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1 MICHELE RODRIGUES DA ROSA O TEXTO PUBLICITÁRIO NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DAS LÍNGUAS PORTUGUESA E INGLESA CANOAS, 2009

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MICHELE RODRIGUES DA ROSA

O TEXTO PUBLICITÁRIO NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DAS LÍNGUAS PORTUGUESA E

INGLESA

CANOAS, 2009

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MICHELE RODRIGUES DA ROSA

O TEXTO PUBLICITÁRIO NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DAS LÍNGUAS PORTUGUESA E

INGLESA

Trabalho de conclusão apresentado para a banca examinadora do curso de Letras do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Letras, sob orientação da Prof. Ms. Lúcia Regina Lucas da Rosa.

CANOAS, 2009

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TERMO DE APROVAÇÃO

MICHELE RODRIGUES DA ROSA

O TEXTO PUBLICITÁRIO NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DAS LÍNGUAS PORTUGUESA E

INGLESA

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura do Curso de Letras do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pelo

avaliador:

Lúcia Regina Lucas da Rosa

Canoas, 29 de junho de 2009.

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DEDICATÓRIA

Eu dedico este trabalho aos professores das escolas públicas estaduais, que

muito se esforçam, porém são pouco reconhecidos profissionalmente. Em especial,

dedico aos professores que atuaram nos período de 1989 a 1996 e 1997 a 2000 nas

Escolas Estaduais Rafael Pinto Bandeira e Paraná, respectivamente, por terem sido

exemplos de dedicação e profissionalismo e, principalmente, por terem sido os

grandes exemplos para a minha vida e contribuído com a minha escolha

profissional.

5

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Nádia e Adão, por terem dado-me a vida e ensinado-me a

caminhar com minhas próprias pernas e nunca desistir dos meus objetivos. A minha

irmã, Lísia, pela paciência em suportar a luz do quarto acesa nas noites de estudo e

pela tolerância nos momentos de estresse. Aos meus amigos e familiares pelo

constante apoio. A minha companheira de aula (desde o primeiro dia em que entrei

no Unilasalle), Solange, por todos os momentos que dividimos ao longo desses sete

anos de convivência acadêmica. Às professoras Maria Luiza e Valéria por todas as

trocas de experiências. E, enfim, à Professora Lúcia Regina por ter sido a grande

mentora deste trabalho, por ter acreditado na minha proposta e pela grande amizade

e carinho dedicados a mim.

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RESUMO

O presente trabalho apresenta questões teóricas e metodológicas essenciais para o ensino das línguas materna e estrangeira. Tem como objetivo principal destacar a importância de elaborações de aulas com gêneros textuais que sejam acessíveis, que estejam ao alcance dos alunos. Sendo assim, lançamos dois projetos de aulas com textos publicitários, pois acreditamos que os alunos demonstram maior interesse por atividades diferentes e compreendem melhor os conteúdos dessas aulas quando veem a aplicação da língua no dia-a-dia. Palavras-chave: Texto. Metodologia. Persuasão. Publicidade/Marketing. Projetos de aulas.

ABSTRACT

This paper presents theoretical and methodological questions which are essential to the teaching of native and foreign languages. Its main purpose is to show the importance of elaboration of classes with textual genre which are accessible to the students. Being like this, we release two class projects where publicitary texts are used because we believe that the students demonstrate more interest for different activities and they are able to understand better the subjects of these classes when they see the use of the language in their everyday life. Key word: Text. Methodoly. Persuasion. Publicity/Marketing. Class projects.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fôlder informativo........................................................................................19

Figura 2: Texto publicitário A......................................................................................24

Figura 3: Texto publicitário B......................................................................................25

Figura 4: Catálogo......................................................................................................30

Figura 5: Texto publicitário C......................................................................................35

Figura 6: Havaianas...................................................................................................37

Figura 7: Texto publicitário D......................................................................................38

Figura 8: Scotch-brite.................................................................................................40

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................9

2 O QUE É UM TEXTO?............................................................................................10

2.1 A leitura ...............................................................................................................11

2.2 Coesão e Coerência ...........................................................................................14

2.3 Persuasão ...........................................................................................................17

2.4 Gêneros textuais ................................................................................................20

3 O TEXTO PUBLICITÁRIO ......................................................................................23

3.1 Os elementos fundamentais do texto publicitário ..........................................23

3.2 A linguagem do texto publicitário .....................................................................26

3.3 O texto na sala de aula .......................................................................................28

4 PROJETOS DE AULAS COM TEXTOS PUBLICITÁRIOS ....................................34

4.1 Projeto de Aula de Língua Inglesa ....................................................................34

4.2 Projeto de Aula de Língua Portuguesa ............................................................37

5 CONCLUSÃO .........................................................................................................41

REFERÊNCIAS..........................................................................................................43

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1 INTRODUÇÃO

A área da educação está se expandindo cada vez mais e o resultado dessa

expansão é a busca de aprimoramento e qualificação do corpo docente e das

próprias aulas. Atualmente, fala-se muito em troca de experiências entre educadores

e educandos, interdisciplinaridade e, sobretudo, em aulas práticas. É diante desse

contexto que devemos focar os planejamentos de aula. Enquanto professores,

devemos dar suporte para o aprendizado do aluno e utilizar os diversos meios de

intermediação entre a teoria e a prática.

Como já dissemos, faz muito tempo que ouvimos falar em trabalhar com prática

na sala de aula, mas o que vem a ser a prática de uma aula de línguas? A aula de

línguas, seja de língua materna ou estrangeira, tem o dever de habilitar o aluno a

ouvir, falar, ler e compreender. Um dos recursos que temos à disposição de todos os

professores é o texto. Sabendo utilizá-lo adequadamente é possível produzir uma

aula divertida, descontraída, rica em vocabulário e, o que é melhor, sem deixar a

teoria de lado e formando leitores novos e capazes de se comunicar por meio da

escrita.

10

2 O QUE É UM TEXTO?

Podemos chamar de texto todo e qualquer enunciado oral ou escrito que tenha

uma sequência de ideias e estabeleça uma comunicação. Para Houaiss (2004, p.

718), texto é um “conjunto de palavras, frases escritas, fragmentos da obra de um

autor”. Então, na verdade, texto é o entrelaçamento de palavras, frases e ideias na

qual utilizamos a imaginação para estabelecer a comunicação verbal ou escrita.

Por meio da palavra podemos defender uma ideia, expressar um sentimento,

fazer críticas ou mesmo algumas simples anotações. É por meio do texto que

deixamos registrados fatos importantes, contamos histórias e soltamos a criatividade

que existe dentro de nós. Cadore afirma que,

[...] em sentido amplo, texto não é apenas aquele de feição literária – o eterno modelo da norma culta, de inconfundível valor artístico -, mas, igualmente, qualquer representação viva do pensamento humano, codificada em linguagem verbal ou não-verbal. Ambos têm seu valor; sua real importância, tradutores que são da variegada1 gama de níveis ou registros da língua, bem como das formas expressionais mais ecléticas (2004, p. 40).

