o poder do mercado de aplicativos

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92 > FRONT | WIDE | 1 Fonte de inspiração para os seus negócios R$ 11,90 ANO 8 . N 92 . SETEMBRO/OUTUBRO 2012 WWW.REVISTAWIDE.COM.BR O que você precisa saber para não ficar de fora das atualizações no mundo dos apps O Poder do mercado de aplicativos

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PDF da Revista Wide, edição de setembro,com participação da Agência Enken e entrevista de Adriana Mazarino sobre o mercado de aplicativos. (pág 46).

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Fonte de inspiração para os seus negócios

R$ 11,90

ANO 8 . N 92 . SETEMBRO/OUTUBRO 2012

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O que você precisa saber para não fi car de fora das atualizações no mundo dos apps

O Poderdo mercado de aplicativos

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ed92Di re ção GeralAdriana Melo

Direção de Redação Thiago Almeida

Projeto Gráfi coTabaruba Design

Direção de Criação e Ilustração Camila Oliveira

Ilustração (colaboração)Carolina Vigna-Marú

PublicidadeRenato Maia

Marketing David Costa Lima

TecnologiaNeilton Silva

FinanceiroGeraldo Magela

EventosKarina Maury

Revista Widewww.revistawide.com.br

Versão para eReaderswww.revistawide.com.br/ereader

Arteccom www.arteccom.com.br

CTP, Impressão e Acabamento IBEP Grafi ca

www.ibepgrafica.com.br

Produção digital www.kahek.com.br

FC Comercial e Distribuidora S.Awww.chinaglia.com.br

A Arteccom, consciente de sua

responsabilidade ambiental e social,

utiliza papéis com Certificação CERFLOR

para impressão desta revista.

FALE CONOSCO

Assine a Wide: www.revistawide.com.br

Atendimento: [email protected]

Publicidade: [email protected]

Redação: [email protected]

EDITORIAL

A ficha caiu...Outro dia, quando surgiu a notícia de que deveríamos acres-

centar o dígito 9 antes dos números de celular com DDD 11,

eu já estava pronta para alterar manualmente todos os meus

contatos de São Paulo. Prestes a iniciar minha árdua tarefa, um

amigo disse “É só baixar o aplicativo”. A fi cha caiu: tem aplicati-

vo para tudo! Aliás, havia uns 10 aplicativos já disponíveis apenas para essa função. Baixei o mais bem avaliado e pronto, problema resolvido em segundos.

Se por um lado, enxergamos muitas necessidades satisfeitas

por meio de aplicativos, por outro lado, vimos quantas ainda

podem ser atendidas, de forma melhor, mais rápida, mais efi caz.

Discutimos esse tema há pouco mais de um ano. Porém,

naquela época, tratava-se de algo embrionário. Hoje, perce-

bemos o quanto esses aplicativos se popularizaram, mas o

mercado ainda está engatinhando. Por isso, resolvemos fazer

nossa matéria de capa sobre como as empresas estão come-

çando a explorar as oportunidades.

Além dessa reportagem superinteressante, essa edição é mui-

to importante para a Arteccom por outro motivo também... É

hora de parabenizar todos os participantes do Peixe Grande

(pág. 14)! Acompanhamos desde 2004 a produção de várias

agências, profi ssionais e blogueiros, e o mais bacana é conferir

a planilha de votação do júri e ver que alguns que participam

do Prêmio há anos, com o tempo vão conquistando suas vi-

tórias. Então, espero que o resultado desse concurso sirva também de aprendizado e inspiração para os leitores. Confi ram que características serviram como diferen-ciais para os sites vencedores angariarem seus pontos. Que essa avaliação, feita pelos maiores especialistas do mer-

cado, e suas dicas, sirvam para a criação e o desenvolvimento

de outros grandes cases de sucesso no país. Então, parabéns

aos vencedores e a todos os participantes!

Para fi nalizar, um agradecimento especial ao Raphael Vascon-

cellos, que este ano integrou a equipe do Facebook e nos con-

cedeu uma entrevista exclusiva. Acompanhamos há anos sua

carreira, seus projetos e é um orgulho muito grande para nós,

da Arteccom, saber que esse grande profi ssional vem crescen-

do cada vez mais, não deixando, porém, de disseminar seu co-

nhecimento e inspirar outros profi ssionais.

E espero vocês no #wob2012!

www.facebook.com/wobconference

Boa leitura e bons negócios!

Adriana Melo

[email protected]

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E-MAILS E TWEETS > 06Inovação & Negócios > 07

FIQUE POR DENTRO > 08Notícias, Blogs, Métricas,

Agenda, Livros, Direito na web,

Internacional, Wide Thinking

Design> p. 14ESPECIAL > 14PEIXE GRANDE Saiba quais são os melhores

sites brasileiros de 2011

ENTREVISTA > 34Você é um líder criativo?

Conheça o perfil desse

profissional

COLUNAS > 38Aqui, ali, em qualquer lugar:

Michel Lent, Internacional:

Julius Wiedemann,

Ilustração: Carolina Vigna-

Marú, Design de interação:

Amyris Fernandez,

CAPA

O mercado de aplicativosO que você precisa saber para não ficar de fora do mercado de apps

46

Os links citados nesta edição estão reunidos na página principal do site da revista. Acesse www.revistawide.com.br.

A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor

dos anúncios publicitários.

Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.

Marketing> p.78 REPORTAGEM > 78Inovação em Marketing

Digital nas agências e

empresas brasileiras

CAMPANHA> 84Guaraná Antarctica e DM9DDB em ritmo de aplicativo “ex my-love”

ENTREVISTA > 86Raphael Vasconcellos, o novodiretor criativo do Facebook

COLUNAS > 89 Web fora da caixa: René de Paula, Marketing de Conteúdo: Bruno Rodrigues

E-Commerce > p. 92 ENTREVISTA > 92Ideais e a sua experiência em e-commerce para grandes empresas

OPINIÃO > 96A Classe C descobre o e-commerce

ESPECIAL NATAL > 100Grandes e-commercesbrasileiros preparados para o Natal 2012

ENTREVISTA > 104Walmart Brasil e o e-commerce: uma dupla de sucesso

COLUNAS > 107Web & Business: Roberto Wajnsztok e Rafael Esberard, E-commerce: Mariano Faria

Tecnologia> p. 58 REPORTAGEM > 58Brasil: cenário promissor

para startups e investidores

ENTREVISTA > 66Zeno Rocha, da norte-

americana Liferay, revela

o futuro da web

com HTLM5

ESTUDO DE CASO > 70Startup Dev: a experiênciade seus negócios digitais emdois dias

COLUNAS > 74Segurança: Anderson

Tamborim, Tableless: Diego

Eis, Mercado de TI: Paulino

Michelazzo

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Sugestões dadas por meio dos e-mails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.

E-mails e Tweets

Jonathan Lamim Antunes Cada dia que passa

sinto que o investimento a ser feito para

participar do WOB 2012 vai valer a pena...

Parabéns Arteccom pelo excelente trabalho

que está sendo feito!

Cristiano Santos E o #WOB2012 está tomando

forma, e promete ser um graaaaaande

evento. Centro de Convenções Sul América

"vai ficar pequeno"!!!

Bruno Pacheco O #WOB2012 será um

sucesso!

Nelson De Oliveira Neto

Ihull! WOB - Wide Open Business Conference

ai vou eu!!! ;D

Primeiramente, como design gráfi co, gostaria de parabenizar a revista Wide pela diagramação perfeita. Segundo, como gestor, gostaria de parabenizar pelo conteúdo incrivelmente interessante e variado, em um texto e linguagens jovens, dinâmicas e com vontade de ler tudo de uma vez. Agora não preciso mais comprar diversas revistas do meu interesse. A WIDE já tem tudo que procuro. BRUNO GOBBI

[email protected]

Bruno, a equipe Arteccom agradece seu e-mail. Esse retorno é sempre muito gratifi cante. Vamos continuar no fi rme propósito de trazer sempre con-teúdos ricos e relevantes a todos os nossos leitores.

Quero parabenizar a equipe pelo excelente trabalho na publicação da revista. Conheci a Wide no início do ano e desde então virei leitor assíduo, assim como admirador do serviço incrível que vocês fazem. Somente uma empresa séria tem em sua missão compreender, informar e principalmente agir para sanar as necessidades de diferentes áreas do mercado nacional. Sou muito grato pela atenção e, principalmente, pela evolução e diferença que o conteúdo de vocês faz na minha vida profi ssional.NATAN TOMÉ

[email protected]

Palavras como as suas, Natan, nos inspiram todos os dias. Ficamos felizes por ter a confi rmação de que nossa missão está sendo cumprida – que é ser fonte de inspiração para os seus negócios. A equipe Wide agradece o reconhecimento.

E-MAILS [[email protected]]

#WOB2012 NAS REDES SOCIAISWIDE INDICA I PORTFÓLIO FREELANCER

Quer ter seu portfólio publicado e indicado pela

Wide? Faça como Brenner Cruvinel, que cadastrou

seu trabalho no site da revista: Menu/Cadastre seu

portfólio. Aguardamos seus bons materiais!

NOME: BRENNER CRUVINELEMAIL: [email protected]: WWW.IDEIAS.CC

Page 9: O Poder do mercado de Aplicativos

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INOVAÇÃO & NEGÓCIOS

UNIVERSOS PARALELOS E O BIG-BANG DE IDEIAS

Alexandre Cezário Diretor Executivo da TV1.Com

Formado em Administração de Empresas com ênfase em Análise de Sistemas, Pós-Graduado em Marketing na ESPM e especializado em Tecnologia

da Informação na Fundação Getulio Vargas, Alexandre Cezário é Diretor Executivo da TV1.Com desde julho de 2011. Vindo da Propeg, onde fi cou por

dois anos ocupando o cargo de Diretor Digital, Cezário já havia trabalhado no Grupo TV1 de 2007 a 2009, como Gerente de Novos Negócios.

Dentre os temas da atualidade, o que acho mais fascinante vem da física quântica, ci-ência que rompe velhos paradigmas da físi-ca tradicional e traz novas perspectivas so-bre o nosso universo. A mais interessante é a Teoria-M, que unifica diferentes teorias e afirma que tudo, matéria e campo, é for-mado por membranas (ou “branas”), e que o universo flui por meio de 11 dimensões. Teríamos, então, quatro dimensões que entendemos facilmente – altura, largura, comprimento e tempo – e sete dimensões mais difíceis de compreender, atribuídas por outras propriedades, como massa e carga elétrica. Sendo assim, a ideia de que o universo que se pode observar é só uma parte da realidade física acabou dando luz à definição do conceito de multiverso.

Nessa teoria, o que mais me chamou atenção foi saber que a colisão de branas, sob o ponto de vista das quatro dimensões, tem a aparência de um big crunch seguido de um big bang. Mas o que tudo isso tem a ver com nossa coluna de Inovação e Negócios? Tem tudo a ver sim! Posso garantir que vejo múl-tiplos universos nos corredores do Grupo TV1, assim como há em quase todas as empresas, de qualquer setor de atuação e não apenas as de comunicação e marketing. Por aqui, existem profi ssionais especializados em audiovisual, relações públi-cas, publicidade, marketing, tecnologia, criação, redação, gestão de projetos, eventos, entre outros novos universos em ascensão, incluindo especialistas em redes sociais e especia-listas em mensurar o desempenho de campanhas digitais.

Ou seja, até aqui foi possível dar um exemplo de que nossa via-gem pela Teoria-M tem um paralelo nesse ambiente em que convivo, dentro de uma agência digital: coincidentemente, citei 11 universos paralelos. E o que pode acontecer quando

aproximamos esses universos paralelos? Teremos justa-mente o mesmo fenômeno: primeiro um big crunch de visões, seguido por um big bang de ideias. E é nesse big bang que está o grande diferencial de nosso negócio – o enorme desafi o de integrar da forma mais efetiva tantas áreas da comunicação.

Fazer com que estas colisões sejam criativas, harmônicas e produtivas só é possível se desenvolvermos lideranças que tenham a consciência de que o aprendizado e a inovação estão no encontro destes múltiplos universos, ou no multi-verso. Também é necessário entender que os velhos chavões herdados da economia industrial não servem mais, como por exemplo, “o bolo é um só, quando você leva uma fatia maior, outros levam fatias menores”. Quando as dimensões coli-dem, esta explosão é sinônimo de um universo em expan-são, e neste novo paradigma o bolo não existe, o que existe são novas oportunidades onde todos, na verdade, podem ter quantos bolos quiserem.

Neste novo cenário, com novos modelos que não surgem do dia para noite, devemos nos libertar cada vez mais de velhos com-portamentos ao invés de sustentar um discurso repetitivo e mecânico. Isso signifi ca que devemos buscar inovação ao invés de investir somente na segurança que os controles da empresa nos trazem, e devemos também aprender a avaliar os riscos das

inovações que buscamos. Precisamos, ainda, mudar a cultura e o clima da companhia e dos cola-boradores por meio das lideranças, jogando fora as energias ultrapassadas da competição interna pela sobrevivência por uma renovada era de cooperação – tudo em busca das possibilidades que geram abundância e meritocracia.

Nas salas da TV1.Com, por exemplo, promovemos gran-des mudanças em pouco tempo. Alguns memes que lan-çamos em nossas reuniões foram “menos ego, mais trip” e “DesapEGO”, justamente para provocar essas colisões harmô-nicas e produtivas entre nossas diversas disciplinas. Quando você andar pelos corredores da empresa em que trabalha, observe essas dimensões, saia da primeira pessoa e tente ver estas dimensões invisíveis, analise mais sob a ótica da ter-ceira pessoa e menos pelo ego, e vislumbre o multiverso de perfi s de profi ssionais. Tenho certeza de que a saída para seus problemas está justamente no encontro delas.

Page 10: O Poder do mercado de Aplicativos

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Fique por dentro

NOTÍCIAS

85%O domínio do Android e do iOS entre os smartphones já é tão grande

que quase não sobra espaço para outras plataformas. No segundo tri-

mestre deste ano os sistemas da Apple e do Google representaram, jun-

tos, 85% de todos os telefones vendidos globalmente, de acordo com

números da IDC (International Data Corporation).

4 bilhões A cada mês, internautas gastam mais de 4 bilhões de horas com vídeos

do YouTube. Isso equivale a 456 mil anos de conteúdo ou, exemplifica

Sam Laird, do Mashable, é como assistir ao vídeo original do Nyan Cat

cerca de 66 bilhões de vezes. Os dados mostram a rapidez com que o

YouTube tem crescido, pois em maio deste ano a empresa anunciou que

eram consumidos mais de 3 bilhões de horas por mês.

Twitter vai abrir escritório brasileiro"Estamos realmente encantados com o mercado de lá. O

mercado digital no Brasil está vivo de forma grandiosa".

A afirmação é de Adam Bain, executivo encarregado da

receita global do Twitter. Recentemente, Adam afirmou

que planeja expandir os negócios comercialmente para

outros mercados da região, como México e Chile.

O executivo revelou que se já se reuniu com funcio-

nários e clientes em potencial nas últimas duas semanas,

sendo que enxerga eventos com a Copa do Mundo de 2014

e as Olimpíadas de 2016 como oportunidades no País. A

empresa tem sedes nos Estados Unidos e Reino Unido,

além de mais 200 escritórios comerciais em todo o mundo.

Trabalhar com treinamento de funcionários, redes

sociais, relações com a comunidade, com o gover-

no, com novos projetos. Profissionais competentes

para atuar nesses setores estão em alta no Brasil e no

mundo, de acordo com pesquisa feita pela empresa

de consultoria em Recursos Humanos Michael Page.

E os salários podem chegar a R$ 45 mil por mês.

As sete novas carreiras apontadas pela consultoria

já são realidade e terão cada vez mais demanda,

segundo o diretor Augusto Puliti. As profissões são:

gerente de treinamento em varejo, gerente de identi-

dade visual, gerente de comunidade, gestor de rees-

truturação, gerente de projetos, gerente de relações

governamentais e gerente de marketing online.

Espera pelo iPhone 5 faz ações da Apple dispararemNa terceira semana de julho, a Apple divul-

gou um balanço financeiro referente ao seu

último trimestre fiscal, e os números decep-

cionaram o mercado. Muitos investidores,

então, resolveram passar suas ações adian-

te, mas parece que quem ficou se deu bem.

Com o lançamento do iPhone 5, em se-

tembro, os comerciantes se armaram para

aguardar o novo smartphone. Por isso, as

ações da companhia deram um salto, como

mostra o Business Insider.

É possível que as vendas dos modelos

antigos do iPhone sejam desastrosas nos

próximos dias, mas as baixas devem ser re-

cuperadas logo nas primeiras semanas da

nova edição do gadget.

As sete profissões do futuro

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BLOGS DO MÊ S

Conhece algum blog interessante focado em criação, tecnologia, marketing ou e-commerce? Envie sua dica para [email protected]

Finati Marketing DigitalO blog (www.finatimarketing.com.br) discute

assuntos como link patrocinado e SEO,

E-commerce, marketing nas redes sociais, cursos

(diversas modalidades), novidades e dicas quentes

do mercado. O responsável pelo blog, Fernando

Finati, possui larga experiência com consultoria e

execução em marketing digital.

Qualidade SimplesA proposta do blog (www.blog.

qualidadesimples.com.br) é falar de

comunicação social, tecnologia, mídias

sociais e assuntos relacionados de modo mais

descompromissado. O site reúne pensamentos,

ideias e opiniões sobre os temas citados. O

nome veio da intenção de falar de comunicação

de um modo abrangente, de certa forma com

um viés cotidiano, mas com a liberdade de ir

além. Quem assina o blog é o jornalista Bruno

Chagas, que se considera um entusiasta de

novas tecnologias e viciado em internet.

240 bilhõesO armazenamento de dados na nuvem nunca esteve tão em alta (salve

o trocadilho). E vai subir ainda mais. De acordo com a Forrester Rese-

arch, empresa especializada em análise de mercado, em 2020, o setor

deve movimentar mais de 240 bilhões de dólares no mundo. No ano

passado, já foram 41 bilhões de dólares. Bom para o consumidor.

Top10Temple Run Brave; Draw Something Free; Song Pop; The Walking Dead

– Episode 1: A new Day; The Dark Knight Rises; The Amazing Spider-Man;

Lair Defense: Dungeon; Angry Birds Space; Ski Safari; e Mass Eff ect Infil-

trator. Esses são os 10 melhores jogos disponíveis para tablets, segundo

o site TechTudo.

Page 12: O Poder do mercado de Aplicativos

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LIVROS

AGENDA

08 e 09/09INSERT DESIGNLocal: Rio de Janeirowww.insertbrasil.comEvento de design que visa esta-

belecer sua relação com a arte,

tecnologia, moda e cinema.

O objetivo do Insert é dar ao

participante um olhar amplo

sobre as multidisciplinaridades

do design aplicadas ao mundo,

e após ter experimentado o

Insert, inspirar seu próprio

trabalho e atitudes. Serão dois

dias de ciclos de palestras,

workshops, stands e exposi-

ções culturais.

19 a 21/09ABC I X Local: São Paulo (Escola de Arte e Design Panamericana)www.centralpress.com.brO evento contará com a presen-

ça dos designers Luigi Colani

e Ellen Lupton. Recomendado

a estudantes, designers e

interessados por arte e cultura,

o mesmo encontro já recebeu

profissionais do calibre de

Stefan Sagmeister, conhecido

pela criação de capas de álbuns

das bandas The Rolling Stones

e Aerosmith; e Javier Mariscal,

que concorreu ao Oscar 2012

com a animação "Chico e Rita".

20 a 22/09WOB 2012 - WIDE OPEN BUSINESS CONFERENCELocal: Rio de Janeirowww.wob2012.com.br

O WOB é um evento interna-

cional sobre Inovação com

foco em Design, Tecnologia e

Novas Mídias, que reunirá mais

de 3.000 participantes, entre

grandes pensadores, líderes,

formadores de opinião e profis-

sionais atuantes.

São mais de 80 palestrantes,

nacionais e internacionais, que

se apresentarão para o público

em formatos diferenciados. O

evento acontecerá no Centro de

Convenções SulAmérica, o mais

moderno complexo de eventos

do país, que conta com tecno-

logia de ponta e localização

privilegiada: o Centro da cidade

do Rio de Janeiro.

O WOB 2012 é patrocinado pela

FGV - Fundação Getúlio Vargas,

EXIN e Blackberry, com apoio

da TV Globo e Rádio SulAmérica

Paradiso.

29/09, 06/10 e 20/10EDTED E-COMMERCELocais: Fortaleza, Salvador e Recifewww.edted.com.brA Arteccom, atenta às últimas

mudanças do mercado,

realiza seus dois últimos en-

contros do ano, o EDTED, que

apresenta todo o conteúdo do

evento FNEC – Fórum Nacio-

nal de E-commerce -, sucesso

em suas quatro edições. Para

acompanhar a velocidade

desse mercado e esclarecer

os constantes questionamen-

tos desse público (agências

e lojistas), o EDTED E-com-

merce aposta em grandes

cases inovadores. Imperdível.

Ingressos de R$ 56 a R$ 110.

O Olho do Fotógrafo MICHAEL FREEMANBookmanwww.bookman.com.brO design é o fator mais importante na criação de uma imagem fotográfica de sucesso. A habilidade de en-xergar o potencial para uma imagem forte e depois organizar os elementos gráfi cos em uma composição atraente e efi ciente sempre foi crucial no ato de foto-grafar. A fotografi a digital trouxe um aspecto novo e motivador ao design, por sua resposta rápida e suas possibilidades de edição, e isso teve um efeito pro-fundo no modo como os fotógrafos fazem suas fotos.

Nos bastidores da AppleADAM LASHINSKYEditora Saraivawww.saraivauni.com.brO livro oferece informações sobre como a Apple usa o sigilo e sua peculiar estrutura de gestão para garantir que permaneça tão ágil quanto uma empresa em iní-cio de atividades. Revela também o que os executivos da Apple chamam de tempero secreto, como os siste-mas e as estratégias que permitiram que Steve Jobs e sua empresa produzissem sucessos após sucessos e inspirassem seguidores quase de um ritual para seus Macs, iPods, iPhones e iPads.

Fundamentos de Bancos de Dados com C#MICHAEL SCHMALZNovatec Editorawww.novatec.com.brTrabalhar com bancos de dados em C# pode ser assustador se estiver migrando do VB6, VBA ou Ac-cess. Com este guia prático, você encurtará conside-ravelmente a sua curva de aprendizagem enquanto aprende acessar, adicionar, atualizar e excluir dados com C# – habilidades básicas necessárias para quem pretende programar com essa linguagem.

Design Thinking BrasilTENNYSON PINHEIRO E LUIS ALTEditora Elsevier

www.elsevier.com.brNeste livro, Tennyson Pinheiro e Luis Alt da live--work, consultoria global de inovação e Design de Serviços, apresentam as raízes e razões de existir do Design Thinking, uma abordagem que permite que empresas coloquem as pessoas no centro de sua estratégia para cocriar com elas soluções de alto valor percebido. Os autores mostram que a empatia, a colaboração e a experimentação devem ser parte integrante da cultura de qualquer negó-cio que queira inovar e manter-se competitivo e relevante no atual cenário socioeconômico.

Page 13: O Poder do mercado de Aplicativos

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INTERNACIONAL

Estudo diz que não ter perfis em redes sociais é 'suspeito' para chefes

ESTADOS UNIDOS/ALEMANHAVia Daily Mail

Estudos feitos nos Estados Unidos e na

Alemanha provaram que grande parte das

empresas acredita que a disseminação das

redes sociais é tão grande que é até “suspeito”

quando uma pessoa não participe delas - no

âmbito profissional e pessoal.

Na revista alemã Der Taggspiegel, os casos

do atirador James Holmes - do cinema norte-

-americano onde era exibido o filme Batman

- e do assassino Anders Behring, responsável

por um atentado na Noruega em 2011, que

não tinham perfis no Facebook, são usados

como exemplos para justificar a teoria de

que “pessoas comuns têm perfis em redes

sociais”. A teoria tem como base o fato de

que o candidato pode ser “tão ruim” ou ter

tantas “coisas feias” em seu passado que ou

ele prefere não revelar essas informações

às pessoas ou chegou a ter que apagar suas

contas em redes sociais. Além, é claro, do fato

de ser mais complicado fazer uma pesquisa

sobre a pessoa sem ver seu comportamento

nos sites de relacionamento.

93% dos CEOs não estão no LinkedIn

ESTADOS UNIDOS

Uma pesquisa divulgada pela companhia

americana de recrutamento CTPartners

Executive Search revelou que 93% dos

CEOs de grandes empresas não demons-

t r a m i n t e r e s s e e m p a r t i c i p a r d a r e d e

s o c i a l L i n k e d I n – c o n s i d e r a d a c o m o o

maior centro de contatos profissionais

do planeta. O estudo aponta que os pou-

cos executivos que frequentam o site são

homens, e não estão ligados diretamente

à indústria de tecnologia.

A Ásia detém o maior número de CEOs co-

nectados, com 3% de seus líderes na rede

social. Os setores com maior presença no

site são os de serviços financeiros, combus-

tíveis e o automobilístico.

DIREITO NA WEB

MONITORAMENTO

NO TRABALHO

A Justiça decidiu que as empresas podem monitorar os funcionários, na proporção das necessidades dela, ou seja, com moderação. Signifi ca que elas podem monitorar rotineiramente, de forma proativa, quando avisem antes aos funcionários sobre as regras do uso de ativos de informática e de comuni-cações e sobre o escopo do monitora-mento. E podem monitorar emergen-cialmente, em caráter reativo, quando exista fundada suspeita de um ilícito.

Conhecendo as regras que a empresa tenha divulgado (normalmente cons-tantes na Política de Segurança da Informação), cada funcionário deve avaliar se pretende continuar a traba-lhar naquela empresa, porque tais regras integram o contrato de trabalho e cons-tituem condição de emprego. Somente se a empresa extrapolar dos limites de moderação na definição das regras ou da sua colocação em prática, é que o funcionário poderá alegar ilegalidade, opondo-se ao monitoramento.

Preocupado com os riscos e con-sequências do monitoramento, o funcionário deve ter o direito de inda-gar quais são as regras da empresa a respeito do compartilhamento, uso e descarte do material colhido no moni-toramento. Afi nal, os dados pertencem à empresa, mas dizem respeito à ima-gem e privacidade do funcionário.

Quando o acesso e uso pelo funcio-nário ocorram fora das instalações da empresa e do horário da jornada de trabalho, a empresa não deve inserir redes sociais e serviços de mensagens instantâneas na programação regu-lar e sistemática do monitoramento. Somente em situações excepcionais é que a empresa poderá rastrear o uso absolutamente pessoal (conta de e-mail pessoal, equipamento pessoal, ambiente pessoal do funcionário e tempo de lazer).

O inverso também se aplica, ou seja: se o funcionário usar redes sociais ou SMS ou BBM durante a jornada de tra-balho e/ou no ambiente da empresa, ela teoricamente terá a justificativa de monitorar o cumprimento do contrato de trabalho pelo funcionário verifi cando se ele está dedicando tempo demais a atividades pessoais, se ele está vazando informações que não devia, se ele está se expondo a risco de contágio de vírus por acesso a páginas suspeitas etc.

Perguntando o que a empresa faz com o material extraído no monito-ramento, e evitando acessar e usar aplicações pessoais durante a jor-nada e no ambiente da empresa, são cuidados que valem a pena ser toma-dos para uma convivência tranquila com as regras de monitoramento no ambiente de trabalho.

Gilberto Martins de Almeidaé advogado formado na PUC/RJ, com Mestrado na USP e

cursos em Harvard e no M.I.T. Ex-Gerente Jurídico da IBM, onde

trabalhou por 11 anos, no Brasil e nos EUA. Sócio de Martins de

Almeida – Advogados, escritório especializado.

Gilberto, trabalho em uma empresa onde o setor de TI filtra todas as

informações virtuais. Porém, tenho autorização a usar email pessoal, logi-

camente com moderação. Porém, já vi muitos colegas terem problemas

por trocarem mensagens por Skype, MSN, emails e outros. Quais são

os riscos, possíveis problemas e o que posso fazer para reverter uma

situação constrangedora, caso aconteça? Como conviver com o monito-

ramento no trabalho? FERNANDA RIBEIRO

Page 14: O Poder do mercado de Aplicativos

12 | WIDE | 92 FRONT

WIDE THINKING

O GUARDANAPO E A INOVAÇÃO NO BRASIL

João BatistaEngenheiro Industrial, é titular da J2B Innovation, consultoria Business Branding. É fundador e diretor de Comunicação do RDI – Retail Design Insti-

tute – Chapter Brasil, entidade mundial de designers de varejo. Trabalhou na ONU como responsável pela Direção Geral do Fórum Global na Eco 92,

no Rio de Janeiro. Com escritórios em São Paulo, a partir de 2001, atuou como Regional Manager para A. Latina da Divine Inc. e da FastComm. A J2B

realizou vários eventos no Brasil e no exterior, dentre eles o Brasilshop de 2007 e 2008 para a Alshop, NRF2008 & Luxo em NY, NRF2010 & Design

Estratégico para o Varejo e NRF2011 & Varejo 3.0, ambos em NY.

"As melhores inspirações são escritas em guardanapos de bares, cafés etc...não é verdade? Para aqueles que adoram rabiscar em guardanapos e concordam que grandes ideias surgem em momentos de ócio, o sketchbook pode ser muito útil."

Um pedaço da história recente dos EUA (da desregulação do mercado que levou à crise global de 2008), escrito em um guardanapo de cocktail por Arhur Laff er : "Em setembro de 1974, Arthur Laff er, o professor de gestão da Universidade do Sul da Califórnia, tomou uma bebida em um restaurante de Washington D.C., com o seu amigo Donald Rumsfeld (então conselheiro do presidente Gerald Ford). A conversa foi sobre economia, impos-tos e sobre como ultrapassar a recessão. Laffer desviou o seu copo de vinho, tirou o guardanapo e desenhou um simples grá-fi co para ilustrar a sua ideia de que a certo ponto, o aumento de imposto resulta numa descida das receitas fi scais, devido à fuga ao fi sco. O gráfi co, conhecido como a “Curva de Laff er”, tornou--se depois a base para o programa econômico de Ronald Reagan. (17/07/2012 | 13:00 | Dinheiro Vivo)

Guardanapos limpam lábios, manchas de cerveja e até ócu-los. Guardanapos são equipamentos obrigatórios nas mesas de bares e baladas. Guardanapos estão à mão nos restaurantes. Guardanapo é presença nas rodas de conversa, nas discussões de toda natureza. Fiquemos com o exemplo das interações que acontecem em torno do futuro, dos planos de carreira, nas "beer interactions" das startups etc.

Letras de música, croquis, anotações de conversas, puta ideia. Tudo isso já enxertou nosso acervo de apresentações riquíssi-mas e, em algum momento, foram escritas nos guardanapos de bares, cafés, restaurantes, lanchonetes. Acrescente-se ainda os suplás, aqueles papéis que forram as bandejas das lanchonetes mais elaboradas, e restaurantes self-service.

Nesta sociedade conectada, com tantos recursos para o registro de uma ideia, conversa, imagem, vídeo...a coisa parece ser menos usada? Não, os guardanapos estão lá, firme e fortes, nos lembrando que nos lugares de interação física, pequenas

No último artigo escrito para esta revista, sobre o Quilombo do Brasil, e pensando nesta circuns-tância, lancei uma 'sociedade dos guardanapos' sem explicações. Para mim era tão óbvio que me distraí. Então resolvi retomar a ideia exposta na expressão. Grandes ideias surgiram em me-sas de bar e restaurante, e a maioria foi escrita em guardanapos.

anotações, rabiscos de explicações ganham vida naqueles papéis que desafi am a arte da escrita, melhor realizada apenas com canetas novinhas e boas de escrita desde há muito...As melhores são as roller, que eu carrego sempre comigo para estas situações de improviso criativo.

Noutro dia, discutindo sobre Antropologia da Inovação com minha cúmplice Liv Soban, fi zemos em co-criação um modelo incrível numa folha de suplá. Tão impressionante que vou usar para discutir a validade de nossas idéias com o Roberto DaMatta nesta semana que escrevo este artigo.

Claro, confesso que eu também carrego comigo o meu sketch-book, neste caso o 'hours concours' Moleskine, que foi re-editado e cumpre o seu papel brilhantemente. Sempre anoto sobre reu-niões, ideias...e ele fi ca concorrendo com o Notes do meu iPhone. Mas estou sempre armado para tomar um guardanapo e anotar o rascunho de uma ideia. Esta semana aconteceu.

Ah! cabe uma puxada de orelha na galera que despreza o papel, pois um sketchbook afi ado é imbatível.

O que isso a ver com Inovação? Eu explico.O grande problema do processo de inovação é que as novas

ideias, boas ou ruins, precisam ser registradas logo para driblar o esquecimento, ser compiladas, depois colocadas num grande mapa e discutidas com os outros colaboradores. Como inovar implica destravar a mente para deixar que ocorram pensamen-tos sobre produtos, serviços ou ambos (o que é melhor!) então não tem hora para acontecer, e "o onde registrar" é o que está disponível. No bar, restaurante ou lanchonete, churrasco ou fei-joada, o guardanapo vai estar lá, imbatível.

