o sesimbrense - edição 1161 - abril 2012

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ANO LXXXVI • N.º 1161 de 30 de Abril de 2012 • 1,00 € • Taxa Paga • Bonfim • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00752012GSCLS/SNC) Página 16 Edifícios com História 2011: Receitas municipais a descer, dívida a subir Jornal de Sesimbra suspende a publicação Página 5 © Miguel Lourenço Ensino Caldeira Lucas afastado das aulas O Jornal de Sesimbra sus- pendeu a publicação, após a edição nº 371, de Fevereiro último, devido a dificuldades financeiras. O mensário, propriedade da Rádio Santiago Cooperativa de Comunicação e Cultura de Sesimbra”, foi fundado em 1978, pelo que completaria 34 anos de publicação no próximo mês de Maio. Era seu director Eduardo Cunha Cruz, lugar já anteriormente ocupado por Raul Pinto Rodrigues e João Capítulo. Com a procissão do “Senhor para Cima”, transportando a sagrada imagem da Capela da Mi- sericórdia para a Igreja de Santiago, iniciaram-se as festas do Senhor Jesus das Chagas, que culminarão na grande procissão do próximo dia 4 de Maio. © João Augusto Aldeia Política local A Assembleia Municipal votou as contas municipais de 2011, que revelaram uma quebra das receitas municipais face ao ano anterior, e conse- quente redução de despesas, nomeadamente de Pessoal. No entanto, a diminuição das receitas superou a redução das despesas, pelo que a dívida também subiu. Particu- larmente preocupante é o valor da dívida de curto prazo, que já atingiu os 20 milhões de euros. A divida total (de curto, médio e longo prazo) já excedeu o valor Nos próximos dias 8 e 9 de Maio a Marinha Portuguesa vai realizar um exercício de combate à poluição do meio marinho, no qual simulará a colisão de dois navios à en- trada do Porto de Sesimbra. Deste “acidente” resultará um rombo com o consequente derrame de combustível, de- senvolvendo-se em resposta operações de combate à po- luição. O exercício tem a de- signação de XÁVEGA ’2012. A Marinha simula acidente no porto de Sesimbra MFA regressaa Sesimbra O Exército Português tem estado a realizar diversas ob- ras em Sesimbra, no âmbito de um projecto de coopera- ção com a Câmara – fazendo recordar o ano de 1975, em que o MFA, também através de Engenharia 1, fez diversos melhoramentos em Sesimbra, particularmente na freguesia rural. Alguns dos caminhos que então abriu, voltaram agora a ser reparados. Depois da freguesia do Cas- telo, o Exército iniciou agora a obra de ampliação do parque de estacionamento frente ao campo de jogos do GDS - obra com carácter provisório, já que a zona se destina à construção de edifícios, projecto que tem estado paralizado, devido à crise em que mergulhou o sec- tor da Construção. Finisterra Film Festival estreia com programa ousado É já no próximo dia 24 de Maio que tem início o Finisterra Film Festival, prolongando-se até 3 de Junho, com 95 filmes a con- surso, representando 18 países, decorrendo em simultâneo em quatro concelhos: Sesimbra, Palmela, Setúbal e Lisboa, Um dos rostos do Finisterra será a actriz Patricia Candoso, que também participará na pró- xima novela da TVI. A actriz virá também dentro de dias a Sesimbra, para participar nas filmagens do video promo- cional do festival. O Finisterra distribuir-se-á por 15 locais de projecção de filmes, contando ainda com 11 exposições, na sua maioria de fotografia. Outro importante evento do festival será a 1ª Conferência Internacional “O Cinema e o Turismo”. De fábrica de conservas a mercado municipal Páginas 8 e 9 António Caldeira Lucas, pro- fessor na Escola Secundária de Sampaio, foi suspenso por 90 dias, enquanto decorre um processo disciplinar que lhe foi instaurado pela Inspecção Escolar. Em declarações ao nosso jornal, o docente disse que vai pedir a anulação do processo por motivos proces- suais. Efeméride Alberto Pitorra, o Arrais do 9 de Abril No dia 9 de Abril de 1934, depois de conseguir chegar a Sesimbra, já de noite, fus- tigado por um forte temporal, Alberto Pitorra decidiu regres- sar ao mar quando soube que estavam 3 barcas desapa- recidas. Encontrou-as numa situação critica, com um cabo prendendo a hélice duma de- las. Atirou-se à água, soltou a hélice, e trouxe 45 homens a salvo até Sesimbra. Página 11 Página 11 da receita corrente, facto que já ocorrera em 2002 e 2003. Os documentos foram aprovados pela CDU e PSD. Votaram contra o PS, o BE e o deputado independente. Respondendo aos gritos de socorro de um casal de idosos e do seu bisneto, em Vale Paraíso, Carmen Correia, en- contrando a casa em chamas, arrombou a porta e salvou-os de uma morte certa. Carmen Correia salva vizinhos durante um incêndio Página 5 Página 10

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O Sesimbrense - Edição 1161 - Abril 2012

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Page 1: O Sesimbrense - Edição 1161 - Abril 2012

ANO LXXXVI • N.º 1161 de 30 de Abril de 2012 • 1,00 € • Taxa Paga • Bonfim • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00752012GSCLS/SNC)

Página 16

Edifícios com História

2011: Receitas municipaisa descer, dívida a subir

Jornal de Sesimbra suspendea publicação

Página 5

© Miguel Lourenço

EnsinoCaldeira Lucasafastado das aulas

O Jornal de Sesimbra sus-pendeu a publicação, após a edição nº 371, de Fevereiro último, devido a dificuldades financeiras.

O mensário, propriedade da “Rádio Santiago – Cooperativa de Comunicação e Cultura de Sesimbra”, foi fundado em 1978, pelo que completaria 34 anos de publicação no próximo mês de Maio. Era seu director Eduardo Cunha Cruz, lugar já anteriormente ocupado por Raul Pinto Rodrigues e João Capítulo.

Com a procissão do “Senhor para Cima”, transportando a sagrada imagem da Capela da Mi-sericórdia para a Igreja de Santiago, iniciaram-se as festas do Senhor Jesus das Chagas, que culminarão na grande procissão do próximo dia 4 de Maio.

© J

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Aug

usto

Ald

eia

Política local

A Assembleia Municipal votou as contas municipais de 2011, que revelaram uma quebra das receitas municipais face ao ano anterior, e conse-quente redução de despesas, nomeadamente de Pessoal.

No entanto, a diminuição das

receitas superou a redução das despesas, pelo que a dívida também subiu. Particu-larmente preocupante é o valor da dívida de curto prazo, que já atingiu os 20 milhões de euros. A divida total (de curto, médio e longo prazo) já excedeu o valor

Nos próximos dias 8 e 9 de Maio a Marinha Portuguesa vai realizar um exercício de combate à poluição do meio marinho, no qual simulará a colisão de dois navios à en-trada do Porto de Sesimbra.

Deste “acidente” resultará um rombo com o consequente derrame de combustível, de-senvolvendo-se em resposta operações de combate à po-luição. O exercício tem a de-signação de XÁVEGA ’2012.

A Marinha simula acidente no porto de Sesimbra

MFA “regressa”a Sesimbra

O Exército Português tem estado a realizar diversas ob-ras em Sesimbra, no âmbito de um projecto de coopera-ção com a Câmara – fazendo recordar o ano de 1975, em que o MFA, também através de Engenharia 1, fez diversos melhoramentos em Sesimbra, particularmente na freguesia rural. Alguns dos caminhos que então abriu, voltaram agora a ser reparados.

Depois da freguesia do Cas-telo, o Exército iniciou agora a obra de ampliação do parque de estacionamento frente ao campo de jogos do GDS - obra com carácter provisório, já que a zona se destina à construção de edifícios, projecto que tem estado paralizado, devido à crise em que mergulhou o sec-tor da Construção.

Finisterra Film Festival estreia com programa ousado

É já no próximo dia 24 de Maio que tem início o Finisterra Film Festival, prolongando-se até 3 de Junho, com 95 filmes a con-surso, representando 18 países, decorrendo em simultâneo em quatro concelhos: Sesimbra, Palmela, Setúbal e Lisboa,

Um dos rostos do Finisterra será a actriz Patricia Candoso, que também participará na pró-xima novela da TVI.

A actriz virá também dentro de

dias a Sesimbra, para participar nas filmagens do video promo-cional do festival.

O Finisterra distribuir-se-á por 15 locais de projecção de filmes, contando ainda com 11 exposições, na sua maioria de fotografia.

Outro importante evento do festival será a 1ª Conferência Internacional “O Cinema e o Turismo”.

De fábrica de conservas a mercado municipal

Páginas 8 e 9

António Caldeira Lucas, pro-fessor na Escola Secundária de Sampaio, foi suspenso por 90 dias, enquanto decorre um processo disciplinar que lhe foi instaurado pela Inspecção Escolar. Em declarações ao nosso jornal, o docente disse que vai pedir a anulação do processo por motivos proces-suais.

Efeméride

Alberto Pitorra, o Arrais do 9 de Abril

No dia 9 de Abril de 1934, depois de conseguir chegar a Sesimbra, já de noite, fus-tigado por um forte temporal, Alberto Pitorra decidiu regres-sar ao mar quando soube que estavam 3 barcas desapa-recidas. Encontrou-as numa situação critica, com um cabo prendendo a hélice duma de-las. Atirou-se à água, soltou a hélice, e trouxe 45 homens a salvo até Sesimbra.

Página 11

Página 11

da receita corrente, facto que já ocorrera em 2002 e 2003.

Os documentos foram aprovados pela CDU e PSD. Votaram contra o PS, o BE e o deputado independente.

Respondendo aos gritos de socorro de um casal de idosos e do seu bisneto, em Vale Paraíso, Carmen Correia, en-contrando a casa em chamas, arrombou a porta e salvou-os de uma morte certa.

