o problema das incorreções nas informações em documento...
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UNIVERSIDADE DE SÃO CAETANO DO SUL MBA EM GESTÃO TRIBUTÁRIA
HÉLIO DE ARAÚJO ESTRELA
O problema das incorreções nas informações em documento fiscal
no cenário SPED-Fiscal ou NF-e.
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a conclusão do Curso MBA em Gestão Tributária, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Orientadora: Professora MS. Sandra Cabral
SÃO CAETANO DO SUL
2011
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HÉLIO DE ARAÚJO ESTRELA
O problema das incorreções nas informações em documento fiscal
no cenário SPED-Fiscal ou NF-e.
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a conclusão do Curso MBA em Gestão Tributária, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Orientadora: Professora Ms. Sandra Cabral
Área de Concentração: Gestão Tributária Data da Defesa: 04 de Agostos de 2011. Resultado: ____________________________________________ BANCA EXAMINADORA Prof. Me. Sandra Cabral _________________________________________________ Universidade Municipal de São Caetano do Sul Prof. Me. Cecília Geron ________________________________________________ Universidade Municipal de São Caetano do Sul Prof. Dr. Múcio Whitaker ________________________________________________ Universidade Municipal de São Caetano do Sul
SÃO CAETANO DO SUL
2011
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O PROBLEMA DAS INCORREÇÕES NAS INFORMAÇÕES EM DOCUMENTO FISCAL NO
CENÁRIO SPED-FISCAL OU NF-E.
Hélio de Araújo Estrela Acadêmico do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Tributária Universidade de São Caetano do Sul
Resumo
Este artigo avaliou o problema das incorreções nas informações em documento fiscal no
cenário SPED-Fiscal ou NF-e considerando-o uma fonte geradora de impedimentos às
rotineiras atividades destinadas ao cumprimento de uma das mais simples e mais antigas das
obrigações tributárias acessórias: a emissão de um documento fiscal, uma nota fiscal.
Examinado sob o contexto dos sistemas SPED-Fiscal e NF-e, buscou-se verificar se ele
persiste - mesmo sob as recentes inovações tecnológicas decorrentes do Sistema Público de
Escrituração Digital-SPED. Dirigida ao público formado por profissionais especializados em
gestão tributária, contabilidade de custos e finanças, as conclusões nesta pesquisa sugerem a
viabilidade dos serviços de consultoria especializada em gerenciamento e manutenção em
dados cadastrais para se garantir a perfeita regularidade no cumprimento das obrigações
acessórias em matéria tributária.
Palavras-chave: incorreções, custos, conformidade, fiscal, sped.
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Abstract
This article addressed the issue of inaccuracies in the information document on the
scene SPED-tax or tax-NF and considering it a source of impediments to routine activities to
ensure compliance with one of the simplest and oldest of accessory tax obligations: the issue
of a tax document, an invoice. Examined under the context of systems-SPED Tax and NF-e,
we tried to see if it persists - even with the recent technological innovations arising from the
Public System of Digital Bookkeeping-SPED. Addressed to the audience of professionals
who specialize in tax management, cost accounting and Finance, the findings in this study
suggests the feasibility of specialized consulting services in managing and maintaining the
registration data to ensure the perfect regularity in the performance of ancillary obligations in
tax matters.
Keywords: inaccuracies, costs, compliance, tax, sped.
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I. Introdução
Esta pesquisa pretende avaliar se as incorreções em dados cadastrais, utilizados na
geração de documentos fiscais, dificultam o cumprimento das obrigações tributárias
acessórias, ainda que estas sejam as modernas e decorrentes das inovações tecnológicas
introduzidas pelo SPED, especificamente as relacionadas ao SPED-FISCAL e a Nota Fiscal
Eletrônica-NF-e.
Buscou-se com ela evidenciar essa realidade no dia a dia das organizações empresariais,
acompanhada da necessidade e a possibilidade de se avaliar a repercussão negativa nos custos
operacionais. Este efeito é reconhecido por renomados doutrinadores em Direito Tributário e
Contabilidade Tributária (FABRETTI, 2006, 2008), e Doutores em Controladoria,
Contabilidade e Atuária (BERTOLUCCI, 2001; BERTOLUCCI e NASCIMENTO, 2006).
Também foi realizada uma avaliação de aceitação de três alternativas solucionadoras
dos problemas das incorreções, objetivando-se a atenção de empreendedores interessados no
fortalecimento dos negócios que envolvam a prestação de serviços especializados.
Para limitar a um pequeno quadro de dados a serem avaliados quanto às incorreções
cadastrais, foi escolhido restringir-se aos dados do destinatário - declarado em uma nota
fiscal. Pois, foi considerado que este modelo de abordagem pode ser aproveitado nos demais
quadros não menos importantes em um documento fiscal, tais como os dados do
estabelecimento emissor, do transportador, a respeito dos parâmetros fiscais envolvidos, etc.
Foram estabelecidos os cinco objetivos a serem atingidos nesta pesquisa. São os que
seguem:
Objetivo 1: Constatar se, no dia a dia das empresas, as incorreções em dados cadastrais
do destinatário declarado em documentos fiscais é um problema comum;
Objetivo 2: Verificar se a existência de incorreções cadastrais pode comprometer o
atendimento das obrigações acessórias, em matéria tributária, por parte das empresas
integradas ou não ao SPED-Fiscal ou NF-e;
Objetivo 3: Identificar as possíveis causas das incorreções em dados cadastrais;
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Objetivo 4: Verificar como esses problemas podem ser solucionados; e
Objetivo 5: Verificar se é viável o desenvolvimento de empresas de consultoria
especializada em manutenção de dados cadastrais.
II. Revisão bibliográfica
1. O Sistema Tributário Nacional
O conceito legal está em nosso Código Tributário Nacional, Decreto nº 6.022, de 22 de
janeiro de 2007, que o define em seu Art. 2º assim:
“O sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda
Constitucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares,
em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas
competências, em leis federais, nas Constituições e em leis estaduais, e em
leis municipais.”
Este sistema “é um conjunto de normas, Constitucionais e Infraconstitucionais
relacionadas entre si e interdependentes. E este sistema é classificado rígido porque há um
disciplinamento Constitucional abrangente estabelecendo todas as suas normas essenciais.
(MACHADO, 2008, p. 269)”
Segundo Cassone (1999, p. 23), “os sistemas tributários são classificados em rígidos e
flexíveis, dependendo da partilha tributária ser exaustiva ou não [...]", explicando que:
“Nosso sistema tributário é rígido, quanto aos impostos, porque a
Constituição Federal (CF) relaciona um a um todos os impostos que as
pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) podem,
nas suas competências privativas, instituir e exigir dos seus respectivos
contribuintes.
Um exemplo de sistema jurídico-tributário flexível – quanto aos impostos -
é encontrado na Constituição norte-americana, em que não há quaisquer
proibições no exercício da competência tributária, ressalvadas aquelas
fixadas na própria Constituição, podendo aos Estados criar impostos
idênticos exigíveis dos mesmos contribuintes (Luis Mélega, Suplemento
Tributário nr. 61/85). O mesmo ocorre na constituição italiana.”
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2. Obrigações Tributárias
a) Definição legal
O nosso Código Tributário Nacional define duas espécies de obrigações tributárias, a
principal e a acessória, assim:
“Art. 113. A obrigação tributária é a principal ou acessória.
