o uso da televisão digital via internet no brasil: o ... · conclusões do estudo mostraram a...

114
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO CAMILA RAEMY RANGEL TORRES O uso da televisão digital via internet no Brasil: O estudo de caso do Esporte Interativo Plus. RIO DE JANEIRO 2014

Upload: letuyen

Post on 02-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

CAMILA RAEMY RANGEL TORRES

O uso da televisão digital via internet no Brasil: O estudo de

caso do Esporte Interativo Plus.

RIO DE JANEIRO

2014

Page 2: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

ii

CAMILA RAEMY RANGEL TORRES

O uso da televisão digital via internet no Brasil: O estudo de

caso do Esporte Interativo Plus.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientadora: Paula Castro Pires de Souza Chimenti, D.Sc

RIO DE JANEIRO

2014

Page 3: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

iii

Page 4: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

iv

CAMILA RAEMY RANGEL TORRES

O uso da televisão digital via internet no Brasil: O estudo de

caso do Esporte Interativo Plus.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada em 21 de julho de 2014, por:

__________________________________________________________________________

Paula Castro Pires de Souza Chimenti, D.Sc. (COPPEAD/UFRJ)

__________________________________________________________________________

Antônio Roberto Ramos Nogueira, D.Sc. (COPPEAD/UFRJ)

__________________________________________________________________________

Jorge Brantes Ferreira, D.Sc. (PUC-Rio)

RIO DE JANEIRO

2014

Page 5: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

v

Dedico este trabalho ao meu irmão,

Breno Raemy.

Page 6: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

vi

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Paula Chimenti, por ter aceitado este desafio e me orientado nesse longo

percurso de conclusão do mestrado com sua dedicação e compreensão irrestrita.

Ao Professor Roberto Nogueira que não apenas despertou o interesse pelo tema como também

esteve presente em todas as etapas de elaboração dessa pesquisa e ao Professor Victor

Almeida que foi fundamental no processo de definição desse tema.

Agradeço também ao Professor Jorge Ferreira que aceitou fazer parte dessa banca e contribuiu

para melhoria dessa pesquisa.

Ao Marco Rodrigues e Luiz Hupsel que exerceram papel importante nessa jornada, fazendo a

ponte entre nós, alunos de mestrado, e os professores e fornecendo dicas preciosas para

elaboração desse estudo.

Meus mais sinceros agradecimentos à equipe da Esporte Interativo, que possibilitou a

realização dessa dissertação. Obrigada pela disponibilidade, confiança e atenção dedicada.

Aos meus amigos do COPPEAD que tornaram o mestrado uma etapa inesquecível da minha

vida.

Aos meus pais que me proporcionaram condições para estar aqui hoje.

Page 7: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

vii

RESUMO

TORRES, Camila Raemy Rangel Torres. O uso da TV digital via internet no Brasil: O estudo

de caso do Esporte Interativo Plus. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação (Mestrado em

Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

O mundo hoje vive um processo notável de mudanças tecnológicas e as novas mídias como a

internet alteram radicalmente o consumo de informação. Particularmente, no Brasil, a

televisão exerce um papel cultural e social muito amplo e as redes de TV vêm mantendo sua

hegemonia ao longo de décadas. Com a chegada da televisão digital, o futuro do modelo

tradicional de TV se vê ameaçado, sobretudo pela possibilidade de distribuição de conteúdo

pela internet.

Neste contexto, o presente estudo tem o propósito de testar um modelo que aponte os fatores

que influenciam o uso de TV Digital via internet no Brasil através do estudo do Esporte

Interativo Plus. Para atingir tal objetivo, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema

e, em seguida, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa em função da escassez de

informações sobre o tema abordado. Depois, para testar o modelo, foi realizada uma etapa

quantitativa com os consumidores do Esporte Interativo Plus por meio de um questionário de

perguntas fechadas.

De forma geral os resultados da pesquisa contribuíram para aperfeiçoar o modelo testado e

ratificaram a importância dos construtos selecionados no modelo, como imagem,

entretenimento, escolha, interatividade, atitude e satisfação. A pesquisa sugere que

estabelecimento de parcerias, a prática da visão periférica e a reflexão sobre novos modelos

de negócios são decisivas para a difusão do Esporte Interativo Plus. Adicionalmente, as

conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-

controlled” para “consumer-controlled”, a importância da melhoria de infraestrutura no país

para melhor distribuição e qualidade dos produtos oferecidos pela internet e a tendência de

intolerância à publicidade.

Palavras-chave: TV digital, internet, Brasil, novas mídias

Page 8: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

viii

ABSTRACT

TORRES, Camila Raemy Rangel Torres. O uso da TV digital via internet no Brasil: O estudo

de caso do Esporte Interativo Plus. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação (Mestrado em

Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Today we are experiencing a remarkable process of technological changes and new media

such as internet that are radically changing information consumption. Particularly in Brazil,

television has a very broad cultural and social role and TV networks have maintained their

hegemony over decades. When digital television is established, the future of traditional TV

business model is threatened mainly by the possibility of distributing content through the

internet.

In this context this study aims to test a model to explain which factors influencing the use of

digital television through the internet in Brazil by studying Esporte Interativo Plus case. To

achieve this objective a literature review was held and then was developed a qualitative

research in order to reduce a lack of information about this topic and difficulty of answering

the research question only by literature review. Afterwards, to test the model, a quantitative

research (survey) was developed with Esporte Interativo Plus consumers.

Overall, study results have contributed to improve the model and confirmed importance of

selected constructs. Unsatisfactory results are mainly related to Content and Attention that

suggest a necessity to review measuring instrument. The survey also showed that

partnerships, practice of peripheral vision and the possibility to have new business models are

crucial for Esporte Interativo Plus diffusion and success. Additionally, research findings

indicated how important is to deal with "consumer-controlled” model instead of “network-

controlled", and pointed out that advertising intolerance trend and improvements in Brazilian

infrastructure are essential to have a better distribution of this kind of product.

Key works: Digital TV, internet, Brazil,new media

Page 9: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Lista de Gráficos

Gráfico 1 - Evolução dos investimentos (R$ bi) publicitários em internet no Brasil (Fonte:

Projetos Intermeios, 2013) ........................................................................................................ 17

Gráfico 2 - Percentual de bens em domicílios brasileiros (Fonte: IBGE, 2012) ...................... 25

Gráfico 3 - Investimento de propaganda em mídia no Brasil (Fonte: Projetos InterMeios,

2013) ......................................................................................................................................... 25

Gráfico 4 - Taxa de crescimento de investimento em mídia 2004-2013 (Fonte: Projetos

InterMeios, 2013) ..................................................................................................................... 26

Gráfico 5 - Taxa de crescimento de investimentos em mídia no Brasil 2000-2008. (Fonte:

Adaptado de Rodrigues, 2009) ................................................................................................. 26

Gráfico 6 - Investimentos em TV aberta no Brasil (Fonte: Projetos InterMeios, 2013) .......... 29

Gráfico 7 - Proporção de indivíduos que usam telefone celular 2008-2012 (Fonte:

Cetic.Br,2013) .......................................................................................................................... 31

Gráfico 8 - Percentual de domicílios por tipo de conexão de internet 2008-2012 (Fonte:

Cetic.Br, 2013) ......................................................................................................................... 31

Gráfico 9 - Análise da amostra por sexo (Fonte: dados da pesquisa) ....................................... 69

Gráfico 10 - Análise da amostra por região (Fonte: dados da pesquisa) .................................. 70

Gráfico 11 - Análise da amostra por idade (Fonte: dados da pesquisa) ................................... 70

Gráfico 12 - Análise da amostra por grau de escolaridade (Fonte: dados da pesquisa) ........... 71

Gráfico 13 - Análise da amostra por perfil (Fonte: dados da pesquisa) ................................... 72

Gráfico 14 - Análise da amostra por tipo de acesso a internet (Fonte: dados da pesquisa) ..... 73

Gráfico 15 - Análise da amostra por hábito de usar a internet (Fonte: dados da pesquisa) ..... 73

Gráfico 16 - Análise da amostra por frequência de utilização de consoles (Fonte: dados da

pesquisa) ................................................................................................................................... 74

Gráfico 17 - Análise da amostra por frequência de utilização de tablets (Fonte: dados da

pesquisa) ................................................................................................................................... 74

Gráfico 18 - Análise da amostra por frequência de utilização de sites de internet (fonte: dados

da pesquisa) .............................................................................................................................. 74

Page 10: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

x

Lista de Figuras

Figura 1 - Modelo de inovação disruptiva. (Fonte: Adaptado de Raynor & Christensen, 2003)

.................................................................................................................................................. 35

Figura 2 - Curva de adoção (Fonte: Adaptado de Rogers, 1983) ............................................. 41

Figura 3 - Lacunas na curva de adoção (Fonte: Moore, 2002) ................................................. 42

Figura 4 - Ecossistema de mídias (Fonte: Chimenti, 2010) ..................................................... 44

Figura 5 - Modelo Estrutural (Fonte: Chimenti, 2010) ............................................................ 51

Figura 6 - Modelo estrutural (Fonte: Chimenti et. al, 2014) .................................................... 51

Figura 7- Definição do construto entretenimento (Fonte: dados da pesquisa) ......................... 79

Figura 8 - Definição do construto escolha (Fonte: dados da pesquisa) .................................... 80

Figura 9 - Definição do construto imagem (Fonte: dados da pesquisa) ................................... 81

Figura 10- Definição do construto interatividade (Fonte: dados da pesquisa) ......................... 82

Figura 11- Definição do construto uso (Fonte: dados da pesquisa) ......................................... 83

Figura 12 - Definição do construto atitude (Fonte: dados da pesquisa) ................................... 83

Figura 13- Definição do construto satisfação (Fonte: dados da pesquisa) ............................... 84

Figura 14 - Teste de hipóteses - modelo final proposto (Fonte:dados da pesquisa) ................. 88

Lista de Quadros

Quadro 1 - Média de consumo: Páginas por pessoa e tempo de uso do computador com

internet no Brasil (Fonte: IBOPE, 2011) .................................................................................. 16

Quadro 2 - Principais marcos da indústria de televisão no Brasil ............................................ 20

Quadro 3 - Questões prioritárias na gestão de tecnologias emergentes (Fonte: Day et al, 2000)

.................................................................................................................................................. 37

Quadro 4 - Classificação da curva de adoção (Fonte: Adaptado de Rogers, 1983) ................. 40

Quadro 5 - Lista de entrevistas (Fonte: dados de pesquisa) ..................................................... 53

Quadro 6- Operacionalização das escalas de medida ............................................................... 55

Quadro 7- Análise da amostra por estado (Fonte: dados da pesquisa) ..................................... 69

Quadro 8 - Análise da amostra por perfil (Fonte: dados da pesquisa) ..................................... 72

Quadro 9 - Normalidade dos dados e missing value (Fonte: dados da pesquisa) ..................... 76

Quadro 10 - Análise de validade do construto entretenimento (Fonte: dados da pesquisa) ..... 80

Quadro 11 - Análise de validade do construto escolha (Fonte: dados da pesquisa) ................. 80

Quadro 12 - Análise de validade do construto imagem (Fonte: dados da pesquisa) ................ 81

Page 11: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

xi

Quadro 13 - Análise de validade do construto interatividade (Ffonte: dados da pesquisa) ..... 82

Quadro 14 - Análise de validade do construto atenção (Fonte: dados da pesquisa) ................ 83

Quadro 15 - Análise de validade do construto atitude (Fonte: dados da pesquisa) .................. 84

Quadro 16 - Análise de validade do construto satisfação (Fonte: dados da pesquisa) ............. 85

Quadro 17 - Índices de ajustamento do modelo (Fonte: dados da pesquisa) ........................... 86

Quadro 18 - Validade discriminante (Fonte: dados da pesquisa) ............................................. 86

Quadro 19 - Coeficiente de Confiablidade Composta – CR (Fonte: dados de pesquisa) ......... 87

Quadro 20 - Teste de hipóteses do modelo final (Fonte: dados da pesquisa) .......................... 87

Page 12: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EIPLUS – Esporte Interativo Plus

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações

EUA – Estados Unidos da América

IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Público e Estatística

FIFA – Federação Internacional de Futebol

CETIC.br – Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação

Page 13: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

xiii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15

1.1. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................................... 15

1.2. OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................................................... 15

1.3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO ............................................................................................ 16

1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .......................................................................................... 18

1.5. DISPOSIÇÃO DOS CAPÍTULOS ...................................................................................... 18

2. CONTEXTO .................................................................................................................... 20

2.1. A HISTÓRIA DA TELEVISÃO NO CONTEXTO BRASILEIRO ............................................... 20

2.2. O FUTURO DA INDÚSTRIA DE TELEVISÃO NO BRASIL E O DESAFIO DAS NOVAS MÍDIAS 27

2.2.1.1. Novas mídias ................................................................................................... 27

2.2.1.2. Modelo tradicional e a TV digital ................................................................... 31

3. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 33

3.1. INOVAÇÃO .................................................................................................................. 33

3.1.1.1. Inovação disruptiva ......................................................................................... 34

3.1.1.2. Desafio na gestão de inovações disruptivas .................................................... 35

3.1.1.3. Curva de adoção de inovações ........................................................................ 39

3.1.1.4. Desafios do ciclo de adoção ............................................................................ 41

3.2. INOVAÇÃO E O ECOSSISTEMA DE MÍDIAS ..................................................................... 43

3.2.1.1. O conceito de ecossistema .............................................................................. 43

3.2.1.2. O conceito de plataforma ................................................................................ 45

3.2.1.3. Os desafios da gestão de plataformas do tipo two-sided network .................. 45

3.3. FATORES QUE INFLUENCIAM A UTILIZAÇÃO DE MÍDIAS NO BRASIL ............................. 47

4. MÉTODO ......................................................................................................................... 52

4.1. TIPO DE PESQUISA ....................................................................................................... 52

4.2. PESQUISA QUALITATIVA ............................................................................................. 52

4.3. PESQUISA QUANTITATIVA ........................................................................................... 54

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................... 56

5.1. RESULTADOS DA ETAPA QUALITATIVA ........................................................................ 56

5.1.1.1. Apresentação do Esporte Interativo Plus ........................................................ 56

5.1.1.2. Caracterização da mídia .................................................................................. 58

5.1.1.3. O EIPLUS e as oportunidades com a TV digital ............................................ 58

5.1.1.4. Atributos do EIPLUS ...................................................................................... 61

5.1.1.5. Gestão da inovação ......................................................................................... 66

Page 14: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

xiv

5.2. RESULTADOS DA ETAPA QUANTITATIVA ..................................................................... 68

5.2.1.1. Caracterização da amostra .............................................................................. 68

5.2.1.2. Análise de medidas ......................................................................................... 75

5.2.1.3. Análise por construto ...................................................................................... 78

5.2.1.3.1. Construto entretenimento .......................................................................................79

5.2.1.3.2. Construto escolha ...................................................................................................80

5.2.1.3.3. Construto imagem ..................................................................................................81

5.2.1.3.4. Construto Interatividade .........................................................................................81

5.2.1.3.5. Construto Uso .........................................................................................................82

5.2.1.3.6. Construto Atitude ...................................................................................................83

5.2.1.3.7. Construto Satisfação ...............................................................................................84

5.2.1.4. Avaliação de modelo de forma integrada ....................................................... 85

5.2.1.5. Discussão sobre os resultados ......................................................................... 88

5.2.1.6. Considerações sobre dimensões não testadas: Conteúdo e Atenção .............. 88

5.2.1.7. Considerações sobre as hipóteses de pesquisa ................................................ 89

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 94

ANEXO I: ROTEIRO DE ENTREVISTA (ETAPA QUALITATIVA) ......................... 102

ANEXO II: QUESTIONÁRIO (ETAPA QUANTITATIVA) .......................................... 104

Page 15: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

15

1. INTRODUÇÃO

1.1. Descrição do problema

O mundo vive um processo de mudanças tecnológicas, econômicas e sociais,

desencadeado pelo desenvolvimento e implementação de tecnologias de informação

(CHIMENTI, 2010). Nesse contexto, as novas mídias como a internet, os celulares e os

vídeos games, alteram por completo a forma de consumo de informação e entretenimento e o

impacto dessas novas tecnologias sobre as mídias tradicionais, como a televisão, ainda não foi

totalmente explicado.

Particularmente, na realidade brasileira, a televisão exerce um papel cultural e social

muito amplo e as redes de TV vêm mantendo sua hegemonia ao longo de décadas. Com a

chegada da televisão digital no Brasil, o futuro do modelo tradicional de TV se vê ameaçado,

sobretudo pela possibilidade de distribuição de conteúdo pela internet.

Diante desse cenário, o presente estudo busca entender quais são os fatores que

influenciam o uso de mídias no Brasil e estuda o Esporte Interativo Plus (EIPLUS) – produto

distribuído pela internet, no qual o consumidor pode, através de uma assinatura mensal, ter

acesso a conteúdo esportivo 24 horas por dia. Isto posto, a pergunta de pesquisa dessa

dissertação está pautada na seguinte questão:

Que fatores influenciam a utilização da TV digital no país?

1.2. Objetivos do Estudo

O objetivo principal dessa dissertação é testar um modelo que explique os fatores que

influenciam o uso de TV Digital via internet no Brasil. Para tal, será analisado um caso

particular, o Esporte Interativo Plus. A complexidade e abrangência do tema tornam

indispensável considerar alguns objetivos intermediários, tais como:

a) Levantar o estado-da-arte da pesquisa sobre o tema no Brasil;

b) Pesquisar as principais consequências do uso de novas mídias assim como as

transformações que elas acarretaram nos últimos anos;

Page 16: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

16

c) Identificar os desafios da gestão de inovações e verificar como eles se

apresentam no caso do Esporte Interativo Plus;

d) Testar um modelo estrutural que permita compreender porque as pessoas

escolhem uma TV digital via internet.

1.3. Relevância do Estudo

A televisão é um dos meios de comunicação em massa mais importantes no Brasil e só

em 2013 movimentou 21 bilhões de reais em publicidade, representando 65% dos

investimentos totais em mídia no país (PROJETOS INTERMEIOS, 2013). A TV aberta no

Brasil é grande formadora de opinião pública e leva informação e entretenimento para mais de

97% dos domicílios brasileiros (IBGE, 2013), sendo que em média o brasileiro passa mais de

3,5 horas diárias em frente à TV (SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2014).

Por outro lado, a internet ganhou popularidade nos últimos anos tanto em função dos

investimentos realizados em relação ao tempo médio de permanência na frente de um

computador com internet, que já ultrapassou países como EUA, Japão e Reino Unido

(IBOPE, 2011), conforme mostram o quadro 1 e o gráfico 1. Em 2013, o brasileiro passou

3:40 horas conectado a internet diariamente (SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO

SOCIAL, 2014). Comparando esses dados com o quadro 1, fica evidente o crescimento dessa

mídia no Brasil.

Assim, esta dissertação tem sua relevância pautada na discussão de temas que

envolvem a indústria do entretenimento e, principalmente, a utilização de duas grandes mídias

convergentes: a televisão e a internet.

Quadro 1 - Média de consumo: Páginas por pessoa e tempo de uso do computador com

internet no Brasil (Fonte: IBOPE, 2011)

País Total de páginas por mês Média de tempo (horas) por mês

Brasil 3134 69

Espanha 2172 40

Japão 2709 51

Itália 1750 30

EUA 2684 58

Page 17: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

17

Reino Unido 2739 55

França 2656 49

Austrália 2717 66

Alemanha 2906 55

Suíça 1359 31

Gráfico 1 - Evolução dos investimentos (R$ bi) publicitários em internet no Brasil (Fonte:

Projetos Intermeios, 2013)

O estudo de caso aqui apresentado também está diretamente relacionado ao consumo

de esportes. Um em cada dois consumidores latinos americanos acompanham esportes ao

menos uma vez por semana por meio de diversos veículos (CONSUMERWATCH, 2012) e

56% dos brasileiros se declaram torcedores “roxos” e fãs de esporte (IBOPE, 2012). Vale

ressaltar ainda que o esporte, no Brasil, passa por um momento especial, porque além de

despertar o interesse diário da população, o país é sede da Copa do Mundo de 2014 e dos

Jogos Olímpicos em 2016 (GIACOMINI, 2011). Apenas como efeito de comparação,

segundo a FIFA1 cerca de 715,1 milhões de pessoas no mundo inteiro assistiram à final da

Copa do Mundo de 2006 na Alemanha.

Por fim, esta pesquisa, ao testar o modelo teórico de utilização de mídias para um

estudo de caso único, se une aos demais estudos já realizados por uma linha de pesquisa do

Instituto Coppead de Administração, que mapeia diversas indústrias que enfrentam os

1 pt.fifa.com/aboutfifa/worldcup/index.html

Page 18: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

18

impactos de inovações disruptivas em seus ecossistemas, o que será explorado no capítulo 3

deste trabalho.

1.4. Delimitação do Estudo

Como dito anteriormente essa pesquisa tem como objetivo o estudo dos fatores que

influenciam o uso da TV Digital via internet no Brasil e está focado na análise de um caso

único.

Por se tratar de um estudo realizado no Brasil é importante notar que as condições

competitivas dessa indústria são singulares e, portanto, não comparáveis a outros mercados. A

TV é um hábito que une praticamente todos os brasileiros, está presente em 97% dos

domicílios (IBGE, 2013), independente de gênero, idade, renda, nível educacional ou

localização geográfica (SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2014). O mercado

publicitário investe na ordem de 21 bilhões de reais na indústria (PROJETOS INTERMEIOS,

2013) e já chegou a direcionar 78% dos investimentos em apenas um ator (REIS, 2004).

Não é objetivo dessa pesquisa gerar conclusões amplas, generalizadas ou definitivas

sobre o uso da TV digital via internet, pois com o foco em um caso único os resultados

obtidos podem ser influenciados por características comuns a diversos produtos e contextos,

mas também podem ser influenciados por características particulares do objeto de estudo.

Assim, ao final do estudo são propostas ações para ampliar o entendimento do assunto,

aprimorar o instrumento de pesquisa e verificar a evolução do tema ao longo do tempo.

1.5. Disposição dos Capítulos

Esta pesquisa está organizada em seis principais capítulos. O primeiro deles é a

Introdução, no qual são apresentadas as motivações, a relevância e as delimitações do estudo,

criando, assim uma perspectiva mais ampla do tema que foi abordado nessa dissertação.

O segundo capítulo, Contexto, discute os principais desafios do tema e mostra como a

televisão se consolidou como umas das principais meios de comunicação no Brasil e quais os

desafios que as novas mídias trazem para este contexto.

Page 19: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

19

Em seguida, o terceiro capítulo, fundamenta a discussões sugeridas neste estudo por

meio da revisão bibliográfica de temas relacionados à estratégia e novos modelos de negócio,

inovação e ecossistema de mídias.

O quarto capítulo descreve o método utilizado nesse estudo, esclarecendo em detalhes

como foi feita cada etapa da pesquisa.

O quinto capítulo discute os resultados da pesquisa e apresenta o modelo final que

explica a que fatores influenciam a utilização do Esporte Interativo Plus.

O último capítulo traz as conclusões, reflexões e implicações dessa pesquisa que

envolve tanto questões acadêmicas como gerenciais.

Por fim, consta a lista de referência bibliográfica e os anexos com roteiros e

questionários de pesquisa.

