o problema de roteirização periódiga de veículos

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LUCIELE WU O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO PERIÓDICA DE VEÍCULOS Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Engenharia de Transportes São Paulo 2007

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O Problema de Roteirização Periódiga de Veículos

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  • LUCIELE WU

    O PROBLEMA DE ROTEIRIZAO PERIDICA DE

    VECULOS

    Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia de Transportes

    So Paulo

    2007

  • LUCIELE WU

    O PROBLEMA DE ROTEIRIZAO PERIDICA DE

    VECULOS

    Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia de Transportes

    rea de Concentrao: Engenharia de Transportes

    Orientador: Prof. Dr. Cludio Barbieri da Cunha

    So Paulo

    2007

  • Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sob responsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador. So Paulo, 11 de junho de 2007. Assinatura do autor ____________________________ Assinatura do orientador _______________________

    FICHA CATALOGRFICA

    Wu, Luciele

    O problema de roteirizao peridica de veculos / L. Wu. ed.rev. -- So Paulo, 2007 109 p.

    Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica da Universidade

    de So Paulo. Departamento de Engenharia de Transportes.

    1. Roteirizao 2. Heurstica 3. Transportes 4.Logstica (Ad- ministrao de materiais) I. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de Transportes II. t.

  • DEDICATRIA

    Aos meus queridos pais e irms.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, agradeo ao professor Cludio Barbieri da Cunha por toda orientao,

    estmulo e pacincia durante o desenvolvimento da dissertao, buscando sempre a melhor

    forma de expresso das idias. Alm do apoio e preocupao pessoal em um dos momentos

    decisivos da minha vida; sem a sua ajuda, meu rumo seria totalmente diferente.

    Aos professores Nicolau Gualda, Hugo Yoshizaki, Marco Brinati e Rui Botter pelo

    aprendizado durante as aulas que moldaram o meu conhecimento ao longo do curso.

    Aos meus avs, pelo esprito de luta ao emigrar para um pas de lngua e costumes muito

    diferentes.

    Aos meus pais, meus maiores mestres, cujos ensinamentos guardo com grande carinho e

    considerao para toda vida.

    s minhas irms, Cristiane e Clarisse, que sempre estiveram presentes em todos os momentos

    com pacincia e alegria.

    A todos meus amigos, que me apoiaram e incentivaram para o trmino desta etapa dos meus

    estudos.

    Ao CNPq, pelo apoio financeiro concedido durante a realizao do projeto.

    E por fim, agradeo a todos aqueles que contriburam de alguma maneira para que este

    projeto pudesse ser realizado.

  • EPGRAFE

    Conhecer a si mesmo e conhecer os outros,

    vencer todas as batalhas.

    Sun Tzu A Arte da Guerra

  • RESUMO

    O problema de roteirizao peridica de veculos pode ser considerado como uma

    generalizao do problema clssico de roteirizao devido a duas caractersticas prprias: um

    perodo de planejamento maior que um dia, em que os veculos fazem diversas viagens, e

    freqncias de visitas associadas a pontos a serem servidos. Esse tipo de problema pode ter

    muitas aplicaes prticas. Atualmente, algumas indstrias automobilsticas brasileiras j

    utilizam um sistema de coleta que se baseia na idia de roteirizao peridica, com a

    finalidade de reduzir o estoque de peas. Assim como os problemas originais de roteirizao

    de veculos, o problema aqui tratado tambm difcil de ser resolvido, sendo impossvel o uso

    de algoritmos exatos para a obteno de uma soluo tima para o tamanho de problemas

    encontrados na prtica. Isso motivou o estudo, que direcionou seus esforos na explorao de

    novas estratgias de soluo para esse problema atravs de novas abordagens, de modo que

    houvesse um aumento na qualidade de solues e uma diminuio do tempo de

    processamento computacional. Dois procedimentos diferentes foram propostos para a

    alocao dos clientes aos dias de visitas: uma heurstica de insero seqencial que visa

    equilibrar os esforos dos diferentes dias do perodo de planejamento, e uma heurstica

    baseada em algoritmos genticos. As rotas dirias so construdas atravs da utilizao do

    algoritmo de economias de Clarke e Wright, que permite a obteno de boas solues em

    tempos de processamento curtos. Experimentos computacionais so realizados para a

    avaliao da eficincia de cada uma das heursticas propostas atravs da utilizao de

    benchmarks retirados da literatura e problemas-teste gerados aleatoriamente, e os resultados

    so tambm comparados aos anteriormente mostrados na literatura.

    Palavras-chave: Roteirizao peridica. Heurstica. Transportes. Logstica.

  • ABSTRACT

    The period vehicle routing problem can be viewed as a generalization of the classic vehicle

    routing problem due to two singular features: a planning period longer than one day in which

    vehicles make several trips and frequencies of visit associated to points to be serviced. This

    type of problem may arise in different practical applications. Nowadays, some Brazilian auto-

    maker industries are already utilizing a collect system based on the idea of the period routing

    in order to reduce parts inventory. Similarly to the original vehicle routing problem, the

    period vehicle routing problem is also hard to solve, making it impossible to use exact in

    order to obtain an optimal solution for problem sizes found in practice. This motivated this

    research study, which directed its efforts to the exploration of new strategies of solution

    through new reasoning, leading to an increase in the quality of the solution and a decrease in

    the computational processing time. The proposed heuristics are composed of three

    consecutive stages: (i) assigning customers to days of visit while respecting their given

    frequencies, (ii) building routes that serve all customers assigned to each day of the planning

    horizon, and (iii) improving the obtained solution. Despite the distinction between the stages,

    we managed to take into consideration the integration among the three decisions. Two

    different procedures were proposed to the assignment of customers to days of visit: a

    sequential insertion heuristic that aims to balance the workload among different days in the

    time horizon, and a heuristic based on genetic algorithms. The daily routes are then

    constructed by using the Clarke and Wrights savings algorithm, which allows good solutions

    to be obtained in short processing times. Computational experiments are made in order to

    evaluate the efficiency of each proposed heuristic using both benchmark problem sets from

    the literature and randomly generated problems as well, and the results are compared to the

    previously reported in the literature.

    Keywords: Period routing. Heuristic. Transportation. Logistics.

  • SUMRIO

    Lista de Figuras

    Lista de Tabelas

    Lista de Quadros

    1. INTRODUO .............................................................................................................. 1

    1.1 Descrio e Relevncia do Problema.......................................................................1

    1.2 Metodologia............................................................................................................3

    1.3 Delineamento do Trabalho ......................................................................................4

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ....................................................................................... 5

    2.1 Problemas de Roteirizao de Veculos na Literatura ..............................................5

    2.2 Trabalhos Desenvolvidos no mbito da EPUSP .....................................................7

    2.3 Problemas de Roteirizao Peridica ....................................................................12

    2.3.1 Roteirizao em Ns .....................................................................................12

    2.3.2 Roteirizao em Arcos ..................................................................................20

    2.3.3 Roteirizao com Instalaes Intermedirias .................................................20

    2.4 Consideraes Finais do Captulo .........................................................................21

    3. CARACTERIZAO DO PROBLEMA.................................................................... 23

    3.1 Caracterizao Geral.............................................................................................23

    3.2 Definio do Problema .........................................................................................26

    3.3 Formulao Matemtica........................................................................................28

    4. ESTRATGIA DE SOLUO.................................................................................... 33

    4.1 Introduo.............................................................................................................33

    4.2 Heursticas ALOCf e ALOCd Frota, Demanda e Clarke e Wright ......................36

    4.3 Heursticas GRASPf e GRASPd GRASP, Clarke e Wright, Frota e Demanda ....43

    4.4 Heursticas AGs Algoritmo Gentico e Clarke e Wright.....................................46

  • 5. RESULTADOS COMPUTACIONAIS........................................................................ 56

    5.1 Problemas-Teste ...................................................................................................56

    5.2 Parmetros das Heursticas....................................................................................59

    5.2.1 Parmetros para a estratgia ALOC...............................................................61

    5.2.2 Parmetros para a estratgia GRASP.............................................................62

    5.2.3 Parmetros para a estratgia AG....................................................................62

    5.3 Resultados ............................................................................................................64

    5.3.1 Primeira Etapa de Testes ...............................................................................65

    5.3.1.1. Problemas de 50 Pontos.............................................................................66

    5.3.1.2. Problemas de 75 Pontos.............................................................................69

    5.3.1.3. Problemas de 100 Pontos...........................................................................71

    5.3.1.4. Utilizao de Valores de Custos ................................................................75

    5.3.1.5. Concluso da Primeira Etapa de Testes......................................................79

    5.3.2 Segunda Etapa de Testes ...............................................................................80

    5.4 Anlise dos Resultados Obtidos ............................................................................83

    6. CONSIDERAES FINAIS........................................................................................ 86

    6.1 Concluses ...........................................................................................................86

    6.2 Recomendaes e Prximos Passos.......................................................................88

    7. REFERNCIAS............................................................................................................ 91

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 3.1: Exemplos de situaes com e sem ocorrncia de subtours .................................31

    Figura 4.1: Roteirizao com e sem a utilizao do mtodo de economias de Clarke e Wright

    .....................................................................................................................................40

    Figura 4.2: Pseudocdigo das estratgias heursticas ALOCf e ALOCd...............................43

    Figura 4.3: Pseudocdigo das estratgias heursticas GRASPf e GRASPd...........................45

    Figura 4.4: Representao cromossmica de um indivduo de 10 pontos .............................49

    Figura 4.5: Exemplo de ranking de indivduos.....................................................................50

    Figura 4.6: Exemplo do cruzamento entre dois indivduos...................................................51

    Figura 4.7: Pseudocdigo das heursticas AG1c e AG2c......................................................54

    Figura 4.8: Pseudocdigo das heursticas AG1cr0, AG1cr1, AG1cr10, AG2cr0, AG2cr1,

    AG2cr10.......................................................................................................................54

    Figura 4.9: Pseudocdigo das heursticas AG1cmv e AG2mv .............................................55

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1: Exemplo de combinaes permitidas de dias de visitas para T = 6 dias..............28

    Tabela 4.1: Dados do exemplo explicativo das heursticas frota e demanda .........................38

    Tabela 4.2: Combinaes permitidas de dias de visitas ........................................................48

