o processo administrativo fiscal - josehable.adv.br · e no paf, faz mais sentido ainda entender...
TRANSCRIPT
1
O PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL ASPECTOS POLÊMICOS E RELEVANTES
José Hable1
INTRODUÇÃO
O processo administrativo nasceu com o estado de direito, onde as garantias
individuais se constituem em direitos fundamentais. Tem ele como ponto de partida a
Constituição Federal de 1988 (CF/88), que consagrou de forma explícita o princípio do
devido processo legal, em seu art. 5º, LV, ao estabelecer que são assegurados o contraditório e
ampla defesa aos litigantes e aos acusados em geral, em processo administrativo.
Assim, o Processo Administrativo Fiscal (PAF) encontra o seu fundamento na
CF/88 e legislações infraconstitucionais (CTN e legislação específica de cada ente). Relevante
informar que está em discussão no Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar PLP
381/2014 (Origem: PLS 222/2013), que estabelece normas gerais sobre o PAF no âmbito das
administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Desse modo, todo contribuinte tem direito de defender-se, caso seja autuado pela
fiscalização tributária, sem necessariamente ter que recorrer ao órgão judiciário, podendo
fazê-lo de forma administrativa, ou seja, junto às próprias repartições fiscalizadoras.
O PAF instaura-se no exato momento em que o lançamento tributário é impugnado
pelo sujeito passivo, e nesse instante, altera-se a natureza jurídica da relação, passando de
procedimento para processo, amparado em princípios processuais, que fixam regras e
garantias.2
Neste trabalho, serão discutidos alguns pontos de relevância no PAF, relacionados
principalmente aos seus prazos, competências e procedimentos previstos nas legislações
tributárias, que geram polêmica e controvérsia na doutrina e jurisprudência de nossos
tribunais, como os prazos de decadência e prescrição, o controle de constitucionalidade pela
Administração, a coisa julgada administrativa, a reversão de decisão administrativa
desfavorável ao Fisco pela Justiça e o oferecimento de denúncia pelo Ministério público (MP)
antes do término do PAF, entre outros.
1JOSÉ HABLE, Auditor Fiscal da Secretaria de Estado de Fazenda do Distrito Federal. Conselheiro e
Presidente do Tribunal Administrativo de Recursos Fiscais. Mestre em DIREITO INTERNACIONAL
ECONÔMICO. Pós-graduado em DIREITO TRIBUTÁRIO. Graduado em DIREITO, ADMINISTRAÇÃO
DE EMPRESAS e AGRONOMIA. Professor de pós-graduação e graduação. Autor de livros. 2 MARINS, James. Processual tributário brasileiro, Dialética, 2003, p. 28.
2
Para isso, busca-se responder aos seguintes questionamentos:
1. É procedimento ou processo administrativo fiscal?
2. O duplo grau de jurisdição é uma garantia constitucional?
3. Qual o momento em que poderá ocorrer a decadência ou a prescrição tributária
no PAF?
4. Caso não ocorra o pagamento de tributo declarado, para sua exigência correrá
qual prazo extintivo?
5. Há causas impeditivas do prazo prescricional?
6. Com a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, pela interposição da
impugnação, ocorre também a suspensão da prescrição?
7. Há prescrição intercorrente no PAF?
8. Há prazos para a conclusão do PAF?
9. O que ocorre com o recurso interposto fora do prazo legal?
10. Há renúncia ou desistência ao direito de recorrer no PAF?
11. Há PAF nos impostos sujeitos ao lançamento por homologação?
12. Pode a autoridade julgadora, no PAF, apreciar matéria de constitucionalidade?
13. Há coisa julgada administrativa no PAF?
14. A Administração pode ingressar na Justiça para reverter decisão administrativa
desfavorável ao Fisco?
15. No PAF, em que momento o MP pode oferecer a denúncia criminal de exigência
fiscal?
2. O PR0CESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
A primeira indagação que surge , quando se vai estudar o PAF, é sobre a própria
expressão: procedimento ou processo administrativo? Não obstante a divergência doutrinária,3
tem-se o entendimento que o procedimento administrativo fiscal se refere a todos os
procedimentos administrativos relativos à apuração dos tributos, antes da impugnação pelo
sujeito passivo. O processo administrativo fiscal, por sua vez, instaura-se no exato momento
3 JUSTEN Filho, Marçal. Considerações sobre o “Processo Administrativo Fiscal”, in Revista
Dialética de Direito Tributário nº 33/108 a 115.
3
em que o lançamento tributário é impugnado pelo sujeito passivo e o processo judicial fiscal é
aquele que se desenvolve perante o Poder Judiciário.4
Assim, trata-se de Processo administrativo Fiscal, que é uma sucessão itinerária e
encadeada de atos administrativos que tendem, todos, a um resultado final e conclusivo.5 Seu
objeto é, por excelência, o lançamento tributário, vocábulo que apresenta duas acepções:
procedimento e ato administrativo, como definido no art. 142 do CTN.6
Relevante colocar inicialmente algumas peculiaridades e especificidades do PAF.
A doutrina7 apregoa que, não obstante inexista texto expresso na CF/88 sobre o
duplo grau de jurisdição, ele estaria ínsito no sistema constitucional brasileiro, sendo,
portanto, uma construção doutrinária, a fim de melhor garantir a essência do due process of
law. Contudo, apesar da ampla construção doutrinária sobre o duplo grau de jurisdição, veio o
Supremo Tribunal Federal (STF), em várias oportunidades, posicionar-se no sentido de que
não se insere, na Carta de 1988, a garantia do duplo grau de jurisdição administrativa.8
Assim, regra geral, pode-se afirmar que a CF/88 prestigia o duplo grau de jurisdição
como um princípio, pois a ele apenas se refere, e não como uma garantia.9
E no PAF, faz mais sentido ainda entender que o duplo grau de jurisdição não é uma
garantia constitucional, porquanto suas características e regras informadoras apenas podem
comportar como um princípio, e ainda quando assim a lei do ente tributante dispuser.
