o processo clínico electrónico (pce) na instituição militar · a existência, a nível europeu,...
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O Processo Clínico Electrónico (PCE) na Instituição Militar
Jaime Adolfo Cabral Ribeiro da Cunha
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Informática e de Computadores
Júri
Presidente: Prof. Pedro Manuel Moreira Vaz Antunes de Sousa
Orientador: Prof. Gabriel César Ferreira Pestana
Vogal: Prof. Diogo Manuel Ribeiro Ferreira
Novembro 2012
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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Agradecimentos
Os primeiros agradecimentos vão para a família, para o meu filho e para a minha esposa que
sempre me apoiaram e que por vezes abdicaram do seu tempo para garantir que eu tivesse
todas as condições para levar a bom porto esta aventura, um muito obrigado. Sem querer
esquecer ninguém, agradeço a todos os que mais de perto seguiram esta empreitada e que
sempre tiveram uma palavra de apoio e incentivo.
Gostaria também de agradecer ao Major General Médico Joaquim Lopes Henriques e Major
General Médico Luís Almeida Duarte pelo incentivo e confiança que ao longo dos vários anos
da minha colaboração com o Hospital Militar Principal em foram dados. Em particular
agradeço ao MajGen Lopes Henriques pela sua amabilidade e interesse abrindo assim portas
que de outra forma seria impossível.
Em concreto para o trabalho efectuado agradeço, em primeiro lugar, ao Coronel Médico Luís
Gusmão pelo interesse demostrado e sugestões apresentadas que conduziram a que fosse
possível a sua realização. O seu incentivo e contactos por si efectuados permitiram a
interacção com diferentes especialidades e profissionais de saúde que em muito enriqueceram
o trabalho realizado. A todos os profissionais de saúde entrevistados agradeço a
disponibilidade, interesse e contribuições, sem as quais não seria possível apresentar uma
proposta concreta sobre o conjunto de informação clínica e parâmetros relevantes para a
síntese dos utentes e para os planos de monitorização.
Por fim um agradecimento em especial ao meu orientador, o Professor Gabriel Ferreira
Pestana que de mim esteve mais perto, contribuindo, com o seu apoio e orientação, para a
execução desta tese.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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Dedicatória
Ao meu Pai, que nos deixou prematuramente.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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Resumo
A existência, a nível europeu, de um contexto favorável à utilização de tecnologias de
informação e comunicação (TIC) na área da saúde levou, em Portugal, à realização de
esforços e iniciativas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), extensíveis a outros
subsistemas de saúde como o Serviço de Saúde Militar (SSM), de forma a cumprir com
iniciativas para a operacionalização do conceito de eHealth. Consequentemente na
especificação de serviços de saúde inovadores que promovam acções preventivas na
monitorização do estado de saúde de doentes crónicos, bem como na responsabilização do
utente pelo seu estado de saúde.
Apesar das alterações implementadas contribuírem para agilizar processos administrativos e
clínicos, a utilização das TIC como um agente de mudança e de alteração de hábitos pouco
saudáveis é muito limitado e pouco eficiente. Situação que se agudiza se considerarmos a
utilização das TIC em contextos colaborativos de partilha de informação e no apoio ao
processo de decisão.
O contributo proposto nesta dissertação procura responder a este desafio. Apresenta uma
metodologia para recolha de valores sobre parâmetros clínicos, diferenciando medições
efectuadas em ambientes formais e não-formais. Esta abordagem permite aos profissionais de
saúde disporem de uma base de conhecimento credível sobre a evolução do estado de saúde
dos utentes, incidindo a partilha de informação sobre dados de síntese do processo clinico do
utente. Em termos tecnológicos a solução proposta assenta na utilização de uma plataforma
web de gestão por processos, com um motor de regras e mecanismos de gestão de alertas.
Esta metodologia será testada na Unidade Hospital da Estrela pertencente ao Hospital das
Forças Armadas.
Keywords: Processo Clinico Electrónico, Partilha de informação, Síntese Clinica do Utente,
Plano de Monitorização.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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Abstract
The existence, on a European level, of a context that supports the use of information and
communication technologies (ICT) in the healthcare field led to the implementation in
Portugal of efforts and initiatives in the National Healthcare Service (Serviço Nacional de
Saúde – SNS), which were extended to other healthcare systems such as the Military
Healthcare Service (Serviço de Saúde Militar – SSM), in order to comply with initiatives to
make the eHealth concept operational. Consequently, the specification of innovative
healthcare services that promote preventive action in monitoring the status of chronic patients
and the patient’s accountability for his/her health condition.
While the implemented changes have contributed to expedite the administrative and clinical
processes, there are still some remaining constraints and inefficiencies to the use of ICT as an
agent for changing and modifying unhealthy habits. This situation is aggravated if we
consider the use of ICT in collaborative settings for the sharing of information and for
supporting the decision process.
The contribution offered in this thesis seeks to meet this challenge. It brings forth a
methodology for collecting clinical parameter values, differentiating between measurements
performed in formal and non-formal environments. This approach allows healthcare
professionals to have a reliable knowledge base on the evolution of the patient’s health
condition, focusing the sharing of information on synthesis data from the patient’s clinical
process. In technological terms, the offered solution is based upon the use of a process
management web platform, with rules and alert management mechanisms. This methodology
will be tested in the “Unidade Hospital da Estrela” which belongs to the “Hospital das Forças
Armadas” (Armed Forces Hospital).
Keywords: Electronic Health Record, Sharing of Information, Patient Clinical Synthesis,
Monitoring Plan.
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Índice
Lista de Figuras ........................................................................................................................ vii
Lista de Tabelas ......................................................................................................................... ix
Acrónimos ................................................................................................................................. xi
1. Introdução ...................................................................................................................... 13
1.1. Enquadramento / Contextualização ........................................................................... 13
1.2. Trabalho Relacionado ................................................................................................ 15
1.3. Aspectos Relevantes para o Problema ....................................................................... 16
1.3.1. Breve enquadramento da evolução histórica ......................................................... 16
1.3.2. Estrutura Organizacional ....................................................................................... 20
1.4. Definição do Problema .............................................................................................. 24
1.5. Principais Contribuições ............................................................................................ 25
1.6. Introdução ao Conteúdo dos Capítulos ...................................................................... 26
2. Estado da Arte ............................................................................................................... 27
2.1. eHealth ....................................................................................................................... 27
2.2. Desmaterialização de processos ................................................................................ 32
2.3. Normalização (Standards) ......................................................................................... 34
2.3.1. ISO/TR 20514:2005 Health informatics -- Electronic health record -- Definition, scope and context. ................................................................................................................ 34
2.3.2. HL7 (Health Level Seven) ..................................................................................... 35
2.4. Arquitecturas ............................................................................................................. 38
2.4.1. Service-Oriented Architecture ............................................................................... 38
2.4.2. Event Driven Architecture ..................................................................................... 41
2.4.3. Soluções Web Baseadas em Serviços .................................................................... 43
2.5. Workflow ................................................................................................................... 45
2.5.1. Modelo de Referência ............................................................................................ 46
2.5.2. Workflow Software ................................................................................................ 49
3. Metodologia Proposta ................................................................................................... 51
3.1. Abordagem metodológica .......................................................................................... 52
3.2. Modelo de colaboração .............................................................................................. 53
3.2.1. Componente orientada a serviços .......................................................................... 53
3.2.2. Componente orientada a eventos (EDA) ............................................................... 56
3.2.3. Metadados de suporte à metodologia proposta ...................................................... 57
4. Case Study ..................................................................................................................... 66
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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4.1. Caracterização da Unidade Hospitalar da Estrela ...................................................... 66
4.2. Infra-estrutura Tecnológica ....................................................................................... 71
4.3. Sistemas Clínicos em Produção ................................................................................. 74
4.4. Cenário Clinico .......................................................................................................... 75
4.4.1. Serviços Clínicos Objecto do Estudo ..................................................................... 75
4.4.2. Caracterização do Universo Amostral dos Utentes ............................................... 76
4.4.3. Parâmetros Clínicos a Monitorizar ........................................................................ 78
4.4.4. Contribuição das fontes para a síntese do PCE do utente. ..................................... 81
5. Conclusões .................................................................................................................... 85
Referências ............................................................................................................................... 88
Anexo A – Situação Actual dos Estabelecimentos de Saúde do SSM. .................................... 91
Anexo B – Relação de Especialidades da UHE ....................................................................... 94
Anexo C – Aplicações / Módulos de Saúde em Produção na UHE ......................................... 95
Anexo D – Valores de Referência por Parâmetro .................................................................. 107
Anexo E – Modelo de Domínio – Classes, seus Atributos e Métodos ................................... 109
Anexo F – Sistemas Fonte - Ecrãs ......................................................................................... 118
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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Lista de Figuras
Figura 1-1 - Alterações na Infra-estrutura Hospitalar decorrentes da reforma/reestruturação da
Saúde Militar .................................................................................................................... 20
Figura 1-2 - Alterações na Assistência à Doença aos militares decorrentes da unificação de
2005 .................................................................................................................................. 21
Figura 2-1 – Agentes envolvidos em decisão colaborativa. ..................................................... 33
Figura 2-2 - Modelo Open Systems Interconnection ............................................................... 36
Figura 2-3 - Clinical Document Architecture .......................................................................... 37
Figura 2-4 – Componentes SOA .............................................................................................. 39
Figura 2-5 – Funcionamento SOA ........................................................................................... 40
Figura 2-6 - Event-Driven Arquitecture ................................................................................... 42
Figura 2-7 - Definição de camadas de serviços disponibilizados via internet ......................... 43
Figura 2-8 - Gartner Hype Cycle Model. ................................................................................. 46
Figura 2-9 – Modelo de referência de Workflow ..................................................................... 47
Figura 3-1 - Modelo de Colaboração ....................................................................................... 52
Figura 3-2 - Modelo de Domínio ............................................................................................. 59
Figura 3-3 – Síntese / BI Clínico do Utente ............................................................................. 60
Figura 3-4 – Lista de intercorrências ........................................................................................ 62
Figura 3-5 – Planos de Monitorização ..................................................................................... 63
Figura 4-1 - Criação de Fichas de Utentes (Anos 2005 a 2011) .............................................. 67
Figura 4-2 – Interacção com Utentes (Anos 2005 a 2011) ...................................................... 68
Figura 4-3 – Rede de Bastidores UHE ..................................................................................... 72
Figura E-1 - Modelo de Domínio ........................................................................................... 109
Figura F-1 – GH-Gestão Doentes – Ficha do doente ............................................................. 118
Figura F-2 – EPR-Desktop Médico – História Clinica .......................................................... 118
Figura F-3 – EPR-Desktop Médico – História Clinica/Biometria ......................................... 119
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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Figura F-4 – EPR-Desktop Médico – Terapêutica ................................................................. 119
Figura F-5 – EPR-Desktop Médico – Exames ....................................................................... 120
Figura F-6 – GH – Gestão Doentes – Registo de operações .................................................. 120
Figura F-7 – GH – Gestão Doentes – Actos Médicos (Consulta) .......................................... 121
Figura F-8 – GH – Gestão Doentes – Actos Médicos (Exame) ............................................. 122
Figura F-9 – GH – Gestão Doentes – Registo de internamento ............................................. 122
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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Lista de Tabelas
Tabela 1-1 – Custos de encargos com a saúde e universo de beneficiários SNS vs SSM ....... 22
Tabela 1-2 - Utentes dos Estabelecimentos de Saúde Militar .................................................. 23
Tabela 2-1 – Indicadores de aplicação e uso de eHealth .......................................................... 29
Tabela 2-2 – Modelo de referência de Workflow - Interfaces ................................................. 47
Tabela 3-1 – Síntese / BI Clínico do Utente ............................................................................. 61
Tabela 3-2 – Lista de intercorrências ....................................................................................... 62
Tabela 3-3 – Planos de Monitorização ..................................................................................... 64
Tabela 4-1 – Actividade da UHE – Ano 2011 ......................................................................... 69
Tabela 4-2 – Infra-estruturas Hospitalares – Ano 2011 ........................................................... 69
Tabela 4-3 – Pessoal ao Serviço da UHE – Ano 2011 ............................................................. 70
Tabela 4-4 – Hardware (aplicações de saúde e de suporte) ..................................................... 73
Tabela 4-5 – Aplicações / Módulos de Saúde em Produção na UHE ...................................... 74
Tabela 4-6 – Recursos Humanos – Cardiologia / Endocrinologia e Nutrição ......................... 76
Tabela 4-7 – Produção e faixas etárias Ano 2011 – Cardiologia / Endocrinologia e Nutrição 77
Tabela 4-8 – Utentes Ano 2011 – Cardiologia / Endocrinologia e Nutrição ........................... 78
Tabela 4-9 – Matriz de parâmetros por especialidade/patologia .............................................. 80
Tabela 4-10 – Contributo para a síntese do PCE do utente dos sistemas verticais existentes . 81
Tabela A-1 – Situação dos SI dos hospitais ............................................................................. 91
Tabela A-2 – Situação dos SI dos Centros de Saúde e Postos de Socorros ............................. 93
Tabela B-1 – Especialidades Médicas e Cirúrgicas (UHE) ..................................................... 94
Tabela D-1 – Parâmetros e valores de referência ................................................................... 107
Tabela E-1 – Utente ................................................................................................................ 110
Tabela E-2 – Valida Utente .................................................................................................... 110
Tabela E-3 – Medicação Activa ............................................................................................. 111
Tabela E-4 – Antecedentes ..................................................................................................... 111
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
x
Tabela E-5 – Patologias .......................................................................................................... 111
Tabela E-6 – Episodio ............................................................................................................ 112
Tabela E-7 – Episodio Cirurgia .............................................................................................. 112
Tabela E-8 – Episodio Consulta ............................................................................................. 112
Tabela E-9 – Episodio Internamento ...................................................................................... 113
Tabela E-10 – Episodio Exame .............................................................................................. 113
Tabela E-11 – Contacto .......................................................................................................... 113
Tabela E-12 – Medico ............................................................................................................ 114
Tabela E-13 – Instituição de Saúde ........................................................................................ 114
Tabela E-14 – Plano Monitorização ....................................................................................... 114
Tabela E-15 – Parâmetro ........................................................................................................ 115
Tabela E-16 – Parâmetro Plano .............................................................................................. 115
Tabela E-17 – Sensor ............................................................................................................. 115
Tabela E-18 – Sensor Parametro ............................................................................................ 116
Tabela E-19 – Medição .......................................................................................................... 116
Tabela E-20 – Frequência de Recolha .................................................................................... 116
Tabela E-21 – Regra ............................................................................................................... 117
Tabela E-22 – Alerta .............................................................................................................. 117
Tabela E-23 – Contacto Regra ............................................................................................... 117
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xi
Acrónimos
ACSS Administração Central do Sistema de Saúde
ADM Assistência na doença aos Militares das Forças Armadas
ADMA Assistência na doença aos Militares da Armada
ADME Assistência na doença aos Militares do Exército
ADMFA Assistência na doença aos Militares da Força Aérea
ADSE Direcção Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública
API Application Programming Interface
AVC Acidente Vascular Cerebral
BMT Blood Medical Test
BPM Business Process Management
BRE Business Rules Engine
CDM Collaborative Decision Making
CEMGFA Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas
CEN European Committee for Standardization
CORBA Common Object Request Broker Architecture
CSR Case Study Research
DCOM Distributed Component Object Model
DICOM Digital Imaging and Communication in Medicine
EIS Europe Information Society
EPSOS Smart Open Services for European Patients
ERP Enterprise Resource Planning
FA Forças Armadas
FND Forças Nacionais Destacadas
GDH Grupo Diagnóstico Homogéneo
HFA Hospital da Força Aérea
HFAR Hospital das Forças Armadas
HIMSS Healthcare Information and Management Systems Society
HINARI Health Internetwork Access to Research Initiative
HIS Healthcare Information Systems
HL7 Health Level Seven
HM Hospital da Marinha
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
xii
HMB Hospital Militar de Belém
HMP Hospital Militar Principal
HMR1 Hospital Militar Regional n.º1
HMR2 Hospital Militar Regional n.º2
IASFA Instituto de Acção Social das Forças Armadas
ICD International Classification of Diseases
IEEE Institute for Electrical and Electronic Engineers
INR International Normalized Ratio
ISO International Organization for Standardization
MDN Ministério da Defesa Nacional
NIST National Institute of Standards and Technology
ORB Object Request Brokers
PaaS Platform as a Service
PACS Picture Archiving and Communication System
PDS Plataforma de Dados da Saúde
RNU Registo nacional de Utentes
RSE Registo de Saúde Electrónico
SAM Sistema de Apoio ao Médico
SGBD Sistema de Gestão de Base de Dados
SI Sistema de Informação
SNS Serviço Nacional de Saúde
SO Sistema Operativo
SOA Service Oriented Architecture
SOAP Subjective, Objective, Assessment, and Plan
SONHO Sistema de Informação para a gestão de Doentes
SSM Sistema de Saúde Militar
SUC Serviços de Utilização Comum
TI Tecnologia de Informação
TIC Tecnologias de Informação e Comunicação
UHE Unidade Hospitalar da Estrela
UHL Unidade Hospitalar do Lumiar
UHSC Unidade Hospitalar de Santa Clara
WFMC Workflow Management Coalition
WFMS Workflow Management Systems
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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1. Introdução
A saúde e as tecnologias de informação e comunicação (TIC) estão hoje, mais do que nunca,
presentes no quotidiano de todos nós, pois cada vez mais temos cidadãos informados e mais
exigentes. A procura de formas para estruturar a informação de saúde, disponibilizar e aceder
a essa mesma informação, tem sido objecto de trabalhos de investigação de organizações
internacionais, governos e universidades. Todavia, ainda subsistem ineficiências e
dificuldades na partilha de informação decorrentes quer de deficiências no planeamento, quer
devido a ineficiências na gestão dos recursos disponíveis ou decorrentes de problemas
relacionados com os actuais sistemas verticalizados que se constituem como ilhas de
informação.
1.1. Enquadramento / Contextualização
Existe ao nível europeu um contexto político favorável à utilização de tecnologias de
informação e comunicação (TIC) na área da saúde. Praticamente todos os países da União
Europeia (EU) iniciaram ou têm em produção sistemas de âmbito nacional de informação
para a saúde que disponibilizam informação sobre os utentes aos diversos profissionais de
saúde [1]. Em Portugal registam-se esforços no sentido de criar infra-estruturas para a
informatização da saúde. Este trabalho tem sido efectuado, quer ao nível do Serviço
Nacional de Saúde (SNS), quer ao nível de outros subsistemas nos quais se enquadra o
sistema de saúde militar (SSM), tendo porém em consideração as especificidades deste
último.
O SSM opera com profissionais de saúde militares e civis, apresentando um conjunto de
serviços de saúde específicos para os militar que o diferencia do SNS, designadamente:
• Tarefas de classificação e selecção de pessoal, nomeadamente no que diz respeito
à componente do estado de saúde dos candidatos;
• Aprontamento sanitário, i.e, observação médica, exames complementares e
vacinação prévia às missões das Forças Nacionais Destacadas (FND);
• A avaliação de doenças e/ou sequelas de lesões, relacionadas com o serviço
militar;
• A realização de Juntas Médicas para apreciação da aptidão/inaptidão e capacidade
/incapacidade para o serviço militar;
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
14
• Treino e enquadramento militar contínuos do pessoal militar de saúde, no âmbito
de cenários de conflito armado convencional, missões NATO e missões sob a
égide das Nações Unidas.
Para além destes serviços de saúde, o SSM também contempla o apoio hospitalar e
serviços de cuidados primários aos familiares e dependentes dos militares, genericamente
designado de “Família Militar”. São também beneficiários dos serviços de saúde
prestados pelo SSM as forças de segurança, como a Guarda Nacional Republicana,
Policia de Segurança Pública e Policia Municipal, bem como os respectivos familiares, e
em casos pontuais os beneficiários da Direcção Geral de Protecção Social aos
Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE).
Alinhado com as orientações/directrizes legislativas de reforma do sistema de saúde
militar está a penetração cada vez maior dos Sistemas de Informação (SI) na área da
saúde. A disponibilidade de informação sobre o estado de saúde e perfil do utente no
momento e local onde esta é necessária é cada vez mais um requisito num contexto de
trabalho colaborativo como é o caso do ambiente hospitalar.
O processo de decisão do profissional de saúde assenta na evidência científica,
recorrendo com alguma frequência a especialistas ou à recolha de uma segunda opinião
junto dos seus pares. Este ambiente de partilha do conhecimento, que em termos
operacionais poderá ser tão simples como a necessidade de transferência de doentes nas
urgências hospitalares devido ao funcionamento por turnos, enquadra-se no conceito de
Collaborative Decision Making (CDM), que ocorre quando dois ou mais indivíduos
contribuem com o seu conhecimento e experiencia para o processo de tomada de decisão
[2].
Um processo clínico electrónico (PCE) em ambiente CDM resulta por norma da
integração de dados dispersos por fontes/sistemas heterogéneos havendo assim a
necessidade, numa fase inicial de desmaterialização de processos, de integração com os
sistemas verticais, administrativos como Sistema de Informação para a Gestão de
Doentes (SONHO) ou clínicos como o Sistema de Apoio ao Médico (SAM),
responsáveis pelo registo de dados sobre o estado de saúde do utente, para se conseguir
obter uma síntese sobre o estado de saúde do mesmo.
A dispersão e a heterogeneidade de SI presentes no SSM, decorrentes da sua estrutura
orgânica/funcional, dificultam a partilha de informação. O único benefício traduz-se na
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
15
existência de SI nas diferentes unidades hospitalares, sendo os constrangimentos
relacionados com a falta / dificuldade de interoperabilidade. Também em relação ao
processo clínico do utente existem diferenças no que diz respeito ao seu grau de
informatização, havendo unidades em que o suporte em papel ainda tem grande peso e
unidades onde a situação é inversa1.
1.2. Trabalho Relacionado
Segundo a HIMSS - Healthcare Information and Management Systems Society2, eHealth
(ou e-health) é qualquer aplicação que faz uso da Internet, que é utilizada em conjunto
com outras tecnologias de informação, focada na melhoria do acesso, na eficiência e na
qualidade dos processos clínicos e assistenciais em uso nas instituições de saúde, com o
objectivo de conseguir as melhores condições de tratamento para o utente e as melhores
condições em termos de custo para o Sistema de Saúde. Este conceito relacionado com o
suporte da prática clinica através de processos electrónicos e comunicações é
relativamente recente havendo referencias ao mesmo desde 1999 [3].