    Tabela 4.3: Resumo das variantes de AG.............................................................................53

    Tabela 5.1: Problemas-teste de Christofides e Beasley (1984) .............................................57

    Tabela 5.2: Resumo dos problemas-teste utilizados .............................................................59

    Tabela 5.3: Resumo das estratgias de soluo ....................................................................60

    Tabela 5.4: Parmetros utilizados nas etapas de testes .........................................................60

    Tabela 5.5: Parmetros utilizados pelas variantes da estratgia ALOC.................................61

    Tabela 5.6: Parmetros utilizados pelas variantes da estratgia GRASP...............................62

    Tabela 5.7: Parmetros utilizados pelas variantes da estratgia AG......................................64

    Tabela 5.8: Resultados do problema-teste 50A ....................................................................66

    Tabela 5.9: Resultados do problema-teste 50B.....................................................................67

    Tabela 5.10: Resultados do problema-teste 50C...................................................................68

    Tabela 5.11: Resultados do problema-teste 75A ..................................................................69

    Tabela 5.12: Resultados do problema-teste 75B...................................................................70

    Tabela 5.13: Resultados do problema-teste 75C...................................................................71

    Tabela 5.14: Resultados do problema-teste 100A.................................................................72

    Tabela 5.15: Resultados do problema-teste 100B.................................................................73

    Tabela 5.16: Resultados do problema-teste 100C.................................................................74

    Tabela 5.17: Melhor custo total obtido para os problemas-teste de 50 pontos.......................76

    Tabela 5.18: Melhor custo total obtido para os problemas-teste de 75 pontos.......................77

    Tabela 5.19: Melhor custo total obtido para os problemas-teste de 100 pontos.....................77

    Tabela 5.20: Resumo das melhores variantes de diferentes variveis de deciso ..................79

    Tabela 5.21: Melhores variantes das melhores estratgias de soluo para cada conjunto de

    problemas de Christofides e Beasley (1984) .................................................................81

    Tabela 5.22: Parmetros e resultados dos problemas 2, 5, 8 e 10 de Christofides e Beasley

    (1984)...........................................................................................................................82

    Tabela 5.23: Resultados de artigos anteriores e do presente estudo ......................................82

    Tabela 5.24: Porcentagem de desvio acima do melhor resultado obtido ...............................82

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 4.1: Resumo das estratgias de soluo heurstica propostas ...................................36

    Quadro 5.1: Resumo das mudanas das melhores variantes na Anlise de Sensibilidade .....79

  • 1

    1. INTRODUO

    1.1 Descrio e Relevncia do Problema

    O presente texto trata o problema de roteirizao peridica de veculos, que pode ser

    entendido como uma generalizao do problema clssico de roteirizao. Este procura alocar

    pontos a veculos, de maneira que os roteiros, ou seqncias de atendimento, otimizem os

    recursos utilizados. Isto ocorre da mesma maneira na roteirizao peridica, no entanto, cada

    ponto requer uma determinada freqncia de visitas ao longo do perodo de planejamento

    (uma vez, trs vezes, diariamente, etc.). Consequentemente, alm da alocao a veculos, h a

    necessidade de alocar os pontos em dias de visitas no perodo, respeitando a freqncia de

    visitas requerida.

    Aplicaes prticas para o problema de roteirizao peridica podem ser encontradas na

    coleta de peas automobilsticas e coleta de lixo industrial caracterizando problemas de

    atendimento em ns, tipo caixeiro viajante , e coleta de lixo residencial e limpeza de ruas

    caracterizando problemas em atendimento de arcos, tipo carteiro chins.

    O abastecimento de uma indstria automobilstica atravs da coleta de peas uma aplicao

    bastante atual. Um grande nmero de montadoras no Brasil atua com sistema just-in-time, ou

    seja, no mantm e nem armazena estoque de insumos e matrias-primas utilizados na

    produo dos veculos, sendo que essas peas chegam linha da produo da montadora na

    hora em que o automvel fabricado. Geralmente, um operador logstico contratado para

    efetuar as coletas nos fornecedores das quantidades necessrias, seguindo uma programao

    de produo definida previamente.

    A partir disso, a montadora evita a complexa tarefa de recebimento e movimentao de peas

    de um elevado nmero de fornecedores, transferindo a responsabilidade pela coleta,

    conferncia e entrega para um operador logstico. Sendo assim, o processo fica otimizado,

    diminuindo os custos e evitando a formao de filas nas reas de desembarque.

  • 2

    Na poca em que a inflao brasileira era alta e instvel, as grandes montadoras no se

    preocupavam com a eficincia do seu sistema e, muito menos, em diminuir os estoques, pois

    toda ineficincia do sistema era compensada com aplicaes no mercado. Entretanto, no

    momento em que a inflao baixou e estabilizou, e houve uma abertura do mercado brasileiro

    para empresa estrangeiras, as montadoras tiveram que acompanhar as mudanas e aumentar a

    eficincia do sistema para se tornarem mais competitivas.

    Inserida nesse cenrio, era preciso que a montadora fizesse estudos e investimentos em

    estratgias baseadas em viso sistmica. Notou-se que a rea de logstica, que havia sido

    deixada de lado, atendia essas necessidades de integrao dos sistemas, o que diminuiu os

    custos e desperdcios, causando, por conseqncia, um aumento do lucro e da eficincia. Com

    o advento da tecnologia e a incorporao desses conceitos de logstica dentro da montadora,

    foi possvel adotar o sistema just-in-time.

    Como dito anteriormente, com este novo sistema adotado no h estoques nas montadoras,

    consequentemente, os materiais so necessrios em lotes menores, mas com freqncia maior.

    Logo, para evitar filas na rea de desembarque, coletar os produtos com uma determinada

    freqncia ao longo de um perodo de planejamento era mais apropriado. Adotou-se a

    denominao de sistema de coleta milk-run para essa prtica por ter semelhanas com o

    antigo sistema de coleta de leite nas fazendas por cooperativas de laticnios.

    Antes da implantao desse sistema, cada fazenda levava o leite produzido a cada dia para as

    cooperativas, para que estas pasteurizassem o produto. Isso ocasionava um aumento de custo

    do leite, devido aos gastos em transporte e embalagem, alm do tempo gasto em filas na rea

    de desembarque. A fim de aprimorar o sistema e diminuir esses custos que conduziam a

    aumentos no preo do produto final e prejuzos, as prprias cooperativas passaram a coletar o

    leite nas fazendas, utilizando embalagens padronizadas. Em outras palavras, um veculo

    passava pelas fazendas coletando embalagens cheias de leite e deixando embalagens vazias

    para serem coletadas cheias em outro dia. Para tanto, uma programao de coletas tinha que

    ser feita, bem como os roteiros que cada veculo iria percorrer em cada dia. Sendo que

    algumas fazendas no produziam a quantidade de leite suficiente para coletas dirias, elas

    recebiam visitas com alguns intervalos de tempo (periodicidade).

  • 3

    Uma vez que o leite um produto perecvel, um tempo mximo entre a sua produo e o

    consumo no pode ser ultrapassado. Conseqentemente, houve a instituio de horrios pr-

    determinados de coleta, semelhantes s restries de janela de tempo dos problemas de

    roteirizao.

    Juntamente com o uso desses novos conceitos e sistemas, alguns benefcios para as

    montadoras foram obtidos, como preciso da entrega de peas, maior controle de peas em

    trnsito, agilidade de embarque e desembarque, reduo de trnsito de materiais interno,

    agilidade na tomada de decises, otimizao da frota e reduo dos custos.

    Portanto, devido ao que foi exposto, nota-se a importncia do estudo do problema e do

    desenvolvimento de novas estratgias de soluo do mesmo, que agilizem a tomada de

    deciso, melhorem a qualidade da soluo obtida, otimizem os custos e diminuam os tempos

    de processamentos computacionais, sendo esse o objetivo do trabalho atravs da explorao

    de novas estratgias de soluo para o problema de roteirizao peridica.

    1.2 Metodologia

    Trs estratgias de soluo heursticas foram propostas com a finalidade de se obter melhores

    resultados de problemas de roteirizao peridica. A obteno de uma soluo tima

    praticamente impossvel devido ao grande esforo computacional e ao tempo de

    processamento requerido para isto, uma vez que o problema NP-Difcil. Para tanto,

    desenvolveram-se duas heursticas (um baseada em insero e outra baseada em GRASP -

    Greedy Randomised Adaptative Search Procedure) e uma metaheurstica, algoritmo gentico.

    H a proposio de uma formulao matemtica para um problema geral de roteirizao

    peridica para demonstrar as principais restries operacionais e as decises envolvidas.

    A avaliao do melhor mtodo de soluo, bem como uma comparao com resultados

    encontrados na literatura, tambm so realizados para averiguar se as estratgias propostas

    podem realmente serem utilizadas em roteirizao peridica.

  • 4

    1.3 Delineamento do Trabalho

    Os captulos deste texto esto organizados e estruturados para que a compreenso do assunto

    e de suas possveis solues seja facilitada.

    O captulo a seguir corresponde reviso bibliogrfica, em que so apresentadas, de forma

    resumida, as pesquisas feitas por outros autores. Tem como finalidade o melhor entendimento

    dos conceitos e das estratgias de soluo j exploradas na literatura.

    O captulo 3 mostra a caracterizao do problema com suas peculiaridades e a maneira como

    ele vai ser tratado. A formulao matemtica tambm apresentada nessa seo.

    No captulo seguinte, so apresentadas as estratgias de soluo propostas e um detalhamento

    maior de cada uma delas. A avaliao dessas estratgias foi realizada atravs de experimentos

    computacionais, encontrados no captulo 5.

    No captulo 6, h a apresentao de consideraes finais e recomendao para prximos

    passos da pesquisa. O captulo final destinado s referncias utilizadas na pesquisa.

  • 5

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    Este captulo tem como objetivo apresentar os trabalhos cientficos encontrados na literatura

    que so correlatos ao tema da presente dissertao. Os textos estudados auxiliaram na

    compreenso do problema e no conhecimento das estratgias de soluo j abordadas com o

    objetivo de tentar solucionar o problema de roteirizao peridica. Verificou-se no ser um

    assunto amplamente estudado, mas, como j mencionado anteriormente, demonstra ter uma

    grande importncia no cenrio atual de diversas empresas e instituies.

