o trabalhador da cml nº 153 - setembro/outubro

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Ano XXXII N.º 153 setembro/outubro 2012 A OFENSIVA É BRUTAL A GREVE É GERAL 14 de novembro É cada vez mais evidente o desinvestimento nos serviços municipais Pág. 8 Pelo direito ao trabalho nas oficinas do DRMM Pág. 6 o trabalhador o trabalhador da CML da CM L

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Editorial: Unidade de todosForam muitos milhares aqueles que encheram e fizeram transbordar o Terreiro do PaçoA CML ignora os graves problemas que se vivem nos refeitórios municipais envolvendo as suas trabalhadoras!CML admite agora que errou no despedimento das auxiliares de ação educativa em 2011!Mobilidade Intercarreiras: a fraude continuaOs problemas nas oficinas do DRMM continuam por resolver! Qual o futuro que a CML reserva para estes serviços?Eduardo Coelho: Não há caldeira, temos o caldo entornado… disseram os trabalhadoresProcessos disciplinares aos trabalhadores das garagens dos Olivais: O arquivamento como o resultado inevitável!A falta de pessoal na CML é uma evidência que nos deixa bastante preocupados em relação ao futuro imediato de inúmeros serviços municipaisRegimento dos Sapadores Bombeiros. Prioridades...PRC 2013 - A Negociação Coletiva na Administração PúblicaTransferência para a EGEAC da gestão da Casa Fernando Pessoa… Um processo nebulosoSinistrados do Trabalho. É urgente defender os seus direitos!Jornadas contínuas. Falta de respeito por quem é Pai e Mãe trabalhador na CMLVitória dos trabalhadores da educação. Mas não ficamos por aqui… Pré-Aviso de Greve ao Trabalho Extraordinário é para continuarComemorando na luta o 42º aniversário da Intersindical!7ª Conferência Nacional da INTERJOVEM/CGTP-INSTML no Torneio de Futsal da USLFrente comum entrega pareceres sobre as alterações ao RCPFPOrçamento do Estado 2013. O supremo ataque da política de direita!Espaço dos Aposentados. Basta de injustiças!Grécia, Espanha… Cresce a resistência e a luta contra o massacre socialAs propostas da CGTP-IN, no valor de 5 mil e 966,5 milhões de euros, evitam os sacrifícios e a destruição da economia portuguesa!Protocolos do STML

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Page 1: O Trabalhador da CML Nº 153 -  Setembro/Outubro

Ano XX

XII��

N.º 153

��setembro/outubro 2012

A OFENSIVA É BRUTAL

A GREVE É GERAL14 de novembro

É cada vez mais evidente o desinvestimento nos serviços municipais Pág. 8

Pelo direito ao trabalho nas oficinas do DRMMPág. 6

o trabalhadoro trabalhadordd aa CCMMLLddaa CCMMLL

Page 2: O Trabalhador da CML Nº 153 -  Setembro/Outubro

O TRABALHADOR DA CML2

o trabalhadorDiretor: Vítor Reis � Corpo Redatorial: Luís Dias, Nuno Almeida, Mário Souto, Francisco Raposo, Frederico Bernardino � Propriedade:Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa � Administração e Redação: Rua de São Lázaro, 66 - 1º Dtº 1150-333 Lisboa - Telfs. 218885 430 / 5 / 8 - Fax 218 885 429 - Email: [email protected] � Internet: www.stml.pt � Produção eApoio Redatorial:António Amaral � Impressão:MX3 Artes Gráficas, Lda � Periodicidade: Bimestral � NIF: 500850194 � Distribuição: Gratuita aos sócios do STML � Tiragem: 4.500 exs.� Depósito Legal: 17274/87 � Este jornal está escrito com as regras do novo Acordo Ortográfico �

ddaa CCMMLLhttp://www.stml.pt

Nas últimas semanas os trabalhadores portugueses têmsido alvo, mais uma vez, dos intentos do governo no queconcerne à degradação das suas condições de trabalho

e de vida. Face a uma crise económica e social profunda,resultado das po líticas implementadas nos últimos 36 anos, PSDe CDS-PP insistem em percorrer o mesmo caminho que nosconduziu à atual situação, de contornos dramáticos para umcrescente nú mero de famílias.

Como sucedeu à medida que visava aumentar os horários detra balho em 30 minutos por dia, a generalizada contestaçãosocial provocou a queda da medida sobre a TSU, com destaquepara as manifestações de 15 e 29 de setembro, esta última con -vocada pela CGTP-IN para o Terreiro do Paço.

O governo, afirmando ouvir a contestação cada vez mais evi -den te nas ruas, permanece autista de facto e, mantendo o ci nis -mo e os mesmos objectivos, define em alternativa à TSU, o au -men to brutal de impostos (IRS) agravando em igual medida asexpe ta tivas de vida de milhões de portugueses, além de diminuirdras ticamente o financiamento do Sistema Nacional de Saúde eda Escola Pública, negando direitos constitucionais e essenciaisà esmagadora maioria do povo português. Neste conjunto deme didas, aparentemente, tem o apoio da “oposição violenta” doPS, ou não fosse este partido um igual subscritor do famigerado«Memorando de Entendimento».

As opções do governo são perfeitamente inaceitáveis, con si -derando que a própria CGTP-IN apresenta alternativas no valorde 6 mil milhões de euros que resolveria definitivamente o pro -blema do défice das contas públicas. Mas estas propostas pare -cem não interessar a um governo que apenas se preocupa emdefender os interesses das grandes corporações, ou seja, dogrande capital.

Será inevitavelmente a luta organizada dos trabalhadores,apo sentados e reformados, jovens e desempregados que der -rotará, não as medidas avulsas de um governo moribundo, masa essência de uma política que privilegia exclusivamente a ins -ti tucionalização da austeridade sobre o mundo do trabalho, dei -xando propositadamente de lado o mundo do capital.

Não podemos aceitar os discursos falaciosos e hipócritas dosatuais governantes, com maior notoriedade para Passos Coe lhoe Paulo Portas, que referem a equi dade dos sacrifícios, quandoa realidade nos demonstra clara mente o oposto. Sob os ren -dimentos do capital recaem ope rações mínimas (de maquilha -gem), isentando-os pratica men te de qualquer ónus. Por outrolado, recaem sob os rendi mentos do trabalho, os mais pesadose inaceitáveis sacrifícios, através de cortes e diminuições dossalários reais dos traba lha dores e no aumento insuportável dacarga fiscal com evidentes repercussões no aumento do custode vida, já para não falar na destruição em curso das funçõessociais do Estado.

No município de Lisboa assistimos a uma encenação idêntica.António Costa e todo o seu executivo de maioria PS, têm-se en -tretido em inaugurações ou na apresentação e execução deobras de maior ou menor vulto mediático, justificando eventual -mente a inércia e a estagnação de inúmeros serviços municipaisque, face a uma política também ela deliberada de desinves ti -mento e esvaziamento no plano humano e material, correm osério risco de ficarem definitivamente inoperacionais.

Enfatizamos a letargia do executivo face aos eternos proble masnas oficinas do DRMM, à falta de pessoal nos cemitérios, nos jar -dins, na limpeza urbana, nos calceteiros, nos equipa men tos des -portivos, nos jardins-de-infância, nos edifícios municipais, entremui tos outros. Não podemos cair no amorfismo face à des truiçãoob jetiva das nossas condições de trabalho e ao risco de destrui -ção do nosso posto de trabalho. É urgente organizar a con testa -ção no plano interno da CML. É o nosso futuro que está em causa!

Os trabalhadores da Câmara Municipal e Empresas Muni ci -pais devem continuar o seu percurso de luta, coerente e resis -tente, como se tem verificado ao longo das últimas grandes emais pequenas manifestações e responsabilizar-se pela árduatarefa de envolver outros tantos trabalhadores que ainda não seconsciencializaram sobre o seu importante papel no objectivo dederrotar a política de direita que consubstancia a prática dogoverno e do próprio executivo camarário.A unidade de todos os trabalhadores é o cunho essencial

na concretização desse objetivo, através da adesão à GreveGeral de 14 de novembro. �

Editorial

Unidade de todos

Page 3: O Trabalhador da CML Nº 153 -  Setembro/Outubro

3O TRABALHADOR DA CML

Foram muitos milhares aqueles que encheram e fizeram transbordar

o Terreiro do Paço!No dia 29 de setembro confluíram para o Terreiro do Paço

milhares de trabalhadores portugueses de todas as partesdo país! Jovens e menos jovens, desempregados, refor -

mados e aposentados, todos partilharam o mesmo sentimento deindi gnação e repúdio face a um governo que atua apenas em fun -ção dos interesses de uma minoria cada vez mais ínfima de gran -des capitalistas, desprezando e agravando as condições de vidada imensa maioria dos portugueses.

Foi a força de vida, esperança e determinação, demonstradadistintamente nesse sábado, que nos permite afirmar que a al -ternativa a esta política de desastre social existe e está ai: já aí aovirar da esquina!Não podemos agora baixar os braços! Depois de intensas e

extraordinárias acções de luta e protesto, participadas por umcrescente número de portugueses e portuguesas, é preciso con-tinuar a alargar as manifestações de indignação, envolvendocada vez mais e mais pessoas, trabalhadores e todos aquelesque sofrem as agruras e consequências desta política miserável,anti-social e anti-civilizacional!

É urgente derrotar a política de direita e o governo que agoralhe dá corpo! É urgente criar a força necessário que imponha umapolítica que defenda os interesses e as aspirações do povo e dostrabalhadores portugueses, defendendo assim e só assim, osinteresses nacionais, recuperando a independência nacional e anossa soberania.

Às propostas concretas e exequíveis da CGTP-IN, que resol -vem o défice das contas públicas portuguesas, o governo prefere“assobiar para o lado” e opta por agravar a carga fiscal sobre os

trabalhadores portugueses, através do aumento do IRS entreoutras medidas de natureza também ela predadora para quemtrabalha. PSD e CDS preferem manter as benesses sobre asgrandes e poderosas empresas e fortunas, insistindo no nefastoca minho que já foi rejeitado nas ruas de uma forma veemente einequívoca.

Um governo sem legitimidade, não merece e não pode con ti -nuar a decidir e mal, o futuro dos portugueses e em concreto, dostrabalhadores, sejam eles provenientes do sector privado ou dosetor público.

É neste contexto que na extraordinária acção de luta da CGTP-IN, do passado dia 29 de setembro, se anunciou uma reunião doConselho Nacional que viria a decidir a data de 14 de novembropara a concretização da Greve Geral como o passo seguinte naluta que é necessá rio travar até à derrota final deste governo jámoribundo.

