estudo em i timóteo

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Estudo em I Timóteo Autoria / Fonte: William Watterson Sáb, 25 de Novembro de 2006 20:00 Este estudo é baseado num estudo “on-line” feito no fórum eletrônico “Meditai” durante os anos de 2001 a 2004, contando com a participação de diversos irmãos. Não posso reivindicar a autoria dos pensamentos aqui expostos, pois vários irmãos contribuíram nos comentários. Por outro lado, a culpa por eventuais erros deve ser exclusivamente minha. Ao editar as contribuições dos irmãos do Fórum, colocando-as neste formato, tentei preservar sempre a idéia original do contribuinte, modificando apenas o estilo (o mínimo possível). Devido à natureza dos fóruns eletrônicos, será possível perceber trechos onde nos demoramos mais nos detalhes, e outros onde fomos mais rápido. Apresento aos irmãos este estudo, que não lê como um artigo, mas que, mesmo assim, creio que poderá ser útil. Comentários gerais Ao estudar qualquer livro da Palavra de Deus é sempre interessante entendermos o pano de fundo daquele livro (quem escreveu, quando, para quem, para que, etc.), pois isto facilitará a nossa compreensão da mensagem do livro. Pensemos, então, sobre I Timóteo. a. Autor O primeiro versículo da epístola identifica claramente o autor: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo”. Para aqueles que crêem na inspiração da Bíblia, isto basta. Para responder aos ataques da crítica moderna, recomendamos a leitura da Introdução do Comentário Ritchie vol. 12. b. Destinatário Timóteo é mencionado pela primeira vez em At 16:1, quando uniu-se a Paulo e Silas na segunda viagem missionária (depois de ter sido circuncidado). Provavelmente morava em Listra nesta ocasião. O pai de Timóteo era grego (e provavelmente não salvo), mas sua mãe e avó (Eunice e Lóide, respectivamente) eram salvas e instruíram o menino, desde cedo, nas Escrituras (II Tm 1:5; 3:14-15). É provável que Timóteo converteu-se na primeira viagem de Paulo, quando o Evangelho chegou em Listra pela primeira vez (por volta de 47 a.D.). Timóteo acompanhou Paulo nas suas viagens, mas diversas vezes foi enviado pelo apóstolo para outros lugares, ou permanecia atrás quando Paulo precisava partir. Timóteo gozava da total confiança de Paulo (veja Fl 2:20-22). Page 1 of 35 Estudo em I Timóteo 5/9/2010 http://www.sadoutrina.com/doutrina/129-timoteo.html?tmpl=component&...

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Estudo em I Timóteo

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Page 1: Estudo em i timóteo

Estudo em I Timóteo

Autoria / Fonte: William Watterson

Sáb, 25 de Novembro de 2006 20:00

Este estudo é baseado num estudo “on-line” feito no fórum eletrônico “Meditai” durante os anos de

2001 a 2004, contando com a participação de diversos irmãos. Não posso reivindicar a autoria dos

pensamentos aqui expostos, pois vários irmãos contribuíram nos comentários. Por outro lado, a

culpa por eventuais erros deve ser exclusivamente minha. Ao editar as contribuições dos irmãos do

Fórum, colocando-as neste formato, tentei preservar sempre a idéia original do contribuinte,

modificando apenas o estilo (o mínimo possível). Devido à natureza dos fóruns eletrônicos, será

possível perceber trechos onde nos demoramos mais nos detalhes, e outros onde fomos mais

rápido. Apresento aos irmãos este estudo, que não lê como um artigo, mas que, mesmo assim, creio

que poderá ser útil.

Comentários gerais Ao estudar qualquer livro da Palavra de Deus é sempre interessante entendermos o pano de fundo

daquele livro (quem escreveu, quando, para quem, para que, etc.), pois isto facilitará a nossa

compreensão da mensagem do livro. Pensemos, então, sobre I Timóteo.

a. Autor

O primeiro versículo da epístola identifica claramente o autor: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo,

segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo”. Para aqueles que crêem

na inspiração da Bíblia, isto basta. Para responder aos ataques da crítica moderna, recomendamos a

leitura da Introdução do Comentário Ritchie vol. 12.

b. Destinatário

Timóteo é mencionado pela primeira vez em At 16:1, quando uniu-se a Paulo e Silas na segunda

viagem missionária (depois de ter sido circuncidado). Provavelmente morava em Listra nesta

ocasião. O pai de Timóteo era grego (e provavelmente não salvo), mas sua mãe e avó (Eunice e

Lóide, respectivamente) eram salvas e instruíram o menino, desde cedo, nas Escrituras (II Tm 1:5;

3:14-15). É provável que Timóteo converteu-se na primeira viagem de Paulo, quando o Evangelho

chegou em Listra pela primeira vez (por volta de 47 a.D.).

Timóteo acompanhou Paulo nas suas viagens, mas diversas vezes foi enviado pelo apóstolo para

outros lugares, ou permanecia atrás quando Paulo precisava partir. Timóteo gozava da total

confiança de Paulo (veja Fl 2:20-22).

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A amizade e companheirismo do velho Paulo (Fm 9) e do jovem Timóteo (I Tm 4:12) é um exemplo

positivo para nós hoje. Jovens podem aprender muito trabalhando ombro a ombro com cristãos mais

experientes, e estes serão grandemente animados pela companhia dos jovens.

c. Circunstâncias (data, local, etc )

A linguagem usada em 1:3 sugere que Paulo estivera em Éfeso pouco antes de escrever esta carta.

Tudo indica, também, que ele estava em liberdade (ao contrário da ocasião em que escreveu II

Timóteo, quando já estava preso). A sugestão mais aceita é que I Timóteo e Tito foram escritas,

nesta ordem, no verão de 64 a.D. da Macedônia (possivelmente Filipos), e II Timóteo no verão de 67

a.D. (convém lembrar que o verão no hemisfério norte ocorre no meio do ano, quando o hemisfério

sul está passando pelo inverno).

Timóteo estava, nesta ocasião, em Éfeso.

d. Propósito

I Timóteo foi escrita para que Timóteo soubesse “como convém andar na casa de Deus, que é a

igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (I Tm 3:15). Este é o resumo e a chave da

epístola, que podemos desdobrar em três assuntos:

� Sendo uma carta pessoal, para que Timóteo saiba como andar na casa de Deus, haverá

instruções pessoais a ele;

� Para saber como andar na casa de Deus, Timóteo precisa conhecer as ordens da casa.

Portanto, haverá instruções positivas quanto à sã doutrina;

� Para portar-se dignamente, Timóteo também precisa conhecer as intenções e ensinos dos

falsos mestres. Portanto, haverá avisos sobre a falsa doutrina.

Em suma: I Timóteo avisa sobre a falsa doutrina, instrui quanto à sã doutrina, e tudo isto numa forma

bem pessoal ao jovem Timóteo.

e. Esboço

Pensando nos três assuntos mencionados acima, podemos dividir a carta de uma forma bem

simples:

� (i) Saudação (1:1-2)

� (ii) 0 primeiro ciclo (1:3-3:16)

� A Falsa Doutrina (1:3-11)

� Exortações Pessoais (1:12-20)

� A Sã Doutrina (2:1-3:16)

� (iii) 0 segundo ciclo (4:1-6:2)

� A Falsa Doutrina (4:1-5)

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� Exortações Pessoais (4:6-5:2)

� A Sã Doutrina (5:3-6:2)

� (iv) 0 terceiro ciclo (6:3-19)

� A Falsa Doutrina (6:3-10)

� Exortações Pessoais (6:11-16)

� A Sã Doutrina (6:17-19)

� (v) Conclusão (6:20-21)

É claro que há outras divisões possíveis desta carta, dependendo do ponto de vista adotado (esta

riqueza de detalhes da Bíblia é, aliás, uma das suas características preciosas, que a torna diferente

de qualquer outro livro). O esboço sugerido acima é simples, mas não exclusivo.

f. Algumas perguntas

Antes de passarmos a considerar juntos o texto propriamente dito desta carta, há algumas perguntas

gerais que precisamos tentar responder.

i) Sendo esta uma carta pessoal, escrita a um moço que viveu quase dois mil anos atrás, qual sua

utilidade para as igrejas locais hoje?

Apesar de ser uma carta pessoal e antiga, I Timóteo é muito relevante nestes dias atuais pelos

seguintes motivos:

� Apesar do ensino ser dado diretamente a Timóteo, indiretamente o ensino afetava a igreja,

pois era relativo à conduta na casa de Deus. Talvez Ap 2:1-6 seja um exemplo da utilidade

prática que esta carta teve para a igreja em Éfeso. Em Ap 2 lemos que os efésios não

aceitaram os falsos profetas (v. 2-3) e que odiaram as obras dos nicolaítas (v. 6), mas a carta

escrita à igreja em Éfeso não se preocupa muito com a falsa doutrina e os falsos ensinadores.

De onde vinha, então, esta forte resistência ao erro manifestada pela igreja em Éfeso?

Possivelmente veio do ministério de Timóteo (que estava em Éfeso quando recebeu esta

carta). Portanto, se a coluna da verdade em Éfeso foi beneficiada pelo ensino de Paulo

aplicado à vida de Timóteo, de igual modo as igrejas locais hoje serão beneficiadas se os

cristãos aplicarem o mesmo ensino às suas vidas.

� Os problemas dos dias de Timóteo são problemas de todas as igrejas em todas as épocas. As

doutrinas falsas existentes naqueles dias estão entre nós hoje, e temos também crentes

jovens que precisam ser ensinados a fim de que a igreja tenha um futuro sólido quanto à Sã

Doutrina.

� Não é só os problemas que não mudaram com o passar dos milênios: também a conduta

exigida na casa de Deus hoje é a mesma exigida nos dias de Paulo. A cultura e as

circunstâncias mudaram (e muito), mas o propósito de Deus não. Os ensinos de I Timóteo são

para os nossos dias.

� E finalmente (mas o mais importante) é que I Timóteo é um livro com a mensagem inspirada

de Deus para um servo da igreja de Deus. Sendo membros dela, devemos usá-lo para nossa

instrução, como os demais livros da Bíblia.

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I Timóteo, portanto, é uma epístola pessoal, mas que trata de assuntos relacionados às igrejas

locais; é uma carta antiga, mas extremamente atual, pois é inspirada por Deus, apresentando-nos a

conduta esperada por Ele na Sua casa, que é a igreja loca.

ii) As duas epístolas a Timóteo e a carta a Tito são conhecidas como “Epístolas Pastorais”. Por que

chamá-las assim?

Algumas sugestões dadas pelos irmãos para explicar porque as três epístolas podem ser descritas

pela palavra “Pastoral” foram:

� Porque elas contém ensinos importantes para aqueles que desejam o bispado. A maior parte

do ensinamento bíblico quanto a bispos e diáconos está nestas epístolas. São também cartas

pessoais, confirmando que um verdadeiro ancião forma-se, não num seminário, mas numa

igreja local, através de um trabalho pessoal e personalizado de crentes espirituais mais

velhos;

� Porque todas focalizam sobre a supervisão da vida da igreja local, contendo princípios

importantes para o cuidado pastoral das igrejas, a escolha dos seus ministros, e a retidão de

conduta dos seus membros;

� Porque as três epístolas avisam sobre o surgimento dos falsos mestres. Assim Paulo faz

advertências para que o rebanho reconheça os impostores.

Foi só a partir de 1703, através de D. N. Berdot, que esta expressão foi usada para descrever estas

epístolas. Se esquecermos da conotação atual da palavra “pastor” (um homem que é o líder de uma

igreja) a descrição é até adequada. Nossa compreensão da mensagem de I Timóteo será mais clara

se lembrarmos do caráter diferente destas epístolas em relação ao restante do Novo Testamento,

como os irmãos sugeriram acima.

iii. A maioria dos comentaristas afirma que Timóteo era o pastor da igreja em Éfeso ao receber esta

carta. Sabemos como refutar esta sugestão?

A maioria dos comentaristas, neste caso, está errada. Timóteo não era o “pastor” da igreja em Éfeso,

pois esta mesma epístola (1:2) mostra que Timóteo foi deixado em Éfeso onde já havia uma igreja

local constituída. Já havia anciãos (“pastores”) ali (veja At 20:17), e estes foram constituídos pelo

Espírito Santo sobre o rebanho para pastorearem a igreja local de lá (At 20:28). Eles eram os

pastores, os chamados presbíteros, bispos ou anciãos. O trabalho de Timóteo era apenas ajudar tais

anciãos no combate a doutrina falsa.

Além disto, não há nenhum exemplo da Bíblia de uma pessoa sendo chamada de “o bispo de tal-

lugar”, ou o “pastor de tal-igreja”. O Novo Testamento descreve os líderes de uma igreja usando

vários títulos: “anciãos” ou “presbíteros” (a mesma palavra no grego) descreve a maturidade deles;

“bispos” descreve a sua autoridade; “pastores” descreve o seu trabalho. Sempre se refere a eles,

porém, no plural. Um “pastor” em uma igreja (ou pior ainda, um “bispo” sobre diversas igrejas) é

invenção humana; não está na Bíblia.