    2.1 Problemas de Roteirizao de Veculos na Literatura

    A roteirizao peridica fundamenta-se nos conceitos bsicos de roteirizao de veculos, que

    conhecido na literatura como Vehicle Routing Problem (VRP). Em linhas gerais, a

    roteirizao de veculos pode ser definida como o atendimento de ns de demanda

    geograficamente dispersos, sendo que, para cada ligao entre um par de ns, h distncias e

    custos associados. A fim de atend-los, utiliza-se uma frota de veculos disponveis que

    partem e retornam a um depsito central. O objetivo determinar o conjunto de rotas de

    menor custo que atenda s necessidades dos ns, respeitando restries operacionais, tais

    como capacidade dos veculos, durao da rotas, janelas de tempo, durao da jornada de

    trabalho, entre outros.

    O primeiro tipo de problema de roteirizao a ser estudado foi o caixeiro viajante (traveling

    salesman problem). A idia encontrar o menor caminho possvel que um vendedor deve

    percorrer, a partir de sua cidade, a fim de atender um conjunto de clientes (cidades), visitando

    cada um deles exatamente uma nica vez. Ao longo de anos de estudos, novas restries

    foram e esto sendo incorporadas ao caixeiro viajante, de modo a melhor representar os

    diferentes problemas envolvendo roteiros de pessoas, veculos e cargas. De acordo com

    Cunha (2000), os problemas de roteirizao so muitas vezes definidos como problemas de

    mltiplos caixeiros viajantes com restries de capacidade e outras restries que dependem

    de cada aplicao.

  • 6

    Tanto o problema do caixeiro viajante quanto os problemas de roteirizao so problemas que

    podem ser formulados como problemas de programao linear inteira, e pertencentes

    categoria de problemas NP-Difcil, ou seja, medida que o tamanho do problema aumenta, o

    esforo computacional para resolv-lo cresce de maneira exponencial. Mesmo com o avano

    da tecnologia dos computadores, problemas de maior porte encontrados em aplicaes

    prticas apresentam muitas variveis e restries a serem consideradas; nem mesmo o mais

    avanado computador existente no mercado poderia resolv-los (i.e. chegar a uma soluo

    tima) em tempos de processamento aceitveis para instncias encontradas na prtica.

    Logo, a fim de se obter uma soluo de boa qualidade com um tempo computacional

    razoavelmente pequeno, resta a utilizao de heursticas e metaheursticas, que forneam uma

    soluo apropriada ao que se deseja de uma soluo. Essas estratgias de soluo baseiam-se

    em abordagens intuitivas, de modo que a estrutura particular do problema pode ser

    considerada e explorada de forma inteligente (Cunha, 1997). Dada a diversidade dos

    problemas de roteirizao em termos das suas restries, as estratgias de soluo baseadas

    em heursticas so bastante especficas, carecendo de robustez, ou seja, elas no conseguem

    produzir solues boas para problemas com caractersticas e restries diferentes daquelas

    que foram levadas em considerao quando a estratgia foi planejada. Como apontado por

    Hall e Partyka (1997), na roteirizao de veculos uma estratgia de soluo para um certo

    tipo de problema com suas peculiaridades pode no ser adequada para um outro problema

    similar (Teixeira, 2001).

    Laporte et al. (2000) descrevem os principais mtodos para resoluo do problema de

    roteirizao de veculos encontrados na literatura, classificados como heursticas clssicas e

    tambm uma metaheurstica, a busca tabu, denominada pelos autores de heurstica moderna.

    As heursticas clssicas analisadas so o algoritmo de economias de Clarke e Wright (1964)

    em duas verses (paralela e seqencial); o algoritmo de varredura; o algoritmo de ptalas

    (petal algorithm); o algoritmo do tipo agrupa-primeiro roteiriza-segundo (cluster-first, route-

    second algorithm); e as heursticas de melhorias, do tipo 3-opt. Os autores comparam essas

    heursticas clssicas de roteirizao atravs de testes com quatorze problemas considerados

    benchmarks. Boas solues foram obtidas com um tempo de processamento menor quando

    so utilizados o mtodo de economias de Clarke e Wright (1964) e o algoritmo de varredura

    de Gillett e Miller (1974). A heurstica moderna analisada no artigo a busca tabu, assim

  • 7

    como algumas variantes desenvolvidas por outros autores. Embora a qualidade das solues

    obtidas pela busca tabu, assim como suas variantes, seja bastante superior s das heursticas

    clssicas, os tempos computacionais ainda so, em geral, muito elevados para aplicaes

    comerciais. Segundo os autores, as metaheursticas, em particular a busca tabu, so muito

    dependentes do contexto do problema e o ajuste de parmetros para cada caso afeta seu

    desempenho, demonstrando a dificuldade em termos de robustez dessas estratgias de

    soluo.

    Conforme Laporte et al. (2000), uma tendncia futura de pesquisa a ser perseguida o

    desenvolvimento de metaheursticas mais simples, rpidas e robustas que, mesmo com algum

    prejuzo qualidade de solues, permitam a sua incorporao em pacotes comerciais.

    Pirlot (1996) apresenta um detalhamento e uma anlise de trs metaheursticas muito

    conhecidas e utilizadas. Para cada uma delas (busca tabu, algoritmo gentico e simmulated

    annealing), o autor descreve a respectiva verso bsica, ilustrada pela aplicao em um

    problema combinatrio de otimizao selecionado na literatura, bem como uma breve reviso

    bibliogrfica e introduo discusso de tpicos mais avanados, como ajuste de parmetros,

    refinamentos de idias bsicas e aspetos tericos. Outra opo que o autor descreve e afirma

    ser uma tendncia a utilizao de mtodos hbridos, em que se utilizam duas metaheursticas

    em conjunto.

    2.2 Trabalhos Desenvolvidos no mbito da EPUSP

    O presente trabalho integra um conjunto de pesquisas que vm sendo realizadas

    principalmente nas reas de Engenharia Naval, Engenharia de Transportes e Engenharia de

    Sistemas Logsticos da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Envolvem,

    genericamente, o desenvolvimento e a implementao computacional de novos algoritmos e

    heursticas de soluo para problemas de roteirizao, programao e designao de veculos,

    cujas principais contribuies mais recentes esto relacionadas a seguir:

  • 8

    Cunha (1997) trata o problema de roteirizao de veculos com restries operacionais,

    tais como janelas de tempo e durao mxima de jornada de trabalho. A estratgia de

    soluo proposta pelo autor baseada na relaxao lagrangeana das restries do modelo.

    So desenvolvidas trs heursticas diferentes: duas para frota homognea (alocao

    seqencial e alocao paralela) e outra para dois tipos de frota (agrupamento e alocao

    seqencial). Ao final, compara-se o desempenho das trs heursticas propostas e depois se

    utiliza a ltima heurstica para um caso prtico.

    Brejon (1998) aborda um problema de programao de transporte de suprimentos para

    unidades martimas de explorao de petrleo, visando a garantia de que os suprimentos

    necessrios estejam na unidade martima solicitante na quantia correta e dentro dos

    horrios solicitados. analisado como um problema de roteirizao e programao de

    veculos com restrio de janelas de tempo. A estratgia de soluo utilizada se baseia na

    heurstica de insero I1, proposta por Solomon (1987), modificada para se adequar s

    restries do problema estudado. A alocao dos clientes s rotas segue um critrio de

    primeiro inserir em uma rota os clientes mais distantes e depois os clientes no alocados

    que tm menor valor de fim de janela de tempo, obviamente a insero feita juntamente

    com um estudo de viabilidade de insero, que est relacionado a limites de capacidade,

    distncia e tempo.

    Souza (1999) prope uma estratgia de soluo para o problema de transporte do tipo

    Carga nica Coleta e Entrega (Full Truckload Pickup and Delivery) com janelas de

    tempo em duas etapas: na primeira so gerados todos os roteiros tecnicamente viveis

    para atender as requisies de transporte dentro do perodo de programao, e na segunda

    resolvido um problema de programao linear, do tipo partio de conjunto (set

    partitioning) para a seleo dos melhores roteiros que minimizem o custo total do

    transporte.

    Znamensky (2000) aborda o problema de roteirizao e programao de veculos com

    restries operacionais e temporais, visando o transporte de idosos e pessoas com

    deficincias atravs de veculos de pequeno porte. Esse servio oferecido pela So

    Paulo Transportes (SPTrans), no mbito do municpio de So Paulo, tendo como

    denominao sistema ATENDE. Esse problema conhecido na literatura como dial-a-

  • 9

    ride de programao diria, que se caracteriza por transporte de passageiros de uma

    origem a um destino porta-a-porta, com a possibilidade de solicitao do servio por

    telefone. Uma caracterstica diferenciadora desse estudo a utilizao de mltiplos

    depsitos de onde partem os veculos. A soluo proposta para o problema baseia-se em

    uma heurstica de insero paralela; aps a gerao de uma primeira soluo, h uma

    melhoria de busca local nas categorias de troca intra-rotas e inter-rotas (reinsero de

    solicitaes ou troca de solicitaes). A heurstica produz bons resultados com reduo

    significativa dos custos operacionais e de frota em relao maneira como feita a

    programao atualmente.

    Teixeira (2001) trata o problema de composio (ou dimensionamento) e roteirizao de

    uma frota de veculos heterognea, levando em conta custos fixos e variveis, alm de

    restries operacionais, com o objetivo de minimizar os custos de distribuio. A

    estratgia de soluo est baseada em um algoritmo out-of-kilter para o agrupamento de

    clientes segundo uma medida de economia que leva em conta no s a distncia como o

    custo fixo dos clientes. Para o agrupamento de clientes, o problema de designao foi

    modelado como de circulao com custo mnimo. As heursticas produzidas (bsica,

    hbrida e soluo direta) se baseiam nas combinaes de rotas a partir da soluo dos

    problemas de designao de frota, uma vez que ao compor e roteirizar uma frota de

    veculos, os custos de distribuio so minimizados.