Para inovar é preciso estar aberto à diversidade, à relativi-zação. Trata-se de um exercitar desta capacidade inata de acasalar e misturar as coisas, de abrir a mente eletrônica numa navegação inquietante, mas também à moda da chave antiga, trabalhada pelos anos, discutindo pontos de vista distintos. É a atividade relacional de ligar e desco-brir um foco que iluminará o incremento adicionado de valor...a inovação.

Melhor lugar? De frente para os comes e bebes.Na Arteccom, a Adriana promove, regularmente, cafés da manhã maravilhosos, em mesa com diferentes tipos de pessoas e sem-pre, mas sempre mesmo, ideias inovadoras surgem borbulhando das cabeças iluminadas. Tem que registrar, e eu já vi gente escre-ver no guardanapo embora tenha papéis na mesa...imaginem só o que acontecerá no WOB2012 nos intervalos dos cafés e lanches?

Viva o Bar, viva o guardanapo!

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de

sig

n

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Que o Prêmio Peixe Grande é um sucesso

nacional, não é nenhuma novidade no meio

tecnológico. O maior concurso de sites da

internet brasileira, em sua 8º edição e promo-

vido pela Arteccom, tem o objetivo de premiar

os melhores projetos desenvolvidos no país

e destacar anualmente no mercado as maio-

res agências, profissionais e blogs brasileiros.

A Arteccom acredita que o reconhecimento

é o verdadeiro estímulo para grandes jobs. E

nesse grande celeiro de criatividade chamado

mercado brasileiro, apresentamos a você, lei-

tor, aqueles que puseram mãos à obra e se

destacaram no ano de 2011. Foram 686 sites

inscritos (167 na categoria agência, 77 na cate-

goria freelancer e 442 na categoria blog).

O site oficial (www.peixegrande.com.br) foi a

principal porta de contato entre a organização

e os profissionais inscritos. Destaque ainda para

a composição do júri especializado, composto

pelos seguintes profissionais: Adriana Melo (Ar-

teccom); Alexandre Saddi (HUGE); Bruno Porto

(Raff les Design Institute); Bruno Rodrigues (Pe-

trobras); Fred van Amstel (Faber Ludens); Julius

Wiedemann (Taschen); Luli Radfaher (USP); Mar-

cio Bomfim (Opacity/Canadá); Paulino Michela-

zoo (pMichelazzo consultoria web) e Ricardo

Landim (Goodby, Silverstein and Partners/EUA). Fotografia - Carolina Vigna-Marú

Peixe Grande O maior concurso de sites e blogs da internet brasileira apresenta seus vencedores da 8º edição

Page 18: O Poder do mercado de Aplicativos

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São grandes profi ssionais, reconhecidos no mercado nacio-nal e internacional, que atribuíram notas para cada um dos sites fi nalistas, levando-se em consideração sete quesitos: originalidade, interatividade, usabilidade, aplicação de mul-timídia, conceito de design, tecnologia e público-alvo.

Depoimentos de vencedores das edições anteriores são a comprovação do sucesso da premiação. Após participarem e se consagrarem vitoriosos, os profi ssionais contam sobre os diversos convites recebidos tanto para projetos quanto para empregos. Além disso, constam também o reconheci-mento da excelência do Peixe Grande por parte das empre-sas, o crescimento das agências (expandindo serviços para fora de seus estados), novo networking, e a qualidade e seriedade da organização diante dos profi ssionais inscritos.

Novos talentos também são revelados a cada edição. E a revista Wide, no intuito de divulgar o que há de melhor no mercado, que continua cada vez mais difundido no país, traz para seus leitores os grandes vencedores dessa oitava edi-ção. Que as empresas fiquem atentas e vejam o que o mer-cado tem a oferecer entre os profi ssionais de web no Brasil.

Nas próximas páginas você verá soluções inovadoras, efi -cazes, interativas...Enfi m, va-mos aos vencedores!

Page 19: O Poder do mercado de Aplicativos

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Finalistas do Júri Técnico da 8º edição do Concurso Peixe Grande!

CATEGORIA AGÊNCIAwww.antoniobernardo.com.br

www.atmosferagentil.com.br

www.avonmaquiagem.com.br/simulador/

www.biamar.com.br

www.biruta.com.br/#/intro

www.cidadereclama.com.br

www.ecovillasvaleverde.com.br

www.espro.org.br

www.fishy.com.br

www.fulldesign.com.br

www.kleitonekledir.com.br/parouimpar

www.lacca.com.br/lacca/index.php

www.mandi.net/index.php

www.moringadigital.com.br

www.mymag.com.br

www.planobprodutora.com.br/

www.reservamini.com.br

www.restaurantekinoshita.com.br

www.wicssa.com/pt

viagemdossonhos.jellyweb.com.br

CATEGORIA FREELANCERwww.aquinoweb.com

www.circovoador.com.br

www.compreienaovou.com.br

www.corporastreado.com.br

www.flaviasoufer.com

www.imgweb.com.br/_projetos/bra...

www.oteatromagico.mus.br

www.suzukimotos.com.br

www.terapiadaalegria.com.br/2012

www.tilles.com.br

CATEGORIA BLOGwww.designontherocks.xpg.com.br

www.mmamagazine.com.br

www.popverso.com.br

www.revistacliche.com.br

www.tableless.com.br

Page 20: O Poder do mercado de Aplicativos

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WEBCOMTEXTO

ANO DE FUNDAÇÃO: 2003

CIDADES SEDE: CUIABÁ (MT)

SITE: www.webcomtexto.com.br

EMAIL: [email protected]

TWITTER: @webcomtexto

WebcomtextoCASE WWW.PLANOBPRODUTORA.COM.BR

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA AGÊNCIA VENCEDOR GERAL E QUESITO APLICAÇÃO DE MULTIMÍDIA

O site vencedor na categoria Geral é o www.planobprodutora.com.br e ao se consagrar como o grande campeão, confi rma que o sucesso pode chegar para empresas que não estão loca-lizadas no ‘famoso’ eixo Sul/Sudeste. O case, desenvolvido pela Webcomtexto Comunicação, tinha o objetivo de apresentar ao cliente um site de qualidade e que o surpreendesse.

Com essa missão, foi desenvolvido algo considerado extrema-mente simples, porém muito bem executado, super focado no obje-tivo do cliente, com conteúdo relevante e pertinente para quem procura os seus serviços. Um fator determinante para o sucesso do projeto foi, sem dúvida, a liberdade criativa dada pelo cliente. Os criadores defendem a ideia que projetos que chegam já formatados e engessados difi cilmente têm o resultado fi nal tão positivo.

Matheus Moraes, Manager Web da Webcomtexto, destaca ainda o comprometimento da equipe e a busca por conhecimento e atuali-zação constantes – fatores que segundo ele, fazem toda a diferença. “Trabalhamos em um ambiente extrovertido e com bastante liber-dade, o que favorece o entrosamento da equipe, a diversão e a criati-vidade, itens essenciais para um trabalho como o nosso.”

Comissão julgadora avaliou:

“Perfeita apresentação do conteúdo para o público com bom uso da tecnologia. A interação é primorosa e permite o usuário fi car um bom tempo vendo as peças.”

“A agência defende a ideia que projetos que chegam já formatados e engessados difi cilmente têm o resultado fi nal tão positivo”

Page 21: O Poder do mercado de Aplicativos

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SIRIUS INTERATIVA

ANO DE FUNDAÇÃO: 1994

CIDADES SEDE: Rio de Janeiro (RJ)

SITE: www.sirius.com.br

E-MAIL: [email protected]

TWITTER: @falasirius

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA AGÊNCIA QUESITO ORIGINALIDADE

Fishy CASE WWW.FISHY.COM.BR

AGÊNCIA FISHY

ANO DE FUNDAÇÃO: 2008

CIDADES SEDE: RECIFE/PE

SITE: www.fishy.com.br

EMAIL: [email protected]

TWITTER: @fishybr

O novo site da Fishy tinha o objetivo não só de transmitir o con-ceito de uma forma leve e divertida, como também convidar o usuário a interagir e fazer parte daquele universo. Irving Suna, diretor de criação da Agência Fishy, conta que “optaram por explorar uma série de recursos que pudesse envolver o visitante, como o de geolocalização - onde podemos identifi car a cidade do visitante e podemos consultar a hora e o tempo daquela região e reproduzi-las no site, além da navegação tipo parallax e ani-mações utilizando SVG e JS”. O diretor conta que o site possui ainda uma espécie de brincadeira, onde o visitante pode fazer login com sua conta do Facebook e ter seu avatar no rosto do mergulhador em meio ao site, além de publicar uma imagem no seu álbum de fotos na plataforma. O site foi desenvolvido com HTML5 e CSS3 e possui três possibilidades de navegação, sendo por meio da barra de rolagem, menu clássico e setas do teclado.

“Originalidade é, sem dúvida, um dos grandes desafi os no pro-cesso criativo e de inovação de qualquer indústria. Vencer nesse quesito é realmente uma grande satisfação e só confi rma que estamos no caminho certo”, diz Irving Suna.

Comissão julgadora avaliou:

“Muito bom, ótima aplicação de recursos”

“Originalidade é, sem dúvida, um dos grandes desafi os no processo criativo e de inovação de qualquer indústria”

Page 22: O Poder do mercado de Aplicativos

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PRINCI AGÊNCIA WEB

ANO DE FUNDAÇÃO: 1997

CIDADES SEDE: CAMPINAS/SP

SITE: www.princiweb.com.br

EMAIL: [email protected]

TWITTER: @agenciaweb

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA AGÊNCIA QUESITOS INTERATIVIDADE E TECNOLOGIA

Princi Agência Web CASE WWW.CIDADERECLAMA.COM.BR

A motivação da equipe vencedora nesses quesitos partiu do fato de que a cidade de Campinas/SP vive um momento de diversos problemas urbanos, sobretudo por conta dos problemas de ges-tão sofrida nos últimos anos. Pensando em sanar esses desafi os, a agência responsável pela criação do site www.cidadereclama.

com.br fez um trabalho de mapeamento urbano que permitiu a divulgação e fortalecimento das reclamações nas mídias sociais. “Criamos então o Cidade Reclama, integrado com o Google Maps e com as redes sociais, e muitos cidadãos de diversas cidades do Brasil têm utilizado a ferramenta para divulgar suas insatisfa-ções até chegar aos meios públicos. Estamos muito felizes com o sucesso do projeto e o reconhecimento, porém o que mais des-tacamos é que criamos uma ferramenta de apoio ao cidadão”, garante Eric Nishimura Princi.

Ele conta que o objetivo com o projeto Cidade Reclama era criar uma ferramenta criativa, e que se tornasse popular, e somente com usabilidade, ou seja, facilidade de interação, daria resulta-dos. “Vencer nesses quesitos é comemorar os objetivos que defi -nimos no inicio do projeto. Uma vez ouvi uma frase que dizia que inovação é criatividade com resultados. Sem resultados não é inovação. Ver as reclamações crescendo, a mídia fortalecendo a

ideia e a população participando são os resultados que autenti-cam a inovação que buscávamos.”

Com sede em Campinas/SP, a Princi Agência Web nasceu a par-tir da Princi Informática, que está há 16 anos no mercado de TI, e atua desde 1999 no desenvolvimento e criação de sites. O cres-cimento do departamento de internet da Princi Informática fez com que a ideia de agência de internet tomasse forma em 2007.

Hoje, já consolidada, a agência conta com uma experiência em mais de 200 projetos e vem crescendo tanto em tecnologia como em qualidade; desenvolvendo e mantendo projetos de sites dinâmicos com criatividade, alinhados a um planejamento estratégico bem defi nido.

Comissão julgadora avaliou:

“Bom uso da tecnologia, ferramental, funcional...”

“Estamos muito felizes com o sucesso do projeto e o reconhecimento, porém o que mais destacamos é que criamos uma ferramenta de apoio ao cidadão”

Page 23: O Poder do mercado de Aplicativos

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AGÊNCIA 6D

ANO DE FUNDAÇÃO: 2003

CIDADES SEDE: RIO DE JANEIRO (RJ)

SITE: www.6d.com.br

EMAIL: estú[email protected]

TWITTER: @6D_estudio

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA AGÊNCIA QUESITO APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE DESIGN

“Antonio Bernardo é um caso antigo. Assim como nós, o Antônio é também um apaixonado por design e o aplica de forma intensa em seus produtos, lojas e também em suas peças de comunica-ção”. A declaração é de Tola Faria, um dos sócios da Agência 6D, responsável pelo site vitorioso no quesito design.

E o layout/design do site não se limitou à estética e à forma. Ele foi aplicado também na função e no desenho de toda sua estrutura de informação e sistemas. “Criamos e desenvolve-mos de forma completa e totalmente customizada às necessi-dades do cliente, um sistema robusto de e-commerce, além de toda a plataforma de CMS e o resultado está no ar, um website bonito, com formas simples, mas sofi sticadas como as joias do Antonio e um sistema que permite o uso fácil de qualquer pes-soa. Pensar design é conhecer e entender seus clientes, valores e posicionamentos, suas necessidades, seu mercado e público e aplicar este conhecimento da melhor forma em suas peças e/ou campanhas. Aliar forma e função na medida certa, sem sobrar ou faltar”, conta o diretor.

A equipe é formada por aproximadamente 30 profi ssionais e já produziu soluções visuais para diversos projetos, do planeja-mento ao monitoramento de campanhas digitais, da pré-produ-ção à fi nalização de peças digitais ou analógicas. Constam nessa lista ainda direção de DVDs, comerciais de TV e abertura de novelas; elaboração de sites, logomarcas, branding e impressos; animações 3D e vídeo grafi smos; cenografi a de shows, peças e desfi les de moda; capas de discos, videoclipes e websites.

Comissão julgadora avaliou:

“O site transmite uma sensação de sofi sticação e exclusividade, o que refl ete perfeitamente a marca.”

6D CASE WWW.ANTONIOBERNARDO.COM.BR

“Pensar design é conhecer e entender seus clientes, valores e posicionamentos, suas necessidades, seu mercado e público e aplicar este conhecimento da melhor forma em suas peças e/ou campanhas”

Page 24: O Poder do mercado de Aplicativos

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CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA AGÊNCIA QUESITO ADEQUAÇÃO AO PÚBLICO-ALVO

DEEN MARKETING DIGITAL

ANO DE FUNDAÇÃO: 2011

CIDADES SEDE: CAXIAS DO SUL/RS

SITE: www.deen.com.br

EMAIL: [email protected]

TWITTER: @deenmkt

Deen Marketing Digital CASE WWW.BIAMAR.COM.BR

Felipe Gubert, diretor de negócios da Deen, agência criadora do site www.biamar.com.br sabe do grande desafi o que tinha: o cliente possuía um vasto conteúdo produzido ao longo dos últi-mos meses e era necessário levar esse material de forma inteli-gente ao site. Como se trata de um cliente de moda, a tendência de sites em página única pareceu extremamente interessante, tendo em vista que proporcionaria uma experiência diferente aos clientes. Combinado a isso, a Deen Marketing Digital pensou no projeto de uma forma que ela pudesse ser vista com toda a riqueza também em dispositivos móveis, recurso muito utilizado pelos consumidores da empresa. “Tínhamos uma expectativa muito grande por parte do cliente, justamente pelo fato da grande quantidade de material que deveria constar no site. Foram algumas semanas de trabalho duro, mas que realmente valeram a pena, pois deram projeção mundial - tanto para a marca Biamar quanto para a Deen”, afi r-mou Gubert.

Comissão julgadora avaliou:

“Site original com visual sofi sticado e tipografi a e cores muito bem resolvidas”

“Como se trata de um cliente de moda, a tendência de sites em página única pareceu extremamente interessante, tendo em vista que proporcionaria uma experiência diferente aos clientes”

Page 25: O Poder do mercado de Aplicativos

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CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA AGÊNCIA QUESITO USABILIDADE

FULLDESIGN

ANO DE FUNDAÇÃO: 2003

CIDADES SEDE: BRASÍLIA

SITE: www.fulldesign.com.br

EMAIL: [email protected]

TWITTER: @fullDesign

Fulldesign CASE WWW.FULLDESIGN.COM.BR

Para o case vencedor no quesito usabilidade, a FullDesign bus-cou integrar as demandas dos seus diversos públicos com ten-dências de design, arquitetura de informação e usabilidade. O objetivo foi criar uma hierarquia visual para sempre expor de forma simples, funcional e interativa seus projetos, clientes e conteúdos relacionados. E com um detalhe muito importante: em todas as plataformas digitais de forma otimizada, inclusive com técnicas de SEO.

O site é um apanhado de comunicação com unidade entre texto e imagem, técnica e criatividade, dinamismo e estra-tégia. Fernando Portela, diretor de criação da FullDesign Comunicação Integrada, comemora o resultado. “Pesquisas recentes apontam que mais de 40% dos usuários brasileiros de internet assistem TV ao mesmo tempo que navegam, grande parte comentando e gerando conteúdo nas redes sociais sobre os programas em tempo real. Criar um site que atende esse público em eterna mudança e ainda ganhar um prêmio por isso nos deixa muito envaidecidos. Porém, temos que continuar

inovando para fi delizarmos e ampliarmos esse público. Isso só se faz com muita pesquisa e dedicação para entender as novas tendências de uso e de consumo, como os usuários se relacio-nam com seus smartphones, tablets, computadores pessoais e outros aparelhos em seu dia a dia. O usuário mudou, temos que acompanhá-lo sempre. Vimos nos últimos anos o acréscimo de tempo dedicado ao acesso de redes sociais e percebemos que tínhamos que incorporar essa mentalidade em nosso site, pro-videnciando mecanismos com a mesma dinâmica para comen-tários e compartilhamento de conteúdo. O projeto tem ainda toda identidade visual integrada à papelaria e peças impressas da agência. Assim expomos nosso conceito de comunicação integrada para a fácil percepção e materialização do cliente de nossa proposta”, diz o diretor.

Comissão julgadora avaliou:

“Perfeito para o público-alvo e na interação. Adequado ao produto e bom uso do sistema visual.”

“O usuário mudou, temos que acompanhá-lo sempre”

Page 26: O Poder do mercado de Aplicativos

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VINICIUS MALVÃO

E-MAIL: [email protected]

Recompensa. Assim Vinicius Malvão defi ne o case vencedor geral da categoria Freelancer. Ele assegura que foram anos de dedicação atuando no mercado publicitário, produtoras e estú-dio de design.

O site é o cartão de visitas do Circo Voador, onde o público pro-cura suas atrações. Por isso, explica Malvão, foi pensado no site como uma malha que se adapta a qualquer resolução. Tinha que ser algo prático, refi nado, organizado e que possibilitasse expor suas principais atrações, sem nenhum clique. Tanto no site con-vencional quanto no site para mobile.

“O site do Circo Voador foi um dos projetos mais bem executados que já trabalhei, tanto que acompanho seu crescimento de perto. O número de acessos cresceu 500%, o tempo que os usuários navegam pelo site cresceu 300% e os acessos para o site mobile crescem a cada dia. Maylor Bax e Roger Santos foram os responsá-veis por desenvolver o Frontend em AS3 e o sistema de gerencia-mento de conteúdo que possibilitou todo o suporte para o cliente controlar o site. Criamos uma área de administração onde o cliente pode atualizar as atrações e dar destaque ao evento que ele deseja. O cliente pode desenhar a malha da home e assim deixar a página principal dinâmica, mas sem perder sua identidade. Ele pode criar promoções, atualizar fotos, adicionar ou remover eventos, mudar o background das páginas internas, cadastrar vídeos do Youtube e criar uma galeria de vídeos para o público já ir sentindo

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA FREELANCER VENCEDOR GERAL

a atmosfera do show, gerar relatórios detalhados mostrando os acessos de cada evento - dando assim uma possibilidade maior de métrica para o setor de comunicação do Circo Voador lançar suas campanhas nas redes sociais. Importante dizer que ao criar um evento automaticamente, você cria o mesmo evento para o site mobile que é um espelho da home do site.”

Vinicius Malvão CASE WWW.CIRCOVOADOR.COM.BR

Comissão julgadora avaliou:

“Sensacional. Interação levada ao extremo. Simplesmente perfeito”.

“Tinha que ser algo prático, refi nado, organizado e que possibilitasse expor suas principais atrações, sem nenhum clique”

Page 27: O Poder do mercado de Aplicativos

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Faturar o Peixe Grande tem um signifi cado diferente e impor-tante para a carreira de Cleber Glenyo Chagas da Rocha, com o case www.suzukimotos.com.br. “Eu adoro IHC (Interação Humano Computador) e realizei muita pesquisa, fato fundamental para o desenvolvimento do projeto. Quando recebi o briefi ng da refor-mulação do site da Suzuki Motos, logo visualizei o projeto, pensei na quantidade de clientes que acessam o site todos os dias, e quis fazer um site que fosse agradável para se navegar, que o cliente encontrasse o conteúdo que procura sem esforço algum, no máximo que usasse três cliques. Um prêmio como o Peixe Grande é uma conquista de respeito e credibilidade. Ganhar o prêmio me fez pensar muito e agora pretendo fazer mestrado e me aprofun-dar em conceitos de Interação Humano Computador.”

CLEBER GLENYO CHAGAS DA ROCHA

EMAIL: [email protected]

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA FREELANCER QUESITO USABILIDADE

Cleber Glenyo da Rocha CASE WWW.SUZUKIMOTOS.COM.BR

Comissão julgadora avaliou:

“Imagens grandes mostram bem os detalhes das motos e tornam a página atraente visualmente...”

“Ganhar o prêmio me fez pensar muito e agora pretendo fazer mestrado e me aprofundar em conceitos de Interação Humano Computador”

Page 28: O Poder do mercado de Aplicativos

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OLIVAR ALVES MENEGILDO

E-MAIL: [email protected]

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA FREELANCER QUESITO INTERATIVIDADE

“O prêmio representa a certeza que o trabalho foi realizado com sucesso e foi bem visto aos olhos de pessoas que prezam por qua-lidade, seriedade e competência”. A defi nição é de Olivar Alves, Motion Designer da IMGWEB, ao contar que a ideia inicial do projeto era fazer com que o usuário tivesse a nítida impressão de como poderia fi car o ar condicionado em seu próprio escritório, quarto ou sala. “Com isso, a transição entre os cenários e os deta-lhes refi nados com informações de cada ambiente foi imprescin-dível para passar ao usuário essa sensação”, explica.

O projeto foi considerado extremamente desafi ador, uma vez que o objetivo foi levar interação entre os ambientes e o conhe-cimento de um novo produto no mercado, dando assim maior visão aos clientes dos benefí cios oferecidos pelo produto, tanto na parte funcional quanto em seu design.

Olivar Alves Menegildo CASE WWW.IMGWEB.COM.BR/_PROJETOS/BRASTEMP_SPLIT

Comissão julgadora avaliou:

“Um benchmark por excelência: todo hotsite de produto deveria ser simples, objetivo e clean como este”.

Page 29: O Poder do mercado de Aplicativos

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TIAGO DE BARROS

EMAIL: [email protected]

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA FREELANCER QUESITO APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE DESIGN

Tiago de Barros Hillesheim fez questão de ressaltar a alta quali-dade do Júri Técnico. Seu portfólio www.tilles.com.br foi o prefe-rido no quesito de aplicabilidade dos conceitos de design. “Fiquei muito honrado, pois são profi ssionais que atuam no mercado digital e trabalham em empresas de destaque. Minha ideia inicial era fazer um portfólio online, que fosse em si, um exemplo do que eu poderia oferecer para os meus clientes. Como a maioria dos meus trabalhos é de sites em fl ash, gastei tempo para criar anima-ções, transições e interações mais personalizadas e diferentes.”

O profi ssional explica cada processo de sua criação. “A inspira-ção do motion é o próprio ‘ambiente digital’, por isso fi z vários efeitos com pixels que aparecem durante a navegação. Na seção de ‘trabalhos’, coloquei um fi ltro por tags, para o usuário ver rapi-damente que tipo de trabalho posso realizar e também para faci-litar a busca de alguma coisa específi ca que o cliente necessita no momento. Para dar um toque mais pessoal, achei que seria legal incluir um pouco do meu hobby no site, que é a fotografi a. Usei no background um slideshow com umas mais abstratas e na seção ‘sobre’, carrego as imagens do meu Flickr. O site é muito convidativo, dá vontade de explorar os shows, fotos, clicar nas

outras seções. Sempre gostei de imagens grandes e coloridas, com pouco texto – acredito que transmite a alegria e diversidade do local, o que traduz bem o perfi l do cliente. Apesar de ter bas-tante conteúdo, a usabilidade está boa e o fl ash também está bem acabado”, avalia.

Tiago de BarrosCASE WWW.TILLES.COM.BR

Comissão julgadora avaliou:

“Muito bonito e bem-aca-bado. Bem distribuído e de fácil acesso aos elementos e informações”.

“Sempre gostei de imagens grandes e coloridas, com pouco texto – acredito que transmite a alegria e diversidade do local, o que traduz bem o perfi l do cliente”

Page 30: O Poder do mercado de Aplicativos

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JOSE HENRIQUE FERNANDES

SITE: www.importzehdesign.com

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA BLOG

VENCEDOR GERAL E QUESITO APLICAÇÃO DE CONCEITOS DE DESIGN

Qualquer reconhecimento, desde um comentário no blog até um prêmio, é como ganhar o dia para o vencedor José Henrique Fernandes, conhecido como Zeh Fernandes. O Peixe Grande, segundo ele, é um selo de que estão fazendo um trabalho efetivo, visto que o blog tem menos de um ano.

“O portal nasceu com o intuito de gerar conteúdo original nas diversas áreas do design. Além de inspiração, o blog tem como função servir como um referencial teórico cultural, na tentativa de incitar o debate sobre o design brasileiro. Contamos com uma excelente equipe de colaboradores que sempre escreve e pro-cura assuntos do passado, do presente e do futuro do design”, afi rma Zeh Fernandes.

O blog tem um feedback positivo. Sua equipe preza pelos comentários, iniciativas construtivas, além das opções “gostei” e “parabéns”. E a qualidade do público leitor satisfaz os vencedo-res. “Somos fortes em Curitiba e somos reconhecidos pessoal-mente. Queremos manter esse ritmo de contato com os leitores,

sobretudo atualmente, pois estamos aumentando a abrangência para todo o Brasil.”

A dica dos vencedores é: “nessa Era onde todos podem construir e disponibilizar conteúdo, prezem por qualidade, autenticidade e periodicidade, nesta ordem. Qualidade em qualquer material que forem trazer, autenticidade no comentário e no texto que forem escrever, e a periodicidade dosada de acordo com seu público e com o buzz.

Jose Henrique Fernandes (extensivo a Hugo L. Pizaia, Thiago Grossman e Raphael Inoue).

CASE WWW.REVISTACLICHE.COM.BR

Comissão julgadora avaliou:

“Conteúdo completíssimo, excelente navegabilidade.”

“Nessa Era onde todos podem construir e disponibilizar conteúdo, prezem por qualidade, autenticidade e periodicidade, nesta ordem”

Page 31: O Poder do mercado de Aplicativos

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DIEGO EIS

E-MAIL: [email protected]

TWITTER: @tableless /@diegoeis

CLASSIFICAÇÃO JÚRI TÉCNICO CATEGORIA BLOG QUESITO CONTEÚDO

“Ganhar um prêmio assim demonstra que estou no caminho certo. É uma espécie de termômetro de qualidade. Ele me mostra que tenho feito um bom trabalho.” As palavras são de Diego Eis, vencedor na categoria Blog, quesito conteúdo. A principal ideia do Tableless.com.br é mudar o mercado de desenvolvimento web nacional. Diego Eis reconhece que existem ótimos desen-volvedores no Brasil, porém grande parte ainda não sabe onde está mexendo, não sabe como melhorar suas skills ou simples-mente não tem nenhuma curiosidade sobre a própria profi ssão. “Nossa ideia é aumentar a capacidade dos desenvolvedores que realmente querem melhorar o mercado nacional e, consequen-temente, seu conhecimento técnico”, afi rma.

Interação é um dos pontos fortes do blog. Nele, são dadas valiosas dicas e sugestões. “Discutimos, debatemos, concordamos, discor-damos e tudo mais. Tudo é muito aberto e recebemos bem qual-quer crítica ou elogio que os leitores nos façam. É muito importante saber quando estamos no caminho errado e como podemos resol-ver isso. Muitos leitores nos ajudam com pautas e interagindo nas nossas comunidades do Facebook e Twitter. Há também aqueles que merecem nossa mudez, mas faz parte do jogo.”

Para os futuros blogueiros, o vencedor dá uma importante dica: “Não importa qual seja o assunto do seu blog, contanto que você blogue com um sorriso estampado, interesse e paixão. Também não importa a quantidade de leitores. Se você estiver ajudando uma pessoa, seu blog já está cumprindo com o seu papel.”

Diego Eis CASE WWW.TABLELESS.COM.BR

Comissão julgadora avaliou:

“Nada melhor! Exemplifi ca bem o que defende.”

“Não importa qual seja o assunto do seu blog, contanto que você blogue com um sorriso estampado, interesse e paixão. Também não importa a quantidade de leitores. Se você estiver ajudando uma pessoa, seu blog já está cumprindo com o seu papel”

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CLASSIFICAÇÃO JÚRI POPULARA preferência do público é um termômetro importante e decisivo: ele aponta se o seu site

é bem visto, tem uma visitação frequente, se interage com seu público. Em 2011, três sites

consagraram-se campeões na classificação do Júri Popular em cada uma das categorias

(Agência, Freelancer e Blog). Conheça, a seguir, os sites campeões de votos da 8º edição

do Peixe Grande.

Fotografia - Carolina Vigna-Marú

Page 33: O Poder do mercado de Aplicativos

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AGÊNCIA AIRA

ANO DE FUNDAÇÃO: 1997

CIDADES SEDE: OSASCO/SP

SITE: www.agenciaaira.com.br

EMAIL: [email protected]

TWITTER: @agencia_aira

CLASSIFICAÇÃO JÚRI POPULAR CATEGORIA AGÊNCIA VENCEDOR CATEGORIA AGÊNCIA

O case vencedor é o Doce Beleza - www.docebeleza.com.br, e a agência Aira atende o e-commerce há três anos. A agência foi res-ponsável pelo re-design do e-commerce, que tem como objetivo rever e melhorar a reformulação do design do e-commerce, site ou hotsite. O resultado fi nal, além de eliminar falhas, criou uma nova identidade visual da marca, que hoje vive uma fase mais madura, e uma experiência mais rica ao usuário.

O reconhecimento pelo Prêmio Peixe Grande representa uma nova fase de amadurecimento da Agência Aira de Comunicação e Design no mercado de comunicação digital. Essa é a defi nição de seu sócio-diretor, Rafael Ramos. Fundada há quatro anos, a agência atende todo tipo de necessidade de empresas no âmbito da comunicação digital e impressa, otimizando e auxiliando na divulgação do negócio.

Faturar o Prêmio Peixe Grande com esse projeto é o reconheci-mento de que a identidade visual e design são elementos impor-tantes para o sucesso da comunicação e do recall da marca. Para o sócio-diretor e diretor de criação Rafael Ramos, “ganhar o

Agência Aira CASE WWW.DOCEBELEZA.COM.BR

prêmio pelo voto popular mostra que o internauta está cada vez mais interessado e preocupado não somente com o custo-bene-fí cio, mas também com a maneira como as empresas apresen-tam visualmente sua marca, sua identidade visual, seu produto e, sobretudo, seu conceito.”

“Ganhar o prêmio pelo voto popular mostra que o internauta está cada vez mais interessado e preocupado não somente com o custo-benefí cio, mas também com a maneira como as empresas apresentam visualmente sua marca, sua identidade visual, seu produto e, sobretudo, seu conceito”

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WESLEY BINATTI

E-MAIL: [email protected]

CLASSIFICAÇÃO JÚRI POPULAR CATEGORIA FREELANCER VENCEDOR CATEGORIA FREELANCER

O trabalho realizado pelo Terapia da Alegria é um grande sucesso, e para sempre apresentar um conteúdo de qualidade, houve a necessidade de reformular a ideia inicial e ter um site dinâmico, com as principais informações sobre como fazer doa-ções ao projeto, depoimentos, vídeos e um diário que pudesse contar um pouco de cada visita aos hospitais. O briefi ng colhido pela H3X Tecnologia foi de suma importância no momento da criação. O vencedor Wesley Binatti conta que com todas as infor-mações em mãos, teve início o desenvolvimento do design da página e revela o sucesso e entusiasmo nos momentos que pas-sou criando o site.

“Lembro que realizei diversos testes de curvas e imagens até chegar na ideia fi nal. A cor vermelha era certa por se tratar da cor padrão do projeto. O site tinha que ser clean, mas ao mesmo tempo que chamasse a atenção para certos pontos, e com isso trabalhei com cores suaves e pontos fortes em vermelho. A apro-vação foi unânime. Todos que passavam e olhavam para a tela do computador no momento da criação do layout do site me elo-giavam e diziam o trabalho estava belíssimo”, conta o designer.