Carmen Correia salva vizinhosdurante um incêndio

Página 5

Página 10

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2O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2012

Editorial

Pescas - Março

Farmácias de Serviço

Farmácia Bio-Latina 212 109 113 Rua D. Sebastião, Lote 2050 A, Quinta do CondeFarmácia da Cotovia 212 681 685Avenida João Paulo II, 52-C, CotoviaFarmácia de Santana 212 688 370Estrada Nacional 378, Santana Farmácia Leão 212 288 078Avenida da Liberdade, 13, SesimbraFarmácia Liz 212 688 547Estrada Nacional 377, Lote 3, AlfarimFarmácia Lopes 212 233 028 Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra

Com o apoio:

nBombeiros Voluntários de SesimbraPiquete de Sesimbra: 21 228 84 50Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74nGNRSesimbra: 21 228 95 10Alfarim: 21 268 88 10Quinta do Conde: 21 210 07 18nPolícia Marítima 21 228 07 78nProtecção Civil (CMS)21 228 05 21nCentros de SaúdeSesimbra: 21 228 96 00Santana: 21 268 92 80Quinta do Conde: 21 211 09 40nHospital Garcia d’Orta - Almada21 294 02 94nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra21 268 73 45nPiquete de Águas (CMS)21 223 23 21 / 93 998 06 24nEDP (avarias)800 50 65 06nSegurança Social (VIA)808 266 266

nServiço de Finanças de Sesimbra212 289 300nNúmero Europeu de Emergência112 (Grátis)nLinha Nacional de Emergência Social144 (Grátis)nSaúde 24 808 24 24 24nIntoxicações - INEM 808 250 143nAssembleia Municipal21 228 85 51nCâmara Municipal de Sesimbra21 228 85 00 (geral)800 22 88 50 (reclamações)nJunta de Freguesia do Castelo21 268 92 10nJunta de Freguesia de Santiago21 228 84 10nJunta de Freguesia da Quinta do Conde21 210 83 70nCTTSesimbra: 21 223 21 69Santana: 21 268 45 74

Contactos uteisnAnulação de cartões

SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços)808 201 251217 813 080Caixa Geral de Depósitos21 842 24 24707 24 24 24Santander Totta707 21 24 24 21 780 73 64Millennium BCP707 50 24 2491 827 24 24BPI21 720 77 0022 607 22 66Montepio Geral808 20 26 26Banif808 200 200BES707 24 73 65Crédito Agrícola808 20 60 60Banco Popular808 20 16 16Barclays707 30 30 30

O Porto de Sesimbra passou a dispor, desde o dia 1 de abril, de um serviço de vigilância e segurança móvel, em resultado de um contrato assinado entre a APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, SA e a SECURITAS – Serviços e Tecnologia de Segurança, SA.

Com este serviço, que é prestado, nos dias úteis, das 22 horas às 6 horas, e, aos sábados, domingos e feriados, das 20 horas às 6 horas, a APSS pretende

Porto de Sesimbra reforça segurança

assegurar a vigilância de pessoas e veículos no Porto de Abrigo de Sesim-bra, bem como, supervisionar e adotar os procedimentos adequados para a segurança dos utentes e instalações.

Foi, igualmente, colocada uma ve-dação e beneficiados os portões de acesso aos estaleiros navais, tendo sido estabelecido um horário de abertura e fecho, e ainda, colocado um novo portão em frente ao cais 4, com benefícios de segurança para os estaleiros

Conforme já temos dito, a irregulari-dade da temperatura contende com as pescas, estas acusando esse desnível ambiental.

Já avançámos na Primavera e não sentimos a habitual melhoria na produção de pescado.

Neste mês pescou-se menos 400.000 quilos de peixe, mais acen-tuado no cerco. O arrasto manteve-se numa média habitual. A artesanal só subiu em valores vendidos porque em pesagem equivaleu-se.

Continuamos aguardando que (aproveitando este período de crise geral) o mar, este mar magnífico de que dispomos alguém se detenha no seu devido aproveitamento valorizando-o

e dando emprego a tanta gente que, por uma má política de pescas, deixou essa riqueza se deteriorar, uma econo-mia que tanto contribuiu para o desen-volvimento dessa área comercial com a exportação de pescado e, hoje somos um grande importador de peixe!...

Enfim, sinal de que o muito saber que as universidades nos têm trazido, todos os anos, não tem sido bem aproveitado.

Encostámo-nos à União Europeia abandonando os excelsos valores de que dispomos contrariando os nossos antepassados, guerreiros, conquista-dores, trabalhadores e assim pondo em causa a soberania nacional.

Pedro Filipe

O desaparecimento do Jornal de Se-simbra representa uma perda importante no nosso panorama cultural. Já antes escrevi, nesta mesma coluna, que os diversos jornais locais não se limitam a dar as mesmas noticias, numa actividade repetitiva e, por isso, redundante. Fre-quentemente abordam temas diferentes, e mesmo quando cobrem a mesma notícia, fazem-no segundo perspectivas diferentes.

Uma das características distintivas do Jornal de Sesimbra era o peso que dava às colunas de opinião: eu próprio lá escrevi na qualidade de cronista.

Os jornais locais diferem ainda num aspecto que é do domínio do emocional: na relação que estabelecem com os seus próprios assinantes e leitores, pois a pro-ximidade entre quem escreve e quem lê, nestes jornais, é muito evidente e muito importante.

Os diferentes jornais locais, por outro lado, têm também histórias distintas,

contribuindo para a sua própria identi-dade. O Jornal de Sesimbra nasceu na sequência da Revolução de Abril de 1974, promovido por uma geração empenhada na actividade política. Não deixa de ser irónico que a publicação desapareça num período em que valores, direitos e conquistas sociais adquiridos, ou conso-lidados devido àquela Revolução, estão a ser postos em causa, em nome duma ideologia neo-liberal, que seria legítima se tivesse sido transparentemente escolhida através do processo democrático. Mas não: está a ser aplicada em nome dum terrível e falso argumento: “tem de ser assim, porque precisamos de dinheiro e aqueles que nos podem emprestar é isto que exigem!”

Lamento, por tudo isso, o desapareci-mento do Jornal de Sesimbra, e saúdo todos aqueles que, em missão de cida-dania, o mantiveram durante os seus 34 anos de existência.

João Augusto Aldeia

Jornal de Sesimbra

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 20123

ONDULAÇÕES 115Eduardo Pereira

O preparar de umas Ondulações, como aquela que hoje vos apresento, abre sempre lugar ao folhear de notas já tomadas e à consulta de Ondulações anteriores que garantam uma continui-dade, sem contradições, das posições que tomamos. Desta vez, dei de caras com dois importantes artigos publicados no Jornal de Sesimbra, já lá vão mais de cinco anos, ambos da autoria do nosso distinto amigo Adelino Fortunato que os titulou de “Sesimbra suburbana” e de “Sesimbra precisa de fazer uma profunda e séria reflexão”.

O Adelino é um profundo conhecedor da vida e dos problemas de Sesimbra e da região em que se integra e era, à data, um destacado dirigente da Associação P`Arrábida.

Num dos artígos, o Adelino insurge-se, com toda a razão, com a aprovação pela Assembleia Municipal de um Plano de Urbanização, na Quinta do Conde, que apontava, indevidamente, para a pos-sibilidade de esta freguesia atingir uma população total de mais de 50.000 habi-tantes, isto é, duplicasse a sua população, num curto espaço de tempo (!?).

No segundo desses artigos, o autor alerta os sesimbrenses e os responsáveis políticos e técnicos para a necessidade inadiável de se darem as mãos e fazerem uma profunda e séria reflexão, no sentido de serem tomadas as medidas adequa-das e necessárias para que Sesimbra consiga dar o salto de qualidade que os sesimbrenses merecem. Trata-se de pas-sar de um baixo nível de desenvolvimento para patamares de maior desenvolvim-ento, evitando desvios e erros que tanta vez são cometidos nestas situações de grandes responsabilidades, quando mal acompanhadas, mal programadas tecni-camente, orçamental e financeiramente e, quando pressionadas, pelo tempo e pela satisfação das necessidades e exigências das populações, ansiosas por verem realizadas as suas aspirações.

Há muitas dezenas de anos que a situação económica e social do nosso concelho, preocupa os sesimbrenses e os vem convidando a refletirem e a

procurarem intervir para a melhorarem, como se impõe.

Foi assim que em meados de 2007, um grupo de grandes amigos de Sesimbra levaram a cabo várias reuniões para falar-mos de Sesimbra, dos seus problemas, das suas dificuldades, das suas necessi-dades, das suas belezas e dos combates a empreender para o conseguir.

Foi por isso que esse Grupo trouxe, ao Clube Sesimbrense, grandes políticos – Mário Soares, Carlos Brito e Fernando Rosas – para debaterem a importância da política.

Foi por isso que este Grupo trouxe, ao Clube Sesimbrense, grandes autarcas – Carlos Sousa, Torres Pereira e João Soares – para debaterem as suas ex-periências e os novos desafios das suas políticas.

Foi por isso que este Grupo trouxe ao Clube Sesimbrense, a jornalista Inês Leite, o arquiteto Rui Barreiros Duarte e o arquiteto Luís Paixão para debaterem os novos caminhos na arquitetura e Ur-banismo.

Foi por isso que este Grupo trouxe a Sesimbra o Reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa e o Fundador do Movimento Escola Moderna para debat-erem a Educação e a Escola Pública.

Que me desculpem esses meus amigos, mas eu resolvi divulgar os seus nomes: Adelino Fortunato, Argentina Marques, Aurélio de Sousa, Carlos Mace-do, Eduardo Pereira, Henrique Guerreiro, João Capítulo, João Pinhal, Rui Novo, Rui Passos, Teresa Mayer, os primeiros onze e Jorge Martelo, Paulo Pitorra e Raul Pinto, no fim da lista, por se terem incorporado com o comboio já em marcha.

Como se documenta, este novo convite do Adelino já tinha sido ensaiado pelo grupo mas continua sem ter a resposta que o Adelino merece. Q u e m á sorte será esta que Sesimbra não merece. Por mim, ainda não será desta que irei desistir. O caminho apontado por alguns tem que ser continuado. O arquiteto Con-ceição e Silva merece-o. Faço votos para que o Grupo se reencontre, para lutar por um melhor futuro para esta nossa terra.

A Câmara Municipal de Sesimbra levou a cabo a abertura de um canal de ligação entre a Lagoa de Albufeira e o Oceano Atlântico. Os trabalhos, orçados em cerca de 20 mil euros, decorreram entre 2 e 5 de Abril.

Abertura da Lagoa de Albufeira ao mar

A abertura da Lagoa de Albufeira realiza-se todos os anos com o objecti-vo de assegurar a qualidade das águas interiores e o equilíbrio do ecossistema lagunar, composto por uma grande variedade de peixes, bivalves e aves.

O Centro de Documentação Rafael Monteiro, no Castelo de Sesimbra, foi o palco de uma degustação de Conser-vas Nero, no passado dia 8 de Abril. Os filetes de peixe-espada preto em conserva de azeite, desenvolvidos pela empresa Conservas Nero e apresentados a 31 de maio de 2011, no Dia do Pescador, fo-ram o grande destaque desta degustação de produtos desta marca.

A ligação da família Nero às conservas de peixe, em Sesimbra, são muito anti-gas, pois tinha uma fábrica de estiva de peixe (conserva em Salmoura). Amadeu Nero, juntamente com outros sócios, fundaram depois em Sesimbra a fábrica de conservas “A Persistente”, que começou a sua

Conservas Nero no Castelo de Sesimbra

produção em 1914. Mais tarde, já com Amadeu Nero como único proprietário,

a fábrica foi transferida para Mato-sinhos, em 1944, laborando

ainda hoje em dia, em-bora já com outros

proprietários.

Page 4: O Sesimbrense - Edição 1161 - Abril 2012

4O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2012

Ana Paula Santos da Costa acaba de publicar o livro Ado-lescer, uma colectânea de textos escritos entre 1999 e 2009, e que em grande medida coincidem com a

AdolescerUma adolescência entre a cidade e o mar

sua travessia dos anos da adolescência, e também com os anos da sua formação académica em Lisboa, em Línguas e Literaturas Moder-nas, variante de Português e

Inglês. Nesse período residiu na capital, vindo a Sesimbra aos fins-de-semana: motivo pelo qual o livro tem o subtítulo de “uma adolescência entre a cidade e o mar”.

