o sesimbrense - edição 1158 - janeiro 2012

16
Página 5 Política Local Desporto ANO LXXXVI • N.º 1158 de 27 de Janeiro de 2012 • 1,00 € • Taxa Paga • Bonfim • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00752012GSCLS/SNC) Doces de Sesimbra Página 10 Página 15 Assembleia Municipal aprovou Orçamento Há cerca de 70 anos que Angeolila Pinto inventou as Tamarinas, assim baptizadas por inspiração no nome da sua pastelaria “Tá Mar”, mais conhecida pelo nome do seu marido, Jeremias. Continuam a fazer-se Tamarinas, mas muito diferentes das que criou, com farinha Maizena e pó Royal: é mais uma das histórias de Sesimbra que merecem ser melhor contadas. Diz que levou anos a procu- rar a pedra perfeita, a concha perfeita, e depois, num dia de vendaval, chegou à praia e viu muitas conchas partidas, o que lhe deu muita pena. Mas então compreendeu que, no fundo, não havia conchas per- feitas, nem pedras perfeitas: a perfeição só podia estar den- tro de cada um: “Nós é que te- mos o poder de transformar as coisas e dar-lhes a perfeição.” Paula Palmeirim acrescenta: “A minha ideia é mostrar que nós conseguimos transformar as coisas, que está na nossa mão o poder de transformar e fazer algo perfeito.” Edifícios com História A Virgilinda Paula Palmeirim Página 8 Página 12 A Oposição acusou a Câmara de empolamento na previsão das receitas, de ter sido ousada de mais no aproveitamento do QREN, de aplicar em Sesimbra a receita da troika, e de não promover o desenvolvimento do concelho. A CDU respondeu que se trata de um orçamento corajoso, e que o combóio dos fundos comunitários pode não voltar a passar por Sesimbra. O Orçamento e o Plano de Actividades acabaram por ser aprovados por maioria, com votos fa- voráveis da CDU e PSD, abstenção do PS e voto contra do BE. ArtesanalPesca: 25 Anos ao serviço de Sesimbra A ArtesanalPesca comemo- rou 25 anos de vida, com uma “assembleia-geral” no Clube Sesimbrense, no passado dia 27 de Dezembro, onde uma das palavras mais ouvidas foi a de união. Nesta sessão de aniversá- rio, foram homenageados os fundadores, foi feito o historial do recente desenvolvimento da cooperativa e, finalmente, Memórias dos tempos de guerra Joaquim Penim embarcou em 1968, rumo a Moçambique, para participar numa guerra que não lhe dizia nada. À medida que o barco se distanciava do Cais de Alcân- tara, enquanto os familiares iam ficando mais distantes, foi dominado por um ”sentimento de arrepio”, sabendo que es- tava ali a cortar “definitiva- mente o cordão umbilical, ali é que estavam a separar-nos da família, dos amigos, da terra. Só retive a imagem de quem ficava no cais, aquela amálgama de gente era uma só pessoa, representava a generalidade da família, dos amigos: tudo ficava ali.” ClassicDent A empresa recentemente instalada na vila de Sesimbra fala-nos dos seus métodos e processos, e explica porque é que muita gente ainda associa a ida ao dentista com a dor. Mas não tem que ser neces- sariamente assim: “Vivemos no século XXI e a prática odon- tológica está muito avançada, hoje, salvo algum desconforto, não se sente dor no dentista, as anestesias estão muito eficientes e as técnicas de tratamento bem empregadas são muito eficazes, mas é muito importante o paciente procurar um profissional ca- pacitado. Liga dos Amigos de Sesimbra Nelson Santos treinador em Moçambique O sesimbrense Nelson San- tos partiu para a cidade de Maputo, onde vai trabalhar como treinador adjunto de Dia- mantino Miranda, na equipa Costa do Sol. O clube, que se formou em Eleitos novos corpos sociais, para o mandato 2012-2013 Apenas uma lista se apre- sentou a eleições, tendo sido eleita em Dezembro pas- sado. Joaquim Diogo, que já desempenhara a função de vice-presidente no mandato anterior, é o novo presidente Página 13 1955 como o nome de Sport Lourenço Marques e Benfica já conquistou nove vezes o campeonato nacional (Moçam- bola) e dez vezes a Taça de Moçambique. da Direcção. Os novos dirigentes conduz- irão os destinos da Liga com a “garantia de bem-fazer, respei- tando o seu passado mas com os olhos postos no futuro”. Página 16 Página 11 Página 4 foi apresentado um grande projecto para o futuro: uma nova fábrica de congelação e embalagem, investimento no valor de 3 milhões de euros, que ainda está em fase de avaliação. Duas coisas há ainda a salientar desta reunião: a presença de pescadores/ armadores de vários secto- res de pesca de Sesimbra - peixe-espada preto, polvo e sardinha (cerco). Foi tam- bém salientado o papel dos funcionários e a importância de “vestir a camisola” da Arte- sanalPesca, tendo sido anun- ciado que a cooperativa os irá compensar pelo desconto extraordinário que o Estado levou em 2011.

Upload: jornal-o-sesimbrense

Post on 12-Mar-2016

284 views

Category:

Documents


17 download

DESCRIPTION

O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

TRANSCRIPT

Page 1: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

Página 5

Política Local

Desporto

ANO LXXXVI • N.º 1158 de 27 de Janeiro de 2012 • 1,00 € • Taxa Paga • Bonfim • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00752012GSCLS/SNC)

Doces de Sesimbra

Página 10 Página 15

Assembleia Municipal aprovou Orçamento

Há cerca de 70 anos que Angeolila Pinto inventou as Tamarinas, assim baptizadas por inspiração no nome da sua pastelaria “Tá Mar”, mais conhecida pelo nome do seu marido, Jeremias. Continuam a fazer-se Tamarinas, mas muito diferentes das que criou, com farinha Maizena e pó Royal: é mais uma das histórias de Sesimbra que merecem ser melhor contadas.

Diz que levou anos a procu-rar a pedra perfeita, a concha perfeita, e depois, num dia de vendaval, chegou à praia e viu muitas conchas partidas, o que lhe deu muita pena. Mas então compreendeu que, no fundo, não havia conchas per-feitas, nem pedras perfeitas: a perfeição só podia estar den-tro de cada um: “Nós é que te-mos o poder de transformar as coisas e dar-lhes a perfeição.” Paula Palmeirim acrescenta: “A minha ideia é mostrar que nós conseguimos transformar as coisas, que está na nossa mão o poder de transformar e fazer algo perfeito.”

Edifícios com História

A Virgilinda

Paula Palmeirim

Página 8

Página 12

A Oposição acusou a Câmara de empolamento na previsão das receitas, de ter sido ousada de mais no aproveitamento do QREN, de aplicar em Sesimbra a receita da troika, e de não promover o desenvolvimento do concelho. A CDU respondeu que se trata de um orçamento corajoso, e que o combóio dos fundos comunitários pode não voltar a passar por Sesimbra.O Orçamento e o Plano de Actividades acabaram por ser aprovados por maioria, com votos fa-voráveis da CDU e PSD, abstenção do PS e voto contra do BE.

ArtesanalPesca:25 Anos ao serviço de Sesimbra

A ArtesanalPesca comemo-rou 25 anos de vida, com uma “assembleia-geral” no Clube Sesimbrense, no passado dia 27 de Dezembro, onde uma das palavras mais ouvidas foi a de união.

Nesta sessão de aniversá-rio, foram homenageados os fundadores, foi feito o historial do recente desenvolvimento da cooperativa e, finalmente,

Memórias dos tempos de guerra

Joaquim Penim embarcou em 1968, rumo a Moçambique, para participar numa guerra que não lhe dizia nada.

À medida que o barco se distanciava do Cais de Alcân-tara, enquanto os familiares iam ficando mais distantes, foi dominado por um ”sentimento de arrepio”, sabendo que es-tava ali a cortar “definitiva-mente o cordão umbilical, ali é que estavam a separar-nos da família, dos amigos, da terra. Só retive a imagem de quem ficava no cais, aquela amálgama de gente era uma só pessoa, representava a generalidade da família, dos amigos: tudo ficava ali.”

ClassicDentA empresa recentemente

instalada na vila de Sesimbra fala-nos dos seus métodos e processos, e explica porque é que muita gente ainda associa a ida ao dentista com a dor. Mas não tem que ser neces-sariamente assim: “Vivemos no século XXI e a prática odon-tológica está muito avançada, hoje, salvo algum desconforto, não se sente dor no dentista, as anestesias estão muito eficientes e as técnicas de tratamento bem empregadas são muito eficazes, mas é muito importante o paciente procurar um profissional ca-pacitado.

Liga dos Amigos de Sesimbra

Nelson Santos treinadorem Moçambique

O sesimbrense Nelson San-tos partiu para a cidade de Maputo, onde vai trabalhar como treinador adjunto de Dia-mantino Miranda, na equipa Costa do Sol.

O clube, que se formou em

Eleitos novos corpos sociais, para o mandato 2012-2013

Apenas uma lista se apre-sentou a eleições, tendo sido eleita em Dezembro pas-sado. Joaquim Diogo, que já desempenhara a função de vice-presidente no mandato anterior, é o novo presidente

Página 13

1955 como o nome de Sport Lourenço Marques e Benfica já conquistou nove vezes o campeonato nacional (Moçam-bola) e dez vezes a Taça de Moçambique.

da Direcção.Os novos dirigentes conduz-

irão os destinos da Liga com a “garantia de bem-fazer, respei-tando o seu passado mas com os olhos postos no futuro”.

Página 16

Página 11

Página 4

foi apresentado um grande projecto para o futuro: uma nova fábrica de congelação e embalagem, investimento no valor de 3 milhões de euros, que ainda está em fase de avaliação.

Duas coisas há ainda a salientar desta reunião: a presença de pescadores/armadores de vários secto-res de pesca de Sesimbra

- peixe-espada preto, polvo e sardinha (cerco). Foi tam-bém salientado o papel dos funcionários e a importância de “vestir a camisola” da Arte-sanalPesca, tendo sido anun-ciado que a cooperativa os irá compensar pelo desconto extraordinário que o Estado levou em 2011.

Page 2: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

2O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2012

Editorial

Pescas - Dezembro

Farmácias de Serviço

Farmácia Bio-Latina 212 109 113 Rua D. Sebastião, Lote 2050 A, Quinta do CondeFarmácia da Cotovia 212 681 685Avenida João Paulo II, 52-C, CotoviaFarmácia de Santana 212 688 370Estrada Nacional 378, Santana Farmácia Leão 212 288 078Avenida da Liberdade, 13, SesimbraFarmácia Liz 212 688 547Estrada Nacional 377, Lote 3, AlfarimFarmácia Lopes 212 233 028 Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra Farmácia Quinta do Conde 212 102 070Avenida dos Aliados, Lote 1021, Quinta do Conde

Com o apoio:

nBombeiros Voluntários de SesimbraPiquete de Sesimbra: 21 228 84 50Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74nGNRSesimbra: 21 228 95 10Alfarim: 21 268 88 10Quinta do Conde: 21 210 07 18nPolícia Marítima 21 228 07 78nProtecção Civil (CMS)21 228 05 21nCentros de SaúdeSesimbra: 21 228 96 00Santana: 21 268 92 80Quinta do Conde: 21 211 09 40nHospital Garcia d’Orta - Almada21 294 02 94nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra21 268 73 45nPiquete de Águas (CMS)21 223 23 21 / 93 998 06 24nEDP (avarias)800 50 65 06nSegurança Social (VIA)808 266 266

nServiço de Finanças de Sesimbra212 289 300nNúmero Europeu de Emergência112 (Grátis)nLinha Nacional de Emergência Social144 (Grátis)nSaúde 24 808 24 24 24nIntoxicações - INEM 808 250 143nAssembleia Municipal21 228 85 51nCâmara Municipal de Sesimbra21 228 85 00 (geral)800 22 88 50 (reclamações)nJunta de Freguesia do Castelo21 268 92 10nJunta de Freguesia de Santiago21 228 84 10nJunta de Freguesia da Quinta do Conde21 210 83 70nCTTSesimbra: 21 223 21 69Santana: 21 268 45 74

Contactos uteis

Dezembro, em pleno Inverno, nunca foi bom para a pesca, devido às in-tempéries da época, impedindo os barcos de se fazerem ao mar com tanta frequência o que, excepcionalmente, este mês, os vendavais e as chuvas esqueceram-se de nós… No entanto, neste período, há sempre menos hipó-teses de boas pescarias e os pescado-res e todos que estão ligados às pescas conhecem bem esta circunstância. Por isso houve, neste mês de fim do ano, um abaixamento de produção de peixe e de valores vendidos na lota em todas

as artes.Nos totais gerais pescaram-se me-

nos 680.000 quilos reflectidos nos 600.000 euros nas vendas.