Isso porque, o sistema administrativo adotado pelo Brasil é o Sistema Inglês,
denominado também de sistema de jurisdição única, em que todos os litígios, administrativos
ou não, podem ser dirimidos pelo Poder Judiciário, e assim todo ato administrativo pode ser
revisto pela Justiça.10
4 CASSIONE, Vittorio, Maria Eugenia Teixeira Cassone. Processo tributário: teoria e pratica, 6ª ed.
– São Paulo: Atlas, 2005, p. 24. 5 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Malheiros, São Paulo,
1998, 10 ed. pp. 315 a 318. 6 BRASIL. CTN, “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito
tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido,
identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” 7 MARQUES, José Frederico, Instituição de direito processual civil, v. IV, p. 210, 1958-1960. apud
Barbosa Moreira, Comentários ao código de processo civil, 2ª ed., v. V, nº 257, p. 458-9. 8 STF- RE 169077/MG, Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI, Diário da Justiça, 27-03-98, PP-00018
EMENT VOL-01904-03 PP-00556; STF- RE 311023 / RJ, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Diário da Justiça, 26-
10-01, PP-00063 EMENT VOL-02049-05 PP-00961. 9 DINAMARCO, Cândido Rangel. “Os efeitos dos Recursos”. Aspectos polêmicos e atuais dos recursos
cíveis, v. 5. Nelson Nery Jr. e Teresa arruda Alvim Wambier (coords.). São Paulo: RT, 2002. 10 Diferentemente do Sistema Francês, também chamado de contencioso administrativo, em que há uma
vedação de conhecimento pelo Poder Judiciário de atos da Administração Pública, que são dirimidos no seio da
própria Administração Pública.
4
Somado a isso, no PAF têm-se vários princípios como da celeridade na solução das
demandas administrativas, juntamente com a garantia constitucional da razoável duração do
processo, bem como o da informalidade, que em contraposição ao judicial, autoriza que seus
atos e termos processuais, quando a lei não prescrever forma determinada, contenham
somente o indispensável à sua finalidade, não se atendo a rigorismos formais, e sim a “formas
simples, suficientes para propiciar maior grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
administrados”.11
A obrigação tributária é uma obrigação ex lege, ou seja, o tributo somente é devido
se estiver em lei, com fulcro no princípio da legalidade (CF/88, art. 150, I). Dessa forma, a
Fazenda Pública, quando da análise de qualquer pleito tributário, deve utilizar-se de todos os
meios e provas disponíveis, verificando se a obrigação tributária realmente existiu, em busca
da verdade dos fatos, em homenagem ao princípio da verdade material, diferentemente do
processo judicial que presa pela verdade formal. Assim, a Administração não pode agir
baseada apenas em presunções e alegações, e se contentar com a verdade formal constante do
processo, mas perseguir a verdade substancial, sob pena de estar-se apropriando de algo que
não lhe pertence, em clarividente violação ao princípio da legalidade.12
E por fim, deve a própria Administração agir de ofício, para instaurar, impulsionar e
concluir o PAF, sem precisar da interferência do administrado, segundo o princípio da
oficialidade, sempre buscando respeitar os prazos regulamentares.
2.1 Os Prazos no Processo Administrativo Fiscal
Prazos são estipulados e uma de suas funções é facilitar à Administração o controle
e organização dos procedimentos administrativos, evitando-se abusos e arbitrariedades contra
o administrado, na busca de uma maior eficiência administrativa, assegurada na CF/88, em
seu art. 37, como princípio.
11 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 26ª ed. 2009, apud Soares
de Melo, 2012, p. 72. 12 HABLE, José. Pagamento indevido e restituição tributária. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1664,
21 jan. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/10868>. Acesso em: 22 maio 2014.
5
O CTN determina que sejam lavrados termos que documentem o início do
procedimento fiscal e fixem prazo máximo para a conclusão das diligências.13 E assim, dá-se
o início do procedimento fiscal com qualquer procedimento administrativo ou medida de
fiscalização, relacionados com a infração,14 excluindo a partir de então a denúncia espontânea
do sujeito passivo.
2.1.1 Os prazos de decadência e de prescrição tributária
No CTN, o instituto da decadência vem disciplinado no seu art. 173 e o da
prescrição está regrado no seu art. 174, estando definidos, no art. 156, V, do mesmo diploma
legal, como modalidades de extinção do crédito tributário.
No Direito Tributário, há um evento marcante e significativo, denominado ato de
lançamento, que irá separar, de forma nítida, os prazos de decadência e de prescrição.
A decadência tributária somente ocorre antes do lançamento tributário, ou seja, se
não houver o lançamento no prazo determinado em lei. Realizado o lançamento tributário no
prazo legal, não há mais se falar em decadência. Já a prescrição tributária ocorre quando o
Estado deixa de promover a cobrança do crédito tributário, no prazo de cinco anos contados
da constituição definitiva do crédito tributário.15
Assim, entre o lançamento tributário efetuado e contestado (impugnado) e até que
ocorra a decisão final do contencioso administrativo, independentemente do período
transcorrido, não há qualquer modalidade de extinção de crédito tributário pelo decurso do
prazo, nem decadência, nem prescrição. Isso porque, com a constituição do crédito tributário,
pelo lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo, cessa a inércia do Fisco, não se
falando mais em decadência e o prazo de prescrição apenas tem seu início com a constituição
definitiva do crédito tributário, isto é, com o trânsito em julgado administrativo (decisão final
do contencioso administrativo).16
Enfatize-se então que: (i) o ato de lançamento, no Direito Tributário, é um marco,
onde, antes dele somente ocorre a decadência, e, depois dele, apenas a prescrição; e, (ii) em
ocorrendo o pagamento do crédito tributário, ou a decadência pelo não lançamento, que são
13 BRASIL. CTN. Art. 196. 14 BRASIL. CTN. “Art. 138. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após
o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” 15 HABLE, José. O que você deve saber sobre os institutos da decadência e da prescrição tributária. Jus
Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1849, 24 jul. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11523>. Acesso
em: 22 maio 2014. 16 HABLE, Jose. Extinção do Crédito Tributário por Decurso de Prazo. Decadência e Prescrição
Tributárias, São Paulo: Editora Método, 4ª ed., 2014, p. 74.
6
modalidades de extinção do crédito tributário (CTN, art. 156, I e V, respectivamente), não faz
qualquer sentido falar-se em prazo de prescrição.