Habituada a ver o mar desde a privilegiada lo-calização da sua casa,

em Vale Paraíso, já na encosta do castelo de Sesimbra, sentiu o choque da mudança:

- “�ustou-me um bocadi-�ustou-me um bocadi-nho: não via o mar em lado nenhum, ia à janela e fazia-me confusão só ver prédios, mas acabei por me habituar.”

Mas o livro traduz também a característica angústia da adolescência relativamente à identidade: ”O livro reflecte isso: o não saber onde per-tencia, onde estava, e tem a minha visão das coisas à minha volta, tem crítica social, reflecte algumas das minhas experiências no final da ado-lescência.”

�uriosamente, Ana Paula

envolveu-se nas lutas estudan-tis da geração que ficou depois conhecida como “geração Rasca”:

- “Eu também não queria fazer as provas globais, ainda apanhei uma molha durante os confrontos. Em 94/95 ainda cortámos a estrada nacional, aqui na �otovia. E o ensino, desde essa altura que deixa muito a desejar…”

Hoje é professora, em con-tacto directo com a nova ge-ração de adolescentes. O que pensa Ana Paula desta nova geração?

- “Eu sinto-os um bocadinho sem referências, são miúdos que não têm muita identifica-ção. Eu, na altura em que era adolescente, tinha referências, identificava-me com algo, mas

eles andam um bocadinho mais dispersos, perdidos, sem esperança, não sabem o que lhes vai acontecer, e por mais que eu lhes diga que as coisas dependem deles, que eles é que têm que lutar, é um bocadinho difícil fazê-los acreditar nisso.”

Foi também na Universidade que Ana Paula encontrou uma das suas mais importantes re-ferências, o professor e escri-tor Urbano Tavares Rodrigues, que foi quem a aconselhou a publicar os seus escritos, e que é um dos destinatários das dedicatórias do livro. Ainda na Universidade, trabalhou como redactora do Boletim Acadé-mico da UAL, durante o ano lectivo de 2002.

Mas houve uma dificuldade

maior na sua passagem para a adolescência, dificuldade que também atravessa as páginas do seu livro: foi um grave pro-blema de toxicodependência do seu namorado – hoje seu marido:

- “Eu não sabia como é que havia de lidar com isso, era frustrante. Por um lado sabia que podia também cair em determinadas tentações e tor-nar-se muito complicado, mas por outro não o queria aban-donar, queria ajudá-lo, até eu perceber que só ele é que se poderia ajudar a ele próprio, não foi coisa que eu tenha percebido logo. Nós olharmos para a pessoa que nós ama-mos e vermos a degradação, e sem conseguirmos perceber porquê… Foi muito complicado de ultrapassar. Felizmente a si-tuação agora está controlada, está bem.”

Também neste aspecto, Ana Paula compara a sua adoles-

cência com a situação actual, e nota diferenças que considera serem para pior:

- “Penso que esta nova geração está mais vulnerável, acho que sim. Eles sabem todo o mal que certos com-portamentos trazem, tal como nós também sabíamos, mas agora abusam das coisas com uma grande facilidade, e sem sequer pensarem. Na minha altura tínhamos a noção de que fumar qualquer coisa era algo proibido, fazíamos isso às escondidas, mas hoje fazem-no muito naturalmente. E isso passa-se também noutros aspectos, como nos compor-tamentos sexuais que mantêm entre eles.”

Ana Paula �osta mantém preocupações e um empenha-mento social activo, estando a desenvolver um projecto social, o projecto Believe: ver caixa nesta página:

“Adolescer” no �ontraste Bar

No próximo dia 12 de Maio, Ana Paula �osta fará a a apresentação do seu livro Adolescer no �ontraste Bar, na avenida 25 de Abril (marginal nascente).

Ana Paula �osta tem co-laborado com o projecto Believe in Portugal, uma pla-taforma que agrega pessoas interessadas na mudança para uma vida centrada na sustentabilidade, saúde, eco-logia, entre outros objectivos.

Entre as iniciativas as-sociadas a este projecto encontra-se a realização de Feira de Trocas “Believe in �hange”, uma feira de trocas gratuita de todo o tipo de coi-sas. Ainda recentemente teve

Projecto Believelugar uma destas feiras em Setúbal. Segundo Ana Paula �osta, o projecto “Tem a ver com trocas, e tem também uma componente social, já que os fundos angariados revertem a favor de uma ins-tituição. As pessoas trocam o que quiserem, a entrada é livre. Temos também o projecto dos “remédios do riso”, os palhaços com o nariz verde, projecto com o qual espero, no próximo mês, vir a Sesimbra.

No edifício onde funciona-va a Biblioteca do Zambujal, foi criado há 5 anos, por iniciativa da Junta de Fregue-sia, o “Espaço Zambujal”, um projecto multifuncional que continua a albergar livros, mas acolhe numerosas ini-ciativas culturais, tendo-se transformado num importante polo cultural da freguesia do �astelo. Atualmente este equipamento, conta com uma

Espaço Zambujal comemora 5 anos

sala de auditório, uma sala de leitura, Postos de Acesso à internet e uma videoteca. Este equipamento da Junta de Freguesia do �astelo, pro-move uma série de ações que visam a aprendizagem e/ou o entretenimento: atividades das mais variadas expres-sões, workshops, horas do conto, atividades físicas, pro-jeção de filmes, ateliês, expo-sições, feiras do livro, forma-

ções e cursos, entre outros. O Espaço Zambujal tem vindo também a concreti-zar alguns projetos de cariz mais social, tendo em conta todas as dificuldades que a população mais carenciada possa sentir, entre os quais a Junta de Frguesia desta-ca o “Projeto Hora e Meia”, cujo objetivo é facultar apoio pedagógico a crianças do 1º ciclo; assim como as “Férias no Espaço Zambujal” (férias lectivas) que consiste em ocupar os tempos livres das crianças e pré adolescentes que diariamente frequentam este Espaço.

Page 5: O Sesimbrense - Edição 1161 - Abril 2012

O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 20125

Carmen Correia salvou um casal de idosos e o bisneto, num incêndio em Vale Paraíso

Carmen Correia regressava a sua casa, em Vale Paraíso, no dia 23 de Março, por volta das 15:20, quando ouviu gritos a pedir socorro, vindos de casa dos seus vizinhos, Marcelino Pereira Zé-Zé e esposa, que estavam

acompanhados do bisneto, de 7 anos de idade.

Pensou inicialmente que seria qualquer problema de saúde, pois tratava-se de um casal de idosos e com alguns problemas, mas logo que se aproximou da casa viu as chamas e muito fumo negro a sair das janelas da casa.

Correu até à porta de entrada, mas esta encontrava-se fechada à chave. Ficou apavorada, pensando que não os poderia socorre, e, em desespero, arrombou a porta à força, o que foi facilictado pelo facto de ser de madeira já antiga.

Encontrou o casal imobilizado no corredor, juntamente com o bisneto, de 7 anos: “Estavam desorientados, porque havia muito fumo, e o senhor teve mesmo de ficar internado, muitos

dias, a soro e oxigénio, porque tinha inalado muito fumo”.

Conseguiu orientar o casal e a cri-ança até à rua, e passado pouco tempo chegaram os Bombeiros de Sesimbra, que tinham sido chamados por alu-nos da Escola Navegador Rodrigues Soromenho (antigo colégio “Costa Marques”), que tinham avistado o fogo a partir da Escola.

Segundo o Boletim dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, o sr. Mar-celino foi transportado para o Hospital Garcia de Orta.

O interior da habitação onde ocorreu o fogo - que corresponde ao piso inter-médio de um prédio de três pisos - ficou destruído, mas sem danos estruturais.

O casal encontra-se, entretanto, a residir em casa de familiares. Não é conhecida a origem do fogo.

O Jornal de Sesimbra, periódico local fundado em 1978, suspendeu a publi-cação devido a dificuldades financeiras. A edição nº 371, de Fevereiro último, foi assim a última a sair.

O mensário é propriedade da “Rádio Santiago - Cooperativa de Comuni-cação e Cultura de Sesimbra”, que continua com o projecto da rádio em plena actividade.

Segundo João Capítulo, que foi fun-dador e Director do Jornal de Sesimbra, para além das crescentes dificuldades financeiras, a Cooperativa enfrenta ainda alguns processos no Tribunal de Trabalho. Pessimista quanto ao futuro da imprensa local, disse também acred-itar que outros órgãos de comunicação local seguirão o mesmo caminho.

Para além de João Capítulo, tam-bém Raul Pinto Rodrigues exerceu as funções de Director do jornal. que completaria 34 anos de publicação no próximo mês de Maio.

O actual Director era Eduardo Cunha Cruz, que assumiu aquelas funções após a saída de João Capítulo, saida essa justificada pela sua decisão de concorrer às eleições para a Câmara Municipal; apesar de, depois, não se ter concretizado tal candidatura, João Capítulo já não retomou aquelas funções.

De natureza informativa genérica, o Jornal de Sesimbra apresentava, como característica distintiva, um grande peso das colunas de opinião, dando um importante contributo para o debate político local.

Fica, assim, mais pobre, o panorama da imprensa local.

Jornal de Sesimbrasuspendeu apublicação

O sesimbrense Ricardo Leandro, aluno da Faculdade de Ciências da Uni-versidade de Lisboa, foi o vencedor da

competição europeia Energy2B, a qual tem como objetivo o desenvolvimento de planos de negócios sólidos baseados

e em empreendedorismo, principalmente membros da comunidade universitária, aprovaram 299 dessas ideias.

Ricardo Leandro tem viajado pela Europa: esteve na Bélgica, em Bruxelas, onde se juntamram os 11 estudantes com melhores inovações empreendedoras, vencedores das competições locais Energy2B e das duas competições Eu-ropeias. Depois viajou até à Alemanha para participar na Conferência Energy2B 2012, que teve lugar a 26 de abril, em Münster.

Ricardo Leandro vence competição europeia

em ideias de sustentabilidade energética. A coordenação deste projecto interac-tivo em Portugal é da responsabilidade

do Instituto de Sistemas e Robótica da Univer-sidade de Coimbra (ISR-UC).

O jovem estudante sesimbrense apresentou a melhor ideia: um colec-tor solar térmico de baixo custo, acoplável a um módulo fotovoltaico. Ri-cardo Leandro é aluno do último ano do mestrado integrado em Engenharia da Energia e do Ambiente Tratou-se da segunda edição da Energy2B, onde participaram 1.565 estudantes e foram sub-metidas 1034 ideias. Os especialistas em energia

Sesimbra comemorou os 38 anos da revolução dos cravos através de um espetáculo alusivo ao 25 de Abril, na noite de 24 de Abril, com os alunos do clube de música da Escola Básica 2,3/S Michel Giacometti e do clube de teatro da Escola Básica Navega-dor Rodrigues Soromenho, contando ainda com a participação de Manuel Guerra (música de intervenção)

No dia 25 teve lugar um percurso pedestre pela vila de Sesimbra, que terminou na Praça da Califórnia, onde actuou a Banda da Sociedade Musical Sesimbrense. Durante a tarde, na Quinta do Conde, decorreu um piquenique popular acompanhado de várias iniciativas culturais e desportivas.