A prática tão comum no meio denominacional não é somente estranha ao ensino do Novo

Testamento; ela também fere dois outros princípios importantes:

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� O senhorio de Cristo. Ele apenas é o Cabeça de uma igreja local; homem nenhum tem o

direito de usurpar a posição que pertence ao Senhor (Mt 18:20; I Co 12; etc.).

� O sacerdócio de todo cristão. O ensino de I Pe 2 é precioso; todo cristão é um sacerdote.

Como sacerdotes santos oferecemos sacrifícios espirituais (v.5, adoração), e como

sacerdotes reais proclamamos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a Sua

maravilhosa luz (v. 9, testemunho). Um “pastor” numa igreja inibe a participação dos demais

sacerdotes.

Timóteo, portanto, não foi pastor da igreja em Éfeso. A igreja já tinha os seus pastores (no plural),

homens levantados por Deus para zelar pelo bem-estar do rebanho.

Saudação — 1:1-2 A saudação é usada para apresentar o autor e o destinatário da carta. Alguns detalhes interessantes

destes versículos devem ser destacados.

“apóstolo“

A palavra “apóstolo”, no original, significa simplesmente “enviado”. No Novo Testamento, porém, ela

é normalmente usada para descrever um grupo especial de discípulos. Lc 6:13, por exemplo, diz: “E,

quando já era dia, chamou a Si os Seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o

nome de apóstolos”. A este grupo de doze foram acrescentados depois Matias (At 2) e o próprio

Paulo, “apóstolo não da parte de homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus

Pai” (Gl 1:1).

Este grupo de Doze (os quais, até hoje, associamos com a palavra “apóstolo”) constituem um grupo

à parte, com privilégios e responsabilidades especiais. At 1:21-22 nos mostra que eram todos

homens que acompanharam o Senhor Jesus durante todo o Seu ministério público, desde Seu

batismo até Sua ascensão, e que todos foram testemunhas da Sua ressurreição (Paulo, que é a

exceção neste caso, teve, porém, visões e revelações especiais do Senhor, conforme Gl 1 e II Co

12). Em Mt 19:28 o Senhor declara que, na regeneração, eles se assentarão em doze tronos para

julgar as doze tribos de Israel. Também lemos que seus nomes estarão nos fundamentos da nova

Jerusalém (Ap 21:14).

São um grupo de servos que Deus escolheu para uma missão especial e que, portanto, foram

revestidos de poder e autoridade especiais. Se lembrarmos que por 50 ou 60 anos depois da morte

de Cristo as igrejas locais ainda não tinham o NT completo, e que a Bíblia foi completada pouco

tempo antes da morte de João, o último apóstolo a falecer, perceberemos a necessidade de haver

homens com autoridade especial naquele período transitório. Ef 2:20 afirma que a Igreja foi edificada

sobre o fundamento dos apóstolos e profetas. Quando não tinham a palavra de Deus para solucionar

suas dúvidas, precisavam da revelação de Deus vinda por boca dos profetas e com a autoridade

apostólica. At 15 é outro exemplo desta autoridade sendo usada num momento importante.

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Esta é a forma normal em que a palavra é usada no NT: refere-se ao grupo especial dos Doze (mais

Paulo). Especialmente nos primeiros capítulos de Atos vemos isto: várias vezes lemos dos

“apóstolos”, sem qualquer outra descrição — sempre fica claro a quem a Palavra de Deus se refere.

Neste sentido normal, portanto, podemos afirmar que não há “apóstolos” hoje. Já que temos a

Palavra de Deus, uma revelação completa da Sua vontade (II Tm 3:16-17), não precisamos mais de

apóstolos.

Convém destacar, porém, que a palavra “apóstolo” também é usada num sentido mais amplo,

indicando simplesmente alguém que foi enviado. O uso normal da palavra do NT (74 dentre 81

ocorrências) descreve os Doze mais Paulo, mas em 7 versículos a palavra tem outra aplicação.

Duas vezes inclui Barnabé junto com Paulo (At 14:4, 14); em outras duas ocorrências alguns irmãos

anônimos e Epafrodito são chamados “apóstolos” (II Co 8:23; Fl 2:25); duas vezes a palavra é usada

para descrever falsos apóstolos (II Co 11:13; Ap 2:2); e um vez Cristo é descrito como sendo

Apóstolo da nossa confissão (Hb 3:1). Neste sentido mais genérico, porém, a palavra não possui

nenhuma conotação oficial de autoridade, mas quer dizer simplesmente “enviado”. Isto fica claro nos

dois casos mencionados em II Co 8 e Fl 2, onde a palavra é usada para descrever um irmão que foi

enviado para levar uma oferta de uma igreja.

Também convém lembrar que “apóstolo” é um dom (I Co 12:28-29; Ef 4:11), e que o exemplo

supremo de Apóstolo, nosso amado Senhor Jesus Cristo, está no Céu (Hb 3:1).

Antes de expor as mentiras dos falsos ensinadores, portanto, Paulo se apresenta como um servo

revestido da mais alta autoridade: ele é um apóstolo de Jesus Cristo.

“segundo o mandado“

É interessante notar que a palavra traduzida “mandado” ocorre apenas sete vezes no NT (sete é o

número da perfeição): Ro 16:26; I Co 7:6, 25; II Co 8:8; I Tm 1:1; Tt 1:3; 2:15. Uma comparação

destas passagens sem dúvida será instrutiva.

Paulo era “apóstolo”, não por ordenação humana, ou por imposição pessoal, mas por mandamento

divino. Muitas vezes Paulo teve que defender o seu apostolado, e vemos que o Espírito enfatiza o

fato que esse apostolado ou “envio” era “não da parte de homens, nem por homem algum, mas por

Jesus Cristo, e por Deus Pai” (Gl 1:1). É isso que confere a Paulo a máxima autoridade nas questões

espirituais tratadas por ele. Com que confiança Timóteo podia seguir os conselhos e ensinamentos

deste homem de Deus, ao ser lembrado deste fato.

Cabe, porém, uma aplicação para nós hoje: temos nós igual convicção de que aquilo que fazemos é

por mandamento de Deus? Isto é, temos certeza de que estamos fazendo aquilo que Deus

determinou para nós? Ou não precisamos nos preocupar com isto? O exemplo de Paulo permanece

como um incentivo e uma repreensão a todos nós hoje. A Bíblia fala-nos do início, da continuação, e

do final da carreira de Paulo. Em At 9:6 temos o início com a pergunta: “Senhor, que queres que

faça?” Em At 20:24 temos a continuação com a afirmação: “mas em nada tenho a minha vida por

preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor

Jesus…” Em II Tm 4: 6-8 temos o final com a conclusão: “…o tempo da minha partida está próximo.

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Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está

guardada, a qual o Senhor justo juiz me dará naquele dia…” O ponto de partida, irmãos, para uma

vida frutífera é o momento quando surge no nosso coração a pergunta de At 9:6, “Senhor, que

queres que faça?“

“Deus nosso Salvador“

Este título ocorre em I Tm apenas três vezes: 1:1; 2:3; 4:10, e três vezes também em Tito: 1:3; 2:10;

3:4. Quem tiver tempo, compare estas referências.

Podemos fazer uma pergunta: de que forma Deus é nosso Salvador? É mais natural pensar no Filho

como Salvador, mas aqui a referência é ao Pai. Como entendemos isto?

Deus é realmente o autor da Salvação. A obra que o Senhor Jesus executou nasceu no coração de

Deus. João 3:16 diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para

que todo aquele que nEle crê não pereça mas tenha a vida eterna”. Foi o amor de Deus que nos

trouxe a salvação na pessoa do Seu Filho, que foi obediente ao Pai em tudo que fez. Deus, portanto,

é o nosso Salvador. Foi Cristo quem morreu, mas a salvação é do Deus Triúno. Por isso é chamada

de “tão grande salvação”!

Diversas vezes no VT também lemos que Deus é nosso Salvador. Por exemplo, Is 43:3 diz: “Eu sou

o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador”, e no v. 11: “Eu sou o Senhor e fora de Mim

não há Salvador”. Também em Os 13:4 e muitos outros versículos.

“Senhor Jesus Cristo, esperança nossa“

Sabemos, é claro, que Cristo é nossa esperança quanto ao futuro; mas será que é apenas isto? Será

que Ele é nossa esperança apenas porque sabemos que Ele voltará para nos buscar, e estaremos

para sempre com Ele? O irmão J. Allen escreve: “A palavra 'esperança' não deve ser restrita à volta

de Cristo no fim dos tempos (a volta escatológica), mas abrange, aqui, tudo o que Deus tem

planejado; tudo o que tem sido, e será, feito por Cristo; tudo o que Deus tem designado para a

bênção da humanidade” (Comentário Ritchie vol. 12, pág. 33).

Alguns pensam no Céu como sendo um lugar maravilhoso, sem problemas, sem aflições, “ruas de

ouro”, etc. E sem dúvida que é maravilhoso; porém o Céu só é céu porque Cristo está ali. Sem Cristo

Jesus não há Céu e não há esperança, pois Ele é a nossa esperança. O que deve mover nossos

corações com respeito à glória dos céus deve ser o encontro com nosso amado Salvador. Como

disse um poeta, é Ele quem “enche os céus de luz”. E até podemos usar as palavras daquele hino

que cantamos: “No mar, na terra ou onde for, é céu estar com Cristo ali”.

Lembremos desta verdade: nossa esperança não é um lugar (nem um lugar bendito como o Céu),

nem uma posição celestial, mas uma Pessoa: nosso Senhor Jesus Cristo.

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“verdadeiro filho na fé“

Esta expressão indica que Timóteo foi salvo pela pregação de Paulo. Linguagem semelhante é

usada em I Co 14:15, onde Paulo diz que era pai espiritual dos coríntios porque “eu pelo evangelho

vos gerei em Cristo Jesus”. O mesmo deve ter acontecido com Timóteo.

Além de Timóteo, também Onésimo (Fm 10) e Tito (Tt 1:4) são chamados da mesma maneira. Note-

se as expressões referentes a ambos: “gerei nas minhas prisões” e “meu verdadeiro filho, segundo a

fé comum”.

Temos, porém, algo mais aqui. Timóteo não era apenas um filho na fé, mas um verdadeiro filho. Isto

parece indicar um filho que estava mostrando as mesmas características de seu pai. Fl 2:19-22 é

uma ilustração do significado desta expressão, especialmente as palavras “de igual sentimento”. Os

cristãos da igreja de Corinto também eram filhos de Paulo (I Co 4:14-17). Aquele trecho contrasta

Timóteo, que é chamado de “filho amado e fiel no Senhor”, com os coríntios, que eram “filhos

amados” mas não muito fiéis no Senhor. Paulo amava todos os seus “filhos” na fé; alguns, porém,

lhe traziam tristeza, ao passo que outros, como Timóteo, eram “verdadeiros filhos”.

Por outro lado, o Salmo 144 fala duas vezes dos “filhos estranhos” que podem causar muitos

problemas a uma igreja local. Irmãos, como é necessário orar pela preservação das igrejas nas

quais Deus, pela Sua graça, nos colocou! Que Ele nos preserve de “filhos estranhos” (isto é, filhos

que não são filhos de Deus).

“graça, misericórdia e paz“

A saudação característica das epístolas de Paulo é “graça e paz”, mas as três epístolas Pastorais

começam com “graça, misericórdia e paz” (repare que a versão Atualizada, infelizmente, omite

“misericórdia” em Tito). Porque esta diferença?

Se lembrarmos do enfoque diferente destas três epístolas, poderemos perceber a necessidade de

misericórdia, não só graça e paz. As três epístolas apresentem a falsa doutrina e exortam seus

destinatários a permanecerem firmes, combatendo todo ensino falso. Qualquer igreja que já tenha

lutado com doutrina falsa em seu meio sabe o que isto produz entre os crentes e como se faz

necessário a graça, misericórdia e a paz de Deus. É muito fácil combater o erro com amargura e ira,

o que é totalmente errado. Mas se conseguimos combater o erro enquanto permitimos que a graça,

a misericórdia e a paz de Deus influenciem nossas atitudes, seremos bem sucedidos.

“Deus, nosso Pai, e da de Cristo Jesus“

Como em tantas outras partes da Bíblia, o Pai e o Filho são colocados no mesmo nível. Devido à

situação hoje em dia, é importante descobrir as inúmeras provas da divindade de Jesus Cristo,

Homem e Deus. A graça, misericórdia e paz vêm tanto do Pai como de Cristo Jesus.

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Repare o título diferente (a diferença não aparece na Atualizada). No v. 1, duas vezes lemos “Jesus

Cristo”, o Homem exaltado à destra de Deus; aqui no v. 2, porém, é “Cristo Jesus”, o Eleito que Se

humilhou. Quando o assunto é o apostolado de Paulo, o Espírito Santo usa o nome do Cristo

exaltado. Quando é para incentivar-nos a demonstrar a graça, misericórdia e paz que vêm dEle, o

nome usado é do Cristo que Se fez Homem; Ele é o exemplo nestas coisas.

“Cristo Jesus, nosso Senhor“

Leia qualquer “best-seller” evangélico, ouça a conversa dos “crentes”, e você verá que sempre

referem-se a Ele como “Jesus”, raríssimas vezes como “Senhor Jesus”. O nome “Jesus” é precioso

ao cristão, e não é errado referir-se ao nosso Senhor assim (a Bíblia mesmo o faz). Mas se o

reconhecemos como Senhor, por que não chamá-lo assim?

