o tráfico de escravizados africanos ao brasil fez com que homens

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O tráfico de escravizados africanos ao Brasil fez com que homens, mulheres e crianças, pertencentes a reinos, nações, clãs, linhagens, aliados e inimigos, caçadores, sacerdotes, guerreiros, príncipes e princesas, mães e pais de famílias se encontrassem e redimensionassem as suas tradições culturais, sociais, familiares e religiosas. Essa era a única maneira de confrontar a opressão religiosa católica que se fez acompanhar não apenas dos grilhões de ferro que aprisionavam os corpos dos negros, mas também do "aspergir" da água benta, do nome novo marcado a ferro em brasa nas regiões corporais, onde a carne não fosse comprometida e perdesse seu valor de compra e venda de mercadoria e ainda na permissividade e omissão diante dos desmandos e das ações dos senhores (algozes) cristãos no novo mundo. Religião, catequese e escravidão andavam juntas desde os embarques nos navios negreiros, quando eram batizados, até nos troncos, quando os africanos e seus descendentes, que nem eram vistos como humanos, aos olhos da teologia da época, eram levados sem que houvesse, por parte da igreja nenhuma manifestação contra aquela situação desumana. Todos os valores que os africanos traziam, fossem religiosos ou culturais eram banidos ou rotulados como coisas do demônio, magia pagã ou feitiçaria. Mas, por muitos meios e artifícios os africanos e seus descendentes se apropriaram dos valores dos seus escravizadores ou usaram sua estrutura para se organizarem em irmandades, onde o branco cristão europeu não participava, como é o exemplo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e da Boa Morte. Estas irmandades funcionavam até como agremiação para angariar fundos para pagar a alforria de seus “irmãos”, além de servir de um intercâmbio de africanos, e das suas tradições culturais, lingüística e religiosas, sendo um dos primeiros berços para a resistência e para a manutenção das crenças dos seus antepassados africanos na terra que tinha lhe recebido com o chicote na mão. A religião nativa dos africanos foi interpretada à luz da teologia católica que se considerava superior, deferindo

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O tráfico de escravizados africanos ao Brasil fez com que homens, mulheres e crianças, pertencentes a reinos, nações, clãs, linhagens, aliados e inimigos, caçadores, sacerdotes, guerreiros, príncipes e princesas, mães e pais de famílias se encontrassem e redimensionassem as suas tradições culturais, sociais, familiares e religiosas. Essa era a única maneira de confrontar a opressão religiosa católica que se fez acompanhar não apenas dos grilhões de ferro que aprisionavam os corpos dos negros, mas também do "aspergir" da água benta, do nome novo marcado a ferro em brasa nas regiões corporais, onde a carne não fosse comprometida e perdesse seu valor de compra e venda de mercadoria e ainda na permissividade e omissão diante dos desmandos e das ações dos senhores (algozes) cristãos no novo mundo.

Religião, catequese e escravidão andavam juntas desde os embarques nos navios negreiros, quando eram batizados, até nos troncos, quando os africanos e seus descendentes, que nem eram vistos como humanos, aos olhos da teologia da época, eram levados sem que houvesse, por parte da igreja nenhuma manifestação contra aquela situação desumana.

Todos os valores que os africanos traziam, fossem religiosos ou culturais eram banidos ou rotulados como coisas do demônio, magia pagã ou feitiçaria.

Mas, por muitos meios e artifícios os africanos e seus descendentes se apropriaram dos valores dos seus escravizadores ou usaram sua estrutura para se organizarem em irmandades, onde o branco cristão europeu não participava, como é o exemplo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e da Boa Morte. Estas irmandades funcionavam até como agremiação para angariar fundos para pagar a alforria de seus “irmãos”, além de servir de um intercâmbio de africanos, e das suas tradições culturais, lingüística e religiosas, sendo um dos primeiros berços para a resistência e para a manutenção das crenças dos seus antepassados africanos na terra que tinha lhe recebido com o chicote na mão.

A religião nativa dos africanos foi interpretada à luz da teologia católica que se considerava superior, deferindo títulos de pagãs, idólatras, satânicas,animistas e politeístas, gerando, senão no africano que aqui chegava, que tinha o conhecimento de seus antepassados, mas a partir de seus descendente uma inferiorização da fé e crença trazidas na alma de seus pais.

Na maioria dos casos, na África, o culto tinha um caráter familiar e era exclusivo de uma linhagem, clã ou grupo de sacerdotes. As divindades iorubás eram cultuadas em suas cidades: Xangô, em Oió; Oxossi, em Ketu; Oxum, em Ipondá, e assim por diante. Bem como divindades de origen Bantu como Nzazi, Mutakalambô, Ndandalunda eram cultuadas por grupos próprios, embora os bantu tivessem uma idéia de transcendência de seus cultos e buscasse esta ou aquela divindade como intermediária entre ele e Nzambi Mpungu (Deus Todo Poderoso), de acordo com a situação real e a área de atuação de cada energia.

Com a vinda ao Brasil e a separação ardilosa das famílias, das nações, das etnias, essa estrutura religiosa não pode se repetir e se fragmentou. Mas os negros criaram uma unidade nesta diversidade e pluralidade e puderam partilhar e comungar os cultos e os conhecimentos diferentes em relação aos segredos rituais de sua religião e cultura. E desta nova maneira de ser e viver, aberta a todos, surgiu a forma acabada do que se

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chama hoje candomblé.

O vernáculo Candomblé, não mantém sob sua sombra uma unicidade e sim uma diversidade religiosa e cultural, que talvez até hoje não tenhamos a verdadeira dimensão de sua abrangência, em termos de origem étnica, clã, reinos, povos e organizações sociais e religiosas africanas que foram trazidas para o Brasil.

Reúne, sob o mesmo título a idéia genérica para os diversos troncos religiosos na experiência dos muitos povos trazidos do continente africano para as terras brasileiras. Na sua etimologia advém do étimo bantu ndombele para a variação kandombele, e, portanto, vem a denotar um equivalente próximo ao verbo “adorar” “falar” (existem outras interpretações para o termo, mas preferimos esta).

Os aqui chegados, vindo da longínqua terra dos seus antepassados e submetidos ao regime de escravatura de produção comercial de bens e riquezas, não tiveram tempo de trazer seus objetos rituais e sagrados, visto terem sido forçados a abandonar seu espaço de origem, além de muitos povos terem perdido o vínculo com os seus sacerdotes. Porém, não houve como impedir que transportassem suas crenças, cultos, ritos, mitos e cosmogonias em suas almas, fazendo retumbar em seus corações o som dos ngomas/atabaques ancestrais de seus povos.

Então, como antes tinha se organizado sob o manto das irmandades cristãs, agora, no momento próprio se irmanam sob o manto da nova identidade, que viria a ser conhecida como Candomblé.

Os africanos de maioria bantu (durante os dois primeiros séculos do tráfico dos negros), largamente assentados na região nordeste do Brasil (Alagoas, Pernambuco, Maranhão), no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, utilizados na lavoura e pastoreio, pois já na África eram grandes criadores e cultivadores do solo, além de serem mestres na fundição de metais, influenciaram em todas as áreas a cultura do país nascente, que nascia sob o fertilizado solo regado pelo suor da pele negra, e sob a riqueza gerada pelos músculos africanos. Alguns historiadores defendem que os africanos que desembarcaram na Bahia eram da África sudanesa (Yorubás, dahomeanos, malês...), e que em muitas lutas de resistência se refugiavam em quilombos baianos. O que se tem certeza é que os primeiros a chegarem por aqui, quando a escravidão era mais desumana, foram os bantu.

Na religião não foi diferente. Influenciaram e foram influenciados. Ou conscientes, ou por aproximação de cultos e tradições, ou por necessidade de recriar seu universo mítico, se amalgamaram às novas experiências e resistiram aos valores religiosos dos escravizadores.

A própria concepção de Nzambi ou Nzambi-Mpungo para os bantu, a quem se chama, no Ocidente, Deus – Nzambi: o que fala; Nzambi-Mpungo (ou ainda Zambiapungo):

aquele que, por excelência, fala (Mpungu é uma ave que voa muito alto, fornecendo, deste modo, a derivação semântica de “maior”, “eminente”, “excelente”) Os bantos (bantu) são povos que habitam a África do Sul Equatorial. Falam dialetos diferentes (a língua é igual) e pertencem a etnias diferentes. Cerca de 274 dialetos e línguas são falados. A influência dos bantos invadiu a cultura brasileira, trazendo sua mitologia,

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culinária, religião além de elementos folclóricos como a congada, recordando a rainha Ginga de Angola; o maracatu de Cambinda Velha; a capoeira e o primitivo samba (semba).

Claro que muitas coisa tidas hoje como folclóricas, são na verdade uma tentativa de reformular nas novas terras uma dinastia desfeita pela escravização como é o caso da formação da corte do Congo (congadas).

Hoje o candomblé abriga em suas lides várias tradições religiosas conhecidas como Nações.

A nação Ketu, que tomou o nome de um dos povos yorubanos, onde a familia Arô reinava, quando da escravização e do tráfico para o Brasil, e que cultua Orixás de várias origens daquele povo, além de diversas divindade de povos que eram seus vizinhos na África e se influenciaram mutuamente tanto na sua terra natal, quando na diáspora. De forte expressão na Bahia e em Pernambuco, através do Xangô do Recife, uma variação religiosa correspondente ao candomblé.

A Naçaõ Jêje, que tomou o nome de um “apelido” que lhe era dado pelos yorubanos. São de origem Ewe Fon, de povos do antigo Daomé, que cultua Voduns, além de divindades comuns com a nação ketu. Teve sua grande expressão na Bahia, através de casas antigas e no Maranhão através do Tambor de Mina, uma organização religiosa corresponde ao candomblé.

A nação chamada Candomblé de Caboclo, que se originou do intercâmbio de ritos fundamentalmente de origem bantu com os ritos e mitos dos nativos brasileiros.

Nação hoje quase extinta, devido ao forte movimento de re-africanização que as religiões afro-brasileiras sofreram a partir da década de 80.

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Entre os grupos que se identificam nas “Nações” acima, temos as variantes que trafegam entre uma e outra, como, por exemplo, os que se identificam como “Nagô-Vodum”.

E a nação Angola/Angola-Congo ou Muxicongo, que tem como base lingüística o kimbundo e cultua Nkisi/Mukixi. Esta com seus ritos fundamentados nas tradições e cosmogonias mantidas a duras penas pelos antepassados bantu, vindos de muitos povos distintos como ngola, cambinda, lunda, makuá, kassange, essange, munjolo, rebolo, angico, e povos menores originários da contra-costa, além, é claro, da influencia de outros povos africanos, como os yorubás e ewe fom, formando assim tradições diferente, dentro do prórpio grupo conhecido como Candomblé de Angola, como Tumba Nsi, Tumba Junsara. Bate-Folha, Angolão, Angola Paketá, Kassange, Angola da Mariquinha e Goméia (que apesar de forte influencia yorubana, se identificava como angoleiro e seu fundador, o Sr. Joazinho da Goméia, foi considerado por muitos como o Rei do Candomblé no Rio de Janeiro).

Ainda temos o Omolocô, uma tradição afro-brasileira antiga e respeitada, que em muitas casas está mais próximo das tradições yorubanas/daomeanas e em outras das tradições

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de origem bantu

Devemos entender estas “nações” em momentos históricos próprios e que todas se influenciaram entre si. Em alguns lugares, como no Maranhão, temos casas que foram fundadas por africanas canbindas e daomeanas, embora, por algum motivo prevaleceram as tradições daomeanas e em outros casos as tradições yorubanas, embora, em qualquer “Nação”, sempre exista elementos, deste ou daquele povo, que em muitos casos são mantidos por tradição e respeito aos antepassados, embora se conheça as diferentes origens. E, em alguns casos, os seus praticantes não têm o mínimo de consciência das origens diversificadas, identificando somente como tradições africana, fazendo assim uma leitura “unificada e unificadora” de um continente tão diverso, como o Africano.

Pelos registros temos como o primeiro sacerdote iniciado no Brasil, de origem bantu, que mais tarde seria conhecida como Nação Angola-Congo, o Sr. Roberto Barros Reis, que foi o Iniciador da Sra. Maria Genoveva do Bonfim, conhecida como Maria Neném. A Sra. Maria Neném tinha o nome iniciático de Twenda Nzambi e Fundou uma casa de candomblé que chefiou até 1945.

De suas mãos saíram Manoel Ciriaco de Jesus, Tata Nludiamugongo, que teve casa de candomblé no Engenho Velho e depois assumiu a terreno da Ladeira da Vila América (ou Alto do Corrupio), que era do Sr. Manoel Kambambi, filho do Nkisi Nkosi. Foi Tata Ciriaco que formou a grande família hoje conhecida como Tumba Junsara, deixando a casa nas mãos de sua filha de santo e sobrinha de Tata Manoel Kambambi, Mam'etu Deré Lubdi, grande sacerdotisa. Hoje a casa é chefiada pela Nengua ria Nkisi/Mukixi Sra. Iraildes Maria de Jesus, filha do Nkisi Kindembo (Tempo), onde se celabra uma grande festa todos os anos no final de semana mais próximo ao dia 10 de agosto. Da raiz Tumba Junsara se espalharam várias casas em todo Brasil e no exterior.

Também das mãos de sacerdotisa Twenda Nzambi (Maria Neném) saiu o Sr. Manoel Bernardino, fundador da casa de Angola-Congo Bate Folha, na Mata escura, que também gerou um enormidade de filhos e casas que seguem esta tradição em todo o país e em vários país estrangeiros.

Além, é claro, de várias outras casas e famílias, que de acordo com os estudos e com os mais velhos são todos descendentes da sacerdotisa Maria Neném, pois foi ela que fundou a primeira casa de Candomblé de Angola – Muxicongo.

Embora, cada família se identifique como Angola-Congo, Angola Muxicongo, etc., existem tradições diferenciadas. Algumas cultuam um nkisi/mukixi que não é cultuado por outras. Algumas tem festas que não são realizadas por outras, mas a essência é a mesma: Nzambi Mpungu ou Suka Kalunga (um dos seus muitos nomes), que mora na Sanzala Kasembe Diá Nazambi (Aldeia encantada de Deus)/Duilo (céu), é o Deus Supremo e criador de todas as coisas. Quando do seu movimento de expansão e de criação, gerou o universo e consequentemente o planeta terra, que foi gerado pela energia e criação dos Nkisis/Mukixis que se manifestam nas diferentes partes da natureza e também regem a natureza humana. Através do culto aos Nkisi/Mukisi, já que Nzambi, está acima de qualquer forma existencial e de qualquer representação e culto, pois é completo em si mesmo, o ser humano consegue o equilíbrio e ascende espiritualmente como iniciado, até que chegue o momento de ir morar nas Aldeias dos

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Antepassados, onde se mantém vivo. Onde os campos são verdes e os rebanhos fartos. Onde são felizes e mantém o intercâmbio com os mundo dos humanos, que é sua continuidade. Os antepassados, também, são respeitados e invocados como intercessores e intermediários entre os seres humanos e Nzambi. A eles são devidos todo o respeito e todo ação de culto dentro de uma nzo (casa), que deve sempre iniciar com a invocação e homenagens aos antepassados.

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Francisco Ngunz'talawww.multiculturas.com/[email protected] • (61) 8124.0946

Fontes:http://www.emtursa.ba.gov.br/http://www.geocities.com/kimbundohp/

ABRANCHES, Dunshee de – O Cativeiro, Documentos Maranhenses, São Luís, 1992. Ed. Alumar Cultura

BERKENBROCK, Volney J. – A Experiência dos Orixás, Um estudo sobre a experiência religiosa no candomblé. Editora Vozes, Petrópolis, 1998.

CARNEIRO, Edson – Religiões Negras – Negros Bantos, 2ª edição. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1981.

CAROSO, Carlos & BACELAR, Jeferson (Organizadores) – Faces da Tradição Afro-Brasileira, Editoras Pallas, CEAO, CNPq. Salvador Bahia/Rio de Janeiro, 1999.

HOLANDA, Sérgio Buarque de – Raizes do Brasil, 21ª edição, Coleção Documentos Brasileiros, Volume 1, Editora J.O., Rio de Janeiro 1989.

Àbíkú (nascer-morrer)

Só mesmo um grande mestre como Pierre Verger para nos tirar da ignorância sobre este tema, através da sua pesquisa e coragem, cujo legado será eterno.

Se uma mulher, em país yorubá dá à luz uma série de crianças natimortas ou mortas em baixa idade, a tradição reza que não se trata da vinda ao mundo de várias crianças diferentes, mas de diversas aparições do mesmo ser (para eles, maléfico) chamado àbíkú (nascer-morrer) que se julga vir ao mundo por um breve momento para voltar ao país dos mortos, órun (o céu), várias vezes.

Ele passa assim seu tempo a ir e voltar do céu para o mundo sem jamais permanecer aqui por muito tempo, para grande desespero de seus pais, desejos de ter os filhos vivos.

Essa crença se encontra entre os Akan, onde a mãe é chamada awomawu (ela bota os filhos no mundo para a morte). Os ibo chamam os abikú de ogbanje, os hauças de

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danwabi e os fanti, kossamah.

Encontramos informações a respeito dos abikú em oito itans (histórias) de ifá, sistema de adivinhação doa yorubá, classificados nos 256 odu (sinais de ifá). Essas histórias mostram que os abikú formam sociedades no egbá órun (céu), presididas por iyàjansà (a mãe-se-bate-e-corre) para os meninos e olókó (chefe da reunião) para as meninas, mas é Aláwaiyé (Rei de Awaiyé) que as levou ao mundo pela 1ª vez na sua cidade de Awayié. Lá se encontra a floresta sagrada dos abikú, aonde os pais de abikú vão fazer oferendas para que eles fiquem no mundo.

Quando eles vem do céu para a terra, os abikú passam os limites do céu diante do guardião da porta, oníbodé órun, seus companheiros vão com ele até o local onde eles se dizem até logo. Os que partem declaram o tempo que vão ficar no mundo e o que farão. Se prometem a seus companheiros que não ficarão ausentes, essas, crianças apesar de todo os esforços de seus pais, retornarão, para encontrar seus amigos no céu.

Os abikú podem ficar no mundo por períodos mais ou menos longos. Um abikú menina chamada "A-morte-os-puniu" declara diante de oníbodé órun que nada do que os seus pais façam será capaz de retê-la no mundo, nem presentes nem dinheiro, nem roupas que lhes ofereçam, nem todas as cosias que eles gostariam de fazer por ela atrairiam os seus olhares nem lhe agradariam.

Um abikú menino, chamado ilere, diz que recusará todo alimento e todas as coisas que lhe queiram dar no mundo. Ele aceitará tudo isto no céu.

Quando Aláwaiyé levou duzentos e oitenta abikú ao mundo pela primeira vez, cada um deles tinha declarado, ao passar a barreira do céu, o tempo que iria ficar no mundo. Um deles se propunha a voltar ao céu assim que tivesse visto sua mãe; um outro, iria esperar até o dia em que seus pais decidissem que ele casasse; um outro, que retornaria ao céu, quando seus pais concebessem um novo filho, um ainda não esperaria mais do que o dia em que começasse a andar.