    Feriancic (2005) estuda o problema de distribuio de combustveis com caminhes

    tanque para postos de abastecimento. A grande particularidade deste problema a frota

    ser heterognea devido a diferentes conjuntos possveis de compartimentao para

    transporte dos produtos, permitindo assim o transporte de um ou mais produtos em um

    mesmo caminho tanque para mais de um cliente. Apesar de ser permitido transportar

    mais de um produto por caminho (gasolina, lcool e diesel), cada compartimento tem

    que estar sempre completamente cheio ou vazio. A estratgia de soluo proposta baseia-

    se em definir a alocao tima dos pedidos aos veculos e a seqncia de entrega de cada

    veculo. A frota prpria j pr-determinada e h a possibilidade de uso de frota

    terceirizada. Os clientes so alocados segundo uma ordem decrescente de dificuldade nos

    veculos, tambm ordenados de acordo com a sua serventia. Isto feito para que a

    heurstica de insero seqencial inclua os clientes segundo uma ordem decrescente em

    veculos de maior serventia ainda disponveis. A fim de validar a formulao matemtica,

  • 10

    bem como testar a sua consistncia, foram utilizados o Solver do Excel e o CPLEX da

    ILOG; entretanto no foi possvel obter a soluo tima mesmo para instncias de menor

    porte. A heurstica proposta baseia-se no GRASP (Greedy Randomised Adaptative Search

    Procedure) a fim de promover vrios reincios da heurstica de alocao seqencial,

    realocando apenas alguns clientes escolhidos aleatoriamente.

    Mourad (2005) trata de um problema de roteirizao de carga completa com janelas de

    tempo que incorpora algumas singularidades encontradas nas empresas do mercado

    brasileiro. Uma diferena relevante para o problema clssico comumente estudado na

    literatura a possibilidade de utilizao de uma frota spot como complemento de uma

    frota dedicada. So consideradas ainda janelas de tempo, paradas especiais para execuo

    de servios (manuteno do veculo, por exemplo), e mltiplos depsitos, dentro de um

    horizonte de planejamento semanal, conferindo ao problema uma caracterstica dinmica.

    A frota dedicada j pr-dimensionada, ento os clientes que no puderem ser atendidos

    pela frota dedicada ou mesmo aqueles cujo atendimento por ela no for vivel so

    automaticamente atendidos por uma frota terceirizada, ou spot. Foram propostas quatro

    diferentes heursticas, todas baseadas em busca tabu. A soluo inicial obtida atravs de

    uma heurstica de insero inspirada em Solomon (1987). A diferena entre as quatro

    heursticas propostas se encontra na estrutura de controle da busca, como tipos de

    proibio e perodo tabu. Primeiramente, so geradas doze instncias com diferentes

    nmero de viagens por dia e restries locais de coleta e entrega, denominadas como

    problemas reduzidos. Em seguida, quatro cenrios com diferentes parmetros para

    problemas triviais da literatura tambm foram gerados. A heurstica TS4 demonstrou

    melhor desempenho em todos os testes, bem como no modelo exato, o que mostra que a

    utilizao de busca tabu para solucionar problemas de roteirizao com janelas de tempo

    permite obter bons resultados.

    Bonasser (2005) estuda o problema de roteirizao de veculos com mltiplos depsitos e

    frota heterognea fixa. Sua estratgia de soluo se baseia em heursticas de economias,

    busca tabu, colnia de formigas e uma metaheurstica hbrida (mtodo Routing AnTS),

    desenvolvida especialmente para a soluo do problema em questo. O autor tambm

    explora o desempenho dos mecanismos de diversificao e intensificao embutidos nos

    mtodos. So utilizados com a finalidade de testar as estratgias de soluo conjuntos de

    instncias clssicas para problemas de roteirizao de veculos em sua forma padro, com

  • 11

    frota heterognea e com mltiplos depsitos. Conclui-se que a busca tabu efetua a

    intensificao com maior eficincia, enquanto a colnia de formigas promove melhor

    diversificao. A metaheurstica hbrida, por sua vez, apresenta melhor desempenho que

    as estratgias anteriores de uma maneira geral. Alguns resultados obtidos por Bonasser

    (2005) superam os encontrados na literatura. Alm da utilizao dos problemas retirados

    da literatura, aplicou-se as estratgias de soluo para uma situao real da Fora Area

    Brasileira, no caso, a operao de assistncia humanitria realizada pela mesma. O autor

    comprova que possvel a aplicao dos mtodos neste caso.

    Abraho (2006) prope uma estratgia de soluo baseada em colnia de formigas para

    tratar do problema de programao de manuteno preventiva de veculos. Este tipo de

    problema considerado bastante complexo, em que poucos mtodos de soluo so

    estudados para otimizar este tipo de programao. Segundo o autor, um problema do

    tipo NP-Difcil, impedindo assim a formulao e soluo a partir de mtodos exatos,

    como a programao linear. Utiliza-se, ento, o mtodo de colnia de formiga combinada

    com mecanismos de intensificao e busca local. Esta estratgia foi aplicada

    programao de manuteno preventiva da frota de aeronaves da Fora Area Brasileira.

    Os resultados foram bons para a soluo dos problemas-teste, demonstrando que colnia

    de formigas apropriada para este tipo de problema.

    Znamensky (2006) aborda um sistema logstico conhecido como Vendor Managed

    Inventory, em que um fornecedor controla e coordena as decises de reabastecimento,

    sendo responsvel por manter os estoques de seus clientes dentro de limites pr-fixados.

    O modelo proposto pelo autor incorpora decises relativas produo e manuteno de

    estoque por parte do fornecedor, juntamente com a utilizao de frota heterognea na

    distribuio e a busca da minimizao dos custos totais do sistema. Quatro heursticas de

    duas etapas so propostas para a resoluo do problema abordado. A primeira etapa,

    comum a todas as heursticas, baseia-se em uma heurstica retirada da literatura e fornece

    uma soluo inicial vivel, utilizada como ponto de partida para a etapa de melhoria. Para

    esta outra etapa, Znamensky (2006) utiliza a metaheurstica busca tabu. As heursticas

    propostas foram avaliadas em um conjunto de teste, sendo obtidos resultados melhores

    que os encontrados na literatura em todas as instncias testadas. Dentre as estratgias de

    soluo avaliadas, destaca-se a heurstica baseada em busca tabu com diversificao, que

    demonstrou ser superior s demais heursticas propostas. Os resultados obtidos indicam

  • 12

    que, no caso da frota disponvel ser heterognea, vantajosa a utilizao de uma

    adaptao no procedimento de obteno da soluo inicial, como forma de priorizar a

    utilizao de veculos que demonstraram maior eficincia.

    2.3 Problemas de Roteirizao Peridica

    O problema abordado nesta dissertao um caso geral de roteirizao de veculos,

    expandido a um certo perodo de dias de planejamento, sendo que os clientes requerem um

    nvel de servio atravs de uma determinada freqncia de visitas dentro desse mesmo

    perodo. Conseqentemente, necessrio determinar tambm os melhores dias de visitas,

    levando em considerao os impactos na roteirizao.

    2.3.1 Roteirizao em Ns

    Antes de receber a denominao de roteirizao peridica, o problema era considerado como

    de designao (assignment) de dias de visitas, conforme denominao de Beltrami e Bodin

    (1974) que estudaram o problema de coleta de lixo municipal da cidade de Nova Iorque

    produzido por grandes instituies, tais como escolas e hospitais. Os autores foram os

    pioneiros na discusso da periodicidade deste tipo de problema, pois, atravs de anlises,

    notaram que havia grandes vantagens, em termos de economia, em se visitar alguns pontos

    diversas vezes ao dia, ou mesmo em um determinado perodo de tempo maior que um dia.

    Logo, o problema foi tratado como de roteirizao peridica. Diferencia-se da coleta de lixo

    residencial pelo fato de ser uma roteirizao em ns e no em arcos, como no caso de limpeza

    de rua e remoo de neve. Os autores discutem algumas estratgias de soluo: (i) os ns so

    agrupados e depois roteirizados, ou (ii) os roteiros so criados e a partir deles os dias de

    visitas so definidos. O mtodo de economias de Clarke e Wright (1964) utilizado para a

    realizao da roteirizao diria dentro do perodo, podendo at considerar uma rota que

    comea e termina em pontos diferentes, alm da opo de um ponto ser visitado mais de uma

    vez.

  • 13

    Russel e Igo (1979) desenvolveram heursticas para designar clientes a dias da semana com a

    finalidade de minimizar a distncia total percorrida. Segundo os autores, heursticas tm que

    ser utilizadas devido ao tamanho das instncias encontradas na prtica e intratabilidade de

    problemas de roteirizao de ns. Trs estratgias de soluo so discutidas, sendo uma delas

    baseada no conceito de agrupar os pontos com freqncia de servio semelhantes e, em

    seguida, agrup-los por proximidade. O ponto do grupo mais prximo ao centride,

    relacionado a esse mesmo grupo, assume a soma da demanda dos pontos do grupo inteiro. Isto

    feito com a finalidade de diminuir o tamanho do problema, tornando mais fcil a

    manipulao de dados e a prpria roteirizao do problema posteriormente. Depois que uma

    soluo de designao de dias obtida, expandem-se novamente os grupos aos pontos

    originais para resolver o problema de roteirizao diria. A partir dessa soluo inicial, as

    outras duas heursticas propostas pelos autores tm como objetivo melhorar essa soluo

    considerando a roteirizao juntamente com a designao dos pontos.

    Um dos primeiros artigos que adota a denominao de problema de roteirizao peridica de

    veculos o de Christofides e Beasley (1984), que caracterizam o problema e apresentam o

    modelo matemtico completo para um caso genrico. Os autores adotam um mtodo

    heurstico de soluo baseado inicialmente na escolha inicial da melhor combinao permitida

    de dias de visitas para cada ponto. A fase seguinte caracterizada por trocas (interchanges) de

    combinaes de alguns pontos como uma tentativa de diminuir o custo total resultante das

    roteirizaes dirias no perodo de planejamento.

