o resgate da cultura paranaense atraves de suas...
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MARillA KOCK
o RES GATE DA CULTURA PARANAENSE ATRAVES DE SUAS
LENDAS
Monografia apresentada como requisito
parcial para a conclusao do Cursa de
Especializa~o em Lingua Portuguesa, ao
Centro de Pos-Graduac;ao, Pesquisa e
Extensao, da Universidade Tuiuti do Parana.
Orientadora: ProF. Olga Maria Silva Mattos
j
CURITIBA
2002
Dedicat6ria
Dedico este trabalho aos meus pais,
Natalia (in memorian) e Ludovico (in
memorian), por me terem ensinado a
valorizar 0 estudo e nunea desistir dos
meus sonhos.
Agradecimentos
A todos os professores, que passaram
por minha vida, que me deram atenc;:ao e
me ensinaram a crescer como ser
humano, estimulando-me a buscar cada
vez mats 0 saber.
iii
SUMARIO
RESUMO.
INTRODU<;:Ao ..
2 0 FOLCLORE E SUA RELA<;:AO COM AS LENDAS ..
2.1 HISTORICO E SIGNIFICADO DE FOLCLORE ...
22 AS MANIFESTACOES FOLCLORICAS ..
2.3 CRENOICES E SUPERSTICOES ..
2.4 MITOS E LENOAS ..
3 0 PROJETO VALE SABER ....
3.1 CARACTERlZA<;:Ao DO LOCAL. ..
3.2 PROJETO 2001 ..
3.3 AVALIACAo DO PROJETO 2001 .
.... vii
. 01
. 02
......02
...... 10
... 11
.... 12
. .. 14
....14
. 14
. .. 16
3.4 PROJETO 2002.. 18
4 PROOU<;:AO DE TRABALHO COM AS LENDAS DO ESTADO DO
PARANA ...
4.1 UMA DO MONGE OA LAPA ..
4.1.1 Lendas Paranaenses .
..20
. 20
. 20
4.1.2
4.2
4.2.1
Trabalho do aluno 20
AS ENCANTAOAS .. ... 22
Lendas Paranaenses42.2 Trabalho do aluno ..
4.3 0 "LUBIZOME" ....
4.5.1 Lendas Paranaenses .
4.52 Trabalho do aluno .
. 22
. 25
. 25
. 25
. 28
..28
....28
..................31
. 31
. 31
4.3.1 Lendas Paranaenses .
4.3.2 Trabalho do aluno ..
4.4 CORPO SECO ..
4.4.1 Lendas Paranaenses ..
4.4.2 Trabalho do aluno ..
4.5 MAE DE OURO ...
iv
4.11 CANTO DOS CHOPINS ..
4.11.1 Lendas Paranaenses .
4.11.2 Trabalho do aluno ..
.............33
....................33
........ 33
..... 36
...... 36
........... 36
........... 39
...39
.39. .41
..41
. 41
..43...43
.....43
. 45..45
..... 45
4.6 AS ROSAS LOUCAS ..
4.6.1 Lendas Paranaenses ..
4.6.2 Trabalho do aluno ..
4.7 ARVORE MUTANTE ..
4.7.1 Lendas Paranaenses ..
4.7.2 Trabalho do aluno ..
4.8 MARIA BUENO ....
4.8.1 Lendas Paranaenses ..
4.8.2 Trabalho do aluno ..
4.9 DE ONDE VEIO 0 MATE ..
4.9.1 Lendas Paranaenses ..
4.9.2 Trabalho do aluno ...
4.10 VILA VELHA ..
4.10.1 Lendas Paranaenses ..
4.10.2 Trabalho do aluno .
5 OUTRAS LENDAS PARANAENSES PARA ELABORAI;AO DE
TRABALHOS: SUGESTuES .... . .47
5.1 0 BURACO DO PADRE ..
5.2 CABEDAL. .....
. 47
. 47
5.3 PAl VEIO . .47
5A 0 VIOLINO DO PADRE MACETA............. . .47
5.5 OS MISTERIOS DAS RuiNAS ..
5.6 PORCO PRETO ..
5.7 A VIAGEM DA VELHA SENHORA ..
5.8 0 DILUVIO .
5.9 A ORIGEM DO MILHO ...
5.10 AS ALMAS DA ILHA DOS VALADARES ..
5.11 DANI;A DOS TANGARAs ....
5.12 0 BRADADOR ..
. 48
...48
...48
. .49
. .49
...49
. 50
. 50
5.13 POTES CHEIOS DE OURO ..
5.14 CUIDE-SE. ...
5.15 SONHO DA FELICIDADE ...
...... 50
.... 51
..51
5.16 VELHO DA MATA 51
5.17 o CEDRO DOCURA.. ... 52
5.18 MAIS UMA DO MONGE ..
5.19 AMOR EM BREJATUBA. ...
5.20 0 iNDIO MORTO-VIVO ..
5.21 0 ATOR FANTASMA .....
5.22 CURUPIRA DAQUI..
5.23 0 MATE DO PAl ZUME ..
5.24 NASCIMENTO DE CURITIBA ...
CONCLUSAO ...
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..
BIBLIOGRAFIA ..
..................................................... 52
..52
.... 53
... 53
. 53
. 54
. 54
. 55
. 56
. 57
vi
RESUMO
o ato do homem escrever a sua hist6ria data desde 0 tempo das cavernas,quando pintava nas paredes as diversos eventos que [he sucediam e tambem paracomunicar-se com as demais indivlduos do grupo. Inicialmente a comunica93o dav8-S8 a partir de sinais, sfmbolos, pinturas, desenhos e, par ultimo, pel a fala e pelaescrita. A partir da intera<;8o e da comunica9<3o dos homens primitiv~s foi surgindo 0
foldore e a arte folcl6ric8. Esta e constituida, essencialmente, pela culturaespontanea; poderia ser considerada a "ciencia" da cultura tradicional nos meiespopulares dos parses civilizados. 0 foldore alcan98 todos as aspectos da vida doshomens, desde a alimenta980, habita9aO, sua profissao 0 estilo de vida, etc. 0foldore pode manifestar-se de inumeras maneiras e, no estudo em questao,contemplam-se as lendas como objeto de estudo. A preserva<;ao das lendas e detodo a patrimonio relativo ao folclore implica na preserva<;ao das raizes de umacidade au pais, para tanto necessitam-se de trabalhos voltados para este fim. 0presente estudo aponta uma proposta de trabalho, que consiste na disponibiliza,aode diferentes vers6es de uma mesma lenda para que as alunos reescrevam-na apartir de suas oticas e de diferentes maneiras, padendo ser complementada comtrabalhos de educay80 artistica. Esta proposta de trabalho possibilita 0 aumento dorepertorio dos alunos e as possibilidades de escrita de urn texto.
vii
INTRODUI;:AO
A sociedade atual e caracterizada pel a velocidade e quantidade das
informac;oes e do conhecimento. A Internet, S8 de urn lado auxiliou na rapidez da
transmissao de dados e informa90es, de Dutro, distanciou as usuaries, uma vez que
as relacionamentos humanos encontram-se abalados.
Dentre inumeros Qutros motivQs, e tambem do expostos acima, constata-se
que e preciso resgatar a cultura espont~mea. E fundamental que os alunos
identifiquem 0 foldors ande eles vivem e nao tenham a sensaC;8o de que e preciso ir
busca-Io em lugares distantes e que saibam que todos n6s, independentemente de
classe social e faixa etaria, somas portadores de folclore.
A partir da realizaC;8o de pesquisas sabre as manifesta90es folcl6ricas, seja
dentro de casa, no bairro au na comunidade, a aluno estara preparado para estudar
outras manifestay6es culturais, sem considera-Ias exoticas.
Este trabalho tem par objetivo principal demonstrar como uma mesma lenda
pode ser contada de modos diferentes e encantar da mesma maneira as que as
leem. Isso ocorre devido a imaginay80 do povo em inventar, aumentar e fantasiar as
historias que ouvem au leem.
Alguns dos acontecimentos descritos sao heroicos, mas nao que dizer
impossiveis; e possivel que na vida real eles possam ter ocorrido em alguma epoca.
A empolgay80 que domina a homem faz com que os mesmos narrem as feitos
ocorridos de modo glorioso, maravilhoso transformando-os em belas historias que a
imaginaC;80 romflntica ou tragica que se espalha por fon;a de natural inspirayao,
assim criarem suas lendas.
E desta forma que os elementos da vida humana e da natureza (mares,
florestas, bosques, aguas, peixes, animais eaves, 0 ceu) foram povoados com as
mais belas historias que a imaginayao romantica pode produzir.
2 0 FOLCLORE E SUA RELA!;AO COM AS LENDAS
2.1 HISTORICO E SIGNIFICADO DE FOLCLORE
Ha muitos e milhares de anos atras, quando as homens comer;:avam a sair
das cavernas e S8 transformavam numa sociedade de pastores e agricultores, que
cuidavam e criavam animais e semeavarn e colhiam suas plantac;oes, surgia urna
comunicaC;8o com as divindades.
Em ambos os casos, eles precisavam da fertilidade da terra, de condic;oes
beneficas do clima e da natureza e, claro, da proteyao da Oivindade, entidade maior
que dominava tude e fazia 0 Sol nascer e S8 por, a Lua surgir e tambem
desaparecer, a neve cair, as plantas brotarem e as flores S8 abrirern.
Para ests Poder Maior que comandava a Natureza em seu cicio e que dava
origem ao milagre da proliferaC;Bo das plantas, animais e do proprio ser humano, S8
dirigiam as mensagens, em preces de agradecimento, pedidos e invoca90es.
Antes mesmo que as palavras existissem, estas mensagens eram expressas
em gestos, rituais e simbolos as quais se acrescentou a fala. Tinham por objetivo
agradecer a colheita, oferecer a Divindade um pouco desta pr6pria col he ita. Se era
para agradecer a fertilidade dos anima is, entregar a Divindade urn pouco desta
sequencia da propria fertilidade. Se era apenas para pedir, realizava-se algum gesto
que simbolizasse isto.
A dan9<3 gestual ou coreografica tornava-se um elemento fundamental. 0 Sol
e a Lua recebiam seus agradecimentos. Acendia-se a fogueira, tanto para afugentar,
atraves da luz e das cham as do fogo, os rnaus espfritos, como tambem para que
Fosse um intermediario do vislvel para 0 invisfvel, con sum indo as ofertas que 0 ser
humano fazia a Divindade. Frutos, trigo, 0 melhor da colheita, tudo se transformava,
pela a,ao do fogo, em alga invisivel, espiritual, capaz de agradar ao Poder Maior.
As arvores, simbolos da propria fertilidade da terra e, as vezes, residencias
dos seres maiores da natureza, eram enfeitadas e "vestidas" pelos homens e, junto
del as, com a fogueira ritual armada, dan9ava-se e cantava-se, num ritual em que 0
som e 0 rufdo tinham grande importancia, afugentando tudo 0 que nao era born.
Essa Festa acontecia no tempo da colheita, logo depois do inverno e da primavera,
no inicio do ver;3o.