§ 1º A obrigação principal surge como ocorrência do fato gerador, tem
como objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se
juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto
as prestações, positivas ou negativas, nelas previstas no interesse da
arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância,
converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
Sobre essas definições legais, Paulsen (2008, p.137), diz que:
“[...] o art. 113 do CTN denomina as obrigações de prestar dinheiro, seja a
título de tributo ou multa, de obrigações tributárias principais (§ 1º) e as
obrigações de fazer, deixar de fazer ou tolerar – os deveres formais –
obrigações tributárias acessórias (§ 2º).”
No mesmo sentido, Baleeiro (2008, p.698) diz:
“O art. 113 do CTN estatui que a obrigação tributária pode ser principal – o
pagamento do tributo ou penalidade pecuniária – ou acessória, consistente
em prestações, positivas ou negativas no interesse da arrecadação ou
fiscalização das receitas, controle estatístico, etc. Mas a acessória, não
sendo cumprida, converte-se em principal quanto à pena pecuniária que a
sancione. (grifo nosso)”
Esclarece Baleeiro (2008, p.697) que “a obrigação constitui o núcleo do Direito
Tributário...”, ou seja, ela é essencial para a sua solidez.
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b) Fato gerador
O conceito sobre fato gerador acolhido por Baleeiro (2008, p. 709) é:
“[...] estruturalmente, pode ser um fato simples, isolado, único, ainda que
um estado de fato ou, pelo contrário, um fato complexo, múltiplo.
Compósito, - conjunto de fatos – “unidade teleológica” de Bracci. No
segundo caso, há que integrar-se em todos os elementos.
Em relação ao tempo, os fatos geradores podem ser instantâneos ou
conjuntivos, continuados, periódicos ou de formação sucessiva. Exemplo
do primeiro, o ato jurídico de compra e venda, a saída de mercadorias no
ICM; exemplo do segundo, o fluxo de rendimentos ou de incremento do
patrimônio, em determinado período, como no imposto sobre a renda.
Ainda há a considerar o fato gerador da obrigação principal e o da
acessória, a este referindo-se o art. 115 do CTN, assim como o suplementar
ou sucedâneo do fato gerador (Ersatztatbestand), nos casos em que o
legislador prevê ou provê que, não ocorrendo o pressuposto, por evasão,
outras situações de fato substitutivas, com o mesmo efeito, farão nascer a
obrigação tributária [...].”
c) O fato gerador da obrigação acessória
Segundo Baleeiro (2008, p.709), sem oposições, oferecendo o seu entendimento, ensina
que o fator gerador da obrigação acessória é uma:
“[...] situação, prevista em Lei, que obriga alguém [o sujeito passivo] a
praticar ou abster-se de certos atos diversos ao pagamento do tributo ou de
pena pecuniária. Exemplo: informar o Fisco [sujeito ativo] sobre terceiros,
remeter certos documentos, não transportar mercadoria desacompanhada de
guia, prestar-se à inspeção de livros mercantis e arquivos, balanço ou
verificação do stock etc.[...]”
d) Fato gerador da obrigação principal
O fato gerador desta obrigação tributária, conforme visto até agora, decorre de Lei.
Segundo o entendimento de Paulsen (2008, p.139) “A Lei, ao instituir determinado tributo,
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estabelece a sua hipótese de incidência, ou seja, a previsão abstrata da situação a que atribui
o efeito jurídico de gerar a obrigação de pagar.”
Fabretti (2006, p. 64 e 65), demonstra que uma simples obrigação, (em sede de Direito
Privado, art. 233 e ss. do Código Civil Brasileiro), pode gerar até quatro fatos geradores de
obrigações tributárias. Vejamos:
“a) Obrigação de direito privado: venda de mercadoria a prazo – sujeito
ativo/credor - o vendedor; sujeito passivo/devedor – o comprador; objeto - o
pagamento do preço; causa – vontade das partes.
b) Obrigações de direito público geradas por esse negócio jurídico:
1ª) tratando-se de produto industrializado ou importado, a entrada no
território nacional do produto ou a saída do estabelecimento industrial ou
equiparado de produto industrializado ou importado é fato gerador de IPI;
2ª) saindo do estabelecimento o produto industrializado ou importado, entra
na circulação econômica, passando a denominar-se, juridicamente,
mercadoria e, por essa razão, concretiza o fato gerador do ICMS;
3ª) por determinação legal, a mercadoria não pode circular desacompanhada
de documento fiscal. A emissão da nota fiscal corresponde ao conceito de
faturamento, que por sua vez, é fato gerador de duas contribuições sociais, o
PIS e a COFINS.
Desta forma, um único negócio jurídico de direito privado, a venda, é
onerado com quatro tributos: três federais (IPI, PIS e COFINS) e um
estadual, o ICMS.”
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e) A complexidade nas obrigações acessórias para o operador tributário
Para ressaltar a complexidade nesta espécie de obrigação, se faz necessário ampliar um
pouco o número de exemplos citados anteriormente. Assim segue.
Quadro 1: Exemplos de objetos de obrigações tributárias acessórias. Seq Lista de documentos e livros fiscais.
1 Nota Fiscal 2 Livro Registro de Impressão de Documentos Fiscais 3 Livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termo de Ocorrência 4 Livro de apuração do ICMS 5 Livro Registro de Inventário 6 Livro Registro de Entradas 7 Livro Registro de Saída 8 Livro Registro de Controle da Produção e Estoque 9 Livro Registro Permanente de Estoque
10 Livro de Movimentação de Combustíveis 11 Livro de Registro Especial do ISSQN 12 Livro de apuração do IPI 13 Livro Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle 14 Livro Caixa - Carnê Leão 15 Livro Caixa da Atividade Rural 16 Declaração de Informações Econômico-Fiscal da Pessoa Jurídica (DIPJ) 17 Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) 18 DCTF-Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais 19 DACON-Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais
Fonte: Nomes dos documentos indicados nas obras de PAULSEN (2008, p.138) e FABRETTI 2008, p. 301).
O Quadro 1 enumera 19 obrigatoriedades tributárias acessórias - desconsiderando
inúmeras outras pela imensa variedade delas. A lista seria longa e incluiria até a denominada
“Preços de Transferência” (existente em operações de importação e exportação); guias
eletrônicas etc.
Toda obrigação acessória é obrigatória, pois o legislador estabeleceu que a
inobservância dela converte-a em uma obrigação principal relativamente à penalidade
pecuniária.
Exemplificando, Paulsen (2008, p.138), indica que são hipóteses de inobservância
proibida em lei as “práticas ou abstenções que envolvem a emissão de documentos fiscais,
elaboração e guarda de livros e a apresentação de declarações ao Fisco”.
Por decorrem de legislação tributária, se faz necessário ter claramente outra realidade. A
que elas são geradas impositivamente por um significativo número de entes políticos e
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correspondentes órgãos de Administração Tributária a eles vinculados, contamos 11.066,
assim somados na tabela 1:
Tabela 1: Lista de entes políticos e órgão de Administração Tributária Grupo A: Entes políticos Grupo B: órgãos de Administração
Tributária Totais
n n n
União 1 Secretaria da Receita Federal
1
2
Estados 27 Secretaria da Fazenda Estadual
27
54
Município 5.505 Secretaria de Finanças Municipal
5.505
11.010 Totais 5.533 5.533 11.066 Fonte: Quanto à contagem de municípios, IBGE (2011c).
Esses dois grupos (A e B) representam a variedade de 11.066 diferentes fontes
emanadoras de regulamentos que podem criar modificar e extinguir obrigações tributárias
acessórias.
Para os operadores do sistema, os contribuintes, essa variedade certamente dificulta o
acompanhamento e a conciliação da “vontade legislativa” - emanada por tantas fontes
possíveis e, por que não dizer, simultâneas – com os recursos disponíveis para atendê-las.