O uso do termo tem sofrido alterações havendo quem defenda a sua utilização em
ambientes de troca de informação clinica por meios electrónicos [4] enquanto outros, de
uma forma mais restrita, referem e-health nos casos onde os cuidados de saúde são
prestados fazendo uso da internet.
A questão que se coloca é saber de que forma pode o e-health contribuir para reduzir o
“gap” entre aquilo que é o conhecimento e investigação da comunidade científica e aquilo
que é pratica dos profissionais de saúde. O volume e complexidade do conhecimento
gerado obrigam à utilização de sistemas de informação havendo uma necessidade de
ferramentas que consigam agregar conhecimento de diferentes fontes e que possibilitem o
seu uso quando e onde seja necessário [5]. Programas como o Health Internetwork
Access to Research Initiative (HINARI) da Organização Mundial de Saúde facultam, a
profissionais de saúde de países em desenvolvimento, acesso online a informação
cientifica de topo na área da saúde, possibilitando assim uma partilha de conhecimento
entre estes profissionais.
1 Anexo A – Situação Actual dos Estabelecimentos de Saúde do SSM. 2 HIMSS E-Health SIG White Paper - http://www.himss.org/content/files/ehealth_whitepaper.pdf.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
16
Ao nível do trabalho nas instituições de saúde, e em concreto ao nível dos cuidados
prestados aos utentes, esta partilha de informação é essencial para que o profissional de
saúde aceda a informação de suporte ao diagnóstico. Esta informação, que por norma é
obtida através da integração de dados dispersos por fontes/sistemas heterogéneos, requer
uma desmaterialização do PCE. Desta forma temos, por um lado o e-health suportado em
sistemas de informação e em mecanismos de recolha de informação de diferentes fontes,
e por outro a aplicação do conceito de CDM pois a decisão médica é alicerçada em
contributos de vários profissionais de saúde.
A necessidade de acesso à informação por parte dos profissionais de saúde bem como por
parte dos utentes tem sido endereçada através do uso de PCE ou por Personal Health
Records, que não são mais do que uma vista da informação pertinente para o utente,
tipicamente para utentes com doenças crónicas que carecem de acompanhamento e
vigilância [6]. A hipótese colocada pelos autores refere o acesso do utente a um subset da
informação constante no PCE através de web, garantindo, aos profissionais de saúde, um
meio de acesso à informação clínica do utente, corroborando o conceito de CDM em
meio clinico, e ao utente, uma forma de visualização e contribuição de informação.
1.3. Aspectos Relevantes para o Problema
Presentemente o SSM agrega os serviços de saúde dos três ramos das forças armadas:
Exército, Marinha e Força Aérea, por conseguinte existe uma necessidade de agregação e
uniformização de informação bem como requisitos de interoperabilidade entre os SI que
dantes estavam em serviços de saúde de cada um destes ramos. Sucintamente a missão do
SSM consiste em garantir o apoio sanitário3 à componente operacional das Forças
Armadas e, simultaneamente, assegurar a assistência médica aos efectivos militares e às
suas famílias [7].
1.3.1. Breve enquadramento da evolução histórica
Até 2005 a assistência na doença aos militares estava segmentada em subsistemas de
saúde distintos:
• ADME – Assistência na doença aos Militares do Exército;
• ADMA - Assistência na doença aos Militares da Armada;
3 O apoio sanitário é um sistema integrado de tratamento, evacuação e logística sanitária.
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• ADMFA - Assistência na doença aos Militares da Força Aérea.
Em setembro de 2005 foi unificada, através de diploma legal4 num único subsistema, a
Assistência na Doença aos Militares (ADM), sujeito a um regime paralelo ao da
Direcção Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração
Pública (ADSE). A gestão da recém-criada ADM passa para o Instituto de Acção
Social das Forças Armadas (IASFA) que é um instituto público integrado na
administração indirecta do Estado, dotado de personalidade jurídica, com autonomia
administrativa, financeira e património próprio.
Esta reorganização no âmbito da saúde militar despoletada por iniciativa legislativa5
dos Ministros de Estado, das Finanças e da Defesa Nacional visa criar um novo
modelo de gestão hospitalar que abrange um conjunto de recursos, nomeadamente
humanos, materiais, financeiros e de infra-estruturas dos hospitais militares dos três
ramos.
Da resolução do conselho de ministros em Fevereiro de 20086, surgem directrizes que
regulam a gestão da mudança, destacando-se as seguintes orientações:
• Proceder à criação de um órgão, na dependência do Ministro da Defesa
Nacional, responsável pela concepção, coordenação e acompanhamento das
políticas de saúde a desenvolver no âmbito militar e que terá como
atribuição inicial o estudo da racionalização da rede hospitalar militar, bem
como a proposta do respectivo modelo de gestão;
• Criar um Hospital das Forças Armadas, na dependência do Chefe do
Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), organizado em
dois pólos hospitalares, um em Lisboa e outro no Porto;
• Iniciar a instalação do Pólo Hospitalar de Lisboa, mediante o
redimensionamento da estrutura hospitalar militar existente na área de
Lisboa, através da racionalização e concentração de valências e de recursos,
atendendo ao seguinte faseamento:
4 Decreto-Lei n.º 167/2005 de 23 de Setembro, Diário da República, 1.ª série A — N.º 184. 5 Despacho conjunto nº 393/2006 de 2 de Maio de 2006, Diário da República II Série, nº 93 de 15 de Maio de 2006 6 Resolução do Conselho de Ministros n.º 39/2008, Diário da República I Série, nº 42 de 28 de Fevereiro de 2008.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
18
o No curto prazo, proceder à racionalização e concentração de
valências médicas e capacidades, constituindo serviços de utilização
comum, guarnecidos por pessoal militar e civil dos três ramos das
Forças Armadas;
o No médio prazo, redimensionar a estrutura hospitalar militar,
através da sua concentração.
A reforma em curso7 com vista à criação do Hospital das Forças Armadas (HFAR),
organizado num pólo em Lisboa e outro no Porto, e colocado sob dependência do
Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), procura racionalizar
os cuidados de saúde diferenciados, através da redução de custos, concentração dos
meios e recursos disponíveis e maior eficiência, incidindo sobre as unidades
hospitalares de maior dimensão, designadamente:
• Hospital da Marinha, em Lisboa;
• Hospital Militar Principal (Exército), em Lisboa;
• Hospital Militar de Belém (Exército), em Lisboa;
• Hospital da Força Aérea, em Lisboa;
• Hospital Militar Regional Nº 1 (Exército), no Porto;
• Hospital Militar Regional Nº 2 (Exército), em Leiria.
Através do despacho de 11 de Fevereiro de 2010, o Ministro da Defesa Nacional criou
um grupo de trabalho para proceder ao estudo da racionalização de valências
hospitalares e de recursos, assente na constituição de serviços de utilização comum
(SUC), guarnecidos por pessoal militar e civil dos três ramos das Forças Armadas,
incluindo um serviço de urgência único.
Para a concretização da reforma sai a 4 de Maio de 2010 directiva ministerial8. Este
documento refere ainda que, no desenvolvimento do HFAR, se deverá considerar a sua
articulação na utilização de serviços e instalações, com outras entidades,
designadamente o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Ouvido o Conselho Superior
Militar, o Ministro da Defesa Nacional proferiu dois despachos9 que consubstanciam a
7 Lei Orgânica n.º 1-A/2009 de 7 de Julho, Diário da República, 1.ª série — N.º 129 de 7 de Julho de 2009 8 Despacho nº.7770/2010 de 16 de Abril de 2010, Diário da República, 2.ª série — N.º 86 — 4 de Maio de 2010. 9 Despacho n.º 10825-10826/2010 de 16 de Junho de 2010, Diário da República, 2.ª série — N.º 126 — 1 de Julho de 2010.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
19
decisão sobre o processo de constituição do HFAR e de organização do seu pólo de
Lisboa.
O actual governo refere no seu programa, na área reservada à defesa nacional, o
seguinte:
“Tomando como referência o que está disposto a este respeito no Memorando de
Entendimento, concretizar a reforma do sistema de saúde militar, mas garantindo um
apoio de qualidade aos seus utentes e um aproveitamento completo da capacidade
instalada”10.
Com base neste desígnio foi criada a 24 de Agosto de 2011 uma equipa técnica com o
objectivo de elaboração do estudo que conduziu à apresentação de uma proposta sobre
a melhor localização para a instalação do pólo de Lisboa do HFAR tendo em
consideração critérios de eficiência e eficácia bem como o actual contexto financeiro e
orçamental do país, salvaguardando a qualidade dos cuidados de saúde a prestar e a
prontidão da resposta. Após a elaboração do estudo foi proposto à tutela que o pólo de
Lisboa do HFAR fosse instalado na Unidade Hospitalar do Lumiar (antigo HFA),
proposta esta aceite e reflectida em despacho ministerial publicado a 5 de Dezembro
de 201111.
A 16 de Agosto de 2012 arranca em definitivo o processo de fusão12 que deverá estar
concluído no prazo máximo de 24 meses. Com a entrada em vigor do referido diploma
são extintos o Hospital da Marinha, o Hospital Militar Principal, o Hospital Militar de
Belém e o Hospital da Força Aérea, sendo as respectivas atribuições e competências
transferidas para o pólo de Lisboa do HFAR, ficando para momento posterior a
criação e implementação do pólo do Porto do HFAR cujos estudos estão em curso.
Deste processo de fusão, para além dos desafios organizacionais, decorrem os
objectivos da criação de um utente único para as forças armadas, da partilha de
informação clínica entre as diferentes unidades de saúde e da fusão da informação
existente nos casos da extinção das organizações de origem.
10 Programa do XIX Governo Constitucional, Presidência do Conselho de Ministros. 11 Despacho nº.16437/2011 de 4 de Novembro de 2011, Diário da República, 2.ª série — N.º 232 — 5 de Dezembro de 2011. 12 Decreto-Lei nº 187/2012 de 16 de Agosto de 2012, Diário da Republica, 1ª série – Nº 158 – 16 de Agosto de 2012.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
20
1.3.2. Estrutura Organizacional
A descrição da organização do SSM até ao modelo actual permite ter uma ideia clara
da sua complexidade e das entidades envolvidas. O SSM, onde se concentra o caso de
estudo, agrega os serviços de saúde dos três ramos das forças armadas: Exército,
Marinha e Força Aérea, estando estes serviços dependentes em termos funcionais,
administrativos e hierárquicos do ramo onde se inserem, contemplando a vertente dos
cuidados diferenciados ao nível hospitalar e possuindo unidades que prestam cuidados
primários, essencialmente executados pelos postos de socorros e centros de saúde de
menor dimensão e diferenciação.
A figura 1-1 mostra as alterações decorrentes da reforma em curso, quer por extinção,
quer por alteração da dependência hierárquica, administrativa e funcional dos vários
estabelecimentos de saúde militar de carácter hospitalar. Esta alteração estende-se
também aos recursos humanos (médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares de acção
médica, administrativos) do quadro e contratados, quer sejam eles militares ou civis,
resultando numa estrutura organizacional mais ágil e com maior centralização de
comando.
Organograma Hospitalar Militar antes da
Reestruturação na Saúde Militar
Organograma Hospitalar Militar após
Reestruturação na Saúde Militar
Figura 1-1 - Alterações na Infra-estrutura Hospitalar decorrentes da reforma/reestruturação da Saúde Militar
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
21
No que diz respeito aos subsistemas de saúde em 2005 registou-se a unificação dos
três subsistemas de saúde específicos de cada um dos ramos (ADME, ADMA e
ADMFA), num único subsistema a ADM.
Assistência à doença aos militares antes da
unificação de 2005
Assistência à doença aos militares após a unificação
de 2005.
Figura 1-2 - Alterações na Assistência à Doença aos militares decorrentes da unificação de 2005
As alterações reflectidas na figura 1-2 têm como objectivo a uniformização dos vários
sistemas de saúde públicos, ao mesmo tempo que permitem uma melhor
racionalização dos meios humanos e materiais disponíveis, criando um subsistema
sujeito a um regime paralelo ao da ADSE, salvaguardando as especificidades da
condição militar. Têm um impacto directo na gestão da assistência na saúde aos
militares, retirando esse ónus dos ramos das forças armadas, centralizando-a numa
única entidade que abarca essa responsabilidade para os três ramos.
Os indivíduos elegíveis como beneficiários deste novo subsistema, quer sejam
beneficiários titulares ou beneficiários familiares ou equiparados são os seguintes13:
• Beneficiários titulares da ADM
o Os militares dos quadros permanentes nas situações de activo, de
reserva e de reforma;
o Os militares em regime de contrato ou de voluntariado, nos termos
estabelecidos para os militares dos quadros permanentes; 13 Portaria N.º 284/2007, de 12 de Março de 2007, Diário da República, 2.ª série – N.º 50.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
22
o Os alunos dos estabelecimentos de ensino militares que frequentem
cursos de formação para ingresso nos quadros permanentes;
o O pessoal militarizado da Marinha e do Exército, nos termos
estabelecidos para os militares dos quadros permanentes.
• Beneficiários familiares ou equiparados, i.e. a “família militar”:
o O cônjuge, os descendentes ou equiparados e os ascendentes ou
equiparados a cargo do beneficiário titular;
o Pessoa que vive com o beneficiário titular em união de facto.
A prestação dos cuidados de saúde aos beneficiários da ADM pode ser efectuada pelas
seguintes entidades:
• Estabelecimentos do Serviço de Saúde Militar. Estão aqui incluídos os centros
de saúde e hospitais militares já referidos.
• Estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde;
• Pessoas singulares ou colectivas com as quais tenham sido celebrados acordos;
• Pessoas singulares ou colectivas da livre escolha dos beneficiários.
Nos dois primeiros casos a prestação dos cuidados de saúde é gratuita para os
beneficiários, sem prejuízo do pagamento de taxa moderadora que no SSM é de valor
idêntico ao praticado no SNS, cabendo aos respectivos estabelecimentos facturar os
actos médicos praticados à ADM. A tabela 1-1 apresenta os custos e o número de
beneficiários do SNS e do SSM. A grande diferença de valores tem essencialmente a
ver com a diferença que existe em termos do número de beneficiários, bem como pelo
facto dos beneficiários do SSM serem também utentes do SNS.
Tabela 1-1 – Custos de encargos com a saúde e universo de beneficiários SNS vs SSM
Entidade Custo (Milhares de Euros) Universo de Beneficiários (estimativa)
SNS 9.399.10014 10.555.85315
SSM 19.04416 297.00817
14 Entidade Reguladora da Saúde, Relatório de Sustentabilidade do SNS, Setembro 2011 15 INE, censos 2011 16 ISAFA, I.P – Relatório de actividades de 2010 17 Sem considerar os beneficiários da ADSE.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
23
Na tabela 1-2 temos, sem contabilizar os beneficiários da ADSE, cerca de 300.000
beneficiários que, apesar da reforma em curso, terão o seu respectivo PCE repartido
entre os vários locais de prestação de cuidados de saúde que possuem SI, e ainda
processos clínicos manuscritos nos locais que não possuem a tecnologia necessária.
Tabela 1-2 - Utentes dos Estabelecimentos de Saúde Militar
Subsistema Total de Beneficiários
ADM 18 Exercito – 67.058
131.731
Marinha – 40.834
Força Aérea – 23.839
SAD/PSP19 74.277
SAD/GNR20 90.000
ADSE21
Titulares/Activos – 577.482
1.362.896
Titulares/Aposentados – 324.654
Familiares – 460.760
Outros22 < 1.000 Totais (S/ ADSE) 297.008
Totais (C/ADSE) 1.659.904
Acresce a tudo isto o facto de não existir entre os vários locais uma uniformização na
identificação do utente. Esta falta de uniformização aliada à inexistência de
informação partilhada em formato digital, às dificuldades de integração dos sistemas
de saúde existentes no SSM para as diferentes áreas de actuação nas unidades de saúde
e sobretudo a fraca orientação dos sistemas de informação para o utente, agudizam os
problemas do funcionamento do SSM com implicações na saúde dos utentes.
18 IASFA, I.P - Divisão de Estudos e Estatística (07/10/2011) 19 Serviços de assistência na Doença da PSP (07/10/2011). Inclui os elementos da polícia municipal 20 Divisão da Assistência na Doença / Direcção de Saúde e Assistência na Doença (07/10/2011) 21 Sitio da ADSE – http://www.adse.pt – Dados referentes a Agosto de 2011. Inclui, deste Janeiro 2011, os serviços sociais do ministério da justiça. 22 Utentes inscritos no Hospital Militar Principal. Elementos das embaixadas, Palop´s, Autorizados, etc
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
24
1.4. Definição do Problema
No SSM, tal como na maioria dos hospitais e centros de saúde do SNS o nível de
informatização é por norma medido pelo número de computadores e aplicações existentes.
Contudo a proliferação de computadores por unidades de saúde não é, com toda a certeza,
sinónimo de serviço de maior qualidade. Em muitos casos a “informatização” dita mesmo
um significativo acréscimo na carga de trabalho [8]. Para este acréscimo de trabalho
contribui o facto de termos SI orientados aos serviços em vez de orientados aos processos,
bem como SI vistos exclusivamente com tecnologia e não como meios de optimização
organizacional [9].
Apesar das alterações decorrentes da reformulação do SSM contribuírem para agilização
de alguns processos administrativos e funcionais do sistema de saúde, ainda subsistem
constrangimentos e ineficiências que podem ser rectificadas com o intuito de tornar o
SSM mais eficiente, das quais podemos destacar:
• Inexistência de uma identificação única para os utentes do SSM;
• Existem diferentes SI nas instituições do SSM, bem como diferentes estádios de
maturidade;
• Os Hospitais não partilham, em formato electrónico, informação entre si, não
existindo um PCE com fluxos de partilha de informação;
• Dentro do mesmo hospital, existem dificuldades de interoperabilidade entre as
soluções informáticas existentes;
• Ineficiência no acesso aos dados do processo clínico do utente;
• Apesar dos SI agilizarem a implementação da desmaterialização de processos e de
haver alguns serviços de fluxo de informação, o estado de desmaterialização dos
processos é embrionário;
• Inexistência de informação de gestão consolidada;
• Uma fraca orientação dos SI para o utente, não havendo ou sendo residual a
presença dos hospitais na Web com possibilidade de interacção com o utilizador;
Acresce à questão tecnológica o facto de em medicina estarmos perante um ambiente de
tomada de decisão colaborativa e mesmo em locais onde a utilização de SI com a
respectiva desmaterialização do processo clínico é uma realidade, este continua a existir
de forma isolada impedindo ou dificultando a partilha de informação entre os
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
25
profissionais de saúde. Temos portanto um desalinhamento entre o negócio e os SI que
importa corrigir através de mecanismos que assegurem uma identificação única para os
utentes e a respectiva desmaterialização do seu processo clínico, garantindo que a
informação estará disponível sempre que necessária, de forma a assegurar um verdadeiro
ambiente de tomada de decisão colaborativo.
Dos problemas encontrados no SSM pretende-se com este trabalho endereçar duas
questões fundamentais:
• Identificar qual deverá ser a informação de síntese do estado de saúde do utente
acessível a todos os profissionais de saúde;
• Aumentar a interacção com o utente fazendo que este assuma uma maior
responsabilidade pelo seu estado e hábitos de saúde;
A resolução das questões passa pelo estabelecimento de uma arquitectura inovadora de
utilização dos SI que garanta a uniformização e acesso a dados de síntese do PCE do
utente, trazendo este para o centro do sistema de saúde, fomentando ao mesmo tempo a
partilha de informação (CDM) entre profissionais de saúde e fazendo o “empowerment”
do utente através do seu envolvimento e participação activa.
1.5. Principais Contribuições
A contribuição desta tese para a resolução do problema enunciado em 1.4 suporta-se num
modelo de colaboração que endereçará o problema da compartimentação dos SI e das
ilhas de informação existentes e que permitirá a definição de um catálogo de serviços
suportado numa plataforma de workflow, e na resolução das seguintes questões:
• Identificação unívoca dos utentes do SSM de forma a possibilitar a articulação de
informação dentro e para fora do SSM;
• Definição do conjunto de informação que se constituirá como síntese do estado de
saúde do utente acessível a todos os profissionais de saúde do SSM e de entidades
como as quais o SSM partilhe os utentes, através da formalização da estrutura de
dados que caracteriza o perfil clinico de um utente.
• Concepção de um novo serviço de saúde que fomente o aumento da interacção
com o utente fazendo que este assuma uma maior responsabilidade pelo seu
estado e hábitos de saúde, através da formalização da estrutura dados de suporte a
planos de monitorização e sua disponibilização.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
26
• Apoio à análise do desempenho de um utente face a um universo amostral, através
da definição das variáveis que permitem identificar a amostra e dos parâmetros
que se constituem como indicadores.
O modelo de colaboração tem como objectivos principais a agilização do fluxo de
informação entre os profissionais saúde, o acesso a dados de síntese do PCE, quer por
profissionais de saúde quer pelos próprios utentes, que para além de acederem à
informação podem também constituir-se como fontes de informação.
1.6. Introdução ao Conteúdo dos Capítulos
A estrutura do relatório, para além da introdução no actual capítulo, apresenta no capítulo
2 o resultado da pesquisa efectuada na área de domínio deste trabalho, oferecendo desta
forma uma panorâmica sobre esta área do conhecimento, nomeadamente através de
análise de artigos, pesquisas por palavras-chave e recolha de informação sobre conceitos
e standards relacionados com a saúde, com a problemática da integração de sistemas de
informação hospitalar, arquitecturas orientadas a serviços, bem como soluções de
workflow, gestão documental e motores de regras. O capítulo 3 apresenta uma exposição
da metodologia proposta para a resolução do problema definido em 1.4 com especial
ênfase para o modelo de colaboração e respectiva plataforma de suporte. O Case Study é
apresentado no capítulo 4 onde se faz a introdução à instituição onde será aplicado o caso
de estudo, descrevendo como a metodologia foi aplicada e fazendo referência aos
resultados obtidos. Por fim, no capítulo 5, apresenta-se um resumo do âmbito e do
problema abordado bem como as principais conclusões. É também feita referência à
componente do caso de estudo e fornecidas indicações relacionadas com o trabalho futuro,
nomeadamente no que diz respeito a aspectos que não foram possíveis explorar no âmbito
desta dissertação.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
27
2. Estado da Arte
Hoje em dia a mobilidade de meios e recursos é uma realidade incontornável. As tecnologias
de comunicação wireless garantem aos profissionais de saúde maior mobilidade, permitindo
que estejam contactáveis ou que possam aceder a informação relevante independentemente do
local onde estejam. Requisito essencial em ambientes colaborativos e de partilha de
informação como é o caso do sector da saúde.