Page 20: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

20

2. CONTEXTO

2.1. A história da televisão no contexto brasileiro

O nascimento da televisão veio como resultado da exposição da RCA na Feira

Mundial de 1939, que apresentou o primeiro discurso presidencial na televisão (BRADLEY &

BARTLETT, 2007). O estabelecimento de um padrão nos EUA, em 1941, e o fim da guerra

trouxe crescimento explosivo para a televisão. A migração do consumidor de rádio para a TV

foi rápida; em 1949 a TV tinha apanhado 41% da audiência de rádio e, em 1951, havia quase

oito milhões de televisores em uso (BRADLEY & BARTLETT, 2007). Nos EUA, o período

que compreende a década de 1950 foi chamado de “Era de Ouro” e caracterizou-se por um

enorme crescimento da produção e programação, composta na época por comédias de

situação, shows, policiais, westerns e noticiário regular.

A primeira emissora de televisão brasileira foi inaugurada em 18 de setembro de 1950,

por Assis Chateaubriand (REIS, 2004; MATTOS, 2007) que fundou o primeiro canal de

televisão no país, a TV Tupi em São Paulo2. A partir daí, outras emissoras foram

estabelecidas, diversas negociações de espaço publicitário foram iniciadas (REIS, 2004) e a

televisão passou a ser vista como um “rádio com imagens” (MATTOS, 2007). Após

crescimento significativo ao longo das décadas de 60 e 70, a TV se consolidou como a

principal mídia de massa do país e se tornou um fator de extraordinária relevância na cultura

brasileira (veja no quadro 2 os principais marcos da indústria).

Quadro 2 - Principais marcos da indústria de televisão no Brasil

Principais marcos da indústria de televisão no Brasil

1950 Inauguração da TV Tupi em São Paulo

Assis Chateaubriand espalha 200 aparelhos de TV pela cidade de São Paulo

Chegada dos primeiros equipamentos importados encomendados da RCA (Radio

Corporation of American)

TV Tupi lança primeiro telejornal e teleteatro

1951 TV Tupi chega ao Rio de Janeiro

1953 Inauguração da TV Record

1954 Primeira partida de futebol é transmitida pela TV Record

2 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_televis%C3%A3o_no_Brasil

Page 21: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

21

1960 Chegada do videoteipe

1963 Primeira telenovela diária (TV Excelsior)

1965 Inauguração da TV Globo

Primeira transmissão por satélite

1968 Inauguração da TV Bandeirantes

1968 Primeira transmissão via satélite (lançamento espacial Apollo IX)

1970 Transmissão ao vivo da Copa do Mundo

Início do Padrão Globo de Qualidade

1972 TV a cores

1973 Primeira telenovela a cores (O Bem Amado)

1976 Silvio Santos inaugura TV Studios

1981 Silvio Santos inaugura SBT

1988 Fim da censura à imprensa e aos programas de televisão

1991 Mudança no controle acionário da Record – Igreja Universal do Reino de Deus

1995 Inauguração do Projac

1999 Inauguração da Rede TV!

2007 TV Digital no Brasil

Inicialmente, na década de 50, a televisão no Brasil foi caracterizada fortemente por

ser uma extensão do rádio, uma vez que os primeiros profissionais da televisão eram aqueles

que já trabalhavam no rádio (LEAL, 2009; MATHEUS, 2012). Por esse motivo, a

programação era, basicamente, uma adaptação do rádio, porém com imagens. Apesar da

presença de uma nova mídia, que ampliou a experiência sensorial das pessoas, segundo

Matheus (2012), a chegada da televisão também causou decepção no público diante da nova

imagem de seus ídolos, pois os personagens saíram da imaginação construída na escuta do

rádio e ganharam materialidade, nem sempre correspondendo à imagem anteriormente

idealizada. Em 1953, a Rede Record, por exemplo, entrou no ar pela primeira vez com um

programa musical (MATTOS, 2007), isto é, com um conteúdo muito parecido com o do

rádio.

Os anos 60 foram marcados pelo amplo crescimento da mídia e pela consolidação da

sua linguagem própria e do seu modelo de negócio (MATHEUS, 2012), centrado na métrica

de audiência e remunerado pelos anunciantes, que tinham a possibilidade de inserir suas

mensagens publicitárias intercaladas com o conteúdo da TV.

Page 22: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

22

O modelo brasileiro se afastava do americano em função da verticalização do setor - as

redes de televisão não só realizavam a transmissão como também eram responsáveis pela

criação e produção de conteúdo. Ainda nesse período, o Brasil assistiu o surgimento do

videoteipe, que possibilitou a integração nacional da programação (LEAL, 2009). Para

Matheus (2012), o videoteipe, de fato, contribuiu para instituir a programação nacional, mas

também permitiu a consolidação de programas de auditório e a massificação do consumo

musical de movimentos como Bossa Nova e Jovem Guarda. Em paralelo, aos anos 60

também testemunharam a criação da primeira telenovela diária, em 1963, 3e a primeira

transmissão via satélite.

Na esfera político-econômica, os anos 60 foram bastante relevantes. Em 1963, foi

aprovado do Código Nacional de Telecomunicações, que estipulou as normas de

funcionamento da indústria de televisão (LEAL, 2009; REIS 2004; MATTOS, 2007). Por ser

a principal mídia de comunicação do país, o setor de televisão aberta sofre desde o início uma

forte atuação do governo, por meio de agências reguladoras e de uma forte legislação. Em

1964, os miliares promoveram o golpe militar e foi iniciado, ao final da década, o período

conhecido como milagre econômico brasileiro, que entre outras ações, impulsionou o

desenvolvimento da indústria ao criar vários órgãos estatais que lidavam com a produção

cultural, ao formular leis e decretos, ao congelar as taxas dos serviços de telecomunicação, ao

dar isenção das taxas de importação para compra de equipamento, ao proporcionar uma

construção de uma estrutura nacional de telecomunicações em redes e ao fazer uma política

de crédito facilitado (LEAL, 2009).

Os anos 70 foram marcados pela censura, mas também presenciaram as primeiras

transmissões a cores no país, as primeiras exportações de programação para a América Latina

(REIS, 2004) e a maior preocupação com a qualidade técnica da programação, principalmente

em função do estabelecimento do chamado “Padrão Globo de Qualidade” (CHIMENTI ET

AL, 2012; MATHEUS, 2012; MATTOS, 2007).

A partir do final da década 70 e os anos 80, a programação esportiva conquistou mais

espaço. A Rede Bandeirantes, por exemplo, investiu em segmentos esportivos, transmitindo

desde campeonatos de basquete até corridas da Fórmula Indy e se posicionou com o slogan:

“Band o Canal do Esporte” (MATTOS, 2007).

3 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_televis%C3%A3o_no_Brasil

Page 23: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

23

Nesse mesmo período, o perfil competitivo da indústria ficou bem caracterizado pela

hegemonia da Rede Globo (MATHEUS, 2012), que já era líder de audiência, com 60% dos

pontos e detinha 75% do investimento publicitário (CHIMENTI ET AL, 2012; CHIMENTI

ET AL, 2009) e pela consolidação e concentração dos grupos de comunicações. A

preocupação com a qualidade foi fator fundamental para a Globo conquistar a liderança de

audiência. Já para Matheus (2012), a consolidação da hegemonia da TV Globo se deu no

momento da criação da Embratel, parte da política de integração nacional do governo, que

culminou na criação de uma programação em rede, o que se tornou realidade com o Jornal

Nacional, em 1969.

Na transição da década de 70 para 80, a Record possuía 28% da audiência, embora

com apenas 7% de share do bolo publicitário, enquanto a Rede Bandeirantes, com uma

audiência de 12%, atingia uma fatia de 18% do investimento publicitário (MATTOS, 2007).

Em paralelo surgia um novo player de mercado, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT),

com o grande desafio de enfrentar as grades de programação já estabelecidas, que alternavam

telenovelas e noticiários. Entretanto, na época não se acreditava que haveria um espaço para

mais um canal de TV (MATTOS, 2007), visto que a Rede Globo tinha 60% da audiência e

mais de 75% da verba publicitária, e havia outras duas emissoras, Record e Bandeirantes, que

dividiam o resto do bolo. Apesar disso, a fundação do SBT e ascensão da juventude como

classe consumidora deram um impulso na popularização da televisão (MATHEUS, 2012).

Os anos 90 foram marcados pela chegada da TV a cabo. A TV por assinatura, no

Brasil, impactou fortemente o mercado por alterar o modelo de negócios, uma vez que o

expectador passou a remunerar diretamente o fornecedor do conteúdo (CHIMENTI ET AL,

2012); por ajudar a melhorar a recepção de estações de TV em áreas remotas; e por permitir

maior segmentação (MATHEUS, 2012; MATTOS, 2007). Apenas como efeito comparativo,

vale ressaltar que a TV a cabo, no Brasil, chegou 40 anos depois de seu nascimento nos EUA.

Ainda em 1950, os sistemas de cabo serviam 14.000 assinantes em 70 comunidades norte-

americanas (BRADLEY & BARTLETT, 2007).

Outro acontecimento importante da década de 90 foi o crescimento expressivo do

SBT, que conquistou a vice-liderança e ganhou pontos de audiência com a sua estratégia

baseada na programação popular, no sucesso de telenovelas importadas, como a mexicana

Page 24: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

24

Carrossel4 e no novo formato de jornalismo iniciado pelo programa “Aqui Agora”

(MATHEUS, 2012). Além disso, a década presenciou o inicio da interatividade com

programas como “Você Decide”, da TV Globo.

Como resultado dos primeiros 40 anos de televisão no Brasil, o que se viu foi o

estabelecimento de um ambiente de mídia bastante singular em relação o comportamento

público e os gastos com publicidade (CHIMENTI ET. AL, 2014). Em 2012, 97,2% dos

domicílios brasileiros possuíam aparelhos de televisão (IBGE, 2013), o que representa um

percentual maior do que a presença de utensílios básicos como a geladeira (95,9%) e o

telefone (91,2%), conforme gráfico 2. Já internet está presente em apenas 38% dos

municípios brasileiros e destes apenas 68% possuem banda larga em casa (CETIC.BR., 2012).

Portanto, o que se observa é que a difusão de TV desempenha um papel dominante no país e

está presente em quase todas as famílias brasileiras, independentemente da classe social ou

região (CHIMENTI ET. AL, 2014). Além disso, a hegemonia da Rede Globo estabeleceu uma

grade de programação organizada em torno do horário nobre, com início às 18h, com uma

novela seguida por um noticiário local, depois uma segunda novela, um noticiário nacional e,

por fim, uma terceira novela, que termina em torno de 22:00. Como resultado, 86% dos

brasileiros instituíram uma rotina diária na frente da televisão, que chega a durar mais de

quatro horas (ANATEL, 2003).

Com relação aos gastos com publicidade no Brasil, a TV aberta recebe a maior parte

dos investimentos em mídia e a Rede Globo é a empresa que recebe a maior parcela dessas

verbas (REIS, 2004). Em 2002, a TV aberta recebia 59% dos investimentos em mídia e a

Rede Globo atraia 78% das verbas e detinha 49% de audiência. O contexto descrito por Reis

(2004) em relação aos gastos com anúncios não mudou muito nos últimos dez anos. Em

2013, a TV aberta recebeu 69% dos investimentos publicitários em mídia (PROJETOS

INTERMEIOS, 2013), conforme gráfico 3.

4 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_televis%C3%A3o_no_Brasil

Page 25: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

25

Gráfico 2 - Percentual de bens em domicílios brasileiros (Fonte: IBGE, 2012)

Gráfico 3 - Investimento de propaganda em mídia no Brasil (Fonte: Projetos InterMeios,

2013)

Ainda em relação ao mercado publicitário, a tendência de crescimento explosivo dos

investimentos em internet descrita por Rodrigues (2009) ficou estagnada nos últimos anos

Page 26: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

26

(veja a comparação entre os gráficos 4 e 5). Importante notar, porém, que o Projetos

InterMeios não inclui em suas medições as empresas Google e Facebook.

Gráfico 4 - Taxa de crescimento de investimento em mídia 2004-2013 (Fonte: Projetos

InterMeios, 2013)

Gráfico 5 - Taxa de crescimento de investimentos em mídia no Brasil 2000-2008. (Fonte:

Adaptado de Rodrigues, 2009)

Page 27: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

27

Com relação à TV Digital, o governo brasileiro optou por adotar o padrão japonês de

transmissão, com modificações brasileiras, e a partir de 20075 as redes começaram a realizar

transmissões em alta definição. Entretanto, em 2012, apenas 46% da população estava coberta

pela TV Digital (ANATEL, 2012) Além dos altos investimentos, especula-se que a

concorrência com outras mídias emergentes esteja comprometendo a sua adoção em massa

pelo mercado (RODRIGUES, 2009). De fato, o surgimento de novas mídias acarretou uma

mudança radical na indústria de entretenimento, pois elas competem pela atenção das pessoas

e pelos orçamentos dos anunciantes, criando um ambiente cada vez mais desafiador e

ameaçando pela primeira vez a hegemonia da televisão.

2.2. O futuro da indústria de televisão no Brasil e o desafio das novas mídias

2.2.1.1. Novas mídias

A palavra mídia pode assumir distintos significados de acordo com o contexto ou

indústria em que está inserido, mas a rigor, mídia pode ser compreendida como um meio de

comunicação. Recentemente, o desenvolvimento de novas tecnologias digitais impulsionou o

surgimento de novas mídias e, para compreender o que são essas novas mídias, essa sessão irá

caracterizá-las e mostrar como elas podem influenciar a indústria da televisão.

Para distinção entre o que são mídias tradicionais e emergente foi utilizada a

categorização adotada por diversos autores como Eveland (2003), Dimmick et al (2004) e

Coulter e Sarkis (2005):

• Mídias tradicionais: televisão aberta, televisão paga, jornal, revista, rádio e

outdoor;

• Mídias emergentes: internet, celular, games (exemplo: PlayStation) e tocadores

digitais de áudio e vídeo (exemplo: Ipod)

O impacto das novas mídias sobre a TV aberta no Brasil ainda não está totalmente

definido e há poucos trabalhos dedicados ao tema (CHIMENTI ET AL, 2012). Porém, o ritmo

das mudanças é bastante alto e está sendo impulsionado pelos avanços da tecnologia que

tornam a informação cada vez mais acessível e valiosa (SHAPIRO & VARIAN, 1999).

Muitas dessas tecnologias são caracterizadas como inovações disruptivas, definidas como

5 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_televis%C3%A3o_no_Brasil

Page 28: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

28

aquelas que são capazes de gerar impactos relevantes nos modelos de negócios já existentes

(BOWER & CHRISTENSEN, 1995). Nesse cenário, as novas mídias são percebidas pelas

empresas incumbentes como algo de valor e ao mesmo tempo algo ameaçador, acarretando

mudanças significativas no ambiente de negócios, uma vez que a convergência, ou seja, a

redução da rigidez dos limites entre indústrias é o principal fator responsável por essas

transformações (JENKINS, 2006). Reafirmando a ideia de convergência, Wirtz (2001) declara

que na indústria de mídia, especialmente, essa tendência é notável porque empresas já

estabelecidas e especializadas em um ou mais mercados de mídia e comunicação estão se

movendo para outros setores, alterando por completo a dinâmica competitiva.

O advento e a proliferação da banda larga e do ‘a qualquer hora, em qualquer lugar’,

por exemplo, criou uma ameaça ao modelo tradicional de transmissão de televisão no qual o

público fica sentado em casa na frente de uma tela de TV assistindo um programa de meia ou

uma hora de duração intercalados com trinta segundos de spots publicitários (BRADLEY &

BARTLETT, 2007). Além disso, nos últimos anos, a quantidade de mídias disponíveis tanto

para os anunciantes e profissionais de propaganda quanto para os consumidores aumentou

consideravelmente (CHIMENTI ET AL, 2009; CHIMENTI ET AL, 2012).

Nesse contexto, surgem novas formas e plataformas de visualização do conteúdo que

até então só estava na TV e, por isso, o fenômeno de fragmentação da audiência, para Bradley

& Bartlett (2007), é a maior preocupação das redes de televisão. Em consonância, a maior

quantidade de canais disponíveis para contato com o consumidor no ambiente de negócios de

publicidade em conjunto com as tendências de multitasking e a preferência por mídias que

não empurram comerciais resultam na fragmentação da audiência e mostram que as técnicas

tradicionais de publicidade e marketing estão perdendo eficiência (RODRIGUES, 2009, apud

COURT, GORDON & PERREY, 2005).

A maior quantidade de mídias disponíveis tem efeitos no mercado publicitário. O

subsídio cruzado entre anunciantes, veículos de massa e consumidores, consolidado ao longo

do século XX, se vê fragilizado com a popularização de aparelhos como Digital Video

Recorders (DVRs), tablets, consoles de videogames e telefones celulares, dispositivos que

transferem aos consumidores o poder de regular sua exposição à publicidade (RODRIGUES,

CHIMENTI & NOGUEIRA, 2012). Observa-se ainda que, embora cada tipo de mídia

demande uma abordagem ou método de publicidade diferente, toda vez que surge uma nova

mídia os profissionais de marketing tentam reproduzir os mesmos tipos de anúncios que eram

Page 29: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

29

utilizados nas mídias anteriores (GUPTA, 2013). Nesse novo ambiente, as mídias tradicionais

e as emergentes disputam a atenção dos consumidores e as verbas publicitárias

(RODRIGUES, CHIMENTI & NOGUEIRA, 2012).

Muito embora os estudiosos indiquem a necessidade de repensar o modelo tradicional

de publicidade, verifica-se que os investimentos em mídias tradicionais vêm crescendo,

enquanto que a audiência entregue diminui (RODRIGUES, 2009), conforme retratado no

gráfico 6 e neste trecho:

“Vez ou outra algum especialista em televisão comenta que o programa Big Brother Brasil

esgotou a sua fórmula. Entretanto, se depender do faturamento que rende para a Rede

Globo, o reality show mais popular do Brasil dificilmente sairá de cena de maneira tão

breve. Embora esteja no mesmo bonde da TV brasileira no quesito queda de audiência, o

número de patrocinadores e anunciantes do programa só cresceu. Tanto é verdade, que o

BBB 13 já apresenta pelo menos o triplo de merchandising em comparação ao BBB 12.”

(ADNEWS, 2013).

Gráfico 6 - Investimentos em TV aberta no Brasil (Fonte: Projetos InterMeios, 2013)

As novas mídias permitem a utilização de métricas de atenção (RODRIGUES, 2009),

cuja importância cresce conforme o controle da distribuição de conteúdo sai dos veículos e

anunciantes e passa para o consumidor (RODRIGUES, CHIMENTI & NOGUEIRA, 2012). A

despeito da capacidade das novas mídias de monitorarem a atenção do consumidor, a

indústria da publicidade ainda não foi capaz de estabelecer padrões de avaliação de atenção e

comparação de desempenho entre veículos tradicionais e emergentes. Todavia, mesmo que

Page 30: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

30

incipientes e nem sempre vinculados à atenção, alguns sinais de mudanças já podem ser

verificados. Segundo a AdNews (2013b), o IBOPE passará a medir a audiência de programas

assistidos pela internet, em computadores, tablets, laptops, celulares e televisores conectados.

Outro ponto importante é a saída de um modelo de “network-controlled” para

“consumer-controlled” (BRADLEY & BARTLETT, 2007). Em outras palavras o futuro pode

trazer um modelo centrado no usuário e no conteúdo, onde a personalização, interatividade e

geração de conteúdo devem ser o centro de um possível modelo de programação e

publicidade. Em consonância com essa ideia, Prahalad (2004) sugere que a redefinição de

indústria muitas vezes é induzida pelos consumidores e não somente pelas empresas, o que

quebra a lógica até então dominante. Wirtz (2001) acrescenta que o uso de mídias está cada

vez mais personalizado em função uso crescente de serviços individuais na internet, aparelhos

celulares e serviços como pay-perview na televisão.

Adicionam-se a esse contexto os gargalos de infraestrutura do Brasil, que geram

impacto direto no uso de novas tecnologias. Embora Prahalad (2004) declare que, nas

economias emergentes, as novas tecnologias como celular e internet representam um grande

salto para infraestrutura já estabelecida dos sistemas de comunicação, o crescimento do acesso

ao computador e internet, no Brasil, ainda são suscetíveis a fatores como preço e

disponibilidade, que são gargalos de desenvolvimento (CETIC.BR., 2012). Existem ainda

54% dos domicílios brasileiros sem acesso a computadores e dentre o grupo que possui o

aparelho 43% ainda não tem internet (CETIC.BR., 2013). Em contrapartida, vale ressaltar que

os celulares caminham para maior universalização de acesso e, em 2011, foi usado por 88%

da população e 18% dos domicílios já acessam a banda larga através do celular (CETIC.BR.,

2013).

Page 31: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

31

Gráfico 7 - Proporção de indivíduos que usam telefone celular 2008-2012 (Fonte:

Cetic.Br,2013)

Gráfico 8 - Percentual de domicílios por tipo de conexão de internet 2008-2012 (Fonte:

Cetic.Br, 2013)

2.2.1.2. Modelo tradicional e a TV digital

A introdução da TV digital no Brasil ainda não está completa e o impacto causado por

ela ainda não está totalmente claro. A própria definição de TV Digital ainda é imprecisa. De

acordo com Chimenti et al (2012), a TV Digital pode ser entendida como substituição do sinal

Page 32: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

32

analógico pelo sinal digital, que acarreta a alterações nos padrões de transmissão e de

recepção, provocando a necessidade de substituição de transmissores, antenas, e aparelhos

receptores de televisão além de melhorias de qualidade significativa de imagem e sinal.

Rodrigues (2009) e Mattos (2007) destacam que a TV digital permite que o usuário tenha

maior controle da experiência de consumo de TV por meio da interatividade além de oferecer

outros benefícios como VOD (Vídeo On Demand), serviços online e videoconferência.

Do ponto de vista estratégico, existe uma diferença entre usar essa nova tecnologia

para distribuir conteúdo por meio dos televisores convencionais e permitir a distribuição na

internet ou em outros dispositivos, como celulares e Ipads. No primeiro caso o modelo de

negócio até então utilizado pelas redes de TV aberta pode ser mantido, melhorando a

qualidade dos aparelhos, imagem, som e sinal. O segundo caso pode romper com o modelo

tradicional, permitindo além da utilização do HD (High Definition), a transmissão de vários

programas em um único canal, denominada multiprogramação; a transmissão de TV para

dispositivos móveis, como aparelhos celulares, denominado de mobilidade; e a existência de

um canal de retorno para comunicação do usuário, chamada de interatividade (CHIMENTI

ET AL, 2012; RODRIGUES, 2009; MATTOS, 2007; REIS, 2004).

Outro destaque sobre a introdução da TV digital no Brasil é a escolha do modelo

japonês com modificações brasileiras em 2007. Para Chimenti et al (2012) esta escolha foi

considerada uma vitória pelas redes de TV sobre as operadoras de Telecom (empresas

prestadoras de serviços de comunicação) já que, com este padrão, o sinal de TV digital pode

chegar diretamente aos dispositivos móveis sem necessitar da rede de telefonia. Por esse

motivo, a tendência de convergência de indústrias fica ainda mais clara no contexto brasileiro.

