o uso da Água de chuva em postos de serviÇos automotivos no espaÇo urbano de ponta grossa, pr

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS RICARDO LETENSKI O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR PONTA GROSSA 2009

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Os riscos de escassez de água, com qualidade e em quantidades suficientes paraatender às necessidades da população, estão sendo amplamente divulgados. PontaGrossa apresenta crescente demanda de água. A deficiência de saneamento diminua disponibilidade de água com qualidade. O sítio urbano localiza-se no alto deespigões radiais que dificultam o aproveitamento da água de rios. Por outro lado, acidade situa-se numa região chuvosa o ano todo. Buscando alternativas de usoracional da água, as coberturas dos postos podem funcionar como coletores paracapturar água das chuvas. Esta pode ser armazenada e destinada para fins nãopotáveis, sobretudo, na lavagem de veículos. O estudo teve como objetivo analisar apossibilidade técnica e a viabilidade econômica de aproveitamento de água dechuva para usos não potáveis em postos de serviços automotivos da área urbana dePonta Grossa. Por meio de investigações exploratórias foram visitados egeorreferenciados 42 postos, nas principais vias da cidade, nos quais, se identificoua oferta de lavagem e as fontes de águas que abastecem os postos para umamelhor compreensão de como ocorrem as práticas de uso da água nestes empreendimentos. Em seguida, foram selecionados os postos que aproveitam aágua de chuva para verificação do funcionamento dos sistemas instalados,estimativa das demandas por águas não potáveis e análise da viabilidadeeconômica do sistema. Pode-se concluir que o aproveitamento de água de chuva é tecnicamente e economicamente viável nos postos da cidade.

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Page 1: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

RICARDO LETENSKI

O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

PONTA GROSSA

2009

Page 2: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

RICARDO LETENSKI

O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de graduado na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Área de Geografia. Orientador: Prof. Dr. Mário Sérgio de Melo

PONTA GROSSA

2009

Page 3: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

RICARDO LETENSKI

O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO

ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de graduado na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Área de Geografia.

Ponta Grossa,______de_____________________________de 2009.

Prof. Dr. Mário Sérgio de Melo Pós-Doutor em Sedimentologia

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Profa. Dra. Maria Lígia Cassol Pinto

Doutora em Geografia Universidade Estadual de Ponta Grossa

Prof. Dr. Alceu Gomes de Andrade Filho

Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento Universidade Estadual de Ponta Grossa

Prof. Luís André Sartori Universidade Estadual de Ponta Grossa

Page 4: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Dedico aos autores dos meus dias Teodósio e Edecléia (in memorian), que me ensinaram a perseguir meus ideais.

Page 5: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

AGRADECIMENTOS

A minha Mãe Divina Espiritual e ao Pai Celeste.

Ao Professor Orientador Dr. Mário Sérgio de Melo pela contribuição com seus preciosos conhecimentos e sugestões na orientação deste trabalho.

Aos funcionários dos Postos de Serviços Automotivos pela recepção, fornecimento de informações e pela possibilidade acesso aos empreendimentos.

Aos funcionários da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) pela disponibilização de dados, na pessoa de Fabiano Icker Oroski, Coordenador Industrial da Unidade Regional Ponta Grossa.

Ao Núcleo de Estudos em Meio Ambiente (NUCLEAM) pela atenção e disponibilização de materiais, nas pessoas da Professora Maria Aparecida Hinsching e do Professor Fernando Pilatti.

Aos colegas de graduação pelo apoio e incentivo para realização deste trabalho.

A Tatiana Constantino pelo companheirismo, pela compreensão e dedicação.

A família e aos amigos pelo amor e generosidade.

A todos que de alguma maneira contribuíram com a conclusão dessa pesquisa.

Page 6: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Às vezes, uma gota de chuva morre de medo ao cair no oceano. O mar é gigantesco e ela sabe que ele ira engoli-la. Todavia, segundos após cair sobre o mar a gota de chuva percebe que deixou de ser uma gota e passou a ser o próprio oceano...

(Adriano Hungaro)

Page 7: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

RESUMO

Os riscos de escassez de água, com qualidade e em quantidades suficientes para atender às necessidades da população, estão sendo amplamente divulgados. Ponta Grossa apresenta crescente demanda de água. A deficiência de saneamento diminui a disponibilidade de água com qualidade. O sítio urbano localiza-se no alto de espigões radiais que dificultam o aproveitamento da água de rios. Por outro lado, a cidade situa-se numa região chuvosa o ano todo. Buscando alternativas de uso racional da água, as coberturas dos postos podem funcionar como coletores para capturar água das chuvas. Esta pode ser armazenada e destinada para fins não potáveis, sobretudo, na lavagem de veículos. O estudo teve como objetivo analisar a possibilidade técnica e a viabilidade econômica de aproveitamento de água de chuva para usos não potáveis em postos de serviços automotivos da área urbana de Ponta Grossa. Por meio de investigações exploratórias foram visitados e georreferenciados 42 postos, nas principais vias da cidade, nos quais, se identificou a oferta de lavagem e as fontes de águas que abastecem os postos para uma melhor compreensão de como ocorrem as práticas de uso da água nestes empreendimentos. Em seguida, foram selecionados os postos que aproveitam a água de chuva para verificação do funcionamento dos sistemas instalados, estimativa das demandas por águas não potáveis e análise da viabilidade econômica do sistema. Pode-se concluir que o aproveitamento de água de chuva é tecnicamente e economicamente viável nos postos da cidade. Palavras-chave: Uso da água, Água de chuva, Postos de serviços automotivos.

Page 8: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Quadro com os principais problemas decorrentes da urbanização que afetam a quantidade e a qualidade das águas.............................................................................................

12

FIGURA 2 – Ciclo hidrológico............................................................................ 18 FIGURA 3 – Chuvas convectivas...................................................................... 19 FIGURA 4 – Chuvas frontais............................................................................. 20 FIGURA 5 – Chuvas orográficas....................................................................... 21 FIGURA 6 – Gráfico do volume total de água no mundo e volume total de

água doce no mundo.................................................................... 24

FIGURA 7 – Quadro com as principais vantagens e desvantagens do aproveitamento de água de chuva...............................................

34

FIGURA 8 – Vestígios de cisternas escavadas na rocha no deserto do Negev...........................................................................................

36

FIGURA 9 – Fortaleza Massada e cisterna escavada na rocha, Deserto de Judá...............................................................................................

37

FIGURA 10 – Visão panorâmica da Fortaleza de Ratones................................. 39 FIGURA 11 – Ryogoku Kokugikan, ginásio de sumô, Sumida no

Japão............................................................................................. 40

FIGURA 12 – Vasos para armazenar água de chuva na Tailândia..................... 42 FIGURA 13 – Modelo de captação de chuva no Programa 1-2-1....................... 43 FIGURA 14 – Cisterna de placas........................................................................ 46 FIGURA 15 – Construção de uma cisterna de tela com arame.......................... 47 FIGURA 16 – Construção de uma cisterna com tela-cimento............................. 47 FIGURA 17 – Cisternas superiores e lavagem de veículo em máquina

abastecida com água de chuva.................................................... 49

FIGURA 18 – Projeção da área de coleta do telhado......................................... 51 FIGURA 19 – Quadro dos coeficientes de runoff das superfícies

coletoras....................................................................................... 52

FIGURA 20 – Modelo de calha com tela para contenção de sujeiras................ 53 FIGURA 21 – Modelo esquemático de funcionamento de um tanque de

sedimentação................................................................................ 55

FIGURA 22 – Dispositivo de descarte das primeiras chuvas proposto pelo senhor Tokunaga no Japão..........................................................

56

FIGURA 23 – Representação esquemática dos componentes do “kit chuva”............................................................................................

57

FIGURA 24 – Quadro com vantagens e desvantagens entre tanques e cisternas.......................................................................................

59

FIGURA 25 FIGURA 26 FIGURA 27 FIGURA 28

– – – –

Localização e abrangência da área de estudos............................ Quadro síntese do abastecimento de água em Ponta Grossa, dados históricos e previsões, 2003-2024...................................... Gráfico do volume necessário para suprir a demanda da cidade a capacidade real de abastecimento de água em Ponta Grossa, 2003-2024..................................................................................... Localização dos 42 postos de serviços automotivos visitados em Ponta Grossa..........................................................................

64 67 68 69

Page 9: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 29 – Localização dos postos de serviços automotivos visitados em Ponta Grossa que oferecem serviço de lavagem de veículos........................................................................................

70

FIGURA 30 – Quadro síntese do uso de água nos postos de serviços de serviços automotivos pesquisados..............................................

70

FIGURA 31 – Gráfico do uso da água nos postos de serviços automotivos do espaço urbano de Ponta Grossa que oferecem serviço de lavagem (33 postos)....................................................................

72

FIGURA 32 – Localização dos postos de serviços automotivos do espaço urbano de Ponta Grossa que aproveitam água pluvial...........................................................................................

73

FIGURA 33 – Posto Tio Mucufa......................................................................... 76 FIGURA 34 – Posto Real................................................................................... 78 FIGURA 35 – Athenas Auto Posto..................................................................... 81 FIGURA 36 – Posto Cinco Primos..................................................................... 83 FIGURA 37 – Posto Gamper.............................................................................. 85 FIGURA 38 – Posto Pinheiro.............................................................................. 88 FIGURA 39 – Posto São Sebastião................................................................... 90 FIGURA 40 – Posto Flex.................................................................................... 92 FIGURA 41 – Posto Pianowski.......................................................................... 95 FIGURA 42 – Quadro dos volumes médios mensais de água de chuva

aproveitável por metro quadrado na região de Ponta Grossa.........................................................................................

96

FIGURA 43 – Quadro de volumes potenciais médios aproveitáveis de água de chuva para AC= 527 m2......................................................

97

FIGURA 44 – Quadro síntese dos dados de área de captação e consumo de água nos postos de serviços automotivos que utilizam água de chuva no espaço urbano de Ponta Grossa.........................................................................................

97

FIGURA 45 – Gráfico de relação entre a demanda por águas não potáveis e o volume médio de água de chuva aproveitável no espaço urbano de Ponta Grossa..............................................................

98

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANA Agência Nacional de Águas ANP Agência Nacional do Petróleo ASA Articulação no Semi-Árido Brasileiro EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural ETA Estação de Tratamento de Água GPS Sistema de Posicionamento Global IAPAR Instituto Agronômico do Paraná INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome NBR ONG

Norma Brasileira Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas P1+2 Programa Uma Terra e Duas Águas P1MC Programa 1 Milhão de Cisternas PECMAC Programa Estadual de Captação e Manejo da Água de Chuva PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PROSAB Programa de Pesquisas em Saneamento Básico PVC Cloreto de Polivinila SAB Semi-Árido Brasileiro SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná UNEP United Nations Environment Programme UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura VPL Valor Presente Líquido WWF Fundação Mundial para Conservação da Vida Silvestre

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................... 11 2. OBJETIVOS....................................................................................... 16 3. A ÁGUA............................................................................................. 17 3.1 DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO MUNDO E NO BRASIL................... 24 3.1.1 Gerenciamento racional e sustentável dos recursos hídricos........... 26 3.1.2 Legislação e Recursos Hídricos........................................................ 29 3.2 O APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA: HISTÓRICO E

PRÁTICAS RECENTES.....................................................................

32 3.2.1 Composição do Sistema de Aproveitamento de Água de Chuva...... 49 4. DESCRIÇÃO DO ESTUDO............................................................... 62 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS................................. 63 4.2 O ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM PONTA GROSSA................... 65 4.3 OS POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS................................. 68 4.3.1 Aproveitamento de água de chuva nos postos de serviços

automotivos........................................................................................

72 4.3.1.1 Considerações sobre o uso de água de chuva nos postos de

serviços automotivos.........................................................................

95 5. VIABILIDADE ECONÔMICA DO SISTEMA DE

APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA....................................

99 6. CONSIDERAÇÃOES FINAIS E RECOMENDAÇÕES...................... 103 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 105 APÊNDICES.......................................................................................................

115

ANEXOS............................................................................................................ 131

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (2009)

intitulado “Revisão das Projeções da População Mundial”, a população do planeta,

atualmente com cerca de 6,5 bilhões de seres humanos, deverá ultrapassar 9

bilhões até meados do século XXI.

Para Alves (2007) durante o século XX, o impacto do crescimento

populacional e econômico sobre o ambiente natural foi enorme, provocando

alterações significativas no clima e nas condições de vida do planeta. A humanidade

tem um desafio muito grande pela frente, pois, por um lado, precisa crescer

racionalmente para reduzir a pobreza e a desigualdade e, por outro, precisa

conservar e preservar o meio ambiente, e as condições naturais que fornecem o

substrato da vida na Terra.

Entre os elementos que propiciam a vida na Terra, a água desempenha um

papel fundamental, sua simples ausência exterminaria qualquer uma das formas de

vida que conhecemos até hoje. Considerando que este recurso possui limites

bastante definidos e que uma parcela extremamente pequena está disponível às

necessidades humanas, à medida em que a população aumenta a quantidade de

água disponível por pessoa diminui e não pode ser substituída por nenhuma

substância alternativa.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e a

Cultura (2007), no mesmo ano, 3,3 bilhões de pessoas, mais de metade da

população mundial, viviam em cidades. Este total pode alcançar os 60% por volta de

2030.

Dessa maneira as cidades podem ser consideradas uma expressão do século

XXI. A concentração progressiva da população nas cidades acelera a expansão

urbana, impulsionando uma cadeia de problemas ambientais e urbanos.

Nas áreas urbanizadas, as construções, as grossas camadas de concreto das

calçadas e o asfalto das longas pavimentações são erguidos sobre a devastação da

vegetação. Com isso, a quantidade de água que normalmente deveria infiltrar

lentamente no subsolo é reduzida, significativamente, aumentando o volume e a

intensidade do escoamento superficial, que acelera os processos erosivos,

responsáveis por perdas de solo, agravando a situação de áreas de risco,

assoreando rios, e tornando mais constantes e sérias as enchentes urbanas. Os

Page 13: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

principais problemas decorrentes da urbanização que afetam a quantidade e a

qualidade das águas podem ser observados na figura 1.

FIGURA 1 – Quadro com os principais problemas decorrentes da urbanização que afetam a quantidade e a qualidade das águas Fonte: TUCCI apud TUNDISI, J.G. (2005).

URBANIZAÇÃO

Aumento da densidade populacional

Aumento da densidade de construções e da cobertura asfáltica

Aumenta o volume de

água residual

Aumenta a demanda de

água

Deterioram-se Os rios a

jusante da área urbana e deteriora-se a

água de escoamento superficial

Reduz a quantidade de

água disponível (escassez potencial)

Deteriora-se a qualidade da água dos

rios e represas urbanos, receptores de

águas residuais

Diminui a recarga de água

subterrânea

Aumentam os problemas de controle da poluição e das enchentes

Aumenta as enchentes e os picos de cheias na área urbana

Aumenta a área

impermeabilizada

Alterações no sistema de drenagem

Alterações do clima urbano

Aumenta o escoament

o superficial

direto

Aumenta a velocidade

de escoament

o

Page 14: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Com o aumento da população será necessário produzir maior quantidade de

alimentos e gerar mais energia, aumentando o consumo doméstico e industrial de

água. Sendo assim, a contaminação dos mananciais também deverá ser acentuada,

devido a maior produção de efluentes.

Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas não tem acesso

à água limpa em quantidade suficiente para garantir a saúde e o desenvolvimento

social e econômico; e 2,4 bilhões não têm acesso a saneamento básico (TUNDISI,

2005).

Com tantos agravantes será difícil assegurar o abastecimento de água às

populações, tanto em quantidade como em qualidade. Nessas circunstâncias,

mesmo regiões, atualmente, com relativa abundância de água não estão isentas de

enfrentar algum problema com recursos hídricos e nas regiões que já convivem com

a escassez o caso pode tornar-se ainda mais grave.

Adicionalmente, as mudanças climáticas podem agravar significativamente a

situação pela maior frequência e intensidade de eventos extremos como chuvas

mais intensas em determinadas regiões e secas mais prolongadas em áreas já

castigadas pela escassez hídrica. A ocorrência de chuvas mais intensas tem como

consequência a elevação do nível dos rios e o alagamento das várzeas,

potencializando as situações de inundação bem como de deslizamentos de

encostas. Estiagens mais prolongadas poderão provocar situações de risco de

colapso no abastecimento de água em várias regiões urbanas adensadas, inclusive

nas principais metrópoles (AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DOS DIREITOS DA INFÂNCIA,

2009).

Diante de tudo isso, uma competição mais acirrada em regiões com

quantidades limitadas de recursos hídricos pode resultar em situações geradoras de

conflitos, fazendo crescer o risco de guerras pela água.

No entanto, esse futuro sombrio pode ser evitado. De Acordo com Llamas

(1991) problemas de escassez são praticamente inexistentes na maioria dos países

do mundo, sendo, em contrapartida, quase universais e graves os problemas de seu

mau uso e má gestão.

Existem diversas formas de melhorar o uso da água, como por exemplo,

aumentar o volume pela captação de mais água; gastar menos água diminuindo a

demanda; também é possível usar a mesma quantidade de água com mais

Page 15: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

eficiência (CLARKE; KING, 2005). Além disso, podemos tornar o uso da água mais

racional compatibilizando a qualidade da água com o seu uso, pois desperdiçamos

diariamente água potável para regar plantas, lavar calçadas, roupas, carros e para

dar descarga em banheiros.

Entre as várias alternativas tecnológicas para melhorar o uso da água, o

aproveitamento de água de chuva é uma técnica bastante simples, eficiente,

relativamente barata e ambientalmente correta. É muito utilizada por populações

que dispõem de poucas alternativas para conseguir água, como as que convivem

com os regimes de secas das regiões áridas e semi-áridas. Nas áreas urbanas a sua

utilização, principalmente, para fins não potáveis vem ganhando força como uma

fonte complementar ao sistema público de abastecimento, pois possibilita reduzir a

demanda de água potável destinando-a para finalidades mais nobres como o

consumo humano e a ampliação de seu acesso para a população. Oferecendo

também economia significativa de recursos financeiros e energéticos com tratamento

e uso de água, protegendo ainda as águas subterrâneas. Além disso, utilizar água

da chuva significa contribuir para reverter os impactos negativos da urbanização

minimizando o desencadeamento de erosões, o agravamento e/ou o surgimento de

novas de áreas de risco e o assoreamento de corpos d‟água, evitando que águas

aproveitáveis se percam na poluição dos rios e provoquem enchentes urbanas.

Na área urbana diversas construções possibilitam o aproveitamento da água

da chuva como: edificações residenciais, comerciais, industriais e instituições

públicas e privadas.

A coleta de água de chuva pode ser efetuada em diferentes níveis conforme a

área dos coletores, a precipitação e a demanda do local a que será destinada. Os

coletores já estão prontos, estes, são os telhados das edificações, bastando a

instalação de calhas condutoras e um reservatório para onde a água deverá ser

escoada e armazenada para utilização em diversos fins, nos quais a água não

precisa ser potável, como para lavagem de automóveis, calçadas e para dar

descarga em banheiros.

A demanda por águas não potáveis pode variar bastante de acordo com a

função que o estabelecimento exerce no espaço urbano. Os postos de serviços

automotivos, que oferecem serviços de lavagem de automóveis, consomem um

volume elevado de água para fins não potáveis, além de oferecer a possibilidade de

instalação, com custo relativamente baixo, devido às suas grandes coberturas e à

Page 16: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

economia que podem promover. No entanto, geralmente, servem-se de águas

tratadas ou de águas subterrâneas, que deveriam ser conservadas para fins

potáveis.

Ponta Grossa apresenta progressivo aumento da população, principalmente

urbana, que tem elevado a demanda de água. O sítio urbano localizado no alto de

espigões radiais dificulta o aproveitamento da água de rios, devido, entre outros

fatores, à topografia acidentada. A deficiência de saneamento e o descaso com a

preservação de arroios e rios no município diminuem a quantidade de água

disponível com qualidade. Se essa tendência se mantiver e a situação não for

solucionada, em breve, o município poderá ter que enfrentar problemas de

abastecimento de água. Que apresentará como sintoma, principal: aumento do custo

da água, devido à maior dificuldade em conseguí-la ou como medida visando

diminuir o consumo. Por outro lado, a cidade está situada numa região chuvosa que

possibilita o aproveitamento da água de chuva durante todos os meses do ano.

Embora o aproveitamento de água de chuva represente uma alternativa

interessante, principalmente do ponto de vista ambiental, a instalação de um sistema

de captação e aproveitamento de água pluvial depende de diversos fatores, dentre

eles a possibilidade técnica, a viabilidade econômica e a aceitação social. O

assunto abordado neste trabalho será a possibilidade técnica e a viabilidade

econômica do aproveitamento de água de chuva nos postos de serviços automotivos

da área urbana de Ponta Grossa, PR.

Page 17: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Analisar a possibilidade técnica e a viabilidade econômica de aproveitamento

de água de chuva para usos não potáveis em postos de serviços automotivos da

área urbana de Ponta Grossa.

Objetivos específicos:

Investigar como ocorrem as práticas de uso da água nos postos de

serviços automotivos da área urbana de Ponta Grossa;

Inferir sobre a utilização de água de chuva nesses empreendimentos.

Espera-se que o estudo permita concluir sobre a de viabilidade técnica e

econômica de aproveitamento da água de chuva como uma alternativa saudável e

benéfica. Os resultados deverão apoiar a sua utilização para consumo não potável,

contribuindo para melhorar a relação humana com os recursos hídricos e para

enfrentar a tendência de crise no abastecimento de água.

Page 18: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

3. A ÁGUA

A água como fonte de vida é mencionada em quase todas as teorias

filosófico-religiosas, considerada pelos gregos da antiguidade um dos quatro

elementos que sustentam a natureza, entre os quais ela seria o princípio de todas as

coisas.

Para a ciência contemporânea a água surgiu no planeta há cerca de 4,3

bilhões de anos, devido ao resfriamento da atmosfera, originando um oceano

primitivo, onde surgiram às primeiras formas simples de vida (bactérias), há

aproximadamente 3,8 bilhões de anos (SUGUIO; SUZUKI, 2003).

A água pura (H2O)n é um líquido formado por moléculas de hidrogênio e

oxigênio. Na natureza, ela é misturada ainda com gases como, dióxido de carbono e

nitrogênio; com sais, como nitratos, cloretos e carbonatos; e elementos sólidos como

poeira e areia que podem ser carregados em suspensão (AGUASTORE, 2008).