O texto vai além dos conceitos gerais já mencionados, é por esse motivo que

Kleiman (1999, p. 45) diz que “o texto é considerado por alguns especialistas como

uma unidade semântica onde os vários elementos de significação são

materializados através de categorias lexicais, sintáticas, semânticas, estruturais”. O

texto, independentemente de sua tipologia ou de seu gênero, está inserido

diariamente na vida das pessoas, uma vez que é parte fundamental do processo de

comunicação, seja verbal ou escrita. Sendo assim, é necessário que tenhamos

capacidade de decodificar e interpretar o que está escrito a fim de estabelecer

relações entre o texto e o mundo, também são importantes algumas noções de

1 Variegada é uma flexão do verbo variegar que, segundo Houaiss, significa tornar diverso, variado, diversificar, variar; oposto a uniformizar.

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coerência e coesão e o conhecimento de alguns gêneros textuais para que seja

possível uma fluidez no processo de leitura.

2.1 A Leitura

A leitura deve ser incentivada desde os primeiros passos da criança, a partir do

momento em que ela está em contato com livros é despertada à decodificação

daquele objeto, o texto. Quando muito pequenas, os livros são menores e cheios de

gravuras. Conforme o tempo passa e a criança cresce, a leitura deve ser enriquecida

com textos mais complexos, ou seja, após a alfabetização, devem ser inseridos

textos com gravuras e pequenas frases; posteriormente menos gravuras e

parágrafos mais longos e assim sucessivamente. A imersão no mundo das letras

deve ser feita gradativamente pelos pais e professores a fim de explorar a

decodificação e a interpretação, a esse processo damos o nome de leitura.

A leitura é um processo de interação entre o leitor, o texto e o mundo. Por isso

é importante que o leitor tenha um mínimo de conhecimento acerca do assunto a ser

abordado no texto – a essa etapa damos o nome de conhecimento prévio – é o

conhecimento de mundo que o leitor possui, adquirido ao longo de sua vida e é

agregado na leitura, segundo Kleiman (1999, p. 13). A interpretação é resultado da

decodificação daquilo que realmente está escrito no texto mais o conhecimento que

o leitor já tem sobre o assunto, fazendo com que se chegue a uma conclusão.

Podemos dizer que a prática de leitura em grupo carrega um nome

inadequado, porque, na verdade, é um momento de socialização de um determinado

texto. O processo de leitura é muito mais abrangente, o leitor faz relações entre os

textos e outras experiências vividas e por tal situação afirmamos que “[...] em cada

leitura, o leitor mobiliza sua biblioteca interna, ou seja, todos os livros lidos/vividos

anteriormente, dialogando com eles e com o contexto de sua produção e circulação

[...]” (PAULINO, 2001, p. 24), é uma ação individual e por esse motivo é que o leitor

desenvolve a habilidade da interpretação.

As perguntas, dúvidas e conclusões que o leitor faz a respeito do texto são

partes constituintes do processo de interpretação, pois completam o sentindo de

algo que possa estar apenas sugerido; nesse sentido, podemos dizer que existe

uma relação entre o leitor e o contexto, isso quer dizer que

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[...] sem os elementos que unificam o processo de leitura, que a configuram, não há distanciamento necessário para a leitura, e o leitor perde o acesso ao sentido. É isso que se dá quando o leitor lê palavra por palavra, sentença por sentença, e não apreende o sentido global do texto, ou se pergunta, no final da leitura: “o que devo entender disso?” (ORLANDI, 1987, p. 185).

A leitura é parte fundamental no aprendizado do aluno, independentemente da

disciplina a ser trabalhada; é através de artigos, revistas, jornais e livros que os

estudantes têm acesso aos mais diversificados conteúdos de história, geografia,

cultura, línguas, etc. Por esse motivo é importante que o aluno tenha capacidade de

interpretar para que ele possa selecionar os textos mais adequados ao seu

conhecimento e partindo desse ponto de vista, Brasil menciona que

[...] um leitor competente sabe selecionar, dentre os textos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a suas necessidades, conseguindo estabelecer as estratégias adequadas para abordar tais textos. O leitor competente é capaz de ler as entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos, estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos (1998, p.70).

A faixa-etária, a maturidade e o interesse por determinado assunto também são

elementos que contribuem para a compreensão global de um texto. Pois, segundo

Orlandi (1987, p. 185-186), faz parte da identificação que o interlocutor faz de si

próprio, ou seja, ele percebe que faz parte do processo da leitura vendo-se como

interlocutor - na medida em que lê, se constitui, se representa, se identifica e então

desencadeia o processo de significação do texto.

Além de se identificar como parte do processo de leitura, o leitor cria uma

expectativa e dessa forma, afirma Paulino (2001, p. 14), não controla suas ações em

relação ao texto: ele joga seus medos, angústias e fantasias na obra em que lê, vive

a história em questão, uma vez que os textos também apresentam marcas sociais.

Na sua grande maioria, essas marcas retratam um grupo social, um período

histórico, e cabe ao leitor interagir com elas.

A leitura tem um valor incontável porque é considerada, para muitos, um

sinônimo de poder. Estudiosos da Literatura Norte-americana afirmam que, no

período da colonização dos Estados Unidos, em meados de 1600, época em que o

país ainda era chamado de Nova Inglaterra (New England), os homens tinham o

poder por serem alfabetizados e poderem ler o livro sagrado – a Bíblia. Cabia às

mulheres, analfabetas, acreditarem na palavra de seus esposos. Os tempos já não

são mais os mesmos, mas a leitura ainda é sinônimo de poder em qualquer parte do

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mundo. Pesquisas desenvolvidas por órgãos como IBGE, por exemplo, revelam que

ainda há um índice elevadíssimo de analfabetismo no Brasil – o que é muito

preocupante. Além disso, podemos observar o grande problema que a falta de

leitura proporciona aos estudantes; muitos alunos são considerados analfabetos

funcionais, ou seja, alunos que sabem ler e escrever, porém não têm capacidade de

interpretar e absorver as informações contidas no texto.

As pessoas que praticam o ato de ler vão em busca de respostas, existe uma

intenção nessa ação; nesse sentido podemos afirmar, segundo Geraldi (1996, p. 120

– 121), que o leitor pode apresentar mais de um propósito em relação ao texto, tais

como: buscar informações, estudar, usá-lo, ler gratuitamente. Esses propósitos

podem parecer muito simples, mas fazem com que as pessoas busquem a leitura.

Isso reflete diretamente no fato de os alunos não mostrarem interesse nos textos

estudados em sala de aula. Os textos são escolhidos pelos professores e, muitas

vezes, não apresentam um atrativo para o aluno ou simplesmente não fazem parte

do contexto social em que os alunos estão inseridos.

A leitura também é muito importante nas aulas de língua estrangeira. Através

dela, o aluno reconhece a importância de uma segunda língua e percebe que,

mesmo que essa segunda língua não tenha a mesma origem da língua materna,

existem estruturas e vocabulários similares. A essa semelhança de vocabulário,

damos o nome de cognatos, que podem ser verdadeiros – quando têm os mesmos

significados nas duas línguas–, ou falsos – quando tem significados diferentes. O

mesmo ocorre com as estruturas, que podem ser parecidas ou totalmente opostas

às estruturas da língua materna. Essa percepção faz com que o aluno passe a

compreender melhor sua própria língua por meio da comparação.

O fato de o leitor ter um bom domínio de leitura na sua língua nativa implica um plus quando esse mesmo leitor se depara com um texto estrangeiro, apesar de sua competência linguística em relação à língua estrangeira ser muito menos do que em sua língua nativa, o leitor mais experiente e maduro consegue adaptar as técnicas utilizadas na leitura da língua nativa ao texto estrangeiro (BRODBECK, 2004, p. 238).