Outros prometem à iyàjanjasà, que está chefiando a sua sociedade no céu, respectivamente, ficar no mundo sete dias, ou até o momento em que começasse a andar ou quando ele começasse a se arrastar pelo chão, ou quando começasse a ter dentes ou ficar em pé.

Nossas histórias de ifá nos dizem que oferendas feitas com conhecimento de causa são capazes de reter no mundo esses abikú e de lhes fazer esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de suas idas e vindas constantes entre o céu e a terra, porque, uma vez que o tempo marcado para a volta já tenha passado, seus companheiros se arriscam a perder o poder sobre eles.

É assim que nessas quatro histórias encontramos oferendas que comportam um tronco de bananeira acompanhado de diversas outras coisas. Um só dos casos narrados, o terceiro, explica a razão dessas oferendas:

"Um caçador que estava à espreita, no cruzamento dos caminhos dos abikú, escutou quais eram as promessas feitas por três abikú quanto à época do seu retorno ao céu."

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"Um deles promete que deixará o mundo assim, que o fogo utilizado por sua mãe, para preparar sua papa de legumes, se apague por falta de combustível. O segundo esperará que o pano que sua mãe utilizar, para carregá-lo nas costas se rasgue. A terceira esperará, para morrer, o dia em que seus pais lhe digam que é tempo de ele se casar e ir morar com seu esposo."

"O caçador vai visitar as três mães no momento em que elas estão dando à luz a seus filhos abikú e aconselha à primeira que não deixe se queimar inteiramente a lenha sob o pote que cozinha os legumes que ela prepara para seu filho; à segunda que não deixe se rasgar o pano que ela usar para carregar seu filho nas costas, que utilize um pano de qualidade diferente; ele recomenda, enfim à terceira, de não especificar, quando chegar a hora, qual será o dia em que sua filha deverá ir para a casa do seu marido."

As três mães vão, então consultar a sorte, ifá, que lhes recomenda que façam respectivamente as oferendas de um tronco de bananeira, de uma cabra e de um galo, impedindo, por meio deste subterfúgio, que os três abikú possam manter seu compromisso. Porque, se a primeira instala um tronco de bananeira no fogo, destinado a cozinhar a papa do seu filho, antes que ele se apague, o tronco de bananeira, cheio de seiva e esponjoso, não pode queimar, e o abikú, vendo uma acha de lenha não consumido pelo fogo, diz que o momento da sua partida ainda não é chegado. A pele de cabra oferecida pela segunda mãe serve para reforçar o pano que ela usa para levar seu filho nas costas; a criança abikú não vai achar nunca que esse pano se rasgou e não vai poder manter sua promessa. Não se sabe bem o porque do oferecimento de um galo, mas a história conta que quando chegou a hora de dizer à filha já uma moça, que ela deveria ir para casa do seu marido, os pais não lhe disseram nada e a enviaram bruscamente para a casa dele.

Nossos três abikú não podem mais manter a promessa que fizeram, porque as circunstâncias que devem anunciar sua partida não se realizaram tais como eles tinham previsto na sua declaração diante de oníbodé órun. Estes três abikú não vão mais morrer. Eles seguiram um outro caminho.

Comentamos esta história com alguns detalhes porque ilustra bem o mecanismo das oferendas e de sua função. Não é o seu lado anedolíco (de lenda) que nos interessa aqui, mas a tentativa de demonstração de que em país yorubá, a sorte (destino) pode ser modificada, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos.

Entre as oferendas que os retêm aqui, na terra, figuram, em primeiro plano, as plantas litúrgicas. Cinco delas são citadas nestas histórias:- Abíríkolo (crotalaria lachnophera, papilolionacaae)- Agídímagbayin (não identificada)- Ídí (terminalia ivorensis, combretacae)- Ijá àgborin (não identificada)- Lara pupa (ricinus communis - mamona vermelha)

Ainda mais duas plantas são frequentemente utilizadas para reter os abikú e que não figuram nessas histórias:- Olobutoje (jatropha curcas, euphorbiaceae)- Òpá eméré (waltheria americana, sterculiaceae)

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A oferta dessas folhas constitui uma espécie de mensagem e é acompanhada por ofó (encantamentos).

Em país yorubá, os pais, para proteger seus filhos abikú e tentar retê-los no mundo, podem se dedicar a certas práticas, tais como fazer pequenas incisões nas juntas da criança e aí esfregar atin (um pó preto feito com ossum, favas e folhas litúrgicas para esse fim) ou ainda ligar à cintura da criança um ondè, talismã feito desse mesmo pó negro, contido num saquinho de couro.

A ação protetora buscada nas folhas, expressa nas fórmulas de encantamento, é introduzida no corpo da criança por pequenas incisões e fricções, e a parte do pó preto, contida no saquinho do ondé, representa uma mensagem não verbal, uma espécie de apoio material e permanente da mensagem dirigida pelos elementos protetores contra os elementos hostis, sendo essa forma de expressão menos efêmera do que a palavra.

Em uma outra história, são feitas alusões aos xaorôs, anéis providos de guizos, usados nos tornozelos pelas crianças abikú , para afastar os companheiros que tentam vir buscá-los no mundo e lembrar-lhes suas promessas. De fato seus companheiros não aceitam assim tão facilmente a falta de palavra dos abikú, retidos no mundo pelas oferendas, encantamentos e talismãs preparados pelos pais, de acordo com o conselho dos babalaôs. Nem sempre essas precauções e oferendas são suficientes para reter as crianças abikú sobre a terra. Iyájanjàsa é muitas vezes mais forte. Ela não deixa agir o que as pessoas fazem para os reter e porá tudo a perder o que as pessoas tiverem preparado. Contra os abikú não há remédios. Yiájanjàsá os atrairá à força para o céu. Os corpos dos abikú que morrem assim, são frequentemente mutilados. A fim de que, dizem, eles percam seus atrativos e seus companheiros no céu não queiram brincar com eles sobretudo para que o espírito do abikú, maltratado deste modo, não deseje mais vir ao mundo.

Essas criança abikú recebem no seu nascimento, nomes particulares. Alguns desses nomes são acompanhados de saudações tradicionais. Eles podem ser classificados: quer nomes que estabeleçam sua condição de abikú; quer nomes que lhes aconselham ou lhe suplicam que permaneçam no mundo; quer em indicações de que as condições para que o abikú volte não são favoráveis; quer em promessas de bom tratamento, caso eles fiquem no mundo. A frequência com que se encontra, em país yorubá, esses nomes em adultos ou velhinhos que gozam de boa saúde, mostra que muitos abikú ficam no mundo graças, pensam as almas piedosas, a todas essas precauções, à ação de Òrúnmìlà, e à intervenção dos babalaôs.

Alguns nomes dados aos ABIKÚ:

Aiyédùn - a vida é doceAiyélagbe - Nós ficamos no mundoAkúji - O que está morto, despertaBánjókó - Senta-se comigoDúrójaiyé - Fica para gozar a vidaDúróoríìke - Fica, tu serás mimadaÈbèlokú - Suplica para que fiqueIlètán - A terra acabou (não há mais terra para enterra-lo)Kòjékú - Não consinta em morrer

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Kòkúmó - não morra maisKúmápáyìí - A morte não leva este daquiOmotúndé - A criança voltouTìjúikú - Envergonhado da morte (não deixa a morte te matar)

ITANS de IFÁ

- É preciso cuidar dos Abikú, senão eles voltam para o céu- Oferendas podem reter Abikú no mundo- Subterfúgios para reter os Abikú no mundo- Mosetán fica no mundo- Olóìkó é o chefe da sociedade dos Abikú- Asejéjejaiyé fica no mundo na décima sexta vez que ele vem- Os Abikú chegam pela primeira vez em Awaiyé- Íyájanjàsá não deixa os Abikú ficar no mundo

Estes itens completos são descritos numa edição da revista Afro-Ásia, 14 - 1983, sob o título (A Sociedade Egbé Òrun dos Àbíkú, as crianças nascem para morrer várias vezes)

As cerimônias para os abikú parecem ser pouco frequentes entre os yorubás, a única assistida por Pierre Verger, a cerimônia foi feita pela tanyinnon encarregada do culto aos deuses protetores de uma família tradicional do bairro Houéta. Num canto da peça principal, oito estatuetas de madeira com 20 centímetros de altura e eram colocadas sobre uma banqueta de barro.

Todos vestidos de panos da mesma qualidade, mostrando pela uniformidade de suas vestimentas, pertencer a uma mesma sociedade (egbé). Seis destas estatuetas representam ábíkús e as outras duas ibeji. As oferendas consistiam de oká (pasta de inhame) obèlá (espécie de caruru) èkuru (feijão moído e cozido nas folhas) eran dindi, eja dindin (carne e peixe fritos) que, depois da prece da tanyionnon e da oferenda de parte desta comida às estatuetas, foram distribuídas pela assistência. Uma sacerdotisa de Obatalá assistiu à cerimônia sublinhando as ligações que existem entre o orixá da criação, as pessoas de corpos mal formados, corcundas, alijados, albinos e aqueles cujo nascimento é anormal (àbíkú e ibeji).

Portanto ao contrário que muitos falam, nada tem a ver com a criança que já nasce "feita" no santo.

Considerações do autor nos tempos de hoje

O legado dos antigos pelas suas crenças, histórias e ritos da sua prática religiosa e cultural, se adaptam e se aplicam em qualquer tempo, através da sua sabedoria, com muita propriedade.

Em seu tempo, não há referências ao aborto, mas ao contrário, o esforço pela manutenção da vida, inclusive em quantidade. Pela prática divinatória através do jogo de búzios, nos dias de hoje identificamos muitos desses abikús , que percebemos em uma segunda instância, muitos são "criados", passam a existir por ingerência do ser

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humano através do aborto, é até simples de entender e ver por uma ótica e lógica astral/espiritual a qual simplesmente não podemos deletá-la da nossa mente e inteligência, ou na pior das hipóteses; ignorá-la: No instante em que o óvulo é fecundado pelo espermatozóide, esta nova matéria existente já é provida de alma e espírito, que os cristãos chamam de "anjo da guarda" e os yorubanos de "orixá" (guardião da cabeça), este fenômeno consta na teologia Yorubana, na lenda de Ajálá, que será comentada.

Quando da execução do aborto propriamente dito, o ser humano supostamente, exerce o "seu direito" de eliminar aquele ser; mas somente a parte material, o corpo, por ele criado através do ato sexual de procriação, matando de forma definitiva o feto. Mas e o que por ele não foi criado, alma e espírito, onde fica, para onde vai? Esta análise via de regra não é feita ou levada em consideração, acaso haverá consequencias? Seríssimas, que aqui descrevemos com muita convicção, pautado nas mais diversas constatações através dos consulentes, por mais de duas décadas, dos sintomas pós aborto, a presença daquela "figura" que aparece de uma forma genética, oriunda de gerações passadas, os que são provocados e voltam ainda na mesma geração, e os que voltarão em nossos descendentes, e da forma mais imprevisível possível. A grande maioria de seres que nascem com deformidades, doenças graves, mortes prematuras... tem grandes possibilidades de serem abikús fabricados pelo homem.

Nos dias de hoje, quando morre uma criança ainda nova, há muita possibilidade de ser um abikú que está voltando ao "céu", bem como persiste a probabilidade de voltar em um próximo filho, ainda na mesma geração ou na próxima; quando uma criança fica muito doente e corre risco de vida, pode averiguar na família se já há caso de aborto ou morte prematura, é bem possível.

As reações, mais da mãe que do pai, em caso de aborto, porque muitas vezes o pai não fica sabendo e não participa da decisão, na sua vida, no seu dia a dia são sintomáticas: desequilíbrio generalizado, na vida pessoal, no trabalho, em casa, nos estudos, nada dá certo, nada vai bem, angustia, depressão, pessimismo, falta de ânimo, aparentemente tudo deveria estar bem, mas as coisas não "vão"; É a influência daquele "ser", que contrariando as leis da natureza foi "fisicamente" eliminado, o qual fica gravitando num outro plano próximo aos pais, afetando suas vidas com estes sintomas.

Até mesmo por uma questão de justiça, não poderá um abikú que foi "gerado" por uma família, aparecer em outra, que nada tem a ver com o ato irresponsável de outros, e percebemos que uma criança que já nasce deformada de alguma forma, ou uma doença grave com morte, quem sofre realmente na sua plenitude são os pais, porque a dor interna é maior que a dor física, a criança já nasceu daquela forma, para ela que não sentiu e não sabe ser saudável, não percebe e não imagina como se sente alguém normal, portanto a sua dor ou problemas, para si é normal.

Esta situação pode e deve ser tratada no seu campo espiritual, os antigos nos legaram instrumentos dentro da religião yorubá, para fazê-lo, através de ebós e oferendas específicas, que se vale do mesmo princípio aplicado nos países yorubanos, quer seja: "enganar" os abikús; Muito se pode melhorar e modificar, evidente que em alguns casos é irreversível após o nascimento, mas se detectado ou informado o babalorixá ou yialorixá competente, pelo que foi descrito, a mãe que poderia vir a ter um filho abikú, por meio desses ebós e oferendas pode-se evitar a vinda de um ser deformado ou com

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problemas sérios, que na realidade, nada mais é que um "retorno sob forma de castigo" de atos nossos ou de gerações passadas, de um processo que nunca foi tratado ou interrompido.

Desta forma vê-se que o aborto é uma situação que transcende a ingerência das pessoas, pois é algo ligado diretamente à natureza, e consequentemente ao Seu Criador, modifica-se ou escapa da lei dos homens, mas não à Divina. Este é um fato porque nenhuma religião da terra permite o aborto.

As Ervas dos Orixás

As ervas detém grande quantidade de Axé (Energia mágico-universal, sagrada) quem bem combinadas entre si, detém forte poder de limpeza da aura e produzem energia positiva.

Um banho, com o Axé das ervas dos Orixá do Candomblé, age sobre a aura eliminando energias negativas, produzindo energias positivas.

Um banho de ervas reúne as ervas adequadas a cada caso, agindo diretamente sobre esses distúrbios, eliminando os sintomas provocados pelo acúmulo de energias negativas.

Ervas indicadas para preparar um banho

Esta relação, são as ervas mais utilizadas, e que são encontradas para uso, estão com a nomeclatura popular, científica, yorubana e para que orixás se destinam, ou são usadas.

- Babosa - aloe vera - exú - (ipòlerin, ipè erin)- Melão são caetano-momordica charantia(oxumare,nanã)-èjìnrìn, wéwé- Saião/Folha da costa- kalanchoe brasiliensis (oxala) - òdundún, elétí- Erva de santa luzia - pistia stratoides (stratiotes) (osun) - ójuóró- Nenúfar/lótus - nymphaea (lótus) alba (osun) - òsíbàtà- Pimentinha dágua/Jambu - spilanthes acmella (filicaulis) (osun) - éurépepe, awere pepe, ewerepèpè- Akòko - newbouldia laevis (osayn)- São gonçalinho - cassiaria sylvestris (ogum, oxossi) - alékèsì- Sete sangrias - cuphea balsamona (obaluaie) - àmù- Tapete de oxala(boldo) - peltodon tormentosa (oxala) - ewé bàbá- Bete cheiroso - piper eucalyptifolium (oxala) - ewé boyi- Goiabeira - psidium goiava (oxossi, ogun) - àtòrì, gúábà- Mamona - ricinus communis (exu, ossain) - lárà funfun, ewé lará- Mamona vermelha - ricinus sanguneus (làrá pupa) - exu, ossain

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- Peregun - dracaena fragans (ogun, oyá) - pèrègún- Alumon - vernonia bahiensis (amugdalina)(ogun) - ewúro jíje- Carqueja - borreria captata (oxosi) - kànérì- Umbauba/embaúba - cecropia palmata (agbaó/agbamoda) -nanã, xangô, oyá (vermelha)- Perpetua - alternanthera phylloxeroides (seu) - èkèlegbárá- Gameleira branca - ficus maxima (tempo, sango) - ìrokó- Canela de velho - molonia albicans (obalu)- Macassá - tanacetum vulgaris - oxum, oxalá- Melissa - melissa oficinalis - oxum- Kitoko - pluchea quitoco (obalu ) xango- Para raio/cinamomo - melia azeoarach - oyá - ekéòyìnbó- Beti branco/agua de alevante - renealmia occidentalis sweet - kaia, oxalá- Alfavaca(erva doce) - ocimum guineensis - oxalá - efínrín èrùyánntefé- Folha da fortuna - bryophylum (eru oridundun, àbá modá)- exu- Espada de yansã - rhoeo - oyá (ewé mesán)- Aroeira branca - litrhea - ogum- Poejo -mentha sp - (olátoríje)- Erva prata- Picão - elésin máso- Patchouli - (ewé legbá) exu- Anis - clausena anisata -oyá (agbásá, àtàpàrí òbúko)- Aroeira - schinus sp - ogum- Alecrim - rosmarinus officinais -oxossi - (sawéwé)- Araça - psidium sp - oxossi - (gúrófá)- Guiné - petiveria alliacea (ojusaju) - oxossi- Louro - laurus nobilis - (ewe asá) ossain- Macela- Língua de vaca - rumex sp (enuum malu) - obá, oyá- Alevante - menta sp - (olátoríje)ogum/exu- Amoreira - rubus sp(morus celsa) - egun, oyá- Dormideira - mimosa púdica (owérénjèjé, pamámó àlùro- caxixi) - oxumare- Pata de vaca - bauhinia forficata- Colônia/lírio de brejo - hedychium coronarium (toto) - oxalá- Jibóia - jokónije- Canfora- Alfazema - ewe danda - oxum- Algas marinhas - fucus - (ewe kaiá) - yemanjá.

Fórmula preparada com a Babosa

Indicada principalmente no tratamento de câncer, muito usada também para infecções e inflamações.

INGREDIENTES0,5 Kg de mel de abelha; 2 folhas (se grandes) ou três de babosa (aloe vera); 3 a 4 colheres de araq, ou whisky, ou conhaque, ou cachaça, ou tequila.

PREPARO

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Cortar espinhos bem de leve das folhas; Colocar tudo dentro do liquidificador; Bater bem.

USOAntes de tomar, agitar o frasco; 1 colher de sopa, sempre antes das refeições (uma de manhã, uma meio dia, uma noite), uns 15 minutos antes é suficiente. Quanto mais em jejum melhor. Fórmula para 10 dias; Repetir + 2 vezes com intervalo de 21 dias.

Ervas indicadas para preparar um banho

Saião, conhecida como "folha gorda", São gonçalinho, Tapete de Oxalá ((boldo), Bete cheiroso, Goiabeira, Peregun (conhecido como pau dágua, é ideal que tenha em qualquer tipo de banho), Carqueja, Umbauba/embaúba, Macassá (excelente p/banho), Melissa, Kitoko, Beti branco, Alfavaca, erva doce, folha da fortuna, Erva prata, Patchouli, Anis, Alecrim, Araça, Guiné, Louro, Macela, Língua de vaca, Alevante, Amoreira, Pata de vaca, Colônia/lírio de brejo, Jibóia, Canfora, Alfazema.

