o processo civilizador (norbert, e.)

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O PROCESSO CIVILIZADOR E O ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO COMO OBJETIVOS CONTEMPORÂNEOS Catharina Edna Rodriguez Alves UNESP [email protected] Resumo: Uma característica de Elias e que permeia inúmeras de suas obras é a questão da contemporaneidade, isto é, temas que foram abordados ao longo de sua trajetória intelectual e profissional e que ainda estão perenes, em nossa sociedade Elias contrapõe linhas filosóficas, naturalistas e históricas, constituindo um modo particular de abordar o tempo, através da superação dos hiatos produzidos entre as diferentes áreas do conhecimento científico. Foi o formulador da teoria do processo civilizador, na qual a civilização européia teria surgido pela interiorização das limitações e autocontrole dos impulsos, sob o efeito das transformações provocadas pela formação do Estado Moderno. Palavras-chave: História, Processo Civilizador, Contemporaneidade. Abstract: One of Elias´ features and which permeates many of his works is the discussion on contemporaneity, that is, issues that have been approached along his professional and intellectual career and that still linger in our society. Elias opposes philosophical positions, naturalistic and historical ones, establishing a particular way of dealing with time, by means of overcoming hiatuses that have been produced among the different fields of scientific knowledge. He created the theory of the civilizing process, in which the European civilization had been born through the internalization of limitations and the self- restraint of impulses, under the effect of transformations caused by the formation of the Modern State. Keywords: History; The Civilizing Process, Contemporaneity., Über den Prozess der Zivilisation é o título original desta obra que, traduzido significa Sobre o Processo da Civilização, a data da sua primeira publicação, 1939, não foi propícia a uma imediata difusão e recepção da obra na comunidade dos investigadores europeus: quer por ter sido o ano de início da IIª Guerra Mundial, quer por Elias já se encontrar exilado na Grã-Bretanha. A obra O Processo Civilizacional recebe pouca atenção, algo que já não acontece quando é novamente lançado em 1969 e traduzido, pela primeira vez, em francês, no ano de 1973, coincidindo com o período de renovação da historiografia francesa pela “Nouvelle Histoire”. O fato é que essa obra corresponde à introdução ao estudo do pensamento de Elias no Brasil, já que foi o seu primeiro trabalho publicado entre nós, tornando-se, também, o mais conhecido. O Processo Civilizacional é uma obra que ultrapassa o campo da investigação sociológica, passando conscientemente para o campo da Psicologia e para a área da História e Filosofia, fundindo de modo complexo, a fim de tentar esboçar uma Teoria da Civilização. Intimamente ligada à História, pelo modo como Elias lida com o tempo, com a evolução da sociedade e pelo investimento que faz na escolha de fontes escritas e

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Nesta obra, o autor analisa a história dos costumes, concentrando-se nas mudanças das regras sociais e no modo como o indivíduo as percebia, modificando comportamento e sentimentos. Norbert Elias buscou informações em livros de etiquetas e boas maneiras, desde o século XIII até os tempos contemporâneos, para mostrar que os hábitos parecem se colocar em um determinado estágio de uma evolução. Ele procura provar que desde a Idade Média, em que o controle das pulsões era bastante reduzido, até os dias contemporâneos, as classes dirigentes foram lentamente modeladas pela vida social, e a espontaneidade deu lugar à regra e à repressão na vida privada.

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O PROCESSO CIVILIZADOR E O ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO COMO OBJETIVOS CONTEMPORNEOS Catharina Edna Rodriguez Alves UNESP [email protected] Resumo:UmacaractersticadeEliasequepermeiainmerasdesuasobrasaquesto dacontemporaneidade,isto,temasqueforamabordadosaolongodesuatrajetria intelectualeprofissionalequeaindaestoperenes,emnossasociedadeEliascontrape linhas filosficas, naturalistas e histricas, constituindo um modo particular de abordar o tempo,atravsdasuperaodoshiatosproduzidosentreasdiferentesreasdo conhecimentocientfico.Foioformuladordateoriadoprocessocivilizador,naquala civilizaoeuropiateriasurgidopelainteriorizaodaslimitaeseautocontroledos impulsos, sob o efeito das transformaes provocadas pela formao do Estado Moderno.Palavras-chave: Histria, Processo Civilizador, Contemporaneidade. Abstract: One of Elias features and which permeates many of his