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ANDERSON EDUARDO FERREIRA O USO DA INTERNET NA EVANGELIZAÇÃO DA DIOCESE DE ASSIS Assis 2010

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ANDERSON EDUARDO FERREIRA

O USO DA INTERNET NA EVANGELIZAÇÃO

DA DIOCESE DE ASSIS

Assis 2010

2

ANDERSON EDUARDO FERREIRA

O USO DA INTERNET NA EVANGELIZAÇÃO

DA DIOCESE DE ASSIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis – IMESA e à Fundação Educacional do Município de Assis – FEMA, como requisito parcial à obtenção de Certificado de Conclusão. Orientando: Anderson Eduardo Ferreira Orientadora: Profª Drª Eliane Ap. Galvão Ribeiro Ferreira

Assis 2010

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O USO DA INTERNET NA EVANGELIZAÇÃO

DA DIOCESE DE ASSIS

ANDERSON EDUARDO FERREIRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, como requisito parcial para aprovação no Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, analisado pela seguinte comissão organizadora:

Orientadora: Profª Drª Eliane Ap. Galvão Ribeiro Ferreira

Analisadora: Profª. Drª. Alcioni Galdino Vieira

Assis 2010

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DEDICATÓRIA

Aos sonhos, que geraram um desejo.

À vida, que me fez cada vez melhor.

Aos obstáculos, que me fizeram reagir.

Às conquistas, que me incentivaram chegar aqui.

Às pessoas amadas, que me fazem sorrir.

Dedico este trabalho ao meu amado e querido

irmão André Antonio Ferreira (in memorian) que, há quase dois anos, está ao lado

de Deus, conduzindo e guiando os meus passos.

A você que sempre acreditou em mim e me apoiou

em todas as minhas decisões, eu agora dedico esse trabalho em forma de

agradecimento por cada minuto que você conviveu comigo, sendo meu irmão,

amigo, guia e amparo em todos os momentos difíceis e bons que passei.

Meu irmão, a saudade ainda dói muito, mas muito

forte no meu peito. Porém, a certeza que você está olhando por mim é o que me faz

ser forte a continuar seguindo no propósito que Deus tem para mim. Essa conquista

é tão minha quanto sua.

Um dia a gente se encontra novamente... Te amo.

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AGRADECIMENTO

Primeiramente agradeço a Deus e a Nossa Senhora da Conceição Aparecida,

pelos dons e alegrias que tem me dado ao longo da vida.

Agradeço aos meus queridos pais, Ana e Eduardo, que são a base do meu

crescimento como ser humano, ensinando-me os caminhos que se deve seguir para

alcançar os meus sonhos, valorizando as pessoas e espalhando alegria a todos que

fizerem parte da minha vida.

Obrigado a minha querida irmã Andréia, meu cunhado e, agora afilhado,

Claudio e minha sobrinha Laura, pela convivência de diversos momentos alegres e

dolorosos que passamos juntos. Que Deus os abençoe!

Ao meu padrinho de Crisma Dom Sérgio Krzywy, pelo importante papel que

desempenhou no meu crescimento de pessoa com responsabilidade e ética e, pelas

inúmeras contribuições que me ajudaram a chegar onde estou.

Agradeço a minha querida orientadora, Professora Drº Eliane Aparecida

Galvão Ribeiro Ferreira pelo prazer de conviver todo esse tempo juntos. Obrigado

não só pelo conhecimento e sabedoria transmitidos nas orientações, mas pela

palavra amiga, sincera e confortável nos encontros que se tornaram prazerosos

graças a sua experiência de vida e simplicidade. Que Deus e N. S. Aparecida

continue lhe abençoando.

Aos demais professores, muito obrigado pelas intensas noites de estudo

nesses quatro anos. Realmente não foi fácil pra nenhum dos dois lados (risos), mas

com certeza o que fica para mim é a gratidão de compartilhar momentos

inesquecíveis que levarei comigo para sempre.

Um agradecimento mais especial à professora Alcioni Galdino Vieira, que

aceitou o convite para minha banca examinadora e contribui para o andamento final

deste trabalho e à professora Maria Lídia de Maio Bignotto, que me conquistou com

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seu carisma e alegria de viver. A vocês todos, minha gratidão e respeito por todo

esse tempo juntos.

Aos meus amigos da faculdade que ao longo desses anos compartilhamos

desesperos, festas, estresses, conversas, desabafos, tristezas, alegrias e tudo mais

o que se possa imaginar, um agradecimento pela amizade e respeito que adquirimos

nesse precioso tempo que passamos. Falando em amigos, duas moças, uma loira e

outra pequena (risos), também ocuparam um lugar especial na minha vida. Muito

obrigado Nayara e Hindianara pelos diversos momentos em que partilhamos alegrias

e dificuldades. Meu respeito e admiração por vocês é muito maior que qualquer

coisa, por isso, muito obrigado pela amizade de vocês duas.

De maneira especial, não poderia deixar de agradecer aos meus mais novos

irmãos, mais velhos, diga-se de passagem, Fábio Santos e Sidnei (Neizinho).

Quanto a vocês, tenho o prazer de chamá-los de amigos e irmãos. Agradeço por

fazerem parte da minha vida e por compartilharmos tantas coisas juntas. O dia em

que eu casar e ser pai, quero ser que nem vocês (risos). Que essa amizade continue

sendo iluminada por Deus, que levou um irmão meu para junto dele, mas me

entregou mais dois.

Agradeço também a querida Mariana que foi uma das incentivadoras para o

meu ingresso na faculdade. Com certeza, todos esses anos ao seu lado me fez

crescer muito e por isso agradeço pela sua presença em minha vida. Fica aqui a

minha gratidão pela sua compreensão dos momentos que tive de estar ausente para

mais essa conquista em minha vida.

Por fim, um agradecimento a todos que nesses quatro anos me “suportaram”

na cansativa rotina diária de trabalho e estudo. Aos meus colegas de trabalho da

Prefeitura Municipal de Ibirarema, Cartório Eleitoral de Palmital, companheiros de

futebol e diversos amigos que conquistei ao longo da minha vida e que por motivos

de estudo e compromisso, não pude viver mais intensamente a nossa amizade

construída.

7

“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo,

tome sua cruz cada dia e siga-me.”

Lc 9,23

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RESUMO

A sociedade atual vive em mundo totalmente tecnocrático e imerso na cultura

midiática, por isso é preciso analisar a importância da comunicação como espaço

para se realizar a evangelização. Por estar na cultura virtual, a cibercultura, deve-se

utilizar de todos os aplicativos que estão à disposição para o devido uso na

proclamação do Evangelho. Pensando na divulgação de informações, notícias,

atividades religiosas e demais acontecimentos da Igreja, de forma particular, da

diocese de Assis, este trabalho tem por objetivo refletir a importância da internet

como meio de comunicação e evangelização diocesana. Sabe-se que no último

século, tanto a informática quanto a Igreja Católica sofreram diversas modificações.

A sociedade pós-moderna de hoje, vivencia cada vez mais evoluções na informática,

tornando a comunicação mais interativa e colaborativa. Uma das etapas dessa

evolução é a Web 2.0 em que os usuários compartilham em suas redes diversas

comunidades sociais, com objetivos e propósitos semelhantes. A proposta prática

deste trabalho é utilizar um desses aplicativos, na questão o twitter para ser mais um

canal de divulgação do site da diocese de Assis, criado neste ano de 2010. Acredita-

se que por meio deste meio de comunicação, diversos grupos sociais terão a

oportunidade de “seguirem” as informações religiosas pela internet e serem

evangelizados.

Palavra-chaves: Evangelização; Comunicação; Igreja Católica; Internet – Web 2.0.

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ABSTRACT

The world lives in today's society and technocratic totally immersed in media culture,

so it is necessary to analyze the importance of communication and space to

accomplish the evangelization. By being in virtual culture, cyberculture, should be

used for all applications that are available for proper use in the proclamation of the

Gospel. Thinking about the disclosure of information, news, religious activities and

other events of the Church is, in particular, of the Diocese of Assisi, this work aims to

reflect the importance of the Internet as a media and diocesan evangelization. It is

known that in the last century, both the computer as the Catholic Church underwent

various modifications. The post-modern society today, experiencing increasingly

developments in computer technology, making communication more interactive and

collaborative. One of the stages of this evolution is the Web 2.0 where users share

their networks on various social communities with similar goals and purposes. The

practical proposal of this work is to use one of these applications, the issue twitter to

be another channel for disseminating the site of the Diocese of Assisi, established in

2010. It is believed that through this medium, various social groups have the

opportunity to "follow" the religious information online and be evangelized.

Keywords: Evangelization, Communication, the Catholic Church; Internet - Web 2.0.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Twitter da Arquidiocese de Natal – Rio Grande do Norte............ ............53

Figura 2 – Twitter da Diocese de Araçatuva – São Paulo.........................................54

Figura 3 – Twitter da Diocese de Assis – São Paulo ................................................54

11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................12

CAPÍTULO I – EVANGELIZAÇÃO E COMUNICAÇÃO........................15

1 IGREJA CATÓLICA................................................................................... 16

1.2 EVANGELIZAÇÃO ................................................................................. 16

1.3 COMUNICAÇÃO E IGREJA CATÓLICA................................................ 20

1.4 A IGREJA E OS DOCUMENTOS SOBRE COMUNICAÇÃO................. 24

CAPÍTULO II – ERA DA INFORMÁTICA..............................................31

2 A ESCRITA, A INTERNET E A COMUNICAÇÃO ..................................... 32

2.1 COMO FUNCIONA A INTERNET .......................................................... 33

2.2 O USO DA INTERNET NO BRASIL....................................................... 34

2.3 O INÍCIO DA WEB 2.0............................................................................ 35

2.3.1 Ferramentas da Web 2.0..........................................................36

2.3.1.1 Blogs..................................................................................................................... 36

2.3.1.2 Orkut ..................................................................................................................... 37

2.3.1.3 Facebook .............................................................................................................. 38

2.3.1.4 Twitter ................................................................................................................... 38

2.3.1.5 You Tube .............................................................................................................. 39

CAPÍTULO III – EVANGELIZAÇÃO PELA INTERNET ........................41

3 CIBERCULTURA E CIBERESPAÇO ........................................................ 42

3.1 DOCUMENTO DA IGREJA SOBRE INTERNET ................................... 45

3.2 PASTORAL DA COMUNICAÇÃO - PASCOM ....................................... 48

3.3 EVANGELIZANDO PELA INTERNET.................................................... 52

CONCLUSÃO .......................................................................................56

REFERÊNCIAS.....................................................................................58

ANEXOS ...............................................................................................63

12

1. INTRODUÇÃO

Durante muitos anos, a Igreja Católica cumpriu sua missão de

evangelizar por meio da literatura e da arte, fornecendo aos fiéis todo o seu saber e

conhecimento. Como todos sabem, temos como exemplo a pintura religiosa e a

música sacra, valorizadas até hoje como importantes obras culturais. Com o passar

dos anos, a sociedade foi se transformando e a Igreja teve de se adequar à

realidade.

Segundo o CERIS (Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações

Sociais), na edição do anuário católico da igreja no Brasil, publicada em 2005, foram

computados 9.410 paróquias, 17.976 sacerdotes, 1.557 diáconos permanentes,

4.003 irmãos religiosos e 34.697 irmãs religiosas. No censo de 2000, 73,7% da

população brasileira se declarava católica – aproximadamente 125 milhões de

pessoas – o que faz do Brasil o maior país católico do mundo. Porém, é necessário

salientar que 40%, 50 milhões, dos que declararam ser católicos, dizem também não

ser praticantes. Percebe-se, então, a importância da comunicação na Igreja Católica.

Ao longo dos anos, as igrejas protestantes foram ganhando espaço e,

hoje, representam uma grande parcela dos cristãos brasileiros. Um dos motivos da

perda de fiéis pela Igreja Católica se deve ao pensamento conservador que durante

muito tempo insistiu em permanecer pelo alto clero.

Atualmente, a realidade é outra. Com o advento das novas tecnologias

da informação, com a globalização e as novas maneiras de relacionamento, houve

uma verdadeira revolução nas formas de comunicar. Agora, na era digital da

internet, do imediatismo e da instantaneidade, a sociedade se vê obrigada a se

modificar e se adequar. A Igreja Católica, em meio a essas transformações sociais,

econômicas e tecnológicas, também deve acompanhar essas mudanças na

comunicação, a fim de auxiliar nas formas de evangelizar.

A mudança iniciou com o Papa João Paulo II que trabalhou de maneira

incansável a favor do ecumenismo. Ele foi considerado, por muitos teólogos, como o

papa da comunicação. O atual Santo Padre, Bento XVI, segue no mesmo caminho

do papa anterior, apoiando o uso das novas mídias. O recado está sendo utilizado

pelos diversos segmentos da Igreja Católica, porém, há muito ainda que deve ser

feito e discutido.

13

Como já citado anteriormente, essa mudança já vem acontecendo há

alguns anos e cada vez mais arquidioceses, dioceses e paróquias utilizam desses

meios de comunicação disponíveis. Atualmente, a igreja possui canais de televisão,

rádios, jornais impressos, revistas, sites e, agora, a nova sensação midiática: a WEB

2.0 que são as redes sociais como Orkut, Facebook, You Tube, Blogs, Twitter, entre

outros.