O nome “Jesus” adotado pelo Filho de Deus quando baixou à Terra era um nome comum no seu

tempo. Embora os Evangelhos o usem simplesmente, podemos notar que seus discípulos sempre o

chamaram respeitosamente de “Mestre”. Referir-nos a Ele agora simplesmente como Jesus é, no

mínimo, desrespeitoso, salvo quando estamos expondo alguma passagem de um Evangelho usando

as palavras que lá se encontram. Ele é nosso Senhor!

Sem dúvida Jesus é o nosso Senhor, e devemos chamá-lo desta maneira em verdade. Mas sempre

devemos nos preocupar com o que Ele disse: “Porque me chamais Senhor e não fazeis o que vos

mando?” (Lc.6:46) Sim, já fizemos o que Deus nos mandou (Jo 6:47), crendo no Senhor Jesus como

Salvador. Agora, porém, devemos ser verdadeiros servos, que obedecem incondicionalmente.

A falsa doutrina (i) — 1:3-11 Já temos pensado na Introdução à epístola, onde escritor e destinatário são apresentados. Agora

temos o primeiro de três trechos na epístola que avisam sobre a falsa doutrina e os falsos

ensinadores. Podemos dividir este trecho (vs 3 a 11) em três partes menores, facilitando o nosso

estudo:

� Quem ensina outra doutrina produz “questões“ — (lit., “contendas”) e não edifica (vs.3-4);

� Quem desvia da sã doutrina produz confusão e não instrui (vs.5-7);

� Quem é contrário à sã doutrina torna-se culpado da lei e não a usa legitimamente (vs.8-11).

a. Ensinando doutrina falsa (1:3-4)

O argumento apresentado nestes dois versículos que vamos considerar agora (vs. 3 e 4) é que

Timóteo deveria advertir quem ensinasse doutrina falsa e se entregasse a fábulas ou genealogias,

pois estas coisas, ao invés de produzir “edificação de Deus”, produzem “questões”. Nestes dias nos

quais vivemos, em que prega-se a tolerância e o relativismo de tudo, precisamos ouvir a voz de

Deus neste ponto. Há uma “sã doutrina” e há “outra doutrina”. Devemos aceitar a primeira e advertir

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quem ensina a segunda.

Vejamos alguns detalhes nestes dois versículos.

Quando Timóteo ficou em Éfeso?

O texto diz que Paulo partiu para a Macedônia e deixou Timóteo para trás. Como encaixar isto nos

relatos que temos no livro de Atos? Não poderia ser na primeira viagem missionária (At 13 e 14),

pois Timóteo ainda não acompanhava Paulo; não poderia ser na segunda (At 16 a 18), pois nesta

ocasião ele partiu para a Macedônia antes de existir uma igreja em Éfeso, e foi de Éfeso para

Cesaréia, não para Macedônia; não poderia ser na terceira (At 19 a 21), pois quando ele partiu de

Éfeso para a Macedônia Timóteo foi enviado na frente, e não deixado para trás (At 19:22).

J. Allen, no Comentário Ritchie vol. 12, págs. 22 -24, sugere que “Tito foi encaminhado para Creta e

Timóteo para Éfeso a certa altura depois da libertação de Paulo do seu primeiro encarceramento”.

Como prova de que Paulo foi realmente solto e preso novamente depois do que está registrado em

Atos 28, ele cita o contraste entre a situação de Paulo ao escrever II Timóteo (quando ele estava

certo que seria condenado à morte) e o tom predominante em Atos, e especialmente na epístola aos

Filipenses (Fl 1:25-26; 2:24), onde Paulo confiantemente espera ser solto. Esta mudança indica que

Paulo foi solto e preso novamente algum tempo depois. Ainda de acordo com o irmão Allen, a

tradição muito primitiva confirma isto. Eusébio, por exemplo (Ecc Hist II xxiii 1-2), dá um relato

completo dos movimentos de Paulo que incluem a sua libertação da prisão, suas viagens

subseqüentes, seu novo encarceramento, e morte.

O único problema com esta interpretação são as palavras de Paulo em At 20:25 (“… sei que todos

vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto”). O irmão Allen,

porém, diz que “uma solução simples é ver estas palavras não como uma expressão profética, mas

como o reflexo dos seus sentimentos naquela hora, concernentes aos indivíduos que estavam

ouvindo a sua voz. Por vários anos ele tinha vivido entre eles, e agora o Evangelho o levaria a outras

regiões, e esta mensagem de despedida refletia os seus sentimentos no momento em que ele

encerrava mais uma etapa do seu ministério.“

“Para advertires“

Timóteo foi deixado em Éfeso para advertir alguns. Não simplesmente para combater a falsa

doutrina, mas sim para advertir a pessoa que ensina a falsa doutrina. A palavra traduzida “advertir”

indica a atitude de um comandante militar transmitindo ordens aos seus soldados. Diante do ensino

falso é necessário agir com autoridade e firmeza.

Na prática, como funcionaria isto? Um irmão levanta-se e ensina algo errado (por exemplo, que

Cristo não é Deus). Como os presbíteros irão agir? Uma advertência em particular seria suficiente,

ou seria necessário levantar-se publicamente e combater o ensino falso?

Cada caso é um caso. Algumas vezes uma repreensão em particular serviria, mas também é bom

lembrar do exemplo de Paulo, que repreendeu Pedro “na presença de todos” (Gl 2:11-15). Quando

aquilo que é ensinado é básico e fundamental, deveria haver uma correção pública. Tal correção,

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obviamente, teria que ser baseada na Palavra de Deus (é só ela que nos dá autoridade). Portanto

seria necessário abrir a Bíblia e ensinar a verdade. Isto pode ser feito com respeito, misericórdia e

humildade, mas deve ser feito com firmeza. O ditado que diz “Quem cala, consente” normalmente é

verdadeiro. Se a advertência for deixada para mais tarde, alguém que estiver presente poderá levar

para casa essa doutrina errada e as conseqüências poderão se tornar sérias.

Se vemos, na igreja local, algum falso ensino, temos que combater fielmente — combater sem pena

do ensino falso, porém com amor para com os irmãos. Talvez seja esta uma grande dificuldade:

combater o erro, amando quem está errado. Mesmo sendo difícil, devemos insistir nisto. E se formos

chamados de radicais, extremistas ou exclusivistas por causa disto (porque isso vai ocorrer),

devemos dar glórias a Deus por estarmos sendo perseguidos pela causa da verdade, porque Ele

disse: “Eu amo aos que Me amam, e os que diligentemente Me buscam me acharão“(Pv 8:17), e

também disse: “Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra” (Jo 14:23).

Em qualquer situação, os irmãos nessa responsabilidade precisarão de muita graça de cima, e

orientação do Espirito Santo para agir visando o bem do povo de Deus.

“Alguns“

Havia “alguns” ensinando outra doutrina. Não indicando seus nomes, o Espírito Santo deixou o texto

como um alerta para cada um de nós hoje. Em qualquer lugar, em qualquer tempo, “alguns” poderão

ser enquadrados por este versículo. Alguém já disse que quando a Bíblia fala de “alguém” sem

mencionar o seu nome, podemos colocar o nosso ali.

“Outra doutrina“

A “outra doutrina” é, obviamente, aquilo que difere da “sã doutrina”. Convém destacar a importância

dada a este assunto, especialmente diante da idéia popularizada hoje em dia de que “Cristo une — a

doutrina divide”. Tal idéia é totalmente errada, pois está bem claro em Atos 2 que a perseverança na

“doutrina dos apóstolos” é a base da comunhão de uma igreja local. Sem obediência à doutrina, não

pode haver comunhão, pois cada um seguiria seu próprio caminho.

O que divide é descaso com a doutrina, ou tentar impor a sã doutrina com carnalidade. Mas a sã

doutrina une. Divisões acontecem quando uma certa doutrina é entendida de diversas maneiras e a

igreja, ao invés de se reunir em oração, desejando ver na Palavra a única interpretação (a do

Espírito Santo), segue a inteligência ou os argumentos humanos.

Devemos destacar a insistência do apóstolo em advertir esta igreja em Éfeso sobre a falsa doutrina e

os falsos mestres. Esta epístola é a terceira vez (pelo menos) que Paulo avisa os irmãos em Éfeso

sobre este assunto: a primeira foi em Mileto (At 20:17-38), e a segunda quando ele partiu para a

Macedônia (I Tm 1:1). Isso tudo indica a vigilância que Paulo tinha no que se refere a doutrina. Mais

tarde, nós percebemos que esse cuidado do apóstolo, somado à disposição dos efésios em praticar

a sã doutrina, criou uma espécie de imunidade na igreja em Éfeso contra falsos mestres (“… não

podes sofrer os maus; e puseste a prova os que dizem ser apóstolos e não o são, e tu os achaste

mentirosos”, Ap 2:2).

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Temos, na primeira carta de Paulo a Timóteo, uma orientação sobre como agir para combater

doutrina falsa:

� Resistindo ao erro e repreendendo seus ensinadores (1:3);

� Ensinando a sã doutrina aos crentes (4:6,11,13);

� Sendo exemplo daquilo que se ensina (4:7,12,15,16).

Ou seja, não é só combater o erro, mas é alicerçar-se na verdade! Talvez o que mais carecemos

hoje em dia é convicção. Se fazemos algo simplesmente porque nossos pais fizeram, ou porque

fomos ensinados assim, corremos o risco de ser convencidos por alguém que usa argumentos

eloqüentes e grandiosos; não teremos firmeza. Se fazemos algo, porém, porque estudamos a

Palavra de Deus e entendemos que esta é a vontade de Deus, não seremos levados por “ventos de

doutrina”.

Convém perguntar, então: porque fazemos o que fazemos? Inclua aqui o governo de uma igreja, o

sacerdócio de todo cristão, o uso do véu pelas irmãs e seu silêncio, o batismo, etc., etc.

Conhecemos a base bíblica para nossa “doutrina”? A melhor proteção contra a falsa doutrina é

conhecer bem a sã doutrina.

“Fábulas“

A palavra usada no texto grego, traduzida “fábulas”, é a raiz de nossa palavra “mitos”; indica algo

que é apresentado como sendo verdadeiro mas que é apenas ficção, apenas fruto da imaginação.

Creio que podemos incluir na palavra “fábulas” aqui tudo aquilo que não é baseado na verdade.

Alguns exemplos estão na lista abaixo:

� Superstições como horóscopo, numerologia, e as inúmeras formas de misticismo que são

tão comuns neste início de milênio;

� Filosofias como espiritismo, budismo, seicho-no-ie, etc.;

� A Teoria da Evolução, algo que surgiu da imaginação humana. A Bíblia é clara em afirmar

que Deus criou os céus, a Terra e tudo que neles há;

� As revelações, testemunhos e visões tão comuns no meio pentecostal. Aquilo que Deus

queria revelar está revelado na Bíblia, e não devemos (nem podemos) aceitar revelações que

vão além da Palavra de Deus. O que está contido nela é a sã doutrina; o que vai além dela

não passa de fábula;

� Aplicações fantasiosas e sem respaldo bíblico das profecias do Velho Testamento e das

parábolas do Novo, interpretando alegoricamente trechos que devem ser entendidos

literalmente, ou inventando explicações para figuras que não são explicadas pela própria

Bíblia. Convém sempre lembrar que a Bíblia interpreta-se a si mesma. Entenderemos as

profecias, parábolas e figuras comparando a Bíblia com a Bíblia, nunca usando nossa

imaginação;

Esta palavra não é muito comum no NT; aparece apenas cinco vezes. Comparando estas

ocorrências, podemos aprender algumas lições em relação às fábulas:

� Quanto ao Evangelho. Pedro lembra que sua mensagem sobre Jesus Cristo não era baseada

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numa fábula, mas naquilo que ele e seus companheiros viram pessoalmente. O Evangelho

tem uma base muito mais sólida do que meras fábulas e fantasias.

� Quanto ao cristão fiel. Somos claramente avisados a rejeitá-las (I Tm 4:7). Quem as segue

deve ser advertido (I Tm 1:3-4) e severamente repreendido (Tt 1:14).

� Quanto à cristandade. Nos últimos dias, Deus nos alerta, os homens não suportarão a sã

doutrina, mas voltarão às fábulas (II Tm 4:4). É o que vemos hoje, por todos os lados. Teorias

e revelações humanas atraem mais os homens do que a verdade da Palavra de Deus.

“Genealogias“

“Genealogias”, no contexto, parece referir-se ao costume dos judeus, preocupados excessivamente

com suas genealogias (a qual tribo pertenciam, etc.). Estudavam as genealogias para auto-

promoção, e não para edificação espiritual. É claro que não refere-se às genealogias incluídas na

Bíblia, pois elas são inspiradas por Deus e fornecem lições preciosas a quem as estuda. Parece que

Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, refere-se a coisas profundas e interessantes, mas totalmente

sem proveito (que diferença faria se fulano era da tribo de Judá ou da tribo de Benjamim?).