Á água é insubstituível, não se conhecendo outra substância com suas

propriedades, das quais se pode destacar: a ausência de cor, cheiro e sabor,

características que possibilitam sua presença como o principal componente da

maioria dos alimentos e bebidas; a transparência que a deixa ser atravessada pela

luz torna possível a vida de seres dependentes da luminosidade embaixo d‟água; a

capacidade térmica que permite a utilização da água nos três estados físicos: sólido,

líquido e gasoso; e por último a sua notável capacidade de dissolução lhe atribui a

figura de solvente universal.

Considerando que a quantidade total de água em nosso planeta varia muito

pouco, pode-se dizer que a dinâmica da água compõe um sistema fechado,

denominado de ciclo hidrológico (Figura 2), caracterizado pelo contínuo movimento

entre os estados sólido, líquido e gasoso, devido à maior ou menor quantidade de

energia que irradia do Sol até a Terra. De forma simplificada, podemos dizer que a

água dos lagos, rios, oceanos, vegetação, animais e solo evapora-se. O vapor de

água se move na atmosfera, podendo vir a se concentrar na forma de nuvem e se

precipitar retornando aos oceanos, rios, e ao solo ou permanecer na atmosfera

(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2005). Tal ciclo possibilita a recarga das águas

subterrâneas e superficiais, a absorção pelas plantas e animais, sendo um dos

responsáveis pela manutenção da vida.

Page 19: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 2 – Ciclo hidrológico Fonte: (PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2009)

Dessa maneira a água é um bem renovável, ou seja, possui a capacidade de

se reciclar através do ciclo hidrológico, porém na atualidade se reconhece a

vulnerabilidade desse recurso com capacidade limitada de autodepuração, sensível

às alterações no ambiente.

Para os seres humanos a água é um elemento fundamental, representando

cerca de 70% de sua constituição, o acesso à água potável é uma questão

importante relacionada diretamente à qualidade da saúde pública. A água é também

um insumo indispensável à produção e um recurso estratégico para o

desenvolvimento econômico. Todas as atividades humanas dependem da água, a

navegação, a indústria, o turismo, a agricultura e a geração de energia elétrica são

alguns exemplos de seu uso econômico (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2005).

Entre as fases que compõem o ciclo hidrológico, a precipitação tem uma

importância fundamental. Sendo uma forma indispensável de ocorrência de água na

natureza é responsável pela recarga de rios, aquiferos, pela manutenção e

desenvolvimento da vida, e por regular parte do equilíbrio da radiação terrestre.

Page 20: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

A precipitação pode ocorrer sob a forma de orvalho, chuvisco, chuva, granizo,

saraiva ou neve, a partir da liberação do vapor d‟água presente na atmosfera sobre

a superfície da terra (VILLIERS apud MAY, 2004).

Segundo Ayoade (2004), somente a chuva e a neve contribuem

significativamente para os totais de precipitação, porém como nas regiões tropicais a

neve praticamente inexiste o termo precipitação pluvial, ou seja, chuva é sinônimo

de precipitação.

Convencionalmente existem três tipos principais de chuvas que se

diferenciam pela maneira como o ar se eleva originando-a. Conforme a Rede

Ciência Tecnologia e Sociedade (2009), os tipos são:

Chuvas convectivas ou de convecção - chuva que resulta do

aquecimento da superfície terrestre, originando a ascensão de massas

de ar quente, carregadas de vapor d‟ água. A elevação do ar provoca

seu resfriamento, condensando o vapor d‟água e, consequentemente,

ocasionando a precipitação. Esta chuva manifesta-se de forma intensa

e é de curta duração. São típicas da região intertropical, e de Verão no

interior dos continentes, devido às altas temperaturas. A figura 3

representa o comportamento das chuvas convectivas.

FIGURA 3 – Chuvas convectivas

Lete

nski, 2

009

Page 21: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Chuvas ciclônicas ou frontais - chuva que resulta do encontro de

duas massas de ar com características diferentes de temperatura e

umidade. Desse encontro, a massa de ar quente sobe, o ar resfria,

aproximando-se do ponto de saturação, dando origem à formação de

nuvens e, consequentemente, ocasionando a precipitação. São do tipo

chuvisco à passagem de uma frente quente ou do tipo aguaceiro, à

passagem da frente fria. São chuvas características das zonas de

convergência, isto é, das zonas de baixas pressões e, por isso, é este

tipo de chuvas que predominam nas regiões temperadas,

principalmente no inverno. A figura 4 representa o comportamento das

chuvas frontais.

FIGURA 4 – Chuvas frontais Fonte: (REDE CIÊNCIA TECNOLOGIA E SOCIEDADE, 2009).

Chuvas orográficas ou de relevo - chuva que resulta de uma subida

forçada do ar quando, no seu trajeto, apresenta-se uma barreira

natural. O ar ao subir resfria e condensa-se formando nuvens

saturadas que dão origem à precipitação. São chuvas localizadas,

intermitentes e possuem intensidade bastante elevada. Ocorrem nas

áreas de relevo acidentado ao longo das vertentes na encosta de onde

sopram ventos úmidos. A figura 5 representa o comportamento das

chuvas orográficas.

Page 22: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 5 – Chuvas orográficas Fonte: (REDE CIÊNCIA TECNOLOGIA E SOCIEDADE, 2009).

A chuva é uma ótima fonte alternativa de água que pode ser conseguida,

facilmente quando a quantidade de precipitação é suficiente.

A qualidade da água de chuva depende de sua localização e das condições

atmosféricas, variando conforme os gases e materiais em suspensão no ar durante a

precipitação. De acordo com o GROUP RAINDROPS (2002), a água da chuva que

cai no início da tempestade se chama “chuva inicial”, e é bastante suja. Então, se a

“chuva inicial” for eliminada e o restante da chuva for coletado pelo processo de

sedimentação1, sua qualidade aproxima-se da água encanada. Quando água

precipitada é armazenada em grandes quantidades e destinada para fins não

potáveis, a “chuva inicial” é diluída, e as substâncias nocivas coletadas do ar tornam-

se insignificantes partículas em relação ao volume total de água.

No entanto, procedimentos comuns para descartar a água dos primeiros

minutos de chuva, de modo a lavar a superfície coletora e limpar a atmosfera

carregada de poeira, sempre são adotados como medida de precaução (INSTITUTO

DE ESTUDIOS DEL HAMBRE, 2009).

1 “Decantação ou sedimentação: É o processo no qual a força da gravidade é utilizada para separar

as partículas de densidade maior que a da água, depositando-as em uma superfície ou zona de armazenamento (BIBLIOTECA DIDÁTICA DE TECNOLOGIAS AMBIENTAIS, 2009)”.

Page 23: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Conforme Andrade apud Giacchini (2003) os requisitos de qualidade e

segurança sanitária da água de chuva estão diretamente relacionados ao fim para o

qual se pretende destiná-las. Sendo assim, devem atender aos padrões de

potabilidade se o seu uso for doméstico e para fins não potáveis precisam ser

compatíveis com o seu uso.

De acordo com Agência Nacional de Águas e a Federação das Indústrias do

Estado de São Paulo (2005) as exigências mínimas para o uso da água não potável

em função das diferentes atividades a serem realizadas nas edificações, são as

seguintes:

Água para irrigação, rega de jardim, lavagem de pisos:

não deve apresentar mau-cheiro;

não deve conter componentes que agridam as plantas ou que

estimulem o crescimento de pragas;

não deve ser abrasiva;

não deve manchar superfícies;

não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias

prejudiciais à saúde humana.

Água para descarga em bacias sanitárias:

não deve apresentar mau-cheiro;

não deve ser abrasiva;

não deve manchar superfícies;

não deve deteriorar os metais sanitários;

não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias

prejudiciais à saúde humana.

Água para refrigeração e sistema de ar condicionado:

não deve apresentar mau-cheiro;

não deve ser abrasiva;

não deve manchar superfícies;

não deve deteriorar máquinas;

Page 24: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

não deve formar incrustações.

Água para lavagem de veículos:

não deve apresentar mau-cheiro;

não deve ser abrasiva;

não deve manchar superfícies;

não deve conter sais ou substâncias remanescentes após secagem;

não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias

prejudiciais à saúde humana.

Água para lavagem de roupa:

deve ser incolor;

não deve ser turva;

não deve apresentar mau-cheiro;

deve ser livre de algas;

deve ser livre de partículas sólidas;

deve ser livre de metais;

não deve deteriorar os metais sanitários e equipamentos;

não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias

prejudiciais à saúde humana.

Água para uso ornamental:

deve ser incolor;

não deve ser turva;

não deve apresentar mau-cheiro;

não deve deteriorar os metais sanitários e equipamentos;

não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias

prejudiciais à saúde humana.

Água para uso em construção civil: na preparação de argamassas,

concreto, controle de poeira e compactação de solo:

não deve apresentar mau-cheiro;

não deve alterar as características de resistência dos materiais;

Page 25: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

não deve favorecer o aparecimento de eflorescências de sais;

não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias

prejudiciais à saúde humana.

3.1 DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO MUNDO E NO BRASIL

Sabe-se que cerca de 70% superfície terrestre é composta de água,

perfazendo um total de cerca de 1.386 milhões de km³. Essa quantidade não se

altera significativamente, embora possa mudar de estado físico, variando entre

sólido, líquido e gasoso. A água do planeta se encontra espalhada em mares, rios,

lagos, geleiras, aquíferos, no ar atmosférico, incorporada nos seres vivos e nos

objetos (CLARKE; KING, 2005).

A maior parte dessa água, aproximadamente, 97,5% é salgada. Menos de

2,5% é doce e está distribuída entre as calotas polares (68,9%), os aqüíferos

(29,9%), rios e lagos (0,3%), e outros reservatórios (0,9%). Desta forma, apenas 1%

da água doce é um recurso aproveitável pela humanidade, o que representa 0,

007% de toda a água do planeta (HIRATA, 2008). A figura 6 mostra os volumes de

água no mundo.

FIGURA 6 – Gráfico do volume total de água no mundo e volume total de água doce no mundo Fonte: (HIRATA, 2008).

Essa parcela de água doce acessível à humanidade no estágio tecnológico

atual e a custos compatíveis com seus diversos usos é o que se denomina “recursos

Page 26: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

hídricos” (PEREIRA JÚNIOR, 2004). Conforme define a Organização das Nações

Unidas para a Educação Ciência e a Cultura (2008), são os recursos disponíveis ou

potencialmente disponíveis para satisfazer, em quantidade e em qualidade, uma

dada procura num local e período de tempo determinados.

O Brasil é um país privilegiado, dispondo da maior quantidade de recursos

hídricos do planeta Terra. Estima-se que a vazão dos recursos hídricos de superfície

brasileiros corresponda a cerca de 12% do total mundial (PEREIRA JÚNIOR, 2004).

Embora essa representação em nível planetário seja muito animadora, ela encobre

as enormes disparidades regionais que ocorrem internamente no país.

Cerca de 89% da potencialidade das águas superficiais do Brasil está

concentrada nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde vivem apenas 14,5% dos

brasileiros. Restando apenas 11% da potencialidade hídrica para as demais regiões

(Nordeste, Sul e Sudeste), onde estão localizados 85,5% da população e 90,8% da

demanda de água do Brasil (GEOBRASIL, 2002).

Embora o Brasil concentre o maior potencial hídrico mundial, algumas regiões

em seu território têm enfrentado escassez de água potável. Seja devido à sua

localização, ao seu regime hidrológico, às elevadas demandas ou à extrema

poluição.

Nas regiões Sul e Sudeste o elevado grau de urbanização, a densidade

populacional e os múltiplos usos da água estão levando à escassez em alguns

pontos, porque a conseqüente poluição compromete a disponibilidade de água e

encarece os custos do seu tratamento (CLARKE; KING, 2005).

Na região Nordeste, devido às longas secas, há escassez de águas

superficiais, o que é agravado por problemas como falta de saneamento básico e

contaminação por transmissores de doenças tropicais, tornando a situação da região

alarmante e bloqueando seu desenvolvimento (CLARKE; KING, 2005).

A situação dos recursos hídricos no Brasil abrange muitas outras questões

além dos problemas da má distribuição. A vasta extensão territorial do país dificulta

o gerenciamento das águas, que estão sofrendo constante pressão antrópica devido

à exploração excessiva, uso diverso indiscriminado, desmatamento, despejo de

esgotos e substâncias tóxicas reduzindo a quantidade de água com qualidade e

comprometendo o acesso de água à população.

Page 27: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

3.1.1 Gerenciamento racional e sustentável dos recursos hídricos

Os impactos ambientais causados pela crescente industrialização iniciada

ainda no século XVIII, e que considerava os recursos naturais como inesgotáveis,

teve repercussão, em 1972, na cidade sueca de Estocolmo, quando a Organização

das Nações Unidas (ONU) chamou pela primeira vez a atenção das nações,

alertando para a degradação que as ações humanas estavam causando ao meio

ambiente, comprometendo gravemente o bem estar e a própria sobrevivência da

humanidade. Para tal realizou-se a I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente, onde os líderes das nações debateram questões sobre o meio ambiente e

o desenvolvimento. Daí resultou a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano

(1972), um documento sobre princípios de comportamento e responsabilidade que

deveriam direcionar as decisões relacionadas as questões ambientais, bem como na

cooperação dos países membros da ONU para a busca de soluções dos problemas

ambientais.

A necessidade de avaliação de como as nações haviam promovido a

conservação da natureza, levou à realização da II Conferência das Nações Unidas

Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, sediada na cidade do Rio de Janeiro,

em 1992. Vislumbrando a necessidade de mudança no comportamento em direção

ao desenvolvimento global sustentável, que teve seus princípios básicos

estabelecidos na Agenda 21, principal produto do encontro. Esta consiste numa

agenda que prevê ações concretas a serem realizadas pelos governos e a

sociedade civil para se alcançar o desenvolvimento sustentável.

“O desenvolvimento sustentável pode ser definido como o desenvolvimento

capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade

de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não

esgota os recursos para o futuro” (WWF. BRASIL, 2008).

Os princípios essenciais do desenvolvimento sustentável têm sido muito

difundidos pelo mundo: crescimento econômico, equidade social e integridade

ecológica que de forma integrada permitiriam a distribuição socialmente equitativa

dos custos e benefícios das intervenções humanas no meio ambiente (MAGALHÃES

JUNIOR, 2007).

Page 28: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

O capítulo 18 da Agenda 21 discute a proteção da qualidade e abastecimento

dos recursos hídricos, cujo objetivo geral é:

Assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa

qualidade para toda a população do planeta, ao mesmo tempo em

que se preserve as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos

ecossistemas, adaptando as atividades humanas aos limites da

capacidade da natureza e combatendo vetores de moléstias

relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras, inclusive o

aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para

aproveitar plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los da

poluição.

O aproveitamento inteligente dos recursos naturais, como a água, é uma

preocupação que deve atingir todas as esferas da sociedade para se obter

resultados verdadeiramente consistentes, assegurando à atual e às gerações futuras

disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos seus usos. No

âmbito federal, cabe ao Ministério do Meio Ambiente (Secretária Nacional de

Recursos Hídricos) ordenar as ações em relação aos recursos hídricos. Nesse

sentido foi vital a criação de um Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), em

2002. Este é essencialmente um instrumento de planejamento estratégico, visando

basicamente definir ações a serem desenvolvidas pelas entidades competentes, não

cabendo ao mesmo definir os procedimentos de sua execução. Baseado numa

gestão descentralizada, respeitando o espaço de decisão, amparada por Lei, aos

Estados e as próprias comunidades usuárias da água. Diante dessa concepção a

Lei de Águas 9.993/97 prevê a cobrança pelo uso da água, levando a iniciativa

privada e o poder público a adotar medidas de racionalização e reuso da água.

Um critério importante que deve apoiar o uso racional dos recursos hídricos é

a categorização simples da água, pois ela permite compatibilizar a qualidade da

água com o seu uso. De acordo com o GROUP RAINDROPS (2002) a água é

classificada geralmente em três categorias: água potável, água não potável e água

poluída. As Águas nobres, ou seja, as águas potáveis destinadas ao consumo

humano devem cumprir padrões estabelecidos pelos órgãos sanitários. As

atividades que não estão relacionadas ao consumo humano, podem utilizar águas

Page 29: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

não potáveis. As águas poluídas e/ou contaminadas até o momento não podem ser

utilizadas, mas devem passar por um processo de redução de resíduos por

decantação, uma vez que despejadas sem cuidados antecipados na natureza,

contaminam uma grande quantidade de água limpa.

Diante disso, existem diversas maneiras de tornar o uso da água mais

eficiente. Uma delas é gastar menos água, outra é reciclar a água que já foi utilizada

em alguma atividade. O reuso da água diminui significativamente a quantidade de

efluentes que seriam despejados contaminando águas superfícies e subterrâneas,

além de diminuir a quantidade água retirada dos mananciais. As técnicas de reuso

têm encontrado uma resposta muito positiva na indústria, embora necessite de

equipamentos especiais para o tratamento antes da reutilização, requerendo alguns

investimentos. Porém as medidas governamentais que prevêem a cobrança tanto

pelo uso da água, como pelo lançamento de efluentes na natureza (princípio do

poluidor-pagador) têm estimulado o reuso da água.

Outra forma de melhorar o uso da água é aumentar sua captação buscando

fontes alternativas de água. Uma boa maneira nesse sentido consiste em coletar,

armazenar e utilizar a água da chuva. Em regiões de seca o uso da água da chuva

faz parte da tradição local. Na atualidade, com a necessidade de harmonização

entre a chuva e o ambiente urbano, o aproveitamento da água da chuva se

evidencia como uma alternativa promissora para mitigar os impactos da

urbanização.

Uma outra alternativa que tem aumentado bastante no Brasil é a exploração

da água subterrânea, uma vez que geralmente possibilita destiná-la para fins nobres

com qualidade elevada, por vezes superior a da água tratada e à baixos custos.

Porém conforme o Ministério do Meio Ambiente (2005) os recursos hídricos

subterrâneos brasileiros estão sujeitos a uma série de riscos, dos quais é importante

citar:

exploração excessiva, que pode provocar o esgotamento dos

aquíferos;

a contaminação das águas subterrâneas por efluentes sanitários e

industriais, agrotóxicos, fertilizantes, substâncias tóxicas provenientes

de vazamentos. A gravidade da contaminação está diretamente

Page 30: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

relacionada à toxicidade, persistência, quantidade e concentração das

substâncias que alcançam os mananciais subterrâneos.

Para garantir a sustentabilidade na utilização das águas subterrâneas deve-se

ter por base a sua capacidade de recarga, a disponibilidade do aquífero e a criação

de critérios e instrumentos legais para restringir a sua utilização de forma racional

adequada à realidade local.

3.1.2 Legislação e Recursos Hídricos

As legislações que tratam dos recursos hídricos no Brasil surgem no contexto

da grande crise nas primeiras décadas do século XX, com o Decreto Presidencial

24.643, em 10/7/34 que aprovou o Código de Águas. Focando a água como um dos

elementos básicos do desenvolvimento nacional, buscou-se a valorização do

potencial hidráulico brasileiro na irrigação da agricultura e, principalmente, na

geração de energia elétrica para atender o ramo urbano-industrial surgente no país.

Esse dispositivo reconheceu o valor econômico das águas e definiu a sua

propriedade como pública.

O marco na proteção das águas brasileiras foi a aprovação da Lei Federal n°

9.433/97, a chamada “Lei das Águas”, que de acordo com Almeida (2002)

reconheceu a necessidade de se proteger as águas dentro da estrutura global

ambiental, a partir da gestão integrada dos recursos hídricos e do meio ambiente,

visando o desenvolvimento sustentável e à manutenção do meio ambiente

ecologicamente equilibrado, conforme recomenda a atual constituição.

A referendada lei instituiu a Política Nacional dos Recursos Hídricos

estabelecendo em seu artigo 1° os seguintes fundamentos básicos:

a adoção da Bacia Hidrográfica como uma unidade de planejamento;

os múltiplos usos que podem ser atribuídos a água;

reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável;

reconhecimento do valor econômico da água;

a gestão integrada participativa.

Page 31: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Em seu artigo 2°, a “Lei das Águas” estabelece os seguintes objetivos da

Política Nacional dos Recursos Hídricos:

assegurar à atual e às gerações futuras a necessária disponibilidade de

água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, com vistas ao

desenvolvimento sustentável;

a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem

natural ou decorrentes do uso inadequados dos recursos naturais.

Em 2000 criou-se a Agência Nacional de Águas (ANA), que tem como missão

básica implementar os instrumentos de gestão previstos na Lei 9.433/97 e fiscalizar

o uso dos recursos hídricos. Dessa maneira a água passa a ser um bem dotado de

valor econômico controlado por meio da utilização de instrumentos regulatórios e

econômicos, como a concessão de outorgas, instrumento pelo qual o Poder Público

autoriza o usuário a utilizar as águas de seu domínio, por tempo determinado e com

condições preestabelecidas e a cobrança pelo seu uso. Visando, principalmente,

induzir a redução do desperdício pelo uso racional da água e promover a justiça

ambiental realizando a cobrança para aqueles que usam e poluem as águas.

A Lei n° 12.726 /99 em seu artigo 1° institui a Política Estadual de Recursos

Hídricos e cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, como

parte integrante dos Recursos Naturais do Estado do Paraná, nos termos da

Constituição Estadual (1989) e na forma da legislação federal aplicável. Os seus

fundamentos básicos e objetivos são comuns aos da “Lei de Águas”. De acordo com

Almeida, 2002:

Os maiores problemas que afligem a proteção ambiental dos

nossos recursos naturais são: a grande pressão demográfica; a

falta de planejamento adequado do uso do solo e dos recursos

naturais; a carência de serviços públicos básicos; e a

urbanização descontrolada. Possuímos um dos mais

avançados sistema de proteção jurídica do meio ambiente,

porém inoperante.

Page 32: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Temos boas leis que destacam a importância de se preservar os recursos

hídricos, fazendo uso racional da água na busca de garantir a sua sustentabilidade.

Legislar é um passo imprescindível para estabelecer a ordem das coisas, porém

precisamos fazer valer tal normatização, a partir de esforços individuais e conjuntos

para a melhoria de gestão dos recursos hídricos. Individualmente podemos cuidar

da água com atitudes cotidianas simples como: fechar as torneiras enquanto não

estiver utilizando, diminuir o tempo do banho, e reutilizar águas já utilizadas em

alguma atividade, para lavar calçadas, por exemplo.

Segundo Menezes (2006) a utilização de equipamentos economizadores de

água2, reduz significativamente o consumo e as contas de água possibilitando

também aos usuários dessas tecnologias uma participação mais efetiva na

preservação ambiental. Entre estes produtos estão o arejador de torneira e o registro

regulador, que tem como função limitar a vazão de água nos pontos de consumo

independente da pressão na rede ou do nível de abertura; a bacia sanitária com

volume de descarga reduzido; as torneiras com fechamento automático; e medição

individual em edifícios residenciais multifamiliares com o objetivo de estabelecer o

rateio da contas de água geral. Coletivamente recomenda-se à comunidade

acadêmica a se engajar nessa luta em defesa da água investigando a situação real

dos recursos hídricos, levando esclarecimento e educação à população sobre o

combate ao desperdício em conjunto com associações públicas e privadas, escolas

e empresas de saneamento buscando facilitar o trabalho dos órgãos públicos

responsáveis e também realizar as devidas cobranças de cumprimento da

legislação, acionando as autoridades competentes em caso de irregularidade.