works is the discussion on contemporaneity, that is, issues that have been approached along his professional and intellectualcareerandthatstilllingerinoursociety.Eliasopposesphilosophical positions,naturalisticandhistoricalones,establishingaparticularwayofdealingwith time, by means of overcoming hiatuses that have been produced among the different fields ofscientificknowledge.Hecreatedthetheoryofthecivilizingprocess,inwhichthe European civilization had been born through the internalization of limitations and the self-restraintofimpulses,undertheeffectoftransformationscausedbytheformationofthe Modern State. Keywords: History; The Civilizing Process, Contemporaneity., berdenProzessderZivilisationottulooriginaldestaobraque,traduzido significa Sobre o Processo da Civilizao, a data da sua primeira publicao, 1939, no foi propciaaumaimediatadifusoerecepodaobranacomunidadedosinvestigadores europeus: quer por ter sido o ano de incio da II Guerra Mundial, quer por Elias j se encontrarexiladonaGr-Bretanha.AobraOProcessoCivilizacionalrecebepouca ateno, algo que j no acontece quando novamente lanado em 1969 e traduzido, pela primeira vez, em francs, no ano de 1973, coincidindo com o perodo de renovao da historiografia francesa pela Nouvelle Histoire. O fato que essa obra corresponde introduo ao estudo do pensamento de Elias no Brasil, j que foi o seu primeiro trabalho publicado entre ns, tornando-se, tambm, o mais conhecido. O Processo Civilizacional uma obra que ultrapassa o campo da investigao sociolgica,passandoconscientementeparaocampodaPsicologiaeparaareada Histria e Filosofia, fundindo de modo complexo, a fim de tentar esboar uma Teoria da Civilizao. Intimamente ligada Histria, pelo modo como Elias lida com o tempo, com a evoluodasociedadeepeloinvestimentoquefaznaescolhadefontesescritase pictricas.Estaobrainteressa,sobretudoreadeestudosdaHistriaCulturaledas Mentalidadesnospelademonstraodaevoluodossentimentosdepudorede vergonhaaolongodaspocasmedievaisemodernas,mas,sobretudo,pelomodode relacionaresubmeterapsicognesedoscomportamentosindividuaissociognese coletiva da organizao estatal. Em o processo civilizador (1994) Elias parte dos manuais de boas maneiras para tentarcompreenderasmudanasdecomportamentodacivilizao.Assim,oqueestes manuais descreviam eram justamente as formas dos indivduos se portarem nas situaes mais cotidianas, como comer, escarrar, assuar, dormir e fazer suas funes corporais e sexuais. Foi nestas aes do dia-a-dia que a sociedade (que j tinha as suas diferenas econmicas e sociais) se repartiu entre os civilizados e o seu poder e prestgio de fazer partedaboasociedade,assimcomo,poderiamserexcludospornoteremboas maneiras. ApreocupaobsicaecentraldoestudodeEliasdescreveroprocessode civilizao do ocidente europeu, isto , demonstrar a evoluo das relaes do homem ocidentalcomoseuprpriocorpo,comassuasnecessidades,instintosfisiolgicos, emocionais e o modo como esta evoluo se refletiu nas relaes entre indivduo foi condicionada pela evoluo histrica da sociedade. O que Elias acaba por fazer uma introduoaumapossvelhistriadosusossociais,polticosdocorpo,damente humana, e do modo como ao longo da obra a construo de um Estado centralizado se conjuga com o aumento de interdies e recomendaes corporais, revela a existncia de mecanismos de controle individual ativados pelo coletivo. Norbert Elias pretende alertar paraofatodenoseremsosfatoresmateriaiseintelectuaisasofreremalteraes histricas, pois estas tambm atuam sobre o modo de ser e de agir do indivduo.Segundo Brando (2000 p.40) para comprovar a sua tese, Elias ir se utilizar de dois aspectos, classificados por ele como empricos, presentes nas relaes sociais: a histria doscostumesdoshomensnavidacotidianaeaformaodoschamadosEstados nacionais, sendo que tais aspectos no podem ser entendidos como independentes, muito pelocontrrio,devemserentendidoscomointerdependentes.Eliascomplementaa definiodecivilizaoafirmandoqueeladeveserentendidacomoumprocesso contnuo, ainda no acabado e sem a possibilidade de definirmos uma causa nica, algum tipo de ponto inicial, ponto zero, da civilizao ou qualquer tipo de relao causalNeste aspecto a obra possui carter humanista pelo fato de Elias juntar as pesquisas empricascomdadoshistricosreconhecidoscriandoumafontedeinformaessem lacunas, pois, ele consegue unir a aspectos histricos prticos, reais com as teorias, criando umaobracomumaleituraparticipativa,intriganteequequebraatradiodehistria linear, plana, distante sem uma pratica social. O livro O Processo Civilizacional no s o mais ambicioso projeto de trabalho de Norbert Elias, como tambm um marco na evoluo das cincias sociolgicas e histricas, pois,trazimportantescontribuiesenovidadesmetodolgicasdeinformao, enriquecendo