No modelo de lançamento por homologação, em que o contribuinte realiza todos os
procedimentos de lançamento descritos no art. 142, do CTN, tratando das atividades
realizadas pelo sujeito passivo, duas delas se sobressaem:
(a) a realização do pagamento antecipado, por meio do qual ocorre a extinção do
crédito tributário (CTN, art. 156, I); e,
(b) a entrega da declaração do tributo devido, que, quando não pago, constitui
confissão de dívida, tornando-o exigível, segundo rezam diversas legislações tributárias17 e a
jurisprudência de nossos tribunais.18
Assim, quando o sujeito passivo entrega a declaração de tributo sujeito ao
lançamento por homologação, o Fisco, ao recebê-la, física ou virtualmente por sistema
computadorizado, toma conhecimento das atividades exercidas pelo obrigado, nos termos do
caput do art. 150 do CTN. Nesse instante, então, homologando-as, está a se configurar o
lançamento tributário, momento em que ocorre a constituição definitiva do crédito
tributário.19
E, caso não ocorra o pagamento do tributo declarado, no prazo estabelecido na
legislação pertinente, inicia-se o prazo prescricional para a ação de cobrança, nos termos do
art. 174 do CTN. Em outras palavras, com a entrega da declaração não há necessidade de
constituição formal do débito pelo Fisco, e ainda, com a aceitação da declaração pelo Fisco,
há a constituição do crédito tributário, sendo instrumento hábil e suficiente para a exigência
do referido crédito, conforme determina o Decreto-Lei nº 2.124/1984, art. 5º, caput e § 1º.20
17 No mesmo sentido, SÃO PAULO. Lei nº 6.374, de 1º de março de 1989. Dispõe sobre a instituição
do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS. Ver arts. 57 e 62. Disponível em:
http://www.fazenda.sp.gov.br Acesso em: 12 abr. 2014, entre outras. 18 BRASIL. STJ. AgRg no Ag 748560/RS, Rel. Min. José Delgado, 1ª T, data da decisão: 01/06/2006,
DJ 26.06.2006, p. 121. No mesmo sentido, REsp 673585/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, 1ª Seção, data de
julgamento 26/04/2006, DJ 05.06.2006, p. 238; entre outros. Disponível em: http://www. stj.jus.br. Acesso em:
20 abr. 2014, entre outros. 19 BRASIL. STJ. Sumula 436. “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal
constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.”. 1ª Seção. Data do
Julgamento: 14/04/2010. Data da Publicação: DJe 13/05/2010. RSTJ vol. 218 p. 704. Disponível em:
http://www. stj.jus.br Acesso em: 20 abr. 2014. 20 UNIÃO. Decreto-lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984. “Art. 5º (...) § 1º O documento que formalizar
o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de
dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito.” Disponível em:
http://www6.senado.gov.br/sicon/ExecutaPesquisaBasica.action . Acesso em: 12 abr. 2014.
7
O CTN tratou de forma expressa somente das causas de interrupção do prazo
prescricional (CTN, art. 174, parágrafo único). Porém, cabem também causas de impedimento
do prazo de prescrição. Para que se inicie o prazo prescricional tributário, além de estar o
crédito tributário constituído definitivamente e de haver a violação de um direito, o titular do
direito não pode estar impedido de atuar, porquanto a prescrição não corre contra quem não
pode agir (agere non valenti non currit praescriptio).
Isso vem a demonstrar, então, que em determinadas situações, mesmo já constituído
definitivamente o crédito tributário e tendo havido a violação do direito, pode não ocorrer o
início do prazo prescricional, simplesmente por estar o titular do direito impedido de agir.
É o que acontece, por exemplo, quando, a critério do órgão competente para instituir
o tributo, concede-se, por norma legal, um lapso de tempo de 30 (trinta) dias, ou mais, da
decisão administrativa definitiva desfavorável ao contribuinte, para que ele efetue o
pagamento do tributo.21
Desse modo, no âmbito tributário, para que se inicie o prazo prescricional é
imprescindível que, além de estar o crédito tributário constituído definitivamente, haja o
descumprimento do dever de satisfazer a obrigação, pois, antes dessa lesão, ainda não existe o
interesse processual de o Estado propor a ação de cobrança, e que não esteja o titular do
direito impedido de agir, descabendo assim uma interpretação literal do caput do art. 174 do
CTN, que disciplina iniciar o prazo a contar da constituição definitiva do crédito tributário. A
jurisprudência do STJ já se manifestou nesse sentido no Resp nº 717.934-SC.22
O CTN silencia também no que se refere às causas de suspensão do prazo
prescricional,23 tratando apenas das modalidades de suspensão da exigibilidade do crédito
tributário (CTN, art. 151), o que, para alguns doutrinadores e jurisprudência de nossos
tribunais,24 seriam também causas de suspensão do prazo de prescrição.
21 HABLE, Jose. Extinção do Crédito Tributário por Decurso de Prazo. Decadência e Prescrição
Tributárias, São Paulo: Editora Método, 4ª ed., 2014, p. 128. 22 BRASIL. STJ. REsp 717934-SC, Rel. Min. Denise Arruda, 1ª T, data da decisão: 10/06/2009 e REsp
1070644, Rel. Min. DENISE ARRUDA, 1ª T, data da decisão: 04/02/2010, entre outros. Disponível em:
http://www.stj.jus.br. Acesso em: 20 abr. 2014. 23 Exceção feita aos dizeres do art. 155, I e parágrafo único, do CTN: “Art. 155. A concessão da
moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, (...), cobrando-se o crédito
acrescido de juros de mora: I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do
beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; (...) Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo
decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do
direito à cobrança do crédito; (...).” (grifamos) 24 Nesse sentido: FANUCCHI, Fábio. A decadência e a prescrição em direito tributário. 2 ed. São
Paulo: Resenha Tributária, 1971, pp. 133-134 e MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de direito
tributário. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2v., 1997, p. 476. No STJ, REsp 267437/MG, Rel. Min. Eliana
Calmon. 2ª T, DJ 17/6/2002, entre outros. Disponível em: http://www.stj.jus.br. Acesso em: 20 abr. 2014.
8
Destaque-se que a suspensão disciplinada no art. 151 do CTN é da exigibilidade do
crédito tributário, e não do prazo de prescrição, pois, antes da constituição definitiva do
crédito tributário, não é ele ainda passível de ser cobrado, não podendo assim ser suspenso um
prazo que ainda não se iniciou.25
Desse modo, pode-se afirmar que decadência tributária só ocorre quando da
realização dos procedimentos administrativos fiscais, isto é, refere-se ao ato de constituir o
crédito tributário. No PAF não há prazo extintivo, nem decadencial nem prescricional, e a
prescrição tributária apenas inicia-se com o término do PAF, ou seja, com a constituição
definitiva do credito tributário.