A título de ilustração, seguem duas situações hipotéticas:
1) Uma empresa, sem filiais, estará sempre sob a jurisdição dos órgãos de
Administração Tributárias das três esferas simultaneamente, ou seja, sujeita regras
relacionadas às conformidades fiscais emanadas dos governos: local, estadual e federal.
2) Caso a empresa tenha filiais em outras localidades ou em outros Estados, é razoável
aceitar que cada filial deverá estar em conformidade com a política fiscal da sua localidade,
observando a estadual e a federal.
Por causa dessas particularidades em cada uma de suas filiais, impõe-se à matriz um
cuidado maior na gestão tributária, que deverá considerar o ambiente fiscal de todas as suas
filiais com seu.
Bertolucci (2001, p.24), fala que os Regulamento do ICMS são estaduais, e que já
sofreram e vem sofrendo tantas modificações, por medidas ad hoc, que nem mesmo os
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próprios Estados, autores dessas modificações, conseguem entender ou explicar o ambiente
tributário que eles mesmos instalaram.”
Por estas considerações, chega-se a duas preocupantes deduções razoáveis:
1ª) Sendo essa variedade de entes e órgãos fontes geradoras de complexidades no
ambiente tributário nacional, permite-nos deduzir que a “rigidez” em nosso sistema tributário,
ilustrada por CASSONE (1999, p. 23), não abrange as legislações em matéria de obrigações
acessórias.
2ª) O empresário ou sociedade empresária, afetado pela diversidade inumerável de
imposições acessórias, sofre de inevitáveis sacrifícios patrimoniais, correndo contínuos riscos
de operar contra o seu principal objetivo social, o lucro.
3. Custos de conformidades tributárias e sua composição.
Segundo o conceito criado pelo pesquisador Bertolucci (2001, p.14), os custos de
conformidade à tributação “deve ser compreendido como o custo de [todo o contribuinte]
conformar sua atividade às normas tributárias, assumindo a forma estabelecida pelo Poder
Público”.
Em sua tese, Bertolucci (2001, p.15), categoriza estes custos, concordando que esses
custos decorrem em parte do cumprimento das obrigações tributárias acessórias, da seguinte
forma: a) custos monetários; b) custos temporais; e custos psicológicos. E que esse custos,
apurados em valores monetários, representam os custos totais de conformidade.
Segundo o mesmo autor, os recursos gastos são, por exemplo: salários dos empregados
envolvidos, informática, contratação de consultorias especializadas; assinatura de jornais,
revistas e periódicos especializados; o tempo gasto inclusive pela Administração Geral para
tratar dos assuntos relacionados; a contratação de escritórios de advocacia; Auditores,
participação em congressos; treinamento do pessoal; o tempo gasto atendendo a agentes de
fiscalização etc. (Bertolucci, 2001, p. 143 e 144).
Na mesma linha e recomendando uma ação prudencial, Fabretti, (2008, p. 121), diz que
“a complexidade e o número cada vez maior de obrigações [acessórias] impostas ao
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contribuinte, atualmente, representam um alto custo administrativo, razão pela qual é
fundamental, para as empresas planejar rigorosamente sua gestão tributária.”.
Bertolucci e Nascimento (2006, p. 1) relembram que: “[...] já se verificou que os custos
dos contribuintes - os custos de conformidade à tributação - correspondem a 0,75% do
Produto Interno Bruto-PIB na média das companhias abertas e pode alcançar 5,82% do PIB
nas companhias abertas com receita bruta anual de até R$ 100 milhões por ano.”, vide Tabela
2 que ilustra o assunto no artigo destes renomados pesquisadores.
Tabela 2: Custos de Conformidade no Brasil. Categoria de Receita Bruta Incidência sobre o PIB Até R$ 100 Milhões 5,82% De R$ 100 a R$ 1.000 Milhões 1,88% De R$ 1.000 a R$ 50.000 Milhões 1,25% Acima de R$ 50.000 Milhões 0,24% Todas as empresas 0,75% Fonte: Bertolucci (2003, p. 19) apud Bertolucci e Nascimento (2006, p. 3).
Aplicando o mesmo procedimento adotado Bertolucci e Nascimento, (2006, p. 3),
considerando o incidência de 0,75% sobre o PIB de 2010, ou seja, sobre R$ 3.674.964
milhões, Tabela 3, saberemos que R$ 27,6 bilhões da renda bruta nacional foram utilizados
para remunerar bens e serviços empregados no cumprimento dessa espécie de obrigações
tributárias.
Tabela 3: Produto Interno Bruto - Valores correntes.
Conforme descrito pelo IBGE (2011c, p. 30) o PIB brasileiro contém:
“[...] a renda bruta nacional e parte dela corresponde a receita bruta das
empresas (algumas), produtoras de bens e prestadoras de serviços que
foram remunerados e empregados por outras (todas as demais), no
cumprimento de suas obrigações tributárias acessórias. [...].”
Período PIB (R$ 1000.000) 2008 3.031.864,00 2009 3.185.125,00 2010 3.674.964,00 Fonte: IBGE (2011a)
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Com base nesta descrição, podemos deduzir seguramente que o PIB brasileiro contém a
renda bruta nacional e parte dela corresponde a receita bruta das empresas (algumas),
produtoras de bens e prestadoras de serviços que foram remunerados e empregados por outras
(todas as demais), no cumprimento de suas obrigações tributárias acessórias.
Supondo a possibilidade da convergência de interesses econômicos vinculando uma
empresa fornecedora a uma empresa cliente, o que representa o “custo suportado” desta
representa a “remuneração obtida” daquela.
Assim sendo, entende-se que seja razoável aceitar que aquele “custo” de R$ 27,6
bilhões, representa a “renda bruta” de todas as empresas produtoras e bens e serviços
consumidos ou tomados pelos seus consumidores “clientes”.
4. Evolução das políticas tecnológicas na Administração Tributária
No ano de 1997 a Receita Federal do Brasil lançou o programa chamado
RECEITANET, para tratar do IRPJ e IRPF (BRASIL, 2011b):
“Em março de 1997, uma atitude pioneira da Receita Federal surpreendeu o
Brasil e o mundo: o lançamento do programa Receitanet e a permissão para
que os contribuintes enviassem suas declarações de imposto de renda
através da internet. Desde então, todo o processo de elaboração e
transmissão da declaração do imposto de renda pode ser realizado sem que
o contribuinte precise sair da sua casa ou do seu trabalho.”
Em 1990, o Governo Federal deu início a modernização dos recursos de informação e
informática da administração direta, autarquias e fundações do Poder Executivo Federal
(BRASIL, 2011c).
No ano de 1997 foi criado o SINTEGRA, para informatizar o compartilhamento de
informações, relacionadas as operações envolvendo a circulação de mercadorias, entre a
Administração Tributária, abrangência nacional, e os contribuintes do ICMS (BRASIL,
2011d).
A título de informação adicional, o SINTEGRA aproveitou o modelo normativo do
Convênio 57/95 (CONFAZ, 2011b) que estabelece os critérios reguladores da substituição do
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uso do papel por arquivos digitais criando o TED, Transmissão Eletrônica de Dados (módulo
do Sistema de Processamento de Dados Eletrônicos - SPDE).
O Governo Brasileiro, evoluindo em sua política tecnológica, criou no ano de 2000 o
Comitê Executivo do Governo Eletrônico (BRASIL , 2011e) e criou a meta denominada
“Governo Eletrônico”, imediatamente adicionada ao Sistema de Administração dos Recursos
de Informação e Informática - SISP (BRASIL, 2011f).
Em 2005, a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e o Documento Auxiliar da Nota Fiscal
Eletrônica foram instituídas nacionalmente (CONFAZ, 2011c).