O STML saúda todos os trabalhadores do município de Lisboa,da Câmara Municipal e empresas municipais que, não calando oseu protesto, contribuíram determinantemente para o engran -decimento deste dia, fortalecendo as razões mais do que justas,que estiveram na origem da convocação desta jornada de luta.

No plano mais geral como no plano interno do município de Lis -boa, é a unidade dos trabalhadores e a sua persistência na lutaorganizada que dará respostas objectivas face aos seus an seiose aspirações. Não desarmamos, não desistimos, insis timos epersistimos!Viva a luta dos trabalhadores portugueses! �

Page 4: O Trabalhador da CML Nº 153 -  Setembro/Outubro

4 O TRABALHADOR DA CML

Em fevereiro deste ano, o STMLentregou aos responsáveis má -ximos por esta autarquia o Ca -

derno Reivindicativo das trabalhado -ras/cozinheiras afetas aos refeitóriosmunicipais.

Neste documento foram discrimina -dos os inúmeros problemas que afetameste conjunto de profissionais, desde ascondições de trabalho às carências dematerial e, principalmente, à falta de co -zinheiras que condiciona e limita o tra -balho que deve ser realizado diaria -mente.

A falta de cozinheiras na CML é, in -felizmente, uma realidade antiga! Con -tudo e apesar das crescentes difi cul -dades, as refeições continuam a ser ser -vidas diariamente aos trabalhadores domunicípio com qualidade e a um preçoacessível a todos, considerando o mise -rável subsídio de almoço a que os traba -lhadores da administração pública têmdireito e que, por enquanto, ainda conti-nua a ser pago.

Durante o mês de agosto, normalmente um mês em que mui -tas trabalhadoras gozam justamente as suas férias, os pro ble -mas aumentaram consideravelmente. Basta referir o exemplodos dois refeitórios encerrados nesse período ou a diminuiçãopara apenas um prato na ementa por falta de pessoal para con-fecionar os habituais três.

A estas constatações, que saltam à vista de todos os tra ba -lha dores que se deslocam aos refeitórios para almoçar, acres -centa-se a falta de material, desde copos, pratos e talheres ouos sistemáticos problemas com máquinas avariadas de toda aespécie ou ainda, as precárias condições de trabalho que umchão de cozinha sem piso anti-derrapante provoca.

Todas estas anomalias foram já dadas a conhecer aos res -pon sáveis da CML. Desde o diretor do Departamento de Saú -de, Higiene e Segurança (DSHS), serviço responsável pelagestão dos refeitórios, até ao próprio presidente da CML, têmconhecimento, por intermédio do STML, dos problemas queagravam as condições de trabalho e de vida das cozinheirasmu nicipais além de prejudicar todos os restantes trabalhadoresdo município que utilizam os refeitórios.

O abaixo-assinado entregue a 12 de abril do corrente anocontra a eventual privatização dos refeitórios municipais serviunão só para demonstrar a rejeição dos trabalhadores contraesse plano, da autoria do diretor do DSHS, mas também paraenfatizar a necessidade urgente de resolver todos os problemasanteriormente denunciados e ainda por resolver.

Cinicamente, a presença de empresas privadas nos refeitó -rios municipais foi justificada pelo diretor do DSHS, como umaconsequência dos problemas há muito conhecidos e agoradenunciados pelo STML. Neste cenário, resta-nos questionar oseguinte:

1. Se são conhecidos os problemas há tanto tempo, porqueé que ainda não foram resolvidos?

2. Se a CML tem meios próprios, técnicos e humanos, quepo dem e devem resolver os problemas que se verificam nos re -feitórios, qual a necessidade de envolver empresas privadasneste processo?

3. Será que o desinvestimento e o esvaziamento deste im -por tante serviço servem uma agenda oculta?

4. Haverá algum lobbie na CML compreendendo empresasprivadas na área da restauração?

5. Será a vontade dos “privados” e a sua procura de lucro,mui tas vezes sem olhar a meios, mais importante que os in te -resses das cozinheiras e dos trabalhadores que utilizam os re -feitórios?

6. Tem ou não tem a CML uma responsabilidade social pe -rante os seus funcionários?

7. Qual seria o papel social que uma empresa privada teriaao açambarcar os refeitórios municipais?

A esta última pergunta, a resposta parece-nos óbvia! Ou seja,a resposta seria: nenhum, zero!

A justificação apresentada pela CML para a não resolução dequalquer problema, seja nos refeitórios, seja num qualquer localde trabalho, passa normalmente pela utilização do argumentodas dificuldades financeiras. Todavia, quem acompanha a vidana cidade de Lisboa apercebe-se de opções estratégicas assu -midas pelo actual executivo, geralmente envolvendo milharesde euros, que contrasta e desconstrói os constrangimentos eco-nómicos referidos demasiadas vezes.

Apercebemo-nos que existe de facto uma política de doispesos e duas medidas e esta situação deve-nos merecer todo onosso repúdio e contestação. A luta pelos direitos das nossascozinheiras e pela melhoria das suas condições de trabalho éuma luta que diz respeito a todos os trabalhadores da CâmaraMunicipal, principalmente num contexto económico e socialcada vez mais difícil, principalmente para quem trabalha, com aconsequência natural de uma maior afluência aos refeitóriosmunicipais.�

A CML ignora os graves problemas que se vivem nos refeitórios municipaisenvolvendo as suas trabalhadoras!

Page 5: O Trabalhador da CML Nº 153 -  Setembro/Outubro

CML admite agora que errou no despedimento das auxiliares de ação educativa em 2011!

Após toda a denúncia feita pelo STML e de toda a lutadesenvolvida por este sindicato com as auxiliares de açãoeducativa com o objetivo de defen de rem os seus postos

de trabalho, traba lha doras que que acabaram por ser des pe di -das no início deste ano, a CML reconhece agora (!!) que há faltade auxiliares de ação educativa para assegurar os rácios de tra -ba lhadoras por sala, definidos para os jar dins-de-infância da ci -dade de Lisboa.

Depois de despedir cerca de 40 auxiliares de ação educativa,a CML tentou deslocar para estas funções outras trabalhadoras,mui tas delas auxiliares de serviços gerais sem a motivação emuito menos a forma ção ne cessária para trabalhar com crian -ças, ape sar de uma formação de 52 horas promovida pela au -tarquia. Ficamos todos a saber que para os responsáveis mu ni -ci pais, bastam cerca de dois dias para estar ha bili tados a tra ba -lhar com crianças! Insensibili dades à parte, a CML fracassou nosse us objetivos em preencher o número ajustado às neces si da -des reais dos jardins-de-in fância.

Em reunião com a Direção Municipal de Recursos Humanos,o STML questionou como estava a decorrer o início do ano leti-vo e se estavam preenchidas as carências de auxiliares de açãoeducativa. Obtivemos como resposta a necessidade de 55 tra -balhadoras para esta função, sendo que neste momento existeuma carência urgente e imediata de 12 trabalhadoras, númerosavan çados pela CML.

Perante esta constatação, o STML colocou à CML as se guin -tes questões:

1. Irá ter a mesma atitude para com as cerca de 20 auxiliaresque terminam contrato no início do próximo ano, que teve comas cerca de 40 trabalhadoras que por vontade política manda -ram para o desemprego?

2. Como pretendem resolver o problema da falta deste pes -soal?

A Direção Municipal de Recursos Humanos respondeu que

está já a trabalhar na abertura de um procedimento concursal,que por cumprimento da legislação em vigor terá de ser dirigidoa trabalhadores que tenham contrato em funções públicas portempo indeterminado, e firmará um contrato de prestação deser viços com as trabalhadoras que terminam contrato nos pró -ximos meses.

Mais... Se mesmo assim não atingirem o número necessáriode auxiliares de ação educativa, contactarão as trabalhadorasque saíram no início do ano (as tais 40 despedidas), para averi -guar a disponibilidade para assinar igualmente um contrato deprestação de serviços.

O STML reafirma que só por teimosia política estas traba lha -do ras foram parar ao desemprego, mesmo quando foi siste ma ti -ca mente denunciado o facto de fazerem falta nos jardim-de-infância, situação que só agora é reconhecida pela CML.

Deste modo, podemos afirmar que mais vale tarde do nuncano que diz respeito a reconhecer um erro. É também importantecorrigi-lo quanto antes… do que insistir na sua repetição. �

5O TRABALHADOR DA CML

Defraudando as expectativas daqueles que não desistiram(apesar dos violentos ataques a direitos e condições de tra -

balho que temos assistido nos últimos anos) a prosseguir osseus estudos e aspirar a uma valorização crescente das suascompetências, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) não temdado provimento aos pedidos de mobilidade intercarreiras. Coma introdução da Lei 12-A, a figura jurídica da “reclassificação”de sapareceu e o mecanismo de progressão dos trabalhadorestornou-se mais complexo e, pior, mais precário. Perante um or -de namento jurídico sufragado à altura por um governo PS,criou-se uma vez mais um estratagema para a fragilização dosdireitos legítimos dos trabalhadores e cultivou-se um sub ter fú -gio para evitar a valorização pessoal e as competências ad -quiridas. No fundo, e em bom português, digamos que as ad mi -nistrações públicas conseguem ter trabalhadores mais qua -lificados pagando-lhes precisamente o mesmo que lhes pagavaantes da conclusão dos seus estudos.

Pergunta-se, portanto, para quê as Novas Oportunidades?Para quê o investimento e esforço de um trabalhador num cursosuperior se, não obstante a valorização individual de cada um,

a entidade empregadora faz tábua rasa das competências obti-das? É inaceitável que centenas de trabalhadores da CMLvejam as suas justas expectativas embaterem no autismo daadministração que se defende com o argumento da incapa -cidade financeira. Porém, nada custa à mesma administraçãoque um trabalhador que tinha uma determinada função passeagora a desempenhar outras funções mais consentâneas comas competências que adquiriu e custe precisamente o mesmo.

Em finais de 2010, o STML, após um árdua negociação coma vereadora dos recursos humanos, conseguiu que alguns tra -balhadores que haviam terminado os seus cursos conse guis -sem uma mobilidade precária de 18 meses. À época, o compro -misso seria abrir concursos e enquadrar devidamente essestrabalhadores e outros que, entretanto, concluíssem os seuses tudos. Quase dois anos depois nada se passou e a fraude da“mobilidade intercarreiras” mantém-se. Apesar das blindagensvindas da política de direita das troikas, a CML tem ainda umarés tia de autonomia para tentar dar às situações que se avo -lumam uma resposta consentânea com o valor e a competênciados seus trabalhadores. Basta querer! �

Mobilidade Intercarreiras: a fraude continua

Page 6: O Trabalhador da CML Nº 153 -  Setembro/Outubro

O TRABALHADOR DA CML6

Os problemas nas oficinas do DRMM continuam por resolver!Qual o futuro que a CML reserva para estes serviços?

