o pomar da timóteo da costa

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O Pomar da Timóteo da Costa

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Page 1: O Pomar da Timóteo da Costa
Page 2: O Pomar da Timóteo da Costa

SumárioNota da autora... e editoraPrólogo

Parte I: DescobertaAprendendo a viajar

A força do apego arrastando cargaTem um poste no meio do caminhoReconstruindo o ser: uma alquimia progressivaDando tempo ao tempo da menteO pomar da Timóteo da CostaAceitando a plenitude do momento presenteMilagres

Despertar, sem deixar de dormirMemória seletiva: ensinando o corpo a lerA dança dos neurôniosCuriosidade científica: um exercício dos contráriosA tecnologia da contradiçãoRevelando o roteiro da generosidade humanaCurando a síndrome do tempo: uma conquista essencial no caminho da transformaçãoPraticando spinning: a abolição do controle do tempoRecriando o passado, formatando o futuroEscolhendo crescer: uma mudança radicalCarga x ritmo: dosando o desgaste de energia através do spinning

Uma prática da pesadaO sucesso chegando sutil

A jaula dos macacos e o choque da banana

Parte II: um roteiro concreto de mudançaAtualizando a máquina: uma prática rotineira da consciência em evoluçãoSaúde e longevidade, com muito prazerEsporte-terapia: corpo mente e espírito em movimento

Pedalando para a liberdadePedalando na energia do Tor, uma serpente sagrada conectada a terra

Ser feliz: uma opção consciente pela alegriaO poder da alegriaLivre arbítrio: uma opção pela vidaUm caminho de luz

Um século de conhecimento em revistaMudou nosso prato ou mudamos nós?

Celebrando a qualidade cósmica no alimentoMantendo a casa limpa: uma faxineira de fibra

Pense por si próprio: uma atitude inteligente

Page 3: O Pomar da Timóteo da Costa

Evitando os males da civilizaçãoDesvendando a regra básica: refinado, renegado!

Índice Glicêmico: a chave do metabolismoInsulina, a feitora do açúcarDesconfiando das frutasAeróbica: aliada da dieta, geradora de energiaÍndice Glicêmico: alguns exemplos

Poupando calorias, lucrando anos de vidaMetabolismo: o mecanismo da sobrevivênciaUm complexo das cavernasCalculando a necessidade calórica com segurança

Conversas com o eu: uma prática multidimensionalAme a ti mesmo como se fosse o próximo

A voz da caminhada: ouvindo a linguagem sagrada dos sinaisIntolerância x amor incondicional: o duro aprendizado da vida em famíliaDeixando para trás os opressores autoritáriosUm coiote sagrado se esconde na academia

O coiote sagradoReescrevendo a dor com a alegria do esporte

Atenção plural: o guerreiro cresce e apareceSe entregar, sem se esgotar

Competência x truculência: revisitando o arquétipo do invasorAdaptando-se às circunstânciasAs virtudes dos guerreiros

Reconhecendo os víciosCigarro: obstruindo os caminhos do espíritoEscolhendo crescer: o primeiro passoEvitando a consciência e amortecendo as sensações

Tem novata no spinningUma receita de fracassoConstruindo o sucesso passo a passoA sabedoria da tartarugaO túnel do tempo sempre acaba em luz

Reflexões sobre o calvário da compulsãoUma arma fatal contra a compulsão alimentar

Viciada, eu?A mordaça química do corpo: analgésicos, laxantes, relaxantes & cia

Um cliente vip nas agências de propagandaTerapia magnética: o analgésico do futuroRelaxando com chá verde: uma prática harmônica contra o estresse

Dependência afetivaTransformando passo a passo

Educando o gosto: uma opção consciente pela saúde vibranteUma adaptação evolutivaComer bem: uma escolha bem complexa

Page 4: O Pomar da Timóteo da Costa

Educando o cardápio através do prazerNutrição ideal: ilusão, suplementação ou, simplesmente, bom senso?Metabolismo: uma assinatura individual e únicaDietas radicais x padrões alimentaresEm vez de leite, outros deleites!Gordura Nunca MaisUm trauma ancestralNem toda gordura é vilãAlergias: saídas de emergência do corpo e da almaUma estreia mais do que agitadaUm alarme insistente me obriga a despertarUma larva que se pensa borboletaA camisinha da alma: transando sem risco pela vida

Sem açúcar, com afetoUma verdade nem sempre doceUma fonte oculta de gorduraVoltando ao paraíso: o fruto permitido

Fermento: um ingrediente tradicional, mas de má famaNa dúvida, não use...Que saudade de um bolo fofinho!

Caminho do meio: o Tao da proteínaProteínas e seus comparsasConstruindo o corpo: mais nem sempre é melhor

Ovo: essência vital em embalagem perfeitaPreservando qualidade, em toda forma de vidaUm conto do vigário muito bem contadoBom, bonito e barato: uma utopia materializada

Zinco: um agente biológico no combate aos males do invernoLimpando o corpo e a almaPalmito, castanha do para e goiaba: o brilho tropical ilumina o teor de zinco

Celeiro vegetariano: um retrato de corpo inteiroConcentrando energia vital: a magia das sementesTamanho não é documentoNozes e castanhas: fruta e semente no mesmo alimentoCacau: o alimento dos deusesBrotando da fonte: uma fábrica viva de vitaminasUma avançada tecnologia naturalGerminando vitaminaFáceis de preparar, fáceis de digerir

Raízes: o ventre quente da terra em conexão diretaPreservando a conexão vitalDe remédio à iguariaO segredo está na cor, ou...... vendo além das aparências

Sustentando a natureza: caule, o multimídia das plantas

Page 5: O Pomar da Timóteo da Costa

Crucíferas: suculentas do caule às folhasDelicadeza em forma de verdura: aspargosCurto e grosso: uma reserva nutritivaA estrela da nossa festa

Folhas: vibração verde alimentando o planetaCruas, crocantes e sempre frescasO teor está na cor

Ervas aromáticas: um tesouro ancestral de saúde e saborA poção mágica do saborRelaxando a mente e a tensãoDe Krishna ao tomate: vislumbrando o paraísoChá verde, a fonte japonesa da juventudeConclusão: um tesouro antigo nos enriquecendo a mesa

Desfrutando os frutosAntes dos frutos, as flores

Benditos frutos para alimentar o ventre: legumesO que é do gosto...Contando as vantagens dos feijõesUma agente brilhante na conquista da saúde

Yes! Nós temos banana!Banana, menina, contém vitamina...Açúcar do bom: adoça e não viciaFrutas são para comerConcentrando antioxidantes

Grãos: tirando o pão da terraVilão ou herói?Escolhendo vigor e saúde perfeitaUma espuma biológica inchada de químicaFast food, slow foodO verdadeiro pão da Terra

Aproveitando cascas: um bônus generoso da mãe naturezaUm desperdício indesculpávelQuando a casca é comestível, jamais deixe de comer a casca!

Incorporando o novo: uma emoção cotidianaDomando o tofuMas o gosto...

Além do cansaço: uma inesperada plataforma de decolagemTransgredindo limites, em busca de excelênciaLiberando padrões emocionais através da prática físicaUm estado de equilíbrio, mais uma volta no vórtice evolutivoRedefinindo metas: um salto quântico para a capacidade humana

Mudança de ciclo: corpo, mente e alma em festa

Parte III: ReceitasBiscoitos, bolos e tortas

Page 6: O Pomar da Timóteo da Costa

Biscoitos de maçãBiscoitos de nozesMini crackers de centeio com linhaçaBolo básicoBolo de abacaxiBolo de abóboraBolo de abóbora com sementes de papoulaBolo de ararutaBolo de araruta com abacaxiBolo de araruta com passasBolo de bananaBolo de cenouraBolo de cenoura com chocolateBolo de chocolate com laranjaBolo de cocoBolo de frutasBolo de laranja molhadinhoBolo de mandioca com coco e abacaxiBolo de mangaBolo de morangosBolo de pera em camadasBolo de tofuBolo do amorBolo do desejoBolo fermentadoBolo fermentado de perasBolo glaçado de limãoBolo integral de maçãBolo mármoreBolo musse de chocolate com laranjaCassata de mirtilosCharlote de abacaxiRocambole de maçã com chocolateRocambole de morangosTorta de ano novoTorta de “queijo”Tortinhas de laranja

DocesAbacaxi com calda quente de laranjaAbacaxi com cobertura de chocolateAbacaxi em seu licorChantilly de sojaCreme de chocolate e sojaCustard de limãoEspuma de Abacaxi

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Musse de chocolate com laranjaMusse de chocolateMusse de limãoMusse de melanciaSorvete de frutas ácidasStrudel de maçã

Massas e pães1. Massas

Canelone de rúculaCroquete de palmitoMacarrão integral com molho primaveraNhoque de nabo com espinafrePanquecas de berinjelaPizzaRaviólis de centeioStrudel de espinafreTorta de abobrinhaTorta de cebolaTrouxinhas de berinjela

2. PãesChapati (pão indiano)Focaccia de berinjelaPão FermentadoPão Integral

Pratos principaisAbóbora recheadaAbóbora verde assadaAnéis de abobrinhaBatatas marinadasBroto de feijão ao molho de raízesGratinado de PalmitoTomates floridos anticâncer

Receitas de soja: um roteiro delicioso de saúdeBásicos de soja: leite, okara e tofuCanjica de sojaQuibe de sojaMarinado de tofuMatinal de sojaPasta de soja

Saladas e musses salgadasSalada anticâncerSalada antigripeSalada brancaSalada de batatasSalada festiva

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Musse de acelga com agriãoMusse de aipo

SopasSopa creme de couve-florSopa de abobrinhaSopa de acelga com naboSopa de beterrabaSopa de tomate e naboSopa gelada de pepinoSopa mista de abóbora

SuflêsSuflê coloridoSuflê de abóbora com sojaSuflê de acelga com batata cruaSuflê de acelgaSuflê de chuchuSuflê de couve-florSuflê de legumes

Última páginaSe você realmente quer

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Noga Sklar

O POMAR DA TIMÓTEO DA COSTA

Edição Digital

KBRPetrópolis

2013

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Edição de texto Noga SklarEditoração KBRCapa KBR sobre tríptico de Hieronymus Bosch, “Jardim das Delícias” (Arquivo Google)

Copyright © 2013 Noga SklarTodos os direitos reservados à autora.

ISBN: 978-85-8180-082-0

KBR Editora Digital Ltda.www.kbrdigital.com.brwww.facebook.com/[email protected]|24|2222.3491

102 - Teoria conhecimento, causalidade e ser humano

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Noga Sklar é editora, escritora e cronista. Nasceu em Tibérias, Israel, em 1952.Graduou-se como arquiteta no Rio de Janeiro e desde 2004 dedica-se com exclusividade à literatura.Fundadora da KBR Editora Digital, vive atualmente com seu marido Alan Sklar nas montanhas dePetrópolis, RJ, Brasil, onde escreve seus livros e edita os títulos da KBR.

Email: [email protected]

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Para Eva Lubicz, in memoriam.Muito mais que uma mãe, amiga ou modelo para mim, foi uma mulher atuante, inteligente, bem

informada e exímia viajante. Deixou saudades.

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Este livro é também dedicado a Fátima e Zila, sem as quais minha vida jamais poderia terprosseguido e nenhum sonho sido realizado. Obrigada, queridas!

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NOTA DA AUTORA... E EDITORA

Por ocasião do falecimento de minha mãe em abril deste ano, depois de uma longa guerra contra oAlzheimer, da qual todos participamos como soldados militantes, encontrei na casa dela um cesto deroupa suja desses bem altos, de plástico, contendo vários cadernos preenchidos por anos a fio pelasdedicadas acompanhantes dela.

Pensei, a princípio, que se tratava de um desses diários clínicos, que remédio tomou, quando epara quê, mas depois descobri que não era bem isso. Eram diários, sim, mas de uma dor pungente,registrando na letra redondinha e caprichosa daquela boa gente (eram duas que se alternavam,inesquecíveis, Fátima e Zila) a progressiva decadência de mamãe, a presença ou ausência, atençãoou desapego dos filhos, dos netos, dos amigos e irmãs, em resumo, o relato de uma viagem, semvolta, iniciada em 1996, ao abismo da demência cognitiva.

Minha primeira reação foi a normal e esperada: sou escritora, tenho a obrigação. Meu projetoimediato era transformar aquilo tudo em livro, comparando cronologicamente as impressões clínicascom minhas próprias reações registradas em crônicas ao longo desses dolorosos anos, muitas delasjá publicadas em meus outros livros, sim, meus amigos, enquanto eu crescia como escritora minhamãe declinava como progenitora. Desde que ela adoeceu escrevi e publiquei oito livros, sendo este onono, o que faltava na sequência entre o primeiro e o terceiro para completar uma obra em progressocuja exata correspondência com a realidade beira, sinceramente, outra espécie de demência.

E foi por este motivo que sem pensar muito no assunto enfiei o tal recipiente de plásticotrançado, cheio até a boca de cadernos caligrafados, junto a centenas de outras coisas no caminhãode mudanças que subiu a serra naquela mesma tarde em direção à nossa casa em Corrêas, Petrópolis.

Algumas semanas depois, a dor ligeiramente amainada, resolvi dar uma verificada, e comenteicom o Alan:

— Querido, não vai dar para escrever esse livro. Tudo que quero é esquecer o que se passou,vou jogar tudo isso fora.

Ele replicou:— Calma, ainda não — ele sabe que sou muito impulsiva e posso me arrepender de gestos

irrefletidos. — Espera, dá um tempo pra ver o que vai acontecer, quem sabe você os doa a algumainstituição.

Então, tirei lá de dentro todos os cadernos, coloquei-os num saco plástico desses fechados comzíper para a indeterminada espera, e lá no fundo, debaixo de todo aquele, bem, desculpem, lixo,encontrei... o manuscrito deste livro. Eu o tinha escrito, e depois o esquecera completamente! E nãoera um livro pequeno, como agora fica evidente! Mais tarde me lembrei também que se tratava emgrande parte de uma compilação de artigos sobre saúde “alternativa” que eu publicava regularmenteno site Bemzen, que ainda está no ar.

Bom. Pra completar esta história que já vai ficando muito longa: esta semana faltou luz aqui emcasa como é habitual na Região Serrana na estação das chuvas, e sem ter o que fazer, impaciente,com todos os computadores da casa com a bateria no zero para variar e tanto trabalho a caminho de

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se atrasar irremediavelmente... peguei o velho impresso, sim, amigos, em papel, folhas impressasmantidas juntas por uma espiral, igualzinho àqueles manuscritos de antigamente que a gente imprimiaem lotes e enviava em pacotes a editores que nunca respondiam pra gente...

Comecei a ler meio descrente, certa de que continha apenas um blablablá entediante da pessoaque eu era, esotérica, malhadora e muito descontente, mas, gente! O livro era bem escrito!

Desse ponto em diante, entrou em campo a editora Noga Sklar, que junto com esta autora a vocêsse dirige nesta prévia e frustrada diatribe: por mais que tentasse, não consegui me derrubar.

Embora o livro fale sobre coisas que deixei para trás, pois foi escrito dez anos atrás — não soumais vegetariana, nem acredito mais em supremacia divina, qualidade cósmica, evolução espiritual eesse tipo de coisa, mas ainda pratico com grande convicção a moderação e a simplicidadevoluntária, por exemplo, e ainda gosto de caminhar quanto consigo tempo —, me serviu direitinho acarapuça: vi ali retratada com exatidão, não a mulher em compulsão de dez anos atrás, mas aexecutiva estressada e sem tempo pra nada que me tornei nos últimos três, o que também não é nadabom, não é mesmo? Preciso mudar urgente!

Então fui prosseguindo na leitura e me resolvendo a seguir alguns dos bons conselhos que o textocontém. Espero que sejam úteis pra vocês também. Ah, e as receitas, apesar de serem vegetarianasradicais, são todas muito gostosas. Tá bom?

Espero que agrade, tem aí um germezinho bem ativo da escritora que me tornei. E tchau procês!

Noga SklarCorrêas, 19 de dezembro de 2012

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PRÓLOGO

— Deus foi generoso contigo!Às vésperas de meu 50° aniversário, escuto este galanteio gentil partir de um homem que cruza

comigo de manhã cedo, a caminho da ginástica, de cabelo solto, camiseta e collant, e nenhumamaquiagem. No entanto, nem sempre apresentei esta aparência vibrante que atraiu o Don Juanmadrugador: há seis anos, quando embarquei numa viagem de profunda transformação, o quadro erabem diferente. Eu tinha 13 quilos de excesso; a feminilidade profundamente magoada acabava de serdiagnosticada por meu médico como menopausa precoce, e os cabelos, bem curtos, enfatizavam umaautoestima em risco de extinção. Mas vamos admitir: Deus foi generoso comigo. Me deu saúde,inteligência, uma enorme curiosidade e persistência sem limites. Os resultados que colho agora sãofruto destas qualidades inatas, somadas a trabalho intenso, muita pesquisa e uma vontadeinabalavelmente otimista.

Este livro não propõe nenhuma dieta milagrosa, ou algum método infalível para atingir a boaforma em espaço recorde de tempo. Nestes tempos de informação cada vez mais disponível, asprateleiras das livrarias oferecem centenas de títulos como estes, escritos pelos mais diversosespecialistas. Compartilhando experiências comigo, porém, você poderá aprender a ouvir osconselhos do mais refinado nutricionista, terapeuta e personal trainer: sua própria voz interior.

Hoje em dia as teorias médicas sobre longevidade e saúde têm vida curta, e o herói de hoje é ovilão de amanhã. A nutricionista de uma amiga minha aconselhou-a a beber água gelada durante aprática de exercícios aeróbicos: tal prática garantiu ela, ajuda a queimar gorduras; já do ponto devista ayurvédico, alimentos e bebidas geladas definitivamente fazem mal à saúde. As dietas eexercícios recomendados por especialistas dão bom resultado para uma pessoa virtual, frequentadorade estatísticas e tabelas. Para o ser humano real, materializado, porém, a resposta a tais práticasvaria: cada ser humano é único, original, e seu comportamento tem sempre algo de inesperado, nãocomputado pelos softwares e fórmulas. O cálculo do índice de gordura corporal utilizado nasacademias, por exemplo, leva em conta a idade do aluno; quer dizer, considera um envelhecimentoteórico, vinculado à data de nascimento, já que o desgaste orgânico varia um bocado de pessoa parapessoa... Não me vejo alimentando estatísticas; se o professor na academia precisa de ferramentas,medidas e computador para calcular a harmonia de meu corpo para mim bastam o espelho (e umacalça justa!). Pesquisei e experimentei ao longo destes anos muitas dietas, terapias, rotinas deexercícios, sempre com uma atitude investigativa, avaliando as reações pessoais; aprendi muito econsegui, finalmente, atingir meus objetivos, elaborando uma mistura bem particular de dados etendências: é esta viagem que conto aqui. As receitas da terceira parte do livro são saudáveis egostosas, e podem ser preparadas por todos; quanto a minhas descobertas, pretendo com elas levá-los a pesquisar e descobrir seu caminho pessoal, o único que pode dar certo. Voltando aos cinquentaanos: meu corpo hoje é bem mais bonito que aos vinte. A menopausa precoce não passava de alarmefalso, e depois de anos de sofrimento-devido à reposição hormonal inadequada – abandonei todos osremédios, e acho que a menopausa, por enquanto, desistiu de mim. Minha autoestima se recuperou

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com a maturidade, mas reconheço que os anos de terapia, convencional ou não, tiveram aqui o seupapel.

Este é um relato pessoal, das reações pessoais de alguém que experimentou muito até conseguiro que queria, e é nisto que reside sua qualidade única: é a visão do paciente, não do médico, doponto de vista de quem está treinando, e não do treinador. O que descrevo aqui, acreditem, é ocaminho que venho trilhando, passo a passo, um caminho de sucesso na busca de longevidade, demais alegria, de mais equilíbrio, de melhor qualidade de vida, enfim. Espero tê-los em breve comocompanheiros nesta estrada!

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PARTE I: DESCOBERTA

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Abortei a gorda que me habitavaNão sei se sonho ou viagemo sangue jorravaa liberar-me o corpo desta estranhaestranha forma inerte de vidame apagando a mente e a alma

Abortei a gorda que me sufocavaque me pisava, reprimiame embaçava do espelho a imagemgritando-me deslocada (tresloucada)com sua voz rouca

Abortei a gorda e me vejo a nascerdas águas eliminadas, renovadaalgemas de dor arrombada.

Abortei bravamente a gordae com ela, delírios doídossou agora como nuvembranca, leve, perfumadaSou mesmo esta florque você em vão buscavaenquanto ela, cruel, me aprisionava...

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APRENDENDO A VIAJAR

Como seres que conhecem a própria morte, temos a consciência exata do caráter transitório da vida.Passageiros da finitude humana, vamos acumulando fatos numa tentativa vã de suavizar este destino;mais do que fatos, acumulamos coisas, fotos, pessoas, procurando, desta forma, nos tornar eternos.Por mais que acumulemos conhecimento, ainda sabemos pouco. Somos eternos; este hábito humanode acumular nos transforma, entretanto, em escravos de uma mal esboçada eternidade. A verdadeiraeternidade humana é óbvia; para senti-la, no entanto, é necessário mudar nosso ponto de observação,desconectando o tempo cronológico do tempo ancestral na memória humana.

A linguagem da simplicidade voluntária nos faz entender melhor o manual da eternidade, assimcomo a leveza da bagagem torna o viajante mais livre, adaptado aos mais inusitados roteiros deviagem. Mais do que eternos, somos viajantes ilimitados da eternidade: é apenas nossa bagagempesada, concreta e desprovida de fantasia que nos limita o voo.

A força do apego arrastando carga

Escutei por muito tempo uma voz insistente dentro de mim, me aconselhando a diminuir abagagem. Mas é pra onde a viagem? — eu perguntava, querendo logo saber que franquia acompanhia aérea oferecia. A viagem, eu não sabia ainda, era pra dentro, e qualquer peso extraobliterava a alma.

Aprendi esta lição pagando caro pelo frete, arrastando um caminhão de inutilidades pelasestradas do país. A viagem do apego começou no Rio, embarcando um apartamento inteiro nocaminhão de mudanças para Brasília, um destino escolhido, mas pouco mais que incerto de noivaesperançosa. Na chegada, as caixas empilhadas na garagem invadiam as portas de uma casa cujasgavetas já encontrei repletas. Minha ânsia de vida nova invadia o espaço emocional de outra vida,também repleta e com pouca disponibilidade amorosa: o casamento não deu certo e lá fui eucontinuando a viagem, arrastando pelas estradas de Goiás o meu pesado, ridículo caminhão demudança. Em dois anos, fiz quatro mudanças, em todas arrastando o caminhão, pra terminar no pontode partida com a carga empacotada, desta vez abandonada num depósito da transportadora no Rio.Foi assim que me tornei sócia do clube dos apegados sem lar, levada pelas circunstâncias de volta aomeu quarto de solteira na casa de minha mãe: 12 metros quadrados, um armário embutido de trêsportas, uma mesa para o computador, uma poltrona e uma prateleira vazia apenas, numa estante járepleta de livros velhos que ninguém quer mais ler. Um ano inteiro se passou neste apego absurdo atralhas ultrapassadas, doze meses pagando aluguel de um boxe no depósito da transportadora!

Numa época em que a simplicidade voluntária era para mim pouco mais do que um conceitoidealizado, o efeito transformador do grande eclipse do oriente me despertou deste sono absurdo,deste pesadelo de posses inúteis acumuladas, me ancorando no atraso de vida, um obstáculo noprocesso da evolução. Foi assim que me decidi pela simplicidade voluntária; consegui umapartamento emprestado, e em três dias me desfiz de uma vida que eu não queria mais. O que erabom pra vender, vendi; o que era bom pra doar, doei; o que era bom pro lixo, joguei fora: não doeunada. Sobrou a essência, que guardei nas duas gavetas da mesa de cabeceira: meia dúzia de livros

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escolhidos, que ocuparam menos da metade da prateleira disponível; quatro ou cinco mudas de roupano armário vazio e um compromisso com a paz de espírito, com o espírito de liberdade queacompanha a consciência dos que aprendem verdadeiramente a viajar.

TEM UM POSTE NO MEIO DO CAMINHO

Toda manhã bem cedo, caminhando para a academia, passo em frente a um novo prédio emconstrução; acompanhei cada passo dessa obra, desde a destruição do prédio antigo que existia lá. Vilevantar-se laje a laje a nova estrutura, que aos poucos foi sendo revestida: tijolos, janelas, varandase, por fim, jardins. A energia para a construção era fornecida por um poste plantado no meio dacalçada e, a cada manhã, era preciso desviar-me daquele obstáculo incômodo, anacrônico,confundido no feio emaranhado de fios dependurados. Terminada a obra, todos os fios foramcortados. A energia do edifício pronto era fornecida por outra fonte, mais sofisticada e sutil,invisível aos olhos. O poste, no entanto, continuava lá. A construção moderna, aerodinâmica eimponente ia, aos poucos, preenchendo-se de vida com os novos moradores e o velho posteanacrônico, já desligado e sem função, carcaça abandonada, continuava lá obstruindo a calçada: eume perguntava quanto tempo levariam os construtores para decidir-se a derrubá-lo. Eis que hoje,segunda-feira, venho caminhando cedinho pela rua e não vejo mais o poste! Eliminado da paisagem,não lamento sua falta ao passar livremente pelo passeio antes obstruído: nenhum sinal da velhaestrutura aparece no desenho, caprichosamente recomposto, de pedras portuguesas na calçada. Emuma semana, eu, e todos os frequentadores da rua, já teremos esquecido por completo o velho poste,que invasivo, ineficiente e completamente ultrapassado, dificilmente deixará saudade.

RECONSTRUINDO O SER: UMA ALQUIMIA PROGRESSIVA

Acredito que o processo pessoal de transformação e crescimento é semelhante, em sequência esímbolo, à construção de um novo prédio. Num primeiro momento, é preciso rejeitar e destruir ospadrões existentes. Segue o reconstruir lento e cuidadoso de uma estrutura nova, em busca de novasfontes de energia vital e novos padrões de comportamento. Nesse processo de renovação, muitasvezes, nos mantemos apegados, de alguma forma, ao padrão antigo; atirar-se num impulso ao novo,com o caos e a insegurança que o desconhecido traz, requer uma coragem que poucos conseguemencontrar. Por isso, o processo de crescimento se desenvolve de forma gradual e habitualmentecautelosa, muitas vezes atrasado por pequenos retrocessos. Quando o novo padrão finalmente seinstala, completo, e nos convida a usufruir em plenitude a liberdade recém-conquistada, muitas vezesum poste incômodo e já desligado da nova realidade atravessa nosso caminho qual dolorosalembrança. Habitamos um corpo novo, recuperamos integridade em alma e espírito, nos conectamosa uma fonte de energia avançada, refinando a consciência e a sabedoria: mas o poste continua lá,insistente, alimentando ainda com sua presença o fantasma de nossa ultrapassada insegurança. Se ovento da mudança bater forte demais — pensamos, a nível inconsciente — tentando nos derrubar,nos restará pelo menos um velho poste para agarrar.

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DANDO TEMPO AO TEMPO DA MENTE

Os caminhos da mente são lentos, graduais: leva tempo reconhecer que o vento da mudança, naverdade, está aí para nos fazer voar, não para nos derrubar; agarrar por medo o poste é dar força aum limite que nossa intensa vontade de crescer já deixou para trás.

Episódios compulsivos breves, pequenos bolsões de gordura acumulada com os excessos do fimde semana, lampejos de mágoa no encontro de velhos amigos, uma leve dor de cabeça em encontrosde família, revivendo traumas de infância, são como postes na calçada, obstáculos do caminhodestinados à extinção. Finalmente, um dia, acordamos prontos a abrir mão da ilusória segurança queo poste parece garantir; destruído o poste, último resquício de uma memória celular já reescrita, ocorpo se apressa na reconstituição das pedrinhas na calçada; mais um pouco e até mesmo alembrança vaga do velho poste desaparece, sem deixar saudade alguma... Trilhando o caminho damudança, muitas vezes nos deixamos levar pelo desânimo, quando por momentos a tranquilidade e aharmonia — tão intensamente desejadas — nos parecem inatingíveis. Profundamente envolvidos noprocesso, no entanto, falhamos em perceber que, apesar dos retrocessos e dificuldades, avançamossempre, contínua e inexoravelmente, a ponto de nos surpreender o repentino desaparecimento dealgum obstáculo, aparentemente intransponível, que nos incomodava tanto: eis aí o milagre datransformação, uma alegria indescritível que nos aguarda, com certeza, ao fim de cada etapa najornada evolutiva!

O POMAR DA TIMÓTEO DA COSTA

Venho subindo a pé a Rua Timóteo da Costa, com minha mãe, no finzinho de um verão escaldante.Na primeira esquina, mostro a ela a caramboleira carregadinha, frutinhas amarelas, prontas pracomer, alegrando o verde. Mais 200 metros, e uma figueira bíblica nos lembra cânticos milenares. Amangueira, nestes meados de março, já deu o que tinha que dar; a jaqueira começa a perfumar a rua.Em nosso próprio jardim, venho há semanas acompanhando o desenvolvimento dos abacates, queterão um gosto muito especial quando eu os usar na salada, lá pelo início de abril: os vi nascer,pequenos como bola de gude, e fui acompanhando, dia-a-dia, seu crescimento; amei estes abacatescomo parentes próximos.

Assim me sinto integrada à natureza morando no Leblon, em pleno Rio de Janeiro, cidade quedizem violenta, decaída, cruel, até. Mas que linda, que energia! E que cantinho do paraíso este bairrodo Leblon! No Leblon, todos se conhecem e compartilham dessa intimidade de bairro, quase cidadedo interior. A todos os lugares se vai a pé: em meu exercício cotidiano de simplicidade voluntáriavendi o carro, e nunca senti falta; não serei eu a contribuir para a poluição do ar e das ruas!Recentemente instituímos no Leblon, aqui no nosso cantinho da Visconde de Albuquerque, oTriângulo da Saúde, que misteriosamente engole e faz sumir gorduras, enfartes e até câncer: numvértice a academia Pró-Forma, onde me apaixonei pelo spinning; no outro, o Grão, com todosaqueles pacotinhos integrais, comida que dizem ser de passarinhos, mas que na verdade servem paraalimentar seres humanos evoluídos, semelhantes a pássaros, quase alados; e, no terceiro, o festivalde energia que é o Hortifruti, hortomercado que é a extensão natural do meu laboratório culinário

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atual. No Hortifruti me alimento e vou me inspirando para os artigos e textos que publico, enfocandodesde a água de coco, rica em potássio, às verduras e frutas mais exóticas.

ACEITANDO A PLENITUDE DO MOMENTO PRESENTE

Desde o começo de meu processo de mudança, eu vivia assombrada com a perspectiva donomadismo, ou, pelo menos, da migração. Esotéricos como eu, diziam, devem viver na natureza,longe do burburinho tóxico urbano, cuidando da terra e plantando suas alfaces. Bem que eu procureiumas terras pra comprar em Alto Paraíso, Goiás. Eu não me via plantando horta, mas meucompanheiro na época tinha um sonho, e afirmava prática agrícola; não deu pra compartilharmos osonho dele e acabei de volta ao Rio, cabisbaixa, envergonhada e acreditando ter falhado em minhamissão espiritual de crescer e servir. Mas foi no Rio, no Leblon, e mais precisamente, na casa deminha mãe — lugar mais improvável — que acabei encontrando o equilíbrio e a paz. Através daslimitações e dificuldades fui afinando minhas escolhas. Eliminei o excesso de cheiros e temperos nacozinha, ao lidar com a resistência de minha mãe aos odores marcantes: lucrei na harmonia do gosto,na leveza dos pratos e, mais que tudo, no exercício cotidiano mais do que gratificante da tolerância edo amor incondicional entre filha e mãe. Não tendo mais que meu quarto de solteira para meexpressar e guardar coisas me acostumei a variar menos no figurino: estabeleci um compromisso demanter um número limitado de roupas e passei a compartilhar meu armário com a faxineira e suafamília, menos aptas do que eu a consumir. Para cada roupa nova que compro (ou, de preferência,ganho), Cecília leva pra casa uma ou outra, sempre em excelente estado de conservação. Todas ascinco ou seis mudas de roupa que tenho só me servem se mantenho a forma; se eu ganhar poucasgramas de peso já não tenho o que vestir!

MILAGRES

Minha amiga Sandra acredita em milagres. Boa de pesquisa, internauta contumaz, dona de uma boalista de amigos e seguidores virtuais, Sandra descobre coisas incríveis viajando na rede e também,no espaço físico: quando ela acredita em algo, corre mesmo atrás e já conheceu muitos países,mestres e terapeutas em sua busca da verdade e da boa saúde física, mental e espiritual. Recebiontem um email da Sandra apresentando um sensitivo que faz cura à distância, pela internet. Ele dizatrair o corpo de luz dos pacientes para pesquisar e eliminar implantes, bloqueios magnéticos,obsessores e outros nós de origem cármica. Desta forma, ele diz nem precisar deixar seu própriocorpo para estar em contato terapêutico com o cliente; os resultados, afirma ele, são surpreendentes,como reforça o depoimento empolgado da Sandra no site do rapaz, entre outros dois ou três. Sandrame convida para um workshop especial com o americano que, neste caso, não vai sair de seu corpo,mas pelo menos sairá de sua casa confortável nos Estados Unidos para nos atender.

No ano passado a Sandra nos recomendou uma maravilha restauradora feita de colágeno.Produzido no Canadá, o remédio já bem líquido deveria ser diluído em água e tomado antes dedormir, três horas após a última refeição: durante a noite, enquanto a gente dormia, o “milagre daciência” restaurava a mobilidade de nossa coluna, nos emagrecia, aumentava a nossa energia e

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dissolvia os sinais do tempo em nosso corpo. A Sandra acredita em milagres; eu não. É muito maisfácil para ela, que é realmente bem intencionada, se aproximar das pessoas e ajudá-las; tem muitagente querendo, através de um milagre, mudar e crescer dormindo, sem esforço algum. Talvez essaspessoas até consigam um pequeno ganho, do tamanho exato de sua capacidade de autossugestão. Jápara mim é mais difícil conseguir adeptos, embora eu dedique à vida à pesquisa e à tarefa demelhorar a qualidade de vida de meus pares, usando a mim mesma como laboratório de provas. Aspessoas me observam veem o resultado leem meus artigos, visitam meu site e até mesmo me fazemperguntas; mas quando eu lhes prescrevo os remédios desanimam:

— Você é muito radical — já vão desistindo, antes de experimentar. — Quero emagrecer, queroficar saudável, quero despertar a consciência, mas não quero abrir mão do meu chopinho, da minhabatata frita com os amigos num fim de tarde, da sagrada caixinha de bombons que me consola dasolidão.

Despertar, sem deixar de dormir

A receita de felicidade da Sandra opera inconsciente; você continua dormindo, ou levando avida meio sonâmbula, e vai tudo se encaixando. Já eu acredito em trabalho, disciplina, consciênciadesperta, treinamento guerreiro: meu exército zen já caiu muitas vezes do cavalo e perdeu batalhas,mas sempre volta a se levantar e vai se aproximando, sem dúvida, da vitória.

Vivemos numa época de milagres, sim. O milagre do conhecimento, o milagre dos mistériosrevelados, o milagre da liberdade e variedade de opções que a vida contemporânea nosproporciona... O milagre da consciência desperta, o milagre de estarmos aptos a desejar e trabalharpara que o milagre aconteça. A intenção firme e a aceitação da realidade são as condições básicasque nos qualificam a presenciar milagres. Meu próprio processo de transformação pessoal é, comcerteza, um milagre! Que outro nome eu poderia dar ao resultado materializado de meus desejosprofundos, por tanto tempo afogados na impossibilidade?

MEMÓRIA SELETIVA: ENSINANDO O CORPO A LER

A memória celular talvez pudesse responder a algumas perguntas básicas do imaginário humano: deonde viemos? Para onde vamos? Qual é o significado da vida humana na terra? Somos todosnavegadores e, navegando, viemos acumulando vida e memória pelas ondas do universo. Poeira deestrelas no início dos tempos nos lembra de alguma forma do sopro primordial que nos gerou:

“E formou o senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida;e o homem foi feito alma vivente.” (Gênesis: 2:7)

Para onde vamos? Acredito que a resposta à terceira pergunta responde também esta; a vida éconstruída a cada passo, e assim o futuro: uma vasta probabilidade, selecionada entre muitasescolhas, uma rede em permanente estado de tecelagem. Não se pode ler o futuro, já que ele nãopassa de uma perpétua construção; pode-se sim, analisar algumas de suas possibilidades, o que fazdos oráculos não mais do que uma avaliação de tendências, em vez de ferramenta de adivinhação.

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São úteis os instrumentos oraculares, cartas, pêndulos, dados, varetas? Sim, na medida em que nosfazem ler com mais clareza nossos próprios desejos, cravados no inconsciente: uma vez enunciadospelo oráculo, nossa escolha se materializa, e vamos projetando o futuro momento a momento deacordo com ela. Quanto ao sentido da vida, acredito que seja crescer, evoluir sempre, otimizando acada passo a absorção e geração de energia. Quanto mais eficientes ficamos, mais eficiente se torna amalha energética terrestre e, por consequência, a malha energética universal. É este o sentido davida: evoluir sempre.

O acúmulo de memória nas voltas do DNA vai se tornando mais e mais complexo; torna-seimpossível no ciclo de uma vida resgatá-la na íntegra. Assim, desenvolvemos a memória seletiva;aprendemos a ler aqueles trechos que nos levam a avançar com mais eficiência; a cada passogravamos em nossas células informação nova. É este o processo que nosso corpo usa para modificarpadrões; um complexo processamento de informações mescla vários níveis de memória, onde umalembrança dolorosa de infância pode associar-se a um trauma de alguma vida passada: surge daí umrenascer completo do corpo e da alma, como resultado de nosso profundo desejo de transformação.O corpo, sabemos se renova por completo, a nível celular, a cada sete anos. A alma, resultadocotidiano da leitura de nossa memória ancestral, renova-se a cada minuto e é nosso guia eficiente nocaminho da evolução; algumas experiências tocam fundo essa estrutura, e através delas pode a almailuminar-se: numa metamorfose instantânea radical, chegamos a uma visão inteiramente nova da vida,sem parentesco algum com o padrão anterior. O ser humano pode, literalmente, iluminar-se: estametamorfose de alma gera uma estonteante carga de energia sutil que altera profundamente a malhaenergética; a iluminação de um ser humano, em certa medida, inunda de nova luz cada um de nós: umsalto quântico desviando os rumos do futuro!

A DANÇA DOS NEURÔNIOS

Estou na fila do Hortifruti, esperando a vez no caixa. À minha frente, uma senhora vai registrando ascompras, tendo ao lado seu bebê, dormindo calmamente no berço adaptado ao carrinho desupermercado. Totalmente relaxado, deitado de frente, com as pernas ligeiramente afastadas eapoiadas no acolchoado grosso, a criança, pouco mais que recém-nascida, mantém-se isolada domovimento ruidoso que a cerca. Enquanto espero, fico quieta ali, observando esse bebê.

De repente, começo a perceber na cena uma realidade totalmente diferente: sinto claramentenesse bebê uma atividade frenética. Chego mesmo a ver a dança vertiginosa dos neurônios,estabelecendo conexões em ritmo incessante e rápido, num processo de aprendizagem subliminar eabrangente. De olhos fechados, a criança absorve por todas as células o conhecimento transmitidopelo mundo que a cerca, incorporando imagens, cores, aromas, sabores, olhares, toques, enquanto vairesgatando a memória disponível em seu DNA a uma velocidade que apenas computadores quânticospodem igualar. Diante de mim, um ser humano em formação, recém-chegado ao corpo, expande osoftware comprimido de vida que trouxe em sua bagagem genética.

Nos primeiros dois anos de vida, a taxa de aprendizado do homem é espantosamente elevada.Toda criança, em sua primeira infância, precisa domar o manejo das ferramentas que viabilizam suajornada na Terra. Uma vez de posse dessas habilidades básicas, a eficiência do aprendizado tende adiminuir; se nos acomodamos, na maturidade, esta capacidade de absorção de novos fatos pode até

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mesmo se estagnar, o que precisa ser evitado se a longevidade plena é o objetivo. No mundocontemporâneo, com sua profusão de dados e informações disponíveis, uma adaptação contínua asituações novas e novas habilidades é cotidianamente exigida de nós; e nós podemos, sim, ter umaresposta positiva a esta demanda. Aquele bebê de atividade cerebral frenética somos nós: basta quesejamos capazes de trazer de volta à consciência essa capacidade inata.

CURIOSIDADE CIENTÍFICA: UM EXERCÍCIO DOS CONTRÁRIOS

E se tudo fosse o contrário do que parece ser? Este exercício dos contrários tem sido para mim,uma ferramenta de avanço evolutivo; através desta técnica simples, chego a conclusões valiosas queprovocam mudanças radicais. Se você sente que algo não está certo, experimente o seu contrário;este jogo criativo é, no mínimo, uma forma eficaz e divertida de transcender padrões.

Desta forma compreendi como nossa visão da velhice acaba na verdade, por promover oenvelhecimento; fui subvertendo os conceitos e adotando com sucesso novos padrões decomportamento. O tempo dirá se sou bem-sucedida; se tudo der certo, daqui a cem anos ainda estareipor aqui, escrevendo e atualizando meu site na internet; se não estiver, com certeza terei vivido meusanos com mais leveza, saúde e alegria, o que basta para justificar a experiência.

Compartilho com vocês estas conclusões, elaborando um manual básico de renovação, umroteiro concreto de mudança; e os convido a fazer parte deste grupo ousado, que faz do próprio corpoum laboratório cotidiano do novo.

Sob este ponto de vista, a idade madura se caracteriza pela eficiência orgânica, e não peladeterioração: basta desapegar-se dos hábitos e padrões da juventude e procurar adotarcomportamentos e práticas diferentes, adequados a um novo ciclo. Viver é transformar, evoluir; amorte nada mais é que a estagnação total, anunciada aos poucos pela paralisação progressiva doorganismo, gerada pelas doenças que nos afligem, provocada muitas vezes por tradições absurdas eescolhas enganosas. O corpo sabe o caminho da cura e da longevidade, acumulando em suas célulasuma sabedoria de milhões de anos: só precisamos ensiná-lo a ler, a decifrar a memória ancestral doDNA, uma energia ansiosa por manifestar-se.

A TECNOLOGIA DA CONTRADIÇÃO

Numa idade em que a maioria das pessoas está desistindo, se acomodando, engordando e setornando sedentária, decido caminhar na contramão desta trilha; adoto um padrão reforçado deexercícios, passo uma varredura crítica pelos hábitos alimentares e sou premiada com uma formafísica que jamais sonhei. Eu, que na primeira juventude fugia apavorada dos álbuns de fotografias,finalmente consigo reconhecer-me numa imagem reproduzida: esta aí sou eu, revelada por detrás dosaco poluído de complexos e gorduras que me escondeu do mundo por mais de trinta anos; sou eu,vibrante de energia, consciente dos mecanismos do corpo e da mente; sou eu, finalmente digna domeu próprio amor, não mais uma pária que eu mesma insistentemente rejeito e maltrato.

Navegando na contramão descubro os misteriosos caminhos que a energia percorre por dentrodo corpo na busca da maturidade; o corpo maduro vai ficando cada vez mais sábio e aprende a

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extrair energia de qualquer pequena migalha de alimento. Nosso cérebro condicionado, no entanto,insiste em comer como adolescente, assombrado pelo fantasma da inanição iminente, acostumado aver escassez onde só existe promessa de fartura; viciado em açúcar, o cérebro foge do delírio comuma dieta delirantemente doce que acaba revelando o lado amargo da vida, na químicainexoravelmente aceita e pouco discutida do envelhecimento: apesar de ricos e bem alimentados,estamos cansados, doloridos e gordos. Ao contrário do que se acredita o cansaço característico danossa velhice não é resultado de falta de energia, mas de excesso, um excesso que desgasta nossocorpo quando tenta, sem sucesso, digeri-lo.

O excesso de energia ingerida quando a gente segue pela maturidade “comendo o que semprecomeu” entope os dutos do corpo e encontra o mesmo destino de todas as descargas excessivas deenergia: o curto-circuito. No início do processo ainda dá pra trocar o disjuntor: uma cirurgia aqui,uma dieta ali, uma quimicazinha barra-pesada lá, e vamos levando mais um par de anos, com a fiaçãofragilizada pelos abusos, até que um dia... pane geral, explosão, um apagão e pronto, viramos carnechamuscada, fiação irremediavelmente rompida, sem conserto: perdemos o contato com a usinacósmica e viramos lixo atômico de uma hora para outra.

A maturidade é o aprendizado do manejo eficiente de energia; plugando a lâmpada na voltagemcerta o brilho se mantém, iluminando a consciência e o mundo em volta. Com um pouco de sorte,acabamos descobrindo na biblioteca universal a fórmula do moto contínuo, este manancial de energiagrátis que povoa os sonhos e as ambições da humanidade: a fórmula da saúde contínua que pode umdia, quem sabe, nos despertar do susto iminente e fantasmagórico da morte.

REVELANDO O ROTEIRO DA GENEROSIDADE HUMANA

Adotado como padrão evolutivo básico, o gerenciamento inteligente da energia pode ser o passodefinitivo no combate à escassez que ameaça o planeta. Estamos todos em busca de um sistemasocial mais eficaz, que venha substituir rapidamente este capitalismo agonizante, que vai provocandobaixas em progressão geométrica num pesadelo de escassez que invade com firmeza nossa vigíliaplanetária.

Os códigos morais e religiosos que condenam o dinheiro e o lucro, no entanto, se equivocam.Revestir o dinheiro de culpa e tentar condená-lo à clandestinidade espiritual pouco pode fazer pelaurgente mudança de paradigma; o doce escondido, o fruto proibido, sabemos, é de todos o maiscobiçado e saboroso. A única forma de reverter o rumo do capitalismo é despir o dinheiro dointeresse que desperta, tornando os bens e necessidades básicas abundantes e disponíveis para todos;sem ambições e obrigações, quem abriria mão do verão luminoso, da contemplação e usufruto deuma areia branquinha visitada cotidianamente pelo mar azul despoluído?

O sonho de transformar em rotina esta utopia pode estar bem mais ao nosso alcance do queousamos imaginar: basta adotarmos, mais uma vez, a linguagem do contrário, a teimosia doinsatisfeito. A simplicidade de hábitos traz todas as vantagens possíveis e, entre elas, adesglamurização definitiva da riqueza monetária; dois caminhos podem nos levar à riqueza: ganharmais, ou gastar menos.

Ganhar mais, num mundo em crise, implica em mergulhar num vórtice viciante capaz de tragarcom voracidade o gosto bom da vida: criamos necessidades novas e habituamos o corpo e a mente a

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um consumo excessivo de energia que acaba conduzindo ao curto-circuito que já analisamos, umremédio que anestesia a consciência e tem o desperdício e a exploração da pobreza como efeitoscolaterais. Associe a palavra “opulência” a uma imagem qualquer em sua mente: talvez lhe venha àlembrança um rei coroado e próspero, mas inevitavelmente velho desgastado e barrigudo,enfrentando com mau humor os cumprimentos infindáveis num baile barulhento de gosto duvidoso.

Gastar menos já apresenta um resultado imediato: escapamos à pressão constante que asociedade exerce sobre nós com seu rol infindável de obrigações e regras. Ao colocar em chequetradições e conceitos ultrapassados já vamos abrindo caminho para alcançar em níveis maisprofundos a memória de nossa própria sabedoria, ao refletir sobre as vantagens da independênciamoral.

Trabalhar menos, estressar-se menos e comer menos é receita já aceita de saúde e longevidade;se somarmos a isso o hábito da simplicidade e da doação dos excessos e sobras de nosso consumo,aos poucos vamos começando a gerar no planeta um fundo comunitário de abundância. Queremosvariar no figurino? Em vez de acumular sapatos e roupas do ano passado porque não doá-los comomedida básica de higiene moral?