Os 'causos' contados durante 0 dia na festa: mitos, estorias, lendas, narrativasantigas, perdidas no tempo, transmitidas de uma gerac;ao a outra sem que ninguemse lembre de um autor ou de uma origem. Os costumes e as cren~s do lidar cam anatureza, tanto no trabalho da lavoura quanto no artesanato do algodao. Aspromessas feitas aos santos e os ritos com que 0 homem e a mulher irao cumpri-las,cada urn a seu tempo. Os ditos dos proverbios com que as pessoas memorizam asabedoria codificada, mas nao escrita. 0 saber que ha em todas as formas rUsticasdo trabalhador. na rocra, na cozinha, no tear. Os rituais coletivos da 'tri~ao', do dia dotrabalho no 'mutirao', da reza do tervo e das danvas da noite. Da mesma maneira, asbonecas de pane das meninas, a calcha de algodao das fiadeiras, 0 proprio tearroceiro, 0 rancho de adobe coberto de palha. (BRANDAO, 1994, p. 15).
Tais acontecimentos ocorrem como um Sistema, onde hi! unificagao de tudo e
se confere urn sentido proprio e original: a modo de vida campones que estrutura
formas de sentir, pensar, de representar 0 mundo, a vida e a ordem social, de trocar
entre as pessoas bens, servi90s e simbolos, de criar e fazer segundo as regras da
sabedoria tradicional e as costumes que as pessoas seguem com raras duvidas.
Para a entendimento mais amplo e completo do voci!bulo folclore hi!
necessidade de se definir as expressoes; termos, cultura e povo.
Cultura e entendida como a maneira de pensar, sentir e reagir do hom em de
uma sociedade, na relayao com seus semelhantes. E a soma total das cria90es
humanas. E tudo que 0 homem faz ou produz, no senti do material ou nao-material,
exc!ufdas as necessidades fisiologicas.
Ja povo compreende todos os participantes de uma comunidade; todos os
paranaenses, todos os paulistas, todos os brasileiros, etc.
Na vida cotidiana, existe uma serie de manifestavoes espontaneas, as quais nao sepresta a men or atenc;ao. E como se fizessem parte da gente desta ou daquelacoletividade; nao precisam ser explicadas porque sao entendida5. Assim e a ge5tode erguer a mao com a polegar para cima, significando: "Tudo bem!", "Legar ou"Obrlgado" ... ao passar em frente a uma igreja, quantas pessoas fazem 0 sinal dacruz ... as engraxates, os consertadores de panelas au guarda-chuvas, as coletoresde jornais e garrafas encontrados nas ruas ... Tais manifesta¢es fazem parte dacultura espontanea do homem, aquela que nao se aprende na escola, que ensina afazer as coisas que as ouiros fazem. (PEREIRA, 1986, p. 11).
A religiao, as comidas e bebidas, artesanato, agricultura, musica, transportes
silo maniiesta~6esda cultura. A cultura e resultantede aprendizadoe permite ao
homem adaptar-se ao seu meio, a sociedade. Todas as sociedades sao portadoras
de cultura. .. Em uma sociedade letrada, a cultura se manifesta em tres modalidades:
a erudita: transmit ida pelas organizac;oes intelectuais e e ensinada ao
homem de fora para denlro;
a espontanea: aprendlda de maneira informal na convivencia do homem
com seu semelhante e nasce de dentro para fora;
a popularesca: de massas, produzida ou divulgada por pequenas ou
grandes empresas, essa e imposta.
A cultura espontanea e aquela caracterizada .pela informalidade, desde 0
recebimento, a aceitayao e a transmissao. He. a presenc;a do condicionamento
inconsc1ente expresso na imitay80 inconsciente de fazer 0 que os demais fazem. Os
individuos possuem a liberdade em aceitar ou nao, contudo nesta modalidade a
coletividade aceita-o espontaneamente. A transmissao da cultura espontanea ocarre
com a propria interayao social, no convlvio dos membros da sociedade.
Independentemente de quaisquer limita<;6es, todas as pessoas sao possuidoras de
cultura espontanea.
o estudo do folclore leva cada ser humane a uma nova compreensao da alma
do povo, a uma valorizayao diferente das coisas que antes pareciam atrasadas e
feias. 0 conhecimento da musica, da poesla, do artesanato, das tecnicas do preparo
de comidas e bebidas, da confecy80 de vestuario, adornos, m6veis, casas, meios de
transporte, brinquedos, as diversoes, festas populares, supersti<;oes, crendices, a
sabedoria popular, sao fontes de entretenimento e influenciam e sao influenciados
pelo folctore.
Diversos individuos e profissionais (como artistas, literatos, pintares, musicos,
poetas e arquitetos) inspiram-se nos mais diferentes motivos folcl6ricos. Assim, por
exemplo, 0 soci61ogo pode alargar seus horizontes atraves da observay8o de
sociedades mais rudimentares e fechadas, como sao as comunidades formadas por
grupos humanos afastados de grandes centros urbanos.
Ja a medicina e outras c1enc1as podem estudar a sabedaria popular, e que
possui inumeros conhecimentos praticos sobre doenyas e remedios, agricultura,
meteorologia, veterinaria e direito.
Os fatos foldoricos se encontram nas origens dos habitos, tradiyoes e
tecnicas, ou seja, estao presentes na cultura material e espiritual. Assim sendo nao
se pode restringi-Io as camadas mais cultas, nem somente as comunidades
fechadas dos povoados ou aos caboclos.
o folclore existe nos centros urbanos e em todos os locais; cada ser humano
e um portador do foldore dentro de sua linguagem diaria, nos habitos familiares, nos
diversos comportamentos, em cada julgamento feito sobre as coisas e as pessoas.
A erudiyao e a informay8o cientifica, nao tern 0 poder de destruir a heranya
tradicional que cada qual traz de sua infancia, e que e parte importante da sua
propria formay2o.
Essa heranya social condiciona a sociedade, situando-se entre as fon;as
integrantes que levarn ao ideal comum, aos padr6es e expectativas de
comportamento, aos direitos e deveres, resultantes do contato entre individuos de
urn mesmo grupo social. As tradi90es, de certa forma, uniformizam os individuos,
tornando-os semelhantes em suas reay6es e julgamentos, no decorrer da existencia.
Para alguns pesquisadores, folclore e tudo a que a homem do povo faz e
reproduz como tradiyao. 0 dominio do que e folclore pode ser tao vasto quanto da
cultura; ou alcan9ar somente uma pequena parte das tradiy6es populares.
Inumeras pessoas acreditam que, tanto a folclore quanta a cultura, servem as
mesmas realidades, com significados equivalente; a que os diferenciaria seria
apenas a nomenclatura onde: folclore seria uma denomina9ao rna is conservadora
enquanto 0 termo cultura popular seria uma denominaC;80 mais progressista.
Antes da cria~o do termo folk-lore, as paises 1atinos ja possuiam as express6es'tradi90es populares', 'literatura popular', 'saber popular', com objetivos aproximadosdos do folk-lore e do Volkskunde alemao. E par isso reagiram durante multo tempo aaceita9ao do termo proposto pelo arque610go britanico. (RAMOS, 1974, p. 15)
Muito antes de haver surgido 0 termo "folklore", inumeros profissionais
(historiadores, literatos, musicos eruditos, arqueologos, antropologos, linguistas,
sociologos, outros especialistas e alguns curiosos) estudaram as costumes e as
tradi96es populares; e samente anos mais tarde denominou-se de folclare a esses
costumes e tradi96es.
BRANDAo (1994, p. 26) diz que:
Este estranho nome inventado da fusao de outros dots apareceu pela primeira vezem uma carta que um ingles, William John Thoms. Foldore e urna palavra que janasceu entre parenteses. A palavra proposta por Thoms nao vingou de saida, equase que 0 Folklore vira folclore.
o termo fotk-Iore foi empregado pela primeira vez em 22 de agosto de 1846.
Trinta e dois anos depois da carta de Thoms urn grupo de tradicionalistas, mit6logos,
arque61ogos, pre-historiadores, etnografos, antrop6logos, psic6logos e fi16sofos
fundou em Londres urna Sociedade de Foldore. Urn pouco mais tarde alguns
estudiosos do assunto sugeriram que foldore significass8 modos de saber do pavo e
Folclore, 0 saber erudite que estuda aquele saber popular.
SEBILLOT (In: BRANDAO, 1994) considerava folclore como "uma especie de
enciclopedia das tradi96es, crengas e costumes das classes populares au das
nayoes pouco avanc;adas", ou ainda, ua ciencia da vida popular no seio das
sociedades civilizadas". SAITYVES complementa: "0 folclore e a ciencia da cultura
tradicional nos meios populares dos parses civilizadosn; au ainda, "0 folclore 8 a
ciencia da tradiC;;Eloentre os povos civilizados e principal mente nos meios popularesn
o folclore estuda a vida social e material do povo, como as profissoes,
alimentaC;;Elo,habitac;:ao, generos de vida, al8m das tradic;;oesorais.
BOAS (In: BRANDAO, 1994), antrop610go alemao que viveu nos Estados
Unidos, definia 0 foldore como ~umaspecto da Etnologia que estuda a literatura
tradicional dos povos de qualquer cultura".
Para RAMOS (1974, p. 23) "0 folclore se ocupa dos fatos antigos, historicos
ou arqueol6gicos, 8 apenas acessoriamente, porque cada fata atual tern
antecedentes que 8 preciso tentar discernir para compreender".
Folk-Lore, por ser formado de termos de duas Hnguas diferentes, leva a
equivocos. Folk quer dizer povo; lore, a saber, 0 conhecimento, 0 costume. Pode-se
afirmar: Foldore e 0 saber vulgar do povo. Nao se aprende na escoJa nem nos livros.
Aprende-se p~r imitac;;ao ou por forc;;a de tanto ver e ouvir. Quatro sao as
caracteristicas basicas para urn fato folcl6rico:
a) ser transmitido oral mente, de boca em boca, e nao par meios
eletromedmicos, como radio, disco e livro;
b) ser social, praticado por muitos e nao par uma s6 pessoa;
c) ser espontaneo, livre.
Por exemplo: quando 0 professor da urn proverbio para ser analisado
sintaticamente pelos alunos, ai nao M a lata lolclorico; ja quando dito pelo
mesmo professor au pelos anos, espontaneamente, para explicar ou
justificar urn fato, nesse caso hit 0 fato folcl6rico;
d) ser anonimo, nao se conhece 0 autor de uma trova popular, de urn
proverbio au adivinhas.
Cada individuo e porta dar do lata lolclorico, independentemente de ra~a, cor,
de rico au pobre, de letrado ou iletrado, se mora nas grandes cidades ou na roc;:a.
Para se pesquisar nao e preciso buscar muito lange. Os fatos fold6ricos estao perto
de cada um, dentro de casa, no bairro, na cidade.
Par via obliqua falclore nao e a musica sertaneja (tacada das radios), as
danc;:as de capoeira (ensinadas em academias) e as escolas de samba. Ha fatos que
ainda guardam a espontaneidade popular. Os fatos folcl6ricos sao, ao mesmo
tempo, regionais e universais.
A arte, a crenc;a, 0 saber reproduzido por pessoas simples, como as
pescadores, indios, camponeses, lavradores, reproduz-se a vida, a dinamica e tudo
quanto e significativo para a vida e a circulayao de trocas de bens, de servigos, de
ritos e simbolos entre as pessoas.
o foldore procura preservar sua estrutura basica, contudo pade desaparecer
devido a interac;:ao social e, para assim nao suceder S8 recria a todo momenta;
assim como a ser humane que e crialive e necessita recriar-se.