Os trabalhadores das ofi -cinas do Departa mentode Repa ração e Manu -

ten ção Mecânica e o STML, dehá muito que vêm manifes tan -do preocupação com a desva -lo rização da im por tância destesserviços pela CML, nomeada -mente, com o desinvestimentoa que tem sido votado, comuma gestão ca suística e de cir -cunstância, cujas conse quên -cias podem levar a curto prazoà paralisia e inoperacio na lidadedeste im portante setor.

Aquando da discussão da úl -tima reestruturação de serviçosda CML, os trabalhadores eeste sindicato manifestaram-sena Assembleia Municipal pelacontinuidade desta Departa -mento enquanto tal e não à suapassagem a Divisão sem au to -nomia e dependurada noutro Departamento, como inicialmenteera apontado na proposta de reestruturação apresentada.

A reestruturação aprovada, deu razão aos argumentos dostrabalhadores e do STML, mantendo estes serviços na es -trutura da CML como Departamento, decisão com a qual noscongratulámos, sobretudo por esta constituir uma oportunidadepara inverter o caminho de degradação a que vínhamos as -sistindo.

Infelizmente, apesar de o DRMM se manter, o desinves ti -mento, a degradação e as preocupações quanto ao futuro agra-varam-se substancialmente.

Na defesa deste importante serviço público municipal, fize -mos chegar à Assembleia Municipal um abaixo-assinado subs -crito pela quase totalidade dos trabalhadores e que só obteveresposta do PCP, que recebeu o Sindicato e visitou as OficinasMecânicas.

Nessa visita pelos eleitos do PCP, foi confirmado no local,junto dos trabalhadores, as denúncias por estes efectuados nojá referido abaixo-assinado.

Relembramos pela sua importância e actualidade algumasdas questões que nos devem merecer toda a preocupação,nomeadamente:1. Há viaturas municipais que continuam a ser reparadas no

exterior, em empresas privadas, assistindo-se cada vez mais aeste recurso até para pequenas e simples reparações, sem quesejam perceptíveis as razões para o efeito, sendo as justifi ca -ções dadas incompreensíveis e inaceitáveis.2. A falta de materiais (peças) a que se alia a falta de investi -

mento na capacidade e operacionalidade das instalações, con -tinua a ser uma constante. 3. A falta de pessoal neste setor, como noutros setores do

município, é motivo de preocupação, pois pode levar à ineficá -cia do sector. O elevado número de trabalhadores que se têmaposentado e que não são substituídos, mais os pedidos queaguardam resposta pelo mesmo motivo, é outra forma de es -vaziar a capacidade deste serviço. 4. A falta de formação profissional é outro motivo de preo -

cupação e limitativa para o desenvolvimento das tarefas deintervenções e reparações em viaturas cada vez mais comple -

xas, que requerem uma formação contínua. É de referir que háseis anos que estes trabalhadores não recebem formação es -pecifica.5. As condições precárias de Saúde e Segurança das instala -

ções, são sinónimos do abandono a que está votado o DRMM.Salientamos o caso elucidativo do balneário que serve o com -ple xo dos Olivais, que apresenta sinais de degradação evi -dentes, para o qual tem sido orçamentado sucessivamente ver -ba para a reparação e suspensa. Eventualmente, os respon -sáveis da autarquia devem estar à espera que algo de gravesuceda, situação que de facto pode acontecer a qualquer mo -mento.6. A falta de condições das instalações, para acolherem o

cada vez maior número de viaturas a gás, problema já iden ti fi -cado por técnicos de SHS da CML, constitui um risco acrescidopara todos os trabalhadores deste complexo. 7. Foram iniciadas obras numa sala junto da oficina, para ser -

vir de copa, contudo, sem explicação, as obras pararam, nãopodendo ser usada pelos trabalhadores.

A crise e a austeridade não podem servir de argumento paraa redução das condições de Saúde, Higiene e Segurança.

No passado dia 26 de junho, o STML promoveu um plenáriojunto à Assembleia Municipal com os trabalhadores do DRMM.Houve lugar ainda a uma intervenção nessa sessão pública,onde foram apresentadas todas estas preocupações.

Também o PCP apresentou uma Recomendação, refletindoestes problemas, que foi votada favoravelmente pelo plenárioda AM. O STML questiona se o partido a que pertence o exe -cutivo - PS - votou favoravelmente esta recomendação, porquetarda em dar resposta às questões concretas colocadas e decarácter urgente?

Os trabalhadores das oficinas do DRMM, sempre na primeiralinha na defesa do serviço público questionam: depois do Planode Pormenor da Gare do Oriente incluindo o local onde sesitua o complexo dos Olivais, da tentativa de colocar este ser -viço como Divisão, do desinvestimento contínuo, quais as inten -ções do executivo quanto ao futuro deste importante setor? �

Page 7: O Trabalhador da CML Nº 153 -  Setembro/Outubro

7O TRABALHADOR DA CML

A caldeira do Posto de Limpeza daEduardo Coelho - Bairro Alto rompeue os trabalhadores estiveram quasedois meses sem água quente, quer para a sua higiene pessoal, quer para a confeção de alimentos.

No passado dia 11 de setembro asi tua ção foi amplamente discutidapelos tra balhadores. Não é admis -

sí vel que durante todo este período seman te nha uma avaria deste tipo. Não é,por que a natureza de fun ções da Lim pe -za Urbana exige, por uma questão de Se -gu rança e Saúde no Traba lho, mas tam -bém por uma questão de Saú de Públicaque os trabalha do res tomem ba nho apósa jornada de tra balho.

Se é verdade que os serviços dispo ni -bi li zaram aos trabalhadores a pos si bi li -dade de efetuarem a sua higiene noutrospostos, isso significou um acréscimo dedesconforto para eles e para os trabalha -do res dos ou tros postos. E no que res pei -ta à confeção de alimentos, representouum aumento subs tancial de perigo, vistoque a água para as lavagens teve de seraquecida em panelas.

O STML interveio junto dos responsá -veis municipais e, por parte das DM aresposta foi: não há verba. Pressionadose reconhe cendo a razão dos trabalha do -res “inven taram” a maneira de resolver oproblema, mas tornou-se claro que essa“varinha mágica” não existiria se outroequipamento se avariasse. A inexistência de recursos na DMAU

ou na DMPO, Direção Municipal res -ponsável pela manutenção destesequi pamentos é absolutamente ina -cei tável. Foi este tom nas reuniões efe -tuadas que os trabalhadores neste localde trabalho e conscientes que este é umproblema que é geral a toda a limpezaurbana, decidiram dar um prazo de 15dias para a resolução do problema. Namoção aprovada pode ler-se: «- Que o que se está a passar neste

local de trabalho é, não a excepção masa regra que desde há tempos a esta partese vem verificando nos Postos de Lim -peza Urbana da Cidade; (…)- Que cabe à entidade patronal, neste

caso à CML, as se gurar as condições dehigiene e segurança e, como tal, deve or -

ga nizar e adequar os serviços para asse -gurar a manutenção e re paração de equi -pamento de uso intensivo.Decidem:- Responsabilizar a Câmara Municipal

de Lisboa, na pessoa do seu presidente,Dr. António Costa, pela degradação dascon di ções de Segurança e Saúde no Tra -balho que se verifica; - Exigir que a Câmara Municipal de Lis -

boa disponibilize as verbas e os meiosque asse gurem intervenções rápidas emsituações de avaria deste tipo de equi pa -mento;- (…) mandatam a Direção do STML

para desencadear as formas de luta ade -quadas com vista à defesa das condi -ções de Segurança e Saúde dos traba -lha dores.»

No dia 25 de setembro eis que a cal dei -ra começou a ser montada… mas os tra -balha dores entenderam e bem, que hára zões mais do que suficientes para con -tinuar a luta.

Os direitos defendem-se, exercendo-os! �

Eduardo Coelho:Não há caldeira, temos o caldoentornado… disseram os trabalhadores

Processos disciplinares aos trabalhadores das garagens dos Olivais:O arquivamento como o resultado inevitável!

Os trabalhadores da limpeza urba -na desenvolveram durante osmeses de maio, junho e julho um

intenso processo de luta em torno dassuas reivindicações específicas, quejustificou a realização de uma greve par-cial de 11 a 17 de junho além de umama nifestação dos Paços do Concelhoaté ao Largo do Intendente.

A luta organizada deste conjunto detra balhadores foi determinante para asa tisfação de 4 das 6 reivindicaçõesapre sentadas por inúmeras vezes aoexecutivo camarário.

Sobre as restantes reivindicações,ainda por satisfazer, interessa referir queo pagamento das ajudas de cus to/apoio à refeição aos trabalhadores dare colha de resíduos sólidos está de -pendente neste momento do parecer daDGEAP, por outro lado, e no âmbito dopagamento dos 25% sobre as horasex traordinárias realizadas no períodono turno, o STML tem nas últimas se -ma nas recolhido uma declaração in di -vidual de todos os seus associados comvista à persecução de uma ação em tri -bunal contra a CML, caso este problema

não seja resolvido até fins de outubro.Todo este processo de luta foi de sen -

cadeado em maio pelos trabalhadoresdo período noturno das garagens dosOli vais 3. Apesar da justeza e razão queassistia os trabalhadores, a materiali -zação do protesto não foi a mais acer ta -da. Na noite em que se verificou a açãoque conduziu posteriormente a CML ainstaurar 81 processos disciplinares, oSTML alertou os trabalhadores para ane cessidade essencial de se organizar aluta com todos os trabalhadores da lim -peza urbana da cidade, ou seja, envol -vendo cantoneiros e motoristas.

A luta realizou-se deste modo em tor -no dos problemas concretos que afeta -vam ambas as categorias profissionaisque compõem um dos setores nevrál -gicos da cidade de Lisboa: a limpezaurbana!

A instauração dos processos discipli -nares mereceu da parte do STML umaintervenção imediata no sentido do seuarquivamento. A 3 de agosto ficou acor -dado, informalmente, com o vice-presi -dente Manuel Salgado, a suspensãodos mesmos. A 8 de agosto, assume-se

for malmente o seu arquivamento numareunião com o vice-presidente, em queparticipa igualmente o STAL.

O STML na reunião de setembro coma diretora Municipal dos Recursos Hu -ma nos teve conhecimento que o supra -men cionado arquivamento está apenasde pendente do despacho superior do di -retor do Departamento dos RecursosHu manos. Fica assim concluído um pro -ces so que nunca devia ter sido iniciado.