Comemorações do 25 de Abril

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6O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2012

No passado dia 21 de abril de 2012, um grupo de aproxi-madamente 50 professores do Sindicato dos professores da Grande Lisboa (SPGL) visi-tou o Convento da Arrábida, a Capela do Espírito Santo dos Mareantes em Sesimbra e a Quinta da Bacalhôa em Azeitão. Esta visita, integrada nas Jor-n a d a s P e d -agógicas levadas a c a b o por este sindicato a fe to à

Jornadas Pedagógicas do SPGL contemplam visita a Arrábida, Sesimbra e Azeitão

FENPROF, fez a sua pausa para almoço no restaurante local “O Canhão” onde rece-beram algumas lembranças, nomeadamente um exemplar d’ O Sesimbrense e farinha tor-rada com a respetiva receita, gentilmente oferecida pela pastelaria “O Caseiro”.

Carla Carvalho

Sesimbra está em obras. O objectivo, decerto, será cumprido e, dentro de algum tempo, teremos o passeio marítimo muito melhorado, com reais benefícios não ap-enas para os sesimbrenses, mas também para os que, cada vez mais nos visitam, estou certo.

Também a restauração e o comércio, em geral, vão beneficiar de todo o projecto.

Para lá dos arruamentos e dos passeios, que serão mais adaptados às necessidades

Sesimbra em obras

actuais, também o património arquitectónico da Vila irá ser restaurado, o que dará um rosto ainda mais belo a esta linda terra.

Existe, no entanto, um problema que impede muitos visitantes de aqui chegarem, especialmente na época bal-near ou em dias de festa e, mais ainda, durante a fase dos trabalhos que estão ser efec-tuados; o acesso automóvel e o seu estacionamento, já de si muito complicado.

Eu sei que esta época de

crise económica não se mostra propícia a certos investimentos mas, o certo é que, se vamos parar tudo, em minha opinião, a crise mais se acentuará.

Dentro do espírito de gerar benefícios a Sesimbra, ao seu comércio e às suas gentes em geral, atrevo-me a sugerir, a quem goza de poderes de decisão, o seguinte: que tal a criação de parques de esta-cionamento em terrenos que possam estar disponíveis nas proximidades de Santana ou Cotovia e, a partir daí, criar um sistema “vaivém” de pequenos autocarros entre esses locais e o centro da Vila?! Não direi que o serviço de transportes seja grátis, tendo em conta as condições actuais mas, com uma tarifa de baixo custo, de modo a incentivar o seu uso pelas pessoas que nos visitam.

Penso que tal investimento iria ser compensado pela melhoria do ambiente, por um acréscimo no número de visi-tantes e, consequentemente pela animação e aumento no volume de negócios, em es-pecial na área da restauração.

Aqui fica a minha sugestão que, espero, possa ser útil e, além disso possa provocar o desencadeamento de outras ideias por parte dos sesimb-renses.

José Passeira

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8O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2012

Edifícios com história (III)

Mercado de Sesimbra

União FabrilA mais antiga referência

conhecida à fábrica de con-servas de peixe “União Fabril” data de Outubro de 1892, numa escritura em que se afirma estar localizada na rua da Palmeira, tendo sido a empresa constituída por seis sócios, um dos quais, Justiniano Marques Pereira, é o único que continuará ligado à história da fábrica por mais tempo. Em Maio de 1896 a fá-brica ainda funcionava, tendo o seu pessoal assistido à missa pela alma de José Inácio da Costa, que estaria associado à outra fábrica de conservas: a Nacional.

Marques Pereira & Figueiredo

A firma Marques Pereira & Figueiredo foi constituída em Julho de 1897, pelo já referido Justiniano Marques Pereira, e por Leopoldo Rochenback de Figueiredo. Mas trata-se de uma associação atípica: Jus-tiniano Pereira não entra com capital algum – é o chamado “sócio de indústria”, cabendo-

lhe gerir o trabalho da fábrica; Figueiredo é o “sócio capi-talista”, entrando com cinco contos (ou seja, cinco milhões de Reais), e cabia-lhe indicar quais as “marcas” a serem fabricadas, em exclusividade, pela fábrica, e seria ele quem depois compraria a produção.

A realidade é que, por detrás deste investimento, encontra-se o industrial francês Leon Delpeut, já antes estabelecido com fábricas de conservas em Setúbal. É ele quem toma de arrendamento o edifício da fá-brica, e é a ele que devem ser entregues os bens, em caso de dissolução da empresa.

O objectivo de Leon Del-peut era o de manter em Sesimbra uma unidade fabril disponível para complemen-tar a produção de conservas de Setúbal, nomeadamente quando ocorressem ali greves que paralisassem a produção. E, de facto, a fábrica de Sesim-bra irá trabalhar com diversas

Actualmente é o edifício do Mercado Municipal, com portas para a rua da República, av. da Liberdade, e largo de Bombaldes. Mas começou por ser a modesta fábrica de conservas “União Fabril”, cuja referência mais antiga data de 1892. Posteriormente funcionaram aqui as empresas conserveiras “Marques Pereira & Figueiredo”, “Ferdinand Garrec”, “Leon Delpeut” e, finalmente, a “Fábrica Lusitana”. Em 1934 o edifício passou a acolher o mercado de produtos agrícolas, que antes se fazia ao ar livre, no largo Eusébio Leão.

interrupções. Em Dezembro de 1899, por exemplo, os soldadores conserveiros de Sesimbra reúnem para tratar do problema da fábrica estar sem trabalho há seis meses, a não ser esporadicamente, e resolvem mandar uma delega-ção a Setúbal falar com Leon Delpeut; este promete-lhes al-gum trabalho, mas a gerência de Sesimbra não o concretiza.

Outro episódio ocorreu em Junho de 1907: Delpeut trans-fere para Sesimbra trabalhos de soldadura de latas, por haver uma greve em Setúbal. Os soldadores de Sesim-bra recusam o trabalho, por solidariedade, e então Leon Delpeut acusa-os, nos jornais, de “receberem ordens” de Setúbal.

Ferdinand Garrec & C.ª

A partir de Fevereiro de 1902, os contactos feitos com a Câmara, relativos a esta fábrica, passam a ser feitos pela firma Ferdinand Gar-rec & Cª. Trata-se de outra empresa conserveira insta-

lada em Setúbal, mas da qual Delpeut é também dono e principal administrador: a fábrica de Sesimbra continua a servir para complementar as necessidades de produção das fábricas de Delpeut.

A fábrica já tinha sofrido melhoramentos em Dezembro de 1897 e em Agosto de 1898 (veja-se o desenho publicado nesta página), e em Agosto e Setembro de 1902 sofre novas reparações. Nesta altura as instalações tinham fachada para a rua da Palmeira (ac-tual rua Serpa Pinto, que se prolongava até fazer esquina com a actual rua Jorge Nunes) e entrada para o pessoal pela travessa da Palmeira, que hoje já não existe, por ter sido aberta a avenida da Liberdade, mas o arranjo urbanístico real-izado há poucos anos deixou assinalado no solo o local desta artéria.

No entanto, é em 1916 que terá lugar uma grande amplia-

ção da fábrica, que a prolon-gará até à rua da República, encostada ao “quintal de José Rodrigues do Giro”, actual-mente ocupado pelo edifício da família Giro, que alberga também a pastelaria Caseiro e a farmácia Leão. O projecto revela tratar-se de um bar-racão que ocupava parte do espaço que está hoje utilizado pelas bancas de verduras.

Sociedade Lusitana de Comércio

A fábrica de conservas pas-sou depois para a Sociedade Lusitana de Comércio, pas-sando a ser conhecida como Fábrica Lusitana. A empresa

possuía igualmente uma outra unidade fabril em Santana. Era seu administrador Fran-cisco Marques Pereira, que tinha também negócios em Marrocos, tendo chegado a instalar uma fábrica de guano na cidade de Safi.

Porém, a falta de peixe que afectou a costa de Sesimbra nos anos 30, foi fatal para a empresa, que sofreu uma acção de penhora por parte da Casa José Henrique Totta (futuro banco Totta). Em 29 de Outubro de 1933 realizou-se um leilão para venda das suas instalações fabris em Ses-imbra (pelo valor base de 50 mil escudos) e Santana valor base de 25 mil escudos). Não apareceram interessados e a 17 de Dezembro realizou-se novo leilão, já sem valor base para o edifício de Sesimbra, e o de Santana por metade.

Mercado MunicipalA Câmara de Sesimbra

acabaria por comprar o edifício da Fábrica Lusitana, onde veio a instalar o mercado de produ-tos agrícolas, que antes se fa-

Pormenor do “projecto” que foi entregue à Câmara pela empresa Fer-dinand garrec & C.ª, em 1916, para ampliar a fábrica até à rua Serpa Pinto (actual rua da República).

A modesta fábrica “União Fabril” ocupava uma casa de pequenas dimensões. No entanto, foi o embrião duma fábrica que foi sendo am-pliada ao longo dos anos, até ocupar toda a zona do actual mercado, e ainda um bocado da actual avenida da Liberdade.

Industrial conserveiro com fábricas em Setúbal e Sesim-bra, Leon Delpeut destacou-se pela forma vigorosa com que enfrentou o movimento reivindicativo operário, or-ganizando os empresários conserveiros contra os movi-mentos grevistas.

Foram várias as estraté-gias a que Delpeut recorreu. O investimento que fez em Sesimbra, na antiga fábrica União Fabril, tinha também como objectivo dispor de uma fábrica a que podia recorrer quando tivesse problemas laborais em Setúbal.

Muitas vezes as greves eram decretadas quando

Já me vai custando Subir a ladeira Vai-me receando Que o meu pai não queira

Que o meu pai não queira Minha mãe não queria Um cento de latas Soldadas num dia

Soldadas num dia Solda numa hora Vai para o buano Na fábrica do Chora

Na fábrica do Chora Cheia de flores Quem ganhou a greve Foi os soldadores

Olha os soldadores Como vão armados Com seus tabuleiros Todos afadistados

Todos afadistados Ao rigor do tempo Quem ganhou a greve Foi o parlamento

Soldadores, pernas de aranha Coisa de que eu nunca gostei Para minha felicidade Pernas de aranha arranjei.

A quadra de cima, divulgada por J. Roquette n’O Sesimb-rense, em 1892, faz alusão aos soldadores conserveiros como bons partidos para casar.

Os versos à esquerda são da letra de uma canção alusiva ao trabalho nas fábricas de Ses-imbra, e foi publicada no jornal Povo de Sesimbra , em 1976.

A “fabrica do Chora” poderá ser a fábrica de conservas que existiu na rua Manuel de Arriaga, e a palavra buano (ou guano), refere-se a um adubo feito a partir de sobras de peixe.