Page 33: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

33

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. Inovação

Rogers (1983) define inovação como uma ideia, prática, ou objeto percebido como novo

para um indivíduo e sugeriu que o processo de inovação consiste seis etapas: reconhecimento

de um problema ou necessidade; pesquisa; desenvolvimento; comercialização; difusão e

adoção; e consequências. Este estudo tem como foco a penúltima etapa que, talvez, seja o

conjunto de decisões mais cruciais do processo (ROGERS, 1983). Isso porque é nesse

momento que as empresas se sentem mais pressionadas por resultados e que vivenciam a

expectativa de conquistar, rapidamente, a maior quantidade possível de novos adotantes.

Corroborando essa ideia, Moore (2002) sugere que maioria das empresas não consegue

atravessar as fases mais críticas da adoção de produtos, porque, confrontadas com a imensidão

de oportunidades representado por um mercado já conhecido, elas perdem o foco e não

aproveitam as oportunidades para inovar. Do ponto de vista prático, estatisticamente, na

indústria de bens embalados EUA, por exemplo, as empresas introduzem 30.000 produtos a

cada ano, mas 70% a 90% deles não ficam nas prateleiras das lojas por mais de 12 meses

(GOURVILLE, 2006). Além disso, 93% de todas as inovações que se tornaram um sucesso

começaram na direção errada e a probabilidade de estar certo no primeiro momento é muito

baixa (MIT SLOAN MANAGEMENT REVIEW, 2009). Vale ressaltar ainda que esses dados

estão associados à ideia de que as inovações surgem quando a tensão é maior e os recursos

são mais limitados, período no qual as pessoas estão realmente mais abertas a repensar sua

maneira de fazer negócios.

Nesse ambiente de mudanças, é comum a falha de empresa líderes na tentativa de

permanecer no topo de suas indústrias quando a tecnologia ou o mercado mudam (BOWER &

CHRISTENSEN, 1995; DAY ET AL, 2000; RAFII & KAMPAS, 2002). De fato, as novas

tecnologias estão criando e reestruturando indústrias a uma taxa sem precedentes (SHAPIRO

& VARIAN, 1999), tornando as práticas tradicionais obsoletas e criando a necessidade de

repensar sobre melhores práticas, competências centrais e estratégias competitivas (DAY ET

AL, 2000). Diante dessa problemática, as próximas sessões apresentam o modelo de inovação

disruptivas e seus desafios de gestão, bem como questões relacionadas à curva de adoção.

Page 34: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

34

3.1.1.1. Inovação disruptiva

O presente estudo utiliza o conceito de inovações disruptivas, que são aquelas que

iniciam uma nova trajetória de desempenho por meio da introdução de novas dimensões de

desempenho comparado as inovações existentes ou criam novos mercados, uma vez que

trazem novas características aos não consumidores e oferecem mais conveniência ou preços

baixos para um novo mercado (BOWER & CHRISTENSEN, 1995).

Entretanto observa-se que outras terminologias já foram utilizadas para descrever

conceitos muito semelhantes. Este é o caso de Day et al (2000) que denomina como

tecnologias emergentes as inovações de base cientifica que tem o potencial de criar uma nova

indústria ou transformar uma existente e inclui nesse grupo de tecnologia as inovações

radicais. Como pode ser observado, as duas formas de abordagem remetem à ideia de ruptura

com o até então estabelecido e ao potencial de criação de novos negócios ou mercados. Já

Prahalad (2004) acredita que os gerentes usam frequentemente o termo disruptivo para

identificar mudanças bruscas no ambiente, o que sugere que eles não podem fazer nada em

relação isso. Por esse motivo, o autor prefere utilizar o termo descontínuo dando a ideia de

que é possível modificar o futuro.

Como base nessas definições, os três elementos básicos do modelo de inovação

disruptiva são descritos por Raynor & Christensen (2003) e foram apresentados em conjunto

com a figura 1.

a) Taxa de melhoria absorvível pelo cliente: Este elemento está vinculado à

capacidade que os consumidores têm de utilizar a tecnologia oferecida pelas empresas, isto é,

a taxa de melhoria traduz o fato de que mesmo que haja lançamentos de novos produtos e/ou

tecnologias existe um limite de absorção. Na figura 1 a linha tracejada representa a tecnologia

“bastante boa” para atender as necessidades dos clientes. Já a capacidade dos clientes foi

representada pela curva a direita do gráfico e indica a distribuição de clientes ao longo da

curva. Esta curva pode ser interpretada da seguinte forma: os clientes das camadas mais altas

ou mais exigentes nunca estão satisfeitos com as melhores ofertas, enquanto os das camadas

menos altas ou menos exigentes ficam saciados com muito pouco;

b) Ritmo de progresso tecnológico: Todo mercado tem sua própria trajetória de

melhoria desenvolvida pelas empresas inovadoras que lançam novos produtos de qualidade

Page 35: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

35

superior. É comum observar que, em alguns mercados, o ritmo de crescimento supera a

capacidade de absorção dos clientes;

c) Inovação sustentadora e inovação disruptivas: Para compreender o modelo é

necessário entender qual a diferença entre os dois tipos de inovação, conforme definição de

Raynor & Christensen (2003):

“A inovação sustentadora tem em mira os clientes exigentes e sofisticados, por meio de

desempenho superior ao até então disponível. Algumas inovações sustentadoras são as

melhorias incrementais anuais que todas as boas empresas introduzem em seus produtos.

Outras são avanços desbravadores, destinados a ultrapassar os produtos da concorrência

(...). As inovações disruptivas, em contraste, não procuram oferecer melhores produtos aos

clientes de hoje, nos mercados existentes. Em vez disso, rompem e redefinem os modelos

vigentes, lançando novos produtos e serviços que não são tão bons quanto os até então

disponíveis. Mas as tecnologias disruptivas oferecem outros benefícios – geralmente, são

mais simples, mais convenientes e mais econômicas, atraindo sobre tudo clientes novos ou

clientes menos exigentes.”

Figura 1 - Modelo de inovação disruptiva. (Fonte: Adaptado de Raynor & Christensen, 2003)

3.1.1.2. Desafio na gestão de inovações disruptivas

De acordo com Day et al (2000), quando o assunto é o desenvolvimento de tecnologias

emergentes, as empresas incumbentes, normalmente, perdem para pequenos rivais embora

tenham recursos superiores. Isso porque as empresas já estabelecidas podem não estar

dispostas a enfrentar adversidades e acabam falhando ao traçar o caminho das novas

Page 36: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

36

tecnologias. Em uma abordagem complementar, olhando para dentro das organizações, Day

(2007) discute a questão de riscos relacionados às inovações e apresenta os motivos para que

inovações incrementais, chamadas de small i, sejam preferidas em relação a inovações que

geram crescimento descontínuo, chamadas BIG I. Para o autor as inovações do tipo BIG I são

capazes de gerar mudanças no ambiente competitivo e contribuir para maior ganho de

lucratividade. Entretanto, as inovações incrementais são priorizadas em função de pressões

externas, tais como mercados saturados e competitivos e estratégias semelhantes de

concorrentes, e pressões internas, como cultura de aversão ao risco, iniciativas e metas de

curto prazo assim como baixa qualidade de recursos para inovação.

Christensen (1997) acrescenta outro ponto importante que justifica o fato das empresas

estabelecidas falharem ao gerir tecnologias disruptivas. Para o autor, os investimentos nessas

inovações não são vistos como racionais por que: i) produtos de ruptura são mais simples e

mais baratos, logo geram menores margens; ii) os produtos serão comercializados em

mercados emergentes ou insignificantes; iii) as empresas rentáveis não querem ou não podem

investir em produtos de ruptura porque eles são abraçados, normalmente, por clientes menos

lucrativos. Além disso, o medo da canibalização das vendas de produtos existentes é

frequentemente citado com uma razão pela qual as empresas estabelecidas atrasam a

introdução de novas tecnologias (CHRISTENSEN, 1997).

Adicionalmente, Prahalad (2004) sugere que a lógica dominante (modelos de negócio,

processos e competição bem sucedidos), ao logo do tempo, limita a capacidade das pessoas

nas organizações de impulsionar a inovação ou ver novas oportunidades e ameaças. Quando

os novos entrantes desafiam a lógica dominante, os líderes atuais do mercado têm dificuldade

de reconhecer esta nova lógica ou mesmo reconhecer a importância destas ameaças. Observa-

se ainda que as grandes corporações ignoram as inovações disruptivas porque acham que elas

não têm potencial competitivo e, consequentemente, não merecem atenção (RAFII &

KAMPAS, 2002).

Com relação à dinâmica de mercados, é possível notar que quando um produto de

ruptura conquista novos clientes e mercados um novo ciclo de melhorias é estabelecido e uma

inovação surge (MOORE, 2004). Ou seja, o ritmo de progresso tecnológico ultrapassa a

capacidade de absorção dos clientes até o momento que atinge o nível de cobrança dos

clientes mais exigentes, representados na curva de amplitude. Nesse momento, as empresas

que lançaram produtos de ruptura bem sucedidos ultrapassam as empresas que estavam na

Page 37: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

37

liderança. Por esse motivo, a disrupção exerce efeito paralisante sobre os lideres setoriais

(RAYNOR & CHRISTENSEN, 2003), que não estão preparados para reagir e nem dispostos

enfrentar as adversidades (DAY ET AL, 2000), já que estão focados nas inovações

sustentadoras e mais rentáveis (RAYNOR & CHRISTENSEN, 2003; DAY, 2007).

Assim, para evitar tal dificuldade, as empresas devem manter sua visão periférica, pois

ela permite que a organização seja mais flexível, seja capaz de antecipar mudanças e,

portanto, se adaptar às transformações ocasionadas pelas inovações disruptivas (DAY E

SCHOEMAKER, 2006; PRAHALAD, 2004). Para lidar com essas mudanças, Day et al

(2000) sugerem questões, dispostas no quadro 3, que devem ser consideradas pelas empresas

que lidam com novas tecnologias.

Quadro 3 - Questões prioritárias na gestão de tecnologias emergentes (Fonte: Day et al, 2000)

Questões prioritárias na gestão de tecnologias emergentes

Avaliação de tecnologia

emergente

Como as empresas tomam decisões e estabelecem compromissos em

face da extrema incerteza de uma tecnologia emergente?

Concepção e gestão de

alianças

Como as empresas estabelecidas e as empreendedoras podem fazer

alianças para tirar proveito de suas forças e obter benefício mútuo?

Estratégia de participação

Como as empresas decidem entre comprometimento agressivo com a

nova estratégia (aquisição, licenciamento ou desenvolvimento interno),

participar de uma rede de alianças (web of aliance) ou por adotar uma

abordagem de espera e observação?

Desenvolvimento de produto

para mercado realmente

novo

Como as empresas podem melhorar o desenvolvimento do conceito de

produtos de ruptura, que direcionarão a criação e o uso de tecnologias

emergentes, e lidar com a ambiguidade do mercado potencial, requisitos

dos clientes e capacidades competitivas?

Estrutura organizacional

Qual a estrutura organizacional que as empresas devem usar para

desenvolver e comercializar tecnologias emergentes? Que incentivos e

sistemas são necessários para encorajar inovadores dentro da

organização?

Gestão da propriedade

intelectual.

Como as empresas identificam oportunidades de adquirir propriedade

intelectual e se proteger para não perdê-la para parceiros ou

competidores? Quais são os valores e regras de propriedade intelectual

na economia da informação?

Evolução da indústria

baseada em tecnologias

Como as indústrias baseadas em tecnologias emergentes se diferem da

indústria tradicional? Como surgem e evoluem e quais são as melhores

Page 38: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

38

emergentes práticas, estratégias e fatores de sucesso?

Vale ressaltar ainda que em função dessa nova dinâmica de mercado, a capacidade de

conviver e identificar ambiguidades e pensar sobre elas é uma das mais importantes

habilidades na gestão de tecnologias emergentes (DAY ET AL, 2000). Essas ambiguidades,

segundo os autores, estão associadas a paradoxos que nunca poderão ser totalmente

eliminados e que tornam o gerenciamento de inovações ainda mais complexo e devem ser

observados com atenção pelas empresas já estabelecidas.

O primeiro paradoxo sugere que comprometimento é necessário, mas também é

indispensável manter a opções abertas. Em outras palavras, os gestores devem ser flexíveis

para explorar as diversas alternativas que podem surgir com a exploração de tecnologias

emergentes, principalmente quando as decisões estão vinculadas aos investimentos e

comprometimento de recursos. Nesse sentido, a adoção de opções reais (DAY, 2007; DAY

ET AL, 2000) pode ser um direcionamento apropriado para lidar com situações futuras.

O segundo paradoxo sugere que ganhadores são, normalmente, pioneiros, mas a maioria

deles falha, isto é, pioneirismo envolve risco e as empresas precisam balancear as promessas e

os perigos dessa escolha.

O terceiro sugere que a estratégia empresarial deve ser construída com base nas

competências existentes, mas a separação organizacional é usualmente requerida. Isso

significa dizer que os novos negócios não devem ser contaminados pelos produtos mais

maduros, porém é necessário utilizar as forças que já existem na companhia.

Por fim, o último paradoxo sugere que a competição é intensa e brutal, mas vencer

requer colaboração. Assim, em mercados com dinâmica de “winner-take-all”, isto é, quando

uma só empresa tende a dominar o mercado e os perdedores correm o risco de extinção

(EISENMANN, 2007), ou quando o futuro da empresa depende fortemente do sucesso das

inovações, a criação de alianças e o desenvolvimento da rede de relacionamentos é uma

atividade central para a comercialização de um novo produto. (DAY, 2007; DAY ET AL,

2000)

Page 39: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

39

3.1.1.3. Curva de adoção de inovações

Uma forma de antever qual será o comportamento do mercado é identificar quem são e

como se comportam os consumidores que, futuramente, poderão adotar uma nova tecnologia.

Tentar prever qual será a taxa de adoção de um produto é uma tarefa árdua, uma vez que

avaliação dos mercados para novas tecnologias são ainda mais complicados pela interação

entre o desenvolvimento tecnológico e a taxa de aceitação do mercado (DAY ET AL, 2000).

Porém existem cinco atributos, listado abaixo e definidos por Rogers (1983), pelos quais uma

inovação pode ser avaliada, que auxiliam a prever sua taxa de adoção.

a) Vantagem relativa: É definida como o grau pelo qual uma inovação é percebida

como melhor do que a ideia que esta substituiu que pode ser expressa de diversas maneiras

como, por exemplo, rentabilidade econômica, redução de custo e economia de tempo e

esforço. Para tornar o conceito mais tangível o exemplo da calculadora de bolso é amplamente

citado, uma vez que próximo ao seu lançamento ela custava em torno de 250 dólares e, em

poucos anos, com a chegada dos semicondutores, passou a custar 10 dólares. Ou seja,

melhorias na tecnologia permitiram a redução de custo do produto que consequentemente,

teve sua taxa de adoção acelerada;

b) Compatibilidade: É definida como o grau em que uma inovação é percebida

como consistente com valores existentes, experiências passadas e necessidades dos potenciais

adotantes. Assim como o primeiro atributo, a compatibilidade também tem relação positiva

com a taxa de adoção. Entretanto, a compatibilidade tem menor importância na previsão dessa

taxa do que os demais atributos;

c) Complexidade: É definida como o grau em que uma inovação é percebida

como difícil de entender ou usar. Em oposição ao que foi constatado nos dois primeiros

atributos, a complexidade tem relação negativa com a taxa de adoção, isto é, quanto mais

complexo menor será o número de potenciais clientes;

d) Testagem (ou ato de testar um produto). É o grau em que uma inovação pode

ser testada em base limitada. Esse atributo tem relação positiva com a taxa, principalmente

para os adeptos iniciais (termo que será definido adiante).

Page 40: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

40

e) Capacidade de observação: É o quinto atributo e pode ser definido como o grau

em que os resultados de uma inovação pode ser visível para os outros, ou seja, o quão fácil é

descrever e comunicar uma nova ideia.

Além desses atributos, segundo Rogers (1983) pesquisas passadas mostraram que, de

forma geral, a adoção de inovações se comporta com uma normal. Ademais, observa-se que a

frequência acumulada de adotantes segue um padrão denominado por “S-shaped curve”.

Ratificando esta declaração, Christensen (1997) acrescenta que o movimento ao longo da

curva S é geralmente resultado de melhorias incrementais dentro de uma abordagem

tecnológica existente, enquanto que saltar para a próxima curva S implica adotar uma

tecnologia radicalmente nova.

Com o conhecimento sobre o comportamento da curva de adoção foi possível

esclarecer uma classificação para os adotantes. Assim, a distribuição de adotantes foi

categorizada em cinco grupos conforme descrito no quadro 4 e ilustrado na figura 2. Vale

ressaltar ainda que, além da categorização, foram identificadas características psicográficas

comuns aos grupos.

Quadro 4 - Classificação da curva de adoção (Fonte: Adaptado de Rogers, 1983)

Categoria Descrição

Inovadores (Innovators)

Neste grupo encontram-se aqueles que são muito ansiosos por

experimentar novas ideias e, por isso, também são chamados de

entusiastas. Além disso, são capazes de assumir os riscos caso a

inovação seja fracassada e, normalmente, dispõe de recursos

financeiros para absorver possíveis prejuízos. Esse grupo funciona

como um “filtro” de ideias e tem papel importante da difusão dela.

São um grupo pequeno e tem a tecnologia como seu interesse

central.

Adeptos iniciais (Earlier

adopters)

Também chamados de visionários, este grupo tem papel

importante da formação de opinião dos demais grupos, uma vez

que os potenciais consumidores observam esse grupo como fonte

de aconselhamento e informação e, portanto, constituem a

principal porta de entrada para abrir um novo segmento de

mercado de alta tecnologia. São caracterizados ainda por seu

apreço e compreensão em relação os benefícios de uma nova

tecnologia.

Maioria inicial (Early

majority)

Este grupo apresenta um processo mais lento de adoção ao longo

do tempo é não é formador de opinião. São chamados os

pragmáticos, movidos por um alto senso de praticidade e

normalmente esperam ver como as outras pessoas estão usando os

produtos. Precisam de referências estabelecidas antes de decidir

Page 41: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

41

investir em uma nova tecnologia. Este é um grupo bastante

numeroso e, por isso, fundamental para que as empresas consigam

recuperar seus investimentos.

Maioria Tardia (Late

majority)

Esse grupo adota uma nova ideia em função de uma necessidade

econômica ou por pressão social. Normalmente, julgam as

inovações com certo ceticismo, esperam que as incertezas sobre

uma inovação sejam reduzidas e a tecnologia se torne um padrão

estabelecido para só então tomar a decisão sobre de adoção.

Assim como a maioria inicial, é um grupo bastante numeroso e,

por esse motivo, também é importante para as empresas na

perspectiva financeira.

Retardatários (Laggards)

Esse é o último grupo a adotar uma inovação que tem como ponto

de referencia o passado. É comum, inclusive, que já exista uma

nova geração do produto quando esse grupo decide por adotar

uma inovação.

Figura 2 - Curva de adoção (Fonte: Adaptado de Rogers, 1983)

3.1.1.4. Desafios do ciclo de adoção

Apesar do amplo conhecimento sobre os diversos grupos que compõem o ciclo de

adoção de inovações, existe uma lacuna entre a aceitação de um produto por um grupo até a

aceitação pelo próximo grupo. Em função dessa observação e na tentativa de identificar os

desafios em cada uma dessas transições Geoffrey Morre (2002), no livro “Crossing the

Chasm: Marketing and Selling High-Tech Products to Mainstream Customer”, sugere que

existem separações entre cada um dos grupos, mas que uma delas – a lacuna entre adeptos

iniciais e maioria inicial – é mais significativa, reconhecendo-a como um abismo.

Page 42: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

42

De acordo com Moore (2002), o abismo representa a grande distância entre dois

mercados distintos: o primeiro, um mercado no início dominado por adeptos iniciais que são

rápidos para apreciar a caráter genuíno e os benefícios do produto; e o segundo, o mercado

convencional que representa as pessoas que querem os benefícios da nova tecnologia, mas

que não querem experimentar todos os seus riscos e desvantagens. A transição entre esses

dois mercados não é simples e, depois de alcançar o sucesso do mercado inicial, ainda é

necessário um esforço bastante significativo para chegar ao mercado de massa.

Figura 3 - Lacunas na curva de adoção (Fonte: Moore, 2002)

O principal problema é que as empresas, normalmente, usam o entendimento de um

grupo como uma base de referência para ir para o mercado e conquistar o grupo seguinte.

Assim, o endosso dos inovadores torna-se uma ferramenta importante para o desenvolvimento

de um campo de credibilidade para os adeptos iniciais, e dos adeptos iniciais para a maioria

inicial, e assim por diante (MOORE, 2002). Entretanto, o autor sugere que as diferenças

psicográficas entre os grupos criam um gap entre as fases do ciclo de adoção que dificulta a

passagem de fase e que, caso essa passagem não ocorra, as empresas não conseguem alcançar

as margens de lucros esperadas.

O que se observa é que os adeptos iniciais são uma espécie de “agente da mudança”;

eles já esperam uma mudança radical entre velhos e novos padrões, estão preparados para

suportar inevitáveis erros ou falhas que acompanham as inovações. Já a maioria inicial é um

grupo de espera por uma evolução e não por uma revolução (MOORE, 2002). Eles esperam

que novas tecnologias melhorem o que já existe e funcione adequadamente. Em função dessa

incompatibilidade de expectativas, os adeptos iniciais não servem como base de referência

Page 43: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

43

para maioria inicial, tornando, portanto, essa passagem de fase um dos grandes desafios para o

sucesso das inovações.

Para perpassar o abismo o autor sugere que as empresas adotem a estratégia de nicho

uma vez que ela permitirá que: i) o consumidor recebe não só o produto, mas também todos

os serviços complementares que esse consumidor atinja o resultado esperado; ii) a empresa

estabeleça uma reputação por meio do boca a boca dos próprios compradores e, assim,

constitua a base de referencia e; iii) a empresa construa uma percepção de liderança no

mercado. Em suma, o princípio fundamental para cruzar o abismo é para atingir um

determinado nicho de mercado como ponto de ataque e concentrar todos os seus recursos na

obtenção de uma posição de liderança dominante nesse segmento (MOORE, 2002).

3.2. Inovação e o ecossistema de mídias

Como visto nas sessões anteriores, as empresas se deparam com inúmeros desafios para

alcançar sucesso com as suas inovações. No ambiente de mídias essa dinâmica se mantém,

mas existem conceitos específicos para esse contexto. Assim, esta sessão discute alguns

conceitos importantes no ecossistema de mídias, e apresenta um modelo teórico para explicar

os fatores que influenciam a utilização de mídias no Brasil.

3.2.1.1. O conceito de ecossistema

Para Iansiti & Levien (2004) as estratégias autônomas não funcionam quando o sucesso

da empresa depende de outras organizações que influenciam a criação e a entrega de produtos,

o que requer maior compreensão do ambiente em que a empresa está inserida e qual o seu

papel dentro dele. O autores chamam este ambiente onde as organizações estão inseridas de

ecossistema, fazendo uma relação entre o conceito amplamente conhecido da biologia com a

atmosfera de negócios e mostrando a importância da interdependência entre empresas. Para os

autores, assim como na natureza, cada empresa gera impacto e é impactada pelas demais.