O professor pode criar algumas técnicas de leitura de língua estrangeira e

trabalhar em sala de aula. Podemos citar algumas, tais como criar um glossário com

as palavras mais difíceis ou expressões idiomáticas e colocá-lo no rodapé do texto,

induzir o aluno a identificar as palavras cognatas, sublinhar algumas palavras para

os alunos procurarem no dicionário, etc. Porém, é necessário tomar muito cuidado

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para não repetir técnicas ultrapassadas que privilegiam apenas os modelos de aulas

já existentes como, por exemplo, sequência de cartilhas, diálogos sem fins

comunicativos, etc. Segundo Brodback (2004, p. 240), a escolha dos temas é

fundamental, pois assuntos mais próximos da realidade dos alunos e informações de

utilidade para a vida dos adolescentes em sociedade facilitam a compreensão e

tornam o momento mais agradável.

Sabemos que é muito difícil trabalhar a leitura em sala de aula, em língua

estrangeira é mais complicado ainda. Mas, para muitos adolescentes, esse ainda é o

único momento de leitura e informação. As escolas públicas tendem a adotar livros

didáticos, porém esse não deve ser o único recurso de metodologia. Os textos

podem ser extraídos de revistas e jornais importados, sites e até mesmo de fôlderes

distribuídos gratuitamente em setores de informações turísticas e embaixadas de

outros países.

É importante dizermos que as aulas de línguas têm um papel importantíssimo

na formação de alunos críticos e capazes de ler e interpretar, porém, não está

restrito somente a essas aulas, é um compromisso de todas as áreas. Como

intermediadores do sucesso, cabe aos professores observar qual tipo de público

estão atendendo e então buscar atrativos para a prática da leitura.

2.2 Coesão e coerência

Poucos são os recursos de pesquisa que os alunos têm sobre coesão e

coerência de um texto. Geralmente esse assunto é pouco debatido em sala de aula,

é tratado como mais um conteúdo a ser cumprido até o final do ano letivo. Enquanto

isso, as aulas fragmentadas, cheias de frases soltas e materiais descontextualizados

sobressaem-se às aulas que deveriam ser de alta relevância. A maioria dos

professores não atentou que coesão e coerência são conteúdos a serem

trabalhados diariamente com alunos de todos os níveis dos ensinos fundamental e

médio.

Uma aula de línguas prevê que os alunos devem desenvolver habilidades de

fala, leitura, compreensão e escrita. Enquanto falantes de uma língua, não

pensamos primeiramente em uma palavra e posteriormente formulamos uma frase.

Um texto, seja oral ou escrito, é produzido por meio de uma ideia principal que está

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associada a uma temática anterior e projetada em uma temática posterior, ou seja, é

um entrelaçamento de ideias. Portanto, é incoerente trabalhar conteúdos soltos e

descontextualizados, pois as relações entre as pessoas e a língua são interligadas,

há um propósito em dizer ou escrever algo.

É fundamental que um texto seja coeso, caso contrário, não será possível que

o leitor tenha uma interpretação eficaz, neste sentido podemos afirmar que a coesão

exerce uma função primordial dentro de um texto, trata-se de

[...] criar, estabelecer e sinalizar os laços que deixam os vários segmentos do texto ligados, articulados, encadeados. Reconhecer, então, que um texto está coeso é reconhecer que suas partes – como disse, as palavras aos parágrafos – não estão soltas, fragmentadas, mas estão ligadas, unidas entre si. Daí a função da coesão é exatamente a de promover a continuidade do texto, a seqüência interligada de suas partes, para que não se perca o fio de unidade que se garante a sua interpretabilidade (ANTUNES, 2005, p. 47 – 48).

Por esse motivo, podemos afirmar que a coesão exige que o aluno desenvolva

as habilidades de escrita utilizando os conhecimentos de uso e estrutura da língua

em questão, ou seja, não trata apenas de ligar as ideias, mas de colocar em prática

os conteúdos gramaticais estudados em aula. De nada adianta saber nomes de

conjunções, colocações pronominais, classes de palavras etc. se não soubermos

onde utilizar.

Ainda que o aluno tenha tais conhecimentos, nem sempre ele percebe que está

desenvolvendo a coesão ou não no processo de escritura do texto, para isso é

necessário que o professor torne mais evidente que “a coesão, por estabelecer

relações de sentido, diz respeito ao conjunto de recursos semânticos por meio dos

quais uma sentença se liga com a que veio antes, aos recursos mobilizados com o

propósito de criar textos” (KOCH, 1992, p. 17).

Ser coeso é ser claro, é seguir uma sequência de ideias; porém, não se trata

de um simples jogo de palavras. Conforme Antunes (2005, p. 48 - 55), as conexões

não acontecem somente na superfície do texto, as ligações atingem níveis

conceituais, chegando assim, aos níveis semânticos. Esses níveis semânticos

correspondem, principalmente, às relações textuais responsáveis pela coesão;

utilizamos os recursos da reiteração (retomada de segmentos prévios ou segmentos

seguintes do texto e substituição), da associação (seleção lexical) e da conexão

(ligações sintático-semânticas entre termos, orações, períodos, etc.) para fazermos

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as ligações necessárias para que haja a continuidade de ideias e sentido do texto no

todo.

Por sua vez, a coerência está ligada diretamente à coesão. Trata do segmento

lógico de um texto. Houaiss (2004, p.166) afirma que “coerência é uma ligação

lógica ou harmonia entre dois fatos ou ideias; é a harmonia de algo com o fim a que

se destina”, portanto um texto sem coerência é um texto sem sequência lógica.

Podemos afirmar, então, que a coerência é uma sequência de fatos relatados

no texto e está vinculada à coesão; a coerência “é uma propriedade que tem a ver

com as possibilidades de o texto funcionar como uma peça comunicativa, como um

meio de interação verbal” (ANTUNES, 2005, p. 176). Em alguns casos, é

praticamente impossível dizer que um texto é coerente se ele não apresentar a

coesão e vice-versa.

Mas há trabalhos que afirmam a existência da coerência separadamente da

coesão, porém, são casos específicos. A coerência é um processo que depende do

autor do texto e, em muitos casos, da interação do texto e leitor, pois a sequência de

ideias pode ser estabelecida por mecanismos de leitura e por meio do conhecimento

do leitor. Aquele texto que parece ser incoerente para um leitor, para outro, pode

parecer coerente dependendo de seu ponto de vista. Koch e Treavaglia (1992, p. 48)

afirmam que “fatores definidores da coerência podem ser violados sem,

necessariamente criar incoerência, dependendo da situação, dos usuários

(produtor/receptor) do texto, da intenção comunicativa, de normas sociais etc”.

Podemos citar como exemplos desse caso uma lista de compras, lista de

convidados, uma relação de livros etc. Esses modelos de textos só serão coerentes

para a pessoa que o produziu ou para outras pessoas que sabem do que se trata.

Para Koch e Treavaglia (1992, p. 45), “é a coerência que faz com que uma

sequência linguística qualquer seja vista como um texto”, por esse motivo é que,

quando escrevemos um texto, temos de pensar se o leitor vai conseguir entender

esse texto. Conhecimento de mundo, contextualização, informatividade,

intertextualidade e aceitação são elementos de grande importância, pois são eles,

entre outros, que tornam um texto coerente.