Wesley de Souza Binatti CASE TERAPIADAALEGRIA.COM.BR

“Houve a necessidade de reformular a ideia inicial e ter um site dinâmico”

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DANIEL PERRONE

E-MAIL: [email protected]

TWITTER: @danielperrone

CLASSIFICAÇÃO JÚRI POPULAR CATEGORIA BLOG VENCEDOR CATEGORIA BLOG

No voto popular, o gol foi de placa. Daniel Perrone, com seu www.

globoesporte.globo.com/platb/danielperrone goleou seus adversários e foi o preferido dos internautas na votação popular. Perrone, que é sócio e diretor de criação da Diretta desde 1999, tendo passado por agências como a DPZ, McCann Erickson e Foote, Cone & Belding, explica que o projeto dos blogs de torcedores do Globoesporte.com é formado por publicitários torcedores para vender o “peixe” de seus clubes do coração. “Além da paixão torcedora, procuro passar uma opinião mais realista do momento do time, além de informações exclusivas dos bastidores. O leitor me considera um elo entre ele e a diretoria do clube”, afi rma, demonstrando a seriedade de seu traba-lho à frente do blog.

Daniel Perrone comenta que a forma estética do site é de fácil usabilidade e isso acaba gerando pontos positivos, não só em concurso, mas também junto ao usuário, que é o objetivo fi nal do projeto. “É um orgulho receber esse prêmio, pois é um dos mais importantes da internet brasileira. E desta vez a alegria foi maior ainda, pois sequer fi z campanha de voto. Foi algo reconhecido pelo trabalho e dedicação”, fi naliza.

Daniel Perrone CASE GLOBOESPORTE.GLOBO.COM/PLATB/DANIELPERRONE/

“Além da paixão torcedora, procuro passar uma opinião mais realista do momento do time, além de informações exclusivas dos bastidores”

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Como ser um líder criativo? “A essência da comunicação não

mudou. Errar rápido, aprender rápido

e consertar rápido. O consumidor está

mudando. Não desistir no primeiro

obstáculo, nem no segundo, nem no

terceiro... Não adianta você comunicar

se o consumidor não ouvir, não

entender, não passar adiante o que

você falou.” As dicas são de Hugo

Rodrigues, COO&Chief Creative

Officer das agências Publicis Brasil,

Salles Chemistri e Publicis Dialog, que

concedeu entrevista exclusiva à Wide.

Com seu jeito carismático e dinâmico

de comunicar, ele deu importantes

dicas para os profissionais de criação,

publicidade, líderes e gestores da

comunicação. Confira.

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WIDE: O perfil dos profissionais de criação vem mudando em

um ritmo acelerado. Como você avalia este cenário?

HUGO: Na verdade quem está mudando é o consumidor - que ganhou voz nas redes sociais, maior acesso às informações e está mais exigente. Por isso, não só os profi ssionais de criação, mas de todas as áreas de uma agência, precisam se adaptar à nova rea-lidade. Como as mudanças ainda estão acontecendo, ninguém tem a receita do que dá certo ou errado. É como se todos tives-sem a chance de começar do zero. Por isso, digo sempre para a minha equipe: “erre rápido, aprenda rápido e conserte rápido”. Uma vez vi uma frase pichada em um muro que guardo comigo: “quando tínhamos todas as respostas, mudaram as perguntas”. É para essa realidade que temos que nos preparar todos os dias quando saímos da cama.

WIDE: Quais são as principais características de um líder cria-

tivo e como aprimorá-las?

HUGO: Não importa a posição em que você está, é preciso vestir a camisa da empresa e, no caso de uma agência, vestir também a camisa do cliente. Um criativo da publicidade não pode pensar como um artista, ou um intelectual, mas sim como um vendedor, comprometido sempre com resultados.

Ser objetivo. Ter planejamento. Traçar e cumprir metas. Ter proatividade e ser inovador. Não desistir no primeiro obstáculo, nem no segundo, nem no terceiro...Tem que estar sempre pronto para aprender, todos os dias, com diferentes pessoas e situações. Aceitar os erros e fazer diferente.

Já vi mais gente disciplinada com sucesso do que gente talen-tosa com sucesso. A não ser que você seja extraordinariamente genial, a obstinação, a humildade de querer aprender e a persis-tência dão mais garantias do que o talento inato.

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WIDE: Vocês inovaram ao encontrar uma forma mais dinâmica

de fazer comerciais de varejo. Qual é o segredo desse sucesso?

HUGO: Sempre defendi que propaganda não tem segredo, ela tem que vender. Publicitário é um vendedor. Vamos construir marca? Vamos. Vamos fazer algo que toque o consumidor? Vamos. Mas tem que vender. No Brasil, convencionou-se que propaganda de varejo é ter pessoas gritando ofertas, mas nunca acreditei nisso. Em 2004 nós mudamos a forma de fazer varejo, investindo em qualidade e em uma comunicação que o consumidor gosta de ver e que deixa um residual de marca. Hoje, graças a Deus, tem muita gente fazendo um varejo apaixonante, envolvente e efi caz. Em 2007 criamos uma campanha que passou pela aprovação dos estúdios de Steven Spielberg e Michael Bay. E era uma cam-panha de varejo, para a GM/Chevrolet. Eu tenho muito orgulho de ter vindo do varejo.

WIDE: Você acha que as novas gerações são melhores

fazendo design e criação?

HUGO: Não diria melhores e sim diferentes. É impossível com-parar uma geração que nasceu com todas as ferramentas digi-tais a de criativos que desenhavam tudo à mão. Ou então uma geração que só tinha acesso ao que acontecia ao seu redor e a geração atual, que tem acesso a tudo em um único clique. Tem muita coisa boa sendo feita, mas é preciso ter cuidado. A tecno-logia dá as pessoas um poder que pode ser perigoso. Estamos acostumados a pensar em tecnologia quando falamos em ino-vação. Mas às vezes é uma ideia simples que faz a diferença e muda a vida das pessoas.

WIDE: Em sua opinião, como foi o desempenho do Brasil no

último Festival de Cannes?

HUGO: O Brasil já tem tradição no festival e este ano não foi dife-rente. Conquistou 79 Leões. Em 2011 foram 68. Também acho importante ver agências conquistando Leões em diversas cate-gorias. Mostra que o país está atento aos inúmeros pontos de contato com o consumidor. Porém, não devemos nos pautar apenas em Cannes para avaliar a efi cácia da nossa criatividade. O consumidor é o principal jurado de cada trabalho que colo-camos na rua. Campanhas de sucesso que podem não ser pre-miadas em Cannes também devem servir de termômetro sobre o que é bom, pois foram bem avaliadas pelo consumidor, para quem a propaganda é feita.

WIDE: Você acredita que a propaganda é a última grande

arma ou foi a maior arma do capitalismo até hoje?

HUGO: A propaganda assegura o direito de escolha do consu-midor – principalmente hoje, quando todos têm acesso a muita informação e com tantas opções disponíveis. A propaganda faz a economia girar. Quando a crise mundial se agravou, por exem-plo, a GM também entrou em crise globalmente. Porém, no Brasil, a montadora conseguiu a façanha de se tornar a operação mais rentável de todo o mundo. As condições do Brasil ajudaram, é claro, mas a propaganda foi um dos fatores essenciais para garan-tir o bom resultado e temos orgulho de ter participado disso com a Salles Chemistri, agência de varejo da Chevrolet no Brasil.

WIDE: O Brasil sempre foi considerado um país do futuro,

sobretudo na Era digital. Esse “futuro” chegou?

HUGO: Sempre fui cauteloso com profecias. Acredito na dedica-ção, na persistência, na consistência e no planejamento. Tenho lido muito que o Brasil está bem porque as potências mundiais estão em crise. Acredito que o país está se desenvolvendo, mas ainda tem um longo caminho a ser percorrido. Não está pronto, mas amadurecendo. O que já é um ponto positivo. Mas temos que ser realistas e entender que ainda temos problemas de estru-tura, de educação, de saúde... E trabalhar com essa realidade. Mas trabalhar muito, que um dia a gente chega lá.

WIDE: A palavra comunicação hoje cabe em tantos lugares e

coisas. Como você define hoje o seu trabalho e o da Publicis?

HUGO: A essência da comunicação não mudou: ela existe quando uma mensagem é transmitida. O que fazemos é levar a mensagem do anunciante para o consumidor. A diferença é que hoje há inúmeros pontos de contato e você precisar saber qual o melhor lugar e momento para falar com ele e chamar sua aten-ção. Não adianta você comunicar se o consumidor não ouvir, não entender, não passar adiante o que você falou. Nosso maior desafi o é transformar o consumidor na mídia da mensagem que queremos transmitir. É pensando nisso e medindo os resultados que trabalhamos todos os dias.

“A tecnologia dá as pessoas um poder que pode ser perigoso. Estamos acostumados a pensar em tecnologia quando falamos em inovação. Mas às vezes é uma ideia simples que faz a diferença e muda a vida das pessoas”

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**Getting down to business**

Aqui, ali, em qualquer lugar Michel Lent

A nova era de startups é muito animadora, mas o desafi o da monetização continua imenso.

O sucesso astronômico do Angry Birds, a venda do Instagram por USD 1 bi para o Facebook e mais uma série de ‘histórias de sucesso’ que a imprensa tem noticiado nos últimos meses trouxe de volta um frenesi inegável para o mercado de tecnologia.

A história não chega a ser inédita. Quem já estava por aqui em 1999 se lembra das loucuras que rondavam o então mercado.COM, onde qualquer empresa de tecnologia ganhava investi-mentos fartos e pagava salários absurdos em busca do sonhado IPO e da chance de fazer milionários.

Muita gente se benefi ciou nesta ciranda que era então, basica-mente fi nanceira. Porque apesar de toda a promessa do incrível mundo que a tecnologia podia fazer, havia verdadeiramente pouca massa crítica de usuários de internet naquela época, 360 milhões de usuários em todo o mundo, sendo que pouco mais de 5 mihões no Brasil e o número de empreendimentos de inter-net acabava sendo completamente desproporcional aos usuá-rios disponíveis.

Doze anos depois a realidade é completamente diferente. Mais de 1/3 da população mundial já acessa a internet por meio de computadores, 1 bilhão em uma única rede social (Facebook), mais de 90 milhões de usuários de internet no Brasil, e quando incluímos nesta conta os usuários de telefone celular que come-çam a acessar a internet através de seus dispositivos móveis, chegamos a números verdadeiramente astronômicos.

É verdade. Hoje é possível se construir um serviço digital e tê-lo acessado rapidamente por milhões de usuários em todo o mundo. Algo que você cria em sua casa com um grupo de amigos pode ter uma popularidade astronômica.

Escolhi a palavra ‘popularidade’ de propósito.

Em um mundo com bilhões de usuários de internet, ter algo popular, se você for parar para pensar, é algo até bastante simples

de acontecer. Inventar algo que é popular é muito bacana e recompensador do ponto de vista pessoal, mas a popularidade em nada garante seu sucesso fi nanceiro.

Os modelos de receita baseados em publicidade se mostraram insustentáveis. Se o New York Times tem difi culdade em via-bilizar sua operação online com publicidade, é sinal de que o modelo apresenta problemas e a reposta para isso é simples: as propriedades digitais em busca de publicidade aumentaram exponencialmente nos últimos anos enquanto o número de grandes anunciantes permaneceu o mesmo, ou diminuiu (face às consolidações das empresas).

E ter o sucesso fi nanceiro, não baseado em publicidade, de um Instagram ou de um Angry Birds, não tem nada de simples.

A Rovio, empresa que criou o Angry Birds, já existia há mais de 10 anos e havia lançado 52 jogos antes de acertar a mão com os pássaros zangados. E o Instagram estava no lugar e na hora certa na negociação fi nanceira feita com o Facebook.

Mérito da Rovio e do Instagram? Sem dúvida. A questão é que para cada caso de sucesso há dezenas de milhares de outros casos de fracasso.

Muitos fracassos podem ser atribuídos à falta de sorte. Sim, por mais que você se esforce e faça seu trabalho, a sorte é ainda assim um fator importante em todo caso de sucesso.

Mas a grande maioria dos casos de fracasso, nada tem a ver com a sorte. Tem a ver simplesmente com a falta de defi nição clara do modelo de negócios que não seja baseado em publicidade.

A pessoa tem a ideia e ela pode ser até bem popular e ganhar milhões de usuários, mas acha que vai ganhar dinheiro com propaganda. A receita de publicidade pode até ser sufi ciente para um indivíduo sozinho, mas difi cilmente irá sustentar uma empresa. Portanto, se não houver outro modelo de receita e de negócios claro, basicamente estamos falando de algo que está fadado a se tornar insustentável em longo prazo.

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Michel Lent Schwartzman

Designer gráfico pela PUC-Rio e mestre em Telecomunicações Interativas pela

New York University. Em 2002, fundou a 10’Minutos, agência que juntou suas

operações com o grupo Ogilvy, em 2009, passando a funcionar sob a bandeira

OgilvyInteractive Brazil, empresa da qual Michel foi gerente geral e vice-presi-

dente de criação. Em 2011, assumiu a vice-presidência estratégica do Grupo

Pontomobi/RBS, empresa líder em mobile marketing no país. Ao longo de mais

de quinze anos de carreira, foi premiado nos principais festivais internacionais,

com trabalhos vencedores em Cannes, Clio, Art Directors, One Show, London

Festivals, FIAP, El Ojo de Iberoamérica, entre outros.

Twitter: @lentE-mail: [email protected]

“O sucesso astronômico do Angry Birds, a venda do Instagram por USD 1

bi para o Facebook e mais uma série de ‘histórias de sucesso’ que a imprensa

tem noticiado nos últimos meses trouxe de volta um frenesi inegável

para o mercado de tecnologia”

Ao longo dos últimos anos tive o privilégio de receber dezenas de empreendedores iniciando suas startups com ideias muito baca-nas, mas a pergunta que sempre fazia na mesa depois de assistir ao ‘pitch’ inicial era: “Ok, mas como é que isso vai dar dinheiro?” e quando a resposta era “Com publicidade”, sempre acabávamos voltando para a estaca zero.

Se você está no momento de empreender, aproveite a boa onda e o bom momento. Suas chances de sucesso são sim imensas, desde que você não deixe de ‘get down to business’ logo no pri-meiro momento.

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Internacional Julius Wiedemann

DESIGN

Agora no verão europeu marquei uma viagem com a minha irmã e com todos os nossos fi lhos. Assim que chegamos na Alemanha, ela me presenteou com um lindo livro/guia de viagem em português, como referência para as nossas viagens. Ele foi pra prateleira e de lá não saiu até hoje. Passei por ele ontem e cheguei até a me sentir mal. Mas não tem jeito mesmo, não tem volta. Em toda a nossa viagem, o que eu precisava era informação sob demanda. Todos os hotéis e rotas que fi zemos estavam online. Era mais prático, mais rápido e também mais barato.

Em maio desse ano, a Nielsen fez um rela-tório constatando que os usuários ameri-canos têm em média 41 apps nos celulares. E 4 de 5 dos mais populares pertencem ao Google. Eu tenho 7 do Google no meu celu-lar. E uso principalmente o Google Local várias vezes ao dia. Como a quantidade de decepções é muito pequena, eu continuo usando. Não é propaganda, é apenas a cons-tatação de que as informações estão agora na nuvem, e que o caminho mais rápido para pedir uma pizza não é mais o livro de endereços, e sim a internet (foi o que fiz ontem, já que acabei de me mudar e não conheço a vizinhança). Tudo isso, organi-zando informação. O modelo que a Apple usa, por exemplo, baseado geralmente no controle absoluto do conteúdo pode não durar mais muitas décadas. Os modelos vão se abrir, e a informação vai transitar mais livre, mais atualizada, e em real time.

Esta semana tive uma outra experiência excelente. Vi um anúncio na televisão da empresa Shirtinator, que faz camisetas e casacos sob demanda com a estampa que você quiser, e te entrega em poucos dias.

O fenômeno “on demand” não para de crescer na in-

ternet. Cada vez mais exigimos que as informações

sejam atualizadas em tempo real. E mais e mais que-

remos que os produtos sejam também feitos para

nós. A revolução começa com a informação, que está

hoje na nuvem. Quem viaja mesmo não tem como

viajar sem a internet, e provavelmente também não

dá mais sem o celular. Parece óbvio, não é? Está tudo

agora ficando cada vez mais digital.

A nova bonanza de empresas da internet

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Julius WiedemannDiretor de publicações digitais da editora alemã Taschen (www.taschen.com), além de editor-chefe das áreas de design e pop culture. Julius

viaja 70% do seu tempo, dividindo residências entre o Rio de Janeiro,

Cambridge, no Reino Unido, e Colônia, na Alemanha.

E-mail: [email protected]

Meus fi lhos Pedro e Joana sentaram à mesa e no computador “trabalharam” durante uns 30 minutos e montaram suas estam-pas. Estavam felizes, pois acreditavam que era algo para eles mesmos, e que seria exclusivo. Até impressão em dourado é permitido. É mais um exemplo de serviço customizado que vai se expandir. Fazendo uma pesquisa, vi que a empresa já está na Bolsa desde 2007.

Estamos vivendo uma nova bonanza de empresas na Internet. Com as recentes aquisições de organizações como Instagram, uma nova onda de investimento está acontecendo. Apesar de estarmos visualizando valores altíssimos, vivemos uma racio-nalização muito maior nos modelos de negócio. Desde o ano passado, o Google já comprou mais de 30 empresas, para citar um exemplo apenas. Recentemente também vimos um salto na adoção de leitura eletrônica nos Estados Unidos (as pesquisas geralmente vem de lá), o que indica que a competição pelos lei-tores nos seus aparelhos vai começar de verdade agora, já que o mercado ainda não atingiu em média nem 30% de leitores digitais. A indústria de livros é uma indústria curiosa, e eu sem-pre falo disso aqui na coluna. Apesar do declínio do impresso (diga-se de passagem, um declínio lento), os livros ainda podem ser uma fonte de lucros grande para quem vende (e revende) conteúdo. Só o mercado de auto-publicações é estimado entre U$ 13 e 17 bilhões nos EUA. O mercado é gigante, e leitura é uma atividade ativa (e não passiva, com ouvir música ou ver um fi lme). Isso tem vantagens e desvantagens, mas estamos no momento em que podemos reconstruir completamente a ideia de leitura. Autores vão sempre existir. Tenho visto uma quan-tidade grande de plataformas de livros para tablets e celular sendo desenvolvidas. O pulo do gato vai ser mesmo quando tudo funcionar na nuvem.

Agora que todo mundo (ou quase todo mundo) se registra com o login no Facebook, vamos ver a empresa ganhar mais e mais poder. Mesmo com o baixo preço das ações na bolsa, o Facebook navega hoje sozinho. Isso sempre pode mudar, mas não de uma hora para outra. A quantidade de informações dos usuários que eles podem gerenciar dentro do bando de dados deles só cresce. Por outro lado, ele também acaba sendo um novo catalizador de criação de empresas (sem contar que

eles também compraram outras 18 empresas desde 2011). O mesmo acontece com o iOS, que se transformou num fenô-meno em catapultar empresas, tais como Rovio, que agora já entra na área de filmes.

Tudo isso para dizer que mesmo com a recessão seriamente afetando o mundo todo, estamos vivendo uma fase de gran-des possibilidades. Talvez até mesmo pela situação econômica não muito favorável, as oportunidades criadas hoje sejam muito mais consistentes e focadas em reais necessidades. Há alguns anos conheci uma executiva americana que colecionou durante anos os planos de negócios de empresas de internet que faliram na bolha dos anos 90. O que mais impressionava era que as pessoas recebiam quantidades de dinheiro absurdas por ideias tão absurdas quanto. Isso quase não acontece mais hoje. Para todos os programadores de mão cheia, essa é uma boa hora de colocar aquela ideia na rua e ver no que dá.

“Uma nova onda de investimento está acontecendo. Apesar de estarmos visualizando valores altíssimos,

vivemos uma racionalização muito maior nos modelos de negócio”

Page 44: O Poder do mercado de Aplicativos

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Ilustração Carolina Vigna-Marú

Recebo para ilustrar uma muito bem-humorada crônica sobre o gauchês, dialeto do Rio Grande do Sul, em um arquivo inti-tulado “gauches.doc”. Bati o olho no anexo do email e, antes de ler, estava convencida tratar-se de gauches – “gôxes” –, como o esquerdo do poema do Drummond. Passei o dia rindo desta minha esquerdice.

Meu CPF tem um monte de zeros e uns. Aqui em São Paulo existe a tal da Nota Fiscal Paulista (google it). Repito várias vezes o número para a atendente de um café, contra quem o sistema da Prefeitura estava brigando. Um amigo carioca me pergunta se estávamos conversando em binário.

Uma oferta de emprego aparece em uma lista de discussão. Endereço: “Frei Caneca, número tal”. Um dos membros, com razão, pergunta “Frei Caneca, onde? Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Díli, Bissau?”.

Mergulho desde muito nova. Sou rescue diver pela PADI. O sinal para “vamos subir” é o polegar para cima. Preciso contro-lar meus impulsos de olhar na direção do gesto toda vez que alguém me faz o sinal de “legal”. Já tenho fama de maluca, não preciso de mais esta esquisitice no meu currículo.

Tive um Celta preto que ganhou o apelido de “vai chover” (o céu tá preto). Não por conta do trocadilho infame, mas graças a um ouvido ainda mais distraído que o meu.

Obras na minha casa (socorro, socorro!). O pedreiro me per-gunta se uma determinada coisa era “de uma fi eira só”. Levei um tempo absurdo para entender que informação era esta de que ele precisava e, confesso, até hoje tenho minhas dúvidas se sei mesmo o que vem a ser uma fi eira.

Alguém diz “infl uência de Freud”. Eu automaticamente associo ao Lucien Freud, um dos meus pintores prediletos. Claro que o Freud em questão era o Sigmund e eu, mais uma vez, fi quei lá com aquela cara de screensaver.

Durante os intermináveis anúncios no cinema, alguém ves-tindo moleton (vergonha alheia) me diz sorrindo com um produto na mão “este eu recomendo” e em seguida faz uma piadinha. Todos riem. Até hoje não sei de quem se trata e não

Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. (trecho inicial de Poema de sete

faces, Carlos Drummond de Andrade, 1930)

Vai, Carlos!

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Page 45: O Poder do mercado de Aplicativos

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Carolina Vigna-Marú é designer e ilustradora das antigas, do tipo que

raspou fotolito com gilette e fez separação de cores no papel vegetal, mas

que não é saudosista e acha tecnologia o máximo. Trabalhou com multimídia

e foi SysOp de BBS. Desenvolve sites desde 1996, especializando-se em CMS

e em SEO com tableless e CSS. Começou em uma editora pequena em 1982

e nunca mais parou. Gosta muito de ilustração vetorial, mas não dispensa um

bom papel e lápis. Fotógrafa amadora e apaixonada por tudo o que é gráfico.

Estuda Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes SP

E-mail: [email protected]

entendi a piada. Tampouco guardei qual era o produto, então, obviamente, eu não era o público-alvo. Tudo bem, história da minha vida.

Todos casos reais. Tenho muitos outros, mas paro por aqui antes que o pessoal da Wide mande me internar.

Sempre medimos o mundo a partir do nosso repertório. Não tem jeito: mesmo os mais atentos acabam, vez ou outra, escor-regando em seu próprio umbigo. Construímos nosso entorno a partir do “maquinário” que temos. Como temos olhos com um campo de visão restrito em aproximadamente 100o, mora-mos em cubos, estranhamos ambientes arquitetônicos com angulações muito diferentes de 90o e temos uma tendência a naturalmente andarmos em linha reta (sóbrios, pelo menos). As abelhas , a título de comparação, enxergam 280o, moram em poliedros que lembram prismas hexagonais e voam por trajetórias nem um pouco lineares. Tudo é narrado, medido e compreendido a partir dos nossos referenciais. Se as abelhas estivessem no topo da cadeira alimentar, o mundo certamente seria muito diferente. Não falo apenas de ergonomia, mas sim da nossa compreensão de mundo.

Este entendimento do que nos cerca é muito complexo e envolve também a cultura onde estamos inseridos, a época, o idioma, a história geral, a de nossa família, a nossa individual, além de fatores terrivelmente variáveis como crenças, status social ou nível econômico.

Contei os casos acima para demonstrar que não existe uma única forma de compreender algo. É, portanto, quase impossí-vel garantirmos que um determinado ícone será efi caz, ou que uma interface terá navegabilidade. Precisamos dar razão ao pessoal do W3C e lembrar de colocar texto alternativo em tudo (sim, eu sei que o atributo alt tem originalmente outra função). Isso vale não só para web, naturalmente.

“A tese não é muito nova. Sempre se supôs que os instru-mentos são modelos de pensamento. O homem os inventa, tendo por modelo seu próprio corpo. Esquece-se depois do modelo, ‘aliena-se’, e vai tomar o instrumento como modelo do mundo, de si próprio e da sociedade. Exemplo clássico dessa alienação é o século XVIII. O homem inventou as

máquinas, tendo por modelo seu próprio corpo, depois tomou as máquinas como modelo do mundo, de si próprio e da sociedade. Mecanicismo. No século XVIII, portanto, uma fi losofi a da máquina teria sido a crítica de toda ciência, toda política, toda psicologia, toda arte. Atualmente, uma fi losofi a da fotografi a deve ser outro tanto. Crítica do funcio-nalismo.” (FLUSSER, Vilém. Filosofi a da caixa preta: ensaios para uma futura fi losofi a da fotografi a. Trad. do autor. Rio de Janeiro : Relume Dumará, 2002, p. 73)

Outro dia rolou no Facebook uma dessas imagens metidas a engraçadas que mostrava um desenho de óculos redondos e dizia algo mais ou menos assim: “se você tem mais de 30 anos, este é o John Lennon; se tiver menos de 20, este é o Harry Potter” (e pessoas entre 20 e 30 não existem?). Besteiras à parte, o fato é que quanto mais repertório você tiver, mais totalfl ex o seu cérebro será e mais chance de acerto você terá. A não ser, claro, que você seja como eu, um gauche na vida. Neste caso, desapega: nada nos salva.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/

cientistas-demonstram-como-as-abelhas-enxergam-o-mundo

“Sempre medimos o mundo a partir do nosso repertório. Não tem jeito: mesmo os mais

atentos acabam, vez ou outra, escorregando em seu próprio umbigo”

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Design de interação Amyris Fernandez

Design Thinking, UX y otras cositas más

Na edição de 2011, muitos dos palestrantes falaram de como usaram o Design Thinking para resolver os mais variados problemas: de interfaces à pobreza nas ruas. Ao meu lado, alguém disse em tom irônico: “o design thinking acha que vai salvar o mundo”. Essa frase foi tão forte que, já se passou quase um ano e eu ainda me lembro desse momento.

O Design Thinking não vai salvar o mundo, mas certamente vai ajudar os designers a trabalhar olhando menos para a tela e mais para o mundo, o usuário e seu contexto. Por quê? Pois bem, acho que vale fazer uma pequena viagem por outras disciplinas que fi zeram o mesmo caminho que hoje o Design está trilhando.

Vejamos o marketing. Nos anos 50 e 60 consolidou-se a ideia de que era impossí-vel dissociar a oferta da comunicação, da distribuição e do preço, e que era a cada dia mais arriscado ir ao mercado sem saber o que consumidor pensava do produto, quais coisas desejava e ainda não tinha. Nesse momento, com sede de entender o consumidor de maneira científi ca, mas útil sob o ponto de vista da empresa, os pes-quisadores começaram a usar com mais ênfase conhecimentos vindos da psicolo-gia. Estudar o comportamento sob essa luz deu às empresas que investiram uma van-tagem considerável. Com os insights dessas pesquisas foi possível criar produtos inova-dores e já desejados. Também diminuía a margem de erro nos lançamentos. Nada de críticas mordazes ou grandes perdas.

Anos depois, com o aumento da sofi sticação do consumidor, os pesquisadores procuraram o apoio das metodologias vindas de sociolo-gia e antropologia, observando tendências de

Estamos com a 4ª edição do Interaction South

America, um evento híbrido, onde acadêmicos e

profissionais de mercado podem compartilhar co-

nhecimento, trocar experiências, questionar meto-

dologias e jeitos de trabalhar.

DESIGN

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consumo enquanto as mesmas se delineavam.Pois bem, hoje a ciência do consumo tem um corpo de conhe-cimento bastante significativo. São anos e anos de trabalhos científicos. Com menos anos de estrada temos a Interação Humano-Computador e o Design, lembrando que muitos designers olham para si mesmos como craftsmen ou alguém que faz artefatos.

Portanto, não é de se estranhar que as pessoas de ciências da computação debruçaram-se sobre as questões de interface usando técnicas de psicologia cognitiva e que os designers pro-curaram o apoio das ciências sociais para entender o contexto e as necessidades de artefatos para fazer as coisas. Parece natural buscar em outras ciências conhecimento e técnicas para lidar com os novos desafi os.

A questão é que as consultorias precisaram empacotar essas soluções para vendê-las para seus clientes. Testes de Usabilidade nada mais são que testes de produtos. Ok, ok, são produtos mais complexos em ambientes digitais e o desafi o é entender o repertório de cada usuário para lidar com aquele elemento em tela: link, ícone, feature.

Design Thinking é pesquisa de mercado usada para tomada de decisão estratégica, cujo resultado é a criação ou alteração

Amyris Fernandez é consultora em Design de Interação, membro do

IxDA (Interaction Design Association) e ministra aulas de Usabilidade

e Design de Interação. É doutora em comunicação pela Universidade

Metodista, com “bolsa sanduíche” na Universidade de Koenhagen,

Dinamarca, e mestre em Comércio Eletrônico, pelo Rochester Institute of

Technology, EUA.

E-mail: [email protected]

“O Design Thinking não vai salvar o mundo, mas certamente vai ajudar os designers a trabalhar

olhando menos para a tela e mais para o mundo, o usuário e seu contexto “

de todo um composto de produto: atributos, preço, forma de colocá-lo no mercado. Esse produto pode ser uma solução para um problema, mas tem que ser embalado em todo um discurso estratégico.

Sei que vou causar momentos de ira com essas colocações e, mais uma vez, quero ser a pessoa que incomoda por fazer refl e-tir. O que um problema precisa é de Design Thinking ou de uma solução? Pense nisso.

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Estima-se que até 2014, teremos mais pessoas acessando a internet por um dispositivo móvel do que em um computador convencional. Ou seja, os usuários de tecnologia estão migrando de um celular mais básico para um smartphone para se comunicar e usar outras funções cada vez mais avançadas. É aí que entram os aplicativos (apps), uma verdadeira febre entre os consumidores

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Os aplicativos já podem ser considerados como a revolução da comunicação móvel. De acordo com a empresa de pesquisas de mercado In-Star, em 2015, lojas de aplicativos, como a App Store,

da Apple, e o Android Market, do Google, serão responsáveis por até 48 bilhões de downloads.

Nas pesquisas de preferência e buscas por apps, Games é a ca-tegoria de maior sucesso, seguida por Previsão do Tempo, Redes Sociais e Mapas. Uma vez que os Games dominam o mercado de apps, pode-se pensar que este é o único tipo de aplicativo pelo qual as pessoas estariam dispostas a pagar. E uma curiosidade: os cinco apps pagos mais baixados são de games, enquanto os cinco gratuitos mais baixados possuem função mais utilitária.

Atentas ao mercado, grandes empresas fazem suas apostas e investem. Diego Higgings, diretor de mobile do Yahoo!, acredita que as principais novidades do momento são as inovações cross--devices e multi-screens. Segundo ele, a convergência entre as mí-dias vai fazer com que os apps se tornem mais relevantes e intera-tivos para os usuários. Já de olho nessa demanda, o Yahoo! lançou no fi m de 2011 o INTO NOW, aplicativo que reconhece fi lme, seria-dos e programas de TV, convergindo o Smartphone/Tablet e a TV. “Outra novidade são os aplicativos para TV conectadas. O Yahoo! é o pioneiro neste segmento com a sua plataforma de distribui-ção de apps chamado Yahoo! Connected TV. Esta plataforma será lançada no Brasil ainda este ano”, garantiu.

O diretor do Yahoo! explica que investir em aplicativos hoje é uma das ferramentas que a empresa pode usar para obter um forte retorno no mobile. Mas é necessário cautela diante dos desafios para que o seu aplicativo não vire apenas mais um nas lojas de apps.

Confira nesta reportagem o que você precisa saber para não ficar de fora das atualizações no mercado de apps

“A convergência entre as mídias vai fazer com que os apps se tornem mais relevantes e interativos para os usuários”DIEGO HIGGINGS

No Brasil, o Yahoo! já criou a campanha Yahoo! Social Bike, lan-çada no Dia Mundial sem carro. A campanha contava com o aplicativo de iPhone chamado ‘Social Bike’, no qual os ciclistas podiam mapear suas rotas preferidas e compartilhá-las nas re-des sociais. O projeto ainda contou com uma página informati-va dentro do portal com dicas de saúde, trânsito-mobilidade e outros temas relacionados.

Com a plena ascensão do setor, uma grande estrutura de mo-bile foi criada no Yahoo!. Times de engenharia, pesquisa e desen-volvimento, marketing, editorial, produto e desenvolvimento de negócios estão espalhados em todo o mundo. No Brasil, a equipe mobile é focada em desenvolvimento de negócios e gerenciamen-to de produtos locais tendo como objetivo desenvolver e distribuir os melhores conteúdos e serviços para a plataforma móvel, enten-dendo as necessidades dos usuários e anunciantes, tornando a marca cada vez mais relevante em seu dia-dia.

Aproveite as dicas do Yahoo!:

1) Foque em usabilidade e relevância para o usuário - Não crie

um aplicativo apenas para ele ver a sua marca e seus produtos,

crie algo que interaja com o usuário e faça-o querer usá-lo frequen-

temente – quanto mais o cliente usar o aplicativo, mais vezes a sua

marca irá impactá-lo.