A crítica que este sindicato proferiu emagosto face a esta infeliz estratégia daCML, mantem-se inalterada. Não po de -mos nem devemos aceitar que se “ins -titucionalizem” práticas persecutóriascontra as justas aspirações dos tra ba -lhadores com o único objetivo de limitar,diminuir ou reprimir as lutas que estesle gitimamente desenvolvem em articula -ção com as suas estruturas represen -tativas.

Como a realidade mais uma vez nosde monstrou, é a unidade dos traba lha do -res que determina o curso dos acon te -cimentos que os envolve diretamente. �

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Seguindo os ditames das troikas es -trangeira e nacional, o executivoPS de António Costa, na obsessão

do cum pri mento das metas de reduçãode pessoal impostas pelas medidas in -cluídas no Or çamento do Estado de2012, vem es va ziando os serviços, colo -cando em causa a sua operacionalidade.

Como o STML tem insistentemente de -nunciado, esta política cega de reduçãode custos com pessoal, que é disto preci -sa mente que se trata, causa graves pro -ble mas transversais a toda a autarquia.

Em 2011, o STML reivindicou a contra -ta ção definitiva das auxiliares de açãoeducativa que se encontravam com con -trato a termo nos jardins-de-infância darede pública de escolas. O executivo obs -tinadamente ignorou esta reivindicação,respondendo que iria suprir estas faltascom outras auxiliares de serviços gerais,que estariam a mais (?) noutros sectores.

O processo foi caótico, face à colo ca çãoforçada de muitas trabalhadoras em jar-dins-de-infância, sem condições míni maspara desempenhar os serviços que lheseram exigidos. Obviamente, não nos sur -preendemos com todas as conse quên ciasnegativas que desta ação in sen sata pro-vocou. Ironicamente, o exe cu tivo vem umano depois admitir que não estará a cum-prir o rácio exigido por lei, isto é, o númerode auxiliares de ação educativa por sala epor número de crian ças.

No Canil-Gatil, num processo em tudosemelhante, a câmara municipal não re -no vou o contrato de trabalho, ou seja,despediu nove trabalhadores, ficando orespetivo local de trabalho a funcionar em“serviços mínimos”.

No RSB, apesar da entrada de uma re -cruta o ano passado (para suprir carên -cias de há vários anos), o ritmo elevadode saída por aposentação de sapadoresbombeiros já justifica a entrada de novosrecrutas.

Nos Cemitérios, a entrada urgente depes soal é uma evidência havendo dia ria -mente necessidade de circulação de co -veiros entre cemitérios, para se conse -guir manter as equipas de 4 homensnecessárias à realização dos respetivosfunerais. Verifica-se igualmente gravesproblemas em realizar as exumações.

Nos Jardins, não entra um novo jar di -neiro há mais de 15 anos ! Situação queconsideramos inadmissível, se associar -mos o facto de a CML ter uma escola dejardinagem. Resultado: vários espaçosverdes da cidade são concessionadas a

empreiteiros, que se revelam muito maiscaros para os cofres da autarquia, alémde apresentarem uma qualidade inferiorno serviço prestado comparando com oque antes era efetuado pelos nossos jar -dineiros. Será que é este o objectivo doexecutivo, a privatização progressiva dosserviços?

A Brigada de Calceteiros, que man -tém a tão propagandeada calçada portu -guesa, está na mesma linha dos jardins,ou seja, existe uma escola de calceteirospara a qual não entra ninguém há váriosanos. Este serviço, com duas dezenas detrabalhadores e uma média etária bemacima dos 40 anos, leva-nos a afirmarque a aposentação do último trabalhadorconduzirá à extinção deste serviço pú -blico e da profissão na CML, caso esterumo não seja urgentemente invertido.

Nas oficinas do DRMM, sendo um se -tor fundamental para o município consi -de rando a responsabilidade da manu ten -ção das frotas de ligeiros e pesados, ve ri -ficamos igualmente o problema já referi -do. Constata-se a existência de muitostrabalhadores perto da aposentação, nãose verificando nenhuma admissão de tra -balhadores especializados de forma amanter a imprescindível resposta destesserviços no plano do funcionamento in -ter no e externo da CML.

Na Garagem dos Olivais 1, onde es -tão afetos os motoristas de ligeiros quedão apoio aos vários serviços da autar -quia, a situação é periclitante. Resultadoda má gestão de recursos humanos, veri -ficou-se uma concentração exagerada decondutores de MPVE, neste local de tra -balho. A eminente rutura da garagem de

remoção (Olivais 3) por falta de MPVE le -vou à transferência massiva destes con -dutores, deixando a garagem de Oli vais 1sem capacidade de resposta às solicita -ções dos diversos serviços. Tapa-se a ca -beça, destapa-se os pés!

Na Limpeza Urbana, é necessário ur -gen temente o reforço de cantoneiros delimpeza. Esta profissão é conhecida portodos pelas suas caraterísticas penosas,de risco e insalubres. Além do mais, éuma profissão onde se verifica um núme -ro elevado de acidentes e graves doen -ças profissionais, provocando inevitavel -mente a aposentação antecipada de ele -vado número de trabalhadores ou a pas -sa gem para outras funções de um consi -derável número de cantoneiros. Esta rea-lidade justifica impreterivelmente a en -trada de mais pessoal.

Podíamos ainda referir os problemasque se vivem no seio das cozinheiras oudo pessoal auxiliar que prestam ser vi -ços nas portarias, entre muitos outrosser vi ços que sentem dificuldades se me -lhan tes às expostas anteriormente.

A não admissão de trabalhadores, im -pres cindíveis para que o município con ti -nue a prestar aquilo que é a sua principalrazão de existir: serviços públicos es sen -ciais para o bem-estar e segurança dosmunícipes, pode ser interpretado comode sinteresse pela continuidade dos ser -viços no âmbito público, privilegiando asua entrega a privados que obviamentenão estarão a pensar no bem-estar e nasa tisfação das necessidades das popu la -ções, mas sim na forma como aumentaro lucro e, claro está, sempre à custa detodos nós. �

A falta de pessoal na CML é uma evidência quenos deixa bastante preocupados em relação aofuturo imediato de inúmeros serviços municipais

8 O TRABALHADOR DA CML

Page 9: O Trabalhador da CML Nº 153 -  Setembro/Outubro

Toda a gente sabe que se vivem tempos de grandes difi -culdades, em que se pedem enormes sacrifícios a todosos trabalhadores e em que assistimos a uma nova es -

pécie de terrorismo, o terrorismo financeiro, uma vertente maisviolenta da política de direita que tem estado presente no nossopaís nos últimos 36 anos pela mão do PS, PSD e CDS e com osresultados que todos, infelizmente, conhecemos.

Existe uma cultura do medo, com ameaças aos trabalhadoresde tal forma que todos receamos chegar ao fim do mês sem sol-vência, face aos compromissos assumidos e conjugado com oreceio daquilo que o futuro nos reserva, a nós e aos nossosfilhos.

Os funcionários públicos têm sido os alvos preferenciais des -se terrorismo financeiro e dessa cultura do medo, sendo os tra -balhadores da autarquia de Lisboa e em particular os profis -sionais do RSB, duplamente afetados. Sujeitando-nos às me -didas implementadas pelo governo e a reestruturações, quevisam unicamente cortes em direitos legal e arduamente ad -quiridos, ao longo de gerações e gerações de bombeiros sa -padores.

O executivo camarário deveria dar o exemplo, em questõesde austeridade, acabando de vez com algumas situações alta -mente onerosas para os cofres da autarquia e estabelecendoalgumas prioridades.

Um das prioridades para a CML deve ser o bem-estar físico eemocional dos seus trabalhadores, aliado à implementação depolíticas municipais que visem a necessária motivação para obom desempenho da sua profissão. É inadmissível que quase

um ano depois da passagem a prontos, os bombeiros sapado -res continuem à espera dos equipamentos de proteção indi -vidual (EPI).

É vergonhoso olhar para os EPI destes profissionais, que deproteção nada tem e lembrarmo-nos das promessas dos res -ponsáveis autárquicos à época, concretamente:

“é uma situação temporária”;“estes profissionais não vão para a frente de fogo”;

“não existe risco para estes profissionais, pois ficam na reta-guarda”

(…)A grande verdade é que em cada ocorrência existe o sério

risco de sofrerem graves lesões, precisamente porque não têmum EPI no verdadeiro sentido da palavra.

A luta que se tem desenvolvido nos últimos meses de norte asul do país deve contar também com os Bombeiros Sapadores.A nossa luta é a luta em defesa dos direitos das populações edo nosso país.

Em Lisboa, não podemos deixar que o atual executivo degra -de as condições de trabalho de quem são parte essencial namanutenção da segurança daqueles que vivem e trabalham nacidade.

Será a nossa unidade, firmeza e determinação dos bombeirossapadores que derrotará a política de direita instalada no mu -nicípio de Lisboa.

Será a unidade e a organização de todos os trabalhadoresque derrotará inevitavelmente a política de direita do governo. �

O TRABALHADOR DA CML 9

Regimento dos Sapadores BombeirosPrioridades...

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O TRABALHADOR DA CML10

oi enviado ao governo, no passado dia 4de setembro, a Proposta ReivindicativaComum (PRC) para 2013, da FrenteCo mum dos Sindicatos da Adminis tra -ção Pública.

Num tempo em que verificamos umata que brutal do governo PSD/CDS aosdi reitos e rendimentos dos trabalha do -res, sob o comando da troica estran gei -ra, vio lan do de forma grosseira a Cons ti -tuição da República Portuguesa, a apre -sen tação da PRC, por parte dos sin di -catos da Admi nistração Pública (AP), éum ato funda mental, exercendo um di -rei to que lhes é devido: o direito à ne -go cia ção coletiva.

Este governo, que segue a lógica neo-liberal, roubando os rendimentos do tra -balho, protegendo e aumentando oslucros do capital, como são exemplo ocorte nos salários, o suprimento dossub sídios de férias e natal - situaçãosem precedentes após o 25 de Abril de1974 - ou a redução para metade do

valor a pagar pelo trabalho extraor -dinário.

Tendo já decidido para 2013 a reduçãode 4 feriados - 5 se considerarmos com odo Carnaval, o governo de Passos e Por -tas prepara-se para aplicar à AP um con -junto de medidas como a adapta bilidadee o banco de horas, impondo pelo me -nos mais 2 horas de trabalho diário e 50horas por semana. Tencionam ainda,aplicar a mo bi lidade geográfica até 60Km, que con duzirá à mobilidade especiale a despe di mentos. Não nos podemosesquecer que estas medidas têm origemno acordo de con cer tação social, ce -lebrado entre o go ver no, as confe de -rações patronais e a UGT.