Candomblé não é Umbanda

Elucidar de uma forma definitiva a diferença entre Candomblé e Umbanda, é um dos meus grandes objetivos com esta obra, pois a frase mais comum que ouvimos como candomblecista, após uma explanação mesmo que resumida é que: eu achava que tudo era a mesma "coisa". O que primeiro respondo quando me perguntam sobre a diferença entre Candomblé e Umbanda, é que: não há semelhança, esta eu considero a melhor resposta, pois é o fato, não há a menor semelhança. A começar pelas origens, o Candomblé é uma religião africana que existe desde os tempos mais remotos daquele continente, que é o berço da terra, de forma que se funde sua origem com os primeiros contatos de pessoas que lá chegaram, existem citações na teologia africana que Odudúwa era Nimrod, o conquistador caldeu primo de Abraão e neto de Caim, que foi designado por Olodumarè para levar a remissão e a palavra de Olurún (Deus) aos filhos de Caim que, amaldiçoados, viviam na África. Este fato data de 1850 A.C., sendo que Caim pode ter vivido entre 2100 a 2300 A.C. - Oranian , neto de Odudúwa , viveu em 1500 e seu filho Xangô por volta de 1400. As coincidências existentes nos rituais africanos, como a Kaballah hebraica, são imensas, e vem provar a tese da estreita ligação entre Abraão, pai dos semitas, e Odudúwa, (Nimrod) pai dos africanos. Isso pode ser constatado no relacionamento existente entre o símbolo de um elemental africano chamado Dan a serpente, e uma das 12 tribos de Israel, cujo nome é Dan, e seu símbolo, a serpente telúrica. Citação que faremos adiante na Teologia Yorubana que fala da criação da terra. De uma forma básica, no Candomblé não existem "incorporações" de espíritos, pois os orixás, de quem sentimos força e vibrações, são energias puras da natureza, que não passaram pela vida, ou seja não são "entidades", mas elementais puros da natureza, criados por Olorún. No Candomblé a consulta é feita através da leitura esotérico/divinatória do jogo de búzios (no Brasil), forma de leitura exclusiva do povo candomblecista, que trataremos em capítulo próprio, e o tratamento

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para cada caso, é feito com elementos da natureza, oriundos dos reinos vegetal, animal e mineral, através e ebós, oferendas, Orôs (rezas) e rituais africanos. A Umbanda por sua vez, sem qualquer demérito a quem a pratica, pois se levada de uma forma séria e consciente tem seu mérito, valor e aplicação, é uma religião brasileira, que advém do sincretismo católico-feitichista, necessário em uma época de grande repressão das religiões africanas, em que era proibido o culto dos orixás na sua forma de origem, e esta adaptação se fez necessária, a partir desta premissa, a Umbanda começou tomar corpo, com algum conhecimento de alguns africanos no trato com seus ancestrais, que era comum a "incorporação" de algum ente falecido, por um elégún (aquele que é montado por) por motivos familiares. É muito comum nos dias de hoje, Ilês que praticam Candomblé e Umbanda, porém em dias, horários e formas diferenciados, mas é uma atitude não compactuada, bem como a utilização do sincretismo com os santos católicos, pelas tradicionais Casas de Candomblé cujas raízes foram plantadas no Nordeste do país, mais precisamente em Pernambuco e na Bahia. A Umbanda por sua vez, a consulta é feita através de um médium "incorporado" , e os "trabalhos" pelo espírito ali incorporado com seus elementos rituais.

A verdade a qualquer custo - Doa a quem doer

Umbanda é deste século, e utiliza os orixás do Candomblé, sob outra forma e outro aspecto, em especial, vou me ater a figura de Exú. Na sua qualidade de ser ambivalente, positivo e negativo, bem e mal, de uma forma definitiva, esta situação de bem e mal, também está associado à todos os seres humanos, e nem por isso, somos o diabo, ninguém é totalmente bom, 24 horas por dia, 360 dias por ano, a sua vinda inteira; o inverso também é verdadeiro, convivemos com o bem e o mal, porém Exú, na sua condição, só fará alguma coisa, se e somente se, for mandado, portanto quem faz o mal na realidade é quem pede, e que pela própria lei da natureza, pagará, pois segundo a lei mais certa que existe, a lei do retorno - "Toda ação gera uma reação, com a mesma intensidade, em sentido contrário", quer dizer, tudo que vai, volta, a experiência nos comprova isto, e geralmente, da forma que mais dói, no bolso ou na saúde (tarda mas não falha); isso posto, em quem está a maldade? Sem mandante, ela simplesmente não existiria, e, mais uma vez EXÚ PAGA O PATO. Em mais de vinte anos de pesquisa, e não foi pouca, as maiores e melhores obras, dos maiores e melhores autores, sobre religiões africanas, sejam brasileiros, ingleses, franceses, africanos, babalorixás, antropólogos, babalaôs, nunca li nada que se referisse à exú mulher, ao contrário, sua forma é fálica (forma de pênis), sempre no sentido de elemento fecundador, fertilizador e nunca elemento fecundado, nunca houve qualquer simbolismo ou ligação com uma "vagina", em sua ambivalência, assume situações duplas, mas nunca, macho e fêmea. Tudo se inicia, com a palavra bombogira, que é o nome dado à Exú macho por excelência na nação de Angola, uma corruptela desta palavra, utilizada somente pela Umbanda, gerou a expressão "pombogira", como forma de um exú mulher, em cuja manifestação, a pessoa, seja homem (homem?) ou mulher, assume uma atitude sensual, atrevida e em alguns lugares, sob esta manifestação, a prática do ato sexual em si; é muito comum, se a mulher tem vontade, libido forte ou até mesmo por necessidade (a prostituição), é porque uma pombagira está "encostada", o que seria uma situação normal, natural; A POMBA GIRA PAGA O PATO. Qualquer incorporação, deste gênero, que se fale com as pessoas, beba ou fume em público, não é Candomblé, é umbanda; a única manifestação "semelhante" no Candomblé, é a figura do Erè, que, assim como o orixá, é um elemental da natureza, com uma conduta infantilizada, e que

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nunca passou pela vida, portanto não é um egun (espírito de morto), tem função específica, uma delas, se comunicar pelo orixá, justamente pelo fato de que ele não fala, que nos referimos como "estado de erê", tal pessoa está com, ou de, erê. A incorporação, eu imagino, vem de necessidade do ser humano (que é incrédulo por natureza), de crer e confiar, para crer, tem que "ver" algo, no caso o espírito manifestado, falar com ele, ouvir coisas que confirmem ser real ( o que muitas vezes acontece), e para confiar, o consultor não poderá se "lembrar" do que ouviu, como confidência, ou segredo, pois em várias situações, estão envolvidos, conversas e pedidos escusos, se utilizando assim da "inconsciência" relatada nas religiões africanas, a qual também a coloco, em outro capítulo da forma como a vejo e sinto. Falo muita propriedade e experiência, pela vivência de muitos anos no meio, o objetivo não é em momento algum, desmascarar quem quer que seja, muito menos denegrir, desmerecer ou tirar o valor da Umbanda, pelo contrário, bem praticada e bem conduzida, tem enorme valor e função social na comunidade, quer seja: na solução de problemas de saúde, família, trabalho, amor... Existe forte vibração de uma energia, no ato da "incorporação", variando muito de pessoa para pessoa, em muitos casos, com real valor e força, porém, a inconsciência total ... o único objetivo é a realidade, que é benéfica para todos nós, a medida em que nada temos que esconder.

 Versão para Impressão

É uma Religião?

"Os deuses não nos revelaram desde o princípio todas as coisas, mas, com tempo, se buscarmos, poderemos aprender, conhecê-las melhor. A verdade certa, contudo, ninguém jamais a conheceu nem conhecerá: a dos deuses ou a de todas as outras coisas, mesmo se por acaso alguém pronunciasse o nome da verdade última, não poderia reconhecê-la; neste universo de opiniões." Karl Popper

O CANDOMBLÉ é uma religião dinâmica, ao contrário do imaginação de muitos, pela sua variedade de deuses, é essencialmente monoteísta, crê em um único Deus e criador, Olorún (olo = dono, senhor; orun = céu, espaço celeste sagrado), que criou o céu e a terra, os orixás e o homem. O Orún sua moradia e dos Araorún, todos os ancestres e elementais divinizados; o Aiyé, moradia dos Araiyé, os seres humanos, os animais, vegetais, minerais e toda forma da natureza; os orixás, elementais da natureza por excelência, guardiões e fiscais da mesma, energia indispensável para toda sobrevivência, com função dupla: reger e cuidar da natureza em si e da natureza humana; o homem, objeto maior da sua criação, para de tudo usufruir dentro dos critérios do seu Criador. A teologia yorubana, só faz referência ao Orún e Aiyé , em momento algum, em qualquer circunstância, sobre as palavras - inferno e pecado - as leis, a lógica, o bom senso e os ensinamentos permeiam a conduta das pessoas, e, mesmo porque são termos posteriores à criação do homem pela teologia yorubana. No candomblé nada se inventa, tudo se aprende, o saber e o conhecimento só vem com o tempo, ensinamento, humildade, axé, merecimento e compreensão; a sua prática tende a se adaptar, pelo crescimento e modernidade do mundo, professando a sua religião

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através dos seus ritos, cada vez mais, confinados no seu Ilê Axé (casa de candomblé); muita coisa mudou, as leis ambientais, que fixa como crime, "sujar" a natureza, não sendo mais permitido os ebós, oferendas e rituais em matas e cachoeiras, acertadamente a conscientização de se preservá-la, os orixás na sua sabedoria com certeza agradecem e veicularão seu axé, através dos seus elementos símbolos, no interior dos ilês , os beneficiados diretos serão os próprios praticantes, que terão uma natureza mais limpa, saudável e abundante, sendo casa vez mais uma fonte inesgotável de axé. Também cabe uma atenção especial à uma alteração de comportamento, com relação ao uso do obéxirê (navalha), com o advento da AIDS e outras doenças contagiosas (hepatite, dengue, malária ...), nas cerimônias de uso coletivo, com a da Sexta-feira santa, dia de abertura de "curas" nas casas de candomblé, muitas já aderiram ao uso de lâmina descartável, adaptação correta e necessária, é óbvio e evidente que se deve preservar tudo que for possível em prol de uma identidade própria que a religião requer.

"Candomblé é uma Religião primitiva com hábitos primitivos."

ORÚN: O céu, o além, o espaço sobrenatural, o outro mundo, outro plano.

AIYÉ: O mundo, o universo físico concreto.

"Quanto mais aprendemos sobre o mundo, quanto mais aprofundamos nosso conhecimento, mais específico e articuloso será nosso conhecimento do que ignoramos - O conhecimento da nossa ignorância. Essa de fato é a principal fonte da nossa ignorância: o fato de que o nosso conhecimento só pode ser finito mas nossa ignorância deve necessariamente ser infinita."

Um pouco de teologia Yorubana

Numa densa síntese, a história nos informa que nos primórdios existia nada além de ar, Olorún era uma massa infinita de ar; quando começou a mover-se lentamente, a respirar, uma parte do ar transformou-se em massa de água, originado ÒRÌSÀNLÁ, o grande orixá-funfun, orixá do branco.

O ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles mesmos, através de uma interação própria, transformou-se em lama. Dessa lama originou-se uma bolha ou montículo, primeira matéria dotada de forma, um rochedo avermelhado e lamacento. Olorún admirou essa forma e soprou sobre o montículo, insuflando-lhe seu hálito e dando-lhe vida. Essa forma, a 1º dotada de existência individual, um rochedo d laterita, era Exú. Exú é o primeiro nascido da existência, símbolo de elemento procriado. Essa história foi recitada pelo Sr. David Agboola Adeneji, ancião de Iwo, na Nigéria.

A relação entre Olorún, proto-matéria do universo, o hálito - èmí - e o òfurufú , ar divino, com o elemento existencial que dá a vida o èmí é indiscutível. A posição de Orixalá na escala hierárquica e sua relação com o elemento água são igualmente indiscutíveis.

Os mitos revelam que, em épocas remotas, o aiyé e o orún não estavam separados. A existência não se desdobrava em dois níveis e os seres dos dois espaços iam de um lado à outro sem problemas. Os orixás habitavam o aiyé e os seres humanos podiam ir ao

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orún e voltar. Foi depois de uma interdição é que a existência de desdobrou.

ÌTÀN (lenda) da separação AYIE-ORÚN

Havia uma mulher estéril que insistia em ORIXALÁ (divindade mestra da criação dos seres humanos), para que pudesse gerar um filho, diante da insistência ele permitiu com a condição de este filho, jamais pudesse sair do AIYÉ. O garoto ao atingir puberdade, despertou a curiosidade de ir ao Orún, um dia fugiu de casa, ultrapassou os limites do aiyé e entrou em orún gritando e desafiando Orixalá , atravessou os vários espaços que compõe o Orún até chegar em Orixalá. Este irritado lançou seu òpàxòro (cajado) que veio cravar-se em aiyé, separando-o para sempre de orún e entre os dois apareceu o SANMÒ (céu-atmosfera).

Existem nove espaços de orún (quatro deles situados sob a terra).

Um dos nomes mais conhecidos de OYÁ IGBALÉ (igbalé= voltar à terra, aquela que retorna à terra)) patrona dos mortos, é YÁSAN que deriva do seu ORÍKI: IYÁ-MESAN-ÒRUN - Mãe-dos-nove-òrun

É também saudada como Alákòko, senhora do òpákòko, tronco ou ramo da árvore akòko, tronco ritual que liga os nove espaços do orún ao aiyé, e o "assento" consagrado onde serão invocados ao ancestrais.

Lenda do nascimento de alguns Orixás (não reconhecida na Bahia)

OLORÚN (o céu-Deus)OBATALÁ (céu)ODUDÚA (terra)AGANJÚ (a terra firma)YEMANJÁ (as águas)ORUNGAN (o ar)

Orungan, apaixonado-se por Yemanjá, consegue violá-la, esta foge perseguida pelo filho até que morre. Dos seios nascem dois rios que se reúnem e formam um lago, e do ventre nascem os orixás Dadá (deusa dos vegetais), Xangô (deus do trovão), Ogún (ferro e guerra), Olokun (deus do mar), Oloxá (deusa dos lagos), Oyá (deusa do rio Niger), Oxum (deusa do rio Oxum), Oko (deus da agricultura), Oxóssi (deus da caça), Òrun (o sol), Oxú (a lua). Lenda contada por A. B. Ellis.

"Quem não tem Religião ou alguma espiritualidade, tem que carregar sozinho seu fardo, resolver seus problemas astral/espiritual, não tem acesso a nenhuma forma de consulta e atendimento no plano astral, espiritual e religioso."

Fazendo Oferendas

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Comidas de Santo (Orixás)

Padê para ExúFeijão para OgumAmalá para XangôFrutas para OxossiOmolokum para LogunedéAbacate para OssaimSerpente de OxumarêOmolokum para OxumAcarajés para Oyá/IansãMoranga para ObáFarofa para Tempo/IrokoFeijoada para OmolúPipoca para ObaluaiyeManjar para YemanjáEbô para NanãEbô para Oxalá

Importante: Quando for preparar uma "Comida de Santo", deverá fazê-lo vestida (o) de branco ou roupa clara, e deixar sempre uma vela branca acesa ao lado do Fogão.

Escolha um local que possa ficar deitado ou até mesmo ajoelhado de frente para a oferenda; comida de santo; que deverá já estar previamente preparada, colocar no chão na sua frente, acender uma vela branca de 7 dias, ou do seu orixá, colocar sua cabeça de frente, na mesma altura da oferenda de modo que o alto da sua cabeça, sua moleira astral, fique próxima da oferenda, dizendo o seguinte Orô/reza.

a ki corodun, mabosun, maboruna ko fenin, xeras je xeras, ociló, ocidóekoman, ora (dizer o nome do seu orixá) euê

Quando terminar esta reza, converse normalmente com seu orixá/anjo de guarda, fazendo seus pedidos. Após 3 dias, esta oferenda poderá ser "despachada", colocar em saco de lixo, que irá junto com o seu lixo comum.

Obs: Antes das Leis Ambientais, estas oferendas eram "despachadas" em água corrente, normalmente rios ou cachoeiras, porém como passou a ser crime, esta é a nova forma de fazê-lo, colaborando assim com a natureza, que é o próprio orixá.

Oferendas

Padê para Exú

Ingredientes:- 01 pcte. de farinha de milho amarela- 01 vidro de azeite de dendê

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- 01 cebola grande- 01 bife- 03 charutos- 01 caixas de fósforo- 01 garrafa de aguardente- 07 pimentas vermelhas

Modo de preparo: Em um alguidar coloque a farinha de milho e um pouco de dendê, com as mãos faça uma farofa bem fofa sempre mentalizando seu pedido. Corte a cebola em rodelas e refogue ligeiramente no dendê, faça o mesmo com o bife. Cubra o padê com as rodelas de cebola e no centro coloque o bife, enfeite com as sete pimentas. Ofereça a Exú o padê não esquecendo dos charutos e da aguardente.

Feijão para Ogum

Ingredientes:- 500g. de feijão cavalo- 01 cebola- 01 vidro de dendê- 07 camarões grandes

Modo de preparo: Cozinhe o feijão e tempere-o com cebola refogada no dendê, coloque em um alguidar e enfeite com os camarões fritos no dendê. Faça seus pedidos e ofereça a Ogum.

Amalá para Xangô

Ingredientes:- 500gr. de quiabo- 01 rabada cortada em doze pedaços- 01 cebola- 01 vidro de azeite de dendê- 250g. de fubá branco

Modo de preparo: Cozinhe a rabada com cebola e dendê. Em uma panela separada faça um refogado de cebola dendê, separe 12 quiabos e corte o restante em rodelas bem tirinhas,junte a rabada cozida .Com o fubá, faça uma polenta e com ela forre uma gamela, coloque o refogado e enfeite com os 12 quiabos enfiando-os no amalá de cabeça para baixo.

Frutas para Oxossi

Modo de preparo: Em um alguidar ou cesta coloque 7 tipos de frutas bem bonitas (exceto abacaxi, mimosa, limão) enfeite com folhas de goiaba e côco cortado em tirinhas.

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Omolokum para Logunedé

Ingredientes:- 500g. de feijão fradinho- 500g. de milho - 01 cebola- 4 ovos- azeite de oliva

Modo de Preparo: Coloque o feijão fradinho para cozinhar com cebola e azeite de oliva. Em outra panela cozinhe o milho. Depois do feijão fradinho cozido amasse-o bem até formar uma pasta. Em uma travessa coloque o omolokum (massa do feijão fradinho) de maneira que ocupe a metade da travessa e na outra metade coloque o milho cozido, regue com oliva e enfeite o omolokum com os quatro ovos cortados em quatro, e o milho enfeite com côco cortado em tirinhas.

Abacate para Ossaim

Ingredientes:- 01 abacate- 500g. de amendoim- 250g. de açúcar- fumo em corda- 7 folhas de louro

Modo de preparo: Corte o abacate no meio e tire a semente, coloque as duas parte numa travessa com a polpa virada para cima. Numa panela misture o amendoim e o açúcar e mexa até derreter o açúcar, derrame essa mistura sobre o abacate. Enfeite com pedaços de fumo em corda e as 7 folhas de louro.