Em 2007 foi instituído o SPED (adiante descrito), que inovou a forma do cumprimento
das principais obrigações tributárias prescritas em nosso sistema tributário nacional (BRASIL,
2011a).
Esses avanços tecnológicos ainda repercutem até hoje na modernização da
Administração Tributária dos Governos Municipais e do Distrito Federal.
5. Sistema Público de Escrituração Digital – SPED
Para descrever o que representa este sistema, fazemos uso da definição abrigada no art.
2º do Decreto-Lei 6.022 de 22 de Janeiro de 2007 (BRASIL, 2011a) como segue:
“Art.2º O Sped é instrumento que unifica as atividades de recepção,
validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que
integram a escrituração comercial e fiscal dos empresários e das sociedades
empresárias, mediante fluxo único, computadorizado, de informações.”
Os usuários elencados neste decreto são os órgãos de Administração Tributárias da
União, Estados, Municípios e Distrito Federal, bem como todos os órgão públicos que tenham
competência legal de regulação, normatização, controle e fiscalização dos empresários e das
sociedades empresárias.
Neste sistema, conforme estabelecido no art. 6º do mesmo diploma legal, cabe a
Secretaria da Receita Federal coordenar todos os trabalhos envolvendo o desenvolvimento,
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manutenção, evolução e administração geral. Contudo a administração será conjunta com
representantes indicados pelos demais usuários.
Nesta lei não são usuários os operadores tributários, empresários e as sociedades
empresárias. A estes é conferido o direito de acesso a informações existentes do SPED e que
lhe sejam exclusivamente pertinentes.
Os contribuintes não figuram como usuários do SPED, embora 27 (RFB, 2011e), deles
tenham participado ativamente no projeto piloto em parceria com mais 20 órgão públicos e
todos os administradores tributários no desenvolvimento deste sistema e no processo de
readequação na modernização dos meios de atendimento das obrigações acessórias afetadas.
Por estas exposições, conclui-se que o SPED nada mais é do que uma inovação no
Sistema Tributário Nacional, porque estabelece novos meios, instrumentalizando, para que os
seus usuários, (os entes políticos, dotados de poderes legais de regulação e normatização, e os
órgão públicos vinculados a estes), realizem seus deveres executando as atividades de
fiscalização e controle, fazendo o uso compartilhado de uma base de dados única.
E as origens das informações para esta base são algumas das obrigações acessórias
atendidas pelos empresários e das sociedades empresárias. E o Poder Público priorizou as que
geram maior arrecadação - que tentaremos demonstrar logo mais adiante.
As obrigações acessórias abrangidas pelo SPED (RFB, 2011b) estão hoje distribuídas
entre os seguintes subprojetos:
1) Sped – Contábil
2) FCONT
3) Sped – Fiscal
4) EFD-PIS/COFINS
5) NF-e – Ambiente Nacional
6) NFS-e
7) CT-e
8) Central de balanços
9) e-LALUR
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Para conhecer uma abordagem mais completa sobre este assunto, recomenda-se a leitura
da pesquisa, sobre o mesmo tema, apresentada no 7º Congresso USP de Iniciação Científica
em Contabilidade, “Sistema Público de Escrituração Digital: Percepção dos Contribuintes em
Relação Os Impactos da Adoção do Sped” (FARIA et al, 2010).
a) NF-e (Nota Fiscal Eletrônica)
De acordo com a definição dada na cláusula primeira, §1º do Termo de Ajuste 07/05
emitido pelo Conselho de Política Fazendária (CONFAZ, 2011c):
“Considera-se nota fiscal Eletrônica - NF-e o documento emitido e
armazenado eletronicamente, de existência apenas digital, com o intuito de
documentar operações e prestações, cuja validade jurídica é garantida pela
assinatura digital do emitente e autorização de uso pela administração
tributária da unidade federada do contribuinte, antes da ocorrência do fato
gerador.”
b) SPED-EFD - Escrituração Fiscal Digital
O SPED-EFD é um dos subprojetos do SPED, e assim definido pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil(RFB, 2011a) consiste na:
“A Escrituração Fiscal Digital - EFD é um arquivo digital, que se constitui
de um conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras
informações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria
da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apuração de
impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte.
Este arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao
ambiente Sped.”
A diferença entre esses dois subsistemas é que a NF-e é a Nota Fiscal, o documento
fiscal em si, mas na forma eletrônica, e o SPED-EFD, cuida da escrituração digital dos
documentos fiscais.
6. A importância da arrecadação do ICMS para os Estados
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Conhecer a importância do ICMS para os governos estaduais permite entender o
interesse dos Estados pela priorização do SPED-FISCAL e NF-e.
Tomando-se os dados referente a receita tributárias estaduais, desde 1999 até 2010,
conforme boletins publicados pelo CONFAZ (2011a), sumarizando-se os respectivos valores
correntes, por espécie de tributo, (ICMS, IPVA, taxas e ITCMD), verifica-se que o ICMS
representou 88,78% do total em relação aos demais tributos estaduais brasileiros (11,22%) ,
Gráfico 1.
Gráfico 1: Participação do ICMS na receita tributária Estadual entre 1999 e 2010.
. Fonte: Dados coletados do CONFAZ-Conselho de Política Fazendária.
Entre os anos de 2008 e 2010, as receitas tributárias estaduais referentes ao ICMS foram
respectivamente de R$ 222 Bilhões, R$ 219 Bilhões, e R$ 279 Bilhões. E estes montantes
corresponderam a 88%, 85% e 86%, respectivamente, da arrecadação tributária estadual total,
Gráfico 2.
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Gráfico 2: Participação do ICMS no total das receitas tributária estaduais entre 1999 e 2010 (R$1.000.000.000)
Fonte: Dados coletados do CONFAZ-Conselho de Política Fazendária.
Cruzando os dados relacionados aos tributos sumarizados e declarados pelo IBGE,
(2011a), com o Gráfico 2, pois o mesmo órgão também coletou as fontes no CONFAZ quanto
ao ICMS (IBGE, 2011b), chega-se a tabela 4, abaixo mencionada.
Tabela 4: Participação dos tributos estaduais considerando a receita nacional com Impostos + ISS - período 1999 a 2010 (R$1.000.000.000)
Período de competência
Receita com Impostos
Estaduais e Federais +
ISS Receita com
ICMS
%Paticipação do ICMS na Receita com
Impostos
Total dos Tributos Estaduais
%Participação na Receita com
Impostos 1999 137,16 67,88 49,5% 74,5 85,6% 2000 157,83 82,31 52,2% 89,82 85,2% 2001 183,52 94,28 51,4% 102,98 79,4% 2002 204,69 105,38 51,5% 115,68 76,6% 2003 229,33 119,28 52,0% 132,41 74,7% 2004 275,24 138,24 50,2% 153,73 68,5% 2005 304,99 155,16 50,9% 173,06 67,6% 2006 335,06 172,05 51,4% 192,72 66,7% 2007 373,49 187,64 50,2% 212,08 63,7% 2008 451,75 222,58 49,3% 251,6 60,2% 2009 444,39 229,38 51,6% 266,93 63,2% 2010 539,32 279,65 51,9% 322,62 61,5%
Fonte: IBGE e CONFAZ
A participação do ICMS no total das receitas tributárias em 2010 representou 51,9%,
sendo que a receita tributária dos estados representaram 61,5% do total no mesmo período.