Corroborando com essa ideia Iyer, Lee & Venkatraman (2006) acreditam que uma visão

emergente dentro da estratégia e das organizações é que o sucesso de uma empresa depende

de como ele acessa os recursos dentro de uma rede dos relacionamentos. Portanto, para eles a

análise de um ecossistema pode mapear de forma ampla as redes de relacionamento e mostrar

Page 44: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

44

como os participantes influenciam e são influenciados pelos demais, identificando, assim, a

concorrência e possíveis oportunidades de formação de aliança e criação de valor.

Nesse sentido Iansiti & Levien (2004) argumentam que o ecossistema de negócios vai

além da cadeia de valor (fornecedores e distribuidores) e passa a incluir competidores,

clientes, provedores de tecnologia, reguladores, stakeholders em geral e empresas

complementares (CUSOMANO & GAWER,2002; IYER, LEE & VENKATRAMAN, 2006).

Chimenti (2010) alega que a análise de ecossistema pode ser fundamental em um

ambiente de convergência e incertezas já que, muitas vezes, as empresas acreditam que

conhecem ou dominam o seu ambiente de negócios, mas quando menos imagina, a inovação

que vai redefinir aquela indústria chega de um player e uma indústria que ninguém estava

observando. A figura 4 ilustra a complexidade da rede de relacionamentos e da abrangência

de uma análise de ecossistema.

Figura 4 - Ecossistema de mídias (Fonte: Chimenti, 2010)

Page 45: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

45

3.2.1.2. O conceito de plataforma

Para Eisenmann, Parker & Alstyne (2006) produtos e serviços utilizado por dois grupos

de usuários em uma mesma rede (two-sided network) são chamados de plataformas, que

oferecem a infraestrutura e as regras para que os dois lados possam atuar. Na cadeia de valor

tradicional, uma empresa incorre em custos e é remunerada por um cliente. Nas plataformas

do tipo two-sided network, tais como serviços bancários, cartões de créditos, softwares e

mídia, as empresas são remuneradas e incorrem em custos pelos dois diferentes lados dentro

de sua rede de clientes ou podem optar por subsidiar um dos lados (EISENMANN, PARKER

& ALSTYNE, 2006). E cada um desses lados requer funcionalidades distintas. Em uma rede

de cartões de crédito, por exemplo, os consumidores necessitam de uma conta, de um cartão

de plástico, de acesso a serviços telefônico para atendimento de clientes e uma fatura mensal.

Já os comerciantes precisam de um terminal para fazer transações e um procedimento para

recebimento dos pagamentos (EISENMANN, 2007b).

Em função das características descritas anteriormente, as empresas que trabalham como

plataformas do tipo two-sided network demandam por uma abordagem estratégica distinta do

modelo tradicional. Essas particularidades serão descritas na sessão seguinte.

3.2.1.3. Os desafios da gestão de plataformas do tipo two-sided network

A primeira característica que distingue a dinâmica de plataformas do tipo two-sided

network, é chamada por Eisenmann (2007) de network effect. Quando uma plataforma é

influenciada pelo network effect, significa dizer que o valor dessa plataforma para um lado de

usuário depende do número usuários do outro lado da plataforma com os quais o primeiro

lado quer interagir (EISENMANN, 2007b). Assim, o network effect pode ser classificado

como positivo ou negativo.

Quando o efeito de rede é negativo, a disposição a pagar pela participação na rede é

reduzida à medida que a base de usuários aumenta (EISENMANN, 2007b). No caso do fax,

por exemplo, quando a rede de usuários ficou muito grande surgiram problemas com o sinal e

congestionamento o que desencoraja o uso do equipamento.

Quando o efeito de rede é positivo, significa dizer que o valor da plataforma aumenta

quando a demanda de ambos aos lados é combinada (EISENMANN, PARKER &

ALSTYNE, 2006) e que os usuários dessa plataforma tem propensão a pagar por sua

Page 46: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

46

participação (EISENMANN, 2007b). Na indústria de vídeo game, por exemplo, os

desenvolvedores de jogos vão criar jogos para as plataformas que tenham maior massa crítica

já que eles precisam recuperar os custos de desenvolvimento. Ao mesmo tempo os usuários

escolhem e compram o vídeo game que disponibiliza a maior variedade de jogos.

Em função do network effect positivo, as plataformas bem sucedidas conseguem ter

retorno de escala (EISENMANN, PARKER & ALSTYNE, 2006), uma vez que os usuários

estarão dispostos a pagar mais para participar de uma rede maior e, portanto, a margem cresce

a medida que a base de usuários aumenta. Como resultado dessa dinâmica, as indústrias

tendem a ser dominadas por poucas e grandes plataformas, como é o caso da indústria de

cartão de crédito. No limite, prevalecem os mercados do tipo “winner-take-all”, isto é,

quando uma só empresa tende a dominar o mercado e os perdedores correm o risco de

extinção (EISENMANN, 2007). Como complemento, para Cosumano & Gawer (2002) um

ponto crucial para manutenção da liderança é capacidade de reconhecer a importância dos

complementares e o impacto que outros atores do ecossistema exercem sobre o mercado.

Chimenti (2010) acrescenta ainda que a análise de complementares, por meio da apreciação

do ecossistema, também é muito relevante para as empresas inovadoras, pois, assim, elas

podem identificar seu papel nesse ecossistema bem como as possíveis alianças que devem ser

construídas.

De forma contraditória, em novos mercados, nos quais há incerteza sobre a tecnologia e

evolução de demanda é alta, um número muito grande de usuários pode estar fragmentado, ou

seja, com dificuldade de se comunicar com os demais e prever o comportamento da rede

como um todo. Nesse contexto, um usuário isolado pode estar disposto a pagar para participar

de uma plataforma, porém adia a sua compra em função da incerteza em relação à intenção de

compra e participação dos demais, mesmo prevendo um network effect positivo. De forma

simplificada, nenhum usuário se move a menos que todos os demais se movam também

criando, assim, o chamado “pinguim problem” (EISENMANN, 2007b).

Outra implicação do efeito de rede é o desafio da precificação. Isso porque a escolha de

preço para um dos lados impacta o crescimento da base e a disposição a pagar pela plataforma

do outro lado (EISENMANN, PARKER & ALSTYNE, 2006). Em algumas situações, como

mercados sensíveis a preço, o subsidio de um lado da plataforma pode ser uma solução.

Page 47: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

47

A última questão que envolve a gestão de plataforma é o chamado “threat of

envelopment”, que significa dizer que existe um risco de um rival oferecer funcionalidades

similares ou até mesmo um serviço mais completo. Quando isso acontece, como as bases de

usuários se sobrepõem, a concorrência tende a ganhar a batalha (EISENMANN, PARKER &

ALSTYNE, 2006). Por esse motivo, para Cosumano & Gawer (2002), a definição do o

escopo de atuação é componente mais importante para criação de uma plataforma do tipo

two-sided network e, portanto, é fundamental que provedores de plataforma focada estejam

atentos os movimentos de mercados. Por outro lado, há chances de que grandes corporações

não reconheçam essas oportunidades ou sejam lentas para mobilizar os recursos a fim de

explorá-las (DAY ET AL, 2000; EISENMANN, PARKER & ALSTYNE, 2006).

Por fim, vala ressaltar que essa dinâmica se torna ainda mais relevante para a adoção de

produtos inovadores. Isso porque, quando a ampla aceitação de um produto depende da sua

adoção por outros participantes, as mudanças são mais significativas e os inovadores,

consequentemente, têm mais dois desafios: primeiro, eles têm que desvendar o status quo de

forma sistemática e depois precisam criar um novo status quo (CHAKRAVORTI, 2004). Em

outras palavras o desafio dos inovadores é maior quando eles participam de uma rede ou

mercados do tipo “winner-take-all” e ainda precisam criar condições para gerar network effect

positivo.

3.3. Fatores que influenciam a utilização de mídias no Brasil

Como o objetivo de entender como as novas mídias impactam a utilização da TV aberta

no Brasil e quais são os principais fatores que influencia esta utilização, Chimenti (2010)

realizou uma pesquisa composta por uma etapa qualitativa e outra quantitativa. Como

resultado da etapa qualitativa, a autora apresentou quais os principais construtos relacionados

à utilização de mídias e, em seguida, testou algumas hipóteses relacionadas a estes construtos

na etapa quantitativa. Portanto, para aprimorar o entendimento da relação entre inovação e o

ecossistema de mídias abaixo segue a descrição dos construtos sugeridos pela autora.

Importante notar que a maioria dos construtos é abordada pela literatura de comunicação e

mantêm relação direta com estudos de tecnologia e marketing.

Variáveis independentes:

Page 48: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

48

e) Acessibilidade: refere-se à avaliação que as pessoas fazem do quanto uma

mídia é acessível e o quão justo é seu preço. Esse construto faz referência as dimensões de

custo eacesso descritas por Shapiro e Varian (1999), Beal & Marin (2003), Cauberghe &

Plesmacker (2006), Lin (2001), Coulter & Sarkis (2005) e Bouwman & Wijngaert (2002);

f) Atualização: refere-se ao grau de atualização do conteúdo de uma mídia, ou

seja, quão rápido novas informações são disponibilizadas em uma determinada mídia. Esse

construto faz referência as dimensões tempo e atualização descritas por Davis e Meyer

(1998), Parker (2004), Dimmick et al (2004), Coulter & Sarkis (2005) e Bouwman &

Wijngaert (2002);

g) Comunicação: refere-se à capacidade de interagir com outras pessoas por meio

de uma mídia. Esse construto tem sua origem do estudo de Davis e Meyer (1998) denomidado

Interação Social e também por conceitos descritos por Rogers (1995), Coulter & Sarkis

(2005) e Baouwman & Wijngaert (2002);

h) Conteúdo: refere-se à qualidade e quantidade do conteúdo oferecido. Esse

construto faz referência a diversas dimensões já estuda na literatura por autores como Coulter

& Sarkis (2005), Bouwman & Wijngaert (2002), Chimenti & Nogueira (2007), Lin (2001) e

Dimmick et al (2004);

i) Imagem: refere-se à crença de uma pessoa de que o uso da mídia contribuiu

para melhorar ou piorar a forma como ela vista por outras pessoas. Esse construto foi

estudado por Bouwman & Wijngaert (2002) e Morre & Benbasat (2001);

j) Entretenimento: refere-se à percepção de que uma determinada mídia diverte

ou entretém. Tem sua origem nos estudos de Lin (2001), Lin (2006) e Kaye & Johnson

(2003);

k) Escolha: refere-se ao quanto uma pessoa percebe que pode escolher o que

deseja, no horário que deseja. Esse construto faz referência a dimensões como variedade/

escolhas e flexibilidade/ controle de Dimmick et al (2004) e Eveland (2003) e personalização

/segmentação estudada por autores como Davis & Meyer (1998) e Coulter & Sarkis (2005) ;

l) Facilidade: refere-se à facilidade percebida na utilização da mídia e está

vinculada as dimensões de complexidade, experimentação e compatibilidade propostas por

Rogers (1983);

Page 49: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

49

m) Hábito: refere-se ao quanto uma determinada mídia faz parte da vida da pessoa

desde cedo e foi estudado pela primeira vez por Chimenti (2010) como um construto

relacionado a utilização de mídias;

n) Interatividade: refere-se à percepção de que as pessoas podem interagir com a

mídia, fazendo parte dela e até interferindo no seu conteúdo. Esse construto também faz

referência aos estudos de Eveland (2003), Davis & Meyer (1998) e Coulter & Sarkis (2005);

p) Mobilidade: refere-se à capacidade de visualizar o conteúdo por meio de

diversos dispositivos conforme descrito por Marchegiani (2004), Barwise & Strong (2002),

Sultan & Rohm (2005).

Variáveis dependentes:

q) Atitude: refere-se à predisposição positiva ou negativa de que uma pessoa tem

em relação a algo. Esse construto já foi estudado de forma ampla na literatura por autores

como Solomon (2002), Fishbein & Ajzen (1975) e Davis (1989);

r) Satisfação: refere-se ao atendimento das expectativas que uma pessoa tem em

relação à determinada mídia (OLIVER, 1997);

s) Uso: refere-se à quantidade de horas por semana em que uma pessoa utiliza

determinada mídia e o quanto ela envolve, entusiasma e prende a atenção. Esse construto faz

referência aos estudos de autores como Coulter & Sarkis (2005), Dimmick et al (2004), Lin

(2001) e Kaye & Johnson (2003);.

A análise de resultados mostrou que nem todos os construtos tem o mesmo nível de

importância e relevância para explicar a utilização de mídias.

O hábito, a comunicação e a imagem foram variáveis importantes no modelo, refletindo

a importância da dimensão social do uso das mídias no Brasil. A facilidade apareceu como

característica fundamental e influencia a atitude positiva em relação a uma determinada mídia.

Adicionalmente, o entretenimento é extremamente relevante para o uso de uma mídia, que é

utilizada, muitas vezes, como forma de relaxar e fugir da rotina. A pesquisa indica também a

possibilidade das pessoas estarem usando mídias que as entretenham de forma passiva e sem

esforço o que sugere que a atitude está mais fortemente associada à satisfação do que ao uso.

Vale ressaltar ainda que a escolha tem relação negativa com o uso, o que novamente indica a

Page 50: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

50

possibilidade de que as pessoas estejam utilizando mídias que a entretenham passivamente,

revalidando assim a força que televisão e sua grande de programação no cenário brasileiro.

Entretanto, o conteúdo aparece como aspecto relevante, mas não como o mais

importante. Já a mobilidade e interatividade não são relevantes para explicar a utilização das

mídias, mas podem ser relevantes para proporcionar entretenimento, comunicação e acesso ao

conteúdo. Por sua vez, a acessibilidade também não é relevante porque as pessoas estão

acessando as mídias por meios legais ou ilegais (pirataria). Por fim, a confiança se torna cada

vez mais irrelevante e foi medida em função da veracidade das informações, o que

aparamente não é mais importante para os consumidores.

Assim, a figura 5 mostra o modelo sugerido por Chimenti (2010) onde foram

representadas, apenas, as relações mais fortes, isto é, como pesos de regressão padronizados

(betas) maiores que 0,10, conforme indicado na figura por cores e por indicação numérica.

De forma parcimoniosa, Chimenti et. al (2014) sugeriu uma nova versão do modelo

(figura 6) ao perceber que muitos construtos sugeridos pela literatura lidam com um mesmo

conjunto de variáveis. Assim, esta nova versão será a base desse estudo, conforme pode ser

verificado no capítulo 4.

Do ponto de vista acadêmico o estudo de Chimenti et. al (2014) contribuiu para o

desenvolvimento de um modelo que explica satisfação, atenção e uso em meios eletrônicos.

Do ponto de vista gerencial, a pesquisa pode auxiliar as empresas que compõem o

ecossistema de mídias no Brasil a se posicionar estrategicamente a partir da entrega de

conteúdo com maior qualidade e variedade; do desenvolvimento de ferramentas que permitam

a interatividade; da criação e aquisição de conteúdo que possa ser entregue pela TV e por

outras plataformas; da distribuição de conteúdo em grade fixa e sob demanda e; do

monitoramento da atenção para além da audiência a fim de tornar comparáveis as métricas e

televisão e internet.

Page 51: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

51

Figura 5 - Modelo Estrutural (Fonte: Chimenti, 2010)

Figura 6 - Modelo estrutural (Fonte: Chimenti et. al, 2014)

Page 52: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

52

4. MÉTODO

Nesta sessão é apresentado o método escolhido para esta pesquisa, que consiste em duas

etapas: a primeira etapa é qualitativa e tem como objetivo principal ampliar a compreensão

sobre o objeto de estudo; a segunda é quantitativa e pretende testar um modelo estatístico que

explica os fatores que influenciam a utilização de mídias para o Esporte Interativo Plus. São

apresentados ainda os questionários aplicados, a escolha dos entrevistados na etapa qualitativa

assim como a amostra selecionada para etapa quantitativa.

4.1. Tipo de pesquisa

Esta pesquisa é utiliza método misto, pois foi realizada por meio de duas etapas

sequencias (uma qualitativa e outra quantitativa) que incluíam perguntas abertas e fechadas

assim como análises textuais e estatísticas (CRESWELL, 2003).

Como visto anteriormente, esta dissertação tem como objetivo principal testar um

modelo estrutural e também pretende analisar os fatores que influenciam o uso de mídias no

Brasil, pesquisar as consequências do uso de novas mídias e identificar os desafios da gestão

de inovação que se apresentam na análise do caso do Esporte Interativo Plus.

Para atingir tais objetivos, a primeira etapa consistiu em uma pesquisa qualitativa em

função da escassez de informações sobre o tema abordado e a impossibilidade de responder a

pergunta de pesquisa apenas com a revisão bibliográfica (BENTO & FERREIRA, 1982).

Assim, nesta etapa foram entrevistados executivos do Esporte Interativo Plus com o objetivo

de aprofundar o conhecimento sobre o fenômeno de estudo e, posteriormente, testar um

modelo. Outro objetivo da etapa qualitativa foi buscar subsídios para elaboração do

instrumento de coleta de dados da segunda etapa, isto é o questionário, que testa os fatores

que influenciam a utilização de mídias. As sessões a seguir exploram cada uma das etapas,

separadamente.

4.2. Pesquisa Qualitativa

Como dito anteriormente, a pesquisa qualitativa teve como objetivo aprofundar os

conhecimentos sobre objeto de estudo, o Esporte Interativo Plus, e, consequentemente,

Page 53: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

53

identificar os principais atributos do produto. Para alcançar tal objetivo, nesta etapa foram

realizadas entrevistas em profundidade com roteiro semiestruturado com perguntas abertas -

que foi inspirado pelos temas desenvolvidos ao longo da Revisão Bibliográfica e que está

disponível no Anexo I.

Para coleta de dados, foram entrevistadas 6 gestores e diretores que trabalham

diretamente com o Esporte Interativo Plus e pertencem ao alto escalão da Esporte Interativo.

Também foram colhidos dados secundários obtidos em casos de ensino, notícias em jornais

sobre a empresa e o produto, bem como no site institucional da empresa. Na seleção dos

entrevistados, buscou-se identificar aqueles que poderiam contribuir com diferentes visões

sobre o produto e que exercessem funções diversas dentro da empresa pesquisada.

As entrevistas foram realizadas entre os meses de dezembro de 2012 e abril de 2013 e

tiveram duração média de 40 minutos. Todos os entrevistados permitiram a gravação das

entrevistas, o que possibilitou a transcrição e facilitou a análise posterior. No final das

entrevistas foi possível notar similaridade e saturação das respostas, não sendo identificada a

necessidade de selecionar novos sujeitos para esta etapa. Vale ressaltar, portanto, que as 6

entrevistas realizadas e o padrão de respostas encontrados ficaram de acordo com as

recomendações de Eisenhardt (1989), que sugere um número entre 4 e 10 entrevistas e

acredita que a pesquisa qualitativa pode ser encerrada quando há saturação de informações.

Os resultados e as análises das entrevistas estão dispostos no capítulo 5.

Quadro 5 - Lista de entrevistas (Fonte: dados de pesquisa)

Entrevistado Área de atuação

Entrevistado 1 Direção

Entrevistado 2 Conteúdo

Entrevistado 3 Conteúdo

Entrevistado 4 Financeiro

Entrevistado 5 Novas mídias

Entrevistado 6 Gestão de Produto

Page 54: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

54

4.3. Pesquisa quantitativa

Para testar o modelo estrutural e verificar quais os atributos mais relevantes para o caso

do Esporte Interativo Plus, foi realizada uma pesquisa quantitativa com os consumidores do

produto.

Para realização desta etapa, os consumidores foram convidados a responder um

questionário padronizado com perguntas fechadas (survey). A ferramenta utilizada, Qualtrics,

está disponível, gratuitamente, na internet e, por meio dela, 17.000 consumidores receberam

um link, pelo qual poderiam ter acesso à pesquisa. Dos 17.000 consumidores, a pesquisa

obteve 344 respostas, das quais 217 foram descartadas. Assim, 127 respostas foram

consideradas como questionários válidos, o que equivale a 0.75%.

O questionário, que está disposto no anexo II, foi dividido em três blocos. O primeiro

bloco buscou entender se o consumidor é ativo ou não, isto é se usou o produto recentemente,

e por quanto tempo ele costuma usá-lo. Em seguida, o segundo bloco buscou a compreensão

dos fatores que influenciam o uso do Esporte Interativo Plus, por meio dos atributos

mencionados na revisão bibliográfica. E, por fim, o último bloco concentrou-se no perfil

social e demográfico do respondente.

É importante notar que a maior parte do questionário foi estruturado com perguntas de

múltipla escolha nas quais o respondente era apresentado a uma escala do tipo Likert de 6

pontos. Assim, o consumidor não tinha a opção dar uma reposta neutra; era necessário se

posicionar entre “concordo” e “discordo”, para posteriormente indicar seu grau de

concordância ou discordância, conforme recomendado por Nogueira (2001).

Para operacionalizar os construtos selecionados nesse estudo foram empregadas escalas

de mensuração amplamente utilizadas na literatura ou baseadas nos achados de Chimenti

(2010). O quadro 6 apresenta as escalas e sua origem para cada um dos construtos utilizados

no modelo final. No capítulo 5 foi discutido como foram elaboradas as hipóteses de pesquisa

e por que foram escolhidos tais construtos.

Por fim, para melhorar o instrumento elaborado e verificar se as perguntas seriam

plenamente entendidas pelos consumidores – preocupação que ficou mais latente pela escolha

de um questionário online - foi realizado um pré-teste com um pequeno grupo de

respondentes. Os resultados desta etapa estão dispostos no capítulo 5.

Page 55: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

55

Quadro 6- Operacionalização das escalas de medida

Construto Escala Origem

Entretenimento Eu me divirto muito com o EIPLUS Lin, 2006

Entretenimento O EIPLUS tem conteúdos muito

interessantes Lin, 2007

Entretenimento Com EIPLUS o tempo passa rápido Lin, 2008

Entretenimento Com EIPLUS eu relaxo Lin, 2009

Entretenimento Com EIPLUS a minha chateação acaba Lin, 2010

Entretenimento Com EIPLUS eu esqueço dos meus

problemas Lin, 2011

Interatividade O conteúdo do EIPLUS é bastante

influenciado pelos seus usuários Chimenti, 2010

Interatividade Eu posso divulgar ideias e opiniões com

EIPLUS Chimenti, 2011

Interatividade

Eu tenho a possibilidade de fazer

comentários sobre as informações do

EIPLUS

Chimenti, 2012

Escolha O EIPLUS me permite escolher aquilo que é

de meu interesse Dimmick et al, 2004

Escolha No EIPLUS eu acesso os conteúdos na hora

que eu quero Dimmick et al, 2004

Escolha Com EIPLUS eu posso ignorar todos os

conteúdos que não me interessam Yoon e Kim, 2001

Imagem Usar o EIPLUS melhora minha imagem

pessoal Moore e Benbasat, 2001

Imagem Usar o EIPLUS melhora meu prestígio Moore e Benbasat, 2001

Imagem Usar o EIPLUS me dá uma imagem de

“antenado” com o mundo Moore e Benbasat, 2001

Atitude Usar o EIPLUS é uma boa ideia Taylor e Todd, 1995

Atitude Usar o EIPLUS é uma ideia inteligente Taylor e Todd, 1995

Atitude Gosto da idéia de usar o EIPLUS Taylor e Todd, 1995

Atitude O EIPLUS é adequado ao meu estilo de vida Moore e Benbasat, 2001

Atitude O EIPLUS é adequado às minhas

características pessoais Moore e Benbasat, 2001

Satisfação De forma geral, minha opinião sobre o

EIPLUS é extremamente positiva Fornell, 1992

Satisfação O EIPLUS atende completamente às minhas

expectativas Fornell, 1992

Satisfação O EIPLUS é ideal para mim Fornell, 1992

Satisfação O EIPLUS melhora minha vida Fornell, 1992

Satisfação Estou muito satisfeito com o EIPLUS Fornell, 1992

Uso Horas totais durante a semana Chimenti, 2010

Uso Horas totais durante os finais de semana Chimenti, 2010

Page 56: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

56

5. Discussão dos Resultados

5.1. Resultados da etapa qualitativa

Nesta sessão é apresentada a análise de resultados da pesquisa qualitativa que, como

dito anteriormente, tinha dois objetivos principais: entender e identificar as características

fundamentais do objeto de estudo, o EIPLUS; e identificar pontos relevantes da literatura

presentes na concepção e na distribuição do produto. Assim, os resultados da pesquisa serão

divididos em dois blocos: apresentação da Esporte Interativo e características da mídia.