Serpente de Oxumarê

Ingredientes:- 500g. de batata doce- dendê- Feijão fradinho

Modo de preparo: Depois de cozinhar a batata doce descasque regue com dendê e amasse-a até formar uma massa homogênea. Em um alguidar molde duas serpentes em forma de círculo,sendo que a cauda de uma encontre-se com a cabeça da outra. Com o feijão fradinho forme os olhos e enfeite o restante do corpo com alguns grãos de feijão fradinho (a seu critério), regue com dendê e ofereça ao orixá.

Omolokum para Oxum

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Ingredientes:- 500g. de feijão fradinho- 01 cebola- azeite de oliva- 8 ovos

Modo de preparo: Cozinhe o feijão fradinho com cebola e azeite de oliva, depois de cozido amasse-o bem até formar uma pasta. Coloque um recipiente de louça enfeite com os 8 ovos cozidos cortados em quatro e regue com bastante oliva.

Acarajés para Oyá/Iansã

Ingredientes:- 500g. de feijão fradinho- 500g. de cebola- 01 litro de azeite de dendê

Modo de preparo: Num processador (pode ser num pilão) triture o feijão fradinho, deixe de molho por meia hora e após descasque os feijões coloque o feijão no processador e vá adicionando a cebola cortada em pedaços. Bata até formar uma massa firme. Despeje numa tigela e bata a massa com uma colher de pau até formar bolhas, coloque sal a gosto.Numa frigideira coloque o dendê e deixe esquentar bem, com a colher vá formando os bolinhos e fritando até dourar. Coloque-os num alguidar.

Moranga para Obá

Ingredientes:- 01 moranga - 500g. de camarão limpo- um maço de língua de vaca- 01 cebola- dendê

Modo de preparo: Cozinhe a moranga inteira. Depois de cozida abra um circulo em cima da moranga, tire a tampa e as sementes. Corte a língua de vaca em tiras (como se corta couve), refogue com cebola, dendê e os camarões, coloque o refogado dentro da moranga e ofereça a Obá.

Farofa para Tempo/Iroko

Ingredientes:- 500g. de farinha de mandioca torrada- 01 vidro de mel- 01 pepino

Modo de preparo: Coloque a farinha de mandioca num alguidar, vá colocando o mel e

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com as mãos faça uma farofa , corte o pepino em três partes no sentido longitudinal, coloque as fatias do pepino sobre a farofa de maneira que eles fique em pé, regue com mel.

Feijoada para Omolú

Ingredientes:- 500g. de feijão preto

Ingredientes para feijoada- dendê- 01 cebola- côco

Modo de preparo: Prepare uma feijoada normal, porém tempere-a com cebola e dendê, coloque a feijoada num alguidar e enfeite com côco cortado em tirinhas.

Pipoca para Obaluaiye

Ingredientes:- 300g. de milho pipoca- 01 bisteca de porco- dendê- côco- areia de praia/na falta areia fina de construção peneirada.

Modo de preparo: Em uma panela ou pipoqueira, aqueça bem a areia da praia, coloque o milho pipoca e estoure normalmente, Coloque num alguidar. Frite a bisteca no dendê e coloque sobre a pipoca, enfeite com côco cortado em tirinhas.

Manjar para Yemanjá

Ingredientes:- 250g. de creme de arroz- 01 pescada inteira- azeite de oliva

Modo de preparo: Faça um mingau com o creme de arroz e água e uma pitada de sal. Limpe a pescada e asse-a na oliva. Coloque o mingau numa travessa de louça deixe esfriar e coloque a pescada assada sobre o manjar, regue com oliva.

Ebô para Nanã

Ingredientes:- 500g. de quirerinha branca- 01 côco

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- azeite de oliva

Modo de preparo: Cozinhe a quirerinha com bastante água para que ela fique meio "papa", tempere com oliva, coloque em uma tigela de louça, descasque , rale o côco com ele cubra a quirerinha.

Ebô para Oxalá

Ingredientes:- 500g. de canjica branca- 01 cacho de uva itália (uva branca)- Azeite de oliva.

Modo de preparo: Cozinhe a canjica, coloque numa tigela branca, tempere com oliva mel e um pouco de açúcar, enfeite com o cacho de uva.

Identifique seu Orixá

Não faça ou não deixe de fazer nada por temor, mas por amor ao seu Orixá.

Para que você possa identificar ou confirmar seu Orixá, é preciso que leia com muita atenção este grupo dos conjuntos de características, são 18 ao todo e estão numeradas. Preencha o questionário no qual deverá indicar qual o número da que mais se "encaixa" com você, apesar de haverem algumas características semelhantes entre elas, uma com certeza se destaca. Caso isto realmente não ocorra, relate o que acontece.

Com o conhecimento do seu Orixá, poderá saber algumas coisas básicas, para fortalecê-lo e se relacionar com ele, bem como, seu dia, cores, oferendas...

Muito importante: Algumas pessoas leram apressadamente ou não leram todo grupo dos conjuntos de características (cada Orixá "imprime" ao seu "filho" um estereótipo de caráter e personalidade) o que comprometeu a resposta. Para evitar distorções e um melhor aproveitamento deste trabalho pioneiro, imprima o grupo de características, para que possa ler com calma e atenção, e após, preencher o questionário, que está disponível no final desta página.

Grupo dos conjuntos de característicasLer com muita atenção

1 - Mais comum em pessoas do sexo masculinoAparentemente fechado, altivo, arrogante numa primeira impressão, após lhe conhecerem, as pessoas mudam de idéia. Não medem tempo e esforço para desenvolver um trabalho, desde que haja retorno. Acha que ninguém faz melhor determinadas

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coisas. Em casa quando lhe pedem alguma coisa, em primeira instância pode dizer não, porém deixa passar um tempo e pode aparecer com aquilo pedido como uma surpresa. As vezes desconfia das pessoas num primeiro contato, inexplicavelmente simpatizam com outras num 1º contato, fazendo todo tipo de favores, dando até a roupa do corpo de necessário, e é neste 2º caso que tem os maiores prejuízos. Demorados, disciplinados e meticulosos quando vão fazer alguma coisa de responsabilidade. Responsável, sério, competente, gostam das coisas bem explicadas. As vezes se irritam de forma agressiva, mas para as vias de fato tem uma grande distância. Severo, imperioso, gozador e brincalhão, autoritário, galante, obstinado, maduro, sensual, intelectual, justo, equilibrado, decidido, amoroso. Muitas vezes não sabe cobrar, onde tem dificuldades financeiras apesar da sua capacidade, alguém tem fazer este serviço por ele. Empenhado nos negócios, convencedor, ambicioso, se julga tratar os negócios como ninguém. egocêntrico, mandão, político, indeciso e tímido para iniciar novos caminhos e negócios, mas depois que começa vai bem, líder nato, acha que normalmente não está errado. bom orador, se necessário lida com multidões, tem medo da morte e diante de doenças ficam fragilizados, por vezes é explosivo. Quando apaixonado, procura ser fiel, é ciumento e possessivo. Quando está bem é sexualmente bem ativo, eloqüentes, sociáveis e bom ouvinte, gosta de dar a última palavra, se mostra autoritário, forma e mantém amizades duradouras. Quando estão livres estão envolvidos em novas aventuras, e a paixão atual é a maior e única. Preencher o questionário >

2 - Mais comum em pessoas de sexo masculinoEspírito jovem, romântico, ágil, flexível, inteligente, delicado e volúvel. Aprecia a riqueza e corre atrás do poder, emotivo, nervoso, controlado, calado e paciente para fazer as coisas parecendo ser vagaroso, ora seco e respeitoso, as vezes tem um temperamento violento, impulsivo e briguento. Não perdoam com facilidade as ofensas. Em alguns casos são exigentes no tocante a temperos. São amigos fiéis, ocasionalmente estão envolvidos em disputa, analistas, desconfiados e perceptivos, sabem jogar um "verde", despertam interesse nas mulheres, tem vários relacionamentos sexuais, despertam interesse nas mulheres, não são muito fiéis. Raramente adoecem, tem como principal objetivo vencer na vida, não medindo trabalho e esforço para alcançar seu objetivo. Difícil de mudar de opinião, não gosta de críticas, não gosta de dividir lugar de destaque, gosta de esportes variados , orgulhoso, franco, não gosta de fraquezas dos outros, cuidadoso, metódico e imponente, espiritualista, busca a verdade. Gosta de crianças e família, ciúme mais por orgulho e machismo. Seu sucesso é baseado em seus méritos. Possessivo, vaidoso e briguento por amor. Muito exigente. Não recebe ordens. Veste-se bem. Guerreiro, fiel e atencioso (quando ama), ora tímido, astuto, combativo, indecifrável, solitário, manhoso, difícil de ser tratado, guarda rancor, de difícil perdão, agitado, instável, persuasivo, resignado, não sabe pedir desculpas, obstinado, responsável, simpático, cortes e afável, grande amante, sexualmente potente. Preencher o questionário >

3 - Comum em ambos os sexosFaz muitos planos e conta para os outros, poucos conclui, exteriormente aparentam segurança e auto-suficiência, porém internamente inseguros e carentes, frágeis e volúveis Ansioso, nervoso, agitado, trabalhador ferrenho e dedicado, desprovido de vaidade, ora desleixado com roupa e na atividade sexual, quando sua prioridade é trabalho. Normalmente elege alguém como sua "muleta" a quem tudo conta e se aconselha. É capaz de atos de extrema bondade e inversamente de cobranças extremas por ato de exagero no trato com subalternos, causando dificuldade e desconforto.

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Brigam com facilidade e também perdoam com facilidade, logo em seguida, teimoso, orgulhoso (por teimosia e orgulho é capaz de passar uma vida sem baixar a guarda), motivo pelo qual, quando percebe que alguém está com a razão ou o conselho lhe serve, espera passar um tempo e sem que as pessoas percebam começa a agir da forma recomendada. Tem boa fé a credita nas coisas espiritualistas, porém não muito dedicado, mais recomenda para os outros. Impulsivo, ansioso, quer as coisas na hora, por impulso faz determinadas coisas e depois vê como é que fica, inclusive no tocante a compras. Sensível e de poucos amores, tem atenção especial por idosos e doentes, muito apegado a família bastante crítico com a mesma mas não admite críticas externas. Suporta privações, curador, intuitivo, perigoso, protetor, generoso, vingativo, intolerante, crítico, frustado, bruto, sempre querem mais, parece estar sempre insatisfeito, cheio de altos e baixos, porém sempre em última instância quando tudo parece não ter mais solução, aparece uma luz no túnel e se reerguem prosseguindo sua vida. Observam regras e disciplinas morais, não conversam muita na educação e orientação, preferem mostrar com atos e exemplos. Pessoa obstinada honesta e de boa fé mas são rancorosos, sérios e bravos. Gostam de prestar ajudas aos outros e estão sempre a disposição quando solicitados. Tímidos, reservados e de poucas palavras e tem tendência a autopiedade. Quando em mulher, não gostam de trabalhos caseiros, preferem o trabalho fora, independentes, gostam mais de mandar que receber ordens. Passam necessidade e não dão o braço a torcer, impulsivas, sensíveis, carentes, mandonas, vaidosas, femininas, inseguras, protetora, amiga, trabalhadora, determinada, quando quer tem a língua ferina, sabendo como atingir. Preencher o questionário >

4 - Mais comum em pessoas do sexo femininoAutoritária, altiva, maternal, dominadora, possessiva, pouco romântica, ora traiçoeira e rancorosa, violenta, ambiciosa, generosa, amorosa, voluptuosa, tranqüila, lenta, com poder de cura, distante e correta. protetora, competente, dedicada, mandona, intrigante. Autoritárias e persistentes com relação aos filhos, preocupadas, responsáveis e decididas. Amigas e protetoras, super mães. Agressivas e até traiçoeira, quando a segurança dos filhos e da família está em jogo. Falantes e não gostam da solidão. Gentil, compassiva, compreensiva e apegada a família. Honesta e amante das crianças. Organizada e pontual, gosta da simplicidade. Faz o que é previsto sem muita imaginação. Seu humor é variável, possui coração bondoso e consegue o que quer. Veste-se na moda mas é discreta. Vaidosa, principalmente com os cabelos. Frágil, sensível e chorona Geralmente tem postura altiva e elegante. Preencher o questionário >

5 - Mais comum em pessoas do sexo femininoNão gosta de ser vigiada, mandada, controlada, pois é ciente da sua responsabilidade, sensitiva e intuitiva, sensibilidade a perceber "cargas" nas pessoas e ambientes, "sentindo" por um momento esta energia pesada, mas que passa em seguida, sensibilidade a perceber se as pessoas são honestas e corretas, são francas e corretas, motivo pela qual as pessoas confiam nela com facilidade. Espiritualista, gosta do certo e do correto, procura fazer as coisas com perfeição, senão não se sente satisfeita. "Mão" boa para cura, "trabalhos" e ajuda astral/espiritual, como também se rogar uma praguinha pega também, normalmente o que faz para os outros funciona, mas para si não (motivo pelo qual sempre alguém tem fazer algo por ela). No trabalho desenvolve sua atividade com "macetes" próprios para maior rapidez e perfeição do mesmo. Não quer peguem ou usem suas coisas sem que lhe peçam, mesmo que não queira mais (inclusive marido e namorado). Quando algo não sai bem, se emburra e faz "bico". Aparentemente calma, mas se provocada tem "guerra" e da boa, com pessoas de

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relacionamento mais próximo, guarda até "estourar", não há muito meio termo, ou é 8 ou 80, se tiver que dizer e resolver é na hora. Por orgulho ferido e não saber como concordar ou voltar atrás em determinadas situações, que as vezes é necessário, pode sofrer por longo período ou uma vida inteira. Quando ama é fiel e dedicada, ciumenta e possessiva. Se necessário se abstém de benefícios e diversão própria em favor de um bem maior (sua família, sua vida conjugal) pois gosta de uma vida social ativa. Vaidosa, altiva, aparentemente segura e auto suficiente, elegante, eloqüente, atrevida, temida pelas mulheres, ativa, esperta, briguenta, escandalosa se necessário "roda a baiana", dedicada, impaciente, colérica, sensual. Vistosas (ou procuram sê-la) e gostam de roupa da moda e objetos de adorno. Seu temperamento é forte. Gosta de ser envolvida por pessoas marcantes e que possam protejê-la. Assim como está alegre e cortês, pode se tornar áspera. Aparentemente nada teme e odeia se sentir velha. Gosta dançar e não é muito de guardar confidências. Passional, audaciosa, alegre, agitada, líder, vaidosa, intrigante, irritável as vezes vingativa e ferina no falar... Ora extrovertida e engraçada, franca, gosta da natureza, ambiciosa e de temperamento forte, lutadoras, guerreiras e comunicativas, gostam de viagens. Quando negativas ou com problemas pessoais, tendem a depressão e angústia. Não aceitam mentiras e gostam de pontualidade. Preencher o questionário >

6 - Mais comum em pessoas do sexo femininoSensível, emotiva, se emociona e chora com facilidade, faz da sua parte afetiva o ponto central da sua vida, se no amor está bem, tudo vai bem, se está mal, tudo vai mal; motivo pelo qual são ou se tornam ciumentas e possessivas. Muitas vezes estragam seu relacionamento, pelo excesso de cobrança junto ao parceiro, até mesmo sem perceber ou achar que é natural. Pela sua sensibilidade afetiva, cria uma expectativa de recebimento de atenção (gosta de ser elogiada e paparicada), carinho e romantismo, que quando não acontece (alguns homens não possuem esta sensibilidade, ou ao menos nesta intensidade) a cobrança e a imaginação é automática, na qual o parceiro às vezes paga sem dever, ou de tanto "pagar" pode vir a se afastar, pois quando "se aperta demais o parafuso, espana" . Se entrega e entra de cabeça com muita facilidade nos relacionamentos, sem reservas afetivas, demonstra com prazer e naturalidade seu afeto e amor. Quando as pessoas lhe conhecem num primeiro contato pode passar a impressão de "nariz empinado", mas na sequencia mudam de idéia. Vaidade apurada e precoce, não sai de casa sem se sentir que "está bem", mesmo vá a algum lugar próximo (padaria, farmácia...). Determinada no trabalho, executa com vontade e determinação, pois não gosta da pobreza, ao contrário, quando podem, gostam de produtos de marca e qualidade. No sentido que querer ajudar, entra em questões alheias, e acaba se metendo em confusão. Altiva, ciumenta, provocante, sedutora, briguenta, nervosa, vaidosa, amorosa, morosa, respeitosa, autoritária, ora mentirosa, astuta, as vezes hipócrita, volúvel, infantil, guerreira, submissa. Quando pode procura ajudar. Boa anfitriã, não confia e não acredita em muita gente. Pessoa graciosa e elegante, gosta de boas jóias, roupas e perfumes caros, escondem desejo e vontade de ascensão social. Principalmente em casa, gosta das coisas bem arrumadas, e exigente, quem desarrumar que arrume. Curiosa e boa memória, não demonstra sua ambição. Preencher o questionário >

7 - Comum para ambos os sexosPassa da calma para irritação com facilidade, teimoso, impulsivo. Inseguro com relação ao futuro, dúvidas se gostam de si ou se gosta das pessoas, períodos que entra em depressão com certa facilidade. Quando se defrontam com um problema mais sério, o primeiro impulso é dar a volta, postergar o enfrentamento, prefere sair, viajar. Diferente

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dentro e fora do seu lar, fora mais amigo, mais afetuoso, mais compreensivo, dentro, mais irritado, parece que põe pra fora seu nervosismo e instabilidade, em algumas situações as outras pessoas "pagam o pato" por seus problemas e dificuldades. Teimoso em opiniões e no sentido de fazer algo, mesmo que lhe digam que não dar certo, mesmo assim faz por teimosia, como que para provar, e lá na frente vai perceber que só perdeu tempo e tem que recomeçar. Quando quer é muito carinhoso, sensível, fica "sentido" com certa facilidade. Gosta de saber sobre "tudo" para poder conversar sobre qualquer assunto, procura se aculturar e se adapta em qualquer meio social. Gênio forte, de difícil controle, "fecha portas" e cria barreiras com pessoas, por frases e palavras fortes que diz num momento de impulso, e depois fica difícil de consertar pelo seu gênio e teimosia. O certo é o que acham e não o que as pessoas ou uma sociedade diz. Possessivo e briguento por amor. Gosta de amigos mas não confia muito, exigente. Não gostam de receber ordens. Veste-se muito bem, porém dentro do seu bom gosto que às vezes pode parecer exótico. Líder, benevolente, generoso, responsável, confuso, ansioso, rígido, ora hipocondríaco. Dotados de sabedoria, pela sua busca de respostas e aprimoramento de conhecimento geral. Gosta de lugares em que possa aplicar e colocar suas idéias e projetos, tem forte lado social. Bom projetista e organizador, mantém suas coisas organizadas e não gostam que peguem ou que mexam. Aparência modesta e reservada. Não gosta de pedir ajuda. Procura manter uma postura, observador. Não sabe disfarçar suas emoções. Fraco para bebida, tendência a ter problemas de aparelho digestivo (sistema nervoso com muita atividade). Guerreiro, valente, combativo, geniosos, intuitivo, instável, líder, benevolente, generoso, responsável, confuso, ansioso, rígido, introvertido. Preencher o questionário >