Se entendemos como “fábulas” o ensino sem fundamento bíblico, fruto da imaginação humana,

podemos entender por “genealogias intermináveis” os ensinos sem proveito espiritual, que só

ocupam tempo dos irmãos e não trazem edificação. A referência aqui, obviamente, não é a assuntos

bíblicos profundos, mas a coisas sobre as quais a Bíblia não se pronuncia. Nunca podemos nos

aprofundar demais no texto bíblico, mas podemos nos perder pelo caminho tentando descobrir quem

escreveu Hebreus, se Paulo era solteiro ou viúvo, qual era o “espinho na carne” que ela menciona, e

coisas semelhantes.

Produzem questões

“Questões” quer dizer, literalmente, “contendas”. É a mesma palavra usada em At 15 para descrever

as contendas produzidas pelos irmãos que pregavam a Lei, e não Cristo. A conclusão é clara: quem

ensina outra doutrina, sendo atraído por fábulas e genealogias, não vai jamais promover a edificação

do povo de Deus. Pelo contrário, vai produzir questões, contendas e divisões. O antídoto para as

contendas não é, como muitos pensam, deixar a doutrina de lado em nome do amor; pelo contrário,

é ensinar a sã doutrina.

Edificação de Deus, que consiste na fé

A tradução da versão Atualizada no final do v. 3 (“serviço de Deus”) é diferente das outras duas

versões (“edificação de Deus”). A razão para isto é uma pequena diferença nos textos gregos

usados por estas traduções. O chamado Texto Recebido usa a palavra oikodomia, que descreve o

ato de edificar, enquanto o texto usado pela Atualizada usa a palavra oikonomia (muda só uma

letra), que quer dizer “dispensação” (semelhante ao sentido antigo da nossa palavra “economia”). A

questão dos manuscritos é complexa; neste estudo, seguimos o Texto Recebido.

De que forma a edificação de Deus “consiste na fé”? O que o Espírito quis dizer com isto? Parece

indicar que a esfera onde haverá edificação vinda de Deus é a fé. “Sem fé é impossível agradar a

Deus” (Hb 11:6); se não houver fé, não haverá edificação.

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Talvez há um contraste aqui com as “fábulas”. Não vamos ser crédulos e nos entregar às fábulas,

mas não vamos ir ao outro extremo e querer que tudo tenha uma explicação que satisfaça a lógica

humana. Há coisas apresentadas na Bíblia que são “ilógicas” (humanamente falando), mas nas

quais devemos crer. O povo de Deus só será edificado se tiver fé; não fé em contos de fada ou em

boatos, mas fé na verdade revelada na Palavra de Deus.

Sendo assim, os versículos 3 e 4 estariam dizendo: “Quem ensina outra doutrina, ou se entrega a

fábulas e genealogias intermináveis, só produzirá contendas; pelo contrário, quem ensina a sã

doutrina, produzirá a edificação de Deus naqueles que recebem esta doutrina com fé”. Ou seja: a sã

doutrina edifica; “outra doutrina” apenas produz contendas.

b. Desviando da sã doutrina — 1:5-7

Tendo falado sobre o perigo de ensinar outra doutrina, agora o Espírito Santo fala de desviar da

verdade. Quem se desvia da verdade começa a perambular pelos caminhos tortuosos do engano e

da mentira, “não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam”. Ou seja: a sã doutrina instrui;

“outra doutrina” apenas confunde.

“o fim do mandamento“

É mais fácil entender esta frase quando percebemos que a palavra traduzida “mandamento” é outra

forma da palavra usada no v. 3 (aqui é o substantivo, lá o verbo). Numa tradução mais literal, os dois

versículos ficam assim: “Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso

para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina … Ora, a finalidade desta advertência é o

amor …” Ou seja, o “mandamento” mencionado neste versículo refere-se à advertência que Timóteo

apresentaria aos falsos ensinadores em Éfeso.

O Amor …

Qual era, então, a finalidade daquela advertência? Numa palavra: amor! Irmãos, não podemos

esquecer disto. Por certo o irmão que combate a “outra doutrina” e ensina a verdade será acusado

de falta de amor; isto é quase inevitável, e não deve nos preocupar. Mas ao combater o erro sempre

devemos perguntar a nós mesmos: Por que estou fazendo isto? Quero apenas ganhar uma

discussão? Ou quero que o amor de Deus reine nos corações de todos nós? O verdadeiro amor

obedece à sã doutrina (Jo 14:15), e a sã doutrina é o ambiente onde o amor cresce e se manifesta

plenamente (I Tm 1:5). Este deve ser sempre o nosso objetivo.

De onde surge este amor? É o fruto de emoções e sentimentalismo? É resultado de laços familiares?

Não; repare o uso da palavra “de” (indicando a origem deste amor), associada a três coisas: [1] um

coração puro, [2] uma boa consciência, [3] uma fé não fingida. Onde houver estas três condições,

haverá o verdadeiro amor. A falta de uma ou mais destas condições compromete a vida deste amor.

É bom entendermos que estas características não são produzidas pelo amor, mas exatamente o

contrário. O amor vem de um coração puro, etc. Ou seja, a advertência é dada não a quem já tem

estas características, mas é dada procurando desenvolvê-las. Muitos afirmam que discutir doutrina,

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práticas, dispensações, batismo, pães e cálices, etc., mostra falta de amor. Mas o texto está dizendo

exatamente o contrário.

O argumento aqui é: alguns erraram o alvo, perderam de vista o amor, e entregaram-se a vãs

contendas. Se erraram o alvo, devemos perguntar: por que erraram? Porque não mostraram amor?

Não, o amor é o alvo, não a causa. Erraram porque desviaram de um coração puro, uma boa

consciência, e uma fé não fingida (no v. 6, “do que desviando-se”, o pronome relativo “do que” é

plural; desviaram-se “destas coisas”). Estes três permitem que o amor se manifeste; a ausência

destes três levará a vãs contendas.

Portanto, se não queremos errar o alvo, devemos nos preocupar com as três características

mencionadas. Mas como estimulá-las? Pela sã doutrina. Lendo desde o v. 3, e lembrando que

“mandamento” aqui é a mesma palavra traduzida “advertires” no v. 3, aprendemos que Timóteo

deveria advertir alguns, porque se não fossem advertidos eles iriam desviar-se das três

características mencionadas, e portanto iriam errar o alvo.

Ou seja, o ensino destes versículos é que a sã doutrina nos preservará de um coração sujo,

mantendo o nosso puro; nos preservará de uma má consciência, mantendo a nossa boa; e nos

preservará de uma fé fingida, mantendo a nossa sincera. Se nos apegarmos à sã doutrina,

acertaremos o alvo e o amor será uma conseqüência natural. Não é o amor que corrigirá nossa

doutrina, mas a doutrina que permitirá que o amor se manifeste plenamente.

Mas se colocarmos o carro na frente dos bois, erraremos como muitos erram hoje: estão tão

preocupados com o amor que esquecem da doutrina.

Jo 14:15 (“Se Me amais, guardai os Meus mandamentos”), v. 21 (“Aquele que tem os meus

mandamentos e os guarda esse é o que me ama”) e v.23 (“Se alguém Me ama, guardará a Minha

palavra, e Meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”) confirmam esta

interpretação.

Um coração puro

O coração é o centro moral e mental da pessoa (Comentário Ritchie vol. 12), assim somente a sã

doutrina pode abrir uma fonte pura de amor no coração humano.

O Salmo 24 fala do Senhor Jesus, o único que é limpo de mãos e puro de coração. Cremos que é

somente através do Seu precioso sangue que tivemos nosso coração purificado. É somente no

sentido posicional que somos “puros”, por enquanto (purificados pelo sangue de Cristo). Mas

devemos nos esforçar, todos os dias, por ter um coração puro também no sentido prático, lembrando

sempre da bendita esperança que, no Céu, seremos puros como Ele é puro.

Enquanto aqui, porém, é a sã doutrina que poderá produzir em nós um coração puro, mostrando-nos

nossos erros, revelando-nos a vontade de Deus, e levando-nos a sermos mais semelhantes ao Seu

amado Filho.

Uma boa consciência

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A consciência é uma espécie de voz interna crítica, que todo homem tem independentemente do

ambiente em que viva. Mas como podemos ter uma “boa” consciência? Fl 4:8 nos ajuda neste ponto,

mostrando-nos a importância de ocupar nossas mentes com a Palavra do Senhor. Nosso contato

inevitável com o mundo muitas vezes pode “sujar” nossas mentes, mas devemos desfrutar da

“lavagem da água” pela Palavra.

A palavra “consciência” ocorre cerca de 32 vezes no NT, mas considerando apenas algumas

ocorrências nesta carta, vemos a importância de mantermos uma consciência boa (1:5, 19) e pura

(3:9), pois ela pode ser cauterizada (4:2).

Nisto vemos a importância da doutrina. Se começamos a ir atrás de ventos de doutrina e nos

afastamos da verdade, não é só nosso intelecto que será afetado: nossa consciência também. Por

outro lado, apegando-nos à sã doutrina, nossa consciência será educada nos caminhos de Deus.

Uma fé não fingida

Fé fingida é crer uma coisa e dizer outra (talvez para agradar os ouvintes, ou por outros motivos). Fé

fingida é crer uma coisa e dar a entender (até pelo silêncio) que crê outra. Quantos irmãos

conhecedores das Escrituras, e com autoridade para ensinar aqui no Brasil, convivem com o erro e

omitem-se. Isto é inaceitável.

O apego à sã doutrina produzirá uma fé que é sincera, pois brota de um coração puro e é controlada

por uma boa consciência. Onde houver estas três qualidades, haverá um verdadeiro amor. O crente

que procura manter seu coração puro não saberá fazer outra coisa a não ser amar. Uma consciência

pura sempre acusará qualquer desvio do verdadeiro amor. E a fé não fingida só é autêntica quando

age motivada por amor. Ou seja: a maneira de produzir o verdadeiro amor é ensinando a sã

doutrina!

Do que, desviando-se alguns

A tradução da Atualizada é mais clara aqui: “Desviando-se algumas pessoas destas coisas”. Não é

desviar-se do amor, mas desviar-se de ter um coração puro, uma boa consciência e uma fé sincera.

Qual é o resultado de desviar destas três coisas? Cegueira e ilusão! Os versículos anteriores

mostraram que Timóteo deveria combater o ensino falso visando o amor que é produzido por estas

três coisas; portanto, aprendemos que permanecer na verdadeira doutrina produzirá um coração

puro, uma boa consciência e uma fé não fingida. Agora, ir atrás de outra doutrina, desviar-se destas

coisas e entregar-se a vãs contendas nunca instruirá, mas produzirá apenas cegueira sobre cegueira

(“não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam”).

Vãs contendas

Parece que não há muita diferença entre estas vãs contendas e as genealogias intermináveis do v.

4. Uma é produto da outra, ou seja, “genealogias intermináveis” só podem produzir “contendas”, e

ambas são “vãs” em seus efeitos, e nunca podem produzir edificação espiritual.

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c. Sendo contrário à sã doutrina — 1:8-11

O argumento até agora foi que edificação só virá através da sã doutrina (vs. 3-4), e que é necessário

advertir quem ensina outra doutrina para que eles não errem o alvo, que é o amor (vs. 5-7). Somente

onde houver um coração lavado pela Palavra, uma consciência corrigida pela Palavra, e uma fé

orientada pela Palavra, este amor irá manifestar-se plenamente.

Sabemos!

Depois de avisar sobre o perigo de ensinar outra doutrina e desviar dos alvos da sã doutrina, o

Espírito Santo agora mostra o verdadeiro propósito da Lei. Em contraste com aqueles que queriam

ser mestres da Lei mas não entendiam e não sabiam, Paulo escreve: “sabemos, pois … sabendo

isto”. Os falsos andavam afundando na sua ignorância, mas o cristão pode ter convicção; podemos

saber!

O que é que sabemos?

� Que a Lei é boa. Romanos 7 mostra claramente que a Lei não nos salva porque nós somos

pecadores, não porque a Lei é falha. Não há nada de errado com a Lei: o problema é que a

Lei não foi feita para trazer salvação, mas sim convicção.

� Como usar a Lei legitimamente. O problema dos falsos ensinadores é que queriam aplicar a

Lei de Moisés à Igreja de Deus. Mas “a Lei não foi feita para o justo [o justificado pela graça,

nascido de novo], mas para os injustos e obstinados … e para o que for contrário à sã

doutrina”. A função da Lei não é corrigir nossa conduta, mas demonstrar claramente nossa

total perdição. Gl 3:10-13 igualmente deixa isso claro. A Lei nos serve de “Aio” para nos

conduzir a Cristo.

o que for contrário à sã doutrina

Parece que a última cláusula do v. 10 resume toda esta lista de pessoas às quais a Lei se dirige: “o

que for contrário à sã doutrina”. Mais uma vez a doutrina é apresentada como o padrão. Aquilo que

contraria a sã doutrina é condenado pela Lei. A Lei foi feita para tudo aquilo que é contrário à sã

doutrina! Que afirmação abrangente!

conforme o Evangelho

A afirmação dos versículos precedentes (i.e., que “a Lei não é feita para o justo, mas para os

injustos…”) é conforme o Evangelho. O Evangelho apresenta claramente o princípio que Paulo aqui

apresenta, inspirado pelo Espírito Santo.

