo para os trasuentes no caso a comunidade escolar a circularem pela aacuterea

Figura 6 Grade em volta da vegetaccedilatildeo arboacuterea

Fonte LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

7 LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

58- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Esta iniciativa ainda seria de valia quanto a este objeto impedir as raizes em evoluccedilatildeo de ficarem expostas ou

ainda diminuiria o impacto do solo Outro fator importante e o raio que a copa pode atingir sendo entao importante que um teacutecnico possa sugerir a especie adequada para aquele espaccedilo Procedimento indicado tambeacutem para as calccediladas em que haacute presenccedila de elementos arboacutereos visto que as dimensotildees de algumas calccediladas possuem pouco espaccedilo

Tendo-se grande atenccedilatildeo quanto agrave escolha de espeacutecies vegetal da qual se vai introduzir no espaccedilo das praccedilas ou aacutereas livres nas escolas calccediladas entre outros por conta da influencia que este elemento bioacutetico pode provocar na paisagem Influencias estas que podem ser realizadas negativamento quando proximo das aacutervores existem redes eleacutetricas de altura baixa ou meacutedia que permite a vegetaccedilatildeo encostar em seus galhos redes de esgostos podem ser atingidos pelas raizes de algumas especies questotildees no tocante a pragas e animais que podem corroer o caule da vegetaccedilatildeo e provocar danos na sua estrutura ou ateacute mesmo queda sem que se perceba a tempo tal accedilatildeo entre outros pontos

Como exemplo aponta-se um caso que ocorreu durante o periacuteodo em que foram realizadas as observaccedilotildees das pesquisas nas praccedilas mais especificamente na Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula em que a Eritrina-brasileirinha uma aacutervore de meacutedio porte com folhagem muito ornamental chegando de 8 a 12m de altura com folhas verdes e amarelas estaria sendo atacada por algum tipo de praga e em consequecircncia deixava o cauletronco uacutemido e de aspecto pouco resistente como um desprendimento das ceacutelulas originando um aspecto fofo como pode ser observado na figura 9 a seguir

Figura 7 8 e 9 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

Verificou-se que nenhuma providencia foi efetivamente tomada e a aacutervore foi com o tempo perdendo suas

folhas secando ateacute o ponto de restar apenas os galhos sem vida momento em que se notaram as condiccedilotildees fiacutesicas dela e resolveram cortar seus galhos e depois tronco uma retirada da aacutervore por conta do risco que ela apresentava para as

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pessoas que circulavam pela praccedila e ao mesmo tempo para os patrimocircnios privados como lojas comercias carros motos situados proacuteximos agrave praccedila

Configuram-se algumas das realidades que podem ser vistas nos ambientes principalmente quando se fala de vegetaccedilatildeo ressaltando ser de suma importacircncia se pensar em um planejamento que envolva o manejo e tratamento necessaacuterios a manter as condiccedilotildees ambientais e fiacutesicas das aacutervores presentes nos espaccedilos livres puacuteblicos incluindo-se as escolas

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estes ldquoespaccedilos livres puacuteblicosrdquo os quais constituem em sua maioria importante representaccedilatildeo do verde urbano

das cidades principalmente das interioranas podem ser entendidos como redutos de condiccedilotildees ambientais mais afaacuteveis em detrimento da grande quantidade de equipamentos como preacutedios casas asfalto inerentes ao contexto urbano que via de regra alteram o equiliacutebrio tanto climaacutetico quanto paisagiacutestico do lugar provocando desconforto na populaccedilatildeo

Revela-se que todas as pessoas que foram alvo de entrevistas realizadas por meio de formulaacuterio misto e aquelas que se realizaram pelo diaacutelogo apontam semelhanccedilas quanto agrave maioria das pessoas que fizeram parte destes processos ou seja apontarem ser positiva a presenccedila das aacutervores nos dois objetos de estudo

Destacando-se a relevacircncia quanto agraves funccedilotildees desempenhadas pela vegetaccedilatildeo no ambiente apontando-se para suas benesses ecoloacutegicas culturais paisagiacutesticas entre outras E que a ldquonaturezardquo eacute revelada atraveacutes das praccedilas e tambeacutem nas escolas puacuteblicas quando apresenta e oferece vivencia nas aacutereas verdes urbanas

A manifestaccedilatildeo do verde urbano pode ser apresentada em diferentes espaccedilos e por conseguinte fazem uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo nos ambientes transformados pelo homem agraves cidades principalmente em Canhotinho-PE em que se pode observar a presenccedila arboacuterea em diferentes espaccedilos do municiacutepio e natildeo somente em espaccedilos como os aqui contemplados atraveacutes de praccedilas e escolas

A plantaccedilatildeo de algumas aacutervores natildeo resolveraacute todo o problema dos sistemas urbanos entretanto aparece como uma das possibilidades de se minimizar as dificuldades apresentadas no espaccedilo Cabe entatildeo investigar a relaccedilatildeo entre o verde das praccedilas e os equipamentos da cidade tendo em vista a necessidade de um manejo apropriado das espeacutecies arboacutereas Os entrevistados falam em seu discurso sobre a importacircncia da presenccedila da vegetaccedilatildeo nos espaccedilos urbanos quanto aos aspectos paisagiacutesticos social nas condiccedilotildees ambientais do tempo e de aspectos ecoloacutegicos Constituindo-se principalmente em elementos destacados como importantes benefiacutecios por vezes apontando a ligaccedilatildeo subjetiva e sentimento revelado do que representa estes espaccedilos livres para cada um

E para tanto se observa a necessidade que a Secretaria da Educaccedilatildeo junto agrave Secretaria ou responsaacutevel pela gestatildeo ambiental do municiacutepio a promoverem iniciativas quanto ao processo de arborizaccedilatildeo e possam criar projetos inserindo comunidade escolar para o temaacuterio criando quem sabe um plano ou programa de educaccedilatildeo ambiental que vise conscientizar a comunidade escolar e tambeacutem a populaccedilatildeo da cidade fazendo com que haja uma aproximaccedilatildeo para uma sensibilizaccedilatildeo quanto agraves questotildees ambientais

A populaccedilatildeo por sua vez poderia contribuir para tornar a cidade mais humanizada e com uma melhor qualidade de vida a partir de intervenccedilotildees que propotildee o elo afetivo com tal lugar Sendo uma das funccedilotildees importantes da arborizaccedilatildeo natildeo soacute o lazer e a esteacutetica paisagiacutestica do lugar mas tambeacutem a percepccedilatildeo de prazer calma lembranccedilas identificaccedilatildeo com os elementos dispostos na aacuterea entre outros

Contextualizando assim a presenccedila de aacutervores em tais ambientes contribui na reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar e sonora trazendo assim para perto dos alunos um bem estar e um contado mais direto com a natureza Aprendendo a ter de cuidar do meio em que vivem e percebendo a importacircncia de tal atitude quando se toma consciecircncia das influencias provocadas pela relaccedilatildeo existente entre o homem no meio em que vive

Para isso as observaccedilotildees realizadas e que ainda se faratildeo intenciona apontar e mostrar para tais instituiccedilotildees a importacircncia da arborizaccedilatildeo e seus benefiacutecios e com isso conscientizar as entidades escolares para que ao longo deste percurso de estudo possam gestores ou responsaacuteveis introduzir uma aacuterea livre em sua escola para vegetaccedilatildeo favorecendo dessa forma um ambiente mais agradaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico paisagiacutestico e cultural

60- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Os estudos realizados satildeo uma pequena iniciativa e traz um esboccedilo sobre o olhar geograacutefico com um objeto de estudo que natildeo eacute muito utilizado pelos profissionais da aacuterea ou seja uma praccedila como manifestaccedilatildeo da natureza ndash a vegetaccedilatildeo ndash ainda presente ou a volta desta para a cidade como subsidio para se compreender as suas distintas funccedilotildees desempenhados na malha urbana E que assim como um espaccedilo puacuteblico livre pode revelar distintas percepccedilotildees quanto ao uso e ocupaccedilatildeo realizados pelas pessoas bem como os elementos presentes em cada espaccedilo que se revelam sendo pois um objeto de estudo de outros estudiosos mas que se revelam como uma promissora perspectiva do ambito geograacutefico

Abrangendo ainda o ambiente interno de patrimocircnios puacuteblicos ou privados no caso as escolas municipais de Canhotinho-PE como parte da curiosidade de compreender as visotildees que as pessoas tecircm em relaccedilatildeo a composiccedilatildeo arboacuterea presente em distintos espaccedilos

REFEREcircNCIAS

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MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e Meio ambiente 6ordm ed Satildeo Paulo Conxteto 2002

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62- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE

JUPI-PE

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Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

Na vida moderna o contato Fiacutesico com o proacuteprio meio ambiente natural eacute cada vez mais indireto e limitado a ocasiotildees especiais

Yi-Fu Tuan (1980 p 110)

Nos centros urbanos a vegetaccedilatildeo tem diversas funccedilotildees no ambiente Nas cidades pode-se identificar facilmente as diferenccedilas que existem entre as aacutereas arborizadas e aquelas desprovidas de vegetaccedilatildeo pois os locais arborizados tornam-se mais agradaacuteveis aos olhos do ser humano proporcionando um bem-estar segundo Yi-Fu Tuan (1980 p 7) ldquoA visatildeo humana como de outros primatas evoluiu em um meio arboacutereo ()rdquo Sendo assim a arborizaccedilatildeo tem um importante papel quando se fala no bom-humor do homem Por sua vez Gomes (2005 p57) completa falando que as aacutereas verdes ldquodo ponto de vista psicoloacutegico e social influencia o estado de acircnimo dos indiviacuteduos massificados com o transtorno das grandes cidadesrdquo O autor afirma tambeacutem que a vegetaccedilatildeo oferece outros benefiacutecios como por exemplo ldquoregula a umidade e temperatura do ar mantem a permeabilidade fertilidade e umidade do solo e protege-o contra a erosatildeo e reduz os niacuteveis de ruiacutedos servindo como amortecedor do barulho das cidadesrdquo

Geralmente as cidades natildeo possuem um preacutevio planejamento de arborizaccedilatildeo em virtude desse tipo de atitude e acabam adquirindo um manejo incorreto na hora de plantar uma aacutervore com essa pratica ela acaba natildeo conseguindo apresentar seus benefiacutecios e sim muitos problemas Para obter os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio um planejamento adequado pois as necessidades urbanas envolvem uma avaliaccedilatildeo esteacutetica econocircmica psicoloacutegica entre outras Pois mesmo as cidades que se adequam a um planejamento estatildeo sujeitas no futuro a necessitar de ajustes Tomando-se como referencia Dantas e Souza (2004) os mesmos dizem que o ato de planejar a arborizaccedilatildeo eacute fundamental para o desenvolvimento urbano pois dessa forma evita prejuiacutezos para o meio ambiente

E foi devido aos muacuteltiplos benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para o meio ambiente e sociedade que o municiacutepio de Jupi-PE adotou um planejamento adequado para a cidade o que contribuiu bastante para a educaccedilatildeo ambiental da populaccedilatildeo

1 PRINCIacutePIO DA PRAacuteTICA DE ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Durante muito tempo observou-se a aacutervore apenas como um fator esteacutetico da paisagem assim sendo sempre observada de um modo individual e natildeo coletivo ela natildeo passava de mais um elemento que integrava o cenaacuterio observado Do mesmo modo que a superfiacutecie da terra eacute vista de diferentes formas pois cada indiviacuteduo tem sua percepccedilatildeo em observar os elementos que o rodeia A respeito da visatildeo diversificada que existe quanto ao modo de ver a superfiacutecie da terra Yi-Fu Tuan (1974 p 6) diz que ldquosatildeo as mais variadas agraves maneiras como as pessoas percebem e

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avaliam essa superfiacutecie Duas pessoas natildeo veem a mesma realidade Nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avaliaccedilatildeo do meio ambienterdquo

No entanto para entender o contexto de arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio que se observe aleacutem do colorido que se produz deve-se observa-la de uma forma sistecircmica para que se possa entender todos os seus valores

Ao escolher uma aacutervore para compor a paisagem urbana natildeo se deve apenas atentar para a beleza que ela proporciona para a cidade mas se faz necessaacuterio se ater para o fator ecoloacutegico que ela desempenha no meio ambiente Desse modo a aacutervore eacute um elemento da paisagem que traz consigo diversos benefiacutecios para o meio ambiente entre eles para o microclima da regiatildeo e para a reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar

Em contrapartida a arborizaccedilatildeo urbana sem um devido planejamento proporciona diversos conflitos na estrutura urbana como por exemplo a pressatildeo exercida pelas raiacutezes nas calccediladas podem provocar rachadurase especificamente arvores de grande porte quando plantadas em calccediladas podem prejudicar a visibilidade de placas de tracircnsitofavorecendo riscos de acidentes Para erradicar tais problemas entre tantos outros e visando os benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para a cidade a Prefeitura Municipal da cidade de Jupi-PE em 2011 aprovou um projeto de Educaccedilatildeo Ambiental que ficou conhecido por ldquoProjeto Meio Ambienterdquo

2 REFLEXOS DA ADOCcedilAtildeO DA ARBORIZACcedilAtildeO NA CIDADE DE JUPI-PE

Desde a implantaccedilatildeo do projeto ateacute os dias atuais o municiacutepio de Jupi-PE vem apresentado vaacuterios resultados positivos pois representou para a cidade uma grande evoluccedilatildeo no sentindo ambiental Uma vez que existiu e existem discussotildees junto agrave populaccedilatildeo para a conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente palestras realizadas nas escolas municipais da cidade (figura 1 e 2) levando informaccedilotildees sobre educaccedilatildeo ambiental para as crianccedilas fazendo com que elas tenham uma noccedilatildeo do impacto que causam ao meio ambiente quando jogam lixo de forma inadequada ou destroem uma planta movimentaccedilotildees como campanhas na zona rural e urbana do municiacutepio incentivando a populaccedilatildeo para a arborizaccedilatildeo fazendo doaccedilotildees de mudas de arvores (figura 3) e ajudando na sua plantaccedilatildeo para serem cultivadas nos quintais calccediladas e jardins da comunidade e assim aumentando a mancha verde da cidade

Figura 1 Palesta de Educaccedilatildeo Ambiental na Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima

Fonte Paacutegina no Facebook ANDUHS 2013

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Figura 2 Desfile da Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima nas ruas da cidade em comemoraccedilatildeo ao dia do meio ambiente

Fonte Paacutegina no facebook JG viacutedeo Locadora 2013

Figura 3 Doaccedilotildees de mudas de aacutervores para a populaccedilatildeo de Jupi-PE

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

Figura 4 Prefeita Celina Maciel e os voluntaacuterios do projeto Meio Ambiente comemorando o dia do Meio Ambiente em 07072013

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Na figura 4 acima eacute possiacutevel observar o engajamento da prefeita Celina Tenoacuterio de Brito Maciel para a melhoria da cidade a mesma saiu nas ruas de Jupi juntamente com os voluntaacuterios que trabalham para uma melhor qualidade de vida atraveacutes da arborizaccedilatildeo No quadro 1 a seguir estatildeo exemplificadas algumas das espeacutecies de aacutervores que foram distribuiacutedas para a populaccedilatildeo

Nome comum Nome cientiacutefico

Nim Azadirachta indica A Juss

Palmeira imperial Roystoneaooleracea

Ipecirc roxo Handroanthusimpetiginosus

Ipecirc amarelo Tabebuia chrysotricha

Ipecirc branco Tabebuia roseo-alba

Canafistula Cassia leptophylla

Castanhola Terminaliacatappa

Jambo Sysygiummalaccense

Algaroba Prosopisjuliflora

Carambola Averrhoa carambola

Pau-Brasil Caesalpiniaechinata

Eucalipto Eucalyptus globulus Labill

Acaacutecia Amarela Acaciapodalytifolia

Quadro 1 Nomes comuns e cientificos de algumas das espeacutecies de arvores distribuiacutedas na cidade de Jupi-PE

Analisando-se o quadro 1 pode-se observar que as espeacutecies que foram distribuiacutedas satildeo na sua maioria aacutervores exoacuteticas e percebe-se que natildeo foi dada preferencia para as nativas No entanto mesmo existindo a preferecircncia por espeacutecies estrangeiras verifica-se que as praticas de arborizaccedilatildeo estatildeo funcionando na cidade contribuindo tambeacutem para o seu visual assim conseguindo adquirir mais credibilidade abrilhantando-seaos olhos dos seus visitantes e da populaccedilatildeo jupiense

As figuras 5 e 6 a seguir mostram algumas das calccediladas da cidade que receberam algumas das aacutervores

Figura 5 Castanholas (Terminaliacatappa) plantadas nas calccediladas da Rua Joseacute Correia de Lima

Fonte Leticia Oliveira 2013

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Figura 6 Aacutervores diversas plantadas na calccedilada do Foacuterum de Jupi localizadas na Rua Antocircnio Pereira Braga Fonte Leticia Oliveira 2013

A figura 7que se seguem nos mostra a evoluccedilatildeo do Hospital Municipal de Jupi que antes era um Posto de Higiene

mas o quese quer destacar satildeo as aacutervores que foram plantadas na sua frente no trancorrer dos anos fazendo com que o mesmo receba um olhar diferenciado pela sua valorizaccedilatildeo esteacutetica

Figura 7 A influecircncia do verde na evoluccedilatildeo frontal do Hospital Municipal de Jupi Fonte Leticia Oliveira 2013

3 HISTOacuteRIA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Os espinhos chamados pelos nativos de yupi que significa espinho agudo deu origem ao nome do municiacutepio de Jupi que como povoado pertenceu ao municiacutepio de Brejo da Madre de Deus jaacute na categoria de distrito passou a

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pertencer a outro municiacutepio denominado de Satildeo Bento do Una depois passou ao municiacutepio de Canhotinho a seguir ao municiacutepio de Palmeirina e por uacuteltimo ao municiacutepio de Angelim8

Nos meados do seacuteculo XVI o portuguecircs Antocircnio Vieira de Melo desterrado de Portugal para o Brasil por ordem da Coroa desembarcou em Salvador e foi deportado pelo governo da eacutepoca para o interior do Estado penetrando pelas matas Depois de vaacuterios meses foi ter em taba de iacutendios no Estado de Alagoas onde hoje estaacute localizada a cidade de Uniatildeo dos Palmares Em pouco tempo conseguiu a simpatia e confianccedila dos iacutendios Atingiu o planalto de Garanhuns na Capitania de Pernambuco cujo donataacuterio na eacutepoca era Duarte Coelho Pereira Dali embrenhou-se nas matas vindo ter ao sopeacute de uma serra onde havia abundante aacutegua boa e bastante caccedila onde tambeacutem elementos da mesma tribo de origem tinham feito uma aldeia nas proximidades de uma fonte por eles denominada Olho Daacutegua de Yu-py As malocas desta aldeia iacutendios Caeteacutes tribo que tinha como idioma o Tupi foram feitas e cobertas com folhas das palmeiras nativas do local que os iacutendios denominaram de Ouricury

Deste ponto Antocircnio Vieira de Melo resolveu ir agrave Bahia pedindo ao chefe da tribo dois iacutendios de sua confianccedila para seremseus companheiros de viagem Laacute chegando foi bem recebido pelo governador da Bahia relatando ao mesmo todos os acontecimentos Em troca solicitou o fornecimento de ferramentas e sementes para o cultivo da terra feacutertil do Olho Daacutegua de Yu-py Voltando agrave Bahia a fim de prestar contas ao governador do que havia feito e resultado obtido desviou-se da rota traccedilada para viagem tomando-se entatildeo prisioneiro com seus companheiros de uma tribo canibal sendo todos amarrados estando agrave fogueira acesa onde seria ele e seus companheiros assados vivos Antocircnio Vieira de Melo recorreu agrave Virgem Santiacutessima do Rosaacuterio prometendo que se fosse salvo com seus companheiros buscaria a sua imagem em Portugal e com os iacutendios ergueriauma capela em sua honra na localidade Olho DAacutegua de Yu-py cingindo sua fronte com uma coroa de ouro maciccedilo Satildeo e salvo Antocircnio Vieira de Melo cumpriu sua promessa trazendo a imagem que ficou sendo venerada em Jupi (PREFEITURA MUNICIPAL DE JUPI sd)

Ao longo de sua historia o municiacutepio recebeu nomes como Olho Daacutegua de Yu-py Jupy mas foi somente em 1948 que houve alteraccedilatildeo para Jupi atraveacutes da Lei Estadual nordm 421 de 31 de dezembro de 1948 Sua emancipaccedilatildeo no entanto se deu em 1958 pelo entatildeo deputado Joatildeo Calado Borba quando foi apresentada agrave Assembleia Estadual a proposta de emancipaccedilatildeo de Jupi do municiacutepio de Angelim Assim deu-se a aprovaccedilatildeo da Lei nordm 3331 de dezembro de 1958

O municiacutepio se localiza na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do Semiaacuterido pernambucano e encontra-se inserido no Planalto da Borborema apresentando relevo suave e ondulado Eacute uma cidade que se localiza em uma aacuterea de transiccedilatildeo entre os biomas da Caatinga e Mata Atlacircntica apresenta vegetaccedilatildeo (figura 8) composta por subcaducifoacutelica e caducifoacutelica Jupi encontra-se nos domiacutenios das bacias hidrograacuteficas (figura 9) dos rios Mundauacute e Una e tem como principais tributaacuterios os rios da Chata e do Retiro e os riachos do Estreito e Volta do Rio

8 IBGE ndash Disponiacutevel emhttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historico Acesso em 13 jan 2014)

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Figura 8 Mapa de vegetaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi

Fonte Adaptado por Samuel Othon 2013

Figura 9 Mapa da Hidrografia de Jupi-PE

Fonte adaptada Samuel Othon 2013

Mostra-se tambeacutem o mapa de localizaccedilatildeo da cidade de Jupi-PE no estado de Pernambuco (figura 10) e as fotos da antiga Praccedila do Rosaacuterio e como ela se encontra atualmente (Figuras 12 e 13)

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Figura 10 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi-PE

Fonte adaptada por Leticia Oliveira 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes (figura 11) satildeo Satildeo Bento do Una ao norte Jucati ao oeste Satildeo Joatildeo e Angelim ao sul e

Calccedilados ao Leste O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Figura 11 Mapa dosmuniciacutepios limiacutetrofes

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Figura 12 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE antigamente

Fonte Google 2013

Figura 13 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE atualmente

Fonte Google 2013 4 FORMACcedilAtildeO ADMINISTRATIVA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Em divisatildeo administrativa referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Jupy pela lei estadual nordm 1931 de 11 de setembro de 1931 eacute criado o novo municiacutepio de Angelim passando o distrito de Jupy a pertencer ao municiacutepio de Angelim

72- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na divisatildeo referente ao de 1933 o distrito de Jupy figura no municiacutepio de Angelim pela lei estadual nordm 421 de 31-12-1948 o distrito de Jupy teve sua grafia alterada para Jupi

Em divisatildeo territorial datada de 01 de setembro de 1950 o distrito de Jupi figura no municiacutepio de Angelim e assim permanecendo ate 01 julho de 1955 Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Jupi pela Lei Estadual nordm 3331 de 31 de dezembro de 1958 quando desmembrado de Angelim Aleacutem da sede no antigo distrito de Angelim constituem-se mais dois distritos Jupi e Jucati ex-Pindorama Desmembrado de Angelim Instalado em 11 de marccedilo de 1962

Com a separaccedilatildeo datada de 31 de dezembro de 1963 o municiacutepio fica constituiacutedode 2 distritos Jupi e Jucati e pela Lei Municipal nordm 97 de 13 de marccedilo 1968 eacute criado o distrito de Neves o qual eacute anexado ao municiacutepio de Jupi

Na desagregaccedilatildeo datada de 01 de janeiro 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo de 3 distritos Jupi Jucati e Neves Mas pela Lei Estadual nordm 10624 de 01 de janeiro 1991 desmembra-se do municiacutepio de Jupi os distritos de Jucati e Neves para formar o novo municiacutepio de Jucati com aacuterea acrescida pelo povoado de Neves

Em divisatildeo territorial datada de 01 de junho de 1995 o municiacutepio fica constituiacutedo do distrito sede apenas assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 20059 5 JUPI UM DOS MAIORES PRODUTORES DE FARINHA DE MANDIOCA DO AGRESTE PERNAMBUCANO

A mandioca eacute uma planta de origem sul-americana cultivada desde a antiguidade pelos povos nativos desse continente Oriunda de regiatildeo tropical encontra condiccedilotildees favoraacuteveis para seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais

De modo geral o plantio deve ser feito no iniacutecio da estaccedilatildeo chuvosa quando a umidade e o calor tornam-se elementos essenciais para a brotaccedilatildeo enraizamento e estabelecimento das plantas no campo Em decorrecircncia da grande extensatildeo territorial do Brasil e das diferenccedilas regionais de clima e solo o plantio da mandioca ocorre em diferentes eacutepocas10

Assim por sua facilidade de adaptaccedilatildeo e grande aproveitamento a mandioca tornou-se para Jupi um das maiores fontes de renda embora os produtores de farinha de mandioca da regiatildeo natildeo tenham rentabilidade adequada Uma vez que o aproveitamento dessa planta eacute totalizado em quase cem por cento pois seu caule (maniva) serve de raccedilatildeo para animais e como semente sua raiz a mandioca eacute para a fabricaccedilatildeo de farinha feacutecula ou amido mandioca de mesa (aipim macaxeira) e a casca da mandioca tambeacutem eacute utilizada como alimentaccedilatildeo para animais aleacutem do liquido que eacute extraiacutedo da prensagem da mandioca (manipueira) na hora da fabricaccedilatildeo da farinha

No entanto Jupi por produzir uma alta quantidade de farinha de mandioca acaba por poluir bastante o meio ambiente pois a manipueira conteacutem aacutecido cianiacutedrico que possui um altiacutessimo grau de toxidez e inflamabilidade Quando esse liquido eacute jogado a ceacuteu aberto traz inuacutemeros prejuiacutezos Nesse pensamento Oliveira Silva et al completam

Muitos produtores despejam a manipueira de forma concentrada e em grande quantidade a ceacuteu aberto ou em cursos dacuteaacutegua agredindo assim o meio ambiente com elevada carga de mateacuterias orgacircnicas e aacutecido cianiacutedrico (OLIVEIRA SILVA et al 2013p 1)

Aleacutem de poluir o meio ambiente estaacute tambeacutem desperdiccedilando um liquido riquiacutessimo porque a manipueira eacute reutilizaacutevel de diversas formas como apontam os autores jaacute citados

Para que a manipueira deixe de ser um veneno e se transforme em um complemento alimentar seguro basta submetecirc-la agrave fermentaccedilatildeo anaeroacutebica O aacutecido cianiacutedrico considerado venenoso evapora e resta a manipueira pronta para servir de complemento alimentar para o gado Constitui-se ainda agrave fabricaccedilatildeo de tijolos e a produccedilatildeo do bioetanol misturada com oacuteleo de mamona ela pode ser usada tambeacutem no controle de carrapatos (OLIVEIRA SILVA et al p 1 2013)

9 IBGE Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historicogt Acesso em 13 jan 2014 10 EMBRAPA - Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso 22 jan 2014

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A zona urbana da cidade de Jupi conta com cinco casas de farinha consideradas de grande porte e dezenas na zona rural Sendo assim a economia da cidade eacute baseada na fabricaccedilatildeo da farinha pois uma boa parcela da populaccedilatildeo trabalha nessas fabricas Em 2011 aconteceu a FEMUPE- Festas dos municiacutepios de Pernambuco e o municiacutepio de Jupi foi apresentado como ldquoTerra da farinha de mandiocardquo ( figura 14)

Figura 14 Representaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi como sendo um forte produtor da farinha de mandioca na FEMUPE 2011 Fonte Site prefeitura de Jupi

6 POPULACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Com o passar dos anos o municiacutepio de Jupi teve uma diminuiccedilatildeo na sua populaccedilatildeo a tabela a baixo especifica esse decliacutenio

ANO JUPI PERNAMBUCO BRASIL

1991 19865 7127855 146825475

1996 11606 7361368 156032944

2000 12329 7918344 169799170

2007 13628 8485386 183987291

2010 13705 8796448 190755799

Fonte IBGE Censo Demograacutefico 1991 Contagem Populacional 1996 Censo Demograacutefico 2000 Contagem Populacional 2007 e Censo Demograacutefico 2010

7 PRAacuteTICAS PARA UM PLANEJAMENTO DE ARBORIZACcedilAtildeO URBANA

Retomando-se a questatildeo da arborizaccedilatildeo tem-se queum planejamento adequado para a inserccedilatildeo de aacutereas verdes nas zonas urbanas dos municiacutepios deve por principio respeitar os valores culturais e ambientais da cidade Tem que ser devidamente bem elaborado e estudado pois pode trazer prejuiacutezos para a populaccedilatildeo em vez de benefiacutecios Uma vez que

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os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo estatildeo condicionados ao seu planejamento esse tipo de procedimento eacute importante independentemente do porte da cidade

Os habitantes de uma cidade bem arborizada percebem e valorizam os benefiacutecios ambientais sociais paisagiacutesticos e patrimoniais proporcionados pelas as arvores e pelos espaccedilos verdes existentes mas natildeo abrem matildeo de serviccedilos puacuteblicos de qualidade como o acesso contiacutenuo a energia eleacutetrica aacutegua ou telefonia (MANUAL DE ARBORIZACcedilAtildeO 2011 p 4)

Quando se trata de arborizaccedilatildeo Sinvinskas (1999 p 1) define que o ato ou efeito de arborizar ldquoArborizar por seu turno eacute plantar ou guarnecer de arvoresrdquo Mas o planejamento da arborizaccedilatildeo na aacuterea urbana passa pelo processo da escolha da arvore a ser plantada ou seja da arvore certa para o lugar certo levando em consideraccedilatildeo os processos cientiacuteficos e teacutecnicos para seu estabelecimento em curto meacutedio e longo prazo Santos (2001 2002) considera que a arborizaccedilatildeo em locais privados como jardins e quintais tambeacutem fazem parte da paisagem urbana afirma que

Em suma toda vegetaccedilatildeo ou arvore isolada quer que seja publica ou particular ou de qualquer forma de disposiccedilatildeo que exista na cidade constitui a ldquomassa verde urbanardquo por consequecircncia a sua aacuterea verde Aliaacutes haacute divergecircncias ateacute quando a forma de obter o iacutendice aacuterea verdehabitante pois alguns utilizam em seus caacutelculos somente as aacutereas publicas enquanto outros toda a ldquomassa verderdquo da cidade Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as publicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo ( SANTOS 2001 2002 p 1 e 2)

A arborizaccedilatildeo pode ser implantada em diversos ambientes como parques praccedilas ruas calccediladas jardins entre outras localidades No entanto existem diferenccedilas entre esses locais na hora de se plantar Nos parques a escolha quanto ao porte da aacutervore eacute mais flexiacutevel comparada a outros locais pois possuem bastante espaccedilo para as raiacutezes e copas de arvores de grande porte jaacute nas ruas e calccediladas existem mais restriccedilotildees requer mais cuidado por existir a presenccedila de fiaccedilatildeo aeacuterea e subterracircnea asfaltamento a infraestrutura da calccedilada tem que ser observada porque com o passar do tempo pode vir a danifica-la e no caso da arvore caducifoacutelia pode causar o entupimento das calhas e redes de esgoto vindo a poluir as vias puacuteblicas devido ao excesso de folhas caiacutedas

Quando o planejamento do plantio de arvores nas calccediladas natildeo eacute bem elaborado elas sofrem um impacto ambiental muito grande ou seja quebra de galhos podem morrer por falta de aacutegua podas incorretas Essas agressotildees prejudicam o ciclo de vida da aacutervore provocando o seu envelhecimento precoce

Quanto aos jardins De Angelis em Lonboda relatam que

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constituem-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A principio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LONBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Completando o pensamento sobre jardins Chaves (2012) diz que

Logo o jardim se constitui em aacuterea de casa destinada ao cultivo do verde com caracteriacutesticas arboacutereas ou natildeo com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais o que exige a atenccedilatildeo e cuidados especiais resultando em gastos para a sua manutenccedilatildeo (CHAVES p 635 2012)

No entanto a melhor forma de planejar a arborizaccedilatildeo de uma cidade eacute primeiro levantar as caracteriacutesticas fiacutesicas dos locais onde seratildeo plantadas as aacutervores para depois definir os criteacuterios da escolha da espeacutecie para cada regiatildeo soacute posteriormente levantar a espeacutecie a ser plantada Tem-se que observar tambeacutem a melhor espeacutecie que se adequa aos termos paisagiacutesticos do local considerar os limites fiacutesicos e bioloacutegicos que o local impotildee ao crescimento da arvore e analisar quais espeacutecies seriam mais adequadas para melhorar o microclima e outras condiccedilotildees ambientais daquela localidade Um exemplo de arborizaccedilatildeo (figura 15) no municiacutepio de Jupi-PE

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Figura 15 Palmeiras Imperiais plantadas no canteiro da Br 423 na cidade de Jupi-PE

Fonte Leticia Oliveira 2013

Percebe-se claramente a opccedilatildeo feita por palmeiras imperiais que satildeo na realidade exoacuteticas Esse fato reforccedila a

ideia que se tem inclusive na literatura de que a vegetaccedilatildeo nativa natildeo apresenta qualquer tipo de beleza mas que por outro lado esta associada ao atraso falta de desenvolvimento e por que natildeo dizer ao estado de pobreza Almeja-se entatildeo que o bioma caatinga principal representante das zonas fisiografias do Agreste e do Sertatildeo seja visto de uma forma mais positiva e assim contribuir para a promoccedilatildeo de seu estudo dirigido ao paisagismo publico e particular

A importacircncia da arborizaccedilatildeo nos centros urbanos

As aacutervores satildeo a maior forma de vida existente no planeta presentes em praticamente todos os continentes Apresentam alto grau de complexidade e de adaptaccedilotildees agraves condiccedilotildees do meio permitindo sua convivecircncia em diversos ambientes incluindo as cidades (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) 2011 p 11)

A maioria da populaccedilatildeo reside nos centros urbanos que se caracterizam pelas construccedilotildees civis que a cada ano vem crescendo Com o crescimento das cidades consequentemente haacute alteraccedilotildees no clima como a intensidade da radiaccedilatildeo solar a temperatura a umidade relativa do ar a precipitaccedilatildeo entre outros fatores que alteram o conforto da populaccedilatildeo

Os aspectos ambientais das aacutereas verdes estatildeo interligados ao se ter ou adquirir um planejamento de arborizaccedilatildeo na cidade As aacutervores purificam o ar esse eacute um dos seus principais benefiacutecios Pois a poluiccedilatildeo do ar eacute um dos maiores transtornos dos grandes centros urbanos Neste sentido a arborizaccedilatildeo urbana consiste no plantio de aacutervores nas aacutereas livres tornando-se assim uma possibilidade de minimizar os aspectos negativos do avanccedilo das cidades

Os benefiacutecios gerados pelas aacutereas verdes vatildeo aleacutem da recreaccedilatildeo para a populaccedilatildeo e seus valores esteacuteticos suas funccedilotildees excedem amplamente essas funccedilotildees Amenizam os aspectos ambientais adversos tambeacutem eacute importante sob os aspectos histoacutericos culturais esteacuteticos paisagiacutesticos assim contribuindo para

A melhoria da qualidade do ar Reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo Evita a erosatildeo do solo Direcionamento do vento Formaccedilatildeo de barreiras visuais proporcionando privacidade O embelezamento da cidade A melhoria fiacutesica e mental da populaccedilatildeo O aumento do valor das propriedades

76- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Podem-se observar os benefiacutecios das aacutervores no seu sentido histoacuterico cultural nas imagens a seguir (figuras 16 e

17)

Figura 16 Aacutervores histoacutericas do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atual Academia da Cidade de Jupi

Fonte Paacutegina no Facebook JG viacutedeo locadora

Figura 17 Antes local do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atualmente (2014) Academia da Cidade

Fonte Leticia Oliveira 2013

Entatildeo pode-se assim afirmar que aleacutem de tudo as aacutervores possuem valores centenaacuterios que contribuem para a

histoacuteria da cidade Pois mesmo passando-se anos as mesmas aacutervores continuam nos lugares de sempre perpassando pela a vida de centenas de moradores e visitantes da cidade Enfatizando-se os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo para os centros urbanos Souza et al diz que

Natildeo haacute duvidas de que a arborizaccedilatildeo urbana eacute um instrumento eficaz para minimizar os impactos negativos dos centros urbanos defender o meio ambiente como um direito comum natildeo deve ser apenas uma iniciativa de militantes mas uma obrigaccedilatildeo do governo e da sociedade (SOUZA et al 2006 p 66)

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Aleacutem disso arborizaccedilatildeo urbana eacute caracterizada principalmente pelos elementos de porte arboacutereo em parques calccediladas de vias puacuteblicas e jardins sem serem denominadas e entendidas Aacutereas de preservaccedilatildeo Permanente (APP) e podem ser divididas em aacutereas verdes de uso puacuteblico (lazer) e particular

As aacutervores e as aacutereas verdes urbanas tornam-se importantes para a preservaccedilatildeo do meio ambiente o que aumenta sua importacircncia para a coletividade agregando-lhe o fator ecoloacutegico 8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute evidente a importacircncia de um planejamento de arborizaccedilatildeo na zona urbana mas os municiacutepios ainda possuem uma enorme deficiecircncia quanto a esse processo Infelizmente a preocupaccedilatildeo de quem planeja estaacute centrada em caracteriacutesticas socioeconocircmicas deixando de lado a importacircncia dos elementos naturais

Portanto eacute necessaacuterio que existam algumas medidas a serem tomadas pelos gestores das cidades pois a arborizaccedilatildeo eacute vital para a cidade e para o meio ambiente Satildeo inuacutemeras suas contribuiccedilotildees uma delas eacute para melhorar o clima e sobretudo a qualidade de vida Atraveacutes de pesquisas realizadas com a populaccedilatildeo jupiense foi possiacutevel observar que as praacuteticas educacionais implantadas na cidade tiveram um importante papel foi possiacutevel perceber que a populaccedilatildeo obteve oportunidades para aprimorar seus conhecimentos sobre Educaccedilatildeo Ambiental neste contexto a arborizaccedilatildeo foi a que mais se destacou por que contribuiu tambeacutem para a mudanccedila visual do municiacutepio REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

CHAVES Ana Maria Severo AMADOR Maria Betacircnia Delineamento do verde existente em quintais jardins e calccediladas correntes-PE Anais do III SPGEO Natal ISSN 2178-8804 2012

CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) Manual de arborizaccedilatildeo Belo Horizonte CemigFundaccedilatildeo Biodiversitas 2011 Disponiacutevel em lt wwwcomigcombrManual-Arborizaccedilatildeo-Cemig-biodiversidadepdgt acesso em 28 dez 2013

DANTAS I C SOUZA C M C Arborizaccedilatildeo urbana na cidade de Campina Grande-PB Inventaacuterio e suas espeacutecies Revista de Biologia e ciecircncias da Terra Universidade da Praiacuteba Campina Grande 2004

EMBRAPA-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Mandioca e Fruticultura Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso em 22 jan 2014

GOMES Marcos Antocircnio Silvestre As praccedilas de Ribeiratildeo Preto-SP uma contribuiccedilatildeo geograacutefica ao planejamento e agrave gestatildeo dos espaccedilos puacuteblicos 204 f 2005 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal de Uberlacircndia Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Geografia Uberlacircndia 2005

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica IBGE cidades Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrasufphplang=ampcoduf=26ampsearch=pernambucogt Acesso em 13 jan 2014

LOBODA C R ANGELIS B L de Aacutereas verdes puacuteblicas conceitos usos e definiccedilotildees Revista Ambiecircncia Guarapuva-PR2005Disponivel emlthttpwwwrevistaunicentrobrindexphpambieenciaarticledownload185gt Acesso em 01 dez 2013

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MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

OLIVEIRA L F D SILVA A M AMADOR Maria Betacircnia Moreira Impactos ambientais e sociais acarretados pelo mau armazenamento da manipueira In IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista 2013 TupatildeSP Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP ANAP 2013 v 9 p 189-192

PENA-VEGA Alfredo O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

Prefeitura Municipal de Jupi Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwjupipegovbrgt acesso em 28 dez 2013

SANTOS S R Arborizaccedilatildeo urbana consideraccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwautimaarcadenoecombrgt acesso 20 dez 2013

SOUZA I M C de PALMERIM M S S CANTUAacuteRIA P de C Diagnoacutestico da arborizaccedilatildeo de praccedilas puacuteblicas do municiacutepio de Macapaacute-AP Brasil Macapaacute MMES 2006 TCC (Trabalho de Conclusatildeo de Curso em Engenharia Florestal Tropicais) 66 p 2006 Idem p 70

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA

VEGETACAO DE ALGUMAS

AVENIDAS E PARQUES DE

GARANHUNS ndash PE

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e

Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns

[]

Marciacutelio L Renaux (1979 p 96)

1 PAISAGEM ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E GEOGRAFIA

Os conceitos de uma maneira geral geram interpretaccedilotildees distintas de acordo com a perspectiva intelectual do pesquisador e seu aporte teoacuterico de conduccedilatildeo dos trabalhos e pesquisas Em termos do conceito de paisagem aleacutem de ser uma categoria de anaacutelise da Geografia eacute um termo que se aplica em inuacutemeros contextos e nesse caso especifico mescla-se com os inerentes a Arquitetura Urbanismo e Geografia

No acircmbito geograacutefico toma-se o conceito de Paisagem Integrada desenvolvido nas ultimas deacutecadas como assinala Guerra Marccedilal (2009 102) ou seja ldquoa perspectiva de anaacutelise integrada do sistema natural e a inter-relaccedilatildeo entre os sistemas naturais sociais e econocircmicos vecircem dando um novo redirecionamento e interpretaccedilatildeo ao conceito de paisagemrdquo

Admite-se que conceitualmente a arborizaccedilatildeo urbana pode ser entendida como um conjunto de vegetaccedilatildeo arboacuterea e arbustiva distribuiacuteda nas vias puacuteblicas de uma cidade na qual a presenccedila da vegetaccedilatildeo exerce influecircncia positiva tanto no bem estar dos habitantes em geral como nos transeuntes

Em consonacircncia a questatildeo que se apresenta pode ser enquadrada na Geografia Ambiental a qual tem a interdisciplinaridade e o sistecircmico intriacutenseco agrave sua essecircncia

Entre as temaacuteticas que a Geografia aborda estaacute o contexto urbano e sua preocupaccedilatildeo com o espaccedilo geograacutefico Atraveacutes da anaacutelise da produccedilatildeo geograacutefica podemos reconstruir os caminhos percorridos para o entendimento do urbano e da cidade e assim construir um quadro que nos leve a compreender essa produccedilatildeo

A abordagem dos estudos sobre o espaccedilo urbano consiste em entender o seu significado procurando defini-lo atraveacutes de suas caracteriacutesticas demograacuteficas de sua morfologia de suas funccedilotildees e do seu papel econocircmico e social Considera-se dessa forma o estudo do espaccedilo urbano como o estudo da cidade (AZEVEDO 2012)

Sabe-se ainda que o espaccedilo urbano pode ser entendido como uma produccedilatildeo social e como tal eacute um produto histoacuterico pois eacute resultado de accedilotildees acumuladas atraveacutes do tempo e ao mesmo tempo eacute realidade presente e imediata

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Como resultado da dinacircmica social de determinada sociedade que ao reproduzir-se atraveacutes de um determinado modo de produccedilatildeo imprime na paisagem urbana as marcas correspondentes (SILVEIRA 2003 p 25)

Como visto a Geografia eacute uma das ciecircncias que oferece pensar a paisagem De acordo com (SILVA 2002 p 73) ldquoCostuma-se reduzir a paisagem agrave anaacutelise do visiacutevel Sabemos que algumas realidades escapam agrave visatildeo mas cabe ao geoacutegrafo perceber na paisagem fatos da subjetividade e da cultura assim como as estruturas sociaisrdquo

Nesse acircmbito as aacutervores influenciam em todo um desenho dinacircmico que se estabelece no espaccedilo A paisagem passa a representar a teia que envolve a vida com o cotidiano reforccedilando a ideia de uno Nesse ir e vir fragmenta-se para envolver uma gecircnese de atitudes e condutas movimentos ritmos formando sub-paisagens externando as fragmentaccedilotildees vivenciadas sob diferentes tempos Paisagem que reflete a dureza a labuta ao mesmo tempo em que expotildee os sonhos os devaneios das experiecircncias e percepccedilotildees dos transeuntes comerciantes e residentes Mello aborda que

Ao associar as transformaccedilotildees na paisagem em decorrecircncia de seu uso urbano e comprometimento ambiental tornam-se visiacuteveis elementos como a localizaccedilatildeo das diferentes parcelas sociais as aacutereas de vegetaccedilatildeo naturais e o atual iacutendice de verdehabitante os tipos de solo e os usos urbanos as condiccedilotildees geomorfoloacutegicas a declividade e a erosatildeo presente em determinados ambientes a identificaccedilatildeo das aacutereas fraacutegeis e de risco a contaminaccedilatildeo das aacuteguas as condiccedilotildees de salubridades dos ambientes e das populaccedilotildees a precariedade das condiccedilotildees de habitabilidade de esgotamento sanitaacuterio da coleta de lixo e como constituintes da qualidade de vida urbana (MELLO 1996 p 106)

2 ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E PLANEJAMENTO URBANO

Ao fazer o estudo sobre a Avenida Santo Antocircnio no centro de Garanhuns Azevedo (2012) fez breve reflexatildeo sobre o planejamento urbano e como o tema arborizaccedilatildeo se insere no contexto Para isso a autora traz ao trabalho algumas consideraccedilotildees existentes na literatura concernente ao tema como a seguir

No acircmbito da globalizaccedilatildeo o discurso da importacircncia da questatildeo ambiental da ecologia conceitos do tipo ldquoo politicamente corretordquo e a rdquoqualidade de vidardquo se firmam como tendecircncias mundiais inseridas na miacutedia diaacuteria O mesmo acontece de forma mais sutil com a valorizaccedilatildeo daquilo que remete ao passado Neste contexto o interesse pelos ldquovalores culturaisrdquo pode ser considerada uma oportunidade desde que embasado no efetivo resgate desta identidade da memoacuteria das raiacutezes que satildeo suporte de nossa existecircncia Satildeo justamente os substratos histoacutericos que conferem materialidade a essas expressotildees um sentido de lugar e identidade agraves cidades e sua continuidade histoacuterica A essencialidade da memoacuteria reside no fato de que eacute por ela que se daacute a relaccedilatildeo com a variaacutevel temporal fundamental para o desenvolvimento e a continuidade de nossa existecircncia (ADAMS 2002 p116)

O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as consequecircncias geradas pela falta de planejamento

urbano despertaram a atenccedilatildeo de planejadores no sentido de se perceber a vegetaccedilatildeo como componente necessaacuterio ao espaccedilo urbano O plantio de aacutervores inadequadas agrave estrutura urbana gera conflitos com equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros postes de iluminaccedilatildeo entre outros Esses problemas satildeo muito comuns de serem visualizados e causam na maioria das vezes um manejo inadequado e prejudicial agraves aacutervores Eacute comum se ver aacutervores podadas de forma draacutestica e com muitos problemas fitossanitaacuterios como presenccedila de cupins brocas outros tipos de patoacutegenos injuacuterias fiacutesicas como anelamentos caules ocos e podres galhos apresentando lascas entre outros Assim tambeacutem fica claro que a percepccedilatildeo eacute peccedila-chave na boa conduccedilatildeo de trabalhos de planejamento e gestatildeo ambientais principalmente voltados agrave arborizaccedilatildeo urbana

A percepccedilatildeo ambiental abrange a compreensatildeo das inter-relaccedilotildees entre o meio ambiente e os atores sociais ou seja como a sociedade percebe o seu meio circundante expressando suas opiniotildees expectativas e propondo linhas de conduta desta forma os estudos que se caracterizam pela aplicaccedilatildeo da percepccedilatildeo ambiental objetivam investigar a maneira como o homem enxerga interpreta convive e se adapta agrave realidade do meio em que vive principalmente em se tratando de ambientes instaacuteveis ou vulneraacuteveis socialmente e naturalmente (OKAMOTO 1996 p200)

82- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A arborizaccedilatildeo urbana no Brasil eacute de competecircncia das administraccedilotildees municipais mas segundo (BONONI 2006) enfrenta uma seacuterie de problemas principalmente por despreparo de alguns profissionais

Embora haja uma crescente disposiccedilatildeo tanto dos oacutergatildeos governamentais envolvidos como de grande parcela da populaccedilatildeo muitos satildeo os problemas enfrentados como a falta de teacutecnicos capacitados que orientem sobre um plantio correto escolha da espeacutecie poda de formaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de tutores grade de proteccedilatildeo irrigaccedilatildeo em periacuteodo de estiagem e adubaccedilatildeo (BONONI 2006 p213-255)

Em sequecircncia expotildee-se a colocaccedilatildeo de outro autor o qual afirma que

O crescimento desordenado dos centros urbanos gerou uma condiccedilatildeo de artificialidade em relaccedilatildeo agraves aacutereas verdes naturais e com isso vaacuterios prejuiacutezos agrave qualidade de vida dos habitantes Poreacutem parte desses prejuiacutezos podem ser evitados pela legislaccedilatildeo e controle das atividades urbanas e outra parte amenizada pelo planejamento urbano ampliando-se qualitativa e quantitativamente a arborizaccedilatildeo de ruas e as aacutereas verdes (MILANO 1987 1517 e 21)

A maioria dos problemas de arborizaccedilatildeo urbana satildeo causados pelo confronto de aacutervores inadequadas com

equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros e postes de iluminaccedilatildeo Os fatores que devem ser considerados na arborizaccedilatildeo urbana satildeo vaacuterios podendo-se destacar o ambiente urbano caracterizado em termos de clima solos topografia o espaccedilo fiacutesico disponiacutevel em relaccedilatildeo agrave largura de ruas e calccediladas afastamento predial a altura das construccedilotildees a presenccedila de cabos eleacutetricos aeacutereos tubulaccedilatildeo de aacutegua esgoto galerias pluviais rede de telefonia as caracteriacutesticas das espeacutecies a utilizar no que concerne agrave adaptabilidade climaacutetica resistecircncia a pragas e doenccedilas toleracircncia agrave poluiccedilatildeo ausecircncia de princiacutepios toacutexicos eou aleacutergicos e caracteriacutesticas fenoloacutegicas (forma porte raiz floraccedilatildeo frutificaccedilatildeo etc) e morfoloacutegicas

Analisada a questatildeo da adaptaccedilatildeo ecoloacutegica (aclimataccedilatildeo naturalizaccedilatildeo acomodaccedilatildeo) deve-se atentar para a disponibilidade da cidade para a arborizaccedilatildeo natildeo introduzindo as espeacutecies a esmo (SAMPAIO 2006 SERAFIM 2007)

Em termos mais amplos a importacircncia da vegetaccedilatildeo no espaccedilo urbano natildeo se reteacutem apenas aos seus benefiacutecios aos seres humanos mas tambeacutem se verifica ser uma forma contributiva para a manutenccedilatildeo da fauna e flora de uma regiatildeo

A arborizaccedilatildeo de ruas eacute um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capazes de integrar espaccedilos livres aacutereas verdes e remanescentes florestais conectando estes ambientes de forma a colaborar com a diversidade da flora e da fauna (MENEGHETTI 2012 p1-2)

Nunca se deve esquecer ou desconsiderar que o plantio de aacutervores em larga escala nas cidades pode promover a diminuiccedilatildeo do efeito de ilha de calor no veratildeo e amenizar problemas dos ventos

A arborizaccedilatildeo urbana entatildeo eacute um tema que vem sendo discutido cada vez mais na atualidade considerando-se sua relevacircncia nota-se que estaacute aumentando a preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao meio ambiente urbano e a qualidade de vida de nossas cidades

A arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano pois contribui para funccedilotildees importantes no meio ambiente assim como para a sociedade aleacutem de propiciar sombra purificar o ar diminuir ruiacutedos diminuir a poluiccedilatildeo e tambeacutem proporcionar efeitos paisagiacutesticos Considerando-se que a arborizaccedilatildeo no contexto urbano eacute um patrimocircnio que deve ser mantido e conhecido pela populaccedilatildeo torna-se imprescindiacutevel a realizaccedilatildeo de um levantamento das principais espeacutecies arboacutereas e arbustivas distribuiacutedas na via urbana considerada Av Santo Antocircnio em Garanhuns afim de se poder contribuir com subsiacutedios para futuros planejamentos do paisagismo urbano e para uma melhor organizaccedilatildeo do espaccedilo

3 LOCALIZACAO DO MUNICIPIO DE GARANHUNS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

A cidade de Garanhuns no estado de Pernambuco (Figura 1) dista 228 km da capital pernambucana Recife Localizando-se na regiatildeo montanhosa do Planalto da Borborema eacute tambeacutem conhecido como a Suiacuteccedila Pernambucana por causa de seu clima ameno no veratildeo e temperaturas baixas no inverno atiacutepico para o resto da regiatildeo Outras alcunhas satildeo Cidade das Flores ou Cidade da Garoa

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O municiacutepio possui latitude 8ordm5325 sul e a longitude 36ordm2934 oeste estando a uma altitude meacutedia de 900 metros Seu ponto mais alto eacute o Monte Magano com 1030 m de altitude seu rio mais importante o rio Mundauacute Sua populaccedilatildeo eacute de aproximadamente 129392 habitantes segundo estimativas do IBGE para o ano de 2010

Garanhuns apresenta uma paisagem urbana no que se refere agrave habitaccedilatildeo composta em sua maioria por edificaccedilotildees de pequeno porte exceto no Bairro do Helioacutepolis Neste encontra-se edificaccedilotildees com maior porte No que se refere agrave arborizaccedilatildeo percebe-se que estaacute composta entre canteiros centrais e em calccediladas sendo sua maior parte em canteiros centrais como exemplo tem-se a Avenida Rui Barbosa a Avenida Caruaru Constata-se que a arborizaccedilatildeo em geral concentra-se em canteiros centrais com exceccedilatildeo da Av Santo Antocircnio bem no centro da cidade Nas demais localidades de Garanhuns observa-se que a arborizaccedilatildeo ocorre nas calccediladas principalmente em frente agraves residecircncias quando existe

Figura 1 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Garanhuns ndash PE Fonte Chaves 2013

Quanto ao histoacuterico da avenida em destaque tem-se que sua criaccedilatildeo se deu

Pelo alvaraacute de 10 de marccedilo de 1811 por solicitaccedilatildeo do entatildeo governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro foi criada a Vila de Santo Antocircnio de Garanhuns Neste mesmo ano de 1811 a capela foi reconstruiacuteda e transformada na Matriz de Santo Antonio Esta matriz localizada na antiga avenida Rio Branco hoje Avenida Santo Antocircnio [] O seu primeiro vigaacuterio foi Fabriacutecio da Costa Ferreira(Historia de Garanhuns Disponiacutevel em lthttpanchietabarrosblogspotcombr201302historia-de-garanhuns-controversia-dahtmlgt Acesso em 28 jan 2014

Logo pode-se perceber que se trata de uma via relativamente antiga mas que desde o inicio evidenciou a tendecircncia de ser um caminho central que congregou ao longo do tempo comeacutercio lazer religiatildeo entre as funccedilotildees visiacuteveis e permanentes que se pode observar pelas fotografiasrepresentadas pelas figuras 2 e 3 as quais constituem resgate de algumas memoacuterias e tambeacutem da contemporaneidade

84- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

N

Na foto correspondente agrave figura 2 pode-se verificar que havia pessoas caminhando como em um singelo passeio tendo-se a Catedral de Santo Antocircnio ao fundo poucos veiacuteculos estacionados indicando o escasso fluxo automotivo da eacutepoca Natildeo se identifica nenhum uso de fins comerciais proacuteximo a esse canteiro central o que contrasta significativamente com os dias atuais

Pelas fotos visualizadas nas figuras 2 e 3 percebe-se o quanto a referida avenida transformou-sepor conta da urbanizaccedilatildeo da cidade de Garanhuns Atualmente essa avenida eacute a regiatildeo core da cidade eacute laacute que se situam as principais lojas magazines e o setor financeiro com a presenccedila de vaacuterios importantes bancos Trata-se ainda de um locusque atende natildeo somente os garanhunenses mas tambeacutem um bom nuacutemero de municiacutepios que satelizam Garanhuns 4 ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA SANTO ANTOcircNIO CARACTERIacuteSTICAS E DINAcircMICA

Segundo Milano e Dalcin (2000) atualmente a arborizaccedilatildeo nas ruas eacute uma estrateacutegia importante para as condiccedilotildees ambientais adversas como elemento esteacutetico da paisagem urbana em busca de suporte para projetos de renovaccedilatildeo do tecido urbano

No caso especifico da Av SantoAntocircnio as aacutervores satildeo encontradas ao longo das calccediladas e nos canteiros centrais da avenida Acredita-se que essas plantas exercem funccedilatildeo ecoloacutegica no sentido de melhoria do ambiente urbano aleacutem de favorecer a esteacutetica no sentido de embelezamento das vias puacuteblicas e consequentemente da cidade

A arborizaccedilatildeo urbana gera benefiacutecios ambientais e sociais e contribui para uma a qualidade de vida dos moradores da cidade dos transeuntes que por ali circulam e da populaccedilatildeo como um todo Sendo assim eacute de suma importacircncia discutir e analisar o papel da arborizaccedilatildeo urbana para melhor aproveitamento dos espaccedilos natildeo edificados da cidade Reforccedilando-se essa ideia toma-se o pensamento de dois autores que se apresenta a seguir

[] a arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano possuem funccedilotildees importantiacutessimas como propiciar sombra purificar o ar atrair aves diminuir a poluiccedilatildeo sonora constituir fator esteacutetico e paisagiacutestico diminuir impactos das chuvas contribuir para o balanccedilo hiacutedrico assim como valorizar economicamente as propriedades ao entorno proteger e direcionar o vento proporcionar melhor efeito esteacutetico auxiliar na diminuiccedilatildeo da temperatura pois absorve os raios solares e refresca o ambiente pela grande quantidade de aacutegua transpirada pelas folhas (PIVETTA SILVA FILHO 2002p69)

Os vaacuterios benefiacutecios da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas estatildeo condicionados agrave qualidade de seu planejamento

Um planejamento adequado tem que partir primeiramente dos oacutergatildeos puacuteblicos que satildeo os que mais devem se preocupar com este tipo de planejamento como tambeacutem os moradores transeuntes e demais pessoas que por ali circulam pois a arborizaccedilatildeo eacute um bem comum de todos favorecendo a todos o tatildeo almejado bem estar

A arborizaccedilatildeo bem planejada eacute muito importante independentemente do porte da cidade pois eacute muito mais faacutecil implantar arvores quando se tem um planejamento Caso contraacuterio passa a ter um caraacuteter de remediaccedilatildeo agrave medida que

Figura 2 Av Stordm Antocircnio na deacutecada de 1970 Fonte Blog de Iba Mendes in Leidjane (2012)

Figura 3 Visatildeo geral da Av Sto Antocircnio com destaque para os pinheiros Fonte Leidjane (2012)

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se tenta encaixar dentro das condiccedilotildees jaacute existentes e solucionar problemas de toda ordem Para um adequado planejamento da arborizaccedilatildeo da avenida de uma cidade alguns fatores devem ser considerados Tambeacutem o conhecimento das condiccedilotildees ambientais locais eacute preacute-condiccedilatildeo para o sucesso da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas Qualquer planta soacute adquire pleno desenvolvimento em clima apropriado caso contraacuterio poderaacute ter alteraccedilotildees no porte floraccedilatildeo e frutificaccedilatildeo Deve-se evitar portanto o plantio de espeacutecies cuja aclimataccedilatildeo natildeo seja comprovada

A Av Santo Antocircnio possui uma vegetaccedilatildeo mesclada de nativas e exoacuteticas cuja diversidade de plantas e aacutervores proporciona aos residentes comerciantes e transeuntes uma agradaacutevel sensaccedilatildeo de conforto (Figura 4 e 5)

O espaccedilo urbano eacute considerado um fator de grande importacircncia visto que eacute neste que as relaccedilotildees homem e natureza interagem produzindo a dinacircmica do lugar Pode-se assim afirmar que a Geografia uma das ciecircncias que mais se preocupa com tais questotildees possibilita um vasto campo de estudos que identifique a relaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo da sociedade garanhuense com a referidaavenida

Eacute neste espaccedilo em quemoradores comerciantes transeuntes entre outros atores circulam desenvolvendo diversos tipos de atividades relacionando-se com o lugar de diversas formas dando sentido a paisagem Sendo esta cada vez mais urbanizada diante do crescimento da cidade produzindo espaccedilos cada vez menos naturais Portanto eacute de suma importacircncia a preservaccedilatildeo das praccedilas e canteiros existentes ao longo da avenida

A Av Santo Antocircnio evidencia um processo de arborizaccedilatildeo que estaacute diretamente ligado agraves questotildees culturais e ambientais que envolvem este lugar onde tradicionalmente se desenvolveu caracteriacutesticas proacuteprias e peculiares que a tornaram uma das aacutereas mais populares da cidade e que tambeacutem propiciou a instalaccedilatildeo formal ou natildeo de pequenos comeacutercios no canteiro central da avenida em vaacuterios trechos imponho-lhe um novo ritmo cuja vegetaccedilatildeo eacute subjugada agraves necessidades das necessidades econocircmicas

A paisagem encontrada no percurso da avenida eacute bastante diversificada nela pode-se encontrar vaacuterios atores urbanos desenvolvendo suas funccedilotildees de forma praticamente permanente tais como jardineiros comerciantes flanelinhas turistas engraxates entre outros aleacutem de uma variedade de plantas que se misturam com essa trama econocircmico-social produzindo um ambiente nem sempre harmonioso mas de faacutecil compreensatildeo se pensarmos na dinacircmica que envolve homem e natureza

Enfim na Av Santo Antocircnio existe um contexto de arborizaccedilatildeo que implica uma identificaccedilatildeo e uma caracterizaccedilatildeo do tema abordado bem como promove gradativamente conhecimento mais aprofundado da Geografia o

Figura 4 Castanhola localizada em frente a Catedral numa das cabeceiras da Av Sto Antonio Fonte Leidjane (2012)

Figura 5 Canteiro ajardinado com alguns croacutetons como tambeacutem pingo-de-ouro grama entre outros com a presenccedila de bancos para sentar Fonte Leidjane (2012)

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que mostra como os estudos sobre avenidas ruas rotatoacuterias e outras vias urbanas foram enriquecidos e atualmente apresentam abordagens cada vez mais diversas o que faz a Geografia Urbana e Ambiental se destacar cada vez mais tanto para a proacutepria ciecircncia geograacutefica como para a sociedade em geral 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS SOBRE A ARBORIZACcedilAtildeO X DINAcircMICA ESPACIAL DA AV SANTO ANTOcircNIO

A avaliaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo da Av Sto Antocircnio em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que estaacute presente na paisagem leva a considerar-se a percepccedilatildeo dos atores envolvidos tanto de forma positiva quanto negativa num esforccedilo de se refletir o ambiente em suas nuances ecoloacutegicas sociais e econocircmicas Logo a partir do enfoque sistecircmico pode-se verificar o distanciamento do olhar dos que labutam e transitam em relaccedilatildeo agrave presenccedila desse verde o que inclui natildeo somente as aacutervores mas tambeacutem os canteiros com flores e outras espeacutecies vegetais que datildeo o embelezamento paisagiacutestico do lugar

Por sua vez sabe-se que o lugar soacute eacute sentido e apreciado quando se tem oportunidade de vivenciaacute-lo de forma a ter-se uma relaccedilatildeo de afeto Sentimento este que favorece a manutenccedilatildeo e cuidado com o patrimocircnio que embora puacuteblicoimprime certa carga de valoraccedilatildeo e de pertencimento induzindo assim agraveuma atitude reivindicativa criacutetica e proacutepria de um cidadatildeo 6 ENFOQUE NA ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA RUI BARBOSA GARANHUNS-PE

A Avenida Rui Barbosa municiacutepio de Garanhuns ndash PE foi aberta em 1925 pelo prefeito Euclides Dourado Sua construccedilatildeo deu iniacutecio ao povoamento do maior bairro de da cidade que gradativamente tornou-se um dos bairros nobres da cidade denominado Helioacutepolis Nessa avenida estaacute o uacutenico Reloacutegio de Flores do norte e nordeste do paiacutes e este eacute praticamente o siacutembolo que identifica Garanhuns em termos nacional e ateacute internacionalmente (CHAVES 2013)

Predominantemente atualmente o comercio a prestaccedilatildeo de serviccedilo aleacutem de continuar evidenciando residecircncias que aos poucos vatildeo cedendo lugar para outros empreendimentos outros Registra-se ainda que em uma de suas cabeceiras encontra-se a Praccedila Tavares Correia na qual situa-se o Reloacutegio das Flores Esse equipamento atrai turistas o ano inteiro devido sua beleza originalidade e funcionamento

Retomando-se o canteiro central da avenida verifica-se que eacute bem arborizado porem a espeacutecie arboacuterea predominante enfrenta um dilema serio Ou seja ao longo do tempo tornou-se praticamente inadequada devido ao grande fluxo de veiacuteculos usos das vias para festas com trios eleacutetricos fiaccedilatildeo eleacutetrica e as consequentes podas frequentes que de certa maneira significa uma injuria para a aacutervore apesar da necessidade que se impotildee frente ao grande fluxo de pessoas e veiacuteculos no local Que arvore e essa Flamboyant (Figura 6) Aleacutem dela tecircm-se ainda espeacutecies como o Ipecirc e a Castanhola Dessas trecircs apenas o Ipecirc eacute espeacutecie nativa as outras duas satildeo exoacuteticas a Flamboyant eacute africana e a Castanhola eacute asiaacutetica Acredita-se que na eacutepoca do planejamento da avenida e talvez em outros momentos de renovaccedilatildeo paisagiacutestica com base nos elementos arboacutereos no passado o canteiro central da Av Rui Barbosa natildeo foi suficientemente avaliado com respeito a compatibilizaccedilatildeo da espeacutecie escolhida com futuras e atuais funccedilotildees dadas a referida avenida

No caso do Flamboyant (Delonix regia) pertencente agrave famiacutelia dasFabaceaes e de origem africana chega a atingir entre 6 a 12 metros de altura e eacute considerada uma das aacutervores mais belas do mundo principalmente devido ao colorido intenso de suas flores e suas raiacutezes bastante agressivas porem detentoras de um belo desenho quando a mostra Assim com parte delas acima da superfiacutecie a sua presenccedila torna-se improacutepria para a ornamentaccedilatildeo de calccediladas ruas ou proacuteximas a tubulaccedilotildees de aacutegua esgoto paredes e ateacute mesmo fiaccedilatildeo eleacutetrica pois aleacutem dos possiacuteveis danos fiacutesicos pode sem sombra de duvida ocasionar um problema com o transeunte desavisado

A castanhola (Terminaliacatappa figura 7)da famiacutelia das Combretaceaesde origem asiaacutetica chega a mais de 12 metros de altura Ela apresenta caule ereto Sua copa eacute incomum formada por uma ramagem horizontal agrupada a espaccedilos regulares no tronco Eacute uma aacutervore indicada para as condiccedilotildees adversas do litoral Sua copa ampla e cheia fornece sombra farta no escaldante veratildeo dos troacutepicos Natildeo satildeo indicadas para estacionamentos ou em locais com grande movimento de automoacuteveis pois os frutos ricos em aacutecidos podem manchar os automoacuteveis

E apenas o Ipecirc (Tabebuia impetiginosa figura 8) eacute da famiacutelia Bignoniaceae e originaacuteria da Ameacuterica do Sul com altura entre 6 a 9 metros Eacute uma oacutetima aacutervore ornamental para arborizaccedilatildeo urbana de crescimento moderado a raacutepido

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que natildeo possui raiacutezes agressivas sua floraccedilatildeo eacute maravilhosa e recompensadora aleacutem de atrair polinizadores como beija-flores e abelhas Pode ser cultivada em regiotildees subtropicais tendo nestes casos uma reduccedilatildeo na velocidade de crescimento

Verificou-se que a maior parte das espeacutecies arboacutereas eacute exoacutetica os galhos ficam proacuteximos a edificaccedilotildees e fiaccedilatildeo

eleacutetrica natildeo satildeo bem podadas e apresentam problemas fitossanitaacuterios como cupim decomposiccedilatildeo principalmente no tronco galhos secos entre outros

Acredita-se que um dos principais motivos da falta de sincronia entre planejamento e plantio da arborizaccedilatildeo urbana no espaccedilo puacuteblico da Avenida Rui Barbosa em Garanhuns-PE eacute falta de estudo em relaccedilatildeo agrave espeacutecie arboacuterea adequada a ser plantada

De acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana os seres humanos constroem seus ambientes para neles viverem e dele retirarem suas necessidades e a cidade eacute construiacuteda para melhorar e facilitar a vida dos homens porem ela eacute uma construccedilatildeo planejada eacute artificial fazendo-se necessaacuterio a introduccedilatildeo de elementos naturais para melhorar a vida dos seres vivos urbanos (homens animais insetos entre outros) Assim satildeo criados espaccedilos livres destinados agrave arborizaccedilatildeo e que aleacutem de estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos eacute importante sob os aspectos ecoloacutegico histoacuterico cultural social esteacutetico e paisagiacutestico

Esses fatores e a accedilatildeo antroacutepica tornam as cidades organizaccedilotildees sistecircmicas e complexas sistecircmicas porque seus variados aspectos precisam ser compreendidos como uma totalidade onde os homens necessitam da natureza e das construccedilotildees artificias para melhorar suas condiccedilotildees de vida e esses fatores satildeo vistos em conjunto e natildeo isolados e complexas porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitas relaccedilotildees que estabelecem homem meio ambiente homem meio ambiente urbano meio ambiente e meio ambiente urbano

E a falta de articulaccedilatildeo entre a arborizaccedilatildeo e o planejamento das cidades tornam os espaccedilos livres desestruturados onde a populaccedilatildeo que necessita dessa aacuterea para seu lazer acaba por natildeo poder desfrutar desses ambientes pois os mesmos apresentam calccedilamento danificado pela falta de compatibilidade da raiz da espeacutecie arboacuterea e o espaccedilo fiacutesico destinado ao plantio Infelizmente pode-se ter a vida em risco por causa de acidentes devido agrave falta de observacircncia desses detalhes de suma importacircncia

Outro fator relevante da arborizaccedilatildeo e a funccedilatildeo paisagiacutestica desempenhada esta valoriza o espaccedilo do ponto de vista esteacutetico e se tratando da arborizaccedilatildeo do canteiro central da Av Rui Barbosa tem-se a valorizaccedilatildeo econocircmica via que da acesso a uma das entradas da cidade e comportar o Reloacutegio das Flores Por esses motivos a arborizaccedilatildeo natildeo deveria apresentar essa falta de articulaccedilatildeo com o planejamento desse local bem como se deveria ter um estudo

Figura 6 Flamboyant no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 7 Castanhola no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 8 Ipecirc no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

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aprofundado das espeacutecies adequadas a esse espaccedilo evitando-se assim problemas derivados da falta de sincronia e ou harmonizaccedilatildeo

Os dilemas da sustentabilidade urbana satildeo muitos Assunto esse de extrema importacircncia quando se falar no bem estar da populaccedilatildeo das cidades jaacute que a introduccedilatildeo desses espaccedilos verdes beneficiam a populaccedilatildeo contribuindo para ambientes mais saudaacuteveis e confortaacuteveis ajuda na amenizaccedilatildeo das altas temperaturas tatildeo comuns em cidades do nordeste brasileiro aleacutem de outros benefiacutecios advindos da arborizaccedilatildeo urbana

Foi verificado que o canteiro central da Av Rui Barbosa eacute um espaccedilo limitado entre duas vias de grande movimento de veiacuteculos e pessoas cercado de objetos urbanos como fiaccedilatildeo eleacutetrica edifiacutecios grandes semaacuteforos e tubulaccedilotildees subterracircneas entre outros elementos Logo eacute necessaacuterio um estudo adequado sobre as espeacutecies escolhidas para arborizar esse espaccedilo urbano bem como estudar o espaccedilo em si e seu tamanho

Nesse sentido ao se estudar as espeacutecies arboacutereas pode-se saber seu tipo de raiz tamanho expansatildeo da copa frutos elementos necessaacuterios para a escolha e definiccedilatildeo do espaccedilo adequado ao seu plantio Fato esse que se pode dizer muito provavelmente natildeo ter sido levado em consideraccedilatildeo quando escolheram a principal espeacutecie arboacuterea dessa avenida uma vez que a Flamboyant eacute uma espeacutecie de grande porte de raiz agressiva que necessitada de amplo espaccedilo para seu desenvolvimento

Faz-se assim necessaacuterio um estudo sobre essa arborizaccedilatildeo para que essa escolha inadequada natildeo venha a prejudicar o espaccedilo em que as aacutervores estatildeo plantadas ou cause algum acidente que afete a populaccedilatildeo jaacute que boa parte das aacutervores estaacute danificada e em sua maioria no tronco os quais se apresentam deteriorados com cupim e muita delas com aparecircncia de estarem secas e quase mortas Aleacutem de ser visiacutevel que o calccedilamento proacuteximo agraves aacutervores Flamboyant apresenta-se danificado

Apresenta-se a seguir trecircs quadros com base nos estudos de Laurie em Schutzer (2012) onde eacute possiacutevel ver o quanto a presenccedila arboacuterea deixa o ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na vida das cidades com base em dados encontrados na literatura

Quadro 1Temperaturas superficiais de diferentes tipos de pisos do ambiente urbano

Temperaturas degC 50degC 17degC 37degC 47degC 35degC

Tipos de Pisos Asfalto ao Sol Grama a Sombra Concreto a Sombra Concreto ao Sol Grama ao Sol

Quadro 2Diferentes temperaturas entre as aacutereas expostas ao sol e as aacutereas sombreadas por algumas aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol (degC) 35degC 36degC 375degC

Aacuterea sombreada (degC) 305degC 22degC 33degC

Espeacutecie arboacuterea Cinamomo Sibipiruna Extremosa

Quadro 3Diferenccedilas de umidade relativa do ar entre aacutereas expostas a radiaccedilatildeo solar e as aacutereas sombreadas por trecircs tipos de aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol () 40 32 37

Aacuterea sombreada () 55 52 42

Espeacutecie arboacuterea Ligustro Sibipiruna Jacarandaacute

Esse estudo colocado em quadros demostra o quanto a aacutervore eacute beneacutefica ao ambiente das cidades contribuindo principalmente para o conviacutevio harmocircnico dos elementos naturais e artificiais os quais devem estar em sincronia para natildeo se tornarem maleacuteficos ao espaccedilo ocupado 7 AVENIDA CARUARU GARANHUNS-PE E A ALGAROBEIRA (PROSOPIS JULIFLORA (SW) DC)COMOELEMENTO DO VERDE

URBANO

Compreender o significado da implantaccedilatildeo dessa exoacutetica no paisagismo urbano de GaranhunsPE eacute uma forma tambeacutem de compreender as multiplicidades e singularidades presentes nesta aacuterea com algarobeira

Do ponto de vista ecoloacutegico conforme antes argumentado qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica

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Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54)

Assim a espeacutecie (Prosopisjuliflora (Sw) DC) poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventos fortes Eacute fato que em sua accedilatildeo paisagiacutestica a algarobeira apresenta em aacutereas arborizadas pela mesma um ambiente apresentando uma paisagem verde durante todo o ano

Aleacutem de proporcionar sombra e beleza no ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada a qual oferece a populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel tanto em baixo de sua copa quanto dentro das residecircncias que estatildeo ao seu entorno

Adiante apresenta-se a figura 9 a qual evidencia a extensatildeo da Avenida Caruaru uma das mais importantes vias da cidade a qual congrega comeacutercio residecircncias escolas e faculdades

A arborizaccedilatildeo da Avenida Caruaru constituiacuteda de ipecircs algarobeiras (Figura 10) castanholas fiacutecus paus-brasil figueiras da Iacutendia palmeiras pinheiros paus drsquoarco estaacute disposta no canteiro central tendo como espeacutecie predominante a algarobeira (Prosopisjuliflora (Sw) DC)

A Prosopis juliflora (SW) DC originaacuteria da regiatildeo do Piura no Norte do Peru foi introduzida no nordeste brasileiro por volta de 1942 em Serra Talhada-PE pelo Professor J B Griffing Em seguida a algaroba disseminou-se no Rio Grande do Norte em 1944 na Fazenda Satildeo Miguel municiacutepio de Angicos e no Estado do Cearaacute em 1954 seguido pelos demais estados do poliacutegono das secas (GOMES 1961) salientando-se que a literatura acusa mais duas origens quais sejam Sudatildeo e Novo Meacutexico

Na regiatildeo Nordeste haacute mais de meio seacuteculo a algarobeira se constitui numa das vaacuterias espeacutecies capazes de possibilitar aos animais e ao proacuteprio homem uma atenuaccedilatildeo aos efeitos adversos das secas perioacutedicas A algarobeira eacute altamente resistente agrave seca e tem um potencial de adaptaccedilatildeo por demais favoraacutevel agraves condiccedilotildees de solo e clima do semiaacuterido razatildeo pela qual a cultura despertou interesse de autoridades governamentais oacutergatildeos de pesquisa universidades teacutecnicos e produtores rurais (SILVA AZEVEDO 1998)

Figura 10Algarobeira na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Figura 9 Foto de sateacutelite da Avenida Caruaru Fonte httpmapsgooglecombrmapshl=pt-BRamptab=wl

90- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

8 A UTILIZACcedilAtildeO DA ALGAROBEIRA NO PROCESSO DE ARBORIZACcedilAtildeO

Atualmente haacute vaacuterios trabalhos referentes agrave arborizaccedilatildeo urbana os quais visam o paisagismo e o bem-estar da populaccedilatildeo Existe tambeacutem a praacutetica no senso comum da conduccedilatildeo de poliacuteticas publicas de urbanismo e paisagismo e nesse contexto percebe-se a natildeo observacircncia de elementos fundamentais como altura das aacutervores proximidade de tubulaccedilotildees podas inadequadas entre outros por parte da maioria dos administradores das cidades principalmente interioranas

Entre os tipos de vegetaccedilatildeo urbana encontram-se espeacutecies ornamentais que geralmente satildeo colocadas em parques jardins gramados alamedas e decoraccedilotildees de interiores Apesar de bonitas e funcionais contribuem para baixar a diversidade de espeacutecies ressaltando-se que a observaccedilatildeo ganha relevacircncia quando se considera a cidade como um ecossistema (AMADOR 2011 p 124)

A arborizaccedilatildeo no espaccedilo urbano pode ser de caraacuteter esteacutetico ecoloacutegico fiacutesico e psiacutequico do homem que por sua

vez eacute poliacutetico social e econocircmico Nessa linha de raciociacutenio julga-se que o caraacuteter mais representativo para se relacionar com a algarobeira no municiacutepio em foco eacute paisagiacutestico

Do ponto de vista ecoloacutegico qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades (ANDRESSEN apud BIONDI 1995 p160)

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54 apud AMADOR 2011 p127)

Assim a espeacutecie Prosopisjuliflora (SW) DC poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventanias (Figura 11)

Figura 11 Levantamento de calccediladas e tombamentos por ventos fortes

Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Poreacutem quando se coloca qualquer aacutervore ou arbusto nas aacutereas urbanas faz-se necessaacuterio primeiro conhecer a estrutura e fisiologia das espeacutecies catalogadas ou pensadas para esse fim saber administrar os diversos interesses particulares e puacuteblicos em relaccedilatildeo agravequeles indiviacuteduos vegetais ter boa articulaccedilatildeo com os diversos oacutergatildeos que de uma forma ou outra realizam seus trabalhos abaixo das vias puacuteblicas (trabalhos subterracircneos) e isso inclui calccediladas observar com acuidade o plano diretor de cada cidade e constantemente treinar equipes de podaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos elementos verde urbanos (AMADOR 2011 p136)

O processo que acompanhou a introduccedilatildeo dessa espeacutecie no semiaacuterido nordestino foi cheio de bons propoacutesitos tanto que no caso das cidades foi utilizada largamente na arborizaccedilatildeo urbana (Figura 12) Problemas apareceram natildeo por conta dela em si mas por falta de conhecimento adequado por parte daqueles que a manusearam pode-se afirmar

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sem sombra de duacutevida que elas exerceram seu papel no verde urbano oferecendo uma sombra excelente entre outros fatores

Figura 12Algarobeiras na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo

Foto Gama Santos 2011

Assim de acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa constatou-se que a algarobeira ainda suscita muitas discussotildees entre aqueles que convivem com ela de alguma maneira com base nas histoacuterias de vidas coletadas pode-se dizer que a mesma eacute vista como beneacutefica uma vez que a mesma proporciona sombra e beleza ao ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada oferecendo consequentemente agrave populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel Logo como se pode constatar na fala de um dos entrevistados ldquo[] eu gosto delas faz sombra soacute solta muitas folhas mas eacute bom a ventilaccedilatildeo []rdquo (Pesquisa de campo 2011)

No que se refere aos aspectos negativos a percepccedilatildeo das pessoas eacute que ela ocasiona a dilataccedilatildeo das vias puacuteblicas como tambeacutem quedas das folhas e vagens

Desse modo foi possiacutevel constatar que o conhecimentoacerca das histoacuterias de vidas das pessoas que se relacionam com as algarobeiras na arborizaccedilatildeo urbana especificamente na Avenida Caruaru foi de fundamental importacircncia para chegar agraves percepccedilotildees dos significados que a algarobeira ostenta desde sua introduccedilatildeo na deacutecada de 1940 ateacute os dias atuais

Assim obteve-se um delineamento da trajetoacuteria desse significado ao longo do tempo via resgate oral de memoacuteria que ateacute certo ponto coincide com o exposto na literatura mas acredita-se que se conseguiu avanccedilar no sentido da dinacircmica das informaccedilotildees ricas em subjetividade de significados e suas inter-relaccedilotildees com o marco teacutecnico e estanque presente no senso comum e em muitos trabalhos acadecircmicos produzidos ateacute entatildeo

9 A PAISAGEM VERDE NOS PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

No contexto do verde urbano os parques desempenham funccedilotildees variadas e que visam atender a populaccedilatildeo em

suas diferentes aspiraccedilotildees entre os principais pode-se citar lazer e contemplaccedilatildeo Com a explosatildeo na miacutedia de informaccedilotildees acerca do clima e suas mudanccedilas as aacutereas verdes urbanas comeccedilaram a ganhar espaccedilo tanto no setor de planejamento puacuteblico quanto nos anseios da populaccedilatildeo em geral por significar um de bem estar Poreacutem o que se constata na praacutetica pelo menos em alguns lugares natildeo eacute o que se cogita legalmente e nem no cotidiano

Mas o verde urbano se reveste conceitualmente de especificidades que vatildeo desde a discussatildeo se aacutervores em calccediladas podem ser consideradas como arborizaccedilatildeo urbana logo natildeo integrando o sistema de aacutereas verdes ateacute definiccedilotildees de parques praccedilas e outros Eacute sabido que os estudos dos espaccedilos verdes urbanos encontram-se interrelacionados com o planejamento da paisagem urbana cuja aacuterea de interesse faz parte da Ecologia da Paisagem que vem se apresentando como uma nova aacuterea do conhecimento dentro da ecologia e tambeacutem da geografia

92- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Assim sendo toma-se como fio condutor do trabalho os parques Euclides Dourado e o Ruben van der Linden no centro urbano de Garanhuns-PE por expressarem de certa forma essa demanda por uma vida saudaacutevel para a populaccedilatildeo e para a cidade

Nesse contexto Carneiro e Mesquita (2000 p20) citados por Bovo e Amorim (2012) afirmam que parques urbanos satildeo espaccedilos livres puacuteblicos com funccedilatildeo predominante de recreaccedilatildeo ocupando na malha urbana uma aacuterea em grau de equivalecircncia superior a uma quadra tiacutepica urbana em geral apresentando componentes da paisagem natural vegetaccedilatildeo topografia elemento aquaacutetico como tambeacutem edificaccedilotildees destinadas a atividades recreativas culturais eou administrativas

Essa concepccedilatildeo aponta para vaacuterios elementos que integram a paisagem e entre elas encontra-se a vegetaccedilatildeo principal foco do estudo em pauta 10 PARQUES URBANOS

De acordo com Bovo Amorim (2012) no Brasil ldquoos parques puacuteblicos surgem no Rio de Janeiro com a vinda da famiacutelia real em 1808 pois neste periacuteodo teve iniacutecio agrave lsquoorganizaccedilatildeo urbanarsquo que consistia na limpeza das ruas na criaccedilatildeo da poliacutecia militar na criaccedilatildeo da imprensa reacutegia e na fundaccedilatildeo do Banco do Brasilrdquo Sabe-se ainda que por influecircncia europeacuteia se procurou reproduzir o desenho e arquitetura dos espaccedilos puacuteblicos europeus principalmente franceses Tambeacutem se importou a ideia de se procurar plantar espeacutecies exoacuteticas desde que exuberantes e diferentes da vegetaccedilatildeo local

Em termos de vegetaccedilatildeo de espaccedilos puacuteblicos pode-se dizer que foi com o arquiteto e paisagista Burle Marx que as espeacutecies nativas de todas as regiotildees do paiacutes tiveram seu reconhecimento sendo incorporadas nos projetos urbaniacutesticos de diversas cidades brasileiras

Ao mesmo tempo os olhos da sociedade voltam-se para o verde urbano frente a dinacircmica de crescimento que as maioria das cidades passaram a enfrentar nas deacutecadas poacutes segunda guerra mundial aumentando significativamente com as questotildees ambientais de poluiccedilatildeo aquecimento global entre outros Tambeacutem paralelamente cada vez mais as pessoas demandavam aacutereas de lazer em diferentes niacuteveis impulsionando o setor puacuteblico a destinar espaccedilos para fins de lazer contemplaccedilatildeo que com o passar dos anos e dependendo da situaccedilatildeo na qual se encontravam foram assumindo caracteriacutesticas de parques temaacuteticos de conservaccedilatildeo esteacutetico entre outros

Nesse sentido faz-se uma analogia tomando-se Dardel (2011 p 14-16) que diz ldquoa cidade ativa natildeo eacute um espaccedilo inerte mas um espaccedilo que se move um espaccedilo vivordquo Logo um parque tambeacutem pode ser considerado um espaccedilo vivo ele se transforma se adeacutequa agraves necessidades da contemporaneidade e sua vegetaccedilatildeo prioritariamente as aacutervores as quais se revestem de simbolismos de expressividades estimulam o ser humano a pensar nelas como elemento primordial na organicidade da vida transmitindo forccedila energia sem esquecer do proacuteprio ciclo da vida como bem coloca Farah (2008) Ademais de acordo com Ferry (2009 p 24) as aacutervores estatildeo ldquoobtendo acesso ao estatuto de seres juriacutedicosrdquo pensadas num contexto sistecircmico caracterizando uma preocupaccedilatildeo complexa com a totalidade a biosfera

Em seguida seratildeo tratados os espaccedilos selecionados no municiacutepio de Garanhuns Pernambuco com suas molduras paisagiacutesticas com base na arborizaccedilatildeo e principais funccedilotildees

11 PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

Na cidade de Garanhuns propriamente dita encontra-se dois parques que apresentam singularidades diferenciadas em termos de funccedilatildeo satildeo eles o Parque Euclides Dourado e o Parque Euclides Dourado e o Parque Ruber van der Linden cuja disposiccedilatildeo na malha urbana pode ser ilustrada atraveacutes da figura 13

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Figura 13 Visualizaccedilatildeo por imagem de sateacutelite dos parques Euclides Dourado e

Ruber van der Linden na malha urbana de Garanhuns-PE

121 Parque Euclides Dourado Euclides da Costa Dourado importante poliacutetico municipal nas deacutecadas de 1920 -1930 daacute nome ao antigo parque

municipal Mas como antes hoje a populaccedilatildeo continua identificando esse espaccedilo como Parque dos Eucaliptos (Figura 14) O referido parque apresentava e apresenta ainda a predominacircncia de eucaliptos conforme se observa na construccedilatildeo poeacutetica que se segue

O Parque dos Eucaliptos Que lindo plaino Que docilidade Da natureza quando rompe o dia Ou quando a tarde cai saudosa e fria Naquela singular tranquumlilidade A viraccedilatildeo que silva e que se evade O estandarte das flores alicia A adoraacutevel fragacircncia que irradia A perfumosa vegetabilidade Os eucaliptos de bailar natildeo cessam Enquanto os pombos ceacuteleres regressam Agrave paz acolhedora do pombal Cair da tarde E a viraccedilatildeo fogueira Envolve sussurrante e prazenteira A vesperal paisagem do Arraial (CYSNEIROS 1979 p 11)

Pode-se entatildeo apreender dessa poesia que outrora o parque realmente exibia outra denominaccedilatildeo jaacute com a

vegetaccedilatildeo predominante de eucaliptos mas da mesma forma que antes a sensaccedilatildeo de bem-estar eacute transmitida agraves pessoas que o frequentam Transparece ainda a consistecircncia do relevo local quando o autor inicia o texto e diz ldquoQue lindo plainordquo evocando claramente a ideia de relevo plano informaccedilatildeo importante tendo-se em vista ser o municiacutepio incrustado entre sete colinas e ademais vai favorecer a funccedilatildeo de lazer que se sobressai frente agraves outras que existe na atualidade No sentido de dar mais solidez as reflexotildees cita-se mais uma poesia que enfoca a beleza a vegetaccedilatildeo e o imaginaacuterio popular do passado em relaccedilatildeo ao parque dos eucaliptos (Figuras 15 16 e 17) permitindo assim que se possa estabelecer alguns tecircnues viacutenculos com o presente

Figura 14 Predominacircncia de eucaliptos Dourado-GaranhunsPE Foto M Amador 2012

94- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O Parque dos Eucaliptos

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns Entre sonhos e riscos As bicicletas reluziam de homens Com quadro As de moccedila com Tela rendada multicolorida sobre A roda traseira ldquoMe daacute uma triscardquoDizia um moleque E laacute seguiacuteamos triscando por Entre os perfumados eucaliptos A casinha dos macacos Pulando alegres o cercado da ema Pescoccedilo imenso olhos arregalados Coelhos algumas pacas e muitas Cotias Bicicletas ldquotriscandordquo na gente O menino de rolete de cana Doce que soacute a peste gritava Pirulito e sorvete Tardes de sol Ensombreados pelos eucaliptos Carramanchotildees de namorados No centro do parque A construccedilatildeo branca do barzinho

Era uma floresta imensa De perfumados espaccedilos Entremeados de sonhos e Bicicletas O parque de Garanhuns (RENAUX 1979 p 91-92)

Atraveacutes da leitura percebe-se que esse espaccedilo Parque Euclides Dourado ao longo do tempo foi palco de lugar apraziacutevel de passeio e ao que tudo indica em dado momento exibiu uma fauna indicativa de zooloacutegico embora natildeo se possa afirmar por falta de evidecircncias documentais no presente momento Poreacutem quando o autor remete ao fato dos macacos da ema e outros pequenos animais isso faz com que se estabeleccedila uma conexatildeo com um espaccedilolugarpaisagem nos quais o ambiente aparentemente se mostrava mais equilibrado e em harmonia com diversas dimensotildees da sustentabilidade quais seja social econocircmica e ecoloacutegica evidenciando-se nas palavras dos

Figura 15 Vista dos eucapitos Foto de Amador 2012

Figura 16 Vista do parque sob outro angulo Foto M Amador 2012

Figura 17 Parquinho entre os eucaliptos Foto M Amador 2012

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autores poetas citados e que refletem o cotidiano da eacutepoca ldquoO cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locaisrdquo (CAMARGO 2008 p 101)

Observa-se atualmente que o parque encontra-se proacuteximo ao centro da cidade bem como passou a exibir como funccedilatildeo principal o loacutecus de praacuteticas esportivas com equipamentos como pista de caminhada (Figura 18) quadra de jogos (Figura 19) aacuterea especiacutefica de recreaccedilatildeo de crianccedilas entre outros e por ser de caraacuteter municipal tambeacutem abriga uma biblioteca apresentando sua aacuterea externa ajardinada

Figura 18 Pista de caminhada Amador2012 Figura 19 Quadra esportiva Amador 2012

Poreacutem o sentimento de pertencimento e a ideia introjetada pela populaccedilatildeo da possibilidade de bem-estar advindo

da praacutetica de exerciacutecio fiacutesicos tecircm ressaltado nesse espaccedilo mais que qualquer outra a dimensatildeo social e a psicoloacutegica A primeira pela ldquopossibilidade de lazer que essas aacutereas oferecem agrave populaccedilatildeordquo e a segunda pela ldquopossibilidade de realizaccedilatildeo de exerciacutecios de lazer e de recreaccedilatildeo que funcionam como atividades ldquoante-estresserdquo e relaxamento uma vez que as pessoas entram em contato com os elementos naturais dessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

122 Parque Ruber Van Der Linden

O Parque Ruber Van Der Linden apresenta significativa importacircncia para o municiacutepio de Garanhuns Sua proacutepria

histoacuteria jaacute eacute relevante pois foi o primeiro espaccedilo com caracteriacutesticas ecoloacutegicas do interior pernambucano e desde sua criaccedilatildeo ganhou popularidade junto aos seus habitantes os quais reservavam horas livres para passeios em um ambiente agradaacutevel e diferente em relaccedilatildeo ao centro urbano ressaltando-se que nos dias atuais eacute considerado um dos mais apraziacuteveis espaccedilos verdes de Garanhuns e regiatildeo

O parque tem este nome devido ser uma homenagem a quem o implantou e administrou o Engenheiro Ruber Van

Der Linder cidadatildeo garanhuense nascido em 28 de junho de 1896 ldquomuito estudioso aprofundou-se nos conhecimentos de agronomia pecuaacuteria e engenharia civil fiacutesica e quiacutemica ()rdquo Tambeacutem eacute considerado ldquohistoriador jornalista desenhista e poetardquo (GUEIROS SILVA AMADOR 2009) De acordo com Recircgo

Durante vaacuterios anos no cargo de gerente da empresa de aacutegua e luz do municiacutepio com recursos proacuteprios da mencionada empresa idealizou e implantou o ldquopau pombordquo que hoje tem o seu nome ldquoParque Ruber Van Der Lindenrdquo considerando-o uma pequena reserva florestal significando sobretudo um alerta para a defesa dos mananciais e a formaccedilatildeo de uma aacuterea ecoloacutegica para o ldquooacuteciordquo dos homens apoacutes a estafante labuta semanal e recreio destinado a gurizada (REcircGO 1987 p 195)

O parque funcionava na antiga Companhia de Abastecimento de Aacutegua e Luz de Garanhuns sendo reformado pela uacuteltima vez em 1994 Inicialmente essa aacuterea era denominada de ldquoo pau pombo ficava em siacutetio desmembrado da propriedade de Sr Joatildeo Carneiro que se iniciava em residecircncia ruacutestica ao lado direito da Matriz de Santo Antocircniordquo (CAVALCANTI 1893 p 247) Esse parque situa-se aproximadamente a menos de 500 metros do centro da cidade e apesar dessa proximidade manteacutem-se bem arborizado com flores paacutessaros saguumlins preguiccedila e mantendo uma das

96- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

nascentes do Rio Mundauacute tornando-se assim um dos mais requisitados pontos turiacutesticos da cidade de acordo com Gueiros Silva Amador (2009)

Adquirido pela ldquocompanhia de melhoramentosrdquo ldquoo pau pombordquo recebeu inuacutemeros benefiacutecios inclusive com a construccedilatildeo de accedilude sob a orientaccedilatildeo de Ruber Van Der Linder Era tambeacutem um dos locais apraziacuteveis da cidade e nele se realizavam sempre os piqueniques Naquele tempo os homens todos vestidos a caraacuteter em trajes de passeio formal (paletoacute e gravata) as senhoras com suas roupas domingueiras e chapeacuteus de abas longas muito em voga na eacutepoca Natildeo faltava orquestra nem cantores inclusive o boecircmio Augusto Calheiros (CAVALCANTI 1893 p 247)

No entanto apesar de toda essa diversidade fauniacutestica floriacutestica e esteacutetica que transpotildee seacuteculos percebe-se que natildeo haacute uma valorizaccedilatildeo adequada por parte da populaccedilatildeo nem do setor puacuteblico municipal O referido espaccedilo eacute frequentemente utilizado para visitaccedilatildeo de turistas principalmente em momentos de festividades na cidade (Figura 20) ficando agrave revelia de seus moradores Importante salientar que o Parque em apreccedilo estaacute situado em uma aacuterea em declive o que proporciona o uso do desenho do terreno para o embelezamento do parque atraveacutes dos terraceamentos (Figura 21) que foram feitos para facilitar o escoamento de aacuteguas de chuvas contribuir na sustentaccedilatildeo do solo na encosta e tambeacutem aproveitados tambeacutem para dar maior conforto ao usuaacuterio do parque em seus passeios

Figura 20 Movimento de turistas Figura 21 Passeio em terraceamento

Foto M Amador 2012 Foto M Amador 2012

Recentemente tecircm-se notiacutecias de que se estaacute usando o lugar para praacuteticas de educaccedilatildeo ambiental atraveacutes de iniciativas de alguns profissionais do ensino o que eacute bastante salutar A valorizaccedilatildeo natureza eacute de fundamental importacircncia para que se possa garantir bem estar e qualidade de vida para as futuras geraccedilotildees Endossa-se pois as iniciativas levadas agrave praacutetica pela educaccedilatildeo ambiental visto ser um processo de (re) educaccedilatildeo contiacutenua na esperanccedila que o ser humano se harmonize com o meio ambiente jaacute que ldquoa problemaacutetica ambiental exige mudanccedilas de comportamentos de discussatildeo e construccedilatildeo de formas de pensar e agir na relaccedilatildeo com a naturezardquo (BRASIL 1998 p180)

Segundo estudo de Gueiros Silva Amador (2009) o parque possuiacutea aacutervores raras como a Jacaratiaacute e que natildeo existe mais afirmaccedilatildeo encontrada em Valenccedila (2012) que indica ter sido orientaccedilatildeo de Rubens Van Der Linden a transformaccedilatildeo do Siacutetio Vaacuterzea um verdadeiro pomar onde se encontrava frutos de clima temperado como a uva e o caquiacute aleacutem da jacaratiaacute hoje extinta no Nordesterdquo O jaracatiaacute faz parte do contexto de vegetaccedilatildeo endecircmica amazocircnico-nordestino e por ser Garanhuns-PE uma aacuterea de exceccedilatildeo por estar sobre o Planalto da Borborema (Figura 22) beneficiada com uma pluviometria caracteriacutestica de brejos de altitude geralmente entre 500 e 1100 mm ofereciaoferece condiccedilotildees ambientais para florestas de certo porte conforme Tabarelli ( 2012 p 287)

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Figura 22 Ilustraccedilatildeo de uma aacuterea de exceccedilatildeo por altitude Fonte TABARELLI Disponiacutevel em httpwwwculturaapicolacomarapunteslibrosCaatingaparte9_brejospdf Acesso em 04 set 2012 p 287)

Quanto agrave diversidade fauniacutestica no presente a mesma se constitui principalmente de insetos paacutessaros saguins e algumas preguiccedilas que vivem nas copas das aacutervores e dificilmente satildeo vistas Tambeacutem uma das nascentes do Rio Mundauacute

Logo a principal funccedilatildeo do Parque Ruber Van Der Linden eacute de ordem ecoloacutegica pois dispotildee de maior diversidade de espeacutecies floriacutesticas e fauniacutesticas maior interaccedilatildeo solo ndash planta ndash aacutegua Formalmente uma aacuterea livre eou parque com massa verde significativa favorece o ldquoprovimento de melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar aacutegua e solo resultando no bem estar dos habitantes devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo do solo natildeo impermeabilizado e de uma fauna mais diversificada nessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

Como ultimas consideraccedilotildees sobre o trabalho dos parques entende-se que os mesmos abordados nesse trabalho possuem uma longa trajetoacuteria junto ao municiacutepio considerado os quais ora se adaptaram agraves novas demandas da populaccedilatildeo ressaltando-se aacuterea de lazer mas tambeacutem eacute visiacutevel que a relaccedilatildeo que estaacute estabelecida no seio da populaccedilatildeo em geral eacute de afastamento com este bem chamado parque urbano difuso e de fundamental importacircncia para o bem estar das pessoas e do ambiente em termos macros entendendo-se como local municipal Nesse sentido acredita-se serem os estudos da percepccedilatildeo ambiental essenciais para compreender as inter-relaccedilotildees entre o homem e o ambiente

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102- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL

DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS

(BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE

PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE

CALCcedilADO-PE

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Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

O tratamento da temaacutetica ambiental eacute por assim dizer atividade bastante complexa do ponto de vista teoacuterico e mais ainda do ponto de vista da praacutexis Somente as accedilotildees desenvolvidas do ponto de vista da holisticidade da temaacutetica eacute que conseguem apresentar resultados satisfatoacuterios no tocante agraves tentativas de recuperaccedilatildeo e preservaccedilatildeo de ambientes degradados locais regionais ou planetaacuterio ndash a biosfera Tal complexidade abarca ateacute a maneira de como se deve conceber o meio ambiente

Francisco de Assis Mendonccedila

(MENDONCcedilA 2004 p70)

No desenvolvimento de uma pesquisa uma seacuterie de reflexotildees satildeo necessaacuterias para uma boa execuccedilatildeo das atividades as quais se seguiratildeo no decorrer dos estudos Tratar da temaacutetica ambiental ainda em emergecircncia a qual estaacute inserida na atualidade eacute um desafio e ao mesmo tempo uma necessidade pois natildeo se pode deixar que discursos poliacuteticos e midiaacuteticos sirvam de norte para a maioria da populaccedilatildeo mundial Eacute de suma importacircncia que ao falar de meio ambiente possa-se dar meios para que a compreensatildeo deste tema seja bem alicerccedilado em teorias e concepccedilotildees pertinentes aos tempos em que vivemos trabalhando de forma integrada o a natureza e o homem Neste sentido a anaacutelise da Barauacutena (Schinopsis brasiliensis) num contexto sistecircmico agregado agraves questotildees ambientais na relaccedilatildeo do homem com a natureza eacute uma fonte quase que inesgotaacutevel de diversas possibilidades de variaacuteveis que se apresentam como essenciais para se adquirir um resultado satisfatoacuterio da pesquisa Assim para que a execuccedilatildeo se encaminhasse pela proposta pretendida foi necessaacuterio a interdisciplinaridade no que se refere agrave anaacutelise social e natural que mediante essa interaccedilatildeo permitiu trazer o pensamento complexo proposto por Edgar Morin o qual defende um diferente olhar paradigmaacutetico natildeo necessariamente novo mas suficientemente transformador na abordagem da temaacutetica ambiental

104- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A existecircncia da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado- PE levou agrave busca de argumentos que subsidiassem uma discussatildeo sob o vieacutes sistecircmico voltado a paisagem verde e no caso especiacutefico a pesquisa centrou-se nas aacutervores do semiaacuterido nordestino e para ser mais preciso da Caatinga bioma uacutenico no mundo tendo-se como foco a espeacutecie barauacutena por ter existido em abundancia no passado e atualmente estar em processo de extinccedilatildeo no referido municiacutepio

Os elementos que se apresentam como propostas nesta anaacutelise afirmam estabelecer novas concepccedilotildees agravequelas que segregam as relaccedilotildees de diaacutelogo entre o homem e o meio que do ponto de vista geograacutefico se reportam natildeo apenas a meras descriccedilotildees mas acima de tudo a buscar os fluxos concretos de interaccedilatildeo do natural com o social Assim natildeo foi observada qualquer paisagem como algo estaacutetico mas sempre observada como algo dinacircmico que se abre e permite desvendar novas formas de vecirc-las tanto ligadas a sensibilidade e imaginaccedilatildeo das pessoas quanto a proacutepria capacidade de transformaccedilatildeo natural do meio

Como jaacute exposto esta anaacutelise se reporta a pesquisa que trouxe como tema ldquoA Relaccedilatildeo Natural e Social da Schinopsis brasiliensis (Brauacutena) com o Meio Rural e Urbano numa Perspectiva de Paisagem Verde no Municiacutepio de Calccedilado-PErdquo a qual fez parte de um trabalho de maior porte sobre o verde do agreste tanto rural quanto urbano Nesse contexto reconhecer a Brauacutena ou Barauacutena do sertatildeoagreste como tambeacutem eacute denominado foi papel fundamental no caminhar desta pesquisa podendo-se perceber o quanto a mesma eacute notaacutevel sua importacircncia para cada lugar no sentido de troca de benefiacutecios com outras espeacutecies e tambeacutem da proacutepria identidade de moradores e seu apego com elas

A Brauacutena do Sertatildeo considerada aacutervore nobre eacute nativa dessa regiatildeo No bioma Caatinga e no estado de Pernambuco admite-se que haacute ocorrecircncia de ateacute dez indiviacuteduos por hectare As Schinopsis brasiliensis (Brauacutenas) de ordem sapendalesda famiacutelia anacordiacease gecircnero schinapes satildeo aacutervores espinhentas e de comportamento deciacuteduo As maiores aacutervores atingem dimensotildees proacuteximas a 15 m de altura na idade adulta sendo uma das maiores aacutervores da caatinga As flores satildeo pequenas medindo de 3 mm a 4 mm de diacircmetro brancas glabras e suavemente perfumadas O fruto eacute uma drupa alada medindo de 3 cm a 35 cm de comprimento de coloraccedilatildeo castanho-claro e cheia de massa esponjosa A brauacutena apresenta crescimento lento a idade de corte daacute-se geralmente entre 20 a 30 anos Eacute uma espeacutecie nobre da caatinga como jaacute descrito e devido a grande variedade na sua utilizaccedilatildeo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Isso se seguiu ao quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido (EMBRAPA 2009) e aqui fica a preocupaccedilatildeo quem fiscaliza essa proibiccedilatildeo Em termos de comercializaccedilatildeo formal ateacute se admite haver fiscalizaccedilatildeo mas no dia a dia do campo frente agrave necessidade de espaccedilo para outras culturas e principalmente pastos acredita-se que quem sabe ignora e quem natildeo sabe considera sua derrubada um ato natural e sem nenhuma consequecircncia seja para o ambiente seja para eles mesmos

Objetivou-se analisar a Barauacutena em sua funcionalidade tanto natural quanto social inserida na aacuterea rural e urbana do municiacutepio de Calccedilado-PE num contexto sistecircmico atrelado a questotildees que envolvem o verde da paisagem principalmente rural Essa questatildeo ligada ao verde abre um amplo debate em vaacuterios segmentos do contexto ambiental e propotildee uma seacuterie de interconexotildees com vaacuterias aacutereas afins mas na pesquisa em questatildeo deu-se ecircnfase ao verde associado a uma funccedilatildeo social e natural Tem grande relevacircncia quanto a necessidade do municiacutepio conhecer e reconhecer a Barauacutena como aacutervore de importacircncia iacutempar para a sociedade e para o meio natural tambeacutem pela relevacircncia de se refletir e socializar a compreensatildeo do objeto de estudo para evidenciar e discutir a questatildeo da preservaccedilatildeo e da sua funccedilatildeo para a paisagem como parte de um sistema bem como servir de base para fundamentaccedilatildeo de pesquisas posteriores

O estudo foi realizado no municiacutepio de Calccedilado-PE o qual estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco (Figura 1) fazendo parte do semiaacuterido distante 2001 Km do Recife e destaca-se pela produccedilatildeo agriacutecola de feijatildeo A temperatura meacutedia anual eacute de 221 ordmC

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Figura 1 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Calccedilado - PE Adaptado por Raiacute Viniacutecius 2014

1 HISTOacuteRICO E CARACTERIZACAO DE CALCADO-PE

O nome Calccedilado originou-se de um boi preto cujas patas eram totalmente brancas chamado por isso ldquoO Boi Calccediladordquo O boi vivia solto e costumava pastar e descansar a sombra da aacutervore denominada barriguda Essa aacutervore existia onde eacute hoje o centro da cidade Daiacute resultou a expressatildeo ldquopara onde vais Vou para Calccediladordquo A cidade acha-se edificada em uma semiencosta declive de um oitizeiro

Em 1825 era uma fazenda de propriedade do senhor Bernadino Alves do Nascimento conhecido por Bernardo Pedra devido seu riacutegido caraacuteter Existiam quatro casas onde residiam os senhores Tomas Vieira Bernardino Alves do Nascimento Joatildeo Gonccedilalves e Joseacute Vieira

Foi construiacuteda uma capela sob a invocaccedilatildeo de Nossa Senhora de Lourdes Teve como bem feitor o senhor Bernardino que lhe doou a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e um sino recebidos de presente do Padre Moura em um dos vaacuterios passeios em sua residecircncia Doou ao mesmo tempo o terreno para que fizesse parte do patrimocircnio da Igreja cujos direitos continuam vigorando ateacute hoje Com auxiacutelio de sua santa protetora que se encontra atualmente na Igreja Matriz Calccedilado desenvolveu-se muito no decorrer dos anos

Em 1845 jaacute se achava bem povoado Existia um nuacutemero de noventa casas destacando-se as residecircncias dos senhores Cacircndido Alexandre e Joseacute Alexandre da Silva

Calccedilado foi no passado grande centro comercial e industrial com a faacutebrica de beneficiar algodatildeo pertencente ao saudoso Cacircndido Alexandre Passando a Vila em 1885 viveu muitos anos sob os domiacutenios de Canhotinho-PE sendo a maior fonte econocircmica e poliacutetica daquele municiacutepio

Em primeiro de fevereiro de 1932 foi elevado agrave categoria de Paroacutequia tendo como primeiro vigaacuterio o Padre Sizenando Saacute Barreto Sucederam-se outros padres os quais contribuiacuteram muito para o progresso do municiacutepio

Em iniacutecio de fevereiro de 1963 nasceu nos coraccedilotildees dos Calccediladenses um desejo de emancipaccedilatildeo Foram organizados os documentos necessaacuterios e enviados agrave Assembleia do Estado Logo se deu a formaccedilatildeo administrativa onde a divisatildeo referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Calccedilado No quadro fixado para vigorar no periacuteodo de 1944-1948 o distrito de Calccedilado permanece no municiacutepio de Canhotinho Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 01 de julho de 1960

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Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Calccedilado (Figura 1) ja evidenciado acima pela Lei Estadual nordm 4948 de 20- de dezembro de 1963 desmembrado de Canhotinho Sede no antigo distrito de Calccedilado Constituiacutedo do distrito sede Instalado em 22 de fevereiro de 1964 Em divisatildeo territorial datada de 01 de janeiro de 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo do distrito sede Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 2005 (IBGE 2013)

2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A pesquisa em si teve como base metodoloacutegica adotada o levantamento bibliograacutefico bem como a ida ao campo para observaccedilotildees e entrevistas algumas tendo como objetivo o resgate de histoacuteria oral que expressassem essa conotaccedilatildeo de diaacutelogo entre o objeto de estudo e o cotidiano das pessoas

Em termos de procedimento mostrou-se tambeacutem necessaacuterio agrave interdisciplinaridade no trato de questotildees expostas que emergiram no processo de evoluccedilatildeo do estudo bem como o uso da percepccedilatildeo como ferramenta de anaacutelise da paisagem a qual assume ser peccedila fundamental numa pesquisa voltada a temaacutetica sobre meio ambiente Houve tambeacutem aplicaccedilatildeo de questionaacuterios associados agrave entrevistas aos moradores proacuteximos do objeto de estudo e sempre que possiacutevel utilizou-se a maacutequina fotograacutefica para tomada de algumas fotos importantes na documentaccedilatildeo do trabalho de campo

Na identificaccedilatildeo da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado-PE inicialmente realizou-se uma busca aos siacutetios que estatildeo inseridos na aacuterea de estudo Procurou-se tambeacutem o conhecimento mesmo que preliminar dessa aacutervore na dinacircmica de cada localidade Cabe salientar ainda que esta pesquisa integrou trabalhos no Grupo de Estudos Sistecircmicos do SemiAacuterido do Nordeste ndash GESSANE compondo o projeto denominado ldquoO verde na paisagem agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo que visa obter um quadro da situaccedilatildeo do verde urbano e rural de municiacutepios na aacuterea de abrangecircncia de Garanhuns considerado polo educacional turiacutestico e comercial na microrregiatildeo considerada

3 PERSPECTIVAS E DISCUSSOtildeES DA BARAUacuteNA NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO- PE

Na pesquisa que foi desenvolvida houve a percepccedilatildeo da importacircncia da Barauacutena tanto para a sociedade quanto para a proacutepria dinacircmica natural No municiacutepio de Calccedilado foi encontrada a aacutervore em alguns dos siacutetios quais sejam o Siacutetio Pitombeira Boa Vista Mocoacutes Riacho Dantas Olho dacuteagua Velho e Vaacuterzea do Gado Cabe salientar que destes citados o Siacutetio Pitombeira se sobressai por uma quantidade maior de aacutervores dessa espeacutecie As fotos mostradas abaixo satildeo de barauacutenas no Siacutetio Pitombeira (Figuras 2 e 3)

Figuras 2 e 3 Barauacutenas no Sitio Pitombeira em Calccedilado ndash PE 2013 Foto Raiacute Viniacutecius 2013

O relacionamento dessa aacutervore com o ser humano remete a uma sensaccedilatildeo de lembranccedilas que por muitas vezes

gera apego pois se apresentam como objeto causador dessas lembranccedilas Caracterizando-se essa visatildeo de apego foi notado algumas caracteriacutesticas que revelam o forte sentimento de pertecimento com essas aacutervores e portanto absorve-

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se daiacute um cuidado maior que tornam algumas pessoas praticamente defensores tenazes das barauacutenas e de todas as aacutervores de grande porte do semiaacuterido

Espera-se no entanto que esses sentimentos percebidos tenham maior abrangecircncia e que esses valores consigam alcanccedilar outras geraccedilotildees de herdeiros coadunando-se assim com uma das mais importantes premissas da sustentabilidade ambiental a qual pode ser entendida como um principio

O principio da sustentabilidade coloca a preservaccedilatildeo e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais como condiccedilatildeo essencial para a reproduccedilatildeo socioeconoacutemica da sociedade seja ela urbana ou rural (MARTINS SOARES 2010 p 149 apud AMADOR 2011 p52)

Cabe agora abordar nessa discussatildeo a conceituaccedilatildeo de percepccedilatildeo e sua utilizaccedilatildeo nesta pesquisa e antes de fazer a relaccedilatildeo da percepccedilatildeo com a questatildeo ambiental eacute importante conhecer o que de fato eacute percepccedilatildeo

[] destina-seas formas em quehomem sentee entende oambiente(naturaleartificial) especialmenteinfluenciadopor fatores sociaise culturaisTrata-se deuma reflexatildeo sobre oniacutevel de conhecimentoe de sua organizaccedilatildeo os valores que foram colocadas sobremeio ambienteas preferecircnciasdo homem ea maneira em que as escolhassatildeo exercidase os conflitosresolvidos(ONU 1973 p 09)

O conceito de percepccedilatildeo ambiental num contexto mais amplo nas diferentes ciecircncias agrega na proacutepria discussatildeo ambiental uma conotaccedilatildeo subjetiva e carregada de atributos que a torna complexa envolvendo pontos de interseccedilatildeo entre a geografia e a psicologia para o surgimento da percepccedilatildeo

Eacute interessante notar como esse conceito tem estabelecido conexotildees entre um estudo sobre o meio fiacutesico afeito aos meacutetodos da geografia ou da arquitetura e uma reflexatildeo sobre as relaccedilotildees desse meio com a subjetividade proacutepria do instrumental psicoloacutegico Parece ser exatamente por se colocar no meio do terreno que esse conceito tem sido definido de maneira ora mais proacutexima agraves ciecircncias naturais ora mais proacutexima aos saberes que no passado foram chamados lsquociecircncias do espiacuteritorsquo Percepccedilatildeo ambiental eacute uma representaccedilatildeo cientiacutefica e como tal tem sua utilidade definida pelos propoacutesitos que embalam os projetos do pesquisador (PACHECO 2009 pag 19)

Para Tuan (1980) ldquoestudar a percepccedilatildeo leva o sujeito agrave compreensatildeo de si mesmordquo Assim eacute importante entender que a percepccedilatildeo no caso em que foi analisada assumiu uma postura das relaccedilotildees de afeto ao lugar onde fez-se necessaacuteria uma visatildeo sistecircmica dessa relaccedilatildeo

No caso especiacutefico da interpretaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de paisagens naturais construiacutedas e ecleacuteticas temos um avanccedilo significativo a partir do iniacutecio da deacutecada de 1980 estimulado pelos estudos inter e multidisciplinares na aacuterea das Ciecircncias Ambientais especialmente no campo da Ecologia de Paisagens influenciados pela visatildeo sistecircmica (GUIMARAtildeES 2009 p 4-5)

Importante salientar que a percepccedilatildeo ambiental natildeo toma para si uma anaacutelise das representaccedilotildees da realidade mas discute cientificamente perspectivas complexas que aparecem como fundamentais num contexto amplo

Discutir o conceito de percepccedilatildeo ambiental natildeo eacute portanto uma questatildeo de dizer quais das representaccedilotildees parecem corresponder melhor agrave realidade mas elucidar as perspectivas cientiacuteficas sociais ou poliacuteticas veiculadas atraveacutes da utilizaccedilatildeo desse conceito (EacuteSER HILTON 2006 p 7)

Eacute a partir da percepccedilatildeo ambiental que se pode pensar a paisagem como um centro de expansotildees e retraccedilotildees de nossos pensamentos e sentimentos O uso da percepccedilatildeo numa anaacutelise sobre o meio ambiente possibilita uma escuta de valores necessidades e expectativas sobre determinada unidade ambiental

A Barauacutena eacute uma espeacutecie da Caatinga e devido a grande variedade de sua utilizaccedilatildeo e de ser madeira considerada ldquonobrerdquo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Consequentemente isso acarretou o quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido e a pesquisa vecircm reafirmar veementemente esse fato

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Ressalta-se nesse ponto que de acordo com Tarsa (2008 p 33 ndash 34 apud ARRUDA 2013 p 97) ldquoa Caatinga eacute hoje uma das regiotildees do planeta mais ameaccediladas pela exploraccedilatildeo humana predatoacuteria e eacute uma das menos protegidasrdquo aleacutem de ser comprovadamente um dos ecossistemas de ecologia fraacutegil e pouco conhecido bem como sujeito ao processo de desertificaccedilatildeo como ja preconizado deacutecadas atraacutes pelo ecoacutelogo Vasconcelos Sobrinho

As discussotildees que envolvem as questotildees ambientais demandam atenccedilotildees no meio acadecircmico favorecendo assim o surgimento de pesquisas nas quais a complexidade presente nesse tema contribua para reflexatildeo da necessidade e importacircncia colaborativa tanto entre os professores das diversas aacutereas do conhecimento quanto para a populaccedilatildeo em geral pois se acredita que o trabalho sistecircmico e interdisciplinar que tambeacutem eacute complexo contribui na relaccedilatildeo intriacutenseca que existe entre o homem e o meio

Entatildeo a discussatildeo sobre a temaacutetica ambiental que se estendeu desde o naturalismo passando por vaacuterias vertentes do pensamento moderno e poacutes-moderno natildeo conseguiu tratar adequadamente desses dois segmentos da ciecircncia humana e natural de forma integrada mas que conforme o tempo passa cada vez mais se vai estreitando e ficando quase que impossiacutevel serem trabalhadas de forma segregada

Assim ao se descobrir que o meio ambiente afirma as complexas interrelaccedilotildees entre o social e o natural ambos em constante transformaccedilatildeo comeccedilam a surgir vaacuterias discussotildees no meio acadecircmico e o aparecimento de muitos trabalhos que evidenciam a problemaacutetica nesse contexto Torna-se relevante em consequecircncia uma ampla discussatildeo que se integre em diversas aacutereas do saber onde o pensamento complexo possa tomar para si o tema e abordar sob a oacutetica fundamental das relaccedilotildees que se estabelecem na discussatildeo de ambos os contextos perfazendo um caminho de diaacutelogo entre eles

O dialogo nesse contexto por sua vez exige o imaginaacuterio presente na sociedade e a humildade do pensar cientiacutefico Mas mesmo assim ainda considera-se insuficiente frente agrave falta de sensibilidade para questotildees dessa natureza vindas principalmente do setor administrativo em todas as esferas hieraacuterquicas o qual vive e segue o sistema econocircmico reinante em sua plenitude Constata-se que a realidade eacute ecossistemica e portanto dinacircmica ao mesmo tempo humana e subjetiva artificial e objetiva

Pensar nos fatos abordados calcados no sistemismo eacute pensar sob um vieacutes amplo e aberto ao dinamismo complexo que se estabelece a partir das variaacuteveis existentes das mais diversas aacutereas do conhecimento Nessa visatildeo que une as vertentes fiacutesicas agrave humana tem-se que adentrar em termos mais amplos onde a percepccedilatildeo que foi peccedila fundamental neste trabalho entrou em cena como um forte meio para execuccedilatildeo dos estudos Na Geografia a questatildeo da percepccedilatildeo ambiental se apresenta como um elo capaz de aproximar o sub-ramo fiacutesico ao humano e eacute atraveacutes dessa percepccedilatildeo que as discussotildees devem ser feitas com muita profundidade para o desenvolvimento de reflexotildees acerca do meio ambiente

4 SOCIEDADE versus NATUREZA

Pensar e refletir sob a perspectiva sistecircmica e complexa do meio ambiente com o uso da Barauacutena como elemento

fundamental talvez pareccedila num primeiro instante algo novo que traz uma possiacutevel busca de unir vertentes fiacutesica agraves humanas e que talvez suas raiacutezes estejam fincadas em solos rasos

Natildeo o que no entanto essa nova visatildeo traz eacute algo que vai muito aleacutem do que um simples olhar superficial e de aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas ultrapassadas para esse tipo de abordagem face ao desenvolvimento do conhecimento o que essa anaacutelise propotildee eacute um olhar amplo soacutelido e embasado numa discussatildeo que se estende nas mais diversas aacutereas do conhecimento e que natildeo se fecha a tomada de novas variaacuteveis pois estas enriquecem sem sombra de duacutevida aos questionamentos que movem o mundo cientiacutefico

O homem que se diz um ser cultural e assim o eacute tambeacutem tem que tomar para si consciecircncia de que ao mesmo tempo eacute natureza e essa visatildeo conjunta torna-o parte e protagonista do relacionamento com o ambiente afirmando a complexidade que existe nesse relacionamento carregado de fatos concretos e de valores impliacutecitos que os tornam fonte inesgotaacutevel de estudos sistecircmicos

A natureza em nenhuma hipoacutetese deve ser taxada como uma obra estaacutetica ou mesmo ateacute acabada ela antes de tudo eacute sempre algo que se renova e estaacute em uma contiacutenua transformaccedilatildeo acompanhando tambeacutem essa evoluccedilatildeo que o homem vive na atual configuraccedilatildeo social a qual caminha a humanidade Neste sentido a interferecircncia que o homem

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exerce sobre o meio vem aumentando gradativamente e sua influecircncia gera cuidados pois essa mesma influecircncia se caracteriza muitas vezes em accedilotildees erradas onde a agressatildeo e as formas estuacutepidas com que alguns agem fazem com que vidas da fauna e flora estejam correndo riscos eminentes como eacute o caso da Barauacutena uma bela e importante aacutervore do semiaacuterido que atualmente estaacute em risco de extinccedilatildeo

Ao se tratar de questotildees que envolvem a sociedade e a natureza natildeo se pretende aqui discutir as particularidades de cada uma ou mesmo dar prioridade a uma discussatildeo dissociada da outra O que se busca quando tratamos dessas temaacuteticas de forma conjunta eacute trazer os resultados dessa interaccedilatildeo e se fazer uma anaacutelise minuciosa de cada uma delas para formaccedilatildeo de um contexto que eacute mais amplo porque faz emergir a complexidade presente

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O pensamento complexo na questatildeo ambiental trazida principalmente por Edgar Morin vem ao encontro de uma

nova reflexatildeo sobre a questatildeo em pauta deixando de ser apenas natural e passando a se relacionar ao social proporcionando assim novas discussotildees e o surgimento de novos paradigmas em vaacuterias aacutereas do conhecimento aleacutem do conceito de uma organizaccedilatildeo sistecircmica quebrando preconceitos e tabus que pudessem existir sobre o meio ambiente e o uso dessa expressatildeo

Essa questatildeo abriu as portas ao despertar ecoloacutegico tratado por Alfredo Pena-Vega que calcado nas concepccedilotildees complexas do proacuteprio Edgar Morin escreveu sobre as intriacutensecas relaccedilotildees de dependecircncias e independecircncias do homem e do meio como integrante de um sistema e sem esquecer contudo da questatildeo da preservaccedilatildeo do meio ambiente que se tornou de relevante importacircncia devido aos muitos desequiliacutebrios ecoloacutegicos respaldado tambeacutem numa reorganizaccedilatildeo epistemoloacutegica colocada pelo Michel Foucault (1966) como salientado por Pena-Vega em sua obra ldquoO Despertar Ecoloacutegicordquo (2003) o que possibilitou novas visotildees sobre ecologia

Essa visatildeo de sistemas colocada para tornar o meio ambiente parte dinacircmica relacionada agrave accedilatildeo humana foi tido como principal meacutetodo de abordagem que evidenciasse justamente essa relaccedilatildeo existente entre o natural e o social pois na evoluccedilatildeo do pensamento geograacutefico desde sua sistematizaccedilatildeo com Humboldt que era naturalista e Ritter que descrevia as organizaccedilotildees espaciais dos homens sobre os diferentes lugares atrelaram-se a essas vertentes poreacutem com dissociaccedilotildees que ao mesmo tempo as separavam Mais tarde Ratzel propocircs uma visatildeo do determinismo dos lugares sobre o homem contrapondo-se a isso La Blache concebia as possibilidades que o homem poderia ter sobre o meio e a separaccedilatildeo entre elementos fiacutesico-naturais e elementos humano-sociais No entanto nenhuma dessas concepccedilotildees conseguiu inter-relacionar sistemicamente o homem com o meio natural

Seguindo-se a discussatildeo do pensamento complexo e a ideia de sistemas eacute notaacutevel que nem o meacutetodo positivista que natildeo conseguia associar a questatildeo fiacutesica agrave humana nem o marxismo que partia da criacutetica do homem e sua sociedade foram capazes de conceber em seus estudos as relaccedilotildees complexas do meio ambiente sendo a teoria de sistemas o principal meacutetodo encarregado do estudo dessa aacuterea Por volta dos anos 1930 surge a abordagem sistecircmica defendida e divulgada por Ludwig von Bertalanffy bioacutelogo alematildeo e que soacute deacutecadas depois teve a obra Teoria dos Sistemas difundida em praticamente todas as aacutereas da ciecircncia

Chegamos entatildeo a uma concepccedilatildeo que por oposiccedilatildeo ao reducionismo podemos denominar perspectivismo Natildeo podemos reduzir os niacuteveis bioloacutegico social e do comportamento ao niacutevel mais baixo o das construccedilotildees e leis da fiacutesica Podemos contudo encontrar construccedilotildees e possivelmente leis nos niacuteveis individuais [] O principio unificador e que encontramos organizaccedilatildeo em todos os niacuteveis (BERTALANFFY 2009 p 76)

Assim a barauacutena aacutervore tatildeo importante na dinacircmica natural do semiaacuterido eacute um grandioso e ao mesmo tempo

pequeno elemento de uma discussatildeo que abrange diversas concepccedilotildees e que busca essa imersatildeo harmoniosa na relaccedilatildeo do homem com seu meio

A pesquisa sem duacutevida alcanccedilou suas expectativas pois a cada passo dado pocircde-se desvendar essa fascinante dimensatildeo do envolvimento cotidiano e histoacuterico da vida do ser humano totalmente ligado a vida natural e nesse caso especifico ao elemento Barauacutena

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REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_______ Maria Betacircnia Moreira Abordagem geograacutefica de antigas aacutereas algarobadas atraveacutes do estudo sistecircmico dos processos superficiais da paisagem e sua influecircncia na biota local MonteiroPR Maria Betacircnia Moreira Amador ndash Recife Ed Universitaacuteria as UFPE 2013

ARRUDA Lucielma Bernardino Coelho de Alfabetizacao ecoloacutegica a caatinga como ponto de partida In SOUZA Debora Quetti Marques de (Org) Educaccedilatildeo em debate toacutepicos atuais Recife Editora Universitaria da UFPE 2013

BERTALANFFY Ludwig von Teoria geral dos sistemas fundamentos desenvolvimento e aplicaccedilotildees 4 ed Traduccedilatildeo de Francisco M Guimaraes Petropolis Rio de Janeiro Vozes 2009

GUIMARAtildeES Solange T de Lima Percepccedilatildeo Ambiental Paisagem e Valores OLAM- Ciecircncia e Tecnologia Nordm 2 2009lt Disponiacutevel em HTTP www cecemcarcunespbrojsiacutendex-phpolamiacutendex- Acesso em 03062013

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrashomephpgt Acesso em 25 de novembro de 2013

MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e meio ambiente Francisco de Assis Mendonccedila 7 Ed ndash Satildeo Paulo Contexto 2004 ndash (caminhos da Geografia)

PACHECO SILVA Eacuteser e Hilton P Compromissos epistemoloacutegicos do conceito de percepccedilatildeo ambiental Programa EICOSUFRJ Departamento de Antropologia Museu nacional e programa EICOSUFRJ 2009

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo de Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

TUAN Yu Fu Topofilia Um Estudo da Percepccedilatildeo Atitudes e Valores do Meio Ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 111

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE

A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO

JOAtildeOPE

112- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE

SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carecircncia Se cada um tomasse o que lhe fosse necessaacuterio natildeo havia pobreza no mundo e ningueacutem morreria de fome

MAHATMA GANDHI11

Este capiacutetulo aborda reflexotildees sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) sob os pontos de vista ambiental e econocircmico inserida na aacuterea rural do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no acircmbito das questotildees verdes do Agreste Pernambucano atraveacutes da visatildeo sistecircmica Foi idealizado com o intuito de contribuir para uma melhor apreensatildeo sobre esta aacutervore cogitando suas relaccedilotildees no espaccedilo geograacutefico e agraacuterio na qual estaacute absorvida Tambeacutem com a finalidade de contribuir para um maior conhecimento da aacuterea de estudo

Objetivou-se com este trabalho identificar e esclarecer as relaccedilotildees e as funcionalidades que a Jurema Preta tem em seu ambiente natural inserida no municiacutepio em estudo Portanto as informaccedilotildees seratildeo de fundamental importacircncia para os leitores que se interessam pelos assuntos que remetem agraves questotildees ambientais em especiacutefico o verde no ambiente rural enquadrados no sistemismo e na geografia ambiental e conhecer um pouco sobre Satildeo JoatildeoPE

As informaccedilotildees contidas neste capiacutetulo satildeo fruto de uma pesquisa realizada no municiacutepio selecionado por meio de uma bolsa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica atraveacutes do PIBIC-ICUPECNPq2013-2014 Tambeacutem pela experiecircncia de vida do autor e por fontes de autores que tambeacutem trabalham a respeito da Jurema 1 DEFINICcedilAtildeO DA JUREMA PRETA E CARACTERIacuteSTICAS GERAIS

O objeto de estudo eacute a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) de sinocircnimo botacircnico Mimosa hostilisBenth espeacutecie arboacuterea-arbustiva pioneira tiacutepica e encontrada frequentemente no bioma Caatinga pertencente agrave

11 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 113

famiacutelia Fabaceae da ordem das Fabales ocorrendo nas regiotildees semiaacuteridas do Brasil principalmente nos estados do Nordeste brasileiro Tambeacutem eacute conhecida por calumbi em algumas regiotildees do Nordeste

Tem o nome de Jurema Preta para se diferenciar de outro tipo de jurema a Jurema Branca (Mimosa verrucosa ou Mimosa ophtalmocentra Mart Ex Benth) Vasconcelos Sobrinho (1970) define Jurema Preta afirmando que