Quem sabe adotando o bom senso, como medida padrão de comportamento, deixemos de passarpor autômatos ridículos disputando nas filas da última moda uma bolsa de plástico absurdamentecotada a preço de ouro? Associe a palavra “harmonia” a uma imagem qualquer em sua mente: talvezlhe venha à lembrança uma bailarina numa malha branca, elástica e esguia, dominando com maestriaos ritmos do corpo numa dança livre, ao som de uma música suave, docemente iluminada pela luz dosol, filtrada em cortina esvoaçante.

E nós nesta vida, queremos o quê? Compulsão ou compaixão? Consumir? Consumar? Fluir ouinflar? Escutar ou esgotar? Expandir? Explorar? Temos as questões e, inevitavelmente, temos tambémas soluções. Nosso maior bem, o bom senso atuante e dinâmico de seres capazes de pensar e refletiranda camuflado, chamuscado pelo curto-circuito dos equívocos de nossa civilização; tais enganosnão passam, no entanto, de código mal decifrado. Esquecemos temporariamente a senha que nos abrea porta da harmonia e do equilíbrio, mas ela continua ali, gravada a ouro em nossa memória ancestralque vamos, aos poucos, reaprendendo a acessar.

CURANDO A SÍNDROME DO TEMPO: UMA CONQUISTA ESSENCIAL NO CAMINHO DA

TRANSFORMAÇÃO

Estou numa gruta enorme; pedras imponentes e de vários formatos abrigam em seu centro um lagoverde, de águas tépidas e profundas. No alto da gruta, uma fenda estreita deixa penetrar um raioteimoso de sol, que cintila radiante ao tocar de leve as águas. Não estou só; os companheirosespalhados pelas pedras, como eu, vão tirando as peças de roupa uma por uma até expor o corpo nu,a intenção pura de renovação e cura, o desejo imemorial de prazer e integridade que se satisfaz aomergulharmos no útero úmido da terra. Deixamos que o lago nos envolva o corpo como um abraço demãe. Ao sair dali, de alma lavada, sentimos a sensibilidade e a aura expandidas. Já vestidos e devolta à superfície, ao cotidiano produtivo e movimentado, alguém me pergunta quanto tempopassamos ali. Dez minutos? Três horas? O registro no mostrador do relógio pouco tem a ver com ariqueza vibratória da experiência e respondo que ali embaixo, naquela gruta, estamos curando a

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síndrome do tempo. Acordo e percebo, com surpresa, que estava sonhando. Qual é a provávelduração de um sonho? Um segundo? Dois minutos? Os sonhos vividos são a vivência primordial deuma nova dimensão do tempo. O relógio pode marcar não mais que cinco minutos de sono profundo,mas no sonho a realidade se prolonga. Na memória celular do corpo e da mente, sonho e realidadeprovocam a mesma resposta e o efeito de cura tem a mesma força: o tempo do corpo é o tempo damemória e pouco tem a ver com o tempo cronológico que nos limita a liberdade e o processo demudança.

Este sonho da gruta é, para mim, a conclusão de um processo curador de doze dias, quandobusquei transformar o registro de uma dolorosa memória de infância, tão oculta e crucial que escapouaos mais de vinte anos de terapias que testemunharam a queda de traumas e couraças a níveis cadavez mais profundos. Me aproximo cada vez mais do meu eu essencial e esta memória, um espinhoagudo entranhado na cápsula do tempo que me envolve o corpo, aflorou violenta, deflagrada, paraminha surpresa, pela alegria que acompanhou meu sucesso num concurso mundial de design de joias.

Não existe tempo na memória celular: a dor de hoje repete com igual intensidade a dor de ontem,a dor do ano passado, a dor de uma outra vida; enquanto o espinho estiver lá, o processo inflamatóriopersiste. A ponta desse espinho exibiu sua cabeça escura, provocando uma quase paralisia domúsculo peitoral, me forçando a enfrentar os fatos. Quando finalmente me decidi por espinha e pinça,o sonho das águas veio como um bálsamo final e despertei curada.

O processo de transformação e cura exige paciência, dedicação e liberdade e o primeiro passo énos livrarmos da síndrome do tempo. Não há como prever um prazo cronológico para a conclusão, seo tempo da memória do corpo tem características únicas e não se relaciona com o calendário queregula o dia-a-dia da sociedade humana. Os doentes crônicos da síndrome do tempo não acreditampoder encontrar, em sua rotina estafante de trabalho e atividade social, o tempo da evolução, daescolha, da cura da alma; perpetuam assim inconscientemente seu estado de sonambulismo espiritual,deixando que se acumule nas artérias do amor e do crescimento a gordura infecciosa do estresse e daalienação.

O bloqueio definitivo dos valores humanos fundamentais leva ao enfarte do eu essencial e éneste estado resultante de automatismo que muitos de nós desistimos de uma realidade mais vibrantee rica, entregando-se sem remédio a uma velhice degenerativa e resignando-se aos males crônicos deum corpo mal compreendido, ao qual só resta a opção de esperar a morte ao deteriorar-seconformada e progressivamente.

PRATICANDO spinning: A ABOLIÇÃO DO CONTROLE DO TEMPO

Tenho um professor novo de spinning — spinning é uma técnica de treinamento ciclístico naacademia — e hoje é sua primeira aula. Ele chega na hora marcada e seu primeiro ato é tirar orelógio da parede. Como todos os viciados, me desespero num primeiro momento e me vejo perdidana síndrome da abstinência: reclamo e o professor, atencioso e gentil, coloca o relógio no chão,próximo à minha bicicleta. Só mais tarde, em casa, é que percebo o valor da oportunidade que insistoem recusar; na aula seguinte dispenso o tratamento especial e inicio o treinamento evolutivo que medeixará livre, espero da doença crônica do horário. Aprendendo a ouvir o corpo, vou aos poucosconseguindo dosar minha energia ao longo da aula, sem a necessidade limitante de recorrer ao

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controle do tempo na parede da sala.Desde criança aprendi a entupir os circuitos temporais da alma com o excesso de atividades; do

bale ao inglês, passando pelo gordo caderno de deveres de casa e pela prática monótona das escalasao piano, o aproveitamento máximo do tempo cronológico educou meu corpo na rotina do estresse eda alienação emocional. No apartamento de três quartos de minha mãe existem mais de dez relógios,pacientemente reajustados a cada queda de energia — paciência que ela não demonstra ao recusar-sea enfrentar os processos naturais do corpo, da mente e do coração.

Hoje em dia, aposentada e sem obrigações, minha mãe é senhora única de seu tempo; no entanto,cultiva ainda o hábito de manter-se no horário, correndo sempre e queimando os dedos ao guardar astorradas recém-tiradas do forno, porque não dá tempo de esperar que esfriem. Faço-me de surda aoouvir os comentários depreciativos dos viciadamente ocupados, que alimentam sem saber umainconsciência alienante: como trabalham muito e estão o dia inteiro fora de casa, tentando segurar ofuturo, não têm tempo de escolher a refeição correta ou praticar exercícios.

A academia, dizem, é para quem não tem o que fazer. É bom mesmo que garantam uma poupançaexpressiva para o futuro: tanto estresse acumulado resultará com certeza numa polpuda despesamédica, que vai engolir sem mastigar o tempo do lazer e da saúde, cuidadosamente economizadopara a aposentadoria. Correndo atrás do dinheiro e exercitando os músculos do consumo, osmodernos doentes do tempo sustentam a família com todo o conforto: o conforto de seu cansaço, desua desgastada capacidade de amar, do ruído da maior televisão que existe amortecendo a carênciade atenção.

Tradição arraigada e triste esta, que nos condena a acumular bens para, através deles, gravarnossa marca na alma do mundo; a linguagem da alma do mundo é bem outra e seu idioma vai ficandoapagado do cotidiano contemporâneo, poluído de mensagens alienantes. O sonho da produção eternavai virando pesadelo, onde as eternamente jovens faces de botox disfarçam a dor de um coraçãocarente. A memória da alma humana, no entanto, está intacta, e prepara o despertar deste sonoinduzido que mantém a sociedade precariamente viva. Os novos hábitos se apresentam, e, insistentes,vão aos poucos invadindo o senso comum. O desejo orgânico de evolução se impõe e conquista, acada dia, um número maior de adeptos: quando o pesadelo se adensa, acordamos assustados paraperceber, com alívio, que é possível escolher e reduzir a um sonho ruim o que não passa de umacrise dolorosa de crescimento.

RECRIANDO O PASSADO, FORMATANDO O FUTURO

A ciência moderna faz afirmações ousadas, de difícil compreensão, e aparentemente desvinculadasde qualquer conexão com o senso comum que nos orienta o cotidiano. Por muito tempo, para mim, ateoria quântica se encaixava nesta descrição, com suas ideias sobre a relação íntima entreobservação consciente e realidade e a relatividade do tempo. No universo quântico, passado e futuronão existem, enquanto o presente depende de nossa decisão a respeito; podemos viajar no tempo,criar um clone de nós mesmos em outra dimensão, estar em dois lugares de uma só vez... Estasafirmações um pouco loucas se referem, claro, ao mundo menos que microscópico dos elétrons,quarks e partículas ainda menores; nunca pude sequer imaginar uma realidade como essa, tãodiferente de nossa experiência diária. O conhecimento alternativo gosta muito da teoria quântica e

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com frequência toma emprestado muitos de seus termos; mas cá entre nós, nunca pude aplicar estasnovas ideias no dia-a-dia... Até o dia em que minha mente se abriu para uma compreensão maior e eupercebi o quanto é quântica a consciência humana.

O passado existe em relatos escritos, fotos, e em nossa memória. Em todos os casos, a realidadedeste passado é filtrada pela interpretação de quem registrou a lembrança; não é o que afirma a teoriaquântica em laboratório? Que somente o registro consciente do observador confere realidade àexperiência, já que o elétron tem existência instável e pode estar em dois lugares ao mesmo tempo?Já que o passado é feito de interpretação de fatos e sensações, acredito que podemos, realmente,alterá-lo de acordo com nossa necessidade ou desejo. Se não podemos alterar os fatos já registrados,podemos, isto é certo, alterar nossa reação a estes mesmos fatos: os processos terapêuticos nãopassam de uma profunda e consciente reinterpretação da memória.

Somos todos seres em mutação constante; nossa memória, nosso organismo, nossas células, sãoalterados a cada segundo. Cada experiência tem a propriedade de alterar nossa visão da realidade, ea maturidade, certamente, lança nova luz sobre lembranças do passado. A mulher que sou hoje,madura e experiente, pode e deve entender fatos marcantes do passado de forma bem diversa daadolescente atormentada que fui um dia. Cada novo fato transforma profundamente a sequênciaanterior dos acontecimentos; cada novo passo transforma radicalmente o caminho.

Transformado o passado, a perspectiva do futuro também muda. O peso da fatalidade nãoassombra mais, se cada habilidade aprendida amplia as possibilidades e promessas do aprendiz. Pormuito tempo me vi limitada por uma única visão de futuro, ancorada, aprisionada numa perspectivaultrapassada de traumas e fracassos; até que pude compreender a qualidade quântica da verdade,onde os traumas perdem sua força através de uma leitura nova. Se eu mesma sou outra, léguasdistante de minha sombra superada, esta sim, sufocada de memórias traumáticas; se sou outra, é outroo futuro que se esboça. O futuro é uma possibilidade ampla, aberta; somente uma expectativa baseadaem dores e limitações já ultrapassadas pode limitá-lo.

Comprova-se assim, logicamente, a teoria: somente o presente existe; e mesmo neste presenteconcreto, é de nossa interpretação emocional dos fatos que a realidade é feita, numa vivênciaindividual que pode sempre ser alterada de acordo com nossa profunda, única e inabalável vontade.

Passear no Tempoe ver Deus a respirar.

Porque Deus expira o mundo,sopra o homem, inspira estrelas...

Num pulsar constante,cria a vida a cada instante,Porque o Tempo é isso:o caminho do ar,sístole e diástole do coração de Deus

Pulsando em cada um de nós

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ESCOLHENDO CRESCER: UMA MUDANÇA RADICAL

Pedro é meu amigo de infância, quase um irmão. Compartilhamos a estrutura familiar, a geração dospais, a educação básica, os hábitos e padrões primários apresentados à alma recém- chegada evirgem. Em alguma curva do caminho, minha opção pelo crescimento consciente nos transformou emestranhos e este estranhamento, talvez irremediável, me corta o coração.

Pedro é uma vítima da síndrome do tempo. Conservou um privilégio básico ao escolher comoprofissão a paixão que o mobiliza desde a infância, na qual reconhece seu talento nato; a práticacotidiana deste talento, no entanto, acabou por estreitar-lhe os caminhos da mente, tornando-o surdo àmultiplicidade de estímulos que a troca rica de energias entre a terra e o espírito humano propicia. Otempo de Pedro se contaminou do vício do trabalho e o encerrou numa cápsula de vidro que filtra asimpressões do ambiente em volta, amortecendo o doloroso chamado de atenção dos que querem devolta o homem sensível, brilhante, amoroso e doce que a infância de Pedro prometia.

Ao final da adolescência uma perda marcante nos feriu, desviando para sempre o curso da vidatranquila que levávamos em Belo Horizonte. Como reação a este trauma, expulsei meu centro paralonge da alma e perdi momentaneamente a conexão com a dimensão divina da vida: passei os vinteanos seguintes buscando resgatar a essência perdida, o que me fez mergulhar profundamente dentrode mim mesma, para com disposição ilimitada desfazer um a um os nós que bloqueavam o fluxo livreda energia.

Através desse processo alterei minha relação com o tempo e me dediquei ao autoconhecimento,aprendendo a lidar com o estresse e adotando novos padrões de comportamento no caminho dasaúde, da longevidade e do amor fluente e incondicional. Pedro, por seu lado, enfrentou a dorrecolhendo-se e se fechando para os estímulos emocionais que o cercam, recusando-se a desvendar alinguagem reveladora do trauma. Pedro não tem tempo pra isso; ele trabalha, produz dinheiro eproporciona à família amplo conforto material. Encerrado em si mesmo, não vê a família com osolhos do coração e deixa a esposa, os filhos e a si mesmo à deriva no curso caótico da carênciaamorosa.

Optar pelo crescimento é um ato responsável e corajoso de escolha: muitas vezes o processo decrescimento é mais doloroso que a ocultação conformada das feridas. O crescimento leva àdesconstrução radical dos hábitos implantados na infância e muitas vezes nos sentimos perdidos eassustados em meio à dor e ao desconhecido. A mudança exige também a adoção de uma escala devalores inteiramente nova e nem sempre valorizada pela sociedade estabelecida; criamos um corponovo, uma alma nova, um ser novo para viver um novo tempo, o tempo de nosso centro essencial: onovo ser humano reconhece a vida como uma oportunidade rara de aprendizado, onde a missãoprimordial é nossa própria harmonia.

Uma vez livres da síndrome do tempo, dos traumas, da dor, nos sentimos finalmente integradosao todo universal e nos transformamos em canal desobstruído por onde navegam fluentes as energiasvibrantes que tecem a realidade a cada momento: a realidade humana, uma materialização dinâmica,equilibrada e constante de harmonia e amor.

CARGA X RITMO: DOSANDO O DESGASTE DE ENERGIA ATRAVÉS DO spinning

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Como reflexo de um padrão de comportamento antigo, arraigado, entranhado em mim a nível dememória celular, acostumei-me a caminhar pela vida carregando uma carga pesada, me tensionando anuca quase a ponto de me curvar de forma permanente os ombros. A educação familiar me habituou aconviver com um controle autoritário constante; nas poucas vezes em que esse controle afrouxava euperdia o ritmo, não raro me precipitando nos atos, como uma bola que se solta de repente paradescobrir-se rolando, liberada, ladeira abaixo.

Iniciando a carreira de joalheira energética criei uma peça que — como seria fácil prever —lidava com essa questão. Na peça eu usava um chifre de alce, e o alce é o animal sagrado que nosensina a dosar a energia, para que sejamos capazes de atingir os objetivos sem um desgasteexcessivo. Usei durante muito tempo essa joia, mas sua força não foi suficiente para transformar emmim este padrão: continuei viciada em carga, peso, controle... e me precipitando sempre nas atitudese decisões.

Eu costumava brincar com o infortúnio, dizendo que tinha tanta pressa de viver que acabavaatrasando toda experiência em meu caminho. Falhei basicamente, desde o início, em identificar opadrão que me afligia, até que a prática de spinning me proporcionou uma vivência preciosa quepermitiu, finalmente, a liberação e transformação de mais esta memória de ineficiência e dor.

Uma prática da pesada

Desde as primeiras aulas de spinning na academia meu corpo reagiu melhor ao peso que aoritmo. Se o professor dava opções, eu logo escolhia carga máxima e velocidade mínima: era na cargapesada, quase paralisante, no movimento controlado e restrito, que eu me sentia bem. Se não haviaopção, eu estava sempre perdendo o ritmo para a carga; apertava demais o controle dos pedais e nãoconseguia seguir a música, ou afrouxava demais o freio e me perdia na velocidade dos pés. Estalimitação acabou por provocar um acidente: eu ainda não usava a sapatilha Vittoria e perdi ocontrole dos pedais; o pé se soltou e me atropelou, o pedal rolando livre foi colidindo com minhaperna esquerda, deixando como lembrança hematomas e escoriações. O ritmo alucinante de minhavida — desprovida ainda da prática guerreira de atenção e autocontrole — ia me ferindo, meatropelando o desejo, a necessidade, o bem-estar. Apesar das dificuldades, fui persistindo nospinning e, aos poucos, construindo força nos músculos das pernas; o hábito da carga pesada, porém,me perseguiu por muito tempo, e a falta de ritmo — o descompasso com os companheiros de prática— me feria fundo na alma. Eu não sabia dosar o desgaste, me afogava nos obstáculos da emoção,continuava reagindo mal ao abuso invasivo das figuras autoritárias e engolia em seco a raiva,engordando de dor e frustração. Nem sei como, porém, numa bela manhã atingi o ponto de mutação!Me rendi ao ritmo da música e comecei, instantaneamente, a encontrar a carga ideal em cadamomento da aula!

O sucesso chegando sutil

Muitas vezes atingimos na vida momentos que nos parecem obrigar a desistir, abrir mão dossonhos, dos objetivos, da alegria. Não se engane com eles: são ilusões! Não estamos aqui pradesistir, mas pra crescer, evoluir sempre. Como escreveu Goethe, “o que não nos mata nosfortalece”. A gente não morre vítima de nossa história, só vai acumulando força até que um dia, sem

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sentir, atinge os objetivos. Como na prática esportiva, vai sentindo a dor do corpo enquanto progrideno treino, até descobrir que, um dia, o corpo não dói mais. Estamos rijos, trabalhados, fortes eequilibrados.

Um dia — mesmo que leve um século — podem acreditar, a gente aprende a dosar a emoção e anão se deixar invadir. Temos à nossa disposição o tempo que for preciso, pois sabemos que o temponão existe e também não passa de ilusão... Um dia, até mesmo as experiências dolorosas desta vidachegam ao fim, e a gente renasce de vez, deixando pra trás workshops, gurus, professores, terapeutas,rituais e religiões! É como então despertar do pesadelo — carga pesada — e penetrar no ritmoharmônico de uma realidade sonhada, trabalhada, construída. Nesse momento mergulhamos numacalma imperturbável e, para nossa surpresa, descobrimos que sabemos desde sempre nadar muitobem na energia vital, vibrante, ativa, que nos envolve nesta vida.

A JAULA DOS MACACOS E O CHOQUE DA BANANA

“No laboratório, o cientista maltrata os macaquinhos buscando entender o comportamento humano.Uma banana pendurada no alto da escada atrai o macaco com a perspectiva de saciedade e prazer;ele sobe na escada e se surpreende com a dor de um choque elétrico, retrocedendo imediatamente,sendo forçado a desistir de seu sonho de alegria. A cada vez que o macaco começa a subir a escada,o choque infalível o paralisa e espanta: em pouco tempo, ele já não deseja, nem sabe mais desejar abanana. O macaco é retirado da jaula e substituído por um macaco novo, que ingenuamente seapressa em conquistar a banana. Antes que ele tente subir a escada, porém, os outros macacos najaula começam a agredi-lo e o impedem de tentar. O cientista continua substituindo os macacos, atéque não reste nenhum que tenha experimentado ao vivo a dor de desejar a banana. Não existe maischoque: o acesso à banana está livre e irrestrito, mas cada vez que um macaco pensa em conquistá-la,os demais se ocupam em fazê-lo desistir de tamanha loucura. Nenhum macaco ali sabe bem porque éproibido tentar comer, ou até mesmo desejar a banana; bem poucos se atrevem a tentar e, impedidospela comunidade, logo desistem.”

O homem moderno é parente bem próximo desse macaco traumatizado e nem desconfia que aconquista da banana anda liberada e disponível. Esquecido do prazer pleno que um dia foi capaz desentir, se limita voluntária e inconscientemente a seus velhos hábitos e padrões, que parecem garantiralgum equilíbrio e um contentamento parcial bem pequeno. Antigas crenças não fazem mais sentido,mas continuam cuidadosamente mantidas pela sociedade, enquanto buscamos crescer dolorosamenteatravés de rituais desnecessários, explorando nosso arraigado sentimento de culpa e uma carênciainfinita, gravada na memória ancestral da jaula e do choque da banana. Mas o choque não está maislá e o cientista foi demitido por causa de seus métodos bárbaros e incapacitantes; estamosaprendendo a acessar os territórios mais remotos da memória, e o prazer que um dia foi regra vaiabrindo caminho em direção à mente consciente: o despertar está bem próximo e o apocalipse,descartado.

Muito em breve estaremos substituindo esses cientistas retrógrados pelo conhecimento adquiridoem grupos dedicados de estudiosos comuns: o manejo da energia vital será de domínio público,sabotando de vez o poder anacrônico da mídia. Nesse dia, vamos descobrir que banana faz crescer,

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não engorda e ainda por cima é uma delícia.

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PARTE II: UM ROTEIRO CONCRETO DE MUDANÇA

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Se até mesmo o eixo da Terra já mudou um dia, porque não nós, animais extremamente adaptáveis,com elevada e inédita capacidade de autoaprimoramento? Nossa resposta magnética ao ambiente eao conhecimento é automática, inevitável e leva à evolução; se não a escutamos, é por não saberainda identificar a frequência elevada e harmônica desta música das esferas, que toca cada vez maispróxima de nós. Está certo, sou uma otimista incorrigível e mantenho teimosa este tom motivador quefaz tudo parecer fácil. Fácil não é, mas bem que tenho conseguido algumas vitórias: mais do quecomemorá-las, o que me dá maior prazer é compartilhar as conquistas com vocês.

ATUALIZANDO A MÁQUINA: UMA PRÁTICA ROTINEIRA DA CONSCIÊNCIA EM EVOLUÇÃO

Há dois anos espero por este momento: em três dias vou receber em casa o novo equipamento detrabalho, um computador rápido e moderno e uma impressora nova. Estou pronta para me desfazer damáquina antiga, com sua memória lenta e obsoleta, incapaz de processar a abundância de informaçãonecessária hoje em dia em minha atividade cotidiana. Um bom tempo se passou desde que senti anecessidade dessa troca; os recursos necessários, no entanto, não estavam disponíveis. Algumaslições não aprendidas, com certeza, me obrigavam a lidar com a lentidão de processamento damáquina e sua memória pouco confiável. Carinhosamente, eu chamava o computador de “carrocinha”e prosseguia me arrastando anacronicamente pela ineficiência; até que a carrocinha se transformouem obstáculo grave, paralisando a evolução. A consciência trabalhou, processou possibilidades,preparou a transição e, finalmente, materializou as condições ideais para a compra do equipamentonovo.

Lembro-me da alegria que senti ao comprar este equipamento que hoje descarto. Na época, essecomputador era para mim o paradigma da velocidade e dinamismo; no disco imenso — com umdécimo da capacidade do disco que recebo agora — o conteúdo da memória se espalhava à vontadee, mesmo assim, o espaço livre era abundante. Me lembro também sem nostalgia das histórias devida que essa máquina acompanhou; dos acidentes que resultaram algumas vezes na necessidade dereformatação total dos dados, com a inevitável perda de arquivos que eu julgava preciosos.

Só cadernos de endereços, perdi três; a cada mudança na organização da memória, amigos econtatos eram deixados para trás e muitos textos reescritos de forma bem diversa dos originais. Ocomputador, para mim, possui características de função semelhantes às da alma humana. Ou entãocapta de nós a sensibilidade magnética da mente, respondendo sensivelmente a nossos desejos eexperiências. Quando eu ainda aceitava, por dinheiro, trabalhos que não queria, ou que afetavam meusenso de dignidade, o computador invariavelmente se recusava a processá-los: a memória se perdia,ocorria algum erro na gravação dos dados, enfim, o trabalho transcorria acidentado e com todos osimprevistos possíveis. Felizmente aprendi a dizer não, diminuindo o nível de estresse na máquina eno meu dia-a-dia.

Esta mudança de equipamento de trabalho é um retrato fiel do processo evolutivo consciente. Amente cresce, a memória se expande, e o corpo, comparando-se ao computador ultrapassado, já nãopode mais viver restrito a padrões antigos. O corpo, a saúde e a experiência emocional são reflexosdo estado atual de nossa consciência. Se a consciência evolui e aprende a ver e conviver com novasrealidades o corpo, como organismo vivo, a acompanha e responde ao chamado evolutivo. Acredito

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que, nesta época dinâmica e emocionante em que vivemos a velocidade de expansão dos limites dacapacidade humana não é menos vertiginosa que a rapidez do desenvolvimento tecnológico. Comoacontece com os computadores, as estruturas limitantes que nos aprisionam são ultrapassadas a cadadia e devem ser substituídas sem apego, pavimentando nossa marcha em busca de escolhas cada vezmais amplas. Minha consciência se expandiu e os padrões ultrapassados, como o computador velho,exigem substituição. Com alegria e disposição, embarco nesta jornada de renovação certa de atingir,em breve, um patamar superior de saúde, harmonia e bem-estar.

SAÚDE E LONGEVIDADE, COM MUITO PRAZER

Malhando na academia, de manhã bem cedo, olho de relance o programa de culinária na TV semsom. O silêncio das imagens me poupa os detalhes do enredo cujo desenvolvimento observo novídeo, com horror. A cozinheira, como não podia deixar de ser, é uma senhora com muitos quilos amais, que, orgulhosa, vai ensinando alguma receita que contém farinha de rosca, carne vermelha, pãodormido e muita gordura saturada de procedências variadas: o pesadelo começa com óleo e manteigamisturados na panela! Já meio enjoada, observo os gestos enfáticos da mulher, para mostrar que opão está bem duro, e penso: se o pãozinho fresco já é cheio de aditivos e substâncias nocivas àsaúde, imagine então o pão já velho e seco?

Esse programa me fez refletir sobre os paradigmas de boa alimentação que aprendi na infância.Enquanto garanto a saúde do corpo na academia, me acontece às vezes ativar a memória de algumacomida que, no passado, fui obrigada a comer com algum desgosto; acredito que o corpo, destaforma, se desintoxica dos traumas. Me lembrei certa vez de um “sanduíche” que minha mãe fazia,colocando um pedaço de bife entre duas batatas fritas, com o objetivo de me convencer a comer oque ela considerava essencial à boa nutrição. O odor dessa memória me causou um enjoo tão forteque foi preciso parar, respirar fundo, e relaxar, até que a memória, com alívio, enfraqueceu.

A boa alimentação foi para mim a porta de entrada no caminho da evolução de consciência,através da mudança de padrões de comportamento; o prazer e a alegria da boa mesa vegetariana, quevou conquistando em meu laboratório na cozinha, é uma ferramenta a mais na busca da evoluçãoespiritual. Cada dia mais, vemos materializar-se nosso desejo de uma vida longa e vibrante: aciência contemporânea comprova que a expectativa de vida vem crescendo em ritmo acelerado e vaicotidianamente derrubando tabus; sabe-se hoje que o horizonte da vida humana pode estender-se aos150 anos e, mais que sua duração, a grande revolução da maturidade é a conquista da qualidade devida.

A estratégia para se atingir esse novo padrão de bem-estar se apoia num tripé de comportamentoevolutivo: boa alimentação, harmonia espiritual e prática de exercícios. Por minha própria conta,acrescento a este trio básico mais uma qualidade, que lhe confere maior equilíbrio e estabilidade: oprazer da boa vida. Não devemos jamais deixar de lado o prazer, a alegria e o profundo sentimentode realização que acompanha os bons resultados obtidos por quem escolhe o caminho da mudança eda evolução. É preciso que a gente se lembre todo dia: a banana, amigos, está disponível!

ESPORTE-TERAPIA: CORPO MENTE E ESPÍRITO EM MOVIMENTO

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A prática cotidiana de ginástica, para quem não gosta do esporte, tão necessário à saúde perfeitaque buscamos, poderia ser apenas mais uma oportunidade de se esgotar fisicamente e entregar-se aotédio do exercício... se não contássemos com a imaginação, a mais poderosa ferramenta dedesenvolvimento pessoal que existe, um instrumento versátil que usamos para afinar o corpo, a mentee o espírito.

A primeira vez em que me deparei com a ideia revolucionária de associar o movimento físico àmeditação foi através das técnicas do mestre indiano Osho; suas meditações dinâmicas utilizam aansiedade, a pressa e a inquietação típicas dos ocidentais a favor do estado meditativo, aproveitandoo caldo químico que afeta o cérebro durante o movimento vigoroso para aquietar a mente. Mas trata-se ainda de uma técnica especial, que deve ser aprendida e praticada sob a orientação de terapeutas.Recentemente, entretanto, pesquisando a atividade física adequada à minha busca de saúde perfeita elongevidade, descobri que o movimento vigoroso praticado em academias de ginástica leva aomesmo estado de quietude mental e alegria intensa das técnicas do Osho, e este estado pode e deveser aproveitado para o desenvolvimento espiritual que a meditação nos proporciona! Esta descobertafoi a semente geradora da prática do esporte-terapia, uma técnica em evolução que não para de mesurpreender trazendo novidades. No esporte-terapia, a imaginação é seu mestre e terapeuta: vocêpode praticá-lo sozinho — na realidade paralela — enquanto os demais se limitam a fazer a aularegular de ginástica!

Pedalando para a liberdade

O spinning é uma técnica de treinamento ciclístico de esforço praticado em academias, com umabicicleta fixa. É praticado em grupo, com música, sob a orientação de um professor e é, realmente, aprática aeróbica mais eficaz que conheço. Minha primeira experiência de esporte-terapia com ospinning foi surpreendente: eu estava de collant e top, com os cabelos presos, pedalando dentro daacademia, com a professora ditando instruções e, de repente, pedalava numa roupa de camponesa,uma longa trança flutuando no meu próprio vento, numa bicicleta velha, com um cesto redondo devime à frente, entregando pão! O lugar parecia um país da Europa, talvez a França: estava descobertoentão esse potencial incrível e passei a aguardar as aulas de spinning antecipando prazerosamente asexperiências espirituais que teria enquanto suava, aumentava a capacidade aeróbica (e emocional!)do coração e acrescentava anos à minha expectativa de vida.

A essa primeira viagem no tempo seguiu-se uma série. Mal terminava o aquecimento e eu estavalá, camponesa adolescente entregando pão na manhã medieval francesa. Encontrei pessoas, o tempopassou, fiquei adulta; pude entrar em minha casa de pedra e explorá-la em detalhes: já não entregavapão, mas descobria os segredos da cozinha. Era uma experiência de memória criativa, e a sensaçãoera de paz e alegria, não de dor.

Em minha última visita a essa vida e esse lugar imaginário peguei a bicicleta e aceitei o convitede meu companheiro para ir a um lugar mágico; a montanha era íngreme e a gente suava e seesforçava pedalando morro acima. Quando chegamos lá, havia uma pequena capela de uma só nave,com uma fenda no teto; a aula de spinning estava acabando, e entramos na fase do relaxamento.Deitei-me com meu companheiro no chão da capela e, na hora exata, um intenso raio de sol filtrou-sepela fenda e nos iluminou, o corpo todo envolvido no potencial tremendo, nos inundando a alma desabedoria! (E a adrenalina do spinning nos inundando de alegria e leveza, calorias perdidas,

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capacidade respiratória otimizada, a saúde e a boa forma garantidas!)

Pedalando na energia do Tor, uma serpente sagrada conectada a terra

O Tor é um monumento natural, um morro de forma incomum, rodeado por uma pista em formade terraços, em movimento ascendente; pode ser visto a grande distância, erguendo-seenigmaticamente da paisagem plana de Glastonbury, cidade sagrada da Inglaterra tida por muitoscomo a mítica Avalon do Rei Artur. Os pesquisadores das tradições arturianas afirmam que o Tor éum labirinto neolítico tridimensional, um caminho cerimonial e iniciático que leva às profundezas daTerra. De acordo com as tradições arturianas, o Tor é o lar de Gwyn ap Nudd, Senhor dos MundosInferiores. A torre, no alto é remanescente de uma igreja parcialmente destruída por um terremoto em1275.

É de manhã e me preparo para a jornada diária no spinning. Sinto-me um pouco cansada, dormipouco à noite e um resfriado parece querer bloquear a minha garganta. Não tenho muitas esperançasde conseguir uma boa performance na aula de hoje, mas estou lá, participando. Quinze minutos eestou aquecida, o professor sugere o primeiro sprint — tiro com baixa carga e muita velocidade.Começo a pedalar rápido e de repente estou atravessando uma planície verde, ensolarada. Não estoumais sozinha e sim pedalando em grupo, os participantes enfileirados um atrás do outro. Uma nuvempassa por nós e nos ilumina com uma chuva rápida, brilhante, mesclada de sol. Levanto o rosto e éuma delicia receber na face a carícia da chuva, que nos lava e purifica. O professor aumenta a cargae chegamos ao Tor, em Glastonbury, Inglaterra; começamos a subi-lo de bicicleta. Estamosconectados por uma corrente prateada de energia, tão intensa que se torna visível a olho nu, nosconectando uns aos outros através de nossos chakras no alto da cabeça. Em seguida outra correnteenergética se forma, nos conectando pelo chakra do coração. Pedalamos agora em sintonia perfeita,como se estivéssemos numa única bicicleta de muitos pedais e selins: somos como parte de umaserpente energética flexível e orgânica que envolve o Tor, subindo sempre. Mais um passo e estamosconectados também através do plexo solar. Podemos sentir agora o coração da Terra, o magmapulsante em seu centro conectando-se a nossos corações e nos unindo num vórtice poderoso, que nosalimenta e nos preenche de poder intenso. A carga aumenta um ponto mais, mas somos tão poderososagora, unidos pelo coração ao centro do planeta, que cada obstáculo serve somente para nosimpulsionar para cima, em volta do Tor, em direção ao alto, percorrendo os terraços ancestrais,perfeitamente protegidos por Gwyn ap Nudd em nossa jornada sagrada. A música termina, atingimoso topo! Na sala de aula o corpo ainda pedala — com carga reduzida — mas em nossa viagemdesmontamos e nos deitamos em círculo em volta da torre, unificados em nossos corações, mente evontade. Relaxamos e ficamos lá, sentindo o nosso pulsar intenso, conectados à Terra. Vem o sol enos aquece com seu raio exato, perfeitamente perpendicular ao meio-dia. Ficamos ali, e somos aponte viva que liga a energia solar à energia da Terra, somos estas células vivas e atuantes, parteínfima e infinita deste todo universal que nos conecta e unifica.

SER FELIZ: UMA OPÇÃO CONSCIENTE PELA ALEGRIA

Sonhei com Kiki na noite passada. No sonho, éramos estudantes universitárias na década de 1970.

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Eu vestia uma roupa toda colorida e cheguei um pouco atrasada à primeira aula, meio enrolada comas bolsas, cadernos e agasalhos que carregava. Na entrada da sala um senhor sério, de gravata,mangas de camisa, colete e óculos, preenchia fichas com dados sobre os alunos. Eu queria entrarlogo na aula, que pensava ser de artes, mas fui impedida pelo senhor engravatado, que me fez sentarali e responder a um monte de perguntas sem sentido. Quando finalmente sou liberada, me apressopara a aula e sou recebida por um professor de cara fechadíssima, que me pergunta se eu queroentrar, apesar de atrasada. Triste, eu disse que preferia entrar, e sou surpreendida por uma matériaárida e chata, bem diferente do que eu esperava. Procuro um lugar pra sentar e vejo, lá no fundo dasala, Kiki e outra moça, louríssimas e superanimadas. Sento-me com elas e num instante estamos astrês rindo e nos divertindo, ignorando a seriedade e as caras fechadas do professor e de seucomparsa sisudo.

O poder da alegria

Acordo dolorida e enrijecida, numa manhã chuvosa de sábado. Consulto meu mestre interiorsobre a possibilidade de faltar à aula de spinning e ficar em casa descansando, mas a respostacategórica que recebo me faz reagir: preguiçosamente, me visto e em dez minutos estou na academia,onde logo encontro Kiki, já instalada na bike, esperando a aula. Por sua alegria radiante e infalível,Kiki me impressiona. No spinning, está sempre animada. Na aula de dança das sextas, apesar de nãoser das mais jovens e esculturais, Kiki dá um banho de ritmo e balanço, iluminando a sala com seusorriso e seus cabelos louros. Vendo Kiki pedalar esta manhã, me deixo levar pelo extraordináriopoder que a alegria tem sobre nós, num estímulo para a saúde do corpo e da alma: esta qualidadeenergética da alegria vem sendo insistentemente confirmada pela ciência e pela literatura médicacontemporânea.

Livre arbítrio: uma opção pela vida

Neste sábado, busco superar o cansaço da semana pedalando na bike número 18. Na academiaas bikes são numeradas; a gente reserva a preferida com uma hora de antecedência. Durante mais deum ano, sem perceber, pedalei na 19, número que simboliza o carma, com sua carga de dor,resistência e luta; mas hoje escolho mudar de aparelho: de acordo com a cultura judaica, o número18 significa vida, e é pela vida que opto neste fim de semana. Pela primeira vez, em mais de 30 anos,escolhi não comparecer à sinagoga para os rituais do Dia do Perdão; por mais que eu aprecie acultura judaica, não posso mais compactuar com esta ideia de um deus autoritário, que castiga oupremia, que condena ou perdoa, ao reservar-se o direito de nos conceder ou não mais um ano de vidaao fim de 24 horas de jejum.

Reconheço a sabedoria que existe nesses rituais, convocando a comunidade para um diadedicado à meditação, ao balanço da consciência; no entanto, com as mudanças evolutivas que adoteia meditação e a consciência desperta se tornaram para mim um modo de vida, uma condição inerentea todos os meus atos. O jejum tradicional nesse dia de orações — também não é mais necessário,com suas qualidades energéticas de limpeza orgânica, reciclagem espiritual e reflexão, alguns dosresultados cotidianos proporcionados pela dieta que a Culinária Evolutiva recomenda.

Esse processo voluntário de mudança me garante qualidade de vida e me dá pleno direito à

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alegria cotidiana, praticada pela Kiki com tanta naturalidade. Da cultura judaica, na qual fui educada,preservo para esta manhã uma lição preciosa: o número 18 agora, mais que vida, passa a significarvida consciente e alegre, enquanto deixo para trás, com pedaladas vigorosas, o peso da culpa e dospecados que a religião prescreve.

Um caminho de luz

A aula vai se aproximando do final e a música puxa o coro da turma: Its my life! Traduzindo doinglês, “Esta é a minha vida!” E sim, é a única que tenho; ainda que se prolongue por muitos planosde consciência e muitas vivências em companhia de um corpo, é uma vida única, um processoevolutivo contínuo, uma escolha consciente e constante. Como na bike de spinning, quem está nocomando desta vida sou eu, e escolho hoje viver esta única vida com alegria, saúde, sensualidade eprazer, numa dança onde meu ventre firme e ondulante convida todas as culturas para umaconvivência enriquecedora.

Saio da academia com Kiki; percebo que o tempo mudou, e no Rio agora a tarde é de sol. Dou amim mesma os parabéns por ter sido capaz de vencer o torpor e a rigidez que me ameaçavam hápoucas horas e estou contente neste fim de semana, ao comemorar a sabedoria de escolher a alegria,a beleza, a saúde. Acima de tudo, escolho viver minha própria vida, uma vida consciente, onde omestre interior pavimenta de alegria cotidiana o meu caminho.

UM SÉCULO DE CONHECIMENTO EM REVISTA

O século XXI deixou para trás um período intenso e pleno de transformações, e o homem que oadentra parece não ser mais do que um parente distante daquele ancestral de cem anos atrás. O ritmode mudanças, cada vez mais radicais e rápidas, nos presenteia a cada instante com um admirávelmundo novo, onde o conhecimento se expande, os hábitos se transformam, as habilidades humanas semultiplicam.

Nossa mente se amplia a nível físico, incorporando às suas capacidades o cérebro mecânico docomputador e a velocidade dos meios de comunicação. Com a internet, realizamos o sonho mítico deestar em vários lugares ao mesmo tempo, com acesso instantâneo a um mosaico de múltiplasrealidades, numa disponibilidade de informação nunca antes imaginada.

Neste ambiente contemporâneo, onde o saber transita com liberdade crescente, podemos tomarplena posse de nosso corpo. A pesquisa médica passa a ser pública e torna cada um de nós senhor daprópria saúde. Transformando nosso organismo num laboratório do novo, está a nosso alcance umaprofunda quebra de padrões e mudança de hábitos, que nos leva à expansão de nossos limites,refletida na quebra sucessiva de recordes esportivos, na longevidade crescente e no prolongamentoda juventude. O alimento que escolhemos acompanha esta evolução e é, cada vez mais, um remédioeficaz, uma avançada fonte de energia, um elixir de disposição e inteligência, e o melhor de tudo,sem abrir mão do prazer que a boa mesa proporciona.

Mudou nosso prato ou mudamos nós?

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Este corpo dinâmico, malhado, adaptado aos desafios cotidianos do futuro já não come maiscomo antigamente! Mitos e tabus são derrubados a cada momento e os alimentos se renovam atravésdo conhecimento nutricional, que nos dá uma enorme gama de escolhas baseada em nossasnecessidades reais. Se o século anterior viu nosso corpo mudar, testemunhou também a mudança dascores, dos cheiros e dos sabores em nossa cozinha. Encerrando este breve balanço de época, osfogos brilham, os vestidos cintilam, os sentidos se deliciam. Mas a gente não quer mais aquela rotinaantiga, beber demais, comer demais, pra se lamentar demais depois! Queremos aproveitar o prazerdo novo, com o bem-estar e a energia que ele traz. Já não somos tentados por aquilo que deixamospra trás e antecipamos um futuro de muita saúde e harmonia.

CELEBRANDO A QUALIDADE CÓSMICA NO ALIMENTO

Através da história de nossa civilização, o alimento foi sempre uma linguagem importante naexpressão do homem, individualmente ou em sociedade. Não há festa ou encontro sem comida: oalimento faz parte de nossa celebração, de nosso protesto, de nossa alegria ou angústia. Por outrolado, o alimento que escolhemos é uma resposta de nosso organismo ao chamado da evolução. Ocorpo do homem evolui e se adapta como resposta às exigências e ofertas do ambiente, do qual oalimento é parte essencial. Neste momento de nossa história, a ênfase no racional muitas vezes nostorna surdos ao chamado da intuição. Nossa dieta é, muitas vezes, a resposta a um falso estímulo,condicionado pela educação e por hábitos arraigados da sociedade que não correspondem mais ànossa realidade.

É preciso traduzir então, nos alimentos que comemos nossa consciência ecológica e espiritualmais desperta, nosso mergulho na riqueza energética e mágica que nos cerca, nestes tempos de umnovo homem, de uma nova consciência, de um Planeta Terra, em breve, renovado e vivo. Mas, vocêdirá, e o prazer em tudo isso? Será que temos de nos limitar para sempre a um montinho de folhassem sabor, a uma vida sem doçura, a uma consciência elevada, mas sem delícias?

Como cozinheira, este temor me acompanhou na trajetória de transição para uma alimentaçãosaudável, sem aditivos, gorduras ou drogas naturais, como açúcar e café, que costumavam dar saborà vida...

MANTENDO A CASA LIMPA: UMA FAXINEIRA DE FIBRA

Pelo menos num ponto o conhecimento médico de todas as épocas está de acordo: a boadigestão e um intestino regular são essenciais para a boa saúde. Me vem à mente aquele velho esórdido comercial de TV, com a atriz bonitinha — de pele sedosa e cabelos brilhantes — afirmando:“Para manter a saúde e a beleza, você deve comer muitas frutas, muitos vegetais frescos, tomar muitaágua. Mas se você não pode fazer tudo isto... Tome Lactopurga! Seu intestino vai ficar um reloginho esua pele, uma seda!”

Reflitam sobre a mensagem absurda desse anúncio: se você não pode comer uma comida gostosae nutritiva para manter sua saúde e seu corpo funcionando... Tome uma droga: torne-se dependente efaça a fortuna das empresas farmacêuticas!

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Pense por si próprio: uma atitude inteligente

Visto sob outro ponto de vista, o do homo sapiens, independente, livre e dotado de mente ereflexão, o anúncio aí de cima se trai: o que ele nos oferece é a verdadeira receita para a boa saúde,que leva certamente à falência os produtores do Lactopurga: frutas, verduras frescas, alimentosintegrais e muita água. E o que existe por trás de tudo isso? Muita fibra!

As fibras são um componente básico de frutas, legumes, verduras e grãos integrais e não sãodigeridas pelo organismo. Absorvendo água, incham até dobrar de tamanho, forçando o intestino aexpulsá-las, o que diminui o tempo de trânsito dos alimentos no sistema digestivo, elimina com maiorrapidez as toxinas resultantes da digestão e otimiza a absorção dos nutrientes, mantendo nossa casabiológica limpa e funcionando bem. A fibra, na verdade, é uma faxineira bem sabida: além de limpara casa rapidinho ainda segura a onda do açúcar, evitando que ele caia no sangue todo de uma vez.Alimentos com muita fibra tem baixo índice glicêmico – um conceito recente que desvenda osmistérios do excesso de fome e vem revolucionando o conhecimento sobre dietas, compartilhando otrono com a contagem de calorias.

Evitando os males da civilização

Já sabemos que o avanço da civilização faz heróis e vilões. O conhecimento é certamente umdos heróis; o comodismo, dos vilões mais perigosos. O comodismo nos leva a consumir fast food,alimentos industrializados, refinados, quase mortos: é assim que caímos no conto da farmácia, quenos promete longevidade e saúde em pílulas, sem esforço: sem esforço, atrofiamos! Ainda bem que oherói do século 21, o conhecimento científico, nos faz despertar deste torpor. Mais uma vez, é aí quea fibra entra, fazendo o intestino se mexer!

Desvendando a regra básica: refinado, renegado!

O consumo de fibras se baseia numa regra básica e fácil de seguir: quanto mais refinado eprocessado o alimento, menor seu teor de fibras, o que nos leva aos alimentos frescos, como frutas,legumes e verduras, e aos grãos integrais. Para os integrais, outra regrinha simples: quanto maismoreno, mais saudável! Evite arroz e farinhas brancos, pois o refinamento que os deixa branquinhostira deles o que têm de melhor.

Quando possível, evite descascar as frutas e legumes, pois é na casca que mora grande parte dasfibras. E um último segredinho: semente de linhaça, uma morena pequenina e eficiente, que já entrano intestino agitando. A linhaça é vendida em todas as lojas de produtos naturais; basta uma colher desopa por dia, misturada aos alimentos, e adeus, prisão de ventre!