Ao mesmo tempo, o governo prepara-se para desmantelar e privatizar ser -viços essenciais como a Escola Pública,o Ser viço Nacional de Saúde, a Se -gurança So cial ou os serviços muni ci -pais como o abas tecimento de água ehigiene urbana, privando as populações

de direitos cons titucionais.Por isso, a Proposta Reivindicativa

Co mum da Administração Pública para2013 constitui uma importante forma deluta contra o retrocesso social e civi li -zacional em curso, destinado a bene -ficiar o capital financeiro.

Deste modo, propomos:

Salários e pensões � Recuperação dos valores roubados

nos salários, subsídios e pensões em2011 e 2012;� Atualização dos salários e pensões

de forma a compensar os brutais au -men tos das despesas familiares, desde1 de ja neiro de 2011, o que determinaum aumen to de 47 euros;�Atualização do subsídio de refeição

para € 6,50;� Fixação da pensão de so bre -

vivência em 65% da pensão do cônjugefalecido, tal como se verifica no regimegeral;

PRC 2013

A NEGOCIAÇÃO

COLETIVA

NA

ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

F

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O TRABALHADOR DA CML 11

� Atualização das restantes presta çõespecuniárias na percentagem do valor dainflação.

Emprego� Aplicação do vínculo público de no -

mea ção, com os efeitos daí decorrentes, atodos trabalhadores da AdministraçãoPública, designadamente, aos que exer -cem funções nas EPE com contrato indi -vidual de trabalho;� Resolução imediata das situações de

precariedade, com a integração nos qua -dros de pessoal dos trabalhadores que de -sempenham funções correspondentes ane cessidades permanentes dos serviçosou organismos, integração dos trabalha -dores desempregados colocados em ser -viços da Administração Pública e outrasen tidades ao abrigo de Programas Ocu -pacionais e de Inserção, com um contratode condições de trabalho e de remune ra -ção idênticas às dos restantes trabalha -dores com vínculo público;�Reintrodução dos quadros de pes soal,

em substituição dos mapas de pes soal, eactualização daqueles, tendo em conta asreais necessidades dos serviços;� Integração dos trabalhadores em si -

tua ção de mobilidade especial nos qua -dros de pessoal;� Realização de procedimentos con cur -

sais para garantir o desenvolvimento pro -fissional dos trabalhadores nas res petivascarreiras;� Revogação de todas as normas que,

de forma directa ou encapotada, promo -vam o despedimento dos trabalhadores daAdministração Pública, nomeadamente amobilidade especial, a mobilidade geográ -fica forçada e as rescisões amigáveis, re -forçando o emprego público com direitos.

Horários de Trabalho� Consagração legal para todos os tra -

balhadores da AP dos regimes de horáriosde trabalho do DL 259/98 de 18/8, sal va -guardando os regimes especiais previstosem legislação específica;� Recusa da gestão flexível, semanal,

mensal ou anual do horário de trabalho, de -signadamente através da adaptabili da de eda criação anunciada de um “banco de ho -ras”, como forma de obviar ao paga mentoobrigatório de serviço extraor di ná rio.

ADSE� Consolidação da ADSE como sis tema

de saúde autónomo para todos os tra ba -lhadores da Administração Pública, inde -pendentemente do vínculo contratual, apar do reforço e melhoria dos serviçospres tados aos beneficiários;� Incidência dos descontos dos traba -

lhadores e aposentados/reformados para aADSE sobre 12 meses e não sobre 14.

Outras matérias� Revisão do SIADAP, estabelecendo

um sistema de avaliação de desempenhosem “quotas”;� Regulamentação e aplicação de to dos

os suplementos remuneratórios, desi gna -damente do suplemento de risco, pe nosi -dade e insalubridade;� Incidência dos descontos para a CGA

e a ADSE sobre a totalidade das remune -rações e suplementos;� Publicação obrigatória dos Acordos de

Entidade Empregadora Pública nego cia -dos e acordados, sem dependência de“ho mologação” do Ministério das Finanças;� Criação de condições para o desen -

volvimento de serviços públicos de quali -dade, que respeitem o princípio constitu -cional da proximidade das populações,designadamente nas áreas da Educação,da Saúde, da Água e do Ambiente;� Concretização do direito à formação

profissional e contínua, incluindo a forma -ção dos trabalhadores em Segurança eSaúde no Trabalho.

A política sistemática de austeridade dogoverno, que consubstancia a destruiçãodos serviços públicos e o despedimento demilhares de trabalhadores, terá na FrenteComum dos Sindicatos da AdministraçãoPú blica um firme opositor.

Manter e apro fundar a luta em curso con -tra a política de direita e os partidos que atêm implemen tado ao longo de 36 anos é oobjetivo prio ritário. Não podemos aceitar oem po bre cimento contínuo dos trabalha do -res portu gueses e mais concretamente da -que les que prestam um serviço indis pen -sá vel ao bem-estar do povo e ao fun ciona -mento do país, ou seja, os trabalhadoresda adminis ração central, regional e local.

A luta continua! Pelos nossos direitos, aspirações e interesses! �

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O TRABALHADOR DA CML12

Sinistrados do TrabalhoÉ urgente defender os seus direitos!

Transferência para a EGEAC da gestão da Casa Fernando Pessoa…

Um processo nebuloso

Os acidentes de trabalho são ine vi -táveis. Todos sabemos isto. Sen -do pos sível reduzir os riscos, o

fator humano e um conjunto de outros im -ponderáveis tornam clara essa ine vi ta bi -lidade. É por isso que as sociedades evo -luíram na procura de regras e proce di -mentos, equi pamentos e materiais quere duzam e minimizem o risco de aci den -tes. Mas quan do alguma coisa falha te -mos os acidentes. E os acidentados.

E se houve substanciais avanços na pre -venção e redução de risco, envol ven do,apesar dos escassos meios, os tra ba -lhadores do Departamento de Segu ran çae Saúde no Trabalho e a sua dinâ mica pró-ativa no que concerne à sensi bili za ção eprevenção de riscos, se houve avan ços naelaboração de Regula men tos de Se gu ran -ça e Saúde, a estes esfor ços não cor res -ponde uma recente meto dologia de abor -dagem dos sinistrados que os torna nú -meros e contas e não pes soas con cre tas.

O devastador e omnipresente factor daredução de despesas está a entrar naárea da sinistralidade do trabalho pelo elomais fraco: os próprios sinistrados.

Problemas no pagamento de despesasde transportes e demais despesas de -correntes do tratamento e recuperação

de sinistrados de trabalho, relatos cadavez mais frequentes de abusos verbaispor parte de alguns dos que deveriam teros sinistrados como centro da sua preo -cupação mas refugiam-se na sua compe -tência “médica” para os insultar e menos -prezar. O ping-pong entre a “decisão mé -dica” e as “orientações de redução dades pesa”, os sinais evidentes de umacer ta tentativa de desresponsabilizaçãoda CML face a alguns sinistros, tudo istoleva a que STML encare com extremapreocupação o evoluir da situação nestecampo tão delicado na vida de um tra ba -lhador e, por associação, da sua família.

Dizem os entendidos que, em últimaanálise, a generalidade dos acidentes detrabalho são da responsabilidade do

empregador. E o grau de degradação deequipamentos, EPIs, a rotina de pro ce -dimentos perigosos, o desvalorizar porparte de Vereadores sobre a ausência deEPIs em casos tão gritantes com o Re gi -mento de Sa pa dores Bombeiros, onde oresponsável tentou mi nimizar a ausênciade EPIs adequados afirmando - erra da -mente - que os então estagiários “nãopar ticipavam em operações de risco”…

O atual cenário que se vive na CML en -vol ven do os sinistrados do trabalho, leva-nos de facto a refletir sobre a sustenta bili -dade desta prática a curto/médio prazopara a vida destes trabalha dores que,apa rentemente, para o executivo ca ma -rário, devem sofrer duplamente: primeiropelo acidente que os vitimou inicialmentee, em segun do, pelo desrespeito a quesão constantemente sujeitos.

Renovamos o apelo aos sinistradosque se sin tam prejudicados pelas prá ti -cas do Departamento de Segurança eSaú de no Trabalho que entrem em con -tacto com o STML a fim de elaborarmosum caderno reivindicativo em defesa dosseus direitos e aspirações.

Os sinistrados do trabalho do Municípiode Lisboa terão, impreterivelmente, oapoio do seu sindicato. �

Com a aprovação na Assembleia Municipal, em fevereiro de2011, da Reorganização dos Serviços do Município deLisboa, onde se inclui a transferência da gestão da maio ria

dos equi pamentos culturais da cidade de Lisboa para a EGEACEEM, de uma forma faseada, sendo que o primeiro equipamentocuja gestão será atribuída à empresa é a casa Fernando Pessoa.

Em julho de 2012, foi celebrado um contrato programa entre oMunicípio de Lisboa e a EGEAC, EEM no qual consta que aCâmara Municipal de Lisboa assumirá as despesas com:

� Vigilância e segurança até 30 de Novembro de 2012;� Água e eletricidade até 31 de Dezembro de 2012;� Limpeza das instalações até 31 de Dezembro de 2012.O Município de Lisboa compromete-se ainda a transferir para a

EGEAC, EEM, a título de comparticipação pelas obrigações assu-midas relativamente à Casa Fernando Pessoa, durante o ano de2012, a quantia de € 232.822,00 (duzentos e trinta e dois mil oito-centos e vinte e dois euros) com a seguinte repartição:� 1ª Tranche, correspondente a 50% do valor total, nos 5 dias

seguintes ao visto do Tribunal de Contas.� 2ª Tranche, correspondente aos restantes 50%, nos 30 dias

seguintes ao visto do Tribunal de Contas.Entretanto o Contrato Programa foi devolvido pelo Tribunal de

Contas, considerando que proposta não ia devidamente ha -bilitada...

Esta proposta foi aprovada em reunião da CML no dia 25 dejulho e contou com os votos contra do PCP e do CDS/PP (?).

Torna-se pertinente questionar: como vai ser agora o futuro?

1. Assumirá a CML os compromissos financeiros com aEGEAC, EEM a tempo e horas?

2. Relativamente aos trabalhadores da Casa Fernando Pes soaapenas alguns transitarão para a EGEAC, EEM ao abrigo do con-trato de cedência de interesse público. Se houver neces si dade decontratar mais trabalhadores, como será?