A Mimosa hostilisBenth Jurema Preta ndash Leguminosa ndash eacute aacutervore de pequeno porte ateacute 5 metros de altura por 020 centiacutemetros de diacircmetro casca escura com acuacuteleos Madeira muito dura castanho-escura geralmente utilizada para carvatildeo em fundiccedilotildees dado o seu alto poder caloriacutefico (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

A Jurema Preta (Figura 1) se destaca pelas suas variadas formas de utilizaccedilotildees devido suas significativas potencialidades que vatildeo desde as suas raiacutezes ateacute suas folhas Dela satildeo feitos vaacuterios produtos de aproveitamento humano e animal

Figura 1 ndash Jurema Preta no siacutetio Vaacuterzea do Barro Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto acima pode ser observado que a Jurema tem um aspecto arboacutereo poreacutem isso vai depender do tipo de solo em que ela estaacute fixada Se for um solo muito pedregoso ficaraacute apenas um arbusto e seu crescimento seraacute limitado e com bastante galhos retorcidos que natildeo viraratildeo estacas Jaacute na imagem da figura 1 o solo eacute mais arenoso e isso faz com que ela cresccedila mais os galhos ficam retiliacuteneos proporcionando melhor qualidade as estacas e a copa fica mais frondosa

114- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na sua morfologia a Jurema tem seu tronco apresentando variaccedilatildeo entre 15-30 centiacutemetros de diacircmetro revestido com uma casca grossa escura rugosa e com espinhos Suas folhas (Figura 2) satildeo bipinadas compostas com 4-7 pares de folhas pinadas O conjunto dessas pinas se estende por hastes (talos) perifeacutericas de 2-4 cm de comprimento e eacute composto por 15-33 pares de foliacuteolos de 5-6 mm de comprimento cada um

Figura 2 ndash Folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

As flores (Figura 3) satildeo alvas pequenas de 4-8 cm de comprimentodispostas em espigas O fruto eacute uma vagem de tamanho pequeno (25-5 mm) e quebradiccedilo quando amadurecido Em cada vagem haacute cerca de 4-6 sementes estas satildeo de coloraccedilatildeo marrom apresentando forma oval e achatada com aproximadamente 3 mm de diacircmetro

Nesse contexto a flor da Jurema eacute muito importante para as abelhas e outros insetos que se alimentam do poacutelen e isso faz com que usem a aacutervore para fins apiacutecolas

Figura 3 ndash Flores e vagem da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

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Tanto as flores quanto as folhas tem um cheiro caracteriacutestico e forte que ao exalar atraem insetos que iratildeo se

alimentar do seu poacutelen promovendo assim a fecundaccedilatildeo e as sementes seratildeo disseminadas para outras aacutereas Sua floraccedilatildeo eacute bastante perceptiacutevel onde toda a copa da aacutervore fica florida (Figura 4)

Figura 4 ndash Jurema Preta em floraccedilatildeo siacutetio Vaacuterzea da Pedra Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Esta imagem mostra uma Jurema em floraccedilatildeo Seu aspecto fiacutesico eacute de um arbusto e de galhos retorcidos devido

ao local onde estaacute fixada O solo desse local apresenta o predomiacutenio de muitas rochas e com isso acarreta uma limitaccedilatildeo no crescimento das raiacutezes e consequentemente da planta 2 SAtildeO JOAtildeOPE ndash AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo eacute o municiacutepio de Satildeo Joatildeo (figura 5) pertencente ao Estado de Pernambuco situado na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do semiaacuterido pernambucano Administrativamente eacute constituiacutedo pelo distrito sede e pelos povoados de Frexeiras Taquari e Volta do Rio Distancia da capital 236 km atraveacutes da rodovia asfaltada deputado Joseacute Cardoso - PE 177 e a BR 423

116- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 5 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no Estado de Pernambuco

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes satildeo Jupi (24 km ao norte) Jucati (32 km ao norte) Palmeirina (31 km ao sul) Angelim (12 km a leste) e Garanhuns (16 km a oeste) O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Sua emancipaccedilatildeo poliacutetica ocorreu em 25 de novembro de 1958 pela lei nordm 3280 A instalaccedilatildeo do municiacutepio soacute veio a ocorrer em 1962 devido a questotildees poliacuteticas As terras onde o municiacutepio se originou eram pertencentes agrave fazenda Burgos de Manuel da Cruz Vilela Naquelas terras formou-se o Siacutetio Satildeo Joatildeo nome este devido a uma capela dedicada a Satildeo Joatildeo que posteriormente tornou-se povoado e em 1885 figura como distrito de Garanhuns

Satildeo Joatildeo estaacute localizado a uma latitude 08ordm52rsquo32rsquorsquo sul e a uma longitude 36ordm22rsquo00rsquo oeste com altitude de 716 metros Seu bioma eacute a Mata Atlacircntica e se encontra incluiacutedo na unidade geoambiental das Superfiacutecies Retrabalhadas com relevo dissecado e vales profundos Apresenta vegetaccedilatildeo composta por Florestas Subperenefoacutelias e com partes de Florestas Hipoxeroacutefilas No mapa a seguir (Figura 6) mostra o tipo de vegetaccedilatildeo da regiatildeo que no caso predomina a Floresta Estacional Semidecidual

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Figura 6 ndash Mapa mostrando o tipo de vegetaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo-PE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Em relaccedilatildeo agrave hidrografia o municiacutepio insere-se nos domiacutenios da bacia hidrograacutefica do rio Mundauacute e tem como principais afluentes o rio Inhauacutema e os riachos do Papagaio Volta do Rio de Dentro do Tamborim e Mocambo todos de regime intermitentes Ademais conta ainda com a Barragem da Onccedila e o Accedilude Municipal localizada a 1 km do centro da cidade e localizado no proacuteprio centro urbano respectivamente

Os tipos de solos predominantes satildeo o NeossoloRegoliacutetico e o Argissolo Amarelo O mapa a seguir (Figura 7) mostra os tipos e a localizaccedilatildeo destes

Figura 7 ndash Mapa de solos de Satildeo JoatildeoPE Fonte Adaptaccedilatildeo Renner Rodrigues 2013

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O clima predominante nesta regiatildeo onde se encontra Satildeo Joatildeo segundo o Plano Territorial de Rede Produtiva ndash

PTRP eacute o Tropical Semiuacutemido ndash Quente com meacutedia maior que 18degC em todos os meses do ano (04 e 05 meses secos) Eacute tambeacutem encontrado o clima Tropical Semiuacutemido ndash Subquente com meacutedia entre 15degC e 18degC em pelo menos 01 mecircs por ano (04 e 05 meses secos) o que eacute caracterizado como micro clima ndash regiatildeo de Garanhuns (PTRP 2012 p 21)

O mapa representado na figura 8 mostra o clima e o micro clima (circulado em vermelho) predominante na parte onde Satildeo Joatildeo estaacute inserido

Figura 8 ndash Tipos de climas do Agreste Meridional

Fonte PTRP 2012

A base da economia do municiacutepio gira em torno da produccedilatildeo agropecuaacuteria tendo produccedilatildeo agriacutecola atual de feijatildeo

milho e mandioca onde antes eram as culturas de cafeacute algodatildeo e cana-de-accediluacutecar A cultura do feijatildeo eacute a que mais se destaca dando a Satildeo Joatildeo o status de maior produtor de feijatildeo da regiatildeo e do Estado de Pernambuco Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o destaque maior eacute a criaccedilatildeo de gado bovino para corte e leite Entretanto tambeacutem satildeo comercializados caprinos ovinos suiacutenos e aves Estas criaccedilotildees satildeo negociadas na feira local (Parque da Feira de Animais de Satildeo Joatildeo) e em feiras de municiacutepios vizinhos a exemplo Capoeiras Garanhuns e Lajedo

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2010 sua populaccedilatildeo absoluta foi de 21312 habitantes com estimativa de 22162 para 2013 A aacuterea da unidade territorial eacute de 258334 kmsup2 Possui densidade demograacutefica de 8250 (habkmsup2)

No turismo o municiacutepio de Satildeo Joatildeo se destaca pelas belezas naturais que se encontram na parte sul do municiacutepio (tambeacutem conhecida popularmente por zona da mata ou simplesmente mata) cita-se como exemplo a Bica do Matatildeo e Barragem Inhumas salientando-se que na Inhumas haacute trilhas de cunho ecoloacutegico proacuteximo agrave cidade estaacute a Barragem da Onccedila (Figura 9) que aleacutem de ser parte dos recursos hiacutedricos do municiacutepio tambeacutem pode ser encontrado resquiacutecios da Mata Atlacircntica com grande biodiversidade Ainda no contexto haacute o Accedilude Municipal que se encontra na cidade sendo um cartatildeo postal e ponto turiacutestico do municiacutepio

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Figura 9 ndash Barragem da Onccedila Siacutetio Olho Drsquoaacutegua da Onccedila Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto satildeo mostrados aspectos das margens da Barragem da Onccedila ao seu redor eacute percebe-se a vegetaccedilatildeo predominante e o relevo se apresenta com algumas elevaccedilotildees acentuadas

No aspecto cultural cita-se o carnaval o qual eacute considerado o melhor da regiatildeo pelos foliotildees do municiacutepio e de cidades proacuteximas Tem as festividades juninas tanto na aacuterea rural quanto na aacuterea urbana No espaccedilo rural tem a Quadrilha Milharal com mais de 20 anos de tradiccedilatildeo No dia 07 de setembro tem a comemoraccedilatildeo da Independecircncia do Brasil com desfile ciacutevico das escolas municipais das particulares e da escola estadual onde abordam temas relevantes ao puacuteblico que as assistem e haacute as apresentaccedilotildees das Bandas Marciais Mirim e dos Ex-Alunos no dia 25 de novembro tem a comemoraccedilatildeo da emancipaccedilatildeo poliacutetica data muito importante para os satildeo-joanenses

Outras manifestaccedilotildees culturais ainda ocorrem a exemplo da literatura de cordel onde tem-se grandes cordelistas no municiacutepio entre eles ressalta-se a senhora Santina Izabel o senhor Joatildeo Pimentel Joseacute de Souza Zumba (Gonccedilalo) entre outros e grupos de danccedilas que tentam resgatar e manter as raiacutezes das culturas dos nossos antepassados fazendo suas apresentaccedilotildees na cidade e em outros espaccedilos disseminando a cultura local

No municiacutepio haacute tambeacutem grande influecircncia do turismo religioso pois eacute comum vaacuterios turistas irem visitar o povoado de Frexeiras no qual se encontra o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras com a imagem de Santa Quiteacuteria e o museu

De acordo com a Rota da Feacute Pernambuco aponta-se o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria como um dos maiores centros de romaria do Nordeste abrigando o maior acervo de ex-votos de Pernambuco Salienta-se ainda que

Em propriedade particular eacute um dos mais importantes centros de romarias do Nordeste e abriga o maior acervo de ex-votos de Pernambuco A imagem da Santa foi trazida para a capela haacute mais de 200 anos e a sua guarda estaacute sob a responsabilidade da famiacutelia Guilherme da Rocha desde o seacuteculo XVIII A secular construccedilatildeo que abriga o santuaacuterio caracteriza-se pelo estilo de suas linhas calccedilada alta e um alpendre amplo que serve para abrigar os romeiros No interior do casaratildeo encontra-se a nave principal onde estaacute o altar com a imagem de Santa Quiteacuteria toda coberta por adornos em ouro doados em reconhecimento pelas graccedilas alcanccediladas A Festa de Santa Quiteacuteria ponto culminante das romarias acontece anualmente em setembro com grande participaccedilatildeo popular (ROTA DA FEacute PERNAMBUCO s d)

No ambito do turismo religioso encontra-se o Bloco Jesus Me Sacoleje criado em setembro de 2005 pelo paacuteroco da Igreja Catoacutelica (Paroacutequia de Satildeo Joatildeo BatistaDiocese de Garanhuns) o Padre Seacutergio Tenoacuterio de Oliveira Desde entatildeo o bloco conta com 9 ediccedilotildees arrastando multidotildees pelas principais ruas da cidade trazendo grandes nomes da muacutesica catoacutelica para os fieis e evidenciando a feacute catoacutelica na regiatildeo O percurso eacute feito a peacute seguindo o trem eleacutetrico realizando

120- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

oraccedilotildees e reflexotildees A saiacuteda eacute em frente ao Accedilude Municipal com sentido a Praccedila de Eventos de Satildeo Joatildeo onde eacute realizado um grande show finalizando as atividades do evento

A escolha do municiacutepio para estudo se deu pelo fato do autor ser residente de Satildeo Joatildeo e viver no municiacutepio desde a infacircncia ate a vida adulta bem como pelo municiacutepio estar incluiacutedo no semiaacuterido do Nordeste Tambeacutem pelas relaccedilotildees afetivas com o ambiente material no qual o individuo estaacute inserido fazendo-se uma alusatildeo agrave topofilia de Yi-Fu Tuan geoacutegrafo chinecircs e professor de Geografia de vaacuterias Universidades Ocidentais e que em sua literatura diz que

A palavra ldquotopofiliardquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definida em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mas muito mais intensa que eacute subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o locus de reminiscecircncias e o meio de se ganhar a vida (TUAN 1980 p 107)

Eacute nesta perspectiva de sentimentos para o lugar que o municiacutepio foi selecionado Daiacute a importacircncia dada para

tambeacutem estudaacute-lo jaacute que o objeto de estudo a Jurema Preta se encontra em abundacircncia nos domiacutenios do espaccedilo geograacutefico tratado

3 UTILIDADES DA JUREMA PRETA EM SAtildeO JOAtildeO

No espaccedilo rural do municiacutepio de Satildeo Joatildeo-PE esta aacutervore se encontra em grande abundacircncia Ela eacute encontrada isolada ou agrupada onde recebe o nome de juremais sendo vista em vaacuterias aacutereas (siacutetios) e compondo a paisagem do municiacutepio e por efeito do Agreste de Pernambuco (RODRIGUES AMADOR 2013 p 183)

Embora a Jurema Preta seja uma aacutervore tiacutepica do bioma Caatinga verificou-se a sua abundacircncia em Satildeo Joatildeo que se encontra inserida no bioma Mata Atlacircntica segundo o IBGE Isso acontece devido o municiacutepio estar situado na faixa de transiccedilatildeo entre os dois biomas mencionados Portanto eacute comum a presenccedila de elementos que satildeo caracteriacutesticos dos dois domiacutenios morfoloacutegicos na aacuterea de estudo 31 Carvatildeo e lenha

Uma praacutetica comum feita por agricultores da regiatildeo eacute a extraccedilatildeo de lenha para as casas-de-farinha e para as

padarias onde seus fornos satildeo movidos agrave lenha principalmente a lenha oriunda da Jurema pelo seu alto teor caloriacutefico Para a fabricaccedilatildeo do carvatildeo aleacutem da lenha tambeacutem se usa a madeira que tem boa qualidade para tal finalidade

A madeira bom poder calorifico em funccedilatildeo do alto peso especiacutefico baacutesico que eacute de 091gcmsup3 o que classifica como excelente madeira para o carvatildeo (FARIAS 1984 p 84)

Aleacutem disso usam-se estas lenhas nas proacuteprias casas domiciliares em ldquofogotildeesrdquo feitos de barro onde se utiliza tanto a lenha quanto o carvatildeo Essa praacutetica de utilizar ldquofogotildees agrave lenhardquo jaacute foi bastante intensa entretanto natildeo se faz mais como antes porque a lenhacarvatildeo foi substituiacuteda pelo gaacutes butano o popular gaacutes de cozinha

O carvatildeo produzido da Jurema eacute feito em caieiras (Figura 10) de maneira artesanal Pegam-se a madeira e coloca dentro de uma vala feita em qualquer espaccedilo na propriedade Depois cobre com areia e palha apoacutes isso ateia fogo e com certo periacuteodo essa madeira se transforma em carvatildeo

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Figura 10 ndash Caieira artesanal no siacutetio Vaca Morta Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto da figura 10 foi retratada a caieira feita na propriedade utilizando madeira da proacutepria Sua construccedilatildeo eacute simples de fazer natildeo precisa de muita matildeo de obra e natildeo tem custo algum

O carvatildeo eacute uma renda extra para pequenos agricultores familiares que tem juremais em suas propriedades Ele eacute bem procurado pois o da Jurema eacute o melhor em relaccedilatildeo a outros tipos de madeiras As partes da Jurema onde se faz o carvatildeo satildeo as raiacutezes mais grossas e o tronco sendo este a parte mais apropriada para fabricaccedilatildeo devido a sua densidade A saca do carvatildeo custa em meacutedia R$ 2400 tomando-se como referencia o mecircs de dezembro de 2013

311 Cercas

Por ter madeira densa (densidade 112 gcmsup3) pesada de grande durabilidade natural e muito resistente a pragas esses atributos possibilitam aos residentes da aacuterea rural de Satildeo Joatildeo utilizar a Jurema de vaacuterias maneiras Atraveacutes do corte de seu tronco se obteacutem estacas (Figura 11) ou mourotildees depedendo de seu diacircmetro Com esse material satildeo construiacutedas e feitas manutenccedilatildeo de cercas (Figura 12) onde podem ser utilizadas para currais cercados para pastagens de criaccedilotildees e tambeacutem a usam para delimitaccedilatildeo das propriedades

Com cerca de 45 anos jaacute se pode obter estacas onde custam em meacutedia R$ 700 Jaacute os mourotildees variam de preccedilos de R$ de 1000 a R$ 2000 por unidade referencia de preccedilo dezembro de 2013

122- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 11 Estacas de Jurema Figura 12 construccedilatildeo de cercas com as mesmas

Fotos Renner Rodrigues 2013 Fotos Renner Rodrigues 2013

Nas fotos das figuras 11 e 12 acima eacute mostrada estacas da Jurema que posteriormente foram construiacutedas cercas de arame farpado com as proacuteprias com o intuito de demarcar territoacuterio No caso isso aconteceu no siacutetio Vaacuterzea do Barro e a propriedade media 2 hectares 312 Sombra

Outra utilidade da Jurema eacute a sombra para os animais (Figura 13) jaacute que eacute comum ter a aacutervore em meio agrave pastagem e em dias quentes os animais descansam debaixo da sua sombra

Figura 13 ndash Bovinos descansando debaixo de uma Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

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Na foto pode ser observado bovinos descansando nas imediaccedilotildees de vaacuterias Juremas que estatildeo localizadas no siacutetio Vaacuterzea da Pedra em Satildeo JoatildeoPE

Nesse contexto entra em questatildeo do bem estar animal onde o local que estaacute a sombra se torna um lugar agradaacutevel e tranquilo deixando o animal bem acomodado e em pleno sossego Dessa forma eis que surge o valor da Jurema Preta dada a importacircncia para o sombreamento dos animais e para o solo

313 Alimentaccedilatildeo

Por suas folhas serem palataacuteveis muitos animais (Figura 14) buscam na Jurema uma alternativa a mais para saciar sua fome Ela eacute bastante procurada pelos caprinos ovinos e em algumas vezes os bovinos

Figura 14 ndash Caprinos se alimentando de folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto se tem a observaccedilatildeo de caprinos comendo as folhas do talo da Jurema eles comem tanto que fica somente o talo sem folha nenhuma 314 Abrigo

Na questatildeo do abrigo se observou que vaacuterias aves como o anu a garrincheira a casaca de couro a rolinha entre outros constroem seus ninhos entre os galhos da Jurema (Figura 15) e a confecccedilatildeo destes ninhos eacute feito com gravetos da proacutepria aacutervore principalmente aqueles gravetos mais secos e espinhosos que caem no chatildeo onde estes espinhos protegem os ovos e os filhotes dos predadores naturais

124- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 15 ndash Ninho de casaca de couro

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto acima a abordagem de um ninho de casaca de couro em uma Jurema feito atraveacutes de galhos da proacutepria

315 Relaccedilotildees com outras espeacutecies e com outras aacutervores nativas e exoacuteticas

A vegetaccedilatildeo arboacuterea de Satildeo Joatildeo se encontra muito alterada pela accedilatildeo antroacutepica principalmente na parte norte onde a regiatildeo fitogeograacutefica eacute a Agreste onde cada vez mais a vegetaccedilatildeo nativa vem dando espaccedilo as roccedilas feitas pelos produtores rurais O municiacutepio tem duas regiotildees fitogeograacuteficas o Agreste e a Mata Uacutemida (Figura 16)

Figura 16 ndash Mapa da fitogeografia do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

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Na parte Agreste existem pequenas propriedades de agricultores familiares que em suas terras plantam aacutervores frutiacuteferas como a jaqueira mangueira o cajueiro entre outras ficando apenas esse tipo arboacutereo na paisagem predominando mais uma vegetaccedilatildeo arbustiva com gramiacuteneas jaacute que as terras satildeo agricultaacuteveis e os produtores acreditam que as aacutervores atrapalham o crescimento das lavouras e retiram as aacutervores deixando as propriedades em campos abertos Isso acontece devido a falta de informaccedilatildeo da importacircncia da vegetaccedilatildeo arboacuterea na propriedade

Em relaccedilatildeo agrave Jurema no Agreste nos juremais haacute uma grande diversidade de aves e insetos que ali se reproduzem e vivem em consonacircncia com a aacutervore Jaacute na Mata Uacutemida tambeacutem se encontra aacutervores frutiacuteferas poreacutem diferente do Agreste em vez de serem pequenas propriedades observa-se que eacute bastante comum a existecircncia de fazendas e nelas predominam mais aacutervores caracteriacutesticas da Mata Atlacircntica E em relaccedilatildeo a Jurema tambeacutem haacute a predominacircncia dela pelas propriedades

No contexto ambiental sua importacircncia se daacute pela relaccedilatildeo do espaccedilo convivido com outras aacutervores nativas como o cajueiro o mulungu e as cactaacuteceas nativas a exemplo o mandacaru (Cereus jamacaru) e facheiro tambeacutem a exoacutetica Algaroba (Prosopisjuliflora) (Figura 17)

Figuras 17 ndash Relaccedilatildeo da Jurema com o mandacaru

Foto Renner Rodrigues 2013

Aleacutem disso outros vegetais animais insetos e aves se relacionam com a Jurema Tem-se na foto da figura 17 a

associaccedilatildeo da Jurema com o Mandacaru (no plano de fundo) Cabe considerar a relaccedilatildeo da Jurema com a Algaroba no sentido de benefiacutecio muacutetuo o que eacute relevante pois

muitos acreditam que a Prosopis inibe a presenccedila de espeacutecies nativas caracterizando a invasatildeo bioloacutegica Em Satildeo Joatildeo pode-se observar com frequecircncia a presenccedila da algarobeira em meio ao juremal proveniente de uma propagaccedilatildeo de sementes acredita-se por via animal

126- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

4 OUTRAS UTILIDADES NUM CONTEXTO GERAL

Aleacutem das raiacutezes da Jurema Preta poder ser utilizadas na produccedilatildeo de carvatildeo tambeacutem satildeo usadas para se fazer uma bebida que igualmente eacute chamada de Jurema ou o Vinho da Jurema para os adeptos de religiotildees africanas o Candombleacute por exemplo Acreditam que quando tomam essa bebida teratildeo bons sonhos Natildeo soacute os religiosos mas tambeacutem os iacutendios fazem esse tipo de bebida

De acordo com Vasconcelos Sobrinho (1970) da casca de suas raiacutezes faziam certas tribos de iacutendios ndash Carajaacutes e outras ndash bebida estupefaciente e alucinatoacuteria com caracteriacutesticas semelhantes agrave dos ampliadores de consciecircncia (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

Ademais a Jurema Preta eacute a leguminosa para ser introduzida com sucesso nas pastagens sem a proteccedilatildeo de suas mudas e na presenccedila do gado (DIAS SOUTO 2007 p 268) 5 METODOLOGIA

A metodologia materializa-se pelo levantamento bibliograacutefico bem como a ida a campo para observaccedilatildeo

Mostrando-se necessaacuterio a interdisciplinaridade para se refletir sobre questotildees mostradas no projeto jaacute que foram utilizadas vaacuterias aacutereas do conhecimento Houve tambeacutem registros fotograacuteficos para tomadas de cenas importantes

Desse modo foram feitas reflexotildees sistecircmicas a partir de cada funcionalidade que o objeto de estudo apresenta em seu espaccedilo abordando suas relaccedilotildees e importacircncia para os animais e os humanos 6 VINCULACcedilAtildeO E BASES TEOacuteRICAS

Esta pesquisa estaacute vinculada a um projeto maior o projeto Guarda Chuva intitulado ldquoO Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo de autoria da Profordf Drordf Mordf Betacircnia M Amador que visa analisar o verde em aacutereas urbanas e rurais de forma sistecircmica por municiacutepio selecionado no meu caso Satildeo Joatildeo Tambeacutem visando contribuir para um melhor conhecimento da regiatildeo e o aperfeiccediloamento em termos de iniciaccedilatildeo cientiacutefica dos discentes do Curso de Licenciatura em Geografia da UPE Garanhuns Amador (2011) com base em Morin (2005) e Vasconcellos (2002) afirma que

Pensar complexamente requer trabalhar com o objeto em contexto ampliar o foco e conseguir visualizar sistemas amplos Tira-se o foco exclusivo do elemento e incluem-se as relaccedilotildees O contexto diz respeito entatildeo agraves relaccedilotildees entre os elementos envolvidos (AMADOR 2011 p 99)

Eacute nesta perspectiva de pensar complexamente que se pode ter subsiacutedios para melhor compreensatildeo sobre as funcionalidades interaccedilotildees e a importacircncia da Jurema Preta na paisagem agreste do espaccedilo rural de Satildeo Joatildeo

O sistemismo por sua vez nos traz a ideia de sistemas E esses sistemas vatildeo de um todo organizado e nesse todo se analisa os elementos e as accedilotildees que estaratildeo relacionados entre si

O pensamento sistecircmico eacute contextual ou seja o oposto do pensamento analiacutetico requer que para se entender alguma coisa seja necessaacuterio entendecirc-la como tal e em um determinado contexto maior ou seja como componente de um sistema maior que eacute o tambeacutem chamado ambiente (AMADOR 2011 p 90)

Tem-se por base referencial as literaturas da Profordf Drordf Maria Betacircnia Amador (Sistemismo e Sustentabilidade Questatildeo Interdisciplinar e Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas) de Edgar Morin (Introduccedilatildeo ao pensamento complexo) de Alfredo Pena-Vega (O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa) de Vasconcelos Sobrinho (As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo)tambeacutem Iniciaccedilatildeo em Pesquisa Cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas de Aureacutelio Molina et al entre as principais

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) atraveacutes de bolsa de Iniciaccedilatildeo Cientifica PFAPIBICCNPq entre o periacuteodo de agosto de 2013 agrave julho de 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 127

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Mesmo apresentando todo esse potencial a Jurema Preta vem a cada dia sendo erradicada por vaacuterios fatores entre eles o mais comum o avanccedilo da agropecuaacuteria onde a derrubada dos juremais para a produccedilatildeo agriacutecola e pecuaacuteria eacute evidenciada Neste caso os agricultores acreditam que a Jurema atrapalha no desenvolvimento da vegetaccedilatildeo rasteira como o capim e as gramiacuteneas na pecuaacuteria principalmente Jaacute na agricultura acreditam ser a Jurema a vilatilde da maacute germinaccedilatildeo das culturas de milho feijatildeo e mandioca onde as sementes mal germinam e quando germinam com o tempo natildeo sobrevivem

Pela pesquisa verificou-se que suas folhas seriam uma alternativa a mais na alimentaccedilatildeo do gado em eacutepocas de secas prolongadas por ser palataacutevel eacute uma opccedilatildeo de forragem Poreacutem natildeo se precisaria cortar a aacutervore por inteiro para obter as folhas cortar-se-ia ou podar-se-ia apenas parte da mesma a qual viria a rebrotar novamente

Vale salientar que eacute possiacutevel trabalhar com os recursos naturais ancorados nos princiacutepios da sustentabilidade e ainda simultaneamente preservando estes recursos renovaacuteveis que a natureza nos oferece de modo que natildeo seja de maneira predatoacuteria Tambeacutem garantindo uma renda extra para o sustento das famiacutelias de agricultores que se aportem no manejo sustentaacutevel da Jurema Preta Basta apenas conhecer saber utilizar respeitar e natildeo deixar que acabe para que outras geraccedilotildees futuras possam tambeacutem usufruir

Assim eacute dada importacircncia agrave Jurema Preta aacutervore de uso diversificado Poreacutem pouco estudada e pouco discutida a sua relevacircncia para o municiacutepio E nesse contexto de pouca discussatildeo os produtores rurais acabam erradicando todas as aacutervores de suas propriedades e em consequecircncia disso a Jurema vem sendo reduzida do seu ambiente natural dando espaccedilo agraves principais atividades econocircmicas do municiacutepio a agricultura e a pecuaacuteria

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

________ O pensamento de Edgar Morin e a geografia da complexidadeRevista Cientiacutefica ANAP Brasil n 2 ano 2 ndash p 60-76 2009

DIAS PF SOUTO SM Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) Leguminosa arboacuterea recomendada para ser introduzida em pastagens em condiccedilotildees de mudas sem proteccedilatildeo e na presenccedila do gado Revista da FZVA Uruguaiana v 14 n 1 p 258-272 2007 Disponiacutevel em lthttprevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfzvaarticleviewFile24921951gt Acesso em 19 ago 2013

FARIAS W L F A Jurema Preta (Mimosa hostilis Benth) como fonte energeacutetica do semi-aacuterido do Nordeste-carvatildeo 1984 128 f Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba PR 1984 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbrdspacebitstreamhandle188425171D2020FARIA20WASHINGTON20LUIZ20FONSECApdfsequence=1gt Acesso em 18 ago 2013

GANDHI Mahatma Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 Histoacuterico de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em lthttpwww1ibgegovbrcidadesatpainelhistoricophplang=ampcodmun=261320ampsearch=pernambuco|sao-joao|infograficos-historicogt Acesso em 11 jan 2014

128- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 ndash Populaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em httpwww1ibgegovbrcidadesatxtrasperfilphplang=ampcodmun=261320gt Acesso em 11 jan 2014

MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

PLANO TERRITORIAL DE REDE PRODUTIVA ndash PTRP Rede Territorial Produtiva do Feijatildeo Agreste Meridional e Central Estado de Pernambuco RecifePE 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwproruralpegovbrdownloadsPTRT20FeijaoPTRP20FEIJAOpdfgt Acesso em 13 jan 2014

PREFEITURA DE SAtildeO JOAtildeO Dados gerais do municiacutepio Disponiacutevel em lthttpsaojoaopegovbrdados-gerais-do-municipiogtAcesso em 30 dez 2013

RODRIGUES R R V AMADOR M B M Reflexotildees Sistecircmicas sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) com enfoque no municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 181-186 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleviewFile556581gt Acesso em 20 jan 2014

ROTA DA FEacute PERNAMBUCO Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras Disponiacutevel em lthttpwwwrotadafepecombrdetalhephpc=1amps=2ampid=29gt Acesso em 13 jan 2014

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Recife CONDEPE 1970 (Reimpressatildeo 2005)

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Associaccedilatildeo Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos

Fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Boliacutevia nordm 88 Jardim Ameacuterica

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Amador Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco Urbano e Rural ndash Tupatilde ANAP 2014 ISBN

1 Pernambuco 2 Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural 4 Geografia Fiacutesica I Tiacutetulo

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Presidente Sandra Medina Benini Vice-Presidente Allan Leon Casemiro da Silva 1ordf Tesoureira ndash Maria Aparecida Alves Harada

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Foto da Capa Ana Maria Severo Chaves

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A481o O Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco Urbano e Rural Maria Betacircnia Moreira Amador (org) ndash Tupatilde ANAP 2014

130 p il Color 297 cm

ISBN - 978-85-68242-00-1

1 Pernambuco 2 Paisagem Agreste 3 Verde Urbano e Rural I Tiacutetulo

CDD 900 CDU 91347

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Joatildeo Osvaldo Nunes

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Socircnia Maria Marchiorato Carneiro

6- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Sumaacuterio

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 7

Sumaacuterio

Prefaacutecio

09

Apresentaccedilatildeo

11

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

16

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

34

Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

ThamyllysMyllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

47

8- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

62

Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

79

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

102

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (MIMOSA TENUIFLORA) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

111

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 9

Prefaacutecio

10- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Prefaacutecio

O verde arboacutereo como expressatildeo dos recursos naturais renovaacuteveis eacute um segmento notaacutevel no que se refere a abordagem temaacutetica quer sob a conotaccedilatildeo de recurso de capital quer sob a de benesses paisagiacutesticas climaacuteticas e demais recurso que sob os ditames da Matildee Natureza dissemina-se espontaneamente sendo a partir daiacute fortemente suplementada pela accedilatildeo humana levando-se em conta as aptidotildees regional-locais Tal disseminaccedilatildeo portanto aleacutem de obedecer por exemplo agravescondiccedilotildees edaacuteficas espraia-se em particular como atributo cultural do meio em que se insere Eacute gostar-se do verde natildeo soacute para se admirar mas em particular eacute gostar-se devido ao fato de se conhecer

Os resultados acadecircmicos expostos ao niacutevel municipal apresentados sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Maria Betacircnia M Amador constitui natildeo soacute exemplificaccedilatildeo de iniciativa profiacutecua que disciplina e ao mesmo tempo motiva academicamente um elenco de orientandos mas tambeacutem demonstra correto encaminhamento de produccedilatildeo individual que se desdobra em coletiva que engrandece tanto elaboradores como o ente institucional ao qual se encontram vinculados A isso se juntando o requisito eacutetica que com certeza norteia as premissas do grupo em apreccedilo a combinaccedilatildeo vecirc-se elevada ao niacutevel de excepcionalidade fruto por assim dizer do plantio adequado de outrora combinado com salutar reproduccedilatildeo presente

O potencial da ideia em termos de grupo e entidade deve ser por demais ressaltado reflete melhoria na produccedilatildeo de recursos humanos e institucionais tatildeo escassas nesses velhos tempos as dimensotildees acadecircmica e de gestatildeo municipal face iniciativasdo gecircnero podem evoluir consolidar-se e ateacute expandir-semesmo que por via indireta - tudo isso sem abdicar de concepccedilotildees como persistecircncia abnegaccedilatildeo otimismo atributos que devem sempre estar presentes na transiccedilatildeo de sonho para realidade O elenco produtor ora referido estaacute enfim de parabeacutens de modo particular por sua contribuiccedilatildeo apontar para a transiccedilatildeo mencionada sem nenhuma inibiccedilatildeo no que toca expor sua condiccedilatildeo potente

Pedro Amador - Economista Professor licenciado da UPE Campus Garanhuns

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Apresentaccedilatildeo

12- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Apresentaccedilatildeo

Se pensarmos soacute em uma aacutervore talvez fique a sensaccedilatildeo de estarmos pensando pequeno Mas se pensarmos nas aacutervores dos quintais dos jardins das calccediladas das ilhas das avenidas dos parques da imensa massa verde que existe em vaacuterias cidades teremos a sensaccedilatildeo gratificante de estar trabalhando por um ambiente melhor mais saudaacutevel sustentaacutevel estaremos trabalhando pelas aacutervores pela vida

Paulo de Tarso Batista1

O estudo do verde eacute de fundamental importacircncia para se entender a organizaccedilatildeo do espaccedilo tanto rural quanto urbano No semiaacuterido do nordeste do Brasil por exemplo especificamente em aacutereas do Agreste de Pernambuco verifica-se que em ambos os espaccedilos urbano e rural haacute uma niacutetida falta de conexatildeo entre o verde e o homem devido ao fato de se perceber que os elementos componentes da flora nativa e da paisagem tiacutepica dos sertotildees passam a dar lugar ao exotismo das palmas e gramiacuteneas para a formaccedilatildeo de pastagens nas aacutereas rurais enquanto que na area urbana a arborizacao e o paisagismo passam a ser compostos predominantemente de exoacuteticas nas calccediladas e outros espaccedilos puacuteblicos ficando os cultivos de plantas nativas ou natildeo ornamentais ou medicinais restritas aos quintais e jardins os quais se aproximam da flora local Assim objetivou-se fazer estudos nesses espacos da situaccedilatildeo presente buscando-se evidenciar o contra-senso ou paradoxo da relaccedilatildeo homemnatureza pela perspectiva sistecircmica de anaacutelise da paisagem Para tanto teve-se a colaboraccedilatildeo de bolsistas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica que estudaram em particular seus municiacutepios de origem fazendo-se entatildeo articulaccedilotildees entre as diferentes realidades encontradas para o entendimento da complexidade a qual envolve a sustentabilidade que se delineia frente agraves contradiccedilotildees do discurso ambiental mediante a cultura jaacute estabelecida do nordeste seco Os aportes metodoloacutegicos compreendem fundamentalmente a observaccedilatildeo norteada pela percepccedilatildeo aplicaccedilatildeo de formulaacuterios aos habitantes dos referidos municiacutepios analisados tomada de histoacuteria de vida em alguns casos e registros fotograacuteficos das diversas situaccedilotildees encontradas Optou-se pela abordagem sistecircmica para encadear e articular os procedimentos aleacutem de se considerar viaacutevel para o amalgamento da base teoacuterica calcada na teoria da complexidade de Morin Os resultados apresentados apontam para uma concepccedilatildeo de verde que nao condiz com o ambiente semiarido e nem tampouco com as ideias de sustentabilidade Pode-se citar que como se pode verificar nos textos que compoem esse trabalho observa-seum afastamento da flora local e nativa pela preferecircncia dada agraves espeacutecies exoacuteticas em ambos os ambientes rural e urbano Tambeacutem se ressalta o pouco apreccedilo que se percebeu da populaccedilatildeo em geral em relaccedilatildeo aos elementos verdes ou seja apesar de expressarem preocupaccedilotildees com a natureza aacutervores entre outros natildeo praticam a observaccedilatildeo valorativa do espaccedilo atraveacutes da imagem e simbologia que as aacutervores em especial representam Cabe ainda considerar nesse contexto a pouca importacircncia dada pelas gestotildees municipais em termos de melhoramento conservaccedilatildeo e ou preservaccedilatildeo de um patrimocircnio puacuteblico e considerado pela legislaccedilatildeo como bem difuso da populaccedilatildeo que eacute o verde seja rural ou urbano Pressupotildee-se portanto que tratar do verde em qualquer espaccedilo eacute colaborar para a construccedilatildeo de um ambiente mais adequado e mais sustentaacutevel

O contexto atual em termos de se pensar a sustentabilidade do planeta favorece reflexotildees sob diversas abordagens praticas teoacutericas e metodoloacutegicas tambeacutem em niacuteveis locais e regionais Logo o semiaacuterido nordestino brasileirodemanda estudos nos quais os resultados contribuam em alguma escala para as dimensotildees educacionais politicas administrativas entre outras

A temaacutetica que se insere traz a tona elementos que identificam certa discrepacircncia evidenciada na relaccedilatildeo homem

1 Disponivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 13

natureza no acircmbito urbano e tambeacutem rural em termos de vegetaccedilatildeo Natureza que na concepccedilatildeo de Moscovici (2007 p 28) eacute pensada agrave semelhanccedila de um arco-iacuteris ldquoeu sei que a natureza natildeo tem nada de verde nem de cinza que ela representa na verdade uma paleta infinita de cores Ela eacute para noacutes a ideia que compreende todos os caminhos possiacuteveis no tempo entre o acaso e a necessidade limitanterdquo Assim o semiaacuterido nordestino e o homem sertanejo foram na linha do tempo associados ao sofrimento e ao cinza da paisagem da caatinga Costumeiramente rotulados com o fardo histoacuterico do determinismo parecendo natildeo haver saiacuteda ou soluccedilatildeo Pensamento que vem gradativamente se modificando pelas inuacutemeras iniciativas publica eou privadas de mostrar que a convivecircncia com e no semiaacuterido eacute possiacutevel desde que se encontrem persistentes formas de desenvolver a aacuterea produzindo e vivendo com respeito a essa natureza atentando para suas fragilidades

Na trilha desse movimento engaja-se tambeacutem com pesquisa sobre o verde urbano e rural sobre alguns municiacutepios do agreste de Pernambuco utilizando-se a estrateacutegia de agregar subprojetos que oportunizam aos acadecircmicos bolsistas de iniciaccedilatildeo cientifica a experiecircncia de estudar o verde de seus municiacutepios de origem seja urbano ou rural Nesse contexto importa que mediante leituras dirigidas de cunho sistecircmico os mesmos percebam a importacircncia do lugar e suas paisagens articulando os conceitos com a dinacircmica evidenciada na relaccedilatildeo do citadino morador transeunte proprietaacuterio rural com o verde em sua volta quase fazendo lembrar a organizaccedilatildeo do cristal com sua rigidez mineral e a chama da vela decompondo-se pela fumaccedila tomando-se Atlan (1992 p9) como referencia

Os estudos sistecircmicos visam contextualizar a realidade ressaltando as teias que estatildeo preacute-estabelecidas e aquelas que estatildeo se formando cujas tramas possibilitam uma melhor compreensatildeo da situaccedilatildeo por natildeo se limitar na extenuante busca da causa ndash efeito mas contribui para o questionamento do ser pensante e da sociedade sobre os elos com a natureza num mundo cada vez mais sem tempo pelo trabalho que se impotildee

Logo eacute fato que as paisagens urbanas e rurais satildeo reflexos dessa forma de relacionamento ecologia x economia ao mesmo tempo em que a afetividade com o lugar principalmente pela falta ou pela pouca experiecircncia eou vivencia propicia certo afastamento praticamente sem culpa ou responsabilidade maior com os bens capitais naturais e concorda-se com Serres quando ele afirma que a sociedade encontra-se num momento de assinatura de um contrato

Trata-se da necessidade de rever e de voltar a assinar o mesmo contrato social primitivo Este diz-nos respeito para o melhor e para o pior segundo a primeira diagonal sem mundo agora que sabemos associar-nos perante o perigo precisamos de conceber ao longo da outra diagonal um novo pacto a assinar com o mundo o contrato natural Cruzam-se assim os dois contratos fundamentais (SERRES 1990 p 31 - 32)

Ou seja a busca da compatibilidade harmoniosa entre o verde endecircmico e o verde exoacutetico deveria ser melhor considerado Natildeo eacute porque se estaacute num municiacutepio interiorano que se despe a paisagem urbana das conotaccedilotildees da vegetaccedilatildeo do entorno de certa forma negando-a mas pelo contrario os elementos verdes presentes naturalmente no local prestam-se bem ao paisagismo desde que este enquanto atividade da administraccedilatildeo municipal seja adequadamente planejado e gerido podendo inclusive ser concatenado com o exotismo de outras espeacutecies

As pesquisas apresentadas nesse livro tem como ancoradouro a proposta de estudar o verde do Agreste de Pernambuco especialmente o Agreste Meridional tendo-se Garanhuns e municiacutepios proacuteximos como locais de estudo desde que estejam inseridos no semiaacuterido cujo mapa (Figura 1) apresenta nova configuraccedilatildeo politica

Aleacutem dos 1031 municiacutepios jaacute incorporados passam a fazer parte do semiaacuterido outros 102 novos municiacutepios [] Com essa atualizaccedilatildeo a aacuterea classificada oficialmente como semiaacuterido brasileiro aumentou de 8923094 km2 para 9695894 km2 um acreacutescimo de 866 Minas Gerais teve o maior nuacutemero de inclusotildees na nova lista - dos 40 municiacutepios anteriores vai para 85 variaccedilatildeo de 1125 A aacuterea do Estado que fazia anteriormente parte da regiatildeo era de 272 tendo aumentado para 517de acordo com a Secretaria de Poliacuteticas de Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (2005 p 05)

A regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro (Figura 1) corresponde aproximadamente a 135 do territoacuterio Se caracteriza pelas irregularidades pluviomeacutetricas e temperaturas elevadas apresentando o clima BSh tomando-se como referencia a classificaccedilatildeo de Koppen Os solos em geral podem ser caracterizados como siacutelico argiloso e apresenta ainda uma alta radiaccedilatildeo solar baixa nebulosidade media anual de temperatura elevada baixas taxas de umidade relativa e evapotranspiraccedilatildeo elevada Esse conjunto de caracteriacutesticas propicia o fato de que a maioria dos rios dessa regiatildeo seja intermitente (ABILIO FLORENTINO 2011 p 42 ndash 43)

14- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 1 Mapa do Semiaacuterido BrasileiroFonte Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

Disponiacutevel emlt httpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_aridopdfgt Acesso em 08 nov 2011

O levantamento bibliograacutefico foi dirigido para assimilaccedilatildeo de cada proposta uma vez que os sub projetos tem

accedilatildeo similar e simultacircnea mas com realidades diferenciadas encontrando- se no conteuacutedo interdisciplinar as bases necessaacuterias ao enfoque integrado da questatildeo do verde urbano eou rural Aplicou-se a teacutecnica da observaccedilatildeo associada agrave aplicaccedilatildeo de formulaacuterios em todos os casos nos diferentes municiacutepios Constitui-se o formulaacuterio predominantemente de perguntas fechadas dirigidos aos atores presentes por ocasiatildeo da abordagem

Os dados apresentados os quais foram estudados agrave luz da literatura disponiacutevel sobre o assunto e associados sempre que possiacutevel ao registro fotograacutefico contribuindo assim na documentaccedilatildeo da informaccedilatildeo proporcionaram conclusotildees algumas parciais outras consideradas de caraacuteter mais concreto e final as quais podem ser uteis para fomentar novos estudos e accedilotildees Registra-se ainda que em alguns casos utilizou-se a teacutecnica de histoacuteria de vida

A aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica foi e continua sendo um dos pontos relevantes dessa pesquisa Tecnicamente as representaccedilotildees dos sujeitos baseados em suas ldquohistoacuterias de vidardquo satildeo fundamentais para o entendimento da questatildeo pois soacute eacute possiacutevel chegar aos aspectos do cotidiano desses sujeitos que vivem em seus municiacutepios seja na aacuterea urbana ou rural atraveacutes de suas memorias

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Segundo Meihy (1996) a histoacuteria de vida constitui-se numa metodologia que trata a narrativa do conjunto de experiecircncias de vida de uma pessoa Trata-se de um tipo de busca que visa a utilizaccedilatildeo de fontes orais em diferentes propoacutesitos para adquirir um melhor entendimento do que se almeja com a referida pesquisa sendo importante frisar que considera-se ser uma maneira inovadora de se tratar a temaacutetica do verde sob abordagem sistecircmica e interdisciplinar

Espera-se que os relatos advindos por ocasiatildeo da coleta das histoacuterias orais possam por meio da memoacuteria dos sujeitos e dos processos dinacircmicos ocorridos em suas vidas trazer agrave tona elementos substanciais das relaccedilotildees destes com os conteuacutedos do local onde reside associados ao verde

Enfatiza-se tambeacutem que este meacutetodo possibilita extrair da comunidade conhecimentos exclusivo daquela aacuterea Assim por meio da subjetividade e do simbolismo haacute uma grande contribuiccedilatildeo para a pesquisa em seu acircmbito qualitativo Atraveacutes dos fatos e dos aspectos identitaacuterios emergem os objetos ou seja a fala os gestos as accedilotildees se constituindo desse modo num registro que guarda uma diversidade profunda de manifestaccedilotildees inerentes agrave trajetoacuteria do sujeito em que sua vida cultural foi constituiacuteda

Assim a metodologia que se apresenta tem um caraacuteter dinacircmico coadunando-se com a visatildeo sistecircmica e interdisciplinar posiccedilotildees teoacutericondashmetodoloacutegicas atualmente em ascensatildeo nos meios acadecircmicos principalmente

Assim sendo contempla-se nesse trabalho resultados de trabalhos e subprojetos referentes aos municiacutepios de Canhotinho Correntes Calcado Garanhuns Jupi Satildeo Joatildeo e Venturosa todos na regiatildeo semiaacuterida do agreste pernambucano Registra-se ainda que os mesmos serao dispostos ao longo do livro em ordem alfabetica dos principais autores

No mais espera-se estar disponibilizando um conteudoutil e atualizado para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o assunto tratado bem como enriquecer o conhecimento existente para os municipios contemplados nessa empreitada

REFERENCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado FLORENTINO Hugo da Silva Ecologia e conservaccedilatildeo ambiental no semiaacuterido In

Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFPB 2011

ATLAN Henri Entre o cristal e a fumaccedila ensaio sobre a organizaccedilatildeo do ser vivo Traduccedilatildeo de Vera Ribeiro Rio de

Janeior Jorge Zahar Ed 1992

BATISTA Paulo de Tarso O meio ambiente as cidades as arvores urbanas e a sbau In Sociedade Brasileira de

Arborizaccedilatildeo 2010 Dispnivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Mapa do Semiaacuterido Brasileiro Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MEIHY Carlos Sebe Bom manual de histoacuteria oral Loyola Satildeo Paulo1996 Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MOSCOVICI Serge Natureza para pensar a ecologia 2 ed Traducao de Maria Louise Trindade Conilh de Beyssac e

Regina Mathieu Rio de Janeiro Mauad X Instituto Gaia 2007

SERRES Michel O contrato natural Traduccedilatildeo de Serafim Ferreira Lisboa Portugal Instituto Piaget 1990

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Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM

AGRESTE DE CORRENTES-PE

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Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

Futuramente soacute seraacute concebiacutevel uma natureza de dupla pilotagem a natureza deve ser pilotada pelo homem mas este por sua vez deve ser pilotado pela natureza Os dois co-pilotos embora heterogecircneos satildeo absolutamente inseparaacuteveis

Edgar Morin 2

O verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE eacute uma temaacutetica que foi trabalhada durante dois anos atraveacutes dos projetos de pesquisas ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo em 2012 e ldquoO Verdedas Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo em 2013 Projetos que tiveram como principal objetivo averiguar o verde existente no municiacutepio diagnosticando a importacircncia da presenccedila vegetal arboacuterea ou natildeodos espaccedilos urbanos puacuteblicos e particulares na paisagem urbana de Correntes-PE atraveacutes da abordagem sistecircmica

O desenvolvimento desses projetos de pesquisas resultou em alguns trabalhos apresentados e publicados que de forma sucinta tambeacutem estatildeo no corpo do presente capiacutetulo Ressalta-se a relevacircncia de estudos sobre o verde urbano para um melhor entendimento da presenccedila da massa verde na cidade bem como sua funcionalidade e contribuiccedilatildeo para um ambiente urbano mais saudaacutevel e beneacutefico agrave populaccedilatildeo As pesquisas satildeo de ordem qualitativo-quantitativa cujo meacutetodo pauta-se na observaccedilatildeo e na percepccedilatildeo Assim procurou-se sempre manter um diaacutelogo e participaccedilatildeo em cada etapa das pesquisas e no decorrer dos estudos realizados O trabalho que se apresenta situa-se no acircmbito da ciecircncia Geograacutefica atraveacutes da sua categoria de anaacutelise paisagem

Nesta perspectiva a paisagem agreste do municiacutepio de Correntes eacute uma fonte da subjetividade na qual se desenvolve relaccedilotildees afetivas com o meio onde a populaccedilatildeo interage com os ambientes que lhe eacute disponiacutevel mantendo com esses espaccedilos laccedilos afetivos Considerando-se a paisagem urbana como reflexo da interaccedilatildeo dos indiviacuteduos em sociedade eas construccedilotildees hierarquizadas espelhando de certa forma um espaccedilo subjetivo sentido e vivido por cada habitante de maneira particular e em grupo formando assim uma identidade com o lugar em constante interaccedilatildeo sistecircmica

2 MORIN 1991 apud DARDEL 2011 p 69

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1 CORRENTES-PE

Correntes eacute um municiacutepio relativamente pequeno com 17419 habitantes (IBGE 2010) que passou a fazer parte da nova delimitaccedilatildeo do Semiaacuterido em 2005 Sua economia eacute baseada na agricultura pecuaacuteria e comeacutercio em geral Sua histoacuteria eacute como em muitas outras cidades interioranas e ribeirinhas se deu por motivos religiosos onde em 1826 o portuguecircs Antocircnio Machado Dias abastado fazendeiro que residiu onde hoje eacute a cidade de Correntes-PE fez construir uma igreja dedicada ao santo de seu nome Esse fato atraiu grande nuacutemero de pessoas que se foram agrupando em torno do templo formando a povoaccedilatildeo que tomou o nome de Barra de Correntes localizada as margens do Rio Correntes e do Rio Mundauacute posteriormente passou a se chamar Correntes nome que tecircm origem no rio de trecircs nascentes (que se chama 3 correntes) sendo entatildeo denominado de rio das Correntes 12 Localizaccedilotildees do Municiacutepio de Correntes-PE e Seus Aspectos Geograacuteficos

O municiacutepio (figura 1) estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco limitando-se a norte com Garanhuns e Palmeirina ao sul com o Estado das Alagoas a leste com o Estado das Alagoas e a oeste com Lagoa do Ouro A aacuterea municipal ocupa 2841 km2 e representa 029 do Estado de Pernambuco Distante 2577 km da capital cujo acesso eacute feito pela BR-101 PE-126177187 e BR-424

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Correntes-PE

A vila de Correntes fora criada pela lei provincial nordm204 em julho de 1848 foi o primeiro territoacuterio desmembrado do municiacutepio de Garanhuns que passava agrave categoria de municiacutepio O municiacutepio foi criado em 27051879 pela Lei Provincial no 1423 sendo formado pelos distritos de Correntes (sede) e pelos povoados de Poccedilo Comprido de Pau Amarelo e Olho dAgua do Gois Anualmente no dia 27 de agosto Correntes comemora a sua emancipaccedilatildeo politica

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Correntes-PE estaacute inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema formada por maciccedilos e outeiros altos com altitude variando entre 650 a 1000 metros Ocupa uma aacuterea de arco que se estende do sul de Alagoas ateacute o Rio Grande do Norte o relevo eacute geralmente movimentado com vales profundos e estreitos dissecados 2 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ESTUDO DO VERDE URBANO DE CORRENTES-PE O tema verde urbano eacute um referencial para a sociedade em geral quando o assunto se refere agraves questotildees ambientais Quando se pretende melhorar as condiccedilotildees ambientais das cidades a arborizaccedilatildeo quase sempre eacute a primeira opccedilatildeo isso eacute devidoagraves diversas funcionalidades e benefiacuteciosadvindos da arborizaccedilatildeo diante de um ambiente artificial e jaacute degradado pelas accedilotildees antroacutepicas direcionadas a um desenvolvimento econocircmico que deixa o meio ambiente quase sempre de lado Em relaccedilatildeo agrave paisagem urbana Amador destaca que

No tocante aacutes paisagens urbanas tem-se uma longa histoacuteria relacionada ao verde e este transformando espaccedilos elaborando-se e reelaborando-se paisagens podendo-se ressaltar algumas informaccedilotildees que tomadas em consequecircncia evidenciam tempos e espaccedilos repletos de diferentes propoacutesitos e ideologias (AMADOR 2013 p 119)

Logo cabe considerar que a paisagem urbana tem nos elementos verdes sejam arboacutereos ou natildeo um de seus alicerces de bem-estar conforto e beleza Poreacutem esses atributos nem sempre satildeo percebidos pela populaccedilatildeo que quando se refere ao verde residencial (verde em espaccedilos particulares) presente em quintais jardins e calccediladas o associa com algo trabalhoso e em alguns casos ateacute mesmo perigoso Essa percepccedilatildeo leva a populaccedilatildeo em geral a erradicar principalmente aacutervores de suas calccediladas bem como procuram deixar seus quintais livres ou com pouca vegetaccedilatildeo Porem no que se refere ao verde puacuteblico presente em praccedilas e canteiros centrais a populaccedilatildeo natildeo dialoga a sua importacircncia para o meio ambiente urbano e pouco eacute esclarecido sobre a relevacircncia dessa presenccedila bem como sobre a funcionalidade de tais espaccedilos introduzidos no meio ambiente urbano Mesmo todos sabendo que se retiroudestruiu a natureza para sua concretizaccedilatildeo ou melhor o trabalho de paisagismo o qual introduz a natureza na forma de arborizaccedilatildeo eou aacutereas verdes Esse ato faz parte da tentativa de reverter uma problemaacutetica ambientalque surgiu quando o homem considerou-se ser capaz de viver em um espaccedilo puramente construiacutedo e artificial poreacutem ele percebeu que a natureza em seus diversos acircmbitos eacute necessaacuteria a seu bem-estarno desenvolvimento de uma vida saudaacutevel ao mesmo tempo de um ambiente urbano mais sadio Esse espaccedilo construiacutedo segundo Eric Dardel (2011) tem sua principal importacircncia ligada ao habitar do homem Espaccedilo artificial no qual o homem eacute moldado em suas condutas haacutebitos costumes ideias e sentimentos ldquopor esse horizonte artificial que se viu nascer crescer escolher sua profissatildeordquo (DARDEL 2011 p 27) Assim a cidade seja pequena ou grande objeto da construccedilatildeo humana na forma de sociedade em que o homem eacute criado e socializado encontra nas aacutereas verdes e espaccedilos arborizados elementos naturais que proporcionamagrave populaccedilatildeo ter uma vida mais saudaacutevel contribuindo para um melhor desenvolvimento ambiental E a visatildeo geograacutefica em relaccedilatildeo ao espaccedilo urbano e interaccedilotildees que ocorrem no mesmo mostra a possibilidade de melhor interpretaccedilatildeo da complexidade dos espaccedilos e atraveacutes do enfoque sistecircmico das inter-relaccedilotildees do espaccedilo vivido e o individuo que o vive levando em conta tudo que o cerca visivelmente ou natildeo mas que integra a experiecircncia do ambiente urbano em seu todo artificial com a introduccedilatildeo da natureza que o homem constroacutei para usufruir de uma melhor qualidade de vida Assim Camargo relata

O espaccedilo vivido caracteriacutestico da corrente humanista relaciona-se com a dimensatildeo da experiecircncia humana dos lugares ou com a maneira como o sujeito percebe o objeto [] remete o geoacutegrafo a interpretar toda a complexidade existente em cada regiatildeo [] O cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locais (CAMARGO 2008 p 100 ndash 101)

Tambeacutem tem-se em Tuan (1980) em sua obraTopofilia que refere-se a todos os laccedilos afetivos do ser humano com o meio ambiente pois segundo ele ldquoo meio ambiente eacute o veiacuteculo de acontecimentos emocionante fortes ou eacute percebido como um siacutembolordquo (TUAN 1980 p 107) Assim o meio em que o homem estaacute inserido representa muito mais

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do que um meio fiacutesico do qual ele retira suas necessidades o meio ambiente seja urbano ou outro representa um lugar de relaccedilotildees emocionais e de pertencimento adquiridos atraveacutes das vivencias 21Contribuiccedilotildees da Massa Verde Urbana para a Cidade A presenccedila das aacutereas verdes urbanas possibilitam diversos benefiacutecios que se pode enunciar de acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS 2011 p 21)que destaca a arborizaccedilatildeo das cidadescomo uma estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos e importante diante dediversos aspectos como o ecoloacutegico histoacutericocultural social esteacutetico e paisagiacutestico contribuindo para

A manutenccedilatildeo da estabilidade microclimaacutetica O conforto teacutermico associado agrave umidade do ar e agrave sombra A melhoria da qualidade do ar A reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo A melhoria da infiltraccedilatildeo da aacutegua no solo evitando erosotildees associadas ao escoamento superficial das

aacuteguas das chuvas A proteccedilatildeo e direcionamento do vento A proteccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e do solo A conservaccedilatildeo geneacutetica da flora nativa O abrigo agrave fauna silvestre contribuindo para o equiliacutebrio das cadeias alimentares diminuindo pragas e

agentes vetores de doenccedilas A formaccedilatildeo de barreiras visuais eou sonoras proporcionando privacidade O cotidiano da populaccedilatildeo funcionando como elementos referenciais marcantes O embelezamento da cidade proporcionando prazer esteacutetico e bem-estar psicoloacutegico O aumento do valor das propriedades A melhoria da sauacutede fiacutesica e mental da populaccedilatildeo

No referido manual ainda eacute destacado a sistematicidade e complexidade da organizaccedilatildeo urbana pois ldquoos seres humanos constroem seus ambientes dentre eles a cidade cujoequiliacutebrio necessita ser mantido artificialmente pelo planejamento urbanovisando evitar consequecircncias indesejaacuteveisrdquo (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS2011 p 20) Assim a cidade eacute sistecircmica uma vez que seus variados aspectos e sistemas interagem em si e entre si por isso a cidade precisa ser compreendida como uma totalidade interacional e complexa porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitasrelaccedilotildees que nela se estabelecem pois a complexidade pode ser entendida como ldquoAgrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidadesrdquo (MORIN 2005 p35) Mas a complexidade tambeacutem desafia nossas possibilidades de caacutelculo ldquo[] ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios A complexidade num certo sentido sempre tem relaccedilotildees com o acasordquo (MORIN 2005 p35) e esse acaso estaacute presente nas relaccedilotildees que satildeo estabelecidas na sociedade A complexidade ultrapassa suas proacuteprias fronteiras vai desde o quantitativo ao subjetivo tendo um campo amplo do conhecimento que natildeo satildeo todos passiveis de quantificaccedilatildeo e verificaacuteveis mas tambeacutem indeterminados em seu entendimento antes compreendidos em si que pode-se ver nas relaccedilotildees urbanas Diante dessas colocaccedilotildeesentende-se que o verde urbano deva ser estudado de forma sistecircmica e complexa Assim Amador (2013 p 26) argumenta que ldquoLogo a complexidade a instabilidade e a intersubjetividade constituem em conjunto uma visatildeo de mundo sistecircmicardquo Entatildeo eacute atraveacutesda interaccedilatildeo dos diversos espaccedilos arborizados (quintais jardins e calccediladas) com as aacutereas verdes (praccedilas e canteiros centrais) em suas relaccedilotildees sistecircmicas que possibilitam acompreensatildeo da proeminecircncia presente na massa verde urbana Em consonacircncia Santosacentua que

Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) que muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as puacuteblicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando tambeacutem

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as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo (SANTOS 2001 2002 p 1-2)

Nessa perspectiva soacute atraveacutes do estudo dos diversos espaccedilos urbanos com a presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea ou natildeo quese pode verificar a importacircncia da arborizaccedilatildeo para o meio ambiente urbano como um todo 3 O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE quintais jardins e calccediladas O presente toacutepico refere-se ao primeiro projeto de pesquisa desenvolvido sobre o verde urbano do municiacutepio de Correntes-PE acerca do verde presente nas residecircncias atraveacutes dos estudos dos espaccedilos disponiacuteveis paraa arborizaccedilatildeo que satildeo os quintais jardins e calccediladas O principal objetivo foi ldquodiagnosticar como os moradores cuidam de seus jardins quintais e aacutervores das calccediladas atraveacutes da verificaccedilatildeo dos cuidados que eles tecircm com a arborizaccedilatildeo de suas casasrdquo Assim foi possiacutevel estabelecer um diaacutelogo durante a pesquisa com as diversas percepccedilotildees da populaccedilatildeo referentes agravetemaacutetica em estudo diagnosticando o quantoa presenccedila da arborizaccedilatildeo eou vegetaccedilatildeo eacute um fator importante parao meio ambiente urbano que no entendimento de Resende e Souza eacute ldquoa concepccedilatildeo de equiliacutebrio ambiental e fortalecimento das sensaccedilotildees de bem-estar e o definido paraiacuteso eacute simbolizado pela aacutervore ao passo que essa produz a reestruturaccedilatildeo do conforto e manteacutem uma relaccedilatildeo de proximidade sensorial ou emotiva do homemrdquo (REZENDE SOUZA 2009 p 55) Poreacutem nem todas as pessoas sabem desfrutar desses lazeres em seus lares pois associam a presenccedila arboacuterea e vegetal agrave outros fatores que lhes causam receio ou medo Em estudos realizados sobre o verde no municiacutepio de Correntes-PE foi verificado que o verde existente em quintais jardins e calccediladas nas ruas que constituem a aacuterea central do municiacutepio de Correntes-PE mas que estaacute cada vez mais escasso e um dos fatores que contribui com esse fato eacute a falta de incentivo e conhecimento dos benefiacutecios proporcionados pelo verde (CHAVES AMADOR 2012) Essa colocaccedilatildeo eacute relevante e adveacutem da falta de informaccedilatildeo sobre a arborizaccedilatildeo residencial fato que leva as pessoas a suprir essa presenccedila em seu lar sob outro ponto de vista pautado na relaccedilatildeo com a natureza Outros moradores mesmo de forma inadequada mantem sua aacutervore usufruindo assim de seus benefiacutecios conhecidos Nesse contexto foi verificado que poucos moradores satildeo esclarecidos sobre a importacircncia e funcionalidade da arborizaccedilatildeo e vegetaccedilatildeo presente em suas casas e que por vezes se encontra dividida em determinados espaccedilos da casa 31 Perspectivas dos Quintais Urbanos em Correntes-PE Os quintais de forma geral tem uma similaridade com os espaccedilos livres da Idade Meacutedia jaacute que nesse periacuteodo ocorreu o maior interesse em se cultivar espeacutecies frutiacuteferas e ornamentais em espaccedilos livres internos agraves residecircncias (LOBODA DE ANGELIS 2005) E dentre as principais funccedilotildees dos quintais domeacutesticos em Correntes-PE encontra-seo cultivo de frutiacuteferas de ervas hortaliccedilas legumes entre outros verificando-se que o desenvolvimento de tal atividade possibilita que os proacuteprios moradores disponham de tais elementos e assim possam utiliza-los na alimentaccedilatildeo e em outras atividades como a medicina caseira tornando-se desnecessaacuteria a compra do que se possui no quintal e em consequecircncia passa a ser um auxilio financeiro para a famiacutelia e ou comunidade local Mas de acordo com os estudos desenvolvidos no municiacutepio em tela alguns moradores desconsideram esse fator que de acordo com os estudos desenvolvidos por Ambroacutesio Peres e Salgado (1996) os mesmos constataram a sua contribuiccedilatildeo agrave alimentaccedilatildeo bem como sua contribuiccedilatildeo para a renda familiar Ressaltam ainda a relevacircncia do quintal para a diversificaccedilatildeo dos alimentos presentes na alimentaccedilatildeo diaacuteria relatando que a ausecircncia do quintal pode ser um fator de restriccedilatildeo da dieta das pessoas principalmente quando refere-se a alimentos ricos em vitaminas minerais e fibras como hortaliccedilas e frutas Esse estudo evidencia o quanto os quintais domeacutesticos tecircm uma ampla utilidade na vida das pessoas que os possuem Principalmente quintais com um pomar de frutas ou verduras que proporcionam um ambiente rico em benefiacutecios no acircmbito familiar ajudando na alimentaccedilatildeo atraveacutes principalmente do cultivo de produtos mais sadios para as famiacutelias sem o uso de agrotoacutexicos

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E como resultado da pesquisa sobre quintais verificou-se que as principais frutiacuteferas encontradas nos quintais satildeo Goiabeira (Psiduimguajava) laranjeira (Citrussinensis) bananeira (Musa spp) e mamoeiro (Caricapapaya) entre outras Poreacutem pode-se ver na tabela 1 a heterogeneidade das espeacutecies de plantas cultivadas nos quintais estudados

Principais plantas Utilizaccedilatildeo Motivos

Frutiacuteferas Alimentaccedilatildeo Familiar Para servir de alimento para a famiacutelia e ajudar a economizar

Ervas medicinais Produccedilatildeo de Remeacutedios Caseiros

Curar doenccedilas sem precisar ir ao meacutedico como gripes dor de cabeccedila febres etc

Temperos Tempero para as Comidas Auxiliar na alimentaccedilatildeo

Plantas ornamentais Enfeites Por que gostaacha bonito Tabela 1 Quintais Domeacutesticos em Correntes-PE

Fonte Pesquisa de campo 2012

Salientando-se que os cuidados com as espeacutecies vegetais dos quintais satildeo irrigar adubar e em minoria

pulverizar algum produtocontra insetos fungos ou outrotipo de praga Mas tambeacutem verificou-se que haacute pessoas que nem se datildeo ao trabalho de cuidar de seus quintais e quando esse possui frutiacuteferas de grande porte as mesmas se mantem produzindo devido principalmente a sua estrutura natural de sobrevivecircncia 32 Jardins Residenciais e sua Percepccedilatildeo em Correntes-PE Para uma melhor compreensatildeo sobre o Jardim comeccedilamos introduzindoo conceito presente no dicionaacuterio da liacutengua portuguesa da Editora Avenida (2005 p 168) que classifica jardim como um ldquopedaccedilo de terreno geralmente cercado e proacuteximo de uma habitaccedilatildeo destinado ao cultivo de flores plantas e aacutervores ornamentaisrdquo Nessa classificaccedilatildeo eacute verificado quais satildeo os tipos de vegetaccedilatildeo que compotildeem esses espaccedilos destinados ao cultivo do verde urbano Tomoando-se outra referencia tem-se o seguinte conceito para jardim

O jardim eacute a reuniatildeo segundo certos preceitos teacutecnicos e esteacuteticos dos mais variados elementos da flora natildeo importando a natureza procedecircncia ou grau de desenvolvimento que possam atingir e bem assim a finalidade a que se destinarem Quando povoamos um jardim de apreciaacutevel numero de representantes da fauna o transformamos em jardim zooloacutegico (SANTOS 1978 p37)

Sabendo-se que o jardim eacute uma aacuterea da casa destinada ao cultivo do verde com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais que exige de quem tem um espaccedilo com tal funccedilatildeo uma atenccedilatildeo em relaccedilatildeo com os cuidados destinados ao jardim Cuidados esses que vatildeo requerer em geral gastos extras para a sua manutenccedilatildeo em termos esteacuteticos Os jardins em especial se destacamem sua utilizaccedilatildeo como espaccedilo de distraccedilatildeoocupacional por algumas pessoas e em especial idosas que consideram o ato de cuidar de plantas uma terapia ou seja uma terapia ocupacional pois nota-se que pessoas idosas dedicam o seu tempo livre aos cuidados de seus jardins que refletem o seu modo de vida jaacute passado e as lembranccedilas de uma cultura que eacute mudada com as inovaccedilotildees da modernidade Aleacutem da sensaccedilatildeo e percepccedilatildeo de que o verde que lhe rodeia tambeacutem lhe permite sentir-se bem Ainda de acordo com Loboda e De Angelis

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constitui-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A princiacutepio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LOBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Pode-se verificar com as colocaccedilotildees dos autores que o jardim aleacutem de exercer a funccedilatildeo esteacutetica tambeacutem passou no seacuteculo XIX a ter funccedilotildees utilitaacuterias nas zonas urbanas devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo e suas funcionalidades de bem-

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estar proporcionado agraves pessoas como terapia ocupacional aleacutem de contribuir para um meio ambiente com melhores condiccedilotildees ambientais Os jardins tambeacutem representam poder hieraacuterquico das populaccedilotildees nobres em detrimentodas menos abastadas Por sua vez os jardins em Correntes constituem-se em espaccedilos raros pois nem todos dispotildeem de tempo e condiccedilotildees financeiras para cultivaacute-los Foi observado que as casas possuem jardins apresentam vaacuterios tipos concepccedilatildeoe percepccedilatildeo que satildeo de acordo com cada niacutevel de formaccedilatildeo financeira e conhecimento do morador Observa-se ainda que pessoas que natildeo tem espaccedilo para tal fim usam o espaccedilo do quintal para cultivar espeacutecies como roseiras e plantas ornamentais numa espeacutecie de compensaccedilatildeo Assim percebeu-se que as residecircncias mais simples que possuem jardim (Figura 2) satildeo os proacuteprios donos que cultivam e cuidam das plantas aguando no veratildeo adubando a terra limpando e quando necessaacuterio podando as plantas que na maioria satildeo roseiras e plantas ornamentais Como exceccedilotildees haacute moradores que tambeacutem plantam hortaliccedilas e ervas tipo medicinal em seus jardins enquanto pessoas mais abastadas procuram uma valorizaccedilatildeo esteacutetica nos seus jardins (Figura 3) e para isso contratam jardineiro ou pessoas especializadas em botacircnica para cuidar dos mesmos aleacutem de implementa-los com objetos de maacutermores como esculturas e desenhos geomeacutetricos em sua forma de delimitaccedilatildeo

Figura 2 e 3 Tipos de Jardins de Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Assimeacute possiacutevel perceber atraveacutes das figuras 2 e 3 apresentadas a diferenciaccedilatildeo da estrutura dos jardins presentes no municiacutepio de Correntes Salienta-se que satildeo poucas residecircncias que possuem jardins e em sua maioriaos jardins ocupam pequenas aacutereas em frente agraves residecircnciasconstatando-se que essa diferenciaccedilatildeo deve-se principalmente ao niacutevel econocircmico 33 A Arborizaccedilatildeo de Calccediladas e sua problemaacutetica em Correntes-PE

As calccediladas satildeo espaccedilos puacuteblicos destinados ao transito de pedestres elas devem ter uma extensatildeo que permita a passagem das pessoas sem obstaacuteculos livres de irregularidades e acessiacuteveis aos portadores de mobilidade reduzida A calccedilada deve ser bem conservada e o piso apresentar elemento antiderrapante permitindo que as pessoas possam caminhar com seguranccedila em um percurso livre de obstaacuteculos e de forma compartilhada com os diversos usos e serviccedilos Trata-se de uma aacuterea impermeaacutevel com a presenccedila de vegetaccedilatildeo principalmente aacutervores desde que isso natildeo interfira no transitar dos pedestres

A calccedilada de acordo com o Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro eacute parte da via normalmente segregada e em niacutevel diferente natildeo destinada agrave circulaccedilatildeo de veiacuteculos reservada ao tracircnsito de pedestres e quando possiacutevel agrave implantaccedilatildeo de mobiliaacuterios urbano sinalizaccedilatildeo vegetaccedilatildeo e outros fins (RODRIGUES AZEVEDO 3)

3 Disponiacutevel em lthttpwwwcressprorgbrforumtopic38gt Acesso em 03 out 2012)

24- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Logo as calccediladas podem ter aleacutem da arborizaccedilatildeovegetaccedilatildeo outros elementos como mobiliaacuterios e sinalizaccedilatildeo entre os principais desde que isso natildeo interfira na passagem das pessoas E segundo a Cartilha de Arborizaccedilatildeo as calccediladas devem ser arborizadas de acordo com o espaccedilo aeacutereo e subterracircneo disponiacutevel observando as principais questotildees que interferem na escolha das espeacutecies para plantar em calccediladas que satildeo ldquoA largura das calccediladas Presenccedila ou ausecircncia de fiaccedilatildeo aeacuterea Tipo de fiaccedilatildeo aeacuterea (convencional isolada ou protegida) Recuo frontal das edificaccedilotildeesrdquo (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE sdp 6) Assim fica evidente que arborizar uma calccedilada natildeo eacute apenas plantar aacutervore em uma aacuterea permeaacutevel eacute essencial levar em conta o espaccedilo disponiacutevel em torno do local que se pretende fazer o plantio

Tambeacutem eacute relevante falar da importacircncia ecoloacutegica que a vegetaccedilatildeo arboacuterea das calccediladas possui pois proporciona habitaccedilatildeo para pequenas espeacutecies de animais e paacutessaros auxiliando na biodiversidade da fauna urbana Isso contribui para o desenvolvimento de um ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na convivecircncia e interaccedilatildeo das pessoas com o espaccedilo que as cercam

No que se refere agrave arborizaccedilatildeo das calccediladas das ruas do Municiacutepio das Correntes-PE o caso eacute bastante preocupante pois satildeo pouquiacutessimas as calccediladas com aacutervores as quais satildeo plantadas de forma inadequada (Figura 4 e 5) E os cuidados que os moradores correntenses dedicam agraves aacutervores de suas calccediladas em alguns casos variam com o desenvolvimento e crescimento da mesma Jaacute em outros casos os moradores ao perceberem que a aacutervore pode causar algum empecilho ou dano simplesmente erradicam a aacutervore sem procurar outras soluccedilotildees

Figura 4 e 5 Inadequaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo das calccediladas em Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Por ocasiatildeo de entrevistas com a populaccedilatildeo a respeito dos benefiacutecios das aacutervores nas calccediladas as principais

importacircncias percebidas pelos moradores eram a de amenizaccedilatildeo da temperatura e a sombra proporcionada por ela No entanto registra-se que um fato relevante das observaccedilotildees realizadas eacute que todas as aacutervores plantadas nas calccediladas estatildeo de forma inadequada Elas estatildeo muito proacuteximas da fiaccedilatildeo eleacutetrica ou os galhos se misturam a fiaccedilatildeo aleacutem de perceber-se que as calccediladas satildeo em sua maioria irregulares e possuem degraus aleacutem do espaccedilo destinado ao plantio ser pequeno ocasionando dificuldades agrave passagem das pessoas e danificando o espaccedilo fiacutesico da mesma

Outro dilema acerca da arborizaccedilatildeo das calccediladas eacute a poda visto que por ser um espaccedilo puacuteblico a populaccedilatildeo natildeo eacute esclarecida a respeito de quem deve ser responsaacutevel pela poda Logo sempre haacute conflitos entre populaccedilatildeo e poder

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 25

puacuteblico sobre tal assunto Fato esse que natildeo eacute levado em conta no Municiacutepio das Correntes-PE resultando em calccediladas inadequadas e arborizaccedilatildeo deficiente 4 O VERDE DAS PRACcedilAS E CANTEIROS CENTRAIS NA PERSPECTIVA DA ORGANIZACcedilAtildeO DO ESPACcedilO NUMA ABORDAGEM SISTEcircMICA DA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ao finalizar as colocaccedilotildees debates e indagaccedilotildees sobre o Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE coloca-se agora em destaque de forma breve os resultados do segundo projeto de pesquisa o qual se deu em sequencia intitulado ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo desenvolvido em 2013 Os principais objetivos foram investigar a importacircncia dos espaccedilos verdes puacuteblicos para o contexto social tendo-se como referecircncia a inter-relaccedilatildeo homem homem homem natureza diagnosticando por meio de uma visatildeo sistecircmica como as praccedilas e canteiros centrais satildeo utilizados no planejamento urbano e quais usos e apropriaccedilotildees dos principais espaccedilos puacuteblicos arborizados de Correntes-PE

Logo apresenta-se os resultados acerca de problemas socioambientais ligados ao verde urbano dos espaccedilos livres puacuteblicos na forma das principais Praccedilas e Canteiros Centrais do Municiacutepio de Correntes-PE atraveacutes de uma visatildeo sistecircmica sobre esses espaccedilos na percepccedilatildeo dos moradores do referido MuniciacutepioO ambiente urbano entendido como conjunto dissociado de espaccedilos construiacutedos e espaccedilos livres de construccedilatildeo dispostos sobre uma organizaccedilatildeo funcional que regram a proacutepria organizaccedilatildeo e fluxo de pessoas na cidade

Os espaccedilos urbanos edificados satildeo ldquoaacutereas ocupadas de maneira significativamente densa pelas construccedilotildees que atendem as atividades do meio urbano de uso residencial comercial industrial de serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede educaccedilatildeo entre outrosrdquo (CARNEIRO MESQUITA 2000 p 24) Enquanto os espaccedilos livres satildeo aacutereas parcialmente edificadas com nula ou miacutenima proporccedilatildeo de elementos construiacutedos ou com presenccedila de vegetaccedilatildeo como por exemplo praccedilas parques e canteiros cujas funccedilotildees satildeo a recreaccedilatildeo circulaccedilatildeo composiccedilatildeo paisagiacutestica e de equiliacutebrio ambiental (CARNEIRO MESQUITA 2000)

Logo a cidade eacute uma formaccedilatildeo diversa constituiacuteda de espaccedilos modificados apropriados recriados e tornam-se propiacutecios a criaccedilatildeo de novos espaccedilos com novas funccedilotildees pelo homem sempre a procura de um melhor ambiente para o desenvolvimento de suas atividades A cidade tambeacutem se apresenta como um conjunto sistecircmico de interaccedilotildees e relaccedilotildees que variam de acordo com a percepccedilatildeo de cada indiviacuteduo e do olhar do observador de tais relaccedilotildees Esses espaccedilos arborizados apresentam certa harmonia e destinados a atividades saudaacuteveis ao mesmo tempo contribuem para um melhor ambiente urbano 41 As Aacutereas Verdes Urbanas Estudadas e Suas Contribuiccedilotildees para a Funcionalidade de Correntes-PE

Os principais espaccedilos puacuteblicos livres arborizados de Correntes-PE objetos do estudo foram a Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Essasaacutereas verdes contribuem para organizaccedilatildeo do municiacutepio devido as suaslocalizaccedilotildees que abrangemo ponto central do municiacutepio com as Praccedilas Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Praccedila Herciacutelio Victor da Silva e a Praccedila Pedro Alves Camelo onde convergemas principais relaccedilotildees urbanas enquanto que as principais saiacutedas e entradas do municiacutepio satildeo pela Praccedila Cursino Jacobina ou pela Avenida Raimundo Calado

As ruas do municiacutepio de Correntes-PE satildeo divididas em trechos tendo como divisatildeo dos trechos a extensatildeo principal da cidade que se inicia na entrada da aacuterea urbana e vai ateacute a saiacuteda em direccedilatildeo ao Distrito de Pau Amarelo onde

Trecho A - Correspondem as ruas que ficam do lado ESQUERDO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

Trecho B - Corresponde agraves ruas que se localizam do lado DIREITO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Pedro Alves Camelo

Trecho C - Corresponde agrave parte da cidade denominada Bairro da Bahia que se encontra separada da cidade pelo rio Mundauacute e nesse trecho natildeo se localiza nenhuma aacuterea verde estudada

26- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado localizam-se na extensatildeo principal que divide a cidade nos trechos A e B Logo eacute percebido que essas praccedilas contribuem para os fluxos urbanos e os desenvolvimentos das relaccedilotildees que se datildeo nessas aacutereas e em suas proximidades

Colocando-se ainda uma atribuiccedilatildeo agraves praccedilas elas podem ser arborizadas ou natildeo esse fato vai depender de sua funcionalidade ou intenccedilatildeo Logo sem a presenccedila de elementos naturais seja a arborizaccedilatildeo ou outro tipo de vegetaccedilatildeo satildeo destinadas a uma atividade especiacutefica como lugar de eventos Eacute o caso da Praccedila Pedro Alves Camelo em Correntes-PE enquanto que as praccedilas arborizadas apresentam diversas atribuiccedilotildees para populaccedilatildeo contribuindo para conservaccedilatildeo da natureza Natureza essa que foi praticamente destruiacuteda para construccedilatildeo das cidades e ao mesmo tempo necessaacuteria para o bom desenvolvimento do ambiente urbano como as demais praccedilas estudadas

42 A Quantificaccedilatildeo das Principais Espeacutecies Arboacutereas Presentes nas Aacutereas Verdes Estudadas em Correntes-PE

Uma das atividades desenvolvidas na pesquisa sobre a arborizaccedilatildeo dos principais espaccedilos puacuteblicos e arborizados foi agrave quantificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo das espeacutecies arboacutereas predominantes Assim seguem nos graacuteficos 1 e 2 as quantificaccedilotildees dessas espeacutecies

Graacutefico 1 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Graacutefico 2 Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Graacutefico 3 Praccedila Cursino Jacobina Graacutefico 4 Canteiro Central

20

27

7

46

Quantificaccedilatildeo da espeacutecies Arboacutereas da Praccedila Herciliacuteo Victor da Silva

Castanhola

Acaacutecia

Palmeira

Outras Espeacutecies

41

6 3

20

9

21

Quantificaccedilatildeo da Espeacutecie Arboacutereas da Praccedila Nossa Senhora da

Conceiccedilatildeo

Ficus

Pata de Vaca

Algarobeira

Palmeira

Acaacutecia

Outras Espeacutecies

28

44

17

11

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuterea da Praccedila Cursino Jacobina

Castanhola

Algarobeira

Flamboyant

Outras Espeacutecies

25

36 8 3

28

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacutereas do Cateiro Central da

Avenida Raimundo Calado

Ficus

Castanhola

Pata de Vaca

Pinheiro

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 27

Graacutefico 5 Praccedila Pedro Alves Camelo Graacutefico 6 Predominacircncia por Aacutereas Estudada

Graacuteficos 1 2 3 4 5 e 6 dados quantitativos das praccedilas sobre as espeacutecies arboacutereas presentes nos principais espaccedilos livres arborizados de Correntes - PE Fonte Chaves 2013

Com a presente quantificaccedilatildeo pode-se perceber que quase todas as espeacutecies identificadas satildeo exoacuteticas isso

deixa em evidencia a falta de criteacuterio e conhecimentos utilizados na escolha das espeacutecies arboacutereas usadas na arborizaccedilatildeo do municiacutepio bem como uma negaccedilatildeo das espeacutecies nativas Caso houvesse melhor distribuiccedilatildeo de forma mais harmoniosa e equitativa possibilitaria contribuiccedilotildees a essas aacutereas e valorizaccedilatildeo do local com a flora nativa E a natildeo identificaccedilatildeo de algumas espeacutecies remete ao problema de natildeo haver uma catalogaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo presente no municiacutepio 43 Os Diversos Usos e Apropriaccedilotildees dos Principais Espaccedilos Puacuteblicos Arborizados de Correntes-PE

Os espaccedilos livres urbanos satildeolocais onde se desenvolvem varias relaccedilotildees sociais sistecircmicas permitindo que a interaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo das vidas nela presentes se deem harmoniosamente entre os elementos artificiais e naturais atraveacutes dos modos de uso e apropriaccedilatildeo dos mesmos Tem-se entatildeo os seguintes usos e apropriaccedilatildeo de acordo com determinados espaccedilos da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Os modos de apropriaccedilatildeo da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (Figura 6) satildeo com a finalidade econocircmica na presenccedila dos seguintes equipamentos econocircmicos uma sorveteria um bar e algumas barracas de salgadinhos e doces apropriaccedilatildeo dos elementos contidos na proacutepria praccedila com finalidade esteacutetica e de lazer um chafariz e um caramanchatildeo no centro da praccedila

19

6

6

31

38

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuteresa da Praccedila Pedro Alves

Camelo

Ficus

Algarobeira

Castanhola

Palmeirinhas

Outras Espeacutecies

0

2

4

6

8

Praccedila NossaSenhora da

Conceiccedilatildeo

Praccedila Herciacutelio Victorda Silva

Praccedila Pedro AlvesCamelo

Praccedila CursinoJacobina

Canteiro Central daAvenida Raimundo

Calado

Pedrominancias de espeacutecies Arboacutereas por Aacuterea Estudada

Aacutereas Arorizadas

28- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 6Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo em Correntes-PE Fonte Chaves 2013

Enquanto os usos principais da praccedila satildeo circulaccedilatildeo devido agrave localizaccedilatildeo da mesma a qual se encontra no ponto

central do municiacutepio lazer quando a populaccedilatildeo se reuacutene para conversar brincar (crianccedilas e adolescentes) jogar cartas ou dominoacute andar de bicicleta namorar entre outros lazeres consumo tomar sorvete comprar doces e salgadinhos e tomar uma cachaccedila com os amigos (os adultos) ou simplesmente usam esse espaccedilo para aproveitar um ambiente agradaacutevel na cidade desfrutando de elementos naturais e artificiais e dos inuacutemeros benefiacutecios da arborizaccedilatildeo presente Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

A praccedila eacute localizada ao lado do Coleacutegio mais tradicional do ensino fundamental do municiacutepio logo seu publico principal eacute constituiacutedo de estudantes (Figura 7) que utilizam o espaccedilo da praccedila enquanto espera o horaacuterio da aula ou apoacutes a mesma para conversar ou brincar com os colegas de salas Tambeacutem eacute frequentada por casais principalmente casais de estudantes e a mesma ainda eacute sede de um centro comunitaacuterio de informaacutetica

Figura 7 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Fonte Chaves 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 29

Constatou-se entatildeo que a praccedila eacute bastante frequentada de segunda a sexta pelos estudantes e usuaacuterios do

centro de informaacutetica devido principalmente a sua localizaccedilatildeo Aos saacutebados basicamente e frequentada por alguns feirantes e aos domingos ela praticamente apresenta apenas a funccedilatildeo de circulaccedilatildeo por moradores do municiacutepio A Praccedila Pedro Alves Camelo

Eacute uma praccedila com pouca arborizaccedilatildeo destinada a eventos culturais e apresentaccedilotildees teatrais (Figura 8) A populaccedilatildeo que reside em seu entorno percebe esse espaccedilo atraveacutes de importantes benefiacutecios quais sejam oxigecircnio mais saudaacutevel sombra amenizaccedilatildeo das altas temperaturas e ventilaccedilatildeo nas casas

Figura 8 A Praccedila Pedro Alves Camelo Fonte Chaves 2013

A praccedila possui tambeacutem em seu entorno um salatildeo de cabelereiro para homens um salatildeo de manicure

residecircncias preacutedios puacuteblicos e outros serviccedilos aleacutem de ser bastante usada por crianccedilas para brincar com bola e por casais de namorados principalmente agrave noite nos banquinhos da praccedila pois durante o dia a falta de arborizaccedilatildeo a deixa pouco propicia para o lazer a ceacuteu aberto

Devido agrave presenccedila de um bar em seu entorno a praccedila mostra-se muito movimentada nos dias de jogos pois os torcedores gostam de assistir os jogos no bar com os amigos e ao mesmo tempo fazem uma confraternizaccedilatildeo Embora seu espaccedilo seja para realizaccedilatildeo de eventos as festas de ruas sempre satildeo realizadas em outros locais e natildeo nela pois seu espaccedilo natildeo comportaria um grande nuacutemero de pessoas ao mesmo tempo

Praccedila Cursino Jacobina

A praccedila aleacutem de seus elementos arboacutereos abriga uma estatua de Padre Cicero (Figura 9) e no dia desse padroeiro ocorre neste local celebraccedilotildees onde grande parte da populaccedilatildeo acende velas no altar como devoccedilatildeo Mas tirando essa eacutepoca de devoccedilatildeo a praccedila eacute frequentada tambeacutem com assiduidade pela populaccedilatildeo em geral devido a seu ambiente agradaacutevel e sombreado principal beneficio citado pelos frequentadores

30- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 9 Praccedila Cursino Jacobina Fonte Chaves 2013

Todos os dias proacuteximo da Estatua de Padre Cicero moradores que satildeo em sua maioria idosos da rua ou deruas

vizinhas se encontram para jogarem dominoacute ou baralho Aleacutem de jogar conversa fora como disse um dos senhores que tem essa pratica ldquoum bando de desocupadordquo respeitando-se o linguajar do cidadatildeo ipis litteris Essas pessoas em sua maioria satildeo senhores aposentados ou que se encontram em horaacuterios para lazer na praccedila Salienta-se ainda que estudantes tambeacutem participam desses encontros e atividades

Ao lado do canteiro localizam-se borracharias e oficinas Assim as pessoas colocam seus transportes na sombra das arvores de grande porte enquanto esperam serem atendidas Os moradores tambeacutem estacionam seus veiacuteculos ao lado do canteiro usufruindo assim da sombra proporcionada principalmente composta por amendoeiras e algarobeiras

Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado

Na percepccedilatildeo da populaccedilatildeo da Avenida Raimundo Calado em relaccedilatildeo agrave arborizaccedilatildeo do canteiro central a importacircncia se materializa pela sombra fornecida por servir de habitat para os paacutessaros aleacutem de acreditarem que preserva o meio ambiente mas a populaccedilatildeo natildeo especificou como se daacute essa preservaccedilatildeo ambiental

Na visatildeo de uma comerciante que se apropriou do espaccedilo do canteiro com a colocaccedilatildeo de uma barraca de doces e salgadinhos (Figura 10) antes de tudo a comerciante explica que estabeleceu sua barraca ali porque natildeo encontrou qualquer impedimento por parte da gestatildeo do municiacutepio para tal ato Assim quando ela foi colocar a barraca ha uns anos atraacutes pediu permissatildeo ao responsaacutevel da Prefeitura que lhe concedeu a permissatildeo

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 31

Figura 10 Apropriaccedilatildeo do Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Fonte Chaves 2013

A barraca eacute frequentada por pessoas de todas as idades que residem na avenida ou que passam por ali soacute natildeo eacute

mais frequentada por que natildeo vende bebidas Verifica-se que a mesma se beneficia da presenccedila da arborizaccedilatildeo que deixao ambiente mais agradaacutevel 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante do desenvolvimento dos projetos de pesquisas sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE atraveacutes do projeto realizado em 2012 com tema ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo e em 2013 com o projeto ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da paisagem Agreste de Correntes-PErdquo foi possiacutevel materializar alguns artigos durante o tempo da pesquisa e teve-se tambeacutem como principal resultado concreto o presente capiacutetulo de livro

Aqui procurou-se enfocar a importacircncia da vegetaccedilatildeo principalmente a arborizaccedilatildeo no ambiente urbano Pois tal presenccedila possibilita um desenvolvimento urbano mais saudaacutevel quando se pensa em desenvolvimento das atividades humanas bem como uma contribuiccedilatildeo ecoloacutegica diante da construccedilatildeo artificial que eacute a cidade que com frequecircncia evidencia-se desordenada e natildeo planejada

Assim diante da problemaacuteticacolocada e pesquisada pode-se perceber dilemas e conflitos presentes no ambiente urbano devido agrave arborizaccedilatildeo bem como a falta da arborizaccedilatildeo Mas uma coisa eacute certa a destruiccedilatildeo da natureza e a introduccedilatildeo da cidade em seu lugar levou o homem a perceber que natildeo eacute possiacutevel viver soacute de elementos artificias issogera paulatinamente no seu dia a dia a falta de condiccedilotildees para desenvolver seu bem-estar Logo a introduccedilatildeo de aacutereas verdes ou espaccedilos arborizados na cidade eacute a primeira opccedilatildeo na hora de procurar uma maneira de melhorar as condiccedilotildees ambientais do meio ambiente urbano

Aleacutem das diversas funcionalidades e benefiacutecios advindos do verde urbano elencado nos toacutepicos desse capiacutetulo a presenccedila desse verde no municiacutepio de Correntes-PE eacute em geral inadequadae deficiente no que se refere aos espaccedilos particulares mas abundante e com predomiacutenio de exoacuteticas nas aacutereas puacuteblicas mesmo sem o devido planejamento e gestatildeo adequados

A populaccedilatildeo em sua maioria desconhece a importacircncia da presenccedila do verde na cidade e mesmo usufruindo diariamente desses ambientes pouco sabe valorizar e cuidar desse ldquobemrdquo Mesmo as praccedilas ecanteiros centrais sendo espaccedilos puacuteblicos natildeo cabe apenas agrave Prefeitura cuidar e preservar tais ambientes Entendendo-se serembens comuns a

32- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

todos cabe a cada indiviacuteduo cuidar e preservar a integridade desses espaccedilos puacuteblicos aleacutem de caber sim agrave Prefeitura disponibilizar pessoas qualificadas para realizaccedilatildeo da manutenccedilatildeo necessaacuteria dos mesmos ou seja implementar uma melhor gestatildeo do verde na cidade

Correntesem Pernambuco como outros municiacutepios do semiaacuterido periodicamente sofrem com temperaturas altas e por esse motivo um projeto de arborizaccedilatildeo para as calccediladas foi desenvolvido numa tentativa de deixar os ambientes domiciliares mais amenos e agradaacuteveis Poreacutem a falta de estudos e planejamento fez com que anos apoacutes sua implantaccedilatildeo a arborizaccedilatildeo danificasse de diversos modos agraves residecircncias levando entatildeo os moradores a erradicarem as aacutervores plantadas Verificou-se no contexto que muitas das espeacutecies plantadas natildeo eram recomendadas para calccediladas visto que passaram a danificar o espaccedilo fiacutesico das mesmas bem como os imoacuteveis

E foi tambeacutem atraveacutes do estudo sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE por meio de meacutetodos de anaacutelise da paisagem no ambito da ciecircncia geograacutefica com abordagem das contradiccedilotildees sociais desenvolvidas no ambiente urbano que se pode perceber como a introduccedilatildeo de aacutereas verdes eacute ligada as funcionalidades urbanas a sua organizaccedilatildeo bem como aos seus fluxos e desenvolvimento

Conclui-se que eacute de suma importacircncia ter essas aacutereas verdes mas que seja de forma adequada e planejada evitando-se grandes problemas futuros Tambeacutem eacute necessaacuterio desenvolver atividades ou eventos que levem a populaccedilatildeo esclarecimentos e informaccedilatildeo sobre o porquecirc ter espaccedilos verdes no ambiente urbano pois uma coisa eacute certa nada existe por nada mesmo os acontecimentos fatos mais espontacircneos tudo tem uma razatildeo e contribuiccedilatildeo seja atraveacutes de seu uso estrutura e funcionalidade

REFEREcircNCIAS

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34- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO

MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 35

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

A base de toda a sustentabilidade eacute o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza

Nagib Anderaacuteos Neto4

1 INTRODUCcedilAtildeO

A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o proacuteprio homem Para esta atividade o investigador recorre agrave observaccedilatildeo e agrave reflexatildeo que faz sobre os problemas que enfrenta e a experiecircncia passada e atual dos homens na soluccedilatildeo destes problemas a fim de munir-se dos instrumentos mais adequados agrave sua accedilatildeo e intervir no seu mundo para construiacute-lo adequado agrave sua vida (CHIZOTTI 2009 p11)

Seguindo-se o conceito acima descrito e com o intuito de trazer essa definiccedilatildeo para a pesquisa de campo desencadeou-se o objetivo de pesquisar espeacutecies arboacutereas da caatinga e visto tratar-se de uma regiatildeo bastante diversificada haacute sempre uma enorme gama de pontos a serem explorados Esses objetivos podem ser estendidos por diversas aacutereas do conhecimento como a Biologia a Botacircnica e a Geografia por exemplo E trazendo esse estudo bibliograacutefico e de campo para a Geografia tecircm-se uma abrangecircncia que vai aleacutem da classificaccedilatildeo das espeacutecies visto tratar-se de uma aacuterea que permite uma visatildeo ampla e que objetiva principalmente agrave compreensatildeo e o entendimento do espaccedilo como um todo

Na busca de trazer esses aspectos para a pesquisa de campo nas aacutereas verdes do Agreste nordestino mais especificamente para o verde na aacuterea rural do municiacutepio de Venturosa-PE apresenta-se o estudo sobre a espeacutecie do

4 Disponiacutevel emhttppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014

36- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

juazeiro aacutervore tiacutepica do Nordeste brasileiro Procurando-se destacar sua interaccedilatildeo com o clima solo relaccedilatildeo homemnatureza e sua incidecircncia na aacuterea estudada apesar da devastaccedilatildeo que sofre decorrente das atividades para o progresso desenvolvimento agropecuaacuterio

No caso do juazeiro como o mesmo geralmente estaacute posicionado dentro ou proacuteximo agraves aacutereas de pastagens procurou-se demonstrar sua fundamental importacircncia para a conjuntura espacial paisagiacutestica em uma complexidade agraacuteria e agroecoloacutegica Utilizando-se para este fim a Geografia atraveacutes de sua categoria de anaacutelise paisagem a qual oferece oportunidade para a realizaccedilatildeo de uma abordagem sistecircmica frente agraves necessidades de entendimento de cada objeto

2 LOCALIZACcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DO OBJETO DE ESTUDO

O Brasil eacute um paiacutes de grandes dimensotildees com uma aacuterea de abrangecircncia territorial de consideraacutevel extensatildeo onde estaacute inserida a Regiatildeo Nordeste a qual ocupa cerca de 18 do territoacuterio nacional com caracteriacutesticas marcantes e bastante diversificadas dentro de uma mesma regiatildeo e nesse contexto apresentam-se os domiacutenios morfoclimaacuteticos que se constituem numa siacutentese dos vaacuterios aspectos naturais de uma regiatildeo que de acordo com Arbex eBacic (1999 p12) os mesmos relatam que ldquosatildeo quatro os domiacutenios morfoclimaacuteticos na Regiatildeo Nordeste a Caatinga (depressotildees e planaltos semiaacuteridos) o dos Mares de Morros o Cerrado e o Amazocircnico (terras baixas florestadas equatoriais) sem contar as significativas faixas de transiccedilatildeo entre elesrdquo

Dentro dessa grande regiatildeo nordestina estaacute inserido o municiacutepio de Venturosa o qual se encontra localizado a 2434 km da capital Recife na Mesorregiatildeo do Agreste e Microrregiatildeo do Vale do Ipanema este formado pelos municiacutepios de Aacuteguas Belas Buiacuteque Itaiacuteba Pedra Tupanatinga e Venturosa no interior de Pernambuco (Figura 1)

Figura 1 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Venturosa adaptado por Darla Macedo 2013

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Venturosa tem na agropecuaacuteria principalmente na pecuaacuteria leiteira uma das fontes de renda mais importantes tanto no campo como na cidade havendo sempre uma dependecircncia dos habitantes para com essa atividade que eacute muito significativa pois do leite deriva uma cadeia produtiva que vai do queijo ao iogurte entre outros aproveitamentos e no qual Salienta-se que tambeacutem satildeo produzidos produtos como manteiga manteiga de garrafa doce de leite e bebidas tipo iogurte entre os principais (AMADOR 2008 pag 92) o que reforccedila a interligaccedilatildeo do campo com a cidade constituindo o principal setor econocircmico do municiacutepio

Trata-se portanto de uma atividade que interage com a vegetaccedilatildeo tanto natural quanto artificial de maneira unidimensional ou seja formam viacutenculos entre o humano e a natureza Nesse contexto encontra-se o Juazeiro (Zizyphusjoazeiro) planta de predominacircncia natural na regiatildeo e que eacute considerada por muitos como siacutembolo do Nordeste por ser facilmente encontrada e conhecida pela populaccedilatildeo principalmente da aacuterea rural onde tem sua quase totalidade de incidecircncia no municiacutepio tendo em vista que na aacuterea urbana sua presenccedila eacute minimamente observada (Figura 2)

Figura 2 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE Foto Arquivo da autora 2013

Importante salientar a grande devastaccedilatildeo por que passa a vegetaccedilatildeo natural do Nordeste especificamente a caatinga que eacute uma das aacutereas que vem gradativamente perdendo essa vegetaccedilatildeo natural para dar lugar as pastagens e outros usos Essa accedilatildeo humana transforma incessantemente o meio em que se vive mas ainda eacute possiacutevel encontrar vaacuterias espeacutecies tiacutepicas desse bioma as quais fazem parte do cenaacuterio natural da caatinga Cita-se por exemplo a jurema a catingueira a barauacutena como espeacutecies que ainda tem predominacircncia no jaacute citado municiacutepio E o juazeiro por sua vez eacute uma aacutervore tiacutepica da regiatildeo o que faz a mesma interagir plenamente com a flora e fauna nativas Tomando-se Vasconcelos Sobrinho (2005 p 187) tem-se a seguinte definiccedilatildeo

O Joazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) legiacutetimo representante das caatingas do Sertatildeo Seridoacute Agreste podendo-se mesmo encontraacute-lo nas matas uacutemidas do litoral Graccedilas a sua drupa comestiacutevel servindo de alimento a vaacuterias criaccedilotildees inclusive ao homem tem fraco poder de regeneraccedilatildeo por meio da semente Natildeo consegue expandir-se muito face suas folhas serem altamente forrageiras muito procuradas nos cercados em cantos de cerca e aceiros das matas pelos rebanhos soacute conseguindo proteccedilatildeo quando seguramente abrigadas e protegidas A sua brotaccedilatildeo de tronco e de raiz natildeo lhe favorece expansatildeo embora melhore muito sua riqueza em folhagem ao alcance dos gados Apresenta-se sempre verde aqui e acolaacute no meio da caatinga e pelos cercados quando escapam agrave destruiccedilatildeo pelos animais que satildeo aacutevidos de suas folhas nutritivas e palataacuteveis

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Diante dessa definiccedilatildeo tem-se uma siacutentese da significacircncia da planta para o espaccedilo semiaacuterido nordestino coadunando-se portanto com sua robustez fiacutesica resistecircncia aos periacuteodos de estiagens prolongadas e as oportunidades de aproveitamento econocircmico

Pode-se ressaltar que o juazeiro eacute de grande importacircncia natildeo apenas pelo bem que promove a natureza pela sua oacutetima integraccedilatildeo com o meio mas por sua beleza caracteriacutestica por manter-se verde durante quase todo o ano mesmo em meio agrave aridez de boa parte do Nordeste na eacutepoca da seca (Figura 3) O que acaba proporcionando sombra e outros benefiacutecios para amenizar as altas temperaturas que cotidianamente atingem o municiacutepio durante a maior parte do ano

Figura 3 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) em meio agrave caatinga Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

3 O EQUILIBRIO SOLO- CLIMA- VEGETACcedilAtildeO

Sabe-se que a natureza busca o equiliacutebrio de sua diversidade e consegue isso com perfeiccedilatildeo no entanto a interferecircncia humana de forma inadequada modifica a forma natural e normalmente gera consequecircncias para o meio em que se vive e para si proacuteprio

Para isso se faz necessaacuterio uma junccedilatildeo aparentemente de pouco significado poreacutem de fundamental importacircncia pois formam o motor da produccedilatildeo que move qualquer lugar que tenha como prioridade em sua produccedilatildeo econocircmica que eacute o equiliacutebrio entre o solo clima e vegetaccedilatildeo e que iratildeo dar o subsiacutedio para o desenvolvimento de qualquer aacuterea que

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tenha a pecuaacuteria ou qualquer atividade agricultaacutevel como fonte de renda Deixando-se claro que depende como essa integraccedilatildeo ocorre em cada aacuterea pois se natildeo houver uma accedilatildeo humana sustentaacutevel tambeacutem natildeo haveraacute forma de desenvolvimento adequado

Vasconcelos Sobrinho (2005) daacute uma definiccedilatildeo muito caracteriacutestica referente ao solo e a vegetaccedilatildeo do Agreste o mesmo diz que

O agreste de Pernambuco [] O solo formado pela decomposiccedilatildeo do granito e do gneiss eacute muito raso Jaacute estaacute erodido e depauperado e a vegetaccedilatildeo nativa encontra-se muito alterada na sua composiccedilatildeo inicial (VASCONCELOS 2005p 183)

Os solos do Agreste ocupam uma aacuterea de transiccedilatildeo entre Zona da Mata e Sertatildeo com relevo extremamente

variaacutevel associado a solos profundos solos rasos e solos relativamente feacuterteis que permitem realccedilar os diferentes tipos de solo no Agreste

Em Venturosa tem-se um aspecto muito importante no qual se pode destacar Tem-se que o relevo eacute descrito como suave ondulado e plano evidenciando como principais tipos de solos o argiloso arenoso pedregoso e rochoso (AMADOR 2008 p83) Nesse aspecto pode-se dizer que o juazeiro se adapta a esses diversos tipos de solo da regiatildeo o que favorece sua incidecircncia

No tocante agraves relaccedilotildees com o clima chamado de semiaacuterido devido sua baixa umidade e quantidade reduzida de chuva fator que influencia o volume de aacutegua nos rios que secam em determinadas eacutepocas do ano e diminuem as disponibilidades de aacutegua para as plantas animais e homens caracterizando assim a aridez do ambiente O clima se configura como fator bastante determinante da caatinga o qual define a paisagem e o modo de vida dos moradores que vivem um eterno racionamento de aacutegua numa prevenccedilatildeo para a eacutepoca de estiagem 4 O BIOMA CAATINGA E O JUAZEIRO

O bioma caracteriacutestico e uacutenico do Brasil especialmente da Regiatildeo Nordeste a caatinga apresenta baixos iacutendices

pluviomeacutetricos irregularidades de chuvas expondo uma vegetaccedilatildeo de grande resistecircncia a periacuteodos de estiagens Arbex Junior e Bacic Olic (1999 p12) datildeo a seguinte denominaccedilatildeo de caatinga

A caatinga vegetaccedilatildeo natural que daacute nome ao domiacutenio eacute constituiacuteda por aacutervores e arbustos normalmente espinhentos que perdem suas folhas no decorrer da longa estaccedilatildeo seca O clima semiaacuterido e o solo pouco profundo ensejaram o desenvolvimento de vegetais com folhas pequenas e raiacutezes longas

Essas caracteriacutesticas satildeo consideradas naturais no municiacutepio jaacute mencionado devido ao mesmo estar localizado na aacuterea de agreste poreacutem com aspectos tiacutepicos do sertatildeo entendendo-se que

Muito jaacute foi escrito sobre o Agreste poreacutem quando se busca trabalhar academicamente sobre a bibliografia pertinente observa-se a predominacircncia de estudos elaborados sobre a oacutetica cartesiana pautada esta no principio de dividir para conhecer embora natildeo se relegue sua importacircncia para a construccedilatildeo da ciecircncia (AMADOR 2008 pag87)

Tomando-se ainda a mesma autora elenca-se outras espeacutecies arboacutereas no contexto semiaacuterido agrestino em apoio agrave atividade agropecuaacuteria especialmente a pecuaacuteria de leite como a seguir

O angico o pereiro o juazeiro por exemplo satildeo referecircncias do bioma da caatinga deixados no pasto com o propoacutesito tiacutepico ainda das propriedades da regiatildeo de sombrear o gado mas que pode ser visto como testemunhos da vegetaccedilatildeo de caatinga antes existente no local (AMADOR 2008 p208)

Atraveacutes dessa afirmaccedilatildeo fica claro que existe uma devastaccedilatildeo da caatinga agrestina principalmente para ampliaccedilatildeo de pastagens aberturas de estradas vicinais equipamentos rurais entre outras necessidades inerentes agrave atividade agraacuteria Nessa direccedilatildeo cabe trazer agrave tona as preocupaccedilotildees com a sustentabilidade e a importacircncia do juazeiro para o bioma da caatinga

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5 O JUAZEIRO NO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

No municiacutepio de Venturosa a vegetaccedilatildeo predominante caracteriacutestica eacute a caatinga definida por Abiacutelio (2010) como sendo

A caatinga eacute um bioma exclusivamente brasileiro que estaacute inserida no semi-aacuterido nordestino sendo caracterizada principalmente por aspectos climaacuteticos e pluviomeacutetricos detentora de uma rica biodiversidade a qual se encontra cada vez mais ameaccedilada decorrente da maacute utilizaccedilatildeo de seus recursos principalmente pelo forte extrativismo Havendo a necessidade de poliacuteticas que incentivem o desenvolvimento sustentaacutevel regional (ABIacuteLIO 2010 p156)

Eacute nessa vegetaccedilatildeo que estaacute o juazeiro (Zizyphusjoazeiro) aacutervore tipicamente nordestina com frutos de cor amarela quando maduros comestiacuteveis e bem adocicados Com folhas sempre verdes seus ramos satildeo tortuosos e espinhosos (Figura 4)

Figura 4 Galho de juazeiro com seus espinhos no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A aacutervore eacute bastante conhecida pelos venturosenses ateacute mesmo por habitantes citadinos que mesmo morando na cidade conhecem a aacutervore por haver sempre uma nas proximidades com o campo propriamente dito Natildeo deixando-se de ressaltar a presenccedila miacutenima na aacuterea urbana da espeacutecie em tela a qual natildeo eacute identificada como elemento da paisagem urbana Trata-se de uma arborizaccedilatildeo que carece de vegetaccedilatildeo nativa da regiatildeo e que concentra em seu conjunto arboacutereo espeacutecies exoacuteticas que foram aos poucos substituindo as aacutervores tiacutepicas da caatinga principalmente na cidade

Os moradores da zona rural costumam deixar juazeiros em seus terreiros entendendo-se por terreiro o espaccedilo na frente das casas como o evidenciado no exemplo da figura 2 e em seus currais (Figura 5)

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Figura 5 Juazeiro no curral no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A proximidade do juazeiro com o homem promove uma integraccedilatildeo agradaacutevel pois o mesmo proporciona sombra

de excelente qualidade aleacutem de contribuir parauma beliacutessima paisagem Tendo servido inclusive de inspiraccedilatildeo para letras de muacutesicas como retrata a bela canccedilatildeo de Luiz Gonzaga o Rei do Baiatildeo em parceria com Humberto Teixeira

O juazeiro Juazeiro juazeiro Me arresponda por favor Juazeiro velho amigo Onde anda o meu amor Ai juazeiro Ela nunca mais voltou Diz juazeiro Onde anda meu amor Juazeiro natildeo te alembra Quando o nosso amor nasceu Toda tarde agrave tua sombra Conversava ela e eu Ai juazeiro Como doacutei a minha dor Diz juazeiro Onde anda o meu amor Juazeiro seje franco Ela tem um novo amor Se natildeo tem porque tu choras Solidaacuterio agrave minha dor Ai juazeiro Natildeo me deixa assim roer Ai juazeiro Tocirc cansado de sofrer Juazeiro meu destino Taacute ligado junto ao teu No teu tronco tem dois nomes

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Ele mesmo eacute que escreveu Ai juazeiro Eu num guumlento mais roer Ai juazeiro Eu prefiro inteacute morrer Ai juazeiro

Luiz Gonzaga5

6 RETROSPECTIVA HISTOacuteRICADO LUGAR (VENTUROSA)

O ciclo natural da vida eacute seguido de forma semelhante em todo ser humano pois as pessoas nascem crescem e morrem concretizando o ciclo natural dos seres vivos E para que isso ocorra de uma forma agradaacutevel para todas as espeacutecies se requer um incentivo agrave educaccedilatildeo ambiental que deve acontecer no momento certo ou seja desde muito cedo para que realmente ocorra com o devido sucesso e sendo assim pode-se dizer que

Educaccedilatildeo Ambiental comeccedila no berccedilo ou seja o primeiro passo deve ser dado na infacircncia Deve-se se ensinar a crianccedila a observar a beleza e os segredos da natureza A beleza de um ipecirc em flor ou de um canteiro multicor o vocirco majestoso da ave no alto do ceacuteu o bater acelerado das asas de um beija-flor o crescer contiacutenuo das plantas e a reproduccedilatildeo dos animais A crianccedila natildeo entenderaacute as razotildees do funcionamento da natureza mas aprenderaacute a observar o que constitui a primeira etapa na formaccedilatildeo de uma consciecircncia

ecoloacutegica e o amor a natureza (TROPPMAIR 2008 p198)

Dessa forma pode-se dizer que se as pessoas se conscientizarem da importacircncia do meio ambiente desde cedo no futuro se beneficiaratildeo muito mais dela

Muitas pessoas desenvolvem um verdadeiro amor pelo seu lugar de origem no qual viveram durante toda sua vida Isso gera uma afeiccedilatildeo pelo seu lugar os moradores da zona rural na sua grande maioria desenvolvem esse apego ao lugar e apesar de enfrentarem grandes dificuldades na labuta diaacuteria do campo geralmente natildeo querem sair para a cidade preferem a calma do interior No entanto esse apego natildeo impede que o mesmo talvez por falta de oportunidade eou de conhecimento acabe causando males ao seu lugar de origem Nesse sentido tomam-se as palavras de Tuan

Para compreender a preferecircncia ambiental de uma pessoa necessitariacuteamos examinar sua heranccedila bioloacutegica criaccedilatildeo educaccedilatildeo trabalho e os arredores fiacutesicos No niacutevel de atitudes e preferecircncias de grupo eacute necessaacuterio conhecer a histoacuteria cultural e a experiecircncia de um grupo no contexto de seu ambiente fiacutesico Em nenhum dos casos eacute possiacutevel distinguir nitidamente entre os fatores culturais e o papel do meio ambiente fiacutesico Os conceitos cultura e meio ambiente se superpotildeem do mesmo modo que os conceitos homem e natureza (TUAN 1980 p 68)

O habitante da zona rural em sua grande maioria natildeo tem e nem teve oportunidades de conhecimento cientifico para aprender a diferenccedila entre o consumo sustentaacutevel e o natildeo sustentaacutevel o que acarreta ao longo dos anos prejuiacutezos incalculaacuteveis Visto que espeacutecies abundantes no lugar vatildeo se extinguindo ao longo dos anos principalmente por natildeo haver interesse de reposiccedilatildeo devido ser uma aacuterea de significativaabrangecircncia pecuaacuteria de no Estado

Os moradores da zona rural tecircm a cultura de desmatamento para o plantio de pastagens que servem de alimento para os rebanhos na maioria bovinos e tambeacutem alguns criatoacuterios de caprinos No entanto em menor quantidade no municiacutepio em relaccedilatildeo agrave bovinocultura que eacute a atividade que predomina na regiatildeo

5 Disponivel emhttpwwwvagalumecombrluiz-gonzagajuazeirohtml Acesso em 21 jan 2014

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No intuito de produzir o alimento para o rebanho durante todo o ano haacute a praacutetica da erradicaccedilatildeo de espeacutecies nativas da caatinga que iratildeo dar lugar as plantaccedilotildees que servem de alimento para os seus rebanhos Sendo assim os moradores pecuaristas produzem espeacutecies adaptaacuteveis ao clima da regiatildeo e em geral as mais comuns satildeo as plantaccedilotildees de palma e capim por serem espeacutecies mais resistentes ao clima semiaacuterido que eacute predominante durante a maior parte do ano e que muitas vezes se repete por vaacuterios anosconsecutivos

Essa natildeo eacute uma atividade que possa ser considerada recente visto que quando do momento da coleta de informaccedilotildees de pessoas que habitam no municiacutepio haacute anos ou desde seu nascimento colheu-se a informaccedilatildeo de que sempre se realizou essa praacutetica para o cultivo de alimentos Esse preparo do terreno para o plantio se daacute desde muitos anos ateacute os dias atuais por meio principalmente de brocas entendendo-se por brocas as queimadas que ocorrem em uma determinada porccedilatildeo de terra a qual depois de queimada seraacute cultivada No entanto essa praacutetica aumentou muito devido ao crescimento populacional e o que antes ocupava pequenas aacutereas hoje atinge grandes espaccedilos causando assim uma devastaccedilatildeo maior do meio ambiente Nesse sentido toma-se como referecircncia sobre esta questatildeo o conceito de Troppmair (2008) que diz

Nas civilizaccedilotildees primitivas pastoris e agriacutecolas o homem era um elemento integrado no sistema natureza e nele interferia apenas de forma restrita Com o aumento da populaccedilatildeo o surgimento de formas sociais mais complexas e principalmente com o advento dos centros urbanos e da era industrial que introduziu o emprego de maquinaacuterio mais potente e sofisticado e modificou modos de vida humana a interferecircncia e as perturbaccedilotildees provocadas pelo homem nos ecossistemas tornaram-se mais draacutesticas e conduziram aos problemas ambientais de nossos dias (TROPPMAIR 2008 p172)

Esse fator eacute primordial para o entendimento da questatildeo do desmatamento no municiacutepio pois onde antes era utilizado apenas o trabalho braccedilal para formaccedilatildeo de roccedilas e cercados entendendo-se por roccedilas e cercados os lugares onde satildeo produzidos os alimentos para os animais hoje haacute uma grande incidecircncia de maquinaacuterios especiacuteficos como tratores maquinas entre outros

Falta no entanto um pensamento que avance assim como os progressos agriacutecolas e que se difunda tambeacutem uma poliacutetica de conservaccedilatildeo do ambiente em prol do bem estar humano e do meio como um todo o qual possa gerar avanccedilos com a perspectiva da sustentabilidade Esperando-se que os mais novos habitantes sigam na linha de afeiccedilatildeo e apego ao lugar mas com modos mais conservacionistas e que aprendam a lidar mais adequadamente com o cultivoda terra 7 O VERDE RURAL E A RELACcedilAtildeO HOMEM NATUREZA

Quando se faz a junccedilatildeo de dois elementos complexos como o homem este no sentido do ser humano e natureza como sentido de lugar onde o homem habita haacute a necessidade de analisar a relaccedilatildeo que um deteacutem sobre o outro visto que ambos devem viver em condiccedilotildees harmocircnicas para soacute assim poder haver uma interligaccedilatildeo que iraacute gerar benefiacutecios para ambos (Figura 6)

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Figura 6 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A Geografia inserida nesse acircmbito eacute de fundamental importacircncia para um entendimento dessas relaccedilotildees tendo

em vista a abrangecircncia da disciplina que se encaixa nos mais diversos meios que venham a ser estudados sendo assim fundamental no estudo do verde seja ele rural ou urbano Nesse contexto tem-se em Barbosa (2008 p625)a seguinte definiccedilatildeo

A geografia hoje traz uma nova abordagem onde natildeo haacute mais como fazer distinccedilotildees entre Homem-Natureza onde o meio ambiente deve ser considerado como um todo resultado da relaccedilatildeo homem-natureza Esta abordagem recebe o nome de Sistecircmica e que tem influenciado atualmente nos estudos e anaacutelises feitas dentro do campo de atuaccedilatildeo da Geografia (BARBOSA 2008 p625)

Na relaccedilatildeo homem natureza nota-se que haacute uma cultura de desmatamento muito intensa na regiatildeo onde o verde eacute cada vez mais deixado de lado principalmente aquele vinculado as espeacutecies nativas da caatinga Quando haacute uma busca de desenvolvimento econocircmico pode-se dizer que o homem prefere anular a diversidade natildeo fazendo com isso conjunccedilatildeo de dois sistemas diferentes O ser humano na busca de seu desenvolvimento natildeo mede as consequecircncias de seus atos e tem com isso o que se chama de pensamento simplificador natildeo sabendo interagir com a natureza sem destrui-la Segundo Edgar Morin (2005 p 12) ldquoo pensamento simplificador eacute incapaz de conceber a conjunccedilatildeo do uno e do muacuteltiplo (unitat multiplex) Ou ele unifica abstratamente ao anular a diversidade ou ao contrario justapotildee a diversidade sem conceber a unidaderdquo

Enquanto natildeo houver um meio de integraccedilatildeo entre esses dois sistemas haveraacute sempre um obstaacuteculo para ambos prejudicando o homem e a natureza No entanto eacute cada vez mais raro encontrar uma real preocupaccedilatildeo com a natureza pela parte humana Visto que a mesma estaacute sempre em busca de benefiacutecios proacuteprios sem perceber as reais consequecircncias dos atos realizados natildeo visando agraves consequecircncias futuras que seus atos atuais teratildeo

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Infelizmente pela visatildeo mutiladora e unidimensional paga-se bem caro nos fenocircmenos humanos a mutilaccedilatildeo corta na carne verte o sangue expande o sofrimento A incapacidade de conceber a complexidade da realidade antropossocial em sua incodimenccedilatildeo (o ser individual) e em sua macrodimensatildeo(o conjunto da humanidade planetaacuteria) conduz a infinitas trageacutedias e os conduz a trageacutedia suprema Dizem-nos que a poliacutetica ldquodeverdquo ser simplificadora e maniqueiacutesta Sim claro em sua concepccedilatildeo manipuladora que utiliza as pulsotildees cegas Mas a estrateacutegia poliacutetica requer o conhecimento complexo porque ela se constroacutei na accedilatildeo com e contra o incerto o acaso o jogo do muacuteltiplo das interaccedilotildees e retroaccedilotildees (MORIN 2005 p 13)

Os moradores do municipio em estudado na sua grande maioria satildeo sacrificados ou seja trabalham durante toda sua vida para sobreviver em meio agrave quase constante semiaridez da regiatildeo aproveitando-se dos periacuteodos de maior precipitaccedilatildeo para fazer suas plantaccedilotildees e a partir daiacute alimentarem seus animais os quaisquase sempre representados pelo rebanho bovino para tirarem seu sustento e de sua famiacutelia 8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Pode-se afirmar atraveacutes dedepoimentos de moradores que as espeacutecies tiacutepicas como o juazeiro a catingueira a barauacutena a jurema entre outras eram bem mais abundantes outrorado que hoje

A diminuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais naturais do lugar ocorreu e ocorre devido a falta de um desenvolvimento sustentaacutevel o que gera uma gama de desmatamentos desordenados os quais no decorrer dos anos foram acarretando uma menor incidecircncia da vegetaccedilatildeo nativa ou seja a caatinga de forma natural e que foram dando lugar as pastagens que satildeo utilizadas para alimentar rebanhos principalmente bovinos espeacutecie mais comum para o desenvolvimento econocircmico da regiatildeo Em um conceito bastante oportuno de desenvolvimento sustentaacutevel e que se adeacutequa muito bem a aacuterea estudada encontra-se as seguintes palavras

Atualmente a temaacutetica Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) tem se tornado cada vez mais popular alcanccedilando todas as aacutereas que envolvem a relaccedilatildeo entre ser humano e o Meio Ambiente Mas na praacutetica o DS deteacutem poucos adeptos buscando uma melhor qualidade de vida priorizando a conservaccedilatildeo que vai de contra ao sistema capitalista tendo em vista que o crescimento econocircmico natildeo eacute um fator determinante para o desenvolvimento sustentaacutevel (ABIacuteLIO 2010 p159)

Nessa busca de progresso o homem acaba deixando de lado o principal que eacute a preservaccedilatildeo do meio ambiente e natildeo havendo a compreensatildeo de que a preservaccedilatildeo eacute uma saiacuteda que beneficia aleacutem da fauna e da flora o proacuteprio homem acredita-se que nunca se chegaraacute a um modo equilibrado de convivecircncia com o meio algo de fundamental importacircncia para o habitante da zona rural Preservar o mundo em que se vive comeccedilando pela sua proacutepria aacuterea seu proacuteprio lugarnatildeo se deixando conduzir apenas pelo capitalismo eacute o primeiro passo para o progresso de forma sustentaacutevel

Provavelmente o juazeiro por natildeo ser uma aacutervore muito utilizada na regiatildeo para finscomerciais como carvatildeo vegetal produtos cosmeacuteticos entre outros eacute tambeacutem bastante erradicado para dar lugar agraves plantaccedilotildees com a justificativa de ser empecilho ao avanccedilo da pecuaacuteria e que prejudica eou diminui o uso da terra 9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Conclui-se atraveacutes desses estudos e anaacutelises de campo que a espeacutecie arboacuterea denominada juazeiro eacute nativa da regiatildeo sendo encontrada e identificada com facilidade no municiacutepio deixando-se claro que essa ocorrecircncia se evidencia na zona rural natildeo sendo observada na aacuterea urbana a qual fica restrita a espeacutecies exoacuteticas Registra-se tambeacutem que a espeacutecie eacute considerada por muitos como siacutembolo do lugar o qual manteacutem caracteriacutesticas de Sertatildeo mesmo localizando-se na aacuterea Agreste do Estado Pernambuco caracterizando-se portanto como um ecotone

Um dos pontos focais da pesquisa foi aquestatildeo da relaccedilatildeo homem-natureza no qual ficam as observaccedilotildees de que apesar do homem danificar o meio ambiente de uma forma cada vez mais desenfreada o mesmo necessita da natureza de uma forma tambeacutem muito intensa Mas na maioria das vezes natildeo eacute isso que ocorre e partindo-se do ponto da observaccedilatildeo de que a cada dia aumenta mais as destruiccedilotildees e isso em grandes aacutereas o problema se expande mais E

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isso natildeo fica restrito ao municiacutepio de Venturosa-PE mas eacute uma constataccedilatildeo que se verifica em vaacuterios lugares que por sua vez vatildeo acumulando os problemas e no fim acarretam o desequiliacutebrio ambiental em todo planeta

Conclui-se queo homem natildeo tem ou natildeo procura ter uma percepccedilatildeo da real importacircncia de um desenvolvimento sustentaacutevel do meio em que vive e do quanto eacute importante a conservaccedilatildeo de aacutereas verdes em qualquer que seja a regiatildeo Em um entendimento mais especifico natildeo importa que seja Zona da Mata Agreste ou Sertatildeo a conservaccedilatildeo e a consciecircncia eacute de vital importacircncia natildeo apenas para a natureza mas para todo ser humano visto ser o principal beneficiado com aacutereas onde se praticar umamelhor conservaccedilatildeo ambiental REFEREcircNCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado Educaccedilatildeo Ambiental formaccedilatildeo continuada de professores no Bioma Caatinga In Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFBB 2010

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_____ A visatildeo Sistecircmica e sua contribuiccedilatildeo ao estudo do espaccedilo pecuaacuterio de Venturosa e Pedra no Agreste de Pernambuco Satildeo Paulo Blucher Acadecircmico 2008

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BARBOSA E F da F de M Abordagem do sistema geografia fiacutesica x geografia humana1deg SIMPGEO Rio Claro 2008 ISBN 978-85-88454-15-6

CHIZZOTTI Antonio Pesquisa em ciecircncias humanas e sociais 10 ed Satildeo Paulo Cortez 2009

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Anderaacuteos Neto Nagib Frases textos pensamentos poesias e poemas de Nagib Anderaacuteos Neto no Pensador (Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014)

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TROPPMAIR Helmut Biogeografia e meio ambiente 8ordf ed Rio Claro Divisa 2008

TUAN Yi-Fu Topofilia Um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo DIFEL 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Reimpressatildeo Recife Companhia Editora de Pernambuco-CEPE 2005

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA

PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS

E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Thamyllys Myllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

Haacute quem passe por um bosque e soacute veja lenha para a fogueira Leon Tolstoi6

1 INTRODUCcedilAtildeO

Este trabalho traz uma pequena contribuiccedilatildeo quando realiza uma discussatildeo a partir de questionamentos sobre como pode ser vista e considerada a natureza o verde presente nos ambientes urbanos em diferentes escalas de localizaccedilatildeo

Tem-se observado que as discussotildees que se fazem em relaccedilatildeo agraves aacutereas vegetadas no contexto da cidade eacute um seguimento que ainda natildeo possui muitas referencias bibliograacuteficas Para tanto iniciativas e estudos que dizem respeito ao temaacuterio estatildeo provocadas na direccedilatildeo de observar as condiccedilotildees ambientais-socias-econocircmicas citadinas

Para se realizar um estudo da natureza na cidade nas praccedilas puacuteblicas e escolas municipais puacuteblicas de Canhotinho-PE com o intuito de se procurara compreender funccedilotildees e importacircncia das espeacutecies arboacutereas presentes nestes espaccedilos diante da perspectiva subjetiva da comunidade que frequenta e tem de alguma forma uma ligaccedilatildeo com estes lugares

Na obtenccedilatildeo de dados sobre os elementos em estudo adotou-se como referencia bibliograacutefica para fundamentar o olhar das pesquisadoras o pensamento de Yi-Fu Tuan (1974) o qual nos indica olhar os objetos presentes nos ambientes natildeo de forma simples e subjetiva pelas funccedilotildees que exercem nos lugares mas tambeacutem apresentar a ligaccedilatildeo que aquele objeto tem para com os diferentes olhares e sensaccedilotildees das pessoas

As consideraccedilotildees que se fazem satildeo realizadas a partir dos estudos desenvolvidos em que se buscou compreender o papel desempenhado pelas aacutereas verdes das praccedilas e como elas podem ser compreendidas enquanto manifestaccedilatildeo da presenccedila do verde urbano considerando o elo que une as pessoas a objetos materiais principalmente elementos bioacuteticos e imateriais pela percepccedilatildeo dos espaccedilos

Associa-se a esse contexto a manifestaccedilatildeo do verde nas escolas puacuteblicas destacando-se a percepccedilatildeo dos sentidos em relaccedilatildeo aos elementos arboacutereos expressos pela comunidade escolar sob a perspectiva do conceito de ldquotopofiliardquo desenvolvido pelo Yi-Fu Tuan

6 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrfraseMjQyMTY4 Acesso em 14 jan 2014

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Ressalta-se que as escolas aqui trabalhadas estatildeo denominadas por siacutembolos alfabeacuteticos ou seja ABCD e E tendo-se em vista a preservaccedilatildeo da eacutetica necessaacuteria aos trabalhos cientiacuteficos e especificamente nesse caso salvaguardando a identidade das entidades de ensino 2 PERCEPCcedilAtildeO UMA VISAtildeO DIFERENTE DO MUNDO ldquoTOPOFILIArdquo

A proposta da anaacutelise eacute perceber o lugar que segundo Yi-Fu Tuan trata-se da relaccedilatildeo de afeto com o lugar em que as pessoas vivem ou ateacute mesmo convivem Assim considera-se a definiccedilatildeo do termo a seguir pelo autor

A lsquorsquotopofiliarsquorsquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definido em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A reposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mais muito mais intensa que subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o loacutecus da reminiscecircncia e o meio de se ganhar a vida (YI-FU TUAN 1974 p107)