Para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais1 de 2010, cujo tema

foi “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos meios a serviço da Palavra”,

o Papa Bento XVI pediu aos sacerdotes que usem os meios de comunicação. O

Pontífice os convida a considerarem os meios como um poderoso recurso para seu

ministério a serviço da Palavra e dirige uma palavra de alento para enfrentar os

desafios derivados na nova cultura digital. Em 2009, o tema foi “Novas tecnologias,

novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo e de amizade”.

Segundo o padre e assessor de comunicação da CNBB, Geraldo

Martins, durante o 3º Seminário de comunicação do Rio de Janeiro, ocorrido no dia

12 de setembro de 2009, os sacerdotes sabem que a Igreja tem se preocupado por

entender que a comunicação é evangelização. Hoje, na linha do que tem refletido os

últimos papas, a Igreja está cada vez mais convencida de que se ela quer chegar

aos quatro cantos da Terra com o anúncio de Jesus Cristo, não pode abrir mão das

novas tecnologias.

Com 81 anos de existência e composta por 25 paróquias, divididas em

18 cidades, a Diocese de Assis está localizada no centro-oeste do Estado de São

Paulo e exerce uma importante função nesta evangelização proposta pela Igreja

Católica. Atualmente, a diocese de Assis consta com apenas um sítio eletrônico

disponível no endereço www.diocesedeassis.org. O bispo que administra a diocese

é Dom José Benedito Simão que foi empossado em celebração ocorrida no dia 23

de agosto de 2009 na Catedral Sagrado Coração de Jesus, em Assis/SP,

sucedendo Dom Maurício Grotto de Camargo que foi nomeado, em novembro de

2008, como arcebispo da Arquidiocese de Botucatu.

Pensando na importância da divulgação de informações, notícias,

atividades religiosas e demais acontecimentos da Igreja, de forma particular, da

diocese de Assis, este trabalho tem por objetivo refletir acerca da importância da

1 O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração mundial convocada pelo Concílio Vaticano II e

é realizado em quase todos os países do mundo, no domingo precedente a Pentecostes.

14

internet como meio de comunicação diocesana. Para isso, pretende-se observar e

analisar a comunicação em sua função de evangelização como ferramenta capaz de

favorecer a integração e troca de experiências entre as paróquias, além de fortalecer

a evangelização pelas pastorais.

A escolha por esse estudo justifica-se pela importância da utilização do

jornalismo on-line por uma entidade que possui milhares de anos e que necessita

acompanhar os avanços tecnológicos. Para tanto, deve-se utilizar uma linguagem

específica que o jornalismo segmentado oferece, por isso, a necessidade de um

profissional de comunicação para organizar toda essa estrutura comunicacional.

Neste trabalho constrói-se como hipótese que esse produto jornalístico

será bem aceito pela comunidade religiosa, devido à pequena estrutura de

comunicação da diocese de Assis. Justamente essa estrutura restrita, muitas vezes,

compromete na evangelização proposta pela Igreja Católica.

Por fim, por maior que seja a Igreja no Brasil, parte-se do pressuposto de

que é preciso trabalhar nos meios de comunicação com mais efetividade. Se há

possibilidade e os novos meios obrigam a essa situação, deve-se falar de Jesus

utilizando as tecnologias que estão à disposição para evangelizar a todos.

Para a consecução dos objetivos, este trabalho estrutura-se em três

capítulos. No primeiro, apresenta-se o início da evangelização e da comunicação

pela Igreja Católica, destacando os documentos elaborados ao longo dos anos. No

segundo, aborda-se a era da informática, com o surgimento da internet e da Web

2.0. No terceiro, enfoca-se a evangelização feita por meio da internet, citando os

documentos recentes que incentivam o seu uso, bem como a criação da PasCom e

a qualificação de agentes de pastoral. Como trabalho prático, a proposta para a

Diocese de Assis é a utilização do aplicativo Twitter como opção de um canal para

comunicação e evangelização.

15

Evangelização e comunicação

CAPÍTULO I

________________________________________

16

1. IGREJA CATÓLICA

Criada por Jesus Cristo sobre o alicerce dos apóstolos, a Igreja Católica

Apostólica Romana tem sua sede principal em Roma, local em que, em sua maioria,

os apóstolos pregaram o Evangelho, e ocorreram os martírios dos apóstolos Pedro e

Paulo.

Presente em todo o mundo, a Igreja Católica é presidida pelo Papa,

bispo de Roma e sucessor do apóstolo Pedro. Regionalmente, é governada pelos

bispos que constituem o colégio episcopal. No Brasil, ela se faz presente desde

1500.

Os católicos acolhem e se orientam pela Palavra de Deus que é

expressa na Bíblia, celebram os sacramentos como sinais da graça de Deus e

professam a fé apostólica, conservada e transmitida através dos séculos pela

tradição e pelas doutrinas.

Justificados por Cristo, os fiéis cristãos constituem a “comunhão dos

santos” e, dentre esses veneram, de modo especial, a Virgem Maria, mãe do Deus

que se fez homem, e aos santos que, de maneira exemplar, viveram sua fé dando

testemunho de Jesus Cristo.

1.2 Evangelização

A evangelização cristã teve início com Jesus Cristo que anunciava a Boa

Nova da chegada do Reino de Deus. Esse anúncio foi acompanhado por signos e

práticas que manifestam a presença libertadora desse Reino. A pessoa do Cristo

constitui o centro e a mediação mais poderosa dessa ação libertadora de Deus. A

experiência da comunidade apostólica, de caráter universal, é a fonte da

evangelização que a Igreja tem seguido ao longo de dois milênios de história.

A palavra evangelização deriva do substantivo grego evangelion, “boas

novas”, e do verbo evangelizomai, “anunciar, proclamar ou trazer boas novas” [...]. É

o ato de comunicar o evangelho. É o ato de evangelizar. Indica ação, significando

“pregar o evangelho”. (NUNES DE LA PAZ, 2008, p. 68). Segundo a teologia, é a

proclamação das boas novas da salvação em Jesus Cristo que visa levar à

17

reconciliação entre o pecador e Deus Pai, mediante o poder regenerador do Espírito

Santo.

Outro sentido dado à palavra evangelização é o ato de tornar acessível o

mistério do amor de Deus por todas as pessoas. Implica dar testemunho do que

Deus fez, está fazendo e fará. Representa um convite e tem como objetivo uma

resposta. Uma outra definição coloca evangelização como a ação do anúncio do

evangelho, que engloba toda a ação pela qual a comunidade cristã dá testemunho

do evangelho em palavra e ação. (NUNES DE LA PAZ, 2008, p. 69).

Segundo os estudos de Nívia Nunes De La Paz (2008), alguns autores

concordam em dividir a evangelização de duas formas: explícita ou implícita.

Evangelização explícita ocorre por meio do anúncio, da explicação verbal, da

celebração, enquanto a evangelização implícita, por sua vez, acontece por meio do

testemunho da vida profundamente transformada pelo evangelho. Concluindo,

evangelizar significa proclamar a Boa Nova com palavras e fatos, viver esse anúncio

de maneira que todas as pessoas que tenham boa vontade possam receber a

mensagem, aprofundá-la e acolhê-la.

A Igreja Católica Apostólica Romana tem direcionado uma atenção maior

nos últimos anos quanto à questão da evangelização. Essas reflexões foram feitas

no Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM, que já está na quinta edição. A

primeira conferência foi realizada no Rio de Janeiro, no ano de 1955, ocasião em

que foi convocada pelo Papa Pio XII, logo após a formação da Conferência Nacional

dos Bispos do Brasil – CNBB – ocorrida em 1952.

No ano de 1968, a conferência do CELAM aconteceu em Medellín

(ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO: documentos Medellín, 2010), na Colômbia, e foi

convocada pelo Papa Paulo VI, especialmente para aplicar as novas diretrizes do

Vaticano II. Essa segunda conferência teve por finalidade discutir a Teologia da

Libertação. O Terceiro foi realizado onze anos depois, em 1977, convocada

novamente pelo Papa Paulo VI e realizado em Puebla (ARQUIDIOCESE DE SÃO

PAULO: documentos Celam, 2010), México. Nesta, foi reafirmado os

posicionamentos de Medellín. O quarto CELAM foi convocado pelo Papa João Paulo

II, sendo celebrada em 1992 em Santo Domingo (ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO:

documentos Santo Domingo, 2010), República Dominicana. A quinta e última foi

inaugurada pelo atual Papa Bento XVI, aqui no Brasil, em Aparecida

18

(ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO: documento conclusivo Aparecida, 2010), e foi

realizada de 13 a 31 de maio de 2007.

Um dos temas mais relevantes do Papa João Paulo II foi a chamada

Nova Evangelização2. Ela foi o eixo da IV Conferência do CELAM, realizada em

Santo Domingo (1992) que teve como tema “Nova Evangelização, Promoção

Humana, Cultura Cristã”. A expressão ficou marcada nesse evento porque a Igreja

estava se preparando para uma mudança no modo de evangelizar.

O programa da Nova Evangelização foi apresentado como um programa

pastoral para toda a Igreja. Antes disso, as bases doutrinais e as orientações

pastorais do Vaticano II, assim como a exortação do documento Evangelii Nuntiandi,

lançada por Paulo VI, já colocavam a evangelização como foco principal na missão

eclesial.

No encontro do Papa João Paulo II com os bispos latino-americanos em

Santo Domingo (1984), ele pediu que as celebrações fossem direcionadas à procura

de uma evangelização que fosse nova. Em seu discurso, fez uma avaliação dos 500

anos de presença evangelizadora da Igreja Católica no continente latino-americano.

Em seguida, explicitou os diversos desafios que se apresentavam para a nova

evangelização como a falta de ministros, a secularização da sociedade, as divisões

eclesiais, a falta de solidariedade entre as nações, o clamor pela justiça, os conflitos

armados, entre outros.

Além disso, estabeleceu algumas metas para a Igreja como concentrar-

se na tarefa evangelizadora, lutar por uma vida mais digna, promover as vocações

sacerdotais e religiosas, intensificar a catequese, defender a identidade dos grupos

étnicos, promover jovens e leigos conscientes e comprometidos com o trabalho

eclesial e fomentar reconciliações entre os povos. Em seu livro, Arango relata o

pensamento do Papa João Paulo II:

O próximo centenário do descobrimento e da primeira evangelização convoca-nos, pois, a uma nova evangelização da América Latina, que desenvolva com mais vigor um potencial de santidade, um grande impulso missioneiro, uma vasta criatividade catequética, uma manifestação profunda de colegialidade e comunhão, um combate evangélico de dignificação do homem [ser humano] para gerar, desde o seio de América Latina, um grande futuro de esperança. (ARANGO, 1992, p. 22).

2 João Paulo II utilizou pela primeira vez a expressão “Nova Evangelização” na homilia que pronunciou no dia

nove de junho de 1979 na Polônia, no Santuário da Santa Cruz de Mogila. Como “tema”, já tinha sido tratado na

América Latina desde Medellín em 1968.

19

Ao analisar seu discurso, é preciso reforçar que não se trata de fazer

algo novo e, sim, fazer uma atualização, revitalização da experiência cristã, até

porque a humanidade teve muitas mudanças ao longo dos séculos.

Atualmente, em pleno século XXI, a evangelização deve ser encarada

como anúncio, denúncia, testemunho, participação e chamado. Ao pensar em

evangelização no mundo atual, é preciso analisar o contexto definido pelo

crescimento da pobreza, pela marginalização, pela vida humana e dos valores

tradicionais, pelo pluralismo religioso e, ao mesmo tempo, pelo surgimento de novas

configurações no mapa cristão de nosso continente.

A partir desse contexto, é preciso pensar nesta relação evangelização-

comunicação, pois o que se comunica é a boa nova de Jesus Cristo e o interesse

inicial deve ser o que comunicar e, logo após, o como comunicar. A Igreja cresce

através das redes de relacionamentos naturais (família, trabalho, amizade). Tudo

aquilo que não cresce vai se degenerando. Isso vale para as pessoas, as

comunidades e também para a missão da igreja. Evangelho é vida e é parte da sua

essência crescer e propagar a nossa fé.

Por isso, a importância da evangelização no mundo atual, principalmente

porque está vinculada aos meios de comunicação. A Igreja Católica tem se

mostrado preocupada com a questão da evangelização. O projeto de evangelização

da CNBB afirma:

A Igreja Católica está atenta às novas questões e necessidades que surgem deste início do terceiro milênio. Ela quer anunciar o Senhor Jesus levando em conta as características dos destinatários, percebendo os sinais dos tempos e considerando a situação e os anseios de cada pessoa nas diferentes realidades. Por isso, somos convocados, agora, a um ardoroso empenho missionário a fim de bem realizar este novo Projeto Nacional de Evangelização [...] (CNBB: PROJETO NACIONAL DE EVANGELIZAÇÃO (2004-2007): QUEREMOS VER JESUS, CAMINHO, VERDADE E VIDA).

No último CELAM realizado pela Igreja, que foi em Aparecida (2007), o

tema foi “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos

tenham vida”. Na ocasião, a Igreja pedia para que fossem reforçados quatro eixos

principais: A experiência Religiosa (encontro pessoal com Jesus), a vivência

comunitária (que os fiéis se sintam realmente membros de uma comunidade eclesial,

que sejam co-responsáveis no desenvolvimento das comunidades). (NUNES DE LA

PAZ, 2008, p. 82).