2) Trabalhe para que os usuários baixem o app – Não se es-

queça de sempre comunicar o app nos sites móveis, redes sociais

e outros meios de comunicação.

3) Invista na usabilidade - O app deve ter uma interface simples

e conteúdos atualizados.

4) Outro desafio das empresas ao criar aplicativos são os dife-rentes sistemas operacionais (Android, iOS, BADA, Windows Mobile etc) dos smartphones e diferentes telas e resoluções

- Uma solução para esta portabilidade poderia ser criar os aplicati-

vos em HTML5 (veja página 66).

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“Sabemos que a maneira como os usuários interagem com os conteúdos no celular é muito diferente do que no PC ou em ou-tras telas. Esta diferença de comportamento do usuário também é clara entre os diferentes tipos de celular. Portanto, temos o cui-dado de oferecer a melhor experiência e conteúdo para todos os nossos usuários. Para entender esta demanda e criar a nos-sa estratégia, realizamos pesquisas e estudos periodicamente no Brasil e no mundo. Estamos fi nalizando um estudo neste momento para entender como os brasileiros estão interagin-do com os smartphones e a internet móvel e esperamos obter dados importantes para aprimorar nossos serviços e produtos. Com essas valiosas informações, criamos e lançamos produtos inovadores como o INTO NOW e aprimoramos nossos produtos como o Flickr”, fi naliza.

Adriana Mazarino, gerente de Planejamento e Mídia da Enken Comunicação Digital, explica que o mercado de apps possui hoje diversas vertentes, tais como: Guias Gastronômicos; Dicas de etiqueta e boas maneiras para crianças; Dicas de alimentação saudável, alívio do stress e atividades físicas para quem busca qualidade de vida; Guias culturais para museus, cinemas, tea-tros; Dicas fashion com tendências para coleções primavera/verão e outono/inverno (cores, acessórios, estilos) e make up; Guias de viagens, com reservas de hotéis; Dicas para ter rela-cionamentos de sucesso; Como projetar sua imagem profis-sional no buscador do Google; Um monitor dos ciclos do sono que influencia diretamente nos sonhos; Oferecer uma cerveja ao seu networking via Twitter.

“Acredito que ao desenvolver um aplicativo, a empresa deve, além de contemplar os sistemas Android, iOS e Windows Phone, trabalhar conteúdo como prestação de serviço e promoção da marca e dos produtos/serviços que comercializa, planejando de forma contínua a atualização deste conteúdo, tornando-o assim, um app funcional. Desta forma, o branding da marca será contí-nuo (presença) e o serviço oferecido agregará valor ao produto. É importante destacar também que os apps de prestação de ser-viços atrelados a uma marca devem ser gratuitos, pois a predis-posição em se pagar pelo serviço é menor do que a de se pagar por games. Entretenimento ainda é um grande e talvez o maior apelo”, acredita a gerente, chamando atenção de como utilizar o potencial dos apps para obter retorno para a empresa.

Uma pesquisa realizada pela Flurry apontou que o cresci-mento da Apple Store e do Android Market em quantidade de aplicativos atingiu, no fi nal de 2011, 500 mil e 350 mil respectiva-mente, além dos números de downloads mensais das duas lojas, que somaram 2,6 bilhões no mesmo mês. “Geralmente, em toda novidade há um ‘boom’ na adesão motivada pela ‘curiosidade’. A questão é que se o conteúdo do app não tiver funcionalidade e atualização constante, acaba caindo no esquecimento, e o valor investido acaba se tornando custo. O share do Android é o maior de todas as plataformas, mas a Apple ganha em diversidade; em contrapartida, o público Apple gasta mais tempo jogando; os ga-mes correspondem a mais de 60% dos apps baixados na platafor-ma mobile. Diante deste cenário, é importante que as empresas tenham bem alinhado o comportamento do uso de apps por par-te de seu público, para que analisem qual a melhor forma de se

relacionar com ele, considerando este universo”, orienta.A Enken Comunicação, por exemplo, procura estar sempre

atenta quanto ao uso de apps com vistas a realizar ações de ma-rketing de sucesso. A especialista destacou os apps que são de-senvolvidos para a Gafi sa em iOS; Android e Windows Phone es-tão em desenvolvimento.

iPAD/iPhone

Informações completas e detalhadas, inclusive fotos e plan-

tas de todos os empreendimentos da incorporadora, sendo

possível armazenar informações sobre os imóveis de prefe-

rência do usuário, fornecidos pela Gafisa ou mesmo novos,

inseridos por ele.

Ao visitar uma obra ou apartamento decorado, é possível ti-

rar fotos e adicioná-las à ficha do empreendimento, além de

complementar informações como metragem, quantidade

de dormitórios, telefone do corretor, data da visita ou mes-

mo realizar gravações de voz, com impressões e comentá-

rios sobre cada imóvel visitado.

Ferramentas assim permitem mais praticidade para compa-

rar empreendimentos, e ainda enviam uma espécie de resu-

mo de toda esta pesquisa para o e-mail pessoal do usuário.

Além de levantar e armazenar informações dos imóveis de

interesse, este aplicativo possui contato integrado e direto

com os corretores para ajudar na pesquisa e negociação.

Há também acesso ao Guia Rápido da Compra Segura: um

guia feito pela Gafisa com as principais perguntas que de-

vem ser feitas antes da compra de um imóvel.

A força do público femininoSabe-se que o público feminino já é uma grande aposta do mer-cado. Uma recente pesquisa da Sophia Mind revelou que, hoje, 46% das mulheres já são usuárias de games mobile, o que é um grande passo para o uso de aplicativos, com um crescimento de 12%, se comparado a 2009. Para Adriana Mazarino, é necessário pensar nesse público com atenção e com diferenciais estraté-gicos. “Se observarmos a pesquisa, veremos que as mulheres aderiram aos jogos online com objetivos de diversão e entrete-nimento, e não com forte apelo em competição, diferentemente dos homens. Elas preferem os casuais games ou então os simu-ladores de estabelecimentos ligados à saúde, bem-estar e bele-za. Percebe-se que o objetivo é muito mais um passatempo, do que propriamente, competitividade. Acredito que os apps de-vam contemplar conteúdos (guias, dicas, simuladores) ligados a esses temas citados, agregando carreira, maternidade e moda. “Patrocinar” esse tipo de iniciativa, considerando linguagem e

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universos distintos para classes e realidades diferentes dentro público feminino, pode ser um excelente ponto de contato e re-lacionamento contínuo”, garante.

O Portal Minha Vida (minhavida.com.br), um dos maiores sites de saúde e bem-estar do Brasil com mais de 11 milhões de usuá-rios, é a prova da força do sexo feminino inserido no meio dos apps. O portal lançou um aplicativo de metas de vida onde as pes-soas podem se auto-gerenciar. Entre as principais funções, o app manda lembretes que ajudam a manter o foco em objetivos rela-cionados à saúde e bem-estar estipulados pelo próprio usuário.

O aplicativo “Metas de Vida” tem o objetivo de impulsionar a adesão de metas que, quando alcançadas, favorecem um estilo de vida mais saudável: beber mais água, fazer atividades fí sicas diárias, emagrecer, parar de fumar ou até mesmo ingerir mais ali-mentos verdes e frutas durante as refeições estão entre as opções de metas que podem ser escolhidas (e seguidas) com a ajuda do aplicativo mobile.

Ao avaliar o cenário crescente de aplicativos, Eduardo Toniolo Bozzetto, sócio-fundador da How Mobile, acredita que as empre-sas já visualizam a força e o retorno que os apps podem trazer para dentro de suas organizações. Bozzetto afi rma que trata-se de

um movimento natural do mercado, tendo em vista que vários fatores colaboram para essa ascensão: maior oferta de smartpho-nes com preços atraentes e diversidade de modelos; ampliação e melhoria dos canais de dados para celular; e menores custos para aquisição de planos de dados, inclusive para pré-pagos. “Esse novo cenário, que evolui constantemente, modifi cou a forma de consumo de conteúdo digital e criou novos hábitos e canais de in-teratividade com os usuários. Diante dessas condições, empresas anunciantes vêm utilizando as diversas ferramentas oferecidas pelos smartphones para estabelecer uma comunicação direta com seus consumidores, de forma mais interativa, seja por meio de mobile sites ou por aplicativos.”

O diretor dá dicas para as empresas sobre como investir nesse mercado (levando sempre em consideração a necessidade de se adequar de acordo com suas necessidades). Vale lembrar que a diversidade de funções que os mais de 500 mil apps mobile da Ap-ple e os mais de 350 mil apps mobile do Google Play oferecem são enormes; vão de simples jogos casuais até ferramentas que podem auxiliar no desenvolvimento de uma atividade profi ssional.

• Para empresas que visam utilizar a loja de aplicativos com

o objetivo de estabelecer um novo canal de comunicação com

seu público, o retorno pode ser medido pelo número de acessos

ao App e, principalmente, pela quantidade de interações que é

efetivada;

• Para outras empresas, o ganho pode estar no melhor desem-

penho de uma tarefa operacional, seja ela enviar um pedido de

vendas em deslocamento por parte de sua equipe externa ou mo-

nitorar algum indicador;

• Já olhando sob a ótica de empresas que objetivam um retor-no financeiro, os modelos de monetização utilizados são: Paid

Download, método mais tradicional em que o usuário paga pela

aquisição do app; IAP, In-APP-Purchase, nesse modelo o usuário

“É importante destacar também que os apps de prestação de serviços atrelados a uma marca devem ser gratuitos, pois a predisposição em se pagar pelo serviço é menor do que a de se pagar por games”ADRIANA MAZARINO

O Portal Minha Vida

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paga por virtual goods dentro da aplicação. Quando utilizado em

aplicativos que são ofertados gratuitamente, recebe o nome de

freemium (free + premium). Outro método de monetização é o

Advertising, que pode explorar uma base consolidada de anun-

ciantes de rede de Adnetworks, seja no formato de blind media

ou media premium, quando o anunciante escolhe em qual app

ele quer fazer o seu anúncio. E há ainda um modelo de monetiza-

ção baseado em assinatura.

A Mobits (mobits.com.br) é uma das empresas pioneiras no desen-volvimento de aplicativos e soluções móveis no Rio de Janeiro. A sócia-fundadora, Hildi Medeiros, conta que na época já existiam muitas empresas que desenvolviam para web, porém a Mobits queria inovar. Perceberam que a área de desenvolvimento para celular era pequena, mas bem promissora. “O número de celu-lares no mundo mostrava sinais de crescimento e a chegada do iPhone trazia junto um novo tipo de negócio: a distribuição de aplicativos por uma loja no próprio celular. Antes, a distribuição de aplicativos era feita apenas pelas operadoras. Aliado a isso, já tí-nhamos feito uma matéria nos tempos da faculdade (UFRJ) sobre desenvolvimento de aplicativos e dois de nossos sócios (Karin Rocha e Felipe Barreto) fi zeram o projeto fi nal de curso também na área. Esses fatos acadêmicos também colaboraram muito, pois nos aproximaram da área naquele momento”, explica.

Com o passar do tempo, a Mobits cresceu e hoje a principal no-vidade é a aplicação voltada para os shoppings centers, o Mobits Plaza. “Trata-se de uma plataforma fl exível e totalmente persona-lizável para shoppings que desejam ter sua marca no mundo mó-vel com um app ofi cial, compatível tanto com iPads quanto com iPhones/iPods touch - e em breve com Android. As vantagens são que o seu desenvolvimento é muito mais rápido do que partir de algo do zero, além de ter custo mais acessível”.

Para entender, aplicativos desenvolvidos com o Mobits Plaza

podem ter a sua identidade visual totalmente personalizada pelo cliente e seu conteúdo integrado com bancos de dados já existen-tes, com uma ferramenta exclusiva de gerenciamento — adminis-tradores dos shoppings e os próprios lojistas têm controle sobre todos os dados do app, online. Os usuários podem então ter fa-cilmente acesso às principais informações do shopping, navegar por lojas e até cardápios de restaurantes e vitrine das lojas, confe-rir a programação sempre atualizada do cinema e receber alertas de promoções e eventos do shopping. O carioca Botafogo Praia Shopping já usa a plataforma (migre.me/9VcyR).

Ao falar sobre o acirrado mercado e sua concorrência, Hildi lembra que hoje já existem diversas empresas que desenvolvem para celular, e algumas grandes empresas optam por ter uma equipe interna cuidando disso. Para ela, isso representa uma ameaça e, para manter-se diferenciada, a Mobits mira na realiza-ção de projetos com qualidade, desde o atendimento inicial até a entrega do projeto. Ela assegura que a melhor percepção que tem da qualidade dos projetos é o retorno dos clientes, uma vez que vários já desenvolveram mais de um projeto com a empresa, além de sempre a indicarem. “Além disso, para se manter diferen-ciado no mercado mobile é imprescindível que os projetos sejam inovadores, que agreguem valor ao usuário fi nal. Hoje, existe um grande número de aplicativos disponíveis ao público e para ter sucesso é preciso se destacar nesse mar de apps, não basta ape-nas estar presente nas lojas de aplicativos para ser visto, é preciso inovar e criar um diferencial.”

Hildi Medeiros tem certeza que a mobilidade veio para fi car. Segundo ela, as pessoas estão cada vez mais conectadas aos seus smartphones. “E elas usam para tudo: para navegar na in-ternet, para jogar, para ver previsão do tempo, enviar emails, ou-vir música, conhecer pessoas e até telefonar. Os aplicativos são importantes, pois conseguem participar da rotina do usuário de uma forma mais fl uida e menos burocrática que tende a ser.

Mobits

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Creio que eles ganham da web, pois permitem uma experiência mais rica com o usuário, já que pode fazer uso dos recursos da plataforma, como função de geolocalização (GPS), acelerôme-tro, bússola, armazenamento de dados offl ine, interface multi--touch, fotografi a e muitas outras. E pode oferecer isso tudo ao usuário mesmo sem acesso à internet.”

A Research in Motion, empresa canadense responsável pe-los produtos BlackBerry (smartphones, tablets, BBM), conhece o potencial do mercado de aplicativos em todo o mundo. A orga-nização atravessa um momento de reestruturação de grandes proporções, e no início de 2013 apresentará ao mercado sua nova plataforma, a BlackBerry 10. Nessa jornada, a empresa defende que os desenvolvedores são peças-chave, pois são os grandes res-ponsáveis por fazer da App World (loja da apps da Blackberry) um ecossistema de aplicativos de qualidade.

“Nossa ideia é mostrar de forma clara que existe uma oportuni-dade de negócios no BB10. Para tanto, estaremos muito próximos de cada desenvolvedor para maximizar as chances de sucesso de cada um. Exemplo disso é o BlackBerry 10 Jam World Tour, onde estamos rodando 23 cidades ao redor do mundo com pales-tras ministradas por especialistas e fornecendo de forma gratuita uma versão alpha (protótipo BlackBerry Dev Alpha) do nosso smartphone BB10. Serão 100 milhões de dólares investidos na relação com os desenvolvedores até o lançamento do BlackBerry 10”, garante Demian Borba, BlackBerry Developer Evangelist.

O evangelista da Blackberry orienta desenvolvedores para cria-rem aplicativos para o BB10 a começarem por desenvolvimento de apps para o PlayBook, o tablet da BlackBerry que já está no mercado – ele garante que apps que rodam no Tablet OS vão ro-dar com excelente usabilidade no BB10. Todas as informações (exemplos de código, SDKs, downloads e documentação) estão disponíveis no (developer.blackberry.com).

Para criação de apps, a Blackberry oferece quatro formas principais:

1) C/C++, com SDK nativo para PlayBook e BB10, além do

framework de UI chamado Cascades (disponível apenas

para BB10);

2) HTML5: Nesse caso, fica a cargo do desenvolvedor o que

utilizar (Sencha, jQuery Mobile, bbUI.js, Zepto, Three.js, Alice.

js, Enyo, Dojo etc), disponível para PlayBook e BB10;

3) Adobe AIR: Possibilita que Flash e Flex developers possam

criar aplicativos de alta qualidade com acesso a diversas

APIs nativas, disponível para PlayBook e BB10;

4) Android/Java, onde com apenas uma linha de código é

possível converter APKs (aplicativos Android) para BARs,

disponível para PlayBook e BB10.

Além disso, a empresa contribui e apoia diversas iniciativas Open Source como Apache Cordova, WebKit, WebWorks etc. Nos even-tos do BB10 Jam World Tour, desenvolvedores criam ou portam aplicativos em menos de duas horas, rodando perfeitamente no Dev Alpha. “Diferente de outras plataformas, o desenvolvedor Bla-ckBerry não tem custo nenhum para criar e publicar apps na App World, e não precisa ter que aprender uma nova linguagem do zero. Estamos trabalhando intensamente para garantir que cada um possa se manter em sua zona de conforto e tenha o menor trabalho possível ao portar seus apps para o BB10.”

No passado, a RIM (Research In Motion) teve uma difi culdade de aceitação em relação às plataformas antigas, sobretudo o BB7. Porém a palavra-chave do momento é reposicionamento. “Este é nosso maior desafi o: mudar a percepção dos desenvolvedores em relação à Research in Motion. Temos plena consciência que desenvolver para o BB7, BB6, BB5 é realmente desafi ador. Por isso, estamos nos esforçando ao máximo para suportar as plataformas mais populares da atualidade, trabalhando dia e noite, focando no que é melhor para o desenvolvedor. Além disso, estamos in-seridos em grandes eventos da BB10 Jam World Tour, que passou pelo Brasil - em São Paulo no dia 21 de Agosto. No Rio de Janeiro,

App Celebration Weekend 2012

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em setembro, teremos o BlackBerrry Jam Sessions (os hacka-thons), dentro do WOB – Wide Open Business Conference - (www.

blackberryjamworldtour.com)”, revela Demian Borba. Para entender melhor a proposta da Blackberry, o evangelis-

ta explica que o objetivo é representar a mobilidade de forma completa, rodando de forma integrada em tablets, smartpho-nes e até mesmo automóveis. Ele, porém, lembra que criar uma nova plataforma do zero leva anos. “Estamos trabalhando diu-turnamente para o lançamento do BB10 no início do ano que vem, com a proposta de ser um sistema inovador e que atenda as necessidades dos consumidores atuais - que focam em efi -ciência e necessitam de uma experiência fl uída de alta perfor-mance - conectada às mais diversas redes sociais e que ofere-çam extensões como NFC e Bluetooth.

Demian Borba acrescenta que para uma melhor compreen-são de como a empresa chegou até aqui, pode citar a aquisição por parte da RIM de diversas empresas ao longo dos últimos anos, como por exemplo QNX (sistema operacional real time super ma-duro e estável, que roda em sistemas críticos como usinas nucle-ares, automóveis de guerra, hospitais etc), Torch Mobile (um dos maiores contribuidores do WebKit, engine dos principais brow-sers da atualidade) e TAT (empresa líder em experiência de usuá-rio, com projetos de UI a frente do nosso tempo).

“Penso que a principal mensagem é que não estamos indo con-tra as outras marcas. Estamos focando todas as nossas energias em atender uma fatia de mercado específi ca: adolescentes e adultos que focam em ser altamente efi cientes, conectados e produtivos. Essa é a proposta da RIM com a plataforma BlackBerry 10.”

O crescimento do mercado é tão evidente, que no início de 2012, o grupo .Mobi, controlado pelo Grupo RBS, adquiriu a em-presa de desenvolvimento de aplicativos para dispositivos mó-veis Aorta. O valor da aquisição foi mantido em sigilo pelas com-panhias. A Aorta, que possui sede em Belo Horizonte e escritório em São Paulo, é a maior empresa da área de desenvolvimento de aplicativos e plataformas para dispositivos móveis do país.

“Não basta apenas estar presente nas lojas de aplicativos para ser visto, é preciso inovar e criar um diferencial”HILDI MEDEIROS

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Marcelo Giannini, sócio da Loja Comunicação, acredita que em qualquer “boom” tecnológico existe uma palavra importante para separar aqueles que realmente obtém retorno daqueles que vão desaparecer: relevância. Obter retorno no universo das Apps é juntar relevância e oportunidade, segundo ele. “Estamos vivendo uma ‘explosão’ de aplicativos e, é normal, com todo o foco voltado para esta temática, que tenhamos um crescimento tão acentua-do nesta curva. A tendência é obviamente uma desaceleração deste crescimento no médio prazo a partir do momento que o mercado fi que mais maduro e a penetração dos smartphones e pads fi que um pouco mais saturada”, acredita.

Na Loja Comunicação, o investimento é todo pensado em APIs que gerem relevância e retorno para os clientes. “Já fi zemos soluções mais completas, como o sistema de Assinaturas Digitais da revista Ciência Hoje, que está sendo implementado em API nativas para Android de Iphone a soluções mais simples e diver-tidas, como a API para a A2.”

Uma dica que o especialista dá para desenvolvedores estarem sempre atentos é a capacitação contínua. “Aqui incentivamos a aprendizagem constante: enviamos nossos desenvolvedores para cursos, eventos, palestras. Temos uma grande listagem de sites e blogs de tecnologia que somos leitores e colaboradores e, acima de tudo, não nos intimidamos com a novidade, a mudança. Quem trabalha com tecnologia tem que se acostumar a viver es-tudando. Não existe outro caminho”, alerta.

Giannini aposta que não se pode ser especialista em todas as linguagens e técnicas de desenvolvimento, porém, também não é possível ignorar o processo como um todo, deixar de enxergar o “big picture”. “A resposta está no equilíbrio. Na especialização e na pluralidade. O profi ssional ideal é aquele que é altamente es-pecializado em alguma etapa do processo, porém, também tem algum domínio das demais etapas. Ele tem que entender e parti-cipar do processo como um todo.”

Marcel Cohn é sócio da empresa Mapcontrol, que desenvolve soluções utilizando tecnologias de geolocalização e gamifi cação. À frente de diversos projetos na área digital, ele lembra que dife-renciação e inovação são essenciais para se manter competitivo. “Uma tecnologia inovadora que utilizamos no desenvolvimento de nossos apps é a Gamifi cacão que, como o próprio nome diz, é a utilização de estratégia de games para criar um ambiente de com-petição entre usuários. Esta competição naturalmente gera um engajamento dos usuários do app, além de um ampla divulgação

em seu ciclo de amizades.”A empresa desenvolve apps nos mais diversos segmentos,

desde petroquímico, construtoras – e em julho estreou com chave de ouro no Celebration Weekend 2012. O app do CW foi desenvolvido baseado em três pilares: diversão, interatividade e agilidade. A ideia era criar uma experiência única e customi-zada para cada cliente, desde o momento da pré-festa, onde ele teve a possibilidade de fazer a compra do seu convite por meio do aplicativo, saber o line-up do evento com todos os horários e locais onde aconteceram, acessar o soundclound de todas as atrações confi rmadas, além de um quiz virtual com perguntas sobre o evento e sobre musica eletrônica que premiava o usuá-rio com maior pontuação.

“Desenvolvemos uma estratégia integrada às ações de ma-rketing já feitas pelo cliente. Fizemos uma ampla pesquisa para detectar quais eram as principais funcionalidades que o nosso aplicativo deveria ter para que o usuário interagisse mais com a marca. No caso do Celebration Weekend, todas as funcionalida-des foram pensadas para que o usuário do app pudesse apro-veitar ao máximo a festa, seja tirando uma foto personalizada, sendo avisado quando seu DJ preferido fosse tocar ou sabendo o melhor caminho para transitar nos vários ambientes da festa”, comenta Marcel Cohn.

O empresário assegura que, por ter uma equipe multidisci-plinar, consegue obter as mais variadas informações, o que faci-lita muito na hora de planejar um novo projeto. “Costumo sem-pre fugir do senso comum de só ler revistas de tecnologias para buscar inspiração e estar bem informado sobre o mercado. Ora, às vezes questões triviais como uma simples conversa com os amigos podem gerar excelentes ideias para novos aplicativos.

Além disso, engana-se quem acha que para entrar no mer-cado de apps é necessário saber apenas programação. Claro que esse conhecimento é fundamental para que o negócio aconteça, mas no mercado já existem diversos e excelentes programadores que poderão ser parte da sua equipe ou seus concorrentes, porém o que irá diferenciar sua empresa são três habilidades que toda empresa de qualquer segmento deve pos-suir: boa gestão, adaptabilidade ao seu cliente e à sua demanda e, a principal, sempre surpreender positivamente o seu cliente, obtendo o diferencial do encantamento, do inesperado, aque-le pequeno detalhe que ele não estava esperando, mas, que se adicionado ao projeto, faz toda a diferença”, revela.

“Às vezes questões triviais como uma simples conversa com os amigos podem gerar excelentes ideias para novos aplicativos” MARCEL COHN

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Prepare-se para a primeira edição do WOB 2012, congresso internacional sobre inovação com foco em Design, Tecnologia e Novas Mídias

facebook.com/wobconferenceWOB 2012 - Wide Open Business Conference

Centro de Convenções SulAmérica - 20, 21 e 22/09/2012 - RJ

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WOB 2012 Rio de Janeiro 20, 21 e 22/09

Confi ra alguns temas:Criando Serviços Inovadores por meio do Design ThinkingBlind to consumers: neuromarketing Aproveitando a melhor década da história Inovação e crowdsourcing Consumer Experience Design O poder da inovação aberta O Design na era da economia criativa Design Thinking para Startups E-commerce, Gameficação e tendências

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STARTUPS + INVESTIDORES =

“Inovação é o que distingue um líder dos demais” – Steve Jobs. A frase do homem que inovou a inovação nunca esteve tão em alta. Basta olhar ao seu lado o cenário de startups no Brasil e a veia empreendedora que o país adquiriu nos últimos anos.

A reportagem de tecnologia desta edição traz à tona este tema para dar dicas e tirar suas dúvidas no momento de criar uma startup. Boa leitura!

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Por outro lado, uma das falhas mais frequentes é o empreende-dor focar na ideia e esquecer que o mais importante é avaliar o que o mercado pensa dela, quem são os concorrentes que atendem de alguma forma a necessidade que eles pretendem suprir e como irão fazê-lo. “Antes de começarem a desenvol-ver seus projetos, sempre recomendo aos empreendedores conversarem com potenciais clientes e descobrirem quem são seus concorrentes reais e conhecê-los muito bem, para avaliar realmente se sua ideia terá valor”, aconselha.

CENÁRIO NO BRASILCassio Spina lembra que o investimento anjo no Brasil como ação proativa é muito recente, mas o país possui um longo histórico de empresários e executivos que investem e ajudam startups quando são procurados, isto é, receptivamente. Neste sentido, o desafi o é identifi car estas pessoas e conectá-las para que passem a exercer isto de forma ativa, bem como também incentivar e a capacitar outros que tenham potencial para tor-narem-se investidores anjos.

Para quem quer criar uma startup ou ainda buscar inves-tidores, as orientações do fundador da Anjos do Brasil são fundamentais. “O empreendedor deve buscar capacitação em desenvolvimento de negócios de alto potencial, além de investimento anjo, conhecendo todo processo de criação de empresas de alto valor e obtenção de investimento para o seu negócio. A Anjos do Brasil possui várias ferramentas para isto, como os artigos, vídeos e links contidos em nosso site, o livro “Investidor-Anjo – Guia Prático para Empreendedores e Investidores” (www.investidoranjo.net) , cursos de capacitação, além de realizar a aproximação dos empreendedores junto a nossa rede de investidores, por meio do encaminhamento de seus projetos sem qualquer custo.”

Eduardo LHotelier é co-fundador e CEO do GetNinjas, um marketplace online de tarefas de compras e vendas de serviços na web, que tem como foco oferecer oportunidades dentro do conceito de 2side online marketplace. O site oferece oportuni-dades de trabalhos rápidos com retorno fi nanceiro imediato e ajuda as pessoas que buscam por serviços com conveniência e praticidade a encontrarem aqueles que estão dispostos a rea-lizá-lo. A empresa recebeu um aporte de capital da Monashees Capital, em agosto de 2011.

O empresário dá valiosas dicas para não cair em armadilhas. “Os fundamentos que defi nem um bom negócio são imutáveis: Um potencial fluxo de caixa consistente e crescente. O que vemos de tempos em tempos é uma excitação exagerada em relação ao valor futuro de um ativo (como aconteceu na mais clássica bolha, a Mania das Tulipas - Holanda 1637). O investidor deve analisar os fundamentos dos ativos e não o preço que o investidor do lado acabou de pagar”, alerta.

C assio Spina coordena a Anjos do Brasil, organização sem fins lucrati-vos que tem como objetivo fomen-tar o investimento anjo para apoio ao empreendedorismo de inovação.

A meta, segundo ele, é criar grandes empresas com investimento anjo-brasileiro. E revela que para isto são necessárias duas linhas de ação: a primeira é a disseminação de conhecimento sobre investimento anjo tanto para empreendedores quanto para inves-tidores; a segunda é estabelecer conexão entre empreendedores e investidores para auxílio na efetivação dos negócios.

Spina lembra que a Anjos surgiu no momento que começou a realizar apresentações sobre o tema e lembrou da difi culdade encontrada em conseguir outros investidores anjos para troca de oportunidades, com vistas a efetivar co-investimentos. “Por ser empreendedor há 25 anos, fundando minhas empresas do zero, tenho ciência do quanto é difí cil construir sozinho novos negócios, e tive que aprender apenas pela tentativa e erro. Sendo assim, identifi quei a necessidade de se desenvolver a ati-vidade de investimento anjo no Brasil.”

Em relação aos principais desafios de estruturar um negó-cio para fomentar o ambiente empreendedor no Brasil, Spina afi rma que existem diversas difi culdades, a começar pela pouca disseminação do conhecimento sobre o processo de criação de negócios de alto potencial e de como o investimento anjo é fun-damental para isto. “Além disto, o Brasil é um país de dimensões continentais e tendo mais de 20 milhões de empreendedores - conforme pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) - o tamanho do desafio para a disseminação destes conheci-mentos é imensurável. Paralelamente, as condições para exer-cício do empreendedorismo ainda precisam de uma evolução signifi cativa, em especial com relação à desburocratização, bem como pelo lado do investimento-anjo, pois não existem políti-cas de proteção e estímulo. Nos EUA e na Europa esses estímu-los foram decisivos para o desenvolvimento.”

Nesse sentido, a Anjos do Brasil busca oferecer o maior leque possível de ferramentas para capacitação dos empreendedores de startups, seja pelo site (www.anjosdobrasil.net) com artigos, links para sites com informações relevantes, vídeos, contatos e em especial recebendo e encaminhando projetos de empreen-dedores para investidores.

Algumas dicas podem ser decisivas no momento de criar uma startup, segundo Cassio Spina. Ele acredita que o fator mais importante para uma startup é o time, ou seja, as pessoas que fazem parte dela - tanto os fundadores quanto eventual-mente colaboradores que fazem parte da startup, pois “são eles que vão transformar a ideia em algo concreto que irá ter valor, sendo assim, avaliamos principalmente a capacidade de execu-ção deste time, se ele tem as competências necessárias para o negócio e se tem dedicação total ao mesmo.”

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O receio de compartilhar ideias criativas com outras pessoas é um dos erros por parte daqueles que idealizam criar startups. Segundo o CEO do GetNinjas, as pessoas tem medo de terem suas ideias “roubadas”. “Ao dividir a ideia, os benefí cios de rece-ber bons feedbacks, costurar sociedades e parcerias são maiores que a potencial possibilidade de alguém pegar sua ideia. No dia que o site for lançado, um concorrente pode começar o mesmo negócio, porém mais importante do que a ideia é a execução. E o principal erro de quem já iniciou uma startup é fi car preso ao seu plano de negócio inicial e não acompanhar as constantes mudanças do público consumidor.”

Quando questionado se é preciso ser um empreendedor para ser inovador, Eduardo é direto: “Não há relação direta entre inovar e empreender. Um médico pode desenvolver uma nova terapia e ser inovador sem ser necessariamente um empreen-dedor, assim como um empreendedor pode criar negócios sus-tentáveis sem serem necessariamente inovadores. Conheço alguns franqueados que são ótimos empreendedores, mas não estão inovando. Porém, quando a inovação encontra o empre-endedorismo, a química é mágica e você vê surgimento de empresas como Ford, Google, Apple e outras”, garante.

Para ver seus projetos dando certo na web, Eduardo LHotelier recomenda construir um time fantástico em sua volta. “Ora, grandes empresas são feitas de pessoas e é muito difícil criar algo grandioso sozinho. Depois, desenvolva um produto que seja amado pelos seus clientes, que resolva um problema real. Em seguida, procure investidores com experiência com-provada que, além do capital, irão agregar conhecimento e con-tatos. E, por fi m, divirta-se! A jornada é intensa e se você não ama o que faz difi cilmente irá aguentar.”

SAMI HADDAD, CEO DA IDEIASNET, APOSTA NOS BONS E VELHOS FUNDAMENTOS QUE COSTUMAM SER INFALÍVEIS PARA EVITAR SURPRESAS DESAGRADÁVEIS. SÃO ELES:

Verificar que a equipe de gestão (empreendedores) é qua-

lificada, motivada e, principalmente, unida e comprometida

com o projeto;

Verificar que o modelo de negócios da startup é construído

com base em uma proposta de valor real, mercado real, atra-

tividade para empresas ou consumidores;

Cuidar do caixa obtido com os primeiros investimentos

como se amanhã fosse o “fim do mundo”.

