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O processo de inclusão do portador da Síndrome de Down na rede regular de ensino 76
Revista Bionorte, v. 4, n. 1, fev. 2015.
O PROCESSO DE INCLUSÃO DO PORTADOR DA SÍNDROME DE DOWN NA REDE
REGULAR DE ENSINO
THE PROCESS OF INCLUSION OF DOWN SYNDROME STUDENTS IN THE REGULAR
SCHOOL SYSTEM
Cláudia Vanessa Oliveira Souza1
Joane Graciele Santos Oliveira1
Priscilla Kalisy Duarte Soares2
Raquel Schwenck de Mello Vianna3
Maria Cristina Freire Barbosa4
Leonardo Augusto Couto Finelli1
Wellington Danilo Soares1,2,5,6
RESUMO
Introdução: A frequência à escola é um processo de crescimento importante, pois ensina a
aprender e tem informações necessárias para nossas vidas, à escola é o principal promotor de
desenvolvimento, caráter social e cognitivo. Representando o portador da Síndrome de Down na
rede regular de ensino tem sido um tema abordado na comunidade científica. Objetivo: O presente
estudo teve por objetivo analisar o processo de inclusão do portador da Síndrome de Down na rede
regular de ensino. Metodologia: A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura nas principais
bases de pesquisa como portal da Capes; Scielo; Medline e principais bibliotecas virtuais do país.
Resultados: Os dados obtidos indicaram que os fatores que mais dificultaram o processo de
inclusão da criança com Síndrome de Down na rede regular de ensino foram uma maior
participação da família e a criação de uma rede de apoio que inclua a interlocução de profissionais
de diversas áreas do conhecimento. Conclusão: Portanto, conclui-se que é muito importante que as
famílias acreditem em seus filhos e adotem meios para os ajudarem, para que haja melhor qualidade
de vida e passem a incluir os seus filhos na sociedade, onde a participação dos pais é muito
importante na formação da criança com Síndrome de Down.
Palavras Chave: Síndrome de Down. Inclusão. Rede regular de ensino.
ABSTRACT
The school attendance is an important growth process, it teaches you to learn and has information
necessary for our lives, school is the main promoter of development, social and cognitive.
Representing the carrier of Down Syndrome in mainstream education has been a topic discussed in
the scientific community. The present study aimed to analyze the process of inclusion of the carrier
of Down Syndrome in mainstream education. The methodology was a literature review on the main
research bases as portal Capes, Scielo, Medline and main virtual libraries of the country. The data
obtained indicated that the factors that hindered the process of inclusion of children with Down
Syndrome in mainstream education were greater family participation and the creation of a support
network that includes the interchange of professionals from various fields of knowledge. Therefore,
we conclude that it is very important that families believe their children and to adopt means to help,
so there is better quality of life and start to include their children in society, where the participation
of parents is very important in the formation the child with Down syndrome.
1 Faculdades Integradas do Norte de Minas – Funorte.
2 Centro Universitário Serra dos Órgãos – UNIFESO – Teresópolis.
3 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhinha e Mucuri – UFVJM.
4 Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
5 Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – PPGCS/Unimontes.
6 Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro – UTAD/Portugal.
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Keywords: Down syndrome, Inclusion. Mainstream education.
INTRODUÇÃO
A inclusão, no Brasil, surgiu no início da década de 90, após a Conferência Mundial em
Salamanca (1994). Nessa conferência, o Brasil se propôs a reformular seu sistema educacional,
almejando a inclusão de pessoas com necessidades especiais à uma educação de qualidade na escola
comum.
Segundo Mantoan (2003), para que haja a inclusão escolar é preciso que as instituições de
ensino excluam as barreiras em sua estrutura física, e ofereçam outras ideias que considerem a
diversidade, equipamentos que atendam às necessidades dos alunos com e sem deficiências e
adotem práticas adequadas à diferença desses alunos.
A educação inclusiva inicia-se com uma mudança no sistema educacional que já existe,
repensando em seu currículo para atingir as necessidades de todas as crianças e com uma reforma
radical da escola. Domingos (2005) esclarece que a inclusão não quer dizer transferir um aluno da
escola especial para a regular. Essa inclusão representa uma mudança na mentalidade e nos valores
para a escola e para a sociedade.
