um algoritmo para o problema de roteirizaÇÃo de veÍculos

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UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS COM FROTA HETEROGÊNEA Matheus Diógenes Andrade [email protected] Dmontier Pinheiro Aragão Júnior [email protected] Ramom Santana [email protected] “No processo de distribuição da logística, geralmente é necessário fazer a distribuição de bens e serviços para clientes dispersos geograficamente, e é nesse processo que encontra-se o Vehicle Routing Problem (VRP). O VRP, ou Problema de Roteirização de Veículos, é o nome de uma classe de problemas contendo visita a clientes dispersos geograficamente com um conjunto Palavras-chave: Problema de Roteirização de Veículos, Roteirização, frota heterogênea, Roteirização de veículos XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil” Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.

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Page 1: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA

DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

COM FROTA HETEROGÊNEA

Matheus Diógenes Andrade

[email protected]

Dmontier Pinheiro Aragão Júnior

[email protected]

Ramom Santana

[email protected]

“No processo de distribuição da logística, geralmente é necessário

fazer a distribuição de bens e serviços para clientes dispersos

geograficamente, e é nesse processo que encontra-se o Vehicle Routing

Problem (VRP). O VRP, ou Problema de Roteirização de Veículos, é o

nome de uma classe de problemas contendo visita a clientes dispersos

geograficamente com um conjunto

Palavras-chave: Problema de Roteirização de Veículos, Roteirização,

frota heterogênea, Roteirização de veículos

XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”

Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.

Page 2: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

1. Introdução

Dentre os principais processos da logística, destaca-se o processo de gerenciamento

efetivo do fluxo total de bens, desde a aquisição da matéria-prima até o fim da distribuição

dos produtos para o cliente final (GOLDEN, 1975). É durante esse processo que acontece a

distribuição de produtos para clientes dispersos geograficamente.

Christofides (1976) diz que o Vehicle Routing Problem (VRP), ou Problema de

Roteirização de Veículos, é um nome dado para toda uma classe de problemas envolvendo a

visita a clientes por veículos. No VRP, um conjunto de veículos, localizados no depósito, é

otimamente roteirizado para atender clientes com demandas conhecidas de acordo com as

restrições dos veículos (BALDACCI et al., 2008). O VRP tem um papel central nos campos

de distribuição física e logística, preocupando-se com a roteirização dos veículos para

minimizar a distância viajada (ou tempo necessário, custo incorrido, dentre outros objetivos

almejados).

O Traveling-Salesman Problem (TSP), ou Problema do Caixeiro Viajante, pode ser

generalizado no VRP pela adição de algumas condições (DANTZIG; RAMSER, 1959). O

leitor mais interessado em TSP pode consultar Dantzig et al. (1954) para mais detalhes.

Laporte (1992) define o VRP como o problema de concepção de entrega ideal de um ou

muitos depósitos para um número de cidades/clientes geograficamente dispersos, sujeitos a

diferentes restrições. Já Bodin et al. (1981), afirmam que o VRP requer um conjunto de rotas

de entrega partindo do depósito central para vários pontos de demanda, cada ponto tendo

requisitos de serviço, com o objetivo de minimizar a distância total coberta pela frota.

Observando a utilização de veículos com capacidade limitada, o VRP pode ser chamado de

Capacitated VRP (CVRP), ou Problema de Roteirização de Veículos Capacitados.

Ao considerar uma frota de veículos com capacidades (ou mesmo custos) diferentes,

tem-se o Problema de Roteirização de Veículos Heterogêneo (em inglês, Heterogeneous VRP

– HVRP) (GENDREAU et al., 1999). Outra definição deste mesmo problema é chamado de

Heterogeneous Fleet VRP (HFVRP), ou de Problema de Roteirização de Veículos com Frota

Heterogênea.

Esse trabalho propõe um algoritmo para o HVRP, usando a meta-heurística Variable

Neighborhood Descent (VND), ou Descida em Vizinhança Variável. Para isso, foi realizado

uma revisão da literatura de heurísticas e meta-heurísticas aplicadas aos problemas de: TSP,

VRP e HVRP. Por fim, este trabalho realiza um benchmarking dos resultados obtidos com

este algoritmo utilizando-se de instâncias encontradas na literatura. Os resultados obtidos com

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Page 3: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

o algoritmo proposto foram próximos dos algoritmos estudados no benchmarking realizado.

Contudo, superando alguns destes em apenas uma das instâncias das oito instâncias utilizadas.