ÍNDICE GLICÊMICO: A CHAVE DO METABOLISMO

Uma descoberta científica recente vem revolucionando todos os conceitos sobre dieta e trouxe aresposta que eu buscava há anos para uma questão básica, no que diz respeito à nutrição e à saúde: a

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chave do metabolismo, ou o prazer da boa forma sem a tortura da fome constante.Quem um dia fez dieta sabe como é difícil manter-se magro. Por algum tempo podemos suportar

a disciplina e a restrição; mas quando atingimos o objetivo e nos alegramos com o espelho,retomamos bem depressa a alimentação habitual e adeus elegância! Estudos demonstram: 95% daspessoas que seguem dietas de fome voltam a engordar. Este efeito iô-iô — engordar e emagrecer — ébem mais nocivo à saúde, segundo os médicos, do que o peso estável acima do recomendado!Ouvimos falar muito em reeducação alimentar, mas e a fome? O que fazer com a fome? Ah, comosonhei em conseguir desligar a fome! (sem remédios, é claro!) Sonhei tanto que acabei transformandoo sonho em realidade, através do conceito do índice glicêmico.

Insulina, a feitora do açúcar

Quase tudo que comemos acaba em açúcar: o açúcar — em forma de glicose — é, basicamente,o alimento do corpo e do cérebro, distribuído pela corrente sanguínea. O nível alto de açúcar nosangue faz o pâncreas produzir insulina, que é a responsável por transferir o açúcar para as células –emissoras da energia física – alimentando-as e mantendo seu bom funcionamento.

O índice glicêmico dos alimentos, que mede a velocidade com que os mesmos se transformamem açúcar através do processo digestivo, determina o mecanismo da insulina. Se o açúcar no sanguese eleva muito rapidamente quando comemos algo, a resposta da insulina é imediata: o açúcar étransferido depressa para as células, e o alerta da falta de açúcar — a fome — é acionado.

É preciso comer de novo com urgência: mais alimentos de alto índice glicêmico, mais insulina,mais fome... Um círculo vicioso do qual é difícil escapar, destruindo a nível biológico qualquer boaintenção de disciplina alimentar. Com o tempo, o corpo se torna incapaz de manter com eficiência omecanismo da insulina e desenvolve o hiperinsulinismo, precursor da diabetes tipo 2, fantasma queassombra a maioria das pessoas com excesso de peso.

Desconfiando das frutas

O consumo de alimentos refinados é vilão bem conhecido de quem busca a saúde através dadieta. O alto teor de fibras dos alimentos integrais atrasa a liberação do açúcar para o sangue e,portanto controla a insulina, mantendo estável o nível de açúcar. Mas das frutas, tradicionaisheroínas das dietas, quem desconfiaria? Pois as frutas — apesar de importantes e ricas em vitaminase fibras — têm, em geral, índice glicêmico alto, e seu consumo devem ser limitados a, no máximo,duas porções por dia. Substitua as frutas com vantagem, no lanche da manhã ou da tarde, por umaporção de bolo ou biscoito — com baixo índice glicêmico e alto teor de fibras.

Aeróbica: aliada da dieta, geradora de energia

Outro agente redutor da glicose no sangue, além da insulina, é a atividade aeróbica. Este tipo deexercício garante o consumo imediato do açúcar gerado por carboidratos e o equilíbrio da energiacorporal, evitando assim os excessos que se transformam em gordura armazenada e o efeito dohiperinsulinismo. É este o trio vencedor no pódio da boa forma: atividade aeróbica regular,alimentação rica em carboidratos de baixo índice glicêmico e o já conhecido controle de calorias. A

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proporção ideal dos nutrientes recomendada atualmente por organizações de saúde é: 55 a 60% decarboidratos (com baixo índice glicêmico, nunca é demais repetir), 20 a 25% de gordura e o restante,15 a 20%, de proteína.

Índice Glicêmico: alguns exemplos

Índice alto, superior a 100%: flocos de milho, pão francês, arroz branco e integral, milho,banana, passas, manga, mamão papaia, sorvete.

Índice médio, entre 50 e 80%: espaguete e outras massas, laranja, ervilhas e feijões, chocolate.Índice baixo, entre 30 e 50%: pão de centeio integral, aveia, maçã, pera, uva, pêssego, lentilha,

leite desnatado, iogurte.Índice baixíssimo, abaixo de 30%: cereja, ameixa, soja.

POUPANDO CALORIAS, LUCRANDO ANOS DE VIDA

De todas as pesquisas médicas em busca da longevidade surge uma descoberta definitiva: uma dietade baixa caloria aumenta a longevidade. Experimentos com ratos conseguiram dobrar sua expectativade vida ao reduzir o consumo calórico e são muitas as chances de que tal conhecimento, apesar deainda incipiente, possa estender-se ao gênero humano.

Muito já se especulou em torno da relação calorias x perda de peso, desde a antiga máxima“calorias não engordam” até a recente teoria do platô, que defende a ideia de que o baixo consumode calorias reduz o metabolismo, paralisando o processo de emagrecimento. A falsidade destes doisconceitos acaba de ser comprovada, e no sobe e desce do conhecimento biotecnológico, uma novaverdade aparece: comer demais desgasta o organismo, ofende a balança e acelera o envelhecimento.

Metabolismo: o mecanismo da sobrevivência

Nosso corpo é um organismo com grande capacidade de adaptação. Se comemos pouco, ometabolismo — que regula a produção e a queima de energia no corpo — torna-se mais lento, paraque as reservas energéticas atendam às necessidades. Por outro lado, como a ciência comprovourecentemente, se voltamos a comer mais, o metabolismo se recupera e volta à velocidade anterior,derrubando a falsa ideia do platô.

A restrição calórica, na verdade, parece resultar num metabolismo mais eficiente, que baixa onível da glicose no sangue. Estudos recentes com ratos e o verme C. Elegans parecem levar a umaconexão entre a restrição alimentar, os mecanismos da insulina e um estado de semi-hibernação queprolonga em até quatro vezes a vida destes animais. Caso seja comprovado que este estado dehibernação pode transformar-se em atividade normal através de uma adaptação genética, estaremosmais próximos do que nunca de descobrir a fonte da juventude!

Um complexo das cavernas

O organismo humano evolui mais lentamente que o avanço tecnológico. Por isso, nosso cérebro

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tem ainda a mentalidade do homem das cavernas, quando a comida era escassa e a sobrevivênciaconstantemente ameaçada. Nosso organismo ainda funciona em estado de alerta contra a fome, semdar-se conta de que temos comida mais do que suficiente à nossa disposição, o que nos leva a comerdemais...

Se no tempo das cavernas as reservas de energia — em forma de gordura armazenada no corpo— poderiam salvar vidas, hoje em dia se limitam a ser apenas isso: gordura armazenada, semperspectiva de uso, levando à obesidade e à degeneração precoce do corpo. Nos dias de hoje, praque comer tanto? Podemos mudar nossos hábitos alimentares de forma definitiva, baseando nossasescolhas no conhecimento e na consciência e adotando um novo padrão de equilíbrio. Caloria é amedida do potencial gerador de energia dos alimentos. Se a quantidade de calorias que ingerimosgerar sempre energia suficiente, não será necessário armazenar gordura!

Calculando a necessidade calórica com segurança

Para calcular com segurança a quantidade ideal de calorias nos baseamos na fórmula jáconhecida: 60% de carboidratos/ 25% de gordura/ 15% de proteína, partindo da necessidade básicade proteína. Em geral, 1g de proteína por quilo de peso é mais do que suficiente para uma pessoacom atividade física média. Cada grama de proteína gera 4 calorias. Assim, uma pessoa de 50 kg,por exemplo, com 50 gramas de proteína, consome 200 calorias, 15% do consumo diário total, queserá de aproximadamente 1300 calorias.

CONVERSAS COM O EU: UMA PRÁTICA MULTIDIMENSIONAL

Refletindo sobre a teoria do universo multidimensional e suas relações com a sabedoria oriental,descubro que o eu interior, ou eu superior, é nada mais que meu próprio ser atuando em outrouniverso de possibilidades. Esse universo alternativo é um celeiro de conhecimento, livrementedisponível para quem por ele se aventura, através da imaginação, da meditação, do pensamento, dosonho. Desde então estabeleci o hábito de procurar em mim mesma as respostas para questõesimportantes: converso com outros aspectos de mim como quem conversa com um amigo de confiança;meus cenários preferidos para estes encontros são a caminhada e, mais recentemente, a aula despinning, com o relaxamento mental que a prática proporciona. Algumas dessas conversascompartilho com vocês a seguir.

Ame a ti mesmo como se fosse o próximo

Encontrar a alma gêmea é, hoje em dia, sonho acalentado por muitos, uma promessa de amor,felicidade e harmonia que buscamos sem saber bem como. Esta busca foi por muitos anos a agulha daminha bússola, na trajetória pela vida. Tive até hoje pelo menos três “encontros de alma gêmea”,que, invariavelmente, me conduziram à decepção e à dor. Tais fracassos me fizeram deixar a procuraum pouco de lado, ao mesmo tempo em que passei a pesquisar meu próprio centro. Até quefinalmente compreendi: quero tanto encontrar a alma gêmea... — “Gêmea de quem?”, passei aperguntar, se nem sei exatamente quem sou!

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As almas gêmeas que encontrei no passado eram mesmo bem gêmeas da pessoa que eu era naépoca, uma pessoa que eu rejeitava, depreciava e, pensando bem, não amava nem um pouco.

Eu olhava no espelho e torcia o nariz: Por que tenho que ser esta mulher estranha, acima dopeso, problemática e triste? — eu dizia pra mim mesma, esperando que o príncipe encantado viesseme resgatar do pesadelo, me transformando milagrosamente em princesa consorte — doce e linda —de um momento para o outro. Mas o feitiço saía sempre ao contrário e os príncipes é que acabavamse tornando sapos, me humilhando e fazendo com que eu me sentisse mais insignificante do que umamosca que eles não queriam comer.

Cheguei a pensar que essa história de alma gêmea não passava de ilusão; hoje acredito que odestino me preservou. Quando encontrar a “Alma”, quero que seja gêmea de um Eu que eu possaamar e admirar, tanto ou mais do que acredito poder amar a um companheiro de vida.

Esta descoberta me conduziu a um processo de autotransformação profundo e sem trégua. Eumantinha como meta uma visão que tive, eu mesma, mas outra mulher, leve, flexível, de roupasesvoaçantes e cabelos ao vento, pedalando numa tarde dessas ao lado do meu amor. Aproveitei o lutoda solidão, o inverno da alma, pra semear uma quem sabe primavera, descartando as folhas mortas epodando bem curtinhos os galhos secos daquela árvore deslocada que eu não queria mais ser.

Não houve processo terapêutico em que eu recusasse mergulhar, por mais doloroso que fosse;deixei de lado as ilusões, fantasias de futuro, planos indefinidos e buscas milagrosas pra dedicar-mea um cotidiano cinzento de trabalho e luta de pesquisa e aprendizado. Reaprendi como respirar, comome exercitar, e, principalmente, como alimentar o corpo e a alma. Não houve conhecimentotradicional, educação, dogma ou “verdade absoluta” que eu recusasse analisar e, se fosse preciso,dispensar para sempre. Aberta a críticas, aprendi, no entanto a estabelecer um limite para os palpitesda família e dos amigos: não houve pessoa que eu hesitasse em deixar para trás, quando abalassedemais minha autoestima em fase de conquista.

Fui abandonando pelo caminho tudo que não me servia mais: excesso de móveis, excesso deroupas, excesso de livros, excesso de quilos, excesso de expectativas. Fui me depurando, cozinhandoa mim mesma sob pressão, até chegar ao básico, ao fundamental, à verdadeira essência, esta,certamente, um perfume raro e único: eu mesma.

Não aprendi a gostar de mim: simplesmente, me transformei na mulher que eu já amava emsonhos. Tornei-me uma companhia deliciosa e bela para os momentos de reflexão e relaxamento queme proporciono cotidianamente. Minha alma gêmea? Deixo-a solta, a flutuar no tempo e no espaço.Quando a encontrar, saberei gêmea de quem é. E sendo gêmea de um ser humano tão especial, tãoescolhido, tão bem amado, será também assim: especial, escolhida, bem-amada, atuante e acolhidaneste universo amigável, maravilhoso, harmonioso e rico em que vivemos. E que está bem vivo,pulsando, pleno de alegria, dentro de cada um de nós.

A VOZ DA CAMINHADA: OUVINDO A LINGUAGEM SAGRADA DOS SINAIS

É quarta-feira de manhã. Acordo com o sol e vou caminhar na praia, deixar a mente viajar. O diaestá claro e luminoso, mas não olho muito a paisagem em volta: caminho com os olhos voltados parao chão, como se estivesse à procura de algo para fixar a atenção. Não demoro a encontrar um fio delinha branco, que vai seguindo pela orla sem que eu veja o fim, e começo a segui-lo.

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Encontrei um caminho, um mestre, a saída do labirinto — fantasia a minha mente, treinada paraler nas entrelinhas e buscar significado em tudo. Fixo a atenção no fio e a paisagem em volta de mimtorna-se ainda mais inexpressiva, já que o fio condutor suga toda a energia disponível. Vou seguindoo fio sem questionar muito, mas o sol, o mar e as montanhas começam de repente a exigir o meuolhar. Me divido, preocupada em não perder o fio, e observo a paisagem com olhares furtivos; escutoseu chamado mas não dou muita bola e vou seguindo o fio... e o fio termina em nada! Uma pista falsa:parecendo tão firme e consistente, termina sem aviso na curva de um quiosque!

É bem assim — fala claro comigo a sábia voz dos sinais. O caminho parece firme, a genteadere e vai seguindo, abrindo mão da informação abundante e variada que o universo nos envia acada instante.

Meu coração compreende e se alegra com esse novo passo à frente. A atenção e a intenção firmesão as qualidades primordiais do guerreiro. Mas nunca, nunca feche seu olhar e seu coração a outroschamados. Fixar-se num fio condutor único é fácil demais, limitante demais. Entregar-se semrestrições a um só mestre ou caminho é uma opção apenas temporária: todo mestre é maravilhoso einesgotável apenas enquanto dura a transmissão de sua mensagem, num encontro que o destino jádesenha passageiro. A única verdade imutável é nossa própria verdade, que mora dentro de nós, eque custamos tanto a encontrar e compreender...

O único mestre cujo ensinamento não se esgota nunca é nosso mestre interior, muitas vezescalado e escondido, que nos conduz de passo em passo, de mestre em mestre, de caminho emcaminho... Este mestre pessoal é nossa conexão única e particular com a fonte espiritual da energia,do amor e da compreensão total! Decifre sempre por si próprio as mensagens sagradas de suaprópria vida — vai terminando a lição do dia a voz da caminhada. Aprenda com seus mestres,caminhe em sua viagem, siga cada fio condutor que te atrai: mas não abra mão, jamais, de suaindividualidade, de sua própria sabedoria, de sua intuição soberana, e de sua própria vontade!

INTOLERÂNCIA X AMOR INCONDICIONAL: O DURO APRENDIZADO DA VIDA EM FAMÍLIA

Chego do mercado numa manhã de segunda-feira, carregando como joias meia dúzia de caquis,rubros e esfuziantes, transbordando de vitalidade. É final de verão, e estas doçuras tropicais,saudáveis e nutritivas, ricas em vitamina C e betacaroteno, estão em plena safra. Me sinto bem,saindo de uma sauna sagrada, descongestionante e harmonizadora, preparatória da energia calmanteque vou usar amanhã, quando o Equinócio de Outono dará início ao ano astrológico. Meu corpomente e alma já antecipam com prazer o final de verão e o começo de uma época mais introspectiva efresca, que marca para mim um período de produção intensa.

Estou morando com minha mãe, uma mulher marcante, saudável e dinâmica — já senhora de seussetenta anos — e é para ela que ofereço, orgulhosa, os belos caquis, logo depois de entrar em casa.Não sou tão bem recebida como gostaria:

— Vi centenas hoje na feira do Leblon — desvaloriza ela — baratinhos, a um real a caixa!— Mas, mãe — respondo — hoje é segunda, e a feira do Leblon é na quinta!Ela se irrita, franze a testa e já vai se fazendo de vítima passivo-agressiva:— Está bem, estou louca então, completamente gagá, não quero mais conversar! — me vira as

costas, deixando-me a ponto de derreter em lágrimas, todo meu prazer e bem-estar esvaídos num

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instante.Assim tenho vivido; muitas vezes me pego discutindo com o espírito, tentando extrair desta

rotina dolorosa de decadência um aprendizado válido. Há pelo menos cinco anos a memória deminha mãe começou a apresentar sinais de deterioração: a família entrou em pânico, ao ver amatriarca, orgulhosa, autoritária e algo intolerante, enganar-se sobre a realidade com frequência cadavez maior, recusando-se a escutar quando a contradizemos.

Não existe em nossa família uma tradição de autoconhecimento, mudança de hábitos, evolução ecrescimento conscientes. Adotei para mim este caminho e fui rotulada de, no mínimo, esquisita echata. Mesmo assim, os sintomas de minha mãe me fizeram intensificar ainda mais a pesquisa sobresaúde e longevidade e incorporar ao dia-a-dia o novo conhecimento científico que prometeaprimorar o desenvolvimento neurológico do cérebro através de nutrição e suplementaçãoadequadas. Sob este ponto de vista, com certeza, me beneficiei, mas minha mãe fechou questão e senegou a adotar qualquer tratamento ou mudança; ao contrário, aferrou-se cada vez mais às suascertezas absolutas e à sua visão ilusória dos fatos. Cada vez mais ela acredita em si mesma e não temconsciência das peças que sua mente lhe prega; se tem, finge cada vez mais não ter, acusando todosem volta de desalmados agressores, querendo convencê-la de que está senil.

Quando passei a morar com ela nossa convivência foi, de início, quase impossível, tendo comoagravante a memória celular de nossa psique, a insistir na tradição cultural de ver os idosos comofonte de todo conhecimento, experiência de vida e sabedoria. É bonita, esta tradição; quisera praticá-la todo dia, reverenciando a matriarca e aprendendo com ela. Mas o próprio ritmo da civilizaçãocontemporânea faz com que o conhecimento enfrente revoluções diárias; a ciência e a tecnologia vãoderrubando padrões e verdades, sem piedade, exigindo de nós tremenda flexibilidade mental,humildade, aceitação, curiosidade e treinamento constantes.

Para manter sua posição de sábios ancestrais, os idosos de hoje têm que expandir suas fronteirasmentais, ao aceitar que sua sabedoria seja desafiada, transformada, adaptada cotidianamente a novasrealidades. Só isso já seria bem difícil; e a questão se torna ainda mais difícil quando eles serecusam a adotar novos padrões de saúde e comportamento, já que a cultura comportamental enutritiva tradicional do ocidente traz em seu bojo elementos nocivos à saúde e provocadores deinúmeras doenças degenerativas!

Tentei de todas as formas ajudar minha mãe com o conhecimento que acumulei; mas ela entrouem disputa comigo e o simples fato de a informação vir de mim já a tornava, a priori, desprovida devalor. Assim, senti que era melhor desistir, me entregar, e deixá-la viver seus anos como lhe dáprazer, senhora de seu orgulho e de suas certezas. Mente resolvida, era só pôr em prática a decisão...Que engano! Tão orgulhosa eu era, de meu conhecimento, meu equilíbrio, meu desenvolvimentoespiritual, de minha pretensa humildade, que sem sentir adotei o padrão de disputa: minha mentecompreende, mas em meu coração quero ser aceita como doutora, aprovada como sábia, endeusadacomo autoridade espiritual; como me iludi também com pretensas humildades e maestria...

Comecei então, novamente caloura, esta árdua caminhada, este aprendizado incomparável decrescimento, frequentando diariamente a escola do amor incondicional; lentamente, voucompreendendo o verdadeiro significado desta expressão, tão incensada e pouco praticada... Comtoda minha vontade sincera e intenção forte, caio todo dia na armadilha do orgulho, tentando provarpara minha mãe que eu estou certa e ela, enganada; que a feira do Leblon é às quintas, que o caqui dafeira está mais caro, que o fruteiro que frequento é superior em qualidade e preço, que ela marcou o

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compromisso para as três da tarde e se confundiu, que é ela que se engana, e não todos os demais...Ninharias, detalhes sem importância, pequenas realidades que não nos tornam mais felizes e atornam, com certeza, irremediável e cotidianamente infeliz.

Vou aprendendo, com dificuldade, a abrir mão de impor a qualquer custo minhas verdadesmesmo que as tenha como certas. Vou sendo treinada, através da dor, a me desapegar da necessidadede ser aceita, a não dar ouvidos a críticas improcedentes. Vou conquistando, passo a passo, esta joiapreciosa que gostaria, em breve, de engastar na coroa que me adorna a alma buscadora: ser capaz deum amor incondicional, acima de qualquer lógica, de qualquer julgamento, de toda discussão eorgulho.

As certezas de minha mãe não são mais válidas: isto não me dá direito algum de validar asminhas próprias. Num exercício cotidiano de amor e não julgamento, aprendo a aceitar a escolhadela de privilegiar a própria mente, de rejeitar tratamento, de se sentir íntegra e plena. Serei capaz,finalmente, de um amor incondicional, sem limites, quando puder aceitá-la como está, apoiá-la comoela quer ser apoiada, manter-me anônima nas pequenas melhorias que vou fazendo na casa, dar a elaconforto sem procurar reconhecimento... Tornar-me, enfim, realmente humilde, amorosa e madura,uma filha que toma para si, sem hesitações e regras, a tarefa de apoiar incondicionalmente a mãe emcada momento de nossa vida em comum.

DEIXANDO PARA TRÁS OS OPRESSORES AUTORITÁRIOS

Mais uma manhã na academia e eu estou lá, cedinho, pedalando.Tive uma semana difícil, um desentendimento em família e a crise subsequente de insegurança,

autodesvalorização, mágoa, tristeza profunda. Mas na aula de spinning mantenho a performance e jáconsigo pedalar intensamente por 45 minutos.

O professor solicita carga máxima: o corpo todo se dedica e se move numa dança pesada, numesforço enorme para vencer mais esta ladeira virtual. De repente, estou ao ar livre e meu sobrinhoadolescente pedala ao meu lado; seguem logo atrás os mais velhos da família, tentando nos alcançar.Mas eles são pesados, destreinados, comem mal. O peso da memória e da rigidez lhes restringe amobilidade. Se eles se sentem donos da verdade, esta verdade pesa, oprime; não sei como meusobrinho, uma criança do novo milênio, se sente a respeito. Mas a mim, o autoritarismo familiar cortaa respiração, sangra os pulsos, me impede de viver.

Sentada no selim, acomodada, pesada, minhas pernas mal se movem e me sinto numa prisão,restrita, sufocada, algemada: preciso reagir. À ordem do professor, que continua lá — dando aula emum nível paralelo de realidade —, mudo a posição dos braços (o paradigma da ação) e começo apedalar de pé; a carga parece aliviar-se, algum nível de liberdade já se faz sentir. Convido meusobrinho e vamos cada vez mais rápido, o corpo se adapta, evolui, a carga já não parece a mesma!

Reagimos, e pedalando de pé, olhamos para trás: eles estão lá, ofegantes — vítimas de seupróprio peso físico, mental, espiritual — mas tentam ainda nos alcançar, nos dominar: “Parem!Esperem!”, ameaçam. “Vocês vão se dar mal se seguirem em frente!” Mas eu e meu sobrinho jáconseguimos rir, livres do peso, só podemos ir em frente e a paisagem é linda, ensolarada, vibrante!

Deixamos à carga, o peso, a autoridade para trás e, com uma leveza e velocidade cada vezmaiores, nos entregamos à alegria de pedalar, ao fluxo de nossa própria vida, de nossa própria

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escolha, eu e meu sobrinho adolescente e sábio, companheiros de ousadia e liberdade.

UM COIOTE SAGRADO SE ESCONDE NA ACADEMIA

Entro na sala e reservo lugar num step na linha da frente. Me olho no espelho, confiro a boa forma,o tênis adequado à prática, ajeito o cabelo...

O aquecimento começa. As campeãs da turma estão de férias e, se há dúvidas quanto àcoreografia, só posso contar mesmo comigo, sem olhar muito para os lados. Minha companheira defrente hesita um bocado e, muitas vezes, erra o passo. A de trás se engana tanto na dança que nemparece estar com a mente concentrada ali, mas eu não me abalo. Vejo os enganos das outras e não medeixo levar: estou certa de ser capaz de evoluir numa performance correta. Minha competência naaula está acima de qualquer dúvida; conheço a técnica, sei o que estou fazendo e respondo divertidaa cada desafio, relaxada e contente!

O professor gosta de me provocar: ensina um passo novo, um rodopio de um pé só, e quandopeço um esclarecimento, ele me alerta:

— Este passo é pra profissionais!Sou capaz de me manter no centro e respondo:— E então, eu sou profissional! — e sem mais tropeço ou dúvida, rodopio facilmente,

comprovando a afirmativa ousada e segura... que me custou tempo, humildade, paciência, bom humor,espírito esportivo... e muita, mas muita persistência mesmo.

O coiote sagrado

Foi meu coiote interior que invoquei, beirando o desalento, quando há mais de dois anos decidiser caloura do step, uma técnica aeróbica de exercício, divertida e dinâmica, muito apreciada hojeem dia nas academias de ginástica. Coiote, seu demônio, você me enganou mais uma vez! Devosentar-me e pensar: por que você fez isso?

O coiote, dentre os animais sagrados do xamanismo, é o grande trapaceiro. Sua medicina, comcerteza, te faz rir, mesmo sofrendo. O coiote cai em sua própria armadilha, mas sempre sobrevive nofinal, até começar a aprender com os próprios erros. O coiote é sagrado, e nos ensina a ver comosomos bobos; ele se leva tão a sério que é incapaz de ver o óbvio. Com o coiote, aprendemos a ver aautossabotagem em nossos atos: é a medicina do riso, que nos desperta para novos pontos de vista.Rir de si mesmo e relaxar em nossos erros: eis aí a grande e antiga sabedoria que o coiote nos traz!

Quando comecei a praticar o step, o professor me via ali, intrusa, gordinha e desajeitada,tentando seguir a turma avançada. Como todos os verdadeiros mestres, foi impiedoso e exato,tentando me despachar pra turma iniciante; mas eu sou persistente, e conheço meu potencial. Jáestava bastante infeliz mesmo, deslocada no Rio depois de um casamento desfeito, fora de forma e decirculação. Decidida a me recuperar, a ser humilde, eu sabia que não ia desistir assim tão fácil.

Do ponto de vista do espectador, a aula de step parece impossível de seguir; aquelas meninasfazem passos malucos, rodopiam vertiginosamente, voam de um lado pra outro do degrau cor de rosaà sua frente, nem dá pra entender direito o que fazem. E é este, justamente, o segredo da técnica: nemtente entender! Entender é lento e tentando entender não dá tempo de seguir o passo. Então, a gente

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aprende a relaxar a mente e vai dançando na música sem entender nada mesmo! Participando da aula,a gente descobre que a coreografia vai sendo construída aos poucos: a gente vai por partes,ensinando a mente a dançar, relaxada e confiante.

Reescrevendo a dor com a alegria do esporte

Estou ligada pelos pedais a esta bicicleta fixa, mas minha mente está livre e voa, viaja certeiraem direção a seu destino. Estou no Parque da Cidade, em Brasília, pedalando em volta do lago.Estou bonita, sarada, relaxada, meus cabelos longos e vibrantes flutuam enquanto quase voo emminha superbicicleta. Meu marido está a meu lado, mas logo tomo a dianteira e posso senti-lo sorrirde orgulho ao me ver pedalar. Eu me devo esta visão.

Assim reescrevo em minha memória um tempo de muita dor, cobrança e amor incompreendido.Esse casamento terminou há dois anos, uma aventura internauta que começou mal com uma belíssimabicicleta embrulhada para presente!

Não aprendi a andar de bicicleta quando criança. Penso que minha extrema insegurança e omedo de cair me impediram de soltar o corpo nessa delícia de atividade. Como sabemos, é o medoque provoca todas as quedas! E eu caí, não da bicicleta — já que nela nem me arrisquei — mas numpadrão de insegurança, rejeição corporal e inadequação. Foram muitos anos de brigar com o corpo,até que toda a dor resultou numa pesquisa, cujo resultado se reflete nesta meditação/ visão onírica dehoje, visão onírica, mas bem fundamentada, já que se eu abrir os olhos o espelho da sala de aula medevolverá esta mesma imagem em outro cenário: uma mulher bonita, sarada, de cabelos longos ebrilhantes flutuando ao sabor do exercício.

Maridos à parte: como homens podem, às vezes, ser cruéis! E que engano cármico este, me darde presente de casamento uma bicicleta que eu só poderia usar com insegurança e esforço! Aprendijá adulta, a pedalar, mas nunca consegui fazer do ciclismo uma fonte de prazer. Pedalava sempretensa, com medo de cair, a ponto de criar calos nas mãos, agarrando o guidão como se fosse umatábua no naufrágio. Andei um bocado de bicicleta em Brasília, para evitar decepções e críticas:nunca entregue, nunca com gosto. Lutei muito contra o corpo em Brasília: meu marido constantementeameaçando não me querer mais por causa da celulite, que absurdo!

Foi assim que ele acabou perdendo esta mulher madura e bela, colhida no meio de uma crise porum casamento malsucedido. E foi em grande parte através da atividade física regular que medesliguei desse padrão biopsicológico inadequado. E me tornei capaz, nesta manhã radiosa dedezembro, de apagar da memória mais esta dor ultrapassada, me tornando mais apta, saudável eprodutiva, pronta a retribuir à vida a alegria que ela diariamente me dá.

ATENÇÃO PLURAL: O GUERREIRO CRESCE E APARECE

Os pedais pesam, transbordando de carga. Estou em pé na bicicleta, concentrando toda minha forçana tarefa de subir esta montanha íngreme, superar mais este obstáculo no caminho.

De repente, me vejo de fora e percebo a extrema tensão em meu rosto, pescoço e ombros, omaxilar quase trincado, apertando os dentes. Atravesso uma passagem dura e todo meu ser seenrijece, a dor aumenta, sinto o obstáculo dez vezes mais difícil do que realmente é, quase

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intransponível. Tento relaxar e vou conseguindo soltar os músculos, um a um, enquanto as pernasprosseguem em seu esforço concentrado. É possível! Me vejo agora pedalando pesado, meaproximando do alto do morro; já vislumbro o outro lado da passagem, desta vez aprendendo a dosara força, me mantendo solta, os lábios tão leves que posso até cantar, enquanto me concentro ainda notrabalho de me superar e seguir em frente.

Incorporo assim uma habilidade nova em minha trajetória de vida, a atenção plural: aprendo aconcentrar a mente em níveis integrados, mas independentes. Obstáculos existem, sim: são parteintegrante da riqueza de estar vivo, oportunidades preciosas de aprendizado e evolução. Osacomodados não crescem; um caminho plano, reto demais, entedia o viajante, anestesia os sentidos,conduz à estagnação. Por outro lado, armar-se a cada desafio com a armadura e a tensão de umgladiador nos exaure as forças, nos rouba energia, nos cega a visão ampla e clara.

Mais uma vez desponta aqui, cintilando à luz da sabedoria, o caminho da moderação:concentrar-se no obstáculo, sim; acumular energia para vencer o desafio. Vestir de luta, entretanto,somente aquela parte de nós que o desafio provoca, deixando livres todos os demais aspectos do ser!Se usarmos toda a força das pernas pedalando morro acima, fazemos da parte superior do corpo umnovo ente, relaxado e livre, mantendo a mente amplamente alerta, apesar de focalizada no embate.Mesmo que nossa energia disponível se concentre intensamente num ponto, sabemos como encontrarmais energia, enquanto permanecemos alerta ao mundo em volta.

Se entregar, sem se esgotar

Descubro então mais um segredo dos guerreiros imbatíveis, que lhes permite esgotar oadversário muito, muito antes que brote da fronte a primeira gota de exaustão: entregar-se de corpo ealma à vida, sem esgotar, no entanto a fonte de energia vital. Nos reconhecemos agora como os seresmúltiplos que somos: multicelulares, multifacetados, multiplicados ao infinito por um comandosimples de nossa mente plural!

COMPETÊNCIA X TRUCULÊNCIA: REVISITANDO O ARQUÉTIPO DO INVASOR

Quando tudo parece calmo e equilibrado, uma avalanche de mudanças vem sacudir a rotina, emmais uma valiosa lição de desapego, fidelidade e integridade guerreira. A imagem física que oespelho me devolve na academia corresponde à imagem que, em sonhos, intui e planejei: a memóriade gorda vai aos poucos se diluindo, se apagando em minhas células. Os hábitos saudáveis são parteintegrante de minha vida: minha língua nem se recorda mais dos sabores excluídos; a pesquisaculinária enriquece a Cozinha Evolutiva com os aromas e gostos mais deliciosos e exóticos.

Hoje, no entanto, estou triste. Minha mestra de spinning, a mulher delicada, forte e competenteque me iniciou nessa nova visão da prática esportiva, está se desligando da academia. O spinningtransformou a relação metabólica do meu corpo; permitiu, com sua dinâmica hormonal exercitando océrebro, que eu conhecesse uma nova técnica de meditação e transformasse em meu DNA, com estaferramenta, muitos padrões ultrapassados de rigidez e até mesmo traumas de vidas passadas que euainda precisava rever.

Mais do que tudo, a prática diária do spinning me forneceu um novo e surpreendente ponto de

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encontro com a alegria e a autoestima. Por todos estes presentes, sou grata à Gabi, mas chegou a horade me separar dela — como já aconteceu com outros mestres — e prosseguir em meu caminho; maisuma vez, experimento as já conhecidas sensações de perda, insegurança, desapego e instinto desobrevivência que caracterizam despedidas e fins de ciclo.

Adaptando-se às circunstâncias

O novo professor é competente, mas não chega sozinho; traz consigo os seguidores, barulhentose agressivos. Como tratores de terraplanagem, vêm tomando conta do terreno sem distinguir as ervasdaninhas das medicinais. A memória ancestral em minhas células sofre com a mudança, ao reviverem níveis profundos as dores dos povos nativos sendo invadidos, aviltados e invalidados pelosconquistadores, na época dos descobrimentos. Meu guerreiro nativo, em estratégica retirada, escolheuma bicicleta no fundo da sala, à espera de dias mais favoráveis ao reconhecimento de sua expressãopessoal como parte de uma comunidade harmônica. A truculência, com certeza, coleciona vitórias;vitórias não mais que temporárias, porém. A riqueza do conhecimento nativo vem recuperandoprestigio aceleradamente em nossos dias e ganha, cada vez mais, status de ciência reconhecida.Separando o joio do trigo, vamos deixando de lado misticismos ilusórios e superstições, paraincorporar ao conhecimento humano uma riqueza ancestral de comprovado valor.

Desta forma nos recuperamos de ataques e julgamentos injustos: o tempo é juiz de valor,eficiente e incorruptível, único instrumento capaz de restaurar a verdade. O processo histórico acabapor destacar os verdadeiros mestres entre os muitos falsos avatares, transformados pelo tempo emídolos decaídos. Subjugadores e subjugados seguem caminhos distintos no desenvolvimento dasituação que partilham: as vítimas de abuso, com sua autoestima momentaneamente abalada,transformam-se em severos juízes de si próprios; a insatisfação daí resultante os leva a buscar otrabalho sobre si, o aprimoramento, o incessante perseguir da verdade e da integridade. Autoridadesinvasoras, por seu lado, certas de seu poderio e imbuídas de uma sensação ilusória de força esuperioridade, buscam perpetuar a rotina de abuso e falham no reconhecimento da evolução constantee do crescimento de suas vítimas: estas distorções emocionais de comportamento acabam porrestaurar a ordem correta, garantindo a aceitação dos valores reais e comprovados e reparando osdanos.

As virtudes dos guerreiros

Mais uma vez aqui, se valem os guerreiros da verdade de suas reconhecidas virtudes: apaciência, a entrega, a confiança, que atribuem no devido prazo, a vitória à integridade e à sabedoria.O recolhimento e a retirada não passam de estratégia na reconstrução de uma comunidade fiel,fortalecida pela humildade, pela esperança e pela verdadeira competência, que aguarda o momentocerto de se manifestar e recuperar sua trajetória. Reconheço-me como parte desta comunidadesubjugada, destas vítimas de autoritarismo indevido, dos que se tornam involuntariamente ferozescríticos de si mesmos e se lançam, com dedicação ilimitada, ao aprimoramento do eu. O spinningtransforma-se para mim, uma vez mais, em valioso instrumento de evolução e aprendizado,permitindo-me vislumbrar, por fim, a conclusão deste doloroso ciclo de mudança, coroado pelobrilho maravilhoso e indiscutível da realidade, do talento autêntico e do amor.

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RECONHECENDO OS VÍCIOS

Se nossa época é um período excitante da história, pleno de descobertas e inovação tecnológica étambém o cenário de muitas tensões e vícios, numa tentativa desesperada de escapar à ameaça doestresse, semente de quase todos os males que nos afligem; o corpo, buscando conforto a qualquerpreço, muitas vezes se refugia em práticas prejudiciais, e o remédio, nesse caso, pode ser pior que adoença. Todo padrão de comportamento, no entanto, pode ser alterado, e o primeiro passo nocaminho da transformação é a consciência desperta da necessidade de mudança.

Cigarro: obstruindo os caminhos do espírito

Eduardo é sensível e dedicado, um buscador. Seu trabalho é de primordial importância,divulgando tendências de crescimento e desenvolvimento humano. Eduardo é sensitivo, e acreditaemprestar seu corpo a entidades que o ocupam (e preocupam) sem que Eduardo possa exercercontrole sobre elas. Contra a invasão abusiva de entidades Eduardo só conhece um remédio: ocigarro.

Laura é terapeuta nutricional. Atuante e pesquisadora, Laura desbrava cotidianamente os limitesda saúde humana nos níveis físico e espiritual; convivendo com os males da sociedade tecnológica,Laura acredita-se agredida pelo ambiente e pelos alimentos. Segundo Laura, somos todos vítimasindefesas de alimentos irradiados e transgênicos, francamente nocivos à saúde, numa quaseinevitável sentença de morte. De tão preocupada com o bem-estar humano, Laura trava uma lutadiária contra o estresse; para seu alívio só conhece um remédio: o cigarro.

Um médico americano bem conhecido, pesquisador da longevidade e de qualidade de vida,mantém uma extensa lista de emails e envia semanalmente a seus assinantes preciosas dicas de saúde;entre seus best-sellers está uma dieta bastante radical, elaborada para a limpeza orgânica eotimização das funções vitais, tendo como objetivo final prolongar a vida. O médico recomenda quesua dieta seja adotada aos poucos, e entre os primeiros conselhos que dá destaca-se este: “Se vocêfuma esta não é uma boa hora para parar, pois minha dieta, ao transformar profundamente padrõesalimentares, provoca certo nível de estresse, que poderá ser agravado se você deixar o cigarro.” Aoreceber o email com este conselho “saudável”, solicitei o imediato cancelamento de minha assinaturana lista do famoso doutor e nunca mais ouvi falar de suas pesquisas.

Escolhendo crescer: o primeiro passo

Quanto a Laura e Eduardo, são pessoas cujo valor reconheço, e que mantenho em meu círculo deamizades; muitas vezes já critiquei seu apego absurdo a este ato que causa comprovado prejuízo àsaúde. Para mim, abandonar o cigarro é o primeiro passo no caminho do crescimento, uma opçãoprimordial no caminho evolutivo, mas ao me aprofundar na análise dos motivos de Eduardo e Lauradescobri o efeito básico do vício nos seres humanos: antes de envenenar e corromper o organismo, ocigarro amortece e bloqueia a consciência e as vias energéticas do corpo, impedindo a livrecirculação do espírito através dos níveis corporais sutis. É por isso que, ao fumar, Eduardo acreditapoder bloquear a invasão das entidades; ao mesmo tempo, porém, bloqueia suas possibilidades de

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evolução e crescimento espiritual. E Laura, por seu lado, ao sentir-se tão ameaçada por estarsimplesmente viva, escolhe alimentar sua psique com o cigarro, usando a intimidade com a mortecomo escudo protetor.

Evitando a consciência e amortecendo as sensações

O cigarro, acreditem, é a antítese da consciência, um amortecedor de sensações, um anestesiadorda mente. Os fumantes se mantêm convenientemente afastados dos grandes prazeres da vida: nãopodem sentir plenamente o sabor dos alimentos, os aromas da natureza, o vigor da mente ativa.Incapazes de mergulhar profundamente em busca de si próprios, se mantêm na superfície dasemoções queimando regularmente um estúpido canudinho de papel, recheado de agentes causadoresde câncer e outras doenças. Pessimistas por natureza, não acreditam ser possível à sobrevivênciafutura do planeta: já se adiantam à catástrofe e, aproveitando o que a vida moderna tem de pior, seoferecem em sacrifício à fogueira de maus hábitos que garante a clientela dos planos de saúde e olucro do sistema médico oficial.

Tornar-se consciente parece assustador. É duro, sem dúvida, despertar deste torpor que anestesiaa maioria de nós. O caminho da evolução e do crescimento é cheio de tropeços e a perda de ilusõesé, por vezes, bem mais dolorosa que sua manutenção. Portanto, se você não se sente suficientementeforte para seguir vivendo, não abandone o cigarro: esta droga pode mantê-lo adormecido e meiodopado pelo breve tempo de vida que o vício, benevolente, irá lhe conceder. Um breve olhar, noentanto, uma piscadinha de leve, um rapidíssimo lampejo de consciência pode ser suficiente paraatraí-lo de volta à plenitude da vida.

Somos nós, companheiros, que projetamos o futuro deste planeta. Cada um de nós é uma célulavibrante deste universo, microscópica, porém primordial. Nenhum de nós é insignificante ou perdido,como quiseram nos fazer acreditar através da moral reducionista das religiões. Cada ser humano éum poderoso gerador de vibração vital, muitas vezes abafado por um sistema falho de crenças queprecisamos transformar. Se você escolhe ser parte desta emocionante revolução dos sentidos,propulsora de nossa evolução, não hesite em dar o primeiro passo: apague até mesmo a ideia docigarro. Limpe de sua mente a imagem dos canudinhos nocivos: o corpo acaba por reciclar-se,cicatrizando o dano que esse velho hábito causou. Sabemos que a fabulosa engrenagem biológicahumana se renova por completo periodicamente: é esta chance de recuperação que a naturezagenerosamente oferece a todos que escolhem o despertar para a vida plena. Não lhes parece atraenteeste convite?

O mundo novo está aí, e nele reina uma restrição soberana e incontestável: para sua saúde emáximo prazer, é proibido fumar.

TEM NOVATA NO SPINNING

Ela chega para sua primeira aula, ansiosa, pesada e impaciente: ouviu dizer que o spinningemagrece e veio provar o milagre: quer perder rapidamente os muitos quilos a mais que carregaacumulados em outros tantos anos de vida. A novata escolhe na sala ainda vazia uma bicicleta ao meulado; ajusta o assento, coloca no suporte a infalível garrafinha de água, me pergunta se já estou há

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muito tempo com aquele professor e começa a me copiar os movimentos, poluindo a vizinhança como perfume forte que escolheu para sua manhã de estreia na academia. Quero ajudá-la e, procurandorespirar sem inalar seu aroma intoxicante, tento fazê-la compreender que a concentração na aula é acondição primordial do sucesso: não posso trocar ideias enquanto me exercito. Nos intervalos damúsica, no entanto, percebo que ela não bebe a água caprichosamente acondicionada na garrafinhafashion; preocupada, abro um parêntesis na concentração, para adverti-la de que é preciso beberágua e manter-se hidratada durante a aula.

Ela prossegue, resfolegando, tentando seguir meu passo, arduamente conquistado em dois anosde treinamento; dois terços da aula se passaram e nada da novata beber água. Alerto para o perigo deum mal estar súbito e até mesmo um problema no coração por causa da falta de hidratação: elaafirma, mentindo (até pra si própria), que já bebeu água e que não vai lhe acontecer nada. A aulatermina e pergunto qual é o objetivo dela ao praticar spinning, já antecipando a resposta; digo a elaque beber água é a regra básica para o emagrecimento, e fora da aula é preciso beber no mínimo trêslitros ao longo do dia. Ela responde meio mal humorada, que bebe “muita” água, mas não querespecificar o significado de “muita”. Imagino que da mesma forma como bebe “muita” água, elaacredita que não come “nada”. Imediatamente a novata me dá as costas, já não quer me fazerperguntas nem ouvir os conselhos que pediu durante a aula.

Uma receita de fracasso

Reconheço nessa moça o comportamento teimoso, obsessivo e iludido de grande parte daspessoas que pretendem emagrecer numa academia de ginástica. Já passei por isso, e consegui chegardo lado de cá da fronteira, pesquisando, aceitando com humildade as orientações dos mestres devalor reconhecido e destilando minhas ilusões, desconfortos e medos em textos publicáveis: hoje emdia sou saudável no corpo e na alma, mantenho a forma física, o equilíbrio emocional e atranquilidade espiritual. Malhar, suar, passar fome e sugar energia das “estrelas” da academia são osingredientes mais comuns da rotina diária de quem quer emagrecer sem se transformar: são tambémreceita inevitável de fracasso. Não considero o desejo de emagrecer rapidamente um objetivoválido; o que devemos buscar é uma mudança de hábitos definitiva, um reconhecimento do ponto deequilíbrio do corpo através da eliminação de vícios alimentares e de comportamento.

Construindo o sucesso passo a passo

Para construir uma boa base, começamos por evitar o estresse e curar as emoções doentes; é,sim, um processo doloroso e prolongado, mas os resultados são garantidos. Sem uma base emocionalestável, até podemos perder alguns quilos, para recuperá-los em seguida enriquecidos de maisalguns. Observo aqui um erro comum no caminho de quem busca a transformação: as terapias eworkshops que tratam as emoções costumam deixar o corpo de lado; muitos terapeutas holísticosdesprezam o treinamento físico e nos convidam a “aceitar” o corpo, como se este fosse uma cargainevitável, e não uma fonte ilimitada de prazer, alegria e energia. Já a prática nas academias colocaseu foco míope na vaidade, na aparência física e na construção de músculos, esquecendo que essecorpo é um instrumento na orquestra da mente, executando a música da alma. Para obter sucesso noprocesso de mudança é preciso reconhecer no ser humano um organismo integral, um veículo vivo de

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energia vibrante.

A sabedoria da tartaruga

Planejar a longo prazo, para quem se vê acossado pelo desconforto do excesso de peso e dasdores emocionais, é uma tarefa difícil, na fronteira do impossível. A tartaruga é, neste processo, amais sábia das mestras, trilhando a maratona da vida num passinho depois do outro e carregandoconsigo a morada. Somos a morada exclusiva e única de nossa essência, e para onde vamos, nossacasa vai acoplada; não há como eliminar etapas no caminho do crescimento, e a harmonia do corpo eda mente nada mais é que o resultado de uma maturidade bem construída. O que sei hoje, aprendi nadolorosa escola da minha própria experiência, onde a pressa de crescer (e emagrecer) fermentou oatraso dos resultados. Por trinta e três anos a frustração e a inadequação cozinharam o bolo soladoque a impaciência me condenou a comer; adolescente gordinha fui acumulando nas couraçascorporais, já carregadas de dor emocional, uma sucessão de dietas malucas malsucedidas. No dia doprimeiro casamento, consegui uma volátil cinturinha de vespa para enfeitar a noiva; já o segundomarido, impiedoso (e exagerado), condenou a esposa pelo crime de celulite aguda.

O túnel do tempo sempre acaba em luz

Ignorando toda impaciência e ansiedade, o tempo passou com seu ritmo próprio; às vezes gorda,às vezes nem tanto, fui mergulhando cada vez mais fundo no inconsciente, larva corajosa, muitasvezes perdida e sufocada no casulo. Um dia, acordei borboleta e o passado virou livro. A crescentesaúde da alma atingiu o nível em que me permiti adotar o caminho certo em direção à saúde docorpo: quando fui finalmente capaz, consegui eliminar da rotina diária os hábitos e padrões que mefaziam mal. Não faço “dieta”: alimento meu corpo com o que lhe dá prazer, e nessa rotina de prazer,mais que chocolate ao leite, destacam-se o bem-estar, a disposição e a imagem cotidiana no espelho.Não “malho” na academia: exercito meu corpo e dou a ele a dosagem correta de movimento para aqual foi projetado.