Conforme Gomes e Oliveira (2006), o reconhecimento da Síndrome de Down – SD-
começou a ser utilizado depois que Jerome Lejêune, médico francês, identificou um pequeno
cromossomo extra nas células das pessoas.
Segundo Rodriguez (2008), as crianças com SD passaram grande parte de sua vida sem ter
contatos com outras crianças, adolescentes e adultos, pois existia grande exclusão com relação a
elas. Essa exclusão começava em casa com os pais que tinham filhos com SD e os que não tinham
não as deixavam aproximar-se e conviver com a diferença.
De acordo com Voivodic (2008), a escola é um processo de crescimento importante, pois
ensina a aprender e tem informações necessárias para nossas vidas. A escola é o principal promotor
de desenvolvimento e caráter social e cognitivo
Silva e Dessen (2007) ressaltam que é fundamental que professores, pais e alunos aprendam
a conviver com as diferenças e dificuldades encontradas na deficiência, porque vivemos em meio a
uma sociedade de mudanças rápidas e se faz necessário promover o desenvolvimento para todas as
pessoas.
Diante desse contexto, a presente pesquisa terá como foco principal analisar como ocorre o
processo de inclusão do portador da SD na rede regular de ensino.
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Assim sendo, busca apresentar o real quadro do processo de inclusão dos portadores da SD
na rede regular de ensino, tentando demonstrar a necessidade da consciência dos autores envolvidos
nesse processo, da importância de se produzir uma escola que aprenda a conviver com as
diferenças, e que saiba lidar com as regras e limites de uma escola comum.
METODOLOGIA
Como metodologia, utilizou-se uma revisão de literatura nas principais bases de pesquisa,
sendo encontrados 35 artigos relacionados à temática abordada. Após uma triagem foram utilizados
25 artigos que são referenciados nesta pesquisa.
ABORDAGEM TEÓRICA
Inclusão escolar: histórico, evolução e características
O Movimento de Inclusão no Brasil surgiu no final da década de 80 e início da década de
90. Ele tinha o objetivo de eleger os princípios para o ensino de igualdade e condições de acesso a
todos nas escolas (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006).
Esse movimento só começou a ser discutido após a Conferência Mundial em Salamanca
(1994) sobre necessidades Educativas Especiais. Nessa conferência, o Brasil se propôs a reformular
seu sistema educacional, almejando a inclusão de pessoas com necessidades especiais à educação de
qualidade na escola comum.
De acordo com a Declaração de Salamanca (1994, p. 16), existem várias abordagens
importantes, entre elas vale ressaltar algumas:
Toda criança possui o direito a uma educação de qualidade dentro de um nível
adequado; ela possui necessidades e habilidades próprias; a criança especial deve
ter acesso à escola regular com programas adequados e capazes de satisfazer as
suas necessidades; a escola de ensino regular que possui uma direção inclusiva se
torna uma sociedade) acolhedora, que combate atos discriminatórios.
Para Mendes (2006), o debate sobre o princípio da inclusão escolar no Brasil é hoje um
fenômeno da retórica, como foi a integração escolar nos últimos trinta anos. Ainda está na luta pelo
este acesso e deve ser direcionado necessariamente para aumentar as matrículas nas classes comuns
das escolas públicas do ensino regular.
Segundo (CUORE, 2009), a escola enfrenta um novo paradigma à convivência desses
alunos especiais na escola comum, pois esses alunos não deveriam estar em escolas privadas e sim
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em escolas comuns, mas, para isso, as escolas públicas devem investir numa estrutura necessária
para receber essas crianças e realizarem um trabalho pedagógico com sucesso.
De acordo com (OLIVEIRA; SILVA, 2010), eles acreditam na evolução dessas crianças. A
aprendizagem só acontece quando há oportunidade para todos esses alunos mostrarem suas
qualidades.
Para Kwiecinski (2011), a educação inclusiva pressupõe que todas as crianças tenham a
mesma oportunidade e acesso à escola. É fundamental que elas tenham apoio da sociedade para que
haja uma educação de qualidade.
