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O TRABALHADOR, O MERCADO DE TRABALHO E A QUESTÃO SOCIAL. THE WORKMAN, THE LABOR MARKET AND SOCIAL ISSUE. Ronald Silka de Almeida RESUMO Cuida o presente trabalho em trazer a debate aspectos que envolvem a evolução da valorização do trabalho humano, levando em conta todo o processo de desenvolvimento econômico, social e cultural. O trabalhador chegou a ser considerada coisa, res, porém com o aumento da população e a complexidade das relações sociais e humanas, aliados, a princípio, pela existência de algumas doutrinas como a estóica e o ideal humanitário apregoado pelo cristianismo, esta condição foi lentamente desaparecendo, até o surgimento das primeiras normas de proteção ao trabalhador, isto, porém em razão de movimentos, manifestações muitas vezes nada pacíficas em prol de melhores condições de trabalho, o que demonstrava de forma clara que o indivíduo, em período anterior, era simplesmente observado como meio de produção. O embate capital versus trabalhador é o ponto crítico da análise, em razão do fato de que se o trabalhador é tratado como simples meio de produção a sua força física, o seu conhecimento tecnológico trata-se basicamente como mercadoria. O trabalhador tratado como mercadoria, elemento de produção, sofre de forma direta às pressões do ambiente em que está inserido, surgindo o gravame da exclusão social, em razão de não estar se tornando um ser produtivo para o seu meio, mas máquina de produzir, de fornecer lucro. A evolução científica e o efeito globalização exigem que o trabalhador tenha uma preparação tecnológica e cultural elevada, ante a complexidade das relações laborais, porém ante a força do capitalismo desenfreado não é o que ocorre. Fica evidente que o fenômeno cíclico do destempero econômico social, leva o trabalhador a ser tratado como meio de produção e não como indivíduo produtivo para a sociedade. PALAVRAS-CHAVES: TRABALHADOR; MEIO; PRODUÇÃO; MERCADORIA; INDIVÍDUO; ECONOMIA; SOCIEDADE. ABSTRACT Our theme deals with the debating aspects concerning the development of increased importance towards human labor, considering the whole cultural, social and economic developing process. The workman has even been considered a thing, res, but populational increase and human and social relations complexity put together by existence of doctrines like stoicism and humanitarian ideal aimed by Christianity, made this condition to slowly vanish and to appear the first norms to protect the workman, due to political mouvements, manifestations many times not peaceful, for better working conditions, clearly showing that the individual-in an earlier period was regarded as a mean of production. The collision capital versus workman is the critical 7523

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O TRABALHADOR, O MERCADO DE TRABALHO E A QUESTÃO SOCIAL.

THE WORKMAN, THE LABOR MARKET AND SOCIAL ISSUE.

Ronald Silka de Almeida

RESUMO

Cuida o presente trabalho em trazer a debate aspectos que envolvem a evolução da valorização do trabalho humano, levando em conta todo o processo de desenvolvimento econômico, social e cultural. O trabalhador chegou a ser considerada coisa, res, porém com o aumento da população e a complexidade das relações sociais e humanas, aliados, a princípio, pela existência de algumas doutrinas como a estóica e o ideal humanitário apregoado pelo cristianismo, esta condição foi lentamente desaparecendo, até o surgimento das primeiras normas de proteção ao trabalhador, isto, porém em razão de movimentos, manifestações muitas vezes nada pacíficas em prol de melhores condições de trabalho, o que demonstrava de forma clara que o indivíduo, em período anterior, era simplesmente observado como meio de produção. O embate capital versus trabalhador é o ponto crítico da análise, em razão do fato de que se o trabalhador é tratado como simples meio de produção a sua força física, o seu conhecimento tecnológico trata-se basicamente como mercadoria. O trabalhador tratado como mercadoria, elemento de produção, sofre de forma direta às pressões do ambiente em que está inserido, surgindo o gravame da exclusão social, em razão de não estar se tornando um ser produtivo para o seu meio, mas máquina de produzir, de fornecer lucro. A evolução científica e o efeito globalização exigem que o trabalhador tenha uma preparação tecnológica e cultural elevada, ante a complexidade das relações laborais, porém ante a força do capitalismo desenfreado não é o que ocorre. Fica evidente que o fenômeno cíclico do destempero econômico social, leva o trabalhador a ser tratado como meio de produção e não como indivíduo produtivo para a sociedade.

PALAVRAS-CHAVES: TRABALHADOR; MEIO; PRODUÇÃO; MERCADORIA; INDIVÍDUO; ECONOMIA; SOCIEDADE.

ABSTRACT

Our theme deals with the debating aspects concerning the development of increased importance towards human labor, considering the whole cultural, social and economic developing process. The workman has even been considered a thing, res, but populational increase and human and social relations complexity put together by existence of doctrines like stoicism and humanitarian ideal aimed by Christianity, made this condition to slowly vanish and to appear the first norms to protect the workman, due to political mouvements, manifestations many times not peaceful, for better working conditions, clearly showing that the individual-in an earlier period was regarded as a mean of production. The collision capital versus workman is the critical

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point of such analisys, due to the fact that if the workman is to be regarded as a simple mean of production, his physical strength, his technological knowledge will be regarded as merchandise. The workman taken as merchandise, a production component, directly feels the environmental pressure, thus arousing social exclusion burden-for not being taken as a productive human being within his environment but as a production machine, meant for profit. The scientific development and the globalization effect urge an higher technological and cultural background, in view of complex relations; nevertheless, before capitalism power, this does not happen. It is obvious that cyclical social economic disorder phenomenon induces the workman to be regarded as a mean of production, not as a productive human being for society.