3. Onde se encontra o estudo do impacto da integração desteequipamento na EGEAC, EEM?

Para o STML e os trabalhadores, a preocupação cresce emgran de medida, considerando que a nova Lei do Regime Jurí di codas Atividades Empresariais Locais e participações locais, prevêa extinção obrigatória das Empresas quando:

� Nos últimos 3 anos tenha tido resultados negativos;� Os subsídios à exploração concedidos pelas autarquias

sejam superiores a 50% das receitas totais;� As receitas próprias da empresa não cubram 50% dos seus

gastos totais;� Se a autarquia tiver que assumir dívidas da empresa que

ultrapassam 50% do capital social desta.Verificando-se um destes requisitos a empresa tem que ser

obrigatoriamente dissolvida, devendo a decisão ser tomada noprazo máximo de 6 meses após a entrada em vigor da Lei.QUE FUTURO SE PREVÊ PARA ESTES TRABALHADO RES

E PARA TODOS OS QUE ESTÃO NAS MESMAS CIR -CUNSTÂNCIAS?

Da parte da CML, aparentemente, o silêncio é de ouro!!! �

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O TRABALHADOR DA CML 13

No primeiro trimestre de 2012, ospoucos trabalhadores do Departa -mento de Educação da Câmara Mu -

nicipal de Lisboa que não baixaram os seusbraços na reivindicação do pagamento dotrabalho extraordinário realizado em 2011,em representação da autarquia nos Con -selhos Gerais de Escolas e AgrupamentosEscolares, viram satisfeita a sua reivin di -cação.

O pagamento desse trabalho foi efetuadopela Câmara Municipal de Lisboa, sendoassim atribuída razão a estes e demais tra-balhadores do DE, que levaram o STML acolocar um Pré-Aviso de Greve ao Tra balhoExtraordinário há mais de um ano e conti-nua em vigor.

Na verdade, é exigível o pagamento de

trabalho extraordinário cuja prestação te -nha sido prévia e expressamente deter mi -nada. Tem sido este o modus operandi naconvocação de trabalhadores do municípioque representam este depois de concluídaa sua jornada de trabalho.

Este é o regime legal aplicável à pres ta -ção de trabalho extraordinário e como taldeve ser cumprido pela Câmara de Lisboa.No entanto, o relato de ameaças de Pro -cessos Disciplinares aos trabalhadores quese recusem a fazer este trabalho, motivouno último ano vários trabalhadores a desis -ti rem de colocar as horas que fizeram, ape -sar de estarem todos abrangidos pelo Pré-Aviso de Greve.

Este assumir do pagamento aos traba -lha dores que não deixaram de apresentar o

seu trabalho extraordinário realizado nosConselhos Gerais de Escola e Agrupa men -tos de Escolas, veio dar razão a estes e aoSTML que não retira o Pré-Aviso de Greveaté ao dia em que a Câmara Municipal deLisboa e os seus dirigentes, nomeada men -te, o chefe da Divisão de Apoio Sócio-Edu -ca tivo, diretor de Departamento de Educa -ção, vereador da Educação e Recursos Hu -manos assumam que é “trabalho” repre -sentar a Câmara Municipal de Lisboa forado horário de trabalho e deixem de intimidarquem dá a cara pela Câmara de Lisboa.

Vale a pena continuar a lutar e sem me -dos de quem hoje (e por enquanto) mandae esqueceu de onde veio e o seu pas -sado… �

Aproxima-se o fim do primeiro período letivo de 2012/2013 eos Recursos Humanos da Câmara Municipal de Lisboa tei-mam em não resolver a bem a atribuição das Jornadas

Contínuas aos trabalhadores que mostraram condições para oseu usufruto.

Uma vez estabelecido um prazo a todos os trabalhadores quepossam usufruir das Jornadas Contínuas para apresentarem osseus pedidos e documentação comprovativa da situação, foi con-siderável o número de trabalhadores que em tempo apresen tou oseu pedido.

Vários meses volvidos e com muita polémica à mistura, muitocriada por superiores hierárquicos que, fazendo uso dos seus pe -quenos poderes, puseram as garras de fora em relação a algunstrabalhadores que pediram a Jornada Contínua, os RecursosHumanos da Câmara de Lisboa começaram a enviar respostas aalguns pedidos dos trabalhadores, fundamentados nos pare -ceres dos respetivos chefes de Divisão e diretores.

Nas respostas, que foram sendo transmitidas ao STML pelostrabalhadores, é por de mais evidente que não há (em muitoscasos) o respeito por quem trabalha (cada vez com menos direi -tos) e educa uma geração que vê os seus pais agoniarem comuma política de direita no governo e na gestão da autarquia, quenos transforma a todos em números e cria escalas e quotas pararetirar a cada um o seu bem-estar profissional e familiar.

Perante a falta de sensibilidade dos Recursos Humanos de -monstrada em muitas notificações já conhecidas por muitos tra -balhadores, o STML tem vindo a apelar aos seus associados(des contentes com tal intenção) para se dirigirem à sede doSTML, para aí apresentarem os seus argumentos de forma a se -rem (mais uma vez) expostos aos RH, com o intuito de reverteresta situação.

Cuidar dos filhos é cuidar de um amanhã melhor e quando isso

acontece hoje, quem usufrui da Jornada Contínua, poderá pro -duzir mais e melhor e mais motivado. Será difícil compreenderisto? Afinal, o que anda a Câmara de Lisboa a tramar para osPais e Mães que aqui trabalham e que, mais um ano, viramdecrescer o número de entradas nas Unidades de Educação daCâmara Municipal de Lisboa? Todos sabemos o que isso acar -reta para os Pais e Mães. Todos sabemos o que isso representapara quem trabalha nas Unidades de Educação.

O STML está atento e interventivo nestas situações e com ostrabalhadores não baixará os braços na resolução deste e deoutros problemas. �

Jornadas contínuasFalta de respeito por quem é Pai e Mãe trabalhador na CML

Vitória dos trabalhadores da educaçãoMas não ficamos por aqui… Pré-Aviso de Greve ao TrabalhoExtraordinário é para continuar

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14 O TRABALHADOR DA CML

Comemorando na luta o 42º aniversário da Intersindical!

OSTML, face à gravidade dos ata -ques que o grande capital e o seugoverno estão a desencadear so -

bre os traba lhadores e as suas famílias,comemorou o 42º aniversário da CGTP-IN, dia 1 de Outubro, com a luta dos tra -ba lhadores do Município de Lisboa.

Há 41 anos, em pleno fascismo, umcon junto de sindicalistas assumiu comosua a tarefa de dotar o movimento sindicalportuguês com uma estrutura sindical declasse, a Intersindical Nacional.

Muitos deles pagaram a ousadia com odespedimento e mesmo com a prisão.Mas a Intersindical não cedeu, cresceu efirmou-se no movimento dos trabalha do -res para ganhar a forma de ConfederaçãoSindical dos Trabalhadores Portuguesesna sequência da Revolução de Abril.

Hoje, 42 anos depois, assumimos ames ma determinação de ir à luta pela de -fesa dos direitos, interesses e aspiraçõesdos trabalhadores.

O STML levou a cabo três iniciativas,concretamente:

Reforço a da Organização Sindicalno DRMM

Numa ação de Organização Sindicalno DRMM, foram eleitos delegados sin -dicais, dirigentes locais do STML, impres -

cindíveis para um sindicato forte e atuan-te nos locais de trabalho. Eles são os ele -mentos fundamentais na dinamização deum Sindicato que se quer de todos e paratodos, interventivo e dinâmico, que orga -nize os associados e restantes traba lha -dores na defesa coletiva dos nossos in -teresses e direitos.

Edifício Central do Campo Grande:informação, esclarecimento e apelo à sindicalização

Numa época marcada pela manipula -ção dos meios de comunicação social edo preconceito contra os trabalhadores eas suas organizações representativas énecessário, cada vez mais, esclarecer,sen sibilizar e apelar à ação coletiva, istoé, à sindicalização. Foram estas as prio ri -dades assumidas na actividade sindicaldesenvolvida neste dia, em que a Infor -ma ção e a Sindicalização tiveram lugarde destaque no contacto com os tra ba -lhadores do Edifício Central do CampoGrande. Uma iniciativa que contou com aparticipação de um conjunto de delega -dos e dirigentes sindicais.

Limpeza Urbana: em defesa das condições desegurança e saúde no trabalho,

pelo trabalho com direitos

A Acção Reivindicativa esteve na ruacom os trabalhadores da Limpeza Urbanana denúncia pública da degradação dascondições de trabalho, do paulatino de -sinvestimento no sector e na exigência doadequado financiamento deste serviçomu nicipal, essencial para a cidade e po -pulação de Lisboa. Reunidos em Plenárionos Paços de Concelho, foi aprovadauma moção reivindicativa. Fomos poste -riormente em desfile para o Largo doIntendente no intuito de mostrar à cidadee ao presidente da Câmara Municipal anossa disposição em defender as nossascondições de trabalho e a manutenção daLimpeza Urbana na esfera pública mu ni -cipal.

A luta irá continuar! Não aceitamos ades truição das nossas condições de tra -balho e do serviço público que é prestadoaos lisboetas! �

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AUSL (União de Sindicatos de Lisboa)organizou um torneio de futsal, nos

dias 16 e 23 de setembro, que teve lugarno Pavilhão Desportivo do Bairro da Boa -vista.

O STML participou neste torneio comuma equipa constituída por dirigentes ede legados sindicais e ainda alguns asso -ciados do sindicato.

Sendo esta uma atividade envolvendoapenas equipas representando sindica -tos, o que menos contou foi a classifica -ção final. Aliás, foi notório o espírito deamizade, camaradagem e fair-play cons -tatados durante a realização de todo otorneio.

Mesmo assim, informamos que a equi -pa do STML conseguiu um honroso 2.º

lugar, tendo sido batida na final do tor -neio pela equipa do SITAVA.

Aos nossos jogadores dirigimos ummuito obrigado, pelo empenho e esforçodemonstrados.

Em 2013, esperamos ter mais de umaequipa a participar neste torneio de futsalda USL/CGTP-IN. �

STML no Torneio de Futsal da USL

15O TRABALHADOR DA CML

7ª Conferência Nacional da

INTERJOVEM/CGTP-IN

Da necessidade de debater os pro -blemas específicos dos jovenstrabalhadores e de desenvolver

linhas de trabalho que os mobilizassempara a luta pela melhoria das suas con -dições de trabalho e de vida foi fun dada,em 18 e 19 de março de 1989, a INTER -JOVEM/CGTP-IN.

A INTERJOVEM desempenha um pa -pel fundamental na interação com os jo -vens trabalhadores nas suas empresase locais de trabalho, ou em iniciativas narua, esclarecendo-os e incentivando-osà sindicalização e organização para odesenvolvimento da luta, meio essencialpara enfrentar os ataques aos seus di -reitos que foram conquistados ao longodos anos, por reivindicações e lutas deanteriores gerações de trabalhadores.