8 - Comum para ambos os sexos (com fortes características do nº 7 também)Sensível a bebida alcoólica, teimoso, ranzinza, exigente com relação a padrão e comportamento das pessoas, com os seus no que tange à moral, gosta dos filhos a sua roda, se possível a vida inteira. Agride as pessoas não pelo que diz mas como diz, quando vê já disse, brigão se preciso, não leva desaforo pra casa impotentes, calmos, intolerantes, turrão, invocado, responsáveis, ranzinzas, calados, tímido, de poucos relacionamentos, poucas pessoas lhe entendem. Amadurecem precocemente, começam cedo na vida com trabalho e responsabilidades, envelhecem fisicamente mais cedo. Impulsivo, rígido, respeitoso, conservador, valente combativo, instável, sensível, se irrita com facilidade, as coisas tem que ser do seu jeito, quando sente que não consegue mudar uma situação, se afasta. Não gosta de receber ordens e não demonstra o que pensa ou o que sente, salvo para pessoa muito especial. Reservado, não é dado a muitas brincadeiras e festas. Preencher o questionário >

9 - Em ambos os sexosTem temperamento infantil, são jovialmente inconsequentes, brincalhão, irrequieto e alegres. Como crianças, de modo geral, gostam de estar em festas e atividades esportivas e sociais. Eternos jovens brincalhões, irreverente e enérgico. Mesmo adulto possui característica infantil. Preencher o questionário >

10 - Ambos os sexosSão pessoas espertas e ágeis, são de boa fé, pois acreditam em tudo e em todos. São místicos e muito intuitivos. Seu lado emocional aflora com muita facilidade, pois torna-se carismático e carinhoso. Gostam de querer fazer tudo, mas são muito indecisos e inseguros, com grande probabilidade de não terminar nada. Adora apresentar-se em público, tornando-se o centro das atenções. Gosta de roupas práticas e gosta muito de

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ajudar os outros, mas detesta quem invade sua intimidade. Adora dormir e é um pouco preguiçoso. larga tudo por amor. Seus filhos são francos, amáveis e rancorosos. Geralmente tem peito bem desenvolvido, estatura média/alta com pele sensível. refinado, exigente, sensível, discreto, rancoroso. Aristocrático, fisicamente magro e esbelto, nervoso, galante, agitado, sorriso irônico, olhos aguçados, elegante, bom gosto, aprecia jóias e obras de arte, inteligente, espírito curioso e observador, conhece a vida de todo mundo, esnobe. Quando rico é generoso e quando pobre avaro. Nunca ataca pela força, mas sua arma é a língua. Solitário, no trabalho gosta de silêncio e concentração, observador, ágil, esperto, sempre atento. Seu objetivo em primeiro lugar. Líder e independente, ora pacientes. Rápido e espontâneo nas ações. Comunicativo, amante e sonhador, romântico e vaidoso, passam por esnobe e exibicionista, gosta de exercer sua qualidade de líder no meio social. são de boa fé, pois acreditam em tudo e em todos. São místicos e muito intuitivos. Seu lado emocional aflora com muita facilidade, pois torna-se carismático e carinhoso. Gostam de querer fazer tudo, mas são muito indecisos e inseguros, com grande probabilidade de não terminar nada. Adora apresentar-se em público, tornando-se o centro das atenções. Gosta de roupas práticas e gosta muito de ajudar os outros, mas detesta quem invade sua intimidade. Adora dormir e é um pouco preguiçoso. larga tudo por amor. Seus filhos são francos, amáveis e rancorosos Geralmente tem Peito bem desenvolvido, estatura média/alta com pele sensível Jovem, romântico, ágil, flexível, inteligente, delicado e volúvel, aprecia a riqueza e corre atrás do poder, paciente, emotivo, nervoso, calado e paciente para fazer as coisas, seco, respeitoso. Preencher o questionário >

11 - Ambos os sexosDetesta quem invade sua privacidade. Severo, austero, combativo, viril, autoritário, protetor, solitário, paternal, exigente, guardião da moral, generoso. Preencher o questionário >

12 - Mais comum para sexo femininoSeca, taciturna, saúde precária, enérgica, nervosa, honesta, trabalhadora, previdente, sóbria, prática, casta, autoritária, apegada aos filhos. Volúvel, sonhador, aprecia jóias e coisas caras, amoroso, inteligente. Observador, guerreiro (mas logo se cansa), sensual, geralmente bonito fisicamente, magro, alto e esbelto, irrequieto, intuitivo, generoso, mentiroso. De personalidade mutante, pode mudar algumas vezes durante o dia. Encantadora, autoconfiante e falante. Se remexe constantemente. Temperamental e orgulhosa, mesmo errada não reconhece. Gosta de ser o centro das atenções. Preencher o questionário >

13 - Ambos os sexosTemperamento forte, sensual, ciumenta, apaixonada, não tem sorte no amor, carente, solitária, fiel, sofrida, guerreira, combativa, impetuosa, vingativa. Inconstante e indeciso, reflete o caráter dualístico. Encontra dificuldade em situação onde é preciso se definir. Carinhoso, amoroso e sensual. Alienadamente frio e calculista, orgulhoso e vaidoso, ao mesmo tempo reservado e um pouco calado. Ciumento, um tanto solitário e discreto, e ao mesmo tempo atraente e sedutor. Volúvel, sonhador, aprecia jóias e coisas caras, amoroso, inteligente. Observador, guerreiro (mas logo se cansa), sensual, geralmente bonito fisicamente, magro, alto e esbelto, irrequieto, intuitivo, generoso, mentiroso. Preencher o questionário >

14 - Mais comum para sexo feminino

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Observador, calado, atormentado, incansável, debochado, saudosista, nervoso e intransigente. Envolvente, sedutora, temperamento forte, agressiva e objetiva, honestas e moral. É guerreira por natureza não perdendo tempo com futilidade. Não cultiva amigos por achar que são interesseiros. Muito simples não sentem-se bem em festas ou reuniões. Não existe prazer no sexo com raras exceções. Sua vida sentimental é muito difícil. É ingênua, tolerante e crédula. Geralmente tem nariz largo, sobrancelhas grossas, rosto redondo, lábios acentuados, pessoa de estrutura forte. Temperamento forte, sensual, ciumenta, apaixonada, não tem muita sorte no amor, carente, solitária, fiel, sofrida, guerreira, combativa, impetuosa, vingativa. Preencher o questionário >

15 - Ambos os sexosSeus filhos de são cordiais, pacíficos e orgulhosos, possui muita sorte e encoraja as pessoas a buscarem seus ideais, seu tema é a ecologia. Detesta pedir ajuda, controla muito bem seus sentimentos e possui jeito ingênuo. Geralmente tem rosto oval, nariz proporcional, magro, cabelos compridos, por vezes tem o queixo encompridado, pés e mãos grandes e afinados. Caráter equilibrado, controla suas emoções e sentimentos, defensor da natureza, local onde se sente bem, não é de julgar e condenar. As simpatias e antipatias não intervém em suas decisões ou influenciam suas opiniões cordiais, pacíficos e orgulhosos, possui muita sorte e encoraja as pessoas a buscarem seus ideais, seu tema é a ecologia. Detesta pedir ajuda, controla muito bem seus sentimentos e possui jeito ingênuo. Geralmente tem rosto oval, nariz proporcional, magro, cabelos compridos, por vezes tem o queixo encompridado, pés e mãos grandes e afinados. Observador, calado, atormentado, incansável, debochado, saudosista, nervoso e intransigente. Preencher o questionário >

16 - Ambos os sexosPersistente e paciente, não mede esforços para atingir seus objetivos. Generosos ou avaros, conforma situação econômica em que se encontra. Agitado e observador, procuram equilíbrio e harmonia, eloquente e inteligente, se sai bem no ataque e na defesa.. Aristocrático, nervoso, galante, agitado, sorriso irônico, olhos aguçados, altivo, bom gosto, aprecia jóias e obras de arte, espírito curioso e observador, conhece a vida de todo mundo, esnobe. Quando rico é generoso e quando pobre avaro. Nunca ataca pela força, mas sua arma é a língua. Preencher o questionário >

17 - Mais para pessoas do sexo masculino, porém também tem no sexo femininoEspírito brincalhão e exuberante. A aparência física é muito importante, sorriem com facilidade. apaixonado, esperto, criativo, persistente, alterna impulsividade e racionalidade. Caráter imprevisível, ora bravo, intrigante e se contrariam com facilidade, ora compreensivos com os problemas dos outros, prima pela inteligência e criatividade, não gostam de perder tempo com futilidade. Não aceitam derrotas sem ter esgotado a últimas das possibilidades, sensível e de temperamento difícil. Guarda rancor e dá o troco. Precisa de atividade constante, pois tem muita concentração de energia. Ágil, dinâmico, incansável, extrema vitalidade, sensual, sorri impertinentemente, malicioso, de paladar apurado e sensível, inteligente, gozador e sociável, ora desordeiro, insolente, quando convém é um trabalhador incansável. Nasceu para ser líder, pouco românticos nas palavras, mas com forte poder de atração pessoal, indecifráveis, seguro, arrojado, empreendedor. Preencher o questionário >

18 - Mais comum em pessoas do sexo femininoAustera, introvertida, calma, lenta, leal, honesta, maternal, trabalhadora, perseverante,

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lutadora, econômica, bondosa, rancorosa, tímida, reservada, conservadora, moralista. Seu humor se altera as vezes, tornando-se agressiva e lutadora, espiritualista, procura sempre a verdade e o caminho, mais preocupada com os outros que consigo mesma, teimosa e persistente em seu ponto de vista. Muito apegada aos filhos e protetora, ciumenta e possessiva. Exigem atenção e respeito, pouco extrovertidas, não gostam de muita brincadeira. Curiosos por natureza de boa memória . Não demonstrando suas ambições. Preencher o questionário >

Tenha 100% de certeza, que qualquer destas respostas, não irá influenciar ou alterar a identificação do seu Orixá.

Jogo de Búzios

"O Jogo de Búzios é uma leitura divinatória e esotérica por excelência, utilizado como consulta que tem por finalidade identificar nosso Orixá (ORÍ: cabeça física e astral) + (IXÁ: guardião; ou seja anjo de guarda), problemas de plano astra/espiritual - material e suas soluções."

Portanto de uma forma definitiva - ninguém "fala" ao nosso ouvido, nem Exú e tampouco Oxum, os quais tem forte influência sobre o jogo, mas não desta forma, se assim fosse, não seria necessário jogá-los.

A leitura esotérica divinatória está diretamente ligada à Òrúnmìlà, cujos babalorixás, são seus porta-vozes, outras lendas africanas, mostram a ligação do jogo de búzios com Exú, Oxum e Oxalá. No capítulo destinado aos Orixás, consta essa estreita relação entre Exú e Ifá.

O jogo de búzios é exclusivo dos candomblecistas praticantes e reconhecidamente iniciados, fora isso É FARSA, É MENTIRA, É ENGÔDO.

Os búzios são jogados em número de dezesseis, que correspondem aos dezesseis odús principais, quer sejam: okaran (exú), megioko (ogum), etaogunda (obaluayiê), iorosun (yemanjá), oxê (oxum), obara (oxossi e logunedé, na África é um odú de xangô), odí (omolu e oxalá), egionile (oxaguian), ossá (oyá e yemanjá), ofum (oxalufan), owarim (oyá), egilexebora (xangô), egioligibam (nanã), iká (ossain e oxumare), obeogundá (ewá e obá) e alafia (orixalá). Duas formas são as mais utilizadas, sobre a urupema (peneira), ou sobre erindilogun (fio de contas), que em alguns casos, nele constam os dezesseis orixás cultuados atualmente no Brasil; igualmente constam desta parafernália: uma otá, uma vela branca, um adjá (espécie de sineta) usado para saudar os orixás, abrir o jogo e convocar o eledá do consulente para que permita uma boa leitura; água; indispensável os fios de Oxalá e Oxum; um côco de ifá; moedas; favas; obi; orobô; um imã; uma fava (semente) especial que represente no jogo o eledá consultado, aforante a isso um preparo do babalorixá, e os orôs (rezas) necessários.

O jogo de Ifá, que é anterior ao jogo de búzios, adota uma relação semelhante de odús com algumas variações: èji-ogbé; oyèkú-meji; iwóri; òdi; ìrosun; owónrin; obàrá; okànràn; ogundá, òsá; iká; otúrúpón; otúá ou elije oxebora; irètè; òxè; òfún e o décimo sétimo odú, chamadado òxetùá, odu de àxetuwá (poder trouxe ele à nós)- filho de oxum

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- também chamado akin oxó (poderoso mago) - filho de enìwàre (aquela que foi colocada na senda do bem).

Para uma boa leitura de búzios, três situações são fundamentais:1) Conhecimento e aprendizado.2) Autorização, através de ritual próprio, o qual é ministrado por sacerdote responsável, tendo o iniciado passado por completo, com seriedade e merecimento, seu período de iniciação, que são no mínimo 7 anos.3) Seriedade do consultor e do consulente.

Esses são pré-requisitos básicos para uma leitura honesta e imparcial.

Muito importante, quem "responde" no jogo de búzios é o orixá do consulente, ele é quem determina a formação dos búzios para serem analisados, é uma espécie de permissão, do orixá, para que a situação do seu filho seja exposta.

A forma de jogo mais usual, é a da leitura por odú, feita pela quantidade de búzios "abertos" ou "fechados", em que o babalorixá, deverá efetuar várias jogadas para uma leitura mais completa, em alguns jogos, cada queda corresponde a um único odú-orixá; o que particularmente pratico é por odú múltiplo e por "sinca", sendo odú múltiplo, porque em uma mesma queda respondem vários orixás, o que determina o início e desenrolar do jogo é a "sinca", e neste tipo de jogo, tudo é lido em uma única jogada, desde a "cuia" dos orixás, a todos problemas existentes. Este tipo de jogo, só vi, e foi onde aprendi a base, com o já falecido Muzzillo do Ogum Omini que morava no Bairro Alto em Curitiba, o qual me disse de quem aprendeu, mas já não mais me recordo.

O porque e para que se consultam os búzios; pelo mesmo princípio que se vai ao médico, só vai quem está doente ou para uma avaliação de rotina, da mesma forma, que só toma remédio quem está doente, só se deve fazer algo, se houver alguma necessidade.

O futuro - é grande questão dos consulentes, no jogo de búzios, pode-se fazer "perguntas", cujas respostas não são detalhadas, mas de uma maneira geral é sim ou não, provável e se não fosse assim não haveria babalorixá pobre neste mundo, o futuro a Deus pertence, esta é uma frase sábia que alguém com muita propriedade disse um dia. O futuro depende muito dos nossos atos presentes, o exercício do nosso livre arbítrio é constante, nada está definitivamente marcado ou decidido, a partir do instante que exercemos nossa vontade, podemos modificar a todo instante nosso futuro; exemplos simples: se alguém fica doente e acha que é o destino, vai morrer, mas, se procurar um médico, vai se curar; o futuro foi alterado; assim alguém que perca seu emprego, se ficar em casa, vai passar fome, se sair e procurar um emprego, terá grande chance de conseguir e novamente alterar seu futuro; e assim com tudo na vida; uma grande questão é que muitas pessoas acham que seu orixá, anjo da guarda ou Deus, tem saber de tudo, das suas necessidades, dos seus problemas e simplesmente resolvê-los, antes assim fosse, porém, mais uma vez é necessário que o nosso livre arbítrio e o nosso querer, tem que ser constante em nosso dia a dia, não podemos esperar que as pessoas "adivinhem" ou saibam o que estamos querendo ou precisando, se não falarmos, se não nos comunicarmos, é evidente que se tem uma forma de fazê-lo, sempre podemos dizer o que pensamos e precisamos, mas de uma forma correta, não agressiva, coerente. Sempre temos duas chances em cada situação que nos apresenta, o de sim e de não, se

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tentarmos, porém se não tentarmos, só resta o não. O jogo de búzios, costumo dizer que é uma ciência exata, sabe-se ou não, não cabe meio termo, quem sabe, talvez, ou a leitura é a expressão de uma realidade presente ou não, a forma de checar se um jogo está correto, começa pela identificação do orixá, a cada orixá corresponde um estereotipo de caráter e personalidade ao seu "filho", que ao lhe relatar não pode errar ou fugir das suas principais características, que o babalorixá checa com o consulente, se tudo corresponde, as demais situações do jogo também estarão corretas. Porém se observe, que um leitor de jogo de búzios necessariamente tem que conhecer sobre as características que os orixás imprimem aos seus "filhos" características estas, que em alguns casos para o mesmo orixá, tem variantes, pela sua qualidade apresentada, ou ainda, difere determinadas características, se o "filho" for do sexo masculino ou feminino, há que se reconhecer uma situação um pouco complexa, e não poderia ser de outra forma, com todas essas variantes é um jogo prostituído, isto é, usado de forma inescrupulosa, leviana, por pessoas totalmente estranhas ao processo, pelos ignorantes que se julgam conhecê-lo. Com relação ainda à esta situação, é muito comum alguns iniciados ou até mesmo sacerdotes, que não se preocuparam muito com o aperfeiçoamento, estudo mais detalhado, prática exaustiva, incorrem num erro, de conhecer uma pessoa de determinado orixá, e classificar suas características como definitivas para aquele orixá, e sempre que ver alguém com aquelas características, achar que aquela pessoa, também será daquele orixá, generalizando para sempre todos estes casos e situações; o erro: esta pessoa que conheceram, pode estar com o orixá errado, pois quem lhe atribuiu este orixá, não era competente, este é um fato muitíssimo comum.

É uma forma de leitura divinatória, que não massifica, isto é, uma situação vale para muitos, como no caso do horóscopo, mas usada de forma individual, como exemplo, o caso de gêmeos, dois ou mais, nascem no mesmo dia, e no entanto, caráter e personalidade em muitos casos, totalmente diversos.

Limpeza de Aura

Esta é uma forma de limpeza de aura que qualquer pessoa pode fazer, quando sentir que alguma "coisa" está errada, e sentindo que precisa fazer algo. Este alguma "coisa" pode ser: sensação de "corpo pesado" e "peso" sobre os ombros, insônia, angústia e depressão sem justificativa, inquietação, nervosismo exagerado, doenças que não curam ou não identificadas sem uma explicação, falta de atração pessoal, projetos que não se realizam, "caminhos" fechados, relacionamento abalado ou destruído, perdas e prejuízos frequentes...

Muito importanteÉ necessário que haja ao menos uma combinação de alguns desses problemas, se for um só desses indícios, de forma isolada, pode não ser problema de aura carregada com energias negativas, mas sim um problema isolado, BEM COMO devem ser situações sem explicações ou justificativas. Por exemplo, se você trair seu(sua) companheiro(a), e for descoberto(a), aí não é carga, é caca, e não há limpeza que de jeito.

O que fazer? Tomar uma Banho de Ervas e/ou fazer um Ebó de Odu.

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Banho de ervas ou Amaci/Abô

Tem uma grande relação de ervas, na seção Ervas dos Orixás, com os nomes científico, yorubano e popular, se ainda assim você não identificar, pois vai precisar de no mínimo 7 tipos, procure usar ervas que tenham um bom cheiro, pois via de regra são ervas positivas.