KEYWORDS: WORKMAN, MEAN, PRODUCTION, MERCHANDISE, BEING, ECONOMY, SOCIETY

INTRODUÇÃO

A evolução econômica e social, o desenvolvimento tecnológico e científico diante de uma visão globalizada nos encaminha a um breve estudo da valorização do trabalhador e da sua inclusão como ser produtivo na sociedade e não como simplesmente meio de produção.

Referida análise faz uma rápida incursão pela evolução histórica da valorização do trabalho humano, através do qual constatamos que as condições de vida e os padrões de cultura de cada época influenciam diretamente na forma de inclusão social do indivíduo e de que forma era mensurado o trabalho e a produção.

A análise histórica nos levou a constatar, que em muitos períodos o trabalhador não só era tratado como meio de produção, mas efetivamente como mercadoria, extrapolando em muito a função social do trabalho.

Ocorre que com a inclusão do indivíduo na sociedade através do trabalho não faz surgir para o meio social um ser produtivo criador de idéias, mas simples repetidor de atividades sujeitando-se às vontades do patrão que muitas vezes só visava os fins econômicos da produção e pouca visão tinha do todo em relação à sociedade em que está inserido o seu empreendimento[1]. Verificamos, agora em uma nova etapa da história que os reflexos de crise econômica e de uma pretensa recuperação das atividades produtivas os poderosos organismos que têm o controle das finanças internacionais, tais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, sustentam declaradamente, as reformas trabalhistas, sob o pretexto de redução de custos, aumento de produtividade e redução dos índices de desempregos, para com isto reduzir, ou melhor fazer regredir direitos materiais dos trabalhadores, conquistados através de diversos conflitos sociais perpetrados através de greves e movimentos operários nacionais e internacionais.

1. A VALORIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO

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1.1 TRABALHO

Conceito de Trabalho, conforme Antonio Houaiss: Emprego de força física ou intelectual para realizar determinada tarefa ou coisa. Aplicação dessas forças como ocupação profissional. Conceito econômico: conjunto das atividades humanas na produção de bens[2].

O homem por sua natureza e decorrente da necessidade de sobrevivência, teve de se associar, viver em sociedade e assim aprendeu a obter bens, trocando excedentes de sua produção individual por outros bens. Porém com o desenvolvimento das sociedades, o trabalho passou a ser, em determinada fase da história, mais precisamente na Antiguidade Clássica, como atividade abjeta, relegada a plano inferior e, por isso, confiada a indivíduos cujo status na sociedade era excludente - os servos e os escravos[3].

Na Antiguidade Grega a distinção entre contemplação e trabalho gerava um conceito negativo de trabalho, pois enquanto a contemplação era compreendida como decorrência da virtude e sabedoria do ser humano, o trabalho era relegado a plano secundário[4].

Aristóteles afirmava que para se obter cultura era necessário o ócio, razão pela qual deveria existir o escravo e mais de forma explícita assim se manifestava: "sem dúvida, o uso dos escravos e dos animais domésticos não é muito diferente"[5].

Inclusive o termo trabalho, segundo alguns dicionários etimológicos[6], deriva do latim vulgar tripaliare, que significa "martirizar com o tripalium" (instrumento de tortura composto de três paus).

Sob a ótica do Direito, o escravo era coisa (res) e não pessoa, podendo o seu proprietário dele dispor: vendê-lo, trocá-lo, utilizá-lo como lhe aprouvesse e até matá-lo. A relação jurídica era de domínio absoluto por parte do dono, a cujo patrimônio o escravo pertencia e se incorporava o produto de seu trabalho[7].

Porém em razão do aumento da população e a complexidade das relações sociais e humanas fizeram com que os senhores passassem a se utilizar da mão-de-obra de escravos de outros senhores, arrendando-lhes os serviços. Paulatinamente os homens livres de baixo poder aquisitivo passaram a ser incluídos entre os que arrendavam os seus serviços[8].

A partir deste momento dois fatos ocorreram: primeiro a decadência da escravidão no Império Romano em razão da política igualitária implantada por Marco Aurélio e pelos Severos[9], em razão do ideal humanitário apregoado pelo cristianismo e pela filosofia estóica[10], associada à fuga constante dos escravos, foram fatores que contribuíram para o declínio dessa forma de trabalho. Em segundo plano, dentro do chamado sistema feudal, apareceram os primeiros agrupamentos de indivíduos que, fugindo das terras dos nobres, fixaram-se nas urbes[11], estabelecendo-se, pela identidade de ofícios entre eles, uma aproximação maior, a ponto de surgirem as denominadas Corporações de Ofício, nos quais se firmavam contratos de locação de serviços em subordinação ao "Mestre" da Corporação.