2.1.2 A razoável duração do PAF e a prescrição intercorrente
A CF/88, em seu art. 5º, LXXVIII,26 introduziu, como garantia fundamental a
razoável duração dos processos, tanto na esfera judicial quanto na administrativa. É de se
notar que praticamente toda legislação tributária que trata de processo administrativo vem
definindo prazos para a realização e conclusão dos atos processuais.27
A demora na tramitação dos processos administrativos é uma realidade recorrente. E
assim, quando a Administração Fazendária deixa de atuar em um processo, por mais de cinco
anos de sua entrada no órgão incumbido de julgá-lo, há quem queira invocar a extinção do
crédito tributário pela demora na solução do contencioso fiscal, arguindo a prescrição
intercorrente,28 em analogia ao que dispõe o art. 267, II, do CPC.29
25 HABLE, Jose. Extinção do Crédito Tributário por Decurso de Prazo. Decadência e Prescrição
Tributárias, São Paulo: Editora Método, 4ª ed., 2014, p. 138. 26 BRASIL. CF/88. Art. 5º (...) LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (grifos
não do original) 27 Nesse sentido, na via administrativa tributária, podemos citar o Decreto nº 70.235, de 1972, que
determina, no seu art. 4º, por exemplo, que o servidor executará os atos processuais no prazo de oito dias. No
mesmo sentido, vem disciplinando a Lei nº 9.784, de 1999, ao tratar do dever de decidir, estabelecendo um
prazo máximo de 30 dias para assim proceder. 28 Prescrição intercorrente é a perda da pretensão de atuar ou agir no processo, em virtude da inércia de
seu titular, ao deixar de praticar os atos processuais necessários ao seu andamento, durante certo lapso de tempo. 29 BRASIL. CPC. “Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (...) Il - quando ficar
parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;”
9
Contudo, a prescrição intercorrente no PAF ainda não é aceita na jurisprudência de
nossos tribunais, por ausência de previsão legal,30 onde o STJ31 já decidiu não acolher a
prescrição intercorrente no PAF pois “a demora na tramitação do processo-administrativo
fiscal não implica a ‘perempção’ do direito de constituir definitivamente o crédito tributário,
instituto não previsto no Código Tributário Nacional.”
A celeridade na tramitação e solução das demandas administrativas é almejada por
toda a sociedade, e em homenagem ao princípio da eficiência administrativa, previsto na
CF/88, foi publicada a Lei nº 11.457, de 2007,32 tornando obrigatório o julgamento dos
recursos administrativos no prazo máximo de 360 dias.
Tendo em vista que não há previsão de penalidades pelo descumprimento desse
prazo, esse dispositivo legal está apenas a oferecer fundamento jurídico para se buscar e obter
a intervenção judicial, na solução concreta de um caso específico, reconhecendo o direito
subjetivo do administrado, no sentido de estabelecer prazos para que a Administração aprecie
e decida os recursos administrativos do contribuinte dentro de um "prazo razoável".33
2.1.3. O recurso intempestivo no PAF
Quando o prazo se expira ocorre o que se denomina preclusão, no sentido de não
poder ser analisado o requerimento. Ora, quem perde prazo definido em lei deixa de ter o
direito de ver examinada a matéria substantiva, assim como ocorre a extinção do direito pela
caducidade, pelo não-cumprimento de um dos requisitos definidos na lei.
Não obstante a impugnação seja extemporânea, há doutrinadores34 que sustentam
caber à autoridade administrativa conhecê-la quando a reclamação aponte alguma ilegalidade
30 O acolhimento da prescrição intercorrente pelo Poder Judiciário está limitado à fase do processo
judicial de execução fiscal, e não no processo administrativo fiscal, conforme o REsp nº 74040/RS, Rel. Min
Humberto Gomes de Barros, 1ª T, Data do Julgamento 13/12/1995, DJ 11.03.1996 p. 6579. Disponível em:
http://www.stj.jus.br. Acesso em: 24 abr. 2014. 31 BRASIL. STJ. REsp nº 53467/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, 2ª T, Data do Julgamento 05.09.1996,
DJ 30.09.1996 p. 36613. Disponível em: http://www.stj.jus.br Acesso em: 24 fev. 2014. 32 UNIÃO. Lei 11.457, de 16 de março de 2007. “Art. 24. É OBRIGATÓRIO que seja proferida
decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições,
defesas ou recursos administrativos do contribuinte.” (grifos não do original). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br Acesso em: 20 maio 2014. 33 HABLE, José. A razoável duração do processo no âmbito judicial e administrativo. Jus Navigandi,
Teresina, ano 14, n. 2100, 1 abr. 2009. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/12560>. Acesso em: 23 maio
2014. 34 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 16ª edição, São Paulo: Malheiros,
1991, p. 572, entre outros.
10
ou erro na conduta administrativa, e desde que se convença da procedência da reclamação e
não haja ocorrido a prescrição da ação judicial cabível.35
Outro fato relevante, quando ocorre a intempestividade recursal, está na natureza da
obrigação tributária, pautada no princípio da legalidade. Nesse sentido, é de fundamental
importância que a Fazenda Pública analise se houve erro material na autuação, verificando se
a obrigação tributária verdadeiramente existiu, ou se houve algum vício de legalidade na sua
constituição.
Assim, em sendo impugnado intempestivamente o lançamento tributário pelo
contribuinte, ou apresentado após o trânsito em julgado administrativo, o presente pedido
deve ser recebido e analisado, não como um recurso, mas sim como uma revisão de ato
administrativo, a pedido, porquanto “o não conhecimento do recurso não impede a
Administração de rever de ofício o ato ilegal,” quando interposto fora do prazo, nos termos do
art. 63, § 2º da Lei nº 9.784/99. Relevante afirmar que a análise se restringirá a vícios de
legalidade não se adentrando ao mérito.36
2.2. O contencioso tributário no PAF
As exigências, contidas nos autos de infração (AI) ou documentos equivalentes,
podem ser impugnadas administrativamente pelos contribuintes ou responsáveis, segundo o
que prescrevem as legislações tributárias dos entes tributantes, que regulam o PAF.
Na União, por exemplo, é o Decreto nº 70.235/1972, que dispõe sobre o PAF
federal, podendo-se citar ainda a Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no
âmbito da Administração Pública Federal. No Distrito Federal, por sua vez, o PAF,
contencioso e voluntário, é disciplinado pela Lei nº 4.567/2011. Já no Estado de São Paulo, é
a Lei nº 13.457/2009 que vem dispondo sobre o processo administrativo tributário decorrente
de lançamento de ofício, e no Município de São Paulo, é a Lei nº 14.107/2005 que dispõe
sobre o PAF e cria o Conselho Municipal de Tributos, entre outros.
Importante frisar que o processo administrativo existe justamente para facultar ao
administrado o exercício do contraditório e da ampla defesa, bem como para a própria
35 Tem-se ainda a Lei nº 9.784, de 1999, em seu art. 65, disciplinando que os processos administrativos
poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias
relevantes (grifamos). 36 Ver artigo disponível em: HABLE, José. O recurso intempestivo no processo administrativo fiscal .
Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1626, 14 dez. 2007. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10758>. Acesso em: 28 abr. 2014.