8,89% 8,36% 8,45% 8,90% 9,92% 10,08% 10,34% 10,73% 11,52% 11,53% 14,07% 13,32%
91,11% 91,64% 91,55% 91,10% 90,08% 89,92% 89,66% 89,27% 88,48% 88,47%
85,93% 86,68%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
1999 R$ 74,50 2000 R$ 89,82 2001 R$102,98 2002 R$115,68 2003 R$132,41 2004 R$153,73 2005 R$173,06 2006 R$192,72 2007 R$212,08 2008 R$251,60 2009 R$266,93 2010 R$322,62
Valores correntes do ICMS Relação dos Outros Tributos Estaduais e o ICMS
20
Estes fatos confirmam que aquela fonte de receita pode ser categorizada a melhor origem de
recursos e a mais importante para as 27 unidades federadas.
7. Dados cadastrais
O termo “dados” é aqui entendido com conjunto de informações em estado bruto, ou
seja, seus elementos isoladamente considerados tem pouca ou nenhuma utilidade.
Segundo Pressman (2005, p. 1020), os dados representam uma coleção de fatos que
uma vez combinados geram uma informação derivada que passa a ser significativa dentro de
um determinado contexto.
A título de exemplo do que seja um dado em estado bruto e a sua transformação em
informação significativa, tomemos o dado “BA” que não significará nada se estiver fora do
contexto das siglas oficiais das Unidades Federativas (UF) do nosso país. Neste contexto,
“BA” significa a sigla do Estado da Bahia.
Assim sendo, quando se fala em dados cadastrais está se falando a respeito de um
conjunto determinado de dados necessários para uma combinação da qual derivará uma
informação útil a um ou mais contextos, como por exemplo, os dados cadastrais do
destinatário das mercadorias ou do tomador dos serviços declarado em notas fiscais.
Toda informação deve possuir um conjunto específico de características, segundo
Padoveze (2004, p. 49 e 50), esse conjunto compreende:
“[...] conteúdo, precisão, atualidade, relatividade, exceção, acionalidade,
freqüência, adequação a decisão, valor econômico, relevância,
entendimento, confiabilidade, oportunidade, objetividade, seletividade,
flexibilidade, motivação, segmentação, consistência, integração,
uniformidade critério, indicação de causas, volume, generalidade etc.”
21
8. Dados do destinatário declarado em documento fiscal
Destinatário declarado em um documento fiscal é aqui entendido a pessoa, natural ou
jurídica, que o seu emissor declarar como sendo a pessoa recebedora da mercadoria ou a
pessoa tomadora do serviço que prestou.
Basicamente, são estes os dados necessárias para compor este tipo de declaração:
a) CNPJ ou CPF; b) Nome;
c) Nome da Rua/Alameda/Avenida/Estrada; d) Complemento do endereço;
e) Número do endereço; f) Bairro;
g) Cidade; h) CEP; e
i) UF ; j) Código IBGE do Município/Cidade, (por exigência no cenário do SPED-Fiscal ou NF-e) ; e h) Inscrição Estadual
Lembremos que uma operação fiscal, especialmente envolvendo uma transferência
ou remessa de bens, pode ocorrer entre o estabelecimento matriz e filial ou entre filiais.
9. Incorreções em campos alfa-numérico
A consideração das determinações emitidas pelo fisco, (RFB, 2011c, p.83), podem
causar retrabalhos inesperados na hora em que o contribuinte tenta transmitir informações
para as bases de dados do SPED.
Um exemplo é o campo “Observações”, esta informação pode aparecer com sinais
gráficos válidos e de acordo com os sistemas internos de uma empresa, mas que devem ser
retirados antes de serem submetidos aos sistemas validadores oficiais estabelecidos pelo
Fisco.
Conforme orientações no Manual de Integração – Contribuinte, para geração de
arquivos da NF-e, (RFB, 2011d, p.83) determina-se que sejam retirados dos campos
22
alfanuméricos os seguintes sinais: “>” ( sinal de maior); “<” (sinal de menor);” “&” (e-
comercial); apóstrofe e aspas.
No "Guia Prático de EFD", para a geração de arquivos de escrituração digital, (RFB,
2011b, p.9), determina-se que o sinal “|”, (pipe), não seja incluído em campos alfanuméricos
A presença de um desse sinal gráficos gera impedimentos, pela invalidade, a regular
transmissão dos dados fiscais às bases de dados do SPED, obrigando o usuário remediar
urgentemente o problema, muitas vezes, manualmente.
Essas incorreções são sanáveis com facilidade, pois se trata de sinais que não influem
no valor da informação afetada e filtrar retirar esses sinais é relativamente simples.
O risco maior está, por exemplo, no conteúdo do campo “Observações” cujo conteúdo
deva contar no corpo da nota fiscal declarando fundamentações legais em matéria tributária a
respeito de amparos, isenções ou imunidades tributárias.
Se esta informação for impertinente ou inoportuna à operação fiscal, o estabelecimento
emissor estará se sujeitando a embaraços e a autuações evitáveis.
Um exemplo de “fundamentação legal” que pode ser o conteúdo do campo
“observações” é a indicada no art. 251 do RICMS/SP (SÃO PAULO, 2011) :
“Artigo 251 - O sujeito passivo por substituição emitirá documento fiscal
para as operações sujeitas à retenção do imposto, que, além dos demais
requisitos, deverá conter, nos campos próprios, as seguintes indicações (Lei
6.374/89, art. 67, § 1º, e Convênio de 15-12-70-SINIEF, art. 19, I, "l" e V,
"c" e "d"): (Redação dada pelo inciso XIX do art. 1° do Decreto 39.725, de
20-12-94 - DOE 21-12-94)”
Neste exemplo, esta informação é um ponto de atenção que exige a diligente revisão do
emissor do documento fiscal, assim como por parte do destinatário.
Uma dificuldade maior existe quanto ao relacionamento do nome da cidade do
logradouro dos destinatários. Como é um campo alfanumérico, muitos cadastrados mantém
essa informação variada para uma mesma localidade.
23
Não é exagero aceitar que conste, em muitas bases dados: “São Gonçalo” ou “São
Consalo” e “Sao Gomcalo”.
E também não será exagero entender que qualquer daquelas expressões signifique a
mesma coisa, mas essa variedade de significados irá dificultar o relacionamento direto e
automático do nome da localidade ao respectivo “Código IBGE do Município”, uma
exigência acessória originada do SPED, cuja informação é a que deverá ser informada, em um
arquivo fiscal digital, no lugar do nome da localidade correspondente ao logradouro
envolvido.
Será uma dificuldade de automatização e relacionamento direto, pois nem sempre há
certeza se o Código de Endereçamento Postal-CEP relacionado corresponde a localidade do
mesmo logradouro. E mais, ainda não foi disponibilizado o relacionamento (“CEP” x
“Código IBGE do Município”) por parte dos usuários, do SPED, finais das informações
prestadas pelos contribuintes, elencados na parte em que descreve aqui o “Sistema Público de
Escrituração Digital – SPED”.
24
III. Método
Este estudo constitui-se em uma pesquisa descritiva aplicada, preponderantemente
quantitativa, de campo em relação à coleta dos dados e de campo em relação à fonte de
informação. Foram selecionados aleatoriamente profissionais encontrados em sites de
discussões relacionados a gestão tributária.
1. Sujeitos
Foram escolhidos profissionais, de ambos os sexos, atuantes especificamente na área
tributária, sendo esta a de maior ocorrência, auditoria contábil e sistemas da informação.
Conforme Tabela 5, os sujeitos desta pesquisa foram 45 indivíduos, 22 do sexo
masculino (48,89%) e 23 do sexo feminino (51,11%).
Tabela 5: Distribuição dos indivíduos pesquisados segundo a faixa etária e sexo.
