o psicólogo na educação e a realidade da escola pública de maceió

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O PSICÓLOGO NA EDUCAÇÃO E A REALIDADE DA ESCOLA PÚBLICA DE MACEIÓ – ALAGOAS Luiz Alberto Machado INTRODUÇÃO - O presente trabalho de pesquisa pe dedicado à temática do Psicólogo na Educação e a realidade da escola pública de Maceió, Estado de Alagoas, observando-se o papel definido do psicólogo na instituição escolar, o seu trabalho, a interdisciplinaridade e interação com outros profissionais, bem como a satisfação pessoal e profissional desse profissional no desenvolvimento das suas atividades. Justifica-se pela importância da educação na pauta das discussões planetárias, bem como pela necessidade do psicólogo na escola e as perspectivas profissionais na carreira do psicólogo nesse setor. Objetiva identificar o papel do psicólogo na escola, além de observar o trabalho desenvolvido pelo psicólogo na escola, a interdisciplinaridade e interação com outros profissionais e a satisfação profissional, além de destacar a sua importância na escola. Por metodologia, o presente trabalho foi desenvolvido em duas etapas. A primeira etapa compreendeu uma pesquisa de natureza bibliográfica, efetuada apartir de revisão da literatura nas fontes disponíveis impressas e da internet, embasado no marco legal encontrado na legislação brasileira, bem como na leitura de livros, artigos e publicações acadêmicas de estudiosos e especialistas no assunto. A segunda etapa compreendeu uma pesquisa de campo que envolveu a instrumentalização de uma entrevista com a psicóloga Ana Cristina Fernandes, do Colégio Madalena Sofia – Maceió –AL, por meio da qual deu-se andamento ao desenvolvimento e o desfecho das considerações conclusivas do presente estudo. A EDUCAÇÃO - A educação: fundamentação legal - A educação é um direito que foi inicialmente consagrado na Resolução XXX da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, de abril de 1948, prevista em seu art. XII: “Toda pessoa tem direito à educação [...]”. E, posteriormente, na Resolução 217 A (III) da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, em seu art. XXVI, estabelecendo que: Artigo XXVI - 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. Essa expressão da Declaração, segundo Souza e Santana (2015), é o reconhecimento de que a educação é um direito humano. E no dizer de Baruffi (2015, p. 3), foi por todo processo histórico que se deu na Declaração dos Direitos Humanos que se inaugurou a era dos direitos, a educação se “[...], constitui um direito fundamental reconhecido nos tratados e convenções internacionais”. Tem-se, pois, que a educação, conforme Silva (2015, p. 13):

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Trabalho sobre a importãncia do profissional da psicologia na educação e a realidade da escola pública de Maceió - AL.

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  • O PSICLOGO NA EDUCAO E A REALIDADE DA ESCOLA PBLICA DE MACEI ALAGOAS

    Luiz Alberto Machado

    INTRODUO - O presente trabalho de pesquisa pe dedicado temtica do Psiclogo na Educao e a realidade da escola pblica de Macei, Estado de Alagoas, observando-se o papel definido do psiclogo na instituio escolar, o seu trabalho, a interdisciplinaridade e interao com outros profissionais, bem como a satisfao pessoal e profissional desse profissional no desenvolvimento das suas atividades. Justifica-se pela importncia da educao na pauta das discusses planetrias, bem como pela necessidade do psiclogo na escola e as perspectivas profissionais na carreira do psiclogo nesse setor. Objetiva identificar o papel do psiclogo na escola, alm de observar o trabalho desenvolvido pelo psiclogo na escola, a interdisciplinaridade e interao com outros profissionais e a satisfao profissional, alm de destacar a sua importncia na escola. Por metodologia, o presente trabalho foi desenvolvido em duas etapas. A primeira etapa compreendeu uma pesquisa de natureza bibliogrfica, efetuada apartir de reviso da literatura nas fontes disponveis impressas e da internet, embasado no marco legal encontrado na legislao brasileira, bem como na leitura de livros, artigos e publicaes acadmicas de estudiosos e especialistas no assunto. A segunda etapa compreendeu uma pesquisa de campo que envolveu a instrumentalizao de uma entrevista com a psicloga Ana Cristina Fernandes, do Colgio Madalena Sofia Macei AL, por meio da qual deu-se andamento ao desenvolvimento e o desfecho das consideraes conclusivas do presente estudo. A EDUCAO - A educao: fundamentao legal - A educao um direito que foi inicialmente consagrado na Resoluo XXX da Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem, de abril de 1948, prevista em seu art. XII: Toda pessoa tem direito educao [...]. E, posteriormente, na Resoluo 217 A (III) da Declarao Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das Naes Unidas, em 10 de dezembro de 1948, em seu art. XXVI, estabelecendo que:

    Artigo XXVI - 1. Toda pessoa tem direito instruo. A instruo ser gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instruo elementar ser obrigatria. A instruo tcnico-profissional ser acessvel a todos, bem como a instruo superior, esta baseada no mrito. 2. A instruo ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instruo promover a compreenso, a tolerncia e a amizade entre todas as naes e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvar as atividades das Naes Unidas em prol da manuteno da paz. 3. Os pais tm prioridade de direito na escolha do gnero de instruo que ser ministrada a seus filhos.

    Essa expresso da Declarao, segundo Souza e Santana (2015), o reconhecimento de que a educao um direito humano. E no dizer de Baruffi (2015, p. 3), foi por todo processo histrico que se deu na Declarao dos Direitos Humanos que se inaugurou a era dos direitos, a educao se [...], constitui um direito fundamental reconhecido nos tratados e convenes internacionais. Tem-se, pois, que a educao, conforme Silva (2015, p. 13):

  • [...] considerada como um dos principais fatores contributivos para o desenvolvimento e a sua ausncia, como principal correlato da desigualdade social. Todavia, sabido que a educao sozinha no capaz de reduzir as desigualdades, porm quando somada a outros fatores associados ao desenvolvimento econmico, ela se constitui numa ferramenta de importante contribuio para a reduo das desigualdades.

    Dessa forma, entende a autora que a educao no apenas contribui para o desenvolvimento do pas, como tambm a principal forma de insero social e sua ausncia, ou deficincia gera desigualdades. Nesse sentido, a educao, conforme Rocha (2015, p. 66), [...] muito mais que um projeto educacional ou prticas de ensino. todo um arcabouo cultural onde pululam experincias da sociedade como um todo que influenciam o atuar de cada cidado no sentido de uma efetivao democrtica. A partir desse entendimento, a educao foi inserida no contexto dos direitos fundamentais do ser humano, integrando, portanto, o exerccio da cidadania. Entende Coll (1999, p. 9) que:

    A educao um conceito genrico utilizado para designar um conjunto de prticas e atividades mediante as quais, os grupos sociais promovem o desenvolvimento e a socializao de seus membros e garantem o funcionamento de um dos mecanismos essenciais da evoluo da espcie humana: a herana cultural.

    Com isso, o autor defende que a educao entendida como o leque de prticas sociais mediante as quais promovem o desenvolvimento e a socializao das pessoas. Alm disso, observa Brasil (2001) que a educao um dos mais complexos processos constitutivos da vida social, possuindo, por isso, uma dimenso complexa e histrica da vida social, sendo, portanto, um processo social vivenciado no mbito da sociedade civil e protagonizado por diferentes sujeitos sociais. Tem-se, portanto, a devida importncia dada educao por ser um instrumento de formao e promoo humana. Por essa razo, a Constituio Federal vigente, segundo Santos (2015) que tomou como direo o Estado Democrtico de Direito - aponta para uma educao pautada na formao cidad, articulando-se com as Declaraes e Convenes internacionais. A sua promulgao concretizou o processo de efetivao dos direitos sociais garantidos no art. 6, transformando em direitos sociais a educao, a sade, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurana, a previdncia social, a maternidade e a infncia e a assistncia aos desamparados. Nessa direo, a Carta Maior passou a definir no seu artigo 205, que: A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser provida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. Disposio essa que, segundo Pequeno (2008), que a educao no Brasil passou a ser uma poltica pblica social caracterizada pela CF/88 com a garantia de um aparato normativo na rea educacional e no campo dos direitos sociais, com o reforo da viso de que a sua execuo envolva diferentes sujeitos sociais e diversas categorias profissionais. Tais previses, conforme Coraggio (1995, p. 13) antecipou e se articulou com a Conferncia Mundial sobre Educao para Todos, realizada em Joimtien/Tailndia 1990, resultando a Declarao Mundial sobre Educao para Todos e o plano de ao para satisfazer as necessidades bsicas de aprendizagem, prevendo em seu art. 11 que:

  • Art. 11 Por serem as necessidades bsicas de aprendizagem complexas e diversas, sua satisfao requer aes e estratgias multissetoriais que sejam parte integrante dos esforos de desenvolvimento global. Se, mais uma vez, a educao bsica for considerada como responsabilidade de toda a sociedade, muitos parceiros devero unir-se s autoridades educacionais, aos educadores e a outros trabalhadores da rea educacional, para o seu desenvolvimento.