Todavia, o acesso à informação clinica fora da área de influência da instituição de saúde é
ainda um problema. Apesar dos progressos, os Sistemas de Informação (SI) em saúde pouco
mais são do que um conjunto de ilhas de informação que dificultam a partilha de dados entre
instituições de saúde. O desafio actual consiste em disponibilizar níveis de serviço capazes de
disponibilizar informação de síntese sobre o processo clinico do utente independentemente
dos SI ou fontes de dados.
No levantamento efectuado foram considerados o eHealth, os registos de saúde electrónicos,
standards em uso na saúde, as arquitecturas orientadas a serviços e a eventos, as diferentes
soluções web baseadas em serviços e ainda aspectos relacionados com workflow.
2.1. eHealth
O conceito de ehealth é usado a nível académico, institucional e profissional apesar de
não haver consenso numa clara e precisa definição. Um estudo efectuado e publicado no
Jounal of Medical Internet Research [10], que teve por base uma análise exaustiva de
definições propostas para eHealth encontrou 51 diferentes versões. Nestas conseguiram
identificar duas palavras-chave: saúde e tecnologia.
Segundo a Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS)23, o
conceito de eHealth corresponde a utilizar a Internet para acesso a dados de saúde, em
especial a dados sobre o processo clinico dos utentes. Nesta abordagem os SI em saúde
partilham informação entre instituições. O objectivo é conseguir globalmente melhores
condições de tratamento para o utente e melhores condições em termos de custo para o
sistema de saúde.
23 HIMSS E-Health SIG White Paper - http://www.himss.org/content/files/ehealth_whitepaper.pdf.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
28
A tipologia e quantidade de serviços de saúde abrangidos pelo eHealth são por si só
meritórios de um estudo profundo que excede o âmbito desta tese. Razão pela qual
enumeramos cinco serviços que se relacionam com o objecto de estudo desta tese:
• Registo de saúde electrónico (RSE), de forma a fomentar a comunicação de dados
do utente entre diferentes profissionais de saúde;
• Telemedicina, através da possibilidade de efectuar actos médicos à distância;
• Equipas médicas virtuais compostas por profissionais de saúde que partilham
informação sobre os seus doentes;
• mHealth, que inclui o uso de dispositivos móveis para a recolha de informação
médica e que se diferencia essencialmente no hardware usado para o acesso e
recolha de informação, garantindo requisitos de mobilidade aos profissionais de
saúde e utentes;
• Soluções de software, HIS - Healthcare Information Systems, onde é possível
recolher e gerir toda a parte administrativa ligada à saúde, e.g: gestão de agenda,
marcação de actos médicos, identificação dos utentes, entre outros.
Para a Europe´s Information Society24 (EIS), o conceito de eHealth consiste “na
utilização de ferramentas de TIC, bem como serviços para a saúde, independentemente
destas ferramentas serem usadas apenas por profissionais de saúde ou directamente pelos
utentes”, garantindo um papel fundamental no melhoramento da saúde dos cidadãos. A
EIS considera o eHealth transversal a todos os intervenientes (i.e., pacientes,
profissionais de saúde e instituições de saúde), disponibilizando serviços segundo os
interesses e perspectivas de análise de cada um deles. Requisito que obriga a uma
interoperabilidade forte entre os SI existentes em cada instituição de saúde a nível
nacional e entre estados membros da Comunidade Europeia (CE).
No seu relatório sobre indicadores de eHealth25, refere que na CE existe grandes
discrepâncias na utilização dos SI em saúde. Diferenças que decorrem de dois factores
principais: SI em saúde com níveis de maturidade diferentes e recursos com
competências díspares na utilização dos SI em saúde. A Tabela 2-1 apresenta dados sobre
utilização de SI por profissionais de saúde na sua prática diária.
24 http://ec.europa.eu/information_society/activities/health/index_en.htm. 25 Benchmarking ICT use among General Practitioners in Europe.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
29
Tabela 2-1 – Indicadores de aplicação e uso de eHealth
Indicador Resultado
Uso de SI para
armazenamento de
dados do utente
O armazenamento de dados é feito por 80% dos médicos de clínica
geral dos países considerados no estudo (EU27). Porém a partilha de
informação encontra-se abaixo dos 50% em alguns países, descendo
mesmo para os 26 %, naqueles que menos partilham informação.
Uso de
computadores na
consulta.
O uso de computadores nas consultas ronda os 66% em termos de
sistemas clínicos e cerca de 62% no que diz respeito a sistemas de
suporte à decisão.
Uso da internet para
partilha de
informação entre
profissionais de
saúde e interacção
com utentes.
55% dos profissionais de saúde considerados utilizam a internet ou
outras redes dedicadas para partilha de informação em ambiente
colaborativo, nomeadamente laboratórios, outros médicos ou
autoridades de saúde.
As interacções com os utentes por este meio são virtualmente
inexistentes, com valores inferiores a 1%.
O primeiro aspecto a referir diz respeito ao desfasamento existente entre a
disponibilização de meios de TI aos profissionais de saúde e o seu uso efectivo que se
situa entre os 8% e os 29%. Para além deste ponto importa também referir as diferenças
encontradas tendo em consideração o tipo de informação a armazenar. Neste campo
temos por ordem decrescente o armazenamento de dados administrativos (92%),
informação clínica básica (ex: alergias – 85%), resultados de laboratório (81%), sintomas
e razão da visita (79%), estando o armazenamento de imagem no fundo da lista com
cerca de 35%. Outra conclusão a retirar destes indicadores diz respeito à forma de
armazenamento, onde cerca de 76% de informação é armazenada de forma estruturada
facilitando o processamento automático da mesma por outros sistemas.
A análise do uso de computadores na consulta revela que no campo de sistemas de apoio
à decisão os mais comuns são os de suporte ao diagnóstico em detrimento dos sistemas
de suporte à prescrição. Salientar também deste estudo que a tendência na utilização de
sistemas de apoio à decisão aponta para alertas e sugestões genéricas não especificas para
cada utente.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
30
Detalhando um pouco mais o uso da internet para a ligação a outros actores verifica-se
que a maior fatia destas ligações têm a ver com ligações a laboratórios seguidas de
ligações entre profissionais de saúde. A utilização deste meio para a comunicação com
especialistas ou entidades de saúde é mais reduzida.
No plano eEurope 200526 da EIS procura-se, na área da saúde, estimular serviços,
aplicações e conteúdos que criem novos mercados, reduzam custos e incrementem a
produtividade. Para atingir este objectivo foram propostas três acções: utilização de
cartões de saúde electrónicos; expansão de redes de informação de saúde;
estabelecimento de serviços de saúde on-line [11].
O projecto EPSOS27 (Smart Open Services for European Patients) é a mais recente
iniciativa europeia ao nível de serviços de eHealth. Este projecto, cujo piloto entrou em
produção em Abril de 2012 e que terá a duração de um ano, é o culminar de três anos de
trabalho no sentido de dotar os países participantes de uma ferramenta de serviços de
eHealth transfronteiriça. O EPSOS constitui-se pois como o principal projecto de
interoperabilidade em termos de eHealth tendo como focus a melhoria do tratamento
/acompanhamento médico de cidadãos no estrangeiro através do fornecimento, aos
profissionais de saúde, de dados dos utentes. Os objectivos do projecto com relevância
para esta tese consistem na disponibilização de informação de síntese dos utentes (e.g.
alergias e cirurgias efectuadas) e informação sobre prescrição de medicamentos.
Posteriormente será ainda possível ao utente aceder à sua própria informação.
Portugal apresenta um nível de maturidade elevado na utilização da Internet para a
disponibilização de dados do utente. Desde 2011 que passou a ser possível às instituições
de saúde o acesso ao registo nacional de utentes (RNU) no âmbito da prescrição
electrónica28.
O plano nacional de saúde 2012-2016 [12] enumera uma carteira de projectos que vão de
encontro à criação de um conjunto de serviços ligados à área da saúde, tais como a
biblioteca virtual em saúde nacional, o Portal da Saúde, o RSE e ainda o acesso online a
26 eEurope 2005: Uma sociedade da informação para todos
http://ec.europa.eu/information_society/eeurope/2002/news_library/documents/eeurope2005/eeurope2005_pt.pdf 27 http://www.epsos.eu/home.html 28http://www.min-saude.pt/NR/rdonlyres/952C2EB7-0778-4C7C-AF0B-B102FB9FABB5/0/portaria_198_2011.pdf
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
31
serviços tais como: RNU, SIGIC, eAgenda. Incitativas que vão de encontro às directrizes
preconizadas pelo eHealth. No âmbito desta tese a convergência com esta iniciativa
incide sobre a necessidade urgente de um novo modelo que fomente o relacionamento
cidadão-profissionais de saúde, assente numa responsabilização partilhada e participação
activa do cidadão no processo de tratamento. A preocupação por uma política de saúde
preventiva é outra das considerações referidas em [12], das quais destacamos a
divulgação da produção de evidência científica, o estreitamento da relação entre os
profissionais de saúde e os cidadãos e a padronização da informação disponível.
O mais recente desenvolvimento de eHealth em Portugal, com o qual participa no
projecto EPSOS, é a Plataforma de Dados da Saúde (PDS)29. A PDS é um mecanismo de
acesso a informação dos utentes que permite mostrar os dados aos profissionais de saúde
em diversos pontos do SNS (hospitais, urgências, cuidados primários), permitindo a um
médico ou enfermeiro aceder a informação sem a poder modificar ou danificar. O seu
acesso é restrito e auditado, sendo que cada vez que um profissional acede a dados esse
facto fica registado num histórico de acessos.
A ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) e o ministério da saúde têm
desenvolvido esforços no sentido de estabelecer orientações para o RSE [13]. Este
agregará dados de saúde dos cidadãos, possibilitando o seu acesso, através de
mecanismos que incluem o controlo de acessos e de autorizações, privacidade e
confidencialidade da informação. O RSE, centrado no cidadão, apoia a missão dos
profissionais de saúde e garante o acompanhamento do cidadão, na sua mobilidade
espaço – temporal. São esperados benefícios ao nível da qualidade e celeridade dos
cuidados prestados, bem como em termos de redução do risco de erros resultantes da falta
da informação indispensável à decisão clínica.
Estudo sobre a usabilidade e o impacto do uso do RSE em unidades de cuidados
primários em Portugal [14], apesar dos benefícios descritos pela ACSS, aponta para uma
degradação da relação entre o médico e o utente que aliada a um deficiente suporte do
serviço, à “resistência à mudança” e à alteração do ritmo de trabalho, conduzem a uma
apreciação desfavorável dos SI em uso.
29 Direção-Geral de Saúde - http://www.dgs.pt/?cr=22490
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
32
2.2. Desmaterialização de processos
A desmaterialização de processos tem sido encarada, em várias áreas de negócio, como
uma vantagem competitiva com inegáveis benefícios em termos do aumento da eficiência
(e.g., acesso mais rápido à informação), maior controlo sobre a execução e estado dos
processos com custos mais baixos. A componente de segurança no acesso a informação
em ambientes de trabalho colaborativo é outro dos benefícios enumerados na literatura
[15].
Nos Estados Unidos, uma das economias onde os serviços de saúde são maioritariamente
prestados por entidades privadas, apesar do esforço na contenção de custos apenas 1,7%
dos 5.000 hospitais dispõem de sistemas que minimizam a necessidade de fluxos de
informação em papel30. A situação tornou-se de tal forma crítica que em 2009 a
administração norte americana definiu que até 2014 o RSE deveria estar disponível a
todos os cidadãos [16]. Nesta iniciativa, um dos vectores que mais contribuem para a
redução de custos e melhoria dos serviços tem a ver com a eliminação de duplicações nos
procedimentos e redução de erros, bem como facilitar a partilha de informação entre os
profissionais de saúde.
Artigo publicado no Health Affairs [17] refere que apesar dos adeptos do RSE
defenderem que este conduz a uma redução de custos e erros, existem relatórios que
sugerem o contrário, afirmando que a utilização do RSE provoca um aumento dos custos,
uma diminuição da produtividade sem qualquer benefício no que diz respeito à relação
entre prestador de serviço e o utente. O autor afirma que não se pode olhar para o RSE
como solução para problemas de custos, de produtividade e eficiência, mas sim como
veículo de suporte para projectos que conduzam à centralização dos cuidados de saúde no
utente, à criação de um ambiente CDM e à partilha de informação.
Corroborando a existência de ambiente de decisão colaborativo em saúde está, segundo
[18], a especialização nas diferentes áreas do conhecimento médico, que leva à
necessidade de troca de informação e conhecimento entre os vários agentes envolvidos na
decisão clínica, Figura 2-1.
30http://press.himss.org/press-release/himss-analytics-news/himss-analytics-recognizes-hennepin-county-medical-center-stage-7
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
33
Figura 2-1 – Agentes envolvidos em decisão colaborativa.
Os actos colaborativos, entre profissionais de saúde com menor e maior diferenciação,
permitem, de acordo com [18], o tratamento de um maior volume de informação com
influência directa na qualidade da decisão, nomeadamente no que diz respeito ao
diagnóstico e ao tratamento a seguir.
Estudos efectuados ao nível de união europeia [19] colocam os países nórdicos, como a
Dinamarca e a Suécia, com uma implementação quase total de RSE para os seus cidadãos,
cenário bastante diferente nos países do sul onde não existe uma utilização do RSE a
nível nacional. Em Portugal, no programa do XVIII Governo Constitucional, os SI de
saúde surgem alinhados com os objectivos globais e as prioridades da política de saúde
sendo o principal desafio, de acordo com o então Gabinete do Secretário de Estado
Adjunto e da Saúde, assegurar que até ao final de 2012, todos os portugueses possuam
um RSE.
Sobre o RSE o plano nacional de saúde 2012-2016 [12] refere que o suporte em papel e a
não integração da informação no ciclo de prestação dos serviços de saúde são obstáculos
significativos à melhoria no acesso, à qualificação dos serviços e à optimização dos
recursos. Refere também a necessidade de reengenharia e simplificação dos processos
administrativos porque automatizar os processos existentes, contribuiria apenas para
automatizar as ineficiências e modernizar a burocracia, indicando que os impactos da
desmaterialização de processos têm o potencial para melhorar muito o nível de eficiência
e eficácia dos serviços, se acompanhadas de esforços significativos de reorganização dos
processos.
Em Portugal a aplicação do RSE está a ser conduzida no sentido de ser um meio para a
reengenharia de processos que se constitui elemento fundamental para a melhoria dos
cuidados de saúde, maior produtividade e maior qualidade com menores custos. Os riscos
que podem comprometer os objectivos traçados dizem respeito à falta de envolvimento e
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
34
participação dos stakeholders, falta de empenho na disponibilização de novos serviços de
ehealth, bem como a não resolução de problemas associados aos níveis de acesso à
informação.
2.3. Normalização (Standards)
A saúde é um sector extremamente regulamentado e a normalização surge como forma de
assegurar a interoperabilidade dos SI. Esta interoperabilidade é vista pela HIMSS como a
“capacidade dos SI na saúde trabalharem em conjunto, quer no interior das organizações
quer atravessando fronteiras organizacionais, no suporte de uma eficaz prestação de
cuidados de saúde a indivíduos e à comunidade”.
Como é então possível um sector tão normalizado e uniformizado dispor de SI que
constituem ilhas de informação? O problema, para além da renitência na partilha devido a
questões de confidencialidade, está na informação colocada no processo clínico em
formato livre (e.g. notas clinicas) que são registadas de forma diferente pelos vários
profissionais de saúde.
Não sendo a interoperabilidade técnica, i.e, a capacidade de mover dados de um sistema
A para um sistema B sem que se tenha em consideração o significado da informação
trocada, o problema, temos na interoperabilidade semântica o verdadeiro desafio, i.e,
garantir que o sistema A e o sistema B interpretam a informação trocada da mesma forma
[20].
No âmbito da tese consideramos dois tipos de standards. O primeiro ligado à área clínica,
endereçando questões tais como a qualidade e melhores práticas, e o segundo ligado às TI
usadas na saúde, que tem o seu enfoque na garantia de comunicação entre SI, entre
equipamentos médicos e entre SI e equipamentos.
2.3.1. ISO/TR 20514:2005 Health informatics -- Elec tronic health
record -- Definition, scope and context.
O ISO/TC 215, comité técnico para a informática na saúde, visa a criação de normas
para TIC na área da saúde de forma a garantir compatibilidade e interoperabilidade
entre sistemas independentes. Uma das normas desenvolvidas é a ISO/TR 20514:2005
[21] que apresenta uma proposta para o RSE separando o conteúdo da estrutura de
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
35
dados, bem como definindo níveis de acesso ao mesmo distinguido zonas partilhadas e
não partilhadas.
Para além da questão do controlo no acesso a zonas partilhadas, este documento refere
a necessidade de interoperabilidade ao nível técnico/sintáctico, através da utilização de
normas concretas que permitam a troca de informação entre SI, bem como a
necessidade de interoperabilidade de nível semântico, também conseguida através do
uso de normas, garantindo que a informação trocada é entendível pelos utilizadores.
No primeiro caso estamos a falar de normas como HL7 (Health Level Seven) que
define as mensagens que são trocadas entre sistemas em formato XML (Extensible
Markup Language), e.g. a comunicação de dados, requisições e relatórios de e para
laboratórios de análises e de radiologia, receitas médicas, resumos de admissão e alta,
entre outros. No segundo caso estamos perante normas como o ICD 9 – CM; ICD 10 –
CM (International Classification of Diseases), cuja codificação permite reduzir a
ambiguidade de termos garantindo uma plataforma de entendimento comum.
2.3.2. HL7 (Health Level Seven)
Devido à sua importância ao nível da integração de SI na área da saúde, quer em
termos de interoperabilidade técnica/funcional quer em termos semânticos, será dado
aqui o destaque às normas que a Health Level Seven International, como autoridade
global para a interoperabilidade de TIC na saúde, representa. Esta organização com
membros em mais de cinquenta e cinco países, onde estão representados 90% dos
fornecedores de SI na área da saúde31, tem como missão o desenvolvimento de normas
de interoperabilidade que garantam um melhor serviço, optimizem os fluxos de
trabalho, reduzam a ambiguidade e permitam a transferência de informação entre os
vários actores desta área.
31 http://www.hl7.org/index.cfm?ref=nav
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
36
Figura 2-2 - Modelo Open Systems Interconnection32
Como se pode verificar na Figura 2-2, o desenvolvimento das normas HL7 são feitas
ao nível de topo, nível aplicacional, definindo a estrutura dos dados a enviar e receber,
o momento da transferência e a comunicação de potenciais erros às aplicações.
Mantendo o seu enfoque nos requisitos de interface, trata-se de um conjunto de normas
não invasivas, permitindo a manutenção de diferentes SI que através do seu uso
poderão interagir.
A HL7 International atingiu, para as suas normas, o estatuto de ISO mantendo também
relações a nível europeu com o CEN (European Committee for Standardization) bem
como com outras importantes organizações que desenvolvem normas tais como a
DICOM (Digital Imaging and Communication in Medicine) ou o IEEE (Institute for
Electrical and Electronic Engineers). A HL7 tem as suas normas organizadas em sete
categorias de acordo com o objectivo que endereçam [22], sendo três delas relevantes
para esta tese:
• Primary Standards – Usados para integração de sistemas e interoperabilidade
técnica.
• Clinical and Administrative Domains – Nesta categoria encontram-se as
mensagens e normas para as especialidades clínicas, sendo que são
normalmente implementadas após a implementação dos Primary Standards.
• EHR (electronic health record) Profiles – As normas nesta categoria fornecem
as ferramentas necessárias para a gestão dos RSE.
32 http://www.hl7.com.au/FAQ.htm
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
37
Com maior relevância para esta tese temos o HL7 CDA – Clinical Document
Architecture que disponibiliza uma norma para a organização de documentos
produzidos no decorrer da prestação de serviços de saúde, sendo estes codificados
através de XML e podendo incluir textos, imagens, sons ou outros formatos
multimédia que se venham a identificar como necessários. De acordo com a Figura 2-3
os documentos produzidos terão três áreas distintas: cabeçalho, corpo e entradas.
Figura 2-3 - Clinical Document Architecture33
Temos o cabeçalho com informação genérica sobre o documento que se pretende
descrever, permitindo identificar qual o tipo de documento, para além da informação
referente à própria constituição da estrutura do CDA, incluindo a semântica, as
secções do documento e a estrutura de entradas. No corpo temos a secção de texto
livre que poderá ser subdividida em secções mais restritas em termos de conteúdos e
por último temos as entradas com lista opcional de códigos que caracterizam os itens
principais referidos na secção de texto livre.
33 ACSS - Registo de Saúde Electrónico - R1: Documento de Estado da Arte - 30 de Setembro de 2009
Header • Document Type • Sender • Receiver • Patient
Body
Section(s) • Admission Details • Primary/Secondary Diagnostic • Observations • Medications • Follow-up
T E X T
Entries • Admission Details • Primary/Secondary Diagnostic • Observations • Medications
C O D E D
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
38
A relevância para a tese das normas referidas enquadra-se nos requisitos para a
interoperabilidade semântica dos RSE [23], i.e, serviços que garantam a
interoperabilidade técnica, existência e acordo sobre modelo para partilha de
informação, e acordo sobre conceitos e terminologia.
2.4. Arquitecturas
Podemos enquadrar a disponibilização de serviços através da internet em duas vertentes:
a vertente do modelo e a vertente arquitectural. Em termos de modelo estamos a falar do
conjunto de componentes necessários para disponibilizar o serviço. A vertente de
arquitectura conduz-nos à forma de funcionamento do serviço. Independentemente do
modelo e arquitectura a usar pretende-se elencar as alternativas de serviço que nos
permitam o acesso aos dados residentes nos sistemas verticais e a respectiva partilha de
informação de forma a fomentar o trabalho colaborativo.