    Os autores concluem, aps uma breve discusso do modelo matemtico, que o problema

    muito complexo, pois envolve um enorme nmero de variveis. A fim de ajudar a resoluo,

    os autores propem duas relaxaes do problema de roteirizao de veculos que transformam

    os subproblemas de roteirizaes dirias em um problema de mediana (median problem) e um

    problema de caixeiro viajante. A primeira relaxao est baseada em um estudo anterior de

    Christofides e Eilon (1969), comprovando que a distncia esperada das rotas dos veculos est

    relacionada soma das distncias radiais dos clientes a um centro, sendo este escolhido para

    cada um dos dias do perodo. Assim sendo, ao minimizar essas distncias radiais, possvel

    obter uma minimizao global de custos. A outra relaxao baseada no conceito de caixeiro

    viajante. Nota-se que ao diminuir a distncia total percorrida nos roteiros dos caixeiros

    viajantes, a distncia da soluo da roteirizao de veculos tambm minimizada. Assim,

  • 14

    esperado que o mesmo ocorra no caso da roteirizao peridica de veculos (isto

    comprovado ao final do estudo).

    A heurstica proposta pelos autores baseia-se primeiro na escolha inicial das combinaes de

    dias de entrega para os clientes e, em seguida, aps a realizao de roteirizaes dirias, h

    uma troca (interchange) dessa combinao dos clientes, na tentativa de reduzir o custo total.

    A dificuldade dessa estratgia avaliar o efeito da mudana de dias de visitas aos clientes,

    uma vez que necessrio realizar a roteirizao diria das mudanas e comparar o resultado

    final obtido com o resultado anterior.

    A fase de alocao das combinaes permitidas de dias de atendimento dos clientes iniciada,

    primeiramente, com a ordenao desses clientes em ordem decrescente em relao a uma

    medida de importncia, em que se colocam os clientes com dias de combinao fixas no

    topo da lista (no h no texto exemplos de pontos com combinao fixa, mas fazendo um

    paralelo com instncias reais, pode-se dizer que so aqueles clientes que somente podem ser

    atendidos em determinados dias, sem nenhuma flexibilidade). Para os demais clientes, a

    ordenao feita com base na demanda de cada um deles, ou seja, os que tiverem demandas

    maiores requeridas por visitas so alocados primeiro, evitando problemas posteriores de

    viabilidade, dada a capacidade do veculo e a frota disponvel. Aps a ordenao dos clientes,

    para cada um deles avaliado o aumento do custo total no perodo para as combinaes

    permitidas de dias que respeitam a exigncia de freqncia de cada um deles. A melhor

    combinao escolhida para cada ponto aquela que oferece o menor aumento geral dos

    custos. A fase de trocas (interchanges) da heurstica a tentativa de melhoria da soluo,

    caracterizada pela mudana da combinao de dias dos clientes, e realmente efetuar aquelas

    que oferecem custos menores. Isto feito atravs de uma escolha de um subgrupo pequeno de

    clientes e, dentre eles, enumera-se todas as possibilidades de combinaes, procurando

    minimizar os custos totais, que neste caso representada apenas pela distncia.

    Os autores testaram as estratgias para 11 tipos de problemas, sendo que os resultados obtidos

    com a relaxao para um problema de caixeiro viajante deram menores custos, se comparados

    com os resultados das rotas geradas pela heurstica que utiliza o problema de medianas.

    Outro artigo que adota a denominao de roteirizao peridica o de Tan e Beasley (1984).

    A partir da formulao de Fisher e Jaikumar (1981) de um problema de roteirizao com

  • 15

    designao de pontos para os veculos, os autores propem uma extenso da formulao

    matemtica e comprovam que o problema de roteirizao peridica muito complexo para se

    resolver atravs de mtodos exatos; assim, resolvem primeiro de maneira exata aps efetuar

    uma relaxao de programao linear, que a troca de uma das restries na formulao. A

    roteirizao de cada dia do perodo de planejamento feita atravs do mtodo de designao

    de Fisher e Jaikumar (1981), em que um ponto-semente alocado para cada veculo, para em

    seguida serem inseridos os demais pontos. A escolha dos pontos-semente pode ser feita

    atravs de uma regra automtica. Depois de decidir os pontos-semente para cada veculo, a

    escolha dos dias a serem associados a esses pontos feita atravs da anlise de uma matriz

    contribuio, que definida como o menor valor de acrscimo de distncia ao inserir um

    determinado ponto em um roteiro; sendo que essa distncia considerada como o total

    viajado, ida e volta, do depsito at o ponto-semente passando pelo ponto a ser inserido. A

    fim de melhorar a soluo, necessrio repetir o processo de escolha da semente e de

    montagem da matriz de contribuio, por diversas vezes. Os testes computacionais so feitos

    com a mesma base de dados de Christofides e Beasley (1984), sendo os resultados obtidos

    bastante competitivos. Apesar de no conseguirem distncias percorridas menores que do

    artigo anterior, no caso em que se aplica a relaxao de caixeiro viajante, os tempos

    computacionais so baixos. Esse seria um trade-off a ser estudado e levado em considerao.

    Chao et al. (1995) propem uma heurstica para resolver o problema de caixeiro viajante

    peridico. Com a finalidade de facilitar a etapa de alocao de clientes em dias de visitas, um

    algoritmo de designao busca equilibrar o nmero de clientes que so servidos em cada dia

    no perodo, a fim de se obter uma soluo inicial. A idia do algoritmo implica, por

    conseqncia, uma minimizao do nmero mximo de clientes visitados em um nico dia,

    evitando a concentrao deles em alguns dias. Uma vez obtida essa soluo inicial, executa-se

    uma fase de melhoria da soluo, baseada na realocao de cada ponto em dias diferentes,

    sendo feita atravs da realocao de um ponto por vez. A mudana s efetuada caso ela

    provoque uma melhoria na funo objetivo. Aps a escolha final dos dias de visitas para cada

    cliente, executa-se uma etapa de limpeza (clean-up), em que se tenta diminuir a distncia total

    percorrida atravs da mudana dos clientes para roteiros diferentes, alm da utilizao de um

    algoritmo de melhoria do tipo 2-opt. A heurstica foi testada para 10 problemas-teste da

    literatura e para mais 13 problemas gerados. Os resultados obtidos so melhores e mais

    eficientes que os encontrados na literatura.

  • 16

    Cordeau et al. (1997) propem uma estratgia baseada em busca tabu para resolver trs

    problemas bastante conhecidos: (i) roteirizao peridica, (ii) caixeiro viajante peridico, e

    (iii) roteirizao de veculos com mltiplos depsitos. Uma contribuio deste trabalho a

    comprovao que o problema de mltiplos depsitos pode ser formulado como um caso

    especial de roteirizao peridica. Os princpios da busca tabu do artigo tm semelhanas com

    o Tabouroute de Gendreau et al. (1994), com exceo escolha da soluo inicial, uma vez

    que no h falsos incios para identificar uma soluo promissora, o perodo tabu constante,

    os critrios dos parmetros de penalidade so diferentes, no h re-otimizaes peridicas, o

    nmero de iteraes definido no incio, os nveis de aspirao so dependentes dos atributos

    e no aplicada uma fase de intensificao. Utilizou-se uma heurstica, denominada GENI

    para realizar a insero de clientes no roteirizados e a remoo de clientes de suas rotas

    atuais a fim de reinseri-los em outras diferentes, sendo que as mudanas so efetuadas para

    aquelas que demonstrarem menores custos. As buscas tabu dos trs problemas estudados so

    semelhantes entre si, exceto pela construo da soluo inicial, podendo essa ser vivel ou

    no. A diversificao do mtodo baseada em uma funo de penalidade dos atributos mais

    recorrentes nas solues que implicam em aumento na funo objetivo. Os resultados obtidos

    atravs dos testes com instncias retiradas da literatura mostraram que os algoritmos

    desenvolvidos so melhores que os encontrados anteriormente.

    Vianna et al. (1999) propuseram uma metaheurstica hbrida paralela (i.e., utilizando vrios

    processadores em paralelo) para o problema de roteirizao peridica; a mesma se baseia em

    algoritmo gentico paralelo, scatter search e uma heurstica de busca local, utilizando o

    modelo de ilha (island model) na qual a populao de cromossomos repartida em vrias

    subpopulaes, sendo que a freqncia de migrao entre subpopulaes dos cromossomos

    baixa, somente executada quando a renovao da subpopulao necessria. As etapas da

    estratgia de soluo so: gerao de um grupo de alternativas viveis de combinaes de

    visitas para cada cliente de acordo com a freqncia de visitas requerida, seleo de uma das

    alternativas para cada cliente, representao de solues atravs dos cromossomos, gerao de

    uma populao inicial, evoluo e reproduo, e diversificao da populao. Os indivduos

    so representados por genes que caracterizam os pontos de demanda que devem ser atendidos,

    sendo que o cdigo que est contido em cada um deles representa as combinaes de dias de

    visitas permitidas, escolhida de acordo com a freqncia requerida pelo determinado ponto.

    Vianna et al. (1999) contabilizam a demanda diria servida medida que um cliente alocado

    em uma combinao de dias de visitas, pois a frota diria pr-determinada, ento h uma

  • 17

    capacidade mxima de atendimento por dia que pode ser utilizada. A regra para iniciar a

    alocao dos cromossomos feita da seguinte maneira: a cada cliente, um grupo de

    alternativas de combinaes de dias de visitas possveis atribudo, os clientes so ordenados

    em grupos de nmero de alternativas possveis iguais, a alocao priorizada aos clientes que

    tm um nmero menor de alternativas viveis de combinao de dias de visitas. Os clientes

    dentro de cada grupo so escolhidos aleatoriamente e o grupo de alternativas viveis de

    combinao de dias de visitas para este determinado cliente so testadas uma a uma. Caso este

    cliente viole a capacidade total da frota de um determinado dia, a alternativa descartada. A

    roteirizao diria realizada atravs do algoritmo de economias de Clarke e Wright (1964).

    A fase de reproduo feita por cruzamento e mutao, sendo que nesta fase a capacidade

    mxima diria da frota tambm tem que ser respeitada. A etapa de diversificao realizada

    atravs de um operador de migrao (island model) com uma taxa de renovao pequena.

    Foram realizados experimentos computacionais com instncias retiradas da literatura com

    nmero de clientes variando de 50 a 417 e de horizonte de planejamento de 2 a 10 dias. Os

    resultados obtidos so comparados com outros da literatura, verificando-se resultados

    superiores em termos de tempo de processamento computacional e qualidade de soluo, o

    que mostra que a utilizao de algoritmos genticos para este tipo de problema traz benefcios

    em otimizao. Obviamente, uma boa codificao e definio de parmetros tambm so

    importantes para alcanar estes resultados.