5.1.1.1. Apresentação do Esporte Interativo Plus

Antes de entender em detalhes o que é o EIPLUS é necessário analisar a empresa,

Esporte Interativo, com objetivo de compreender em que contexto o EIPLUS foi lançado.

O Esporte Interativo nasce como TopSports em 1999, em um momento de

profissionalização do esporte no Brasil, com proposta a ser o elo entre os investidores e os

clubes brasileiros (CHIMENTI ET AL, 2009). A atuação do Esporte Interativo foi iniciada

por meio da captação de recursos para o Esporte Clube Vitoria. Com a experiência adquirida,

a equipe da TopSport teve a ideia de criar um torneio de clubes do nordeste, ao longo do

primeiro semestre do ano, período no qual os clubes não conseguiam capturar receita. Nasceu,

assim, o Campeonato do Nordeste, um sucesso tanto para o público com para os

patrocinadores, que deu origem a outros torneios como Rio-São Paulo e Sul-Minas.

Com a reformulação do Campeonato Brasileiro para turno e returno, a empresa precisou

se reinventar e criou, em parceira com a Rede TV!, uma programação de esportes em 2004 ,

baseada na compra de direitos do Campeonato Inglês, da Liga dos Campeões da Europa e da

NBA. Com o sucesso da programação esportiva, a parceira com a Rede TV! migrou para a

Bandeirantes até que, em 2007, a Esporte Interativo inaugurou seu próprio canal na televisão

aberta (UOL, 2013).

Desde 2007, o Esporte Interativo competia diretamente com grandes canais esportivos

nacionais e internacionais como Band e ESPN, mas se mantinha como uma empresa de

capital brasileiro. Em 2009, o BNDES, adquiriu 15% da empresa (ESTADAO.com.br, 2011)

e, em 2013, a Turner, do grupo Time Warner, virou sócia da empresa e passou a ocupar dois

Page 57: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

57

dos sete assentos do Conselho Administrativo (Veja, 2013). Com isso, o Esporte Interativo

deixou de ser o único canal esportivo do país sem ter um grande grupo por trás: ESPN,

SporTV, Fox Sports e Band Sports pertencem a Disney, Globo, Fox e Band, respectivamente

(UOL, 2013).

Hoje, além da TV aberta, o Esporte Interativo está presente na TV por assinatura e tem

um produto de SMS, chegando a atingir 100 milhões de pessoas no Brasil em 2011

(ESTADAO.com.br, 2011). Assim, atualmente, o Esporte Interativo se relaciona tanto com

anunciantes dentro do modelo de negócios tradicional da TV aberta quanto com operadores de

TV paga e celular e, para entregar valor para os diversos grupos de clientes, concebeu a

seguinte missão, explicitada pelo entrevistado 3: “A nossa missão é essa, transformar a vida

das pessoas através da emoção do esporte.”

A missão declarada ao longo das entrevistas está alinhada com uma das características

mais fundamentais de seus clientes finais, que são aficionados por esporte e buscam um

conteúdo esportivo completo, ultrapassando as barreiras do futebol.

“[Nosso público] São as pessoas que gostam muito de esporte, são apaixonados por

esporte...” - Entrevistado 4

“Dentro dessa massa de consumidores, você vai ter uma divisão um pouco por

características de esportes. Então, o cara que é fã do futebol é muito masculino e muito

fanático por aquilo ali. Você tem um cara que é fã da NFL que é um pouco mais jovem

(...) os aposentados gostam muito de futebol e veem as transmissões de futebol e quando

você vê no Ibope aparece mais de 65 e é relevante. Aí você vai para a NFL, já não é tão

alto o Ibope, já vai para um público mais jovem. (...) Já no vôlei, o público feminino

aparece um pouquinho mais, mas é um público muito masculino, basicamente masculino e

quando você vai para o mercado publicitário a gente traz marcas masculinas e um público

muito espalhado em todas as faixas etárias.” - Entrevistado 5

Vale ressaltar ainda que a empresa se define como um grupo de mídia multiplataforma.

Como consequência, muitos entrevistados, quando questionados sobre o perfil de seus

consumidores finais, declaram que seus clientes são os apaixonados por esporte que utilizam

várias plataformas para ter acesso a conteúdo esportivo.

“O torcedor final na maior parte é homem, sempre apaixonado por esportes, idade varia

muito, mas provavelmente aí dos 15 aos 50 anos e a maior parte deles explorador de novas

mídias e buscando consumir esporte em todas as plataformas possíveis.” - Entrevistado 1.

Page 58: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

58

Outra característica marcante do Esporte Interativo é a interatividade, que aparece muito

associada ao multitasking. Durante os jogos, os espectadores são convidados a interagir com a

transmissão por meio da internet e do celular. As redes sociais exercem um papel importante

nessa dinâmica, principalmente com a produção de textos e comentários.

“O que a gente trabalha em termos de interatividade é usar a experiência que a gente tem

em função de ter 5 milhões de fãs no Facebook, é a gente trabalhar com uma segunda tela,

o cara está assistindo alguma coisa, a gente provoca com perguntas no Facebook para a

pessoa poder interagir.” - Entrevistado 2

Importante notar ainda que a interatividade funciona melhor por meio da produção de

textos e comentários. Quando é sugerido o envio de vídeos a participação é menor, pois,

segundo o entrevistado 1, nem todas as pessoas gostam de se expor de forma mais direta.

5.1.1.2. Caracterização da mídia

O propósito dessa sessão é analisar os dados obtidos nas entrevistas sobre os principais

atributos do EIPLUS para comparar com os resultados obtidos na revisão da literatura,

buscando entender, assim, como esse novo produto se relaciona com as demais mídias

oferecidas pela empresa e traçar um paralelo entre essas informações com o resultado na etapa

quantitativa. Para atingir tal objetivo, esta sessão foi dividida em três partes que agrupam os

temas visitados ao longo do contexto e da revisão bibliográfica. São elas: O EIPLUS e as

oportunidades com a TV digital; atributos do EIPLUS; e gestão de inovação.

5.1.1.3. O EIPLUS e as oportunidades com a TV digital

Em Agosto de 2012, o Esporte Interativo lançou o Esporte Interativo Plus, uma nova

plataforma de conteúdo online que possibilita ao usuário assistir, através da internet, a

programação da emissora 24 horas por dia ao vivo ou, se preferir, no sistema on demand,

podendo assistir qualquer programa em qualquer momento. Abaixo alguns trechos das

entrevistas ajudam a entender melhor o produto.

“O usuário paga 9,90 por mês para ter acesso a 24 horas de conteúdo ao vivo linear mais

conteúdo sob demanda quando ele quiser, mais a possibilidade de voltar a programação,

pausar ao vivo, enfim, todas as funcionalidades de um serviço oferecido pela internet.” -

Entrevistado 1

Page 59: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

59

“A melhor definição de forma simples que a gente usa é que ele é um Netflix do

esporte.(...) É mais para uma forma diferente do cara assistir televisão do que uma

experiência de internet.” - Entrevistado 5

“O esporte ao vivo em múltiplos canais, 24 horas por dia esse, é o grande diferencial do

EIPLUS.” - Entrevistado 3

Para ter acesso a tal conteúdo, o usuário paga uma assinatura, ou seja, o EIPLUS rompe

com o modelo de negócios tradicional de TV, já que a receita vem apenas do usuário.

“O Esporte Interativo Plus nesse momento optou por não ter anunciantes.” - Entrevistado

6

Além de descaracterizar o modelo tradicional de TV, as entrevistas mostram que, em

função da nova forma ou experiência de assistir conteúdo televisivo, há uma preocupação

com a qualidade da experiência que o usuário terá e com sua propensão a preferir mídias que

não empurram comercial, em consonância com os achados de Rodrigues (2009):

“Como é um produto pago diretamente para os usuários ele é mais atraente se ele for sem

propaganda. A gente acha que faz mais sentido oferecer um produto sem propaganda do

que tentar ganhar um adicional com propaganda e piorar a experiência do usuário (...) Eu

acho que esse não é um produto para anunciante” - Entrevistado 1.

“Ele foi desenhado para ser um negócio lucrativo a partir da tua assinatura, mas a gente

não descarta... o uso de publicidade é facilmente aplicado para ele também. Então o único

cuidado que você vai ter é que a partir do momento que é um conteúdo pago, você não

pode usar e abusar, né? O cara vai ver um vídeo... aparece um vídeo de 30 segundos antes

vendendo uma marca, isso certamente o cara não ia gostar.”- Entrevistado 2

“Teoricamente pode ser que daqui a 20 anos o Esporte Interativo Plus, os produtos

assinados pela internet estejam tão consolidados que a propaganda seja natural entrar

através deles. Assim, no tempo que eu consigo ver pela frente, eu não consigo enxergar

isso” - Entrevistado 1.

Por outro lado, existem aqueles que acreditam que, para o futuro, a remuneração via

anunciante pode ser um caminho para o EIPLUS, uma vez que o efeito de rede positivo

(EISENMANN, PARKER & ALSTYNE, 2006; EISENMAN, 2007B), pode ser um fator de

decisão relevante:

Page 60: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

60

“O Esporte Interativo Plus nesse momento optou por não ter anunciantes. Então, nesse

momento ele não tem. A gente espera estar mais maduro para que ele seja mais uma

plataforma de vendas.” - Entrevistado 6

Ainda em relação ao mercado publicitário, em consonância com a literatura, os

entrevistados acreditam que, apesar da capacidade das novas mídias de monitorarem a atenção

do consumidor, a indústria da publicidade ainda não foi capaz de estabelecer padrões de

avaliação de atenção e comparação de desempenho entre veículos tradicionais e emergentes

(RODRIGUES, CHIMENTI & NOGUEIRA, 2012).

“E esse conteúdo de graça na internet era difícil de rentabilizar através de publicidade

porque o mercado publicitário não estava pronto para comprar aquilo. É televisão em

internet? Onde que eu vou anunciar e como eu anúncio? Ibope mede, Ibope não mede?

Então a gente não conseguiu nem rentabilizar isso.” - Entrevistado 5

“A gente sempre falava atacado, né? Eu estou falando TV, estou falando para um público

que está distribuído. Eu falo Facebook, falo para 5 milhões de pessoas, mas que são

distribuídas, estão me escolhendo para consumir. Agora, com o Esporte Interativo Plus, eu

tenho alguns que me escolhem e sei quem são.” - Entrevistado 6

“Apesar de ser um público super seleto que a gente consegue exatamente saber quem é, a

gente consegue fazer uma coisa que eles [publicitários] adoram para poder segmentar,

saber e entender em que lugar o cara está, que horas o cara está vendo. A gente tem um

ponto positivo comparado com a TV que a gente tem muito mais informação de quem está

assistindo a gente, que horas, quanto tempo fica, do que na TV de forma geral.” -

Entrevistado 2

Além da nova dinâmica para o mercado publicitário, foi visto ao longo da revisão da

literatura que o futuro da televisão passa também por uma mudança de paradigma, da saída de

um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled” (BRADLEY & BARTLETT,

2007), muito facilitada pelo amplo alcance da banda larga que permite a visualização de

conteúdos através de internet e cria uma concepção de ‘mundo a qualquer hora, em qualquer

lugar’ (BRADLEY & BARTLETT, 2007). Os trechos abaixo mostram que o Esporte

Interativo já observou essas mudanças e o EIPLUS propõe um alinhamento com essa nova

realidade.

“É esporte a qualquer hora, sempre que você quiser, aonde você quiser, em qualquer

plataforma e você no comando. O usuário no comando versus alguém fazendo uma

programação. Então eu quero assistir aquele jogo que eu perdi, eu quero assistir aquele

programa que eu não estava em casa na hora, eu vou lá e vejo a hora que eu quiser...” -

Entrevistado 1

Page 61: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

61

“Eu cada vez mais acredito que o telespectador cada vez tem mais poder e você

proporcionar a ele uma experiência, um produto que você delega para ele quando ele quer

ver.” - Entrevistado 4

O fim da grade de programação também foi citado diversas vezes como um aspecto

importante que possibilita maior controle e domínio do usuário. Veja as palavras de um dos

entrevistados sobre esse aspecto:

“Na TV você está amarrado àquela grade, você tem um programa que é das 8h às 9h,

chegou do trabalho às 9:15 um abraço, já perdeu o programa. No caso do Esporte

Interativo Plus você tem esse programa, deixa eu ver, acessar, você pode pausar, então,

além disso, se eu estou viajando para algum lugar que tenha acesso à banda larga eu

continuo levando minha TV debaixo do braço.” - Entrevistado 2

Entretanto como verificado anteriormente, apesar do crescimento do acesso a internet e

banda larga, a dependência da qualidade banda larga é fator crítico para o sucesso da

implementação da TV digital no Brasil.

“Acho que a internet brasileira segue crescendo, acho que a banda larga no Brasil é um

dos elementos que limitam um pouquinho esse crescimento popular dele [EIPLUS].” -

Entrevistado 3

“Hoje para qualquer serviço semelhante ao EIPLUS, em que você dependa da banda larga,

ela é um fator inibidor forte” - Entrevistado 2

“No final, qualquer serviço que usa internet como o EIPLUS, como o Netflix, está sujeito

à limitação de banda na casa das pessoas. Então não tem jeito, a gente pode fazer tudo

para garantir a qualidade, mas no final, a última milha, é a banda que chega na casa das

pessoas” - Entrevistado 1

5.1.1.4. Atributos do EIPLUS

Como visto anteriormente, a TV digital permite não só a transmissão em HD (High

Definition) e a melhoria da qualidade de sinal, som e imagem, como também a

multiprogramação, a mobilidade e interatividade (CHIMENTI ET AL, 2012; RODRIGUES,

2009; MATTOS, 2007; REIS, 2004). No caso do EIPLUS, essas três dimensões têm pesos

(importâncias) diferentes e nem todas foram implementadas por completo.

Page 62: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

62

A multiprogramação, por exemplo, está implementada e foi citada por muitos

entrevistados como um dos atributos mais importantes do produto:

“Ele é multiprogramação porque ele te oferece a possibilidade de ver transmissões

simultâneas ao vivo, ao mesmo tempo, ele é também uma conveniência e acesso a mais

conteúdos, ele é um pouco de tudo, ele realmente é um produto completo.” - Entrevistado

1

“Eu acho que o primeiro [atributo] é a possibilidade de você assistir vários eventos ao

vivo simultâneos, abre várias telas, você escolhe o que vai assistir. Na experiência ao vivo

você também tem o que a TV não te dá que é essa coisa de poder voltar, pausar...” –

Entrevistado 2

“É uma plataforma onde você consegue assistir o que você quiser, na hora que você

quiser... O assinante do Esporte Interativo Plus pode assistir aos dois jogos (...) para o

telespectador da TV só dá para passar um” - Entrevistado 5

Já a mobilidade está na concepção do produto, mas ainda não estava implementada por

completo no momento da pesquisa. O produto, no momento inicial, em que a pesquisa foi

realizada, só estava disponível para computadores e a possibilidade de visualizar o conteúdo

em dispositivos com tablets e celulares ainda não era uma realidade. Entretanto, vale ressaltar

que no momento em que as entrevistas foram realizadas esses projetos já estavam em

andamento.

“[Mobilidade] É onde está o futuro e de novo aquela questão da banda larga, por exemplo,

4G vai fazer com que você possa ter uma ótima experiência com o Esporte Interativo Plus

no seu celular ou no seu tablet em qualquer lugar (...) Qualquer aparelho que esteja

presente na mão das pessoas o Esporte Interativo Plus tem que chegar nele. Então as

pessoas usam cada vez mais o celular e o tablet e o Esporte Interativo Plus não pode

deixar de estar em todos esses lugares, Xbox, Playstation, enfim, qualquer device através

do qual seja consumido conteúdo áudiovisual o EIPLUS tem que estar presente

disputando espaço com as outras formas de entretenimento” - Entrevistado 1

“Gostaria que desde o começo tivesse o EIPLUS em todas as plataformas.” - Entrevistado

3

A interatividade, por sua vez, não é uma caraterística marcante do EIPLUS, apesar de

estar presente em todos os outros produtos da empresa.

“O Esporte Interativo Plus não é o nosso produto mais interativo, ele é um produto mais

de consumo de conteúdo mesmo e assim tem uma ferramenta ou outra para você

Page 63: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

63

compartilhar e que você está assistindo e tudo mais, mas não é um diferencial dele.” -

Entrevistado 5

“A gente acredita na interação muito mais como um gerador de conteúdo. O EIPLUS

segue essa linha, mas hoje de fato não existe uma ferramenta exclusiva dele, ele acaba

seguindo a mesma linha que a gente usa na TV. Quer dizer, até tem, você pode twittar e

postar no Facebook de lá. E a gente acaba usando principalmente o Twitter e Facebook

para interagir com o público, mas a gente não pega só de quem interage no EIPLUS, a

gente pega quem interage de qualquer lugar.” - Entrevistado 3

Além dos três atributos já esperados na implantação da TV digital, outros construtos,

empregados para explicar a utilização de mídias no contexto brasileiro no modelo

desenvolvido por Chimenti (2010), surgiram ao longo das entrevistas. É o caso de: hábito,

conteúdo, entretenimento e acessibilidade.

Para Chimenti (2010), o hábito é variável relevante na utilização de mídias no contexto

brasileiro uma vez que ele está muito associado à dimensão social. No caso EIPLUS, as

entrevistas mostram que seu lançamento está vinculado, entre outros fatores, à descoberta de

que os clientes da empresa estavam se habituando a assistir vídeos pela internet. Por outro

lado, por ser um produto novo, vale ressaltar que o hábito nesse caso não está vinculado ao

uso do EIPLUS.

“O caminho que a gente escolheu [para lançar o EIPLUS] foi computador depois de

perceber que uma parcela relevante do nosso público hoje liga o computador na televisão

para assistir vídeo.” - Entrevistado 5

Por outro lado, esse mesmo construto, o hábito, pode ser fator limitador de uso, uma vez

que os consumidores já estão acostumados a assistir TV sem precisar pagar pelo conteúdo e,

muitas vezes, podem não se importar com a grade estabelecida. É importante notar que,

durante as entrevistas. O fim da grade ora apareceu como atrativo para a utilização do

EIPLUS, como visto anteriormente, ora apareceu associado ao hábito e à dificuldade de

estabelecer um novo padrão de consumo de TV.

“Outros produtos não de esporte tipo Netflix estão chegando ao mercado e popularizando,

fazendo com que as pessoas se acostumem a assistir televisão através da internet, eu acho

que isso vai facilitar (...) A questão é o sujeito se acostumar a assinar um produto pela

internet. Um produto áudiovisual pela internet não é uma coisa usual... O Netflix veio, foi

uma grande novidade, mas eles mesmos enfrentam essa dificuldade... Nos Estados Unidos

eles têm 30 milhões de clientes, na América Latina inteira eles têm um milhão. Então é o

costume mesmo” - Entrevistado 1

Page 64: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

64

“O único tempo que eu tenho na minha vida para ver TV é quando eu estou em casa no

meu sofá, eu já tenho Esporte Interativo em casa e eu não tenho muito saco para ficar

vendo on-demand, e tal, meu negócio é ver TV. Então nesse caso ele não é o tipo de

usuário que vai se sentir atraído pelo Esporte Interativo Plus” - Entrevistado 2

“Esse cara, que consome nosso conteúdo, hoje está acostumado a consumir o nosso

produto muito mais de graça do que pago” - Entrevistado 5

Já o conteúdo foi citado por todos os entrevistados com um dos aspectos fundamentais

para o sucesso do EIPLUS, já que os assinantes podem não só assistir o programa ao vivo

como também acessar uma biblioteca de conteúdos que é atualizada constantemente.

Entretanto, vale ressaltar que a análise do modelo de Chimenti (2010), sinaliza que o

construto conteúdo não é tão relevante se comparado aos demais. A seguir, os trechos

denotam a importância do conteúdo na visão dos entrevistados.

“Tem uma biblioteca grande de conteúdo que o cara que é amante de esporte, toda semana

a gente bota mais 50 horas de conteúdo lá dentro.” - Entrevistado 2

“O número 01 [atributo] é o conteúdo... Ter um conteúdo lá que o cara não tem em outro

lugar e que queira assistir. Quanto melhor o conteúdo melhor para carregar as pessoas,

para trazer as pessoas” - Entrevistado 5

“Todo dia você pode criar a programação que você quiser, sempre vendo alguma coisa

nova. Acho isso um diferencial muito grande.” - Entrevistado 6

Com relação ao entretenimento, Chimenti (2010) declara que ele é extremamente

relevante para o uso de uma mídia, que é utilizada, muitas vezes, como forma de relaxar e

fugir da rotina. Além disso, a autora indica a possibilidade das pessoas utilizarem mídias que

as entretenham de forma passiva e sem esforço. A questão sobre o uso de forma passiva e sem

esforço, ao longo das entrevistas, apareceu relacionada ao hábito, como verificado

anteriormente, e o entretenimento foi citado, principalmente, como um fator que diferencia a

empresa de seus concorrentes, conforme trecho transcrito a seguir:

“E a grande diferença nossa é (...) a forma mais emocionante de levar o esporte para o

torcedor. Os nossos concorrentes exploram menos as outras plataformas e tem um

posicionamento mais, vamos dizer, sóbrio, menos emocional, especialmente ESPN tem

um comportamento mais voltado para o jornalismo esportivo e não para o entretenimento

esportivo.” - Entrevistado 1.

Page 65: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

65

Por fim, a acessibilidade definida pela avaliação que uma pessoa faz do quanto a mídia

é acessível e quão justo é seu preço também surgiu na pesquisa como fator fundamental para a

utilização de mídias e foi mencionado por muitos entrevistados. Isso porque, apesar de a

assinatura pela internet ser algo novo para muitos consumidores, o preço é bem abaixo dos

pacotes de TV a cabo disponíveis no mercado brasileiro, o que pode atrair consumidores que

não utilizam ou não podem pagar por esse tipo de serviço. Para a maioria dos entrevistados, é

essa característica que torna o produto complementar a outras ofertas da empresa.