Continuamos aguardando melhores perspectivas nas pescas depois do atraso que temos sofrido nos últimos anos e só agora alguém repara naquilo que aqui sempre temos defendido: Mau aproveitamento dos benefícios que a Natureza dotou este nosso país, pleno de litoral piscatório e de que Sesimbra e a sua zona são um máximo expoente!...

Pedro Filipe

nAnulação de cartões

SIBS (Sociedade Interban-cária de Serviços)808 201 251217 813 080Caixa Geral de Depósitos21 842 24 24707 24 24 24Santander Totta707 21 24 24 21 780 73 64Millennium BCP707 50 24 2491 827 24 24BPI21 720 77 0022 607 22 66Montepio Geral808 20 26 26Banif808 200 200BES707 24 73 65Crédito Agrícola808 20 60 60Banco Popular808 20 16 16Barclays707 30 30 30

Os dados da Pesca descarregada no porto de Sesimbra – que o nosso jornal tem publicado mensalmente, graças à colaboração da Docapesca – revelam que no ano de 2011 se ultrapassaram os 17 milhões de toneladas, num valor que ultrapassou os 21 milhões de euros. Estes números revelam um aumento de 38% em quantidade, e de 8% em valor, face a 2010: um resultado extraordinário para um período de crise.

O único aspecto negativo destes números é o da descida do preço médio do valor de 1,87 euros por quilo em 2010, passou-se para 1,21 €/kg em 2011. A descida de preço verificou-se apenas na pesca artesanal: o preço médio de 3,09 €/kg em 2011, é inferior em 54 cêntimos por quilo: uma diminuição de 15%!

Estes resultados revelam, uma vez mais, aquilo que muitos continuam a não querer ver: a pesca em Sesimbra continua a ser um sector económico fundamental e com potencialidades de crescimento. Mas, como em todos os sectores económicos, é necessário valo-rizar o peixe: as iniciativas contratuais e os investimentos da ArtesanalPesca revelam que existe também em Sesimbra, capacidade empresarial para desenvolver ainda mais a Pesca.

Qual é o sector económico em que Sesimbra é excelente? Será o sector da construção? Não creio que a construção

O Melhor Peixe do Mundoem Sesimbra se possa considerar me-lhor do que noutras zonas de Portugal. Será o Turismo? Também creio que não: por muito qualificado que seja o nosso Turismo, não pode ser apontado, ainda, como uma referência a ser seguida por outros. Será o sector dos Serviços? Também não.

É na Pesca que Sesimbra se destaca: pela antiguidade, pela tradição, pela cultura, pela diversidade de sistemas de pesca, pela especificidade da pesca do aparelho de anzol (espinel). O peixe do anzol é aquele que atinge o mais elevado valor. Enquanto outros vão descobrindo que o peixe português é o melhor do mundo, Sesimbra tem nas suas mãos a possibilidade de se apresentar como a grande produtora do melhor peixe do mundo. É verdade que também outros portos, como Setúbal e Sines, mantêm sistemas de pesca artesanal que trazem para terra algum desse melhor peixe do mundo, mas tratam-se de frotas quase em desaparecimento, que não têm reve-lado capacidade para resistir à concor-rência da pesca industrial, ao contrário de Sesimbra.

Qualquer estratégia económica para Sesimbra colocaria a pesca no centro das atenções, no fulcro da alavanca que impulsionará o futuro da nossa economia. Quem o duvida?

João Augusto Aldeia

Page 3: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 20123

ONDULAÇÕESEduardo Pereira

Na passada terça-feira, dia 20 de Dezembro, realizou-se a reunião or-dinária da Assembleia da Liga dos Amigos de Sesimbra, para eleição dos novos membros do biénio 2012/2013. Não foram muitos os associados presen-tes nesta reunião, o que é de lamentar, mas a sessão foi muito produtiva. Uma autêntica homenagem ao fundador de O Sesimbrense, Abel Gomes Pólvora, ao seu Editor João da Luz e a todos aqueles que, desde 25 de Julho de 1926, foram escrevendo o jornal, o foram paginando, imprimindo e distribuindo.

Aliás, continuo a considerar que a existência da Liga dos Amigos de Sesim-bra, proprietária de O Sesimbrense foi a melhor solução que podíamos encontrar, depois da morte dos fundadores de O Sesimbrense, para garantir uma boa imprensa generalista, num concelho de três ou quatro jornais quinzenais. Mas não quero esquecer que estivemos à beira de perdermos este jornal, que hoje é quase nonagenário. Em Novembro de 1951, um grupo de sesimbrenses elaborou uns Estatutos para uma de-signada Liga dos Amigos do Castelo de Sesimbra que, em minha opinião, não reunia o indispensável consenso da maioria dos sesimbrenses. Mas o grupo foi mais longe e, reunido em assembleia de fundadores, aprovou esses Estatutos e conseguiu que o Governador Civil do Distrito de Setúbal os aprovasse, de forma condicionada.

Desde a primeira hora que se tornou evidente que os estatutos “aprovados” não espelhavam os desejáveis fins que uma Liga de Amigos de Sesimbra deveria procurar atingir, para reunir o maior número de sesimbrenses e de admiradores de Sesimbra na defesa dos interesses culturais, económicos e sociais do concelho de Sesimbra e fazê-lo com a colaboração dos nossos órgãos autárquicos, com o apoio das escolas da região e das associações concelhias.

Os fins que os proponentes se pro-puseram alcançar – propaganda do Castelo e da Vila e dos seus monumen-tos, organizando excursões, coligindo dados históricos, fazendo reviver as antigas indústrias locais de rendas e doçarias – sempre me pareceram pobres e, dificilmente, iriam resistir às críticas e às reacções da grande maioria dos ses-imbrenses. Estes, apelavam a uma Liga mais interventiva, lançando acções con-sertadas com as autarquias, apoiando acções de desenvolvimento económico e social, local e regional, exigindo, no-meadamente, a proibição da pesca do arrasto; a defesa dos interesses

da classe piscatória; a correcção dos clamorosos erros verificados no porto de abrigo de Sesimbra; a de-fesa das nossas praias; a criação do Parque Marítimo de Sesimbra; a cria-ção da Junta Autónoma dos Portos de Setúbal e Sesimbra; a contestação da actividade da Comissão Regional de Turismo da serra da Arrábida que não defendia os interesses de Se-simbra; a satisfação dos gravíssimos problemas habitacionais.

Sempre apelei a outro tipo de inter-venção, bem distinto do que estava a ser avançado pelo grupo dos Amigos do Castelo. À medida que aumentavam as diferenças que separavam os dois tipos de Liga, a mais e a menos intervencionis-ta, uma certa imprensa de direita tomou partido a favor da solução menos inter-vencionista. O aparecimento, na sede do Partido do Progresso, de uma lista de jornais da Região, que incluía os nomes de vários directores, entre os quais se incluía o nome de um ex-colaborador do Sesimbrense, ex-director da Liga e ex-secretário da Comissão Directiva da Liga dos Amigos do Castelo, proprietária do jornal. Esta revelação deu lugar aos protestos de alguns colaboradores de o Sesimbrense, nomeadamente, do José Francisco Graça e Costa e do signatário destas Ondulações, Eduardo Pereira, junto do director do jornal que enviou uma carta-queixa ao Chefe do Estado Maior do COPCON – Comando Opera-cional do Continente. O jornal suspendeu a sua publicação.

Havia-se tornado evidente que se havia passado de uma divergência quanto ao modelo e à forma de actuação das duas Ligas. A que foi aprovada em Novembro de 1951 e a que acabou por ser definitivamente adoptada em Outu-bro de 2005.

Neste patamar de reflexão sobre o passado e o futuro da Liga dos Amigos de Sesimbra e do seu jornal, pareceu-me ser, da maior importância, que as nos-sas ONDULAÇÕES viessem lembrar aos nossos assinantes e leitores, as dificuldades encontradas nos difíceis caminhos que esta Liga teve de trilhar, e aproveitássemos a passada reunião para expressarmos a todos os sesim-brenses, a todos os nossos leitores, a todos os membros dos anteriores órgãos associativos, aos nossos colaboradores a satisfação pela qualidade do caminho que a Liga dos Amigos de Sesimbra já percorreu, pedindo-lhes que continuem com o mesmo espírito de ajuda no preenchimento de algumas lacunas que, ainda hoje, apesar de todo o seu empenho, não conseguiram preencher.

Esta operação decorreu entre as 22 horas do dia 8 e as 04 horas do dia 9 de Janeiro.

Estiveram presentes 130 efetivos, entre GNR, membros da Alfandega, da ACT (Autoridade para as condições de trabalho), DGCI (Direcção Geral de Contribuição e Impostos) e ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica).

Segundo comunicação da GNR, foram detidas 10 pessoas, durante esta operação conjunta das autoridades para a prevenção criminal. Cinco dessas apreensões, resultaram por permanência ilegal em Portugal, por posse de tráfico de estupefacientes, por condução sob o efeito de álcool e por crime de desobediência.

Operação de prevenção criminal 10 pessoas detidas em Sesimbra

A Guarda Nacional Republicana apreendeu ainda droga, nomeada-mente 13,8 gramas de haxixe, 5,7 gramas de canábis e 1,8 gramas de sementes de canábis e elaborou cinco autos de contraordenação por consumo de estupefacientes.

Nesta operação, direcionada para as zonas de Sesimbra e Quinta do Conde, foram cortados os acessos à vila, permitindo uma forte fiscalização sobre os condutores. Resultaram desta operação stop 26 autos de contraorde-nação e 5 de crime.

As autoridades determinaram ainda o encerramento de três estabelecimen-tos (dois na freguesia de Santiago e um na Quinta do Conde), por falta de condições de higiene.

A papelaria de Gracinda Veríssimo Vicente, na rua professor Marques Pól-vora, voltou a ser assaltada, na noite de 24 para 25 de Janeiro: este é já o quarto assalto em poucos meses. De nada valeu a Gracinda ter reforçado a porta com umas barras metálicas: as barras encontravam-se aparafusadas, e depois de partir o vidro, os assaltantes deram-se ao trabalho de desaparafusar três dessas barras, na parte inferior direita da porta, e por ali entraram no estabelecimento, roubando tabaco, perfumes, isqueiros, caixas de rebuçados e chocolates, etc.