Com relação a água de chuva, embora algumas regiões brasileiras,

tradicionalmente, utilizem essa fonte alternativa de água a anos, até o momento não

existe na legislação nacional nenhuma lei que regulamente seu uso.

May (2004) aponta que um dos motivos de não haver uma normatização para

implantação adequada do sistema de aproveitamento de água da chuva é a falta de

dados tais como: qualidade da água e coeficiente de runoff3.

2 No site da Sabesp (www.sabesp.com.br) encontra-se disponível uma listagem de produtos e fornecedores com está finalidade. 3 O coeficiente de runoff é a razão entre o volume de precipitação e o volume de escoamento

superficial que pode ser melhor compreendido no item 3.2.1, sobre a composição do sistema de aproveitamento de água de chuva.

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Buscando diminuir as potencialidades de enchentes urbanas e diante do

iminente risco de escassez de água, diversas cidades têm aprovado leis municipais

que obrigam o uso da água da chuva nas grandes cidades como Rio de Janeiro,

São Paulo e Curitiba. A cidade do Rio de Janeiro aprovou o Decreto-Lei em 2004,

que obriga todos os edifícios com mais 500 m² de área impermeabilizada, prédios

residenciais com mais de 50 apartamentos e novas construções a implantarem um

sistema para captação da água das chuvas. Na capital do Paraná foi instituída, a

Lei n° 10.785 em setembro de 2003, que cria Programa de Conservação e Uso

Racional da Água nas Edificações. Tendo como objetivo estabelecer medidas que

estimulem a conservação, o uso racional e a utilização de fontes alternativas para

captação de água nas novas edificações. Diversas outras cidades do país vêm

aderindo a essa tendência, porém essas leis não têm sido estruturadas de uma

forma sistemática ampla e não apresentam nem um respaldo técnico sobre a

utilização dessas técnicas alternativas.

A Lei Nº 7070 de 12 de dezembro de 2002, que altera a seção 11ª referente

as "Águas Pluviais", do Código de Obras do Município de Ponta Grossa, Lei nº

6.327, de 02 de dezembro 1999 diz o seguinte:

Art. 523 - As instalações de águas pluviais devem ser projetadas e

executadas observando as normas do órgão municipal competente.

Art. 525 - Será admitido outro tipo de ligação desde que tecnicamente

justificado, a critério do órgão municipal competente.

Atualmente a norma brasileira NBR 15527/2007 da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) sobre aproveitamento de água da chuva para fins não

potáveis estabelece os requisitos para um sistema completo de aproveitamento de

água de chuva em coberturas nas áreas urbanas para fins não potáveis.

3.2 O APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA: HISTÓRICO E PRÁTICAS

RECENTES

O aproveitamento de água de chuva é uma técnica relativamente simples e

econômica que consiste em coletar a precipitação por meio de superfícies

Page 34: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

impermeáveis e conduzi-la para um reservatório onde será armazenada para os

mais diversos usos, tanto em áreas urbanas quanto rurais.

Existe uma grande variedade de técnicas para aproveitar a água de chuva e

a tecnologia envolvida pode ser extremamente simples ou complexa dependendo de

especificidades locais, das particularidades da construção e do uso pretendido.

De uma maneira geral podemos inferir que em áreas extremamente

urbanizadas e industrializadas as técnicas se complicam devido à grande

quantidade de poluentes presentes no ar atmosférico, nos telhados e pisos

normalmente utilizados para coletar a chuva, requerendo um cuidado maior em

relação à qualidade da água e ao seu uso que deve ser destinado para fins não

potáveis, do que em regiões rurais, afastadas de áreas urbanas e industriais, onde a

emissão de poluentes atmosféricos é significativamente menor e a água pode

inclusive ser utilizada para beber após uma desinfecção simples.

Conforme Worm e Hattum (2006), a tecnologia utilizada é flexível e adaptável

a uma ampla diversidade de circunstâncias. Sendo utilizada desde as sociedades

mais desenvolvidas até as mais carentes, assim como entre as regiões mais úmidas

ou mais secas do planeta.

Embora o correto armazenamento de água de chuva represente um valioso

suprimento de água produzindo inúmeros benefícios sociais, econômicos e

ambientais, ele também oferece algumas desvantagens. É importante avaliar essas

questões para poder traçar um comparativo referente às possibilidades de instalação

de outras opções disponíveis. A figura 7 apresenta algumas vantagens e

desvantagens referentes ao aproveitamento de água de chuva de uma maneira

geral.

A coleta de água de chuva para aproveitamento em múltiplos usos não

potáveis pode ser realizada em uma infinidade de estabelecimentos: residenciais,

comerciais, industriais e rurais. Segundo Machado & Cordeiro (2004) a água

proveniente das chuvas se destinará:

Para usos residenciais em:

descarga do vaso sanitário

lavagem de pisos e de veículos automotores

irrigação de jardins

Page 35: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

lavagem de roupas

Para usos comerciais e industriais em:

resfriar equipamentos e máquinas

para serviços de limpeza

descargas nos sanitários

reservatório contra incêndios

irrigação das áreas verdes

áreas de contenção diminuindo/evitando alagamentos

lavagem roupas - hotel e lavanderias

lavagem veículos e outros

Para usos rurais:

Além dos usos residenciais, também se utiliza água de chuva para a

irrigação de agricultura.

(continua)

Aspecto Vantagens Desvantagens

Econômico

Redução do gasto mensal com água e esgoto.

Dependendo da tecnologia empregada, pode ter alto custo inicial.

Garantia da qualidade de vida pela certeza da não falta de água e seus inconvenientes.

Pode aumentar o gasto com energia elétrica

Aumento da renda mensal, após retorno do investimento inicial.

Flexibilidade e adaptabilidade dos sistemas para satisfazer as circunstâncias e orçamentos locais, o que inclui o aumento da disponibilidade de tanques de baixo custo (por exemplo, feitos de ferro-cimento, plástico ou de pedra/ tijolos).

Social

Melhora da imagem perante a sociedade, órgãos ambientais, etc.

Pode haver dificuldade de aceitação social por falta de esclarecimentos básicos sobre o sistema.

FIGURA 7 – Quadro com as principais vantagens e desvantagens do aproveitamento de água de chuva

Page 36: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

(continuação)

FIGURA 7 – Quadro com as principais vantagens e desvantagens do aproveitamento de água de chuva (Adaptado de KOBIYAMA; MOTA; CORCEUIL, 2008 e WORM; HATTUM, 2006).

O aproveitamento da água de chuva não é algo que foi idealizado

recentemente, essa técnica já vem sendo utilizada a milhares de anos. Registros

históricos revelam que diversos povos da antiguidade conseguiram desenvolver

grandes civilizações em regiões semi-áridas, tendo com único recurso para todas as

suas atividades, quantidades irregulares de água proveniente dos poucos meses de

chuva.

No deserto de Negev, localizado no Oriente Médio, por exemplo, existem

vestígios desse sistema com reservatórios escavados na rocha, de idade próxima de

4000 anos4 (Figura 8).

4 Ver UNESCO World Heritage Site, disponível em:

http://www.parks.org.il/BuildaGate5/general2/company_search_tree.php?Cat=383~Card12~~~~&ru=&SiteName=parks&Clt=&Bur=162179697

Aspecto Vantagens Desvantagens

Ambiental

Preservação dos recursos hídricos, principalmente dos mananciais superficiais e subterrâneos.

O abastecimento é sensível à seca. A ocorrência de estações secas prolongadas e de secas pode causar problemas quanto ao abastecimento de água.

Contribui na contenção de enxurradas que provocam alagamentos e enchentes

Outros

Manutenção: a operação e manutenção do sistema são controladas pelo proprietário do tanque. Desse modo, constitui uma boa alternativa à debilidade de manutenção e monitoramento de um sistema centralizado de água canalizada.

Manutenção: uma operação correta e uma manutenção regular são um fator muito importante que, muitas vezes, é negligenciado. Inspeção e limpeza regulares e reparações ocasionais são essenciais para o sucesso do sistema.

Água de qualidade relativamente boa: a água da chuva é melhor que outras fontes tradicionais disponíveis (a água subterrânea talvez não possa ser usada devido ao flúor, salinidade ou arsênico).

A qualidade da água é vulnerável: a qualidade da água da chuva pode ser afetada pela poluição do ar, excrementos de animais e de pássaros, insetos, sujeira ou matéria orgânica.

Page 37: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 8 – Vestígios de cisternas escavadas na rocha no deserto do Negev, Oriente Médio. A- Acesso subterrâneo à cisterna; B- Orifício para entrada de água na cisterna. Fonte: (BIBLETOURIST, 2009).

Thomaz apud May (2004) menciona a Pedra Moabita, uma inscrição do rei

Mesha de Moabe, encontrada no Oriente Médio. Nela o rei sugeria, por volta de 850

a.C, a construção de uma cisterna para aproveitamento da água de chuva em cada

casa.

O trecho a seguir é uma transcrição das palavras do rei Mesha do hebraico

para o português da Pedra Moabita.

[...] “fiz os seus reservatórios para água, dentro da cidade. E não havia

cisterna dentro da cidade de Qarhoh, por isso disse ao povo: Que cada um de vós

faça uma cisterna para si mesmo, na sua casa” [...] (SÁLVIO, 2008).

Durante o Império Romano, foi construído um complexo sistema de uso da

água que incluía a utilização de aquedutos e cisternas.

Na época de Cristo, na Fortaleza Massada, localizada a leste do deserto de

Judá, em Israel. O rei Herodes construiu um complexo sistema com 12 imensas

cisternas (Figura 9), com capacidade de cerca de 40.000 m³ cada, escavadas e

ligadas por túneis capazes de abastecer diversos cantos da cidadela, inclusive as

piscinas das casas de banho. Mesmo sendo uma região muito seca esse sistema de

abastecimento conseguia captar a água dos temporais de inverno bastando apenas

algumas horas para encher as cisternas. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

PARA A EDUCAÇÃO A CIÊNCIA E A CULTURA, 2001; ARAÚJO & SILVA NETO,

2009).

Page 38: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 9 – Fortaleza Massada e cisterna escavada na rocha, Deserto de Judá Fonte: (UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION, 2009).

De acordo com HowStuffWorks (2007) o uso de poços e de cisternas que

recolhiam a água da chuva que escorria do telhado eram fundamentais para a

sobrevivência dos castelos na idade média. Alguns castelos tinham um

encanamento rudimentar que canalizava a água das cisternas para as pias.

Ruskin (2001a) refere-se a um trabalho publicado, em 1863, pelo J. Franklin

Institute na Practical Mechanica5, onde de acordo com o autor a cidade de Veneza

coletou a precipitação das chuvas e a armazenou em cisternas por um período

superior a 1.300 anos. A água coletada em 177 cisternas públicas e 1.900 cisternas

privadas era a principal fonte de água fresca para Veneza até aproximadamente o

século XVI.

No continente sulamericano os Incas construíram canais que transportavam

água para que fosse armazenada em cisternas, ou mesmo em diferentes níveis de

terraços, nos terrenos íngremes da região, que permitiram um melhor

aproveitamento da terra para a agricultura sem desperdícios.

No Brasil relatos sobre o armazenamento de água de chuva em cisternas

remontam à época do descobrimento do país, ainda que em alguns casos como uma

alternativa momentânea para atender às necessidades de viajantes.

5 J. Franklin Institute, “The water cisterns in Venice,” Practical Mechanica J., 3rd ser. 70 (1860): 372-

73, 1863.

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Por volta de 1555, o Almirante francês Villegaignon, buscando asilo nas terras

de além-mar para os huguenotes que eram perseguidos religiosos na Europa,

estabeleceram-se temporariamente, na ilha de Sergipe, que hoje leva o nome do

Almirante, na baia de Guanabara. A ilha tinha um posicionamento estratégico tanto

para ataque quanto para defesa de tropas inimigas, mas um dos grandes

inconvenientes era a falta de água potável. Para amenizar essa situação abriu-se

uma cisterna que podia armazenar água por 6 meses (FERREIRA, 2000).

Diversos fortes criados pela coroa portuguesa na orla marítima, para garantir

a defesa de posse das terras recém descobertas, utilizavam cisternas como parte

importante do suprimento de água. Entre eles destacam-se:

O Forte dos Reis Magos, construído em 1598, numa união da coroa

portuguesa e espanhola para expulsar o francês da região do Rio Grande do

Norte. A construção do forte que representa um dos mais expressivos marcos

históricos do Brasil deu início à cidade de Natal. Na fortificação encontram-se

a Casa de Comando, os Quartéis e os Depósitos, além da Capela, a Casa de

Pólvora e uma cisterna para armazenar a água da chuva (TEIXEIRA, 2006;

GUIA DA SEMANA, 2006) e;

A Fortaleza de Ratones (Figura 10), que foi construída em 1744, em Santa

Catarina. O aqueduto, que une a casa do comandante aos aquartelamentos,

fazia parte do sistema de captação das águas pluviais, provenientes dos

telhados dos edifícios principais, e que complementava o suprimento

proveniente da fonte de água para ser consumida pelas tropas do Império

Português (TEIXEIRA, 2008).

Atualmente os fortes pertencem ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (IPHAN) e funcionam como atrativo de visitação turística, a Fortaleza de

Ratones utiliza a energia de painéis solares instalados próximos à fortaleza

(TEIXEIRA, 2008).

Page 40: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 10 – Visão panorâmica da Fortaleza de Ratones, SC. 1- Fonte d‟ água; 2 e 3- painéis solares. Fonte: (TEIXEIRA, 2008).

Nos engenhos de açúcar do Brasil colonial não faltavam cacimbas, cisternas

ou grandes potes para guardar água (GUILLEN & COUCEIRO, 2001).

Nos quilombos o uso de cisternas também era frequente e ficava localizado

no centro das vilas juntamente com outras instalações públicas como o conselho, o

mercado e a forja (MAESTRI, 1997).

Como observado, as técnicas de utilização de água de chuva tem sido

desenvolvidas há milhares de anos por diversos povos.

Com o passar do tempo em diversas sociedades a utilização de água de

chuva foi gradativamente reduzida e abandonada ao esquecimento, principalmente

devido aos avanços tecnológicos que facilitaram o acesso a água.

Na atualidade o aumento constante da demanda de água, a concentração da

população nos grandes centros urbanos e a poluição dos mananciais tem gerado

grandes problemas de abastecimento de água e outros relacionados como doenças

de vinculação hídrica e enchentes urbanas.

O enfrentamento desses problemas tem levado diversos países a retomar o

aproveitamento de água de chuva como uma fonte alternativa de água.

Para o Japão coletar, armazenar, utilizar a água da chuva e infiltrar seu

excedente no solo é uma sabedoria adquirida recentemente para mitigar escassez

de água, controlar as inundações, e garantir água para emergências que Tóquio

Page 41: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

aprendeu depois de uma dura lição ao rejeitar completamente a chuva e esvaziar

toda essa água em esgotos (GROUP RAINDROPS, 2002).

Em 1994, Tóquio realizou a 1° Conferência Internacional sobre

aproveitamento de água da chuva, abordando o seguinte tema: “O aproveitamento

da água da chuva salva a terra e cria uma amizade entre os pingos de chuva e as

cidades”, iniciando uma rede global de troca de informações sobre o aproveitamento

de água de chuva.

De acordo com GROUP RAINDROPS (2002), em 1985, na cidade de Sumida,

no Japão, juntamente com a construção do ginásio de sumô Ryogoku Kokugikan

(Figura 11) foi instalado um sistema de aproveitamento de água de chuva. Buscando

aproveitar seu grande telhado com 8400 m² de área. O ginásio foi equipado com um

reservatório de 1000 m³ instalado no subsolo para abastecer os vasos sanitários, o

sistema de refrigeração, é utilizado para regar plantas, lavar pátios e como

suprimento de água emergencial local.

No país a coleta e utilização de água de chuva são promovidas e continuam

florescentes, tanto a nível público e privado.

FIGURA 11 – Ryogoku Kokugikan, ginásio de sumo, Sumida, no Japão Fonte: (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2002).

Page 42: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Em Singapura, 86% da população vive em arranha-céus. Por ser um país

pequeno conta com limitados recursos naturais e uma crescente demanda de água.

A busca por fontes alternativas e métodos inovadores para obtenção de água, tem

levado seus moradores a coletar a água de chuva através de coberturas leves nos

edifícios. A água coletada é armazenada em reservatórios distintos para usos não

potáveis, estudos já constataram uma economia efetiva de 4% de água consumida,

que não precisa ser bombeada para o alto dos edifícios a partir do piso térreo. No

aeroporto do país a água de chuva coletada nas suas vias e nas áreas verdes é

armazenada em reservatórios dimensionados para trabalhar com excesso de água

para reserva. A água coletada é usada para fins não potáveis, como combate a

incêndios e descargas de banheiros, permitindo ao aeroporto reduzir em cerca de

30% o consumo de água tratada obtendo um retorno financeiro considerável, visto

que o custo da água é alto no país (UNITED NATIONS ENVIRONMENT

PROGRAMME, 2002).

Na Tailândia o método utilizado é um dos mais simples, barato, apropriado e

obtém água potável de alta qualidade. A água dos telhados escorre para grandes

vasos, com capacidade de 100 a 3000 litros que são, simplesmente, equipados com

torneiras, tampas e ralos que garantem a proteção da água contra a contaminação a

partir de lixo e infestação de mosquitos. O modelo mais popular de 2000 litros

consegue suprir as necessidades de uma família com 6 pessoas durante a estação

seca que tem duração de 6 meses. Além disso, devido ao grande êxito obtido com

esse sistema o governo tailandês promoveu uma campanha nacional para utilização

da água da chuva, gerando empregos na construção dos vasos e apoiando aqueles

que não podem comprá-lo (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME,

2002). A figura 12 mostra os grandes vasos usados como reservatórios de água na

Tailândia.

Page 43: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 12 – Vasos para armazenar água de chuva na Tailândia Fonte: (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2002).

Nas Ilhas Virgens dos Estados Unidos, as cisternas têm sido utilizadas desde

que estas ilhas foram colonizadas. Atualmente, as cisternas ainda suprem as

demandas de água de muitos residentes das ilhas do Pacífico e Caribe, sem

mencionar as regiões costeiras, tropicais e outras da América Latina. Na realidade,

as cisternas das Ilhas Virgens podem ser encontradas abastecendo não apenas as

necessidades de água de residências particulares, como também de escolas,

restaurantes, projetos públicos de moradias, hotéis e casas de hóspedes (RUSKIN,

2001a).

Na China, um dos países mais populosos do mundo, onde 70% da população

vive na zona rural, a milenar prática de aproveitamento de água de chuva vem

sendo reincentivada nos últimos 20 anos, principalmente para agricultura. Nas áreas

do semi-árido chinês o Programa “Providenciando água para uso humano e para

animais, desenvolvendo a economia, agricultura e melhorando o meio ambiente

através do uso de água de chuva”, denominado “Programa 1-2-1”: a proposta

consiste na construção de uma (1) área de captação de 100 m2, duas (2) cisternas

subterrâneas de concreto para armazenamento de água, uma cisterna para água de

beber e outra para irrigação (entre 20 e 50 m3), e uma (1) área de pelo menos 700

m2 com irrigação suplementar, destinada à produção de culturas comercializáveis

Page 44: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

(Figura 13). As famílias contribuíram com a mão-de-obra e até o final de 2004,

2.500.000 tanques de água foram construídos somente no estado de Gansu

(GNADLINGER, 2004).

FIGURA 13 – Modelo de captação de chuva no Programa 1-2-1 Fonte: (GNADLINGER, 2004).

Na Tasmânia, onde o ar é tido como o mais limpo do mundo, devido à

circulação de nuvens da Antártida em direção ao país, a chuva resultante é limpa

também. Dúvidas sobre a qualidade da água foram esclarecidas através da melhoria

tecnológica e de gestão, hoje metade da população e cerca de 77% das crianças

bebem água de chuva que é comercializada em caixinhas de 1 litro (GROUP

RAINDROPS, 2002; UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2004;

GNADLINGER, 2007; TASMANIAN RAIN, 2009).

Sob iniciativa da United Nations Environment Programme (UNEP), ou na sua

versão portuguesa, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),

em outubro de 2004, na cidade de Haia, nos Países Baixos, foi criada a “Rainwater

Partnership” ou “Parceria da Água de Chuva” para promover e integrar o

aproveitamento de água de chuva em escalas locais, nacionais e globais,

principalmente no continente africano dado que cerca de 300 milhões de pessoas, o

correspondente a um terço da população do continente, são pessoas que vivem em

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circunstâncias de "escassez de água", uma ação urgente é necessária para reduzir a

falta de água que aflige o continente.

A iniciativa reconhece a importante contribuição da utilização de água de

chuva na consecução dos objetivos da Agenda 21, do Plano de Implementação de

Johanesburgo e dos objetivos de Desenvolvimento do Milênio que têm como meta

reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso a água potável e

saneamento e os que vivem em situação de pobreza no mundo até 2015.

Em muitos outros países o aproveitamento de água de chuva vem sendo

desenvolvido com sucesso como: na Alemanha, a Daimler Chrysler como parte de

um complexo conceito interdisciplinar ecológico; nas zonas rurais do Quênia, para

dar um novo papel social e econômico para as mulheres que transformaram uma

região seca e poeirenta em um ambiente verde e produtivo; na Zâmbia, a fim de

aumentar os rendimentos das culturas utilizando a conservação da agricultura; na

Índia, como resultado das iniciativas da sociedade civil e de defesa, os governos

federal e estaduais têm trazido, para a realização de mudanças na política do país, à

coleta da chuva como um componente essencial de todos os programas da água no

meio urbano e rural (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2004).

No Brasil a água da chuva tem ganhado destaque, principalmente, como uma

alternativa para enfrentar a escassez no semi-árido nordestino e como uma potencial

fonte de água suplementar nas mega-cidades, visando reduzir o consumo de águas

potáveis e minimizar a ocorrência de enchentes urbanas.