Modo de fazer:Colha uma pequena porção de cada erva (mais ou menos de 50 a 100 grs), lave bem as folhas, pegue uma pequena bacia com água limpa (de 2 a 3 litros), uma vela branca pequena, procure um lugar isolado que ninguém vá lhe incomodar, sente em cima de um pano branco coloque a bacia a sua frente e acenda a vela ao lado da bacia, coloque as folhas dentro da água, e inicie a maceração - esfregar de forma que esmaguem as folhas umas nas outras, alternando gesto dentro e fora d’água, de forma a tirar seu sumo, até que fiquem reduzidas a pequenos pedaços de folhas dentro da bacia com água, que ficará com uma cor esverdeada. Faça de uma forma concentrada com bons pensamentos, a seguir tire os pedaços de folha já macerados, com a mão, de modo a ficar quase só o banho de ervas, que deverá guardar (em geladeira conserva mais) numa vasilha para usar por 7 dias seguidos (se possível).

Modo de usar:Após o banho comum, de preferência à noite, coloque uns dois copos deste banho em uma bacia ou jarra, misture com um pouco de água quente do chuveiro (se estiver frio), se não, use só o banho, e jogue do alto da cabeça, de modo a escorrer pelo corpo, a seguir pode se enxugar e ir deitar, não deve sair para alguma atividade, se for o caso, então faça o banho de manhã.

Se após estes banhos ainda se sentir "carregado(a)", deverá fazer um ebó de odú. Para fazer este ebó, primeiro identifique seu orixá, para saber qual o tipo de ebó.

Fazendo um "Ebó"

Ebó de Odu: A quantidade dos componentes será fornecida se você solicitar em: identifique seu orixá, que, de acordo com seu orixá, irá indicar quantos componentes deverá usar para este tipo de ebó.

Componentes:- Bolinho de arroz; arroz branco bem cozido, fazer uma pequena bola (aproximadamente do tamanho de uma bola de sinuca);- Bolinho de farinha de mandioca crua, Oca, - misturar água até formar uma boa liga, e fazer as bolinhas como as de arroz;- Bolinhos de fubá branco e amarelo, acassá; cozinhar levemente o fubá com água, até formar o ponto de polenta, ainda morno, fazer os bolinhos, de cada cor;- Ovos;- Canjica branca cozida, ebô; considerar "punhados";- Pipoca, doboru; estourar a pipoca em areia peneirada (preferencialmente de praia ou beira de rio ou lago, em último caso de construção bem fina), colocar a areia no fundo

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da panela, aquecer bem, e colocar o milho da pipoca até estourar, considerar "punhados".

Procedimento:Pedir para alguém "passar" em você, o/a qual deverá obrigatoriamente estar usando 2 (dois) contra-egun, espécie de pulseira de Ikó (palha da costa devidamente "preparada/consagrada", isto é, lavada no abô e passada na pemba, o orô (reza), um para cada braço, ficar em cima de um tecido branco, um de frente para o outro, segurar um objeto em cada mão, bolinho ou punhado, e passar, esfregando sem muita força, do alto da cabeça, passando pela nuca, braços, peito, costas e pernas, até o pé, na seguinte sequência: punhado de pipoca, bolinho de fubá amarelo, branco, arroz, farinha mandioca, ovos e punhado de canjica, dizendo:

Sarará e bocunan, sarará e brocunan

até terminar o procedimento, em seguida tomar um banho comum e após jogar o banho de ervas (abô), que deverá estar já previamente preparado, do alto da cabeça, enxugar e colocar roupa branca, se não tiver, uma roupa clara. Quem passar, também é bom tomar o banho de abô (ervas). Após o banho é a melhor ocasião para fazer uma OFERENDA ao seu Orixá (fazendo oferendas), se não, ir descansar e dormir. Se for fazer a oferenda, escolha um local que possa ficar deitado ou até mesmo ajoelhado de frente para a oferenda; comida de santo; que deverá já estar previamente preparada (ver em fazendo oferendas), colocar no chão na sua frente, acender uma vela branca de 7 dias, ou do seu orixá, colocar sua cabeça de frente, na mesma altura da oferenda de modo que o alto da sua cabeça, sua moleira astral, fique próxima da oferenda, dizendo:

a ki corodun, mabosun, maborun

a ko fenin, xeras je xeras, ociló, ocidó

ekoman, ora (dizer o nome do seu orixá) euê

Quando terminar esta reza, converse normalmente com seu orixá/anjo de guarda, fazendo seus pedidos.

O Axé

"Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos."

O elemento mais precioso do Ilê, é a força que assegura a existência dinâmica. É transmitido, deve ser mantido e desenvolvido, como toda força pode aumentar ou diminuir, essa variação está relacionada com a atividade e conduta ritual. A conduta está determinada pela escrupulosa observação dos deveres e obrigações, de cada detentor de axé, para consigo, ser orixá e para com seu ilê. O desenvolvimento do axé individual e do grupo, impulsionam o axé de ilê.

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"O axé dos iniciados está ligado, e diretamente proporcional a sua conduta ritual - relacionamento com seu orixá; sua comunidade; suas obrigações e seu babalorixá."

A força do axé é contida e transmitida através de certos elementos e substâncias materiais, é transmitido aos seres e objetos, que mantém e renovam os poderes de realização. O axé está contido numa grande variedade de elementos representativos dos reinos: animal, vegetal e mineral, quer sejam da água - doce ou salgada - da terra, floresta - mato ou espaço urbano. Está contido nas substâncias naturais e essenciais de cada um dos seres animados ou não, simples ou complexos, que compõem o universo.

Os elementos portadores de axé podem ser agrupados em três categorias:

1) "sangue" vermelho2) "sangue" branco3) "sangue" preto

O "sangue" vermelho compreende:a) do reino animal: o sangueb) do reino vegetal: o epô (óleo de dendê), osùn (pó vermelho), aiyn (mel - sangue das flores), favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos (obi, orobô), raízes...c) Do reino mineral: cobre, bronze, otás (pedras), areia, barro, terra...

O "sangue" branco:a) do reino animal: sêmem, saliva, emí (hálito, sopro divino), plasma (em especial do igbin - espécie de caracol -), inan (velas)b) reino vegetal: favas (sementes), seiva, sumo, alcool, bebidas brancas extraídas das palmeiras, yiérosùn (pó claro, extraído do iròsún) ori (espécie de manteiga vegetal), vegetal, legumes, grãos, frutos, raízes... c) reino mineral: sais, giz, prata, chumbo, otás (pedras), areia, barro, terra...

O "sangue" preto:a) do reino animal: cinzas de animaisb) reino vegetal; sumo escuro de certas plantas, o ilú (extraído do índigo) waji (pó azul), carvão vegetal, favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos, raízes...c) Reino mineral: carvão, ferro, osun, otás (pedras), areia, barro, terra...

Existem lugares, sons, objetos e partes do corpo (dos animais em especial) impregnados de axé; o coração, fígado, pulmões, moela, rim, pés, mãos, rabo, ossos, dente, marfim, órgãos genitais; as raízes, folhas, água de rio, mar, chuva, lago, poço, cachoeira, orô (reza), adjá (espécie de sineta), ilús (atabaques)...

Toda oferenda e ato ritualístico implica na transmissão e revitalização do asé. Para que seja verdadeiramente ativo, deve provir da combinação daqueles elementos que permitam uma realização determinada. Receber asé , significa, incorporar os elementos simbólicos que representam os princípios vitais e essenciais de tudo o que existe. Trata-se de incorporar o aiyé e o orún , o nosso mundo e o além, no sentido de outro plano. O asé de um ilê é um poder de realização transmitido através de uma combinação que contém representações materiais e simbólicas do "branco", "vermelho" e "preto", do

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aiyé e orún. O asé é uma energia que se recebe, compartilha e distribui, através da prática ritual. É durante a iniciação que o asé do ilê e dos orixás é "plantado" e transmitido aos iniciados.

A Iyálorixá é ao mesmo tempo iyálasé, zeladora dos ibás (assentos - representação material do orixá na terra, local específico para receberem suas oferendas, local que se entra em comunhão com os orixás), tudo relacionado aos orixás, zelar pela preservação do asé que manterá viva e ativa a vida do ilê.

O Motivo

"Por mais que façamos pelas pessoas sempre haverá alguém que achará que foi pouco e sempre haverá um dia em que acharemos que o que fizeram por nós foi pouco"

Para se fazer uma obra deste gênero, é preciso uma boa motivação, neste caso uma somatória de razões: uma certa discriminação dos praticantes; um ataque exacerbado de outras religiões que para se promover, se aproveitam do desconhecimento de uma parte do povo, e nossa própria falta de organização; o desconhecimento de muitos por falta de uma linguagem simples e aplicativa; o Eró (segredo) exagerado por parte de Babalorixás e Iyalorixás, no afã de manter seus filhos da santo "prisioneiros" do seu conhecimento, como se fossem o supra sumo e único dono da verdade.

"O Direito e a liberdade para criticar nos leva ao dever de uma solução apresentar"

Como motivo maior, a falta de alguma forma de espiritualidade, que é a grande causa do aumento dos males do povo. Seguindo o mesmo princípio de que teremos um corpo saudável, a medida em que nos protegemos e fortalecemos fisicamente, quanto mais saudável e bem alimentado estivermos, mais imunes estaremos para com as doenças; espiritualmente, seguimos da mesma forma; quanto mais estivermos fortalecidos espiritualmente, maior será nossa imunidade contra os males que não enxergamos a olho nu: as energias negativas nas suas mais diversas formas.

Esta é uma visão totalmente de: dentro para fora, não para sua defesa, porque a mesma não precisa, tampouco para angariar adeptos, mas, para mostrá-la como ela é, e aconselhar ao leitor(a), a esvaziar a sua cabeça de todo e qualquer conceito ou preconceito negativo, quer seja por má informação, má iniciação, má experiência ou pessoas que tenha conhecido, praticantes, que como muitas, pecam pela ignorância, vaidade ou maldade, usando de forma errada, incompleta ou interesseira esta belíssima religião, a nós legada, pelo povo mais antigo do planeta, que pelo fato de ter sido o primeiro, portanto primeira criação Divina na terra, não poderia, jamais, pela própria interferência de Deus, ser um mau exemplo para a humanidade futura, com práticas religiosas absurdas, descabidas ou malignas como querem alguns; Faça você leitor(a), sua "nova" avaliação dessa maravilhosa religião que é o CANDOMBLÉ.

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Com apenas um comparativo, teremos uma grande conclusão: De uma maneira generalizada as pessoas se alimentam, no mínimo três vezes ao dia, ou seja, café da manhã, almoço e jantar, um mínimo suficiente e necessário para uma vida saudável sem grandes interferências de doenças, ao menos as mais comuns; e espiritualmente, quantas vezes nos alimentamos por dia? Em uma grande maioria: nenhuma! Agora pergunto? o que é mais importante, nosso corpo físico ou a parte espiritual? Até hoje não encontrei um só, que não respondesse o óbvio - a parte espiritual - conclusão óbvia; "Se não alimentamos nosso espírito diariamente ao menos uma só vez, é evidente que o mesmo está e estará debilitado, nos sujeitando e expostos a todo e qualquer tipo de "sujeira astral", as cargas negativas" sobre as quais iremos relatar nesta obra.

A falta até mesmo de uma manutenção, da espiritualidade, pois é como uma planta, que deve ser regada todo tempo para não morrer, gera uma procura de pessoas às mais diversas formas de religiões ou afins, para solução dos males, os quais, muitos deles poderiam ser evitados. Com uma boa dose de espiritualidade, ainda assim as dificuldades e problemas existem, quanto mais para quem não a tem e cultiva.

"Falem dos meus defeitos, mas não me tirem as qualidades"

Orí

Combinação de ODU de IFÁ - IRETE (14) e OFUN (16)

"ATEFUN - apelido de Ifá sábio - Adivinhava o oráculo às 401 divindades, estavam indo ao estado de perfeição, o sábio de ORI "adivinhou" oráculo para ORI; ORI estava indo ao estado de perfeição (ÒDE-ÀPÉRÉ), mandou-lhe fazer sacrifício, SOMENTE ORI, O ÚNICO QUE FEZ, O SEU SACRIFÍCIO FOI ABENÇOADO, portanto ORI é maior que todas as divindades, ORI é mais forte que as divindades, somente ORI chegou no estado de perfeição. O iniciado sacrificou! ORI é forte, mais que os orixás."

Para qualquer Yoruba, a palavra ORI tem uso amplo. ORI num primeiro momento quer dizer cabeça; e simboliza também - o ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho, portanto contém o superlativo ou seja o Zénite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta e mais importante do corpo humano, é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro. O líder ou chefe de qualquer organização é referido como "Olóri" (a cabeça), ORI é cabeça, cabeça é alta, alto é supremo e o ser supremo é ÔLÔDUMARÊ (Deus maior).

No corpo humano ORI se subdivide em duas colocações:

1) a cabeça física - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o pensamento e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os olhos para tudo ver; o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para alimentar e falar; a língua para saborear; nossa essência masculina ou feminina está na cabeça, o rosto que dela faz parte nos distinguem uns dos outros, imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça o homem e mulher seriam como qualquer "X".

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2) a cabeça espiritual está subdividida em mais duas partes a saber:

Cabeça Espiritual

APARÍ-INÚ (Cabeça espiritual interna) - ORÍ-ÀPÉRÉ (santo pessoal, destino ou parte divina de cada um: escolhido no domínio de ÀJÀLÁ - divindade de ORÍ.

ORÍ-ÀPÉRÉ é acumulação de destino individual; Isto é: ÀKÚNLÈYÀN, ÀKÚNLÈGBÁ e ÀYÀNMÓ.

AKUNLEYAN é a parte do destino que cada um escolhe por vontade (livre arbítrio) própria AKUNLEGBA é a parte do destino o qual está adicionada como complemento de AKUNLEYAN AYANMO é aquela parte do destino que nunca pode ser mudado. Por exemplo - pais, sexo, karma, etc. Mas Akunleyan e Akunlegbá podem ser melhorado enquanto Ayanmó não pode ser modificado . O destino ORÍ-APÉRÉ está escolhido no domínio de AJALÁ (divindade de Orí)

APARI INÚ é de caráter individual, uma pessoa poderia chegar a terra com bom destino, mas, sem boa conduta; A maldade da cabeça espiritual interna danificará definitivamente o bom destino, o inverso também acontece. Porém o "destino" pode ser modificado, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos, dentro de um contexto e conhecimento da Teologia Yorubana.

Contudo ORÍ é o mais importante entre as divindades. Na ordem de importância - o primeiro é Orí; o segundo é a mãe, e se ela tenha morrido, seu espírito; em terceiro lugar é o pai, e se tenha morrido, o seu espírito; em quarto lugar, IFÁ e a seguir, seu orixá e as outras divindades. (Por Gbolahn Okemuyiwa e Awo Ademola Fabunmi - traduzido por: Adélékè Àdìsá Ògún)

Ser humano - somatória - O Criador, o procriador, procriadora e ser procriado.

Para ser adivinhador, no sentido mais elevado é "SER DIVINO", provido de conhecimento e alguma coisa ainda mais misteriosa.

Os dois sinais da divindade humana ou humanidade divinizada são: predições e milagres. Para ser um Profeta é ver ante mão os efeitos; os quais existem causas, ler a luz transcendental; fazer milagres é agir sobre agente universal e sujeitá-lo a nossa própria vontade" Eliphas Levi.

Os Orixás

"Nosso Orixá é o elemento de ligação entre nós e Oxalá"

Conheça cada um dos orixás: Exú, Lógunnède, Nanã, Obá, Obaluayiê, Ogun, Òrúnmmìlà, Ossain, Oxalá, Oxóssi, Oxumaré, Oxun, Oyá, Tempo, Xangô e Yemanjá.

Há que se separar sempre, duas situações dos Orixás: o histórico (com todas suas

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lendas) e o divinizado, para que não se caia, em profunda confusão. Ao todo são 401 orixás que compõe o panteão africano.

Sendo objeto desta obra, os mais cultuados atualmente no Brasil, e de acordo com o título, uma religião a serviço do povo, os de maior interesse pela nossa própria necessidade, maior conhecimento e interação. Levando sempre em consideração que são nominados na linguagem yorubana.

Existe uma subdivisão, entre os orixás, que os diferencia e identifica, de uma forma mais individual, mesmo dentro do seu grupo, que é denominado "qualidade" do orixá, cabe uma explicação mais aprofundada; cada pessoa tem um orixá individual, único e exclusivo, não existem dois orixás iguais em toda terra, e todos possuímos, o que chamamos de "cuia' , formada por sete orixás, sendo um principal, chamado de "frente" - o dono do Orí - , o segundo "ajuntó", os demais: "proteção", "carrego", "alicerce" e "cumieira". A cada orixá, as qualidades variam de acordo com a nação que se pratica (kêto, gêge, angola, ijexá, fon...), essas qualidades exprimem situações desses orixás, que podem ser, títulos honoríficos (caso de Xangô), tipos de animais, lugares, situações, formas ... os sete orixás que formam a "cuia" de cada pessoa, com as suas mais diversas qualidades, formam entre si, uma combinação matemática, quase que infinita, o que propicia a cada indivíduo, um orixá único, sem outro igual.

A título de exemplo, pegamos uma pessoa que tenha como 1º santo Xangô Aganjú, e ajuntó Oyá Igbalè; para haver um outro com esses dois orixás nesta ordem e qualidades não é difícil, mas que toda a "cuia" coincida, já é muito difícil, mas que todos seus orixás do 1º ao 7º coincidam, a ainda com todas as qualidades exatamente iguais, é totalmente impossível, em algum dos orixás que compõem sua "cuia" haverá no mínimo uma diferença que seja da "qualidade". A determinação desta "qualidade" varia também de casa para casa, particularmente a defino, muito em função do "ajuntó" e sucessivamente; bem como sou adepto, que cada pessoa deva ter como 1º e 2º orixá um "pai" e uma "mãe" ou vice-versa, não como regra, mas como equilíbrio, como tudo na natureza, pelo que permeia as religiões, quer sejam a lógica e o bom senso, e ainda as respostas e formações que o jogo de búzios, pela sua forma de leitura por odú e com "sincas", mostra em sua grande maioria.

Incorporação e possessão

Assunto polêmico até mesmo entre os adeptos, o qual dá margem, a interpretações e atitudes, erradas, exageradas e equivocadas, dentro e fora da comunidade.

Duas situações de extrema seriedade, normatizam e definem na sua essência a "incorporação" pelo orixá do seu "filho", lista na categoria dos adoxús, aqueles que "sentem" o orixá:

1º - A Lei de Deus não permite, em momento ou instante algum, que o ser humano, não esteja sempre em condições de exercer seu livre arbítrio, ou seja, comandar a si mesmo.

2º - Este mesmo livre arbítrio está presente em todas as horas e situações no Candomblé, e, como dissemos, o orixá, é uma energia pura da natureza.

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"Os Orixás foram criados por olorun (olo=senhor, criador ; orun = espaço celeste/ astral, o além, outro plano) para regerem cada um determinado setor da natureza e paralelamente um setor da natureza humana."