Para alcançar o algoritmo proposto neste trabalho, foram seguidos os passos da Figura

1. Na primeira etapa, são realizados estudos de algoritmos HVRP a partir da literatura,

comparando as soluções já existentes utilizando os critérios de resultado, tempo de execução e

complexidade. Já na etapa 2, é feita uma busca por instâncias que serviram de comparativo

para testes e, na etapa 3, seleciona-se dos algoritmos a serem implementados e testados. Se

houver algum algoritmo com alta complexidade, então retorna-se para etapa 1, se não,

executa-se etapa 4. Na etapa 4, é feita a implementação de alguns dos algoritmos selecionados

nas etapas 1 e 3. A etapa 5 faz uma comparação dos resultados dos algoritmos implementados

na etapa 3. Finalmente, na etapa 6, são feitas combinações dos algoritmos comparados na

etapa 5, com o objetivo de encontrar uma combinação que produza boas soluções em tempo

eficiente.

Figura 1: Metodologia

Fonte: Elaborada pelo autor

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Page 4: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

2. Fundamentação teórica

No gerenciamento de distribuição, é frequentemente necessário determinar uma

combinação de custo mínimo de rotas de veículo através de um conjunto de clientes, sujeitas a

restrições, onde o caso mais frequentemente estudado é onde todos veículos são idênticos

(GENDREAU et al., 1999).

Dado que a maioria dos problemas de roteirização e escalonamento são NP-

Difícil, que é uma classe de problemas que são pelo menos tão difíceis

quanto os problemas mais difíceis em NP, abordagens conhecidas para

resolver esses problemas otimamente sofrem de um crescimento exponencial

em carga computacional de acordo com o tamanho do problema. Quando

tradados como problemas NP-Hard, frequentemente recorre-se para

heurísticas ou procedimentos aproximados para obter solução próximas da

solução ótima ao invés da solução ótima. Um algoritmo heurístico é um

procedimento que usa a estrutura do problema em uma abordagem

matemática (e usualmente intuitiva) para prover soluções próximas do

ótimo. Uma heurística é considerada efetiva se as soluções que provê são

consistentemente próximas da solução ótima (BODIN et al., 1981, tradução

nossa).

Lenstra e Kan (1981) provou que o Fleet Size and Mix Vehicle Routing Problem

(FSMVRP), ou Problema de Roteirização de Veículos com Frota de Tamanho Misto, com

custos fixos é NP-Difícil.

A alocação de veículos heterogêneos para clientes com diferentes demandas durante a

roteirização possui uma complexidade maior do que a simples roteirização com frota

homogênea que não considera restrições de diferentes capacidades dos veículos. Diferente da

simples roteirização, em que não é necessário se preocupar com alocação de veículos a

roteiros. Quando as capacidades dos veículos são heterogêneas, realiza-se verificações para

estabelecer a quantidade de clientes atendidos por veículo de uma dada capacidade e qual

veículo de determinada capacidade será usado para atender um conjunto de clientes.

A roteirização de veículos é uma área onde uma solução para um determinado tipo de

problema, seus dados e condições, pode não ser adequada para outro problema similar

(TEIXEIRA; CUNHA, 2002).

As variantes do VRP geralmente têm um conjunto de rotas que deve ser projetado para

os veículos e as rotas iniciam e terminam em um depósito central, onde cada rota visita um

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Page 5: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

conjunto de locais de clientes com demandas conhecidas, cuja soma não deve exceder a

capacidade do veículo atribuído a essa rota (GOLDEN, 1975).

O HVRP envolve projetar um conjunto de rotas de veículos, cada uma começando e

terminando no depósito central, para uma frota de veículos tendo várias capacidades (CHOI;

TCHA, 2007). Os HVRPs podem ser divididos de acordo com diferentes recursos, incluindo a

disponibilidade do veículo (limitado ou ilimitado) e os custos do veículo (fixos ou variáveis)

(PENNA et al., 2013).

2.1. Formulação do problema

Gendreau et al. (1994) descreve o VRP como um grafo direcionado G = (V, A), onde o

conjunto V = {0, 1, ..., n} é composto por n + 1 vértices, tal que o vértice 0 denota o depósito

onde a frota com m veículos idênticos de capacidade Q está localizada. O conjunto V’ = V \

{0} é composto pelos vértices restantes que representam os n clientes, onde cada cliente i ∈

V’ tem uma demanda não negativa qi e é visitado exatamente uma vez por exatamente um

veículo. O conjunto A = {(i, j) : i, j V, i ∈ ≠ j} é o conjunto de arcos. As rotas começam e

terminam no depósito e a demanda total de cada rota não deve exceder a capacidade Q. A

frota de veículos é composta por NV veículos.