20

Outro assunto debatido foi a formação bíblico-doutrinal (aprofundamento

no conhecimento da Palavra de Deus e dos conteúdos da fé) e, por fim, o

compromisso missionário de toda a Comunidade (sair ao encontro dos afastados e

convidá-los a novamente participarem da Igreja de Cristo). Uma curiosidade do V

CELAM é que ela foi convocada pelo Papa João Paulo II e inaugurada pelo Papa

Bento XVI.

1.3 Comunicação e Igreja Católica

A Comunicação é e sempre foi importante e necessária para a vida do

ser humano. Por meio dela, a humanidade se desenvolve, cresce e se renova. Por

isso, é difícil definir a significação de Comunicação, pois possui um leque amplo de

significados e de usos. Atualmente, o conceito Comunicação se encontra em um

movimento permanente com definições constantes.

Com o avanço das telecomunicações a partir da década de 1980, a

comunicação social se tornou um tema ainda mais relevante no mundo

contemporâneo, assumindo um papel de suma importância na formulação de

debates quanto às questões da sociedade. Conforme Josapht:

A comunicação social emerge, portanto, como a resposta a uma função social que se universaliza e se torna viável na civilização industrial. Ela vem ao encontro do apetite da informação e à necessidade de comunicação, que se manifestam, em toda a sociedade, com maior força ainda, desde a aurora do mundo moderno. (JOSAPHAT, 2006, p.30).

Dessa forma, os meios de comunicação exercem um grande poder

frente à sociedade enquanto agentes na construção da consciência, da razão e do

ideário coletivo, sendo uma importante forma de propagação de ideias, mensagens,

doutrinas e crenças.

Desde o seu surgimento, o homem sempre se comunicou e criou formas

de entrar em contato com a sua divindade. Através de expressões corporais e de

seus sentidos (danças, inclinações, prostrações, ritos), uso de elementos da

natureza (flores, plantas, animais, fogo), ou na formulação de palavras, frases e

discursos, o homem desde os tempos mais remotos celebra a vida e os seus

deuses. Para Dariva:

21

O homem, de fato, por exigência de sua mesma natureza, desde o amanhecer de sua existência, começou a comunicar com os próprios semelhantes, os seus bens espirituais por meio de sinais percebidos pelos sentidos. Portanto, com o tempo, aos poucos, inventou meios e veículos de comunicação sempre mais aptos a superar os limites originais do espaço e de tempo, até empregar, com o sempre rápido desenvolvimento tecnológico, uma comunicação mundial e instantânea de toda a humanidade pelos meios de comunicação social, que hoje se integram numa muito abrangente tele(infor)mática. (DARIVA, 2003, p.139)

A respeito deste culto à divindade, destaca-se uma das mais importantes

instituições da nossa sociedade: a Igreja Católica e sua crença. Considerada uma

das instituições mais antigas do mundo, já serviu de influência em vários momentos

da história, não somente no campo religioso, mas também em questões sociais,

econômicas, políticas e culturais.

Com estilo próprio de falar e discursar, Jesus Cristo atingia as mais

diversas pessoas, além de conquistar seguidores, curando os doentes e realizando

milagres. Adaptava a sua linguagem aos públicos e se misturava com o povo e não

tinha medo de falar frente às lideranças religiosas e governamentais de sua época.

Era observador e conhecedor da psicologia humana, fiel e constante em suas

mensagens. Por isso, suas palavras atravessaram séculos e se perpetuam por meio

dos escritos e da evangelização até os dias atuais.

Durante a sua permanência na Terra, Cristo manifestou-se como perfeito comunicador. Pela “encarnação” fez-se semelhante àqueles que haviam de receber a sua mensagem; mensagem que comunicava com a palavra e com a vida. Não falava como que “de fora”, mas “de dentro”, a partir do seu povo; anunciava-lhe a palavra de Deus, toda a palavra de Deus, com coragem e sem compromissos; e, no entanto, adaptava-se à sua linguagem e mentalidade, encarnado como estava, na situação, a partir de qual falava. (COMMUNIO ET PROGRESSIO, 1973, n.10)

Após a sua morte, ressurreição e antes de sua ascensão aos céus,

Jesus deu continuidade à comunicação e à evangelização iniciada por ele.

Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus (BÍBLIA SAGRADA, 2002, p.1304).

É nesse momento que se inicia a missão, o dever e o fundamento

existencial da Igreja Católica: a evangelização, a comunicação do Evangelho. Outro

22

momento importante, nesse início da Igreja de Cristo, foi quando ele disse aos

discípulos “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).

(BÍBLIA Sagrada, 1992, p.1344). A partir daí, a missão da comunicação é proposta e

aceita pelos seus homens. Os discípulos, de ontem e de hoje, são os

comunicadores da mensagem cristã.

Ao se fazer uma análise da história da Igreja, percebe-se que ela

cumpriu sua missão de evangelizar de diversas formas. Um grande exemplo pode

ser observado por meio da literatura, arte, pintura religiosa e da música sacra,

exercendo controle sobre o saber, conhecimento e comunicação.

Ao examinar os primórdios da Igreja, percebe-se que o conceito de

comunicação está centrado na comunidade, que era a forma de vivência dos

primeiros fiéis para diferenciá-los como comunidade cristã no Império Romano. Com

a expansão do Cristianismo, ao longo dos anos, a Igreja modificou o modelo de

comunidade que passou a ser baseada em uma estrutura hierárquica, mais

precisamente na tríade bispo-presbítero-diácono. Esta nova estrutura era a mais

adequada às formas de poder do mundo antigo e tinha a finalidade de “autoridade”

no contexto de tomada de decisões pela Igreja.

Até a época da invenção de Gutemberg, diversos documentos foram

elaborados pela Igreja a fim de ditar normas a imperadores, reis, bispos e fiéis com o

objetivo de orientar sobre o posicionamento diante dos escritos, livros e teatros.

Publicado pelo Papa Inocêncio VIII, em 1487, o Inter Multíplices (“Entre

as numerosas preocupações”) é considerado como o primeiro documento da Igreja

sobre os meios de comunicação. Na época, o Sumo Pontífice ao mesmo tempo em

que observava as possibilidades favoráveis da novidade (imprensa), condenava

explicitamente as obras de cunho anti-cristão e determinava os meios para a

censura. Observa-se também que a Igreja não condenava o uso do meio de

comunicação, mas a liberdade de expressão de forma irrestrita:

É preciso, portanto, recorrer a medidas oportunas a fim de obrigar os impressores a cessar publicação de tudo aquilo que seja contrário ou oposto à fé católica ou suscetível de promover escândalo no espírito dos fiéis. Por isso, nós, que ocupamos na terra o lugar daquele que desceu dos céus, para iluminar as inteligências humanas e dissipar as trevas do erro, estando, graças a relatos fidedignos, bem informados de que grande número de livros e tratados são impressos em diversas partes do mundo, contendo erros e opiniões perniciosas, contrárias à santa religião cristã, nós queremos obstar a esse detestável flagelo, como nos obriga o encargo pastoral que recebemos do alto. (INTER MULTIPLICES, 1487, n. 3)

23

Outro momento importante da história que tem a participação da Igreja

dá-se, em 1095, com as Cruzadas que atendiam a um apelo do Papa Urbano II em

que a Europa Ocidental organizou expedições militares, mas de caráter religioso,

conhecidas como Cruzadas - nome derivado do vocábulo cruz, que era o emblema

dos cruzados. (SILVA, 2006, p. 20)

Com a invenção da imprensa em 1454, pelo alemão Johannes

Gutenberg, a Bíblia foi o primeiro livro a ser impresso, em latim e com 300

exemplares. Com isso, a Igreja como a única guardiã do conhecimento e da

verdade, viu, na invenção, a possibilidade de consolidar ainda mais o seu domínio.

Em seguida, pode-se destacar a Reforma Protestante que foi um

movimento religioso europeu do século XVI, liderado por Martinho Lutero (1483 –

1543), monge agostiniano de Eusleben, na Alemanha. Lutero se opunha aos abusos

cometidos pela Igreja Católica, mais especificamente, às indulgências. Com os

movimentos de Lutero por toda a Europa, originaram-se diversas religiões como o

luteranismo, anglicanismo e o calvinismo. Com isso, as igrejas protestantes ficaram

com grande parte dos fiéis da Igreja Católica Roma. (SILVA, 2006, p. 21)

Devido à perda de fiéis para o protestantismo, a Igreja Católica reagiu

com a punição dos líderes rebeldes com o intuito de interromper o crescimento,

porém, em poucos anos, a Europa já estava tomada por católicos, ortodoxos,

luteranos, calvinistas e anglicanos.

Para tentar reverter a situação, a Igreja fez um movimento que ficou

conhecido como Reforma Católica com o objetivo de promover a moralização do

clero e de reorganizar suas estruturas administrativas. Nesse contexto, algumas

medidas foram tomadas como Aprovação da Ordem dos Jesuítas (início da prática

da catequese), Convocação do Concílio de Trento (garantir a unidade da fé católica,

o papa como chefe maior e sucessor de Pedro, a presença de Cristo na Eucaristia e

a Bíblia como fonte de fé, além da criação de um catecismo com os pontos

fundamentais do catolicismo e seminários para a formação dos sacerdotes).

Outro momento importante na história da Igreja foi a publicação do

Índice (Índex), pelo Papa Paulo IV, em 1559. O documento relacionava autores e

livros considerados perigosos para a leitura dos fiéis. Com a morte de Paulo IV, seu

24

sucessor, Pio IV, continuou com a elaboração do Índice, porém desta vez, por meio

do Concílio3 de Trento.

Seguindo dessa forma, às vezes com mais ou menos rigor, esse sistema

permaneceu até o Concílio Vaticano ocorrido de 1962 a 1965. A esse sistema

negativo de controle e repressão, é preciso destacar o empenho da Igreja em

distinguir a imprensa em “boa ou má”. Como bem relatado em uma das passagens

bíblicas, é preciso separar o joio do trigo.

Voltando ao momento da invenção da imprensa, a comunicação que até

então era aliada da igreja passa a se tornar uma arma poderosa em posição

contrária. Por meio de panfletos, a imprensa foi um dos grandes meios de ajuda na

proliferação do protestantismo. A partir dessa crise, vivenciada pela igreja Católica,

teve início um processo de reflexão sobre a comunicação, mais efetivamente, sobre

a evangelização.

1.4 A Igreja e os Documentos sobre Comunicação

Com o passar dos anos, a posição da Igreja Católica sofreu profundas

modificações. Enquanto as mudanças aconteciam, as manifestações eclesiais

acompanhavam as preocupações pastorais, principalmente com o advento dos

meios eletrônicos. Portanto, é importante destacar nesse capítulo, os diversos

documentos da Igreja sobre a comunicação e os contextos em que foram

elaborados e publicados.

A preocupação da pastoral sempre se moveu dentro da educação, mais

precisamente, na educação do senso crítico. Em um primeiro momento, o foco

principal foi o Saber, em outro, o Fazer e, por fim, o Pensar. Segundo Gomes

(2001), a preocupação da pastoral da comunicação foi com a qualidade das

mensagens que os meios de comunicação transmitiam para as pessoas.

No século passado, o Papa Pio XI, por meio da Encíclica Vigilanti Cura

(1936) e, o Papa Pio XII, por meio da Encíclica Miranda Prorsus (1957),

demonstraram a preocupação moral com os mass media e o estudo da linguagem

de cada meio, com o objetivo de fortalecimento do senso crítico em relação aos

3 Concílio é uma assembléia de autoridades eclesiais que tem o objetivo de deliberar sobre questões pastorais, de

fé, doutrina e costumes. São nomeados e numerados de acordo com o local e quantidade em que foram

realizados.

25

meios de comunicação. Percebe-se que, na época de Pio XI, a Igreja definitivamente

tinha “entrado” na era das comunicações. Para Josaphat:

De maneira mais acolhedora do que a Igreja tinha mostrado para com a imprensa, Pio XI vê com alguma simpatia surgirem o cinema e a rádio. Inaugura a Rádio Vaticana, com a presença de G. Marconi, em 1931. Consagra ao cinema uma Encíclica (Vigilanti Cura, de 29 de junho de 1936), que manifesta uma grande lucidez sobre a linguagem e a missão próprias da “nova missão”[...](2006, p.55-56).

É o início da compreensão do fenômeno social da comunicação pela

Igreja que, anos depois, em 1949, constitui a Comissão Pontifícia para o Cinema, o

Rádio e a TV, já no pontificado do Papa Pio XII:

Todos sabem os males que produzem nas almas os maus filmes. Tornam-se ocasião de pecado, induzem os jovens para os caminhos do mal, porque são a glorificação das paixões; apresentam a vida sob uma luz falsa e ilusória, obscurecem as idéias, destroem o amor puro, o respeito pelo matrimônio, o afeto pela família. Pode, outrossim, criar facilmente preconceitos entre os indivíduos e desavenças entre as nações, entre as classes sociais, entre as raças inteiras. (VIGILANTI CURA, 1936, n. 24)

Segundo Pio XI, a vigilância era necessária, pois se identificavam nas

mensagens as ideias que contrariavam a moral e os bons costumes, bem como o

pensamento cristão sobre o mundo, as pessoas e as coisas. Pelo fato de

compreender a comunicação como apenas uma transmissão de informações, o

importante era ensinar os usuários a agirem diante das mensagens dos meios.