Foldore e essencialmente 0 estudo das sobreviv€mcias das condic;:6es maisprimitivas nas comunidades civilizadas, muitas das quais persistem porque ainda ternurn valor funciona!. 0 folclore e ai incluido no grupo de estudos da Antropo[ogiacultural. No entanto, esse preconceito evolucionista e abandonado pelos norte-americanos. Para a eseola de Boas, 0 folclore e essencialmente 0 estudo dos mitos econtos tradicionais de qualquer povo, nao s6 as chamados civilizados, como as decultura d;ferente da nossa. (HADDON; In RAMOS, 1974, p. 25).(. ..)o objetivo principal do folk-lore, nos primeiros tempos da sua cria930 como disciplinaautonoma era mais propria mente a literatura nao-escrita das sociedadesadiantadas... A coleta e estudo dos 'contos populares', dos 'contos de fada',constituiram assim as primeiros e mais importantes objetivos do folk-lore europeu,principalmente frances ... mas, pouco a pouco, os contos de fada foram considerados
como sobreviv€mcias de velhos cultos do paganismo romano, e assim, a fotk~loreconquistou profundidade' Depois dos contos de fada houve interesse pelas'narrayoes dos camponeses', 'interessou~se pela linguistica e passou a estudar aorigem das expressoes proverbiais, as canyOes, as adivinhas e formulas populares,as supersti,oes.(RAMOS,1974,p. 19)
Para PUYMAIGRE (In: RAMOS, 1974, p. 28) "folk-lore compreende as
poesias populares, as tradic;6es, as contos, as legendas, as cren98s, as
superstic;oes, os usos, as adivinhas, os proverbios, enfim tudo 0 que concerne as
na,oes, seu passado, sua vida, suas opinioes" Ja LEMOINE (In: RAMOS, '1974)
define folclore como: "Tudo 0 que e conhecido do povo por tradiC;:8o, e ainda a
heranc;a dos seculos passado".
o folelore possui dois conceitos gerais:
e a ciencia das tradic;6es populares no seio dos povos civilizados,
abrangendo a 'literatura tradicional' e a 'etnografia popular';
e uma divisao da Antropologia cultural que estuda aqueles aspectos da
cultura de qualquer povo, que dizem respeito a literatura tradicional: mitos,
contos, fabulas, adivinhas, musica e poesia, proverbios, sabedoria
tradicional e an6nima.
Folclore e 0 conjunto das criac;:oesculturais de urna comunidade, baseado nas
suas tradic;:oes expressas, individual ou coletivamente, representativo de sua
idoneidade social. Constituem-se fatores de identificayao da manifestayao folcl6rica:
aceitac;:ao coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade. Foldore e cultura
popular sao termos equivalentes.
Sendo parte integrante da cultura nacional, as manifestac;:oes do foldora sao
equiparadas as demais formas de expressao cultural, bem como seus estudos aos
damais ramos das Humanidades. Consequentamente, deve ter 0 mesmo acesso, de
pleno direito; aos incentivos publicos e privados concedidos a cultura em geral a as
atividades cientificas.
Muitos acontecimentos que algumas pessoas chamam de fold ore, para
outras sao vivid as para nao perder a unidade da nac;8.o e tambem um sentimento de
identidade que nao pode ser destruido. BRANDAo (1994, p. 5) faz a seguinte
colocayao: "Eu acho que durante muitos anos as nossas bandeiras eram as saias
das mulheres do campo e os hin~s eram can90es de ninar ... As pessoas parecem
que estao se diveriindo, mas elas fazem 1550 para nao esquecer quem sao"
o folclore possui par caracterfsticas a tradicionalidade e a fato de ser
transmitido de pessoa para pessoa, de uma geratyao a outra. 0 folclore e vivo, seja
no interior da cultura, no meio da vida e dos sonhos de vida das pessoas, grupos e
classes que 0 produzem. 0 folclare e um momento de cultura e aquila que nao foi
ele, ha um saculo e meio atras, pode estar sendo ele agora.
o folclore e uma cultura de classe, uma cultura das classes subalternas e que seopoe ao que ele chama de cultura oficial. 0 folclore e uma cultura ingenua, naooficial, nao dominante ... E parte do que alguns chamam '0 poder dos fracas': seusmodos de expressar a vida, as lutas das classes populares, a defesa de formasproprias. No futuro, parte do folclore brasileiro sera a que as gera90es do povo deagora aprenderam aver na TV Globo; mas folclore e, agora, a que livra a povo deser, criar e pensar totalmente de acordo cam a "padrao Globo de quaJidade".(GRAMSCI; In: BRANDiio, 1994)C . .)o folclore e um modo de cullura subaltema ... "Ele e a parte popular de um mondoonde a 'povo' e sujeito subaltemo. E par exemplo, a caipira paulista e a camponesmineiro amea9Bdos hit muitos anos de perda de suas lerras para empresas decapitaliza980 do setor rural; e 0 posseiro do Norte, tambem foliao de Santos Reis,para quem a 'cren9a' e a 'reza' sao apelos ao sagrado, esperan9as de que algumpoder que ele nao vi; resolva uma situa<;ao de opressao que ele nao compreende.(BRANDiio, 1994, p. 105)
Portanto, quem quiser compreender porque alguns fatos folcl6ricos
desaparecem, mig ram au se transformam no pais, ao inves de busear explicatyoes
entre os misterios da cultura, procure encontra-Ias nos sinais vivos da vida social dos
sujeitos que fazem 0 folclore.
As festas folcl6ricas brasileiras sao uma Fonte preciosa da hist6ria do povo.
De origens conhecidas ou anonimas, elas guardam em sua essencia, que e tambem
a da forma9aO do povo brasileiro, elementos de diferentes culturas. Trabalhar com
as festas folcl6ricas nao a apenas uma maneira de eontar a hist6ria; a, sobretudo,
urn instrumento para revelar e refen;ar a identidade das pesseas.
As manifesta.yoes eutturais de um grupo social (expressas atraves de festas,
cren<;as, superstic;6es, dan<;as) sao consideradas folelore desde que sejam
tradicionais (praticadas ha varias gera<;oes), funcionais (satisfa9am necessidades da
comunidade) e tenham aceita.,ao coletiva.
E fundamental que as pessoas identifiquem a foldere ende eles vivem e naD
tenham a sensac;ao de que e preciso ir busca-Io em lug ares distantes. Cada um,
10
independentemente de crasse social e faixa staria, e urn portador do folclore.
2.2 AS MANIFESTA<;OES FOLCLORICAS
A cultura brasileira e resultante de varias etni8S que uniram-se ao indlgena
previa mente existente; tais como: 0$ africanos, portugueses, espanh6is, italianos,
franceses, poloneses, alemaes, ingleses, holandeses, judeus, sirios, libaneses,
arabes, turcos, japoneses, chineses, norte-americanos, ciganos.
A aculturac;ao indigena deve-s8 principalmente ao grupo tupi, por ter sido 0 quemanteve maior cantata com europeu. Sao trarros da cultura do indio, entre Qutros:mitos como 0 Curupira, anao com as pes voltados para tras, e 0 Saci-perere,anaozinho com uma pema 56 e cachimbo na boca; names proprios: Tibiri<;a,Pirapora; dan<;as que imitam animais: 0 bugio, no Rio Grande do Sui; instrumentosmusicais: 0 zumbidor, de Recomenda da Almas; casas feitas com folhas depalmeiras; redes de dormir e mosquiteiros de rede; tea res verticais; 0 usa damandioca e do milho e seus produtos; arapucas e mandeus, para cac;a; pesca comarca e flecha e a urupema (peneira); jangada, feita da justaposic;aa de troncos dearvores. (PEREIRA, 1986, p. 24)
Ao bantu 0 folclore brasileiro deve: as danc;as do batuque, jongo, londu, samba; 0jogo da capoeira; teatro, como congada, rvloc;ambique, maracatu, quilombo,maculele, escolas de samba; mitos como os tutus, tutu~maramba, tutu~zambe, 0Chibamba (homem vestido com folhas de bananeira que dan(fa assustandocrianc;as), 0 Quibungo (cachorrao com grande boca nas costas); vissungos, cantosde trabalho na minera.,ao. (PEREIRA, 1986, p. 26)
o material folcl6rico pode ser classificado em:
crenyas populares englobam todo tipo de ideias sobre os temas que
preocupam 0 homem, desde a causa e a cura de doenyas ate a
especulagao sobre a vida depots da marte, assim como supersti<;6es,
magi a, adivinha<;ao, bruxaria e apari<;ees fantasmagoricas ou de criaturas
fantasticas e mitol6gicas;
os costumes compreendem todo 0 material relativo a festejos, jogos e
dan<;as e tam bam fazem referencia a culinaria e ao vestuario;
os relatos abrangem baladas e diferentes formas de contos tradicionais e
musica popular, baseados as vezes em personagens reais ou
acontecimentos hist6ricos;
nos refrees e canc;6es estao as cantigas de ninar, as rimas infantis e as
11
adivinha90es;
a arte popular abrange qualquer manifestagao artlstica criada pelo pavo de
forma anbnima e que expresse 0 comportamento de sua vida na
comunidade.
2.3 CRENDICES E SUPERSTICOES
Sao deturpayoes do sentimento religioso que determinam comportamentos
irracionais, de carater normativQ e preconceituoso. Consistem, essencialmente, na
atribuig80 de causas sobrenaturais a fatos au fen6menos de ordem natural. Tern urn
conteudo defensivo que nasee do meda, cujas raizes S8 fundem na hist6ria do
homem.
o termo superstiC;:Bo vern do latim superstitio que comporta dais sentidos: 0 de
sobrevivente, susperstes, e 0 de pairar, superstare. Crendice e creng8 no sentido
pejorative: denota fe considerada absurda ou supersticiosa.
Entre as supersti90es mais difundidas no Brasil, predominam as de origem
europeia, introduzidas pela colonlza~o portuguesa. A maloria estabelece narmas de
conduta relacionadas com a vida cotidiana: levantar da cama com 0 pe direito, nao
passar debaixo de uma escada, nao se sentarem treze pessoas a mesa, nao tirar as
lelas de aranha da casa ou que uma no iva deve usar alguma coisa emprestada no
dia do casamento.
Algumas supersti90es sao expressas apenas par gestos: bater na madeira
com os nossos dedos, fazer 0 sinal da cruz, ou cruzar 0 dedo medio sobre 0 polegar,
com 0 prop6sito de afastar 0 "mar au atrair 0 "bern" Os amuletos como pes de
coelho, galhos de arruda, ferraduras, sanlinhos, medal has e filas do Senhor do
Bonfim tambem sao usados, supersticiosamente, como exorcismos.
Algumas pessoas elegem um amuleto particular, geralmente uma pe~a de
roupa, uma mecha de cabela au qualquer oulro objeto de referencia pessaa!. Os
geslos e as amuletas gazam de muito prestfgia no meio leatral e esportivo. Acredita-
se que a gata-preto e 0 numero treze sao portadores da rna sorte. Segundo a
tradi9ao popular, 0 dia 13 pode ser fatidico quando cai em uma sexta-feira do mes
de a90sto. A supersti,ao atinge tambem certas pessoas consideradas portadoras de
12
falta de sorts 8, por isto, denominadas de "pes-frios".