No Rio Grande do Sul, em 2005, foi iniciado o Programa Estadual de

Captação e Manejo da Água de Chuva (PECMAC) para combater a estiagem na

zona rural que prevê a construção de cisternas com capacidade de 30 m³, devendo

envolver a mão-de-obra local; e microbarragens que devem ser dimensionadas por

técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER). É

possível aos proprietários rurais requerêrem financiamento para a execução dessas

obras. A água armazenada poderá servir para a irrigação de hortas, pequenos

pomares, lavagem de estábulos e pocilgas e outras atividades que não necessitem

de água potável. O projeto inclui ainda a infiltração de água de chuva nas

propriedades, cuja orientação do sistema é: “as águas das chuvas deverão ser

mantidas onde elas caem”, buscando redirecionar as águas de chuva que

prejudicam a conservação das estradas. O programa também contempla a

construção de cisternas para fins não potáveis nas áreas urbanas.

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Em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, foram construídas 738 cisternas, cada

uma com capacidade para armazenar 20 m³ de água de chuva. A medida foi

adotada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para

solucionar a dificuldade de abastecimento de água enfrentada nos assentamentos

da região (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2008).

No Semi-Árido Brasileiro (SAB) a adoção de métodos para armazenamento e

manejo de água de chuva significa muito mais do que uma maneira de se conseguir

água; é antes de tudo uma questão de criar mecanismos de adaptação para

conviver dignamente com o clima e a seca.

De acordo com Schistek (2009) uma das características mais marcantes do

Semi-Árido Brasileiro é a quase total falta de cursos de água permanentes. A

precipitação é irregular em demasia, tanto temporalmente quanto espacialmente, de

tal maneira que dificilmente se encontram dois anos com distribuição de chuva

semelhante. Além disso, a evaporação é muito alta, enquanto a precipitação média é

de 500 mm por ano, potencialmente poderiam evaporar 3.000 mm por ano. Não é

somente a precipitação e a evaporação que condicionam a disponibilidade ou a falta

de água. A maior parte do Semi-Árido Brasileiro, aproximadamente 80 %, possui

rochas do embasamento cristalino que dificultam muito a existência de águas

subterrâneas em quantidade e qualidade. Mesmo assim a existência de uma

deficiência hídrica pode ser considerada relativa. Com conhecimentos básicos sobre

meio ambiente, sobre algumas tecnologias simples e os recursos materiais

necessários disponíveis, a água precipitada nos meses de fartura pode ser

armazenada para os meses de seca.

No Semi-árido Brasileiro, existem muitos exemplos bem sucedidos na

captação e manejo de água de chuva para uso humano, para criação de animais e

produção de alimentos, que na sua maioria foram desenvolvidas por agricultores

familiares (GNADLINGER, 2005).

A partir da iniciativa da ASA (Articulação no Semi-Árido Brasileiro) entidade

que reúne mais de 700 ONGs atuantes no Semi-Árido Brasileiro. Foi iniciado, em

2003 o Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), que deve construir o equivalente a

1 milhão de cisternas nos próximos anos com recursos financeiros do Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e da iniciativa privada. O P1MC

deve beneficiar cerca de 5 milhões de pessoas em toda região semi-árida do país,

com água potável para beber e cozinhar coletada dos telhados das casas e

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armazenadas em cisternas. Das 259.500 cisternas construídas até junho de 2009

no âmbito do programa, grande parte é cisterna de placas de cimento. Cada cisterna

tem capacidade de armazenar 16 m³ de chuva, que se for utilizada de forma

adequada é capaz de suprir a necessidade de uma família de cinco pessoas por um

período de seca de 8 meses, tempo suficiente para suportar uma seca bastante

prolongada fornecendo 14 litros de água potável por pessoa por dia (REDE DE

TECNOLOGIA SOCIAL, 2007; MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E

COMBATE A FOME, 2009; ARTICULAÇÃO NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO, 2009).

A tecnologia empregada para utilização de água de chuva, na região, consiste

em: uma área de coleta que é o telhado das casas, um sistema de distribuição

formado por calhas e canos e um reservatório, entre os quais, de acordo com

Gnadlinger (2005), se destacam:

As cisternas de placas que são reservatórios cilíndricos de água de

chuva, construídos com placas pré-moldadas de cimento, ficam

enterradas no chão até mais ou menos dois terços da sua altura,

mantendo a água sempre fresca. A figura 14 apresenta a cisterna de

placas construída no SAB;

FIGURA 14 – Cisterna de placas Fonte: (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME, 2009).

As Cisternas de concreto com tela de arame (que utiliza uma forma

durante a primeira fase de construção), que raramente apresenta

vazamento, e, se isso acontecer, poderá ser facilmente consertada,

apresentada na figura 15;

Page 48: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 15 – Construção de uma cisterna de tela com arame Fonte: (CAVALCANTE, 2007).

E a cisterna de tela-cimento, aperfeiçoada, em 2005, com a utilização de tela de material galvanizado, que fica em pé e dispensa a forma, apresentada na figura 16.

FIGURA 16 – Construção de uma cisterna com tela-cimento Fonte: (SCHISTEK, 2005).

Diversos autores concordam que para resolver o problema de abastecimento

de água para o uso familiar em regiões semi-áridas, é necessário dispor de

tecnologias que reúnam baixo custo, alta resistência e simplicidade na construção.

As técnicas de ferro-cimento, o formato cilíndrico e a argamassa de cimento

têm garantido a alta resistência das cisternas e segurança contra vazamento,

representando uma alternativa tecnológica adaptada à região e à realidade dos

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pequenos agricultores, pois sua tecnologia é acessível aos pedreiros do meio rural e

o custo é baixo. Ao longo dos anos, essa técnica é constantemente aperfeiçoada,

tendo como principais agentes do processo os próprios agricultores-pedreiros que

trabalham com a tecnologia (MATIAS, 2001; SCHISTEK, 2005; SANTOS et al,

2007).

Complementando o P1MC com vistas ao desenvolvimento sustentável da

região, está sendo proposto o P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas) cujo

pressuposto básico é o de dotar cada família do SAB de uma parcela de terra: (1)

com tamanho suficiente para produzir alimentos e viver de maneira sustentável; (2)

duas águas significam uma para o consumo humano, já considerada no P1MC, e

outra para produção de alimentos e/ou criação de animais. O P1+2 fornece

subsídios para uma reforma agrária apropriada, e o aumento da eficiência do uso da

água.

Na área urbana um exemplo bem sucedido é a lavanderia industrial

“Lavanderia da Paz” em São Paulo, que há 30 anos capta, filtra e então utiliza a

água de chuva nos seus processos de lavagem (SICKERMANN, 2003).

Outro caso de destaque em São Paulo, é o do Shopping Aricanduva, que com

uma cobertura de 62 mil m² de telhado, chega a captar 7 mil m³ de água, numa única

chuva forte (SINDICONET, 2009).

No bairro Santa Mônica, região Leste de Uberlândia, motivado pela filosofia

de que: “quanto mais se economizar água potável, melhores serão as condições de

vida na Terra para as gerações futuras”, um posto de combustível reformado

recentemente instalou uma cisterna com capacidade para 10 m³ de água (CORREIO

DE UBERLÂNDIA, 2009). O sistema é simples. As calhas ao redor do telhado dos

postos coletam a água e um condutor que antes descartava para a rede pluvial foi

aumentado alguns metros conectando aos reservatórios. O armazenamento é

realizado em uma caixa instalada sobre uma pequena torre, e cerca de duas horas

de chuva são suficientes para transbordar água.

Em Curitiba, o condomínio Quintas do Cabral, com 400 moradores instalou,

em 2002, um sistema que armazena a água de chuva em um cisterna com 9 m³. A

água é utilizada para lavar a garagem, a calçada e molhar as áreas verdes. Embora

o condomínio garanta uma economia de R$ 100,00 por mês, o que motivou sua

instalação foi a economia de água tratada encarada com um bem precioso pelos

idealizadores do projeto (REDE PARANAENSE DE COMUNICAÇÃO, 2009).

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Em Ponta Grossa, no Paraná, o aproveitamento da água de chuva nas

edificações urbanas vem despertando o interesse de indústrias e empresas que

utilizam um volume elevado de água. Em 2003, a Viação Campos Gerais S. A

(empresa responsável pelo transporte coletivo da cidade), implantou um sistema

para coletar a água de chuva que cai num telhado, com 5000 m² da edificação

usada como garagem dos veículos de transporte coletivo. Por meio de calhas a água

captada é conduzida para uma cisterna, com capacidade de 180 m³, onde é

armazenada para a sedimentação das partículas e a retenção de folhas e

excrementos existentes na água. Em seguida a água da cisterna é bombeada para

dois reservatórios superiores, com capacidade de 25 m³ cada um, que abastecem o

lavador de veículos (Figura 17). Com esse sistema são lavados em média 130

veículos por dia, aproximadamente 3.900 por mês (GIACCHINI, 2003).

FIGURA 17 – Cisternas superiores e lavagem de veículo em máquina abastecida com água de chuva Fonte: (GIACCHINI, 2003).

Também, em Ponta Grossa, segundo um estudo realizado na Indústria

Fundição Hubner, que constatou a existência da viabilidade de utilização da água de

chuva para fins não potáveis no empreendimento. A adoção do sistema, como

suprimento complementar de água, poderá reduzir em cerca de 50% o consumo de

água potável na empresa (GIACCHINI, 2003).

3.2.1 Composição do Sistema de Aproveitamento de Água de Chuva

Os sistemas de aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis em

edificações urbanas são bastante acessíveis do ponto de vista técnico, uma vez que

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utilizam os mesmos equipamentos destinados a drenagem da água das chuvas para

as galerias pluviais. Com a diferença que ao invés de descartá-las, rapidamente,

como um incomodo, são armazenadas e valorizadas, recebendo uma importante

função de suprimento complementar de água.

Aproveitar água de chuva em edificações é uma operação relativamente

simples e pode ser sintetizada nas seguintes etapas: coleta da água de chuva por

meio de uma superfície impermeável; condução para um reservatório, através de um

sistema de distribuição; tratamento da água coletada; armazenamento em um

reservatório; e utilização.

Embora os sistemas de aproveitamento de água de chuva apresentem

algumas técnicas básicas, que serão detalhadas, a seguir, um modelo ótimo desse

sistema, adequado à realidade, é projetado de acordo com os objetivos do usuário e

adaptado as peculiaridades das construções. Não existe nenhum modelo genérico

que sirva em todas as situações, cada caso deve ser considerado único.

Para coletar a água que cai nas chuvas são utilizadas superfícies

impermeáveis como telhados, marquises, toldos, pisos e calçadas. Algumas áreas

de coleta possam ser bastante criativas como coberturas retráteis improvisadas para

esta finalidade e abertas somente durante a chuva, ou como paredes

impermeabilizadas em edifícios com um toldo no andar térreo que permite a

captação da água que escorre pela parede.

Normalmente, a coleta da água de chuva é realizada nos telhados onde se

supõe haver menor contaminação da água coletada. Outra vantagem em coletar a

água dos telhados é a cota mais elevada que permite que o reservatório de

armazenamento fique mais alto que os locais de consumo, resultando em redução

no custo de instalação, de equipamentos necessários e de operação (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2000). Além disso, não será necessário

dispender nenhum recurso financeiro com uma área de coleta.

A área de coleta ou de captação de água de chuva é a área projetada do

plano horizontal da superfície impermeável, em metros quadrados, conforme a figura

18, a seguir:

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FIGURA 18 – Projeção da área de coleta do telhado Fonte: (WORM; HATTUM, 2006).

Nas residências unifamiliares a área de coleta é mais que suficiente em

relação ao número de habitantes para suprir as diversas atividades que não

necessitam de água potável, por outro lado seu custo pode ser relativamente

elevado se comparado ao custo inicial do imóvel, principalmente, se for instalado

após a construção da edificação. De acordo com Sickermann (2002) é importante

levar em conta o benefício-custo do sistema, pois ele será determinante no volume

de água estocado em residências unifamiliares.

Nos condomínios verticais a área de coleta pode ser pequena em relação ao

número de moradores, não sendo suficiente para suprir a demanda por águas não

potáveis. Seu custo é baixo, porém a economia de água é relativamente menor. De

acordo com GROUP RAINDROPS (2002), o uso da água de chuva nesse tipo de

edificação também é limitado, principalmente se o prédio não estava projetado para

esta finalidade antes da sua construção, pois é complicado realizar reformas para

adaptar cada apartamento ao sistema de aproveitamento de água de chuva. Nesse

caso, deve se destinar a água de chuva para propósitos comuns como: regar jardins,

lavar carros e para limpeza dos locais comunitários.

Nas edificações urbanas maiores, como indústrias, shoppings, escolas,

mercados, postos de combustível e similares, a área de coleta é bastante grande. O

custo de implantação de um sistema de aproveitamento de água de chuva nessas

edificações é baixo se comparado ao custo total da obra, principalmente quando já

possuem alguma forma de retenção de água pluvial, necessitando somente ser

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adaptado para utilização. Se houver demanda suficiente a economia de água pode

ser muito expressiva, pois o volume de captação é grande. Nos postos de

combustível, que oferecem serviço de lavagem de automóveis, o consumo de água

para fins não potáveis é elevado e o retorno é bastante aceitável.

Não é somente o tamanho da área de coleta que determina o volume de

água da chuva que chega ao reservatório. O tipo de material utilizado nas coberturas

pode provocar maior ou menor evaporação, assim como maior ou menor retenção

da água precipitada. Desta forma, o volume de água captado pelo sistema não é o

mesmo que o volume de água precipitado (WERNECK, 2006).

A razão entre o volume de escoamento superficial e o volume de precipitação

que cai na superfície de captação é denominada coeficiente de escoamento

superficial ou coeficiente de runoff, que varia entre 0 a 1 (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2000; WORM & HATTUM, 2006).

Em outras palavras um coeficiente de runoff igual a 0.8 indica que 80% da

precipitação que cai num telhado é coletada (Figura 19). Ou seja, quanto maior for o

coeficiente de runoff, maior será a quantidade de água de chuva coletada.

Superfície de Coleta de Águas Pluviais

Coeficiente de Escoamento Superficial C

Telhas cerâmicas 0,80 a 0,90

Telhas, lajotas e ladrilhos vitrificados 0,90 a 0,95

Telhas de cimento-amianto 0,70 a 0,85

Telhas metálicas corrugadas 0,80 a 0,95

Lajotas e blocos de concreto 0,70 a 0,80

Lajotas e blocos de granito 0,90 a 0,95

Pavimentos de concreto 0,80 a 0,95

Pavimentos asfálticos 0,70 a 0,90

FIGURA 19 – Quadro dos coeficientes de runoff das superfícies coletoras Fonte: (FENDRICH, 2002).

O sistema de distribuição da água de chuva é formado por captadores e,

condutores verticais e horizontais que são respectivamente calhas e tubos de

encanamento convencionais com a função de canalizar a água de chuva que escoa

nos telhados para um reservatório de armazenamento.

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Existem calhas e condutores de diversas formas, tamanhos e materiais. Para

escolha do material Ruskin (2001b) propõe as seguintes características: resistência

à corrosão; longa durabilidade; não deve ser afetado por mudanças de temperatura;

deve ser liso; leve; e rígido.

O sistema de distribuição de água de chuva deve ser projetado e

dimensionado de acordo com as recomendações da norma ABNT – NBR 10844

sobre instalações prediais de águas pluviais.

De acordo com Ruskin (2001b), os materiais mais utilizados nas calhas e

condutores são: chapas de aço galvanizado e outras ligas metálicas; plásticos e

cloreto de polivinila (plástico tipo PVC).

Para evitar que detritos como folhas, galhos e outras sujeiras cheguem até as

cisternas é recomendando a utilização de barreiras que impeçam sua passagem

através da calhas e condutores.

Um método utilizado para solucionar esse problema é a colocação de telas ao

longo das calhas (Figura 20). Porém, deve-se atentar para realização periódica de

limpeza das telas para evitar o bloqueio da entrada de água devido à acumulação de

detritos (MACOMBER, 2001).

FIGURA 20 – Modelo de calha com tela para contenção de sujeiras Fonte: (MACOMBER, 2001).

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Segundo Ruskin (2002) para evitar que folhas cheguem até as cisternas pode

se cobrir as calhas com uma tela num ângulo de inclinação semelhante ao do

telhado, fazendo com que sejam levadas para o chão. É aconselhável cobrir com

tela todas as outras áreas de acesso à cisterna evitando a entrada de pequenos

animais e insetos. Além disso, recomenda-se a poda de árvores próximas da área

de captação. Regularmente deve-se inspecionar as calhas, para assegurar-se de

que estão em boas condições e, se necessário, lavar qualquer poeira, sujeira ou

pedaços de folha acumulados que passaram pela tela.

May (2004) alerta que para evitar o uso indevido de água de chuva sua

tubulação deverá ser de outra cor, diferente daquela potável, e próximo à torneira

deverá existir uma placa de aviso “Água não potável”. Além disso, as redes de água

de chuva e de água potável deverão possuir sistema de distribuição independentes.

O tratamento da água de chuva coletada é uma etapa importante em um

sistema de aproveitamento de água de chuva e não deve ser negligenciada se

queremos garantir o seu bom funcionamento.

Para fins não potáveis, um tratamento físico simples para remoção da sujeira

através da sedimentação já é suficiente. Um tratamento muito complicado somente

resultaria em maiores custos e manutenção incômoda (GROUP RAINDROPS,

2002).

Um tanque de sedimentação é normalmente utilizado para remoção de

partículas sólidas da água como terra e areia que se depositam ao fundo, então a

água flui para outro tanque onde são depositadas as partículas restantes em

suspensão na água pela ação da gravidade, finalmente a água livre de impurezas

sólidas visíveis é armazenada. O fundo dos tanques deve ser inclinado ou

descansado de modo a acumular os sedimentos com facilidade (Figura 21). Deve

haver acesso para verificação interna e remoção de sedimentos. A instalação de

uma válvula de dreno é conveniente para escoar os sedimentos, proporcionando

agilidade na limpeza dos tanques. A bomba deve ficar suspensa para evitar o

espalhamento dos sedimentos decantados no fundo do tanque de armazenamento

(GROUP RAINDROPS, 2002).

As técnicas de descarte das primeiras chuvas podem ser denominadas como

sistemas de lavagem do telhado, pois conforme Macomber (2001) consistem num

dispositivo que desvia as primeiras águas de chuva do reservatório de

armazenamento, lavando dos telhados grande quantidade de poluentes. Uma vez

Page 56: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

que testes demonstraram serem os primeiros fluxos de água os maiores

responsáveis pela contaminação da água de chuva armazenada, a utilização de

sistemas de lavagem do telhado é imprescindível para aumentar a qualidade da

água de chuva coletada e armazenada

FIGURA 21 – Modelo esquemático de funcionamento de um tanque de sedimentação (modificado de GROUP RAINDROPS, 2002).

Para promover a limpeza do telhado e descartar a água contaminada May

(2004) refere-se a um reservatório de auto-limpeza com torneira bóia. Seu

funcionamento é bastante simples. A água de chuva coleta pelo telhado é

conduzida até um reservatório de auto-limpeza instalado sobre o reservatório de

armazenamento da água de chuva. Na entrada de água no reservatório de auto-

limpeza existe uma bóia de nível. À medida que este reservatório se enche de água

a bóia sobe, até atingir uma posição limite quando a entrada de água é impedida

automaticamente, então a água começa a escoar para o reservatório de água de

chuva. Cessada a chuva deve-se esvaziar o reservatório de auto-limpeza abrindo

uma torneira de limpeza para que o sistema volte a operar normalmente. O

dimensionamento do reservatório de auto-limpeza é calculado através da área do

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telhado e a quantidade de água por metro quadrado para efetuar a limpeza.

Segundo (Techne, 2008), conforme pesquisas realizadas pelo Programa de

Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB) 6, o volume de descarte corresponde

ao escoamento do primeiro milímetro de precipitação, ou seja, 1 litro para cada

metro quadrado de cobertura.

Um dispositivo de descarte bastante prático semelhante ao anterior foi

proposto pelo senhor Nobuo Tokunaga, no Japão (Figura 22). É feita a instalação de

um pequeno tanque entre a área de coleta e o tanque de armazenamento para

receber a primeira chuva, quando este fica cheio uma bola flutuante interrompe a

entrada de água no tanque, fazendo a água de chuva mais limpa fluir para o tanque

principal, ver a figura 18. Também é necessário esvaziar este tanque de limpeza

antes da próxima chuva, que pode ser infiltrado no solo (GROUP RAINDROPS,

2002).

FIGURA 22 – Dispositivo de descarte das primeiras chuvas proposto pelo senhor Tokunaga no Japão (modificado de GROUP RAINDROPS, 2002).

6 Para saber mais detalhes sobre o Programa de Pesquisas em Saneamento Básico, disponível em:

http://www.finep.gov.br/prosab/index.html

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Com a aprovação de leis municipais que obrigam o uso da água de chuva em

diversas cidades brasileiras, tem surgido no mercado empresas que comercializam

aparelhos para aproveitamento da água de chuva, denominados “kit chuva”. Estes

kits visam melhorar a qualidade da água captada das chuvas (Figura 23). São

compostos por um filtro que substitui a tela da calha cuja função é a de eliminar

galhos folhas, entre outros detritos que poderiam adentrar à cisterna; um

amortecedor ou freio d‟ água para evitar a entrada de água com pressão no interior

da cisterna, o que poderia revolver os sedimentos depositados no fundo da mesma,

causando turbidez na água armazenada; um sifão-ladrão para limpar o espelho

d‟água e evitar a entrada de pequenos animais e odores vindos de fora; e um

conjunto de sucção flutuante formado por uma mangueira flexível com conexão para

bomba e uma bóia adaptada para retirar a água próximo da superfície que é,

geralmente, a mais limpa (SICKERMANN, 2002).

FIGURA 23 – Representação esquemática dos componentes do “kit chuva”. 1- filtro; 2- amortecedor (freio d‟água); 3- sifão-ladrão; 4- conjunto de sucção flutuante. (Adaptado de ACQUA SAVE, 2009).

O armazenamento de água de chuva consiste em reservar a água pluvial para

a sua posterior utilização. A armazenagem de água representa a etapa mais

importante em um sistema de aproveitamento de água de chuva, no qual o coletor é

o telhado, pois o reservatório, normalmente, é o seu componente mais dispendioso.

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Por isso, a escolha e o dimensionamento do reservatório devem ser cuidadosos,

buscando minimizar os custos, para não inviabilizar o sistema.

Os reservatórios podem ser construídos com uma infinidade de matérias,

mais comumente tijolos com argamassa impermeabilizada, concreto, pré-fabricados

em PVC, fibra de vidro, entre outros materiais capazes de resistir às condições de

uso (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2000).

O formato do reservatório não possui nenhuma geometria especial, a maioria

deles é circular ou retangular, porém sua forma pode ser a mais diversa, inclusive

com algum apelo temático para torná-lo esteticamente mais agradável. Cabe

ressaltar que diversos autores (MATIAS, 2001; SCHISTEK, 2005; SANTOS et.al,

2007; WORM & HATTUM, 2006) consideram os reservatórios com formato

cilíndrico, em geral, mais fortes se comparados aos com formato quadrilátero que

costumam apresentar problemas de vazamento nos vértices. Além disso, a forma

redonda requer menos material em relação à capacidade de armazenamento dos

reservatórios com quatro lados.