Os assaltantes também estenderam a sua acção a um automóvel da vi-zinhança, de onde roubaram uma má-quina fotográfica que se encontrava na bagageira.

Para além da GNR, a Polícia Judiciária esteve no local a recolher indícios que possam ter sido deixados pelos assal-tantes.

Papelaria Gracinda 4º assalto em poucos meses

Page 4: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

4O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2012

Homenagem aos fundadores

A cerimónia iniciou-se com uma homenagem aos funda-dores, que foram: João Henri-ques Cardoso, Sebastião Ale-xandre Rato, Francisco das Dores Batalha, Carlos Nasci-mento Pereira Aldeia, Elisiário Pinto Carapinha, José Manuel

Rascaço Pinto Carambola, António Pereira Anacleto, Jo-aquim Sebastião Encantado Paulo, Emiliano dos Santos Baeta, Armindo José Viegas Vidal, Manuel Eduardo Perei-ra Formiga, e Manuel Flórido Reis Cunha (único fundador que se mantém como sócio da ArtesanalPesca).Manuel José Alves, presi-dente da Artesanal, destacou que “esta homenagem que nós fizemos aos fundadores foi para acender uma chama na pesca, que é isso que nós pretendemos, com a ideia de revigorar a pesca”. Destacou ainda ser necessário “que a História seja História”, e fez um apelo a que a comunica-ção social, nomeadamente a escrita, escreva a história da-quela cooperativa.O presiente da Câmara, Au-gusto Pólvora, dircursou dando ênfase ao facto de ser “uma honra, como Presiden-te da Câmara, mas também como filho e neto de pesca-dores, participar na nesta comemoração.” Saudou os fundadores, “os que deitaram mãos à obra para fundar esta organização de produtores”, e também “todos os pescadores e armadores de Sesimbra que têm vindo a lutar para manter

ArtesanalPesca: a União como a melhor estratégiaA ArtesanalPesca comemorou 25 anos de vida, com uma

“assembleia-geral” no Clube Sesimbrense, no passado dia 27 de Dezembro, onde uma das palavras mais ouvidas foi a de união: “A melhor estratégia é a união, quem quiser individualismo fica pelo caminho”.

Nesta sessão de aniversário, foram homenageados os fundadores, foi feito o historial do recente desenvolvimento da cooperativa e, finalmente, foi apresentado um grande projecto para o futuro: uma nova fábrica de congelação e embalagem, investimento no valor de 3 milhões de euros, que ainda está em fase de avaliação.

Duas coisas há ainda a salientar desta reunião: a presença de pescadores/armadores de vários sectores de pesca de Sesimbra - peixe-espada preto, polvo e sardinha (cerco). Foi também salientado o papel dos funcionários e destacada a importância de “vestir a camisola” da ArtesanalPesca, tendo sido anunciado que a cooperativa os irá compensar pelo desconto extraordinário que o Estado levou em 2011.

esta actividade viva ao longo deste período.”Augusto Pólvora referiu o fac-to curioso de a fundação da ArtesenalPesca ter coincidido com o ano da adesão de Por-tugal às comunidades euro-peias, e aproveitou para fazer o balanço dessa adesão, de-clarando ser hoje “consensual que, no domínio das pescas,

teve consequências muito gravosas para o nosso país, e Sesimbra é um excelente exemplo disso, com o fim do acordo de pescas com Mar-rocos, e mais recentemente com o plano de Ordenamento da Arrábida, com consequên-cias negativas para a peque-na pesca costeira. Podemos referir o número de barcos que têm vindo a ser abatidos, e o número de pescadores que Sesimbra perdeu. Hou-ve de facto um período muito difícil que coincidiu com esta adesão à UE, apesar so opti-mismo inicial.”Salientou a seguir o facto feliz de a própria ArtesanalPesca ter conseguido, em relação ao peixe-espada preto, garantir para os seus associados aqui-lo que seria bom que pudesse ser alargado a outros secto-res da pesca sesimbrense: “Esse foi o seu grande mérito. Reergueram esta casa após um período muito difícil, mas conseguiram juntar todos os armadores do peixe-espada preto em torno do mesmo ob-jectivo, e hoje esta marca Ar-tesanalPesca é conhecida em todo o Páis, é uma referência quanto ao peixe-espada pre-to, mas também no domínio da sustentabilidade”. E ter-

minou fazendo votos para que a a força que a Artesanal tem hoje “seja suficiente para atrair outros sectores da nos-sa pesca, para que tenhamos um futuro mais sustentável para as nossas pescas e tam-bém um rendimento mais sig-nificativo para os nossos pes-cadores. Acredito na pesca, acredito em projectos como o da ArtesanalPesca, e acredito que Sesimbra vai continuar a ser uma referência a nível da pesca nacional.”Carlos Macedo, funcionário da empresa, fez o historial mais recente da organização, nomeadamente desde 2005, ano em que processava al-gum filete, comercializava algum gelo, e era consecio-nária de um posto de com-bustívelm e tinha ainda um aluguer operacional de cerca de metade das suas insta-lações a uma empresa da grande distribuição alimentar [a Makro]; era já então uma empresa saudável: “Mas a ArtesanalPesca tinha mais do que isso: tinha uma visão e uma estratégia: o objectivo de organizar os vários ar-madores, protegendo-os da aleatoriedade do mercado, para que pudesse discutir em igualdade de circunstâncias a comercialização do seu pei-xe. Para isso era necessária a união dos armadores. Isso concretizou-se em 2006 com a adesão à ArtesanalPesca da totalidade dos barcos do peixe-espada preto.” No corrente ano, disse Car-los Macedo, “transionaremos mais de 14 milhões de eu-ros, sendo, com os seus 52 trabalhadores, a maior coo-perativa de pesca do Pais”. Frisou também a importância da união: essencial para uma estratégia de sucesso: Carlos Macedo fez ainda al-gumas homenagens espe-ciais: ao funcionário da coo-perativa, Martins, porque “tem servindo sempre de suporte aos membros da Direcção, e também pela sua história en-quanto homem do mar e pe-las amarguras que os últimos anos de armador lhe trouxe-ram”.Homenageou Manuel José Al-ves, que considerou o “fiel da balança da ArtesanalPesca, o ponto de equilibrio no con-

tacto entre todos, figura res-peitada por todos e por todos ouvida com atenção; homem justo e sério. o melhor presi-dente que a ArtesanalPesca poderia ter tido”.Destacou depois o “coração da ArtesanalPesca”: Manuel José Pólvora, também co-nhecido como ‘Salta à Vara’ “foi dos seus impulsos, da sua acção, que esta coope-rativa foi evoluindo; e bora ninguém faça tudo sozinho, ele é o ideólogo da coopera-tiva”. E acrescentou: “Se não for hoje o dia em que ele seja reconhecido pelos seus pa-res, não sei qual poderá ser”, arrancando uma grande salva de palmas da sala.Por fim, Carlos Macedo ho-menageou o homem “respon-sável pela minha entrada na Artesanal, pelos valores que me ensinou, e que é, para mim, o primeiro de todos os pescadores: Carlos Fernando Macedo, meu pai.”Deixou ainda um desejo para

2012: “Que houvesse um re-torno ao mar, que mais ho-mens e mulheres venham para o mar, pois falta de mão-de-obra na pesca.”Falou por fim Manuel José Polvora, dizendo que esta era “uma assembleia espe-cial, porque foram recordados os fundadores, mas queria também que fosse uma as-sembleia para expor algumas ideias para o futuro”.Relebrou um momento crucial da vida da cooperativa, quan-

do, perante as dificuldades e algum impasse, se ofereceu para entrar com dinheiro seu, dizendo que queria ficar com 51% do capital, garantindo que faria andar a coopera-tiva. Recordou também que outro armador, Paulo José, se ofereceu para o acompanhar nesse gesto, o que ajudou a dar o pontapé de saída para a nova fase da empresa, à qual acabaram por aderir 20 sócios. Nessa altura hou-ve que tivesse dito que este gesto estava a transformar a Artesanal numa empresa dos armadores “ricos”, mas a rea-lidade veio a provar que não foi assim.Manuel José Pólvora falou finalmente no projecto de construção da nova fábrica, dizendo que andam há 9 me-ses a estudar o projecto, mas que a evolução mais recente do mercado, nomeadamen-te alguma desvalorização da sardinha, justifica que conti-nue essa avaliação, voltando

a destacar a necessidade de união entre todos os pesca-dores. Acrescentou: “Não sou homem para atirar a toalha para o chão”, e que para um investimento de 3 milhões anos, não se pode “andar com guerras.”Terminou com uma home-nagem aos trabalhadores da cooperativa, anunciando finalmente a oferta de 12 mil euros “para compensar o or-denado que o Estado levou”.

J. A. Aldeia

Projecto da nova fábrica

Page 5: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 20125

Paula Palmeirim realizou recentemente, na Biblioteca de Sesimbra, uma exposição de peças artísticas concebidas a partir de vulgares conchas e pedras que se encontram na praia. Não se trata, no entanto, de simples artesanato, nem as conchas ou pedras que utiliza são especialmente perfeitas: podem ser simples pedaços de conchas partidas ou humildes conchas de conquilhas. No entanto, combinando tudo isso, Paula Palmeirim cria formas artísticas invulgares, tais como uma baleia, um abacaxi, um moinho de vento, mas também flores.

Sobre o facto das conchas que utiliza não serem neces-sariamente bonitas, a criadora diz-nos: “Levei anos a procurar a pedra perfeita, a concha perfeita, e depois, num dia de vendaval, cheguei à praia e vi muitas conchas partidas, o que me deu muita pena, e então comecei a ver que, no fundo, não havia conchas per-feitas, nem pedras perfeitas: a perfeição está dentro de nós, nós é que temos o poder de transformar as coisas e dar-lhes a perfeição.” Paula Palmeirim

Paula Palmeirim: A perfeição está dentro de cada um

de nósconclui que “Tudo o que há na Natureza é tão importan-te, mas vêem-se pessoas à procura da concha perfeita

e a deitar fora as que estão partidas, e isso entristecia-me. A minha ideia inicial foi juntar tudo e transformar em flores.” E acrescenta: “A minha ideia é mostrar que nós conseguimos

transformar as coisas, que está na nossa mão o poder de trans-formar e fazer algo perfeito.”

As peças também não se repetem: “É porque eu detesto a rotina e detesto repetir o que já foi feito. Procuro transformar, fazer coisas que não têm nada a ver com as formas originais. Uso coisas a que ninguém liga, porque já estão partidas, mas como para mim são belas, tento transformá-las em coisas boni-tas, e não sou capaz de fazer duas iguais.”

Recolhe as conchas e pedras da praia de Sesimbra, da Arrábi-da, e também algumas pedras de Porto Covo: “Vou correndo a costa, porque me fascina ver estas coisas, a minha vida é sempre de roda da praia.”

Obras de arte inesperadas, que inicialmente eram concebi-das apenas para uso pessoal, para decoração da sua casa. Mas há dois anos, por influên-cia de amigos, fez a primeira exposição, num espaço semi-público – o Parque do Cabedal – sendo esta última exposição, na Biblioteca de Sesimbra, a segunda que realiza. E termina agradecendo à Câmara Munici-pal de Sesimbra e à Biblioteca.