2.4 MITOS E LENDAS
Mitos ou assombra90es sao seres, coisas ou fenomenos sobrenaturais. Hi! mitosgerais, que existem em todo 0 Brasil: 0 lobisomem, homem lobo que devora reeem-nascidos; regionais, conhecidos em determinadas re9i6es: 0 boto, dos riosAmazonas e Araguaia, peixe S8 transforma em moc;o bonito e conquista as mulheres;locais, re5trit05 a lugares especificos: Alamoa, da IIha de Femando de Noronha,mulher nua que danc;a na praia, atral as homens e as enlouquece, ao S8 transformarem esqueleto. (PEREIRA, 1986, p. 85)
Ha mitos que nao sao ainda folclore e hi! mitos que existem como folclors. A
lenda narra 0 mito e situa-a. Hi!. alguns mitos, ainda hoje, que naG sao Foldere e halendas que nao sao mitos.
Quem nunca ouviu falar de Larnpiao, do Padre Cicero do Juazeiro, de Antonio
Conselheiro ou do Presidente Getulio Vargas? Em torno dessas figuras, ha muitas
lendas. A lenda que nao e uma narra~o do mito e urn canto exagerado. A lenda eurn recurso de gravar acontecirnentos irnportantes que precisarn ser memorizados,
decorados.
Decorar quer dizer guardar no coraC;ao. A lenda, para isso, apela para a
sobrenatural, Deus ou a Diabo. A maneira como uma pessoa ficou rica ou pobre,
recebeu castigo por sua maldade ou foi premiada pela bondade, muitas vezes e uma
lenda, canto se transforma em lenda, ele deve perder as direitos autorais, ser do que
e chamado de "imaginario coletivo".
A lenda conta um acontecimento, enfeitando-o. As pessoas lembram-se do
acontecimento porque nao conseguem se esquecer do aspecto sobrenatural, fora do
comum. 0 mito esta acima do tempo e dos lugares, e universal. Ja a lenda faz parte
da "Historia". Lenda nao e ficC;ao, nao a fabula, nem romance, a historia contada,
misturada a pedac;os de mitos. Do mito ninguam duvida, ata que este seja mantido
par urna lenda. A lenda sustenta a mito quando as pessoas comeC;am a desconfiar
dele.
Historias de lobisomem sao lendas. Mas, quando um homem da minha rua se
transforma em lobisomem, nao a lenda, a mito. As historias de vampiro sao lendas.
Mas, quando uma mocinha amanhece com 0 pescQ(;o mordida, ai 0 vampiro atacou
13
em pessoa. Nao e lenda, e mito. Quando essas historias sao contadas trata-se de
lenda. Lenda e 0 mito contado, e mito e a realidade vivida.
14
o PROJETO VALE SABER
A partir da expansao dos conhecimentos acerca do foldore e da
compreensao de suas caracterfsticas, influencias e importancia passa-s8 a discorrer
aspectos mais praticos, principal mente acerca do Projeto "Vale Saber". Para S8 viver
num regime democratica, dentro da sociedade, faz-s8 indispensavel a respeito aos
valores e a diversidade etnica e cultural que a constitui.
o Projeto "Vale Saber" tem por objetivo introduzir a cultura do Estado do
Parana no cotidiano dos alunos; urna vez que 0 objeto cultural somente eapreendido social mente, atraves da intera<;ao que S8 tern com ele.
A proposta e resgatar a cultura paranaense atraves de lendas, relates e
contos populares, valorizando 0 patrimonio cultural e fundamental mente no respeito
as diversas manifesta<;:oes culturais, de tal forma que as individuos e grupos que
aqui habitam, possam nelas se reconhecer e delas se apropriar.
3.1 CARACTERIZA<;:iiO DO LOCAL
o local escolhido para a implanta,ilo-piloto deste projeto foi 0 Colegio
Estadual Avelino Antonio Vieira, situado a Rua Julio Mesquita, n. 12, na cidade de
CuritibaJPR. Eo um colegio caniter publico e faz parte da rede de ensino.
3.2 PROJETO 2001
o primeiro projeto foi realizado no ana de 2001, entre as meses de julho a
novembro, com urn total de 900 alunos, de Sa a 811 series participaram do projeto. 0
ema foram as 500 anos do Brasil e a area do conhecimento abrangida foi a de
Hist6ria do Brasil.
Os objetivos estabelecidos foram:
utilizar a linguagem oral e escrita como meio para produzir, expressar e
comunicar suas ideias, na produ<;:aode textos;
valorizar 0 patrimonio cultural paranaense, respeitando suas diversidades,
reconhecendo como um direito de todos;
15
utilizar as diferentes linguagens: verbal, matematica, gn3fica plastica e
corporal, com meio para produzir e manifestar suas ideias;
produzir textes legiveis, cuja circulayao extrapole os [imites da sala de aula
A metodologia estabelecida para 0 desenvolvimento do projeto contemplou
quatro etapas:
pesquisa: foi realizada em jornais, revistas, livros e entrevistas, narrativas
em situa<;ao de intercambio oral que requeriam Quvir e perguntar de forma
a colher ideias que relatam a cultura e a hist6ria do Parana;
leitura e escrita: 0 aluno utilizau-se de tantes de informa<;oes pesquisadas
para a pratica de leitura e prodU(;,ao de rascunho para conseguir urn texto
satisfat6rio;
prodw;:ao de texto: as alunos produziram textos criados a partir das ideias,
landas, relatos, contos populares, reescritos a partir das fentes de
pesquisa;
coletEmea: foi elaborada com a seler;ao dos textos, contos, narrativas,
danr;as e canc;oes folcl6ricas e desenhes obedecendo 0 tempo cronol6gico
dos acontecimentos.
o desenvolvimento do projeto proporcionou aos alunos condir;6es de
apropriar-se do conhecimento constante e despertar atitudes duradouras,
constituintes de uma nova postura atraves de ar;oes coletivas e individuais em prol
da melhoria da qualidade de vida.
As atividades foram desenvolvidas airav8s de pesquisa, leitura e escrita,
produr;ao de textos, com 0 objetivo de resgatar a cultura paranaense no tempo e no
espac;o, em situac;6es reais com interlocutores dentro da escola e fora dela.
o projeto tem um significado social, cultural, humano e pedagogico, pais
permitiu a exercicio da cidadania, do respeito as diversidades de ideias da
criatividade e inventividade dos envolvidos atraves da divulgagao e apresentaC;3o
dos resultados obtidos.
o desenvolvimento do projeto abrangeu varias areas do conhecimento que
juntas buscaram evidenciar a dimensao social da aprendizagem e auxiliando na
construc;ao da cidadania. Os conteudos foram escolhidos segundo sua importEmcia e
significado, a fim de 0 aluno desenvolvesse competencias e habilidades no decorrer
16
do trabalho.
Cada professor atuou a partir das seguintes premissas:
Ungua Portuguesa: produr;ao de textes, elaboraC;8o de resumo, saber
tamar notas durante uma exposiyao oral e saber esquematizar suas
anotac;6es para produzir textes coerentes ao assunto proposto;
Hist6ria: a conhecimento hist6rico sera construldo atraves de abordagem,
reflexao e organiz8c;oes de informac;6es pesquisadas em livros, jornais,
revistas, lendas, relatos e contos populares da cultura paranaense;
Educar;ao Ffsica: apresentac;ao de lendas folcl6ricas na danc;a de forma
ludica valorizando a pluralidade cultural do nosso Estado;
iV1atematica: caracterizar datas, epocas, decadas, seculos e algarismos
que serao utilizados nas quatros opera¢es;
Oficina de Matematica: ira elaborar com os alunos a coletanea, usando
figuras geometricas para arranjo, desenho e estetica na producyao do livro
"Causes do meu Parana".
Os resultados esperades contemplavam que 0 aluno fosse capaz de:
produzir textes coerentes aos conteudos propostos;
reconhecer a diversidade cultural do nosso Estado;
organizar ideias articulando-as aralmente, par escrita e par outras formas
de comunica<;ao, ler com clareza lendas e contos populares;
reconhecer a valora da lingua escrita como meie de informa<;ao e
transmissao da cultura.
3.3 AVALlAr:;Ao DO PROJETO 2001
Ao final da implantac;ao do projeto foi realizada uma avaliacyao, que ocorreu no
final do mes de novembro de 2001.
o projeto teve a finalidade de apresentar aos alunos, diferentes vers6es de
uma lenda. Mostrando com isso que a mesmo conteudo pode ser escrito de
diferentes formas e que eles tambem podem escrever da sua maneira.
o trabalho ~Projeto de Lendas Paranaenses", permitiu viver situa<;6es reais de
interlocu<;ao no interior do espa~ escolar e fora dele. Possibilitou ao professor e
17
alunos, a participayiio de um dialogo mais amplo.
o trabalho desenvolvido em sala de aula ofereceu aDs alunos envolvidos
inumeras oportunidades para agir sabre 0 meio, discutindo, decidindo, reaHzando,
avaliando e, portanto, criando situ8(f6es mais favoraveis para a aprendizagem.
As atividades de produ~o das lendas, propiciaram oportunidades especiais
para a construc;ao do discurso pr6prio de cada urn, para a expresseo clara de ideias
e defesa de pontcs de vista, para a reflexao sobre as diferenC;8s entre narraC;8o
escrita ou oral de carater maravilhoso, na qual as fatos hist6ricos sao deformados
pel a imaginac;ao poetica.
Durante a realizac;ao do projeto as alunos puderam reconhecer a importancia
das [endas imaginosas e empolgante de certos acontecimentos possfveis na vida
real ou simplesmente fantasticos, em que se narram os feitos gloriosos ou modestos
de um povo, ou de pequeno agrupamento humano, ou de uma simples tribo
indigena, de um homem notavel ou an6nimo.
Foi enfatizado, sobremaneira, a importfmcia de se conviver de forma
democratica, e que e preciso respeitar e valorizar a diversidade etnica e cultural que
constitui a sociedade moderna.
Dutro aspecto positiv~ do projeto foi a possibilidade de introduyiio da cultura
paranaense dentro do ambito escolar, uma vez que esta, no mais das vezes, possui
um espa<;o infimo ou, mesmo, nenhum.
Todo 0 trabalho e a pesquisa sobre as lendas que contam a historia do
Parana desenvolveu-se atraves de fases, tais como: conceitua<;ao do que e lenda e
tradi<;5es; diferenciac;ao de lendas fantasiosas e lenda hist6rica e identificac;ao das
lendas nas diferentes culturas do Parana.
o desenvolvimento do projeto, proporcionou aos alunos condic;6es de
apropriar-se do conhecimento constante e desenvolveu a criatividade, tendo novas
posturas atraves de a<;6es coletivas e individuais em prol da sua melhoria da
qualidade de vida.
Permitiu 0 exercicio da cidadania e 0 respeito as diversidades de idaias, a
criatividade e inventividade dos alunos. as resultados dos trabalhos foram
divulgados e apresentados. 0 desenvolvimento das atividades foi feito atraves de
pesquisas e leituras de lendas do Parana com as alunos envolvidos.