11
Administração sanar ou corrigir eventual ilegalidade ou irregularidade do ato por ela
praticado.37
A etapa contenciosa (processual) caracteriza-se pelo aparecimento formalizado do
conflito de interesses, isto é, transmuda-se a atividade administrativa de procedimento para o
processo no momento em que o contribuinte registra seu inconformismo com o ato praticado
pela Administração.38
Deve-se colocar, no entanto, que só há PAF de jurisdição contenciosa, ou seja,
somente existe contencioso administrativo fiscal se houver impugnação decorrente de
lançamento de ofício, momento em que se suspende a exigibilidade do crédito tributário
(CTN, art. 151, III).
Porém, se o contribuinte autuado efetuar pedido de parcelamento ou pagamento da
exigência fiscal constante do AI, ou ainda, propor ação judicial sobre o mesmo objeto do AI,
estará caracterizada a renúncia ao seu direito de recorrer ou sua desistência, caso já tenha
interposto o recurso na esfera administrativa.39
Por outro lado, não há PAF contencioso para os impostos sujeitos ao lançamento por
homologação, a exemplo do ICMS ou ISS, em que haja exigência de crédito tributário
decorrente de imposto declarado, em guias de informação ou por escrituração fiscal
eletrônica, e que deixe de ser recolhido no prazo regulamentar, ou recolhido a menor (Lei
4.567/2011, art. 53). Nesses casos, em não havendo o pagamento do imposto que foi
declarado, a autoridade competente providenciará, no prazo legal, a inscrição desse crédito
tributário em dívida ativa.40
Relevante registrar ainda que na análise do processo, a autoridade julgadora deve
formular seu julgamento plenamente vinculado à legislação tributária, e se restringir à matéria
impugnada, nos termos da lei distrital (Lei 4.567/11, art. 43, § 2º).
Essa restrição legal pode estar indo de encontro ao princípio da legalidade,
porquanto, em se verificando alguma ilegalidade ou irregularidade na exigência fiscal, é dever
do agente corrigir de ofício, mesmo que não seja objeto de impugnação, sob pena de estar o
Fisco se apropriando de algo que não lhe pertence.
37 MEIRELLES, Hely Lopes. Obra citada, p. 576. 38 MARINS, James. Obra citada, p. 166. 39 UNIÃO. Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, art. 38, parágrafo único. Dispõe sobre a cobrança
judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública. 40 UNIÃO. Decreto-Lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984. “Art 5º (...) § 2º Não pago no prazo
estabelecido pela legislação o crédito, corrigido monetariamente e acrescido da multa de vinte por cento e dos
juros de mora devidos, poderá ser imediatamente inscrito em dívida ativa, para efeito de cobrança executiva,
observado o disposto no § 2º do artigo 7º do Decreto-lei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983. (grifos não do
original).
12
2.2.1 O controle de constitucionalidade no PAF pela Administração
Disciplina a legislação processual tributária que na competência de julgamento
exclui-se a apreciação quanto à constitucionalidade das normas.41 Nessa situação, coloca-se a
questão relacionada à recusa do agente em cumprir ou não lei que se considere
inconstitucional.
Alguns doutrinadores entendem que somente o Chefe do Poder Executivo poderia
exercer essa recusa, não podendo seus subordinados deixar de cumpri-la por julgá-la
inconstitucional. Outros, no entanto, por ser a Constituição uma lei, deve ser obedecida, e o
órgão subordinado não só pode, mas deve recusar-se a aplicar lei inconstitucional.42
Em realidade, o servidor deve cumprir norma vigente, pois enquanto está em
vigência está no mundo jurídico, não se podendo admitir que cada agente ou setor da
administração venha a se manifestar quanto à validade de uma norma, sob o evidente risco de
ingerência administrativa, entre outros. Cabe sim o agente justificar o seu entendimento, com
representação ao seu superior quanto ao vício de inconstitucionalidade como de ilegalidade. E
nesse sentido, compete ao chefe do Poder Executivo, nos termos da lei, julgar a conveniência
e oportunidade de revogar a alegada lei inconstitucional, ou questioná-la junto ao Poder
Judiciário.
O Projeto de Lei Complementar PLP 381/2014,43 versão aprovada no Senado
Federal e enviada à Câmara dos Deputados, assim vem dispondo:
Art. 4º No âmbito do processo administrativo fiscal, é vedado aos órgãos de julgamento
afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto sob
fundamento de inconstitucionalidade, salvo quando amparados em decisão definitiva
plenária do Supremo Tribunal Federal ou em outras hipóteses previstas na legislação
específica do ente tributante.(grifos não do original)
2.2.2 A coisa julgada administrativa no PAF
41 As Delegacias de Julgamento e o CARF estão impedidos de reconhecer a inconstitucionalidade de
normas legais, nos termos da Lei no 11.941, de 27 de maio de 2009, art. 26-A. “Art. 26-A. No âmbito do
processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar
tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” No mesmo sentido, a
Lei distrital nº 4.567/11, art. 43, § 3º, I. No mesmo sentido, Lei 4.567/11, art. 43, § 3º, I. 42 CABRAL, Antonio da Silva. Processo Administrativo Fiscal, Saraiva, 1993, p. 542. 43 O Projeto de Lei Complementar PLP 381/2014 estabelece normas gerais sobre o processo
administrativo fiscal no âmbito das administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
13
No DF,44 assim como em outros entes da federação, são definitivas as decisões de
primeira instância, quando esgotado o prazo para recurso voluntário e de segunda instância, se
não couber recurso ou, quando couber, não tiver sido interposto no prazo. Indaga-se: há assim
coisa julgada administrativa?
Há dois grandes sistemas administrativos no direito mundial: o Sistema Inglês e o
Sistema Francês. O Francês, também denominado contencioso administrativo, é aquele em
que há uma vedação de conhecimento pelo Poder Judiciário de atos da Administração
Pública, que são dirimidos no seio da própria Administração Pública. Já o sistema Inglês,
chamado também de sistema de jurisdição única, é aquele adotado no Brasil, em que todos os
litígios, administrativos ou não, podem ser dirimidos pelo Poder Judiciário.
O CPC, no seu art. 467, define coisa julgada material, como “a eficácia que torna
imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário”.
Relevante ainda colocarmos uma das sutis diferenças que existe entre coisa julgada material e
formal: a coisa julgada formal opera dentro do processo em que a sentença foi proferida, sem
impedir que o objeto do julgamento seja novamente discutido em outro processo. Já a
material produz seus efeitos no mesmo ou em qualquer outro processo, vedando o seu
reexame, após o trânsito em julgado.
Como qualquer decisão administrativa poderá ser revista e modificada pelo Poder
Judiciário (CF/88, art. 5º, XXXV), ao garantir que a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário (princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional ou do acesso à justiça), no
máximo pode-se defender a decisão definitiva como coisa julgada formal administrativa.