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Assim um novo fenômeno passou a ocorrer, pois a preocupação dominante nas Corporações no Século XII refletida nos seus estatutos, sobretudo na França, era assegurar a lealdade da fabricação e a excelência das mercadorias vendidas, ou seja, constatando-se assim a especialização da mão-de-obra.

Essa especialização era, na verdade, tendência monopolizadora, agravada pelos limites impostos pelas Corporações e seus Mestres, conforme cita Alice Monteiro de Barros[12]:

Os aprendizes celebravam com os mestres contrato de aprendizagem que durava de dois a 12 anos, dependendo da complexidade do ofício. Durante esse período, o mestre possuía o direito de custódia, alojando e alimentando os aprendizes, além do dever de ensinar-lhes o ofício, concedendo-lhes tratamento adequado.

Por óbvio deve-se levar em conta que esta mão-de-obra também era utilizada em um estado de "quase escravidão", haja vista que normalmente os aprendizes de tenra idade (10 a 12 anos) eram praticamente vendidos pelos pais, que não tinham como sustentá-los, ao Mestre em troca da aprendizagem do ofício.

Depois de terminada a aprendizagem, quando então se tornava Companheiro, para obter a melhoria na categoria profissional somente tinha a opção de comprar a carta de mestria (o que era praticamente impossível, pois normalmente não possuía o dinheiro necessário), a outra opção era se casar com a filha ou a viúva do Mestre[13].

Porém, em razão de diversos fatores conjugados como os abusos praticados pelos Mestres nas Corporações de Ofícios, geradores de greves e revoltas dos companheiros, o contrato de trabalho perpétuo, as novas exigências sociais e econômicas fizeram com que ocorresse a transição da sociedade artesanal para a capitalista. O fenômeno acelerador da crise artesanal foi a inovação tecnológica, globalmente designada Revolução Industrial[14].

A nova sociedade capitalista consagrou a liberdade para o exercício das profissões, artes e ofícios e, conseqüentemente, para as livres contratações, porém com a inovação tecnológica, a ferramenta manual é substituída pela máquina.

A Revolução Industrial acarretou mudanças no setor produtivo e deu origem à classe operária. Ocorrendo uma nova transformação social, conforme explica Alice Monteiro de Barros[15]:

As relações de trabalho presididas pelos critérios heterônomos das corporações de ofício foram substituídas por uma regulamentação essencialmente autônoma. Surgiu daí uma liberdade econômica sem limites, com opressão dos mais fracos, gerando, segundo alguns autores, uma nova forma de escravidão.

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Passou a ser utilizado o que se denominou de "meias-forças dóceis", ou seja, o emprego generalizado de mulheres, crianças e adolescentes, pois a máquina reduziu o esforço físico e estas não estavam preparadas para reivindicar quaisquer direitos suportando, assim, ínfimos salários, jornadas desumanas e condições de higiene degradantes, com graves riscos de acidente[16].

Como se nota os primórdios da relação de emprego moderna, o trabalho retribuído por salário sem regulamentação alguma, era motivo de submissão de trabalhadores a condições análogas às dos escravos, não existindo, então, nada que se pudesse comparar à proteção do indivíduo aos desmandos do patrão.

Começam a surgir manifestações de trabalhadores por melhores condições de trabalho e de subsistência, através de greves e de revoltas, fazendo surgir as primeiras preocupações com a proteção aos empregados, dando origem às primeiras legislações que visavam a proteção do trabalhador.

1.2 TRABALHADOR

A partir desse passo devemos conceituar o que é trabalhador como aquele que trabalha se dedicando com esmero e afinco à execução de tarefas. Pessoa que trabalha; operário; empregado[17].

Entretanto, podemos afirmar que trabalhador é a pessoa que se utiliza de todo o seu conhecimento, a sua experiência, gastando toda a sua energia seja ela através da força física ou mesmo intelectual, para a execução de determinada tarefa em prol de uma remuneração.

A sociedade moderna, com o seu capitalismo desenfreado, continua a tratar o trabalhador como simples objeto de produção, como bem citam: Luiz Fernando Coelho e Luciano Augusto de Toledo Coelho[18]:

No caso do trabalhador, ele se vê cada vez mais reduzido a simples meio de produção, descartável ou reduzido a objeto de estudos teóricos, e tal situação se agrava na medida que a pós-modernidade caminha no sentido da hegemonia do modelo capitalista e da economia de mercado.

Nota-se assim, que não importa a fase histórica, efetivamente os interesses de um mundo globalizado indicam a crescente pressão sobre os trabalhadores levando-os a cargas de trabalho (jornadas elastecidas e remuneração reduzida) comparáveis às do início do período da Revolução Industrial, o que demonstra um efeito cíclico de fatores que sempre levam a demonstrar o quanto o capital influência diretamente sobre o trabalho[19] e agora muito mais acentuado pelos efeitos da globalização que pedem um trabalhador muito mais técnico, como bem analisa Leila Andressa Dissenha[20]:

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... já é possível notar que a globalização, aliada aos fatores que formam o contexto atual, tornam o mercado de trabalho mais desumano, não só no sentido da substituição do trabalho humano, mas no sentido de menosprezar a dignidade do trabalhador para responder às necessidades de um mercado que promete trazer o bem-estar a todos, mas que, na prática, só o traz para poucos.