As pessoas que colaboraram respondendo ao questionário utilizado nesta pesquisa,
Apêndice 1, são Diretores(as) (8,9%); Gerentes (13,3%); Supervisores(as) (28,9%) e
Analistas ou Assistentes (48,9%), Tabela 6.
Sexo Faixa Etária Masculino Feminino Total n % n % n %
20 - 30 anos. 8 36,4% 7 30,4% 15 33,3% 31 e 40 anos. 8 36,4% 11 47,8% 19 42,2% 41 e 50 anos. 4 18,2% 5 21,7% 9 20,0% 51 e 60 anos. 2 9,1% - 2 4,4%
Total 22 100% 23 100% 45 100% Fonte: dados coletados da pesquisa.
25
Tabela 6: Distribuição dos indivíduos pelos cargos que ocupam.
Total Cargo n %
Diretor/Diretora. 4 8,90% Gerente. 6 13,30% Supervisor/Supervisora. 13 28,90% Analista/Assistente. 22 48,90% Total 45 100% Fonte: dados coletados da pesquisa.
Quanto ao nível de escolaridade desses sujeitos, 68,90% pertencem ao grupo dos
profissionais graduados e pós-graduados, vide tabela 7, realizando atividades ligadas, direta
ou indiretamente, ao subprojeto SPED-Fiscal ou NF-e em empresas de diversos ramos de
atividade, Tabela 8.
Tabela 7: Distribuição dos indivíduos pesquisados pelo grau de escolaridade.
Total Grau de escolaridade n %
Pós-graduação (completo, incompleto ou cursando). 31 68,90% Nível universitário (completo, incompleto ou cursando). 12 26,70%
Ensino médio, (completo, incompleto ou cursando). 2 4,40% Total 45 100% Dados coletados da pesquisa.
Tabela 8: Distribuição dos sujeitos pelos ramos de atividade das empresas Ramo de atividade n % Construção Civil. 1 2,0% Eletro-Eletrônico. 1 2,0% Autopeças. 2 4,0% Automotivo. 3 7,0% Farmacêutico. 3 7,0% Telecomunicações. 4 9,0% Alimentício. 5 11,0% Outros 26 58,0% Total 45 100,0% Dados coletados da pesquisa
Quanto ao ramos de atividade das empresas dos sujeitos, vide tabela 8 acima, 58%
atuam em 26 ramos específicos diferentes, e 42% atuam nos 7 ramos acima elencados. Esta
variedade permite-nos deduzir que profissionais de 45 ramos de atividades diferentes
colaboraram nesta pesquisa.
2. Materiais
26
A pesquisa foi apoiada em um questionário para a coleta de dados, com doze questões
em parte de múltipla escolha exclusiva e em parte não exclusiva, sem nenhuma questão
aberta (Apêndice 1).
O questionário foi apresentado aos participantes via correio eletrônico, utilizando-se dos
recursos disponíveis pela aplicação chamada GOOGLEDOCS (2011), recurso disponível na
rede mundial de computadores que permite o compartilhamento de dados. Esta utilidade
possibilitou maior agilidade na criação, distribuição do questionário e na coleta das respostas,
as quais foram automaticamente catalogadas em planilha eletrônica pela mencionada
aplicação. Foi utilizado o MS-Excel porque, segundo os pesquisadores Oliveira et al. (2007,
p. 1), “permite a construção de gráficos e a realização de outros cálculos utilizando-se
diretamente o resultado da simulação e apresenta uma interface muito amigável”.
3. Procedimentos
Oitenta e Cinco sujeitos foram escolhidos aleatoriamente das listas de contatos inscritos
em sites de discussões relacionados à Gestão Tributária, (alguns: <www.linkedin.com> e
<www.spedbrasil.net>). O contatos foram realizados durante 18 dias, entre 23/5/2011 as
23:50:05 até 10/06/2011 as 23:08:30. Preliminarmente, a cada sujeito escolhido, foi enviada
uma mensagem por email, informando sobre o objetivo e pedindo a permissão para
apresentar o questionário.
Quarenta e Cinco pessoas entrevistadas concederam a permissão e responderam, sem
interferência do pesquisador. O tempo médio entre o primeiro e o último registro de
recebimento das respostas foi de aproximadamente 9 horas e 24 minutos que é o resultado
aproximado pela divisão do tempo total apurado (432 horas, 41 minutos), pelos 18 dias.
Todos esses questionários respondidos e devolvidos ao pesquisador foram submetidos
a uma revisão geral para sanear alguma irregularidade de preenchimento. Por intermédio
desta medida, foi necessário considerar como “não respondidas” três respostas, em apenas três
questionários, que se referiam às questões 5, 6 e 12. Não foi constatado nenhuma perda de
qualidade nas demais repostas dos três questionários afetados.
Os resultados foram tabulados e sumarizados em tabelas de distribuição de frequência
para a geração de gráficos.
27
IV. Resultados da Pesquisa 1. Integração das empresas ao SPED-FISCAL e NF-e
Dentre 45 profissionais indagados a respeito da implantação ao SPED-FISCAL ou NF-e
em suas empresas, a maioria 33 (73,3%) já se encontra totalmente integrada, 9 (15,6%) está
em fase de implantação, e 4 (8,9%) afirmaram que suas empresas estão desobrigadas, Tabela
9.
Tabela 9: Distribuição da implementação do SPED-Fiscal ou NF-e por tipo societário e setor da economia das empresas
Tipo societário
S/A. LTDA. Simples Nacional
SPED-FISCAL ou
LNF-e
Indústria Serviços N.Inf. Comércio Indústria Serviços Serviços
Total
n % n % n % n % n % n % n % n %
Já está integrada.
13
81,3% 2 100% 1 100% 3 100% 6 50,0% 8 80,0% - 33 73,3%
A implantação está em andamento.
2 12,5% - - - 2 16,7% 2 20,0% 1 100,0
% 7 15,6%
Está desobrigada. 1 6,3% - - - 3 25,0% - - 4 8,9%
Não informado (N.Inf.)
- - - - 1 8,3% - - 1 2,2%
Totais 16 100% 2 100% 1 100% 3 100% 12 100% 10 100% 1 100% 45 100%
Dados coletados da pesquisa.
28
2. Porte das empresas dos sujeitos participantes
As empresas dos que responderam ao questionário foram agrupadas e contadas,
Gráfico 3, de acordo com uma das quatro faixas de quantidades de empregados de suas
empresas.
Esse critério foi utilizado para determinar o porte, de forma indireta, das empresas
relacionadas a cada um dos participantes. Essa base de distribuição foi escolhida pelo simples
propósito de se permitir ao entrevistado o direito ao sigilo da situação patrimonial de sua
empresa quanto faturamento bruto anual.
Gráfico 3 Representação gráfica do porte da empresas pesquisadas.
Fonte: dados coletados da pesquisa.
Analisando a esta distribuição, Gráfico 3, verifica-se que a maioria dos profissionais,
24 (53,3%), trabalham em empresas com até 1.000 empregados, 9 (20%) trabalham em
empresas que têm entre 1.001 e 10.000 empregados, 5 (11,10%) trabalham em empresas que
têm entre 10.001 e 30.000, e 7 (15,6%) trabalham em empresas com mais de 30.000
empregados.
53,30%
20,00%
11,10%
15,60% Até 1.000 Entre 1.001 e 10.000 Entre 10.001 e 30.000. Acima de 30.000.
29
3. Impacto das incorreções em dados cadastrais do destinatário no
cumprimento das obrigações acessórias
Foi constatado que é praticamente unânime (dos 45, apenas um dissentiu), o
entendimento de que as incorreções em dados cadastrais dos destinatários podem
comprometer o atendimento das obrigações tributárias acessórias, Tabela 11.