Alguns erros também podem ser evitados, segundo Haddad. Ele afirma que muitos pecam simplesmente por “copiarem” modelos bem sucedidos de outros mercados sem ao menos adaptá-los às particularidades do Brasil. Outra falha bastante cometida é se preocupar muito em uma saída com cash-out, além de aplicar valores irreais à empresa (mesmo em estágio de startup), novamente partindo de um princípio simplista em que

os tamanhos dos mercados no Brasil e nos EUA são parecidos.“O jovem empreendedor deve estar atento a realizar uma boa governança (adequada ao tamanho da empresa), porém sempre respeitando as obrigações trabalhistas, fiscais, legais e societárias. Além disso, é importante alinhar e formalizar os interesses entre investidores empreendedores e pessoas cha-ves da empresa por meio de mecanismos claros como Stock Option Plans, mecanismos de saída, recompra de ações, busca de outros investidores, entre outros.”

Quando questionado se as startups precisam se preocu-par menos com capital e mais com qualifi cação, Sami Haddad explica que ambos são importantes, porém em proporções diferentes ao longo da vida da startup. “Os riscos associados aos ‘primeiros passos’ são mais elevados e o ‘valuation’ da empresa deve refl etir isto. Já a qualifi cação da equipe empreendedora é demonstrada ao longo do primeiro ciclo de execução (12-18 meses). Na medida em que o risco diminui, a equipe comprova capacidade de execução, a empresa cresce e dá para ‘coman-dar’ valores mais elevados. Por isto é recomendado planejar várias rodadas sucessivas de capitalização”, alerta.

DIFERENÇAS ENTRE SILICON VALLEY (SV) X BRASIL (BR) PARA UMA STARTUPO empresário acredita que a similaridade entre as culturas (hábitos, consumo, liberdade de expressão) entre BR e EUA faz com que os modelos de negócios e hábitos “cybernéticos” sejam similares e aplicáveis em ambos os mercados. “Os dois mercados têm tamanhos e dinâmicas diferentes, regras de funcionamento e custos que precisam ser levados em consi-deração. O mercado investidor no SV é bastante maduro, ini-ciou-se nos anos 70 e se beneficia de um expressivo número de investidores para todos os tipos de empresas, de empre-endedores e funciona como um ‘clube’ onde os investimen-tos são consorciados em grupos de Venture Capitalists, que compartilham investimentos, riscos, sucessos e prejuízos. No Brasil, a atividade está em sua infância, esta colaboração ainda não aconteceu, o que aumenta consideravelmente o grau de risco que precisa ser tomado.”

Gustavo Caetano, CEO da Samba Tech, eleita a única empresa B2B pela Business Insider como uma das “10 principais startups brasileiras” em 2011, é outro visionário. Ao falar sobre o atual momento, o empresário lembra que hoje já somos o 3º país em número de empreendedores, fato que mostra uma mudança de comportamento e mentalidade no sentido de arriscar e abrir o próprio negócio. E segundo ele, o momento não poderia ser melhor. “Há ampliação do acesso à internet e banda larga, aumento da classe C e investimentos para a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Nunca antes vimos tantas empre-sas de Venture Capital abrindo escritórios no país e querendo gastar seus dólares em empresas nacionais. Claro que o risco existe, ainda mais em mercados incertos como o da maio-ria das startups. Mas para diminui-lo, empresas de fundo de

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investimento têm que analisar diversos fatores, destacando (i) Equipe, que tenha profi ssionais com perfi s complementares e que demonstrem confi ança e paixão pelo negócio; (ii) Mercado, empresa inserida em um universo maior tem mais chance de lucrar; (iii) Curva de crescimento, quanto mais rápido a empresa crescer, mais rápido ela vai atingir o breakeven e começar a lucrar ou achar uma saída; (iv) Diferencial competitivo, mer-cados e produtos inovadores levam vantagem; mesmo se for um clone de uma outra empresa, é preciso achar algo que vai diferenciá-la no mercado.”

CONFIRA, A SEGUIR, AS PRINCIPAIS DICAS DE GUSTAVO PARA AQUELES QUE BUSCAM SE DESTACAR NO MERCADO:

1) Foco: Foque em um grande mercado ou em um nicho promis-

sor. Especialize-se em algo que ninguém faz e que, preferencial-

mente, grandes empresas não tenham interesse no momento.

Com isso, você vai surgir como líder e tirar proveito disso. No

entanto, é importante desenhar uma linha na areia e reconhecer

os limites: quem faz tudo, não faz nada.

2) Flexibilidade: Adaptar-se ao mercado é essencial. Existe

uma lei do exército canadense que diz: “entre o mapa e o

terreno, fique com o terreno”. Ou seja, se você tem o mapa

do tesouro com a descrição de um rio no exato lugar em que

está e não há nenhum rio de fato, acredite no que está vendo.

Trazendo esse conceito para o mundo dos negócios, foque

nas tendências de mercado e adapte sua empresa e plano de

negócios para crescerem.

Especialistas acreditam que a febre de investimentos em empresas de comércio eletrônico e internet representa uma primeira fase no amadurecimento do mercado, uma vez que já existem sinais de maturidade para o empreendedorismo – fato que criará um portfólio amplo de inovação. Há companhias que já veem esse potencial de inovação aflorando. A acelera-dora de negócios 21212, com sede no Rio de Janeiro e em Nova York, já investiu em 10 startups no Brasil. A companhia adotou um modelo de negócios novo por aqui: compra 20% de parti-cipação em diversas startups, com aportes inferiores a US$ 40 mil, e ajuda na profi ssionalização do negócio para acelerar sua expansão. Rafael Duton, fundador da 21212, avalia que os inves-tidores estão muito mais maduros com relação ao investimento em startups que pareçam promissoras. Ele relata que cada vez mais se vê esses investimentos ocorrendo quando a startup já comprovou que identifi cou um modelo de negócios robusto e com claros indícios de que pode crescer em escala. “Mas antes disso, a etapa mais importante é a estruturação de um time completo e comprometido com os enormes desafi os que sur-girão durante um bom tempo. Muitas startups não chegam ao modelo de negócios por não terem passado por isso. E conse-quentemente, não conseguem investimento.”

“A porcentagem da empresa que investidores e fundos costumam levar varia muito. Anjos podem trabalhar entre 5% e 20%. Fundos, não menos que 10% (neste pata-mar apenas para empresas já bem avançadas, com faturamento ro-busto) chegando a 40%.”RAFAEL DUTON, 21212

RECONHECIMENTOAlguns projetos vêm sendo reconhecidos por se destacar entre startups. É o caso da Ledface, tecnologia de crowdsourcing, modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimen-tos coletivos e voluntários espalhados pela internet para resol-ver problemas e criar conteúdo, voltado para usuários de redes sociais, como Facebook, Twitter e LinkedIn (ledface.com). O fun-dador Horácio Poblete ficou em segundo lugar no Prêmio RBS de Empreendedorismo e Inovação, e recentemente a tecnologia ganhou também o Brazil Startup Awards da TNW, na categoria Melhor Experiência de Usuário (UX).

Ao comentar o amadurecimento desse mercado, Horácio não tem dúvidas que o ecossistema do empreendedorismo digital cresce a largos passos. “Tanto empreendedores quanto investido-res, passando pelas aceleradoras, todos já entendem que somos parte de um ecossistema, somos interdependentes. Há um boom de aceleradoras no mercado. Mas o que uma aceleradora faz? O nome já diz, ela acelera. O que o empreendedor faria sozinho em um ano, com a ajuda de uma boa aceleradora ele consegue fazer em muito menos tempo. O problema é que não há mágica: ou a aceleradora conhece a fundo o mercado e como funcionam as startups ou ela não conseguirá agregar valor. E há pouquíssi-mas pessoas no mercado que realmente entendem do assunto e podem efetivamente acelerar o sucesso de uma startup”, diz.

Segundo o fundador da Ledface, as principais difi culdades enfrentadas por ele, no caso da startup, estão ligadas à captação de recursos, de investimento. “Interessante que todo mundo fala em inovar, mas os investidores querem modelos de negó-cio provados. O velho dilema do ovo ou da galinha: uma star-tup inovadora precisa de dinheiro para validar seu modelo de negócios e conseguir bons números de tração. No entanto, precisa mostrar boas métricas e ter um modelo de negócio vali-dado para conseguir dinheiro.”

Ele acredita que o que falta no ecossistema é o investimento--anjo. Mas ele chama atenção para “anjo” de verdade, como sempre foi no Vale do Silício. Ou seja, o investidor investe no

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empreendedor, na ideia e em sua capacidade de execução. Ele faz a ponte entre o dinheiro familiar e os fundos de capital de risco. No Brasil, a grande maioria dos “anjos” fazem exigências que matam a inovação.

CONSELHOS DE UMA STARTUP VENCEDORA:“Ter uma startup é algo fascinante. Ter a possibilidade de criar, construir, gerar valor a partir do zero é algo absurda-mente motivador. Mas também é um teste de paciência e perseverança. É preciso ter em mente que o segredo do sucesso da noite para o dia...é que muitas vezes ele demo-ra anos para chegar! Foque em ter um excelente produto, ouça seus usuários e clientes, tenha especial carinho pela usabilidade, pela facilidade que os usuários devem ter na hora de utilizar seu produto ou serviço.Por fi m, não mire no dinheiro. Mire acima, em fazer algo absurdamente bom e interessante. O dinheiro virá, será consequência.” HORÁCIO POBLETE

OPINIÃO DE STARTUPEIROS:

“Quando falamos de startups, falamos de ambientes de extrema incerteza, isso é fato. Tão fato como a relação de risco com o ganho. Quanto mais arriscamos, maior pode ser nosso ganho. A peça-chave quando olhamos para uma startup é o time, muitos investidores consideram que 90% dos critérios utilizados para defi nir um investi-mento são relacionados à capacidade do time executar o negócio. Acredito que o fator time pode neutralizar bastante o risco. Em segundo lugar, o foco em merca-dos grandes e produtos que podem ser distribuídos em larga escala. Startup nada mais é do que um grupo de pessoas em um ambiente de extrema incerteza buscan-do juntas resolver um problema. Todas as hipóteses de solução precisam ser testadas e validadas o mais rápido possível para aí então estruturar o negócio. Basicamen-te o trabalho é: 1) Validar o problema e as possíveis so-luções; 2) Criar o chamado MVP (Minimum viable pro-duct); Basicamente, é o mínimo de produto necessário para resolver a principal dor do mercado que buscamos atender; 3) Validar os canais de distribuição, entendendo o comportamento e o custo de cada um deles; 4) Se os resultados forem positivos é apertar os cintos, estruturar

o negócio e crescer; Caso sejam negativos, fazer o pivot e pensar em outra coisa o mais rápido possível.” VINICIUS ROVEDA, COFUNDADOR E CEO DO CONTA AZUL

“O impacto das incertezas na economia é sim relevante para o mercado de startups, entretanto, não acredito que seja o fator mais crítico para o sucesso. Toda startup nas-ce sob um ambiente de alto risco por procurar comprovar um modelo de negócios novo e que ainda não foi testado. Dessa forma, independente da situação macroeconômi-ca, o maior desafi o de uma startup é comprovar seu mo-delo de negócios o mais rápido possível, antes que acabe com seu fl uxo de caixa. Um cenário econômico compli-cado, como o que estamos vivendo, tende a impactar o consumo em diversos setores e a quantidade de inves-timento disponível, o que difi culta sem dúvida startups. Acredito que a melhor forma para evitar armadilhas é ter um modelo de negócios muito bem defi nido, com métri-cas sólidas, capacidade de ligar o survival mode (diminuir custo ao máximo pelo maior tempo possível) rapidamen-te e ‘pivotar’ mesmo que com pouca informação, caso o consumo seja impactado de forma drástica. Dessa forma, quando o cenário melhorar, a empresa já terá ‘pivotado’ al-gumas vezes e poderá entregar um produto muito melhor e em um mercado mais receptivo.”RODRIGO TERNI, CEO DA MEIVOX

“Há duas coisas distintas no mercado. Uma é a aposta em empresas ou produtos com a expectativa de sucesso. A outra, a que gera a bolha, carrega uma expectativa de sucesso muito elevada. No primeiro caso, embora ainda continue existindo risco, as análises das empresas são bem feitas e é atribuído a elas um valor que está ligado ao risco de não dar certo ou ao grau de inovação. No caso das empresas que recebem investimento no Brasil, de manei-ra geral, trazem um modelo de negócios ainda bem pouco inovador, repetindo fórmulas já testadas e bem sucedidas em outros mercados. É o caso do e-commerce, que após

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se consolidar em outros mercados como o europeu e o norte-americano, experimenta altas taxas de crescimento em países em desenvolvimento, como Índia e Brasil, por exemplo. A avaliação das empresas nesse segmento é bas-tante realista, pois leva em conta um histórico de receitas e não uma promessa de sucesso de um conceito inovador que ainda precisa ser aceito.” CELSO VISTRA, GERENTE DE MARKETING DA DOCE BELEZA

“Primeiramente, é preciso identifi car uma necessidade no mercado, e para isso deve-se olhar o macro cenário. Porém a ação deve ocorrer sobre uma necessidade de mi-cro nichos (por exemplo, tentar resolver um problema de uma outra empresa quando essa passa por difi culdades decorrentes de uma mudança de mercado, como uma alteração nas regras de impostos ou tarifas cambiais e/ou tecnológicas, identifi car gargalos de produtividade e pro-duzir uma solução para isso). No macro cenário é provável que algum grande player já esteja atuando. Após identifi -cada uma necessidade no micro cenário, o passo seguinte é criar uma solução. Tem que se ter em mente a regra da efi ciência: É preciso fazer mais barato, mais rápido e com melhor qualidade (ao menos duas dessas premissas de-vem ser atendidas, senão você não terá a mínima chance de dar certo). Nesse passo você irá descobrir se sua ideia é boa ou não. O terceiro passo é usar a solução desenvol-vida em um outro cliente validador com necessidades se-melhantes e verifi car se houve a mesma reação (ou seja, descobrir se seu produto resolve um problema comum ao mercado) e qual a percepção de valor que esse clien-te deu à sua solução. O quarto passo é criar um produto padrão (baseado na solução aplicada aos clientes valida-dores) que possa ser aplicado em escala, defi nir um plano de ação bem simplifi cado e iniciar uma ação comercial para fechar contratos com os primeiros clientes pagantes - nesse momento você vai descobrir qual é o preço que o mercado está disposto a pagar e quanto seu produto pode ser rentável. Se conseguir isso, e ainda assim precisar de dinheiro para alavancar sua empresa, é provável que você consiga um investimento.”

CEO DA MAGTAB, RICARDO HOLTIMANN

ALGUNS NÚMEROS SOBRE EMPREENDEDORAS BRASILEIRAS:

• No Brasil, são 27 milhões de empreendedores,

ou 27% da população adulta, com idade entre 18

e 64 anos;

• O número é 28,5% maior do que o registrado em

2010. Com a melhora no ambiente econômico e

diminuição do desemprego, o empreendedorismo

passa a ser uma opção por oportunidade e não ne-

cessidade;

• Em 2011, para cada empresa aberta por necessi-

dade (devido à perda de emprego, por exemplo),

outras 2,24 foram abertas porque o investidor en-

xergou uma oportunidade de negócio;

• Em 2002, essa proporção era inversa: para cada

negócio aberto por necessidade, 0,77 era por opor-

tunidade.

Os dados fazem parte da 12ª edição da GEM (Global Entre-

preneurship Monitor), feita pelo Sebrae em parceria com o

Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade.

OPORTUNIDADE NO WOB2012Inscreva sua startup até o dia 15 de setembro pelo site

www.geeksonbeer.com e tenha a oportunidade de

apresentar seu projeto dentro do Geeks on WOB, no

espaço “Empreendedorismo & Startups”, e receber

feedback de uma banca composta por investidores

e especialistas do mercado digital. Os três melhores

projetos receberão diversos prêmios.

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Que o padrão HTML5 veio para ficar, não há dúvidas. Com ele, melhorias no dinamismo e na segmentação das páginas são comprovadas no dia a dia. Mas fica no ar uma questão: qual o futuro da web com HTML 5?

Quem esclarece essa e outras questões é Zeno Rocha, Front-end Engineer na empresa norte-americana Liferay.

O futuro da web com HTML 5

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WIDE: Porque HTML 5?

ZENO: A web foi concebida para ser livre e, independentemente de tudo, acessada por todos. Por isso, tecnologias que não são acessíveis por pessoas com defi ciência devem ser abolidas. O HTML5, com seu grande guarda-chuva de novas tecnologias, proporciona um futuro destinado à construção de aplicações muito mais ricas, livres de qualquer plugin proprietário e acessí-vel a todos. As possibilidades são intermináveis, especialmente se tratando de dispositivos móveis, e suas limitações vão até onde a criatividade dos desenvolvedores permitir.

WIDE: A cada mês novas aplicações utilizam os recursos do

HTML 5 para tornar as páginas mais ricas. Especialistas acre-

ditam que em 2015, cerca de 50% das aplicações para dispo-

sitivos móveis usarão HTML 5. O que você pensa sobre isso?

ZENO: HTML5 e Mobile são dois tópicos que deixaram de ser aposta há muito tempo, eles são realidade e com um potencial incrível pela frente. Hoje em dia, a vida de um desenvolvedor de aplicações nativas para dispositivos móveis é complicada, tendo em vista que ele precisa aprender a linguagem Objective-C para lançar um aplicativo na App Store, loja de aplicativos para iOS, e precisa aprender a linguagem Java para lançar um aplica-tivo na Google Play, loja de aplicativos para Android. Além des-ses, temos outros ambientes como BlackBerry. Não seria ótimo se pudéssemos desenvolver utilizando apenas uma lingua-gem? Exatamente por isso o HTML5 vem como uma excelente opção multiplataforma. Por padrão ele não tem acesso às fun-cionalidades do aparelho como acelerômetro, câmera, bússola, contatos, arquivos, notifi cações etc. Contudo, é possível utilizar esses recursos utilizando as APIs de serviços como PhoneGap e Titanium, lançando aplicativos para diversas plataformas usando apenas uma linguagem. O mundo está convergindo para o consumo a partir de dispositivos móveis e com HTML5 é completamente possível aproveitar essa tendência.

WIDE: Quais são as novidades do HTML 5?

ZENO: Foram muitas as novidades, com relação à estrutura do documento, antes tínhamos uma sopa de tags <div> por todo

nosso HTML e agora temos diversas tags estruturais muito mais semânticas como <header>, <section> e <footer> que real-mente signifi cam algo. Para formulários, novos tipos de campos foram apresentados, como o tipo de pesquisa, cor, data, numé-rico, entre outros. Além disso, as APIs JavaScript introduzem diversos recursos interessantes. Antes tínhamos que recorrer aos cookies para armazenar dados localmente na máquina do cliente, agora com a API Web Storage é possível fazer isso de forma extremamente simples com ainda mais espaço que os cookies. Aplicações multimídia agora não dependem de plu-gins proprietários para serem feitas, é possível utilizar recursos de áudio e vídeo usando apenas HTML. O mesmo vale para recursos gráfi cos, com as APIs de Canvas é possível realizar todo tipo de desenho e animação. Já com CSS3 pode-se aplicar degradês, sombras, fontes personalizadas, bordas arredonda-das, transformações 3D e animações. E isso é só um pouquinho do que o HTML5 pode fazer.

WIDE: Na edição 90 da revista Wide, a seção “Opinião de

Design” promoveu debate com a seguinte questão: qual o

futuro do flash? O então CEO da Apple, Steve Jobs, inclusive

TECNOLOGIA ENTREVISTA

Zeno RochaFront-end Engineer na empresa norte-americana Liferay

“O HTML5, com seu grande guarda-chuva de novas tecnologias, proporciona um futuro destinado à construção de aplicações muito mais ricas, livres de qualquer pluginproprietário e acessível a todos”

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foi autor da polêmica afirmação de que ninguém vai mais

usar o Flash. O mundo está se movendo para o HTML 5. Em

sua opinião, qual o futuro do flash?

ZENO: É muita pretensão achar que ninguém mais vai utilizar o Flash. Minha aposta é que essa tecnologia se volte cada vez mais para determinados nichos do mercado, tais como desenvolvi-mento de jogos ou aplicações multimídia. Mesmo com todas as críticas, hoje ele ainda é a tecnologia mais barata para se desen-volver algumas coisas. Coloque ao seu lado um desenvolvedor ActionScript (Flash) e outro desenvolvedor JavaScript para ver quem consegue criar um jogo mais rápido, ou simplesmente quem consegue criar um banner animado mais rápido. A reali-dade é que o ecossistema e as ferramentas existentes favorecem muito o desenvolvimento usando Flash, e não existe a preocu-pação de incompatibilidade entre os navegadores. Mas, é claro, esse cenário está em mudança, sem falar em todos aqueles pro-blemas do Flash que já conhecemos - não funciona em alguns dispositivos móveis e não é nada acessível. Eu acredito sim que ele vai ser pouco utilizado, até porque estamos caminhando para um mundo de padrões abertos. Não se trata só de rapidez ou acessibilidade, e sim de fi losofi a. Penso que mais importante do que o futuro do Flash, é o futuro da Adobe. A empresa fi nal-mente entendeu o potencial do mundo open source e tem inves-tido pesado no desenvolvimento de ferramentas voltadas para desenvolvimento em HTML5. No fi m do ano passado, as aquisi-ções que a Adobe fez de empresas como a TypeKit, conhecida por servir fontes armazenadas na nuvem para serem utilizadas por meio da propriedade @font-face do CSS3, e da empresa Nitobi, responsável pelo desenvolvimento do PhoneGap, uma ferramenta que permite criar aplicações móveis em HTML, CSS e JavaScript e implantá-las para IOS, Blackberry, Android, Windows Phone, Symbian e WebOS, já davam o sinal do que estava por vir. Isso sem falar nas iniciativas por trás dos produ-tos Adobe Shadow, Adobe Edge e o mais recente Brackets, um projeto open source que apresenta um editor de código feito em HTML, CSS e JavaScript. Ou seja, vem muita coisa legal por aí.

WIDE: Como utilizar o poderoso trio HTML5, CSS3 e JS para desen-

volver hoje a nova geração de aplicações web?

ZENO: Com responsabilidade. Muitos recursos foram incorpo-rados, mas nem por isso você deve sair por aí utilizando todos de uma só vez. Só porque você pode fazer animações com CSS3 não quer dizer que você vai animar tudo o que vê pela frente. Só porque você pode armazenar dados localmente com JavaScript não quer dizer que você vai armazenar tudo o que puder no lado do cliente. Enfi m, é preciso ter responsabilidade não só com o que utilizar, mas sim sobre como utilizar. É sem-pre bom lembrar que muitas dessas funcionalidades não são compatíveis com navegadores antigos, portanto escolher qual recurso utilizar e como prover um conteúdo alternativo para usuários que não tem suporte é muito importante.

WIDE: Quais são as principais referências literárias que você

indica para os leitores da Wide que desejam se aprofundar

no assunto HTML 5 e suas APIs?

ZENO: Para uma leitura mais densa e completa sobre o assunto, recomendo “HTML5: Up and Running” da editora O’Reilly e escrito por Mark Pilgrim. Para uma leitura mais rápida e prá-tica, recomendo os livros “HTML5 For Web Designers” e “CSS3 For Web Designers”, ambos da editora A Book Apart. Porém, se você não se sente confortável com a leitura em outro idioma, o famoso Maurício Samy Silva, mais conhecido como Maujor, escreveu o livro “HTML5 - A linguagem de marcação que revo-lucionou a web” da editora Novatec, que é sem dúvida a prin-cipal referência sobre HTML5 no Brasil. Agora, se você prefere um e-book, pode ficar com o “HTML5 e CSS3 com farinha e pimenta”, uma produção independente escrita por Diego Eis e Elcio Ferreira, outra ótima referência. Livros são excelentes recursos de aprendizado e eu recomendo que você leia os indicados, mas para estar atualizado com cada novidade do HTML5 nada melhor do que a internet.

WIDE: E em relação aos jogos baseados em HTML 5? Como

fica o universo da gamificação?

ZENO: O HTML5 traz consigo APIs JavaScript muito poderosas e que caem como uma luva para o ambiente de jogos, uma delas é o Canvas, que fornece diversos métodos de desenho 2D, e a outra é o WebGL, que permite a renderização de gráfi cos 3D. Muita coisa tem sido feita em torno dessas tecnologias, mas a verdade é que ainda estamos engatinhando, até porque dá para contar na mão jogos famosos feitos em HTML5. Destacam-se até então as versões de Angry Birds e Cut the Rope que rodam no navegador, mas produções feitas por brasileiros ainda são muito escassas. Aos poucos o assunto vem ganhando desta-que entre os desenvolvedores e com isso algumas conferên-cias foram surgindo pelo mundo, como a New Game, em São Francisco (EUA) e a OnGameStart em Varsóvia (Polônia) para debater esse assunto. Outro ponto importante que tem alavan-cado esse meio são as bibliotecas voltadas para jogos que estão sendo lançadas e que facilitam muito a vida dos desenvolve-dores. Nesse quesito podemos destacar a MelonJS, LimeJS e EaselJS. Os motores estão esquentando, mas o futuro é, sem dúvida, promissor e divertido.

TECNOLOGIA

“Ainda estamos engatinhando, até porque dá para contar na mão jogos famosos feitos em HTML5”

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Montar um protótipo completo e funcionando no sistema em dois dias, garantindo ao empreendedor a possibilidade de testar o conceito do seu negócio e ter algo mais substancial para mostrá-lo a potenciais clientes e investidores. Estamos falando do Startup Dev, fundado por Rafael Lima e Sylvestre Mergulhão, programadores com ampla experiência em desenvolvimento para web.

Startup Dev Negócios digitais em 48 horas

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WIDE: Transformar uma ideia que só existe no papel em pro-

tótipo em apenas 48 horas. Como e onde surgiu essa ideia?

SYLVESTRE: Uma característica comum de muitos programa-dores é a procrastinação. Eles se perdem em pensamentos durante o dia de trabalho, viajam no Facebook e em posts de blogs e ao fi nal muito pouco foi realmente realizado no dia. Outra característica comum entre programadores são as ideias e a força de vontade de ter muitas iniciativas, mas, infelizmente, poucas “acabativas”. Ou seja: existem as ideias e o esforço para se começar um projeto novo, mas no fi nal há pouco resultado, pois esforço insufi ciente é destinado à fi nalização desses proje-tos. É como se fi casse sempre trabalho pela metade.

Dado esse contexto geral, existem programadores que ganham mais visibilidade do que outros - exatamente por terem aguçado esse poder da acabativa. Já tinha montado a HE:labs e trabalhava com projetos de soft ware e um dia o Rafael Lima, atu-almente meu sócio, me ligou propondo trabalharmos juntos para vender soft ware de uma maneira diferente. Por conta da minha experiência como programador e empresário, naquela única conversa entendi o valor da ideia, gostei da proposta e topei fazer um teste. A base da proposta era uma fórmula “mágica”: 1 ideia + equipe + 48h + preço fi xo = aplicativo online funcionando.

Foi tudo muito rápido, abrimos um documento online onde jogamos nossas ideias em forma de brainstorm e na mesma semana nos reunimos para decidir como poderíamos iniciar este trabalho. Nesta mesma semana que conversamos pela primeira vez, marcamos um dia para realizar um projeto piloto com o objetivo de validar se era possível desenvolver um apli-cativo funcional em tão pouco tempo.Colocamos online um site para divulgar a fórmula e enquanto desenvolvíamos o primeiro projeto fi zemos um buzz por meio dos nossos Twitters e Blogs. Antes mesmo de fi nalizar o projeto, recebemos um contato da pessoa que veio se tornar nosso pri-meiro cliente. A partir daí fomos aprimorando o modelo e pen-sando juntos nas otimizações e em como poderíamos evoluir o Startup DEV até onde ele chegou hoje.

WIDE: Quais são as evoluções conquistadas ao longo desse

tempo pelo Startup DEV?

SYLVESTRE: Os dois primeiros projetos que fi zemos no Startup DEV contavam apenas comigo e com o Rafael. Nós somos pro-gramadores experientes, mas não tão bons em design. Logo sentimos falta de um designer integrando a equipe. E assim

convidamos o Ramon Bispo para integrar o time. O Ramon, além de toda bagagem técnica que carrega, é um designer prá-tico. Ele consegue desenvolver ótimos projetos com boa usabi-lidade em curto espaço de tempo. Ele prepara um guia de esti-los para o projeto e implementa as telas direto no código, sem uso de Photoshop. Foi o encaixe perfeito que precisávamos.

Em um ano de existência do Startup DEV, já realizamos 25 projetos. Nenhum projeto foi igual ao outro. Já fi zemos ferra-menta de SEO, ferramenta de suporte a programas de emagre-cimento, sistemas de e-commerce, rede social, portal para ado-ção de animais, aplicativos corporativos e até um aplicativo de segurança contra bioterrorismo.

Outra conquista relevante foi o reconhecimento do mer-cado em relação à qualidade do nosso trabalho. No decorrer de um ano de existência nós triplicamos o preço praticado. Percebemos que começamos com um preço muito abaixo do que valia o nosso trabalho. Hoje existem investidores que pedem para que seus proponentes antes de tudo realizem uma rodada de Startup DEV. Esse é um grande reconhecimento também. Temos diversas parcerias com pessoas e empresas do mundo das startups, incluindo investidores, aceleradoras e organizadores de eventos.

WIDE: Quais são os principais diferenciais do Startup DEV?

RAFAEL: O Startup DEV é um modelo único de trabalho. Ele não foi baseado em nenhum outro modelo existente. Logo no primeiro contato, os clientes percebem que nosso processo de comercialização é diferente de qualquer produto/serviço que ele já comprou antes. O principal diferencial é que o cliente tem a segurança de que vai ter o projeto entregue dentro da data combinada. Temos casos de clientes que estavam com o projeto em desenvolvimento por mais de seis meses, já tinham contratado mais de duas equipes diferentes e não tinham con-seguido chegar ao fi nal. Após nos contratar eles conseguiram ter o sistema funcionando. Já conseguimos fazer em dois dias o que outras equipes não conseguiram durante meses.

“Desenvolver soft ware é um processo de descoberta, então a melhor coisa que se pode ter é a possibilidade de fazer escolhas sobre o que será desenvolvido após usar uma parte do sistema”

TECNOLOGIA ESTUDO DE CASO

Para saber mais sobre esse projeto, conversamos com os dois empresários. Saiba como e quando investir em trabalhos desafiadores.

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TECNOLOGIA

Nós gostamos de entregar soft ware e isso faz diferença no resul-tado fi nal. Nossa equipe é especialista no desenvolvimento de aplicativos e sistemas. Por fi m, o modelo de contratação do Startup DEV reduz o risco de quem está contratando. Após um dia de trabalho da nossa equipe com o cliente, nós defi nimos o escopo ideal para o projeto que o cliente deseja desenvolver. No fi nal desse dia, se ele não fi car satisfeito com o resultado, ele pode cancelar o projeto e não fazemos o desenvolvimento. Dessa forma, o cliente vai tomando a decisão conforme já tem algum resultado do trabalho que realizamos.

WIDE: Em sua avaliação, quais são as áreas mais aquecidas

para começar uma startup hoje e por quê?

RAFAEL: Se eu soubesse o segredo estaria fazendo uma nesta área. A grande difi culdade de um “Startupeiro”, como são cha-mados os empreendedores que montam Startups, é descobrir os mercados virgens de soluções para os problemas reais. Um empreendedor que tem uma ideia de negócio ou percebe uma oportunidade deve sempre realizar experimentos para validar se os elementos da sua visão estão coerentes com a realidade de mercado. Quem consegue validar, se dá bem.

Para se dar bem, ele tem que assumir que precisa aprender sobre o mercado que está querendo explorar e deve entrar em um processo de busca de um produto que seja a real solução

para o problema que está querendo resolver. Essa busca deve culminar em um modelo de negócios que vá transformar sua startup em um negócio consolidado. A busca termina quando se encontra um alinhamento entre o produto que está sendo desenvolvido e o mercado. Após encontrar este alinhamento, que é chamado de Product x Market Fit, o empreendedor pode se preocupar em executar o seu modelo de negócio, ou seja, abrir efetivamente a empresa, montar escritório, montar as áreas e times, investir pesado em marketing, divulgação etc.

WIDE: Como você avalia o mercado de desenvolvimento

atualmente?

STARTUP DEV: Imaturo. Existe um problema grave no mercado: As empresas que vendem soft ware o realizam de uma forma que é prejudicial para o cliente e para elas próprias. No processo tradicional o cliente exige que sejam fornecidos um prazo e um preço, a partir de uma lista de requisitos que defi nem o escopo do projeto. Nesse modelo é comum o fornecedor apresentar a proposta baseada em premissas que ele mesmo defi niu a partir do seu próprio entendimento do que foi escrito no escopo.

É comum que algumas dessas premissas estejam erradas, já que existem diversas formas de se implementar uma mesma funcionalidade. É importante deixar claro que nenhum ser humano é capaz de prever de antemão e com exatidão, o que

+ conteúdo para tablets

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será necessário desenvolver em um soft ware que demandará mais de três meses de desenvolvimento. Qualquer tentativa de elencar tudo que é necessário desenvolver é em vão. É como pedir para uma criança de seis anos de idade escrever em uma folha de papel em branco, ou apenas dizer, tudo que ela vai pre-cisar para a vida dela inteira. Ela não tem a mínima noção, pois ainda não explorou a vida.