    Shih e Chang (2001) estudaram o problema de coleta de resduo infecto-contagioso de

    hospitais de Taiwan, que comeou a ser uma preocupao do governo devido aos problemas

    ambientais decorrentes da falta de tratamento desse tipo de resduo. A estratgia de soluo

    utilizada consiste em uma heurstica de duas fases: a primeira utiliza a heurstica space filling

    curve mapping, atravs do particionamento timo por programao dinmica e melhoria do

    tipo 2-opt; a segunda fase emprega um modelo de programao inteira mista para balancear a

    carga de trabalho diria das rotas obtidas pela minimizao da mxima distncia viajada por

    dia. Uma vez que se minimiza essa distncia, o custo operacional diminui por decorrncia.

    Pode-se perceber, pelos resultados alcanados, que a distncia percorrida pelos veculos

    pequena e a capacidade mxima veicular s atingida quando h coletas em hospitais

    grandes, enquanto que a ocupao dos veculos que visitam vrios hospitais menores tambm

    est bastante balanceada. Isto mostra que a segunda fase da heurstica proposta tem um bom

    desempenho.

  • 18

    Baptista et al. (2002) propem uma nova formulao matemtica a partir da proposta por

    Christofides e Beasley (1984), adaptada ao problema real de coleta de papel reciclvel na

    cidade de Almada, em Portugal. O que diferencia esta formulao das anteriores o tamanho

    do perodo (neste caso, um ms), o fato da frota no ser uma varivel, e a freqncia de visitas

    de cada ponto se tornar uma varivel de deciso, uma vez que o volume de papel a ser

    coletado varia de um perodo para o outro, inviabiliza a previso de demanda. Utiliza-se

    tambm o mtodo de melhoria atravs de trocas (interchanges) desenvolvido por Christofides

    e Beasley (1984). Devido s caractersticas particulares do problema, os resultados aps as

    melhorias no so muito bons e dependem da soluo inicial adotada, que seria a escolha da

    combinao permitida de dias de visitas para cada ponto.

    Outro artigo encontrado que estuda a coleta de resduo reciclvel em Portugal o de Teixeira

    et al. (2004). A diferena em relao ao trabalho de Baptista et al. (2002) so os trs tipos

    distintos de resduos: vidro, papel e plstico/metal, que devem ser coletados separadamente. A

    heurstica proposta tambm se baseia na de Christofides e Beasley (1984). A quantidade de

    depsitos a serem visitados, bem como a quantidade e os tipos de resduos a serem coletados

    so constantes, ou seja, as rotas e a designao de dias no precisam ser mudadas. Os roteiros

    estticos no perodo so preferveis pela empresa de coleta uma vez que simplificam a

    operao. O objetivo minimizar a distncia total, sujeito a restries de capacidade do

    veculo e de durao dos roteiros. A capacidade de todos os veculos idntica, porm a

    densidade de cada tipo de resduo diferente. A estratgia de soluo divide-se em trs fases:

    (i) definio de zonas, (ii) definio de seqncias por tipo de resduo e (iii) construo das

    rotas de coleta. Atravs dos resultados, percebe-se que a restrio de tempo de jornada de

    trabalho mais limitante que a de capacidade veicular, devido disperso geogrfica dos

    pontos de demanda. Devido falta de robustez do algoritmo, o mesmo no considerado

    competitivo em relao aos de outros autores, como por exemplo, Cordeau et al. (1997),

    quando a instncia tem um nmero menor de ns e um perodo de planejamento mais curto,

    uma vez que a singularidade do problema estudado por Teixeira et al. (2004) justamente o

    grande nmero de ns e o perodo de planejamento longo.

    Alegre et al. (2004) estudam um caso de coleta de materiais para uma indstria

    automobilstica em pontos geograficamente dispersos. A diferena reside no perodo de

    planejamento, que muito longo (90 dias). A estratgia de soluo uma heurstica de duas

    fases, sendo a primeira fase destinada designao dos dias de visitas e a segunda para

  • 19

    construo das rotas. A resoluo da designao dos fornecedores feita atravs de uma

    adaptao da metaheurstica scatter search (Glover et al., 2003). O procedimento de soluo

    testado atravs de dados de um problema real, assim como de problemas clssicos retirados da

    literatura de roteirizao peridica. Os resultados alcanados so muito melhores que os

    anteriores e, para o caso do problema real, a estratgia de soluo conduz a resultados

    melhores que os atuais, que so obtidos manualmente.

    Galvo (2004) estudou a otimizao do sistema de coleta de resduos de biomassa de madeira

    para fins energticos no contexto de sua aplicao a um problema real relacionado ao

    abastecimento de uma central produtora de energia e/ou vapor. O problema foi dividido em

    duas partes: (i) seleo dos fornecedores e (ii) dimensionamento e a programao da frota em

    cada dia de um perodo de planejamento, respeitando a restrio de jornada de trabalho; os

    roteiros correspondem a viagens redondas. O problema da escolha dos fornecedores

    formulado considerando uma estrutura semelhante ao problema de mochila binria (zero-one

    knapsack problem), enquanto que para o problema de dimensionamento e programao da

    frota utiliza-se uma estratgia de decomposio, dada a dificuldade de resolver o modelo

    matemtico integrado, aparentemente de natureza combinatria. Nessa estratgia utilizado

    algoritmo gentico para o dimensionamento de mnima frota necessria, enquanto que para a

    programao dos veculos em cada um dos dias do perodo de planejamento usada a

    resoluo de um problema do tipo bin-packing.

    Tortelly e Occhi (2006) apresentam uma metaheurstica hbrida baseada em conceitos de

    GRASP e busca tabu para resolver o problema de roteirizao peridica. A construo da

    soluo inicial feita de duas maneiras, ambas utilizando GRASP para a designao aleatria

    de dias de visitas aos pontos. A diferena est na utilizao ou no de um filtro para manter

    apenas as solues melhores ao invs de apenas construir as solues sem critrio de escolha.

    A roteirizao diria conseguida pelo mtodo de roteirizao em ptalas. Uma busca local

    utilizando a busca tabu a cada iterao do GRASP realizada para melhorar a soluo inicial,

    sendo esta soluo inicial utilizada como semente na busca tabu. A busca tabu incorpora

    etapas de intensificao e diversificao utilizando memrias de curto e longo prazo, sendo

    feita atravs de troca de clientes de rotas e de dias de visitas. Quando uma nova soluo

    obtida melhor que a designada como semente, o valor de semente ento renovado. Aps

    um determinado nmero de iteraes com busca tabu, uma nova semente construda atravs

    de GRASP. Testes foram realizados com instncias retiradas da literatura e geradas

  • 20

    aleatoriamente, utilizando tambm a variante de busca tabu encontrada no estudo de Courdeau

    et al. (1997). A utilizao de GRASP com filtro apresenta resultados bastante competitivos

    comparados literatura sem aumentar o tempo de processamento, considerando a estratgia

    sem filtro.

    2.3.2 Roteirizao em Arcos

    Um outro tipo de problema abordado em roteirizao peridica, e que se diferencia dos

    anteriores, o de roteirizao peridica em arcos. Caracteriza-se pelo atendimento ao longo

    de arcos, ao invs de ns. Os arcos de uma rede so no direcionados, e para que isso seja

    considerado no modelo matemtico, cada ligao tem um custo extra a fim de que o veculo

    no percorra o mesmo trecho de via duas vezes. Esse tipo de problema ocorre nos casos de

    coleta de lixo domiciliar e limpeza de ruas, por exemplo. Lacomme et al. (2004) utilizam uma

    penalidade (custo) para que o veculo no passe na mesma rua em direes diferentes. Outros

    autores que estudam problemas deste tipo so Chu et al. (2004) e Ghiani et al. (2005). Ainda

    uma novidade no meio cientfico, sendo assim, os autores no tm problemas benchmarks

    para testar as heursticas desenvolvidas e compar-las para medir a sua eficincia.

    2.3.3 Roteirizao com Instalaes Intermedirias

    O trabalho de Angelelli e Speranza (2002) tambm inovador, no tendo sido identificados

    outros semelhantes na literatura. Os autores abordam uma extenso do problema de

    roteirizao peridica em que os veculos utilizados tem a possibilidade de restaurar suas

    capacidades durante os roteiros atravs de instalaes intermedirias, podendo ser

    reabastecidos ou no, e retornando ao depsito (ou garagem) apenas ao trmino da jornada de

    trabalho. Em outras palavras, restaurar a capacidade significa que o veculo tem a

    possibilidade de descarregar a carga que coletou dos pontos visitados nessas instalaes

    intermedirias, podendo assim, ao sair de l, fazer a coleta de outros pontos com a capacidade

    total zerada, como se tivesse sado do depsito central para visitar o primeiro ponto do roteiro

  • 21

    do dia. Sua utilizao pode ser vista em coletas de lixo em que o resduo tem que ser deixado

    em estaes de tratamento e o veculo retorna ao depsito ao final da jornada, ou at mesmo

    em problemas de distribuio em que alguns produtos so descarregados em armazns antes

    do veculo retornar sua origem. A soluo inicial construda por um algoritmo de

    varredura, e a melhoria obtida atravs do uso da metaheurstica busca tabu. A estrutura de

    vizinhana utilizada na busca tabu tem quatro movimentos bsicos: (i) remoo de um cliente

    e reinsero do mesmo em uma outra rota no mesmo dia, (ii) mudana de atribuio de dia de

    visitas de um cliente, (iii) redistribuio de um grupo clientes pertencente a duas rotas de

    mesmo dia para duas novas rotas, e (iv) simplificao de interseces que nada mais que a

    troca de rotas entre veculos depois da passagem pela instalao intermediria. No h na

    literatura problemas-teste para verificar a qualidade de solues da estratgia proposta. Logo,

    a fim de testar a eficincia da busca tabu proposta, foram testadas para um problema simples

    de roteirizao peridica com problemas retirados da literatura. Em seguida, instncias foram

    geradas para checar a eficincia dos movimentos e a influncia da instalao intermediria.