2.4.1. Service-Oriented Architecture
A arquitectura baseada em serviços (SOA) é na sua essência um conjunto de serviços
que comunicam uns com os outros para a simples troca de informação ou para a
coordenação de actividades. Apesar de se poder pensar tratar-se de algo novo este tipo
funcionamento já era utilizado no passado através de DCOM (Distributed Component
Object Model) ou ORBs (Object Request Brokers) baseados na especificação CORBA
(Common Object Request Broker Architecture).
A definição de SOA, representada na Figura 2-4, baseia-se em quatro conceitos chave:
Frontend Aplicaccional, Serviço, Repositório de Serviços e Conector (Bus), sendo que
o serviço consiste numa implementação, numa interface e num contrato, garantindo
independência tecnologia bem como independência das infra-estruturas do negócio
[24].
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
39
Figura 2-4 – Componentes SOA
O frontend aplicaccional é o componente activo da arquitectura, sendo este que dá
inicio à actividade e que recebe os resultados. Estes frontends podem ser interfaces
Web que interagem com os utilizadores ou aplicações automáticas que são invocadas
periodicamente ou através de algum evento. O serviço é um componente de software
que encapsula lógica de negócio. Como podemos ver na Figura 2-4 este é composto
pela interface onde estão presentes as operações que este serviço realiza. A
especificação destas operações pode ser vista no contrato, nomeadamente no que diz
respeito ao objectivo, funcionalidade e restrições de uso do serviço. A implementação
mapeia a lógica de negócio que se pretende para o serviço, acedendo e
disponibilizando dados. Todos estes componentes, frontend, serviço e repositório de
serviços, estão ligados por um conector que permite a comunicação entre todos eles.
Na prática, na Figura 2-5, temos o fornecedor de serviços que implementa o serviço, a
sua lógica e os respectivos dados, define a interface e publica o mesmo num directório
ou repositório. O consumidor ao necessitar de determinado serviço procede à pesquisa
no directório. Caso encontre o serviço desejado, o directório fornece ao cliente o
endereço do serviço pretendido restando a este fazer a ligação e invocação no
respectivo fornecedor.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
40
Figura 2-5 – Funcionamento SOA
De acordo com a Gartner [25] esta arquitectura é dominante nos casos em que se
antevê partilha de informação e alterações frequentes nos sistemas. Refere também que
a mais-valia na utilização de SOA deriva da rapidez/agilidade que esta permite no
desenvolvimento de sistemas, bem como na independência na sua evolução. Deriva
também da capacidade de reutilização de funcionalidades reduzindo a necessidade de
desenvolvimento e evitando duplicações, e ainda do uso de standard´s que permitem
que as boas práticas possam ser replicadas.
Em Portugal a ACSS [26] refere que as arquitecturas baseadas em serviços são o actual
estado da arte da integração de aplicações, tratando-se de um modelo de software
distribuído que tem como principais características as noções de Serviços, usados para
dividir aplicações de grande dimensão em módulos menores, Fornecedores (de
serviços), Clientes (de serviços) e Directórios (de serviços). Refere também que este
modelo possibilita a definição e criação de processos transversais suportados por
diferentes aplicações, facilitando as integrações sendo apenas necessário o
conhecimento das normas de comunicação e de uma linguagem standard entre as
componentes aplicacionais, visíveis como Serviços. A tecnologia e o conhecimento da
estrutura das aplicações a integrar passa a ser transparente.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
41
2.4.2. Event Driven Architecture
Uma arquitectura baseada em eventos (EDA) consiste numa framework que faz a
gestão de eventos (produção, detecção e consumo), bem como das respostas aos
mesmos, sendo que um evento pode ser definido como qualquer alteração significativa
de estado ou qualquer acção que aconteça dentro ou fora do nosso sistema e que nele
tenha impacto34. De uma forma geral a EDA tem como componentes os produtores de
eventos, que são a fonte dos eventos, os consumidores de eventos, que correspondem
às entidades que podem estar envolvidas no processamento do evento ou que são
afectadas pelo mesmo, os detectores de eventos que fazem a detecção e o
encaminhamento dos eventos de acordo com regras estabelecidas e os processadores
de eventos que executam um conjunto de acções estabelecidas para o evento em causa.
Tipicamente existe uma subscrição por parte dos consumidores do(s) tipo(s) de
evento(s) com interesse e uma infra-estrutura para troca de mensagens entre os vários
componentes, muito à semelhança do que acontece com os message broker´s.
Os produtores de eventos e os consumidores podem estar ligados directamente (ponto-
a-ponto) ou via middleware ou broker (bus), sendo que os produtores de eventos
podem ser aplicações, processos de negócio, ou utilizadores. Após a geração dos
eventos, Figura 2-6, estes são capturados pelos detectores de eventos (agentes), e
processados e encaminhados para os consumidores através dos processadores de
eventos que detém a lógica para a recolha e encaminhamento dos eventos. O
consumidor reage aos eventos recebidos executando acções ou tomando decisões.[27].
Tipicamente, e ao contrário de SOA, os componentes da EDA interagem de forma
assíncrona sendo o processador de eventos uma das peças fundamentais e mais
complexas da arquitectura. Na EDA os produtores de eventos e os consumidores de
eventos não têm necessariamente conhecimento uns dos outros, nem os produtores de
eventos sabem qual a reacção que um determinado evento irá provocar.
34 Event-Driven Architecture Overview - http://www.omg.org/soa/Uploaded%20Docs/EDA/bda2-2-06cc.pdf
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
42
Figura 2-6 - Event-Driven Arquitecture
Apesar das diferenças, SOA e EDA têm características que podem servir de
complemento entre elas. Ambas usam serviços porém diferem na forma como estes
são invocados. Enquanto a SOA utiliza na maior parte dos casos web services que têm
uma dinâmica de pedido/resposta, a EDA, tal como já foi referido, fornece
mecanismos de comunicação assíncrona.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
43
2.4.3. Soluções Web Baseadas em Serviços
O National Institute of Standards and Technology (NIST) identifica três formas de
disponibilizar capacidades de computação através da internet: Software as a Service
(SaaS), Platform as a Service (PaaS) e Infrastructure as a Service (IaaS) [28]. O
funcionamento por camadas na disponibilização destes serviços, espelhado na Figura
2-7, garante flexibilidade na sua escolha e utilização.
Figura 2-7 - Definição de camadas de serviços disponibilizados via internet
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
44
De acordo com as necessidades e com o grau de flexibilidade desejado será subscrito o
serviço mais adequado. Os conceitos subjacentes a estes serviços disponibilizados
através da internet levam-nos a definir o IaaS como um serviço de disponibilização
essencialmente de hardware (servidores, armazenamento, rede, etc) no qual os clientes
instalam o seu próprio software, tipicamente através de máquinas virtuais. Na camada
seguinte temos o PaaS que consiste na disponibilização de uma plataforma e ambiente
de desenvolvimento assente numa IaaS. Por fim o SaaS disponibiliza uma ou mais
aplicações predefinidas através da internet, aplicações essas desenvolvidas e colocadas
em produção por uma terceira parte que não o cliente final [29]. As aplicações são
normalmente acedidas por clientes web ou através de interfaces programáticas. O
cliente não tem qualquer controlo sobre a plataforma subjacente e tem capacidade
limitada de customização.
A solução proposta, que necessita de recolher e partilhar informação online, enquadra-
se numa tipologia SaaS que possua um catálogo de serviços que podem ser subscritos
pelos sistemas dos clientes finais. Esta tipologia garante ainda o acesso dos
utilizadores ao sistema independentemente da sua localização, é uma solução
transversal aos sistemas existentes na instituição e transversal às próprias instituições,
sendo o serviço prestado disponibilizado ao utilizador final via web browser.
A solução que terá uma tipologia SaaS apresenta, de acordo com os objectivos
pretendidos, a possibilidade de utilização de SOA e EDA. A componente de obtenção
de dados de síntese sobre o processo clínico dos utentes que residem nos sistemas
verticais das instituições terá uma abordagem baseada em SOA com utilização de web
services, portanto uma abordagem síncrona, que permitirá a recolha de informação
referente a dados pessoais de utentes, incluindo grupo sanguíneo, alergias, patologias,
medicação activa, exames realizados, bem como o resumo dos diferentes episódios/
intercorrências com o sistema de saúde, com impacto nulo em termos de alterações aos
sistemas verticais existentes.
A componente de monitorização e de alertas existente no serviço a disponibilizar terá
uma abordagem baseada em eventos. Esta abordagem ajusta-se às funcionalidades
pretendidas em termos de monitorização e alertas pois temos por um lado os
produtores de eventos, essencialmente os utentes através da sua colaboração na
produção de informação, e por outro, os consumidores de eventos que se
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
45
consubstanciam nos profissionais de saúde que subscrevem os eventos para os quais
pretendem estar ligados.
2.5. Workflow
Ao longo do tempo os SI sofreram evoluções no sentido de criar camadas de abstracção
que facilitassem a interacção com as aplicações e a gestão dos dados. Os sistemas de
gestão de base de dados (SGBD) tiveram o seu papel no que diz respeito à gestão da
camada persistente, da mesma forma que se separa e desenvolve a camada de
apresentação e interacção com o utilizador de forma autónoma. A camada que contém a
lógica do negócio, que segundo os autores [30] consiste num conjunto de procedimentos
que podem ser isolados, permite que o seu acesso e manipulação possa ser efectuado por
WFMS - Workflow Management Systems. Ainda sobre estes sistemas os autores
comparam-nos a sistemas operativos, isto é, sistemas que controlam o workflow entre os
vários recursos: pessoas e aplicações.
O workflow ou fluxo de trabalho corresponde à operacionalização de um determinado
processo de negócio onde se definem as tarefas a serem executadas, a sua ordem, o
responsável pela sua execução, bem como a respectiva sincronização entre essas mesmas
tarefas, muitas vezes com o objectivo de automatização das mesmas. Em termos formais
[31] Workflow é a automatização total ou parcial de um processo de negócio, durante a
qual informação e/ou tarefas são passadas entre os participantes: pessoas e aplicações, de
acordo com um conjunto de regras estabelecidas.
A Gartner em 200835 , afirma que a utilização de workflow irá assumir um papel
preponderante na saúde. Recomenda que as instituições de saúde adquiram competências
em ferramentas e metodologias relacionadas com workflow e que promovam projectos-
piloto de forma a adquirir experiência nesta tecnologia. Esta previsão assenta no Gartner’s
Hype Cycle, Figura. 2-8 36, que é uma metodologia que tem como objectivo caracterizar a
progressão típica de uma tecnologia emergente desde a fase mais entusiástica, passando
por um período de desilusão, e por fim, para um estado de entendimento sobre a sua
relevância e papel no mercado.
35 Gartner IR: Hype Cycle for Healthcare Provider Technologies and Standards, 2008. In.; 2008. 36 Hype Cycle Special Report for 2011.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
46
Figura 2-8 - Gartner Hype Cycle Model.
Os analistas da Gartner posicionam as diferentes tecnologias com base no entusiamo que
suscitam, bem como na sua maturidade. Para representar as diferentes velocidades para
atingir o chamado “Plateau de Productivity”, a cada tecnologia é associada uma categoria
que representa o número de anos que a mesma demorará, desde a posição actual, para
atingir a maturidade que permita a sua adopção pelo mercado.
2.5.1. Modelo de Referência
Com o investimento a ser feito em soluções de workflow surgiu a necessidade de
garantir que o desenvolvimento deste tipo de soluções estivesse de acordo com
critérios previamente estabelecidos, reduzindo o risco para as organizações e
aumentando a confiança. Indo ao encontro desta necessidade a Workflow
Management Coalition (WFMC) desenvolve uma Framework para a criação de
standards de workflow, cujo modelo de referência podemos ver na Figura. 2-9.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
47
Figura 2-9 – Modelo de referência de Workflow37
Este modelo foi desenvolvido a partir de aplicações genéricas de workflow
identificando as interfaces necessárias para garantir a interoperabilidade a vários níveis.
É efectivamente através da definição de interfaces e do formato dos dados a serem
trocados que se estabelece a interoperabilidade entre os vários componentes. Na
Figura 2-9 estão presentes cinco interfaces cujo objectivo é explicado na Tabela 2-2.
Tabela 2-2 – Modelo de referência de Workflow - Interfaces
Process Definition Tools
Interface (1)
Contém a especificação da interface entre as ferramentas de
definição do processo e o motor de workflow38.
Workflow Client Application
Interface (2)
Contém a definição da API (Application Programming
Interface) que pode ser usada pelas aplicações clientes para
solicitar serviços ao motor de workflow.
Invoked Application
Interface (3)
Definição da API que permite ao motor de workflow invocar
aplicações através do uso de agentes.
Workflow Interoperability
Interface (4)
Definição de normas que permitem a interoperabilidade entre
diferentes motores de workflow.
Administration & Monitoring
Tools Interface (5)
Definição das funções de monitorização e controlo
37 Fonte: http://www.e-workflow.org/standards/index.htm 38 Motor de Workflow: Software que garante o ambiente de execução para uma instância de workflow.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
48
Para além das interfaces já referidas existe a necessidade, que decorre do próprio
conceito de workflow, de gerir a forma como a informação e/ou tarefas são passadas
entre os participantes: pessoas e aplicações. Tipicamente é estabelecido um conjunto
de regras que são implementadas através dos chamados motores de regras. Os
Business Rules Engine (BRE) [32] são aplicações que têm como objectivo gerir e
fazer aplicar regras de negócio e que se distinguem umas das outras pela forma como
aplicam as regras de negócio e pelo tipo de regras de negócio que suportam.
No caso da saúde, e em particular no caso do presente trabalho, o conceito de
workflow enquanto forma de operacionalização de um determinado processo de
negócio onde estão definidas as várias tarefas e os respectivos intervenientes, está
muito presente. Temos, na solução proposta, intervenientes com diferentes papeis
(roles) como é o caso dos utentes e dos profissionais de saúde e dentro destes últimos
podemos ainda ter papéis de médico, enfermeiro ou técnico. Em conjunto com os
diferentes papeis, que por si só podem desde logo garantir diferentes níveis de acesso à
informação e a funcionalidades, temos o estabelecimento de regras e fluxos de
trabalho que garantem o correcto desenrolar dos processos de negócio levantados.
Duas das principais contribuições deste trabalho dizem respeito à necessidade da
definição de um conjunto de informação que se constituirá como síntese do estado de
saúde do utente acessível a todos os profissionais de saúde do SSM e de entidades
como as quais o SSM partilhe os utentes, e à disponibilização de planos de
monitorização que garantem o aumento da interacção do utente bem como uma maior
responsabilização do mesmo pelo seu estado de saúde. Tendo em mente estas
contribuições e o que se referiu em termos de workflow, podemos mapear as
actividades, bem como os respectivos intervenientes, que farão parte do fluxo de
trabalho para atingir os objectivos das duas contribuições referidas.
No caso concreto da síntese do processo clinico do utente surge a necessidade do
estabelecimento de um conjunto de tarefas que permitam a recolha dessa informação a
partir dos sistemas verticais existentes nas diferentes instituições, bem como a
necessidade de atribuição de permissões de acesso de acordo com o tipo de
interveniente e com o seu papel. Um utente apenas terá acesso à sua própria
informação enquanto que um profissional de saúde, no seu papel de médico, terá
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
49
acesso a informação de saúde de diferentes utentes, seus pacientes ou pacientes de
outros médicos.
A questão dos planos de monitorização, bem como a análise deles decorrente, conduz
à definição de um número de actividades onde profissionais de saúde e utentes
desempenham diferentes papéis com diferentes responsabilidades. Por um lado
teremos que permitir, ao profissional de saúde no seu papel de médico, a criação de
planos de monitorização com diferentes parâmetros a serem monitorizados, e por outro
permitir que um determinado individuo, no seu papel de utente, possa fazer o registo
das medições efectuadas tendo em consideração alguns aspectos tais como o ambiente
onde a medição é executada (formal ou não formal), a data em que a mesma foi
efectuada, entre outros.
Importa pois realçar que para se aplicar o conceito de worflow terão que se definir os
processos de negócio que se pretendem implementar, descrevendo em pormenor as
diferentes actividades que os constituem, a ordem pela qual essas actividades são
executadas, e ainda quais são os diferentes intervenientes e qual ou quais os papeis
associados a esses intervenientes.
2.5.2. Workflow Software
Actualmente existe uma grande variedade de oferta de software que incorpora em todo
ou em parte o modelo de referência proposto pela WFMC. Na área da saúde Vojtech
Huser em [33], conjuntamente com outros autores, implementa com base num motor
de workflow um sistema com capacidade de apoiar a decisão médica. O objectivo dos
autores deste trabalho foi a utilização das potencialidades da ferramenta de workflow
para desenhar os processos de negócio /decisão e definir as regras de negócio através
do uso do motor de regras de forma a colmatar a inexistência, no software de RSE, de
ferramentas de apoio à decisão médica, tendo como desafios a disponibilização de
interface amigável ao utilizador e a criação de workflows que mapeiem os processos
de decisão. A suite de workflow de open source utilizada é composta por um editor de
workflow (JaWE - Java Workflow Editor) e por um motor de workflow (Shark - Java
Open Source XPDL Workflow), tendo sido estendida, para os casos em que a mesma
não possui capacidade de integração, nomeadamente com sistemas de RSE, através de
pequenas aplicações ou adaptadores que possibilitam essa integração, respondendo a
eventos clínicos em tempo real.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
50
Outras iniciativas também na área da saúde, mas com a utilização de software
proprietário, como é o caso da implementação de linhas mestra para a gestão de casos
de acidente vascular cerebral (AVC), foram desenvolvidas com suites de workflow
[34]. Os autores fizeram uso de Oracle workflow software suite para a gestão dos
AVC, em que o motor de workflow, para além de gerir as tarefas, enviava alertas por
email para os médicos. Mor Peleg em [35] refere que a tecnologia de workflow, com
as adaptações necessárias em termos de expansão das suas funcionalidades base, pode
constituir-se como alternativa a sistemas clínicos de apoio à decisão.
Pelos exemplos já referidos apercebemo-nos da grande variedade de software de
workflow, quer seja proprietário como é o caso da solução Oracle39 ou da ainda não
referida Microsoft através do Windows Workflow Foundation40 ou não proprietários
como é o caso das soluções Enhydra Shark41 ou o YAWL42.
Apesar da maior parte das soluções apresentarem independência tecnológica em
relação aos sistemas operativos e SGBD, trabalharem numa plataforma Web,
disponibilizarem adaptadores e conectores diversos, bem com uma arquitectura
orientada a serviços, nem todas possuem simultaneamente um editor gráfico de
workflow, um motor de workflow, um motor de regras com capacidade de mapear
regras de negócio e gestão documental. A solução IPDMS (Integrated Process Design
and Management System)43 da SINFIC (Sistemas de Informação Industriais e
Consultoria), junta num mesmo produto todas as características atrás mencionadas.
39 http://www.oracle.com/technetwork/middleware/bpel/overview/index.html 40 http://msdn.microsoft.com/en-us/netframework/aa663328 41 http://www.together.at/prod/workflow/twe 42 http://www.yawlfoundation.org 43 http://www.sinfic.pt/SinficWeb/displayconteudo.do2?numero=23859
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
51
3. Metodologia Proposta
O trabalho de investigação desenvolvido caracteriza-se por um trabalho sistemático baseado
no estudo de um caso específico aplicado ao SSM. O objectivo foi o de conceptualizar um
novo serviço capaz de fomentar a interacção entre o paciente e os profissionais de saúde,
permitindo simultaneamente uma participação activa do utente no seu tratamento. Seguindo a
metodologia do Design Science Research para sistemas de informação, as hipóteses
formuladas tiveram como principal desafio encontrar formas para a implementação desse
serviço.
Do levantamento efectuado no estado-da-arte pouco mais pode ser dito sobre a relevância e
utilidade de um serviço que endereça uma tipologia de problemas amplamente discutido no
sector da saúde, validado aliás pelos stakeholders com os quais foi possível interagir no
âmbito do desenho da solução proposta. Os artefactos produzidos endereçam assim tipologias
de problemas específicos de ambientes críticos (e.g., Unidade Hospitalar da Estrela do
HFAR), com requisitos de partilha de informação e trabalho colaborativo.
A pesquisa através de caso de estudo (Case Study Research – CSR) permitiu definir um plano
de trabalho com uma abordagem aos stakeholders assente em entrevistas direccionadas para
um fim específico. Procedimento alinhado com as recomendações do CSR. Este método é
normalmente usado quando se pretende fazer o estudo de um fenómeno no seu ambiente
natural, através do emprego de múltiplos métodos de recolha de informação de uma ou mais
entidades, sejam estas pessoas ou organizações [36], havendo a necessidade do
estabelecimento claro das fronteiras e âmbito do mesmo.
A abordagem ao problema levou à definição de uma metodologia que permitisse
operacionalizar a desmaterialização de processos relacionados com o acesso a dados de
síntese sobre o PCE. Para tal será necessário dispor de uma plataforma tecnológica que
garanta de forma ágil a implementação de mecanismos para a identificação unívoca dos
utentes do SSM, para a recolha de dados de síntese do estado de saúde do utente, para dar
apoio à análise de desempenho de um utente face a um universo amostral e ainda para
aumentar a interacção com o utente, nomeadamente através de planos de monitorização, que
consistem num conjunto de parâmetros clínicos e/ou antropométricos que merecem atenção
por parte do médico e cujas leituras e registos, em ambiente formal ou não formal, serão
efectuadas pelos utentes que poderão receber alertas (e.g. via SMS) no caso de os valores
registados estarem fora dos intervalos estabelecidos pelo médico.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
52
3.1. Abordagem metodológica
A abordagem metodológica esquematizada na Figura 3-1 conceptualiza a necessidade de
implementação de um modelo de colaboração, que tem como objectivos principais a
agilização do fluxo de informação entre os profissionais saúde, o acesso a dados de
síntese do PCE, quer por profissionais de saúde quer pelos próprios utentes, que para
além de acederem à informação podem também contribuir com informação, de acordo
com regras estabelecidas e respectivas permissões de acesso.