    Tal disposio passa a direcionar o projeto Educao para todos que uma diretriz global para as polticas educativas, sugerida em Jontiem em 1990, com o auspcio da UNESCO, UNICEF, PNUD e Banco Mundial, e assumido oficialmente por todos os ministros da educao latino-americana na declarao de Quito, de 1991. Sua principal meta passou a ser a ao de investir eficientemente os recursos pblicos remanescentes do setor, para conseguir o acesso universal educao bsica, promovendo a participao da comunidade e o setor empresarial privado nesse empenho. Tal proposta possibilita a criao do desenho dos programas orientador para a comunidade como unidade elementar, trabalhando com e para comunidades locais como totalidades integradas ou integrveis, em lugar de focalizar segmentos isolados delas. Logo em seguida, com a preocupao da educao das crianas e adolescentes brasileiros, deu-se a edio do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), por meio da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, prevendo em seu art. 53 que:

    Art. 53. A criana e o adolescente tm direito educao, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio da cidadania e qualificao para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critrios avaliativos, podendo recorrer s instncias escolares superiores; IV - direito de organizao e participao em entidades estudantis; V - acesso escola pblica e gratuita prxima de sua residncia. Pargrafo nico. direito dos pais ou responsveis ter cincia do processo pedaggico, bem como participar da definio das propostas educacionais.

    Essas determinaes estatutrias, segundo Brasil (2003), so o resultado direto de um movimento social que aglutinou educadores sociais de todo pas e as mais diversas organizaes da sociedade civil, possibilitando uma mudana com implicaes direta na doutrina da proteo legal nos modos de atendimento criana e ao adolescente no Brasil. Essa transformao, no dizer do mencionado autor, ratificou e especificou os direitos fundamentais e sua responsabilidade, definidos j na Constituio, propiciando uma mudana cultural com desdobramentos pedaggicos, atravs da proposio exaustiva e detalhada dos instrumentos de operacionalizao da referida lei. Tem-se, portanto, que o ECA, conforme Cruz (2007), articula SUS, LOAS e LDB criando o Sistema de Garantia dos Direitos da Criana e do Adolescente, prevendo em seu art. 83, que:

    Art. 87 prev servios especiais de preveno e atendimento mdico e psicossocial s vtimas de negligncia, maus tratos, explorao, abuso, crueldade e opresso, servio de identificao e localizao de pais e responsveis, crianas e adolescentes desaparecidos.

    Foi com a convergncia dessas condues que se editou a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), por meio da Lei 9.394/96 - aprovada em 20 de dezembro de 1996 objetivando regulamentar o art. 205 da Carta Magna, disciplinando, por