A mesma autora[21] entra direto no cerne da questão:

Esta realidade passou a exigir a empregabilidade do trabalhador, que ele esteja suficientemente preparado para atender às necessidades do mercado global, com domínio de idiomas, com o conhecimento pleno da informática, que também tenha não só o conhecimento específico de sua área, mas que tenha conhecimentos globais, idéias originais, que seja um cidadão do mundo, que viva para o trabalho e se sacrifique por ele se necessário for e, lógico, que seu custo não interfira no custo de produção.

Assim, para nos direcionamos quanto ao impacto da questão social devemos inicialmente efetuar uma análise em relação à produção e à obtenção de lucros.

1.3 PRODUÇÃO

Conforme a etimologia produção é o ato, o processo ou o efeito de produzir; o que é produzido pela natureza, pelo homem ou pela máquina: produto; volume do que se produz; capacidade de produzir. Para a economia o termo significa: criação de bens e de serviços para suprir as necessidades do ser humano[22].

A análise capitalista divide a produção em duas espécies: a) divisão manufatureira do trabalho; e b) divisão social do trabalho[23]. A primeira sugere o fracionamento dos meios de produção, em razão da concorrência e a segunda a relação que os capitalistas estabelecem com os trabalhadores em razão da busca frenética do aumento de produção.

Aliados a estes dois fatores: a concorrência e o aumento de produtividade e o lucro, encontra-se a fórmula: capital x trabalhador, que é estabelecida pela venda e compra da força de trabalho.

2. TRABALHADOR COMO MEIO DE PRODUÇÃO OU MERCADORIA

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Diante da evolução cíclica da exploração da mão-de-obra, com o objetivo do lucro frente à fórmula: capital x trabalhador, passa-se à análise, se efetivamente o trabalhador é meio de produção ou passou a ser mera mercadoria. Como meio de produção ele traz a sua força física o seu conhecimento tecnológico, cultural e social para desenvolver a tarefa para o qual foi contratado. Como mercadoria há simples mercantilização do corpo humano, sem qualquer análise, ou melhor, preocupação com o aspecto ou o impacto social que este comércio acarretará e o conteúdo ético de sua utilização.

Karl Marx[24] cita que o valor da força de trabalho possui um valor histórico e moral, da seguinte forma:

O valor da força de trabalho, como de toda outra mercadoria, é determinado pelo tempo de trabalho necessário à produção, portanto também reprodução, desse artigo específico. Enquanto valor, a própria força de trabalho representa apenas determinado quantum de trabalho social médio nela objetivado. A força de trabalho só existe como disposição do indivíduo vivo. Sua produção pressupõe, portanto, a existência dele. Dada a existência do indivíduo, a produção da força de trabalho consiste em sua própria reprodução ou manutenção. Para sua manutenção, o indivíduo vivo precisa de certa soma de meios de subsistência. O tempo de trabalho necessário à produção desses meios de subsistência ou o valor da força de trabalho é o valor dos meios de subsistência necessários à manutenção do seu possuidor. A soma dos meios de subsistência deve, pois, ser suficiente para manter o indivíduo trabalhador como trabalhador em seu estado de vida normal. Em antítese às outras mercadorias, a determinação do valor da força de trabalho contém, por conseguinte, um elemento histórico e moral.

A elevada taxa de gastos com a educação observados no mundo inteiro nas últimas duas décadas demonstra que há uma preocupação geral com a formação da força produtiva, pois diante da introdução de inovações tecnológicas que ampliam ou mesmo restringem a intervenção da mão-de-obra nas fábricas e, em todo o novo processo produtivo, exige dos trabalhadores um conjunto de competências, adquiridos essencialmente, mas não exclusivamente, através de uma boa formação escolar.

Da mesma forma são criados empregos que exigem maiores requisitos educacionais, o perfil das qualificações mudou muito, havendo uma diminuição da importância atribuída às habilidades específicas, e aumentando-se as exigências de uma combinação de atributos que alguns chamam de "capacidade de resolver problemas".

Espera-se, assim, que a educação possa "dar conta" de criar ou de formar esse profissional polivalente e que o mesmo esteja pronto ou apto às novas formas de emprego que tendem a surgir, deixando de ser simples mercadoria mas sim meio de produção, ante a aquisição e produção de conhecimento e também por conseqüência de tecnologia.

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O capitalismo é uma doutrina alimentada pela produção excedente do trabalho que tem como demanda a tecnologia e a estrutura em longo prazo criar nações igualitárias, com o objetivo de minimizar os custos com a mão-de-obra.

Toda essa tecnologia leva o trabalhador cada vez mais a desapropriar-se de suas habilidades para que a máquina possa cada dia mais suprir a mão-de-obra e o trabalhador passa um menor período de tempo a vigiá-la sem conhecimentos específicos.

Assim verifica-se uma efetiva questão contraditória, pois o homem é educado e preparado para operar a máquina que vem substituí-lo nas operações de quantidade, qualidade e até mesmo de risco, pois o capitalismo visa à produtividade máxima com um mínimo de gasto[25].