No último verso, a palavra “parlamento” tem o sentido de “assembleia dos trabalhadores”, segundo a senhora Encarnação Fuzeta, antiga operária conser-veira, que nos deu a conhecer a canção.

Leon Delpeuthavia peixe na fábrica, que se estragaria se não fosse preparado e enlatado. Del-peut escreveu que se lhe fiz-essem isso, ele “teria tratado apenas de salvar o peixe, fechando depois a Fábrica”.

Leon Delpeut foi um dos mais enérgicos defensores das “cauções”: uma verba que era devida aos solda-dores mas que ficava retida pelos patrões como garantia de qualquer prejuízo, e que acabou por se tornar num sério entrave à realização de greves pelos soldadores conserveiros. E Delpeut era perentório: “Sem caução, não dou trabalho!”.

zia ao ar livre, no largo Eusébio Leão. A inauguração teve lugar no Domingo, dia 1 de Abril de 1934. Mas, entretanto, demoliu parte da fábrica, de modo a tornar mais ampla a avenida a que seria dado o nome de “Boa Esperança” (nome da barca do arrais Alberto Pitorra, que salvara muitos pescadores durante o vendaval de 9 de Abril de 1934), depois mudado para “Salazar”, e finalmente da

“Liberdade”.Mesmo a funcionar como

mercado municipal, o edifício viria também a ter utilização como sala de baile, sobre-tudo na época carnavalesca, organizados pelos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, como forma de angariar fundos para financiar as suas beneméritas actividades.

João Augusto Aldeia

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 20129

Cremilde Penim Ezequiel Produtos agrícolas de Alfarim, mas também de Setúbal.

Delfina dos Santos Apolinario MarquesVende produtos seus, do Zambu-jal de Baixo (Casal das Figueiras).

Cisela Neves da Silva Gaspar Alguns dos produtos que vende são de Alfarim.

Paulo PatrícioAlguns dos produtos que vende são da Aldeia do Meco.

Natalina VerissimoSobretudo produtos de Alcobaça; de Sesimbra, apenas as ervilhas.

Teresa GomesHortículas do Zambujal e Aiana, mas fruta de outras zonas.

JéssiaProdutos vêm da Raposa (entre as duas Aianas).

Maria Fernanda Pedro Martins PolidoVende produção própria, da Aiana de Cima

Mário Marques de Almeida Vende produção própria, da Aiana de Cima

Conceição FolquesEmbora seja pexita, tem hortas na Maçã, de onde vem a produção.

Eugénia MarquesProdutos da Aiana

Rosa ConstantinaProdutos da Aiana de Cima

Ana MariaPão caseiro das Caixas-Alfarim

Mariana Constância Garcia Pão caseiro da Aiana

OdíliaPão caseiro Aiana de Cima.

Ângela SantosDoçaria de Azeitão, e Farinha Torrada, de Sesimbra.

José Manuel Ramos Lopes (Cebola)Fruta, de origem nacional, mas também estrangeira.

Sabino RodriguesQueijos da Azoia.

Maria NatáliaBanca de fruta de origem nacional.

Banca de charcutaria, quase toda da zona de Estremoz

Banca de Maria Augusta, venda de carnes frango, perú, coelho.

ErcíliaProdutos agrícolas das Caixas.

Banca de José AgostinhoVende fruta de todo o país, e algumas verduras de Sesimbra.

Banca de Inês MarcelinoQueijos da Azoia

Maria Rosa Leal Ezequiel Afonso Produtos da Aiana de Cima, mas vende fruta doutras zonas do país.

Florista

Maria da Visitação – produtos agrícolas biológicos, da Aiana.É a única agricultora local, com banca neste mercado, com produção

agrícola biológica, devidamente certificada desde 1993, pela AgroBio, e desde 1995, reconhecida pelo Estado – certificação que envolve muita formação, bem como a realização de visitas e auditorias.

Os produtos que aqui vende são da sua Quinta dos Medronheiros, onde produz grande variedade, de hortículas, tais como ervilhas, tomates, abóboras, limões, feijão, ervilhas, alhos, favas, feijão, nozes, e frutos: pessegos, damascos, peras, ameixas, maçãs, marmelos.

No próximo dia 4 de Maio, Maria da Visitação verá o seu trabalho reconhecido com a atribuição de uma medalha de mérito municipal.

Em 1933 a fábrica de conservas Lusitana foi penhorada pela Casa Totta e colocada à venda em hasta pública. A Câmara adquiriu o edifício, demoliu-o parcialmente para permitir o pro-longamento da avenida que descia desde o campo de jogos, e adaptou o resto para ali funcionar o mercado municipal. Como vestígio da antiga fábrica, podemos ainda ver o poço que se encontrava no seu interior, e que está actualmente visível, no passeio, junto ao actual mercado.

A inauguração do mercado deu-se no Domingo, dia 1º de Abril de 1934 - tinha então o aspecto que vemos na fotografia ao lado.

Para além das suas funções comerciais, o edifício foi tam-bém muito utilizado para a realização de bailes, sobretudo pe-los Bombeiros Voluntários, como meio de angariar fundos.

A reedificação do mercado municipal foi uma das obras her-dadas pela Comissão Administrativa municipal, empossada após a revolução de Abril de 1974, mas que só viria a ser con-cluída pela Câmara eleita no final de 1976.

O edifício, no entanto, está destinado a ser demolido: a Câ-mara fez um acordo com particulares para a mudança do mer-cado para um novo edifício, a construir na zonda onde hoje fun-ciona o terminal de autocarros. No entanto, a crise económica tem atrasado a realização deste projecto. Até lá, podemos con-tinuar a usufruir deste edifício histórico de Sesimbra.

O Mercado, ou Praça, é um dos últimos redutos da excelência da produção agrícola de Sesimbra, oriunda da sua zona rural. Sofrendo a concorrência das grandes superfícies comerciais, e também das pequenas lojas com produtos da agricultura industralizada, o Mercado de Sesimbra vive ainda das relações de fidelidade e confiança entre o

produtor tradicional e o consumidor que prefere, por vezes, pagar um pouco mais, mas levar para casa produtos de qualidade garantida e de sabor genuíno.

A produção agrícola industrial também se vende em algumas das suas bancas, igual à de qualquer grande superfície comercial. Mas os

genuínos produtos hortículas, as frutas, o pão ou o queijo oriundos da Maçã, Zambujal, Aiana, Azóia, Caixas, Alfarim, Meco e Lagoa, apenas aqui se encontram, com a variedade e a autenticidade duma tradição de gerações e gerações. É único, é nosso, é genuíno, e está à nossa porta: é o Mercado de Sesimbra.

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10O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011

Receitas em quedaO Presidente da Câmara fez uma apresentação

das contas de 2011, classificando esse ano como “bastan-te difícil”. A receita, que já sofrera uma quebra em 2010, voltou a descer, embora menos que no ano anterior. A receita corrente atingiu os 32 milhões de euros.

Segundo o relatório da Câmara, “a quase estagnação das actividades ligadas à construção civil levou a uma nova quebra da receita neste sector, contribuindo de forma significativa para o desvio da totalidade das receitas face ao previsto – cerca de 19 milhões de euros”. Esta situação “obrigou à tomada de novas medidas de contenção das despesas”. Ainda assim, a Autaquia estima que tenham sido concretizadas 77% das Grandes Acções do Plano.

Os impostos municipais, que tinham registado uma subida em 2010 (devido à entrada de um valor de IMT excepcional, apenas devido à transferência de terre-nos da Mata de uma sociedade para outra), averbou em 2011 uma descida de quase 3 milhões de euros. O IMT, que em 2007 chegou a atingir os 8 milhões de euros, ficou em 2011 pouco acima de 3 milhões.

Despesas em contençãoAs despesas municipais, tanto correntes como de

capital, cairam nos dois últimos anos. Mas o ano de 2011 é o primeiro em que há redução efectiva da despesa com o Pessoal, decorrente da diminuição do nº de funcionários, e também das horas extraordinárias realizadas.

Entre os investimentos realizados em 2011, a Câmara destacou a construção da Escola de Sampaio, a amplia-ção do Jardim Infantil do Conde 1 e a construção do JI do Pinhal do General, o início da construção dos 58 fogos da 1ª fase do Bairro Infante D. Henrique, o arranque da recuperação da Casa do Bispo, a conclusão da 1ª fase da obra de ligação viária entre o Zambujal e a Assenta, o prosseguimento do saneamento da Freguesia do Castelo e o reforço do abastecimento de água.

A distribuição dos investimentos pelas freguesias é apresentada no quadro seguinte, onde se vê qual o valor do investimento realizado, e do que foi pago: apenas cerca de 60% do realizado.

Em conformidade com esta evolução das receitas e despesas, a dívida municipal voltou a subir, essencialmen-te devido ao crescimento da divída de curto prazo, que já atingiu os 20 milhões de euros: ou seja, a divída de curto prazo já ultrapassou o valor da dívida de médio e longo prazo. Esta situação é especialmente preocupante, já que a dívida de curto prazo se repercute sobre empreiteiros e fornecedores, enquanto que a dívida de médio e longo prazo se reporta a empréstimos ao sistema bancário. Também a divida total já excedeu o valor da receita corrente, facto que já ocorrera nos anos de 2002 e 2003.

Assembleia Municipal aprova contas de 2011A Assembleia Municipal reuniu no passado dia 20 de Abril para apreciar e votar a “avaliação e prestação de contas”

da Câmara Municipal, relativas ao ano de 2011, documento que foi aprovado com 13 votos a favor, do PC e PSD, e 7 votos contra, do PS, BE e deputado independente. Uma outra proposta da Câmara, relativa à contratação de um sistema global de gestão do serviço de fotocópias, foi adiada para uma data posterior.

No período prévio foram debatidas várias moções, relativas as comemorações do 25 de Abril, àlocalização do novo aeroporto “low-cost”, à Saúde e à Èducação – uma das quais apresentada pela escola Navegador Rodrigues Soromenho, relativa à necessidade de obras nas suas instalações (leia-se a caixa abaixo).

Freguesias Investimento realizado (€)

Investimento pago (€) %

Santiago 2.667.419 2.611.071 97,9

Castelo 5.667.552 2.359.930 41,6

Quinta do Conde 4.540.406 2.679.411 59,0

Totais 12.875.377 7.650.412 59,4

PS: “Gestão demasiado arrojada e pouco realista”

O Partido Socialista, pela voz de Manuel José Pereira, admitiu que, perante a crise, “os remédios a ter de ser aplicados serão fortes”, nomeadamente a diminuição de subsidios ao movimento associativo, atribuindo a responsabilidade deste facto ao Executivo, devido a “uma gestão demasiado arrojada e pouco realista.” Mostrou-se ainda preocupado com o facto de, pela primeira vez, a Câmara não ter conseguido pagar o empréstimo de curto-prazo no final de 2011.