Em sala de aula, há muitas maneiras de trabalhar esse tópico com os alunos

de forma prática. O professor pode fornecer um texto sem um parágrafo no meio ou

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no final e deixar para que os alunos completem a história da maneira mais

adequada, por exemplo. Ou ainda, como sugere Viana e Silva,

Os baloons das histórias em quadrinhos, com supressão do texto escrito para preenchimento pelo aluno, consiste também num excelente exercício de coerência textual pois a escrita, no caso, deve acompanhar as ações que se sucedem nos desenhos (2000, p. 83).

Em suma, a coesão é a ligação de ideias e sentidos, enquanto a coerência

corresponde à ligação de fatos e ideias do texto; juntas proporcionam ao leitor uma

compreensão mais clara do texto.

2.3 Persuasão

É muito difícil falar de texto sem falar sobre persuasão. Todo texto diz algo para

alguém e o autor é quem seleciona o público-alvo por meio do assunto contido

nesse texto. O que queremos dizer aqui é que, se um autor escreve um artigo sobre

economia hospitalar, por exemplo, o público-alvo desse artigo serão pessoas que

trabalham na administração de hospitais, certamente. Além disso, todo texto tem

uma posição sobre o tema abordado, por mais sutil que seja. Essa posição ou

opinião pode convencer o leitor a favor ou contra. Esse convencimento é o que

chamamos de persuasão.

A persuasão nada mais é que a capacidade de convencimento sobre

determinado assunto, Citelli (1995, p. 13) diz que “persuadir, antes de mais nada, é

sinônimo de submeter, daí sua vertente autoritária. Quem persuade leva o outro à

aceitação de uma dada idéia”. Por esse motivo dizem que os advogados devem ter

uma capacidade de persuasão muito forte, pois seus argumentos devem convencer

o juiz e levá-lo a acreditar que seu discurso é uma verdade.

Quando escrevemos um texto, estamos fazendo um discurso. Os discursos

podem assumir uma classificação dependendo do seu foco, tais como discurso

autoritário, científico etc. Mas o discurso responsável pela argumentação é o

discurso persuasivo, nele “o enunciador pretende fazer o enunciatário crer”

(GUIMARÃES, 1993, p. 69).

A linguagem está totalmente associada à persuasão, é através dela que

atingimos o alvo – o leitor. Segundo Citelli (1995, p.23), existe uma relação interna

entre os signos linguísticos e a partir deles são produzidos a frase, o período e o

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texto. Sendo assim, torna-se mais fácil fazer a construção de um discurso

persuasivo se o autor tem conhecimentos prévios acerca dos signos linguísticos,

pois

[...] é comum afirmar-se, segundo a orientação dada por Ferdinand de Saussure, que todo signo possui dupla face: o significante e o significado. O significante é o aspecto concreto do signo, é a sua realidade material, ou a imagem acústica. O que constitui o significante é o conjunto sonoro, fônico, que torna o signo audível ou legível. O significado é o aspecto imaterial, conceitual do signo e que nos remete a determinada representação mental evocada pelo significante (CITELLI, 1995, p. 23).

Além disso, só é possível atingir o leitor se o repertório vocabular for bom o

suficiente para convencê-lo; argumentar, ser incisivo no discurso e ter conhecimento

do que será dito são elementos fundamentais de persuasão. Para Citelli (1994, p.

18), a argumentação por meio da persuasão visa “alcançar os efeitos pragmáticos

da linguagem, esta capacidade que os signos verbais possuem de influenciar as

pessoas, de definir ou redefinir posições, de confirmar preconceitos, de formar ou

reformar atitudes”. São esses elementos que formam o ponto de vista sobre

determinado assunto.

Porém, não cabe ao professor enumerar uma série de características acerca

dos discursos persuasivos e expor aos alunos apenas, mas sim, trabalhar de forma

que o aluno possa enxergar e compreender as funções desses recursos

argumentativos. Para ficar mais evidente, lançamos como uma proposta de

metodologia a análise da seguinte figura:

19

Figura 1 – Fôlder informativo Fonte: Prefeitura de Caxias do Sul – Secretaria do Turismo

20

Trata-se de um fôlder distribuído pela Secretaria de Turismo da cidade de

Caxias do Sul. Na capa, o primeiro ponto a ser destacado é o título, Conheça

Caxias do Sul Serra Gaúcha , logo imaginamos todas as possibilidades que a

geografia local pode oferecer para os turistas. O segundo ponto de destaque é o

próprio texto; apresentado em formato de poesia, pode-se notar que as palavras

foram estrategicamente escolhidas para chamar o turista à cidade. Termos como

descubra o turismo em sua alma, viver conosco essa emoção despertam

sentimentos de curiosidade, afeto, mexe com aspectos subjetivos do leitor – visto

como um possível consumidor. Por último, destacamos as palavras com mapa

grifadas em amarelo que, inicialmente parecem vagas, fazem uma conexão com o

conteúdo interno do fôlder, pois trata-se de uma rota turística. Esse conteúdo

apresenta locais de entretenimento, tais como pousadas, hotel fazenda, vinícolas,

trilhas etc. Já a contracapa traz as informações essenciais aos visitantes: telefones

de contato, e-mail, entre outros. Para fechar a análise, utilizamos nosso

conhecimento prévio para justificar as gravuras da uva e da taça de vinho como

plano de fundo, uma vez que a cidade é uma das grandes produtoras de uvas e

vinhos do Estado, e também os tons de roxo utilizados no material, lembrando da

uva e dos produtos derivados dela.

Com isso, temos um exemplo muito forte de persuasão e argumentação, pois o

material apresentado não é apenas um fôlder informativo, ele funciona como um

convite, convence o turista de que a cidade é um verdadeiro paraíso, uma vez que o

turismo gera capital para a economia local. A pragmática entra como uma peça-

chave, pois é responsável pela interpretação e análise do material em estudo.

2.4 Gêneros Textuais

A aula de língua deve, necessariamente, utilizar o texto como objeto de

estudos e nesse âmbito, temos diversos textos a nossa disposição. Esses textos

pertencem, certamente, a uma tipologia textual e a um gênero textual. Mas a dúvida

que cerca muitos professores de línguas é qual nomenclatura utilizar diante dos

alunos. Cabe dizer que são coisas distintas, apesar de serem muito próximas.

Segundo a Wikipedia (2008), o gênero textual é a produção de qualquer texto,

seja oral ou escrito, produzido por um usuário de uma língua em um momento

21

histórico e estão associados às práticas sociais; enquanto os tipos textuais referem-

se à estrutura de sua composição. Marcuschi defende a mesma ideia e conceitua

dizendo que

Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Usamos a expressão gêneros textuais como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante (2005, p. 22-23).

Como estamos falando de estudo de línguas, devemos dizer que, logicamente,

os gêneros e tipos textuais não se apresentam separadamente, podemos ter um

gênero textual e dentro dele aparecer mais de um tipo textual e vice e versa. A

exemplo disso podemos citar uma crônica, que é um gênero textual, e em seu

desenvolvimento notamos que em uma parte o autor utilizou recursos de descrição e

em outra parte utilizou recursos de argumentação, que são tipos textuais.