O mercado busca o profissional tecnicista e com isto causa efetivamente uma crise política na educação, conforme expõe Pedro Demo[26]:

A politicidade não pode fazer do conhecimento uma politicagem, porque não cabe desvirtuar as características da cientificidade do conhecimento, mas seria no mínimo arcaico imaginar que conhecimento ao seja, em seu âmago, também fenômeno político. Na verdade, é o maior fenômeno político de que dispõe a humanidade, porque é através dele que ela mudou seu percurso histórico e mesmo evolucionário. Podemos resumir estas idéias no "processo formativo", muito além do instrucionismo. Formação contém, num nível, a habilidade disruptiva do conhecimento, para saber pensar, mas contém também, em outro nível conjugado, a habilidade política, para saber intervir. É por esta porta tipicamente curricular que entra a cidadania na universidade, menos pela da extensão. Este processo deve ser intrínseco ao currículo, sem jamais passar a impressão de que cidadania provém de fora, de atividades eventuais e voluntárias.

Portanto, devemos deixar de lado a idéia de que conhecimento é mercadoria controlável, pois a prática demonstra que sendo dinâmico, disruptivo, não se pode gerir como produto mensurável e estritamente controlável, para a simples formação de profissionais tecnicistas a atender o mercado de trabalho sem criar o senso crítico no cidadão[27].

O conhecimento, sem dúvida, é parte integrante da dinâmica das relações sociais, das formas de organização social. As finalidades de processos são determinadas por interesses das classes sociais aliadas às ações políticas econômicas e culturais da ciência. Por outro lado não devemos esquecer que tais relações são instáveis, uma vez que são frutos da relação humana.

As relações humanas travam várias situações sociais, que criam significado às coisas, às pessoas, às idéias que levam à formação de ideologias. Esses pilares nos levam ao questionamento de qual seria o valor dessa mercadoria: a força de trabalho.

Como força de trabalho ela precisa ser continuamente substituída, pois o seu proprietário é mortal, assim a sua quantificação efetivamente deve obedecer às necessidades do indivíduo como um todo, inclusive levando em consideração o seu

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convívio social, a sua família, as suas necessidades, o que, convenhamos, é efetivamente utópico.

3. MEIO DE PRODUÇÃO OU FORMA DE EXPLORAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA

Todo este quadro formado nos leva somente ao questionamento: o trabalhador é atualmente meio de produção ou está tão somente servindo de mecanismo para a obtenção de lucros exacerbados, tornando-se mero objeto de exploração da mão-de-obra.

O adquirente da força de trabalho está efetivamente levando em consideração: a) a capacidade técnica do trabalhador; b) a valorização da mercadoria humana; c) a oferta de mercado; ou d) somente está fazendo ocupar os postos de trabalho em razão da grande oferta de mão-de-obra e façam operar os maquinários, que efetivamente estão produzindo.

questão social Com este questionamento nos conduz à expressão que somente foi formulada a partir do século XIX[28], quando então os efeitos do capitalismo e as condições da infra-estrutura social se fizeram sentir com grande intensidade.

O porquê desse questionamento somente a partir do século XIX, é explicado pela própria evolução da história do trabalho, pois conforme já expusemos: o trabalho inicialmente era reservado aos escravos; posteriormente as Corporações o levaram a uma segunda espécie de escravidão, na qual havia a aprendizagem e a prestação incontinente de serviços, porém ante às regras impostas pelo patrão o trabalhador não conseguia demonstrar a sua vontade e se impor perante o empregador. Somente com a Revolução Industrial, quando então as exigências de produtividade atingiram a família com a utilização das "meias forças"[29], é que "os desníveis entre classes sociais fizeram-se sentir de tal modo que o pensamento humano não relutou em afirmar a existência de uma séria perturbação ou problema social[30]".

Assim, a História do Trabalho demonstra que a criação do Direito do Trabalho é resultante de uma reação social, razão pela qual torna-se importante a análise da questão social.

Tanto é que o Direito do Trabalho surgiu no século XIX, na Europa, em um mundo marcado pela desigualdade econômica e social, forçando de forma incisiva a intervenção do Estado através de legislações imperativas, não deixando margens de dúvidas com o intuito de preservar o hipossuficiente, in casu, o trabalhador. Como não poderia deixar de ser o legislador brasileiro não ficou alheio a essas transformações também trouxe imposições que estão insertos na Carta Magna[31] através do art. 5º., XIII, art. 170 e nos artigos 9º., 444 e 468, da CLT[32].

Em que pese a Constituição Federal reconheça a livre iniciativa como um dos fundamentos da ordem econômica e financeira (artigo 170), assume um nítido perfil social, conforme nos alerta Fabiane Lopes Bueno Netto Bessa[33]:

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Assim, se para a Economia o "homem" é "força de trabalho", para a Constituição Brasileira, a proteção do homem e do trabalho (uma entre as diversas manifestações da vida humana) se dá com a afirmação do direito fundamental à vida, a elevação da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho a princípios fundamentais da República (art. 1º, III e IV, art. 5º, caput, e art. 6º, respectivamente). Vinculando a Ordem Econômica a tais valores, a Constituição reafirma, no Título VII (Da Ordem Econômica e Financeira), a dignidade e o trabalho como fundamentos da atividade econômica (art. 170, caput) e determina que tal ordem se volte à "busca do pleno emprego" (art. 170, VIII).