O Evangelho da glória de Deus

Não o Evangelho glorioso, mas o Evangelho que fala e exalta a glória de Deus. O Evangelho recebe

diversos nomes diferentes, cada um destacando algum aspecto diferente dele. A tabela abaixo pode

ajudar a entender este assunto:

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Diferentes nomes dados ao Evangelho

Paulo também se refere ao Evangelho como “meu” evangelho (Rm 2:16, At 26:16-18), não só porque

ele foi escolhido por Cristo para proclamá-lo entre os gentios e reis além dos judeus (At 9:15), mas

também porque recebeu revelações concernentes a ele diretamente do Cristo ressuscitado.

Deus bem-aventurado

Ou “Deus bendito”, como diz a Atualizada. O adjetivo “bem-aventurado” (não que recebe bênção,

mas que é a fonte de bênção) é usado em relação a Deus só aqui e em 6:15.

que me foi confiado

Foi confiado a mim a e você também; estamos conscientes disto? Não fomos chamados por Deus

para irmos atrás da falsa doutrina, mas para anunciar o Evangelho da glória do Deus bem-

aventurado. Mais do que isto: Deus nos confiou esta mensagem (é a mesma palavra grega usada

para falar da nossa confiança em Deus). É claro que Ele não a confiou para que ficasse guardada,

mas para que a proclamemos. Que sejamos servos fiéis.

Exortações pessoais (i) — 1:12-20

a. Introdução

Estamos entrando agora na segunda subdivisão da epístola, depois da Introdução. Já consideramos

A Falsa Doutrina (1:3-11), onde aprendemos que quem ensina outra doutrina produz contendas e

não edifica (vs. 3-4), quem desvia da sã doutrina produz confusão e não instrui (vs. 5-7), e que

quem é contrário à sã doutrina torna-se culpado da Lei e não a usa legitimamente (vs. 8-11).

Quanto à sua autoria

“Evangelho de Deus” (Ro 1:1, 15:16; II Co 11:7; I Ts 2:2, 8,

9; I Pd 4:17); “Evangelho do Seu Filho” (Ro 1:9);

“Evangelho de Cristo” (Ro 1:16, 15:19, 29; I Co 9:12, 18; II

Co 9:13; 10:14; Gl 1:7; Fl 1:27; I Ts 3:2); “Evangelho de

nosso Senhor Jesus Cristo” (II Ts 1:8).

Quanto à sua base “Evangelho da graça de Deus” (At 20:24).

Quanto aos seus resultados “Evangelho da paz” (Ro 10:15; Ef 6:15); “Evangelho da

vossa salvação” (Ef 1:13).

Quanto aos seus alvos “Evangelho da glória de Deus” (I Tm 1:11); “Evangelho da

glória de Cristo” (II Co 4:4).

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Tendo exposto o erro, o próximo passo agora no caminho do Espírito Santo, ao usar Paulo, é uma

exortação pessoal a Timóteo. Dois exemplos são usados para dar peso à exortação pessoal:

� o exemplo positivo de Paulo (12-17); e

� o exemplo negativo de Himeneu e Alexandre (18-20).

b. O exemplo positivo de Paulo (1:12-17)

Paulo terminou o trecho anterior falando de como foi confiado a ele o Evangelho da glória do Deus

bendito; agora ele mostra que isto foi obra da graça e misericórdia de Deus, não foi por mérito de

Paulo.

“E dou graças ao que me tem confortado” (v. 12)

A tradução da Atualizada é mais clara: “…aquele que me fortaleceu”. Paulo fala no v 12 de um

princípio divino estabelecido nas Escrituras, ou seja, o Deus que chama, e envia, é também o Deus

que dá plenas condições para o servo realizar sua tarefa. É precioso o fato do crente poder dizer em

meio às tribulações, “dou graças ao que me tem fortalecido”.

Paulo podia dizer (claro, inspirado pelo Espírito Santo) “Fortalecei-vos no Senhor, e na força do seu

poder…” (Ef 6:1). E ligado a isso ele disse: “Quanto estou fraco, então sou forte” (II Co 12:10). É bom

lembrarmos que sem a força do Senhor Jesus, Paulo nada podia fazer. E nós também não

poderemos realizar a Sua obra sem a força do seu poder. Em qualquer situação que estejamos

passando, seja de falta ou abundância, que possamos dizer em verdade: “Posso todas as coisas

nAquele que me fortalece” (Fl 4:13).

“…me teve por fiel” (v. 12)

Como podemos entender esta expressão? O Senhor colocou Paulo no ministério porque o julgou

fiel? Nós não somos chamados e vivemos segundo a Sua misericórdia, e não segundo nossa

fidelidade? Como entender isto?

Paulo não recebeu este ministério por ser fiel, ou por possuir qualquer tipo de mérito. Nos vs.13 e 14,

por exemplo, ele destaca sua falta total de mérito, e sua confiança na misericórdia e na graça de

Deus. Em outras ocasiões ele disse: “… sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser

chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus, sou o que sou” (I

Co 15:9-10); “… a mim, o mínimo de todos os santos” (Ef 3:8), entre outras expressões que mostram

que ele não confiava na carne.

“…me teve por fiel”, portanto, não quer dizer que Deus viu em Paulo um grande potencial de

fidelidade. A expressão poderia ser traduzida mais ou menos por: “deu-me um crédito de confiança”;

mostra a confiança que Deus colocou em Paulo e a correspondente responsabilidade que pesava

sobre os ombros dele.

Irmãos, cada um de nós pode dizer: “o Senhor me teve por fiel”, pois quando nos salvou, Ele confiou

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algo a cada um — dons espirituais. Somos despenseiros. Que saibamos corresponder a esta

confiança depositada em nós! Que sejamos fieis!

É um mistério da graça divina, que não apenas nos salvou mas também nos tornou despenseiros de

Deus. Somos apenas vasos de barro, mas Deus colocou um tesouro em nós (II Co 4:7). Foi a

homens e mulheres indignos, blasfemos e pecadores como Paulo, eu e você, que Deus confiou a

pregação do Evangelho, e não aos anjos (I Pd 1:12). Já seria inacreditável Deus nos salvar e nos dar

um cantinho qualquer no céu. Mas Ele ainda nos entrega talentos, e diz: “Negociai até que Eu

venha” (Lc 19:13). Apesar de toda nossa indignidade, Ele confia a nós o Seu serviço. E mais: Ele

ainda promete nos recompensar depois! Seremos recompensados por aquilo que só poderemos

fazer se Ele nos ajudar! Como diz Paulo, inspirado: “A graça de nosso Senhor superabundou com a

fé e amor que há em Jesus Cristo”! Isto revela nossa grande responsabilidade de sermos fiéis.

A palavra fiel aparece 42 vezes no NT, sendo que na maioria das vezes que se refere ao homem,

está relacionado com o serviço. Assim, em tempos de modernidade, onde tudo é medido pelos

resultados (um homem é honrado se tem muito dinheiro, uma empresa é boa se é muito conhecida,

e etc.), Deus usa outra medida, a fidelidade. Para Deus não importa quantas pessoas se

converteram por meio da sua pregação ou testemunho, para Ele o que vale é a fidelidade dos Seus

servos na pregação e no testemunho.

“Cristo Jesus Senhor nosso”

Foi Ele quem deu a Paulo o poder necessário para efetuar este ministério (diakonia, serviço).

“pondo-me no ministério“

A palavra “ministério”, aqui, não tem nenhuma conotação religiosa ou sagrada. Quer dizer,

simplesmente, “serviço”, e não possui artigo no texto original. Literalmente é “pôs-me a trabalhar”.

Isto é, Paulo não está falando de uma posição religiosa que ele possuía, mas está lembrando

Timóteo que Cristo Jesus, seu Senhor, o mandou trabalhar.

Cada um de nós foi, neste sentido, “colocado no ministério”. Para cada um dos Seus servos o

Senhor diz: “Trabalhe!“

v. 13

Se o v. 12 mostra o poder de Cristo, o v. 13 destaca a condição indigna de Paulo, e a misericórdia de

um Deus que escolheu um servo como Paulo, e usa servos como eu e você.

v. 14

O v. 14 resume os vs. 12-13: “E a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e amor que há em

Jesus Cristo”.

“o fiz ignorantemente” (v. 14)

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Um fariseu dos mais instruídos precisa confessar sua ignorância sobre o seu Deus! É exatamente

isto que aprendemos nos vs. 6-7. O cristão mais simples é mais sábio que o incrédulo mais

estudado.

v. 15

No v. 15 temos a primeira de cinco “palavras fiéis” nas epístolas pastorais (veja a tabela “Palavras

fiéis nas epístolas pastorais”). Repare que a primeira e a última falam da graça de Deus em nos

salvar; as três do meio falam da nossa responsabilidade para com Ele. Só podemos pensar nas

nossa responsabilidades depois de contemplarmos a Sua graça.

v. 16

Paulo se apresenta como um exemplo da longanimidade de Deus. Creio que todo cristão, pelo

menos no momento que crê, sente um pouco disto que Paulo menciona.

v. 17

O trecho termina com uma nota sublime de louvor. Ao principal dos pecadores foi confiado o

Evangelho da glória do Deus bendito. Olhando para nossas vidas, também nos maravilhamos ao ver

quão imensurável é a transformação que Deus fez nas nossas vidas. Realmente a graça de nosso

Senhor superabundou em nossas vidas, e unimos nossas vozes à voz inspirada do apóstolo: “ao Rei

dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém“

Uma explosão de louvor, assim, é muito característico de Paulo, conforme outras passagens na

Bíblia, (Ef.3:20,21; Gl. 1:5; Fp. 4:20; Rm. 16:27), e muito adequado após o assunto dos versículos

anteriores.

Rei dos séculos: destaca Sua soberania em todas as épocas e dispensações deste mundo. Através

dos séculos, impérios e reinos têm surgido e desaparecido. Ele permanece soberano, governando, e

servindo-Se soberanamente de tudo o que ocorre neste mundo para cumprir Seus propósitos mais

elevados.

Imortal: destaca Sua eternidade. Aquele que existe por Si mesmo, o eterno “Eu Sou”. Quando tudo

tiver passado, Ele permanece.

Invisível: destaca a natureza de Suas operações. Não podemos vê-lo, mas vemos Sua atuação na

criação e na nova criação. Não podemos vê-lo, portanto, “é necessário que aquele que se aproxima

de Deus creia que Ele existe…” (Hb. 11:6).

Único Deus: a expressão fala por si só…

c. O exemplo negativo de Himeneu e Alexandre

(18-20)

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Tendo mostrado a Timóteo um exemplo positivo de como servir a Deus, o apóstolo agora apresenta

um exemplo negativo de dois homens que fizeram naufrágio na fé

“Este mandamento te dou…” (v. 18)

A palavra “mandamento” é a mesma que já encontramos nos vs. 3 e 5. Assim como Timóteo deveria

“advertir” os falsos mestres, assim também o Senhor tinha uma “advertência” para ele. A palavra no

grego era usada para descrever as ordens de um oficial aos seus soldados. Não indica uma

sugestão, mas um mandamento da parte de Deus.

“…meu filho Timóteo…” (v. 18)

Quatro vezes nestas epístolas Timóteo é chamado “filho”: nas introduções às duas epístolas, e uma

vez cada no texto da carta. Aqui ele é exortado a lutar (“milites por ela boa milícia”); na segunda

carta, que fala dos últimos dias, ele é exortado a fortalecer-se (“fortifica-te na graça que há em Cristo

Jesus”, 2:1), passando aos outros aquilo que aprendeu.

Todo cristão deve militar uma boa milícia, lutando sem desanimar, e para isto fortalecendo-se com a

graça que há no nosso amado Senhor.

“…segundo as profecias que houve acerca de ti…” (v. 18)

A quais profecias Paulo se refere no v. 18? Elas são mencionadas novamente em 4:14, e o contexto

(fala do dom recebido e do presbitério) parece sugerir uma época anterior às viagens de Timóteo

com Paulo. Portanto, é provável que lá em Listra o jovem Timóteo foi alvo de profecias divinas. Além

disto, observando o plural (“profecias”) pode ser que o Espírito esteja falando não somente daquela

ocasião em Listra, mas também do dia quando ficou em Éfeso “para advertires… que não ensinem

outra doutrina”.

“…conservando a fé a a boa consciência…” (v. 19)

Como podemos “guardar a fé e a boa consciência”? Parece que o próprio versículo nos ajuda. Se

entendemos “fé” de forma objetiva (como sendo o conjunto de tudo aquilo que cremos, o objeto da

nossa fé subjetiva), veremos que “guardar a fé” quer dizer submeter-nos à vontade de Deus revelada

(naquele tempo isto incluiria profecia e aquela parte da Palavra escrita que existia). A “boa

consciência” indicaria que participamos na Sua obra com corpo, alma e espírito, em plena

sinceridade.

“…fizeram naufrágio na fé…” (v. 19)

Eis o aviso solene: se não guardarmos a fé (isto é, se não seguirmos a Palavra de Deus) com uma

boa consciência (em sinceridade), nossa vida cristã será um fracasso. O caminho para a vitória exige

obediência sincera à Palavra de Deus.