Figura 3-1 - Modelo de Colaboração
Este modelo consiste numa plataforma web com interfaces de acesso (e.g. browser) aos
dados de síntese do PCE para profissionais de saúde e para os utentes, i.e., o acesso à
plataforma é efectuado de forma idêntica por todos os utilizadores porém, de acordo com
o perfil de utilizador (e.g. médico, utente), existirá mais ou menos informação disponível
e existirão mais ou menos funcionalidades.
A plataforma suporta ainda processos de negócio geridos de acordo com um conjunto de
regras procedimentais e onde a informação é definida em termos de metadados, i.e.,
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
53
através de um conjunto de entidades relacionadas entre si, caracterizadas pelos seus
atributos. A informação de síntese é disponibilizada para a plataforma web através de
conectores que servem de interface entre esta plataforma, os sistemas de informação
hospitalar e os diversos sistemas de informação departamentais como é o caso da área da
imagiologia e da patologia clinica entre outros. Estes conectores, seguindo uma lógica
orientada aos serviços, baseiam-se em webservices que ao serem invocados fornecem
informação sobre os utentes, informação essa residente nos sistemas verticais existentes.
A informação extraída dos sistemas verticais e a nova informação produzida pelos
profissionais de saúde e pelos utentes, nomeadamente no caso dos planos de
monitorização, é armazenada em repositório central para acesso posterior, de acordo com
a lógica das entidades levantadas e respectivos atributos (metadados).
3.2. Modelo de colaboração
Em termos tecnológicos o modelo assenta na utilização de uma plataforma de gestão por
processos com mecanismos de workflow, gestão de regras, bem como de uma
componente de gestão de indicadores associados a mecanismos de alerta para um apoio
efectivo ao trabalho do profissional de saúde. Em termos concretos importa separar as
várias componentes deste modelo por forma a ser possível fazer o detalhe das mesmas.
Assim teremos uma componente SaaS que consiste na plataforma web a ser
disponibilizada e que funcionará, de acordo com os diferentes processos, de forma
síncrona ou assíncrona, isto é, fazendo uso de uma arquitectura orientada a serviços bem
como de uma arquitectura orientada a eventos. Teremos toda a parte de conectores aos
sistemas verticais existentes e de autenticação dos utilizadores desenvolvida em ambiente
SOA fazendo uso de web services e toda a parte planos de
monitorização/acompanhamento e alertas desenvolvida numa lógica EDA.
3.2.1. Componente orientada a serviços
As principais componentes orientadas a serviços dizem respeito à necessidade de
recolha de dados por forma a criar a respectiva síntese ou BI clínico do utente e ainda
para gerar a lista de intercorrências do utente com as diferentes instituições de saúde,
para além das funcionalidades de suporte tais como a autenticação dos utilizadores e
atribuição dos respectivos papéis.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
54
Esta recolha será efectuada através do estabelecimento de conectores entre a
plataforma web proposta e os sistemas de informação existentes nas instituições de
saúde, conectores estes baseados em web services. Neste ponto foram equacionados
vários modelos de implementação tendo em consideração, tal como efectuado em
estudo da ACSS [26], o local de armazenamento dos dados de síntese do utente e das
credenciais dos utilizadores e ainda a forma de transacção dos dados. No que ao
armazenamento diz respeito temos:
• Em repositórios locais às entidades onde são produzidos, nos diversos
encontros e episódios de prestação de cuidados;
• Em repositório centralizado
• De uma forma distribuída, em repositórios dispersos local e centralmente
Em termos de transacção dos dados as opções são:
• Push: os sistemas das diferentes entidades “empurram” os dados para o
repositório central;
• Pull: o repositório central “puxa” os dados dos sistemas das diferentes
entidades;
• Push/pull: permite a entrega de dados por parte dos sistemas das diferentes
entidades, bem como a recolha de dados por parte do repositório central.
No nosso modelo a opção passa, em termos de armazenamento, por uma solução de
repositório central que, em termos de informação, apenas terá a necessária para definir
os utilizadores e suas credenciais bem como os dados de síntese ou BI clínico do
utente e ainda a lista de intercorrências ou episódios nas diferentes instituições de
saúde. No que à forma de transacção diz respeito, isto é, forma de ligação aos sistemas
de informação existentes nas diferentes instituições de saúde, a opção recai sobre a
opção mista “Push/Pull” garantindo desta forma maior flexibilidade na obtenção de
informação.
De acordo com a Figura. 3-1 teremos na plataforma a necessidade de conter
informação para acesso à mesma sendo por isso obrigatório o registo dos utilizadores
nos seus diferentes papeis. Este componente terá associado um web service que fará a
recolha de informação para a criação dos utilizadores, nomeadamente no que diz
respeito ao seu ID, papel associado e respectiva password. Para todos os utentes será
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
55
utilizado para identificação perante o sistema o par (nº de contribuinte, nº SNS) e no
caso dos profissionais de saúde será utilizado o par (nº da ordem, nº de contribuinte).
Haverão posteriormente métodos que garantam a possibilidade do utilizador fazer a
alteração da respectiva password e a recuperação da mesma no caso de esquecimento.
Em termos da informação relativa ao do utente esta está organizada em três secções,
sendo as duas primeiras aquelas em que se irá seguir uma lógica orientada a serviços.
Temos pois a secção de síntese ou BI clinico do utente que será subdividida em duas
sub-secções: A sub-secção de identificação do utente, onde consta uma identificação
unívoca do utente (Número do SNS, Número de contribuinte) e os chamados dados
demográficos: nome, data de nascimento, idade, foto, género, etnia, morada, contactos,
subsistema de saúde, e nº de beneficiário, e a subsecção de perfil clinico do utente com
informação referente a peso, altura, IMC, grupo sanguíneo, antecedentes pessoais e
familiares, medicação activa, patologias ou doenças activas, exames complementares
de diagnóstico referentes aos últimos 3 meses e cirurgias.
Temos ainda a secção referente à lista de intercorrências / episódios onde se colocará
um registo cronológico de todos os episódios do utente com o sistema de saúde. Estas
intercorrências/episódios contêm informação sobre os quatro tipos de episódios mais
comuns: episódios de consulta (especialidade e urgência), episódios de internamento,
cirúrgicos e relativos a execução de exames complementares de diagnóstico e
terapêutica. A recolha de informação comum a todos os episódios baseia-se na data de
realização do episódio, no tipo de episódio, no médico e na instituição de origem. Para
cada um dos tipos de episódio será recolhida a seguinte informação:
• Episódio Consulta
Especialidade, Resumo.
• Episódio Internamento
Data da Baixa, Data da Alta, Motivo da Alta, GDH.
• Episódio Cirurgia
Especialidade, Diagnóstico, Procedimento
• Episódio Exame
Especialidade, Descrição, Resultado.
A componente orientada a serviços é pois uma componente em que teremos um nível
mais baixo de interactividade com o profissional de saúde visto se consubstanciar num
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
56
resumo de informação que permite dar a conhecer o perfil clinico do utente, isto
apesar de ser possível a esse profissional de saúde inserir informação que ache
pertinente neste capítulo (e.g. medicação activa do utente).
3.2.2. Componente orientada a eventos (EDA)
Duas das principais contribuições desta tese dizem respeito ao aumento da interacção
com o utente fazendo que este assuma uma maior responsabilidade pelo seu estado e
hábitos de saúde, essencialmente garantida pela criação e disponibilização de planos
de monitorização e ainda pelo apoio à análise do desempenho de um utente face a um
universo amostral, através da definição das variáveis que permitem identificar a
amostra e dos parâmetros que se constituem como indicadores. É para a
implementação destas contribuições que será utilizada uma filosofia baseada em
eventos.
A componente de planos de monitorização (indicadores) é na sua essência uma
componente orientada a eventos, permitindo ao médico a criação dos planos de
monitorização, recolhendo a informação dos sensores e gerando os alertas de acordo
com as regras estabelecidas. Para os planos de monitorização foi, no decurso de
reuniões com pessoal clínico, levantado um conjunto de parâmetros antropométricos e
clínicos relevantes que permitem aos médicos traçar os planos de monitorização aos
seus doentes.
Esta última secção terá, numa lógica orientada a eventos, a capacidade de
estabelecimento de indicadores clínicos de acompanhamento do utente que forneçam
alertas com base em evidência científica e garantam um apoio efectivo ao trabalho do
médico. Neste nível o utente terá capacidade de interacção com o sistema, não apenas
para consulta de informação mas, e mais importante, como veiculo de produção de
informação. Como exemplo poderemos ter o seguimento de doentes diabéticos ao
nível da medição da tensão arterial e do BMT (Blood Medical Test – Glicémia Capilar)
para controlo do açúcar no sangue. Podemos ter ao nível da cardiologia os valores do
INR (International Normalized Ratio) para o controlo do tempo de coagulação do
sangue ou ainda a evolução da função renal através de parâmetros de análise tais como
a ureia, hemoglobina, creatinina, bem como o registo da tensão arterial e peso antes e
depois dos tratamentos.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
57
3.2.3. Metadados de suporte à metodologia proposta
No modelo de colaboração apresentado temos como objectivos a agilização do fluxo
de informação entre os profissionais saúde, o acesso a dados de síntese do PCE, quer
por profissionais de saúde quer pelos próprios utentes, de acordo com regras
estabelecidas e respectivas permissões de acesso, sendo o focus do nosso trabalho os
processos de negócio onde a informação é definida em termos de metadados, o
conjunto de regras procedimentais que possibilitam ou não a sua disponibilização e o
funcionamento dos conectores entre os SI existentes e a plataforma Web que suportará
o fluxo de informação.
Procura-se com este trabalho promover a harmonização da informação que é
disponibilizada potenciando a sua fluidez através de um modelo como o da Figura 3-1
em que se apresentam três secções ou conjuntos de informação. A primeira secção
consiste na síntese ou BI clinico do utente que será subdividida em duas sub-secções: a
sub-secção de identificação do utente e a subsecção de perfil clinico do utente. A
segunda secção contém informação referente à lista de intercorrências / episódios do
utente com o sistema de saúde, e por último temos a secção de indicadores com os
respectivos planos de monitorização e acompanhamento que permite o
estabelecimento de indicadores clínicos de acompanhamento do utente e a definição
dos alertas associados aos parâmetros e medições efectuadas.
Para a determinação da informação relevante a constar nas diferentes secções e para a
determinação da sua organização foram realizadas diversas entrevistas a profissionais
de saúde, designadamente:
• Dr.º Luís Gusmão – Nefrologia;
• Dr.º Paulo Lúcio – Hemato-oncologia;
• Dr.º Eduardo Fazenda – Gastroenterologia ;
• Dr.º Ricardo Ferreira– Cardiologia;
• Dr.º Evangelista Rocha – Cardiologia;
• Dr.º Jácome de Castro – Endocrinologia;
• Dr.º Nunes Correia – Endocrinologia;
• Dr.º Luís Gardet – Endocrinologia;
• Dr.ª Filomena Almeida – Anatomia Patológica / Codificadora.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
58
Destas entrevistas resulta o modelo de domínio da Figura 3-2 onde estão representadas
as classes/entidades e as respectivas relações entre elas. Este modelo de domínio
garante não só a possibilidade de armazenamento da informação em si, mas também
garante a organização da informação tendo em vista a sua posterior utilização nas
diferentes secções, que no seu todo constituem a visão que pretendemos para o PCE
do utente.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
59
Figura 3-2 - Modelo de Domínio
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
60
A componente de síntese ou BI clinico do utente é uma componente orientada a
serviços que, apesar de permitir a introdução de dados directamente pelo utilizador,
vai recolher a informação relativa ao utente aos sistemas clínicos existentes via web
services. A informação, de acordo com a Figura 3-3, está agrupada em quatro grandes
grupos. No utente teremos a informação demográfica e alguns parâmetros
antropométricos que podemos analisar em maior detalhe na Tabela 3-1, temos depois
uma composição de antecedentes que se subdividem em pessoais e familiares, a
medicação activa, isto é, medicação prescrita nos últimos seis meses, a medicação
crónica, e as patologias ou doenças activas tais como a diabetes ou a hipertensão
arterial.
Figura 3-3 – Síntese / BI Clínico do Utente
Ainda na Figura 3-3 é possível verificar a existência de episódios do âmbito cirúrgico
e da área de exames complementares de diagnóstico. No primeiro caso teremos em
atenção o critério tempo, isto é, procedimentos cirúrgicos com menos de 6 meses, bem
como o procedimento em si, dando ênfase a procedimentos relacionados com
extracção de órgãos. No segundo caso, o dos exames complementares de diagnóstico,
teremos em consideração o critério tempo, seleccionado aqueles efectuados há menos
de 3 meses.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
61
Na Tabela 3-1 podemos em maior detalhe analisar o tipo de informação que as
entidades representadas na Figura 3-3 poderão conter. Esta tabela reflecte pois a
informação que estará disponível para o profissional de saúde, independentemente do
sistema vertical que o mesmo poderá estar a utilizar.
Tabela 3-1 – Síntese / BI Clínico do Utente
Entidade Informação
Utente Nº utente; Nome, Foto, Data de Nascimento e Idade, Género, Etnia, Peso, Altura, IMC, Grupo Sanguíneo.
Na agregação com os episódios de exames complementares recolhe:
Data Exame, Descrição, Especialidade, Resultado, Local da Realização
Antecedentes Na componente de antecedentes pessoais teremos patologias passadas tais como AVC´s ou doenças infecciosas como por exemplo a tuberculose, complementados com episódios cirúrgicos relevantes (critério tempo e procedimento), indicando:
Data da Cirurgia, Cirurgião, Diagnóstico, Procedimento, Especialidade e Local de Realização da Cirurgia.
Na componente de antecedentes familiares teremos indicação da história familiar ou genética com indicação das patologias (Ex: diabetes, neoplasias malignas, doenças cardíacas, alergias)
Medicação Activa
Indicação da medicação prescrita à menos de 6 meses e medicação crónica.
Código Medicamento, Nome medicamento, Substância activa, Data da Prescrição, Data início da toma, indicação de medicação crónica.
Patologias Serão colocadas as doenças activas do utente.
Código, Descrição, Data de Atribuição, Médico, Local de origem
A componente da lista de intercorrências do utente com as instituições de saúde, à
semelhança da componente de BI clínico, é uma componente orientada a serviços
tendo como fonte quase exclusiva de informação os diferentes sistemas verticais que
possuem informação do utente. Como é mostrado na Figura 3-4 a lista de
intercorrências consiste num conjunto de episódios que podem ser de quatro tipos:
Episódios cirúrgicos, de consulta, de internamento e de meio complementar de
diagnóstico e terapêutica.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
62
Figura 3-4 – Lista de intercorrências
Na Tabela 3-2 apresenta-se a informação a constar na lista de intercorrências que
consiste no conjunto histórico de episódios que o utente vai possuindo fruto da sua
interacção com as diferentes instituições de saúde. De referir que, para além de
informação específica de cada um dos episódios, teremos comum a todos a data de
realização do episódio, o médico e a instituição de origem.
Tabela 3-2 – Lista de intercorrências
Entidade Informação
Episódio Data Realização, Instituição de Origem, Médico
Episódio Consulta
Especialidade, Resumo.
Episódio Internamento
Data da Baixa, Data da Alta, Motivo da Alta, GDH, Diagnóstico
Episódio Cirurgia
Especialidade, Diagnóstico, Procedimento
Episódio Exame Especialidade, Descrição, Resultado.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
63
Por último, a Figura 3-5 tem a representação da componente de planos de
monitorização. Trata-se de uma componente orientada essencialmente a eventos,
permitindo ao médico a criação dos planos de monitorização, recolhendo a informação
dos sensores e gerando os alertas de acordo com as regras estabelecidas.
Figura 3-5 – Planos de Monitorização
A informação constante nas entidades chave desta componente pode ser analisada na
Tabela 3-3. De salientar a existência de classes associação que servem, de um modo
geral, como desmultiplicador de relações muitos-para-muitos ou para adicionar
informação a uma relação entre outras duas classes. A Tabela 3-3 apresenta a
informação a constar nas entidades com maior relevância para os planos de
monitorização.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
64
Tabela 3-3 – Planos de Monitorização
Entidade Informação
Plano Monitorização
Os planos de monitorização terão: data de criação, data de início e data fim do plano, médico responsável, o contexto de criação (e.g. em consulta de especialidade), duração e estado (e.g. activo ou inactivo)
Parâmetro A entidade parâmetro irá conter uma listagem de parâmetros que o médico pode utilizar. Cada parâmetro tem associado os seguintes atributos: tipo, sigla, descrição, valores máximos e mínimos recomendados, fórmula de cálculo e unidade de medida.
Parâmetro_Plano Esta entidade corresponde aos parâmetros que efectivamente foram adicionados a um determinado plano de monitorização. Para se fazer a ligação entre os planos e o parâmetro, esta entidade terá de ter o ID do plano e o ID do parâmetro.
Sensor A entidade sensor irá conter uma listagem de sensores que o médico pode utilizar para um determinado parâmetro. São atributos do sensor: marca, modelo, fabricante, estado (e.g. operacional, inop).
Sensor_Parâmetro Esta entidade corresponde ao sensor que efectivamente foi associado a um parâmetro do plano. Para além do ID do sensor e do ID do parâmetro do plano esta entidade tem ainda os seguintes atributos: tipo de fornecimento (e.g. empréstimo, adquirido) e origem (e.g. Instituição de saúde, farmácia).
Medição Os parâmetros do plano podem ter várias medições efectuadas ou não por sensores. Para a medição os atributos são: ID do parâmetro do plano, valor, tipo de ambiente (e.g. formal ou não formal) e timestamp.
Frequência de recolha
Esta entidade possui os atributos necessários para poder uniformizar as escolhas das frequências de recolha. Os atributos são: Periodicidade, hora, dias semana e dias mês.
Regra As regras são construídas e aplicadas a um determinado parâmetro do plano. Para o fazer têm como atributos: ID do parâmetro do plano, descrição e condição aplicada.
Alerta Esta entidade faz a sua ligação com a regra através do ID da regra e possui ainda como atributos os seguintes: remetente, contacto do remetente, parâmetro, valor, severidade (e.g. baixa, média ou alta) e timestamp.
Contacto_Regra A entidade contacto_regra é uma entidade que faz a ligação entre a regra e a entidade contacto, possuindo como atributos o ID da regra e o ID ou id´s do contacto, que não é mais do a lista de destinatários dos alertas gerados por uma determinada regra.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
65
O detalhe do modelo de domínio, nomeadamente a descrição mais exaustiva das
classes, seus atributos e métodos podem ser analisados no Anexo E – Modelo de
Domínio – Classes, seus Atributos e Métodos.
Já foram referidas as três secções que constituem a síntese do PCE do utente no
âmbito do trabalho que está a ser desenvolvido: Síntese ou BI clinico do utente,
Sumário Clínico ou lista de intercorrências/episódios e Indicadores com os planos de
monitorização e acompanhamento.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
66
4. Case Study
O SSM, guarnecido por profissionais de saúde militares e civis, para além de um conjunto de
serviços específicos de saúde militar que o diferencia do SNS, contempla o apoio hospitalar e
serviços de cuidados primários, à “Família Militar”, i.e, familiares e dependentes dos militares,
bem como às forças de segurança, como é o caso da Guarda Nacional Republicana, Policia de
Segurança Pública e Policia Municipal, e seus respectivos familiares, e nalguns casos, aos
próprios beneficiários da ADSE, num total de aproximadamente 1.659.90 (Um milhão
seiscentos e cinquenta e nove mil e noventa) potenciais utentes, caso consideremos os
beneficiários da ADSE e cerca de 297.008 (Duzentos e noventa e sete mil e oito) não
considerando os beneficiários da ADSE.
O SSM contempla a vertente dos cuidados diferenciados ao nível hospitalar e possui unidades
que prestam cuidados primários, essencialmente executados pelos postos de socorros e
centros de saúde de menor dimensão e diferenciação, sendo o foco da reestruturação em curso
sobretudo a componente hospitalar. A Unidade Hospitalar da Estrela (UHE) pertencente ao
HFAR, instituição que servirá de suporte ao caso de estudo, é parte integrante do SSM,
encontrando-se em fase de transformação e reorganização com vista a criar um novo modelo
de gestão hospitalar que abrange um conjunto de recursos, nomeadamente humanos, materiais,
financeiros e de infra-estruturas dos hospitais militares dos três ramos.
4.1. Caracterização da Unidade Hospitalar da Estrel a
A UHE iniciou durante o ano de 2005 a substituição do Sistema de Informação de Gestão
Hospitalar existente por uma solução modular alinhada com o roadmap traçado pela
direcção do hospital. Esta visão estratégica contemplava um conjunto de projectos a três
anos e cujo objectivo consistia num sistema integrado, no qual estivessem presentes as
diferentes áreas de trabalho. Desta forma deu-se início em Dezembro de 2005 à
exploração do sistema através da sua componente mais administrativa e que contemplava
a gestão de doentes, consulta externa e internamento. Durante o ano de 2006 avançou-se
para a área de facturação, laboratório de análises clínicas, serviço de imunohemoterapia,
integração com agrupador de Grupo Diagnóstico Homogéneo (GDH), no caso do
internamento, e disponibilização de ferramenta de cariz mais clínico para apoio do
trabalho médico.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
67
Em 2007 implementou-se a área de bloco operatório e chegou-se a um estado de
estabilidade e maturidade que permitiu o desencadear do processo de estudo de uma
solução de Business Intelligence que permitisse à organização tirar melhor partido da
informação existente, procurando utilizá-la como contributo para o apoio à decisão e
ainda para resolver alguns problemas em termos de custos e de performance do sistema.
Para além de pequenos projectos, como o aviso aos utentes por SMS (Short Message
Service) dos actos médicos de ambulatório (marcação e remarcações de consultas),
iniciou-se em 2010, antevendo a sua obrigatoriedade, a prescrição electrónica de
medicamentos para a farmácia de oficina. Para além desta funcionalidade, dotou-se o
sistema de ferramenta que permite aos médicos registar informação clínica, de forma
estruturada, sobre os utentes, prescrever mcdt´s e visualizar resultados de análises
realizadas no hospital.