A pior coisa que se pode fazer na contratação de um sof-tware é determinar um escopo e fechar um contrato no qual o cliente fi ca preso e não pode decidir o que desenvolver poste-riormente. Desenvolver soft ware é um processo de descoberta, então a melhor coisa que se pode ter é a possibilidade de fazer escolhas sobre o que será desenvolvido após usar uma parte do sistema. Apenas depois de experimentar na prática uma parte do sistema, é que as pessoas têm condição de defi nir o que é mais importante desenvolver naquele momento e dessa forma interativa, reduzir o desperdício.

WIDE: Como orientar empreendedores a aplicar metodolo-

gias e práticas ágeis para criar um negócio de internet?

SYLVESTRE: Adotando um processo de educação no qual expli-camos a vantagem de contratar um projeto baseado nas meto-dologias ágeis e os riscos que ele corre em pedir uma proposta com preço e prazo fechados para um escopo determinado. Existem duas perguntas clássicas feitas pelas pessoas que entram em contato conosco para saber mais informações sobre o Startup DEV.

A primeira pergunta é: “Eu tenho que pagar um sinal sem saber se vou fazer meu projeto?”. O modelo do Startup DEV envolve uma reunião de trabalho e dois dias de desenvolvi-mento. O escopo real do projeto só é defi nido nessa reunião de trabalho. Para realizarmos a reunião o cliente precisa ter pago um sinal. No fi nal da reunião, o cliente pode optar por continuar ou não o projeto. Caso o cliente opte por não continuar, o sinal fi ca como pagamento pelo dia da reunião de trabalho. Vale res-saltar que nenhum cliente desistiu após a reunião até hoje.

WIDE: Por fim, quais são os próximos planos da empresa? O

que vem de novidades por aí?

RAFAEL: Estamos com muitas iniciativas no forno. Para os desenvolvedores, a super novidade é o Startup DEV Rumble, que será uma competição online de criação de aplicativos web em dois dias. Times de todo o Brasil poderão participar indepen-dente da linguagem de programação que usam. O objetivo será criar um aplicativo funcional e colocá-lo no ar em 48h, assim como fazemos no Startup DEV. Esta competição vai fazer parte do evento Rio Info (http://www.rioinfo.com.br/), que a HE:labs patrocina este ano.

Outra novidade é uma nova linha de trabalho chamada Digital Business DEV, que é um modelo de trabalho similar ao Startup DEV, porém adaptado para as características das empre-sas maiores e será focado no mercado corporativo. Neste modelo trabalharemos com parceiros e representantes de venda, e no momento estamos conversando com pessoas interessadas em trabalhar conosco na captação de novos clientes.

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VULNERABLE WEB APPLICATIONS - SIMULAD

Hoje não há o que discutir quando o assunto é a segurança das aplicações desenvolvidas para a web em sua corporação, ou então as que são disponibilizadas para usuários. Apesar do grande número de técnicas e estratégias para aumentar a segurança exis-tente, a última grande camada, que irá de fato aumentar a segurança da aplicação, é sem dúvida o próprio desenvolvedor.

Segurança Anderson Tamborim

Ainda hoje, apesar de a segurança ter se tornado uma maté-ria interdisciplinar e estar presente em todos os ambitos onde hajam profi ssionais de tecnologia, existe uma lacuna gigantesca entre o que é preciso fazer para de fato aumentar a segurança e o que é possivel fazer levando em conta o cronograma onde os projetos são desenvolvidos, e onde muitas vezes por falta de planejamento estratégico adequado do Core Team, a segurança é relegada a pequenos aspectos, que muitas vezes são apenas o início de todo o trabalho.

Muitas vezes durante os estudos fi ca difí cil para iniciantes con-seguir aplicar e visualizar alguns conceitos de vulnerabilidades e ataques em aplicações web, e isso acaba tornando a experiência algo difí cil de ser absorvido. Pensando nisto, resolvi publicar um artigo voltado a alguns frameworks para estudo e simulação de explorações de vulnerabilidades em aplicações web.

Com estes frameworks você poderá ver na prática o efeito das principais vulnerabilidades, suas contra-medidas, assim como abrir a mente no que diz respeito a possíveis formas de mitigação destes tipos de ataque. Utilizando uma plataforma das 3 que irei falar abaixo, certamente você verá que o entendimento destes tópicos se tornará muito mais interessante (e divertido).

TECNOLOGIA

DVWA (Damn Vulnerable Web Application) – Este framework

consiste basicamente em uma aplicação vulnerável em PHP/MySQL

onde você pode testar suas habilidades em SQL Injection, XSS, Blind

SQL Injection, etc. O DVWA é desenvolvido por Ryan Dwhurst e faz

parte de um projeto OpenSource da RandomStorm.

http://www.dvwa.co.uk

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Anderson Tamborim Security Engineer da TrustSign e In2Sec: Intelligence to Security - possui

mais de 12 anos de experiência em segurança da informação. Focado em

penetration Testing, análise de Malwares e Advanced Threats, engenharia

social e desenvolvimento de aplicações para testes de segurança.

E-mail: [email protected]: /atamborim

Todas são geralmente muito simples de utilizar e começar a brincar. Acredito que é sempre bom deixar bem claro aqui que, obviamente a segurança dessas aplicações é algo pratica-mente inexistente, sendo assim, não hospedem estes recursos em servidores de produção (nunca é demais lembrar eheh), pois fatidicamente vocês serão hackeados e não será apenas de brincadeira. :)

Hackxor – É um web application hacking game. Neste game o joga-

dor precisa localizar e explorar vulnerabilidades para progredir

através da história do jogo, como se fosse um hacker contratado

para rastrear outros hackers, usando todos os meios necessários.

Elecontem scripts vulneráveis a Cross Site Scripting (XSS), Cros

Site Request Forgery (CSRF), Structured Query Language Injection

(SQLi), Remote Command Injection (RCE) e muitos outros.

http://sourceforge.net/projects/hackxor

WebGoat – É um projeto da OWASP (Open Web Application Security

Project) onde você possuirá uma interface deliberadamente inse-

gura disponibilizada em J2EE, onde você encontrará diversas lições

e exercícios, onde poderá aprender de forma bem didática, com

exemplos e exercicios de diversos niveis de dificuldade. O mais

legal dessa web application é que ela permite ao usuário demons-

trar seu entendimento de uma determinada falha de segurança

explorando uma vulnerabilidade real em cada lição.

http://code.google.com/p/webgoat

Page 78: O Poder do mercado de Aplicativos

76 | WIDE | 92 > TECNOLOGIA

fácil. O difí cil é você pagar imposto, salário, gerenciar expectati-vas de clientes, se preocupar com a vida dos seus funcionários, entender como a carreira deles pode melhorar, saber movimen-tar a empresa para o lugar correto no mercado e além de tudo isso não tirar os olhos do fl uxo de caixa. É aí que você aprende a diferença entre ser empreendedor e ser empresário. Eu achava isso o máximo. O seu ego vai lá pra cima. É gostoso responder quando alguém te pergunta o que você faz ou no que você tra-balha. A resposta vem pronta e ensaiada: “Sou empresário. Tenho uma empresa de desenvolvimento de Internet. Atendo clientes como XKPPYZ, XPTO e etc…” Coisa linda, sabe?

A partir daí eu comecei a traçar um plano. A primeira atitude foi largar minha empresa. Obviamente existiam diversos outros motivos, que somados com esse, me fi zeram tomar essa decisão. Não foi fácil, mas foi instrutivo. Aprendi bastante no processo e isso me fez entender uma série de coisas.

A minha segunda atitude seria tentar ir para uma empresa onde eu pudesse mudar alguma coisa. Não adianta ganhar dinheiro se você não está fazendo algo que seja realmente útil. Na verdade adianta, mas não conte isso para as crianças.

O terceiro passo foi entender em que ponto eu me encaixava no mercado. Foi aí que decidi que eu não queria mais codifi car mas dirigir uma equipe. Existem muitos profi ssionais melhores que eu no mercado. Seria estupidez tentar fazer algo que eu sei que outro faria melhor.

Tomar todas essas decisões é fácil. Se acostumar que você não é mais dono mas um funcionário e que tem outras pessoas acima de você é que é muito difí cil. Para mim é tudo muito novo. Atender uma empresa grande é uma coisa, trabalhar em uma é outra. Você entende o que é politicagem. Você vê pessoas guar-dando seus cargos como se fossem ouro e dispostos a comer teu fí gado se você ousar pensar em chegar perto. É divertido apesar de assustador.

A dica que eu te dou é a seguinte: Preste atenção no caminho. O caminho é a melhor parte dessa viagem. http://bit.ly/parteviagem.

O CAMINHO É A MELHOR PARTE DA VIAGEM

Tableless Diego Eis

Diego Eis Criador do site Tableless (www.tableless.com.br), palestra sobre padrões

web e jogador compulsivo de XBOX.

E-mail: [email protected] Twitter: @diegoeis

“Um corvo estava pousado no galho de uma árvore sem fazer nada. Um coelhinho apareceu e perguntou: – Posso ficar com você e não fazer nada?O corvo respondeu: – Claro, sem problemas.O bichinho se sentou debaixo da árvore e ficou des-cansando.

De repente, uma raposa apareceu e comeu o coelho.”

A história aparentemente infantil oferece um importante ensi-namento a quem quer sobreviver em uma empresa: para pas-sar o dia sentado sem fazer nada, é preciso estar num lugar bem alto! E para chegar lá você tem que saber escalar e sobreviver na selva corporativa.”

E foi assim que sem pensar eu comprei esse livro. O livro em questão se chama <i>Era uma vez uma empresa</i>. Assim que li os prágrafos acima vi que esse livro me ajudaria no meu plano. Plano? Sim, plano.

Eu tive uma empresa durante alguns bons 6 anos. Era meu sonho. Eu consegui conquistar muitos objetivos com ela. Foi ótimo enquanto durou e eu recomendo a qualquer um abrir uma empresa. Mas tem que abrir uma de verdade. Sair da sua zona de conforto e se arriscar. Não adianta fi car no seu trabalho e ir tocando aos poucos uma empresa por fora. Se você quer uma empresa série, você precisa dedicar tempo. Saia do seu emprego e abra uma empresa. Eu confesso que não fi z isso. Na verdade, comigo aconteceu ao contrário.

Geralmente na área de web e em outras também, alguém ini-cia a sua carreira como funcionário e depois, com o know-how adquirido e uma grana guardada, você abre sua empresa. Eu nunca havia trabalhado em uma empresa até então. Eu simples-mente abri. Um amigo meu me chamou e bumba, abrimos uma empresa de desenvolvimento web. De uma hora para outra está-vamos atendendo outras grandes empresas que queriam con-sultorias ou sistemas. Foi maravilhoso durante um tempo, mas eu sentia que faltava alguma coisa.

Eu percebi depois de uns anos que apesar de eu ter aberto uma empresa bacana, reconhecida pela comunidade web, que atendia clientes interessantes com uma equipe de ponta, faltava alguma coisa. Eu nunca havia precisado lutar por um cargo, eu era o dono.

Muito diferente da fábula no começo deste artigo, apesar de eu estar no topo da hierarquia empresarial, eu trabalhava como um camelo. Ok, talvez por conta do tamanho da empresa. Tínhamos por volta de 25 funcionários e mesmo assim sobrava trabalho.Quem abre uma empresa descobre que ter coragem é a parte

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A profi ssão: médico. A função: administrador. Uma pequena nuance que faz muita diferença.

Não se deixe iludir. Muitas das boas empresas procuram bons profi ssionais que possam exercer funções diferentes ao longo da carreira e não pessoas monolíticas que não conseguem sair da caixa. Gosta de redes sociais? Que bom. Veja que o fundamento para melhor entender redes sociais é conhecer o ser humano, e não tecnologia. Assim, ser sociólogo é melhor que ser técnico em informática nestas horas. O mesmo pode ser aplicado, por exem-plo, para cursos técnicos. É preferível ter como profi ssão a peda-gogia que o desenvolvimento de soft ware.

E não se preocupe em agradar os outros. Dentro de alguns anos todos vão esquecer o que disseram sobre “ser um homem de bem” e sobrará para você, aquele gosto amargo da frustração por não ter seguido seus instintos que poderiam lhe dar aquela fun-ção interessante de trabalho num lugar paradisíaco.

CARREIRA DIFÍCIL

A escolha de uma profissão aos 17 anos é das tarefas mais ingratas possíveis. O jovem que está saindo da puberdade é pressionado pela sociedade e família para estudar e “ser um homem de bem”. E o cenário fica ainda pior se o jovem tiver queda para alguma profissão menos “gloriosa” que as tradicionais “engen-haria-medicina-direito” pois, inevitavelmente, ouvirá os comentários de que “vai passar fome” ou “vai viver na miséria”.

Se não bastasse a pressão, os dias atuais trazem uma outra vari-ável à equação sociedade+família+glória+fome: a quantidade de novas profi ssões criadas pela tecnologia. Em um mundo total-mente conectado e com crescimento vertiginoso de adeptos de tecnologias, é normal a criação de novas funções (não profi ssões) na velocidade da luz. Ontem eram webmasters, hoje especialis-tas em redes sociais e amanhã, sabe-se Deus o que será.

Esta farta criação laboral é também a algoz dos jovens que che-gam na encruzilhada de escolher o que fazer quando saírem da faculdade. Atraídos por sonhos de enriquecer rápido (ou, como queira, de vida fácil), se dedicam a cursos de fundo de quintal que pouco lhe dão conhecimento para profi ssões que certamente estarão obsoletas ou não mais existirão quando receberem seus certifi cados. Além do tempo perdido, dinheiro jogado fora.

Então, qual caminho seguir num mar de incertezas como esse? A dica é: o caminho daquilo que realmente gosta de fazer ou ainda “siga seu coração”. Claro, isso pode parecer clichê, mas muitos perdem anos de estudo em cursos que realmente não desejam ou que não possuem a menor aptidão para descobrirem a bes-teira que fi zeram. Depois, tornam-se profi ssionais frustrados, cansados e atribuem estas sensações ao way of life de nossa sociedade. Ledo engano. O problema começou muito mais cedo no momento da escolha do que fazer, acreditando que o mais importante seria agradar departamentos de recursos humanos de empresas ou mesmo seus pais.

Para não cair nessa armadilha, é preciso entender a diferença entre profi ssão e função antes de fazer uma escolha. Profi ssão é aquilo que lhe dará base para seguir qualquer função a desempe-nhar. É muito melhor ter um médico como administrador de um hospital que um administrador que não conhece a área médica.

Mercado de TI Paulino Michelazzo

Paulino MichelazzoPossui quinze anos de experiência em internet e atua como consultor

web em todo o mundo. Palestrante costumeiro de eventos de tecnologia,

é coautor de três livros na área de internet e software livre e escreve

regularmente sobre empreendedorismo e desenvolvimento em seu site:

www.michelazzo.com.brE-mail: [email protected]: @pmichelazzo

“Não se deixe iludir. Muitas das boas empresas procuram bons profi ssionais que possam exercer funções diferentes ao longo da carreira e não pessoas monolíticas que não conseguem sair da caixa”

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Ao longo dos anos, diversas mudanças ocorreram no ambiente do marketing digital. Uns defendem que o grande “boom” aconteceu logo após a crise global, em 2008. O cenário era trágico, diversas empresas de todos os portes começaram a buscar a web como nova opção de comunicação e marketing a custos baixos e também como um novo canal de comercialização para seus produtos e serviços.

Inovaçãoem Marketing Digital

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92 > MARKETING | WIDE | 79

A Zarabatana Digital (zarabatanadigital.com.br) é uma empresa que tem inovado em marketing digital. A organização acredita que as estraté-

gias não devem se prendem apenas ao online, mas também são complementadas pelas experiências offl ine, agregando valor e completando um processo que começa na internet e termina na experiência real do consumidor, a ponto de fazer parte do con-ceito de uma marca.

Um case interessante e recente é o da marca Andarella. A agência tinha o desafi o de rejuvenescer o público da marca e a internet surgiu como a primeira opção. Assim, surgiu a ideia de lançar a “Andarella feita por você”, um hotsite onde era pos-sível criar o sapato ideal e concorrer a diversos prêmios, caso o modelo fosse escolhido por votação online. O publicitário Sergio Akash, CEO da empresa, explica que a ideia da campa-nha era mobilizar o público e proporcioná-lo uma experiência diferenciada com o produto. Para isso, a Zarabatana integrou o ambiente online com o offl ine, provocando o público a se sentir parte da Andarella, já que participou ativamente do design da coleção. O resultado da campanha foi a conquista de clientes mais jovens, além de um grande banco de dados sobre as prefe-rências e estilos das clientes.

Sergio Akash lembra que explorar a inteligência estraté-gica no ambiente digital é uma das metas da empresa, que já atendeu clientes como Rio Design Leblon, Universal Channel, L’Oreál Paris, Burn, entre outros. “Selecionamos ferramentas ideais nos meios digitais para obter o melhor desempenho por meio de consultoria, planejamento e ações de comunicação e publicidade nas plataformas digitais”, explica Sergio.Em meio às facilidades da Internet para divulgar produtos, os

micro e pequenos empresários podem ser os próprios facilitado-res e colaboradores do negócio, com o mínimo de gasto possível, e com retorno garantido. Na internet há sites e blogs que mos-tram como divulgar sem gastar muito, como o Inside Adwords (adwords.blogspot.com) e o Conversion University (google.com/

support/conversionuniversity/), porém há algumas ferramentas que otimizam o alcance do anúncio ao público.

POR TRÁS DE UM CURTIR: A ENGRENAGEM QUE MOVE LIKES E SHARES Você já ouviu falar de “Brand Persona”? A estratégia acontece quando uma marca assume, na internet, traços próprios de perso-nalidade, reações diferentes em cada situação, estilo próprio, gos-tos e preferências musicais. É como uma pessoa que pode ser reco-nhecida e com quem um fã estabelece um relacionamento por identifi cação, assim como faz com seus amigos nas mídias sociais.

Para dar a luz a essa pessoa, nasce um novo profissional, que não só concebe, mas mantém o perfi l dela funcionando de maneira coerente. É uma mistura de jornalista, publicitário e ator, como definem os sócios da Movimento Comunicação (movi-mentocomunicacao.com), Felipe Novaes e Franklin Costa. A empresa gerencia o perfi l de grandes marcas, como Mundo Oi, Schweppes, Kuat, Burger King e Unilever.

O mix começa com o cuidado na hora de escolher as fontes certas e de fazer apuração, cercando o assunto sob vários pontos de vista, mas sempre atento na maneira como apresentar o con-teúdo. O texto precisa ser atraente e cada palavra tem uma razão para estar lá. Os empresários explicam ainda que não vale falar por eles, mas em nome de uma marca. E quem é ela? É a hora de o personagem entrar em cena.

O “oceano azul”, onde os pequenos empreendedores dominavam e conseguiam ótimos resultados, começou a se transformar em um “oceano vermelho”, tomado por tubarões decididos a dominar também este ambiente. O livro “A Estratégia do Oceano Azul”, de W. Chan Kim e Reneé Mauborgne, fala justamente sobre este cenário: em vez de competir, torne a concorrência irrelevante. Confira, a seguir, o que as empresas estão realizando de inovação em marketing digital.

Page 82: O Poder do mercado de Aplicativos

80 | WIDE | 92 > MARKETING

MARKETING

“É como construir uma pessoa em quatro etapas. O brand per-sona envolve um mapa que não só defi ne a personalidade, como simula reações em situações de tensão, tranquilidade e contex-tos inusitados, associando cada um deles a sentimentos, atitudes, fala e aparência próprios. Em seguida, hora de fazer associações concretas com imagens, citações, vídeos ou qualquer forma de expressão que ilustre essas dimensões. A partir da personalidade desenhada, é criado um estímulo no sentido de chegar a diversas situações para descrever como essa Brand Persona reagiria.”

Para aqueles que desejam atuar no marketing hoje em dia, permeado pela presença das redes sociais, Felipe Costa adianta que é fundamental ter muito jogo de cintura. E ele avisa que não é apenas para treinar uma equipe (que vem com a cabeça do offl ine ou crua das faculdades), mas também para se adaptar às aceleradas mudanças do universo digital. “O mindset muda a cada atualização do Facebook, do Google, da Apple, da Adobe e por aí vai. Nosso guru Brian Solis apresenta o conceito de “digital darwinism” em seu último livro “The End Of Business As Usual”. O termo traduz esse novo fenômeno em que a tecnologia e a sociedade evoluem mais rápido do que a nossa capacidade de adaptação. E nessa a gente tem que rebolar”, afi rma.

Felipe Costa diz que um dos grandes desafi os da Movimento Comunicação é fi ltrar tanta novidade – e não mais estar por den-tro de todas. O empresário conta que são centenas de novas redes sociais crescendo pelo Mashable, diversas ferramentas de monitoramento apresentadas pelo Hubspot. “A nossa missão hoje é desenvolver processos de adesão a novidades que não gerem angústia e conhecimentos superfi ciais que não levam a nada. Essa é a nossa grande novidade.”

Quando questionado sobre o que ele considera inovação no marketing digital, Felipe ressalta que depende do briefing, do cliente e com quem você vai falar. “De um modo geral, ino-var para uma senhora de 60 anos recém-chegada na era digital é completamente diferente do conceito de inovação para um garoto de 15 anos, que já viu de tudo na web. Inovar é apresen-tar o caminho mais simples para o seu usuário alcançar o seu

objetivo, desejo ou necessidade. Essa foi a conclusão de uma palestra dos CEOs do Forecast, RedRover, Ditto e Whim no SXSW 2012”, lembra.

Para uma empresa realizar uma ação de sucesso no universo digital, o empresário defende que o primeiro passo é entender o problema do cliente e do target. “Perca boa parte do seu tempo desvendando por que o seu cliente precisa dessa ação de comu-nicação, qual a relação do target com a marca, porquê esse rela-cionamento precisa ser refinado e para onde vai dar continui-dade. Ou seja, encontre a pergunta certa para achar a resposta exata. A partir disso, mergulhe nas ferramentas digitais e monte seu case”, orienta.

Recentemente, as mídias sociais foram apontadas pelas empresas de comunicação como as principais áreas de inves-timento nos próximos cinco anos e que mais da metade dos entrevistados no estudo ‘World Newsmedia Innovation Study’ pretende fazer investimentos financeiros nas mídias sociais até 2017. Ao comentar o resultado da pesquisa, o outro sócio da Movimento, Franklin Costa, garante que é relevante para as empresas estarem presentes onde seu público está, mas faz um alerta importante. “Mais importante do que investir em redes sociais é dar um passo para trás e questionar o propósito de sua marca estar ali, a natureza das mídias sociais e da relação que você vai ter com seus fãs. Muitas marcas abrem uma página no Facebook sem uma estratégia defi nida, sem produção de conte-údo relevante, sem atualizações, ou ainda perfi s no Twitter que existem apenas para duplicar os posts da fanpage. É um desper-dício de energia”, acredita.

Franklin compara o cenário do marketing digital brasileiro a um “oceano azul” de oportunidades. Ele conta que existem diversas iniciativas que procuram se estabelecer como fontes confi áveis de informações, mas ainda acredita que existe um longo caminho até este mercado se estruturar e amadurecer. “O problema é o tal ‘Darwinismo Digital’ que Brian Solis cunhou: as inovações digitais são muito mais aceleradas que a nossa capacidade de processar. Por isso vivemos na ‘era da prototipagem’. Não existe mais tempo

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- pelo menos no marketing digital -, para pensar em planejamento e execução como etapas separadas de um processo. É preciso agir, testar e ajustar ao longo do processo. Claro, dentro de uma estraté-gia ‘macro’ que contemple diversos cenários.”

Entre as tendências relevantes que devem perdurar em 2013, o empresário destaca: a crescente popularização da internet móvel (mais pessoas, mais velocidade); o estudo da segunda tela (como a TV e tablets/smartphones interagem); o amadure-cimento do ROI digital; a maior preocupação com a qualifi cação das comunidades de fãs; redes sociais mais segmentadas etc. “Em minha opinião, o que deu certo este ano e que continuará com força serão os investimentos em conteúdo relevante. A maioria das empresas começou a entender que redes sociais e platafor-mas de conteúdo proprietários não existem para serem válvulas de escape de estratégias de marketing tradicional. A forma como elas se relacionam com o público neste meio é radicalmente dife-rente e exige um pensamento igualmente fora da caixa.”

Em relação às diferenças de ações executadas entre peque-nas e grandes empresas, Franklin Costa explica que o maior dife-rencial que uma empresa pequena pode ter diante das grandes é a relevância de seu conteúdo. “Para estratégias de SEO, ter um bom conteúdo, com as palavras chaves adequadas, consistência editorial e call to actions bem planejados podem ser sinônimo de bons resultados em buscas orgânicas, retenção, empatia e, por fi m, ‘ação’ (compras). Grandes empresas estão preocupadas com números exorbitantes. Pequenas empresas podem se dar ao luxo de crescer com seus gestores ‘colocando a barriga no balcão’, isto é, gerenciando com cuidado os detalhes de sua estratégia, fazendo os ajustes necessários com velocidade e, muitas vezes, imprimindo um tom editorial próprio, refl exo da personalidade de seus fundadores ou principais gestores”, orienta.

Nino Carvalho, coordenador dos Programas de MBA e Pós-MBA em Marketing Digital da FGV no Brasil, faz um alerta impor-tante aos profissionais de comunicação e empreendedores na hora de atuar no chamado marketing moderno. Ele orienta que é necessário ter uma visão irônica do que acontece hoje. “Pela pri-meira vez e graças ao marketing na web e seus impactos, temos presenciado empresas não só pregar, como também praticar o que o marketing, de fato, sempre se propôs a oferecer, que é você se colocar no outro lado do balcão, ouvir o seu cliente, atender sua necessidade, colocá-lo em primeiro lugar.”

O especialista cita o case da Mehant Rede de Hotéis, que utiliza uma forte estratégia de marketing focada nas mídias. Ele aconse-lha que o profi ssional de marketing digital deve entender bem o que é pensamento estratégico, conhecer e trabalhar a gestão de

marca e branding, marketing de relacionamento e de serviços.O mkt móvel (mobilidade) é a grande aposta e dica de Nino

Carvalho. Ele explica que dentro do universo do marketing digital, uma parcela bem pequena utiliza internet nos dispositi-vos móveis como as empresas gostariam. Segundo ele, as pes-soas aumentaram o consumo, porém em jogos e redes sociais. E é nesse quesito que ele chama atenção. “Infelizmente ainda dispensamos pouca atenção em relação ao benefício, que é o potencial da internet como ferramenta de inteligência competi-tiva. É preciso mostrar aos colaboradores que as ferramentas do mkt digital são aliadas para toda a organização, e não somente de promoção e comunicação, como muitos pensam. A internet, com sua possibilidade longínqua de, por exemplo, garimpar o perfil de um comportamento do cliente, permite nutrir toda a empresa sobre que tipo de produto deve ser lançado e em qual praça posso ter sucesso com determinado produto”, alerta.

Ao falar de inovação, o coordenador de Marketing Digital da FGV garante que o assunto não pode competir a uma determi-nada área da empresa. Inovação, em sua visão, tem que estar entranhada no DNA da empresa. “Inovação no mkt digital é um processo muito mais lógico e racional do que soa. Nada mais é do que criar formas, utilizar a internet para entregar valor para o cliente de maneira que só a rede permite, de forma simplória. Se ofereço a possibilidade de um SAC ou de uma loja 24h, por exem-plo, estou inovando, pois utilizo algo que só a internet pode me dar. Estou falando de conveniência, é pensar: como consigo levar mais valor e entregar mais.”

CENÁRIO NO BRASILO especialista acredita que há muito a se descobrir ainda no país em relação a uma verdadeira experiência de mkt digital. Ele res-salta que o mercado brasileiro é extremamente imaturo.“O Brasil tem alcançado sucesso ao utilizar o potencial de comunicação, estamos conseguindo promover nossas marcas, somos reco-nhecidos por muitas delas, porém ainda estamos engatinhando no relacionamento. As empresas nem começaram a utilizar as informações que coletam no mundo digital para transformá-las em realidade. E isso é um problema, pois se eu não utilizo essa informação que tenho em mãos, como vou satisfazer a vontade do meu consumidor?”, questiona.

As PMEs estão no caminho certo, na visão de Nino Carvalho. Elas já conseguem competir mais, possuem olhar correto, foco no cliente, mais agilidade na produção e entrega e adaptação às mudanças. “Outro ponto favorável é que se elas focam no cliente e no relacionamento, o alcance e impacto na internet são imediatos, pois estamos falando de propaganda espontânea e disseminação da informação. O relacionamento com a comu-nidade é imprescindível. Além disso, outros fatores contribuem para o sucesso das PMES, tais como a capacidade de começar quase do zero, a facilidade de não ter um legado problemático oriundo do offl ine etc.”Martha Terenzzo é especialista em inovação e marketing digital e defende que o foco do marketing moderno deve ser o mesmo do marketing clássico - atender e encantar as pessoas. Ela revela que estamos cada vez mais descrentes de marcas e empresas

“Mais importante do que investir em redes sociais é dar um passo para trás e questionar o propósito de sua marca estar ali”Franklin Costa

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MARKETING

e explica que a presença nas redes sociais não é marketing, é apenas presença, pois poucas se relacionam de fato estreitando laços com as pessoas.

“Existe uma diferença entre inovar e ter novidades. Todos os dias teremos novidades, possibilidades de uso de QRcode cada vez maior, aplicativos integrados com mobile e Ipads/notes/tablets. A tecnologia não vai parar, está em evoluindo a uma velocidade maior do que as pessoas podem absorver. Os aplicativos que auxiliam as pessoas a ganhar tempo e resolver problemas cotidianos são os grandes players do futuro. Diante desse cenário, é preciso separar Inovação tecnológica de Gestão da Inovação. A gestão para inovar pode ser feita desde a implan-tação de um atendimento melhor ao consumidor a uma nova tecnologia highend. Acredito que a inovação virá das empresas que souberem conjugar comportamento humano e inovação de processos”, afi rma.

Quando questionada sobre o que de fato é preciso para se rea-lizar uma ação no universo digital, “Open Mindset” é o primeiro conceito que vem à mente da especialista. “Não estamos falando de um universo digital apenas, estamos lidando com novas for-mas sociais de relações e até antropológicas. As pessoas terão que mudar o mindset, pois estamos vivendo o início de uma nova Era. Como no passado vivemos a Revolução Industrial, agora estamos vivendo a Era digital. É apenas o começo, não acredito nos modelos de comunicação e marketing existentes simplesmente adaptados para o universo digital. Isso não existe, não estamos tratando de GRP’s, muito menos de custo por mil”, acredita. Segundo ela, a saída é pensar em infl uenciadores, evan-gelistas, engajamento, tempo, atenção etc. A visão de Martha é que uma ação para dar certo antes de tudo tem que se fortalecer como marca, pois há muito desperdício de investimento com ações spot que não engajam e se perdem em poucos dias.

Sobre o modelo de investimento em mídias sociais praticado no Brasil, Martha Terenzzo diz que ainda vivemos a dicotomia de falar e fazer, e que por aqui ainda é pior, pois temos um sistema de comunicação na mão de três emissoras, as duas maiores edito-ras de revistas no poder de duas grandes corporações que detém também outras mídias. Lembra também que o Brasil ainda pos-sui algumas agências de comunicação com modelos antigos de remuneração e que nos EUA isso pode e deve acontecer, inclu-sive pelo momento que o país vem passando, porém não é algo que aconteça com frequência em outros locais da Europa.

EXPERIÊNCIA EM MARKETING DIGITAL NO BRASILA especialista é bem crítica à palavra experiência. Ela acredita que temos bons profissionais de marketing, que entendem de marcas e suas empresas, e que o meio digital é um mer-cado que crescerá de acordo com o cenário de comunicação no Brasil. Mas faz duras críticas em relação à gestão brasileira. “Enquanto tivermos quase um monopólio nas emissoras de TV e com grandes ‘espetáculos’ que entretém metade da popula-ção, seguiremos fazendo o ‘arroz e feijão’. Temos bons técnicos e bons profi ssionais de marketing - seja digital ou não -, mas os comandos na maioria das empresas praticam o tradicional. Gosto da série Mad Men, que demonstra um pouco como não

mudamos muito, mudaram os meios de propagar, mas ainda praticamos a venda pela venda, o resultado pelo resultado, sem avaliar o verdadeiro share of heart e engajamento de cada pes-soa. E sabemos fazer isso, porém infelizmente poucas empresas praticam o tema.”

A Coca Cola é um dos cases preferidos de Martha. Segundo ela, a marca sabe lidar com o digital e é referência para inovar, sempre uma trendsetter. “Ela trata o tween digital com game, o esportista nos eventos, a massa na TV, o fi rst adopter em meios diferentes como mobile e redes sociais para jovens de 10-14 anos. Ou seja, sempre vejo ações assertivas que envolvem e engajam. Já as mais novas, vejo algumas empresas brasileiras ingressando de forma positiva no e-commerce, a exemplo da Arezzo, que sequer tinha seu site ou presença em redes sociais etc. Porém, há casos desinteressantes também. Recentemente reclamei no Facebook com uma marca que estava literalmente ‘maltratando’ o consumidor. Nada aconteceu, sequer houve resposta. De que adianta estar nas redes se você não se relaciona? Isso que está acontecendo é péssimo para o mercado, para todos os negócios, é como possuir diversos ícones mostrando: olha, nós somos modernos, até Twitter já temos”, ironiza.