A Figura 2 descreve o modelo de Bodin et al. (1981), é um o modelo de programação

linear inteira para VRP, que é um índice duplo de fluxo de veículos que usa O(n²) variáveis

binárias x, para indicar se um veículo passa ou não pelo arco na solução ótima. Em outras

palavras, x i , jv tem valor 1 se o arco (i, j) A∈ pertence a solução ótima e é visitado pelo

veículo v, e o valor 0 caso contrário.

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Figura 2: Modelo de programação linear inteira para VRP

Fonte: Adaptada de Bodin et al. (1981)

A Função Objetivo 2.1 busca a minimização da distância total percorrida, onde n é o

número de nós e NV o número de veículos. As Equações 2.2 e 2.3 dizem que para cada arco,

há apenas um veículo que percorre esse arco. A Equação 2.4 diz que se um veículo atender um

cliente, então o veículo deve partir desse cliente. Na Equação 2.5, está a representação da

restrição de capacidade dos veículos. As Equações 2.6 e 2.7 garantem que a disponibilidade

de veículos não é excedida.

O HVRP segue os mesmos princípios do VRP, com exceção da questão dos veículos.

Subramanian et al. (2012) define o HVRP como: O vértice 0 denota o depósito, onde a frota

de veículos com diferentes capacidades está localizada, essa frota é composta por m diferentes

tipos de veículos. O conjunto M = {1, ..., m} possui as seguintes características: Para cada u ∈

M, há uma quantidade de mu veículos disponíveis, cada um com a capacidade Qu , cada

tipo de veículo tem associado um custo fixo denotado por f u . Finalmente, para cada arco

(i, j) A∈ há um custo c i , ju =d i , jr u , onde d i , j é a distância entre os vértices (i, j) e ru

é o custo variável de viagem por unidade de distância de um veículo do tipo u.

A Figura 3 apresenta o modelo de Golden et al. (1984), o modelo é de programação

matemática. A variável x i , ju tem valor 1 se veículo de tipo u percorre arco (i, j) A∈ e o arco

pertence a solução ótima, e o valor 0 caso contrário.

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Figura 3: Modelo de programação matemática para o HVRP

Fonte: Adaptada de Golden et al. (1984)

Esse modelo assume que há um número infinito de cada tipo de veículo disponível. No

termo ∑j=1

n

x0 ju na Equação 2.9 está a representação do número de veículos do tipo u usados,

e o termo ∑u=1

m

f u∑j=1

n

x0 ju representa o custo fixo total. O termo ∑

u=1

m

∑i=0

n

∑j=0

n

cij xiju representa

o custo total variável. As Equações em 2.10 e 2.11 garantem que cada cliente é visitado

exatamente uma única vez e que um veículo que chega em um cliente deve partir dele.

2.2. Heurísticas relacionadas

Alguns métodos heurísticos foram desenvolvidos para resolver o HVRP. Algoritmos

heurísticos são métodos de tentativa e erro que não garantem encontrar a solução ótima, mas

são projetados para encontrar soluções próximas da ótima em uma fração de tempo mais

eficiente do tempo requerido pelo método ótimo (KARADIMAS et al., 2008).

Mole e Jameson (1976) desenvolveram um novo algoritmo de construção sequencial

de rotas, que expande uma rota por vez, e logo após a construção, aplica o método de

melhoria 3-Opt. Para mais detalhes sobre a melhoria 3-Opt, consulte Lin e Kernighan (1973).

O algoritmo de construção varredura constrói um agrupamento de clientes viável pelo

giro de um raio centralizado no depósito. Algumas implementações incluem uma fase de pós-

otimização. Pelo conhecimento de Laporte et al. (2000) a primeira menção desse método foi

encontrada no livro Wren (1971) e no trabalho de Wren e Holliday (1972), mas o algoritmo de

varredura é comumente atribuído a Gillett e Miller (1974), quem popularizaram o algoritmo.

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Page 8: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

2.3. Meta-heurísticas relacionadas

A meta-heurística é formalmente definida como um processo de geração iterativa que

guia uma heurística subordinada pela combinação inteligente de diferentes conceitos para

explorar o espaço de busca, aprendendo estratégias que são usadas para estruturar informação

visando encontrar eficientemente soluções próximas da ótima (LAPORTE; OSMAN, 1995

apud OSMAN; LAPORTE, 1996) e (OSMAN; KELLY, 1996 apud OSMAN; LAPORTE,

1996).