Assim diante da proteção legal, inclusive com fundamento Constitucional, as alterações das condições do contrato de trabalho são possíveis desde que não importem em prejuízo ao empregado. Algumas formas de alteração estão inseridas no jus variandi do empregador, condição que lhe é dada para poder gerir os seus negócios, porém em sendo constatado tratar-se de alteração abusiva ou que acarrete prejuízos ao empregado, a mesma é passível de nulidade pelo Judiciário.

Ora, diante desta possibilidade de alterações nas condições de trabalho, sejam elas objetivas ou subjetivas, criam aspectos de sujeição do trabalhador em relação ao empregador e, diante destes fatores o empregado, que tinha uma aparente liberdade de contratação, torna-se submisso e esta submissão influência diretamente na forma como está sendo desenvolvido o contrato de trabalho, se o empregado estaria sendo tratado como mecanismo de produção ou mera mercadoria humana.

O empregado, submisso sem meios de questionar as atitudes e as ordens do empregador, cláusulas e normas contratuais, deixa de ser um mecanismo de produção, mas tornando-se mercadoria descartável que ao deixar de produzir o suficiente e dentro dos parâmetros de produtividade solicitados pelo empregador pode ser dispensado, não havendo em si qualquer mecanismo de proteção quanto à dispensa imotivada, que previna o descarte do trabalhador.

Constata-se que o empregado está sujeito:

a) às condições de oferta de emprego;

b) à concorrência direta de oferta de mão-de-obra;

c) à qualidade e à preparação do empregado, a sua experiência profissional e sua capacidade técnica, são deixadas em segundo plano em razão do fator produtividade;

d) à sujeição às ordens do empregador, que através do jus variandi, pode livremente dispor da prestação de seus serviços.

O quadro que se apresenta e os mecanismos legais ainda são insuficientes para que o empregado seja tratado como mecanismo de produção, porém o é como mercadoria.

Atualmente estamos sofrendo uma nova revolução, não mais industrial, mas sim tecnológica que exige uma preparação do trabalhador para ingressar no mercado de

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trabalho já com uma qualificação mínima ante a complexidade das relações laborais, mormente a globalização, exigindo cada vez mais uma educação tecnicista[34]. Ocorre, porém, que esta mesma educação tecnicista fica restrita a poucos e assim cria um novo gravame que é a exclusão social. Conforme expõe Leila Andressa Dissenha[35]:

Da desconsideração da importância do trabalho no processo de globalização, surge um outro gravame: a exclusão social. O trabalho é o principal instrumento social para minimizar desigualdades sociais. Ao se negar o trabalho ao ser humano, está acentuando-se tais desigualdades.

Aliás, esta mesma tecnologia que traz tantos benefícios para o homem, também traz problemas sociais para os quais este mesmo beneficiário das facilidades não está preparado para enfrentar que é a sua desumanização, conforme nos explica Richard Tarnas[36].

Tudo nos leva a observar que o homem efetivamente está sujeito às alterações produzidas no meio social em que está inserido, tornando-se efetivamente reflexo de suas mutações[37].

4. QUESTÃO SOCIAL

A questão social não se resume à apenas a luta contra a miséria, com o mero fornecimento pelo Estado de educação, saúde, segurança e "bolsa família". Na realidade conforme bem cita Mozart Victor Russomano[38]:

O intervencionismo que se legitima é, modernamente muito mais amplo. Não se resume, como outrora, à educação laica, à saúde pública, à ordem pública, indo ao núcleo da questão social, em todos os seus aspectos, desde a luta contra a miséria total e a pobreza, até o reconhecimento e a defesa dos direitos humanos, nos quais hoje se incrustam - ao lado dos direitos políticos, econômicos e culturais - os direitos trabalhistas, naquilo que são essenciais à dignidade da pessoa humana, da família e da comunidade, adquiridos através da profissão de cada um e pelo exercício da cidadania. (grifos no original).

As forças do mercado, a voracidade econômica, lançam o trabalhador e todos os seus dependentes à uma batalha desproporcional na procura pela sobrevivência, mormente quando existe maior número de trabalhadores e um número reduzido de vagas de trabalho, oportunidade sem igual através da qual as forças econômicas fazem afastar as normas imperativas asseguradas pelo Estado de proteção ao trabalhador.

Estas forças de mercado simplesmente vem de encontro aos princípios da dignidade humana , pois violam de forma clara direitos fundamentais dos trabalhadores ao fomentarem a "regressão, paulatina ou agressiva, dos direitos materiais do trabalhador, procurando transferir a formulação desses direitos das normas imperativas

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do Estado para o âmbito mais fluído da negociação coletiva"[39], ou seja a força econômica, o empregador se vale da crise econômica e excesso de mão-de-obra à disposição, para fazer explorar ao máximo o suor do operário, quase o levando em sentido de retorno ao caminho da servidão.