Quanto ao lado positivo da considerada sétima arte, o Santo Padre

olhava com bons olhos os benefícios do recente invento:

Por outro lado, os bons filmes podem, ao contrário, exercer uma influência profundamente moralizadora sobre aqueles que os assistem. Além de divertir, podem suscitar novos ideais de vida, difundir lições preciosas, fornecer maiores conhecimentos da história e das belezas do próprio e dos outros países, criar, ou pelo menos, fornecer uma justa compreensão entre as nações, as classes sociais e as raças, promover a causa da justiça, realçar o fulgor da virtude e contribuir, como forte auxílio, para o melhoramento moral e social do mundo. (VIGILANTI CURA, 1936, n. 25)

Seguindo no mesmo pensamento, Pio XII elaborou a Encíclica Miranda

Prorsus em 1957. O documento abordava três grandes veículos de comunicação:

cinema, rádio e a televisão, deixando a imprensa de fora. Antes da elaboração do

documento, o Pontífice já havia utilizado um dos meios. Na Páscoa de 1949, Pio XII

26

tornou-se o primeiro papa a se comunicar com os fiéis por meio de uma mensagem

televisionada, numa transmissão aos franceses realizada pela radiotelevisão da

França.

Segundo Dariva (2003), a encíclica demonstra “uma grande capacidade

de análise e uma postura positiva com relação aos meios eletrônicos, o seu

potencial e as exigências pastorais que dela derivam”. Contudo, Pio XII também

seguia o mesmo pensamento do anterior quanto aos perigos que estes meios

poderiam trazer, caso fossem utilizados de maneira diferente da doutrina cristã:

Não só grandes bens, mas também tremendos perigos podem nascer dos progressos técnicos já realizados ou que se continuam a realizar, nos importantíssimos setores do cinema, rádio e televisão. Perigos que o uso incorreto das técnicas audiovisuais pode constituir para a fé e a integridade moral do povo cristão. Não deixemos, porém, de por em relevo os aspectos benéficos. (MIRANDA PRORSUS, 1957, n. 17)

Após 93 anos do Vaticano I, o então Papa João XXIII convocou o

Concílio Vaticano II no ano de 1962, modernizando a Igreja em certo sentido. Foi a

partir dele que a obrigatoriedade da celebração da missa em latim foi encerrada e o

celebrante passou a presidir as celebrações de frente para a assembléia. Outra

novidade foi a abertura do Catolicismo ao diálogo com outras religiões,

principalmente, o Judaísmo, entre outras ações.

Para entender um pouco sobre o Concílio Vaticano II, este foi

considerado o mais importante evento da Igreja Católica no século passado. Sua

realização teve início em outubro de 1962 e foi até dezembro de 1965, reunindo

representantes de Igrejas de todos os continentes. O Concílio veio demonstrar o

interesse da Igreja em dialogar com o mundo, ou seja, comunicar-se. O espírito

criado nesta fase do catolicismo influenciou de forma direta no pensamento da Igreja

sobre comunicação. (PUNTEL, 2008, p. 121)

Com o interesse de dialogar com o mundo, a Igreja dedicou três anos de

sua história formalizando 16 documentos sobre os instrumentos da comunicação, o

Decreto Inter Mirifica (“Entre as maravilhas”). Interessante frisar que quase este

documento ficou de fora da pauta dos diversos outros elaborados. Um dos motivos

foi o número elevado de assuntos a serem abordados no Concílio e a falta de

conhecimento dos padres sobre os modernos instrumentos de comunicação social.

27

Na época, segundo Joana Puntel (2008, p. 124), a manifestação pública

dos jornalistas franceses, americanos e alemães também tiveram forte influência na

votação, pois “convidava os bispos a optar pelo non placet (não satisfaz) porque o

esquema era indigno de figurar entre os decretos conciliares, pois não refletia os

anseios do povo e dos entendidos do assunto”. Para eles, o documento não

apresentava mudanças significativas e com isso, o decreto foi aprovado com o maior

número de votos negativos do Vaticano II.

Por outro lado, o Inter Mirifica teve grande valor por ter sido o primeiro

documento pontifício a tratar da comunicação de massa e também por apontar para

várias iniciativas que, ao longo dos anos, foram se concretizando como a criação do

Secretariado Pontifício e Secretariados Nacionais, Dia Mundial da Comunicação

Social, Instruções Pastorais e Associações Internacionais.

O documento que, inicialmente continha 114 parágrafos em 40 páginas,

foi aprovado com 24 parágrafos em nove páginas, sendo divididos desta forma: uma

breve introdução (dois artigos); o capítulo 1, com 10 artigos destinados à doutrina; o

capítulo 2, com 10 artigos referentes à ação pastoral; e mais 2 artigos de conclusão.

Entre as maravilhosas invenções da técnica que, principalmente nos nossos dias, o engenho humano extraiu, com a ajuda de Deus, das coisas criadas, a santa Igreja acolhe e fomenta aquelas que dizem respeito, antes de mais, ao espírito humano e abriram novos caminhos para comunicar facilmente notícias, ideias e ordens. Entre estes meios, salientam-se aqueles que, pela sua natureza, podem atingir e mover não só cada um dos homens, mas também as multidões e toda a sociedade humana, como a imprensa, o cinema, a rádio, a televisão e outros que, por isso mesmo, podem chamar-se, com toda a razão meios de comunicação social. (INTER MIRIFICA, 1963, n. 1).

Em seu primeiro capítulo, o decreto assegura a obrigação e o direito da

Igreja de utilizar os instrumentos de comunicação social:

A Igreja Católica foi encarregada por Jesus Cristo de trazer a salvação [...] para proclamar o Evangelho. Consequentemente, ela julga que seja parte de seu dever pregar a Boa-Nova da redenção com o auxílio dos instrumentos de comunicação social [...]. Por essa razão, a Igreja reivindica, como direito inato, o uso e a posse de todos os instrumentos deste gênero, que são necessários e úteis para a formação cristã e para qualquer atividade empreendida em favor da salvação do homem. (INTER MIRIFICA, 1963, n. 3).

O segundo capítulo aborda a ação pastoral da Igreja em que os pastores

e fiéis devem ser responsáveis pelas questões relacionadas às comunicações

28

sociais. Nesta parte, tanto o clero quanto o laicato são convidados a empregar os

instrumentos de comunicação no trabalho pastoral:

Sejam oportunamente instruídos sacerdotes e religiosos, bem como leigos, a fim de que possam, com a devida competência, dirigir estes meios para fins de apostolado. [...] Os leigos devem ser instruídos técnica, cultural e moralmente, multiplicando-se o número de escolas, faculdades e institutos onde jornalistas, cineastas, radialistas, diretores de televisão e os demais interessados possam adquirir uma formação completa, impregnada de espírito cristão, especialmente no campo da doutrina social da Igreja. [...] (INTER MIRIFICA, 1963, n. 15).

Seguindo o pensamento pastoral do Concílio Vaticano II, em 1971, foi

elaborado o documento Communio Et Progressio pela Pontifícia Comissão dos

Meios de Comunicação Social fornecendo aos meios de comunicação o objetivo de

promover a “Comunhão e o Progresso” na sociedade:

A comunhão e o progresso da convivência humana são os fins primordiais da comunicação social e dos meios que emprega, como sejam: a imprensa, o cinema, a rádio e a televisão. Com o desenvolvimento técnico destes meios, aumenta a facilidade com que maior número de pessoas e cada um em particular lhes pode ter acesso; aumenta também o grau de penetração e influência na mentalidade e comportamento das mesmas pessoas. (COMMUNIO ET PROGRESSIO, 1973, n. 1).

Diferente na Encíclica Inter Mirifica, a “Instrução pastoral para aplicação

do Decreto do Concílio Vaticano II sobre os meios de comunicação social”, o nome

correto do documento, a Communio et Progressio era composta de 187 artigos e

divididas em três partes: princípios doutrinários, de caráter geral e ação dos

católicos em relação aos meios de comunicação:

Com efeito, estes meios técnicos, têm como finalidade ideal, dar a conhecer os problemas e aspirações da sociedade humana, para que sejam satisfeitas o mais rapidamente possível, contribuindo assim para estreitar os laços de união entre os homens. Ora, este é o princípio fundamental que determina a avaliação cristã das possibilidades que aqueles instrumentos oferecem à prosperidade do homem. (COMMUNIO ET PROGRESSIO, 1973, n. 6).

Assim como nos outros documentos, os meios de comunicação são

instrumentos importantes para a Igreja e o alerta que se faz é a forma de utilização

desses meios, por isso, em todos os documentos elaborados há advertências

quanto ao seu adequado uso pela Igreja.

29

O documento também traz ainda em seus capítulos o progresso que a

mídia representa para o ser humano, como a liberdade de expressão, e, no terceiro

capítulo, a abordagem é sobre o serviço que os católicos devem prestar à

comunicação social, tanto no diálogo interno da Igreja, quanto com a sociedade,

anunciando o Evangelho a todos. Outro assunto abordado no final do documento é a

importância da qualificação humana e técnica dos profissionais que irão trabalhar

com os meios.

Depois da publicação do Communio et Progressio, até o a nova

instrução pastoral Aetatis Novae, em 1992, a Igreja elaborou e discutiu o “Dia

Mundial das Comunicações Sociais”, comemorado desde 1967 e instituído no

Decreto Inter Mirifica. A mensagem do Papa, relativa à comunicação social com os

fatos da realidade da época, veio a público no dia 24 de janeiro, dia de São

Francisco de Sales4, o patrono dos jornalistas católicos. A celebração, por sua vez, é

realizada no mês de maio no domingo entre a Ascensão de Jesus e o de

Pentecostes. (vide histórico dos temas em anexo).

Nessas duas décadas de transformações e às vésperas do terceiro

milênio, a comunicação também foi abordada na Campanha da Fraternidade de

1989, com o tema “A Fraternidade e a Comunicação”, e o lema “Comunicação para

a verdade e a paz” (cartaz em anexo). O objetivo da campanha era despertar a

consciência crítica do receptor no uso da mídia, como atitude interior necessária

para a comunicação da verdade e da paz e conscientizar os receptores sobre seu

papel de agentes de influência na orientação de programas nos meios de

comunicação.

Solícita pelo bem dos homens e dos povos, a Igreja lembra aos empresários, profissionais da comunicação social e a todos os comunicadores que atendam à grave responsabilidade da inversão de valores, que incide negativamente no tecido diversificado da sociedade; aponta-lhes a solidariedade e a fraternidade como condição para todos os homens usufruírem dos bens da verdade e da paz; diz-lhes que estas assentam em princípios basilares de comportamento que salvaguardem o respeito pelo outro, o senso do diálogo, a justiça, a ética correta da vida pessoal, profissional e comunitária, a liberdade e dignidade de pessoa humana e a sua capacidade de participação e de partilha com os demais. (MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II AO POVO BRASILEIRO POR OCASIÃO DO INÍCIO DA CF DE 1989)

4 São Francisco de Sales: (1567-1622). Mestre da espiritualidade e bispo de Genebra. Apesar de sua fraqueza

corporal, dedicou todo seu esforço e ciência em favor da Igreja. Converteu muitas pessoas, trazendo-os para o

catolicismo. Foi proclamado padroeiro dos jornalistas e escritores católicos pelo Papa Pio XI.

30

Um outro documento importante foi o elaborado pelo CELAM –

Conferência Episcopal Latino-Americana ocorrida em Santo Domingo, República

Dominicana, no ano de 1992, em que a parte específica sobre comunicação foi

apresentada na mesma linha de pensamento dos documentos anteriores. Contudo,

a novidade era quanto às perspectivas pastorais para a América Latina, cuja

prioridade era a comunicação. Nele, as conferências episcopais possuíam uma base

para o método comunicacional em seus planos pastorais.

Voltando ao documento do Pontifício Conselho para as Comunicações

Sociais, o Aetatis Novae, no vigésimo aniversário do Communio et Progressio,

realiza uma reflexão sobre as conseqüências pastorais, partindo da realidade atual:

O primeiro areópago dos tempos modernos é o mundo das comunicações, que está a unificar a humanidade, transformando-a — como se costuma dizer — na "aldeia global". Os meios de comunicação social alcançam tamanha importância que são para muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia e inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais. (AETATIS NOVAE, 1992, n. 2).

O documento que foi dividido em quatro capítulos aborda o papel das

comunicações, vinculando-o à realidade do Evangelho, estudando os desafios atuais

da época e, por fim, apresenta as prioridades pastorais e os respectivos meios de

resposta. Consciente da importância e influência que os mass media alcançaram,

sendo o principal meio de informação e formação, a Igreja se abre às novidades e a

novas linguagens.

Para não ficar apenas na teoria, o documento traz, em anexo, vários

elementos para um plano pastoral de comunicação. Assim como os documentos

citados anteriormente, este tem o objetivo de valorizar o processo, superando-se o

mero uso dos meios de comunicação.