A proposta de trabalhar com textos publicitários não exclui o trabalho com

outros gêneros, até porque “uma publicidade pode ter o formato de um poema ou

de uma lista de produtos em oferta; o que conta é que divulgue os produtos e

estimule a compra por parte dos clientes ou usuários daquele produto”

(MARCUSCHI, 2005 p. 30).

Sendo assim, é necessário que o professor tenha esses conceitos muito claros

para que não haja confusão, pois a falta de conhecimento do professor pode

acarretar uma sequência de dúvidas nos alunos. Esses acontecimentos são muito

presentes em aulas de produção textual cujas ordens de exercícios são mal

elaboradas. É evidente que devemos trabalhar a leitura e escrita em sala de aula e,

como está previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, devemos trabalhar

diversos gêneros e tipos textuais, mas para isso devemos, também, estar seguros

do conteúdo a ser desenvolvido com os alunos de maneira que não ocorram

22

problemas futuros. Afinal, a função do texto na sala de aula é de ajudar a

compreensão e o estudo de uma língua.

23

3 O TEXTO PUBLICITÁRIO

O texto publicitário está presente diariamente em nossas vidas; oral e

visualmente durante os telejornais e as propagandas televisivas, no caminho para o

trabalho em outdoors, fôlderes, banners, nas revistas, jornais etc. Formam uma

composição de informações e apresentam um rico material para as aulas de línguas.

O texto publicitário caracteriza-se por participar dos acontecimentos sociais,

reportam os eventos social, histórico, econômico e ainda fazem marketing para

muitos produtos. Talvez, por esse motivo eles sejam tão atraentes. Apresentando

uma linguagem peculiar, exige uma cumplicidade entre emissor e receptor

[...] de maneira que, muitas vezes, a referência ou a informação mais importante fica apenas sugerida, encontra-se nas entrelinhas do pensamento exposto. É necessário recuperar os dados implícitos para montar a mensagem completa; o emissor partilha as informações com o seu interlocutor e negocia com ele o papel de completá-las, revelando, de modo cada vez mais acentuado, a interação na publicidade (GONÇALVES, 2006, p. 27).

Nesse sentido, impõe ao leitor a habilidade linguística, pois ele será a peça

principal desse texto, cabe a ele interpretar e completar o sentido desse texto. Essa

é a essência da publicidade, o autor deve conhecer as necessidades do público-

alvo, o que as pessoas almejam de um certo produto para que, então, o resultado

seja o esperado.

3.1 Os elementos fundamentais do texto publicitário

O texto publicitário carrega algumas características próprias ao gênero a que

pertence. Sempre há a predominância de uma determinada característica, mas é

evidente que a maioria dos textos publicitários apresentam título – que nem sempre

24

vem em destaque e geralmente é o próprio nome do produto ou local de venda –,

fotografias, palavras em destaque, entre outras.

Esses elementos são de extrema relevância, uma vez que compõem o visual

da propaganda. São os responsáveis por chamar a atenção do leitor e torná-lo um

possível cliente. Vejamos a figura abaixo:

Figura 2 – Texto publicitário A Fonte: FIGURINO NOIVAS, 2009.

Trata-se de uma propaganda de loja. O anúncio traz como título o nome da loja

em destaque na parte superior esquerda. Como subtítulo, apresenta uma frase

persuasiva e com uma expressão positiva: tudo para animar sua festa . Além disso,

tem fotos demonstrando os produtos vendidos na loja e enfatiza os descontos e

vantagens na aquisição desses produtos. Por último, informações essenciais para

contatos, tais como endereço, telefone, site e e-mail. Finaliza citando mais uma

informação de grande vantagem aos visitantes: com estacionamento e Lan House

para nossos clientes .

Com certeza, esse anúncio é voltado para quem pretende organizar uma festa

animada e descontraída. A sensibilidade do produtor do anúncio deve estar focada

nos elementos que conquistam o cliente. Técnicas de vendas favorecem a produção

desse gênero de texto; uma delas é a construção de ideias com palavras positivas,

pois essas palavras “geram imagens construtivas na mente de seu interlocutor. Dito

25

de outra forma: ajudam a sintonizar a sua proposta com os desejos dele. Se bem

utilizadas, são fantásticas para gerar empatia e confiança” (NASAJON, 2000, p. 34).

Essas características são comuns ao gênero publicitário e, considerando que a

publicidade está presente no dia-a-dia das pessoas de diferentes nacionalidades,

facilmente podem ser encontradas em anúncios e propaganda de revistas e jornais

importados e, dessa forma, o professor pode buscar recursos para favorecer uma

aula de língua estrangeira. Vejamos o anúncio abaixo:

Figu ra 3 – Texto publicitário B Fonte: LUCKY, 2009.

26

Trata-se de uma propaganda de maquiagem. O anúncio traz como título o

nome do produto em grande destaque centralizado na parte superior. Logo após,

temos a imagem do produto, também centralizado, e nas laterais temos a imagem

de um fotógrafo e os materiais de trabalho. A disposição dessas imagens induz o

interlocutor a entender que o produto está ocupando o lugar de uma modelo, ou

seja, pode-se interpretar que, as pessoas que usam essa maquiagem, ficam tão

bonitas quanto uma top model. Mais abaixo segue um breve texto com argumentos

persuasivos indicando os benefícios do produto. Em uma determinada parte desse

texto aparece mais uma expressão em destaque salientando o maior benefício da

maquiagem, Covergirl Exact Eyelights Mascara helps you get 4x brighter eyes (A

máscara Covergirl Exact Eyelights ajuda você a ficar com os olhos 4x mais

radiantes2), ou seja, o texto tenta convencer o leitor a adquirir o produto.

Análises desse tipo podem ser realizadas em sala de aula com alunos de

diversas idades. Esse gênero textual oferece vários tópicos de análise que podem

partir de como está estruturado determinado anúncio e qual a leitura que se pode

fazer dele. A partir desse ponto, o aluno pode mencionar possíveis alterações que

poderiam ser feitas para melhorar o marketing do produto ou, até mesmo, criar um

anúncio utilizando as técnicas analisadas em aula.

Essa metodologia, quando aplicada nas aulas de língua materna e estrangeira,

possibilita a comparação entre as línguas e a cultura dos países envolvidos. Pois as

necessidades das pessoas são diferentes, tanto de clientes brasileiros com outros

clientes brasileiros, quanto de clientes brasileiros com clientes estrangeiros.

3.2 A linguagem do texto publicitário

A linguagem do texto publicitário, assim como a linguagem de outros gêneros

textuais, tem suas características próprias. A língua por si só já sofre os efeitos da

evolução; a linguagem, por sua vez, evolui com o intuito do aperfeiçoamento.

Conforme Gonçalves (2006, p. 29), “a forma de fazer propaganda sempre esteve

vinculada à linguagem predominante na sociedade, determinada pelos meios de

comunicação que se desenvolviam com a técnica cada vez mais elaborada”, afinal o

texto publicitário tem a intenção de atingir um público em específico. 2 Tradução livre do autor.

27

Inicialmente as propagandas eram feitas com textos escritos, posteriormente

entraram os textos orais com a finalidade de serem expandidos pelas televisões e

rádios e então chegou a era digital. Hoje, utilizamos poderosos sistemas de

informática que, realmente, facilitaram muito o desenvolvimento de todos os meios

de comunicação. Mas no passado, as propagandas eram muito diferentes, a

comunicação se dava por meio de textos escritos e exageradamente longos,

enquanto atualmente, os textos são cada vez menores, cheios de gravuras ou sub-

intenções.