Dessa forma como o autor jaacute citou topofilia eacute o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente fiacutesico Pela sua

cidade ou ateacute mesmo um espaccedilo de uso comum como praccedilas escolas jardins entre outros Mesmo assim determinadas pessoas se identificam melhor em espaccedilos naturais alguns indiviacuteduos possuem

uma lealdade extremae chegam a derramar seu sangue para defender sua cidade ou ainda sua naccedilatildeo Logo este elo afetivo na maioria das vezes eacute muito forte sendo esta ligaccedilatildeo afetiva algo que muitas pessoas levam para sua vida toda

Cada pessoa possui uma sensibilidade para vere interpretar os fatos ou ateacute mesmo a realidade de acordo com que eacute mais conveniente para si ou ainda de acordo com suas influencias culturais Sendo assim constitui-se num processo operacional e natildeo apenas uma representaccedilatildeo de determinado objeto Segundo Tuan (1974 70) ldquo[] nas culturas em que os papeis dos sexos satildeo fortemente diferenciados homens e mulheres olharatildeo diferentes aspectos do meio e adquiriratildeo atitudes diferentes []rdquo

Nesse sentido tambeacutem eacute possiacutevel perceber natildeo mais um fenocircmeno mas uma teia de fenocircmenos recursivamente interligados e portanto ter-se-aacute diante de si a complexidade do sistema (AMADOR 2013 p 50)

Logo admite-se que os estudos devem considerar aspectos de ordem de sua totalidade ou ainda como diria Morin (2005) observar e analisar um fenocircmeno em aproximadamente todos os aspectos que interagem entre si e com o espaccedilo em seu entorno visto que ele influencia e eacute influenciado Assim sendo como o proacuteprio autor discutiu seria o pensar complexo rompendo com estudos reducionistas quando se refere

O que eacute a complexidade Agrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidades [] Mas a complexidade natildeo compreende apenas quantidades de unidade e interaccedilotildees que desafiam nossas possibilidades de calculo ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios [] (MORIN 2005 p 35)

Sob este aspecto eacute que se desenrolam os estudos no acircmbito dos espaccedilos livres e nas escolas puacuteblicas compreendendo para tanto o todo e natildeo soacute uma parte do espaccedilo observado

Tendo-se como suporte a Geografia para apreender como se daacute a inter-relaccedilatildeo das pessoas em seu meio de convivecircncia Nessa linha de pensamento considerou-se a percepccedilatildeo que segundo Amador (2013) demonstra ser algo subjetivo em que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo proacutepria do espaccedilo tomando vaacuterias formas e influenciada pela cultura de cada individuo

Considerando-se o fato da temaacutetica ambiental ter sido uma das grandes preocupaccedilotildees que emergiu nos cenaacuterios dos seacuteculos XX e XXI pelas dificuldades de fatores distintos observados (MENDONCcedilA 2002) na paisagem geograacutefica mas especificamente na cidade apresentando iniciativas no sentido de buscar e resguardar os anseios e necessidades humanas de qualidade de vida e ambiental aliados as intenccedilotildees de apreender as interaccedilotildees que se datildeo no espaccedilo

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21 Contextualizando a Natureza na Cidade

A cidade espaccedilo humanizado de muacuteltiplas relaccedilotildees mostra-se como local de contradiccedilotildees no que diz respeito agraves interaccedilotildees que se processam entre o homem e a natureza sendo esta ldquosegunda naturezardquo por vezes uma contradiccedilatildeo da cidade (com a erradicaccedilatildeoda vegetaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo do urbano) e posterior volta dessa mesma vegetaccedilatildeo compreendida como vaacutelvula de escape para amenizar os problemas ambientais urbanos (FRANCcedilA AMADOR 2013)

Os ambientes citadinos lugares em que se estabelecem distintas relaccedilotildees entre homem e meio apresentam diferentes paisagens diante daquilo que eacute visto condicionado pelos processos que se datildeo no espaccedilo e tempo de cada periacuteodo

Por algum tempo muito se tem argumentado sobre o que se pode definir como natureza e como ela aparece no cenaacuterio das cidades Diante do expressivo progresso nas ultimas trecircs deacutecadas das ferramentas e teacutecnicas no periacuteodo vigente pela capacidade humana e o poder de tomar conhecimento sobre grande parte dos elementos presentes da Terra em suas diversas relaccedilotildees e suas potencialidades

A natureza antes era tida como obstaculo para realizaccedilatildeo humana (HENRIQUE 2009) mas hoje em dia ela vem sendo tratada de diferentes formas e ressaltadas suasfunccedilotildees mediante as intencionalidades humanas dependendo das condiccedilotildees ambientais dos espaccedilos urbanos com valores e sentidos expressos por fatores esteacuteticos ambientais sociais e ateacute mesmo econocircmicos Assim caracteriacutesticas geograacuteficas que eram fatores determinantes para o uso e apropriaccedilatildeo do espaccedilo passam a exercer menor influencia decisiva na construccedilatildeo de objetos necessaacuterios a uma condiccedilatildeo de vida mais apropriada mais digna do ponto de vista ambiental

Tanto os elementos materiais e imateriais presentes no espaccedilo urbano apresentam em si um dialogo em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que se estabelece entre o homem e o meio de modo ldquoindissociaacutevelrdquo na paisagem (AMADOR 2011) como se atuasse em um sistema que ao mesmo tempo eacute influenciado e esta influenciando

Aqui se considera como ldquonaturezardquo aquela evidenciadapelas aacutereas que possuem algum tipo de vegetaccedilatildeo seja nativa ou exoacutetica como aquelas preservadas naturalmente ou inseridas pela accedilatildeo humana em seus limites Atentando-se ainda para o fato das inter-relaccedilotildees soacutecio-ambientais que ocorrem nesta ldquonaturezardquo sendo o homem tambeacutem inserido no contexto aleacutem dos demais elementos bioacuteticos e abioacuteticos BeninI e Martin (2012) expressam o conceito de aacutereas verdes da seguinte forma

[] aacuterea verde puacuteblica eacute todo espaccedilo livre (aacuterea verdelazer) que foi afetado de uso comum e que apresenta algum tipo de vegetaccedilatildeo (espontacircnea ou plantada) que possa contribuir em termos ambientais (fotossiacutentese evapotranspiraccedilatildeo sombreamento permeabilidade conservaccedilatildeo da biodiversidade e mitigue dos efeitos da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica) e que tambeacutem seja utilizado com objetivos soacutecias ecoloacutegicos cientiacuteficos ou culturais (BENINI MARTIN 2012 p 77)

Tomando-se essa referencia admite-se que satildeo aacutereas verdes todo espaccedilo livre puacuteblico em que haacute presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea presente principalmente nas cidades de pequeno porte do interior de Pernambuco aleacutem de compreendecirc-las como representaccedilatildeo fundamental da natureza na cidade

Segundo Amador (2012) e Benini (2011) entende-se praccedila como um ldquoespaccedilo livre puacuteblicordquo com papel para o desempenho entre outros fins do lazer dos seus frequentadores Sendo uma aacuterea verde considerando-se nesse sentido as caracteriacutesticas e funccedilotildees que exercem quando haacute presenccedila da vegetaccedilatildeo e se encontra permeabilizada

A preservaccedilatildeo ou incorporaccedilatildeo da natureza na cidade se insere por meio dos parques praccedilas canteiros quintais calccediladas e jardins rotatoacuterias trevos lugares de domiacutenio puacuteblico ou privado que estatildeo disponiacuteveis a populaccedilatildeo que deseja e por vezes pode desfrutar desses espaccedilos

No entanto esta ldquonaturezardquo natildeo se manifesta apenas em ambientes externos puacuteblicos mas tambeacutem na parte interior de aacutereas privadas ou puacuteblicas dependendo do tipo de construccedilatildeo que apresentem elementos verdes na paisagem considerando-se nesse contexto as escolas que apresentarem vegetaccedilatildeo e exercerem as mesmas funccedilotildees ambientais que outros espaccedilos exercem

Logo insere-se a seguir estudos que se desenvolveram a respeito das praccedilas puacuteblicas e escolas municipais de Canhotinho-PE

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22 Localizaccedilatildeo Geograacutefica do Municiacutepio e Apresentaccedilatildeo das Praccedilas de Canhotinho-PE

Limita-se ao norte com Lajedo e Jurema ao sul com Palmeirina a leste com Quipapaacute e o estado de Alagoas a oeste com Calccedilado e Angelim A altitude eacute de 520 m Latitude 08deg 52 56 e Longitude 36deg 11 28 distando da capital 210 km

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Canhotinho ndash PE

Fonte Adaptado pelas autoras

Com uma populaccedilatildeo de aproximadamente 25000 habitantes o municiacutepio apresentado deveria assimilar em suas poliacuteticas puacuteblicas iniciativas que contemplem planejamento e gestatildeo de aacutereas verdes em sua abrangecircncia Dispondo de regras ou leis que normatizam e deem legitimidade as responsabilidades e planejamento da arborizaccedilatildeo urbana

Deixando de forma clara todas as accedilotildees que podem ser realizadas diante do processo de arborizar manter e informar sobre quais seriam os casos de supressatildeo e substituiccedilatildeo de elementos arboacutereos das aacutereas as que devem ser preservadas entre outras atribuiccedilotildees para mantecirc-las em bom estado para uso da populaccedilatildeo e seguranccedila de sua presenccedila nas cidades A seguir apresentar-se o trabalho realizado nas praccedilas de Canhotinho-PE

221 Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

A praccedila foi construiacuteda em 1988 em homenagem ao padre da Paroacutequia de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo de 1964-1982 querido pela populaccedilatildeo por sua postura amaacutevel e bondade perante as pessoas Logo recebeu o nome de Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula (P1) o mesmo apesar de natildeo ser filho desta terra o tributo foi concretizado Outra motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo do projeto estaacute ligado ao laccedilo de amizade que o unia ao atual prefeito agrave eacutepoca de nome Waldemar Joseacute de Torres Ateacute entatildeo o referido prefeito se candidatou com o apoio do amigo que era preferido pelos cidadatildeos canhotinhenses para o cargo mas segundo contam o bispo da eacutepoca natildeo aprovou a pretensatildeo do homenageado

A praccedila estaacute situada na parte central e comercial da cidade abordada ou seja na Rua Eugecircnio Tavares de Miranda aacuterea muito valorizada pelos negociantes de bens duraacuteveis e natildeo duraacuteveis onde a concorrecircncia e o valor de alugueis dos espaccedilos satildeo bem avaliados em relaccedilatildeo agraves outras localidades Regiatildeo que quase onde natildeo se encontra

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casas domiciliares jaacute produto da accedilatildeo do homem que a partir das suas relaccedilotildees sociais estaacute distribuindo as residecircncias para as regiotildees perifeacutericas das cidades e as casas comerciais para os centros

Figura 1 e 2 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

222 Praccedila Cloacuteves Vidal

A Praccedila Cloacuteves Vidal (P2) situa-se em uma rua que daacute nome a este espaccedilo ao mesmo tempo em que serve tambeacutem de divisoacuteria desse espaccedilo Eacute nela que se concretiza uma separaccedilatildeo por encontrar-se no meio da rua o que implicitamente realiza uma organizaccedilatildeo e divisatildeo na via puacuteblica induzindo a percepccedilatildeo dos condutores de veiacuteculos sobre o lugar certo em que devem trafegar

Figura 3 e 4 Imagens parcias da Praccedila Cloves Vidal

Fonte Trabalho de campo 2013

Como pontua Sobrinho (2011) as praccedilas possuem muitos significados elas natildeo estatildeo ali por estar mas ocupando um lugar que estava vazio por exemplo Pode ter sido planejada para outra solucionar ou amenizar algum problema ou dificuldade no ambiente urbano local Porem em dado momento passa a ser percebida ou mesmo

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construiacutedacomo benfeitoria realizada natildeo somente pelo executor da obra que em geral e puacuteblico mas por toda uma sociedade que se beneficia de sua esteacutetica e outros elementos beneacuteficos coadjuvantes Semelhanccedilas podem ser observadas entre as Praccedilas Padre Josias e Cloves Vidal algumas caracteriacutesticas como uma homenagem para uma pessoa ilustre do municiacutepio de CanhotinhoPE com intuito de registrar na memoacuteria dos cidadatildeos da referida cidade que haacute um filho da terra com valor inestimaacutevel e que seu reconhecimento estaacute marcado na histoacuteria e no espaccedilo da cidade que nos casos satildeo as praccedilas Quanto ao que foi destacado acima se pode observar a importacircncia e o papel que estes espaccedilos livres puacuteblicos inseridos no contexto urbano desempenham quando se diz ser uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo na cidade 3 RESULTADOS OBTIDOS COM A PESQUISA DE CAMPO

Para tanto se realizou a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio misto para coleta de dados e analise dos dados obtidos O questionaacuterio foi aplicado nas duas praccedilas objeto de estudo com o intuito de se compreender como a vegetaccedilatildeo que faz parte da praccedila tem contribuiacutedo de positivo e negativo neses ambientes urbanos a partir das principais praccedilas do municiacutepio de CanhotinhoPE definido-se assim qual seria seu papel desempenhado na paisagem

Quando questionados sobre o que compreendiam por aacuterea verde a maioria das respostas dos entrevistados indicou que seria um local com aacutervores em sua composiccedilatildeo O que se aproxima das definiccedilotildees que muitos dos estudiosos do tema que buscam uma definiccedilatildeo teoacuterica aceitaacutevel pela maioria No entanto a percepccedilatildeo comum das pessoas em geral e realmente associar aacuterea verde com aqueles espaccedilos que contem espeacutecies arboacutereas em sua composiccedilatildeo podem ser urbano ou rural

Ao seres questionados sobre o tipo de memoacuteria que porventura lhes remetiam ao transitar ou simplesmente usufruir de alguma forma a praccedila as respostas que se sobressaiacuteram foram aquelas que remetiam a lembranccedilas fortes dos familiares e amigos pontuando em segunda posiccedilatildeo para esta resposta as lembranccedilas de infacircncia Isso e importante porque reforccedila que o ser e gregaacuterio naturalmente vive em sociedade natildeo se constitui em uma ilha e na individualidade extrema

Assim considera-se que a ligaccedilatildeo individual entre as pessoas e entre essas e a praccedila eacute mais enfaacutetica do que desconsiderar natildeo haver nenhum tipo de afeiccedilatildeo quanto ao espaccedilo puacuteblico presente nos espaccedilos urbanos Revelando-se entatildeo que cada objeto disposto no espaccedilo tem um significado e intenccedilotildees de estarem ali e da forma que se apresentam

Um dado que natildeo foi considerado entre os formulaacuterios que foram aplicados fala sobre se ter a lembranccedila em primeiro plano da pessoa que leva o nome da praccedila das impressotildees e memoacuterias pessoais que se sobrepotildeem nas respostas Apesar das indicaccedilotildees a partir do busto presente na P1 e uma placa que faz referencia na P2 pouco se ouviu falar dos mesmos evidenciando dessa forma que a memoria coletiva e de interesse da sociedade pelo menos local deveria ser melhor trabalhada

Isto aponta para um descuido e falta de sensibilidade e curiosidade para se conhecer o significado de tais construccedilotildees e indagar qual relaccedilatildeo que se faz aos nomes das praccedilas visto que elas fazem uma representaccedilatildeo material da histoacuteria e de personalidades ilustres que viveram ou contribuiacuteram de forma significativa para construccedilatildeo e organizaccedilatildeo do municiacutepio e das impressotildees pessoais dos homenageados para populaccedilatildeo Perguntando-se qual a opiniatildeo dos transeuntes sobre as aacutervores introduzidas ou natildeo nas praccedilas as respostas para as duas praccedilas se colocam entre ldquooacutetimordquo e ldquobomrdquo Poreacutem algumas opiniotildees colocadas se referiram ao fato das arvores atrapalhar ou sujar as vias puacuteblicas deixando-se serem influenciados pela leitura das praccedilas em momento esporaacutedicos de falta de manutenccedilatildeo Quando solicitada a opiniatildeo sobre se de alguma forma as aacutervores presentes nas praccedilas beneficiariam a populaccedilatildeo que utilizam as P1 e P2 eacute quase unanime nas duas representaccedilotildees do graacutefico que elas dispotildeem contribuiccedilotildees positivas para as pessoas E natildeo foram respondidos se de alguma forma elas pudessem prejudicar ou influenciar direta ou indiretamente na vida das pessoas O que foi justificado por cada pessoa diante nas consideraccedilotildees realizadas diz respeito agraves contribuiccedilotildees ecoloacutegicas que as aacutervores realizam no ambiente sendo salientada a sombra das aacutervores que se projetam para aqueles que se encontram abrigados dos fortes raios solares e que sem elas consideraram ser insuportaacutevel a temperatura Aleacutem

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do mais foi destacado nas respostas que os elementos arboacutereos em si resultam num aspecto visual de vivacidade ao ambiente Apesar de que natildeo pode ser visto ou considerada pontuaccedilotildees quanto agraves espeacutecies arboacutereas de instigarem agrave memoacuteria do sentimento de pertencimento a determinada regiatildeo pois se observou que poucas ou quase nenhuma das espeacutecies vegetais satildeo nativas mas aacutervores exoacuteticas inseridas nas aacutereas estudadas Mesmo tendo-se na P1 uma aacutervore de grande valor econocircmico outrora e de sentimento patrioacutetico uma vez que associa-se a nossa identidade e territoacuterio que eacute o Pau-brasil Esses dados formam entatildeo as principais informaccedilotildees colhidas para que pudessem ser realizadas as analises e impressotildees alcanccedilando-se em consequecircncia os objetivos almejados na pesquisa para compreensatildeo do papel das praccedilas enquanto representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo no acircmbito urbano 4 IMPORTAcircNCIA DA ARBORIZACcedilAtildeO PARA A COMUNIDADE DE CANHOTINHO-PE COM DESTAQUE PARA AS ESCOLAS MUNICIPAIS DA AacuteREA URBANA

Em continuidade agrega-se a analise de algumas aacutereas com espaccedilos de uso comum no municiacutepio de Canhotinho-

PE no acircmbito da paisagem urbana que satildeo as escolas municipais objeto de outra pesquisa dessa vez de Iniciaccedilatildeo Cientificano ambito da FACEPE-Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Ciecircncia e Tecnologia do Estado de Pernambuco

Pode-se observar que as cinco escolas municipais apresentam pouca ou nenhuma arborizacao A maioria das escolas possuiaacutereas livres sendo que duas delas natildeo possuem espaccedilo livre nenhumquais sejam escola municipal ldquoErdquo e a escola municipal ldquoCrdquo Por falta de espaccedilo ademais estas escolas natildeo tecircm como oferecer uma arborizaccedilatildeo em suas areas de uso comum

Ao visitar essas unidades escolarespuacuteblicas percebeu-se em uma delas a atitude positiva de uma gestora que comeccedilou a arborizar a escola com vaacuterios tipos de mudas arboacutereas para proporcionar uma melhor sensaccedilatildeo teacutermica controle da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica acuacutestica e visual contato com a natureza fotossiacutentese lazer entre outros o que evidencia a sensibilidade ambiental e social da referida gestora atributo que deveria ser levado em consideraccedilatildeo ao se eleger eou escolher pessoas para cargos assim

Para algumas pessoas as aacutervores frutiacuteferas satildeo oacutetimas mas ao mesmo tempo prejudicam a estrutura das casaseou edificaccedilotildeespor serem em geral de porte meacutedio a grande No caso de uma dessas escolas que apresenta uma uacutenica esperice arboacuterea a responsaacutevel pela gestatildeo comentou que ia mandar derrubar a aacutervore pois a mesma afirmou que a aacutervore estaacute prejudicando a estrutura da escola ou seja nesse caso tipifica a falta de sensibilidade com o ambiental e o social haja vista que natildeo fica demonstrado a preocupaccedilatildeo de resolver o problema que atenda de forma mais adequada agrave situaccedilatildeo como por exemplo consultar profissionais que entendam do assunto procurando compatibilizar a estrutura do preacutedio com a arvore Por outro lado percebe-se a preocupaccedilatildeo demonstrada e com razatildeo com o patrimocircnio publico e com seus frequentadores sejam alunos funcionaacuterios e visitantes

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Figura 5 Imagem parcial de aacutervore Fonte Trabalho de campo 2013

Segundo o que foi observado e compreendido a partir de conversas com a comunidade escolar (alunos

educadores servidores famiacutelias entre outros) tais aacutervores natildeo tecircm nenhum significado e que ao derrubar uma aacutervore natildeo vai fazer diferenccedila nenhuma para a populaccedilatildeo Mais uma vez observa-se que haacute um ldquoecordquo na sociedade local que evidencia fortemente a falta de uma percepccedilatildeo positiva dos elementos verdes e seus benefiacutecios Em termos de ensino constata-se um fato lamentaacutevel que eacute a pouca importacircncia dada ao trabalho de Educaccedilatildeo Ambiental o que levaaos seguintes questionamentos o que eacute educaccedilatildeo ambiental Para que serve educaccedilatildeo ambiental Ou ainda a quem serve a educaccedilatildeo ambiental

Mas ao se procurar contextualizar esta arborizaccedilatildeo na paisagem municipal de CanhotinhoPE percebeu-se que muitas concepccedilotildees natildeo representam a realidade da arborizaccedilatildeo Poreacutem pode ser lapidado para uma melhor compreensatildeo mesmo com cada pessoa ou observador tendo uma visatildeo diferente de se perceber um ambiente

A arborizaccedilatildeo oferece benefiacutecios ambientais importantes que podem ser notados pela populaccedilatildeo entre eles tem-se no quadro urbaniacutestico propiciar sombra purificar o ar diminuir impactos das chuvas amenizar o calor entre outros

Poreacutem mesmo com todos estes benefiacutecios que as aacutervores propiciam para a comunidade escolar e para o ambiente percebeu-se que natildeo existem tantas aacutervores em tais lugares A arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o conjunto escolar contribuindo assim para a melhoria da vida de cada aluno que convive e integra as escolas Assim sendo constata-se que a arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o meio

Logo pode-se notar com este estudo nas escolas municipais de CanhotinhoPE que haacute pouca arborizaccedilatildeo nesses espaccedilos de uso comum e em outras natildeo existe nenhuma espeacutecie de aacutervore nem nativa da regiatildeo e nem exoacutetica seja por natildeo possuiacuterem espaccedilos livres por natildeo haver nenhum plano da escola ou da Secretaria de Educaccedilatildeo para motivar o procedimento de arborizaccedilatildeo destes espaccedilos O graacutefico 1 mostra o percentual de aacutervores presentes nas escolas do municiacutepio em discussatildeo

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Graacutefico 1 Quantitativo de aacutervores nas escolas municipais

Fonte Trabalho de Campo 2013

O graacutefico 1 mostra que a escola Municipal ldquoDrdquo eacute a mais arborizada em relaccedilatildeo agraves outras por ateacute mesmo estar sendo realizado um processo de plantio de mudas

Enquanto outras natildeo possuem nenhum tipo de arborizaccedilatildeo lembrando que uma das escolas natildeo possui aacuterea livre para esse fim jaacute outra escola possui aacutereas livres mas natildeo possui um plano de arborizaccedilatildeo e a ultima restante possui apenas uma

Os espaccedilos livres das instituiccedilotildees devem ser aproveitados para o lazer de professores e alunos deveria ser feito um planejamento pela Secretaria de Educaccedilatildeo visando promover nestas escolas em seus espaccedilos livres um processo de arborizaccedilatildeo Segundo Santos (2011) oestudo do espaccedilo envolve entatildeo os sentimentos espaciais e as ideias de um povo atraveacutes da experiecircncia enquanto o lugar eacute o centro de significado e foco de vinculaccedilatildeo emocional para o homem coadunando-se plenamente com Yi-fu Tuan (1980)

Admite-se que seria conveniente a realizaccedilatildeo nessas escolas de um processo de reeducaccedilatildeo para com alunos e gestores com foco no ambiental especificamente a valorizaccedilatildeo do verde urbano e rural Os professores poderiam incorporar valores e significados com base nesse tema para trabalhar os seus alunos no dia-a-dia Como uma aacutervore pode trazer benefiacutecios Cabendo mesclar a biologia a botacircnica a geografia a gestatildeo a religiosidade a cultura enfim tantos contextos quanto forem cabiacuteveis de se adaptar e absorver de forma prazerosa e interdisciplinar Mas mesmo assim cabe ao poder puacuteblico criar projetos e proteger aacutereas de bem comum de bem difuso destacando-se a seguir a Lei 1025701 da Constituiccedilatildeo Federal e do Estatuto da Cidade

Por se tratar de uma atividade de ordem puacuteblica imprescindiacutevel ao bem estar da populaccedilatildeo [] cabe ao Poder Puacuteblico municipal em sua poliacutetica de desenvolvimento urbano entre outras atribuiccedilotildees criar preservar e proteger as aacutereas verdes da cidade mediante leis especiacuteficas bem como regulamentar o sistema de arborizaccedilatildeo Disciplinar a poda das aacutervores e criar viveiros municipais de mudas estatildeo entre as providecircncias especiacuteficas neste sentido sem contar na importacircncia de normas sobre o tema no plano diretor por exemploart 30VIII183

Assim sendo cada pessoa estudante professores a famiacutelia pode contribuir para a melhoria de seus espaccedilos livres e para proporcionar melhorias buscando conjuntamente por projetos e iniciativas dos gestores escolares e a Secretaria de Educaccedilatildeo para desenvolver planos e accedilotildees de arborizaccedilatildeo

Mas natildeo eacute somente plantar tem-se que articular formas para manejar com as espeacutecies arboacutereas e as instituiccedilotildees no caso das escolas deve possuir um planejamento em relaccedilatildeo aos cuidados de tais aacutervores observando o bem estar e seguranccedila inerente a utilizaccedilatildeo destes elementos na paisagem dependendo das condiccedilotildees fiacutesicas da vegetaccedilatildeo

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Nuacutemeros de Aacutervores nas Escolas

Escola A Escola B

Grupo C Escola D

Escola E

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5 OBSERVACcedilOtildeES E INDICACcedilOtildeES

Diante dos resultados dos dados colhidos nas aacutereas verdes das praccedilas e das escolas puacuteblicas do municiacutepio em estudo questiona-se ainda quanto agraves possibilidades e indicaccedilotildees que aqui poderiam ser propostas no intuito de contribuir para planejamento preservaccedilatildeo e manejo desta ldquonaturezardquo para a gestatildeo puacuteblica e a populaccedilatildeo

Observando-se regras para tratamento das aacutervores em seus ambientes pontua-se para a questatildeo dos cuidados fitossanitaacuterios realizados por pessoas qualificadas E teacutecnicas que podem ser aplicadas ndash exclusatildeo erradicaccedilatildeo proteccedilatildeo imunizaccedilatildeo e dendrocirurgia - para prevenccedilatildeo e propagaccedilatildeo de pragas apoacutes realizaccedilatildeo do parecer teacutecnico7

E tambeacutem os procedimentos para a remoccedilatildeo e reposiccedilatildeo de espeacutecies que estejam causando danos fiacutesicos a patrimocircnios puacuteblicos ou privados que devem sersubsidiados por laudo indicando o procedimento mais adequado para as distintas situaccedilotildees aleacutem da autorizaccedilatildeo se for o caso de remoccedilatildeo dada pelo oacutergatildeo gestor responsaacutevel

A partir do que foi observado na figura 6 o peacute-de-manga na imagem ou seja arvore frutiacutefera nativa do sul e sudeste asiaacutetico introduzida no Brasil com grande ecircxito tem-se pelo que foi notado prejudicado a estrutura fiacutesica da escola influenciada pelas profundas raiacutezes que estatildeo rachando as paredes e tambeacutem a proximidade dos galhos com o telhado que ao balanccedilarem derrubam algumas no chatildeo Logo cabe ressaltar que se houvesse algueacutem envolvido na construccedilatildeo do preacutedio que entendesse do assunto arborizaccedilatildeo e paisagismo com certeza teria encontrado uma soluccedilatildeo compatiacutevel e natildeo ter-se-ia chegado nessa situaccedilatildeo

Nessas condiccedilotildees provavelmente seria indicado realizar uma provaacutevel remoccedilatildeo desta aacutervore e substituiccedilatildeo por outra em que pudesse se adequar aacute aacuterea livre para inserccedilatildeo de outra espeacutecie indicado ainda agrave introduccedilatildeo de grades protetoras no espaccedilo meacutetrico da base da arvores para seu desenvolvimento e impedir o contato direto com as raiacutezes expostas ou grama sedimentos que estejam ali presentes

E ainda implementar um objeto que projeteja em volta da aacutervore inserir uma grade deforma geometrica proporcional ao tamanho da espessuro do caule e de seu desevolvimento quando atingir a altura de cada especie com perfuraccedilotildees para a infiltraccedilatildeo de aacutegua proveniente das chuvas ou regada pelo homem Assim disponibilizaria mais espaccedilo para os trasuentes no caso a comunidade escolar a circularem pela aacuterea

Figura 6 Grade em volta da vegetaccedilatildeo arboacuterea

Fonte LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

7 LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

58- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Esta iniciativa ainda seria de valia quanto a este objeto impedir as raizes em evoluccedilatildeo de ficarem expostas ou

ainda diminuiria o impacto do solo Outro fator importante e o raio que a copa pode atingir sendo entao importante que um teacutecnico possa sugerir a especie adequada para aquele espaccedilo Procedimento indicado tambeacutem para as calccediladas em que haacute presenccedila de elementos arboacutereos visto que as dimensotildees de algumas calccediladas possuem pouco espaccedilo

Tendo-se grande atenccedilatildeo quanto agrave escolha de espeacutecies vegetal da qual se vai introduzir no espaccedilo das praccedilas ou aacutereas livres nas escolas calccediladas entre outros por conta da influencia que este elemento bioacutetico pode provocar na paisagem Influencias estas que podem ser realizadas negativamento quando proximo das aacutervores existem redes eleacutetricas de altura baixa ou meacutedia que permite a vegetaccedilatildeo encostar em seus galhos redes de esgostos podem ser atingidos pelas raizes de algumas especies questotildees no tocante a pragas e animais que podem corroer o caule da vegetaccedilatildeo e provocar danos na sua estrutura ou ateacute mesmo queda sem que se perceba a tempo tal accedilatildeo entre outros pontos

Como exemplo aponta-se um caso que ocorreu durante o periacuteodo em que foram realizadas as observaccedilotildees das pesquisas nas praccedilas mais especificamente na Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula em que a Eritrina-brasileirinha uma aacutervore de meacutedio porte com folhagem muito ornamental chegando de 8 a 12m de altura com folhas verdes e amarelas estaria sendo atacada por algum tipo de praga e em consequecircncia deixava o cauletronco uacutemido e de aspecto pouco resistente como um desprendimento das ceacutelulas originando um aspecto fofo como pode ser observado na figura 9 a seguir

Figura 7 8 e 9 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

Verificou-se que nenhuma providencia foi efetivamente tomada e a aacutervore foi com o tempo perdendo suas

folhas secando ateacute o ponto de restar apenas os galhos sem vida momento em que se notaram as condiccedilotildees fiacutesicas dela e resolveram cortar seus galhos e depois tronco uma retirada da aacutervore por conta do risco que ela apresentava para as

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pessoas que circulavam pela praccedila e ao mesmo tempo para os patrimocircnios privados como lojas comercias carros motos situados proacuteximos agrave praccedila

Configuram-se algumas das realidades que podem ser vistas nos ambientes principalmente quando se fala de vegetaccedilatildeo ressaltando ser de suma importacircncia se pensar em um planejamento que envolva o manejo e tratamento necessaacuterios a manter as condiccedilotildees ambientais e fiacutesicas das aacutervores presentes nos espaccedilos livres puacuteblicos incluindo-se as escolas

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estes ldquoespaccedilos livres puacuteblicosrdquo os quais constituem em sua maioria importante representaccedilatildeo do verde urbano

das cidades principalmente das interioranas podem ser entendidos como redutos de condiccedilotildees ambientais mais afaacuteveis em detrimento da grande quantidade de equipamentos como preacutedios casas asfalto inerentes ao contexto urbano que via de regra alteram o equiliacutebrio tanto climaacutetico quanto paisagiacutestico do lugar provocando desconforto na populaccedilatildeo

Revela-se que todas as pessoas que foram alvo de entrevistas realizadas por meio de formulaacuterio misto e aquelas que se realizaram pelo diaacutelogo apontam semelhanccedilas quanto agrave maioria das pessoas que fizeram parte destes processos ou seja apontarem ser positiva a presenccedila das aacutervores nos dois objetos de estudo

Destacando-se a relevacircncia quanto agraves funccedilotildees desempenhadas pela vegetaccedilatildeo no ambiente apontando-se para suas benesses ecoloacutegicas culturais paisagiacutesticas entre outras E que a ldquonaturezardquo eacute revelada atraveacutes das praccedilas e tambeacutem nas escolas puacuteblicas quando apresenta e oferece vivencia nas aacutereas verdes urbanas

A manifestaccedilatildeo do verde urbano pode ser apresentada em diferentes espaccedilos e por conseguinte fazem uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo nos ambientes transformados pelo homem agraves cidades principalmente em Canhotinho-PE em que se pode observar a presenccedila arboacuterea em diferentes espaccedilos do municiacutepio e natildeo somente em espaccedilos como os aqui contemplados atraveacutes de praccedilas e escolas

A plantaccedilatildeo de algumas aacutervores natildeo resolveraacute todo o problema dos sistemas urbanos entretanto aparece como uma das possibilidades de se minimizar as dificuldades apresentadas no espaccedilo Cabe entatildeo investigar a relaccedilatildeo entre o verde das praccedilas e os equipamentos da cidade tendo em vista a necessidade de um manejo apropriado das espeacutecies arboacutereas Os entrevistados falam em seu discurso sobre a importacircncia da presenccedila da vegetaccedilatildeo nos espaccedilos urbanos quanto aos aspectos paisagiacutesticos social nas condiccedilotildees ambientais do tempo e de aspectos ecoloacutegicos Constituindo-se principalmente em elementos destacados como importantes benefiacutecios por vezes apontando a ligaccedilatildeo subjetiva e sentimento revelado do que representa estes espaccedilos livres para cada um

E para tanto se observa a necessidade que a Secretaria da Educaccedilatildeo junto agrave Secretaria ou responsaacutevel pela gestatildeo ambiental do municiacutepio a promoverem iniciativas quanto ao processo de arborizaccedilatildeo e possam criar projetos inserindo comunidade escolar para o temaacuterio criando quem sabe um plano ou programa de educaccedilatildeo ambiental que vise conscientizar a comunidade escolar e tambeacutem a populaccedilatildeo da cidade fazendo com que haja uma aproximaccedilatildeo para uma sensibilizaccedilatildeo quanto agraves questotildees ambientais

A populaccedilatildeo por sua vez poderia contribuir para tornar a cidade mais humanizada e com uma melhor qualidade de vida a partir de intervenccedilotildees que propotildee o elo afetivo com tal lugar Sendo uma das funccedilotildees importantes da arborizaccedilatildeo natildeo soacute o lazer e a esteacutetica paisagiacutestica do lugar mas tambeacutem a percepccedilatildeo de prazer calma lembranccedilas identificaccedilatildeo com os elementos dispostos na aacuterea entre outros

Contextualizando assim a presenccedila de aacutervores em tais ambientes contribui na reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar e sonora trazendo assim para perto dos alunos um bem estar e um contado mais direto com a natureza Aprendendo a ter de cuidar do meio em que vivem e percebendo a importacircncia de tal atitude quando se toma consciecircncia das influencias provocadas pela relaccedilatildeo existente entre o homem no meio em que vive

Para isso as observaccedilotildees realizadas e que ainda se faratildeo intenciona apontar e mostrar para tais instituiccedilotildees a importacircncia da arborizaccedilatildeo e seus benefiacutecios e com isso conscientizar as entidades escolares para que ao longo deste percurso de estudo possam gestores ou responsaacuteveis introduzir uma aacuterea livre em sua escola para vegetaccedilatildeo favorecendo dessa forma um ambiente mais agradaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico paisagiacutestico e cultural

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Os estudos realizados satildeo uma pequena iniciativa e traz um esboccedilo sobre o olhar geograacutefico com um objeto de estudo que natildeo eacute muito utilizado pelos profissionais da aacuterea ou seja uma praccedila como manifestaccedilatildeo da natureza ndash a vegetaccedilatildeo ndash ainda presente ou a volta desta para a cidade como subsidio para se compreender as suas distintas funccedilotildees desempenhados na malha urbana E que assim como um espaccedilo puacuteblico livre pode revelar distintas percepccedilotildees quanto ao uso e ocupaccedilatildeo realizados pelas pessoas bem como os elementos presentes em cada espaccedilo que se revelam sendo pois um objeto de estudo de outros estudiosos mas que se revelam como uma promissora perspectiva do ambito geograacutefico

Abrangendo ainda o ambiente interno de patrimocircnios puacuteblicos ou privados no caso as escolas municipais de Canhotinho-PE como parte da curiosidade de compreender as visotildees que as pessoas tecircm em relaccedilatildeo a composiccedilatildeo arboacuterea presente em distintos espaccedilos

REFEREcircNCIAS

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BENINI Sandra Medina Aacutereas verdes puacuteblicas Mini-curso In VII Foacuterum Ambiental da Alta Paulista Tupatilde SP 2011

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COSTA SOBRINHO Werton Francisco Rios da Praccedila Rio Branco espacialidade cotidiano e memoacuteria In OLIVEIRA Stanley Braz de VASCONCELOS JUacuteNIOR Elmo de Paula VASCONCELOS Joseacute Geraldo ARAUacuteJO Maacutercio Igleacutesias (Orgs) Espaccedilos e tempos de aprendizagens geografia e educaccedilatildeo na cultura Fortaleza Ediccedilotildees UFC 2011

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MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e Meio ambiente 6ordm ed Satildeo Paulo Conxteto 2002

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TUAN Yi-fu Topofilia Um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo DIFEL 1980

62- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE

JUPI-PE

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Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

Na vida moderna o contato Fiacutesico com o proacuteprio meio ambiente natural eacute cada vez mais indireto e limitado a ocasiotildees especiais

Yi-Fu Tuan (1980 p 110)

Nos centros urbanos a vegetaccedilatildeo tem diversas funccedilotildees no ambiente Nas cidades pode-se identificar facilmente as diferenccedilas que existem entre as aacutereas arborizadas e aquelas desprovidas de vegetaccedilatildeo pois os locais arborizados tornam-se mais agradaacuteveis aos olhos do ser humano proporcionando um bem-estar segundo Yi-Fu Tuan (1980 p 7) ldquoA visatildeo humana como de outros primatas evoluiu em um meio arboacutereo ()rdquo Sendo assim a arborizaccedilatildeo tem um importante papel quando se fala no bom-humor do homem Por sua vez Gomes (2005 p57) completa falando que as aacutereas verdes ldquodo ponto de vista psicoloacutegico e social influencia o estado de acircnimo dos indiviacuteduos massificados com o transtorno das grandes cidadesrdquo O autor afirma tambeacutem que a vegetaccedilatildeo oferece outros benefiacutecios como por exemplo ldquoregula a umidade e temperatura do ar mantem a permeabilidade fertilidade e umidade do solo e protege-o contra a erosatildeo e reduz os niacuteveis de ruiacutedos servindo como amortecedor do barulho das cidadesrdquo

Geralmente as cidades natildeo possuem um preacutevio planejamento de arborizaccedilatildeo em virtude desse tipo de atitude e acabam adquirindo um manejo incorreto na hora de plantar uma aacutervore com essa pratica ela acaba natildeo conseguindo apresentar seus benefiacutecios e sim muitos problemas Para obter os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio um planejamento adequado pois as necessidades urbanas envolvem uma avaliaccedilatildeo esteacutetica econocircmica psicoloacutegica entre outras Pois mesmo as cidades que se adequam a um planejamento estatildeo sujeitas no futuro a necessitar de ajustes Tomando-se como referencia Dantas e Souza (2004) os mesmos dizem que o ato de planejar a arborizaccedilatildeo eacute fundamental para o desenvolvimento urbano pois dessa forma evita prejuiacutezos para o meio ambiente

E foi devido aos muacuteltiplos benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para o meio ambiente e sociedade que o municiacutepio de Jupi-PE adotou um planejamento adequado para a cidade o que contribuiu bastante para a educaccedilatildeo ambiental da populaccedilatildeo

1 PRINCIacutePIO DA PRAacuteTICA DE ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Durante muito tempo observou-se a aacutervore apenas como um fator esteacutetico da paisagem assim sendo sempre observada de um modo individual e natildeo coletivo ela natildeo passava de mais um elemento que integrava o cenaacuterio observado Do mesmo modo que a superfiacutecie da terra eacute vista de diferentes formas pois cada indiviacuteduo tem sua percepccedilatildeo em observar os elementos que o rodeia A respeito da visatildeo diversificada que existe quanto ao modo de ver a superfiacutecie da terra Yi-Fu Tuan (1974 p 6) diz que ldquosatildeo as mais variadas agraves maneiras como as pessoas percebem e

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avaliam essa superfiacutecie Duas pessoas natildeo veem a mesma realidade Nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avaliaccedilatildeo do meio ambienterdquo

No entanto para entender o contexto de arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio que se observe aleacutem do colorido que se produz deve-se observa-la de uma forma sistecircmica para que se possa entender todos os seus valores

Ao escolher uma aacutervore para compor a paisagem urbana natildeo se deve apenas atentar para a beleza que ela proporciona para a cidade mas se faz necessaacuterio se ater para o fator ecoloacutegico que ela desempenha no meio ambiente Desse modo a aacutervore eacute um elemento da paisagem que traz consigo diversos benefiacutecios para o meio ambiente entre eles para o microclima da regiatildeo e para a reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar

Em contrapartida a arborizaccedilatildeo urbana sem um devido planejamento proporciona diversos conflitos na estrutura urbana como por exemplo a pressatildeo exercida pelas raiacutezes nas calccediladas podem provocar rachadurase especificamente arvores de grande porte quando plantadas em calccediladas podem prejudicar a visibilidade de placas de tracircnsitofavorecendo riscos de acidentes Para erradicar tais problemas entre tantos outros e visando os benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para a cidade a Prefeitura Municipal da cidade de Jupi-PE em 2011 aprovou um projeto de Educaccedilatildeo Ambiental que ficou conhecido por ldquoProjeto Meio Ambienterdquo

2 REFLEXOS DA ADOCcedilAtildeO DA ARBORIZACcedilAtildeO NA CIDADE DE JUPI-PE

Desde a implantaccedilatildeo do projeto ateacute os dias atuais o municiacutepio de Jupi-PE vem apresentado vaacuterios resultados positivos pois representou para a cidade uma grande evoluccedilatildeo no sentindo ambiental Uma vez que existiu e existem discussotildees junto agrave populaccedilatildeo para a conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente palestras realizadas nas escolas municipais da cidade (figura 1 e 2) levando informaccedilotildees sobre educaccedilatildeo ambiental para as crianccedilas fazendo com que elas tenham uma noccedilatildeo do impacto que causam ao meio ambiente quando jogam lixo de forma inadequada ou destroem uma planta movimentaccedilotildees como campanhas na zona rural e urbana do municiacutepio incentivando a populaccedilatildeo para a arborizaccedilatildeo fazendo doaccedilotildees de mudas de arvores (figura 3) e ajudando na sua plantaccedilatildeo para serem cultivadas nos quintais calccediladas e jardins da comunidade e assim aumentando a mancha verde da cidade

Figura 1 Palesta de Educaccedilatildeo Ambiental na Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima

Fonte Paacutegina no Facebook ANDUHS 2013

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Figura 2 Desfile da Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima nas ruas da cidade em comemoraccedilatildeo ao dia do meio ambiente

Fonte Paacutegina no facebook JG viacutedeo Locadora 2013

Figura 3 Doaccedilotildees de mudas de aacutervores para a populaccedilatildeo de Jupi-PE

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

Figura 4 Prefeita Celina Maciel e os voluntaacuterios do projeto Meio Ambiente comemorando o dia do Meio Ambiente em 07072013

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Na figura 4 acima eacute possiacutevel observar o engajamento da prefeita Celina Tenoacuterio de Brito Maciel para a melhoria da cidade a mesma saiu nas ruas de Jupi juntamente com os voluntaacuterios que trabalham para uma melhor qualidade de vida atraveacutes da arborizaccedilatildeo No quadro 1 a seguir estatildeo exemplificadas algumas das espeacutecies de aacutervores que foram distribuiacutedas para a populaccedilatildeo

Nome comum Nome cientiacutefico

Nim Azadirachta indica A Juss

Palmeira imperial Roystoneaooleracea

Ipecirc roxo Handroanthusimpetiginosus

Ipecirc amarelo Tabebuia chrysotricha

Ipecirc branco Tabebuia roseo-alba

Canafistula Cassia leptophylla

Castanhola Terminaliacatappa

Jambo Sysygiummalaccense

Algaroba Prosopisjuliflora

Carambola Averrhoa carambola

Pau-Brasil Caesalpiniaechinata

Eucalipto Eucalyptus globulus Labill

Acaacutecia Amarela Acaciapodalytifolia

Quadro 1 Nomes comuns e cientificos de algumas das espeacutecies de arvores distribuiacutedas na cidade de Jupi-PE

Analisando-se o quadro 1 pode-se observar que as espeacutecies que foram distribuiacutedas satildeo na sua maioria aacutervores exoacuteticas e percebe-se que natildeo foi dada preferencia para as nativas No entanto mesmo existindo a preferecircncia por espeacutecies estrangeiras verifica-se que as praticas de arborizaccedilatildeo estatildeo funcionando na cidade contribuindo tambeacutem para o seu visual assim conseguindo adquirir mais credibilidade abrilhantando-seaos olhos dos seus visitantes e da populaccedilatildeo jupiense

As figuras 5 e 6 a seguir mostram algumas das calccediladas da cidade que receberam algumas das aacutervores

Figura 5 Castanholas (Terminaliacatappa) plantadas nas calccediladas da Rua Joseacute Correia de Lima

Fonte Leticia Oliveira 2013

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Figura 6 Aacutervores diversas plantadas na calccedilada do Foacuterum de Jupi localizadas na Rua Antocircnio Pereira Braga Fonte Leticia Oliveira 2013

A figura 7que se seguem nos mostra a evoluccedilatildeo do Hospital Municipal de Jupi que antes era um Posto de Higiene

mas o quese quer destacar satildeo as aacutervores que foram plantadas na sua frente no trancorrer dos anos fazendo com que o mesmo receba um olhar diferenciado pela sua valorizaccedilatildeo esteacutetica

Figura 7 A influecircncia do verde na evoluccedilatildeo frontal do Hospital Municipal de Jupi Fonte Leticia Oliveira 2013

3 HISTOacuteRIA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Os espinhos chamados pelos nativos de yupi que significa espinho agudo deu origem ao nome do municiacutepio de Jupi que como povoado pertenceu ao municiacutepio de Brejo da Madre de Deus jaacute na categoria de distrito passou a

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pertencer a outro municiacutepio denominado de Satildeo Bento do Una depois passou ao municiacutepio de Canhotinho a seguir ao municiacutepio de Palmeirina e por uacuteltimo ao municiacutepio de Angelim8

Nos meados do seacuteculo XVI o portuguecircs Antocircnio Vieira de Melo desterrado de Portugal para o Brasil por ordem da Coroa desembarcou em Salvador e foi deportado pelo governo da eacutepoca para o interior do Estado penetrando pelas matas Depois de vaacuterios meses foi ter em taba de iacutendios no Estado de Alagoas onde hoje estaacute localizada a cidade de Uniatildeo dos Palmares Em pouco tempo conseguiu a simpatia e confianccedila dos iacutendios Atingiu o planalto de Garanhuns na Capitania de Pernambuco cujo donataacuterio na eacutepoca era Duarte Coelho Pereira Dali embrenhou-se nas matas vindo ter ao sopeacute de uma serra onde havia abundante aacutegua boa e bastante caccedila onde tambeacutem elementos da mesma tribo de origem tinham feito uma aldeia nas proximidades de uma fonte por eles denominada Olho Daacutegua de Yu-py As malocas desta aldeia iacutendios Caeteacutes tribo que tinha como idioma o Tupi foram feitas e cobertas com folhas das palmeiras nativas do local que os iacutendios denominaram de Ouricury

Deste ponto Antocircnio Vieira de Melo resolveu ir agrave Bahia pedindo ao chefe da tribo dois iacutendios de sua confianccedila para seremseus companheiros de viagem Laacute chegando foi bem recebido pelo governador da Bahia relatando ao mesmo todos os acontecimentos Em troca solicitou o fornecimento de ferramentas e sementes para o cultivo da terra feacutertil do Olho Daacutegua de Yu-py Voltando agrave Bahia a fim de prestar contas ao governador do que havia feito e resultado obtido desviou-se da rota traccedilada para viagem tomando-se entatildeo prisioneiro com seus companheiros de uma tribo canibal sendo todos amarrados estando agrave fogueira acesa onde seria ele e seus companheiros assados vivos Antocircnio Vieira de Melo recorreu agrave Virgem Santiacutessima do Rosaacuterio prometendo que se fosse salvo com seus companheiros buscaria a sua imagem em Portugal e com os iacutendios ergueriauma capela em sua honra na localidade Olho DAacutegua de Yu-py cingindo sua fronte com uma coroa de ouro maciccedilo Satildeo e salvo Antocircnio Vieira de Melo cumpriu sua promessa trazendo a imagem que ficou sendo venerada em Jupi (PREFEITURA MUNICIPAL DE JUPI sd)

Ao longo de sua historia o municiacutepio recebeu nomes como Olho Daacutegua de Yu-py Jupy mas foi somente em 1948 que houve alteraccedilatildeo para Jupi atraveacutes da Lei Estadual nordm 421 de 31 de dezembro de 1948 Sua emancipaccedilatildeo no entanto se deu em 1958 pelo entatildeo deputado Joatildeo Calado Borba quando foi apresentada agrave Assembleia Estadual a proposta de emancipaccedilatildeo de Jupi do municiacutepio de Angelim Assim deu-se a aprovaccedilatildeo da Lei nordm 3331 de dezembro de 1958

O municiacutepio se localiza na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do Semiaacuterido pernambucano e encontra-se inserido no Planalto da Borborema apresentando relevo suave e ondulado Eacute uma cidade que se localiza em uma aacuterea de transiccedilatildeo entre os biomas da Caatinga e Mata Atlacircntica apresenta vegetaccedilatildeo (figura 8) composta por subcaducifoacutelica e caducifoacutelica Jupi encontra-se nos domiacutenios das bacias hidrograacuteficas (figura 9) dos rios Mundauacute e Una e tem como principais tributaacuterios os rios da Chata e do Retiro e os riachos do Estreito e Volta do Rio

8 IBGE ndash Disponiacutevel emhttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historico Acesso em 13 jan 2014)

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Figura 8 Mapa de vegetaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi

Fonte Adaptado por Samuel Othon 2013

Figura 9 Mapa da Hidrografia de Jupi-PE

Fonte adaptada Samuel Othon 2013

Mostra-se tambeacutem o mapa de localizaccedilatildeo da cidade de Jupi-PE no estado de Pernambuco (figura 10) e as fotos da antiga Praccedila do Rosaacuterio e como ela se encontra atualmente (Figuras 12 e 13)

70- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 10 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi-PE

Fonte adaptada por Leticia Oliveira 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes (figura 11) satildeo Satildeo Bento do Una ao norte Jucati ao oeste Satildeo Joatildeo e Angelim ao sul e

Calccedilados ao Leste O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Figura 11 Mapa dosmuniciacutepios limiacutetrofes

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Figura 12 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE antigamente

Fonte Google 2013

Figura 13 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE atualmente

Fonte Google 2013 4 FORMACcedilAtildeO ADMINISTRATIVA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Em divisatildeo administrativa referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Jupy pela lei estadual nordm 1931 de 11 de setembro de 1931 eacute criado o novo municiacutepio de Angelim passando o distrito de Jupy a pertencer ao municiacutepio de Angelim

72- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na divisatildeo referente ao de 1933 o distrito de Jupy figura no municiacutepio de Angelim pela lei estadual nordm 421 de 31-12-1948 o distrito de Jupy teve sua grafia alterada para Jupi

Em divisatildeo territorial datada de 01 de setembro de 1950 o distrito de Jupi figura no municiacutepio de Angelim e assim permanecendo ate 01 julho de 1955 Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Jupi pela Lei Estadual nordm 3331 de 31 de dezembro de 1958 quando desmembrado de Angelim Aleacutem da sede no antigo distrito de Angelim constituem-se mais dois distritos Jupi e Jucati ex-Pindorama Desmembrado de Angelim Instalado em 11 de marccedilo de 1962

Com a separaccedilatildeo datada de 31 de dezembro de 1963 o municiacutepio fica constituiacutedode 2 distritos Jupi e Jucati e pela Lei Municipal nordm 97 de 13 de marccedilo 1968 eacute criado o distrito de Neves o qual eacute anexado ao municiacutepio de Jupi

Na desagregaccedilatildeo datada de 01 de janeiro 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo de 3 distritos Jupi Jucati e Neves Mas pela Lei Estadual nordm 10624 de 01 de janeiro 1991 desmembra-se do municiacutepio de Jupi os distritos de Jucati e Neves para formar o novo municiacutepio de Jucati com aacuterea acrescida pelo povoado de Neves

Em divisatildeo territorial datada de 01 de junho de 1995 o municiacutepio fica constituiacutedo do distrito sede apenas assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 20059 5 JUPI UM DOS MAIORES PRODUTORES DE FARINHA DE MANDIOCA DO AGRESTE PERNAMBUCANO

A mandioca eacute uma planta de origem sul-americana cultivada desde a antiguidade pelos povos nativos desse continente Oriunda de regiatildeo tropical encontra condiccedilotildees favoraacuteveis para seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais

De modo geral o plantio deve ser feito no iniacutecio da estaccedilatildeo chuvosa quando a umidade e o calor tornam-se elementos essenciais para a brotaccedilatildeo enraizamento e estabelecimento das plantas no campo Em decorrecircncia da grande extensatildeo territorial do Brasil e das diferenccedilas regionais de clima e solo o plantio da mandioca ocorre em diferentes eacutepocas10

Assim por sua facilidade de adaptaccedilatildeo e grande aproveitamento a mandioca tornou-se para Jupi um das maiores fontes de renda embora os produtores de farinha de mandioca da regiatildeo natildeo tenham rentabilidade adequada Uma vez que o aproveitamento dessa planta eacute totalizado em quase cem por cento pois seu caule (maniva) serve de raccedilatildeo para animais e como semente sua raiz a mandioca eacute para a fabricaccedilatildeo de farinha feacutecula ou amido mandioca de mesa (aipim macaxeira) e a casca da mandioca tambeacutem eacute utilizada como alimentaccedilatildeo para animais aleacutem do liquido que eacute extraiacutedo da prensagem da mandioca (manipueira) na hora da fabricaccedilatildeo da farinha

No entanto Jupi por produzir uma alta quantidade de farinha de mandioca acaba por poluir bastante o meio ambiente pois a manipueira conteacutem aacutecido cianiacutedrico que possui um altiacutessimo grau de toxidez e inflamabilidade Quando esse liquido eacute jogado a ceacuteu aberto traz inuacutemeros prejuiacutezos Nesse pensamento Oliveira Silva et al completam

Muitos produtores despejam a manipueira de forma concentrada e em grande quantidade a ceacuteu aberto ou em cursos dacuteaacutegua agredindo assim o meio ambiente com elevada carga de mateacuterias orgacircnicas e aacutecido cianiacutedrico (OLIVEIRA SILVA et al 2013p 1)

Aleacutem de poluir o meio ambiente estaacute tambeacutem desperdiccedilando um liquido riquiacutessimo porque a manipueira eacute reutilizaacutevel de diversas formas como apontam os autores jaacute citados

Para que a manipueira deixe de ser um veneno e se transforme em um complemento alimentar seguro basta submetecirc-la agrave fermentaccedilatildeo anaeroacutebica O aacutecido cianiacutedrico considerado venenoso evapora e resta a manipueira pronta para servir de complemento alimentar para o gado Constitui-se ainda agrave fabricaccedilatildeo de tijolos e a produccedilatildeo do bioetanol misturada com oacuteleo de mamona ela pode ser usada tambeacutem no controle de carrapatos (OLIVEIRA SILVA et al p 1 2013)

9 IBGE Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historicogt Acesso em 13 jan 2014 10 EMBRAPA - Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso 22 jan 2014

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A zona urbana da cidade de Jupi conta com cinco casas de farinha consideradas de grande porte e dezenas na zona rural Sendo assim a economia da cidade eacute baseada na fabricaccedilatildeo da farinha pois uma boa parcela da populaccedilatildeo trabalha nessas fabricas Em 2011 aconteceu a FEMUPE- Festas dos municiacutepios de Pernambuco e o municiacutepio de Jupi foi apresentado como ldquoTerra da farinha de mandiocardquo ( figura 14)

Figura 14 Representaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi como sendo um forte produtor da farinha de mandioca na FEMUPE 2011 Fonte Site prefeitura de Jupi

6 POPULACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Com o passar dos anos o municiacutepio de Jupi teve uma diminuiccedilatildeo na sua populaccedilatildeo a tabela a baixo especifica esse decliacutenio

ANO JUPI PERNAMBUCO BRASIL

1991 19865 7127855 146825475

1996 11606 7361368 156032944

2000 12329 7918344 169799170

2007 13628 8485386 183987291

2010 13705 8796448 190755799

Fonte IBGE Censo Demograacutefico 1991 Contagem Populacional 1996 Censo Demograacutefico 2000 Contagem Populacional 2007 e Censo Demograacutefico 2010

7 PRAacuteTICAS PARA UM PLANEJAMENTO DE ARBORIZACcedilAtildeO URBANA

Retomando-se a questatildeo da arborizaccedilatildeo tem-se queum planejamento adequado para a inserccedilatildeo de aacutereas verdes nas zonas urbanas dos municiacutepios deve por principio respeitar os valores culturais e ambientais da cidade Tem que ser devidamente bem elaborado e estudado pois pode trazer prejuiacutezos para a populaccedilatildeo em vez de benefiacutecios Uma vez que

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os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo estatildeo condicionados ao seu planejamento esse tipo de procedimento eacute importante independentemente do porte da cidade

Os habitantes de uma cidade bem arborizada percebem e valorizam os benefiacutecios ambientais sociais paisagiacutesticos e patrimoniais proporcionados pelas as arvores e pelos espaccedilos verdes existentes mas natildeo abrem matildeo de serviccedilos puacuteblicos de qualidade como o acesso contiacutenuo a energia eleacutetrica aacutegua ou telefonia (MANUAL DE ARBORIZACcedilAtildeO 2011 p 4)

Quando se trata de arborizaccedilatildeo Sinvinskas (1999 p 1) define que o ato ou efeito de arborizar ldquoArborizar por seu turno eacute plantar ou guarnecer de arvoresrdquo Mas o planejamento da arborizaccedilatildeo na aacuterea urbana passa pelo processo da escolha da arvore a ser plantada ou seja da arvore certa para o lugar certo levando em consideraccedilatildeo os processos cientiacuteficos e teacutecnicos para seu estabelecimento em curto meacutedio e longo prazo Santos (2001 2002) considera que a arborizaccedilatildeo em locais privados como jardins e quintais tambeacutem fazem parte da paisagem urbana afirma que

Em suma toda vegetaccedilatildeo ou arvore isolada quer que seja publica ou particular ou de qualquer forma de disposiccedilatildeo que exista na cidade constitui a ldquomassa verde urbanardquo por consequecircncia a sua aacuterea verde Aliaacutes haacute divergecircncias ateacute quando a forma de obter o iacutendice aacuterea verdehabitante pois alguns utilizam em seus caacutelculos somente as aacutereas publicas enquanto outros toda a ldquomassa verderdquo da cidade Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as publicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo ( SANTOS 2001 2002 p 1 e 2)

A arborizaccedilatildeo pode ser implantada em diversos ambientes como parques praccedilas ruas calccediladas jardins entre outras localidades No entanto existem diferenccedilas entre esses locais na hora de se plantar Nos parques a escolha quanto ao porte da aacutervore eacute mais flexiacutevel comparada a outros locais pois possuem bastante espaccedilo para as raiacutezes e copas de arvores de grande porte jaacute nas ruas e calccediladas existem mais restriccedilotildees requer mais cuidado por existir a presenccedila de fiaccedilatildeo aeacuterea e subterracircnea asfaltamento a infraestrutura da calccedilada tem que ser observada porque com o passar do tempo pode vir a danifica-la e no caso da arvore caducifoacutelia pode causar o entupimento das calhas e redes de esgoto vindo a poluir as vias puacuteblicas devido ao excesso de folhas caiacutedas

Quando o planejamento do plantio de arvores nas calccediladas natildeo eacute bem elaborado elas sofrem um impacto ambiental muito grande ou seja quebra de galhos podem morrer por falta de aacutegua podas incorretas Essas agressotildees prejudicam o ciclo de vida da aacutervore provocando o seu envelhecimento precoce

Quanto aos jardins De Angelis em Lonboda relatam que

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constituem-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A principio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LONBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Completando o pensamento sobre jardins Chaves (2012) diz que

Logo o jardim se constitui em aacuterea de casa destinada ao cultivo do verde com caracteriacutesticas arboacutereas ou natildeo com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais o que exige a atenccedilatildeo e cuidados especiais resultando em gastos para a sua manutenccedilatildeo (CHAVES p 635 2012)

No entanto a melhor forma de planejar a arborizaccedilatildeo de uma cidade eacute primeiro levantar as caracteriacutesticas fiacutesicas dos locais onde seratildeo plantadas as aacutervores para depois definir os criteacuterios da escolha da espeacutecie para cada regiatildeo soacute posteriormente levantar a espeacutecie a ser plantada Tem-se que observar tambeacutem a melhor espeacutecie que se adequa aos termos paisagiacutesticos do local considerar os limites fiacutesicos e bioloacutegicos que o local impotildee ao crescimento da arvore e analisar quais espeacutecies seriam mais adequadas para melhorar o microclima e outras condiccedilotildees ambientais daquela localidade Um exemplo de arborizaccedilatildeo (figura 15) no municiacutepio de Jupi-PE

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Figura 15 Palmeiras Imperiais plantadas no canteiro da Br 423 na cidade de Jupi-PE

Fonte Leticia Oliveira 2013

Percebe-se claramente a opccedilatildeo feita por palmeiras imperiais que satildeo na realidade exoacuteticas Esse fato reforccedila a

ideia que se tem inclusive na literatura de que a vegetaccedilatildeo nativa natildeo apresenta qualquer tipo de beleza mas que por outro lado esta associada ao atraso falta de desenvolvimento e por que natildeo dizer ao estado de pobreza Almeja-se entatildeo que o bioma caatinga principal representante das zonas fisiografias do Agreste e do Sertatildeo seja visto de uma forma mais positiva e assim contribuir para a promoccedilatildeo de seu estudo dirigido ao paisagismo publico e particular

A importacircncia da arborizaccedilatildeo nos centros urbanos

As aacutervores satildeo a maior forma de vida existente no planeta presentes em praticamente todos os continentes Apresentam alto grau de complexidade e de adaptaccedilotildees agraves condiccedilotildees do meio permitindo sua convivecircncia em diversos ambientes incluindo as cidades (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) 2011 p 11)

A maioria da populaccedilatildeo reside nos centros urbanos que se caracterizam pelas construccedilotildees civis que a cada ano vem crescendo Com o crescimento das cidades consequentemente haacute alteraccedilotildees no clima como a intensidade da radiaccedilatildeo solar a temperatura a umidade relativa do ar a precipitaccedilatildeo entre outros fatores que alteram o conforto da populaccedilatildeo

Os aspectos ambientais das aacutereas verdes estatildeo interligados ao se ter ou adquirir um planejamento de arborizaccedilatildeo na cidade As aacutervores purificam o ar esse eacute um dos seus principais benefiacutecios Pois a poluiccedilatildeo do ar eacute um dos maiores transtornos dos grandes centros urbanos Neste sentido a arborizaccedilatildeo urbana consiste no plantio de aacutervores nas aacutereas livres tornando-se assim uma possibilidade de minimizar os aspectos negativos do avanccedilo das cidades

Os benefiacutecios gerados pelas aacutereas verdes vatildeo aleacutem da recreaccedilatildeo para a populaccedilatildeo e seus valores esteacuteticos suas funccedilotildees excedem amplamente essas funccedilotildees Amenizam os aspectos ambientais adversos tambeacutem eacute importante sob os aspectos histoacutericos culturais esteacuteticos paisagiacutesticos assim contribuindo para

A melhoria da qualidade do ar Reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo Evita a erosatildeo do solo Direcionamento do vento Formaccedilatildeo de barreiras visuais proporcionando privacidade O embelezamento da cidade A melhoria fiacutesica e mental da populaccedilatildeo O aumento do valor das propriedades

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Podem-se observar os benefiacutecios das aacutervores no seu sentido histoacuterico cultural nas imagens a seguir (figuras 16 e

17)

Figura 16 Aacutervores histoacutericas do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atual Academia da Cidade de Jupi

Fonte Paacutegina no Facebook JG viacutedeo locadora

Figura 17 Antes local do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atualmente (2014) Academia da Cidade

Fonte Leticia Oliveira 2013

Entatildeo pode-se assim afirmar que aleacutem de tudo as aacutervores possuem valores centenaacuterios que contribuem para a

histoacuteria da cidade Pois mesmo passando-se anos as mesmas aacutervores continuam nos lugares de sempre perpassando pela a vida de centenas de moradores e visitantes da cidade Enfatizando-se os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo para os centros urbanos Souza et al diz que

Natildeo haacute duvidas de que a arborizaccedilatildeo urbana eacute um instrumento eficaz para minimizar os impactos negativos dos centros urbanos defender o meio ambiente como um direito comum natildeo deve ser apenas uma iniciativa de militantes mas uma obrigaccedilatildeo do governo e da sociedade (SOUZA et al 2006 p 66)

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Aleacutem disso arborizaccedilatildeo urbana eacute caracterizada principalmente pelos elementos de porte arboacutereo em parques calccediladas de vias puacuteblicas e jardins sem serem denominadas e entendidas Aacutereas de preservaccedilatildeo Permanente (APP) e podem ser divididas em aacutereas verdes de uso puacuteblico (lazer) e particular

As aacutervores e as aacutereas verdes urbanas tornam-se importantes para a preservaccedilatildeo do meio ambiente o que aumenta sua importacircncia para a coletividade agregando-lhe o fator ecoloacutegico 8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute evidente a importacircncia de um planejamento de arborizaccedilatildeo na zona urbana mas os municiacutepios ainda possuem uma enorme deficiecircncia quanto a esse processo Infelizmente a preocupaccedilatildeo de quem planeja estaacute centrada em caracteriacutesticas socioeconocircmicas deixando de lado a importacircncia dos elementos naturais

Portanto eacute necessaacuterio que existam algumas medidas a serem tomadas pelos gestores das cidades pois a arborizaccedilatildeo eacute vital para a cidade e para o meio ambiente Satildeo inuacutemeras suas contribuiccedilotildees uma delas eacute para melhorar o clima e sobretudo a qualidade de vida Atraveacutes de pesquisas realizadas com a populaccedilatildeo jupiense foi possiacutevel observar que as praacuteticas educacionais implantadas na cidade tiveram um importante papel foi possiacutevel perceber que a populaccedilatildeo obteve oportunidades para aprimorar seus conhecimentos sobre Educaccedilatildeo Ambiental neste contexto a arborizaccedilatildeo foi a que mais se destacou por que contribuiu tambeacutem para a mudanccedila visual do municiacutepio REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

CHAVES Ana Maria Severo AMADOR Maria Betacircnia Delineamento do verde existente em quintais jardins e calccediladas correntes-PE Anais do III SPGEO Natal ISSN 2178-8804 2012

CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) Manual de arborizaccedilatildeo Belo Horizonte CemigFundaccedilatildeo Biodiversitas 2011 Disponiacutevel em lt wwwcomigcombrManual-Arborizaccedilatildeo-Cemig-biodiversidadepdgt acesso em 28 dez 2013

DANTAS I C SOUZA C M C Arborizaccedilatildeo urbana na cidade de Campina Grande-PB Inventaacuterio e suas espeacutecies Revista de Biologia e ciecircncias da Terra Universidade da Praiacuteba Campina Grande 2004

EMBRAPA-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Mandioca e Fruticultura Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso em 22 jan 2014

GOMES Marcos Antocircnio Silvestre As praccedilas de Ribeiratildeo Preto-SP uma contribuiccedilatildeo geograacutefica ao planejamento e agrave gestatildeo dos espaccedilos puacuteblicos 204 f 2005 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal de Uberlacircndia Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Geografia Uberlacircndia 2005

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica IBGE cidades Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrasufphplang=ampcoduf=26ampsearch=pernambucogt Acesso em 13 jan 2014

LOBODA C R ANGELIS B L de Aacutereas verdes puacuteblicas conceitos usos e definiccedilotildees Revista Ambiecircncia Guarapuva-PR2005Disponivel emlthttpwwwrevistaunicentrobrindexphpambieenciaarticledownload185gt Acesso em 01 dez 2013

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MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

OLIVEIRA L F D SILVA A M AMADOR Maria Betacircnia Moreira Impactos ambientais e sociais acarretados pelo mau armazenamento da manipueira In IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista 2013 TupatildeSP Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP ANAP 2013 v 9 p 189-192

PENA-VEGA Alfredo O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

Prefeitura Municipal de Jupi Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwjupipegovbrgt acesso em 28 dez 2013

SANTOS S R Arborizaccedilatildeo urbana consideraccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwautimaarcadenoecombrgt acesso 20 dez 2013

SOUZA I M C de PALMERIM M S S CANTUAacuteRIA P de C Diagnoacutestico da arborizaccedilatildeo de praccedilas puacuteblicas do municiacutepio de Macapaacute-AP Brasil Macapaacute MMES 2006 TCC (Trabalho de Conclusatildeo de Curso em Engenharia Florestal Tropicais) 66 p 2006 Idem p 70

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA

VEGETACAO DE ALGUMAS

AVENIDAS E PARQUES DE

GARANHUNS ndash PE

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e

Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns

[]

Marciacutelio L Renaux (1979 p 96)

1 PAISAGEM ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E GEOGRAFIA

Os conceitos de uma maneira geral geram interpretaccedilotildees distintas de acordo com a perspectiva intelectual do pesquisador e seu aporte teoacuterico de conduccedilatildeo dos trabalhos e pesquisas Em termos do conceito de paisagem aleacutem de ser uma categoria de anaacutelise da Geografia eacute um termo que se aplica em inuacutemeros contextos e nesse caso especifico mescla-se com os inerentes a Arquitetura Urbanismo e Geografia

No acircmbito geograacutefico toma-se o conceito de Paisagem Integrada desenvolvido nas ultimas deacutecadas como assinala Guerra Marccedilal (2009 102) ou seja ldquoa perspectiva de anaacutelise integrada do sistema natural e a inter-relaccedilatildeo entre os sistemas naturais sociais e econocircmicos vecircem dando um novo redirecionamento e interpretaccedilatildeo ao conceito de paisagemrdquo

Admite-se que conceitualmente a arborizaccedilatildeo urbana pode ser entendida como um conjunto de vegetaccedilatildeo arboacuterea e arbustiva distribuiacuteda nas vias puacuteblicas de uma cidade na qual a presenccedila da vegetaccedilatildeo exerce influecircncia positiva tanto no bem estar dos habitantes em geral como nos transeuntes

Em consonacircncia a questatildeo que se apresenta pode ser enquadrada na Geografia Ambiental a qual tem a interdisciplinaridade e o sistecircmico intriacutenseco agrave sua essecircncia

Entre as temaacuteticas que a Geografia aborda estaacute o contexto urbano e sua preocupaccedilatildeo com o espaccedilo geograacutefico Atraveacutes da anaacutelise da produccedilatildeo geograacutefica podemos reconstruir os caminhos percorridos para o entendimento do urbano e da cidade e assim construir um quadro que nos leve a compreender essa produccedilatildeo

A abordagem dos estudos sobre o espaccedilo urbano consiste em entender o seu significado procurando defini-lo atraveacutes de suas caracteriacutesticas demograacuteficas de sua morfologia de suas funccedilotildees e do seu papel econocircmico e social Considera-se dessa forma o estudo do espaccedilo urbano como o estudo da cidade (AZEVEDO 2012)

Sabe-se ainda que o espaccedilo urbano pode ser entendido como uma produccedilatildeo social e como tal eacute um produto histoacuterico pois eacute resultado de accedilotildees acumuladas atraveacutes do tempo e ao mesmo tempo eacute realidade presente e imediata

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Como resultado da dinacircmica social de determinada sociedade que ao reproduzir-se atraveacutes de um determinado modo de produccedilatildeo imprime na paisagem urbana as marcas correspondentes (SILVEIRA 2003 p 25)

Como visto a Geografia eacute uma das ciecircncias que oferece pensar a paisagem De acordo com (SILVA 2002 p 73) ldquoCostuma-se reduzir a paisagem agrave anaacutelise do visiacutevel Sabemos que algumas realidades escapam agrave visatildeo mas cabe ao geoacutegrafo perceber na paisagem fatos da subjetividade e da cultura assim como as estruturas sociaisrdquo

Nesse acircmbito as aacutervores influenciam em todo um desenho dinacircmico que se estabelece no espaccedilo A paisagem passa a representar a teia que envolve a vida com o cotidiano reforccedilando a ideia de uno Nesse ir e vir fragmenta-se para envolver uma gecircnese de atitudes e condutas movimentos ritmos formando sub-paisagens externando as fragmentaccedilotildees vivenciadas sob diferentes tempos Paisagem que reflete a dureza a labuta ao mesmo tempo em que expotildee os sonhos os devaneios das experiecircncias e percepccedilotildees dos transeuntes comerciantes e residentes Mello aborda que

Ao associar as transformaccedilotildees na paisagem em decorrecircncia de seu uso urbano e comprometimento ambiental tornam-se visiacuteveis elementos como a localizaccedilatildeo das diferentes parcelas sociais as aacutereas de vegetaccedilatildeo naturais e o atual iacutendice de verdehabitante os tipos de solo e os usos urbanos as condiccedilotildees geomorfoloacutegicas a declividade e a erosatildeo presente em determinados ambientes a identificaccedilatildeo das aacutereas fraacutegeis e de risco a contaminaccedilatildeo das aacuteguas as condiccedilotildees de salubridades dos ambientes e das populaccedilotildees a precariedade das condiccedilotildees de habitabilidade de esgotamento sanitaacuterio da coleta de lixo e como constituintes da qualidade de vida urbana (MELLO 1996 p 106)

2 ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E PLANEJAMENTO URBANO

Ao fazer o estudo sobre a Avenida Santo Antocircnio no centro de Garanhuns Azevedo (2012) fez breve reflexatildeo sobre o planejamento urbano e como o tema arborizaccedilatildeo se insere no contexto Para isso a autora traz ao trabalho algumas consideraccedilotildees existentes na literatura concernente ao tema como a seguir

No acircmbito da globalizaccedilatildeo o discurso da importacircncia da questatildeo ambiental da ecologia conceitos do tipo ldquoo politicamente corretordquo e a rdquoqualidade de vidardquo se firmam como tendecircncias mundiais inseridas na miacutedia diaacuteria O mesmo acontece de forma mais sutil com a valorizaccedilatildeo daquilo que remete ao passado Neste contexto o interesse pelos ldquovalores culturaisrdquo pode ser considerada uma oportunidade desde que embasado no efetivo resgate desta identidade da memoacuteria das raiacutezes que satildeo suporte de nossa existecircncia Satildeo justamente os substratos histoacutericos que conferem materialidade a essas expressotildees um sentido de lugar e identidade agraves cidades e sua continuidade histoacuterica A essencialidade da memoacuteria reside no fato de que eacute por ela que se daacute a relaccedilatildeo com a variaacutevel temporal fundamental para o desenvolvimento e a continuidade de nossa existecircncia (ADAMS 2002 p116)

O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as consequecircncias geradas pela falta de planejamento

urbano despertaram a atenccedilatildeo de planejadores no sentido de se perceber a vegetaccedilatildeo como componente necessaacuterio ao espaccedilo urbano O plantio de aacutervores inadequadas agrave estrutura urbana gera conflitos com equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros postes de iluminaccedilatildeo entre outros Esses problemas satildeo muito comuns de serem visualizados e causam na maioria das vezes um manejo inadequado e prejudicial agraves aacutervores Eacute comum se ver aacutervores podadas de forma draacutestica e com muitos problemas fitossanitaacuterios como presenccedila de cupins brocas outros tipos de patoacutegenos injuacuterias fiacutesicas como anelamentos caules ocos e podres galhos apresentando lascas entre outros Assim tambeacutem fica claro que a percepccedilatildeo eacute peccedila-chave na boa conduccedilatildeo de trabalhos de planejamento e gestatildeo ambientais principalmente voltados agrave arborizaccedilatildeo urbana

A percepccedilatildeo ambiental abrange a compreensatildeo das inter-relaccedilotildees entre o meio ambiente e os atores sociais ou seja como a sociedade percebe o seu meio circundante expressando suas opiniotildees expectativas e propondo linhas de conduta desta forma os estudos que se caracterizam pela aplicaccedilatildeo da percepccedilatildeo ambiental objetivam investigar a maneira como o homem enxerga interpreta convive e se adapta agrave realidade do meio em que vive principalmente em se tratando de ambientes instaacuteveis ou vulneraacuteveis socialmente e naturalmente (OKAMOTO 1996 p200)

82- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A arborizaccedilatildeo urbana no Brasil eacute de competecircncia das administraccedilotildees municipais mas segundo (BONONI 2006) enfrenta uma seacuterie de problemas principalmente por despreparo de alguns profissionais

Embora haja uma crescente disposiccedilatildeo tanto dos oacutergatildeos governamentais envolvidos como de grande parcela da populaccedilatildeo muitos satildeo os problemas enfrentados como a falta de teacutecnicos capacitados que orientem sobre um plantio correto escolha da espeacutecie poda de formaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de tutores grade de proteccedilatildeo irrigaccedilatildeo em periacuteodo de estiagem e adubaccedilatildeo (BONONI 2006 p213-255)

Em sequecircncia expotildee-se a colocaccedilatildeo de outro autor o qual afirma que

O crescimento desordenado dos centros urbanos gerou uma condiccedilatildeo de artificialidade em relaccedilatildeo agraves aacutereas verdes naturais e com isso vaacuterios prejuiacutezos agrave qualidade de vida dos habitantes Poreacutem parte desses prejuiacutezos podem ser evitados pela legislaccedilatildeo e controle das atividades urbanas e outra parte amenizada pelo planejamento urbano ampliando-se qualitativa e quantitativamente a arborizaccedilatildeo de ruas e as aacutereas verdes (MILANO 1987 1517 e 21)

A maioria dos problemas de arborizaccedilatildeo urbana satildeo causados pelo confronto de aacutervores inadequadas com

equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros e postes de iluminaccedilatildeo Os fatores que devem ser considerados na arborizaccedilatildeo urbana satildeo vaacuterios podendo-se destacar o ambiente urbano caracterizado em termos de clima solos topografia o espaccedilo fiacutesico disponiacutevel em relaccedilatildeo agrave largura de ruas e calccediladas afastamento predial a altura das construccedilotildees a presenccedila de cabos eleacutetricos aeacutereos tubulaccedilatildeo de aacutegua esgoto galerias pluviais rede de telefonia as caracteriacutesticas das espeacutecies a utilizar no que concerne agrave adaptabilidade climaacutetica resistecircncia a pragas e doenccedilas toleracircncia agrave poluiccedilatildeo ausecircncia de princiacutepios toacutexicos eou aleacutergicos e caracteriacutesticas fenoloacutegicas (forma porte raiz floraccedilatildeo frutificaccedilatildeo etc) e morfoloacutegicas

Analisada a questatildeo da adaptaccedilatildeo ecoloacutegica (aclimataccedilatildeo naturalizaccedilatildeo acomodaccedilatildeo) deve-se atentar para a disponibilidade da cidade para a arborizaccedilatildeo natildeo introduzindo as espeacutecies a esmo (SAMPAIO 2006 SERAFIM 2007)

Em termos mais amplos a importacircncia da vegetaccedilatildeo no espaccedilo urbano natildeo se reteacutem apenas aos seus benefiacutecios aos seres humanos mas tambeacutem se verifica ser uma forma contributiva para a manutenccedilatildeo da fauna e flora de uma regiatildeo

A arborizaccedilatildeo de ruas eacute um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capazes de integrar espaccedilos livres aacutereas verdes e remanescentes florestais conectando estes ambientes de forma a colaborar com a diversidade da flora e da fauna (MENEGHETTI 2012 p1-2)

Nunca se deve esquecer ou desconsiderar que o plantio de aacutervores em larga escala nas cidades pode promover a diminuiccedilatildeo do efeito de ilha de calor no veratildeo e amenizar problemas dos ventos

A arborizaccedilatildeo urbana entatildeo eacute um tema que vem sendo discutido cada vez mais na atualidade considerando-se sua relevacircncia nota-se que estaacute aumentando a preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao meio ambiente urbano e a qualidade de vida de nossas cidades

A arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano pois contribui para funccedilotildees importantes no meio ambiente assim como para a sociedade aleacutem de propiciar sombra purificar o ar diminuir ruiacutedos diminuir a poluiccedilatildeo e tambeacutem proporcionar efeitos paisagiacutesticos Considerando-se que a arborizaccedilatildeo no contexto urbano eacute um patrimocircnio que deve ser mantido e conhecido pela populaccedilatildeo torna-se imprescindiacutevel a realizaccedilatildeo de um levantamento das principais espeacutecies arboacutereas e arbustivas distribuiacutedas na via urbana considerada Av Santo Antocircnio em Garanhuns afim de se poder contribuir com subsiacutedios para futuros planejamentos do paisagismo urbano e para uma melhor organizaccedilatildeo do espaccedilo

3 LOCALIZACAO DO MUNICIPIO DE GARANHUNS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

A cidade de Garanhuns no estado de Pernambuco (Figura 1) dista 228 km da capital pernambucana Recife Localizando-se na regiatildeo montanhosa do Planalto da Borborema eacute tambeacutem conhecido como a Suiacuteccedila Pernambucana por causa de seu clima ameno no veratildeo e temperaturas baixas no inverno atiacutepico para o resto da regiatildeo Outras alcunhas satildeo Cidade das Flores ou Cidade da Garoa

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O municiacutepio possui latitude 8ordm5325 sul e a longitude 36ordm2934 oeste estando a uma altitude meacutedia de 900 metros Seu ponto mais alto eacute o Monte Magano com 1030 m de altitude seu rio mais importante o rio Mundauacute Sua populaccedilatildeo eacute de aproximadamente 129392 habitantes segundo estimativas do IBGE para o ano de 2010

Garanhuns apresenta uma paisagem urbana no que se refere agrave habitaccedilatildeo composta em sua maioria por edificaccedilotildees de pequeno porte exceto no Bairro do Helioacutepolis Neste encontra-se edificaccedilotildees com maior porte No que se refere agrave arborizaccedilatildeo percebe-se que estaacute composta entre canteiros centrais e em calccediladas sendo sua maior parte em canteiros centrais como exemplo tem-se a Avenida Rui Barbosa a Avenida Caruaru Constata-se que a arborizaccedilatildeo em geral concentra-se em canteiros centrais com exceccedilatildeo da Av Santo Antocircnio bem no centro da cidade Nas demais localidades de Garanhuns observa-se que a arborizaccedilatildeo ocorre nas calccediladas principalmente em frente agraves residecircncias quando existe

Figura 1 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Garanhuns ndash PE Fonte Chaves 2013

Quanto ao histoacuterico da avenida em destaque tem-se que sua criaccedilatildeo se deu

Pelo alvaraacute de 10 de marccedilo de 1811 por solicitaccedilatildeo do entatildeo governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro foi criada a Vila de Santo Antocircnio de Garanhuns Neste mesmo ano de 1811 a capela foi reconstruiacuteda e transformada na Matriz de Santo Antonio Esta matriz localizada na antiga avenida Rio Branco hoje Avenida Santo Antocircnio [] O seu primeiro vigaacuterio foi Fabriacutecio da Costa Ferreira(Historia de Garanhuns Disponiacutevel em lthttpanchietabarrosblogspotcombr201302historia-de-garanhuns-controversia-dahtmlgt Acesso em 28 jan 2014

Logo pode-se perceber que se trata de uma via relativamente antiga mas que desde o inicio evidenciou a tendecircncia de ser um caminho central que congregou ao longo do tempo comeacutercio lazer religiatildeo entre as funccedilotildees visiacuteveis e permanentes que se pode observar pelas fotografiasrepresentadas pelas figuras 2 e 3 as quais constituem resgate de algumas memoacuterias e tambeacutem da contemporaneidade

84- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

N

Na foto correspondente agrave figura 2 pode-se verificar que havia pessoas caminhando como em um singelo passeio tendo-se a Catedral de Santo Antocircnio ao fundo poucos veiacuteculos estacionados indicando o escasso fluxo automotivo da eacutepoca Natildeo se identifica nenhum uso de fins comerciais proacuteximo a esse canteiro central o que contrasta significativamente com os dias atuais

Pelas fotos visualizadas nas figuras 2 e 3 percebe-se o quanto a referida avenida transformou-sepor conta da urbanizaccedilatildeo da cidade de Garanhuns Atualmente essa avenida eacute a regiatildeo core da cidade eacute laacute que se situam as principais lojas magazines e o setor financeiro com a presenccedila de vaacuterios importantes bancos Trata-se ainda de um locusque atende natildeo somente os garanhunenses mas tambeacutem um bom nuacutemero de municiacutepios que satelizam Garanhuns 4 ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA SANTO ANTOcircNIO CARACTERIacuteSTICAS E DINAcircMICA

Segundo Milano e Dalcin (2000) atualmente a arborizaccedilatildeo nas ruas eacute uma estrateacutegia importante para as condiccedilotildees ambientais adversas como elemento esteacutetico da paisagem urbana em busca de suporte para projetos de renovaccedilatildeo do tecido urbano

No caso especifico da Av SantoAntocircnio as aacutervores satildeo encontradas ao longo das calccediladas e nos canteiros centrais da avenida Acredita-se que essas plantas exercem funccedilatildeo ecoloacutegica no sentido de melhoria do ambiente urbano aleacutem de favorecer a esteacutetica no sentido de embelezamento das vias puacuteblicas e consequentemente da cidade

A arborizaccedilatildeo urbana gera benefiacutecios ambientais e sociais e contribui para uma a qualidade de vida dos moradores da cidade dos transeuntes que por ali circulam e da populaccedilatildeo como um todo Sendo assim eacute de suma importacircncia discutir e analisar o papel da arborizaccedilatildeo urbana para melhor aproveitamento dos espaccedilos natildeo edificados da cidade Reforccedilando-se essa ideia toma-se o pensamento de dois autores que se apresenta a seguir

[] a arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano possuem funccedilotildees importantiacutessimas como propiciar sombra purificar o ar atrair aves diminuir a poluiccedilatildeo sonora constituir fator esteacutetico e paisagiacutestico diminuir impactos das chuvas contribuir para o balanccedilo hiacutedrico assim como valorizar economicamente as propriedades ao entorno proteger e direcionar o vento proporcionar melhor efeito esteacutetico auxiliar na diminuiccedilatildeo da temperatura pois absorve os raios solares e refresca o ambiente pela grande quantidade de aacutegua transpirada pelas folhas (PIVETTA SILVA FILHO 2002p69)

Os vaacuterios benefiacutecios da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas estatildeo condicionados agrave qualidade de seu planejamento

Um planejamento adequado tem que partir primeiramente dos oacutergatildeos puacuteblicos que satildeo os que mais devem se preocupar com este tipo de planejamento como tambeacutem os moradores transeuntes e demais pessoas que por ali circulam pois a arborizaccedilatildeo eacute um bem comum de todos favorecendo a todos o tatildeo almejado bem estar

A arborizaccedilatildeo bem planejada eacute muito importante independentemente do porte da cidade pois eacute muito mais faacutecil implantar arvores quando se tem um planejamento Caso contraacuterio passa a ter um caraacuteter de remediaccedilatildeo agrave medida que

Figura 2 Av Stordm Antocircnio na deacutecada de 1970 Fonte Blog de Iba Mendes in Leidjane (2012)

Figura 3 Visatildeo geral da Av Sto Antocircnio com destaque para os pinheiros Fonte Leidjane (2012)

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se tenta encaixar dentro das condiccedilotildees jaacute existentes e solucionar problemas de toda ordem Para um adequado planejamento da arborizaccedilatildeo da avenida de uma cidade alguns fatores devem ser considerados Tambeacutem o conhecimento das condiccedilotildees ambientais locais eacute preacute-condiccedilatildeo para o sucesso da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas Qualquer planta soacute adquire pleno desenvolvimento em clima apropriado caso contraacuterio poderaacute ter alteraccedilotildees no porte floraccedilatildeo e frutificaccedilatildeo Deve-se evitar portanto o plantio de espeacutecies cuja aclimataccedilatildeo natildeo seja comprovada

A Av Santo Antocircnio possui uma vegetaccedilatildeo mesclada de nativas e exoacuteticas cuja diversidade de plantas e aacutervores proporciona aos residentes comerciantes e transeuntes uma agradaacutevel sensaccedilatildeo de conforto (Figura 4 e 5)

O espaccedilo urbano eacute considerado um fator de grande importacircncia visto que eacute neste que as relaccedilotildees homem e natureza interagem produzindo a dinacircmica do lugar Pode-se assim afirmar que a Geografia uma das ciecircncias que mais se preocupa com tais questotildees possibilita um vasto campo de estudos que identifique a relaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo da sociedade garanhuense com a referidaavenida

Eacute neste espaccedilo em quemoradores comerciantes transeuntes entre outros atores circulam desenvolvendo diversos tipos de atividades relacionando-se com o lugar de diversas formas dando sentido a paisagem Sendo esta cada vez mais urbanizada diante do crescimento da cidade produzindo espaccedilos cada vez menos naturais Portanto eacute de suma importacircncia a preservaccedilatildeo das praccedilas e canteiros existentes ao longo da avenida

A Av Santo Antocircnio evidencia um processo de arborizaccedilatildeo que estaacute diretamente ligado agraves questotildees culturais e ambientais que envolvem este lugar onde tradicionalmente se desenvolveu caracteriacutesticas proacuteprias e peculiares que a tornaram uma das aacutereas mais populares da cidade e que tambeacutem propiciou a instalaccedilatildeo formal ou natildeo de pequenos comeacutercios no canteiro central da avenida em vaacuterios trechos imponho-lhe um novo ritmo cuja vegetaccedilatildeo eacute subjugada agraves necessidades das necessidades econocircmicas

A paisagem encontrada no percurso da avenida eacute bastante diversificada nela pode-se encontrar vaacuterios atores urbanos desenvolvendo suas funccedilotildees de forma praticamente permanente tais como jardineiros comerciantes flanelinhas turistas engraxates entre outros aleacutem de uma variedade de plantas que se misturam com essa trama econocircmico-social produzindo um ambiente nem sempre harmonioso mas de faacutecil compreensatildeo se pensarmos na dinacircmica que envolve homem e natureza

Enfim na Av Santo Antocircnio existe um contexto de arborizaccedilatildeo que implica uma identificaccedilatildeo e uma caracterizaccedilatildeo do tema abordado bem como promove gradativamente conhecimento mais aprofundado da Geografia o

Figura 4 Castanhola localizada em frente a Catedral numa das cabeceiras da Av Sto Antonio Fonte Leidjane (2012)

Figura 5 Canteiro ajardinado com alguns croacutetons como tambeacutem pingo-de-ouro grama entre outros com a presenccedila de bancos para sentar Fonte Leidjane (2012)

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que mostra como os estudos sobre avenidas ruas rotatoacuterias e outras vias urbanas foram enriquecidos e atualmente apresentam abordagens cada vez mais diversas o que faz a Geografia Urbana e Ambiental se destacar cada vez mais tanto para a proacutepria ciecircncia geograacutefica como para a sociedade em geral 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS SOBRE A ARBORIZACcedilAtildeO X DINAcircMICA ESPACIAL DA AV SANTO ANTOcircNIO

A avaliaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo da Av Sto Antocircnio em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que estaacute presente na paisagem leva a considerar-se a percepccedilatildeo dos atores envolvidos tanto de forma positiva quanto negativa num esforccedilo de se refletir o ambiente em suas nuances ecoloacutegicas sociais e econocircmicas Logo a partir do enfoque sistecircmico pode-se verificar o distanciamento do olhar dos que labutam e transitam em relaccedilatildeo agrave presenccedila desse verde o que inclui natildeo somente as aacutervores mas tambeacutem os canteiros com flores e outras espeacutecies vegetais que datildeo o embelezamento paisagiacutestico do lugar

Por sua vez sabe-se que o lugar soacute eacute sentido e apreciado quando se tem oportunidade de vivenciaacute-lo de forma a ter-se uma relaccedilatildeo de afeto Sentimento este que favorece a manutenccedilatildeo e cuidado com o patrimocircnio que embora puacuteblicoimprime certa carga de valoraccedilatildeo e de pertencimento induzindo assim agraveuma atitude reivindicativa criacutetica e proacutepria de um cidadatildeo 6 ENFOQUE NA ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA RUI BARBOSA GARANHUNS-PE

A Avenida Rui Barbosa municiacutepio de Garanhuns ndash PE foi aberta em 1925 pelo prefeito Euclides Dourado Sua construccedilatildeo deu iniacutecio ao povoamento do maior bairro de da cidade que gradativamente tornou-se um dos bairros nobres da cidade denominado Helioacutepolis Nessa avenida estaacute o uacutenico Reloacutegio de Flores do norte e nordeste do paiacutes e este eacute praticamente o siacutembolo que identifica Garanhuns em termos nacional e ateacute internacionalmente (CHAVES 2013)

Predominantemente atualmente o comercio a prestaccedilatildeo de serviccedilo aleacutem de continuar evidenciando residecircncias que aos poucos vatildeo cedendo lugar para outros empreendimentos outros Registra-se ainda que em uma de suas cabeceiras encontra-se a Praccedila Tavares Correia na qual situa-se o Reloacutegio das Flores Esse equipamento atrai turistas o ano inteiro devido sua beleza originalidade e funcionamento

Retomando-se o canteiro central da avenida verifica-se que eacute bem arborizado porem a espeacutecie arboacuterea predominante enfrenta um dilema serio Ou seja ao longo do tempo tornou-se praticamente inadequada devido ao grande fluxo de veiacuteculos usos das vias para festas com trios eleacutetricos fiaccedilatildeo eleacutetrica e as consequentes podas frequentes que de certa maneira significa uma injuria para a aacutervore apesar da necessidade que se impotildee frente ao grande fluxo de pessoas e veiacuteculos no local Que arvore e essa Flamboyant (Figura 6) Aleacutem dela tecircm-se ainda espeacutecies como o Ipecirc e a Castanhola Dessas trecircs apenas o Ipecirc eacute espeacutecie nativa as outras duas satildeo exoacuteticas a Flamboyant eacute africana e a Castanhola eacute asiaacutetica Acredita-se que na eacutepoca do planejamento da avenida e talvez em outros momentos de renovaccedilatildeo paisagiacutestica com base nos elementos arboacutereos no passado o canteiro central da Av Rui Barbosa natildeo foi suficientemente avaliado com respeito a compatibilizaccedilatildeo da espeacutecie escolhida com futuras e atuais funccedilotildees dadas a referida avenida

No caso do Flamboyant (Delonix regia) pertencente agrave famiacutelia dasFabaceaes e de origem africana chega a atingir entre 6 a 12 metros de altura e eacute considerada uma das aacutervores mais belas do mundo principalmente devido ao colorido intenso de suas flores e suas raiacutezes bastante agressivas porem detentoras de um belo desenho quando a mostra Assim com parte delas acima da superfiacutecie a sua presenccedila torna-se improacutepria para a ornamentaccedilatildeo de calccediladas ruas ou proacuteximas a tubulaccedilotildees de aacutegua esgoto paredes e ateacute mesmo fiaccedilatildeo eleacutetrica pois aleacutem dos possiacuteveis danos fiacutesicos pode sem sombra de duvida ocasionar um problema com o transeunte desavisado

A castanhola (Terminaliacatappa figura 7)da famiacutelia das Combretaceaesde origem asiaacutetica chega a mais de 12 metros de altura Ela apresenta caule ereto Sua copa eacute incomum formada por uma ramagem horizontal agrupada a espaccedilos regulares no tronco Eacute uma aacutervore indicada para as condiccedilotildees adversas do litoral Sua copa ampla e cheia fornece sombra farta no escaldante veratildeo dos troacutepicos Natildeo satildeo indicadas para estacionamentos ou em locais com grande movimento de automoacuteveis pois os frutos ricos em aacutecidos podem manchar os automoacuteveis

E apenas o Ipecirc (Tabebuia impetiginosa figura 8) eacute da famiacutelia Bignoniaceae e originaacuteria da Ameacuterica do Sul com altura entre 6 a 9 metros Eacute uma oacutetima aacutervore ornamental para arborizaccedilatildeo urbana de crescimento moderado a raacutepido

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que natildeo possui raiacutezes agressivas sua floraccedilatildeo eacute maravilhosa e recompensadora aleacutem de atrair polinizadores como beija-flores e abelhas Pode ser cultivada em regiotildees subtropicais tendo nestes casos uma reduccedilatildeo na velocidade de crescimento

Verificou-se que a maior parte das espeacutecies arboacutereas eacute exoacutetica os galhos ficam proacuteximos a edificaccedilotildees e fiaccedilatildeo

eleacutetrica natildeo satildeo bem podadas e apresentam problemas fitossanitaacuterios como cupim decomposiccedilatildeo principalmente no tronco galhos secos entre outros

Acredita-se que um dos principais motivos da falta de sincronia entre planejamento e plantio da arborizaccedilatildeo urbana no espaccedilo puacuteblico da Avenida Rui Barbosa em Garanhuns-PE eacute falta de estudo em relaccedilatildeo agrave espeacutecie arboacuterea adequada a ser plantada

De acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana os seres humanos constroem seus ambientes para neles viverem e dele retirarem suas necessidades e a cidade eacute construiacuteda para melhorar e facilitar a vida dos homens porem ela eacute uma construccedilatildeo planejada eacute artificial fazendo-se necessaacuterio a introduccedilatildeo de elementos naturais para melhorar a vida dos seres vivos urbanos (homens animais insetos entre outros) Assim satildeo criados espaccedilos livres destinados agrave arborizaccedilatildeo e que aleacutem de estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos eacute importante sob os aspectos ecoloacutegico histoacuterico cultural social esteacutetico e paisagiacutestico

Esses fatores e a accedilatildeo antroacutepica tornam as cidades organizaccedilotildees sistecircmicas e complexas sistecircmicas porque seus variados aspectos precisam ser compreendidos como uma totalidade onde os homens necessitam da natureza e das construccedilotildees artificias para melhorar suas condiccedilotildees de vida e esses fatores satildeo vistos em conjunto e natildeo isolados e complexas porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitas relaccedilotildees que estabelecem homem meio ambiente homem meio ambiente urbano meio ambiente e meio ambiente urbano

E a falta de articulaccedilatildeo entre a arborizaccedilatildeo e o planejamento das cidades tornam os espaccedilos livres desestruturados onde a populaccedilatildeo que necessita dessa aacuterea para seu lazer acaba por natildeo poder desfrutar desses ambientes pois os mesmos apresentam calccedilamento danificado pela falta de compatibilidade da raiz da espeacutecie arboacuterea e o espaccedilo fiacutesico destinado ao plantio Infelizmente pode-se ter a vida em risco por causa de acidentes devido agrave falta de observacircncia desses detalhes de suma importacircncia

Outro fator relevante da arborizaccedilatildeo e a funccedilatildeo paisagiacutestica desempenhada esta valoriza o espaccedilo do ponto de vista esteacutetico e se tratando da arborizaccedilatildeo do canteiro central da Av Rui Barbosa tem-se a valorizaccedilatildeo econocircmica via que da acesso a uma das entradas da cidade e comportar o Reloacutegio das Flores Por esses motivos a arborizaccedilatildeo natildeo deveria apresentar essa falta de articulaccedilatildeo com o planejamento desse local bem como se deveria ter um estudo

Figura 6 Flamboyant no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 7 Castanhola no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 8 Ipecirc no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

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aprofundado das espeacutecies adequadas a esse espaccedilo evitando-se assim problemas derivados da falta de sincronia e ou harmonizaccedilatildeo

Os dilemas da sustentabilidade urbana satildeo muitos Assunto esse de extrema importacircncia quando se falar no bem estar da populaccedilatildeo das cidades jaacute que a introduccedilatildeo desses espaccedilos verdes beneficiam a populaccedilatildeo contribuindo para ambientes mais saudaacuteveis e confortaacuteveis ajuda na amenizaccedilatildeo das altas temperaturas tatildeo comuns em cidades do nordeste brasileiro aleacutem de outros benefiacutecios advindos da arborizaccedilatildeo urbana

Foi verificado que o canteiro central da Av Rui Barbosa eacute um espaccedilo limitado entre duas vias de grande movimento de veiacuteculos e pessoas cercado de objetos urbanos como fiaccedilatildeo eleacutetrica edifiacutecios grandes semaacuteforos e tubulaccedilotildees subterracircneas entre outros elementos Logo eacute necessaacuterio um estudo adequado sobre as espeacutecies escolhidas para arborizar esse espaccedilo urbano bem como estudar o espaccedilo em si e seu tamanho

Nesse sentido ao se estudar as espeacutecies arboacutereas pode-se saber seu tipo de raiz tamanho expansatildeo da copa frutos elementos necessaacuterios para a escolha e definiccedilatildeo do espaccedilo adequado ao seu plantio Fato esse que se pode dizer muito provavelmente natildeo ter sido levado em consideraccedilatildeo quando escolheram a principal espeacutecie arboacuterea dessa avenida uma vez que a Flamboyant eacute uma espeacutecie de grande porte de raiz agressiva que necessitada de amplo espaccedilo para seu desenvolvimento

Faz-se assim necessaacuterio um estudo sobre essa arborizaccedilatildeo para que essa escolha inadequada natildeo venha a prejudicar o espaccedilo em que as aacutervores estatildeo plantadas ou cause algum acidente que afete a populaccedilatildeo jaacute que boa parte das aacutervores estaacute danificada e em sua maioria no tronco os quais se apresentam deteriorados com cupim e muita delas com aparecircncia de estarem secas e quase mortas Aleacutem de ser visiacutevel que o calccedilamento proacuteximo agraves aacutervores Flamboyant apresenta-se danificado

Apresenta-se a seguir trecircs quadros com base nos estudos de Laurie em Schutzer (2012) onde eacute possiacutevel ver o quanto a presenccedila arboacuterea deixa o ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na vida das cidades com base em dados encontrados na literatura

Quadro 1Temperaturas superficiais de diferentes tipos de pisos do ambiente urbano

Temperaturas degC 50degC 17degC 37degC 47degC 35degC

Tipos de Pisos Asfalto ao Sol Grama a Sombra Concreto a Sombra Concreto ao Sol Grama ao Sol

Quadro 2Diferentes temperaturas entre as aacutereas expostas ao sol e as aacutereas sombreadas por algumas aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol (degC) 35degC 36degC 375degC

Aacuterea sombreada (degC) 305degC 22degC 33degC

Espeacutecie arboacuterea Cinamomo Sibipiruna Extremosa

Quadro 3Diferenccedilas de umidade relativa do ar entre aacutereas expostas a radiaccedilatildeo solar e as aacutereas sombreadas por trecircs tipos de aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol () 40 32 37

Aacuterea sombreada () 55 52 42

Espeacutecie arboacuterea Ligustro Sibipiruna Jacarandaacute

Esse estudo colocado em quadros demostra o quanto a aacutervore eacute beneacutefica ao ambiente das cidades contribuindo principalmente para o conviacutevio harmocircnico dos elementos naturais e artificiais os quais devem estar em sincronia para natildeo se tornarem maleacuteficos ao espaccedilo ocupado 7 AVENIDA CARUARU GARANHUNS-PE E A ALGAROBEIRA (PROSOPIS JULIFLORA (SW) DC)COMOELEMENTO DO VERDE

URBANO

Compreender o significado da implantaccedilatildeo dessa exoacutetica no paisagismo urbano de GaranhunsPE eacute uma forma tambeacutem de compreender as multiplicidades e singularidades presentes nesta aacuterea com algarobeira

Do ponto de vista ecoloacutegico conforme antes argumentado qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica

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Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54)

Assim a espeacutecie (Prosopisjuliflora (Sw) DC) poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventos fortes Eacute fato que em sua accedilatildeo paisagiacutestica a algarobeira apresenta em aacutereas arborizadas pela mesma um ambiente apresentando uma paisagem verde durante todo o ano

Aleacutem de proporcionar sombra e beleza no ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada a qual oferece a populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel tanto em baixo de sua copa quanto dentro das residecircncias que estatildeo ao seu entorno

Adiante apresenta-se a figura 9 a qual evidencia a extensatildeo da Avenida Caruaru uma das mais importantes vias da cidade a qual congrega comeacutercio residecircncias escolas e faculdades

A arborizaccedilatildeo da Avenida Caruaru constituiacuteda de ipecircs algarobeiras (Figura 10) castanholas fiacutecus paus-brasil figueiras da Iacutendia palmeiras pinheiros paus drsquoarco estaacute disposta no canteiro central tendo como espeacutecie predominante a algarobeira (Prosopisjuliflora (Sw) DC)

A Prosopis juliflora (SW) DC originaacuteria da regiatildeo do Piura no Norte do Peru foi introduzida no nordeste brasileiro por volta de 1942 em Serra Talhada-PE pelo Professor J B Griffing Em seguida a algaroba disseminou-se no Rio Grande do Norte em 1944 na Fazenda Satildeo Miguel municiacutepio de Angicos e no Estado do Cearaacute em 1954 seguido pelos demais estados do poliacutegono das secas (GOMES 1961) salientando-se que a literatura acusa mais duas origens quais sejam Sudatildeo e Novo Meacutexico

Na regiatildeo Nordeste haacute mais de meio seacuteculo a algarobeira se constitui numa das vaacuterias espeacutecies capazes de possibilitar aos animais e ao proacuteprio homem uma atenuaccedilatildeo aos efeitos adversos das secas perioacutedicas A algarobeira eacute altamente resistente agrave seca e tem um potencial de adaptaccedilatildeo por demais favoraacutevel agraves condiccedilotildees de solo e clima do semiaacuterido razatildeo pela qual a cultura despertou interesse de autoridades governamentais oacutergatildeos de pesquisa universidades teacutecnicos e produtores rurais (SILVA AZEVEDO 1998)

Figura 10Algarobeira na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Figura 9 Foto de sateacutelite da Avenida Caruaru Fonte httpmapsgooglecombrmapshl=pt-BRamptab=wl

90- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

8 A UTILIZACcedilAtildeO DA ALGAROBEIRA NO PROCESSO DE ARBORIZACcedilAtildeO

Atualmente haacute vaacuterios trabalhos referentes agrave arborizaccedilatildeo urbana os quais visam o paisagismo e o bem-estar da populaccedilatildeo Existe tambeacutem a praacutetica no senso comum da conduccedilatildeo de poliacuteticas publicas de urbanismo e paisagismo e nesse contexto percebe-se a natildeo observacircncia de elementos fundamentais como altura das aacutervores proximidade de tubulaccedilotildees podas inadequadas entre outros por parte da maioria dos administradores das cidades principalmente interioranas

Entre os tipos de vegetaccedilatildeo urbana encontram-se espeacutecies ornamentais que geralmente satildeo colocadas em parques jardins gramados alamedas e decoraccedilotildees de interiores Apesar de bonitas e funcionais contribuem para baixar a diversidade de espeacutecies ressaltando-se que a observaccedilatildeo ganha relevacircncia quando se considera a cidade como um ecossistema (AMADOR 2011 p 124)

A arborizaccedilatildeo no espaccedilo urbano pode ser de caraacuteter esteacutetico ecoloacutegico fiacutesico e psiacutequico do homem que por sua

vez eacute poliacutetico social e econocircmico Nessa linha de raciociacutenio julga-se que o caraacuteter mais representativo para se relacionar com a algarobeira no municiacutepio em foco eacute paisagiacutestico

Do ponto de vista ecoloacutegico qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades (ANDRESSEN apud BIONDI 1995 p160)

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54 apud AMADOR 2011 p127)

Assim a espeacutecie Prosopisjuliflora (SW) DC poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventanias (Figura 11)

Figura 11 Levantamento de calccediladas e tombamentos por ventos fortes

Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Poreacutem quando se coloca qualquer aacutervore ou arbusto nas aacutereas urbanas faz-se necessaacuterio primeiro conhecer a estrutura e fisiologia das espeacutecies catalogadas ou pensadas para esse fim saber administrar os diversos interesses particulares e puacuteblicos em relaccedilatildeo agravequeles indiviacuteduos vegetais ter boa articulaccedilatildeo com os diversos oacutergatildeos que de uma forma ou outra realizam seus trabalhos abaixo das vias puacuteblicas (trabalhos subterracircneos) e isso inclui calccediladas observar com acuidade o plano diretor de cada cidade e constantemente treinar equipes de podaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos elementos verde urbanos (AMADOR 2011 p136)

O processo que acompanhou a introduccedilatildeo dessa espeacutecie no semiaacuterido nordestino foi cheio de bons propoacutesitos tanto que no caso das cidades foi utilizada largamente na arborizaccedilatildeo urbana (Figura 12) Problemas apareceram natildeo por conta dela em si mas por falta de conhecimento adequado por parte daqueles que a manusearam pode-se afirmar

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 91

sem sombra de duacutevida que elas exerceram seu papel no verde urbano oferecendo uma sombra excelente entre outros fatores

Figura 12Algarobeiras na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo

Foto Gama Santos 2011

Assim de acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa constatou-se que a algarobeira ainda suscita muitas discussotildees entre aqueles que convivem com ela de alguma maneira com base nas histoacuterias de vidas coletadas pode-se dizer que a mesma eacute vista como beneacutefica uma vez que a mesma proporciona sombra e beleza ao ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada oferecendo consequentemente agrave populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel Logo como se pode constatar na fala de um dos entrevistados ldquo[] eu gosto delas faz sombra soacute solta muitas folhas mas eacute bom a ventilaccedilatildeo []rdquo (Pesquisa de campo 2011)

No que se refere aos aspectos negativos a percepccedilatildeo das pessoas eacute que ela ocasiona a dilataccedilatildeo das vias puacuteblicas como tambeacutem quedas das folhas e vagens

Desse modo foi possiacutevel constatar que o conhecimentoacerca das histoacuterias de vidas das pessoas que se relacionam com as algarobeiras na arborizaccedilatildeo urbana especificamente na Avenida Caruaru foi de fundamental importacircncia para chegar agraves percepccedilotildees dos significados que a algarobeira ostenta desde sua introduccedilatildeo na deacutecada de 1940 ateacute os dias atuais

Assim obteve-se um delineamento da trajetoacuteria desse significado ao longo do tempo via resgate oral de memoacuteria que ateacute certo ponto coincide com o exposto na literatura mas acredita-se que se conseguiu avanccedilar no sentido da dinacircmica das informaccedilotildees ricas em subjetividade de significados e suas inter-relaccedilotildees com o marco teacutecnico e estanque presente no senso comum e em muitos trabalhos acadecircmicos produzidos ateacute entatildeo

9 A PAISAGEM VERDE NOS PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

No contexto do verde urbano os parques desempenham funccedilotildees variadas e que visam atender a populaccedilatildeo em

suas diferentes aspiraccedilotildees entre os principais pode-se citar lazer e contemplaccedilatildeo Com a explosatildeo na miacutedia de informaccedilotildees acerca do clima e suas mudanccedilas as aacutereas verdes urbanas comeccedilaram a ganhar espaccedilo tanto no setor de planejamento puacuteblico quanto nos anseios da populaccedilatildeo em geral por significar um de bem estar Poreacutem o que se constata na praacutetica pelo menos em alguns lugares natildeo eacute o que se cogita legalmente e nem no cotidiano

Mas o verde urbano se reveste conceitualmente de especificidades que vatildeo desde a discussatildeo se aacutervores em calccediladas podem ser consideradas como arborizaccedilatildeo urbana logo natildeo integrando o sistema de aacutereas verdes ateacute definiccedilotildees de parques praccedilas e outros Eacute sabido que os estudos dos espaccedilos verdes urbanos encontram-se interrelacionados com o planejamento da paisagem urbana cuja aacuterea de interesse faz parte da Ecologia da Paisagem que vem se apresentando como uma nova aacuterea do conhecimento dentro da ecologia e tambeacutem da geografia

92- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Assim sendo toma-se como fio condutor do trabalho os parques Euclides Dourado e o Ruben van der Linden no centro urbano de Garanhuns-PE por expressarem de certa forma essa demanda por uma vida saudaacutevel para a populaccedilatildeo e para a cidade

Nesse contexto Carneiro e Mesquita (2000 p20) citados por Bovo e Amorim (2012) afirmam que parques urbanos satildeo espaccedilos livres puacuteblicos com funccedilatildeo predominante de recreaccedilatildeo ocupando na malha urbana uma aacuterea em grau de equivalecircncia superior a uma quadra tiacutepica urbana em geral apresentando componentes da paisagem natural vegetaccedilatildeo topografia elemento aquaacutetico como tambeacutem edificaccedilotildees destinadas a atividades recreativas culturais eou administrativas

Essa concepccedilatildeo aponta para vaacuterios elementos que integram a paisagem e entre elas encontra-se a vegetaccedilatildeo principal foco do estudo em pauta 10 PARQUES URBANOS

De acordo com Bovo Amorim (2012) no Brasil ldquoos parques puacuteblicos surgem no Rio de Janeiro com a vinda da famiacutelia real em 1808 pois neste periacuteodo teve iniacutecio agrave lsquoorganizaccedilatildeo urbanarsquo que consistia na limpeza das ruas na criaccedilatildeo da poliacutecia militar na criaccedilatildeo da imprensa reacutegia e na fundaccedilatildeo do Banco do Brasilrdquo Sabe-se ainda que por influecircncia europeacuteia se procurou reproduzir o desenho e arquitetura dos espaccedilos puacuteblicos europeus principalmente franceses Tambeacutem se importou a ideia de se procurar plantar espeacutecies exoacuteticas desde que exuberantes e diferentes da vegetaccedilatildeo local

Em termos de vegetaccedilatildeo de espaccedilos puacuteblicos pode-se dizer que foi com o arquiteto e paisagista Burle Marx que as espeacutecies nativas de todas as regiotildees do paiacutes tiveram seu reconhecimento sendo incorporadas nos projetos urbaniacutesticos de diversas cidades brasileiras

Ao mesmo tempo os olhos da sociedade voltam-se para o verde urbano frente a dinacircmica de crescimento que as maioria das cidades passaram a enfrentar nas deacutecadas poacutes segunda guerra mundial aumentando significativamente com as questotildees ambientais de poluiccedilatildeo aquecimento global entre outros Tambeacutem paralelamente cada vez mais as pessoas demandavam aacutereas de lazer em diferentes niacuteveis impulsionando o setor puacuteblico a destinar espaccedilos para fins de lazer contemplaccedilatildeo que com o passar dos anos e dependendo da situaccedilatildeo na qual se encontravam foram assumindo caracteriacutesticas de parques temaacuteticos de conservaccedilatildeo esteacutetico entre outros

Nesse sentido faz-se uma analogia tomando-se Dardel (2011 p 14-16) que diz ldquoa cidade ativa natildeo eacute um espaccedilo inerte mas um espaccedilo que se move um espaccedilo vivordquo Logo um parque tambeacutem pode ser considerado um espaccedilo vivo ele se transforma se adeacutequa agraves necessidades da contemporaneidade e sua vegetaccedilatildeo prioritariamente as aacutervores as quais se revestem de simbolismos de expressividades estimulam o ser humano a pensar nelas como elemento primordial na organicidade da vida transmitindo forccedila energia sem esquecer do proacuteprio ciclo da vida como bem coloca Farah (2008) Ademais de acordo com Ferry (2009 p 24) as aacutervores estatildeo ldquoobtendo acesso ao estatuto de seres juriacutedicosrdquo pensadas num contexto sistecircmico caracterizando uma preocupaccedilatildeo complexa com a totalidade a biosfera

Em seguida seratildeo tratados os espaccedilos selecionados no municiacutepio de Garanhuns Pernambuco com suas molduras paisagiacutesticas com base na arborizaccedilatildeo e principais funccedilotildees

11 PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

Na cidade de Garanhuns propriamente dita encontra-se dois parques que apresentam singularidades diferenciadas em termos de funccedilatildeo satildeo eles o Parque Euclides Dourado e o Parque Euclides Dourado e o Parque Ruber van der Linden cuja disposiccedilatildeo na malha urbana pode ser ilustrada atraveacutes da figura 13

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Figura 13 Visualizaccedilatildeo por imagem de sateacutelite dos parques Euclides Dourado e

Ruber van der Linden na malha urbana de Garanhuns-PE

121 Parque Euclides Dourado Euclides da Costa Dourado importante poliacutetico municipal nas deacutecadas de 1920 -1930 daacute nome ao antigo parque

municipal Mas como antes hoje a populaccedilatildeo continua identificando esse espaccedilo como Parque dos Eucaliptos (Figura 14) O referido parque apresentava e apresenta ainda a predominacircncia de eucaliptos conforme se observa na construccedilatildeo poeacutetica que se segue

O Parque dos Eucaliptos Que lindo plaino Que docilidade Da natureza quando rompe o dia Ou quando a tarde cai saudosa e fria Naquela singular tranquumlilidade A viraccedilatildeo que silva e que se evade O estandarte das flores alicia A adoraacutevel fragacircncia que irradia A perfumosa vegetabilidade Os eucaliptos de bailar natildeo cessam Enquanto os pombos ceacuteleres regressam Agrave paz acolhedora do pombal Cair da tarde E a viraccedilatildeo fogueira Envolve sussurrante e prazenteira A vesperal paisagem do Arraial (CYSNEIROS 1979 p 11)

Pode-se entatildeo apreender dessa poesia que outrora o parque realmente exibia outra denominaccedilatildeo jaacute com a

vegetaccedilatildeo predominante de eucaliptos mas da mesma forma que antes a sensaccedilatildeo de bem-estar eacute transmitida agraves pessoas que o frequentam Transparece ainda a consistecircncia do relevo local quando o autor inicia o texto e diz ldquoQue lindo plainordquo evocando claramente a ideia de relevo plano informaccedilatildeo importante tendo-se em vista ser o municiacutepio incrustado entre sete colinas e ademais vai favorecer a funccedilatildeo de lazer que se sobressai frente agraves outras que existe na atualidade No sentido de dar mais solidez as reflexotildees cita-se mais uma poesia que enfoca a beleza a vegetaccedilatildeo e o imaginaacuterio popular do passado em relaccedilatildeo ao parque dos eucaliptos (Figuras 15 16 e 17) permitindo assim que se possa estabelecer alguns tecircnues viacutenculos com o presente

Figura 14 Predominacircncia de eucaliptos Dourado-GaranhunsPE Foto M Amador 2012

94- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O Parque dos Eucaliptos

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns Entre sonhos e riscos As bicicletas reluziam de homens Com quadro As de moccedila com Tela rendada multicolorida sobre A roda traseira ldquoMe daacute uma triscardquoDizia um moleque E laacute seguiacuteamos triscando por Entre os perfumados eucaliptos A casinha dos macacos Pulando alegres o cercado da ema Pescoccedilo imenso olhos arregalados Coelhos algumas pacas e muitas Cotias Bicicletas ldquotriscandordquo na gente O menino de rolete de cana Doce que soacute a peste gritava Pirulito e sorvete Tardes de sol Ensombreados pelos eucaliptos Carramanchotildees de namorados No centro do parque A construccedilatildeo branca do barzinho

Era uma floresta imensa De perfumados espaccedilos Entremeados de sonhos e Bicicletas O parque de Garanhuns (RENAUX 1979 p 91-92)

Atraveacutes da leitura percebe-se que esse espaccedilo Parque Euclides Dourado ao longo do tempo foi palco de lugar apraziacutevel de passeio e ao que tudo indica em dado momento exibiu uma fauna indicativa de zooloacutegico embora natildeo se possa afirmar por falta de evidecircncias documentais no presente momento Poreacutem quando o autor remete ao fato dos macacos da ema e outros pequenos animais isso faz com que se estabeleccedila uma conexatildeo com um espaccedilolugarpaisagem nos quais o ambiente aparentemente se mostrava mais equilibrado e em harmonia com diversas dimensotildees da sustentabilidade quais seja social econocircmica e ecoloacutegica evidenciando-se nas palavras dos

Figura 15 Vista dos eucapitos Foto de Amador 2012

Figura 16 Vista do parque sob outro angulo Foto M Amador 2012

Figura 17 Parquinho entre os eucaliptos Foto M Amador 2012

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autores poetas citados e que refletem o cotidiano da eacutepoca ldquoO cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locaisrdquo (CAMARGO 2008 p 101)

Observa-se atualmente que o parque encontra-se proacuteximo ao centro da cidade bem como passou a exibir como funccedilatildeo principal o loacutecus de praacuteticas esportivas com equipamentos como pista de caminhada (Figura 18) quadra de jogos (Figura 19) aacuterea especiacutefica de recreaccedilatildeo de crianccedilas entre outros e por ser de caraacuteter municipal tambeacutem abriga uma biblioteca apresentando sua aacuterea externa ajardinada

Figura 18 Pista de caminhada Amador2012 Figura 19 Quadra esportiva Amador 2012

Poreacutem o sentimento de pertencimento e a ideia introjetada pela populaccedilatildeo da possibilidade de bem-estar advindo

da praacutetica de exerciacutecio fiacutesicos tecircm ressaltado nesse espaccedilo mais que qualquer outra a dimensatildeo social e a psicoloacutegica A primeira pela ldquopossibilidade de lazer que essas aacutereas oferecem agrave populaccedilatildeordquo e a segunda pela ldquopossibilidade de realizaccedilatildeo de exerciacutecios de lazer e de recreaccedilatildeo que funcionam como atividades ldquoante-estresserdquo e relaxamento uma vez que as pessoas entram em contato com os elementos naturais dessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

122 Parque Ruber Van Der Linden

O Parque Ruber Van Der Linden apresenta significativa importacircncia para o municiacutepio de Garanhuns Sua proacutepria

histoacuteria jaacute eacute relevante pois foi o primeiro espaccedilo com caracteriacutesticas ecoloacutegicas do interior pernambucano e desde sua criaccedilatildeo ganhou popularidade junto aos seus habitantes os quais reservavam horas livres para passeios em um ambiente agradaacutevel e diferente em relaccedilatildeo ao centro urbano ressaltando-se que nos dias atuais eacute considerado um dos mais apraziacuteveis espaccedilos verdes de Garanhuns e regiatildeo

O parque tem este nome devido ser uma homenagem a quem o implantou e administrou o Engenheiro Ruber Van

Der Linder cidadatildeo garanhuense nascido em 28 de junho de 1896 ldquomuito estudioso aprofundou-se nos conhecimentos de agronomia pecuaacuteria e engenharia civil fiacutesica e quiacutemica ()rdquo Tambeacutem eacute considerado ldquohistoriador jornalista desenhista e poetardquo (GUEIROS SILVA AMADOR 2009) De acordo com Recircgo

Durante vaacuterios anos no cargo de gerente da empresa de aacutegua e luz do municiacutepio com recursos proacuteprios da mencionada empresa idealizou e implantou o ldquopau pombordquo que hoje tem o seu nome ldquoParque Ruber Van Der Lindenrdquo considerando-o uma pequena reserva florestal significando sobretudo um alerta para a defesa dos mananciais e a formaccedilatildeo de uma aacuterea ecoloacutegica para o ldquooacuteciordquo dos homens apoacutes a estafante labuta semanal e recreio destinado a gurizada (REcircGO 1987 p 195)

O parque funcionava na antiga Companhia de Abastecimento de Aacutegua e Luz de Garanhuns sendo reformado pela uacuteltima vez em 1994 Inicialmente essa aacuterea era denominada de ldquoo pau pombo ficava em siacutetio desmembrado da propriedade de Sr Joatildeo Carneiro que se iniciava em residecircncia ruacutestica ao lado direito da Matriz de Santo Antocircniordquo (CAVALCANTI 1893 p 247) Esse parque situa-se aproximadamente a menos de 500 metros do centro da cidade e apesar dessa proximidade manteacutem-se bem arborizado com flores paacutessaros saguumlins preguiccedila e mantendo uma das

96- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

nascentes do Rio Mundauacute tornando-se assim um dos mais requisitados pontos turiacutesticos da cidade de acordo com Gueiros Silva Amador (2009)

Adquirido pela ldquocompanhia de melhoramentosrdquo ldquoo pau pombordquo recebeu inuacutemeros benefiacutecios inclusive com a construccedilatildeo de accedilude sob a orientaccedilatildeo de Ruber Van Der Linder Era tambeacutem um dos locais apraziacuteveis da cidade e nele se realizavam sempre os piqueniques Naquele tempo os homens todos vestidos a caraacuteter em trajes de passeio formal (paletoacute e gravata) as senhoras com suas roupas domingueiras e chapeacuteus de abas longas muito em voga na eacutepoca Natildeo faltava orquestra nem cantores inclusive o boecircmio Augusto Calheiros (CAVALCANTI 1893 p 247)

No entanto apesar de toda essa diversidade fauniacutestica floriacutestica e esteacutetica que transpotildee seacuteculos percebe-se que natildeo haacute uma valorizaccedilatildeo adequada por parte da populaccedilatildeo nem do setor puacuteblico municipal O referido espaccedilo eacute frequentemente utilizado para visitaccedilatildeo de turistas principalmente em momentos de festividades na cidade (Figura 20) ficando agrave revelia de seus moradores Importante salientar que o Parque em apreccedilo estaacute situado em uma aacuterea em declive o que proporciona o uso do desenho do terreno para o embelezamento do parque atraveacutes dos terraceamentos (Figura 21) que foram feitos para facilitar o escoamento de aacuteguas de chuvas contribuir na sustentaccedilatildeo do solo na encosta e tambeacutem aproveitados tambeacutem para dar maior conforto ao usuaacuterio do parque em seus passeios

Figura 20 Movimento de turistas Figura 21 Passeio em terraceamento

Foto M Amador 2012 Foto M Amador 2012

Recentemente tecircm-se notiacutecias de que se estaacute usando o lugar para praacuteticas de educaccedilatildeo ambiental atraveacutes de iniciativas de alguns profissionais do ensino o que eacute bastante salutar A valorizaccedilatildeo natureza eacute de fundamental importacircncia para que se possa garantir bem estar e qualidade de vida para as futuras geraccedilotildees Endossa-se pois as iniciativas levadas agrave praacutetica pela educaccedilatildeo ambiental visto ser um processo de (re) educaccedilatildeo contiacutenua na esperanccedila que o ser humano se harmonize com o meio ambiente jaacute que ldquoa problemaacutetica ambiental exige mudanccedilas de comportamentos de discussatildeo e construccedilatildeo de formas de pensar e agir na relaccedilatildeo com a naturezardquo (BRASIL 1998 p180)

Segundo estudo de Gueiros Silva Amador (2009) o parque possuiacutea aacutervores raras como a Jacaratiaacute e que natildeo existe mais afirmaccedilatildeo encontrada em Valenccedila (2012) que indica ter sido orientaccedilatildeo de Rubens Van Der Linden a transformaccedilatildeo do Siacutetio Vaacuterzea um verdadeiro pomar onde se encontrava frutos de clima temperado como a uva e o caquiacute aleacutem da jacaratiaacute hoje extinta no Nordesterdquo O jaracatiaacute faz parte do contexto de vegetaccedilatildeo endecircmica amazocircnico-nordestino e por ser Garanhuns-PE uma aacuterea de exceccedilatildeo por estar sobre o Planalto da Borborema (Figura 22) beneficiada com uma pluviometria caracteriacutestica de brejos de altitude geralmente entre 500 e 1100 mm ofereciaoferece condiccedilotildees ambientais para florestas de certo porte conforme Tabarelli ( 2012 p 287)

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Figura 22 Ilustraccedilatildeo de uma aacuterea de exceccedilatildeo por altitude Fonte TABARELLI Disponiacutevel em httpwwwculturaapicolacomarapunteslibrosCaatingaparte9_brejospdf Acesso em 04 set 2012 p 287)

Quanto agrave diversidade fauniacutestica no presente a mesma se constitui principalmente de insetos paacutessaros saguins e algumas preguiccedilas que vivem nas copas das aacutervores e dificilmente satildeo vistas Tambeacutem uma das nascentes do Rio Mundauacute

Logo a principal funccedilatildeo do Parque Ruber Van Der Linden eacute de ordem ecoloacutegica pois dispotildee de maior diversidade de espeacutecies floriacutesticas e fauniacutesticas maior interaccedilatildeo solo ndash planta ndash aacutegua Formalmente uma aacuterea livre eou parque com massa verde significativa favorece o ldquoprovimento de melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar aacutegua e solo resultando no bem estar dos habitantes devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo do solo natildeo impermeabilizado e de uma fauna mais diversificada nessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

Como ultimas consideraccedilotildees sobre o trabalho dos parques entende-se que os mesmos abordados nesse trabalho possuem uma longa trajetoacuteria junto ao municiacutepio considerado os quais ora se adaptaram agraves novas demandas da populaccedilatildeo ressaltando-se aacuterea de lazer mas tambeacutem eacute visiacutevel que a relaccedilatildeo que estaacute estabelecida no seio da populaccedilatildeo em geral eacute de afastamento com este bem chamado parque urbano difuso e de fundamental importacircncia para o bem estar das pessoas e do ambiente em termos macros entendendo-se como local municipal Nesse sentido acredita-se serem os estudos da percepccedilatildeo ambiental essenciais para compreender as inter-relaccedilotildees entre o homem e o ambiente

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Planalto da

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98- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

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102- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL

DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS

(BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE

PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE

CALCcedilADO-PE

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Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

O tratamento da temaacutetica ambiental eacute por assim dizer atividade bastante complexa do ponto de vista teoacuterico e mais ainda do ponto de vista da praacutexis Somente as accedilotildees desenvolvidas do ponto de vista da holisticidade da temaacutetica eacute que conseguem apresentar resultados satisfatoacuterios no tocante agraves tentativas de recuperaccedilatildeo e preservaccedilatildeo de ambientes degradados locais regionais ou planetaacuterio ndash a biosfera Tal complexidade abarca ateacute a maneira de como se deve conceber o meio ambiente

Francisco de Assis Mendonccedila

(MENDONCcedilA 2004 p70)

No desenvolvimento de uma pesquisa uma seacuterie de reflexotildees satildeo necessaacuterias para uma boa execuccedilatildeo das atividades as quais se seguiratildeo no decorrer dos estudos Tratar da temaacutetica ambiental ainda em emergecircncia a qual estaacute inserida na atualidade eacute um desafio e ao mesmo tempo uma necessidade pois natildeo se pode deixar que discursos poliacuteticos e midiaacuteticos sirvam de norte para a maioria da populaccedilatildeo mundial Eacute de suma importacircncia que ao falar de meio ambiente possa-se dar meios para que a compreensatildeo deste tema seja bem alicerccedilado em teorias e concepccedilotildees pertinentes aos tempos em que vivemos trabalhando de forma integrada o a natureza e o homem Neste sentido a anaacutelise da Barauacutena (Schinopsis brasiliensis) num contexto sistecircmico agregado agraves questotildees ambientais na relaccedilatildeo do homem com a natureza eacute uma fonte quase que inesgotaacutevel de diversas possibilidades de variaacuteveis que se apresentam como essenciais para se adquirir um resultado satisfatoacuterio da pesquisa Assim para que a execuccedilatildeo se encaminhasse pela proposta pretendida foi necessaacuterio a interdisciplinaridade no que se refere agrave anaacutelise social e natural que mediante essa interaccedilatildeo permitiu trazer o pensamento complexo proposto por Edgar Morin o qual defende um diferente olhar paradigmaacutetico natildeo necessariamente novo mas suficientemente transformador na abordagem da temaacutetica ambiental

104- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A existecircncia da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado- PE levou agrave busca de argumentos que subsidiassem uma discussatildeo sob o vieacutes sistecircmico voltado a paisagem verde e no caso especiacutefico a pesquisa centrou-se nas aacutervores do semiaacuterido nordestino e para ser mais preciso da Caatinga bioma uacutenico no mundo tendo-se como foco a espeacutecie barauacutena por ter existido em abundancia no passado e atualmente estar em processo de extinccedilatildeo no referido municiacutepio

Os elementos que se apresentam como propostas nesta anaacutelise afirmam estabelecer novas concepccedilotildees agravequelas que segregam as relaccedilotildees de diaacutelogo entre o homem e o meio que do ponto de vista geograacutefico se reportam natildeo apenas a meras descriccedilotildees mas acima de tudo a buscar os fluxos concretos de interaccedilatildeo do natural com o social Assim natildeo foi observada qualquer paisagem como algo estaacutetico mas sempre observada como algo dinacircmico que se abre e permite desvendar novas formas de vecirc-las tanto ligadas a sensibilidade e imaginaccedilatildeo das pessoas quanto a proacutepria capacidade de transformaccedilatildeo natural do meio

Como jaacute exposto esta anaacutelise se reporta a pesquisa que trouxe como tema ldquoA Relaccedilatildeo Natural e Social da Schinopsis brasiliensis (Brauacutena) com o Meio Rural e Urbano numa Perspectiva de Paisagem Verde no Municiacutepio de Calccedilado-PErdquo a qual fez parte de um trabalho de maior porte sobre o verde do agreste tanto rural quanto urbano Nesse contexto reconhecer a Brauacutena ou Barauacutena do sertatildeoagreste como tambeacutem eacute denominado foi papel fundamental no caminhar desta pesquisa podendo-se perceber o quanto a mesma eacute notaacutevel sua importacircncia para cada lugar no sentido de troca de benefiacutecios com outras espeacutecies e tambeacutem da proacutepria identidade de moradores e seu apego com elas

A Brauacutena do Sertatildeo considerada aacutervore nobre eacute nativa dessa regiatildeo No bioma Caatinga e no estado de Pernambuco admite-se que haacute ocorrecircncia de ateacute dez indiviacuteduos por hectare As Schinopsis brasiliensis (Brauacutenas) de ordem sapendalesda famiacutelia anacordiacease gecircnero schinapes satildeo aacutervores espinhentas e de comportamento deciacuteduo As maiores aacutervores atingem dimensotildees proacuteximas a 15 m de altura na idade adulta sendo uma das maiores aacutervores da caatinga As flores satildeo pequenas medindo de 3 mm a 4 mm de diacircmetro brancas glabras e suavemente perfumadas O fruto eacute uma drupa alada medindo de 3 cm a 35 cm de comprimento de coloraccedilatildeo castanho-claro e cheia de massa esponjosa A brauacutena apresenta crescimento lento a idade de corte daacute-se geralmente entre 20 a 30 anos Eacute uma espeacutecie nobre da caatinga como jaacute descrito e devido a grande variedade na sua utilizaccedilatildeo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Isso se seguiu ao quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido (EMBRAPA 2009) e aqui fica a preocupaccedilatildeo quem fiscaliza essa proibiccedilatildeo Em termos de comercializaccedilatildeo formal ateacute se admite haver fiscalizaccedilatildeo mas no dia a dia do campo frente agrave necessidade de espaccedilo para outras culturas e principalmente pastos acredita-se que quem sabe ignora e quem natildeo sabe considera sua derrubada um ato natural e sem nenhuma consequecircncia seja para o ambiente seja para eles mesmos

Objetivou-se analisar a Barauacutena em sua funcionalidade tanto natural quanto social inserida na aacuterea rural e urbana do municiacutepio de Calccedilado-PE num contexto sistecircmico atrelado a questotildees que envolvem o verde da paisagem principalmente rural Essa questatildeo ligada ao verde abre um amplo debate em vaacuterios segmentos do contexto ambiental e propotildee uma seacuterie de interconexotildees com vaacuterias aacutereas afins mas na pesquisa em questatildeo deu-se ecircnfase ao verde associado a uma funccedilatildeo social e natural Tem grande relevacircncia quanto a necessidade do municiacutepio conhecer e reconhecer a Barauacutena como aacutervore de importacircncia iacutempar para a sociedade e para o meio natural tambeacutem pela relevacircncia de se refletir e socializar a compreensatildeo do objeto de estudo para evidenciar e discutir a questatildeo da preservaccedilatildeo e da sua funccedilatildeo para a paisagem como parte de um sistema bem como servir de base para fundamentaccedilatildeo de pesquisas posteriores

O estudo foi realizado no municiacutepio de Calccedilado-PE o qual estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco (Figura 1) fazendo parte do semiaacuterido distante 2001 Km do Recife e destaca-se pela produccedilatildeo agriacutecola de feijatildeo A temperatura meacutedia anual eacute de 221 ordmC

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Figura 1 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Calccedilado - PE Adaptado por Raiacute Viniacutecius 2014

1 HISTOacuteRICO E CARACTERIZACAO DE CALCADO-PE

O nome Calccedilado originou-se de um boi preto cujas patas eram totalmente brancas chamado por isso ldquoO Boi Calccediladordquo O boi vivia solto e costumava pastar e descansar a sombra da aacutervore denominada barriguda Essa aacutervore existia onde eacute hoje o centro da cidade Daiacute resultou a expressatildeo ldquopara onde vais Vou para Calccediladordquo A cidade acha-se edificada em uma semiencosta declive de um oitizeiro

Em 1825 era uma fazenda de propriedade do senhor Bernadino Alves do Nascimento conhecido por Bernardo Pedra devido seu riacutegido caraacuteter Existiam quatro casas onde residiam os senhores Tomas Vieira Bernardino Alves do Nascimento Joatildeo Gonccedilalves e Joseacute Vieira

Foi construiacuteda uma capela sob a invocaccedilatildeo de Nossa Senhora de Lourdes Teve como bem feitor o senhor Bernardino que lhe doou a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e um sino recebidos de presente do Padre Moura em um dos vaacuterios passeios em sua residecircncia Doou ao mesmo tempo o terreno para que fizesse parte do patrimocircnio da Igreja cujos direitos continuam vigorando ateacute hoje Com auxiacutelio de sua santa protetora que se encontra atualmente na Igreja Matriz Calccedilado desenvolveu-se muito no decorrer dos anos

Em 1845 jaacute se achava bem povoado Existia um nuacutemero de noventa casas destacando-se as residecircncias dos senhores Cacircndido Alexandre e Joseacute Alexandre da Silva

Calccedilado foi no passado grande centro comercial e industrial com a faacutebrica de beneficiar algodatildeo pertencente ao saudoso Cacircndido Alexandre Passando a Vila em 1885 viveu muitos anos sob os domiacutenios de Canhotinho-PE sendo a maior fonte econocircmica e poliacutetica daquele municiacutepio

Em primeiro de fevereiro de 1932 foi elevado agrave categoria de Paroacutequia tendo como primeiro vigaacuterio o Padre Sizenando Saacute Barreto Sucederam-se outros padres os quais contribuiacuteram muito para o progresso do municiacutepio

Em iniacutecio de fevereiro de 1963 nasceu nos coraccedilotildees dos Calccediladenses um desejo de emancipaccedilatildeo Foram organizados os documentos necessaacuterios e enviados agrave Assembleia do Estado Logo se deu a formaccedilatildeo administrativa onde a divisatildeo referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Calccedilado No quadro fixado para vigorar no periacuteodo de 1944-1948 o distrito de Calccedilado permanece no municiacutepio de Canhotinho Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 01 de julho de 1960

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Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Calccedilado (Figura 1) ja evidenciado acima pela Lei Estadual nordm 4948 de 20- de dezembro de 1963 desmembrado de Canhotinho Sede no antigo distrito de Calccedilado Constituiacutedo do distrito sede Instalado em 22 de fevereiro de 1964 Em divisatildeo territorial datada de 01 de janeiro de 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo do distrito sede Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 2005 (IBGE 2013)

2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A pesquisa em si teve como base metodoloacutegica adotada o levantamento bibliograacutefico bem como a ida ao campo para observaccedilotildees e entrevistas algumas tendo como objetivo o resgate de histoacuteria oral que expressassem essa conotaccedilatildeo de diaacutelogo entre o objeto de estudo e o cotidiano das pessoas

Em termos de procedimento mostrou-se tambeacutem necessaacuterio agrave interdisciplinaridade no trato de questotildees expostas que emergiram no processo de evoluccedilatildeo do estudo bem como o uso da percepccedilatildeo como ferramenta de anaacutelise da paisagem a qual assume ser peccedila fundamental numa pesquisa voltada a temaacutetica sobre meio ambiente Houve tambeacutem aplicaccedilatildeo de questionaacuterios associados agrave entrevistas aos moradores proacuteximos do objeto de estudo e sempre que possiacutevel utilizou-se a maacutequina fotograacutefica para tomada de algumas fotos importantes na documentaccedilatildeo do trabalho de campo

Na identificaccedilatildeo da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado-PE inicialmente realizou-se uma busca aos siacutetios que estatildeo inseridos na aacuterea de estudo Procurou-se tambeacutem o conhecimento mesmo que preliminar dessa aacutervore na dinacircmica de cada localidade Cabe salientar ainda que esta pesquisa integrou trabalhos no Grupo de Estudos Sistecircmicos do SemiAacuterido do Nordeste ndash GESSANE compondo o projeto denominado ldquoO verde na paisagem agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo que visa obter um quadro da situaccedilatildeo do verde urbano e rural de municiacutepios na aacuterea de abrangecircncia de Garanhuns considerado polo educacional turiacutestico e comercial na microrregiatildeo considerada

3 PERSPECTIVAS E DISCUSSOtildeES DA BARAUacuteNA NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO- PE

Na pesquisa que foi desenvolvida houve a percepccedilatildeo da importacircncia da Barauacutena tanto para a sociedade quanto para a proacutepria dinacircmica natural No municiacutepio de Calccedilado foi encontrada a aacutervore em alguns dos siacutetios quais sejam o Siacutetio Pitombeira Boa Vista Mocoacutes Riacho Dantas Olho dacuteagua Velho e Vaacuterzea do Gado Cabe salientar que destes citados o Siacutetio Pitombeira se sobressai por uma quantidade maior de aacutervores dessa espeacutecie As fotos mostradas abaixo satildeo de barauacutenas no Siacutetio Pitombeira (Figuras 2 e 3)

Figuras 2 e 3 Barauacutenas no Sitio Pitombeira em Calccedilado ndash PE 2013 Foto Raiacute Viniacutecius 2013

O relacionamento dessa aacutervore com o ser humano remete a uma sensaccedilatildeo de lembranccedilas que por muitas vezes

gera apego pois se apresentam como objeto causador dessas lembranccedilas Caracterizando-se essa visatildeo de apego foi notado algumas caracteriacutesticas que revelam o forte sentimento de pertecimento com essas aacutervores e portanto absorve-

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se daiacute um cuidado maior que tornam algumas pessoas praticamente defensores tenazes das barauacutenas e de todas as aacutervores de grande porte do semiaacuterido

Espera-se no entanto que esses sentimentos percebidos tenham maior abrangecircncia e que esses valores consigam alcanccedilar outras geraccedilotildees de herdeiros coadunando-se assim com uma das mais importantes premissas da sustentabilidade ambiental a qual pode ser entendida como um principio

O principio da sustentabilidade coloca a preservaccedilatildeo e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais como condiccedilatildeo essencial para a reproduccedilatildeo socioeconoacutemica da sociedade seja ela urbana ou rural (MARTINS SOARES 2010 p 149 apud AMADOR 2011 p52)

Cabe agora abordar nessa discussatildeo a conceituaccedilatildeo de percepccedilatildeo e sua utilizaccedilatildeo nesta pesquisa e antes de fazer a relaccedilatildeo da percepccedilatildeo com a questatildeo ambiental eacute importante conhecer o que de fato eacute percepccedilatildeo

[] destina-seas formas em quehomem sentee entende oambiente(naturaleartificial) especialmenteinfluenciadopor fatores sociaise culturaisTrata-se deuma reflexatildeo sobre oniacutevel de conhecimentoe de sua organizaccedilatildeo os valores que foram colocadas sobremeio ambienteas preferecircnciasdo homem ea maneira em que as escolhassatildeo exercidase os conflitosresolvidos(ONU 1973 p 09)

O conceito de percepccedilatildeo ambiental num contexto mais amplo nas diferentes ciecircncias agrega na proacutepria discussatildeo ambiental uma conotaccedilatildeo subjetiva e carregada de atributos que a torna complexa envolvendo pontos de interseccedilatildeo entre a geografia e a psicologia para o surgimento da percepccedilatildeo

Eacute interessante notar como esse conceito tem estabelecido conexotildees entre um estudo sobre o meio fiacutesico afeito aos meacutetodos da geografia ou da arquitetura e uma reflexatildeo sobre as relaccedilotildees desse meio com a subjetividade proacutepria do instrumental psicoloacutegico Parece ser exatamente por se colocar no meio do terreno que esse conceito tem sido definido de maneira ora mais proacutexima agraves ciecircncias naturais ora mais proacutexima aos saberes que no passado foram chamados lsquociecircncias do espiacuteritorsquo Percepccedilatildeo ambiental eacute uma representaccedilatildeo cientiacutefica e como tal tem sua utilidade definida pelos propoacutesitos que embalam os projetos do pesquisador (PACHECO 2009 pag 19)

Para Tuan (1980) ldquoestudar a percepccedilatildeo leva o sujeito agrave compreensatildeo de si mesmordquo Assim eacute importante entender que a percepccedilatildeo no caso em que foi analisada assumiu uma postura das relaccedilotildees de afeto ao lugar onde fez-se necessaacuteria uma visatildeo sistecircmica dessa relaccedilatildeo

No caso especiacutefico da interpretaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de paisagens naturais construiacutedas e ecleacuteticas temos um avanccedilo significativo a partir do iniacutecio da deacutecada de 1980 estimulado pelos estudos inter e multidisciplinares na aacuterea das Ciecircncias Ambientais especialmente no campo da Ecologia de Paisagens influenciados pela visatildeo sistecircmica (GUIMARAtildeES 2009 p 4-5)

Importante salientar que a percepccedilatildeo ambiental natildeo toma para si uma anaacutelise das representaccedilotildees da realidade mas discute cientificamente perspectivas complexas que aparecem como fundamentais num contexto amplo

Discutir o conceito de percepccedilatildeo ambiental natildeo eacute portanto uma questatildeo de dizer quais das representaccedilotildees parecem corresponder melhor agrave realidade mas elucidar as perspectivas cientiacuteficas sociais ou poliacuteticas veiculadas atraveacutes da utilizaccedilatildeo desse conceito (EacuteSER HILTON 2006 p 7)

Eacute a partir da percepccedilatildeo ambiental que se pode pensar a paisagem como um centro de expansotildees e retraccedilotildees de nossos pensamentos e sentimentos O uso da percepccedilatildeo numa anaacutelise sobre o meio ambiente possibilita uma escuta de valores necessidades e expectativas sobre determinada unidade ambiental

A Barauacutena eacute uma espeacutecie da Caatinga e devido a grande variedade de sua utilizaccedilatildeo e de ser madeira considerada ldquonobrerdquo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Consequentemente isso acarretou o quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido e a pesquisa vecircm reafirmar veementemente esse fato

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Ressalta-se nesse ponto que de acordo com Tarsa (2008 p 33 ndash 34 apud ARRUDA 2013 p 97) ldquoa Caatinga eacute hoje uma das regiotildees do planeta mais ameaccediladas pela exploraccedilatildeo humana predatoacuteria e eacute uma das menos protegidasrdquo aleacutem de ser comprovadamente um dos ecossistemas de ecologia fraacutegil e pouco conhecido bem como sujeito ao processo de desertificaccedilatildeo como ja preconizado deacutecadas atraacutes pelo ecoacutelogo Vasconcelos Sobrinho

As discussotildees que envolvem as questotildees ambientais demandam atenccedilotildees no meio acadecircmico favorecendo assim o surgimento de pesquisas nas quais a complexidade presente nesse tema contribua para reflexatildeo da necessidade e importacircncia colaborativa tanto entre os professores das diversas aacutereas do conhecimento quanto para a populaccedilatildeo em geral pois se acredita que o trabalho sistecircmico e interdisciplinar que tambeacutem eacute complexo contribui na relaccedilatildeo intriacutenseca que existe entre o homem e o meio

Entatildeo a discussatildeo sobre a temaacutetica ambiental que se estendeu desde o naturalismo passando por vaacuterias vertentes do pensamento moderno e poacutes-moderno natildeo conseguiu tratar adequadamente desses dois segmentos da ciecircncia humana e natural de forma integrada mas que conforme o tempo passa cada vez mais se vai estreitando e ficando quase que impossiacutevel serem trabalhadas de forma segregada

Assim ao se descobrir que o meio ambiente afirma as complexas interrelaccedilotildees entre o social e o natural ambos em constante transformaccedilatildeo comeccedilam a surgir vaacuterias discussotildees no meio acadecircmico e o aparecimento de muitos trabalhos que evidenciam a problemaacutetica nesse contexto Torna-se relevante em consequecircncia uma ampla discussatildeo que se integre em diversas aacutereas do saber onde o pensamento complexo possa tomar para si o tema e abordar sob a oacutetica fundamental das relaccedilotildees que se estabelecem na discussatildeo de ambos os contextos perfazendo um caminho de diaacutelogo entre eles

O dialogo nesse contexto por sua vez exige o imaginaacuterio presente na sociedade e a humildade do pensar cientiacutefico Mas mesmo assim ainda considera-se insuficiente frente agrave falta de sensibilidade para questotildees dessa natureza vindas principalmente do setor administrativo em todas as esferas hieraacuterquicas o qual vive e segue o sistema econocircmico reinante em sua plenitude Constata-se que a realidade eacute ecossistemica e portanto dinacircmica ao mesmo tempo humana e subjetiva artificial e objetiva

Pensar nos fatos abordados calcados no sistemismo eacute pensar sob um vieacutes amplo e aberto ao dinamismo complexo que se estabelece a partir das variaacuteveis existentes das mais diversas aacutereas do conhecimento Nessa visatildeo que une as vertentes fiacutesicas agrave humana tem-se que adentrar em termos mais amplos onde a percepccedilatildeo que foi peccedila fundamental neste trabalho entrou em cena como um forte meio para execuccedilatildeo dos estudos Na Geografia a questatildeo da percepccedilatildeo ambiental se apresenta como um elo capaz de aproximar o sub-ramo fiacutesico ao humano e eacute atraveacutes dessa percepccedilatildeo que as discussotildees devem ser feitas com muita profundidade para o desenvolvimento de reflexotildees acerca do meio ambiente

4 SOCIEDADE versus NATUREZA

Pensar e refletir sob a perspectiva sistecircmica e complexa do meio ambiente com o uso da Barauacutena como elemento

fundamental talvez pareccedila num primeiro instante algo novo que traz uma possiacutevel busca de unir vertentes fiacutesica agraves humanas e que talvez suas raiacutezes estejam fincadas em solos rasos

Natildeo o que no entanto essa nova visatildeo traz eacute algo que vai muito aleacutem do que um simples olhar superficial e de aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas ultrapassadas para esse tipo de abordagem face ao desenvolvimento do conhecimento o que essa anaacutelise propotildee eacute um olhar amplo soacutelido e embasado numa discussatildeo que se estende nas mais diversas aacutereas do conhecimento e que natildeo se fecha a tomada de novas variaacuteveis pois estas enriquecem sem sombra de duacutevida aos questionamentos que movem o mundo cientiacutefico

O homem que se diz um ser cultural e assim o eacute tambeacutem tem que tomar para si consciecircncia de que ao mesmo tempo eacute natureza e essa visatildeo conjunta torna-o parte e protagonista do relacionamento com o ambiente afirmando a complexidade que existe nesse relacionamento carregado de fatos concretos e de valores impliacutecitos que os tornam fonte inesgotaacutevel de estudos sistecircmicos

A natureza em nenhuma hipoacutetese deve ser taxada como uma obra estaacutetica ou mesmo ateacute acabada ela antes de tudo eacute sempre algo que se renova e estaacute em uma contiacutenua transformaccedilatildeo acompanhando tambeacutem essa evoluccedilatildeo que o homem vive na atual configuraccedilatildeo social a qual caminha a humanidade Neste sentido a interferecircncia que o homem

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exerce sobre o meio vem aumentando gradativamente e sua influecircncia gera cuidados pois essa mesma influecircncia se caracteriza muitas vezes em accedilotildees erradas onde a agressatildeo e as formas estuacutepidas com que alguns agem fazem com que vidas da fauna e flora estejam correndo riscos eminentes como eacute o caso da Barauacutena uma bela e importante aacutervore do semiaacuterido que atualmente estaacute em risco de extinccedilatildeo

Ao se tratar de questotildees que envolvem a sociedade e a natureza natildeo se pretende aqui discutir as particularidades de cada uma ou mesmo dar prioridade a uma discussatildeo dissociada da outra O que se busca quando tratamos dessas temaacuteticas de forma conjunta eacute trazer os resultados dessa interaccedilatildeo e se fazer uma anaacutelise minuciosa de cada uma delas para formaccedilatildeo de um contexto que eacute mais amplo porque faz emergir a complexidade presente

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O pensamento complexo na questatildeo ambiental trazida principalmente por Edgar Morin vem ao encontro de uma

nova reflexatildeo sobre a questatildeo em pauta deixando de ser apenas natural e passando a se relacionar ao social proporcionando assim novas discussotildees e o surgimento de novos paradigmas em vaacuterias aacutereas do conhecimento aleacutem do conceito de uma organizaccedilatildeo sistecircmica quebrando preconceitos e tabus que pudessem existir sobre o meio ambiente e o uso dessa expressatildeo

Essa questatildeo abriu as portas ao despertar ecoloacutegico tratado por Alfredo Pena-Vega que calcado nas concepccedilotildees complexas do proacuteprio Edgar Morin escreveu sobre as intriacutensecas relaccedilotildees de dependecircncias e independecircncias do homem e do meio como integrante de um sistema e sem esquecer contudo da questatildeo da preservaccedilatildeo do meio ambiente que se tornou de relevante importacircncia devido aos muitos desequiliacutebrios ecoloacutegicos respaldado tambeacutem numa reorganizaccedilatildeo epistemoloacutegica colocada pelo Michel Foucault (1966) como salientado por Pena-Vega em sua obra ldquoO Despertar Ecoloacutegicordquo (2003) o que possibilitou novas visotildees sobre ecologia

Essa visatildeo de sistemas colocada para tornar o meio ambiente parte dinacircmica relacionada agrave accedilatildeo humana foi tido como principal meacutetodo de abordagem que evidenciasse justamente essa relaccedilatildeo existente entre o natural e o social pois na evoluccedilatildeo do pensamento geograacutefico desde sua sistematizaccedilatildeo com Humboldt que era naturalista e Ritter que descrevia as organizaccedilotildees espaciais dos homens sobre os diferentes lugares atrelaram-se a essas vertentes poreacutem com dissociaccedilotildees que ao mesmo tempo as separavam Mais tarde Ratzel propocircs uma visatildeo do determinismo dos lugares sobre o homem contrapondo-se a isso La Blache concebia as possibilidades que o homem poderia ter sobre o meio e a separaccedilatildeo entre elementos fiacutesico-naturais e elementos humano-sociais No entanto nenhuma dessas concepccedilotildees conseguiu inter-relacionar sistemicamente o homem com o meio natural

Seguindo-se a discussatildeo do pensamento complexo e a ideia de sistemas eacute notaacutevel que nem o meacutetodo positivista que natildeo conseguia associar a questatildeo fiacutesica agrave humana nem o marxismo que partia da criacutetica do homem e sua sociedade foram capazes de conceber em seus estudos as relaccedilotildees complexas do meio ambiente sendo a teoria de sistemas o principal meacutetodo encarregado do estudo dessa aacuterea Por volta dos anos 1930 surge a abordagem sistecircmica defendida e divulgada por Ludwig von Bertalanffy bioacutelogo alematildeo e que soacute deacutecadas depois teve a obra Teoria dos Sistemas difundida em praticamente todas as aacutereas da ciecircncia

Chegamos entatildeo a uma concepccedilatildeo que por oposiccedilatildeo ao reducionismo podemos denominar perspectivismo Natildeo podemos reduzir os niacuteveis bioloacutegico social e do comportamento ao niacutevel mais baixo o das construccedilotildees e leis da fiacutesica Podemos contudo encontrar construccedilotildees e possivelmente leis nos niacuteveis individuais [] O principio unificador e que encontramos organizaccedilatildeo em todos os niacuteveis (BERTALANFFY 2009 p 76)

Assim a barauacutena aacutervore tatildeo importante na dinacircmica natural do semiaacuterido eacute um grandioso e ao mesmo tempo

pequeno elemento de uma discussatildeo que abrange diversas concepccedilotildees e que busca essa imersatildeo harmoniosa na relaccedilatildeo do homem com seu meio

A pesquisa sem duacutevida alcanccedilou suas expectativas pois a cada passo dado pocircde-se desvendar essa fascinante dimensatildeo do envolvimento cotidiano e histoacuterico da vida do ser humano totalmente ligado a vida natural e nesse caso especifico ao elemento Barauacutena

110- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_______ Maria Betacircnia Moreira Abordagem geograacutefica de antigas aacutereas algarobadas atraveacutes do estudo sistecircmico dos processos superficiais da paisagem e sua influecircncia na biota local MonteiroPR Maria Betacircnia Moreira Amador ndash Recife Ed Universitaacuteria as UFPE 2013

ARRUDA Lucielma Bernardino Coelho de Alfabetizacao ecoloacutegica a caatinga como ponto de partida In SOUZA Debora Quetti Marques de (Org) Educaccedilatildeo em debate toacutepicos atuais Recife Editora Universitaria da UFPE 2013

BERTALANFFY Ludwig von Teoria geral dos sistemas fundamentos desenvolvimento e aplicaccedilotildees 4 ed Traduccedilatildeo de Francisco M Guimaraes Petropolis Rio de Janeiro Vozes 2009

GUIMARAtildeES Solange T de Lima Percepccedilatildeo Ambiental Paisagem e Valores OLAM- Ciecircncia e Tecnologia Nordm 2 2009lt Disponiacutevel em HTTP www cecemcarcunespbrojsiacutendex-phpolamiacutendex- Acesso em 03062013

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrashomephpgt Acesso em 25 de novembro de 2013

MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e meio ambiente Francisco de Assis Mendonccedila 7 Ed ndash Satildeo Paulo Contexto 2004 ndash (caminhos da Geografia)

PACHECO SILVA Eacuteser e Hilton P Compromissos epistemoloacutegicos do conceito de percepccedilatildeo ambiental Programa EICOSUFRJ Departamento de Antropologia Museu nacional e programa EICOSUFRJ 2009

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo de Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

TUAN Yu Fu Topofilia Um Estudo da Percepccedilatildeo Atitudes e Valores do Meio Ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 111

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE

A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO

JOAtildeOPE

112- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE

SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carecircncia Se cada um tomasse o que lhe fosse necessaacuterio natildeo havia pobreza no mundo e ningueacutem morreria de fome

MAHATMA GANDHI11

Este capiacutetulo aborda reflexotildees sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) sob os pontos de vista ambiental e econocircmico inserida na aacuterea rural do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no acircmbito das questotildees verdes do Agreste Pernambucano atraveacutes da visatildeo sistecircmica Foi idealizado com o intuito de contribuir para uma melhor apreensatildeo sobre esta aacutervore cogitando suas relaccedilotildees no espaccedilo geograacutefico e agraacuterio na qual estaacute absorvida Tambeacutem com a finalidade de contribuir para um maior conhecimento da aacuterea de estudo

Objetivou-se com este trabalho identificar e esclarecer as relaccedilotildees e as funcionalidades que a Jurema Preta tem em seu ambiente natural inserida no municiacutepio em estudo Portanto as informaccedilotildees seratildeo de fundamental importacircncia para os leitores que se interessam pelos assuntos que remetem agraves questotildees ambientais em especiacutefico o verde no ambiente rural enquadrados no sistemismo e na geografia ambiental e conhecer um pouco sobre Satildeo JoatildeoPE

As informaccedilotildees contidas neste capiacutetulo satildeo fruto de uma pesquisa realizada no municiacutepio selecionado por meio de uma bolsa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica atraveacutes do PIBIC-ICUPECNPq2013-2014 Tambeacutem pela experiecircncia de vida do autor e por fontes de autores que tambeacutem trabalham a respeito da Jurema 1 DEFINICcedilAtildeO DA JUREMA PRETA E CARACTERIacuteSTICAS GERAIS

O objeto de estudo eacute a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) de sinocircnimo botacircnico Mimosa hostilisBenth espeacutecie arboacuterea-arbustiva pioneira tiacutepica e encontrada frequentemente no bioma Caatinga pertencente agrave

11 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 113

famiacutelia Fabaceae da ordem das Fabales ocorrendo nas regiotildees semiaacuteridas do Brasil principalmente nos estados do Nordeste brasileiro Tambeacutem eacute conhecida por calumbi em algumas regiotildees do Nordeste

Tem o nome de Jurema Preta para se diferenciar de outro tipo de jurema a Jurema Branca (Mimosa verrucosa ou Mimosa ophtalmocentra Mart Ex Benth) Vasconcelos Sobrinho (1970) define Jurema Preta afirmando que

A Mimosa hostilisBenth Jurema Preta ndash Leguminosa ndash eacute aacutervore de pequeno porte ateacute 5 metros de altura por 020 centiacutemetros de diacircmetro casca escura com acuacuteleos Madeira muito dura castanho-escura geralmente utilizada para carvatildeo em fundiccedilotildees dado o seu alto poder caloriacutefico (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

A Jurema Preta (Figura 1) se destaca pelas suas variadas formas de utilizaccedilotildees devido suas significativas potencialidades que vatildeo desde as suas raiacutezes ateacute suas folhas Dela satildeo feitos vaacuterios produtos de aproveitamento humano e animal

Figura 1 ndash Jurema Preta no siacutetio Vaacuterzea do Barro Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto acima pode ser observado que a Jurema tem um aspecto arboacutereo poreacutem isso vai depender do tipo de solo em que ela estaacute fixada Se for um solo muito pedregoso ficaraacute apenas um arbusto e seu crescimento seraacute limitado e com bastante galhos retorcidos que natildeo viraratildeo estacas Jaacute na imagem da figura 1 o solo eacute mais arenoso e isso faz com que ela cresccedila mais os galhos ficam retiliacuteneos proporcionando melhor qualidade as estacas e a copa fica mais frondosa

114- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na sua morfologia a Jurema tem seu tronco apresentando variaccedilatildeo entre 15-30 centiacutemetros de diacircmetro revestido com uma casca grossa escura rugosa e com espinhos Suas folhas (Figura 2) satildeo bipinadas compostas com 4-7 pares de folhas pinadas O conjunto dessas pinas se estende por hastes (talos) perifeacutericas de 2-4 cm de comprimento e eacute composto por 15-33 pares de foliacuteolos de 5-6 mm de comprimento cada um

Figura 2 ndash Folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

As flores (Figura 3) satildeo alvas pequenas de 4-8 cm de comprimentodispostas em espigas O fruto eacute uma vagem de tamanho pequeno (25-5 mm) e quebradiccedilo quando amadurecido Em cada vagem haacute cerca de 4-6 sementes estas satildeo de coloraccedilatildeo marrom apresentando forma oval e achatada com aproximadamente 3 mm de diacircmetro

Nesse contexto a flor da Jurema eacute muito importante para as abelhas e outros insetos que se alimentam do poacutelen e isso faz com que usem a aacutervore para fins apiacutecolas

Figura 3 ndash Flores e vagem da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 115

Tanto as flores quanto as folhas tem um cheiro caracteriacutestico e forte que ao exalar atraem insetos que iratildeo se

alimentar do seu poacutelen promovendo assim a fecundaccedilatildeo e as sementes seratildeo disseminadas para outras aacutereas Sua floraccedilatildeo eacute bastante perceptiacutevel onde toda a copa da aacutervore fica florida (Figura 4)

Figura 4 ndash Jurema Preta em floraccedilatildeo siacutetio Vaacuterzea da Pedra Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Esta imagem mostra uma Jurema em floraccedilatildeo Seu aspecto fiacutesico eacute de um arbusto e de galhos retorcidos devido

ao local onde estaacute fixada O solo desse local apresenta o predomiacutenio de muitas rochas e com isso acarreta uma limitaccedilatildeo no crescimento das raiacutezes e consequentemente da planta 2 SAtildeO JOAtildeOPE ndash AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo eacute o municiacutepio de Satildeo Joatildeo (figura 5) pertencente ao Estado de Pernambuco situado na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do semiaacuterido pernambucano Administrativamente eacute constituiacutedo pelo distrito sede e pelos povoados de Frexeiras Taquari e Volta do Rio Distancia da capital 236 km atraveacutes da rodovia asfaltada deputado Joseacute Cardoso - PE 177 e a BR 423

116- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 5 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no Estado de Pernambuco

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes satildeo Jupi (24 km ao norte) Jucati (32 km ao norte) Palmeirina (31 km ao sul) Angelim (12 km a leste) e Garanhuns (16 km a oeste) O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Sua emancipaccedilatildeo poliacutetica ocorreu em 25 de novembro de 1958 pela lei nordm 3280 A instalaccedilatildeo do municiacutepio soacute veio a ocorrer em 1962 devido a questotildees poliacuteticas As terras onde o municiacutepio se originou eram pertencentes agrave fazenda Burgos de Manuel da Cruz Vilela Naquelas terras formou-se o Siacutetio Satildeo Joatildeo nome este devido a uma capela dedicada a Satildeo Joatildeo que posteriormente tornou-se povoado e em 1885 figura como distrito de Garanhuns

Satildeo Joatildeo estaacute localizado a uma latitude 08ordm52rsquo32rsquorsquo sul e a uma longitude 36ordm22rsquo00rsquo oeste com altitude de 716 metros Seu bioma eacute a Mata Atlacircntica e se encontra incluiacutedo na unidade geoambiental das Superfiacutecies Retrabalhadas com relevo dissecado e vales profundos Apresenta vegetaccedilatildeo composta por Florestas Subperenefoacutelias e com partes de Florestas Hipoxeroacutefilas No mapa a seguir (Figura 6) mostra o tipo de vegetaccedilatildeo da regiatildeo que no caso predomina a Floresta Estacional Semidecidual

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 117

Figura 6 ndash Mapa mostrando o tipo de vegetaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo-PE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Em relaccedilatildeo agrave hidrografia o municiacutepio insere-se nos domiacutenios da bacia hidrograacutefica do rio Mundauacute e tem como principais afluentes o rio Inhauacutema e os riachos do Papagaio Volta do Rio de Dentro do Tamborim e Mocambo todos de regime intermitentes Ademais conta ainda com a Barragem da Onccedila e o Accedilude Municipal localizada a 1 km do centro da cidade e localizado no proacuteprio centro urbano respectivamente

Os tipos de solos predominantes satildeo o NeossoloRegoliacutetico e o Argissolo Amarelo O mapa a seguir (Figura 7) mostra os tipos e a localizaccedilatildeo destes

Figura 7 ndash Mapa de solos de Satildeo JoatildeoPE Fonte Adaptaccedilatildeo Renner Rodrigues 2013

118- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O clima predominante nesta regiatildeo onde se encontra Satildeo Joatildeo segundo o Plano Territorial de Rede Produtiva ndash

PTRP eacute o Tropical Semiuacutemido ndash Quente com meacutedia maior que 18degC em todos os meses do ano (04 e 05 meses secos) Eacute tambeacutem encontrado o clima Tropical Semiuacutemido ndash Subquente com meacutedia entre 15degC e 18degC em pelo menos 01 mecircs por ano (04 e 05 meses secos) o que eacute caracterizado como micro clima ndash regiatildeo de Garanhuns (PTRP 2012 p 21)

O mapa representado na figura 8 mostra o clima e o micro clima (circulado em vermelho) predominante na parte onde Satildeo Joatildeo estaacute inserido

Figura 8 ndash Tipos de climas do Agreste Meridional

Fonte PTRP 2012

A base da economia do municiacutepio gira em torno da produccedilatildeo agropecuaacuteria tendo produccedilatildeo agriacutecola atual de feijatildeo

milho e mandioca onde antes eram as culturas de cafeacute algodatildeo e cana-de-accediluacutecar A cultura do feijatildeo eacute a que mais se destaca dando a Satildeo Joatildeo o status de maior produtor de feijatildeo da regiatildeo e do Estado de Pernambuco Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o destaque maior eacute a criaccedilatildeo de gado bovino para corte e leite Entretanto tambeacutem satildeo comercializados caprinos ovinos suiacutenos e aves Estas criaccedilotildees satildeo negociadas na feira local (Parque da Feira de Animais de Satildeo Joatildeo) e em feiras de municiacutepios vizinhos a exemplo Capoeiras Garanhuns e Lajedo

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2010 sua populaccedilatildeo absoluta foi de 21312 habitantes com estimativa de 22162 para 2013 A aacuterea da unidade territorial eacute de 258334 kmsup2 Possui densidade demograacutefica de 8250 (habkmsup2)

No turismo o municiacutepio de Satildeo Joatildeo se destaca pelas belezas naturais que se encontram na parte sul do municiacutepio (tambeacutem conhecida popularmente por zona da mata ou simplesmente mata) cita-se como exemplo a Bica do Matatildeo e Barragem Inhumas salientando-se que na Inhumas haacute trilhas de cunho ecoloacutegico proacuteximo agrave cidade estaacute a Barragem da Onccedila (Figura 9) que aleacutem de ser parte dos recursos hiacutedricos do municiacutepio tambeacutem pode ser encontrado resquiacutecios da Mata Atlacircntica com grande biodiversidade Ainda no contexto haacute o Accedilude Municipal que se encontra na cidade sendo um cartatildeo postal e ponto turiacutestico do municiacutepio

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 119

Figura 9 ndash Barragem da Onccedila Siacutetio Olho Drsquoaacutegua da Onccedila Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto satildeo mostrados aspectos das margens da Barragem da Onccedila ao seu redor eacute percebe-se a vegetaccedilatildeo predominante e o relevo se apresenta com algumas elevaccedilotildees acentuadas

No aspecto cultural cita-se o carnaval o qual eacute considerado o melhor da regiatildeo pelos foliotildees do municiacutepio e de cidades proacuteximas Tem as festividades juninas tanto na aacuterea rural quanto na aacuterea urbana No espaccedilo rural tem a Quadrilha Milharal com mais de 20 anos de tradiccedilatildeo No dia 07 de setembro tem a comemoraccedilatildeo da Independecircncia do Brasil com desfile ciacutevico das escolas municipais das particulares e da escola estadual onde abordam temas relevantes ao puacuteblico que as assistem e haacute as apresentaccedilotildees das Bandas Marciais Mirim e dos Ex-Alunos no dia 25 de novembro tem a comemoraccedilatildeo da emancipaccedilatildeo poliacutetica data muito importante para os satildeo-joanenses

Outras manifestaccedilotildees culturais ainda ocorrem a exemplo da literatura de cordel onde tem-se grandes cordelistas no municiacutepio entre eles ressalta-se a senhora Santina Izabel o senhor Joatildeo Pimentel Joseacute de Souza Zumba (Gonccedilalo) entre outros e grupos de danccedilas que tentam resgatar e manter as raiacutezes das culturas dos nossos antepassados fazendo suas apresentaccedilotildees na cidade e em outros espaccedilos disseminando a cultura local

No municiacutepio haacute tambeacutem grande influecircncia do turismo religioso pois eacute comum vaacuterios turistas irem visitar o povoado de Frexeiras no qual se encontra o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras com a imagem de Santa Quiteacuteria e o museu

De acordo com a Rota da Feacute Pernambuco aponta-se o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria como um dos maiores centros de romaria do Nordeste abrigando o maior acervo de ex-votos de Pernambuco Salienta-se ainda que

Em propriedade particular eacute um dos mais importantes centros de romarias do Nordeste e abriga o maior acervo de ex-votos de Pernambuco A imagem da Santa foi trazida para a capela haacute mais de 200 anos e a sua guarda estaacute sob a responsabilidade da famiacutelia Guilherme da Rocha desde o seacuteculo XVIII A secular construccedilatildeo que abriga o santuaacuterio caracteriza-se pelo estilo de suas linhas calccedilada alta e um alpendre amplo que serve para abrigar os romeiros No interior do casaratildeo encontra-se a nave principal onde estaacute o altar com a imagem de Santa Quiteacuteria toda coberta por adornos em ouro doados em reconhecimento pelas graccedilas alcanccediladas A Festa de Santa Quiteacuteria ponto culminante das romarias acontece anualmente em setembro com grande participaccedilatildeo popular (ROTA DA FEacute PERNAMBUCO s d)

No ambito do turismo religioso encontra-se o Bloco Jesus Me Sacoleje criado em setembro de 2005 pelo paacuteroco da Igreja Catoacutelica (Paroacutequia de Satildeo Joatildeo BatistaDiocese de Garanhuns) o Padre Seacutergio Tenoacuterio de Oliveira Desde entatildeo o bloco conta com 9 ediccedilotildees arrastando multidotildees pelas principais ruas da cidade trazendo grandes nomes da muacutesica catoacutelica para os fieis e evidenciando a feacute catoacutelica na regiatildeo O percurso eacute feito a peacute seguindo o trem eleacutetrico realizando

120- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

oraccedilotildees e reflexotildees A saiacuteda eacute em frente ao Accedilude Municipal com sentido a Praccedila de Eventos de Satildeo Joatildeo onde eacute realizado um grande show finalizando as atividades do evento

A escolha do municiacutepio para estudo se deu pelo fato do autor ser residente de Satildeo Joatildeo e viver no municiacutepio desde a infacircncia ate a vida adulta bem como pelo municiacutepio estar incluiacutedo no semiaacuterido do Nordeste Tambeacutem pelas relaccedilotildees afetivas com o ambiente material no qual o individuo estaacute inserido fazendo-se uma alusatildeo agrave topofilia de Yi-Fu Tuan geoacutegrafo chinecircs e professor de Geografia de vaacuterias Universidades Ocidentais e que em sua literatura diz que

A palavra ldquotopofiliardquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definida em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mas muito mais intensa que eacute subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o locus de reminiscecircncias e o meio de se ganhar a vida (TUAN 1980 p 107)

Eacute nesta perspectiva de sentimentos para o lugar que o municiacutepio foi selecionado Daiacute a importacircncia dada para

tambeacutem estudaacute-lo jaacute que o objeto de estudo a Jurema Preta se encontra em abundacircncia nos domiacutenios do espaccedilo geograacutefico tratado

3 UTILIDADES DA JUREMA PRETA EM SAtildeO JOAtildeO

No espaccedilo rural do municiacutepio de Satildeo Joatildeo-PE esta aacutervore se encontra em grande abundacircncia Ela eacute encontrada isolada ou agrupada onde recebe o nome de juremais sendo vista em vaacuterias aacutereas (siacutetios) e compondo a paisagem do municiacutepio e por efeito do Agreste de Pernambuco (RODRIGUES AMADOR 2013 p 183)

Embora a Jurema Preta seja uma aacutervore tiacutepica do bioma Caatinga verificou-se a sua abundacircncia em Satildeo Joatildeo que se encontra inserida no bioma Mata Atlacircntica segundo o IBGE Isso acontece devido o municiacutepio estar situado na faixa de transiccedilatildeo entre os dois biomas mencionados Portanto eacute comum a presenccedila de elementos que satildeo caracteriacutesticos dos dois domiacutenios morfoloacutegicos na aacuterea de estudo 31 Carvatildeo e lenha

Uma praacutetica comum feita por agricultores da regiatildeo eacute a extraccedilatildeo de lenha para as casas-de-farinha e para as

padarias onde seus fornos satildeo movidos agrave lenha principalmente a lenha oriunda da Jurema pelo seu alto teor caloriacutefico Para a fabricaccedilatildeo do carvatildeo aleacutem da lenha tambeacutem se usa a madeira que tem boa qualidade para tal finalidade

A madeira bom poder calorifico em funccedilatildeo do alto peso especiacutefico baacutesico que eacute de 091gcmsup3 o que classifica como excelente madeira para o carvatildeo (FARIAS 1984 p 84)

Aleacutem disso usam-se estas lenhas nas proacuteprias casas domiciliares em ldquofogotildeesrdquo feitos de barro onde se utiliza tanto a lenha quanto o carvatildeo Essa praacutetica de utilizar ldquofogotildees agrave lenhardquo jaacute foi bastante intensa entretanto natildeo se faz mais como antes porque a lenhacarvatildeo foi substituiacuteda pelo gaacutes butano o popular gaacutes de cozinha

O carvatildeo produzido da Jurema eacute feito em caieiras (Figura 10) de maneira artesanal Pegam-se a madeira e coloca dentro de uma vala feita em qualquer espaccedilo na propriedade Depois cobre com areia e palha apoacutes isso ateia fogo e com certo periacuteodo essa madeira se transforma em carvatildeo

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Figura 10 ndash Caieira artesanal no siacutetio Vaca Morta Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto da figura 10 foi retratada a caieira feita na propriedade utilizando madeira da proacutepria Sua construccedilatildeo eacute simples de fazer natildeo precisa de muita matildeo de obra e natildeo tem custo algum

O carvatildeo eacute uma renda extra para pequenos agricultores familiares que tem juremais em suas propriedades Ele eacute bem procurado pois o da Jurema eacute o melhor em relaccedilatildeo a outros tipos de madeiras As partes da Jurema onde se faz o carvatildeo satildeo as raiacutezes mais grossas e o tronco sendo este a parte mais apropriada para fabricaccedilatildeo devido a sua densidade A saca do carvatildeo custa em meacutedia R$ 2400 tomando-se como referencia o mecircs de dezembro de 2013

311 Cercas

Por ter madeira densa (densidade 112 gcmsup3) pesada de grande durabilidade natural e muito resistente a pragas esses atributos possibilitam aos residentes da aacuterea rural de Satildeo Joatildeo utilizar a Jurema de vaacuterias maneiras Atraveacutes do corte de seu tronco se obteacutem estacas (Figura 11) ou mourotildees depedendo de seu diacircmetro Com esse material satildeo construiacutedas e feitas manutenccedilatildeo de cercas (Figura 12) onde podem ser utilizadas para currais cercados para pastagens de criaccedilotildees e tambeacutem a usam para delimitaccedilatildeo das propriedades

Com cerca de 45 anos jaacute se pode obter estacas onde custam em meacutedia R$ 700 Jaacute os mourotildees variam de preccedilos de R$ de 1000 a R$ 2000 por unidade referencia de preccedilo dezembro de 2013

122- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 11 Estacas de Jurema Figura 12 construccedilatildeo de cercas com as mesmas

Fotos Renner Rodrigues 2013 Fotos Renner Rodrigues 2013

Nas fotos das figuras 11 e 12 acima eacute mostrada estacas da Jurema que posteriormente foram construiacutedas cercas de arame farpado com as proacuteprias com o intuito de demarcar territoacuterio No caso isso aconteceu no siacutetio Vaacuterzea do Barro e a propriedade media 2 hectares 312 Sombra

Outra utilidade da Jurema eacute a sombra para os animais (Figura 13) jaacute que eacute comum ter a aacutervore em meio agrave pastagem e em dias quentes os animais descansam debaixo da sua sombra

Figura 13 ndash Bovinos descansando debaixo de uma Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 123

Na foto pode ser observado bovinos descansando nas imediaccedilotildees de vaacuterias Juremas que estatildeo localizadas no siacutetio Vaacuterzea da Pedra em Satildeo JoatildeoPE

Nesse contexto entra em questatildeo do bem estar animal onde o local que estaacute a sombra se torna um lugar agradaacutevel e tranquilo deixando o animal bem acomodado e em pleno sossego Dessa forma eis que surge o valor da Jurema Preta dada a importacircncia para o sombreamento dos animais e para o solo

313 Alimentaccedilatildeo

Por suas folhas serem palataacuteveis muitos animais (Figura 14) buscam na Jurema uma alternativa a mais para saciar sua fome Ela eacute bastante procurada pelos caprinos ovinos e em algumas vezes os bovinos

Figura 14 ndash Caprinos se alimentando de folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto se tem a observaccedilatildeo de caprinos comendo as folhas do talo da Jurema eles comem tanto que fica somente o talo sem folha nenhuma 314 Abrigo

Na questatildeo do abrigo se observou que vaacuterias aves como o anu a garrincheira a casaca de couro a rolinha entre outros constroem seus ninhos entre os galhos da Jurema (Figura 15) e a confecccedilatildeo destes ninhos eacute feito com gravetos da proacutepria aacutervore principalmente aqueles gravetos mais secos e espinhosos que caem no chatildeo onde estes espinhos protegem os ovos e os filhotes dos predadores naturais

124- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 15 ndash Ninho de casaca de couro

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto acima a abordagem de um ninho de casaca de couro em uma Jurema feito atraveacutes de galhos da proacutepria

315 Relaccedilotildees com outras espeacutecies e com outras aacutervores nativas e exoacuteticas

A vegetaccedilatildeo arboacuterea de Satildeo Joatildeo se encontra muito alterada pela accedilatildeo antroacutepica principalmente na parte norte onde a regiatildeo fitogeograacutefica eacute a Agreste onde cada vez mais a vegetaccedilatildeo nativa vem dando espaccedilo as roccedilas feitas pelos produtores rurais O municiacutepio tem duas regiotildees fitogeograacuteficas o Agreste e a Mata Uacutemida (Figura 16)

Figura 16 ndash Mapa da fitogeografia do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 125

Na parte Agreste existem pequenas propriedades de agricultores familiares que em suas terras plantam aacutervores frutiacuteferas como a jaqueira mangueira o cajueiro entre outras ficando apenas esse tipo arboacutereo na paisagem predominando mais uma vegetaccedilatildeo arbustiva com gramiacuteneas jaacute que as terras satildeo agricultaacuteveis e os produtores acreditam que as aacutervores atrapalham o crescimento das lavouras e retiram as aacutervores deixando as propriedades em campos abertos Isso acontece devido a falta de informaccedilatildeo da importacircncia da vegetaccedilatildeo arboacuterea na propriedade

Em relaccedilatildeo agrave Jurema no Agreste nos juremais haacute uma grande diversidade de aves e insetos que ali se reproduzem e vivem em consonacircncia com a aacutervore Jaacute na Mata Uacutemida tambeacutem se encontra aacutervores frutiacuteferas poreacutem diferente do Agreste em vez de serem pequenas propriedades observa-se que eacute bastante comum a existecircncia de fazendas e nelas predominam mais aacutervores caracteriacutesticas da Mata Atlacircntica E em relaccedilatildeo a Jurema tambeacutem haacute a predominacircncia dela pelas propriedades

No contexto ambiental sua importacircncia se daacute pela relaccedilatildeo do espaccedilo convivido com outras aacutervores nativas como o cajueiro o mulungu e as cactaacuteceas nativas a exemplo o mandacaru (Cereus jamacaru) e facheiro tambeacutem a exoacutetica Algaroba (Prosopisjuliflora) (Figura 17)

Figuras 17 ndash Relaccedilatildeo da Jurema com o mandacaru

Foto Renner Rodrigues 2013

Aleacutem disso outros vegetais animais insetos e aves se relacionam com a Jurema Tem-se na foto da figura 17 a

associaccedilatildeo da Jurema com o Mandacaru (no plano de fundo) Cabe considerar a relaccedilatildeo da Jurema com a Algaroba no sentido de benefiacutecio muacutetuo o que eacute relevante pois

muitos acreditam que a Prosopis inibe a presenccedila de espeacutecies nativas caracterizando a invasatildeo bioloacutegica Em Satildeo Joatildeo pode-se observar com frequecircncia a presenccedila da algarobeira em meio ao juremal proveniente de uma propagaccedilatildeo de sementes acredita-se por via animal

126- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

4 OUTRAS UTILIDADES NUM CONTEXTO GERAL

Aleacutem das raiacutezes da Jurema Preta poder ser utilizadas na produccedilatildeo de carvatildeo tambeacutem satildeo usadas para se fazer uma bebida que igualmente eacute chamada de Jurema ou o Vinho da Jurema para os adeptos de religiotildees africanas o Candombleacute por exemplo Acreditam que quando tomam essa bebida teratildeo bons sonhos Natildeo soacute os religiosos mas tambeacutem os iacutendios fazem esse tipo de bebida

De acordo com Vasconcelos Sobrinho (1970) da casca de suas raiacutezes faziam certas tribos de iacutendios ndash Carajaacutes e outras ndash bebida estupefaciente e alucinatoacuteria com caracteriacutesticas semelhantes agrave dos ampliadores de consciecircncia (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

Ademais a Jurema Preta eacute a leguminosa para ser introduzida com sucesso nas pastagens sem a proteccedilatildeo de suas mudas e na presenccedila do gado (DIAS SOUTO 2007 p 268) 5 METODOLOGIA

A metodologia materializa-se pelo levantamento bibliograacutefico bem como a ida a campo para observaccedilatildeo

Mostrando-se necessaacuterio a interdisciplinaridade para se refletir sobre questotildees mostradas no projeto jaacute que foram utilizadas vaacuterias aacutereas do conhecimento Houve tambeacutem registros fotograacuteficos para tomadas de cenas importantes

Desse modo foram feitas reflexotildees sistecircmicas a partir de cada funcionalidade que o objeto de estudo apresenta em seu espaccedilo abordando suas relaccedilotildees e importacircncia para os animais e os humanos 6 VINCULACcedilAtildeO E BASES TEOacuteRICAS

Esta pesquisa estaacute vinculada a um projeto maior o projeto Guarda Chuva intitulado ldquoO Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo de autoria da Profordf Drordf Mordf Betacircnia M Amador que visa analisar o verde em aacutereas urbanas e rurais de forma sistecircmica por municiacutepio selecionado no meu caso Satildeo Joatildeo Tambeacutem visando contribuir para um melhor conhecimento da regiatildeo e o aperfeiccediloamento em termos de iniciaccedilatildeo cientiacutefica dos discentes do Curso de Licenciatura em Geografia da UPE Garanhuns Amador (2011) com base em Morin (2005) e Vasconcellos (2002) afirma que

Pensar complexamente requer trabalhar com o objeto em contexto ampliar o foco e conseguir visualizar sistemas amplos Tira-se o foco exclusivo do elemento e incluem-se as relaccedilotildees O contexto diz respeito entatildeo agraves relaccedilotildees entre os elementos envolvidos (AMADOR 2011 p 99)

Eacute nesta perspectiva de pensar complexamente que se pode ter subsiacutedios para melhor compreensatildeo sobre as funcionalidades interaccedilotildees e a importacircncia da Jurema Preta na paisagem agreste do espaccedilo rural de Satildeo Joatildeo

O sistemismo por sua vez nos traz a ideia de sistemas E esses sistemas vatildeo de um todo organizado e nesse todo se analisa os elementos e as accedilotildees que estaratildeo relacionados entre si

O pensamento sistecircmico eacute contextual ou seja o oposto do pensamento analiacutetico requer que para se entender alguma coisa seja necessaacuterio entendecirc-la como tal e em um determinado contexto maior ou seja como componente de um sistema maior que eacute o tambeacutem chamado ambiente (AMADOR 2011 p 90)

Tem-se por base referencial as literaturas da Profordf Drordf Maria Betacircnia Amador (Sistemismo e Sustentabilidade Questatildeo Interdisciplinar e Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas) de Edgar Morin (Introduccedilatildeo ao pensamento complexo) de Alfredo Pena-Vega (O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa) de Vasconcelos Sobrinho (As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo)tambeacutem Iniciaccedilatildeo em Pesquisa Cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas de Aureacutelio Molina et al entre as principais

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) atraveacutes de bolsa de Iniciaccedilatildeo Cientifica PFAPIBICCNPq entre o periacuteodo de agosto de 2013 agrave julho de 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 127

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Mesmo apresentando todo esse potencial a Jurema Preta vem a cada dia sendo erradicada por vaacuterios fatores entre eles o mais comum o avanccedilo da agropecuaacuteria onde a derrubada dos juremais para a produccedilatildeo agriacutecola e pecuaacuteria eacute evidenciada Neste caso os agricultores acreditam que a Jurema atrapalha no desenvolvimento da vegetaccedilatildeo rasteira como o capim e as gramiacuteneas na pecuaacuteria principalmente Jaacute na agricultura acreditam ser a Jurema a vilatilde da maacute germinaccedilatildeo das culturas de milho feijatildeo e mandioca onde as sementes mal germinam e quando germinam com o tempo natildeo sobrevivem

Pela pesquisa verificou-se que suas folhas seriam uma alternativa a mais na alimentaccedilatildeo do gado em eacutepocas de secas prolongadas por ser palataacutevel eacute uma opccedilatildeo de forragem Poreacutem natildeo se precisaria cortar a aacutervore por inteiro para obter as folhas cortar-se-ia ou podar-se-ia apenas parte da mesma a qual viria a rebrotar novamente

Vale salientar que eacute possiacutevel trabalhar com os recursos naturais ancorados nos princiacutepios da sustentabilidade e ainda simultaneamente preservando estes recursos renovaacuteveis que a natureza nos oferece de modo que natildeo seja de maneira predatoacuteria Tambeacutem garantindo uma renda extra para o sustento das famiacutelias de agricultores que se aportem no manejo sustentaacutevel da Jurema Preta Basta apenas conhecer saber utilizar respeitar e natildeo deixar que acabe para que outras geraccedilotildees futuras possam tambeacutem usufruir

Assim eacute dada importacircncia agrave Jurema Preta aacutervore de uso diversificado Poreacutem pouco estudada e pouco discutida a sua relevacircncia para o municiacutepio E nesse contexto de pouca discussatildeo os produtores rurais acabam erradicando todas as aacutervores de suas propriedades e em consequecircncia disso a Jurema vem sendo reduzida do seu ambiente natural dando espaccedilo agraves principais atividades econocircmicas do municiacutepio a agricultura e a pecuaacuteria

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

________ O pensamento de Edgar Morin e a geografia da complexidadeRevista Cientiacutefica ANAP Brasil n 2 ano 2 ndash p 60-76 2009

DIAS PF SOUTO SM Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) Leguminosa arboacuterea recomendada para ser introduzida em pastagens em condiccedilotildees de mudas sem proteccedilatildeo e na presenccedila do gado Revista da FZVA Uruguaiana v 14 n 1 p 258-272 2007 Disponiacutevel em lthttprevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfzvaarticleviewFile24921951gt Acesso em 19 ago 2013

FARIAS W L F A Jurema Preta (Mimosa hostilis Benth) como fonte energeacutetica do semi-aacuterido do Nordeste-carvatildeo 1984 128 f Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba PR 1984 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbrdspacebitstreamhandle188425171D2020FARIA20WASHINGTON20LUIZ20FONSECApdfsequence=1gt Acesso em 18 ago 2013

GANDHI Mahatma Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 Histoacuterico de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em lthttpwww1ibgegovbrcidadesatpainelhistoricophplang=ampcodmun=261320ampsearch=pernambuco|sao-joao|infograficos-historicogt Acesso em 11 jan 2014

128- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 ndash Populaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em httpwww1ibgegovbrcidadesatxtrasperfilphplang=ampcodmun=261320gt Acesso em 11 jan 2014

MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

PLANO TERRITORIAL DE REDE PRODUTIVA ndash PTRP Rede Territorial Produtiva do Feijatildeo Agreste Meridional e Central Estado de Pernambuco RecifePE 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwproruralpegovbrdownloadsPTRT20FeijaoPTRP20FEIJAOpdfgt Acesso em 13 jan 2014

PREFEITURA DE SAtildeO JOAtildeO Dados gerais do municiacutepio Disponiacutevel em lthttpsaojoaopegovbrdados-gerais-do-municipiogtAcesso em 30 dez 2013

RODRIGUES R R V AMADOR M B M Reflexotildees Sistecircmicas sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) com enfoque no municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 181-186 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleviewFile556581gt Acesso em 20 jan 2014

ROTA DA FEacute PERNAMBUCO Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras Disponiacutevel em lthttpwwwrotadafepecombrdetalhephpc=1amps=2ampid=29gt Acesso em 13 jan 2014

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Recife CONDEPE 1970 (Reimpressatildeo 2005)

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130- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Associaccedilatildeo Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos

Fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Boliacutevia nordm 88 Jardim Ameacuterica

Cidade de Tupatilde Estado de Satildeo Paulo CEP 17605-310

Contato (14) 3441-4945

editoraamigosdanaturezaorgbr wwwamigosdanaturezaorgbr

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 5

Conselho Editorial da ANAP

Oscar Andreacutes Hincapieacute Mariacuten

Daniela de Souza Onccedila

Diana da Cruz Fagundes Bueno

Edson Luiacutes Piroli

Eraldo Medeiros Costa Neto

Joatildeo Cacircndido Andreacute da Silva Neto

Joatildeo Osvaldo Nunes

Joseacute Aparecido Lima Dourado

Joseacute Carlos Ugeda Juacutenior

Juliana Heloisa Pinecirc Ameacuterico

Junior Ruiz Garcia

Leonice Seolin Dias

Marcos Reigota

Maria Betacircnia Moreira Amador

Maria Helena Pereira

Natacha Ciacutentia Regina Aleixo

Nilzete Ferreira

Paulo Cesar Rocha

Rafael Montanhini Soares de Oliveira

Reginaldo de Oliveira Nunes

Ricardo Augusto Felicio

Ricardo de Sampaio Dagnino

Rodrigo Simatildeo

Rosa Maria Barilli Nogueira

Sandra Medina Benini

Socircnia Maria Marchiorato Carneiro

6- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Sumaacuterio

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 7

Sumaacuterio

Prefaacutecio

09

Apresentaccedilatildeo

11

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

16

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

34

Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

ThamyllysMyllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

47

8- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

62

Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

79

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

102

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (MIMOSA TENUIFLORA) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

111

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 9

Prefaacutecio

10- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Prefaacutecio

O verde arboacutereo como expressatildeo dos recursos naturais renovaacuteveis eacute um segmento notaacutevel no que se refere a abordagem temaacutetica quer sob a conotaccedilatildeo de recurso de capital quer sob a de benesses paisagiacutesticas climaacuteticas e demais recurso que sob os ditames da Matildee Natureza dissemina-se espontaneamente sendo a partir daiacute fortemente suplementada pela accedilatildeo humana levando-se em conta as aptidotildees regional-locais Tal disseminaccedilatildeo portanto aleacutem de obedecer por exemplo agravescondiccedilotildees edaacuteficas espraia-se em particular como atributo cultural do meio em que se insere Eacute gostar-se do verde natildeo soacute para se admirar mas em particular eacute gostar-se devido ao fato de se conhecer

Os resultados acadecircmicos expostos ao niacutevel municipal apresentados sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Maria Betacircnia M Amador constitui natildeo soacute exemplificaccedilatildeo de iniciativa profiacutecua que disciplina e ao mesmo tempo motiva academicamente um elenco de orientandos mas tambeacutem demonstra correto encaminhamento de produccedilatildeo individual que se desdobra em coletiva que engrandece tanto elaboradores como o ente institucional ao qual se encontram vinculados A isso se juntando o requisito eacutetica que com certeza norteia as premissas do grupo em apreccedilo a combinaccedilatildeo vecirc-se elevada ao niacutevel de excepcionalidade fruto por assim dizer do plantio adequado de outrora combinado com salutar reproduccedilatildeo presente

O potencial da ideia em termos de grupo e entidade deve ser por demais ressaltado reflete melhoria na produccedilatildeo de recursos humanos e institucionais tatildeo escassas nesses velhos tempos as dimensotildees acadecircmica e de gestatildeo municipal face iniciativasdo gecircnero podem evoluir consolidar-se e ateacute expandir-semesmo que por via indireta - tudo isso sem abdicar de concepccedilotildees como persistecircncia abnegaccedilatildeo otimismo atributos que devem sempre estar presentes na transiccedilatildeo de sonho para realidade O elenco produtor ora referido estaacute enfim de parabeacutens de modo particular por sua contribuiccedilatildeo apontar para a transiccedilatildeo mencionada sem nenhuma inibiccedilatildeo no que toca expor sua condiccedilatildeo potente

Pedro Amador - Economista Professor licenciado da UPE Campus Garanhuns

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 11

Apresentaccedilatildeo

12- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Apresentaccedilatildeo

Se pensarmos soacute em uma aacutervore talvez fique a sensaccedilatildeo de estarmos pensando pequeno Mas se pensarmos nas aacutervores dos quintais dos jardins das calccediladas das ilhas das avenidas dos parques da imensa massa verde que existe em vaacuterias cidades teremos a sensaccedilatildeo gratificante de estar trabalhando por um ambiente melhor mais saudaacutevel sustentaacutevel estaremos trabalhando pelas aacutervores pela vida

Paulo de Tarso Batista1

O estudo do verde eacute de fundamental importacircncia para se entender a organizaccedilatildeo do espaccedilo tanto rural quanto urbano No semiaacuterido do nordeste do Brasil por exemplo especificamente em aacutereas do Agreste de Pernambuco verifica-se que em ambos os espaccedilos urbano e rural haacute uma niacutetida falta de conexatildeo entre o verde e o homem devido ao fato de se perceber que os elementos componentes da flora nativa e da paisagem tiacutepica dos sertotildees passam a dar lugar ao exotismo das palmas e gramiacuteneas para a formaccedilatildeo de pastagens nas aacutereas rurais enquanto que na area urbana a arborizacao e o paisagismo passam a ser compostos predominantemente de exoacuteticas nas calccediladas e outros espaccedilos puacuteblicos ficando os cultivos de plantas nativas ou natildeo ornamentais ou medicinais restritas aos quintais e jardins os quais se aproximam da flora local Assim objetivou-se fazer estudos nesses espacos da situaccedilatildeo presente buscando-se evidenciar o contra-senso ou paradoxo da relaccedilatildeo homemnatureza pela perspectiva sistecircmica de anaacutelise da paisagem Para tanto teve-se a colaboraccedilatildeo de bolsistas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica que estudaram em particular seus municiacutepios de origem fazendo-se entatildeo articulaccedilotildees entre as diferentes realidades encontradas para o entendimento da complexidade a qual envolve a sustentabilidade que se delineia frente agraves contradiccedilotildees do discurso ambiental mediante a cultura jaacute estabelecida do nordeste seco Os aportes metodoloacutegicos compreendem fundamentalmente a observaccedilatildeo norteada pela percepccedilatildeo aplicaccedilatildeo de formulaacuterios aos habitantes dos referidos municiacutepios analisados tomada de histoacuteria de vida em alguns casos e registros fotograacuteficos das diversas situaccedilotildees encontradas Optou-se pela abordagem sistecircmica para encadear e articular os procedimentos aleacutem de se considerar viaacutevel para o amalgamento da base teoacuterica calcada na teoria da complexidade de Morin Os resultados apresentados apontam para uma concepccedilatildeo de verde que nao condiz com o ambiente semiarido e nem tampouco com as ideias de sustentabilidade Pode-se citar que como se pode verificar nos textos que compoem esse trabalho observa-seum afastamento da flora local e nativa pela preferecircncia dada agraves espeacutecies exoacuteticas em ambos os ambientes rural e urbano Tambeacutem se ressalta o pouco apreccedilo que se percebeu da populaccedilatildeo em geral em relaccedilatildeo aos elementos verdes ou seja apesar de expressarem preocupaccedilotildees com a natureza aacutervores entre outros natildeo praticam a observaccedilatildeo valorativa do espaccedilo atraveacutes da imagem e simbologia que as aacutervores em especial representam Cabe ainda considerar nesse contexto a pouca importacircncia dada pelas gestotildees municipais em termos de melhoramento conservaccedilatildeo e ou preservaccedilatildeo de um patrimocircnio puacuteblico e considerado pela legislaccedilatildeo como bem difuso da populaccedilatildeo que eacute o verde seja rural ou urbano Pressupotildee-se portanto que tratar do verde em qualquer espaccedilo eacute colaborar para a construccedilatildeo de um ambiente mais adequado e mais sustentaacutevel

O contexto atual em termos de se pensar a sustentabilidade do planeta favorece reflexotildees sob diversas abordagens praticas teoacutericas e metodoloacutegicas tambeacutem em niacuteveis locais e regionais Logo o semiaacuterido nordestino brasileirodemanda estudos nos quais os resultados contribuam em alguma escala para as dimensotildees educacionais politicas administrativas entre outras

A temaacutetica que se insere traz a tona elementos que identificam certa discrepacircncia evidenciada na relaccedilatildeo homem

1 Disponivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 13

natureza no acircmbito urbano e tambeacutem rural em termos de vegetaccedilatildeo Natureza que na concepccedilatildeo de Moscovici (2007 p 28) eacute pensada agrave semelhanccedila de um arco-iacuteris ldquoeu sei que a natureza natildeo tem nada de verde nem de cinza que ela representa na verdade uma paleta infinita de cores Ela eacute para noacutes a ideia que compreende todos os caminhos possiacuteveis no tempo entre o acaso e a necessidade limitanterdquo Assim o semiaacuterido nordestino e o homem sertanejo foram na linha do tempo associados ao sofrimento e ao cinza da paisagem da caatinga Costumeiramente rotulados com o fardo histoacuterico do determinismo parecendo natildeo haver saiacuteda ou soluccedilatildeo Pensamento que vem gradativamente se modificando pelas inuacutemeras iniciativas publica eou privadas de mostrar que a convivecircncia com e no semiaacuterido eacute possiacutevel desde que se encontrem persistentes formas de desenvolver a aacuterea produzindo e vivendo com respeito a essa natureza atentando para suas fragilidades

Na trilha desse movimento engaja-se tambeacutem com pesquisa sobre o verde urbano e rural sobre alguns municiacutepios do agreste de Pernambuco utilizando-se a estrateacutegia de agregar subprojetos que oportunizam aos acadecircmicos bolsistas de iniciaccedilatildeo cientifica a experiecircncia de estudar o verde de seus municiacutepios de origem seja urbano ou rural Nesse contexto importa que mediante leituras dirigidas de cunho sistecircmico os mesmos percebam a importacircncia do lugar e suas paisagens articulando os conceitos com a dinacircmica evidenciada na relaccedilatildeo do citadino morador transeunte proprietaacuterio rural com o verde em sua volta quase fazendo lembrar a organizaccedilatildeo do cristal com sua rigidez mineral e a chama da vela decompondo-se pela fumaccedila tomando-se Atlan (1992 p9) como referencia

Os estudos sistecircmicos visam contextualizar a realidade ressaltando as teias que estatildeo preacute-estabelecidas e aquelas que estatildeo se formando cujas tramas possibilitam uma melhor compreensatildeo da situaccedilatildeo por natildeo se limitar na extenuante busca da causa ndash efeito mas contribui para o questionamento do ser pensante e da sociedade sobre os elos com a natureza num mundo cada vez mais sem tempo pelo trabalho que se impotildee

Logo eacute fato que as paisagens urbanas e rurais satildeo reflexos dessa forma de relacionamento ecologia x economia ao mesmo tempo em que a afetividade com o lugar principalmente pela falta ou pela pouca experiecircncia eou vivencia propicia certo afastamento praticamente sem culpa ou responsabilidade maior com os bens capitais naturais e concorda-se com Serres quando ele afirma que a sociedade encontra-se num momento de assinatura de um contrato

Trata-se da necessidade de rever e de voltar a assinar o mesmo contrato social primitivo Este diz-nos respeito para o melhor e para o pior segundo a primeira diagonal sem mundo agora que sabemos associar-nos perante o perigo precisamos de conceber ao longo da outra diagonal um novo pacto a assinar com o mundo o contrato natural Cruzam-se assim os dois contratos fundamentais (SERRES 1990 p 31 - 32)

Ou seja a busca da compatibilidade harmoniosa entre o verde endecircmico e o verde exoacutetico deveria ser melhor considerado Natildeo eacute porque se estaacute num municiacutepio interiorano que se despe a paisagem urbana das conotaccedilotildees da vegetaccedilatildeo do entorno de certa forma negando-a mas pelo contrario os elementos verdes presentes naturalmente no local prestam-se bem ao paisagismo desde que este enquanto atividade da administraccedilatildeo municipal seja adequadamente planejado e gerido podendo inclusive ser concatenado com o exotismo de outras espeacutecies

As pesquisas apresentadas nesse livro tem como ancoradouro a proposta de estudar o verde do Agreste de Pernambuco especialmente o Agreste Meridional tendo-se Garanhuns e municiacutepios proacuteximos como locais de estudo desde que estejam inseridos no semiaacuterido cujo mapa (Figura 1) apresenta nova configuraccedilatildeo politica

Aleacutem dos 1031 municiacutepios jaacute incorporados passam a fazer parte do semiaacuterido outros 102 novos municiacutepios [] Com essa atualizaccedilatildeo a aacuterea classificada oficialmente como semiaacuterido brasileiro aumentou de 8923094 km2 para 9695894 km2 um acreacutescimo de 866 Minas Gerais teve o maior nuacutemero de inclusotildees na nova lista - dos 40 municiacutepios anteriores vai para 85 variaccedilatildeo de 1125 A aacuterea do Estado que fazia anteriormente parte da regiatildeo era de 272 tendo aumentado para 517de acordo com a Secretaria de Poliacuteticas de Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (2005 p 05)

A regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro (Figura 1) corresponde aproximadamente a 135 do territoacuterio Se caracteriza pelas irregularidades pluviomeacutetricas e temperaturas elevadas apresentando o clima BSh tomando-se como referencia a classificaccedilatildeo de Koppen Os solos em geral podem ser caracterizados como siacutelico argiloso e apresenta ainda uma alta radiaccedilatildeo solar baixa nebulosidade media anual de temperatura elevada baixas taxas de umidade relativa e evapotranspiraccedilatildeo elevada Esse conjunto de caracteriacutesticas propicia o fato de que a maioria dos rios dessa regiatildeo seja intermitente (ABILIO FLORENTINO 2011 p 42 ndash 43)

14- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 1 Mapa do Semiaacuterido BrasileiroFonte Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

Disponiacutevel emlt httpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_aridopdfgt Acesso em 08 nov 2011

O levantamento bibliograacutefico foi dirigido para assimilaccedilatildeo de cada proposta uma vez que os sub projetos tem

accedilatildeo similar e simultacircnea mas com realidades diferenciadas encontrando- se no conteuacutedo interdisciplinar as bases necessaacuterias ao enfoque integrado da questatildeo do verde urbano eou rural Aplicou-se a teacutecnica da observaccedilatildeo associada agrave aplicaccedilatildeo de formulaacuterios em todos os casos nos diferentes municiacutepios Constitui-se o formulaacuterio predominantemente de perguntas fechadas dirigidos aos atores presentes por ocasiatildeo da abordagem

Os dados apresentados os quais foram estudados agrave luz da literatura disponiacutevel sobre o assunto e associados sempre que possiacutevel ao registro fotograacutefico contribuindo assim na documentaccedilatildeo da informaccedilatildeo proporcionaram conclusotildees algumas parciais outras consideradas de caraacuteter mais concreto e final as quais podem ser uteis para fomentar novos estudos e accedilotildees Registra-se ainda que em alguns casos utilizou-se a teacutecnica de histoacuteria de vida

A aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica foi e continua sendo um dos pontos relevantes dessa pesquisa Tecnicamente as representaccedilotildees dos sujeitos baseados em suas ldquohistoacuterias de vidardquo satildeo fundamentais para o entendimento da questatildeo pois soacute eacute possiacutevel chegar aos aspectos do cotidiano desses sujeitos que vivem em seus municiacutepios seja na aacuterea urbana ou rural atraveacutes de suas memorias

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Segundo Meihy (1996) a histoacuteria de vida constitui-se numa metodologia que trata a narrativa do conjunto de experiecircncias de vida de uma pessoa Trata-se de um tipo de busca que visa a utilizaccedilatildeo de fontes orais em diferentes propoacutesitos para adquirir um melhor entendimento do que se almeja com a referida pesquisa sendo importante frisar que considera-se ser uma maneira inovadora de se tratar a temaacutetica do verde sob abordagem sistecircmica e interdisciplinar

Espera-se que os relatos advindos por ocasiatildeo da coleta das histoacuterias orais possam por meio da memoacuteria dos sujeitos e dos processos dinacircmicos ocorridos em suas vidas trazer agrave tona elementos substanciais das relaccedilotildees destes com os conteuacutedos do local onde reside associados ao verde

Enfatiza-se tambeacutem que este meacutetodo possibilita extrair da comunidade conhecimentos exclusivo daquela aacuterea Assim por meio da subjetividade e do simbolismo haacute uma grande contribuiccedilatildeo para a pesquisa em seu acircmbito qualitativo Atraveacutes dos fatos e dos aspectos identitaacuterios emergem os objetos ou seja a fala os gestos as accedilotildees se constituindo desse modo num registro que guarda uma diversidade profunda de manifestaccedilotildees inerentes agrave trajetoacuteria do sujeito em que sua vida cultural foi constituiacuteda

Assim a metodologia que se apresenta tem um caraacuteter dinacircmico coadunando-se com a visatildeo sistecircmica e interdisciplinar posiccedilotildees teoacutericondashmetodoloacutegicas atualmente em ascensatildeo nos meios acadecircmicos principalmente

Assim sendo contempla-se nesse trabalho resultados de trabalhos e subprojetos referentes aos municiacutepios de Canhotinho Correntes Calcado Garanhuns Jupi Satildeo Joatildeo e Venturosa todos na regiatildeo semiaacuterida do agreste pernambucano Registra-se ainda que os mesmos serao dispostos ao longo do livro em ordem alfabetica dos principais autores

No mais espera-se estar disponibilizando um conteudoutil e atualizado para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o assunto tratado bem como enriquecer o conhecimento existente para os municipios contemplados nessa empreitada

REFERENCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado FLORENTINO Hugo da Silva Ecologia e conservaccedilatildeo ambiental no semiaacuterido In

Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFPB 2011

ATLAN Henri Entre o cristal e a fumaccedila ensaio sobre a organizaccedilatildeo do ser vivo Traduccedilatildeo de Vera Ribeiro Rio de

Janeior Jorge Zahar Ed 1992

BATISTA Paulo de Tarso O meio ambiente as cidades as arvores urbanas e a sbau In Sociedade Brasileira de

Arborizaccedilatildeo 2010 Dispnivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Mapa do Semiaacuterido Brasileiro Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MEIHY Carlos Sebe Bom manual de histoacuteria oral Loyola Satildeo Paulo1996 Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MOSCOVICI Serge Natureza para pensar a ecologia 2 ed Traducao de Maria Louise Trindade Conilh de Beyssac e

Regina Mathieu Rio de Janeiro Mauad X Instituto Gaia 2007

SERRES Michel O contrato natural Traduccedilatildeo de Serafim Ferreira Lisboa Portugal Instituto Piaget 1990

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Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM

AGRESTE DE CORRENTES-PE

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Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

Futuramente soacute seraacute concebiacutevel uma natureza de dupla pilotagem a natureza deve ser pilotada pelo homem mas este por sua vez deve ser pilotado pela natureza Os dois co-pilotos embora heterogecircneos satildeo absolutamente inseparaacuteveis

Edgar Morin 2

O verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE eacute uma temaacutetica que foi trabalhada durante dois anos atraveacutes dos projetos de pesquisas ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo em 2012 e ldquoO Verdedas Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo em 2013 Projetos que tiveram como principal objetivo averiguar o verde existente no municiacutepio diagnosticando a importacircncia da presenccedila vegetal arboacuterea ou natildeodos espaccedilos urbanos puacuteblicos e particulares na paisagem urbana de Correntes-PE atraveacutes da abordagem sistecircmica

O desenvolvimento desses projetos de pesquisas resultou em alguns trabalhos apresentados e publicados que de forma sucinta tambeacutem estatildeo no corpo do presente capiacutetulo Ressalta-se a relevacircncia de estudos sobre o verde urbano para um melhor entendimento da presenccedila da massa verde na cidade bem como sua funcionalidade e contribuiccedilatildeo para um ambiente urbano mais saudaacutevel e beneacutefico agrave populaccedilatildeo As pesquisas satildeo de ordem qualitativo-quantitativa cujo meacutetodo pauta-se na observaccedilatildeo e na percepccedilatildeo Assim procurou-se sempre manter um diaacutelogo e participaccedilatildeo em cada etapa das pesquisas e no decorrer dos estudos realizados O trabalho que se apresenta situa-se no acircmbito da ciecircncia Geograacutefica atraveacutes da sua categoria de anaacutelise paisagem

Nesta perspectiva a paisagem agreste do municiacutepio de Correntes eacute uma fonte da subjetividade na qual se desenvolve relaccedilotildees afetivas com o meio onde a populaccedilatildeo interage com os ambientes que lhe eacute disponiacutevel mantendo com esses espaccedilos laccedilos afetivos Considerando-se a paisagem urbana como reflexo da interaccedilatildeo dos indiviacuteduos em sociedade eas construccedilotildees hierarquizadas espelhando de certa forma um espaccedilo subjetivo sentido e vivido por cada habitante de maneira particular e em grupo formando assim uma identidade com o lugar em constante interaccedilatildeo sistecircmica

2 MORIN 1991 apud DARDEL 2011 p 69

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1 CORRENTES-PE

Correntes eacute um municiacutepio relativamente pequeno com 17419 habitantes (IBGE 2010) que passou a fazer parte da nova delimitaccedilatildeo do Semiaacuterido em 2005 Sua economia eacute baseada na agricultura pecuaacuteria e comeacutercio em geral Sua histoacuteria eacute como em muitas outras cidades interioranas e ribeirinhas se deu por motivos religiosos onde em 1826 o portuguecircs Antocircnio Machado Dias abastado fazendeiro que residiu onde hoje eacute a cidade de Correntes-PE fez construir uma igreja dedicada ao santo de seu nome Esse fato atraiu grande nuacutemero de pessoas que se foram agrupando em torno do templo formando a povoaccedilatildeo que tomou o nome de Barra de Correntes localizada as margens do Rio Correntes e do Rio Mundauacute posteriormente passou a se chamar Correntes nome que tecircm origem no rio de trecircs nascentes (que se chama 3 correntes) sendo entatildeo denominado de rio das Correntes 12 Localizaccedilotildees do Municiacutepio de Correntes-PE e Seus Aspectos Geograacuteficos

O municiacutepio (figura 1) estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco limitando-se a norte com Garanhuns e Palmeirina ao sul com o Estado das Alagoas a leste com o Estado das Alagoas e a oeste com Lagoa do Ouro A aacuterea municipal ocupa 2841 km2 e representa 029 do Estado de Pernambuco Distante 2577 km da capital cujo acesso eacute feito pela BR-101 PE-126177187 e BR-424

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Correntes-PE

A vila de Correntes fora criada pela lei provincial nordm204 em julho de 1848 foi o primeiro territoacuterio desmembrado do municiacutepio de Garanhuns que passava agrave categoria de municiacutepio O municiacutepio foi criado em 27051879 pela Lei Provincial no 1423 sendo formado pelos distritos de Correntes (sede) e pelos povoados de Poccedilo Comprido de Pau Amarelo e Olho dAgua do Gois Anualmente no dia 27 de agosto Correntes comemora a sua emancipaccedilatildeo politica

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Correntes-PE estaacute inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema formada por maciccedilos e outeiros altos com altitude variando entre 650 a 1000 metros Ocupa uma aacuterea de arco que se estende do sul de Alagoas ateacute o Rio Grande do Norte o relevo eacute geralmente movimentado com vales profundos e estreitos dissecados 2 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ESTUDO DO VERDE URBANO DE CORRENTES-PE O tema verde urbano eacute um referencial para a sociedade em geral quando o assunto se refere agraves questotildees ambientais Quando se pretende melhorar as condiccedilotildees ambientais das cidades a arborizaccedilatildeo quase sempre eacute a primeira opccedilatildeo isso eacute devidoagraves diversas funcionalidades e benefiacuteciosadvindos da arborizaccedilatildeo diante de um ambiente artificial e jaacute degradado pelas accedilotildees antroacutepicas direcionadas a um desenvolvimento econocircmico que deixa o meio ambiente quase sempre de lado Em relaccedilatildeo agrave paisagem urbana Amador destaca que

No tocante aacutes paisagens urbanas tem-se uma longa histoacuteria relacionada ao verde e este transformando espaccedilos elaborando-se e reelaborando-se paisagens podendo-se ressaltar algumas informaccedilotildees que tomadas em consequecircncia evidenciam tempos e espaccedilos repletos de diferentes propoacutesitos e ideologias (AMADOR 2013 p 119)

Logo cabe considerar que a paisagem urbana tem nos elementos verdes sejam arboacutereos ou natildeo um de seus alicerces de bem-estar conforto e beleza Poreacutem esses atributos nem sempre satildeo percebidos pela populaccedilatildeo que quando se refere ao verde residencial (verde em espaccedilos particulares) presente em quintais jardins e calccediladas o associa com algo trabalhoso e em alguns casos ateacute mesmo perigoso Essa percepccedilatildeo leva a populaccedilatildeo em geral a erradicar principalmente aacutervores de suas calccediladas bem como procuram deixar seus quintais livres ou com pouca vegetaccedilatildeo Porem no que se refere ao verde puacuteblico presente em praccedilas e canteiros centrais a populaccedilatildeo natildeo dialoga a sua importacircncia para o meio ambiente urbano e pouco eacute esclarecido sobre a relevacircncia dessa presenccedila bem como sobre a funcionalidade de tais espaccedilos introduzidos no meio ambiente urbano Mesmo todos sabendo que se retiroudestruiu a natureza para sua concretizaccedilatildeo ou melhor o trabalho de paisagismo o qual introduz a natureza na forma de arborizaccedilatildeo eou aacutereas verdes Esse ato faz parte da tentativa de reverter uma problemaacutetica ambientalque surgiu quando o homem considerou-se ser capaz de viver em um espaccedilo puramente construiacutedo e artificial poreacutem ele percebeu que a natureza em seus diversos acircmbitos eacute necessaacuteria a seu bem-estarno desenvolvimento de uma vida saudaacutevel ao mesmo tempo de um ambiente urbano mais sadio Esse espaccedilo construiacutedo segundo Eric Dardel (2011) tem sua principal importacircncia ligada ao habitar do homem Espaccedilo artificial no qual o homem eacute moldado em suas condutas haacutebitos costumes ideias e sentimentos ldquopor esse horizonte artificial que se viu nascer crescer escolher sua profissatildeordquo (DARDEL 2011 p 27) Assim a cidade seja pequena ou grande objeto da construccedilatildeo humana na forma de sociedade em que o homem eacute criado e socializado encontra nas aacutereas verdes e espaccedilos arborizados elementos naturais que proporcionamagrave populaccedilatildeo ter uma vida mais saudaacutevel contribuindo para um melhor desenvolvimento ambiental E a visatildeo geograacutefica em relaccedilatildeo ao espaccedilo urbano e interaccedilotildees que ocorrem no mesmo mostra a possibilidade de melhor interpretaccedilatildeo da complexidade dos espaccedilos e atraveacutes do enfoque sistecircmico das inter-relaccedilotildees do espaccedilo vivido e o individuo que o vive levando em conta tudo que o cerca visivelmente ou natildeo mas que integra a experiecircncia do ambiente urbano em seu todo artificial com a introduccedilatildeo da natureza que o homem constroacutei para usufruir de uma melhor qualidade de vida Assim Camargo relata

O espaccedilo vivido caracteriacutestico da corrente humanista relaciona-se com a dimensatildeo da experiecircncia humana dos lugares ou com a maneira como o sujeito percebe o objeto [] remete o geoacutegrafo a interpretar toda a complexidade existente em cada regiatildeo [] O cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locais (CAMARGO 2008 p 100 ndash 101)

Tambeacutem tem-se em Tuan (1980) em sua obraTopofilia que refere-se a todos os laccedilos afetivos do ser humano com o meio ambiente pois segundo ele ldquoo meio ambiente eacute o veiacuteculo de acontecimentos emocionante fortes ou eacute percebido como um siacutembolordquo (TUAN 1980 p 107) Assim o meio em que o homem estaacute inserido representa muito mais

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do que um meio fiacutesico do qual ele retira suas necessidades o meio ambiente seja urbano ou outro representa um lugar de relaccedilotildees emocionais e de pertencimento adquiridos atraveacutes das vivencias 21Contribuiccedilotildees da Massa Verde Urbana para a Cidade A presenccedila das aacutereas verdes urbanas possibilitam diversos benefiacutecios que se pode enunciar de acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS 2011 p 21)que destaca a arborizaccedilatildeo das cidadescomo uma estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos e importante diante dediversos aspectos como o ecoloacutegico histoacutericocultural social esteacutetico e paisagiacutestico contribuindo para

A manutenccedilatildeo da estabilidade microclimaacutetica O conforto teacutermico associado agrave umidade do ar e agrave sombra A melhoria da qualidade do ar A reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo A melhoria da infiltraccedilatildeo da aacutegua no solo evitando erosotildees associadas ao escoamento superficial das

aacuteguas das chuvas A proteccedilatildeo e direcionamento do vento A proteccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e do solo A conservaccedilatildeo geneacutetica da flora nativa O abrigo agrave fauna silvestre contribuindo para o equiliacutebrio das cadeias alimentares diminuindo pragas e

agentes vetores de doenccedilas A formaccedilatildeo de barreiras visuais eou sonoras proporcionando privacidade O cotidiano da populaccedilatildeo funcionando como elementos referenciais marcantes O embelezamento da cidade proporcionando prazer esteacutetico e bem-estar psicoloacutegico O aumento do valor das propriedades A melhoria da sauacutede fiacutesica e mental da populaccedilatildeo

No referido manual ainda eacute destacado a sistematicidade e complexidade da organizaccedilatildeo urbana pois ldquoos seres humanos constroem seus ambientes dentre eles a cidade cujoequiliacutebrio necessita ser mantido artificialmente pelo planejamento urbanovisando evitar consequecircncias indesejaacuteveisrdquo (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS2011 p 20) Assim a cidade eacute sistecircmica uma vez que seus variados aspectos e sistemas interagem em si e entre si por isso a cidade precisa ser compreendida como uma totalidade interacional e complexa porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitasrelaccedilotildees que nela se estabelecem pois a complexidade pode ser entendida como ldquoAgrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidadesrdquo (MORIN 2005 p35) Mas a complexidade tambeacutem desafia nossas possibilidades de caacutelculo ldquo[] ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios A complexidade num certo sentido sempre tem relaccedilotildees com o acasordquo (MORIN 2005 p35) e esse acaso estaacute presente nas relaccedilotildees que satildeo estabelecidas na sociedade A complexidade ultrapassa suas proacuteprias fronteiras vai desde o quantitativo ao subjetivo tendo um campo amplo do conhecimento que natildeo satildeo todos passiveis de quantificaccedilatildeo e verificaacuteveis mas tambeacutem indeterminados em seu entendimento antes compreendidos em si que pode-se ver nas relaccedilotildees urbanas Diante dessas colocaccedilotildeesentende-se que o verde urbano deva ser estudado de forma sistecircmica e complexa Assim Amador (2013 p 26) argumenta que ldquoLogo a complexidade a instabilidade e a intersubjetividade constituem em conjunto uma visatildeo de mundo sistecircmicardquo Entatildeo eacute atraveacutesda interaccedilatildeo dos diversos espaccedilos arborizados (quintais jardins e calccediladas) com as aacutereas verdes (praccedilas e canteiros centrais) em suas relaccedilotildees sistecircmicas que possibilitam acompreensatildeo da proeminecircncia presente na massa verde urbana Em consonacircncia Santosacentua que

Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) que muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as puacuteblicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando tambeacutem

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as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo (SANTOS 2001 2002 p 1-2)

Nessa perspectiva soacute atraveacutes do estudo dos diversos espaccedilos urbanos com a presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea ou natildeo quese pode verificar a importacircncia da arborizaccedilatildeo para o meio ambiente urbano como um todo 3 O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE quintais jardins e calccediladas O presente toacutepico refere-se ao primeiro projeto de pesquisa desenvolvido sobre o verde urbano do municiacutepio de Correntes-PE acerca do verde presente nas residecircncias atraveacutes dos estudos dos espaccedilos disponiacuteveis paraa arborizaccedilatildeo que satildeo os quintais jardins e calccediladas O principal objetivo foi ldquodiagnosticar como os moradores cuidam de seus jardins quintais e aacutervores das calccediladas atraveacutes da verificaccedilatildeo dos cuidados que eles tecircm com a arborizaccedilatildeo de suas casasrdquo Assim foi possiacutevel estabelecer um diaacutelogo durante a pesquisa com as diversas percepccedilotildees da populaccedilatildeo referentes agravetemaacutetica em estudo diagnosticando o quantoa presenccedila da arborizaccedilatildeo eou vegetaccedilatildeo eacute um fator importante parao meio ambiente urbano que no entendimento de Resende e Souza eacute ldquoa concepccedilatildeo de equiliacutebrio ambiental e fortalecimento das sensaccedilotildees de bem-estar e o definido paraiacuteso eacute simbolizado pela aacutervore ao passo que essa produz a reestruturaccedilatildeo do conforto e manteacutem uma relaccedilatildeo de proximidade sensorial ou emotiva do homemrdquo (REZENDE SOUZA 2009 p 55) Poreacutem nem todas as pessoas sabem desfrutar desses lazeres em seus lares pois associam a presenccedila arboacuterea e vegetal agrave outros fatores que lhes causam receio ou medo Em estudos realizados sobre o verde no municiacutepio de Correntes-PE foi verificado que o verde existente em quintais jardins e calccediladas nas ruas que constituem a aacuterea central do municiacutepio de Correntes-PE mas que estaacute cada vez mais escasso e um dos fatores que contribui com esse fato eacute a falta de incentivo e conhecimento dos benefiacutecios proporcionados pelo verde (CHAVES AMADOR 2012) Essa colocaccedilatildeo eacute relevante e adveacutem da falta de informaccedilatildeo sobre a arborizaccedilatildeo residencial fato que leva as pessoas a suprir essa presenccedila em seu lar sob outro ponto de vista pautado na relaccedilatildeo com a natureza Outros moradores mesmo de forma inadequada mantem sua aacutervore usufruindo assim de seus benefiacutecios conhecidos Nesse contexto foi verificado que poucos moradores satildeo esclarecidos sobre a importacircncia e funcionalidade da arborizaccedilatildeo e vegetaccedilatildeo presente em suas casas e que por vezes se encontra dividida em determinados espaccedilos da casa 31 Perspectivas dos Quintais Urbanos em Correntes-PE Os quintais de forma geral tem uma similaridade com os espaccedilos livres da Idade Meacutedia jaacute que nesse periacuteodo ocorreu o maior interesse em se cultivar espeacutecies frutiacuteferas e ornamentais em espaccedilos livres internos agraves residecircncias (LOBODA DE ANGELIS 2005) E dentre as principais funccedilotildees dos quintais domeacutesticos em Correntes-PE encontra-seo cultivo de frutiacuteferas de ervas hortaliccedilas legumes entre outros verificando-se que o desenvolvimento de tal atividade possibilita que os proacuteprios moradores disponham de tais elementos e assim possam utiliza-los na alimentaccedilatildeo e em outras atividades como a medicina caseira tornando-se desnecessaacuteria a compra do que se possui no quintal e em consequecircncia passa a ser um auxilio financeiro para a famiacutelia e ou comunidade local Mas de acordo com os estudos desenvolvidos no municiacutepio em tela alguns moradores desconsideram esse fator que de acordo com os estudos desenvolvidos por Ambroacutesio Peres e Salgado (1996) os mesmos constataram a sua contribuiccedilatildeo agrave alimentaccedilatildeo bem como sua contribuiccedilatildeo para a renda familiar Ressaltam ainda a relevacircncia do quintal para a diversificaccedilatildeo dos alimentos presentes na alimentaccedilatildeo diaacuteria relatando que a ausecircncia do quintal pode ser um fator de restriccedilatildeo da dieta das pessoas principalmente quando refere-se a alimentos ricos em vitaminas minerais e fibras como hortaliccedilas e frutas Esse estudo evidencia o quanto os quintais domeacutesticos tecircm uma ampla utilidade na vida das pessoas que os possuem Principalmente quintais com um pomar de frutas ou verduras que proporcionam um ambiente rico em benefiacutecios no acircmbito familiar ajudando na alimentaccedilatildeo atraveacutes principalmente do cultivo de produtos mais sadios para as famiacutelias sem o uso de agrotoacutexicos

22- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

E como resultado da pesquisa sobre quintais verificou-se que as principais frutiacuteferas encontradas nos quintais satildeo Goiabeira (Psiduimguajava) laranjeira (Citrussinensis) bananeira (Musa spp) e mamoeiro (Caricapapaya) entre outras Poreacutem pode-se ver na tabela 1 a heterogeneidade das espeacutecies de plantas cultivadas nos quintais estudados

Principais plantas Utilizaccedilatildeo Motivos

Frutiacuteferas Alimentaccedilatildeo Familiar Para servir de alimento para a famiacutelia e ajudar a economizar

Ervas medicinais Produccedilatildeo de Remeacutedios Caseiros

Curar doenccedilas sem precisar ir ao meacutedico como gripes dor de cabeccedila febres etc

Temperos Tempero para as Comidas Auxiliar na alimentaccedilatildeo

Plantas ornamentais Enfeites Por que gostaacha bonito Tabela 1 Quintais Domeacutesticos em Correntes-PE

Fonte Pesquisa de campo 2012

Salientando-se que os cuidados com as espeacutecies vegetais dos quintais satildeo irrigar adubar e em minoria

pulverizar algum produtocontra insetos fungos ou outrotipo de praga Mas tambeacutem verificou-se que haacute pessoas que nem se datildeo ao trabalho de cuidar de seus quintais e quando esse possui frutiacuteferas de grande porte as mesmas se mantem produzindo devido principalmente a sua estrutura natural de sobrevivecircncia 32 Jardins Residenciais e sua Percepccedilatildeo em Correntes-PE Para uma melhor compreensatildeo sobre o Jardim comeccedilamos introduzindoo conceito presente no dicionaacuterio da liacutengua portuguesa da Editora Avenida (2005 p 168) que classifica jardim como um ldquopedaccedilo de terreno geralmente cercado e proacuteximo de uma habitaccedilatildeo destinado ao cultivo de flores plantas e aacutervores ornamentaisrdquo Nessa classificaccedilatildeo eacute verificado quais satildeo os tipos de vegetaccedilatildeo que compotildeem esses espaccedilos destinados ao cultivo do verde urbano Tomoando-se outra referencia tem-se o seguinte conceito para jardim

O jardim eacute a reuniatildeo segundo certos preceitos teacutecnicos e esteacuteticos dos mais variados elementos da flora natildeo importando a natureza procedecircncia ou grau de desenvolvimento que possam atingir e bem assim a finalidade a que se destinarem Quando povoamos um jardim de apreciaacutevel numero de representantes da fauna o transformamos em jardim zooloacutegico (SANTOS 1978 p37)

Sabendo-se que o jardim eacute uma aacuterea da casa destinada ao cultivo do verde com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais que exige de quem tem um espaccedilo com tal funccedilatildeo uma atenccedilatildeo em relaccedilatildeo com os cuidados destinados ao jardim Cuidados esses que vatildeo requerer em geral gastos extras para a sua manutenccedilatildeo em termos esteacuteticos Os jardins em especial se destacamem sua utilizaccedilatildeo como espaccedilo de distraccedilatildeoocupacional por algumas pessoas e em especial idosas que consideram o ato de cuidar de plantas uma terapia ou seja uma terapia ocupacional pois nota-se que pessoas idosas dedicam o seu tempo livre aos cuidados de seus jardins que refletem o seu modo de vida jaacute passado e as lembranccedilas de uma cultura que eacute mudada com as inovaccedilotildees da modernidade Aleacutem da sensaccedilatildeo e percepccedilatildeo de que o verde que lhe rodeia tambeacutem lhe permite sentir-se bem Ainda de acordo com Loboda e De Angelis

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constitui-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A princiacutepio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LOBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Pode-se verificar com as colocaccedilotildees dos autores que o jardim aleacutem de exercer a funccedilatildeo esteacutetica tambeacutem passou no seacuteculo XIX a ter funccedilotildees utilitaacuterias nas zonas urbanas devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo e suas funcionalidades de bem-

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estar proporcionado agraves pessoas como terapia ocupacional aleacutem de contribuir para um meio ambiente com melhores condiccedilotildees ambientais Os jardins tambeacutem representam poder hieraacuterquico das populaccedilotildees nobres em detrimentodas menos abastadas Por sua vez os jardins em Correntes constituem-se em espaccedilos raros pois nem todos dispotildeem de tempo e condiccedilotildees financeiras para cultivaacute-los Foi observado que as casas possuem jardins apresentam vaacuterios tipos concepccedilatildeoe percepccedilatildeo que satildeo de acordo com cada niacutevel de formaccedilatildeo financeira e conhecimento do morador Observa-se ainda que pessoas que natildeo tem espaccedilo para tal fim usam o espaccedilo do quintal para cultivar espeacutecies como roseiras e plantas ornamentais numa espeacutecie de compensaccedilatildeo Assim percebeu-se que as residecircncias mais simples que possuem jardim (Figura 2) satildeo os proacuteprios donos que cultivam e cuidam das plantas aguando no veratildeo adubando a terra limpando e quando necessaacuterio podando as plantas que na maioria satildeo roseiras e plantas ornamentais Como exceccedilotildees haacute moradores que tambeacutem plantam hortaliccedilas e ervas tipo medicinal em seus jardins enquanto pessoas mais abastadas procuram uma valorizaccedilatildeo esteacutetica nos seus jardins (Figura 3) e para isso contratam jardineiro ou pessoas especializadas em botacircnica para cuidar dos mesmos aleacutem de implementa-los com objetos de maacutermores como esculturas e desenhos geomeacutetricos em sua forma de delimitaccedilatildeo

Figura 2 e 3 Tipos de Jardins de Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Assimeacute possiacutevel perceber atraveacutes das figuras 2 e 3 apresentadas a diferenciaccedilatildeo da estrutura dos jardins presentes no municiacutepio de Correntes Salienta-se que satildeo poucas residecircncias que possuem jardins e em sua maioriaos jardins ocupam pequenas aacutereas em frente agraves residecircnciasconstatando-se que essa diferenciaccedilatildeo deve-se principalmente ao niacutevel econocircmico 33 A Arborizaccedilatildeo de Calccediladas e sua problemaacutetica em Correntes-PE

As calccediladas satildeo espaccedilos puacuteblicos destinados ao transito de pedestres elas devem ter uma extensatildeo que permita a passagem das pessoas sem obstaacuteculos livres de irregularidades e acessiacuteveis aos portadores de mobilidade reduzida A calccedilada deve ser bem conservada e o piso apresentar elemento antiderrapante permitindo que as pessoas possam caminhar com seguranccedila em um percurso livre de obstaacuteculos e de forma compartilhada com os diversos usos e serviccedilos Trata-se de uma aacuterea impermeaacutevel com a presenccedila de vegetaccedilatildeo principalmente aacutervores desde que isso natildeo interfira no transitar dos pedestres

A calccedilada de acordo com o Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro eacute parte da via normalmente segregada e em niacutevel diferente natildeo destinada agrave circulaccedilatildeo de veiacuteculos reservada ao tracircnsito de pedestres e quando possiacutevel agrave implantaccedilatildeo de mobiliaacuterios urbano sinalizaccedilatildeo vegetaccedilatildeo e outros fins (RODRIGUES AZEVEDO 3)

3 Disponiacutevel em lthttpwwwcressprorgbrforumtopic38gt Acesso em 03 out 2012)

24- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Logo as calccediladas podem ter aleacutem da arborizaccedilatildeovegetaccedilatildeo outros elementos como mobiliaacuterios e sinalizaccedilatildeo entre os principais desde que isso natildeo interfira na passagem das pessoas E segundo a Cartilha de Arborizaccedilatildeo as calccediladas devem ser arborizadas de acordo com o espaccedilo aeacutereo e subterracircneo disponiacutevel observando as principais questotildees que interferem na escolha das espeacutecies para plantar em calccediladas que satildeo ldquoA largura das calccediladas Presenccedila ou ausecircncia de fiaccedilatildeo aeacuterea Tipo de fiaccedilatildeo aeacuterea (convencional isolada ou protegida) Recuo frontal das edificaccedilotildeesrdquo (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE sdp 6) Assim fica evidente que arborizar uma calccedilada natildeo eacute apenas plantar aacutervore em uma aacuterea permeaacutevel eacute essencial levar em conta o espaccedilo disponiacutevel em torno do local que se pretende fazer o plantio

Tambeacutem eacute relevante falar da importacircncia ecoloacutegica que a vegetaccedilatildeo arboacuterea das calccediladas possui pois proporciona habitaccedilatildeo para pequenas espeacutecies de animais e paacutessaros auxiliando na biodiversidade da fauna urbana Isso contribui para o desenvolvimento de um ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na convivecircncia e interaccedilatildeo das pessoas com o espaccedilo que as cercam

No que se refere agrave arborizaccedilatildeo das calccediladas das ruas do Municiacutepio das Correntes-PE o caso eacute bastante preocupante pois satildeo pouquiacutessimas as calccediladas com aacutervores as quais satildeo plantadas de forma inadequada (Figura 4 e 5) E os cuidados que os moradores correntenses dedicam agraves aacutervores de suas calccediladas em alguns casos variam com o desenvolvimento e crescimento da mesma Jaacute em outros casos os moradores ao perceberem que a aacutervore pode causar algum empecilho ou dano simplesmente erradicam a aacutervore sem procurar outras soluccedilotildees

Figura 4 e 5 Inadequaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo das calccediladas em Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Por ocasiatildeo de entrevistas com a populaccedilatildeo a respeito dos benefiacutecios das aacutervores nas calccediladas as principais

importacircncias percebidas pelos moradores eram a de amenizaccedilatildeo da temperatura e a sombra proporcionada por ela No entanto registra-se que um fato relevante das observaccedilotildees realizadas eacute que todas as aacutervores plantadas nas calccediladas estatildeo de forma inadequada Elas estatildeo muito proacuteximas da fiaccedilatildeo eleacutetrica ou os galhos se misturam a fiaccedilatildeo aleacutem de perceber-se que as calccediladas satildeo em sua maioria irregulares e possuem degraus aleacutem do espaccedilo destinado ao plantio ser pequeno ocasionando dificuldades agrave passagem das pessoas e danificando o espaccedilo fiacutesico da mesma

Outro dilema acerca da arborizaccedilatildeo das calccediladas eacute a poda visto que por ser um espaccedilo puacuteblico a populaccedilatildeo natildeo eacute esclarecida a respeito de quem deve ser responsaacutevel pela poda Logo sempre haacute conflitos entre populaccedilatildeo e poder

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 25

puacuteblico sobre tal assunto Fato esse que natildeo eacute levado em conta no Municiacutepio das Correntes-PE resultando em calccediladas inadequadas e arborizaccedilatildeo deficiente 4 O VERDE DAS PRACcedilAS E CANTEIROS CENTRAIS NA PERSPECTIVA DA ORGANIZACcedilAtildeO DO ESPACcedilO NUMA ABORDAGEM SISTEcircMICA DA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ao finalizar as colocaccedilotildees debates e indagaccedilotildees sobre o Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE coloca-se agora em destaque de forma breve os resultados do segundo projeto de pesquisa o qual se deu em sequencia intitulado ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo desenvolvido em 2013 Os principais objetivos foram investigar a importacircncia dos espaccedilos verdes puacuteblicos para o contexto social tendo-se como referecircncia a inter-relaccedilatildeo homem homem homem natureza diagnosticando por meio de uma visatildeo sistecircmica como as praccedilas e canteiros centrais satildeo utilizados no planejamento urbano e quais usos e apropriaccedilotildees dos principais espaccedilos puacuteblicos arborizados de Correntes-PE

Logo apresenta-se os resultados acerca de problemas socioambientais ligados ao verde urbano dos espaccedilos livres puacuteblicos na forma das principais Praccedilas e Canteiros Centrais do Municiacutepio de Correntes-PE atraveacutes de uma visatildeo sistecircmica sobre esses espaccedilos na percepccedilatildeo dos moradores do referido MuniciacutepioO ambiente urbano entendido como conjunto dissociado de espaccedilos construiacutedos e espaccedilos livres de construccedilatildeo dispostos sobre uma organizaccedilatildeo funcional que regram a proacutepria organizaccedilatildeo e fluxo de pessoas na cidade

Os espaccedilos urbanos edificados satildeo ldquoaacutereas ocupadas de maneira significativamente densa pelas construccedilotildees que atendem as atividades do meio urbano de uso residencial comercial industrial de serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede educaccedilatildeo entre outrosrdquo (CARNEIRO MESQUITA 2000 p 24) Enquanto os espaccedilos livres satildeo aacutereas parcialmente edificadas com nula ou miacutenima proporccedilatildeo de elementos construiacutedos ou com presenccedila de vegetaccedilatildeo como por exemplo praccedilas parques e canteiros cujas funccedilotildees satildeo a recreaccedilatildeo circulaccedilatildeo composiccedilatildeo paisagiacutestica e de equiliacutebrio ambiental (CARNEIRO MESQUITA 2000)

Logo a cidade eacute uma formaccedilatildeo diversa constituiacuteda de espaccedilos modificados apropriados recriados e tornam-se propiacutecios a criaccedilatildeo de novos espaccedilos com novas funccedilotildees pelo homem sempre a procura de um melhor ambiente para o desenvolvimento de suas atividades A cidade tambeacutem se apresenta como um conjunto sistecircmico de interaccedilotildees e relaccedilotildees que variam de acordo com a percepccedilatildeo de cada indiviacuteduo e do olhar do observador de tais relaccedilotildees Esses espaccedilos arborizados apresentam certa harmonia e destinados a atividades saudaacuteveis ao mesmo tempo contribuem para um melhor ambiente urbano 41 As Aacutereas Verdes Urbanas Estudadas e Suas Contribuiccedilotildees para a Funcionalidade de Correntes-PE

Os principais espaccedilos puacuteblicos livres arborizados de Correntes-PE objetos do estudo foram a Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Essasaacutereas verdes contribuem para organizaccedilatildeo do municiacutepio devido as suaslocalizaccedilotildees que abrangemo ponto central do municiacutepio com as Praccedilas Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Praccedila Herciacutelio Victor da Silva e a Praccedila Pedro Alves Camelo onde convergemas principais relaccedilotildees urbanas enquanto que as principais saiacutedas e entradas do municiacutepio satildeo pela Praccedila Cursino Jacobina ou pela Avenida Raimundo Calado

As ruas do municiacutepio de Correntes-PE satildeo divididas em trechos tendo como divisatildeo dos trechos a extensatildeo principal da cidade que se inicia na entrada da aacuterea urbana e vai ateacute a saiacuteda em direccedilatildeo ao Distrito de Pau Amarelo onde

Trecho A - Correspondem as ruas que ficam do lado ESQUERDO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

Trecho B - Corresponde agraves ruas que se localizam do lado DIREITO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Pedro Alves Camelo

Trecho C - Corresponde agrave parte da cidade denominada Bairro da Bahia que se encontra separada da cidade pelo rio Mundauacute e nesse trecho natildeo se localiza nenhuma aacuterea verde estudada

26- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado localizam-se na extensatildeo principal que divide a cidade nos trechos A e B Logo eacute percebido que essas praccedilas contribuem para os fluxos urbanos e os desenvolvimentos das relaccedilotildees que se datildeo nessas aacutereas e em suas proximidades

Colocando-se ainda uma atribuiccedilatildeo agraves praccedilas elas podem ser arborizadas ou natildeo esse fato vai depender de sua funcionalidade ou intenccedilatildeo Logo sem a presenccedila de elementos naturais seja a arborizaccedilatildeo ou outro tipo de vegetaccedilatildeo satildeo destinadas a uma atividade especiacutefica como lugar de eventos Eacute o caso da Praccedila Pedro Alves Camelo em Correntes-PE enquanto que as praccedilas arborizadas apresentam diversas atribuiccedilotildees para populaccedilatildeo contribuindo para conservaccedilatildeo da natureza Natureza essa que foi praticamente destruiacuteda para construccedilatildeo das cidades e ao mesmo tempo necessaacuteria para o bom desenvolvimento do ambiente urbano como as demais praccedilas estudadas

42 A Quantificaccedilatildeo das Principais Espeacutecies Arboacutereas Presentes nas Aacutereas Verdes Estudadas em Correntes-PE

Uma das atividades desenvolvidas na pesquisa sobre a arborizaccedilatildeo dos principais espaccedilos puacuteblicos e arborizados foi agrave quantificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo das espeacutecies arboacutereas predominantes Assim seguem nos graacuteficos 1 e 2 as quantificaccedilotildees dessas espeacutecies

Graacutefico 1 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Graacutefico 2 Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Graacutefico 3 Praccedila Cursino Jacobina Graacutefico 4 Canteiro Central

20

27

7

46

Quantificaccedilatildeo da espeacutecies Arboacutereas da Praccedila Herciliacuteo Victor da Silva

Castanhola

Acaacutecia

Palmeira

Outras Espeacutecies

41

6 3

20

9

21

Quantificaccedilatildeo da Espeacutecie Arboacutereas da Praccedila Nossa Senhora da

Conceiccedilatildeo

Ficus

Pata de Vaca

Algarobeira

Palmeira

Acaacutecia

Outras Espeacutecies

28

44

17

11

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuterea da Praccedila Cursino Jacobina

Castanhola

Algarobeira

Flamboyant

Outras Espeacutecies

25

36 8 3

28

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacutereas do Cateiro Central da

Avenida Raimundo Calado

Ficus

Castanhola

Pata de Vaca

Pinheiro

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 27

Graacutefico 5 Praccedila Pedro Alves Camelo Graacutefico 6 Predominacircncia por Aacutereas Estudada

Graacuteficos 1 2 3 4 5 e 6 dados quantitativos das praccedilas sobre as espeacutecies arboacutereas presentes nos principais espaccedilos livres arborizados de Correntes - PE Fonte Chaves 2013

Com a presente quantificaccedilatildeo pode-se perceber que quase todas as espeacutecies identificadas satildeo exoacuteticas isso

deixa em evidencia a falta de criteacuterio e conhecimentos utilizados na escolha das espeacutecies arboacutereas usadas na arborizaccedilatildeo do municiacutepio bem como uma negaccedilatildeo das espeacutecies nativas Caso houvesse melhor distribuiccedilatildeo de forma mais harmoniosa e equitativa possibilitaria contribuiccedilotildees a essas aacutereas e valorizaccedilatildeo do local com a flora nativa E a natildeo identificaccedilatildeo de algumas espeacutecies remete ao problema de natildeo haver uma catalogaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo presente no municiacutepio 43 Os Diversos Usos e Apropriaccedilotildees dos Principais Espaccedilos Puacuteblicos Arborizados de Correntes-PE

Os espaccedilos livres urbanos satildeolocais onde se desenvolvem varias relaccedilotildees sociais sistecircmicas permitindo que a interaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo das vidas nela presentes se deem harmoniosamente entre os elementos artificiais e naturais atraveacutes dos modos de uso e apropriaccedilatildeo dos mesmos Tem-se entatildeo os seguintes usos e apropriaccedilatildeo de acordo com determinados espaccedilos da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Os modos de apropriaccedilatildeo da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (Figura 6) satildeo com a finalidade econocircmica na presenccedila dos seguintes equipamentos econocircmicos uma sorveteria um bar e algumas barracas de salgadinhos e doces apropriaccedilatildeo dos elementos contidos na proacutepria praccedila com finalidade esteacutetica e de lazer um chafariz e um caramanchatildeo no centro da praccedila

19

6

6

31

38

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuteresa da Praccedila Pedro Alves

Camelo

Ficus

Algarobeira

Castanhola

Palmeirinhas

Outras Espeacutecies

0

2

4

6

8

Praccedila NossaSenhora da

Conceiccedilatildeo

Praccedila Herciacutelio Victorda Silva

Praccedila Pedro AlvesCamelo

Praccedila CursinoJacobina

Canteiro Central daAvenida Raimundo

Calado

Pedrominancias de espeacutecies Arboacutereas por Aacuterea Estudada

Aacutereas Arorizadas

28- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 6Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo em Correntes-PE Fonte Chaves 2013

Enquanto os usos principais da praccedila satildeo circulaccedilatildeo devido agrave localizaccedilatildeo da mesma a qual se encontra no ponto

central do municiacutepio lazer quando a populaccedilatildeo se reuacutene para conversar brincar (crianccedilas e adolescentes) jogar cartas ou dominoacute andar de bicicleta namorar entre outros lazeres consumo tomar sorvete comprar doces e salgadinhos e tomar uma cachaccedila com os amigos (os adultos) ou simplesmente usam esse espaccedilo para aproveitar um ambiente agradaacutevel na cidade desfrutando de elementos naturais e artificiais e dos inuacutemeros benefiacutecios da arborizaccedilatildeo presente Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

A praccedila eacute localizada ao lado do Coleacutegio mais tradicional do ensino fundamental do municiacutepio logo seu publico principal eacute constituiacutedo de estudantes (Figura 7) que utilizam o espaccedilo da praccedila enquanto espera o horaacuterio da aula ou apoacutes a mesma para conversar ou brincar com os colegas de salas Tambeacutem eacute frequentada por casais principalmente casais de estudantes e a mesma ainda eacute sede de um centro comunitaacuterio de informaacutetica

Figura 7 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Fonte Chaves 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 29

Constatou-se entatildeo que a praccedila eacute bastante frequentada de segunda a sexta pelos estudantes e usuaacuterios do

centro de informaacutetica devido principalmente a sua localizaccedilatildeo Aos saacutebados basicamente e frequentada por alguns feirantes e aos domingos ela praticamente apresenta apenas a funccedilatildeo de circulaccedilatildeo por moradores do municiacutepio A Praccedila Pedro Alves Camelo

Eacute uma praccedila com pouca arborizaccedilatildeo destinada a eventos culturais e apresentaccedilotildees teatrais (Figura 8) A populaccedilatildeo que reside em seu entorno percebe esse espaccedilo atraveacutes de importantes benefiacutecios quais sejam oxigecircnio mais saudaacutevel sombra amenizaccedilatildeo das altas temperaturas e ventilaccedilatildeo nas casas

Figura 8 A Praccedila Pedro Alves Camelo Fonte Chaves 2013

A praccedila possui tambeacutem em seu entorno um salatildeo de cabelereiro para homens um salatildeo de manicure

residecircncias preacutedios puacuteblicos e outros serviccedilos aleacutem de ser bastante usada por crianccedilas para brincar com bola e por casais de namorados principalmente agrave noite nos banquinhos da praccedila pois durante o dia a falta de arborizaccedilatildeo a deixa pouco propicia para o lazer a ceacuteu aberto

Devido agrave presenccedila de um bar em seu entorno a praccedila mostra-se muito movimentada nos dias de jogos pois os torcedores gostam de assistir os jogos no bar com os amigos e ao mesmo tempo fazem uma confraternizaccedilatildeo Embora seu espaccedilo seja para realizaccedilatildeo de eventos as festas de ruas sempre satildeo realizadas em outros locais e natildeo nela pois seu espaccedilo natildeo comportaria um grande nuacutemero de pessoas ao mesmo tempo

Praccedila Cursino Jacobina

A praccedila aleacutem de seus elementos arboacutereos abriga uma estatua de Padre Cicero (Figura 9) e no dia desse padroeiro ocorre neste local celebraccedilotildees onde grande parte da populaccedilatildeo acende velas no altar como devoccedilatildeo Mas tirando essa eacutepoca de devoccedilatildeo a praccedila eacute frequentada tambeacutem com assiduidade pela populaccedilatildeo em geral devido a seu ambiente agradaacutevel e sombreado principal beneficio citado pelos frequentadores

30- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 9 Praccedila Cursino Jacobina Fonte Chaves 2013

Todos os dias proacuteximo da Estatua de Padre Cicero moradores que satildeo em sua maioria idosos da rua ou deruas

vizinhas se encontram para jogarem dominoacute ou baralho Aleacutem de jogar conversa fora como disse um dos senhores que tem essa pratica ldquoum bando de desocupadordquo respeitando-se o linguajar do cidadatildeo ipis litteris Essas pessoas em sua maioria satildeo senhores aposentados ou que se encontram em horaacuterios para lazer na praccedila Salienta-se ainda que estudantes tambeacutem participam desses encontros e atividades

Ao lado do canteiro localizam-se borracharias e oficinas Assim as pessoas colocam seus transportes na sombra das arvores de grande porte enquanto esperam serem atendidas Os moradores tambeacutem estacionam seus veiacuteculos ao lado do canteiro usufruindo assim da sombra proporcionada principalmente composta por amendoeiras e algarobeiras

Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado

Na percepccedilatildeo da populaccedilatildeo da Avenida Raimundo Calado em relaccedilatildeo agrave arborizaccedilatildeo do canteiro central a importacircncia se materializa pela sombra fornecida por servir de habitat para os paacutessaros aleacutem de acreditarem que preserva o meio ambiente mas a populaccedilatildeo natildeo especificou como se daacute essa preservaccedilatildeo ambiental

Na visatildeo de uma comerciante que se apropriou do espaccedilo do canteiro com a colocaccedilatildeo de uma barraca de doces e salgadinhos (Figura 10) antes de tudo a comerciante explica que estabeleceu sua barraca ali porque natildeo encontrou qualquer impedimento por parte da gestatildeo do municiacutepio para tal ato Assim quando ela foi colocar a barraca ha uns anos atraacutes pediu permissatildeo ao responsaacutevel da Prefeitura que lhe concedeu a permissatildeo

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 31

Figura 10 Apropriaccedilatildeo do Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Fonte Chaves 2013

A barraca eacute frequentada por pessoas de todas as idades que residem na avenida ou que passam por ali soacute natildeo eacute

mais frequentada por que natildeo vende bebidas Verifica-se que a mesma se beneficia da presenccedila da arborizaccedilatildeo que deixao ambiente mais agradaacutevel 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante do desenvolvimento dos projetos de pesquisas sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE atraveacutes do projeto realizado em 2012 com tema ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo e em 2013 com o projeto ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da paisagem Agreste de Correntes-PErdquo foi possiacutevel materializar alguns artigos durante o tempo da pesquisa e teve-se tambeacutem como principal resultado concreto o presente capiacutetulo de livro

Aqui procurou-se enfocar a importacircncia da vegetaccedilatildeo principalmente a arborizaccedilatildeo no ambiente urbano Pois tal presenccedila possibilita um desenvolvimento urbano mais saudaacutevel quando se pensa em desenvolvimento das atividades humanas bem como uma contribuiccedilatildeo ecoloacutegica diante da construccedilatildeo artificial que eacute a cidade que com frequecircncia evidencia-se desordenada e natildeo planejada

Assim diante da problemaacuteticacolocada e pesquisada pode-se perceber dilemas e conflitos presentes no ambiente urbano devido agrave arborizaccedilatildeo bem como a falta da arborizaccedilatildeo Mas uma coisa eacute certa a destruiccedilatildeo da natureza e a introduccedilatildeo da cidade em seu lugar levou o homem a perceber que natildeo eacute possiacutevel viver soacute de elementos artificias issogera paulatinamente no seu dia a dia a falta de condiccedilotildees para desenvolver seu bem-estar Logo a introduccedilatildeo de aacutereas verdes ou espaccedilos arborizados na cidade eacute a primeira opccedilatildeo na hora de procurar uma maneira de melhorar as condiccedilotildees ambientais do meio ambiente urbano

Aleacutem das diversas funcionalidades e benefiacutecios advindos do verde urbano elencado nos toacutepicos desse capiacutetulo a presenccedila desse verde no municiacutepio de Correntes-PE eacute em geral inadequadae deficiente no que se refere aos espaccedilos particulares mas abundante e com predomiacutenio de exoacuteticas nas aacutereas puacuteblicas mesmo sem o devido planejamento e gestatildeo adequados

A populaccedilatildeo em sua maioria desconhece a importacircncia da presenccedila do verde na cidade e mesmo usufruindo diariamente desses ambientes pouco sabe valorizar e cuidar desse ldquobemrdquo Mesmo as praccedilas ecanteiros centrais sendo espaccedilos puacuteblicos natildeo cabe apenas agrave Prefeitura cuidar e preservar tais ambientes Entendendo-se serembens comuns a

32- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

todos cabe a cada indiviacuteduo cuidar e preservar a integridade desses espaccedilos puacuteblicos aleacutem de caber sim agrave Prefeitura disponibilizar pessoas qualificadas para realizaccedilatildeo da manutenccedilatildeo necessaacuteria dos mesmos ou seja implementar uma melhor gestatildeo do verde na cidade

Correntesem Pernambuco como outros municiacutepios do semiaacuterido periodicamente sofrem com temperaturas altas e por esse motivo um projeto de arborizaccedilatildeo para as calccediladas foi desenvolvido numa tentativa de deixar os ambientes domiciliares mais amenos e agradaacuteveis Poreacutem a falta de estudos e planejamento fez com que anos apoacutes sua implantaccedilatildeo a arborizaccedilatildeo danificasse de diversos modos agraves residecircncias levando entatildeo os moradores a erradicarem as aacutervores plantadas Verificou-se no contexto que muitas das espeacutecies plantadas natildeo eram recomendadas para calccediladas visto que passaram a danificar o espaccedilo fiacutesico das mesmas bem como os imoacuteveis

E foi tambeacutem atraveacutes do estudo sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE por meio de meacutetodos de anaacutelise da paisagem no ambito da ciecircncia geograacutefica com abordagem das contradiccedilotildees sociais desenvolvidas no ambiente urbano que se pode perceber como a introduccedilatildeo de aacutereas verdes eacute ligada as funcionalidades urbanas a sua organizaccedilatildeo bem como aos seus fluxos e desenvolvimento

Conclui-se que eacute de suma importacircncia ter essas aacutereas verdes mas que seja de forma adequada e planejada evitando-se grandes problemas futuros Tambeacutem eacute necessaacuterio desenvolver atividades ou eventos que levem a populaccedilatildeo esclarecimentos e informaccedilatildeo sobre o porquecirc ter espaccedilos verdes no ambiente urbano pois uma coisa eacute certa nada existe por nada mesmo os acontecimentos fatos mais espontacircneos tudo tem uma razatildeo e contribuiccedilatildeo seja atraveacutes de seu uso estrutura e funcionalidade

REFEREcircNCIAS

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34- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO

MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 35

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

A base de toda a sustentabilidade eacute o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza

Nagib Anderaacuteos Neto4

1 INTRODUCcedilAtildeO

A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o proacuteprio homem Para esta atividade o investigador recorre agrave observaccedilatildeo e agrave reflexatildeo que faz sobre os problemas que enfrenta e a experiecircncia passada e atual dos homens na soluccedilatildeo destes problemas a fim de munir-se dos instrumentos mais adequados agrave sua accedilatildeo e intervir no seu mundo para construiacute-lo adequado agrave sua vida (CHIZOTTI 2009 p11)

Seguindo-se o conceito acima descrito e com o intuito de trazer essa definiccedilatildeo para a pesquisa de campo desencadeou-se o objetivo de pesquisar espeacutecies arboacutereas da caatinga e visto tratar-se de uma regiatildeo bastante diversificada haacute sempre uma enorme gama de pontos a serem explorados Esses objetivos podem ser estendidos por diversas aacutereas do conhecimento como a Biologia a Botacircnica e a Geografia por exemplo E trazendo esse estudo bibliograacutefico e de campo para a Geografia tecircm-se uma abrangecircncia que vai aleacutem da classificaccedilatildeo das espeacutecies visto tratar-se de uma aacuterea que permite uma visatildeo ampla e que objetiva principalmente agrave compreensatildeo e o entendimento do espaccedilo como um todo

Na busca de trazer esses aspectos para a pesquisa de campo nas aacutereas verdes do Agreste nordestino mais especificamente para o verde na aacuterea rural do municiacutepio de Venturosa-PE apresenta-se o estudo sobre a espeacutecie do

4 Disponiacutevel emhttppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014

36- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

juazeiro aacutervore tiacutepica do Nordeste brasileiro Procurando-se destacar sua interaccedilatildeo com o clima solo relaccedilatildeo homemnatureza e sua incidecircncia na aacuterea estudada apesar da devastaccedilatildeo que sofre decorrente das atividades para o progresso desenvolvimento agropecuaacuterio

No caso do juazeiro como o mesmo geralmente estaacute posicionado dentro ou proacuteximo agraves aacutereas de pastagens procurou-se demonstrar sua fundamental importacircncia para a conjuntura espacial paisagiacutestica em uma complexidade agraacuteria e agroecoloacutegica Utilizando-se para este fim a Geografia atraveacutes de sua categoria de anaacutelise paisagem a qual oferece oportunidade para a realizaccedilatildeo de uma abordagem sistecircmica frente agraves necessidades de entendimento de cada objeto

2 LOCALIZACcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DO OBJETO DE ESTUDO

O Brasil eacute um paiacutes de grandes dimensotildees com uma aacuterea de abrangecircncia territorial de consideraacutevel extensatildeo onde estaacute inserida a Regiatildeo Nordeste a qual ocupa cerca de 18 do territoacuterio nacional com caracteriacutesticas marcantes e bastante diversificadas dentro de uma mesma regiatildeo e nesse contexto apresentam-se os domiacutenios morfoclimaacuteticos que se constituem numa siacutentese dos vaacuterios aspectos naturais de uma regiatildeo que de acordo com Arbex eBacic (1999 p12) os mesmos relatam que ldquosatildeo quatro os domiacutenios morfoclimaacuteticos na Regiatildeo Nordeste a Caatinga (depressotildees e planaltos semiaacuteridos) o dos Mares de Morros o Cerrado e o Amazocircnico (terras baixas florestadas equatoriais) sem contar as significativas faixas de transiccedilatildeo entre elesrdquo

Dentro dessa grande regiatildeo nordestina estaacute inserido o municiacutepio de Venturosa o qual se encontra localizado a 2434 km da capital Recife na Mesorregiatildeo do Agreste e Microrregiatildeo do Vale do Ipanema este formado pelos municiacutepios de Aacuteguas Belas Buiacuteque Itaiacuteba Pedra Tupanatinga e Venturosa no interior de Pernambuco (Figura 1)

Figura 1 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Venturosa adaptado por Darla Macedo 2013

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Venturosa tem na agropecuaacuteria principalmente na pecuaacuteria leiteira uma das fontes de renda mais importantes tanto no campo como na cidade havendo sempre uma dependecircncia dos habitantes para com essa atividade que eacute muito significativa pois do leite deriva uma cadeia produtiva que vai do queijo ao iogurte entre outros aproveitamentos e no qual Salienta-se que tambeacutem satildeo produzidos produtos como manteiga manteiga de garrafa doce de leite e bebidas tipo iogurte entre os principais (AMADOR 2008 pag 92) o que reforccedila a interligaccedilatildeo do campo com a cidade constituindo o principal setor econocircmico do municiacutepio

Trata-se portanto de uma atividade que interage com a vegetaccedilatildeo tanto natural quanto artificial de maneira unidimensional ou seja formam viacutenculos entre o humano e a natureza Nesse contexto encontra-se o Juazeiro (Zizyphusjoazeiro) planta de predominacircncia natural na regiatildeo e que eacute considerada por muitos como siacutembolo do Nordeste por ser facilmente encontrada e conhecida pela populaccedilatildeo principalmente da aacuterea rural onde tem sua quase totalidade de incidecircncia no municiacutepio tendo em vista que na aacuterea urbana sua presenccedila eacute minimamente observada (Figura 2)

Figura 2 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE Foto Arquivo da autora 2013

Importante salientar a grande devastaccedilatildeo por que passa a vegetaccedilatildeo natural do Nordeste especificamente a caatinga que eacute uma das aacutereas que vem gradativamente perdendo essa vegetaccedilatildeo natural para dar lugar as pastagens e outros usos Essa accedilatildeo humana transforma incessantemente o meio em que se vive mas ainda eacute possiacutevel encontrar vaacuterias espeacutecies tiacutepicas desse bioma as quais fazem parte do cenaacuterio natural da caatinga Cita-se por exemplo a jurema a catingueira a barauacutena como espeacutecies que ainda tem predominacircncia no jaacute citado municiacutepio E o juazeiro por sua vez eacute uma aacutervore tiacutepica da regiatildeo o que faz a mesma interagir plenamente com a flora e fauna nativas Tomando-se Vasconcelos Sobrinho (2005 p 187) tem-se a seguinte definiccedilatildeo

O Joazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) legiacutetimo representante das caatingas do Sertatildeo Seridoacute Agreste podendo-se mesmo encontraacute-lo nas matas uacutemidas do litoral Graccedilas a sua drupa comestiacutevel servindo de alimento a vaacuterias criaccedilotildees inclusive ao homem tem fraco poder de regeneraccedilatildeo por meio da semente Natildeo consegue expandir-se muito face suas folhas serem altamente forrageiras muito procuradas nos cercados em cantos de cerca e aceiros das matas pelos rebanhos soacute conseguindo proteccedilatildeo quando seguramente abrigadas e protegidas A sua brotaccedilatildeo de tronco e de raiz natildeo lhe favorece expansatildeo embora melhore muito sua riqueza em folhagem ao alcance dos gados Apresenta-se sempre verde aqui e acolaacute no meio da caatinga e pelos cercados quando escapam agrave destruiccedilatildeo pelos animais que satildeo aacutevidos de suas folhas nutritivas e palataacuteveis

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Diante dessa definiccedilatildeo tem-se uma siacutentese da significacircncia da planta para o espaccedilo semiaacuterido nordestino coadunando-se portanto com sua robustez fiacutesica resistecircncia aos periacuteodos de estiagens prolongadas e as oportunidades de aproveitamento econocircmico

Pode-se ressaltar que o juazeiro eacute de grande importacircncia natildeo apenas pelo bem que promove a natureza pela sua oacutetima integraccedilatildeo com o meio mas por sua beleza caracteriacutestica por manter-se verde durante quase todo o ano mesmo em meio agrave aridez de boa parte do Nordeste na eacutepoca da seca (Figura 3) O que acaba proporcionando sombra e outros benefiacutecios para amenizar as altas temperaturas que cotidianamente atingem o municiacutepio durante a maior parte do ano

Figura 3 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) em meio agrave caatinga Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

3 O EQUILIBRIO SOLO- CLIMA- VEGETACcedilAtildeO

Sabe-se que a natureza busca o equiliacutebrio de sua diversidade e consegue isso com perfeiccedilatildeo no entanto a interferecircncia humana de forma inadequada modifica a forma natural e normalmente gera consequecircncias para o meio em que se vive e para si proacuteprio

Para isso se faz necessaacuterio uma junccedilatildeo aparentemente de pouco significado poreacutem de fundamental importacircncia pois formam o motor da produccedilatildeo que move qualquer lugar que tenha como prioridade em sua produccedilatildeo econocircmica que eacute o equiliacutebrio entre o solo clima e vegetaccedilatildeo e que iratildeo dar o subsiacutedio para o desenvolvimento de qualquer aacuterea que

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tenha a pecuaacuteria ou qualquer atividade agricultaacutevel como fonte de renda Deixando-se claro que depende como essa integraccedilatildeo ocorre em cada aacuterea pois se natildeo houver uma accedilatildeo humana sustentaacutevel tambeacutem natildeo haveraacute forma de desenvolvimento adequado

Vasconcelos Sobrinho (2005) daacute uma definiccedilatildeo muito caracteriacutestica referente ao solo e a vegetaccedilatildeo do Agreste o mesmo diz que

O agreste de Pernambuco [] O solo formado pela decomposiccedilatildeo do granito e do gneiss eacute muito raso Jaacute estaacute erodido e depauperado e a vegetaccedilatildeo nativa encontra-se muito alterada na sua composiccedilatildeo inicial (VASCONCELOS 2005p 183)

Os solos do Agreste ocupam uma aacuterea de transiccedilatildeo entre Zona da Mata e Sertatildeo com relevo extremamente

variaacutevel associado a solos profundos solos rasos e solos relativamente feacuterteis que permitem realccedilar os diferentes tipos de solo no Agreste

Em Venturosa tem-se um aspecto muito importante no qual se pode destacar Tem-se que o relevo eacute descrito como suave ondulado e plano evidenciando como principais tipos de solos o argiloso arenoso pedregoso e rochoso (AMADOR 2008 p83) Nesse aspecto pode-se dizer que o juazeiro se adapta a esses diversos tipos de solo da regiatildeo o que favorece sua incidecircncia

No tocante agraves relaccedilotildees com o clima chamado de semiaacuterido devido sua baixa umidade e quantidade reduzida de chuva fator que influencia o volume de aacutegua nos rios que secam em determinadas eacutepocas do ano e diminuem as disponibilidades de aacutegua para as plantas animais e homens caracterizando assim a aridez do ambiente O clima se configura como fator bastante determinante da caatinga o qual define a paisagem e o modo de vida dos moradores que vivem um eterno racionamento de aacutegua numa prevenccedilatildeo para a eacutepoca de estiagem 4 O BIOMA CAATINGA E O JUAZEIRO

O bioma caracteriacutestico e uacutenico do Brasil especialmente da Regiatildeo Nordeste a caatinga apresenta baixos iacutendices

pluviomeacutetricos irregularidades de chuvas expondo uma vegetaccedilatildeo de grande resistecircncia a periacuteodos de estiagens Arbex Junior e Bacic Olic (1999 p12) datildeo a seguinte denominaccedilatildeo de caatinga

A caatinga vegetaccedilatildeo natural que daacute nome ao domiacutenio eacute constituiacuteda por aacutervores e arbustos normalmente espinhentos que perdem suas folhas no decorrer da longa estaccedilatildeo seca O clima semiaacuterido e o solo pouco profundo ensejaram o desenvolvimento de vegetais com folhas pequenas e raiacutezes longas

Essas caracteriacutesticas satildeo consideradas naturais no municiacutepio jaacute mencionado devido ao mesmo estar localizado na aacuterea de agreste poreacutem com aspectos tiacutepicos do sertatildeo entendendo-se que

Muito jaacute foi escrito sobre o Agreste poreacutem quando se busca trabalhar academicamente sobre a bibliografia pertinente observa-se a predominacircncia de estudos elaborados sobre a oacutetica cartesiana pautada esta no principio de dividir para conhecer embora natildeo se relegue sua importacircncia para a construccedilatildeo da ciecircncia (AMADOR 2008 pag87)

Tomando-se ainda a mesma autora elenca-se outras espeacutecies arboacutereas no contexto semiaacuterido agrestino em apoio agrave atividade agropecuaacuteria especialmente a pecuaacuteria de leite como a seguir

O angico o pereiro o juazeiro por exemplo satildeo referecircncias do bioma da caatinga deixados no pasto com o propoacutesito tiacutepico ainda das propriedades da regiatildeo de sombrear o gado mas que pode ser visto como testemunhos da vegetaccedilatildeo de caatinga antes existente no local (AMADOR 2008 p208)

Atraveacutes dessa afirmaccedilatildeo fica claro que existe uma devastaccedilatildeo da caatinga agrestina principalmente para ampliaccedilatildeo de pastagens aberturas de estradas vicinais equipamentos rurais entre outras necessidades inerentes agrave atividade agraacuteria Nessa direccedilatildeo cabe trazer agrave tona as preocupaccedilotildees com a sustentabilidade e a importacircncia do juazeiro para o bioma da caatinga

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5 O JUAZEIRO NO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

No municiacutepio de Venturosa a vegetaccedilatildeo predominante caracteriacutestica eacute a caatinga definida por Abiacutelio (2010) como sendo

A caatinga eacute um bioma exclusivamente brasileiro que estaacute inserida no semi-aacuterido nordestino sendo caracterizada principalmente por aspectos climaacuteticos e pluviomeacutetricos detentora de uma rica biodiversidade a qual se encontra cada vez mais ameaccedilada decorrente da maacute utilizaccedilatildeo de seus recursos principalmente pelo forte extrativismo Havendo a necessidade de poliacuteticas que incentivem o desenvolvimento sustentaacutevel regional (ABIacuteLIO 2010 p156)

Eacute nessa vegetaccedilatildeo que estaacute o juazeiro (Zizyphusjoazeiro) aacutervore tipicamente nordestina com frutos de cor amarela quando maduros comestiacuteveis e bem adocicados Com folhas sempre verdes seus ramos satildeo tortuosos e espinhosos (Figura 4)

Figura 4 Galho de juazeiro com seus espinhos no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A aacutervore eacute bastante conhecida pelos venturosenses ateacute mesmo por habitantes citadinos que mesmo morando na cidade conhecem a aacutervore por haver sempre uma nas proximidades com o campo propriamente dito Natildeo deixando-se de ressaltar a presenccedila miacutenima na aacuterea urbana da espeacutecie em tela a qual natildeo eacute identificada como elemento da paisagem urbana Trata-se de uma arborizaccedilatildeo que carece de vegetaccedilatildeo nativa da regiatildeo e que concentra em seu conjunto arboacutereo espeacutecies exoacuteticas que foram aos poucos substituindo as aacutervores tiacutepicas da caatinga principalmente na cidade

Os moradores da zona rural costumam deixar juazeiros em seus terreiros entendendo-se por terreiro o espaccedilo na frente das casas como o evidenciado no exemplo da figura 2 e em seus currais (Figura 5)

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Figura 5 Juazeiro no curral no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A proximidade do juazeiro com o homem promove uma integraccedilatildeo agradaacutevel pois o mesmo proporciona sombra

de excelente qualidade aleacutem de contribuir parauma beliacutessima paisagem Tendo servido inclusive de inspiraccedilatildeo para letras de muacutesicas como retrata a bela canccedilatildeo de Luiz Gonzaga o Rei do Baiatildeo em parceria com Humberto Teixeira

O juazeiro Juazeiro juazeiro Me arresponda por favor Juazeiro velho amigo Onde anda o meu amor Ai juazeiro Ela nunca mais voltou Diz juazeiro Onde anda meu amor Juazeiro natildeo te alembra Quando o nosso amor nasceu Toda tarde agrave tua sombra Conversava ela e eu Ai juazeiro Como doacutei a minha dor Diz juazeiro Onde anda o meu amor Juazeiro seje franco Ela tem um novo amor Se natildeo tem porque tu choras Solidaacuterio agrave minha dor Ai juazeiro Natildeo me deixa assim roer Ai juazeiro Tocirc cansado de sofrer Juazeiro meu destino Taacute ligado junto ao teu No teu tronco tem dois nomes

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Ele mesmo eacute que escreveu Ai juazeiro Eu num guumlento mais roer Ai juazeiro Eu prefiro inteacute morrer Ai juazeiro

Luiz Gonzaga5

6 RETROSPECTIVA HISTOacuteRICADO LUGAR (VENTUROSA)

O ciclo natural da vida eacute seguido de forma semelhante em todo ser humano pois as pessoas nascem crescem e morrem concretizando o ciclo natural dos seres vivos E para que isso ocorra de uma forma agradaacutevel para todas as espeacutecies se requer um incentivo agrave educaccedilatildeo ambiental que deve acontecer no momento certo ou seja desde muito cedo para que realmente ocorra com o devido sucesso e sendo assim pode-se dizer que

Educaccedilatildeo Ambiental comeccedila no berccedilo ou seja o primeiro passo deve ser dado na infacircncia Deve-se se ensinar a crianccedila a observar a beleza e os segredos da natureza A beleza de um ipecirc em flor ou de um canteiro multicor o vocirco majestoso da ave no alto do ceacuteu o bater acelerado das asas de um beija-flor o crescer contiacutenuo das plantas e a reproduccedilatildeo dos animais A crianccedila natildeo entenderaacute as razotildees do funcionamento da natureza mas aprenderaacute a observar o que constitui a primeira etapa na formaccedilatildeo de uma consciecircncia

ecoloacutegica e o amor a natureza (TROPPMAIR 2008 p198)

Dessa forma pode-se dizer que se as pessoas se conscientizarem da importacircncia do meio ambiente desde cedo no futuro se beneficiaratildeo muito mais dela

Muitas pessoas desenvolvem um verdadeiro amor pelo seu lugar de origem no qual viveram durante toda sua vida Isso gera uma afeiccedilatildeo pelo seu lugar os moradores da zona rural na sua grande maioria desenvolvem esse apego ao lugar e apesar de enfrentarem grandes dificuldades na labuta diaacuteria do campo geralmente natildeo querem sair para a cidade preferem a calma do interior No entanto esse apego natildeo impede que o mesmo talvez por falta de oportunidade eou de conhecimento acabe causando males ao seu lugar de origem Nesse sentido tomam-se as palavras de Tuan

Para compreender a preferecircncia ambiental de uma pessoa necessitariacuteamos examinar sua heranccedila bioloacutegica criaccedilatildeo educaccedilatildeo trabalho e os arredores fiacutesicos No niacutevel de atitudes e preferecircncias de grupo eacute necessaacuterio conhecer a histoacuteria cultural e a experiecircncia de um grupo no contexto de seu ambiente fiacutesico Em nenhum dos casos eacute possiacutevel distinguir nitidamente entre os fatores culturais e o papel do meio ambiente fiacutesico Os conceitos cultura e meio ambiente se superpotildeem do mesmo modo que os conceitos homem e natureza (TUAN 1980 p 68)

O habitante da zona rural em sua grande maioria natildeo tem e nem teve oportunidades de conhecimento cientifico para aprender a diferenccedila entre o consumo sustentaacutevel e o natildeo sustentaacutevel o que acarreta ao longo dos anos prejuiacutezos incalculaacuteveis Visto que espeacutecies abundantes no lugar vatildeo se extinguindo ao longo dos anos principalmente por natildeo haver interesse de reposiccedilatildeo devido ser uma aacuterea de significativaabrangecircncia pecuaacuteria de no Estado

Os moradores da zona rural tecircm a cultura de desmatamento para o plantio de pastagens que servem de alimento para os rebanhos na maioria bovinos e tambeacutem alguns criatoacuterios de caprinos No entanto em menor quantidade no municiacutepio em relaccedilatildeo agrave bovinocultura que eacute a atividade que predomina na regiatildeo

5 Disponivel emhttpwwwvagalumecombrluiz-gonzagajuazeirohtml Acesso em 21 jan 2014

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No intuito de produzir o alimento para o rebanho durante todo o ano haacute a praacutetica da erradicaccedilatildeo de espeacutecies nativas da caatinga que iratildeo dar lugar as plantaccedilotildees que servem de alimento para os seus rebanhos Sendo assim os moradores pecuaristas produzem espeacutecies adaptaacuteveis ao clima da regiatildeo e em geral as mais comuns satildeo as plantaccedilotildees de palma e capim por serem espeacutecies mais resistentes ao clima semiaacuterido que eacute predominante durante a maior parte do ano e que muitas vezes se repete por vaacuterios anosconsecutivos

Essa natildeo eacute uma atividade que possa ser considerada recente visto que quando do momento da coleta de informaccedilotildees de pessoas que habitam no municiacutepio haacute anos ou desde seu nascimento colheu-se a informaccedilatildeo de que sempre se realizou essa praacutetica para o cultivo de alimentos Esse preparo do terreno para o plantio se daacute desde muitos anos ateacute os dias atuais por meio principalmente de brocas entendendo-se por brocas as queimadas que ocorrem em uma determinada porccedilatildeo de terra a qual depois de queimada seraacute cultivada No entanto essa praacutetica aumentou muito devido ao crescimento populacional e o que antes ocupava pequenas aacutereas hoje atinge grandes espaccedilos causando assim uma devastaccedilatildeo maior do meio ambiente Nesse sentido toma-se como referecircncia sobre esta questatildeo o conceito de Troppmair (2008) que diz

Nas civilizaccedilotildees primitivas pastoris e agriacutecolas o homem era um elemento integrado no sistema natureza e nele interferia apenas de forma restrita Com o aumento da populaccedilatildeo o surgimento de formas sociais mais complexas e principalmente com o advento dos centros urbanos e da era industrial que introduziu o emprego de maquinaacuterio mais potente e sofisticado e modificou modos de vida humana a interferecircncia e as perturbaccedilotildees provocadas pelo homem nos ecossistemas tornaram-se mais draacutesticas e conduziram aos problemas ambientais de nossos dias (TROPPMAIR 2008 p172)

Esse fator eacute primordial para o entendimento da questatildeo do desmatamento no municiacutepio pois onde antes era utilizado apenas o trabalho braccedilal para formaccedilatildeo de roccedilas e cercados entendendo-se por roccedilas e cercados os lugares onde satildeo produzidos os alimentos para os animais hoje haacute uma grande incidecircncia de maquinaacuterios especiacuteficos como tratores maquinas entre outros

Falta no entanto um pensamento que avance assim como os progressos agriacutecolas e que se difunda tambeacutem uma poliacutetica de conservaccedilatildeo do ambiente em prol do bem estar humano e do meio como um todo o qual possa gerar avanccedilos com a perspectiva da sustentabilidade Esperando-se que os mais novos habitantes sigam na linha de afeiccedilatildeo e apego ao lugar mas com modos mais conservacionistas e que aprendam a lidar mais adequadamente com o cultivoda terra 7 O VERDE RURAL E A RELACcedilAtildeO HOMEM NATUREZA

Quando se faz a junccedilatildeo de dois elementos complexos como o homem este no sentido do ser humano e natureza como sentido de lugar onde o homem habita haacute a necessidade de analisar a relaccedilatildeo que um deteacutem sobre o outro visto que ambos devem viver em condiccedilotildees harmocircnicas para soacute assim poder haver uma interligaccedilatildeo que iraacute gerar benefiacutecios para ambos (Figura 6)

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Figura 6 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A Geografia inserida nesse acircmbito eacute de fundamental importacircncia para um entendimento dessas relaccedilotildees tendo

em vista a abrangecircncia da disciplina que se encaixa nos mais diversos meios que venham a ser estudados sendo assim fundamental no estudo do verde seja ele rural ou urbano Nesse contexto tem-se em Barbosa (2008 p625)a seguinte definiccedilatildeo

A geografia hoje traz uma nova abordagem onde natildeo haacute mais como fazer distinccedilotildees entre Homem-Natureza onde o meio ambiente deve ser considerado como um todo resultado da relaccedilatildeo homem-natureza Esta abordagem recebe o nome de Sistecircmica e que tem influenciado atualmente nos estudos e anaacutelises feitas dentro do campo de atuaccedilatildeo da Geografia (BARBOSA 2008 p625)

Na relaccedilatildeo homem natureza nota-se que haacute uma cultura de desmatamento muito intensa na regiatildeo onde o verde eacute cada vez mais deixado de lado principalmente aquele vinculado as espeacutecies nativas da caatinga Quando haacute uma busca de desenvolvimento econocircmico pode-se dizer que o homem prefere anular a diversidade natildeo fazendo com isso conjunccedilatildeo de dois sistemas diferentes O ser humano na busca de seu desenvolvimento natildeo mede as consequecircncias de seus atos e tem com isso o que se chama de pensamento simplificador natildeo sabendo interagir com a natureza sem destrui-la Segundo Edgar Morin (2005 p 12) ldquoo pensamento simplificador eacute incapaz de conceber a conjunccedilatildeo do uno e do muacuteltiplo (unitat multiplex) Ou ele unifica abstratamente ao anular a diversidade ou ao contrario justapotildee a diversidade sem conceber a unidaderdquo

Enquanto natildeo houver um meio de integraccedilatildeo entre esses dois sistemas haveraacute sempre um obstaacuteculo para ambos prejudicando o homem e a natureza No entanto eacute cada vez mais raro encontrar uma real preocupaccedilatildeo com a natureza pela parte humana Visto que a mesma estaacute sempre em busca de benefiacutecios proacuteprios sem perceber as reais consequecircncias dos atos realizados natildeo visando agraves consequecircncias futuras que seus atos atuais teratildeo

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Infelizmente pela visatildeo mutiladora e unidimensional paga-se bem caro nos fenocircmenos humanos a mutilaccedilatildeo corta na carne verte o sangue expande o sofrimento A incapacidade de conceber a complexidade da realidade antropossocial em sua incodimenccedilatildeo (o ser individual) e em sua macrodimensatildeo(o conjunto da humanidade planetaacuteria) conduz a infinitas trageacutedias e os conduz a trageacutedia suprema Dizem-nos que a poliacutetica ldquodeverdquo ser simplificadora e maniqueiacutesta Sim claro em sua concepccedilatildeo manipuladora que utiliza as pulsotildees cegas Mas a estrateacutegia poliacutetica requer o conhecimento complexo porque ela se constroacutei na accedilatildeo com e contra o incerto o acaso o jogo do muacuteltiplo das interaccedilotildees e retroaccedilotildees (MORIN 2005 p 13)

Os moradores do municipio em estudado na sua grande maioria satildeo sacrificados ou seja trabalham durante toda sua vida para sobreviver em meio agrave quase constante semiaridez da regiatildeo aproveitando-se dos periacuteodos de maior precipitaccedilatildeo para fazer suas plantaccedilotildees e a partir daiacute alimentarem seus animais os quaisquase sempre representados pelo rebanho bovino para tirarem seu sustento e de sua famiacutelia 8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Pode-se afirmar atraveacutes dedepoimentos de moradores que as espeacutecies tiacutepicas como o juazeiro a catingueira a barauacutena a jurema entre outras eram bem mais abundantes outrorado que hoje

A diminuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais naturais do lugar ocorreu e ocorre devido a falta de um desenvolvimento sustentaacutevel o que gera uma gama de desmatamentos desordenados os quais no decorrer dos anos foram acarretando uma menor incidecircncia da vegetaccedilatildeo nativa ou seja a caatinga de forma natural e que foram dando lugar as pastagens que satildeo utilizadas para alimentar rebanhos principalmente bovinos espeacutecie mais comum para o desenvolvimento econocircmico da regiatildeo Em um conceito bastante oportuno de desenvolvimento sustentaacutevel e que se adeacutequa muito bem a aacuterea estudada encontra-se as seguintes palavras

Atualmente a temaacutetica Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) tem se tornado cada vez mais popular alcanccedilando todas as aacutereas que envolvem a relaccedilatildeo entre ser humano e o Meio Ambiente Mas na praacutetica o DS deteacutem poucos adeptos buscando uma melhor qualidade de vida priorizando a conservaccedilatildeo que vai de contra ao sistema capitalista tendo em vista que o crescimento econocircmico natildeo eacute um fator determinante para o desenvolvimento sustentaacutevel (ABIacuteLIO 2010 p159)

Nessa busca de progresso o homem acaba deixando de lado o principal que eacute a preservaccedilatildeo do meio ambiente e natildeo havendo a compreensatildeo de que a preservaccedilatildeo eacute uma saiacuteda que beneficia aleacutem da fauna e da flora o proacuteprio homem acredita-se que nunca se chegaraacute a um modo equilibrado de convivecircncia com o meio algo de fundamental importacircncia para o habitante da zona rural Preservar o mundo em que se vive comeccedilando pela sua proacutepria aacuterea seu proacuteprio lugarnatildeo se deixando conduzir apenas pelo capitalismo eacute o primeiro passo para o progresso de forma sustentaacutevel

Provavelmente o juazeiro por natildeo ser uma aacutervore muito utilizada na regiatildeo para finscomerciais como carvatildeo vegetal produtos cosmeacuteticos entre outros eacute tambeacutem bastante erradicado para dar lugar agraves plantaccedilotildees com a justificativa de ser empecilho ao avanccedilo da pecuaacuteria e que prejudica eou diminui o uso da terra 9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Conclui-se atraveacutes desses estudos e anaacutelises de campo que a espeacutecie arboacuterea denominada juazeiro eacute nativa da regiatildeo sendo encontrada e identificada com facilidade no municiacutepio deixando-se claro que essa ocorrecircncia se evidencia na zona rural natildeo sendo observada na aacuterea urbana a qual fica restrita a espeacutecies exoacuteticas Registra-se tambeacutem que a espeacutecie eacute considerada por muitos como siacutembolo do lugar o qual manteacutem caracteriacutesticas de Sertatildeo mesmo localizando-se na aacuterea Agreste do Estado Pernambuco caracterizando-se portanto como um ecotone

Um dos pontos focais da pesquisa foi aquestatildeo da relaccedilatildeo homem-natureza no qual ficam as observaccedilotildees de que apesar do homem danificar o meio ambiente de uma forma cada vez mais desenfreada o mesmo necessita da natureza de uma forma tambeacutem muito intensa Mas na maioria das vezes natildeo eacute isso que ocorre e partindo-se do ponto da observaccedilatildeo de que a cada dia aumenta mais as destruiccedilotildees e isso em grandes aacutereas o problema se expande mais E

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isso natildeo fica restrito ao municiacutepio de Venturosa-PE mas eacute uma constataccedilatildeo que se verifica em vaacuterios lugares que por sua vez vatildeo acumulando os problemas e no fim acarretam o desequiliacutebrio ambiental em todo planeta

Conclui-se queo homem natildeo tem ou natildeo procura ter uma percepccedilatildeo da real importacircncia de um desenvolvimento sustentaacutevel do meio em que vive e do quanto eacute importante a conservaccedilatildeo de aacutereas verdes em qualquer que seja a regiatildeo Em um entendimento mais especifico natildeo importa que seja Zona da Mata Agreste ou Sertatildeo a conservaccedilatildeo e a consciecircncia eacute de vital importacircncia natildeo apenas para a natureza mas para todo ser humano visto ser o principal beneficiado com aacutereas onde se praticar umamelhor conservaccedilatildeo ambiental REFEREcircNCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado Educaccedilatildeo Ambiental formaccedilatildeo continuada de professores no Bioma Caatinga In Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFBB 2010

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_____ A visatildeo Sistecircmica e sua contribuiccedilatildeo ao estudo do espaccedilo pecuaacuterio de Venturosa e Pedra no Agreste de Pernambuco Satildeo Paulo Blucher Acadecircmico 2008

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BARBOSA E F da F de M Abordagem do sistema geografia fiacutesica x geografia humana1deg SIMPGEO Rio Claro 2008 ISBN 978-85-88454-15-6

CHIZZOTTI Antonio Pesquisa em ciecircncias humanas e sociais 10 ed Satildeo Paulo Cortez 2009

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Anderaacuteos Neto Nagib Frases textos pensamentos poesias e poemas de Nagib Anderaacuteos Neto no Pensador (Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014)

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TROPPMAIR Helmut Biogeografia e meio ambiente 8ordf ed Rio Claro Divisa 2008

TUAN Yi-Fu Topofilia Um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo DIFEL 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Reimpressatildeo Recife Companhia Editora de Pernambuco-CEPE 2005

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA

PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS

E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Thamyllys Myllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

Haacute quem passe por um bosque e soacute veja lenha para a fogueira Leon Tolstoi6

1 INTRODUCcedilAtildeO

Este trabalho traz uma pequena contribuiccedilatildeo quando realiza uma discussatildeo a partir de questionamentos sobre como pode ser vista e considerada a natureza o verde presente nos ambientes urbanos em diferentes escalas de localizaccedilatildeo

Tem-se observado que as discussotildees que se fazem em relaccedilatildeo agraves aacutereas vegetadas no contexto da cidade eacute um seguimento que ainda natildeo possui muitas referencias bibliograacuteficas Para tanto iniciativas e estudos que dizem respeito ao temaacuterio estatildeo provocadas na direccedilatildeo de observar as condiccedilotildees ambientais-socias-econocircmicas citadinas

Para se realizar um estudo da natureza na cidade nas praccedilas puacuteblicas e escolas municipais puacuteblicas de Canhotinho-PE com o intuito de se procurara compreender funccedilotildees e importacircncia das espeacutecies arboacutereas presentes nestes espaccedilos diante da perspectiva subjetiva da comunidade que frequenta e tem de alguma forma uma ligaccedilatildeo com estes lugares

Na obtenccedilatildeo de dados sobre os elementos em estudo adotou-se como referencia bibliograacutefica para fundamentar o olhar das pesquisadoras o pensamento de Yi-Fu Tuan (1974) o qual nos indica olhar os objetos presentes nos ambientes natildeo de forma simples e subjetiva pelas funccedilotildees que exercem nos lugares mas tambeacutem apresentar a ligaccedilatildeo que aquele objeto tem para com os diferentes olhares e sensaccedilotildees das pessoas

As consideraccedilotildees que se fazem satildeo realizadas a partir dos estudos desenvolvidos em que se buscou compreender o papel desempenhado pelas aacutereas verdes das praccedilas e como elas podem ser compreendidas enquanto manifestaccedilatildeo da presenccedila do verde urbano considerando o elo que une as pessoas a objetos materiais principalmente elementos bioacuteticos e imateriais pela percepccedilatildeo dos espaccedilos

Associa-se a esse contexto a manifestaccedilatildeo do verde nas escolas puacuteblicas destacando-se a percepccedilatildeo dos sentidos em relaccedilatildeo aos elementos arboacutereos expressos pela comunidade escolar sob a perspectiva do conceito de ldquotopofiliardquo desenvolvido pelo Yi-Fu Tuan

6 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrfraseMjQyMTY4 Acesso em 14 jan 2014

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Ressalta-se que as escolas aqui trabalhadas estatildeo denominadas por siacutembolos alfabeacuteticos ou seja ABCD e E tendo-se em vista a preservaccedilatildeo da eacutetica necessaacuteria aos trabalhos cientiacuteficos e especificamente nesse caso salvaguardando a identidade das entidades de ensino 2 PERCEPCcedilAtildeO UMA VISAtildeO DIFERENTE DO MUNDO ldquoTOPOFILIArdquo

A proposta da anaacutelise eacute perceber o lugar que segundo Yi-Fu Tuan trata-se da relaccedilatildeo de afeto com o lugar em que as pessoas vivem ou ateacute mesmo convivem Assim considera-se a definiccedilatildeo do termo a seguir pelo autor

A lsquorsquotopofiliarsquorsquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definido em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A reposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mais muito mais intensa que subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o loacutecus da reminiscecircncia e o meio de se ganhar a vida (YI-FU TUAN 1974 p107)

Dessa forma como o autor jaacute citou topofilia eacute o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente fiacutesico Pela sua

cidade ou ateacute mesmo um espaccedilo de uso comum como praccedilas escolas jardins entre outros Mesmo assim determinadas pessoas se identificam melhor em espaccedilos naturais alguns indiviacuteduos possuem

uma lealdade extremae chegam a derramar seu sangue para defender sua cidade ou ainda sua naccedilatildeo Logo este elo afetivo na maioria das vezes eacute muito forte sendo esta ligaccedilatildeo afetiva algo que muitas pessoas levam para sua vida toda

Cada pessoa possui uma sensibilidade para vere interpretar os fatos ou ateacute mesmo a realidade de acordo com que eacute mais conveniente para si ou ainda de acordo com suas influencias culturais Sendo assim constitui-se num processo operacional e natildeo apenas uma representaccedilatildeo de determinado objeto Segundo Tuan (1974 70) ldquo[] nas culturas em que os papeis dos sexos satildeo fortemente diferenciados homens e mulheres olharatildeo diferentes aspectos do meio e adquiriratildeo atitudes diferentes []rdquo

Nesse sentido tambeacutem eacute possiacutevel perceber natildeo mais um fenocircmeno mas uma teia de fenocircmenos recursivamente interligados e portanto ter-se-aacute diante de si a complexidade do sistema (AMADOR 2013 p 50)

Logo admite-se que os estudos devem considerar aspectos de ordem de sua totalidade ou ainda como diria Morin (2005) observar e analisar um fenocircmeno em aproximadamente todos os aspectos que interagem entre si e com o espaccedilo em seu entorno visto que ele influencia e eacute influenciado Assim sendo como o proacuteprio autor discutiu seria o pensar complexo rompendo com estudos reducionistas quando se refere

O que eacute a complexidade Agrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidades [] Mas a complexidade natildeo compreende apenas quantidades de unidade e interaccedilotildees que desafiam nossas possibilidades de calculo ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios [] (MORIN 2005 p 35)

Sob este aspecto eacute que se desenrolam os estudos no acircmbito dos espaccedilos livres e nas escolas puacuteblicas compreendendo para tanto o todo e natildeo soacute uma parte do espaccedilo observado

Tendo-se como suporte a Geografia para apreender como se daacute a inter-relaccedilatildeo das pessoas em seu meio de convivecircncia Nessa linha de pensamento considerou-se a percepccedilatildeo que segundo Amador (2013) demonstra ser algo subjetivo em que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo proacutepria do espaccedilo tomando vaacuterias formas e influenciada pela cultura de cada individuo

Considerando-se o fato da temaacutetica ambiental ter sido uma das grandes preocupaccedilotildees que emergiu nos cenaacuterios dos seacuteculos XX e XXI pelas dificuldades de fatores distintos observados (MENDONCcedilA 2002) na paisagem geograacutefica mas especificamente na cidade apresentando iniciativas no sentido de buscar e resguardar os anseios e necessidades humanas de qualidade de vida e ambiental aliados as intenccedilotildees de apreender as interaccedilotildees que se datildeo no espaccedilo

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21 Contextualizando a Natureza na Cidade

A cidade espaccedilo humanizado de muacuteltiplas relaccedilotildees mostra-se como local de contradiccedilotildees no que diz respeito agraves interaccedilotildees que se processam entre o homem e a natureza sendo esta ldquosegunda naturezardquo por vezes uma contradiccedilatildeo da cidade (com a erradicaccedilatildeoda vegetaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo do urbano) e posterior volta dessa mesma vegetaccedilatildeo compreendida como vaacutelvula de escape para amenizar os problemas ambientais urbanos (FRANCcedilA AMADOR 2013)

Os ambientes citadinos lugares em que se estabelecem distintas relaccedilotildees entre homem e meio apresentam diferentes paisagens diante daquilo que eacute visto condicionado pelos processos que se datildeo no espaccedilo e tempo de cada periacuteodo

Por algum tempo muito se tem argumentado sobre o que se pode definir como natureza e como ela aparece no cenaacuterio das cidades Diante do expressivo progresso nas ultimas trecircs deacutecadas das ferramentas e teacutecnicas no periacuteodo vigente pela capacidade humana e o poder de tomar conhecimento sobre grande parte dos elementos presentes da Terra em suas diversas relaccedilotildees e suas potencialidades

A natureza antes era tida como obstaculo para realizaccedilatildeo humana (HENRIQUE 2009) mas hoje em dia ela vem sendo tratada de diferentes formas e ressaltadas suasfunccedilotildees mediante as intencionalidades humanas dependendo das condiccedilotildees ambientais dos espaccedilos urbanos com valores e sentidos expressos por fatores esteacuteticos ambientais sociais e ateacute mesmo econocircmicos Assim caracteriacutesticas geograacuteficas que eram fatores determinantes para o uso e apropriaccedilatildeo do espaccedilo passam a exercer menor influencia decisiva na construccedilatildeo de objetos necessaacuterios a uma condiccedilatildeo de vida mais apropriada mais digna do ponto de vista ambiental

Tanto os elementos materiais e imateriais presentes no espaccedilo urbano apresentam em si um dialogo em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que se estabelece entre o homem e o meio de modo ldquoindissociaacutevelrdquo na paisagem (AMADOR 2011) como se atuasse em um sistema que ao mesmo tempo eacute influenciado e esta influenciando

Aqui se considera como ldquonaturezardquo aquela evidenciadapelas aacutereas que possuem algum tipo de vegetaccedilatildeo seja nativa ou exoacutetica como aquelas preservadas naturalmente ou inseridas pela accedilatildeo humana em seus limites Atentando-se ainda para o fato das inter-relaccedilotildees soacutecio-ambientais que ocorrem nesta ldquonaturezardquo sendo o homem tambeacutem inserido no contexto aleacutem dos demais elementos bioacuteticos e abioacuteticos BeninI e Martin (2012) expressam o conceito de aacutereas verdes da seguinte forma

[] aacuterea verde puacuteblica eacute todo espaccedilo livre (aacuterea verdelazer) que foi afetado de uso comum e que apresenta algum tipo de vegetaccedilatildeo (espontacircnea ou plantada) que possa contribuir em termos ambientais (fotossiacutentese evapotranspiraccedilatildeo sombreamento permeabilidade conservaccedilatildeo da biodiversidade e mitigue dos efeitos da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica) e que tambeacutem seja utilizado com objetivos soacutecias ecoloacutegicos cientiacuteficos ou culturais (BENINI MARTIN 2012 p 77)

Tomando-se essa referencia admite-se que satildeo aacutereas verdes todo espaccedilo livre puacuteblico em que haacute presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea presente principalmente nas cidades de pequeno porte do interior de Pernambuco aleacutem de compreendecirc-las como representaccedilatildeo fundamental da natureza na cidade

Segundo Amador (2012) e Benini (2011) entende-se praccedila como um ldquoespaccedilo livre puacuteblicordquo com papel para o desempenho entre outros fins do lazer dos seus frequentadores Sendo uma aacuterea verde considerando-se nesse sentido as caracteriacutesticas e funccedilotildees que exercem quando haacute presenccedila da vegetaccedilatildeo e se encontra permeabilizada

A preservaccedilatildeo ou incorporaccedilatildeo da natureza na cidade se insere por meio dos parques praccedilas canteiros quintais calccediladas e jardins rotatoacuterias trevos lugares de domiacutenio puacuteblico ou privado que estatildeo disponiacuteveis a populaccedilatildeo que deseja e por vezes pode desfrutar desses espaccedilos

No entanto esta ldquonaturezardquo natildeo se manifesta apenas em ambientes externos puacuteblicos mas tambeacutem na parte interior de aacutereas privadas ou puacuteblicas dependendo do tipo de construccedilatildeo que apresentem elementos verdes na paisagem considerando-se nesse contexto as escolas que apresentarem vegetaccedilatildeo e exercerem as mesmas funccedilotildees ambientais que outros espaccedilos exercem

Logo insere-se a seguir estudos que se desenvolveram a respeito das praccedilas puacuteblicas e escolas municipais de Canhotinho-PE

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22 Localizaccedilatildeo Geograacutefica do Municiacutepio e Apresentaccedilatildeo das Praccedilas de Canhotinho-PE

Limita-se ao norte com Lajedo e Jurema ao sul com Palmeirina a leste com Quipapaacute e o estado de Alagoas a oeste com Calccedilado e Angelim A altitude eacute de 520 m Latitude 08deg 52 56 e Longitude 36deg 11 28 distando da capital 210 km

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Canhotinho ndash PE

Fonte Adaptado pelas autoras

Com uma populaccedilatildeo de aproximadamente 25000 habitantes o municiacutepio apresentado deveria assimilar em suas poliacuteticas puacuteblicas iniciativas que contemplem planejamento e gestatildeo de aacutereas verdes em sua abrangecircncia Dispondo de regras ou leis que normatizam e deem legitimidade as responsabilidades e planejamento da arborizaccedilatildeo urbana

Deixando de forma clara todas as accedilotildees que podem ser realizadas diante do processo de arborizar manter e informar sobre quais seriam os casos de supressatildeo e substituiccedilatildeo de elementos arboacutereos das aacutereas as que devem ser preservadas entre outras atribuiccedilotildees para mantecirc-las em bom estado para uso da populaccedilatildeo e seguranccedila de sua presenccedila nas cidades A seguir apresentar-se o trabalho realizado nas praccedilas de Canhotinho-PE

221 Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

A praccedila foi construiacuteda em 1988 em homenagem ao padre da Paroacutequia de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo de 1964-1982 querido pela populaccedilatildeo por sua postura amaacutevel e bondade perante as pessoas Logo recebeu o nome de Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula (P1) o mesmo apesar de natildeo ser filho desta terra o tributo foi concretizado Outra motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo do projeto estaacute ligado ao laccedilo de amizade que o unia ao atual prefeito agrave eacutepoca de nome Waldemar Joseacute de Torres Ateacute entatildeo o referido prefeito se candidatou com o apoio do amigo que era preferido pelos cidadatildeos canhotinhenses para o cargo mas segundo contam o bispo da eacutepoca natildeo aprovou a pretensatildeo do homenageado

A praccedila estaacute situada na parte central e comercial da cidade abordada ou seja na Rua Eugecircnio Tavares de Miranda aacuterea muito valorizada pelos negociantes de bens duraacuteveis e natildeo duraacuteveis onde a concorrecircncia e o valor de alugueis dos espaccedilos satildeo bem avaliados em relaccedilatildeo agraves outras localidades Regiatildeo que quase onde natildeo se encontra

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casas domiciliares jaacute produto da accedilatildeo do homem que a partir das suas relaccedilotildees sociais estaacute distribuindo as residecircncias para as regiotildees perifeacutericas das cidades e as casas comerciais para os centros

Figura 1 e 2 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

222 Praccedila Cloacuteves Vidal

A Praccedila Cloacuteves Vidal (P2) situa-se em uma rua que daacute nome a este espaccedilo ao mesmo tempo em que serve tambeacutem de divisoacuteria desse espaccedilo Eacute nela que se concretiza uma separaccedilatildeo por encontrar-se no meio da rua o que implicitamente realiza uma organizaccedilatildeo e divisatildeo na via puacuteblica induzindo a percepccedilatildeo dos condutores de veiacuteculos sobre o lugar certo em que devem trafegar

Figura 3 e 4 Imagens parcias da Praccedila Cloves Vidal

Fonte Trabalho de campo 2013

Como pontua Sobrinho (2011) as praccedilas possuem muitos significados elas natildeo estatildeo ali por estar mas ocupando um lugar que estava vazio por exemplo Pode ter sido planejada para outra solucionar ou amenizar algum problema ou dificuldade no ambiente urbano local Porem em dado momento passa a ser percebida ou mesmo

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construiacutedacomo benfeitoria realizada natildeo somente pelo executor da obra que em geral e puacuteblico mas por toda uma sociedade que se beneficia de sua esteacutetica e outros elementos beneacuteficos coadjuvantes Semelhanccedilas podem ser observadas entre as Praccedilas Padre Josias e Cloves Vidal algumas caracteriacutesticas como uma homenagem para uma pessoa ilustre do municiacutepio de CanhotinhoPE com intuito de registrar na memoacuteria dos cidadatildeos da referida cidade que haacute um filho da terra com valor inestimaacutevel e que seu reconhecimento estaacute marcado na histoacuteria e no espaccedilo da cidade que nos casos satildeo as praccedilas Quanto ao que foi destacado acima se pode observar a importacircncia e o papel que estes espaccedilos livres puacuteblicos inseridos no contexto urbano desempenham quando se diz ser uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo na cidade 3 RESULTADOS OBTIDOS COM A PESQUISA DE CAMPO

Para tanto se realizou a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio misto para coleta de dados e analise dos dados obtidos O questionaacuterio foi aplicado nas duas praccedilas objeto de estudo com o intuito de se compreender como a vegetaccedilatildeo que faz parte da praccedila tem contribuiacutedo de positivo e negativo neses ambientes urbanos a partir das principais praccedilas do municiacutepio de CanhotinhoPE definido-se assim qual seria seu papel desempenhado na paisagem

Quando questionados sobre o que compreendiam por aacuterea verde a maioria das respostas dos entrevistados indicou que seria um local com aacutervores em sua composiccedilatildeo O que se aproxima das definiccedilotildees que muitos dos estudiosos do tema que buscam uma definiccedilatildeo teoacuterica aceitaacutevel pela maioria No entanto a percepccedilatildeo comum das pessoas em geral e realmente associar aacuterea verde com aqueles espaccedilos que contem espeacutecies arboacutereas em sua composiccedilatildeo podem ser urbano ou rural

Ao seres questionados sobre o tipo de memoacuteria que porventura lhes remetiam ao transitar ou simplesmente usufruir de alguma forma a praccedila as respostas que se sobressaiacuteram foram aquelas que remetiam a lembranccedilas fortes dos familiares e amigos pontuando em segunda posiccedilatildeo para esta resposta as lembranccedilas de infacircncia Isso e importante porque reforccedila que o ser e gregaacuterio naturalmente vive em sociedade natildeo se constitui em uma ilha e na individualidade extrema

Assim considera-se que a ligaccedilatildeo individual entre as pessoas e entre essas e a praccedila eacute mais enfaacutetica do que desconsiderar natildeo haver nenhum tipo de afeiccedilatildeo quanto ao espaccedilo puacuteblico presente nos espaccedilos urbanos Revelando-se entatildeo que cada objeto disposto no espaccedilo tem um significado e intenccedilotildees de estarem ali e da forma que se apresentam

Um dado que natildeo foi considerado entre os formulaacuterios que foram aplicados fala sobre se ter a lembranccedila em primeiro plano da pessoa que leva o nome da praccedila das impressotildees e memoacuterias pessoais que se sobrepotildeem nas respostas Apesar das indicaccedilotildees a partir do busto presente na P1 e uma placa que faz referencia na P2 pouco se ouviu falar dos mesmos evidenciando dessa forma que a memoria coletiva e de interesse da sociedade pelo menos local deveria ser melhor trabalhada

Isto aponta para um descuido e falta de sensibilidade e curiosidade para se conhecer o significado de tais construccedilotildees e indagar qual relaccedilatildeo que se faz aos nomes das praccedilas visto que elas fazem uma representaccedilatildeo material da histoacuteria e de personalidades ilustres que viveram ou contribuiacuteram de forma significativa para construccedilatildeo e organizaccedilatildeo do municiacutepio e das impressotildees pessoais dos homenageados para populaccedilatildeo Perguntando-se qual a opiniatildeo dos transeuntes sobre as aacutervores introduzidas ou natildeo nas praccedilas as respostas para as duas praccedilas se colocam entre ldquooacutetimordquo e ldquobomrdquo Poreacutem algumas opiniotildees colocadas se referiram ao fato das arvores atrapalhar ou sujar as vias puacuteblicas deixando-se serem influenciados pela leitura das praccedilas em momento esporaacutedicos de falta de manutenccedilatildeo Quando solicitada a opiniatildeo sobre se de alguma forma as aacutervores presentes nas praccedilas beneficiariam a populaccedilatildeo que utilizam as P1 e P2 eacute quase unanime nas duas representaccedilotildees do graacutefico que elas dispotildeem contribuiccedilotildees positivas para as pessoas E natildeo foram respondidos se de alguma forma elas pudessem prejudicar ou influenciar direta ou indiretamente na vida das pessoas O que foi justificado por cada pessoa diante nas consideraccedilotildees realizadas diz respeito agraves contribuiccedilotildees ecoloacutegicas que as aacutervores realizam no ambiente sendo salientada a sombra das aacutervores que se projetam para aqueles que se encontram abrigados dos fortes raios solares e que sem elas consideraram ser insuportaacutevel a temperatura Aleacutem

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do mais foi destacado nas respostas que os elementos arboacutereos em si resultam num aspecto visual de vivacidade ao ambiente Apesar de que natildeo pode ser visto ou considerada pontuaccedilotildees quanto agraves espeacutecies arboacutereas de instigarem agrave memoacuteria do sentimento de pertencimento a determinada regiatildeo pois se observou que poucas ou quase nenhuma das espeacutecies vegetais satildeo nativas mas aacutervores exoacuteticas inseridas nas aacutereas estudadas Mesmo tendo-se na P1 uma aacutervore de grande valor econocircmico outrora e de sentimento patrioacutetico uma vez que associa-se a nossa identidade e territoacuterio que eacute o Pau-brasil Esses dados formam entatildeo as principais informaccedilotildees colhidas para que pudessem ser realizadas as analises e impressotildees alcanccedilando-se em consequecircncia os objetivos almejados na pesquisa para compreensatildeo do papel das praccedilas enquanto representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo no acircmbito urbano 4 IMPORTAcircNCIA DA ARBORIZACcedilAtildeO PARA A COMUNIDADE DE CANHOTINHO-PE COM DESTAQUE PARA AS ESCOLAS MUNICIPAIS DA AacuteREA URBANA

Em continuidade agrega-se a analise de algumas aacutereas com espaccedilos de uso comum no municiacutepio de Canhotinho-

PE no acircmbito da paisagem urbana que satildeo as escolas municipais objeto de outra pesquisa dessa vez de Iniciaccedilatildeo Cientificano ambito da FACEPE-Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Ciecircncia e Tecnologia do Estado de Pernambuco

Pode-se observar que as cinco escolas municipais apresentam pouca ou nenhuma arborizacao A maioria das escolas possuiaacutereas livres sendo que duas delas natildeo possuem espaccedilo livre nenhumquais sejam escola municipal ldquoErdquo e a escola municipal ldquoCrdquo Por falta de espaccedilo ademais estas escolas natildeo tecircm como oferecer uma arborizaccedilatildeo em suas areas de uso comum

Ao visitar essas unidades escolarespuacuteblicas percebeu-se em uma delas a atitude positiva de uma gestora que comeccedilou a arborizar a escola com vaacuterios tipos de mudas arboacutereas para proporcionar uma melhor sensaccedilatildeo teacutermica controle da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica acuacutestica e visual contato com a natureza fotossiacutentese lazer entre outros o que evidencia a sensibilidade ambiental e social da referida gestora atributo que deveria ser levado em consideraccedilatildeo ao se eleger eou escolher pessoas para cargos assim

Para algumas pessoas as aacutervores frutiacuteferas satildeo oacutetimas mas ao mesmo tempo prejudicam a estrutura das casaseou edificaccedilotildeespor serem em geral de porte meacutedio a grande No caso de uma dessas escolas que apresenta uma uacutenica esperice arboacuterea a responsaacutevel pela gestatildeo comentou que ia mandar derrubar a aacutervore pois a mesma afirmou que a aacutervore estaacute prejudicando a estrutura da escola ou seja nesse caso tipifica a falta de sensibilidade com o ambiental e o social haja vista que natildeo fica demonstrado a preocupaccedilatildeo de resolver o problema que atenda de forma mais adequada agrave situaccedilatildeo como por exemplo consultar profissionais que entendam do assunto procurando compatibilizar a estrutura do preacutedio com a arvore Por outro lado percebe-se a preocupaccedilatildeo demonstrada e com razatildeo com o patrimocircnio publico e com seus frequentadores sejam alunos funcionaacuterios e visitantes

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Figura 5 Imagem parcial de aacutervore Fonte Trabalho de campo 2013

Segundo o que foi observado e compreendido a partir de conversas com a comunidade escolar (alunos

educadores servidores famiacutelias entre outros) tais aacutervores natildeo tecircm nenhum significado e que ao derrubar uma aacutervore natildeo vai fazer diferenccedila nenhuma para a populaccedilatildeo Mais uma vez observa-se que haacute um ldquoecordquo na sociedade local que evidencia fortemente a falta de uma percepccedilatildeo positiva dos elementos verdes e seus benefiacutecios Em termos de ensino constata-se um fato lamentaacutevel que eacute a pouca importacircncia dada ao trabalho de Educaccedilatildeo Ambiental o que levaaos seguintes questionamentos o que eacute educaccedilatildeo ambiental Para que serve educaccedilatildeo ambiental Ou ainda a quem serve a educaccedilatildeo ambiental

Mas ao se procurar contextualizar esta arborizaccedilatildeo na paisagem municipal de CanhotinhoPE percebeu-se que muitas concepccedilotildees natildeo representam a realidade da arborizaccedilatildeo Poreacutem pode ser lapidado para uma melhor compreensatildeo mesmo com cada pessoa ou observador tendo uma visatildeo diferente de se perceber um ambiente

A arborizaccedilatildeo oferece benefiacutecios ambientais importantes que podem ser notados pela populaccedilatildeo entre eles tem-se no quadro urbaniacutestico propiciar sombra purificar o ar diminuir impactos das chuvas amenizar o calor entre outros

Poreacutem mesmo com todos estes benefiacutecios que as aacutervores propiciam para a comunidade escolar e para o ambiente percebeu-se que natildeo existem tantas aacutervores em tais lugares A arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o conjunto escolar contribuindo assim para a melhoria da vida de cada aluno que convive e integra as escolas Assim sendo constata-se que a arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o meio

Logo pode-se notar com este estudo nas escolas municipais de CanhotinhoPE que haacute pouca arborizaccedilatildeo nesses espaccedilos de uso comum e em outras natildeo existe nenhuma espeacutecie de aacutervore nem nativa da regiatildeo e nem exoacutetica seja por natildeo possuiacuterem espaccedilos livres por natildeo haver nenhum plano da escola ou da Secretaria de Educaccedilatildeo para motivar o procedimento de arborizaccedilatildeo destes espaccedilos O graacutefico 1 mostra o percentual de aacutervores presentes nas escolas do municiacutepio em discussatildeo

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Graacutefico 1 Quantitativo de aacutervores nas escolas municipais

Fonte Trabalho de Campo 2013

O graacutefico 1 mostra que a escola Municipal ldquoDrdquo eacute a mais arborizada em relaccedilatildeo agraves outras por ateacute mesmo estar sendo realizado um processo de plantio de mudas

Enquanto outras natildeo possuem nenhum tipo de arborizaccedilatildeo lembrando que uma das escolas natildeo possui aacuterea livre para esse fim jaacute outra escola possui aacutereas livres mas natildeo possui um plano de arborizaccedilatildeo e a ultima restante possui apenas uma

Os espaccedilos livres das instituiccedilotildees devem ser aproveitados para o lazer de professores e alunos deveria ser feito um planejamento pela Secretaria de Educaccedilatildeo visando promover nestas escolas em seus espaccedilos livres um processo de arborizaccedilatildeo Segundo Santos (2011) oestudo do espaccedilo envolve entatildeo os sentimentos espaciais e as ideias de um povo atraveacutes da experiecircncia enquanto o lugar eacute o centro de significado e foco de vinculaccedilatildeo emocional para o homem coadunando-se plenamente com Yi-fu Tuan (1980)

Admite-se que seria conveniente a realizaccedilatildeo nessas escolas de um processo de reeducaccedilatildeo para com alunos e gestores com foco no ambiental especificamente a valorizaccedilatildeo do verde urbano e rural Os professores poderiam incorporar valores e significados com base nesse tema para trabalhar os seus alunos no dia-a-dia Como uma aacutervore pode trazer benefiacutecios Cabendo mesclar a biologia a botacircnica a geografia a gestatildeo a religiosidade a cultura enfim tantos contextos quanto forem cabiacuteveis de se adaptar e absorver de forma prazerosa e interdisciplinar Mas mesmo assim cabe ao poder puacuteblico criar projetos e proteger aacutereas de bem comum de bem difuso destacando-se a seguir a Lei 1025701 da Constituiccedilatildeo Federal e do Estatuto da Cidade

Por se tratar de uma atividade de ordem puacuteblica imprescindiacutevel ao bem estar da populaccedilatildeo [] cabe ao Poder Puacuteblico municipal em sua poliacutetica de desenvolvimento urbano entre outras atribuiccedilotildees criar preservar e proteger as aacutereas verdes da cidade mediante leis especiacuteficas bem como regulamentar o sistema de arborizaccedilatildeo Disciplinar a poda das aacutervores e criar viveiros municipais de mudas estatildeo entre as providecircncias especiacuteficas neste sentido sem contar na importacircncia de normas sobre o tema no plano diretor por exemploart 30VIII183

Assim sendo cada pessoa estudante professores a famiacutelia pode contribuir para a melhoria de seus espaccedilos livres e para proporcionar melhorias buscando conjuntamente por projetos e iniciativas dos gestores escolares e a Secretaria de Educaccedilatildeo para desenvolver planos e accedilotildees de arborizaccedilatildeo

Mas natildeo eacute somente plantar tem-se que articular formas para manejar com as espeacutecies arboacutereas e as instituiccedilotildees no caso das escolas deve possuir um planejamento em relaccedilatildeo aos cuidados de tais aacutervores observando o bem estar e seguranccedila inerente a utilizaccedilatildeo destes elementos na paisagem dependendo das condiccedilotildees fiacutesicas da vegetaccedilatildeo

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Nuacutemeros de Aacutervores nas Escolas

Escola A Escola B

Grupo C Escola D

Escola E

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5 OBSERVACcedilOtildeES E INDICACcedilOtildeES

Diante dos resultados dos dados colhidos nas aacutereas verdes das praccedilas e das escolas puacuteblicas do municiacutepio em estudo questiona-se ainda quanto agraves possibilidades e indicaccedilotildees que aqui poderiam ser propostas no intuito de contribuir para planejamento preservaccedilatildeo e manejo desta ldquonaturezardquo para a gestatildeo puacuteblica e a populaccedilatildeo

Observando-se regras para tratamento das aacutervores em seus ambientes pontua-se para a questatildeo dos cuidados fitossanitaacuterios realizados por pessoas qualificadas E teacutecnicas que podem ser aplicadas ndash exclusatildeo erradicaccedilatildeo proteccedilatildeo imunizaccedilatildeo e dendrocirurgia - para prevenccedilatildeo e propagaccedilatildeo de pragas apoacutes realizaccedilatildeo do parecer teacutecnico7

E tambeacutem os procedimentos para a remoccedilatildeo e reposiccedilatildeo de espeacutecies que estejam causando danos fiacutesicos a patrimocircnios puacuteblicos ou privados que devem sersubsidiados por laudo indicando o procedimento mais adequado para as distintas situaccedilotildees aleacutem da autorizaccedilatildeo se for o caso de remoccedilatildeo dada pelo oacutergatildeo gestor responsaacutevel

A partir do que foi observado na figura 6 o peacute-de-manga na imagem ou seja arvore frutiacutefera nativa do sul e sudeste asiaacutetico introduzida no Brasil com grande ecircxito tem-se pelo que foi notado prejudicado a estrutura fiacutesica da escola influenciada pelas profundas raiacutezes que estatildeo rachando as paredes e tambeacutem a proximidade dos galhos com o telhado que ao balanccedilarem derrubam algumas no chatildeo Logo cabe ressaltar que se houvesse algueacutem envolvido na construccedilatildeo do preacutedio que entendesse do assunto arborizaccedilatildeo e paisagismo com certeza teria encontrado uma soluccedilatildeo compatiacutevel e natildeo ter-se-ia chegado nessa situaccedilatildeo

Nessas condiccedilotildees provavelmente seria indicado realizar uma provaacutevel remoccedilatildeo desta aacutervore e substituiccedilatildeo por outra em que pudesse se adequar aacute aacuterea livre para inserccedilatildeo de outra espeacutecie indicado ainda agrave introduccedilatildeo de grades protetoras no espaccedilo meacutetrico da base da arvores para seu desenvolvimento e impedir o contato direto com as raiacutezes expostas ou grama sedimentos que estejam ali presentes

E ainda implementar um objeto que projeteja em volta da aacutervore inserir uma grade deforma geometrica proporcional ao tamanho da espessuro do caule e de seu desevolvimento quando atingir a altura de cada especie com perfuraccedilotildees para a infiltraccedilatildeo de aacutegua proveniente das chuvas ou regada pelo homem Assim disponibilizaria mais espaccedilo para os trasuentes no caso a comunidade escolar a circularem pela aacuterea

Figura 6 Grade em volta da vegetaccedilatildeo arboacuterea

Fonte LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

7 LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

58- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Esta iniciativa ainda seria de valia quanto a este objeto impedir as raizes em evoluccedilatildeo de ficarem expostas ou

ainda diminuiria o impacto do solo Outro fator importante e o raio que a copa pode atingir sendo entao importante que um teacutecnico possa sugerir a especie adequada para aquele espaccedilo Procedimento indicado tambeacutem para as calccediladas em que haacute presenccedila de elementos arboacutereos visto que as dimensotildees de algumas calccediladas possuem pouco espaccedilo

Tendo-se grande atenccedilatildeo quanto agrave escolha de espeacutecies vegetal da qual se vai introduzir no espaccedilo das praccedilas ou aacutereas livres nas escolas calccediladas entre outros por conta da influencia que este elemento bioacutetico pode provocar na paisagem Influencias estas que podem ser realizadas negativamento quando proximo das aacutervores existem redes eleacutetricas de altura baixa ou meacutedia que permite a vegetaccedilatildeo encostar em seus galhos redes de esgostos podem ser atingidos pelas raizes de algumas especies questotildees no tocante a pragas e animais que podem corroer o caule da vegetaccedilatildeo e provocar danos na sua estrutura ou ateacute mesmo queda sem que se perceba a tempo tal accedilatildeo entre outros pontos

Como exemplo aponta-se um caso que ocorreu durante o periacuteodo em que foram realizadas as observaccedilotildees das pesquisas nas praccedilas mais especificamente na Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula em que a Eritrina-brasileirinha uma aacutervore de meacutedio porte com folhagem muito ornamental chegando de 8 a 12m de altura com folhas verdes e amarelas estaria sendo atacada por algum tipo de praga e em consequecircncia deixava o cauletronco uacutemido e de aspecto pouco resistente como um desprendimento das ceacutelulas originando um aspecto fofo como pode ser observado na figura 9 a seguir

Figura 7 8 e 9 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

Verificou-se que nenhuma providencia foi efetivamente tomada e a aacutervore foi com o tempo perdendo suas

folhas secando ateacute o ponto de restar apenas os galhos sem vida momento em que se notaram as condiccedilotildees fiacutesicas dela e resolveram cortar seus galhos e depois tronco uma retirada da aacutervore por conta do risco que ela apresentava para as

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pessoas que circulavam pela praccedila e ao mesmo tempo para os patrimocircnios privados como lojas comercias carros motos situados proacuteximos agrave praccedila

Configuram-se algumas das realidades que podem ser vistas nos ambientes principalmente quando se fala de vegetaccedilatildeo ressaltando ser de suma importacircncia se pensar em um planejamento que envolva o manejo e tratamento necessaacuterios a manter as condiccedilotildees ambientais e fiacutesicas das aacutervores presentes nos espaccedilos livres puacuteblicos incluindo-se as escolas

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estes ldquoespaccedilos livres puacuteblicosrdquo os quais constituem em sua maioria importante representaccedilatildeo do verde urbano

das cidades principalmente das interioranas podem ser entendidos como redutos de condiccedilotildees ambientais mais afaacuteveis em detrimento da grande quantidade de equipamentos como preacutedios casas asfalto inerentes ao contexto urbano que via de regra alteram o equiliacutebrio tanto climaacutetico quanto paisagiacutestico do lugar provocando desconforto na populaccedilatildeo

Revela-se que todas as pessoas que foram alvo de entrevistas realizadas por meio de formulaacuterio misto e aquelas que se realizaram pelo diaacutelogo apontam semelhanccedilas quanto agrave maioria das pessoas que fizeram parte destes processos ou seja apontarem ser positiva a presenccedila das aacutervores nos dois objetos de estudo

Destacando-se a relevacircncia quanto agraves funccedilotildees desempenhadas pela vegetaccedilatildeo no ambiente apontando-se para suas benesses ecoloacutegicas culturais paisagiacutesticas entre outras E que a ldquonaturezardquo eacute revelada atraveacutes das praccedilas e tambeacutem nas escolas puacuteblicas quando apresenta e oferece vivencia nas aacutereas verdes urbanas

A manifestaccedilatildeo do verde urbano pode ser apresentada em diferentes espaccedilos e por conseguinte fazem uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo nos ambientes transformados pelo homem agraves cidades principalmente em Canhotinho-PE em que se pode observar a presenccedila arboacuterea em diferentes espaccedilos do municiacutepio e natildeo somente em espaccedilos como os aqui contemplados atraveacutes de praccedilas e escolas

A plantaccedilatildeo de algumas aacutervores natildeo resolveraacute todo o problema dos sistemas urbanos entretanto aparece como uma das possibilidades de se minimizar as dificuldades apresentadas no espaccedilo Cabe entatildeo investigar a relaccedilatildeo entre o verde das praccedilas e os equipamentos da cidade tendo em vista a necessidade de um manejo apropriado das espeacutecies arboacutereas Os entrevistados falam em seu discurso sobre a importacircncia da presenccedila da vegetaccedilatildeo nos espaccedilos urbanos quanto aos aspectos paisagiacutesticos social nas condiccedilotildees ambientais do tempo e de aspectos ecoloacutegicos Constituindo-se principalmente em elementos destacados como importantes benefiacutecios por vezes apontando a ligaccedilatildeo subjetiva e sentimento revelado do que representa estes espaccedilos livres para cada um

E para tanto se observa a necessidade que a Secretaria da Educaccedilatildeo junto agrave Secretaria ou responsaacutevel pela gestatildeo ambiental do municiacutepio a promoverem iniciativas quanto ao processo de arborizaccedilatildeo e possam criar projetos inserindo comunidade escolar para o temaacuterio criando quem sabe um plano ou programa de educaccedilatildeo ambiental que vise conscientizar a comunidade escolar e tambeacutem a populaccedilatildeo da cidade fazendo com que haja uma aproximaccedilatildeo para uma sensibilizaccedilatildeo quanto agraves questotildees ambientais

A populaccedilatildeo por sua vez poderia contribuir para tornar a cidade mais humanizada e com uma melhor qualidade de vida a partir de intervenccedilotildees que propotildee o elo afetivo com tal lugar Sendo uma das funccedilotildees importantes da arborizaccedilatildeo natildeo soacute o lazer e a esteacutetica paisagiacutestica do lugar mas tambeacutem a percepccedilatildeo de prazer calma lembranccedilas identificaccedilatildeo com os elementos dispostos na aacuterea entre outros

Contextualizando assim a presenccedila de aacutervores em tais ambientes contribui na reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar e sonora trazendo assim para perto dos alunos um bem estar e um contado mais direto com a natureza Aprendendo a ter de cuidar do meio em que vivem e percebendo a importacircncia de tal atitude quando se toma consciecircncia das influencias provocadas pela relaccedilatildeo existente entre o homem no meio em que vive

Para isso as observaccedilotildees realizadas e que ainda se faratildeo intenciona apontar e mostrar para tais instituiccedilotildees a importacircncia da arborizaccedilatildeo e seus benefiacutecios e com isso conscientizar as entidades escolares para que ao longo deste percurso de estudo possam gestores ou responsaacuteveis introduzir uma aacuterea livre em sua escola para vegetaccedilatildeo favorecendo dessa forma um ambiente mais agradaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico paisagiacutestico e cultural

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Os estudos realizados satildeo uma pequena iniciativa e traz um esboccedilo sobre o olhar geograacutefico com um objeto de estudo que natildeo eacute muito utilizado pelos profissionais da aacuterea ou seja uma praccedila como manifestaccedilatildeo da natureza ndash a vegetaccedilatildeo ndash ainda presente ou a volta desta para a cidade como subsidio para se compreender as suas distintas funccedilotildees desempenhados na malha urbana E que assim como um espaccedilo puacuteblico livre pode revelar distintas percepccedilotildees quanto ao uso e ocupaccedilatildeo realizados pelas pessoas bem como os elementos presentes em cada espaccedilo que se revelam sendo pois um objeto de estudo de outros estudiosos mas que se revelam como uma promissora perspectiva do ambito geograacutefico

Abrangendo ainda o ambiente interno de patrimocircnios puacuteblicos ou privados no caso as escolas municipais de Canhotinho-PE como parte da curiosidade de compreender as visotildees que as pessoas tecircm em relaccedilatildeo a composiccedilatildeo arboacuterea presente em distintos espaccedilos

REFEREcircNCIAS

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BENINI Sandra Medina Aacutereas verdes puacuteblicas Mini-curso In VII Foacuterum Ambiental da Alta Paulista Tupatilde SP 2011

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COSTA SOBRINHO Werton Francisco Rios da Praccedila Rio Branco espacialidade cotidiano e memoacuteria In OLIVEIRA Stanley Braz de VASCONCELOS JUacuteNIOR Elmo de Paula VASCONCELOS Joseacute Geraldo ARAUacuteJO Maacutercio Igleacutesias (Orgs) Espaccedilos e tempos de aprendizagens geografia e educaccedilatildeo na cultura Fortaleza Ediccedilotildees UFC 2011

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MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e Meio ambiente 6ordm ed Satildeo Paulo Conxteto 2002

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TUAN Yi-fu Topofilia Um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo DIFEL 1980

62- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE

JUPI-PE

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Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

Na vida moderna o contato Fiacutesico com o proacuteprio meio ambiente natural eacute cada vez mais indireto e limitado a ocasiotildees especiais

Yi-Fu Tuan (1980 p 110)

Nos centros urbanos a vegetaccedilatildeo tem diversas funccedilotildees no ambiente Nas cidades pode-se identificar facilmente as diferenccedilas que existem entre as aacutereas arborizadas e aquelas desprovidas de vegetaccedilatildeo pois os locais arborizados tornam-se mais agradaacuteveis aos olhos do ser humano proporcionando um bem-estar segundo Yi-Fu Tuan (1980 p 7) ldquoA visatildeo humana como de outros primatas evoluiu em um meio arboacutereo ()rdquo Sendo assim a arborizaccedilatildeo tem um importante papel quando se fala no bom-humor do homem Por sua vez Gomes (2005 p57) completa falando que as aacutereas verdes ldquodo ponto de vista psicoloacutegico e social influencia o estado de acircnimo dos indiviacuteduos massificados com o transtorno das grandes cidadesrdquo O autor afirma tambeacutem que a vegetaccedilatildeo oferece outros benefiacutecios como por exemplo ldquoregula a umidade e temperatura do ar mantem a permeabilidade fertilidade e umidade do solo e protege-o contra a erosatildeo e reduz os niacuteveis de ruiacutedos servindo como amortecedor do barulho das cidadesrdquo

Geralmente as cidades natildeo possuem um preacutevio planejamento de arborizaccedilatildeo em virtude desse tipo de atitude e acabam adquirindo um manejo incorreto na hora de plantar uma aacutervore com essa pratica ela acaba natildeo conseguindo apresentar seus benefiacutecios e sim muitos problemas Para obter os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio um planejamento adequado pois as necessidades urbanas envolvem uma avaliaccedilatildeo esteacutetica econocircmica psicoloacutegica entre outras Pois mesmo as cidades que se adequam a um planejamento estatildeo sujeitas no futuro a necessitar de ajustes Tomando-se como referencia Dantas e Souza (2004) os mesmos dizem que o ato de planejar a arborizaccedilatildeo eacute fundamental para o desenvolvimento urbano pois dessa forma evita prejuiacutezos para o meio ambiente

E foi devido aos muacuteltiplos benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para o meio ambiente e sociedade que o municiacutepio de Jupi-PE adotou um planejamento adequado para a cidade o que contribuiu bastante para a educaccedilatildeo ambiental da populaccedilatildeo

1 PRINCIacutePIO DA PRAacuteTICA DE ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Durante muito tempo observou-se a aacutervore apenas como um fator esteacutetico da paisagem assim sendo sempre observada de um modo individual e natildeo coletivo ela natildeo passava de mais um elemento que integrava o cenaacuterio observado Do mesmo modo que a superfiacutecie da terra eacute vista de diferentes formas pois cada indiviacuteduo tem sua percepccedilatildeo em observar os elementos que o rodeia A respeito da visatildeo diversificada que existe quanto ao modo de ver a superfiacutecie da terra Yi-Fu Tuan (1974 p 6) diz que ldquosatildeo as mais variadas agraves maneiras como as pessoas percebem e

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avaliam essa superfiacutecie Duas pessoas natildeo veem a mesma realidade Nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avaliaccedilatildeo do meio ambienterdquo

No entanto para entender o contexto de arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio que se observe aleacutem do colorido que se produz deve-se observa-la de uma forma sistecircmica para que se possa entender todos os seus valores

Ao escolher uma aacutervore para compor a paisagem urbana natildeo se deve apenas atentar para a beleza que ela proporciona para a cidade mas se faz necessaacuterio se ater para o fator ecoloacutegico que ela desempenha no meio ambiente Desse modo a aacutervore eacute um elemento da paisagem que traz consigo diversos benefiacutecios para o meio ambiente entre eles para o microclima da regiatildeo e para a reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar

Em contrapartida a arborizaccedilatildeo urbana sem um devido planejamento proporciona diversos conflitos na estrutura urbana como por exemplo a pressatildeo exercida pelas raiacutezes nas calccediladas podem provocar rachadurase especificamente arvores de grande porte quando plantadas em calccediladas podem prejudicar a visibilidade de placas de tracircnsitofavorecendo riscos de acidentes Para erradicar tais problemas entre tantos outros e visando os benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para a cidade a Prefeitura Municipal da cidade de Jupi-PE em 2011 aprovou um projeto de Educaccedilatildeo Ambiental que ficou conhecido por ldquoProjeto Meio Ambienterdquo

2 REFLEXOS DA ADOCcedilAtildeO DA ARBORIZACcedilAtildeO NA CIDADE DE JUPI-PE

Desde a implantaccedilatildeo do projeto ateacute os dias atuais o municiacutepio de Jupi-PE vem apresentado vaacuterios resultados positivos pois representou para a cidade uma grande evoluccedilatildeo no sentindo ambiental Uma vez que existiu e existem discussotildees junto agrave populaccedilatildeo para a conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente palestras realizadas nas escolas municipais da cidade (figura 1 e 2) levando informaccedilotildees sobre educaccedilatildeo ambiental para as crianccedilas fazendo com que elas tenham uma noccedilatildeo do impacto que causam ao meio ambiente quando jogam lixo de forma inadequada ou destroem uma planta movimentaccedilotildees como campanhas na zona rural e urbana do municiacutepio incentivando a populaccedilatildeo para a arborizaccedilatildeo fazendo doaccedilotildees de mudas de arvores (figura 3) e ajudando na sua plantaccedilatildeo para serem cultivadas nos quintais calccediladas e jardins da comunidade e assim aumentando a mancha verde da cidade

Figura 1 Palesta de Educaccedilatildeo Ambiental na Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima

Fonte Paacutegina no Facebook ANDUHS 2013

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Figura 2 Desfile da Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima nas ruas da cidade em comemoraccedilatildeo ao dia do meio ambiente

Fonte Paacutegina no facebook JG viacutedeo Locadora 2013

Figura 3 Doaccedilotildees de mudas de aacutervores para a populaccedilatildeo de Jupi-PE

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

Figura 4 Prefeita Celina Maciel e os voluntaacuterios do projeto Meio Ambiente comemorando o dia do Meio Ambiente em 07072013

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Na figura 4 acima eacute possiacutevel observar o engajamento da prefeita Celina Tenoacuterio de Brito Maciel para a melhoria da cidade a mesma saiu nas ruas de Jupi juntamente com os voluntaacuterios que trabalham para uma melhor qualidade de vida atraveacutes da arborizaccedilatildeo No quadro 1 a seguir estatildeo exemplificadas algumas das espeacutecies de aacutervores que foram distribuiacutedas para a populaccedilatildeo

Nome comum Nome cientiacutefico

Nim Azadirachta indica A Juss

Palmeira imperial Roystoneaooleracea

Ipecirc roxo Handroanthusimpetiginosus

Ipecirc amarelo Tabebuia chrysotricha

Ipecirc branco Tabebuia roseo-alba

Canafistula Cassia leptophylla

Castanhola Terminaliacatappa

Jambo Sysygiummalaccense

Algaroba Prosopisjuliflora

Carambola Averrhoa carambola

Pau-Brasil Caesalpiniaechinata

Eucalipto Eucalyptus globulus Labill

Acaacutecia Amarela Acaciapodalytifolia

Quadro 1 Nomes comuns e cientificos de algumas das espeacutecies de arvores distribuiacutedas na cidade de Jupi-PE

Analisando-se o quadro 1 pode-se observar que as espeacutecies que foram distribuiacutedas satildeo na sua maioria aacutervores exoacuteticas e percebe-se que natildeo foi dada preferencia para as nativas No entanto mesmo existindo a preferecircncia por espeacutecies estrangeiras verifica-se que as praticas de arborizaccedilatildeo estatildeo funcionando na cidade contribuindo tambeacutem para o seu visual assim conseguindo adquirir mais credibilidade abrilhantando-seaos olhos dos seus visitantes e da populaccedilatildeo jupiense

As figuras 5 e 6 a seguir mostram algumas das calccediladas da cidade que receberam algumas das aacutervores

Figura 5 Castanholas (Terminaliacatappa) plantadas nas calccediladas da Rua Joseacute Correia de Lima

Fonte Leticia Oliveira 2013

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Figura 6 Aacutervores diversas plantadas na calccedilada do Foacuterum de Jupi localizadas na Rua Antocircnio Pereira Braga Fonte Leticia Oliveira 2013

A figura 7que se seguem nos mostra a evoluccedilatildeo do Hospital Municipal de Jupi que antes era um Posto de Higiene

mas o quese quer destacar satildeo as aacutervores que foram plantadas na sua frente no trancorrer dos anos fazendo com que o mesmo receba um olhar diferenciado pela sua valorizaccedilatildeo esteacutetica

Figura 7 A influecircncia do verde na evoluccedilatildeo frontal do Hospital Municipal de Jupi Fonte Leticia Oliveira 2013

3 HISTOacuteRIA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Os espinhos chamados pelos nativos de yupi que significa espinho agudo deu origem ao nome do municiacutepio de Jupi que como povoado pertenceu ao municiacutepio de Brejo da Madre de Deus jaacute na categoria de distrito passou a

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pertencer a outro municiacutepio denominado de Satildeo Bento do Una depois passou ao municiacutepio de Canhotinho a seguir ao municiacutepio de Palmeirina e por uacuteltimo ao municiacutepio de Angelim8

Nos meados do seacuteculo XVI o portuguecircs Antocircnio Vieira de Melo desterrado de Portugal para o Brasil por ordem da Coroa desembarcou em Salvador e foi deportado pelo governo da eacutepoca para o interior do Estado penetrando pelas matas Depois de vaacuterios meses foi ter em taba de iacutendios no Estado de Alagoas onde hoje estaacute localizada a cidade de Uniatildeo dos Palmares Em pouco tempo conseguiu a simpatia e confianccedila dos iacutendios Atingiu o planalto de Garanhuns na Capitania de Pernambuco cujo donataacuterio na eacutepoca era Duarte Coelho Pereira Dali embrenhou-se nas matas vindo ter ao sopeacute de uma serra onde havia abundante aacutegua boa e bastante caccedila onde tambeacutem elementos da mesma tribo de origem tinham feito uma aldeia nas proximidades de uma fonte por eles denominada Olho Daacutegua de Yu-py As malocas desta aldeia iacutendios Caeteacutes tribo que tinha como idioma o Tupi foram feitas e cobertas com folhas das palmeiras nativas do local que os iacutendios denominaram de Ouricury

Deste ponto Antocircnio Vieira de Melo resolveu ir agrave Bahia pedindo ao chefe da tribo dois iacutendios de sua confianccedila para seremseus companheiros de viagem Laacute chegando foi bem recebido pelo governador da Bahia relatando ao mesmo todos os acontecimentos Em troca solicitou o fornecimento de ferramentas e sementes para o cultivo da terra feacutertil do Olho Daacutegua de Yu-py Voltando agrave Bahia a fim de prestar contas ao governador do que havia feito e resultado obtido desviou-se da rota traccedilada para viagem tomando-se entatildeo prisioneiro com seus companheiros de uma tribo canibal sendo todos amarrados estando agrave fogueira acesa onde seria ele e seus companheiros assados vivos Antocircnio Vieira de Melo recorreu agrave Virgem Santiacutessima do Rosaacuterio prometendo que se fosse salvo com seus companheiros buscaria a sua imagem em Portugal e com os iacutendios ergueriauma capela em sua honra na localidade Olho DAacutegua de Yu-py cingindo sua fronte com uma coroa de ouro maciccedilo Satildeo e salvo Antocircnio Vieira de Melo cumpriu sua promessa trazendo a imagem que ficou sendo venerada em Jupi (PREFEITURA MUNICIPAL DE JUPI sd)

Ao longo de sua historia o municiacutepio recebeu nomes como Olho Daacutegua de Yu-py Jupy mas foi somente em 1948 que houve alteraccedilatildeo para Jupi atraveacutes da Lei Estadual nordm 421 de 31 de dezembro de 1948 Sua emancipaccedilatildeo no entanto se deu em 1958 pelo entatildeo deputado Joatildeo Calado Borba quando foi apresentada agrave Assembleia Estadual a proposta de emancipaccedilatildeo de Jupi do municiacutepio de Angelim Assim deu-se a aprovaccedilatildeo da Lei nordm 3331 de dezembro de 1958

O municiacutepio se localiza na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do Semiaacuterido pernambucano e encontra-se inserido no Planalto da Borborema apresentando relevo suave e ondulado Eacute uma cidade que se localiza em uma aacuterea de transiccedilatildeo entre os biomas da Caatinga e Mata Atlacircntica apresenta vegetaccedilatildeo (figura 8) composta por subcaducifoacutelica e caducifoacutelica Jupi encontra-se nos domiacutenios das bacias hidrograacuteficas (figura 9) dos rios Mundauacute e Una e tem como principais tributaacuterios os rios da Chata e do Retiro e os riachos do Estreito e Volta do Rio

8 IBGE ndash Disponiacutevel emhttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historico Acesso em 13 jan 2014)

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Figura 8 Mapa de vegetaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi

Fonte Adaptado por Samuel Othon 2013

Figura 9 Mapa da Hidrografia de Jupi-PE

Fonte adaptada Samuel Othon 2013

Mostra-se tambeacutem o mapa de localizaccedilatildeo da cidade de Jupi-PE no estado de Pernambuco (figura 10) e as fotos da antiga Praccedila do Rosaacuterio e como ela se encontra atualmente (Figuras 12 e 13)

70- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 10 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi-PE

Fonte adaptada por Leticia Oliveira 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes (figura 11) satildeo Satildeo Bento do Una ao norte Jucati ao oeste Satildeo Joatildeo e Angelim ao sul e

Calccedilados ao Leste O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Figura 11 Mapa dosmuniciacutepios limiacutetrofes

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Figura 12 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE antigamente

Fonte Google 2013

Figura 13 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE atualmente

Fonte Google 2013 4 FORMACcedilAtildeO ADMINISTRATIVA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Em divisatildeo administrativa referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Jupy pela lei estadual nordm 1931 de 11 de setembro de 1931 eacute criado o novo municiacutepio de Angelim passando o distrito de Jupy a pertencer ao municiacutepio de Angelim

72- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na divisatildeo referente ao de 1933 o distrito de Jupy figura no municiacutepio de Angelim pela lei estadual nordm 421 de 31-12-1948 o distrito de Jupy teve sua grafia alterada para Jupi

Em divisatildeo territorial datada de 01 de setembro de 1950 o distrito de Jupi figura no municiacutepio de Angelim e assim permanecendo ate 01 julho de 1955 Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Jupi pela Lei Estadual nordm 3331 de 31 de dezembro de 1958 quando desmembrado de Angelim Aleacutem da sede no antigo distrito de Angelim constituem-se mais dois distritos Jupi e Jucati ex-Pindorama Desmembrado de Angelim Instalado em 11 de marccedilo de 1962

Com a separaccedilatildeo datada de 31 de dezembro de 1963 o municiacutepio fica constituiacutedode 2 distritos Jupi e Jucati e pela Lei Municipal nordm 97 de 13 de marccedilo 1968 eacute criado o distrito de Neves o qual eacute anexado ao municiacutepio de Jupi

Na desagregaccedilatildeo datada de 01 de janeiro 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo de 3 distritos Jupi Jucati e Neves Mas pela Lei Estadual nordm 10624 de 01 de janeiro 1991 desmembra-se do municiacutepio de Jupi os distritos de Jucati e Neves para formar o novo municiacutepio de Jucati com aacuterea acrescida pelo povoado de Neves

Em divisatildeo territorial datada de 01 de junho de 1995 o municiacutepio fica constituiacutedo do distrito sede apenas assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 20059 5 JUPI UM DOS MAIORES PRODUTORES DE FARINHA DE MANDIOCA DO AGRESTE PERNAMBUCANO

A mandioca eacute uma planta de origem sul-americana cultivada desde a antiguidade pelos povos nativos desse continente Oriunda de regiatildeo tropical encontra condiccedilotildees favoraacuteveis para seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais

De modo geral o plantio deve ser feito no iniacutecio da estaccedilatildeo chuvosa quando a umidade e o calor tornam-se elementos essenciais para a brotaccedilatildeo enraizamento e estabelecimento das plantas no campo Em decorrecircncia da grande extensatildeo territorial do Brasil e das diferenccedilas regionais de clima e solo o plantio da mandioca ocorre em diferentes eacutepocas10

Assim por sua facilidade de adaptaccedilatildeo e grande aproveitamento a mandioca tornou-se para Jupi um das maiores fontes de renda embora os produtores de farinha de mandioca da regiatildeo natildeo tenham rentabilidade adequada Uma vez que o aproveitamento dessa planta eacute totalizado em quase cem por cento pois seu caule (maniva) serve de raccedilatildeo para animais e como semente sua raiz a mandioca eacute para a fabricaccedilatildeo de farinha feacutecula ou amido mandioca de mesa (aipim macaxeira) e a casca da mandioca tambeacutem eacute utilizada como alimentaccedilatildeo para animais aleacutem do liquido que eacute extraiacutedo da prensagem da mandioca (manipueira) na hora da fabricaccedilatildeo da farinha

No entanto Jupi por produzir uma alta quantidade de farinha de mandioca acaba por poluir bastante o meio ambiente pois a manipueira conteacutem aacutecido cianiacutedrico que possui um altiacutessimo grau de toxidez e inflamabilidade Quando esse liquido eacute jogado a ceacuteu aberto traz inuacutemeros prejuiacutezos Nesse pensamento Oliveira Silva et al completam

Muitos produtores despejam a manipueira de forma concentrada e em grande quantidade a ceacuteu aberto ou em cursos dacuteaacutegua agredindo assim o meio ambiente com elevada carga de mateacuterias orgacircnicas e aacutecido cianiacutedrico (OLIVEIRA SILVA et al 2013p 1)

Aleacutem de poluir o meio ambiente estaacute tambeacutem desperdiccedilando um liquido riquiacutessimo porque a manipueira eacute reutilizaacutevel de diversas formas como apontam os autores jaacute citados

Para que a manipueira deixe de ser um veneno e se transforme em um complemento alimentar seguro basta submetecirc-la agrave fermentaccedilatildeo anaeroacutebica O aacutecido cianiacutedrico considerado venenoso evapora e resta a manipueira pronta para servir de complemento alimentar para o gado Constitui-se ainda agrave fabricaccedilatildeo de tijolos e a produccedilatildeo do bioetanol misturada com oacuteleo de mamona ela pode ser usada tambeacutem no controle de carrapatos (OLIVEIRA SILVA et al p 1 2013)

9 IBGE Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historicogt Acesso em 13 jan 2014 10 EMBRAPA - Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso 22 jan 2014

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A zona urbana da cidade de Jupi conta com cinco casas de farinha consideradas de grande porte e dezenas na zona rural Sendo assim a economia da cidade eacute baseada na fabricaccedilatildeo da farinha pois uma boa parcela da populaccedilatildeo trabalha nessas fabricas Em 2011 aconteceu a FEMUPE- Festas dos municiacutepios de Pernambuco e o municiacutepio de Jupi foi apresentado como ldquoTerra da farinha de mandiocardquo ( figura 14)

Figura 14 Representaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi como sendo um forte produtor da farinha de mandioca na FEMUPE 2011 Fonte Site prefeitura de Jupi

6 POPULACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Com o passar dos anos o municiacutepio de Jupi teve uma diminuiccedilatildeo na sua populaccedilatildeo a tabela a baixo especifica esse decliacutenio

ANO JUPI PERNAMBUCO BRASIL

1991 19865 7127855 146825475

1996 11606 7361368 156032944

2000 12329 7918344 169799170

2007 13628 8485386 183987291

2010 13705 8796448 190755799

Fonte IBGE Censo Demograacutefico 1991 Contagem Populacional 1996 Censo Demograacutefico 2000 Contagem Populacional 2007 e Censo Demograacutefico 2010

7 PRAacuteTICAS PARA UM PLANEJAMENTO DE ARBORIZACcedilAtildeO URBANA

Retomando-se a questatildeo da arborizaccedilatildeo tem-se queum planejamento adequado para a inserccedilatildeo de aacutereas verdes nas zonas urbanas dos municiacutepios deve por principio respeitar os valores culturais e ambientais da cidade Tem que ser devidamente bem elaborado e estudado pois pode trazer prejuiacutezos para a populaccedilatildeo em vez de benefiacutecios Uma vez que

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os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo estatildeo condicionados ao seu planejamento esse tipo de procedimento eacute importante independentemente do porte da cidade

Os habitantes de uma cidade bem arborizada percebem e valorizam os benefiacutecios ambientais sociais paisagiacutesticos e patrimoniais proporcionados pelas as arvores e pelos espaccedilos verdes existentes mas natildeo abrem matildeo de serviccedilos puacuteblicos de qualidade como o acesso contiacutenuo a energia eleacutetrica aacutegua ou telefonia (MANUAL DE ARBORIZACcedilAtildeO 2011 p 4)

Quando se trata de arborizaccedilatildeo Sinvinskas (1999 p 1) define que o ato ou efeito de arborizar ldquoArborizar por seu turno eacute plantar ou guarnecer de arvoresrdquo Mas o planejamento da arborizaccedilatildeo na aacuterea urbana passa pelo processo da escolha da arvore a ser plantada ou seja da arvore certa para o lugar certo levando em consideraccedilatildeo os processos cientiacuteficos e teacutecnicos para seu estabelecimento em curto meacutedio e longo prazo Santos (2001 2002) considera que a arborizaccedilatildeo em locais privados como jardins e quintais tambeacutem fazem parte da paisagem urbana afirma que

Em suma toda vegetaccedilatildeo ou arvore isolada quer que seja publica ou particular ou de qualquer forma de disposiccedilatildeo que exista na cidade constitui a ldquomassa verde urbanardquo por consequecircncia a sua aacuterea verde Aliaacutes haacute divergecircncias ateacute quando a forma de obter o iacutendice aacuterea verdehabitante pois alguns utilizam em seus caacutelculos somente as aacutereas publicas enquanto outros toda a ldquomassa verderdquo da cidade Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as publicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo ( SANTOS 2001 2002 p 1 e 2)

A arborizaccedilatildeo pode ser implantada em diversos ambientes como parques praccedilas ruas calccediladas jardins entre outras localidades No entanto existem diferenccedilas entre esses locais na hora de se plantar Nos parques a escolha quanto ao porte da aacutervore eacute mais flexiacutevel comparada a outros locais pois possuem bastante espaccedilo para as raiacutezes e copas de arvores de grande porte jaacute nas ruas e calccediladas existem mais restriccedilotildees requer mais cuidado por existir a presenccedila de fiaccedilatildeo aeacuterea e subterracircnea asfaltamento a infraestrutura da calccedilada tem que ser observada porque com o passar do tempo pode vir a danifica-la e no caso da arvore caducifoacutelia pode causar o entupimento das calhas e redes de esgoto vindo a poluir as vias puacuteblicas devido ao excesso de folhas caiacutedas

Quando o planejamento do plantio de arvores nas calccediladas natildeo eacute bem elaborado elas sofrem um impacto ambiental muito grande ou seja quebra de galhos podem morrer por falta de aacutegua podas incorretas Essas agressotildees prejudicam o ciclo de vida da aacutervore provocando o seu envelhecimento precoce

Quanto aos jardins De Angelis em Lonboda relatam que

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constituem-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A principio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LONBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Completando o pensamento sobre jardins Chaves (2012) diz que

Logo o jardim se constitui em aacuterea de casa destinada ao cultivo do verde com caracteriacutesticas arboacutereas ou natildeo com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais o que exige a atenccedilatildeo e cuidados especiais resultando em gastos para a sua manutenccedilatildeo (CHAVES p 635 2012)

No entanto a melhor forma de planejar a arborizaccedilatildeo de uma cidade eacute primeiro levantar as caracteriacutesticas fiacutesicas dos locais onde seratildeo plantadas as aacutervores para depois definir os criteacuterios da escolha da espeacutecie para cada regiatildeo soacute posteriormente levantar a espeacutecie a ser plantada Tem-se que observar tambeacutem a melhor espeacutecie que se adequa aos termos paisagiacutesticos do local considerar os limites fiacutesicos e bioloacutegicos que o local impotildee ao crescimento da arvore e analisar quais espeacutecies seriam mais adequadas para melhorar o microclima e outras condiccedilotildees ambientais daquela localidade Um exemplo de arborizaccedilatildeo (figura 15) no municiacutepio de Jupi-PE

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Figura 15 Palmeiras Imperiais plantadas no canteiro da Br 423 na cidade de Jupi-PE

Fonte Leticia Oliveira 2013

Percebe-se claramente a opccedilatildeo feita por palmeiras imperiais que satildeo na realidade exoacuteticas Esse fato reforccedila a

ideia que se tem inclusive na literatura de que a vegetaccedilatildeo nativa natildeo apresenta qualquer tipo de beleza mas que por outro lado esta associada ao atraso falta de desenvolvimento e por que natildeo dizer ao estado de pobreza Almeja-se entatildeo que o bioma caatinga principal representante das zonas fisiografias do Agreste e do Sertatildeo seja visto de uma forma mais positiva e assim contribuir para a promoccedilatildeo de seu estudo dirigido ao paisagismo publico e particular

A importacircncia da arborizaccedilatildeo nos centros urbanos

As aacutervores satildeo a maior forma de vida existente no planeta presentes em praticamente todos os continentes Apresentam alto grau de complexidade e de adaptaccedilotildees agraves condiccedilotildees do meio permitindo sua convivecircncia em diversos ambientes incluindo as cidades (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) 2011 p 11)

A maioria da populaccedilatildeo reside nos centros urbanos que se caracterizam pelas construccedilotildees civis que a cada ano vem crescendo Com o crescimento das cidades consequentemente haacute alteraccedilotildees no clima como a intensidade da radiaccedilatildeo solar a temperatura a umidade relativa do ar a precipitaccedilatildeo entre outros fatores que alteram o conforto da populaccedilatildeo

Os aspectos ambientais das aacutereas verdes estatildeo interligados ao se ter ou adquirir um planejamento de arborizaccedilatildeo na cidade As aacutervores purificam o ar esse eacute um dos seus principais benefiacutecios Pois a poluiccedilatildeo do ar eacute um dos maiores transtornos dos grandes centros urbanos Neste sentido a arborizaccedilatildeo urbana consiste no plantio de aacutervores nas aacutereas livres tornando-se assim uma possibilidade de minimizar os aspectos negativos do avanccedilo das cidades

Os benefiacutecios gerados pelas aacutereas verdes vatildeo aleacutem da recreaccedilatildeo para a populaccedilatildeo e seus valores esteacuteticos suas funccedilotildees excedem amplamente essas funccedilotildees Amenizam os aspectos ambientais adversos tambeacutem eacute importante sob os aspectos histoacutericos culturais esteacuteticos paisagiacutesticos assim contribuindo para

A melhoria da qualidade do ar Reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo Evita a erosatildeo do solo Direcionamento do vento Formaccedilatildeo de barreiras visuais proporcionando privacidade O embelezamento da cidade A melhoria fiacutesica e mental da populaccedilatildeo O aumento do valor das propriedades

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Podem-se observar os benefiacutecios das aacutervores no seu sentido histoacuterico cultural nas imagens a seguir (figuras 16 e

17)

Figura 16 Aacutervores histoacutericas do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atual Academia da Cidade de Jupi

Fonte Paacutegina no Facebook JG viacutedeo locadora

Figura 17 Antes local do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atualmente (2014) Academia da Cidade

Fonte Leticia Oliveira 2013

Entatildeo pode-se assim afirmar que aleacutem de tudo as aacutervores possuem valores centenaacuterios que contribuem para a

histoacuteria da cidade Pois mesmo passando-se anos as mesmas aacutervores continuam nos lugares de sempre perpassando pela a vida de centenas de moradores e visitantes da cidade Enfatizando-se os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo para os centros urbanos Souza et al diz que

Natildeo haacute duvidas de que a arborizaccedilatildeo urbana eacute um instrumento eficaz para minimizar os impactos negativos dos centros urbanos defender o meio ambiente como um direito comum natildeo deve ser apenas uma iniciativa de militantes mas uma obrigaccedilatildeo do governo e da sociedade (SOUZA et al 2006 p 66)

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Aleacutem disso arborizaccedilatildeo urbana eacute caracterizada principalmente pelos elementos de porte arboacutereo em parques calccediladas de vias puacuteblicas e jardins sem serem denominadas e entendidas Aacutereas de preservaccedilatildeo Permanente (APP) e podem ser divididas em aacutereas verdes de uso puacuteblico (lazer) e particular

As aacutervores e as aacutereas verdes urbanas tornam-se importantes para a preservaccedilatildeo do meio ambiente o que aumenta sua importacircncia para a coletividade agregando-lhe o fator ecoloacutegico 8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute evidente a importacircncia de um planejamento de arborizaccedilatildeo na zona urbana mas os municiacutepios ainda possuem uma enorme deficiecircncia quanto a esse processo Infelizmente a preocupaccedilatildeo de quem planeja estaacute centrada em caracteriacutesticas socioeconocircmicas deixando de lado a importacircncia dos elementos naturais

Portanto eacute necessaacuterio que existam algumas medidas a serem tomadas pelos gestores das cidades pois a arborizaccedilatildeo eacute vital para a cidade e para o meio ambiente Satildeo inuacutemeras suas contribuiccedilotildees uma delas eacute para melhorar o clima e sobretudo a qualidade de vida Atraveacutes de pesquisas realizadas com a populaccedilatildeo jupiense foi possiacutevel observar que as praacuteticas educacionais implantadas na cidade tiveram um importante papel foi possiacutevel perceber que a populaccedilatildeo obteve oportunidades para aprimorar seus conhecimentos sobre Educaccedilatildeo Ambiental neste contexto a arborizaccedilatildeo foi a que mais se destacou por que contribuiu tambeacutem para a mudanccedila visual do municiacutepio REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

CHAVES Ana Maria Severo AMADOR Maria Betacircnia Delineamento do verde existente em quintais jardins e calccediladas correntes-PE Anais do III SPGEO Natal ISSN 2178-8804 2012

CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) Manual de arborizaccedilatildeo Belo Horizonte CemigFundaccedilatildeo Biodiversitas 2011 Disponiacutevel em lt wwwcomigcombrManual-Arborizaccedilatildeo-Cemig-biodiversidadepdgt acesso em 28 dez 2013

DANTAS I C SOUZA C M C Arborizaccedilatildeo urbana na cidade de Campina Grande-PB Inventaacuterio e suas espeacutecies Revista de Biologia e ciecircncias da Terra Universidade da Praiacuteba Campina Grande 2004

EMBRAPA-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Mandioca e Fruticultura Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso em 22 jan 2014

GOMES Marcos Antocircnio Silvestre As praccedilas de Ribeiratildeo Preto-SP uma contribuiccedilatildeo geograacutefica ao planejamento e agrave gestatildeo dos espaccedilos puacuteblicos 204 f 2005 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal de Uberlacircndia Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Geografia Uberlacircndia 2005

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica IBGE cidades Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrasufphplang=ampcoduf=26ampsearch=pernambucogt Acesso em 13 jan 2014

LOBODA C R ANGELIS B L de Aacutereas verdes puacuteblicas conceitos usos e definiccedilotildees Revista Ambiecircncia Guarapuva-PR2005Disponivel emlthttpwwwrevistaunicentrobrindexphpambieenciaarticledownload185gt Acesso em 01 dez 2013

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MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

OLIVEIRA L F D SILVA A M AMADOR Maria Betacircnia Moreira Impactos ambientais e sociais acarretados pelo mau armazenamento da manipueira In IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista 2013 TupatildeSP Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP ANAP 2013 v 9 p 189-192

PENA-VEGA Alfredo O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

Prefeitura Municipal de Jupi Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwjupipegovbrgt acesso em 28 dez 2013

SANTOS S R Arborizaccedilatildeo urbana consideraccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwautimaarcadenoecombrgt acesso 20 dez 2013

SOUZA I M C de PALMERIM M S S CANTUAacuteRIA P de C Diagnoacutestico da arborizaccedilatildeo de praccedilas puacuteblicas do municiacutepio de Macapaacute-AP Brasil Macapaacute MMES 2006 TCC (Trabalho de Conclusatildeo de Curso em Engenharia Florestal Tropicais) 66 p 2006 Idem p 70

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA

VEGETACAO DE ALGUMAS

AVENIDAS E PARQUES DE

GARANHUNS ndash PE

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e

Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns

[]

Marciacutelio L Renaux (1979 p 96)

1 PAISAGEM ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E GEOGRAFIA

Os conceitos de uma maneira geral geram interpretaccedilotildees distintas de acordo com a perspectiva intelectual do pesquisador e seu aporte teoacuterico de conduccedilatildeo dos trabalhos e pesquisas Em termos do conceito de paisagem aleacutem de ser uma categoria de anaacutelise da Geografia eacute um termo que se aplica em inuacutemeros contextos e nesse caso especifico mescla-se com os inerentes a Arquitetura Urbanismo e Geografia

No acircmbito geograacutefico toma-se o conceito de Paisagem Integrada desenvolvido nas ultimas deacutecadas como assinala Guerra Marccedilal (2009 102) ou seja ldquoa perspectiva de anaacutelise integrada do sistema natural e a inter-relaccedilatildeo entre os sistemas naturais sociais e econocircmicos vecircem dando um novo redirecionamento e interpretaccedilatildeo ao conceito de paisagemrdquo

Admite-se que conceitualmente a arborizaccedilatildeo urbana pode ser entendida como um conjunto de vegetaccedilatildeo arboacuterea e arbustiva distribuiacuteda nas vias puacuteblicas de uma cidade na qual a presenccedila da vegetaccedilatildeo exerce influecircncia positiva tanto no bem estar dos habitantes em geral como nos transeuntes

Em consonacircncia a questatildeo que se apresenta pode ser enquadrada na Geografia Ambiental a qual tem a interdisciplinaridade e o sistecircmico intriacutenseco agrave sua essecircncia

Entre as temaacuteticas que a Geografia aborda estaacute o contexto urbano e sua preocupaccedilatildeo com o espaccedilo geograacutefico Atraveacutes da anaacutelise da produccedilatildeo geograacutefica podemos reconstruir os caminhos percorridos para o entendimento do urbano e da cidade e assim construir um quadro que nos leve a compreender essa produccedilatildeo

A abordagem dos estudos sobre o espaccedilo urbano consiste em entender o seu significado procurando defini-lo atraveacutes de suas caracteriacutesticas demograacuteficas de sua morfologia de suas funccedilotildees e do seu papel econocircmico e social Considera-se dessa forma o estudo do espaccedilo urbano como o estudo da cidade (AZEVEDO 2012)

Sabe-se ainda que o espaccedilo urbano pode ser entendido como uma produccedilatildeo social e como tal eacute um produto histoacuterico pois eacute resultado de accedilotildees acumuladas atraveacutes do tempo e ao mesmo tempo eacute realidade presente e imediata

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Como resultado da dinacircmica social de determinada sociedade que ao reproduzir-se atraveacutes de um determinado modo de produccedilatildeo imprime na paisagem urbana as marcas correspondentes (SILVEIRA 2003 p 25)

Como visto a Geografia eacute uma das ciecircncias que oferece pensar a paisagem De acordo com (SILVA 2002 p 73) ldquoCostuma-se reduzir a paisagem agrave anaacutelise do visiacutevel Sabemos que algumas realidades escapam agrave visatildeo mas cabe ao geoacutegrafo perceber na paisagem fatos da subjetividade e da cultura assim como as estruturas sociaisrdquo

Nesse acircmbito as aacutervores influenciam em todo um desenho dinacircmico que se estabelece no espaccedilo A paisagem passa a representar a teia que envolve a vida com o cotidiano reforccedilando a ideia de uno Nesse ir e vir fragmenta-se para envolver uma gecircnese de atitudes e condutas movimentos ritmos formando sub-paisagens externando as fragmentaccedilotildees vivenciadas sob diferentes tempos Paisagem que reflete a dureza a labuta ao mesmo tempo em que expotildee os sonhos os devaneios das experiecircncias e percepccedilotildees dos transeuntes comerciantes e residentes Mello aborda que

Ao associar as transformaccedilotildees na paisagem em decorrecircncia de seu uso urbano e comprometimento ambiental tornam-se visiacuteveis elementos como a localizaccedilatildeo das diferentes parcelas sociais as aacutereas de vegetaccedilatildeo naturais e o atual iacutendice de verdehabitante os tipos de solo e os usos urbanos as condiccedilotildees geomorfoloacutegicas a declividade e a erosatildeo presente em determinados ambientes a identificaccedilatildeo das aacutereas fraacutegeis e de risco a contaminaccedilatildeo das aacuteguas as condiccedilotildees de salubridades dos ambientes e das populaccedilotildees a precariedade das condiccedilotildees de habitabilidade de esgotamento sanitaacuterio da coleta de lixo e como constituintes da qualidade de vida urbana (MELLO 1996 p 106)

2 ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E PLANEJAMENTO URBANO

Ao fazer o estudo sobre a Avenida Santo Antocircnio no centro de Garanhuns Azevedo (2012) fez breve reflexatildeo sobre o planejamento urbano e como o tema arborizaccedilatildeo se insere no contexto Para isso a autora traz ao trabalho algumas consideraccedilotildees existentes na literatura concernente ao tema como a seguir

No acircmbito da globalizaccedilatildeo o discurso da importacircncia da questatildeo ambiental da ecologia conceitos do tipo ldquoo politicamente corretordquo e a rdquoqualidade de vidardquo se firmam como tendecircncias mundiais inseridas na miacutedia diaacuteria O mesmo acontece de forma mais sutil com a valorizaccedilatildeo daquilo que remete ao passado Neste contexto o interesse pelos ldquovalores culturaisrdquo pode ser considerada uma oportunidade desde que embasado no efetivo resgate desta identidade da memoacuteria das raiacutezes que satildeo suporte de nossa existecircncia Satildeo justamente os substratos histoacutericos que conferem materialidade a essas expressotildees um sentido de lugar e identidade agraves cidades e sua continuidade histoacuterica A essencialidade da memoacuteria reside no fato de que eacute por ela que se daacute a relaccedilatildeo com a variaacutevel temporal fundamental para o desenvolvimento e a continuidade de nossa existecircncia (ADAMS 2002 p116)

O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as consequecircncias geradas pela falta de planejamento

urbano despertaram a atenccedilatildeo de planejadores no sentido de se perceber a vegetaccedilatildeo como componente necessaacuterio ao espaccedilo urbano O plantio de aacutervores inadequadas agrave estrutura urbana gera conflitos com equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros postes de iluminaccedilatildeo entre outros Esses problemas satildeo muito comuns de serem visualizados e causam na maioria das vezes um manejo inadequado e prejudicial agraves aacutervores Eacute comum se ver aacutervores podadas de forma draacutestica e com muitos problemas fitossanitaacuterios como presenccedila de cupins brocas outros tipos de patoacutegenos injuacuterias fiacutesicas como anelamentos caules ocos e podres galhos apresentando lascas entre outros Assim tambeacutem fica claro que a percepccedilatildeo eacute peccedila-chave na boa conduccedilatildeo de trabalhos de planejamento e gestatildeo ambientais principalmente voltados agrave arborizaccedilatildeo urbana

A percepccedilatildeo ambiental abrange a compreensatildeo das inter-relaccedilotildees entre o meio ambiente e os atores sociais ou seja como a sociedade percebe o seu meio circundante expressando suas opiniotildees expectativas e propondo linhas de conduta desta forma os estudos que se caracterizam pela aplicaccedilatildeo da percepccedilatildeo ambiental objetivam investigar a maneira como o homem enxerga interpreta convive e se adapta agrave realidade do meio em que vive principalmente em se tratando de ambientes instaacuteveis ou vulneraacuteveis socialmente e naturalmente (OKAMOTO 1996 p200)

82- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A arborizaccedilatildeo urbana no Brasil eacute de competecircncia das administraccedilotildees municipais mas segundo (BONONI 2006) enfrenta uma seacuterie de problemas principalmente por despreparo de alguns profissionais

Embora haja uma crescente disposiccedilatildeo tanto dos oacutergatildeos governamentais envolvidos como de grande parcela da populaccedilatildeo muitos satildeo os problemas enfrentados como a falta de teacutecnicos capacitados que orientem sobre um plantio correto escolha da espeacutecie poda de formaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de tutores grade de proteccedilatildeo irrigaccedilatildeo em periacuteodo de estiagem e adubaccedilatildeo (BONONI 2006 p213-255)

Em sequecircncia expotildee-se a colocaccedilatildeo de outro autor o qual afirma que

O crescimento desordenado dos centros urbanos gerou uma condiccedilatildeo de artificialidade em relaccedilatildeo agraves aacutereas verdes naturais e com isso vaacuterios prejuiacutezos agrave qualidade de vida dos habitantes Poreacutem parte desses prejuiacutezos podem ser evitados pela legislaccedilatildeo e controle das atividades urbanas e outra parte amenizada pelo planejamento urbano ampliando-se qualitativa e quantitativamente a arborizaccedilatildeo de ruas e as aacutereas verdes (MILANO 1987 1517 e 21)

A maioria dos problemas de arborizaccedilatildeo urbana satildeo causados pelo confronto de aacutervores inadequadas com

equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros e postes de iluminaccedilatildeo Os fatores que devem ser considerados na arborizaccedilatildeo urbana satildeo vaacuterios podendo-se destacar o ambiente urbano caracterizado em termos de clima solos topografia o espaccedilo fiacutesico disponiacutevel em relaccedilatildeo agrave largura de ruas e calccediladas afastamento predial a altura das construccedilotildees a presenccedila de cabos eleacutetricos aeacutereos tubulaccedilatildeo de aacutegua esgoto galerias pluviais rede de telefonia as caracteriacutesticas das espeacutecies a utilizar no que concerne agrave adaptabilidade climaacutetica resistecircncia a pragas e doenccedilas toleracircncia agrave poluiccedilatildeo ausecircncia de princiacutepios toacutexicos eou aleacutergicos e caracteriacutesticas fenoloacutegicas (forma porte raiz floraccedilatildeo frutificaccedilatildeo etc) e morfoloacutegicas

Analisada a questatildeo da adaptaccedilatildeo ecoloacutegica (aclimataccedilatildeo naturalizaccedilatildeo acomodaccedilatildeo) deve-se atentar para a disponibilidade da cidade para a arborizaccedilatildeo natildeo introduzindo as espeacutecies a esmo (SAMPAIO 2006 SERAFIM 2007)

Em termos mais amplos a importacircncia da vegetaccedilatildeo no espaccedilo urbano natildeo se reteacutem apenas aos seus benefiacutecios aos seres humanos mas tambeacutem se verifica ser uma forma contributiva para a manutenccedilatildeo da fauna e flora de uma regiatildeo

A arborizaccedilatildeo de ruas eacute um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capazes de integrar espaccedilos livres aacutereas verdes e remanescentes florestais conectando estes ambientes de forma a colaborar com a diversidade da flora e da fauna (MENEGHETTI 2012 p1-2)

Nunca se deve esquecer ou desconsiderar que o plantio de aacutervores em larga escala nas cidades pode promover a diminuiccedilatildeo do efeito de ilha de calor no veratildeo e amenizar problemas dos ventos

A arborizaccedilatildeo urbana entatildeo eacute um tema que vem sendo discutido cada vez mais na atualidade considerando-se sua relevacircncia nota-se que estaacute aumentando a preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao meio ambiente urbano e a qualidade de vida de nossas cidades

A arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano pois contribui para funccedilotildees importantes no meio ambiente assim como para a sociedade aleacutem de propiciar sombra purificar o ar diminuir ruiacutedos diminuir a poluiccedilatildeo e tambeacutem proporcionar efeitos paisagiacutesticos Considerando-se que a arborizaccedilatildeo no contexto urbano eacute um patrimocircnio que deve ser mantido e conhecido pela populaccedilatildeo torna-se imprescindiacutevel a realizaccedilatildeo de um levantamento das principais espeacutecies arboacutereas e arbustivas distribuiacutedas na via urbana considerada Av Santo Antocircnio em Garanhuns afim de se poder contribuir com subsiacutedios para futuros planejamentos do paisagismo urbano e para uma melhor organizaccedilatildeo do espaccedilo

3 LOCALIZACAO DO MUNICIPIO DE GARANHUNS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

A cidade de Garanhuns no estado de Pernambuco (Figura 1) dista 228 km da capital pernambucana Recife Localizando-se na regiatildeo montanhosa do Planalto da Borborema eacute tambeacutem conhecido como a Suiacuteccedila Pernambucana por causa de seu clima ameno no veratildeo e temperaturas baixas no inverno atiacutepico para o resto da regiatildeo Outras alcunhas satildeo Cidade das Flores ou Cidade da Garoa

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O municiacutepio possui latitude 8ordm5325 sul e a longitude 36ordm2934 oeste estando a uma altitude meacutedia de 900 metros Seu ponto mais alto eacute o Monte Magano com 1030 m de altitude seu rio mais importante o rio Mundauacute Sua populaccedilatildeo eacute de aproximadamente 129392 habitantes segundo estimativas do IBGE para o ano de 2010

Garanhuns apresenta uma paisagem urbana no que se refere agrave habitaccedilatildeo composta em sua maioria por edificaccedilotildees de pequeno porte exceto no Bairro do Helioacutepolis Neste encontra-se edificaccedilotildees com maior porte No que se refere agrave arborizaccedilatildeo percebe-se que estaacute composta entre canteiros centrais e em calccediladas sendo sua maior parte em canteiros centrais como exemplo tem-se a Avenida Rui Barbosa a Avenida Caruaru Constata-se que a arborizaccedilatildeo em geral concentra-se em canteiros centrais com exceccedilatildeo da Av Santo Antocircnio bem no centro da cidade Nas demais localidades de Garanhuns observa-se que a arborizaccedilatildeo ocorre nas calccediladas principalmente em frente agraves residecircncias quando existe

Figura 1 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Garanhuns ndash PE Fonte Chaves 2013

Quanto ao histoacuterico da avenida em destaque tem-se que sua criaccedilatildeo se deu

Pelo alvaraacute de 10 de marccedilo de 1811 por solicitaccedilatildeo do entatildeo governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro foi criada a Vila de Santo Antocircnio de Garanhuns Neste mesmo ano de 1811 a capela foi reconstruiacuteda e transformada na Matriz de Santo Antonio Esta matriz localizada na antiga avenida Rio Branco hoje Avenida Santo Antocircnio [] O seu primeiro vigaacuterio foi Fabriacutecio da Costa Ferreira(Historia de Garanhuns Disponiacutevel em lthttpanchietabarrosblogspotcombr201302historia-de-garanhuns-controversia-dahtmlgt Acesso em 28 jan 2014

Logo pode-se perceber que se trata de uma via relativamente antiga mas que desde o inicio evidenciou a tendecircncia de ser um caminho central que congregou ao longo do tempo comeacutercio lazer religiatildeo entre as funccedilotildees visiacuteveis e permanentes que se pode observar pelas fotografiasrepresentadas pelas figuras 2 e 3 as quais constituem resgate de algumas memoacuterias e tambeacutem da contemporaneidade

84- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

N

Na foto correspondente agrave figura 2 pode-se verificar que havia pessoas caminhando como em um singelo passeio tendo-se a Catedral de Santo Antocircnio ao fundo poucos veiacuteculos estacionados indicando o escasso fluxo automotivo da eacutepoca Natildeo se identifica nenhum uso de fins comerciais proacuteximo a esse canteiro central o que contrasta significativamente com os dias atuais

Pelas fotos visualizadas nas figuras 2 e 3 percebe-se o quanto a referida avenida transformou-sepor conta da urbanizaccedilatildeo da cidade de Garanhuns Atualmente essa avenida eacute a regiatildeo core da cidade eacute laacute que se situam as principais lojas magazines e o setor financeiro com a presenccedila de vaacuterios importantes bancos Trata-se ainda de um locusque atende natildeo somente os garanhunenses mas tambeacutem um bom nuacutemero de municiacutepios que satelizam Garanhuns 4 ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA SANTO ANTOcircNIO CARACTERIacuteSTICAS E DINAcircMICA

Segundo Milano e Dalcin (2000) atualmente a arborizaccedilatildeo nas ruas eacute uma estrateacutegia importante para as condiccedilotildees ambientais adversas como elemento esteacutetico da paisagem urbana em busca de suporte para projetos de renovaccedilatildeo do tecido urbano

No caso especifico da Av SantoAntocircnio as aacutervores satildeo encontradas ao longo das calccediladas e nos canteiros centrais da avenida Acredita-se que essas plantas exercem funccedilatildeo ecoloacutegica no sentido de melhoria do ambiente urbano aleacutem de favorecer a esteacutetica no sentido de embelezamento das vias puacuteblicas e consequentemente da cidade

A arborizaccedilatildeo urbana gera benefiacutecios ambientais e sociais e contribui para uma a qualidade de vida dos moradores da cidade dos transeuntes que por ali circulam e da populaccedilatildeo como um todo Sendo assim eacute de suma importacircncia discutir e analisar o papel da arborizaccedilatildeo urbana para melhor aproveitamento dos espaccedilos natildeo edificados da cidade Reforccedilando-se essa ideia toma-se o pensamento de dois autores que se apresenta a seguir

[] a arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano possuem funccedilotildees importantiacutessimas como propiciar sombra purificar o ar atrair aves diminuir a poluiccedilatildeo sonora constituir fator esteacutetico e paisagiacutestico diminuir impactos das chuvas contribuir para o balanccedilo hiacutedrico assim como valorizar economicamente as propriedades ao entorno proteger e direcionar o vento proporcionar melhor efeito esteacutetico auxiliar na diminuiccedilatildeo da temperatura pois absorve os raios solares e refresca o ambiente pela grande quantidade de aacutegua transpirada pelas folhas (PIVETTA SILVA FILHO 2002p69)

Os vaacuterios benefiacutecios da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas estatildeo condicionados agrave qualidade de seu planejamento

Um planejamento adequado tem que partir primeiramente dos oacutergatildeos puacuteblicos que satildeo os que mais devem se preocupar com este tipo de planejamento como tambeacutem os moradores transeuntes e demais pessoas que por ali circulam pois a arborizaccedilatildeo eacute um bem comum de todos favorecendo a todos o tatildeo almejado bem estar

A arborizaccedilatildeo bem planejada eacute muito importante independentemente do porte da cidade pois eacute muito mais faacutecil implantar arvores quando se tem um planejamento Caso contraacuterio passa a ter um caraacuteter de remediaccedilatildeo agrave medida que

Figura 2 Av Stordm Antocircnio na deacutecada de 1970 Fonte Blog de Iba Mendes in Leidjane (2012)

Figura 3 Visatildeo geral da Av Sto Antocircnio com destaque para os pinheiros Fonte Leidjane (2012)

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se tenta encaixar dentro das condiccedilotildees jaacute existentes e solucionar problemas de toda ordem Para um adequado planejamento da arborizaccedilatildeo da avenida de uma cidade alguns fatores devem ser considerados Tambeacutem o conhecimento das condiccedilotildees ambientais locais eacute preacute-condiccedilatildeo para o sucesso da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas Qualquer planta soacute adquire pleno desenvolvimento em clima apropriado caso contraacuterio poderaacute ter alteraccedilotildees no porte floraccedilatildeo e frutificaccedilatildeo Deve-se evitar portanto o plantio de espeacutecies cuja aclimataccedilatildeo natildeo seja comprovada

A Av Santo Antocircnio possui uma vegetaccedilatildeo mesclada de nativas e exoacuteticas cuja diversidade de plantas e aacutervores proporciona aos residentes comerciantes e transeuntes uma agradaacutevel sensaccedilatildeo de conforto (Figura 4 e 5)

O espaccedilo urbano eacute considerado um fator de grande importacircncia visto que eacute neste que as relaccedilotildees homem e natureza interagem produzindo a dinacircmica do lugar Pode-se assim afirmar que a Geografia uma das ciecircncias que mais se preocupa com tais questotildees possibilita um vasto campo de estudos que identifique a relaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo da sociedade garanhuense com a referidaavenida

Eacute neste espaccedilo em quemoradores comerciantes transeuntes entre outros atores circulam desenvolvendo diversos tipos de atividades relacionando-se com o lugar de diversas formas dando sentido a paisagem Sendo esta cada vez mais urbanizada diante do crescimento da cidade produzindo espaccedilos cada vez menos naturais Portanto eacute de suma importacircncia a preservaccedilatildeo das praccedilas e canteiros existentes ao longo da avenida

A Av Santo Antocircnio evidencia um processo de arborizaccedilatildeo que estaacute diretamente ligado agraves questotildees culturais e ambientais que envolvem este lugar onde tradicionalmente se desenvolveu caracteriacutesticas proacuteprias e peculiares que a tornaram uma das aacutereas mais populares da cidade e que tambeacutem propiciou a instalaccedilatildeo formal ou natildeo de pequenos comeacutercios no canteiro central da avenida em vaacuterios trechos imponho-lhe um novo ritmo cuja vegetaccedilatildeo eacute subjugada agraves necessidades das necessidades econocircmicas

A paisagem encontrada no percurso da avenida eacute bastante diversificada nela pode-se encontrar vaacuterios atores urbanos desenvolvendo suas funccedilotildees de forma praticamente permanente tais como jardineiros comerciantes flanelinhas turistas engraxates entre outros aleacutem de uma variedade de plantas que se misturam com essa trama econocircmico-social produzindo um ambiente nem sempre harmonioso mas de faacutecil compreensatildeo se pensarmos na dinacircmica que envolve homem e natureza

Enfim na Av Santo Antocircnio existe um contexto de arborizaccedilatildeo que implica uma identificaccedilatildeo e uma caracterizaccedilatildeo do tema abordado bem como promove gradativamente conhecimento mais aprofundado da Geografia o

Figura 4 Castanhola localizada em frente a Catedral numa das cabeceiras da Av Sto Antonio Fonte Leidjane (2012)

Figura 5 Canteiro ajardinado com alguns croacutetons como tambeacutem pingo-de-ouro grama entre outros com a presenccedila de bancos para sentar Fonte Leidjane (2012)

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que mostra como os estudos sobre avenidas ruas rotatoacuterias e outras vias urbanas foram enriquecidos e atualmente apresentam abordagens cada vez mais diversas o que faz a Geografia Urbana e Ambiental se destacar cada vez mais tanto para a proacutepria ciecircncia geograacutefica como para a sociedade em geral 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS SOBRE A ARBORIZACcedilAtildeO X DINAcircMICA ESPACIAL DA AV SANTO ANTOcircNIO

A avaliaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo da Av Sto Antocircnio em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que estaacute presente na paisagem leva a considerar-se a percepccedilatildeo dos atores envolvidos tanto de forma positiva quanto negativa num esforccedilo de se refletir o ambiente em suas nuances ecoloacutegicas sociais e econocircmicas Logo a partir do enfoque sistecircmico pode-se verificar o distanciamento do olhar dos que labutam e transitam em relaccedilatildeo agrave presenccedila desse verde o que inclui natildeo somente as aacutervores mas tambeacutem os canteiros com flores e outras espeacutecies vegetais que datildeo o embelezamento paisagiacutestico do lugar

Por sua vez sabe-se que o lugar soacute eacute sentido e apreciado quando se tem oportunidade de vivenciaacute-lo de forma a ter-se uma relaccedilatildeo de afeto Sentimento este que favorece a manutenccedilatildeo e cuidado com o patrimocircnio que embora puacuteblicoimprime certa carga de valoraccedilatildeo e de pertencimento induzindo assim agraveuma atitude reivindicativa criacutetica e proacutepria de um cidadatildeo 6 ENFOQUE NA ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA RUI BARBOSA GARANHUNS-PE

A Avenida Rui Barbosa municiacutepio de Garanhuns ndash PE foi aberta em 1925 pelo prefeito Euclides Dourado Sua construccedilatildeo deu iniacutecio ao povoamento do maior bairro de da cidade que gradativamente tornou-se um dos bairros nobres da cidade denominado Helioacutepolis Nessa avenida estaacute o uacutenico Reloacutegio de Flores do norte e nordeste do paiacutes e este eacute praticamente o siacutembolo que identifica Garanhuns em termos nacional e ateacute internacionalmente (CHAVES 2013)

Predominantemente atualmente o comercio a prestaccedilatildeo de serviccedilo aleacutem de continuar evidenciando residecircncias que aos poucos vatildeo cedendo lugar para outros empreendimentos outros Registra-se ainda que em uma de suas cabeceiras encontra-se a Praccedila Tavares Correia na qual situa-se o Reloacutegio das Flores Esse equipamento atrai turistas o ano inteiro devido sua beleza originalidade e funcionamento

Retomando-se o canteiro central da avenida verifica-se que eacute bem arborizado porem a espeacutecie arboacuterea predominante enfrenta um dilema serio Ou seja ao longo do tempo tornou-se praticamente inadequada devido ao grande fluxo de veiacuteculos usos das vias para festas com trios eleacutetricos fiaccedilatildeo eleacutetrica e as consequentes podas frequentes que de certa maneira significa uma injuria para a aacutervore apesar da necessidade que se impotildee frente ao grande fluxo de pessoas e veiacuteculos no local Que arvore e essa Flamboyant (Figura 6) Aleacutem dela tecircm-se ainda espeacutecies como o Ipecirc e a Castanhola Dessas trecircs apenas o Ipecirc eacute espeacutecie nativa as outras duas satildeo exoacuteticas a Flamboyant eacute africana e a Castanhola eacute asiaacutetica Acredita-se que na eacutepoca do planejamento da avenida e talvez em outros momentos de renovaccedilatildeo paisagiacutestica com base nos elementos arboacutereos no passado o canteiro central da Av Rui Barbosa natildeo foi suficientemente avaliado com respeito a compatibilizaccedilatildeo da espeacutecie escolhida com futuras e atuais funccedilotildees dadas a referida avenida

No caso do Flamboyant (Delonix regia) pertencente agrave famiacutelia dasFabaceaes e de origem africana chega a atingir entre 6 a 12 metros de altura e eacute considerada uma das aacutervores mais belas do mundo principalmente devido ao colorido intenso de suas flores e suas raiacutezes bastante agressivas porem detentoras de um belo desenho quando a mostra Assim com parte delas acima da superfiacutecie a sua presenccedila torna-se improacutepria para a ornamentaccedilatildeo de calccediladas ruas ou proacuteximas a tubulaccedilotildees de aacutegua esgoto paredes e ateacute mesmo fiaccedilatildeo eleacutetrica pois aleacutem dos possiacuteveis danos fiacutesicos pode sem sombra de duvida ocasionar um problema com o transeunte desavisado

A castanhola (Terminaliacatappa figura 7)da famiacutelia das Combretaceaesde origem asiaacutetica chega a mais de 12 metros de altura Ela apresenta caule ereto Sua copa eacute incomum formada por uma ramagem horizontal agrupada a espaccedilos regulares no tronco Eacute uma aacutervore indicada para as condiccedilotildees adversas do litoral Sua copa ampla e cheia fornece sombra farta no escaldante veratildeo dos troacutepicos Natildeo satildeo indicadas para estacionamentos ou em locais com grande movimento de automoacuteveis pois os frutos ricos em aacutecidos podem manchar os automoacuteveis

E apenas o Ipecirc (Tabebuia impetiginosa figura 8) eacute da famiacutelia Bignoniaceae e originaacuteria da Ameacuterica do Sul com altura entre 6 a 9 metros Eacute uma oacutetima aacutervore ornamental para arborizaccedilatildeo urbana de crescimento moderado a raacutepido

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que natildeo possui raiacutezes agressivas sua floraccedilatildeo eacute maravilhosa e recompensadora aleacutem de atrair polinizadores como beija-flores e abelhas Pode ser cultivada em regiotildees subtropicais tendo nestes casos uma reduccedilatildeo na velocidade de crescimento

Verificou-se que a maior parte das espeacutecies arboacutereas eacute exoacutetica os galhos ficam proacuteximos a edificaccedilotildees e fiaccedilatildeo

eleacutetrica natildeo satildeo bem podadas e apresentam problemas fitossanitaacuterios como cupim decomposiccedilatildeo principalmente no tronco galhos secos entre outros

Acredita-se que um dos principais motivos da falta de sincronia entre planejamento e plantio da arborizaccedilatildeo urbana no espaccedilo puacuteblico da Avenida Rui Barbosa em Garanhuns-PE eacute falta de estudo em relaccedilatildeo agrave espeacutecie arboacuterea adequada a ser plantada

De acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana os seres humanos constroem seus ambientes para neles viverem e dele retirarem suas necessidades e a cidade eacute construiacuteda para melhorar e facilitar a vida dos homens porem ela eacute uma construccedilatildeo planejada eacute artificial fazendo-se necessaacuterio a introduccedilatildeo de elementos naturais para melhorar a vida dos seres vivos urbanos (homens animais insetos entre outros) Assim satildeo criados espaccedilos livres destinados agrave arborizaccedilatildeo e que aleacutem de estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos eacute importante sob os aspectos ecoloacutegico histoacuterico cultural social esteacutetico e paisagiacutestico

Esses fatores e a accedilatildeo antroacutepica tornam as cidades organizaccedilotildees sistecircmicas e complexas sistecircmicas porque seus variados aspectos precisam ser compreendidos como uma totalidade onde os homens necessitam da natureza e das construccedilotildees artificias para melhorar suas condiccedilotildees de vida e esses fatores satildeo vistos em conjunto e natildeo isolados e complexas porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitas relaccedilotildees que estabelecem homem meio ambiente homem meio ambiente urbano meio ambiente e meio ambiente urbano

E a falta de articulaccedilatildeo entre a arborizaccedilatildeo e o planejamento das cidades tornam os espaccedilos livres desestruturados onde a populaccedilatildeo que necessita dessa aacuterea para seu lazer acaba por natildeo poder desfrutar desses ambientes pois os mesmos apresentam calccedilamento danificado pela falta de compatibilidade da raiz da espeacutecie arboacuterea e o espaccedilo fiacutesico destinado ao plantio Infelizmente pode-se ter a vida em risco por causa de acidentes devido agrave falta de observacircncia desses detalhes de suma importacircncia

Outro fator relevante da arborizaccedilatildeo e a funccedilatildeo paisagiacutestica desempenhada esta valoriza o espaccedilo do ponto de vista esteacutetico e se tratando da arborizaccedilatildeo do canteiro central da Av Rui Barbosa tem-se a valorizaccedilatildeo econocircmica via que da acesso a uma das entradas da cidade e comportar o Reloacutegio das Flores Por esses motivos a arborizaccedilatildeo natildeo deveria apresentar essa falta de articulaccedilatildeo com o planejamento desse local bem como se deveria ter um estudo

Figura 6 Flamboyant no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 7 Castanhola no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 8 Ipecirc no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

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aprofundado das espeacutecies adequadas a esse espaccedilo evitando-se assim problemas derivados da falta de sincronia e ou harmonizaccedilatildeo

Os dilemas da sustentabilidade urbana satildeo muitos Assunto esse de extrema importacircncia quando se falar no bem estar da populaccedilatildeo das cidades jaacute que a introduccedilatildeo desses espaccedilos verdes beneficiam a populaccedilatildeo contribuindo para ambientes mais saudaacuteveis e confortaacuteveis ajuda na amenizaccedilatildeo das altas temperaturas tatildeo comuns em cidades do nordeste brasileiro aleacutem de outros benefiacutecios advindos da arborizaccedilatildeo urbana

Foi verificado que o canteiro central da Av Rui Barbosa eacute um espaccedilo limitado entre duas vias de grande movimento de veiacuteculos e pessoas cercado de objetos urbanos como fiaccedilatildeo eleacutetrica edifiacutecios grandes semaacuteforos e tubulaccedilotildees subterracircneas entre outros elementos Logo eacute necessaacuterio um estudo adequado sobre as espeacutecies escolhidas para arborizar esse espaccedilo urbano bem como estudar o espaccedilo em si e seu tamanho

Nesse sentido ao se estudar as espeacutecies arboacutereas pode-se saber seu tipo de raiz tamanho expansatildeo da copa frutos elementos necessaacuterios para a escolha e definiccedilatildeo do espaccedilo adequado ao seu plantio Fato esse que se pode dizer muito provavelmente natildeo ter sido levado em consideraccedilatildeo quando escolheram a principal espeacutecie arboacuterea dessa avenida uma vez que a Flamboyant eacute uma espeacutecie de grande porte de raiz agressiva que necessitada de amplo espaccedilo para seu desenvolvimento

Faz-se assim necessaacuterio um estudo sobre essa arborizaccedilatildeo para que essa escolha inadequada natildeo venha a prejudicar o espaccedilo em que as aacutervores estatildeo plantadas ou cause algum acidente que afete a populaccedilatildeo jaacute que boa parte das aacutervores estaacute danificada e em sua maioria no tronco os quais se apresentam deteriorados com cupim e muita delas com aparecircncia de estarem secas e quase mortas Aleacutem de ser visiacutevel que o calccedilamento proacuteximo agraves aacutervores Flamboyant apresenta-se danificado