Contudo, esse entendimento é aplicável apenas sob a ótica do administrado, ou a
Administração também pode ingressar perante o Poder Judiciário para rever uma decisão
administrativa?
2.2.3 A reversão de decisão administrativa pela Justiça
No DF, até a edição da Lei nº 3.427/2004, que revogou do art. 40 da lei nº 657/1994,
havia instância especial, em que se recorria ao Secretário de Fazenda de decisões do Tribunal
Administrativo de Recursos Fiscais (TARF). Na União, da mesma forma, pelo Dec. nº
83.304/1979, revogado o § 1º, art. 37, do Dec. nº 70.235/1972, dava competência aos
44 DISTRITO FEDERAL. Lei nº 4.567/11, art. 102.
14
procuradores representantes da Fazenda para recorrer ao Ministro da Fazenda, de decisão não
unânime, quando a entendessem contrária à lei ou à evidência da prova.
Em 2004, por sua vez, foi editado o PARECER/PGFN/CRJ/Nº 1087/2004, da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), em que se defende a possibilidade de a
Fazenda Pública acionar o Poder Judiciário para reverter decisões administrativas que lhe
forem desfavoráveis.
A PGFN, em Parecer recente CRJ nº 2.044, de 22/10/2013, assim se manifestou:
44. Pelo exposto, conclui-se: a) as decisões proferidas pelo CARF têm nítida natureza de ato
administrativo vinculado; b) as decisões do CARF podem ser revistas judicialmente em
três hipóteses de nulidade: a) quando apresentarem defeito de formação (desrespeito aos
requisitos de validade do ato); b) quando exorbitarem das opções interpretativas possíveis,
com consequente afronta à legalidade, à razoabilidade e à proporcionalidade; e, c) evidente
erro de fato; (...) (grifou-se)
Grande parte da doutrina defende posição no sentido de que as decisões
administrativas em matéria tributária vinculam a Administração Pública quando contrárias à
Fazenda, por entender ter sido a própria Administração, por meio de seus mecanismos
institucionais, que decidiu contra seus próprios interesses. Nesse sentido, esta corrente admite
para tais casos a chamada coisa julgada administrativa em matéria fiscal.
Contudo, esta posição é questionada por aqueles que entendem que a CF/88 prevê o
cabimento da postulação ao Poder Judiciário contra todo e qualquer ato jurídico praticado por
autoridade administrativa. Nesse entender, é consequência natural e lógica da separação de
Poderes, cabendo à função jurisdicional controlar e revisar, terminativamente, os atos e
decisões da Administração, independentemente de esses terem sido favoráveis ou não à
Fazenda Pública.45
Relevante colocar, no entanto, que o princípio constitucional (CF/88, art. 5º,
XXXV), da inafastabilidade do controle jurisdicional contém uma garantia não absoluta, pois
embora o acesso ao Poder Judiciário seja amplamente garantido, deve-se obedecer certos
regramentos que visam assegurar a efetividade e a própria sobrevivência do sistema. Assim, é
que vem disciplinando o art. 3º do CPC, norma básica do processo, que para se aforar uma
ação perante o Poder Judiciário o litigante deverá possuir interesse e legitimidade, que no
caso em estudo não se vislumbram, por ser o objeto de impugnação judicial um ato emanado
do próprio órgão impugnador.
45 Na obra "Processo Administrativo Tributário" (Ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 1999), a
questão da possibilidade de a Fazenda ir a juízo para pleitear a anulação da decisão administrativa a ela contrária
foi colocada para vários doutrinadores nacionais, que expressaram a sua opinião.
15
Desse modo, não se mostra razoável a Administração, irresignada com a decisão por
ela mesma prolatada, que lhe foi desfavorável, pleitear a anulação desse ato no Poder
Judiciário, implicando no mesmo órgão, figurado no pólo ativo e passivo do feito judicial, em
verdadeira confusão entre as partes, bem denotando a carência de interesse processual e a
ilegitimidade ativa.46 A jurisprudência do STF47 firma que tem força vinculatória a decisão
proferida pela Administração.
Com o ajuizamento das referidas ações judiciais, há forte probabilidade de prejuízo
ao erário na hipótese bastante provável da extinção precoce de ditas ações pelo Poder
Judiciário, impondo ao autor a condenação ao pagamento dos honorários de sucumbência, que
por cuidarem de autuações fiscais de grande monta, serão vultosos. Porém, para se evitar
suposto prejuízo ao erário, podem ser aforadas a ação popular, por qualquer cidadão, e a ação
civil pública, pelo Ministério público (MP) local.48
Portanto, quando o administrado sucumbe em um processo administrativo, em se
sentindo lesado em seu direito, pode provocar o Poder Judiciário, para que este confirme ou
não o teor de suas irresignações. O mesmo não é cabível à Administração Pública, que,
enquanto não extinto pelo tempo o seu direito, tem o poder de rever seus atos, reformando ou
anulando sua própria decisão, pelo princípio da autotutela.
O Projeto de Lei Complementar PLP 381/201449 prevê hipóteses de revisão judicial,
ao dispor:
Art. 3º São definitivas as decisões: (...)
§ 5º A decisão definitiva favorável ao sujeito passivo somente poderá ser revista
judicialmente quando houver, comprovadamente, dolo ou fraude. (grifou-se)
2.2.4 O oferecimento de denúncia pelo MP antes do término do PAF
É atribuição privativa do MP promover ação penal pública (CF/88, art. 129, inciso
I), podendo para tanto requisitar informações e documentos na forma da lei complementar
(LC) respectiva (CF/88, art. 129, VI). O art. 104, inciso I, letra b da LC nº 734/1993, por sua
vez, confere ao MP o poder de requisitar documentos, certidões e informações. Logo, do
46 GRECO, Marco Aurélio. Processo administrativo tributário, Caderno de Pesquisas Tributárias –
nova série, n. 5, Coord. de Ives Gandra. São Paulo: Centro de Extensão Universitária/Revista dos Tribunais,
1999, p. 702. 47BRASIL. STF. RE nº 68.253 – PR, Rel. Min. Rafhael de Barros Monteiro, DJ de 6.5.1970. 48 Trechos retirados do PARECER nº 8487/2004 – PROFIS/DF. 49 Projeto de Lei Complementar PLP 381/2014. Estabelece normas gerais sobre o processo
administrativo fiscal no âmbito das administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
16
ponto de vista formal as requisições têm amparo constitucional. Contudo, essas requisições
devem obedecer às prescrições legais genéricas ou específicas para cada caso em concreto.
A Lei nº 9.430/1996, no seu art. 83,50 regulamenta a representação fiscal da natureza
penal, com relação aos crimes tributários definidos nos artigos 1º e 2º da Lei 8.137/1990,
dispondo que ela será encaminhada ao MP após proferida a decisão final, na esfera
administrativa.