Nos anos 1950 e 1960 a publicidade apresentava uma avalanche de anúncios com textos extremamente longos e adjetivados, com uma retórica eficaz para a época, pois retratava a velocidade do pensamento e o perfil social do homem daquela sociedade. Em meados da década de 1960, entretanto, a televisão propagava a oralidade, o texto publicitário impresso perdia parte de seu glamour, e o estilo redacional passava a evidenciar a forma televisiva de ver o mundo (GONÇALVES, 2006, p. 29).

A palavra-chave, no momento, é criatividade. O redator do texto publicitário

precisa de muita criatividade e percepção; pois o texto tem de ser atrativo

suficientemente para cativar o comprador. Dizemos comprador porque, nesse

sentido, o leitor compra a ideia sugerida no texto, daí a importância de ser um texto

atrativo.

Atualmente, os textos publicitários são menores e dão espaço para fotos,

imagens e expressões em destaque. Esses recursos fazem com que o leitor

complete, muitas vezes, as lacunas criadas pelos redatores. Além desse recurso, os

redatores de textos publicitários utilizam uma linguagem comunicativa carregada de

expressões persuasivas. É muito óbvia a intenção dessa forma de linguagem, pois o

texto publicitário, como já dissemos anteriormente, tem de convencer o leitor a

respeito das vantagens na aquisição de seu produto. Com isso, o redator expõe sua

opinião ao leitor, pois

Quando se considera o ato da comunicação, a ação sobre o outro, direta ou indiretamente, existe posicionamento – o discurso não é neutro, ou seja, de forma mais aberta ou mais velada, em menor ou maior grau, a persuasão sempre conduz o discurso. Porém, é na sociedade capitalista e sobretudo após a evolução industrial, que a necessidade de agir mais diretamente sobre o outro, oferecendo produtos e serviços, se faz mais presente (GONÇALVES, 2006, p. 61).

A descrição também está presente na linguagem publicitária, mas de forma

mais sutil e com a finalidade de informar determinadas características do produto ou

serviço em questão. Uma vez que a publicidade tem a função de fazer propaganda

28

de certos produtos ou serviços, é necessário que se faça uma breve descrição, pois

essa descrição apresenta o produto. Aí, então, entra novamente a persuasão. A

linguagem persuasiva se alia à descrição para, juntas, produzirem o marketing e

atingirem o público.

3.3 O texto na sala de aula

Estamos na era da comunicação, contudo, a juventude de hoje não consegue

elaborar um enunciado comunicativo, suas opiniões ficam presas e é quase

impossível externá-las; a pobreza vocabular no uso da linguagem oral ou escrita é

muito presente e acreditamos que a falta de leitura também contribui para esse

quadro alarmante. Os alunos, em geral, não têm o hábito da leitura e a linguagem

mais usual é rica em gírias, também é muito presente o ‘internetês’ – uma linguagem

própria dos usuários da internet.

Trabalhar com textos na sala de aula não deve ser considerado como um

momento de descontração, apesar de proporcionar um imenso prazer, a leitura é a

maneira mais completa de enriquecimento vocabular. Além disso, o texto é um

excelente objeto de pesquisa para as aulas de língua, como já dissemos

anteriormente.

Os textos orais e escritos proporcionam ao leitor sua inserção no

funcionamento da língua, ou seja, estamos nos referindo ao termo ‘língua’ em suas

três dimensões: estrutura, significado e uso, segundo Celce-Murcia (1999, p.4).

Geraldi (2006, p. 60) acredita que a prática de leitura deve começar no ensino

fundamental e ocorrer de maneira gradativa, com textos mais curtos como, por

exemplo, crônicas, reportagens, notícias de jornais, contos etc. Posteriormente

devemos acrescentar textos maiores, como narrativas, novelas, pequenos romances

e assim aumentar o nível de leitura dos alunos. Essas aulas devem ocorrer dentro

do horário letivo, porém deve-se ter uma atenção especial às leituras maiores, essas

deverão ter um momento de ‘tema’ e um momento em sala de aula, sugere-se um

período por semana.

Esse tipo de prática pode começar durante a quinta série do ensino

fundamental e faz com que os alunos tenham um momento de leitura e estudo da

29

língua em sala de aula, funciona como um preparo para o ensino de literatura

durante o ensino médio.

Sobre esse tipo de atividade, restam ainda algumas considerações. Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que obras destinadas a alunos de quinta série do noturno não podem ser idênticas àquelas destinadas a crianças. Em segundo lugar, cada professor notará quando o aluno não está lendo: nesses casos, se torne necessário um bate-papo com o aluno (GERLADI, 2006, p. 63).

É muito importante frisar a relevância dos temas transversais, tão discutidos

nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Quando trabalhamos com textos devemos

nos atentar ao tema que está sendo discutido neles. Além dos assuntos

comentados, ainda ficam subentendidos outros assuntos, geralmente não tratam

apenas do tópico principal. Aqui convém dizer que a escolha do texto deve ser feita

de acordo com a idade e maturidade do aluno, por esse motivo existe a distinção

entre as aulas de alunos diurnos e noturnos.

Essa prática de leitura é apenas uma das sugestões do autor, certamente

existem muitas outras práticas de leitura que podem ser desenvolvidas em sala de

aula. Entretanto, é necessário dizermos que as aulas de leitura devem privilegiar o

ato de ler por si só e não privilegiar a leitura com o intuito de cumprir uma lista de

leituras obrigatórias estipuladas pelas universidades federais e estaduais.

Buscar textos atraentes e desenvolver uma aula diferente é um grande ponto

positivo para o professor. Lançar uma proposta de metodologia de ensino com

textos publicitários é buscar a inovação e, com certeza, arriscar-se diante da

linguagem e do mundo, visto que

A inovação exige uma certa inocência, o aventurar-se ao desconhecido, prontidão para novas percepções e emoções. É contrário ao livro didático que trabalha a previsibilidade, sancionado pelas instituições, palmilhando pela certeza da autoridade (BOHN, 2006, p. 129).

A leitura de um texto publicitário faz com que o aluno desenvolva suas

habilidades de percepção, pois as figuras e os slogans fazem parte do texto, são

complementos para a compreensão. E essas habilidades devem ser reforçadas em

momentos de produção textual.

Obviamente, as aulas de leitura induzem os alunos à produção textual, é uma

consequência prevista pelo docente. Porém, a produção textual em sala de aula faz

com que o aluno escreva para o professor, essa perspectiva tem de ser mudada

30

urgentemente. Os professores têm de criar a possibilidade de os alunos escreverem

para um público que não seja somente ele.

Uma sugestão que cabe para todos os níveis é a de criar um encarte onde toda

a classe de estudantes participe da produção desse material. Dessa forma, os

alunos desenvolverão textos publicitários divulgando o comércio local e eventos

culturais do bairro, assim estará aberto um momento de interdisciplinaridade na

escola. O exemplo citado pode seguir o formato da figura abaixo, veja:

É claro que para essa atividade dar certo, é necessário que todos os

professores estejam envolvidos e as práticas devem ser supervisionadas. Ou seja,

os alunos deverão ser divididos em grupos; cada grupo receberá uma proposta de

tema e terão um professor orientador. Assim, cada grupo ficará responsável por uma

página do encarte, por exemplo, eventos esportivos com o professor de educação

física; página de cultura com o professor de educação artística etc. Os professores

de línguas realizam as tarefas juntamente com os demais professores.