Portanto, o que sentem os adoxúns quando "incorporados", é uma forte vibração dessa energia, que no primeiro impacto, é muito forte e com o decorrer do tempo de "incorporação", vai enfraquecendo, para explicar melhor ao leigo, é como uma forma de "encanto", motivo pelo qual a atitude, de quando ainda a pessoa é iniciada, não abre os olhos ou fala, pois se o fizer, some o "encanto", com o passar dos anos, este orixá "incorporado" assume algumas atitudes independentes, pelo seu próprio amadurecimento e compreensão desta forma de energia . O que varia bastante de pessoa para pessoa, é a intensidade dessa energia, e, como se sente, quando está sob esse efeito. A única possibilidade, fora disso, para uma perda de consciência, é de que, na África, conforme consta em alguns livros, eram ministrados aos iniciados (mas somente nesta fase) um tipo de beberagem. Composta de plantas que teriam este poder, da pessoa ficar num estado de letargia ou sub-consciência.

Esta mesma premissa se aplica, às "incorporações" da Umbanda, aforante o 2º tópico, em que as entidades, são eguns, ou sejam pessoas que passaram pela vida, mas mesmo assim segue o 1º tópico.

"Terá Orixá forte quem deixar seu Orixá forte através da conduta e obrigação ritualística."

Problemas e Soluções

"A solução dos problemas não é uma mágica - como uma varinha de condão a qual batemos e o mal some ou as coisa se modificam instantaneamente mas cada problema tem um tempo e forma de solução."

De uma forma geral os problemas são comuns aos seres humanos: amor, trabalho, lar, saúde, estudo, magia, egun ("encosto" de pessoa já falecida), cargas negativas, inveja, mau olhado, "olho gordo", karma, retorno (lei do retorno, aqui se faz aqui se paga). A rotina diária, principalmente nas cidades, põe o indivíduo em contato com energias negativas que atuam no nosso campo astral/espiritual, impregnando-se em nossa aura e provocando distúrbios conhecidos popularmente como "corpo carregado". Estes distúrbios surgem, aparentemente sem uma razão concreta ou justificativa. Porém essas cargas negativas são reais, assim como os sentimentos - o amor e a inveja por exemplo - você não vê, mas existem e podem ser de diversas espécies e várias origens.

Espécies:Inveja, "mau olhado", magia, "eguns" (espíritos) ... Existem pessoas, ainda que involuntariamente, por uma sensibilidade ou fraqueza astral/espiritual, absorvem cargas negativas de outras pessoas ou ambientes.

Origens:- Dirigida: resultado de ação de magia, de inveja sofrida, mau olhado ...

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- Ambiental: locais como cemitério e hospital (onde existe uma concentração de espíritos), casas, local de trabalho ...- Egun: são de dois tipos distintos; 1) espíritos "sem luz" altamente destrutivos que "encostam" nas pessoas, quer por ação de magia ou ainda por sensibilidade da pessoa. 2) espírito de parentes ou amigos quando em vida, que no seu desconhecimento inicial do mundo espiritual, tentam nos "ajudar" mas acabam nos prejudicando sem perceber.- Retorno: toda energia por nós emitida, seja positiva ou negativa, sempre volta com as suas conseqüências da Lei do retorno.

Os sintomas provocados pelas cargas negativas nos atingem de várias formas

Vida afetivaRelacionamentos abalados ou destruídos, falta de atração pessoal, solidão.

Caminhos, trabalho e objetivos materiaisProjetos que não se realizam, dificuldade de relacionamento e produtividade no trabalho, desemprego e dificuldade para obtê-lo, "portas que se fecham", perdas e prejuízos ...

Disposição física e mentalSensação de "corpo pesado" e peso sobre os ombros, pressão na nuca, tirando nossa energia e poder de reação, causando angústia, depressão, pessimismo, inquietação, nervosismo exagerado, insônia, sonolência durante o dia, cansaço, desânimo, vendo as coisas mais feias do que realmente são, sofrendo por antecipação, idéias ruins e de auto destruição.

SaúdeSaúde frágil, doenças que não curam, males que a medicina não explica ou detecte sua origem, dores de cabeça freqüentes, enxaquecas, dificuldade de cura...

As Soluções

"A solução dos problemas muitas vezes não é um fenômeno (como uma varinha de condão que batemos e o mal some ou as coisas se modificam instantaneamente) mas cada um tem uma forma de tempo de resolução."

"Através do trabalho de limpeza - ebó - que eliminam as energias negativas, que agem como um campo de força em torno da nossa aura, impedindo que coisas boas se aproximem e atraindo mais negatividade e dificuldades."

As soluções passam por uma "limpeza" e fortalecimento da aura, e são as mais diversas, através da diversidades de "sacodimentos" , oferendas, ebós, boris, obis, abôs, pembas ... sempre de acordo com o indicado pelo jogo de búzios, ou mesmo pela vasta experiência prática do babalorixá, o qual já sabe o que fazer em situação conhecida, pois muitas vezes não há a necessidade de se jogar os búzios, como nem sempre é preciso "fazer" alguma coisa, em virtude desta experiência, o babalorixá se torna um psicólogo prático, e um bom conselho e orientação resolvem situações. A forma varia de nação para nação, que são as origens dos locais africanos das diversas casas de candomblé;

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keto, angola, gêge, fon, ijexá...

Existem casos em que a "limpeza" por si só não é suficiente, oferendas aos orixás, para obtenção de alguma ajuda específica ou generalizada, é preciso, bem como, só oferenda e pedidos não é o suficiente - "para tratar uma ferida, é preciso, antes limpá-la" - há necessidade de se deixar a aura limpa para receber o axé necessário.

"A abertura de melhoria de determinados caminhos pode se obter através de pedidos aos orixás por meio de oferendas e Orô - reza dos orixás."

Oferenda"Quando fazemos alguma oferenda, comida aos orixás, o orixá se utiliza dos elementos símbolos ali contidos e transforma em energia positiva, seu axé."

Ebó"Trabalho de lipeza de aura das energias negativas (encosto de espíritos - magias - doenças de plano astral)"

Abô"Banho de ervas (selecionadas) maceradas para lipeza de aura."

Pemba"Favas - sementes - raladas com pemba (giz especial) branca, utilizada para limpeza da aura. Este pó deve ser passado na cabeça e corpo - utilizado para limpeza e energização."

Na minha ótica, qualquer problema é tratável sem a necessidade de uma iniciação, por mais grave que seja, a iniciação é um exercício de vontade, de amor ao orixá, o qual requer dedicação; fazer o "santo" é uma missão, é mais um elemento para atender ou auxiliar no atendimento à quem da religião necessitar, com todos os requisitos necessários ao bom cumprimento, seriedade, humildade, fé, disponibilidade de tempo quando solicitado em detrimento a um lazer pessoal.

Em muitos casos se restaura uma energia pessoal, que de certa forma foi "contaminada" e se acrescente uma boa dose de energia positiva a qual está necessitando para desempenho das suas funções. Este tipo de tratamento eu comparo como uma limpeza de caixa d'agua, onde se tira toda água suja, esfrega-se as paredes com um bom produto de limpeza e coloca-se água limpa, aliás operação que deveria ser feita periodicamente, pois o contato com essas energias negativas é comum e constante. Sabiamente em alguns lugares da China e da África um doente antes de se internar num hospital , passa por uma limpeza de aura, que vai auxiliar a sua cura. Assim como a gordura de uma cozinha se acumula sobre o azulejo, as energias negativas se acumulam sobre nossa aura, formando um "campo de força negativo" , onde as energias boas "batem e resvalam" , nos deixando expostos a toda gama de consequências já relatadas, que estamos sujeitos; e assim como não basta um pano com água para "lavar" a gordura do azulejo, mas um bom detergente; em nossa aura, é pura inocência achar que simples banho de água e sal ou poucas ervas, serão suficientes para um bom resultado, é como dar aspirina infantil para úlcera.

"Nosso orixá não tem obrigação de nos dar mas, o receber é consequência dos

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nossos atos."

"Receberemos o axé pedido se: Merecermos e se for o tempo de recebermos."

"Quem vê a vida somente com os olhos do interesse não enxerga o caminho."

Sacrifício de Animais

Esta matéria deve ser lida com muita atenção, e, guardada, em especial dirigida àqueles, que sofrem preconceitos diversos por sua prática, bem como conhecimento com embasamento teológico.

Não há como se falar de sacrifício de animais, sem algumas situações correlatas, que sejam:- Comparativo à outras religiões.- Sua teologia, aplicação esotérica e prática, no contexto africano.- Comparativo quanto a outros animais ou seres vivos.

Comparativo à outras religiões

No comparativo à outras religiões, ainda que posteriores à africana, não para se justificar, mas para comprovar que a negação e contrariedade é um ato de discriminação. Quando se aceita ou não, pratica o mesmo combate exacerbado das inúmeras práticas de sacrifício contidas nos testamento, algumas discorridas apenas como exemplificação, sendo o próprio testamento, um ajuste, contrato; na história bíblica as duas maiores alianças realizadas por Jeová uma com Abraão e outra com Moisés foram firmadas através de sacrifício de animais e sangue como elemento principal desta confirmação. Estes sacrificios eram por vários motivos, o principal deles, a expiação dos pecados, firmar tratados e testamentos, cura de leprosos...

Aspecto de pacto/testamento

O pacto da Lei foi quando da transmissão da Tábuas, transmitida por meio de anjos, pela mão de um mediador, Moisés, e que entrou em vigor com o sacrifício de animais no monte Sinai (Gál 3:19; He 2:2; 9:16-20). Naquela oportunidade, Moisés aspergiu sobre o altar a metade do sangue dos animais sacrificados, daí, leu o livro do pacto para o povo, que concordou em ser obediente. Depois disso, ele aspergiu o sangue sobre o livro e sobre o povo. ( Êx 24:1-8)

Aspecto de cura - A purificação do Leproso

A purificação do leproso. 1 O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2 "Esta será a lei do leproso para o dia em que for declarado puro: Será conduzido ao sacerdote, 3 que sairá a seu encontro fora do acampamento para examiná-lo. Se o sacerdote constatar que a chaga do leproso foi inteiramente curada, 4 mandará trazer para o purificando duas aves vivas e puras, madeira de cedro, púrpura carmesim e hissopo. 5 Mandará imolar uma

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das aves em cima de uma vasilha de barro, cheia de água de fonte. 6 Depois, tomará a ave viva, a madeira de cedro, a púrpura carmesim e o hissopo, e os molhará, do mesmo modo que a ave viva, no sangue da ave imolada sobre a água de fonte. 7 Aspergirá sete vezes o que deve ser purificado da lepra, declarando puro, e soltará no campo a ave viva. 8 Então o purificando lavará as vestes, rapará todos os cabelos e se banhará em água, e será puro. Depois poderá entrar no acampamento, mas ficará fora da tenda durante sete dias. 9 No sétimo dia rapará todos os pêlos, a cabeça, a barba, as sobrancelhas, enfim, todos os pêlos, lavará as vestes e o corpo em água, e será puro.10 No oitavo dia tomará dois cordeiros sem defeito e uma ovelha de um ano sem defeito, treze litros e meio de flor de farinha amassada com azeite, para oblação, e um quarto de litro de azeite. 11 O sacerdote que fizer a purificação apresentará perante o Senhor o purificando junto com essas oferendas, à entrada da tenda de reunião. 12 O sacerdote tomará um dos cordeiros e oferecê-lo-á como sacrifício de reparação, junto com o quarto de litro de azeite, agitando-os ritualmente diante do Senhor. 13 Depois imolará o cordeiro no lugar onde se imola a vítima expiatória e o holocausto, em lugar santo; porque a vítima do sacrifício expiatório, como a do sacrifício de reparação, pertence ao sacerdote e é coisa santíssima. 14 O sacerdote pegará um pouco do sangue da vítima de reparação e untará o lóbulo da orelha direita do purificando, bem como os polegares da sua mão e do pé direitos. 15 Depois tomará um pouco do azeite que derramará na palma da mão esquerda 16 e, untando o índice da mão direita no azeite que tem na palma da mão esquerda, aspergirá sete vezes perante o Senhor. 17 Depois, com o azeite que ficou na palma da mão untará o lóbulo da orelha direita do purificando, o polegar da mão e do pé direitos, por cima do sangue da vítima de reparação. 18 O resto do azeite que tiver na palma da mão o sacerdote o passará sobre a cabeça do purificando. Assim fará por ele a expiação diante do Senhor. 19 Depois o sacerdote oferecerá o sacrifício pelo pecado, fazendo a expiação por aquele que se purifica da mancha. 20 Em seguida o sacerdote oferecerá o holocausto e a oblação no altar. Tendo assim o sacerdote feito por ele a expiação, será puro.21 Se for pessoa pobre e não tiver recursos suficientes, tomará somente um cordeiro como sacrifício de reparação a ser oferecido com um gesto de oferenda, para fazer por ele a expiação. Levará apenas quatro litros e meio de flor de farinha amassada com azeite, para a oblação, e um quarto de litro de azeite, 22 duas rolas ou dois pombinhos, segundo as posses, um como sacrifício expiatório e outro para o holocausto. 23 No oitavo dia os apresentará ao sacerdote para a purificação, à entrada da tenda de reunião, diante do Senhor.24 O sacerdote tomará o cordeiro de reparação e o quarto de litro de azeite, e os oferecerá com um gesto de oferenda diante do Senhor. 25 Depois de imolar o cordeiro do sacrifício de reparação, pegando um pouco do sangue da vítima, o aplicará sobre o lóbulo da orelha direita, sobre o dedo polegar da mão e do pé direitos do purificando. 26 Derramará um pouco de azeite na palma da mão esquerda, 27 e com o dedo indicador da mão direita aspergirá sete vezes este azeite diante do Senhor. 28 Com o azeite que tem na mão untará o lóbulo da orelha direita, o polegar da mão e do pé direitos do purificando, no mesmo lugar onde aplicou o sangue da vítima de reparação. 29 O restante de azeite que lhe ficar na mão o sacerdote aplicará sobre a cabeça do que se purifica para fazer por ele a expiação diante do Senhor. 30 Depois, de acordo com os recursos, oferecerá uma das rolas ou um dos pombinhos 31 em sacrifício expiatório e o outro em holocausto, além da oblação. Assim o sacerdote fará diante do Senhor a expiação por aquele que se purifica". 32 Esta é a lei para aquele que esteve atacado de lepra e cujos recursos são insuficientes para a purificação.A lepra das casas. 33 O Senhor falou a Moisés e Aarão, dizendo: 34 "Quando tiverdes

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entrado na terra de Canaã que vos darei em propriedade, e eu atingir com a infecção da lepra alguma casa da terra que possuirdes, 35 o dono da casa irá informar o sacerdote, dizendo-lhe: ‘Parece haver infecção de lepra em minha casa’.36 O sacerdote mandará desocupar a casa antes de ir examinar a mancha leprosa, a fim de não contaminar o que nela há. Feito isso, o sacerdote irá examiná-la. 37 Se, ao examinar a mancha, notar nas paredes da casa cavidades esverdeadas ou avermelhadas, parecendo mais fundas que a parede, 38 sairá pela porta da casa e fará isolar a casa durante sete dias. 39 Ao sétimo dia o sacerdote voltará. Se constatar que a mancha se espalhou pelas paredes da casa, 40 mandará arrancar as pedras infectadas e lançá-las fora da cidade, em lugar impuro. 41 Fará raspar a casa toda por dentro e o pó da raspagem será lançado em lugar impuro. 42 Outras pedras serão tomadas e colocadas no lugar das primeiras, e a casa será rebocada com nova argamassa. 43 Se, depois de tiradas as pedras e de a casa ter sido raspada e novamente rebocada, tornarem a surgir as manchas, 44 o sacerdote virá examinar. Se constatar que a manha se espalhou pela casa, há lepra contagiosa na casa. A casa está contaminada. 45 Será demolida a casa, com as pedras, madeira e toda a argamassa, que serão levadas para fora da cidade, a um lugar impuro.46 Quem entrar na casa enquanto esteve fechada, ficará impuro até à tarde. 47 Quem tiver dormido ou comido nesta casa, deverá lavar as vestes. 48 Se, ao entrar na casa, o sacerdote constatar que a mancha não se espalhou pela casa depois de rebocada, declarará pura a casa, pois o mal foi sanado. 49 Para fazer a expiação pela casa, tomará duas aves, madeira de cedro, púrpura carmesim e hissopo. 50 Sacrificará uma das aves sobre uma vasilha de barro com água de fonte. 51 Pegará a madeira de cedro, o hissopo, a púrpura carmesim e a ave viva, e os molhará no sangue da ave imolada sobre água de fonte. Depois aspergirá a casa sete vezes. 52 Feita a expiação da casa com o sangue da ave, com água de fonte, com a ave viva, com madeira de cedro, com hissopo e com púrpura carmesim, 53 soltará a ave viva no campo, fora da cidade. Assim fará a expiação pela casa e ela ficará pura". 54 Esta é a legislação referente a qualquer tipo de infecção de lepra, ou de sarna, 55 a infecções leprosas de vestes e de casas, 56 a tumores, pústulas e erupções da pele, 57 para ensinar quando alguma coisa é pura ou impura. Esta é a legislação sobre a lepra.

Aspecto de expiação do pecado - o sangue que expia (Lv 17,11), sem o qual não há remissão (Hb 9,22)

Nm 6.10 e ao oitavo dia trará duas rolas, ou dois pombinhos, ao sacerdote, à porta da tenda da reunião; Nm 6.11 e o sacerdote oferecerá, um para expiação do pecado, e o outro para holocausto; e fará expiação por ele, do que pecou relativamente ao morto; assim naquele mesmo dia santificará a sua cabeça. Nm 6.12 então separará os dias do seu nazireado a Javé, e para expiação da transgressão trará um cordeiro de um ano; e os dias antecedentes serão perdidos, porque o seu nazireado foi contaminado.

Portanto, vemos que o nazireu que tem que rapar a cabeça, tem que oferecer duas pombas, uma como holocausto e outra como oferta pelo pecado, e um cordeiro, como oferta pela transgressão.

Portanto, o apóstolo Paulo comprou oito pombas e quatro cordeiros, para os sacrifícios daqueles quatro homens cristãos.

E, ao que tudo indica, o apóstolo Paulo ofereceu também, ele próprio, duas pombas e um cordeiro, pois ele também tinha feito voto de nazireu, e tinha rapado a cabeça em

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Cencréia, como está escrito em: At 18.18 e Paulo ainda permaneceu ali muitos dias, e despediu-se dos irmãos, e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áquila, tendo rapado a cabeça em cencréia, porque tinha voto.

Portanto, vemos que o sacrifício de animais para expiação de pecados, instituído por Deus, só vale para os pecados cometidos por erro, isto é, sem querer, e que para os pecados cometidos à mão levantada, ou seja, intencionalmente, não há nenhum sacrifício de animal que possa servir de expiação, e que a alma que pecar intencionalmente, deve morrer.

Em Hebreus 10:1-3, está escrito: Hb 10.1 porque a lei, tendo a sombra das coisas boas que vão existir, não a própria imagem das coisas, a cada ano os mesmos sacrifícios que oferecem continuamente, nunca pode aperfeiçoar os que se aproximam. Hb 10.2 porque se não, parariam de ser oferecidos, por não terem mais consciência de pecados os que servem, uma vez purificados. Hb 10.3 mas neles, há recordação dos pecados a cada ano.