Por sua vez, o art. 34 da Lei nº 9.249/199551 prescrevia a extinção de punibilidade
dos crimes contra a ordem tributária e de sonegação fiscal na hipótese de pagamento do
tributo antes do recebimento da denúncia pelo juiz. Porém, com a Lei n° 10.684/2003,52 art.
9º, ficou suspensa a pretensão punitiva do Estado, enquanto o denunciado estiver em regime
de parcelamento.
Assim, com a Lei nº 10.684/2003, desapareceu a condição prevista no art. 34 da Lei
n° 9.249/1995, de ter que fazer o pagamento antes do recebimento da denúncia, resolveu o
problema de extinção da punibilidade nos casos de pagamento parcelado e ficou igualmente
paralisado o curso da prescrição criminal.53
Em realidade, o art. 83 da Lei 9.430/1996 prescreve que a condição é para a
representação fiscal, não proibindo a deflagração pelo MP da ação baseada em prova obtida
por outra forma ou por ele requisitada à autoridade fiscal.
O mencionado art. 83 atacado por meio da ADIN nº 1.571,54 que restou declarado
constitucional. E no Hábeas Corpus nº 81611/DF, de 2003, o STF firmou sua jurisprudência
no sentido de ser inviável a ação penal por crimes contra a ordem tributária enquanto
pendente o PAF relativo ao crédito correspondente.
CONCLUSÃO
50 UNIÃO. Lei nº 9.430, de 1996. “Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes
contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, será
encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a
exigência fiscal do crédito tributário." (grifamos) 51 UNIÃO. Lei nº 9.249 de 1995. “Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº
8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o
pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia.” 52 UNIÃO. Lei n° 10.684 de 2003. “Art. 9º. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos
crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica
relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento.” 53 UNIÃO. Lei n° 10.684, de 2003. “Art. 9º. § 1o A prescrição criminal não corre durante o período de
suspensão da pretensão punitiva.” “§ 2o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a
pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e
contribuições sociais, inclusive acessórios.” 54 BRASIL STF. ADIN nº 1.571. Rel. Min. Néri da Silveira, DJ de 30/04/2004.
17
Desse modo, apresentam-se as seguintes conclusões, quanto aos questionamentos
levantados:
1. É procedimento ou processo administrativo fiscal?
Trata-se de Processo administrativo fiscal se que instaura no exato momento em que
o lançamento tributário é impugnado pelo sujeito passivo, termo utilizado pela própria CF/88,
no seu art. 5º, LV.
2. O duplo grau de jurisdição é uma garantia constitucional?
Regra geral pode-se afirmar que a CF/88 prestigia o duplo grau de jurisdição como
um princípio, pois a ele apenas se refere, e não como uma garantia. E no PAF, faz mais
sentido ainda entender que o duplo grau de jurisdição não é uma garantia constitucional,
porquanto suas características e regras informadoras apenas podem comportar como um
princípio, e ainda quando assim a lei do ente tributante dispuser.
3. Qual o momento em que poderá ocorrer a decadência ou a prescrição tributária
no PAF?
Tendo em vista que a decadência tributária somente ocorre antes do ato de
lançamento, resultando na extinção do direito de constituir o crédito tributário pelo seu não-
exercício durante determinado tempo (CTN, art. 173), só há se falar em decadência na
realização dos procedimentos administrativos fiscais, que se refere exclusivamente ao ato de
lançar o crédito tributário. E a prescrição tributária apenas inicia-se com o término do PAF, ou
seja, com a constituição definitiva do credito tributário.
Assim, entre o lançamento tributário efetuado e contestado (impugnado) e até que
ocorra a decisão final do contencioso administrativo, independentemente do período
transcorrido, não há qualquer modalidade de extinção de crédito tributário pelo decurso do
prazo, nem decadência, nem prescrição. Isso porque, com a constituição do crédito tributário,
pelo lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo, cessa a inércia do Fisco, não se
falando mais em decadência e o prazo de prescrição apenas tem seu início com a constituição
definitiva do crédito tributário, isto é, com o trânsito em julgado administrativo (decisão final
do contencioso administrativo).
4. Caso não ocorra o pagamento de tributo declarado, para sua exigência correrá
qual prazo extintivo?
Se não ocorrer o pagamento do tributo declarado, no prazo estabelecido na
legislação pertinente, inicia-se o prazo prescricional para a ação de cobrança (CTN, art. 174).
Ou seja, com a entrega da declaração não há necessidade de constituição formal do crédito
tributário pelo Fisco, e ainda, com a aceitação da declaração pela Fazenda Pública, há a
18
constituição definitiva do crédito tributário, podendo-se inscrevê-lo de imediato em dívida
ativa, que é o título extrajudicial para sua cobrança judicial.
5. Há causas impeditivas do prazo prescricional?
O CTN tratou de forma expressa somente das causas de interrupção do prazo
prescricional (CTN, art. 174, parágrafo único). Porém, cabem também causas de impedimento
do prazo de prescrição, pois para que se inicie o prazo de prescrição, além de estar o crédito
tributário constituído definitivamente e de haver a violação de um direito, o titular do direito
não pode estar impedido de atuar, porquanto a prescrição não corre contra quem não pode
agir. Assim, em determinadas situações, mesmo já constituído definitivamente o crédito
tributário, pode não ocorrer o início do prazo prescricional, simplesmente por estar o titular do
direito impedido de agir.
6. Com a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, pela interposição da
impugnação, ocorre também a suspensão da prescrição?
Com a suspensão da exigibilidade do crédito tributário pela interposição de recurso
(CTN, art. 151, III) não ocorre a suspensão do prazo de prescrição, pois, antes da constituição
definitiva do crédito tributário, não é ele ainda passível de ser cobrado, não podendo assim ser
suspenso um prazo que ainda não se iniciou.
7. Há prescrição intercorrente no PAF?
A prescrição intercorrente no PAF ainda não é aceita na jurisprudência de nossos
tribunais, por ausência de previsão legal, porquanto a demora na tramitação do PAF não
implica a ‘perempção’ do direito de constituir definitivamente o crédito tributário, instituto
não previsto no CTN.
8. Há prazos para a conclusão do PAF?
A CF/88 introduziu, em seu art. 5º, LXXVIII, como garantia fundamental, a
razoável duração dos processos. Assim, além de a celeridade na tramitação e solução das
demandas administrativas ser um princípio administrativo, em homenagem ao princípio da
eficiência administrativa (CF/88, art. 37), foi publicada a Lei nº 11.457/2007, tornando
obrigatório o julgamento dos recursos administrativos no prazo máximo de 360 dias. Como
não há previsão de penalidades pelo seu descumprimento, esse dispositivo oferece
fundamento jurídico para se obter a intervenção judicial, na solução mais rápida dos recursos
administrativos.