“…entreguei a Satanás…” (v. 20)

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Page 23: Estudo em i timóteo

Como entender esta expressão? É a mesma linguagem de I Co 5:5; parece sugerir uma exclusão da

comunhão da igreja local. Talvez não apreciamos bem a importância de uma igreja local, e o

privilégio de fazer parte de uma igreja plantada por Deus. A igreja local é a esfera onde é

reconhecida a autoridade do Senhor Jesus Cristo. Lá fora, o mundo jaz no maligno; ele é seu deus e

seu príncipe. Colocar alguém fora da comunhão da igreja local é colocá-lo na esfera onde Satanás

domina. É tirá-lo dum lugar protegido e colocá-lo num lugar perigoso.

Precisamos enfatizar a preciosidade, importância e santidade de uma igreja local. Numa igreja local

o Senhor está no meio (Mt 18:20); toda a autoridade da divindade está associada àquele

ajuntamento de cristãos. Num dia quando a tendência é desvalorizar o caráter singular duma igreja

local e compará-la às denominações que os homens criaram, que possamos lembrar destas coisas.

continua

Palavras fiéis nas epístolas pastorais

[voltar ao texto]

A sã doutrina (i) — 2:1-3:16 A próxima divisão da epístola é a primeira das três que tratará da sã doutrina, fechando o primeiro

ciclo da carta. Já tivemos a primeira de três exposições da falsa doutrina, a primeira de três

exortações pessoais, e agora temos a primeira de três apresentações da sã doutrina. São ensinos

para a igreja local, mostrando-nos como convém andar na casa de Deus.

Referência A palavra fiel

I Tm 1:15 Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao

mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.

I Tm 3:1 Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.

I Tm 4:8-9

Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é

proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser.

Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação.

II Tm 2:11 Fiel é esta palavra: Se já morremos com Ele, também viveremos com Ele;

Tt 3:4-8

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o

Seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas

segundo Sua misericórdia, Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e

renovador do Espírito Santo, que Ele derramou sobre nós ricamente por meio

de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos

tornemos Seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna. Fiel é esta

palavra.

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Page 24: Estudo em i timóteo

O trecho divide-se, de uma forma simples, assim:

� Responsabilidade dos irmãos (2:1-8);

� Responsabilidades das irmãs (2:9-15);

� Qualificações dos presbíteros (3:1-7);

� Qualificações dos diáconos (3:8-13);

� Motivo deste ensino (3:14-16);

Nesta página, consideraremos a primeira destas cinco sub-divisões.

a. Responsabilidade dos irmãos (oração) — 2:1-8 Uma forma de dividir este trecho é destacando sete assuntos que são aqui apresentados:

� A exortação para orar (v. 1a);

� Os elementos da oração (v. 1b);

� O alcance da oração (vs. 1c-2a);

� O resultado da oração (vs. 2b);

� O incentivo para oração (vs. 3-4);

� A base do direito de oração (vs. 5-7);

� A ocupação em oração pública (v. 8);

Analisemos, então, este trecho importante, seguindo esta divisão mais detalhada.

a.1. A exortação para orar (2:1a)

As palavras “Admoesto-te, pois, antes de tudo” indicam que Paulo tem algumas coisas importantes a

falar no seguimento da Epístola. Como já vimos no cap. 1, ele tratou do perigo da doutrina falsa e

nos capítulos seguintes tratará de questões nas quais a Igreja deverá agir de acordo com a sã

doutrina. Paulo tinha muitas coisas a dizer para Timóteo, mas a ênfase que ele dá é à oração. Ele

está dizendo: “Antes de eu falar sobre os deveres das mulheres, falo-te sobre a oração. Antes de eu

falar sobre os bispos e os diáconos, falo-te sobre a oração.” E assim por diante. Antes de tudo, vem

a oração. Isso é muito relevante, pois se o apóstolo agora está ensinando como deve ser a conduta

do cristão (homens e mulheres) na igreja, ele mostra que esta conduta deve ser, em primeiro lugar,

totalmente dependente da vontade divina. Não existe nada melhor que a oração para expressar

nossa dependência de Deus.

Além de destacar a importância da oração, este versículo também nos apresenta a necessidade de

orarmos sempre. Uma igreja torna-se vulnerável quando deixa de orar. O verbo “façam” (ou “use” na

ARA) está no presente, indicando que a igreja deve orar sempre, com perseverança. A oração

conjunta e perseverante há de manter o corpo em contato com a Cabeça. Muito mais importante do

que a atividade é a oração (At 6:4). Entretanto, havendo o exercício da oração constante, haverá

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conseqüentemente atividade frutífera, acompanhada da presença e poder divinos. Em vista disto,

quão triste quando a reunião de oração de uma igreja local é pouco freqüentada! Se entendemos

que “Deus dá o crescimento”, vamos perceber que crescimento será resultado de oração, e vamos

ser zelosos em orar.

Uma sugestão prática: sempre que possível, é melhor ter uma noite separada só para oração toda

semana. Muitas vezes a reunião semanal de oração nas igrejas locais divide o tempo com uma

reunião para ensino; tendo uma noite só para oração, há mais liberdade e tempo para os irmãos

orarem, e é uma forma de mostrar que valorizamos a oração. Existem, é claro, outras formas. Várias

igrejas têm o costume de ter um tempo de oração num cômodo separado nos minutos que precedem

a reunião para a pregação do Evangelho, ou separam uma semana por mês para ter reuniões de

oração todas as noites. Não estamos sugerindo que todas as igrejas sigam o mesmo modelo quanto

aos dias e horários de reuniões; apenas queremos destacar a importância de dar bastante tempo

para a oração.

a.2. Os elementos da oração (2:1b)

Há quatro palavras diferentes usadas aqui para destacar elementos diferentes da oração, para as

quais sugerimos as seguinte definições:

� Deprecações / súplicas — Um pedido específico;

� Orações — Um pedido mais abrangente;

� Intercessões — “Conversar” com o Senhor. J. Allen, no Comentário Ritchie vol. 12, explica

que a “palavra em si mesma não indica necessariamente, como em português, um interceder

em favor dos outros … indica um esforço para buscar a presença de Deus”;

� Ações de graças — Agradecer.

Pedir pela restauração (física ou espiritual) do irmão Fulano seria “deprecação”; pedir pela

preservação da igreja contra os ataques do inimigo seria “oração”; esforçar-se em oração por alguma

causa seria “intercessão”; e agradecer pelas orações respondidas seria “ações de graça”.

As várias expressões que descrevem a oração no v. 1 mostram-nos que a oração deve ser feita

inteligentemente, com entendimento. Devemos orar com o espírito, mas também orar com o

entendimento (I Co 14:15). Isto é, nossas orações não serão apenas um derramar das nossas almas

perante o Senhor, mas manifestarão uma atitude inteligente da nossa parte. Serão sinceras, partindo

do coração, mas inteligentes, controladas pela mente.

Isto aplica-se especialmente às orações públicas, que são o assunto deste trecho. Nas orações

particulares devemos nos estender o máximo possível, e teremos liberdade para mencionar qualquer

coisa perante o Senhor. Nas reuniões de oração da igreja, porém, oraremos com o entendimento. Há

certos assuntos que não devem ser mencionados nas orações públicas, e convém sermos

específicos, objetivos, claros, e breves, a fim de que todos os crentes saibam sobre o que estamos

orando e possam dizer o amém. É melhor levantar duas ou três vezes numa reunião de oração, cada

vez com um objetivo específico no coração, fazendo orações breves e específicas (poucos minutos

cada uma) do que orar apenas uma vez (por 10 ou 15 minutos) e pedindo por tudo que vier à mente.

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É muito fácil cairmos na rotina de orar com um tipo de “reza”, pedido sempre as mesmas coisas.

Devemos evitar isto a todo custo.

a.3. O alcance da oração (2:1c-2a)

Tendo nos mostrado a importância da oração (v. 1a) e a necessidade de orarmos com inteligência

(v. 1b), agora vemos o alcance das nossas orações. Por quem devemos orar? Só pelos irmãos, ou

só pelos nossos conhecidos? Não; devemos orar “por todos os homens”, sem qualquer distinção.

Isto não quer dizer que vamos mencionar, um a um, todos os habitantes do planeta, nem que vamos

orar, individualmente, por todos aqueles que conhecemos; isto seria impossível. Mas quer dizer que

não vamos deixar de orar, conscientemente, por nenhum ser humano. Se houver qualquer pessoa

sobre a face da Terra da qual eu disser: “Não orarei por este”, estou em contradição com o ensino

deste versículo. Devemos lembrar de Samuel, que ensinou-nos que deixar de orar por alguém é

pecar contra o Senhor (I Sm 12:23). Devemos ter a preocupação de orar pelos nossos familiares,

pelos nossos amigos, pelos nossos irmãos em Cristo, pelos nossos inimigos, pelas autoridades, etc.,

etc. — enfim, por todos os homens!

O NT nunca impõe à igreja a tarefa de ajudar o mundo com obras sociais e filantrópicas, mas sim,

orar pelo mundo e evangelizá-lo. As orações na igreja não devem limitar-se às nossas necessidades

pessoais, ou às da igreja, mas devem ter em vista, também, o mundo. Orando pelas autoridades

estaremos invocando o bem para o mundo. A melhor maneira da igreja participar da política deste

mundo é orando pelas autoridades constituídas, ou a serem constituídas. Parece que este é um

aspecto da oração que é um pouco negligenciado, mas sem dúvida é importante.

a.4. O resultado da oração (2:2b)

A seguir, temos o resultado deste exercício da oração: teremos uma vida quieta e sossegada, em

toda a piedade e honestidade. É importante enfatizar que isto é o resultado do exercício da oração,

e não o seu propósito. O ensino destes versículos é que devemos orar pela salvação das

autoridades (recebendo como conseqüência deste exercício uma consciência tranqüila), e não que

devemos orar por uma vida livre de perseguições. Veja, abaixo, as razões para esta afirmação.

J. Allen, no Comentário Ritchie vol. 12, diz que tudo depende do significado da conjunção traduzida

“para que”, que é hina no grego. Ela pode indicar, de acordo com o Léxico do NT Grego/Português

publicado pela Edições Vida Nova, “propósito, alvo, objetivo, a fim de que, para que” ou “resultado”.

Seu primeiro significado é mais conhecido; quanto ao segundo, vemos um exemplo claro em Jo 9:2:

“Quem pecou, este ou seus pais, para que (hina) nascesse cego?” Aqui vemos que nascer cego não

era o propósito ou alvo do suposto pecado dos pais daquele homem, mas sim um possível resultado.

Outro exemplo deste uso da conjunção é Gl 5:17.

Sugerimos que, aqui em I Tm 2, o sentido de hina é “resultado”, devido aos seguintes pontos:

� Oramos por homens (v.1), não por condições (favoráveis ou desfavoráveis);

� O v. seguinte diz que “isto é bom … Deus … quer que todos se salvem”. O contexto portanto

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indica orações pelos reis etc., pedindo a Deus pela salvação deles;

� Outras Escrituras confirmam que nosso alvo não é uma vida tranquila, livre de perseguição,

mas sim a salvação dos incrédulos. Veja At 4:29, notando o contexto. Estes, perseguidos, não

pediram que o governo mudasse de atitude, mas sim, que eles tivessem ousadia para falar —

isto é, para que homens sejam salvos. Se o Senhor disse: “No mundo tereis tribulações”, será

que podemos pedir condições para termos uma vida tranquila?

Sugerioms, então, que devemos orar pela salvação de todos (incluindo autoridades), e isto produz

dois resultados:

� Agrada a Deus (“isto é bom e agradável diante de Deus”);

� Dá-nos uma vida quieta e sossegada (não a salvação deles, mas o simples fato de orarmos

por eles nos deixa em paz com Deus e nossas consciências).

Talvez a extensão do v. 2 confunde um pouco esta interpretação. Em algumas traduções, parece

que o que agrada a Deus é uma vida quieta e sossegada, e não a oração. Fica mais fácil seguir o

raciocínio se colocarmos as frases secundárias entre parênteses:

“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de

graças, por todos os homens (pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que

tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade) porque isto é bom e

agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao

conhecimento da verdade”.

Devemos orar por salvação?

Alguém talvez pergunta: mas por que orar pela salvação dos incrédulos? Sabemos que Deus quer

salvá-los, e sabemos que Deus não os forçará a crer; então por que orar por eles? A salvação não

depende da decisão deles, usando seu “livre-arbítrio”? Por que pedir a Deus por algo que depende

do homem?

Há duas respostas a esta pergunta:

� Em primeiro lugar, apesar de o Senhor afirmar que nosso Pai sabe do que precisamos antes

que nós o pedimos (Mt 6:8), é agradável a Deus ver Sua igreja e Seu povo compartilhando os

Seus pensamentos e propósitos divinos. O incrédulo não consegue entender esta aparente

contradição: se Deus já sabe o que precisamos, pra que pedir? Ele sabe sim, mas Ele quer

ver em nós a preocupação com coisas espirituais das quais precisamos. Ele tem prazer em

nos dar o que precisamos, mas tem igualmente prazer em nos ver aproximando-se dEle para

pedir aquilo que Ele já sabe que precisamos. Qualquer pai ou mãe sabe o que é este

sentimento. A exortação bíblica é: “Pedi, e dar-se-vos-á” (Mt 7:7). Portanto, quando pregamos

o Evangelho mostramos nosso exercício físico para cumprir o propósito divino na salvação

das almas; quando oramos, mostramos o exercício do nosso coração e da nossa alma no

mesmo objetivo. Convém lembrar que o primeiro “exercício” sem o segundo é um exercício

inútil; o segundo sem o primeiro é um exercício hipócrita.