estas reas de estudo. um trabalho de ruptura com os moldes em que se fazia a sociologia tradicional, ainda demasiado ligada ao positivismo, ao estruturalismo. A uma viso esttica e individualista da sociedade que conduz a estudos de tempo curto e tendentesageneralizarasobservaesdocomportamentohumanorespeitantesauma poca a todos os tempos. Para se entender a obra e a sua dimenso total, no se pode ignorar ao longo da sua leitura a conjuntura mundial em que foi escrito: 1939 que um ano de culminar de tenses edetransformaesnumaEuroparecm-entradanosculoXX,recm-sadadeuma Guerrainauditaescalamundialeprestesaentraremoutroconflitodeenormes dimenses, que iria mudar a face da organizao poltica e das relaes entre as grandes potncias mundiais. Dadas as circunstncias em que foi produzido, um trabalho bastante acertado nas concluses e previses que faz em relao a esta mesma evoluo da poltica mundial e da nova conjugao de foras. Assim,ocaminhoqueEliaspercorreparamostrarasuateoriadosprocessosde civilizao comea na dissecao das relaes sociais existentes na sociedade guerreira, passam pela sociedade feudal e pela sociedade de corte absolutista e termina no advento da sociedadeburguesa.Essecaminho,logicamente,noocorreudemaneirahomognea, como se o processo histrico fosse uma linha reta ou no fosse constitudo por numerosas flutuaesetambmporfreqentesavanosourecuos.Aspassagensdeumtipode configurao social para outro devem ser entendidas como transies, as quais no podem ser determinadas com absoluta exatido. EntreosmuitosobjetivosdeElias,estigualmenteodeexplicitarquaisos mecanismos sociais, histricos, polticos e econmicos que possibilitaram a existncia de tais sociedades, bem como as foras de coeso ou as foras de distino as quais ele ir chamardeforascentrfugas,quepropiciaramasucesso,naquelaseqncia,desses diferentes tipos de sociedades ou configuraes sociais. Neste item, Elias apresenta seu humanismo quando mostra o seu ecletismo cultural, racional, porque ele consegue juntar as suas pesquisas empiricas com dados propriamente histricos e criar um estudo que aborda os diversos assuntos, nos mais variados aspectos. SegundoElias,temosqueoprocessodecivilizaonoserealizadeforma homognea e retilnea. Porm, esse processo possui uma direo especfica, a qual no perceptvel para os prprios indivduos que participam desse processo. Tal direo somente se torna perceptvel quando utilizamos, como mtodo de anlise histrica e sociolgica, a observao de dados empricos presentes num grande espao temporal, numa perspectiva de longa durao. De fato, a perspectiva da longa durao fundamental no pensamento de Elias, o qual acredita que algumas transformaes sociais podem acontecer apenas quando houverumdesenvolvimentoqueabarquevriasgeraes,equeocientistasocialum cientista especializado, para Elias deve ser o encarregado de investigar os processos sociais de longo curso. Em suma, em O processo civilizador, a indagao central que motiva o plano da obra de Elias estabelecer a correlao entre processo de individuao e formao dos Estados Nacionais,querdizer,entremudanalongoprazo,nasestruturasdapersonalidade reforoediferenciaonocontroledasemoessomentenessesentidoquedeveser entendido o processo civilizador como categoria analtica e a mudana a longo prazo, na sociedade como um todo, pois ambas tenderiam a uma direo particular: um nvel mais alto de diferenciao e integrao social prprio da configurao estatal da sociedade, pois, segundoElias,aestruturadocomportamentocivilizadoestestreitamenteinter-relacionada com a organizao das sociedades ocidentais sob a forma de Estados. Portanto, aocriarseumodeloanaltico,Eliasnopensavaoprocessodecivilizaoemtermos metafsicos,comoseasnoesdeevoluooudesenvolvimentopressupusessemum progresso automtico e inespecfico. Nessesentido,sepensadasemtermosdeatividade/processo,asestruturasde personalidade e as estruturas sociais no sero consideradas como se fossem fixas, mas sim comomutveis,comoaspectosinterdependentesdomesmodesenvolvimentodelongo prazo.Oproblemadeprocedimentoeracomodemonstrarumamudanaestrutural especfica ligada configurao estatal da sociedade com evidncias empricas confiveis parafinalmentechegaraumesbooprovisriodeumateoriadecivilizao.Outro complicador era justamente o fato de Elias tratar de coisas novas com palavras carregadas deumsentidoantigo,taiscomoprocesso,desenvolvimentoeevoluo,oquenosfaz entender as ressalvas que fizera no prefcio de 1968. Eliasfazumaanlisedaevoluodoscostumes,quecaracterizaoprocesso civilizador,desorteaarticularoquepoderamoschamardeumapsico-sociologiados indivduos com uma sociologia dos grupos ou classes sociais, colocando questes bastante complicadas.Comoelemesmodiz,tentaabrircaminhocompreensodoprocesso