O universo potencial de utentes da UHE, na ordem dos 300.000 beneficiários, provém
essencialmente, como se pode consultar na Tabela 1-2, do somatório dos beneficiários
dos subsistemas de saúde dos militares das forças armadas e forças de segurança. Como
mostra a Figura 4-1 a UHE tem vindo a registar os utentes no sistema de informação
clínica desde 2005 tendo neste momento cerca de 88% do total de beneficiários inseridos
em sistema. O valor de 2005, na ordem dos duzentos e vinte mil utentes inscritos
justifica-se pela migração dos dados da anterior aplicação para o novo sistema em vigor
desde Dezembro de 2005.
Figura 4-1 - Criação de Fichas de Utentes (Anos 2005 a 2011)
Como será lógico grande parte destes potenciais utentes não se consubstanciam como
utentes da UHE. O que se procura mostrar com a Figura 4-2 é o número de interacções
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
68
distintas, por ano, que este universo de utentes realizou com o hospital permitindo ter
assim a noção do número de diferentes beneficiários que recorreram aos serviços da UHE.
O valor de 2005, alto para apenas um mês de actividade em comparação com os restantes
anos, mais uma vez reflecte a situação de migração de dados entre sistemas. Levando em
linha de conta o total de interacções distintas entre 2005 e 2011 podemos verificar que
cerca de 27.6% dos 300.000 potenciais utentes recorreram aos serviços de saúde do
hospital.
Figura 4-2 – Interacção com Utentes (Anos 2005 a 2011)
Como se pode ver na tabela 4-1, o hospital presta serviços nas diversas áreas de cuidados
de saúde quer seja Consulta Externa, Urgência, Internamento, Cirurgia e Meios
Complementares de Diagnóstico e Terapêutica. Tem uma capacidade instalada de 177
camas, oferecendo serviço ambulatório em 29 especialidades44. Em termos de consultas,
ambulatório e urgência temos um total de 73.370 e mais de meio milhão de mcdt
realizados, com maior expressão na área da imagiologia, patologia clínica e medicina
física e de reabilitação, salientando que a urgência se trata de um serviço comum aos três
ramos das forças armadas. No que diz respeito ao internamento, contabilizando para as
entradas e número de dias de internamento o serviço de observações, temos
respectivamente 2.761 doentes entrados e 29.235 dias de internamento. No âmbito da
cirurgia os valores apontam para as 2.002 intervenções, contabilizando 1.590 utentes
operados.
44 Anexo B – Relação de especialidades da UHE.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
69
Tabela 4-1 – Actividade da UHE – Ano 201145
Tipo Valor
Consulta Externa (realizadas) 57.986 Urgência 15.384 MCDT´s 502.883 Internamento Entradas – 2.761
Dias de internamento – 29.235 Demora média – 7 dias
Cirurgia 2.002 Intervenções
No que a infra-estruturas hospitalares diz respeito a Tabela 4-2 permite ter uma noção da
dimensão deste hospital que se encontra, em termos de classificação, equiparado a
hospital regional. Podemos ver, para além do que já foi referido no âmbito da capacidade
de internamento, a existência de 77 gabinetes para consultas externas, seis salas
operatórias que se encontram agrupadas em dois blocos, o bloco central com quatro salas
e o bloco de ortopedia com as restantes duas salas. Saliento também nesta tabela a
capacidade em termos de hemodiálise e de imuno-hemoterapia, sendo este realce
efectuado pois são serviços comuns aos três ramos das forças armadas.
Tabela 4-2 – Infra-estruturas Hospitalares – Ano 201146
Infra-estruturas Hospitalares UHE
Salas operatórias (incluídas ou não em bloco operatório) 6
Gabinetes de consulta externa 77
Eq
uip
amen
tos
de
dia
gnó
stic
o e
de
tera
pêu
tica
Endoscopia 9
Hemodiálise (indicar o nº de dialisadores) 12
Imag
iolo
gia
Ecografia 14
Imagiologia convencional (Raios X)
17
Mamografia 1
Osteodensiometria 1
Tomografia computorizada (TC)
1
Outros (discriminar) 1
Laboratórios de anatomia patológica e tanatologia Sim
45 Fonte: UHE- Gabinete estudos técnicos – Anuário 2011 46 Idem
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
70
Infra-estruturas Hospitalares UHE
Laboratórios de patologia clínica Sim
Medicina nuclear Não
Raios Laser Não
Serviços de imuno-hemoterapia Sim
Serviços farmacêuticos Sim
A UHE opera com um conjunto de profissionais de saúde, militares e civis, quer sejam
médicos, enfermeiros e técnicos ou pessoal administrativo. Estes recursos humanos, que
se encontram em diferentes situações em termos de vínculo à instituição tais como:
quadro permanente (QP - militares), quadro permanente de civis do exército (QPCE),
regime de contrato de trabalho em funções públicas (RCTFP) e regime de contrato de
prestação de serviços (RCPS), garantem o funcionamento das diferentes especialidades,
serviços de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, serviços de internamento,
blocos operatórios e serviços administrativos de suporte. A Tabela 4-3 resume, por
classes, o pessoal ao serviço na UHE.
Tabela 4-3 – Pessoal ao Serviço da UHE – Ano 201147
Pessoal ao serviço UHE
Pessoal dirigente 3
Pes
soal
méd
ico
Médicos especialistas e Chefes de Clínica 131
Médicos internos 29
Outro pessoal médico 31
Sub-Total 191
Outro pessoal técnico superior 14
Pes
soal
de
enfe
rmag
em
Enfermeiros especialistas 6
Enfermeiros não especialistas 187
Outro pessoal de enfermagem
Sub-Total 207
Pessoal técnico de diagnóstico e terapêutica 72
Pessoal técnico-profissional e administrativo 88
Pessoal auxiliar de acção médicas 64
47 Fonte: UHE- Gabinete estudos técnicos – Anuário 2011
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
71
Pessoal ao serviço UHE
Pessoal dos serviços gerais 126
Socorristas 46
Outro pessoal 0
TOTAL 797
Para a caracterização do hospital em termos de pessoal não se achou necessário mostrar a
distribuição do pessoal por serviços ou especialidades, no entanto é de referir que no
pessoal médico estão incluídos os médicos dentistas e que no item “Outro pessoal técnico
superior” estão incluídos os técnicos superiores de saúde do ramo farmácia e do ramo
psicologia clínica.
Para a realização do caso de estudo e implementação do projecto-piloto de monitorização
de doentes crónicos, foram seleccionados, de entre os diversos serviços contactados
durante a fase de entrevistas, os serviços de Endocrinologia e Cardiologia tendo em
consideração o acompanhamento que nestes serviços é efectuado a doentes crónicos,
nomeadamente doentes diabéticos e hipertensos.
4.2. Infra-estrutura Tecnológica
A dispersão das infra-estruturas físicas da UHE, que possui três edifícios fisicamente
separados, deu origem à necessidade do estabelecimento de uma rede de bastidores,
interligados por fibra óptica, que garantisse a comunicação entre os diferentes edifícios e,
no seu interior, a ligação entre os diversos serviços bem como aos utilizadores. A Figura
4-3 é representativa da rede instalada no hospital, correspondendo cada nó a um bastidor.
Os nós assinalados correspondem aos bastidores que fazem a interligação entre os três
edifícios.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
72
Figura 4-3 – Rede de Bastidores UHE
Sendo a componente de rede uma das sustentações da alta disponibilidade das aplicações
de saúde foi efectuada a sua restruturação estando actualmente disponível ligação de fibra
óptica entre todos os nós da rede, conseguindo-se ter uma velocidade de ligação ao
equipamento terminal de 1 Gigabit.
O hardware de suporte às aplicações de saúde, também ele componente essencial para a
alta disponibilidade, sofreu em 2007 remodelação por forma a garantir, não só uma
melhor performance dos sistemas em produção, mas também para garantir a existência de
um ambiente de desenvolvimento e de testes. Na Tabela 4-4 estão enumeradas as
características e quantidades dos equipamentos que sustentam as aplicações de saúde bem
como as aplicações de suporte tais como o serviço de directório (Active Directory), DNS
(Domain Name Service) e DHCP – (Dynamic Host Configuration Protocol).
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
73
Tabela 4-4 – Hardware (aplicações de saúde e de suporte)
Servidores Aplicacionais Servidores de Base de dados
Hardware Software Hardware Software
Ambiente de Produção
(1 servidor aplicacional e 2 servidores de base de dados em cluster)
• Memoria: 8GB
• Processador: 1 x QUAD-CORE
• Discos para instalação do software: 2 x 146GB
• Sistema de Discos partilhado (SAN) com 1TB
• OS: Windows 2003 R2 x64 enterprise edition
• Outros: IIS
• Memoria: 8GB
• Processador: 1 x QUAD-CORE
• Discos para instalação do software: 2 x 146GB
• Sistema de Discos partilhado (SAN) com 1TB48
• OS: Windows 2003 R2 x64 enterprise edition
• RDBMS: Oracle 10GR2 x64 standard edition49
• SGBD: SQLServer 2005 standard edition
Ambiente de Desenvolvimento / Testes
(1 servidor que é simultaneamente aplicacional e de base de dados)
• Memoria: 8GB
• Processador: 1 X QUAD-CORE
• Discos para instalação do software: 2 x 146GB
• Sistema de Discos partilhado (SAN) com 1TB50
• OS: Windows 2003 R2 x64 enterprise edition
• RDBMS: Oracle 10GR2 x64 standard edition
• SGBD: SQLServer 2005 standard edition
• Outros: IIS
Aplicações de Suporte
(2 servidores com a mesma configuração)
• Memoria: 4GB • Processador: 2 x
XEON DUAL-CORE
• Discos para instalação do software: 4 x 35GB
• OS: Windows 2003 R2 x32 enterprise edition Outros: AD, DNS, DHCP
Para além do hardware a Tabela 4-4 dá a indicação do software em uso nomeadamente no
que diz respeito a sistemas operativos (SO) e sistemas de gestão de base de dados (SGBD)
em ambiente de produção e em ambiente de desenvolvimento e testes. Refere ainda a
configuração dos dois equipamentos que têm instaladas as aplicações de suporte.
O motor de base de dados que suporta as aplicações de saúde consiste num cluster oracle
por forma a garantir uma redundância no que diz respeitos às instâncias que estão
disponíveis para as aplicações. O armazenamento dos dados é efectuado numa storage
MSA1500 com capacidade actual de 1 TB. Esta capacidade, tendo em consideração a não
48 O mesmo do servidor aplicacional 49 Esta versão de licenciamento inclui clustering para dois nós. 50 O mesmo do servidor aplicacional (de produção)
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74
existência de sistema PACS (Picture Archiving and Communication System), serve as
necessidades do hospital, permitindo a sua partilha com o servidor aplicacional bem
como com o servidor de desenvolvimento e testes. Apenas para referência, o espaço
ocupado pela base de dados de produção é de 25 GB 51. Será esta a infra-estrutura
disponível para suportar o protótipo/piloto da solução proposta.
4.3. Sistemas Clínicos em Produção
A UHE possui, desde Dezembro de 2005, um conjunto de aplicações clinicas e
administrativas fornecidas pela empresa CPCHS, agora GLINTTHS. A Tabela 4-5
mostra-nos um resumo dessas aplicações bem como a sua área de utilização e
destinatários, remetendo para o Anexo C – Aplicações / Módulos de Saúde em Produção
na UHE um maior detalhe sobre cada um dos módulos aplicacionais.
Tabela 4-5 – Aplicações / Módulos de Saúde em Produção na UHE
Aplicação / Módulo
Área de Utilização Destinatários
GH – Gestão de doentes
Secretariado Administrativos em apoio ao internamento e ambulatório
GH – Consulta externa e ambulatório
Secretariado Administrativos em apoio ao internamento e ambulatório
GH – Gestão do Internamento
Secretariado e internamento
Administrativos e enfermeiros em apoio ao internamento.
Factus Financeira Administrativos em apoio à logística e financeira.
EPR – Desktop Médico
Clínica Médicos (internamento, ambulatório e bloco)
EResults Clinica Médicos, enfermeiros e técnicos (internamento, ambulatório e bloco)
Bloco Operatório Clinica (Salas Bloco) Médicos e enfermeiros do bloco operatório
Sibas e Sislab Laboratórios Médicos, enfermeiros e técnicos dos serviços de Imunohematologia e Patologia Clínica
SIG (Indicadores) Gestão / Informática Administradores Hospitalares e Gabinete de estudos técnicos
51 Valor em 10 de Setembro de 2012.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
75
Para além das aplicações/ módulos da Tabela 4-5 foram sendo desenvolvidas ao longo do
tempo algumas funcionalidades com objectivos muito específicos como é o caso do aviso
de marcação /remarcação de consultas e exames por SMS, bem como o envio dos
resultados das análises clínicas por correio electrónico. No que a integrações diz respeito
apenas gostaria de salientar a integração que é efectuada com o agrupador fornecido pela
empresa 3M e que permite, através do módulo de gestão do internamento, fazer a
codificação dos episódios e a consequente geração do código de GDH (Grupo
Diagnóstico Homogéneo) com o qual será possível efectuar a facturação desses episódios.
4.4. Cenário Clinico
Durante a recolha de informação através de entrevistas e reuniões com pessoal clínico da
UHE, nomeadamente médicos dos serviços de nefrologia, cardiologia, hematologia,
imagiologia, endocrinologia e nutrição e ainda médicos com trabalho específico na área
da codificação e produção de GDH, seleccionaram-se os serviços de cardiologia e
endocrinologia e nutrição como os serviços que irão participar na realização do caso de
estudo no que à monitorização de doentes diz respeito. Esta escolha deriva do facto dos
doentes acompanhados nestes serviços terem um perfil clinico adequado às necessidades
da componente de monitorização e alertas. São na sua maioria doentes que padecem de
patologias crónicas, com necessidade de controlo dessas mesmas patologias através da
medição dos parâmetros e visitas regulares ao hospital.
4.4.1. Serviços Clínicos Objecto do Estudo
Com a Tabela 4-6 pretende-se fazer a caracterização dos serviços de cardiologia e
endocrinologia e nutrição em termos de recursos humanos nomeadamente no que diz
respeito a médicos, enfermeiros, técnicos e pessoal administrativo e auxiliar,
permitindo depois associar estes recursos à produção, em concreto no que a consultas
e exames realizados diz respeito.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
76
Tabela 4-6 – Recursos Humanos – Cardiologia / Endocrinologia e Nutrição52
Serviço Tipo de Recursos Quantidade
Cardiologia Médico 7
Enfermeiro 1
Técnico 5
Administrativo /Auxiliar 3
Endocrinologia e Nutrição Médico 5
Enfermeiro 2
Técnico 3
Administrativo /Auxiliar 2
4.4.2. Caracterização do Universo Amostral dos Uten tes
A produção destes dois serviços, bem como a caracterização em termos de faixas
etárias dos utentes que a eles recorrem, pode ser analisada através da consulta à Tabela
4-7. Será de realçar, no serviço de cardiologia, que cerca de 69 % da produção incide
sobre utentes com idades compreendidas entre os 65 e 84 anos. Os meios
complementares de diagnóstico executados pela cardiologia, com especial ênfase nos
electrocardiogramas e ecocardiograma com estudo doppler, repartem-se de forma mais
ou menos homogénea pelas diferentes faixas etárias. Os valores de exames realizados
a utentes com idades superiores a 64 anos têm uma correspondência com os doentes
seguidos em consulta de ambulatório, enquanto para idades inferiores a esta temos
uma grande parte dos exames decorrentes de eventos militares tais como candidatos ao
exército em provas de selecção e classificação, candidatos às forças especiais, exames
médicos obrigatórios para pessoal dos quadros permanentes decorrentes de processos
de promoção ou ainda para a realização das provas físicas de aptidão.
No que a consultas de endocrinologia diz respeito verificamos mais uma vez a
tendência para que o maior número de consulta esteja nas faixas mais idosas,
permanecendo cerca de 53% da produção em utentes com idades entre os 65 e 84 anos,
passando para os 87% se considerarmos a faixa entre os 45 e 64.
52 Fonte: Gabinete de Estudos Técnicos – UHE (referente a 01/01/2012)
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
77
Tabela 4-7 – Produção e faixas etárias Ano 2011 – Cardiologia / Endocrinologia e Nutrição
Serviço Acto Médico Faixa Etária
Nº de actos
%
Cardiologia Consulta de Cardiologia 15-24 220 3,20
25-44 208 3,03
45-64 1.163 16,92
65-74 2.287 33,27
75-84 2.459 35,77
>=85 538 7,83
Total 6.875 ---
Cardiologia Meios Complementares de Diagnóstico
15-24 2.005 13,63
25-44 1.867 12,69
45-64 3.049 20,73
65-74 3.518 23,91
75-84 3.455 23,49
>=85 817 5,55
Total 14.711 ---
Endocrinologia E Nutrição
Consulta de Endocrinologia
5-9 2 0,06
10-14 3 0,10
15-24 65 2,09
25-44 253 8,12
45-64 1.049 33,69
65-74 1.025 32,92
75-84 636 20,42
>=85 81 2,60
Total 3.114 ---
Endocrinologia E Nutrição
Consulta de Enfermagem 15-24 6 0,82
25-44 21 2,85
45-64 228 30,98
65-74 268 36,41
75-84 185 25,14
>=85 28 3,80
Total 736 ---
Endocrinologia E Nutrição
Consulta da Nutrição 10-14 4 0,20
15-24 121 6,19
25-44 230 11,77
45-64 807 41,30
65-74 560 28,66
75-84 216 11,05
>=85 16 0,82
Total 1.954 ---
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78
As consultas de enfermagem, com grande incidência na problemática do pé diabético e
no aconselhamento do utente, seguem de perto a tendência das consultas registando
valores de 67 % nas faixas dos 45 aos 74 e de 92,5% se considerarmos também a faixa
dos 75 aos 84 anos. As consultas de nutrição efectuadas muitas vezes como
complemento ao tratamento da diabetes seguem, como seria de esperar, a tendência
das consultas de endocrinologia concentrando 70% da produção na faixa dos 45 aos 64
anos.
Para além destes dados é importante referir o número de utentes que estão a ser
seguidos nestes dois serviços por forma a termos a noção da dimensão do universo,
sendo esta informação vertida na Tabela 4-8. Os valores constantes na tabela referem-
se ao total de utentes distintos, isto é, apenas contando uma interacção,
independentemente do nº de vezes que os utentes acederam aos serviços no ano de
2011.
Tabela 4-8 – Utentes Ano 2011 – Cardiologia / Endocrinologia e Nutrição
Serviço Tipo Acto Nº Utentes
Cardiologia Consulta 3.046
Mcdt´s 7.441
Endocrinologia e Nutrição Consulta endocrinologia e de Enfermagem
1.789
Consulta de Nutrição 875
Tendo em consideração o que nos foi referido durante as entrevistas efectuadas aos
clínicos das especialidades constantes na Tabela 4-8, e que se consubstancia no facto
de haver uma partilha de utentes entre estes serviços com base na comorbilidade
associada aos doentes diabéticos ou com patologias do foro cardíaco, realizou-se
cruzamento de informação no qual se verificou que estes serviços partilham 545
utentes.
4.4.3. Parâmetros Clínicos a Monitorizar
Para o caso de estudo, e de acordo com o modelo proposto, temos como objectivo a
disponibilização e partilha de informação do utente organizada em três secções:
síntese ou BI clínico do utente, lista de intercorrências do utente com as instituições de
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
79
saúde e planos de monitorização e alertas adequados à patologia do utente. Para esta
última secção foi elaborada, com o apoio dos profissionais de saúde, uma matriz de
parâmetros com interesse por especialidade e patologia que podemos ver na Tabela 4-
9.
A matriz apresentada, que abrange outras especialidades para além da cardiologia e
endocrinologia que são o foco do caso de estudo, servirá de base à criação dos planos
de monitorização podendo os médicos adicionar, caso a caso, os parâmetros com
interesse para o caso clinico em particular, definindo também as regras associadas à
alarmística. No Anexo D – Valores de Referência por Parâmetro, temos os valores que
por defeito serão colocados aquando da associação dos parâmetros aos planos de
monitorização, sendo estes a base de alarmística, que no entanto pode ser alterada,
também caso a caso, consoante a avaliação médica.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
80
Tabela 4-9 – Matriz de parâmetros por especialidade/patologia
Especialidade/Patologia
Cardiologia Endocrinologia Nutrição Nefrologia Urologia
Hemato-
Oncologia Gastroenterologia
Parâmetros
Doença
cardiovascular
Doença das
artérias coronárias
Reabilitação
Cardíaca
Diabetes
/Obesidade
Diabetes
/Obesidade
Doença renal
crónica
Peso x x x x x x x x x
Altura x x x x x x x x x
IMC x x x x x x x x x
SC x
TA(sist) x x x x x x x x x
TA(diast) x x x x x x x x x
FreqCard x x x
Colestrol Total x x x x x x x x x
Colestrol LDL x x x x x x x x x
Colestrol HDL x x x x x x x x x
Triglicéridos x x x x x x x x x
HbA1C x x
BMT - Glicemia Capilar x x
Glicemia pós-prandial
(às 2 horas) x x
Glicemia pré-prandial
(em jejum) x x
Microalbuminúria x x x x x
INR x x
PSA x
Actividade Física x x x
Suspensão tabágica x x x x x
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
81
4.4.4. Contribuição das fontes para a síntese do PC E do utente.
Sendo o caso de estudo focado na UHE pretende-se na Tabela 4-10 fazer uma
explicação dos ecrãs das aplicações/sistemas verticais utilizados no hospital e perceber
qual o contributo, em termos de partilha/disponibilização de dados, interoperabilidade
que os sistemas existentes terão com o piloto, para acesso aos dados do perfil clinico
do utente.
Tabela 4-10 – Contributo para a síntese do PCE do utente dos sistemas verticais existentes
Aplicação / Módulo / Ecrã Descrição dos Dados
GH – Gestão de doentes – Ecrã Ficha do Doente (Glintths)
• Anexo F - Figura F-1
Este módulo permite aos utilizadores fazer toda a gestão das fichas de utente, nomeadamente criação de novas fichas e edição de fichas já existentes. Não é possível, via ecrã utilizado pelos administrativos, apagar fichas de utentes ou fazer a fusão de fichas no caso de detecção de duplicação. Este módulo contém a base de utentes que é utilizada pelos diferentes módulos do sistema em uso na UHE.