Pode-se dividir a história das pessoas com deficiência em três períodos. No primeiro
período, entre 1854 a 1956, foram fundadas instituições tradicionais de atendimento a pessoas com
deficiência mental, física e sensorial. Houve também o atendimento clínico especializado, mas
incluindo a educação escolar. Entre 1957 a 1993, representou o período no qual a educação especial
foi assumida pelo poder público com campanhas determinadas a atender cada uma das deficiências.
No ano de 1972, foi criado, pelo MEC, o grupo de Educação Especial e constituído, também, o
CENESP (Centro Nacional de Educação Especial), a atual SEESP (Secretaria de Educação
Especial). Surgiram, também, nesse período, oficinas acompanhadas para a formação de um
trabalho com proteção. Exemplo disso foi à criação das APAES. Após o ano de 1993, as ações nos
âmbitos político/educacional têm sido pela inclusão escolar, o que a inclusão vem sugerir é uma
mudança na visão de deficiente e na possível educação desse deficiente (MAZZOTTA, 1996).
Para que haja a inclusão escolar, é preciso que as instituições de ensino excluam as barreiras
em sua estrutura física e ofereçam outras ideias que considerem a diversidade, equipamentos que
atendam às necessidades dos alunos com e sem deficiências e adotem práticas adequadas à
diferença desses alunos (MANTOAN, 2003).
É possível um protótipo de educação e escola onde as crianças movidas pela amizade,
cooperação e solidariedade são possibilitadas a conviver e estudar juntas (STAINBACK, 1999;
STAINBACK, 1999).
No ano de 1972, foi elaborada, na Educação Especial, a proposta de integração escolar, no
chamado princípio da normalização, que determina que todas as pessoas tivessem o direito à
condição de vida o mais normal possível, dar a elas oportunidades e o direito de ser diferente e de
ter suas necessidades atendidas, confirmando essa linha de pensamento (BATISTA; ENUMO,
2004).
A Síndrome de Down
Conforme Puechel (2000) e Oliveira (2001), a Síndrome é um conjunto de características
que prejudicam de algum modo o desenvolvimento do individuo. E “Down” é o sobrenome do
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médico que descreveu a Síndrome em 1866. A Síndrome de Down também pode ser chamada de
Trissomia do 21 e as pessoas que a possuem, de trissômicos.
Segundo Gomes e Oliveira (2006), a Síndrome de Down (SD) começou a ser utilizada
depois que Jerome Lejêune, médico francês, identificou um pequeno cromossomo extra nas células
das pessoas.
De acordo com Schwatzman (1999), os portadores da SD nomeados como pessoas
“mongolóides”, “mal-acabadas”, e ”inacabadas”, representam termos totalmente inadequados e
carregam uma série de preconceitos criados a partir dessas descrições incorretas, realizadas no
passado e, por isso, devem ser evitados.
Já segundo Costa (2008), esses termos surgiram devido aos portadores que tinham
características semelhantes com as pessoas da raça oriental-asiática (mongólica).
As pessoas com a SD apresentam, em consequência, retardo mental de leve a moderado e
alguns problemas clínicos associados. As pessoas com deficiência, em geral, formam de 15 a 20 por
cento da população brasileira, ou seja, aproximadamente 20 a 30 milhões com diferentes graus de
comprometimento. Nesse percentual, de 30 a 50 por cento têm deficiência mental. Em nosso país,
nascem, a cada ano, cerca de oito mil bebês com SD (OLIVEIRA FILHO, 2001).
Para Alves (2007), os cromossomos são encontrados nos espermatozoides e nos óvulos e são
responsáveis pelas características do ser humano, como a cor dos olhos, altura, sexo e também
quanto ao funcionamento de todos os órgãos. No momento da fecundação, normalmente existem 23
cromossomos no espermatozoide e 23 cromossomos no óvulo, sendo assim um ovo com 46
cromossomos. Nos casos da Síndrome de Down, o feto apresenta 47 cromossomos, isto é, um
cromossomo a mais. E apresenta três cromossomos 21 em todas as suas células.