Apresenta-se a seguir trecircs quadros com base nos estudos de Laurie em Schutzer (2012) onde eacute possiacutevel ver o quanto a presenccedila arboacuterea deixa o ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na vida das cidades com base em dados encontrados na literatura

Quadro 1Temperaturas superficiais de diferentes tipos de pisos do ambiente urbano

Temperaturas degC 50degC 17degC 37degC 47degC 35degC

Tipos de Pisos Asfalto ao Sol Grama a Sombra Concreto a Sombra Concreto ao Sol Grama ao Sol

Quadro 2Diferentes temperaturas entre as aacutereas expostas ao sol e as aacutereas sombreadas por algumas aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol (degC) 35degC 36degC 375degC

Aacuterea sombreada (degC) 305degC 22degC 33degC

Espeacutecie arboacuterea Cinamomo Sibipiruna Extremosa

Quadro 3Diferenccedilas de umidade relativa do ar entre aacutereas expostas a radiaccedilatildeo solar e as aacutereas sombreadas por trecircs tipos de aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol () 40 32 37

Aacuterea sombreada () 55 52 42

Espeacutecie arboacuterea Ligustro Sibipiruna Jacarandaacute

Esse estudo colocado em quadros demostra o quanto a aacutervore eacute beneacutefica ao ambiente das cidades contribuindo principalmente para o conviacutevio harmocircnico dos elementos naturais e artificiais os quais devem estar em sincronia para natildeo se tornarem maleacuteficos ao espaccedilo ocupado 7 AVENIDA CARUARU GARANHUNS-PE E A ALGAROBEIRA (PROSOPIS JULIFLORA (SW) DC)COMOELEMENTO DO VERDE

URBANO

Compreender o significado da implantaccedilatildeo dessa exoacutetica no paisagismo urbano de GaranhunsPE eacute uma forma tambeacutem de compreender as multiplicidades e singularidades presentes nesta aacuterea com algarobeira

Do ponto de vista ecoloacutegico conforme antes argumentado qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica

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Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54)

Assim a espeacutecie (Prosopisjuliflora (Sw) DC) poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventos fortes Eacute fato que em sua accedilatildeo paisagiacutestica a algarobeira apresenta em aacutereas arborizadas pela mesma um ambiente apresentando uma paisagem verde durante todo o ano

Aleacutem de proporcionar sombra e beleza no ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada a qual oferece a populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel tanto em baixo de sua copa quanto dentro das residecircncias que estatildeo ao seu entorno

Adiante apresenta-se a figura 9 a qual evidencia a extensatildeo da Avenida Caruaru uma das mais importantes vias da cidade a qual congrega comeacutercio residecircncias escolas e faculdades

A arborizaccedilatildeo da Avenida Caruaru constituiacuteda de ipecircs algarobeiras (Figura 10) castanholas fiacutecus paus-brasil figueiras da Iacutendia palmeiras pinheiros paus drsquoarco estaacute disposta no canteiro central tendo como espeacutecie predominante a algarobeira (Prosopisjuliflora (Sw) DC)

A Prosopis juliflora (SW) DC originaacuteria da regiatildeo do Piura no Norte do Peru foi introduzida no nordeste brasileiro por volta de 1942 em Serra Talhada-PE pelo Professor J B Griffing Em seguida a algaroba disseminou-se no Rio Grande do Norte em 1944 na Fazenda Satildeo Miguel municiacutepio de Angicos e no Estado do Cearaacute em 1954 seguido pelos demais estados do poliacutegono das secas (GOMES 1961) salientando-se que a literatura acusa mais duas origens quais sejam Sudatildeo e Novo Meacutexico

Na regiatildeo Nordeste haacute mais de meio seacuteculo a algarobeira se constitui numa das vaacuterias espeacutecies capazes de possibilitar aos animais e ao proacuteprio homem uma atenuaccedilatildeo aos efeitos adversos das secas perioacutedicas A algarobeira eacute altamente resistente agrave seca e tem um potencial de adaptaccedilatildeo por demais favoraacutevel agraves condiccedilotildees de solo e clima do semiaacuterido razatildeo pela qual a cultura despertou interesse de autoridades governamentais oacutergatildeos de pesquisa universidades teacutecnicos e produtores rurais (SILVA AZEVEDO 1998)

Figura 10Algarobeira na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Figura 9 Foto de sateacutelite da Avenida Caruaru Fonte httpmapsgooglecombrmapshl=pt-BRamptab=wl

90- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

8 A UTILIZACcedilAtildeO DA ALGAROBEIRA NO PROCESSO DE ARBORIZACcedilAtildeO

Atualmente haacute vaacuterios trabalhos referentes agrave arborizaccedilatildeo urbana os quais visam o paisagismo e o bem-estar da populaccedilatildeo Existe tambeacutem a praacutetica no senso comum da conduccedilatildeo de poliacuteticas publicas de urbanismo e paisagismo e nesse contexto percebe-se a natildeo observacircncia de elementos fundamentais como altura das aacutervores proximidade de tubulaccedilotildees podas inadequadas entre outros por parte da maioria dos administradores das cidades principalmente interioranas

Entre os tipos de vegetaccedilatildeo urbana encontram-se espeacutecies ornamentais que geralmente satildeo colocadas em parques jardins gramados alamedas e decoraccedilotildees de interiores Apesar de bonitas e funcionais contribuem para baixar a diversidade de espeacutecies ressaltando-se que a observaccedilatildeo ganha relevacircncia quando se considera a cidade como um ecossistema (AMADOR 2011 p 124)

A arborizaccedilatildeo no espaccedilo urbano pode ser de caraacuteter esteacutetico ecoloacutegico fiacutesico e psiacutequico do homem que por sua

vez eacute poliacutetico social e econocircmico Nessa linha de raciociacutenio julga-se que o caraacuteter mais representativo para se relacionar com a algarobeira no municiacutepio em foco eacute paisagiacutestico

Do ponto de vista ecoloacutegico qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades (ANDRESSEN apud BIONDI 1995 p160)

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54 apud AMADOR 2011 p127)

Assim a espeacutecie Prosopisjuliflora (SW) DC poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventanias (Figura 11)

Figura 11 Levantamento de calccediladas e tombamentos por ventos fortes

Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Poreacutem quando se coloca qualquer aacutervore ou arbusto nas aacutereas urbanas faz-se necessaacuterio primeiro conhecer a estrutura e fisiologia das espeacutecies catalogadas ou pensadas para esse fim saber administrar os diversos interesses particulares e puacuteblicos em relaccedilatildeo agravequeles indiviacuteduos vegetais ter boa articulaccedilatildeo com os diversos oacutergatildeos que de uma forma ou outra realizam seus trabalhos abaixo das vias puacuteblicas (trabalhos subterracircneos) e isso inclui calccediladas observar com acuidade o plano diretor de cada cidade e constantemente treinar equipes de podaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos elementos verde urbanos (AMADOR 2011 p136)

O processo que acompanhou a introduccedilatildeo dessa espeacutecie no semiaacuterido nordestino foi cheio de bons propoacutesitos tanto que no caso das cidades foi utilizada largamente na arborizaccedilatildeo urbana (Figura 12) Problemas apareceram natildeo por conta dela em si mas por falta de conhecimento adequado por parte daqueles que a manusearam pode-se afirmar

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 91

sem sombra de duacutevida que elas exerceram seu papel no verde urbano oferecendo uma sombra excelente entre outros fatores

Figura 12Algarobeiras na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo

Foto Gama Santos 2011

Assim de acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa constatou-se que a algarobeira ainda suscita muitas discussotildees entre aqueles que convivem com ela de alguma maneira com base nas histoacuterias de vidas coletadas pode-se dizer que a mesma eacute vista como beneacutefica uma vez que a mesma proporciona sombra e beleza ao ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada oferecendo consequentemente agrave populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel Logo como se pode constatar na fala de um dos entrevistados ldquo[] eu gosto delas faz sombra soacute solta muitas folhas mas eacute bom a ventilaccedilatildeo []rdquo (Pesquisa de campo 2011)

No que se refere aos aspectos negativos a percepccedilatildeo das pessoas eacute que ela ocasiona a dilataccedilatildeo das vias puacuteblicas como tambeacutem quedas das folhas e vagens

Desse modo foi possiacutevel constatar que o conhecimentoacerca das histoacuterias de vidas das pessoas que se relacionam com as algarobeiras na arborizaccedilatildeo urbana especificamente na Avenida Caruaru foi de fundamental importacircncia para chegar agraves percepccedilotildees dos significados que a algarobeira ostenta desde sua introduccedilatildeo na deacutecada de 1940 ateacute os dias atuais

Assim obteve-se um delineamento da trajetoacuteria desse significado ao longo do tempo via resgate oral de memoacuteria que ateacute certo ponto coincide com o exposto na literatura mas acredita-se que se conseguiu avanccedilar no sentido da dinacircmica das informaccedilotildees ricas em subjetividade de significados e suas inter-relaccedilotildees com o marco teacutecnico e estanque presente no senso comum e em muitos trabalhos acadecircmicos produzidos ateacute entatildeo

9 A PAISAGEM VERDE NOS PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

No contexto do verde urbano os parques desempenham funccedilotildees variadas e que visam atender a populaccedilatildeo em

suas diferentes aspiraccedilotildees entre os principais pode-se citar lazer e contemplaccedilatildeo Com a explosatildeo na miacutedia de informaccedilotildees acerca do clima e suas mudanccedilas as aacutereas verdes urbanas comeccedilaram a ganhar espaccedilo tanto no setor de planejamento puacuteblico quanto nos anseios da populaccedilatildeo em geral por significar um de bem estar Poreacutem o que se constata na praacutetica pelo menos em alguns lugares natildeo eacute o que se cogita legalmente e nem no cotidiano

Mas o verde urbano se reveste conceitualmente de especificidades que vatildeo desde a discussatildeo se aacutervores em calccediladas podem ser consideradas como arborizaccedilatildeo urbana logo natildeo integrando o sistema de aacutereas verdes ateacute definiccedilotildees de parques praccedilas e outros Eacute sabido que os estudos dos espaccedilos verdes urbanos encontram-se interrelacionados com o planejamento da paisagem urbana cuja aacuterea de interesse faz parte da Ecologia da Paisagem que vem se apresentando como uma nova aacuterea do conhecimento dentro da ecologia e tambeacutem da geografia

92- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Assim sendo toma-se como fio condutor do trabalho os parques Euclides Dourado e o Ruben van der Linden no centro urbano de Garanhuns-PE por expressarem de certa forma essa demanda por uma vida saudaacutevel para a populaccedilatildeo e para a cidade

Nesse contexto Carneiro e Mesquita (2000 p20) citados por Bovo e Amorim (2012) afirmam que parques urbanos satildeo espaccedilos livres puacuteblicos com funccedilatildeo predominante de recreaccedilatildeo ocupando na malha urbana uma aacuterea em grau de equivalecircncia superior a uma quadra tiacutepica urbana em geral apresentando componentes da paisagem natural vegetaccedilatildeo topografia elemento aquaacutetico como tambeacutem edificaccedilotildees destinadas a atividades recreativas culturais eou administrativas

Essa concepccedilatildeo aponta para vaacuterios elementos que integram a paisagem e entre elas encontra-se a vegetaccedilatildeo principal foco do estudo em pauta 10 PARQUES URBANOS

De acordo com Bovo Amorim (2012) no Brasil ldquoos parques puacuteblicos surgem no Rio de Janeiro com a vinda da famiacutelia real em 1808 pois neste periacuteodo teve iniacutecio agrave lsquoorganizaccedilatildeo urbanarsquo que consistia na limpeza das ruas na criaccedilatildeo da poliacutecia militar na criaccedilatildeo da imprensa reacutegia e na fundaccedilatildeo do Banco do Brasilrdquo Sabe-se ainda que por influecircncia europeacuteia se procurou reproduzir o desenho e arquitetura dos espaccedilos puacuteblicos europeus principalmente franceses Tambeacutem se importou a ideia de se procurar plantar espeacutecies exoacuteticas desde que exuberantes e diferentes da vegetaccedilatildeo local

Em termos de vegetaccedilatildeo de espaccedilos puacuteblicos pode-se dizer que foi com o arquiteto e paisagista Burle Marx que as espeacutecies nativas de todas as regiotildees do paiacutes tiveram seu reconhecimento sendo incorporadas nos projetos urbaniacutesticos de diversas cidades brasileiras

Ao mesmo tempo os olhos da sociedade voltam-se para o verde urbano frente a dinacircmica de crescimento que as maioria das cidades passaram a enfrentar nas deacutecadas poacutes segunda guerra mundial aumentando significativamente com as questotildees ambientais de poluiccedilatildeo aquecimento global entre outros Tambeacutem paralelamente cada vez mais as pessoas demandavam aacutereas de lazer em diferentes niacuteveis impulsionando o setor puacuteblico a destinar espaccedilos para fins de lazer contemplaccedilatildeo que com o passar dos anos e dependendo da situaccedilatildeo na qual se encontravam foram assumindo caracteriacutesticas de parques temaacuteticos de conservaccedilatildeo esteacutetico entre outros

Nesse sentido faz-se uma analogia tomando-se Dardel (2011 p 14-16) que diz ldquoa cidade ativa natildeo eacute um espaccedilo inerte mas um espaccedilo que se move um espaccedilo vivordquo Logo um parque tambeacutem pode ser considerado um espaccedilo vivo ele se transforma se adeacutequa agraves necessidades da contemporaneidade e sua vegetaccedilatildeo prioritariamente as aacutervores as quais se revestem de simbolismos de expressividades estimulam o ser humano a pensar nelas como elemento primordial na organicidade da vida transmitindo forccedila energia sem esquecer do proacuteprio ciclo da vida como bem coloca Farah (2008) Ademais de acordo com Ferry (2009 p 24) as aacutervores estatildeo ldquoobtendo acesso ao estatuto de seres juriacutedicosrdquo pensadas num contexto sistecircmico caracterizando uma preocupaccedilatildeo complexa com a totalidade a biosfera

Em seguida seratildeo tratados os espaccedilos selecionados no municiacutepio de Garanhuns Pernambuco com suas molduras paisagiacutesticas com base na arborizaccedilatildeo e principais funccedilotildees

11 PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

Na cidade de Garanhuns propriamente dita encontra-se dois parques que apresentam singularidades diferenciadas em termos de funccedilatildeo satildeo eles o Parque Euclides Dourado e o Parque Euclides Dourado e o Parque Ruber van der Linden cuja disposiccedilatildeo na malha urbana pode ser ilustrada atraveacutes da figura 13

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Figura 13 Visualizaccedilatildeo por imagem de sateacutelite dos parques Euclides Dourado e

Ruber van der Linden na malha urbana de Garanhuns-PE

121 Parque Euclides Dourado Euclides da Costa Dourado importante poliacutetico municipal nas deacutecadas de 1920 -1930 daacute nome ao antigo parque

municipal Mas como antes hoje a populaccedilatildeo continua identificando esse espaccedilo como Parque dos Eucaliptos (Figura 14) O referido parque apresentava e apresenta ainda a predominacircncia de eucaliptos conforme se observa na construccedilatildeo poeacutetica que se segue

O Parque dos Eucaliptos Que lindo plaino Que docilidade Da natureza quando rompe o dia Ou quando a tarde cai saudosa e fria Naquela singular tranquumlilidade A viraccedilatildeo que silva e que se evade O estandarte das flores alicia A adoraacutevel fragacircncia que irradia A perfumosa vegetabilidade Os eucaliptos de bailar natildeo cessam Enquanto os pombos ceacuteleres regressam Agrave paz acolhedora do pombal Cair da tarde E a viraccedilatildeo fogueira Envolve sussurrante e prazenteira A vesperal paisagem do Arraial (CYSNEIROS 1979 p 11)

Pode-se entatildeo apreender dessa poesia que outrora o parque realmente exibia outra denominaccedilatildeo jaacute com a

vegetaccedilatildeo predominante de eucaliptos mas da mesma forma que antes a sensaccedilatildeo de bem-estar eacute transmitida agraves pessoas que o frequentam Transparece ainda a consistecircncia do relevo local quando o autor inicia o texto e diz ldquoQue lindo plainordquo evocando claramente a ideia de relevo plano informaccedilatildeo importante tendo-se em vista ser o municiacutepio incrustado entre sete colinas e ademais vai favorecer a funccedilatildeo de lazer que se sobressai frente agraves outras que existe na atualidade No sentido de dar mais solidez as reflexotildees cita-se mais uma poesia que enfoca a beleza a vegetaccedilatildeo e o imaginaacuterio popular do passado em relaccedilatildeo ao parque dos eucaliptos (Figuras 15 16 e 17) permitindo assim que se possa estabelecer alguns tecircnues viacutenculos com o presente

Figura 14 Predominacircncia de eucaliptos Dourado-GaranhunsPE Foto M Amador 2012

94- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O Parque dos Eucaliptos

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns Entre sonhos e riscos As bicicletas reluziam de homens Com quadro As de moccedila com Tela rendada multicolorida sobre A roda traseira ldquoMe daacute uma triscardquoDizia um moleque E laacute seguiacuteamos triscando por Entre os perfumados eucaliptos A casinha dos macacos Pulando alegres o cercado da ema Pescoccedilo imenso olhos arregalados Coelhos algumas pacas e muitas Cotias Bicicletas ldquotriscandordquo na gente O menino de rolete de cana Doce que soacute a peste gritava Pirulito e sorvete Tardes de sol Ensombreados pelos eucaliptos Carramanchotildees de namorados No centro do parque A construccedilatildeo branca do barzinho

Era uma floresta imensa De perfumados espaccedilos Entremeados de sonhos e Bicicletas O parque de Garanhuns (RENAUX 1979 p 91-92)

Atraveacutes da leitura percebe-se que esse espaccedilo Parque Euclides Dourado ao longo do tempo foi palco de lugar apraziacutevel de passeio e ao que tudo indica em dado momento exibiu uma fauna indicativa de zooloacutegico embora natildeo se possa afirmar por falta de evidecircncias documentais no presente momento Poreacutem quando o autor remete ao fato dos macacos da ema e outros pequenos animais isso faz com que se estabeleccedila uma conexatildeo com um espaccedilolugarpaisagem nos quais o ambiente aparentemente se mostrava mais equilibrado e em harmonia com diversas dimensotildees da sustentabilidade quais seja social econocircmica e ecoloacutegica evidenciando-se nas palavras dos

Figura 15 Vista dos eucapitos Foto de Amador 2012

Figura 16 Vista do parque sob outro angulo Foto M Amador 2012

Figura 17 Parquinho entre os eucaliptos Foto M Amador 2012

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autores poetas citados e que refletem o cotidiano da eacutepoca ldquoO cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locaisrdquo (CAMARGO 2008 p 101)

Observa-se atualmente que o parque encontra-se proacuteximo ao centro da cidade bem como passou a exibir como funccedilatildeo principal o loacutecus de praacuteticas esportivas com equipamentos como pista de caminhada (Figura 18) quadra de jogos (Figura 19) aacuterea especiacutefica de recreaccedilatildeo de crianccedilas entre outros e por ser de caraacuteter municipal tambeacutem abriga uma biblioteca apresentando sua aacuterea externa ajardinada

Figura 18 Pista de caminhada Amador2012 Figura 19 Quadra esportiva Amador 2012

Poreacutem o sentimento de pertencimento e a ideia introjetada pela populaccedilatildeo da possibilidade de bem-estar advindo

da praacutetica de exerciacutecio fiacutesicos tecircm ressaltado nesse espaccedilo mais que qualquer outra a dimensatildeo social e a psicoloacutegica A primeira pela ldquopossibilidade de lazer que essas aacutereas oferecem agrave populaccedilatildeordquo e a segunda pela ldquopossibilidade de realizaccedilatildeo de exerciacutecios de lazer e de recreaccedilatildeo que funcionam como atividades ldquoante-estresserdquo e relaxamento uma vez que as pessoas entram em contato com os elementos naturais dessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

122 Parque Ruber Van Der Linden

O Parque Ruber Van Der Linden apresenta significativa importacircncia para o municiacutepio de Garanhuns Sua proacutepria

histoacuteria jaacute eacute relevante pois foi o primeiro espaccedilo com caracteriacutesticas ecoloacutegicas do interior pernambucano e desde sua criaccedilatildeo ganhou popularidade junto aos seus habitantes os quais reservavam horas livres para passeios em um ambiente agradaacutevel e diferente em relaccedilatildeo ao centro urbano ressaltando-se que nos dias atuais eacute considerado um dos mais apraziacuteveis espaccedilos verdes de Garanhuns e regiatildeo

O parque tem este nome devido ser uma homenagem a quem o implantou e administrou o Engenheiro Ruber Van

Der Linder cidadatildeo garanhuense nascido em 28 de junho de 1896 ldquomuito estudioso aprofundou-se nos conhecimentos de agronomia pecuaacuteria e engenharia civil fiacutesica e quiacutemica ()rdquo Tambeacutem eacute considerado ldquohistoriador jornalista desenhista e poetardquo (GUEIROS SILVA AMADOR 2009) De acordo com Recircgo

Durante vaacuterios anos no cargo de gerente da empresa de aacutegua e luz do municiacutepio com recursos proacuteprios da mencionada empresa idealizou e implantou o ldquopau pombordquo que hoje tem o seu nome ldquoParque Ruber Van Der Lindenrdquo considerando-o uma pequena reserva florestal significando sobretudo um alerta para a defesa dos mananciais e a formaccedilatildeo de uma aacuterea ecoloacutegica para o ldquooacuteciordquo dos homens apoacutes a estafante labuta semanal e recreio destinado a gurizada (REcircGO 1987 p 195)

O parque funcionava na antiga Companhia de Abastecimento de Aacutegua e Luz de Garanhuns sendo reformado pela uacuteltima vez em 1994 Inicialmente essa aacuterea era denominada de ldquoo pau pombo ficava em siacutetio desmembrado da propriedade de Sr Joatildeo Carneiro que se iniciava em residecircncia ruacutestica ao lado direito da Matriz de Santo Antocircniordquo (CAVALCANTI 1893 p 247) Esse parque situa-se aproximadamente a menos de 500 metros do centro da cidade e apesar dessa proximidade manteacutem-se bem arborizado com flores paacutessaros saguumlins preguiccedila e mantendo uma das

96- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

nascentes do Rio Mundauacute tornando-se assim um dos mais requisitados pontos turiacutesticos da cidade de acordo com Gueiros Silva Amador (2009)

Adquirido pela ldquocompanhia de melhoramentosrdquo ldquoo pau pombordquo recebeu inuacutemeros benefiacutecios inclusive com a construccedilatildeo de accedilude sob a orientaccedilatildeo de Ruber Van Der Linder Era tambeacutem um dos locais apraziacuteveis da cidade e nele se realizavam sempre os piqueniques Naquele tempo os homens todos vestidos a caraacuteter em trajes de passeio formal (paletoacute e gravata) as senhoras com suas roupas domingueiras e chapeacuteus de abas longas muito em voga na eacutepoca Natildeo faltava orquestra nem cantores inclusive o boecircmio Augusto Calheiros (CAVALCANTI 1893 p 247)

No entanto apesar de toda essa diversidade fauniacutestica floriacutestica e esteacutetica que transpotildee seacuteculos percebe-se que natildeo haacute uma valorizaccedilatildeo adequada por parte da populaccedilatildeo nem do setor puacuteblico municipal O referido espaccedilo eacute frequentemente utilizado para visitaccedilatildeo de turistas principalmente em momentos de festividades na cidade (Figura 20) ficando agrave revelia de seus moradores Importante salientar que o Parque em apreccedilo estaacute situado em uma aacuterea em declive o que proporciona o uso do desenho do terreno para o embelezamento do parque atraveacutes dos terraceamentos (Figura 21) que foram feitos para facilitar o escoamento de aacuteguas de chuvas contribuir na sustentaccedilatildeo do solo na encosta e tambeacutem aproveitados tambeacutem para dar maior conforto ao usuaacuterio do parque em seus passeios

Figura 20 Movimento de turistas Figura 21 Passeio em terraceamento

Foto M Amador 2012 Foto M Amador 2012

Recentemente tecircm-se notiacutecias de que se estaacute usando o lugar para praacuteticas de educaccedilatildeo ambiental atraveacutes de iniciativas de alguns profissionais do ensino o que eacute bastante salutar A valorizaccedilatildeo natureza eacute de fundamental importacircncia para que se possa garantir bem estar e qualidade de vida para as futuras geraccedilotildees Endossa-se pois as iniciativas levadas agrave praacutetica pela educaccedilatildeo ambiental visto ser um processo de (re) educaccedilatildeo contiacutenua na esperanccedila que o ser humano se harmonize com o meio ambiente jaacute que ldquoa problemaacutetica ambiental exige mudanccedilas de comportamentos de discussatildeo e construccedilatildeo de formas de pensar e agir na relaccedilatildeo com a naturezardquo (BRASIL 1998 p180)

Segundo estudo de Gueiros Silva Amador (2009) o parque possuiacutea aacutervores raras como a Jacaratiaacute e que natildeo existe mais afirmaccedilatildeo encontrada em Valenccedila (2012) que indica ter sido orientaccedilatildeo de Rubens Van Der Linden a transformaccedilatildeo do Siacutetio Vaacuterzea um verdadeiro pomar onde se encontrava frutos de clima temperado como a uva e o caquiacute aleacutem da jacaratiaacute hoje extinta no Nordesterdquo O jaracatiaacute faz parte do contexto de vegetaccedilatildeo endecircmica amazocircnico-nordestino e por ser Garanhuns-PE uma aacuterea de exceccedilatildeo por estar sobre o Planalto da Borborema (Figura 22) beneficiada com uma pluviometria caracteriacutestica de brejos de altitude geralmente entre 500 e 1100 mm ofereciaoferece condiccedilotildees ambientais para florestas de certo porte conforme Tabarelli ( 2012 p 287)

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Figura 22 Ilustraccedilatildeo de uma aacuterea de exceccedilatildeo por altitude Fonte TABARELLI Disponiacutevel em httpwwwculturaapicolacomarapunteslibrosCaatingaparte9_brejospdf Acesso em 04 set 2012 p 287)

Quanto agrave diversidade fauniacutestica no presente a mesma se constitui principalmente de insetos paacutessaros saguins e algumas preguiccedilas que vivem nas copas das aacutervores e dificilmente satildeo vistas Tambeacutem uma das nascentes do Rio Mundauacute

Logo a principal funccedilatildeo do Parque Ruber Van Der Linden eacute de ordem ecoloacutegica pois dispotildee de maior diversidade de espeacutecies floriacutesticas e fauniacutesticas maior interaccedilatildeo solo ndash planta ndash aacutegua Formalmente uma aacuterea livre eou parque com massa verde significativa favorece o ldquoprovimento de melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar aacutegua e solo resultando no bem estar dos habitantes devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo do solo natildeo impermeabilizado e de uma fauna mais diversificada nessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

Como ultimas consideraccedilotildees sobre o trabalho dos parques entende-se que os mesmos abordados nesse trabalho possuem uma longa trajetoacuteria junto ao municiacutepio considerado os quais ora se adaptaram agraves novas demandas da populaccedilatildeo ressaltando-se aacuterea de lazer mas tambeacutem eacute visiacutevel que a relaccedilatildeo que estaacute estabelecida no seio da populaccedilatildeo em geral eacute de afastamento com este bem chamado parque urbano difuso e de fundamental importacircncia para o bem estar das pessoas e do ambiente em termos macros entendendo-se como local municipal Nesse sentido acredita-se serem os estudos da percepccedilatildeo ambiental essenciais para compreender as inter-relaccedilotildees entre o homem e o ambiente

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Planalto da

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98- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

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102- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL

DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS

(BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE

PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE

CALCcedilADO-PE

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Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

O tratamento da temaacutetica ambiental eacute por assim dizer atividade bastante complexa do ponto de vista teoacuterico e mais ainda do ponto de vista da praacutexis Somente as accedilotildees desenvolvidas do ponto de vista da holisticidade da temaacutetica eacute que conseguem apresentar resultados satisfatoacuterios no tocante agraves tentativas de recuperaccedilatildeo e preservaccedilatildeo de ambientes degradados locais regionais ou planetaacuterio ndash a biosfera Tal complexidade abarca ateacute a maneira de como se deve conceber o meio ambiente

Francisco de Assis Mendonccedila

(MENDONCcedilA 2004 p70)

No desenvolvimento de uma pesquisa uma seacuterie de reflexotildees satildeo necessaacuterias para uma boa execuccedilatildeo das atividades as quais se seguiratildeo no decorrer dos estudos Tratar da temaacutetica ambiental ainda em emergecircncia a qual estaacute inserida na atualidade eacute um desafio e ao mesmo tempo uma necessidade pois natildeo se pode deixar que discursos poliacuteticos e midiaacuteticos sirvam de norte para a maioria da populaccedilatildeo mundial Eacute de suma importacircncia que ao falar de meio ambiente possa-se dar meios para que a compreensatildeo deste tema seja bem alicerccedilado em teorias e concepccedilotildees pertinentes aos tempos em que vivemos trabalhando de forma integrada o a natureza e o homem Neste sentido a anaacutelise da Barauacutena (Schinopsis brasiliensis) num contexto sistecircmico agregado agraves questotildees ambientais na relaccedilatildeo do homem com a natureza eacute uma fonte quase que inesgotaacutevel de diversas possibilidades de variaacuteveis que se apresentam como essenciais para se adquirir um resultado satisfatoacuterio da pesquisa Assim para que a execuccedilatildeo se encaminhasse pela proposta pretendida foi necessaacuterio a interdisciplinaridade no que se refere agrave anaacutelise social e natural que mediante essa interaccedilatildeo permitiu trazer o pensamento complexo proposto por Edgar Morin o qual defende um diferente olhar paradigmaacutetico natildeo necessariamente novo mas suficientemente transformador na abordagem da temaacutetica ambiental

104- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A existecircncia da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado- PE levou agrave busca de argumentos que subsidiassem uma discussatildeo sob o vieacutes sistecircmico voltado a paisagem verde e no caso especiacutefico a pesquisa centrou-se nas aacutervores do semiaacuterido nordestino e para ser mais preciso da Caatinga bioma uacutenico no mundo tendo-se como foco a espeacutecie barauacutena por ter existido em abundancia no passado e atualmente estar em processo de extinccedilatildeo no referido municiacutepio

Os elementos que se apresentam como propostas nesta anaacutelise afirmam estabelecer novas concepccedilotildees agravequelas que segregam as relaccedilotildees de diaacutelogo entre o homem e o meio que do ponto de vista geograacutefico se reportam natildeo apenas a meras descriccedilotildees mas acima de tudo a buscar os fluxos concretos de interaccedilatildeo do natural com o social Assim natildeo foi observada qualquer paisagem como algo estaacutetico mas sempre observada como algo dinacircmico que se abre e permite desvendar novas formas de vecirc-las tanto ligadas a sensibilidade e imaginaccedilatildeo das pessoas quanto a proacutepria capacidade de transformaccedilatildeo natural do meio

Como jaacute exposto esta anaacutelise se reporta a pesquisa que trouxe como tema ldquoA Relaccedilatildeo Natural e Social da Schinopsis brasiliensis (Brauacutena) com o Meio Rural e Urbano numa Perspectiva de Paisagem Verde no Municiacutepio de Calccedilado-PErdquo a qual fez parte de um trabalho de maior porte sobre o verde do agreste tanto rural quanto urbano Nesse contexto reconhecer a Brauacutena ou Barauacutena do sertatildeoagreste como tambeacutem eacute denominado foi papel fundamental no caminhar desta pesquisa podendo-se perceber o quanto a mesma eacute notaacutevel sua importacircncia para cada lugar no sentido de troca de benefiacutecios com outras espeacutecies e tambeacutem da proacutepria identidade de moradores e seu apego com elas

A Brauacutena do Sertatildeo considerada aacutervore nobre eacute nativa dessa regiatildeo No bioma Caatinga e no estado de Pernambuco admite-se que haacute ocorrecircncia de ateacute dez indiviacuteduos por hectare As Schinopsis brasiliensis (Brauacutenas) de ordem sapendalesda famiacutelia anacordiacease gecircnero schinapes satildeo aacutervores espinhentas e de comportamento deciacuteduo As maiores aacutervores atingem dimensotildees proacuteximas a 15 m de altura na idade adulta sendo uma das maiores aacutervores da caatinga As flores satildeo pequenas medindo de 3 mm a 4 mm de diacircmetro brancas glabras e suavemente perfumadas O fruto eacute uma drupa alada medindo de 3 cm a 35 cm de comprimento de coloraccedilatildeo castanho-claro e cheia de massa esponjosa A brauacutena apresenta crescimento lento a idade de corte daacute-se geralmente entre 20 a 30 anos Eacute uma espeacutecie nobre da caatinga como jaacute descrito e devido a grande variedade na sua utilizaccedilatildeo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Isso se seguiu ao quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido (EMBRAPA 2009) e aqui fica a preocupaccedilatildeo quem fiscaliza essa proibiccedilatildeo Em termos de comercializaccedilatildeo formal ateacute se admite haver fiscalizaccedilatildeo mas no dia a dia do campo frente agrave necessidade de espaccedilo para outras culturas e principalmente pastos acredita-se que quem sabe ignora e quem natildeo sabe considera sua derrubada um ato natural e sem nenhuma consequecircncia seja para o ambiente seja para eles mesmos

Objetivou-se analisar a Barauacutena em sua funcionalidade tanto natural quanto social inserida na aacuterea rural e urbana do municiacutepio de Calccedilado-PE num contexto sistecircmico atrelado a questotildees que envolvem o verde da paisagem principalmente rural Essa questatildeo ligada ao verde abre um amplo debate em vaacuterios segmentos do contexto ambiental e propotildee uma seacuterie de interconexotildees com vaacuterias aacutereas afins mas na pesquisa em questatildeo deu-se ecircnfase ao verde associado a uma funccedilatildeo social e natural Tem grande relevacircncia quanto a necessidade do municiacutepio conhecer e reconhecer a Barauacutena como aacutervore de importacircncia iacutempar para a sociedade e para o meio natural tambeacutem pela relevacircncia de se refletir e socializar a compreensatildeo do objeto de estudo para evidenciar e discutir a questatildeo da preservaccedilatildeo e da sua funccedilatildeo para a paisagem como parte de um sistema bem como servir de base para fundamentaccedilatildeo de pesquisas posteriores

O estudo foi realizado no municiacutepio de Calccedilado-PE o qual estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco (Figura 1) fazendo parte do semiaacuterido distante 2001 Km do Recife e destaca-se pela produccedilatildeo agriacutecola de feijatildeo A temperatura meacutedia anual eacute de 221 ordmC

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Figura 1 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Calccedilado - PE Adaptado por Raiacute Viniacutecius 2014

1 HISTOacuteRICO E CARACTERIZACAO DE CALCADO-PE

O nome Calccedilado originou-se de um boi preto cujas patas eram totalmente brancas chamado por isso ldquoO Boi Calccediladordquo O boi vivia solto e costumava pastar e descansar a sombra da aacutervore denominada barriguda Essa aacutervore existia onde eacute hoje o centro da cidade Daiacute resultou a expressatildeo ldquopara onde vais Vou para Calccediladordquo A cidade acha-se edificada em uma semiencosta declive de um oitizeiro

Em 1825 era uma fazenda de propriedade do senhor Bernadino Alves do Nascimento conhecido por Bernardo Pedra devido seu riacutegido caraacuteter Existiam quatro casas onde residiam os senhores Tomas Vieira Bernardino Alves do Nascimento Joatildeo Gonccedilalves e Joseacute Vieira

Foi construiacuteda uma capela sob a invocaccedilatildeo de Nossa Senhora de Lourdes Teve como bem feitor o senhor Bernardino que lhe doou a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e um sino recebidos de presente do Padre Moura em um dos vaacuterios passeios em sua residecircncia Doou ao mesmo tempo o terreno para que fizesse parte do patrimocircnio da Igreja cujos direitos continuam vigorando ateacute hoje Com auxiacutelio de sua santa protetora que se encontra atualmente na Igreja Matriz Calccedilado desenvolveu-se muito no decorrer dos anos

Em 1845 jaacute se achava bem povoado Existia um nuacutemero de noventa casas destacando-se as residecircncias dos senhores Cacircndido Alexandre e Joseacute Alexandre da Silva

Calccedilado foi no passado grande centro comercial e industrial com a faacutebrica de beneficiar algodatildeo pertencente ao saudoso Cacircndido Alexandre Passando a Vila em 1885 viveu muitos anos sob os domiacutenios de Canhotinho-PE sendo a maior fonte econocircmica e poliacutetica daquele municiacutepio

Em primeiro de fevereiro de 1932 foi elevado agrave categoria de Paroacutequia tendo como primeiro vigaacuterio o Padre Sizenando Saacute Barreto Sucederam-se outros padres os quais contribuiacuteram muito para o progresso do municiacutepio

Em iniacutecio de fevereiro de 1963 nasceu nos coraccedilotildees dos Calccediladenses um desejo de emancipaccedilatildeo Foram organizados os documentos necessaacuterios e enviados agrave Assembleia do Estado Logo se deu a formaccedilatildeo administrativa onde a divisatildeo referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Calccedilado No quadro fixado para vigorar no periacuteodo de 1944-1948 o distrito de Calccedilado permanece no municiacutepio de Canhotinho Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 01 de julho de 1960

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Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Calccedilado (Figura 1) ja evidenciado acima pela Lei Estadual nordm 4948 de 20- de dezembro de 1963 desmembrado de Canhotinho Sede no antigo distrito de Calccedilado Constituiacutedo do distrito sede Instalado em 22 de fevereiro de 1964 Em divisatildeo territorial datada de 01 de janeiro de 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo do distrito sede Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 2005 (IBGE 2013)

2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A pesquisa em si teve como base metodoloacutegica adotada o levantamento bibliograacutefico bem como a ida ao campo para observaccedilotildees e entrevistas algumas tendo como objetivo o resgate de histoacuteria oral que expressassem essa conotaccedilatildeo de diaacutelogo entre o objeto de estudo e o cotidiano das pessoas

Em termos de procedimento mostrou-se tambeacutem necessaacuterio agrave interdisciplinaridade no trato de questotildees expostas que emergiram no processo de evoluccedilatildeo do estudo bem como o uso da percepccedilatildeo como ferramenta de anaacutelise da paisagem a qual assume ser peccedila fundamental numa pesquisa voltada a temaacutetica sobre meio ambiente Houve tambeacutem aplicaccedilatildeo de questionaacuterios associados agrave entrevistas aos moradores proacuteximos do objeto de estudo e sempre que possiacutevel utilizou-se a maacutequina fotograacutefica para tomada de algumas fotos importantes na documentaccedilatildeo do trabalho de campo

Na identificaccedilatildeo da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado-PE inicialmente realizou-se uma busca aos siacutetios que estatildeo inseridos na aacuterea de estudo Procurou-se tambeacutem o conhecimento mesmo que preliminar dessa aacutervore na dinacircmica de cada localidade Cabe salientar ainda que esta pesquisa integrou trabalhos no Grupo de Estudos Sistecircmicos do SemiAacuterido do Nordeste ndash GESSANE compondo o projeto denominado ldquoO verde na paisagem agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo que visa obter um quadro da situaccedilatildeo do verde urbano e rural de municiacutepios na aacuterea de abrangecircncia de Garanhuns considerado polo educacional turiacutestico e comercial na microrregiatildeo considerada

3 PERSPECTIVAS E DISCUSSOtildeES DA BARAUacuteNA NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO- PE

Na pesquisa que foi desenvolvida houve a percepccedilatildeo da importacircncia da Barauacutena tanto para a sociedade quanto para a proacutepria dinacircmica natural No municiacutepio de Calccedilado foi encontrada a aacutervore em alguns dos siacutetios quais sejam o Siacutetio Pitombeira Boa Vista Mocoacutes Riacho Dantas Olho dacuteagua Velho e Vaacuterzea do Gado Cabe salientar que destes citados o Siacutetio Pitombeira se sobressai por uma quantidade maior de aacutervores dessa espeacutecie As fotos mostradas abaixo satildeo de barauacutenas no Siacutetio Pitombeira (Figuras 2 e 3)

Figuras 2 e 3 Barauacutenas no Sitio Pitombeira em Calccedilado ndash PE 2013 Foto Raiacute Viniacutecius 2013

O relacionamento dessa aacutervore com o ser humano remete a uma sensaccedilatildeo de lembranccedilas que por muitas vezes

gera apego pois se apresentam como objeto causador dessas lembranccedilas Caracterizando-se essa visatildeo de apego foi notado algumas caracteriacutesticas que revelam o forte sentimento de pertecimento com essas aacutervores e portanto absorve-

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se daiacute um cuidado maior que tornam algumas pessoas praticamente defensores tenazes das barauacutenas e de todas as aacutervores de grande porte do semiaacuterido

Espera-se no entanto que esses sentimentos percebidos tenham maior abrangecircncia e que esses valores consigam alcanccedilar outras geraccedilotildees de herdeiros coadunando-se assim com uma das mais importantes premissas da sustentabilidade ambiental a qual pode ser entendida como um principio

O principio da sustentabilidade coloca a preservaccedilatildeo e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais como condiccedilatildeo essencial para a reproduccedilatildeo socioeconoacutemica da sociedade seja ela urbana ou rural (MARTINS SOARES 2010 p 149 apud AMADOR 2011 p52)

Cabe agora abordar nessa discussatildeo a conceituaccedilatildeo de percepccedilatildeo e sua utilizaccedilatildeo nesta pesquisa e antes de fazer a relaccedilatildeo da percepccedilatildeo com a questatildeo ambiental eacute importante conhecer o que de fato eacute percepccedilatildeo

[] destina-seas formas em quehomem sentee entende oambiente(naturaleartificial) especialmenteinfluenciadopor fatores sociaise culturaisTrata-se deuma reflexatildeo sobre oniacutevel de conhecimentoe de sua organizaccedilatildeo os valores que foram colocadas sobremeio ambienteas preferecircnciasdo homem ea maneira em que as escolhassatildeo exercidase os conflitosresolvidos(ONU 1973 p 09)

O conceito de percepccedilatildeo ambiental num contexto mais amplo nas diferentes ciecircncias agrega na proacutepria discussatildeo ambiental uma conotaccedilatildeo subjetiva e carregada de atributos que a torna complexa envolvendo pontos de interseccedilatildeo entre a geografia e a psicologia para o surgimento da percepccedilatildeo

Eacute interessante notar como esse conceito tem estabelecido conexotildees entre um estudo sobre o meio fiacutesico afeito aos meacutetodos da geografia ou da arquitetura e uma reflexatildeo sobre as relaccedilotildees desse meio com a subjetividade proacutepria do instrumental psicoloacutegico Parece ser exatamente por se colocar no meio do terreno que esse conceito tem sido definido de maneira ora mais proacutexima agraves ciecircncias naturais ora mais proacutexima aos saberes que no passado foram chamados lsquociecircncias do espiacuteritorsquo Percepccedilatildeo ambiental eacute uma representaccedilatildeo cientiacutefica e como tal tem sua utilidade definida pelos propoacutesitos que embalam os projetos do pesquisador (PACHECO 2009 pag 19)

Para Tuan (1980) ldquoestudar a percepccedilatildeo leva o sujeito agrave compreensatildeo de si mesmordquo Assim eacute importante entender que a percepccedilatildeo no caso em que foi analisada assumiu uma postura das relaccedilotildees de afeto ao lugar onde fez-se necessaacuteria uma visatildeo sistecircmica dessa relaccedilatildeo

No caso especiacutefico da interpretaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de paisagens naturais construiacutedas e ecleacuteticas temos um avanccedilo significativo a partir do iniacutecio da deacutecada de 1980 estimulado pelos estudos inter e multidisciplinares na aacuterea das Ciecircncias Ambientais especialmente no campo da Ecologia de Paisagens influenciados pela visatildeo sistecircmica (GUIMARAtildeES 2009 p 4-5)

Importante salientar que a percepccedilatildeo ambiental natildeo toma para si uma anaacutelise das representaccedilotildees da realidade mas discute cientificamente perspectivas complexas que aparecem como fundamentais num contexto amplo

Discutir o conceito de percepccedilatildeo ambiental natildeo eacute portanto uma questatildeo de dizer quais das representaccedilotildees parecem corresponder melhor agrave realidade mas elucidar as perspectivas cientiacuteficas sociais ou poliacuteticas veiculadas atraveacutes da utilizaccedilatildeo desse conceito (EacuteSER HILTON 2006 p 7)

Eacute a partir da percepccedilatildeo ambiental que se pode pensar a paisagem como um centro de expansotildees e retraccedilotildees de nossos pensamentos e sentimentos O uso da percepccedilatildeo numa anaacutelise sobre o meio ambiente possibilita uma escuta de valores necessidades e expectativas sobre determinada unidade ambiental

A Barauacutena eacute uma espeacutecie da Caatinga e devido a grande variedade de sua utilizaccedilatildeo e de ser madeira considerada ldquonobrerdquo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Consequentemente isso acarretou o quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido e a pesquisa vecircm reafirmar veementemente esse fato

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Ressalta-se nesse ponto que de acordo com Tarsa (2008 p 33 ndash 34 apud ARRUDA 2013 p 97) ldquoa Caatinga eacute hoje uma das regiotildees do planeta mais ameaccediladas pela exploraccedilatildeo humana predatoacuteria e eacute uma das menos protegidasrdquo aleacutem de ser comprovadamente um dos ecossistemas de ecologia fraacutegil e pouco conhecido bem como sujeito ao processo de desertificaccedilatildeo como ja preconizado deacutecadas atraacutes pelo ecoacutelogo Vasconcelos Sobrinho

As discussotildees que envolvem as questotildees ambientais demandam atenccedilotildees no meio acadecircmico favorecendo assim o surgimento de pesquisas nas quais a complexidade presente nesse tema contribua para reflexatildeo da necessidade e importacircncia colaborativa tanto entre os professores das diversas aacutereas do conhecimento quanto para a populaccedilatildeo em geral pois se acredita que o trabalho sistecircmico e interdisciplinar que tambeacutem eacute complexo contribui na relaccedilatildeo intriacutenseca que existe entre o homem e o meio

Entatildeo a discussatildeo sobre a temaacutetica ambiental que se estendeu desde o naturalismo passando por vaacuterias vertentes do pensamento moderno e poacutes-moderno natildeo conseguiu tratar adequadamente desses dois segmentos da ciecircncia humana e natural de forma integrada mas que conforme o tempo passa cada vez mais se vai estreitando e ficando quase que impossiacutevel serem trabalhadas de forma segregada

Assim ao se descobrir que o meio ambiente afirma as complexas interrelaccedilotildees entre o social e o natural ambos em constante transformaccedilatildeo comeccedilam a surgir vaacuterias discussotildees no meio acadecircmico e o aparecimento de muitos trabalhos que evidenciam a problemaacutetica nesse contexto Torna-se relevante em consequecircncia uma ampla discussatildeo que se integre em diversas aacutereas do saber onde o pensamento complexo possa tomar para si o tema e abordar sob a oacutetica fundamental das relaccedilotildees que se estabelecem na discussatildeo de ambos os contextos perfazendo um caminho de diaacutelogo entre eles

O dialogo nesse contexto por sua vez exige o imaginaacuterio presente na sociedade e a humildade do pensar cientiacutefico Mas mesmo assim ainda considera-se insuficiente frente agrave falta de sensibilidade para questotildees dessa natureza vindas principalmente do setor administrativo em todas as esferas hieraacuterquicas o qual vive e segue o sistema econocircmico reinante em sua plenitude Constata-se que a realidade eacute ecossistemica e portanto dinacircmica ao mesmo tempo humana e subjetiva artificial e objetiva

Pensar nos fatos abordados calcados no sistemismo eacute pensar sob um vieacutes amplo e aberto ao dinamismo complexo que se estabelece a partir das variaacuteveis existentes das mais diversas aacutereas do conhecimento Nessa visatildeo que une as vertentes fiacutesicas agrave humana tem-se que adentrar em termos mais amplos onde a percepccedilatildeo que foi peccedila fundamental neste trabalho entrou em cena como um forte meio para execuccedilatildeo dos estudos Na Geografia a questatildeo da percepccedilatildeo ambiental se apresenta como um elo capaz de aproximar o sub-ramo fiacutesico ao humano e eacute atraveacutes dessa percepccedilatildeo que as discussotildees devem ser feitas com muita profundidade para o desenvolvimento de reflexotildees acerca do meio ambiente

4 SOCIEDADE versus NATUREZA

Pensar e refletir sob a perspectiva sistecircmica e complexa do meio ambiente com o uso da Barauacutena como elemento

fundamental talvez pareccedila num primeiro instante algo novo que traz uma possiacutevel busca de unir vertentes fiacutesica agraves humanas e que talvez suas raiacutezes estejam fincadas em solos rasos

Natildeo o que no entanto essa nova visatildeo traz eacute algo que vai muito aleacutem do que um simples olhar superficial e de aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas ultrapassadas para esse tipo de abordagem face ao desenvolvimento do conhecimento o que essa anaacutelise propotildee eacute um olhar amplo soacutelido e embasado numa discussatildeo que se estende nas mais diversas aacutereas do conhecimento e que natildeo se fecha a tomada de novas variaacuteveis pois estas enriquecem sem sombra de duacutevida aos questionamentos que movem o mundo cientiacutefico

O homem que se diz um ser cultural e assim o eacute tambeacutem tem que tomar para si consciecircncia de que ao mesmo tempo eacute natureza e essa visatildeo conjunta torna-o parte e protagonista do relacionamento com o ambiente afirmando a complexidade que existe nesse relacionamento carregado de fatos concretos e de valores impliacutecitos que os tornam fonte inesgotaacutevel de estudos sistecircmicos

A natureza em nenhuma hipoacutetese deve ser taxada como uma obra estaacutetica ou mesmo ateacute acabada ela antes de tudo eacute sempre algo que se renova e estaacute em uma contiacutenua transformaccedilatildeo acompanhando tambeacutem essa evoluccedilatildeo que o homem vive na atual configuraccedilatildeo social a qual caminha a humanidade Neste sentido a interferecircncia que o homem

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exerce sobre o meio vem aumentando gradativamente e sua influecircncia gera cuidados pois essa mesma influecircncia se caracteriza muitas vezes em accedilotildees erradas onde a agressatildeo e as formas estuacutepidas com que alguns agem fazem com que vidas da fauna e flora estejam correndo riscos eminentes como eacute o caso da Barauacutena uma bela e importante aacutervore do semiaacuterido que atualmente estaacute em risco de extinccedilatildeo

Ao se tratar de questotildees que envolvem a sociedade e a natureza natildeo se pretende aqui discutir as particularidades de cada uma ou mesmo dar prioridade a uma discussatildeo dissociada da outra O que se busca quando tratamos dessas temaacuteticas de forma conjunta eacute trazer os resultados dessa interaccedilatildeo e se fazer uma anaacutelise minuciosa de cada uma delas para formaccedilatildeo de um contexto que eacute mais amplo porque faz emergir a complexidade presente

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O pensamento complexo na questatildeo ambiental trazida principalmente por Edgar Morin vem ao encontro de uma

nova reflexatildeo sobre a questatildeo em pauta deixando de ser apenas natural e passando a se relacionar ao social proporcionando assim novas discussotildees e o surgimento de novos paradigmas em vaacuterias aacutereas do conhecimento aleacutem do conceito de uma organizaccedilatildeo sistecircmica quebrando preconceitos e tabus que pudessem existir sobre o meio ambiente e o uso dessa expressatildeo

Essa questatildeo abriu as portas ao despertar ecoloacutegico tratado por Alfredo Pena-Vega que calcado nas concepccedilotildees complexas do proacuteprio Edgar Morin escreveu sobre as intriacutensecas relaccedilotildees de dependecircncias e independecircncias do homem e do meio como integrante de um sistema e sem esquecer contudo da questatildeo da preservaccedilatildeo do meio ambiente que se tornou de relevante importacircncia devido aos muitos desequiliacutebrios ecoloacutegicos respaldado tambeacutem numa reorganizaccedilatildeo epistemoloacutegica colocada pelo Michel Foucault (1966) como salientado por Pena-Vega em sua obra ldquoO Despertar Ecoloacutegicordquo (2003) o que possibilitou novas visotildees sobre ecologia

Essa visatildeo de sistemas colocada para tornar o meio ambiente parte dinacircmica relacionada agrave accedilatildeo humana foi tido como principal meacutetodo de abordagem que evidenciasse justamente essa relaccedilatildeo existente entre o natural e o social pois na evoluccedilatildeo do pensamento geograacutefico desde sua sistematizaccedilatildeo com Humboldt que era naturalista e Ritter que descrevia as organizaccedilotildees espaciais dos homens sobre os diferentes lugares atrelaram-se a essas vertentes poreacutem com dissociaccedilotildees que ao mesmo tempo as separavam Mais tarde Ratzel propocircs uma visatildeo do determinismo dos lugares sobre o homem contrapondo-se a isso La Blache concebia as possibilidades que o homem poderia ter sobre o meio e a separaccedilatildeo entre elementos fiacutesico-naturais e elementos humano-sociais No entanto nenhuma dessas concepccedilotildees conseguiu inter-relacionar sistemicamente o homem com o meio natural

Seguindo-se a discussatildeo do pensamento complexo e a ideia de sistemas eacute notaacutevel que nem o meacutetodo positivista que natildeo conseguia associar a questatildeo fiacutesica agrave humana nem o marxismo que partia da criacutetica do homem e sua sociedade foram capazes de conceber em seus estudos as relaccedilotildees complexas do meio ambiente sendo a teoria de sistemas o principal meacutetodo encarregado do estudo dessa aacuterea Por volta dos anos 1930 surge a abordagem sistecircmica defendida e divulgada por Ludwig von Bertalanffy bioacutelogo alematildeo e que soacute deacutecadas depois teve a obra Teoria dos Sistemas difundida em praticamente todas as aacutereas da ciecircncia

Chegamos entatildeo a uma concepccedilatildeo que por oposiccedilatildeo ao reducionismo podemos denominar perspectivismo Natildeo podemos reduzir os niacuteveis bioloacutegico social e do comportamento ao niacutevel mais baixo o das construccedilotildees e leis da fiacutesica Podemos contudo encontrar construccedilotildees e possivelmente leis nos niacuteveis individuais [] O principio unificador e que encontramos organizaccedilatildeo em todos os niacuteveis (BERTALANFFY 2009 p 76)

Assim a barauacutena aacutervore tatildeo importante na dinacircmica natural do semiaacuterido eacute um grandioso e ao mesmo tempo

pequeno elemento de uma discussatildeo que abrange diversas concepccedilotildees e que busca essa imersatildeo harmoniosa na relaccedilatildeo do homem com seu meio

A pesquisa sem duacutevida alcanccedilou suas expectativas pois a cada passo dado pocircde-se desvendar essa fascinante dimensatildeo do envolvimento cotidiano e histoacuterico da vida do ser humano totalmente ligado a vida natural e nesse caso especifico ao elemento Barauacutena

110- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_______ Maria Betacircnia Moreira Abordagem geograacutefica de antigas aacutereas algarobadas atraveacutes do estudo sistecircmico dos processos superficiais da paisagem e sua influecircncia na biota local MonteiroPR Maria Betacircnia Moreira Amador ndash Recife Ed Universitaacuteria as UFPE 2013

ARRUDA Lucielma Bernardino Coelho de Alfabetizacao ecoloacutegica a caatinga como ponto de partida In SOUZA Debora Quetti Marques de (Org) Educaccedilatildeo em debate toacutepicos atuais Recife Editora Universitaria da UFPE 2013

BERTALANFFY Ludwig von Teoria geral dos sistemas fundamentos desenvolvimento e aplicaccedilotildees 4 ed Traduccedilatildeo de Francisco M Guimaraes Petropolis Rio de Janeiro Vozes 2009

GUIMARAtildeES Solange T de Lima Percepccedilatildeo Ambiental Paisagem e Valores OLAM- Ciecircncia e Tecnologia Nordm 2 2009lt Disponiacutevel em HTTP www cecemcarcunespbrojsiacutendex-phpolamiacutendex- Acesso em 03062013

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrashomephpgt Acesso em 25 de novembro de 2013

MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e meio ambiente Francisco de Assis Mendonccedila 7 Ed ndash Satildeo Paulo Contexto 2004 ndash (caminhos da Geografia)

PACHECO SILVA Eacuteser e Hilton P Compromissos epistemoloacutegicos do conceito de percepccedilatildeo ambiental Programa EICOSUFRJ Departamento de Antropologia Museu nacional e programa EICOSUFRJ 2009

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo de Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

TUAN Yu Fu Topofilia Um Estudo da Percepccedilatildeo Atitudes e Valores do Meio Ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 111

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE

A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO

JOAtildeOPE

112- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE

SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carecircncia Se cada um tomasse o que lhe fosse necessaacuterio natildeo havia pobreza no mundo e ningueacutem morreria de fome

MAHATMA GANDHI11

Este capiacutetulo aborda reflexotildees sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) sob os pontos de vista ambiental e econocircmico inserida na aacuterea rural do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no acircmbito das questotildees verdes do Agreste Pernambucano atraveacutes da visatildeo sistecircmica Foi idealizado com o intuito de contribuir para uma melhor apreensatildeo sobre esta aacutervore cogitando suas relaccedilotildees no espaccedilo geograacutefico e agraacuterio na qual estaacute absorvida Tambeacutem com a finalidade de contribuir para um maior conhecimento da aacuterea de estudo

Objetivou-se com este trabalho identificar e esclarecer as relaccedilotildees e as funcionalidades que a Jurema Preta tem em seu ambiente natural inserida no municiacutepio em estudo Portanto as informaccedilotildees seratildeo de fundamental importacircncia para os leitores que se interessam pelos assuntos que remetem agraves questotildees ambientais em especiacutefico o verde no ambiente rural enquadrados no sistemismo e na geografia ambiental e conhecer um pouco sobre Satildeo JoatildeoPE

As informaccedilotildees contidas neste capiacutetulo satildeo fruto de uma pesquisa realizada no municiacutepio selecionado por meio de uma bolsa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica atraveacutes do PIBIC-ICUPECNPq2013-2014 Tambeacutem pela experiecircncia de vida do autor e por fontes de autores que tambeacutem trabalham a respeito da Jurema 1 DEFINICcedilAtildeO DA JUREMA PRETA E CARACTERIacuteSTICAS GERAIS

O objeto de estudo eacute a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) de sinocircnimo botacircnico Mimosa hostilisBenth espeacutecie arboacuterea-arbustiva pioneira tiacutepica e encontrada frequentemente no bioma Caatinga pertencente agrave

11 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 113

famiacutelia Fabaceae da ordem das Fabales ocorrendo nas regiotildees semiaacuteridas do Brasil principalmente nos estados do Nordeste brasileiro Tambeacutem eacute conhecida por calumbi em algumas regiotildees do Nordeste

Tem o nome de Jurema Preta para se diferenciar de outro tipo de jurema a Jurema Branca (Mimosa verrucosa ou Mimosa ophtalmocentra Mart Ex Benth) Vasconcelos Sobrinho (1970) define Jurema Preta afirmando que

A Mimosa hostilisBenth Jurema Preta ndash Leguminosa ndash eacute aacutervore de pequeno porte ateacute 5 metros de altura por 020 centiacutemetros de diacircmetro casca escura com acuacuteleos Madeira muito dura castanho-escura geralmente utilizada para carvatildeo em fundiccedilotildees dado o seu alto poder caloriacutefico (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

A Jurema Preta (Figura 1) se destaca pelas suas variadas formas de utilizaccedilotildees devido suas significativas potencialidades que vatildeo desde as suas raiacutezes ateacute suas folhas Dela satildeo feitos vaacuterios produtos de aproveitamento humano e animal

Figura 1 ndash Jurema Preta no siacutetio Vaacuterzea do Barro Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto acima pode ser observado que a Jurema tem um aspecto arboacutereo poreacutem isso vai depender do tipo de solo em que ela estaacute fixada Se for um solo muito pedregoso ficaraacute apenas um arbusto e seu crescimento seraacute limitado e com bastante galhos retorcidos que natildeo viraratildeo estacas Jaacute na imagem da figura 1 o solo eacute mais arenoso e isso faz com que ela cresccedila mais os galhos ficam retiliacuteneos proporcionando melhor qualidade as estacas e a copa fica mais frondosa

114- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na sua morfologia a Jurema tem seu tronco apresentando variaccedilatildeo entre 15-30 centiacutemetros de diacircmetro revestido com uma casca grossa escura rugosa e com espinhos Suas folhas (Figura 2) satildeo bipinadas compostas com 4-7 pares de folhas pinadas O conjunto dessas pinas se estende por hastes (talos) perifeacutericas de 2-4 cm de comprimento e eacute composto por 15-33 pares de foliacuteolos de 5-6 mm de comprimento cada um

Figura 2 ndash Folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

As flores (Figura 3) satildeo alvas pequenas de 4-8 cm de comprimentodispostas em espigas O fruto eacute uma vagem de tamanho pequeno (25-5 mm) e quebradiccedilo quando amadurecido Em cada vagem haacute cerca de 4-6 sementes estas satildeo de coloraccedilatildeo marrom apresentando forma oval e achatada com aproximadamente 3 mm de diacircmetro

Nesse contexto a flor da Jurema eacute muito importante para as abelhas e outros insetos que se alimentam do poacutelen e isso faz com que usem a aacutervore para fins apiacutecolas

Figura 3 ndash Flores e vagem da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 115

Tanto as flores quanto as folhas tem um cheiro caracteriacutestico e forte que ao exalar atraem insetos que iratildeo se

alimentar do seu poacutelen promovendo assim a fecundaccedilatildeo e as sementes seratildeo disseminadas para outras aacutereas Sua floraccedilatildeo eacute bastante perceptiacutevel onde toda a copa da aacutervore fica florida (Figura 4)

Figura 4 ndash Jurema Preta em floraccedilatildeo siacutetio Vaacuterzea da Pedra Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Esta imagem mostra uma Jurema em floraccedilatildeo Seu aspecto fiacutesico eacute de um arbusto e de galhos retorcidos devido

ao local onde estaacute fixada O solo desse local apresenta o predomiacutenio de muitas rochas e com isso acarreta uma limitaccedilatildeo no crescimento das raiacutezes e consequentemente da planta 2 SAtildeO JOAtildeOPE ndash AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo eacute o municiacutepio de Satildeo Joatildeo (figura 5) pertencente ao Estado de Pernambuco situado na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do semiaacuterido pernambucano Administrativamente eacute constituiacutedo pelo distrito sede e pelos povoados de Frexeiras Taquari e Volta do Rio Distancia da capital 236 km atraveacutes da rodovia asfaltada deputado Joseacute Cardoso - PE 177 e a BR 423

116- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 5 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no Estado de Pernambuco

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes satildeo Jupi (24 km ao norte) Jucati (32 km ao norte) Palmeirina (31 km ao sul) Angelim (12 km a leste) e Garanhuns (16 km a oeste) O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Sua emancipaccedilatildeo poliacutetica ocorreu em 25 de novembro de 1958 pela lei nordm 3280 A instalaccedilatildeo do municiacutepio soacute veio a ocorrer em 1962 devido a questotildees poliacuteticas As terras onde o municiacutepio se originou eram pertencentes agrave fazenda Burgos de Manuel da Cruz Vilela Naquelas terras formou-se o Siacutetio Satildeo Joatildeo nome este devido a uma capela dedicada a Satildeo Joatildeo que posteriormente tornou-se povoado e em 1885 figura como distrito de Garanhuns

Satildeo Joatildeo estaacute localizado a uma latitude 08ordm52rsquo32rsquorsquo sul e a uma longitude 36ordm22rsquo00rsquo oeste com altitude de 716 metros Seu bioma eacute a Mata Atlacircntica e se encontra incluiacutedo na unidade geoambiental das Superfiacutecies Retrabalhadas com relevo dissecado e vales profundos Apresenta vegetaccedilatildeo composta por Florestas Subperenefoacutelias e com partes de Florestas Hipoxeroacutefilas No mapa a seguir (Figura 6) mostra o tipo de vegetaccedilatildeo da regiatildeo que no caso predomina a Floresta Estacional Semidecidual

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 117

Figura 6 ndash Mapa mostrando o tipo de vegetaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo-PE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Em relaccedilatildeo agrave hidrografia o municiacutepio insere-se nos domiacutenios da bacia hidrograacutefica do rio Mundauacute e tem como principais afluentes o rio Inhauacutema e os riachos do Papagaio Volta do Rio de Dentro do Tamborim e Mocambo todos de regime intermitentes Ademais conta ainda com a Barragem da Onccedila e o Accedilude Municipal localizada a 1 km do centro da cidade e localizado no proacuteprio centro urbano respectivamente

Os tipos de solos predominantes satildeo o NeossoloRegoliacutetico e o Argissolo Amarelo O mapa a seguir (Figura 7) mostra os tipos e a localizaccedilatildeo destes

Figura 7 ndash Mapa de solos de Satildeo JoatildeoPE Fonte Adaptaccedilatildeo Renner Rodrigues 2013

118- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O clima predominante nesta regiatildeo onde se encontra Satildeo Joatildeo segundo o Plano Territorial de Rede Produtiva ndash

PTRP eacute o Tropical Semiuacutemido ndash Quente com meacutedia maior que 18degC em todos os meses do ano (04 e 05 meses secos) Eacute tambeacutem encontrado o clima Tropical Semiuacutemido ndash Subquente com meacutedia entre 15degC e 18degC em pelo menos 01 mecircs por ano (04 e 05 meses secos) o que eacute caracterizado como micro clima ndash regiatildeo de Garanhuns (PTRP 2012 p 21)

O mapa representado na figura 8 mostra o clima e o micro clima (circulado em vermelho) predominante na parte onde Satildeo Joatildeo estaacute inserido

Figura 8 ndash Tipos de climas do Agreste Meridional

Fonte PTRP 2012

A base da economia do municiacutepio gira em torno da produccedilatildeo agropecuaacuteria tendo produccedilatildeo agriacutecola atual de feijatildeo

milho e mandioca onde antes eram as culturas de cafeacute algodatildeo e cana-de-accediluacutecar A cultura do feijatildeo eacute a que mais se destaca dando a Satildeo Joatildeo o status de maior produtor de feijatildeo da regiatildeo e do Estado de Pernambuco Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o destaque maior eacute a criaccedilatildeo de gado bovino para corte e leite Entretanto tambeacutem satildeo comercializados caprinos ovinos suiacutenos e aves Estas criaccedilotildees satildeo negociadas na feira local (Parque da Feira de Animais de Satildeo Joatildeo) e em feiras de municiacutepios vizinhos a exemplo Capoeiras Garanhuns e Lajedo

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2010 sua populaccedilatildeo absoluta foi de 21312 habitantes com estimativa de 22162 para 2013 A aacuterea da unidade territorial eacute de 258334 kmsup2 Possui densidade demograacutefica de 8250 (habkmsup2)

No turismo o municiacutepio de Satildeo Joatildeo se destaca pelas belezas naturais que se encontram na parte sul do municiacutepio (tambeacutem conhecida popularmente por zona da mata ou simplesmente mata) cita-se como exemplo a Bica do Matatildeo e Barragem Inhumas salientando-se que na Inhumas haacute trilhas de cunho ecoloacutegico proacuteximo agrave cidade estaacute a Barragem da Onccedila (Figura 9) que aleacutem de ser parte dos recursos hiacutedricos do municiacutepio tambeacutem pode ser encontrado resquiacutecios da Mata Atlacircntica com grande biodiversidade Ainda no contexto haacute o Accedilude Municipal que se encontra na cidade sendo um cartatildeo postal e ponto turiacutestico do municiacutepio

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 119

Figura 9 ndash Barragem da Onccedila Siacutetio Olho Drsquoaacutegua da Onccedila Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto satildeo mostrados aspectos das margens da Barragem da Onccedila ao seu redor eacute percebe-se a vegetaccedilatildeo predominante e o relevo se apresenta com algumas elevaccedilotildees acentuadas

No aspecto cultural cita-se o carnaval o qual eacute considerado o melhor da regiatildeo pelos foliotildees do municiacutepio e de cidades proacuteximas Tem as festividades juninas tanto na aacuterea rural quanto na aacuterea urbana No espaccedilo rural tem a Quadrilha Milharal com mais de 20 anos de tradiccedilatildeo No dia 07 de setembro tem a comemoraccedilatildeo da Independecircncia do Brasil com desfile ciacutevico das escolas municipais das particulares e da escola estadual onde abordam temas relevantes ao puacuteblico que as assistem e haacute as apresentaccedilotildees das Bandas Marciais Mirim e dos Ex-Alunos no dia 25 de novembro tem a comemoraccedilatildeo da emancipaccedilatildeo poliacutetica data muito importante para os satildeo-joanenses

Outras manifestaccedilotildees culturais ainda ocorrem a exemplo da literatura de cordel onde tem-se grandes cordelistas no municiacutepio entre eles ressalta-se a senhora Santina Izabel o senhor Joatildeo Pimentel Joseacute de Souza Zumba (Gonccedilalo) entre outros e grupos de danccedilas que tentam resgatar e manter as raiacutezes das culturas dos nossos antepassados fazendo suas apresentaccedilotildees na cidade e em outros espaccedilos disseminando a cultura local

No municiacutepio haacute tambeacutem grande influecircncia do turismo religioso pois eacute comum vaacuterios turistas irem visitar o povoado de Frexeiras no qual se encontra o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras com a imagem de Santa Quiteacuteria e o museu

De acordo com a Rota da Feacute Pernambuco aponta-se o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria como um dos maiores centros de romaria do Nordeste abrigando o maior acervo de ex-votos de Pernambuco Salienta-se ainda que

Em propriedade particular eacute um dos mais importantes centros de romarias do Nordeste e abriga o maior acervo de ex-votos de Pernambuco A imagem da Santa foi trazida para a capela haacute mais de 200 anos e a sua guarda estaacute sob a responsabilidade da famiacutelia Guilherme da Rocha desde o seacuteculo XVIII A secular construccedilatildeo que abriga o santuaacuterio caracteriza-se pelo estilo de suas linhas calccedilada alta e um alpendre amplo que serve para abrigar os romeiros No interior do casaratildeo encontra-se a nave principal onde estaacute o altar com a imagem de Santa Quiteacuteria toda coberta por adornos em ouro doados em reconhecimento pelas graccedilas alcanccediladas A Festa de Santa Quiteacuteria ponto culminante das romarias acontece anualmente em setembro com grande participaccedilatildeo popular (ROTA DA FEacute PERNAMBUCO s d)

No ambito do turismo religioso encontra-se o Bloco Jesus Me Sacoleje criado em setembro de 2005 pelo paacuteroco da Igreja Catoacutelica (Paroacutequia de Satildeo Joatildeo BatistaDiocese de Garanhuns) o Padre Seacutergio Tenoacuterio de Oliveira Desde entatildeo o bloco conta com 9 ediccedilotildees arrastando multidotildees pelas principais ruas da cidade trazendo grandes nomes da muacutesica catoacutelica para os fieis e evidenciando a feacute catoacutelica na regiatildeo O percurso eacute feito a peacute seguindo o trem eleacutetrico realizando

120- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

oraccedilotildees e reflexotildees A saiacuteda eacute em frente ao Accedilude Municipal com sentido a Praccedila de Eventos de Satildeo Joatildeo onde eacute realizado um grande show finalizando as atividades do evento

A escolha do municiacutepio para estudo se deu pelo fato do autor ser residente de Satildeo Joatildeo e viver no municiacutepio desde a infacircncia ate a vida adulta bem como pelo municiacutepio estar incluiacutedo no semiaacuterido do Nordeste Tambeacutem pelas relaccedilotildees afetivas com o ambiente material no qual o individuo estaacute inserido fazendo-se uma alusatildeo agrave topofilia de Yi-Fu Tuan geoacutegrafo chinecircs e professor de Geografia de vaacuterias Universidades Ocidentais e que em sua literatura diz que

A palavra ldquotopofiliardquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definida em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mas muito mais intensa que eacute subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o locus de reminiscecircncias e o meio de se ganhar a vida (TUAN 1980 p 107)

Eacute nesta perspectiva de sentimentos para o lugar que o municiacutepio foi selecionado Daiacute a importacircncia dada para

tambeacutem estudaacute-lo jaacute que o objeto de estudo a Jurema Preta se encontra em abundacircncia nos domiacutenios do espaccedilo geograacutefico tratado

3 UTILIDADES DA JUREMA PRETA EM SAtildeO JOAtildeO

No espaccedilo rural do municiacutepio de Satildeo Joatildeo-PE esta aacutervore se encontra em grande abundacircncia Ela eacute encontrada isolada ou agrupada onde recebe o nome de juremais sendo vista em vaacuterias aacutereas (siacutetios) e compondo a paisagem do municiacutepio e por efeito do Agreste de Pernambuco (RODRIGUES AMADOR 2013 p 183)

Embora a Jurema Preta seja uma aacutervore tiacutepica do bioma Caatinga verificou-se a sua abundacircncia em Satildeo Joatildeo que se encontra inserida no bioma Mata Atlacircntica segundo o IBGE Isso acontece devido o municiacutepio estar situado na faixa de transiccedilatildeo entre os dois biomas mencionados Portanto eacute comum a presenccedila de elementos que satildeo caracteriacutesticos dos dois domiacutenios morfoloacutegicos na aacuterea de estudo 31 Carvatildeo e lenha

Uma praacutetica comum feita por agricultores da regiatildeo eacute a extraccedilatildeo de lenha para as casas-de-farinha e para as

padarias onde seus fornos satildeo movidos agrave lenha principalmente a lenha oriunda da Jurema pelo seu alto teor caloriacutefico Para a fabricaccedilatildeo do carvatildeo aleacutem da lenha tambeacutem se usa a madeira que tem boa qualidade para tal finalidade

A madeira bom poder calorifico em funccedilatildeo do alto peso especiacutefico baacutesico que eacute de 091gcmsup3 o que classifica como excelente madeira para o carvatildeo (FARIAS 1984 p 84)

Aleacutem disso usam-se estas lenhas nas proacuteprias casas domiciliares em ldquofogotildeesrdquo feitos de barro onde se utiliza tanto a lenha quanto o carvatildeo Essa praacutetica de utilizar ldquofogotildees agrave lenhardquo jaacute foi bastante intensa entretanto natildeo se faz mais como antes porque a lenhacarvatildeo foi substituiacuteda pelo gaacutes butano o popular gaacutes de cozinha

O carvatildeo produzido da Jurema eacute feito em caieiras (Figura 10) de maneira artesanal Pegam-se a madeira e coloca dentro de uma vala feita em qualquer espaccedilo na propriedade Depois cobre com areia e palha apoacutes isso ateia fogo e com certo periacuteodo essa madeira se transforma em carvatildeo

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Figura 10 ndash Caieira artesanal no siacutetio Vaca Morta Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto da figura 10 foi retratada a caieira feita na propriedade utilizando madeira da proacutepria Sua construccedilatildeo eacute simples de fazer natildeo precisa de muita matildeo de obra e natildeo tem custo algum

O carvatildeo eacute uma renda extra para pequenos agricultores familiares que tem juremais em suas propriedades Ele eacute bem procurado pois o da Jurema eacute o melhor em relaccedilatildeo a outros tipos de madeiras As partes da Jurema onde se faz o carvatildeo satildeo as raiacutezes mais grossas e o tronco sendo este a parte mais apropriada para fabricaccedilatildeo devido a sua densidade A saca do carvatildeo custa em meacutedia R$ 2400 tomando-se como referencia o mecircs de dezembro de 2013

311 Cercas

Por ter madeira densa (densidade 112 gcmsup3) pesada de grande durabilidade natural e muito resistente a pragas esses atributos possibilitam aos residentes da aacuterea rural de Satildeo Joatildeo utilizar a Jurema de vaacuterias maneiras Atraveacutes do corte de seu tronco se obteacutem estacas (Figura 11) ou mourotildees depedendo de seu diacircmetro Com esse material satildeo construiacutedas e feitas manutenccedilatildeo de cercas (Figura 12) onde podem ser utilizadas para currais cercados para pastagens de criaccedilotildees e tambeacutem a usam para delimitaccedilatildeo das propriedades

Com cerca de 45 anos jaacute se pode obter estacas onde custam em meacutedia R$ 700 Jaacute os mourotildees variam de preccedilos de R$ de 1000 a R$ 2000 por unidade referencia de preccedilo dezembro de 2013

122- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 11 Estacas de Jurema Figura 12 construccedilatildeo de cercas com as mesmas

Fotos Renner Rodrigues 2013 Fotos Renner Rodrigues 2013

Nas fotos das figuras 11 e 12 acima eacute mostrada estacas da Jurema que posteriormente foram construiacutedas cercas de arame farpado com as proacuteprias com o intuito de demarcar territoacuterio No caso isso aconteceu no siacutetio Vaacuterzea do Barro e a propriedade media 2 hectares 312 Sombra

Outra utilidade da Jurema eacute a sombra para os animais (Figura 13) jaacute que eacute comum ter a aacutervore em meio agrave pastagem e em dias quentes os animais descansam debaixo da sua sombra

Figura 13 ndash Bovinos descansando debaixo de uma Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 123

Na foto pode ser observado bovinos descansando nas imediaccedilotildees de vaacuterias Juremas que estatildeo localizadas no siacutetio Vaacuterzea da Pedra em Satildeo JoatildeoPE

Nesse contexto entra em questatildeo do bem estar animal onde o local que estaacute a sombra se torna um lugar agradaacutevel e tranquilo deixando o animal bem acomodado e em pleno sossego Dessa forma eis que surge o valor da Jurema Preta dada a importacircncia para o sombreamento dos animais e para o solo

313 Alimentaccedilatildeo

Por suas folhas serem palataacuteveis muitos animais (Figura 14) buscam na Jurema uma alternativa a mais para saciar sua fome Ela eacute bastante procurada pelos caprinos ovinos e em algumas vezes os bovinos

Figura 14 ndash Caprinos se alimentando de folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto se tem a observaccedilatildeo de caprinos comendo as folhas do talo da Jurema eles comem tanto que fica somente o talo sem folha nenhuma 314 Abrigo

Na questatildeo do abrigo se observou que vaacuterias aves como o anu a garrincheira a casaca de couro a rolinha entre outros constroem seus ninhos entre os galhos da Jurema (Figura 15) e a confecccedilatildeo destes ninhos eacute feito com gravetos da proacutepria aacutervore principalmente aqueles gravetos mais secos e espinhosos que caem no chatildeo onde estes espinhos protegem os ovos e os filhotes dos predadores naturais

124- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 15 ndash Ninho de casaca de couro

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto acima a abordagem de um ninho de casaca de couro em uma Jurema feito atraveacutes de galhos da proacutepria

315 Relaccedilotildees com outras espeacutecies e com outras aacutervores nativas e exoacuteticas

A vegetaccedilatildeo arboacuterea de Satildeo Joatildeo se encontra muito alterada pela accedilatildeo antroacutepica principalmente na parte norte onde a regiatildeo fitogeograacutefica eacute a Agreste onde cada vez mais a vegetaccedilatildeo nativa vem dando espaccedilo as roccedilas feitas pelos produtores rurais O municiacutepio tem duas regiotildees fitogeograacuteficas o Agreste e a Mata Uacutemida (Figura 16)

Figura 16 ndash Mapa da fitogeografia do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 125

Na parte Agreste existem pequenas propriedades de agricultores familiares que em suas terras plantam aacutervores frutiacuteferas como a jaqueira mangueira o cajueiro entre outras ficando apenas esse tipo arboacutereo na paisagem predominando mais uma vegetaccedilatildeo arbustiva com gramiacuteneas jaacute que as terras satildeo agricultaacuteveis e os produtores acreditam que as aacutervores atrapalham o crescimento das lavouras e retiram as aacutervores deixando as propriedades em campos abertos Isso acontece devido a falta de informaccedilatildeo da importacircncia da vegetaccedilatildeo arboacuterea na propriedade

Em relaccedilatildeo agrave Jurema no Agreste nos juremais haacute uma grande diversidade de aves e insetos que ali se reproduzem e vivem em consonacircncia com a aacutervore Jaacute na Mata Uacutemida tambeacutem se encontra aacutervores frutiacuteferas poreacutem diferente do Agreste em vez de serem pequenas propriedades observa-se que eacute bastante comum a existecircncia de fazendas e nelas predominam mais aacutervores caracteriacutesticas da Mata Atlacircntica E em relaccedilatildeo a Jurema tambeacutem haacute a predominacircncia dela pelas propriedades

No contexto ambiental sua importacircncia se daacute pela relaccedilatildeo do espaccedilo convivido com outras aacutervores nativas como o cajueiro o mulungu e as cactaacuteceas nativas a exemplo o mandacaru (Cereus jamacaru) e facheiro tambeacutem a exoacutetica Algaroba (Prosopisjuliflora) (Figura 17)

Figuras 17 ndash Relaccedilatildeo da Jurema com o mandacaru

Foto Renner Rodrigues 2013

Aleacutem disso outros vegetais animais insetos e aves se relacionam com a Jurema Tem-se na foto da figura 17 a

associaccedilatildeo da Jurema com o Mandacaru (no plano de fundo) Cabe considerar a relaccedilatildeo da Jurema com a Algaroba no sentido de benefiacutecio muacutetuo o que eacute relevante pois

muitos acreditam que a Prosopis inibe a presenccedila de espeacutecies nativas caracterizando a invasatildeo bioloacutegica Em Satildeo Joatildeo pode-se observar com frequecircncia a presenccedila da algarobeira em meio ao juremal proveniente de uma propagaccedilatildeo de sementes acredita-se por via animal

126- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

4 OUTRAS UTILIDADES NUM CONTEXTO GERAL

Aleacutem das raiacutezes da Jurema Preta poder ser utilizadas na produccedilatildeo de carvatildeo tambeacutem satildeo usadas para se fazer uma bebida que igualmente eacute chamada de Jurema ou o Vinho da Jurema para os adeptos de religiotildees africanas o Candombleacute por exemplo Acreditam que quando tomam essa bebida teratildeo bons sonhos Natildeo soacute os religiosos mas tambeacutem os iacutendios fazem esse tipo de bebida

De acordo com Vasconcelos Sobrinho (1970) da casca de suas raiacutezes faziam certas tribos de iacutendios ndash Carajaacutes e outras ndash bebida estupefaciente e alucinatoacuteria com caracteriacutesticas semelhantes agrave dos ampliadores de consciecircncia (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

Ademais a Jurema Preta eacute a leguminosa para ser introduzida com sucesso nas pastagens sem a proteccedilatildeo de suas mudas e na presenccedila do gado (DIAS SOUTO 2007 p 268) 5 METODOLOGIA

A metodologia materializa-se pelo levantamento bibliograacutefico bem como a ida a campo para observaccedilatildeo

Mostrando-se necessaacuterio a interdisciplinaridade para se refletir sobre questotildees mostradas no projeto jaacute que foram utilizadas vaacuterias aacutereas do conhecimento Houve tambeacutem registros fotograacuteficos para tomadas de cenas importantes

Desse modo foram feitas reflexotildees sistecircmicas a partir de cada funcionalidade que o objeto de estudo apresenta em seu espaccedilo abordando suas relaccedilotildees e importacircncia para os animais e os humanos 6 VINCULACcedilAtildeO E BASES TEOacuteRICAS

Esta pesquisa estaacute vinculada a um projeto maior o projeto Guarda Chuva intitulado ldquoO Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo de autoria da Profordf Drordf Mordf Betacircnia M Amador que visa analisar o verde em aacutereas urbanas e rurais de forma sistecircmica por municiacutepio selecionado no meu caso Satildeo Joatildeo Tambeacutem visando contribuir para um melhor conhecimento da regiatildeo e o aperfeiccediloamento em termos de iniciaccedilatildeo cientiacutefica dos discentes do Curso de Licenciatura em Geografia da UPE Garanhuns Amador (2011) com base em Morin (2005) e Vasconcellos (2002) afirma que

Pensar complexamente requer trabalhar com o objeto em contexto ampliar o foco e conseguir visualizar sistemas amplos Tira-se o foco exclusivo do elemento e incluem-se as relaccedilotildees O contexto diz respeito entatildeo agraves relaccedilotildees entre os elementos envolvidos (AMADOR 2011 p 99)

Eacute nesta perspectiva de pensar complexamente que se pode ter subsiacutedios para melhor compreensatildeo sobre as funcionalidades interaccedilotildees e a importacircncia da Jurema Preta na paisagem agreste do espaccedilo rural de Satildeo Joatildeo

O sistemismo por sua vez nos traz a ideia de sistemas E esses sistemas vatildeo de um todo organizado e nesse todo se analisa os elementos e as accedilotildees que estaratildeo relacionados entre si

O pensamento sistecircmico eacute contextual ou seja o oposto do pensamento analiacutetico requer que para se entender alguma coisa seja necessaacuterio entendecirc-la como tal e em um determinado contexto maior ou seja como componente de um sistema maior que eacute o tambeacutem chamado ambiente (AMADOR 2011 p 90)

Tem-se por base referencial as literaturas da Profordf Drordf Maria Betacircnia Amador (Sistemismo e Sustentabilidade Questatildeo Interdisciplinar e Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas) de Edgar Morin (Introduccedilatildeo ao pensamento complexo) de Alfredo Pena-Vega (O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa) de Vasconcelos Sobrinho (As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo)tambeacutem Iniciaccedilatildeo em Pesquisa Cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas de Aureacutelio Molina et al entre as principais

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) atraveacutes de bolsa de Iniciaccedilatildeo Cientifica PFAPIBICCNPq entre o periacuteodo de agosto de 2013 agrave julho de 2014

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 127

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Mesmo apresentando todo esse potencial a Jurema Preta vem a cada dia sendo erradicada por vaacuterios fatores entre eles o mais comum o avanccedilo da agropecuaacuteria onde a derrubada dos juremais para a produccedilatildeo agriacutecola e pecuaacuteria eacute evidenciada Neste caso os agricultores acreditam que a Jurema atrapalha no desenvolvimento da vegetaccedilatildeo rasteira como o capim e as gramiacuteneas na pecuaacuteria principalmente Jaacute na agricultura acreditam ser a Jurema a vilatilde da maacute germinaccedilatildeo das culturas de milho feijatildeo e mandioca onde as sementes mal germinam e quando germinam com o tempo natildeo sobrevivem

Pela pesquisa verificou-se que suas folhas seriam uma alternativa a mais na alimentaccedilatildeo do gado em eacutepocas de secas prolongadas por ser palataacutevel eacute uma opccedilatildeo de forragem Poreacutem natildeo se precisaria cortar a aacutervore por inteiro para obter as folhas cortar-se-ia ou podar-se-ia apenas parte da mesma a qual viria a rebrotar novamente

Vale salientar que eacute possiacutevel trabalhar com os recursos naturais ancorados nos princiacutepios da sustentabilidade e ainda simultaneamente preservando estes recursos renovaacuteveis que a natureza nos oferece de modo que natildeo seja de maneira predatoacuteria Tambeacutem garantindo uma renda extra para o sustento das famiacutelias de agricultores que se aportem no manejo sustentaacutevel da Jurema Preta Basta apenas conhecer saber utilizar respeitar e natildeo deixar que acabe para que outras geraccedilotildees futuras possam tambeacutem usufruir

Assim eacute dada importacircncia agrave Jurema Preta aacutervore de uso diversificado Poreacutem pouco estudada e pouco discutida a sua relevacircncia para o municiacutepio E nesse contexto de pouca discussatildeo os produtores rurais acabam erradicando todas as aacutervores de suas propriedades e em consequecircncia disso a Jurema vem sendo reduzida do seu ambiente natural dando espaccedilo agraves principais atividades econocircmicas do municiacutepio a agricultura e a pecuaacuteria

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

________ O pensamento de Edgar Morin e a geografia da complexidadeRevista Cientiacutefica ANAP Brasil n 2 ano 2 ndash p 60-76 2009

DIAS PF SOUTO SM Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) Leguminosa arboacuterea recomendada para ser introduzida em pastagens em condiccedilotildees de mudas sem proteccedilatildeo e na presenccedila do gado Revista da FZVA Uruguaiana v 14 n 1 p 258-272 2007 Disponiacutevel em lthttprevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfzvaarticleviewFile24921951gt Acesso em 19 ago 2013

FARIAS W L F A Jurema Preta (Mimosa hostilis Benth) como fonte energeacutetica do semi-aacuterido do Nordeste-carvatildeo 1984 128 f Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba PR 1984 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbrdspacebitstreamhandle188425171D2020FARIA20WASHINGTON20LUIZ20FONSECApdfsequence=1gt Acesso em 18 ago 2013

GANDHI Mahatma Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 Histoacuterico de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em lthttpwww1ibgegovbrcidadesatpainelhistoricophplang=ampcodmun=261320ampsearch=pernambuco|sao-joao|infograficos-historicogt Acesso em 11 jan 2014

128- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 ndash Populaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em httpwww1ibgegovbrcidadesatxtrasperfilphplang=ampcodmun=261320gt Acesso em 11 jan 2014

MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

PLANO TERRITORIAL DE REDE PRODUTIVA ndash PTRP Rede Territorial Produtiva do Feijatildeo Agreste Meridional e Central Estado de Pernambuco RecifePE 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwproruralpegovbrdownloadsPTRT20FeijaoPTRP20FEIJAOpdfgt Acesso em 13 jan 2014

PREFEITURA DE SAtildeO JOAtildeO Dados gerais do municiacutepio Disponiacutevel em lthttpsaojoaopegovbrdados-gerais-do-municipiogtAcesso em 30 dez 2013

RODRIGUES R R V AMADOR M B M Reflexotildees Sistecircmicas sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) com enfoque no municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 181-186 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleviewFile556581gt Acesso em 20 jan 2014

ROTA DA FEacute PERNAMBUCO Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras Disponiacutevel em lthttpwwwrotadafepecombrdetalhephpc=1amps=2ampid=29gt Acesso em 13 jan 2014

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Recife CONDEPE 1970 (Reimpressatildeo 2005)

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130- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Associaccedilatildeo Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos

Fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Boliacutevia nordm 88 Jardim Ameacuterica

Cidade de Tupatilde Estado de Satildeo Paulo CEP 17605-310

Contato (14) 3441-4945

editoraamigosdanaturezaorgbr wwwamigosdanaturezaorgbr

6- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Sumaacuterio

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 7

Sumaacuterio

Prefaacutecio

09

Apresentaccedilatildeo

11

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

16

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

34

Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

ElaynneMirele Sabino de Franccedila

ThamyllysMyllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

47

8- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

62

Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

79

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

102

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (MIMOSA TENUIFLORA) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

111

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 9

Prefaacutecio

10- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Prefaacutecio

O verde arboacutereo como expressatildeo dos recursos naturais renovaacuteveis eacute um segmento notaacutevel no que se refere a abordagem temaacutetica quer sob a conotaccedilatildeo de recurso de capital quer sob a de benesses paisagiacutesticas climaacuteticas e demais recurso que sob os ditames da Matildee Natureza dissemina-se espontaneamente sendo a partir daiacute fortemente suplementada pela accedilatildeo humana levando-se em conta as aptidotildees regional-locais Tal disseminaccedilatildeo portanto aleacutem de obedecer por exemplo agravescondiccedilotildees edaacuteficas espraia-se em particular como atributo cultural do meio em que se insere Eacute gostar-se do verde natildeo soacute para se admirar mas em particular eacute gostar-se devido ao fato de se conhecer

Os resultados acadecircmicos expostos ao niacutevel municipal apresentados sob a orientaccedilatildeo da Profa Dra Maria Betacircnia M Amador constitui natildeo soacute exemplificaccedilatildeo de iniciativa profiacutecua que disciplina e ao mesmo tempo motiva academicamente um elenco de orientandos mas tambeacutem demonstra correto encaminhamento de produccedilatildeo individual que se desdobra em coletiva que engrandece tanto elaboradores como o ente institucional ao qual se encontram vinculados A isso se juntando o requisito eacutetica que com certeza norteia as premissas do grupo em apreccedilo a combinaccedilatildeo vecirc-se elevada ao niacutevel de excepcionalidade fruto por assim dizer do plantio adequado de outrora combinado com salutar reproduccedilatildeo presente

O potencial da ideia em termos de grupo e entidade deve ser por demais ressaltado reflete melhoria na produccedilatildeo de recursos humanos e institucionais tatildeo escassas nesses velhos tempos as dimensotildees acadecircmica e de gestatildeo municipal face iniciativasdo gecircnero podem evoluir consolidar-se e ateacute expandir-semesmo que por via indireta - tudo isso sem abdicar de concepccedilotildees como persistecircncia abnegaccedilatildeo otimismo atributos que devem sempre estar presentes na transiccedilatildeo de sonho para realidade O elenco produtor ora referido estaacute enfim de parabeacutens de modo particular por sua contribuiccedilatildeo apontar para a transiccedilatildeo mencionada sem nenhuma inibiccedilatildeo no que toca expor sua condiccedilatildeo potente

Pedro Amador - Economista Professor licenciado da UPE Campus Garanhuns

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 11

Apresentaccedilatildeo

12- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Apresentaccedilatildeo

Se pensarmos soacute em uma aacutervore talvez fique a sensaccedilatildeo de estarmos pensando pequeno Mas se pensarmos nas aacutervores dos quintais dos jardins das calccediladas das ilhas das avenidas dos parques da imensa massa verde que existe em vaacuterias cidades teremos a sensaccedilatildeo gratificante de estar trabalhando por um ambiente melhor mais saudaacutevel sustentaacutevel estaremos trabalhando pelas aacutervores pela vida

Paulo de Tarso Batista1

O estudo do verde eacute de fundamental importacircncia para se entender a organizaccedilatildeo do espaccedilo tanto rural quanto urbano No semiaacuterido do nordeste do Brasil por exemplo especificamente em aacutereas do Agreste de Pernambuco verifica-se que em ambos os espaccedilos urbano e rural haacute uma niacutetida falta de conexatildeo entre o verde e o homem devido ao fato de se perceber que os elementos componentes da flora nativa e da paisagem tiacutepica dos sertotildees passam a dar lugar ao exotismo das palmas e gramiacuteneas para a formaccedilatildeo de pastagens nas aacutereas rurais enquanto que na area urbana a arborizacao e o paisagismo passam a ser compostos predominantemente de exoacuteticas nas calccediladas e outros espaccedilos puacuteblicos ficando os cultivos de plantas nativas ou natildeo ornamentais ou medicinais restritas aos quintais e jardins os quais se aproximam da flora local Assim objetivou-se fazer estudos nesses espacos da situaccedilatildeo presente buscando-se evidenciar o contra-senso ou paradoxo da relaccedilatildeo homemnatureza pela perspectiva sistecircmica de anaacutelise da paisagem Para tanto teve-se a colaboraccedilatildeo de bolsistas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica que estudaram em particular seus municiacutepios de origem fazendo-se entatildeo articulaccedilotildees entre as diferentes realidades encontradas para o entendimento da complexidade a qual envolve a sustentabilidade que se delineia frente agraves contradiccedilotildees do discurso ambiental mediante a cultura jaacute estabelecida do nordeste seco Os aportes metodoloacutegicos compreendem fundamentalmente a observaccedilatildeo norteada pela percepccedilatildeo aplicaccedilatildeo de formulaacuterios aos habitantes dos referidos municiacutepios analisados tomada de histoacuteria de vida em alguns casos e registros fotograacuteficos das diversas situaccedilotildees encontradas Optou-se pela abordagem sistecircmica para encadear e articular os procedimentos aleacutem de se considerar viaacutevel para o amalgamento da base teoacuterica calcada na teoria da complexidade de Morin Os resultados apresentados apontam para uma concepccedilatildeo de verde que nao condiz com o ambiente semiarido e nem tampouco com as ideias de sustentabilidade Pode-se citar que como se pode verificar nos textos que compoem esse trabalho observa-seum afastamento da flora local e nativa pela preferecircncia dada agraves espeacutecies exoacuteticas em ambos os ambientes rural e urbano Tambeacutem se ressalta o pouco apreccedilo que se percebeu da populaccedilatildeo em geral em relaccedilatildeo aos elementos verdes ou seja apesar de expressarem preocupaccedilotildees com a natureza aacutervores entre outros natildeo praticam a observaccedilatildeo valorativa do espaccedilo atraveacutes da imagem e simbologia que as aacutervores em especial representam Cabe ainda considerar nesse contexto a pouca importacircncia dada pelas gestotildees municipais em termos de melhoramento conservaccedilatildeo e ou preservaccedilatildeo de um patrimocircnio puacuteblico e considerado pela legislaccedilatildeo como bem difuso da populaccedilatildeo que eacute o verde seja rural ou urbano Pressupotildee-se portanto que tratar do verde em qualquer espaccedilo eacute colaborar para a construccedilatildeo de um ambiente mais adequado e mais sustentaacutevel

O contexto atual em termos de se pensar a sustentabilidade do planeta favorece reflexotildees sob diversas abordagens praticas teoacutericas e metodoloacutegicas tambeacutem em niacuteveis locais e regionais Logo o semiaacuterido nordestino brasileirodemanda estudos nos quais os resultados contribuam em alguma escala para as dimensotildees educacionais politicas administrativas entre outras

A temaacutetica que se insere traz a tona elementos que identificam certa discrepacircncia evidenciada na relaccedilatildeo homem

1 Disponivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

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natureza no acircmbito urbano e tambeacutem rural em termos de vegetaccedilatildeo Natureza que na concepccedilatildeo de Moscovici (2007 p 28) eacute pensada agrave semelhanccedila de um arco-iacuteris ldquoeu sei que a natureza natildeo tem nada de verde nem de cinza que ela representa na verdade uma paleta infinita de cores Ela eacute para noacutes a ideia que compreende todos os caminhos possiacuteveis no tempo entre o acaso e a necessidade limitanterdquo Assim o semiaacuterido nordestino e o homem sertanejo foram na linha do tempo associados ao sofrimento e ao cinza da paisagem da caatinga Costumeiramente rotulados com o fardo histoacuterico do determinismo parecendo natildeo haver saiacuteda ou soluccedilatildeo Pensamento que vem gradativamente se modificando pelas inuacutemeras iniciativas publica eou privadas de mostrar que a convivecircncia com e no semiaacuterido eacute possiacutevel desde que se encontrem persistentes formas de desenvolver a aacuterea produzindo e vivendo com respeito a essa natureza atentando para suas fragilidades

Na trilha desse movimento engaja-se tambeacutem com pesquisa sobre o verde urbano e rural sobre alguns municiacutepios do agreste de Pernambuco utilizando-se a estrateacutegia de agregar subprojetos que oportunizam aos acadecircmicos bolsistas de iniciaccedilatildeo cientifica a experiecircncia de estudar o verde de seus municiacutepios de origem seja urbano ou rural Nesse contexto importa que mediante leituras dirigidas de cunho sistecircmico os mesmos percebam a importacircncia do lugar e suas paisagens articulando os conceitos com a dinacircmica evidenciada na relaccedilatildeo do citadino morador transeunte proprietaacuterio rural com o verde em sua volta quase fazendo lembrar a organizaccedilatildeo do cristal com sua rigidez mineral e a chama da vela decompondo-se pela fumaccedila tomando-se Atlan (1992 p9) como referencia

Os estudos sistecircmicos visam contextualizar a realidade ressaltando as teias que estatildeo preacute-estabelecidas e aquelas que estatildeo se formando cujas tramas possibilitam uma melhor compreensatildeo da situaccedilatildeo por natildeo se limitar na extenuante busca da causa ndash efeito mas contribui para o questionamento do ser pensante e da sociedade sobre os elos com a natureza num mundo cada vez mais sem tempo pelo trabalho que se impotildee

Logo eacute fato que as paisagens urbanas e rurais satildeo reflexos dessa forma de relacionamento ecologia x economia ao mesmo tempo em que a afetividade com o lugar principalmente pela falta ou pela pouca experiecircncia eou vivencia propicia certo afastamento praticamente sem culpa ou responsabilidade maior com os bens capitais naturais e concorda-se com Serres quando ele afirma que a sociedade encontra-se num momento de assinatura de um contrato

Trata-se da necessidade de rever e de voltar a assinar o mesmo contrato social primitivo Este diz-nos respeito para o melhor e para o pior segundo a primeira diagonal sem mundo agora que sabemos associar-nos perante o perigo precisamos de conceber ao longo da outra diagonal um novo pacto a assinar com o mundo o contrato natural Cruzam-se assim os dois contratos fundamentais (SERRES 1990 p 31 - 32)

Ou seja a busca da compatibilidade harmoniosa entre o verde endecircmico e o verde exoacutetico deveria ser melhor considerado Natildeo eacute porque se estaacute num municiacutepio interiorano que se despe a paisagem urbana das conotaccedilotildees da vegetaccedilatildeo do entorno de certa forma negando-a mas pelo contrario os elementos verdes presentes naturalmente no local prestam-se bem ao paisagismo desde que este enquanto atividade da administraccedilatildeo municipal seja adequadamente planejado e gerido podendo inclusive ser concatenado com o exotismo de outras espeacutecies

As pesquisas apresentadas nesse livro tem como ancoradouro a proposta de estudar o verde do Agreste de Pernambuco especialmente o Agreste Meridional tendo-se Garanhuns e municiacutepios proacuteximos como locais de estudo desde que estejam inseridos no semiaacuterido cujo mapa (Figura 1) apresenta nova configuraccedilatildeo politica

Aleacutem dos 1031 municiacutepios jaacute incorporados passam a fazer parte do semiaacuterido outros 102 novos municiacutepios [] Com essa atualizaccedilatildeo a aacuterea classificada oficialmente como semiaacuterido brasileiro aumentou de 8923094 km2 para 9695894 km2 um acreacutescimo de 866 Minas Gerais teve o maior nuacutemero de inclusotildees na nova lista - dos 40 municiacutepios anteriores vai para 85 variaccedilatildeo de 1125 A aacuterea do Estado que fazia anteriormente parte da regiatildeo era de 272 tendo aumentado para 517de acordo com a Secretaria de Poliacuteticas de Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (2005 p 05)

A regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro (Figura 1) corresponde aproximadamente a 135 do territoacuterio Se caracteriza pelas irregularidades pluviomeacutetricas e temperaturas elevadas apresentando o clima BSh tomando-se como referencia a classificaccedilatildeo de Koppen Os solos em geral podem ser caracterizados como siacutelico argiloso e apresenta ainda uma alta radiaccedilatildeo solar baixa nebulosidade media anual de temperatura elevada baixas taxas de umidade relativa e evapotranspiraccedilatildeo elevada Esse conjunto de caracteriacutesticas propicia o fato de que a maioria dos rios dessa regiatildeo seja intermitente (ABILIO FLORENTINO 2011 p 42 ndash 43)

14- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 1 Mapa do Semiaacuterido BrasileiroFonte Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

Disponiacutevel emlt httpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_aridopdfgt Acesso em 08 nov 2011

O levantamento bibliograacutefico foi dirigido para assimilaccedilatildeo de cada proposta uma vez que os sub projetos tem

accedilatildeo similar e simultacircnea mas com realidades diferenciadas encontrando- se no conteuacutedo interdisciplinar as bases necessaacuterias ao enfoque integrado da questatildeo do verde urbano eou rural Aplicou-se a teacutecnica da observaccedilatildeo associada agrave aplicaccedilatildeo de formulaacuterios em todos os casos nos diferentes municiacutepios Constitui-se o formulaacuterio predominantemente de perguntas fechadas dirigidos aos atores presentes por ocasiatildeo da abordagem

Os dados apresentados os quais foram estudados agrave luz da literatura disponiacutevel sobre o assunto e associados sempre que possiacutevel ao registro fotograacutefico contribuindo assim na documentaccedilatildeo da informaccedilatildeo proporcionaram conclusotildees algumas parciais outras consideradas de caraacuteter mais concreto e final as quais podem ser uteis para fomentar novos estudos e accedilotildees Registra-se ainda que em alguns casos utilizou-se a teacutecnica de histoacuteria de vida

A aplicaccedilatildeo dessa teacutecnica foi e continua sendo um dos pontos relevantes dessa pesquisa Tecnicamente as representaccedilotildees dos sujeitos baseados em suas ldquohistoacuterias de vidardquo satildeo fundamentais para o entendimento da questatildeo pois soacute eacute possiacutevel chegar aos aspectos do cotidiano desses sujeitos que vivem em seus municiacutepios seja na aacuterea urbana ou rural atraveacutes de suas memorias

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 15

Segundo Meihy (1996) a histoacuteria de vida constitui-se numa metodologia que trata a narrativa do conjunto de experiecircncias de vida de uma pessoa Trata-se de um tipo de busca que visa a utilizaccedilatildeo de fontes orais em diferentes propoacutesitos para adquirir um melhor entendimento do que se almeja com a referida pesquisa sendo importante frisar que considera-se ser uma maneira inovadora de se tratar a temaacutetica do verde sob abordagem sistecircmica e interdisciplinar

Espera-se que os relatos advindos por ocasiatildeo da coleta das histoacuterias orais possam por meio da memoacuteria dos sujeitos e dos processos dinacircmicos ocorridos em suas vidas trazer agrave tona elementos substanciais das relaccedilotildees destes com os conteuacutedos do local onde reside associados ao verde

Enfatiza-se tambeacutem que este meacutetodo possibilita extrair da comunidade conhecimentos exclusivo daquela aacuterea Assim por meio da subjetividade e do simbolismo haacute uma grande contribuiccedilatildeo para a pesquisa em seu acircmbito qualitativo Atraveacutes dos fatos e dos aspectos identitaacuterios emergem os objetos ou seja a fala os gestos as accedilotildees se constituindo desse modo num registro que guarda uma diversidade profunda de manifestaccedilotildees inerentes agrave trajetoacuteria do sujeito em que sua vida cultural foi constituiacuteda

Assim a metodologia que se apresenta tem um caraacuteter dinacircmico coadunando-se com a visatildeo sistecircmica e interdisciplinar posiccedilotildees teoacutericondashmetodoloacutegicas atualmente em ascensatildeo nos meios acadecircmicos principalmente

Assim sendo contempla-se nesse trabalho resultados de trabalhos e subprojetos referentes aos municiacutepios de Canhotinho Correntes Calcado Garanhuns Jupi Satildeo Joatildeo e Venturosa todos na regiatildeo semiaacuterida do agreste pernambucano Registra-se ainda que os mesmos serao dispostos ao longo do livro em ordem alfabetica dos principais autores

No mais espera-se estar disponibilizando um conteudoutil e atualizado para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o assunto tratado bem como enriquecer o conhecimento existente para os municipios contemplados nessa empreitada

REFERENCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado FLORENTINO Hugo da Silva Ecologia e conservaccedilatildeo ambiental no semiaacuterido In

Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFPB 2011

ATLAN Henri Entre o cristal e a fumaccedila ensaio sobre a organizaccedilatildeo do ser vivo Traduccedilatildeo de Vera Ribeiro Rio de

Janeior Jorge Zahar Ed 1992

BATISTA Paulo de Tarso O meio ambiente as cidades as arvores urbanas e a sbau In Sociedade Brasileira de

Arborizaccedilatildeo 2010 Dispnivel em httpwwwsbauorgbrmateriashtm Acesso 27 abr 2014

Mapa do Semiaacuterido Brasileiro Secretaria de Poliacuteticas Desenvolvimento Regional Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MEIHY Carlos Sebe Bom manual de histoacuteria oral Loyola Satildeo Paulo1996 Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Nova delimitaccedilatildeo do semiaacuterido brasileiro Disponiacutevel em lthttpwwwmuseusemiaridoorgbrexpedicaocartilha_delimitacao_semi_a ridopdfgt Acesso em 08 nov 2011 MOSCOVICI Serge Natureza para pensar a ecologia 2 ed Traducao de Maria Louise Trindade Conilh de Beyssac e

Regina Mathieu Rio de Janeiro Mauad X Instituto Gaia 2007

SERRES Michel O contrato natural Traduccedilatildeo de Serafim Ferreira Lisboa Portugal Instituto Piaget 1990

16- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM

AGRESTE DE CORRENTES-PE

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 17

Capiacutetulo 1

O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ana Maria Severo Chaves

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Maria Betacircnia Moreira Amador

Futuramente soacute seraacute concebiacutevel uma natureza de dupla pilotagem a natureza deve ser pilotada pelo homem mas este por sua vez deve ser pilotado pela natureza Os dois co-pilotos embora heterogecircneos satildeo absolutamente inseparaacuteveis

Edgar Morin 2

O verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE eacute uma temaacutetica que foi trabalhada durante dois anos atraveacutes dos projetos de pesquisas ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo em 2012 e ldquoO Verdedas Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo em 2013 Projetos que tiveram como principal objetivo averiguar o verde existente no municiacutepio diagnosticando a importacircncia da presenccedila vegetal arboacuterea ou natildeodos espaccedilos urbanos puacuteblicos e particulares na paisagem urbana de Correntes-PE atraveacutes da abordagem sistecircmica

O desenvolvimento desses projetos de pesquisas resultou em alguns trabalhos apresentados e publicados que de forma sucinta tambeacutem estatildeo no corpo do presente capiacutetulo Ressalta-se a relevacircncia de estudos sobre o verde urbano para um melhor entendimento da presenccedila da massa verde na cidade bem como sua funcionalidade e contribuiccedilatildeo para um ambiente urbano mais saudaacutevel e beneacutefico agrave populaccedilatildeo As pesquisas satildeo de ordem qualitativo-quantitativa cujo meacutetodo pauta-se na observaccedilatildeo e na percepccedilatildeo Assim procurou-se sempre manter um diaacutelogo e participaccedilatildeo em cada etapa das pesquisas e no decorrer dos estudos realizados O trabalho que se apresenta situa-se no acircmbito da ciecircncia Geograacutefica atraveacutes da sua categoria de anaacutelise paisagem

Nesta perspectiva a paisagem agreste do municiacutepio de Correntes eacute uma fonte da subjetividade na qual se desenvolve relaccedilotildees afetivas com o meio onde a populaccedilatildeo interage com os ambientes que lhe eacute disponiacutevel mantendo com esses espaccedilos laccedilos afetivos Considerando-se a paisagem urbana como reflexo da interaccedilatildeo dos indiviacuteduos em sociedade eas construccedilotildees hierarquizadas espelhando de certa forma um espaccedilo subjetivo sentido e vivido por cada habitante de maneira particular e em grupo formando assim uma identidade com o lugar em constante interaccedilatildeo sistecircmica

2 MORIN 1991 apud DARDEL 2011 p 69

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1 CORRENTES-PE

Correntes eacute um municiacutepio relativamente pequeno com 17419 habitantes (IBGE 2010) que passou a fazer parte da nova delimitaccedilatildeo do Semiaacuterido em 2005 Sua economia eacute baseada na agricultura pecuaacuteria e comeacutercio em geral Sua histoacuteria eacute como em muitas outras cidades interioranas e ribeirinhas se deu por motivos religiosos onde em 1826 o portuguecircs Antocircnio Machado Dias abastado fazendeiro que residiu onde hoje eacute a cidade de Correntes-PE fez construir uma igreja dedicada ao santo de seu nome Esse fato atraiu grande nuacutemero de pessoas que se foram agrupando em torno do templo formando a povoaccedilatildeo que tomou o nome de Barra de Correntes localizada as margens do Rio Correntes e do Rio Mundauacute posteriormente passou a se chamar Correntes nome que tecircm origem no rio de trecircs nascentes (que se chama 3 correntes) sendo entatildeo denominado de rio das Correntes 12 Localizaccedilotildees do Municiacutepio de Correntes-PE e Seus Aspectos Geograacuteficos

O municiacutepio (figura 1) estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco limitando-se a norte com Garanhuns e Palmeirina ao sul com o Estado das Alagoas a leste com o Estado das Alagoas e a oeste com Lagoa do Ouro A aacuterea municipal ocupa 2841 km2 e representa 029 do Estado de Pernambuco Distante 2577 km da capital cujo acesso eacute feito pela BR-101 PE-126177187 e BR-424

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Correntes-PE

A vila de Correntes fora criada pela lei provincial nordm204 em julho de 1848 foi o primeiro territoacuterio desmembrado do municiacutepio de Garanhuns que passava agrave categoria de municiacutepio O municiacutepio foi criado em 27051879 pela Lei Provincial no 1423 sendo formado pelos distritos de Correntes (sede) e pelos povoados de Poccedilo Comprido de Pau Amarelo e Olho dAgua do Gois Anualmente no dia 27 de agosto Correntes comemora a sua emancipaccedilatildeo politica

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Correntes-PE estaacute inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema formada por maciccedilos e outeiros altos com altitude variando entre 650 a 1000 metros Ocupa uma aacuterea de arco que se estende do sul de Alagoas ateacute o Rio Grande do Norte o relevo eacute geralmente movimentado com vales profundos e estreitos dissecados 2 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ESTUDO DO VERDE URBANO DE CORRENTES-PE O tema verde urbano eacute um referencial para a sociedade em geral quando o assunto se refere agraves questotildees ambientais Quando se pretende melhorar as condiccedilotildees ambientais das cidades a arborizaccedilatildeo quase sempre eacute a primeira opccedilatildeo isso eacute devidoagraves diversas funcionalidades e benefiacuteciosadvindos da arborizaccedilatildeo diante de um ambiente artificial e jaacute degradado pelas accedilotildees antroacutepicas direcionadas a um desenvolvimento econocircmico que deixa o meio ambiente quase sempre de lado Em relaccedilatildeo agrave paisagem urbana Amador destaca que

No tocante aacutes paisagens urbanas tem-se uma longa histoacuteria relacionada ao verde e este transformando espaccedilos elaborando-se e reelaborando-se paisagens podendo-se ressaltar algumas informaccedilotildees que tomadas em consequecircncia evidenciam tempos e espaccedilos repletos de diferentes propoacutesitos e ideologias (AMADOR 2013 p 119)

Logo cabe considerar que a paisagem urbana tem nos elementos verdes sejam arboacutereos ou natildeo um de seus alicerces de bem-estar conforto e beleza Poreacutem esses atributos nem sempre satildeo percebidos pela populaccedilatildeo que quando se refere ao verde residencial (verde em espaccedilos particulares) presente em quintais jardins e calccediladas o associa com algo trabalhoso e em alguns casos ateacute mesmo perigoso Essa percepccedilatildeo leva a populaccedilatildeo em geral a erradicar principalmente aacutervores de suas calccediladas bem como procuram deixar seus quintais livres ou com pouca vegetaccedilatildeo Porem no que se refere ao verde puacuteblico presente em praccedilas e canteiros centrais a populaccedilatildeo natildeo dialoga a sua importacircncia para o meio ambiente urbano e pouco eacute esclarecido sobre a relevacircncia dessa presenccedila bem como sobre a funcionalidade de tais espaccedilos introduzidos no meio ambiente urbano Mesmo todos sabendo que se retiroudestruiu a natureza para sua concretizaccedilatildeo ou melhor o trabalho de paisagismo o qual introduz a natureza na forma de arborizaccedilatildeo eou aacutereas verdes Esse ato faz parte da tentativa de reverter uma problemaacutetica ambientalque surgiu quando o homem considerou-se ser capaz de viver em um espaccedilo puramente construiacutedo e artificial poreacutem ele percebeu que a natureza em seus diversos acircmbitos eacute necessaacuteria a seu bem-estarno desenvolvimento de uma vida saudaacutevel ao mesmo tempo de um ambiente urbano mais sadio Esse espaccedilo construiacutedo segundo Eric Dardel (2011) tem sua principal importacircncia ligada ao habitar do homem Espaccedilo artificial no qual o homem eacute moldado em suas condutas haacutebitos costumes ideias e sentimentos ldquopor esse horizonte artificial que se viu nascer crescer escolher sua profissatildeordquo (DARDEL 2011 p 27) Assim a cidade seja pequena ou grande objeto da construccedilatildeo humana na forma de sociedade em que o homem eacute criado e socializado encontra nas aacutereas verdes e espaccedilos arborizados elementos naturais que proporcionamagrave populaccedilatildeo ter uma vida mais saudaacutevel contribuindo para um melhor desenvolvimento ambiental E a visatildeo geograacutefica em relaccedilatildeo ao espaccedilo urbano e interaccedilotildees que ocorrem no mesmo mostra a possibilidade de melhor interpretaccedilatildeo da complexidade dos espaccedilos e atraveacutes do enfoque sistecircmico das inter-relaccedilotildees do espaccedilo vivido e o individuo que o vive levando em conta tudo que o cerca visivelmente ou natildeo mas que integra a experiecircncia do ambiente urbano em seu todo artificial com a introduccedilatildeo da natureza que o homem constroacutei para usufruir de uma melhor qualidade de vida Assim Camargo relata

O espaccedilo vivido caracteriacutestico da corrente humanista relaciona-se com a dimensatildeo da experiecircncia humana dos lugares ou com a maneira como o sujeito percebe o objeto [] remete o geoacutegrafo a interpretar toda a complexidade existente em cada regiatildeo [] O cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locais (CAMARGO 2008 p 100 ndash 101)

Tambeacutem tem-se em Tuan (1980) em sua obraTopofilia que refere-se a todos os laccedilos afetivos do ser humano com o meio ambiente pois segundo ele ldquoo meio ambiente eacute o veiacuteculo de acontecimentos emocionante fortes ou eacute percebido como um siacutembolordquo (TUAN 1980 p 107) Assim o meio em que o homem estaacute inserido representa muito mais

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do que um meio fiacutesico do qual ele retira suas necessidades o meio ambiente seja urbano ou outro representa um lugar de relaccedilotildees emocionais e de pertencimento adquiridos atraveacutes das vivencias 21Contribuiccedilotildees da Massa Verde Urbana para a Cidade A presenccedila das aacutereas verdes urbanas possibilitam diversos benefiacutecios que se pode enunciar de acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS 2011 p 21)que destaca a arborizaccedilatildeo das cidadescomo uma estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos e importante diante dediversos aspectos como o ecoloacutegico histoacutericocultural social esteacutetico e paisagiacutestico contribuindo para

A manutenccedilatildeo da estabilidade microclimaacutetica O conforto teacutermico associado agrave umidade do ar e agrave sombra A melhoria da qualidade do ar A reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo A melhoria da infiltraccedilatildeo da aacutegua no solo evitando erosotildees associadas ao escoamento superficial das

aacuteguas das chuvas A proteccedilatildeo e direcionamento do vento A proteccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua e do solo A conservaccedilatildeo geneacutetica da flora nativa O abrigo agrave fauna silvestre contribuindo para o equiliacutebrio das cadeias alimentares diminuindo pragas e

agentes vetores de doenccedilas A formaccedilatildeo de barreiras visuais eou sonoras proporcionando privacidade O cotidiano da populaccedilatildeo funcionando como elementos referenciais marcantes O embelezamento da cidade proporcionando prazer esteacutetico e bem-estar psicoloacutegico O aumento do valor das propriedades A melhoria da sauacutede fiacutesica e mental da populaccedilatildeo

No referido manual ainda eacute destacado a sistematicidade e complexidade da organizaccedilatildeo urbana pois ldquoos seres humanos constroem seus ambientes dentre eles a cidade cujoequiliacutebrio necessita ser mantido artificialmente pelo planejamento urbanovisando evitar consequecircncias indesejaacuteveisrdquo (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS2011 p 20) Assim a cidade eacute sistecircmica uma vez que seus variados aspectos e sistemas interagem em si e entre si por isso a cidade precisa ser compreendida como uma totalidade interacional e complexa porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitasrelaccedilotildees que nela se estabelecem pois a complexidade pode ser entendida como ldquoAgrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidadesrdquo (MORIN 2005 p35) Mas a complexidade tambeacutem desafia nossas possibilidades de caacutelculo ldquo[] ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios A complexidade num certo sentido sempre tem relaccedilotildees com o acasordquo (MORIN 2005 p35) e esse acaso estaacute presente nas relaccedilotildees que satildeo estabelecidas na sociedade A complexidade ultrapassa suas proacuteprias fronteiras vai desde o quantitativo ao subjetivo tendo um campo amplo do conhecimento que natildeo satildeo todos passiveis de quantificaccedilatildeo e verificaacuteveis mas tambeacutem indeterminados em seu entendimento antes compreendidos em si que pode-se ver nas relaccedilotildees urbanas Diante dessas colocaccedilotildeesentende-se que o verde urbano deva ser estudado de forma sistecircmica e complexa Assim Amador (2013 p 26) argumenta que ldquoLogo a complexidade a instabilidade e a intersubjetividade constituem em conjunto uma visatildeo de mundo sistecircmicardquo Entatildeo eacute atraveacutesda interaccedilatildeo dos diversos espaccedilos arborizados (quintais jardins e calccediladas) com as aacutereas verdes (praccedilas e canteiros centrais) em suas relaccedilotildees sistecircmicas que possibilitam acompreensatildeo da proeminecircncia presente na massa verde urbana Em consonacircncia Santosacentua que

Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) que muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as puacuteblicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando tambeacutem

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as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo (SANTOS 2001 2002 p 1-2)

Nessa perspectiva soacute atraveacutes do estudo dos diversos espaccedilos urbanos com a presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea ou natildeo quese pode verificar a importacircncia da arborizaccedilatildeo para o meio ambiente urbano como um todo 3 O VERDE URBANO NA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE quintais jardins e calccediladas O presente toacutepico refere-se ao primeiro projeto de pesquisa desenvolvido sobre o verde urbano do municiacutepio de Correntes-PE acerca do verde presente nas residecircncias atraveacutes dos estudos dos espaccedilos disponiacuteveis paraa arborizaccedilatildeo que satildeo os quintais jardins e calccediladas O principal objetivo foi ldquodiagnosticar como os moradores cuidam de seus jardins quintais e aacutervores das calccediladas atraveacutes da verificaccedilatildeo dos cuidados que eles tecircm com a arborizaccedilatildeo de suas casasrdquo Assim foi possiacutevel estabelecer um diaacutelogo durante a pesquisa com as diversas percepccedilotildees da populaccedilatildeo referentes agravetemaacutetica em estudo diagnosticando o quantoa presenccedila da arborizaccedilatildeo eou vegetaccedilatildeo eacute um fator importante parao meio ambiente urbano que no entendimento de Resende e Souza eacute ldquoa concepccedilatildeo de equiliacutebrio ambiental e fortalecimento das sensaccedilotildees de bem-estar e o definido paraiacuteso eacute simbolizado pela aacutervore ao passo que essa produz a reestruturaccedilatildeo do conforto e manteacutem uma relaccedilatildeo de proximidade sensorial ou emotiva do homemrdquo (REZENDE SOUZA 2009 p 55) Poreacutem nem todas as pessoas sabem desfrutar desses lazeres em seus lares pois associam a presenccedila arboacuterea e vegetal agrave outros fatores que lhes causam receio ou medo Em estudos realizados sobre o verde no municiacutepio de Correntes-PE foi verificado que o verde existente em quintais jardins e calccediladas nas ruas que constituem a aacuterea central do municiacutepio de Correntes-PE mas que estaacute cada vez mais escasso e um dos fatores que contribui com esse fato eacute a falta de incentivo e conhecimento dos benefiacutecios proporcionados pelo verde (CHAVES AMADOR 2012) Essa colocaccedilatildeo eacute relevante e adveacutem da falta de informaccedilatildeo sobre a arborizaccedilatildeo residencial fato que leva as pessoas a suprir essa presenccedila em seu lar sob outro ponto de vista pautado na relaccedilatildeo com a natureza Outros moradores mesmo de forma inadequada mantem sua aacutervore usufruindo assim de seus benefiacutecios conhecidos Nesse contexto foi verificado que poucos moradores satildeo esclarecidos sobre a importacircncia e funcionalidade da arborizaccedilatildeo e vegetaccedilatildeo presente em suas casas e que por vezes se encontra dividida em determinados espaccedilos da casa 31 Perspectivas dos Quintais Urbanos em Correntes-PE Os quintais de forma geral tem uma similaridade com os espaccedilos livres da Idade Meacutedia jaacute que nesse periacuteodo ocorreu o maior interesse em se cultivar espeacutecies frutiacuteferas e ornamentais em espaccedilos livres internos agraves residecircncias (LOBODA DE ANGELIS 2005) E dentre as principais funccedilotildees dos quintais domeacutesticos em Correntes-PE encontra-seo cultivo de frutiacuteferas de ervas hortaliccedilas legumes entre outros verificando-se que o desenvolvimento de tal atividade possibilita que os proacuteprios moradores disponham de tais elementos e assim possam utiliza-los na alimentaccedilatildeo e em outras atividades como a medicina caseira tornando-se desnecessaacuteria a compra do que se possui no quintal e em consequecircncia passa a ser um auxilio financeiro para a famiacutelia e ou comunidade local Mas de acordo com os estudos desenvolvidos no municiacutepio em tela alguns moradores desconsideram esse fator que de acordo com os estudos desenvolvidos por Ambroacutesio Peres e Salgado (1996) os mesmos constataram a sua contribuiccedilatildeo agrave alimentaccedilatildeo bem como sua contribuiccedilatildeo para a renda familiar Ressaltam ainda a relevacircncia do quintal para a diversificaccedilatildeo dos alimentos presentes na alimentaccedilatildeo diaacuteria relatando que a ausecircncia do quintal pode ser um fator de restriccedilatildeo da dieta das pessoas principalmente quando refere-se a alimentos ricos em vitaminas minerais e fibras como hortaliccedilas e frutas Esse estudo evidencia o quanto os quintais domeacutesticos tecircm uma ampla utilidade na vida das pessoas que os possuem Principalmente quintais com um pomar de frutas ou verduras que proporcionam um ambiente rico em benefiacutecios no acircmbito familiar ajudando na alimentaccedilatildeo atraveacutes principalmente do cultivo de produtos mais sadios para as famiacutelias sem o uso de agrotoacutexicos

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E como resultado da pesquisa sobre quintais verificou-se que as principais frutiacuteferas encontradas nos quintais satildeo Goiabeira (Psiduimguajava) laranjeira (Citrussinensis) bananeira (Musa spp) e mamoeiro (Caricapapaya) entre outras Poreacutem pode-se ver na tabela 1 a heterogeneidade das espeacutecies de plantas cultivadas nos quintais estudados

Principais plantas Utilizaccedilatildeo Motivos

Frutiacuteferas Alimentaccedilatildeo Familiar Para servir de alimento para a famiacutelia e ajudar a economizar

Ervas medicinais Produccedilatildeo de Remeacutedios Caseiros

Curar doenccedilas sem precisar ir ao meacutedico como gripes dor de cabeccedila febres etc

Temperos Tempero para as Comidas Auxiliar na alimentaccedilatildeo

Plantas ornamentais Enfeites Por que gostaacha bonito Tabela 1 Quintais Domeacutesticos em Correntes-PE

Fonte Pesquisa de campo 2012

Salientando-se que os cuidados com as espeacutecies vegetais dos quintais satildeo irrigar adubar e em minoria

pulverizar algum produtocontra insetos fungos ou outrotipo de praga Mas tambeacutem verificou-se que haacute pessoas que nem se datildeo ao trabalho de cuidar de seus quintais e quando esse possui frutiacuteferas de grande porte as mesmas se mantem produzindo devido principalmente a sua estrutura natural de sobrevivecircncia 32 Jardins Residenciais e sua Percepccedilatildeo em Correntes-PE Para uma melhor compreensatildeo sobre o Jardim comeccedilamos introduzindoo conceito presente no dicionaacuterio da liacutengua portuguesa da Editora Avenida (2005 p 168) que classifica jardim como um ldquopedaccedilo de terreno geralmente cercado e proacuteximo de uma habitaccedilatildeo destinado ao cultivo de flores plantas e aacutervores ornamentaisrdquo Nessa classificaccedilatildeo eacute verificado quais satildeo os tipos de vegetaccedilatildeo que compotildeem esses espaccedilos destinados ao cultivo do verde urbano Tomoando-se outra referencia tem-se o seguinte conceito para jardim

O jardim eacute a reuniatildeo segundo certos preceitos teacutecnicos e esteacuteticos dos mais variados elementos da flora natildeo importando a natureza procedecircncia ou grau de desenvolvimento que possam atingir e bem assim a finalidade a que se destinarem Quando povoamos um jardim de apreciaacutevel numero de representantes da fauna o transformamos em jardim zooloacutegico (SANTOS 1978 p37)

Sabendo-se que o jardim eacute uma aacuterea da casa destinada ao cultivo do verde com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais que exige de quem tem um espaccedilo com tal funccedilatildeo uma atenccedilatildeo em relaccedilatildeo com os cuidados destinados ao jardim Cuidados esses que vatildeo requerer em geral gastos extras para a sua manutenccedilatildeo em termos esteacuteticos Os jardins em especial se destacamem sua utilizaccedilatildeo como espaccedilo de distraccedilatildeoocupacional por algumas pessoas e em especial idosas que consideram o ato de cuidar de plantas uma terapia ou seja uma terapia ocupacional pois nota-se que pessoas idosas dedicam o seu tempo livre aos cuidados de seus jardins que refletem o seu modo de vida jaacute passado e as lembranccedilas de uma cultura que eacute mudada com as inovaccedilotildees da modernidade Aleacutem da sensaccedilatildeo e percepccedilatildeo de que o verde que lhe rodeia tambeacutem lhe permite sentir-se bem Ainda de acordo com Loboda e De Angelis

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constitui-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A princiacutepio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LOBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Pode-se verificar com as colocaccedilotildees dos autores que o jardim aleacutem de exercer a funccedilatildeo esteacutetica tambeacutem passou no seacuteculo XIX a ter funccedilotildees utilitaacuterias nas zonas urbanas devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo e suas funcionalidades de bem-

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estar proporcionado agraves pessoas como terapia ocupacional aleacutem de contribuir para um meio ambiente com melhores condiccedilotildees ambientais Os jardins tambeacutem representam poder hieraacuterquico das populaccedilotildees nobres em detrimentodas menos abastadas Por sua vez os jardins em Correntes constituem-se em espaccedilos raros pois nem todos dispotildeem de tempo e condiccedilotildees financeiras para cultivaacute-los Foi observado que as casas possuem jardins apresentam vaacuterios tipos concepccedilatildeoe percepccedilatildeo que satildeo de acordo com cada niacutevel de formaccedilatildeo financeira e conhecimento do morador Observa-se ainda que pessoas que natildeo tem espaccedilo para tal fim usam o espaccedilo do quintal para cultivar espeacutecies como roseiras e plantas ornamentais numa espeacutecie de compensaccedilatildeo Assim percebeu-se que as residecircncias mais simples que possuem jardim (Figura 2) satildeo os proacuteprios donos que cultivam e cuidam das plantas aguando no veratildeo adubando a terra limpando e quando necessaacuterio podando as plantas que na maioria satildeo roseiras e plantas ornamentais Como exceccedilotildees haacute moradores que tambeacutem plantam hortaliccedilas e ervas tipo medicinal em seus jardins enquanto pessoas mais abastadas procuram uma valorizaccedilatildeo esteacutetica nos seus jardins (Figura 3) e para isso contratam jardineiro ou pessoas especializadas em botacircnica para cuidar dos mesmos aleacutem de implementa-los com objetos de maacutermores como esculturas e desenhos geomeacutetricos em sua forma de delimitaccedilatildeo

Figura 2 e 3 Tipos de Jardins de Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Assimeacute possiacutevel perceber atraveacutes das figuras 2 e 3 apresentadas a diferenciaccedilatildeo da estrutura dos jardins presentes no municiacutepio de Correntes Salienta-se que satildeo poucas residecircncias que possuem jardins e em sua maioriaos jardins ocupam pequenas aacutereas em frente agraves residecircnciasconstatando-se que essa diferenciaccedilatildeo deve-se principalmente ao niacutevel econocircmico 33 A Arborizaccedilatildeo de Calccediladas e sua problemaacutetica em Correntes-PE