psquicocivilizador,elequersaberseasmudanaspsquicasobservveisnocursoda histria ocidental ocorreram em uma dada ordem e direo. Outro aspecto da indagao de Elias diz respeito idia que ele sustenta a respeito da estreita relao que existe entre psicognese, ou seja, nenhum ser humano chega ao mundo civilizado e que o processo civilizadorqueelenecessariamentetemquesofrerafunodoprocessocivilizador social. SegundoHeinich(2001,p.50)naSociognesedosConceitosdeCivilizaoe Cultura,agrandepreocupaodeNorbertEliasdefiniroconceitodeCivilizao, preocupao lgica j que ele o tema central da sua obra. No entanto, depara-se, logo de incio, com a necessidade de efetuar algumas distines preliminares entre os vrios nveis de significado existentes neste conceito: se a definio geral de Civilizao exprime a auto-conscincia do Ocidente por oposio aos chamados brbaros ou incivilizados oposio que j estava fortemente presente na conscincia grega, pois condensa tudo aquilo em que asociedadeocidentaldosltimosdoisoutrssculoscrsuplantarassociedades anteriores ou as sociedades contemporneas mais Primitivas, o mesmo no acontece com osmodelosespecficosdeevoluosocialdosdiferentespasesocidentais.Nocaso alemo, torna-se necessrio proceder a uma sub-diviso dentro do conceito Civilizao, surgindo, assim, o binmio Zivilisation e Kultur.Comtudo,aescolhadaFranaedaAlemanhacomoparadigmasdasociognese destesdoisconceitosfundamentalparaesclarecerasuaevoluoparalelaeasua consolidao como expresses definidoras da auto-conscincia de dois pases por oposio um ao outro, mas tambm para ilustrar como a cultura das elites polticas, isto , como a cultura da corte, forma, ao longo da Idade Moderna, um todo homogneo, que se sobrepe s especificidades de cada reino ou principado e que acaba por se impor como modelo de civilizao a toda a sociedade. De fato, ao escolher os casos francs e alemo, deixando outros importantes centros europeus como a Inglaterra, Elias opta pelos dois modelos mais distintos de organizao e dinmica social, que daro origem aos plos irradiadores dos dois grandes modelos gerais de civilizao existentes na Europa. Por estes exemplos fica provado que diferentes modos de organizao e de evoluo econmica, social e poltica quecorrespondemadiferentessensibilidadesepercursosmentais.Assimocaptulo dedicado especificidade alem relaciona-se intimamente com o momento histrico que se vivianapoca:aexacerbaodoanti-semitismotentouserjustificadaporvrios socilogos a partir de alguma particularidade civilizacional deste pas. A marginalidade cultural e poltica a que a Alemanha se encontra voltada nos sculos XVIIeXVIIIemrelaosociedadecortesdaFranaedaInglaterraresultanuma imitao sem criatividade da produo cultural e letrada daqueles grandes centros e dos moldesabsolutistasecerimoniaisdeorganizaodacorte.Comestetipodevivncia cortes no se identificava a classe mdia letrada afastada da corte imperial, conotando-a com o artificiosismo e futilidade que ressaltava da corte francesa, opondo-lhe um outro modelo de vivncia cultural, totalmente baseado no aspecto interior do indivduo e na sua formao moral e intelectual, criando assim um novo conceito: a Kultu. Primeiramente utilizadonombitodestaclassemdiainsatisfeita,ganhourelevnciacomaascenso cultural do Romantismo e com o processo de unificao poltica deste pas, passando a designar a auto-conscincia alem por oposio ao conceitoZivilisatio, identificado com asfteisimportaesculturaisfrancesas.Temos,ento,asociognesedosconceitos civilizao e cultura na Alemanha. A sociognese do conceito de auto-conscincia nacional francs Civilisation, ocorre tambmdeacordocomosmoldesespecficosdeevoluosocialdestepas.Aqui,a burguesia cedo foi incorporada nos meios cortesos, e adotou os modelos de vivncia deste espao de poder, havendo uma grande interpenetrao de valores e comportamentos, tanto que no sculo XVIII os modos burgueses e aristocrticos franceses j no diferem muito. Incorporada a burguesia no conceito de Civilisation, este rapidamente passa de um termo de auto-definio cortes para um termo de auto-definio nacional. No fundo, para Elias, a diferena sociogentica destes dois conceitos entre a Alemanha e a Frana simples: na Alemanha, a sociedade de corte no conseguiu generalizar restante sociedade, da que se tenha imposto como conceito nacional uma palavra que exprime oposio vida cortes, ao passo que na Frana, este processo de assimilao dos moldes cortesos pela burguesia e restantes camadas sociais, foi bem sucedido, resultando a identificao nacional francesa no conceito que designa precisamente as relaes na corte. Estabelecidas as diferenas entre a evoluo social de dois conceitos em duas naes com percursos to diferentes, Elias volta-se, para a evoluo do modelo que vingou na Europa