Em relação às tendências para 2013, ela aposta em neuroma-rketing, netnografia e storytelling como temas macro para as empresas se relacionarem no universo digital. Martha acredita que a inclusão digital continuará crescendo e teremos mais pessoas acima de 40 anos usando tecnologia ao longo dos pró-ximos anos. “Como nossa pirâmide de faixa etária vai se alterar, invertendo o padrão de consumo, é importante pensar no básico também, ou seja, quem serão as pessoas que usarão o e-mail? Não acredito que ele morra, acredito que ele mude de mãos. Outro fator que deve continuar e aumentar é a educação a distância (EAD), as escolas públicas começaram a se adaptar com tablets e notebooks. Hoje é possível ter métodos como Khan aqui no Brasil, simples, gratuito e traduzido”, fi naliza.

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Ex-Lover Blocker

A DM9DDB é uma das maiores e mais premiadas agências do Brasil. Recentemente, a cam-

panha “Ex-Lover Blocker”, do Guaraná Antarctica, protagonizou verdadeiro sucesso nas re-

des sociais, mídias interativas e em sua plataforma mobile. A criação do aplicativo contra re-

caídas amorosas – repleta de promoções no Facebook e merchandising na TV com muito

bom humor e originalidade atingiu bem o seu jovem target.

“Ex my love, ex my love, se botar teu amor na vitirine, ele nem vai valer R$ 1,99...” (Trecho da música Ex my Love, da cantora Gaby Amarantos)

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CAMPANHAMARKETING

Para a equipe de criação da DM9DDB, o maior desafi o foi criar um aplicativo divertido e que envolvesse os amigos ao mesmo tempo. Todas as áreas foram envolvidas e a equipe trabalhou em conjunto para que o aplicativo funcionasse da melhor maneira possível.

A estratégia da DM9DDB foi seguir a característica da marca: ajudar os amigos. A agência entende que cada vez mais marcas procuram explorar o mercado de smartphones para marcarem presença nessa vertente que já faz parte do cotidiano da popula-ção e conseguiu excelente retorno em suas ações.

O aplicativo funciona assim:

1. Você escolhe o contato da sua ex na agenda e bloqueia;

2. Escolhe até 5 amigos para ficarem de olho em você;

3. Se tentar desbloquear o contato da ex, o aplicativo

impede a ligação e manda um aviso para seus amigos, que

têm 2 minutos para ligar para você;

4. Se você não atender a ligação dos seus amigos e

ligar para o ex mesmo assim, o app publica seu erro no

Facebook.

Sobre a DM9DDBPresidida por Sergio Valente, são dela quatro títulos de Agency of The Year, 2 Grand Prix e mais de 100 Leões do Festival Internacional de Cannes. Com destaque em todas as premiações nacionais e internacionais, está entre as cinco maiores agências do País. Aliada a seu alto potencial criativo, tem como marca a busca por resultado do cliente com as melhores ações on e offl ine. A agência possui 300 funcionários no Brasil, é integrante da holding ABC de Comunicação e faz parte da DDB Worldwide, que tem mais de 200 escritórios distribuídos por 90 países traba-lhando em sinergia para uma carteira de clientes diversifi cada. Seu trabalho reconhecido permite aliar sucessos de público e crí-tica em campanhas para clientes como Amanco, Brastemp, C&A, Cia Athletica, Consul, Guaraná Antarctica, Brinquedos Estrela, Intel, Itaú, Sadia, Terra, Vivo, Tok&Stok.

+ conteúdo para tablets

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Raphael Vasconcellos: o diretor criativo do FacebookRaphael Vasconcellos é um profissional reconhecido no mercado publicitário brasilei-

ro, que tem formado e revelado grandes especialistas. Nesta entrevista, ele fala sobre o

desafio de deixar a AgênciaClick após 12 anos e integrar o Facebook, seu novo escopo

de trabalho, preparação de jovens para o atual mercado digital, inovação nas campa-

nhas, cenário criativo, entre outros assuntos. Confira!

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WIDE: Como foi encarar o desafio de deixar a AgênciaClick

e aceitar o convite de ser o novo diretor do time de creative

solutions do Facebook na América Latina?

RAPHAEL: Confesso que no início senti frio na barriga, mas aprendi que isso é um bom sinal, pois você está saindo da zona de conforto e se desafi ando a ser uma pessoa e profi ssional melhores. O Facebook já era uma empresa que admirava e depois que passei a enxergá-lo por dentro, o admiro ainda mais, me sinto abençoado por ter essa chance de colaborar com um projeto tão ambicioso.

WIDE: Como é o seu escopo de trabalho no Facebook?

Ele é muito diferente do que você vinha desenvolvendo

nas agências?

RAPHAEL: O que faço agora no Facebook é só um pouco dife-rente do que fazia, pois continuo trabalhando com construção de marcas no ambiente digital, que é o que gosto de fazer. Uma grande mudança é que agora estou focado em uma única pla-taforma. Isso me dá a chance de explorar melhor o Facebook, entender suas nuances e estudar os detalhes do design e da propaganda social – demandas que não conseguia tocar na agência, já que lá eu estava focado em encontrar uma melhor composição criativa de todos os canais que o digital oferece.

WIDE: Logo quando você anunciou sua ida para a empresa

de Mark Zuckerberg, você disse que acreditava que a

Organização era um território meio verde (pelo lado da cria-

tividade). Sua avaliação mudou?

RAPHAEL: Ao chegar ao Facebook, minha avaliação inicial se confi rmou: a empresa ainda tem muito espaço para a realiza-ção de um bom trabalho publicitário. Como o Facebook é muito dinâmico e a plataforma muda com muita velocidade, sempre existe oportunidade para se entender as novas funcionalidades e conceitos da rede social e criar ideias para as marcas.

WIDE: Segundo Fábio Coelho, presidente do IAB e do

Google Brasil, as 100 maiores empresas do país investem

13,4% de suas verbas publicitárias no meio digital. Como

profissional atuante em comunicação digital, como você

analisa esse mercado hoje?

RAPHAEL: Vejo as marcas amadurecendo sua atuação no cenário digital, realmente tudo ainda é muito novo, mas quem faz um trabalho sério nesse meio já começa a colher os bons resultados. Como estamos caminhando, como sociedade, para um mundo cada vez mais digital, essa relação com o meio – junto com seu investimento de marketing – só tende a crescer.

WIDE: Está mais do que provado que o mercado publicitário

brasileiro conta com profissionais reconhecidos nacional e

MARKETING

internacionalmente. Como preparar melhor esses jovens

que ingressam nas universidades em busca de grandes car-

gos e reconhecimento mundial?

RAPHAEL: Vejo dois caminhos: estudando e experimentando. Como área do conhecimento, a comunicação digital ainda é muito nova, com pouca fundamentação teórica, pouca pes-quisa e poucos trabalhos de laboratório. Quem trabalha – ou quer trabalhar nessa área – deve estudar sempre, buscar dife-rentes opiniões sobre “as verdades” da área e exercitar a crí-tica. A maior armadilha para esse novo profissional é se aco-modar junto com a tecnologia: quando você acha que domina a tecnologia, ela fica obsoleta e você corre o risco de também ficar junto com ela.

E o segundo caminho é o da experimentação: acredito no poder das ideias realizadas. Não existe melhor caminho para o jovem que busca ser um profi ssional de sucesso do que tirar suas ideias do papel – ou do PPT – e colocá-las para enfrentar a vida real. Cargos e sucesso devem ser a consequência dessa busca e não uma busca cega.

WIDE: Você faz parte da chamada quarta geração de líderes

criativos que ganhou visibilidade, que é composta ainda por

grandes nomes como Mauro Cavalletti, PJ Pereira e Ricardo

Figueira. Como é estar nesse patamar de reconhecimento?

RAPHAEL: Desafi ador, pois não consigo enxergar esse sucesso todo: continuo tentando me motivar todos os dias a fazer um trabalho melhor, em ser uma pessoa melhor e em me sentir mais realizado. Meu maior desafi o é alcançar meu próprio nível de exigência: nem sempre consigo. Tive a sorte de trabalhar com esses grandes criativos, mas o melhor é que ainda hoje nos falamos frequentemente. Há algumas semanas visitei o PJ em São Francisco, tomei um café com o Mauro na semana passada e acabo de falar com o Ric pelo Facebook. Talvez ter acesso a essas pessoas e a tantas outras pessoas geniais que estão hoje no mercado, seja o que você chama de reconhecimento.

“A maior armadilha para esse novo profi ssional é se acomodar junto com a tecnologia: quando você acha que domina a tecnologia, ela fi ca obsoleta e você corre o risco de também fi car junto com ela”

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MARKETING

WIDE: Você já foi palestrante do EDTED e rodou 10 capitais

com a Arteccom, sempre falando sobre tendências relacio-

nadas à Comunicação Interativa. De lá para cá, quais são as

evoluções dessa comunicação e o que você considera que

precisamos evoluir para, de fato, vivenciarmos uma comuni-

cação de interação?

RAPHAEL: Desde minha participação no EDTED, muita coisa mudou. Não dá pra medir a relevância dessas mudanças apenas nos números de anos que se passaram, mas sim na profundi-dade que as mudanças tiveram na vida das pessoas: a tecnologia móvel, as redes sociais, o número de pessoas conectadas, a con-vergência entre os meios realizada pelas mãos das pessoas - são tantas as mudanças que não consigo montar uma lista completa, mas essa pequena relação que acabo de fazer já demonstra que nossa maior virtude para viver nesse tempo deve ser a constante capacidade de nos adaptar ao que vier por aí.

WIDE: Você foi um dos convidados do painel “Criatividade: ei,

ela está em todas as partes”, no Wave Festival 2012. Lá, men-

cionou que a publicidade não deve se contentar com a série

de “nãos” que podem surgir nas diversas etapas do processo

criativo. Como pensar, “quebrar a cabeça” e se reinventar para

colocar na rua campanhas que mexam com o consumidor?

RAPHAEL: Procurando entender esse mundo louco pelo olhar do consumidor. É ele quem faz a revolução, quem cria os hábi-tos, quem decide que uma rede social deve morrer e outra deve prosperar – não os publicitários. Nosso papel é observar, analisar, experimentar e criar. Temos nossos pré-conceitos, nossas prioridades, vaidades e também somos consumidores, mas mexer com o consumidor começa com um exercício de desapego e depois de generosidade, em dar o melhor do seu trabalho em favor do outro.

WIDE: Com a multiplicação de plataformas, vivenciamos um

processo em que os profissionais de tecnologia nas agências

são também tomadores de decisões. Nesse sentido, qual a

importância de equipes integradas com especialistas técni-

cos e com conhecimento avançado de software, preparados

para conceber as campanhas?

RAPHAEL: Nesse mundo digitalizado em que vivemos, o profi s-sional de tecnologia já é fundamental para fazer ideias circula-rem. Eles sempre foram tomadores de decisões, profi ssionais fundamentais para chegarmos onde estamos e por quem eu tenho grande admiração. Sempre que posso, convido meus colegas da tecnologia a refl etirem se – assim como os criativos passaram a entender um pouco mais da tecnologia para reali-zar seu trabalho – eles também poderiam melhorar sua capaci-dade de comunicação e transmissão das suas ideias dentro das empresas em que atuam.

Veremos profi ssionais de tecnologia em cada vez mais dife-rentes tipos de organizações e acho que sua importância no sucesso dessas empresas exigirá que saibam traduzir sua arte em uma linguagem que mais pessoas entendam.

WIDE: Em relação à inovação, estamos no caminho certo ou

ainda falta muito para alcançarmos o status de país inovador

em criação?

RAPHAEL: Temos o talento, mas não a estrutura, que começa no ensino de qualidade, passa por uma cultura que valoriza o conhecimento, terminando em um mercado extremamente profi ssional. Teremos sempre alguns indivíduos inovadores e criativos, mas ser um país inovador exige mais da nossa coleti-vidade. Temos que continuar buscando a inovação, por mais distante que ela pareça estar.

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Em suma: se eu der ouvidos a cada um deles fi co louco (e pobre). Se eu escolher um conselho só, também estou frito (e pobre). Meia-idade é um perigo, meus caros, por isso sou meio velho desde pequeno e, juro, juro, juro, estou achando legal fi car grisalho.

Clientões estão numa situação parecida. Tenho conversado com vários e o perigo é parecido: todos querem se sentir mais joviais e inovadores e sexy e “aggiornati” etc etc etc, mas dependendo de quem consultarem vão acabar parecendo o Zé Bonitinho. (Ok, Ok, entreguei a idade de novo).

A coisa é séria, problemática mesmo, e está piorando de uma maneira muito...criativa (como sempre, somos criativíssimos para manter as coisas rigorosamente na mesma).

Se você se lembrar dos meus artigos mais recentes (e não se avexe caso não lembre, eu também não lembro nada), a tônica era mais ou menos a mesma: o digital se fragmentou, quebrou em pedaços e especialidades e cada um vai vender o que lhe rende mais grana, sem levar em conta o problema de negócios de quem paga a conta.

Esse meu discurso fi cou velho (well, eu também). A moçada descobriu que outra maneira de fazer grana era fazer muito barulho, e já que não ligavam mesmo pro ROI (Return Over Investment), partiram pro BOI (Buzz Over Investment) e saem por aí com vários cases espalhafatosos pendurados no pescoço.

Pronto, fez-se a confusão. Comparando com a balada (ouvi dizer, um amigo foi, eu não frequento, tenho medo inclusive), é difí cil saber quem ali está procurando um relacionamento longo e construtivo e quem, well, é do milenar segmento do on-demand/ instant-gratifi cation/ what-you-see-is-what-you-get/ pagou-levou/toma-lá-dá-cá. Batendo o olho, não dá pra distinguir. Ainda mais no escuro com luz piscando (vi na TV um dia).O que salva a pátria é uma das poucas coisas que melhoram com a idade: o papo. Se o primeiro assunto for quanto você tem para gastar, corra, você tem muito a perder, pois bons parceiros perguntam primeiro o que o outro deseja, o que o outro precisa, o

René de Paula Jr. É profissional de internet desde 1996 e passou pelas maiores agências e

empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN

AMRO, Microsoft Brasil. É criador da “Usina.com”, portal focado no mundo

online, e do “Radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade

de profissionais da área. Atualmente, trabalha na CUBOCC como diretor de

new business.

E-mail: [email protected]

Web fora da caixa René de Paula Jr.

Como ter dez anos a menosEssa história de ter quarenta e tantos (ou quase oito,

no meu caso) é bem arriscada. Se eu por acaso esti-

ver me sentindo meio esquisito e abrir meu coração

por aí, vou ouvir um pouco de tudo: vai ter gente

jurando que eu pre-ci-so ou de uma Harley, ou de

viagra, ou de yoga, ou de uma bike, ou de viagens,

ou de “viagens”, ou de um mapa astral, ou de botox,

ou de um cartão platinum, ou de um mini-cooper, ou

de uma periguete, ou de saltar de para-quedas, ou de

fazer o caminho de Santiago, ou de fazer uma tatoo,

ou de fazer mais sexo, ou de fazer menos sexo...

que o outro quer ganhar.Ok, eu percebi, fi cou meio melosa essa história, parece papo de

aranha, mas o que clientes e consumidores e cidadãos precisam é disso, de relacionamentos que constroem, que crescem e tal. Precisamos do que tem futuro.

Pegação e aventuras são legais quando você é moleque, e isso dura pouco. Pense bem: depois dos 25 você vai passar uns bons 60 anos como ex-jovem ;)

E falando como ex-jovem assumido, talvez seja a hora de todos assumirmos que essa pegada for-ever-young não vai levar o mundo muito longe. Eu sei que a palavra sustentável já virou chiclete velho de tanto ser mascada sem ninguém engolir, mas o único aspecto sustentável dessa levada teen-geração-Y-millennial é que é fácil ser aventureiro quando papai sustenta. Tirando esse 1% com pai-trocínio, os outros 99% têm que pensar como gente grande.

Quer um exemplo? Acabamos de passar quase 10 anos como o país mais sexy, promissor e bacana do planeta. O mundo inteiro se encantou conosco, fomos capa de revista e tudo. Não sei se você lê jornal (o tiozinho aqui lê todo dia), mas os bons tempos passaram. Literalmente, temos hoje 10 anos a menos.

Aproveitamos a oportunidade? Não. A única coisa que todo mundo fez foi dívidas, mas pelo menos crediário e cartão e cheque sem fundo são problemas pessoais. O que me preocupa mesmo é nossa dívida com o futuro, com os próximos jovens que vão olhar pra trás (e pra mim e pra vocês) e vão dizer: onde vocês estavam com a cabeça pra deixar pra gente um mundo zoado? Por que vocês gastaram tanto tempo e dinheiro com coisas descartáveis, questionáveis, esquecíveis, imperdoáveis?

Os lixões do mundo estão aí pra provar: nada dura mais do que o descartável. E se você acha que fazer coisa descartável em digital é diferente porque formatou, tá novo, pense duas vezes: tempo não tem refi l e oportunidade perdida não é reciclável. E pra quem depende de campanhazinhas e açõezinhas e buzz e piruetas e promoções e sorteios, fi ca a dica: viagra é poderoso, mas só por duas horas e pode dar uma dor de cabeça danada. Ouvi dizer, claro.

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Marketing de conteúdo Bruno Rodrigues

MARKETING

A consistência do conteúdo

ISSO, CLARO, SE VOCÊ DESEJA MANTER A RELAÇÃO.

Para muitos redatores, redigir é quase como criar literatura, e para estes um texto só é texto se tem estilo, marca, emoção e impacto. E ponto fi nal. Se um texto não é assim, não é texto.

A questão central, aqui, é que um texto, veículo de uma infor-mação, deve se adaptar a cada mídia, e a mídia digital nunca foi, desde o início, lugar para ‘literatura’ - salvo, óbvio, quando o con-teúdo em questão é um livro.

Ano a ano, bem sabemos, o usuário exige cada vez mais objetivi-dade, informação certeira, conteúdo sem rodeios. Consistência, portanto.

O redator que deseja ter sucesso com conteúdo na web precisa entender que a paixão, aqui, deve ser pela própria informação, seja ela texto ou itens listados em uma página. A transformação é esta: entender que a missão de comunicar e persuadir por meio da palavra continua intacta, mas o mundo mudou, o público tam-bém, e a mídia pede que você mude junto. Se o redator conseguir imprimir estilo, marca, emoção e impacto ao texto, é consequên-cia – e prova de experiência. Bingo!

Mas ser consistente, na mídia digital, é antes de mais nada ofere-cer mais com menos – o que é bem diferente do papo clichê de mesa de chope de que ‘texto na web tem que ser curto’. Nada mais velho, ultrapassado, antigo – o buraco é tremendamente mais embaixo e não tão simples assim.

COMO SER CONSISTENTE, ENTÃO?

. Atenda às exigências de Experiência do Usuário (User Experience)Criar uma informação para um site é trabalhar para que ela faça parte das ações que garantem ao usuário a melhor experiência possível – as famosas recomendações de User Experience, por-tanto. Pensar bem a boa usabilidade de um texto é indispensá-vel, e tornar sua leitura confortável é o ponto de partida. Para

A relação do redator com a escrita deve

ser como a de um casamento que deu

certo: o cônjuge é o mesmo ao longo dos

anos, mas a própria relação, assim como

o casal, muda a cada dia. Para manter a

‘chama acesa’ é preciso acompanhar a

roda do tempo, correr atrás das transfor-

mações e se adaptar.

MARKETING

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Bruno Rodrigues Consultor de Informação e Comunicação Digital, autor do primeiro

livro brasileiro e terceiro no mundo sobre conteúdo online, Webwriting

– Pensando o texto para a mídia digital (2000), de sua continuação,

Webwriting – Redação & informação para a web (2006), e de Padrões Brasil

e-Gov: Cartilha de Redação Web (2010), padrão brasileiro de redação web.

Já ministrou treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação para

mais de trinta empresas do Brasil e do exterior.

Site: www.bruno-rodrigues.blog.brE-mail: [email protected]: @brunorodrigues

começar, crie tópicos quando a informação for uma lista, não a enumerando em um texto corrido; desmembre o que seria um parágrafo em dois – trabalhe a ideia de chunks, pedaços; grife em negrito a palavra-chave, a expressão-chave ou o trecho--chave de um parágrafo para facilitar a indexação (pelos olhos e o modelo mental). Estas dicas compõem apenas o capítulo 1 das técnicas de redação utilizando recursos de legibilidade em tela que têm origem no design. Há muito mais, vale procurar.

. Atenda às exigências do GooglePrecisa explicar o por quê? Você já sabe, e por isso valorizar mais a escolha da palavra certa do que a elaboração de uma bela frase é ponto pacífi co: os buscadores só irão encontrar seu texto e indexá-lo corretamente se você ajudar. Pesquise, antes de tudo, se o título do texto é único na web, e se não for, torne-o; cerque o universo semântico do assunto em questão e use e abuse de sinônimos de amplo conhecimento; continue a grifar em negrito os elementos-chave de cada parágrafo – como você pode ver, recurso útil tanto em usabilidade como para SEO. Recusar-se a se adaptar às exigências do Google pode ser até romântico – algo como ‘resistir, sempre!’ -, mas não ajuda em nada na encontrabili-dade do conteúdo. Aliás, a grande maestria em webwriting é con-seguir produzir um ótimo texto (com estilo, emoção & cia) que atenda a maioria dos parâmetros dos buscadores.

. Atenda às exigências do que, de fato, é informaçãoO mais terrível dos enganos é um redator ter certeza de que entende o que é informação – ao achar, por exemplo, que informação é sinônimo de dado. A saber: a um conjunto de dados dá-se o nome de informação, e justamente pela junção de dados que se constrói a contextualização da informação. Não é difí cil de entender, só é preciso se dispor a parar e pensar – e não achar que o que se tem a fazer para entender mais sobre informação é apenas escrever. Além disso, o redator – ou gestor da informação digital, já que informação é mais que texto – deve ter noção de seu papel de ‘agulha’ no processo de elaboração da ‘tapeçaria’ que é o conhecimento, sendo ‘conheci-mento’ a junção de informação + informação a partir da necessidade do usuário. ‘Precisa saber disso tudo?’ – sim, precisa.

“A missão de comunicar e persuadir por meio da palavra continua intacta, mas o mundo

mudou, o público também, e a mídia pede que você mude junto”

. Atenda a exigênciasRegras: é bom ir se acostumando a segui-las. Na busca da consis-tência do conteúdo são elas a dar as cartas. Sejam de Usabilidade, SEO, Teoria da Informação ou Acessibilidade – ou você não irá se preocupar em tornar a informação acessível aos defi cientes visu-ais e auditivos? -, as regras norteadoras do conteúdo vieram para fi car. Afi nal, o que queremos não é focar no usuário? Em duas décadas de web, já sabemos que esse é o segredo do sucesso. Então, una o conhecimento de regras ao seu talento e siga em frente – sempre sabendo que, ali na esquina, surgirão novas ideias, novas descobertas e, claro, novas regras.

Para conhecer mais sobre meu trabalho, meus livros, cursos

e treinamentos para empresas, visite www.bruno-rodrigues.

blog.br; para me seguir no Twitter, sou @brunorodrigues; no

Facebook estou em www.facebook.com/brunorodrigues.fb.

Se ainda não conhece, vale a pena checar o padrão brasileiro de

redação online que elaborei para o Governo Federal: ‘Padrões

Brasil e-Gov: Cartilha de Redação Web’. O material é gratuito e

está na web, basta checar no Google.

Page 94: O Poder do mercado de Aplicativos

O ano era 2003 e nascia a Ideais. Com uma proposta muito simples conceitualmente, porém ambiciosa na prática, a empresa vem ganhando espaço e destaque pela prestação de serviços de TI em alto nível de qualidade e desempenho.

Para falar sobre esse case de sucesso, convidamos João Machado, sócio-fundador e diretor de Tecnologia da Ideais. Na oportunidade, ele falou sobre a experiência em e-commerce adquirida ao longo dos últimos anos e com grandes empresas, cenário atual, diferenciais e desafios.

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om

me

rce

Excelência em E-commerce

Page 95: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 93

E-COMMERCE ENTREVISTA

WIDE: A equipe da Ideais participou do desenvolvimento

dos maiores e-commerces do Brasil como Americanas.com,

Shoptime e Submarino. Conte-nos como surgiu a oportuni-

dade de atendê-los.

JOÃO MACHADO: Tudo começou há mais de seis anos, quando a Americanas.com resolveu modernizar sua base tecnológica, fazendo sua migração para ferramentas mais atuais, basica-mente Java J2EE. A Ideais tinha domí-nio da tecnologia escolhida para tal modernização e, junto com outros for-necedores, fomos escolhidos para pres-tar alguns serviços. Começamos bem pequenos e fomos crescendo ano após ano com uma estratégia clara de nos consolidarmos dentro do cliente.

Nesse meio tempo a Americanas.com adquiriu o Shoptime e depois fez a fusão com o Submarino, originando a B2W. Todos esses acontecimentos geraram oportunidades e ficamos sempre muito atentos a elas. O nosso grande diferencial dentro da B2W sem-pre foi procurar sermos mais do que uma fábrica de soft ware. Queríamos realmente entender do negócio. Assim, a cada job fomos apren-dendo mais sobre como funciona o e-commerce na prática, dire-tamente na “fonte” e com os melhores “professores” do mercado.

WIDE: Como foi o desafio de colocar o conhecimento adqui-

rido ao longo de anos e adaptar o que existe de melhor para

os pequenos e médios varejistas?

JOÃO MACHADO: Depois desses anos trabalhando com mar-cas tão expressivas criamos a nossa própria base de conhe-cimento sobre e-commerce e sobre o papel que podemos desempenhar no setor. Nossa estratégia de entrar no mundo do cliente (fazemos isso em todos os nossos clientes) nos deu um know-how que dificilmente uma empresa de TI, com mais de 100 desenvolvedores, possui.

Aliado a isso sempre observamos o mercado brasileiro e ficamos atentos ao crescimento das vendas online. Sabemos que a tendência do mercado é a verticalização das lojas e pul-verização do market share, assim como ocorre nos EUA.

Juntando tudo isso, identificamos uma enorme oportuni-dade e há um ano começamos a desenvolver a nossa própria ferramenta para atender aos varejistas.

WIDE: Em todo este tempo, quais foram os principais ensina-

mentos que obtiveram e como está o mercado de comércio

eletrônico no Brasil atualmente?

JOÃO MACHADO: Ao longo desses anos tivemos vários ensina-mentos, mas talvez o principal deles seja que lugar a TI deve ocupar dentro do comércio eletrônico. Diferente do varejo

tradicional, no e-commerce a TI não pode ser vista como com-modity em hipótese alguma. Ela precisa ser levada a sério com investimentos qualificados e pessoas capacitadas.

Com isso, teremos sistemas que atendam as necessidades das equipes comerciais, marketing, logística etc. Por outro lado, a TI deve entender que seu papel é fornecer subsídios para que a loja consiga trabalhar de forma a maximizar as vendas e

impulsionar seu crescimento. A relação entre TI e outras áreas das empresas sempre foi complicada, mas, para que se obtenha sucesso no seg-mento de e-commerce, é vital que esse equilíbrio seja atingido.

Sobre o mercado brasileiro, existe um processo de ascensão e amadure-cimento. O mundo já olha para cá e vê grandes oportunidades de negócio pelo momento que o país vive e pela inser-ção do consumidor no mundo digital – onde se inclui o comércio eletrônico. Por outro lado, sobretudo no mercado brasileiro, cabe a nós olhar um pouco mais para o que acontece lá fora, espe-cialmente o que ocorre no mercado

norte-americano, e acelerar esse amadurecimento. Além da pulverização e verticalização citadas anterior-

mente, tendências como Flash Sales, modelos de assinaturas, entre outros, devem começar a crescer aqui no Brasil.

WIDE: Logo quando o comércio eletrônico começou a apa-

recer com mais destaque, especialistas acreditavam que

o e-commerce substituiria as vendas em ambientes físicos.

Porém, outros defendiam que o setor não se sustentaria, uma

vez que o consumidor gosta de ir às compras, de experimen-

tar as sensações, tocar, sentir e tomar posse. Você acredita que

hoje há um certo equilíbrio entre esses dois cenários?

JOÃO MACHADO: Existe espaço para os dois modelos e esse tipo de equilíbrio pode variar de acordo com as tendências de cada momento. Por exemplo: tempos atrás, muitos (inclusive eu) achavam que vender roupas pela Internet seria algo bem com-plicado. Assumíamos que o cliente gostava de experimentar, sentir a roupa ou calçado antes de efetivar a compra. Esse tipo de premissa não se concretizou e hoje temos visto muitas lojas de roupas do varejo tradicional indo para o mercado online.

Empresas como a Zappos, nos EUA, e NetShoes, no Brasil, mostraram que é possível vender roupas e acessórios com sucesso e abriram caminho para outras marcas. Mas o comércio online nunca vai acabar com os shopping centers e o prazer de comprar pessoalmente.

Entendeu-se que esses mercados não são nem precisam ser excludentes entre si. Pelo contrário, serão mais efetivos se refor-çarem-se mutuamente.

“Sabemos que a tendência do

mercado é a verticalização das

lojas e pulverização do market share,

assim como ocorre nos EUA”

Page 96: O Poder do mercado de Aplicativos

94 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

E-COMMERCE

WIDE: Outra questão bastante comentada é a dificuldade de

encontrar bons profissionais de e-commerce no mercado.

Como vocês preparam internamente esses colaboradores?

JOÃO MACHADO: Acho que é um problema mais abrangente do que simplesmente no e-commerce. Toda nossa área sofre com a dificuldade de encontrar bons profissionais no mercado e mais ainda se forem especializados. O que optamos foi por formar as pessoas. Contratamos os profi ssionais mais “crus” e os treinamos para exercer suas funções em alto nível.

Vejo o mercado, de uma forma geral, preocupando-se mais em contratar pessoas formadas ao invés de investir na sua forma-ção. Essa é uma tendência que precisa ser revertida em todas as áreas. Só assim o mercado vai crescer e acompanhar o ritmo que se espera do país. Quanto mais profissionais qualificados, melhor para todos.

WIDE: E a questão do marketing

para o e-commerce, como ele deve

ser planejado para que as vendas

se concretizem? Que recursos/

ferramentas trazem melhores

resultados?

JOÃO MACHADO: A melhor estratégia vai depender de uma série de fatores a serem considerados, como: o que e para quem se vende, budget dispo-nível, penetração da marca etc. Recursos como Search Engine Optimization (SEO) e Search Engine Marketing (SEM) tendem a ser bem escaláveis e a ter um bom retorno na geração de fluxo para o lojista, com uma relação custo x benefí cio bastante inte-ressante. Funcionam muito bem na atração de público, mas por outro lado, não ajudam muito no que diz respeito à fixação da marca.

As redes sociais, por serem pulverizadores de imagem de marca e até mesmo de prestação de serviços, também são óti-mos recursos. Com essas mídias a todo vapor, fortalecendo e ampliando o poder da opinião do indivíduo e com a mídia cada vez mais pulverizada, acredito até que a propaganda tenda a perder importância para a publicidade espontânea. Seja na construção de uma boa ou de uma má reputação de marca.

Assim, acredito que o ponto de partida de qualquer estraté-gia de marketing, seja ela online ou offl ine, deve estar no desen-volvimento de um ótimo produto ou serviço e no estabeleci-mento de uma relação aberta com o consumidor por meio de uma clara proposta de marca. Não existe bom marketing sem um bom produto. É preciso prestar atenção no consumidor e aproveitar todas as oportunidades (que no meio digital, sem os recursos do contato pessoal, são mais escassas) de encantá-lo.

WIDE: Ao utilizar o conceito de Responsive Design, maior

atenção à usabilidade e front-end, a empresa mostra que

está atenta às tendências, que se preocupa em manter-se em

constante evolução. Quais são outras técnicas/metodologias

que a Ideais utiliza em seu escopo de trabalho?

JOÃO MACHADO: Sim, estamos atentos. Como dito anterior-mente, é preciso prestar atenção no consumidor, e é isso que estamos fazendo quando temos esse tipo de preocupação. Vivenciamos a transição dos sites em tabelas para os web stan-dards, a tentativa de se criar uma padronização de semântica por meio de microformatos, o surgimento de conceitos como AJAX, Web 2.0. Mais recentemente, incorporamos à nossa rotina de trabalho iniciativas como HTML5, CSS3, RDFa, proces-sadores de CSS etc.

No que diz respeito à usabilidade, utilizamos técnicas como card-sorting, avaliações heurísticas e entrevistas com usuários.

Também temos uma preocupação grande com a acessibilidade de nos-sos projetos, o que nos leva frequen-temente a realizar testes em disposi-tivos dos mais variados tipos, alguns deles bastante limitados, tais como lei-tores de tela e navegadores de texto.

WIDE: Muitos dizem que as platafor-

mas open source são “grátis” e, por

isso, são uma boa opção para uma

pequena empresa iniciar no e-com-

merce. Isso é verdade ou é necessá-

rio desmistificar a cultura do “é fácil”

e do “basta um clique e pronto”?