As calccediladas satildeo espaccedilos puacuteblicos destinados ao transito de pedestres elas devem ter uma extensatildeo que permita a passagem das pessoas sem obstaacuteculos livres de irregularidades e acessiacuteveis aos portadores de mobilidade reduzida A calccedilada deve ser bem conservada e o piso apresentar elemento antiderrapante permitindo que as pessoas possam caminhar com seguranccedila em um percurso livre de obstaacuteculos e de forma compartilhada com os diversos usos e serviccedilos Trata-se de uma aacuterea impermeaacutevel com a presenccedila de vegetaccedilatildeo principalmente aacutervores desde que isso natildeo interfira no transitar dos pedestres

A calccedilada de acordo com o Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro eacute parte da via normalmente segregada e em niacutevel diferente natildeo destinada agrave circulaccedilatildeo de veiacuteculos reservada ao tracircnsito de pedestres e quando possiacutevel agrave implantaccedilatildeo de mobiliaacuterios urbano sinalizaccedilatildeo vegetaccedilatildeo e outros fins (RODRIGUES AZEVEDO 3)

3 Disponiacutevel em lthttpwwwcressprorgbrforumtopic38gt Acesso em 03 out 2012)

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Logo as calccediladas podem ter aleacutem da arborizaccedilatildeovegetaccedilatildeo outros elementos como mobiliaacuterios e sinalizaccedilatildeo entre os principais desde que isso natildeo interfira na passagem das pessoas E segundo a Cartilha de Arborizaccedilatildeo as calccediladas devem ser arborizadas de acordo com o espaccedilo aeacutereo e subterracircneo disponiacutevel observando as principais questotildees que interferem na escolha das espeacutecies para plantar em calccediladas que satildeo ldquoA largura das calccediladas Presenccedila ou ausecircncia de fiaccedilatildeo aeacuterea Tipo de fiaccedilatildeo aeacuterea (convencional isolada ou protegida) Recuo frontal das edificaccedilotildeesrdquo (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE sdp 6) Assim fica evidente que arborizar uma calccedilada natildeo eacute apenas plantar aacutervore em uma aacuterea permeaacutevel eacute essencial levar em conta o espaccedilo disponiacutevel em torno do local que se pretende fazer o plantio

Tambeacutem eacute relevante falar da importacircncia ecoloacutegica que a vegetaccedilatildeo arboacuterea das calccediladas possui pois proporciona habitaccedilatildeo para pequenas espeacutecies de animais e paacutessaros auxiliando na biodiversidade da fauna urbana Isso contribui para o desenvolvimento de um ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na convivecircncia e interaccedilatildeo das pessoas com o espaccedilo que as cercam

No que se refere agrave arborizaccedilatildeo das calccediladas das ruas do Municiacutepio das Correntes-PE o caso eacute bastante preocupante pois satildeo pouquiacutessimas as calccediladas com aacutervores as quais satildeo plantadas de forma inadequada (Figura 4 e 5) E os cuidados que os moradores correntenses dedicam agraves aacutervores de suas calccediladas em alguns casos variam com o desenvolvimento e crescimento da mesma Jaacute em outros casos os moradores ao perceberem que a aacutervore pode causar algum empecilho ou dano simplesmente erradicam a aacutervore sem procurar outras soluccedilotildees

Figura 4 e 5 Inadequaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo das calccediladas em Correntes-PE Fonte Chaves 2012

Por ocasiatildeo de entrevistas com a populaccedilatildeo a respeito dos benefiacutecios das aacutervores nas calccediladas as principais

importacircncias percebidas pelos moradores eram a de amenizaccedilatildeo da temperatura e a sombra proporcionada por ela No entanto registra-se que um fato relevante das observaccedilotildees realizadas eacute que todas as aacutervores plantadas nas calccediladas estatildeo de forma inadequada Elas estatildeo muito proacuteximas da fiaccedilatildeo eleacutetrica ou os galhos se misturam a fiaccedilatildeo aleacutem de perceber-se que as calccediladas satildeo em sua maioria irregulares e possuem degraus aleacutem do espaccedilo destinado ao plantio ser pequeno ocasionando dificuldades agrave passagem das pessoas e danificando o espaccedilo fiacutesico da mesma

Outro dilema acerca da arborizaccedilatildeo das calccediladas eacute a poda visto que por ser um espaccedilo puacuteblico a populaccedilatildeo natildeo eacute esclarecida a respeito de quem deve ser responsaacutevel pela poda Logo sempre haacute conflitos entre populaccedilatildeo e poder

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 25

puacuteblico sobre tal assunto Fato esse que natildeo eacute levado em conta no Municiacutepio das Correntes-PE resultando em calccediladas inadequadas e arborizaccedilatildeo deficiente 4 O VERDE DAS PRACcedilAS E CANTEIROS CENTRAIS NA PERSPECTIVA DA ORGANIZACcedilAtildeO DO ESPACcedilO NUMA ABORDAGEM SISTEcircMICA DA PAISAGEM AGRESTE DE CORRENTES-PE

Ao finalizar as colocaccedilotildees debates e indagaccedilotildees sobre o Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE coloca-se agora em destaque de forma breve os resultados do segundo projeto de pesquisa o qual se deu em sequencia intitulado ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da Paisagem Agreste de Correntes-PErdquo desenvolvido em 2013 Os principais objetivos foram investigar a importacircncia dos espaccedilos verdes puacuteblicos para o contexto social tendo-se como referecircncia a inter-relaccedilatildeo homem homem homem natureza diagnosticando por meio de uma visatildeo sistecircmica como as praccedilas e canteiros centrais satildeo utilizados no planejamento urbano e quais usos e apropriaccedilotildees dos principais espaccedilos puacuteblicos arborizados de Correntes-PE

Logo apresenta-se os resultados acerca de problemas socioambientais ligados ao verde urbano dos espaccedilos livres puacuteblicos na forma das principais Praccedilas e Canteiros Centrais do Municiacutepio de Correntes-PE atraveacutes de uma visatildeo sistecircmica sobre esses espaccedilos na percepccedilatildeo dos moradores do referido MuniciacutepioO ambiente urbano entendido como conjunto dissociado de espaccedilos construiacutedos e espaccedilos livres de construccedilatildeo dispostos sobre uma organizaccedilatildeo funcional que regram a proacutepria organizaccedilatildeo e fluxo de pessoas na cidade

Os espaccedilos urbanos edificados satildeo ldquoaacutereas ocupadas de maneira significativamente densa pelas construccedilotildees que atendem as atividades do meio urbano de uso residencial comercial industrial de serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede educaccedilatildeo entre outrosrdquo (CARNEIRO MESQUITA 2000 p 24) Enquanto os espaccedilos livres satildeo aacutereas parcialmente edificadas com nula ou miacutenima proporccedilatildeo de elementos construiacutedos ou com presenccedila de vegetaccedilatildeo como por exemplo praccedilas parques e canteiros cujas funccedilotildees satildeo a recreaccedilatildeo circulaccedilatildeo composiccedilatildeo paisagiacutestica e de equiliacutebrio ambiental (CARNEIRO MESQUITA 2000)

Logo a cidade eacute uma formaccedilatildeo diversa constituiacuteda de espaccedilos modificados apropriados recriados e tornam-se propiacutecios a criaccedilatildeo de novos espaccedilos com novas funccedilotildees pelo homem sempre a procura de um melhor ambiente para o desenvolvimento de suas atividades A cidade tambeacutem se apresenta como um conjunto sistecircmico de interaccedilotildees e relaccedilotildees que variam de acordo com a percepccedilatildeo de cada indiviacuteduo e do olhar do observador de tais relaccedilotildees Esses espaccedilos arborizados apresentam certa harmonia e destinados a atividades saudaacuteveis ao mesmo tempo contribuem para um melhor ambiente urbano 41 As Aacutereas Verdes Urbanas Estudadas e Suas Contribuiccedilotildees para a Funcionalidade de Correntes-PE

Os principais espaccedilos puacuteblicos livres arborizados de Correntes-PE objetos do estudo foram a Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Essasaacutereas verdes contribuem para organizaccedilatildeo do municiacutepio devido as suaslocalizaccedilotildees que abrangemo ponto central do municiacutepio com as Praccedilas Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Praccedila Herciacutelio Victor da Silva e a Praccedila Pedro Alves Camelo onde convergemas principais relaccedilotildees urbanas enquanto que as principais saiacutedas e entradas do municiacutepio satildeo pela Praccedila Cursino Jacobina ou pela Avenida Raimundo Calado

As ruas do municiacutepio de Correntes-PE satildeo divididas em trechos tendo como divisatildeo dos trechos a extensatildeo principal da cidade que se inicia na entrada da aacuterea urbana e vai ateacute a saiacuteda em direccedilatildeo ao Distrito de Pau Amarelo onde

Trecho A - Correspondem as ruas que ficam do lado ESQUERDO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

Trecho B - Corresponde agraves ruas que se localizam do lado DIREITO no sentido de entrada do municiacutepio abrangendo a Praccedila Pedro Alves Camelo

Trecho C - Corresponde agrave parte da cidade denominada Bairro da Bahia que se encontra separada da cidade pelo rio Mundauacute e nesse trecho natildeo se localiza nenhuma aacuterea verde estudada

26- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Cursino Jacobina e o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado localizam-se na extensatildeo principal que divide a cidade nos trechos A e B Logo eacute percebido que essas praccedilas contribuem para os fluxos urbanos e os desenvolvimentos das relaccedilotildees que se datildeo nessas aacutereas e em suas proximidades

Colocando-se ainda uma atribuiccedilatildeo agraves praccedilas elas podem ser arborizadas ou natildeo esse fato vai depender de sua funcionalidade ou intenccedilatildeo Logo sem a presenccedila de elementos naturais seja a arborizaccedilatildeo ou outro tipo de vegetaccedilatildeo satildeo destinadas a uma atividade especiacutefica como lugar de eventos Eacute o caso da Praccedila Pedro Alves Camelo em Correntes-PE enquanto que as praccedilas arborizadas apresentam diversas atribuiccedilotildees para populaccedilatildeo contribuindo para conservaccedilatildeo da natureza Natureza essa que foi praticamente destruiacuteda para construccedilatildeo das cidades e ao mesmo tempo necessaacuteria para o bom desenvolvimento do ambiente urbano como as demais praccedilas estudadas

42 A Quantificaccedilatildeo das Principais Espeacutecies Arboacutereas Presentes nas Aacutereas Verdes Estudadas em Correntes-PE

Uma das atividades desenvolvidas na pesquisa sobre a arborizaccedilatildeo dos principais espaccedilos puacuteblicos e arborizados foi agrave quantificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo das espeacutecies arboacutereas predominantes Assim seguem nos graacuteficos 1 e 2 as quantificaccedilotildees dessas espeacutecies

Graacutefico 1 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Graacutefico 2 Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Graacutefico 3 Praccedila Cursino Jacobina Graacutefico 4 Canteiro Central

20

27

7

46

Quantificaccedilatildeo da espeacutecies Arboacutereas da Praccedila Herciliacuteo Victor da Silva

Castanhola

Acaacutecia

Palmeira

Outras Espeacutecies

41

6 3

20

9

21

Quantificaccedilatildeo da Espeacutecie Arboacutereas da Praccedila Nossa Senhora da

Conceiccedilatildeo

Ficus

Pata de Vaca

Algarobeira

Palmeira

Acaacutecia

Outras Espeacutecies

28

44

17

11

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuterea da Praccedila Cursino Jacobina

Castanhola

Algarobeira

Flamboyant

Outras Espeacutecies

25

36 8 3

28

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacutereas do Cateiro Central da

Avenida Raimundo Calado

Ficus

Castanhola

Pata de Vaca

Pinheiro

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 27

Graacutefico 5 Praccedila Pedro Alves Camelo Graacutefico 6 Predominacircncia por Aacutereas Estudada

Graacuteficos 1 2 3 4 5 e 6 dados quantitativos das praccedilas sobre as espeacutecies arboacutereas presentes nos principais espaccedilos livres arborizados de Correntes - PE Fonte Chaves 2013

Com a presente quantificaccedilatildeo pode-se perceber que quase todas as espeacutecies identificadas satildeo exoacuteticas isso

deixa em evidencia a falta de criteacuterio e conhecimentos utilizados na escolha das espeacutecies arboacutereas usadas na arborizaccedilatildeo do municiacutepio bem como uma negaccedilatildeo das espeacutecies nativas Caso houvesse melhor distribuiccedilatildeo de forma mais harmoniosa e equitativa possibilitaria contribuiccedilotildees a essas aacutereas e valorizaccedilatildeo do local com a flora nativa E a natildeo identificaccedilatildeo de algumas espeacutecies remete ao problema de natildeo haver uma catalogaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo presente no municiacutepio 43 Os Diversos Usos e Apropriaccedilotildees dos Principais Espaccedilos Puacuteblicos Arborizados de Correntes-PE

Os espaccedilos livres urbanos satildeolocais onde se desenvolvem varias relaccedilotildees sociais sistecircmicas permitindo que a interaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo das vidas nela presentes se deem harmoniosamente entre os elementos artificiais e naturais atraveacutes dos modos de uso e apropriaccedilatildeo dos mesmos Tem-se entatildeo os seguintes usos e apropriaccedilatildeo de acordo com determinados espaccedilos da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo a Praccedila Herciacutelio Victor da Silva a Praccedila Pedro Alves Camelo a Praccedila Cursino Jacobina o Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo

Os modos de apropriaccedilatildeo da Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (Figura 6) satildeo com a finalidade econocircmica na presenccedila dos seguintes equipamentos econocircmicos uma sorveteria um bar e algumas barracas de salgadinhos e doces apropriaccedilatildeo dos elementos contidos na proacutepria praccedila com finalidade esteacutetica e de lazer um chafariz e um caramanchatildeo no centro da praccedila

19

6

6

31

38

Quantificaccedilatildeo das Espeacutecies Arboacuteresa da Praccedila Pedro Alves

Camelo

Ficus

Algarobeira

Castanhola

Palmeirinhas

Outras Espeacutecies

0

2

4

6

8

Praccedila NossaSenhora da

Conceiccedilatildeo

Praccedila Herciacutelio Victorda Silva

Praccedila Pedro AlvesCamelo

Praccedila CursinoJacobina

Canteiro Central daAvenida Raimundo

Calado

Pedrominancias de espeacutecies Arboacutereas por Aacuterea Estudada

Aacutereas Arorizadas

28- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 6Praccedila Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo em Correntes-PE Fonte Chaves 2013

Enquanto os usos principais da praccedila satildeo circulaccedilatildeo devido agrave localizaccedilatildeo da mesma a qual se encontra no ponto

central do municiacutepio lazer quando a populaccedilatildeo se reuacutene para conversar brincar (crianccedilas e adolescentes) jogar cartas ou dominoacute andar de bicicleta namorar entre outros lazeres consumo tomar sorvete comprar doces e salgadinhos e tomar uma cachaccedila com os amigos (os adultos) ou simplesmente usam esse espaccedilo para aproveitar um ambiente agradaacutevel na cidade desfrutando de elementos naturais e artificiais e dos inuacutemeros benefiacutecios da arborizaccedilatildeo presente Praccedila Herciacutelio Victor da Silva

A praccedila eacute localizada ao lado do Coleacutegio mais tradicional do ensino fundamental do municiacutepio logo seu publico principal eacute constituiacutedo de estudantes (Figura 7) que utilizam o espaccedilo da praccedila enquanto espera o horaacuterio da aula ou apoacutes a mesma para conversar ou brincar com os colegas de salas Tambeacutem eacute frequentada por casais principalmente casais de estudantes e a mesma ainda eacute sede de um centro comunitaacuterio de informaacutetica

Figura 7 Praccedila Herciacutelio Victor da Silva Fonte Chaves 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 29

Constatou-se entatildeo que a praccedila eacute bastante frequentada de segunda a sexta pelos estudantes e usuaacuterios do

centro de informaacutetica devido principalmente a sua localizaccedilatildeo Aos saacutebados basicamente e frequentada por alguns feirantes e aos domingos ela praticamente apresenta apenas a funccedilatildeo de circulaccedilatildeo por moradores do municiacutepio A Praccedila Pedro Alves Camelo

Eacute uma praccedila com pouca arborizaccedilatildeo destinada a eventos culturais e apresentaccedilotildees teatrais (Figura 8) A populaccedilatildeo que reside em seu entorno percebe esse espaccedilo atraveacutes de importantes benefiacutecios quais sejam oxigecircnio mais saudaacutevel sombra amenizaccedilatildeo das altas temperaturas e ventilaccedilatildeo nas casas

Figura 8 A Praccedila Pedro Alves Camelo Fonte Chaves 2013

A praccedila possui tambeacutem em seu entorno um salatildeo de cabelereiro para homens um salatildeo de manicure

residecircncias preacutedios puacuteblicos e outros serviccedilos aleacutem de ser bastante usada por crianccedilas para brincar com bola e por casais de namorados principalmente agrave noite nos banquinhos da praccedila pois durante o dia a falta de arborizaccedilatildeo a deixa pouco propicia para o lazer a ceacuteu aberto

Devido agrave presenccedila de um bar em seu entorno a praccedila mostra-se muito movimentada nos dias de jogos pois os torcedores gostam de assistir os jogos no bar com os amigos e ao mesmo tempo fazem uma confraternizaccedilatildeo Embora seu espaccedilo seja para realizaccedilatildeo de eventos as festas de ruas sempre satildeo realizadas em outros locais e natildeo nela pois seu espaccedilo natildeo comportaria um grande nuacutemero de pessoas ao mesmo tempo

Praccedila Cursino Jacobina

A praccedila aleacutem de seus elementos arboacutereos abriga uma estatua de Padre Cicero (Figura 9) e no dia desse padroeiro ocorre neste local celebraccedilotildees onde grande parte da populaccedilatildeo acende velas no altar como devoccedilatildeo Mas tirando essa eacutepoca de devoccedilatildeo a praccedila eacute frequentada tambeacutem com assiduidade pela populaccedilatildeo em geral devido a seu ambiente agradaacutevel e sombreado principal beneficio citado pelos frequentadores

30- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 9 Praccedila Cursino Jacobina Fonte Chaves 2013

Todos os dias proacuteximo da Estatua de Padre Cicero moradores que satildeo em sua maioria idosos da rua ou deruas

vizinhas se encontram para jogarem dominoacute ou baralho Aleacutem de jogar conversa fora como disse um dos senhores que tem essa pratica ldquoum bando de desocupadordquo respeitando-se o linguajar do cidadatildeo ipis litteris Essas pessoas em sua maioria satildeo senhores aposentados ou que se encontram em horaacuterios para lazer na praccedila Salienta-se ainda que estudantes tambeacutem participam desses encontros e atividades

Ao lado do canteiro localizam-se borracharias e oficinas Assim as pessoas colocam seus transportes na sombra das arvores de grande porte enquanto esperam serem atendidas Os moradores tambeacutem estacionam seus veiacuteculos ao lado do canteiro usufruindo assim da sombra proporcionada principalmente composta por amendoeiras e algarobeiras

Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado

Na percepccedilatildeo da populaccedilatildeo da Avenida Raimundo Calado em relaccedilatildeo agrave arborizaccedilatildeo do canteiro central a importacircncia se materializa pela sombra fornecida por servir de habitat para os paacutessaros aleacutem de acreditarem que preserva o meio ambiente mas a populaccedilatildeo natildeo especificou como se daacute essa preservaccedilatildeo ambiental

Na visatildeo de uma comerciante que se apropriou do espaccedilo do canteiro com a colocaccedilatildeo de uma barraca de doces e salgadinhos (Figura 10) antes de tudo a comerciante explica que estabeleceu sua barraca ali porque natildeo encontrou qualquer impedimento por parte da gestatildeo do municiacutepio para tal ato Assim quando ela foi colocar a barraca ha uns anos atraacutes pediu permissatildeo ao responsaacutevel da Prefeitura que lhe concedeu a permissatildeo

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 31

Figura 10 Apropriaccedilatildeo do Canteiro Central da Avenida Raimundo Calado Fonte Chaves 2013

A barraca eacute frequentada por pessoas de todas as idades que residem na avenida ou que passam por ali soacute natildeo eacute

mais frequentada por que natildeo vende bebidas Verifica-se que a mesma se beneficia da presenccedila da arborizaccedilatildeo que deixao ambiente mais agradaacutevel 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante do desenvolvimento dos projetos de pesquisas sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE atraveacutes do projeto realizado em 2012 com tema ldquoO Verde Urbano na Paisagem Agreste de Correntes-PE quintais jardins e calccediladasrdquo e em 2013 com o projeto ldquoO Verde das Praccedilas e Canteiros Centrais na Perspectiva da Organizaccedilatildeo do Espaccedilo numa Abordagem Sistecircmica da paisagem Agreste de Correntes-PErdquo foi possiacutevel materializar alguns artigos durante o tempo da pesquisa e teve-se tambeacutem como principal resultado concreto o presente capiacutetulo de livro

Aqui procurou-se enfocar a importacircncia da vegetaccedilatildeo principalmente a arborizaccedilatildeo no ambiente urbano Pois tal presenccedila possibilita um desenvolvimento urbano mais saudaacutevel quando se pensa em desenvolvimento das atividades humanas bem como uma contribuiccedilatildeo ecoloacutegica diante da construccedilatildeo artificial que eacute a cidade que com frequecircncia evidencia-se desordenada e natildeo planejada

Assim diante da problemaacuteticacolocada e pesquisada pode-se perceber dilemas e conflitos presentes no ambiente urbano devido agrave arborizaccedilatildeo bem como a falta da arborizaccedilatildeo Mas uma coisa eacute certa a destruiccedilatildeo da natureza e a introduccedilatildeo da cidade em seu lugar levou o homem a perceber que natildeo eacute possiacutevel viver soacute de elementos artificias issogera paulatinamente no seu dia a dia a falta de condiccedilotildees para desenvolver seu bem-estar Logo a introduccedilatildeo de aacutereas verdes ou espaccedilos arborizados na cidade eacute a primeira opccedilatildeo na hora de procurar uma maneira de melhorar as condiccedilotildees ambientais do meio ambiente urbano

Aleacutem das diversas funcionalidades e benefiacutecios advindos do verde urbano elencado nos toacutepicos desse capiacutetulo a presenccedila desse verde no municiacutepio de Correntes-PE eacute em geral inadequadae deficiente no que se refere aos espaccedilos particulares mas abundante e com predomiacutenio de exoacuteticas nas aacutereas puacuteblicas mesmo sem o devido planejamento e gestatildeo adequados

A populaccedilatildeo em sua maioria desconhece a importacircncia da presenccedila do verde na cidade e mesmo usufruindo diariamente desses ambientes pouco sabe valorizar e cuidar desse ldquobemrdquo Mesmo as praccedilas ecanteiros centrais sendo espaccedilos puacuteblicos natildeo cabe apenas agrave Prefeitura cuidar e preservar tais ambientes Entendendo-se serembens comuns a

32- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

todos cabe a cada indiviacuteduo cuidar e preservar a integridade desses espaccedilos puacuteblicos aleacutem de caber sim agrave Prefeitura disponibilizar pessoas qualificadas para realizaccedilatildeo da manutenccedilatildeo necessaacuteria dos mesmos ou seja implementar uma melhor gestatildeo do verde na cidade

Correntesem Pernambuco como outros municiacutepios do semiaacuterido periodicamente sofrem com temperaturas altas e por esse motivo um projeto de arborizaccedilatildeo para as calccediladas foi desenvolvido numa tentativa de deixar os ambientes domiciliares mais amenos e agradaacuteveis Poreacutem a falta de estudos e planejamento fez com que anos apoacutes sua implantaccedilatildeo a arborizaccedilatildeo danificasse de diversos modos agraves residecircncias levando entatildeo os moradores a erradicarem as aacutervores plantadas Verificou-se no contexto que muitas das espeacutecies plantadas natildeo eram recomendadas para calccediladas visto que passaram a danificar o espaccedilo fiacutesico das mesmas bem como os imoacuteveis

E foi tambeacutem atraveacutes do estudo sobre o verde urbano na paisagem agreste de Correntes-PE por meio de meacutetodos de anaacutelise da paisagem no ambito da ciecircncia geograacutefica com abordagem das contradiccedilotildees sociais desenvolvidas no ambiente urbano que se pode perceber como a introduccedilatildeo de aacutereas verdes eacute ligada as funcionalidades urbanas a sua organizaccedilatildeo bem como aos seus fluxos e desenvolvimento

Conclui-se que eacute de suma importacircncia ter essas aacutereas verdes mas que seja de forma adequada e planejada evitando-se grandes problemas futuros Tambeacutem eacute necessaacuterio desenvolver atividades ou eventos que levem a populaccedilatildeo esclarecimentos e informaccedilatildeo sobre o porquecirc ter espaccedilos verdes no ambiente urbano pois uma coisa eacute certa nada existe por nada mesmo os acontecimentos fatos mais espontacircneos tudo tem uma razatildeo e contribuiccedilatildeo seja atraveacutes de seu uso estrutura e funcionalidade

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Abordagens geograacuteficas de antigas aacutereas algorobadas Recife Universidade da UFPE 2013

______ Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

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CAMARGO Luiacutes Henrique Ramos de A ruptura do meio ambiente conhecendo as mudanccedilas ambientais do planeta atraveacutes de uma nova percepccedilatildeo da ciecircnciaa geografia da complexidade 2 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2008

CARNEIRO Ana Rita MESQUITA Liana de Barros Espaccedilos livres de Recife Recife prefeitura da cidade do RecifeUniversidade Federal de Pernambuco 2000

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RESENDE W X SOUZA R L Concepccedilatildeo e controveacutersias sobre aacutereas verdes urbanas In SOUZA R M Territoacuterio planejamento e sustentabilidade Satildeo Cristoacutevatildeo UFS 2009

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TUAN Yi-fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

34- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO

MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 35

Capiacutetulo 2

O VERDE NA AacuteREA RURAL DO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

(Em estudo o juazeiro)

Darla Juliana Cavalcanti Macedo

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Maria Betacircnia Moreira Amador

A base de toda a sustentabilidade eacute o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza

Nagib Anderaacuteos Neto4

1 INTRODUCcedilAtildeO

A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o proacuteprio homem Para esta atividade o investigador recorre agrave observaccedilatildeo e agrave reflexatildeo que faz sobre os problemas que enfrenta e a experiecircncia passada e atual dos homens na soluccedilatildeo destes problemas a fim de munir-se dos instrumentos mais adequados agrave sua accedilatildeo e intervir no seu mundo para construiacute-lo adequado agrave sua vida (CHIZOTTI 2009 p11)

Seguindo-se o conceito acima descrito e com o intuito de trazer essa definiccedilatildeo para a pesquisa de campo desencadeou-se o objetivo de pesquisar espeacutecies arboacutereas da caatinga e visto tratar-se de uma regiatildeo bastante diversificada haacute sempre uma enorme gama de pontos a serem explorados Esses objetivos podem ser estendidos por diversas aacutereas do conhecimento como a Biologia a Botacircnica e a Geografia por exemplo E trazendo esse estudo bibliograacutefico e de campo para a Geografia tecircm-se uma abrangecircncia que vai aleacutem da classificaccedilatildeo das espeacutecies visto tratar-se de uma aacuterea que permite uma visatildeo ampla e que objetiva principalmente agrave compreensatildeo e o entendimento do espaccedilo como um todo

Na busca de trazer esses aspectos para a pesquisa de campo nas aacutereas verdes do Agreste nordestino mais especificamente para o verde na aacuterea rural do municiacutepio de Venturosa-PE apresenta-se o estudo sobre a espeacutecie do

4 Disponiacutevel emhttppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014

36- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

juazeiro aacutervore tiacutepica do Nordeste brasileiro Procurando-se destacar sua interaccedilatildeo com o clima solo relaccedilatildeo homemnatureza e sua incidecircncia na aacuterea estudada apesar da devastaccedilatildeo que sofre decorrente das atividades para o progresso desenvolvimento agropecuaacuterio

No caso do juazeiro como o mesmo geralmente estaacute posicionado dentro ou proacuteximo agraves aacutereas de pastagens procurou-se demonstrar sua fundamental importacircncia para a conjuntura espacial paisagiacutestica em uma complexidade agraacuteria e agroecoloacutegica Utilizando-se para este fim a Geografia atraveacutes de sua categoria de anaacutelise paisagem a qual oferece oportunidade para a realizaccedilatildeo de uma abordagem sistecircmica frente agraves necessidades de entendimento de cada objeto

2 LOCALIZACcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DO OBJETO DE ESTUDO

O Brasil eacute um paiacutes de grandes dimensotildees com uma aacuterea de abrangecircncia territorial de consideraacutevel extensatildeo onde estaacute inserida a Regiatildeo Nordeste a qual ocupa cerca de 18 do territoacuterio nacional com caracteriacutesticas marcantes e bastante diversificadas dentro de uma mesma regiatildeo e nesse contexto apresentam-se os domiacutenios morfoclimaacuteticos que se constituem numa siacutentese dos vaacuterios aspectos naturais de uma regiatildeo que de acordo com Arbex eBacic (1999 p12) os mesmos relatam que ldquosatildeo quatro os domiacutenios morfoclimaacuteticos na Regiatildeo Nordeste a Caatinga (depressotildees e planaltos semiaacuteridos) o dos Mares de Morros o Cerrado e o Amazocircnico (terras baixas florestadas equatoriais) sem contar as significativas faixas de transiccedilatildeo entre elesrdquo

Dentro dessa grande regiatildeo nordestina estaacute inserido o municiacutepio de Venturosa o qual se encontra localizado a 2434 km da capital Recife na Mesorregiatildeo do Agreste e Microrregiatildeo do Vale do Ipanema este formado pelos municiacutepios de Aacuteguas Belas Buiacuteque Itaiacuteba Pedra Tupanatinga e Venturosa no interior de Pernambuco (Figura 1)

Figura 1 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Venturosa adaptado por Darla Macedo 2013

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Venturosa tem na agropecuaacuteria principalmente na pecuaacuteria leiteira uma das fontes de renda mais importantes tanto no campo como na cidade havendo sempre uma dependecircncia dos habitantes para com essa atividade que eacute muito significativa pois do leite deriva uma cadeia produtiva que vai do queijo ao iogurte entre outros aproveitamentos e no qual Salienta-se que tambeacutem satildeo produzidos produtos como manteiga manteiga de garrafa doce de leite e bebidas tipo iogurte entre os principais (AMADOR 2008 pag 92) o que reforccedila a interligaccedilatildeo do campo com a cidade constituindo o principal setor econocircmico do municiacutepio

Trata-se portanto de uma atividade que interage com a vegetaccedilatildeo tanto natural quanto artificial de maneira unidimensional ou seja formam viacutenculos entre o humano e a natureza Nesse contexto encontra-se o Juazeiro (Zizyphusjoazeiro) planta de predominacircncia natural na regiatildeo e que eacute considerada por muitos como siacutembolo do Nordeste por ser facilmente encontrada e conhecida pela populaccedilatildeo principalmente da aacuterea rural onde tem sua quase totalidade de incidecircncia no municiacutepio tendo em vista que na aacuterea urbana sua presenccedila eacute minimamente observada (Figura 2)

Figura 2 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE Foto Arquivo da autora 2013

Importante salientar a grande devastaccedilatildeo por que passa a vegetaccedilatildeo natural do Nordeste especificamente a caatinga que eacute uma das aacutereas que vem gradativamente perdendo essa vegetaccedilatildeo natural para dar lugar as pastagens e outros usos Essa accedilatildeo humana transforma incessantemente o meio em que se vive mas ainda eacute possiacutevel encontrar vaacuterias espeacutecies tiacutepicas desse bioma as quais fazem parte do cenaacuterio natural da caatinga Cita-se por exemplo a jurema a catingueira a barauacutena como espeacutecies que ainda tem predominacircncia no jaacute citado municiacutepio E o juazeiro por sua vez eacute uma aacutervore tiacutepica da regiatildeo o que faz a mesma interagir plenamente com a flora e fauna nativas Tomando-se Vasconcelos Sobrinho (2005 p 187) tem-se a seguinte definiccedilatildeo

O Joazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) legiacutetimo representante das caatingas do Sertatildeo Seridoacute Agreste podendo-se mesmo encontraacute-lo nas matas uacutemidas do litoral Graccedilas a sua drupa comestiacutevel servindo de alimento a vaacuterias criaccedilotildees inclusive ao homem tem fraco poder de regeneraccedilatildeo por meio da semente Natildeo consegue expandir-se muito face suas folhas serem altamente forrageiras muito procuradas nos cercados em cantos de cerca e aceiros das matas pelos rebanhos soacute conseguindo proteccedilatildeo quando seguramente abrigadas e protegidas A sua brotaccedilatildeo de tronco e de raiz natildeo lhe favorece expansatildeo embora melhore muito sua riqueza em folhagem ao alcance dos gados Apresenta-se sempre verde aqui e acolaacute no meio da caatinga e pelos cercados quando escapam agrave destruiccedilatildeo pelos animais que satildeo aacutevidos de suas folhas nutritivas e palataacuteveis

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Diante dessa definiccedilatildeo tem-se uma siacutentese da significacircncia da planta para o espaccedilo semiaacuterido nordestino coadunando-se portanto com sua robustez fiacutesica resistecircncia aos periacuteodos de estiagens prolongadas e as oportunidades de aproveitamento econocircmico

Pode-se ressaltar que o juazeiro eacute de grande importacircncia natildeo apenas pelo bem que promove a natureza pela sua oacutetima integraccedilatildeo com o meio mas por sua beleza caracteriacutestica por manter-se verde durante quase todo o ano mesmo em meio agrave aridez de boa parte do Nordeste na eacutepoca da seca (Figura 3) O que acaba proporcionando sombra e outros benefiacutecios para amenizar as altas temperaturas que cotidianamente atingem o municiacutepio durante a maior parte do ano

Figura 3 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) em meio agrave caatinga Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

3 O EQUILIBRIO SOLO- CLIMA- VEGETACcedilAtildeO

Sabe-se que a natureza busca o equiliacutebrio de sua diversidade e consegue isso com perfeiccedilatildeo no entanto a interferecircncia humana de forma inadequada modifica a forma natural e normalmente gera consequecircncias para o meio em que se vive e para si proacuteprio

Para isso se faz necessaacuterio uma junccedilatildeo aparentemente de pouco significado poreacutem de fundamental importacircncia pois formam o motor da produccedilatildeo que move qualquer lugar que tenha como prioridade em sua produccedilatildeo econocircmica que eacute o equiliacutebrio entre o solo clima e vegetaccedilatildeo e que iratildeo dar o subsiacutedio para o desenvolvimento de qualquer aacuterea que

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tenha a pecuaacuteria ou qualquer atividade agricultaacutevel como fonte de renda Deixando-se claro que depende como essa integraccedilatildeo ocorre em cada aacuterea pois se natildeo houver uma accedilatildeo humana sustentaacutevel tambeacutem natildeo haveraacute forma de desenvolvimento adequado

Vasconcelos Sobrinho (2005) daacute uma definiccedilatildeo muito caracteriacutestica referente ao solo e a vegetaccedilatildeo do Agreste o mesmo diz que

O agreste de Pernambuco [] O solo formado pela decomposiccedilatildeo do granito e do gneiss eacute muito raso Jaacute estaacute erodido e depauperado e a vegetaccedilatildeo nativa encontra-se muito alterada na sua composiccedilatildeo inicial (VASCONCELOS 2005p 183)

Os solos do Agreste ocupam uma aacuterea de transiccedilatildeo entre Zona da Mata e Sertatildeo com relevo extremamente

variaacutevel associado a solos profundos solos rasos e solos relativamente feacuterteis que permitem realccedilar os diferentes tipos de solo no Agreste

Em Venturosa tem-se um aspecto muito importante no qual se pode destacar Tem-se que o relevo eacute descrito como suave ondulado e plano evidenciando como principais tipos de solos o argiloso arenoso pedregoso e rochoso (AMADOR 2008 p83) Nesse aspecto pode-se dizer que o juazeiro se adapta a esses diversos tipos de solo da regiatildeo o que favorece sua incidecircncia

No tocante agraves relaccedilotildees com o clima chamado de semiaacuterido devido sua baixa umidade e quantidade reduzida de chuva fator que influencia o volume de aacutegua nos rios que secam em determinadas eacutepocas do ano e diminuem as disponibilidades de aacutegua para as plantas animais e homens caracterizando assim a aridez do ambiente O clima se configura como fator bastante determinante da caatinga o qual define a paisagem e o modo de vida dos moradores que vivem um eterno racionamento de aacutegua numa prevenccedilatildeo para a eacutepoca de estiagem 4 O BIOMA CAATINGA E O JUAZEIRO

O bioma caracteriacutestico e uacutenico do Brasil especialmente da Regiatildeo Nordeste a caatinga apresenta baixos iacutendices

pluviomeacutetricos irregularidades de chuvas expondo uma vegetaccedilatildeo de grande resistecircncia a periacuteodos de estiagens Arbex Junior e Bacic Olic (1999 p12) datildeo a seguinte denominaccedilatildeo de caatinga

A caatinga vegetaccedilatildeo natural que daacute nome ao domiacutenio eacute constituiacuteda por aacutervores e arbustos normalmente espinhentos que perdem suas folhas no decorrer da longa estaccedilatildeo seca O clima semiaacuterido e o solo pouco profundo ensejaram o desenvolvimento de vegetais com folhas pequenas e raiacutezes longas

Essas caracteriacutesticas satildeo consideradas naturais no municiacutepio jaacute mencionado devido ao mesmo estar localizado na aacuterea de agreste poreacutem com aspectos tiacutepicos do sertatildeo entendendo-se que

Muito jaacute foi escrito sobre o Agreste poreacutem quando se busca trabalhar academicamente sobre a bibliografia pertinente observa-se a predominacircncia de estudos elaborados sobre a oacutetica cartesiana pautada esta no principio de dividir para conhecer embora natildeo se relegue sua importacircncia para a construccedilatildeo da ciecircncia (AMADOR 2008 pag87)

Tomando-se ainda a mesma autora elenca-se outras espeacutecies arboacutereas no contexto semiaacuterido agrestino em apoio agrave atividade agropecuaacuteria especialmente a pecuaacuteria de leite como a seguir

O angico o pereiro o juazeiro por exemplo satildeo referecircncias do bioma da caatinga deixados no pasto com o propoacutesito tiacutepico ainda das propriedades da regiatildeo de sombrear o gado mas que pode ser visto como testemunhos da vegetaccedilatildeo de caatinga antes existente no local (AMADOR 2008 p208)

Atraveacutes dessa afirmaccedilatildeo fica claro que existe uma devastaccedilatildeo da caatinga agrestina principalmente para ampliaccedilatildeo de pastagens aberturas de estradas vicinais equipamentos rurais entre outras necessidades inerentes agrave atividade agraacuteria Nessa direccedilatildeo cabe trazer agrave tona as preocupaccedilotildees com a sustentabilidade e a importacircncia do juazeiro para o bioma da caatinga

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5 O JUAZEIRO NO MUNICIacutePIO DE VENTUROSA-PE

No municiacutepio de Venturosa a vegetaccedilatildeo predominante caracteriacutestica eacute a caatinga definida por Abiacutelio (2010) como sendo

A caatinga eacute um bioma exclusivamente brasileiro que estaacute inserida no semi-aacuterido nordestino sendo caracterizada principalmente por aspectos climaacuteticos e pluviomeacutetricos detentora de uma rica biodiversidade a qual se encontra cada vez mais ameaccedilada decorrente da maacute utilizaccedilatildeo de seus recursos principalmente pelo forte extrativismo Havendo a necessidade de poliacuteticas que incentivem o desenvolvimento sustentaacutevel regional (ABIacuteLIO 2010 p156)

Eacute nessa vegetaccedilatildeo que estaacute o juazeiro (Zizyphusjoazeiro) aacutervore tipicamente nordestina com frutos de cor amarela quando maduros comestiacuteveis e bem adocicados Com folhas sempre verdes seus ramos satildeo tortuosos e espinhosos (Figura 4)

Figura 4 Galho de juazeiro com seus espinhos no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A aacutervore eacute bastante conhecida pelos venturosenses ateacute mesmo por habitantes citadinos que mesmo morando na cidade conhecem a aacutervore por haver sempre uma nas proximidades com o campo propriamente dito Natildeo deixando-se de ressaltar a presenccedila miacutenima na aacuterea urbana da espeacutecie em tela a qual natildeo eacute identificada como elemento da paisagem urbana Trata-se de uma arborizaccedilatildeo que carece de vegetaccedilatildeo nativa da regiatildeo e que concentra em seu conjunto arboacutereo espeacutecies exoacuteticas que foram aos poucos substituindo as aacutervores tiacutepicas da caatinga principalmente na cidade

Os moradores da zona rural costumam deixar juazeiros em seus terreiros entendendo-se por terreiro o espaccedilo na frente das casas como o evidenciado no exemplo da figura 2 e em seus currais (Figura 5)

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Figura 5 Juazeiro no curral no municiacutepio de Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A proximidade do juazeiro com o homem promove uma integraccedilatildeo agradaacutevel pois o mesmo proporciona sombra

de excelente qualidade aleacutem de contribuir parauma beliacutessima paisagem Tendo servido inclusive de inspiraccedilatildeo para letras de muacutesicas como retrata a bela canccedilatildeo de Luiz Gonzaga o Rei do Baiatildeo em parceria com Humberto Teixeira

O juazeiro Juazeiro juazeiro Me arresponda por favor Juazeiro velho amigo Onde anda o meu amor Ai juazeiro Ela nunca mais voltou Diz juazeiro Onde anda meu amor Juazeiro natildeo te alembra Quando o nosso amor nasceu Toda tarde agrave tua sombra Conversava ela e eu Ai juazeiro Como doacutei a minha dor Diz juazeiro Onde anda o meu amor Juazeiro seje franco Ela tem um novo amor Se natildeo tem porque tu choras Solidaacuterio agrave minha dor Ai juazeiro Natildeo me deixa assim roer Ai juazeiro Tocirc cansado de sofrer Juazeiro meu destino Taacute ligado junto ao teu No teu tronco tem dois nomes

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Ele mesmo eacute que escreveu Ai juazeiro Eu num guumlento mais roer Ai juazeiro Eu prefiro inteacute morrer Ai juazeiro

Luiz Gonzaga5

6 RETROSPECTIVA HISTOacuteRICADO LUGAR (VENTUROSA)

O ciclo natural da vida eacute seguido de forma semelhante em todo ser humano pois as pessoas nascem crescem e morrem concretizando o ciclo natural dos seres vivos E para que isso ocorra de uma forma agradaacutevel para todas as espeacutecies se requer um incentivo agrave educaccedilatildeo ambiental que deve acontecer no momento certo ou seja desde muito cedo para que realmente ocorra com o devido sucesso e sendo assim pode-se dizer que

Educaccedilatildeo Ambiental comeccedila no berccedilo ou seja o primeiro passo deve ser dado na infacircncia Deve-se se ensinar a crianccedila a observar a beleza e os segredos da natureza A beleza de um ipecirc em flor ou de um canteiro multicor o vocirco majestoso da ave no alto do ceacuteu o bater acelerado das asas de um beija-flor o crescer contiacutenuo das plantas e a reproduccedilatildeo dos animais A crianccedila natildeo entenderaacute as razotildees do funcionamento da natureza mas aprenderaacute a observar o que constitui a primeira etapa na formaccedilatildeo de uma consciecircncia

ecoloacutegica e o amor a natureza (TROPPMAIR 2008 p198)

Dessa forma pode-se dizer que se as pessoas se conscientizarem da importacircncia do meio ambiente desde cedo no futuro se beneficiaratildeo muito mais dela

Muitas pessoas desenvolvem um verdadeiro amor pelo seu lugar de origem no qual viveram durante toda sua vida Isso gera uma afeiccedilatildeo pelo seu lugar os moradores da zona rural na sua grande maioria desenvolvem esse apego ao lugar e apesar de enfrentarem grandes dificuldades na labuta diaacuteria do campo geralmente natildeo querem sair para a cidade preferem a calma do interior No entanto esse apego natildeo impede que o mesmo talvez por falta de oportunidade eou de conhecimento acabe causando males ao seu lugar de origem Nesse sentido tomam-se as palavras de Tuan

Para compreender a preferecircncia ambiental de uma pessoa necessitariacuteamos examinar sua heranccedila bioloacutegica criaccedilatildeo educaccedilatildeo trabalho e os arredores fiacutesicos No niacutevel de atitudes e preferecircncias de grupo eacute necessaacuterio conhecer a histoacuteria cultural e a experiecircncia de um grupo no contexto de seu ambiente fiacutesico Em nenhum dos casos eacute possiacutevel distinguir nitidamente entre os fatores culturais e o papel do meio ambiente fiacutesico Os conceitos cultura e meio ambiente se superpotildeem do mesmo modo que os conceitos homem e natureza (TUAN 1980 p 68)

O habitante da zona rural em sua grande maioria natildeo tem e nem teve oportunidades de conhecimento cientifico para aprender a diferenccedila entre o consumo sustentaacutevel e o natildeo sustentaacutevel o que acarreta ao longo dos anos prejuiacutezos incalculaacuteveis Visto que espeacutecies abundantes no lugar vatildeo se extinguindo ao longo dos anos principalmente por natildeo haver interesse de reposiccedilatildeo devido ser uma aacuterea de significativaabrangecircncia pecuaacuteria de no Estado

Os moradores da zona rural tecircm a cultura de desmatamento para o plantio de pastagens que servem de alimento para os rebanhos na maioria bovinos e tambeacutem alguns criatoacuterios de caprinos No entanto em menor quantidade no municiacutepio em relaccedilatildeo agrave bovinocultura que eacute a atividade que predomina na regiatildeo

5 Disponivel emhttpwwwvagalumecombrluiz-gonzagajuazeirohtml Acesso em 21 jan 2014

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No intuito de produzir o alimento para o rebanho durante todo o ano haacute a praacutetica da erradicaccedilatildeo de espeacutecies nativas da caatinga que iratildeo dar lugar as plantaccedilotildees que servem de alimento para os seus rebanhos Sendo assim os moradores pecuaristas produzem espeacutecies adaptaacuteveis ao clima da regiatildeo e em geral as mais comuns satildeo as plantaccedilotildees de palma e capim por serem espeacutecies mais resistentes ao clima semiaacuterido que eacute predominante durante a maior parte do ano e que muitas vezes se repete por vaacuterios anosconsecutivos

Essa natildeo eacute uma atividade que possa ser considerada recente visto que quando do momento da coleta de informaccedilotildees de pessoas que habitam no municiacutepio haacute anos ou desde seu nascimento colheu-se a informaccedilatildeo de que sempre se realizou essa praacutetica para o cultivo de alimentos Esse preparo do terreno para o plantio se daacute desde muitos anos ateacute os dias atuais por meio principalmente de brocas entendendo-se por brocas as queimadas que ocorrem em uma determinada porccedilatildeo de terra a qual depois de queimada seraacute cultivada No entanto essa praacutetica aumentou muito devido ao crescimento populacional e o que antes ocupava pequenas aacutereas hoje atinge grandes espaccedilos causando assim uma devastaccedilatildeo maior do meio ambiente Nesse sentido toma-se como referecircncia sobre esta questatildeo o conceito de Troppmair (2008) que diz

Nas civilizaccedilotildees primitivas pastoris e agriacutecolas o homem era um elemento integrado no sistema natureza e nele interferia apenas de forma restrita Com o aumento da populaccedilatildeo o surgimento de formas sociais mais complexas e principalmente com o advento dos centros urbanos e da era industrial que introduziu o emprego de maquinaacuterio mais potente e sofisticado e modificou modos de vida humana a interferecircncia e as perturbaccedilotildees provocadas pelo homem nos ecossistemas tornaram-se mais draacutesticas e conduziram aos problemas ambientais de nossos dias (TROPPMAIR 2008 p172)

Esse fator eacute primordial para o entendimento da questatildeo do desmatamento no municiacutepio pois onde antes era utilizado apenas o trabalho braccedilal para formaccedilatildeo de roccedilas e cercados entendendo-se por roccedilas e cercados os lugares onde satildeo produzidos os alimentos para os animais hoje haacute uma grande incidecircncia de maquinaacuterios especiacuteficos como tratores maquinas entre outros

Falta no entanto um pensamento que avance assim como os progressos agriacutecolas e que se difunda tambeacutem uma poliacutetica de conservaccedilatildeo do ambiente em prol do bem estar humano e do meio como um todo o qual possa gerar avanccedilos com a perspectiva da sustentabilidade Esperando-se que os mais novos habitantes sigam na linha de afeiccedilatildeo e apego ao lugar mas com modos mais conservacionistas e que aprendam a lidar mais adequadamente com o cultivoda terra 7 O VERDE RURAL E A RELACcedilAtildeO HOMEM NATUREZA

Quando se faz a junccedilatildeo de dois elementos complexos como o homem este no sentido do ser humano e natureza como sentido de lugar onde o homem habita haacute a necessidade de analisar a relaccedilatildeo que um deteacutem sobre o outro visto que ambos devem viver em condiccedilotildees harmocircnicas para soacute assim poder haver uma interligaccedilatildeo que iraacute gerar benefiacutecios para ambos (Figura 6)

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Figura 6 Juazeiro ((Zizyphusjoazeiro) Siacutetio Pedrinhas Venturosa PE

Foto Arquivo da autora 2013

A Geografia inserida nesse acircmbito eacute de fundamental importacircncia para um entendimento dessas relaccedilotildees tendo

em vista a abrangecircncia da disciplina que se encaixa nos mais diversos meios que venham a ser estudados sendo assim fundamental no estudo do verde seja ele rural ou urbano Nesse contexto tem-se em Barbosa (2008 p625)a seguinte definiccedilatildeo

A geografia hoje traz uma nova abordagem onde natildeo haacute mais como fazer distinccedilotildees entre Homem-Natureza onde o meio ambiente deve ser considerado como um todo resultado da relaccedilatildeo homem-natureza Esta abordagem recebe o nome de Sistecircmica e que tem influenciado atualmente nos estudos e anaacutelises feitas dentro do campo de atuaccedilatildeo da Geografia (BARBOSA 2008 p625)

Na relaccedilatildeo homem natureza nota-se que haacute uma cultura de desmatamento muito intensa na regiatildeo onde o verde eacute cada vez mais deixado de lado principalmente aquele vinculado as espeacutecies nativas da caatinga Quando haacute uma busca de desenvolvimento econocircmico pode-se dizer que o homem prefere anular a diversidade natildeo fazendo com isso conjunccedilatildeo de dois sistemas diferentes O ser humano na busca de seu desenvolvimento natildeo mede as consequecircncias de seus atos e tem com isso o que se chama de pensamento simplificador natildeo sabendo interagir com a natureza sem destrui-la Segundo Edgar Morin (2005 p 12) ldquoo pensamento simplificador eacute incapaz de conceber a conjunccedilatildeo do uno e do muacuteltiplo (unitat multiplex) Ou ele unifica abstratamente ao anular a diversidade ou ao contrario justapotildee a diversidade sem conceber a unidaderdquo

Enquanto natildeo houver um meio de integraccedilatildeo entre esses dois sistemas haveraacute sempre um obstaacuteculo para ambos prejudicando o homem e a natureza No entanto eacute cada vez mais raro encontrar uma real preocupaccedilatildeo com a natureza pela parte humana Visto que a mesma estaacute sempre em busca de benefiacutecios proacuteprios sem perceber as reais consequecircncias dos atos realizados natildeo visando agraves consequecircncias futuras que seus atos atuais teratildeo

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Infelizmente pela visatildeo mutiladora e unidimensional paga-se bem caro nos fenocircmenos humanos a mutilaccedilatildeo corta na carne verte o sangue expande o sofrimento A incapacidade de conceber a complexidade da realidade antropossocial em sua incodimenccedilatildeo (o ser individual) e em sua macrodimensatildeo(o conjunto da humanidade planetaacuteria) conduz a infinitas trageacutedias e os conduz a trageacutedia suprema Dizem-nos que a poliacutetica ldquodeverdquo ser simplificadora e maniqueiacutesta Sim claro em sua concepccedilatildeo manipuladora que utiliza as pulsotildees cegas Mas a estrateacutegia poliacutetica requer o conhecimento complexo porque ela se constroacutei na accedilatildeo com e contra o incerto o acaso o jogo do muacuteltiplo das interaccedilotildees e retroaccedilotildees (MORIN 2005 p 13)

Os moradores do municipio em estudado na sua grande maioria satildeo sacrificados ou seja trabalham durante toda sua vida para sobreviver em meio agrave quase constante semiaridez da regiatildeo aproveitando-se dos periacuteodos de maior precipitaccedilatildeo para fazer suas plantaccedilotildees e a partir daiacute alimentarem seus animais os quaisquase sempre representados pelo rebanho bovino para tirarem seu sustento e de sua famiacutelia 8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Pode-se afirmar atraveacutes dedepoimentos de moradores que as espeacutecies tiacutepicas como o juazeiro a catingueira a barauacutena a jurema entre outras eram bem mais abundantes outrorado que hoje

A diminuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais naturais do lugar ocorreu e ocorre devido a falta de um desenvolvimento sustentaacutevel o que gera uma gama de desmatamentos desordenados os quais no decorrer dos anos foram acarretando uma menor incidecircncia da vegetaccedilatildeo nativa ou seja a caatinga de forma natural e que foram dando lugar as pastagens que satildeo utilizadas para alimentar rebanhos principalmente bovinos espeacutecie mais comum para o desenvolvimento econocircmico da regiatildeo Em um conceito bastante oportuno de desenvolvimento sustentaacutevel e que se adeacutequa muito bem a aacuterea estudada encontra-se as seguintes palavras

Atualmente a temaacutetica Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) tem se tornado cada vez mais popular alcanccedilando todas as aacutereas que envolvem a relaccedilatildeo entre ser humano e o Meio Ambiente Mas na praacutetica o DS deteacutem poucos adeptos buscando uma melhor qualidade de vida priorizando a conservaccedilatildeo que vai de contra ao sistema capitalista tendo em vista que o crescimento econocircmico natildeo eacute um fator determinante para o desenvolvimento sustentaacutevel (ABIacuteLIO 2010 p159)

Nessa busca de progresso o homem acaba deixando de lado o principal que eacute a preservaccedilatildeo do meio ambiente e natildeo havendo a compreensatildeo de que a preservaccedilatildeo eacute uma saiacuteda que beneficia aleacutem da fauna e da flora o proacuteprio homem acredita-se que nunca se chegaraacute a um modo equilibrado de convivecircncia com o meio algo de fundamental importacircncia para o habitante da zona rural Preservar o mundo em que se vive comeccedilando pela sua proacutepria aacuterea seu proacuteprio lugarnatildeo se deixando conduzir apenas pelo capitalismo eacute o primeiro passo para o progresso de forma sustentaacutevel

Provavelmente o juazeiro por natildeo ser uma aacutervore muito utilizada na regiatildeo para finscomerciais como carvatildeo vegetal produtos cosmeacuteticos entre outros eacute tambeacutem bastante erradicado para dar lugar agraves plantaccedilotildees com a justificativa de ser empecilho ao avanccedilo da pecuaacuteria e que prejudica eou diminui o uso da terra 9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Conclui-se atraveacutes desses estudos e anaacutelises de campo que a espeacutecie arboacuterea denominada juazeiro eacute nativa da regiatildeo sendo encontrada e identificada com facilidade no municiacutepio deixando-se claro que essa ocorrecircncia se evidencia na zona rural natildeo sendo observada na aacuterea urbana a qual fica restrita a espeacutecies exoacuteticas Registra-se tambeacutem que a espeacutecie eacute considerada por muitos como siacutembolo do lugar o qual manteacutem caracteriacutesticas de Sertatildeo mesmo localizando-se na aacuterea Agreste do Estado Pernambuco caracterizando-se portanto como um ecotone

Um dos pontos focais da pesquisa foi aquestatildeo da relaccedilatildeo homem-natureza no qual ficam as observaccedilotildees de que apesar do homem danificar o meio ambiente de uma forma cada vez mais desenfreada o mesmo necessita da natureza de uma forma tambeacutem muito intensa Mas na maioria das vezes natildeo eacute isso que ocorre e partindo-se do ponto da observaccedilatildeo de que a cada dia aumenta mais as destruiccedilotildees e isso em grandes aacutereas o problema se expande mais E

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isso natildeo fica restrito ao municiacutepio de Venturosa-PE mas eacute uma constataccedilatildeo que se verifica em vaacuterios lugares que por sua vez vatildeo acumulando os problemas e no fim acarretam o desequiliacutebrio ambiental em todo planeta

Conclui-se queo homem natildeo tem ou natildeo procura ter uma percepccedilatildeo da real importacircncia de um desenvolvimento sustentaacutevel do meio em que vive e do quanto eacute importante a conservaccedilatildeo de aacutereas verdes em qualquer que seja a regiatildeo Em um entendimento mais especifico natildeo importa que seja Zona da Mata Agreste ou Sertatildeo a conservaccedilatildeo e a consciecircncia eacute de vital importacircncia natildeo apenas para a natureza mas para todo ser humano visto ser o principal beneficiado com aacutereas onde se praticar umamelhor conservaccedilatildeo ambiental REFEREcircNCIAS

ABIacuteLIO Francisco Joseacute Pegado Educaccedilatildeo Ambiental formaccedilatildeo continuada de professores no Bioma Caatinga In Educaccedilatildeo ambiental para o semiaacuterido Joatildeo Pessoa Editora Universitaacuteria da UFBB 2010

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_____ A visatildeo Sistecircmica e sua contribuiccedilatildeo ao estudo do espaccedilo pecuaacuterio de Venturosa e Pedra no Agreste de Pernambuco Satildeo Paulo Blucher Acadecircmico 2008

ARBEX Juacutenior Joseacute BACIC OLIC Neacutelson O Brasil em regiotildees Nordeste Satildeo Paulo Moderna 1999 (Coleccedilatildeo polecircmica)

BARBOSA E F da F de M Abordagem do sistema geografia fiacutesica x geografia humana1deg SIMPGEO Rio Claro 2008 ISBN 978-85-88454-15-6

CHIZZOTTI Antonio Pesquisa em ciecircncias humanas e sociais 10 ed Satildeo Paulo Cortez 2009

MACEDO D J C RODRIGUES R R V AMADOR M B M O juazeiro (Zizyphusjoazeiro Mart) no contexto rural do municiacutepio de VenturosaPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 175-180 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleview555580 Acesso emacesso em 20 jan 2014

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre Sulina 2005

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Anderaacuteos Neto Nagib Frases textos pensamentos poesias e poemas de Nagib Anderaacuteos Neto no Pensador (Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautornagib_anderaos_neto Acesso em 28 abr 2014)

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Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA

PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS

E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

48- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 3

A NATUREZA NA CIDADE UMA PERCEPCcedilAtildeO DAS PRINCIPAIS PRACcedilAS E ESCOLAS DE CANHOTINHO-PE

Elaynne Mirele Sabino de Franccedila

Thamyllys Myllanny Pimentel Azevedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

Haacute quem passe por um bosque e soacute veja lenha para a fogueira Leon Tolstoi6

1 INTRODUCcedilAtildeO

Este trabalho traz uma pequena contribuiccedilatildeo quando realiza uma discussatildeo a partir de questionamentos sobre como pode ser vista e considerada a natureza o verde presente nos ambientes urbanos em diferentes escalas de localizaccedilatildeo

Tem-se observado que as discussotildees que se fazem em relaccedilatildeo agraves aacutereas vegetadas no contexto da cidade eacute um seguimento que ainda natildeo possui muitas referencias bibliograacuteficas Para tanto iniciativas e estudos que dizem respeito ao temaacuterio estatildeo provocadas na direccedilatildeo de observar as condiccedilotildees ambientais-socias-econocircmicas citadinas

Para se realizar um estudo da natureza na cidade nas praccedilas puacuteblicas e escolas municipais puacuteblicas de Canhotinho-PE com o intuito de se procurara compreender funccedilotildees e importacircncia das espeacutecies arboacutereas presentes nestes espaccedilos diante da perspectiva subjetiva da comunidade que frequenta e tem de alguma forma uma ligaccedilatildeo com estes lugares

Na obtenccedilatildeo de dados sobre os elementos em estudo adotou-se como referencia bibliograacutefica para fundamentar o olhar das pesquisadoras o pensamento de Yi-Fu Tuan (1974) o qual nos indica olhar os objetos presentes nos ambientes natildeo de forma simples e subjetiva pelas funccedilotildees que exercem nos lugares mas tambeacutem apresentar a ligaccedilatildeo que aquele objeto tem para com os diferentes olhares e sensaccedilotildees das pessoas

As consideraccedilotildees que se fazem satildeo realizadas a partir dos estudos desenvolvidos em que se buscou compreender o papel desempenhado pelas aacutereas verdes das praccedilas e como elas podem ser compreendidas enquanto manifestaccedilatildeo da presenccedila do verde urbano considerando o elo que une as pessoas a objetos materiais principalmente elementos bioacuteticos e imateriais pela percepccedilatildeo dos espaccedilos

Associa-se a esse contexto a manifestaccedilatildeo do verde nas escolas puacuteblicas destacando-se a percepccedilatildeo dos sentidos em relaccedilatildeo aos elementos arboacutereos expressos pela comunidade escolar sob a perspectiva do conceito de ldquotopofiliardquo desenvolvido pelo Yi-Fu Tuan

6 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrfraseMjQyMTY4 Acesso em 14 jan 2014

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Ressalta-se que as escolas aqui trabalhadas estatildeo denominadas por siacutembolos alfabeacuteticos ou seja ABCD e E tendo-se em vista a preservaccedilatildeo da eacutetica necessaacuteria aos trabalhos cientiacuteficos e especificamente nesse caso salvaguardando a identidade das entidades de ensino 2 PERCEPCcedilAtildeO UMA VISAtildeO DIFERENTE DO MUNDO ldquoTOPOFILIArdquo

A proposta da anaacutelise eacute perceber o lugar que segundo Yi-Fu Tuan trata-se da relaccedilatildeo de afeto com o lugar em que as pessoas vivem ou ateacute mesmo convivem Assim considera-se a definiccedilatildeo do termo a seguir pelo autor

A lsquorsquotopofiliarsquorsquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definido em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A reposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mais muito mais intensa que subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o loacutecus da reminiscecircncia e o meio de se ganhar a vida (YI-FU TUAN 1974 p107)

Dessa forma como o autor jaacute citou topofilia eacute o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente fiacutesico Pela sua

cidade ou ateacute mesmo um espaccedilo de uso comum como praccedilas escolas jardins entre outros Mesmo assim determinadas pessoas se identificam melhor em espaccedilos naturais alguns indiviacuteduos possuem

uma lealdade extremae chegam a derramar seu sangue para defender sua cidade ou ainda sua naccedilatildeo Logo este elo afetivo na maioria das vezes eacute muito forte sendo esta ligaccedilatildeo afetiva algo que muitas pessoas levam para sua vida toda

Cada pessoa possui uma sensibilidade para vere interpretar os fatos ou ateacute mesmo a realidade de acordo com que eacute mais conveniente para si ou ainda de acordo com suas influencias culturais Sendo assim constitui-se num processo operacional e natildeo apenas uma representaccedilatildeo de determinado objeto Segundo Tuan (1974 70) ldquo[] nas culturas em que os papeis dos sexos satildeo fortemente diferenciados homens e mulheres olharatildeo diferentes aspectos do meio e adquiriratildeo atitudes diferentes []rdquo

Nesse sentido tambeacutem eacute possiacutevel perceber natildeo mais um fenocircmeno mas uma teia de fenocircmenos recursivamente interligados e portanto ter-se-aacute diante de si a complexidade do sistema (AMADOR 2013 p 50)

Logo admite-se que os estudos devem considerar aspectos de ordem de sua totalidade ou ainda como diria Morin (2005) observar e analisar um fenocircmeno em aproximadamente todos os aspectos que interagem entre si e com o espaccedilo em seu entorno visto que ele influencia e eacute influenciado Assim sendo como o proacuteprio autor discutiu seria o pensar complexo rompendo com estudos reducionistas quando se refere

O que eacute a complexidade Agrave primeira vista eacute um fenocircmeno quantitativo a extrema quantidade de interaccedilotildees e de interferecircncias entre um nuacutemero muito grande de unidades [] Mas a complexidade natildeo compreende apenas quantidades de unidade e interaccedilotildees que desafiam nossas possibilidades de calculo ela compreende tambeacutem incertezas indeterminaccedilotildees fenocircmenos aleatoacuterios [] (MORIN 2005 p 35)

Sob este aspecto eacute que se desenrolam os estudos no acircmbito dos espaccedilos livres e nas escolas puacuteblicas compreendendo para tanto o todo e natildeo soacute uma parte do espaccedilo observado

Tendo-se como suporte a Geografia para apreender como se daacute a inter-relaccedilatildeo das pessoas em seu meio de convivecircncia Nessa linha de pensamento considerou-se a percepccedilatildeo que segundo Amador (2013) demonstra ser algo subjetivo em que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo proacutepria do espaccedilo tomando vaacuterias formas e influenciada pela cultura de cada individuo

Considerando-se o fato da temaacutetica ambiental ter sido uma das grandes preocupaccedilotildees que emergiu nos cenaacuterios dos seacuteculos XX e XXI pelas dificuldades de fatores distintos observados (MENDONCcedilA 2002) na paisagem geograacutefica mas especificamente na cidade apresentando iniciativas no sentido de buscar e resguardar os anseios e necessidades humanas de qualidade de vida e ambiental aliados as intenccedilotildees de apreender as interaccedilotildees que se datildeo no espaccedilo

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21 Contextualizando a Natureza na Cidade

A cidade espaccedilo humanizado de muacuteltiplas relaccedilotildees mostra-se como local de contradiccedilotildees no que diz respeito agraves interaccedilotildees que se processam entre o homem e a natureza sendo esta ldquosegunda naturezardquo por vezes uma contradiccedilatildeo da cidade (com a erradicaccedilatildeoda vegetaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo do urbano) e posterior volta dessa mesma vegetaccedilatildeo compreendida como vaacutelvula de escape para amenizar os problemas ambientais urbanos (FRANCcedilA AMADOR 2013)

Os ambientes citadinos lugares em que se estabelecem distintas relaccedilotildees entre homem e meio apresentam diferentes paisagens diante daquilo que eacute visto condicionado pelos processos que se datildeo no espaccedilo e tempo de cada periacuteodo

Por algum tempo muito se tem argumentado sobre o que se pode definir como natureza e como ela aparece no cenaacuterio das cidades Diante do expressivo progresso nas ultimas trecircs deacutecadas das ferramentas e teacutecnicas no periacuteodo vigente pela capacidade humana e o poder de tomar conhecimento sobre grande parte dos elementos presentes da Terra em suas diversas relaccedilotildees e suas potencialidades

A natureza antes era tida como obstaculo para realizaccedilatildeo humana (HENRIQUE 2009) mas hoje em dia ela vem sendo tratada de diferentes formas e ressaltadas suasfunccedilotildees mediante as intencionalidades humanas dependendo das condiccedilotildees ambientais dos espaccedilos urbanos com valores e sentidos expressos por fatores esteacuteticos ambientais sociais e ateacute mesmo econocircmicos Assim caracteriacutesticas geograacuteficas que eram fatores determinantes para o uso e apropriaccedilatildeo do espaccedilo passam a exercer menor influencia decisiva na construccedilatildeo de objetos necessaacuterios a uma condiccedilatildeo de vida mais apropriada mais digna do ponto de vista ambiental

Tanto os elementos materiais e imateriais presentes no espaccedilo urbano apresentam em si um dialogo em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que se estabelece entre o homem e o meio de modo ldquoindissociaacutevelrdquo na paisagem (AMADOR 2011) como se atuasse em um sistema que ao mesmo tempo eacute influenciado e esta influenciando

Aqui se considera como ldquonaturezardquo aquela evidenciadapelas aacutereas que possuem algum tipo de vegetaccedilatildeo seja nativa ou exoacutetica como aquelas preservadas naturalmente ou inseridas pela accedilatildeo humana em seus limites Atentando-se ainda para o fato das inter-relaccedilotildees soacutecio-ambientais que ocorrem nesta ldquonaturezardquo sendo o homem tambeacutem inserido no contexto aleacutem dos demais elementos bioacuteticos e abioacuteticos BeninI e Martin (2012) expressam o conceito de aacutereas verdes da seguinte forma

[] aacuterea verde puacuteblica eacute todo espaccedilo livre (aacuterea verdelazer) que foi afetado de uso comum e que apresenta algum tipo de vegetaccedilatildeo (espontacircnea ou plantada) que possa contribuir em termos ambientais (fotossiacutentese evapotranspiraccedilatildeo sombreamento permeabilidade conservaccedilatildeo da biodiversidade e mitigue dos efeitos da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica) e que tambeacutem seja utilizado com objetivos soacutecias ecoloacutegicos cientiacuteficos ou culturais (BENINI MARTIN 2012 p 77)

Tomando-se essa referencia admite-se que satildeo aacutereas verdes todo espaccedilo livre puacuteblico em que haacute presenccedila de vegetaccedilatildeo arboacuterea presente principalmente nas cidades de pequeno porte do interior de Pernambuco aleacutem de compreendecirc-las como representaccedilatildeo fundamental da natureza na cidade

Segundo Amador (2012) e Benini (2011) entende-se praccedila como um ldquoespaccedilo livre puacuteblicordquo com papel para o desempenho entre outros fins do lazer dos seus frequentadores Sendo uma aacuterea verde considerando-se nesse sentido as caracteriacutesticas e funccedilotildees que exercem quando haacute presenccedila da vegetaccedilatildeo e se encontra permeabilizada

A preservaccedilatildeo ou incorporaccedilatildeo da natureza na cidade se insere por meio dos parques praccedilas canteiros quintais calccediladas e jardins rotatoacuterias trevos lugares de domiacutenio puacuteblico ou privado que estatildeo disponiacuteveis a populaccedilatildeo que deseja e por vezes pode desfrutar desses espaccedilos

No entanto esta ldquonaturezardquo natildeo se manifesta apenas em ambientes externos puacuteblicos mas tambeacutem na parte interior de aacutereas privadas ou puacuteblicas dependendo do tipo de construccedilatildeo que apresentem elementos verdes na paisagem considerando-se nesse contexto as escolas que apresentarem vegetaccedilatildeo e exercerem as mesmas funccedilotildees ambientais que outros espaccedilos exercem

Logo insere-se a seguir estudos que se desenvolveram a respeito das praccedilas puacuteblicas e escolas municipais de Canhotinho-PE

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22 Localizaccedilatildeo Geograacutefica do Municiacutepio e Apresentaccedilatildeo das Praccedilas de Canhotinho-PE

Limita-se ao norte com Lajedo e Jurema ao sul com Palmeirina a leste com Quipapaacute e o estado de Alagoas a oeste com Calccedilado e Angelim A altitude eacute de 520 m Latitude 08deg 52 56 e Longitude 36deg 11 28 distando da capital 210 km

Figura 1 Mapa de Localizaccedilatildeo de Canhotinho ndash PE

Fonte Adaptado pelas autoras

Com uma populaccedilatildeo de aproximadamente 25000 habitantes o municiacutepio apresentado deveria assimilar em suas poliacuteticas puacuteblicas iniciativas que contemplem planejamento e gestatildeo de aacutereas verdes em sua abrangecircncia Dispondo de regras ou leis que normatizam e deem legitimidade as responsabilidades e planejamento da arborizaccedilatildeo urbana

Deixando de forma clara todas as accedilotildees que podem ser realizadas diante do processo de arborizar manter e informar sobre quais seriam os casos de supressatildeo e substituiccedilatildeo de elementos arboacutereos das aacutereas as que devem ser preservadas entre outras atribuiccedilotildees para mantecirc-las em bom estado para uso da populaccedilatildeo e seguranccedila de sua presenccedila nas cidades A seguir apresentar-se o trabalho realizado nas praccedilas de Canhotinho-PE

221 Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

A praccedila foi construiacuteda em 1988 em homenagem ao padre da Paroacutequia de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo de 1964-1982 querido pela populaccedilatildeo por sua postura amaacutevel e bondade perante as pessoas Logo recebeu o nome de Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula (P1) o mesmo apesar de natildeo ser filho desta terra o tributo foi concretizado Outra motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo do projeto estaacute ligado ao laccedilo de amizade que o unia ao atual prefeito agrave eacutepoca de nome Waldemar Joseacute de Torres Ateacute entatildeo o referido prefeito se candidatou com o apoio do amigo que era preferido pelos cidadatildeos canhotinhenses para o cargo mas segundo contam o bispo da eacutepoca natildeo aprovou a pretensatildeo do homenageado

A praccedila estaacute situada na parte central e comercial da cidade abordada ou seja na Rua Eugecircnio Tavares de Miranda aacuterea muito valorizada pelos negociantes de bens duraacuteveis e natildeo duraacuteveis onde a concorrecircncia e o valor de alugueis dos espaccedilos satildeo bem avaliados em relaccedilatildeo agraves outras localidades Regiatildeo que quase onde natildeo se encontra

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casas domiciliares jaacute produto da accedilatildeo do homem que a partir das suas relaccedilotildees sociais estaacute distribuindo as residecircncias para as regiotildees perifeacutericas das cidades e as casas comerciais para os centros

Figura 1 e 2 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

222 Praccedila Cloacuteves Vidal

A Praccedila Cloacuteves Vidal (P2) situa-se em uma rua que daacute nome a este espaccedilo ao mesmo tempo em que serve tambeacutem de divisoacuteria desse espaccedilo Eacute nela que se concretiza uma separaccedilatildeo por encontrar-se no meio da rua o que implicitamente realiza uma organizaccedilatildeo e divisatildeo na via puacuteblica induzindo a percepccedilatildeo dos condutores de veiacuteculos sobre o lugar certo em que devem trafegar

Figura 3 e 4 Imagens parcias da Praccedila Cloves Vidal

Fonte Trabalho de campo 2013

Como pontua Sobrinho (2011) as praccedilas possuem muitos significados elas natildeo estatildeo ali por estar mas ocupando um lugar que estava vazio por exemplo Pode ter sido planejada para outra solucionar ou amenizar algum problema ou dificuldade no ambiente urbano local Porem em dado momento passa a ser percebida ou mesmo

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construiacutedacomo benfeitoria realizada natildeo somente pelo executor da obra que em geral e puacuteblico mas por toda uma sociedade que se beneficia de sua esteacutetica e outros elementos beneacuteficos coadjuvantes Semelhanccedilas podem ser observadas entre as Praccedilas Padre Josias e Cloves Vidal algumas caracteriacutesticas como uma homenagem para uma pessoa ilustre do municiacutepio de CanhotinhoPE com intuito de registrar na memoacuteria dos cidadatildeos da referida cidade que haacute um filho da terra com valor inestimaacutevel e que seu reconhecimento estaacute marcado na histoacuteria e no espaccedilo da cidade que nos casos satildeo as praccedilas Quanto ao que foi destacado acima se pode observar a importacircncia e o papel que estes espaccedilos livres puacuteblicos inseridos no contexto urbano desempenham quando se diz ser uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo na cidade 3 RESULTADOS OBTIDOS COM A PESQUISA DE CAMPO

Para tanto se realizou a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio misto para coleta de dados e analise dos dados obtidos O questionaacuterio foi aplicado nas duas praccedilas objeto de estudo com o intuito de se compreender como a vegetaccedilatildeo que faz parte da praccedila tem contribuiacutedo de positivo e negativo neses ambientes urbanos a partir das principais praccedilas do municiacutepio de CanhotinhoPE definido-se assim qual seria seu papel desempenhado na paisagem

Quando questionados sobre o que compreendiam por aacuterea verde a maioria das respostas dos entrevistados indicou que seria um local com aacutervores em sua composiccedilatildeo O que se aproxima das definiccedilotildees que muitos dos estudiosos do tema que buscam uma definiccedilatildeo teoacuterica aceitaacutevel pela maioria No entanto a percepccedilatildeo comum das pessoas em geral e realmente associar aacuterea verde com aqueles espaccedilos que contem espeacutecies arboacutereas em sua composiccedilatildeo podem ser urbano ou rural

Ao seres questionados sobre o tipo de memoacuteria que porventura lhes remetiam ao transitar ou simplesmente usufruir de alguma forma a praccedila as respostas que se sobressaiacuteram foram aquelas que remetiam a lembranccedilas fortes dos familiares e amigos pontuando em segunda posiccedilatildeo para esta resposta as lembranccedilas de infacircncia Isso e importante porque reforccedila que o ser e gregaacuterio naturalmente vive em sociedade natildeo se constitui em uma ilha e na individualidade extrema

Assim considera-se que a ligaccedilatildeo individual entre as pessoas e entre essas e a praccedila eacute mais enfaacutetica do que desconsiderar natildeo haver nenhum tipo de afeiccedilatildeo quanto ao espaccedilo puacuteblico presente nos espaccedilos urbanos Revelando-se entatildeo que cada objeto disposto no espaccedilo tem um significado e intenccedilotildees de estarem ali e da forma que se apresentam

Um dado que natildeo foi considerado entre os formulaacuterios que foram aplicados fala sobre se ter a lembranccedila em primeiro plano da pessoa que leva o nome da praccedila das impressotildees e memoacuterias pessoais que se sobrepotildeem nas respostas Apesar das indicaccedilotildees a partir do busto presente na P1 e uma placa que faz referencia na P2 pouco se ouviu falar dos mesmos evidenciando dessa forma que a memoria coletiva e de interesse da sociedade pelo menos local deveria ser melhor trabalhada

Isto aponta para um descuido e falta de sensibilidade e curiosidade para se conhecer o significado de tais construccedilotildees e indagar qual relaccedilatildeo que se faz aos nomes das praccedilas visto que elas fazem uma representaccedilatildeo material da histoacuteria e de personalidades ilustres que viveram ou contribuiacuteram de forma significativa para construccedilatildeo e organizaccedilatildeo do municiacutepio e das impressotildees pessoais dos homenageados para populaccedilatildeo Perguntando-se qual a opiniatildeo dos transeuntes sobre as aacutervores introduzidas ou natildeo nas praccedilas as respostas para as duas praccedilas se colocam entre ldquooacutetimordquo e ldquobomrdquo Poreacutem algumas opiniotildees colocadas se referiram ao fato das arvores atrapalhar ou sujar as vias puacuteblicas deixando-se serem influenciados pela leitura das praccedilas em momento esporaacutedicos de falta de manutenccedilatildeo Quando solicitada a opiniatildeo sobre se de alguma forma as aacutervores presentes nas praccedilas beneficiariam a populaccedilatildeo que utilizam as P1 e P2 eacute quase unanime nas duas representaccedilotildees do graacutefico que elas dispotildeem contribuiccedilotildees positivas para as pessoas E natildeo foram respondidos se de alguma forma elas pudessem prejudicar ou influenciar direta ou indiretamente na vida das pessoas O que foi justificado por cada pessoa diante nas consideraccedilotildees realizadas diz respeito agraves contribuiccedilotildees ecoloacutegicas que as aacutervores realizam no ambiente sendo salientada a sombra das aacutervores que se projetam para aqueles que se encontram abrigados dos fortes raios solares e que sem elas consideraram ser insuportaacutevel a temperatura Aleacutem

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do mais foi destacado nas respostas que os elementos arboacutereos em si resultam num aspecto visual de vivacidade ao ambiente Apesar de que natildeo pode ser visto ou considerada pontuaccedilotildees quanto agraves espeacutecies arboacutereas de instigarem agrave memoacuteria do sentimento de pertencimento a determinada regiatildeo pois se observou que poucas ou quase nenhuma das espeacutecies vegetais satildeo nativas mas aacutervores exoacuteticas inseridas nas aacutereas estudadas Mesmo tendo-se na P1 uma aacutervore de grande valor econocircmico outrora e de sentimento patrioacutetico uma vez que associa-se a nossa identidade e territoacuterio que eacute o Pau-brasil Esses dados formam entatildeo as principais informaccedilotildees colhidas para que pudessem ser realizadas as analises e impressotildees alcanccedilando-se em consequecircncia os objetivos almejados na pesquisa para compreensatildeo do papel das praccedilas enquanto representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo no acircmbito urbano 4 IMPORTAcircNCIA DA ARBORIZACcedilAtildeO PARA A COMUNIDADE DE CANHOTINHO-PE COM DESTAQUE PARA AS ESCOLAS MUNICIPAIS DA AacuteREA URBANA

Em continuidade agrega-se a analise de algumas aacutereas com espaccedilos de uso comum no municiacutepio de Canhotinho-

PE no acircmbito da paisagem urbana que satildeo as escolas municipais objeto de outra pesquisa dessa vez de Iniciaccedilatildeo Cientificano ambito da FACEPE-Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Ciecircncia e Tecnologia do Estado de Pernambuco

Pode-se observar que as cinco escolas municipais apresentam pouca ou nenhuma arborizacao A maioria das escolas possuiaacutereas livres sendo que duas delas natildeo possuem espaccedilo livre nenhumquais sejam escola municipal ldquoErdquo e a escola municipal ldquoCrdquo Por falta de espaccedilo ademais estas escolas natildeo tecircm como oferecer uma arborizaccedilatildeo em suas areas de uso comum

Ao visitar essas unidades escolarespuacuteblicas percebeu-se em uma delas a atitude positiva de uma gestora que comeccedilou a arborizar a escola com vaacuterios tipos de mudas arboacutereas para proporcionar uma melhor sensaccedilatildeo teacutermica controle da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica acuacutestica e visual contato com a natureza fotossiacutentese lazer entre outros o que evidencia a sensibilidade ambiental e social da referida gestora atributo que deveria ser levado em consideraccedilatildeo ao se eleger eou escolher pessoas para cargos assim

Para algumas pessoas as aacutervores frutiacuteferas satildeo oacutetimas mas ao mesmo tempo prejudicam a estrutura das casaseou edificaccedilotildeespor serem em geral de porte meacutedio a grande No caso de uma dessas escolas que apresenta uma uacutenica esperice arboacuterea a responsaacutevel pela gestatildeo comentou que ia mandar derrubar a aacutervore pois a mesma afirmou que a aacutervore estaacute prejudicando a estrutura da escola ou seja nesse caso tipifica a falta de sensibilidade com o ambiental e o social haja vista que natildeo fica demonstrado a preocupaccedilatildeo de resolver o problema que atenda de forma mais adequada agrave situaccedilatildeo como por exemplo consultar profissionais que entendam do assunto procurando compatibilizar a estrutura do preacutedio com a arvore Por outro lado percebe-se a preocupaccedilatildeo demonstrada e com razatildeo com o patrimocircnio publico e com seus frequentadores sejam alunos funcionaacuterios e visitantes

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Figura 5 Imagem parcial de aacutervore Fonte Trabalho de campo 2013

Segundo o que foi observado e compreendido a partir de conversas com a comunidade escolar (alunos

educadores servidores famiacutelias entre outros) tais aacutervores natildeo tecircm nenhum significado e que ao derrubar uma aacutervore natildeo vai fazer diferenccedila nenhuma para a populaccedilatildeo Mais uma vez observa-se que haacute um ldquoecordquo na sociedade local que evidencia fortemente a falta de uma percepccedilatildeo positiva dos elementos verdes e seus benefiacutecios Em termos de ensino constata-se um fato lamentaacutevel que eacute a pouca importacircncia dada ao trabalho de Educaccedilatildeo Ambiental o que levaaos seguintes questionamentos o que eacute educaccedilatildeo ambiental Para que serve educaccedilatildeo ambiental Ou ainda a quem serve a educaccedilatildeo ambiental

Mas ao se procurar contextualizar esta arborizaccedilatildeo na paisagem municipal de CanhotinhoPE percebeu-se que muitas concepccedilotildees natildeo representam a realidade da arborizaccedilatildeo Poreacutem pode ser lapidado para uma melhor compreensatildeo mesmo com cada pessoa ou observador tendo uma visatildeo diferente de se perceber um ambiente

A arborizaccedilatildeo oferece benefiacutecios ambientais importantes que podem ser notados pela populaccedilatildeo entre eles tem-se no quadro urbaniacutestico propiciar sombra purificar o ar diminuir impactos das chuvas amenizar o calor entre outros

Poreacutem mesmo com todos estes benefiacutecios que as aacutervores propiciam para a comunidade escolar e para o ambiente percebeu-se que natildeo existem tantas aacutervores em tais lugares A arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o conjunto escolar contribuindo assim para a melhoria da vida de cada aluno que convive e integra as escolas Assim sendo constata-se que a arborizaccedilatildeo eacute um elemento importante para o meio

Logo pode-se notar com este estudo nas escolas municipais de CanhotinhoPE que haacute pouca arborizaccedilatildeo nesses espaccedilos de uso comum e em outras natildeo existe nenhuma espeacutecie de aacutervore nem nativa da regiatildeo e nem exoacutetica seja por natildeo possuiacuterem espaccedilos livres por natildeo haver nenhum plano da escola ou da Secretaria de Educaccedilatildeo para motivar o procedimento de arborizaccedilatildeo destes espaccedilos O graacutefico 1 mostra o percentual de aacutervores presentes nas escolas do municiacutepio em discussatildeo

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Graacutefico 1 Quantitativo de aacutervores nas escolas municipais

Fonte Trabalho de Campo 2013

O graacutefico 1 mostra que a escola Municipal ldquoDrdquo eacute a mais arborizada em relaccedilatildeo agraves outras por ateacute mesmo estar sendo realizado um processo de plantio de mudas

Enquanto outras natildeo possuem nenhum tipo de arborizaccedilatildeo lembrando que uma das escolas natildeo possui aacuterea livre para esse fim jaacute outra escola possui aacutereas livres mas natildeo possui um plano de arborizaccedilatildeo e a ultima restante possui apenas uma

Os espaccedilos livres das instituiccedilotildees devem ser aproveitados para o lazer de professores e alunos deveria ser feito um planejamento pela Secretaria de Educaccedilatildeo visando promover nestas escolas em seus espaccedilos livres um processo de arborizaccedilatildeo Segundo Santos (2011) oestudo do espaccedilo envolve entatildeo os sentimentos espaciais e as ideias de um povo atraveacutes da experiecircncia enquanto o lugar eacute o centro de significado e foco de vinculaccedilatildeo emocional para o homem coadunando-se plenamente com Yi-fu Tuan (1980)

Admite-se que seria conveniente a realizaccedilatildeo nessas escolas de um processo de reeducaccedilatildeo para com alunos e gestores com foco no ambiental especificamente a valorizaccedilatildeo do verde urbano e rural Os professores poderiam incorporar valores e significados com base nesse tema para trabalhar os seus alunos no dia-a-dia Como uma aacutervore pode trazer benefiacutecios Cabendo mesclar a biologia a botacircnica a geografia a gestatildeo a religiosidade a cultura enfim tantos contextos quanto forem cabiacuteveis de se adaptar e absorver de forma prazerosa e interdisciplinar Mas mesmo assim cabe ao poder puacuteblico criar projetos e proteger aacutereas de bem comum de bem difuso destacando-se a seguir a Lei 1025701 da Constituiccedilatildeo Federal e do Estatuto da Cidade

Por se tratar de uma atividade de ordem puacuteblica imprescindiacutevel ao bem estar da populaccedilatildeo [] cabe ao Poder Puacuteblico municipal em sua poliacutetica de desenvolvimento urbano entre outras atribuiccedilotildees criar preservar e proteger as aacutereas verdes da cidade mediante leis especiacuteficas bem como regulamentar o sistema de arborizaccedilatildeo Disciplinar a poda das aacutervores e criar viveiros municipais de mudas estatildeo entre as providecircncias especiacuteficas neste sentido sem contar na importacircncia de normas sobre o tema no plano diretor por exemploart 30VIII183

Assim sendo cada pessoa estudante professores a famiacutelia pode contribuir para a melhoria de seus espaccedilos livres e para proporcionar melhorias buscando conjuntamente por projetos e iniciativas dos gestores escolares e a Secretaria de Educaccedilatildeo para desenvolver planos e accedilotildees de arborizaccedilatildeo

Mas natildeo eacute somente plantar tem-se que articular formas para manejar com as espeacutecies arboacutereas e as instituiccedilotildees no caso das escolas deve possuir um planejamento em relaccedilatildeo aos cuidados de tais aacutervores observando o bem estar e seguranccedila inerente a utilizaccedilatildeo destes elementos na paisagem dependendo das condiccedilotildees fiacutesicas da vegetaccedilatildeo

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Nuacutemeros de Aacutervores nas Escolas

Escola A Escola B

Grupo C Escola D

Escola E

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5 OBSERVACcedilOtildeES E INDICACcedilOtildeES

Diante dos resultados dos dados colhidos nas aacutereas verdes das praccedilas e das escolas puacuteblicas do municiacutepio em estudo questiona-se ainda quanto agraves possibilidades e indicaccedilotildees que aqui poderiam ser propostas no intuito de contribuir para planejamento preservaccedilatildeo e manejo desta ldquonaturezardquo para a gestatildeo puacuteblica e a populaccedilatildeo

Observando-se regras para tratamento das aacutervores em seus ambientes pontua-se para a questatildeo dos cuidados fitossanitaacuterios realizados por pessoas qualificadas E teacutecnicas que podem ser aplicadas ndash exclusatildeo erradicaccedilatildeo proteccedilatildeo imunizaccedilatildeo e dendrocirurgia - para prevenccedilatildeo e propagaccedilatildeo de pragas apoacutes realizaccedilatildeo do parecer teacutecnico7

E tambeacutem os procedimentos para a remoccedilatildeo e reposiccedilatildeo de espeacutecies que estejam causando danos fiacutesicos a patrimocircnios puacuteblicos ou privados que devem sersubsidiados por laudo indicando o procedimento mais adequado para as distintas situaccedilotildees aleacutem da autorizaccedilatildeo se for o caso de remoccedilatildeo dada pelo oacutergatildeo gestor responsaacutevel

A partir do que foi observado na figura 6 o peacute-de-manga na imagem ou seja arvore frutiacutefera nativa do sul e sudeste asiaacutetico introduzida no Brasil com grande ecircxito tem-se pelo que foi notado prejudicado a estrutura fiacutesica da escola influenciada pelas profundas raiacutezes que estatildeo rachando as paredes e tambeacutem a proximidade dos galhos com o telhado que ao balanccedilarem derrubam algumas no chatildeo Logo cabe ressaltar que se houvesse algueacutem envolvido na construccedilatildeo do preacutedio que entendesse do assunto arborizaccedilatildeo e paisagismo com certeza teria encontrado uma soluccedilatildeo compatiacutevel e natildeo ter-se-ia chegado nessa situaccedilatildeo

Nessas condiccedilotildees provavelmente seria indicado realizar uma provaacutevel remoccedilatildeo desta aacutervore e substituiccedilatildeo por outra em que pudesse se adequar aacute aacuterea livre para inserccedilatildeo de outra espeacutecie indicado ainda agrave introduccedilatildeo de grades protetoras no espaccedilo meacutetrico da base da arvores para seu desenvolvimento e impedir o contato direto com as raiacutezes expostas ou grama sedimentos que estejam ali presentes

E ainda implementar um objeto que projeteja em volta da aacutervore inserir uma grade deforma geometrica proporcional ao tamanho da espessuro do caule e de seu desevolvimento quando atingir a altura de cada especie com perfuraccedilotildees para a infiltraccedilatildeo de aacutegua proveniente das chuvas ou regada pelo homem Assim disponibilizaria mais espaccedilo para os trasuentes no caso a comunidade escolar a circularem pela aacuterea

Figura 6 Grade em volta da vegetaccedilatildeo arboacuterea

Fonte LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

7 LEINordm 176662010 Disponiacutevel em lthttpswwwleismunicipaiscombraperrecifelei-ordinaria2010176617666lei-ordinaria-n-17666-2010-disciplina-a-arborizacao-urbana-no-municipio-do-recife-e-da-outras-providenciashtmlgt Acesso em 20 Out 2013

58- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Esta iniciativa ainda seria de valia quanto a este objeto impedir as raizes em evoluccedilatildeo de ficarem expostas ou

ainda diminuiria o impacto do solo Outro fator importante e o raio que a copa pode atingir sendo entao importante que um teacutecnico possa sugerir a especie adequada para aquele espaccedilo Procedimento indicado tambeacutem para as calccediladas em que haacute presenccedila de elementos arboacutereos visto que as dimensotildees de algumas calccediladas possuem pouco espaccedilo

Tendo-se grande atenccedilatildeo quanto agrave escolha de espeacutecies vegetal da qual se vai introduzir no espaccedilo das praccedilas ou aacutereas livres nas escolas calccediladas entre outros por conta da influencia que este elemento bioacutetico pode provocar na paisagem Influencias estas que podem ser realizadas negativamento quando proximo das aacutervores existem redes eleacutetricas de altura baixa ou meacutedia que permite a vegetaccedilatildeo encostar em seus galhos redes de esgostos podem ser atingidos pelas raizes de algumas especies questotildees no tocante a pragas e animais que podem corroer o caule da vegetaccedilatildeo e provocar danos na sua estrutura ou ateacute mesmo queda sem que se perceba a tempo tal accedilatildeo entre outros pontos

Como exemplo aponta-se um caso que ocorreu durante o periacuteodo em que foram realizadas as observaccedilotildees das pesquisas nas praccedilas mais especificamente na Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula em que a Eritrina-brasileirinha uma aacutervore de meacutedio porte com folhagem muito ornamental chegando de 8 a 12m de altura com folhas verdes e amarelas estaria sendo atacada por algum tipo de praga e em consequecircncia deixava o cauletronco uacutemido e de aspecto pouco resistente como um desprendimento das ceacutelulas originando um aspecto fofo como pode ser observado na figura 9 a seguir

Figura 7 8 e 9 Imagens parcias da Praccedila Padre Josias Ferreira de Paula

Fonte Trabalho de campo 2013

Verificou-se que nenhuma providencia foi efetivamente tomada e a aacutervore foi com o tempo perdendo suas

folhas secando ateacute o ponto de restar apenas os galhos sem vida momento em que se notaram as condiccedilotildees fiacutesicas dela e resolveram cortar seus galhos e depois tronco uma retirada da aacutervore por conta do risco que ela apresentava para as

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pessoas que circulavam pela praccedila e ao mesmo tempo para os patrimocircnios privados como lojas comercias carros motos situados proacuteximos agrave praccedila

Configuram-se algumas das realidades que podem ser vistas nos ambientes principalmente quando se fala de vegetaccedilatildeo ressaltando ser de suma importacircncia se pensar em um planejamento que envolva o manejo e tratamento necessaacuterios a manter as condiccedilotildees ambientais e fiacutesicas das aacutervores presentes nos espaccedilos livres puacuteblicos incluindo-se as escolas

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estes ldquoespaccedilos livres puacuteblicosrdquo os quais constituem em sua maioria importante representaccedilatildeo do verde urbano

das cidades principalmente das interioranas podem ser entendidos como redutos de condiccedilotildees ambientais mais afaacuteveis em detrimento da grande quantidade de equipamentos como preacutedios casas asfalto inerentes ao contexto urbano que via de regra alteram o equiliacutebrio tanto climaacutetico quanto paisagiacutestico do lugar provocando desconforto na populaccedilatildeo

Revela-se que todas as pessoas que foram alvo de entrevistas realizadas por meio de formulaacuterio misto e aquelas que se realizaram pelo diaacutelogo apontam semelhanccedilas quanto agrave maioria das pessoas que fizeram parte destes processos ou seja apontarem ser positiva a presenccedila das aacutervores nos dois objetos de estudo

Destacando-se a relevacircncia quanto agraves funccedilotildees desempenhadas pela vegetaccedilatildeo no ambiente apontando-se para suas benesses ecoloacutegicas culturais paisagiacutesticas entre outras E que a ldquonaturezardquo eacute revelada atraveacutes das praccedilas e tambeacutem nas escolas puacuteblicas quando apresenta e oferece vivencia nas aacutereas verdes urbanas

A manifestaccedilatildeo do verde urbano pode ser apresentada em diferentes espaccedilos e por conseguinte fazem uma representaccedilatildeo da ldquonaturezardquo nos ambientes transformados pelo homem agraves cidades principalmente em Canhotinho-PE em que se pode observar a presenccedila arboacuterea em diferentes espaccedilos do municiacutepio e natildeo somente em espaccedilos como os aqui contemplados atraveacutes de praccedilas e escolas

A plantaccedilatildeo de algumas aacutervores natildeo resolveraacute todo o problema dos sistemas urbanos entretanto aparece como uma das possibilidades de se minimizar as dificuldades apresentadas no espaccedilo Cabe entatildeo investigar a relaccedilatildeo entre o verde das praccedilas e os equipamentos da cidade tendo em vista a necessidade de um manejo apropriado das espeacutecies arboacutereas Os entrevistados falam em seu discurso sobre a importacircncia da presenccedila da vegetaccedilatildeo nos espaccedilos urbanos quanto aos aspectos paisagiacutesticos social nas condiccedilotildees ambientais do tempo e de aspectos ecoloacutegicos Constituindo-se principalmente em elementos destacados como importantes benefiacutecios por vezes apontando a ligaccedilatildeo subjetiva e sentimento revelado do que representa estes espaccedilos livres para cada um

E para tanto se observa a necessidade que a Secretaria da Educaccedilatildeo junto agrave Secretaria ou responsaacutevel pela gestatildeo ambiental do municiacutepio a promoverem iniciativas quanto ao processo de arborizaccedilatildeo e possam criar projetos inserindo comunidade escolar para o temaacuterio criando quem sabe um plano ou programa de educaccedilatildeo ambiental que vise conscientizar a comunidade escolar e tambeacutem a populaccedilatildeo da cidade fazendo com que haja uma aproximaccedilatildeo para uma sensibilizaccedilatildeo quanto agraves questotildees ambientais

A populaccedilatildeo por sua vez poderia contribuir para tornar a cidade mais humanizada e com uma melhor qualidade de vida a partir de intervenccedilotildees que propotildee o elo afetivo com tal lugar Sendo uma das funccedilotildees importantes da arborizaccedilatildeo natildeo soacute o lazer e a esteacutetica paisagiacutestica do lugar mas tambeacutem a percepccedilatildeo de prazer calma lembranccedilas identificaccedilatildeo com os elementos dispostos na aacuterea entre outros

Contextualizando assim a presenccedila de aacutervores em tais ambientes contribui na reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar e sonora trazendo assim para perto dos alunos um bem estar e um contado mais direto com a natureza Aprendendo a ter de cuidar do meio em que vivem e percebendo a importacircncia de tal atitude quando se toma consciecircncia das influencias provocadas pela relaccedilatildeo existente entre o homem no meio em que vive

Para isso as observaccedilotildees realizadas e que ainda se faratildeo intenciona apontar e mostrar para tais instituiccedilotildees a importacircncia da arborizaccedilatildeo e seus benefiacutecios e com isso conscientizar as entidades escolares para que ao longo deste percurso de estudo possam gestores ou responsaacuteveis introduzir uma aacuterea livre em sua escola para vegetaccedilatildeo favorecendo dessa forma um ambiente mais agradaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico paisagiacutestico e cultural

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Os estudos realizados satildeo uma pequena iniciativa e traz um esboccedilo sobre o olhar geograacutefico com um objeto de estudo que natildeo eacute muito utilizado pelos profissionais da aacuterea ou seja uma praccedila como manifestaccedilatildeo da natureza ndash a vegetaccedilatildeo ndash ainda presente ou a volta desta para a cidade como subsidio para se compreender as suas distintas funccedilotildees desempenhados na malha urbana E que assim como um espaccedilo puacuteblico livre pode revelar distintas percepccedilotildees quanto ao uso e ocupaccedilatildeo realizados pelas pessoas bem como os elementos presentes em cada espaccedilo que se revelam sendo pois um objeto de estudo de outros estudiosos mas que se revelam como uma promissora perspectiva do ambito geograacutefico

Abrangendo ainda o ambiente interno de patrimocircnios puacuteblicos ou privados no caso as escolas municipais de Canhotinho-PE como parte da curiosidade de compreender as visotildees que as pessoas tecircm em relaccedilatildeo a composiccedilatildeo arboacuterea presente em distintos espaccedilos

REFEREcircNCIAS

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BENINI Sandra Medina Aacutereas verdes puacuteblicas Mini-curso In VII Foacuterum Ambiental da Alta Paulista Tupatilde SP 2011

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COSTA SOBRINHO Werton Francisco Rios da Praccedila Rio Branco espacialidade cotidiano e memoacuteria In OLIVEIRA Stanley Braz de VASCONCELOS JUacuteNIOR Elmo de Paula VASCONCELOS Joseacute Geraldo ARAUacuteJO Maacutercio Igleacutesias (Orgs) Espaccedilos e tempos de aprendizagens geografia e educaccedilatildeo na cultura Fortaleza Ediccedilotildees UFC 2011

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MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e Meio ambiente 6ordm ed Satildeo Paulo Conxteto 2002

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TUAN Yi-fu Topofilia Um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo DIFEL 1980

62- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE

JUPI-PE

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Capiacutetulo 4

ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Leticia Florentino Dias de Oliveira

Ana Maria Severo Chaves

Maria Betacircnia Moreira Amador

Na vida moderna o contato Fiacutesico com o proacuteprio meio ambiente natural eacute cada vez mais indireto e limitado a ocasiotildees especiais

Yi-Fu Tuan (1980 p 110)

Nos centros urbanos a vegetaccedilatildeo tem diversas funccedilotildees no ambiente Nas cidades pode-se identificar facilmente as diferenccedilas que existem entre as aacutereas arborizadas e aquelas desprovidas de vegetaccedilatildeo pois os locais arborizados tornam-se mais agradaacuteveis aos olhos do ser humano proporcionando um bem-estar segundo Yi-Fu Tuan (1980 p 7) ldquoA visatildeo humana como de outros primatas evoluiu em um meio arboacutereo ()rdquo Sendo assim a arborizaccedilatildeo tem um importante papel quando se fala no bom-humor do homem Por sua vez Gomes (2005 p57) completa falando que as aacutereas verdes ldquodo ponto de vista psicoloacutegico e social influencia o estado de acircnimo dos indiviacuteduos massificados com o transtorno das grandes cidadesrdquo O autor afirma tambeacutem que a vegetaccedilatildeo oferece outros benefiacutecios como por exemplo ldquoregula a umidade e temperatura do ar mantem a permeabilidade fertilidade e umidade do solo e protege-o contra a erosatildeo e reduz os niacuteveis de ruiacutedos servindo como amortecedor do barulho das cidadesrdquo

Geralmente as cidades natildeo possuem um preacutevio planejamento de arborizaccedilatildeo em virtude desse tipo de atitude e acabam adquirindo um manejo incorreto na hora de plantar uma aacutervore com essa pratica ela acaba natildeo conseguindo apresentar seus benefiacutecios e sim muitos problemas Para obter os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio um planejamento adequado pois as necessidades urbanas envolvem uma avaliaccedilatildeo esteacutetica econocircmica psicoloacutegica entre outras Pois mesmo as cidades que se adequam a um planejamento estatildeo sujeitas no futuro a necessitar de ajustes Tomando-se como referencia Dantas e Souza (2004) os mesmos dizem que o ato de planejar a arborizaccedilatildeo eacute fundamental para o desenvolvimento urbano pois dessa forma evita prejuiacutezos para o meio ambiente

E foi devido aos muacuteltiplos benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para o meio ambiente e sociedade que o municiacutepio de Jupi-PE adotou um planejamento adequado para a cidade o que contribuiu bastante para a educaccedilatildeo ambiental da populaccedilatildeo

1 PRINCIacutePIO DA PRAacuteTICA DE ARBORIZACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Durante muito tempo observou-se a aacutervore apenas como um fator esteacutetico da paisagem assim sendo sempre observada de um modo individual e natildeo coletivo ela natildeo passava de mais um elemento que integrava o cenaacuterio observado Do mesmo modo que a superfiacutecie da terra eacute vista de diferentes formas pois cada indiviacuteduo tem sua percepccedilatildeo em observar os elementos que o rodeia A respeito da visatildeo diversificada que existe quanto ao modo de ver a superfiacutecie da terra Yi-Fu Tuan (1974 p 6) diz que ldquosatildeo as mais variadas agraves maneiras como as pessoas percebem e

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avaliam essa superfiacutecie Duas pessoas natildeo veem a mesma realidade Nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avaliaccedilatildeo do meio ambienterdquo

No entanto para entender o contexto de arborizaccedilatildeo eacute necessaacuterio que se observe aleacutem do colorido que se produz deve-se observa-la de uma forma sistecircmica para que se possa entender todos os seus valores

Ao escolher uma aacutervore para compor a paisagem urbana natildeo se deve apenas atentar para a beleza que ela proporciona para a cidade mas se faz necessaacuterio se ater para o fator ecoloacutegico que ela desempenha no meio ambiente Desse modo a aacutervore eacute um elemento da paisagem que traz consigo diversos benefiacutecios para o meio ambiente entre eles para o microclima da regiatildeo e para a reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo do ar

Em contrapartida a arborizaccedilatildeo urbana sem um devido planejamento proporciona diversos conflitos na estrutura urbana como por exemplo a pressatildeo exercida pelas raiacutezes nas calccediladas podem provocar rachadurase especificamente arvores de grande porte quando plantadas em calccediladas podem prejudicar a visibilidade de placas de tracircnsitofavorecendo riscos de acidentes Para erradicar tais problemas entre tantos outros e visando os benefiacutecios que a arborizaccedilatildeo proporciona para a cidade a Prefeitura Municipal da cidade de Jupi-PE em 2011 aprovou um projeto de Educaccedilatildeo Ambiental que ficou conhecido por ldquoProjeto Meio Ambienterdquo

2 REFLEXOS DA ADOCcedilAtildeO DA ARBORIZACcedilAtildeO NA CIDADE DE JUPI-PE

Desde a implantaccedilatildeo do projeto ateacute os dias atuais o municiacutepio de Jupi-PE vem apresentado vaacuterios resultados positivos pois representou para a cidade uma grande evoluccedilatildeo no sentindo ambiental Uma vez que existiu e existem discussotildees junto agrave populaccedilatildeo para a conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente palestras realizadas nas escolas municipais da cidade (figura 1 e 2) levando informaccedilotildees sobre educaccedilatildeo ambiental para as crianccedilas fazendo com que elas tenham uma noccedilatildeo do impacto que causam ao meio ambiente quando jogam lixo de forma inadequada ou destroem uma planta movimentaccedilotildees como campanhas na zona rural e urbana do municiacutepio incentivando a populaccedilatildeo para a arborizaccedilatildeo fazendo doaccedilotildees de mudas de arvores (figura 3) e ajudando na sua plantaccedilatildeo para serem cultivadas nos quintais calccediladas e jardins da comunidade e assim aumentando a mancha verde da cidade

Figura 1 Palesta de Educaccedilatildeo Ambiental na Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima

Fonte Paacutegina no Facebook ANDUHS 2013

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Figura 2 Desfile da Escola Municipal Napoleatildeo Teixeira Lima nas ruas da cidade em comemoraccedilatildeo ao dia do meio ambiente

Fonte Paacutegina no facebook JG viacutedeo Locadora 2013

Figura 3 Doaccedilotildees de mudas de aacutervores para a populaccedilatildeo de Jupi-PE

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

Figura 4 Prefeita Celina Maciel e os voluntaacuterios do projeto Meio Ambiente comemorando o dia do Meio Ambiente em 07072013

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Na figura 4 acima eacute possiacutevel observar o engajamento da prefeita Celina Tenoacuterio de Brito Maciel para a melhoria da cidade a mesma saiu nas ruas de Jupi juntamente com os voluntaacuterios que trabalham para uma melhor qualidade de vida atraveacutes da arborizaccedilatildeo No quadro 1 a seguir estatildeo exemplificadas algumas das espeacutecies de aacutervores que foram distribuiacutedas para a populaccedilatildeo

Nome comum Nome cientiacutefico

Nim Azadirachta indica A Juss

Palmeira imperial Roystoneaooleracea

Ipecirc roxo Handroanthusimpetiginosus

Ipecirc amarelo Tabebuia chrysotricha

Ipecirc branco Tabebuia roseo-alba

Canafistula Cassia leptophylla

Castanhola Terminaliacatappa

Jambo Sysygiummalaccense

Algaroba Prosopisjuliflora

Carambola Averrhoa carambola

Pau-Brasil Caesalpiniaechinata

Eucalipto Eucalyptus globulus Labill

Acaacutecia Amarela Acaciapodalytifolia

Quadro 1 Nomes comuns e cientificos de algumas das espeacutecies de arvores distribuiacutedas na cidade de Jupi-PE

Analisando-se o quadro 1 pode-se observar que as espeacutecies que foram distribuiacutedas satildeo na sua maioria aacutervores exoacuteticas e percebe-se que natildeo foi dada preferencia para as nativas No entanto mesmo existindo a preferecircncia por espeacutecies estrangeiras verifica-se que as praticas de arborizaccedilatildeo estatildeo funcionando na cidade contribuindo tambeacutem para o seu visual assim conseguindo adquirir mais credibilidade abrilhantando-seaos olhos dos seus visitantes e da populaccedilatildeo jupiense

As figuras 5 e 6 a seguir mostram algumas das calccediladas da cidade que receberam algumas das aacutervores

Figura 5 Castanholas (Terminaliacatappa) plantadas nas calccediladas da Rua Joseacute Correia de Lima

Fonte Leticia Oliveira 2013

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Figura 6 Aacutervores diversas plantadas na calccedilada do Foacuterum de Jupi localizadas na Rua Antocircnio Pereira Braga Fonte Leticia Oliveira 2013

A figura 7que se seguem nos mostra a evoluccedilatildeo do Hospital Municipal de Jupi que antes era um Posto de Higiene

mas o quese quer destacar satildeo as aacutervores que foram plantadas na sua frente no trancorrer dos anos fazendo com que o mesmo receba um olhar diferenciado pela sua valorizaccedilatildeo esteacutetica

Figura 7 A influecircncia do verde na evoluccedilatildeo frontal do Hospital Municipal de Jupi Fonte Leticia Oliveira 2013

3 HISTOacuteRIA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Os espinhos chamados pelos nativos de yupi que significa espinho agudo deu origem ao nome do municiacutepio de Jupi que como povoado pertenceu ao municiacutepio de Brejo da Madre de Deus jaacute na categoria de distrito passou a

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pertencer a outro municiacutepio denominado de Satildeo Bento do Una depois passou ao municiacutepio de Canhotinho a seguir ao municiacutepio de Palmeirina e por uacuteltimo ao municiacutepio de Angelim8

Nos meados do seacuteculo XVI o portuguecircs Antocircnio Vieira de Melo desterrado de Portugal para o Brasil por ordem da Coroa desembarcou em Salvador e foi deportado pelo governo da eacutepoca para o interior do Estado penetrando pelas matas Depois de vaacuterios meses foi ter em taba de iacutendios no Estado de Alagoas onde hoje estaacute localizada a cidade de Uniatildeo dos Palmares Em pouco tempo conseguiu a simpatia e confianccedila dos iacutendios Atingiu o planalto de Garanhuns na Capitania de Pernambuco cujo donataacuterio na eacutepoca era Duarte Coelho Pereira Dali embrenhou-se nas matas vindo ter ao sopeacute de uma serra onde havia abundante aacutegua boa e bastante caccedila onde tambeacutem elementos da mesma tribo de origem tinham feito uma aldeia nas proximidades de uma fonte por eles denominada Olho Daacutegua de Yu-py As malocas desta aldeia iacutendios Caeteacutes tribo que tinha como idioma o Tupi foram feitas e cobertas com folhas das palmeiras nativas do local que os iacutendios denominaram de Ouricury

Deste ponto Antocircnio Vieira de Melo resolveu ir agrave Bahia pedindo ao chefe da tribo dois iacutendios de sua confianccedila para seremseus companheiros de viagem Laacute chegando foi bem recebido pelo governador da Bahia relatando ao mesmo todos os acontecimentos Em troca solicitou o fornecimento de ferramentas e sementes para o cultivo da terra feacutertil do Olho Daacutegua de Yu-py Voltando agrave Bahia a fim de prestar contas ao governador do que havia feito e resultado obtido desviou-se da rota traccedilada para viagem tomando-se entatildeo prisioneiro com seus companheiros de uma tribo canibal sendo todos amarrados estando agrave fogueira acesa onde seria ele e seus companheiros assados vivos Antocircnio Vieira de Melo recorreu agrave Virgem Santiacutessima do Rosaacuterio prometendo que se fosse salvo com seus companheiros buscaria a sua imagem em Portugal e com os iacutendios ergueriauma capela em sua honra na localidade Olho DAacutegua de Yu-py cingindo sua fronte com uma coroa de ouro maciccedilo Satildeo e salvo Antocircnio Vieira de Melo cumpriu sua promessa trazendo a imagem que ficou sendo venerada em Jupi (PREFEITURA MUNICIPAL DE JUPI sd)

Ao longo de sua historia o municiacutepio recebeu nomes como Olho Daacutegua de Yu-py Jupy mas foi somente em 1948 que houve alteraccedilatildeo para Jupi atraveacutes da Lei Estadual nordm 421 de 31 de dezembro de 1948 Sua emancipaccedilatildeo no entanto se deu em 1958 pelo entatildeo deputado Joatildeo Calado Borba quando foi apresentada agrave Assembleia Estadual a proposta de emancipaccedilatildeo de Jupi do municiacutepio de Angelim Assim deu-se a aprovaccedilatildeo da Lei nordm 3331 de dezembro de 1958

O municiacutepio se localiza na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do Semiaacuterido pernambucano e encontra-se inserido no Planalto da Borborema apresentando relevo suave e ondulado Eacute uma cidade que se localiza em uma aacuterea de transiccedilatildeo entre os biomas da Caatinga e Mata Atlacircntica apresenta vegetaccedilatildeo (figura 8) composta por subcaducifoacutelica e caducifoacutelica Jupi encontra-se nos domiacutenios das bacias hidrograacuteficas (figura 9) dos rios Mundauacute e Una e tem como principais tributaacuterios os rios da Chata e do Retiro e os riachos do Estreito e Volta do Rio

8 IBGE ndash Disponiacutevel emhttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historico Acesso em 13 jan 2014)

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Figura 8 Mapa de vegetaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi

Fonte Adaptado por Samuel Othon 2013

Figura 9 Mapa da Hidrografia de Jupi-PE

Fonte adaptada Samuel Othon 2013

Mostra-se tambeacutem o mapa de localizaccedilatildeo da cidade de Jupi-PE no estado de Pernambuco (figura 10) e as fotos da antiga Praccedila do Rosaacuterio e como ela se encontra atualmente (Figuras 12 e 13)

70- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 10 Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi-PE

Fonte adaptada por Leticia Oliveira 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes (figura 11) satildeo Satildeo Bento do Una ao norte Jucati ao oeste Satildeo Joatildeo e Angelim ao sul e

Calccedilados ao Leste O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Figura 11 Mapa dosmuniciacutepios limiacutetrofes

Fonte Site da Prefeitura de Jupi

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Figura 12 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE antigamente

Fonte Google 2013

Figura 13 Imagem da Praccedila do Rosaacuterio em Jupi-PE atualmente

Fonte Google 2013 4 FORMACcedilAtildeO ADMINISTRATIVA DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Em divisatildeo administrativa referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Jupy pela lei estadual nordm 1931 de 11 de setembro de 1931 eacute criado o novo municiacutepio de Angelim passando o distrito de Jupy a pertencer ao municiacutepio de Angelim

72- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na divisatildeo referente ao de 1933 o distrito de Jupy figura no municiacutepio de Angelim pela lei estadual nordm 421 de 31-12-1948 o distrito de Jupy teve sua grafia alterada para Jupi

Em divisatildeo territorial datada de 01 de setembro de 1950 o distrito de Jupi figura no municiacutepio de Angelim e assim permanecendo ate 01 julho de 1955 Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Jupi pela Lei Estadual nordm 3331 de 31 de dezembro de 1958 quando desmembrado de Angelim Aleacutem da sede no antigo distrito de Angelim constituem-se mais dois distritos Jupi e Jucati ex-Pindorama Desmembrado de Angelim Instalado em 11 de marccedilo de 1962

Com a separaccedilatildeo datada de 31 de dezembro de 1963 o municiacutepio fica constituiacutedode 2 distritos Jupi e Jucati e pela Lei Municipal nordm 97 de 13 de marccedilo 1968 eacute criado o distrito de Neves o qual eacute anexado ao municiacutepio de Jupi

Na desagregaccedilatildeo datada de 01 de janeiro 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo de 3 distritos Jupi Jucati e Neves Mas pela Lei Estadual nordm 10624 de 01 de janeiro 1991 desmembra-se do municiacutepio de Jupi os distritos de Jucati e Neves para formar o novo municiacutepio de Jucati com aacuterea acrescida pelo povoado de Neves

Em divisatildeo territorial datada de 01 de junho de 1995 o municiacutepio fica constituiacutedo do distrito sede apenas assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 20059 5 JUPI UM DOS MAIORES PRODUTORES DE FARINHA DE MANDIOCA DO AGRESTE PERNAMBUCANO

A mandioca eacute uma planta de origem sul-americana cultivada desde a antiguidade pelos povos nativos desse continente Oriunda de regiatildeo tropical encontra condiccedilotildees favoraacuteveis para seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais

De modo geral o plantio deve ser feito no iniacutecio da estaccedilatildeo chuvosa quando a umidade e o calor tornam-se elementos essenciais para a brotaccedilatildeo enraizamento e estabelecimento das plantas no campo Em decorrecircncia da grande extensatildeo territorial do Brasil e das diferenccedilas regionais de clima e solo o plantio da mandioca ocorre em diferentes eacutepocas10

Assim por sua facilidade de adaptaccedilatildeo e grande aproveitamento a mandioca tornou-se para Jupi um das maiores fontes de renda embora os produtores de farinha de mandioca da regiatildeo natildeo tenham rentabilidade adequada Uma vez que o aproveitamento dessa planta eacute totalizado em quase cem por cento pois seu caule (maniva) serve de raccedilatildeo para animais e como semente sua raiz a mandioca eacute para a fabricaccedilatildeo de farinha feacutecula ou amido mandioca de mesa (aipim macaxeira) e a casca da mandioca tambeacutem eacute utilizada como alimentaccedilatildeo para animais aleacutem do liquido que eacute extraiacutedo da prensagem da mandioca (manipueira) na hora da fabricaccedilatildeo da farinha

No entanto Jupi por produzir uma alta quantidade de farinha de mandioca acaba por poluir bastante o meio ambiente pois a manipueira conteacutem aacutecido cianiacutedrico que possui um altiacutessimo grau de toxidez e inflamabilidade Quando esse liquido eacute jogado a ceacuteu aberto traz inuacutemeros prejuiacutezos Nesse pensamento Oliveira Silva et al completam

Muitos produtores despejam a manipueira de forma concentrada e em grande quantidade a ceacuteu aberto ou em cursos dacuteaacutegua agredindo assim o meio ambiente com elevada carga de mateacuterias orgacircnicas e aacutecido cianiacutedrico (OLIVEIRA SILVA et al 2013p 1)

Aleacutem de poluir o meio ambiente estaacute tambeacutem desperdiccedilando um liquido riquiacutessimo porque a manipueira eacute reutilizaacutevel de diversas formas como apontam os autores jaacute citados

Para que a manipueira deixe de ser um veneno e se transforme em um complemento alimentar seguro basta submetecirc-la agrave fermentaccedilatildeo anaeroacutebica O aacutecido cianiacutedrico considerado venenoso evapora e resta a manipueira pronta para servir de complemento alimentar para o gado Constitui-se ainda agrave fabricaccedilatildeo de tijolos e a produccedilatildeo do bioetanol misturada com oacuteleo de mamona ela pode ser usada tambeacutem no controle de carrapatos (OLIVEIRA SILVA et al p 1 2013)

9 IBGE Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=260830ampsearch=pernambuco|jupi|infograficos-historicogt Acesso em 13 jan 2014 10 EMBRAPA - Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso 22 jan 2014

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A zona urbana da cidade de Jupi conta com cinco casas de farinha consideradas de grande porte e dezenas na zona rural Sendo assim a economia da cidade eacute baseada na fabricaccedilatildeo da farinha pois uma boa parcela da populaccedilatildeo trabalha nessas fabricas Em 2011 aconteceu a FEMUPE- Festas dos municiacutepios de Pernambuco e o municiacutepio de Jupi foi apresentado como ldquoTerra da farinha de mandiocardquo ( figura 14)

Figura 14 Representaccedilatildeo do municiacutepio de Jupi como sendo um forte produtor da farinha de mandioca na FEMUPE 2011 Fonte Site prefeitura de Jupi

6 POPULACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE JUPI-PE

Com o passar dos anos o municiacutepio de Jupi teve uma diminuiccedilatildeo na sua populaccedilatildeo a tabela a baixo especifica esse decliacutenio

ANO JUPI PERNAMBUCO BRASIL

1991 19865 7127855 146825475

1996 11606 7361368 156032944

2000 12329 7918344 169799170

2007 13628 8485386 183987291

2010 13705 8796448 190755799

Fonte IBGE Censo Demograacutefico 1991 Contagem Populacional 1996 Censo Demograacutefico 2000 Contagem Populacional 2007 e Censo Demograacutefico 2010

7 PRAacuteTICAS PARA UM PLANEJAMENTO DE ARBORIZACcedilAtildeO URBANA

Retomando-se a questatildeo da arborizaccedilatildeo tem-se queum planejamento adequado para a inserccedilatildeo de aacutereas verdes nas zonas urbanas dos municiacutepios deve por principio respeitar os valores culturais e ambientais da cidade Tem que ser devidamente bem elaborado e estudado pois pode trazer prejuiacutezos para a populaccedilatildeo em vez de benefiacutecios Uma vez que

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os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo estatildeo condicionados ao seu planejamento esse tipo de procedimento eacute importante independentemente do porte da cidade

Os habitantes de uma cidade bem arborizada percebem e valorizam os benefiacutecios ambientais sociais paisagiacutesticos e patrimoniais proporcionados pelas as arvores e pelos espaccedilos verdes existentes mas natildeo abrem matildeo de serviccedilos puacuteblicos de qualidade como o acesso contiacutenuo a energia eleacutetrica aacutegua ou telefonia (MANUAL DE ARBORIZACcedilAtildeO 2011 p 4)

Quando se trata de arborizaccedilatildeo Sinvinskas (1999 p 1) define que o ato ou efeito de arborizar ldquoArborizar por seu turno eacute plantar ou guarnecer de arvoresrdquo Mas o planejamento da arborizaccedilatildeo na aacuterea urbana passa pelo processo da escolha da arvore a ser plantada ou seja da arvore certa para o lugar certo levando em consideraccedilatildeo os processos cientiacuteficos e teacutecnicos para seu estabelecimento em curto meacutedio e longo prazo Santos (2001 2002) considera que a arborizaccedilatildeo em locais privados como jardins e quintais tambeacutem fazem parte da paisagem urbana afirma que

Em suma toda vegetaccedilatildeo ou arvore isolada quer que seja publica ou particular ou de qualquer forma de disposiccedilatildeo que exista na cidade constitui a ldquomassa verde urbanardquo por consequecircncia a sua aacuterea verde Aliaacutes haacute divergecircncias ateacute quando a forma de obter o iacutendice aacuterea verdehabitante pois alguns utilizam em seus caacutelculos somente as aacutereas publicas enquanto outros toda a ldquomassa verderdquo da cidade Para noacutes deve-se considerar as aacutereas verdes particulares (quintais e jardins) muitas vezes satildeo visivelmente maiores que as publicas Assim quando falamos em aacutereas verdes estamos englobando as aacutereas onde houve processo de arborizaccedilatildeo puacuteblico ou particular sem exceccedilatildeo ( SANTOS 2001 2002 p 1 e 2)

A arborizaccedilatildeo pode ser implantada em diversos ambientes como parques praccedilas ruas calccediladas jardins entre outras localidades No entanto existem diferenccedilas entre esses locais na hora de se plantar Nos parques a escolha quanto ao porte da aacutervore eacute mais flexiacutevel comparada a outros locais pois possuem bastante espaccedilo para as raiacutezes e copas de arvores de grande porte jaacute nas ruas e calccediladas existem mais restriccedilotildees requer mais cuidado por existir a presenccedila de fiaccedilatildeo aeacuterea e subterracircnea asfaltamento a infraestrutura da calccedilada tem que ser observada porque com o passar do tempo pode vir a danifica-la e no caso da arvore caducifoacutelia pode causar o entupimento das calhas e redes de esgoto vindo a poluir as vias puacuteblicas devido ao excesso de folhas caiacutedas

Quando o planejamento do plantio de arvores nas calccediladas natildeo eacute bem elaborado elas sofrem um impacto ambiental muito grande ou seja quebra de galhos podem morrer por falta de aacutegua podas incorretas Essas agressotildees prejudicam o ciclo de vida da aacutervore provocando o seu envelhecimento precoce

Quanto aos jardins De Angelis em Lonboda relatam que

O uso do verde urbano especialmente no que diz respeito aos jardins constituem-se em um dos espelhos do modo de viver dos povos que o criaram nas diferentes eacutepocas e culturas A principio estes tinham uma funccedilatildeo de dar prazer agrave vista e ao olfato Somente no seacuteculo XIX eacute que assumem uma funccedilatildeo utilitaacuteria sobretudo nas zonas urbanas densamente povoadas (LONBODA DE ANGELIS 2005 p 126)

Completando o pensamento sobre jardins Chaves (2012) diz que

Logo o jardim se constitui em aacuterea de casa destinada ao cultivo do verde com caracteriacutesticas arboacutereas ou natildeo com predominacircncia de flores roseiras e diversos tipos de plantas ornamentais o que exige a atenccedilatildeo e cuidados especiais resultando em gastos para a sua manutenccedilatildeo (CHAVES p 635 2012)

No entanto a melhor forma de planejar a arborizaccedilatildeo de uma cidade eacute primeiro levantar as caracteriacutesticas fiacutesicas dos locais onde seratildeo plantadas as aacutervores para depois definir os criteacuterios da escolha da espeacutecie para cada regiatildeo soacute posteriormente levantar a espeacutecie a ser plantada Tem-se que observar tambeacutem a melhor espeacutecie que se adequa aos termos paisagiacutesticos do local considerar os limites fiacutesicos e bioloacutegicos que o local impotildee ao crescimento da arvore e analisar quais espeacutecies seriam mais adequadas para melhorar o microclima e outras condiccedilotildees ambientais daquela localidade Um exemplo de arborizaccedilatildeo (figura 15) no municiacutepio de Jupi-PE

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Figura 15 Palmeiras Imperiais plantadas no canteiro da Br 423 na cidade de Jupi-PE

Fonte Leticia Oliveira 2013

Percebe-se claramente a opccedilatildeo feita por palmeiras imperiais que satildeo na realidade exoacuteticas Esse fato reforccedila a

ideia que se tem inclusive na literatura de que a vegetaccedilatildeo nativa natildeo apresenta qualquer tipo de beleza mas que por outro lado esta associada ao atraso falta de desenvolvimento e por que natildeo dizer ao estado de pobreza Almeja-se entatildeo que o bioma caatinga principal representante das zonas fisiografias do Agreste e do Sertatildeo seja visto de uma forma mais positiva e assim contribuir para a promoccedilatildeo de seu estudo dirigido ao paisagismo publico e particular

A importacircncia da arborizaccedilatildeo nos centros urbanos

As aacutervores satildeo a maior forma de vida existente no planeta presentes em praticamente todos os continentes Apresentam alto grau de complexidade e de adaptaccedilotildees agraves condiccedilotildees do meio permitindo sua convivecircncia em diversos ambientes incluindo as cidades (CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) 2011 p 11)

A maioria da populaccedilatildeo reside nos centros urbanos que se caracterizam pelas construccedilotildees civis que a cada ano vem crescendo Com o crescimento das cidades consequentemente haacute alteraccedilotildees no clima como a intensidade da radiaccedilatildeo solar a temperatura a umidade relativa do ar a precipitaccedilatildeo entre outros fatores que alteram o conforto da populaccedilatildeo

Os aspectos ambientais das aacutereas verdes estatildeo interligados ao se ter ou adquirir um planejamento de arborizaccedilatildeo na cidade As aacutervores purificam o ar esse eacute um dos seus principais benefiacutecios Pois a poluiccedilatildeo do ar eacute um dos maiores transtornos dos grandes centros urbanos Neste sentido a arborizaccedilatildeo urbana consiste no plantio de aacutervores nas aacutereas livres tornando-se assim uma possibilidade de minimizar os aspectos negativos do avanccedilo das cidades

Os benefiacutecios gerados pelas aacutereas verdes vatildeo aleacutem da recreaccedilatildeo para a populaccedilatildeo e seus valores esteacuteticos suas funccedilotildees excedem amplamente essas funccedilotildees Amenizam os aspectos ambientais adversos tambeacutem eacute importante sob os aspectos histoacutericos culturais esteacuteticos paisagiacutesticos assim contribuindo para

A melhoria da qualidade do ar Reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo Evita a erosatildeo do solo Direcionamento do vento Formaccedilatildeo de barreiras visuais proporcionando privacidade O embelezamento da cidade A melhoria fiacutesica e mental da populaccedilatildeo O aumento do valor das propriedades

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Podem-se observar os benefiacutecios das aacutervores no seu sentido histoacuterico cultural nas imagens a seguir (figuras 16 e

17)

Figura 16 Aacutervores histoacutericas do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atual Academia da Cidade de Jupi

Fonte Paacutegina no Facebook JG viacutedeo locadora

Figura 17 Antes local do Parque Antocircnio Almeida do Nascimento atualmente (2014) Academia da Cidade

Fonte Leticia Oliveira 2013

Entatildeo pode-se assim afirmar que aleacutem de tudo as aacutervores possuem valores centenaacuterios que contribuem para a

histoacuteria da cidade Pois mesmo passando-se anos as mesmas aacutervores continuam nos lugares de sempre perpassando pela a vida de centenas de moradores e visitantes da cidade Enfatizando-se os benefiacutecios da arborizaccedilatildeo para os centros urbanos Souza et al diz que

Natildeo haacute duvidas de que a arborizaccedilatildeo urbana eacute um instrumento eficaz para minimizar os impactos negativos dos centros urbanos defender o meio ambiente como um direito comum natildeo deve ser apenas uma iniciativa de militantes mas uma obrigaccedilatildeo do governo e da sociedade (SOUZA et al 2006 p 66)

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Aleacutem disso arborizaccedilatildeo urbana eacute caracterizada principalmente pelos elementos de porte arboacutereo em parques calccediladas de vias puacuteblicas e jardins sem serem denominadas e entendidas Aacutereas de preservaccedilatildeo Permanente (APP) e podem ser divididas em aacutereas verdes de uso puacuteblico (lazer) e particular

As aacutervores e as aacutereas verdes urbanas tornam-se importantes para a preservaccedilatildeo do meio ambiente o que aumenta sua importacircncia para a coletividade agregando-lhe o fator ecoloacutegico 8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Eacute evidente a importacircncia de um planejamento de arborizaccedilatildeo na zona urbana mas os municiacutepios ainda possuem uma enorme deficiecircncia quanto a esse processo Infelizmente a preocupaccedilatildeo de quem planeja estaacute centrada em caracteriacutesticas socioeconocircmicas deixando de lado a importacircncia dos elementos naturais

Portanto eacute necessaacuterio que existam algumas medidas a serem tomadas pelos gestores das cidades pois a arborizaccedilatildeo eacute vital para a cidade e para o meio ambiente Satildeo inuacutemeras suas contribuiccedilotildees uma delas eacute para melhorar o clima e sobretudo a qualidade de vida Atraveacutes de pesquisas realizadas com a populaccedilatildeo jupiense foi possiacutevel observar que as praacuteticas educacionais implantadas na cidade tiveram um importante papel foi possiacutevel perceber que a populaccedilatildeo obteve oportunidades para aprimorar seus conhecimentos sobre Educaccedilatildeo Ambiental neste contexto a arborizaccedilatildeo foi a que mais se destacou por que contribuiu tambeacutem para a mudanccedila visual do municiacutepio REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

CHAVES Ana Maria Severo AMADOR Maria Betacircnia Delineamento do verde existente em quintais jardins e calccediladas correntes-PE Anais do III SPGEO Natal ISSN 2178-8804 2012

CEMIG FUNDACcedilAtildeO BIODIVERSITAS (Orgs) Manual de arborizaccedilatildeo Belo Horizonte CemigFundaccedilatildeo Biodiversitas 2011 Disponiacutevel em lt wwwcomigcombrManual-Arborizaccedilatildeo-Cemig-biodiversidadepdgt acesso em 28 dez 2013