Além dos documentos citados, o Pontifício Conselho para as

Comunicações Sociais também elaborou outros documentos da Igreja sobre

comunicação, que serão estudados nos próximos capítulos deste trabalho. As obras

são: “Ética na publicidade” (1997), “Ética nas comunicações sociais” (2000), “Igreja e

internet” (2002), “Ética na internet” (2002) e, mais recentemente “O rápido

desenvolvimento”, uma carta apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II, feita em

2005.

31

Era da Informática

CAPÍTULO II

________________________________________

32

2. A escrita, a internet e a comunicação

A escrita permitiu ao homem o armazenamento do conhecimento adquirido ao

longo dos anos. Antes era limitado à memória humana e transmitido oralmente de

geração em geração. A prensa tipográfica de Gutenberg facilitou uma maior

disseminação de informações, além da possibilidade de armazenagem.

Com o passar dos anos e com o surgimento do computador, foi possível a

transformação do texto impresso em arquivos digitais. Com a internet, surgiu a

oportunidade de troca de conteúdos que passaram a serem produzidos e publicados

de forma on-line por qualquer indivíduo que tenha acesso à rede. Atualmente, o que

se vê é um crescimento cada vez maior de produção de informações e as páginas

da web são o mais forte exemplo deste fato.

A internet nasceu como um suporte bélico no final dos anos de 1960, em

plena Guerra Fria. Foi idealizada para ser a rede nacional de computadores do

Departamento de Defesa norte-americano. “Servia para garantir a comunicação

emergencial caso os Estados Unidos fossem atacados pela União Soviética”.

(FERRARI, 2003, p. 67). Posteriormente, o projeto foi para o campo acadêmico e

começou a ser pesquisado nas universidades americanas.

No Brasil, comercialmente, ela chegou por volta do ano de 1995, por acesso

via Embratel e outros provedores, em geral, antigos BBS que se transformaram em

provedores no ano seguinte. Na época, a construção de sites era feita de forma

manual, ou seja, trabalhando diretamente no código HTML. Os sites eram

esteticamente muito simples, geralmente tinham fundo branco ou cinza, com textos

em fonte “Times” e possuíam figuras intercaladas ao texto. A grande maioria dos

sites era informacional (conteúdo estático, em geral com HTML puro), e os raros

sites transacionais (conteúdo dinâmico, em geral com banco de dados).

Em 1997, a internet trouxe profissionais de diversas áreas, que deixaram

seus empregos, para trabalhar com a construção de sites. Na ocasião, com a

chegada de novas ferramentas ao mercado, a qualidade visual dos sites ganhou

novidades e surgiram os profissionais Visual thinkers, em geral designers.

Com a popularização de novas linguagens de programação para a Internet,

tais como Java e PHP, iniciou-se a criação de novos sites transacionais. Com isso, o

Flash tornou-se mais popular e mudou o antigo conceito de site estático, ficando

com mais animação.

33

Já no século XXI, mais precisamente no ano de 2001, a questão do uso e

acesso teve uma grande mudança, provocada pelo descobrimento de que o

elemento mais importante na internet era o usuário. Com isso, a Web 2.0, padrões

de desenvolvimento para internet, tornou os sites acessíveis a partir de qualquer

dispositivo, ganhando força no mundo virtual. (CARIBÉ, 2010)

Com esta mudança de paradigma, a Web 2.0 e os sites tornaram-se mais

transacionais e com recursos de fácil uso, permitindo que os usuários menos

especializados produzissem conteúdo, como os blogs, redes sociais e diversos

outros aplicativos existentes na internet hoje em dia.

2.1 Como funciona a Internet

Como todos já devem saber, a internet nada mais é que um conjunto de

computadores que estão conectados e trocam informações. O servidor Web é um

tipo especial de computador que armazena e distribui/apresenta a informação na

internet.

A sigla URL (Uniform Resource Locator) ou endereço da Web é a chave para

entender o processo desta troca de informação pela internet. Exemplificando de

forma mais simples, a URL faz como o serviço de recebimento de cartas pelo correio

em sua casa ou escritório.

O endereço IP (IP= Internet Protocol – protocolo da Internet) é o que funciona

como a identidade numérica de um servidor da Web. Todos os endereços têm um

endereço IP correspondente, que somente os computadores podem identificar. Esse

registro de um nome em um domínio assegura um endereço que pode ser lido por

pessoas e faz associação com um endereço IP de outro computador. (BRIGGS,

2007, p. 18)

Internet e World Wide Web (www) são dois termos usados na Web, porém

são coisas diferentes. A Internet refere-se à rede de computadores conectados que

trocam informações, enquanto a World Wide Web refere-se a um modo de acesso à

informação por meio da Internet usando o hypertext transfer protocol (http) e os

navegadores da Web.

34

2.2 O uso da internet no Brasil

Em pesquisa divulgada recentemente ficou demonstrado que o número de

internautas brasileiros atinge novos recordes. Com quase 40 milhões de usuários

ativos em casa e no trabalho, o crescimento foi de 20% de junho de 2009 a junho de

2010 do número de usuários da internet no Brasil. Em junho deste ano, o Brasil tinha

72 milhões de usuários da internet, ocupando assim, o quinto lugar no mundo,

perdendo apenas para a China (420 milhões), EUA (234,4 milhões), Japão (99,1

milhões) e Índia (81 milhões). (AVELAR E DUARTE, 2010).

Na mesma pesquisa ficou comprovado que, no Brasil, dos 198,7 milhões de

habitantes, quase um terço dos brasileiros acessa a rede. Segundo a pesquisa

Ibope Nielsen Online (2010), publicada no site Convergência Digital, o número de

usuários ativos na internet (residência e trabalho) em maio de 2010 chegou a 37,3

milhões no Brasil, percebendo um crescimento de 1,8% em relação a abril. No

quarto trimestre de 2009, o número de usuários em qualquer ambiente (residências,

trabalho, escolas, lan-houses, bibliotecas e telecentros) por usuários de 16 anos ou

mais de idade chegou a 67,5 milhões de pessoas. A pesquisa mostra também que

os brasileiros estão ficando em média 65 horas e 23 minutos conectados.

Quanto às redes sociais, os acessos dos usuários brasileiros chegam a 87%

e, desses, 20% pretendem entrar no mundo das redes sociais num futuro próximo. O

Brasil está em décimo lugar entre os usuários destes sites. O ranking é liderado pela

Índia (100%), seguida por Sérvia, Coréia do Sul, Rússia, Espanha, China, Turquia,

Romênia e Itália. Os usuários acessam redes sociais principalmente por razões

pessoais (83%), mas parcela significativa, 33%, acessa estas redes para uso

profissional. As principais atividades desenvolvidas nas redes sociais são “ver

mensagens/navegar” (98%), “conversar” (76%) e “atualizar o próprio perfil” (76%). As

razões profissionais levam os homens a acessar mais do que as mulheres, embora

não haja diferenças entre sexos no acesso às redes sociais por razões pessoais.

Para Cunha, Cruz e Lucizano:

[...] observa-se que a internet em seu constante processo de inovação tecnológica, principalmente no quesito da comunicação, é uma inigualável plataforma fomentadora deste processo de disseminação da informação e interação entre as pessoas. (CUNHA; CRUZ; LUCIZANO, 2008, p.26).

35

Portanto, é indiscutível a importância do uso desse meio de

comunicação por empresas, Governo, entidades, instituições diversas, entre outros.

Chegou-se a um patamar em que tudo depende da rede mundial para funcionar e,

na Igreja Católica, não é diferente. Com o crescimento do acesso à internet, o web-

jornalismo cada vez mais se aprimora sua linguagem:

A máxima “nós escrevemos, vocês lêem” pertencem ao passado. Numa sociedade com acesso a múltiplas fontes de informação e com crescente espírito crítico, a possibilidade de interacção directa com o produtor de notícias ou opiniões é um forte trunfo a explorar pelo web jornalismo. Num jornal tradicional, o leitor que discorda de uma determinada idéia veiculada pelo jornalista limita-se a enviar uma carta para o jornal e aguardar a sua publicação numa edição seguinte, [...] No webjornal a relação pode ser imediata. A própria natureza do meio permite que o webleitor interaja no imediato. [...] Dependendo do tema, as notícias podem incluir um “faça o seu comentário” de forma a poder funcionar como um fórum. (CANAVILHAS, 2001, p.2).

Verifica-se nesse comentário a instantaneidade da internet, a

possibilidade de interatividade praticamente em tempo real, o que torna a internet

um meio de comunicação de grande aceitação pelo leitor internauta. Para ocorrer

esse processo de interação, é necessário o domínio de um site, também chamado

de website, homepage, sítio eletrônico etc.

2.3 O início da Web 2.0

No século passado, sabe-se que a informática, assim como a Igreja, sofreu

diversas modificações. No início deste século XXI, as mudanças foram ainda

maiores. Atualmente, a sociedade vive o período pós-modernidade em que se nota a

transmissão de dados a todo momento. Com a evolução cada vez maior da

informática, a comunicação ficou mais interativa e colaborativa. O que se pode

destacar dessa nova etapa é o surgimento da Web 2.0.

Surgida em 2004, a Web 2.0 foi assim batizada por O´Reilly para designar as

mudanças ocorridas na web após o advento de comunidades e serviços baseados

na Plataforma Internet. Com ela, a internet passou ser mais dinâmica e interativa.

Com esta nova tecnologia, as pessoas usam a internet de forma mais coletiva, ou

seja, todo conteúdo acessado via internet é transformado de forma colaborativa.

36

Segundo Pierre Lévy (1996), “nunca pensamos só e sem ferramentas”. Para

ele, toda a atividade intelectual se dá por meio das diferentes línguas e linguagens,

sistemas lógicos e de signos que vieram se desenvolvendo com as comunidades

que foram antecedentes, formando assim uma verdadeira inteligência coletiva.

Para explicar melhor esta situação, pode-se dizer que os estudantes, que são

os colaboradores, integram-se a redes sociais, muitas vezes formadas de forma

espontânea e passam a desenvolver conhecimento sobre seus interesses comuns,

apesar das distâncias geográficas, passando de consumidores a produtores da

informação.

É indiscutível que a informática se faz presente em quase todos os setores da

sociedade atual. Ao longo dos anos, tudo foi transformado pelas novas tecnologias,

mudando o cotidiano das pessoas de hoje em dia. A Web 2.0 trouxe uma nova

forma de comunicação social em que a relação é de muitos para muitos, diferente do

que se conhece dos outros meios que é de um para muitos.

2.3.1 Ferramentas da Web 2.0

2.3.1.1 Blogs

Surgidos com a mesma velocidade das invenções do mundo virtual, os blogs,

também chamados de diários da internet, estão deixando a adolescência para entrar

na idade adulta. Eles foram criados no final da década de 1990, por Jorn Barger,

com o nome de weblog (arquivo web). De início, eram usados, em sua maioria,

pelos jovens como espaços de expressão pessoal, publicação de relatos,

experiências e pensamentos que queriam expor. Também como meio de se

relacionarem com os colegas na rede. Atualmente, essa ferramenta da Web 2.0

começa a ser utilizada de maneira séria em diversos setores da sociedade.

Os blogs podem ser pessoais ou coletivos e seus conteúdos abertos a todos

os internautas ou restritos para uma comunidade. De qualquer forma, todo texto

postado (inserido na internet) passa a ser a voz do seu escritor na Web, e assim,

compartilhada com outros internautas. Uma outra característica desta ferramenta é a

possibilidade de receber opiniões sobre o assunto publicado.

37

Desde que surgiu, a internet foi saudada como a ferramenta ideal para que

qualquer um pudesse divulgar suas ideias. Mais que os sites, os blogs são a

consumação dessa possibilidade. Para montar um site é preciso ter conhecimento

de programação de computadores ou pagar pelo serviço. Por outro lado, os blogs

são simples e fáceis de montarem.

A novidade foi criada por um grupo de jovens, no ano de 1999 surgiu o

Blogger que acabou definindo como esse tipo de serviço ficaria conhecido. O

sistema proporcionou maior facilidade na publicação e manutenção dos sites, pois

não mais exigia o conhecimento da linguagem HTML e, por isso, passou a ser

rapidamente adotado e apropriado para os mais diversos usos. O sucesso do

Blogger levou o Google a adquirir a empresa em 2003.

Segundo o livro Blogs.com: estudos sobre blogs e comunicação (2009, p.

244-245), os blogs podem ser definidos em algumas categorias:

a) Weblogs diários – trazem posts sobre a vida pessoal do autor, sem o

objetivo de trazer informações ou discuti-las, mas simplesmente relatar fatos

cotidianos, como um diário pessoal.

b) Weblogs publicações – trazem informações de modo opinativo, buscando

o debate e o comentário. Podem focar um tema específico ou então tratar de

generalidades.

c) Weblogs literários – contam histórias ficcionais ou agrupam um conjunto

de crônicas ou poesias com ambições literárias.

d) Weblogs clippings – apresentam um apanhado de links ou recortes de

outras publicações, visando filtrar a informação publicada em outros lugares.

e) Weblogs mistos – misturam posts pessoais e informativos, com notícias,

dicas e comentários de acordo com o gosto e opinião pessoal do autor.