18
Atividades englobaram:
discussao sabre a diversidade cultural do Estado do Parana;
esquematiz8C;80 dos textos que farae parte da coletaneas "Causos do meu
Parana";
trabalho de correC;8o e revisao dos textos elaborados;
inicia9fio do processo de montagem da coletanea;
discussao do formata do livro, capa e desenhos que fan30 parte da obra;
apresenta,iio do resultado do projeto: Coletanea "Causos do meu
Parana", cartazes ilustrados com desenhos que representam as lendas
contidas no livra;
apresenta91lo de uma dan,a folcl6rica de forma ludica "0 Fandango"
valorizando a pluralidade cultural do nosso Estado;
divulgayao da coletanea em forma de livra para a escola e todos as seus
segmentos
3.4 PROJETO 2002
A partir da constatag8o do exito no projeta realizado no ana de 2001 urn novo
projeto fai elaborado para 0 ana de 2002. Basicamente as diretrizes continuam
sendo as mesmas.
A segunda versa a aconteee entre as meses de maio a novembro de 2002,
com as turmas de sa a sa series, nos turnos da tarde e da noite. Ao todo serao
benefieiados cerca de 700 alunos.
Os objetivos sao os mesmos do projeto anterior somando-se mais dais:
fortaleeer os elos que nos une ao passado da hist6ria do Parana atraves
de suas lendas, mitos, hist6rias populares e proverbios que nos foram
leg ados de nossos antepassados;
reeserever a hist6ria do Parana atraves de suas tradi90es e costumes;
A metodologia e 0 desenvolvimento mantiveram-se os mesmos do anterior.
Os resultados esperados ao final do trabalho sao os mesmos do projeto
anterior, somando-se a capacidade do aluno de conhecer 0 patrimonio cultural do
Parana, bern como, divulgar as riquezas das etnias que engrandecem a nossa
19
hist6ria.
Entre os recursos escolhidos para a elaborayao destes trabalhos estao a
utiliza.y8o de livros, jornais, revistas, video, retroprojetor, mapas, Internet, material
fotografico, encadernac;ao, revelac;ao, material de pintura, etc.
20
4 PRODUC;;Ao DE TRABALHOS COM AS LENDAS DO ESTADO DO PARANA
4.1 UMA DO MONGE DA LAPA
Entre as muitas lendas do mange Joao Maria, esta uma sabre 0 dia em que
ele pousou perta de uma fazenda. Gertrudes, a dona da casa, fai correndo atras de
uma galinha para dar aD monge. Mas a galinha nao S8 deixava pegar, e a cansada
dona Gertrudes xingou: "0, galinha danada, va pro diabo que te carregue!" E foi
cuidar das eaisas da casa. Tempos depois, a galinha chegou e S8 deixou pegar.
Dona Gertrudes foi correndo levar aD monge. Ele S8 negou a pegar 0 bicho: "Eu nao
posso aceitar porque he pouco mece deu ele pro diabo"
4.1.1 Lendas Paranaenses
En\'f a$ m~it.as teno~s g~ m~~j;!o'li.a·':ia..!sa uma SOOI"f (I dia ~m Clueelt o~usou [ltrlO
0: uma la~tnca. Grr\.uot;. J cona OJ ,~sa. ~o, CO"f":;IO a:r'~ Ctum~ ~alinha ~ara oar ac menge. Mal ~ <lalil1ha n~~ $. a~,~ava~.;J',e f """$ada do<\f G.rt ••.•:1.~ ••nl'0~: "ii, I'ahnr>a canaoa, ~aor6 ~,atooau.lt ~a·.e9u.:" ~ io. cuiaa' ca. tOi~,!.I da ;ala. "itm~elo.ooil, a ;alinr.a 'n.~o". s. dei.ou 0.9a,. Dona Gemu::!1 io, cor~n:lo leVi" al> lAon?. ~~~. nt9o~ a ~<;a· Q bi~r.~: •.~•.•nAo I'~"so ac.'t.l' POr:l~r na ooueo mtct!leu tl. oro diaco"
4.1.2 Trabalho do aluno
"Uma das lendas mais conhecidas do monge Joao Maria, e a de uma
pequena cidadezinha. Gertrudes, a dona da casa foi correndo atras de uma galinha,
para dar ao mange. Mas a galinha nao se deixou pegar, e a dona Gertrudes
cansada falou: "0 galinha dan ada va pro diabo que te carregue!" Oepois de um
tempo, a dona conseguiu pegar a galinha e a levou ao monge, entao ele disse: "Nao
quere essa galinha, ela ja e do diabo!" Entao a dona foi triste para casa, com a
galinha. Oepois de alguns dias a galinha sumiu, e foi 0 diabo que veio busca-Ia, e
em noites de chuva 0 diabo e sua galinha andavam pela cidadezinha, aterrorizando
quem se atrevia a duvidar da lenda" (A.L.S., 1° F)
22
4.2 AS ENCANTADAS
Diz a [enda que quando a lIha do Mel era desabitada, nas grutas ftcavam as
Encantadas - belissimas mulheres de corpo branco e fangos cabelas verdes que ali
ftzeram sua maradia, Quando a Ilha do Mel come90u a ser povoada, as Encantadaspas sa ram a morar no fundo do mar e nunca mais foram vistas. Mas dizem alguns
pescadores da ilha que elas continuam la na gruta, e que muitas noites ali
acontecidas sao caisa das Encantadas.
4.2.1 Lendas Paranaenses
As encantadasDiz ;; lenda que quando a Ilha do Mel era desabitada nas91"U\IS fieavam as Eneantadas ~ belfssimas mulhere~ deeOIOb.raneo e .Iongos cab.elos verdes que ali fizeram suaITIO·adla. Quando a Ilha do Mel come~ou a ser povoada,a Eneantadas passaram a moral' no fundo do mar eI Jnea mais foram vistas. Mas dizem alguns pescadoresa Ilha que elas eontinuam lil na gruta, e que muitasnortes.ali acontecidas sao coisa das En~~~,tadas.
4.2.2 Trabalho do aluno
1°. "Dlz a lenda que quando a IIha do Mel era desabitada, nas grutas ficavam
as Encantadas, belissimas mulheres de corpo brancQ e langos cabelas verdes que
ali flzeram sua moradia. Quando a IIha do Mel come90u a ser povoada, as
Encantadas pas sa ram a morar no fundo do mar e nunca mals foram vistas. Mas
dizem alguns pescadores da ilha que elas continuam Ie na gruta e em noites de lua
mlnguante elas come<;am urn ritual com cantos e dan<;as que ecoam par toda a ilna,
atraindo crian<;8s e adultos melo que par "encanto", e ao chegarem a gruta sao
23
transformados em rochas e passam a fazer parte da mesma eternamente", (A.G., 1°
F)
2°, "He. muitos anos atras quando a IIha do Mel era ainda desabitada diziam
que ela nao era desabitada, pais 103moravam as encantadas. Undas mulheres de
todas as ragas, altas, baixas, mulheres deslumbrantes. Mas que par tras de tanla
beleza escondiam muita maldade. Diziam que elas hipnotizavam as pescadores e
navegantes que ali ancoravam e depois as possuiam e as maltratavam muito.
Depois as malavarn afogados e depois levavam seus corpos para 0 fundo do mar e
as deixavam 103para nunca serem achados. E quando as pessoas comeC;aram a
morar la elas desapareceram e comegaram a pegar as embarc8c;6es no meio do
mar. Hoje em dia quase ninguem acredita nisso mas os pescadores continuam
acreditando nelas porque muitas pessoas morreram nas maos das encantadas" (V.,
1'G)
3' "Oiz a lenda das encantadas que quando a IIha do Mel nao tinha moradia
alguma, mas belas grutas ali ficavam as Encantadas - mulheres bonitas, de corpo
quase transparente de tao branca e longos cabelos lisos e esverdeados que ali
come9aram a viver sua vida construindo suas moradias. Quando a IIha do Mel
come90u a ser descoberta (povoada) ai as Encantadas passaram a morar no fundo
do mar bem debaixo da ilha e nunca mais foram vistas. Alguns pescadores dizem
que elas continuam 113na gruta, e que as mortes que acontecem sao elas que
provocam 0 acidente das mortes acontecidas. Sera que elas existem? E que sao as
Encantadas que provocam as mortes?" (ACA, l' G)
25
4.3 0 "LUBIZOME"
Eu e todos as habitantes deste planeta 56 conhecemos os lobisomens dos
filmes americanos. Mas la pelo final dos anos 70, as moradores de Almirante
Tamandare diziam ter urn "Iubizome" atormentado a cidade. Diziam que ele aparecia
de noite, ora como urn porco grande ora como urn terneiro ora como urn cachorrao.
as cachorros da cidade corriam atras, mas tinham medo de chegar perto. Numa
noite, ele S8 jogou pela porta do cemiterio, encostou-se num turnulo e la dormiu. De
manha, estava desencarnado num homem nu. Ninguem, nem 0 padre teve coragem
de entrar e expulsc3-lo dali. Mas a j'lubizome" nunca rna is apareceu.
4.3.1 Lendas Paranaenses
4.3.2 Trabalho do aluno
1° "Numa noite de lua cheia ern Almirante Tamandare urn homem estava
dormindo em sua casa, na sua cama, quando deu no rerogio meia-noite, Ere se
revantou, sonambulo, e fOI em dire~o a urn morro, comec;:ou a gerner, e rasgar suas
roupas .. Transformando-se em cao raivoso, de peros compridos, uivando com urn
lobo, saiu pela rua como um cachorro louco, quem ele encontrava ele devorava,
ninguem saia de casa nas noites de rua cheia. Quanta amanhecia ere se
transformava de novo em um homem, ele ia para casa como se nada tivesse
26
acontecido na madrugada que S8 passou. Eu que nao sou Icuea de andar meia-noite
nas fuas de Almirante T amandar!§:".
2° "Urna noite em muitos dias aparece urn ~lubizomeft e em Almirante
Tamandars, as vezes como urn porcao e Qutras como urn cao. Urna noite de [ua
cheia, urn hornem acordou e S8 levantou de sua cama e foi as ruas perseguindo a
luz do [uar. Depois que a encontrou come90u a gemer e a S8 rasgar e come90u a S8
transformar e a uivar como urn lobo e depois de estar transformando como urn cao
muito grande. coms90u a farejar e a correr atras de urna pessoa para comer e S8
saelar. 0 "Iubizome" encontrou urna prostituta na esquina e a comeu ate 0 cemiterio.