O diagnóstico da criança com SD pode ser realizado logo após o nascimento do bebê, pois
eles apresentam características físicas particulares e específicas. Mesmo que eles não sejam iguais
existem vários aspectos semelhantes, como: Ausência do reflexo de Moro, hipotonia muscular,
baixa estatura e braquicefalia, face e ponte nasal plana, occipital achatado, fenda palpebral oblíqua,
pregas espicântricas mediais oculares, orelhas displásicas (pequenas), pescoço curto, pele abundante
na nuca, prega única na palma das mãos, hiperelasticidade articular, pélvis displásica, clinodactilia
do quinto dedo da mão e espaço aumentado entre o primeiro e segundo artelho (PROJETO DOWN,
1995).
Schwartzman (1999) esclarece que as crianças portadoras da Síndrome de Down ficam mais
propensas, quando desenvolvem algumas características, entre elas hipotireidismo, problemas
odontológicos, problemas respiratórios, problemas de audição, problemas de visão, má formação
cardíaca e deficiência no hormônio de crescimento.
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Não é possível prever o futuro cognitivo da criança com SD, mesmo daqueles que
apresentam dificuldades intelectuais e os que as apresentam moderadas. As características são
observadas no decorrer do período em que elas começam a estudar (HOLDEN; STEWART, 2002).
A Criança portadora da SD tem o desenvolvimento similar ao de uma criança normal, é
claro que um pouco mais lento. Quando a criança começar a andar, necessita de um trabalho
específico para não perder o equilíbrio, a postura e a coordenação de movimentos (CARVALHO,
2008).
Mas, mesmo assim, ela pode frequentar uma escola do ensino regular, pois isso a ajudará no
seu desenvolvimento e, também, é bom para ajudar as outras crianças a respeitarem as diferenças a
fim de que elas cresçam sem nenhum tipo de preconceito (BRASIL ESCOLA, 2002).
A fase em que a criança mais se diferencia de outra sem Síndrome é no começo das
primeiras palavras, com 18 meses ou mais. Segundo Schwartzman (1999), o bebê com SD entende
a voz da mãe nos primeiros meses de vida.
Segundo Voivodic (2008), as crianças com SD brincam sozinhas e costumam ficar um
tempo com o mesmo brinquedo, pois elas apresentam dificuldade de adaptação e ainda não têm
controle total das coisas.
Flabiano, Bühler e Limongi (2009) lembram que as crianças sem SD, inicialmente,
apresentam, durante o período sensório-motor, comportamentos de natureza reflexa, exercícios de
coordenação e organização, construção do conhecimento e da linguagem que fazem com que elas
descubram a sua conduta inteligente, comecem a utilizar símbolos e signos, expressando-os por
meio de gestos, sinais ou palavras.
As mesmas autoras acrescentam que a criança com a SD já têm essa dificuldade devido às
alterações orgânicas, como a hipotonia, alterações endócrino-metabólicas, cardíacas e
otorrinolaringológicas. Por esses problemas, elas acabam tendo dificuldades na exploração do
conhecimento e da linguagem, pois é relatado que os bebês com SD apresentam um atraso que
dependerá muito da competência e de seu desenvolvimento (FLABIANO; BÜHLER; LIMONGI,
2009).
Para Macedo (2002), o desenvolvimento não ocorre isolado da ação com outra criança, as
situações de aprendizagem são sempre mediadas por atos sociais.
Inclusão dos Portadores de SD na Rede Regular de Ensino
Conforme a constituição Federal de 1988, a educação inclusiva no Brasil propõe que, as
crianças com necessidades educacionais no ensino regular, tenham uma educação de qualidade a
qual garante o direito à igualdade a todos (BRASIL, 2007).
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As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), no art 4º, enfatizam que a
educação especial tem que ter um atendimento especial gratuito aos educandos com necessidades
especiais com preferência na rede regular de ensino, pois o ensino fundamental, no qual a faixa
etária vai dos 7 aos 14 anos de idade, é considerado ensino Obrigatório pela LDBNE, no art 6º
(MARTINS, 2002).