Aos meus leitores faço um apelo: não percam as esperanças ao ler este relato. Ele termina comum conselho infalível, um começo auspicioso na direção de um resultado brilhante; receito aosiniciantes (e aos veteranos também) um remédio abundante e grátis — guardado na garrafinhafashion ignorada pela caloura de spinning — uma chave mestra para abrir o cofre da boa formafísica e mental na busca da excelência energética: Beba muita água!

REFLEXÕES SOBRE O CALVÁRIO DA COMPULSÃO

A Páscoa é a festa da liberdade. De acordo com a história judaica – de onde se origina a tradição— a Páscoa comemora a saída dos judeus do Egito, livres da escravidão. Em sua fuga, levaramconsigo uma massa apressada de pão, não fermentada; e durante 40 anos, conta o mito bíblico, opovo foi alimentado no deserto apenas pela abundância divina, em forma de maná. Atenção especialé dada à dieta durante os sete dias de duração da Páscoa judaica: o pão fermentado é proibido e secome apenas matzá, uma espécie de cracker feito de farinha de trigo e água. À primeira vista, esta

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restrição pode parecer algo penosa, mas se dá exatamente o contrário: começando pela ceiainaugural da Páscoa, o uso da matzá e de sua farinha dá origem a pratos tradicionais de sabor único,que só são degustados nessa época.

O copioso cardápio tradicional da noite de Páscoa já foi muitas vezes comentado e pode igualar,e até superar, os excessos alimentares praticados nas ceias de Natal e Ano Novo. Por muitos anos oalarme da compulsão soou estridente em meu corpo nessa noite de festa familiar. Com todo otreinamento, evolução e transformação física, para minha tristeza e decepção, ainda não foi desta vezque comemorei a libertação do corpo, a Páscoa verdadeira e harmonizadora me liberando dosgrilhões escravizadores da compulsão alimentar... Descubro que ainda trafego trôpega pelo desertoda transformação; não completei os simbólicos 40 anos, necessários para deixar para trás um velhocorpo, viciado e afogado em padrões. Ainda não estou pronta para me fazer morada da nova energiahumana, que o processo natural de evolução vem tornando disponível no planeta.

Sábado de manhã, já o descontrole se anuncia. Minha mãe me pede ajuda e lá vou eu para acozinha, deixando de lado meus princípios culinários extensamente pesquisados; livro de receitastradicionais ao lado do fogão, vou lidando com copos e mais copos de açúcar e manteiga; consigo,pelo menos, evitar as gorduras animais e a fritura. Logo depois, na academia, deixo minha mentearriscar-se no pensamento viciante: Vou malhar bastante, pra poder comer bastante depois! Estáaberta a fissura por onde a perigosa energia da compulsão se prepara para penetrar.

À noite, mesa posta, família reunida, começo por uma taça de vinho e acabo nas farinhas, açúcar,e até creme chantilly! Mais tarde, na cama, mal posso dormir e pareço sentir todas as viascirculatórias — sanguíneas, nervosas e energéticas — bloqueadas pela lava fétida, expelida pelovulcão feroz do exagero.

Como de hábito, me levanto cedinho na segunda-feira — o domingo se desvaneceu no cansaço ena inconsciência —, mas o corpo dói e não reage à energia deliciosa do despertar. As pernas doemdo excesso de ginástica, o estômago mal se refez da digestão pesada, a cabeça —estranhando o vinho— flutua ainda nas névoas da ressaca alcoólica. Na sauna, a culpa judaico-cristã arraigada emminhas células me faz compartilhar um pouco da dor de Cristo na cruz...

Fecho os olhos e uma fantasia herege me transporta para a última ceia, Jesus e seus discípulos àmesa, devorando os quitutes tradicionais de Páscoa; a alegria e a harmonia familiar parecemsoberanas, mas a compulsão, traiçoeira e calada como Judas, começa a se infiltrar. A ceia termina etodos estão exaustos, impotentes e entulhados de comida; Jesus, sem energia, nem consegue reagiraos guardas romanos que vêm buscá-lo e se entrega conformado ao calvário do corpo, exausto egasto, crucificado pelo excesso.

Aos olhos de quem observa as mudanças alimentares tão necessárias à evolução parecem mesmoum calvário, mas quem se decide a adotá-las está, na verdade, preparando e adaptando o corpo paraque possa receber um nível mais elevado de energia, numa futura ressurreição celular; o verdadeirocalvário do corpo, passa pela compulsão e pelos hábitos alimentares ultrapassados. Como Jesus, oque abandonamos na cruz, durante o processo de mudança, é um corpo mal educado pela sociedade,viciado em padrões que já não servem à evolução.

Visualizo então a verdadeira Páscoa do corpo, a verdadeira libertação, o estado crísticopermanente de equilíbrio e gozo energético que quero para mim. As mudanças que adotei adquiremum novo sentido e posso finalmente entender como me preparo para ser o invólucro de um estado dealma mais elevado, adaptado aos novos tempos.

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A fantasia termina aqui e não é mais herege, como a culpa ancestral me levava a pensar; a liçãoque acabo de aprender se espelha no ensinamento amplo, multifacetado e maravilhosamenteadaptável a qualquer situação, nos permite mergulhos libertadores e ilimitados, disponíveis emvários níveis de consciência, sempre que o aprendizado da alegria se tornar urgente: pouco importapor que porta a dor da limitação tradicional humana nos conduz.

Uma arma fatal contra a compulsão alimentar

O feriadão se aproxima e o professor começa a aula, incentivando o aquecimento:— Vocês vão comer muito nestas próximas semanas, cheias de feriados — alerta ele. — Sem

malhar, vai voltar todo mundo gordinho!A simples menção do excesso alimentar já me causa enjoos e, na verdade, atrapalha o

aquecimento para a aula. Não, para minha profunda tristeza, não estou ainda imune aos exageros. Éque me antecipei um pouco aos fatos e já me entreguei à compulsão no último fim de semana, durantea ceia da Páscoa judaica!

Comecei o dia da ceia cheia de boas intenções, mas “por segurança” já fui exagerando naacademia, de manhã. Não sei se evitei ganhar quilos, mas, certamente, consegui uma boa dor naspernas, por conta do excesso. E, já que malhei, vai abrindo espaço dentro de minha mente o velhoraciocínio compulsivo, que eu já acreditava vencido, “porque não comer um pouquinho mais?” Aprimeira taça de vinho tem como desculpa o brinde; devargazinho, discretamente, a taça vai sendoseguida por outras, e mais uma provazinha no prato de massa feito de farinha de trigo refinada erefogada no óleo. Na hora da sobremesa, uma — seguida de várias — aprovadinha na torta, afinal decontas fui eu mesma quem a fez, com açúcar e creme de leite, pra colaborar com o estilo alimentar dafamília. Quem me lê sabe que nenhum desses ingredientes faz parte do meu cardápio, e a razãoprincipal é seu alto teor glicêmico, protagonista das cenas compulsivas.

À primeira vista, parece que a gente exagera nos jantares comemorativos pra festejar acompanhia; mas tenho razões, hoje em dia, para acreditar que o real motivo é outro. Talvez seja prase proteger da companhia... e das críticas, da energia invasiva associada a estes encontros. Aindapior: pra nos proteger de nossas próprias dúvidas. É um trabalho duro este, de contestar verdadesaceitas e incentivadas pela sociedade. Essa opção pela mudança é difícil e sinaliza, no início, umcaminho solitário; mas acredito que ao longo do tempo mais e mais pessoas conscientes nos farãocoro.

— Está bem, tudo bem — já protestam alguns leitores, reconhecendo, com alguma impaciência edolorosa intimidade, os sintomas que descrevo. — Mas, e a arma fatal? Você nos prometeu uma armafatal!

Sim, a arma fatal é a sessão de spinning no day-after! Bem diferente do bem-estar quecostumamos experimentar nesta prática e que já vamos otimistas, procurando como compensação, oque encontramos é um entorpecimento angustiante. As pernas pesam, o fôlego ofega, e, maisangustiante ainda, o gosto e o cheiro das comidas inadequadas da véspera começam a brotarinvoluntariamente em nossa língua... A sensação da fritura, o gosto de gordura usada, inaugura atortura digna de Stanley Kubrik no filme “A Laranja Mecânica”. O enjoo vai tomando conta enquantoum sintoma de hambúrguer mal digerido nos agride, mesmo que a gente tenha evitado a carne. Nossamemória celular vai recordando, um a um, os ingredientes do festim. O processo se completa com um

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cheiro forte e atordoante de álcool, parente próximo daquele aroma desagradável e enjoativo devinho derrubado acidentalmente no chão. Mesmo respirando profundamente é difícil escapar do mal-estar, quase desmaio, que provoca essa limpeza compulsória do organismo agredido. E, não seanimem a gente não se livra desse processo em uma única sessão: o mal-estar perdura, apesar demais suave, por alguns dias... Mais eficaz do que qualquer remédio, esse processo alquímicoconsegue desarmar em nossas células o gatilho do padrão compulsivo. Pode ser que a compulsãoainda nos ataque uma ou duas vezes depois da experiência, mas, certamente, acabará por desistir denós.

A diferença espantosa entre as sessões normais de spinning e esta que acabamos de descrever éa mesma diferença que existe entre os dois estados evolutivos que experimentamos, antes e depoisdas opções alimentares! Uma alimentação adequada nos mantém em equilíbrio harmônico, de prazerconstante. A compulsão alimentar talvez nos proporcione um prazer momentâneo, mas ilusório ebreve, imediatamente seguido de um incômodo agudo e prolongado, como acontece com o consumode outras drogas. De acordo com nossa escolha, o alimento pode ser fonte de energia e delícia, oudroga poderosa, debilitante e cíclica, que acaba por nos sugar a energia corporal disponível. Porisso reflita, experimente, e aceite este convite... com garantia de saúde e longevidade, é certamenteuma opção que vale a pena!

VICIADA, EU?

Meu mestre interior solicita, com urgência, que eu pare de tomar café. Eu já vinha pesquisando osefeitos adversos da cafeína no corpo, e optava, quando possível, pelo descafeinado; mas odescafeinado, com seu baixo teor de cafeína, tinha a contrapartida de um alto teor de químicos eprocessamento...

Quase não tomo café — ponderei com ele, na esperança de poder conservar o cafezinho datarde e o expresso delicioso que eu tomava todas as manhãs no Frans, ao sair da academia. Mas esteargumento, sabemos, tem suas falhas, e este “quase” pode significar uma boa quantidade malavaliada. Antes de decidir-me a atender ao pedido, estudei os possíveis efeitos da abstinência decafé.

— Abstinência? — posso até escutar sua surpresa, leitor. — Não seria um termo um pouco forte,destinado às drogas e ao álcool?

Confesso amigos, era o que eu também pensava. Finalmente me decidi e pronto, de um dia para ooutro cortei o consumo de café a sangue frio. De todas as mudanças graduais em minha alimentação,essa foi a mais difícil. No dia seguinte acordei com uma tremenda dor de cabeça, que persistiu porquase uma semana; era o pior sintoma, somado a outros pequenos incômodos como enjoo, mal estargeneralizado e uma forte queda da energia vital. Todos os sinais de uma abstinência clássica,descritos nos textos que estudei, estavam ali, para meu espanto. Viciada em café, eu? Era difícil deacreditar que dois cafezinhos e um expresso diários pudessem provocar tamanha dependência emmeu organismo! Com um bocado de coragem suportei a enxaqueca contínua sem tomar analgésicos, jáque todos os analgésicos contém cafeína em sua fórmula! (Eu nem sabia, enquanto não tive um motivoforte para ler nas bulas as fórmulas de medicamentos, prática que adotei naquela época e mantenhoaté hoje).

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Passada a crise, nunca mais tive desejo (ou coragem) de arriscar um cafezinho, por menor quefosse a xícara, por melhor que fosse a ocasião. Uma vez consciente de ter sido um dia realmentedependente de alguma substância, nunca mais dei a meu corpo a oportunidade de eleger algum outrovício orgânico autêntico, como a dependência de cafeína. E acreditem, fiquei chata, porque o maisleve cheiro de café continua me provocando enjoo, efeito colateral que não sinto com cigarro ouálcool, hábitos que também abandonei.

E você, vai um cafezinho? Este hábito brasileiro, gostoso e aparentemente inócuo, amigos, viciaaté mesmo em quantidades bem pequenas. Algumas pesquisas até apontam algum benefício noconsumo controlado de cafeína, e, como já disse, cafeína traz alívio para a dor de cabeça; mas eu,conscientemente, rejeito com convicção qualquer droga que afete a liberdade orgânica de meu corpo,criando laços limitadores de dependência. E então, que tal um cafezinho? Obrigado, amigos, mas nãotomo. Que tal um chá de ervas pra comemorar a autonomia e a saúde?

A MORDAÇA QUÍMICA DO CORPO: ANALGÉSICOS, LAXANTES, RELAXANTES & CIA

Estou conversando com uma amiga na sala de musculação da academia quando sinto uma levepontada nas costas, do lado direito, uma dorzinha fina, insistente e incômoda, que não me assusta.“Ar preso”, ensinava mamãe, desde que eu era bem pequena; vai respirando fundo e tenha paciênciaque a dor vai embora. E vai mesmo.

Mas Laís, que gosta de dar conselhos, vai logo sugerindo um remedinho contra gases, desses quea TV anuncia várias vezes por dia.

— Tome também este outro, totalmente natural, que é um laxante ótimo! — se aventura Laís,identificando-se com meu incômodo. — Tenho prisão de ventre desde criança e tomo laxantesempre...

Já recomendei à Laís que aumentasse o teor de fibras em sua dieta, usando sementes de linhaçanas saladas e sopas. Ela me conta que comprou as sementes, mas sempre se esquece de usá-las; masdos remedinhos cuidadosamente colecionados no armário do banheiro... ela não parece se esquecer.Alegria da indústria farmacêutica, ih, já estou me repetindo, o hábito cada vez mais arraigado daautomedicação faz de nosso corpo um estranho, mal comportado e imprevisível.

Não vou querer ser rotulada como masoquista ao defender o incômodo e a dor; mas, certamente,o sintoma é um vocábulo usado com frequência pela linguagem do corpo, um alerta inteligente eprotetor da saúde e do bem-estar, amordaçado e silenciado pelo uso abusivo de remédios.

Um cliente vip nas agências de propaganda

Desde que, derrotadas na batalha contra os agentes de saúde, perderam o rico filão dos cigarros,as agências de publicidade andam em busca de uma nova fonte de renda, garantida e pródiga como aque foram obrigadas a dispensar. Nesta corrida ao lucro, os remédios aparecem como favoritos,numa sociedade imediatista e, muitas vezes, acomodada e inconsciente. A pesquisa farmacêutica e oavanço tecnológico crescente criam medicamentos maravilhosos e, certamente, aumentam as chancesde longevidade e a qualidade de vida. Pequenos incômodos, porém, poderiam ser tratados com maiseficiência se não deixássemos de lado os conselhos simples e diretos do diário da vovó.

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E quando a vovó falhar, as terapias naturais estão aí para nos aconselhar... com equilíbrio,energia e sabedoria intuitiva.

Laís repete aquela afirmação já gasta, associando a prisão de ventre crônica a fatoresemocionais; uma ansiedade maior pode interferir ocasionalmente no equilíbrio do corpo, masresponsável de verdade por prisão de ventre crônica, não existe mais de um: uma dieta equivocada.Já fui vítima dessa síndrome e as cólicas provocadas por laxantes me incomodaram bem mais do queo sintoma em si. Buscando soluções naturais, comecei pela Cáscara Sagrada, mas acabei mesmo naalimentação rica em fibras, nas sementes de linhaça e nos muitos copos diários de água.

— Água? — já imagino seu espanto, leitor. — Água, sim — afirmo com convicção, tendo játestado o poder desse fluído mágico e comum que nem todo mundo bebe na medida necessária.

A água faz a fibra não solúvel inchar e provocar o trânsito intestinal, eliminando de vez aameaça da prisão de ventre. E o melhor remédio para retenção de líquidos, você conhece? Água!Então, amigos, aproveitem a água, enquanto a indústria farmacêutica não consegue a patente paraengarrafá-la!

Terapia magnética: o analgésico do futuro

Minha família sofre de enxaqueca. Minha mãe e meu irmão sacrificam mensalmente dias deenergia produtiva, incapacitados pela dor, pela náusea e pelo extremo mal-estar que esta síndromeprovoca. Mais afortunada, sofro apenas de dores de cabeça esporádicas, até há poucoimpiedosamente eliminadas por analgésicos. Especulando com imãs,1 decidi duelar com a dorusando esta mistura alquímica de ouro, cristais e imãs, e obtive um resultado fantástico. Com quinzeminutos de aplicação local, aparece uma tonteira leve, algo assim como um vórtice sugando aconsciência, que se apaga por um segundo para ressurgir fortalecida, alerta e livre das algemas dador. Uma única experiência com os imãs me convenceu a aposentar os analgésicos para sempre, comsua química misteriosa e seus efeitos colaterais, curando aqui para afetar ali.

Infelizmente, minha família é preconceituosa, e associa a terapia magnética a mesmerices daIdade Média, desprezando assim seu poder curador, instrumento cada vez mais aceito pela medicinaconvencional. A enxaqueca crônica não cede e os analgésicos vão se tornando um hábito, perdendo aeficiência; para minha mãe e meu irmão, só remédios cada vez mais fortes fazem efeito, numa cirandaque aprisiona o corpo no sintoma, enquanto eu, espectadora impotente, desisto de fazê-losdespertar...

Relaxando com chá verde: uma prática harmônica contra o estresse

Quando era empresária, já fui campeã do grito e do ataque de nervos, oscilando na corda bambaentre a tensão e a depressão. Entre os remédios mais comuns na farmácia caseira dos brasileiros, osrelaxantes se destacam como os mais perigosos, mascarando traumas, relacionamentos ruins eexcesso de trabalho.

O estresse já foi eleito inimigo público número 1; mas tentar evitá-lo através do uso desubstâncias é ameaça ainda mais grave. O cardápio alternativo contra o estresse é variado e eficaz,incluindo a meditação, a respiração profunda e a prática de exercícios.

A psicoterapia moderna tende a substituir a conversa profunda pelas drogas: uma tendência

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perigosa e nociva. Até mesmo crianças e adolescentes em crise vêm sendo tratados, sem hesitações,por ansiolíticos de laboratório. Quem calcula os resultados desta prática temerária sobre os adultosdo futuro? “O cérebro é um laboratório químico de emoções”, afirmam os psicanalistas da vez. Porque não alimentá-lo então com endorfinas sintéticas, cortando o mal pela raiz? Esta pergunta trazembutida em si a resposta: não se sabe onde está a raiz da emoção. Como eliminar uma raiz que nãose vê, e nunca foi atingida? Estará mesmo a emoção entranhada nas tripas cinzentas superpostas pordentro do crânio? Ou quem sabe a consciência reside em dimensão ainda inexplorada do universoquântico?

Enquanto não descubro a resposta para estas questões básicas, aprendo a relaxar tomando cháverde. Todas as noites, depois do jantar, me reclino no sofá, relaxo as pernas, apoio as costas emtravesseiros macios e fico ali, esvaziando a mente e bebendo o maravilhoso líquido antioxidante.Quem sabe nos sonhos claros e esclarecedores que esta prática simples proporciona, acabodescobrindo o domicílio definitivo da emoção humana?

Até lá, esqueço os gritos histéricos do passado, a Maracujina e outras maracutaias químicas,numa caminhada firme e decidida em direção à harmonia e ao relax cotidiano, simples, disponível equase total.

DEPENDÊNCIA AFETIVA

The greatest thing you’ll ever learn is just to love and be loved in return.2“Nature Boy”, de Nat King Cole

Recebi hoje, pela enésima vez, um email me convidando para participar de um grupo de terapias,vinculado aos ensinamentos de um famoso guru oriental. A linguagem desses emails se repete comoum disco empacado de antigamente, arranhando na agulha: “Abra-se para os relacionamentos,melhore seus relacionamentos, encontre a alegria através dos relacionamentos...”

E mais: o convite inclui a tentadora proposta de encontrar amigos através de meditações emgrupo, um contrassenso, já que a meditação é, essencialmente, um mergulho interior profundo...profundo e solitário — uma viagem de autoconhecimento e evolução individual.

Os idosos em minha família sofrem, de forma aguda, de um mal que nos infecta a todos,membros humanos da sociedade contemporânea: a dependência afetiva. Saudáveis, ativos e semproblemas materiais, meus parentes mais velhos, já bem avançados em sua septuagésima década,privam-se voluntariamente de uma vida prazerosa e tranquila, angustiados pela ausência dos filhos,estes também, por sua vez, saudáveis, ativos e sem problemas materiais, morando com suas famíliasem diversos pontos da cidade, do país, do planeta, independentes dos pais.

Tradicionalmente, os vínculos familiares estreitos e o agrupamento de humanos em casais efamílias respondiam a um profundo anseio por segurança e sobrevivência da raça. Curiosamente, oamor conjugal, hoje em dia um bem tão fundamental, era raridade nessa época, limitado arelacionamentos convenientes e negociados. Foi-se a necessidade, manteve-se o hábito: em nossasociedade, a formação de pares é ainda a medida básica de uma existência bem-sucedida, o quegerou um cenário cultural onde a extroversão é extremamente valorizada e a pessoa solitária, vistacom desconfiança e pena.3 Fomos assim educados para ter sucesso na comunidade, para sermos

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reconhecidos e aceitos, para construir nossa autoestima com base no julgamento de outrem. “Amar eser amado”, como diz a música, é o supremo objetivo da maioria de nós, a cereja rubra no sorvete decreme dos altos rendimentos, do corpo em forma, das próteses e plásticas, da juventude e paixãoeternas.

Persegui por muito tempo tal objetivo e tudo o que consegui foi uma incômoda sensação deferida aberta, de intimidade invadida, de frustração afetiva profunda. Até mesmo o deus que nosabençoa, ama e perdoa, é uma figura externa, estranha e, em última análise, desconhecida. Frequenteimuitos grupos de terapia para transcender os ensinamentos da mamãe, procurando a chave do bem-estar e da felicidade. O procedimento básico nesses encontros era sempre o mesmo: expor a dor empúblico, discutir as falhas e fracassos, lamentar o passado — até mesmo as muitas “vidas passadas”— invadir e deixar-se invadir por companheiros, gurus, terapeutas e padrões externos decomportamento. Hoje sei ser esta a receita certa para garantir a sobrevivência... dos terapeutas:procurar a satisfação no outro, basear o seu bem-estar na vontade do outro, é aceitar definitivamenteo jogo compulsivo da atual sociedade de consumo. Consumo de bens de consumo, de beleza e de boaforma, consumo de fé, consumo de amor.

Amor? Não se trata aqui de amor. Amor é uma forma elevada e evoluída de energia humana,refinada ao máximo. Trocar energia amorosa é, sem dúvida, um prazer supremo; e cria hábito, comotodos os grandes prazeres. Se experimentarmos uma vez, queremos mais, sempre mais. Dar amor,emitir amor, é nosso estado humano natural, uma expressão superior — e que se deseja cotidiana —da qualidade humana. Receber amor em troca se registra na lista das preciosidades mais valorizadase bem-vindas do mundo.

Numa realidade contemporânea limitada e materialista como a nossa, no entanto, o amorautêntico é ocorrência rara, substituído cotidianamente pela corrida ao sucesso social. Comoacontece com toda forma de energia pura e refinada, a transmissão autêntica de amor é instantânea eintensa, desconhecendo limites espaço-temporais. O encontro físico cotidiano de seres que se amamé ótimo; a verdadeira troca amorosa, no entanto, transcende tais eventos.

Mas fiquem tranquilos, meus velhos: mesmo na separação dos corpos, e na ausência de controleautoritário, o amor de pais e filhos se mantém. Cuidem bem de si, de seu próprio bem-estar eaproveitem o privilégio e a oportunidade de uma velhice tranquila, saudável e despreocupada.

Se o mundo contemporâneo caracteriza-se cada vez mais pela invasão da privacidade,4podemos, devemos construir um espaço interno — absolutamente individual e único — para crescer,curar nossas carências e transcender limitações. Um lar interior protegido e indevassável oferece,este sim, uma boa chance de realização e sucesso pessoal, um golpe mortal nos objetivos pouconobres da economia de consumo que sustenta o mundo em que vivemos. Saúde, autoestima, boaforma e ausência de estresse são algumas das condições desejáveis para o ambiente de amorilimitado que proporcionamos ao nosso próprio eu. O cuidado de si deve ter como primeiro objetivoo si próprio, não o sucesso social ou a chance de um encontro sexual bem sucedido. Me deleito naminha deliciosa companhia, e isso faz de mim não um ser esquisito e mal aceito, mas um ser humanoíntegro e harmônico, flutuando em paz por diretrizes ancestrais cíclicas da matrix humana:

Há o tempo de ser eu, e o tempo de ser nós, e afirmo que o tempo de amar é sempre: ilumine omundo emitindo amor e deixe o brilho da verdade ofuscar o ódio e o ressentimento. Ama o teupróximo e a natureza das coisas ao redor de ti; ama-te e basta-te a ti mesmo sobre todas as coisas,pois é de seres independentes e íntegros que se há de fazer um universo harmônico, pacífico e

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produtivo onde cabe a cada um o que a cada um pertence.

TRANSFORMANDO PASSO A PASSO

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa, uma boa média que não seja requentada,um pão bem quente com manteiga à beça...

Noel Rosa, em “Conversa de Botequim”

Café, leite, pão branco, manteiga... Este sambinha gostoso do passado celebra, ingenuamente, algunsvilões da dietética contemporânea, sintetizando, com ritmo e simpatia, a necessidade de uma análisefrequente e consciente dos padrões nutritivos tradicionais. O ritmo frenético da pesquisa científicaderruba heróis todos os dias, e não há hábito ou gosto que escape ao rigor da curiosidade médica, embusca de uma vida mais longa e melhor.

O caminho da transformação é gradual e, muitas vezes, mais lento do que poderíamos desejar:um exercício obrigatório de humildade e paciência. O corpo e a mente humanos têm seu própriomecanismo de tempo e uma capacidade controlada de absorver mudanças. Os processos daconsciência são feitos de vitórias excitantes... e de retrocessos frustrantes, também. A direção daevolução, no entanto, é única: sempre em frente!

Numa questão em que a liberdade de escolha é ferramenta fundamental, a confiança total nosresultados é o veículo que nos transporta com segurança, nos impedindo de desistir. Padrõesprofundos devem ser deixados para trás, superados cotidianamente pelo avanço do conhecimentomédico-científico. Cada vez mais, a longevidade, associada à saúde e ao bem-estar, deixa de sersonho para invadir a realidade, nesta viagem que conduz, sem escalas, a um futuro de harmonia e pazde espírito.

Educando o gosto: uma opção consciente pela saúde vibrante

O prazer da boa mesa é um valor cultural aprendido: a preferência por certos alimentos falamais à memória e aos costumes do que às características genéticas do ser humano. Poucas pessoasexperimentam o gosto real dos alimentos que consomem. O “gosto” que sentimos é a associação afatos e pratos que nos marcaram na primeira infância: a comida preparada e servida com amor ecarinho é apreciada com delícia pelo cérebro ao longo de toda a vida; por outro lado, a repulsaassociada a alimentos que fomos forçados a comer também costuma perpetuar-se pela idade adulta.O único sabor que provoca reações autênticas no cérebro é o doce; até mesmo recém-nascidos sãocapazes, desde os primeiros momentos de vida, de distinguir entre os vários tipos de açúcares; osdoces, em geral, e especialmente o chocolate, causam a liberação de endorfinas responsáveis pelasensação de prazer e satisfação.

Uma adaptação evolutiva

Ao longo da história das civilizações, muitos alimentos foram incorporados ou eliminados dadieta, variando o cardápio de acordo com o ambiente e os hábitos da sociedade. O ser humano édotado de extraordinária capacidade de adaptação, e foi esta qualidade que o fez sobreviver e

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evoluir para alcançar o topo da cadeia alimentar em nosso planeta. O avanço da tecnologiacontemporânea, no entanto, veio romper o equilíbrio natural entre consumo e gasto calórico: atradição culinária permanece, enquanto a demanda energética do homem decai progressivamente,substituída pelo uso de aparelhos e utensílios; tal descompasso vem fazendo aumentarassustadoramente a incidência de males causados pelo excesso de calorias consumidas, como aobesidade e grande parte das doenças degenerativas.

Como consequência, vemos crescer as verbas destinadas à pesquisa científica dos alimentos eseus efeitos sobre nosso corpo e nossa saúde; os resultados são amplamente divulgados pela mídia,levando a uma ciranda vertiginosa de mitos: todos os dias, vilões alimentares são inocentados,enquanto heróis de ontem são transformados em veneno puro, levando os consumidores à confusão eà perplexidade.

Comer bem: uma escolha bem complexa

Da multiplicidade de teorias alimentares que nos atropela o bom senso hoje em dia, umaverdade parece falar bem alto: mamãe não tinha razão, e a sabedoria culinária tradicional dasfamílias é recheada de equívocos. O cheiro delicioso das cozinhas de nossa infância entope asartérias, deforma a silhueta e nubla o entendimento; o conhecimento do nosso tempo nos coloca numaencruzilhada crucial, e a opção consciente pela boa saúde, beleza e longevidade nos leva a deletar amemória aprendida do gosto, na busca de uma versão atualizada para o software da língua e doestômago.

Educando o cardápio através do prazer

Vai longe o tempo em que ser vegetariano, por exemplo, nos condenava ao consumo insosso defolhinhas esparsas: a sofisticação invadiu as receitas e a opção virou estrela no palco dos melhoreschefs. Os gourmets que se preparem: a ousadia culinária contemporânea vai conduzindo a passosfirmes para opções mais naturais, com destaque para pratos leves, magros e bem desenhados, livresda armadilha cremosa e pesada dos molhos mascarando os ingredientes. O sabor diferente queprovamos nesta revolução das receitas não deve assustar: cada um de nós tem uma história pra contarno aprendizado do gosto ao longo da vida.

O prazer adulto foi sempre uma questão de prática: quem não estranhou um pouco o primeirocaviar, o primeiro roquefort, a primeira dose de uísque, e até mesmo o primeiro gozo? A evolução dogosto nos leva a um conceito novo e exótico de delícia, desta vez, sem abrir mão da boa forma, dobem-estar e do cardápio do dia seguinte!

Nutrição ideal: ilusão, suplementação ou, simplesmente, bom senso?

Débora, a estrela do spinning em nossa turma, chega agitada à sala de aula, falando alto, irritada,brandindo furiosamente o papel que traz na mão. Demoro um pouco a descobrir o assunto que amobiliza tanto: é a dieta recomendada pela nutricionista famosa a uma de nossas companheiras,obcecada por emagrecer, que vinha sofrendo com falta de ar e perda de energia durante as aulas. Adoutora tinha recomendado à Raquel água de coco e balas de banana-passa durante a aula,

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condenando a bebida “batizada” que as aficionadas, como Débora, costumam beber durante o treinopara manter o pique.

Débora, com seu corpo perfeito aos quarenta anos de idade, parece agressiva ao primeiro olhar,mas é uma excelente pessoa: mantém-se a par das novidades nutricionais e se preocupa com a saúdedos colegas e amigos. A bebida que consome é uma mistura de água destilada com sais minerais enão sei mais o quê — nunca me interessei pela fórmula — e Débora afirma que, ao contrário dosisotônicos habituais, não contém açúcar e é pouco calórica. Ela não pode aceitar que a nutricionistade Raquel condene a bebida e a substitua por itens calóricos e naturalmente energéticos, como águade coco e balas de banana.

Metabolismo: uma assinatura individual e única

Para os buscadores da saúde e forma ideais, o assunto nutrição não tem nada de chato; pelocontrário, desperta paixões, polêmicas e discussões acaloradas, como esta de hoje entre Débora eRaquel. O que se esquecem de considerar, porém, é que o metabolismo humano, cada vez mais, vemsendo descrito como uma assinatura orgânica única, apesar de apresentar linhas mestras comuns. Osnutricionistas seguem o plano nutricional acadêmico padrão, aprendido na universidade, mas nemtodos se dedicam à atualização do conhecimento, tão necessária nestes tempos de frenética pesquisacientífica e médica.

Cada um de nós deve descobrir, por si, o comportamento nutricional que mais nos favorece,experimentando, com cuidado e consciência, através de erros e acertos. Não creio, no entanto, que asuplementação com vitaminas e sais minerais seja realmente necessária para pessoas — não atletas— de atividade física elevada e com bons hábitos alimentares. Eu mesma, recentemente, deixei delado todas as vitaminas que tomava. Convencida por inúmeros artigos e pesquisas que analisavam adieta vegetariana, eu costumava temer uma deficiência de vitaminas, principalmente as do complexoB, e consumia pílulas regularmente. Mas recentemente as deixei de lado e não me fazem falta alguma!Estou no auge do vigor energético e da boa forma e, neste inverno, me mantive a quilômetros dequalquer ameaça de gripe.

Dietas radicais x padrões alimentares

Chego ao vestiário, depois do spinning, e encontro a mulherada em estado de quase euforia,compartilhando a nova dieta “milagrosa” em moda na cidade. Fico triste com a conversa e pensocomigo mesma: mais uma ilusão. Definitivamente, a nutrição está na ordem do dia.

Trata-se, desta vez, de uma dieta de apenas três dias, que promete resultados instantâneos emaravilhosos, recomendando a ingestão exagerada de alguns alimentos e a carência absoluta deoutros — radical, inútil e perigosa, como todas estas “descobertas” fantásticas e passageiras;transmiti-la a vocês seria um desserviço que não posso me permitir.

Durante grande parte de minha vida estive convencida de sofrer grande tendência a engordar.Experimentei todas as dietas que apareciam; consegui muitas vezes perder alguns quilos para,fatalmente, recuperá-los mais adiante: é este o único efeito possível dessas fórmulas mágicas debanca de revistas. Mas insisti, e acabei descobrindo a minha fórmula pessoal perfeita para manter aforma: jamais fazer dieta. Quando você faz dieta, já vai prevenindo a psique: vem aí um período de

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sofrida tortura, fome e privações; queira Deus que os quilos se mandem logo pra gente poder voltarao normal — ao nosso normal, quer dizer, gordinhos e obcecados com a próxima dieta da moda.

Não faço mais dieta. Mantenho um relacionamento íntimo e profundo com meu corpo, e ele meconta, em confiança, os alimentos que lhe fazem mal e que eliminei para sempre das receitas. Em seulugar, adotei tanta coisa gostosa, balanceada e saudável! Em pouco tempo, a rejeição aos alimentosprejudiciais torna-se automática, e o desejo compulsivo por eles simplesmente desaparece...

Em vez de leite, outros deleites!

Acabo de chegar das compras semanais e meu estoque de laticínios está renovado: 12 caixas deleite desnatado, para fazer iogurte e queijo caseiros, ou, simplesmente, beber.

Afinal de contas, o leite é a fonte clássica de cálcio e saúde, não é?Escuto então minha voz interior: É preciso parar de consumir laticínios! Incrédula, pergunto:

Mas, imediatamente? Ela responde: Sim. Agora. Já!Nada me resta a fazer e dou as caixas de leite de presente para a faxineira que está trabalhando

em casa naquele dia...Deixar de lado os laticínios era uma ideia que me assustava: sendo já vegetariana, qual seria

então minha fonte de proteínas e cálcio? Eu já consumia um tipo de pasta de soja com temperos quecomprava na loja de produtos naturais do meu bairro, mas tofu e leite de soja — fontes habituais deproteína para vegans, vegetarianos que não consomem laticínios — me pareciam intragáveis.

O leite da mãe é o alimento mais completo para o recém-nascido, em seu primeiro ano de vida.O leite da vaca, porém, já não tem essa total compatibilidade alimentar. Muitos adultos sãointolerantes à lactose e o leite, além de ter digestão difícil e provocar gases, é causador habitual dealergias alimentares. Os queijos, além de excessivamente ricos em gordura, são fabricados comaditivos químicos ou a partir do coalho de boi, substância natural que só é encontrada no estômagode bezerros jovens! Assim, comendo laticínios, agredimos duplamente a natureza: causando a morteprematura de bezerros e intoxicando nosso corpo.

Existem na natureza várias outras fontes ótimas de cálcio, como brócolis, espinafre e soja; osdois últimos excedem o leite em conteúdo deste mineral essencial.

Gordura Nunca Mais

É preciso confessar: tive muitas dificuldades para escrever esta parte do capítulo. Só de pensarno odor das frituras invadindo a cozinha, na sensação de lavar uma panela ou tabuleiro grudados eengordurados, ou no ato simples de untar — com os dedos — uma forma de manteiga para assar umbolo, meu estômago se contorcia, fazendo com que um tremendo enjoo me invadisse, me obrigando aparar de escrever. Imagine agora essa viscosidade, essa qualidade pegajosa e desagradávelreproduzida por dentro de nossas artérias e sob a pele!

Como agravante, a gordura sabota com eficiência nosso desejo de manter a forma: o corpo éguloso de gorduras. Se gastamos 23% de cada caloria de carboidrato e proteína para transformá-laem gordura corporal e armazenar, gastamos apenas 3% de cada caloria no caso das gorduras.

Um trauma ancestral

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A sensação e o gosto rançoso de gordura na boca me acompanham desde a infância, já que aculinária judaica é pródiga em seu uso. Em minhas aventuras por esse compêndio de culináriatradicional, a gordura sempre me deixava desconsertada: o que fazer com aquele líquido grudento eescuro que sobra das frituras? Entupir com ele o ralo da pia não dá... E uma aflição tátil me faziagastar rolos e rolos de papel absorvente para retirar rapidamente a gordura dos dedos enquantocozinhava.

Acho que foi esse asco profundo que me fez começar a pesquisar de receitas sem adição degordura, visando principalmente derrubar o mito de que o gosto da comida vem da manteiga ou doóleo que se usa ao cozinhar. Desenvolvi técnicas de refogamento pingando água na panela e usei oshoyu para o refogamento inicial de cebolas, alhos e temperos, enriquecendo o sabor e o aroma dosalimentos através de ervas e condimentos. Experimentei com sucesso novas maneiras de untar asformas para alimentos assados: mel para doces e gema de ovo para salgados, sempre salpicados defarinha integral. E economizei na reforma da cozinha, já que a coifa tornou-se obsoleta!

Nem toda gordura é vilã

Na verdade, a gordura é, das fontes de energia, a mais concentrada: fornece 9 calorias porgrama, enquanto proteína e carboidratos só fornecem 4. Não nos surpreende que seja a forma dearmazenamento preferida por nosso organismo. Por um lado, é uma energia eficientementeconservada que nos salvaria da inanição se estivéssemos numa ilha deserta e fôssemos obrigados asobreviver por muitos dias sem comida; por outro, se podemos nos alimentar regularmente, oorganismo a economiza avidamente, e essa fonte preciosa é a última a que recorre para manter-sefuncionando, depois de esgotadas as demais.

A gordura mais perigosa para a saúde é a saturada, que consegue se infiltrar em espaçosapertados, como nossas artérias, causando bloqueios perigosos. Em geral, este tipo de gordura ésólido à temperatura ambiente. A gordura insaturada, presente em azeites e óleos, já não tem estapropriedade, desde que sejam usados crus: as frituras e o cozimento a altas temperaturas ostransformam em saturada também: observe como o óleo usado em frituras se solidifica rapidamenteapós o uso.

Apesar do excesso de gordura colocar em risco a saúde, a gordura é necessária para acomodar eproteger órgãos internos e nervos, e para processar minerais e vitaminas como A, D e E, que sãosolúveis em gordura. A gordura é também o componente básico de cada célula de nosso corpo e temuma função determinante na produção de hormônios.

A soja, as nozes, as amêndoas e as sementes são as melhores fontes de gordura, já que, além dedeliciosas e de não saturadas, vêm com o bônus da proteína, das vitaminas e dos minerais. Todos osalimentos possuem algum teor de gordura. Portanto, não é possível (e nem desejável) seguir umadieta absolutamente livre de gordura. Como regra básica, o endocrinologista americano Dean Ornishsugere, e nós concordamos, que não se adicione gordura de nenhum tipo aos ingredientes de umprato.

Alergias: saídas de emergência do corpo e da alma

Foi através do processo de autotransformação que aprendi a compreender as manifestações

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alérgicas do corpo. Não fui uma criança alérgica; nada sei por experiência própria sobre o ataque deácaros, poeira ou lãs. A urgência físico-espiritual de mudança e escolha, no entanto, apresentouviolentamente a alergia a mim. A primeira crise me pegou de surpresa: minhas escolhas e restriçõesalimentares, até então, eram orquestradas pelo desejo frustrado de emagrecer, numa rotina de ganhare perder peso com dietas nem sempre sensatas. Eu enfrentava uma situação estressante, hospedada nacasa de minha mãe enquanto aguardava a mudança para o apartamento novo, quando meu colo,pescoço e costas manifestaram centenas de ardidos pontinhos vermelhos; e como coçavam! Adiei deinício a consulta ao dermatologista; em minha falta de prática, nem sabia bem o que estavaacontecendo. A alergia piorou, e a coceira me impedia de dormir, me levando quase à loucura. Odiagnóstico do médico foi exato: reação a adoçantes artificiais!

Uma estreia mais do que agitada

Esta foi minha entrada triunfal no processo consciente de cortar alimentos nocivos ao meudesenvolvimento: foi o adeus à coca light, às balinhas que “adoçam a língua sem acrescentar quilos”,e ao responsável por grande parte da ilusão contida em dietas de emagrecimento: o adoçante. Umaverdade um pouquinho amarga me tornou, assim, um pouquinho mais consciente do papel crucial dosalimentos em nosso equilíbrio.

O episódio alérgico seguinte revelou ser o filme principal, e bem dramático, quando a questãodos adoçantes era um curto trailer; veio a reboque da doença tireoidiana que me fez mudar, de umavez e para sempre, meus hábitos, meu corpo e meu pensamento.

Depois de um jantar indiano, na noite do meu aniversário — três anos depois da primeira crise— comecei a me coçar violentamente de novo, dessa vez sentindo ainda por cima uma violenta dorno pescoço. Eu atravessava mais um momento de estresse intenso ao fim de um casamento frustrado;me sentia como uma panela de pressão esquecida no fogo, a água do cozimento secando, a fumaçatomando conta... até que a válvula explodiu em alergia, tireoidite, gritos de socorro, esgotamento...

Um alarme insistente me obriga a despertar

Que experiência! Atravessei meses de pesadelo. A tireoide me obrigou a parar, a repensar,reavaliar tudo. Qualquer pequeno esforço me colocava à beira da exaustão. Academia, aeróbica,musculação? Imaginem, eu não tinha energia nem para ir até a esquina. Às sete da noite já estavadormindo no sofá.

Emagreci, ou melhor, murchei; fiquei enrugada como uma passa; os cabelos começaram a cair ecada vez que os penteava no banho mal podia controlar as lágrimas, desesperada com apossibilidade de perder a vasta cabeleira ruiva. Depois de um mês, o quadro se inverteu, e comeceia engordar, o que me fez correr finalmente para a endocrinologista; mais importante, me fez adotar ohábito de pesquisar saúde e medicina pela internet, hábito que acabou revolucionando meuconhecimento sobre nutrição, harmonia corporal e envelhecimento, temas que adotei por um bomperíodo como favoritos em meus textos e artigos.

Uma larva que se pensa borboleta

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A tireoide é uma glândula em forma de borboleta que fica no pescoço e, de lá, comanda todo ometabolismo do corpo. Sabe-se lá há quanto tempo eu vinha apresentando algum distúrbio na sem terconsciência disso!

Mais importante, a borboleta é o animal xamânico que simboliza a transformação: esgotada detantas tentativas malsucedidas de mudança, eu, finalmente, no meio do escândalo que a tireoide fazia,me aceitava, nada mais que larva, e me enfiava com vontade no casulo da metamorfose radical. Apartir daí, cortar e substituir alimentos se tornou rotina, pesquisa, aprendizado, vontade de crescer. Otreinamento do corpo na academia se tornou uma atividade séria e objeto de estudo mais profundo: aprática de exercícios é crucial no tratamento do hipotireoidismo.

O hipotireoidismo é, cá entre nós, uma escola (não muito bem-vinda, é verdade) de hábitossaudáveis; para conviver com seus sintomas e manter uma boa qualidade de vida é vital controlar aalimentação, exercitar o corpo e manter o estresse longe. Meu corpo foi encontrando, através denovas escolhas, do rito de passagem que descrevo neste livro, uma harmonia nova, uma beleza e umasaúde sem retrocesso possível.

A camisinha da alma: transando sem risco pela vida

A não ser por pequenas ilhotas de estresse que ainda rondavam tensões familiares eprofissionais, eu parecia ter encontrado a paz. A ameaça de alergias parecia afastada, a tireoideacalmada, os cabelos e a disposição novamente vibrantes. Acreditava já ter tomado todas asdecisões necessárias para a mudança, passando por eliminar o açúcar, o café, os laticínios, asconfusões, a dependência, a carência afetiva... Conseguira até tomar a decisão de “eliminar o chumboda cabeça”, como eu contava às amigas, rindo, explicando assim o hábito ancestral das mulheres depintar os cabelos5 e o associando à longa hegemonia cultural masculina; meus cabelos retomavamsua cor natural, cintilando mechas em finos fios de prata que iam, aos poucos, tomando conta.

E eis que os dedos de minha mão direita se inflamaram todos ao mesmo tempo, numamanifestação tão dolorosa quanto desconhecida... O que seria isso agora? Era um agente tão banal,tão entranhado na rotina, tão aparentemente indispensável que a gente nem pensa nele: o detergente!Como é que eu iria me livrar de detergente, me digam? Pararia de lavar a louça? É certo que já nãousava gordura pra cozinhar, mas os detritos da louça precisavam sair! Como é que iria me libertar dealgo tão entranhado no meu dia-a-dia?

A solução, banal e óbvia, foi brilhante, e se revelou um aprendizado profundo, daqueles insightsque vão fundo na alma da gente; passei a usar luvas ao lavar a louça e estendi o hábito ainda mais,exercitando a proteção da alma e da emoção contra qualquer agente externo que ainda me agredia;num exercício de visualização criativa eficaz, adquiri luvas psíquicas para manter longe osinvasivos, abusados, negativos e controladores que tentavam se aproximar de mim. Onde o exercíciodo espelho — aquele clássico escudo protetor contra energias negativas que eu já experimentara semsucesso — falhou, as luvas foram sucesso; uma camisinha para a alma, que a gente despe ou veste aotransar com as circunstâncias, num termostato sempre ativo mantendo a harmonia interior. O que émelhor: louça limpa e corpo limpo, sem alergias!

SEM AÇÚCAR, COM AFETO

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O sabor doce se traduz em nosso corpo como a fonte mais pura de prazer. Do conhecimento mítico,ancestral, de nossa lembrança celular por termos um dia provado o “néctar dos deuses”, à primeiraexperiência física de amor nesta vida, associada ao sabor do leite materno, desde sempre associamoso doce ao bom. E não é gratuito este caso amoroso de nosso cérebro com o açúcar: o açúcar, emforma de glicose, é seu único alimento, o combustível biológico que o faz seguir em frente.

Uma verdade nem sempre doce

O termo “açúcar”, no entanto, mascara a diferença entre fontes bem diversas de energia. Adigestão é o processo biológico que decompõe todos os alimentos que consumimos, para aproveitaro açúcar, alimentando a vida, e descartar o resto. O açúcar puro que conhecemos, no entanto, e quenos acostumamos a usar com alegria e amor nos alimentos que preparamos, é uma droga viciante, umpó esvaziado de nutrientes que vem minando a saúde e os dentes da humanidade nos anos maisrecentes de nossa história.