  • sua vez, a educao escolar, que se desenvolve predominantemente - por meio do ensino em instituies prprias. A LDB, conforme Brasil (2001), est balizada na reforma administrativa e gerencial do Estado, substituindo a lgica do pleno emprego pela da empregabilidade e valorizando a ideologia da supremacia do mercado e da individualidade. E em seu art. 21, estabeleceu que a educao escolar composta da educao bsica, formada pela educao infantil, ensino fundamental e ensino mdio, e a educao superior. Observa-se, portanto, segundo Veiga (2002), que no Brasil, a Constituio Federal, de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educao, de 1996 declaram a educao como um direito social a ser garantido pelo Estado para toda sociedade. Entretanto, conforme Silva (1998), mesmo com interface Psicologia-Educao dada pelo marco legal vigente, a excluso de meno dos servios psicolgicos na LDB torna-se estranha quando se considera a importncia da Psicologia como um dos fundamentos da Educao. Os Parmetros Curriculares Nacionais, criados pelo MEC a partir 1998, estabeleceram, na viso de Veiga (2002), para a educao bsica, uma nova forma de educar alunos com a aproximao do que se ensina na sala de aula do cotidiano dos alunos e do mundo atual, por meio dos temas transversais: tica, sade, meio ambiente, pluralidade cultural, orientao sexual, trabalho e consumo. Nesse contexto, conforme Santos (2015), o setor educacional brasileiro tem o papel de possibilitar e de oferecer alternativas para que as pessoas que estejam excludas do sistema possam ter oportunidade de se reintegrar atravs da participao, bem como da luta pela universalidade de direitos sociais e do resgate da cidadania. Alm do mais, h tambm que se considerar, segundo Delors (1999, p. 21), que a educao [...] uma experincia social, que proporciona o desenvolvimento das relaes entre uns e outros, adquirindo bases no campo do conhecimento e do saber-fazer. Essa experincia deve, para esse autor, iniciar-se antes da idade da escolaridade obrigatria, assumindo formas diferentes, conforme a situao, e nela devem estar implicadas as famlias e as comunidades de base. E para ele, que as aes educacionais devem contemplar a comunidade local, os pais, os rgos diretivos das escolas, os alunos e os professores. Evidencia-se, portanto, que a escola, segundo Soratto e Hecker (1999), no se faz apenas com professores e alunos, mas a partir de um conjunto de profissionais. E, para os autores mencionados, esses profissionais no-docentes no so reconhecidos por no terem uma funo oficialmente definida dentro do contexto da organizao educacional. Por consequncia, atualmente todos os profissionais envolvidos no complexo organizacional se direcionam para a integrao de todos os segmentos que envolvem a organizao escolar. Na educao, conforme Masseto (1997, p. 12), a escola pode criar condies para um [...] desenvolvimento integral do ser humano, isso por que: s um trabalho integrado tem condies de viabilizar a escola que se defende, e o professor educativo que se prope por meio de um trabalho interdisciplinar. Tais condues levaram busca de uma instituio escolar pautada na gesto democrtica e participava, envolvendo no s os profissionais e gestores educacionais, como tambm uma rede multiprofissional que envolve, inclusive, o psiclogo entre os necessrios profissionais para a plenitude da ao educacional. Pelo marco legal exposto est mais que identificada implicitamente a importncia e indispensvel insero do psiclogo na organizao educacional. PAPEL DO PSICLOGO NA EDUCAO BSICA - Tendo em vista a importncia da atuao do profissional de Psicologia na escola, o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2009), elaborou as Referncias Tcnicas e Normativas para a Educao Bsica, resultado das previses estabelecidas na Carta de Braslia Psicologia: Profisso na

  • Construo da Educao para Todos, a partir dos marcos legais dispostos na CF/88, no ECA, na LDB, resolues e Plano Nacional de Educao Lei 10172/2001. Tambm amparou-se nos marcos lgicos estabelecidos pela Declarao Universal dos Direitos Humanos, convenes internacionais, recomendaes, Declaraes Mundiais, Planos de Ao internacionais, entre outras. Tais referncias, conforme CFP (2009), estabelecem que a finalidade do psiclogo na educao est definida no compromisso com a luta por uma escola democrtica, de qualidade, que garanta os direitos de cidadania a crianas, jovens e profissionais da Educao, na construo de uma escola participativa, que possa se apropriar dos conflitos nela existentes atravs da implicao de todos os seus atores. As formas de atuao do profissional de psicologia, conforme CFP (2009), esto definidas na avaliao, diagnstico, atendimento e encaminhamento de alunos com dificuldades escolares, orientao a alunos e pais, orientao profissional, orientao sexual, formao e orientao de professores, elaborao e coordenao de projetos educativos especficos (em relao, por exemplo, violncia, ao uso de drogas, gravidez precoce, ao preconceito, entre outros). Acrescenta Martinez (2010), as formas de atuao emergente que compreende diagnstico, anlise e interveno, participao, contribuio, realizao e facilitao de forma crtica, reflexiva e criativa a implementao das polticas pblicas voltadas para a educao. Os objetivos do psiclogo na educao, segundo CFP (2009), esto em contribuir para a melhoria da qualidade da Educao de maneira que as prticas psicolgicas favoream a reflexo e a abordagem crtica dos desafios que temos a enfrentar no contexto educacional brasileiro. Define, tambm, o CFP (2009), as aes do profissional de psicologia que envolvam prioritariamente o fortalecimento de uma gesto educacional democrtica que considere todos os agentes que participam da comunidade escolar, e de formas efetivas de acompanhamento do processo de escolarizao. Esse saber fundamenta-se no entendimento da dimenso subjetiva do processo ensino-aprendizagem. Essas obedecem definio de temticas como: desenvolvimento, relaes afetivas, prazeres e sofrimentos, comportamentos, ideias e sentimentos, motivao e interesse, aprendizagem, socializao, significados, sentidos e identificaes contribuem para valorizar os sujeitos envolvidos nas relaes escolares. A funo do profissional de psicologia, conforme CFP (2009), de participar do trabalho de elaborao, avaliao e reformulao do projeto, destacando a dimenso psicolgica ou subjetiva da realidade escolar. Isso permite sua insero no conjunto das aes desenvolvidas pelos profissionais da escola e reafirma seu compromisso com o trabalho interdisciplinar. Da, portanto, cabe ao psiclogo atuar com o estudante, com os pais e com os educadores, bem como contribuir para que a escola cumpra sua funo social - de socializar o conhecimento acumulado historicamente e contribuir para a formao tica e poltica dos sujeitos, ajudando a escola a eliminar os obstculos que se colocam entre os sujeitos e o conhecimento, auxiliando no processo de formao de prticas educativas que favoream os processos de humanizao e desenvolvimento do pensamento crtico (TANAMACHI, MEIRA, 2003). Tem-se, portanto, que de fundamental importncia a participao do profissional de psicologia entre os envolvidos na equipe multiprofissional de gesto da escola brasileira.