ocidental sob a esfera cultural francesa e dedica-se evoluo dos comportamentos nos territrios hoje correspondentes Frana e Inglaterra, os casos mais adequados ao tipo de esquema evolutivo que defende. Tal monoplio por parte do caso francs na obra deEliasalgoquetransparecenosnoestudoemanlise,mastambmnaobraA Sociedade de Corte acaba por tornar as anlises a apresentadas demasiado especficas e no aplicveis a outros pases da Europa, sobretudo ao caso alemo, tardiamente unificado como Estado e no sob o signo da generalizao dos comportamentos cortesos.Neste ponto percebe-se no apenas nessa obra como na obra Mozart: a sociologia de gnio a presena da psicologia cincia responsvel pelo estudo e analise do individuo e comoesteagenasociedade,assim,Eliasutiliza-separalegitimaroseupensamentoe compor a sua obra de duas cincias a sociologia e a psicologia, no caso a utilizao das cincias humanas para explicar um fato ou acontecimento social e esta analise contribui de alguma forma para a sociedade tem-se no caso uma caracterstica humanista. Civilizao como Transformao Especfica do Comportamento Humano o ttulo do segundo ponto do Processo Civilizacional, que se equaciona com a exposio feita na terceira parte, intitulada Da sociognese da Civilizao Ocidental. Se na segunda parte, Norbert Elias faz uma sntese do que foi, para ele, todo o processo de assimilao de novos comportamentos por parte dos europeus ocidentais desde a Idade Mdia at ao final da pocaModernaedivideoprocessocivilizacionalemetapasdeevoluoindicandoas caractersticas de cada uma delas e o sentido global que tomam, na terceira parte prope-se justificaraevoluodoscomportamentosindividuaisatravsdaevoluosocial, econmicaepolticaeuropia,contemplandootipodeorganizaocorrespondenteao feudalismo, formao dos primeiros estados ou reinos e ascenso do absolutismo, j que, para ele, a resposta para as transformaes emocionais dos indivduos reside no tipo de enquadramento social a que esto sujeitos. Estas duas partes formam o corpo da obra, resultandodafusodeambas.Soospontosmaisimportantesesistematizados,que deixam transparecer um trabalho direto com fontes escritas iconogrficas e uma integrao bemsucedidaporpartedoautornoambientedeproduointelectualdostextosque apresenta. Elias apresenta, assim, um esquema de evoluo do comportamento humano baseado em trs conceitos diferentes, correspondendo cada um a uma etapa dos moldes de conduta idealpreconizadospelasclassesdirigenteseaumafasedasociognesedacivilizao ocidental. O primeiro, a courtoisie, um conceito que resumia a autoconscincia aristocrtica e o comportamento socialmente aceitvel na Idade Mdia e se refere a um determinado lugar na sociedade da poca: a corte. Dessa forma, a cortesia era um cdigo especfico de comportamento, prprio dos crculos cortesos das grandes cortes feudais que, apesar de ter como objetivo inicial distinguir este grupo dos demais acabou mais tarde sendo comparado s maneiras rudes dos camponeses, designa o padro feudal e, embora as maneirascavaleirescasmedievaisnuncatenhamsidotoestritaserepressorasdos instintos naturais como as maneiras impostas em pocas posteriores, Elias escolhe esta poca histrica como ponto de partida para o seu estudo embora fazendo a importante ressalva para o fato de o processo civilizacional no ter um grau zero de iniciao, pois sempre existiu e interminvel, j que residem a muitas das linhas-chave da evoluo civilizacional europeia. Otermocourtoisieexpressaosentimentodeauto-distinodacamadasuperior secular,daelitepertencentecorteedesejosadesefazerdistinguirdasrestantes camadas sociais atravs de um comportamento especfico; j est tambm a presente a centralidade social do comportamento mesa e a homogeneidade de comportamentos entre todas as camadas cortess, independentemente da sua localizao geogrfica ou nacionalidade revelam uma mesma corrente de tradio comportamental recomendada camada social superior. A sociognese do comportamento courtois corresponde ento sociognese das grandes cortes feudais europias, locais onde se comeam a formar os primeiros sistemas de monoplios Elias distingue trs tipos de monoplios essenciais formaodeumpodercentralizado:omonopliomilitaredaviolnciafsica,o monopliofiscaleomonoplioeconmicoeondejseidentificamncleos considerveis de poder centralizado. No territrio francs esta fase civilizacional corresponde aos sculos XI-XIII, quando o detentor da coroa real possui apenas um poder simblico sobre os restantes senhores feudais,poisassuaspossesepotencialidades econmicas e militares so iguais s dos demais. S no sculo XIV, aps o perodo de grande conturbao marcado pela Guerra dos CemAnos,queacoroafrancesaseassumecomoagrandedefensoradoterritrio continental,podendoreclamarparasioprocessodemonopolizao.Acrescente