Ele comeu pessoas quando chegou ao cemiterio, ele nao viu 0 coveiro e entao a
coveiro ligou para a par6quia e pediu para que a padre viesse para a cemiterio
exorcizar a "Iubizome". Mas a padre chegou tarde, a coveiro ja tinha sido comido e a
"Iubizamen estava em cima de um tumulo e estava se transformando em um porco e
se transformou num homem nu que, ali mesmo, morreu. Mas dizem que a ulubizome"
teve fithos' Portanto ha "Iubizome" por la' Cui dado! (P.O.P.,7" G)
3° "A maiaria das pessoas conhecem a lobisomens dos fHmes americanos. A
maioria dos lobisomens sao padres que se transformam meia noite na lua cheia. Ele
tem medo da cruz e alhos ele e que nem um cachorro s6 que mais peludo, corcunda
e com dentes bastante afiados. Em 2002 nao se lala, mas de "Iobizome" se lala s6
nas lazendas que e bastante mato e muitos animais". (G.S., R.S.O., 7" G)
40 uEle aprecia nas noites como um porco gigante, uma das patas eram mao
de gente e cabe9C3 de cachorro. Alguns cachorros comeyavam a correr atras dele
mas nenhum teria eoragem de ehegar perto. Ficaram com meda, ele ehegava no
eemiterio deitava em um tumulo e virava um hornem seeo e nu. No Qutro dia
mandaram ele sair dali e nunca mais voltoun (A.A.; 73 G)
28
44 CORPO SECO
E assim que chamam 0 homem que passou a vida inteira fazendo tudo que emalvadez8. 0 maldito chegou ate a seviciar a pr6pria mae. Va ser ruim assim no
inferno! Mas quando ele morreu, nem a Diabo nem Deus quiseram saber dele. A
propria terra e as vermes tocaram-no para fora, enojados com sua carne. E ele
mirrado, defecado, com a pele toda enrugada sabre as ossos, de naite sai da tumba
para com ronco S8 uivos tenebrosos apavorar as viventes.
4.4.1 Lendas Paranaenses
.~
'1f6 E ass~~j~~ej~~~~~n~~~~o ~:ePeassoll
malvadeza. 0 maldito che;ou ate a sevi~iara propria ma~ Va 5er .uim assim no
il1.femO!Masquandoelemorreu,nemoO,atlonemDeusquiseramsabero:iele.A
pr6prjau.rraeos·~rmestocaram-noparafora,enojad(lStomsuaca~.Eelemirrado,defecado,comapeielotia
enrugadasob~osossos, d~noitesai datum:la para ~om ron~os ~ uivos tentbrosos
apavorarosvivente:$.
4.4.2 Trabatho do atuno
~Conta-se a hist6ria que a cara que virou a corpo seco passou a vida a fazer
rnaldades e matou sua propria mae, era 0 capeta em pessoa. Quando ele morreu
ninguem quis ele Iii em cima, nem Deus, nem 0 capeta~. (A.R.C, e V.A.M. 7a C,
tarde)
29
"Era urn homem que enquanto era vivo fez de sua vida uma tremenda
bagun~:a. S6 fazia malvadezas. Mas depois de tude iS50, quando morreu nao entrou
no ceu e nem no inferno, nem Deus nem 0 diabo 0 aceitou. Foi enterrado e sua alma
ficou vagando pel a terra, com a pela toda enrugada, apareciam ate as ossos,
extrema mente em decomposi<;Elo. Nas madrugadas sai par af dando raneos e urros
para assustar as visitantes". (E.C.M., 1° G)
31
4.5 MAE DE DURO
Esta e urna Mulher Sem Caberya que mora debaixo da Serra da Itupava (entre
Morretes e Antonina) e fica tomando conta das minas de curo que ali existern. E 5e a
Mulher Sem Cabega esta par la, e certa que existe Duro. Mas ate agora eu naD
conheyo ninguem que a encontrou.
4.5.1 Lendas Paranaenses
4.5.2 Trabalho do aluno
~Cre que na Serra da Itupava (entre Morretes e Antonina) encontra-se urna
mulher sem cabeg8, e sem corpo todo deformado e urn forte brilho de auro. Acredita-
se que ela acompanha as garimpeiros, pelo sem caminho ate as minas,
assombrando-os ate as minas ela transformou em DUro, par issa muitos naD
voltaram para a casa. Onde encontram essa rnulher pode ter certeza que tern muito
aura'. (R.P.L., 1° F)
------ ..
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33
4.6 AS ROSAS LOUCAS
Existem duas lendas sabre a aparic;ao da imagem miraculosa da Virgem do
Rocio, que ate hoje enfeita 0 attar da igreja erguida para ela em Paranagua. Urna
Jenda diz que foi 0 pescador Embere quem jogou a rede e neta, em vez de peixes,
veia a imagem da santa.
Ja outra lenda fala das rosas loucas. No local onde esta a igreja tinha urncanteiro de rosas toucas. Sempre par volta da meia-noite urn clarao surgia do mar e
se curvando, como urn areo-lris, ia para a maita das rosas loucas. Os pescadores do
local resolveram descobrir que misterio era aquele. Ao desbastarem a maita de
rosas, encontraram a imagem da Santa. Escolha qual das duas lendas Ihe agrada
mais.
4.6.1 Lendas Paranaenses
AS ROSAS LOUCAS
;;xis-.=!cuasle~SC~lIatlilri;10ciaima.~mitaclllosaoaV;"gemooRo:io,out ateh"jemlei-.ao"l:.atdajli~jatrguidilpat,)ellrmParan.agua.. UmalffidadilOlitfoio~~UldorE~~ r:wemios~ a ~e e ntl", em ~l lit Dei.il(e~, veio iI irnilSMl da
~nU.JaoLrtralendl
umclarao surgia do mar e St •
l~~i~~E~::;:,?g~~f.\~;aQutlt. Aodtsba5tilremam~illdetO~, en~omraram II imagem dil Santa.btolha qUill da~ dUlls lerlda.s lne agradamais.
4.6.2 Trabalho do aluno
MDia 26, janeiro de 1680. Paranaguc3. Havia na cidade um grupo de
pescadores feito pela comunidade. Eles reuniam-se todos os dias as 5:30 da
madrugada na baia de Par2dagua e sairam a procura de pesca e no fim da tarde, 0
melhor da pesca era vendido e 0 restante ficava para 0 sustento da familia. Mas
34
neste dia foi diferentes, eles como de costume S8 encontraram nesta manha,
quando chegando no local da pesca, avistaram de lange uma luz forte e muito clara.
Mas quanta ao casa nada fizeram. Pescaram normalmente, e foram para casa 80
chegar todos contaram as suas esposas. E isso S8 repetiu varias e varias vezes. Ate
que urn deles decidiu ver 0 que era aquila e todos concordaram com a decisao. Etes
pegaram enxadas, facoes, foices e etc. Foram ate 0 local e viram nao 0 fundo do
mar urn roseral imenso e cometyaram a decepar aquilo. Mas quando chegou na
metade acharam uma imagem da Virgem do Rocio imediatamente volta ram para a
casa e a partir dali comecyaram a adorar aquela imagem e ate hoje ainda vivemos
algumas tradi,oes dessa santa". (F.L.P., l' F)
36
4.7 ARVORE MUTANTE
Contam que na Ilha do Mel existe urna gigantesca arvores cujo troneD eperieito para construir urna canoa, de mais de seis palmos de boca. 0 canoeiro
marca 0 lugar e vai buscar seus instrumentos e quando volta a arvores nao esta
mais la, e nunca mais vai acha-Ia. Dizem que essa arvores misteriosa e mais uma
das reinac;6es do Curupira.
4.7.1 Lendas Paranaenses
ArvoremutanteContam que na IIha do
Mel existe uma gigan-tesca arvore wjo troncoe perfeito paraconstruir uma canoa,de mais de seis palmosde boca. 0 canoeiromarca 0 lugar e vaibuscar seus instrumentose quando.volta a arvorenao esta mais la, e nuncamais va; acha-Ia. Dizemque essa arvore misteriosa emais uma das reina~6es doCurupira.
37
4.7.2 Trabalho do aluno
"Contam que na Ilha do Mel existe uma gigantesea arvore eujo troneo eperfeito para construir urna canoa de seis palmos de boca. 0 canoeiro marea 0 lugar
e vai buscar seus instrumentos e quando volta a arvore nao esta mais la, e nunca
mais vai acha-la. Dizem que essa arvore e urna das reinac;6es de Curupira e quem
S8 atreve a arrancar urna de suas folhas e confundido pelo anaa em sua volta para
casa, Curupira leva a pessoa ate 0 corayao da fioresta e 0 tortura, entregando-o,
logo em seguida para ser morto par plantas carnlvoras, que arrancam pedac;o par
pedac;o da vitima ate que a alma da mesma deixe 0 corpo e comece a vagar
eternamente pel a ilha, para servir de aviso e exemplo a outros .. Oeus me livre de
arrancar urna lasea que seja dessa arvore!" (O.S., 1° F)
39
4.8 MARIA BUENO
Contam muitas lendas sabre a prostituta que foi marta par seu amanta em
1893 e virou a santa de Curitiba. Muitos milagres a ela atribuidos aconteceram no
seu tumulo, no Cemiterio Municipal. De noite, as ladrees que nao conseguem
arrombar a cafre ande esta 0 dinheiro deixado par fieis agradecidos poem fogo no
tumulo, mas par milagre da santa as chamas se apagam sozinhas.
4.8.1 Lendas Paranaenses
Msabre a prostituta que foi morta por seu
. a santa de Curitiba. Muitos milagresno seu tumulo, no Cemiterio
adroes que nao conseguem,d,,," 0 d;nh',;~o ·d,;,adopo, fieisogo no tumulo, mas por milagre da
se apagam sozln~s. . ]:,,..,01
4.8.2 Trabalho do aluno
"Existe uma lenda que vern de 1893 e que ate hoje faz muito sucesso
principal mente no dia de finados. Esta mulher em Curitiba e uma santa milagrosa, 0
motivo simplesmente lenda. Em 1893 muitos milagres ela atribui, faz, acontece em
seu tumulo que por sinal toda a vida esta chelo de velas, rosas e muitos pedidos a
cumprir. Ela era uma prostituta muito famosa e respeitada e, Curitiba, e foi morta
pelo seu amante, nunca foi revelado como foi morta mais dizem os jornais que foi
antes de urn prograrna, que ela iria realizar ern um motel muito famoso, com 18
facadas. Oizem que ap6s a sua morte e ter virado uma santa milagrosa, os lad roes
que nao conseguem arrombar 0 cofre onde esta 0 dinheiro deixado por fieis
agradecidos poem fogo no tumulo, mas por milagre da santa as chamas se apagam
sozinhas. Comentam que sao muitos pedidos, mas entre eles sao para mulheres
que nao conseguem urn relacionamento fixo e tern 0 sonho de casar de veu e
grinalda e rnuitas grar;as a santa foram realizados. 0 seu amante no ano de 1893 foi
preso e condenado a 27 anos de prisao e la morreu e Maria Bueno ate hoje elembrada como uma santa pelos cuntibanos". (S.D.O., 10 F)
41
4.9 DE ON DE VEIO 0 MATE
Uma das muitas lendas do mate (nascido aqui no Parana) comec;.a com duas
indias, Jaci e Arar, andando tranqOilas na flore5ta. Nissa, Jaguarete, a on98 feroz
que tinha ciume das mOyas, vai atirar-se em cima del as. Mas urn velho indio armada
de uma faca pula na onc;a. Comeya a luta e parecia que Jaguarete ia veneer, mas 0
velho consegue enfiar a faca no corayao do bicho. Depois da luta, 0 indio cansado
dorme e sonha com uma arvores que nao conhecia. Quando acorda, Jaci e Arar
estao do seu lado 8, para agradecer, fazem surgir do solo a aNDre sonhada, cujas
folhas tostadas e em infusao renovam as foryas de quem as tamar. Assim nasceu 0
mate
4.9.1 Lendas Paranaenses
Decomduasfndias,
aon~ferozque. Mas um velho indio
e parecia que Jaguarete ia
bi,hO.O'POiS.conhecia. Q
fazemsurgirrenovamasforc;a
4.9.2 Trabalho do aluno
UEm uma tribo de indio do sui que estava comemorando uma grande cayada.
