o trabalho domiciliar das mulheres em terra roxa/pr

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O trabalho domiciliar das mulheres em Terra Roxa/PR Terezinha Brumatti Carvalhal Doutora em Geografia pela FCT/Unesp/Presidente Prudente/SP, secretária de publicação da AGB/MCRondon/PR, é da Comissão Editorial das Revistas: Pegada e Geografia em Questão e faz parte do Geolutas (Geografia das Lutas no Campo e na Cidade) e CEGeT(Centro de estudos de Geografia do Trabalho) Neste estudo, apontamos algumas contradições referentes à dinâmica territorial do trabalho domiciliar como repercussão da informalização, enquanto produto das mudanças que se processam no âmbito mais geral do trabalho. Os rearranjos do capital, nesse caso, a desconcentração do processo produtivo e a expansão das pequenas e médias unidades têm se juntado às formas flexibilizadas e precarizadas de trabalho e tem feito avançar a descentralização do capital no município de Terra Roxa/PR. Assim o trabalho produtivo em domicílio se mistura ao trabalho reprodutivo doméstico, entronizando uma forma específica de exploração de elevados contigentes de força de trabalho, especialmente de mulheres. Sendo que o trabalho remunerado e produtivo acaba impondo sua configuração territorial no âmbito da casa em que todos os cômodos passam a ter a funcionalidade primordial à produção. Ou num reencontro do caracol com sua concha, porém numa esfera de extrema precarização e exploração do trabalho. Pudemos perceber que há uma plasticidade do trabalho, em relação aos trabalhadores ligados às indústrias de Moda Bebê de Terra Roxa, no sentido de que encontram-se em alguns momentos registrados, informais, autônomos, para novamente serem funcionários registrados dentro da indústria e assim sucessivamente. Ou seja, em dado momento se encaixa em dada categoria de trabalhador para depois se tornar autônomo e informal. E nesse processo a sua representatividade sindical também vai migrando de categoria, deixa de ser representado pelo SINTRAVEST quando passa a ser trabalhador domiciliar e sem registro em carteira ou qualquer maneira de contribuição à previdência. Dessa forma não participa de nenhuma associação que represente a sua condição, ficando sem representatividade alguma. E estando nessa condição o embate que se dá com o capital é de maneira individualizada e fragilizada, portanto.

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O trabalho domiciliar das mulheres em Terra Roxa/PR

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  • O trabalho domiciliar das mulheres em Terra Roxa/PR

    Terezinha Brumatti Carvalhal

    Doutora em Geografia pela FCT/Unesp/Presidente Prudente/SP, secretria de publicao da AGB/MCRondon/PR, da Comisso Editorial das Revistas: Pegada e Geografia em Questo e faz parte do

    Geolutas (Geografia das Lutas no Campo e na Cidade) e CEGeT(Centro de estudos de Geografia do Trabalho)

    Neste estudo, apontamos algumas contradies referentes dinmica territorial do

    trabalho domiciliar como repercusso da informalizao, enquanto produto das mudanas que

    se processam no mbito mais geral do trabalho. Os rearranjos do capital, nesse caso, a

    desconcentrao do processo produtivo e a expanso das pequenas e mdias unidades tm se

    juntado s formas flexibilizadas e precarizadas de trabalho e tem feito avanar a

    descentralizao do capital no municpio de Terra Roxa/PR. Assim o trabalho produtivo em

    domiclio se mistura ao trabalho reprodutivo domstico, entronizando uma forma especfica

    de explorao de elevados contigentes de fora de trabalho, especialmente de mulheres.

    Sendo que o trabalho remunerado e produtivo acaba impondo sua configurao territorial no

    mbito da casa em que todos os cmodos passam a ter a funcionalidade primordial

    produo. Ou num reencontro do caracol com sua concha, porm numa esfera de extrema

    precarizao e explorao do trabalho.

    Pudemos perceber que h uma plasticidade do trabalho, em relao aos

    trabalhadores ligados s indstrias de Moda Beb de Terra Roxa, no sentido de que

    encontram-se em alguns momentos registrados, informais, autnomos, para novamente serem

    funcionrios registrados dentro da indstria e assim sucessivamente. Ou seja, em dado

    momento se encaixa em dada categoria de trabalhador para depois se tornar autnomo e

    informal. E nesse processo a sua representatividade sindical tambm vai migrando de

    categoria, deixa de ser representado pelo SINTRAVEST quando passa a ser trabalhador

    domiciliar e sem registro em carteira ou qualquer maneira de contribuio previdncia.

    Dessa forma no participa de nenhuma associao que represente a sua condio, ficando sem

    representatividade alguma. E estando nessa condio o embate que se d com o capital de

    maneira individualizada e fragilizada, portanto.