A meta-heurística Tabu Search (TS), ou Busca Tabu, inicia de uma solução inicial

x1 , e para cada iteração t de x t , move-se para uma solução melhor x t+1 , até que o

critério de parada é satisfeito. Se f(x) denota o custo de x, então f ( x t+1 ) não

necessariamente é menor que f ( x t ) . Alguns autores aplicaram TS no VRP em seus

trabalhos, como Gendreau et al. (1994), Taillard (1993) e Xu e Kelly (1996).

Gendreau et al. (1999) utiliza o método de construção GENIUS (GENDREAU et al.,

1992), com uma abordagem da meta-heurística Tabu Search (TS) e um procedimento

Adaptative Memory (AM) em seu algoritmo HVRP.

Wassan e Osman (2002) desenvolveram novas variantes da meta-heurística TS para o

HVRP, com mistura de diferentes componentes, como TS reativa, vizinhanças variáveis,

estruturas especiais de memória de dados e funções hash para o HVRP.

Lee et al. (2008) desenvolveram uma heurística eficiente para o HVRP usando método

modificado de varredura , TS e um conjunto de problemas de particionamento.

Mladenović e Hansen (1997) definem o Variable Neighborhood Search (VNS) como

uma meta-heurística simples e efetiva obtida por um procedimento de uma mudança

sistemática da vizinhança com um algoritmo de busca local. Ao contrário da maioria das

buscas locais, o VNS não segue uma trajetória, mas explora as vizinhanças mais distantes da

solução atual, e toma a vizinhança como nova solução atual, se uma melhoria foi feita na

solução atual.

3. Algoritmo proposto

O algoritmo que será descrito nesse trabalho utiliza a meta-heurística VND para

melhoria de roteiro, com buscas locais intra-roteiro e inter-roteiro e inserção de clientes de

forma aleatória. O algoritmo considera que há um número ilimitado de veículos de cada tipo

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Page 9: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

disponível. O conjunto S de rotas apresentado como saída do algoritmo é definido como S =

{(u,SR) : u M, SR = (0,a,...,0), a V’}∈ ∈ .

O Figura 4 apresenta o algoritmo com o passo a passo para a construção de roteiros.

Figura 4: Algoritmo de construção de roteiros

Fonte: Elaborada pelo autor

Na linha 1, define-se o conjunto solução S como conjunto vazio. Na linha 2, são

percorridos todos os clientes da entrada. Na linha 3, seleciona-se um veículo de um tipo de

veículo de M, tal que esse veículo tenha capacidade de atender o cliente i. Na linha 4, será

adicionada no conjunto solução S uma dupla relacionando um veículo e os clientes que são

atendidos por esse veículo. Na linha 5 é executado o algoritmo da Figura 5.

O procedimento VND descrito nesse trabalho utiliza as buscas locais na ordem

apresentada:

Intra-roteiro:

1. Exchange;

2. Or-Opt;

3. 2-Opt;

4. 3-Opt.

Inter-roteiro:

1. String Cross (SC);8

Page 10: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

2. String Relocation (SR) com 1-vértices, ou Shift (0, 1);

3. String Relocation (SR) com 2-vértices, ou Shift (0, 2);

4. String Exchange (SE) com 1-vértices, ou Swap (1, 1);

5. Shift (2, 1);

6. 3-cyclic 2-transfer.

As buscas locais produzem soluções factíveis. A sequência IVnd irá conter as buscas

locais intra-roteiro e a sequência EVnd irá conter as buscas locais inter-roteiro, tal que EVnd,

IVnd = (R1, ..., Rmax). A Figura 5 mostra o funcionamento do algoritmo VND utilizado nesse

trabalho.

Figura 5: Algoritmo Variable Neighborhood Descent (VND)

Fonte: Elaborada pelo autor

Na linha 1, é definida uma variável β com o valor 10, essa variável será usada no

algoritmo da Figura 5. Na linha 3, é feita uma cópia da solução S em X. Nas linhas 4 e 6,

executa-se o algoritmo da Figura 6 para a sequência de buscas locais intra-roteiro I e inter-

roteiro E. Na linha 5, é executado o algoritmo da Figura 7. Na linha 7, é verificado se o custo

da solução obtida com as linhas 3, 4 e 5 permanece igual, ou seja não houve melhorias, se sim

o algoritmo encerra.

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Page 11: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

No algoritmo da Figura 5, pode-se inserir outra condição na linha 2 para evitar um

espera indeterminada, por exemplo número máximo de iterações.