No meio da alegria surgiu uma discusseo entre dais grandes guerreiros: Pirauna e
Jaguarete. Ambos tinham como trofeu urn colar de dentes de seus inimigos vencido
em batalhas. Jaguarete teve que fugir da tribo, porque para a tribo ele nae era mais
urn deles. 0 tempo passou, e muita gente nem se lembrava do fato e estava a cayer
quando saiu de uma mata urn homem com muitas folhas envolvidas em seu corpQ.
Os cac;aderes ficararn assustados pais naD reconhecerarn que era Jaguarete. Pais
tomeu-os pela mea e as levou para dentro do mar. E ali chegou uma deusa e pediu
que Jaguarete fizesse urn cha de erva-mate para eles, adoraram 0 chao E
convidaram a guerreiro que voltasse para a tribe e ensinasse aos outros como fazer
o chi •. Com isso ele foi perdoado e pode voltar para sua terra natal". (M.C.S.R.)
43
4.10 VILA VELHA
Antigamente era ali uma cidade de auro, ande as melhores homens de todas
as tribos, a pedido de Tupa, guardavam urn precioso tesouro. Mas rupa as proibira
de ter cantata com as mulheres. 1 upa disse que as mulheres iriam contar 0 segredo
aos inimigos da triba, que roubariam 0 tesourD, e S8 issa acontecesse, ele nao as
ajudaria mais. Aconteee que Arace, uma bela maya da triba rival, aproximou-se de
DUI, 0 chefe dos guardi6es do tesouro, e ele apaixonou-se e contou para ela as
riquezas que ali 8xistiam. Revoltado, 1 upa destruiu a cidade e as dais amantes
ficaram petrificados lado a lado. 0 auro que ali existia foi liquefeito por Tupa e
transformado na Lagoa Oourada. Os outros homens conseguiram fugir da furia de
Tupi;'
4.10.1 Lendas Paranaenses
/ .VllaVelhaAnllgamente era ali uma cidade de
:~~~iboO~~~~Sed:~~l~~e~~~o~~~~~:a~O:~~ I~m .p~ecl~~o, lesour.I?~.~~s Tupa os '. , •.. ';1
IJrUlUlra u~ leI' ••..UllldlU:. \,UIII <.I:' \'Ullli<" ••~
(mulheresl. Tupa disse que as mulheresIdam conlar 0 scgredo aos inimigos datribo, que roubariamo lesouro, ese issoaconlecesse, ele nao os ajudaria mais.Aconlece que Arace; uma bela mo~a datribo rival, aproximou·sc de Dul, 0 cheledos guardioes do tesouro, e eleapaixonou·se e conlou para cia asriquczas que ali exisliam. Revoltado,Tupa destruiu a cldade e os dois
ficararn ladoailiquefeito
4.10.2Trabalho do aluno
"Ha muito tempo atres a terra das Araucarias 56 era povoada pelos albinos. E
neste lugar havia muitas riquezas, que quando outros povos de outros lugares
ficaram sabendo. queriam conquistar todas as riquezas que tinham nesta terra. Com
muito combate dos povos os ultimos come9aram a perder a sua for98 e recorreram 8
um grande monstro que eles chamavam de Deus. Este grande monstro deu tres
mordidas na terra onde estava combatendo para matar os inimigos, que ali formou
as furnas e a terra que caiu da boca do monstro formou a Vila Velha e depois de
muito tempo VIrOU ponto turistico" (V.J.)
45
4.11 CANTO DOS CHOPtNS
Oiz a lenda que nos tempos de antes, urn guerreiro da tribo guaicuru tinha
sido destin ado a ter como mulher urna linda donzela de Qutra triba. Mas crescendo,
enamorou-se de urna india de sua propria triba. A rejeitada foi para urn campo
deserto e enfiou urna farpa no corac;ao. Urn banda de chopins que olhava a cena
ficou muito triste. Os passaros voaram e lange da desgra98-come~ram a cantar,mas seu piar saiu triste, nunca mais tiveram urn cantar alegre. Por issa as chopins
tern canto tao tristonho.
4.11.1 Lendas Paranaenses
4.11.2 Trabalho do atuno
"Quem nunca ouviu falar da tao antiga e triste lenda de "Canto dos Chopins",
que diz que a muitos anos, aqui vivia urn guerreiro da tribe Guaicuru. 0 chefe da
triba ja tinha escolhido sua esposa uma linda donzela de outra tribo. 0 seu destino ja
estava escolhido e sua esposa tambem. A donzela estava feliz porque iria se casar
com urn grande guerreiro. Mas com a passar do tempo a seu grande amor perdeu a
encanto par ela, seu amor estava acabando, porque se apaixonou por uma outra
india de sua tribo. A donzela ficou muito triste em saber que a seu amor a trocou por
outra e que seu amor tinha acabado. Rejeitada pelo seu amor ela foi para urn campo
deserto e enfiou uma farpa em seu carac;ao, no momenta da cena urn banda de
Chopins a olhava muito triste, e vendo a desgrac;.a comer;aram a voar e longe
corner;aram a cantar, mas seu piar soava triste. Oepois daquilo nunca mais os
chopins cantarn alegre, par isso os chopins cantam tao tristonhon• (G.A.N.)
47
OUTRAS LENDAS PARANAENSES PARA ELABORA~AO DE TRABALHOS:
SUGESTOES
5.1 0 SURACO DO PADRE
E uma lenda bern mais nova (em comparayao com as demais). Surgiu neste
sEkula dos ET's. uma furna na regiao de Vila Velha e chamada de Burace do Padre,
e suas aguas vaa desovar na Lagoa Oourada ali perto, do Dutro lado da estrada.
Como ninguem mais lembra que hist6ria e essa de um padre ter cavado aquele
buracao redondinho, conta a lenda atual que aquila foi lugar para pauso de disco
vaador. Par !ssa 0 buraco fieou bern redondinho.
5.2 CASEDAL
La na Serra do Apam, ali para diante de SOcav80, ainda existe uma
comunidade de negros, num restante do quilombo que ali existia. Os que vivem Iefalam muito do Cabedal, que sem mais nem menes e um buracao sem tim ande 18
no fundao dele esta assim de auro. S6 que ate hoje ninguem se arriscou a se enfiar
no buracao escuro, nem voce nem eu.
5.3 PAl VEIO
E uma lenda de Santa Catarina, mas com as lendas andam daqui pra 13 tem
muitos tabacudos que acreditam nela e dizem jil terem visto 0 Pai Velo. Para quem
nao sabs: tabacudos e como antigamente os paranaenses eram chamados - se
alguem me chamar assim juro que quebro a cara dele. Nos tempos da Guerra do
Contestado, 0 Pai Veio era D individuo que dizia ser a reencarna~D do Monge Joao
Maria. Se e verdade, ninguem sabe.
5A 0 VIOUNO DO PADRE MACETA
Urn dos sacerdotes que abriram as miss6es jesuitas no Parana entaD
48
selvagem, a padre Sima.o Maceta, nae dispensava seu violino. Conta a lenda que,
andando na selva, ele parava para descansar e tocava seu violino. Ouvindo a
musica, as indios sefvagens tornavam-se mansos, e as feras bravas vinham
carinhosas lamber as pes do violonista.
5.5 OS MISTERIOS DAS RuiNAS
As rUlnas do Alto de Sao Francisco, em Curitiba, teriam side 0 cerro dos
enforcados - era ali que os escravos fugitiv~s iam para a forca. 0 local teve de ser
gradeado para evitar que continuassem a fazer buracos para levar as possiveis
tesouros enterrados pelo lendario pirata Zulmiro (ve S8 iS80 e nome de pirata). Ha os
que dizem que ali e 0 esconderijo da cobra grande: 0 rabo dela esta la e a caberya
vai no lago do parque 8arigOl, ende ela S8 banha toda sexta-feira a meia-noite. Tern
gente que jura que viu.
5.6 PORCO PRETO
Esta e uma lenda Iii de Campo Largo, onde ninguem se atreve a sair de noite
com medo de ser atacado pelo enorme Porco Preto. Ele carre atn3s e ataca as
pessoas que se atrevem a encara-Io, e nao ha bala nem ponta de faca que fure sua
pele grossa. Nao vou para Iii de naite nem que me paguem.
5.7 A VIAGEM DA VELHA SENHORA
Existe a lenda de uma senhora curitibana da decada de 20 que era tao boa de
corayaa como nunca se viu igual. Dava esmolas a tudo que era pobre que batesse
em sua porta, e ia bater um tudo que era porta de casa de gente pobre, levando
comida e urn pouco de dinheiro para as rnoradores. Dizem que ela era tao boa e
carinhosa que, no dia que morreu, tomou urn bonde e foi direto ao cemiterio
municipal se enterrar. Tuda isso para nao incomodar ninguem.
49
5.8 0 DILUVIO
o falado Diluvio Universal, que 0 tal Noe tanto fala, aconteceu aqui pelos
lados do Parana tarnbem. Uma !enda dos indios caingangues diz que 0 Diluvio 56
nao cobriu a Serra do Mar, lugar ende eles S8 alojaram. Os membros das tribos
caiurucres, carnes e curutons 56 S8 salvaram porque os caingangues mandaram as
patos e as saracuras aterrarem urn lugar e levarem 0 indios para la. Como tudo que
e bicho sem asa tinha S8 afogado, as indio com cinza e carvao fizeram tigres e com
cinza as Qutros bichos. E a bicharada esta salta par ai.
5.9 A ORIGEM DO MILHO
E uma lenda dos indios caingangues. Nhara era uma velha india com os pes
na cova, que muito sofria com a fome que passava sua tribo. Entao, ofereceu sua
vida a Tupa em traca de que desse comida boa para os indios. Nhara chamou seus
oito filhos e ordenou que fizessem um roc;ado. Quando ficou pronto, Nhara se deitou
la no meio e mandou que amarrassem um cip6 no seu pesco.yo e 0 arrastassem de
la para ca no ro.yado. E avisou que quando morresse no arrasto, tratassem de 0
enterrar no meio da rO<;8. Os filhos nao queriam, mas ele os forc;ou a seguir suas
ordens. passaram-se tres luas depois da morte e enterro. AI, quando os filhos foram
ver a roc;a, tinha nascido uma planta com espigas chetas de uma frutinha amarela. A
tribo inteira comeu ate se fartar. E para aquilo que n6s chamamos milho deram 0
nome de Nhara, para lembrar que com sua morte 0 velho criou um alimento dos
bons.
5.10 AS ALMAS DA ILHA DOS VALADARES
Antigamente, a Ilha dos Valdares era grudadinha com Paranagua, nao tinha
ainda se separado. Ali 0 padre Antonio Belem tinha seu sitio. Como estava muito
velhinho, mais para la do que para ca, tratou de fazer seu testamento. Nao tendo
parentes, resolveu deixar tudo para as Almas do Purgat6rio. Quando "bateu com as
dez", 0 ouvido da comarca nao sabia como entregar a grana para as almas. 0
50
negocio ficou urn tempao na JustiQa, ate que as bens passaram para 0 rei, que as
leiloou e depositou a grana na "caixa dos defuntos". 0 tempo passou e ate hoje
ninguem g05ta de passar de noite perta de ande era 0 sitia do padre Selem, porque
dizem que as almas vern todas as noites para vigiar 0 que e del as.