Manuel José Pereira realçou que “a prudência e a boa gestão aconselhariam a não proceder a aumentos tão violentos das tarifas de água, esgotos e lixos e a não empolar tanto a receita.” Como consequência, segundo o PS, verificou-se “uma retracção dos munícipes-consumidores que produziu uma quebra nas vendas e cobranças de água e uma ausência completa de negócios na área do imobiliário”.

PSD: “A Câmara terá que revera sua política”

Lobo da Silva, pelo PSD, questionou Augusto Pól-vora sobre a existência de processos judiciais contra a Câmara, e sobre quais os serviços municipais em que as horas extra foram gastas, e ainda qual a dívida dos munícipes à Câmara, relativa a água e ligações às redes, a qual já atingiria os 5 milhões de euros, para concluir que “A Câmara terá que ter uma revisão da sua política”, adiantando mesmo algumas áreas em que essa revisão deverá ser feita.

BE: “Tudo o que foi prometido está escrito na areia da praia”

Carlos Macedo, pelo Bloco de Esquerda, criticou a Câmara por ter feito para 2011 “o maior orçamento da história do Concelho”, um facto que só poderia ser considerado “um acto de gozo”, e que os números agora apresentados vieram confirmar. Para Carlos Macedo, a Câmara apresenta “a gestão do dinheiro publico duma forma fantasiosa” e

salientou que o BE bem tinha avisado que “a transforma-ção da Câmara num agente imobiliario, que se alimentava de taxas, só podia dar este resultado”. Acrescentou anda que as contas em discussão eram o “reflexo dos erros cometidos.”

Relativamente ao que ficou por realizar do orçamento e GOPs de 2011, o BE disse que “tudo o que foi prometido está escrito na areia da praia, e sempre que a maré chegar ,será apagado para sempre”, concluindo que o Executivo municipal aplicara a máxima de [José] Sócrates: “Que a divida não é para pagar, é para empurrar para a frente.”

“Numa empresa, chamar-se-ia a isto má gestão”, concluiu Carlos Macedo.

CDU: “Câmara contrariou a gestão ruinosa do Governo”

A CDU destacou os níveis de execução das GOP, que “demonstraram que a CMS ousou contrariar a gestão decadente e ruinosa do Governo, absolutamente autitsta quanto às necessidades mais básicas da população”. A CDU destacou especialmente “a habitação, a educação, a melhoria da rede viária, o saneamento básico da freguesia do Castelo e a gestão de obras financiadas pelo QREN, uma oportunidade única para o Concelho”.

Augusto PólvoraO Presidente da Câmara, entre diversos outros es-

clarecimentos, respondeu que os empréstimos de curto prazo são para pagar no prazo de um ano, e não até ao final do ano, e que em todo o caso já estava liquidado. Salientou também que o Governo exigia contenção, mas colocava “cascas da banana a todo o momento”, dando como exemplo o aumento do IVA e diminuição das trans-ferências do orçamento de Estado.

No domínio da contratação de pessoal, a nova legisla-ção vai impedir que a Câmara contrate as 20 ou 30 pes-soas que trabalhavam no período do Verão, contribuindo assim para agravar o desemprego no Concelho.

Respondendo às críticas do BE, o Presidente destacou que a lei obriga a colocar no Orçamento a totalidade das verbas em dívida, na suposição de que se irá pagar toda a dívida num só ano, o que não é realista, e que o mesmo acontece para as verbas do QREN: “Mesmo sabendo-se que não é realista, é a lei que a isso obriga”.

Não haverá despedimentos, massim redução de cargos dirigentes

Respondendo a uma questão sobre a possibilidade de despedimento de trabalhadores municipais, para atingir as metas de redução de pessoal impostas pelo Governo, Augusto Pólvora disse que não haverá necessidade de despedir ninguém, pois essas metas serão atingidas apenas com a saída de trabalhadores em situações de reforma.

Mas tudo indica que terá de haver redução de cargos dirigentes. Segundo informação do Jornal i, a Câmara de Sesimbra terá de eliminar desses 19 cargos, ou seja, 61 % do total.

Um PSD à esquerda?O PSD causou alguma perturbação ideológica na

sala da Assembleia, ao apresentar uma moção sobre o 25 de Abril, numa linguagem semelhante à que é habitualmente usada pelo PCP. O facto de o PSD ter à sua frente, a nível local, um homem ligado ao movimento sindical e a CGT – José Mendes Dias – estará talvez na origem desta iniciativa.

Mas alguns dos deputados do PCP não estavam preparados para a iniciativa do PSD. Uns pergunta-vam, com alguma ironia, se se trataria de um “desvio de esquerda” do PSD, ou uma “crise de valores” de “renovadores” do PSD. Outros classificaram a iniciativa como uma hipocrisia.

No período destinado à intervenção do público falou o professor José Casimiro dos Santos, presidente do Agrupa-mento de Escolas Se-simbra Castelo Poente. O tema da intervenção era o mesmo da moção apresentada a votação, e relativa à necessidade ur-gente de obras na Escola Navegador Rodrigues Soromenho – o antigo colégio “Costa Marques”.

“Quando tomámos posse, verificámos que a Escola não tinha a veda-ção devida, qu havia, no terreno, vacas e ovelhas, não havendo condições minimas para trabalhar”, disse José Casimiro dos Santos, acrescentan-do que “a nossa escola tem vindo a ser preterida face a outras escolas do concelho”. Destacou as necessidades, quer de obras de qualificação

do edifício, quer de am-pliação, e erradicação de pavilhões préfabricados “que há muito deveriam ter desaparecido”.

José Casimiro dos San-tos apelou a uma “pressão sobre autoridades” para que se realizassem as obras necessárias, acres-centando que “se não tivermos crianças, Sesim-bra será uma vila morta; se não tivermos na sede do Concelho uma escola com condições – não digo ideiais, mas satisfatórias – não vamos lá. Olhem pela nossa escola!”

Esta intervenção esteve associada a uma moção subscrita pelos deputados municipais, que referia a antiguidade do edifício (foi construído no início da década de 1960), a desadequação da sua tipologia para o ensino, bem como a existência de salas em prefabricados de

“Olhem pela nossa Escola !”madeira. Outro dos problemas referidos foi o da necessidade de recorrer ao pavilhão gimno-desportivo do GDS para as aulas de exercí-cio físico e des-porto, obrigan-do os alunos a deslocarem-se entre a escola e o ginásio da avenida da Liberdade.

A moção refere que a consciência profissional de professores, assisten-tes e encarregados de educação, tem permitido criar projectos de interes-se relevante para a vila e para os seus agentes, mas também “fomentando e dinamizando programas em áreas de grande valor formativo, como é o caso do teatro, fotografia, artes, desporto escolar, entre

outras valências”. Embora os órgãos

de gestão da escola te-nham, nos últimos anos, trabalhado para melhorar a situação, existindo já terrenos, disponibiliza-dos pela Câmara, para obras de ampliação, as soluções necessárias têm vindo a ser adiadas, pelo que a Assembleia deliberou solicitar reu-niões urgentes com a Comissão Parlamentar de Educação e com o Ministro da Educação.

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2012 11

Na manhã de segunda-feira, dia 9 de Abril de 1934, haviam saído para o mar as barcas “Maria do Carmo III”, “Maria do Carmo IV”, “Já Sabes”, “Nautilus”, “Maria Eugénia”, “Perseguida” e “Boa Esperança”. Levavam a seu bordo cerca de 120 homens.

Pela tarde começou a levantar-se forte temporal. Às cinco da tarde regressou a primeira barca, batida por vento e mar, instante a instante em risco de se perder. Na praia centenas de pessoas, olhos chorando, coração apertado, aguardam o regresso; e após o regresso dos primeiros, agarram-nos, abraçam-nos, puxam-nos para terra, não vá o mar roubá-los.

Mas ainda faltam barcas. E o temporal cresce; o vento redobra de velocidade, a chuva cai em bátegas fortíssimas. Escurece, e com o escuro adensa-se a dor dos que esperam. No sítio da “Angra”, junto ao actual molhe de abrigo, filas de archotes rasgam a escuridão com a luz avermelhada. Os choros dilaceram, a dor já quase não tem esperança. Às 8 da noite, e depois às 9, chegam mais duas barcas. Sobre elas vêm amarrados arrais e camaradas, para que o mar os não trague. Gritos de alegria, e mais gritos de desespero, ainda faltam 4, e a esperança é mais fugaz que o lume dos archotes que vento e chuva teimam em apagar. Há gritos, há ralhos, há invocações, há rezas tresloucadas e orações sentidas: Senhor Jesus das Chagas, tem piedade do meu marido! Senhora do Cabo, salva o meu filho! Meu Deus, valei-me!

Nem vento, nem mar, nem chuva, fazem arredar dali as centenas de entes que só de Deus podem esperar o milagre. A dor, a incerteza, a angústia, amalgamou cor-pos e almas. Como um só todos rezam e todos choram.

Mas às 11 da noite um grito � belo, magn�fi co! � irrom-� belo, magn�fi co! � irrom- belo, magn�fico! � irrom-– irrom- irrom-pe da multidão: Uma luz! Aí vêm eles!

Chora-se, reza-se, grita-se...- Santo Deus, Senhor Jesus das Chagas!, a� vêm os

nossos homens!Açoitadas pelo vento, varridas pelo mar, num ba-

lancear de morte, começam a sair do negrume, como fantasmas de lenda, as 4 barcas últimas; são a “Maria do Carmo III”, a “Maria do Carmo IV”, a “Maria Eugénia” e a “Boa Esperança”.

Chora-se, rindo, ri-se chorando; beijos, abraços, aper-tos, confusão tremenda, porque todos querem ajudar; mais, todos querem apalpar, porque a realidade nem sempre convence.

Estavam todos, Senhor Deus! E estava, também, o homem que havia sabido lutar com o mar, o homem que arriscando a vida havia corrido a salvar a dos outros: Alberto Pitorra, o arrais da “Boa Esperança”,

Alberto Pitorra, o Arrais do 9 de Abril

que nessa noite tormentosa demonstrou, como raros o têm feito, o que são, o que valem, e o que podem os pescadores de Sesimbra!

Alberto Pitorra, que a custo havia vencido a tempestade, ao saber que ainda faltavam três barcas, não hesitou; com a serena consciência dos ver-dadeiros heróis, que são porque não se lembram de que podem ser, rodou o leme, aproou a barca ao mar, e foi-se em busca dos que faltavam. Com Deus por guia, afronta a Morte no seu antro. Desafia-a, com a cora-gem tradicional dos homens do mar. E encontradas as barcas, perdidas no negrume da noite, arruma-se à água a desemba-raçar a hélice da corrente de uma fateixa que nela se havia enrolado, e impedia desse modo, o andamento da barca.

E regressa, com a mesma se-renidade com que havia partido; contudo, acabava de arrancar à morte 45 vidas!

“A sua atitude serena e heróica, é, e será sempre, um exemplo de valentia e estoicismo, de que a população de Sesimbra se ufana, não com vaidade, mas como sím-bolo”, escrevia ao tempo “O Século Ilustrado”.