2.3.1.2 Orkut

Dentre as chamadas redes sociais, pode-se destacar o Orkut que é um

sistema virtual que possibilita a conexão entre pessoas e afiliação delas à

comunidade. O Brasil tem, hoje, a maior rede no Orkut com 23 milhões de usuários.

Os indivíduos são mostrados em forma de perfis e é possível receber conexões

38

diretas (amigos) e indiretas (amigos dos perfis). Também é utilizado para a formação

de comunidades, realização de fóruns e envio de mensagens.

Quanto ao seu surgimento, a história é bem curiosa. A maior e mais popular

rede social do Brasil foi criada por um turco em 2004, o engenheiro Orkut

Buyukkokten, que é funcionário da empresa americana Google, a qual pertence o

Orkut. Na empresa, os funcionários podem usar até 20% do tempo de expediente

para criar projetos pessoais, e o projeto do funcionário Orkut Buyukkokten deu certo.

(O OBSERVADOR, 2010).

2.3.1.3 Facebook

Outra rede social online de grande público é o Facebook. Atualmente, possui

mais de 350 milhões de utilizadores ativos em todo o mundo, reunindo diversas

pessoas. Possui quase as mesmas funcionalidades do Orkut, como postar recados,

fotos e vídeos.

Lançado em quatro de fevereiro de 2004, o Facebook foi fundado por Mark

Zuckerberg, um ex-estudante de Harvard. Inicialmente, a adesão era restrita apenas

aos estudantes do Harvard College. Com o tempo, expandiu-se a outras

universidades norte-americanas (ANDERSSAURO, 2010).

Em fevereiro de 2006, o Facebook passou a aceitar também estudantes

secundaristas e algumas empresas. Desde o mês de setembro de 2006, apenas

usuários com 13 anos de idade ou mais podem ingressar. Os usuários podem se

juntar em uma ou mais redes, como um colégio, um local de trabalho ou uma região

geográfica.

2.3.1.4 Twitter

O Twitter é um sistema de publicação de mensagens de até 140 caracteres

que permite envio e recebimento de textos pelo telefone celular. Definido pelo seu

criador como um “sistema telegráfico da web 2.0”, o Twitter faz basicamente uma

pergunta – “o que você está fazendo agora?” – e parte do princípio de que a sua

39

rede social está tão genuinamente interessada nessa informação que vai te “seguir”

(tradução para follow) para saber a resposta (RODRIGUES, 2010).

Criado em 2006, na Califórnia, pela Startup Obvious Corp, o Twitter possibilita

duas maneiras de se atualizar: via web ou no celular, através de recebimento de

mensagens de texto ou da instalação de aplicativos que mantém o sistema ativo no

telefone. É considerada uma ferramenta de microblog, ou seja, possui as mesmas

características de blog e rede social. É a terceira rede social mais usada no planeta

com seis milhões de visitas por mês e sete milhões de usuários.

Aos seguidores, é permitido interagir enviando mensagens, escrevendo

diretamente de forma restrita ou respondendo publicamente, situação esta que deve

ser autorizada previamente por quem está sendo seguido. Em ambos os casos, a

comunicação é direta.

Com todas as suas funcionalidades, o twitter tem por característica principal

oferecer a possibilidade de o usuário ficar conectado com todos os seus amigos e

saber o que eles estão fazendo. Como bem assinala Carla Rodrigues (2010), as

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) estão transformando o “estar

conectado em rede” em um estado permanente do sujeito.

2.3.1.5 You Tube

O YouTube é um site de rede social que proporciona aos seus usuários o

compartilhamento de vídeos, clipes, reportagens, shows, desenhos animados, filmes

e outros programas de TV, em formato digital. Nasceu durante um jantar entre os

amigos americanos Chad Hurley, de 29 anos, e Steve Chen, de 27, que

disponibilizaram uma versão beta do serviço em maio de 2005 (O GLOBO, 2010). É

extremamente popular no segmento desse gênero e chega a exibir 4,2 bilhões de

vídeos por ano. Além disso, o material encontrado no YouTube pode ser

disponibilizado em blogs e sites pessoais por meio de Hiperlinks. Atualmente, há a

possibilidade de criar um canal específico para o grupo social que pretende divulgar

e assistir às postagens feitas.

Por meio dessas diversas redes sociais, é possível fazer análise da

popularidade das pessoas ou da instituição. Essa audiência é mais facilmente

medida na rede, pois é possível visualizar suas conexões e as referências quanto a

40

um indivíduo. Trata-se de um valor relativo à posição dentro de uma determinada

rede social. Segundo Raquel Recuero (2009, p.110), a popularidade também é

relacionada ao número de comentários e ao tamanho da audiência de cada blog,

pelo número de visitas em um perfil, bem como a quantidade de links. Cada rede

social tem a sua maneira de verificar esta audiência. Para Raquel:

Blogueiros costumam engajar-se em atividades como trocas de comentários e link, busca de visibilidade social, etc. Essa popularidade também pode ser medida pela quantidade de pageview, ou de visitas únicas em cada weblog. No twitter, a popularidade está diretamente relacionada com a quantidade de seguidores que alguém tem. (2008, p.111).

Contudo, é importante ressaltar que a popularidade é um valor mais

relacionado com os laços fracos do que os laços fortes. Isto acontece devido à

percepção do valor ser associado à quantidade de conexões e não à qualidade do

mesmo.

Por fim, este breve resumo sobre a internet, Web 2.0 e suas ferramentas, não

inclui todas as outras formas de comunicação existentes, seu objetivo é apenas

mostrar as possibilidades e oportunidades que a rede fornece para auxiliar na

articulação do processo de mudança no campo religioso, citado no capítulo anterior.

41

Evangelização pela internet

CAPÍTULO III

___________________________________________

42

3. Cibercultura e Ciberespaço

Segundo o dicionário Aurélio (2010), cibercultura significa o conjunto de

aspectos e padrões culturais relacionados com a internet e a comunicação em redes

de computadores. Por sua vez, essa comunicação é realizada por meio de códigos

totalmente novos e diferentes daqueles que se usam no mundo natural. A realidade

continua sendo real, porém, a participação é feita de forma virtual.

Outra importante definição de cibercultura é dada por Pierre Levy:

É o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço, que por sua vez, também chamado de rede, é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não somente a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (LÉVY, 2000, p. 17).

Também se pode dizer que o virtual é real, apesar de não ser sólido. Mesmo

sem poder tocar nessa realidade nova e virtual, ainda se pode vê-la perfeitamente e

interagir de forma dinâmica com ela. Enfim, pode-se perceber este novo espaço,

caminhar virtualmente ao navegar por essa cultura nova e ainda promover o

encontro pessoal para a evangelização.

Essa cultura é o resultado do uso de novas ferramentas de tecnologia da

comunicação por todas as culturas existentes no mundo. Ao conceituar cultura,

define-se que é o referencial de um lugar, uma comunidade, povoado, enfim, um

conjunto de normas (LEVY, 2000, p.90).

Essa cultura nova é a cibercultura que, embora possua novos paradigmas, é

resultante da intervenção do ser humano que a criou. Segundo Lévy (2000), a

cibercultura é a nova dinâmica comunitária, interativa e colaborativa, composta de

pessoas, equipamentos de alta tecnologia e da rede mundial de computadores. É

um novo espaço cultural sem fronteiras, sem limites nem molduras, diferente de

qualquer outro, ainda, divergente de grupo ou gueto social que pertence à realidade

natural.

Essa maneira de criar uma cultura dentro de outras culturas foi criada a partir

do uso da internet. Por meio desse meio de comunicação, que atinge a todos sem

43

distinção de classes, etnias, gêneros, entre outros, diversos paradigmas são

quebrados.

Assim, como a cibercultura, o ciberespaço foi criado com o advento da

internet. A palavra foi inventada, em 1984, por Willian Gibson e pode ser definida

como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos

computadores e das memórias dos computadores (LÉVY, 2000, p.92). É o ambiente

imaginário e ao mesmo tempo real, em que as fronteiras são ultrapassadas de forma

virtual, transformando e modificando a realidade real.

Usando a rede mundial de computadores é possível conhecer culturas

distintas adquirindo informação e conhecimento. Segundo Lévy (2000), essas

comunidades funcionam como células com vários tentáculos em que cada um

destes conectado a outra célula, forma uma rede viva que, por sua vez, através

desses mesmos tentáculos, conecta-se a outras redes vivas. Por fim, o estudioso

destaca que o ciberespaço proporciona às pessoas o acesso e estas decidem o que

fazer com o que aprendem.

Assim como outras coisas são decididas ao decorrer da vida de cada um, o

uso considerado correto nesse ciberespaço é muito relativo. Nenhuma tecnologia,

seja esta qual for, poderá ser considerada origem de um comportamento humano

mau ou bom, porque é justamente a ação-interferência boa ou má da pessoa que irá

definir o ciberespaço como algo bom ou ruim.

Em seu livro Cibercultura, Lévy define a internet como um movimento social-

virtual-real liderado pela juventude metropolitana escolarizada e ávida por

experimentar uma nova maneira de se comunicar, de muitos-para-muitos (todos-

todos). (LEVY, 2000, p.105).

Depois de apresentar os conceitos de cibercultura e ciberespaço, a próxima

etapa será estabelecer a relação que essas novas tecnologias proporcionam para

auxiliar na evangelização.

Considerada como um meio complementar e potencializador da

evangelização, a internet é um meio de comunicação muito importante, pois de

forma interativa e dinâmica, as pessoas a utilizam para discutir, aprender, ensinar,

investigar, contestar, estabelecer laços e para ampliar a sua realidade real.

Essa nova linguagem, que é a internet, possibilita ir por todo o mundo e

anunciar a Boa Nova para toda a criatura de uma nova e criativa maneira (“os que

tiverem crido... falarão em novas línguas” – cf. Mc 16,17).

44

É indiscutível destacar que a internet veio para ficar e para interpelar a fé e a

tradição. Por meio de portais que transformam a fé dos assíduos devotos é possível

acender velas virtuais e rezar o santo terço. Muitas pessoas catequizadas com

essas orientações acreditam que podem viver sua fé em casa, sem a necessidade

da comunidade real e do encontro pessoa-pessoa.

Nessa questão, que reside o perigo de enfatizar e olhar apenas para as novas

tecnologias, não se pode fingir que a cibercultura, o ciberespaço e a internet não

existem. Pelo contrário, é preciso utilizar esses meios para contribuir na

evangelização. É preciso pensar que se deve inserir nessa nova cultura com o

objetivo de incentivar, promover e fomentar o encontro pessoal, fraterno e solidário

na realidade que tem Jesus Cristo como o modelo de ser humano.

Como já citado anteriormente, o ciberespaço estrutura-se em comunidades

virtuais de interesse comum que se conectam a outras comunidades virtuais,

tendendo para o infinito, transpassando o virtual através de seus tentáculos e

causando interferências nas comunidades (guetos sociais) estruturadas na realidade

real.

Segundo os textos bíblicos, o apóstolo Paulo, após visitar uma comunidade,

continuava a se corresponder com essa através de suas cartas, a fim de manter viva

a sua palavra, a fé e a esperança daqueles que creram no Evangelho anunciado por

ele.

Um bom exemplo seria, caso o apóstolo Paulo estivesse vivendo nesta

sociedade contemporânea, a internet, pois seria indispensável por ele o uso dos

avançados meios de comunicação disponíveis para comunicar a Boa Nova a todas

pessoas. Com certeza, ele faria diversas “navegações” pela internet e por suas

comunidades virtuais, a fim de lançar as sementes do Reino por todo o mundo.

Portanto, essa realidade do real e do virtual, em que ambos fazem parte da

vida contemporânea pós-moderna, auxilia na possibilidade de ampliação de saberes

e da fé. Os dois mundos, virtuais e reais, atualmente fazem parte da Igreja Católica

do século XXI, portanto, não há como negar ou renegar esse virtual, pois esta

realidade já está presente na humanidade toda.

Essas informações aos poucos vão fazendo parte da vida das pessoas,

mesmo que, embora nunca tenha acessado à internet, alguém do convívio social o

fará, trará as informações postadas no virtual para o real, tornando conhecimento

45

para todos. Por isso, deve-se utilizar dessa nova realidade e fazer dela um novo

lugar, um novo espaço para a evangelização.

3.1 Documentos da Igreja sobre a internet

Essa nova aldeia global da cibercultura é tratada de forma particular na

Encíclica Redemptoris Missio em 1990, em que o Papa João Paulo II expõe sua

opinião a respeito da importância dos meios de comunicação social para a

evangelização. Neste documento, o Pontífice deu ao mundo das comunicações uma

nova definição:

O primeiro areópago dos tempos modernos é o mundo das comunicações, que está a unificar a humanidade, transformando-a -como se costuma dizer – na aldeia global. Os meios de comunicação social alcançaram tamanha importância que são para muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia e inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais. Principalmente as novas gerações que crescem num mundo condicionado pelos mass-média. (REDEMPTORIS MISSIO, 1990, n.37).

João Paulo II destaca o anúncio do Evangelho nos novos areópagos

modernos, fazendo referência à experiência de evangelização do apóstolo Paulo no

areópago de Atenas (At 17.22-31), uma praça pública que era uma espécie de

centro de cultura do povo ateniense. Na ocasião, o apóstolo dirigiu-se às pessoas

usando uma linguagem adaptada e compreensível àquele ambiente, assim como a

evangelização pela internet deve ser realizada.