“Acho que a gente atinge principalmente a pessoa que não tem acesso à TV por assinatura,

pessoa que não tem acesso a essas competições que a gente tem, por não ter o Esporte

Interativo na casa dela, acho que esse é o nosso público alvo” - Entrevistado 3

“Eu acho que outro atributo importante é você pagar um valor que é muito menor do que

você paga hoje nos canais por assinatura . (...) A galera que não têm acesso à TV paga,

mas que gosta muito de esporte, eu acho que pode assinar e poder assistir um conteúdo

esportivo pagando 9,90 por mês.” - Entrevistado 4

“Para o cara que não tem TV paga eu acho que o EIPLUS é uma barganha muito grande

porque com R$10,00 você tem um canal de esportes disponível para você por 24 horas” -

Entrevistado 5

Em paralelo, o público-alvo definido pelos entrevistados são as pessoas apaixonadas por

esportes que poderão, segundo eles, valorizar o conteúdo exclusivo e a biblioteca

disponibilizada no EIPLUS.

“Os cliente são um subconjunto mais apaixonado do que a média porque é o cara que está

pagando 9,90 para poder ter acesso a mais esporte quando ele quiser.” - Entrevistado 1

“Acho que tem muito conteúdo de primeira linha, de fácil acesso por um preço baixo.” -

Entrevistado 3

“O nosso volume de retenção de quem assina é muito grande. Então, acho que essa

percepção está inerente para o cliente. Acho que ele já percebe que o valor é muito baixo

para a quantidade de conteúdos que ele tem.” - Entrevistado 6.

Page 66: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

66

5.1.1.5. Gestão da inovação

Como foi visto na revisão literária, a etapa de difusão e adoção de um novo produto é

dos momentos mais críticos da gestão de inovações (Rogers, 1983) e alguns aspectos como

vantagem relativa, compatibilidade, testagem, complexidade e capacidade de observação

devem ser considerados pelas empresas para não só melhorar a previsibilidade da taxa de

adoção como também para verificar se a nova tecnologia terá aceitação no mercado.

Ao longo da pesquisa, os entrevistados comentaram sobre esses aspectos que estão

alinhados com a literatura. A importância da compatibilidade, por exemplo, ficou clara nas

declarações sobre a dependência da banda larga para proporcionar uma boa experiência ao

consumidor e, na realidade brasileira, esse quesito caminha em paralelo aos gargalos de

infraestrutura.

A vantagem relativa pode ser obtida, segundo Rogers (1983) em função da rentabilidade

econômica ou da redução de custo. Assim, como já verificado na sessão anterior, segundo os

entrevistados, o EIPLUS possuiu preço bastante competitivo e pode ser um produto que

substitui a TV por assinatura no que diz respeito ao entretenimento esportivo.

Já a complexidade de uso não foi citada por todos os entrevistados, mas considerando

que o Esporte Interativo acredita que seus clientes querem ter acesso ao conteúdo esportivo

em diversas plataformas, é possível dizer que, de forma geral, esse aspecto não é relevante

para o publico alvo do EIPLUS, já que esses conhecem e usam a internet e outros aparatos

tecnológicos com frequência. A capacidade de observação, por sua vez, não foi citada

nenhuma vez pelos entrevistados.

Entretanto, todos os entrevistados fizeram alusão à testagem e demostram preocupação

com esse quesito. Isso porque a decisão gerencial sobre a forma de pagamento da assinatura é

informar os dados do cartão de crédito no momento do cadastro, o que pode ser motivo de

desconfiança para muitos consumidores brasileiros. Adicionalmente, na tentativa de atrair

mais clientes, a empresa optou por oferecer um mês de assinatura gratuita. Porém a

necessidade de informar dados do cartão de credito, novamente, se configurou como um

entrave na experimentação, conforme trechos abaixo:

“Hoje eu provavelmente buscaria a forma de ser mais simples do cara experimentar. Acho

que uma dificuldade que a gente tem é que pouca gente chega a experimentar e chega a

botar o cartão de crédito para experimentar” - Entrevistado 4

Page 67: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

67

“Você tem que colocar cartão de crédito... tem muito menor que não tem acesso a cartão

de crédito, tem várias razões para a pessoa querer e não conseguir” - Entrevistado 1

“A gente vê que tem um gargalo de entrada, dar o cartão de crédito, esse tipo de coisa, que

ainda no Brasil demos vários passos, mas ainda tem uma desconfiança em dar o cartão de

crédito para alguma coisa.” - Entrevistado 3

Além dos aspectos sugeridos por Rogers (1983) para compreender melhor a adoção de

inovações, a pesquisa também mostrou que os entrevistados se preocupam em ter uma visão

periférica (DAY E SCHOEMAKER, 2006; PRAHALAD, 2004) e compreender a importância

dos complementares no seu ecossistema (COSUMANO & GAWER,2002; IYER, LEE &

VENKATRAMAN, 2006). Sinalizaram também que a formação de alianças (DAY, 2007;

DAY ET AL, 2000) foi fundamental para o lançamento do produto, gerou maior

complexidade na gestão e é uma das questões mais discutidas sobre o futuro do negócio. Os

trechos abaixo descrevem como os entrevistados enxergam as alianças já feitas e as

possibilidades futuras.

“A gente não se preparou para a primeira grande audiência que a gente tinha e aí caiu. Eu

já sabia que isso ia acontecer, não consegui convencer todos os envolvidos que isso ia

acontecer. Então a gente tinha um jogo exclusivo, Real Madri e Barcelona, que a demanda

ia ser enorme e especialmente o nosso parceiro não acreditou no tamanho dessa demanda

e subestimou o tamanho dessa demanda e não se preparou para isso, a gente perdeu a

oportunidade de trazer um monte de cliente porque o sistema caiu” - Entrevistado 1

“A gente tem um nível de dependência do parceiro tecnológico grande, talvez pensasse em

montar um negocio totalmente in house, ao invés de ter um parceiro, mas o parceiro do

outro lado foi importante para a gente lançar rapidamente. Sempre quando se depende de

um terceiro para fazer as coisas e esse produto é um produto muito estratégico e relevante,

você fica sempre pensando, ‘Será que eu deveria ter? Será que ele tem os mesmo

interesses que eu de crescimento, se para ele é indiferente?” - Entrevistado 4

Por fim, especialmente, em relação ao futuro do EIPLUS, a discussão em torno da

autenticação e de um novo formato de vendas via operadoras de TV por assinatura estava em

pauta durante o período no qual as entrevistas foram realizadas. Apenas como esclarecimento,

autenticação é o nome dado pelos entrevistados para descrever o acesso a websites que

disponibilizam conteúdos de televisão somente para os clientes de dada operadora de TV a

cabo. Vale ressaltar ainda que esse modelo de negocio é bastante comum no mercado norte

americano e já entrou no Brasil.

Page 68: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

68

“E o outro modelo de negócio é oferecer através das operadoras de TV paga ou dos

provedores de banda larga, oferecer o mesmo serviço e aí vender no atacado por um preço

diferente através do intermediário.” - Entrevistado 1

“A ESPN, nos EUA, mas eles estão no Brasil também com o WhatchESPN, por exemplo,

a proposta deles é uma proposta diferente... ele tem alguns conteúdos que são

disponibilizados pela internet, mas o objetivo deles não é obter receita de assinatura, é

tornar ESPN mais relevante e para quem é assinante de uma TV a cabo ter acesso a esse

conteúdo gratuitamente. É diferente do nosso modelo de onde o usuário paga uma

assinatura...” – Entrevistado 2

“Ninguém tem esse modelo direto para o consumidor final, todo mundo tem modelo

passando pelas operadoras de TV paga. Então os canais de esporte mesmo nos Estados

Unidos, ESPN, por exemplo, oferece um serviço parecido, mas de forma muito diferente

que é através das operadoras de TV paga. Você precisa ser um assinante de operadora de

TV paga para poder ter acesso.” - Entrevistado 1

“Os canais de TV por assinatura de esporte estão muito confinados ao modelo de negócios

de exclusividade com as operadoras. Então para ele te fazer um negócio de autenticação já

vai ser difícil. A operadora... existe um incomodo dela, o cara está saindo do ecossistema

dela para o ecossistema de internet, ainda que seja o próprio usuário, porque elas ganham

uma taxa de carregamento muito alta para uma relação de exclusividade (...) acho que

pode evoluir para isso, tem um conflito. A operadora não quer, porque se a ESPN faz

isso... Você imagina se ela consegue construir uma base fora enorme de autenticados? Na

próxima renovação ela simplesmente pode falar ‘mas porque eu preciso da operadora

mesmo, para intermediar se ela me paga dois reais por assinatura, eu posso cobrar desse

cara de repente cinco.” – Entrevistado 4.

5.2. Resultados da etapa quantitativa

5.2.1.1. Caracterização da amostra

A etapa quantitativa foi realizada por meio da aplicação de um questionário enviado

eletronicamente a 17.000 clientes do Esporte Interativo Plus e como resultado foram obtidas

127 respostas completas. Esta sessão tem como finalidade apresentar as principais

características dos respondentes. Para atingir tal objetivo, foram realizadas algumas análises

que identificaram o perfil sócio demográfico dos respondes e alguns atributos sobre o uso do

produto, o Esporte Interativo Plus, conforme disposto nos blocos 1 e 3 do questionário

quantitativo (Anexo II).

Primeiramente, é importante esclarecer que nesta pesquisa, por se tratar de um

questionário online, não há balanceamento perfeito entre os aspectos sócios demográficos

Page 69: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

69

analisados, uma vez que o instrumento de pesquisa não foi direcionamento a cada cliente

individualmente e cada respondente poderia optar ou não por fornecer suas respostas. Não há,

por exemplo, uma distribuição equilibrada entre respondentes do sexo masculino ou feminino,

uma vez que a maior parte do público atingido pelo EIPLUS é masculina. Como pode ser

observado no gráfico, 91% dos respondentes são homens.

Gráfico 9 - Análise da amostra por sexo (Fonte: dados da pesquisa)

O quadro 7 e o gráfico 10 mostram a distribuição dos respondentes por estado e por

região do país. Nota-se que há grande concentração na Região Sudeste e metade das respostas

é proveniente do Estado do Rio de Janeiro e São Paulo.

Quadro 7- Análise da amostra por estado (Fonte: dados da pesquisa)

Sigla Frequencia % Sigla Frequencia %

PR 6 5% CE 9 7%

SC 0 0% MA 1 1%

RS 5 4% TO 0 0%

SP 42 33% GO 3 2%

RJ 21 17% DF 9 7%

MG 5 4% MT 0 0%

ES 2 2% MS 0 0%

BA 8 6% AM 0 0%

PI 1 1% RO 0 0%

SE 1 1% PA 0 0%

AL 0 0% AP 1 1%

PE 7 6% RR 0 0%

PB 5 4% AC 0 0%

RN 0 0% Total 127 100%

Page 70: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

70

Gráfico 10 - Análise da amostra por região (Fonte: dados da pesquisa)

O gráfico 11 apresenta a distribuição de idade dos respondentes e é possível perceber

que a participação dos jovens adultos entre 20 e 35 anos é bastante representativa, o que era

esperado para um produto relacionado a esporte e distribuído pela internet.

Gráfico 11 - Análise da amostra por idade (Fonte: dados da pesquisa)

A seguir é apresentado o perfil dos respondentes em relação à escolaridade. Nota-se que

há uma discrepância do nível de escolaridade verificado nessa pesquisa com o nível de

escolaridade esperado para a população brasileira. Entretanto, é importante notar que novos

hábitos de consumo de mídias, tradicionalmente, atingem primeiro as classes mais favorecidas

da população (CHIMENTI, 2010).

Page 71: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

71

Gráfico 12 - Análise da amostra por grau de escolaridade (Fonte: dados da pesquisa)

De forma relacionada com esse resultado, o perfil dos respondentes em relação à curva

de adoção de inovação sugerida por Rogers (1983), também ficou alinhado com a sugestão de

Chimenti (2010) sobre novos hábitos de mídias. Nota-se que 54% dos respondentes se

autodeclaram Inovadores ou Adeptos Iniciais.

Page 72: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

72

Quadro 8 - Análise da amostra por perfil (Fonte: dados da pesquisa)

Perfil %

Sempre sou um dos primeiros a ter opinião a respeito de

um novo produto e, caso ache interessante, sou sempre

um dos primeiros a comprá-lo.

Inovadores 23%

Procuro me informar sobre o produto já em sua fase de

lançamento. Espero um conhecido adquirir o produto,

vejo ele em funcionamento e, se acho interessante,

compro o produto.

Adeptos

Iniciais 31%

Procuro me informar sobre o produto quando ele está há

algum tempo no mercado. Espero que um grupo de

pessoas o tenham adquirido e, se acho interessante,

compro o produto.

Maioria

Inicial 28%

Só me informo sobre um produto quando ele já está

consolidado no mercado. Espero que um grande número

de pessoas o tenha adquirido e que seu preço tenha

baixado para comprá-lo.

Maioria

Tardia 11%

Sou sempre um dos últimos a adquirir um produto novo. Retardatários 6%

Gráfico 13 - Análise da amostra por perfil (Fonte: dados da pesquisa)

Page 73: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

73

Com relação ao uso da internet, 95% dos entrevistados possuem banda larga fixa e mais

de 90%6 já tinha o hábito de usar a internet a assistir vídeos online antes de começar a usar o

EIPLUS.

Gráfico 14 - Análise da amostra por tipo de acesso a internet (Fonte: dados da pesquisa)

Acesso a internet Qtde de pessoas %

Internet Banda Larga (fixa) 121 95%

Internet discada 1 1%

Internet Banda Larga Móvel 39 31%

Gráfico 15 - Análise da amostra por hábito de usar a internet (Fonte: dados da pesquisa)

Por fim, outra característica marcante dentre os entrevistado é a frequência com que eles

utilizam outras mídias ao mesmo tempo em que assistem ao Esporte Interativo Plus. Os

gráficos 16, 17 e 18, mostram respectivamente, o uso concomitante do EIPLUS com consoles

de jogos, tablet e outros site. Nota-se que a frequência de uso de outros sites é bastante

superior ao uso simultâneo de consoles e tablets.

6 Somatório dos percentuais de entrevistados que concordam com as afirmativas “Tenho hábito de assistir

vídeos pela internet há bastante tempo” e “Uso a internet há bastante tempo”.

Page 74: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

74

Gráfico 16 - Análise da amostra por frequência de utilização de consoles (Fonte: dados da

pesquisa)

Gráfico 17 - Análise da amostra por frequência de utilização de tablets (Fonte: dados da

pesquisa)

Gráfico 18 - Análise da amostra por frequência de utilização de sites de internet (fonte: dados

da pesquisa)

Page 75: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

75

5.2.1.2. Análise de medidas

Além da análise do perfil geral dos entrevistados, foi necessário também fazer uma

análise estatística dos dados para verificar se estavam em condições adequadas para serem

utilizados no modelo estrutural.

Basicamente, foram verificados dois pontos. O primeiro diz respeito à normalidade dos

dados. Para verificar a normalidade, foi testada a assimetria e a curtose de cada um dos

atributos, ou seja, de cada variável que seria utilizada. Nota-se, ao analisar o quadro 8, que os

dados estão dentro dos padrões aceitáveis, pois não há casos onde a curtose seja inferior a 8

ou a assimetria seja inferior a 3.

O segundo ponto diz respeito ao tratamento de valores faltantes (missing values) e como

também pode ser verificado no quadro 9, como foram utilizados apenas os questionários

completos, apenas um registro foi perdido e, portanto, retirado da análise final do modelo

estrutural.

Page 76: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

76

Quadro 9 - Normalidade dos dados e missing value (Fonte: dados da pesquisa)

Atributo Média Mín. Máx. N Desvio

Padrão

Assimetr

ia Curtose

Missing

Value Eu me divirto

muito com o

EIPLUS

4.094 1 6 127 1.601 -0.687 -0.554 0

O EIPLUS tem

conteúdos

muito

interessantes

4.000 1 6 127 1.563 -0.557 -0.738 0

Com EIPLUS

o tempo passa

rápido

3.811 1 6 127 1.567 -0.511 -0.833 0

Com EIPLUS

eu relaxo

3.780 1 6 127 1.517 -0.437 -0.643 0

Com EIPLUS

a minha

chateação

acaba

3.433 1 6 127 1.636 -0.161 -1.040 0

Com EIPLUS

eu esqueço dos

meus

problemas

3.071 1 6 127 1.682 0.111 -1.208 0

O conteúdo do

EIPLUS é

bastante

influenciado

pelos seus

usuários

3.339 1 6 127 1.534 0.069 -0.902 0

Eu posso

divulgar ideias

e opiniões com

EIPLUS

3.441 1 6 127 1.587 -0.090 -1.013 0

Eu tenho a

possibilidade

de fazer

comentários

sobre as

informações do

EIPLUS

3.583 1 6 127 1.654 -0.196 -1.101 0

O EIPLUS me

permite

escolher aquilo

que é de meu

interesse

3.945 1 6 127 1.639 -0.470 -0.832 0

No EIPLUS eu

acesso os

conteúdos na

hora que eu

quero

4.165 1 6 127 1.651 -0.613 -0.828 0

Com EIPLUS

eu posso

ignorar todos

os conteúdos

que não me

interessam

4.283 1 6 127 1.573 -0.717 -0.562 0

Usar o

EIPLUS

2.606 1 6 127 1.497 0.570 -0.702 0

Page 77: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

77

melhora minha

imagem

pessoal

Usar o

EIPLUS

melhora meu

prestígio

2.543 1 6 127 1.489 0.647 -0.551 0

Usar o

EIPLUS me dá

uma imagem

de “antenado”

com o mundo

2.827 1 6 127 1.638 0.316 -1.265 0

Usar o

EIPLUS é

uma boa ideia

4.181 1 6 127 1.482 -0.793 -0.131 0

Usar o

EIPLUS é uma

ideia

inteligente

4.031 1 6 127 1.558 -0.603 -0.576 0

Gosto da idéia

de usar o

EIPLUS

4.252 1 6 127 1.573 -0.861 -0.227 0

O EIPLUS é

adequado ao

meu estilo de

vida

4.000 1 6 127 1.522 -0.699 -0.370 0

O EIPLUS é

adequado às

minhas

características

pessoais

3.898 1 6 127 1.474 -0.712 -0.345 0

De forma

geral, minha

opinião sobre o

EIPLUS é

extremamente

positiva

3.913 1 6 127 1.599 -0.555 -0.801 0

O EIPLUS

atende

completamente

às minhas

expectativas

3.197 1 6 127 1.672 0.066 -1.289 0

O EIPLUS é

ideal para mim

3.378 1 6 127 1.593 -0.079 -0.979 0

O EIPLUS

melhora minha

vida

2.953 1 6 127 1.568 0.155 -1.078 0

Estou muito

satisfeito com

o EIPLUS

3.386 1 6 127 1.589 -0.138 -1.161 0

Page 78: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

78

5.2.1.3. Análise por construto

A priori, o modelo testado analisou os mesmos construtos sugeridos no modelo de

Chimenti et. al (2014): comunicação, imagem, conteúdo, entretenimento, hábito, atitude,

atenção e satisfação. Entretanto, devido a características exclusivas do produto analisado, que

foram analisando os resultados da etapa qualitativa, foi necessária uma adaptação do modelo.

O construto hábito foi retirado porque não poderia ser analisado para o caso do EIPLUS

que é um produto novo, lançado recentemente, e, portanto, os usuários ainda não adquiriam o

hábito de utilizá-lo. Já o construto comunicação foi retirado do modelo uma vez que a

pesquisa qualitativa revelou que os usuários não podem interagir com outras pessoas através

dessa plataforma. Esta etapa também apontou características fundamentais do produto, como

a escolha e a interatividade, que foram, portanto, adicionadas ao modelo final.

Já na etapa quantitativa, os primeiros testes do modelo final apresentaram resultados

insatisfatórios para os construtos conteúdo e atenção, denotando uma limitação do estudo,

especialmente, das escalas de mensuração, e da aplicação do modelo para um caso particular.

Por esse motivo, as hipóteses propostas por Chimenti et. al (2014) para os construtos

Conteúdo e Atenção foram retirado da análise. Vale ressaltar que, ao retirar o construto

Atenção, foi testada a inclusão do construto uso, recompondo, assim, a proposta original de

Chimenti (2010) para as variáveis independentes: Atitude – Uso – Satisfação. Isto posto, nas

próximas sessões serão apresentados, apenas, os construtos mantidos do modelo final e as

seguintes hipóteses:

H1: O construto entretenimento influencia a atitude em relação à mídia.

H2: O construto entretenimento influencia o uso em relação à mídia.

H3: O construto entretenimento influencia a satisfação em relação à mídia.

H4: O construto imagem influencia a atitude em relação à mídia.

H5: O construto imagem influencia a satisfação em relação à mídia.

H6: A atitude influencia a satisfação em relação à mídia.

H7: A atitude influencia o uso em relação à mídia.

Page 79: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

79

H8: O construto escolha influencia a atitude em relação à mídia.

H9: O construto escolha influencia a satisfação em relação à mídia.

H10: O construto interatividade influencia a atitude em relação à mídia.

H11: O uso influencia a satisfação em relação à mídia.

Do ponto de vista estatístico cada construto deve ser avaliado em relação à validade,

isto é, se o instrumento de mensuração está medido de forma correta aquilo se propôs a medir

(HAIR ET AL., 1998). Para realizar tal análise o AMOS fornece o C.R. (critical ratio) que se

estiver acima de 1.96 indica que os valores são significativos ao nível de p=0,05. Nas

próximas sessões cada construto será apresentado separadamente.

5.2.1.3.1. Construto entretenimento

A figura a seguir apresenta como ficou definido o construto entretenimento e quais

foram as variáveis utilizadas no instrumento de medição:

Figura 7- Definição do construto entretenimento (Fonte: dados da pesquisa)

O quadro a seguir demostra que a validade do construto foi confirmada uma vez que o os

valores de C.R. estão acima de 1,96 para um nível de p=0,05.