Após a iniciativa do Concer-to Solidário de Natal, realizado no dia 10 de Dezembro, o Ro-tary Club de Sesimbra, “meteu mãos à obra” e organizou um peditório, no Pingo Doce de Santana, nos dias 17 e 18 de Dezembro, com vista a anga-riação de bens alimentares a distribuir junto dos mais caren-ciados na iniciativa “Cabazes de Natal”. Com o aumento de pedidos de ajuda, o Rotary entregou trinta e três cabazes,

mais cinco que no ano anterior, e ainda doou al-guns bens às Ir-mãs em Calhariz. “No balanço final, constatámos que havia, ainda assim, um excedente de massas, que não tínhamos conseguido escoar. Assim, lembrámo-nos de realizar um almoço solidário onde as massas fossem utilizadas”, concluiu Irene Alho.

Foi então que no passado

dia 7 de Janeiro, o Rotary Club de Sesimbra em colaboração com o Rotaract e com o apoio dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, na cedência do espaço, do Talho Valada, da Pastelaria O Forninho e de al-guns voluntários, juntou perto de meia centena de pessoas,

num Almoço Solidário de Dia de Reis.

Segundo Irene Alho, o Ro-tary Club de Sesimbra, em colaboração com o Rota-ract, deseja realizar um novo peditório e almoço social em Abril, no âmbito das celebra-ções da Páscoa.

Rotary Club de Sesimbra

2011 2012

Utentes - 65 Utentes +65

CONSULTAS

Consulta de medicina geral e familiar ou outra consulta médica que não a de especialidade

2,25 € 1,13 € * 5,00 €

Consulta de enfermagem ou de outros profissionais de saúde realizada no âmbito dos cuidados de saúde primários

- - 4,00 €

Consulta de enfermagem ou de outros profissionais de saúde realizada no âmbito hospitalar

- - 5,00 €

Consulta de especialidade 4,60 € 2,30 € 7,50 €

Consulta no domicílio 6,00 € 3,00 € * 10,00 €

Consulta médica sem a presença do utente 2,25 € 1,13 € * 3,00 €

ATENDIMENTO EM URGÊNCIA (a)

Serviço de Urgência Polivalente (num hospital onde há articulação entre várias urgências, como pediatria, obstetrícia)

9,60 € 4,80 € 20,00 €

Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica 8,60 € 4,30 € 17,50 €

Serviço de Urgência Básica 8,60 € 4,30 € 15,00 €

Serviço de atendimento permanente ou prolongado (SAP)

3,80 € 1,90 € * 10,00 €

SESSÃO DE HOSPITAL DE DIA (b) - - -

EXEMPLOS DE SERVIÇOS E TÉCNICAS GERAIS (c)

Injecção por via subcutânea - - 0,90 €

Penso simples - - 1,50 €

Extracção de pontos, incluindo penso simples

- - 1,80 €

Avaliação de tensão arterial - - 0,80 €

Lavagem auricular - - 1,40 €

SOSNDesde o dia 1 de Janeiro que

estão a ser praticadas as novas taxas moderadoras, no Serviço Nacional de Saúde. Apesar da especificidade da nova tabela, os utentes da Unidade de Cui-dados de Saúde Personaliza-

Aumenta taxas moderadoras

dos (UCSP) de Sesimbra e da Quinta do Conde, do Serviço de Atendimento Prolongado (SAP) de Sesimbra e da Unidade de Saúde Familiar (USF) do Castelo ainda não poderão beneficiar de todos os serviços nela constante.

(*) Valores já aplicados nas unidades UCSP de Sesimbra e da Quinta do Conde, SAP de Sesimbra e USF do Castelo.(a) O valor total a pagar pela consulta, vários exames e tratamentos não pode ultrapassar 50 euros.(b) O valor total a pagar pela consulta, vários exames e tratamentos não pode ultrapassar 25 euros.(c) Apenas são pagos se realizados fora do âmbito de uma consulta, de atendi-mento em urgência, de outro exame ou tratamento alvo do pagamento de taxa moderadora.

Isenção por insuficiência económica

O novo modelo de taxas moderadoras entrou em vigor a 1 de Janeiro, no entanto até 15 de Abril de 2012, presumem-se isentos do pagamento de taxas moderadoras, os utentes que se encontravam registados como isentos, no Registo Nacional de Utentes (RNU) a 31 de Dezem-bro de 2011. Para confirmar esta situação de isenção ou regularizar deve ser apresen-tado meio de comprovação até 31 de Março de 2012.

Até 29 de Fevereiro de 2012, os utentes isentos a 31 de Dezembro de 2011, serão infor-mados pelos serviços do Minis-tério da Saúde, quanto à sua situação de isenção por motivos de insuficiência económica. Assim, se até 29 de Fevereiro beneficiou desta isenção e se por cálculo em 2012 não houver direito a continuidade, terá que restituir o valor beneficiado nos dois primeiros meses do ano.

Estão isentos do paga-mento de taxas moderadoras os utentes que integrem um agregado familiar cujo ren-dimento médio mensal, divi-dido pelo número de pessoas a quem cabe a direcção do agregado familiar, seja igual ou inferior a 628,83 euros. Para obter o reconhecimento da situação de insuficiência económica, poderá solicitar apoio nos centros de saúde da sua área de residência ou outros locais indicados por estes. Para tal, deverá fazer-se acompanhar do cartão do cidadão ou cartão de utente, do cartão de identificação fiscal e do cartão de identificação da segurança social.

Para esclarecimentos adicio-nais, poderá contactar os cen-tros de saúde da sua residência ou a linha saúde 24 (808 24 24 24).

organiza projectos solidários

Esta foi a expressão mais utilizada por alguns utentes, da UCSP e SAP de Sesimbra, quando questionados pelo au-mento das taxas moderadoras. Justificam que se por um lado o quadro recessivo da economia portuguesa, os sucessivos aumentos e o empobrecimento da população são um obstá-culo ao recurso às unidades públicas de saúde, por outro o sucessivo abuso na corrida às isenções e as excessivas marcações de consulta fazem com que o sistema funcione debilmente.

Recorde-se que de acordo com o relatório do Observatório Europeu dos Sistemas e Políti-cas de Saúde, Portugal era, já em 2007, um dos países da Europa onde os consumidores mais pagavam do seu bolso pelo acesso à Saúde.

Jovita Lopes

“Não concordo, mas …”

Page 6: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

6O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2012

Convicto sesimbrense, embora com carreira profis-sional longe da “Piscosa”, desde 1943, faleceu em 28/XII este nosso Amigo e leitor assíduo, sempre saudoso da sua terra natal. Vivia com seu Filho, Henrique Manuel, na Costa da Caparica e não fal-tava às festividades do Senhor Jesus das Chagas, ano após ano. Tinha 90 anos e uma boa memória de tempos idos.

Habitante da típica Rua da Fé, começou a trabalhar muito jovem e a dois passos da residência – na oficina tipográfica dos Irmãos Ramada, até ir para Lisboa, terminando depois uma longa e meritória actividade como bancário.

Ainda tinha por Sesimbra bons amigos como os irmãos Filipe, António Reis Marques e João Ramada Filho, além de mim próprio, seu compadre e compa-nheiro de boas memórias.

À família enlutada as nossas sentidas condolên-cias.

D. S.

Faleceu Artur Farinha Chagas

(1921 – 2011)

No passado dia 18 de Dezembro a Liga dos Com-batentes levou a cabo o habitual almoço de Natal, que contou a com a presença do presidente da Câmara, Au-gusto Pólvora, e do pároco de Santiago, Manuel Silva.

Neste convívio, que teve lugar no restaurante “Se-

Já se iniciaram as obras de montagem do novo sistema energético no Complexo Desportivo Piscina e Sala de Desporto, de acordo com a candidatura apresentada e aprovada no âmbito do Programa POR Lisboa. Este investimento tem como objectivo a utilização racional de energia e a eficiência ener-gético-ambiental no Grupo Desportivo de Sesimbra contemplando a promoção de medidas de melhoria do desempenho energético-ambiental, abrangendo, designadamente, a instalação de painéis solares e de uma caldeira de biomassa

Para além da melhoria ambiental, esta obra é essencial para a diminuição da factura de energia do Clube, a qual constitui um dos maiores encargos financeiros.

O Investimento Elegível é € 119 mil euros, sendo o co-financiamento do POR Lisboa de 50% deste valor. A Câmara Municipal de Sesimbra, ao abrigo da assinatura de um contrato desportivo com o GDS, também apoia esta obra.

GDS iniciou importante investimento energético

Liga dos Combatentes realiza homenagens em almoço festivo

rafim”, foi prestada homenagem aos sócios daquela Liga, os ex-combatentes Manuel Cascais Gaboleiro, António Rodrigues Dias Machado e Luís Fernando de Oliveira Santos, tendo-lhe sido ofertado um diploma e uma medalha da Liga.

Page 7: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 20127

Page 8: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

8O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2012

TamarinasAo contrário do que tem sido

divulgado recentemente, as Tamarinas não foram criadas por José Embaixador, embora a venda das “fatias do Zé Tu-cha” – uma variante daquele bolo – durante décadas, na praia de Sesimbra, tenha contribuido muito para a sua divulgação e popularidade. É um bolo que ainda se encontra nas pastelarias de Sesimbra, e cuja marca Carolina Roque, com estabelecimento na Al-moinha, registou oficialmente em 2002.

Mas as Tamarinas foram criadas por Angeolila Zegre Pinto, para serem vendidas na pastelaria que tinha, com o seu marido Jeremias Pinto, na rua Cândido dos Reis, frente à farmácia. Era a pastelaria “Tá Mar”, e foi este nome que deu origem à designação das Ta-marinas – embora a casa fosse mais conhecida pelo nome do seu marido.

Na sua casa da rua da Fé, Angeolila Pinto, prestes a completar 96 anos, revelou-nos a receita original. Sabe que as suas Tamarinas eram diferentes das que se fazem actualmente – até porque eram bastante mais baixinhas, sinal de que teriam menos fermento – mas não consegue comparar sabores, pois nunca provou das outras: “Nem me apetece. Fiz tanto cento, que não me apetece!”

O local exacto em que as Tamarinas foram concebidas, e confeccionadas durante anos, não foi, no entanto, na pastelaria Tá Mar, mas sim na cozinha de outro estabele-cimento do senhor Jeremias, uma taberna na rua do Poço. Foi na cozinha desta casa, e com forno a lenha, que Angeo-lila desenvolveu as Tamarinas, até que fecharam a casa e fica-ram apenas com a pastelaria. Angeolila Pinto não se recorda do ano exacto em que inventou este bolo: era nova, teria entre 20 a 30 anos, por isso seria por volta de 1940 – e também não hesitou em revelar-nos a receita, que reproduzimos nesta página.

Mimos de SesimbraEm Fevereiro de 1964 a Pa-

nificadora Sesimbrense – uma associação de diversas pada-rias do Concelho, popularmen-te conhecida como “Fusão”

Doçaria sesimbrenseA doçaria de Sesimbra vai, a pouco e pouco, recuperando as suas receitas originais e o seu his-

torial, embora nem sempre com o rigor que um património desta importância justificaria. Tamarinas, Zimbros, Mimos, Especiones, Farinha Torrada... mais ou menos antigas, mais ou menos originais, a pouco e pouco vão-se reconstituindo as receitas e as narrativas que as acompanham – motivo pelo qual o nosso jornal resolveu fazer o tratamento jornalístico desta realidade.

– anunciava n’O Sesimbrense que ia lançar uma “especiali-dade de pastelaria única”, e prometia um prémio de 500$00 para quem indicasse “motivo local para embelezamento da embalagem” e respectivo “nome, com características locais.” O prémio viria a ser ganho por Lucinda Casimiro Reis (“Come-Figos”), com o nome “Mimos de Sesimbra”.