Os últimos 4 anos, que coincidem comtrês anos de governo PS, ficam mar ca -dos pelo desenvolvimento dos cha ma -dos PEC e nesta última fase pela cha -mada “assistência financeira da Troika”,que mais não é do que um conjunto demedidas que só vieram agravar aindamais as condições de trabalho e de vidados jovens trabalhadores.

A atual ofensiva tem-se acentuadopelas reformas neoliberais do atual go -verno PSD/CDS, sempre com a descul -pa do chamado “memorando de enten di -mento” que estes partidos, em conjuntocom o PS, assinaram com o FMI, BCE eUE, há um ano atrás.

É num contexto de uma grande ofen si -va contra os nossos direitos, mas tam -bém de uma grande resistência e com -ba tividade dos jovens trabalhadores quea INTERJOVEM, organização sindicalju venil da CGTP-IN, realiza a 7.ª Con -

ferência Nacional. Esta conferênciaterá lugar no Porto, no dia 9 de novem -bro sob o lema “Mais Organização.Mais Luta. Mais Sindicato - Queremostrabalho! Exigimos Direitos!”.

Nesta conferência, para além da aná -lise da situação política, económica e so -cial, nacional e internacional e do ne ces -sário reforço da organização sindical, se -rão debatidos temas que preocupam osjovens trabalhadores como, por exem-plo:

- as alterações ao Código de Trabalhoe à Legislação laboral da administraçãopú blica,

- o desemprego, - a precariedade, - os salários,

- os horários de trabalho, - saúde higiene e segurança no traba -

lho e as doenças profissionais, - o estatuto do trabalhador-estudante e

a formação profissional, - a igualdade e não discriminação.Serão ainda, certamente, abordados

te mas que são direitos consagrados naCons tituição e que os jovens vêem cons -tan temente ser-lhes negados ou o aces -so dificultado aos mesmos, como acon -tece com o emprego, a saúde, a educa -ção ou a habitação.

O STML terá nesta Conferência umade legação de jovens delegados e diri -gentes sindicais, que será definida opor-tunamente. �

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Várias dezenas de dirigentes e dele -gados sindicais dos vários sindica -tos que integram a Frente Comum

de Sin di catos da Administração Pública,concen traram-se em frente à Assembleiada Re pública, no dia 14 de setembro, pa -ra pro cederem à entrega dos mais de seis -centos pare ceres sobre as alterações à le -gislação laboral na Administração Pú blicaque o governo pretende levar avan te.

Se as alterações, previstas na propostado governo, forem aprovadas, represen -tarão mais uma forte machadada nosdireitos dos trabalhadores da administra -ção pública.

Nos vários pareceres entregues, con -tes tam-se as seguintes alterações:

� Na mobilidade - Alarga-se a pos -sibilidade da mobilidade interna forçada(sem acordo do trabalhador) para os con-celhos confinantes das áreas me tro po -litanas de Lisboa e Porto e, nos res tantescasos, também para os concelhos confi-nantes daquele onde o trabalhador prestaserviço ou onde reside, até à dis tância de60Km (30 Km para as cate gorias de grau1 e 2).� Na adaptabilidade (individual e

grupal) e banco de horas (individual egrupal) - A especificação da adapta -

bilidade individual e grupal e a introduçãodo banco de horas, individual e grupal,permite desregulamentar por completo avida familiar e profissional do trabalhadore utilizar também estes meios como for -ma de repressão e chantagem.� Na caducidade dos contratos a

termo - Redução do valor da compen sa -ção pela caducidade do contrato a termo(certo e incerto) de 24 ou 36 dias por ano,para apenas 20 dias, com limites que nãoexistiam: 20 vezes o rendimento mínimomensal garantido para o valor da remu ne -ração base mensal e 12 vezes a re mu ne -ra ção base mensal para o mon tante glo -bal da compensação.� Na cessação por acordo - A regula -

men tação da cessação por mútuo acor -do, em simultâneo com a imposição deoutras medidas que podem ser utilizadascomo formas de pressão e chantagempara obrigar o trabalhador a sair da Admi -nistração Pública.� No trabalho extraordinário - Impõe

para o futuro o que já estava previsto emsede de Orçamento do Estado para 2012,reduzindo para metade o acréscimo pelaprestação de trabalho extraordinário, querem dia normal, quer em dia de descansosemanal e em dia feriado.� Na proteção social - Nivela por bai -

xo o regime de proteção, nomeada mentena doença prolongada por período supe -rior a um mês aos trabalhadores nomea -dos e do regime de proteção social con -vergente, reduzindo o período de férias adois dias por cada mês, com o máximo de20 dias úteis.� Nos feriados - Redução de 4 fe ria -

dos, ou 5, se contarmos com o Carnaval.� No regime do Trabalhador Estu -

dante - Acaba com a possibilidade de uti -li zação de 6 horas por parte do traba lha -dor estudante, ao remeter esta matériapara a aplicação do regime do Código doTrabalho.�No regime de faltas injustificadas -

O período de ausência a considerar, paraefeitos de perda da remuneração, abran -ge os dias ou meios-dias de descanso ouferiados imediatamente anteriores oupos teriores ao dia de falta.

O STML e a Frente Comum consideramque estas alterações, além de incons ti -tucionais, são um instrumento jurídicoaber rante, que põem em causa a con ti -nuidade da prestação de funções sociaises senciais do Estado e que colocam opaís numa posição de retrocesso social ecivilizacional inaceitável. �

Frente comum entrega pareceres sobre as alterações ao RCPFP

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Durante quase um ano, PassosCoe lho e a sua trupe conse gui -ram vender a uma assinalável

maio ria de cidadãos que o ano 2012 se -ria o pior ano do resto das nossas vidas.Roubou-se nos salários, au men tou-se acarga fiscal através de impostos directose indiretos sobre os rendi men tos do tra -ba lho (sublinhe-se), esfumou-se sempra zo os 13.º e 14.º mês dos tra ba lha -dores da administração pública, re gionale local e pensionistas.

Esfumar é o termo apropriado porque,quase um ano depois do anúncio dasme didas inscritas no Orçamento do Es -tado (OE) para 2012, o sacrifício de mi -lhões de por tugueses resultou em nada.Mais a mais, o País empobreceu a galo -pe das políti cas de direita do PSD/CDS eda troika (com a cumplicidade, diga-seestratégica e cínica, do PS), resultado demenos ren dimento disponível para as fa -mílias, de uma espiral inflacionista depre ços nos bens essenciais (nomea da -mente no gás, eletricidade e combus tí -veis) e pri vatização de empresas e seto -res estratégicos nacionais.

A execução orçamental mostrou, ob -via mente, um aumento do défice sobre oproduto. Mesmo com mais de dois milmi lhões de euros roubados aos tra ba lha -dores do setor público e pensionistasatravés do roubo dos subsídios de natale de férias, os resultados fariam corar devergonha qualquer pessoa de bem. Sa -be mos que não é o caso, e o que se pre -vê no OE 2013 faz antever o pior.

De facto, e após os resultados ca tas -tróficos obtidos por este Governo ao lon -go do mandato, o OE que aí vem reiteraos mesmo erros e prossegue, ainda commais violência sobre o País e o povo por -tuguês, o ataque concertado do Governode Passos Coelho e Paulo Portas e datroika (Fundo Monetário Internacional,Banco Central Europeu e Comissão Eu -ropeia). Sobre a austeridade, decreta-semais austeridade, conforme ficou claroquando, minutos antes de um jogo de fu -tebol, um despudorado Passos Coelhoanunciou ao País a subida da Taxa So -cial Única para os trabalhadores (e re du -ção para os empregadores) ou a revisãoem alta dos escalões de IRS. Em suma,à catástrofe provocada pelo OE 2012, oGoverno responde com o agudizar dames ma em 2013. E fala, cinicamente, dein centivo ao emprego quando o desem -prego cresce diariamente a uma médiavertiginosa!

Perante a resposta do povo portuguêsque saiu à rua, Passos recua na TSU.Mas a receita prometida é a mesma:aus teridade sobre austeridade. Mais doque nunca é preciso sublinhar que osportu gue ses, trabalhadores e desempre -ga dos, estão cansados desta política.Na certeza da resposta que todos vãodar às troikas que nos arruínam, já nopróximo dia 14 de novembro na GreveGeral, o fantasma do OE 2013 tem deser combatido antes que se torne reali -dade.

O OE 2013 é o receituárioanunciado da destruição totaldo País

Mesmo sem a mexida na TSU, o proje -to inscreve um aumento generalizado deimpostos sobre o trabalho e isenta umavez mais o grande capital de contribuirpara uma crise por si criada. Através deum governo fantoche, as medidas en -gen dradas pelos interesses estran gei -ros, auguram um supremo ataque aosin teresses nacionais. E, sublinhamos, se2012 é um ano terrível, 2013 prepara-separa ser bem pior.

No caso dos rendimentos dos traba -lhadores das administrações públicas, eapesar do acórdão do Tribunal Cons titu -cional, o Governo PSD/CDS continua a

reiterar a intenção de não deixar maisren dimento disponível a cada trabalha -dor. Se não for por via do roubo diretodos subsídios será através dos escalõesde IRS. A mesma medida acaba por sealargar ao setor privado, propiciando as -sim um decréscimo geral do preço dotra balho em Portugal. Para acalmar osânimos, Passos e o seu inefável Gasparprometem umas cócegas aos rendi men -tos do capital (coisa pouco já se vê), oque, bem-feitas as contas, são meracos mética para tentar legitimar umamaio ria que não representa, nem pode járepresentar a maioria dos portugueses.

O OE 2013 prepara ainda um conjuntode privatizações que são do maior riscopara o futuro de Portugal. Não bastava avenda a preço de saldo de empresasestratégicas nacionais (REN, EDP, etc.),o Governo prepara-se para abrir cami -nho à privatização de parte considerávelda Caixa Geral de Depósitos, último es -teio da soberania financeira do País.

O caminho do desastre está traçado esó a luta dos portugueses pode pôr ter -mo a uma política voraz e destruidora dePortugal e do seu povo. Por isso, antesque seja tarde, a luta tem de continuarporque é necessário e urgente uma po -lítica que derrote o caminho suicidárioque a direita traçou para Portugal aolongo de mais de três décadas com osresultados agora conhecidos. �

Orçamento do Estado 2013

O supremo ataque da política de direita!

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No mesmo dia em que, após o ha -bitual interregno de férias, reuniua Comissão de Reformados do

STML, teve lugar uma importante açãode luta por parte da INTER-REFORMA -DOS/CGTP-IN a que se juntaram ele -mentos do MURPI.

OS REFORMADOSRECUSAM SER OS BOMBOS DA FESTA!