No dia seguinte, 10 de Abril, os pescadores de Sesimbra organizaram imponente procissão de penitência, transportando aos ombros a imagem venerada do Senhor das Chagas, Padroeiro de todos os pescadores, e a imagem de Nossa Senhora da Piedade; e em recolhido silêncio, balbuciando rezas e escorrendo lágrimas, percorreram as ruas da vila, seguidos de toda a população.

O Senhor Jesus das Chagas, tinha escutado as súpli-cas ardentes das suas mulheres e filhos; e em recolhido silêncio, em verdadeira, e inesquecível, procissão de

penitência, eles manifestavam ao Senhor o seu agra-decimento, a sua fé de sempre.

Publicado no jornal O Sesimbrense, em 20 de Abril de 1952

Sessão de divulgação sobresuplementos alimentares

A Misericórdia de Sesimbra, juntamente com a empresa Nutrícia, realizou uma acção de divulgação do suplemento alimentar fabricado por aquela em-presa, numa sessão a que assistiram idosos que se encontram na instituição, alguns familiares, e também o pessoal técnico e auxiliar da Misericórdia.

A acção teve também a participação do médico da Misericórdia, dr. Carlos Silva, que falou sobre a importância duma alimentação equilibrada na dieta dos idosos.

Wilson Barros, funcionário da Nutrícia, disse-nos que a sua empresa realiza regularmente este tipo de acções de divulgação, que visam dar a conhecer as qualidades do produto e a simplicidade do seu

manuseamento. Destinam-se estas acções a três públicos alvo: “os

destinatários, para ver se gostam ou não; os fami-liares, porque são quem, em última análise, pagará a aquisição deste suplemento alimentar, e também os que confeccionam os alimentos, funcionários da Misericórdia”.

Ivanosca Pereira, enfermeira da Santa Casa, disse-nos que a iniciativa correu muito bem: “Houve uma boa adesão, melhor do que esperávamos, tanto por parte de familiares como de colaboradores, e é uma iniciativa que temos intenção de repetir, sobre a mes-ma temática, mas também sobre outras, relacionadas com o envelhecimento”.

Foto cedida por Argentina Marques

Foto de Valdemar Capítulo

O professor António Caldeira Lucas, que lecciona Matemática na Escola Secundária de Sampaio, en-contra-se suspenso por três meses, no âmbito de um processo disciplinar a cargo da Inspeçcão Escolar. Encontra-se também impedido de entrar na Escola.

Em declarações ao nosso jornal, Caldeira Lucas disse desconhecer quais as acusações que lhe são apontadas, apesar de já ter sido notificado, e que por esse motivo vai pedir a impugnação do processo, alegando deficiências processuais.

Este é já o quarto processo disciplinar de que é alvo, ao longo da sua carreira de 40 anos como docente. No primeiro foi acusado de dar explicações a alunos seus, do qual resultou uma pena de sus-pensão de um mês. Um segundo processo, onde era

acusado de in-competência, acabou por ser arquiva-do, o mesmo acontecendo a um terceiro processo, do ano passado, onde o acusa-vam de te r batido numa aluna.

A n t ó n i o Caldeira Lu-cas alega que todos estes processos se devem a uma injust i f icada perseguição de que é alvo, da parte de responsáveis daquele esta-belecimento de ensino.

Professor suspenso na Escola Secundária de Sampaio

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12O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2012

“Olha em teu redor, Kelda. Tudo o que se estende diante dos teus olhos é meu… É teu, pois tu serás a minha companheira até ao fim dos tempos.

A tarde ia avançada e as sombras começavam a estender-se sobre o deserto. Os nossos cavalos resfolegaram, sedentos e exauridos pelo esforço de nos conduzirem sob o sol escaldante, através de montanhas e vales de areia, até nos quedarmos no topo desta gigantesca duna. Halvard pouco se importaria se os belos animais tombassem… Da mesma forma que não queria saber do império que conquistara, nem tão pouco dos milhares de vidas que se sustinham no fio cortante das suas deliberações. Nas semanas que passara ao seu lado, eu concluíra que o meu gémeo apenas almejava ter a Terra a seus pés para se divertir a espezinha-la.

Soltei uma exclamação fascinada, alimentando a sua vaidade, ao mesmo tempo que o extasiava com o meu carinho e a minha gratidão. Todavia, por dentro, estrebuchava de raiva. Além de uma aliada, a magia inata que protegia a minha mente das intrusões tornara-se uma verdadeira bênção. Halvard ficaria cego de ódio se suspeitasse que os meus agrados mais não eram do que artimanhas para mantê-lo refreado.”

Excerto de “O Filho do Dragão”

O Filho do DragãoO Filho do Dragão

Sandra Carvalho acaba de publicar mais um volume da Saga das Pedras Mágicas: “O Filho do Dragão”. Na corrente do romance fantástico, que a sua editora classifica como high phantasy, Sandra Carvalho já an-

tes publicara seis volumosos romances que, no seu conjunto, venderam mais de 30 mil exemplares.

David Sequerra lançou um novo livro de ficção, com o título “Mukea”, um acrónimo

Mukea – livro de David Sequerra

de “Mais Umas Kuantas Es-tórias Africanas”. Trata-se de textos de curta extensão, que

David Sequer-ra procurou que não ultra-p a s s a s s e m as 100 pala-vras, onde se registam im-pressões das suas viagens p e l o c o n t i -nente africa-no, ao serviço d o C o m i t é Olímpico Por-tuguês.

O l i v r o surge como uma sequên-cia de “DEA”, anterior livro de David Se-querra, con-tendo “Dezoi-t o E s t ó r i a s Africanas”. Na

apresentação do livro aos sesimbrenses, que decorreu no auditório Conde de Fer-reira, David Sequerra revelou que estes dois livros não esgotam o reportório de “es-tórias” africanas, deixando antever a possível continu-ação desta série.

Na apresentação do livro, onde estiveram presentes numerosos amigos de David Sequerra, foi feita a leitura de algumas das “estórias”, a cargo de Laura Reis Marques e Jonas Cardoso. Estiveram na mesa Felícia Costa e Augusto Pólvora, respec-tivamente vice-presidente e presidente da Câmara Municipal, tendo este úl-timo pronunciado palavras elogiosas para o autor que, conforme divulgamos nesta edição, será agraciado no próximo dia 4 de Maio, com a Medalha de Mérito – Grau Ouro, atribuída pela Câmara.

No passado dia 4 de Maio a Sociedade Musical Sesim-brense comemorou o seu 98º aniversário com uma cerimónia solene, entrega de diplomas e medalhas aos sócios mais antigos, terminando com um excelente concerto pela sua Banda filarmónica.

Uma novidade anunciada durante a sessão foi o da próxima abertura de uma es-cola de música no Zambujal, resultado duma parceria entre a Sociedade Musical Sesimb-rense e a Junta de Freguesia do Castelo.

Parte dos discursos foi domi-nada pela proximidade do centenário da colectividade, mas o tema mais abordado acabaria por ser a crise, com o consequente agravamento das condições de funcionamento das colectividades associati-vas. Odete Graça, presidente da Assembleia Municipal, re-flectiu sobre o sentimento de revolta contra os “políticos”: “muitas pessoas atribuem o

Aniversário da Sociedade Musical Sesimbrense

mal do mundo aos políticos”, para concluir que a população deve exigir aos políticos “ho-nestidade de trabalho, compro-misso de honra e compromisso com o programa eleitoral.”

Felícia Costa, vice-presiden-te da Câmara, transmitiu uma mensagem de esperança de que os sesimbrenses saberão ultrapassar as dificuldades actuais: “nós, a comunidade sesimbrense, haveremos de

arranjar dentro de nós a força, a coragem, a criatividade e a solidariedade para con-seguirmos construir um mundo melhor”.

Um momento especialmente emocionante da cerimónia foi a entrega de diploma ao sr. Adelino, com 77 anos de associado e que ainda hoje continua a frequentar a so-ciedade, onde se desloca aos fins-de-semana.

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 201213

José Arsénio nasceu em Sesimbra em 1957, no seio de uma família piscatória. Com formação técnica e profissão na área da electri-cidade, trabalha actualmente no Porto de Sesimbra. Teve formação em fotografia em 1980, pela Associação Por-tuguesa de Arte Fotográfica, e tem desenvolvido a sua actividade como fotógrafo através da realização de ex-posições e da publicação de livros temáticos, no âmbito do património natural, arqui-tectónico e etnográfico. Entre as suas publicações, carac-terizadas pela grande quali-dade editorial, destacam-se os livros “Sesimbra entre o Mar e o campo”, “Gentes do Mar” (2001), “Imagens de Fé” (2005), “Sesimbra, a es-sência dos lugares” (2010).

Fotógrafos de Sesimbra (XI)

José Arsénio

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14O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2012

Em Assembleia geral realizada no dia 30 de Março de 2012, foram apresentadas aos associa-dos presentes, as contas da Liga, referentes ao exercício de 2011.

Com rece i t as t o ta i s de 48.522,99 euros e despesas no montante de 51.663,92 euros, o exercício fechou com resultados negativos de - 3.140,93 euros.

Estes resultados, apesar da redução de 17% das despesas de

funcionamento, decorrem das quebras de receitas da publicidade, da redução do número de associados e de do corte de 30% no subsídio municipal.

Liga dos Amigos de SesimbraA Direcção

Aprovadas as Contas da LAS 2011

Terá lugar, no próximo dia 4 de Maio, a Procissão do Senhor Jesus das Chagas, ponto culminante destas festividades tradicionais de Sesimbra, que se iniciaram no passado dia 15 de Abril com a procissão do “Senhor para Cima”, durante a qual a imagem venerada foi transferida da Capela da Misericórdia para a Igreja Matriz, onde se manterá até ao dia 4.

Festas de Maio

Como é tradição, a Câmara Municipal de Sesim-bra realizará na manhã do dia 4 de Maio, feriado municipal, a cerimónia de entrega das medalhas com que distingue os seguintes cidadãos:

David Sequerra – medalha de mérito, grau Ouro;

João Pedroso (mágico) – medalha de mérito, grau Prata;

Helena Laureano (actriz) – medalha de mérito, grau Bronze;

Maria da Visitação Encarnação (agricultora, produção biológica ) – medalha de mérito, grau Bronze;

Sandro Mestre (atleta paraolímpico) medalha de mérito, grau Bronze;

Distinções Municipais

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 201215

Vai ser notícia!FORMAÇÃOInstituto Politecnico de SetúbalProlongamento do prazo de candidaturas - Maiores de 23 anos Até 15 de MaioCandidaturas: Divisão Académica do IPS ou através do envio, pelo correio, dos diferentes impressosMais informações: www.ips.pt.