O ponto de venda deste novo bolo era a Pastelaria Onda, que a Panificadora tinha aberto na Avenida, e que se tornou num local emblemático da vila, com o seu balcão em forma de ferradura. As pertur-bações económicas e sociais que ocorreram após o 25 de Abril de 1974 determinaram o fim da Panificadora – foi das poucas empresas que se sabe terem recorrido a um emprés-timo da famosa Dona Branca, a “Banqueira do Povo”, sinal já das suas dificuldades financei-ras – e também da Onda. No mesmo local encontra-se hoje a pastelaria O Caseiro, pro-priedade de Dinis Diogo há 19 anos, que continua a vender os Mimos, ou Miminhos, um com-pacto doce de ovos, amêndoa e farinha, embora tenha tam-bém uma variante com côco, actualmente confeccionados pelo pasteleiro André.

EspecionesQuando se formou a Liga

dos Amigos do Castelo de Sesimbra, em 1951, nos seus estatutos ficou exarado o objectivo de reavivar antigos produtos tradicionais de Se-simbra, e um dos exemplos re-feridos foi o dos “Especiones”, uns bolinhos que se usavam, por exemplo, para acompa-

nhar o chá. A ideia original era do historiador sesimbrense Joaquim Rumina, embora não tenha deixado qualquer refe-rência sobre qualquer ligação especial de Sesimbra a este bolo, e o certo é que ele apa-rece referido em outras partes do País, sendo conhecida uma referência datada de 1813. Mas a pastelaria Jeremias tinha a respectiva receita, que reproduzimos nesta página.

ZimbrosOs Zimbros foram criados

por Ana da Conceição Batista. Vendidos durante muitos anos no Café Coelho, acabaram por ter grande sucesso e tornar-se no doce de Sesimbra mais conhecido. A marca Zimbros e o respectivo logotipo, de-senhado por João Baptista Gouveia, foram oficialmente registados por descendentes da criadora, que ainda os hoje os fabricam. Actualmente po-dem ser encontrados à venda, por exemplo, na loja SSB, no Largo da Marinha.

BarquinhosO Café Coelho, mais conhe-

cido por “Chico da Cooperati-va”, propriedade de Francisco M. Coelho, estava localizado frente ao largo das camionetas de carreira, actualmente desig-nado como largo do MFA, no lado sul da Igreja de Santiago. Era ali que se vendiam os Zim-bros, mas o café também tinha uma especialidade própria, de nome Barquinhos, cuja receita nos foi facultada por Amílcar Coelho, filho do proprietário e que também trabalhava nesse café.

A localização do Café Coe-lho era estratégica para que

Carolina Roque, embora não sendo originária de Sesimbra, veio para cá muito nova. Em 1997 tomou conta do antigo café do António do Casal, na Almoinha – estabelecimento a que deu o nome de “Café do Casal”. No ano seguinte co-meçou a fazer as Tamarinas, a conselho de uma cliente, bolo que se juntou a outros doces que já confeccionava.

Inicialmente, ela própria não aceitava a ideia de que a Ta-marina pudesse ser considera-da como “doce tradicional de Sesimbra” - pois “não conhecia coqueiros em Sesimbra”. Mas soube depois que bastam 30 anos de antiguidade para que um produto possa ser clas-sificado como “tradicional”. Fez então o registo oficial das

TamarinasIngredientes: 250 g de açúcar; 4 ovos; 125 g de farinha,

com uma colherzinha de pó Royal (fermento)

Batem-se as gemas dos ovos com açúcar. Batem-se as claras em castelo, à parte. Misturam-se depois as gemas e as claras, aos bocados, mexendo, mas sem se bater, para não “partir” as claras. Deita-se depois a farinha, com o pó Royal. Metem-se no tabuleiro e vai ao forno.

Faz-se um creme com leite e farinha Maizena, e com açúcar a gosto, e ainda uma ou duas gemas de ovo, e uma casquinha de limão. Abre-se a Tamarina ao meio, barra-se o interior com o creme, bem como a frente.

RECEITAS

EspecionesIngredientes: 250 gramas de farinha de trigo; 250 gramas

de açúcar refinado; 3 ovos completos; 2 pitadas de canela em pó; meia colher de chá de fermento em pó; raspa de casca de limão.

Batem-se os ovos e o açúcar com uma colher de pau, dentro de um alguidar. Batem-se o mais que se puder para engrossar e por fim correrem em fio da colher. Quando esta se levantar deita-se-lhe a canela, a casca de limão ralada, e por fim a farinha peneirada com fermento. Logo que se come-ce a deitar a farinha, principia-se imediatamente a amassar o pão, para enxugar a massa. Tendem-se os bolinhos que vão a cozer, em forno esperto, dentro de um tabuleiro untado com banha pura. Crescem muito.

(Receita originalmente fornecida pela pastelaria Tá Mar, de Jeremias Pinto, e facultada por António Reis Marques)

BarquinhosIngredientes: 250 g.

de açúcar; 75 g. de man-teiga; 100 g. de farinha; 2,5 dl. de leite; 2 ovos.

Mistura-se o açúcar com os ovos, e a seguir, a manteiga derretida, depois a farinha. Depois de tudo bem misturado, adiciona-se o leite. Deita-se tudo em forminhas semelhantes a barcos, previamente untadas com manteiga, e leva-se ao forno em lume brando.

os doces regionais fossem adquiridos, ou por quem che-gava à vila, ou por quem partia e os levava como recordação e para oferta. Próximo do café encontravam-se os estabe-lecimentos da casa Jonas, igualmente muito concorridos, pelo que aquela zona da vila era sempre muito movimenta-

da. A mundança das carreiras para a Avenida da Liberdade e o encerramento dos esta-belecimentos da casa Jonas retiraram muita da clientela ao “Chico da Cooperativa”, e o café acabou por fechar portas, e os Barquinhos desa-pareceram juntamente com o emblemático café.

Carolina Roque: manter a tradiçãoTamarinas – não se trata do registo da receita ou do pro-cesso de fabrico, mas apenas da designação: “Tamarinas de Sesimbra - doçaria regional de Sesimbra”.

A ideia de fazer este registo não se destina a restringir a confecção por outras pessoas, mas sim para potenciar uma maior divulgação do produto, com uma embalagem própria e correspondente promoção, investimento que, contudo, ainda não se aventurou a fazer.

Carolina Roque também julgava que as Tamarinas eram uma criação de José Embaixador, e utiliza uma receita que lhe foi dada pela família do popular “Zé Tucha”. A divulgação do bolo na revista

Sesimbra’Acontece teve como efeito um grande aumento da procura no seu café: “Às vezes vejo-me aflita para fazer as Tamarinas para os clientes. Te-

nho também encomendas para a Tamarina inteira, tal como sai do forno, no tabuleiro, para ser utilizada como bolo de aniversário.”

Mimos de amêndoa e coco

Page 9: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 20129

Fotógrafos de Sesimbra (IX)

Valdemar CapítuloValdemar Embaixador Covas Capí-

tulo nasceu em Sesimbra em Janeiro de 1950. A primeira profissão que teve foi a de mecânico, mas o contacto com um fotógrafo de Lisboa viria a dirigi-lo para essa carreira. Com apenas 19 anos começou a trabalhar para o fotógrafo Cabecinha (revelando rolos) e para diversos estabelecimentos de Sesimbra onde as pessoas entregavam rolos; “andava de porta em porta, todos dias ia buscar”.

A primeira máquina fotográfica que comprou, em segunda mão, custou-lhe 300 contos: “uma fortuna, nessa altura”. Abriu a sua primeira loja em 1974, quando Idaleciano Cabecinha lhe trespassou o estabelecimento do Largo da Marinha; mais tarde ficou também com a casa fotográfica de Américo Ri-beiro, na rua Cândido dos Reis. Estes trespasses permitiram-lhe ficar com o espólio dos dois fotógrafos, que tem vindo a divulgar desde então, ao mes-mo tempo que o ofereceu â Câmara

Municipal. Mais tarde estabelecer-se-ia na rua da República, onde continua a sua actividade de fotógrafo.

As reportagens e os casamentos dominaram a sua actividade durante muitos anos, e tornou-se praticamente no fotógrafo oficial do Carnaval, espe-cialmente no período nocturno, com presença garantida no largo frente ao Clube Sesimbrense, onde todos se dirigem para a “foto da praxe”.

À semelhança dos fotógrafos que o antecederam, ao longo dos anos foi acumulando uma extensa “memória” fotográfica de Sesimbra, da qual apresentamos apenas uma simples amostra: concurso de “Misses”, engar-rafamento na rua Cândido dos Reis, manifestação pelo regresso dos sol-dados, Fernando Tordo numa actuação expontânea no Hotel Espadarte, desfile do Partido Socialista com Mário Soares, comício com Álvaro Cunhal, hospital da Misericórdia e ensaio de fadistas antes duma actuação.

Page 10: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

10O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2011

Com 16 votos a favor (da CDU e do PSD), 6 abstenções (do PS) e um voto contra (do BE), a Assembleia Municipal de Sesimbra aprovou o Orçamento Municipal para 2012, documento ao qual já fizéra-mos referência na nossa anterior edição.

O principal foco de discussão sobre estes documentos centrou-se no valor do Orçamento: 68 milhões de euros, superior ao Orçamento do ano anterior em 10 milhões, e não apenas 3, como er-radamente escrevemos na nossa anterior edição, induzidos em erro pela introdução ao documento elaborado pela Câmara.

À semelhança de discussão de anos anteriores, a oposição considerou que as previsões de receitas não eram realistas, nomeadamente nas previsões para venda de terrenos, um empolamento de valores que terá como consequência o aumento do endividamento municipal. O presidente da Câmara, Augusto Pólvora, respondeu a estas críticas, garantindo que a maior parte das receitas são mesmo para co-brar, e que se em algum caso não se atin-girem as previsões, as despesas também serão reduzidas de forma equivalente.

O Orçamento do “Combóio”O elevado valor do Orçamento fica a

dever-se, em grande medida, a obras financiadas pelos fundos comunitários, e que arrancarão em 2012: Fortaleza de Santiago, Largo de Marinha e Marginal poente, etc. Mais uma vez Augusto Pól-vora usou a metáfora de que os fundos comunitários (QREN) eram um “comboio” que a Câmara tinha de “apanhar”, pois pode não voltar a “passar”. Além disso, como são obras financiadas e com empréstimo, “se não fizéssemos obra nenhuma, poupávamos apenas 1 milhão

Assembleia Municipal aprovou Orçamento e Plano para 2012

de euros.” O PS considerou que, em termos do QREN, “o passo que foi dado foi demasiadamente arriscado”, e que o combóio referido pelo presidente “passou de facto por aqui, mas era um TGV, e nós não temos velocidade para isso.”

Outras obras que recaem em 2012 são as de construção de casa no Bairro Infante D. Henrique e no loteamento municipal da Cotovia, e o saneamento do Castelo.

O tema do aumento da dívida munici-pal, e o seu impacto na economia global, foi igualmente debatido, sobretudo pelo PS, dizendo ter notícias de que já há empresas a recusar as encomendas que a camara lhe faz.