Esta posição do mercado fere não só o sentido social, mas o moral e o ético, pois o homem deixa de ser tratado como ser humano e passa a ser tratado simplesmente como objeto, material de produção, o homem explorando o próprio homem em prol do lucro imediato e exorbitante. O homem deve ser tratado como pessoa e não como coisa, conforme explica Marculino Camargo[40]:

Para a ética, o homem, enquanto ser vivo, se obriga a respeitar e conservar tudo o que é vida no ser humano. Assim, a ética se ocupa de questões como aborto, eutanásia, suicídio, pena de morte, homicídios. Em segundo lugar, o homem é um ser racional, a dizer, uma pessoa dotada de razão e liberdade para coordenar a sua vida. De onde se depreende a necessidade de analisar problemas como a coisificação e massificação da pessoa e a exploração do homem pelo homem. O fato de a humanidade residir na racionalidade, na capacidade para viver em sociedade; do ponto de vista ético, somos pessoas e não podemos ser tratados como coisas.

Podemos assim dizer sem sombra de dúvida que se faz necessário a manutenção do equilíbrio de forças através do Estado mediador, para que o empregado simples formiguinha combatendo contra a máquina cruel do lucro não seja esmagado e reduzido à indignidade de ser tratado como coisa, simples mercadoria.

4. CONCLUSÃO

Em conclusão podemos afirmar que ainda em nossos dias o trabalhador, em sua maioria, é tratado como simples mercadoria, sujeitando-se às regras do capitalismo. Existindo casos em que é tratado como meio de produção, mas, infelizmente, trata-se de parcela eletizada da população produtiva, pois o trabalhador como meio de produção é efetivamente uma decorrência de sua preparação educacional, cultural e tecnológica.

Efetivamente é a educação o meio correto de inserção social, sendo o meio cultural que criaria a análise crítica na população e evitaríamos, no mínimo, a crescente disparidade social e efetivamente daria condições para que o trabalhador seja efetivamente tratado como meio de produção, ante o seu cabedal de conhecimento e aquisição tecnológica e cultural.

Porém, enquanto "o trabalho" for tratado como necessidade básica, sobrepujando a educação, o trabalhador continuará a ser tratado como mercadoria, ante a regra capitalista da oferta e procura.

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Isto nos traz uma perspectiva de um futuro negro, pois sendo a educação relegada a segundo plano não estamos somente deixando de preparar bons trabalhadores, mas também indivíduos capacitados para decidir e pensar sobre o futuro de sua sociedade, pois de forma cíclica estamos retornando ao início da Revolução Industrial quando a máquina substituiu o homem e atualmente a tecnologia o substitui, fomentando o capitalismo desenfreado, ou seja, maior produção e menor oferta de trabalho, em resumo, maior o lucro.

Esta situação somente será alterada com políticas governamentais que efetivamente tragam o indivíduo para a sociedade através da Educação, e assim fará com que o trabalhador seja tratado como meio de produção, conduzindo-o a melhores postos de trabalho e, conseqüentemente, melhorando o padrão de vida, deixando de criar classes sociais bem como disparidades que nos levam à crises institucionais sem precedentes.

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[1] ALMEIDA, Ronald Silka de; EGGERS, Andréia. "Trabalho fator de inclusão social e a educação", O Estado e a Atividade Econômica - O Direito Laboral em perspectiva. Coordenadores: Marco Antônio César Villatore; Roland Hasson. v. 1, Curitiba, Juruá, 2007, p. 82.

[2] HOUAISS, Antonio. Dicionário eletrônico. Rio de Janeiro, Objetiva, 2002.

[3] ALMEIDA, Ronald Silka de; EGGERS, Andréia. Ob. Cit., p. 82.

[4] NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do Trabalho na Constituição de 1988. São Paulo, Saraiva, 1991, p. 24.

A Política[5] ARISTÓTELES. . tradução brasileira Therezinha Monteiro Deutsch e Baby Abrão. São Paulo, Nova Cultural, 2000, p. 151.

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[6] CUNHA, Antonio Geraldo. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. 2ª ed., Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986, p. 779.

[7] SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 2ª. ed., Rio de Janeiro, Renovar, 2004, p. 4.

[8] ALMEIDA, Ronald Silka de. EGGERS, Andréia. Ob. Cit., p. 82.

[9] BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. 2ª ed. São Paulo, LTr, 2006, p. 54.

[10] Doutrina fundada por Zenão de Cício (335-264 a.C.), e desenvolvida por várias gerações de filósofos, que se caracteriza por uma ética em que a imperturbalidade, a estirpação das paixões e a aceitação resignada do destino, são as marcas fundamentais do homem sábio, o único apto a experimentar a verdadeira felicidade [O estoicismo exerceu profunda influência na ética cristã.] HOUAISS, Antonio. Dicionário eletrônico. Rio de Janeiro, Objetiva, 2002.

[11] Cidade, aglomeração humana.

[12] BARROS, Alice Monteiro. Ob. Cit, p. 55.

[13] BARROS, Alice Monteiro. Ob. Cit, p. 56.

[14] Ibidem, p. 57.

[15] Ibidem, p. 59.