� Além disto, não é correto dizer que a salvação depende exclusivamente do homem; Deus não

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pode ser deixado de lado! Foi provavelmente Spurgeon quem disse: “Eu prego como um

Arminianista, mas oro como um Calvinista”. Quer dizer, ele reconhecia que o pecador tem

uma grande responsabilidade quanto à salvação, e que Deus jamais forçará alguém a crer

contra a sua vontade, mas também entendia que a salvação não é algo que está

exclusivamente nas mãos do pecador. Não é que Deus fez a Sua parte e agora está

passivamente observando o desenrolar dos fatos; Deus é quem salva, por isso oramos

diariamente pelos nossos filhos e amados. Oramos para que Deus possa salvá-los, mas

reconhecemos, é claro, que só serão salvos se eles próprios crerem. Ou seja: não tiramos

Deus da equação (como Armino), nem tiramos o homem da equação (como Calvino).

Seguindo a lógica até a última instância concordaremos ou com Armino (se o homem precisa

apenas crer numa obra já completamente feita, então Deus nem entra na equação) ou com

Calvino (se o homem está morto em seus pecados, e só Deus pode salvá-lo, então o homem

nem entra na equação). Mas não caímos nestes erros; cremos quando a Bíblia diz que quem

é salvo foi escolhido por Deus, e cremos quando ela afirma que Deus quer que todos sejam

salvos. Por isso, como disse Spurgeon, pregamos como se tudo dependesse do homem (e,

de certa forma, depende), e oramos como se tudo dependesse de Deus (e de certa forma,

depende).

a.5. O incentivo para oração (2:3-4)

Agora, no v. 3, temos um sublime incentivo neste exercício da oração. Já aprendemos para que orar

(para a salvação de pecadores); agora aprendemos por que orar: “Porque isto é bom e agradável

diante de Deus nosso Salvador”. As mesmas palavras ocorrem também no cap. 5:4, ligadas com o

testemunho das viúvas.

A razão deste agrado divino vemos no v. 4: Deus “quer que todos os homens se salvem …” É

agradável ao Senhor ver sua Igreja compartilhando os Seus pensamentos e propósitos divinos. Ele

quer que todos os homens sejam salvos, e Ele tem prazer em nos ver repartindo este sentimento, e

orando pela salvação dos incrédulos.

Temos um contraste com tudo isso na experiência de Jonas. Ele, enfim, foi e pregou em Nínive. Mas

no cap. 4 lemos: “desgostou-se Jonas extremamente disso, e ficou todo ressentido” (v. 1). Naquele

capítulo o Senhor ensina a Jonas sobre os Seus sentimentos divinos de amor e misericórdia com os

pecadores em Nínive, e repreende Jonas por não compartilhar esses sentimentos.

Que tenhamos a mesma compaixão que teve nosso Senhor, sabendo que com isto Deus se agrada.

Algumas expressões nestes versículos merecem alguns comentários a mais:

“Nosso Salvador“

Ao usar estas palavras o Espírito Santo nos mostra que o propósito e a provisão da salvação vem de

Deus, e lembra-nos que estamos orando por salvação para um Deus que já mostrou-Se pronto e

capaz para salvar, pois Ele é nosso Salvador. Não é o Juiz que nos manda orar pela salvação de

todos os homens; é nosso Salvador, que quer que todos sejam salvos.

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Três das 19 vezes em que Deus é chamado “Salvador” no NT estão em I Timóteo, e três em Tito.

Como foi sugerido no estudo de I Tm 1:1, há uma relação entre estas ocorrências, que é mais uma

das inúmeras provas da inspiração perfeita da Bíblia:

� O mandado de Deus, nosso Salvador (1:1 e Tt 1:3), que constituiu Paulo apóstolo (I Tm 1:1)

e confiou-lhe a pregação (Tt 1:3);

� A doutrina de Deus, nosso Salvador (2:3 e Tt 2:10), que nos manda orar (I Tm 2:3) e sermos

submissos (Tt 2:10);

� A benignidade de Deus, nosso Salvador, que é o Salvador de todos os homens (I Tm 4:10),

salvando-nos “segundo a Sua misericórdia” (Tt 3:4).

Quão precioso lembrar que Deus é nosso Salvador!

“pleno conhecimento da verdade“

Paulo refere-se à “verdade” quatro vezes nesta carta (2:7; 3:15; 4:3; 6:5), e duas vezes em sua

segunda carta (2:15; 3:8) e várias outras vezes em outras epístolas. Na maioria das citações ele

refere-se ao Evangelho. O que ele (Paulo) quer dizer neste versículo? Será que “vir ao conhecimento

da verdade” é algo mais do que ser salvo? J. Allen, no Comentário Ritchie vol. 12, diz que o fato de

“verdade” não ser precedido de um artigo (no original) indica que trata-se da qualidade ou essência

da verdade, não aspectos individuais desta verdade. Isto é, é o desejo de Deus que o pecador deixe

a esfera da mentira e venha para a esfera da verdade.

Isto não quer dizer que, ao se converter, o cristão tem “pleno conhecimento” de tudo o que se pode

saber. Este pleno conhecimento, este “saber tudo”, pode se referir à nossa posição em Cristo Jesus,

“em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl.2:3). Ao

entrarmos nesta esfera da “verdade” pela experiência da Salvação, haverá ainda terreno para nos

inteirarmos cada vez mais dela. “Pleno conhecimento” significa que a Salvação que recebemos é

completa, totalmente esclarecedora quanto aos propósitos divinos. Mas cremos que durante toda a

eternidade vamos penetrar ainda mais nessa “verdade”.

a.6. A base do direito de oração (2:5-7)

O Mediador — v. 5

Já temos pensado na importância de orar segundo a mente divina na questão da salvação dos

homens. Os versículos seguintes mostram-nos um pouco da profundidade deste propósito divino de

salvar almas.

O v. 5 é profundo. Temos nele o mistério do Deus que Se fez carne. Notemos a ordem: todos os

homens, um só Deus, um só Mediador entre Deus e os homens. De um lado, todos os homens em

seus pecados; de outro lado um Deus santo, cuja justiça foi ofendida. Entre os dois interpõe-se um

capaz de representar ambos os lados numa negociação de paz. Para isso Ele precisava ser Deus, e

precisava ser homem. A salvação do homem perdido exigia que o Mediador tivesse a natureza e

atributos tanto dAquele para quem age, como também participasse da natureza daqueles por quem

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age (fora o pecado); somente possuindo divindade e humanidade era possível para Ele abranger

tanto os requisitos do primeiro como as necessidades do segundo.

Além disso, os requisitos e as necessidades somente podiam ser atendidos por Um que, tendo Ele

próprio evidenciado estar isento de pecado, pudesse oferecer-se a Si mesmo como sacrifício

expiatório por parte dos homens. Singularidade é o que Paulo enfatiza em suas palavras.

Singularidade de um Deus, singularidade de um Mediador. Singularidade se vê também na obra

redentora: “O qual se deu a Si mesmo em preço de redenção por todos”. Nunca houve um Mediador

assim! Um que não apenas pleiteasse a causa humana, mas que tomasse Ele mesmo o lugar do

pecador.

Note que há um só mediador — só o Senhor Jesus tem a “credencial” do Pai para poder representá-

Lo a nós e nos apresentar a Ele. Ninguém mais pode fazer isso. Quem se propõe fazer isso é

mentiroso, e quem confiar em outro estará sendo enganado. Este versículo é uma ótima referência

contra a mariolatria e os pedidos que são feitos aos santos.

Note a palavra “homem” — a natureza humana era necessária para Seu oficio medianeiro, porque

assim, por Sua própria experiência, Ele sabe quais são os sofrimentos e as fraquezas existentes no

homem. “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do

Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). O Senhor Jesus tornou-se homem, mas

nunca abriu mão de Sua divindade. Jamais poderia ter sido Mediador entre Deus e os homens se

não fosse Deus e Homem.

Nunca é demais enfatizar a perfeita divindade do Homem Jesus, e a perfeita humanidade do Deus

Cristo. Deus foi deitado numa manjedoura, trabalhou numa carpintaria, morreu numa cruz; há um

Homem hoje assentado no trono nos céus, recebendo a adoração celeste.

Que contrastes sublimes há na Bíblia. Um Homem dormindo num barquinho, tão cansado que nem

mesmo uma tempestade O acorda; na mesma hora, Deus, ainda no barquinho, Se levanta,

repreende o vento e mar, e eles O obedecem! Um Homem se assenta ao lado de um poço, cansado

de uma viagem; logo em seguida, Deus, ainda ao lado do poço, oferece a vida eterna a uma mulher

pecadora! Diante do que não podemos entender, nos curvamos e adoramos!

A redenção — v. 6

O grande assunto do v. 6 é a redenção. Aprendemos quatro verdades sobre a redenção:

� Ela foi voluntária — “se deu a Si mesmo”, isto é, por Sua livre e espontânea vontade, por Seu

grande amor e em obediência aos decretos de Deus. Isto descarta a idéia de que o Senhor

Jesus é um mártir. Neste sentido, porém, como entender as palavras do Senhor em Lc 2:42:

“Pai, se queres, passa de Mim este cálice…”? Uma explicação interessante é dada por C. H.

Macintosh em seu livro Estudos sobre o livro de Levítico, págs.10-11: “O bendito Senhor

Jesus não podia, com estrita propriedade, ser apresentado como aquele que desejava ser

feito pecado — desejar sofrer a ira de Deus e ser privado da vista do Seu rosto; e, neste fato,

por si só, aprendemos de maneira mais evidente, que o Holocausto não representa Cristo

sobre a cruz levando o pecado, mas, sim, Cristo sobre a cruz cumprindo a vontade de Deus.

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Que Cristo mesmo contemplava a cruz nestes dois aspectos (holocausto e sacrifício pelo

pecado) é evidente pelas Suas próprias palavras. Quando contemplou a cruz como o lugar

onde foi feito pecado — quando previu os horrores que, sob este ponto de vista, ela

encerrava, exclamou: 'Pai, se queres, passa de Mim este cálice' (Lc 22:42). Fugia daquilo que

a Sua obra, por ter de levar sobre Si o pecado, comportava. A Sua mente santa e pura fugia

ao pensamento de contato com o pecado; e o seu terno coração fugia da idéia de perder por

um momento a luz do semblante de Deus. Porém a cruz tinha outro aspecto. Aparecia à vista

de Cristo como uma cena em que Ele podia revelar plenamente os segredos profundos de

Seu amor ao Pai — um lugar onde podia, 'de Sua própria vontade', tomar o cálice que o Pai

lhe havia dado e esgotá-lo plenamente”. A morte de Cristo é vista nos dois aspectos dos

sacrifícios levíticos. Quando o Senhor Jesus diz: “Passa de Mim este cálice” temos o aspecto

do Sacrifício pelo Pecado; quando Ele diz: “Não se faça a Minha vontade, mas a Tua”, temos

o aspecto do Holocausto.

� Foi feita mediante um alto preço — o preço foi o Filho Unigênito do Pai. A palavra

“redenção” (antilutron) é uma palavra que é usada apenas aqui no NT. Significa “dar a própria

vida por” ou “em lugar de”. Aqui Paulo usa a palavra anti juntamente com a palavra “resgate”,

lutron, que encontramos também em Mt 20:28 e Mc 10:45, “dar a Sua vida em resgate de

muitos”. O preço pago para nossa redenção não foi prata ou ouro, mas o precioso sangue de

Cristo (I Pe 1:18-19).

� Seu alcance é universal — “por todos”. Mas como entender isto? Nem todos são resgatados,

então como pode ser universal? É universal no sentido que torna possível ao mundo inteiro

ser salvo. “Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas

também pelos de todo o mundo [lit., “mas também por todo o mundo“]” (I Jo 2:2). Isto não

significa que todo o mundo esteja salvo, pois há uma responsabilidade pessoal da parte do

homem de aceitar a provisão divina efetuada na cruz. Pensando nisto podemos perguntar: É

certo dizer ao incrédulo que Cristo morreu em lugar dele? Parece que isto não é correto —

não vemos isso na pregação bíblica. Paulo disse: “Cristo morreu por nossos pecados”

dirigindo-se a crentes em Cristo. Somente aquele que já serviu-se da obra consumada na

cruz, e já identificou-se com o Salvador crucificado em Sua morte, pode dizer: “Cristo morreu

por meus pecados”. Só é correto dizer que Cristo morreu “em lugar de” alguém que ainda não

é salvo se usamos a expressão “em lugar de” no sentido de “para tornar possível a salvação

de”; como 99% dos ouvintes, porém, entenderiam esta frase por “como substituto de”, é

melhor não usá-la. O pecador pode raciocinar: “se Cristo morreu em meu lugar, então minha

dívida já está paga, e eu já sou perdoado”, o que realmente não é verdade. Cristo é, em

potencial, o Salvador do mundo, o Substituto que Deus escolheu para a salvação de todos.