Aumentos de tarifasOutro ponto que gerou aceso debate

foi o dos aumentos das tarifas de água e da recolha do lixo. A oposição mais forte veio de Carlos Macedo, do Bloco de Esquerda, que afirmou estar o “Executivo social-comunista-democrata”, a “misturar água e azeite”, pois estava a aplicar em Sesimbra a mesma “receita” da troika

O PS considerou que se travam de “aumentos severos, com forte impacto nos rendimentos das famílias mais ca-renciadas - 22 a 23% em termos médios de aumento da facturação conjunta, se-gundo previsões da própria Câmara”, e acrescentou que, havendo necessidade de aumentar tarifas, “o ano 2012 é o pior para fazer isso.”

A CDU rebateu as objecções da opo-sição, dizendo que “seria um erro aban-donar este projecto de desenvolvimento para o concelho. Reconhecendo ter também preocupação com a dívida e com o aumento das tarifas, referiram que “são serviços deficitários e que as receitas

terão de se aproximar dos custos; isso não foi feito até aqui porque a Câmara podia desviar outras verbas para este fim, mas agora não o pode fazer.”

Augusto Pólvora considerou que ti-nha havido “coragem no agravamento dos tarifários”, e perguntou aos críticos: “gostaria que me explicassem como se consegue esse milagre de diminuir a divida sem aumentar as receitas que dependem da camara?” Reconheceu que tinham sido “opções dolorosas”, por não ser fácil, num ano como este, estar a agravar as despesas das famílias, mas qual é a alternativa?” Acrescentou que o objectivo da Câmara “não é obter lucros, mas aproximar-se do equilíbrio financeiro no sector da água”, apontando para uma cobertura das despesas, de 60 % no lixo e 80% nos esgotos: “Portanto, vai continuar a haver défice nestes serviços municipais, e para mais com o agravamento da factu-ra da electricidade.”

Questões sociaisO impacto do orçamento na vida das

pessoas foi objecto de várias interven-ções, com o BE a indignar-se com o baixo valor atribuído a despesas sociais: “para este fim o orçamento disponibiliza, pasme-se, 640 mil euros para Acção Social, mais ou menos o mesmo valor do ano passado!”

A esta acusação respondeu a CDU que a Câmara “não é imune às dificuldades, e não é de animo leve que pede um esforço aos munícipes”, e consideraram demagógica a acusação do BE, pois para além da verba inscrita no Orçamento, o que a Câmara “investe na acção social não é diminuto, pois inclui também as despesas com as escolas, os transportes, e até a logística municipal é também muito importante.”

Augusto Pólvora reforçou esta ideia, afirmando que “o orçamento da habitação aumentou 6 vezes; e as escolas também são acção social: 40% dos alunos não pagam refeições.” E questionou Carlos Macedo, sobre se o BE “defende o modelo da caridadezinha?”

DívidasO PS insistiu com a Câmara sobre qual

era o seu objectivo, em 2012, em termos de redução da dívida de curto prazo, tendo Manuel José Pereira adiantado que uma redução para 10 milhões de euros seria razoável. Lobo da Silva, do PSD, também colocou a mesma pergunta ao presidente da Câmara. Augusto Pólvora, no entanto, não se comprometeu com qualquer valor,

dizendo apenas que o objectivo seria o de “reduzir a dívida” em 2012.

Igualmente focado foi o valor de dívidas de munícipes à Câmara, que ao longo dos anos foram atingindo valores considerá-veis – à volta de 5 milhões de euros - e dos quais a Câmara prevê reaver em 2012 cerca de 1 milhão e meio de euros.

AmbienteCarlos Macedo, do BE, foi o único

deputado municipal a referir-se ao planos para a Mata de Sesimbra (zonas norte e sul), afirmando que a Câmara pretende contrariar os pareceres da CCDR e do es-tudo de impacto ambiental, considerando que a defesa que a Câmara fazia da sua “política sustentada de urbanismo” era “ri-sível e anedótica”. E concluiu que, através dos documentos em votação, “a Câmara nada faz para lançar um desenvolvimento sustentado do concelho de Sesimbra.”

Em resposta, Augusto Pólvora disse que lhe “custava qualificar a intervenção do BE, cheia de meias verdades, ou mes-mo mentiras”, fazendo, nomeadamente, uma “leitura abusiva do parecer da CCDR” sobre a Mata de Sesimbra. E questionou Carlos Macedo: “Será que o modelo de desenvolvimento do BE é ter as ruas e largos esburacados da Quinta do Conde esburacadas?”

Governos Civis : poucas competências transferidas para as CâmarasLegislação publicada em Janeiro transfere para diversas entidades as competências antes atribuídas aos Governadores Civis. Poucas são as que passam para as autarquias: a maioria passa para organismos da administração central, num sentido centralizador que revela bem com o País mudou muito de objectivos no decurso dos últimos meses.As Câmaras passam a lidar com a realização de “realização de reuniões, comícios, manifestações ou desfiles em lugares públicos ou abertos ao público”, e também ficam com a res-ponsabilidade “procurar assegurar a cedência do uso para os fins da cam-panha eleitoral de edifícios públicos e recintos pertencentes ao Estado e outras pessoas colectivas de direito público, repartindo com igualdade a sua utilização pelos concorrentes.”Nos casos de calamidades públi-cas, os presidentes de câmaras municipais deverão indicar quais os “estabelecimentos afectados“, e são igualmente considerados compe-tentes ”para declarar a situação de alerta de âmbito municipal.”

Obras na Casa do Bispo

Page 11: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2012 11

O “selvagem” de Sesimbra

Mas, ainda antes de embar-car, já o jovem sesimbrense sentira a desumanidade da instituição militar face a cada um dos indivíduos: “Certa vez, quando cheguei a Tavira, vindo das Calda das Rainha, às 5 da manha, quando lêem o meu nome e terra, “Joa-quim Manuel da Silva Penim, Sesimbra”, ouvi um tenente dizer para um alferes: “Olha,

Joaquim Penim recorda que sempre fez parte da cultura familiar um senti-mento de desconfiança à autoridade fardada, com origem no episódio ocorri-do em 11 de Abril de 1900, onde um destacamento militar disparou sobre pes-cadores de Sesimbra em greve, mas que se encon-travam pacificamente sen-tados na praia, tentando impedir que fura-greves levassem as barcas para o mar.

Um dos mortos foi o seu bisavô, Hermano Faria. “A minha avó, então uma miúda, viu o pai ser fuzila-do na praia, assistiu lá de cima do “Álvaro Tanoeiro”, e incutiu sempre nos nos-sos espíritos uma revolta muito grande em relação ao foro militar, ao poder institucionalizado. Houve também o facto da minha mãe ter ido à Câmara, por indicação da professora, pedir uma bolsa de estudo, e o presidente da camara da altura correu com ela dizendo: «desde quando é que uma filha dum pes-cador e neta de um revo-

Resistência à autoridade fardada

lucionário queria estudar à conta do Estado?». Isso marcou-a de tal maneira que ela nunca voltou a entrar na Câmara, nem para ir ver o meu irmão [Amadeu Penim, que foi presidente de Câmara], só para não voltar a subir as escadas que tinha descido a chorar.”

Joaquim Penim foi, até ao momento, o único Sesimb-rense que escreveu as suas memórias de guerra. O livro “No Planalto dos Macondes”, uma edição de autor de Maio de 2004, começou por ser apenas um texto cujo único ob-jectivo era o de deixar para os seus descendentes a memória da sua participação na guerra: “fiz o livro para contar aos meus filhos como é que eu vivi a guerra, e de algum modo fazer isso extensivo aos que estiveram comigo na minha Companhia. A minha família sempre enalteceu o facto de eu ter feito a guerra com muita dignidade.”

Depois, foi a insistência de amigos que o levou a publicar as memórias em livro, o que acabou também por ser uma surpresa para os seus antigos camaradas de armas: “Para alguns, foi o único livro que leram em toda a vida, foi muito bom. Na passagem do ano entreguei a um indivíduo que não via há 40 anos, encontrá-mo-nos por acaso, era doutra companhia mas está numa das fotografias, de Setúbal, e isso fez com que a passagem do ano dele fosse totalmente diferente.”

No Planalto dos Macondes

está aqui um selvagem de Sesimbra”. Joaquim reagiu: “Está enganado, em Sesimbra não há selvagens.” Resposta do tenente: “Sim, foram uns selvagens que nos relega-ram para a 3ª divisão, para ficarem vocês na 2ª” – ecos dos confrontos ocorridos em Beja durante um encontro do Desportivo de Sesimbra com o Farense: “A partir daí só tive problemas com esse tenente e esse alferes.”

Joaquim Penim, embora

jovem, já andava pelos 23 anos: “Fui sempre adiando a minha integração na tropa, andava a fazer o 7º ano dos Liceus, aos poucos…” Com um feitio pouco atreito a aceitar os vexames e humilhações da recruta, e a animosidade preconceituosa do tenente algarvio, acabou “castigado” com uma nota baixa a Mérito Militar, do curso de sargentos milicianos: apenas 8 – o que, normalmente, significaria a sua despromoção para soldado. Mas como tinha excelentes notas a noutras áreas – tiro, provas físicas, instrução militar – manteve-se, mas com uma média baixa, o que significou que tive de ir para a especiali-dade menos apreciada, pela sua perigosidade: Minas e Armadilhas.

Joaquim Penim estava na tropa a contra-gosto, contra o modo como a instituição militar tratava os militares, sobretudo os que estavam lá por obriga-ção, os milicianos. Por isso procurou resguardar-se das coisas que poderiam constituir perigo para si, executando a formação com grande profis-sionalismo. Revoltava-o que qualquer individuo fosse ames-quinhado frequentemente, numa perspectiva de que, dessa forma, se estava “a preparar um individuo para se defender e defender uma causa, ou seja, a obedecer cegamente às ordens, sejam elas quais foram – e eu não aceito isso.”

Uma guerra que o Governo negava

O governo português nunca admitiu abertamente que es-

Joaquim Penim: memórias da guerra

Joaquim Penim, após o período de recruta e formação, embarcou, no dia 21 de Outubro de 1968, rumo a Moçambique. Quando o barco se distanciava do Cais de Alcântara, e à medida que os familiares iam ficando mais distantes, foi dominado por um ”sentimento de arrepio”, sabendo que estava ali a cortar “definitivamente o cordão umbilical, ali é que estavam a separar-nos da família, dos amigos, da terra, era uma coisa indescritível. Só retive a imagem de quem ficava no cais, aquela amálgama de gente era uma só pessoa. Os pais, que representavam a generalidade da família, dos amigos: tudo ficava ali”. Ao mesmo tempo sentia que “estava a ser absolutamente controlado, rumo a um desconhecido.”

“Sesimbra” e um barquinho à vela desenhados numa árvore: uma declaração de amor à terra distante.

tava em guerra: o discurso ofi-cial era o de que tinha alguns problemas com “bandidos”, com “terroristas”, como se fosse apenas um problema de segurança. Mas Joaquim Penim, quando embarcou, já não acreditava nessa visão in-génua dada pela propaganda do regime:

“Eu sabia que a realidade era uma coisa completamente diferente da propaganda, e sabia que era perigoso. Houve sempre pessoas que no meio militar nos avisavam, tinham a noção de que deveriam abrir os espíritos à realidade. E nós tínhamos na Companhia uma pessoa que fazia isso, um capitão miliciano que já tinha feito uma comissão em Angola e que nos dizia o que tinha visto e vivido, e isso para nós era uma garantia de que devía-mos sempre e ter o máximo cuidado com aquilo que fizés-semos, sempre bem pensado,

e deveríamos sempre ouvir as pessoas mais experientes no campo da guerra – foi esse homem que assinou o prefácio do meu livro.” [Coronel Manuel Teixeira da Silva].