De uma maneira genérica os reservatórios de água de chuva recebem a

denominação de cisternas, que de acordo com a definição do Dicionário Aurélio

(2009) „„ são reservatórios para receber e conservar as águas pluviais‟‟.

Por outro lado, Worm & Hattum (2006) dividem os reservatórios em duas

categorias conforme a sua posição: tanques para aqueles posicionados na

superfície ou acima dela; e cisternas para aqueles posicionados em subsuperfície.

Ainda, conforme os mesmos autores as vantagens e desvantagens dessas

categorias podem ser observadas na figura 24.

O tamanho do reservatório depende do índice pluviométrico local, da área de

coleta e da demanda.

O índice pluviométrico local deve ser conseguido por meio da instituição

responsável, no caso de Ponta Grossa o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) foi

quem realizou os melhores estudos no âmbito municipal.

Page 60: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Van

tag

en

s

Tanque (superfície) Cisterna (subsuperfície)

Facilita a inspeção de rachaduras e vazamentos

Geralmente é mais barato

Variedade de modelos disponíveis

A existência de solo ao redor das paredes permite que elas sejam mais finas

É encontrado na maioria das lojas desse segmento

Necessita de menos ou nenhum espaço acima do solo

Pode ser construído com uma grande variedade de materiais

Não bloqueia o caminho/ mais agradável visualmente

É facilmente construído com materiais tradicionais

Pode usar a força da gravidade para retirar a água

Pode ser elevado para aumentar a pressão da água

Desvan

tag

en

s

Necessita de espaço A retirada de água e a manutenção são mais problemáticas

Em geral é mais caro É mais difícil de ser inspecionada

Danifica-se com mais facilidade

Pode ter problemas com a subida do nível freático

Sujeito às intempéries do clima

Pode ser danificada por raízes

Um mau funcionamento pode levar a situações de perigo

Pode representar um perigo para crianças e pequenos animais

Pode causar poluição visual Pode ser deformada pela pressão externa quando vazia

A trepidação ocasionada por veículos pode danificá-la

FIGURA 24 – Quadro com vantagens e desvantagens entre tanques e cisternas Fonte: (WORM; HATTUM, 2006).

A área de coleta, já esclarecida anteriormente, corresponde à área de

captação de água.

A demanda é calculada de acordo com os usos pré-determinados a partir de

estudos realizados num local específico ou tomando-se por base os valores

sugeridos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (2000), intitulada

“Captação e uso local de águas pluviais”.

Embora existam vários métodos de dimensionamento do reservatório, será

adotado neste trabalho o método mais comum que corresponde à seguinte equação:

V= Ac. P. C

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Onde, V representa o volume do reservatório (m³), Ac a área de coleta de

água de chuva (m²), P a precipitação média (mm) e C o coeficiente de runoff.

O projeto do reservatório deve considerar a existência de cobertura;

extravasores, caso a precipitação ultrapasse a capacidade de armazenagem do

reservatório; medidores de nível; dispositivos de esgotamento, inspeção e ventilação

dotados de elementos que impeçam a entrada de animais em seu interior

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007).

Para escolher que tipo de reservatório se vai utilizar é importante levar em

consideração a sua finalidade. Além disso, o material utilizado deve proteger a água

armazenada contra a insolação, não deve conter nenhuma substância que possa

contaminá-la e deve ser de fácil aquisição. O espaço disponível e as características

do local onde será instalado também precisam ser considerados.

Depois de devidamente projetado, o sistema de aproveitamento de água de

chuva deve receber o acompanhamento de pelo menos um profissional capacitado

para orientar a execução da obra, de preferência alguém da comunidade, buscando,

assim, incentivar a sustentabilidade e a disseminação do sistema a nível local.

A operação de um sistema de aproveitamento de água de chuva é simples,

porém requer alguns cuidados básicos para manter um funcionamento efetivo. De

acordo com Téchne (2009) após a instalação completa dos equipamentos, é

importante efetuar uma limpeza geral da tubulação e dos reservatórios de água.

Além disso, nos primeiros meses de funcionamento o sistema deverá receber

vistorias diárias e semanais, até que o sistema esteja em pleno funcionamento.

A manutenção é uma etapa importante para garantir a continuidade de

funcionamento do sistema, não devendo ser negligenciada. O Group Raindrops

(2002) sugere que as pessoas envolvidas elaborem um planejamento anual de

responsabilidades para a manutenção.

Worm & Hattum (2006) fornecem um parâmetro para a elaboração de um

calendário das tarefas de operação e manutenção, dividindo-as em:

Tarefas regulares

Manter as superfícies dos telhados e as calhas limpas de excrementos de

pássaros. Deve-se limpar, regularmente, as folhas e outras sujeiras dos filtros

de entrada da água.

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Durante a estação das chuvas deve-se controlar regularmente as redes no

tubo de descarga do excedente do reservatório e as mesmas devem ser

renovadas, caso necessário.

A menos que se conte com meios automáticos de desviar do tanque a

primeira chuva, deve-se desligar do tanque o tubo de entrada da água,

durante os períodos secos, para realizar a limpeza do sistema. Então, o tubo

pode ser ligado de novo, de modo que a água possa correr para o tanque.

Uma vez por semana deve-se medir o nível da água no tanque utilizando uma

estaca graduada. Durante os períodos secos, o abaixamento do nível de água

deve corresponder ao consumo de água. Se este não for o caso, pode haver

alguma fuga.

Tarefas esporádicas ou anuais

No final da estação seca, quando o tanque está vazio, deve-se reparar

quaisquer fugas que tenham sido detectadas.

É necessário controlar e reparar, eventualmente, a superfície do telhado, as

calhas, os ganchos de suporte/apoio e os tubos de entrada de água.

Caso se incorpore um filtro de areia, o filtro deve ser lavado com água limpa

ou substituído. Os outros tipos de filtros devem ser controlados.

É necessário remover periodicamente os depósitos do fundo do tanque, tarefa

que deve ser feita de preferência uma vez por ano.

Depois de realizados os reparos no interior do tanque e de se proceder à

limpeza dos reservatórios, seu interior deve passar por uma desinfecção com

cloro.

Além disso, regularmente deve-se prestar atenção à qualidade da água.

Testes simples podem ser realizados pelo próprio operador do sistema, utilizando

kits de teste da qualidade da água.

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4. DESCRIÇÃO DO ESTUDO

Tendo como objetivo geral deste estudo analisar a possibilidade técnica e a

viabilidade econômica de aproveitamento de água de chuva para usos não potáveis

em postos de serviços automotivos da área urbana de Ponta Grossa, e demonstrar a

existência de viabilidade técnica e econômica de aproveitamento da água de chuva

como uma alternativa viável para o município, a metodologia adotada para

realização do trabalho envolveu 4 etapas, descritas, a seguir:

Levantamento bibliográfico e leituras referentes ao tema: após o

levantamento bibliográfico referente aos temas: “Água”, “Recursos Hídricos” e

“Aproveitamento de Água de Chuva” foi realizada a leitura dos principais trabalhos

relacionados aos temas. As leituras seguiram até a fase final de conclusão do

trabalho.

Investigação exploratória: essa etapa do trabalho buscou localizar os

postos de serviços automotivos existentes na área urbana, através de levantamento

de informações dos postos cadastrados junto a ANP (Agência Nacional do Petróleo)

e investigação de campo, percorrendo as principais vias de circulação, incluindo as

rodovias na margem da área urbana que conectam o município ao restante do

Estado. Durante as investigações de campo buscou–se reconhecer as fontes de

água utilizadas nos postos de serviços automotivos e a presença ou não de oferta

de serviço de lavagem automotiva, com determinação de seu posicionamento

auxiliada de um receptor GPS GARMIN, modelo GPS II PLUS. Ver a ficha de

investigação exploratória no Apêndice A.

Espacialização dos postos de abastecimento de combustível: para essa

etapa está utilizou-se a base de dados georreferenciada da Prefeitura Municipal de

Ponta Grossa e o programa Arcview 3.2 para tratamento das informações e criação

de um banco de dados.

Aprofundamento investigativo nos postos que aproveitam água pluvial:

esta etapa buscou identificar as quantidades médias de água utilizadas

mensalmente, identificar as atividades e a demanda por águas não potáveis, bem

como analisar a possibilidade técnica, a viabilidade econômica e inferir sobre a

Page 64: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

utilização de água de chuva em postos de serviços automotivos da área urbana de

Ponta Grossa. Ver roteiro de entrevista no Apêndice B.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS

A área delimitada para a pesquisa (Figura 25) corresponde ao perímetro

urbano do município de Ponta Grossa, o qual está inserido no Segundo Planalto

Paranaense, na região natural dos Campos Gerais (Maack, 1981), Mesorregião

Centro-Oriental do Estado do Paraná (INSTITUTO PARANAENSE DE

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL, 2004). Com seu centro geográfico

estabelecido pelas coordenadas geográficas médias de 25º 09‟ latitude Sul e 50º 16‟

longitude Oeste Greenwich, com altitude média de 975 metros acima do nível do mar

(PMPG, 2009b). Limita-se ao Norte com o município de Castro e Carambeí, ao Sul

com os municípios de Palmeira e Teixeira Soares, à Leste com o município de

Campo Largo e a Oeste com os municípios de Tibagi e Ipiranga (PREFEITURA

MUNICIPAL DE PONTA GROSSA, 2009a).

De acordo com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e

Social (2009) estima-se que Ponta Grossa possua uma população de

aproximadamente 314.681 habitantes, dos quais cerca de 306.719 habitantes

(97,47% da população) vivem no perímetro urbano, numa área de 917,2 Km², que

representa menos da metade do município (47,4% de sua área total). O restante da

população do município cerca de 7.962 habitantes (menos de 3% da população)

está distribuída no perímetro rural, numa área de 1.195,4 km² (52,6% do município).

Ao todo o município de Ponta Grossa ocupa uma superfície de 2.112,6 km²

(PREFEITURA MUNICIPAL DE PONTA GROSSA, 20009b).

O município apresenta uma ampla rede hidrográfica, formada por arroios

tributários dos rios Tibagi, Verde e Pitangui que conferem ao seu sítio urbano uma

topografia peculiar, formada por espigões radiais. Os principais arroios urbanos são:

Cara-Cará, Olarias, do Padre, da Ronda e Gertrudes que drenam as águas da

porção sudoeste, sul e sudeste da área urbana para o Rio Tibagi; o Lajeado Grande,

Pilão de Pedra e Arroio Grande que drenam as águas da porção noroeste, norte e

nordeste da área urbana para os rios Verde e Pitangui (MEDEIROS & MELO, 2001).

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FIGURA 25 – Localização e abrangência da área de estudos (adaptado do INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2006 e da PREFEITURA MUNICIPAL DE PONTA GROSSA, 2009c).

Devido sua localização geográfica e características físicas, o município faz

parte de uma zona de clima quente-temperado subtropical (MAACK, 1981). A

proximidade da Escarpa Devoniana funciona como um bloqueio orográfico aos

ventos marítimos úmidos de SE, NE, E que se precipitam ao vencerem o degrau

formado pela escarpa (CRUZ, 2006). Dessa maneira, Ponta Grossa registra os

maiores valores médios de precipitação da região dos Campos Gerais. Segundo

Caramori (2002) a média dos índices pluviométricos mensais em Ponta Grossa,

entre 1954 e 2001, é de 1554 mm, bem distribuídos durante todos os meses,

indicando precipitação média máxima de 186 mm para o mês de janeiro e média

mínima de 79 mm para o mês de agosto. Quando adaptadas para o Sistema

Internacional de Classificação de Climas de Köppen, as características de Ponta

Grossa indicam o clima de tipo Cfb, isto é, clima subtropical úmido mesotérmico. O

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mês mais quente não apresenta temperatura média superior a 22° C, e a

temperatura média do mês mais frio é inferior a 18° C, com mais de 5 geadas por

ano. A temperatura média anual de Ponta grossa varia de 17 a 18°C, com chuvas

bem distribuídas e verões quentes (INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ,

2007).

4.2 O ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM PONTA GROSSA

No Estado do Paraná, a concessão de uso dos recursos hídricos pertence à

Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), responsável pelo

abastecimento urbano.

Em Ponta Grossa, a água que abastece a cidade é captada nos mananciais

da Represa Alagados e do Rio Pitangui.

A Represa Alagados é uma barragem inundada, principalmente, pelos rios

Pitangui e Jotuba. Construída, inicialmente, para permitir o aproveitamento de

energia elétrica, é também responsável por cerca de 40 % do abastecimento d‟água

da cidade.

De acordo com Pilatti (2002) e o Núcleo de Estudos em Meio Ambiente

(2008), está represa vem sendo degradada por inúmeras atividades incompatíveis

com áreas de manancial, realizadas na represa e no seu entorno, tais como:

utilização de suas águas para atividades de lazer e recreação; intensas atividades

agrícolas e pecuárias; presença de florestamento com espécies exóticas; presença

de áreas com exploração minerária; e presença de residências de finais de semana.

Estas geram diversos problemas ambientais no manancial, entre eles, contaminação

das águas e proliferação de cianobactérias (algas azuis) pela eutrofização das

águas7, devastação da vegetação ripária e contaminação biológica da vegetação

original, geração de processos erosivos acentuados resultando em assoreamento

dos rios e da represa. Todos estes problemas tornam os sistemas de tratamento de

7 A eutrofização é um processo natural de aumento dos nutrientes em um corpo d‟água, quando esse

processo é acelerado por atividades humanas resulta na retirada de oxigênio da água matando peixes e outras formas de vida (VERGES & MILLEO, 2004).

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água cada vez mais onerosos e com menor qualidade, sobretudo por exigirem

maiores quantidades de produtos químicos para realizar o tratamento d‟água.

O manancial do Rio Pitangui é responsável por cerca de 60 % do

abastecimento d‟água da cidade. Instalado no Rio Pitangui, um importante afluente

da margem direita do Rio Tibagi, devido a sua localização, a jusante da Represa

Alagados o manancial também sofre com seus problemas que afetam ao sistema de

tratamento de água da cidade como um todo (NÚCLEO DE ESTUDOS

AMBIENTAIS, 2008).

Recentemente a SANEPAR realizou um grande investimento (mais de R$ 9

milhões) na Estação de Tratamento de Água (ETA) do manancial do Rio Pitangui

para melhorar as condições de tratamento de água durante os períodos de floração

de algas. Para isto está sendo utilizada uma tecnologia capaz de baixar a vazão

para 700 litros por segundo, o suficiente para manter os padrões de potabilidade.

Além disso, com a readequação, a produção de água tratada aumentará de 800

litros por segundo para 1.150 litros por segundo nos períodos sem floração de algas

(AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO ESTADO DO PARANÁ, 2009).

O sistema de abastecimento público de água é constituído pelas seguintes

fases: captação de água bruta no manancial; pré-sedimentação para reduzir a

turbidez (presença de partículas sólidas em suspensão na água) e melhorar a

qualidade da água bruta; adução (transporte da água do manancial para estação de

tratamento); pré-cloração para reduzir a presença de bactérias; coagulação (adição

de produtos químicos para separar as impurezas); floculação para agrupar as

partículas em suspensão; decantação das partículas floculadas; flotação (adição de

ar dissolvido para que as partículas fiquem mais leves e subam dentro dos tanques

de tratamento), filtração para eliminar as impurezas; desinfecção para eliminação de

bactérias, normalmente utilizando cloro; fluoretação (adição de flúor) para prevenção

de cáries dentárias; reservação (armazenamento) e distribuição para a cidade

(COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ, 2008).

A ampla rede hidrográfica da cidade oferece uma falsa sensação de conforto

em relação à detenção de recursos hídricos superficiais. A topografia da cidade

condicionada por espigões radiais, interfere no seu desenvolvimento urbano e na

sua infra-estrutura, principalmente com relação ao saneamento básico que

representa um grande problema nas áreas de ocupações irregulares, geralmente,

localizadas nos fundos de vale, áreas de preservação permanente, que deveriam

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funcionar como unidades de conservação. Estas áreas não recebem infra-estrutura,

pois não deveriam ser ocupadas e seus ocupantes devem ser realocados. A

topografia acidentada da área urbana também inviabiliza o aproveitamento de água

dos rios urbanos, em boa parte bastante degradados. Estes, embora sejam

relativamente extensos, percorrendo cerca de 170 km distribuídos pela área urbana,

ficam em áreas muito baixas da cidade, com desníveis de até mais de 200 m,

encarecendo muito o sistema de distribuição de água que não poderia utilizar a

energia da gravidade para levar a água até as residências.

Além disso, com base em dados cedidos pela SANEPAR (Figura 26), o

progressivo crescimento da população e sua concentração no perímetro urbano têm

elevado o consumo de água. Nos últimos 6 anos o aumento da população urbana

ultrapassou 22 mil pessoas, o que resultou num acréscimo de mais 5.200 m³ de

água consumidos diariamente. Se essa tendência de crescimento da população

urbana e acréscimo na demanda de água se mantiverem, em menos de 15 anos a

produção necessária para abastecer a cidade deve ultrapassar a capacidade real de

produção, ou seja, os mananciais atualmente disponíveis serão incapazes de suprir

a demanda necessária para abastecer a cidade de Ponta Grossa por volta de 2024

(Figura 27).

FIGURA 26 – Quadro síntese do abastecimento de água em Ponta Grossa, dados históricos e previsões, 2003-2024 (modificado de dados cedidos pela SANEPAR em setembro de 2008). * dados não disponíveis.

Histórico Previsões

Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2024

População urbana

284.412 282.888 285.780 291.470 294.699 300.593 306.604 420.264

Demanda média

(m³/dia) 48.875 53.310 54.075 53.666 54.097 53.727 54.112 *

Produção necessária

(m³/dia) 52.045 67.534 62.973 56.761 67.749 57.646 58.317 101.699

Capacidade real de

produção (m³/dia)

73.440 73.440 73.440 73.440 73.440 73.440 99.360 99.360

Page 69: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

0

20

40

60

80

100

120

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2024

Produção necessária (m³/dia)

Capacidade real de produção (m³/dia)

FIGURA 27 – Gráfico do volume necessário para suprir a demanda da cidade e a capacidade real de abastecimento de água em Ponta Grossa, 2003 – 2024 (modificado de dados cedidos pela SANEPAR em setembro de 2008).

4.3 OS POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS

Os popularmente denominados “postos de gasolina” são oficialmente

classificados pela a Agência Nacional do Petróleo (ANP) como “Postos

Revendedores Varejistas de Combustíveis Automotivos”, pois têm como objetivo

exercer a atividade de revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de

petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automotivos, dispondo de

equipamentos e sistemas para armazenamento de combustíveis automotivos e

equipamentos medidores (INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ, 2004). Porém,

entendendo que na atualidade os postos de combustíveis, além de desenvolverem

as atividades de seu objetivo, vêm agregando outras funções como: serviços de

manutenção dos veículos que incluem lubrificação, troca de óleo, lavagem e reparos

mecânicos, entre outros; loja de conveniência e até mesmo local de encontro para

os usuários de automóvel, o qual tem sido o centro de inúmeras discussões,

principalmente, com relação à venda de bebidas alcoólicas. Preferiu-se adotar, neste

estudo, para tais estabelecimentos a denominação de “Postos de Serviços

Automotivos”, julgando-a mais adequada com base na exposição anterior.

Dos 63 postos de serviços automotivos cadastrados na ANP em Ponta

Grossa (Anexo A), foram reconhecidos durante as investigações de campo,

percorrendo-se as principais vias de circulação da cidade (Avenida Monteiro Lobato,

Page 70: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Ernesto Vilela, Dom Pedro II, Vicente Machado, Balduíno Taques, Carlos Cavalcanti,

Visconde de Mauá, Souza Naves, Presidente Kennedy, Senador Flávio Carvalho

Guimarães, parte da Dom Geraldo Pellanda e a Rua Comendador Ayrton Playsant,

devido ao conhecimento da existência de aproveitamento de água de chuva no

Posto Flex) 42 postos, dos quais 2 estão fora dos limites da área de estudos ( Posto

Contorno II e Posto Contorno V), porém serão considerados na análise dos dados,

por terem sido visitados (Figura 28).

FIGURA 28 – Localização dos 42 postos de serviços automotivos visitados em Ponta Grossa. 1- postos automotivos; 2- principais vias de circulação da área urbana de Ponta Grossa; 3- limite dos bairros e da área urbana; 4- arruamento. Base: (PREFEITURA MUNICIPAL DE PONTA GROSSA, 2001).

Dos 42 postos visitados 33 (cerca de 79%) oferecem serviço de lavagem de

veículos (Figura 29, Apêndice C e D). Desses, 20 utilizam água tratada associada a

outras fontes, provavelmente reservando-as para os usos mais nobres, como para

beber. Porém, 7 postos utilizam somente água tratada em todas as tarefas, tendo

Page 71: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

que fazer cobrança para oferecer a lavagem, pois devem pagar pelo tratamento e

distribuição de toda água que consomem (Figura 30).

FIGURA 29 – Localização dos postos de serviços automotivos visitados em Ponta Grossa que oferecem serviço de lavagem de veículos. 1- postos automotivos; 2- principais vias de circulação da área urbana de Ponta Grossa; 3- limite dos bairros e da área urbana; 4- arruamento; 5- postos automotivos que oferecem serviço de lavagem. Base: (PREFEITURA MUNICIPAL DE PONTA GROSSA, 2001).

Fontes de água N° de postos % (1) % (2)

Pluvial, tratada e subterrânea 7 17 21

Pluvial e tratada 1 2 3

Pluvial e subterrânea 1 24 3

Tratada e subterrânea 10 5 31

Tratada e arroio 2 17 6

Tratada 7 21 21

Tratada (não possuem lavagem) 9 12 ---

Subterrânea 5 12 15

TOTAL 42 100 100

Figura 30 – Quadro síntese do uso da água nos postos de serviços automotivos pesquisados Notas: % (1) = porcentagem entre todos os 42 postos estudados. % (2) = porcentagem os 33 postos que oferecem serviço de lavagem.