5.11 DANCA DOS TANGARAS
Os filhos do caboclo Chico Santos eram ligad6es em fandango. lam em tudo
que e baile. Oang8vam ate na roc;a, largavam a eito e tome dang8. Teve urna sexta-
feira santa que se tocaram a fazer urn fandango de noite ate 0 sol raiar. Ai veia a
castigo divino: fcram todos morrendo de bexiga - era como antigamente chamavam
a variola. E todos viraram passarinho. E par isso que as tangara nao param de
dangar, sempre saltitando do jeitinho deles.
5.12 0 BRADADOR
Nas redondezas de Curitiba carre a lenda de um Bradador (variante do Corpo
Seco), uma alma penada que todas as sextas-feiras depois da meia-noite sai por ai
dando gritos pavorosos. Tem uns que dizem 0 Bradador ser uma mumia
desenterrada do cemiterio do Atuba, que fica dando gritos encostada num pe de
imbuia. Nem precisa falar que na regiao ninguem sai de casa na sexta-feira de noite.
5.13 POTES CHEIOS DE OURO
Existem aqueles que acreditam que no Primeiro Planalto, ali em volta de
Ponta Grossa, as padres enterravam pates cheios de Duro. E ate hoje tern gente
cavoucando, s6 que ninguem achou DUro. Teve um fazendeiro de Sao Luis do
Puruna que sanhou a lugar no campo onde havia urn pote de aura enterrado.
Acordou de manha e fai correndo cavar. Achou ouro? Nada! 0 que achou foi uma
imagern da Virgem Maria, que ate hoje e venerada, na capelinha que construiu.
51
5.14 CUIDE-SE
Uma parte da lenda dos pinheiros e aquela a avisar que S8 voce esta
passando par baixo de um pinheiro e as folhas cairem secas, irate de S8 cuidar
porque queda de folha S8ca e sinal de que alguem 0 odeia e e capaz de aeabar com
sua vida. Eu nao passo embaixo de pinheiro nem que me paguem.
5.15 SONHO DA FELICIDADE
Reza a lenda que urn caboclo vive triste e solitario na sua choupana no
interior do Parana. Numa noite sonhou com 0 Reina da Felicidade, cidade luminosa
na qual as pedras eram de auro e que luziam dia e noite. A cidade flcava na direyao
do sol poente. Na manha seguinte abandonou sua casinha e seguiu na dire980
indicada pelo sonho. Andou, andou, cansou e S8 deixou caif no chao, arrasado,
sapatos rotos e roupa rasgada. Entao ouviu a canto alegre de urn sabia, que logo
levantou vao e seguiu em dire9aO do sol nascente. 0 caboclo se levantou e
seguindo 0 sabia voltou para seu casebre. Ali, pensou ele, e que estava 0 Reino da
Felicidade, a luz que vinha de suas amizades e do corpo da mulher que amaya, e
das arvores que plantava. E viveu muitos anos uma vida iluminada pel a alegria de
viver.
5.16 VELHO DA MATA
Ja falamos aqui do pirata Zulmiro e das galerias subterraneas que existiram
no Alto de Sao Francisco em Curitiba, onde estaria escondido 0 ouro de bucaneiro.
De tempos em tempos, aparecia por ali um velho muito esquisitos que nao falava
com ninguem e depois sumia. Ai os interessados em descobrir a ouro do pi rata
passaram a dizer que Zulmiro e 0 Velho da Mala eram a mesma pessoa. 0 velho era
o pirata que disfar<;:ada vinha trazer mais auro para enterrar. E muita gente diz que 0
auro ainda esta por la.
52
5.17 0 CEDRO DO CURA
Monsenhor Celso Itiber;, da Cunha foi empossado no cargo de cura de
Curitiba em 1901. Uma das primeiras cOlsas que fez foi plantar um raminho de cedro
no jardim da Catedral. 0 cedro cresceu e efa sob sua sombra que ele lia a breviario.
Em 1930, uma grande tempestade caiu sabre Curitiba. Naquela tarde morreu
monsenhor Celso Itiber;, da Cunha. Diz 0 povo que na hora da morte do padre, 0
cedro tambem morreu, derrubado pela tempestade. Se e verdade, 56 Deus sabe.
5.18 MAIS UMA DO MONGE
o mange Joao Maria de Jesus, vindo das pregac;:oes armou sua barraquinha
nas margens do Tibagi e esperou a balsa para atravessar 0 rio - nac tinha ponte
naquele tempo. Quando 0 balseiro chegou, 0 mange pediu que 0 leva sse par ao
outro lado, mas alertou que nao tinha dinheiro para pagar a passagem. 0 barqueiro
S8 negou, e tocou a balsa, deixando a religioso. Quando chegou no outro lado, laest8va 0 monge em sua barraquinha. Assustado, 0 barqueiro perguntou como ele
atravessara 0 rio. 0 monge respondeu que caminhando par cima das aguas. 0
balseiro retrucou que ele nao era Oeus para andar sobre as aguas. Ao que
respondeu que era urn pecador, mas tinha fa em Deus, que 0 amparava quando
atravessava as aguas, e que se 0 barqueiro tambem tivesse fa podia fazer 0 mesmo.
Envergonhado, 0 barqueiro pediu perdao e retirou-se.
5.19 AMOR EM BREJATUBA
o Marro de Brejatuba em Guaratuba, guarda urna triste hist6ria de amor.
Antigamente os indios tinguis desciam dos campos de Curitiba para aproveitar a
esta~o das tainhas e caman5es. 0 rna is forte de seus guerreiros, Itacunhata,
apaixonou-se por Jureci~, a mais bela m09a da tribo carij6. Ela aparentava nao [he
dar trela. Mas urn dia, 1.3no alto do morro, os dois estavam juntos e ela deixou-se
beijar. Em seguida, correu para a borda do morro. Itacunhata tentou abra9a-la mas
JurecE! pulou no abismo e urna onda a levou par aD fundo enquanto ela abanava
53
para 0 indio. LOUCDde dar, Itacunhata atirou-se atras da jovern, mas 0 mar naD quis
que ele a tivesse e 0 jogou na encosta, transformando-o em pedra. 0 tempo assou e
o mar arrependeu-se da maldade que fez e de vez em quando, traz a cnda JurecE;!
para que ela seja agarrada par Itacunhata pedra. Caisa que nunca acontece. E nas
noites escuras pode-s8 ouvir 0 desesperado 9rito de Jurece.
5.20 0 iNDIO MORTO-VIVO
Esta lenda vern de Loreto, uma das reduc;oes jesuiticas do Guaira. Urn fndio
morreu na reduc;ao. Confirmada sua morte, fOI enterrado. Heras depais, ressuscita e
sai da sepultura. E conta-s8 que sua alma saiu do corpo e 0 diabo apareceu
querendo levar 0 morta para 0 Inferno. Mas ai apareceu Sao Pedro, afugentou 0
demonic e obrigou a alma a entrar novamente no corpo do morto e esse ressuscitou.
Paraee mentira, mas 0 padre Montoya, prior das redu¢es jesuiticas, no seu livro
Conquista Espiritual, afirma que e verdade. Acredite se quiser.
5.21 0 ATOR FANTASMA
Quem trabalha no Guarra nao se atreve a entrar de madrugada no teatro.
Dizem que a fantasma de um velho ator que se apresentou anos atras no Guaira
sobe no palco durante a madrugada. E ha as que dizem que ele prefere fazer 0
papel do fantasma do pai de Hamlet. Brrruuuu! Nunca me convidem para assistir.
5.22 CURUPIRA DAQUI
Dizem os entendidos que Curupira, 0 popular ente fantastico das fiorestas
brasileiras, e oriundo dos guaranis aqui do SuI. Curupira (corpo de menino) e urn
anao, de imenso penis, cabelos vermelhos incandescentes, que tern os pes virados
para tras e os calcanhares para frente: isso faz com que suas pegadas deixem
rastros enganosos, e faz as homens perderem-se no meio da floresta. Curupira e a
senhor das florestas, e alem de enganar os que andam neras, ataca-os com chicote
e chega a mata-Ios.
54
5.23 0 MATE DE PAl ZUME
Urn velho cacique surge atravessando as florestas do Parana em direC;8o ao
Paraguai. Diz S8 chamar Pai Lume e ensina aos indios guaranis 0 que era 0 mate e
com ausa-Io para dar coragem e sauda e S8 diz enviado de Tupa; e vai ensinando
mais eoisas aos indios. Mais tarde, os jesuitas, para tamar para si aqueta figura que
encantara as tribos, dizem aos selvagens que aquele era Sao Tome, que viera
mandado par Deus.
5.24 NASCIMENTO DE CURITIBA
Conta a lenda que todas as manhas a imagem de Nessa Senhora da Luz, na
sua capelinha, amanhecia com 0 olhar voltado par 0 lugar onde queria que fosse
erguida sua igreja. Para ficar em paz com as indios, as habitantes da vilinha pediram
ao cacique da tribo tingui escolher um local para a Igrej8 na Diregao do olhar da
Santa. 0 cacique achou 0 lugar e fincou sua langa no chao dizendo "Core Etuba"
(muito pinhao aqui ::::pinhais). Dessa fala se originou 0 nome da capital do Parana.
55
CONCLUSAO
A lenda, entendida de forma global, faz parte do folclore de uma localidade.
Par foldore enlende-se a conjunto de crenyas, costumes e conhecimento de
qualquer cultura transmitidos verbal mente, par observagao au par imita98o.
Com a preservayao do foldore preservam-se as raizes de uma cidade, estado
au pais; portanto, devido a importancia sobremaneira deste e que trabalhos devem
ser desenvolvidos para estimular nas crian98s e jovens 0 90sto pelas lend as e a sua
perpetu8y80, atraves de trabalhos como 0 aqui sugerido.
o projeto de trabalho apresentado pode ser aplicado em sala de aula, onde ecolocado a disposic;80 dos alunos diferentes vers6es de uma mesma lenda. 0 intuito
e demonstrar que urn mesmo conteudo pode ser escrito de diferentes formas e que,
tarnbam eles, podem escrever a sua maneira.
A partir destes trabalhos pode-s8 produzir uma coletanea em forma de livro
de lendas e contos populares da tradi9ao oral ou da pratica de leitura; que
proporciona 0 resgate de um tipo especifico de pesquisa (escuta e registro de
causos contados par adultos da regiao), da leitura de textos desse genero ja
documentados par escrito, e da analise das caracteristicas desses textos.
Este projeto envolve 0 cantato, conhecimento, leitura de diferentes historias
de aventura, analise e produc;:Bode textos. Este conjunto de eta pas alem do carater
didatica, de preserva980 do meio ambiente tambem opera como uma OP980
descontraida de se apresentar e trabalhar nao somente 0 foldore, mas a cultura e
sua forma de expressao via escrita/tradi9ao oral. A partir desta proposta ha uma
amplia980 do repertorio dos alunos e as possibilidades de escrita de um texto do
mesmo tipo.
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