centralizao do poder nas mos de um cada vez menor nmero de grandes senhores e a conseqenteeliminaodospequenosadversrios,significaaperdadeautonomiapor parte dos guerreiros, que se comeam a aglomerar em torno das, tambm cada vez maiores, cortes, implicando alteraes comportamentais, como uma maior conteno dos atos. sob estas condies que o comportamento courtois evolui e se complexifica., a passagem para o segundo tipo de sociabilidade europeia que Elias designa como civilit, termo inaugurado no segundo quartel do sculo XVI com o De Civilitate Morum Puerilium de Erasmo, tratado respeitante ao externum corporis decorum ( compostura exterior do corpo), mas que, sendo um produto humanista, d uma extrema importncia aos valores morais e formao cultural das crianas, desvalorizando um pouco as distines sociais sempre patentes neste tipo de literatura.Ainda com alguns resqucios do padro courtois, as prticas da civilit, generalizadas napocadetransioquefoiacentriaquinhentista,contmbastanteselementosde modernidade, sobretudo no modo como aconselham e exemplificam: no so to marcadas pelo maniquesmo oposio irredutvel entre o bom e o mau, entre o amigo e o inimigo, entreoprazereodesprazermedievalesomaisadaptadasaoindivduoesituao especfica vivida por este , pois, trazem consigo a marca de um temperamento individual, so fruto de uma observao emprica e de uma anlise psicolgica das situaes, so mais subtise,sobretudo,demonstramumaprticacorretivamaisafveldoqueamedieval. Assim, os homens comeam sobretudo a regrar-se por aquilo que ou no conveniente, por uma maior observao e imitao do comportamento alheio. Cresce a presso mtua entre os membros da mesma sociedade e o autocontrole social: algumas regras esto j interiorizadas, supondo isto outro tipo de bases comportamentais que os homens medievais nodispunhameoutrasvocontinuaras-lo,atoindivduoatingirumgraude autocoaco que o dispense de repreenses externas. A civilit corresponde os sculos XVI-XVIII, perodos de burocratizao do aparelho estatal,deaperfeioamentodocontrolesocialporpartedopodercentraljinstalado, sculos de protagonismo da corte rgia francesa absolutista, de curializao da nobreza e de ascenso social da burguesia. , sobretudo ao longo do sculo XVII que os mecanismos cortesosdecontrolopulsionalestomaisativos:noporacasoqueacentria seiscentista considerada o sculo da diplomacia, pois o refinamento das pulses e as lutas pela ascenso ao poder social tomam a forma da astcia, da dissimulao, da afabilidade calculista.Aumentaograudedependnciadosnobresemrelaoaomonarca,masas inter-relaes sociais sofrem transformaes a outros nveis: a generalizao da circulao monetria, o alargamento dos circuitos comerciais, a complexificao da vida econmica, a maiordiferenciaoeespecializaoprofissional,tornamosindivduosdetodasas camadas sociais mais interdependentes, o que generaliza os comportamentos cortesos restante sociedade, uniformizando-os. Assim, o modelo social da civilit complexificado ao longo do sculo XVIII, dando lugaraoterceiroconceitodesociabilidade:odecivilization.Acivilizationsurgenum momento histrico de forte interpenetrao entre os hbitos das classes superiores e das classesmdiasedegeneralizaodosmodeloscortesosdesociabilidadesrestantes camadas sociais: o final da etapa de evoluo civilizacional das camadas superiores da sociedade.Protagonizadanospelanobrezadecorte,mastambmpelascamadas burguesas em pleno assalto econmico e poltico primazia social, a civilization a fase emquetodososnovoscomportamentosdeeliteseencontramfixadosetodosos indivduos da alta sociedade perfeitamente autocontrolados e polidos, passando-se ento a umafasedecolonizaocomportamentaldarestantesociedade.ParaElias,ograude civilizaoatingidopelaselitesocidentaisnofinaldosculoXVIII,mantm-sesem alteraessubstanciaisatatualidaderegistrandoapenasasuapropagaosclasses baixas. Todas as transformaes civilizacionais apontadas por Norbert Elias so geradas pelo mesmo processo cclico de desejo de distino social atravs do refinamento contnuo das maneiras por parte dos cortesos, seguido de imitao destes moldes pelas camadas da alta burguesia, cujo prestgio dependia no da riqueza monetria, mas da nobreza social e da generalizaodasprticaselegantesatodaasociedade.Acriao,imitaoe generalizaoprogressivasdoscomportamentoscortesos,nosentidodepropagao centro, corte e periferia, outros espaos sociais dos hbitos corretos, faz-se numa direo especfica,aqueEliaschamadescidadolimiardereatividadeaversivaedepudor correspondendo ao afastamento e dissimulao das funes corporais de cada indivduo, diminuiodocontactofsicoquotidianoeespontneocomosoutros,crescente individualizaoeisolacionismosociais,aoaumentodopudor,daauto-repressodos