Portanto, vemos que os sacrifícios ordenados na Lei de Deus, no Templo, continuam, mesmo após a morte e ressurreição de Cristo, pois a Epístola aos Hebreus foi escrita após a morte, ressurreição e ascensão de Cristo, e ela diz que os sacrifícios continuam a ser oferecidos.Em Números, capítulos 28:1-8, Javé ordenou que os sacerdotes, no Templo, ofereçam um sacrifício contínuo, um cordeiro de manhã, e um cordeiro de tarde, todos os dias, cada cordeiro acompanhado de uma oferenda de farinha de trigo amassada com azeite, e de uma libação de vinho.

Aspecto cerimonial

A páscoa foi instituída quando e em comemoração da saída do povo de Deus do Egito e deveria ser comemorada em família, como uma espécie de refeição sagrada, por ser uma festa e um sacrifício (Ex 12,25-28; Nm 9,13), presidida pelo pai, que atuará como sacerdote. Posteriormente com a centralização do culto, na reforma de Josias, passou a ser imolada no templo pelo sacerdote, que derramava o sangue no altar, prosseguindo-se o cerimonial em família ou com amigos ou parentes, em outros lugares ( Dt. 16,5-7; Cro 30, 15-17; 35, 10-14)

Dos Muçulmanos - Maomé disse no Alcorão sagrado: Surata, 22/28; Para auferirem benefícios e celebrarem o nome de Deus nos dias mencionados (os do sacrifício), sacrificando uma das agraciadas reses.

Se abandonaram sua prática e conduta religiosa, foram por razões próprias que não nos cabe discutir, mas nem por isso devemos abandonar as nossas, como muitos assim o querem.

Aceitar isto por parte de outras religiões e rechaçar o que é pratica dos africanos, é puro ato discriminatório, um ato de racismo disfarçado, e vai além disso, está imbutido uma escancarada disputa de mercado, cuja forma de aumentar e manter é nos atacando desta forma disfarçada e inescrupulosa.

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Sua teologia, aplicação esotérica e prática no contexto africano

Para sua compreensão há a necessidade da explicação a aplicação da palavra AXÉ (visite a seção Axé), quer seja: Força/Energia vital

Neste contexto o ejé (sangue) é elemento primordial, não ao acaso, produz uma energia de fato, bem como elemento essencial para iniciação, na religião de toda e qualquer pessoa, sem o qual não haveriam nem novos babalorixás e iyalorixás, não haveria mais, sequer a religião.

Independente de qualquer discussão : Esta forma como que é utilizado, o sangue e demais vísceras dos animais, tem uma causa e objetivo nobre, o de produzir uma energia, o axé, já tantas vezes mencionado, que ao menos, irá cumprir uma função, de maior ou menor importância, beneficiando o alvo de qualquer religião: o ser humano.

Comparativo quanto a outros animais ou seres vivos

É feito algum tipo de comentário, por quem quer que seja sobre o abate industrial ou caseiro? Absolutamente não; porque? No fundo, no fundo, ninguém saberia dizer; Mas, intrinsecamente, já está embutido na cabeça das pessoas, um preconceito de ordem religiosa, moral, conservadora ... ou “pseudos” religiosos e moralistas...através de argumentos, os mais variados e convenientes.

Porém, quando essas pessoas, lêem na Bíblia Sagrada, diversas situações de sacrifício, já mencionadas; tão somente estavam repetindo um ato já praticado, provavelmente advindo dos africanos, que dizem dessas passagens bíblicas, nossos algozes?

Onde está a maldade, o diabólico, se isto pode ajudar alguém? O abate é o mesmo, só porque é um ato religioso? Os vermes, a barata, o pernilongo, a formiga, todos foram criados por Deus, com alguma função, mas criaturas divinas, claro que são nojentos, nocivos, e, devem se exterminados, as vezes esmagados, pisoteados, outras com ímpetos e rituais de sadismo e com plena satisfação, quer seja com o sapato, chinelo, vassoura, ou mesmo de forma maciça, o inseticida, o procedimento se faz de forma algoz, por envenenamento, a morte vem lenta e dolorosa ...

Do ponto de vista, de que são igualmente, criaturas criadas por Deus (por outro não seria), que diferença tem dos animais imolados no Candomblé? O mundo sacrifica animais diariamente.

A conclusão é que se trata de discriminação e mais além, disputa de mercado, pelo grande mercado consumidor que são os fiéis, disputados inescrupulosamente, e os subterfúgios são os mais variados, este é um deles.

Somos um Povo Profano?

Não é, e nem pode ser coincidência, que a mitologia Egípcia, Grega e Romana, cujos povos surgiram bem mais tarde que o povo Africano (e alguns até oriundo de lá), seus deuses, tenham muita verossimilhança com os elementais (deuses) africanos, a

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interligação é muito grande e muito forte, o deus da caça, da colheita, da chuva, do vinho, da fecundidade, do amor, da saúde...acaso seriam eles, povos atrasados, ignorantes, imaginativos? Povos que hoje são considerados a base da humanidade moderna. Muita semelhança também está presente, na criação do mundo, segundo textos bíblicos, com a dos africanos, do povo yorubano, o homem sendo feito do barro (na história yorubana é moldado por Ajálá, o orixá funfun moldador de Orí -cabeça -), moldado e recebido vida pelo sopro do Criador; a separação do paraíso com a terra pela ira de Deus, com a história da separação do Aiyé e o Orún.

O mercado, na região yorubá, tem a mesma função do Agora dos gregos ou o Forum dos romanos: um lugar de reunião, onde todo os acontecimentos da vida pública e privada são mostrados e comentados. Não há nascimento, casamento, enterro, festa organizada por grupos restritos ou numerosos,, iniciação ou cerimônia para os orixás, que não passem pelo mercado. No Brasil essa noção da "passagem ao mercado" continua presente e pode ser constatada quando os noviços no "dia do nome", são convidados a anunciá-lo claramente "para que todos ouçam seja na cidade e no mercado".

Alguns missionários primeiros, que lá chegaram, constataram estas coincidências, mas não as revelaram, ao contrário, foram usadas, as lendas, de forma negativa, difundindo a imagem de povo politeísta, profano, tentando impingir-lhes o novo Deus, como único e verdadeiro.

Consequencias, que acompanharam esses povos, quando da sua transferência ao Mundo novo por ocasião da escravidão, e desta feita, sofrendo com intensidade, toda carga repressiva pelo culto da sua religião, não sendo dado, vistas, e ouvidos, a toda sua história, origem, cultura e procedimentos.

Que de uma forma muito tímida, e, infinitamente pequena, perante sua grandeza e liberdade tolhida, hoje tentamos resgatar e lhes dar o seu devido valor. O que nada mais é que nosso dever e obrigação, e ainda assim, seus seguidores, nos dias de hoje, são discriminados, e, algumas pessoas, entre elas, "novos" pastores, despreparados ou de má fé, por algum interesse ou comando, se aproveitando de uma situação atual, que parte de uma mídia lhes permite; agem como aqueles primeiros missionários, usando de forma negativa, os hábitos e usos, do qual alguns são ainda primitivos (até mesmo pela sua inocência, manutenção dos costumes e tradições, e muito mais por um ato de fé), para se beneficiarem, a atraírem mais fiéis, ou, contribuintes? Contudo a história ainda não está terminada, e, o passado revela que as perseguições, com o tempo, nada valeram, ao contrário, revelaram o engano cometido e o castigo devido.

Uma Casa de Candomblé

Para existir um Ilê (casa de candomblé), é necessário um Babalorixá ou Yialorixá, competente, iniciado dentro da lei, seguindo rigidamente ao longo dos seus anos de iniciação suas normas e preceitos, pois somente assim terá o aval, o consentimento, o axé necessário para desenvolvimento das suas atribuições, atributos esses consignados por seu iniciador no nosso plano material, e seu consequente desempenho com resultados positivos junto à sua comunidade, que só serão obtidos com a aquiescência dos orixás que os monitoram de forma permanente, permitindo ou até mesmo

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interrompendo uma situação de resultados realmente significativos, quer seja na sua leitura esotérica ou no trato com o povo. Como ninguém planta de manhã para colher à tarde, um Ilê com axé, é estruturado com estudo, aprendizado, dedicação, humildade, respeito e principalmente, conduta ritual, a medida que vai "merecendo" os orixás vão lhe "dando" ao ponto de se obter uma estrutura suficiente, para o início das atividades de um novo Ilê. Em alguns casos, até mesmo por falta de um controle e fiscalização, por parte de uma Confederação legitimada, decorrente da não organização dos adeptos, muitos por conveniência, tem casas que são verdadeiros comércios (não pelo fato de cobrarem algum benefício financeiro para sua manutenção e sustento) pelo exagero dos valores pedidos, se aproveitando do medo e da inocência de algumas pessoas, outras instituem total libertinagem por conveniência de seus comandantes e comandados, outras pela sua ignorância ou mal iniciação, em vez de ajudarem acabam causando um mal maior, e, infelizmente somos abrigados a conviver com essas situações que denigrem como um todo a nação candomblecista; Mas como Oxalá é sublime essas barreiras de alguma forma são superadas, não colocando em risco a religião yorubá, e tão somente fornecendo subsídios à algumas alas de algumas Igrejas, que se aproveitam desses casos de exceções para se enaltecerem e nos escrachar, com objetivos de "angariar" mais fiéis, visando uma melhoria de arrecadação, mas como Deus é único, de alguma forma nos protege e seguimos adiante. As pessoas que frequentam uma casa de candomblé, basicamente são: praticantes, simpatizantes e usuários. A procura por esta religião tanto para prática como consulta, muito é em virtude de um atendimento pessoal e individualizado, em que as pessoas tem uma participação ativa, naquele instante a pessoa não é uma a mais numa multidão, mas o centro das atenções, de uma forma que possa canalizar toda sua fé, para obtenção do seu objetivo, e frise-se, a fé é fundamental e necessária para qualquer intento, onde cada um deve fazer o melhor possível a sua parte, no caso de quem está sofrendo a ação, comparecer fisicamente com o material no dia e hora marcado, quando solicitado ou orientado para tal, e fazê-lo com muita fé e dedicação.

A hierarquia

Observância de uma hierarquia rígida é o instrumento que mantém permanentes as instituições, como o Estado, o exército, a religião... sua tradução literal expressa: ordem e subordinação dos poderes eclesiásticos, civis e militares; graduação de autoridade, correspondente às várias categorias. Em princípio, é o tempo de iniciação religiosa que conta, vale o ditado - antiguidade é posto - seguido do Oye (cargo) que a pessoa ocupe; o mais velho é sempre o mais velho, não importa que mais moço tenha seu cargo religiosos de maior importância; exceção única, feita ao Babalorixá ou Yialorixá, que por poder absoluto, está acima de todo e qualquer outro. De casa para casa ou de nação para nação, variam os cargos e seus nomes, e um ou outro detalhe da escala hierárquica, Via de regra são: - abians - por exprimir uma vontade de participar, ou escolhido a fazer parte da comunidade, recebe do babalorixá, um fio de contas "lavado" (colar ritual, símbolo do orixá do neófito), ou tenha se submetido a um bori (dar "comida" à ori , cabeça física e astral); participam no Ilê, ajudando com tarefas civis, nas festas, na limpeza e arrumação e decoração do barracão, preparo de café e almoço, alguma ajuda na cozinha ritual, onde são preparadas as oferendas dos orixás e demais tarefas afins. - Iyawô - o iniciado, também chamado de adoxú (aquele que levou adoxum ), neste período não lhes são revelados segredos, ficará recluso alguns (que variam de 7 a 21, conforme sua nação), num lugar chamado roncó ou camarinha, um quarto fechado, com

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algumas esteiras, é confiado aos cuidados do seu ojúbonà (pai-pequeno ou pai-criador) que o auxiliará e ensinará alguns comportamentos durante todo período da iniciação, o qual juntamente com o iniciado, manterá resguardo neste período. Em um primeiro momento é feita a raspagem do cabelo, símbolo de submissão e humildade e preparo do oxú (o alto da cabeça, a moleira astral, chacra principal do corpo humano) para as obrigações principais. Neste período o iniciado tem como objetivo principal receber axé, a qual será responsável, pelo seu aumento e manutenção, através da rígida observância, da sua conduta ritual. Completados sete anos de iniciação, os iyawôs , após fazem sua "obrigação" ritualística que os 7 anos requer, tornam-se ègbónmí (egbomi - "irmão mais velho"), e tem direito a Ter seu próprio Ilê com a benção e autorização do seu babalorixá, bem como Poderá fazer parte do grupo dos Oloiês. - Oloiês`-, podem adoxús ou não-adoxús; os OGÃS, que quer dizer - chefe - podendo em alguns casos, ter seus otuns e osis ; os postos de AXOGUN, ALABÊ, OGOTUN, AFICODÉ, IPERILODÉ, ELEMOXÓ, ILÊIGBÓ, PEJIGAN em paralelo a IYAEGBÉ, IYAKEKERÉ (mãe pequena), BABÁKEKERÊ (pai pequeno), YIÁMORÔ, AJOIÊ ou EKÉDE, DAGÃ, SIDAGÃ, em casa de Xangô, o cargo da KOLABÁ, a IYÁ SIHA (relacionado a um ato litúrgico de Oxalá), IYÁEFUN(BABÁ), IYÁLOSSAIN (BABÁ), IYÁBASÉ. Mais especificamente no ILÊ AXÉ OPÔ AFONJÁ tem os OBÁS DE XANGÔ, seis da direita (otuns), com voz e voto; seis da esquerda (osis) somente com voz. - Agbá - duas condições a um só tempo: a) antiguidade iniciática (mais de 50 anos); b) antiguidade cronológica (mais de 60 anos). - Iyálorixá - (Iyálaxé)/Babalorixá. Uma fila hierárquica, a exemplo da que acontece nas "Águas de Oxalá" assim e procede: Iyálorixá (babá), seguindo os demais Adoxú, quer sejam oloiês ou não, de acordo com o tempo de iniciação, sempre o mais velho na frente do mais moço, sendo a segunda da fila a(o) Iyáegbé (mais velho(a) adoxú do axé e segue a fila de acordo com o tempo de iniciação, atrás do último adoxú, alternando-se ogans e ajoiés, de acordo com o tempo de confirmação, atrás virão ao abians. O mais velho é tudo; sempre se é iyawô para o imediato "mais velho", no próprio "barco" (mais de um iniciado recolhido ao roncó para iniciação) de iyawôs encontramos a figura do mais velho, chamado dofono , e sucessivamente dofonitinho, fomo, fomotinho, gamo gamotinho... ao dofono é aquele a quem se pede a benção em primeiro lugar, devendo, este, contudo, ser o primeiro a servir seus demais irmãos mais moços. É muito importante o mais velho se colocar no difícil papel; é o responsável - sem que muitas vezes saiba - pelo futuro do seu mais novo, seus anseios, esperanças, fantasias...

A quizila e as proibições

A quizila é uma forma de reação negativa que atinge as pessoas, quer seja fisicamente, causando algum mal estar, ou, na vida pessoal gerando algum "atrapalho" ou perda; e, acontece quando comemos ou fazemos algo que não devemos; todos os orixás tem suas quizilas, e como filhos devemos respeitá-las, por exemplo: não devemos comer determinadas comidas, que são oferecidas aos orixás, pelo fato que, quando oferecemos à eles esta comida, eles "transformam" as energias daquela comida, em energia positiva para nós, das quais estamos precisando constantemente, portanto é comida do orixá, não nossa. A quizila, em alguns casos, é como se fosse uma "alergia" natural, que comemos alguma coisa, e imediatamente temos uma reação alérgica, porém a mais perigosa é aquela que não sentimos de imediato alguma reação, o que erradamente leva alguns filhos de santo, usarem, um sistema, Ah! Eu comi, não fez mal, não terá problema, aí é que se enganam, pois a reação virá quando menos esperam, atingindo de alguma outra

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forma. Os iniciados sabem o que devem respeitar, se não o fazem é por serem descomprendidos, evidente que há casos de desconhecimento, por uma má iniciação, e muito mais valor terá, se gostarmos daquilo que não podemos, pois é muito fácil se evitar, o que não gostamos. As proibições mais comuns, são com relação a determinadas comidas, temperos, folhas, bebidas, cores...

Vida Eterna?

Por razão lógica, se viveremos fisicamente, neste plano terreno, apenas uma vez e nossa "vida" é eterna, este período que aqui passamos é muito curto, em se comparando com a eternidade, só isto já torna óbvio nos preocuparmos com a "outra" vida, mas o raciocínio conclusivo aparecerá mais adiante, destacado sob forma grifada, após algumas considerações necessárias. Evidentemente para quem crê nesta "outra" vida. Porque creio na outra vida e não na reencarnação? Primeiro não li ou ouvi nada a respeito na filosofia Yorubana, o que me faz raciocinar, e raciocinando me leva a perceber que não temos nenhuma prova ou indicação de reencarnação, salvo exceções, que toda regra se submete, no caso em tela, os àbiku, assunto ainda sob-júdice em minha cabeça. Existe uma teoria, anterior a ciência da genética atual, que as pessoas, locais ou situações que existem em nossa memória e que temos a certeza que nunca vimos ou passamos, acessadas mais comumentes em nossos sonhos, seriam de "encarnações" anteriores, mas que atualmente, estou mais propício a crer de se trata de uma herança genética, que herdamos dos nossos antepassados, assim como traços físicos, genes, etc. seriam traços de memória anexados em nossos genes de memória, razão de "visualizarmos" rostos ou locais nunca vistos, pois a possibilidade de os criarmos de forma instantânea é zero.

E porque a preocupação com a próxima "vida"?Por uma razão simples, "lá" não haverão os diferenciais que propiciam em nosso mundo terreno, mais ou menos situações de felicidade, quer sejam: o dinheiro, a preocupação com saúde, beleza, juventude ou velhice, alimentação, sexo, filhos, pais, país, guerras, sobrevivência, enfim todas as preocupações humanas que a grande massa da população mundial, tem em seu dia-a-dia. Não havendo estes diferenciais, só restará a natureza e individualidade de cada um, estaremos todos nivelados, materialmente falando, e aí sim, a felicidade dependerá única e exclusivamente de cada um, mas é certo, levaremos daqui, fruto do nosso comportamento, daquilo que desenvolvemos como pessoa, a condição e local para onde iremos após a morte física.

Nesse aspecto a filosofia yorubana fala de 9 planos astral, sendo os primeiros planos, os que chamamos de planos terra-a-terra, aqueles que ficam espíritos involuídos, ou os que não tiveram em vida um bom procedimento e comportamento e que comprovamos sua existência quando da leitura do jogo de búzios (no caso dos candomblecistas) destes espíritos desencarnados que se "encostam" nas pessoas, trazendo problemas, dificuldades as mais diversas alterações de comportamento e energia, os demais são estágios para os quais poderemos ir com menor situações de infelicidade e desconforto, ou estando lá, galgando plano a plano através de procedimentos que lá serão conhecidos, até o plano mais próximo da felicidade plena, ou seja, próximo da Energia Suprema, da Luz ou qualquer outro nome que tenha cada segmento religioso.

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