Figura 4 – Catálogo Fonte: TUDO PERTO, 2009.

31

Essa proposta de produção textual também exige e cria um momento de re-

escritura. Os alunos escrevem um texto inicial e, após uma leitura do professor

coordenador da atividade, deverão re-escrever conforme adequações e correções

da linguagem. Essa rescrita parece a forma mais adequada de efetuar a correção

dos trabalhos, uma vez que não dita o que é certo e errado, mas mostra que há um

caminho melhor para estruturar um pensamento.

Desde o ciclo básico já nos parece possível um trabalho com reescrita de texto que leve o aluno a perceber e exercitar as diferentes estruturas das variadas construções lingüísticas. Uma propaganda pode se transformar linguisticamente numa notícia e vice-versa (VIANA; SILVA, 2000, p. 83).

A introdução de materiais com textos reais em língua estrangeira faz com que

os alunos percebam a importância de aprender uma segunda língua. Esse tipo de

material possibilita a comparação entre a língua materna e a língua estrangeira e,

dessa forma, oportuniza que o aluno elabore hipóteses sobre ela, uma vez que a

visão cognitivista está “fundamentada no fato de que o ser humano está apto a

aprender línguas e baseado no que sabe da sua língua materna [...] utilizando

estratégias de transferência da língua materna para a língua-alvo” (KELLER, 2004,

p. 23), trata-se do que chamamos de transferência linguística. Além disso, essa

proposta de metodologia também privilegia uma visão sociointeracionista, já que os

alunos têm de trabalhar em grupos e com textos originais, eles entram em maior

contato com a cultura de outras pessoas e socializam seus conhecimentos.

Pode-se entender a interação social, então, como capaz de produzir desenvolvimento cognitivo através de ações partilhadas, ou seja, como processos cognitivos realizados por muitos sujeitos, não por um único. A noção de ensino-aprendizagem de LE e os conflitos sociocognitivos, desencadeados através do confronto de respostas, não por simples imitação dos que cercam o aprendiz, podem provocar a elaboração cognitiva (KELLER, 2004, p. 38).

Ainda que não seja a única e melhor maneira de aprender língua estrangeira,

essa é uma das possíveis maneiras de integrar os alunos a uma nova realidade, em

especial, os alunos de escolas públicas. Fazer intercâmbios e aprender língua

estrangeira em ambiente natural obriga o aprendiz a falar de fato. Keller (2004, p.

25) afirma que “no ambiente natural, por exemplo, o aprendiz está exposto mais

tempo ao contato da língua, com falantes nativos e a uma ampla variedade de

discurso, sem se deter no estudo de um conteúdo específico”, Por esse motivo,

aprende a fazer a entonação correta, conhece novas expressões idiomáticas etc.

32

Mas é na sala de aula que o aluno aprende as especificidades e estrutura dos

conteúdos da língua estrangeira e também aprende como usar seu aparelho

fonador; diante de tal motivo, Finocchiaro e Bonomo (1973, p. 16) acreditam que

“ensinar uma segunda língua implica ajudar os aprendizes a adquirir novos hábitos

ou caminhos para usar o aparelho fonador e aprende as formas e a combinação das

formas exigidas pelo sistema3”.

Os alunos de escolas públicas, em sua grande maioria, não têm a oportunidade

de estudar uma língua estrangeira em cursos livres, muito menos de realizar

intercâmbios. Daí vem a necessidade de os professores criarem um meio alternativo

e mais atraente de ensinar a língua estrangeira e, também, a língua materna.

Os estudantes entendem e retém melhor o significado de uma palavra quando já lhes foi mostrado ou quando eles já tocaram algum objeto associado com a palavra. Por essa razão, todos os professores poderiam fazer uma coleção de objetos todos os dias, incluindo assim, coisas como jornais, tickets, cardápios, emblemas, frascos, latas, recipientes, brinquedos (para crianças), revistas, pratos, pedaços de tecido etc. Uma coleção desse tipo facilitará a apresentação e a prática de muitos pontos da língua. Ilustrar – no início dos níveis, os nomes dos artigos que podem ser praticados primeiro dentro de cada categoria e, depois, fazer ao acaso (FINOCCHIARO; BONOMO, 1973, p. 163)4.

Cabe dizermos que essas propostas são admissíveis para os alunos enquanto

estudantes de uma língua estrangeira, em particular – a língua inglesa. E, para isso,

não lhes é exigido um conhecimento pleno de articulações de falantes fluentes

tampouco estruturas complexas. Pois “não há razões para supor que os brasileiros

devam falar inglês como falantes nativos [...] e uma das condições para que o inglês

seja uma língua multinacional é aceitar a diversidade da própria língua” (LEFFA,

2006 p. 371).

O texto publicitário é um recurso que atende parte dos objetivos de uma aula

de língua e é facilmente encontrado em revistas, jornais e fôlderes. Em suma, são

inúmeras oportunidades que podem ser criadas. Cabe ao professor observar as

3 Tradução livre do autor. Citação original: second language teaching implies helping learners acquire new habits or ways of using the speech organs, and learning the forms and the arrangements of forms required by the system. 4 Tradução livre do autor. Citação original: students undertand and retain the meaning of a word better when they have been shown or have touched some object associates with it. For this reason, all teachers should make a collection of everyday objects, including such things as nwspaper, tickets, menus, flags, bottles, cans, containers, toys (for children), magazines, dishes, bits of cloth, etc. a collection of this sort Will facilitate the presentation and practice of many language items. To illustrate – at beginning levels, the names of articles may be practiced first within categories and later at random.

33

possibilidades de trabalho em sala de aula. É necessário muito empenho, dedicação

e vontade de ensinar, porque realmente não é impossível.

34

4 SUGESTÕES DE PROJETOS DE AULAS

Neste capítulo, apresentaremos alguns projetos de aulas com textos

publicitários extraídos de revistas. Essas aulas estão direcionadas aos alunos do

ensino médio, tendo em vista que, para a melhor realização das atividades práticas,

é necessário que os alunos possuam uma certa maturidade e um mínimo

conhecimento acerca dos assuntos a serem abordados.

4.1 Projeto de Aula de Língua Inglesa

a) Tempo para realização: 1 mês

Obs.: Considerando que as aulas de língua estrangeira são ministradas em

dois períodos semanais de 50 minutos cada, totalizando uma média de 8 a 10

períodos.

b) objetivos:

• ler de forma silenciosa;

• interpretar textos;

• refletir sobre assuntos socioeducativos com a finalidade de auxiliar na sua

própria formação;

• desenvolver habilidades de argumentação;

• ampliar o vocabulário em língua estrangeira;

• estudar do Simple Present Tense.

c) descrição da aula:

• 1ª etapa: cada aluno receberá uma fotocópia do texto;

35

Figura 5 – Texto publicitário C Fonte: LUCKY, 2009.