O principal contributo para deste ecrã é para a secção de síntese ou BI clínico do utente, nomeadamente no que diz respeito à subsecção de identificação do utente com os seguintes dados:
Nome, género, data de nascimento, idade, nº de contribuinte, morada, contactos, nº de SNS, nº de beneficiário.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
82
Aplicação / Módulo / Ecrã Descrição dos Dados
EPR – Desktop Médico - Ecrã de Consulta
(Glintths)
• Anexo F - Figura F-2
• Anexo F - Figura F-3
• Anexo F - Figura F-4
• Anexo F - Figura F-5
• Anexo F - Figura F-5
Este módulo está direccionado para a actividade diária do médico e possui um conjunto de ecrãs que permitem ao profissional de saúde fazer o registo de informação do foro clínico com especial pertinência para a construção do perfil clinico do utente.
GH – Gestão de doentes – Ecrã Registo de Operações
(Glintths)
• Anexo F - Figura F-6
O registo dos actos cirúrgicos efectuados, nomeadamente no que ao procedimento, recursos humanos, data da cirurgia diz respeito, pode ser consultado neste ecrã. Deste que foram instalados os ecrãs tácteis, a maior parte da informação é inserida directamente nesses ecrãs dentro do bloco operatório.
Para a subsecção de perfil clinico do utente, temos na aplicação utilizada pelo médicos, em diferentes ecrãs a informação sobre:
• Diagnósticos, Antecedentes pessoais e familiares, diagnósticos ou doenças activas.
• Biometrias (peso, altura, IMC); • Medicação Activa; • Exames (< 3 meses); • Cirurgias.
A informação que estará nesta subsecção poderá também ser adicionada directamente pelo médico na plataforma, nomeadamente no que a diagnósticos e medicação activa diz respeito.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
83
Aplicação / Módulo / Ecrã Descrição dos Dados
GH – Gestão de doentes – Ecrã de Actos Médicos
(Glintths)
• Anexo F - Figura F-7
• Anexo F - Figura F-8
O ecrã de actos médicos permite aceder às consultas e exames efectuados pelo utente havendo todo um registo administrativo que contém informação suficiente para popular a lista de intercorrências/episódios no que a consultas e exames diz respeito
GH – Gestão de doentes – Ecrã Registo de Operações
(Glintths)
• Anexo F - Figura F-6
Temos neste ecrã toda a informação referente ao acto cirúrgico e que é suficiente para colocar na parte de intercorrências/episódios.
GH – Gestão de doentes – Ecrã Registo de Internamento
(Glintths)
• Anexo F - Figura F-9 – Ecrã de
registo de internamento
O ecrã de registo de internamento sumariza o episódio de internamento do utente sendo por isso a fonte para popular os episódios de internamento que serão colocados na lista de intercorrências.
A informação para a secção correspondente à lista de intercorrências /episódios, quer sejam episódios de consulta, mcdt, internamento ou cirúrgicos, é recolhida do sistema vertical existente.
Em termos de consulta teremos: Data da consulta, identificação do médico, especialidade/serviço.
No caso dos Exames: Data do exame, serviço executante, médico /técnico, Id do exame, descrição do exame.
Nas cirurgias: Data da cirurgia, médico /cirurgião, procedimento
No internamento: Data do internamento, data de alta, médico responsável, GDH correspondente, motivo de alta.
A terceira secção da síntese do PCE do utente, que corresponde aos indicadores e
planos de monitorização, não está contemplada na Tabela 4-10 por se tratar de uma
secção cuja informação é carregada directamente na plataforma seguindo uma lógica
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
84
ou orientação a eventos e não uma orientação a serviços como é o caso das duas
primeiras que são, na sua maioria, populadas por informação proveniente dos sistemas
verticais existentes.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
85
5. Conclusões
Apesar de alterações decorrentes da reformulação do SSM contribuírem para agilização de
alguns processos administrativos e funcionais do sistema de saúde, ainda subsistem
constrangimentos e ineficiências, nomeadamente ao nível da partilha de informação, que
podem ser rectificadas. Dos problemas encontrados no SSM procurou-se com este trabalho
endereçar duas questões fundamentais:
• Identificar qual deverá ser a informação de síntese do estado de saúde do utente
acessível a todos os profissionais de saúde;
• Aumentar a interacção com o utente fazendo que este assuma uma maior
responsabilidade pelo seu estado e hábitos de saúde.
A contribuição desta tese para a resolução dos problemas identificados suporta-se num
modelo de colaboração, assente em plataforma web, que endereçará o problema da
compartimentação dos SI e das ilhas de informação existentes e que permitirá ter uma
componente de gestão de indicadores associados a mecanismos de alerta para um apoio
efectivo ao trabalho do profissional de saúde, e na resolução das seguintes questões:
• Identificação unívoca dos utentes do SSM de forma a possibilitar a articulação de
informação dentro e para fora do SSM;
• Definição do conjunto de informação que se constituirá como síntese do estado de
saúde do utente acessível a todos os profissionais de saúde do SSM e de entidades
como as quais o SSM partilhe os utentes, através da formalização da estrutura de
dados que caracteriza o perfil clinico de um utente;
• Concepção de um novo serviço de saúde que fomente o aumento da interacção com o
utente fazendo que este assuma uma maior responsabilidade pelo seu estado e hábitos
de saúde, através da formalização da estrutura dados de suporte a planos de
monitorização e sua disponibilização;
• Apoio à análise do desempenho de um utente face a um universo amostral, através da
definição das variáveis que permitem identificar a amostra e dos parâmetros que se
constituem como indicadores.
O modelo de colaboração proposto, em particular a partilha de informação que garante,
enquadra-se no processo de decisão do médico que decorre da agregação / conjugação de
informação proveniente de diferentes fontes, corroborando o conceito de Collaborative
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
86
Decision Making em meio clínico, ao mesmo tempo que assegura ao utente uma forma de
visualização e contribuição de informação.
Para a determinação da informação relevante a constar em cada utente e para a determinação
da sua organização foram realizadas diversas entrevistas a profissionais de saúde, chegando-
se a um modelo composto por três secções. A primeira secção consiste na síntese ou BI
clinico do utente que será subdividida em duas sub-secções: a sub-secção de identificação do
utente e a subsecção de perfil clinico do utente. A segunda secção contém informação
referente à lista de intercorrências / episódios do utente com o sistema de saúde, e por último
temos a secção de indicadores com os respectivos planos de monitorização que permite o
estabelecimento de indicadores clínicos de acompanhamento do utente e a definição dos
alertas associados aos parâmetros e às respectivas medições efectuadas.
Também das entrevistas realizadas surge a matriz de parâmetros a monitorizar com indicação
dos valores de referência por parâmetro levantado e com a relação entre
especialidades/patologias e parâmetros, verificando-se a existência de conjuntos de
parâmetros com interesse para diferentes especialidades e patologias. Apesar das entrevistas e
reuniões terem sido realizadas com médicos de diferentes especialidades tais como: nefrologia,
cardiologia, hematologia, imagiologia, endocrinologia e nutrição, escolheram-se, para a
componente de monitorização, as especialidades de cardiologia e endocrinologia e nutrição.
Esta escolha teve como racional o facto dos doentes acompanhados nestes serviços terem um
perfil clinico adequado às necessidades da componente de monitorização e alertas, pois são na
sua maioria doentes que padecem de patologias crónicas, com necessidade de controlo dessas
mesmas patologias através da medição dos parâmetros e visitas regulares ao hospital, mas
também o facto da existência de comorbilidade associada aos doentes diabéticos ou com
patologias do foro cardíaco, havendo na unidade hospitalar da estrela um conjunto de 545
utentes comuns às duas especialidades.
Os resultados deste trabalho, que serão validados com projecto-piloto a seis meses, assentam:
• Na definição e estruturação da informação que se constitui com síntese ou BI clínico
do utente, resultante das entrevistas aos profissionais de saúde;
• No estabelecimento de uma matriz de parâmetros, com os respectivos valores de
referência, por especialidade/patologia. Com a criação da matriz foi ainda possível
detectar a existência de grupos de parâmetros com interesse para diferentes
especialidades/patologias;
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
87
• Na disponibilização de dashbord clínico que é constituído pela informação de síntese
do utente e respectivos planos de monitorização, permitindo assim a partilha de
informação entre os profissionais de saúde;
• No maior controlo existente sobre as medições efectuadas pelos utentes, medições
essas associadas a alertas para o profissional de saúde e para o utente, com indicação
das medidas a tomar;
• Na capacidade de análise do histórico das medições efectuadas, podendo ainda separar
as medições efectuadas em ambiente formal e não formal;
• Na co-responsabilização do utente no seu estado de saúde.
Constitui-se como trabalho futuro a expansão dos planos de monitorização a outras
especialidades /patologias, a inclusão dos centros de saúde e a resolução de outros problemas
levantados ao nível do SSM que não foram objecto de estudo nesta tese, tais como:
• A existência de diferentes SI nas instituições do SSM, bem como diferentes estádios
de maturidade;
• Dificuldades de interoperabilidade entre as soluções informáticas existentes;
• O estado de desmaterialização dos processos é embrionário;
• Inexistência de informação de gestão consolidada.
Ainda como trabalho futuro surge a possibilidade de implementação de um projecto-piloto em
ambiente real, assente em projecto QREN, na unidade hospitalar da estrela, que tem como
objectivo a implementação da metodologia proposta. Este projecto, que não foi possível
implementar durante a realização desta tese, apresenta um planeamento próprio e terá que
ficar em produtivo para testes durante um período mínimo de seis meses, findo o qual será
possível fazer a análise de resultados, nomeadamente no que diz respeito à validação do
impacto e utilidade no processo de monitorização clínica do utente.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
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[29] Boniface, M.; et al, "Platform-as-a-Service Architecture for Real-Time Quality of
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Integration for a Global Enterprise - Overview of Business Rules Engines. s.l. :
McGraw-Hill, 2007. ISBN-10: 0072263490.
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Support: The Road Ahead. s.l. : Greenes RA, 2007. ISBN: 9780123693778.
[36] Yin, Robert K. Case study research: design and methods. 3. s.l. : Sage Publications,
2003. ISBN: 076192552X.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
91
Anexos
Anexo A – Situação Actual dos Estabelecimentos de S aúde
do SSM.
Ao nível de Sistemas de Informação, existem várias realidades nos hospitais, centros de saúde
e postos de socorros. Temos hospitais e centros de saúde com diferentes SI, bem como,
centros de saúde e postos de socorros onde não existe qualquer suporte informático à
actividade clínica. Neste ponto é feita a distinção entre hospitais, centros de saúde e postos de
socorros. Ao nível dos hospital é feita uma comparação mais detalhada em termos de módulos
aplicacionais/funcionalidades existentes, enquanto que ao nível dos centros de saúde e postos
de socorros é dada a indicação da existência ou não de SI de suporte à actividade
administrativa/Clínica.
Tabela A-1 – Situação dos SI dos hospitais
Instituição de Saúde Sistema de Informação
UHL e UHE Estes dois hospitais têm o mesmo fornecedor aplicacional, a GLINTTHS. As duas instituições encontram-se porém em diferentes estados relativamente aos módulos que possuem e às versões dos módulos que são comuns. A UHL possui uma maior abrangência, nomeadamente no que diz respeito ao processo clínico electrónico e à parte de farmácia-logística (Circuito do medicamento).
Os dois hospitais encontram-se em fase de actualização dos seus SI, nomeadamente na componente da prescrição electrónica e respectivo PCE.
A UHE descontinuou a componente MEDICINEONE, substituindo as suas funcionalidades por componentes GLINTTHS.
HMR1 Este hospital tem como fornecedor aplicacional a SHI (SIGEHP), encontrando, ao nível dos módulos disponibilizados, num estado muito semelhante à UHE.
A aplicação da SHI encontra-se em fase de actualização na área do PCE, tendo como parceiro a empresa - Manuel da Conceição Gonçalves Mesquita – para a área da prescrição electrónica.
UHSC Este hospital possui um SI desenvolvido internamente, faltando competências ao nível de desenvolvimento de interfaces para ligação às áreas de imagiologia, laboratório de análises e prescrição electrónica. Possui a componente de prescrição electrónica pela ALERT.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
92
Em detalhe nas áreas de actuação dos SI temos:
Módulo / Aplicação UHE HMR1 UHL UHSC Observações
Gestão de Doentes e
Ambulatório
No HMR1 apenas alguns serviços utilizam agendamento electrónico
Hospital de Dia
Internamento A UHE e o HMR1 não possuem capacidade de prescrição em regime de unidose para a farmácia hospitalar.
O HMR1 tem em fase de implementação o PCE que possibilitará esta prescrição.
Urgência O serviço de urgência comum na estrela bem como o serviço de urgência do HMR1 não possuem uma aplicação dedicada urgência com a capacidade de implementação de protocolos de triagem e encaminhamento de doentes.
Patologia Clínica O HMR1 e a UHSC, apesar de possuírem soluções de laboratório, estas não integram com o HIS. O HMR1 tem em fase de implementação o PCE que possibilitará esta integração.
Imunohematologia O HMR1, a UHL e a UHSC não possuem valências ao nível do sangue.
Anatomia
Patológica
O HMR1 e a UHSC não possuem o serviço de Anatomia Patológica
Imagiologia A UHE, o HMR1 e a UHSC possuem digitalização da imagem, mas não integram com o HIS.
O HMR1 tem em fase de implementação o PCE que possibilitará esta integração.
Bloco Operatório
Enfermagem
Processo Clínico
Electrónico
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
93
Módulo / Aplicação UHE HMR1 UHL UHSC Observações
Gestão do
Medicamento
No HMR1, apesar de haver aplicação que gere a farmácia hospitalar, ainda não está definido todo o circuito do medicamento, nomeadamente no que diz respeito à prescrição em regime de unidose.
Nenhum dos hospitais tem a logística do medicamento integrada com o Sistema Integrado de Gestão (SIG) – ERP da defesa.
Facturação Nenhum dos hospitais tem a facturação integrada com o Sistema Integrado de Gestão (SIG) - ERP da defesa.
Portal Corporativo A UHSC tem já algum trabalho nesta área. Portal Sharepoint
Indicadores de
Gestão O HMR1 apesar d produzir
informação estatística não possui um Data Warehouse separado do ambiente operacional/produção.
Nota: só se assinala nos módulos que têm 100% das funcionalidades activas.
Tabela A-2 – Situação dos SI dos Centros de Saúde e Postos de Socorros
Local SI Fornecedor /Solução Observações
HMR2 MedicineOne Infra-estrutura própria.
Tem capacidade para ter a prescrição electrónica através do respectivo fornecedor.
Centro Saúde Santa Margarida
MedicineOne Máquina virtual em datacenter do exército.
Tem capacidade para ter a prescrição electrónica através do respectivo fornecedor.
Centro Saúde de Évora
Posto Socorros / Exercito
Posto Socorros / Força Aérea
Glintths Ligação à UHL através de aplicação web
Posto Socorros / Marinha
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
94
Anexo B – Relação de Especialidades da UHE
Tabela B-1 – Especialidades Médicas e Cirúrgicas (UHE)
Especialidades Médicas e Cirúrgicas Anatomia Patológica Anestesiologia Cardiologia Cirurgia Geral Cirurgia Pediátrica Cirurgia Plástica Cirurgia Torácica Cirurgia Vascular Clínica Geral Endocrinologia e Nutrição Estomatologia Fisiatria Hematologia Imuno-Hemoterapia Infecciologia Medicina Dentária Medicina Interna Medicina Trabalho Nefrologia Neurocirurgia Neurologia Oncologia Ortopedia Pediatria Psicologia Psiquiatria Reumatologia Senologia Urologia
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
95
Anexo C – Aplicações / Módulos de Saúde em Produção na
UHE
1. Identificação da designação comercial das aplicações em exploração;
Gestão Hospitalar 2. Identificação do fabricante e entidade a quem foi adquirida a aplicação, caso esta seja
diferente da entidade fabricante;
CPCHS, agora GLINTTHS
3. Identificação dos módulos em exploração por aplicação;
Gestão de Doentes
Consulta externa e ambulatório
Gestão do internamento
4. Capacidade de expansão a outros HM/CS, das aplicações em exploração;
Sim
5. Possibilidade de integração com outras aplicações (através de interfaces ou outro processo de interligação);
Sim, HL7
6. Custos de aquisição da aplicação (software);
Dado omitido
7. Custos de eventual customização da aplicação;
A customização da aplicação enquadra-se dentro do projecto inicial. Necessidades futuras são
cobertas por bolsa de horas contratada ou contrato de manutenção.
8. Custos do Hardware associados à aplicação (servidores): a. Referir se o servidor é de utilização exclusiva da aplicação ou partilhado;
Partilhado
b. Identificação das aplicações alojadas no servidor.
Restantes aplicações no âmbito de saúde: Sibas, Sislab, Factus, EResults, EPR,
Bloco Operatório, SIG (Sistema de indicadores de Gestão)
9. Custos de desenvolvimentos;
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96
Os desenvolvimentos necessários são cobertos por bolsa de horas contratada ou com
orçamento, visto caso a caso.
10. Custos de manutenção externa;
Dado omitido
11. Custos de manutenção interna (custos dos RH* afectos, referindo a % de tempo gasto com a aplicação);
Dado Omitido
12. Custos das licenças caso existam;
O custo anual é reflectido no contrato de manutenção (ponto 10).
13. Custos de formação para a gestão, manutenção e desenvolvimentos;
Coberto pela bolsa de horas, ou caso a caso de acordo com as necessidades.
14. Outros custos não incluídos nos anteriores (discriminados).
Bolsa de horas transversal a todas as aplicações GLINTTHS que corresponde a 32
dias/homem
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
97
1. Identificação da designação comercial das aplicações em exploração;
Factus 2. Identificação do fabricante e entidade a quem foi adquirida a aplicação, caso esta seja
diferente da entidade fabricante;
CPCHS, agora GLINTTHS
3. Identificação dos módulos em exploração por aplicação;
Facturação - Factus
4. Capacidade de expansão a outros HM/CS, das aplicações em exploração;
Sim
5. Possibilidade de integração com outras aplicações (através de interfaces ou outro processo de interligação);
Sim, HL7 / Ficheiros
6. Custos de aquisição da aplicação (software);
Dado omitido
7. Custos de eventual customização da aplicação;
A customização da aplicação enquadra-se dentro do projecto inicial. Necessidades futuras são
cobertas por bolsa de horas contratada ou contrato de manutenção.
8. Custos do Hardware associados à aplicação (servidores): a. Referir se o servidor é de utilização exclusiva da aplicação ou partilhado;
Partilhado
b. Identificação das aplicações alojadas no servidor.
Restantes aplicações no âmbito de saúde: Sibas, Sislab, Gestão Hospitalar,
EResults, EPR, Bloco Operatório, SIG (Sistema de indicadores de Gestão)
9. Custos de desenvolvimentos;
Os desenvolvimentos necessários são cobertos por bolsa de horas contratada ou com
orçamento, visto caso a caso.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
98
10. Custos de manutenção externa;
Dado omitido
11. Custos de manutenção interna (custos dos RH* afectos, referindo a % de tempo gasto com a aplicação);
Dado omitido
12. Custos das licenças caso existam;
O custo anual é reflectido no contracto de manutenção (ponto 10).
13. Custos de formação para a gestão, manutenção e desenvolvimentos;
Coberto pela bolsa de horas, ou caso a caso de acordo com as necessidades.
14. Outros custos não incluídos nos anteriores (discriminados).
Bolsa de horas transversal a todas as aplicações GLINTTHS, que corresponde a 32
dias/homem
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
99
1. Identificação da designação comercial das aplicações em exploração;
EPR e EResults 2. Identificação do fabricante e entidade a quem foi adquirida a aplicação, caso esta seja
diferente da entidade fabricante;
CPCHS, agora GLINTTHS
3. Identificação dos módulos em exploração por aplicação;
Processo Clínico Electrónico, EResults (Resultados exames on-line)
4. Capacidade de expansão a outros HM/CS, das aplicações em exploração;
Sim
5. Possibilidade de integração com outras aplicações (através de interfaces ou outro processo de interligação);
Sim, HL7
6. Custos de aquisição da aplicação (software);
Dado omitido.
7. Custos de eventual customização da aplicação;
A customização da aplicação enquadra-se dentro do projecto inicial. Necessidades futuras são
cobertas por bolsa de horas contratada ou contrato de manutenção.
8. Custos do Hardware associados à aplicação (servidores): a. Referir se o servidor é de utilização exclusiva da aplicação ou partilhado;
Partilhado
b. Identificação das aplicações alojadas no servidor.
Restantes aplicações no âmbito de saúde: Sibas, Sislab, Gestão Hospitalar, Factus,
Bloco Operatório, SIG (Sistema de indicadores de Gestão)
9. Custos de desenvolvimentos;
Os desenvolvimentos necessários são cobertos por bolsa de horas contratada ou com
orçamento, visto caso a caso.
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100
10. Custos de manutenção externa;
Dado omitido
11. Custos de manutenção interna (custos dos RH* afectos, referindo a % de tempo gasto com a aplicação);
Dado omitido
12. Custos das licenças caso existam;
O custo anual é reflectido no contrato de manutenção (ponto 10).
13. Custos de formação para a gestão, manutenção e desenvolvimentos;
Coberto pela bolsa de horas, ou caso a caso de acordo com as necessidades.
14. Outros custos não incluídos nos anteriores (discriminados).
Bolsa de horas transversal a todas as aplicações GLINTTHS, que corresponde a 32
dias/homem
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
101
1. Identificação da designação comercial das aplicações em exploração;
Bloco Operatório 2. Identificação do fabricante e entidade a quem foi adquirida a aplicação, caso esta seja
diferente da entidade fabricante;
CPCHS, agora GLINTTHS
3. Identificação dos módulos em exploração por aplicação;
Bloco Operatório
4. Capacidade de expansão a outros HM/CS, das aplicações em exploração;
Sim
5. Possibilidade de integração com outras aplicações (através de interfaces ou outro processo de interligação);
Sim, HL7
6. Custos de aquisição da aplicação (software);
Dado omitido
7. Custos de eventual customização da aplicação;
A customização da aplicação enquadra-se dentro do projecto inicial. Necessidades futuras são
cobertas por bolsa de horas contratada ou contrato de manutenção.