Page 80: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

80

Quadro 10 - Análise de validade do construto entretenimento (Fonte: dados da pesquisa)

Atributo Código Estimativa

Padronizada S.E. C.R p

Eu me divirto muito com o Eiplus En1 0.88 *

O Eiplus tem conteúdos muito

interessantes En2 0.86 0.072 13.280 *

Com Eiplus o tempo passa rápido En3 0.87 0.071 13.687 * Com Eiplus eu relaxo En4 0.94 0.064 15.500 *

Com Eiplus a minha chateação acaba En5 0.84 0.076 12.838 * Com Eiplus eu esqueço dos meus

problemas En6 0.78 0.084 11.051 *

* p menor que 0,05

5.2.1.3.2. Construto escolha

A figura a seguir apresenta como ficou definido o construto escolha e quais foram as

variáveis utilizadas no instrumento de medição:

Figura 8 - Definição do construto escolha (Fonte: dados da pesquisa)

O quadro a seguir demostra que a validade do construto foi confirmada uma vez que o os

valores de C.R. estão acima de 1,96 para um nível de p=0,05

Quadro 11 - Análise de validade do construto escolha (Fonte: dados da pesquisa)

Atributo Código Estimativa

Padronizada S.E. C.R p

O Eiplus me permite escolher aquilo que

é de meu interesse Es1 0.84

No Eiplus eu acesso os conteúdos na hora

que eu quero Es2 0.82 0.092 10.767 *

Com Eiplus eu posso ignorar todos os

conteúdos que não me interessam Es3 0.86 0.085 11.534 *

* p menor que 0,05

Page 81: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

81

5.2.1.3.3. Construto imagem

A figura a seguir apresenta como ficou definido o construto imagem e quais foram as

variáveis utilizadas no instrumento de medição:

Figura 9 - Definição do construto imagem (Fonte: dados da pesquisa)

O quadro a seguir demostra que a validade do construto foi confirmada uma vez que o os

valores de C.R. estão acima de 1,96 para um nível de p=0,05

Quadro 12 - Análise de validade do construto imagem (Fonte: dados da pesquisa)

Atributo Código Estimativa

Padronizada S.E. C.R p

Usar o Eiplus melhora minha imagem

pessoal Im1 0.96

Usar o Eiplus melhora meu prestígio Im2 0.96 0.042 23.871 *

Usar o Eiplus me dá uma imagem de

“antenado” com o mundo Im3 0.91 0.053 19.431 *

* p menor que 0,05

5.2.1.3.4. Construto Interatividade

A figura a seguir apresenta como ficou definido o construto interatividade e quais foram as

variáveis utilizadas no instrumento de medição:

Page 82: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

82

Figura 10- Definição do construto interatividade (Fonte: dados da pesquisa)

O quadro a seguir demostra que a validade do construto foi confirmada uma vez que o os

valores de C.R. estão acima de 1,96 para um nível de p=0,05

Quadro 13 - Análise de validade do construto interatividade (Ffonte: dados da pesquisa)

Atributo Código Estimativa

Padronizada S.E. C.R p

O conteúdo do Eiplus é bastante

influenciado pelos seus usuários In1 0.79

Eu posso divulgar ideias e opiniões com

Eiplus In2 0.92 0.104 11.664 *

Eu tenho a possibilidade de fazer

comentários sobre as informações do

Eiplus In3

0.89 0.108 11.28 *

* p menor que 0,05

5.2.1.3.5. Construto Uso

A figura a seguir apresenta como ficou definido o construto uso e quais foram as variáveis

utilizadas no instrumento de medição:

Page 83: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

83

Figura 11- Definição do construto uso (Fonte: dados da pesquisa)

O quadro a seguir demostra que a validade do construto foi confirmada uma vez que o os

valores de C.R. estão acima de 1,96 para um nível de p=0,05

Quadro 14 - Análise de validade do construto atenção (Fonte: dados da pesquisa)

Atributo Código Estimativa

Padronizada S.E. C.R p

Tempo de utilização durante a

semana Uso1 0.86

Tempo de utilização durante final de

semana Uso2 0.81 0.108 4.492 *

* p menor que 0,05

5.2.1.3.6. Construto Atitude

A figura a seguir apresenta como ficou definido o construto atitude e quais foram as variáveis

utilizadas no instrumento de medição:

Figura 12 - Definição do construto atitude (Fonte: dados da pesquisa)

Page 84: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

84

A tabela a seguir demostra que a validade do construto foi confirmada uma vez que o os

valores de C.R. estão acima de 1,96 para um nível de p=0,05

Quadro 15 - Análise de validade do construto atitude (Fonte: dados da pesquisa)

Atributo Código Estimativa

Padronizada S.E. C.R p

Usar o Eiplus é uma boa ideia Ati1 0.91

Usar o Eiplus é uma ideia

inteligente Ati2 0.93 0.056 18.672 **

Gosto da idéia de usar o Eiplus Ati3 0.91 0.048 21.541 **

O Eiplus é adequado ao meu

estilo de vida Ati4 0.87 0.068 14.01 **

O Eiplus é adequado às minhas

características pessoais Ati5 0.86 0.061 15.026 **

* p menor que 0,05

5.2.1.3.7. Construto Satisfação

A figura a seguir apresenta como ficou definido o construto satisfação e quais foram as

variáveis utilizadas no instrumento de medição:

Figura 13- Definição do construto satisfação (Fonte: dados da pesquisa)

:

A tabela a seguir demostra que a validade do construto foi confirmada uma vez que o os

valores de C.R. estão acima de 1,96 para um nível de p=0,05

Page 85: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

85

Quadro 16 - Análise de validade do construto satisfação (Fonte: dados da pesquisa)

Atributo Código Estimativa

Padronizada S.E. C.R p

O Eiplus atende completamente

às minhas expectativas Sa1 0.90

O Eiplus é ideal para mim Sa2 0.90 0.065 15.341 **

O Eiplus melhora minha vida Sa3 0.94 0.063 15.886 **

Estou muito satisfeito com o

Eiplus Sa4 0.83 0.058 17.243 **

* p menor que 0,05

5.2.1.4. Avaliação de modelo de forma integrada

Para avaliação de modelo final, ou seja, verificar se o modelo está adequado para

explicar os dados obtidos na etapa quantitativa, foram utilizados os índices de ajustamento

sugeridos por BYRNE (2001) e disponível no AMOS. Cada um deles foi elucidado abaixo

conforme descrito pelo autor.

• Qui-quadrado / GL: O Qui-quadrado é uma medida absoluta de ajustamento que avalia

a significância entre o modelo observado e o estimado. Porém esta medida é bastante sensível

ao tamanho da amostra e, portanto, ao dividir a medida pelo grau de liberdade (GL) é possível

encontrar uma medida de ajustamento relativa, e não mais absoluta. O valor máximo

recomendado para essa medida é 5

• Comparative Fit Index (CFI), Normed Fit Index (NFI) e Tucker-Lewix Index (TLI):

representam um índice de ajustamento que compara o modelo testado com um modelo nulo

(independente), ou seja, indicam se os valores encontrados na amostra se adequam ao modelo

proposto. Os três indicadores também variam de 0 a 1 e é recomendado um índice maior que

0.9 para CFI e NFI e índice maior que 0.95 para o TLI.

• Root Mean Square of Approximation (RMSEA): representa o valor médio de todos os

resíduos padronizados e varia de 0 a 1. Um bom índice de ajustamento deve ser pequeno

abaixo de 0.05.

O quadro 17 apresenta o resultado de todos os índices de ajustamento e como pode ser

observado, de forma geral, todos os índices apresentaram resultado satisfatório. Vale ressaltar

Page 86: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

86

apenas, que o TLI, apresentou valor um pouco abaixo do recomendado – 0.933 comparado ao

recomendado de 0.95 (1.8% de diferença).

Quadro 17 - Índices de ajustamento do modelo (Fonte: dados da pesquisa)

Índices de ajustamento

Qui-Quadrado/ GL (Qui-quadrado sobre graus de liberdade) 1.752

CFI (Comparative Fit Index) 0.944

NFI (Normed Fit Index) 0.880

TLI (Tucker-Lewix Index) 0.933

RMSEA (Root Mean Square of Approximation) 0.078

Como dito anteriormente, é necessário também avaliar o modelo de mensuração está

avaliando corretamente o construto que ele se propõe a medir (HAIR ET AL, 1998). Isso pode

ser verificado por meio da validade discriminante, que nesse estudo foi avaliada pelo método

sugerido por Fornell e Larcker (1981) no qual a variância extraída (AVE) de cada construto

deve ser maior do que o quadrado da correlação dos construtos. O quadro 18 apresenta a

correlação de cada construto e o AVE na sua diagonal.

Quadro 18 - Validade discriminante (Fonte: dados da pesquisa)

Entret. Interat. Escolha Imagem Atitude Uso Satisfação

Entretenimento 0.794

Interatividade 0.472 0.829

Escolha 0.444 0.441 0.803

Imagem 0.375 0.314 0.192 0.922

Atitude 0.692 0.440 0.598 0.359 0.846

Uso 0.158 0.066 0.081 0.035 0.146 0.802

Satisfação 0.615 0.510 0.615 0.490 0.733 0.738 0.829

Outro ponto importante é a análise de análise de mensuração décadas construto e a

verificação da confiabilidade composta (composite reliability) dos construtos. O quadro 19 a

seguir apresenta o Coeficientes de Confiabilidade Composta (CR) que são considerados

aceitáveis se estão entre 0,7 e 0,8 e bons se estão acima de 0,8 (HAIR ET AL, 1998). Como

pode ser observado, apenas o construto Uso é considerado aceitáveis e todos os demais

apresentaram bons resultados.

Page 87: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

87

Quadro 19 - Coeficiente de Confiablidade Composta – CR (Fonte: dados de pesquisa)

CR

Entretenimento 0.944

Interatividade 0.902

Escolha 0.879

Imagem 0.958

Atitude 0.955

Satisfação 0.938

Uso 0.764

Após a verificação do fit e da validade do modelo, foi realizada também uma análise de

todas as hipóteses sugeridas por esse estudo, por meio da avaliação das estimativas

padronizadas, assim como já demostrado para cada construto. As hipóteses não foram

suportadas quando p > 0,10. A lista de hipóteses suportadas e rejeitadas foi apresentada no

quadro 20.

Quadro 20 - Teste de hipóteses do modelo final (Fonte: dados da pesquisa)

Hipótese Hipótese

suportada?

H1: Entretenimento => Atitude sim

H2: Entretenimento => Uso não

H3: Entretenimento => Satisfação sim

H4: Imagem => Atitude sim

H5: Imagem => Satisfação sim

H6: Atitude => Satisfação sim

H7: Atitude => Uso não

H8: Escolha => Atitude sim

H9: Escolha => Satisfação não

H10: Interatividade => Atitude não

H11: Uso => Satisfação não

Page 88: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

88

Por fim, a figura 14 resume os resultados encontrados e apresenta o modelo final

desenvolvido por esse estudo e as estimativas padronizadas encontradas para cada hipótese.

Figura 14 - Teste de hipóteses - modelo final proposto (Fonte:dados da pesquisa)

5.2.1.5. Discussão sobre os resultados

Nessa sessão serão discutidos os resultados encontrados na etapa quantitativa, buscando

compreender como eles se relacionam com a etapa qualitativa e com a revisão literária.

5.2.1.6. Considerações sobre dimensões não testadas: Conteúdo e Atenção

Como dito anteriormente, não foi possível estar os construtos Conteúdo e Atenção no

modelo proposto em função de limitações encontradas nas escalas de mensuração. Importante

notar que ao longo da etapa qualitativa o construto Conteúdo foi citado espontaneamente por

Page 89: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

89

todos os entrevistados como a dimensão mais importante do EIPLUS, indicando que essa

dimensão, na visão dos executivos é fundamental para diferenciação do produto. Entretanto os

modelos testados por Chimenti (2010) e Chimenti et. al (2014) não apontaram Conteúdo

como o construto mais relevante em outros contextos e pesquisas. Assim, pode existir uma

diferença entre a visão dos executivos e dos usuários em relação à importância do Conteúdo

para a utilização de mídias. Entretanto essa relação não pode ser observada nesse estudo.

O construto Atenção também não pode ser analisado na etapa quantitativa, mas

apareceu na pesquisa qualitativa como fator de alta relevância, principalmente, em função da

discussão latente sobre métricas de desempenho e avaliação de novas mídias, como é o caso

do EIPLUS. Portanto, sugere-se a melhoria do instrumento de mensuração para que seja

possível, em pesquisas futuras, capturar essa dimensão.

5.2.1.7. Considerações sobre as hipóteses de pesquisa

De forma geral, o modelo testado apresentou resultados satisfatórios. Porém vale

ressaltar que amostra utilizada nesse estudo é pequena e, portanto os resultados não podem ser

generalizados.

O construto entretenimento apresentou os resultados mais significativos corroborando

com a etapa qualitativa e com a revisão bibliográfica. Como esperado, para o caso EIPLUS,

foi verificado que o entretenimento tem influencia sobre a atitude e satisfação do produto

sugerindo, assim, que ele está sendo utilizado em momentos de diversão e relaxamento.

Importante lembrar que o EIPLUS distribui, exclusivamente, conteúdo esportivo com um

público que de maneira notória é fã de esportes.

O construto escolha apareceu como o segundo construto mais importante ratificado,

novamente, os resultados na pesquisa qualitativa e estudos anteriores, conforme mostra a

revisão bibliográfica. Sem estar preso a uma grade programação o consumidor do EIPLUS

pode escolher qual conteúdo quer assistir, deixando evidente a opção do Esporte Interativo

Plus por migrar de um modelo tradicional, conhecido como “network controlled” para o

“consumer contrlled”. O estudo verificou, portanto, a influência positiva da escolha em

Page 90: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

90

relação ao uso de uma mídia, o que demonstra que há uma tendência de quebra do modelo

tradicional de TV no qual o espectador é passivo a programação.

As hipóteses relacionadas à imagem também foram suportadas e confirmaram os

aspectos discutidos na revisão bibliográfica, apesar de não se apresentar como uma dimensão

relevante para os executivos ao longo das entrevistas em profundidade.

Já a hipótese relacionada ao construto interatividade não foi suportada. Se por um lado a

interatividade está presente em todos os produtos da Esporte Interativo, por outro no EIPLUS

essa característica não se destacada. Essa descoberta indica, então, que esse construto não

influencia de forma positiva a utilização dessa mídia, contrariando as proposições e resultados

apontados por Chiment (2010). Porém, como o modelo testado apresenta limitações no

tamanho da amostra o que pode ter geração distorções nos resultados.

Por fim, nenhuma hipótese relacionada ao construto uso foi verificada o que contradiz a

literatura pesquisada e resultados de estudos anteriores. É possível que a amostra testada tenha

influenciado os resultados e que novos testes com esse produto ou com outras mídias podem

se comportar de forma diferente. O estudo de Chimenti (2010) apontou que o uso é mais

relevante para a utilização de TV aberta e menos importante no contexto de internet, o que

pode sugerir que no caso do EIPLUS esse construto de fato não tenha relevância.

Page 91: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

91

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As conclusões dessa pesquisa em conjunto com a revisão de literatura apontam questões

relevantes tanto para o meio acadêmico como gerencial.

Do ponto de vista acadêmico, esta pesquisa testou um modelo até então inédito para

explicar a utilização de mídias no Brasil, contribuiu para o aperfeiçoamento do mesmo e

ratificou, por meio da etapa qualitativa, a importância dos construtos selecionados.

O teste do modelo para o caso do EIPLUS apresentou limitações relacionadas,

principalmente, aos construtos Conteúdo e Atenção. Em relação ao Conteúdo é importante

notar que este foi citado ao longo das entrevistas qualitativas, de forma espontânea, como a

característica mais importante do produto EIPLUS. Por sua vez, a Atenção também foi

mencionada nesta etapa como um fator fundamental para o entendimento do comportamento

do consumidor da Esporte Interativo, principalmente em função do costume de realizar tarefas

simultâneas – o que também é reforçado pela revisão da literatura e denominado de

multitasking. Assim, ficou evidente que o modelo não conseguiu captar de forma satisfatória

esses dois elementos, sugerindo assim a necessidade de rever o instrumento de mensuração.

Outra limitação desse estudo está relacionada à amostra obtida da etapa quantitativa.

Dentre os 17.000 clientes do EIPLUS, foram extraídas apenas 127 respostas completas, o que

representa 0,75% do total. Embora tenha sido possível testar o modelo com esse tamanho de

amostra, os resultados pode estar comprometidos e não podem ser generalizados. As hipóteses

aqui testadas que não apresentaram resultados significativos podem apresentar

comportamento distinto em testes com maiores amostras.

Vale ressaltar também que o preenchimento do questionário online foi interrompido por

diversos respondentes (73% dos que iniciaram a survey), o que sugere que o tamanho do

questionário foi muito extenso e pode ter prejudicado a obtenção de um maior número de

respostas.

Assim, as limitações desse estudo servem como aprendizados para as próximas

pesquisas e contribuirão para a melhoria do modelo e do instrumento de mensuração

utilizado.

Do ponto de vista gerencial, a pesquisa oferece insumos sobre diversos desafios

empresariais. Principalmente através da etapa qualitativa, este estudo retratou a importância

Page 92: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

92

de praticar a visão periférica uma vez que, no caso do EIPLUS, o estabelecimento de

parceiras e a combinação entre o conteúdo televisivo distribuído pela internet com outros

modelos de negócios (como as empresas de telecomunicação, por exemplo) são pontos

cruciais para a difusão e sobrevivência do produto. Além disso, o estudo de caso também

demostrou afinidade com vários temas da literatura como a importância da melhoria de

infraestrutura no país para melhor distribuição e qualidade dos produtos oferecidos pela

internet, a tendência de intolerância a publicidade e o network effect.

Os resultados e as implicações gerenciais derivadas da análise dos construtos e das

hipóteses testadas devem ser analisados com cautela, já que o modelo utilizou uma amostra

pequena de respondentes. O estudo indica uma influência significativa do construto

Entretenimento para a Atitude e Satisfação, sugerindo que a utilização do EIPLUS está

relacionada a momentos de diversão e relaxamento. Outro construto que se destacou pela

maior influência em relação à Atitude foi o construto Escolha, o que corrobora com os

depoimentos da etapa qualitativa e com a tendência de migração de um modelo “network-

controlled” para “consumer-controlled”, conforme verificado na revisão literária.

Por outro lado, as hipóteses relacionadas ao construto Interatividade não foram

suportada. Esse resultado pode ter sofrido interferência do tamanho da amostra ou pode

decorrer da própria característica do EIPLUS, que conforme verificado na etapa qualitativa

não tem a interatividade como ponto chave do produto. As hipóteses relacionadas ao

construto Uso também não foram suportadas, reiterando as limitações vinculadas ao tamanho

da amostra e instrumento de mensuração.

Como efeito comparativo observou-se que o estudo de Chimenti (2010) apresenta

resultados distintos para diferentes construtos quando cada uma das mídias é analisada

separadamente. Em sua pesquisa a autora indica que a TV aberta apresenta médias superiores

para Hábito, Entretenimento e Uso enquanto que a Internet obtém médias superiores em

Atitude e Satisfação. Importante notar, portanto, que os resultados do presente estudo são

uma mescla das descobertas anteriores sobre internet e televisão.

Por fim, para o avanço e aprofundamento do tema estudado, pesquisas futuras poderão

se concentrar: i) no aperfeiçoamento do instrumento de mensuração, para compreender

melhor o construto Atenção e capturar a importância do Conteúdo na utilização de novas

mídias; ii) na aplicação desse modelo para amostras maiores; iii) na aplicação deste modelo

Page 93: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

93

para outras mídias ou outros estudos de caso, ampliando, assim o entendimento do tema e

contribuindo para aprimorar o instrumento de pesquisa; iv) na análise longitudinal do caso

EIPLUS, para compreender o processo de difusão de um produto inovador e verificar como o

objeto de pesquisa irá evoluir ao longo do tempo.

Page 94: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADNEWS (2013). BBB 13 tem o triplo de merchan da edição anterior. Publicado em 06 de fevereiro

de 2013. Disponível em:< http://www.adnews.com.br/televisao-e-radio/bbb-13-tem-o-triplo-de-

merchan-da-edicao-anterior>. Acessado em 2 de março de 2013

ADNEWS (2013b). Audiência de programa de TV na web vai entrar na contagem do IBOPE.

Publicado em 25 de fevereiro de 2013. Disponível em: <http://www.adnews.com.br/televisao-e-

radio/audiencia-de-programa-de-tv-na-web-vai-entrar-na-contagem-do-ibope>. Acessado em 2 de

março de 2013

ANATEL (2003). Pesquisa de Satisfação de clientes de televisão por assinatura: Relatório Final de

Resultados. Volume 3. Disponível em:

<http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=200059&as

suntoPublicacao=Relat%F3rio%20Final%20de%20Resultados%20Segmento:TV%20a%20Cabo&cam

inhoRel=null&filtro=1&documentoPath=118059.pdf> . Acessado em 25 de abril de 2013.

ANATEL (2012). Cobertura da televisão digital no Brasil em números. Disponível em <

http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=276896&ass

untoPublicacao=Televis%E3o%20Digital%20no%20Brasil%20em%20N%FAmeros&caminhoRel=nu

ll&filtro=1&documentoPath=276896.pdf> Acessado em: 25 de abril de 2013.

BARWISE, P. & STRONG, C. Permission-based mobile advertising. Journal of Interactive

Marketing. Vol 16, Num.1, pg. 14, 2002.

BEAL, B.D. & MARIN, D.B., Confronting the information age: strategy copyright,a nd digital

intellectual goods. Business Horizons, jul-ago, 2003.

BENTO, A. & FERREIRA, M. A prática da Pesquisa em Ciência Social: Uma Estratégia de Decisão

e Ação. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, Relatório Técnico 54, 1982

BOUWMAN, H. & WIJNGAERT, L. Content and context: an exploration of basic characteristics of

information needs. New Media & Societ, v.4, 2002.

Page 95: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

95

BOWER, J. L. & CHRISTENSEN M. Disruptive technologies: Catching the wave. Harvard Business

Review, Janeiro. Broadcast Television in the Broadband World. Harvard Business Review, Janeiro

2007

BYRNE, Barbra. Structural Equation Modeling with Amos. New Jersey: laweence Erlbaum

Associates, 2001.

Cetic.Br - Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (2012). Pesquisa

TIC Domicílio 2011 - Pesquisa Sobre O Uso Das Tecnologias Da Informação e Comunicação no

Brasil. Publicado em 31 de maio de 2012. Acessado em 25 de abril de 2013. Disponível em: <

http://www.cetic.br/usuarios/tic/2011-total-brasil/apresentacao-tic-domicilios-2011.pdf>

Cetic.Br - Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (2013). Pesquisa

TIC Domicílio 2012 - Pesquisa Sobre O Uso Das Tecnologias Da Informação e Comunicação no

Brasil. Publicado em 20 de junho de 2013. Acessado em 01 de junho de 2014. Disponível em: <

http://cetic.br/usuarios/tic/2012/index.htm>

CHAKRAVORTI, B. The new rules for bringing innovation to market. Harvard Business Review,

Março, 2004.

CHRISTENSEN, C. M. The innovator’s Dilemma: When new technologies cause great firms to fail.

Boston: Harvard Business School Press, 1997

CHIMENTI, PAULA C. (2010). A TV aberta no Brasil e o desafio das novas mídias. Tese apresentada

no Doutorado em Administração da COPPEAD – UFRJ.

CHIMENTI, PAULA C. & NOGUEIRA, ANTONIO R. R.& MAZZON, JOSE A. & RODRIGUES,

MARCO A. & VAZ, LUIZ F. Eletronic Media Use: Towards na Integrative Model. Journal of Global

Information Managemant (JGIM), Janeiro-Março 2014

CHIMENTI, P. & VAZ, LUIZ F. & RODRIGUES, M. & SALOMÃO, R. Esporte Interativo: Em

busca da maior comunidade brasileira de apaixonados por esportes. IV Encontro de Estudos em

Estratégia, 2009, Recife. Disponível em: <

http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/3Es/3es_2009/3ES216.pdf >. Acessado em 18 de abril de

2013.