Entre os momentos mais dramáticos recorda uma vez em que foram metralhados pelos próprios aviões portu-gueses, numa altura em que ocupavam uma colina e em que, por não disporem de rá-dios, não puderam assinalar a sua presença:

“Fazíamos parte de uma col-una que vinha trazer bombas para os aviões FIAT, que eram uma novidade em Moeda, fomos fazer a segurança num monte, com o resto do pelotão cá em baixo na estrada, e a Força Aérea viu-nos, tenta-ram contactar, mas como não tínhamos rádio, não pudemos responder. Atacaram-nos a tiro, a nossa defesa foram as árvores.”

Page 12: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

12O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2012

José Oliveira, o actual proprietário do restau-

O pequeno restaurante situa-do na rua Jorge Nunes – antiga rua do Pelourinho – é um dos estabelecimentos de referência de Sesimbra, após décadas a servir, sobretudo, bom peixe, durante muitos anos sob a gerência de Domingos Cachão, e, desde há 33 anos, de José Oliveira.

Mas a história do edifício é bastante mais antiga. A es-trutura actual data de 1904, construída por Lino Correia, o comerciante que entre 1910 e 1913 haveria de dirigir a primeira Câmara Municipal republicana.

Porém, já antes ali funcio-nara outro estabelecimento,

José Oliveira: uma gastronomia genuína

rante A Virgilinda, chegou a Sesimbra há 36 anos, para

trabalhar na cozinha do Ho-tel Espadarte - que nessa altura servia de alojamento famílias de retornados das ex-colónias, à volta de 250 pessoas. Depois ainda foi trabalhar para Lisboa, e só depois, juntamente com o irmão, trespassou a Virgilin-da a Domingos Cachão, há 33 anos. Continua, como os seus antecessores, a apostar na qualidade, o que garante uma grande fidelidade de al-guns clientes: “alguns desde há várias décadas”. Dá como exemplo um casal que vem de Junho a Setembro, “ e comem sempre aqui, e às vezes, para o dia da folga, levam comer

feito!”O segredo, diz José Olivei-

ra: “Se calhar, é continuar a apostar numa gastronomia muito genuína, muito caseira. Os clientes dizem, por exem-plo, que comem aqui um arroz de tomate como não encon-tram em mais lado nenhum.”

A base da ementa tem sido sempre o peixe: “Sempre tive esta política, e sou apologista de que numa terra de peixe não faz sentido vender peixe congelado, a não algum ser que não se consiga encon-trar fresco. Muitas vezes só se consegue mais caro do que o congelado: chego a ter aqui tamboril vindo de Viana

do Castelo, ou mesmo de Espanha.”

José Oliveira, originá-rio de Ponte da Barca - curiosamente, no mes-mo distrito de origem de Lino Correia - crê que a maior dificuldade está na dificuldade dos acessos à vila, aspecto em que diz que “Sesimbra parou no tempo.” E a crise actual também obriga a alguma adaptação: “Tem de se fa-zer muitos sacrifícios, não se pode aumentar preços, tem de fazer um prato do dia a preço fixo, porque a crise é geral e os tempos não se afiguram fáceis.”

Originário de Monção, no Minho, Lino Correia veio para Sesimbra muito novo. Numa escritura realizada em Sesimbra em 1886, já participa como teste-munha, sendo na altura “solteiro, maior, com a pro-fissão de caixeiro”. E em 7 de Maio desse mesmo ano toma de arrendamento a António Maria Parrada do edifício que existia no local da actual Virgilinda, arrendamento por 19 anos e 2.400 réis por mês.

Em 1904 apresentou à Câmara o pedido de cons-trução do edifício que ainda hoje existe, pedido que foi aprovado em sessão de Câmara de 16 de Junho de

1904. O despacho de “apro-vação da planta apresentada” é rubricado pelos vereadores Gouveia, Covas e Lopes, ou seja: José Batista de Gouveia, João Gomes Covas e Virgílio de Mesquita Lopes – este últi-mo tornar-se-ia seu adversário político no período republica-no, substituindo-o no lugar de presidente da Câmara.

Lino Correia foi um republi-cano de longa data, surgindo já numa saudação de 1894 ao director do jornal republicano A Vanguarda, e, na sequência das greves dos pescadores de 1896 e 1897, defendeu a po-sição dos marítimos na sindi-cância realizada por Baldaque da Silva. Participou também no Senado municipal, desde 1919

Lino Correia

Edifícios com história

A Virgilindaexistindo referências de finais do século XIX, de que ali se vendiam muitos dos bens que pescadores e marinheiros leva-vam para bordo.

O edifício de 1º andar cons-truído em 1904, cujo “projecto” reproduzimos – nessa altura bastava o desenho da fachada – serviu, no rés-do-chão, como estabelecimento de mercearia e “fábrica de chocolates” de Lino Correia, um jovem minhoto que singrara na vida comercial local.

Mais tarde funcionou ali a padaria de António Gregório, que vendia pão fabricado no forno da Padaria do Gá, na rua da Fé.

Passou depois a ser uma

casa de pasto, com o nome Virgilinda, por iniciativa de José Fortunato e do irmão, familiares de Domingos Cachão, que tomaria mais tarde, com a espo-sa, conta do estabelecimento,

até à dissolução desse órgão, na sequência da Revolução de 1926.

ajudando a criar a fama que ainda hoje se mantém.

Apesar da beleza do edifício, não se encontra muito bem tra-tado. O interior do restaurante dispõe de boas instalações,

mas a porta e janela de alu-mínio são desinteressantes. Quanto ao primeiro andar, bem como a respectiva porta de acesso, encontram-se num la-mentável estado de abandono.

Page 13: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 201213

O que é a ortodontia?É uma especialidade da

odontologia que trata e corrige o posicionamento dos dentes e dos ossos maxilares.

Quais os problemas or-todônticos mais frequentes?

Os desalinhamentos dentais (dentes tortos), mordidas cru-zadas e o preparo ortodôntico com finalidade protética.

Qual a melhor idade para se iniciar um tratamento ortodôntico?

Logo que o problema for detectado, a intervenção deve ser feita. Devemos tratar o quanto antes, o mais rápido possível, pois muitas anoma-lias tem prazo para tratamento, principalmente as que depen-dem de aproveitamento do crescimento ósseo.

Para além dos chamados “dentes tortos”, que outros sinais ou hábitos indicam a necessidade de uma visita ao ortodontista?

Dores de cabeça constante, dores na articulação man-dibular, mordidas cruzadas, hábitos de “chupar o dedo”, necessidade de colocação de implantes, próteses, etc.

Existe mesmo o medo de ir ao dentista?

Infelizmente ainda existe, as pessoas associam o den-tista sempre a dor , e isto vem mudando muito aos poucos. Vivemos no século XXI e a prática odontológica está muito avançada, hoje, salvo algum desconforto, não se sente mais dor no dentista, as anes-tesias estão muito eficientes e as técnicas de tratamento bem empregadas são muito eficazes. É muito importante o paciente procurar um profis-sional capacitado e manter uma fidelidade a este dentista, com consultas periódicas e acompanhamento adequado, nunca deixando pequenos problemas que podem ser facilmente tratados virarem grandes problemas que difi-cultem o tratamento e acresça demasiadamente o preço. Resumindo, em odontologia é sempre melhor prevenir.

Nos últimos anos houve um “boom” de campanhas publicitárias ligadas à or-todontia, inclusive blogs odontológicos, o que acha disso?

É cada vez mais difícil o

ClassicDent

paciente que chega ao con-sultório, e já não fez uma con-sulta a internet. Muitas vezes lê coisas que nem se referem a seu caso ou que foram es-critas por leigos, complicando as vezes até o tratamento com questionamentos erróneos, ou até mesmo com medo exces-sivo pelo que leram. O mais correcto é sempre consultar o seu dentista que pode indicar os sites que devem consultar, artigos científicos que estejam relacionados com seu caso, etc. As campanhas publici-tárias, muitas são negativas, pois grande parte é ilegal, pregam a colocação de apa-relho dentário a custo zero, o que muitas vezes é uma grande armadilha, além disto, o serviço muitas vezes é e-xecutado por profissionais que por vezes nem estão qualifica-dos . Sabemos que com a crise que atravessamos, não tem ninguém a dar nada a ninguém e o bom serviço sempre terá que ser remunerado.

A ideia de que os apare-lhos dentários são só para as crianças já está ultrapas-sada. Cada vez mais vemos pessoas de todas as idades a utilizar. É uma questão de moda ou preocupação? Preocupação esta não só com a saúde mas também com a estética?

Na realidade é uma questão de preocupação, as pessoas estão se conscientizando que os dentes, são bens muito valiosos e devem ser cuidados e estimados, assim, duram a vida inteira. Na crise actual, precisamos ser cada vez me-

lhores, e em uma entrevista de emprego, por exemplo, com muitos candidatos a uma única vaga, muitas pessoas pre-cisando de emprego , a pessoa mais cuidada, com melhor aparência leva vantagem. Dentes bem posicionados, são saudáveis, além de muito bonitos .

Esta preocupação está ligada com a importância cada vez maior dada à beleza exterior e dos estereótipos que movem multidões?

Acho que esta preocupação está relacionada com o mo-mento mundial que vivemos actualmente. Vive-se cada vez mais, pessoas hoje com 50 – 60 anos não são mais consideradas velhas como antigamente, tem pelo me-nos de 30 a 40 anos de vida, trabalham e precisam viver estes anos com qualidade , e não desdentadas e cheias de próteses.

Qual a sua visão da ort-odontia de hoje? (Saturação de profissionais da área; preços baixos/qualidade; …)

Há um campo muito grande na ortodontia hoje , pois além das crianças e dos problemas dos adolescentes, temos os adultos que se importam cada vez mais com a saúde, com a beleza, e que nunca tiveram oportunidade de tratamento pois seus pais nunca tiveram condições financeiras ou não haviam profissionais qualifica-

“As técnicas de trata-mento estão cada vez mais avançadas e hoje é possível tratar todos os tipos de anomalias de uma forma relativamente rápida e barata.

A clínica dentária Classic Dent está desde 2006 na Quinta do Conde e desde Julho de 2011 na vila de Sesimbra. Dr. Silvio Araujo é o médico dentista da clínica, que com uma técnica inovadora utilizada por si do arco segmentado promete em menos tempo resolver os problemas dentários de muitos. Médico dentista há 20 anos e especialista em ortodontia, o Dr. Silvio Araujo é neste momento o presidente da Associação Portuguesa de Ortodontia da técnica do arco segmentado, como também professor do curso de assistente dentário em ortodontia e auxiliar no curso de especialização de ortodontia.

dos. As técnicas de tratamento estão cada vez mais avança-das e hoje é possível tratar todos os tipos de anomalias de uma forma relativamente rápi-da e barata. É preciso sempre que o paciente procure bem o profissional qualificado, con-verse bastante e comprove a competência do mesmo para executar o seu serviço, pois um tratamento ortodôn-tico mau conduzido consome muito tempo, dinheiro e leva a erros muito difíceis de serem reparados .

No que consiste a técnica do arco segmentado, uti-lizada pelo Dr.?

É uma técnica de tratamento criada nos Estados Unidos, pelo Dr Charles Burstone, que utiliza princípios de bio-mecânica para produzir os movimentos dentais.

Qual a diferença entre a técnica por si utilizada e a técnica do arco contínuo utilizada pela grande parte dos profissionais?

Como disse anteriormente, é a utilização de princípios de biomecânica, utilizando forças leves e constantes, com perfeito domínio do movimento executado, minimizando os efeitos colaterais .