Esse açúcar que usamos como tempero — aí incluído o pseudossaudável açúcar mascavo — éum ingrediente extremamente processado, do qual foram retirados todos os nutrientes, fibras,vitaminas e sais minerais existentes na cana ou na beterraba que lhe deram origem. Por ser “energiapura”, o açúcar penetra rapidamente na corrente sanguínea, sendo consumido rapidamente também,fazendo o corpo pedir mais, cada vez mais, e estabelecendo o círculo do vício.

Uma fonte oculta de gordura

Pra dar os toques finais no retrato do vilão, é provado cientificamente que açúcar em excesso setransforma em gordura. O fígado — que regula o estoque de glicose usado pelo organismo paramanter a vida — tem uma capacidade bem limitada de armazenamento: o que ele não pode guardar,transforma em gordura pra guardar em outro lugar (na barriga, na cintura, nos culotes...) e usar algumdia!

Em minha longa discussão com o excesso de peso, acabei eliminando o açúcar da minha dieta.Qualquer tentativa de substituí-lo por adoçantes foi rejeitada por meu corpo em forma de alergias,como já contei. E com o açúcar, afastei temporariamente de mim parte do prazer de comer e daalegria física que só um docinho gostoso traz... mas foi por pouco tempo!

Voltando ao paraíso: o fruto permitido

Mas vocês já me conhecem um pouquinho e sabem que eu não desisto com facilidade! Assim, fuiaprendendo a usar o açúcar das frutas, de várias frutas diferentes, pra fazer doces bem docinhos, comperfumes e sabores variados! Abaixo o tédio daquele pó branco, sem perfume e sem cor! E com avantagem extra das vitaminas e minerais que enriquecem as frutas e afastam de nós o fantasma dagordura em excesso, tornando a “culpa após doce” coisa do passado. O açúcar natural das frutas —frutose — é um tipo de açúcar diferente do refinado — sucrose. É um açúcar complexo e, por isso, ocorpo leva mais tempo ao liberá-lo para a corrente sanguínea, evitando assim o efeito viciante quedescrevemos lá atrás. E quanto mais fibras junto, melhor! Pois as fibras retardam ainda mais aliberação do açúcar. Por isso, ao pesquisar e cozinhar os seus docinhos evoluídos, procure usar o

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máximo possível de bagaços, cascas, e, claro, somente farinha integral.

FERMENTO: UM INGREDIENTE TRADICIONAL, MAS DE MÁ FAMA

Nenhuma oferta de alimentos, que oferecerdes ao Senhor, se fará com fermento.Levítico 2:11 – Velho Testamento

Por isso façamos a festa, não com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimosda sinceridade e da verdade.

Coríntios 5:8 – Novo Testamento

Ao longo da história humana, o uso do fermento em dietas vem sendo associado frequentemente aefeitos indesejáveis. No Velho e no Novo Testamento, a tradição usa o fermento como símbolo domal, uma energia sutil que se infiltra no alimento e se propaga rapidamente como doença ou vício. Ofermento é uma bactéria, organismo vivo que se combina aos grãos, de preferência aos grãos detrigo, fazendo crescer as massas através de sua proliferação e da formação de bolhas de ar: o calordo forno estabiliza as bolhas, que conferem a bolos e pães uma textura fofa e atraente ao paladar,porém de efeito discutível sobre a saúde humana.

Em pesquisas médicas, o fermento vem sendo associado a reações alérgicas, à psoríase e àasma. O levedo, princípio ativo do fermento, é integrante comum da flora intestinal humana, comfunção protetora e sintetizadora de vitaminas, principalmente as do complexo B; em casos de artrite,no entanto, a quantidade de levedo se apresenta alterada e a primeira recomendação médica é umadieta sem fermento, recomendação que se estende aos casos de sensibilidade dietética ao ingrediente.

Na dúvida, não use...

Entre as primeiras mudanças que adotei, ao criar a Culinária Evolutiva, estava a restrição aofermento nas receitas. Minha fonte primária era a intuição mesmo, recordando talvez uma restriçãoancestral, remanescente dos tempos bíblicos: em meu corpo e consciência, gritava alto a rejeição aofermento. Comecei por eliminar o uso do fermento biológico em pães, ao pesquisar receitastradicionais de pães ázimos, das indianas às semíticas. Aprendi mais tarde a permitir, em eventosespeciais, a fermentação natural da farinha misturada à água pura, para produzir uma colôniabacteriana de procedência confiável e, portanto, mais aceitável: de vez em quando, faço a festa comum pão integral mais leve, preparado com fermento feito em casa.

O fermento químico, essencial em receitas de bolo tradicionais, no entanto, oferecia um perigoextra: o uso de aditivos industrializados cujos efeitos sobre a saúde não podemos medir nemcontrolar. A Culinária Evolutiva recomenda o uso dos alimentos em seu estado mais próximo aonatural, tendo como regra básica a simplicidade e o uso de ingredientes integrais: em nossas receitas,a língua percebe com facilidade os componentes das misturas, que mantêm os sabores e texturasoriginais, deixando de fora componentes industrializados e sintéticos.

Que saudade de um bolo fofinho!

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Esses primeiros tempos de transição dietética foram marcados, às vezes, pela nostalgia dosalimentos da infância: os bolos massudos da cozinha naturalista, apesar de saborosos, me faziamdesejar a maciez e a leveza dos bolos da mamãe. Tal carência, longe de perturbar o processoprogressivo de transformação dos meus padrões alimentares, me lançou numa pesquisa incansável decombinações e ingredientes, buscando encontrar, na nova culinária, um sabor e textura excelentes, nacriação de receitas sofisticadas e de gosto indiscutível. Fiquei firme na restrição ao fermento e aosaditivos, mas cheguei finalmente à receita ideal de bolo, sem cair na fácil tentação do famoso póRoyal.

CAMINHO DO MEIO: O TAO DA PROTEÍNA

Como disse Danuza Leão, então colunista do Jornal do Brasil,6 em 2/01/01, descrevendo uma festade réveillon: “(...) a mesa tinha uma profusão de proteínas: peru, tender, rosbife, carne assada,camarão.”

Terminadas as festas de fim de ano, o clima emocional nos vestiários das academias de ginásticaé de total desalento. Uma por uma, as mulheres, de olhar triste, sobem à balança para dar-se contados efeitos do exagero nos comes e bebes. Não duvido que, no vestiário masculino, o quadro sejasemelhante. Que contraste com a alegria da véspera de Natal, todas animadas, em forma, prontas paraentrar “naquele” vestido! A energia humana que nos envolve nessa época é tão forte que nos pareceimpossível ficar à parte. No entanto, são estes costumes sociais invasivos e ultrapassados que nosafastam do caminho da saúde e da boa forma. A cada ano, à medida que vou conseguindo incorporar,lentamente, novos hábitos, mais me espanto com esta nossa tendência à autodestruição. E pergunto:será que não chegou a hora de revermos nossos arraigados padrões alimentares e de comportamento?

Proteínas e seus comparsas

O cardápio tradicional de fim de ano é rico, riquíssimo, em proteínas animais. E, com elas, seusacompanhamentos habituais: calorias, gorduras saturadas e colesterol. O resultado só poderia serum: uma enorme ressaca e indigestão.

O mito de que só os alimentos de origem animal contêm proteína não passa disso: um mito. Naverdade, não ingerimos proteínas; elas são produzidas por nosso organismo a partir da síntese de 20aminoácidos diferentes. Destes, apenas 9, os ditos “essenciais”, não são produzidos pelo corpohumano e devem ser adquiridos através de fontes alimentares. Quando os ingerimos, nos referimos aeles como “proteínas”. Os alimentos de origem animal contém, em geral, os 9 aminoácidosessenciais. Infelizmente, costumam vir desprovidos de fibras e acompanhados do “molho” insalubreque descrevemos acima. Já os legumes, nozes e grãos integrais, apesar de boas fontes de proteína,nem sempre apresentam a cadeia completa de aminoácidos; a variedade deles na alimentação,entretanto, supre esta falha a contento. A ciência provou que não é necessário ingerir todos osaminoácidos no mesmo instante ou refeição; seu consumo soma-se ao longo do dia, complementandoa necessidade orgânica. Entre os vegetais, a soja é considerada especial, pois fornece osaminoácidos da proteína completa, sem as desvantagens das proteínas de origem animal.

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Construindo o corpo: mais nem sempre é melhor

As proteínas são básicas para a formação de vários tecidos do corpo, como a pele, as unhas,músculos, tendões, cartilagens e até mesmo os cabelos. São necessárias para a formação de enzimas,hormônios e anticorpos, para renovar as células e para transportar os nutrientes para dentro e parafora delas. No entanto, ao contrário do que parece, ingerir muita proteína não melhora a saúde. Oconsumo superior a 142 gramas por dia atrapalha o equilíbrio corporal e torna impossível amanutenção dos níveis de cálcio no corpo. A necessidade básica de proteína para um adulto normalnão excede 1 grama diário por quilo de peso, até mesmo para atletas em fase de treinamento.Profissionais de musculação, por exemplo, precisam de, no máximo, 7 gramas adicionais para fazerface ao aumento muscular decorrente da prática diária.

Partindo mais uma vez de nossa fórmula básica — 60% de carboidratos/ 25% de gorduras/ 15%de proteínas — para a nutrição ideal, lembramos que um consumo de 50 gramas de proteína resultanum consumo diário de 1300 calorias, recomendado para a manutenção da saúde e boa forma e paraa busca da longevidade. Em se tratando de nutrição, concluímos, a moderação é semprerecomendada, e o consumo de proteína não foge à regra... É o ensinamento do Tao aplicado à saúdenutricional, mais uma vez confirmando a sabedoria de se trilhar o caminho do meio.

OVO: ESSÊNCIA VITAL EM EMBALAGEM PERFEITA

Perfeito, perfeito, perfeito. Quando observamos o elaborado design da criação, o ovo é merecedorde um prêmio incontestável. O que pode existir de mais perfeito que seu formato, sua casca leve eporosa, porém com resistência suficiente para garantir o frescor da vida que protege? Metáfora aindamais perfeita de renovação vital, o ovo é de todos os alimentos conhecidos, um dos que oferecemmaior densidade nutricional, uma medida comparativa do potencial nutritivo por grama de alimento.Tão perfeita é também a proteína do ovo, que passou a ser usada pela ciência hoje em dia comopadrão de qualidade proteica para os demais alimentos. Tal perfeição não é nada surpreendente, jáque o conteúdo de um único ovo é suficiente para formar uma nova vida!

Preservando qualidade, em toda forma de vida

A concepção dietética humanitária permite o consumo de ovos: nem todos os ovos sãodestinados a gerar uma nova vida e seu uso como alimento não resulta em sofrimento ou morte da aveque o fabricou. Quanto ao aspecto nutricional, o consumo de 3 a 5 ovos por semana garante teorproteico e vitamínico à dieta. No entanto, por razões ecológicas e de saúde, sempre compro ovoscaipiras; a lembrança simples e sutil das condições de vida das galinhas de granja me provocarevolta e enjoo, e a quantidade de hormônios habitualmente ministrados a essas desfavorecidas dasorte com certeza afeta o equilíbrio orgânico de nosso corpo.

A qualidade do alimento oferecido às aves é fácil de medir: reflete-se na cor da gema. Por isso,os ovos caipiras têm a gema amarelinha, garantia óbvia de sua integridade nutricional e símbolo deliberdade das galinhas criadas soltas, ciscando à vontade como lhes ensina sua sabedoria genéticadesde a gênese das espécies.

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Um conto do vigário muito bem contado

Ovo aumenta o colesterol e o risco de doenças cardíacas, certo? Este mito do colesterol foiaceito pela sabedoria popular sem restrições: poucas pessoas se dispõem a aceitar sábios conselhospara preservar a saúde, como aumentar a ingestão de fibras, vegetais e frutas, ou até mesmo evitarfrituras, cigarro e álcool; não há adulto em nosso mundo ocidental, no entanto, que se recuse a evitaro consumo de ovos para o bem-estar de seu coração.

Recentemente, a ciência comprovou a existência de duas fontes básicas de colesterol: osalimentos, e nosso próprio corpo, que o sintetiza. Descobriu-se que o colesterol dos alimentos poucoefeito tem no nível de colesterol presente no sangue; o que agrava, na verdade, este sintoma, é aingestão de muita gordura saturada, presente em carnes, frituras e óleos. O excesso de gordurasaturada, sim, provoca o aumento do colesterol ruim que põe em risco a saúde. Apenas 30% dagordura da gema de ovo, no entanto, é saturada, e a presença maciça de outros nutrientes,principalmente no ovo caipira, equilibra e dilui seus efeitos nocivos potenciais. A clara de ovo,também rica em proteína, é totalmente livre de gordura e seu consumo liberado sem restrições; já agema — aconselham os novos padrões da ciência médica — deve ser limitada a uma por dia, paraque seu potencial de risco não exceda o benefício nutricional.

Bom, bonito e barato: uma utopia materializada

O ovo, até há pouco condenado e transformado em utopia nutritiva pela ciência, é gostoso eversátil. Além de seu alto teor de proteína, contém ferro, luteína — um nutriente importante naprevenção da degeneração macular —, vitamina B12 e vitamina D: o ovo é dos poucos alimentos quefornecem esta vitamina, importante para a fixação do cálcio no organismo e geralmente obtida do sol.Evite, no entanto, combinações gordurosas: ovo frito, ovo com presunto ou bacon, nem pensar! O ovodá consistência e faz crescer bolos e suflês, engrossa molhos e pudins, dá doçura e colorido abiscoitos e pastéis. O ovo poché na sopa é uma delícia, e garante o teor de proteína do jantar! Aclara de ovo tem uma característica mágica e misteriosa: bem batida, cresce e se transforma emnuvem branca e leve, uma base consistente para delícias da dieta, garantindo a qualidade da nutrição.

ZINCO: UM AGENTE BIOLÓGICO NO COMBATE AOS MALES DO INVERNO

Depois do verão prolongado, já nos preparamos para curtir em paz um friozinho, quando,inesperadamente e sem aviso prévio, ela ataca: a gripe. Em apenas uma tarde, carrega para longenossa disposição, clareza mental e bem-estar, nos transformando em seres esquisitos, dependentes delenço, quase extraterrestres, produzindo sem parar uma gosma verde desagradável e barulhosestranhos no peito e na garganta. Vitamina C e cama? Aproveito o restinho de força que me resta pradescobrir o que de mais moderno a medicina recomenda nesses casos, antes que a febre me condene,paciente e conformada, ao repouso forçado. E descubro, nas andanças pela internet, o recémrevelado poder do zinco, que vem, através de pesquisas, se aliando à vitamina C como regeneradorcelular e curador eficaz de gripes e resfriados.

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Limpando o corpo e a alma

Do ponto de vista psicoespiritual, sabemos que toda doença tem uma função depurativa. Asgripes, em particular, são vistas como processos de limpeza emocional e o muco que eliminamos éassociado a padrões já ultrapassados, que precisam ser eliminados da couraça corporal. Do ponto devista científico, sabemos que o estresse debilita o organismo e abre caminho para a entrada de vírusinvasores: grandes eventos emocionais têm muitas vezes, como resultado, um organismotemporariamente debilitado, que pode, por necessidade de reflexão e regeneração, atrair algumevento virótico. Inaugurando o inverno, a gripe me lançou numa pesquisa por alimentos ricos emzinco, com o objetivo de elaborar uma dieta adequada que pudesse aliviar os sintomas e apressar arecuperação — sem abrir mão do gosto bom — funcionando como aliada ideal dos suplementos devitamina C e B, otimizadores do sistema imunológico. E agora, em primeira mão, repasso pra vocêso resultado de minhas últimas pesquisas:

Palmito, castanha do para e goiaba: o brilho tropical ilumina o teor de zinco

O privilégio de se viver num país como o Brasil vem sendo cada vez mais comprovado:buscando curar a gripe, é no celeiro tropical que encontramos os alimentos mais ricos em zinco.Entre os legumes, o palmito é o campeão, provendo 1,150 mg por 100 gramas. Seguem, por ordemdecrescente: lentilha, 1,270; ervilha, 1,190; soja em grão, 0,920; nabo e beterraba, 0,350; aipim,0,340; batata, 0,300 e abóbora, 0,230. Entre as verduras, o espinafre apresenta o teor mais elevado,com a vantagem extra de ser rico em vitamina C: cada 100 gramas de espinafre contêm 0,760 mg dezinco; o brócolis, 0,380 e o pepino, 0,200 mg: um pepino médio contém 0,600 mg. Entre os brotos, ode lentilha lidera a lista: são 1,510 mg por cada 100 gramas. A gema de ovo contém 0,500 mg porunidade, fazendo com que, durante a gripe, deixemos um pouco de lado as preocupações com ocolesterol; mais uma vez, dê preferência ao ovo caipira, que além de não causar aumento nocolesterol ruim, estimula a produção do bom colesterol. As nozes são também boas fontes de zinco,com a castanha do pará apresentando o mais alto teor: duas castanhas apenas já contêm 0,400 mg;seguem as amêndoas, com 0,500 mg de zinco por cada 100 gramas. O teor de zinco nas frutas frescasé baixo, sendo a goiaba a única exceção; rica também em vitamina C, cada 100 gramas de goiaba têm0,230 mg de zinco. Também ricas neste mineral são as frutas secas: os damascos tem 0,740 mg por100 gramas e as ameixas, 0,530 mg.

CELEIRO VEGETARIANO: UM RETRATO DE CORPO INTEIRO

O cardápio vegetariano não se limita a folhinhas monótonas; os vegetais são fonte variada eriquíssima, plena de surpresas orgânicas que apresentamos neste capítulo, em retrato detalhado. Dasemente ao fruto, as plantas constituem a base alimentar dos adeptos desse tipo de dieta e,acreditamos, de um grupo crescente de pessoas que busca a longevidade e a otimização da saúdeatravés da nutrição. Queremos apresentar aqui o potencial energético — bioquímico e vibracional—, associando a função de cada parte no organismo vegetal como um todo ao benefício querepresenta para nós, ao ser transformada em alimento.

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Concentrando energia vital: a magia das sementes

As sementes são guardiãs de toda vida, concentrando em seu corpo, muitas vezes minúsculo, acapacidade de dar origem a um ser complexo e completo, reproduzindo infinitamente ao longo dotempo o código genético de seus ancestrais. São o ponto final e inicial do ciclo vital de qualquerplanta, um sofisticado mecanismo de renovação capaz de gerar um novo espécime. Para preservarseu imenso valor na cadeia vital, são bem guardadas, caprichosamente acondicionadas dentro dasfrutas. Por serem capazes de gerar a vida, seu potencial energético nutricional e vibracional é muitoalto: em geral, além de ricas em nutrientes como vitaminas e minerais, 100 gramas de sementesfornecem uma média de 650 calorias. As sementes em geral são ricas em gordura não saturada, o tipobom de gordura, e podem ser consumidas com segurança. Se você tem tendência a engordar, nãodeixe de comê-las; são essenciais numa alimentação energeticamente balanceada. Mas preste atençãoà quantidade, calculando sempre as calorias e o teor de gordura.

Tamanho não é documento

Mesmo sendo tão pequenas, o conteúdo nutricional das sementes não envergonha: 100 gramas desementes contêm de 25 a 30 gramas de proteína. O gergelim e a semente de girassol são, além disso,excelentes fontes de cálcio; a menorzinha de todas, nossa já conhecida linhaça, tem um conteúdoaltíssimo de ômega 3, um ácido graxo essencial que tem o poder de estimular o sistema imunológicoe promover a longevidade, além de suas qualidades como reguladora do intestino, graças a seualtíssimo teor de fibras.

Nozes e castanhas: fruta e semente no mesmo alimento

Quando a semente preenche quase todo o espaço interno da fruta, muitas vezes eliminando apolpa, temos as nozes e as castanhas. Entre os variados tipos de nozes e castanhas, a noz da nogueiraé a mais rica em vitamina E — 2,9 mg por 100 gramas; o pistache tem o maior conteúdo proteico,19,3 gramas de proteína por 100 gramas.

A riqueza nutricional das castanhas nos faz orgulhosos do país em que vivemos: a rainha detodas elas em conteúdo nutricional, a castanha do pará, riquíssima em selênio, é conhecidainternacionalmente por Brazil nuts.

O amendoim, ao contrário do que sugerem sua aparência e sabor, não é noz nem semente, mas umtipo de feijão. Seu consumo deve ser evitado, já que amendoins contaminados são tão comuns quechegam a comprometer nossa segurança nutricional.

Cacau: o alimento dos deuses

Antes de ser adulterado com o açúcar pelos europeus, dando origem ao chocolate, o cacau,semente do cacaueiro, era considerado pelos Maias e Astecas como o alimento dos deuses,equivalente ao néctar dos mitos gregos. Os Astecas acreditavam que as sementes de cacau vinhamdos céus, doadas à humanidade por Quetzalcoatl, deus da sabedoria e do conhecimento;consideravam as sementes escuras tão preciosas que as usavam até como moeda. Consideradoafrodisíaco, o cacau foi apresentado por Cortez a Carlos I, rei de Espanha, como uma bebida que

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combate a fadiga e aumenta a resistência.O cacau tem mais de 300 componentes químicos e seu potencial energético ainda não foi

completamente analisado pela ciência. Sabe-se, no entanto, que alguns de seus componentescombinados proporcionam ao cérebro uma duradoura sensação de bem-estar.

Brotando da fonte: uma fábrica viva de vitaminas

E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portantopediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar. Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que se nosdeem brotos de sementes a comer, e água a beber. Então se examine diante de ti a nossa aparência, e a aparência dos jovens quecomem a porção das iguarias do rei; e, conforme vires procederás para com os teus servos. Ao fim de dez dias, apareceram osseus semblantes melhores do que todos os jovens que comiam das iguarias do rei. Assim o despenseiro tirou-lhes a porção dasiguarias, e o vinho de que deviam beber, e lhes dava brotos.

Extraído do Livro de Daniel – Velho Testamento

A natureza instrui, a existência obedece; abre-se o cofre orgânico da vida e a energia brota,abundante e plena: de semente a salada em menos de uma semana! Os profetas bíblicos — comopodemos conferir na citação acima — já tinham acesso a essa sabedoria nutritiva e dela faziam uso,mantendo corpo e espírito em dia, saudáveis e alimentados de acordo com o “desejo divino”.

Uma avançada tecnologia natural

Os brotos, uma forma altamente concentrada e avançada de alimento, podem ser cultivados emqualquer clima, a qualquer momento, em qualquer estação; seu desenvolvimento dispensa solo ou luzsolar e ficam prontos para o consumo em no máximo cinco dias. Seu teor nutritivo é generoso: osbrotos contêm de 10 a 100 vezes mais enzimas e vitaminas, se comparados às plantas maduras de suaespécie.

Os brotos de alfafa contém mais clorofila do que o espinafre. Os de soja e lentilha, com umconteúdo proteico de 28% e 26%, superam até mesmo a carne e os ovos — fontes tradicionais deproteína —, com a vantagem de conter apenas um décimo de seu teor de gordura. Riquíssimos emantioxidantes, os brotos são excelentes candidatos à fonte da juventude, ao prevenir a destruição doDNA e os efeitos progressivos do envelhecimento.

Germinando vitamina

A vitalidade evidente dos brotos se reflete numa concentração impressionante de vitaminas. Osbrotos de rabanete contêm 29 vezes mais vitamina C e 4 vezes mais vitamina A do que o leite,rivalizando até mesmo com sua própria espécie: os brotos excedem em 39 vezes o teor deprovitaminas dos rabanetes maduros. O broto de soja, além de conservar o alto teor de vitaminas docomplexo B contido na semente original, aumenta em 300% a vitamina A e em espantosos 600% avitamina C; meia xícara de qualquer tipo de broto fornece a vitamina C contida em seis copos desuco de laranja. As sementes de alfafa, ao germinar, aumentam em 450% o teor de saponinas —enzimas que baixam o colesterol ruim e estimulam o sistema imunológico.

Fáceis de preparar, fáceis de digerir

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O processo de germinar transforma o amido original das sementes em açúcares simples,adiantando assim o processo de digestão dos brotos. Sua leveza visual se traduz em baixo teor decalorias: 100 gramas de brotos de feijão, dentre todos o mais calórico, contêm 79 calorias. Umaxícara de brotos de alfafa contém, apenas, 12 calorias! Os brotos são gostosos de qualquer maneira:os mais fininhos, como os de rabanete, alfafa e lentilha, podem ser comidos crus na salada,fresquinhos e crocantes; os mais espessos e fibrosos, como os de feijão, podem ser ligeiramenteescaldados; os brotos são, ainda, acompanhantes perfeitos para enriquecer os sanduíches,aumentando seu valor nutritivo e apurando o sabor.

RAÍZES: O VENTRE QUENTE DA TERRA EM CONEXÃO DIRETA

Conta a tradição oriental que o aroma do gengibre aumenta a confiança e a determinação. Não é deespantar que, para incorporar à vida tais qualidades, seja preciso transcender a aparência nodosa egrosseira dessa raiz incrível para encontrar seu aroma privilegiado e raro! Confiança e determinaçãosão também as qualidades que levam raízes de toda espécie vegetal a aprofundar-se corajosamenteno ventre quente da terra para, de lá, sugar os nutrientes necessários à sobrevivência do organismo,que viceja e floresce bem distante daquele universo escuro, usufruindo a beleza ensolarada dasuperfície.

Preservando a conexão vital

A ciência demonstrou recentemente que o cordão umbilical, além de nos alimentar no útero, temcapacidade de reproduzir qualquer tipo de célula de nosso corpo, a qualquer tempo. Assim setransforma em milagre da medicina moderna o que há pouco tempo não passava de resto orgânico doparto — tradicionalmente destinado ao lixo — comprovando a inédita e inata sabedoria orgânica quese dedica a preservar nossa vida, desde quando não passávamos de uma célula.

As raízes comestíveis, de forma análoga, nascem da semente original com essa tarefa nutricionale a preservam enquanto houver vida orgânica no corpo verde que alimentam. Como o cordãoumbilical, uma vez extraídas da terra e separadas da planta original, vão mais além: além de possuirpropriedades medicinais, são alimento de excelente qualidade, pobres em calorias e ricas em fibras,vitaminas e minerais.

De remédio à iguaria

As raízes eram, tradicionalmente, utilizadas como remédio, não como alimento. A funçãomedicinal era a única atribuída pelos gregos e romanos ao aipo, delícia crocante que hoje em dia dáfrescor os pratos mais sofisticados. O gengibre era usado pelos marinheiros chineses como alívio deenjoos marítimos; atualmente, as propriedades medicinais do gengibre estão comprovadas, e a raizcontinua sendo utilizada em casos de enjoo e problemas digestivos. Em gargarejos, é eficaz notratamento de inflamações de garganta, e como chá terapêutico contra gripes acalma a tosse e baixa afebre. O nabo japonês, iguaria levemente picante que recentemente aprendemos a apreciar no Brasil,tem apenas 20 calorias por cada xícara; esta quantidade nos fornece 36% da necessidade diária de

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vitamina C, além de facilitar a digestão e o aproveitamento de gorduras. O nabo redondo, seu parentepróximo e mais conhecido, cujo sabor até hoje desprezamos, pertence à família das crucíferas e éimportante na prevenção do câncer, além de ser delicioso e leve.

O segredo está na cor, ou...

Fugindo à regra básica do gosto exótico e aparência duvidosa, duas raízes nossas conhecidas sedestacam por seu sabor docinho e suas cores vibrantes, tudo isso sem deixar de lado as propriedadesmedicinais. O laranja forte da cenoura denuncia seu alto teor de betacaroteno, transformado peloorganismo em vitamina A — que ajuda a combater infecções e mantém a saúde da pele e doscabelos. Uma única cenoura fornece 220% de nossa necessidade diária de vitamina A! O vermelho-vivo da beterraba vem de seu teor de ferro, que, somado ao potássio, ao magnésio e à fibra,enriquece o valor nutricional dessa raiz, essencial para o bom funcionamento do fígado eregeneração de suas células.

... vendo além das aparências

Bem feinhas de se ver, duas outras raízes são, na verdade, rainhas de sua espécie, e dão umtoque especial a algumas das receitas da terceira parte deste livro. A araruta orgânica, uma raiz bemretorcida e fibrosa, é uma descoberta recente e maravilhosa que fizemos no laboratório da CozinhaEvolutiva. Natural do Caribe — onde os nativos a chamavam de aru-aru, “o alimento dos alimentos”— faz uma fécula que substitui a maisena do milho e a supera em qualidade e digestibilidade: omilho e seus derivados não são recomendados por serem agentes causadores de alergias alimentarese possuírem altíssimo índice glicêmico.

Para encerrar com chave de ouro o capítulo das raízes, apresentamos a exótica bardana, que porbaixo da casca feiosa e áspera revela inesperadas qualidades afrodisíacas. Convide, portanto, o seuamor para o jantar e capriche na cozinha!

SUSTENTANDO A NATUREZA: CAULE, O MULTIMÍDIA DAS PLANTAS

Veículo da seiva nutritiva — conectando a raiz à parte superior das plantas — e sustentáculo degalhos, folhas, flores e frutos, poucos caules são aproveitados pelo homem como alimento. Esteórgão vegetal foi, no entanto, responsável por uma enorme revolução na dieta humana,redirecionando os rumos da civilização: desde a descoberta do fogo, sua madeira é aproveitadacomo combustível, permitindo o cozimento dos alimentos e ampliando assim de forma espetacular adisponibilidade nutricional. Caules e troncos são os grandes patrocinadores da arte culinária atravésda história! Mesmo nos dias de hoje, em plena era tecnológica, valorizamos nostalgicamente acomida preparada em forno de lenha, cozida lentamente, incorporando sucos e aromas em ritmo zen.

Crucíferas: suculentas do caule às folhas

Dentre todos os vegetais, as espécies crucíferas se destacam por suas qualidades estimuladoras

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do sistema imunológico e por conter substâncias que previnem a degeneração celular. Totalmenteaproveitáveis na cozinha, essas crucíferas — brócolis, repolho, couve-flor e couve — são versáteisno preparo, e seus caules, muitas vezes desprezados em receitas habituais, são, na verdade,suculentos, deliciosos e ricos em fibras. Ricas em vitamina C, das crucíferas diz-se também que sãoeficazes na prevenção de diversos tipos de câncer. Para transformá-las em delícias culinárias bastacozinhá-las em água e sal. Cozinhe os caules sempre separados, pois levam mais tempo para atingir oponto certo; para preparar as flores, basta cozinhá-las em água fervente por cinco minutos e, a seguir,lavá-las em água fria para interromper o cozimento: dessa forma, sua cor vibrante é preservada e suatextura crocante mantida.

Delicadeza em forma de verdura: aspargos

Cultivados pelo homem há mais de 2500 anos, os aspargos, com suas hastes delicadas esofisticadas, dão gosto e graça ao mais gourmet dos pratos. Muito apreciados na culinária francesa,os aspargos já gozavam de prestigio entre os gregos e romanos por suas qualidades afrodisíacas.Fáceis de preparar e de sabor suave, são boa fonte de fibras, de vitaminas A, B e C, e pobres emcalorias: apenas 18 calorias em cada 100 gramas. Prepará-los é simples: basta cozinhá-losrapidamente no vapor. A Culinária Evolutiva recomenda os aspargos frescos e não aconselha asconservas, que na maior parte dos casos contêm açúcar e conservantes prejudiciais à saúde.

Curto e grosso: uma reserva nutritiva

Os tubérculos, tipo de espessamento subterrâneo curto e grosso do caule, são altamentenutritivos e de utilização versátil. A multimídia batata, natural dos Andes e cultivada pelos nativospor mais de 7 mil anos, é considerada por muitos como o alimento mais perfeito da natureza.Componente básico das dietas tradicionais, a batata pode ser preparada das mais diversas formas,cozida, assada, inteira ou amassada e como ingrediente principal de suflês, pães e bolos. A versãomais famosa desse alimento, no entanto, é prejudicial à saúde e deve ser evitada! O estilo fast foodde consumir batatas enfatiza o alto teor glicêmico e estoura qualquer orçamento calórico, numexcelente negócio para as redes mundiais de lanchonetes, que fazem a festa com o consumocompulsivo e a fome recorrente provocada pelos saquinhos crocantes de batatas fritas!

A estrela da nossa festa

Mais uma estrela se destaca em nossa festa culinária: o palmito. Por muitos anos, eu só conheciao palmito em conserva, que sempre achei uma delícia. Minhas pesquisas nutricionais me fizeram, noentanto, abandonar as conservas e lamentei por anos a falta do palmito nas saladas, até que umaamiga me apresentou o palmito fresco do tipo pupunha, hoje disponível em feiras e hortifrutis: umadelícia, versátil, tão gostoso quando usado cru, em saladas, quanto em receitas sofisticadas. Rico emcálcio, fósforo e folato, o palmito fresco é um alimento ideal para dietas, fornecendo apenas 26calorias por 100 gramas.

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FOLHAS: VIBRAÇÃO VERDE ALIMENTANDO O PLANETA

Sofisticadas usinas de energia, com o poder de sintetizar alimento a partir do sol, as folhasalimentam toda forma de vida em nosso planeta. Sua cor verde vem da clorofila, que através dafotossíntese produz glicose, absorve o gás carbônico da atmosfera e libera o oxigênio, fundamentalpara a sobrevivência de todas as espécies. Tornando a respiração possível, são as folhas que nosmantêm vivos, provendo nosso alimento básico — o ar. Isso, imaginem, muito antes de viraremsalada!

A descrição científica do processo de metabolismo da luz solar pelas folhas faz a ideia de“vibração energética” transcender o dicionário esotérico, transformada em realidade cotidiana:quando a molécula de clorofila absorve um fóton de luz, os elétrons se excitam e elevam seu nível deenergia, que se transmite rapidamente para a molécula vizinha; a planta, literalmente, vibra ao criarenormes quantidades de açúcar, que é usado para produzir caule, folhas e frutos. O excesso deglicose é armazenado em forma de carboidrato, para nos alimentar depois! Assim, toda a vida naterra depende da vibração solar, fazendo da fotossíntese um dos processos bioquímicos maisimportantes que existem, nossa fonte primordial de ar, alimento e energia.

Cruas, crocantes e sempre frescas

Docinha e simples de preparar, nada como uma alface bem lavada pra nos refrescar do verão,não é mesmo? Os vegetais folhosos, disponíveis em grande variedade de sabores, cores e aromas,são parte integrante de qualquer refeição equilibrada. A energia viva das folhas transforma em festavibrante barracas de feira e gôndolas de supermercados; hoje em dia já é bem fácil optar pela boasaúde do organismo escolhendo verduras sem agrotóxicos.

Milhares de estudos provaram que o consumo cotidiano de vegetais diminui a incidência decâncer e de doenças do coração. As folhas frescas são também ricas em ferro e vitamina A, além defacilitar a digestão, garantindo através de seu alto teor de fibra o bom funcionamento do intestino.

E as calorias? Desprezíveis, quase zero. Uma boa salada verde antes do prato principal nos dáuma sensação confortável de saciedade e nos impede de comer demais.

Cuidado, porém, com o exagero! O consumo excessivo de folhas cruas pode provocar gases ediarreia!

O teor está na cor

É a presença de clorofila nas folhas que lhes dá sua cor verde característica. O poder denutrição do vegetal, no entanto, é que determina a intensidade da cor. Quanto mais escuro e vibrante otom de verde, mais elevado será o teor de betacaroteno, vitamina C, cálcio, ferro, magnésio epotássio que a folha contém. A alface romana, por exemplo, tem oito vezes mais betacaroteno e seisvezes mais vitamina C do que a alface comum, de folhas mais clarinhas. O agrião contém tanto ferroque chega a oxidar, se exposto por muito tempo ao ar depois de colhido! Os vegetais verdes- escurosfornecem mais ferro por caloria do que a carne, e é de suas folhas que vem a maior parte domagnésio consumido através da dieta alimentar.

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ERVAS AROMÁTICAS: UM TESOURO ANCESTRAL DE SAÚDE E SABOR

As ervas parecem estar presentes na história humana desde o início dos tempos, para finsmedicinais, culinários e mágicos; e foram, para mim, a porta de entrada da arte culinária, aocombater a mesmice que rondava a comida dietética e sem graça a que eu me sentia condenada, nosprimórdios de minhas infrutíferas tentativas de emagrecer. Usando ervas, fui aprendendo a realçarsabores, alterar texturas e a deixar de lado para sempre os pratos pesados e indigestos, com o gostonatural dos alimentos afogado em molhos, frituras e misturas transbordantes de calorias.

O manejo harmonioso das ervas aromáticas é o mistério que transforma qualquer cozinheiro emchef. Frescas ou secas, são elas que dão aos pratos sabor e aroma únicos, assinatura de artista nasobras da arte de cozinhar. Só a intuição e a experiência podem ensinar o uso ideal das ervas; é quaseimpossível transmitir em palavras esse conhecimento. Compre todas que encontrar e deixe ao ladodo fogão; confie no seu olfato e vá deixando o alquimista do gosto despertar aos poucos em você!

A poção mágica do sabor

Pequenas e delicadas, são um capítulo à parte no universo das folhas comestíveis. Baseancestral de todos os medicamentos, as ervas — em forma de chá ou tempero — são velhas aliadasdo homem na cura de qualquer mal do corpo e da mente. Sua missão começa pela língua... O gostorefinado dos alimentos temperados com ervas já entra em nosso corpo estimulando a produção desaliva.

Grande parte das ervas que usamos auxilia a digestão: o coentro, por exemplo, é nativo doantigo Egito e parte ativa de todas as culinárias tradicionais. Na Índia, suas folhas são usadas comoremédio popular para o estômago; as sementes fazem parte do curry, tempero indiano picante,saboroso e digestivo.

A hortelã, muito usada fresca, em saladas e na culinária árabe, é ideal também em infusões.Exagerou na comida? Acalme o estômago com chá de hortelã! O chá de menta é ainda ótimodescongestionante em gripes e resfriados; purificador, é bom até como banho estimulante ouaromatizador da sauna. Experimente as folhas frescas de hortelã batidas no liquidificador comabacaxi ou melão: dá um suco delicioso e refrescante, que empurra pra longe o calor escaldante doverão.

Relaxando a mente e a tensão

Não há tensão que resista a um bom chazinho de camomila, já ensinavam as avós em tempos demenos estresse; mesmo hoje em dia, as florzinhas amarelas são eficientes para acalmar cólicas, abriras portas do sono e nos proteger de pesadelos. Sua infusão tem ainda uma qualidade extra: usadapara enxaguar os cabelos, revive seu brilho e clareia o tom. Já conhecida pelos egípcios 1500 anosantes de Cristo, as sementes de erva-doce aquietam os nervos e os gases do estômago. Muitovalorizada na antiguidade, a erva-doce era usada pelos romanos num bolo tradicional, servido aofinal de banquetes; o bolo tinha propriedades digestivas e é considerado o precursor dos bolos decasamento. Em saladas, a miúda semente de erva-doce dá um gostinho refrescante de anis.

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De Krishna ao tomate: vislumbrando o paraíso

“O que é o paraíso”, afirmava em 1618 um poeta inglês, “senão um pomar de ervas e árvores,pleno de prazer e delícia”?

Na Índia, o passaporte para o paraíso é uma folha de manjericão repousando no peito de umhindu durante a sesta. A erva, sagrada para Krishna e Vishnu, não pode faltar em nenhum lartradicional. Em nossa mesa, a tradição italiana ensina que manjericão e orégano casam bem comtomate: a erva, seca ou fresca, dá sabor característico aos molhos vermelhos que colorem os pratosde massa. O manjericão fresco, de perfume marcante, deve ser acrescentado logo após o cozimento;para acentuar o sabor, cozida junto com os demais ingredientes do prato, a versão seca da erva é amais indicada.

Chá verde, a fonte japonesa da juventude

Um grande trunfo das gueixas vem invadindo sem cerimônia o ocidente nos últimos anos, desdeque a medicina descobriu no chá verde uma abundância impressionante de antioxidantes. Três xícarasde chá verde por dia fornecem ao corpo a quantidade recomendada por pesquisadores americanospara proteger o coração, o cérebro e a juventude! Consumido diariamente, o chá verde é garantiasuficiente contra a ação danosa dos radicais livres; use as folhas secas do chá, à venda em lojas deprodutos naturais, para fazer a infusão por dez minutos, tempo necessário para que toda a capacidadeantioxidante seja liberada. Recentemente, uma nova e cobiçada propriedade foi adicionada à lista devantagens que o chá verde nos traz: um estudo comprovou que o extrato do chá estimula ometabolismo e tem efeito significativo na oxidação de gorduras.

Conclusão: um tesouro antigo nos enriquecendo a mesa

Preciosas desde os tempos bíblicos, essas ervas, de tão apreciadas, já foram usadas até comodinheiro. Hoje em dia, esse tesouro da antiguidade está à nossa disposição em qualquer mercado; sãotantas, e tão variadas as espécies, que uma lista completa não cabe aqui. Arrisque, pesquise,experimente! Descubra você mesmo essa riqueza de gosto e perfume, oculta nas discretas folhinhas!

DESFRUTANDO OS FRUTOS

(...) E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, eárvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu

marido, e ele comeu com ela.Gênesis 3:6

Se nos faltam ainda provas da generosidade e abundância da natureza, basta observar e, por quenão, provar a imensa variedade de frutos disponíveis: eles nos deliciam e garantem ao corpo altosteores de energia, vitaminas e fibras. O fruto, resultado final e síntese energética dos elaboradosprocessos vitais nas espécies vegetais, traz guardado em si a semente, promessa de renovação do

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ciclo incessante da vida.De tão perfeito, o fruto surpreendeu o homem bíblico, simbolizando nos textos sagrados a síntese

do conhecimento. Do “pecado original” descrito na Bíblia nasceu a consciência humana e toda umavasta possibilidade de desenvolvimento intelectual e científico. Até mesmo o crescimento da internetnão é mais que o resultado de uma gostosa mordida ancestral na maçã!

Perdido o paraíso, resta-nos dele a memória deliciosa, desfrutável nas mais diversas formas,cores, aromas e sabores que caracterizam este belíssimo pomar cultivado pela natureza.

Antes dos frutos, as flores

Orgulhosos de sua maturidade, os vegetais começam por anunciá-la através de seus componentesmais caprichosos e cheirosos: as flores. Alimento do espírito e do olfato, algumas flores podemtambém ser ingeridas. Brócolis, alcachofra e couve-flor são tão comuns à mesa que às vezes não nosdamos conta de que se tratam, na verdade, de flores. Jasmim e camomila são usados em chás; aculinária indiana perfuma receitas com água de rosas e de flor de laranjeira. Algumas outras espéciesde flores vêm dando, recentemente, toques exóticos aos pratos.

Nem todas as flores são comestíveis, no entanto, e mesmo estas demandam cuidados especiais:coma somente flores cultivadas para este fim, à venda em alguns mercados especializados. Quandoacrescentar flores aos pratos, deixe-as para o toque final: os molhos de salada e o cozimentomaceram as pétalas, tirando-lhes a cor e o frescor. Pessoalmente, prefiro deixar às flores a tarefa dealimentar a alma em belos arranjos decorativos, que considero parte essencial da boa mesa e do maissagrado dos rituais cotidianos: a refeição.

BENDITOS FRUTOS PARA ALIMENTAR O VENTRE: LEGUMES

Essenciais em todo cardápio e, principalmente, para os vegetarianos, os legumes — com destaquepara todos os tipos de feijão — são fonte pouco calórica de vitaminas, fibras e proteínas. Versáteis,com cores, textura e sabores variados, os legumes enriquecem e desafiam a criatividade na cozinha.É o cozimento que torna os legumes comestíveis; através de suas várias formas de preparo, dafervura ao vapor, os legumes dão origem a pratos requintados, transformando as dietas de baixacaloria em eventos gastronômicos diários.

O que é do gosto...

Regala a vida! Passeando pelas gôndolas coloridas do mercado, em busca de inspiração paranovas receitas, descubro que abobrinha é bem mais do que conversa sem assunto. As abóboras são,para mim, o crème de la crème dos legumes; dão pra doce, dão pra sal, bolo, torta, sopa ou musse.Verdes, amarelas ou cor de laranja, conheço e uso atualmente quatro ou cinco espécies diferentes deabóbora e abobrinha, com teor energético variando entre 20 e 40 calorias por 100 gramas. Dasabóboras, tudo se aproveita: casca, polpa e semente. As cascas são ricas em fibra, estimulando ointestino; as sementes — fonte de proteína, magnésio e ferro — quando tostadas dão um tira-gostocrocante e delicioso; a polpa é rica em vitaminas, em especial o betacaroteno, precursor da vitamina

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A.Consideradas especiais já na Antiguidade, a arqueologia mostra que as abóboras eram

conhecidas e degustadas pelos Maias e Incas. Experimente usar a abóbora inteira pra fazer sopa.Lave bem a casca e coloque pra cozinhar em água e sal, partida em pedaços grandes, com semente etudo. Depois de uns 20 minutos, quando ficar macia, deixe esfriar e bata no liquidificador com a águado cozimento, voltando ao fogo até levantar fervura antes de comer: a casca e a semente batidas dãoum gosto e textura inesperados ao caldo.

Contando as vantagens dos feijões

Os feijões são uma fonte de proteína gostosa e rica. Único vegetal que fornece uma proteínacompleta, a soja se destaca entre os demais pela versatilidade e importância: sendo rica emfitoestrogênios, é usada hoje em dia até como remédio, um recurso totalmente natural para areposição hormonal durante a menopausa. Da soja se faz tofu e leite, disponíveis em qualquer loja deprodutos naturais e também fáceis de fazer em casa.

O tofu foi meu guia de transformação alimentar, fornecendo toda a proteína de que eu precisava,quando me tornei vegetariana; e pesquisando, pesquisando, fui simplificando o uso da soja edescobri a delícia que é a soja em grão. Aprendi a deixar o grão de molho de um dia para o outro,facilitando o cozimento; cozido depois em água por 40 minutos, o grão de soja fica pronto pra criargostosuras. Simplesmente cozido e temperado, é ótimo em saladas; torrado com um pouco de sal nafrigideira, dá um tira-gosto de pouca caloria e baixo índice glicêmico, lembrando no gosto oamendoim; finalmente, misturado a temperos ou frutas no liquidificador, dá pastinhas, bolos e atétortas.

Pra fazer leite de soja, deixe os grãos de molho por 12 horas; jogue fora a água do molho e bataa soja crua no liquidificador por 10 minutos, com 3 xícaras de água para cada xícara de grãos. Coe amistura através de um pano, apertando bem. O que passa pelo pano é leite; o que fica, uma massa queos japoneses chamam de okara, é proteína pura, ótimo espessante para bolos, completando compoucas calorias e muitas vantagens a quantidade de farinha; guardo a okara na geladeira e uso até prafazer quibes e croquetes vegetarianos. Antes de consumir o leite de soja coloque pra ferver numapanela bem grande, pois na fervura o leite levanta muita espuma.

Uma agente brilhante na conquista da saúde

Enriquecendo a extensa lista da família dos legumes, lembramos ainda o grão-de-bico, aslentilhas, as ervilhas e outras vagens, que compartilham entre si o alto teor proteico. E diretamente daChina, apresentamos uma agente nutricional de casca brilhante, que traz o sol até no nome: a Solanummelongena, conhecida na intimidade por berinjela. Apreciada por várias tradições culinárias, dosárabes aos italianos, a berinjela teve recentemente reconhecida sua importância medicinal, comoagente redutor do colesterol e da ação das gorduras no fígado. Antibacteriano e diurético, esselegume ligeiramente picante não foge à regra da família: além de versátil e nutritivo, é pobre emcalorias — 19 para cada 100 gramas — e muito gostoso.

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YES! NÓS TEMOS BANANA!

E temos manga, caqui, abacaxi... Num privilégio tropical que cotidianamente nos deleita, as frutasfrescas estão disponíveis no Brasil o ano inteiro, engordando as opções de saúde sem engordar adieta. Os benefícios das frutas são mais do que conhecidos, remédios para os mais variados males:do intestino preguiçoso à preguiça de cozinhar, passando por aquela gripezinha chata, ou diluindo aressaca.