    2.4 Consideraes Finais do Captulo

    Neste captulo, foram resumidos textos retirados da literatura que esto relacionados com o

    tema do presente estudo, o problema de roteirizao peridica. Foi importante, antes de tudo,

    entender a base do problema de roteirizao simples perodo de um dia para verificar as

    caractersticas deste tipo de problema e entender como foi o incio do desenvolvimento das

    estratgias de soluo. Pirlot (1996) e Laporte et al. (2000) mostraram que a tendncia, alm

    da utilizao de heursticas clssicas, era o emprego das chamadas metaheursticas. Muitos

    trabalhos da Escola Politcnica tambm trataram deste assunto.

    O problema de roteirizao peridica, tambm conhecido como problema de alocao, j foi

    estudado no passado, podendo tratar ns ou arcos. Christofides e Beasley (1984) foram os

    primeiros a utilizar a denominao de problema peridico. Os autores seguintes se basearam

    bastante em seus estudos. Pode-se averiguar que os problemas, na grande maioria, tm

    caractersticas muito singulares, o que torna as estratgias de soluo pouco robustas se forem

    utilizadas em problemas diferentes. Verificou-se tambm que a utilizao tanto de heursticas

  • 22

    quanto de metaheursticas no problema de roteirizao peridica tambm era bem adequada,

    levando obteno de resultados muito bons, porm com tempos computacionais maiores, em

    se tratando de metaheursticas.

    H a possibilidade do emprego de restries, como as averiguadas para o problema de

    roteirizao simples, como janelas de tempo, por exemplo. A frota tambm pode ser tanto

    homognea quanto heterognea, o que depende da formulao inicial. No se verificou o

    emprego desta caracterstica em nenhum artigo de problema de roteirizao peridica, apenas

    no estudo de Feriancic (2005) que trata o problema de roteirizao simples.

    A durao do perodo tambm caracteriza o problema a ser tratado, podendo ser de um dia

    com diversas visitas, como no problema estudado por Beltrami e Bodin (1974), ou com

    perodos grandes, sendo o maior encontrado na literatura nos estudos de Alegre et al. (2004)

    que utiliza um perodo de 90 dias. Pode-se concluir que outras restries influem na

    determinao do tamanho do perodo, tais como funcionamento das instalaes, ou mesmo o

    tempo de produo de algum produto. No necessariamente, um perodo maior de tempo

    significa que a roteirizao fique mais fcil, depende tambm da quantidade total de pontos.

    Em suma, importante dizer que h um problema mais geral de roteirizao em um perodo

    de tempo em que a freqncia de visitas no definida a priori, e depende da quantidade

    entregue e do consumo de cada cliente, o que d origem a uma categoria de problemas

    denominada problemas de distribuio/roteirizao com estoque gerido pelo fornecedor -

    reviso mais abrangente de trabalhos pode ser encontrada em Znamensky e Cunha (2003) e

    Znamensky (2006).

  • 23

    3. CARACTERIZAO DO PROBLEMA

    3.1 Caracterizao Geral

    Em linhas gerais, o problema de roteirizao peridica de veculos, objeto da presente

    pesquisa, tem, em sua essncia, a mesma idia central de um problema de roteirizao simples

    cujo objetivo atender pontos de demanda conhecida geograficamente dispersos, podendo ser

    coleta ou entrega, porm no ambos simultaneamente, alocando-os em veculos que iro

    percorrer roteiros de acordo com uma seqncia de atendimento. A diferena entre ambos os

    problemas reside no tamanho do perodo de planejamento, sendo um dia para o problema de

    roteirizao simples e mais de um dia para a roteirizao peridica. Logo, pode-se definir o

    problema de roteirizao simples como um problema particular de roteirizao peridica, em

    que se utiliza apenas um dia no perodo de planejamento; sendo que, a partir do momento em

    que este maior que um, h a necessidade de alocar os pontos em dias de visitas ao longo do

    perodo. Tanto um quanto o outro, dentro do seu perodo de planejamento, tem como

    obrigao visitar os pontos de demanda no mximo uma vez ao dia e atender plenamente a

    demanda requerida do dia nesta vista.

    No caso da roteirizao peridica, como h mais dias no perodo de planejamento, os pontos

    de demanda podem ter freqncias de visitas maiores que um. Isto significa, em outras

    palavras, que um determinado ponto de demanda que tenha uma freqncia de visitas maior

    que um, obrigatoriamente deve receber mais de uma visita durante o perodo de planejamento;

    porm, cada visita apenas efetuada por um nico veculo por dia. Esse nmero de visitas,

    que j previamente conhecido e deve ser obrigatoriamente respeitado dentro do perodo de

    planejamento, acontece devido a diversos fatores, tais como demanda requerida do ponto,

    disponibilidade de estoque no ponto ou depsito, disponibilidade de espao do depsito,

    quantidade mnima requerida de produtos por dia, possibilidade de fabricao da quantidade a

    ser coletada, entre outros.

    A freqncia de visitas pode ser definida em intervalos regulares ou no. Por exemplo,

    intervalos regulares para um perodo de planejamento de quatro dias e uma freqncia de

  • 24

    visitas de dois correspondem a visitas no primeiro e terceiro dias ou no segundo e quarto dias.

    Por outro lado, visitas no-regulares para um mesmo perodo de tempo podem ocorrer em

    qualquer momento dentro do perodo primeiro e quarto dias ou terceiro e quarto dias, por

    exemplo, respeitando apenas o nmero de viagens no perodo.

    Para efetuar as visitas aos pontos de demanda nos roteiros montados na roteirizao, para

    ambos os casos de roteirizao, uma frota utilizada, sendo esta pr-determinada ou no,

    podendo ser tanto homognea quanto heterognea. Cada veculo desta frota possui uma

    capacidade veicular conhecida que define a quantidade de demanda que pode ser coletada ou

    entregue em cada roteiro servido por um determinado veculo. Esses podem partir e retornar a

    um mesmo depsito, passando ou no por instalaes intermedirias, como visto em Angelelli

    e Speranza (2002).

    As visitas e os roteiros devem sempre respeitar restries operacionais do sistema, tais como,

    janela de tempo, a prpria capacidade do veculo, durao de jornada de trabalho, entre

    outros. Janelas de tempo so bastante estudadas na literatura e mostram uma situao bastante

    real, pois os pontos de demanda muitas vezes precisam ser atendidos em um certo intervalo,

    sendo que passado esse intervalo, no h mais como atender este ponto no dia em questo,

    implicando inclusive em possveis penalidades. Outra restrio considerada em problemas de

    instncias reais a jornada de trabalho do motorista, na qual se deve contemplar paradas

    previstas pela legislao trabalhista. Porm, esta restrio no facilmente implementada,

    pois h de se saber o tempo gasto entre os pontos de demanda e, talvez, a velocidade mdia do

    veculo nas vias de acesso. Alm de ser relevante apenas em roteiro com durao longa que

    ultrapassa a jornada do motorista, usualmente em sistemas de coleta e entrega no regionais.

    A montagem dos roteiros no feita pura e simplesmente de uma forma aleatria, pois visa,

    alm de atender todos clientes, reduzir os custos totais associados a eles. Esses custos podem

    ser medidos financeiramente (frete, aluguel) ou por variveis absolutas como tempo, tamanho

    da frota e distncia sendo estas tambm podendo ser associadas a valores financeiros. Logo,

    mtodos ou estratgias de soluo de montagem de roteiros objetivam geralmente montar

    roteiros que reduzam o custo de atender todos os clientes. Por esta razo, diversas estratgias

    de roteirizao foram amplamente estudadas na literatura.

  • 25

    Mostradas todas as caractersticas acima, para o problema de roteirizao peridica, uma das

    principais decises a serem tomadas a definio dos dias de atendimento de cada ponto

    dentro do perodo de planejamento, respeitando a freqncia de visitas de cada um dos

    pontos. H a necessidade de tomar um cuidado na alocao dos mesmos para que no haja

    uma sobrecarga de trabalho em alguns dias e ociosidade em outros, ocorrendo um

    desbalanceamento de demanda; consequentemente, a frota de cada dia do perodo poder ser

    bastante diferente entre si, podendo talvez aumentar a necessidade de nmero de veculos no

    perodo de planejamento.

    Aps a seleo desses dias, que podem ser efetuados em intervalos regulares ou no, a

    roteirizao diria do perodo deve ser realizada de acordo com as restries relativas frota,

    j dito anteriormente. Isto pode ser feito por um dos diversos mtodos existentes na literatura,

    visando sempre a otimizao de uma das medidas de eficincia escolhida (custo total,

    distncia, etc.).

    importante dizer que no necessariamente as decises tm que ser tomadas

    sequencialmente. H a possibilidade de se resolver o problema integrado, em que todas as

    decises so consideradas simultaneamente. Foi mostrada anteriormente uma seqncia

    normalmente encontrada na literatura para a tomada de deciso do problema de roteirizao

    peridica.

    No entanto, a primeira soluo obtida no necessariamente possa ser a melhor possvel em

    termos da medida que se visa otimizar. Portanto, h a possibilidade de utilizar diversas

    tcnicas de melhoria, podendo haver mudana de dias de atendimento dos pontos de demanda

    ou simplesmente mudana de um ponto de roteiro para outro num mesmo dia. Como j visto

    na reviso bibliogrfica, os problemas de roteirizao so do tipo NP-Difcil, por esta razo, a

    obteno da soluo tima para problemas mais complexos torna o processamento muito

    demorado e muitas vezes impossvel de alcanar o valor timo. A dificuldade se agrava na

    roteirizao peridica em relao ao problema de roteirizao simples devido dificuldade de

    se medir as melhorias efetuadas na soluo: caso haja uma mudana dos pontos alocados a

    cada rota em um mesmo dia, necessrio refazer a roteirizao para aquele dia dos roteiros

    modificados; mas se a melhoria se basear na mudana de dias de atendimento dos pontos, h

    de se efetuar novamente a roteirizao de todos os dias do perodo de planejamento para

    verificar a conseqncia dessa mudana. No caso de Christofides e Beasley (1984), os autores

  • 26

    estudam todas as possibilidades de mudana, uma a uma, para depois escolher aquela que

    melhora o resultado final; isso pode acarretar em um esforo computacional e um tempo de

    processamento muito elevados, o que no aplicvel ao uso comercial.