8. Custos do Hardware associados à aplicação (servidores): a. Referir se o servidor é de utilização exclusiva da aplicação ou partilhado;
Partilhado
b. Identificação das aplicações alojadas no servidor.
Restantes aplicações no âmbito de saúde: Sibas, Sislab, Gestão Hospitalar, Factus,
EPR, Eresults, SIG (Sistema de indicadores de Gestão)
9. Custos de desenvolvimentos;
Os desenvolvimentos necessários são cobertos por bolsa de horas contratada ou com
orçamento, visto caso a caso.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
102
10. Custos de manutenção externa;
Dado omitido
11. Custos de manutenção interna (custos dos RH* afectos, referindo a % de tempo gasto com a aplicação);
Dado omitido
12. Custos das licenças caso existam;
O custo anual é reflectido no contracto de manutenção (ponto 10).
13. Custos de formação para a gestão, manutenção e desenvolvimentos;
Coberto pela bolsa de horas, ou caso a caso de acordo com as necessidades.
14. Outros custos não incluídos nos anteriores (discriminados).
Bolsa de horas transversal a todas as aplicações GLINTTHS, que corresponde a 32
dias/homem
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
103
1. Identificação da designação comercial das aplicações em exploração;
Sislab e Sibas 2. Identificação do fabricante e entidade a quem foi adquirida a aplicação, caso esta seja
diferente da entidade fabricante;
CPCHS, agora GLINTTHS
3. Identificação dos módulos em exploração por aplicação;
Sislab, Anasibas
4. Capacidade de expansão a outros HM/CS, das aplicações em exploração;
Sim
5. Possibilidade de integração com outras aplicações (através de interfaces ou outro processo de interligação);
Sim, HL7
6. Custos de aquisição da aplicação (software);
Dado omitido
7. Custos de eventual customização da aplicação;
A customização da aplicação enquadra-se dentro do projecto inicial. Necessidades futuras são
cobertas por bolsa de horas contratada ou contrato de manutenção.
8. Custos do Hardware associados à aplicação (servidores): a. Referir se o servidor é de utilização exclusiva da aplicação ou partilhado;
Partilhado
b. Identificação das aplicações alojadas no servidor.
Restantes aplicações no âmbito de saúde: Bloco Operatório, Gestão Hospitalar,
Factus, EPR, Eresults, SIG (Sistema de indicadores de Gestão)
9. Custos de desenvolvimentos;
Os desenvolvimentos necessários são cobertos por bolsa de horas contratada ou com
orçamento, visto caso a caso.
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
104
10. Custos de manutenção externa;
Dado omitido
11. Custos de manutenção interna (custos dos RH* afectos, referindo a % de tempo gasto com a aplicação);
Dado omitido
12. Custos das licenças caso existam;
O custo anual é reflectido no contracto de manutenção (ponto 10).
13. Custos de formação para a gestão, manutenção e desenvolvimentos;
Coberto pela bolsa de horas, ou caso a caso de acordo com as necessidades.
14. Outros custos não incluídos nos anteriores (discriminados).
Bolsa de horas transversal a todas as aplicações GLINTTHS, que corresponde a 32
dias/homem
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
105
1. Identificação da designação comercial das aplicações em exploração;
SIG (Sistema Indicadores de Gestão) 2. Identificação do fabricante e entidade a quem foi adquirida a aplicação, caso esta seja
diferente da entidade fabricante;
CPCHS, agora GLINTTHS
3. Identificação dos módulos em exploração por aplicação;
Indicadores para: Consultas, Internamentos, Urgências, Bloco Operatório, Meios
Complementares de Diagnóstico, Facturação.
4. Capacidade de expansão a outros HM/CS, das aplicações em exploração;
Sim
5. Possibilidade de integração com outras aplicações (através de interfaces ou outro processo de interligação);
Sim, Base de dados
6. Custos de aquisição da aplicação (software);
Dado omitido
7. Custos de eventual customização da aplicação;
A customização da aplicação enquadra-se dentro do projecto inicial. Necessidades futuras são
cobertas por bolsa de horas contratada ou contrato de manutenção.
8. Custos do Hardware associados à aplicação (servidores): a. Referir se o servidor é de utilização exclusiva da aplicação ou partilhado;
Partilhado
b. Identificação das aplicações alojadas no servidor.
Restantes aplicações no âmbito de saúde: Bloco Operatório, Gestão Hospitalar,
Factus, EPR, Eresults, Sislab, Sibas.
9. Custos de desenvolvimentos;
Os desenvolvimentos necessários são cobertos por bolsa de horas contratada ou com
orçamento, visto caso a caso.
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106
10. Custos de manutenção externa;
Dado omitido
11. Custos de manutenção interna (custos dos RH* afectos, referindo a % de tempo gasto com a aplicação);
Dado omitido
12. Custos das licenças caso existam;
O custo anual é reflectido no contracto de manutenção (ponto 10).
13. Custos de formação para a gestão, manutenção e desenvolvimentos;
Coberto pela bolsa de horas, ou caso a caso de acordo com as necessidades.
14. Outros custos não incluídos nos anteriores (discriminados).
Bolsa de horas transversal a todas as aplicações GLINTTHS, que corresponde a 32
dias/homem
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
107
Anexo D – Valores de Referência por Parâmetro
Tabela D-1 – Parâmetros e valores de referência
Parâmetros Valor Máximo Valor mínimo Unidade Fonte
Peso S/R S/R Kg S/R - Sem referência
Altura S/R S/R cm S/R - Sem referência
IMC 24.99 Kg/m2 18,50 Kg/m2 Kg/m2
Organização Mundial de Saúde -
http://apps.who.int/bmi/index.jsp?introPage=intro_3.html
SC 1.73 m2 1.73 m2 m2
Valor médio. Este valor varia com idade e género (Adultos H -+ 1.9, M - 1.6) - Human
body surface area database and estimation formula
TA(sist) 129 mmHg 120 mmHg
mmHg (Milimetro de
mercurio)
Sociedade portuguesa de cardiologia / European Society of Cardiology. Nota: Os valores
"normais" variam de acordo com a idade
TA(diast) 84 mmHg 80 mmHg
mmHg (Milimetro de
mercurio) Sociedade portuguesa de cardiologia / European Society of Cardiology.
FreqCard 100 bpm 60 bpm
bpm (Batimentos por
minuto)
Sociedade portuguesa de cardiologia / American Heart Association (AHA): Pode ser
influenciado por: exercício, febre-calor; dor aguda,ansiedade, etc . Nota: Os valores
"normais" variam de acordo com a idade
Colestrol Total < 200 mg/dL S/R
mg/dL (Miligramas por
decilitro)
Sociedade portuguesa de cardiologia / American Heart Association (AHA):
http://www.heart.org/HEARTORG/Conditions/Cholesterol/AboutCholesterol/What-
Your-Cholesterol-Levels-Mean_UCM_305562_Article.jsp
Colestrol LDL < 129 mg/dL S/R
mg/dL (Miligramas por
decilitro)
Sociedade portuguesa de cardiologia / American Heart Association (AHA):
http://www.heart.org/HEARTORG/Conditions/Cholesterol/AboutCholesterol/What-
Your-Cholesterol-Levels-Mean_UCM_305562_Article.jsp
Colestrol HDL S/R
> 40 mg/dl (H), >
50 mg/dL (M)
mg/dL (Miligramas por
decilitro)
Sociedade portuguesa de cardiologia / American Heart Association (AHA):
http://www.heart.org/HEARTORG/Conditions/Cholesterol/AboutCholesterol/What-
Your-Cholesterol-Levels-Mean_UCM_305562_Article.jsp
Triglicéridos < 150 mg/dL S/R
mg/dL (Miligramas por
decilitro)
Sociedade portuguesa de cardiologia / American Heart Association (AHA):
http://www.heart.org/HEARTORG/Conditions/Cholesterol/AboutCholesterol/What-
Your-Cholesterol-Levels-Mean_UCM_305562_Article.jsp
HbA1C < 6,5 S/R %
International Diabetes Federation, OMS, direcção geral de saúde. Nota: Os valores de
referência Laboratoriais estão tipicamente entre 4% e 6 %
BMT - Glicemia Capilar
Idem Prós e pré
prandial S/R
minimoles por litro ou
miligramas por decilitro Glicemia capilar, coleta de sangue de capilares sanguíneo geralmente do dedo
Glicemia pós-prandial (às
2 horas)
< 7.8 mmol/l (<140
mg/dl) S/R
minimoles por litro ou
miligramas por decilitro
A IDF e outras organizações definem Tolerância normal à glicose como uma glicemia <
7.8 mmol/l (<140 mg/dl) duas horas após a ingestão de uma sobrecarga de 75 g de
glucose
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
108
Parâmetros Valor Máximo Valor mínimo Unidade Fonte Glicemia pré-prandial
(em jejum)
< 5.5 mmol/l (<100
mg/dl) S/R
minimoles por litro ou
miligramas por decilitro IDF
Microalbuminúria
< 30mg / g
(30mg/24h) S/R
Rácio de mg de albumina/g
de creatinina ou mg de
albumina/urina 24h American Diabetes Asociation (ADA)
INR 1.26 1.0 Adimensional
Associação Portuguesa de doentes anticoagulados -
http://www.apda.com.pt/anticoagulacao.php. Nota: Um INR = 1 indica um sangue com
coagulação normal. Quando maior for o valor, mais rápida é a coagulação do sangue.
Os valores a monitorizar depedem da patologia associada.
PSA
Entre 2,5 ng/ml (40 a
50 anos) a 6,5 ng/ml
(> 70 anos) S/R
ng/mL (nanogramas por
mililitro)
Associação portuguesa de Urologia ( http://www.apurologia.pt) e NIH - Nacional
Institute of Health e http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/003346.htm e
ainda http://emedicine.medscape.com/article/457394-overview#aw2aab6c11 - Os
valores variam de acordo com a idade o utente
Actividade Fisica S/R S/R S/R - Sem referência
Suspensão tabágica S/R S/R S/R - Sem referência
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
109
Anexo E – Modelo de Domínio – Classes, seus Atribut os e Métodos
Figura E-1 - Modelo de Domínio
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
110
Tabela E-1 – Utente
Utente - N_SNS: string (PK) - Nome: string - Genero: enum G {Masculino, Feminino} - Data_Nascimento: Date - Idade: int - N_Beneficiario: string - N_Contribuinte: string - Peso: decimal - Altura: decimal - IMC: decimal - Foto: Objecto - Password: string - Etnia: string - Grupo_Sanguineo: enum GS {AB+, AB-, A+, A-,B+,B-,O+,O-} + string []: RecolheUtente () - void: Processa DadosUtente (Utente utente) + Utente: CriaUtente (string n_sns, string nome, G genero, date data_nascimento) + Utente: EditaUtente (Utente utente) + string []: ToDoListUtente (string n_sns, date inicio, date fim) + Contacto []: ListaContactosUtente (string n_sns) + EpExame []: ListaEpExame (string n_sns, date data) - int: CalculaIdade (date data_nascimento) - decimal: CalculaIMC (decimal peso, decimal altura)
Tabela E-2 – Valida Utente
Valida Utente - Valida_UtenteID: int (PK) - UtenteID: string (FK) - Atributo: string - Valor: string - Origem: int - Utilizador_Valida: string - Data_Valida: date - Estado: bool (true-> validado, false-> por validar) - Atribuido: bool (true->atribuído, false->não atribuído) - Data_Atribuicao: date + void: ValidaAtributos (string [] atributos) - string []: ListaInconformidades (string utenteID)
O Processo Clínico Electrónico na Instituição Militar
111
Tabela E-3 – Medicação Activa
Medicação Activa - Medicacao_ActivaID: int (PK) - UtenteID: string (FK) - Designacao: string - Substancia_Activa: string - Generico: bool (true-> genérico, false-> não genérico) - Origem: int - Tipo_Medicacao: enum TM {activa, cronica} - Data_Prescricao: date + string []: RecolheMedicacaoActiva (string utenteID) - void: ProcessaMedicacao (Medicacao_Activa medicacao) + void: AlteraTipoMedicacao (Medicacao_Activa medicacao) + void: AdicionaMedicacao (string utenteID, string designacao, string substancia_activa, bool generico, TM tipo_medicacao, date data_prescricao) + Medicacao_Activa []: ListaMedicacaoPorUtente (string n_sns, date data)
Tabela E-4 – Antecedentes
Antecedentes - AntecedentesID: int (PK) - UtenteID: string (FK) - Tipo_Antecedente: enum TA {Familiar, Pessoal} - Patologia: string + string []: RecolheAntecedentes (string utenteID) - void : ProcessaAntecedentes (Antecedentes antecedente) + void: AdicionaAntecedentes (string utenteID, TA t_antecedente, string patologia) + Antecedentes []: ListaAntecedentesPorUtente (string utenteID) + EpCirurgia []: ListaEpCirurgiaRelevantes ( string utenteID, date data, string [] procedimentos)
Tabela E-5 – Patologias
Patologias - PatologiaID: string (PK) - UtenteID : string (FK) - Descricao: string - Data_Atribuicao: date - Medico: string - Origem: int + string []: RecolhePatologias (string utenteID) - void : ProcessaPatologias (Patologias patologia) + void: AdicionaPatologias (string utenteID, string patologiaID, string descricao, date data, string medico, int origem) + Patologias []: ListaPatologiasPorUtente (string utenteID)
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Tabela E-6 – Episodio
Episodio - EpisodioID: int (PK) - UtenteID: string (FK) - Origem: int - Data_realizacao: date - Medico: string + string []: RecolheEpisodio (string utenteID) - void : ProcessaEpisodio (Episodio episodio)
Tabela E-7 – Episodio Cirurgia
EpCirurgia - EpCirurgiaID: int (PK) - EpisodioID: int (FK) - Especialidade: string - Cod_Diagnostico: int - Descricao_Diagnostico: string - Cod_Procedimento: int - Descricao_Procedimento: string + void : ProcessaEpCirurgia (EpCirurgia episodio) + EpCirugia []: ListaEpCirurgiaPorUtente (string utenteID)
Tabela E-8 – Episodio Consulta
EpConsulta - EpConsultaID: int (PK) - EpisodioID: int (FK) - Especialidade: string - Resumo_Clinico: string + void : ProcessaEpConsulta (EpConsulta episodio) + EpConsulta []: ListaEpConsultaPorUtente (string utenteID)
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Tabela E-9 – Episodio Internamento
EpInternamento - EpInternamentoID: int (PK) - EpisodioID: int (FK) - Data_Baixa: date - Data_Alta: date - Motivo_Alta: string - GDH: int - Cod_Diagnostico: int - Descricao_Diagnostico: string + void : ProcessaEpInternamento (EpInternamento episodio) + EpInternamento []: ListaEpInternamentoPorUtente (string utenteID)
Tabela E-10 – Episodio Exame
EpExame - EpExameID: int (PK) - EpisodioID: int (FK) - Especialidade: string - Cod_Exame: int - Descricao_Exame: string - Resultado: string + void : ProcessaEpExame (EpExame episodio) + EpExame []: ListaEpExamePorUtente (string utenteID)
Tabela E-11 – Contacto
Contacto - ContactoID: string (PK) - Tipo_Contacto: enum TC {Tm, email} (PK) - Valor: string + string: ConsultaContacto (string contactoID, TC tipo_contacto) + string []: ConsultaContactosUtilizador ( string contactoID) - void: InsereContacto (string contactoID, TC tipo_contacto, string valor) - void: EditaContacto (string contactoID, TC tipo_contacto) - void: ApagaContacto (string contactoID, TC tipo_contacto)
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Tabela E-12 – Medico
Medico - N_Ordem: string (PK) - Nome: string - Especialidade: string - Password: string + string []: RecolheMedico () - void: ProcessaMedico (Medico medico) - void: EditaMedico (Medico medico)
Tabela E-13 – Instituição de Saúde
Instituicao - InstituicaoID: int (PK) - Designacao: string - Tipo: string ( e.g. Hosp Central, Hosp Distrital, Centro Saúde .. ) - Distrito: string - Concelho: string - Localidade: string - void: CriaInstituicao ( string desigancao, string tipo, string distrito, string concelho, string localidade) - void: EditaInstituicao (Instituicao instituicao) + Instituicao []: ListaInstituicoes ()
Tabela E-14 – Plano Monitorização
Plano Monitorização - PlanoID: int (PK) - UtenteID: string (FK) - MedicoID: string (FK) - Data_Criacao: date - Data Inicio: date - Data Fim: date - Duracao: int - Contexto_Criacao: string ( e.g. consulta especialidade, clinica geral, etc) - Estado: bool (true-> activo, false-> inactivo) + void: CriaPlano (string utente, string medico, date data_criacao, date data_inicio, date data_fim, string contexto_criacao, bool estado) + void: EditaPlano (PlanoMonitorizacao plano) + PlanoMonitorizacao []: ListaPlanosPorUtente (string utenteID) + PlanoMonitorizacao []: ListaPlanosPorMedico (string medicoID) + Parametro []: ListaParametrosPorPlano (int planoID) + Sensor []: ListaSensoresPorPlano (int planoID) + Sensor []: ListaSensoresPorUtente (string utenteID) + FrequenciaRecolha []: ListaFreqRecolhaPorPlano (int planoID) + Alerta []: ListaAlertasPorUtente (int planoID, string utenteID)
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Tabela E-15 – Parâmetro
Parâmetro - ParametroID: int (PK) - Tipo: enum T {Clinico, Antropométrico) - Sigla: string - Descricao: string - Valor_Max: string - Valor_Min: string - Formula_Calculo: string - Unidade_Medida: string - void: CriaParametro (T tipo, string sigla, string descricao, string max, string min, string formula, string unidade_medida) - void: EditaParametro (Parametro parametro) - void: apagaParametro (int parametroID) + Parametro: ConsultaParametro (int parametroID) + Parametro []: ListaParametros ()
Tabela E-16 – Parâmetro Plano
Parâmetro Plano - Parametro_PlanoID: int (PK) - ParametroID: int (FK) - PlanoMonitorizacaoID: int (FK) + void: InsereParametroPlano (int parametroID, int plano_monitorizacaoID) + int []: ListaParametrosPorPlano ( int plano_monitorizacaoID) + FrequenciaRecolha: ConsultaFrequnciaRecolhaPorParametro ( int parametro_planoID) + Alerta []: ListaAlertaPorParametroPlano (int parametro_planoID, int plano_monitorizacaoID)
Tabela E-17 – Sensor
Sensor - SensorID: int (PK) - Marca: string - Modelo: string - Fabricante: string - Estado: bool (true->op, false->inop) - instituicao: int - void: CriaSensor ( string marca, string modelo, string fabricante, bool estado, int instituicao) - void: EditaSensor (Sensor sensor) - void: ApagaSensor (int sensorID) + Sensor: ConsultaSensor (int sensorID) + Sensor []: ListaSensorPorInstituicao (int instituicao) + Sensor []: ListaSensorPorEstado (int instituicao, bool estado)
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Tabela E-18 – Sensor Parametro
Sensor Parametro - SensorID: int (PK) - Parametro_PlanoID: int (PK) - Tipo_Fornecimento: string (e.g. Empréstimo, aquisição, etc) - Origem: string (e.g. Instituição de Saúde, farmácia, etc) + void: InsereSensorParametro (int sensorID, int parametro_planoID, string tipo_fornecimento, string origem) + int: SensorPorParametro (int parâmetro_planoID) + SensorParametro []: ListaSensorPorTipoFornecimento ( string t_fornecimento) + SensorParametro []: ListaSensorPorOrigem ( string origem)
Tabela E-19 – Medição
Medição - MedicaoID: int (PK) - Parametro_PlanoID: int (FK) - Tipo_Ambiente: enum TA {Formal, Não Formal} - Valor: decimal - timestamp: datetime + void: RegistaMedicao ( int parametro_planoID, TA t_ambiente, decimal valor, datetime timestamp) + decimal []: ListaMedicaoPorParametro (int parametro_plano)
Tabela E-20 – Frequência de Recolha
Frequência de Recolha - FrequenciaID: int (PK) - Parametro_PlanoID: int (FK) - Periodicidade: enum P {diário, semanal, quinzenal, mensal} - Dias_Semana: enum DS { Segunda,…., Domingo} - Dias_Mes: enum DM {1, 2, …..31} - Hora: enum H {1,2,….24, PAL, ALM, LANCH, JANT} + void: CriaFrequencia ( int parametro_planoID, P periodicidade, DS d_semana, DM d_mes, H hora) - void: EditaFrequencia ( FrequenciaRecolha frequencia) + void: ApagaFrequencia ( int frequenciaID) + FrequenciaRecolha: ConsultaFrequencia (int frequenciaID)
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Tabela E-21 – Regra
Regra - RegraID: int (PK) - Parametro_PlanoID: int (FK) - Descricao: string - Condicao: string + void: CriaRegra (int parametro_planoID, string descricao, string condicao) - void: EditaRegra (Regra regra) + void ApagaRegra (int regraID) + Regra: ConsultaRegra ( int regraID) + void: ExecutaRegra (int regraID)
Tabela E-22 – Alerta
Alerta - AlertaID: int (PK) - RegraID: int (FK) - Remetente: string - Contacto_Remetente: string - Parametro: string - Valor: string - Severidade: enum S (Baixa, Média, Alta) - timestamp: datetime + void: CriaAlerta ( int regraID, string remetente, string contacto_remetente, string parametro, string valor, S severidade, datetime timestamp) + void: EnviaAlerta ( int alertaID)
Tabela E-23 – Contacto Regra
Contacto Regra - RegraID: int (FK) - ContactoID: string (FK) + void: InsereContactoRegra ( int regraID, string contactoID)
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Anexo F – Sistemas Fonte - Ecrãs
Figura F-1 – GH-Gestão Doentes – Ficha do doente
Figura F-2 – EPR-Desktop Médico – História Clinica
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Figura F-3 – EPR-Desktop Médico – História Clinica/Biometria
Figura F-4 – EPR-Desktop Médico – Terapêutica
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Figura F-5 – EPR-Desktop Médico – Exames
Figura F-6 – GH – Gestão Doentes – Registo de operações
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Figura F-7 – GH – Gestão Doentes – Actos Médicos (Consulta)
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Figura F-8 – GH – Gestão Doentes – Actos Médicos (Exame)
Figura F-9 – GH – Gestão Doentes – Registo de internamento