Maravilhosas guerreiras, as frutas são também apreciadas em batalhas bem mais sérias: repletasde ingredientes fitoquímicos e com enorme poder antioxidante, são grandes aliadas na luta contra ocâncer, os derrames e o envelhecimento.

Banana, menina, contém vitamina...

E potássio, magnésio e pectina! Apesar de bastante calórica, conferindo alguma verdade ao mitode que banana engorda (se faz crescer eu já não sei), a fruta é um alimento substancial e não podefaltar em nossa dieta, desde que consumida com moderação; a pectina contida na banana é uma fibraque estabiliza o açúcar no sangue, prolongando a sensação de saciedade. Experimente comer umabanana depois de uma sessão extenuante de exercícios: as calorias são rapidamente absorvidas e asensação de conforto e reposição energética é imediata. Não devemos, na verdade, abusar das frutas,que são uma fonte rica de açúcar e possuem, muitas vezes, índice glicêmico alto: o ideal é consumirtrês ou quatro porções diárias, de preferência à tarde e à noite, por suas características calmantes erefrescantes. Evite comer suas frutas como sobremesa, já que podem fermentar durante a digestão;reserve-as para um lanche no meio da tarde ou antes de dormir, quando substituem com vantagenscalóricas e nutritivas os bolos, doces ou biscoitos.

Açúcar do bom: adoça e não vicia

Já sabemos que o açúcar refinado é vazio de nutrientes: sua energia é rapidamente consumida eo corpo logo pede mais, viciando o mecanismo de produção de insulina; o açúcar das frutas, noentanto, é um adoçante poderoso, sem efeitos colaterais, associado a nutrientes, vitaminas e fibras,recomendado em todas as dietas. Os doces, tortas e sobremesas preparados com o açúcar das frutassão mais leves, nutritivos e, o que é melhor, de baixa caloria; experimente cozinhar frutas frescas emágua: isso faz com que o açúcar se concentre, aumentando o potencial adoçante. As frutas maisadequadas ao cozimento para produzir efeito adoçante são, com teor de doçura decrescente: banana,abacaxi, maçã e pera.

Frutas são para comer

Apesar da sabedoria popular recomendar, muitas vezes, o consumo de sucos, eu afirmo: frutassão para comer e pronto. O processamento das frutas elimina toda a fibra e boa parte dos nutrientes,destruindo o maravilhoso equilíbrio energético natural desta obra prima da natureza; muitosnutrientes importantes estão nas cascas, sementes e bagaços, que numa fruta ingerida inteira são parte

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de um todo harmônico e até enriquecem o sabor.Em vez de tomar suco, experimente comer até mesmo as sementes de mamão: elas são um

remédio maravilhoso e sem contraindicações em casos de prisão de ventre. Não é necessáriomastigar as sementes, que são amargas: basta engoli-las. Elas passam intactas pelo trato digestivo,estimulando o rápido funcionamento do intestino. Efeito semelhante é atribuído à pele das laranjas:se o suco for indispensável, experimente tirar a casca bem fina e bater a fruta no liquidificador com apele: o suco assim obtido é superior em todos os aspectos ao espremido. Beba imediatamente, já queo teor de vitamina C nos sucos é volátil e desaparece rapidamente.

Lave bem as frutas antes de comer e evite descascá-las. O poder de cura atribuído às maçãstambém está na casca, que além de crocante dá um chá delicioso!

Concentrando antioxidantes

Ótimas pra beliscar, as frutas secas são recordistas em teor antioxidante, já que o processo dedesidratação concentra os nutrientes. A ameixa seca e as passas encabeçam a lista, com um teorantioxidante pelo menos cinco vezes superior ao das frutas frescas. O damasco é uma deliciaazedinha, com um índice glicêmico baixo e rico em vitamina C, além de excelente regulador dointestino.

E o tomate? Você sabia que o tomate é fruta? Pois é, das boas, rica em licopeno e fundamental naproteção contra o envelhecimento e o câncer, em especial o câncer de próstata: nem o cozimentodiminui a capacidade protetora do tomate, já que o licopeno não sofre com a ação do calor.

GRÃOS: TIRANDO O PÃO DA TERRA

Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grãocheio na espiga.

Marcos: 4:28

No antigo idioma egípcio, o nome atribuído ao trigo significa também a “alma da Terra”; e é com aabundância e o desapego característicos das mães verdadeiras que nosso planeta franqueia a seusfilhos este alimento básico. O processo pioneiro de domesticação dos grãos foi responsável pelamudança radical dos rumos da humanidade, há mais de 10 mil anos atrás, inaugurando apossibilidade concreta do desenvolvimento da civilização.

Colhendo por décadas os grãos selvagens, nossos ancestrais — caçadores, coletores de ervas enômades — acabaram por provocar involuntariamente uma alteração genética nos grãos, que ostransformou em espécie cultivável, inventando a agricultura; a prática e o aprendizado da seleção dasmelhores sementes completaram o trabalho, permitindo a produção de alimento em quantidade muitosuperior à necessária para garantir o consumo da população de então.

A adoção do armazenamento libertou o homem antigo do fantasma da fome e provocou aconcentração das famílias ao redor do estoque alimentar, dando origem às concentrações urbanas,processo que liberou tempo e energia e permitiu a opção por outros tipos de trabalho, além daprodução de alimento: surgiram assim a produção de artefatos, a curiosidade técnica e científica e,

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como nada é perfeito, as hierarquias, as elites, a burocracia e as guerras...

Vilão ou herói?

Deixando de lado os julgamentos morais, a domesticação dos grãos foi crucial em nossahistória, dotando de força criativa a dualidade e o conflito que nos permitiram crescer como sereshumanos, ao nos afastar da natureza animalesca que, por milênios, caracterizou nossos ancestrais. Foidessa forma que o homem passou de selvagem domado a domador civilizado, aprendendo atransformar e a marcar com sua assinatura o mundo em volta. Nos dias de hoje, milênios etecnologias depois dessa passagem, cabe a nós, humanos plenamente desenvolvidos, promover aterceira grande mudança evolutiva — sendo a primeira a descoberta do fogo e a segunda a criação daagricultura —, aceitando a responsabilidade pela preservação da natureza e suas espécies, incluídaaí a opção pelo controle de nossa própria saúde e longevidade.

Escolhendo vigor e saúde perfeita

Esqueça o grão refinado, vício gastronômico processado, culturalmente imposto pela falta detempo e ansiedade moderna, na corrida irrefletida atrás de bens materiais cada vez mais escassos edescartáveis. Trigo, centeio, aveia, milho e arroz podem prover uma alimentação de base, sólida econfiável, rica em vitaminas, minerais e fibras: um remédio eficaz contra os males típicos dacivilização pasteurizada, como a obesidade, a diabetes, o câncer e o ataque cardíaco.

Todo esse potencial é, no entanto, varrido inescrupulosamente com as cascas, durante o processode “refino”. Arrependida de seus pecados, a indústria alimentar faz falsa penitência e finge repor ospreciosos nutrientes ao “enriquecer” o produto final, branquinho, fininho e nutritivamente quaseinútil.

Uma espuma biológica inchada de química

Desculpem, amigos, mas visto de forma realista e bem pouco poética, o pão branco nosso decada padaria não passa desta fórmula chocante descrita aí em cima. O glúten é a proteína contida notrigo e em outros grãos que, misturado ao fermento — na verdade, uma bactéria, como já disse —,provoca bolhas de gás carbônico que fazem a massa crescer, ou melhor, inchar. O calor do fornoestabiliza o volume, resultando nessa massa crocante por fora e fofa por dentro que chamamos depão.

O pão feito de farinha branca, refinada, tem uma proporção quimicamente alterada de glúten,vitaminas e fibras, o que o faz mais leve, porém vazio de nutrientes. O pão ancestral, alimentosagrado, enaltecido em textos antigos como a Bíblia, é o pão escuro e plano, preparado sem fermentoe pouco aceito pelas apressadas culturas ocidentais modernas, adeptas convictas da alimentaçãoinstantânea.

Fast food, slow food

O alimento refinado e altamente processado, base energética da fast food [do inglês: comidarápida], contém energia suficiente para nos manter por algum tempo na posição vertical.

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Eventualmente, entretanto, o vazio nutricional se instala no corpo e a base alimentar da culturamoderna ocidental se transforma em seu pior inimigo, roubando às pessoas a energia produtiva: ofeitiço se vira contra o feiticeiro, e adeus, produção de dinheiro.

Como reação, vem sendo cada vez mais aceita a slow food [do inglês: comida lenta], umacomida mais simples, sem aditivos, próxima da natureza, de preferência preparada em casa eabsorvendo a energia amorosa do cozinheiro, numa quase meditação. A Culinária Evolutiva adotaeste princípio, nutrindo o corpo e o espírito.

O verdadeiro pão da Terra

O trigo é, de todos os grãos, o mais rico em glúten; o glúten, apesar de produzir um pão maisleve, pode provocar gases e digestão pesada em algumas pessoas, por ser um alimento relativamentenovo em nossa história genética: alguns grupos populacionais ainda não incorporaram bem essamudança e apresentam alguma intolerância aos grãos, efeito que pode ser atenuado substituindo-se afarinha de trigo por farinha de centeio, ou mesmo misturando as duas, o que não altera em nada asreceitas de pão. Deixando por uma noite, na cozinha, uma papa mole feita da mistura de farinha eágua, conseguimos uma fermentação totalmente natural, produzida pelo ar que respiramos e evitandoos fermentos químicos industrializados; o fermento assim obtido reproduz na íntegra a incrível eacidental descoberta egípcia, marcando a transformação do pão pesado e duro em delícia nutritiva. Afibra dos grãos integrais estabiliza o índice glicêmico e nos mantém alimentados e satisfeitos por umbom tempo.

APROVEITANDO CASCAS: UM BÔNUS GENEROSO DA MÃE NATUREZA

Compartilho com meu sobrinho adolescente um hábito alimentar aparentemente excêntrico: nós doisadoramos comer cascas de fruta, principalmente de maçãs. Os demais membros da família, menosespertos, descascam a maçã antes de comê-la, e lá estamos, eu e Edgar, disputando as cascas comopetiscos especialmente deliciosos. Recentemente, a Culinária Evolutiva conferiu validade científicaa esta mania; foram comprovados os benefícios que uma maçã por dia traz à saúde, e mais: um estudoda Universidade de Cornell garante que boa parte dos fitoquímicos antialérgicos, antivirais, anti-inflamatórios e anticâncer das maçãs está... na casca.

Além de gostosas para comer, cruas e bem lavadas, as cascas de maçã fervida em água filtradadão um chá excelente. E falando de chá, as cascas de abacaxi também são ótimas, fazendo um chárecomendado, até mesmo por médicos alopatas, para doenças dos rins. Lave bem as cascas de umabacaxi e ferva em 1 litro de água filtrada; abafe, e deixe por meia hora. Coe, jogue fora as cascas etome o chá: quente ou gelado é refrescante, gostoso e saudável.

Um desperdício indesculpável

Acomodada e teimosa como muitos de nós, minha mãe resiste à sugestão que faço para o almoçode domingo: batatas assadas com casca. Ela chega a colocar as batatas intactas no forno, mas logodesiste e as descasca, dando adeus, sem nenhuma pena, ao gostinho crocante das cascas, detentoras

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de nutrientes preciosos. As cascas de batata contêm fibras, grande parte das proteínas e metade doteor de cálcio contido nesse tubérculo nutricionalmente rico. Descascadas, as batatas perdem grandeparte de seu potencial nutritivo e se transformam em alimento de alto índice glicêmico, devido àperda das fibras e ao desequilíbrio resultante entre o teor de carboidratos e o de proteínas. Ingeridascom casca, as batatas são alcalinas e benéficas para a saúde; descascadas, seu uso deve sercontrolado, já que se tornam ácidas e tendem a fermentar na digestão.

Quando a casca é comestível, jamais deixe de comer a casca!

Desde que descobri essas qualidades inéditas das cascas, tento, sempre que possível, aproveitá-las, garantido o teor de fibras e nutrientes das frutas e legumes. Estabeleci na Culinária Evolutiva aseguinte regra: se a casca é comestível, nunca deixe de comer a casca! Abóbora cozida, assada ou emsopas é uma delícia, com semente, casca e tudo; peras, pêssegos, pepinos e rabanetes são ainda maisgostosos e saudáveis se comidos com a casca.

Sabendo das coisas, a Embrapa vem fazendo pesquisas para aproveitar a casca das bananas. Eeu, recentemente, incorporei uma casca inusitada ao meu cardápio: a pele marrom do coco maduro,colada à polpa, é crocante e rica em fibras; tem gosto puro de coco, quase nenhuma gordura epouquíssimas calorias!

As cascas e a pele das frutas cítricas são um caso à parte: são elas que concentram grande parteda vitamina C e os preciosos bioflavonóides, preventivos essenciais e comprovados contra o câncer,doenças do coração, alergias e artrite. A pele branca de laranjas e tangerinas é especialmente eficazcontra o câncer de pele e na prevenção do escorbuto. A casca externa destas frutas, se comida emquantidade, é indigesta; mas ralada, usada como tempero, dá um toque especial a bolos e saladas.

A culinária americana, mais uma vez, acrescenta um item inesperado à lista de cascasaproveitáveis, com uma receita tradicional de conserva doce de cascas de melancia! Faça valer suaousadia e criatividade, experimentando cascas diversas e testando seu gosto e digestibilidade! Masnão se esqueça: lave bem as cascas antes de comê-las ou prepará-las; se necessário, use umaescovinha e até mesmo sabão para limpar e eliminar os resíduos de terra. Enxaguando bem, o sabãonão deixa gosto e garante a ausência de germes, entenderam?

INCORPORANDO O NOVO: UMA EMOÇÃO COTIDIANA

Pedalando na academia, vou deixando para trás inseguranças e hesitações. Chego à sala, em meuprimeiro dia, deslocada e gorda. Não me sento sobre o selim: desabo. Não me apoio no guidão: meagarro. Não pedalo no ritmo da música: me arrasto. Carrego nas costas muitos anos de patinho feio enão vislumbro nada do cisne. Certamente, esta fábula infantil não foi escrita pra mim.

A aula prossegue e, sem querer, descubro o estado especial de alegria e relaxamento que ospinning proporciona, e ele é para mim como uma poção mágica. Não consigo me olhar no espelho,mas sinto pela primeira vez que posso mudar. Por outro lado, sendo como sou, curiosa e um poucometida, de tanto experimentar dietas vou somando conhecimento nutricional e acabo descobrindocomo desligar a fome e a compulsão!

Animada com os resultados, começo finalmente a perder peso, sem sofrer como das vezes

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anteriores. Estabeleço uma meta e me prometo uma malha sensual, um macacão decotado —deixando a tatuagem à mostra — para quando meu corpo estiver como quero, para quando eu for amulher que vejo em sonhos.

Desenvolvo a sensualidade em classe, controlando a pélvis, no exercício de prender e soltar osquadris, alternadamente. Ainda me sinto insegura, porque minhas mãos escorregam sobre o guidãoquando estou suada: compro uma luva antiderrapante e a sensação nova que me vem é tãosurpreendente! Todo o medo vai embora, consigo tratar a parte inferior do meu corpo como se fosseindependente e posso pedalar em pé, com o corpo ereto.

É então que tenho a deslumbrante visão das asas. Estou pedalando e de repente fecho os olhos,me sinto flutuando entre nuvens brancas, o corpo leve e o olhar transparente. A professora nos pedepara aumentar a velocidade e meu coração, em vez de disparar com a intensidade do exercício, criaasas! As asas se desdobram e trazem o desejo de voar sem restrições. A velocidade na aula aumentaainda mais e quero aprender a me liberar, a saltar no nada!

Vou me preparando, respirando, dou um impulso... A música termina, a aula termina, e eu pulo noabismo, comprovando que o abismo não tem fundo, mesmo! O monstro de nossas inseguranças nadamais é que fruto de imaginação doentia, que se desvanece quando nos tornamos capazes de enfrentá-lo.

Enfrento este monstro — muito mais feio do que o patinho feio que sempre acreditei ser — e elemuda, como num efeito especial computadorizado: o pescoço cresce, a silhueta emagrece... e soufinalmente este cisne esbelto, macacão fúcsia decotado, cabelos no alto desnudando a nuca,desenrolando as asas e praticando o doce ato inato de voar.

Domando o tofu

De todas as espécies vegetais, a soja é a única que apresenta uma proteína completa, com todosos aminoácidos essenciais: por isso, é uma fonte alimentar ideal para vegetarianos, substituindo, comvantagens, a proteína animal. A soja é também rica em antioxidantes e possui substâncias que inibemo desenvolvimento do câncer. Mas para mim, como mulher, aos 48 anos de idade, o maior presenteque a soja trouxe foi a presença dos fitoestrogênios.

Há alguns anos experimentei a reposição hormonal para tratar de um desequilíbrio, e osincômodos que essa terapia me trouxe excederam em muito os benefícios. Quando comecei a comersoja, porém, imediatamente senti os efeitos do extremo bem-estar que os estrogênios proporcionam,dessa vez, sem os riscos para a saúde que os hormônios sintéticos representam! Hoje, os efeitos dosfitoestrogênios da soja se refletem na minha saúde vibrante, nos cabelos brilhantes, na pele sedosa ena menstruação regular, empurrando para longe o temor da menopausa, tudo isso sem contaminar dequímica o organismo.

Mas o gosto...

Comecei a consumir soja na forma de uma pastinha deliciosa, de sabores variados, quecomprava na loja de produtos naturais do bairro. Mas isto, certamente, não era suficiente para mesuprir de proteína. Um dia eu caminhava na praia, descontraída, pensando na proposta de um amigopara que eu cozinhasse durante um workshop quando, de repente, meu canal cósmico de informação,

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que andava meio bloqueado, se abriu, e comecei a ter milhões de ideias sobre o que fazer com tofu,para aproveitar seu potencial nutritivo e ter, ao mesmo tempo, prazer no paladar. Voltei rápido pracasa e estou até hoje experimentando as milhares de possibilidades do tofu na cozinha, em pratos deresistência, massas, tortas, bolos, doces e sorvetes!

ALÉM DO CANSAÇO: UMA INESPERADA PLATAFORMA DE DECOLAGEM

Muito próxima da boa forma, acreditava ter estabelecido na academia um programa de treinamentofísico adequado, um complemento ideal para a dieta, numa rotina para a manutenção de um corpoestável, saudável e harmônico. Uma interferência externa, no entanto, acabou por provocar umarevolução na prática diária que eu já acreditava próxima ao limite de minhas capacidades. Aprofessora de spinning e o professor de ginástica localizada deixaram a academia quase ao mesmotempo, e me vi forçada a partir em busca de novas opções: escolhi desbravar os aparelhos demusculação e substituí de uma só vez os dois professores de spinning que eu frequentava.

Mergulhei assim, um pouco ingênua, numa caótica jornada reforçada de esforço, um longodesafio contra os limites do cansaço orgânico e mental. O corpo reclamou, mas bem além desserecomeço difícil eu vislumbrava possibilidades ampliadas, um novo patamar de capacitação eresistência física. Não me basta mais um corpo em forma — eu repetia, animadora, para mimmesma, quando o corpo pensava em desistir. Quero ser forte e ter a musculatura definida!

Transgredindo limites, em busca de excelência

Por dois meses me senti cansada, e muitas vezes senti que se esgotavam as reservas de energiadisponível. Não conseguia mais desligar a mente no spinning, esforçando-me além do que pareciaaceitável para seguir o ritmo da nova turma. Me acontecia chegar em casa e comer, comer, comer, eainda assim persistia um vazio no corpo difícil de preencher.

Minha mente se ocupava em memorizar a sequência dos exercícios de musculação, buscandomaior intimidade com os aparelhos. Decidi aumentar as horas dedicadas ao alongamento e a rigidezdo corpo se fez ouvir, reclamando alto das posturas retorcidas. O caminho da excelência — eudescobria — desconhece reta de chegada. Quanto mais avançamos no caminho do crescimento,mais é preciso avançar, e a meta se afasta cada vez mais de nós; as exigências e responsabilidadescrescem de forma progressiva à medida que ultrapassamos limites.

Liberando padrões emocionais através da prática física

Enquanto o corpo se ocupava cotidianamente com um considerável desafio orgânico, a mentedecidiu embrenhar-se no inconsciente em busca de desafios emocionais insuspeitados, pescando emáguas profundas algum tubarão ameaçador que ainda pudesse bloquear o livre fluir do futuro. Derepente, numa tarde quieta de inverno em frente ao computador, mente e corpo se encontraram eentraram em estado de luta.

Uma dor quase incapacitante tomou conta do meu lado esquerdo, invadindo sem convite ombro,peito e braço, num abraço sufocante da psique. Eu não podia voltar atrás neste processo e, sem

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opção, examinei os fatos como se apresentavam: quinze dias de incômoda preparação até que pude,finalmente, enfrentar o monstro falsamente assustador que, desde a infância, dormitava disfarçadodentro de mim, fonte ainda não reconhecida de padrões limitadores.

O bicho de minha dolorosa memória infantil era feio, mas covarde: chamado às falas, dissolveu-se no ar, sumiu! Levou consigo em dois dias o peso em meu peito, restaurando rápido o fluxo livre darespiração e do movimento pleno.

Um estado de equilíbrio, mais uma volta no vórtice evolutivo

O caminho evolutivo, sabemos, segue um roteiro em forma de vórtice, uma espiral que sedesenvolve em três dimensões. Ciclicamente, retornamos ao ponto de equilíbrio, mas sempre numpatamar superior ao ponto de partida.

Estou na aula de spinning e volto a sentir o corpo em forma. Já posso dançar de novo na bike, aoritmo da nova música. Além do cansaço, descubro, existe um novo patamar de harmonia, umaplataforma de decolagem para voos cada vez mais ousados, vencendo antigos limites do corpo.

De repente me desligo e estou novamente navegando livre pela imaginação. Pedalo solta atravésde um amplo deserto, meio avermelhado e ondulante. Curiosa, quero ver aonde esse caminho vailevar; começo a subir e me pergunto se já não estive por aqui antes. Talvez não — imagino — talvezsomente agora eu esteja pronta e possua os veículos e instrumentos adequados à jornada —concluo. A curva vai se desenvolvendo montanha acima e a bike segue, corajosa, vencendo osobstáculos.

Começo a reconhecer a paisagem e chego inesperadamente a Bariloche, onde reencontro o lagoverde, escondido numa caverna, que visitara dois anos antes. Minha recém adquirida maturidadepermite uma compreensão ampliada do mistério que esse lago encerra: ele fala comigo numalinguagem clara e já posso decifrar memórias ancestrais, que me contam vivências de um tempomuito anterior à história, uma saga de sobrevivência e renovação.

“Após o cataclismo”, ensina a sabedoria do lago escondido na alma da caverna, “o corpoagredido se acalma, descansa e se renova. A memória dos fatos se transforma em sabedoria: estamosprontos para seguir em frente, e em nosso campo de decolagem elevado a liberdade que adivinhamosé infinita.”

Redefinindo metas: um salto quântico para a capacidade humana

Desvendo assim o mecanismo da evolução humana. Um passo no caos e, de repente, se abre ànossa frente uma gama ampliada de possibilidades, uma linguagem subitamente aprendida ecompreendida. A evolução se dá assim, aos saltos, repentina, rompendo limites e relaxando ocontrole. Uma ferramenta básica, se adotada, facilita e favorece o crescimento, muitas vezes noslevando a superar metas previamente estabelecidas — a confiança infinita na capacidade humana ena generosidade da natureza que nos acolhe, este corpo universal em cujas células vibramos, aoritmo da energia fluente que mantém eternamente o curso da vida.

MUDANÇA DE CICLO: CORPO, MENTE E ALMA EM FESTA

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Chego infantilmente orgulhosa na sala de spinning, de collant fúcsia e luvas, usando pela primeiravez uma sapatilha profissional, brilhando de nova: presente carinhoso de mamãe, que me fez lembrarna pele e no coração a alegria de uma criança pequena em noite de Natal. Vittoria! É a marca gravadana sapatilha italiana, amarela e rosa, escandalosa e linda. Vitória! É a sensação que me invade, aoaproximar-se o fim de um intenso período de transição e mudanças, ao ver-me repetida no espelho ereconhecer-me enfim nesta mulher bonita, saudável, satisfeita.

Com o conhecimento de que disponho agora, acabou-se a fase de aquecimento na vida. Daquipra frente, está valendo mesmo.

Lembro-me da primeira aula de spinning, eu um tanto pesada, me agarrando com força ao guidãoda bicicleta. Lembro-me do medo de cair, da vontade de desistir, de me entregar a um “destino” queeu não podia, não conseguia aceitar. Lembro-me das lições de alguns antimestres pregando aaceitação dos limites, muito, muito antes que fossem atingidos... Ainda hoje não consigo saber quaissão estes limites, que supostamente devo aceitar. A vida é feita de desafios, e um por um eu os vouvencendo, com minha abençoada persistência capricorniana.

É esta força que me conduz, a flutuar pela vida: esta força me ensina, me treina, fazendo de mimuma guerreira dos novos tempos. Sou mesmo vitoriosa, no corpo e na alma. Parti da desarmoniacorporal em direção a uma imagem de mim mesma, onírica, ilusória, quase impossível: posso dizerque cheguei lá e vim pra ficar.

Parti de uma rigidez afetiva paralisante em direção a um abraço doce, um sorriso suave, dosquais por anos só consegui fugir: posso dizer que me soltei, e solta quero permanecer. Parti de umamente racional, hiperativa, culturalmente esnobe, em direção a um universo amplo, intuitivo, mágico,pleno de sinais: desvendei sua linguagem rica e é através dela que me comunico hoje. Parti de umatradição educacional limitada e, de lá pra cá, caminhei muito: o fim da estrada ainda não dá pravislumbrar; sonho em seguir por ela, caminhando sempre.

Transmito, para concluir, um pouco do que aprendi e entendi:

Uma palavra mágica para um ciclo que termina: não!Não desista. Não aceite. Não se limite. Não se prive. Não se violente. Não escute, se a

mensagem não vem plena de amor.

Um gesto mágico para um ciclo que se inicia: o sorriso.O sorriso cicatriza a dor da alma. O sorriso ilumina um rosto cansado. O sorriso reflete o brilho

da aura. O sorriso fala todos os idiomas. O sorriso comunica todas as verdades. O sorriso exercita asrugas!

Uma atitude mágica pra desamarrar os nós da jornada: a paciência.A paciência dissolve a ansiedade. A paciência desmancha expectativas. A paciência desarma a

armadilha do tempo. A paciência adoça os conflitos e confunde os adversários.

Uma fórmula mágica de atitudes, palavras e gestos para mudanças de ciclo:Seja paciente. Sorria. Diga não para o que não te serve mais.Tua palavra é lei. Tua palavra é lei. Tua palavra é lei. Tua palavra é a única lei!

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Assim seja!

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PARTE III: RECEITAS

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As receitas que se seguem são o resultado de anos de pesquisa, um trabalho que considero bem-sucedido, e que incorpora novos hábitos e padrões nutritivos a pratos gostosos e fáceis de preparar.Meu laboratório na cozinha demonstra que é possível ser vegetariano, por exemplo, e ter umaalimentação variada e rica, sem deixar de garantir o consumo calórico ideal e o equilíbrio denutrientes e vitaminas. Ao recusar-me a aceitar limitações à mesa, muitos mitos foram derrubados evárias receitas tradicionais passaram a vestir uma roupa inteiramente nova, adaptando-se às novasdescobertas desta ciência surpreendente e instigante: a arte de alimentar-se bem.

O prazer da boa comida é hoje em dia, para mim, uma realidade cotidiana, conquista bemmerecida de um corpo equilibrado e harmônico. Cada receita procura aproximar-se ao máximo daproporção ideal entre carboidratos, gorduras e proteínas, sem descuidar-se do baixo teor calórico,condição ideal para manter a boa forma e buscar a longevidade, com qualidade de vida.

A Culinária Evolutiva opta por ingredientes naturais e integrais, procurando aproveitarintegralmente os alimentos; não existem aqui, no entanto, restrições ao bom gosto e ao bem-estar. Atémesmo os doces e massas, habituais inimigos da cintura fina, podem ser degustados todo dia: emnossas receitas experimentais o teor calórico dessas delícias caiu pela metade, enquanto o alto teorde fibras e baixo índice glicêmico controlam a ótima digestão e absorção dos nutrientes peloorganismo, evitando o acúmulo de gordura.

O dinamismo da prática diária de exercícios completa este manual de saúde. Em sua busca desimplicidade e rapidez no preparo, a Culinária Evolutiva pede pouco equipamento. O liquidificadoré o eletrodoméstico básico, e a batedeira, um conforto bem-vindo. Além deles, uma boa dupla depanelas antiaderentes e a inevitável colher de pau fazem bem o serviço! Na estante da parede,capriche nos potinhos de ervas, que devem estar sempre à mão, ingredientes essenciais na alquimiaculinária, para garantir perfume e gosto. Um bom forno a gás, 2 bocas no fogão e muita criatividade eousadia transformam o preparo diário dos alimentos num exercício cotidiano de amor e harmonia: umbanquete energético para os sentidos, transformando o tédio e a mesmice das dietas num fantasma doséculo passado!

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BISCOITOS, BOLOS E TORTAS

Os biscoitos, bolos e tortas da Culinária Evolutiva abrem mão dos aditivos artificiais, do fermento,da gordura e das receitas complicadas; açúcar, só o natural das frutas. O mel, em geral, é usado parauntar formas — em lugar da manteiga das receitas tradicionais — sempre salpicado de farinha,garantido um resultado perfeito e um suave toque de doce.

Biscoitos de maçã

Ingredientes: Massa: 1 maçã ralada com casca no ralo grosso; 1 ovo; 3 xícaras de farinhaintegral de centeio ou trigo. Recheio: 2 ameixas pretas sem caroço; 2 damascos secos; 1 colher desopa de passas sem semente

Modo de fazer: Escorrer bem a maçã ralada e reserve o líquido escorrido. Numa vasilhagrande, misturar o ovo, a farinha e a maçã, amassando com os dedos para obter uma massa uniforme.Se necessário, vá pingando o suco das maçãs até dar ponto de massa. Deixar descansar por meiahora. Bater as frutas secas e passas no liquidificador, acrescentando um pouquinho do suco da maçã,suficiente para bater. Abrir a massa com o rolo até a espessura de 5 mm. Cortar em quadrados deaproximadamente 4 cm de lado. Colocar um pouquinho do recheio e fechar em triângulo, dobrando oquadrado em diagonal e apertando as bordas com os dedos. Colocar num tabuleiro enfarinhado eleve ao forno médio por 30 a 40 minutos, até corar ligeiramente. Dá em média 22 biscoitinhos.

Cada biscoito contém: 63 calorias; 0,4 g de gordura; 13,2 g de carboidratos; 2,4 g de fibras;1,6 g de proteína; 10 mg de colesterol.

6,3% de gordura, 83,5% de carboidratos, 10,1% de proteína

Biscoitos de nozes

Ingredientes: Massa: 6 nozes descascadas; 1 ovo; 1 xícara de farinha integral de centeio outrigo; 2 colheres de sopa de passas sem semente; 3 ameixas secas sem caroço

Modo de fazer: Bater ligeiramente no liquidificador as frutas secas, as passas, as nozes e oovo. Virar a mistura num recipiente grande e adicionar a farinha, amassando até dar ponto. Fazerpequenas bolinhas e achatar levemente entre as palmas das mãos. Colocar num tabuleiro enfarinhadoe assar em forno médio por 30 a 40 minutos, até corar ligeiramente. Dá em média 16 biscoitinhos.

Cada biscoito contém: 40 calorias; 1,0 g de gordura; 6,6 g de carboidratos; 1,1 g de fibras;1,2 g de proteína; 13 mg de colesterol.

22,4% de gordura, 65,7% de carboidratos, 11,9% de proteína

Mini crackers de centeio com linhaça

Ingredientes: 11/2 xícara de farinha integral de centeio; 4 colheres de sopa de água filtrada;

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sal a gosto; 2 colheres de sopa de sementes de linhaçaModo de fazer: Num recipiente, misturar os ingredientes até formar uma massa lisa e elástica

que não grude nas mãos. Abrir a massa bem fininha com o rolo numa superfície enfarinhada. Cortarem quadrados de aproximadamente 8 x 8 cm e dividir em quadradinhos de 1,5 x 1,5 só marcandocom a faca. Levar ao forno quente por aproximadamente 20 minutos em tabuleiro bem enfarinhado.Deixar esfriar antes de quebrar os mini crakers com a mão. Dá em média 50 mini crackers.

Cada cracker contém: 13 calorias; 0,2 g de gordura; 2,5 g de carboidratos; 0,5 g de fibras;0,4 g de proteína; 0 mg de colesterol.

7,9% de gordura, 79,4% de carboidratos, 12,7% de proteína

Bolo básico

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de farinha integral de centeio ou trigo; 1 xícara de fécula deararuta; 1 colher de sopa de mel; suco de 1 limão

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas batendo sempre. Juntar a farinha e osuco de limão, batendo levemente. Colocar em pirex ou forma untados de mel e farinha de trigo elevar ao forno quente preaquecido por 1/2 hora. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 113 calorias; 3,3 g de gordura; 16,0 g de carboidratos; 1,4 g de fibras;4,8 g de proteína; 133 mg de colesterol.

26,5% de gordura, 56,5% de carboidratos, 17,0% de proteína

Bolo de abacaxi

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de farinha integral de centeio ou trigo; 1 xícara de fécula deararuta; 1 colher de sopa de mel; suco de 1 limão; 1 xícara de abacaxi picadinho

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas batendo sempre. Juntar a farinha, aararuta e o suco de limão, batendo levemente. Untar com mel o pirex ou forma e salpicar bem defarinha. Colocar metade da massa e levar ao forno quente preaquecido por 10 minutos. Tirar do fornoe colocar os pedaços de abacaxi sobre a massa. Colocar por cima o restante da massa e levar aoforno médio por mais 25 minutos. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 120 calorias; 3,4 g de gordura; 17,4 g de carboidratos; 1,7 g de fibras;4,9 g de proteína; 133 mg de colesterol.

25,8% de gordura; 57,9% de carboidratos; 16,3% de proteína

Bolo de abóbora

Se Cinderela conhecesse metade da versatilidade e do potencial nutritivo da abóbora, poderia sealegrar com a transformação de sua carruagem: haveria de preparar um bom quitute pra conquistar devez o príncipe e ainda manteria a forma voltando pra casa a pé! Pra dar um gostinho do que vem poraí, esta receita mostra uma das faces pouco conhecidas deste fruto caprichoso e belo, combinado com

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o centeio, um dos grãos básicos adicionados à dieta humana através da agricultura.

Ingredientes: 3 ovos; 1 xícara de farinha integral de centeio ou trigo; 11/2 xícara de abóboracom a casca; 1 colher de sopa de mel; 1 pau de canela

Modo de fazer: Cozinhar a abóbora com casca em água com um pau de canela, até que comecea ficar macia. Descascar e ralar a casca num ralo grosso. Bater a abóbora no liquidificador paraformar um purê. Se necessário, acrescentar um pouquinho de água, suficiente para bater. Bater asclaras em neve e acrescentar as gemas. Acrescentar o purê de abóbora e a farinha e bater bem. Untara forma com mel e salpicar bem de farinha. No fundo da forma colocar a casca de abóbora ralada epor cima a massa do bolo. Forno preaquecido por 1/2 hora. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 90 calorias; 2,1 g de gordura; 14,2 g de carboidratos; 1,9 g de fibras;3,5 g de proteína; 80 mg de colesterol.

21,2% de gordura; 63,3% de carboidratos; 15,6% de proteína

Bolo de abóbora com sementes de papoula

Este bolo de abóbora, além de bonito, colorido pelos pedacinhos de abóbora e pela papoula, éfofinho, de baixa caloria, e delicioso!

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de fécula de araruta; 1/2 xícara de farinha integral de trigo oucenteio; 1 colher de sopa de mel; 1 xícara de abóbora crua ralada; suco de 1 laranja; 2 colheresde sopa de semente de papoula

Modo de fazer: Bater a abóbora no liquidificador com o suco de laranja. Bater as claras emneve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar a araruta, a farinha, a abóbora batida e as sementesde papoula, batendo sempre. Untar com mel o pirex ou forma e salpicar bem de farinha. Levar aoforno preaquecido até corar. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 108 calorias; 4,0 g de gordura; 13,3 g de carboidratos; 0,9 g de fibras;4,7 g de proteína; 133 mg de colesterol.

33,3% de gordura; 49,3% de carboidratos; 17,4% de proteína

Bolo de araruta

Ingredientes: 5 ovos; 2 xícaras de fécula de araruta; 1 colher de sopa de farinha integral; 1colher de sopa de mel; suco de 1 limão; 1 colher de sopa de sementes de gergelim; 1 colher desopa de canela em pó

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar a araruta, acanela e o suco de limão aos pouquinhos. Untar com mel o pirex e salpicar bem de farinha. Colocar amassa do bolo e salpicar por cima com o gergelim. Forno preaquecido por mais ou menos 1/2 hora,até corar. Desenforme depois de frio. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 110 calorias; 3,7 g de gordura; 15,0 g de carboidratos; 0,8 g de fibras;

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4,3 g de proteína; 133 mg de colesterol.29,9% de gordura; 54,5% de carboidratos; 15,6% de proteína.

Bolo de araruta com abacaxi

Ingredientes: 5 ovos; 2 xícaras de fécula de araruta; 1 colher de sopa de farinha integral; 2colheres de sopa de mel; 1 colher de sopa de canela em pó; 1 xícara de abacaxi picado emcubinhos

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar a araruta e1 colher de mel. Misturar o abacaxi picado em pedaços pequenos com 1 colher de sopa de araruta ecanela a gosto. Adicionar à massa e mexer com uma colher de pau. Untar com mel o pirex e salpicarbem de farinha. Colocar a massa do bolo. Forno preaquecido por mais ou menos 1/2 hora, até corar.Desenforme depois de frio. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 119 calorias; 3,2 g de gordura; 18,4 g de carboidratos; 0,4 g de fibras;4,2 g de proteína; 133 mg de colesterol.

24,3% de gordura; 61,6% de carboidratos; 14,1% de proteína

Bolo de araruta com passas

Ingredientes: 5 ovos; 2 xícaras de fécula de araruta; 1 colher de sopa de farinha integral; 2colheres de sopa de mel; 1 colher de sopa de passas sem semente; suco de 1 limão

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar a araruta, 1colher de mel e o suco de limão. Misturar as passas com 1 colher de sopa de araruta. Adicionar àmassa e mexer com uma colher de pau. Untar com mel o pirex e salpicar bem de farinha. Colocar amassa do bolo. Forno preaquecido por mais ou menos 1/2 hora, até corar. Desenforme depois de frio.Dá 8 porções.

Cada porção contém: 119 calorias; 3,1 g de gordura; 18,6 g de carboidratos; 0,4 g de fibras;4,2 g de proteína; 133 mg de colesterol.

23,5% de gordura; 62,4% de carboidratos; 14,1% de proteína

Bolo de banana

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de fécula de araruta; 1 xícara de farinha integral de trigo oucenteio; 1 colher de sopa de mel; 1 xícara de bananas cortada em rodelas; suco de 1 limão; 1colher de sopa de canela em pó

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar a araruta, afarinha e o suco de limão, batendo sempre. Untar com mel o pirex e salpicar bem de farinha. Colocarmetade da massa e levar ao forno quente preaquecido por 10 minutos. Tirar do forno e colocar asrodelas de banana sobre a massa, salpicando de canela. Colocar por cima o restante da massa e levarao forno médio por mais 25 minutos. Dá 8 porções.

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Cada porção contém: 135 calorias; 3,4 g de gordura; 20,9 g de carboidratos; 2,5 g de fibras;5,0 g de proteína; 133 mg de colesterol.

23,0% de gordura; 62,1% de carboidratos; 14,9% de proteína

Bolo de cenoura

A cenoura era conhecida pelos celtas como “mel subterrâneo”; os ingleses e irlandeses fazempudim de cenoura, e os primeiros pioneiros americanos ofereciam cookies de cenoura como presentede Natal. Na Culinária Evolutiva, a doçura da cenoura não poderia passar despercebida, e acabouem bolo, um bolo docinho, fofinho, e de baixa caloria:

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de fécula de araruta; 1/2 xícara de farinha integral de trigo oucenteio; 1 colher de sopa de mel; 1 xícara de cenoura crua ralada; suco de 1 limão; 1/2 laranjadescascada, com a pele; 1/3 de xícara de cacau em pó, desengordurado e sem açúcar

Modo de fazer: Bater a cenoura no liquidificador com o suco de limão. Bater as claras emneve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar a araruta, a farinha e a cenoura batida, batendosempre. Untar com mel o pirex ou forma e salpicar bem de farinha. Levar ao forno preaquecido atécorar. Bater a laranja com o cacau no liquidificador. Esperar o bolo esfriar, desenformar e cobrircom a calda de chocolate e laranja. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 113 calorias; 3,6 g de gordura; 15,5 g de carboidratos; 2,8 g de fibras;4,9 g de proteína; 118 mg de colesterol.

27,5% de gordura; 55,1% de carboidratos; 17,4% de proteína

Bolo de cenoura com chocolate

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de fécula de araruta; 1/2 xícara de farinha integral de trigo oucenteio; 1 colher de sopa de mel; 1 xícara de cenoura crua ralada; suco de 1 limão; 1/3 de xícarade cacau em pó, desengordurado e sem açúcar

Modo de fazer: Bater as cenouras no liquidificador com o suco de 1 limão. Bater as claras emneve. Juntar as gemas batendo sempre. Juntar a farinha, araruta e a cenoura batida, batendo atéincorporar. Colocar metade da massa em pirex untado de mel e farinha. Juntar o cacau ao restante damassa e bater levemente. Despejar por cima da massa que já está na forma e misturar levemente asmassas com um garfo, fazendo listas. Levar ao forno quente preaquecido por 1/2 hora. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 112 calorias; 3,7 g de gordura; 14,6 g de carboidratos; 2,3 g de fibras;5,1 g de proteína; 133 mg de colesterol.

29,5% de gordura; 52,2% de carboidratos; 18,2% de proteína

Bolo de chocolate com laranja

Ingredientes: 1 laranja descascada, sem as sementes e com a pele; 1/2 xícara de cacau em pódesengordurado sem açúcar; 1/2 copo de água; 2 ovos; 2 xícaras de fécula de araruta; 1 colher de

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sopa de farinha integral; 1 colher de sopa de melModo de fazer: Bater no liquidificador a laranja com o cacau e a água. Na batedeira, bater o

creme de chocolate com as gemas e a araruta. Bater as claras em neve. Juntar as claras em neve àmassa batendo levemente até incorporar. Untar com mel o pirex e salpicar bem de farinha. Levar obolo ao forno preaquecido. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 98 calorias; 1,8 g de gordura; 18,1 g de carboidratos; 1,9 g de fibras;2,6 g de proteína; 53 mg de colesterol.

15,3% de gordura; 74,0% de carboidratos; 10,6% de proteína

Bolo de coco

Ingredientes: 150 g de coco fresco ralado ou batido no liquidificador; 6 claras; 1 xícara bemcheia de farinha integral de trigo ou centeio; 1 colher de sopa de mel; 5 ameixas pretas semcaroço

Modo de fazer: Deixar as ameixas de molho em 1 copo de água por no mínimo 2 horas. Bateras claras em neve. Acrescentar o coco, a farinha e as ameixas picadas e escorridas. Ir acrescentandoa água das ameixas aos poucos até a massa ficar no ponto certo para bolo, nem muito dura, nem muitomole. Untar um pirex com o mel e salpicar farinha. Colocar a massa e levar ao forno preaquecido por20 a 30 minutos. Dá 12 porções.

Cada porção contém: 99 calorias; 4,4 g de gordura; 12,9 g de carboidratos; 2,6 g de fibras;2,1 g de proteína; 0 mg de colesterol.

39,4% de gordura; 52,1% de carboidratos; 8,5% de proteína

Bolo de frutas

Ingredientes: 1 xícara de peras descascadas e picadas; 1 xícara de abacaxi picadinho; 2damascos secos picados; 5 ovos; 1 xícara de suco de laranja; 3 xícaras de farinha integral detrigo ou centeio; 2 colheres de sopa de mel

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Bater as gemas com a farinha, o suco de laranja e umacolher de sopa de mel. Juntar as claras em neve, batendo até incorporar. Misturar as frutas picadascom um pouco de farinha e acrescentar à massa, mexendo com uma colher de pau. Colocar em formaou pirex untado com mel e salpicado de farinha. Levar ao forno quente preaquecido por 30 ou 40minutos. Dá 14 porções.

Cada porção contém: 135 calorias; 2,2 g de gordura; 24,7 g de carboidratos; 3,6 g de fibras;4,4 g de proteína; 76 mg de colesterol.

14,0% de gordura; 73,0% de carboidratos; 13,0% de proteína

Bolo de laranja molhadinho

Ingredientes: 5 laranjas descascadas e picadas, com a pele e sem sementes; 2 bananas; 100 g

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de tofu escorrido e picado; 4 ovos; 2 xícaras de farinha integral de trigo ou centeio; 2 colheres desopa de passas sem sementes; 2 colheres de amêndoas picadas; 1 colher de sopa de mel

Modo de fazer: Cozinhar as bananas picadas em 2 copos de água até desmanchar e formar umpurê. Bater o purê no liquidificador com as gemas, o tofu, e as laranjas descascadas sem a pele.Bater as claras em neve. Na batedeira, juntar a mistura de laranjas à farinha e bater bem emvelocidade baixa. Juntar as claras e bater levemente para incorporar. Misturar as passas com umpouco de farinha. Juntar à massa as passas e as amêndoas picadas, mexendo com a colher de pau.Colocar em forma untada de mel e salpicada de farinha. Levar ao forno médio preaquecido por 50 a60 minutos. Dá 12 porções.

Cada porção contém: 185 calorias; 3,2 g de gordura; 32,8 g de carboidratos; 6,6 g de fibras;5,9 g de proteína; 71 mg de colesterol.

16,2% de gordura; 71,0% de carboidratos; 12,8% de proteína

Bolo de mandioca com coco e abacaxi

Ingredientes: Massa: 5 ovos; 1 xícara de fécula de mandioca (polvilho doce); 1 xícara defarinha integral de trigo ou centeio; 2 colheres de sopa de mel; Recheio: 1/3 xícara de grãos desoja cozidos; 1/2 xícara de coco fresco ralado; 2 fatias grossas de abacaxi picadinho

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar o polvilho,a farinha e 1 colher de mel, batendo sempre. Untar com mel o pirex ou forma e salpicar bem defarinha. Levar ao forno preaquecido até assar. Deixar esfriar e desenformar. Bater rapidamente noliquidificador a soja com o abacaxi e o coco, deixando como se fosse uma farofa grossa. Cortar obolo com uma faca no sentido longitudinal e rechear com o creme de abacaxi e coco. Levar àgeladeira antes de servir. Dá 9 porções.

Cada porção contém: 130 calorias; 4,6 g de gordura; 17,3 g de carboidratos; 1,8 g de fibras;5,0 g de proteína; 118 mg de colesterol.

31,5% de gordura; 53,1% de carboidratos; 15,4% de proteína

Bolo de manga

Ingredientes: 1 xícara de manga descascada e picada; 3 ovos; 1 xícara de farinha integral detrigo ou centeio; 1 colher de sopa de mel; 2 colheres de sopa de fécula de araruta; 1/2 xícara deágua; 1 colher de chá de noz moscada em pó

Modo de fazer: Bater a manga com as gemas no liquidificador. Adicionar a farinha, a araruta, anoz moscada e 1/2 copo de água. Bater bem. Bater as claras em neve. Misturar levemente à misturado liquidificador. Colocar no pirex untado com mel e salpicado de farinha. Forno preaquecido por1/2 hora. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 107 calorias; 2,3 g de gordura; 18,0 g de carboidratos; 2,4 g de fibras;3,6 g de proteína; 80 mg de colesterol.