Page 96: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

96

CHIMENTI, PAULA C. & NOGUEIRA, ANTONIO R. R. & RODRIGUES, MARCO A. & VAZ,

LUIZ F. & ARKADER, REBECCA. A Rede Globo e o desafio da TV digital no Brasil. XXXVI

Encontro da ANPAD (EnANPAD), 2012, Rio de Janeiro . Disponível em:

<http://www.anpad.org.br/evento.php?acao=subsecao&cod_edicao_subsecao=848&cod_evento_edica

o=63&interna=true> . Acessado em 22 de março de 2013.

CHIMENTI, PAULA C. & NOGUEIRA, ANTONIO R. R. O desafio estratégico das novas

tecnologias na indústria de propaganda: Um estudo de caso. EnADI, 2007

ConsumerWatch. (Consumer Connection: Customer Service Monitoring, 2012). Pesquisa o Ritmo da

Paixão Latina pelo Esporte. Acessado em 21 de junho de 2013. Disponível em: <

https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&sqi=2&ved=0

CCwQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.consumerconnectionla.com%2Fes%2Fpresentacion%2F1&

ei=_ZHEUaPdGoX68QSrrIHICw&usg=AFQjCNGYlkJUWLAafuNGigwWo8qT3-

YJ_Q&sig2=uYToKn607UZvIvd9o83wCg&bvm=bv.48293060,d.eWU>.

COULTER, K. & SARKIS, J. Development of a media selection model using the analytic network

process. International Journal of Advertising, 24(2), pg 193-215, 2005.

COSUMANO, M & GAWER, A. The elements of platform leadership. MIT Sloan Management

Review, 2002.

COULTER, K. & SARKIS, J. Development of media selection model using te analytic network

process. International Journal of Advertising, 24, 2005

CRESWELL, J.W. Research Design: Qualitative, Quantitative and Mixed Methods Approaches, 2ed.,

Thousand Oaks. Sage, pg. 17, 2003.

DABIS, S. & MEYER, C. Blur: the speed of change in the connected economy. Reading, MA,

Addison-Wesley, 1998.

DAY, GEORGE S. & SCHOEMAKER, PAUL J.H. & GUTHER, ROBERT E. Wharton on Managing

Emerging Technologies. Nova York: John Wiley & Sons, Inc, 2000.

DAY, GEORGE S. Closing the growth gap: Balancing Big I and small I Innovation.

Knowledge@Wharton, 2007. Disponível em:

<http://knowledge.wharton.upenn.edu/paper.cfm?paperid=1344>. Acessado em 25 de março de 2013.

Page 97: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

97

DAY, G. & SCHOEMAKER, P.J. Peripheral vision: detecting the weak signals that will make or

break your company. Boston, Harvard Business School Press Books, 2006.

DEMUTH, LEE G. A view point on Disruptive Innovation. Journal of American Academy of Business.

Cambridge, Março 2008.

DIMMINCK, J.; CHEN, Y.; LI, Z. Competition between the Internet and traditional news media: the

gratification-opportunities niches dimension. The Journal of media Economics,2004.

EISENHARDT, KATHLEN M. Building Theories from Case Study Research. Academy of

Management Review, Outubro, 1989.

EISEMANN, THOMAS R. Winner-Take-All in network markets. Harvard Business Review,

Setembro, 2007.

EISEMANN, THOMAS R. Module Note – Platform-mediated network business and core concepts.

Harvard Business Review, Outubro, 2007b.

EISEMANN, T, PARKER, G. & ALSTYNE, M. Strategy for two-sided markets . Harvard Business

Review, Outubro, 2006.

ESTADAO.com.br (2011). TV Esporte Intearativo deve chegar a 80% dos brasileiros até 2016.

Publicado em 24 de janeiro de 2011. Disponível em:<

http://economia.estadao.com.br/noticias/neg%C3%B3cios,tv-esporte-interativo-deve-chegar-a-80-dos-

brasileiros-ate-2016,52115,0.htm>. Acessado em 27 de junho de 2013

EVELAND, William P. Jr. A “Mix of Attributes”Approach to the Study of Media Effects and New

Communication Technologies. Journal of Communications. New York, 2003.

FORNELL, C.; LARCKER, D. F. Evaluating Structural Equation Models with Unobservable

Variables and Measurement Error. Journal of Marketing Research, v. 18, n. 1, p. 39 – 50, 1981.

GIOCOMINI, G. (2011). A influência d Identificação do Fã de Futebol cm a Modalidade Esportiva,

com o Time Esportivo e com as Celebridades do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos.

Dissertação apresentada no Mestrado em Administração do COPPEAD – UFRJ.

Page 98: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

98

GOURVILLE, J. T. Eager Sellers and Stony Buyers: understanding the psychology of new product

adoption. Harvard Business Review, Junho 2006.

GUPTA, S. For mobile devices, think apps, not ads. Harvard Business Review, Março 2013.

HAIR, J.; BLACK, B.;ANDERSON, R. Multivariate Data Analysis. 5th ed., Upper Saddle River, NJ:

Prentice Hall, 1998.

IBGE (2013). PNDA – Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios 2012. Publicado em 27 de

setembro de 2013. Acessado em 01 junho de abril de 2014. Disponível em: <

ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_anual/

2012/Sintese_Indicadores/sintese_pnad2012.pdf>

IBOPE (2011). A importância dos sites sociais para as marcas no Brasil. Publicado em 28 de

novembro de 2011. Disponível em: <http://www.ibope.com.br/pt-

br/noticias/Paginas/A%20import%C3%A2ncia%20dos%20sites%20sociais%20para%20as%20marcas

%20no%20Brasil.aspx>. Acessado em 19 de junho de 2013.

IBOPE (2012). 56% dos consumidores brasilieo são torcedores roxos e fãs de esporte. Publicado em

16 de Outubro de 2012. Disponível em: <http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/56-dos-

consumidores-brasileiros-sao-torcedores-roxos-e-fas-de-esportes.aspx>. Acessado em 19 de junho de

2013.

IANSITI, M. & LEVIEN, R. Stratey as Ecology. Harvard Business Review, Março 2004

IYER, B., LEE, C. & VENKATRAMAN, N. Mananging in a “small work ecosystem”: Lessons from

software sector. California Management Review, v.48 n.3, 2006

JENKINS, H. Convergence Culture. 2 ed. – New York University, 2006

KEYE, B. K. & JOHNSON, T. From here to obscurity: Media substitution theory and the Internet.

Journal of the American Society for Information Science and Technology, 2003.

LEAL, PLÍNIO MARCOS V. (2009). Um olhar histórico na formação e sedimentação da TV no

Brasil. Disponível em:< http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/7o-encontro-2009-

Page 99: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

99

1/Um%20olhar%20historico%20na%20formacao%20e%20sedimentacao%20da%20TV%20no%20Br

asil.pdf >. Acessado em 15 de março de 2013.

LIN, C. A. Audience attributes, media supplementation and likely on-line service adoption. Mass

Communications & Society, 4, 2001.

LIN, C. A. Prediction webcasting adoption via personal innovativeness and perceived utilities.

Jounral of Advertising, Junho, 2006.

MANGELSDORF, M. Good Days for Disruptors. MIT Sloan Management Review, v. 50, n. 3, 2009.

MATHEUS, LETICIA C. Marcos e problemas da história da televisão no Brasil. Revista Brasileira

da História da Mídia, v. 2238-5426, 2012. Disponível em:

<http://www.unicentro.br/rbhm/ed02/resenhas/01.pdf>. Acessado em 22 de março de 2013

MATTOS, L. C (2007). A Reconfiguração da Indústria de Televisão: A visào das Redes de Televisão

Aberta no Brasil. Dissertação apresentada no Mestrado de Administração do Instituto Coppead –

UFRJ

MARCHENIANI, l. Mobile telecommunications at ehe dawn of a new era: How new mobile

technologies drive innovative business models. School of management Luiss Guido Carli, Roma,

2004.

MOORE, GEOFFREY A. Crossing the Chasm: Marketing and Selling High-Tech Products to

Mainstream Customers. Happer Collins, 2002.

MOORE, GEOFFREY A. Darwin and demon: innovating within established firms. Harvard Business

Review, Agosto 2004.

MOORE, GARY C. & BENBASAT, IZAK. Development of an instrument to measure the perceptions

of adopting an information technology innovation. Information System Research, The Institute of

Management Science, 2001.

OLIVER, R. L. Satisfaction: A behavioral perspective on the consumer. New York: MCGraw-Hill,

1997.

Page 100: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

100

PARKER, N. The 30-hour: the future for media and entertainment business. Strategy and leadership,

v. 32, n. 2, 2004.

PETRICK, I. & MARTINELLI, R. Driving Disruptive Innovation: Problem Finding and Strategy

Setting in an Uncertain World. Research-Technology Management. Novembro, 2012

PRAHALAD,C.K. The blinders dominat logic. Long Range Planning Journal, v.37,2004

PROJETOS INTERMEIOS (2013). Relatório de Investimentos em Média Consolidado. Disponível

em: <http://www.projetointermeios.com.br/relatorios-de-investimento>. Acessado em 01 junho de

abril de 2014.

RAFII, F. & KAMPAS, P. J. How to indentify your enemies before they destroy you. Harvard Business

Review, Novembro 2002.

RAYNOR, MICHAEL E. & CHRISTENSEN, CLAYTON M. O crescimento pela inovação: Como

crescer de forma sustentada e reinventar o sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

REIS, S. D (2004). Sustentação ou Ruptura? Mudanças Tecnológicas na Indústria de Televisão.

Dissertação apresentado no Mestrado em Engenharia de Produção da COPPE – UFRJ.

RODRIGUES, M. S. (2009). O impacto das novas mídias para anunciantes brasileiros: A unique

selling proporsition presente em telecnologias de sicentif advertising. Dissertação apresentado no

Mestrado em Administração do COPPEAD – UFRJ.

RODRIGUES, M.; CHIMENTI, P.; NOGUEIRA, A. O impacto das novas mídias para os

anunciantes brasileiros. Revista de Administração, v. 47, n. 2, p. 249-263, 2012

ROGERS, Everett M. Diffusion of Innovations. 3a ed. Nova York: The Free Press, 1983

ROGERS, Everett M. Diffusion of Innovations. 3a ed. Nova York: The Free Press, 1995

SECRETARIA DE COMUNICAÇAO SOCIAL (2014). Pesquisa Brasileira de Mídia 2014: Hábitos

de consumo de mídia pela população brasileira. Disponível em: <

http://www.secom.gov.br/orientacoes-gerais/pesquisa/livro-pesquisa-brasileira-de-midia_internet-

pdf/view>. Acessado em 01 junho de abril de 2014.

Page 101: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

101

SHAPIRO, Carl & VARIAN, Hal R. Information Rules. Boston: HBSP, 1999. Capítulo 1, pp.1-18.

SULTAN, F. & ROHM, A. The coming era of “brand in the hand” marketing. MIT Sloan

Management Review, vol. 47, 2005

UOL (2013). Warner vira sócia da TV Esporte Interativo; entenda.. Publicado em 08 de junho de

2013. Disponível em:< http://natelinha.ne10.uol.com.br/noticias/2013/06/08/warner-vira-socia-da-tv-

esporte-interativo-entenda-62276.php>. Acessado em 27 de junho de 2013

VEJA (2013). Capital Estrangeiro. Publicado em 08 de junho de 2013. Disponível em:<

http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/televisao/grupo-time-warner-vira-socio-de-rede-de-tv-

brasileira/>. Acessado em 27 de junho de 2013

YIN, R.K. Case study research: Design and methods. California: Sage Publications, Inc., 1989.

WIRTZ, B. Reconfiguration of value chain in converging media and communications markets. Long

Range Planning Journal. 2001.

Page 102: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

102

ANEXO I: ROTEIRO DE ENTREVISTA (ETAPA QUALITATIVA)

1. Fale um pouco sobre o seu trabalho hoje no Esporte Interativo

a. Explorar responsabilidades atuais

b. Explorar trajetória profissional

2. Quem é o cliente do Esporte Interativo?

a. Explorar bem quem é o target

b. Quem não é cliente?

3. Quais são as principais ofertas da empresa para seus clientes?

a. Explorar modelo de negócio

b. Explorar concorrentes

4. Caso o entrevistado não cite o EiPlus, perguntar o que é o produto ou explorá-lo em

mais detalhes

a. Explorar produtos concorrentes (BR e exterior)

b. Diferenças e similaridades dos concorrentes

c. Explorar modelo de negócio EiPlus

d. Quem é cliente target?

e. Quem não é cliente?

f. Em quanto tempo se torna popular?

5. Quais são os principais atributos desse produto?

a. Explorar:

i. Interatividade

ii. Conteúdo (escolha, fim de grade)

iii. Mobilidade

iv. Qualidade (maior ou menor / dependência do provedor de internet)

v. Diferenças entre custo e preço

6. Se você pudesse começar de novo, o que faria diferente com o produto (EiPlus)

7. Numa escala de 1 a 10, qual a chance das pessoas adotarem o produto? Por que?

8. Numa escala de 1 a 10, qual a chance das pessoas recomendarem o produto? Por que?

9. Qual a relação desse produto com os outros do portfolio?

a. Explorar: verificar se há canibalização ou se há complementariedade

10. Em que aspectos esse produto se diferencia para anunciantes e espectadores? Ou seja,

o produto atende o interesse dos dois grupos? Como?

Page 103: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

103

a. Explorar: há benefícios adicionais para anunciante ou espectador e se

comparados a outros produtos há diferentes benefícios

b. Verificar se os lados complementam a oferta

Page 104: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

104

ANEXO Ii: QUESTIONÁRIO (ETAPA QUANTITATIVA)

Q1 Você utilizou o Eiplus no último mês?

Sim (1)

Não (2)

Q2 Tipicamente, em um dia de semana (segunda a sexta), por quantos minutos você utiliza o

Eiplus? (Caso você utilize por mais de 1 hora, transforme em minutos, por exemplo, 1h=60

minutos; 1h e meia = 90 minutos; 2h = 120 minutos etc.)

Q3 Em um dia típico de final de semana (sábado e domingo), por quantos minutos você

utiliza o Eiplus? (Caso você utilize por mais de 1 hora, transforme em minutos, por exemplo,

1h=60 minutos; 1h e meia = 90 minutos; 2h = 120 minutos etc.)

Q4 Enquanto vejo o Eiplus, você utiliza, ao mesmo tempo, outros meios de comunicação?

Responda com que frequência isso costuma acontecer.

Nunca

(1)

Poucas

Vezes (2)

Algumas

vezes (3)

Muitas

Vezes (4)

Sempre

(5)

Outros sites (1)

Console de jogos (em outro

monitor ou TV) (2)

Tablets (3)

Page 105: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

105

Q5 Indique, para as afirmações a seguir, o seu grau de discordância ou concordância em

relação a cada uma delas. Você deve decidir, inicialmente se discorda ou concorda da

afirmação. A seguir, defina o quanto você discorda ou concorda da afirmação – pode ser

pouco, muito ou totalmente, selecionando a alternativa mais apropriada.

Discordo

totalmente

(1)

Discordo

muito

(2)

Discordo

pouco

(3)

Concordo

pouco (4)

Concordo

muito (5)

Concordo

totalmente

(6)

Posso acessar o

Eiplus em qualquer

lugar que eu esteja

(1)

Posso assistir o

conteúdo do Eiplus

a qualquer hora (2)

Posso levar o

Eiplus para onde

quiser, de um

lugar a outro (3)

O equipamento

para usar o Eiplus

tem um preço justo

(4)

O equipamento

para usar o Eiplus

tem um preço

acessível para mim

(5)

O Eiplus tem um

preço justo (6)

O preço da

assinatura é

acessível para mim

(7)

Eu me divirto

muito com o

Eiplus (8)

O Eiplus tem

conteúdos muito

interessantes (9)

Com Eiplus o

tempo passa rápido

(10)

Com Eiplus eu

Page 106: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

106

relaxo (11)

Com Eiplus a

minha chateação

acaba (12)

Com Eiplus eu

esqueço dos meus

problemas (13)

No Eiplus dá

sempre informação

em primeira mão

(14)

O Eiplus tem

sempre as

informações mais

relevantes (15)

O Eiplus me

permite encontrar

diversos pontos de

vista sobre o

mesmo assunto

(16)

O Eiplus traz

informações mais

aprofundadas (17)

Há no Eiplus uma

excelente

qualidade de

conteúdos (18)

Eu encontro no

Eiplus todo

conteúdo que

procuro (19)

No Eiplus eu

encontro

informações que

não estão em

nenhum outro

lugar (20)

O conteúdo do

Eiplus é bastante

influenciado pelos

seus usuários (21)

Eu posso divulgar

ideias e opiniões

com Eiplus (22)

Eu tenho a

Page 107: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

107

possibilidade de

fazer comentários

sobre as

informações do

Eiplus (23)

O Eiplus me

permite escolher

aquilo que é de

meu interesse (24)

No Eiplus eu

acesso os

conteúdos na hora

que eu quero (25)

Com Eiplus eu

posso ignorar todos

os conteúdos que

não me interessam

(26)

Usar o Eiplus

melhora minha

imagem pessoal

(27)

Usar o Eiplus

melhora meu

prestígio (28)

Usar o Eiplus me

dá uma imagem de

“antenado” com o

mundo (29)

Usar o Eiplus é

uma boa ideia (30)

Usar o Eiplus é

uma ideia

inteligente (31)

Gosto da idéia de

usar o Eiplus (32)

O Eiplus é

adequado ao meu

estilo de vida (33)

O Eiplus é

adequado às

minhas

características

pessoais (34)

De forma geral,

minha opinião

Page 108: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

108

sobre o Eiplus é

extremamente

positiva (35)

Quando eu utilizo

o Eiplus, presto

total atenção a ele

(36)

O Eiplus me

entusiasma (37)

Nos momentos em

que uso o Eiplus,

eu não faço mais

nada (38)

Nos próximos

anos, eu utilizarei

muito mais o

Eiplus (39)

Eu fico

completamente

concentrado no

Eiplus (40)

Quando eu utilizo

o Eiplus, não

percebo mais nada

a meu redor (41)

Utilizarei mais o

Eiplus no futuro

(42)

Eu com certeza

continuarei

utilizando o Eiplus

no futuro (43)

O Eiplus atende

completamente às

minhas

expectativas (44)

O Eiplus é ideal

para mim (45)

O Eiplus melhora

minha vida (46)

Estou muito

satisfeito com o

Eiplus (47)

Eu certamente vou

recomendar o

Page 109: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

109

Eiplus para os

meus amigos (48)

Gostaria de usar o

Eiplus novamente

(49)

Me sinto bem

usando o Eiplis

(50)

De forma geral

gosto de usar o

Eiplis (51)

É fácil utilizar o

Eiplus (52)

Não tenho

problemas para me

conectar ao Eiplus

(53)

Tenho facilidade

de encontrar o

conteúdo que

procuro (54)

Q6 Assinale para as afirmações a seguir, o seu grau de discordância ou concordância em

relação a cada uma delas.

Discordo

totalmente

(1)

Discordo

muito (2)

Discordo

pouco (3)

Concordo

pouco (4)

Concordo

muito (5)

Concordo

totalmente

(6)

Uso a

internet há

bastante

tempo (2)

Tenho

hábito de

assistir

vídeos

pela

internet há

bastante

tempo (3)

Page 110: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

110

Q7 Abaixo são apresentadas 5 frases. Assinale apenas a frase que melhor representa o seu

perfil quando você se depara com um produto novo, inovador, que não existia ainda no

mercado.

Sempre sou um dos primeiros a ter opinião a respeito de um novo produto e, caso ache

interessante, sou sempre um dos primeiros a comprá-lo. (1)

Procuro me informar sobre o produto já em sua fase de lançamento. Espero um

conhecido adquirir o produto, vejo ele em funcionamento e, se acho interessante, compro o

produto. (2)

Procuro me informar sobre o produto quando ele está há algum tempo no mercado.

Espero que um grupo de pessoas o tenham adquirido e, se acho interessante, compro o

produto. (3)

Só me informo sobre um produto quando ele já está consolidado no mercado. Espero

que um grande número de pessoas o tenha adquirido e que seu preço tenha baixado para

comprá-lo. (4)

Sou sempre um dos últimos a adquirir um produto novo. (5)

Q8 Qual a sua idade?

Q9 Sexo

Masculino (1)

Feminino (2)

Q10 Em que estado você mora?

Page 111: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

111

Paraná (28)

Santa Catarina (29)

Rio Grande do Sul (30)

São Paulo (31)

Rio de Janeiro (32)

Minas Gerais (33)

Espírito Santo (34)

Bahia (35)

Piauí (36)

Sergipe (37)

Alagoas (38)

Pernambuco (39)

Paraíba (40)

Rio Grande do Norte (41)

Ceará (42)

Maranhão (43)

Tocantins (44)

Goiás (45)

Distrito Federal (46)

Mato Grosso (47)

Mato Grosso do Sul (48)

Amazonas (49)

Rondônia (50)

Pará (51)

Amapá (52)

Roraima (53)

Acre(54)

Page 112: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

112

112

Q11 Qual é seu grau de escolaridade (grau de instrução)?

Até a 4ª série do ensino fundamental (1)

Até a 8ª série do ensino fundamental (2)

Até o ensino médio (3)

Curso superior (4)

Pós-graduação (especialização, MBA) (5)

Mestrado ou doutorado (6)

Q12 Qual tipo de acesso de internet que você tem?

Internet Banda Larga (fixa) (1)

Internet discada (2)

Internet Banda Larga Móvel (3)

Q13 Qual a sua forma de pagamento do Eiplus?

Assinatura (cartão de crédito) (1)

Pré-pago (boleto bancário) (2)

Ainda estou experimentando (3)

Q14 O que você geralmente assiste no EIplus?

Somente o canal Ao Vivo do Esporte Interativo (1)

O Canal Ao Vivo e poucos vídeos (2)

O Canal Ao Vivo e muitos vídeos (3)

Assisto somente aos vídeos (4)

Page 113: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

113

113

Answer If O que você geralmente assiste no EIplus? Somente o canal Ao Vivo do Esporte

Interativo Is Not Selected

Q15 Quais conteúdos você costuma assistir no Eiplus?

Liga dos Campeões (1)

Europa League (2)

Jogos Históricos (3)

Real Madri TV (4)

Copa da Alemanha (5)

Copa da França (6)

Eliminatórias 2014 (7)

Supercopa da Espanha (8)

Copa do Rei (9)

Chelsea TV (10)

Milian Channel (11)

Braça TV (12)

TV Cruzeiro (13)

TV FLA (14)

Santos TV (15)

TV São Paulo (16)

Vasco TV (17)

WGP (18)

Bellator (19)

Glory (20)

BAMMA (21)

It's Showtime (22)

Mestres do Combate (23)

WWE (24)

NFL (25)

Judo (26)

Handbol (27)

Extrem Seriese Sailing (28)

Page 114: O uso da televisão digital via internet no Brasil: O ... · conclusões do estudo mostraram a relevância da migração de um modelo “network-controlled” para “consumer-controlled”,

114

114

Planeta Nocaute (29)

Kajuru Pergunta (30)

Zico na Área (31)

Incríve Kajurul (32)

Via Esporte (33)

Quadro de Medalhas (34)

Zoação (35)

Jogando em casa (36)

Fim de papo (37)

2 Toques (38)

Q16 Qual conteúdo você gostaria de encontrar no Eiplus?

Q17 Você indicaria o Esporte Interativo para um amigo?

Sim (1)

Não (2)

Q18 Indique seu email