    A REALIDADE DE MACEI - Verificou-se a partir de uma pesquisa de Guzzo, Mezzalira e Moreira (2012) que Macei, no ano de 2007, possua 571 escolas, sendo que entre essas apenas 38 possuam o servio de Psicologia, assim distribudos: 33

  • em escolas particulares, 3 em escolas municipais, 2 em escolas federais e nenhum nas escolas estaduais. Em 2015, procurou-se levantar a realidade local e, conforme o Inep (2015), constatou-se apenas que Macei possui 512 escolas, no se podendo definir quais so pblicas ou privadas. Procurou-se, ento, trazer dados oriundos da Fundao IBGE (IBGE, 2015), na qual se apurou que a cidade de Macei possui um total de 193 escolas pblicas distribudas entre 139 estaduais, 53 municipais e 1 federal, e 326 da rede privada distribudas entre os nveis da educao bsica. Em vista disso, procurou-se em visita direta aos estabelecimentos de ensino da localidade, encontrando-se 2 profissionais de psicologia na escola federal, o Instituto de Educao Federal (Ifal) e nenhum desses profissionais nas escolas estaduais e municipais de Macei. A partir disso, procurou-se a legislao brasileira especificamente com relao necessidade do profissional de psicologia na rede pblica e privada, constatando-se a existncia do Projeto de Lei Complementar 1270/2011, tramitando na Cmara dos Deputados, tornando obrigatria a presena de psiclogo nas escolas de ensino infantil e fundamental, na rede pblica e privada de todo o pas, visando o bom andamento da vida escolar, alm de construir uma cultura de paz no ambiente escolar. Esse PLC estabelece que o psiclogo escolar dever atuar junto s famlias, corpo docente, discente, direo e equipe tcnica da escola, visando melhorar o desenvolvimento humano dos alunos, das relaes entre os professores e os alunos. Dever buscar aumentar a qualidade e eficincia do processo educacional, atravs de intervenes preventivas, nas quais poder recomendar atendimento clnico, se julgar necessrio. Tambm tramita no Senado Federal o Projeto de Lei 557/2013, que dispe sobre o atendimento psicolgico ou psicopedaggico para estudantes e profissionais da educao. Por fim, verificou-se em plena vigncia a Lei Municipal 5833/2009, que estabelece em seu art. 1, a implantao de assistncia psicolgica e psicopedaggica em todos os estabelecimentos de ensino da rede municipal com o objetivo de diagnosticar, intervir e prevenir problemas de aprendizagem. J no seu art. 2 prev que essa assistncia dever ser prestada nas dependncias do estabelecimento durante o perodo escolar, em local adequado a dispor de equipamentos e condies ambientais para a realizao do servio especializado. No havendo possibilidade de contato com profissionais da psicologia na escola pblica maceioense, por indicao do professor Mauricio Melo, da disciplina Estgio Bsico I, realizou-se entrevista com a psicloga Ana Cristina Fernandes, do Colgio Madalena Sofia, instituio educacional integrante da rede privada de educao de Macei AL, a qual explanou sobre o trabalho desenvolvido de forma interdisciplinar, a ao sistmica utilizada para o desenvolvimento de suas atividades no educandrio, bem como a sua satisfao no desempenho de suas funes naquela instituio. A entrevista bastante esclarecedora articulou-se com os pressupostos do CRF quanto ao papel e atribuies do psiclogo nas entidades educacionais. Pelo depoimento recolhido na entrevista mencionado, verificou-se de forma indubitvel a importncia e o indispensvel servio do profissional de psicologia no universo escolar. Por todo exposto, passa-se para as consideraes finais do presente trabalho de pesquisa.