Matrículas Ano letivo 2012-2013 - Pré-escolar - 1º ano do Ensino BásicoDe 15 de Abril a 15 de JunhoMais informações em http://www.escolasdesesimbra.net/

DESPORTOReflex Skimboards Pro 1ª etapa do Circuito Nacional de Skimboard 201219 e 20 de MaioInscrições em http://old.surfingportugal.com/ até ao dia 2 de Maio

Circuito Vestal 2012 - 1ª etapaSurf, Bodyboard e Skimboard5 e 6 de MaioAs inscrições nas etapas são efectuadas na praia no dia da prova, até às 9h30

Programa de Actividades ao Ar LivreIniciativas gratuitas5, 12, 19 e 26 de Maio, das 11 às 12 horas Parque da Vila - Quinta Condedas 16 às 17 Praça da Califórnia - Sesimbra

CULTURAIII Feira da Saúde Rotary4, 5 e 6 de MaioLocal: Ginásio do G.D.Sesimbra

Feira de Artesanato - Dia da Mãe3 de MaioEscola Secundária de SampaioParticipação: Artesãos do concelho de Sesimbra

Concerto Grupo Coral SesimbraFestividades em honra do Senhor Jesus das Chagas1 de Maio, às 16:30Capela Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra

Visitas ao Farol do Cabo Espichel 2, 9, 16, 23 e 30 de Maiodas 14 às 17 horasVisitas gratuitas promovidas pela Marinha – Autoridade Marítima Nacional

Apresentação do Livro AdolescerDe Ana Paula Costa12 de Maio, às 22 horasContraste Coffee Bar

Na derradeira jornada do Campeonato Regional de Interclubes, no escalão de veteranos + 45, a equipa do Clube Escola de Ténis de Sesimbra, con-quistou o seu segundo título consecutivo ao vencer por 3-2, o Clube de Ténis do Montijo, em encontro realizado na Maçã, nos magníficos courts do Centro Municipal de Ténis de Sesimbra. Registe-se que o clube sesimbrense concluiu o campeonato só com vitórias, tendo no caminho para o título, superado com alguns resultados brilhantes as equipas do Clube de Ténis de Setúbal (4-1); Clube CTT (3-2) e G. D. Brasileiro Rouxinol/Corroios (4-1). Um ano depois da conquista do primeiro título colectivo da história do clube, os jogadores João Pedro Aldeia, José Galvão, Luis Esteves, Pedro Aleixo Dias, Pa-trick de Witt, Pedro Roque e Rui Ribas defenderam com sucesso o troféu alcançado em 2011, garan-tindo também o apuramento para a fase nacional, a realizar em Outubro.

João P. Aldeia

Ténis - Campeonato Regional de Interclubes CETSESIMBRA sagra-se bicampeão

O GDU Azoia esteve representado por 4 atletas nos Campeonatos Nacionais de Orientação em BTT que se realizaram em Boticas a 14 e 15 de Abril, Conquistando os títulos de Campeão Nacional de clubes, em vete-ranos I, na distância média, e de Campeão Nacional individual, por parte do seu atleta Fernando Henrique, no escalão H35.

Para além do resultado obtido por Fernando Henrique, foram determinantes as boas prestações de Vasco Godinho e José Manta para a conquista do título cole-tivo. Da equipa do Azoia fez ainda parte o atleta Jorge Artur, cuja prestação, no entanto, que não contou para a classificação, por pertencer a um escalão mais idoso.

Orientação em BTTAzoia Campeões Nacionais de Distância Média

Até Julho próximo vai decorrer o Programa de Actividades ao Ar Livre, que tem como objectivo a criação de hábitos de vida saudáveis e estímulo do gosto pela actividade física, através da promoção e divulgação das modalidades desenvolvidas por entidades do concelho. As iniciativas são gratuitas e decorrem aos sábados, das 11 às 12 horas, no Parque da Vila, e das 16 às 17 horas, na Praça da Califórnia. O programa, promovido pela Câmara Mu-nicipal, Fascinio, My fitness, Flecte, MGBoos, Sport City, Ginásio Clube Conde, Gym Muscle e Clube de Lutas do Bastos, arranca no dia 7, com Body Combat, na Quinta do Conde, e G.A.P., em Sesimbra.

Actividades ao Ar Livre

Realizou-se no passado dia 28 de Abril de 2012, no Pavilhão Municipal de Sampaio, a fase final de Infantis B Masculinos e a fase intermédia AB de Infantis Femininos.

Numa organização da Escola Básica 2, 3 Navega-dor Rodrigues Soromenho, em colaboração com as escolas participantes, o torneio contou com o apoio da Câmara Municipal de Sesimbra e da Secção de Voleibol do Grupo Desportivo de Sesimbra.

A reforçar um bom indicador no desenvolvimento da actividade do desporto Escolar, estiveram presentes nesta iniciativa 5 escolas (EB 2, 3 Navegador Ro-

Desporto EscolarVoleibol

drigues Soromenho, EB 2, 3 D Manuel I, EB 2, 3 Paulo da Gama, EB 2, 3 Pedro Eanes Lobato e Colégio Guadalupe), num total de 118 alunos em actividade.

Segundo Nelson Fernandes, Professor responsável pelos grupos, “Nesta realização mais uma vez se cumpriram claramente os objetivos de participação e prática desportiva dos alunos na modalidade de voleibol, onde, como sempre, não faltaram também os Encarregados de Educação.”

Próxima actividade:Infantis Femininos e Masculinos da EB 2, 3 Navega-

dor Rodrigues Soromenho: - Festa do Voleibol dos Grupos Equipa de Infantis

Femininos e Masculinos, 19.Maio.2012, Sábado, 09h30, no ginásio da Escola, com “Farinha torrada” e devolução dos equipamentos.

Equipas da EB 2,3 Navegador Rodrigues Soromenho

Padre Marcosalgumas correcções

O artigo sobre o Padre Marcos, publicado na nossa anterior edição, tinha uma série de datas erradas, com esta característica: datas dos anos 1800, apareceram sistematicamente como sendo do século seguinte.

Dada a enormidade dos erros, pelos quais pedi-mos desculpa aos nossos leitores, reproduzimos aqui todas as datas fundamentais que balizam a história do Padre Marcos.

Nasce em Sesimbra Marcos Pinto Soares Vaz Preto.

O Padre Marcos é con-siderado suspeito de ser o autor de panfletos clan-destinos que circulam em Sesimbra, defendendo os ideais Liberais.

Na Igreja de Alhos Vedros, o padre Marcos faz a oração de apologia do regime Li-beral e das eleições que se realizavam nesse dia.

Após a promulgação da Constituição Liberal, é no-meado para uma comissão encarregue de reformar as Ordens Seculares.

É desterrado para Mesão Frio.

É membro da Câmara dos Deputados.

Funda e dirige uma loja maçónica (ramo Irlandês).

Discursa na Câmara dos Deputados sobre os impos-tos a aplicar à pesca.

Morte do Padre Marcos.

31 de Novembrode 1782

1808

10 de Dezembro de 1820

1822

1823

1834 - 1851

1842

Maio de 1843

6 de Dezembro de 1851

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16O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2012

O SESIMBRENSE

É já no próximo dia 24 de Maio que tem início o Finisterra Film Festival, prolongando-se até 3 de Junho, decorrendo em simul-tâneo em quatro con-celhos: Sesimbra, Pal-mela, Setúbal e Lis-boa, distribuíndo-se ainda por 15 locais de projecção, 6 hotéis, no casino de Troia, Pou-sadas de Portugal, Convento da Arrábida, Caves da Bacalhoa, escolas profissionais, institutos politécnicos, Docas de Lisboa e campo de Golf da Quinta do Perú.

A organização foi obrigada a alargar o período de recepção de obras a concurso, dada a quantidade de candidaturas de última hora, estando garantida a partici-pação de 95 filmes, de produtores inde-pendentes, mas também de regiões de turismo e delegações. No seu conjunto, estarão representados 15 países.

Carlos Sargedas, director do Festival, confirmou a presença de um dos produ-tores dos filmes “Starwars”, “Gladiador” e “James Bond”, o italiano Guido Cera-suolo, que acompanhará um dos filme a concurso e será um dos oradores da conferência Internacional sobre “O Cine-ma e o Turismo”.

O troféu do Finisterra será executado pelo artista sesimbrense André Sembla-no, que vemos ba foto de cima a executar a peça.

Uma das grandes novidades foi a parti-cipação de alunos de audiovisuais e cine da escola de Sampaio, que aceitaram o desafio que lhes foi colocado: “Ao partici-par estão a conhecer melhor a Arrábida, mas também a contribuir para que todos a conheçam melhor! ”, afirmou Carlos Sargedas, que destacou também o facto

Finisterra em marcha

de a maioria dos festivais ter 5 meses de recolha de filmes, enquanto o Finisterra, num período mais curto, e apesar de ser necessariamente pouco conhecido, recebeu filmes de numerosos países e, sobretudo, filmes de elevadíssima qualidade. .

O Finisterra contará ainda com 11 exposições, algumas delas de grande formato e de rua, e 8 apresentações e mini-conferências. Também estão agendados 3 lançamentos de livros de escritores espanhóis e um português.

Um dos pontos altos do festival será a referida conferência internacional sobre “O Cinema e o Turismo”, com 12 orado-res nacionais e internacionais, que irão mostrar e debater temas tão variados como interessantes, nas áreas do 3D, da candidatura da Arrábida a património da Humanidade para a UNESCO, Cruzeiros, os Festivais de cinema e o seu impacto do turismo, o Cabo Espichel e o cinema - entre outros temas.

Haverá ainda um dia dedicado a Macau, em Sesimbra, que englobará duas exposições e uma conferência pelo coordenador do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau.

Patrícia Cardoso será o “rosto” do Finisterra

O rosto do Festival será a actriz Pa-tricia Candoso , que já está a trabalhar graciosamente para o video promocional do evento.

Patricia Candoso será uma das actri-zes da próxima novela da TVI, e também a próxima convidada do programa “ A Tua Cara não me é Estranha”, já no próximo Domingo.

Para a realização deste video, depois de terem sido captadas imagens nas docas em Lisboa, Casino de Tróia, e em e alguns lugares em Setúbal, a actriz estará em Sesimbra, durante a próxima semana, para a captação de imagens nos hotéis que apoiam este festival. Estará igualmente em outros locais emblemáticos de Sesimbra, passando pelo Cabo Espichel, seguindo depois para Palmela.

ExposiçõesÉ igualmente notável a lista de expo-

sições que integrará o Finisterra, e que é a seguinte:

Macau - Património da Humanidade; pelo Turismo de Macau , em Sesimbra

India - do fotógrafo Joel Santos, em Sesimbra

China - do fotógrafo João Taborda, em Sesimbra

Macau - Os tempos, do fotógrafo Vitor Cordeiro em Sesimbra

Vertigem Azul - Arrábida - do fotógrafo Carlos Sargedas, em Sesimbra

Cabo Espichel Escondido - do fotógrafo e espeleologo Rui Francisco, em Palmela

Fé nos Burros - do fotógrafo João Pedro Marnoto em parceria com a Câmara de Alfandega da Fé, em Palmela

Cabo Espichel Ilustrado - pelo Fotógra-fo Mariano Silva, em Setubal

Cabo Espichel, pelas telas e cerâmicas do artista André Semblano

A Serra Da Arrábida - uma exposição de maquete da área da Serra da Arrábida da Autoria de Teresa Mateus

Olhares sobre o Cabo Espichel - do fotógrafo Carlos Sargedas, no IPA