instintos,aorecuodosespaoslcitosviolnciafsicamonopolizadapeloEstadoou regulamentada em forma de jogo e com base em critrios de pura hierarquia social e de lgica de poder, no racionais, no cientficos, j que os argumentos de higiene e sade surgem posteriormente. Para Elias, o processo de evoluo humana j esquematizado, embora no obedea a umplanejamentoprvioeracional,d-sedemodoregradosobaorientaodas interdependnciassociaiseemdireoaummodelocomum:oindivduolevadoa regularoseucomportamentodeformaestveleracional,menosguiadapelaspaixes momentneas,maisinteriorizada.Oparadigmaescolhidoparailustrarosentidoda civilizao europia por Norbert Elias a evoluo que ele prprio designou como Do Guerreiro ao Corteso. Em suma, a historiografia atual deve muito a este autor que, atravs da Sociologia, fez da corte um objeto de estudo histrico incontornvel na anlise da cultura europia moderna. Elias , ainda hoje, visto como o fundador das investigaes cortess, sendo de citao quase obrigatria nas obras relacionadas com esta temtica. A dificuldade de sistematizar o processo civilizacional, sentida pelo prprio autor, deriva das relaes complexas e quase indestrinveis que os nveis da vivncia humana mantm entre si, o individual funde-se com o coletivo, o privado com o pblico, o exterior com o interior, a evoluo social, poltica e econmica da comunidade com a evoluo psicolgicadoindivduo,formandoumconjuntoqueageglobalesimultaneamente, acumulando experincias e fatos, num ciclo que se complexifica a cada. Elias, imbudo de teorias sociolgicas e biolgicas de evoluo das espcies vivas, vai ao ponto de comparar a ontognese do indivduo com a filognese social, isto , diz que os mtodos de represso a que uma criana v sujeita a sua espontaneidade e as transformaes que sofre at atingir a idade adulta so anlogas s do homem medieval no seu processo de civilizao at se tornar num homem do sculo XVIII. Heinich (2001, p.21) discorre que Elias sugere como concluso, que como o processo decivilizao,apesardenoserrazovelouracional,notampoucoirracional, possvelintervirparaorient-loemumsentidomaisadaptadosnecessidadesda humanidade,demaneiraafazercomqueohomemencontreoequilbriodurvelou mesmooacordoperfeitoentresuastarefassociais,oconjuntodasexignciasdesua existncia social, por um lado, e suas tendncias e necessidades pessoais por outro lado. Assim, o conhecimento sociolgico pode encontrar uma aplicao pratica em um projeto humanista, visando melhorar a estrutura das inter-relaes e a cooperao entre os homens. decisivooalertaqueaobradeixaparaacentralidadedastransformaesdo psiquismo humano ao longo do processo civilizacional:ParaElias,querecuperaalgumateorizaopsicanaltica,oestudohistricoe sociolgiconopodeignoraroinconscientehumano,ondesealojamosimpulsoseos pudores sociais que explicam todo o comportamento de uma sociedade em determinada fasedasuaexistncia:umainvestigaoqueselimiteideologiaumainvestigao limitada partida. O que este socilogo vem dar ao meio cientfico da poca um novo modo de olhar e de lidar com as regies mais obscuras do humano, mostrando que at os instintos tm histria e so permeveis a todas as transformaes humanas, estando por isso validados a participar nos estudos histricos sobre o Homem. Elias ope uma viso dinmica que encara a sociedade no como um objeto imutvel de estudo, mas sim como um processo sujeito a modificaes contnuas de longo prazo. As novidades introduzidas no campo da Sociologia por esta obra situam-se, ento, sobretudo a nvel conceptual: so postos ao servio do socilogo novos instrumentos intelectuais de trabalho, como o conceito de processo oposto ao de estado, teorizado por Talcott Parsons ao descriminar categorias bsicas e rgidas da evoluo social do indivduo; so destrudas vises que consideram a mudana social um estado excepcional de transio entre dois estadosimutveisequeconsideramoindivduocomoentidadedistintaeseparadada sociedade, recusando a interpenetrao e a dinmica de evoluo contnua entre as vrias camadas do conjunto sociolgico; so inaugurados termos e expresses como sociognese, psicognese, vida afectiva, modelao das pulses, coaes exteriores/autocoaes, limiar dereatividadeaversiva,forasocialoumecanismomonopolista.Aprpriaexpresso Processo de Civilizao ou Processo Civilizacional nova e implica a compreenso e a assimilao desta contnua transformao social. Apesardestalucidezemrelaodireotomadapeloprocessocivilizacional,a teoriaglobaldecivilizaoapresentadaporEliasreveste-sedecontornosalgo deterministas e demasiado cingidos ao estudo das estruturas de poder secular, ainda que seja o prprio autor a desmentir tal hiptese, quando afirma ser o processo de civilizao umprodutototalmentehumanoebastanteirregular,tantoporquechegaaidentificar momentos de recuo da reatividade aversiva e da