36

• 2ª etapa: fazer uma leitura silenciosa tentando abstrair as informações

mais relevantes;

• 3ª etapa: discutir as ideias principais do texto. O professor deverá ter

formulado anteriormente algumas questões norteadoras. Essa atividade

poderá ser realizada em língua materna ou estrangeira e, para aplicação,

dependerá do nível de oralidade e conversação dos alunos. Exemplos:

What is the principal idea of the text?

What is the principal intention this text?

List some persusive sentence.

Do you think a kind of tennis can help you to get a beautiful body?

Do you practice some exercise? What?

• 4ª etapa: o professor convida os alunos a analisarem as seguintes frases:

Easy Tone works while you walk the dog.

What is the difference between the underline verbs?

When doesn´t easy tone work?

What is the difference between first sentece and second sentece?

A partir dessa etapa, o professor começa a introduzir explanações sobre o

Simple Present Tense. Sugerimos que exponha as regras gramaticais de maneira

reflexiva. Se os alunos apresentarem condições, podem auxiliá-lo em possíveis

elaborações de conceitos, por exemplo.

• 5ª etapa: atividade prática;

Os alunos deverão desenvolver um texto publicitário a partir de uma

imagem fotocopiada fornecida pelo professor, conforme segue abaixo.

Poderão utilizar o primeiro texto como exemplo.

37

A atividade pode ser realizada em duplas ou pequenos grupos e permitirá o

processo de elaboração e re-escritura. Para finalização, as duplas/grupos deverão

apresentar seus trabalhos aos demais colegas.

d) avaliação: o objetivo será alcançado se os alunos apresentarem uma

progressão na capacidade de leitura, compreensão e comunicação e

também, se apresentarem conhecimentos de uso adequado do Simple

Present Tense.

4.2 Projeto de Aula de Língua Portuguesa

a) Tempo para realização: 1 mês

Obs.: Considerando que as aulas de língua materna são ministradas em três

períodos semanais de 50 minutos cada, totalizando uma média de 10 a 12 períodos.

b) objetivos: • ler de forma silenciosa;

• interpretar textos;

Figura 6 – Foto das havaianas Fonte: LUCKY, 2009.

38

• debater em sala de aula com a finalidade de auxiliar as relações sociais

entre os colegas;

• desenvolver habilidades de argumentação e persuasão;

• estudar os Tempos Verbais.

c) descrição da aula:

• 1ª etapa: cada aluno receberá uma fotocópia do texto;

Figura 7 – Texto publicitário D Fonte: CONTIGO, 2009.

39

• 2ª etapa: fazer uma leitura silenciosa tentando abstrair as informações

mais relevantes.

• 3ª etapa: discutir as ideias principais do texto. O professor deverá ter

formulado anteriormente algumas questões norteadoras. Exemplos:

Quais são as informações mais relevantes desse texto?

O que é a imagem de fundo desse texto? E o que pode significar?

Por que existem desenhos de alvos?

• 4ª etapa: o professor convida os alunos a analisarem algumas frases:

O novo Vanish Poder O 2 Inteligente encontra as manchas mais

difíceis por você.

Fórmula exclusiva que procura e remove até as manchas mais

difíceis de achar .

Use em toda lavagem.

Confie no rosa.

Esqueça as manchas.

Para ajudar na análise, podemos utilizar algumas perguntas, tais como:

As palavras sublinhadas pertencem a qual classe gramatical?

Elas indicam alguma noção de tempo (presente, passado, futuro)?

Estabelecem alguma ideia de ordem/determinação?

A partir desse passo, o professor começa a introduzir explanações sobre os

Tempos Verbais e seus usos. O ideal é que os alunos não recebam uma lista de

regras, mas que reflitam a respeito de como se faz a aplicação adequada de tal

conhecimento.

• 5ª etapa: atividade prática.

Os alunos deverão desenvolver um texto publicitário a partir de uma

imagem fotocopiada fornecida pelo professor, conforme segue abaixo,

aplicando as teorias estudadas em aula. Poderão utilizar o primeiro texto

como exemplo.

40

Esse tipo de atividade permite o processo de elaboração e re-escritura, e

exercita a autonomia de criação dos alunos.

d) avaliação: o objetivo será alcançado se os alunos apresentarem uma

progressão na capacidade de leitura, compreensão e comunicação e

também, se apresentarem domínio acerca dos conteúdos estudados em

aula.

Figura 8 – Scotch -brite Fonte: Autoria própria, 2009.

41

5 CONCLUSÃO

Ao longo dos anos, surgem novas pesquisas voltadas à qualidade da educação

e do ensino. Os cursos de formação de professores passam por constantes

adequações com a finalidade de formar profissionais preocupados e comprometidos

com a qualidade do ensino, mas ainda é possível encontrar professores que utilizam

métodos ultrapassados.

Enquanto isso, outros professores têm se esforçado para criar aulas

agradáveis, que sejam relevantes para a vida dos estudantes. É evidente que há

muitas dificuldades no dia-a-dia, mas é necessário que tenhamos forças para

encontrar alternativas capazes de ultrapassar os obstáculos impostos pelo cotidiano.

O curso de Letras é visto, por muitas pessoas, como um curso que oferece

habilitação para o ensino de algum idioma ou literatura. Enquanto acadêmicos desse

curso, o que pudemos observar é que esse pensamento pôde ser sustentado

somente até o momento de cursar os estágios curriculares. Esse foi o grande

momento de ver a prática por outro ângulo e, a partir daí, assumimos a licenciatura

em sua plenitude. Realizamos diversas atividades: umas deram certo, outras não.

Porém, fizemos do erro um degrau para o acerto e começamos a caminhar rumo ao

novo, ao diferente.

Essas atitudes fizeram com que visualizássemos novas perspectivas, e por que

não transformar essas experiências em uma pesquisa?

Após muito estudo e muitos estágios, a conclusão a que chegamos é que

estamos diante de constantes mudanças. Consequentemente, o ensino de língua

materna e estrangeira deve acompanhar a evolução do mundo. A comunicação é

prioridade em nossas vidas. É através das línguas que trocamos ideias e chegamos

a pontos comuns ou não.

42

Os alunos têm a grande tarefa de concluírem o ensino básico com capacidade

plena de comunicação por meio da fala e da escrita e, em contrapartida,

compreender as demais pessoas. Para isso, é necessário que o professor use os

livros didáticos como instrumento de apoio e não como cartilha oficial da classe.

Não podemos esperar que a mudança parta dos alunos, nós temos a tarefa de

tentar, de arriscar. Por esse motivo lançamos a proposta de trabalhar com o texto

publicitário em sala de aula. Usar textos do cotidiano faz com que o aluno veja onde

podemos aplicar o que é ensinado nas aulas, principalmente no caso da língua

estrangeira. A persuasão proporciona a capacidade de argumentação e é facilmente

encontrada nesse gênero textual. Aliamos teorias, exercícios de redação, textos e

metodologias à vontade de ensinar e propomos uma aula diferente.

Acreditamos fielmente que a sala de aula é um grande laboratório com diversas

oportunidades onde é possível tentar. Nesse ambiente, não cabe a desistência, mas

sim insistência. Não podemos desistir dos alunos. Eles precisam de professores com

vontade e capacidade de ensinar e, sobretudo, de acreditar. Eles precisam de

novidades. Nesse sentido, o professor não é só o intermediador de conhecimento; é

um parceiro de experiências.

43

REFERÊNCIAS

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