Ele só salva, só substitui, porém, aquele que crê. O preço que Ele pagou é suficiente (e com

ampla sobra) para salvar todos, mas só os que crêem são efetivamente salvos. No instante

em que o pecador crê, Deus considera a morte de Cristo como tendo valor também para

aquele pecador, e ele agora pode dizer: “Cristo morreu em meu lugar, morreu pelos meus

pecados, é o meu Salvador e meu Substituto”.

� Seus efeitos são notórios — “…para servir de testemunho a seu tempo” (ou, “em tempo

oportuno”, conforme o sentido do grego, idiois kairos). Há divergências entre alguns

comentaristas sobre o sentido dessa frase. Alguns interpretam no sentido de que os apóstolos

deram seu testemunho em sua própria época. Outros acham que significa que o Senhor

Jesus deu-se a Si mesmo na hora indicada pelo plano divino. Este último ponto de vista é o

apresentado por J. Allen, no Comentário Ritchie vol. 12, pág. 66: “O grande ato de sacrifício,

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quando Cristo se deu a Si mesmo em resgate por todos, realizou-se no tempo, no momento

apropriado fixado por Deus. A palavra 'tempo' (kairos) chama a atenção para a exatidão e a

conveniência do tempo, de acordo com o calendário de Deus.” Sem dúvida, a morte de Cristo

foi um cumprimento daquilo que o Pai planejara, porém parece que a idéia principal aqui é

que esta redenção deve ser proclamada a todos, pois o versículo seguinte diz que foi para isto

(para que a redenção sirva de testemunho) que Paulo foi constituído apóstolo. Podemos

aprender aqui que Deus quer que as verdades gloriosas da redenção sejam proclamadas a

todos.

O apóstolo — v. 7

“… para o que …” — Esta expressão liga este versículo com o anterior. Paulo foi constituído

apóstolo para dar testemunho da grande redenção efetuada por Cristo.

“… digo a verdade em Cristo, não minto …” — Sempre havia pessoas que punham em dúvida o

ministério do apóstolo, e talvez seja esta a razão que leva o Espírito Santo a acrescentar estas

palavras neste contexto. Tudo que Paulo escreveu foi recebido do Senhor, inspirado por Ele.

Nenhuma sílaba de todas as epístolas do Novo Testamento (e de todos os livros da Bíblia, por sinal)

é palavra humana; tudo está lá porque Deus escreveu. Não podemos fazer distinção entre algumas

partes das Escrituras. Neste caso de I Timóteo, certamente foi Deus quem levou Paulo a defender

seu apostolado com tanta firmeza. Paulo escrevia a verdade, não mentindo; porém o Senhor levou

Paulo a acrescentar estas palavras, “não minto”. Quanto ao uso de expressões como “digo eu, não o

Senhor”, Paulo apenas indica que está revelando algo que o Senhor não revelou enquanto esteve

aqui na Terra, enquanto que as outras coisas naquele mesmo capítulo 7 de I Coríntios eram coisas

que o Senhor já ensinara aos homens. Mas o capítulo inteiro (e a Bíblia inteira) é a palavra de Deus,

e tem a mesma autoridade.

“…fui constituído…” — Jim Allen (Comentário Ritchie vol. 12) alerta-nos para o erro de tradução

desta palavra “constituído”, que poderia errôneamente indicar uma ordenança eclesiástica. A ARA

usa uma palavra mais correta: “designado”. O original usa um verbo que se traduz como

“colocar” (tithemi).

“… pregador …” — (keruz) significa mensageiro, ou aquele que anuncia. A obra redentora do

Calvário não era uma doutrina criada por Paulo. Ela nasceu no coração de Deus e foi efetuada pelo

Senhor Jesus Cristo. Paulo apenas foi designado por Deus para transmitir a outros esta boa notícia

de salvação, o que ele fez com fidelidade. “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me

gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (I Co 9:16).

Alguém disse: “Antes que saiamos a semear, devemos encher o saco de sementes”. Perguntemo-

nos: todos já temos sementes no saco?

“… apóstolo …” — (apostolon) conforme já pensamos no cap.1:1, Paulo foi escolhido e nomeado

pessoalmente pelo Senhor Jesus. É isso que significa ser apóstolo. Da mesma forma que o Senhor

Jesus veio pregar a palavra do Pai que o enviou (Jo 3:34), Paulo também deveria pregar a palavra

de Cristo que o enviara. A palavra indica também a autoridade de Paulo. O Evangelho que Paulo

anunciava havia sido recebido da própria boca do Senhor. “Porque primeiramente vos entreguei o

que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados segundo as escrituras” (I Co 15:3). Não

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devemos chamar alguém de “apóstolo” hoje (ou missionário, ou obreiro, etc). Os apóstolos foram

servos com autoridade especial num período especial, mas já se foram.

“… doutor …” — (didaskalos) aquele que ensina. Paulo era responsável não apenas para pregar,

mas também ensinar aqueles a quem pregava, conforme o mandamento do Senhor Jesus na grande

comissão de Mt 28:19-20: “Portanto ide, ensinai todas as nações … ensinando-as a guardar todas as

coisas que Eu vos tenho mandado …” É bom lembrar que o discipulado não está somente sobre os

ombros daqueles que tem o dom de ensino. Se um irmão que não tem o dom de ensinar, sabe sanar

uma dúvida de um outro irmão duvidoso, de acordo com a Palavra, e assim o faz, não estaria ele

também discipulando?

a.7. A ocupação em oração pública (2:8)

É interessante observar que este trecho (2:1-8) inicia com oração e termina com oração, reforçando

a ênfase dada à oração neste trecho — oração deve ser “antes de tudo”, como lemos no v.1. Como

é destacado no Comentário Ritchie vol. 12, escrito por J. Allen, este versículo responderá a três

perguntas sobre a oração pública nas reuniões da igreja: quem, onde, e como.

Quem deve orar nas reuniões públicas da igreja?

A palavra usada por Paulo aqui é aner, que quer dizer “varão”, um ser humano do sexo masculino, e

não anthropos, que fala da humanidade em termos gerais, e que foi usada nos vs. 1 e 2. Devemos

orar por todos os homens (isto é, por todos os seres humanos, homens e mulheres de toda tribo,

povo, língua e nação); o ensino deste versículo 8, porém, é especificamente para os varões.

Irmãos, convém destacar o contraste apresentado neste capítulo. As instruções para as irmãs nas

reuniões da igreja virão depois (a partir do v. 9) — aqui, porém, temos instruções para os varões.

Oração nas reuniões públicas da igreja local é responsabilidade exclusiva dos varões (o sexo

masculino).

Irmãos, pensem na sua responsabilidade. Quantas irmãs em comunhão com Deus sofrem enquanto

ouvem irmãos carnais orando, irmãs que poderiam orar com muito mais eficácia do que eles. Elas

permanecem em silêncio não porque não sabem orar, mas porque obedecem a Deus. Os irmãos

que oram, porém, precisam entender quão grande é sua responsabilidade.

Onde estes varões devem orar?

A resposta clara do trecho é: “em todo lugar”. Se afirmamos acima que o ensino deste trecho refere-

se às reuniões públicas duma igreja local, como entender então esta expressão? Comparando as

suas outras ocorrências no NT (ocorre apenas mais três vezes: I Co 1:2, II Co 2:14 e I Ts 1:8)

podemos concordar com J. Allen quando ele sugere que esta frase “tornara-se quase que um termo

técnico, nos escritos apostólicos, para descrever o lugar de reunião dos santos”. Em outras palavras,

é como se o Espírito Santo dissesse através de Paulo: “Quero que os varões orem em qualquer

lugar onde a igreja esteja reunida. Seja numa casa particular (como em Rm 16:5), seja numa escola

pública (como em At 19:9), o lugar físico não importa. Qualquer que seja o lugar, o exercício será o

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mesmo — varões irão orar”.

Como estes varões devem orar?

O trecho diz: “levantando mãos santas, sem ira nem contenda”. A oração é um exercício importante,

que exige um comportamento adequado por parte daquele que ora. Consideremos os três elementos

desta instrução.

Levantando mãos santas

Como devemos entender estas palavras? É necessário que os irmãos que oram levantem

literalmente as mãos, ou não?

O consenso dos irmãos foi que o sentido é figurativo. Podemos entender ser isso uma maneira de

descrever o espírito com que se deve orar, ou seja, aqueles que oram devem fazê-lo com a

consciência de sua necessidade; com a convicção de que Deus é o doador, e nós os recebedores;

devemos ser suplicantes ao Senhor (o ato de levantar as mãos, como para pedir e receber).

Podemos afirmar que a expressão é figurativa pelas seguintes razões:

� O uso desta mesma expressão em Hb 12:12 é claramente figurativa, mostrando-nos que a

figura era conhecida naqueles tempos. “Levantar as mãos” está relacionado com algum

serviço a ser feito. Quem está desanimado tem as mãos caídas (figurativamente), quem está

levantando as mãos está dispondo-se ao trabalho;

� Seria uma contradição com todo o resto do ensino do NT sugerir que há algum ritual

necessário para a oração. Nunca vemos uma sugestão na Bíblia sobre a posição correta para

se orar (em pé, sentado, ajoelhado, de olhos fechados ou não [veja Nota 1], etc.). O que o NT

destaca é que o ritualismo associado à velha aliança deu lugar à liberdade e simplicidade da

nova. Ao orarmos devemos nos preocupar, sim, com a ordem que Deus estabeleceu e que é

vista na posição relativa de irmãos e irmãs (isto é, só os irmãos oram) e com a reverência e

santidade do nosso coração. Preocuparmo-nos com a postura ou o vestuário, porém, seria

estranho nesta dispensação.

Também convém destacar o outro lado da moeda — não há nada de errado em levantar as mãos, se

um irmão sente que deve fazê-lo (se alguém não gosta, feche os olhos). Apesar de não ser errado,

porém, talvez não convém, pois poderia distrair alguém desnecessariamente, ou chamar a atenção

àquele que ora.

Além disto, existem aqueles que levantam as suas mãos durante as reuniões hoje em dia, mesmo no

meio da congregação e quando estão cantando um hino de louvor. Afinal, que significa? Não

encontramos qualquer base bíblica para essa prática. Certamente nada tem a ver com este

versículo, que trata apenas daquele que dirige uma oração em público, seja de louvor, adoração ou

intercessão.

Concluindo: não há nenhuma restrição ou mandamento quanto à nossa postura durante as orações

no NT. A expressão “levantando mãos” aqui não deve ser entendida como um mandamento para se

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fazer literalmente isto. A posição do nosso corpo (em pé, sentados, etc.) ou de nossas mãos

(levantadas ou não) é irrelevante. Apenas devemos usar de bom-senso, mantendo os olhos

fechados e numa postura que atrairá o mínimo de atenção a nós mesmos.

A ênfase, portanto, está no fato de que estas mãos devem ser santas. Isto é, para dirigirmos a igreja

em oração devemos ter confessado e deixado o pecado (Pv 28:13) a fim de estarmos gozando de

comunhão com o Senhor, para que Ele nos ouça! Muitas vezes, o silêncio da parte de Deus diante

das nossas orações é devido a pecados não confessados (veja Is 1:15). Publilius Syrus disse: “Deus

quer mãos limpas, não mãos cheias”. Jó 17:9 e Sl 24:3-4 confirmam isto.

Sem ira…

Já experimentou orar por alguém tendo, no coração, raiva por esse alguém? É como tentar empurrar

uma carreta carregada de aço! Aqueles que oram aproveitam-se de um grande privilégio, mas

carregam uma grande responsabilidade!

…nem contenda.

Podemos considerar a ira como algo interno, e contenda como sendo a manifestação externa. Ira

seria a causa, contenda o efeito. Não posso orar a Deus se guardo ira, raiva ou ódio no coração por

algum irmão ou irmã — da mesma forma, não posso usar a oração como uma forma de contender

com meus irmãos. A oração é a Deus, não aos homens — lembremo-nos sempre disto.

Concluindo…

Este versículo, portanto, nos dá diversas instruções importantes sobre a oração pública nas reuniões

da igreja. Quem deve orar? Os varões (que privilégio — que responsabilidade!). Onde estes devem

orar? Em qualquer lugar em que a igreja se reúne. Como devem orar? Com a máxima reverência e

santidade, entendendo que estão na presença dum Deus santo e majestoso

continuará

Notas de Rodapé [nota 1] Creio ser extremamente sábia a prática que temos de orar com os olhos fechados, pois

assim evitamos ter nossa atenção desviada. Nossos olhos estão constantemente levando centenas

de informações por minuto ao nosso cérebro, e isto é útil quando conversamos com alguém.

Olhamos nos seus olhos e vemos as suas reações ao que dizemos. Quando estamos orando,

porém, falamos com Deus, a quem não podemos ver. Ficar com os olhos abertos só ajuda a nos

distrair. Portanto, sugiro que é muito mais sábio quem mantém os olhos fechados ao orar. Não por

que é mandamento bíblico, mas por simples questão de bom senso. [voltar ao texto]

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