  • CONCLUSO - Atendendo aos objetivos do presente trabalho, observou-se que de fundamental importncia a participao do profissional de psicologia nas entidades educacionais, tendo em vista, de forma implcita, se encontrar amparada na legislao constitucional e infraconstitucional brasileira, notadamente pela dimenso tomada pela educao nas ltimas dcadas, conforme exposto na parte de desenvolvimento desta pesquisa. Observou-se, tambm, que as atividades educacionais tornam imprescindveis, seno indispensveis, a atuao interdisciplinar com a incluso do profissional de psicologia no seu quadro de servidores, face s exigncias dadas pela necessidade de introduo de uma gesto democrtica e participativa, acompanhamento de alunos e profissionais educadores, bem como nas mais diversas aes que foram definidas pelas mtricas do Conselho Federal de Psicologia. Em suas normatizaes, o CFP definiu o papel, o objetivo, finalidade e aes que o profissional de psicologia pode desempenhar na rea escolar para plenitude do processo educacional brasileiro. Por concluso, tem-se a constatao da necessidade de conscientizao pelo direito informao, educao, comunicao e ao conhecimento, de que alunos, professores e gestores percebem tal necessidade na instituio escolar, visando a consagrao dos direitos constitucionalmente previstos. Por consequncia, prope-se na condio de proposta para estudos futuros na realizao de uma pesquisa de campo que envolva alunos, professores e gestores da escola pblica de Macei, acerca da percepo dos mesmos da necessidade do psiclogo na instituio educacional maceioense, por meio de um estudo de caso que disponha de um instrumento questionrio com perguntas abertas, semiabertas e fechadas, para que se tenha a noo da realidade acerca da temtica proposta. REFERNCIAS BARUFFI, H.. O direito educao e eficcia: um olhar sobre a positivao e inovao constitucional. Disponvel em http://www.unigran.br/revistas/juridica/ed_ anteriores/23/artigos/artigo03.pdf. Acesso 20 mar 2015. BRASIL. Constituio Federal. So Paulo: Saraiva, 2002. ______, Estatuto da criana e do adolescente. So Paulo: Saraiva, 2003. ______. Diretrizes curriculares nacionais: educao bsica. Braslia: CNE. 2001. ______. Mapa das escolas. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP). Disponvel em http://portal.inep.gov.br/web/educacenso/mapa-das-escolas. Acesso em 20 abril 2015. COLL, C. Educao, escola e comunidade: na busca de um novo compromisso. Ptio. Ano 3, n 10, agosto/outubro, 1999. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referncias tcnicas para Atuao de Psiclogas(os) na Educao Bsica. Braslia: CFP, 2013. CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA. A psicologia promovendo o ECA: reflexes sobre o sistema de garantia de direitos da criana e do adolescente. Cadernos Temticos CRP SP, 2007. CORAGGIO, J. L. Desenvolvimento humano e poltica educativa na cidade latino-americana. Revista Temas em Educao, n 4, UFPB, 1995. CRUZ, Maria ngela. A pratica do psiclogo sob a tica do sistema de garantia de direitos da criana e do adolescente. In: CRP-SP. A psicologia promovendo o ECA: reflexes sobre o sistema de garantia de direitos da criana e do adolescente. Cadernos Temticos CRP SP, 2007. DELLORS, J. Educao: um tesouro a descobrir. So Paulo: Cortez. 1999.

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