Tabela 10: Distribuição das respostas, (sobre o comprometimento que podem causar alguma incorreção em dados cadastrais), pelos cargos dos indivíduos pesquisados. (Dados coletados da pesquisa.)
Compromete? (Sim/Não) Cargo
Sim Não Diretor/Diretora. 4 - Gerente. 6 - Supervisor/Supervisora. 13 - Analista/Assistente. 21 1 Total 44 1 Fonte: dados coletados da pesquisa
4. Identificação e classificação dos campos de acordo com grau de
vulnerabilidade às incorreções.
Foi perguntado quais dados cadastrais do destinatário geram alguma necessidade de
correção ou revisão, portanto, vulneráveis à incorreções
Nesta pergunta foram sugeridas 10 opções para serem assinaladas, vide questão n. 6 do
questionário no Apêndice 1, permitindo que outros dados pudessem ser informados pelos
profissionais que responderam ao questionário.
Segundo os resultados das respostas, Tabela 12, todos os campos necessitam de algum
trabalho de correção ou revisão. Adicionalmente, as respostas informam que o “email”
(endereço de caixa postal para mensagens via correio eletrônico), a “Inscrição Estadual” e a
“acentuação gráfica”.
Em três questionários não houve resposta para esta pergunta. E há uma resposta
afirmando que há outros campos, sem mencionar quais são.
30
Pela leitura dos resultados demonstrados na mesma Tabela 12, os três dados que podem
ser classificados os mais críticos são: “Código IBGE do Município” (18%), “CNPJ/CPF”
(15%) e “Nome da “Rua/Alameda/Avenida/Estrada” com 14%.
Tabela 11: Distribuição das inconsistências indicadas por tipo de informação no cadastro do destinatário. A classificação está em ordem decrescente orientada pela quantidade indicações nos questionários.
Total Dados Cadastrais examinados
n %
Código IBGE do Município/Cidade 26 18,31% CNPJ/CPF 22 15,49% Nome da Rua/Alameda/Avenida/Estrada 20 14,08% CEP 13 9,15% Nome do destinatário (pessoa jurídica/pessoa física) 12 8,45% Número do endereço 10 7,04% UF 9 6,34% Cidade 7 4,93% Bairro 7 4,93% Complemento 6 4,23% Inscrição Estadual 3 2,11% Não informado 3 2,11% Email 2 1,41% Acentuação gráfica 1 0,70% Outro 1 0,70% Total 142 100,0% Dados coletados da pesquisa Fonte: dados coletados da pesquisa
5. Identificação das possíveis causas do problema.
Para conhecer as possíveis causas, foram apresentadas aos sujeitos as 3 opções,
permitindo-se aos mesmos assinalarem mais de uma e também informarem outras que
considerassem relevantes. Estas foram as opções sugeridas no questionário:
1. Erro de digitação na coleta da informação.
2. Informação inconsistente fornecida pelo próprio destinatário/cliente.
3. Falta de atualizações e revisões cadastrais.
4. Outro: _______________________
31
As indicações analisadas (58), demonstram que todas as causas questionadas
efetivamente contribuem para a ocorrência de inconsistências em dados cadastrais. Porém, a
maioria (45,60%) concorda que a causa maior é a falta de manutenção nos dados cadastrais é
a mais comum.
A causa “erros de digitação” foi considerado a segunda maior causa (31,60%), e a
possibilidade da causa ter como origem as informações fornecidas pelo próprio
destinatário/cliente foi considerada a menor, 21,10%.
Gráfico 4: Principais causas de inconsistências.
Fonte: dados coletados da pesquisa
A Tabela 13 demonstra que empresas desobrigadas ao SPED-FISCAL e NF-e
concordam que a falta de manutenção e revisão ocasionam falhas no comprimento das
obrigações acessórias. E considerando as empresas em qualquer fase de implantação nesses
dois subprojetos, pode-se deduzir que o problema é resistente às inovações tecnológicas dos
SPED.
Tabela 12: Distribuição das causas informadas conforme o estado da integração ao SPED-Fiscal ou NF-e nas empresas dos sujeitos pesquisados.
A implantação está em andamento
Está desobrigada
Já está integrada
Não informado Total
Causa
n n n n n
Erro de digitação na coleta da informação. 1 17 18 Falta de atualizações e revisões cadastrais. 5 2 18 1 26 Informação inconsistente fornecida pelo próprio destinatário/cliente. 1 2 10 13
Não Informado 1 1 Totais 7 5 45 1 58
Fonte: dados coletados da pesquisa
45,60%
31,60%
21,10%
1,80%
Falta de atualizações e revisões cadastrais.
Erro de digitação na coleta da informação.
Informação inconsistente fornecida pelo próprio destinatário/cliente.
Não respondido
1,00% 11,00% 21,00% 31,00% 41,00%
Principais causas de incorreções
32
6. As opções indicadas para solucionar o problema das incorreções em
dados cadastrais em destinatário declarado em documento fiscal
Para sanar o problema, foram apresentadas aos sujeitos as seguintes opções, permitindo-
se a oportunidade para indicarem outras.
Estas foram as opções sugeridas no questionário:
1. Contratação de serviços de consultoria especializada.
2. Criação de um comitê formado por membros de dois ou mais
departamentos.
3. Criar um departamento ou setor especializado.
4. Outro: _______________________
As respostas analisadas, Tabela 14, indicam que contratação de serviços de consultoria
especializada foi a mais indicada pelos profissionais de todos os cargos.
A opção mais indicada e aceita pelos profissionais foi contratação de serviços de
consultoria especializada, (35,4%), a segunda indicação mais indicada foi criar um
departamento ou setor especializado (33,3%). A criação de um comitê para este fim teve
20,8% das indicações.
Três novas opções foram apresentadas e representam 10,5% do total.
Tabela 13: Distribuição das opções de correção de acordo com o cargo dos sujeitos entrevistados. Cargos dos profissionais entrevistados
Solução proposta Diretor Diretora
Gerente
Supervisor Supervisora
Analistas Assistentes
Total
n % n % n % n % n % Contratação de serviços de consultoria especializada 3 60% 2 33,3% 7 46,7% 5 22,7% 17 35,4%
Criar um departamento ou setor especializado 2 40% 2 33,3% 3 20,0% 9 40,9% 16 33,3%
Criação de um comitê formado por membros de dois ou mais departamentos
- 1 16,7% 3 20,0% 6 27,3% 10 20,8%
Outro - 1 16,7% 1 6,7% 1 4,5% 3 6,3%
Instruir a área de cadastro para a correção no momento do erro - - 1 6,7% - 1 2,1%
Não Informado - - - 1 4,5% 1 2,1% Total 5 100% 6 100% 15 100% 22 100% 48 100%
33
Fonte: dados coletados da pesquisa.
Para classificar as soluções propostas conforme o porte da empresa, foram distribuídas
as mesmas opções pelas faixas do número aproximado de empregados nas empresas, Tabela
15.
Tabela 14: Distribuição alternativas de correção pelas faixas de empregados. Solução proposta Porte da Empresa pela faixa de empregados Total
Até 1.000 1.001 a 10.000
10.001 a 30.000
Acima de 30.000
n % n % n % n % n % Contratação de serviços de consultoria especializada 7 26% 6 66,7% 1 20,0% 3 42,9% 17 35,4%
Criar um departamento ou setor especializado 12 44% 2 22,2% 1 20,0% 1 14,3% 16 33,3%
Criação de um comitê formado por membros de dois ou mais departamentos
5 19% 1 11,1% 2 40,0% 2 28,6% 10 20,8%
Outro 2 7% - 1 20,0% - 3 6,3% Instruir a área de cadastro para a correção no momento do erro 1 4% - - - 1 2,1%
Não informado - - - 1 14,3% 1 2,1% Total 27 100% 9 100% 5 100% 7 100% 48 100% Fonte: dados coletado da pesquisa.