A aplicação de buscas locais na solução é feita pelo algoritmo da Figura 6.

Figura 6: Algoritmo Aplica Buscas Locais

Fonte: Elaborada pelo autor

O algoritmo da Figura 6, aplica uma sequência de buscas locais sobre um conjunto de

rotas, e para cada aplicação verifica se há uma melhoria com a aplicação da busca local, se

sim, então a melhoria é mantida e a aplicação de busca local retorna para a primeira busca

local, se não, então continua com a próxima busca local da sequência.

Na linha 1, percorre-se todas as buscas locais da sequência R. na linha 2, é aplicado a

busca local Ri na entrada S. Na linha 3, verifica-se se o custo obtido com a aplicação da busca

local obteve melhor resultado, se sim, S recebe S’ e serão percorrida todas as buscas locais

novamente.

No algoritmo da Figura 6, igualmente ao algoritmo da Figura 5, pode-se inserir outra

condição nas linhas 1 e/ou 3 para evitar uma espera indeterminada.

O procedimento de usar mais veículos é descrito no algoritmo da Figura 7.

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Page 12: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

Figura 7: Algoritmo Usar Mais Veículos

Fonte: Elaborada pelo autor

Esse procedimento, tem o objetivo de inserir no conjunto S, β veículos de cada tipo em

roteiros sem clientes para serem atendidos. Isso é feito para que as buscas locais Inter-roteiro

adicionem clientes de outros roteiros nesses roteiros sem clientes.

Na linha 1, é percorrido de 1 até fator β, que representa a quantidade de veículos de

cada tipo que serão adicionados no conjunto S. Na linha 2, precorre-se todos os tipos de

veículos. Na linha 3, é obtido um veículo v do tipo u. Na linha 4, executa-se a função coloque,

que insere no conjunto S a dupla com o veículo v com uma rota apenas com o depósito como

origem e destino.

4. Resultados

O algoritmo VND proposto foi aplicado em oito instâncias HVRP citadas no trabalho

de Gendreau et al. (1999), que contém 50, 75 e 100 clientes. Cada instância possui veículos

com capacidades e custos variáveis. Os custos que serão apresentados na Figura 6 são

calculados multiplicando o custo variável do veículo pela distância percorrida pelo veículo.

As instâncias utilizam distâncias euclidianas e satisfazem a desigualdade triangular.

O algoritmo VND foi executado em um computador Desktop com 3,5 GB de memória

RAM, processador Intel® Celeron(R) CPU [email protected]×2, sistema operacional Ubuntu

16.04 LTS 64 bits e 103,5 GB de HD.

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Page 13: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

A Figura 8 apresenta os resultados do algoritmo VND, Gendreau et al. (1999), Wassan

e Osman (2002) e Lee et al. (2008). Os trabalhos escolhidos para o benchmarking foram

selecionados por serem trabalhos que apresentam algoritmos HVRP para as instâncias de

Gendreau et al. (1999). A coluna instância apresenta a numeração da instância utilizada por

Gendreau et al. (1999), a coluna n diz a quantidade de clientes da instância, a coluna custo

representa o custo da solução obtida e a coluna tempo, informa o tempo em segundos que o

algoritmo levou para executar.

Figura 8: Resultado dos algoritmos

Fonte: Elaborada pelo autor

5. Conclusões e trabalhos futuros

O algoritmo VND proposto apresentou um resultado melhor para uma das instâncias

em comparação ao algoritmo de Gendreau et al. (1999) e Lee et al. (2008) e um resultado

igual em comparação ao algoritmo de Wassan e Osman (2002), e os demais resultados

próximos aos deles. Por mais que não tenha obtido resultados melhores para a maioria das

instâncias, o algoritmo VND obteve bons resultados. Pois para todas as intâncias o algoritmo

VND não apresentou um custo maior que 9% em comparação aos resultados de Gendreau et

al. (1999), Wassan e Osman (2002) e Lee et al. (2008).

Como trabalhos futuros, pode ser feita uma nova proposta de um algoritmo para o

VRP with Time Windows (VRPTW) ou VRP com Janela de Tempo. Para tanto, pode-se

utilizar uma variação do próprio VND ou mesmo de outros métodos, como os observados em

outros trabalhos: Busca Tabu, VNS, dentre outros algoritmos heurísticos e meta-heurísticos.

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Page 14: UM ALGORITMO PARA O PROBLEMA DE ROTEIRIZAÇÃO DE VEÍCULOS

REFERÊNCIAS

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