Page 72: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Referente às águas subterrâneas8, 18 postos utilizam esse recurso, associado

com outras fontes. Pode-se especular que quando esta fonte é utilizada em

associação com a fonte d‟água tratada, isto indique que ela não é adequada ao

consumo humano, pois se a sua qualidade atingisse os padrões de potabilidade,

provavelmente, não se optaria por utilizar água tratada já que essa tem um custo de

consumo. Em 5 postos a água subterrânea é a única fonte d‟água utilizada em todas

as atividades do posto, fato que reforça as considerações anteriores. Nesses locais

a lavagem pode ser oferecida como cortesia aos fregueses. Quanto ao uso da água

pluvial observou-se que apenas 9 postos possuem esse sistema. Em 3 locais

visitados o serviço de lavagem tem um espaço cedido pelo posto e administrado

como um empreendimento independente por pessoas que têm nessa atividade seu

sustento (Posto Paraná, Posto Contorno II e Posto Cinco Primos). Nos Postos

Paraná e Posto Contorno II constatou-se a utilização de águas bombeadas de arroio

para lavar veículos.

Entre as fontes de abastecimento de água utilizadas nos postos de serviços

automotivos estudados, no universo dos postos que não oferecem serviço de

lavagem, 100% utilizam água tratada. Já no universo dos postos que oferecem

serviço de lavagem (Figura 31) a maior parte (31%) utiliza fontes mistas servindo-se

de água tratada e subterrânea; seguidos de 21% que utilizam somente água tratada;

21% que utilizam fontes mistas servindo-se de água tratada, subterrânea e pluvial;

15% que utilizam somente água subterrânea; 6% que utilizam fontes mistas

servindo-se de água tratada e de arroio; 3% que utilizam fontes mistas servindo-se

de água pluvial e tratada e 3% que utilizam fontes mistas servindo-se de água pluvial

e subterrânea.

Os postos estudados correspondem a cerca de 66,5 % dos postos

cadastrados no município pela ANP. Os restantes 33,5% correspondem,

predominantemente, a postos situados nas várias rodovias que cortam o município,

muitas vezes localizados longe do espaço urbano. Sendo assim, confirmou-se como

já esperado, que a topografia da cidade influencia, em grande parte, na distribuição

espacial dos postos de serviços automotivos na área urbana. Pode-se perceber uma

forte tendência de localização dos postos ao longo dos espigões, visto que “A cidade

8 Considerou-se com água subterrânea tanto a água proveniente de poços profundos que exploram

aquíferos quanto a proveniente de cacimbas, que exploram o lençol freático superficial.

Page 73: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Pluvial, tratada e subterrânea

21%

Pluvial e tratada3%

Pluvial e subterrânea

3%

Tratada e subterrânea

31%

Tratada e arroio6%

Tratada21%

Subterrânea15%

expandiu-se inicialmente pelos divisores das bacias dos arroios, com os eixos

urbanos compondo geometria radial” (Medeiros & Melo, 2001, p. 114). É nesses

eixos urbanos que os postos de serviços automotivos vão se instalar, pois é neles

que circulam os veículos, público-alvo desses empreendimentos.

FIGURA 31 – Gráfico do uso da água nos postos de serviços automotivos do espaço urbano de Ponta Grossa que oferecem serviço de lavagem (33 postos)

4.3.1 Aproveitamento de água de chuva nos postos de serviços automotivos

Conforme já exposto anteriormente, dos 33 postos que oferecem serviço de

lavagem de veículos estudados, somente 9 (apenas 27%) coletam e aproveitam a

água de chuva, são eles: Posto Tio Mucufa, Posto Real, Athenas Auto Posto, Posto

Cinco Primos, Posto Gamper, Posto Pinheiro, Posto São Sebastião, Posto Flex,

Posto Pianowski. Nestes postos foram realizadas entrevistas como objetivo de se

reconhecer a real situação do uso da água.

Page 74: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 32 – Localização dos postos de serviços automotivos do espaço urbano de Ponta Grossa

que aproveitam água pluvial. 1- postos automotivos que aproveitam água pluvial; 2- principais vias de

circulação da área urbana de Ponta Grossa; 3- limite dos bairros e da área urbana; 4- arruamento; A- Posto Tio Mucufa; B- Posto Real; C- Athenas Auto Posto; D- Posto Cinco Primos; E- Posto Gamper; F- Posto Pinheiro; G- Posto São Sebastião; H- Posto Flex; I – Posto Pianowski. Base: (PREFEITURA MUNICIPAL DE PONTA GROSSA, 2001).

Page 75: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

1. Posto Tio Mucufa:

O Posto Tio Mucufa (M. PILATTI & CIA LTDA., Figura 33 A), foi fundado por

volta do final da década de 50, localizado na Avenida Monteiro Lobato, 1535, Jardim

Carvalho. O posto possui três áreas cobertas que podem ser utilizadas para coleta

de água pluvial: a cobertura principal sobre as bombas de abastecimento de

combustível com 322 m², um escritório com 110 m² e um pequeno depósito com 63

m² que totalizam 495 m² de área coberta.

As fontes de água que abastecem posto são: a rede de abastecimento público

da SANEPAR (água tratada), um poço cacimba (água subterrânea) e o

aproveitamento de água pluvial. Estima-se que são gastos, ao todo, 120 m³ de água

todo mês9. Destes em média 27 m³ são de água tratada que é destinada para usos

domésticos (para beber, higiene pessoal, descarga nos vasos e lavagem do pátio) e

para limpar pára-brisas. As águas provenientes do poço e das chuvas, usadas de

forma conjunta, são destinadas especificamente para lavagem de veículos, o que

demanda em média cerca 93 m³ de água, mensalmente. O poço cacimba com

capacidade aproximada de 140 m³ foi escavado na época de construção do posto,

sendo tão antigo quanto este. Possui cerca de 20 m de profundidade e 3 m de

diâmetro. A água de chuva começou a ser utilizada há cerca de pouco mais de um

ano para reabastecer o poço que secou. Atualmente o aproveitamento de água de

chuva é esporádico e precário, utilizado de maneira improvisada. A cobertura

principal do posto, com 322 m² possui calhas que dividem em duas partes a

drenagem de águas pluviais do telhado para a galeria de águas pluviais. Durante as

chuvas quando se pretende coletar a água pluvial para reabastecer o poço, um dos

tubos que corresponde à metade do escoamento da cobertura (Figura 33 B) é

desconectado da galeria pluvial e conectado a uma mangueira de bombeiro (Figura

33 D) pela qual a água chega até o poço localizado no subsolo do depósito.

A oferta do serviço de lavagem no posto ocorre há mais de 40 anos.

Atualmente a lavagem, oferecida como cortesia aos clientes, é realizada por um

lavador que atende em média 10 carros e 4 ônibus por dia, o equivalente a cerca de

9 Para estimar a quantidade de água usada na lavagem tomou-se por base o n° de veículos lavados

por mês. Adotou-se, conforme a ABNT (2000), 150 l de água para lavagem de carros e 400 l para a lavagem de ônibus com máquina de jato de água pressurizada.

Page 76: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

420 veículos por mês. O processo de lavagem é do tipo lava-jato10 (manual, com

máquina de jato de água pressurizada). A água bombeada do poço vai para uma

cisterna com capacidade para 25,6 m³, em seguida vai para três galões (Figura 33

C) para que a máquina de jato de água pressurizada (Figura 33 E) possa realizar a

sucção da água para lavagem. A cisterna é esvaziada e limpa uma vez por ano. São

usados na lavagem: água, detergente Intercap (mistura de ácidos destinada à

limpeza, desengraxe e higienização mecânica de partes externas de veículos tais

como motor, chassis e carrocerias11) ou Sulopan (Figura 33 F) (detergente

desengraxante alcalino usado para limpeza de chassis, sujidade de motores,

limpeza pesada de pisos, pátios de manobras, etc.12), e cremes de limpeza. A água

servida, resultante da lavagem vai para uma caixa de separação com três

compartimentos e depois que as partículas sólidas são decantadas a água é

liberada na galeria de águas pluviais.

Durante a entrevista o posto estava passando por reformas. A pessoa

entrevistada foi o gerente do posto que demonstrou interesse em aproveitar a água

de chuva de uma maneira mais adequada apontando como principal vantagem a

economia de água. Embora não tenha apontado nenhuma desvantagem no uso

desse sistema, apontou como mais vantajosa a fonte d‟água subterrânea e como a

que mais traz desvantagens a fonte de água tratada, ambas por razões econômicas.

10 Tipos de lavagem: Túnel – o veículo segue pelo interior de um de túnel equipado para realizar lavagem,

enxágue, enceramento e secagem. Rollover – o veículo fica parado enquanto a máquina de lavagem passa por ele realizando a limpeza com escovas cilíndricas. Lava-jato: manual, com máquina de jato de água pressurizada (MORELLI, 2005). 11

Fonte: http://www.deiondetergentes.com.br/linha_automotiva.htm 12

Fonte: http://www.deiondetergentes.com.br/linha_automotiva.htm

Page 77: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 33 – Posto Tio Mucufa. A- Visão geral do posto; B- tubo usado para conduzir a água pluvial; C- galões de água usados na máquina de lavagem; D- conector e mangueira condutora de água pluvial; E- máquina de lavagem; F- detergente automotivo Intercap.

2. Posto Real: O Posto Real (BARROS, DIAS & CIA LTDA., Figura 34 A), foi fundado em

fevereiro de 1952, localizado na Avenida Monteiro Lobato, 44, Jardim Carvalho. O

posto possui duas áreas cobertas que podem ser utilizadas para coleta de água

pluvial: a cobertura principal sobre as bombas de abastecimento de combustível com

339 m² e a loja de conveniência/escritório com 229 m² que totalizam 568 m² de área.

As fontes de água que abastecem posto são: a rede de abastecimento público

da SANEPAR (água tratada), um poço cacimba (água subterrânea) e o

aproveitamento de água pluvial. Estima-se que são gastos, ao todo, 155 m³ de água

todo mês. Destes em média 20 m³ são de água tratada que é destinada para usos

Page 78: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

domésticos (para beber, higiene pessoal, dar descarga nos vasos e lavagem de

pátio) e para limpar pára-brisas. Ocasionalmente é utilizada para lavagem de

veículos em períodos de estiagem. As águas provenientes do poço e das chuvas

são destinadas especificamente para lavagem de veículos, que demandam em

média cerca 135 m³ de água, mensalmente. Estas são usadas de forma alternada,

de modo que a água de chuva é utilizada primeiramente, quando esta acaba então

se utiliza a água do poço. O poço cacimba, com capacidade aproximada de 56,5 m³,

foi escavado na época de construção do posto, sendo tão antigo quanto este, possui

cerca de 8 m de profundidade e 3 m de diâmetro. A água de chuva começou a ser

utilizada em 2001, durante a reforma que reconstruiu o posto. A área de coleta de

água pluvial utilizada possui 339 m² correspondentes à área da cobertura principal

sobre as bombas de combustível que foram construídas em “V” para que a água

proveniente das chuvas pudesse ser escoada por três tubos de PVC revestidos com

metal (Figura 34 B), responsáveis pela sustentação da cobertura e condução da

água até tubos de PVC subterrâneos de 100 m que levam a água até um tanque

com capacidade de 28 m³ (Figura 34 C e E).

A lavagem (figura 34 D) é cortesia para clientes, aos não clientes são

cobrados R$ 10,00 para lavar carros e R$ 20,00 caminhonetes e similares. O serviço

é realizado pelos frentistas que se revezam no atendimento às bombas e na

lavagem de veículos. São lavados em média 30 veículos por dia, o equivalente a

cerca de 900 veículos por mês. O processo de lavagem é do tipo lava-jato (manual,

com máquina de jato de água pressurizada), A água bombeada do tanque de água

de chuva ou do poço vai para um reservatório auxiliar (Figura 34 E) para que a

máquina de jato de água pressurizada possa realizar a sucção da água para

lavagem. São usados na lavagem água e detergente automotivo. A água residual,

dispensada da lavagem vai para uma caixa de separação com três compartimentos

e depois que as partículas sólidas são decantadas a água é liberada na galeria de

águas pluviais.

A pessoa entrevistada foi um dos sócios do posto que aponta como fonte de

água mais vantajosa a água de chuva, pois seu custo de implantação foi muito

barato visto que já existia a cisterna, além disso considera esta fonte d‟água uma

forma ecológica de utilizar água que seria despejada na rua. O entrevistado aponta

água tratada como a menos vantajosa para ser utilizada na lavagem, devido ao seu

custo e aos danos ao meio ambiente, como desperdício de água tratada.

Page 79: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 34 – Posto Real. A- Visão geral do posto; B- tubos usados para conduzir a água pluvial; C- desenho esquemático da coleta de água pluvial; D- lava-car; E- à esquerda cisterna de água de chuva, à direita poço cacimba e ao fundo reservatório auxiliar para lavagem. Fonte: A- acervo do Posto Real.

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3. Athenas Auto Posto:

O Athenas Auto Posto (Diogo Almeida Telegnani, Figura 35 A), foi fundado

em 1996, localizado na Avenida General Carlos Cavalcanti, 1225, Uvaranas. O posto

possui três áreas cobertas que podem ser utilizadas para coleta de água pluvial: a

cobertura principal sobre as bombas de abastecimento de combustível com 320 m²,

a loja de conveniência/escritório com 139 m² e o “Auto Center”, um espaço

reservado para serviços mecânicos, com borracharia; alinhamento; balanceamento;

manutenção de freios, suspensão e baterias, com 368 m² que totalizam 827 m² de

área.

As fontes de água que abastecem posto são: a rede de abastecimento público

da SANEPAR, um poço tubular e o aproveitamento de água pluvial. Estima-se que

são gastos, ao todo, 53,83 m³ de água todo mês13. O consumo mensal de água

tratada, não ultrapassa o mínimo do comércio (até 10 m³), que é destinada para

usos domésticos (para beber, higiene pessoal, descarga nos vasos sanitários). O

“Auto Center” possui 368 m² de coberturas onde é coletada a água de chuva que é

utilizada em conjunto com a água de poço, sendo atualmente destinada para a

lavagem de pátios (“Auto Center” – 368 m² + 320 m² – bombas de combustível) e

para uso no tanque da borracharia (50 l/d). Recentemente os administradores do

posto decidiram não ofertar mais serviços de lavagem para seus clientes,

considerando este com um incômodo desnecessário, explicam que comumente os

proprietários dos veículos contemplados com a cortesia da lavagem requisitavam

mais cuidados que a simples lavagem de aparência, como limpeza com produtos

que dão brilho aos pneus e outros detalhes do veículo. Sendo assim, o consumo de

água do posto, antes responsável também pela lavagem de cerca de 300 veículos

por mês que demandava, juntamente com os outros usos, pelo menos 98.83 m³ de

água mensalmente está reduzida a uma demanda de 53,83 m³.

De acordo como o entrevistado o poço tubular, que seca durante a época de

estiagem, possui 25 m de profundidade e não serve para consumo humano. Foi

perfurado durante a construção do posto sendo utilizado para encher os tanques

quando não se tem água da chuva. A água pluvial coletada do telhado do “Auto

13 Para estimar a demanda mensal de água se considerou além dos 10 m³ de água tratada, 2 l/m² de

pisos lavados diariamente (2 x 30 x 705,5 = 42,33 m³) e 1 tanque de 50 l usado diariamente na borracharia (50 x 30=1,5 m³).

Page 81: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Center” é conduzida por um tubo de PVC (Figura 35 B) para uma calha no piso de

onde vai para 4 tanques das antigas bombas de combustível (cisternas) com

capacidade de 15 m³ cada (Figura 35 C). Desses tanques uma motobomba (Figura

35 G) leva a água para pequenos tanques auxiliares (Figura 35 E), onde funcionava

a lavagem, para ser usada por uma máquina de jato de água pressurizada e

também até duas caixas de água de 1000l cada usadas na borracharia (Figura 35 D

e F).

A pessoa entrevistada foi o gerente do posto que apontou como a principal

vantagem em utilizar a água pluvial a economia de água e de recursos financeiros,

sendo esta a fonte que traz mais benefícios ao postos, criando, segundo o

entrevistado, uma independência em relação aos recursos hídricos. Não foi

apontada nenhuma desvantagem em relação ao uso de água de chuva, mas pode

se verificar que devido à falta de um cuidado mais criterioso com a água que

simplesmente é despejada em calhas de cimento responsáveis por conduzí-las para

os tanques, está contém partículas sólidas visíveis. A fonte d‟água considerada

menos vantajosa foi a de água tratada, devido à dependência que gera com o

sistema de abastecimento público e o custo. A única manutenção realizada no

sistema de aproveitamento de água de chuva e de água de poço são reparos de

avarias na bomba.

Page 82: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 35 – Athenas Auto Posto. A- Visão geral do posto; B- tubo usado para conduzir a água; C-

calha que escoa a água pluvial e cisternas; D- caixas de água do “Auto Center”; E- tanques auxiliares; F- água de chuva utilizada no tanque da borracharia; G- motor-bomba que conduz a água da cisterna aos reservatórios.

4. Posto Cinco Primos :

O Posto Cinco Primos (AUTO POSTO CINCO PRIMOS LTDA., Figura 36 A),

foi fundado em março do ano 2000, localizado na Avenida Anita Garibaldi, S/N,

Órfãs. Utiliza como fontes de abastecimento de água: um poço tubular profundo e o

aproveitamento de água pluvial. O posto possui duas áreas cobertas que podem ser

utilizadas para coleta de água pluvial: a cobertura principal sobre as bombas de

Page 83: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

abastecimento de combustível com 288 m² e a loja de conveniência/escritório com

185 m² que totalizam 473 m² de área.

As fontes de água que abastecem posto são: a rede de abastecimento público

da SANEPAR, um poço tubular profundo e o aproveitamento de água pluvial.

Estima-se que são gastos, ao todo, pelo menos 167,5 m³ de água todo mês. A água

proveniente do poço é utilizada na maior parte das atividades como usos domésticos

(inclusive para beber), para limpar pára-brisas14 e lavagem de automóveis que

demandam cerca de 157, 5 m³ mensalmente. O sistema de aproveitamento de água

pluvial instalado no posto, desde sua construção, é pouco utilizado para regar um

pequeno jardim com cerca de 10 m² e para lavar os pátios. Sendo a água do poço

utilizada em grande parte das suas atividades, inclusive para as citadas

anteriormente. O poço tubular profundo possui mais de 100 m de profundidade e

pode ser utilizado para consumo humano. A água do poço é bombeada para uma

torre d‟água (tanque) com capacidade aproximada de 10 m³ que abastece o posto

(Figura 36 B). A água de chuva é coletada de toda a área de cobertura (473,18 m²) e

conduzida das calhas por tubos subterrâneos até uma cisterna feita com um tanque

de combustível utilizado especificamente para está função com cerca de 10 m³ de

capacidade. A cisterna possui uma bomba e um tubo de fuga do excesso de água

para a galeria pluvial (Figura 36 C).

A oferta do serviço de lavagem no posto coincide com a idade de

funcionamento do posto. Atualmente a lavagem emprega 4 funcionários

terceirizados que cobram R$ 5,00 pela lavagem de aparência e R$ 10,00 pela

lavagem completa que inclui a limpeza do interior do veículo e produtos que dão

brilho aos pneus. São lavados em média 35 veículos por dia, o equivalente a cerca

de 1050 veículos por mês. O processo de lavagem é do tipo lava-jato, que utiliza

água e detergente automotivo (Figura 36 D). A água servida, resultante da lavagem

vai para uma caixa de separação com 5 compartimentos e depois que as partículas

sólidas são decantadas a água é liberada na galeria de águas pluviais (Figura 36 E).

A pessoa entrevistada foi o responsável pelo lava-car que apontou como a

fonte d‟água que mais traz desvantagens a água tratada, pois tem um custo, e sua

má utilização, como para lavagem de veículos e pátios, por exemplo, acarreta em

14 Tomando-se por base os demais postos considerou-se a demanda de 10 m³ mensais para essas

atividades.

Page 84: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

prejuízos para toda a sociedade que perde água de qualidade. Porém, aponta como

mais vantajosa a água de poço, pois tem uma qualidade melhor que a água tratada.

E, no entanto, é usada para lavar veículos. A água proveniente da captação de

chuva foi apontada com uma fonte que pode trazer economia de recursos hídricos e

de recursos financeiros.

FIGURA 36 – Posto Cinco Primos. A- Visão geral do posto; B- torre d‟água; C- entrada da cisterna de água de chuva; D- lava-car; E- caixas separadoras da água residual da lavagem.

Page 85: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

5. Posto Gamper:

O Posto Gamper (ADEMAR C. S. BARBOSA, Figura 37 A), foi fundado em

agosto de 1993, localizado na Avenida Ernesto Vilela, 1114, Nova Rússia. O posto

possui duas áreas cobertas que podem ser utilizadas para coleta de água pluvial: a

cobertura principal sobre as bombas de abastecimento de combustível com 352 m² e

a loja de conveniência/escritório com 234 m² que totalizam 586 m² de área.

As fontes de água que abastecem posto são: a rede de abastecimento público

da SANEPAR e o aproveitamento de água pluvial. Estima-se que são gastos, ao

todo, pelo menos 141,12 m³ de água todo mês. Destes em média 45 m³ são de água

tratada que é destinada para usos domésticos (para beber, higiene pessoal,

descarga nos vasos sanitários) e ocasionalmente para lavar o pátio. A água

proveniente das chuvas é destinada para a lavagem de veículos e do pátio onde

estão instaladas as bombas, que demandam em média cerca 96,12 m³ de água15,

mensalmente. O sistema de aproveitamento de água pluvial que é utilizado desde a

inauguração do posto, funciona de uma maneira simples, eficiente e oferece água

com boa qualidade visual. A água coletada da cobertura principal com 352 m²,

sobre as bombas de combustível, é conduzida por calhas para um tubo vertical de

PVC de 200 mm. E a água coleta na cobertura da loja de conveniência/escritório,

com 234 m² é conduzida por calhas para 2 tubos verticais de PVC de 100 mm cada

(Figura 37 C). Estes três tubos se encontram levando a água para uma caixa

separadora (Figura 37 B), onde as impurezas sólidas são decantadas, em seguida a

água é armazenada em uma cisterna com capacidade de 80 m³. Esta é bombeada

da cisterna por uma motobomba (Figura 37 E) para ser utilizada (Figura 37 D). A

lavagem oferecida como cortesia aos clientes é realizada por um funcionário

(lavador) que atende cerca de 500 veículos por mês. O processo de lavagem é do

tipo lava-jato. É utilizada na lavagem água e detergente automotivo biodegradável. A

água servida, resultante da lavagem vai para uma caixa de separação com 5

compartimentos e depois que as partículas sólidas são decantadas a água é

liberada na galeria de águas pluviais. A cada 10 anos um caminhão limpa-fossa

retira os sedimentos acumulados no fundo da cisterna que é lavada.

15 Para estimar a demanda mensal de água de chuva, foi calculada 2 l/m² de pisos lavados

diariamente (2 x 30 x 372 = 21,12 m³) e 500 veículos por mês (500 x 150 = 75 m³).