[16] O relatório do médico Villermé, alusivo aos trabalhadores franceses do século XIX, revela que só 27 dos filhos de operários empregados chegavam a completar 10 anos de idade e os outros morriam entre sete e 10 anos. Eles trabalhavam durante 16 ou 17 horas diárias. BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. 2ª ed. São Paulo, LTr, 2006, p. 59.

[17] HOUAISS, Antonio. Dicionário eletrônico. Rio de Janeiro, Objetiva, 2002.

[18] COELHO, Luiz Fernando; COELHO, Luciano Augusto de Toledo; "O Trabalho como categoria crítica". Direito do Trabalho - Análise Crítica. Coordenadores Marco Antônio César Villatore e Roland Hasson, v. 1, Curitiba, Juruá, 2006, p. 24.

[19] ALMEIDA, Ronald Silka de. EGGERS, Andréia. Ob. Cit., p. 82.

[20] DISSENHA, Leila Andressa. "Trabalho e Capitalismo Global: constatações e perspectivas". Direito do Trabalho - Análise Crítica. Coordenadores: Marco Antônio César Villatore e Roland Hasson. v. 1, Curitiba, Juruá, 2006, p. 123.

[21] Idem, p. 123.

[22] HOUAISS, Antonio. Dicionário eletrônico. Rio de Janeiro, Objetiva, 2002.

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O Capital[23] MARX, Karl. . Tradução brasileira: Edgard Malagodi, Leandro Konder, José Arthur Giannotti e Walter Rehfeld. v. I, t. 1, São Paulo, Abril Cultural, 1983, p. 141.

[24] Ibidem, p. 141.

[25] ALMEIDA, Ronald Silka de. EGGERS, Andréia. Ob. Cit., p. 82.

[26] DEMO, Pedro. Pesquisa e construção de conhecimento. Rio de Janeiro, Tempo Universitário, 2004, p. 51.

[27] ALMEIDA, Ronald Silka. "A avaliação pedagógica no Curso de Graduação em Direito". 2006, 56 f. Monografia (Especialização em Formação Pedagógica do Professor Universitário) - Centro de Teologia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba.

[28] NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 21ª. ed. São Paulo, Saraiva, 2006, p. 9.

[29] ALMEIDA, Ronald Silka de. EGGERS, Andréia. Ob. Cit. p. 82.

[30] NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Ob. Cit. p. 9.

[31] CF. Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VII - busca do pleno emprego. Vade Mecum Saraiva. Constituição Federal. 2ª. ed., São Paulo, Saraiva, 2006, p. 7, 8, 57.

[32] CLT. Art. 9º. - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições, por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Vade Mecum Saraiva. Consolidação das Leis do Trabalho. 2ª. ed., São Paulo, Saraiva, 2006, p. 878, 908 e 910.

[33] BESSA, Fabiane Lopes Bueno Netto. Responsabilidade Social da Empresas Práticas Sociais e Regulação Jurídica. Rio de janeiro, Lúmen Júris, 2006, p. 7.

[34] A abordagem tecnicista tem como base pedagógica os princípios da racionalidade, da eficiência, da eficácia e de produtividade. O elemento principal da abordagem

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tecnicista não é o professor, nem o aluno, mas a organização racional dos meios. BEHRENS, Marilda Aparecida. O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica. Rio de Janeiro, Vozes, 2005, p. 48.

[35] DISSENHA, Leila Andressa. Ob. Cit., p. 125.

[36] Na virada do século, assim como a tecnologia produzia as novas maravilhas como o automóvel e a aplicação generalizada da eletricidade, alguns observadores começaram a sentir que esses fatos poderiam estar indicando uma sinistra inversão de valores humanos. Em meados do século XX, o novo mundo da ciência moderna começara a sujeitar-se a uma crítica ampla e severa: a tecnologia estava tomando o poder e desumanizando o homem, colocando-o num contexto de substâncias e bobagens artificiais em vez de uma vida natural - seu ambiente era padronizado, desprovido de qualquer sentido estético, ali os meios haviam subordinado os fins, onde as exigências do trabalho industrial acarretavam a mecanização dos seres humanos e todos os problemas poderiam ser resolvidos pela pesquisa técnica, à custa de legítimas respostas existências. Os imperativos que propeliam e acumulavam o funcionamento técnico estavam desalojando o Homem e arrancando-o de sua relação essencial com a Terra. TARNAS, Richard. A epopéia do pensamento ocidental: para compreender as idéias que moldaram nossa visão de mundo. 7ª. ed., Rio de Janeiro, 2005, p. 388-389.

[37] ALMEIDA, Ronald Silka de. "O fator social da empresa e a recuperação judicial". São Paulo, LTr - Jornal do 46º. Congresso Brasileiro de Direito do Trabalho, 2006, p. 13.

[38] RUSSOMANO, Mozart Victor. Direito do Trabalho & Direito Processual do Trabalho: novos rumos. 2ª. ed. Curitiba, Juruá, 2006, p. 30-31.

[39] RUSSOMANO, Mozart Victor. Direito do Trabalho & Direito Processual do Trabalho: novos rumos. 2ª. ed. Curitiba, Juruá, 2006, p. 42.

[40] CAMARGO, Marculino. Ética, vida e saúde. Petrópolis, Vozes, 1983, p. 13.

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