    3.2 Definio do Problema

    Conforme visto na seo anterior, o problema de roteirizao peridica tem diversas variantes

    em termos de restries operacionais, perodo de planejamento, freqncia de visitas dos

    pontos, entre outros. Descartar algumas restries no significa que o problema fique menos

    real, pois as restries so utilizadas para representar especificamente cada caso. As restries

    empregadas fazem parte do que se imagina ser um caso real.

    No que tem se visto em aplicaes prticas no Brasil, principalmente as relacionadas

    indstria automobilstica, o uso predominantemente de frota homognea. Janelas de tempo

    so desejveis em alguns contextos, em que o cliente a ser atendido impe o horrio que

    deseja, o que pode vir a prejudicar a montagem de roteiros, pois dois pontos de atendimento

    prximos entre si podem ter horrios distantes, o que pode acarretar em veculos diferentes

    para atend-los. Ou, at mesmo, o veculo retornar para um segundo atendimento. No caso do

    milk-run, uma vez definidos os melhores roteiros em termos de distncia, as janelas de

    atendimento so estabelecidas para cada empresa, e no o contrrio. Para o estudo, a varivel

    tempo no foi considerada importante uma vez que o foco da pesquisa a atribuio de dias

    de visitas aos pontos e a montagem dos roteiros dirios.

    O perodo de planejamento foi considerado para que caracterizasse uma situao real, apesar

    de no se basear em nenhum cenrio especfico. Optou-se por um perodo de seis dias, que

    representa o funcionamento do processo entre a segunda-feira e o sbado. Obviamente, h a

    possibilidade de se utilizar outros perodos diferentes de seis dias no caso do estudo, pois isto

    depende dos dias de funcionamento das instalaes e da necessidade do que coletado. A

    freqncia de visitas de cada um dos pontos de demanda, bem como a sua localizao

    geogrfica e quantidade de demanda, so conhecidas a priori. Como o problema aqui estudado

  • 27

    de coleta, os veculos partem e retornam a um depsito ao final do turno de trabalho para

    descarregar o veculo.

    Freqncias de visitas regulares so mais facilmente planejadas, ajudando a coordenao de

    operaes de coleta das indstrias. No caso do estudo, so definidas combinaes permitidas

    de dias de visitas de acordo com a freqncia de visitas requerida, que so os dias que os

    pontos sero atendidos no perodo. As possveis opes de freqncia de visitas so um, dois

    ou trs, ou seja, um ponto de demanda pode ser ter coletas uma, duas ou trs vezes dentro do

    perodo de seis dias; a cada visita, obrigatoriamente, um veculo coleta a demanda requisitada

    daquele dia completamente. Ento, para cada um dos pontos de demanda h a necessidade de

    designar uma combinao de dias de visitas.

    A frota homognea e a capacidade do veculo no pode ser ultrapassada. O tamanho da frota

    no pr-definido, o que significa que no h restrio de nmero de veculos para o

    atendimento dos pontos. A programao de viagens dos veculos varia de acordo com os

    pontos que sero visitados em cada dia; portanto, os roteiros podem mudar a cada dia, bem

    como o nmero de veculos requeridos.

    O custo total composto por custos fixo e varivel. O custo fixo determinado pelo maior

    nmero de veculos por dia requeridos dentro do perodo de planejamento, o que,

    normalmente, acontece no dia de maior volume de demanda, considerando a demanda medida

    em espao no veculo. J o custo varivel baseado na distncia total percorrida em todo o

    perodo por todos os veculos. Pode-se concluir, ento, que o resultado que conseguir

    minimizar a frota e a distncia percorrida no perodo o melhor resultado para o problema.

    No caso, como no se ir resolver um problema especfico, como, por exemplo, no caso de

    Batista et al. (2002) e Shih e Chang (2001), no h custos pr-definidos para serem utilizados

    no custo total. Logo, optou-se pela utilizao de frota como varivel principal de comparao

    dos resultados, que se imagina ser uma varivel importante na tomada de deciso, e,

    posteriormente, de distncia como varivel secundria.

    Baseando-se no que foi exposto acima, pode-se resumir que se deseja seguir os seguintes

    passos para se resolver o problema:

  • 28

    Atribuir as melhores combinaes permitidas de dias de visitas para o atendimento de

    cada ponto, de acordo com a sua freqncia de visitas;

    Definir os roteiros de cada dia do perodo, de modo a minimizar o custo total, este

    diretamente relacionado ao tamanho da frota e distncia percorrida por cada veculo.

    3.3 Formulao Matemtica

    A formulao proposta a seguir est baseada na formulao original de Christofides e Beasley

    (1984) com algumas modificaes que seguem o que foi exposto anteriormente.

    Seja t = 1, 2, 3, ..., T, cada um dos dias de um perodo de planejamento com durao de T dias

    e i = 1, 2, 3, ..., N, o conjunto de pontos (ou ns) a serem atendidos em T. A cada ponto i est

    associada uma quantidade qi a ser coletada (ou entregue) em cada visita necessria durante o

    perodo T. O ponto zero corresponde ao depsito central, de onde partem e para onde

    retornam os veculos ao final dos roteiros em cada um dos dias t. Sejam k = 1, 2, ..., Ki, o

    conjunto de combinaes permitidas de dias de visitas que cada ponto i requer em T, como

    ilustrado na Tabela 3.1 para um horizonte de planejamento de T = 6 dias. Consequentemente,

    define-se a constante kta que assume o valor um para os dias t em que deve ocorrer coleta na

    combinao k, e zero, caso contrrio.

    Tabela 3.1: Exemplo de combinaes permitidas de dias de visitas para T = 6 dias

    Frequncia de visitas Combinao Dias de visita1 Seg2 Ter3 Qua4 Qui5 Sex6 Sab

    1 Seg - Qua2 Ter - Qui3 Qua - Sex4 Qui - Sab

    1 Seg - Qua - Sex2 Ter - Qui - Sab

    3

    1

    2

    A distncia entre dois pontos quaisquer i e j dada por dij.

  • 29

    Seja v = 1, 2, ..., NV, o ndice de cada um dos veculos disponveis de uma frota homognea

    para ser utilizada ao longo do perodo T, sendo que NV indica o nmero de veculos

    disponveis, apesar de, no caso estudado, no haver uma frota pr-determinada. A estimativa

    de NV depende diretamente das combinaes selecionadas de k, pois caso em um determinado

    dia haja um acmulo de pontos, o NV ser maior que em dias de menor demanda. O limitante

    superior de NV quando ele tem o mesmo valor de N, ou seja, um veculo para cada cliente i.

    A capacidade de cada veculo dada por Q, o custo varivel com a distncia percorrida

    dado por Cv e o custo fixo de cada veculo no perodo T dado por Cf.

    As variveis de deciso so:

    k

    iu = 1, se a combinao k escolhida para o ponto i;

    zero, caso contrrio.

    t

    iy = 1, se ponto i visitado no dia t;

    zero, caso contrrio.

    vt

    ijx = 1, se o veculo v vai do ponto i para o ponto j no dia t;

    zero, caso contrrio.

    fu = nmero de veculos da frota

    A formulao dada a seguir.

    Minimizar = = = =

    +=T

    t

    NV

    v

    n

    i

    n

    j

    vt

    ijijvuf xdCfCZ1 1 0 0

    (3.1)

    sujeito s seguintes restries:

  • 30

    =iKk

    k

    iu 1 ni ,...,2,1= (3.2)

    =iKk

    ktk

    i

    t

    i auy niTt ,...2,1;,...,2,1 == (3.3)

    =

    +

    NV

    v

    t

    j

    t

    ivt

    ij

    yyx

    1 2 ( )jinjniTt === ;,...,2,1;,...,2,1;,...,2,1 (3.4)

    = =

    =n

    i

    n

    j

    vt

    pj

    vt

    ip xx0 0

    npnjni ,...,2,1;,...,2,1;,...,2,1 ===

    ( )jiNVvTt == ;,...,2,1;,...,2,1 (3.5)

    tjy , 0,,...,2,1 = jTt == =

    NV

    v

    n

    i

    vt

    ijx1 0

    uf , 0,,...,2,1 == jTt (3.6)

    Hi Hj

    vt

    ij Hx 1|| { }nHNVvTt ,...,2,1;,...,2,1;,...,2,1 == (3.7)

    =

    n

    j

    vt

    ojx1

    1 NVvTt ,...,2,1;,...,2,1 == (3.8)

    = =

    n

    i

    n

    j

    vt

    ij

    t

    i Qxq1 0

    NVvTt ,...,2,1;,...,2,1 == (3.9)

    = =

    NV

    v

    n

    j

    vt

    ju xf1 1

    0 Tt ,...,2,1= (3.10)

    }1,0{tiy Ttni ,...,2,1;,...,2,1 == (3.11)

    }1,0{kiu iKkni ,...,2,1;,...,2,1 == (3.12)

  • 31

    }1,0{vtijx Ttni ,...,2,1;,...,2,1 ==

    NVvKk i ,...,2,1;,...,2,1 == (3.13)

    A funo objetivo (3.1) visa minimizar o custo total, dado pelas parcelas de custo fixo da

    utilizao dos veculos e custo varivel com a distncia total percorrida no perodo. A

    restrio (3.2) assegura que apenas uma combinao permitida de dias de visitas seja

    escolhida para cada ponto i, enquanto que a restrio (3.3) assegura que, para cada ponto i, as

    visitas s ocorram nos dias t que lhe foram designados, baseada na combinao escolhida. J a

    restrio (3.4) garante que um veculo s vai de um ponto i para um ponto j em um dia t, se

    ambos os pontos i e j estiverem alocados para o dia t. A restrio (3.5) assegura a

    continuidade de fluxo, ou seja, todo veculo que chega a um ponto i em um dia t sai desse

    ponto. A restrio (3.6) garante que cada ponto i seja visitado somente nos dias de visitas

    selecionados, e que todos os veculos retornam ao depsito central.

    A impossibilidade de ocorrncia de subtours assegurada pela restrio (3.7), sendo H

    qualquer subconjunto de pontos alocados a um veculo, excluindo-se o depsito, que no se

    repetem e que fazem parte de um mesmo roteiro. O nmero mximo de arcos que podem

    existir nesse roteiro no pode ser maior que o nmero de pontos menos uma unidade, evitando

    assim, fechar o ciclo entre os pontos. Isto claramente observado na Figura 3.1. Na situao

    em que ocorre o subtour, o nmero de arcos tem o mesmo