Com preocupação especial a nova fronteira de missão, a Igreja Católica

publicou outros dois documentos sobre este tema tão complexo e atual: Ética na

internet (2002), que faz uma abordagem das transformações na humanidade

causadas pela internet na sua dimensão ética, e Igreja e Internet (2002), que analisa

as implicações da internet para a religião, especialmente, para a Igreja Católica.

Ambos os documentos foram elaborados pelo Pontifício Conselho para as

Comunicações Sociais e caracterizam essa interatividade do homem-máquina, tão

exigido na sociedade atual:

Ela oferece às pessoas um acesso direto e imediato a importantes recursos religiosos e espirituais – livrarias grandiosas, museus e lugares de culto, os documentos de ensinamento do Magistério, os escritos dos Padres e

46

Doutores da Igreja, assim como a sabedoria religiosa de todos os tempos. Ela tem a impressionante capacidade de ultrapassar a distância e o isolamento, levando os indivíduos a entrarem em contato com as pessoas de boa vontade que nutrem os mesmos interesses e que participam das virtuais comunidades de fé para se encorajarem e auxiliarem umas às outras. Mediante a seleção e a transmissão de dados úteis, através deste meio de comunicação, a Igreja pode prestar um importante serviço tanto aos católicos como aos não-católicos. (IGREJA E INTERNET, 2002, n.5).

O documento também preza pelo cuidado da realidade virtual não substituir o

contato direto com as pessoas, destacando que o ciberespaço é para completar e

atrair as pessoas para uma experiência mais integral da vida de fé enriquecendo a

vida religiosa.

Outro aspecto positivo abordado no documento é a possibilidade da Igreja

atingir diversos grupos como jovens, adolescentes, idosos, pessoas que ficam em

casa, aqueles que vivem em outras regiões geográficas, bem como indivíduos de

outros organismos religiosos:

É importante também que as pessoas, em todos os âmbitos da Igreja, lancem mão da internet de maneira criativa, para assumirem as responsabilidades que lhes cabem e para ajudarem a Igreja a cumprir sua missão (IGREJA E INTERNET, 2002, n.10).

Neste mesmo documento é dada grande importância ao compromisso das

lideranças eclesiais em compreender os meios de comunicação social e aplicar esta

compreensão na elaboração dos planos pastorais, conforme também é destacado

no Aetatis Novae (1992). O instrumento também faz apelo aos agentes de pastoral

(sacerdotes, religiosos, diáconos, leigos) engajados no campo comunicacional da

Igreja a possuírem formação em comunicação social para auxiliar na compreensão

acerca do impacto das comunicações sociais na sociedade e para ajudar a adquirir

uma forma de comunicar mensagens às sensibilidades e aos interesses das

pessoas.

Essa mesma preocupação também recai para todos os receptores, pois se

estiverem preparados para compreender o gênero da comunicação, certamente

terão discernimento e senso crítico.

Outra questão abordada é que a Igreja também precisa compreender e usar a

Internet como instrumento para comunicações internas e isso exige que tenha

claramente em vista a sua especial característica de instrumento de comunicação

direto, imediato, interativo e participativo.

47

Em sua parte final, o documento ainda destaca que o referencial, não só na

internet, mas como em todos os meios de comunicação, deve ser sempre Jesus

Cristo:

Queremos recordar que Cristo é o “protótipo da comunicação” (COMMUNIO ET PROGRESSIO, 1973, n. 10), a norma e o modelo da abordagem da comunicação, assumida pela Igreja, assim como o conteúdo que a Igreja tem o dever de comunicar. Oxalá os católicos comprometidos no mundo das comunicações sociais anunciarem a verdade de Jesus cada vez corajosa e impavidamente sobre os telhados, de tal maneira que todos os homens e mulheres possam ouvir falar de amor que está na autocomunicação de Deus em Jesus Cristo, o mesmo ontem hoje e para toda a eternidade. (IGREJA E INTERNET, 2002, n.12).

No mesmo ano da publicação dos dois documentos sobre a internet, o então

Papa, João Paulo II, abordou o tema internet também no Dia Mundial das

Comunicações Sociais em sua 36º edição, conforme histórico em anexo. O tema foi

“Internet, um novo Foro para a proclamação do Evangelho”. No contexto da época,

o Santo Padre, que já havia comparado o mundo das comunicações com o

areópago de Atenas, faz relação do Foro Romano, local público da Roma imperial,

onde se desenvolvia uma boa parte social da cidade. Um espaço urbano

movimentado que refletia a cultura circunvizinha e criava uma cultura que lhe era

própria:

Assim como as novas fronteiras dos outros tempos, também esta está cheia da ligação entre os perigos e promessas, e não é desprovida do sentido de aventura que caracterizou os outros grandes períodos de mudança. Para a Igreja, o novo mundo do espaço cibernético é uma exortação à grande aventura do uso do potencial para proclamar a mensagem evangélica. Este desafio está no centro do que significa, no início do milênio, seguir o mandato do Senhor, de fazer ao largo. (JOÃO PAULO II, 2002, Mensagem para 36º Dia Mundial das Comunicações Sociais).

Por meio da mensagem, o Papa reforçou o pensamento a respeito das

oportunidades que a internet representa para a evangelização e a importância de ser

usada com consciência e competência.

Seguindo o mesmo caminho de seu antecessor, o atual Papa Bento XVI tem

dedicado especial atenção às novas mídias e à sua relação com a Igreja Católica.

Neste ano de 2010, a mensagem para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais

teve como tema “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao

serviço da Palavra”.

48

Percebe-se que o grande desafio para a Igreja é evangelizar o “continente

digital”, ou seja, a Igreja deve participar de maneira qualificada na cultura da

comunicação. Um grande problema da mídia católica é a falta de profissionalismo e

o uso inadequado da linguagem dos meios de comunicação social. Esse erro já foi

transferido para a internet, onde se veem poucos sites de qualidade e muitos que

não passam de mera repetição dos boletins paroquiais e diocesanos, que já

possuem baixa qualidade. Muitos sites não respeitam a linguagem das novas

tecnologias e são estáticos e não possuem nenhuma forma de interatividade.

Bento XVI pede aos sacerdotes que se empenhem em exercer seu ministério

sacerdotal dando atenção ao ciberespaço. Em sua mensagem, o Papa fala de um

exercício de diaconia à cultura:

Através dos meios modernos de comunicação, o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios – adquiridos já no período de formação – com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte, alimentada pelo diálogo contínuo com o Senhor. No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da rede. (JOÃO PAULO II, 2010, Mensagem para 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais).

O texto vem para encorajar os sacerdotes a afrontarem o desafio de

evangelizar o mundo digital pelo mundo digital. Não é preciso que o padre tenha um

blog para que “a voz” da Igreja se faça “ouvida”, mas que trabalhe com leigos

qualificados e competentes para a implantação dos sites e portais paroquiais, além

de fazer acompanhamento do que está sendo lançando na evangelização pela

internet. Como numa orquestra em que o maestro apenas rege os músicos e não

toca os instrumentos, prevalecendo o conjunto harmonioso de vários instrumentos, a

Igreja também é assim, a Comunhão dos ministérios.

Deve-se sempre lembrar do ensinamento de Paulo: “…um é que semeia,

outro o que planta, outro o que colhe… a obra, é de Deus!” (1Cor 3,7).

3.2 Pastoral da Comunicação - PASCOM

A fim de auxiliar a Igreja a formar uma equipe para trabalhar em prol da

evangelização, vários documentos foram elaborados incentivando essa iniciativa

49

para que cada vez mais se tenha organização e planejamento na área

comunicacional. O documento mais importante foi a instrução pastoral Aetatis Novae

(1992).

Segundo Puntel (2008), este documento sintetiza aspectos e elementos

fundamentais no campo da comunicação, fazendo emergir, sobretudo, a

necessidade de uma pastoral, seja “da” como “na” comunicação. O Aetatis Novae, à

luz dos documentos precedentes, estimula, encoraja, apresenta princípios e

perspectivas pastorais e planos para uma eficiente pastoral da comunicação.

O documento traz ainda um incentivo para que bispos promovam um

planejamento da comunicação de acordo com as realidades regionais.

Recomendamos particularmente que as Dioceses e as Conferências ou assembléias episcopais tomem providências para que a questão dos mass media seja abordada nos seus planos pastorais. [...] Para este fim, os Bispos deveriam procurar a colaboração de profissionais de comunicação – que trabalhem nos mass media profanos ou nos organismos da Igreja relacionados com o campo da comunicação [...] (AETATIS NOVAE, 1992, n. 21)

Segundo outros pontos do documento acima citado, o Papa diz que o

trabalho dos meios de comunicação católico não vem apenas para complementar,

mas para juntar às outras atividades da Igreja, pois a comunicação social tem um

papel muito importante a desempenhar em todos os aspectos da missão católica.

A PasCom – Pastoral da Comunicação – completou em 2007 bodas de ouro.

Sua trajetória de documentos da Igreja Católica sobre comunicação iniciou com a

carta encíclica Miranda Prorsus (Os maravilhosos progressos) em 1957.

Um outro documento que definiu as formas de organização e planejamento

de uma PasCom foi “Estudos da CNBB n. 75, Igreja e Comunicação”, publicado em

1997. Estruturada no Aetatis Novae, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

(CNBB), responde ao Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, um

documento com diversos textos que oferecem subsídios para o planejamento e

articulação da PasCom nos níveis regional, diocesano e paroquial na Igreja Católica

do Brasil.

Em um dos seus capítulos está a definição de PasCom:

É a pastoral do ser/estar em comunhão/comunidade. É a pastoral da acolhida e da participação; a pastoral das inter-relações humanas, a pastoral da organização solidária e do planejamento democrático do uso de

50

recursos e instrumentos que facilitem o intercâmbio de informações e de manifestações das pessoas no interior da comunidade ou da comunidade para o mundo que a rodeia (CNBB: ESTUDOS N. 75: IGREJA E COMUNICAÇÃO RUMO ANO NOVO MILÊNIO, N. 244)

O documento trata também de dois segmentos em que a PasCom deve atuar

na Igreja Católica: interna e externa. Primeiramente, é preciso oferecer aos seus

membros condições para que os mesmos possam se expressar com liberdade,

fazendo a comunicação com os demais segmentos dentro da Igreja, promovendo a

acolhida, liturgia, catequese, entre outros, além de promover a pessoa do

comunicador e o constante diálogo entre as pastorais.

Quanto à relação externa, fica a responsabilidade do constante contato que a

PasCom deve ter com a sociedade em qual está inserida, dando visibilidade às

ações da Igreja por meio de boletins, jornais, programas de rádio, internet e o bom

relacionamento com os profissionais de comunicação, exercendo um diálogo claro e

ético.

Embora a responsabilidade seja do conjunto todo, ou seja, da equipe

responsável pela comunicação, a Igreja vem ao longo dos anos buscando agentes

qualificados para atuar na PasCom. O documento traz um alerta aos responsáveis

para que representantes das demais pastorais e especialistas na área de

comunicação social sejam os componentes dessa equipe, pois também terão a

missão de mudança na mentalidade dos membros da comunidade, a fim de assumir

a cultura midiática.

As mudanças, que ocorreram ao longo dos anos no setor de comunicações,

têm mostrado que a evangelização pela comunicação é o atual eixo em que Igreja

está se renovando. Felizmente, a Igreja Católica tem realizado grande investimento

nos recursos materiais e, mais recentemente, nos recursos humanos. Essa

renovação vem sendo acompanhada de vários documentos sobre comunicação e

neste ano de 2010 ficou mais uma vez comprovada essa preocupação com o uso

das novas tecnologias.

Sobre essa questão, a CNBB elaborou um documento que estabelece a

situação do laicato da Igreja Católica:

Promover uma maior inserção de leigos e leigas no campo das comunicações, reconhecendo a especificidade da presença dos mesmos como animadores dos processos comunicacionais na comunidade e levando em conta a potencialidade que geralmente têm de dialogar como

51

os meios de comunicação (CNBB: DOCUMENTO N. 59: IGREJA E COMUNICAÇÃO RUMO ANO NOVO MILÊNIO, CONCLUSÕES E COMPROMISSOS, N. 11)

A sociedade está diante de um novo e diverso tipo de lugar e território sem

barreiras ou controles tradicionais e sem, pelo menos até o momento, alguma

autoridade, secular ou religiosa. Daí a importância da formação não somente para o

uso ou a manipulação técnica da internet, mas para uma sólida educação à

liberdade responsável e aos valores humanos e cristãos. Por isso, a importante

participação dos leigos precisa estar alicerçada em dois pilares: formação e

espiritualidade.

A formação consiste em preparação teórica e prática de acordo com a área

de atuação do comunicador e com as especificidades de cada meio de

comunicação. Além da formação, é preciso que a pessoa tenha o perfil e se envolva

diretamente tornando-se um verdadeiro líder na evangelização.

Quanto à espiritualidade, o documento lembra que apenas os dons do

evangelizador não significam sucesso na transmissão das mensagens. Segundo

João Paulo II, os comunicadores cristãos devem ser homens e mulheres de oração,

uma oração repleta de Espírito, homens que estejam de modo cada vez mais

profundo em comunhão com Deus, a fim de aumentar a própria capacidade de

promover a comunicação entre os seres humanos. Devem ser formados na

Esperança pelo Espírito Santo, o agente principal da nova evangelização, para

poderem comunicar a esperança a outras pessoas.