Quais as vantagens da utilização desta técnica?

Maximizar o tratamento, tratar casos complexos, difí-ceis, que em outras técnicas não poderiam ser tratados, em um espaço de tempo mais reduzido, com a diminuição dos custos e do desconforto do paciente que não precisa ficar vários anos com o aparelho.

Qual o valor de um apa-relho deste género?

O custo não é do aparelho, e sim do tratamento completo, e varia muito de caso para caso, dependendo muito da dificuldade e dos materiais empregados, posso te afir-mar que em grande parte se assemelha ao custo da grande maioria dos profis-sionais, porém com um menor tempo de tratamento.

Depois de retirado o apa-relho é necessário alguma prevenção? Não há perigo dos dentes voltarem a ficar como estavam?

Sim , por isso no fim de todo tratamento ortodôntico é feito um sistema de contenção, que garante a longeividade do tratamento.

É verdade que chegam até si clientes vindos de outras clínicas com a informação

de que não há nada a fazer nas suas bocas?

Sim, constantemente isto acontece, pois os profissionais que os atenderam não tinham a qualificação para solucionar o seu caso, mas hoje, uma pessoa que precise de um determinado tratamento não fica mais sem atendimento por desconhecimento cientí-fico, e sim muitas vezes por falta de poder económico, o que é preciso é procurar o profissional adequado. Hoje 35% de meus pacientes são de retratamentos, pessoas que fizeram o tratamento com outros profissionais e não ficaram satisfeitas com o seu resultado.

Quais os riscos de não se proceder a um tratamento de ortodontia quando neces-sidade?

Vários, entre eles, prob-lemas de Articulação têmporo mandibular, dores de cabeça, assimetria facial, problemas de respiração, fracturas dentais e por fim a perda dos elementos dentais.

Se há riscos, porque este tipo de tratamento ainda é tão caro, não acessível a todas as classes sociais e o Estado não comparticipa?

Todas as especialidades na realidade são caras , pois exigem muita dedicação e investimento financeiro do profissional para sua forma-ção, com cursos pagos no estrangeiro e vários anos de formação científica, e constan-tes actualizações. O estado tenta com políticas de distri-buição de cheques ,minimizar os problemas odontológicos, que no meu entender não resolvem nada, apenas con-somem o dinheiro público, deveria contratar profissionais e coloca-los nos postos de saúde de forma organizada, e fiscalizar o seu serviço de forma a bem atender a popu-lação e poder colher os seus frutos a médio longo prazo.

Que tipo de facilidades de pagamento oferecem? (pagamentos faseados, pro-tocolos com seguros de saúde dentária, …)

Sabemos que nos dias de hoje dispender de uma quan-tia a pronto é difícil para to-dos , portanto , dividimos os pagamentos e financiamos os aparelhos dentários , basta o cliente vir e fazer um orça-mento e combinar a forma de pagamento.

Andreia Coutinho

inova na Ortondontia com técnica de “Arco Segmentado”

Page 14: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

14O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2012

Page 15: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 201215

É pelo quarto ano consecutivo, que o Clube Naval de Sesimbra recebe a “II Prova do Campeonato Regional de Juniores e Abso-lutos– 2012” este evento desportivo de Vela Ligeira encontra-se aberto aos barcos da classe Laser STD, Radical, 4.7, 420,470, 49ER e Hobbie Cat e terá lugar nos próximos dias 11 e 12 de Fevereiro, na baía de Sesimbra.

II Prova do Campeonato Regional de Juniores e Absolutos - 2012

Vela n

Natação n

O Grupo Desportivo de Sesimbra, vai acol-her, no próximo dia 8 de Fevereiro, entre as 9:30 e as 14:00 horas, o Campeonato de Na-tação de Inverno, organizado pela Cercizimbra e pelo Special Olympics Portugal.

Special Olympics

Futebol n

O sesimbrense Nelson Santos partiu para Maputo, em Moçambique, onde vai trabalhar como treinador adjunto de Diamantino Miranda, na equipa da Costa do Sol.

Nelson Santos trabalhou na última época como adjunto do Mitchell Van de Gaag, no Marítimo, onde participou na Liga Europa. No Verão passado concluiu o nível IV UEFA - PRO ( Nível máximo de formação de treinadores), que permite me treinar qualquer clube ou selecção de qualquer país.

A equipa é o Costa do Sol, que fica em Maputo é uma das melhores equipas Moçambicanas. Foi fundado em 1955, então com a designação de Sport Lourenço Marques e Benfica – um evidente paralel-ismo com o Sport Lisboa e Benfica. O actual nome completo é o de Clube de Desportos da Costa do Sol

O Costa do Sol é o clube moçambicano com mais títulos nacionais na modalidade de futebol na catego-ria de seniores masculinos. Já conquistou 9 vezes o campeonato nacional (Moçambola) e dez vezes a Taça de Moçambique.

Nelson Santos

em Moçambique

Decorreu no passado dia 10, na Lagoa de Albufeira, a 28ª edição do Corta-mato Escolar Concelhio.

Com a participação de alunos de cinco agrupamen-tos de escolas e da Escola Secundária de Sampaio, esta prova desportiva contou com cerca de seis centenas de crianças e jovens que percorreram entre os mil e os três mil metros, consoante os diferentes escalões etários, e de dezenas de professores que colaboraram com a iniciativa.

No final foram divulgadas as classificações colec-tivas e as classificações individuais de cada aluno, distribuídas pelos diferentes escalões etários.

No dia 15 de Fevereiro, os seis alunos melhor classificados, de cada escola, irão competir no corta-mato distrital, que decorrerá na Mata da Machada, no Barreiro.

Classificação Coletiva

1.º Escola Secundária de Sampaio

2.º Agrupamento de Esco-las da Quinta do Conde

3.º Agrupamento Vertical de Escolas de Sesimbra Castelo-Poente4.º Agrupamento de Escolas da Boa Água

28ª Edição do Corta-mato Escolar

5.º Agrupamento Vertical de Escolas Michel Giacometti

6.º Agrupamento de Escolas do Castelo

Classificações Individuais

Infantil A Feminino1.º Débora de Sá2.º Margarida Formiga3.º Joana Sardinha

Infantil A Masculino1.º Diogo Lourenço2.º Isidro Tavares3.º Adelmo Oliveira

Infantil B Feminino1.º Soraia Tavares2.º Lígia Ribeiro3.º Mariana Capítulo Infantil B Masculino1.º João Silva2.º Tiago Esperança3.º Cláudio Coimbra

Iniciados Femininos1.º Leonor Duarte2.º Bruna Sardinha3.º Bernardete Casaca

Iniciados Masculinos1.º Guilherme Fernandes2.º Vitor Ramos3.º Cláudio Ribeiro

Juvenis Femininos1.º Cláudia Esteves2.º Luísa Amorim3.º Carolina Marquês

Juvenis Masculinos1.º Simeon Yurukov2.º Afonso Serpins3.º Miguel Batista

Juniores Masculinos1.º André Felipe2.º Rodrigo Silva3.º Tiago Monteiro

Desporto a não perder!

Já está a “rolar”, a 2ª edição do Sesimbra Summer Cup – edição 2012. Este torneio, organizado pela Junta de Freguesia do Cas-telo, Grupo Desportivo de Sesimbra, Grupo Desportivo de Alfarim e Associação CRUT Zambujalense, decorrerá entre os dias 21 e 24 de Junho e está aberto aos escalões de sub.15 (futebol de 11), sub.13 (futebol de 7), sub.11 (futebol de 7), e sub.9 (futebol de 5).

As pré-inscrições, em período promocio-nal, para mais do que uma equipa/escalão do mesmo clube, com o pagamento da Taxa de Equipa, poderão ser realizadas até ao dia 15 de Março através do site sesimbracup.jf-castelo.pt

A grande novidade desta edição, é o Cir-cuito de Futebol de Praia, prova facultativa e gratuita, para as equipas participantes, que decorrerá em simultâneo com o Torneio, na Praia do Ouro em Sesimbra.

Page 16: O Sesimbrense - Edição 1158 - Janeiro 2012

16O SESIMBRENSE | 27 DE JANEIRO DE 2012

O SESIMBRENSE

O Canto da PoesiaSesimbra virada ao marOnde reina o pescadorEsta baía sem parÉ sinal do teu valor

Serra mar sabor a salBenesse da naturezaCantinho de PortugalPincelada de beleza

Com um pôr de sol douradoE teu luar prateadoÉs de riqueza invulgarPrincesa filha do mar

Sesimbra onde eu nasciE onde quero acabarLevando do que viviA certeza de te amar

PexitoOutubro de 2011

Apenas uma lista se apresentou às eleições para os órgãos sociais da LAS, para o biénio 2012-2013, tendo sido eleita numa Assembleia Geral que teve lugar em Dezembro passado. Joaquim Diogo, impulsionador da referida lista e candidato a presidente da Direcção, já desempenhava função de vice-presidente no mandato anterior.

No Programa e Plano de Actividades com que se apresentou a votos, os can-didatos reconhecem as “dificuldades que nos aguardam”, mas exprimiram a vontade de “conduzir os destinas da Liga com a garantia de bem-fazer, respeitando o seu passado mas com os olhos postos no futuro, valorizando os nossos associados e anunciantes”.

Referindo-se a iniciativas para o mandato, foram dados como exemplos eventos “que envolvam mais os nossos associados e população, tais como a noite de fados, um baile dos anos 60 e o passeio todo-o-terreno”.

Nestes documentos, apresentados directamente por Joaquim Diogo à As-sembleia eleitoral, foi prometido “dar publicidade às empresas existentes e divulgação de novas aberturas”, bem como o reforço da disponibilidade para dar voz “às colectividades, partidos políticos e instituições de cidadãos, que com a sua crítica, exigência e dedicação contribuem também para a melhoria dos apoios e acções do con-celho a favor da comunidade”.

* * *O Orçamento para 2012, aprovado

pela mesma Assembleia, prevê a ar-recadação de receitas no montante global de cerca de 50 mil euros, dos quais cerca de metade provém da prestação de serviços de publicidade: no jornal O Sesimbrense e na montra da sede.

As Despesas orçamentadas, em montante inferior às receitas em pouco mais de mil euros, são , em cerca de 50%, compostas de custos de pessoal. A impressão do jornal absorve 16% das despesas, cabendo os restantes 22% a despesas diversas de funcionamento.

Liga dos Amigos de Sesimbra

Joaquim Diogo é o novo presidente

DirecçãoJoaquim DiogoPresidenteIrene LourençoVice-presidenteMaria Conceição Nero Gonçalves Vice-presidenteJosé EmbaixadorTesoureiroMarília MateusSecretariaCarlos Alberto FerrariaVogalHugo Costa Lda (Helena Diogo) VogalPedro SantosSuplente - VogalDomingos Cachão CorreiaSuplente - Vogal

Assembleia-geralJosé Oliveira MartinsPresidenteAntónio CambimVice-presidenteLeonor Figueira1ª SecretáriaCarlos Sargedas2º Secretário

Conselho FiscalPaulo TomazPresidenteJosé AlexandrinoVogalArmando MirandaVogal

Passagem de Ano

A Passagem de Ano voltou a traser a Sesimbra alguns milhares de pessoas, atraídas pelo espectáculo de fogo-de-artifício e pela animação nocturna, com a música de rua a cargo de DJs. Também se realizou a tradicional passagem de anso submersa, com um grupo de 40 mergulhadores a fazer o reveillon debaixo de água, iluminando as águas da baía e despertando a curiosidade de muitos que por ali passavam.