Como pode ser notado, empresas com até 1.000 empregados preferem a criação de um
departamento especializado e consideram como sendo uma segunda alternativa a contratação
de serviços de consultoria especializada.
Empresas com 1.001 a 10.000 empregados preferem contratar serviços de consultoria,
colocando em segundo lugar a criação de um departamento especializado.
Empresas com 10.001 a 30.000 empregados optam pela criação de um comitê, deixando
em segundo plano as alternativas pela criação de um departamento e a contratação de uma
consultoria especializada, admitindo outras possibilidades.
As empresas com mais de 30.000 empregados preferem a contratação de serviços de
consultoria especializada, colocando como segunda alternativa a criação de um comitê
formado por membros de dois ou mais departamentos.
Na média geral, desconsiderando o porte, a contratação de serviços de consultoria
especializada é uma alternativa que se apresenta interessante para a maioria (35,4%), seguida
34
pela preferência à criação de um departamento especializado (33,3%). A criação de um
comitê se apresenta como sendo uma terceira alternativa (20,8%).
V. Conclusão
Considerando as referências e os resultados demonstrados, este trabalho atingiu
satisfatoriamente os objetivos estabelecidos, conforme segue.
Objetivo 1: Constatar se, no dia a dia das empresas, as incorreções em dados cadastrais
do destinatário declarado em documentos fiscais é um problema comum.
Os resultados informam que é um problema comum sim. E que ele é ocorrem em
empresas de todos os ramos de atividade e setores da economia.
Foi constatado, indiretamente, que esse problema persiste mesmo em empresas que já
tenham implantado tanto o SPED-Fiscal quanto a NF-e.
Objetivo 2: Verificar se a existência de incorreções cadastrais podem comprometer o
atendimento das obrigações acessórias, em matéria tributária, por parte das empresas
integradas ou não ao SPED-Fiscal ou NF-e.
Foi constatado que sim, que esse tipo de anomalia pode comprometer o atendimento das
obrigações acessórias por parte das empresas integradas ou não ao SPED-Fiscal ou NF-e.
Objetivo 3: Identificar as possíveis causas das incorreções em dados cadastrais.
A pesquisa confirmou, conforme demonstrado no Gráfico 3, as três causas pesquisadas.
Os resultados orientam a seguinte ordem de incidências:
1ª) Falta de atualizações e revisões cadastrais (45,60%);
2ª) Erros de digitação na coleta das informações (31,60%) e
3ª) Informação inconsistente fornecida pelos próprio destinatário/cliente (20,8%).
Objetivo 4: Verificar como esses problemas podem ser solucionados.
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Foi constatado que todos os três grupos de empresas podem optar por qualquer uma das
alternativas. Todavia, pode-se perceber uma ordem de preferência, considerando as
tendências demonstradas na Tabela 15:
Empresas com até 1.000 empregados tendem a preferir a criação de um departamento
especializado.
Empresas que tenham entre 1.001 e 10.000 empregados e as quem tem mais de 30.000
empregados tendem a optar pela contratação de serviços de consultoria especializada no
assunto.
E as empresas que tenham entre 10.001 e 30.000 empregados tendem a optar pela
formação de um comitê envolvendo dois ou mais departamentos.
Objetivo 5: Verificar se é viável o desenvolvimento de empresas de consultoria
especializada em manutenção de dados cadastrais.
Considerando o estudo feito pelo pesquisador BERTOLUCCI (2006, p. 3), bens e
serviço utilizados na satisfação das conformidades fiscais, representam em média 0,75% do
PIB nacional.
Na mesma linha de raciocínio, supondo que a receita bruta anual de uma empresa
correspondam a R$ 100 milhões, o custo proporcional, (0,75%), estimado quanto as
conformidades a tributação será de R$750 mil – o máximo a ser tolerado.
Esse custo não representa prejuízo ou desperdício, representa apenas um parâmetro para
que toda empresa monitore se o sacrifício econômico que realiza anualmente cumprindo suas
conformidades fiscais é ou não razoável.
Sob esse entendimento, em dada hipótese de incorreções cadastrais, gerenciar as
atividades para solucionar alguma anomalia em dados cadastrais deverá ser considerada, para
se evitar atrasos contra o cumprimento das obrigações tributárias.
Levando em conta que manutenção de dados cadastrais não é em si uma atividade fim
para os empresários ou sociedades empresárias, e que, estimadamente, R$ 27 bilhões
remuneraram, no ano de 2010, bens e serviços voltados ao cumprimento das obrigações
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tributárias acessórias, deduz-se que seja viável o desenvolvimento de empresas de consultoria
especializada em manutenção em dados cadastrais de terceiros.
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Apêndice 1
1. Questionário referente ao trabalho de conclusão do curso de MBA em
Gestão Tributária
1-Dos níveis abaixo, qual dos cargos abaixo mais se aproxima ao seu? ( ) Analista/Assistente ( ) Supervisor/Supervisora ( ) Gerente ( ) Diretor/Diretora
2-Sexo? ( ) feminino ( ) masculino
3-Qual a sua idade? ( ) entre 20 e 30 anos ( ) entre 31 e 40 anos ( ) entre 41 e 50 anos ( ) entre 51 e 60 anos ( ) acima de 61 anos
4-Qual o seu grau de escolaridade? ( ) Ensino médio completo, incompleto ou cursando ( ) Nível universitário (completo, incompleto ou cursando) ( ) Pós-graduação (completo, incompleto ou cursando)
5-Quanto ao subprojeto SPED-Fiscal ou NF-E, a empresa em que trabalha: ( ) Já está integrada. ( ) A implantação está em andamento. ( ) Está desobrigada.
6-Quais desses dados cadastrais do destinatário geram alguma necessidade de correção ou revisão? (pode assinalar mais de uma). ( ) CNPJ/CPF ( ) Nome ( ) Nome da Rua/Alameda/Avenida/Estrada/Estrada ( ) Número do endereço ( ) Complemento ( ) Bairro ( ) Cidade ( ) CEP ( ) UF ( ) Código IBGE do Município/Cidade ( ) Outro: _______________________
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7-Você também concorda que as inconsistências podem comprometer o atendimento das obrigações tributárias acessórias? ( ) Sim ( ) Não
8-Para realizar correção/revisão nos dados cadastrais dos destinatários, qual das soluções abaixo você recomendaria? ( ) Contratação de serviços de consultoria especializada. ( ) Criação de um comitê formado por membros de dois ou mais departamentos. ( ) Criar um departamento ou setor especializado. ( ) Outro: _______________________
9-Das causas abaixo, qual a que mais gera as inconsistências? ( ) Erro de digitação na coleta da informação. ( ) Informação inconsistente fornecida pelo próprio destinatário/cliente. ( ) Falta de atualizações e revisões cadastrais. ( ) Outras: _______________________
10-Qual é a quantidade de empregados da empresa em que trabalha? ( ) até 1.000 ( ) 1.001 a 10.000 ( ) 10.001 a 30.000 ( ) acima de 30.000
11-Qual é o tipo societário da empresa em que trabalha? ( ) S/A ( ) LTDA ( ) SIMPLES NACIONAL
12-Qual é o ramo da empresa em que trabalha? ( ) Automotivo ( ) Autopeças ( ) Farmacêutico ( ) Alimentício ( ) Telecomunicações ( ) Eletro-Eletrônico ( ) Contrução Civil ( ) Outro:___________________________
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IV. Referências bibliográficas.
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