19,6% de gordura; 67,0% de carboidratos; 13,4% de proteína

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Bolo de morangos

Morango lembra encontro, lembra paixão, lembra noite de amor. Compartilhe em boa companhiaesta receita, que alimenta os 5 sentidos e explora os atributos desta fruta privilegiada — cor, sabor,sensualidade, riqueza nutricional — sem extrapolar nas calorias:

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de fécula de araruta; 1 xícara de farinha integral de trigo oucenteio; 2 colheres de sopa de mel; 1 xícara de morangos lavados e picados; suco de 1 limão

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar aospouquinhos o suco de limão, a araruta e a farinha, batendo mais um pouco para incorporar. Untar commel o pirex e salpicar bem de farinha. Colocar metade da massa do bolo. Levar ao forno preaquecidopor 10 minutos. Bater os morangos levemente no liquidificador com uma colher de sopa de mel, semadicionar água. Adicionar meia xícara dos morangos batidos à massa restante e incorporar. Tirar obolo do forno; colocar sobre a massa ligeiramente assada o restante da massa com os morangos.Salpicar 2 colheres de sopa dos morangos batidos sobre a massa e mexer levemente com um grafogrande, formando desenhos. Levar ao forno moderado por mais 20 a 25 minutos. Deixar esfriar antesde desenformar. Ao servir usar o restante dos morangos batidos com mel como calda sobre o bolo.Dá 8 porções.

Cada porção contém: 127 calorias; 3,4 g de gordura; 19,1 g de carboidratos; 1,9 g de fibras;4,9 g de proteína; 133 mg de colesterol.

24,4% de gordura; 60,2% de carboidratos; 15,4% de proteína

Bolo de pera em camadas

Esta receita é uma rápida demonstração de como podemos manejar o índice glicêmico a nossofavor. Os ingredientes básicos, farinha de centeio integral, cacau e peras, tem índice glicêmico demédio para baixo, mas a adição da gordura das gemas e o alto índice de fibras retarda ainda mais aliberação do açúcar para o sangue. Uma boa proporção para o teor de fibras é de 20% doscarboidratos, como nesta receita: para 15 gramas de carboidratos, 3 gramas de fibra. Observem quenossas receitas sempre se aproximam da proporção ideal: 60% de carboidratos/ 25% de gorduras/15% de proteína.

Ingredientes: 6 ovos; 1 1/2 xícaras de farinha integral de trigo ou centeio; 1 colher de sopade mel; 2 xícaras de peras descascadas e picadas; suco de 1/2 limão; 1/2 xícara de cacau em pódesengordurado sem açúcar

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas batendo sempre. Juntar a farinha e osuco de limão e bater levemente. Colocar em pirex untado de mel e farinha e levar ao forno quentepreaquecido por 1/2 hora. Escolher um pirex em que a massa fique com no máximo 2 cm de altura.Cozinhar as peras descascadas e picadas em 3 copos de água. Quando secar a água juntar o cacaumexendo com a colher de pau. Bater no liquidificador. Desenformar o bolo e partir em 3 pedaços.Rechear com o creme de pera e chocolate, colocando as 3 fatias do bolo uma sobre a outra. Cobrirtodo o bolo com o creme restante. Levar à geladeira antes de servir. Dá 14 porções.

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Cada porção contém: 106 calorias; 2,8 g de gordura; 15,7 g de carboidratos; 3,2 g de fibras;4,4 g de proteína; 91 mg de colesterol.

24,4% de gordura; 59,0% de carboidratos; 16,5% de proteína

Bolo de tofu

Ingredientes: 70 g de tofu; 3 ovos; 1 xícara de fécula de araruta; 2 colheres de sopa de mel; 1xícara de peras picadas com a casca; suco de 1/2 limão; 2 colheres de sopa de canela em pó; 1colher de chá de noz moscada em pó; raspas de casca de limão

Modo de fazer: Bater no liquidificador as gemas, o tofu, a pera, os temperos, a fécula deararuta, o suco de limão e 1 colher de sopa de mel. Bater as claras em neve. Juntar as claras ao purêde tofu e misturar bem com a colher de pau para incorporar. Misturar as raspas de casca de limãocom a colher de pau. Virar a mistura na forma untada com mel e salpicada de farinha integral. Fornomoderado para baixo, assando até dourar. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 97 calorias; 2,6 g de gordura; 15,4 g de carboidratos; 1,6 g de fibras;3,2 g de proteína; 80 mg de colesterol.

23,3% de gordura; 63,2% de carboidratos; 13,1% de proteína

Bolo do amor

Ingredientes: 3 ovos; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; 3 ameixas pretas semcaroço; 1 colher de sopa de passas sem semente; 3 damascos secos picados; 1 colher de sopa denozes picadas; 1 colher de sopa de mel

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas e bater um pouco mais. Adicionar afarinha e bater até incorporar. Misturar as frutas secas com um pouco de farinha e adicionar à massacom as nozes, mexendo com uma colher de pau. Colocar em uma forma untada com mel e salpicadade farinha integral. Forno preaquecido até dourar. Dá 7 porções.

Cada porção contém: 117 calorias; 3,1 g de gordura; 18,1 g de carboidratos; 2,9 g de fibras;4,5 g de proteína; 91 mg de colesterol.

23,0% de gordura; 61,7% de carboidratos; 15,3% de proteína

Bolo do desejo

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de farinha integral de centeio ou trigo; 1 xícara de fécula deararuta; 2 colheres de sopa de mel; 1 laranja descascada com a pele; 1 maçã cortada com cascaem cubinhos; 6 damascos secos; 1 castanha do para; 4 ameixas pretas sem caroço; 2 colheres desopa de passas sem semente; 1/2 xícara de cacau em pó desengordurado sem açúcar

Modo de fazer: Numa panela levar a maçã picada em cubinhos e as frutas secas para cozinharcom uma colher de mel e um copo de água. Reservar 2 damascos e a castanha para enfeitar. Bater asclaras em neve. Juntar as gemas batendo sempre. Juntar a farinha, a fécula de araruta e o suco de 1/2laranja e bater levemente. Misturar as frutas cozidas com a colher de pau. Colocar em pirex untado

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de mel e farinha e levar ao forno quente preaquecido por 1/2 hora. Bater a outra metade da laranjacom o cacau no liquidificador. Esperar o bolo esfriar, desenformar e cobrir com a calda de chocolatee laranja. Ralar a castanha sobre o bolo e enfeitar com tirinhas de damasco. Levar à geladeira antesde servir. Dá 12 porções.

Cada porção contém: 117 calorias; 2,5 g de gordura; 19,6 g de carboidratos; 2,7 g de fibras;3,9 g de proteína; 89 mg de colesterol.

19,7% de gordura, 67,0% de carboidratos, 13,3% de proteína

Bolo fermentado

Ingredientes: 3 ovos; 1/2 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; 1 xícara de fécula deararuta; 1 colher de sopa de passas sem semente; 2 colheres de sopa de mel

Modo de fazer: Misturar a farinha de centeio com 1/2 copo de água e deixar fermentar por 18horas. Bater as claras em neve. Juntar as gemas e bater; juntar a araruta, o mel a farinha fermentada ebater levemente, até incorporar. Colocar a massa em forma untada com mel e salpicada de farinha,deixando o bolo descansar por mais 1 hora. Levar ao forno preaquecido, moderado, por 1/2 hora, atécorar. Dá 6 porções.

Cada porção contém: 114 calorias; 2,6 g de gordura; 18,9 g de carboidratos; 1,0 g de fibras;3,7 g de proteína; 106 mg de colesterol.

21,0% de gordura; 66,1% de carboidratos; 12,9% de proteína

Bolo fermentado de peras

Ingredientes: 2 ovos; 1/2 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; 1 xícara de fécula deararuta; 1 pera grande cortada em cubos, com a casca; 1 colher de sopa de mel

Modo de fazer: Misturar a farinha de centeio com 1/2 copo de água e deixar fermentar por 18horas. Bater no liquidificador a pera com casca, a araruta e as duas gemas. Bater as claras em neve.Juntar a pera batida e a farinha fermentada e bater levemente, até incorporar. Colocar a massa emforma untada com mel e salpicada de farinha, deixando o bolo descansar por mais 1 hora. Levar aoforno preaquecido, moderado, por 1/2 hora, até corar. Dá 6 porções.

Cada porção contém: 98 calorias; 1,9 g de gordura; 17,6 g de carboidratos; 1,4 g de fibras;2,7 g de proteína; 71 mg de colesterol.

17,3% de gordura; 71,7% de carboidratos; 11,0% de proteína

Bolo glaçado de limão

Ingredientes: 3 ovos; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; 1 colher de sopa defécula de araruta; 4 limões sem casca, com a pele; 2 colheres de sopa de mel

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, a farinha e o suco de limão e baterlevemente, até incorporar. Colocar a massa em forma untada com mel e salpicada de farinha. Levar

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ao forno quente, preaquecido, por 1/2 hora, até corar. Bater os limões no liquidificador com 1 colherde mel e a araruta. Levar ao fogo para engrossar, mexendo com a colher de pau até que comece aficar transparente. Desenformar o bolo e cobrir com a glacê de limão. Levar à geladeira antes deservir. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 109 calorias; 2,3 g de gordura; 18,5 g de carboidratos; 2,9 g de fibras;3,8 g de proteína; 80 mg de colesterol.

18,3% de gordura; 67,8% de carboidratos; 13,9% de proteína

Bolo integral de maçã

Ingredientes: 5 ovos; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; 1 xícara de fécula deararuta; 1 xícara de maçã descascada ralada no ralo grosso; 1 colher de chá de canela em pó;suco de 1 limão; 1 colher de sopa de mel

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas batendo sempre. Juntar as farinhas e osuco de 1 limão e bater levemente. Colocar em pirex untado de mel e farinha. Colocar metade damassa e levar ao forno quente preaquecido por 10 minutos. Ralar as maças no ralo grosso, escorrerbem o suco e misturar com canela a gosto. Espalhar a maçã sobre a superfície do bolo e colocar orestante da massa. Levar ao forno por mais 20 minutos ou até corar. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 124 calorias; 3,3 g de gordura; 18,7 g de carboidratos; 2,2 g de fibras;4,8 g de proteína; 133 mg de colesterol.

24,2% de gordura; 60,3% de carboidratos; 15,5% de proteína

Bolo mármore

Ingredientes: 5 ovos; 1 colher de sopa de farinha integral de trigo ou centeio; 2 xícaras defécula de araruta; 1 laranja grande descascada, com a pele; 1/2 xícara de cacau em pó,desengordurado sem açúcar; 1 colher de sopa de mel

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar a farinha, aararuta e 1 colher de mel aos pouquinhos. Untar com mel o pirex e salpicar bem de farinha. Colocarmetade da massa do bolo. Bater a laranja com a pele no liquidificador com o cacau. Se necessáriojuntar um pouco d’água, suficiente para bater. Juntar o purê de laranja com cacau ao restante damassa e bater levemente. Colocar na forma sobre a primeira parte da massa e misturar as duaslevemente com a ponta de um garfo. Levar ao forno preaquecido por mais ou menos 1/2 hora, atécorar. Desenforme depois de frio. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 125 calorias; 3,6 g de gordura; 18,3 g de carboidratos; 1,9 g de fibras;5,0 g de proteína; 133 mg de colesterol.

25,6% de gordura; 58,5% de carboidratos; 16,0% de proteína

Bolo musse de chocolate com laranja

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Ingredientes: 4 ovos; 1 colher de sopa de farinha integral de trigo ou centeio; 2 xícaras defécula de araruta; 1 laranja grande descascada, com a pele; 1/2 xícara de cacau em pó,desengordurado sem açúcar; 1 colher de sopa de passas sem semente; 1 colher de sopa de mel

Modo de fazer: Bater no liquidificador a laranja descascada, com a pele e sem as sementes,com as gemas, a araruta, o cacau, e as passas, acrescentando água aos poucos, suficiente para bater.Bater as claras em neve e acrescentar à mistura de cacau e laranja, batendo levemente na batedeira,para incorporar. Colocar em forma untada com mel e salpicada de farinha. Forno preaquecido, por30 minutos. Levar à geladeira antes de servir. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 116 calorias; 3,0 g de gordura; 18,2 g de carboidratos; 1,9 g de fibras;4,1 g de proteína; 106 mg de colesterol.

23,2% de gordura; 62,7% de carboidratos; 14,1% de proteína

Cassata de mirtilos

Ingredientes: 3 ovos, 1/2 xícara de fécula de araruta, 2 colheres de sopa de farinha decenteio ou trigo integral, 3 peras, 2 colheres de sopa de mel, 1 xícara de tofu, 1 xícara de mirtiloslavados e escorridos, canela e noz-moscada a gosto.

Modo de fazer: Bater as peras com as cascas no liquidificador, sem adicionar água. Nabatedeira, bater as claras em neve. Juntar as gemas, batendo levemente. Juntar a farinha, a araruta e1/2 xícara de pera batida e bater um pouco mais para incorporar. Untar a forma com 1 colher de mele salpicar bem de farinha. Colocar a massa na forma e levar ao forno preaquecido por mais ou menos1/2 hora, até corar. Desenforme depois de frio e corte em 3 fatias no sentido horizontal. Bata orestante das peras no liquidificador com 1 colher de mel, o tofu, canela e noz moscada a gosto. Forreuma travessa com papel laminado, deixando sobra suficiente para embrulhar a cassata já montada.Coloque sobre o papel 1 fatia da massa assada, 1 camada generosa do creme de peras e um terço dosmirtilos. Por cima a segunda fatia de massa, mais creme e mirtilos. Por último a terceira fatia demassa. Cubra com o creme restante e enfeite com o resto dos mirtilos. Embrulhe em papel dealumínio e leve ao congelador por no mínimo 3 horas antes de servir. Dá 8 porções.

Cada porção contém: 141 calorias; 3,8 g de gordura; 21,7 g de carboidratos; 2,8 g de fibras;5,3 g de proteína; 80 mg de colesterol.

24,5% de gordura; 60,7% de carboidratos; 14,8% de proteína

Charlote de abacaxi

Ingredientes: Massa: 4 ovos, 1 xícara de fécula de araruta, 1/2 xícara de farinha de centeiointegral, 1 colher de sopa de mel, 2 colheres de sopa de suco de limão. Recheio: 30 g de fécula deararuta; 3 colheres de sopa cheias de farinha de centeio integral; 1 xícara de abacaxi frescopicado, 2 ovos, canela em pó a gosto

Modo de fazer: Massa: Bater as claras em neve. Acrescentar as gemas, suco de limão, ararutae farinha de centeio e bata até incorporar. Levar ao forno em forma untada de mel e salpicada defarinha, até corar. Recheio: Bater no liquidificador metade do abacaxi, sem adicionar água; reservar

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o restante do abacaxi e o suco que sai da fruta ao ser descascada e cortada. Bater as claras em neve.Acrescentar as gemas, o abacaxi batido, a araruta e a farinha. Levar ao forno em pirex até corarligeiramente. Esta massa fica bem liquida, por isso cresce muito e depois murcha. Espere esfriar,desenforme e bata no liquidificador com o restante do abacaxi e o suco natural da fruta, até obter umcreme uniforme e consistente. Montagem: Desenformar a massa depois de fria e cortar na horizontalem duas partes. Colocar parte do recheio sobre uma das partes e por cima, a segunda parte. Com orestante do recheio, cobrir todo o bolo e levar à geladeira por 24 horas. Cortar em fatias somente nahora de servir. Dá 9 porções.

Cada porção contém: 125 calorias; 3,5 g de gordura; 18,3 g de carboidratos; 1,6 g de fibras;4,9 g de proteína; 141 mg de colesterol.

25,6% de gordura; 58,7% de carboidratos; 15,7% de proteína

Rocambole de maçã com chocolate

Ingredientes: Bolo: 4 ovos; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; suco de 1 limão;1 colher de sopa de mel. Recheio: 2 maçãs com casca cortadas em cubos; 1 xícara de cacau em pódesengordurado sem açúcar

Modo de fazer: Bater as maçãs no liquidificador com o cacau. Se necessário, acrescentar umpouquinho de água. Bater as claras em neve; juntar as gemas, a farinha e o suco de limão, batendolevemente na batedeira, para incorporar. Colocar numa forma retangular untada com mel e salpicadade farinha, escolhendo uma forma onde a massa fique com 1 cm de altura. Levar ao fornopreaquecido até corar, mais ou menos 20 minutos. Desenformar ainda quente sobre um pano úmido.Espalhar sobre a massa o creme de maçã com cacau e enrolar o rocambole imediatamente, no sentidolongitudinal, deixando enrolado no pano úmido para tomar a forma. Dá 12 porções.

Cada porção contém: 95 calorias; 2,6 g de gordura; 14,1 g de carboidratos; 3,3 g de fibras;3,8 g de proteína; 71 mg de colesterol.

24,3% de gordura; 59,6% de carboidratos; 16,1% de proteína

Rocambole de morangos

Ingredientes: Bolo: 6 ovos; 11/2 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; suco de 1limão; 1 colher de sopa de mel. Recheio: 1/2 xícara de morangos lavados e picados; 1 xícara degrãos de soja cozidos; 1 colher de mel

Modo de fazer: Bater os morangos com a soja cozida e 1 colher de mel no liquidificador. Bateras claras em neve; juntar as gemas, a farinha e o suco de limão, batendo levemente na batedeira, paraincorporar. Colocar numa forma retangular untada com mel e salpicada de farinha, escolhendo umaforma onde a massa fique com 1 cm de altura. Levar ao forno preaquecido até corar, mais ou menos20 minutos. Desenformar ainda quente sobre um pano úmido. Espalhar sobre a massa o recheio demorangos e enrolar o rocambole imediatamente, no sentido longitudinal, deixando enrolado no panoúmido para tomar a forma. Dá 10 porções.

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Cada porção contém: 119 calorias; 3,7 g de gordura; 15,5 g de carboidratos; 2,7 g defibras;5,9 g de proteína; 128 mg de colesterol.

27,8% de gordura; 52,3% de carboidratos; 19,9% de proteína

Torta de ano novo

Ingredientes: 300 g de castanhas portuguesas cozidas e descascadas, sem a pele; 1 xícara defarinha de centeio integral; 1 ovo, 5 ameixas pretas picadas sem caroço; 3 colheres de sopa defigos secos picados; 1 pera descascada e picada; cerejas frescas cortadas ao meio; cravo e canelaem pó a gosto.

Modo de Fazer: Massa: separar 3 castanhas e amassar com um garfo em purê. Misturar com oovo e a farinha, amassando com os dedos até formar uma massa uniforme. Abrir com o rolo até aespessura de 2 mm, cuidando para que a massa fique redondinha. Acertar o formato da massa comuma faca, usando um prato grande como guia. Colocar num pirex redondo raso, acertando a bordasem apertar para não grudar, e levar ao forno moderado por 1/2 hora, cuidando para não corar.Recheio: deixar de véspera as frutas secas de molho em 1 copo de água. Levar ao fogo as castanhasportuguesas, as frutas secas com a água do molho, a pera picada e os temperos, juntando mais 2copos de água. Deixar cozinhar até que sobre apenas um pouco de líquido. Deixar esfriar e bater noliquidificador para formar um purê. Desenformar a massa já assada e rechear com este purê,enfeitando com as cerejas cortadas. Levar à geladeira antes de servir. Dá 12 porções.

Cada porção contém: 113 calorias; 1,3 g de gordura; 23,4 g de carboidratos; 4,7 g de fibras;2,1 g de proteína; 18 mg de colesterol.

9,7% de gordura; 82,8% de carboidratos; 7,4 de proteína

Torta de “queijo”

Ingredientes: 60 g de okara; 70 g de tofu; 1 xícara de farinha de centeio integral; 3 ovos; 2peras com casca picadas; 1 colher de chá de noz moscada em pó; 1 colher de sopa de canela empó; 2 colheres de sopa de mel

Modo de Fazer: Misturar a farinha com 2 gemas para obter uma farofa grossa. Colocar essafarofa no fundo de uma forma de fundo falso untada com mel e salpicada de farinha. Bater noliquidificador 1 gema, o tofu, a okara, as peras cortadas sem a semente mas com a casca e ostemperos. Bater as claras em neve. Juntar as claras ao purê e misturar lentamente com a colher de paupara incorporar. Virar a mistura na forma. Forno moderado para baixo, assar por 1 hora. Dá 10porções.

Cada porção contém: 112 calorias; 2,3 g de gordura; 18,7 g de carboidratos; 3,3 g de fibras;3,9 g de proteína; 64 mg de colesterol.

19,6% de gordura; 66,5% de carboidratos; 13,9% de proteína

Tortinhas de laranja

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Ingredientes: Massa: 1 xícara de farinha de centeio; 1 gema; 50 gramas de tofu; uma pitadade sal Recheio: 1 banana; 80 gramas de tofu; 2 laranjas picadas com a pele; casca de 1/2laranja; 3 colheres de sopa de mel; 1 colher de sopa de fécula de araruta; tirinhas de damascoseco

Modo de Fazer: Massa: Misturar a farinha com o tofu e o sal até obter uma mistura esfarelada.Acrescentar a gema e amassar bem com as mãos até obter uma massa homogênea. Abrir com o rolonuma superfície enfarinhada até a massa ficar fina, com 2 ou 3 mm de espessura. Com a massabastante enfarinhada para não grudar, colocar nas forminhas (sem apertar) e levar ao forno médiopara assar por 30 minutos, tomando o cuidado de não deixar tostar muito, para que a massa fiquemacia. Recheio: Bater os ingredientes no liquidificador e levar ao fogo para engrossar. Rechear asforminhas e enfeitar com as tirinhas de damasco. Dá aproximadamente 10 tortinhas.

Cada tortinha contém: 123 calorias; 1,5 g de gordura; 24,4 g de carboidratos; 3,7 g de fibras;3,1 g de proteína; 19 mg de colesterol.

10,6% de gordura; 79,3% de carboidratos; 10,1% de proteína

DOCES

O doce, sabemos, é o alimento da alma, o alimento preferido dos deuses. Em busca de nossaqualidade divina interior, descobrimos o caminho da baixa caloria na confecção alquímica dessespratos.

Abacaxi com calda quente de laranja

Ingredientes: 2 rodelas médias de abacaxi, 1 laranja, 1 colher de sobremesa de fécula deararuta, 2 damascos secos, 1 colher de sopa de mel, 1 colher de sopa de canela em pó, 1 colher dechá de noz moscada em pó

Modo de fazer: Bater a laranja descascada, com a pele, no liquidificador com 1/2 copo deágua, araruta, mel e noz moscada. Levar ao fogo até engrossar. Colocar num prato a rodela deabacaxi sem o miolo. Colocar o damasco cortado ao meio no centro do abacaxi. Colocar ao lado acalda quente e salpicar com canela. Servir imediatamente. Dá duas porções.

Cada porção contém: 145 calorias; 0,8 g de gordura; 33,3 g de carboidratos; 4,9 g de fibras;1,3 g de proteína; 0 mg de colesterol

4,8% de gordura; 91,6% de carboidratos; 3,6% de proteína

Abacaxi com cobertura de chocolate

Experimente a ousadia desta receita, que aproveita num prato único as qualidades da bromelina:sabores, nutrientes e texturas contrastantes, e complementares, num casamento perfeito!

Ingredientes: 3 rodelas médias de abacaxi, 1 laranja, 1/3 de xícara de cacau em pó,

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desengordurado e sem açúcarModo de fazer: Bater a laranja descascada, com a pele, no liquidificador com o cacau. Colocar

num prato as rodelas de abacaxi sem o miolo. Cobrir com a calda de chocolate. Levar à geladeirapor no mínimo duas horas antes de servir. Dá três porções.

Cada porção contém: 100 calorias; 0,8 g de gordura; 18,6 g de carboidratos; 5,2 g de fibras;2,7 g de proteína; 0 mg de colesterol.

15,0% de gordura; 74,3% de carboidratos; 10,8% de proteína

Abacaxi em seu licor

Ingredientes: meio abacaxi (parte de baixo) com a casca, 1 colher de sopa de passas semsemente, 1 colher de chá de canela em pó, 1 colher de chá de cravo em pó

Modo de fazer: Cuidadosamente retirar o máximo de polpa possível do abacaxi sem rasgar acasca. Cortar em pedacinhos, misturar com as passas, a canela, o cravo e o suco do abacaxi queescapou ao cortar a polpa. Colocar tudo de volta na casca do abacaxi. Assar em forno brando por 30minutos. Porção individual.

Cada porção contém: 137 calorias; 1,2 g de gordura; 30,5 g de carboidratos; 4,3 g de fibras;1,1 g de proteína; 0 mg de colesterol.

8,0% de gordura, 88,8% de carboidratos, 3,2% de proteína

Chantilly de soja

Ingredientes: 11/2 xícara de leite de soja, 1 colher de sopa de fécula de araruta, 2 colheres desopa de mel, 1 clara de ovo, 1 colher de sopa de okara, 1 pera descascada cortada em cubinhos

Modo de fazer: Bater o leite de soja, a araruta, a pera e a okara7 no liquidificador. Levar aofogo para engrossar. Deixar esfriar. Adicionar o mel e a clara batida em neve, misturando bem paraincorporar. Levar à geladeira num pote de plástico. Depois de algumas horas, retirar a espuma quefica por cima com uma colher. O liquido que fica é um milk-shake excelente! Dá 10 colheres de sopade creme.

Cada colher contém: 45 calorias; 0,8 g de gordura; 8,1 g de carboidratos; 0,9 g de fibras; 1,3g de proteína; 0 mg de colesterol.

15,7% de gordura, 72,6% de carboidratos, 11,7% de proteína

Creme de chocolate e soja

Ingredientes: 1 xícara de grãos de soja cozidos em água, 1 xícara de cacau em pódesengordurado e sem açúcar, 2 laranjas descascadas com a pele

Modo de fazer: Para cozinhar a soja, deixe antes de molho na água por 12 horas. Escorra a águado molho e cozinhe com bastante água por meia hora. Bata a soja com os demais ingredientes noliquidificador até fazer um creme homogêneo. Coloque num pirex e leve à geladeira por algumas

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horas antes de servir. Dá 4 porções.

Cada porção contém: 154 calorias; 4,5 g de gordura; 20,4 g de carboidratos; 8,4 g de fibras;8,0 g de proteína; 0 mg de colesterol.

26,0% de gordura, 53,1% de carboidratos, 20,8% de proteína

Custard de limão

Ingredientes: 3 limões e 1 laranja, descascados com a pele; 1 colher de sopa de mel; 1 colherde sopa de passas sem semente; 3 ovos; 2 colheres de sopa de fécula de araruta; 1 colher de cháde canela em pó, 1/2 colher de chá de noz moscada em pó.

Modo de fazer: Deixar as passas de molho em 1/2 copo de água. Bater a laranja e os limões,sem as sementes, no liquidificador com as 3 gemas, a água das passas, a araruta, o mel e asespeciarias. Levar ao fogo até engrossar. Bater as claras em neve. Deixar o creme de limão esfriarum pouco e adicionar às claras, batendo levemente. Misturar as passas e colocar num pirex. Gelarantes de servir. Fica melhor de véspera. Dá 4 porções.

Cada porção contém: 120 calorias; 3,3 g de gordura; 18,1 g de carboidratos; 2,3 g de fibras;4,4 g de proteína; 128 mg de colesterol.

25,0% de gordura, 60,3% de carboidratos, 14,7% de proteína

Espuma de Abacaxi

Ingredientes: 1 banana grande; 3 xícaras de abacaxi cortado em cubos; 3 claras; 1 colher desopa de mel; 1 colher de sopa de passas sem semente; 3 ovos; 2 colheres de sopa de fécula deararuta; 1 colher de chá de canela em pó, 1/2 colher de chá de noz moscada em pó.

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Bater no liquidificador o abacaxi em pedaços, abanana e 1/2 copo d’água. Juntar as claras ao creme das frutas obtido e misturar levemente com acolher de pau. Levar à geladeira. Dá 6 porções.

Cada porção contém: 106 calorias; 0,6 g de gordura; 23,0 g de carboidratos; 2,4 g de fibras;2,4 g de proteína; 0 mg de colesterol.

3,8% de gordura, 87,1% de carboidratos, 9,1% de proteína

Musse de chocolate com laranja

Ingredientes: 1 laranja descascada com a pele; 1/2 xícara de cacau em pó desengordurado esem açúcar; 1 xícara de grão de soja cozidos; 1 clara

Modo de fazer: Bater as claras em neve. Bater os demais ingredientes no liquidificador atéformar um creme homogêneo. Juntar a clara ao creme de chocolate e misturar levemente com a colherde pau. Levar à geladeira. Dá 4 porções.

Cada porção contém: 98 calorias; 3,0 g de gordura; 11,9 g de carboidratos; 4,3 g de fibras;

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6,1 g de proteína; 0 mg de colesterol.26,5% de gordura, 48,6% de carboidratos, 24,9% de proteína

Musse de chocolate

Ingredientes: 100 g de tofu bem escorrido; 50 g de cacau em pó desengordurado e semaçúcar; 2 bananas; 1 ovo; 1 colher de sopa de castanhas do para raladas

Modo de fazer: Cozinhar a banana em um pouco d’água até formar um purê. Misturar o cacauimediatamente com uma colher de pau até formar um creme homogêneo. Deixar esfriar um pouco.Bater o purê no liquidificador, com o tofu e a gema. Bater a clara em neve e juntar ao creme dechocolate, misturando levemente com a colher de pau até incorporar. Colocar num pirex e salpicarpor cima as castanhas do para raladas. Levar à geladeira por no mínimo 2 horas antes de servir. Dá 3porções.

Cada porção contém: 295 calorias; 8,2 g de gordura; 45,4 g de carboidratos; 9,4 g de fibras;10,0 g de proteína; 71 mg de colesterol.

24,8% de gordura, 61,6% de carboidratos, 13,6% de proteína

Musse de limão8

Ingredientes: 90 g de tofu bem escorrido; 5 limões descascados com a pele e sem assementes; 1 clara; 2 colheres de sopa de mel

Modo de fazer: Bater os limões no liquidificador com o mel e o tofu. Adicionar a clara emneve, misturando para incorporar bem. Gelar 24 horas antes de servir. Dá 4 porções.

Cada porção contém: 90 calorias; 1,3 g de gordura; 16,5 g de carboidratos; 2,3 g de fibras;3,1 g de proteína; 0 mg de colesterol.

13,3% de gordura, 73,0% de carboidratos, 13,7% de proteína

Musse de melancia

Ingredientes: 3 xícaras de melancia picadinha bem pequeno, 2 xícaras de grãos de sojacozidos

Modo de fazer: Reserve 1/3 de xícara de pedacinhos de melancia. Bata o restante noliquidificador, com as sementes, sem adicionar água. Acrescente a soja e bata bem até obter umcreme liso e uniforme. Misture os pedacinhos de melancia com a colher e leve à geladeira por 24horas antes de servir. Dá 4 porções.

Cada porção contém: 176 calorias; 6,3 g de gordura; 18,2 g de carboidratos; 4,4 g de fibras;11,8 g de proteína; 0 mg de colesterol.

31,8% de gordura; 41,4% de carboidratos; 26,8% de proteína

Sorvete de frutas ácidas

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Esta receita, com muita vitamina, beneficia também a dieta: a laranja, batida com a pele, é ricaem fibras e estimula os intestinos; e o abacaxi, já conhecido devorador do excesso de peso, é umauxiliar clássico nos processos de emagrecimento, graças à presença da bromelina, enzima de açãoanti-inflamatória, antialérgica e digestiva, que favorece a absorção das proteínas e a queima degorduras. Está aí materializado um milagre de verão: o sorvete que refresca, alimenta e emagrece.Quem tem uma daquelas máquinas caseiras de fazer sorvete leva vantagem nesta receita. Os demaisprestem atenção ao timing do freezer, e não deixem o sorvete congelar demais, passando do pontoideal de cremosidade.

Ingredientes: 1 xícara de abacaxi fresco picado; 2 laranjas médias, sem sementes edescascadas, mas com a pele; 1 clara de ovo; 1/2 xícara de grãos de soja cozidos

Modo de fazer: Bater as frutas com a soja no liquidificador, sem adicionar água. Bater a claraem neve. Misturar levemente a clara à mistura de frutas, até incorporar bem. Se tiver a máquina,coloque nela esta mistura e sirva depois de pronto. Se não tiver, leve ao congelador por 2 ou 3 horas(dependendo da temperatura de cada geladeira). Bater rapidamente no liquidificador antes de servir.Dá 3 porções.

Cada porção contém: 131 calorias; 2,9 g de gordura; 19,9 g de carboidratos; 4,5 g de fibras;6,3 g de proteína; 0 mg de colesterol.

19,9% de gordura; 60,9% de carboidratos; 19,3% de proteína

Strudel de maçã

Ingredientes: Massa: 1 xícara de farinha de trigo ou centeio integral; 1 ovo. Recheio: 3maçãs raladas com a casca; 1 colher de sopa de nozes picadas; 1 colher de sopa de passas semsemente; 2 colheres de chá de canela em pó; 2 colheres de chá de sementes de gergelim

Modo de fazer: Massa: misturar os ingredientes até obter uma massa lisa e uniforme que nãogrude nas mãos. Deixar descansar por 15 minutos. Em seguida abrir com o rolo numa superfícieenfarinhada até ficar bem fininha. Recheio: Sobre a massa espalhar a maçã ralada. Polvilhar comcanela, passas e nozes picadinhas. Dá dois strudels, com 4 porções cada um. Enrolar os strudels,fechando as pontas com os dedos. Pincelar com um pouco de água e salpicar gergelim. Levar aoforno quente em tabuleiro enfarinhado por 1/2 hora. No total, dá 8 porções.

Cada porção contém: 108 calorias; 2,0 g de gordura; 20,0 g de carboidratos; 3,7 g de fibras;2,4 g de proteína; 27 mg de colesterol.

16,7% de gordura, 74,3% de carboidratos, 8,9% de proteína

MASSAS E PÃES

Misturar a massa é um manejo sofisticado de energia; experimente a emoção de transformar farinhaa água num corpo macio e moldável! Quanto mais trabalhamos a massa, maior é a qualidadegastronômica do prato. Utilizando somente a gema como fonte de gordura, as massas da Culinária

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Evolutiva são leves e fáceis de digerir; o uso de farinha integral garante o teor de fibras. Se você temtendência a reter líquidos e ganhar peso, dê preferência à farinha de centeio, que não contém glúten.

1. MASSAS

Canelone de rúcula

Ingredientes: Massa: 11/2 xícara de leite de soja; 1 gema; 1/2 xícara de farinha integral decenteio ou trigo; 1 xícara de rúcula cozida em água e sal; 1 colher de sopa de fécula de araruta; 1xícara de nabo descascado, cortado em cubos; 1 colher de chá de sementes de linhaça

Modo de fazer: Misturar a farinha com a gema, pingando leite de soja até dar ponto. Abrir amassa bem fina, cortando em retângulos de aproximadamente 10x15 cm; cozinhar em água ferventecom um pouquinho de sal para ficar ai dente. Cozinhar o nabo na água e sal; escorrer bem toda a águae fazer um purê, amassando com o garfo. Refogar a rúcula rapidamente no shoyu. No liquidificadorbater ligeiramente o purê de nabo com a rúcula refogada, temperando com uma pitada de curry e alhoem pó. Espalhar bem o recheio sobre os canelones abertos e enrolar, colocando num pirex. Numapanela colocar o leite de soja restante, com uma colher de sopa cheia de fécula de araruta dissolvidaem um pouco de água, uma pitada de sal, noz moscada e pimenta do reino a gosto. Adicionar orestante do purê de nabo com rúcula. Cozinhar até engrossar. Despejar o molho sobre os canelones,salpicando com sementes de linhaça e levar ao forno para gratinar. Porção individual.

Cada porção contém: 428 calorias; 13,6 g de gordura; 58,4 g de carboidratos; 14,1 g defibras; 18,1 g de proteína; 195 mg de colesterol.

28,5% de gordura, 54,6% de carboidratos, 16,9% de proteína

Croquete de palmito

Ingredientes: 60 g de palmito pupunha fresco; 1 gema; 1 xícara de farinha integral decenteio ou trigo; 1 xícara de leite de soja; 1 colher de sopa de fécula de araruta; 1 colher de sopade shoyu; 1 colher de chá de sal; 1 colher de chá de noz moscada em pó; 1 colher de chá depimenta do reino em pó; 1 colher de sopa de sementes de linhaça

Modo de fazer: Bater no liquidificador todos os ingredientes menos a farinha. Levar ao fogo atéengrossar. Deixar esfriar. Adicionar a farinha, mexendo bem para formar uma massa. Enrolar oscroquetes. Salpicar com a semente de linhaça. Levar ao forno quente por 1/2 hora. Dá em média 14croquetes.

Cada croquete contém: 47 calorias; 1,0 g de gordura; 7,5 g de carboidratos; 1,6 g de fibras;1,7 g de proteína; 14 mg de colesterol.

21,4% de gordura, 64,1% de carboidratos, 14,5% de proteína

Macarrão integral com molho primavera

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Ingredientes: Massa:1 xícara de farinha integral de centeio ou trigo; 1 ovo. Molho: 1/2xícara de tomates lavados e cortados com a pele; 4 colheres de sopa de cogumelos; 1 xícara deabobrinha com a casca; 2 colheres de sopa de tomate seco; 1 colher de sopa de gengibre frescoralado; 1 colher de sopa de manjericão seco; 1 colher de sopa de páprica doce em pó; shoyu agosto

Modo de fazer: Massa: Num recipiente, misturar a farinha e o ovo inteiro, amassando bem atéformar uma massa lisa e elástica que não grude nas mãos. Abrir a massa bem fininha com o rolonuma superfície enfarinhada. Cortar em tiras finas e colocar num tabuleiro para secar ao sol.Cozinhar a massa numa panela grande com água e sal até ficar al dente. Escorrer na água fria.Molho: Refogar o gengibre no shoyu. Adicionar os tomates e mexer com a colher de pau. Adicionaros temperos, a abobrinha cortada em rodelas, e 1 copo de água. Quando a abobrinha começar a ficarmacia, adicionar os cogumelos e cozinhar por mais 5 minutos. Abafar por mais dez minutos.Adicionar o molho à massa, mexendo com uma colher de pau. Dá duas porções.

Cada porção contém: 283 calorias; 4,1 g de gordura; 50,7 g de carboidratos; 11,3 g de fibras;10,6 g de proteína; 106 mg de colesterol.

13,4% de gordura, 71,6% de carboidratos, 15,0% de proteína

Nhoque de nabo com espinafre

Ingredientes: 4 xícaras de nabos descascados, lavados e cortados em cubos; 3 xícaras defolhas de espinafre cru; 1 colher de sopa de fécula de araruta; 1/2 xícara de bardana descascadacortada em tirinhas; sal, noz moscada em pó e manjericão seco a gosto; 2 colheres de sopa deshoyu; 2 colheres de chá de gengibre fresco ralado; 90 g de tofu

Modo de fazer: Cozinhar os nabos e o espinafre em água e sal, em panelas separadas. Amassaros nabos cozidos com um garfo e espremer num guardanapo limpo para retirar todo o líquido. Bater oespinafre bem pequeno com uma faca amolada e misturar ao nabo já escorrido. Temperar com sal,pimenta e noz moscada a gosto. Enrolar em pequenas bolinhas, do tamanho de brigadeiros comuns, ecolocar num pirex. Refogar o gengibre ralado no shoyu. Adicionar a bardana descascada e cortadaem tiras bem fininhas, refogando mais um pouco. Acrescentar o tofu previamente batido noliquidificador com sua própria água e a araruta dissolvida num pouco de água. Deixar fervermexendo sempre, até engrossar. Cobrir os nhoques com este molho e levar ao forno por 10 minutosantes de servir. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 237 calorias; 3,5 g de gordura; 41,4 g de carboidratos; 10,9 g de fibras;10,2 g de proteína; 0 mg de colesterol.

13,1% de gordura, 69,8% de carboidratos, 17,2% de proteína

Panquecas de berinjela

Ingredientes: Massa: 1 ovo; 1 xícara de farinha integral de centeio ou trigo; 135 g de tofuRecheio: 1 berinjela média lavada, com casca, cortada em rodelas; 1/2 xícara de tomatescortados com a pele e sementes; 2 colheres de sopa de tomate seco; 1 colher de sopa de gengibre

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fresco ralado; 1 colher de sopa de manjericão seco; 1 colher de sopa de páprica doce em pó;shoyu a gosto

Modo de fazer: Massa: Bater a clara em neve. Bater os demais ingredientes no liquidificador,acrescentando 1/2 copo da água do tofu. Juntar a clara e misturar levemente. Aquecer a frigideiraantiaderente e jogar a massa às colheradas, espalhando bem. Quando estiver quase seca virar apanqueca com o auxilio da escumadeira. Recheio: Refogar o gengibre no shoyu. Acrescentar àpanela os demais ingredientes, pingando água para que não seque ou grude no fundo da panela.Quando a berinjela estiver macia e desmanchada, retirar do fogo. Rechear as panquecas e colocarnum pirex, reservando uma parte do recheio, que deve ser batida no liquidificador com um pouco deágua e colocado como molho por cima das panquecas. Levar ao forno antes de servir. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 495 calorias; 11,4 g de gordura; 75,6 g de carboidratos; 9,7 g de fibras;22,2 g de proteína; 106 mg de colesterol.

21,0% de gordura; 61,1% de carboidratos; 17,9% de proteína

Pizza

Ingredientes: Massa: 1 xícara de farinha de centeio integral, 3 colheres de sopa da água dotofu. Recheio: 2 tomates com casca cortados em fatias finas, 90 gramas de tofu, 1 xícara depalmito fresco cru, ralado grosso, salsinha fresca, orégano e shoyu a gosto

Modo de Fazer: Massa: misturar a água do tofu com a farinha até obter uma massa lisa euniforme. Abrir a massa com o rolo, não muito fina. Colocar num pirex raso, redondo ou quadrado,conforme o formato desejado. Acertar as bordas da massa com uma faca, sem apertar, para nãogrudar no pirex. (lembre-se, não usamos gordura para untar). Regar a massa com um pouco de shoyu.Espalhar as fatias de tomate e o tofu cortado em tiras finas. Sobre esta camada espalhar comuniformidade o palmito ralado e, por cima, colocar a salsinha e bastante orégano. Se acharnecessário, coloque um pouco mais de shoyu, cuidando para não encharcar. Levar ao forno quentepor aproximadamente 20 minutos. Dá uma pizza tamanho brotinho, com 2 porções.

Cada porção contém: 290 calorias; 4,0 g de gordura; 51,4 g de carboidratos; 12,2 g de fibras;12,2 g de proteína; 0 mg de colesterol.

12,4% de gordura; 70,8% de carboidratos; 16,8% de proteína

Raviólis de centeio

Chegou a hora de provar que um prato sem adição de gordura pode ser rico, nutritivo edelicioso! Este é um ravióli diferente, 100% permitido em qualquer dieta, prestando atenção, é claro,para não exagerar.

Ingredientes: Massa: 1 xícara de farinha de centeio integral; 1 ovo. Recheio: 2 xícaras deacelga (couve chinesa); 70 g de tofu; 1 colher de chá de cravo em pó; 1 colher de sopa desementes de gergelim; shoyu e pimenta a gosto. Molho: 2 xícaras de tomates cortados, com a pelee sementes; 2 colheres de sopa de manjericão seco; 1 colher de sopa de salsinha fresca picada e

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lavadaModo de fazer: Massa: Misturar os ingredientes e amassar até obter uma massa uniforme.

Abrir a massa fina e cortar em pequenos retângulos. Recheio: Refogar os ingredientes no shoyu atéque a acelga fique bem cozida. Bater no liquidificador. Molho: Refogar no shoyu os tomates picadoscom as sementes e a casca, junto com o manjericão. Depois de pronto o molho passar na peneira.Rechear os retângulos de massa, dobrar e fechar com um garfo. Jogar na água fervente com sal atésubir. Colocar no pirex e regar com o molho, enfeitando com salsinha fresca. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 366 calorias; 9,5 g de gordura; 52,6 g de carboidratos; 13,2 g de fibras;17,4 g de proteína; 106 mg de colesterol.

23,5% de gordura; 57,5% de carboidratos; 19,0% de proteína

Strudel de espinafre

Ingredientes: Massa: 1 ovo; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio. Recheio: 1xícara de folhas de espinafre, 1 xícara de palmito pupunha fresco cortado em rodelas; 1 colher desopa de noz moscada em pó; 1 colher de sopa de sementes de linhaça

Modo de fazer: Massa: Misturar os ingredientes até obter uma massa lisa e uniforme que nãogrude nas mãos. Deixar descansar por 15 minutos. Em seguida abrir com o rolo numa superfícieenfarinhada até ficar bem fininha. Recheio: Misturar o espinafre batido ao palmito fresco ralado eaos temperos. Levar ao fogo com um pouco de shoyu para incorporar. Dá dois strudels. Enrolar osstrudels, fechando as pontas com os dedos. Pincelar com água e salpicar linhaça. Levar ao fornoquente em tabuleiro enfarinhado por 1/2 hora. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 317 calorias; 7,0 g de gordura; 50,0 g de carboidratos; 13,5 g de fibras;13,5 g de proteína; 106 mg de colesterol.

19,9% de gordura; 63,1% de carboidratos; 17,0% de proteína

Torta de abobrinha

Ingredientes: Massa: 1 ovo; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio. Recheio: 2xícaras de abobrinha com casca, cortada em rodelas; 1 cebola descascada e cortada em rodelasfinas; 1 xícara de leite de soja; 1 colher de sopa de fécula de araruta; 1 colher de sopa de nozmoscada em pó; 1 colher de sopa de orégano; 1 colher de chá de cravo em pó; 1 colher de chá deaçafrão; shoyu a gosto

Modo de fazer: Massa: Misturar os ingredientes até obter uma massa lisa e uniforme que nãogrude nas mãos. Deixar descansar por 15 minutos. Abrir a massa fina e colocar no pirex, sem apertarmuito. Recheio: Refogar a cebola no shoyu. Acrescentar a abobrinha e os temperos; mexer com acolher de pau, pingando shoyu ou água para não grudar. Dissolver a araruta no leite de soja.Acrescentar à panela, mexendo com a colher de pau até engrossar. Despejar o recheio de abobrinhadentro da massa da torta, no pirex. Levar ao forno quente por 1/2 hora. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 291 calorias; 7,3 g de gordura; 42,6 g de carboidratos; 11,4 g de fibras;

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13,5 g de proteína; 106 mg de colesterol.23,0% de gordura; 58,5% de carboidratos; 18,5% de proteína

Torta de cebola

Cortando cebolas na cozinha, penso que as lágrimas que me escorrem pelo rosto só podem serde gratidão à natureza, mestra criadora deste vegetal caprichoso, especial no gosto, na forma e nosbenefícios que proporciona à nossa saúde. A sabedoria popular, enquanto enaltece a cebola e suasqualidades, ensina a evitar o pranto provocado pelos componentes sulfúricos da planta: experimentegelar a cebola antes de cortá-la em rodelas, sempre em direção ao cabo; ou então descascá-la com aboca cheia de água. Se nada disso funcionar, não desanime: chorar, nesse caso, faz bem ao coração,já que a mesma substância que provoca as lágrimas evita a pressão alta e diminui o colesterol!