Page 86: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

A pessoa entrevistada foi o proprietário do posto que recomenda a utilização

de água de chuva já que seu custo de implantação é baixo e toda esta água seria

perdida, além disso, não aponta nenhuma desvantagem em utilizá-la. Apontou como

a fonte d‟água que traz mais desvantagens a de água tratada, pois essa tem um

custo. O entrevistado diz que a cisterna nunca secou e atende razoavelmente as

necessidades hídricas do posto.

FIGURA 37 – Posto Gamper. A- Visão geral do posto; B- entrada de água de chuva nas caixas separadoras; C- sistema de distribuição de água de chuva; D- veículo sendo lavado com água de chuva; E- motobomba do jato de água pressurizada.

Page 87: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

6. Posto Pinheiro:

O Posto Pinheiro (SOCIEDADE INDUSTRIAL DE BEBIDAS LTDA, Figura 38

A), localizado na Avenida Ernesto Vilela, 1115, Nova Rússia. O posto possui duas

áreas cobertas que podem ser utilizadas para coleta de água pluvial: a cobertura

principal sobre as bombas de abastecimento de combustível e a loja de

conveniência/escritório que se comunicam formando uma grande cobertura com

971,5 m² de área.

As fontes de água que abastecem posto são: a rede de abastecimento público

da SANEPAR (água tratada), um poço cacimba (água subterrânea) e o

aproveitamento de água pluvial. Estima-se que são gastos, ao todo, pelo menos 176

m³ de água todo mês. Destes em média 41 m³ são de água tratada que é destinada

para usos domésticos (para beber, higiene pessoal, descarga nos vasos e lavagem

o pátio) e para limpar pára-brisas. A água proveniente do poço é destinada

especificamente para lavagem de veículos, que demanda em média cerca 135 m³ de

água, mensalmente. A água proveniente das chuvas abastece um reservatório de

emergência para combate a incêndio e também é utilizada, secundariamente, para

lavagem de veículos de forma alternada com água do poço, de modo que a água de

chuva é utilizada primeiramente, quando está acaba então se utiliza a água do poço.

O poço cacimba (Figura 38 B) com capacidade aproximada de 141 m³ foi escavado

na época de construção do posto, sendo tão antigo quanto este, possui cerca de 20

m de profundidade e 3 m de diâmetro, a água é bombeada do poço até a cisterna de

lavagem quando necessário. O sistema de aproveitamento de água pluvial é

simples e utiliza toda a cobertura do posto (971,5 m²), a água coleta das chuvas é

conduzida por calhas até 8 tubos verticais de PVC com 100 mm que despejam a

água num tanque com 44 m³ de capacidade (Figura 38 C) que é reservado para

casos de incêndio quando uma motobomba (Figura 38 D) é acionada. Somente,

depois que este sistema de incêndio é abastecido a água excedente abastece a

cisterna de lavagem (Figura 38 F) com capacidade de 36 m³. A água armazenada é

bombeada da cisterna por uma motobomba (Figura 38 E) para ser utilizada. A água

coletada da chuva tem uma boa qualidade visual, conforme a figura 28 G.

A oferta do serviço de lavagem ocorre no posto, provavelmente, desde sua

inauguração. Atualmente a lavagem, oferecida como cortesia aos clientes, é

realizada pelos frentistas que se revezam no atendimento as bombas e na lavagem

Page 88: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

de veículos. São lavados em média 30 veículos por dia, o equivalente a cerca de

900 veículos por mês. O processo de lavagem é do tipo lava-jato (manual, com

máquina de jato de água pressurizada), a água é bobeada da cisterna abastecida

com água de chuva ou de poço pela motobomba diretamente para as mangueiras do

lava-car. É utilizada na lavagem água e detergente automotivo. A água servida,

resultante da lavagem vai para uma caixa de separação com cinco compartimentos

e depois que as partículas sólidas são decantadas a água é liberada na galeria

pluvial.

A pessoa entrevistada foi o gerente do posto que apontou a água de chuva

como a fonte d‟ água mais vantajosa, principalmente, devido a economia de água

que proporciona e por servir como reserva para o caso de incêndio. Para ele a

desvantagem deste tipo de água, está no fato, de que às vezes a cisterna seca. A

água do poço também é considerada uma fonte de água vantajosa, pois é utilizada

na falta água de chuva. A água tratada é considerada com a fonte de água que mais

traz desvantagens ao posto devido ao custo. A única manutenção realizada no

sistema de aproveitamento de água de chuva são reparos na motobomba, quando

esta apresenta algum problema.

Page 89: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 38 – Posto Pinheiro. A- Visão geral do posto; B- poço cacimba e bomba; C- sistema de distribuição de água de chuva e cisterna de incêndio; D- motobomba de emergência para incêndio; E- motobomba elétrica da cisterna de lavagem; F- tubo de entrada de água de chuva na cisterna de lavagem e mangueira de água do poço; G- torneira com água de chuva.

Page 90: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

7. Posto São Sebastião:

O Posto São Sebastião (AUTO POSTO EQUIPE FENIX LTDA, Figura 39 A,

por volta da década de 60, localizado na Avenida Ernesto Vilela, 361, Centro. O

posto possui duas áreas cobertas que podem ser utilizadas para coleta de água

pluvial: a cobertura principal sobre as bombas de abastecimento de combustível com

193 m² e a um pequeno depósito com 72 m² que totalizam 265 m² de área coberta.

As fontes de água que abastecem posto são: a rede de abastecimento público

da SANEPAR, um poço cacimba e o aproveitamento de água pluvial. Estima-se que

são gastos, ao todo, pelo menos 84 m³ de água todo mês. Destes em média 24 m³

são de água tratada que é destinada para usos domésticos (para beber, higiene

pessoal, descarga nos vasos e lavagem do pátio) e para limpar pára-brisas. As

águas provenientes do poço e das chuvas são destinadas especificamente para

lavagem de veículos, que demandam em média cerca 60 m³ de água, mensalmente.

Estas são usadas de forma alternada, de modo que a água pluvial é utilizada

primeiramente, quando está acaba então se utiliza a água de poço. O poço cacimba

(Figura 39 B) com capacidade aproximada de 98 m³ foi escavado na época de

construção do posto, sendo tão antigo quanto este, possui cerca de 20 m de

profundidade e 2,5 m de diâmetro, a água é bombeada do poço até a cisterna de

lavagem quando necessário. O sistema de aproveitamento de água pluvial é

simples e utiliza a cobertura do pequeno depósito (72 m²) bastante corroído pela

ação do tempo, a água coleta das chuvas é conduzida por calhas até 1 condutor

vertical de metal que despeja a água na cisterna de lavagem com capacidade de 80

m³ (Figura 39 C). Parte da água armazenada é bombeada da cisterna por uma

bomba elétrica (Figura 39 C) para um tanque auxiliar (caixa d‟água de fibra de vidro)

com 2 m³ de capacidade (Figura 39 D), para que a máquina de jato de água

pressurizada utilizada na lavagem consiga trabalhar, outra parte é bombeada

diretamente da cisterna por um motobomba (Figura 39 C) para ser utilizada por um

mangueira ou pela máquina de lavagem automática tipo rollover (Figura 39 F).

A oferta do serviço de lavagem ocorre no posto, provavelmente, desde sua

inauguração. Atualmente existem dois tipos de lavagem no posto: lavagem

automática do tipo rollover que custa R$ 3,00 e a lavagem manual de aparência ao

custo de R$ 5,00 e 10,00 a lavagem completa, o serviço é realizado por um lavador.

São lavados em média 10 veículos por dia, dos quais 8 são carros e 2 são

Page 91: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

caminhões de porte médio e similares que totalizam o equivalente a cerca de 900

veículos por mês. São usados na lavagem água e detergente automotivo. A água

residual, dispensada da lavagem vai diretamente para a galeria de águas pluviais

sem tratamentos.

O entrevistado foi o gerente do posto que aponta como mais vantajosas para

a lavagem de veículos a água de chuva, seguida da água proveniente de poço, pois

ambas não tem custos, enquanto a água tratada tem um custo. Porém, a água

tratada é melhor para os usos domésticos, pois as outras fontes não apresentam

potabilidade.

FIGURA 39 – Posto São Sebastião. A- Visão geral do posto; B- poço cacimba; C- bomba d‟água à esquerda, motobomba à direita e cisterna; D- lava-car de veículos grandes e tanque auxiliar ao fundo; E- máquina de jato de água pressurizada; F- poço, área de captação do pequeno depósito, máquina rollover à frente e lava-car com máquina de jato de água pressurizada ao fundo.

Page 92: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

8. Posto Flex:

O Posto Flex (AUTO POSTO FLEX LTDA, Figura 40 A) foi fundado a cerca de

50 anos, localizado na Rua Comendador Ayrton Playsant, 183, Centro. Os Telhados

das bombas de abastecimento, do escritório, da loja de conveniências e da troca de

óleo se comunicam formando uma cobertura com 400 m² de área.

As fontes de água que abastecem posto são: a rede de abastecimento

público da SANEPAR, um poço profundo e o aproveitamento de água pluvial.

Estima-se que são gastos, ao todo, 122,5 m³ de água todo mês. O consumo mensal

de água tratada não ultrapassa o mínimo do comércio (até 10 m³) que é destinada

para usos domésticos (para beber, higiene pessoal, descarga nos vasos e lavagem

do pátio) e para limpar pára-brisas. As águas provenientes do poço e das chuvas,

usadas de forma conjunta, são destinadas especificamente para lavagem de

veículos, que demanda 112,5 m³ de água mensalmente. O poço cacimba que foi

escavado na época de construção do posto, e que costuma secar nas épocas de

estiagem, possui capacidade aproximada de 78,5 m³, possui cerca de 25 m de

profundidade e 2 m de diâmetro. A água pluvial já é utilizada há 10 anos composta

por um sistema bastante simples que mistura água pluvial e água de poço (Figura 40

B). A água coletada das coberturas (400 m²) é desviada por tubos para um tanque

com capacidade de 8 m³ (Figura 40 C e E), quando esse tanque é completado a

água excedente vai para o poço, se o tanque estiver seco, então a água do poço

abastece o tanque. Quando as fontes destinadas a lavagem secam essa é

interrompida. A oferta do serviço de lavagem no posto é antiga, provavelmente,

coincidindo com a idade de funcionamento do posto ou poucos anos mais recente.

Atualmente a lavagem, oferecida como cortesia aos clientes, é realizada por um

rodízio entre 4 funcionários que se revezam no atendimento as bombas de

abastecimento de combustível e na lavagem de veículos. São lavados em média 25

carros por dia, o equivalente a cerca de 750 veículos por mês. O processo de

lavagem é do tipo lava-jato, a água é bombeada do tanque por uma bomba a uma

pequena cisterna próxima a máquina de lavagem (de jato de água pressurizada)

para que essa possa realizar a sucção da água (Figura 40 D). É utilizada na lavagem

água e detergente automotivo neutro. A água servida, resultante da lavagem vai

Page 93: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

para uma caixa de separação com quatro compartimentos e depois que as partículas

sólidas são decantadas a água é liberada na galeria de água pluvial.

A pessoa entrevistada foi o gerente do posto, na época, que não acha que

exista desvantagem em nenhuma fonte utilizada, talvez pela existência de uma certa

precaução quanto ao uso de água tratada que dificilmente serve para a lavagem de

veículos, o posto não gasta mais que R$ 60,00 mensais com água. O entrevistado

aponta que o aproveitamento de água de chuva é benéfico, pois gera uma boa

economia na conta de água.

FIGURA 40 – Posto Flex. A- Visão geral do posto; B- poço cacimba com tubo para receber água pluvial; C- sistema de tubos condutores de água pluvial até o tanque reservatório; D- área de lavagem com pequena cisterna e máquina usada na lavagem; E- tanque reservatório com 8m³.

Page 94: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

9. Posto Pianowski:

O Posto Pianowski (PIANOWSKI & CARVALHO LTDA., Figura 41 A) foi

fundado por volta de 1975, localizado Avenida Visconde de Mauá, 493, Oficinas. O

posto possui três áreas cobertas que podem ser utilizadas para coleta de água

pluvial: a cobertura principal sobre as bombas de abastecimento de combustível com

266 m², a loja de conveniência/escritório com 85 m² e as garagens do lava-car de

veículos grandes (caminhões de porte médio, vans e similares, Figura 41 B) com

162 m² que totalizam 513 m² de área coberta. O posto apresenta dois espaços que

são utilizados como lava-car: um espaço com três garagens utilizadas para lavagem

de veículos grandes e a máquina de lavagem tipo rollover (Figura 41 C).

As fontes de água que abastecem o posto são: a rede de abastecimento

público da SANEPAR, um poço tubular profundo e o aproveitamento de água pluvial.

Estima-se que são gastos, ao todo, pelo menos 92,5 m³ de água todo mês. Destes

em média 10 m³ são de água tratada que é destinada para usos domésticos (para

beber, higiene pessoal, descarga nos vasos e lavagem pisos). As águas

provenientes do poço e das chuvas, usadas de forma conjunta, são destinadas

especificamente para lavagem de veículos, que demandam em média cerca 82,5 m³

de água, mensalmente16. O poço tubular profundo possui mais de 100 m de

profundidade e a água prospectada não é boa para consumo humano. A água do

poço é bombeada para uma cisterna com capacidade aproximada de cerca 30 m³

que é mistura a água de chuva. A utilização de água de chuva é antiga, dado o

visível desgaste ocasionado pelo tempo em suas instalações. O sistema de

aproveitamento de água de chuva é bastante precário. A cobertura das garagens do

lava-car de veículos grandes possui calhas que dividem em duas partes a drenagem

de águas pluviais do telhado, metade da área total dessa cobertura (81 m²) é

conduzida por dois condutores verticais de metal, pelos quais a água chega até a

cisterna localizada no subsolo de um pequeno depósito. A outra metade de água

que escoa sobre estes telhados é despejada na rua. Devido a falta de manutenção

nas calhas de cimento e nos telhados que se encontram muito sujos (Figura 41 D),

16 Para estimar a quantidade de água usada na lavagem tomou-se por base o n° de veículos lavados

por mês. Adotou-se, conforme a ABNT (2000), 150 l de água para lavagem de carros e 400 l para a lavagem de ônibus com máquina de jato de água pressurizada.

Page 95: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

além do piso sobre a cisterna que também possui muita sujeira como fuligem, terra e

óleo, a qualidade visual da água é baixa (Figura 41 F).

A oferta do serviço de lavagem ocorre no posto, provavelmente, desde sua

inauguração. Atualmente a lavagem, oferecida como cortesia aos clientes, é

realizada pelos frentistas que se revezam no atendimento as bombas e na lavagem

de veículos e pelos próprios clientes que podem lavar os veículos grandes no

espaço reservado para isso. São lavados em média 15 veículos por dia, dos quais

cerca de 13 são carros e 2 são veículos maiores como caminhões de médio porte e

similares o equivalente a cerca de 450 veículos por mês. O processo de lavagem é

do tipo rollover para os carros e do tipo lava-jato, para os veículos maiores, a água é

bombeada da cisterna abastecida com água de chuva e/ou de poço por uma bomba

para a máquina de lavagem tipo rollover e por uma motobomba (Figura 41 E) para

as mangueiras do lava-car de veículos grandes. São usados na lavagem água e

detergente automotivo. A água servida, resultante da lavagem vai para uma caixa de

separação com 3 compartimentos e depois que as partículas sólidas são decantadas

a água é liberada na galeria pluvial.

A pessoa entrevistada foi o gerente do posto que se mostrou indiferente as

vantagens e desvantagens percebidas entre as diferentes fontes d‟água.

Apontando, apenas que aproveitar água de chuva, no caso do posto, não custa

nada, pois a água simplesmente escorre dos telhados para o reservatório, enquanto

a água tratada tem um custo.

Page 96: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 41 – Posto Pianowski. A- Visão geral do posto; B- lava-car de veículos grandes e a esquerda depósito com cisterna no subsolo; C- máquina de lavagem tipo rollover; D- condições precárias da calha; E- à direita bomba para cisterna do poço e à esquerda motobomba que leva a água para lavagem; F- água com baixa qualidade visual armazenada na cisterna.

4.3.1.1 Considerações sobre o uso de água de chuva nos postos de serviços automotivos

Para uma melhor compreensão do potencial de aproveitamento de água de

chuva nos postos de serviços automotivos no espaço urbano de Ponta Grossa para

fins não potáveis, verificou-se o volume mensal médio de água de chuva

aproveitável por metro quadrado (Figura 42), conforme estudo realizado por

(GIACCHINI, 2003). A fórmula utilizada para o cálculo foi a de dimensionamento do

Page 97: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

reservatório já esclarecida no item 3.2.5.4 sobre armazenamento de água de chuva

17. Adotou-se C= 0.80, conforme sugerido pela ABNT (2000) e Ac= 1 m².

Mês Precipitação média

P(mm) Volume médio mensal de água de chuva

aproveitável (m³/m²)

Janeiro 186 0,149 Fevereiro 161 0,129 Março 138 0,110 Abril 101 0,080 Maio 116 0,093 Junho 118 0,094 Julho 96 0,077 Agosto 79 0,063 Setembro 136 0,109 Outubro 153 0,122 Novembro 119 0,095 Dezembro 151 0,121 Total anual 1554 1,243

FIGURA 42 – Quadro dos volumes médios mensais de água de chuva aproveitável por metro quadrado na região de Ponta Grossa Fonte: (GIACCHINI, 2003). Nota: Precipitação média, conforme Anexo B.

Com base no quadro anterior e de posse do tamanho da área de captação é

possível, ainda, determinar o volume potencial médio aproveitável de água de chuva

nos postos visitados (FIGURA 43). Para tal utilizou-se o tamanho médio das

coberturas dos postos que utilizam água de chuva, Ac= 527 m² (Figura 44).

17 “Embora existam vários métodos de dimensionamento do reservatório, será adotado neste trabalho o método mais comum que corresponde à seguinte equação: V= Ac. P. C. Onde, V representa o volume do reservatório (m³), Ac a área de coleta de água de chuva (m²), P a

precipitação média (mm) e C o coeficiente de runoff“.

Page 98: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

FIGURA 43 – Quadro de volumes potenciais médios aproveitáveis de água de chuva para AC= 527 m²

FIGURA 44 – Quadro síntese dos dados de área de captação e consumo de água nos postos de serviços automotivos que utilizam água de chuva no espaço urbano de Ponta Grossa Notas: Vn= Valor médio normal Vm= Valor médio refinado

Considerado a demanda média mensal de água não potável nos postos de

serviços automotivos que utilizam água de chuva, a Figura 45 busca analisar a

relação entre a demanda de água não potável e o potencial médio de captação de

água de chuva nestes empreendimentos.

18 Para realização dos cálculos dos valores médios foram retirados os valores muito acima e os

valores muita abaixo da média geral dos postos. Para área das coberturas foram excluídos os valores dos postos Pinheiro e Tio Mucufa; Athenas e Flex. Para o consumo mensal de água não potável estimado foram retirados os valores dos postos Cinco Primos e São Sebastião.

Mês Volume médio mensal de água de chuva

aproveitável (m³/m²)

Volume médio mensal de água de chuva aproveitável

Vap (m³)

Janeiro 0,149 78,52 Fevereiro 0,129 67,98 Março 0,110 57,97 Abril 0,081 42,69 Maio 0,093 49,01 Junho 0,094 49,54 Julho 0,077 40,58 Agosto 0,063 33,20 Setembro 0,109 57,44 Outubro 0,122 64,29 Novembro 0,095 50,07 Dezembro 0,121 63,77 Total anual 1,243 655,06

Posto

Área das coberturas

(m²)

Consumo mensal de água

potável estimado (m³)

Consumo mensal de água não potável

estimado (m³)

Consumo mensal total

(m³)

Tio Mucufa 495 27 93 120 Real 568 20 135 155 Athenas 827 10 43,83 53,83 Cinco Primos 473 10 157,5 167,5 Gamper 586 45 96,12 141,12 Pinheiro 971,5 41 135 176 São Sebastião 265 24 60 84 Flex 400 10 112,5 122,5 Pianowski 513 10 82,5 92,5

Valor médio18

Vn 556,5 Vr 527

Vn 21,88 Vn 101,72 Vr 99,71

Vn 123,60

Page 99: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

0

20

40

60

80

100

120

Vap (m³)

Demanda (m³)

FIGURA 45 – Gráfico de relação entre a demanda por águas não potáveis e o volume médio de água de chuva aproveitável no espaço urbano de Ponta Grossa

Com base no gráfico e nos dados aqui apresentados, no mês de menor

precipitação, ou seja, agosto estima-se que o aproveitamento de água de chuva

possa atender 33,3% da demanda de água não potável e no mês de maior

precipitação, ou seja, janeiro possa atender 78,52%. Em média, nas condições

descritas acima, o aproveitamento de água de chuva pode suprir 54,75% da

demanda anual de águas não potáveis, ou seja, 655,06 m³ anualmente em cada

posto. Dessa maneira, se os 7 postos que utilizam somente água tratada em todas

as atividades, inclusive para lavar automóveis, utilizassem água de chuva, nessa

atividade, a economia estimada de recursos hídricos provenientes da companhia de

abastecimento seria de 382,13 m³ mensais, o equivalente a cerca de 4.585,56 m³

por ano. Considerando os demais postos que oferecem serviço de lavagem e

utilizam outras fontes d‟água, descontando os 9 postos que aproveitam água de

chuva esse número chegaria a 1.310,16 m³ por mês, o equivalente a cerca de

15.721,92 m³ por ano de economia de água de diversas fontes.

Page 100: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

5. VIABILIDADE ECONÔMICA DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

Acreditando-se que já foram esclarecidas, nos capítulos anteriores, questões

relativas à capacidade técnica de aplicação do sistema de aproveitamento de água

de chuva e a sua relevância do ponto de vista ambiental. Pode-se dizer que o

aproveitamento de água de chuva tem sua importância mais facilmente reconhecida

em regiões, nas quais, o sistema de abastecimento público de água apresenta

deficiências para suprir as necessidades da população do que em regiões com

sistema de abastecimento relativamente suficiente, mesmo havendo neste uma forte

tendência de crise, num futuro não muito distante, como no caso da cidade de Ponta

Grossa. No entanto, nessas regiões pode-se conseguir uma melhor aceitação dessa

alternativa com estudos que demonstrem sua viabilidade econômica, dada a

necessidade de averiguação da relação de benefício/custo para que se possa

conceber a instalação desse sistema.