DANTAS I C SOUZA C M C Arborizaccedilatildeo urbana na cidade de Campina Grande-PB Inventaacuterio e suas espeacutecies Revista de Biologia e ciecircncias da Terra Universidade da Praiacuteba Campina Grande 2004

EMBRAPA-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Mandioca e Fruticultura Disponiacutevel emlthttpwwwcnpmfembrapabrindexphpp=pesquisa-culturas_pesquisadas-mandiocaphpgt Acesso em 22 jan 2014

GOMES Marcos Antocircnio Silvestre As praccedilas de Ribeiratildeo Preto-SP uma contribuiccedilatildeo geograacutefica ao planejamento e agrave gestatildeo dos espaccedilos puacuteblicos 204 f 2005 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal de Uberlacircndia Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Geografia Uberlacircndia 2005

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica IBGE cidades Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrasufphplang=ampcoduf=26ampsearch=pernambucogt Acesso em 13 jan 2014

LOBODA C R ANGELIS B L de Aacutereas verdes puacuteblicas conceitos usos e definiccedilotildees Revista Ambiecircncia Guarapuva-PR2005Disponivel emlthttpwwwrevistaunicentrobrindexphpambieenciaarticledownload185gt Acesso em 01 dez 2013

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MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

OLIVEIRA L F D SILVA A M AMADOR Maria Betacircnia Moreira Impactos ambientais e sociais acarretados pelo mau armazenamento da manipueira In IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista 2013 TupatildeSP Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP ANAP 2013 v 9 p 189-192

PENA-VEGA Alfredo O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

Prefeitura Municipal de Jupi Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwjupipegovbrgt acesso em 28 dez 2013

SANTOS S R Arborizaccedilatildeo urbana consideraccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwautimaarcadenoecombrgt acesso 20 dez 2013

SOUZA I M C de PALMERIM M S S CANTUAacuteRIA P de C Diagnoacutestico da arborizaccedilatildeo de praccedilas puacuteblicas do municiacutepio de Macapaacute-AP Brasil Macapaacute MMES 2006 TCC (Trabalho de Conclusatildeo de Curso em Engenharia Florestal Tropicais) 66 p 2006 Idem p 70

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA

VEGETACAO DE ALGUMAS

AVENIDAS E PARQUES DE

GARANHUNS ndash PE

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Capiacutetulo 5

ASPECTOS PAISAGIacuteSTICOS DA VEGETACAO DE ALGUMAS AVENIDAS E PARQUES DE GARANHUNS ndash PE

Maria Betacircnia Moreira Amador

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e

Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns

[]

Marciacutelio L Renaux (1979 p 96)

1 PAISAGEM ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E GEOGRAFIA

Os conceitos de uma maneira geral geram interpretaccedilotildees distintas de acordo com a perspectiva intelectual do pesquisador e seu aporte teoacuterico de conduccedilatildeo dos trabalhos e pesquisas Em termos do conceito de paisagem aleacutem de ser uma categoria de anaacutelise da Geografia eacute um termo que se aplica em inuacutemeros contextos e nesse caso especifico mescla-se com os inerentes a Arquitetura Urbanismo e Geografia

No acircmbito geograacutefico toma-se o conceito de Paisagem Integrada desenvolvido nas ultimas deacutecadas como assinala Guerra Marccedilal (2009 102) ou seja ldquoa perspectiva de anaacutelise integrada do sistema natural e a inter-relaccedilatildeo entre os sistemas naturais sociais e econocircmicos vecircem dando um novo redirecionamento e interpretaccedilatildeo ao conceito de paisagemrdquo

Admite-se que conceitualmente a arborizaccedilatildeo urbana pode ser entendida como um conjunto de vegetaccedilatildeo arboacuterea e arbustiva distribuiacuteda nas vias puacuteblicas de uma cidade na qual a presenccedila da vegetaccedilatildeo exerce influecircncia positiva tanto no bem estar dos habitantes em geral como nos transeuntes

Em consonacircncia a questatildeo que se apresenta pode ser enquadrada na Geografia Ambiental a qual tem a interdisciplinaridade e o sistecircmico intriacutenseco agrave sua essecircncia

Entre as temaacuteticas que a Geografia aborda estaacute o contexto urbano e sua preocupaccedilatildeo com o espaccedilo geograacutefico Atraveacutes da anaacutelise da produccedilatildeo geograacutefica podemos reconstruir os caminhos percorridos para o entendimento do urbano e da cidade e assim construir um quadro que nos leve a compreender essa produccedilatildeo

A abordagem dos estudos sobre o espaccedilo urbano consiste em entender o seu significado procurando defini-lo atraveacutes de suas caracteriacutesticas demograacuteficas de sua morfologia de suas funccedilotildees e do seu papel econocircmico e social Considera-se dessa forma o estudo do espaccedilo urbano como o estudo da cidade (AZEVEDO 2012)

Sabe-se ainda que o espaccedilo urbano pode ser entendido como uma produccedilatildeo social e como tal eacute um produto histoacuterico pois eacute resultado de accedilotildees acumuladas atraveacutes do tempo e ao mesmo tempo eacute realidade presente e imediata

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Como resultado da dinacircmica social de determinada sociedade que ao reproduzir-se atraveacutes de um determinado modo de produccedilatildeo imprime na paisagem urbana as marcas correspondentes (SILVEIRA 2003 p 25)

Como visto a Geografia eacute uma das ciecircncias que oferece pensar a paisagem De acordo com (SILVA 2002 p 73) ldquoCostuma-se reduzir a paisagem agrave anaacutelise do visiacutevel Sabemos que algumas realidades escapam agrave visatildeo mas cabe ao geoacutegrafo perceber na paisagem fatos da subjetividade e da cultura assim como as estruturas sociaisrdquo

Nesse acircmbito as aacutervores influenciam em todo um desenho dinacircmico que se estabelece no espaccedilo A paisagem passa a representar a teia que envolve a vida com o cotidiano reforccedilando a ideia de uno Nesse ir e vir fragmenta-se para envolver uma gecircnese de atitudes e condutas movimentos ritmos formando sub-paisagens externando as fragmentaccedilotildees vivenciadas sob diferentes tempos Paisagem que reflete a dureza a labuta ao mesmo tempo em que expotildee os sonhos os devaneios das experiecircncias e percepccedilotildees dos transeuntes comerciantes e residentes Mello aborda que

Ao associar as transformaccedilotildees na paisagem em decorrecircncia de seu uso urbano e comprometimento ambiental tornam-se visiacuteveis elementos como a localizaccedilatildeo das diferentes parcelas sociais as aacutereas de vegetaccedilatildeo naturais e o atual iacutendice de verdehabitante os tipos de solo e os usos urbanos as condiccedilotildees geomorfoloacutegicas a declividade e a erosatildeo presente em determinados ambientes a identificaccedilatildeo das aacutereas fraacutegeis e de risco a contaminaccedilatildeo das aacuteguas as condiccedilotildees de salubridades dos ambientes e das populaccedilotildees a precariedade das condiccedilotildees de habitabilidade de esgotamento sanitaacuterio da coleta de lixo e como constituintes da qualidade de vida urbana (MELLO 1996 p 106)

2 ARBORIZACcedilAtildeO URBANA E PLANEJAMENTO URBANO

Ao fazer o estudo sobre a Avenida Santo Antocircnio no centro de Garanhuns Azevedo (2012) fez breve reflexatildeo sobre o planejamento urbano e como o tema arborizaccedilatildeo se insere no contexto Para isso a autora traz ao trabalho algumas consideraccedilotildees existentes na literatura concernente ao tema como a seguir

No acircmbito da globalizaccedilatildeo o discurso da importacircncia da questatildeo ambiental da ecologia conceitos do tipo ldquoo politicamente corretordquo e a rdquoqualidade de vidardquo se firmam como tendecircncias mundiais inseridas na miacutedia diaacuteria O mesmo acontece de forma mais sutil com a valorizaccedilatildeo daquilo que remete ao passado Neste contexto o interesse pelos ldquovalores culturaisrdquo pode ser considerada uma oportunidade desde que embasado no efetivo resgate desta identidade da memoacuteria das raiacutezes que satildeo suporte de nossa existecircncia Satildeo justamente os substratos histoacutericos que conferem materialidade a essas expressotildees um sentido de lugar e identidade agraves cidades e sua continuidade histoacuterica A essencialidade da memoacuteria reside no fato de que eacute por ela que se daacute a relaccedilatildeo com a variaacutevel temporal fundamental para o desenvolvimento e a continuidade de nossa existecircncia (ADAMS 2002 p116)

O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as consequecircncias geradas pela falta de planejamento

urbano despertaram a atenccedilatildeo de planejadores no sentido de se perceber a vegetaccedilatildeo como componente necessaacuterio ao espaccedilo urbano O plantio de aacutervores inadequadas agrave estrutura urbana gera conflitos com equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros postes de iluminaccedilatildeo entre outros Esses problemas satildeo muito comuns de serem visualizados e causam na maioria das vezes um manejo inadequado e prejudicial agraves aacutervores Eacute comum se ver aacutervores podadas de forma draacutestica e com muitos problemas fitossanitaacuterios como presenccedila de cupins brocas outros tipos de patoacutegenos injuacuterias fiacutesicas como anelamentos caules ocos e podres galhos apresentando lascas entre outros Assim tambeacutem fica claro que a percepccedilatildeo eacute peccedila-chave na boa conduccedilatildeo de trabalhos de planejamento e gestatildeo ambientais principalmente voltados agrave arborizaccedilatildeo urbana

A percepccedilatildeo ambiental abrange a compreensatildeo das inter-relaccedilotildees entre o meio ambiente e os atores sociais ou seja como a sociedade percebe o seu meio circundante expressando suas opiniotildees expectativas e propondo linhas de conduta desta forma os estudos que se caracterizam pela aplicaccedilatildeo da percepccedilatildeo ambiental objetivam investigar a maneira como o homem enxerga interpreta convive e se adapta agrave realidade do meio em que vive principalmente em se tratando de ambientes instaacuteveis ou vulneraacuteveis socialmente e naturalmente (OKAMOTO 1996 p200)

82- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A arborizaccedilatildeo urbana no Brasil eacute de competecircncia das administraccedilotildees municipais mas segundo (BONONI 2006) enfrenta uma seacuterie de problemas principalmente por despreparo de alguns profissionais

Embora haja uma crescente disposiccedilatildeo tanto dos oacutergatildeos governamentais envolvidos como de grande parcela da populaccedilatildeo muitos satildeo os problemas enfrentados como a falta de teacutecnicos capacitados que orientem sobre um plantio correto escolha da espeacutecie poda de formaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de tutores grade de proteccedilatildeo irrigaccedilatildeo em periacuteodo de estiagem e adubaccedilatildeo (BONONI 2006 p213-255)

Em sequecircncia expotildee-se a colocaccedilatildeo de outro autor o qual afirma que

O crescimento desordenado dos centros urbanos gerou uma condiccedilatildeo de artificialidade em relaccedilatildeo agraves aacutereas verdes naturais e com isso vaacuterios prejuiacutezos agrave qualidade de vida dos habitantes Poreacutem parte desses prejuiacutezos podem ser evitados pela legislaccedilatildeo e controle das atividades urbanas e outra parte amenizada pelo planejamento urbano ampliando-se qualitativa e quantitativamente a arborizaccedilatildeo de ruas e as aacutereas verdes (MILANO 1987 1517 e 21)

A maioria dos problemas de arborizaccedilatildeo urbana satildeo causados pelo confronto de aacutervores inadequadas com

equipamentos urbanos como fiaccedilotildees eleacutetricas encanamentos calhas calccedilamentos muros e postes de iluminaccedilatildeo Os fatores que devem ser considerados na arborizaccedilatildeo urbana satildeo vaacuterios podendo-se destacar o ambiente urbano caracterizado em termos de clima solos topografia o espaccedilo fiacutesico disponiacutevel em relaccedilatildeo agrave largura de ruas e calccediladas afastamento predial a altura das construccedilotildees a presenccedila de cabos eleacutetricos aeacutereos tubulaccedilatildeo de aacutegua esgoto galerias pluviais rede de telefonia as caracteriacutesticas das espeacutecies a utilizar no que concerne agrave adaptabilidade climaacutetica resistecircncia a pragas e doenccedilas toleracircncia agrave poluiccedilatildeo ausecircncia de princiacutepios toacutexicos eou aleacutergicos e caracteriacutesticas fenoloacutegicas (forma porte raiz floraccedilatildeo frutificaccedilatildeo etc) e morfoloacutegicas

Analisada a questatildeo da adaptaccedilatildeo ecoloacutegica (aclimataccedilatildeo naturalizaccedilatildeo acomodaccedilatildeo) deve-se atentar para a disponibilidade da cidade para a arborizaccedilatildeo natildeo introduzindo as espeacutecies a esmo (SAMPAIO 2006 SERAFIM 2007)

Em termos mais amplos a importacircncia da vegetaccedilatildeo no espaccedilo urbano natildeo se reteacutem apenas aos seus benefiacutecios aos seres humanos mas tambeacutem se verifica ser uma forma contributiva para a manutenccedilatildeo da fauna e flora de uma regiatildeo

A arborizaccedilatildeo de ruas eacute um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capazes de integrar espaccedilos livres aacutereas verdes e remanescentes florestais conectando estes ambientes de forma a colaborar com a diversidade da flora e da fauna (MENEGHETTI 2012 p1-2)

Nunca se deve esquecer ou desconsiderar que o plantio de aacutervores em larga escala nas cidades pode promover a diminuiccedilatildeo do efeito de ilha de calor no veratildeo e amenizar problemas dos ventos

A arborizaccedilatildeo urbana entatildeo eacute um tema que vem sendo discutido cada vez mais na atualidade considerando-se sua relevacircncia nota-se que estaacute aumentando a preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao meio ambiente urbano e a qualidade de vida de nossas cidades

A arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano pois contribui para funccedilotildees importantes no meio ambiente assim como para a sociedade aleacutem de propiciar sombra purificar o ar diminuir ruiacutedos diminuir a poluiccedilatildeo e tambeacutem proporcionar efeitos paisagiacutesticos Considerando-se que a arborizaccedilatildeo no contexto urbano eacute um patrimocircnio que deve ser mantido e conhecido pela populaccedilatildeo torna-se imprescindiacutevel a realizaccedilatildeo de um levantamento das principais espeacutecies arboacutereas e arbustivas distribuiacutedas na via urbana considerada Av Santo Antocircnio em Garanhuns afim de se poder contribuir com subsiacutedios para futuros planejamentos do paisagismo urbano e para uma melhor organizaccedilatildeo do espaccedilo

3 LOCALIZACAO DO MUNICIPIO DE GARANHUNS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

A cidade de Garanhuns no estado de Pernambuco (Figura 1) dista 228 km da capital pernambucana Recife Localizando-se na regiatildeo montanhosa do Planalto da Borborema eacute tambeacutem conhecido como a Suiacuteccedila Pernambucana por causa de seu clima ameno no veratildeo e temperaturas baixas no inverno atiacutepico para o resto da regiatildeo Outras alcunhas satildeo Cidade das Flores ou Cidade da Garoa

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O municiacutepio possui latitude 8ordm5325 sul e a longitude 36ordm2934 oeste estando a uma altitude meacutedia de 900 metros Seu ponto mais alto eacute o Monte Magano com 1030 m de altitude seu rio mais importante o rio Mundauacute Sua populaccedilatildeo eacute de aproximadamente 129392 habitantes segundo estimativas do IBGE para o ano de 2010

Garanhuns apresenta uma paisagem urbana no que se refere agrave habitaccedilatildeo composta em sua maioria por edificaccedilotildees de pequeno porte exceto no Bairro do Helioacutepolis Neste encontra-se edificaccedilotildees com maior porte No que se refere agrave arborizaccedilatildeo percebe-se que estaacute composta entre canteiros centrais e em calccediladas sendo sua maior parte em canteiros centrais como exemplo tem-se a Avenida Rui Barbosa a Avenida Caruaru Constata-se que a arborizaccedilatildeo em geral concentra-se em canteiros centrais com exceccedilatildeo da Av Santo Antocircnio bem no centro da cidade Nas demais localidades de Garanhuns observa-se que a arborizaccedilatildeo ocorre nas calccediladas principalmente em frente agraves residecircncias quando existe

Figura 1 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Garanhuns ndash PE Fonte Chaves 2013

Quanto ao histoacuterico da avenida em destaque tem-se que sua criaccedilatildeo se deu

Pelo alvaraacute de 10 de marccedilo de 1811 por solicitaccedilatildeo do entatildeo governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro foi criada a Vila de Santo Antocircnio de Garanhuns Neste mesmo ano de 1811 a capela foi reconstruiacuteda e transformada na Matriz de Santo Antonio Esta matriz localizada na antiga avenida Rio Branco hoje Avenida Santo Antocircnio [] O seu primeiro vigaacuterio foi Fabriacutecio da Costa Ferreira(Historia de Garanhuns Disponiacutevel em lthttpanchietabarrosblogspotcombr201302historia-de-garanhuns-controversia-dahtmlgt Acesso em 28 jan 2014

Logo pode-se perceber que se trata de uma via relativamente antiga mas que desde o inicio evidenciou a tendecircncia de ser um caminho central que congregou ao longo do tempo comeacutercio lazer religiatildeo entre as funccedilotildees visiacuteveis e permanentes que se pode observar pelas fotografiasrepresentadas pelas figuras 2 e 3 as quais constituem resgate de algumas memoacuterias e tambeacutem da contemporaneidade

84- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

N

Na foto correspondente agrave figura 2 pode-se verificar que havia pessoas caminhando como em um singelo passeio tendo-se a Catedral de Santo Antocircnio ao fundo poucos veiacuteculos estacionados indicando o escasso fluxo automotivo da eacutepoca Natildeo se identifica nenhum uso de fins comerciais proacuteximo a esse canteiro central o que contrasta significativamente com os dias atuais

Pelas fotos visualizadas nas figuras 2 e 3 percebe-se o quanto a referida avenida transformou-sepor conta da urbanizaccedilatildeo da cidade de Garanhuns Atualmente essa avenida eacute a regiatildeo core da cidade eacute laacute que se situam as principais lojas magazines e o setor financeiro com a presenccedila de vaacuterios importantes bancos Trata-se ainda de um locusque atende natildeo somente os garanhunenses mas tambeacutem um bom nuacutemero de municiacutepios que satelizam Garanhuns 4 ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA SANTO ANTOcircNIO CARACTERIacuteSTICAS E DINAcircMICA

Segundo Milano e Dalcin (2000) atualmente a arborizaccedilatildeo nas ruas eacute uma estrateacutegia importante para as condiccedilotildees ambientais adversas como elemento esteacutetico da paisagem urbana em busca de suporte para projetos de renovaccedilatildeo do tecido urbano

No caso especifico da Av SantoAntocircnio as aacutervores satildeo encontradas ao longo das calccediladas e nos canteiros centrais da avenida Acredita-se que essas plantas exercem funccedilatildeo ecoloacutegica no sentido de melhoria do ambiente urbano aleacutem de favorecer a esteacutetica no sentido de embelezamento das vias puacuteblicas e consequentemente da cidade

A arborizaccedilatildeo urbana gera benefiacutecios ambientais e sociais e contribui para uma a qualidade de vida dos moradores da cidade dos transeuntes que por ali circulam e da populaccedilatildeo como um todo Sendo assim eacute de suma importacircncia discutir e analisar o papel da arborizaccedilatildeo urbana para melhor aproveitamento dos espaccedilos natildeo edificados da cidade Reforccedilando-se essa ideia toma-se o pensamento de dois autores que se apresenta a seguir

[] a arborizaccedilatildeo eacute essencial a qualquer planejamento urbano possuem funccedilotildees importantiacutessimas como propiciar sombra purificar o ar atrair aves diminuir a poluiccedilatildeo sonora constituir fator esteacutetico e paisagiacutestico diminuir impactos das chuvas contribuir para o balanccedilo hiacutedrico assim como valorizar economicamente as propriedades ao entorno proteger e direcionar o vento proporcionar melhor efeito esteacutetico auxiliar na diminuiccedilatildeo da temperatura pois absorve os raios solares e refresca o ambiente pela grande quantidade de aacutegua transpirada pelas folhas (PIVETTA SILVA FILHO 2002p69)

Os vaacuterios benefiacutecios da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas estatildeo condicionados agrave qualidade de seu planejamento

Um planejamento adequado tem que partir primeiramente dos oacutergatildeos puacuteblicos que satildeo os que mais devem se preocupar com este tipo de planejamento como tambeacutem os moradores transeuntes e demais pessoas que por ali circulam pois a arborizaccedilatildeo eacute um bem comum de todos favorecendo a todos o tatildeo almejado bem estar

A arborizaccedilatildeo bem planejada eacute muito importante independentemente do porte da cidade pois eacute muito mais faacutecil implantar arvores quando se tem um planejamento Caso contraacuterio passa a ter um caraacuteter de remediaccedilatildeo agrave medida que

Figura 2 Av Stordm Antocircnio na deacutecada de 1970 Fonte Blog de Iba Mendes in Leidjane (2012)

Figura 3 Visatildeo geral da Av Sto Antocircnio com destaque para os pinheiros Fonte Leidjane (2012)

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se tenta encaixar dentro das condiccedilotildees jaacute existentes e solucionar problemas de toda ordem Para um adequado planejamento da arborizaccedilatildeo da avenida de uma cidade alguns fatores devem ser considerados Tambeacutem o conhecimento das condiccedilotildees ambientais locais eacute preacute-condiccedilatildeo para o sucesso da arborizaccedilatildeo das ruas e avenidas Qualquer planta soacute adquire pleno desenvolvimento em clima apropriado caso contraacuterio poderaacute ter alteraccedilotildees no porte floraccedilatildeo e frutificaccedilatildeo Deve-se evitar portanto o plantio de espeacutecies cuja aclimataccedilatildeo natildeo seja comprovada

A Av Santo Antocircnio possui uma vegetaccedilatildeo mesclada de nativas e exoacuteticas cuja diversidade de plantas e aacutervores proporciona aos residentes comerciantes e transeuntes uma agradaacutevel sensaccedilatildeo de conforto (Figura 4 e 5)

O espaccedilo urbano eacute considerado um fator de grande importacircncia visto que eacute neste que as relaccedilotildees homem e natureza interagem produzindo a dinacircmica do lugar Pode-se assim afirmar que a Geografia uma das ciecircncias que mais se preocupa com tais questotildees possibilita um vasto campo de estudos que identifique a relaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo da sociedade garanhuense com a referidaavenida

Eacute neste espaccedilo em quemoradores comerciantes transeuntes entre outros atores circulam desenvolvendo diversos tipos de atividades relacionando-se com o lugar de diversas formas dando sentido a paisagem Sendo esta cada vez mais urbanizada diante do crescimento da cidade produzindo espaccedilos cada vez menos naturais Portanto eacute de suma importacircncia a preservaccedilatildeo das praccedilas e canteiros existentes ao longo da avenida

A Av Santo Antocircnio evidencia um processo de arborizaccedilatildeo que estaacute diretamente ligado agraves questotildees culturais e ambientais que envolvem este lugar onde tradicionalmente se desenvolveu caracteriacutesticas proacuteprias e peculiares que a tornaram uma das aacutereas mais populares da cidade e que tambeacutem propiciou a instalaccedilatildeo formal ou natildeo de pequenos comeacutercios no canteiro central da avenida em vaacuterios trechos imponho-lhe um novo ritmo cuja vegetaccedilatildeo eacute subjugada agraves necessidades das necessidades econocircmicas

A paisagem encontrada no percurso da avenida eacute bastante diversificada nela pode-se encontrar vaacuterios atores urbanos desenvolvendo suas funccedilotildees de forma praticamente permanente tais como jardineiros comerciantes flanelinhas turistas engraxates entre outros aleacutem de uma variedade de plantas que se misturam com essa trama econocircmico-social produzindo um ambiente nem sempre harmonioso mas de faacutecil compreensatildeo se pensarmos na dinacircmica que envolve homem e natureza

Enfim na Av Santo Antocircnio existe um contexto de arborizaccedilatildeo que implica uma identificaccedilatildeo e uma caracterizaccedilatildeo do tema abordado bem como promove gradativamente conhecimento mais aprofundado da Geografia o

Figura 4 Castanhola localizada em frente a Catedral numa das cabeceiras da Av Sto Antonio Fonte Leidjane (2012)

Figura 5 Canteiro ajardinado com alguns croacutetons como tambeacutem pingo-de-ouro grama entre outros com a presenccedila de bancos para sentar Fonte Leidjane (2012)

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que mostra como os estudos sobre avenidas ruas rotatoacuterias e outras vias urbanas foram enriquecidos e atualmente apresentam abordagens cada vez mais diversas o que faz a Geografia Urbana e Ambiental se destacar cada vez mais tanto para a proacutepria ciecircncia geograacutefica como para a sociedade em geral 5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS SOBRE A ARBORIZACcedilAtildeO X DINAcircMICA ESPACIAL DA AV SANTO ANTOcircNIO

A avaliaccedilatildeo da arborizaccedilatildeo da Av Sto Antocircnio em relaccedilatildeo agrave dinacircmica que estaacute presente na paisagem leva a considerar-se a percepccedilatildeo dos atores envolvidos tanto de forma positiva quanto negativa num esforccedilo de se refletir o ambiente em suas nuances ecoloacutegicas sociais e econocircmicas Logo a partir do enfoque sistecircmico pode-se verificar o distanciamento do olhar dos que labutam e transitam em relaccedilatildeo agrave presenccedila desse verde o que inclui natildeo somente as aacutervores mas tambeacutem os canteiros com flores e outras espeacutecies vegetais que datildeo o embelezamento paisagiacutestico do lugar

Por sua vez sabe-se que o lugar soacute eacute sentido e apreciado quando se tem oportunidade de vivenciaacute-lo de forma a ter-se uma relaccedilatildeo de afeto Sentimento este que favorece a manutenccedilatildeo e cuidado com o patrimocircnio que embora puacuteblicoimprime certa carga de valoraccedilatildeo e de pertencimento induzindo assim agraveuma atitude reivindicativa criacutetica e proacutepria de um cidadatildeo 6 ENFOQUE NA ARBORIZACcedilAtildeO DA AVENIDA RUI BARBOSA GARANHUNS-PE

A Avenida Rui Barbosa municiacutepio de Garanhuns ndash PE foi aberta em 1925 pelo prefeito Euclides Dourado Sua construccedilatildeo deu iniacutecio ao povoamento do maior bairro de da cidade que gradativamente tornou-se um dos bairros nobres da cidade denominado Helioacutepolis Nessa avenida estaacute o uacutenico Reloacutegio de Flores do norte e nordeste do paiacutes e este eacute praticamente o siacutembolo que identifica Garanhuns em termos nacional e ateacute internacionalmente (CHAVES 2013)

Predominantemente atualmente o comercio a prestaccedilatildeo de serviccedilo aleacutem de continuar evidenciando residecircncias que aos poucos vatildeo cedendo lugar para outros empreendimentos outros Registra-se ainda que em uma de suas cabeceiras encontra-se a Praccedila Tavares Correia na qual situa-se o Reloacutegio das Flores Esse equipamento atrai turistas o ano inteiro devido sua beleza originalidade e funcionamento

Retomando-se o canteiro central da avenida verifica-se que eacute bem arborizado porem a espeacutecie arboacuterea predominante enfrenta um dilema serio Ou seja ao longo do tempo tornou-se praticamente inadequada devido ao grande fluxo de veiacuteculos usos das vias para festas com trios eleacutetricos fiaccedilatildeo eleacutetrica e as consequentes podas frequentes que de certa maneira significa uma injuria para a aacutervore apesar da necessidade que se impotildee frente ao grande fluxo de pessoas e veiacuteculos no local Que arvore e essa Flamboyant (Figura 6) Aleacutem dela tecircm-se ainda espeacutecies como o Ipecirc e a Castanhola Dessas trecircs apenas o Ipecirc eacute espeacutecie nativa as outras duas satildeo exoacuteticas a Flamboyant eacute africana e a Castanhola eacute asiaacutetica Acredita-se que na eacutepoca do planejamento da avenida e talvez em outros momentos de renovaccedilatildeo paisagiacutestica com base nos elementos arboacutereos no passado o canteiro central da Av Rui Barbosa natildeo foi suficientemente avaliado com respeito a compatibilizaccedilatildeo da espeacutecie escolhida com futuras e atuais funccedilotildees dadas a referida avenida

No caso do Flamboyant (Delonix regia) pertencente agrave famiacutelia dasFabaceaes e de origem africana chega a atingir entre 6 a 12 metros de altura e eacute considerada uma das aacutervores mais belas do mundo principalmente devido ao colorido intenso de suas flores e suas raiacutezes bastante agressivas porem detentoras de um belo desenho quando a mostra Assim com parte delas acima da superfiacutecie a sua presenccedila torna-se improacutepria para a ornamentaccedilatildeo de calccediladas ruas ou proacuteximas a tubulaccedilotildees de aacutegua esgoto paredes e ateacute mesmo fiaccedilatildeo eleacutetrica pois aleacutem dos possiacuteveis danos fiacutesicos pode sem sombra de duvida ocasionar um problema com o transeunte desavisado

A castanhola (Terminaliacatappa figura 7)da famiacutelia das Combretaceaesde origem asiaacutetica chega a mais de 12 metros de altura Ela apresenta caule ereto Sua copa eacute incomum formada por uma ramagem horizontal agrupada a espaccedilos regulares no tronco Eacute uma aacutervore indicada para as condiccedilotildees adversas do litoral Sua copa ampla e cheia fornece sombra farta no escaldante veratildeo dos troacutepicos Natildeo satildeo indicadas para estacionamentos ou em locais com grande movimento de automoacuteveis pois os frutos ricos em aacutecidos podem manchar os automoacuteveis

E apenas o Ipecirc (Tabebuia impetiginosa figura 8) eacute da famiacutelia Bignoniaceae e originaacuteria da Ameacuterica do Sul com altura entre 6 a 9 metros Eacute uma oacutetima aacutervore ornamental para arborizaccedilatildeo urbana de crescimento moderado a raacutepido

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que natildeo possui raiacutezes agressivas sua floraccedilatildeo eacute maravilhosa e recompensadora aleacutem de atrair polinizadores como beija-flores e abelhas Pode ser cultivada em regiotildees subtropicais tendo nestes casos uma reduccedilatildeo na velocidade de crescimento

Verificou-se que a maior parte das espeacutecies arboacutereas eacute exoacutetica os galhos ficam proacuteximos a edificaccedilotildees e fiaccedilatildeo

eleacutetrica natildeo satildeo bem podadas e apresentam problemas fitossanitaacuterios como cupim decomposiccedilatildeo principalmente no tronco galhos secos entre outros

Acredita-se que um dos principais motivos da falta de sincronia entre planejamento e plantio da arborizaccedilatildeo urbana no espaccedilo puacuteblico da Avenida Rui Barbosa em Garanhuns-PE eacute falta de estudo em relaccedilatildeo agrave espeacutecie arboacuterea adequada a ser plantada

De acordo com o Manual de Arborizaccedilatildeo Urbana os seres humanos constroem seus ambientes para neles viverem e dele retirarem suas necessidades e a cidade eacute construiacuteda para melhorar e facilitar a vida dos homens porem ela eacute uma construccedilatildeo planejada eacute artificial fazendo-se necessaacuterio a introduccedilatildeo de elementos naturais para melhorar a vida dos seres vivos urbanos (homens animais insetos entre outros) Assim satildeo criados espaccedilos livres destinados agrave arborizaccedilatildeo e que aleacutem de estrateacutegia de amenizaccedilatildeo de aspectos ambientais adversos eacute importante sob os aspectos ecoloacutegico histoacuterico cultural social esteacutetico e paisagiacutestico

Esses fatores e a accedilatildeo antroacutepica tornam as cidades organizaccedilotildees sistecircmicas e complexas sistecircmicas porque seus variados aspectos precisam ser compreendidos como uma totalidade onde os homens necessitam da natureza e das construccedilotildees artificias para melhorar suas condiccedilotildees de vida e esses fatores satildeo vistos em conjunto e natildeo isolados e complexas porque devem ser entendidas e analisadas atraveacutes das muitas relaccedilotildees que estabelecem homem meio ambiente homem meio ambiente urbano meio ambiente e meio ambiente urbano

E a falta de articulaccedilatildeo entre a arborizaccedilatildeo e o planejamento das cidades tornam os espaccedilos livres desestruturados onde a populaccedilatildeo que necessita dessa aacuterea para seu lazer acaba por natildeo poder desfrutar desses ambientes pois os mesmos apresentam calccedilamento danificado pela falta de compatibilidade da raiz da espeacutecie arboacuterea e o espaccedilo fiacutesico destinado ao plantio Infelizmente pode-se ter a vida em risco por causa de acidentes devido agrave falta de observacircncia desses detalhes de suma importacircncia

Outro fator relevante da arborizaccedilatildeo e a funccedilatildeo paisagiacutestica desempenhada esta valoriza o espaccedilo do ponto de vista esteacutetico e se tratando da arborizaccedilatildeo do canteiro central da Av Rui Barbosa tem-se a valorizaccedilatildeo econocircmica via que da acesso a uma das entradas da cidade e comportar o Reloacutegio das Flores Por esses motivos a arborizaccedilatildeo natildeo deveria apresentar essa falta de articulaccedilatildeo com o planejamento desse local bem como se deveria ter um estudo

Figura 6 Flamboyant no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 7 Castanhola no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

Figura 8 Ipecirc no canteiro central da Av Rui Barbosa Fonte Chaves e Silva 2013

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aprofundado das espeacutecies adequadas a esse espaccedilo evitando-se assim problemas derivados da falta de sincronia e ou harmonizaccedilatildeo

Os dilemas da sustentabilidade urbana satildeo muitos Assunto esse de extrema importacircncia quando se falar no bem estar da populaccedilatildeo das cidades jaacute que a introduccedilatildeo desses espaccedilos verdes beneficiam a populaccedilatildeo contribuindo para ambientes mais saudaacuteveis e confortaacuteveis ajuda na amenizaccedilatildeo das altas temperaturas tatildeo comuns em cidades do nordeste brasileiro aleacutem de outros benefiacutecios advindos da arborizaccedilatildeo urbana

Foi verificado que o canteiro central da Av Rui Barbosa eacute um espaccedilo limitado entre duas vias de grande movimento de veiacuteculos e pessoas cercado de objetos urbanos como fiaccedilatildeo eleacutetrica edifiacutecios grandes semaacuteforos e tubulaccedilotildees subterracircneas entre outros elementos Logo eacute necessaacuterio um estudo adequado sobre as espeacutecies escolhidas para arborizar esse espaccedilo urbano bem como estudar o espaccedilo em si e seu tamanho

Nesse sentido ao se estudar as espeacutecies arboacutereas pode-se saber seu tipo de raiz tamanho expansatildeo da copa frutos elementos necessaacuterios para a escolha e definiccedilatildeo do espaccedilo adequado ao seu plantio Fato esse que se pode dizer muito provavelmente natildeo ter sido levado em consideraccedilatildeo quando escolheram a principal espeacutecie arboacuterea dessa avenida uma vez que a Flamboyant eacute uma espeacutecie de grande porte de raiz agressiva que necessitada de amplo espaccedilo para seu desenvolvimento

Faz-se assim necessaacuterio um estudo sobre essa arborizaccedilatildeo para que essa escolha inadequada natildeo venha a prejudicar o espaccedilo em que as aacutervores estatildeo plantadas ou cause algum acidente que afete a populaccedilatildeo jaacute que boa parte das aacutervores estaacute danificada e em sua maioria no tronco os quais se apresentam deteriorados com cupim e muita delas com aparecircncia de estarem secas e quase mortas Aleacutem de ser visiacutevel que o calccedilamento proacuteximo agraves aacutervores Flamboyant apresenta-se danificado

Apresenta-se a seguir trecircs quadros com base nos estudos de Laurie em Schutzer (2012) onde eacute possiacutevel ver o quanto a presenccedila arboacuterea deixa o ambiente urbano mais agradaacutevel e saudaacutevel na vida das cidades com base em dados encontrados na literatura

Quadro 1Temperaturas superficiais de diferentes tipos de pisos do ambiente urbano

Temperaturas degC 50degC 17degC 37degC 47degC 35degC

Tipos de Pisos Asfalto ao Sol Grama a Sombra Concreto a Sombra Concreto ao Sol Grama ao Sol

Quadro 2Diferentes temperaturas entre as aacutereas expostas ao sol e as aacutereas sombreadas por algumas aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol (degC) 35degC 36degC 375degC

Aacuterea sombreada (degC) 305degC 22degC 33degC

Espeacutecie arboacuterea Cinamomo Sibipiruna Extremosa

Quadro 3Diferenccedilas de umidade relativa do ar entre aacutereas expostas a radiaccedilatildeo solar e as aacutereas sombreadas por trecircs tipos de aacutervores de Porto Alegre no veratildeo

Aacuterea exposta ao sol () 40 32 37

Aacuterea sombreada () 55 52 42

Espeacutecie arboacuterea Ligustro Sibipiruna Jacarandaacute

Esse estudo colocado em quadros demostra o quanto a aacutervore eacute beneacutefica ao ambiente das cidades contribuindo principalmente para o conviacutevio harmocircnico dos elementos naturais e artificiais os quais devem estar em sincronia para natildeo se tornarem maleacuteficos ao espaccedilo ocupado 7 AVENIDA CARUARU GARANHUNS-PE E A ALGAROBEIRA (PROSOPIS JULIFLORA (SW) DC)COMOELEMENTO DO VERDE

URBANO

Compreender o significado da implantaccedilatildeo dessa exoacutetica no paisagismo urbano de GaranhunsPE eacute uma forma tambeacutem de compreender as multiplicidades e singularidades presentes nesta aacuterea com algarobeira

Do ponto de vista ecoloacutegico conforme antes argumentado qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica

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Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54)

Assim a espeacutecie (Prosopisjuliflora (Sw) DC) poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventos fortes Eacute fato que em sua accedilatildeo paisagiacutestica a algarobeira apresenta em aacutereas arborizadas pela mesma um ambiente apresentando uma paisagem verde durante todo o ano

Aleacutem de proporcionar sombra e beleza no ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada a qual oferece a populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel tanto em baixo de sua copa quanto dentro das residecircncias que estatildeo ao seu entorno

Adiante apresenta-se a figura 9 a qual evidencia a extensatildeo da Avenida Caruaru uma das mais importantes vias da cidade a qual congrega comeacutercio residecircncias escolas e faculdades

A arborizaccedilatildeo da Avenida Caruaru constituiacuteda de ipecircs algarobeiras (Figura 10) castanholas fiacutecus paus-brasil figueiras da Iacutendia palmeiras pinheiros paus drsquoarco estaacute disposta no canteiro central tendo como espeacutecie predominante a algarobeira (Prosopisjuliflora (Sw) DC)

A Prosopis juliflora (SW) DC originaacuteria da regiatildeo do Piura no Norte do Peru foi introduzida no nordeste brasileiro por volta de 1942 em Serra Talhada-PE pelo Professor J B Griffing Em seguida a algaroba disseminou-se no Rio Grande do Norte em 1944 na Fazenda Satildeo Miguel municiacutepio de Angicos e no Estado do Cearaacute em 1954 seguido pelos demais estados do poliacutegono das secas (GOMES 1961) salientando-se que a literatura acusa mais duas origens quais sejam Sudatildeo e Novo Meacutexico

Na regiatildeo Nordeste haacute mais de meio seacuteculo a algarobeira se constitui numa das vaacuterias espeacutecies capazes de possibilitar aos animais e ao proacuteprio homem uma atenuaccedilatildeo aos efeitos adversos das secas perioacutedicas A algarobeira eacute altamente resistente agrave seca e tem um potencial de adaptaccedilatildeo por demais favoraacutevel agraves condiccedilotildees de solo e clima do semiaacuterido razatildeo pela qual a cultura despertou interesse de autoridades governamentais oacutergatildeos de pesquisa universidades teacutecnicos e produtores rurais (SILVA AZEVEDO 1998)

Figura 10Algarobeira na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Figura 9 Foto de sateacutelite da Avenida Caruaru Fonte httpmapsgooglecombrmapshl=pt-BRamptab=wl

90- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

8 A UTILIZACcedilAtildeO DA ALGAROBEIRA NO PROCESSO DE ARBORIZACcedilAtildeO

Atualmente haacute vaacuterios trabalhos referentes agrave arborizaccedilatildeo urbana os quais visam o paisagismo e o bem-estar da populaccedilatildeo Existe tambeacutem a praacutetica no senso comum da conduccedilatildeo de poliacuteticas publicas de urbanismo e paisagismo e nesse contexto percebe-se a natildeo observacircncia de elementos fundamentais como altura das aacutervores proximidade de tubulaccedilotildees podas inadequadas entre outros por parte da maioria dos administradores das cidades principalmente interioranas

Entre os tipos de vegetaccedilatildeo urbana encontram-se espeacutecies ornamentais que geralmente satildeo colocadas em parques jardins gramados alamedas e decoraccedilotildees de interiores Apesar de bonitas e funcionais contribuem para baixar a diversidade de espeacutecies ressaltando-se que a observaccedilatildeo ganha relevacircncia quando se considera a cidade como um ecossistema (AMADOR 2011 p 124)

A arborizaccedilatildeo no espaccedilo urbano pode ser de caraacuteter esteacutetico ecoloacutegico fiacutesico e psiacutequico do homem que por sua

vez eacute poliacutetico social e econocircmico Nessa linha de raciociacutenio julga-se que o caraacuteter mais representativo para se relacionar com a algarobeira no municiacutepio em foco eacute paisagiacutestico

Do ponto de vista ecoloacutegico qualquer arborizaccedilatildeo inclui benefiacutecios na melhoria do clima amenizaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica e acuacutestica Plantadas ao longo das ruas elas abatem os ruiacutedos especialmente os do traacutefego filtram partiacuteculas que poluem o ar diminuem a velocidade dos ventos fornecem sombra aos pedestres e veiacuteculos e tambeacutem refrescam o ar das cidades (ANDRESSEN apud BIONDI 1995 p160)

Importante ressaltar que ldquono veratildeo as aacutervores funcionam como um verdadeiro ar condicionado natural melhorando a temperatura do ar atraveacutes da evapotranspiraccedilatildeordquo (HEISLER 1974 apud BIONDI 1995 p 54 apud AMADOR 2011 p127)

Assim a espeacutecie Prosopisjuliflora (SW) DC poderia mesmo ser a espeacutecie contemplada para esse fim embora haja a restriccedilatildeo por muitos em sua utilizaccedilatildeo no espaccedilo urbano por vaacuterios motivos podendo-se citar o levantamento de calccediladas e tombamento por ventanias (Figura 11)

Figura 11 Levantamento de calccediladas e tombamentos por ventos fortes

Fonte Pesquisa de campo Foto Gama Santos 2011

Poreacutem quando se coloca qualquer aacutervore ou arbusto nas aacutereas urbanas faz-se necessaacuterio primeiro conhecer a estrutura e fisiologia das espeacutecies catalogadas ou pensadas para esse fim saber administrar os diversos interesses particulares e puacuteblicos em relaccedilatildeo agravequeles indiviacuteduos vegetais ter boa articulaccedilatildeo com os diversos oacutergatildeos que de uma forma ou outra realizam seus trabalhos abaixo das vias puacuteblicas (trabalhos subterracircneos) e isso inclui calccediladas observar com acuidade o plano diretor de cada cidade e constantemente treinar equipes de podaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos elementos verde urbanos (AMADOR 2011 p136)

O processo que acompanhou a introduccedilatildeo dessa espeacutecie no semiaacuterido nordestino foi cheio de bons propoacutesitos tanto que no caso das cidades foi utilizada largamente na arborizaccedilatildeo urbana (Figura 12) Problemas apareceram natildeo por conta dela em si mas por falta de conhecimento adequado por parte daqueles que a manusearam pode-se afirmar

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 91

sem sombra de duacutevida que elas exerceram seu papel no verde urbano oferecendo uma sombra excelente entre outros fatores

Figura 12Algarobeiras na Av Caruaru Fonte Pesquisa de campo

Foto Gama Santos 2011

Assim de acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa constatou-se que a algarobeira ainda suscita muitas discussotildees entre aqueles que convivem com ela de alguma maneira com base nas histoacuterias de vidas coletadas pode-se dizer que a mesma eacute vista como beneacutefica uma vez que a mesma proporciona sombra e beleza ao ambiente uma vez que sua copa eacute bastante arredondada oferecendo consequentemente agrave populaccedilatildeo uma sensaccedilatildeo teacutermica bastante agradaacutevel Logo como se pode constatar na fala de um dos entrevistados ldquo[] eu gosto delas faz sombra soacute solta muitas folhas mas eacute bom a ventilaccedilatildeo []rdquo (Pesquisa de campo 2011)

No que se refere aos aspectos negativos a percepccedilatildeo das pessoas eacute que ela ocasiona a dilataccedilatildeo das vias puacuteblicas como tambeacutem quedas das folhas e vagens

Desse modo foi possiacutevel constatar que o conhecimentoacerca das histoacuterias de vidas das pessoas que se relacionam com as algarobeiras na arborizaccedilatildeo urbana especificamente na Avenida Caruaru foi de fundamental importacircncia para chegar agraves percepccedilotildees dos significados que a algarobeira ostenta desde sua introduccedilatildeo na deacutecada de 1940 ateacute os dias atuais

Assim obteve-se um delineamento da trajetoacuteria desse significado ao longo do tempo via resgate oral de memoacuteria que ateacute certo ponto coincide com o exposto na literatura mas acredita-se que se conseguiu avanccedilar no sentido da dinacircmica das informaccedilotildees ricas em subjetividade de significados e suas inter-relaccedilotildees com o marco teacutecnico e estanque presente no senso comum e em muitos trabalhos acadecircmicos produzidos ateacute entatildeo

9 A PAISAGEM VERDE NOS PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

No contexto do verde urbano os parques desempenham funccedilotildees variadas e que visam atender a populaccedilatildeo em

suas diferentes aspiraccedilotildees entre os principais pode-se citar lazer e contemplaccedilatildeo Com a explosatildeo na miacutedia de informaccedilotildees acerca do clima e suas mudanccedilas as aacutereas verdes urbanas comeccedilaram a ganhar espaccedilo tanto no setor de planejamento puacuteblico quanto nos anseios da populaccedilatildeo em geral por significar um de bem estar Poreacutem o que se constata na praacutetica pelo menos em alguns lugares natildeo eacute o que se cogita legalmente e nem no cotidiano

Mas o verde urbano se reveste conceitualmente de especificidades que vatildeo desde a discussatildeo se aacutervores em calccediladas podem ser consideradas como arborizaccedilatildeo urbana logo natildeo integrando o sistema de aacutereas verdes ateacute definiccedilotildees de parques praccedilas e outros Eacute sabido que os estudos dos espaccedilos verdes urbanos encontram-se interrelacionados com o planejamento da paisagem urbana cuja aacuterea de interesse faz parte da Ecologia da Paisagem que vem se apresentando como uma nova aacuterea do conhecimento dentro da ecologia e tambeacutem da geografia

92- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Assim sendo toma-se como fio condutor do trabalho os parques Euclides Dourado e o Ruben van der Linden no centro urbano de Garanhuns-PE por expressarem de certa forma essa demanda por uma vida saudaacutevel para a populaccedilatildeo e para a cidade

Nesse contexto Carneiro e Mesquita (2000 p20) citados por Bovo e Amorim (2012) afirmam que parques urbanos satildeo espaccedilos livres puacuteblicos com funccedilatildeo predominante de recreaccedilatildeo ocupando na malha urbana uma aacuterea em grau de equivalecircncia superior a uma quadra tiacutepica urbana em geral apresentando componentes da paisagem natural vegetaccedilatildeo topografia elemento aquaacutetico como tambeacutem edificaccedilotildees destinadas a atividades recreativas culturais eou administrativas

Essa concepccedilatildeo aponta para vaacuterios elementos que integram a paisagem e entre elas encontra-se a vegetaccedilatildeo principal foco do estudo em pauta 10 PARQUES URBANOS

De acordo com Bovo Amorim (2012) no Brasil ldquoos parques puacuteblicos surgem no Rio de Janeiro com a vinda da famiacutelia real em 1808 pois neste periacuteodo teve iniacutecio agrave lsquoorganizaccedilatildeo urbanarsquo que consistia na limpeza das ruas na criaccedilatildeo da poliacutecia militar na criaccedilatildeo da imprensa reacutegia e na fundaccedilatildeo do Banco do Brasilrdquo Sabe-se ainda que por influecircncia europeacuteia se procurou reproduzir o desenho e arquitetura dos espaccedilos puacuteblicos europeus principalmente franceses Tambeacutem se importou a ideia de se procurar plantar espeacutecies exoacuteticas desde que exuberantes e diferentes da vegetaccedilatildeo local

Em termos de vegetaccedilatildeo de espaccedilos puacuteblicos pode-se dizer que foi com o arquiteto e paisagista Burle Marx que as espeacutecies nativas de todas as regiotildees do paiacutes tiveram seu reconhecimento sendo incorporadas nos projetos urbaniacutesticos de diversas cidades brasileiras

Ao mesmo tempo os olhos da sociedade voltam-se para o verde urbano frente a dinacircmica de crescimento que as maioria das cidades passaram a enfrentar nas deacutecadas poacutes segunda guerra mundial aumentando significativamente com as questotildees ambientais de poluiccedilatildeo aquecimento global entre outros Tambeacutem paralelamente cada vez mais as pessoas demandavam aacutereas de lazer em diferentes niacuteveis impulsionando o setor puacuteblico a destinar espaccedilos para fins de lazer contemplaccedilatildeo que com o passar dos anos e dependendo da situaccedilatildeo na qual se encontravam foram assumindo caracteriacutesticas de parques temaacuteticos de conservaccedilatildeo esteacutetico entre outros

Nesse sentido faz-se uma analogia tomando-se Dardel (2011 p 14-16) que diz ldquoa cidade ativa natildeo eacute um espaccedilo inerte mas um espaccedilo que se move um espaccedilo vivordquo Logo um parque tambeacutem pode ser considerado um espaccedilo vivo ele se transforma se adeacutequa agraves necessidades da contemporaneidade e sua vegetaccedilatildeo prioritariamente as aacutervores as quais se revestem de simbolismos de expressividades estimulam o ser humano a pensar nelas como elemento primordial na organicidade da vida transmitindo forccedila energia sem esquecer do proacuteprio ciclo da vida como bem coloca Farah (2008) Ademais de acordo com Ferry (2009 p 24) as aacutervores estatildeo ldquoobtendo acesso ao estatuto de seres juriacutedicosrdquo pensadas num contexto sistecircmico caracterizando uma preocupaccedilatildeo complexa com a totalidade a biosfera

Em seguida seratildeo tratados os espaccedilos selecionados no municiacutepio de Garanhuns Pernambuco com suas molduras paisagiacutesticas com base na arborizaccedilatildeo e principais funccedilotildees

11 PARQUES URBANOS EM GARANHUNS ndash PE

Na cidade de Garanhuns propriamente dita encontra-se dois parques que apresentam singularidades diferenciadas em termos de funccedilatildeo satildeo eles o Parque Euclides Dourado e o Parque Euclides Dourado e o Parque Ruber van der Linden cuja disposiccedilatildeo na malha urbana pode ser ilustrada atraveacutes da figura 13

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Figura 13 Visualizaccedilatildeo por imagem de sateacutelite dos parques Euclides Dourado e

Ruber van der Linden na malha urbana de Garanhuns-PE

121 Parque Euclides Dourado Euclides da Costa Dourado importante poliacutetico municipal nas deacutecadas de 1920 -1930 daacute nome ao antigo parque

municipal Mas como antes hoje a populaccedilatildeo continua identificando esse espaccedilo como Parque dos Eucaliptos (Figura 14) O referido parque apresentava e apresenta ainda a predominacircncia de eucaliptos conforme se observa na construccedilatildeo poeacutetica que se segue

O Parque dos Eucaliptos Que lindo plaino Que docilidade Da natureza quando rompe o dia Ou quando a tarde cai saudosa e fria Naquela singular tranquumlilidade A viraccedilatildeo que silva e que se evade O estandarte das flores alicia A adoraacutevel fragacircncia que irradia A perfumosa vegetabilidade Os eucaliptos de bailar natildeo cessam Enquanto os pombos ceacuteleres regressam Agrave paz acolhedora do pombal Cair da tarde E a viraccedilatildeo fogueira Envolve sussurrante e prazenteira A vesperal paisagem do Arraial (CYSNEIROS 1979 p 11)

Pode-se entatildeo apreender dessa poesia que outrora o parque realmente exibia outra denominaccedilatildeo jaacute com a

vegetaccedilatildeo predominante de eucaliptos mas da mesma forma que antes a sensaccedilatildeo de bem-estar eacute transmitida agraves pessoas que o frequentam Transparece ainda a consistecircncia do relevo local quando o autor inicia o texto e diz ldquoQue lindo plainordquo evocando claramente a ideia de relevo plano informaccedilatildeo importante tendo-se em vista ser o municiacutepio incrustado entre sete colinas e ademais vai favorecer a funccedilatildeo de lazer que se sobressai frente agraves outras que existe na atualidade No sentido de dar mais solidez as reflexotildees cita-se mais uma poesia que enfoca a beleza a vegetaccedilatildeo e o imaginaacuterio popular do passado em relaccedilatildeo ao parque dos eucaliptos (Figuras 15 16 e 17) permitindo assim que se possa estabelecer alguns tecircnues viacutenculos com o presente

Figura 14 Predominacircncia de eucaliptos Dourado-GaranhunsPE Foto M Amador 2012

94- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O Parque dos Eucaliptos

Era uma floresta imensa De perfumados eucaliptos

Entremeados de pequenas aacutervores Mas eles dominavam e Lanccedilavam sombras imensas sobre O parque O parque de Garanhuns Entre sonhos e riscos As bicicletas reluziam de homens Com quadro As de moccedila com Tela rendada multicolorida sobre A roda traseira ldquoMe daacute uma triscardquoDizia um moleque E laacute seguiacuteamos triscando por Entre os perfumados eucaliptos A casinha dos macacos Pulando alegres o cercado da ema Pescoccedilo imenso olhos arregalados Coelhos algumas pacas e muitas Cotias Bicicletas ldquotriscandordquo na gente O menino de rolete de cana Doce que soacute a peste gritava Pirulito e sorvete Tardes de sol Ensombreados pelos eucaliptos Carramanchotildees de namorados No centro do parque A construccedilatildeo branca do barzinho

Era uma floresta imensa De perfumados espaccedilos Entremeados de sonhos e Bicicletas O parque de Garanhuns (RENAUX 1979 p 91-92)

Atraveacutes da leitura percebe-se que esse espaccedilo Parque Euclides Dourado ao longo do tempo foi palco de lugar apraziacutevel de passeio e ao que tudo indica em dado momento exibiu uma fauna indicativa de zooloacutegico embora natildeo se possa afirmar por falta de evidecircncias documentais no presente momento Poreacutem quando o autor remete ao fato dos macacos da ema e outros pequenos animais isso faz com que se estabeleccedila uma conexatildeo com um espaccedilolugarpaisagem nos quais o ambiente aparentemente se mostrava mais equilibrado e em harmonia com diversas dimensotildees da sustentabilidade quais seja social econocircmica e ecoloacutegica evidenciando-se nas palavras dos

Figura 15 Vista dos eucapitos Foto de Amador 2012

Figura 16 Vista do parque sob outro angulo Foto M Amador 2012

Figura 17 Parquinho entre os eucaliptos Foto M Amador 2012

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autores poetas citados e que refletem o cotidiano da eacutepoca ldquoO cotidiano tem assim sua leitura baseada na intuiccedilatildeo obtida associada agrave experiecircncia dos habitantes locaisrdquo (CAMARGO 2008 p 101)

Observa-se atualmente que o parque encontra-se proacuteximo ao centro da cidade bem como passou a exibir como funccedilatildeo principal o loacutecus de praacuteticas esportivas com equipamentos como pista de caminhada (Figura 18) quadra de jogos (Figura 19) aacuterea especiacutefica de recreaccedilatildeo de crianccedilas entre outros e por ser de caraacuteter municipal tambeacutem abriga uma biblioteca apresentando sua aacuterea externa ajardinada

Figura 18 Pista de caminhada Amador2012 Figura 19 Quadra esportiva Amador 2012

Poreacutem o sentimento de pertencimento e a ideia introjetada pela populaccedilatildeo da possibilidade de bem-estar advindo

da praacutetica de exerciacutecio fiacutesicos tecircm ressaltado nesse espaccedilo mais que qualquer outra a dimensatildeo social e a psicoloacutegica A primeira pela ldquopossibilidade de lazer que essas aacutereas oferecem agrave populaccedilatildeordquo e a segunda pela ldquopossibilidade de realizaccedilatildeo de exerciacutecios de lazer e de recreaccedilatildeo que funcionam como atividades ldquoante-estresserdquo e relaxamento uma vez que as pessoas entram em contato com os elementos naturais dessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

122 Parque Ruber Van Der Linden

O Parque Ruber Van Der Linden apresenta significativa importacircncia para o municiacutepio de Garanhuns Sua proacutepria

histoacuteria jaacute eacute relevante pois foi o primeiro espaccedilo com caracteriacutesticas ecoloacutegicas do interior pernambucano e desde sua criaccedilatildeo ganhou popularidade junto aos seus habitantes os quais reservavam horas livres para passeios em um ambiente agradaacutevel e diferente em relaccedilatildeo ao centro urbano ressaltando-se que nos dias atuais eacute considerado um dos mais apraziacuteveis espaccedilos verdes de Garanhuns e regiatildeo

O parque tem este nome devido ser uma homenagem a quem o implantou e administrou o Engenheiro Ruber Van

Der Linder cidadatildeo garanhuense nascido em 28 de junho de 1896 ldquomuito estudioso aprofundou-se nos conhecimentos de agronomia pecuaacuteria e engenharia civil fiacutesica e quiacutemica ()rdquo Tambeacutem eacute considerado ldquohistoriador jornalista desenhista e poetardquo (GUEIROS SILVA AMADOR 2009) De acordo com Recircgo

Durante vaacuterios anos no cargo de gerente da empresa de aacutegua e luz do municiacutepio com recursos proacuteprios da mencionada empresa idealizou e implantou o ldquopau pombordquo que hoje tem o seu nome ldquoParque Ruber Van Der Lindenrdquo considerando-o uma pequena reserva florestal significando sobretudo um alerta para a defesa dos mananciais e a formaccedilatildeo de uma aacuterea ecoloacutegica para o ldquooacuteciordquo dos homens apoacutes a estafante labuta semanal e recreio destinado a gurizada (REcircGO 1987 p 195)

O parque funcionava na antiga Companhia de Abastecimento de Aacutegua e Luz de Garanhuns sendo reformado pela uacuteltima vez em 1994 Inicialmente essa aacuterea era denominada de ldquoo pau pombo ficava em siacutetio desmembrado da propriedade de Sr Joatildeo Carneiro que se iniciava em residecircncia ruacutestica ao lado direito da Matriz de Santo Antocircniordquo (CAVALCANTI 1893 p 247) Esse parque situa-se aproximadamente a menos de 500 metros do centro da cidade e apesar dessa proximidade manteacutem-se bem arborizado com flores paacutessaros saguumlins preguiccedila e mantendo uma das

96- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

nascentes do Rio Mundauacute tornando-se assim um dos mais requisitados pontos turiacutesticos da cidade de acordo com Gueiros Silva Amador (2009)

Adquirido pela ldquocompanhia de melhoramentosrdquo ldquoo pau pombordquo recebeu inuacutemeros benefiacutecios inclusive com a construccedilatildeo de accedilude sob a orientaccedilatildeo de Ruber Van Der Linder Era tambeacutem um dos locais apraziacuteveis da cidade e nele se realizavam sempre os piqueniques Naquele tempo os homens todos vestidos a caraacuteter em trajes de passeio formal (paletoacute e gravata) as senhoras com suas roupas domingueiras e chapeacuteus de abas longas muito em voga na eacutepoca Natildeo faltava orquestra nem cantores inclusive o boecircmio Augusto Calheiros (CAVALCANTI 1893 p 247)

No entanto apesar de toda essa diversidade fauniacutestica floriacutestica e esteacutetica que transpotildee seacuteculos percebe-se que natildeo haacute uma valorizaccedilatildeo adequada por parte da populaccedilatildeo nem do setor puacuteblico municipal O referido espaccedilo eacute frequentemente utilizado para visitaccedilatildeo de turistas principalmente em momentos de festividades na cidade (Figura 20) ficando agrave revelia de seus moradores Importante salientar que o Parque em apreccedilo estaacute situado em uma aacuterea em declive o que proporciona o uso do desenho do terreno para o embelezamento do parque atraveacutes dos terraceamentos (Figura 21) que foram feitos para facilitar o escoamento de aacuteguas de chuvas contribuir na sustentaccedilatildeo do solo na encosta e tambeacutem aproveitados tambeacutem para dar maior conforto ao usuaacuterio do parque em seus passeios

Figura 20 Movimento de turistas Figura 21 Passeio em terraceamento

Foto M Amador 2012 Foto M Amador 2012

Recentemente tecircm-se notiacutecias de que se estaacute usando o lugar para praacuteticas de educaccedilatildeo ambiental atraveacutes de iniciativas de alguns profissionais do ensino o que eacute bastante salutar A valorizaccedilatildeo natureza eacute de fundamental importacircncia para que se possa garantir bem estar e qualidade de vida para as futuras geraccedilotildees Endossa-se pois as iniciativas levadas agrave praacutetica pela educaccedilatildeo ambiental visto ser um processo de (re) educaccedilatildeo contiacutenua na esperanccedila que o ser humano se harmonize com o meio ambiente jaacute que ldquoa problemaacutetica ambiental exige mudanccedilas de comportamentos de discussatildeo e construccedilatildeo de formas de pensar e agir na relaccedilatildeo com a naturezardquo (BRASIL 1998 p180)

Segundo estudo de Gueiros Silva Amador (2009) o parque possuiacutea aacutervores raras como a Jacaratiaacute e que natildeo existe mais afirmaccedilatildeo encontrada em Valenccedila (2012) que indica ter sido orientaccedilatildeo de Rubens Van Der Linden a transformaccedilatildeo do Siacutetio Vaacuterzea um verdadeiro pomar onde se encontrava frutos de clima temperado como a uva e o caquiacute aleacutem da jacaratiaacute hoje extinta no Nordesterdquo O jaracatiaacute faz parte do contexto de vegetaccedilatildeo endecircmica amazocircnico-nordestino e por ser Garanhuns-PE uma aacuterea de exceccedilatildeo por estar sobre o Planalto da Borborema (Figura 22) beneficiada com uma pluviometria caracteriacutestica de brejos de altitude geralmente entre 500 e 1100 mm ofereciaoferece condiccedilotildees ambientais para florestas de certo porte conforme Tabarelli ( 2012 p 287)

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Figura 22 Ilustraccedilatildeo de uma aacuterea de exceccedilatildeo por altitude Fonte TABARELLI Disponiacutevel em httpwwwculturaapicolacomarapunteslibrosCaatingaparte9_brejospdf Acesso em 04 set 2012 p 287)

Quanto agrave diversidade fauniacutestica no presente a mesma se constitui principalmente de insetos paacutessaros saguins e algumas preguiccedilas que vivem nas copas das aacutervores e dificilmente satildeo vistas Tambeacutem uma das nascentes do Rio Mundauacute

Logo a principal funccedilatildeo do Parque Ruber Van Der Linden eacute de ordem ecoloacutegica pois dispotildee de maior diversidade de espeacutecies floriacutesticas e fauniacutesticas maior interaccedilatildeo solo ndash planta ndash aacutegua Formalmente uma aacuterea livre eou parque com massa verde significativa favorece o ldquoprovimento de melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar aacutegua e solo resultando no bem estar dos habitantes devido agrave presenccedila da vegetaccedilatildeo do solo natildeo impermeabilizado e de uma fauna mais diversificada nessas aacutereasrdquo (BARGOS MATIAS 2011 p 181)

Como ultimas consideraccedilotildees sobre o trabalho dos parques entende-se que os mesmos abordados nesse trabalho possuem uma longa trajetoacuteria junto ao municiacutepio considerado os quais ora se adaptaram agraves novas demandas da populaccedilatildeo ressaltando-se aacuterea de lazer mas tambeacutem eacute visiacutevel que a relaccedilatildeo que estaacute estabelecida no seio da populaccedilatildeo em geral eacute de afastamento com este bem chamado parque urbano difuso e de fundamental importacircncia para o bem estar das pessoas e do ambiente em termos macros entendendo-se como local municipal Nesse sentido acredita-se serem os estudos da percepccedilatildeo ambiental essenciais para compreender as inter-relaccedilotildees entre o homem e o ambiente

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Planalto da

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98- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

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102- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL

DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS

(BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE

PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE

CALCcedilADO-PE

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Capiacutetulo 6

A RELACcedilAtildeO NATURAL E SOCIAL DA SCHINOPESIS BRASILIENSIS (BRAUacuteNA) COM O MEIO RURAL E

URBANO NUMA PERSPECTIVA DE PAISAGEM VERDE NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO-PE

Raiacute Viniacutecius Santos

Darla Juliana Cavalcante Macedo

Maria Betacircnia Moreira Amador

O tratamento da temaacutetica ambiental eacute por assim dizer atividade bastante complexa do ponto de vista teoacuterico e mais ainda do ponto de vista da praacutexis Somente as accedilotildees desenvolvidas do ponto de vista da holisticidade da temaacutetica eacute que conseguem apresentar resultados satisfatoacuterios no tocante agraves tentativas de recuperaccedilatildeo e preservaccedilatildeo de ambientes degradados locais regionais ou planetaacuterio ndash a biosfera Tal complexidade abarca ateacute a maneira de como se deve conceber o meio ambiente

Francisco de Assis Mendonccedila

(MENDONCcedilA 2004 p70)

No desenvolvimento de uma pesquisa uma seacuterie de reflexotildees satildeo necessaacuterias para uma boa execuccedilatildeo das atividades as quais se seguiratildeo no decorrer dos estudos Tratar da temaacutetica ambiental ainda em emergecircncia a qual estaacute inserida na atualidade eacute um desafio e ao mesmo tempo uma necessidade pois natildeo se pode deixar que discursos poliacuteticos e midiaacuteticos sirvam de norte para a maioria da populaccedilatildeo mundial Eacute de suma importacircncia que ao falar de meio ambiente possa-se dar meios para que a compreensatildeo deste tema seja bem alicerccedilado em teorias e concepccedilotildees pertinentes aos tempos em que vivemos trabalhando de forma integrada o a natureza e o homem Neste sentido a anaacutelise da Barauacutena (Schinopsis brasiliensis) num contexto sistecircmico agregado agraves questotildees ambientais na relaccedilatildeo do homem com a natureza eacute uma fonte quase que inesgotaacutevel de diversas possibilidades de variaacuteveis que se apresentam como essenciais para se adquirir um resultado satisfatoacuterio da pesquisa Assim para que a execuccedilatildeo se encaminhasse pela proposta pretendida foi necessaacuterio a interdisciplinaridade no que se refere agrave anaacutelise social e natural que mediante essa interaccedilatildeo permitiu trazer o pensamento complexo proposto por Edgar Morin o qual defende um diferente olhar paradigmaacutetico natildeo necessariamente novo mas suficientemente transformador na abordagem da temaacutetica ambiental

104- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

A existecircncia da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado- PE levou agrave busca de argumentos que subsidiassem uma discussatildeo sob o vieacutes sistecircmico voltado a paisagem verde e no caso especiacutefico a pesquisa centrou-se nas aacutervores do semiaacuterido nordestino e para ser mais preciso da Caatinga bioma uacutenico no mundo tendo-se como foco a espeacutecie barauacutena por ter existido em abundancia no passado e atualmente estar em processo de extinccedilatildeo no referido municiacutepio

Os elementos que se apresentam como propostas nesta anaacutelise afirmam estabelecer novas concepccedilotildees agravequelas que segregam as relaccedilotildees de diaacutelogo entre o homem e o meio que do ponto de vista geograacutefico se reportam natildeo apenas a meras descriccedilotildees mas acima de tudo a buscar os fluxos concretos de interaccedilatildeo do natural com o social Assim natildeo foi observada qualquer paisagem como algo estaacutetico mas sempre observada como algo dinacircmico que se abre e permite desvendar novas formas de vecirc-las tanto ligadas a sensibilidade e imaginaccedilatildeo das pessoas quanto a proacutepria capacidade de transformaccedilatildeo natural do meio

Como jaacute exposto esta anaacutelise se reporta a pesquisa que trouxe como tema ldquoA Relaccedilatildeo Natural e Social da Schinopsis brasiliensis (Brauacutena) com o Meio Rural e Urbano numa Perspectiva de Paisagem Verde no Municiacutepio de Calccedilado-PErdquo a qual fez parte de um trabalho de maior porte sobre o verde do agreste tanto rural quanto urbano Nesse contexto reconhecer a Brauacutena ou Barauacutena do sertatildeoagreste como tambeacutem eacute denominado foi papel fundamental no caminhar desta pesquisa podendo-se perceber o quanto a mesma eacute notaacutevel sua importacircncia para cada lugar no sentido de troca de benefiacutecios com outras espeacutecies e tambeacutem da proacutepria identidade de moradores e seu apego com elas

A Brauacutena do Sertatildeo considerada aacutervore nobre eacute nativa dessa regiatildeo No bioma Caatinga e no estado de Pernambuco admite-se que haacute ocorrecircncia de ateacute dez indiviacuteduos por hectare As Schinopsis brasiliensis (Brauacutenas) de ordem sapendalesda famiacutelia anacordiacease gecircnero schinapes satildeo aacutervores espinhentas e de comportamento deciacuteduo As maiores aacutervores atingem dimensotildees proacuteximas a 15 m de altura na idade adulta sendo uma das maiores aacutervores da caatinga As flores satildeo pequenas medindo de 3 mm a 4 mm de diacircmetro brancas glabras e suavemente perfumadas O fruto eacute uma drupa alada medindo de 3 cm a 35 cm de comprimento de coloraccedilatildeo castanho-claro e cheia de massa esponjosa A brauacutena apresenta crescimento lento a idade de corte daacute-se geralmente entre 20 a 30 anos Eacute uma espeacutecie nobre da caatinga como jaacute descrito e devido a grande variedade na sua utilizaccedilatildeo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Isso se seguiu ao quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido (EMBRAPA 2009) e aqui fica a preocupaccedilatildeo quem fiscaliza essa proibiccedilatildeo Em termos de comercializaccedilatildeo formal ateacute se admite haver fiscalizaccedilatildeo mas no dia a dia do campo frente agrave necessidade de espaccedilo para outras culturas e principalmente pastos acredita-se que quem sabe ignora e quem natildeo sabe considera sua derrubada um ato natural e sem nenhuma consequecircncia seja para o ambiente seja para eles mesmos

Objetivou-se analisar a Barauacutena em sua funcionalidade tanto natural quanto social inserida na aacuterea rural e urbana do municiacutepio de Calccedilado-PE num contexto sistecircmico atrelado a questotildees que envolvem o verde da paisagem principalmente rural Essa questatildeo ligada ao verde abre um amplo debate em vaacuterios segmentos do contexto ambiental e propotildee uma seacuterie de interconexotildees com vaacuterias aacutereas afins mas na pesquisa em questatildeo deu-se ecircnfase ao verde associado a uma funccedilatildeo social e natural Tem grande relevacircncia quanto a necessidade do municiacutepio conhecer e reconhecer a Barauacutena como aacutervore de importacircncia iacutempar para a sociedade e para o meio natural tambeacutem pela relevacircncia de se refletir e socializar a compreensatildeo do objeto de estudo para evidenciar e discutir a questatildeo da preservaccedilatildeo e da sua funccedilatildeo para a paisagem como parte de um sistema bem como servir de base para fundamentaccedilatildeo de pesquisas posteriores

O estudo foi realizado no municiacutepio de Calccedilado-PE o qual estaacute localizado na Mesorregiatildeo Agreste e na Microrregiatildeo Garanhuns do Estado de Pernambuco (Figura 1) fazendo parte do semiaacuterido distante 2001 Km do Recife e destaca-se pela produccedilatildeo agriacutecola de feijatildeo A temperatura meacutedia anual eacute de 221 ordmC

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Figura 1 Localizaccedilatildeo do municiacutepio de Calccedilado - PE Adaptado por Raiacute Viniacutecius 2014

1 HISTOacuteRICO E CARACTERIZACAO DE CALCADO-PE

O nome Calccedilado originou-se de um boi preto cujas patas eram totalmente brancas chamado por isso ldquoO Boi Calccediladordquo O boi vivia solto e costumava pastar e descansar a sombra da aacutervore denominada barriguda Essa aacutervore existia onde eacute hoje o centro da cidade Daiacute resultou a expressatildeo ldquopara onde vais Vou para Calccediladordquo A cidade acha-se edificada em uma semiencosta declive de um oitizeiro

Em 1825 era uma fazenda de propriedade do senhor Bernadino Alves do Nascimento conhecido por Bernardo Pedra devido seu riacutegido caraacuteter Existiam quatro casas onde residiam os senhores Tomas Vieira Bernardino Alves do Nascimento Joatildeo Gonccedilalves e Joseacute Vieira

Foi construiacuteda uma capela sob a invocaccedilatildeo de Nossa Senhora de Lourdes Teve como bem feitor o senhor Bernardino que lhe doou a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e um sino recebidos de presente do Padre Moura em um dos vaacuterios passeios em sua residecircncia Doou ao mesmo tempo o terreno para que fizesse parte do patrimocircnio da Igreja cujos direitos continuam vigorando ateacute hoje Com auxiacutelio de sua santa protetora que se encontra atualmente na Igreja Matriz Calccedilado desenvolveu-se muito no decorrer dos anos

Em 1845 jaacute se achava bem povoado Existia um nuacutemero de noventa casas destacando-se as residecircncias dos senhores Cacircndido Alexandre e Joseacute Alexandre da Silva

Calccedilado foi no passado grande centro comercial e industrial com a faacutebrica de beneficiar algodatildeo pertencente ao saudoso Cacircndido Alexandre Passando a Vila em 1885 viveu muitos anos sob os domiacutenios de Canhotinho-PE sendo a maior fonte econocircmica e poliacutetica daquele municiacutepio

Em primeiro de fevereiro de 1932 foi elevado agrave categoria de Paroacutequia tendo como primeiro vigaacuterio o Padre Sizenando Saacute Barreto Sucederam-se outros padres os quais contribuiacuteram muito para o progresso do municiacutepio

Em iniacutecio de fevereiro de 1963 nasceu nos coraccedilotildees dos Calccediladenses um desejo de emancipaccedilatildeo Foram organizados os documentos necessaacuterios e enviados agrave Assembleia do Estado Logo se deu a formaccedilatildeo administrativa onde a divisatildeo referente ao ano de 1911 figura no municiacutepio de Canhotinho o distrito de Calccedilado No quadro fixado para vigorar no periacuteodo de 1944-1948 o distrito de Calccedilado permanece no municiacutepio de Canhotinho Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 01 de julho de 1960

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Elevado agrave categoria de municiacutepio com a denominaccedilatildeo de Calccedilado (Figura 1) ja evidenciado acima pela Lei Estadual nordm 4948 de 20- de dezembro de 1963 desmembrado de Canhotinho Sede no antigo distrito de Calccedilado Constituiacutedo do distrito sede Instalado em 22 de fevereiro de 1964 Em divisatildeo territorial datada de 01 de janeiro de 1979 o municiacutepio eacute constituiacutedo do distrito sede Assim permanecendo em divisatildeo territorial datada de 2005 (IBGE 2013)

2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A pesquisa em si teve como base metodoloacutegica adotada o levantamento bibliograacutefico bem como a ida ao campo para observaccedilotildees e entrevistas algumas tendo como objetivo o resgate de histoacuteria oral que expressassem essa conotaccedilatildeo de diaacutelogo entre o objeto de estudo e o cotidiano das pessoas

Em termos de procedimento mostrou-se tambeacutem necessaacuterio agrave interdisciplinaridade no trato de questotildees expostas que emergiram no processo de evoluccedilatildeo do estudo bem como o uso da percepccedilatildeo como ferramenta de anaacutelise da paisagem a qual assume ser peccedila fundamental numa pesquisa voltada a temaacutetica sobre meio ambiente Houve tambeacutem aplicaccedilatildeo de questionaacuterios associados agrave entrevistas aos moradores proacuteximos do objeto de estudo e sempre que possiacutevel utilizou-se a maacutequina fotograacutefica para tomada de algumas fotos importantes na documentaccedilatildeo do trabalho de campo

Na identificaccedilatildeo da Barauacutena no municiacutepio de Calccedilado-PE inicialmente realizou-se uma busca aos siacutetios que estatildeo inseridos na aacuterea de estudo Procurou-se tambeacutem o conhecimento mesmo que preliminar dessa aacutervore na dinacircmica de cada localidade Cabe salientar ainda que esta pesquisa integrou trabalhos no Grupo de Estudos Sistecircmicos do SemiAacuterido do Nordeste ndash GESSANE compondo o projeto denominado ldquoO verde na paisagem agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo que visa obter um quadro da situaccedilatildeo do verde urbano e rural de municiacutepios na aacuterea de abrangecircncia de Garanhuns considerado polo educacional turiacutestico e comercial na microrregiatildeo considerada

3 PERSPECTIVAS E DISCUSSOtildeES DA BARAUacuteNA NO MUNICIacutePIO DE CALCcedilADO- PE

Na pesquisa que foi desenvolvida houve a percepccedilatildeo da importacircncia da Barauacutena tanto para a sociedade quanto para a proacutepria dinacircmica natural No municiacutepio de Calccedilado foi encontrada a aacutervore em alguns dos siacutetios quais sejam o Siacutetio Pitombeira Boa Vista Mocoacutes Riacho Dantas Olho dacuteagua Velho e Vaacuterzea do Gado Cabe salientar que destes citados o Siacutetio Pitombeira se sobressai por uma quantidade maior de aacutervores dessa espeacutecie As fotos mostradas abaixo satildeo de barauacutenas no Siacutetio Pitombeira (Figuras 2 e 3)

Figuras 2 e 3 Barauacutenas no Sitio Pitombeira em Calccedilado ndash PE 2013 Foto Raiacute Viniacutecius 2013

O relacionamento dessa aacutervore com o ser humano remete a uma sensaccedilatildeo de lembranccedilas que por muitas vezes

gera apego pois se apresentam como objeto causador dessas lembranccedilas Caracterizando-se essa visatildeo de apego foi notado algumas caracteriacutesticas que revelam o forte sentimento de pertecimento com essas aacutervores e portanto absorve-

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se daiacute um cuidado maior que tornam algumas pessoas praticamente defensores tenazes das barauacutenas e de todas as aacutervores de grande porte do semiaacuterido

Espera-se no entanto que esses sentimentos percebidos tenham maior abrangecircncia e que esses valores consigam alcanccedilar outras geraccedilotildees de herdeiros coadunando-se assim com uma das mais importantes premissas da sustentabilidade ambiental a qual pode ser entendida como um principio

O principio da sustentabilidade coloca a preservaccedilatildeo e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais como condiccedilatildeo essencial para a reproduccedilatildeo socioeconoacutemica da sociedade seja ela urbana ou rural (MARTINS SOARES 2010 p 149 apud AMADOR 2011 p52)

Cabe agora abordar nessa discussatildeo a conceituaccedilatildeo de percepccedilatildeo e sua utilizaccedilatildeo nesta pesquisa e antes de fazer a relaccedilatildeo da percepccedilatildeo com a questatildeo ambiental eacute importante conhecer o que de fato eacute percepccedilatildeo

[] destina-seas formas em quehomem sentee entende oambiente(naturaleartificial) especialmenteinfluenciadopor fatores sociaise culturaisTrata-se deuma reflexatildeo sobre oniacutevel de conhecimentoe de sua organizaccedilatildeo os valores que foram colocadas sobremeio ambienteas preferecircnciasdo homem ea maneira em que as escolhassatildeo exercidase os conflitosresolvidos(ONU 1973 p 09)

O conceito de percepccedilatildeo ambiental num contexto mais amplo nas diferentes ciecircncias agrega na proacutepria discussatildeo ambiental uma conotaccedilatildeo subjetiva e carregada de atributos que a torna complexa envolvendo pontos de interseccedilatildeo entre a geografia e a psicologia para o surgimento da percepccedilatildeo

Eacute interessante notar como esse conceito tem estabelecido conexotildees entre um estudo sobre o meio fiacutesico afeito aos meacutetodos da geografia ou da arquitetura e uma reflexatildeo sobre as relaccedilotildees desse meio com a subjetividade proacutepria do instrumental psicoloacutegico Parece ser exatamente por se colocar no meio do terreno que esse conceito tem sido definido de maneira ora mais proacutexima agraves ciecircncias naturais ora mais proacutexima aos saberes que no passado foram chamados lsquociecircncias do espiacuteritorsquo Percepccedilatildeo ambiental eacute uma representaccedilatildeo cientiacutefica e como tal tem sua utilidade definida pelos propoacutesitos que embalam os projetos do pesquisador (PACHECO 2009 pag 19)

Para Tuan (1980) ldquoestudar a percepccedilatildeo leva o sujeito agrave compreensatildeo de si mesmordquo Assim eacute importante entender que a percepccedilatildeo no caso em que foi analisada assumiu uma postura das relaccedilotildees de afeto ao lugar onde fez-se necessaacuteria uma visatildeo sistecircmica dessa relaccedilatildeo

No caso especiacutefico da interpretaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de paisagens naturais construiacutedas e ecleacuteticas temos um avanccedilo significativo a partir do iniacutecio da deacutecada de 1980 estimulado pelos estudos inter e multidisciplinares na aacuterea das Ciecircncias Ambientais especialmente no campo da Ecologia de Paisagens influenciados pela visatildeo sistecircmica (GUIMARAtildeES 2009 p 4-5)

Importante salientar que a percepccedilatildeo ambiental natildeo toma para si uma anaacutelise das representaccedilotildees da realidade mas discute cientificamente perspectivas complexas que aparecem como fundamentais num contexto amplo

Discutir o conceito de percepccedilatildeo ambiental natildeo eacute portanto uma questatildeo de dizer quais das representaccedilotildees parecem corresponder melhor agrave realidade mas elucidar as perspectivas cientiacuteficas sociais ou poliacuteticas veiculadas atraveacutes da utilizaccedilatildeo desse conceito (EacuteSER HILTON 2006 p 7)

Eacute a partir da percepccedilatildeo ambiental que se pode pensar a paisagem como um centro de expansotildees e retraccedilotildees de nossos pensamentos e sentimentos O uso da percepccedilatildeo numa anaacutelise sobre o meio ambiente possibilita uma escuta de valores necessidades e expectativas sobre determinada unidade ambiental

A Barauacutena eacute uma espeacutecie da Caatinga e devido a grande variedade de sua utilizaccedilatildeo e de ser madeira considerada ldquonobrerdquo levou a uma exploraccedilatildeo excessiva e sem reposiccedilatildeo Consequentemente isso acarretou o quase esgotamento das reservas dessa espeacutecie sendo hoje considerada em perigo imediato de extinccedilatildeo principalmente no nordeste do Brasil Esse eacute o principal fator de seu corte ser proibido e a pesquisa vecircm reafirmar veementemente esse fato

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Ressalta-se nesse ponto que de acordo com Tarsa (2008 p 33 ndash 34 apud ARRUDA 2013 p 97) ldquoa Caatinga eacute hoje uma das regiotildees do planeta mais ameaccediladas pela exploraccedilatildeo humana predatoacuteria e eacute uma das menos protegidasrdquo aleacutem de ser comprovadamente um dos ecossistemas de ecologia fraacutegil e pouco conhecido bem como sujeito ao processo de desertificaccedilatildeo como ja preconizado deacutecadas atraacutes pelo ecoacutelogo Vasconcelos Sobrinho

As discussotildees que envolvem as questotildees ambientais demandam atenccedilotildees no meio acadecircmico favorecendo assim o surgimento de pesquisas nas quais a complexidade presente nesse tema contribua para reflexatildeo da necessidade e importacircncia colaborativa tanto entre os professores das diversas aacutereas do conhecimento quanto para a populaccedilatildeo em geral pois se acredita que o trabalho sistecircmico e interdisciplinar que tambeacutem eacute complexo contribui na relaccedilatildeo intriacutenseca que existe entre o homem e o meio

Entatildeo a discussatildeo sobre a temaacutetica ambiental que se estendeu desde o naturalismo passando por vaacuterias vertentes do pensamento moderno e poacutes-moderno natildeo conseguiu tratar adequadamente desses dois segmentos da ciecircncia humana e natural de forma integrada mas que conforme o tempo passa cada vez mais se vai estreitando e ficando quase que impossiacutevel serem trabalhadas de forma segregada

Assim ao se descobrir que o meio ambiente afirma as complexas interrelaccedilotildees entre o social e o natural ambos em constante transformaccedilatildeo comeccedilam a surgir vaacuterias discussotildees no meio acadecircmico e o aparecimento de muitos trabalhos que evidenciam a problemaacutetica nesse contexto Torna-se relevante em consequecircncia uma ampla discussatildeo que se integre em diversas aacutereas do saber onde o pensamento complexo possa tomar para si o tema e abordar sob a oacutetica fundamental das relaccedilotildees que se estabelecem na discussatildeo de ambos os contextos perfazendo um caminho de diaacutelogo entre eles

O dialogo nesse contexto por sua vez exige o imaginaacuterio presente na sociedade e a humildade do pensar cientiacutefico Mas mesmo assim ainda considera-se insuficiente frente agrave falta de sensibilidade para questotildees dessa natureza vindas principalmente do setor administrativo em todas as esferas hieraacuterquicas o qual vive e segue o sistema econocircmico reinante em sua plenitude Constata-se que a realidade eacute ecossistemica e portanto dinacircmica ao mesmo tempo humana e subjetiva artificial e objetiva

Pensar nos fatos abordados calcados no sistemismo eacute pensar sob um vieacutes amplo e aberto ao dinamismo complexo que se estabelece a partir das variaacuteveis existentes das mais diversas aacutereas do conhecimento Nessa visatildeo que une as vertentes fiacutesicas agrave humana tem-se que adentrar em termos mais amplos onde a percepccedilatildeo que foi peccedila fundamental neste trabalho entrou em cena como um forte meio para execuccedilatildeo dos estudos Na Geografia a questatildeo da percepccedilatildeo ambiental se apresenta como um elo capaz de aproximar o sub-ramo fiacutesico ao humano e eacute atraveacutes dessa percepccedilatildeo que as discussotildees devem ser feitas com muita profundidade para o desenvolvimento de reflexotildees acerca do meio ambiente

4 SOCIEDADE versus NATUREZA

Pensar e refletir sob a perspectiva sistecircmica e complexa do meio ambiente com o uso da Barauacutena como elemento

fundamental talvez pareccedila num primeiro instante algo novo que traz uma possiacutevel busca de unir vertentes fiacutesica agraves humanas e que talvez suas raiacutezes estejam fincadas em solos rasos

Natildeo o que no entanto essa nova visatildeo traz eacute algo que vai muito aleacutem do que um simples olhar superficial e de aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas ultrapassadas para esse tipo de abordagem face ao desenvolvimento do conhecimento o que essa anaacutelise propotildee eacute um olhar amplo soacutelido e embasado numa discussatildeo que se estende nas mais diversas aacutereas do conhecimento e que natildeo se fecha a tomada de novas variaacuteveis pois estas enriquecem sem sombra de duacutevida aos questionamentos que movem o mundo cientiacutefico

O homem que se diz um ser cultural e assim o eacute tambeacutem tem que tomar para si consciecircncia de que ao mesmo tempo eacute natureza e essa visatildeo conjunta torna-o parte e protagonista do relacionamento com o ambiente afirmando a complexidade que existe nesse relacionamento carregado de fatos concretos e de valores impliacutecitos que os tornam fonte inesgotaacutevel de estudos sistecircmicos

A natureza em nenhuma hipoacutetese deve ser taxada como uma obra estaacutetica ou mesmo ateacute acabada ela antes de tudo eacute sempre algo que se renova e estaacute em uma contiacutenua transformaccedilatildeo acompanhando tambeacutem essa evoluccedilatildeo que o homem vive na atual configuraccedilatildeo social a qual caminha a humanidade Neste sentido a interferecircncia que o homem

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exerce sobre o meio vem aumentando gradativamente e sua influecircncia gera cuidados pois essa mesma influecircncia se caracteriza muitas vezes em accedilotildees erradas onde a agressatildeo e as formas estuacutepidas com que alguns agem fazem com que vidas da fauna e flora estejam correndo riscos eminentes como eacute o caso da Barauacutena uma bela e importante aacutervore do semiaacuterido que atualmente estaacute em risco de extinccedilatildeo

Ao se tratar de questotildees que envolvem a sociedade e a natureza natildeo se pretende aqui discutir as particularidades de cada uma ou mesmo dar prioridade a uma discussatildeo dissociada da outra O que se busca quando tratamos dessas temaacuteticas de forma conjunta eacute trazer os resultados dessa interaccedilatildeo e se fazer uma anaacutelise minuciosa de cada uma delas para formaccedilatildeo de um contexto que eacute mais amplo porque faz emergir a complexidade presente

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O pensamento complexo na questatildeo ambiental trazida principalmente por Edgar Morin vem ao encontro de uma

nova reflexatildeo sobre a questatildeo em pauta deixando de ser apenas natural e passando a se relacionar ao social proporcionando assim novas discussotildees e o surgimento de novos paradigmas em vaacuterias aacutereas do conhecimento aleacutem do conceito de uma organizaccedilatildeo sistecircmica quebrando preconceitos e tabus que pudessem existir sobre o meio ambiente e o uso dessa expressatildeo

Essa questatildeo abriu as portas ao despertar ecoloacutegico tratado por Alfredo Pena-Vega que calcado nas concepccedilotildees complexas do proacuteprio Edgar Morin escreveu sobre as intriacutensecas relaccedilotildees de dependecircncias e independecircncias do homem e do meio como integrante de um sistema e sem esquecer contudo da questatildeo da preservaccedilatildeo do meio ambiente que se tornou de relevante importacircncia devido aos muitos desequiliacutebrios ecoloacutegicos respaldado tambeacutem numa reorganizaccedilatildeo epistemoloacutegica colocada pelo Michel Foucault (1966) como salientado por Pena-Vega em sua obra ldquoO Despertar Ecoloacutegicordquo (2003) o que possibilitou novas visotildees sobre ecologia

Essa visatildeo de sistemas colocada para tornar o meio ambiente parte dinacircmica relacionada agrave accedilatildeo humana foi tido como principal meacutetodo de abordagem que evidenciasse justamente essa relaccedilatildeo existente entre o natural e o social pois na evoluccedilatildeo do pensamento geograacutefico desde sua sistematizaccedilatildeo com Humboldt que era naturalista e Ritter que descrevia as organizaccedilotildees espaciais dos homens sobre os diferentes lugares atrelaram-se a essas vertentes poreacutem com dissociaccedilotildees que ao mesmo tempo as separavam Mais tarde Ratzel propocircs uma visatildeo do determinismo dos lugares sobre o homem contrapondo-se a isso La Blache concebia as possibilidades que o homem poderia ter sobre o meio e a separaccedilatildeo entre elementos fiacutesico-naturais e elementos humano-sociais No entanto nenhuma dessas concepccedilotildees conseguiu inter-relacionar sistemicamente o homem com o meio natural

Seguindo-se a discussatildeo do pensamento complexo e a ideia de sistemas eacute notaacutevel que nem o meacutetodo positivista que natildeo conseguia associar a questatildeo fiacutesica agrave humana nem o marxismo que partia da criacutetica do homem e sua sociedade foram capazes de conceber em seus estudos as relaccedilotildees complexas do meio ambiente sendo a teoria de sistemas o principal meacutetodo encarregado do estudo dessa aacuterea Por volta dos anos 1930 surge a abordagem sistecircmica defendida e divulgada por Ludwig von Bertalanffy bioacutelogo alematildeo e que soacute deacutecadas depois teve a obra Teoria dos Sistemas difundida em praticamente todas as aacutereas da ciecircncia

Chegamos entatildeo a uma concepccedilatildeo que por oposiccedilatildeo ao reducionismo podemos denominar perspectivismo Natildeo podemos reduzir os niacuteveis bioloacutegico social e do comportamento ao niacutevel mais baixo o das construccedilotildees e leis da fiacutesica Podemos contudo encontrar construccedilotildees e possivelmente leis nos niacuteveis individuais [] O principio unificador e que encontramos organizaccedilatildeo em todos os niacuteveis (BERTALANFFY 2009 p 76)

Assim a barauacutena aacutervore tatildeo importante na dinacircmica natural do semiaacuterido eacute um grandioso e ao mesmo tempo

pequeno elemento de uma discussatildeo que abrange diversas concepccedilotildees e que busca essa imersatildeo harmoniosa na relaccedilatildeo do homem com seu meio

A pesquisa sem duacutevida alcanccedilou suas expectativas pois a cada passo dado pocircde-se desvendar essa fascinante dimensatildeo do envolvimento cotidiano e histoacuterico da vida do ser humano totalmente ligado a vida natural e nesse caso especifico ao elemento Barauacutena

110- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

_______ Maria Betacircnia Moreira Abordagem geograacutefica de antigas aacutereas algarobadas atraveacutes do estudo sistecircmico dos processos superficiais da paisagem e sua influecircncia na biota local MonteiroPR Maria Betacircnia Moreira Amador ndash Recife Ed Universitaacuteria as UFPE 2013

ARRUDA Lucielma Bernardino Coelho de Alfabetizacao ecoloacutegica a caatinga como ponto de partida In SOUZA Debora Quetti Marques de (Org) Educaccedilatildeo em debate toacutepicos atuais Recife Editora Universitaria da UFPE 2013

BERTALANFFY Ludwig von Teoria geral dos sistemas fundamentos desenvolvimento e aplicaccedilotildees 4 ed Traduccedilatildeo de Francisco M Guimaraes Petropolis Rio de Janeiro Vozes 2009

GUIMARAtildeES Solange T de Lima Percepccedilatildeo Ambiental Paisagem e Valores OLAM- Ciecircncia e Tecnologia Nordm 2 2009lt Disponiacutevel em HTTP www cecemcarcunespbrojsiacutendex-phpolamiacutendex- Acesso em 03062013

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrashomephpgt Acesso em 25 de novembro de 2013

MENDONCcedilA Francisco de Assis Geografia e meio ambiente Francisco de Assis Mendonccedila 7 Ed ndash Satildeo Paulo Contexto 2004 ndash (caminhos da Geografia)

PACHECO SILVA Eacuteser e Hilton P Compromissos epistemoloacutegicos do conceito de percepccedilatildeo ambiental Programa EICOSUFRJ Departamento de Antropologia Museu nacional e programa EICOSUFRJ 2009

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo de Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

TUAN Yu Fu Topofilia Um Estudo da Percepccedilatildeo Atitudes e Valores do Meio Ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 111

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE

A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE SAtildeO

JOAtildeOPE

112- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Capiacutetulo 7

REFLEXOtildeES SISTEcircMICAS SOBRE A JUREMA PRETA (Mimosa Tenuiflora) COM ENFOQUE NO MUNICIacutePIO DE

SAtildeO JOAtildeOPE

Renner Ricardo Virgulino Rodrigues

Raiacute Viniacutecius Santos

Maria Betacircnia Moreira Amador

Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carecircncia Se cada um tomasse o que lhe fosse necessaacuterio natildeo havia pobreza no mundo e ningueacutem morreria de fome

MAHATMA GANDHI11

Este capiacutetulo aborda reflexotildees sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) sob os pontos de vista ambiental e econocircmico inserida na aacuterea rural do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no acircmbito das questotildees verdes do Agreste Pernambucano atraveacutes da visatildeo sistecircmica Foi idealizado com o intuito de contribuir para uma melhor apreensatildeo sobre esta aacutervore cogitando suas relaccedilotildees no espaccedilo geograacutefico e agraacuterio na qual estaacute absorvida Tambeacutem com a finalidade de contribuir para um maior conhecimento da aacuterea de estudo

Objetivou-se com este trabalho identificar e esclarecer as relaccedilotildees e as funcionalidades que a Jurema Preta tem em seu ambiente natural inserida no municiacutepio em estudo Portanto as informaccedilotildees seratildeo de fundamental importacircncia para os leitores que se interessam pelos assuntos que remetem agraves questotildees ambientais em especiacutefico o verde no ambiente rural enquadrados no sistemismo e na geografia ambiental e conhecer um pouco sobre Satildeo JoatildeoPE

As informaccedilotildees contidas neste capiacutetulo satildeo fruto de uma pesquisa realizada no municiacutepio selecionado por meio de uma bolsa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica atraveacutes do PIBIC-ICUPECNPq2013-2014 Tambeacutem pela experiecircncia de vida do autor e por fontes de autores que tambeacutem trabalham a respeito da Jurema 1 DEFINICcedilAtildeO DA JUREMA PRETA E CARACTERIacuteSTICAS GERAIS

O objeto de estudo eacute a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) de sinocircnimo botacircnico Mimosa hostilisBenth espeacutecie arboacuterea-arbustiva pioneira tiacutepica e encontrada frequentemente no bioma Caatinga pertencente agrave

11 Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 113

famiacutelia Fabaceae da ordem das Fabales ocorrendo nas regiotildees semiaacuteridas do Brasil principalmente nos estados do Nordeste brasileiro Tambeacutem eacute conhecida por calumbi em algumas regiotildees do Nordeste

Tem o nome de Jurema Preta para se diferenciar de outro tipo de jurema a Jurema Branca (Mimosa verrucosa ou Mimosa ophtalmocentra Mart Ex Benth) Vasconcelos Sobrinho (1970) define Jurema Preta afirmando que

A Mimosa hostilisBenth Jurema Preta ndash Leguminosa ndash eacute aacutervore de pequeno porte ateacute 5 metros de altura por 020 centiacutemetros de diacircmetro casca escura com acuacuteleos Madeira muito dura castanho-escura geralmente utilizada para carvatildeo em fundiccedilotildees dado o seu alto poder caloriacutefico (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

A Jurema Preta (Figura 1) se destaca pelas suas variadas formas de utilizaccedilotildees devido suas significativas potencialidades que vatildeo desde as suas raiacutezes ateacute suas folhas Dela satildeo feitos vaacuterios produtos de aproveitamento humano e animal

Figura 1 ndash Jurema Preta no siacutetio Vaacuterzea do Barro Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto acima pode ser observado que a Jurema tem um aspecto arboacutereo poreacutem isso vai depender do tipo de solo em que ela estaacute fixada Se for um solo muito pedregoso ficaraacute apenas um arbusto e seu crescimento seraacute limitado e com bastante galhos retorcidos que natildeo viraratildeo estacas Jaacute na imagem da figura 1 o solo eacute mais arenoso e isso faz com que ela cresccedila mais os galhos ficam retiliacuteneos proporcionando melhor qualidade as estacas e a copa fica mais frondosa

114- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Na sua morfologia a Jurema tem seu tronco apresentando variaccedilatildeo entre 15-30 centiacutemetros de diacircmetro revestido com uma casca grossa escura rugosa e com espinhos Suas folhas (Figura 2) satildeo bipinadas compostas com 4-7 pares de folhas pinadas O conjunto dessas pinas se estende por hastes (talos) perifeacutericas de 2-4 cm de comprimento e eacute composto por 15-33 pares de foliacuteolos de 5-6 mm de comprimento cada um

Figura 2 ndash Folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

As flores (Figura 3) satildeo alvas pequenas de 4-8 cm de comprimentodispostas em espigas O fruto eacute uma vagem de tamanho pequeno (25-5 mm) e quebradiccedilo quando amadurecido Em cada vagem haacute cerca de 4-6 sementes estas satildeo de coloraccedilatildeo marrom apresentando forma oval e achatada com aproximadamente 3 mm de diacircmetro

Nesse contexto a flor da Jurema eacute muito importante para as abelhas e outros insetos que se alimentam do poacutelen e isso faz com que usem a aacutervore para fins apiacutecolas

Figura 3 ndash Flores e vagem da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 115

Tanto as flores quanto as folhas tem um cheiro caracteriacutestico e forte que ao exalar atraem insetos que iratildeo se

alimentar do seu poacutelen promovendo assim a fecundaccedilatildeo e as sementes seratildeo disseminadas para outras aacutereas Sua floraccedilatildeo eacute bastante perceptiacutevel onde toda a copa da aacutervore fica florida (Figura 4)

Figura 4 ndash Jurema Preta em floraccedilatildeo siacutetio Vaacuterzea da Pedra Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Esta imagem mostra uma Jurema em floraccedilatildeo Seu aspecto fiacutesico eacute de um arbusto e de galhos retorcidos devido

ao local onde estaacute fixada O solo desse local apresenta o predomiacutenio de muitas rochas e com isso acarreta uma limitaccedilatildeo no crescimento das raiacutezes e consequentemente da planta 2 SAtildeO JOAtildeOPE ndash AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo eacute o municiacutepio de Satildeo Joatildeo (figura 5) pertencente ao Estado de Pernambuco situado na Mesorregiatildeo do Agreste Meridional e Microrregiatildeo de Garanhuns fazendo parte do semiaacuterido pernambucano Administrativamente eacute constituiacutedo pelo distrito sede e pelos povoados de Frexeiras Taquari e Volta do Rio Distancia da capital 236 km atraveacutes da rodovia asfaltada deputado Joseacute Cardoso - PE 177 e a BR 423

116- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 5 ndash Mapa de localizaccedilatildeo do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE no Estado de Pernambuco

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Os municiacutepios limiacutetrofes satildeo Jupi (24 km ao norte) Jucati (32 km ao norte) Palmeirina (31 km ao sul) Angelim (12 km a leste) e Garanhuns (16 km a oeste) O percurso eacute feito tanto por estradas asfaltadas quanto por estradas de barro

Sua emancipaccedilatildeo poliacutetica ocorreu em 25 de novembro de 1958 pela lei nordm 3280 A instalaccedilatildeo do municiacutepio soacute veio a ocorrer em 1962 devido a questotildees poliacuteticas As terras onde o municiacutepio se originou eram pertencentes agrave fazenda Burgos de Manuel da Cruz Vilela Naquelas terras formou-se o Siacutetio Satildeo Joatildeo nome este devido a uma capela dedicada a Satildeo Joatildeo que posteriormente tornou-se povoado e em 1885 figura como distrito de Garanhuns

Satildeo Joatildeo estaacute localizado a uma latitude 08ordm52rsquo32rsquorsquo sul e a uma longitude 36ordm22rsquo00rsquo oeste com altitude de 716 metros Seu bioma eacute a Mata Atlacircntica e se encontra incluiacutedo na unidade geoambiental das Superfiacutecies Retrabalhadas com relevo dissecado e vales profundos Apresenta vegetaccedilatildeo composta por Florestas Subperenefoacutelias e com partes de Florestas Hipoxeroacutefilas No mapa a seguir (Figura 6) mostra o tipo de vegetaccedilatildeo da regiatildeo que no caso predomina a Floresta Estacional Semidecidual

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 117

Figura 6 ndash Mapa mostrando o tipo de vegetaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo-PE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Em relaccedilatildeo agrave hidrografia o municiacutepio insere-se nos domiacutenios da bacia hidrograacutefica do rio Mundauacute e tem como principais afluentes o rio Inhauacutema e os riachos do Papagaio Volta do Rio de Dentro do Tamborim e Mocambo todos de regime intermitentes Ademais conta ainda com a Barragem da Onccedila e o Accedilude Municipal localizada a 1 km do centro da cidade e localizado no proacuteprio centro urbano respectivamente

Os tipos de solos predominantes satildeo o NeossoloRegoliacutetico e o Argissolo Amarelo O mapa a seguir (Figura 7) mostra os tipos e a localizaccedilatildeo destes

Figura 7 ndash Mapa de solos de Satildeo JoatildeoPE Fonte Adaptaccedilatildeo Renner Rodrigues 2013

118- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

O clima predominante nesta regiatildeo onde se encontra Satildeo Joatildeo segundo o Plano Territorial de Rede Produtiva ndash

PTRP eacute o Tropical Semiuacutemido ndash Quente com meacutedia maior que 18degC em todos os meses do ano (04 e 05 meses secos) Eacute tambeacutem encontrado o clima Tropical Semiuacutemido ndash Subquente com meacutedia entre 15degC e 18degC em pelo menos 01 mecircs por ano (04 e 05 meses secos) o que eacute caracterizado como micro clima ndash regiatildeo de Garanhuns (PTRP 2012 p 21)

O mapa representado na figura 8 mostra o clima e o micro clima (circulado em vermelho) predominante na parte onde Satildeo Joatildeo estaacute inserido

Figura 8 ndash Tipos de climas do Agreste Meridional

Fonte PTRP 2012

A base da economia do municiacutepio gira em torno da produccedilatildeo agropecuaacuteria tendo produccedilatildeo agriacutecola atual de feijatildeo

milho e mandioca onde antes eram as culturas de cafeacute algodatildeo e cana-de-accediluacutecar A cultura do feijatildeo eacute a que mais se destaca dando a Satildeo Joatildeo o status de maior produtor de feijatildeo da regiatildeo e do Estado de Pernambuco Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o destaque maior eacute a criaccedilatildeo de gado bovino para corte e leite Entretanto tambeacutem satildeo comercializados caprinos ovinos suiacutenos e aves Estas criaccedilotildees satildeo negociadas na feira local (Parque da Feira de Animais de Satildeo Joatildeo) e em feiras de municiacutepios vizinhos a exemplo Capoeiras Garanhuns e Lajedo

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2010 sua populaccedilatildeo absoluta foi de 21312 habitantes com estimativa de 22162 para 2013 A aacuterea da unidade territorial eacute de 258334 kmsup2 Possui densidade demograacutefica de 8250 (habkmsup2)

No turismo o municiacutepio de Satildeo Joatildeo se destaca pelas belezas naturais que se encontram na parte sul do municiacutepio (tambeacutem conhecida popularmente por zona da mata ou simplesmente mata) cita-se como exemplo a Bica do Matatildeo e Barragem Inhumas salientando-se que na Inhumas haacute trilhas de cunho ecoloacutegico proacuteximo agrave cidade estaacute a Barragem da Onccedila (Figura 9) que aleacutem de ser parte dos recursos hiacutedricos do municiacutepio tambeacutem pode ser encontrado resquiacutecios da Mata Atlacircntica com grande biodiversidade Ainda no contexto haacute o Accedilude Municipal que se encontra na cidade sendo um cartatildeo postal e ponto turiacutestico do municiacutepio

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 119

Figura 9 ndash Barragem da Onccedila Siacutetio Olho Drsquoaacutegua da Onccedila Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto satildeo mostrados aspectos das margens da Barragem da Onccedila ao seu redor eacute percebe-se a vegetaccedilatildeo predominante e o relevo se apresenta com algumas elevaccedilotildees acentuadas

No aspecto cultural cita-se o carnaval o qual eacute considerado o melhor da regiatildeo pelos foliotildees do municiacutepio e de cidades proacuteximas Tem as festividades juninas tanto na aacuterea rural quanto na aacuterea urbana No espaccedilo rural tem a Quadrilha Milharal com mais de 20 anos de tradiccedilatildeo No dia 07 de setembro tem a comemoraccedilatildeo da Independecircncia do Brasil com desfile ciacutevico das escolas municipais das particulares e da escola estadual onde abordam temas relevantes ao puacuteblico que as assistem e haacute as apresentaccedilotildees das Bandas Marciais Mirim e dos Ex-Alunos no dia 25 de novembro tem a comemoraccedilatildeo da emancipaccedilatildeo poliacutetica data muito importante para os satildeo-joanenses

Outras manifestaccedilotildees culturais ainda ocorrem a exemplo da literatura de cordel onde tem-se grandes cordelistas no municiacutepio entre eles ressalta-se a senhora Santina Izabel o senhor Joatildeo Pimentel Joseacute de Souza Zumba (Gonccedilalo) entre outros e grupos de danccedilas que tentam resgatar e manter as raiacutezes das culturas dos nossos antepassados fazendo suas apresentaccedilotildees na cidade e em outros espaccedilos disseminando a cultura local

No municiacutepio haacute tambeacutem grande influecircncia do turismo religioso pois eacute comum vaacuterios turistas irem visitar o povoado de Frexeiras no qual se encontra o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras com a imagem de Santa Quiteacuteria e o museu

De acordo com a Rota da Feacute Pernambuco aponta-se o Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria como um dos maiores centros de romaria do Nordeste abrigando o maior acervo de ex-votos de Pernambuco Salienta-se ainda que

Em propriedade particular eacute um dos mais importantes centros de romarias do Nordeste e abriga o maior acervo de ex-votos de Pernambuco A imagem da Santa foi trazida para a capela haacute mais de 200 anos e a sua guarda estaacute sob a responsabilidade da famiacutelia Guilherme da Rocha desde o seacuteculo XVIII A secular construccedilatildeo que abriga o santuaacuterio caracteriza-se pelo estilo de suas linhas calccedilada alta e um alpendre amplo que serve para abrigar os romeiros No interior do casaratildeo encontra-se a nave principal onde estaacute o altar com a imagem de Santa Quiteacuteria toda coberta por adornos em ouro doados em reconhecimento pelas graccedilas alcanccediladas A Festa de Santa Quiteacuteria ponto culminante das romarias acontece anualmente em setembro com grande participaccedilatildeo popular (ROTA DA FEacute PERNAMBUCO s d)

No ambito do turismo religioso encontra-se o Bloco Jesus Me Sacoleje criado em setembro de 2005 pelo paacuteroco da Igreja Catoacutelica (Paroacutequia de Satildeo Joatildeo BatistaDiocese de Garanhuns) o Padre Seacutergio Tenoacuterio de Oliveira Desde entatildeo o bloco conta com 9 ediccedilotildees arrastando multidotildees pelas principais ruas da cidade trazendo grandes nomes da muacutesica catoacutelica para os fieis e evidenciando a feacute catoacutelica na regiatildeo O percurso eacute feito a peacute seguindo o trem eleacutetrico realizando

120- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

oraccedilotildees e reflexotildees A saiacuteda eacute em frente ao Accedilude Municipal com sentido a Praccedila de Eventos de Satildeo Joatildeo onde eacute realizado um grande show finalizando as atividades do evento

A escolha do municiacutepio para estudo se deu pelo fato do autor ser residente de Satildeo Joatildeo e viver no municiacutepio desde a infacircncia ate a vida adulta bem como pelo municiacutepio estar incluiacutedo no semiaacuterido do Nordeste Tambeacutem pelas relaccedilotildees afetivas com o ambiente material no qual o individuo estaacute inserido fazendo-se uma alusatildeo agrave topofilia de Yi-Fu Tuan geoacutegrafo chinecircs e professor de Geografia de vaacuterias Universidades Ocidentais e que em sua literatura diz que

A palavra ldquotopofiliardquo eacute um neologismo uacutetil quando pode ser definida em sentido amplo incluindo todos os laccedilos afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material Estes diferem profundamente em intensidade sutileza e modo de expressatildeo A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente esteacutetica em seguida pode variar do efecircmero prazer que se tem de uma vista ateacute a sensaccedilatildeo de beleza igualmente fugaz mas muito mais intensa que eacute subitamente relevada A resposta pode ser taacutetil o deleite ao sentir o ar aacutegua terra Mais permanentes e mais difiacuteceis de expressar satildeo os sentimentos que temos para com um lugar por ser o lar o locus de reminiscecircncias e o meio de se ganhar a vida (TUAN 1980 p 107)

Eacute nesta perspectiva de sentimentos para o lugar que o municiacutepio foi selecionado Daiacute a importacircncia dada para

tambeacutem estudaacute-lo jaacute que o objeto de estudo a Jurema Preta se encontra em abundacircncia nos domiacutenios do espaccedilo geograacutefico tratado

3 UTILIDADES DA JUREMA PRETA EM SAtildeO JOAtildeO

No espaccedilo rural do municiacutepio de Satildeo Joatildeo-PE esta aacutervore se encontra em grande abundacircncia Ela eacute encontrada isolada ou agrupada onde recebe o nome de juremais sendo vista em vaacuterias aacutereas (siacutetios) e compondo a paisagem do municiacutepio e por efeito do Agreste de Pernambuco (RODRIGUES AMADOR 2013 p 183)

Embora a Jurema Preta seja uma aacutervore tiacutepica do bioma Caatinga verificou-se a sua abundacircncia em Satildeo Joatildeo que se encontra inserida no bioma Mata Atlacircntica segundo o IBGE Isso acontece devido o municiacutepio estar situado na faixa de transiccedilatildeo entre os dois biomas mencionados Portanto eacute comum a presenccedila de elementos que satildeo caracteriacutesticos dos dois domiacutenios morfoloacutegicos na aacuterea de estudo 31 Carvatildeo e lenha

Uma praacutetica comum feita por agricultores da regiatildeo eacute a extraccedilatildeo de lenha para as casas-de-farinha e para as

padarias onde seus fornos satildeo movidos agrave lenha principalmente a lenha oriunda da Jurema pelo seu alto teor caloriacutefico Para a fabricaccedilatildeo do carvatildeo aleacutem da lenha tambeacutem se usa a madeira que tem boa qualidade para tal finalidade

A madeira bom poder calorifico em funccedilatildeo do alto peso especiacutefico baacutesico que eacute de 091gcmsup3 o que classifica como excelente madeira para o carvatildeo (FARIAS 1984 p 84)

Aleacutem disso usam-se estas lenhas nas proacuteprias casas domiciliares em ldquofogotildeesrdquo feitos de barro onde se utiliza tanto a lenha quanto o carvatildeo Essa praacutetica de utilizar ldquofogotildees agrave lenhardquo jaacute foi bastante intensa entretanto natildeo se faz mais como antes porque a lenhacarvatildeo foi substituiacuteda pelo gaacutes butano o popular gaacutes de cozinha

O carvatildeo produzido da Jurema eacute feito em caieiras (Figura 10) de maneira artesanal Pegam-se a madeira e coloca dentro de uma vala feita em qualquer espaccedilo na propriedade Depois cobre com areia e palha apoacutes isso ateia fogo e com certo periacuteodo essa madeira se transforma em carvatildeo

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Figura 10 ndash Caieira artesanal no siacutetio Vaca Morta Satildeo JoatildeoPE

Foto Renner Rodrigues out de 2013

Na foto da figura 10 foi retratada a caieira feita na propriedade utilizando madeira da proacutepria Sua construccedilatildeo eacute simples de fazer natildeo precisa de muita matildeo de obra e natildeo tem custo algum

O carvatildeo eacute uma renda extra para pequenos agricultores familiares que tem juremais em suas propriedades Ele eacute bem procurado pois o da Jurema eacute o melhor em relaccedilatildeo a outros tipos de madeiras As partes da Jurema onde se faz o carvatildeo satildeo as raiacutezes mais grossas e o tronco sendo este a parte mais apropriada para fabricaccedilatildeo devido a sua densidade A saca do carvatildeo custa em meacutedia R$ 2400 tomando-se como referencia o mecircs de dezembro de 2013

311 Cercas

Por ter madeira densa (densidade 112 gcmsup3) pesada de grande durabilidade natural e muito resistente a pragas esses atributos possibilitam aos residentes da aacuterea rural de Satildeo Joatildeo utilizar a Jurema de vaacuterias maneiras Atraveacutes do corte de seu tronco se obteacutem estacas (Figura 11) ou mourotildees depedendo de seu diacircmetro Com esse material satildeo construiacutedas e feitas manutenccedilatildeo de cercas (Figura 12) onde podem ser utilizadas para currais cercados para pastagens de criaccedilotildees e tambeacutem a usam para delimitaccedilatildeo das propriedades

Com cerca de 45 anos jaacute se pode obter estacas onde custam em meacutedia R$ 700 Jaacute os mourotildees variam de preccedilos de R$ de 1000 a R$ 2000 por unidade referencia de preccedilo dezembro de 2013

122- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 11 Estacas de Jurema Figura 12 construccedilatildeo de cercas com as mesmas

Fotos Renner Rodrigues 2013 Fotos Renner Rodrigues 2013

Nas fotos das figuras 11 e 12 acima eacute mostrada estacas da Jurema que posteriormente foram construiacutedas cercas de arame farpado com as proacuteprias com o intuito de demarcar territoacuterio No caso isso aconteceu no siacutetio Vaacuterzea do Barro e a propriedade media 2 hectares 312 Sombra

Outra utilidade da Jurema eacute a sombra para os animais (Figura 13) jaacute que eacute comum ter a aacutervore em meio agrave pastagem e em dias quentes os animais descansam debaixo da sua sombra

Figura 13 ndash Bovinos descansando debaixo de uma Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 123

Na foto pode ser observado bovinos descansando nas imediaccedilotildees de vaacuterias Juremas que estatildeo localizadas no siacutetio Vaacuterzea da Pedra em Satildeo JoatildeoPE

Nesse contexto entra em questatildeo do bem estar animal onde o local que estaacute a sombra se torna um lugar agradaacutevel e tranquilo deixando o animal bem acomodado e em pleno sossego Dessa forma eis que surge o valor da Jurema Preta dada a importacircncia para o sombreamento dos animais e para o solo

313 Alimentaccedilatildeo

Por suas folhas serem palataacuteveis muitos animais (Figura 14) buscam na Jurema uma alternativa a mais para saciar sua fome Ela eacute bastante procurada pelos caprinos ovinos e em algumas vezes os bovinos

Figura 14 ndash Caprinos se alimentando de folhas da Jurema Preta

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto se tem a observaccedilatildeo de caprinos comendo as folhas do talo da Jurema eles comem tanto que fica somente o talo sem folha nenhuma 314 Abrigo

Na questatildeo do abrigo se observou que vaacuterias aves como o anu a garrincheira a casaca de couro a rolinha entre outros constroem seus ninhos entre os galhos da Jurema (Figura 15) e a confecccedilatildeo destes ninhos eacute feito com gravetos da proacutepria aacutervore principalmente aqueles gravetos mais secos e espinhosos que caem no chatildeo onde estes espinhos protegem os ovos e os filhotes dos predadores naturais

124- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Figura 15 ndash Ninho de casaca de couro

Foto Renner Rodrigues 2013

Na foto acima a abordagem de um ninho de casaca de couro em uma Jurema feito atraveacutes de galhos da proacutepria

315 Relaccedilotildees com outras espeacutecies e com outras aacutervores nativas e exoacuteticas

A vegetaccedilatildeo arboacuterea de Satildeo Joatildeo se encontra muito alterada pela accedilatildeo antroacutepica principalmente na parte norte onde a regiatildeo fitogeograacutefica eacute a Agreste onde cada vez mais a vegetaccedilatildeo nativa vem dando espaccedilo as roccedilas feitas pelos produtores rurais O municiacutepio tem duas regiotildees fitogeograacuteficas o Agreste e a Mata Uacutemida (Figura 16)

Figura 16 ndash Mapa da fitogeografia do municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE

Fonte Adaptado por Renner Rodrigues 2013

Maria Betacircnia Moreira Amador (Org) - 125

Na parte Agreste existem pequenas propriedades de agricultores familiares que em suas terras plantam aacutervores frutiacuteferas como a jaqueira mangueira o cajueiro entre outras ficando apenas esse tipo arboacutereo na paisagem predominando mais uma vegetaccedilatildeo arbustiva com gramiacuteneas jaacute que as terras satildeo agricultaacuteveis e os produtores acreditam que as aacutervores atrapalham o crescimento das lavouras e retiram as aacutervores deixando as propriedades em campos abertos Isso acontece devido a falta de informaccedilatildeo da importacircncia da vegetaccedilatildeo arboacuterea na propriedade

Em relaccedilatildeo agrave Jurema no Agreste nos juremais haacute uma grande diversidade de aves e insetos que ali se reproduzem e vivem em consonacircncia com a aacutervore Jaacute na Mata Uacutemida tambeacutem se encontra aacutervores frutiacuteferas poreacutem diferente do Agreste em vez de serem pequenas propriedades observa-se que eacute bastante comum a existecircncia de fazendas e nelas predominam mais aacutervores caracteriacutesticas da Mata Atlacircntica E em relaccedilatildeo a Jurema tambeacutem haacute a predominacircncia dela pelas propriedades

No contexto ambiental sua importacircncia se daacute pela relaccedilatildeo do espaccedilo convivido com outras aacutervores nativas como o cajueiro o mulungu e as cactaacuteceas nativas a exemplo o mandacaru (Cereus jamacaru) e facheiro tambeacutem a exoacutetica Algaroba (Prosopisjuliflora) (Figura 17)

Figuras 17 ndash Relaccedilatildeo da Jurema com o mandacaru

Foto Renner Rodrigues 2013

Aleacutem disso outros vegetais animais insetos e aves se relacionam com a Jurema Tem-se na foto da figura 17 a

associaccedilatildeo da Jurema com o Mandacaru (no plano de fundo) Cabe considerar a relaccedilatildeo da Jurema com a Algaroba no sentido de benefiacutecio muacutetuo o que eacute relevante pois

muitos acreditam que a Prosopis inibe a presenccedila de espeacutecies nativas caracterizando a invasatildeo bioloacutegica Em Satildeo Joatildeo pode-se observar com frequecircncia a presenccedila da algarobeira em meio ao juremal proveniente de uma propagaccedilatildeo de sementes acredita-se por via animal

126- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

4 OUTRAS UTILIDADES NUM CONTEXTO GERAL

Aleacutem das raiacutezes da Jurema Preta poder ser utilizadas na produccedilatildeo de carvatildeo tambeacutem satildeo usadas para se fazer uma bebida que igualmente eacute chamada de Jurema ou o Vinho da Jurema para os adeptos de religiotildees africanas o Candombleacute por exemplo Acreditam que quando tomam essa bebida teratildeo bons sonhos Natildeo soacute os religiosos mas tambeacutem os iacutendios fazem esse tipo de bebida

De acordo com Vasconcelos Sobrinho (1970) da casca de suas raiacutezes faziam certas tribos de iacutendios ndash Carajaacutes e outras ndash bebida estupefaciente e alucinatoacuteria com caracteriacutesticas semelhantes agrave dos ampliadores de consciecircncia (VASCONCELOS SOBRINHO 1970 p 76)

Ademais a Jurema Preta eacute a leguminosa para ser introduzida com sucesso nas pastagens sem a proteccedilatildeo de suas mudas e na presenccedila do gado (DIAS SOUTO 2007 p 268) 5 METODOLOGIA

A metodologia materializa-se pelo levantamento bibliograacutefico bem como a ida a campo para observaccedilatildeo

Mostrando-se necessaacuterio a interdisciplinaridade para se refletir sobre questotildees mostradas no projeto jaacute que foram utilizadas vaacuterias aacutereas do conhecimento Houve tambeacutem registros fotograacuteficos para tomadas de cenas importantes

Desse modo foram feitas reflexotildees sistecircmicas a partir de cada funcionalidade que o objeto de estudo apresenta em seu espaccedilo abordando suas relaccedilotildees e importacircncia para os animais e os humanos 6 VINCULACcedilAtildeO E BASES TEOacuteRICAS

Esta pesquisa estaacute vinculada a um projeto maior o projeto Guarda Chuva intitulado ldquoO Verde na Paisagem Agreste de Pernambuco urbano e ruralrdquo de autoria da Profordf Drordf Mordf Betacircnia M Amador que visa analisar o verde em aacutereas urbanas e rurais de forma sistecircmica por municiacutepio selecionado no meu caso Satildeo Joatildeo Tambeacutem visando contribuir para um melhor conhecimento da regiatildeo e o aperfeiccediloamento em termos de iniciaccedilatildeo cientiacutefica dos discentes do Curso de Licenciatura em Geografia da UPE Garanhuns Amador (2011) com base em Morin (2005) e Vasconcellos (2002) afirma que

Pensar complexamente requer trabalhar com o objeto em contexto ampliar o foco e conseguir visualizar sistemas amplos Tira-se o foco exclusivo do elemento e incluem-se as relaccedilotildees O contexto diz respeito entatildeo agraves relaccedilotildees entre os elementos envolvidos (AMADOR 2011 p 99)

Eacute nesta perspectiva de pensar complexamente que se pode ter subsiacutedios para melhor compreensatildeo sobre as funcionalidades interaccedilotildees e a importacircncia da Jurema Preta na paisagem agreste do espaccedilo rural de Satildeo Joatildeo

O sistemismo por sua vez nos traz a ideia de sistemas E esses sistemas vatildeo de um todo organizado e nesse todo se analisa os elementos e as accedilotildees que estaratildeo relacionados entre si

O pensamento sistecircmico eacute contextual ou seja o oposto do pensamento analiacutetico requer que para se entender alguma coisa seja necessaacuterio entendecirc-la como tal e em um determinado contexto maior ou seja como componente de um sistema maior que eacute o tambeacutem chamado ambiente (AMADOR 2011 p 90)

Tem-se por base referencial as literaturas da Profordf Drordf Maria Betacircnia Amador (Sistemismo e Sustentabilidade Questatildeo Interdisciplinar e Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas) de Edgar Morin (Introduccedilatildeo ao pensamento complexo) de Alfredo Pena-Vega (O Despertar Ecoloacutegico Edgar Morin e a Ecologia Complexa) de Vasconcelos Sobrinho (As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo)tambeacutem Iniciaccedilatildeo em Pesquisa Cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas de Aureacutelio Molina et al entre as principais

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) atraveacutes de bolsa de Iniciaccedilatildeo Cientifica PFAPIBICCNPq entre o periacuteodo de agosto de 2013 agrave julho de 2014

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7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Mesmo apresentando todo esse potencial a Jurema Preta vem a cada dia sendo erradicada por vaacuterios fatores entre eles o mais comum o avanccedilo da agropecuaacuteria onde a derrubada dos juremais para a produccedilatildeo agriacutecola e pecuaacuteria eacute evidenciada Neste caso os agricultores acreditam que a Jurema atrapalha no desenvolvimento da vegetaccedilatildeo rasteira como o capim e as gramiacuteneas na pecuaacuteria principalmente Jaacute na agricultura acreditam ser a Jurema a vilatilde da maacute germinaccedilatildeo das culturas de milho feijatildeo e mandioca onde as sementes mal germinam e quando germinam com o tempo natildeo sobrevivem

Pela pesquisa verificou-se que suas folhas seriam uma alternativa a mais na alimentaccedilatildeo do gado em eacutepocas de secas prolongadas por ser palataacutevel eacute uma opccedilatildeo de forragem Poreacutem natildeo se precisaria cortar a aacutervore por inteiro para obter as folhas cortar-se-ia ou podar-se-ia apenas parte da mesma a qual viria a rebrotar novamente

Vale salientar que eacute possiacutevel trabalhar com os recursos naturais ancorados nos princiacutepios da sustentabilidade e ainda simultaneamente preservando estes recursos renovaacuteveis que a natureza nos oferece de modo que natildeo seja de maneira predatoacuteria Tambeacutem garantindo uma renda extra para o sustento das famiacutelias de agricultores que se aportem no manejo sustentaacutevel da Jurema Preta Basta apenas conhecer saber utilizar respeitar e natildeo deixar que acabe para que outras geraccedilotildees futuras possam tambeacutem usufruir

Assim eacute dada importacircncia agrave Jurema Preta aacutervore de uso diversificado Poreacutem pouco estudada e pouco discutida a sua relevacircncia para o municiacutepio E nesse contexto de pouca discussatildeo os produtores rurais acabam erradicando todas as aacutervores de suas propriedades e em consequecircncia disso a Jurema vem sendo reduzida do seu ambiente natural dando espaccedilo agraves principais atividades econocircmicas do municiacutepio a agricultura e a pecuaacuteria

REFEREcircNCIAS

AMADOR Maria Betacircnia Moreira Sistemismo e sustentabilidade questatildeo interdisciplinar Satildeo Paulo Scortecci 2011

________ Abordagem Geograacutefica de Antigas Aacutereas Algarobadas Recife Ed Universitaacuteria da UFPE 2013

________ O pensamento de Edgar Morin e a geografia da complexidadeRevista Cientiacutefica ANAP Brasil n 2 ano 2 ndash p 60-76 2009

DIAS PF SOUTO SM Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) Leguminosa arboacuterea recomendada para ser introduzida em pastagens em condiccedilotildees de mudas sem proteccedilatildeo e na presenccedila do gado Revista da FZVA Uruguaiana v 14 n 1 p 258-272 2007 Disponiacutevel em lthttprevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfzvaarticleviewFile24921951gt Acesso em 19 ago 2013

FARIAS W L F A Jurema Preta (Mimosa hostilis Benth) como fonte energeacutetica do semi-aacuterido do Nordeste-carvatildeo 1984 128 f Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba PR 1984 Disponiacutevel em lthttpdspacec3slufprbrdspacebitstreamhandle188425171D2020FARIA20WASHINGTON20LUIZ20FONSECApdfsequence=1gt Acesso em 18 ago 2013

GANDHI Mahatma Disponiacutevel em httppensadoruolcombrautormahatma_gandhi Capturado em 22 de janeiro de 2014 On-line

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 Histoacuterico de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em lthttpwww1ibgegovbrcidadesatpainelhistoricophplang=ampcodmun=261320ampsearch=pernambuco|sao-joao|infograficos-historicogt Acesso em 11 jan 2014

128- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE 2010 ndash Populaccedilatildeo de Satildeo Joatildeo Disponiacutevel em httpwww1ibgegovbrcidadesatxtrasperfilphplang=ampcodmun=261320gt Acesso em 11 jan 2014

MOLINA Aureacutelio et al Iniciaccedilatildeo em pesquisa cientiacutefica manual para profissionais e estudantes das aacutereas da sauacutede Ciecircncias Bioloacutegicas e Humanas Recife EDUPE 2003 (Seacuterie Ciecircncia e Tecnologia)

MORIN Edgar Introduccedilatildeo ao pensamento complexo Traduccedilatildeo de Eliane Lisboa Porto Alegre RS Sulina 2005

PENA-VEGA Alfredo O despertar ecoloacutegico Edgar Morin e a ecologia complexa Traduccedilatildeo Renato Carvalheira do Nascimento e Elimar Pinheiro do Nascimento Rio de Janeiro Garamond 2003

PLANO TERRITORIAL DE REDE PRODUTIVA ndash PTRP Rede Territorial Produtiva do Feijatildeo Agreste Meridional e Central Estado de Pernambuco RecifePE 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwproruralpegovbrdownloadsPTRT20FeijaoPTRP20FEIJAOpdfgt Acesso em 13 jan 2014

PREFEITURA DE SAtildeO JOAtildeO Dados gerais do municiacutepio Disponiacutevel em lthttpsaojoaopegovbrdados-gerais-do-municipiogtAcesso em 30 dez 2013

RODRIGUES R R V AMADOR M B M Reflexotildees Sistecircmicas sobre a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora) com enfoque no municiacutepio de Satildeo JoatildeoPE Perioacutedico Eletrocircnico Foacuterum Ambiental da Alta Paulista-ISSN 1980-0827 Tupatilde v 9 n 7 p 181-186 nov 2013 Resumo Expandido apresentado no IX Foacuterum Ambiental da Alta Paulista TupatildeSP 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwamigosdanaturezaorgbrpublicacoesindexphpforum_ambientalarticleviewFile556581gt Acesso em 20 jan 2014

ROTA DA FEacute PERNAMBUCO Santuaacuterio de Santa Quiteacuteria das Frexeiras Disponiacutevel em lthttpwwwrotadafepecombrdetalhephpc=1amps=2ampid=29gt Acesso em 13 jan 2014

TUAN Yu Fu Topofilia um estudo da percepccedilatildeo atitudes e valores do meio ambiente Satildeo Paulo Ed Difel 1980

VASCONCELOS SOBRINHO J As regiotildees naturais do Nordeste o meio e a civilizaccedilatildeo Recife CONDEPE 1970 (Reimpressatildeo 2005)

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130- O VERDE NA PAISAGEM AGRESTE DE PERNAMBUCO URBANO E RURAL

Associaccedilatildeo Amigos da Natureza da Alta Paulista Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos

Fundada em 14 de Setembro de 2003 Rua Boliacutevia nordm 88 Jardim Ameacuterica

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