9. O que ocorre com o recurso interposto fora do prazo legal?
E sendo impugnado intempestivamente o lançamento tributário, o pedido deve ser
recebido e analisado, não como um recurso, mas sim como uma revisão de ato administrativo,
19
a pedido, porquanto o prazo não pode ser um impeditivo para a Administração rever de ofício
ilegalidades praticadas.
10. Há renúncia ou desistência ao direito de recorrer no PAF?
Se o contribuinte autuado efetuar pedido de parcelamento ou pagamento da
exigência fiscal constante do AI, ou ainda, propor ação judicial sobre o mesmo objeto do AI,
estará caracterizada a renúncia ao seu direito de recorrer ou sua desistência, caso já tenha
interposto o recurso na esfera administrativa.
11. Há PAF nos impostos sujeitos ao lançamento por homologação?
Para os impostos sujeitos ao lançamento por homologação, em que haja exigência de
imposto declarado, não há PAF contencioso, pois se não pago, constitui-se confissão de
dívida, tornando-o exigível.
12. Pode a autoridade julgadora, no PAF, apreciar matéria de constitucionalidade?
A autoridade julgadora não pode, no PAF, apreciar a constitucionalidade das
normas, conforme vedação expressa das legislações tributárias dos entes tributantes. O agente
deve cumprir norma que esteja vigendo, cabendo-lhe representar ao seu superior quanto ao
vício de inconstitucionalidade da norma, que, sendo competente, julgará a conveniência e
oportunidade de revogá-la ou questioná-la junto ao Poder Judiciário.
13. Há coisa julgada administrativa no PAF?
Como qualquer decisão administrativa poderá ser revista e modificada pelo Poder
Judiciário (CF/88, art. 5º, XXXV), no máximo pode-se defender a decisão definitiva como
coisa julgada formal administrativa, que se opera dentro do processo em que a sentença foi
proferida.
14. A Administração pode ingressar na Justiça para reverter decisão administrativa
desfavorável ao Fisco?
Não se mostra razoável a Administração, irresignada com a decisão por ela mesma
prolatada, que lhe foi desfavorável, pleitear no Poder Judiciário para anular o seu ato,
implicando em verdadeira confusão entre as partes (pólo ativo e passivo no mesmo agente),
bem como carência de interesse de agir e a ilegitimidade ativa.
15. No PAF, em que momento o MP pode oferecer a denúncia criminal de exigência
fiscal?
Pelo art. 83 da Lei nº 9.430/1996, a representação fiscal para fins penais relativa aos
crimes contra a ordem tributária será encaminhada ao MP somente após proferida a decisão
final, na esfera administrativa. Não há proibição da deflagração pelo MP da ação baseada em
prova obtida por outra forma ou por ele requisitada a autoridade fiscal. O STF firmou sua
20
jurisprudência no sentido de ser inviável a ação penal por crimes contra a ordem tributária
enquanto pendente o PAF relativo ao crédito correspondente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
CABRAL, Antonio da Silva. Processo Administrativo Fiscal, Saraiva, 1993.
CASSIONE, Vittorio, Maria Eugenia Teixeira Cassone. Processo tributário: teoria e
prática, 6ª ed. – São Paulo: Atlas, 2005.
FANUCCHI, Fábio. A decadência e a prescrição em direito tributário. 2 ed. São Paulo:
Resenha Tributária, 1971.
GRECO, Marco Aurélio. Processo administrativo tributário, Caderno de Pesquisas
Tributárias – nova série, n. 5, Coord. de Ives Gandra. São Paulo: Centro de Extensão
Universitária/Revista dos Tribunais, 1999.
HABLE, Jose. Extinção do Crédito Tributário por Decurso de Prazo. Decadência e
Prescrição Tributárias, 4ª ed., São Paulo: Editora Método, 2014.
MARINS, James. Processual tributário brasileiro, Dialética, 2003.
MARQUES, José Frederico, Instituição de direito processual civil, v. IV, p. 210, 1958-1960.
apud Barbosa Moreira, Comentários ao código de processo civil, 2ª ed., v. V, nº 257.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 16ª edição, São Paulo:
Malheiros, 1991.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Malheiros, 10 ed.,
São Paulo, 1998.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 26ª ed. 2009, apud
Soares de Melo, 2012.
MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de direito tributário. 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2v., 1997.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS ELETRÔNICAS E REVISTAS
DINAMARCO, Cândido Rangel. “Os efeitos dos Recursos”. Aspectos polêmicos e atuais dos
recursos cíveis, v. 5. Nelson Nery Jr. e Teresa arruda Alvim Wambier (coords.). São Paulo:
RT, 2002.
HABLE, José. Pagamento indevido e restituição tributária. Jus Navigandi, Teresina, ano 13,
n. 1664, 21 jan. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/10868>. Acesso em: 22 maio
2014.
21
HABLE, José. O que você deve saber sobre os institutos da decadência e da prescrição
tributária. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1849, 24 jul. 2008. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/11523>. Acesso em: 22 maio 2014.
HABLE, José. A razoável duração do processo no âmbito judicial e administrativo. Jus
Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2100, 1 abr. 2009. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/12560>. Acesso em: 23 maio 2014.
HABLE, José. O recurso intempestivo no processo administrativo fiscal . Jus Navigandi,
Teresina, ano 12, n. 1626, 14 dez. 2007. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10758>. Acesso em: 28 abr. 2014.
JUSTEN Filho, Marçal. Considerações sobre o “Processo Administrativo Fiscal”, in Revista
Dialética de Direito Tributário nº 33/108 a 115.
SÃO PAULO. Lei nº 6.374, de 1989. Disponível em: http://www.fazenda.sp.gov.br Acesso
em: 12 abr. 2014.
UNIÃO. Lei nº 6.830, de 1980. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br Acesso em: 20
maio 2014.
UNIÃO. Lei nº 9.430, de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br Acesso em: 20
maio 2014.
UNIÃO. Lei n° 10.684, de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br Acesso em: 20
maio 2014.
UNIÃO. Lei nº 11.457, de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br Acesso em: 20
maio 2014.
UNIÃO. Decreto-lei nº 2.124, de 1984. Disponível em:
http://www6.senado.gov.br/sicon/ExecutaPesquisaBasica.action . Acesso em: 12 abr. 2014
UNIÃO. Decreto nº 70.235, de 1972. Disponível em: http://www.planalto.gov.br Acesso em:
20 maio 2013