Rosa et al. (2008), ressaltam que o atendimento educacional especializado deve ser
oferecido dentro das escolas comuns e pode, também, ser realizado fora da rede regular de ensino,
em locais, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
A escola é um processo de crescimento importante, pois ensina a aprender e tem
informações necessárias para nossas vidas, a escola é o principal promotor de desenvolvimento,
caráter social e cognitivo (VOIVODIC, 2008).
A inclusão do portador da SD na rede regular tem sido um tema abordado na comunidade
científica.
Em pesquisa realizada por Smeha e Seminotti (2008), cujo objetivo foi conhecer as relações
interpessoais estabelecidas entre alunos com síndrome de Down e os demais colegas de classe, teve
como amostra 18 alunos, entre eles dois alunos com Síndrome de Down, uma menina com 9 anos e
um menino com 13 anos, todos com idade entre 7 a 13 anos. Eram alunos de uma turma da segunda
série do Ensino Fundamental, integrantes de uma escola da rede pública municipal, da cidade de
Santa Maria/RS. A coleta de dados ocorreu por meio da observação participante, diário de campo e
aplicação do teste sociométrico. A análise qualitativa foi construída com a triangulação dos dados.
Os resultados apontaram que os movimentos de aproximação e rejeição entre as crianças e a
consequente formação de subgrupos são influenciados pelo discurso do professor que enuncia ao
grupo o comportamento apropriado. As crianças reagem à estranheza, distanciando-se do colega
diferente, independentemente do diagnóstico de deficiência, mais visivelmente nas situações em
que não há mediação do professor.
Com apoio dos professores, crianças com SD relacionando-se com outras crianças é muito
importante, pois deve haver interação para que todos possam aprender com as diferenças.
O estudo de Pimentel (2007), que discutiu o processo de formação do pensamento
conceitual com alunos com SD em escola regular, foi realizado em duas escolas no município de
Feira de Santana, Bahia: uma da rede municipal e a outra da rede particular. A metodologia
utilizada para o desenvolvimento da pesquisa empírica foi a análise microgenética do processo de
formação do pensamento conceitual. Os resultados da pesquisa contribuem para a compreensão do
processo de formação do pensamento conceitual de pessoas com SD, fornecendo bases para a
construção de atividades mediadoras numa proposta pedagógica de ensino de conceito.
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Os resultados destacam a importância do docente no processo de aprendizagem da criança
junto à proposta pedagógica da escola, onde eles possam construir de fato um ensino que atenda a
todos.
Outra pesquisa foi realizada por Lipp, Martini e Menegotto (2010), com o objetivo de
investigar as expectativas maternas em relação ao desenvolvimento e escolarização do filho com
SD. A amostra foi composta por 12 mães com filhos com SD, que frequentam uma associação em
um município da região metropolitana de Porto Alegre, RS. O instrumento utilizado foi um
formulário de informações demográficas e participaram de uma entrevista semiestruturada. Os
resultados revelaram que o diagnóstico de SD gera impacto nas mães. Em decorrência disso, elas
apresentaram dificuldade de construir expectativas em relação ao desenvolvimento e escolarização
do filho com SD.
A partir dos resultados apresentados nesta pesquisa, pode-se verificar a importância do apoio
e o acompanhamento da família no crescimento de seu filho durante sua vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste estudo revelam que o processo de inclusão do portador da Síndrome de
Down na rede regular de ensino está em construção, necessitando de algumas mudanças, pois
verificou-se que existem desafios a serem superados, dentre eles a falta de preparo dos profissionais
envolvidos, maior participação da família e a criação de uma rede de apoio que inclua a
interlocução de profissionais de diversas áreas do conhecimento.
As pesquisas encontradas com base em fundamentos teóricos para respaldar proposições de
mudanças no processo de inclusão de portadores da Síndrome de Down destacaram a importância
do papel da família e dos profissionais da área do ensino.
Inferiu-se, também, que a inclusão não significa transferir um aluno da escola especial para a
regular, mas sim representar uma mudança na mentalidade e nos valores para a escola e para a
sociedade.
Este estudo não é conclusivo sobre esse assunto tão significativo socialmente, ele apenas
provê uma plataforma para a produção de pesquisas de campo. Sendo assim, recomendamos a
realização de pesquisas com abordagem transversal ou experimental.
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