Considerando-se os elevados índices pluviométricos da região, as grandes

coberturas dos postos de serviços automotivos e a alta demanda por águas não

potáveis nesses empreendimentos. O objetivo principal deste trabalho, juntamente

com a investigação sobre a capacidade técnica de aproveitamento de água de

chuva, foi analisar a viabilidade econômica de implantação de um sistema de

aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis, sobretudo, para utilização

nos serviços de lavagem de veículos, ofertados, em postos de serviços automotivos

do espaço urbano de Ponta Grossa. Na realização dessa análise tomou-se por base

os dados verificados no capítulo antecedente, onde, admite-se, para fins de estudo,

a área média de coleta com 527 m² e a demanda média mensal de água não potável

estimada em 99,71 m³. Para o dimensionamento da cisterna assumiu-se, conforme o

quadro 8, o máximo volume médio mensal de água de chuva aproveitável, ou seja,

78,29 m³. Sendo assim, é perceptível a necessidade de se construir uma cisterna

com dimensão suficiente para comportar esse volume, que foi arredondado para 80

m³.

O método utilizado no presente estudo é o cálculo do valor presente líquido

(VPL), que permite comparar diferentes alternativas de projetos transformando todos

os benefícios e custos envolvidos em valores presentes. De acordo com Athayde

Page 101: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

Junior; Dias & Gadelha (2008) a alternativa que apresentar o maior VPL será a mais

atrativa. A equação utilizada para a determinação do VPL é:

VPL= Benefícios – Investimentos – Custos

A avaliação econômica do VPL é obtida por: VPL > 0, o projeto é atrativo;

VPL = 0 o projeto é indiferente; e VPL < 0, o projeto não é atrativo.

Foram consideradas duas simulações diferentes de construção de cisternas

em comparação com as tarifas de água cobradas pela Sanepar.

Na primeira simulação considerou-se uma cisterna fabricada em ferro-

cimento, com base nos valores do projeto “cisternas ecopedagógicas” da Itaipu em

parceria com o município de Missal, no Paraná, e na outra considerou-se o valor de

mercado da região para cisternas pré-fabricada em fibra de vidro.

Para identificação dos custos e benefícios é necessário estabelecer o período

de vida útil do projeto que de acordo com Guilherme apud Fernandes; Medeiros

Neto & Mattos (2007) é de cerca de 20 anos para o sistema de aproveitamento de

água de chuva. Dessa maneira, os benefícios desse sistema podem ser obtidos

através do valor das tarifas de água cobradas durante um período de 20 anos.

Sabendo que a instalação de um sistema de aproveitamento de água de

chuva poderá atender cerca de 54,75% da demanda média por águas não potáveis

em postos de serviços automotivos anualmente, ou seja, o equivalente a cerca de

54,59 m³ por mês e que as tarifas de distribuição de água cobradas pela SANEPAR,

em novembro de 2009, são de R$ 29,40 para o consumo da cota básica de 10 m³

em estabelecimentos comerciais e mais R$ 3,31 para cada metro cúbico excedente.

Com base nestes dados pode-se determinar que o valor cobrado pela SANEPAR

pela distribuição de 54,59 m³ mensais seria o equivalente a R$ 176,99 por mês, ou

seja, R$ 2.123,88 anualmente.

No primeiro projeto que visa simular a construção de uma cisterna em ferro-

cimento com capacidade de reservação de 80 m³, o custo de investimento foi

estimado a partir de um sistema de aproveitamento de água de chuva instalado, em

março de 2009, numa escola municipal no município de Missal, no Paraná, que

construiu uma cisterna com capacidade para 75.660 litros de água investindo um

total de R$ 26.064,45 (PREFEITURA MUNICIPAL DE MISSAL, 2009). Considerando

Page 102: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

que os postos já possuem sistema de calhas e condutores, através, dos quais, a

chuva que cai nos telhados é drenada para galeria de águas pluviais e que o projeto

implantando nas escolas inclui bomba, tubos e conexões suficientes para realizar a

ligação do sistema de captação dos postos com a cisterna. Para o dimensionamento

do reservatório de retenção das primeiras chuvas, utilizou-se o método proposto pela

PROSAB (Techne, 2008) de descarte do primeiro milímetro de chuva que cai sobre

o telhado, ou seja, 527 l para uma cobertura com 527 m², para reter as primeiras

chuvas será usada um caixa d‟ água de fibra de vidro com capacidade de 1000 l. O

custo total estimado do sistema de aproveitamento de água de chuva é de R$

27.797,72.

Os custos referem-se às despesas de operação do sistema, como: a

reposição de peças de instalação, reparos de possíveis avarias e gastos com

energia que de acordo Guilherme apud Fernandes; Medeiros Neto & Mattos (2007),

para efeitos de cálculos, requerem um custo anual de cerca de R$ 100,00.

Aplicando, neste primeiro, caso a fórmula de VPL, onde, os benefícios

calculados assumem um valor de R$ 42.477,60; os investimentos de R$ 27.797,72;

e os custos de R$ 2000,00 obtêm-se um VPL= R$ 12.679,88 o qual indica que

aproveitar água de chuva para fins não potáveis em postos de serviços automotivos

da cidade de Ponta Grossa é economicamente mais vantajoso do que adquirir água

por meio do sistema público de abastecimento.

O período de retorno, ou seja, o período de tempo que os benefícios levam

para cobrir os investimentos iniciais foi calculado sem levar em conta as taxas de

juros ou de inflação durante o período de avaliação do projeto. O período de retorno

para o projeto avaliado é de 13,09 anos, indicando que o projeto é economicamente

atrativo. Se o tempo de retorno dos investimentos iniciais fosse maior que a vida útil

do sistema de aproveitamento de água de chuva, ou seja, maiores que 20 anos,

então, o projeto não seria vantajoso do ponto de vista econômico.

No segundo projeto que visa simular a utilização de cisternas pré-fabricadas

em fibra de vidro considerou: três cisternas com capacidade de 25 m³, uma cisterna

com capacidade de 10 m³19, uma caixa d‟ água com capacidade de 1000 l para reter

as primeiras chuvas, tubos (50 m) e conexões de PVC. Considerando que os postos

já possuem sistema de calhas e condutores, através, dos quais, a chuva que cai nos

19 Ver orçamentos no Apêndice E.

Page 103: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

telhados é drenada para galeria de águas pluviais e que já possuem lavagem em

funcionamento não foram consideradas bombas e máquinas de lavagem. O custo

total estimado de investimento no sistema de aproveitamento de água de chuva é de

R$ 19.751,08, incluindo 5% para mão-de-obra e instalação.

Aplicando, neste segundo, caso a fórmula de VPL, onde, os benefícios

calculados assumem um valor de R$ 42.477,60; os investimentos de R$ 19.751,08;

e os custos de R$ 2000,00 obtêm-se um VPL= R$ 20.726,51 o qual indica que

aproveitar água de chuva para fins não potáveis em postos de serviços automotivos

da cidade de Ponta Grossa é economicamente mais vantajoso do que adquirir água

por meio do sistema público de abastecimento.

O período de retorno para o projeto avaliado é de 9,30 anos, indicando que o projeto

é economicamente atrativo.

Page 104: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar o uso das águas para torná-lo mais eficiente e humano, já deixou de

ser uma questão de bom senso, sendo atualmente uma necessidade. O

aproveitamento de água d e chuva é um passo importante para otimizar o uso das

águas de forma a ter uma aplicação mais racional desse recurso.

Embora o abastecimento público de água em Ponta Grossa seja,

relativamente, suficiente, somente nos últimos 6 anos o aumento da população

urbana foi de cerca de 22 mil habitantes (7,17% da população urbana), o que

resultou num aumento de 5.200 m³ de água consumidos diariamente. Se essa

tendência permanecer em menos de 15 anos a capacidade de abastecimento

público de água será insuficiente para suprir as necessidades da população.

A cidade de Ponta Grossa localiza-se próxima à Escarpa Devoniana, a qual

funciona como uma barreira orográfica para os ventos vindos do mar que se

precipitam ao vencerem esse degrau topográfico. Isto faz com que a cidade registre

os maiores valores de precipitação média dos Campos Gerais e possibilita a

utilização de água de chuva em volumes consideráveis durante todos os meses do

ano.

Este estudo procurou demonstrar a existência de viabilidade técnica e

econômica de aproveitamento de água de chuva em postos de serviços automotivos

do espaço urbano de Ponta Grossa, passando pela investigação de como ocorre o

uso da água nestes empreendimentos.

Verificou-se que a maioria dos postos automotivos estudados oferece serviço

de lavagem de veículos, que somada à lavagem de pátios consome em média,

mensalmente, 99,71 m³ de águas que poderiam ser não potáveis. Pode-se dizer que

mesmo diante dos grandes índices pluviométricos da região, associados às grandes

coberturas construídas nestes empreendimentos, com tamanho médio de 527 m²,

capaz de atender, anualmente, cerca de 54,75% desta demanda, este potencial é

pouco utilizado (somente 27% dos postos aproveitam parcialmente a água

proveniente das chuvas), resultando num grande desperdício de água potável

devido à incompatibilidade de seu uso. A intensificação da utilização de água de

chuva nos postos de serviços automotivos na cidade de Ponta Grossa permitiria,

além de compatibilizar a qualidade da água com seu uso reservando a água tratada

para as finalidades mais nobres, como consumo humano, por exemplo, e proteger

Page 105: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

as reservas de água subterrânea. Possibilita, ainda, economizar cerca de 1.300.000

l de água por mês, o equivalente a mais de 15.700.000 l por ano de economia de

água de outras fontes.

Aproveitar a água de chuva que cai na cobertura dos postos, pode, também,

resultar em benefícios financeiros para os adeptos desta técnica. Nos dois casos

analisados neste trabalho, comprovou-se que, para fins não potáveis, é mais

rentável investir em um sistema de aproveitamento de água de chuva do que

continuar adquirindo água fornecida pelo sistema público de abastecimento público.

Com base taxas atuais de fornecimento de água, os saldos positivos deste sistema

variam entre R$ 12.679,88 e R$ 20.726,51, com período de retorno variando de 9,30

a 13,09 anos. Tendo em vista que as tarifas de água tendem a aumentar no futuro,

por fatores vinculados a uma possível escassez desse recurso, o período de retorno

dos investimentos iniciais dispendidos com a instalação do sistema tendem a

diminuir e os saldos positivos aumentar. Tornando a implantação do sistema de

aproveitamento de água de chuva, ainda, mais atraente do ponto de vista

econômico.

Embora o sistema de aproveitamento de água de chuva seja tecnicamente

viável nos postos de serviços automotivos de Ponta Grossa, devido ao seu uso para

fins não potáveis, um modelo ótimo deste sistema, adequado à realidade, deve ser

projetado de acordo com os objetivos do usuário e adaptado as peculiaridades das

construções. Não existe nenhum modelo genérico que sirva em todas as situações,

cada caso deve ser considerado único.

Geograficamente o uso da água nos postos automotivos representa muito

mais do que a mera localização espacial destas atividades. Representa uma forma

de utilização do espaço e de recursos hídricos que direta ou indiretamente afetam a

sociedade regional. O reconhecimento, a espacialização, a investigação do uso da

água nos postos de serviços automotivos e o estudo de técnicas alternativas para

um melhor gerenciamento da água podem contribuir com o ordenamento do

território, sobretudo, na gestão dos recursos hídricos. Auxiliando as tomadas de

decisão relacionadas com a água nestes empreendimentos.

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Page 116: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

APÊNDICES

Page 117: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

APÊNDICE A – FICHA DE INVESTIGAÇÃO EXPLORATÓRIA

Page 118: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

APÊNDICE A

FICHA DE INVESTIGAÇÃO EXPLORATÓRIA

Eixo20:_____________________________________________________________

N°__________

Nome do Posto: _____________________________________________________

___________________________________________________________________

Razão Social:_______________________________________________________

___________________________________________________________________

Endereço:__________________________________________________________

___________________________________________________________________

Coordenadas (UTM- J-22 S):

E:________________ N: ______________________ Altitude:______________

Fontes d’água:

( ) Água tratada ( ) Poço profundo ( ) Água pluvial

( ) Outros:_________________________________________________________

Lavagem:

( ) Sim ( ) Não

Tipo de lavagem:

( ) Manual ( ) Automática

Anotações:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

20 Nome da avenida percorrida

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APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Page 120: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

APÊNDICE B

ROTEIRO DE ENTREVISTAS

INFORMAÇÕES GERAIS – CARACTERIZAÇÃO

Nome do Posto: ______________________________________________________ ___________________________________________________________________ Razão Social:________________________________________________________ Bandeira:___________________________________________________________ Endereço:___________________________________________________________ Telefone:______________ E-mail:_______________________________________ 1- Quando o Posto foi fundado? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2- Quais são as fontes de água utilizadas pelo Posto? ( ) Água tratada ( ) Poço profundo ( ) Água pluvial ( ) Outros:___________________________________________________________ 4- Qual é a área total do Posto? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 5- Qual é a área construída? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 6- Qual é o tamanho das coberturas? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ LAVAGEM DE VEÍCULOS 8- O Posto oferece serviços de lavagem de veículos? ( )Sim ( ) Não 9- Quando foi implementada?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 121: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 10- Como é a lavagem? ( ) Manual ( ) Automática 11- Como é a cobrança? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12- Que tipo de veículos são lavados? ( ) Carro e caminhonetes ( ) Motos ( ) Caminhões ( ) Ônibus e micro-ônibus 13- Quantos veículos são lavados por mês? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 14- Quantos litros de água são gastos numa lavagem? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 15- Existem fontes de água destinadas especificamente a lavagem? Quais? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16- Que produtos são usados na lavagem?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 17- Quem é responsável pela lavagem? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18- Quantos funcionários trabalham na lavagem?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 19- Como eles são pagos?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 20- Qual é o destino das águas utilizadas na lavagem?

Page 122: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ÁGUAS 21- Qual é o volume total de água utilizada mensalmente pelo posto? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 22- Por que o uso de várias águas? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 23- As fontes de água consumida são separadas reservando cada fonte para

determinados usos? Quais? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ÁGUA TRATADA 24- Em que atividades o posto utiliza água tratada? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 25- Qual é o volume de água tratada consumida mensalmente pelo posto? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ ÁGUA SUBTERRÂNEA 26- Quando a empresa perfurou o poço?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 27- Qual empresa perfurou o poço?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 28- Em que atividades o posto utiliza água subterrânea?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 123: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

29- Qual é o volume de água subterrânea consumida mensalmente pelo posto?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 30- Qual é o tamanho do reservatório?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ÁGUA PLUVIAL 31- Quando foi instalado o sistema de aproveitamento de água da chuva? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 32- Quanto foi investido na instalação do sistema de aproveitamento da água da

chuva? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 33- Qual é o tamanho das coberturas utilizadas para captar água da chuva?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 34- Qual é tamanho do reservatório? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 35- Quem instalou o sistema de aproveitamento de água da chuva?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 36- O sistema está incluído na planta hidráulica do posto?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 37- Como funciona o sistema de captação da água da chuva?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 124: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

38- São utilizados bombas, filtros ou outros equipamentos no processo de captação

da água da chuva? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 39- Como é feita a manutenção do sistema? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 40- Com que freqüência a manutenção é feita?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 41- Qual é o seu custo estimado?

______________________________________________________________________________________________________________________________________ 42- Em que atividades o posto utiliza a água da chuva?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 43- Quais as vantagens encontradas em utilizar a água da chuva? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 44- Quais as desvantagens encontradas em utilizar a água da chuva?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 45- O reservatório já secou alguma vez? Quantas vezes e quando? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 46- Qual das fontes você acha que traz mais vantagens ao posto?

( ) Água tratada ( ) Poço profundo ( ) Água pluvial ( ) Outros:______________________________________________________________ Justifique:______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 125: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

47- Qual das fonte traz mais desvantagens ao posto?

( ) Água tratada ( ) Poço profundo ( ) Água pluvial ( ) Outros:_____________________________________________________________ Justifique:______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICE C – POSTOS AUTOMOTIVOS 42 VISITADOS EM

PONTA GROSSA: DADOS DA INVESTIGAÇÃO EXPLORATÓRIA

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APÊNDICE C

POSTOS AUTOMOTIVOS 42 VISITADOS EM PONTA GROSSA: DADOS DA INVESTIGAÇÃO EXPLORATÓRIA

(continua)

POSTO TIPO DE

FONTE DE ÁGUA

TIPO DE LAVAGEM

ALTITUDE COORD. UTM (E)

COORD. UTM (N)

Posto Tio Mucufa

Pluvial, subterrânea e

tratada Manual 971m 585324 7226371

Posto Real Pluvial,

subterrânea e tratada

Manual 948m 584771 7225500

Posto São Sebastião

Pluvial, subterrânea e

tratada Automática 965m 583833 7225006

Auto Posto Athenas

Pluvial, subterrânea e

tratada Manual 947m 586787 7224727

Posto Pinheiro Pluvial,

subterrânea e tratada

Manual 960m 583182 7225388

Posto Pianowski (Oficinas)

Pluvial, subterrânea e

tratada Automática 896m 585070 7222364

Posto Flex Pluvial,

subterrânea e tratada

Manual 980m 584179 7224596

Posto Gamper Pluvial, tratada Manual 960m 583190 7225404

Posto Degraf Pluvial e

subterrânea Manual 962m 584043 7225978

Posto Pianowski (Centro)

Subterrânea e tratada

Manual 956m 585171 7224402

Posto Boa Vista (Uvaranas)

Subterrânea e tratada

Manual 930m 581901 7005761

Posto Santa Rita

Subterrânea e tratada

Manual 916m 588991 7224623

Posto BP Subterrânea e

tratada Automática 948m 584448 7224140

Posto Guri (Verde)

subterrânea e Tratada

Manual 910m 585230 7220334

Posto MZ Subterrânea e

tratada Manual 954m 584704 7223091

Posto Tigrão do Sabará

Subterrânea e tratada

Manual 950m 580680 7225995

Auto Posto Hilgemberg

Subterrânea e Tratada

Manual 888m 585206 7221613

Posto Trevo Subterrânea e

tratada Manual 879m 586365 7218226

Page 128: O USO DA ÁGUA DE CHUVA EM POSTOS DE SERVIÇOS AUTOMOTIVOS NO ESPAÇO URBANO DE PONTA GROSSA, PR

(continuação)

Posto Café Subterrânea e

tratada Manual 950m 579516 7227005

Posto Independência Subterrânea Manual

955m 582527 7225493

Posto Pianowski (Uvaranas) Subterrânea

Manual 951m

Posto Grenal Subterrânea Manual 955m 580514 7225918

Posto Cavalleri Subterrânea Manual 930m

Posto Contorno Subterrânea Manual 871m 580892 7223644

Posto Paraná Tratada e arroio Manual 955m 580112 7226311

Posto Contorno II Tratada e arroio Manual

988m 573375 7230409

Posto Monteiro Lobato Tratada Manual

978m 585165 7226091

Posto Triângulo Tratada * 966m 584042 7224958

Posto Rodeio Tratada Manual 970m 581936 7226014

Posto Boa vista Tratada Manual 930m 581901 7225761

Posto Rio Branco Tratada *

943m 585612 7224782

Posto Lobatinho Tratada Manual 989m 584259 7224949

Posto Balduíno Tratada * 990m 584324 7224955

Posto Pitangui II

Tratada *

954m 584408 7224367

Posto Jardim América

Tratada Manual 939m 584499 7223409

Posto Lagoa Tratada Manual 923m 584736 7222798

Posto Visconde Tratada Manual 909m 585172 7221020

Posto Guri (Vermelho) Tratada *

914m 585379 7219803

Posto Estrela da Amizade I Tratada *

952m 576535 7230341

Posto Contorno IV Tratada *

951m 576162 7230526

Posto Tigrão da Chapada Tratada *

927m 578266 7228479

Posto Florense Tratada * 964m 582431 7226966

* Não possuem serviço de lavagem de veículos.

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APÊNDICE D – LOCALIZAÇÃO DOS 42 POSTOS DE SERVIÇOS

AUTOMOTIVOS ESTUDADOS NO ESPAÇO URBANO

DE PONTA GROSSA

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APÊNDICE E – ORÇAMENTOS

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APÊNDICE E - ORÇAMENTOS

Orçamento Cisternas

B A L A R O T I - Fone(s): 3027.9000 03/11/2009 Orçamento: 731196 Pg: 01 ORCAMENTO DE VENDA Cliente: CONSUMIDOR FONE: 413372.9692 CGC./CPF.: 000.000.018.30 COD: 034645668 LOJA: 03 -------------------------------------------------------------------------------- Quantidade Cod. Descricao Marca Preco Total -------------------------------------------------------------------------------- 1,000 64376 CAIXA D"AGUA FIBRA 10000L C/TAMPA 01030 FORTLEV 2.335,20 1,000 64379 CAIXA D"AGUA FIBRA 25000L C/TAMPA 01030 FORTLEV 5.712,00 -------------------------------------------------------------------------------- 4890 LARISSA Total de Produtos 8.047,20 Total de Frete 15,00 -------------------------------------------------------------------------------- Total do Orcamento 8.062,20 Valor Entrada: 0,00 + 01 X 8.062,20 Endereco de entrega: CLIENTE RETIRA MERCADORIA NA LOJA Bairro: UBERABA Cidade: CURITIBA Proximidade: cascia OBSERVACOES: PRECOS VALIDOS PARA 03/11/2009, SUJEITO A ALTERACAO APOS ESTA DATA.

Orçamento: tubos, conexões e caixa d’água

Fonte: SISTEMA NACIONAL DE PESQUISA DE CUSTOS E INDICES DA CONSTRUÇAO CIVIL. Preço de Insumos. Disponível em: http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/assistencia_tecnica/sinapi_index.asp Acesso em: 27/10/2009.

Descrição do Insumo Unidade

Preço

Mediano (R$)

Quantidade Valor final

(R$)

LUVA SIMPLES PVC P/ ESG PREDIAL DN 100MM

UN 3,04 10 30,40

CAIXA D'AGUA FIBRA DE VIDRO 1000L

UN 238,17 1 238,17

JOELHO PVC SOLD 90G PB P/ ESG PREDIAL DN 100MM

UN 3,75 10 37,50

TUBO PVC EB-644 P/ REDE COLET ESG JE DN 100MM

M 9,09 50 454,50

TOTAL --- 254,05 --- 760,57

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ANEXOS

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ANEXO A – QUADRO DE POSTOS REVENDEDORES VAREJISTAS NO

MUNÍCIPIO DE PONTA GROSSA

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ANEXO B – QUADRO DE PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL CONSIDERADA PARA PONTA GROSSA, ENTRE OS ANOS DE 1954 E 2001, COM BASE NA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DE VILA VELHA

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ANEXO B

QUADRO DE PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL CONSIDERADA PARA PONTA GROSSA, ENTRE OS ANOS DE 1954 E 2001, COM BASE NA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DE VILA VELHA

MÊS PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL

(mm)

Janeiro 186

Fevereiro 161

Março 138

Abril 101

Maio 116

Junho 118

Julho 96

Agosto 79

Setembro 136

Outubro 153

Novembro 119

Dezembro 151

Fonte: CARAMORI, 2002.