No dia 19 de setembro dirigentes e ati-vis tas da Inter-Reformados concen -traram-se frente à Assembleia da Repú -blica, demonstrando o seu crescentedescontentamento pela política deste(des)governo que ao invés de recuperara economia afunda cada vez mais o país.Fizeram ouvir o seu protesto contra asinjustiças perpetradas aos trabalhadorese ao Povo em geral e pela brutal ofensivadirecionada contra os reformados emparticular. Na intervenção proferida porAr ménio Carlos aos manifestantes talfacto ficou bem sublinhado quando re -feriu «(…) esta política está a negar-lhes

o direito à vida e a encaminhá-los parauma morte acelerada…».

Em relação ao “roubo” do 13.º e 14.ºmês, já declarado inconstitucional peloTC, afirmou que a CGTP tem uma po si -ção muito clara e muito firme contra aredução das pensões: "Não podemosesquecer que os pensionistas que rece -bem 600, 800, 1.000 ou 1.500 euros fo -ram pessoas que descontaram de acor -do com os seus rendimentos para teremuma contribuição da segurança socialequivalente aos descontos que fizeram…não queremos que se verifi quem polít i -cas em Portugal assisten cia listas e cari -tativas em que se pro curam eleger ospensionistas com 1.000 euros como ricos

para se justificar a redução das pensõesa essas pessoas... quere mos é que ocontrato celebrado seja res peitado".

Em seguida, a delegação da Inter-Re -formados, acompanhada pelo secretário-geral da CGTP, dirigiu-se à Assembleiada República a fim de entregar uma pe -tição que, num curto espaço de tempo,recolheu mais de 5.000 assinaturas paraque os Deputados eleitos pelo Povooiçam o Povo que os elegeu para a defe -sa dos seus justos anseio e foi, depois,recebida pelos Grupos Parlamentares doPCP, Verdes, BE e CDS. PSD e PS nãoderam qualquer resposta ao pedido dereunião.

BASTA DE AUSTERIDADESEMPRE PARA OS MESMOS!BASTA DE INJUSTIÇAS!

A Comissão de Reformados do STMLdeixou bem expressa a sua adesão àMANIFESTAÇÃO de 29 de setembro oque veio a confirmar-se por um extraordi -ná ria participação!

A luta continua! �

O TRABALHADOR DA CML18

Basta de injustiças!

Espaço dos Aposentados

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19O TRABALHADOR DA CML

Àmedida que cresce e aprofunda-sea crise económica na Zona Euro,acelera-se o processo de roubo

dos traba lha dores, pensionistas e refor-mados, jovens e desempregados.

Na Europa, a chamada “crise do Euro”provoca ondas de indignação, resistênciae luta por todo o lado. Se os países maisem evidência são os países do Sul, no -mea damente a Grécia e a Espanha, tam -bém no norte da Europa os trabalhadoressentem os efeitos da mesma política de -vastadora e avançam para formas su -periores de luta. Na Grã-Bretanha, porexemplo.

Grécia:Milhões em Greveconta a troika e o seu governo

Todos nos lembramos das notícias alar -mistas contra a possibilidade de, naGrécia, um partido anti-troika ganhar aseleições. Seria os caos, a bancarrota, adesgraça…

Ganhou por margem mínima a Nova-Democracia pré-troika e que agrupa osricos e poderosos da Grécia. Ainda assimteve de se coligar no Parlamento com oPASOK. Mas as políticas de desastre erecessão, a especulação não mostramne nhuma piedade: a imposição de aindamais cortes salariais e sociais, as pri va ti -zações e destruição de serviços públicos,a imposição do alargamento da semanade trabalho para 6 dias e redução dotempo de descanso para 11 horas mos -tram que a politica da troika e do GrandeCapital na Grécia e na Europa é atirar opovo trabalhador para condi ções de qua -se-escravatura.

Os Sindicatos, as organizações polí -

ticas dos trabalhadores e os movi mentossociais gregos sabem que a luta é o ca -minho: a greve geral de 26 de se tembro édisso uma ilustração cabal, bem como ascentenas e diárias ações de pro testo, gre-ves, concentrações que con tinuam a jun-

tar forças para derrotar a in gerência e adestruição das condições de trabalho evida da esmagadora maio ria do povoGrego.

Espanha:Governo neoliberalresponde comrepressão policial à indignação de milhares.Sindicatos dão a resposta

Esta crise expõe as bases reais da so -ciedade em que vivemos. A Espanha, a 6ªmaior economia mundial, está à beira docolapso económico face aos ataquesespeculativos internos e internacionais. A“solução”: cortes salariais, redução dosapoios sociais e repressão aos protestos,como assistimos no dia 27 de setembroem Madrid.

A caminhar para os 6 milhões de de -sem pregados, as medidas anunciadaspelo primeiro-ministro Rajoy antecipam areceita que a troika já impôs à Grécia,Irlanda e Portugal e que agora se prepara

para impor ao povo espanhol. A respostanão tardou: manifestações gigantescaspor todo o Estado Espanhol, nomeada -mente, do passado dia 15 de setembro; aMarcha dos Desempregados Andaluces;as manifestações catalãs e Galegas; a

Gre ve Geral dos sindicatos Bascos do dia26 de setembro ou a Manifestação de 27do mesmo mês em Madrid convocadaentre outros, por todas as Centrais Sin -dicais. É uma demonstração inequívocaque há um caminho que não o desastresocial que nos querem impor.

Grã-Bretanha:Congresso da TUC aprova moção para uma Greve Geral contra a austeridade

O Congresso da TUC (central sindical)aprovou, por esmagadora maioria, umamoção para a convocação de uma GreveGeral contra a austeridade. Para já, e noâmbito das crescentes lutas, a TUC con -vo cou Marchas e Manifestações nacio -nais para 20 de outubro, já que o Go ver -no se prepara, em sede do Orçamento,aprofundar o processo de roubo aos tra -ba lhadores e reformados e de trans -ferência do dinheiro usurpado para osbolsos do Grande Capital. �

Grécia, Espanha…

Cresce a resistência e a luta contra o massacre social

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20 � O TRABALHADOR DA CML

Protocolos do STML � ISEC – Instituto Superior de Educação e Ciências

Para os nossos associados, cônjuges e descendentes em 1.ºgrau:- 10% de desconto nas propinas;- 12% de desconto na propina da licenciatura em Ges tãoAutárquica.

� ISLA – Instituto Superior de Línguas e Administração� ISG – Instituto Superior de Gestão� IPES – Instituto Português de Estudos Superiores� IESC – Instituto de Estudos Superiores de Contabilidade� Escola Superior de Educação João de Deus� ISTEC – Instituto Superior de Tecnologias Avançadas� COFAC – Universidade Lusófona Lisboa/Porto

- Instituto Superior de Humanidade e Tecnologias de Lisboa- Instituto Superior Politécnico do Oeste

- Instituto Superior D. Dinis- Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes- Escola Superior de Educação Almeida Garrett

� Lancaster College� Universidade Lusíada� Universidade Autónoma� Mundi Travel� Teatro da Cornucópia� Viaggiatore – Companhia de Lazer e Turismo� Campiférias – Centro de Férias e Turismo� Millenium BCP� ENAL – Escola Nacional de Automobilismo� Mind – Project – Psicologia, Psicoterapia e Medicina� MACIF – Companhia de Seguros� Aldeamento Turístico de Palmela

Aluta dos trabalhadores e da popula ção obrigou o Governoa recuar nas intenções de alterar a Taxa Social Única(TSU). Contudo, o Governo preparou com novas roupa -

gens medidas de aus teridade que têm como destinatários osmes mos do costume: os trabalhadores, os reformados e ospensionistas.

A CGTP-IN não pactua com a tentativa de colocar a Co mis -são Permanente da Concertação Social a legitimar estas me di -das, e em geral a política do Go verno do PSD/CDS e do “me -mo rando” da Troica, que visa o retrocesso das rela ções de tra -balho com a alteração da le gislação laboral para os setores pú -blico e privado, a redução dos salários e dos rendimentos dotra balho, deixando incó lumes os rendimentos do capital, as pri -va tizações, o ataque aos serviços públi cos e às funções sociaisdo Estado (saúde, educação, segurança social).

O Memorando da Troica e a política de di reita são as causasque impedem a resolução dos problemas do país. A rup turacom esta política de empobre ci mento generalizado e a luta poruma mu dança que tenha como alicerce o desen volvimento eco -nómico e a promoção do emprego com direitos, o combate àsde sigualdades e a melhoria das condições de vida da po pu la -ção constitui um im perativo de todos quantos lutam por um Por -tugal de progresso e justiça social.

CGTP-IN apresenta alternativas

1 - Criação de uma taxa sobre as transacções financeirasA criação de um novo imposto, com uma taxa de 0,25%, a in -

ci dir sobre todas as transacções de valores mobiliários inde -pendentemente do local onde são efectuadas (mercados re -gula menta dos, não regulamentados ou fora de mercado), exc e -p cionando o mercado primário de dívida pública.

Esta medida permitirá arrecadar uma receita adicional de2.038,9 milhões de euros.

2 - Introdução de progressividade no IRC

A criação de mais um escalão de 33,33% no IRC para em pre -

sas com vo lume de negócios superior a 12,5 mi lhões de euros,de forma a introduzir o critério de progressividade no imposto.Aincidência deste aumento é inferior a 1% do total das em -pre sas. Esta medida permitirá arrecadar uma receita adi -cio nal de 1.099 milhões de euros.

3 - Sobretaxa de 10% sobre os dividendos distribuídosA criação de uma sobretaxa média de 10% sobre os dividen -

dos distribuídos, incidindo sobre os grandes accionistas (de for -ma a garantir um encaixe adi cional de 10% sobre o total de divi -dendos distribuídos), com a suspensão da norma que permite ade du ção constante sobre os lucros distribuídos (art. 51º doCIRC), o que permite às empresas que distribuem dividendosde duzir na base tributável esses rendi mentos desde que a en ti -da de benefi ciária tenha uma participação na socie dade que dis -tri bui pelo menos 10% do capital. Esta medida permitirá arre -cadar uma receita adicional de 1.665,7 milhões de euros.

4 - Combate à Fraude e à Evasão FiscalA fixação de metas anuais para a redução da economia não

re gistada, com objectivos bem definidos e a adopção de po lí ti -cas concretas para a sua concretização. Esta medida per mi -tirá arrecadar uma receita adicional de 1.162 milhões deeuros.

Existem alternativas! Basta vontade política. �

As propostas da CGTP-IN,no valor de 5 mil e 966,5milhões de euros, evitam os sacrifícios e a destruiçãoda economia portuguesa!