centralizao estatal, como porque no o toma como universal. , no entanto, verdade que Elias peca pela infalibilidade com que reveste as suas relaes causa-efeito e, sobretudo, pela negligncia a que vota o papel da Igreja e da religio dando uma justa, mas exagerada centralidade corte e antecipando a consolidao do Estado Moderno e da centralizao dos poderes. O modo como relata a emergnciaeexpansodoaparelhoadministrativoestataldeixatransparecerumafalsa facilidade na obteno do controle territorial e na eliminao dos privilgios por parte dos monarcas, quando este foi um processo moroso e nem sempre bem sucedido. J ohanGoudsblom(1977apudMennell,1998:252),alunoediscpulodeNorbert Elias, resume os princpios de sua sociologia em quatro pontos: sociologia diz respeito a pessoasnoplural(figuraes);asfiguraesformadaspelaspessoasqueesto continuamente em fluxo; os desenvolvimentos de longo prazo so em grande medida no planejados e no previsveis; o desenvolvimento do saber d-se dentro das figuraes, e um dos aspectos importantes do desenvolvimento. Para Landini (2005 p. 5) o termo configurao ou figurao foi cunhado por Elias como contraponto noo de homo clausus, expresso que, em seu entender, traduzia bem estgio das cincias sociais no final do sculo XIX e incio do XX5. A noo de homo clausus, que tanto incomodava Elias, pode ser entendida como a dualidade entre sujeito e objeto, entre indivduo e sociedade e significa o entendimento do indivduo como um ser atomizadoecompletamentelivreeautnomoemrelaoaosocial.Oconceitode figurao,emcontraposio,buscaexpressaraidiadequeossereshumanosso interdependentes, e apenas podem ser entendidos enquanto tais: suas vidas se desenrolam nas,eemgrandepartesomoldadaspor,figuraessociaisqueformamunscomos outros;asfiguraesestocontinuamenteemfluxo,passandopormudanasdeordens diversas algumas rpidas e efmeras e outras mais lentas e profundas; os processos que ocorremnessasfiguraespossuemdinmicasprpriasdinmicasnasquaisrazes individuaispossuemumpapel,masnopodemdeformaalgumaserreduzidasaessas razes (Goudsblom e Mennell, 1998). Alm disso, no entendida como uma construo mental e, portanto, como uma mera abstrao ou algo que existe para alm do indivduo ainda que possa ser entendida como relativamente independente daqueles que esto tomando parte de uma determinada pea, jamais entendida como independente dos indivduos enquanto tais. Um segundo objetivo discutir a mudana a respeito de as figuraes estarem sempre em fluxo.Elias coloca-se contra a idia de uma sociologia focada principalmente no presente de Estados-Naes entendidos enquanto sistemas isolados. Isso seria uma conseqncia do longoprocessodenegaodasteoriasevolucionriasedoconceitodeprogressodos sculos XVIII e XIX, o beb ter sido jogado fora junto com a gua do banho.incorretotentarexplicareventossociaissimplesmenteemfunodasaes humanas intencionais: os processos so engendrados pelo entrelaar de aes intencionais eplanosdemuitaspessoas,masnenhumadelasrealmenteosplanejououdesejou individualmente: Porfim,aquartaeltimacaractersticadasociologiaeliasianadizrespeitoao desenvolvimento do conhecimento. O principal problema a ser enfrentado por uma teoria doconhecimentoentendercomoosconceitossetransformamesetornammais adequados e apropriados anlise do processo social. A crtica do autor tanto sociologia quantofilosofiadoconhecimentoquesoestticos.Dessaforma,devemser transformadosemestudosprocessuaispormeiodoestudododesenvolvimentodos prpriosconceitos.Damesmaformaqueosprocessosculturaisestorelacionadosao processo da civilizao, o conhecimento no algo separado da sociedade.O conceito de configurao de Elias indica uma importante superao do modelo que prevaleceu no pensamento moderno e ajuda a fazer esse mundo falar a ns, por assim dizer, tornar audveis os seus silncios: explicar o que aquele mundo no percebia.. Pela suaentradaepistemolgicaqueestvinculadacomarecusaaopensamentodisjuntivo, Elias nos ajuda a no reconstruir um outro mundo, mas a dar lugar ao outro do nosso prprio mundo. E, mais uma vez, estamos diante de um humanista que no esconde o seu desejo de viver uma democracia. Referncias BRANDO, C. F. A teoria dos processos de civilizao de Norbert Elias: o controle das emoes no contexto da psicognese e da sociognese. (Tese de Doutorado) Marlia, S.P. Universidade Estadual Paulista UNESP, 2000.ELIAS,N.Oprocessocivilizador:umahistriadoscostumes.RiodeJ aneiro:J orge Zahar.1993. v 1. GOUDSBLOM, J . and MENNELL, S. (editors). The Norbert Elias Reader. Oxford, UK and Malden, USA: Blachwell Publishers Ltd., 1998. HEINICH, N. A sociologia de Norbert Elias. Trad: Viviane Ribeiro. Bauru. Edusc, 2001 .LANDINI,T.S.ASOCIOLOGIAPROCESSUALDENORBERTELIAS.IXSimpsio Internacional Processo Civilizador. 2005.