A preocupação da Igreja Católica é tão grande quanto a essa questão que o

tema do 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais é “Verdade, anúncio e

autenticidade da vida na era digital”. O texto completo da mensagem será no dia 24

de janeiro de 2011, na festa de São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas.

Segundo o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, a

comunicação deve ser entendida e centrada na pessoa humana. “Mesmo em uma

era que é amplamente dominada e, por vezes condicionadas, pelas novas

tecnologias, o valor do testemunho pessoal continua a ser essencial”. De acordo

com a mensagem é preciso dar credibilidade na pessoa humana e não nas

tecnologias, por isso faz uma referência especial as jornalistas católicos:

52

Para abordar a verdade e assumir a tarefa de compartilhar isso exige a garantia de uma autenticidade de vida daqueles que trabalham na mídia, e especialmente dos jornalistas católicos, uma autenticidade de vida que não é menos necessária na era digital. (BENTO XVI, 2010, Mensagem para 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais).

Esse assunto foi muito debatido e discutido também no 2º Encontro Nacional

da Pastoral da Comunicação realizado em Aparecida/SP, nos dias 21 a 24 de julho

de 2010, que contou com a participação de aproximadamente quinhentos agentes

de pastoral, jornalistas, padres e bispos que trabalham com comunicação da Igreja

Católica.

3.3 Evangelizando pela internet

Neste último capítulo foi conceituada a nova cultura criada com o advento da

internet que é a cibercultura. Definiu-se também o espaço em que ela se localiza, o

ciberespaço. Foram citados documentos recentes sobre este tema complexo que é a

internet e a importância da formação de uma PasCom nas paróquias, dioceses e

arquidioceses, bem como a necessidade de formação e espiritualidade do

comunicador católico.

Visando à evangelização via internet, o presente trabalho vem apresentar

uma proposta para a Diocese de Assis, dentre as diversas opções que a web 2.0,

estudada no capítulo anterior, oferece a todos que acessam a internet e participam

ativamente das inúmeras redes sociais.

O que você está fazendo agora? Por meio de um sistema de publicação de

mensagens de até 140 caracteres o Twitter faz basicamente essa pergunta e parte

do princípio de que a sua rede social está tão interessada nessa informação que vai

te “seguir” (tradução para follow) para saber a resposta (RODRIGUES, 2010).

Criado em 2006, na Califórnia, pela Startup Obvious Corp, o Twitter possibilita

duas maneiras de se atualizar: via web ou no celular, por meio de recebimento de

mensagens de texto ou da instalação de aplicativos que mantém o sistema ativo no

telefone. É considerada uma ferramenta de microblog, ou seja, possui as mesmas

características de blog e rede social. Já é considerada a terceira rede social mais

usada no planeta.

Aos seguidores é permitido interagir enviando mensagens, escrevendo

diretamente de forma restrita ou respondendo publicamente, situação esta que deve

53

ser autorizada previamente por quem está sendo seguido. Em ambos os casos, a

comunicação é direta.

O Twitter é considerado uma das fontes de informação já consagradas nas

mídias convencionais, integrando comunicação com rede de amigos e familiares ou

sendo pessoas que estão apenas buscando informações. Neste aplicativo é possível

buscar informações sobre rotinas diárias, ter conversas diretas com pessoas ou

grupos, compartilhar links interessantes e veicular notícias que são importadas por

mecanismos automáticos, como as grandes empresas midiáticas fazem.

Além de publicar pequenas notas de até 140 caracteres, a área de interação

do Twitter permite que os seguidores enviem mensagens. Existe também a

possibilidade de escolher entre escrever diretamente (privado) ou enviar respostas

públicas, caso em que deve ser previamente autorizada por quem está sendo

seguido.

Em ambos os casos, o aplicativo mantém a comunicação direta e a

publicação das respostas estimula a participação de diferentes usuários na mesma

conversa.

Em todo o Brasil, várias arquidioceses, dioceses e paróquias, assim como

outros setores e movimentos da Igreja Católica já possuem vários canais de

comunicação compostos por redes sociais, blog, microblogs (twitter), entre outros

aplicativos que a internet, mais especificadamente, a web 2.0 oferece a todos os

usuários.

Veja dois exemplos:

Figura 1: Twitter da Arquidiocese de Natal – Rio Grande do Norte

54

Figura 2: Twitter da Diocese de Araçatuba – São Paulo

Criado neste ano de 2010, o site da Diocese de Assis, o qual pode ser

acessado pelo endereço eletrônico www.diocesedeassis.org, ainda não possui tal

aplicativo que serviria de mais um canal de comunicação diocesana auxiliando na

evangelização dos fiéis católicos. Por isso, a proposta prática deste presente

trabalho seria a criação de uma conta no twitter para que o internauta que,

frequentemente, utiliza o site da diocese de Assis em busca de formação e

informação, possa também “seguir” este veículo de comunicação e evangelização.

Composto de um endereço para ser adicionado (@diocesedeassis), o twitter

da Diocese de Assis seria, basicamente, conforme o exposto na figura a seguir:

Figura 3: Twitter da Diocese de Assis – São Paulo

55

Composto em seu layout pelo brasão do atual bispo, Dom José Benedito

Simão, o twitter forneceria aos seus “seguidores” informações e notícias de tudo o

que está acontecendo na diocese, bem como a fornecimento de links para leituras

diárias do Evangelho, fotos de eventos, blogs e sites católicos, entre outras opções

de evangelização.

Reunindo essas e outras informações, o internauta teria em um único

aplicativo diversos caminhos (links) que proporcionaria constante atualização a

respeito dos diversos acontecimentos da Igreja Católica, de forma particular, da

Diocese de Assis.

56

CONCLUSÃO

Neste presente trabalho, foi analisada a relação da Igreja Católica e a

sua evangelização por meio da internet que, ao longo das últimas décadas, realizou

verdadeiras revoluções na vida das pessoas de todo o mundo.

Dentre os inúmeros documentos sobre a comunicação, desde o “Inter

Multíplices” (1487) até o “Igreja e Internet” (2002), a Igreja tem percebido os dois

caminhos que podem ser seguidos pelos meios de comunicação: o bem o mal.

Questionada por métodos de controle da informação que foram adotados no

passado, a Igreja, atualmente, assume uma nova ótica: a de conscientizar a

sociedade para o uso correto e ético dos diversos meios comunicacionais existentes.

É importante salientar que a Igreja Católica sempre questionou as mensagens e não

os meios em si.

Com o recente advento da internet, a sociedade se vê imersa na cultura

midiática e não deve desprezar esse canal de comunicação e evangelização. À

Igreja cabe cada vez mais utilizar os aplicativos que esta grande rede fornece a

todas as pessoas. Visando à proclamação do Evangelho, é possível constituir

grandes redes sociais de evangelização, usando vários aplicativos que a Web 2.0

possibilita aos milhares de usuários que, diariamente, buscam na rede formação e

informação.

Pensando nessa necessidade e busca das pessoas, católicas ou não, o

presente trabalho propõe o uso de apenas um aplicativo dentre os vários que

atualmente existem. Por meio de uma conta no Twitter, a Diocese de Assis, dirigida

pelo Bispo Dom José Benedito Simão, tem a possibilidade de oferecer mais um

canal para os seus fiéis.

Embora se perceba que ainda há muitas dificuldades a serem superadas

como a capacitação de pessoas para trabalhar em uma equipe da Pastoral da

Comunicação – PasCom – a Igreja por meio dos estudos de documentos, cartas,

encíclicas do Vaticano e da CNBB, mostra sintonia com a necessidade de se

modificar.

Portanto, este trabalho não apresenta uma conclusão definitiva, mas

parcial, pois essa proposta é apenas uma iniciativa a curto prazo, visto que

constantes discussões, debates, encontros e congressos estão sendo realizados

57

para o crescimento e aperfeiçoamento dos agentes de pastoral, bem como para a

valorização de profissionais de comunicação que coordenarem os inúmeros

trabalhos que a Igreja necessita e deve realizar para a construção do Reino de Deus

aqui no mundo.

Assim seja!

58

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ANEXOS

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Mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 1.º Dia: «Os meios de comunicação social» (Papa Paulo VI – 1967) 2.º Dia: «A imprensa, a rádio, a televisão e o cinema para o progresso dos povos» (Papa Paulo VI – 1968) 3.º Dia: «Comunicações sociais e família» (Papa Paulo VI – 1969) 4.º Dia: «As comunicações sociais e a juventude» (Papa Paulo VI – 1970) 5.º Dia: «Os meios de comunicação social ao serviço da unidade dos homens» (Papa Paulo VI – 1971) 6.º Dia: «As comunicações sociais a serviço da vida» (Papa Paulo VI – 1972) 7.º Dia: «As comunicações sociais e a afirmação e a promoção dos valores espirituais» (Papa Paulo VI – 1973) 8.º Dia: «As comunicações sociais e a evangelização no mundo contemporâneo» (Papa Paulo VI – 1974) 9.º Dia: «Comunicação social e reconciliação» (Papa Paulo VI – 1975) 10.º Dia: «As comunicações sociais diante dos direitos e deveres fundamentais do Homem» (Papa Paulo VI – 1976) 11.º Dia: «A publicidade nas comunicações sociais: vantagens, perigos, responsabilidades» (Papa Paulo VI – 1977) 12.º Dia: «O receptor da comunicação: expectativas, direitos e deveres» (Papa Paulo VI – 1978) 13.º Dia: «Comunicações sociais e desenvolvimento da criança» (Papa João Paulo II – 1979) 14.º Dia: «Comportamento activo das famílias perante os meios de comunicação social» (Papa João Paulo II – 1980) 15.º Dia: «As comunicações sociais ao serviço da liberdade responsável do Homem» (Papa João Paulo II – 1981) 16.º Dia: «As comunicações sociais e os problemas dos idosos» (Papa João Paulo II – 1982) 17.º Dia: «Comunicações sociais e promoção da paz» (Papa João Paulo II – 1983) 18.º Dia: «As comunicações sociais, instrumento de encontro entre fé e cultura» (Papa João Paulo II – 1984)

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19.º Dia: «As comunicações sociais e a promoção cristã da juventude» (Papa João Paulo II – 1985) 20.º Dia: «Comunicações sociais e formação cristã da opinião pública» (Papa João Paulo II – 1986) 21.º Dia: «Comunicações sociais e promoção da justiça e da paz» (Papa João Paulo II – 1987) 22.º Dia: «Comunicações sociais e promoção da solidariedade e fraternidade entre homens e povos» (Papa João Paulo II – 1988) 23.º Dia: «A religião nos mass media» (Papa João Paulo II – 1989) 24.º Dia: «A mensagem cristã na cultura informática actual» (Papa João Paulo II – 1990) 25.º Dia: «Os meios de comunicação para a unidade e o progresso da família humana» (Papa João Paulo II – 1991) 26.º Dia: «A proclamação da mensagem de Cristo nos meios de comunicação» (Papa João Paulo II – 1992) 27.º Dia: «Videocassete e audiocassete na formação da cultura e da consciência» (Papa João Paulo II – 1993) 28.º Dia: «Televisão e família: critérios para saber ver» (Papa João Paulo II – 1994) 29.º Dia: «Cinema, veículo de cultura e proposta de valores» (Papa João Paulo II – 1995) 30.º Dia: «Os mass media: areópago moderno para a promoção da mulher na sociedade» (Papa João Paulo II – 1996) 31.º Dia: «Comunicar o Evangelho de Cristo: Caminho, Verdade e Vida» (Papa João Paulo II – 1997) 32.º Dia: «Sustentados pelo Espírito, comunicar a esperança» (Papa João Paulo II – 1998) 33.º Dia: «Mass media: presença amiga ao lado de quem procura o Pai» (Papa João Paulo II – 1999) 34.º Dia: «Proclamar Jesus Cristo nos meios de comunicação no alvorecer do Novo Milénio» (Papa João Paulo II – 2000) 35.º Dia: «Anunciai-o do cimo dos telhados: O Evangelho na era da comunicação global» (Papa João Paulo II – 2001)

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36.º Dia: «Internet: um novo foro para a proclamação do Evangelho» (Papa João Paulo II – 2002) 37.º Dia: «Os meios de comunicação social ao serviço da paz autêntica, à luz da Pacem in Terris» (Papa João Paulo II – 2003) 38.º Dia: «Os mass media na família: um risco e uma riqueza» (Papa João Paulo II – 2004) 39.º Dia: «Os meios de comunicação: ao serviço da compreensão entre os povos» (Papa João Paulo II – 2005) 40.º Dia: «Os media: rede de comunicação, comunhão e comunicação» (Papa Bento XVI – 2006) 41.º Dia: «As crianças e os meios de comunicação social: um desafio para a educação» (Papa Bento XVI – 2007) 42.º Dia: «Os meios de comunicação social: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Buscar a verdade para partilhá-la» (Papa Bento XVI – 2008) 43.º Dia: «Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade» (Papa Bento XVI – 2009) 44.º Dia: «O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra» (Papa Bento XVI – 2010)