Ingredientes: Massa: 1 ovo; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio. Recheio: 2xícaras de cebola descascada e cortada em rodelas finas; 30 g de tofu; 1 xícara de água filtrada;1 colher de sopa de fécula de araruta; 1 colher de sopa de noz moscada em pó; 1 colher de sopade salsa; 1 colher de chá de páprica doce em pó; shoyu a gosto

Modo de fazer: Massa: Misturar os ingredientes até obter uma massa lisa e uniforme que nãogrude nas mãos. Deixar descansar por 15 minutos. Abrir a massa fina e colocar no pirex, sem apertarmuito. Recheio: Bater no liquidificador o tofu, com a água, a fécula de araruta e os temperos.Refogar a cebola no shoyu. Acrescentar o tofu batido, mexendo com a colher de pau até engrossar.Despejar o recheio de cebolas dentro da massa da torta, no pirex. Levar ao forno quente por 1/2hora. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 342 calorias; 6,2 g de gordura; 59,4 g de carboidratos; 12,2 g de fibras;12,4 g de proteína; 106 mg de colesterol.

16,1% de gordura; 69,4% de carboidratos; 14,5% de proteína

Trouxinhas de berinjela

Ingredientes: Massa:1 ovo; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; 40 g de tofu.Recheio: 1 ovo; 1 1/2 xícaras de berinjela cortada em rodelas finas, com a casca; 1/2 xícara detomates picados com a pele e sementes; 2 colheres de sopa de orégano; 1 colher de chá de pápricadoce em pó; 2 colheres de chá de sementes de gergelim; shoyu a gosto

Modo de fazer: Massa: Misturar os ingredientes até obter uma massa lisa e uniforme que nãogrude nas mãos. Deixar descansar por 15 minutos. Em seguida abrir com o rolo numa superfície bemenfarinhada até ficar bem fininha. Cortar em 8 quadrados de aproximadamente 10 cm. Recheio:Cozinhar a berinjela no shoyu, com o tomate picado e os temperos, pingando água para não grudar napanela. Bater no liquidificador depois de cozida, com a clara de ovo, para formar um creme. Rechearos quadrados e fechar as trouxinhas, fechando as pontas com os dedos. Pincelar com a gema batida esalpicar gergelim. Levar ao forno quente em tabuleiro enfarinhado por 1/2 hora. Dá 8 trouxinhas.

Cada trouxinha contém: 80 calorias; 2,1 g de gordura; 12,7 g de carboidratos; 3,2 g de fibras;

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2,9 g de proteína; 48 mg de colesterol.22,4% de gordura; 63,2% de carboidratos; 14,4% de proteína

2. PÃES

Chapati (pão indiano)

Ingredientes: Massa: 3 colheres de sopa de farinha integral de centeio ou trigo; 1 colher dechá de sementes de linhaça; água até dar ponto, de preferência a água de uma embalagem de tofu

Modo de fazer: Misturar a farinha com as sementes de linhaça e adicionar a água aos poucos,sovando bem até dar ponto. Fazer uma bolinha e deixar descansar por meia hora. Abrir a massa finaprocurando arredondar o formato. Aquecer uma frigideira não aderente e colocar o chapati quandoestiver bem quente; virar o chapati, deixando tostar um pouco dos dois lados. Para arrematar ocozimento, segurar o chapati em uma escumadeira diretamente sobre a chama do fogão, para formarum espaço vazio entre as duas faces do pão, semelhante ao pão árabe. Dá um chapati.

Cada porção contém: 86 calorias; 1,4 g de gordura; 15,9 g de carboidratos; 3,7 g de fibras;2,4 g de proteína; 0 mg de colesterol.

15,1% de gordura; 73,8% de carboidratos; 11,1% de proteína

Focaccia de berinjela

Ingredientes: Massa: 1 1/2 xícara de farinha integral de trigo ou centeio; 1/2 xícara deágua; 2 colheres de sopa de cubinhos de berinjela crua; 2 colheres de sopa de cubinhos de tomatecru, sem as sementes; 1 colher de chá de sal grosso; 1 colher de chá de sementes de linhaça; 1colher de chá de sementes de cominho; 1 colher de chá de páprica doce em pó; 1 colher de chá denoz-moscada em pó; sal a gosto

Modo de fazer: Misturar meia xícara de farinha com a água e deixar fermentar no mínimo 12 h.Adicionar a farinha restante, os temperos e as sementes e misturar bem. Sovar. Colocar num pirexquadrado ou retangular polvilhado de farinha, sem apertar muito, e deixar crescer por mais 6 horas.Fazer furos com os dedos e colocar os cubinhos de berinjela e tomate. Salpicar de sal grosso e levarao forno bem moderado por 100 minutos. Desenformar e cortar em fatias grossas. Servir aindaquente. Dá 3 porções.

Cada porção contém: 202 calorias; 2,2 g de gordura; 39,9 g de carboidratos; 8,6 g de fibras;5,6 g de proteína; 0 mg de colesterol.

9,9% de gordura; 79,0% de carboidratos; 11,1% de proteína

Pão Fermentado

Ingredientes: Massa: 2 xícaras de farinha integral de trigo ou centeio; 1/2 xícara de água; 2colheres de sopa de cubinhos de berinjela crua;1 colher de chá de óleo de gergelim; 1 colher de

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chá de sementes de linhaça; sal a gostoModo de fazer: Misturar meia xícara de farinha com a água e deixar fermentar no mínimo 12 h.

Adicionar a farinha restante, o óleo de gergelim e as sementes de linhaça, 1 pitada de sal e misturarbem. Sovar. Deixar crescer por mais 6 horas. Levar ao forno preaquecido por 40 minutos. Dá 4porções.

Cada porção contém: 169 calorias; 2,7 g de gordura; 32,1 g de carboidratos; 6,6 g de fibras;4,3 g de proteína; 0 mg de colesterol.

13,6% de gordura; 76,2% de carboidratos; 10,2% de proteína

Pão Integral

Ingredientes: Massa: 2 xícaras de farinha integral de trigo ou centeio; 2 gemas; 2 colheresde sopa de fécula de araruta; 70 g de tofu; 1 colher de chá de sementes de linhaça; sal a gosto

Modo de fazer: Misturar os ingredientes e misturar bem. Se necessário, pingar água filtrada atéconseguir uma massa lisa e elástica. Sovar. Moldar o pão com as mãos e colocar num tabuleiroenfarinhado. Levar ao forno preaquecido por 40 minutos. Dá 4 porções.

Cada porção contém: 259 calorias; 4,8 g de gordura; 46,0 g de carboidratos; 8,2 g de fibras;8,0 g de proteína; 97 mg de colesterol.

16,6% de gordura; 71,0% de carboidratos; 12,4% de proteína

PRATOS PRINCIPAIS

Explore aqui o vegetarianismo aromático e sofisticado, em sua mais autêntica vocação gourmet,transcendendo a simplicidade das saladas verdes e dos legumes cozidos em água e sal.

Abóbora recheada

Ingredientes: 1/2 xícara de arroz integral; 1 abóbora madura grande; 1/3 de xícara delentilhas; 1 colher de sopa de passas sem semente, deixadas de molho na véspera; 1/2 colher desopa de nozes picadas; 1 colher de sopa de curry em pó; 1 colher de chá de cravo em pó; 3colheres de sopa de salsinha fresca picada; sal a gosto

Modo de fazer: Lavar bem a abóbora e levar para cozinhar em água e sal numa panela bemgrande, por 20 minutos. Cortar a tampa da abóbora e, com uma colher, tirar a polpa aos poucos,cuidando para deixar a casca intacta. Colocar o arroz para cozinhar em 3 copos de água e sal a gosto.Depois de 40 minutos acrescentar as lentilhas e deixar cozinhar por mais 20 minutos. Acrescentar apolpa da abóbora (sem as sementes), as nozes, as passas (deixadas de molho na véspera) e o restantedos temperos. Deixar cozinhar até que a polpa da abóbora comece a se desmanchar. Colocar todo orecheio cozido dentro da abóbora, salpicando com a salsa fresca picadinha. Tampar com a tampa daabóbora e levar ao forno num tabuleiro por 20 minutos antes de servir. Dá 3 porções.

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Cada porção contém: 310 calorias; 2,5 g de gordura; 57,6 g de carboidratos; 13,2 g de fibras;13,9 g de proteína; 0 mg de colesterol.

7,7% de gordura; 74,3% de carboidratos; 17,9% de proteína

Abóbora verde assada9

Ingredientes: 1 abóbora verde grande; 1 cebola cortada em rodelas; 1 colher de chá de curryem pó; 1 colher de chá de noz-moscada em pó; 1 colher de chá de cravo em pó; shoyu a gosto

Modo de Fazer: Cortar uma tampa estreita na abóbora e tirar a polpa. Bater a polpa noliquidificador com a cebola e os temperos. Jogar o purê dentro da abóbora, e levar ao forno por 1/2hora. Porção individual.

Cada porção contém: 135 calorias; 2,3 g de gordura; 22,7 g de carboidratos; 9,2 g de fibras;5,5 g de proteína; 0 mg de colesterol.

16,3% de gordura; 67,4% de carboidratos; 16,3% de proteína

Anéis de abobrinha

Ingredientes: 4 abobrinhas grandes, firmes e gordas; 1/2 xícara de arroz integral cru; 2colheres de sopa de semente de linhaça; 1 cenoura descascada e cortada em palitos bem fininhos;30 gramas de tofu; sal, curry e noz moscada a gosto; salsa desidratada

Modo de Fazer: Lavar as abobrinhas, tirar as pontas — deixando a casca — e cortar em anéisgrossos de aproximadamente 3 cm de altura. Retirar delicadamente o miolo, com a ajuda de uma facaou colher pequena, e reservar. Cozinhar os anéis de abobrinha e os palitos de cenoura em água e salpor 15 minutos. Escorrer na água fria e reservar. Cozinhar o arroz em 4 copos de água, temperandocom sal e curry, em fogo baixo. Depois de meia hora acrescentar o miolo das abobrinhas e deixarcozinhar em fogo baixo por mais meia hora, para que a abobrinha e o arroz fiquem bem macios.Reservar alguns pedaços do miolo de abobrinha e o restante cozinhar até secar, misturando assementes de linhaça com uma colher de pau, até formar uma massa quase uniforme. Colocar os anéisde abobrinha num pirex e rechear com a massa de arroz, colocando um palito de cenoura no meio decada anel. Bater no liquidificador o tofu, meio copo de água e o miolo de abobrinha cozidoreservado. Levar o molho ao fogo, temperando com noz moscada e curry a gosto até levantar fervura.Regar com o molho de tofu as abobrinhas e salpicar salsa desidratada por cima. Levar ao forno por10 minutos antes de servir. Dá duas porções.

Cada porção contém: 313 calorias; 5,9 g de gordura; 53,8 g de carboidratos; 9,8 g de fibras;11,3 g de proteína; 0 mg de colesterol.

17,0% de gordura; 68,0% de carboidratos; 15,0% de proteína

Batatas marinadas

Ingredientes: 3 batatas grandes, com casca; 1 cebola cortada em rodelas; 3 colheres de sopade suco de limão; 2 colheres de sopa de orégano; shoyu a gosto

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Modo de Fazer. Ralar as batatas com casca no ralo grosso. Numa frigideira grande, refogar acebola no shoyu. Adicionar as batatas e refogar, mexendo sempre, por 10 minutos. Deixar esfriar.Temperar com o suco de limão, shoyu e ervas a gosto. Colocar num tupperware e deixar marinar por24 horas. Dá 5 porções.

Cada porção contém: 107 calorias; 0,3 g de gordura; 23,2 g de carboidratos; 2,9 g de fibras;2,7 g de proteína; 0 mg de colesterol.

2,8% de gordura; 87,1% de carboidratos; 10,1% de proteína

Broto de feijão ao molho de raízes

Na panela, o broto de feijão se transforma num prato completo, rico em proteínas e nutrientes,sofisticado e aromático, uma delicada fantasia oriental que encanta a receita a seguir.

Ingredientes: 250 g de broto de feijão; 150 g de quiabo cortado em rodelas com 1 cm deespessura; 1/2 xícara de tomates picadinhos com semente e casca; 1/2 xícara de pimentãovermelho picado; 2 colheres de sopa de coentro fresco picado; 2 colheres de chá de gengibreralado fino; páprica, cravo em pó, noz moscada moída, orégano e shoyu a gosto.

Modo de Fazer: Refogar o gengibre no shoyu. Acrescentar o tomate e o pimentão picadinhos,refogando ainda. Adicionar o quiabo e os temperos. Se necessário, pingar água para não agarrar.Depois de 5 minutos adicionar o broto lavado e escorrido. Mexer com a colher de pau, por mais 5 a10 minutos até que o broto fique “ai dente”. Desligar o fogo, adicionar o coentro fresco picadinho etampar a panela imediatamente, deixando abafar por 10 minutos. Servir imediatamente. Porçãoindividual.

Cada porção contém: 322 calorias; 5,5 g de gordura; 43,8 g de carboidratos; 9,3 g de fibras;24,3 g de proteína; 0 mg de colesterol.

15,5% de gordura; 54,3% de carboidratos; 30,1% de proteína

Gratinado de Palmito

Ingredientes: 150 g palmito pupunha; 2 xícaras de couve flor; 90 g de tofu; 1 colher de sopade gergelim; 1 colher de chá de noz moscada em pó; 1 colher de chá de curry; 2 colheres de sopade manjericão fresco picadinho; shoyu a gosto.

Modo de Fazer: Cozinhar em água e sal os talos da couve-flor até que fiquem macios.Acrescentar as flores e cozinhar por mais 5 minutos. Escorrer e lavar na água fria para interromper ocozimento. Num pirex colocar o palmito cru, ralado no ralo grosso. Bater no liquidificador os talosde couve-flor, o tofu, os temperos e um pouco de água, suficiente para bater. Jogar o creme de couveflor por cima do palmito ralado, colocando cuidadosamente as flores da couve-flor, cortadas empequenos buquês, por cima de tudo. Salpicar gergelim e levar ao forno quente por 1/2 hora antes deservir. Porção individual.

Cada porção contém: 287 calorias; 9,7 g de gordura; 29,9 g de carboidratos; 14,2 g de fibras;

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20,0 g de proteína; 0 mg de colesterol.30,4% de gordura; 41,7% de carboidratos; 27,9% de proteína

Tomates floridos anticâncer

Ingredientes: 4 tomates grandes e firmes; 2 xícaras de brócolis picado cru, separando ostalos das flores; 3 colheres de sopa de alho poro cortado em rodelas; 1/2 de xícara de salsa frescapicada; 1 colher de chá de noz moscada em pó; 1 colher de chá de páprica doce em pó; 1 colherde chá de alho picado; 1 colher de chá de cravo em pó; 2 colheres de chá de gengibre frescoralado; 1 colher de sopa de manjericão fresco picadinho; shoyu e sal a gosto.

Modo de Fazer: Escolher 4 tomates bem grandes e firmes e retirar a polpa com cuidado.Refogar o gengibre no shoyu. Adicionar o alho-poró e a salsa picados e refogar mais um pouco,mexendo sempre com a colher de pau. Adicionar a polpa dos tomates, com todo o líquido, e os talosdos brócolis lavados e cortadinhos e os temperos, deixando cozinhar. Acrescentar água sempre quenecessário para evitar grudar na panela. Cozinhar até que os talos dos brócolis fiquem macios, porémfirmes. Bater no liquidificador para obter uma pasta de tomate e brócolis. Ferver água numa panelagrande e adicionar sal a gosto; colocar as flores dos brócolis. Cozinhar por 5 minutos, desligar eabafar por mais 5 minutos. Retirar os brócolis e enxaguar na água gelada. Rechear os tomates com apasta de tomate e brócolis. Enfeitar com as flores dos brócolis, cobrindo toda a superfície dostomates. Levar ao forno por 20 minutos antes de servir. Porção individual.

Cada porção contém: 235 calorias; 3,7 g de gordura; 39,3 g de carboidratos; 14,0 g de fibras;10,7 g de proteína; 0 mg de colesterol.

14,9% de gordura; 66,9% de carboidratos; 18,2% de proteína

RECEITAS DE SOJA: UM ROTEIRO DELICIOSO DE SAÚDE

A maneira mais eficaz de nos deixarmos seduzir por este alimento completo, a soja, é certamenteatravés do paladar. E uma vez cativos desta maravilha, podemos nos maravilhar também com suaspropriedades benéficas à saúde...

Básicos de soja: leite, okara e tofu

Ingredientes: 1 xícara de grãos de soja cozidos em água; 3 copos de água filtrada; suco de 1limão

Modo de Fazer: Deixar a soja de molho por 12 horas. Bater os grãos crus com a água noliquidificador por 5 minutos. Escorrer num pano a mistura, apertando bem, até sobrar só a fibra. Olíquido resultante é leite de soja e a fibra retida no pano é a okara. Ferver o leite de soja numapanela bem grande, já que este leite sobe mais na fervura do que o leite de vaca comum. Abaixar ofogo e deixar ferver por 2 minutos; adicionar o suco de limão. Tirar do fogo e deixar esfriar.Escorrer de novo num pano apertando bem. Colocar numa forma e pressionar. Dá uma forma de tofu.Conserve a okara em geladeira para usar em receitas variadas.

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A forma de tofu contém: 414 calorias; 17,4 g de gordura; 30,9 g de carboidratos; 10,9 g defibras; 33,3 g de proteína; 0 mg de colesterol.

37,9% de gordura; 29,9% de carboidratos; 32,2% de proteína

Canjica de soja

Ingredientes: 1 xícara de grãos de soja cozidos; 2 xícaras de leite de soja; 1 colher de sopade fécula de araruta; 1 colher de chá de cravo em pó; 1 colher de chá de noz moscada em pó; 1colher de sopa de mel; 1 colher de sopa de canela em pó

Modo de fazer: Deixe a soja de molho durante a noite. Cozinhe em bastante água por 40 a 50minutos, até que fique macia. Ferva o leite de soja. Abaixe o fogo e acrescente os demaisingredientes, deixando cozinhar por mais meia hora. Acrescente a araruta previamente dissolvida emleite de soja e mexa com a colher de pau até engrossar. Salpique com canela em pó e sirva quente.Dá 2 porções.

Cada porção contém: 261 calorias; 9,6 g de gordura; 28,1 g de carboidratos; 8,4 g de fibras;15,3 g de proteína; 0 mg de colesterol.

33,4% de gordura; 43,1% de carboidratos; 23,5% de proteína

Quibe de soja

Ingredientes: 70 g de okara; 2 colheres de sopa de alho-poró picadinho; 1 colher de sopa dehortelã fresco picadinho; 2 colheres de sopa de salsa fresca picada; 2 colheres de sopa de farinhaintegral de trigo ou centeio; 1 gema; 1 colher de sopa de shoyu

Modo de fazer: Bater a gema ligeiramente. Misturar com os dedos a okara com os temperos,incorporando bem. Fazer os quibes e passar no ovo batido e na farinha. Levar ao forno em tabuleiroenfarinhado por 1/2 hora. Dá 6 porções.

Cada porção contém: 32 calorias; 1,0 g de gordura; 3,9 g de carboidratos; 0,9 g de fibras; 1,7g de proteína; 35 mg de colesterol.

30,9% de gordura; 48,1% de carboidratos; 21,0% de proteína

Marinado de tofu

Ingredientes: 90 g de tofu; 1/2 xícara de cebola crua picadinha; 2 colheres de sopa debardaria descascada e picada; 1 colher de sopa de suco de limão; 2 colheres de sopa de shoyu

Modo de fazer: Misturar o shoyu ao suco de limão. Cortar o tofu em cubinhos e misturar com osdemais ingredientes com cuidado. Colocar em recipiente fechado e levar à geladeira para marinarpor no mínimo 24 horas. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 71 calorias; 2,2 g de gordura; 7,7 g de carboidratos; 1,1 g de fibras; 5,0g de proteína; 0 mg de colesterol.

28,2% de gordura; 43,5% de carboidratos; 28,2% de proteína

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Matinal de soja

Boa consumidora de iogurtes como eu era, foi deles que senti mais falta quando abandonei oslaticínios. Depois de um tempo de pesquisas, cheguei a uma receita perfeita e deliciosa que substituicom vantagem o iogurte no café da manhã, uma “bomba despertadora antioxidante”, rica em proteína,vitamina C, potássio e selênio.

Ingredientes: 2 papaias ou meio mamão, descascados e cortados; 2 xícaras de grãos de sojacozidos em água sem sal; 7 laranjas descascadas, com a pele e sem sementes; água do cozimentoda soja, suficiente para bater

Modo de fazer: Bater todos os ingredientes no liquidificador. Conservar em geladeira.Dá 7 porções.

Cada porção contém: 152 calorias; 1,7 g de gordura; 31,5 g de carboidratos; 6,4 g de fibras;2,5 g de proteína; 0 mg de colesterol.

10,5% de gordura; 82,9% de carboidratos; 6,6% de proteína

Pasta de soja

Esta deliciosa pastinha de soja é ideal pra beliscar com torradas ou como molho de salada ricoem proteína.

Ingredientes: 2 xícaras de grãos de soja cozidos em água e sal; 50 g de fécula de araruta; 1copo de água do cozimento da soja; ervas variadas.

Modo de Fazer: Deixar a soja de molho por 12 horas. Cozinhar os grãos na água e sal por 40minutos, retirando com uma colher a espuma que se forma na superfície. Bater no liquidificador com1 copo da água do cozimento, a araruta e as ervas de sua escolha.

Sugestões de tempero:1. salsinha crespa fresca com alho poro;2. gengibre, noz moscada e sementes de cominho;3. curry e alho em pó;4. hortelã fresca, alecrim e orégano.Dá um pote de 500 ml.

Cada colher de sopa contém: 26 calorias; 0,8 g de gordura; 3,7 g de carboidratos; 0,4 g defibras; 1,0 g de proteína; 0 mg de colesterol.

28,5% de gordura; 57,0% de carboidratos; 14,4% de proteína

SALADAS E MUSSES SALGADAS

E por falar em saladas... Até mesmo esta combinação de alimentos frescos ao natural pode sercriativa e trazer um gosto surpreendente: uma festa colorida para o estômago, para o olfato e para os

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olhos!

Salada anticâncer

Ingredientes: 60 g de palmito pupunha; 1 xícara de brócolis picado, ligeiramente cozido novapor; 1 xícara de brotos de alfafa lavados e escorridos; 1 xícara de palmito pupunha frescopicadinho; 1/2 xícara de nabo picado em cubinhos; 2 colheres de sopa de pasta de soja; 1 colherde sopa de sementes de linhaça; shoyu a gosto

Modo de Fazer: Misturar os ingredientes numa saladeira grande. Temperar com pasta de soja eshoyu. Dá 1 porção.

A porção contém: 142 calorias; 4,3 g de gordura; 17,7 g de carboidratos; 8,7 g de fibras; 7,8g de proteína; 0 mg de colesterol.

28,2% de gordura; 49,9% de carboidratos; 22,0% de proteína

Salada antigripe

Ingredientes: 150 g de palmito pupunha; 100 g de batatas levemente cozidas, com a casca; 1xícara de espinafre cru, lavado e picado; 2 colheres de sopa de pimentão verde picadinho; 3/4xícara de grãos de soja cozidos em água e sal (deixar 12 horas de molho antes de cozinhar; 1xícara de nabo picadinho; 1 colher de sopa de castanhas do para picadinhas; 1/2 xícara de brotosde lentilha lavados e escorridos; 3 colheres de sopa de suco de limão; 2 colheres de chá degengibre fresco ralado; 1 colher de sopa de pasta de soja; shoyu a gosto.

Modo de Fazer: Picar todos os ingredientes e misturar numa saladeira grande. Temperar com osuco de limão, gengibre, pasta de soja e shoyu. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 270 calorias; 7,9 g de gordura; 34,5 g de carboidratos; 8,8 g de fibras;15,5 g de proteína; 0 mg de colesterol.

25,9% de gordura; 51,1% de carboidratos; 23,0% de proteína

Salada branca

Ingredientes: 60 g de palmito pupunha ralado no ralo grosso; 1 xícara de nabo ralado noralo grosso; 1 1/2 xícara de couve chinesa cortada fininha; 1/2 xícara de aipo lavado e picado emtiras finas; 1 colher de sopa de sementes de linhaça; 1 colher de chá de sementes de cominho; 1colher de chá de noz moscada ralada; 1 colher de sopa de cebola desidratada; 1 colher de sopa decoentro fresco picadinho; 1 colher de sopa de orégano; 1 colher de chá de gengibre fresco ralado;1 colher de sopa de pasta de soja; shoyu a gosto.

Modo de Fazer: Misturar os ingredientes numa saladeira grande. Temperar com as ervas eespeciarias, a pasta de soja e shoyu. Dá 3 porções.

Cada porção contém: 90 calorias; 2,2 g de gordura; 14,0 g de carboidratos; 4,4 g de fibras;3,7 g de proteína; 0 mg de colesterol.

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21,2% de gordura; 62,4% de carboidratos; 16,5% de proteína

Salada de batatas

Ingredientes: 2 batatas grandes cozidas com a casca em água e sal e cortadas em cubinhos; 1colher de sopa de sementes de linhaça; 2 ovos cozidos; 4 colheres de sopa de pasta de soja

Modo de Fazer: Misturar numa saladeira as batatas com as sementes de linhaça e a pasta desoja. Cortar os ovos cozidos em rodelas e enfeitar. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 258 calorias; 7,1 g de gordura; 37,3 g de carboidratos; 4,5 g de fibras;11,0 g de proteína; 213 mg de colesterol.

25,2% de gordura; 57.8% de carboidratos; 17,0% de proteína

Salada festiva

Ingredientes: 2 xícaras de folhas de alface americana lavada; 60 g de palmito pupunhacortado em rodelas; 1/2 xícara de nabo cortado em cubinhos; 1/2 xícara de tomates cerejacortados ao meio; 1/2 xícara de cenoura crua cortada em cubinhos; 3 colheres de sopa depimentão vermelho cortadinho; 2 colheres de sopa de alho-poró cortado em rodelas finas; 1/2xícara de brotos de trevo lavados e escorridos; 1 colher de sopa de sementes de linhaça; 1 colherde chá de alecrim; 1 colher de chá de noz moscada ralada; 1 colher de chá de sementes de ervadoce; 1 colher de sopa de manjerona seca; 1 colher de chá de gengibre fresco ralado; 2 colheresde sopa de pasta de soja; shoyu a gosto

Modo de Fazer: Colocar as folhas de alface forrando uma saladeira grande. Num recipiente àparte, misturar os demais ingredientes e temperar com as ervas e especiarias, a pasta de soja e shoyu.Colocar na saladeira sobre o leito de alface. Dá 1 porção.

Cada porção contém: 264 calorias; 6,5 g de gordura; 39,0 g de carboidratos; 16,7 g de fibras;12,0 g de proteína; 0 mg de colesterol.

22,7% de gordura; 59,1% de carboidratos; 18,2% de proteína

Musse de acelga com agrião

Esta receita mostra um jeito vegetariano de manter a anemia longe do sangue: combina acelga,soja (em forma de tofu) e agrião, vegetais com alto teor de ferro. Os vegetais devem ser comidos, depreferência, crus e frescos, mas hoje, o gourmet em nós pede licença pra inovar! Cozinhe os vegetaisrapidamente, adicionando-os à água já fervente, ou ao vapor, para evitar a perda excessiva denutrientes e uma drástica alteração na textura. Em nossa receita, apenas a acelga é ligeiramentecozida; o agrião é usado cru, para preservar os nutrientes e o sabor levemente amargo, que dá umtoque especial à musse, alegremente salpicada de verde.

Ingredientes: 1 xícara de agrião lavado e picado com os talos; 1/2 xícara de folhas de agriãolavado; 2 xícaras de couve chinesa lavada e picada; 90 g de tofu; 1 clara; 1 colher de chá de noz

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moscada em pó; 1 colher de chá de raiz forte em pó (wasabi); sal a gostoModo de Fazer: Cozinhar a acelga em água e sal até que fique macia, com os talos e folhas.

Bater no liquidificador a acelga escorrida com o tofu, 1 xícara de agrião lavado com os talos e ostemperos. Bater a clara em neve. Misturar 1/2 xícara de agrião picado, só as folhas, a mistura batidae a clara em neve, devagar, com a colher de pau, até incorporar bem. Gelar 24 h antes de servir.Porção individual.

Cada porção contém: 199 calorias; 5,5 g de gordura; 20,2 g de carboidratos; 9,2 g de fibras;17,3 g de proteína; 0 mg de colesterol.

24,6% de gordura; 40,6% de carboidratos; 34,8% de proteína

Musse de aipo

Ingredientes: 3 xícaras de aipo picado; 90 g de tofu; 1/2 xícara de alho poro picado; 1 clarade ovo; 1/2 xícara de grãos de soja cozidos;10 1 xícara de água; sal e noz-moscada a gosto

Modo de fazer: Bater o aipo, alho-poró, tofu, soja e temperos com a água no liquidificador.Bater a clara em neve. Misturar levemente a clara à musse, até incorporar bem. Levar à geladeira poralgumas horas antes de servir. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 157 calorias; 5,4 g de gordura; 15,6 g de carboidratos; 5,5 g de fibras;11,6 g de proteína; 0 mg de colesterol.

30,6% de gordura; 39,8% de carboidratos; 29,6% de proteína

SOPAS

Controlar calorias é sopa! A sopa é um alimento ótimo para um jantar leve e nutritivo, de fácildigestão. Comer demais à noite, quando nosso corpo gasta poucas calorias, é o caminho certo para oexcesso de peso e uma noite maldormida...

Sopa creme de couve-flor

Ingredientes: 4 xícaras de couve-flor crua picada; 4 xícaras de couve chinesa lavada epicada; 2 colheres de sopa de fécula de araruta; sal a curry a gosto

Modo de Fazer: Cozinhar a couve-flor e a couve chinesa numa panela grande com 2 litros deágua, temperando com curry e sal. Bater no liquidificador. Voltar ao fogo e adicionar a féculadissolvida em um pouco de água, mexendo com a colher de pau até engrossar. Dá 3 porções.

Cada porção contém: 78 calorias; 0,4 g de gordura; 15,4 g de carboidratos; 3,6 g de fibras;3,4 g de proteína; 0 mg de colesterol.

3,8% de gordura; 78,8% de carboidratos; 17,4% de proteína

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Sopa de abobrinha

Ingredientes: 4 xícaras de abobrinha com casca picada; 1 xícara de folhas de espinafrelavado e picado; 1 colher de sopa de gengibre fresco ralado; sal a gosto

Modo de Fazer: Cozinhar os ingredientes numa panela grande com 2 litros de água, temperandocom sal. Bater no liquidificador antes de servir. Dá 3 porções.

Cada porção contém: 74 calorias; 0,3 g de gordura; 15,1 g de carboidratos; 5,5 g de fibras;2,8 g de proteína; 0 mg de colesterol.

2,7% de gordura; 82,1% de carboidratos; 15,2% de proteína

Sopa de acelga com nabo

Ingredientes: 4 xícaras de acelga picada; 3 xícaras nabo descascado e picado; 1 xícara detomates lavados, com casca picados; sal a gosto

Modo de Fazer: Cozinhar os ingredientes numa panela grande com 2 litros de água, temperandocom sal. Bater no liquidificador antes de servir. Dá 3 porções.

Cada porção contém: 60 calorias; 0,3 g de gordura; 11,6 g de carboidratos; 3,6 g de fibras;2,7 g de proteína; 0 mg de colesterol.

5,0% de gordura; 77,1% de carboidratos; 17,9% de proteína

Sopa de beterraba

Ingredientes: 4 xícaras de acelga picada; 2 xícaras de beterrabas descascadas e picadas; 1colher de sopa de raiz forte em pó (wasabi); sal a gosto

Modo de Fazer: Cozinhar os ingredientes numa panela grande com 2 litros de água, temperandocom sal e wasabi. Bater no liquidificador antes de servir. Dá 3 porções.

Cada porção contém: 60 calorias; 0,3 g de gordura; 11,6 g de carboidratos; 3,6 g de fibras;2,7 g de proteína; 0 mg de colesterol.

5,0% de gordura; 77,1% de carboidratos; 17,9% de proteína

Sopa de tomate e nabo

Ingredientes: 2 xícaras de nabo descascado e picado; 2 xícaras de tomates picados com acasca; 30 g de tofu; 1 colher de sopa de páprica doce em pó; sal a gosto

Modo de Fazer: Cozinhar os ingredientes numa panela grande com 2 litros de água, temperandocom sal e páprica. Bater no liquidificador antes de servir. Dá 3 porções.

Cada porção contém: 61 calorias; 1,0 g de gordura; 10,6 g de carboidratos; 2,9 g de fibras;2,5 g de proteína; 0 mg de colesterol.

14,7% de gordura; 69,1% de carboidratos; 16,3% de proteína

Page 137: O Pomar da Timóteo da Costa

Sopa gelada de pepino

Ingredientes: 70 g de tofu; 2 xícaras de pepino descascado e lavado; 1 cebola descascada; 1tomate com a casca, bem lavado; 2 colheres de sopa de folhas de hortelã frescas, picadinhas; sal agosto

Modo de fazer: Cozinhar o tomate e a cebola em 11/2 copo de água e sal. Coar o caldoresultante. Bater no liquidificador o pepino, o tofu e o caldo de tomates coado. Acrescentar as folhasde hortelã e bater por mais um segundo. Levar à geladeira por no mínimo duas horas antes de servir.Dá 2 porções.

Cada porção contém: 66 calorias; 2,0 g de gordura; 7,7 g de carboidratos; 1,9 g de fibras; 4,2g de proteína; 0 mg de colesterol.

27,4% de gordura; 47,0% de carboidratos; 25,6% de proteína

Sopa mista de abóbora

Ingredientes: 2 xícaras de abóbora com casca, bem lavada, picada; 3 xícaras de abobrinhapicada com a casca; 1 colher de sopa de curry; 2 colheres de sopa de sementes de linhaça; sal agosto

Modo de Fazer: Cozinhar as abóboras com curry e sal numa panela grande com 2 litros de água.Bater no liquidificador; misturar as sementes de linhaça antes de servir. Dá 3 porções.

Cada porção contém: 95 calorias; 2,5 g de gordura; 14,7 g de carboidratos; 4,9 g de fibras;3,4 g de proteína; 0 mg de colesterol.

24,1% de gordura; 61,6% de carboidratos; 14,3% de proteína

SUFLÊS

Se você pretende ter sucesso com suflês, esqueça por pelo menos uma hora o mundo em volta.Cozinhar um suflê exige dedicação, atenção e concentração totais, como uma meditação; um simplesdeslize no timing e a clara batida em neve dá água, o suflê murcha no forno e adeus, leveza,consistência e volume perfeitos. Ver o suflê murchar dá uma tristeza... Portanto, feche a porta, mandeas crianças pro parque, desligue o celular e mãos à obra!

Em uma receita de suflê tudo é importante, da consistência do mingau inicial à temperatura doforno e o tempo de cozimento. Se você não acertar na primeira vez, não desista. Aos poucos você iráencontrando sua própria forma — adaptando o forno, ajustando os ingredientes — de encontrar osucesso ao cozinhar um suflê. E acredite, vale a pena insistir: tirar do forno um suflê perfeito é umaemoção culinária como poucas!

Suflê colorido

Ingredientes: 2 xícaras de couve chinesa picada; 1/2 xícara de cenoura crua ralada no ralo

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grosso; 1/2 xícara de nabo cru ralado no ralo grosso; 1 ovo; 1 colher de chá de noz moscada empó; 2 colheres de sopa de manjericão fresco; shoyu a gosto

Modo de Fazer: Bater a couve chinesa pré-cozida em água e sal no liquidificador com a nozmoscada, o manjericão fresco e 1 gema. Se necessário acrescentar um pouquinho de água suficientepara bater. Numa vasilha ralar a cenoura e o nabo no ralo grosso. Bater a clara em neve. Misturarbem o purê de acelga, o shoyu, a cenoura e o nabo com a colher de pau. Acrescentar a clara em nevee mexer levemente até incorporar. Colocar num pirex enfarinhado, sem untar e levar ao fornomoderado por aproximadamente 40 minutos. Porção individual.

Cada porção contém: 231 calorias; 6,3 g de gordura; 28,2 g de carboidratos; 11,1 g de fibras;15,1 g de proteína; 213 mg de colesterol.

25,1% de gordura; 48,8% de carboidratos; 26,1% de proteína

Suflê de abóbora com soja

Ingredientes: 1 xícara de grãos de soja cozidos em água (ver receitas de soja); 1 xícara deabóbora cozida com a casca; 1 ovo; shoyu, páprica doce e cravo em pó

Modo de Fazer: Bata no liquidificador a soja, abóbora cozida (com a casca) e a gema,temperando com shoyu, páprica doce a gosto e uma pitada de cravo em pó. Junte a clara batida emneve misturando levemente para incorporar. Leve ao forno moderado num pirex enfarinhado, semuntar, até corar. Sirva imediatamente. Porção individual.

Cada porção contém: 334 calorias; 13,8 g de gordura; 27,5 g de carboidratos; 8,4 g de fibras;24,7 g de proteína; 213 mg de colesterol.

37,4% de gordura; 33,0% de carboidratos; 29,6% de proteína

Suflê de acelga com batata crua

Ingredientes: 2 batatas grandes; 3 xícaras de couve chinesa picada; 1 ovo; 20 g de tofu; 1colher de sopa de gengibre fresco ralado; 1 colher de sopa de salsinha fresca picada; 1 colher dechá de noz moscada em pó; shoyu a gosto

Modo de Fazer: Rale as batatas com casca e deixe mergulhadas na água com sal por 1/2 hora.Refogue o gengibre e o tofu picado no shoyu. Acrescente a couve chinesa e 1/2 copo de água erefogue rapidamente até a acelga murchar. Salpique o pirex com farinha integrai. Bata a gema noliquidificador com a acelga, acrescentando a noz moscada. Junte a clara do ovo batida em neve emisture levemente. Escorra bem a batata. Forre o pirex com uma camada generosa de batata ralada,deixando apenas um pouquinho para colocar por cima. Sobre a batata coloque o creme de acelga.Salpique a batata restante por cima. Salpique com a salsa e regue ligeiramente com shoyu. Leve aoforno quente por 1/2 hora. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 207 calorias; 3,6 g de gordura; 33,5 g de carboidratos; 4,1 g de fibras;9,9 g de proteína; 106 mg de colesterol.

16,0% de gordura; 64,9% de carboidratos; 19,2% de proteína

Page 139: O Pomar da Timóteo da Costa

Suflê de acelga

Ingredientes: 5 xícaras de acelga picada; 1 ovo; 1 cebola grande picada; 2 colheres de sopade farinha de centeio ou trigo integral; 1 colher de sopa de gengibre fresco ralado; 1 colher desopa de salsinha fresca picada; 1 colher de chá de noz moscada em pó; shoyu a gosto

Modo de Fazer: Cozinhar a acelga com os temperos. Bater no liquidificador com a gema de ovoe a farinha. Adicionar a clara batida em neve, colocar num pirex, salpicar com linhaça e levar aoforno quente. Servir imediatamente. Porção individual.

Cada porção contém: 235 calorias; 6,7 g de gordura; 28,8 g de carboidratos; 7,0 g de fibras;14,9 g de proteína; 213 mg de colesterol.

25,6% de gordura; 49,1% de carboidratos; 25,4% de proteína

Suflê de chuchu

Ingredientes: 1 xícara de chuchu picado; 1 xícara de grãos de soja crus; 2 ovos; 4 claras; 1colher de sopa de fécula de araruta; 1 colher de chá de noz moscada em pó; shoyu a gosto

Modo de Fazer: Cozinhar 1 chuchu em água e sal. Deixar a soja de molho por 8 horas. Escorrera água. Bater no liquidificador 1 xícara de grãos de soja crus (depois do molho), 3 xícaras de água, 1colher de sopa de araruta, o chuchu cozido, noz moscada, araruta, shoyu e sal a gosto. Levar ao fogoe mexer até engrossar. Deixar esfriar um pouco e juntar 2 gemas de ovo, mexendo bem. Bater 4 clarasem neve. Acrescentar à mistura, mexendo com a colher de pau até incorporar bem. Colocar no pirexsem untar e levar imediatamente ao forno médio preaquecido por 25 minutos. Sirva em seguida, paranão murchar. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 282 calorias; 12,3 g de gordura; 20,4 g de carboidratos; 6,4 g de fibras;22,4 g de proteína; 213 mg de colesterol.

39,3% de gordura; 28,9% de carboidratos; 31,8% de proteína

Suflê de couve-flor

Ingredientes: 1 xícara de couve-flor picada cozida em água e sal;1 xícara de água filtrada; 1ovo; 2 claras; 1 colher de sopa de fécula de araruta; 1 colher de chá de noz moscada em pó; 1colher de chá de curry

Modo de Fazer: Bater a couve-flor com a água, os temperos e a araruta no liquidificador. Bateras 2 claras em neve. Levar o creme de couve-flor ao fogo para engrossar. Deixar esfriar um pouco,juntar a gema e misturar bem. Acrescentar as claras em neve e mexer cuidadosamente paraincorporar. Levar ao forno moderado por 25 minutos. Servir imediatamente. Porção individual.

Cada porção contém: 176 calorias; 6,7 g de gordura; 16,7 g de carboidratos; 4,6 g de fibras;12,1 g de proteína; 213 mg de colesterol.

34,6% de gordura; 37,9% de carboidratos; 27,5% de proteína

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Suflê de legumes

Como prova da qualidade e do bom gosto das batatas com casca, apresentamos hoje esta receitarápida, fácil de fazer, bonita, colorida e leve. Como prato principal, a porção é individual; comoacompanhamento, dá com folga e poucas calorias para 2 ou 3 pessoas.

Ingredientes: 1 batata grande com casca; 1 xícara de folhas de espinafre cozidas em água esal; 1/2 xícara de cenoura crua ralada no ralo grosso; 1/2 xícara de nabo cru ralado no ralogrosso; 1 gema;1 colher de chá de noz moscada em pó; 1 colher de sopa de farinha integral; 1colher de sopa de sementes de linhaça; shoyu a gosto

Modo de Fazer: Cozinhar o espinafre em água e sal Escorrer bem. Ralar num ralo grosso abatata com a casca, a cenoura e o nabo. Colocar a cenoura, a batata e o nabo raiados de molho emágua e sal por meia hora (separados). Untar um pirex transparente com a gema e salpicar de farinhade centeio. Colocar no fundo a batata ralada. A seguir, o espinafre, a cenoura e por fim a acelga,fazendo camadas uniformes. Entre as camadas salpicar noz moscada a gosto. Salpicar sementes delinhaça por cima e levar ao forno médio por 1/2 hora. Porção individual.

Cada porção contém: 311 calorias; 6,4 g de gordura; 49,8 g de carboidratos; 11,1 g de fibras;13,5 g de proteína; 195 mg de colesterol.

18,6% de gordura; 64,0% de carboidratos; 17,4% de proteína

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SE VOCÊ REALMENTE QUER

Terminei de revisar o texto do livro e ajusto a impressora para imprimir o trabalho original quedeverá ser enviado em breve para a editora. No meio do trabalho, a tinta da impressora acabainesperadamente. É sábado à tarde de um feriadão, o comércio só deve abrir na terça-feira! Nada afazer senão esperar com paciência... Com certeza, penso, ainda falta alguma coisa para completar.

Na terça de manhã cedo, antes de comprar o cartucho de tinta, vou à aula de step na academia. Oprofessor resolve dar uma aula original, diferente de tudo que tínhamos feito até então, cheia denovos desafios. A coreografia alterna o step em duas filas diferentes e ao ensaiar o passo me pareceimpossível alcançar os steps no ritmo certo.

Já vou reclamando com o mestre, que sou muito pequena pra conseguir fazer isso, que ele estáexagerando... Ele aproxima os steps, mas eu resolvo que não quero tal concessão. Decido tentarsuperar os obstáculos e volto os steps para seus lugares originais.

À medida que se desenvolve a coreografia, o professor mostra que a passagem de um step paraoutro não é feita com passos, mas com saltos. Deixo o corpo leve se soltar, e logo percebo quesaltando de um step para outro é fácil vencer a distancia entre eles. O professor sorri satisfeito, e nostransmite a lição do dia: quando a gente realmente quer, pode conseguir qualquer coisa.

Creio ser esta a mensagem que faltava para concluir este livro. As mudanças de hábito,mentalidade e comportamento parecem à primeira vista difíceis e inatingíveis. Muitos leitores talvezpreferissem aproximar os steps, mas eu afirmo: é possível, e até bastante fácil, superar os aparentesobstáculos no caminho da transformação. Um pouco de experiência é suficiente para demonstrar quetodos conseguimos mudar, quando realmente queremos.

E, acreditem, é enorme a emoção de superar obstáculos, ao saltar com leveza para outradimensão de consciência onde a compreensão da realidade é crescente, surpreendente a cadamomento. O desafio, eu garanto, vale a pena.

Ao terminar este livro, sou uma pessoa bem diferente daquela que o começou. Enquanto eu iaescrevendo, elaborando o texto, o foco das atenções foi mudando de alvo e passou a enfatizar aimportância da saúde, do vigor, da boa forma física. Em muitos momentos duvidei dessa prioridadedada ao corpo e seus processos, encarado aqui como uma base essencial à evolução espiritual e daconsciência, objetivos tidos antes como mais nobres por grande parte dos buscadores.

Um sistema imunológico forte e o organismo equilibrado e saudável — resultantes das mudançasde hábito aqui sugeridos — são, no momento, armas importantes contra os inimigos da humanidade.Este corpo forte e harmônico revela-se a morada ideal para uma alma que busca o crescimento e aevolução, um instrumento afinado, pronto para participar da música elevada das esferas.

A poderosa energia do amor, por si só, revela-se insuficiente na cura de um corpo vulnerável edebilitado. O processo evolutivo por que passamos requer de nós crescimento em todos os níveis:físico, mental, emocional e espiritual, nesta ordem. Um corpo ajustado abre as portas do universomultidimensional que o cérebro quântico frequenta, iluminando os caminhos da consciência. Aabertura espiritual acontece quando nos tornamos capazes de transcender o nível básico desobrevivência: e só um corpo/ mente saudável é capaz de cumprir, com eficiência, tal tarefa.

Os steps alternados da aula são como diferentes dimensões universais que se abrem para nós

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através do processo evolutivo; é quase impossível acessá-los e conectá-los com os passos que jáconhecemos. Para atingir essa realidade ampliada que nosso destino humano nos promete, é precisoousar, transformar. E mergulhar, sem hesitações, no salto quântico do futuro. Se realmente quisermos,conseguiremos chegar lá. Nosso cérebro quântico sabe, e nos ensina: em todas as dimensões darealidade, já estamos lá...

Rio de Janeiro, Leblon, Timóteo da Costa,Janeiro de 2000 a dezembro de 2002.

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1 Nota da autora: a medicina com imãs continua no terreno da especulação. Mas decidi não cortar esta parte porque há realmente sériaspesquisas médicas em curso, neste sentido. Eu acreditava tanto na cura por imãs que cheguei a desenvolver uma linha de joias que osutilizava para pressionar pontos de acupuntura na orelha, e fiz bastante sucesso com isso, acredito que é a isso que me referi nestetrecho. Mas acabei abandonando tudo em função de minha carreira de escritora.2 A coisa mais importante que você jamais aprenderá é amar e ser amado.3 Nota da Editora: este texto é anterior à criação do Facebook.4 Idem.5 Nota da editora: quando este livro foi escrito todas as tinturas de cabelo continham chumbo, o que mudou recentemente.6 Nota de editora: hoje extinto, remanescente apenas em versão virtual, o Jornal do Brasil era referência intelectual quando este livro foiescrito.7 Ver receita de okara e leite de soja no capítulo “Soja”.8 Esta receita se adapta a quase todas as frutas. As musses de manga e goiaba são especialmente deliciosas, feitas com duas xícaras dafruta picadinha. Se a casca for comestível, não descasque a fruta, para aumentar o teor de fibra. Experimente com os sabores e cores!9 Esta abóbora verde é um tipo de abobrinha que tem o formato como o de uma abóbora madura pequena.10 Para cozinhar os grãos de soja, deixe de molho por 12 horas. Escorra a água do molho e leve ao fogo, com bastante água, por meiahora.