JOÃO MACHADO: As plataformas open source não possuem custo de licença, mas estão longe de serem grátis. Muitas vezes produtos assim possuem um custo final até maior, pois pre-cisam de profi ssionais de TI que cuidem das customizações necessárias, além do investimento relativo ao DataCenter onde a loja virtual ficará hospedada.

Soluções open-source podem ser boas para empresas maiores que possuem departamento de TI atuante. Para empresas meno-res e novos entrantes no mercado, recomendo o uso de soluções SaaS (Soft ware as Service) especializadas em e-commerce.

Tipicamente esse tipo de solução possui um custo inicial menor e pode ajudar o lojista a experimentar seu mercado sem grandes investimentos que sejam difí ceis de se recuperar. Chamo esse caminho de Lean E-Commerce (seguindo a tendência do Lean Startup), onde o lojista começa a testar sua loja e suas hipó-teses comerciais de forma rápida e com pouca injeção de capital. À medida que sua loja vai dando certo ele aumenta o nível de investimento, eventualmente alterando suas ideias iniciais.

WIDE: Especialistas e consultores costumam dizer que uma pla-

taforma de e- commerce deve ser flexível, o que significa isso?

JOÃO MACHADO: A flexibilidade tem a ver com a necessidade de cada loja se diferenciar no mercado de alguma forma. E aí voltamos ao que foi dito anteriomente de que não existe fór-mula pronta para um site de e-commerce. É preciso respeitar particularidades. Além disso, faz parte da nossa crença a pre-missa de que os desenvolvedores de plataforma, como nós,

“O que optamos foi por formar as pessoas.

Contratamos os profi ssionais mais

“crus” e os treinamos para exercer suas

funções em alto nível”

Page 97: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 95

não conhecem todas necessidades do lojista, uma vez que não enxergam o negócio de dentro para fora. Assim faz parte da nossa metodologia apresentar opções para que ele escolha o melhor caminho para o negócio dele naquele momento.

Existem vários pontos de flexibilização: desde o layout, até a escolha dos tipos de pagamento ou das formas de entrega. Existem negócios, por exemplo, onde faz mais sentido só acei-tar cartão de crédito e outro que não consegue entregar pelos correios, pois seus produtos são muito grandes. Uma plata-forma deve estar preparada para todos esses cenários.

WIDE: Para finalizar, o que cada perfil de loja precisa levar em

conta na hora de escolher uma plataforma?

JOÃO MACHADO: Acho que para quem está iniciando, minha dica seria: comece pequeno. Formule ideias e hipóteses e teste antes de investir muito. O seu caminho pode mudar e isso pode ser frus-trante se você gastou muito. Siga o padrão das técnicas Lean. Evite desperdícios. Há alguns anos era muito caro abrir uma loja online, mas com a queda dos preços e a maturidade das plataformas faz sentido começar pequeno e ir crescendo aos poucos.

Além disso, use uma plataforma que te ajude no dia-a-dia. As operações diárias em uma loja são necessárias, pois a loja não vive sozinha. O operacional precisa ser simples e rápido. A pla-taforma precisa te ajudar em questões como precificação, pro-moções, alterações de produtos etc.

Finalmente, escolha a ferramenta que te dê mais segurança em relação ao seu crescimento futuro. Não adianta o lojista come-çar pequeno e depois, quanto tudo der certo, identificar que a pla-taforma não suporta mais o seu negócio. A ideal será aquela que consiga sustentar sua loja em todo o ciclo de crescimento.

Page 98: O Poder do mercado de Aplicativos

96 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

A revista Wide mergulha no mundo da classe C. É fato que o comércio eletrônico definitivamen-

te decola como atraente opção de negócio no Brasil. O crescimento desse setor tem muito a

ver com a melhora no poder de compra da população brasileira. Porém, junto com a euforia

das melhores condições de vida e o maior poder de consumo, vêm também as dívidas.

E-commerce apresenta seu

novo público: a cla$$e

Page 99: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 97

Os últimos anos tem sido de euforia para o varejo, com o acesso de pelo menos 20 milhões de brasileiros da classe C ao mercado de consumo. Comprar produtos antes considerados luxo tornou-se realidade, de um simples iogurte a automóvel, computador, smartphone (sim, não basta ter “apenas” um celular para fazer ligações), além de TV de plasma, só para citar alguns itens.

Sem falar na possibilidade de, a partir do computador de casa, comprar tudo isso com apenas um clique, por meio do e-commerce. Tudo garantido por crédito abundante e nem sempre tão barato quanto parecia, já que bastava que as parcelas coubessem no bolso, independentemente da taxa de juros cobrada, muitas vezes estratosférica.

Como se vê, com o tempo, a auto-estima em alta, resultado dessa inclusão, foi se transformando em preocupação e ameaça à saúde fi nanceira das famílias. Nossa sociedade de consumo ainda é um embrião e por isso a maioria não consegue diferenciar consumo de consumismo, controlando o impulso de comprar hoje, sem saber se poderá pagar amanhã.

Grande parte dos consumidores só se deu conta dos juros impagáveis do cartão de crédito, por exemplo, quando as faturas atrasadas foram dobrando de tamanho com o passar dos meses, a uma velocidade muito maior que o salário. No Brasil, a inserção da sociedade de consumo veio desacompanhada da compreensão de que nem sempre querer é poder.

A população em geral não sabe lidar com o dinheiro, porque não teve nem na escola, tampouco em casa, orientação para evitar a tentação de gastar demais e abusar do crédito. Não é só matemática, mas comportamento. A maioria dos brasileiros dá mais status ao celular da moda que a poupar para garantir independência fi nanceira ou tranquilidade na velhice.

Mas, se por um lado, a classe C foi atropelada pelo consumismo, é a que mais tem receio de perder crédito, já que foi tão difí cil conquistá-lo. Acreditamos que este é um momento de transição, em que as famílias vão aprender a se reorganizar e lidar melhor com o dinheiro. Depois disso, o crédito deve passar por um novo ciclo de crescimento no Brasil. E com mais responsabilidade.

“Nossa sociedade de consumo ainda é um embrião e por isso a maioria não consegue diferenciar consumo de consumismo, controlando o impulso de comprar hoje, sem saber se poderá pagar amanhã”

Alvaro Furtado

Presidente do Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentí-cios do Estado de São Paulo)

E-COMMERCE OPINIÃO

Segundo dados da consultoria e-bit, dos atu-

ais 11 milhões de e-consumidores, 5 milhões

pertencem à classe C, a atual menina dos

olhos do consumo brasileiro. Ou seja, é fato

que a classe C está comprando mais pelo e-

-commerce. Porém, será que esta euforia e

expectativa por parte das empresas não de-

vem ser tratadas com atenção e cautela?

Page 100: O Poder do mercado de Aplicativos

98 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

A classe C no Brasil se tornou o novo centro de gravidade da economia nacional, principalmente pela forte ascensão social do país nas últimas décadas. Com a melhoria na distribuição da renda, hoje a classe C já abrange 55% da população brasileira, ou seja, mais de 100 milhões de pessoas, e com previsões de chegar a 60% até 2014.

De acordo com um estudo da FecomercioSP, o consumo per capita das famílias das classes C e D deve crescer quase 50% até 2020. Atualmente, o consumo das famílias da classe C já corresponde à metade do consumo de toda população do país, sendo superior a soma do consumo das famílias das classes A e B.

Enquanto muitos países ainda enfrentam a crise, o Brasil está se tornando uma das grandes economias globais e o centro das atenções para as oportunidades de se fazer negócio. Como o e-commerce está sendo considerado a bola da vez, os holofotes do mundo se viram para esse canal ainda pouco explorado por aqui.

Com números de crescimento acima de outros segmentos do varejo, o e-commerce vem crescendo a passos largos, principalmente pela entrada de novos e-consumidores que acabam atraindo novos varejistas a se aventurarem no mundo virtual e trazerem seus clientes, o que cria um círculo virtuoso.

A nova classe média brasileira deverá ser o grande motor de cresci-mento para as empresas de e-commerce nos próximos cinco anos. Se considerarmos que temos 80 milhões de internautas e apenas pouco mais de 20 milhões de e-consumidores, haverá um grande fl uxo de novos consumidores que manterão as taxas de cresci-mento de mercado que vimos observando nos últimos anos.

Mas quem vai ganhar estes novos consumidores? Engana-se quem acredita que apenas o componente preço será o fator deci-sivo para ganhar o coração desses novos clientes. A estratégia de apostar em produtos de baixo preço e qualidade inferior uti-lizada em larga escala pelo varejo fí sico nos últimos 10 anos não terá o mesmo impacto se utilizada no e-commerce.

Isso em virtude de dois fatores: em primeiro lugar, esses novos clientes do e-commerce já compraram nos últimos anos uma quantidade razoável de produtos duráveis, se endividaram e levaram, muitas vezes, produtos de baixa qualidade atraídos somente pelo preço. Temos observado, diariamente, em clien-tes de todas as classes sociais, uma maior exigência em relação à qualidade e marcas reconhecidas.

Em segundo lugar, o e-commerce, por sua natureza, transfere poder para o consumidor. Com a facilidade de trocar de loja com um clique, de pesquisar sobre produtos, preços e buscar referên-cias da loja vendedora no conforto do seu sofá, lojas que não zela-rem por um elevado padrão de qualidade, tanto nas mercadorias vendidas como no pós-venda, não estarão aptas a conquistar esses novos consumidores.

Assim, as empresas que entenderem esse novo fl uxo de poder entre consumidores e lojas e valorizarem a experiência total da compra, ganharão o coração e o bolso dos milhões de novos e-consumidores.

Alexandre Soncini

Eduardo Benjamin Galanternick

Diretor de Vendas e Marketing da VTEX

Diretor de E-commerce do Magazine Luiza

E-COMMERCE

O potencial da classe C já é uma realidade não somente para o e-commerce, mas para todos os segmentos da economia, portanto, cada vez mais os varejistas precisam direcionar o seu negócio para atender essa fatia da população, que é a mais representativa. A chave para o sucesso é direcionar parte dos esforços atendendo a demanda da classe C, oferecendo produtos e serviços adequados ao perfi l desse consumidor sempre com o objetivo de aumentar as taxas de conversão da loja virtual. Uma boa estratégia é criar hotsites direcionados, com mix de produtos, comunicação e usabilidade adequadas para atender o tráfego gerado por campanhas específi cas para atingir essa fatia do mercado.

A classe C no e-commerce já é uma realidade e você pode usar isso ao seu favor para ter sucesso em seu negócio.

“Atualmente, o consumo das famílias da classe C já corresponde à metade do consumo de toda população do país, sendo superior a soma do consumo das famílias das classes A e B”

“A estratégia de apostar em produtos de baixo preço e qualidade inferior utilizada em larga escala pelo varejo fí sico nos últimos 10 anos não terá o mesmo impacto se utilizada no e-commerce”

Page 101: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 99

Page 102: O Poder do mercado de Aplicativos

100 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

Grandes e-commerces se preparam para

o Natal 2012...

Ilustração - Carolina Vigna-Marú

Page 103: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 101

Com a proximidade do Natal, a Wide se antecipa e prepara um guia especial das principais empresas de e-commerce do país. Saiba as previsões e como os sites de comércio eletrônico estão se preparando.

Todo ano é a mesma coisa. O Natal continua sendo a

data mais importante para o comércio e este ano não

será diferente. Com o objetivo de evitar problemas de

armazenamento e entregas no final do ano – sobre-

tudo em função do grande volume de vendas e de

acessos esperados nos sites das empresas atentas ao

e-commerce – as grandes redes como Nova Ponto-

com, Walmart, Magazine Luiza e o Boticário sempre

aumentam seu quadro de funcionários, além de ren-

ovarem a frota de caminhões e ampliarem os chama-

dos centros de distribuição (CDs).

Ao que tudo indica, as redes sociais serão os grandes

trunfos do Natal 2012. Confira as estratégias de cada

empresa e atualize-se.

Este projeto destina-se a bus-

car, através da prática da ca-

poeira, a realização de sonhos,

ideias e expressões do indiví-

duo. É destinado aos grupos

menos favorecidos: população

carente, jovens de rua, infrato-

res, abandonados, entre outros.

PARA AJUDAR ENTRE EM CONTATO:

[email protected]

PATROCINADORES

CRIANÇAS QUE BRILHAM

MAGÊ-MALIEN

COORDENAÇÃO

Jorge Marinho (Mestre Bode)

NOVA PONTOCOMA Nova Pontocom, que opera os sites CasasBahia.com.br, Extra.com.br e Pontofrio.com, operou diversas mudanças no último natal para atender a demanda cujos pedidos puderam ser feitos até 22 de dezembro, com entrega garantida antes do dia 25. Divididos basicamente em quatro frentes de atuação: atendimento, gente, tecnologia e logística, a ideia para o ano de 2012 é ampliar ainda mais seu diferencial de nível de serviço para o cliente. No e-commerce, o grupo vai presentear seus consumidores com um Natal prático e seguro, segundo seus executivos.

A relevância do site Pontofrio.com neste meio foi reconhecida com o prêmio #EPIC, criado durante o último Social Media Week para reconhe-cer as melhores práticas e iniciativas de publicidade em mídias sociais, o que comprova a irreversibilidade dessa tendência. Vencedor da categoria ‘Melhor uso do Twitter por uma marca em uma campanha publicitária’, o @Pontofrio foi lembrado por seu desempenho diário. Além de responder a uma média de mais de 300 interações de seguidores por dia, o perfi l no Twitter lança mão de memes e termos atuais para divulgar seus produtos.

Page 104: O Poder do mercado de Aplicativos

102 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

WALMARTNo Walmart, a rede já começa a se organizar para a realização de diversas ações com vistas a não deixar de lucrar na princi-pal data do e-commerce brasileiro. E o objetivo é fato: o gigante espera aumentar em 100% suas vendas até a chegada do Papai Noel. Para que esta ambição se torne realidade, a empresa investe todos os anos na expansão de itens em sua famosa loja virtual, com novas categorias sendo lançadas.

Ainda para este ano, o Walmart vem realizando grandes inves-timentos em tecnologias e logística. É esperado um aumento sig-nifi cativo da área de armazenagem, capacidade de recebimento e expedição. Sua estrutura de servidores, telecomunicações e plataforma, também estão sendo preparados para suportar o aumento da demanda neste fi nal de ano.

Como se vê, a preparação para as vendas de Natal acon-tece com bastante antecedência na varejista. Para se ter ideia do sucesso, a unidade on-line já superou o plano inicial em market share, vendas, lucro e faturamento.

A campanha “O Natal que eu quero” é outra ação estratégica. A proposta é reunir o que os internautas procuram com base nos itens mais comentados no Facebook, Twitter e comentários postados no blog Mundo Walmart . Para participar, o internauta deve seguir um desses perfi s, e, ao postar seu comentário sobre o que quer de Natal, utilizar a hashtag #ONatalQueEuQuero. Uma equipe do Walmart avalia a “lista de desejos” dos usuários e com base nela, cria condições especiais para a compra de alguns produtos mencionados, que são divulgadas às segun-das, quartas e sextas-feiras nas redes sociais e no site.

E-COMMERCE

MAGAZINE LUIZAPara o comércio eletrônico, a rede Magazine Luiza também reforça seu quadro e sua estrutura em épocas como o fi nal de ano. Hoje, a rede conta com um site mais moderno para aten-der melhor seus clientes. Uma das ideias para este ano é apostar novamente em ouvir o consumidor para ir direto ao desejo de compra. A experiência deu certo no ano passado, onde a vare-jista ofereceu uma oferta mais assertiva, considerando ser o pri-meiro natal chamado de colaborativo. A ação consiste em focar no Twitter e agora com mais ênfase no Facebook, tentando assim consolidar seu slogan do menor preço também nas redes sociais. Por ser um cenário dinâmico, a empresa se reinventa a cada seis meses nas redes.

A varejista já apostou em parcerias com sites de compras coletivas, empresas de cartão de crédito e fornecedores para intensifi car as vendas pelas mídias sociais. Atualmente, foca na interação com os usuários. Um guia de compras no Facebook, por exemplo, ajuda o internauta a encontrar o computador ideal e depois o resultado é compartilhado com os amigos na rede. A meta é alcançar uma integração total entre sites de busca e pla-taformas colaborativas, ou seja, um ambiente em que o consu-midor encontra, compara e compartilha informações.

Ao aderir às plataformas colaborativas, o Magazine Luiza conquistou melhorias signifi cativas - demandas que não eram supridas por outras ações. A estruturação interna foi a primeira conquista. Com ela, foi criada um processo de monitoramento de todas as citações da marca, além de um sistema de cadastra-mento e atualização do status do pedido. Além disso, a varejista montou recentemente uma nova área, chamada Operação 2.0, que faz a ponte entre o marketing e o atendimento e ajuda a garantir uma solução defi nitiva para a reclamação.

“O Natal faz as vendas de fi nal de ano crescerem no e-commerce brasileiro. A demanda de compras do período natalino gera necessidade de planejamento e investimento em estrutura e logística, por parte dos e-lojistas”

Page 105: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 103

O BOTICÁRIOCom foco no Natal, a marca continua seu forte trabalho de expansão no Brasil. De olho nos consumidores que desejam presentear amigos e parentes no fi m de ano, o Boticário oferece opções exclusivas para a data. As ativações da marca se iniciaram no ano passado com o lançamento de um fi lme comercial e anúncios em revistas e rádio. Nos corredores dos shoppings onde está presente, a empresa também instalou estandes interativos que exibem as novidades da empresa.

Neste ano, o Boticário vai apostar em ações na internet para apresen-tar suas novidades aos consumidores. No Facebook, é possível enviar cartões postais virtuais para os amigos e encontrar um aplicativo com sugestões da marca para presentear, segundo as características de quem vai receber o agrado.

O e-commerce é apontado como forte resultado dentro da empresa. Seu site, com layout bem defi nido, explicativo e colorido, demonstra ao cliente a qualidade da marca. Para se ter ideia, o ano de 2011 foi conside-rado como o da consolidação da empresa como marca corporativa, com reformulação do logotipo da companhia e o crescimento de 12% acima da média do mercado, registrado nos últimos seis anos.

Page 106: O Poder do mercado de Aplicativos

104 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

Flávio Dias é vice-presidente do E-commerce Walmart Brasil. Em entrevista à Wide, o executivo revelou algumas estratégias do grupo e comentou os principais desafios para atrair os clientes, além de outras questões como mercado aquecido, mobile commerce, classe C, varejo 2.0, entre outros assuntos.

Confira, a seguir, o bate-papo com o VP Flávio Dias.

Walmart Brasil e o E-commerce: a dupla que deu certo

Page 107: O Poder do mercado de Aplicativos

ENTREVISTA

WIDE: Em 2011 (e pelo segundo ano), os consumidores elege-

ram Walmart.com.br a melhor loja de internet, prêmio con-

cedido pela e-bit. A votação levou em consideração critérios

como processo de compra, prazo de entrega e atendimento

ao cliente. O que isto representa para vocês?

FLÁVIO: É um reconhecimento muito importante, pois indica que estamos no caminho certo. O reconhecimento nos revela que apesar de ainda termos muito que melhorar, conseguimos em pouco tempo conquistar um espaço importante e fazer valer nossos diferenciais em um mercado altamente competitivo. O cliente é a nossa razão de ser, servi--lo com excelência é uma meta diária de toda a nossa equipe e sabemos que nunca seremos bons o sufi ciente. É pre-ciso evoluir continuamente.

WIDE: Com base no posicionamento

da marca, quais são as principais táti-

cas de e-commerce do Walmart?

FLÁVIO: Nossa proposta de valor se sustenta em três principais pilares: ven-der por menos (preço baixo todos os dias), melhor sortimento de produtos (maior variedade e produtos exclusi-vos) e experiência de compra superior (simplicidade da compra, velocidade da entrega, serviço pós-venda).

WIDE: A empresa preza pela fidelização dos clientes. Como

é a tarefa diária de atrai-los e mostrar que estão fazendo um

ótimo negócio, sobretudo diante de um mercado aquecido

como o atual?

FLÁVIO: Apesar de termos uma marca forte, nossa presença no varejo fí sico do Brasil se dá por meio de diferentes marcas para cada região. Na internet decidimos explorar todo o território nacional debaixo da marca Walmart. Isso difi culta um pouco a atração orgânica (espontânea) de visitantes para o nosso site, situação bem diferente que temos nos Estados Unidos, por exemplo. Mas a força da nossa marca na Internet está se forta-lecendo de forma considerável. Nossa estratégia de atração baseia-se muito em mídias com alta performance de conversão, tais como buscadores, sites de comparação de preços e progra-mas de parcerias/afi liados. Confi amos muito no boca a boca, que potencializamos por meio das redes sociais, e cuidamos para atender o cliente da melhor forma possível, que no fi nal das con-tas acaba sendo a nossa melhor propaganda.

WIDE: De olho nos novos hábitos do consumidor, as redes

varejistas já lançaram suas plataformas de mobile commerce

para qualquer smartphone. Como o Walmart enxerga o desa-

fio de estar presente em celulares e tablets?

FLÁVIO: Sem dúvida nenhuma o acesso via dispositivo móvel no Brasil vai tomar proporções bem diferentes do que vemos hoje e esse processo ocorrerá de forma bem acelerada. O nosso esforço é fazer com que prevaleça a nossa proposta de valor, independentemente de como o cliente deseja se relacionar conosco. Temos que oferecer a melhor experiência de compra sempre. Contamos com uma parceria importante com nosso time de engenheiros nos Estados Unidos que certamente estão

na vanguarda da tecnologia mobile e, consequentemente, aprendemos muito com eles.

WIDE: Com o crescimento do con-

sumo da classe C, as empresas em

geral estão buscando formas de

conquistar esses clientes. Um exem-

plo disso é oferecer como bônus

créditos para celulares pré-pagos,

uma vez que atualmente, 148,8

milhões de brasileiros têm um pré-

-pago, o que corresponde a 82,36%

da base de assinantes móveis. Como

surgiu a ideia de apostar em com-

pras que valem ligações e torpedos?

FLÁVIO: Por ser uma empresa que oferece preços baixos temos que ser necessariamente uma organização que opera com custos baixos. Isso exige que o time seja altamente criativo e busque alter-nativas para fazer mais com menos. Cientes da importância da base de celulares pré-pagos no Brasil e da crescente importância da classe média, inclusive no consumo on-line, decidimos buscar parceiros que pudessem viabilizar uma oferta para esse cliente.

WIDE: Ainda sobre a Classe C, temos presenciado que a eco-

nomia brasileira continua avançando. Para o varejo, isso sig-

nifica uma constante transformação na forma e no conteúdo

da comunicação. Como o Walmart procura acompanhar os

avanços dos consumidores, ou seja, como a empresa entende

as necessidades e desejos do ‘novo’ cliente e, consequente-

mente, evolui em suas lojas, campanhas e relacionamento?

FLÁVIO: O Walmart chegou onde chegou, nos seus 50 anos de história, devido à sua vocação de vender por menos para as pes-soas venderem melhor. Assim como nossa missão, nossos prin-cípios básicos como a busca pela excelência, o atendimento ao cliente e o respeito ao indivíduo, são atemporais e se encaixam perfeitamente aos anseios e interesses dessa classe emergente. Na internet, temos o desafi o adicional de superar a barreira da inclusão digital e do receio que algumas pessoas ainda têm de concluir sua compra no meio virtual. A credibilidade da nossa

“Cuidamos para atender o cliente da melhor forma

possível, que no fi nal das contas acaba

sendo a nossa melhor propaganda”

92 > E-COMMERCE | WIDE | 105

Page 108: O Poder do mercado de Aplicativos

106 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

empresa e nosso histórico de respeito ao cliente também con-tribuem para que o walmart.com.br seja o site escolhido por muitas dessas pessoas para fazer a sua primeira compra on-line. Também levamos em consideração a importância da classe C ao defi nirmos nossa estratégia de merchandising, canais de marketing e aspectos de usabilidade e funcionalidades do site (incluindo meios de pagamento).

WIDE: Em sua opinião, quais são os grandes segredos do

“varejo 2.0”?

FLÁVIO: O segredo é conseguir ser relevante para o cliente. A colaboratividade pretendida pelas funcionalidades 2.0 de nada adianta se não servi-la ao interesse do cliente. Ela deve ajudá-lo a solucionar o seu problema, achar o produto certo e adquirir a confi ança para comprá-lo. Melhor ainda, deve encorajá-lo a com-partilhar sua experiência também com os outros, gerando um processo onde todos saem ganhando.

WIDE: Como aproveitar a força dos serviços e dos relaciona-

mentos virtuais e conquistar mais clientes?

FLÁVIO: Quem conhecer melhor o seu cliente e por meio desse conhecimento se relacionar de forma efetiva, além de servir de maneira mais abrangente a diferentes demandas vai vencer na internet. Isso inclui não só produtos como também serviços. A ampliação desses produtos e serviços, acompanhada de uma estratégia bem executada de CRM, é parte fundamental do nosso próximo ciclo de crescimento e tenho certeza que vai diferenciar

ainda mais o Walmart em sua participação dentro do cenário do comércio eletrônico brasileiro.

WIDE: Você acredita que o ano de 2012 já apresenta alguns

estágios de maturação?

FLÁVIO: Sem dúvida estamos evoluindo muito, dos dois lados. Ainda há um longo caminho a percorrer e nosso ambiente regu-latório e disponibilidade de infraestrutura não ajudam muito. Acho que as redes sociais e o ganho do poder por parte do con-sumidor forçaram uma evolução natural do mercado e está fi cando cada vez mais difí cil para os oportunistas e aventureiros encontrarem espaço. Imagino que quando tivermos legislações mais adequadas bem como melhores condições estruturais, principalmente de malha logística e conectividade, teremos outro patamar de relevância dentro do mercado. Ainda esta-mos longe de alcançar nosso potencial e isso nos motiva ainda mais para trabalhar todos os dias.

E-COMMERCE

“A colaboratividade pretendida pelas funcionalidades 2.0 de nada adianta se não servi-la ao interesse do cliente”

Page 109: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 107

Falemos do consumo de sucos no Brasil há 10 anos, quando eram as raras as garrafas de sucos prontas para beber, e prevale-ciam as garrafas de concentrado, que demandavam ser prepara-das com açúcar e água. Com a chegada intensa de sucos prontos para beber Del Valle, Sufresh e outras, impulsionados pelas suas indústrias, esse mercado voltou a crescer dois dígitos recorrente-mente nos últimos cinco anos...porque está muito mais fácil con-sumir. Fácil como um refrigerante, a bebida dominante até então.

Quando nos referimos a ser fácil na Internet, não estamos fazendo uma apologia ao Google, ou a sua simplicidade quase onipotente, mas nos referindo a tudo que é acessível, viável, próximo, fácil e rápido de ter contato e consumir. E quanto mais fácil mais gera interação, visitas e geração de conteúdos, o que enriquece ainda mais o banco de dados desse site e sua rele-vância juntos aos buscadores e agregadores, assim começa o círculo virtuoso dos sites de sucesso. Quem não quer navegar em um site fácil? Quem não gosta de compartilhar como foi fácil resolver tal coisa na internet?

Em um mundo tão acelerado, a facilidade de comprar e consu-mir se tornou um diferencial de mercado, quem o faz com exce-lência sem comprometer a experiência vence no seu segmento. Mas aí que está o x da questão: como ser fácil, sem ser pobre ou simplista? como ser simples, sem ser inefi ciente ou incompleto? Não é um exercício trivial, nem temos uma receita de bolo, mas vamos tratar alguns aspectos que estão por trás dessa estratégia. Sim, ser fácil é um diferencial estratégico, não tático ou pontual ou isolado das demais partes do seu negócio. Esse é o primeiro ponto a fi car claro: faça da facilidade de comprar/consumir um dos seus pilares estratégicos, os clientes vão agradecer muito!

O que seria o Kindle, o Ipad ou o Iphone se não viabilizadores de compras e consumo? Aproximando o consumidor ao pro-duto fi nal, e criando uma plataforma de compras na sua mão, existe algo mais fácil de adquirir do que os aplicativos, do que os conteúdos digitais, do que serviço mobile? E o segredo é igual-mente simples, pense no produto e pense quais mecanismos

Ser fácil: um dos pilares de negócios vitoriosos na Web

Web & business Roberto Wajnsztok

Roberto Wajnsztok

Graduado em Publicidade e Propaganda pelas Faculdades Integradas Hélio

Alonso - RJ, e MBA em Gestão pela ESPM - RJ. Professor de Marketing das

Faculdades Integradas Hélio Alonso, Universidade Gama Filho, ESPM - SP,

Curso Internet Innovation, Faculdade Impacta de Tecnologia. Gerente

de Internet no Shoptime.com, Comprafacil.com, e atualmente Diretor de

Marketing e Business Development do Walmart Brasil. Especialista em

Consumidor, Marketing Estratégico e Ebusiness.

E-MAIL: [email protected]

tornariam possível seus clientes adquirirem aquele produto ou serviço, trabalhe fortemente na construção desse viabilizador. O desenvolvimento dos chamados plug & play nunca foi tão requi-sitado, a conexão entre as redes sociais nunca foi tão importante, e o varejo de produtos e serviços nunca esteve tão próximo do momento do cliente.

Ser fácil signifi ca ser assertivo, mas abrir espaço para ser abrangente, caso a assertividade não se comprove. Sites como Pinterest e Go.com, sites entre os 20 maiores da internet ame-ricana são exemplos efi cientes disso. Muitos sites apresentam conteúdo diverso sem antes perguntar o básico: o que você quer saber? O que é relevante pra você? Ou sites que escondem o con-teúdo pelo fl ow, difi cultando o acesso ao visitante.

Como usar a facilidade para gerar receitas em seu site? Diminua ao máximo os steps entre a entrada e resultado fi nal do propósito do seu site, seja vender, cadastrar ou se informar. Faça estudos no seu site questionando a exaustão se o visitante está encontrando fácil o que quer. Partindo do princípio que você tem um “produto” desejável, lembre-se quanto mais fácil for o processo de consumo, mais recorrente ele se torna.

Todos os sites brasileiros de crescimento recente aqui no Brasil, a exemplo do comércio eletrônico do Walmart, possuem conexões automáticas com as redes sociais. Ou seja, sem ter que se cadastrar, o cliente só precisar dar um ok para conectar seu cadastro de alguma rede social ao cadastro da empresa, e o pro-cesso continua normalmente. Isso é ser fácil, e adesão dos usuá-rios a isso é quase que natural.Saibam que tudo pode fi car ainda fácil, só estamos começando...

Basta entrar no site da Apple Store, navegar e ver

uma emblemática mensagem: “Queremos que a

compra de nossos produtos seja tão fácil quanto

usá-los”. Se você já comprou em alguma loja on-

line ou física da Apple, salvo raras exceções, você

já experimentou concretamente a proposta acima.

E centenas de milhões de consumidores fizeram o

mesmo nos últimos anos, não à toa, não por curios-

idade, mas porque é fácil consumir Apple! E quanto

mais fácil, mais consumimos! Duvida?

Page 110: O Poder do mercado de Aplicativos

108 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

Até este momento, apenas na introdução deste artigo, eu já usei a palavra tecnologia e custo diversas vezes. E, como estaremos falando bastante destas duas coisas, nada melhor do que come-çarmos entendendo o que é, na verdade, a tecnologia e o custo a que nos referimos.

Não sou do tipo que fi ca buscando signifi cado das coisas ao pé da letra, ou da etimologia das palavras para defi nir o mundo a minha volta, mas o termo tecnologia é quase autoexplicativo. Buscando a sua origem grega, é formada por tekne (técnica ou ofí -cio) e por logos (saber ou conhecimento), sendo então o conjunto dos instrumentos, métodos e técnicas que permitem aproveitar conhecimento para se atingir um objetivo.

Falando agora de custo, eu gosto de uma defi nição “curta e grossa”, que pode parecer óbvia, mas esconde muitos segredos: custo é o esforço econômico que se deve realizar para atingir um objetivo. Somado a isso, afi rmo que o resultado fi nal desta ação irá transformar a palavra custo em despesa, se o resultado der prejuízo, ou em investimento, caso dê lucro.

Então como podemos perceber, até mesmo em sua concep-ção mais básica, tanto tecnologia como custo estão focados em algum objetivo ou resultado. Ou seja, não existe tecnologia que não tenha um objetivo como foco. Da mesma forma, não há ideia de custo que não vise atingir alguma meta. Essa mera seme-lhança, porém, não coloca tecnologia e custo como variáveis semelhantes e nem mesmo como coisas separadas para se che-gar a algum lugar. Apenas nos leva a entender como os objetivos que temos para nossos negócios se inserem neste contexto.

Bem, segurem-se em suas cadeiras agora, pois lamento infor-mar que tecnologia é resultado de custo. Isso mesmo, não existe e nunca existiu uma tecnologia que não envolva inicialmente algum custo, mesmo para que ela seja pensada, projetada, desen-volvida, testada, implantada, corrigida, evoluída, analisada etc. Os verbos que envolvem tecnologia poderiam continuar por mais algumas linhas, e como você pode perceber eles têm um grande sentido de custo por consumirem tempo, de alguém ou de alguns, e assim chegamos ao importante conceito, que é o de Custo da Tecnologia.

Neste momento defi nimos duas coisas: tecnologia e custo, entendendo como elas se relacionam inicialmente gerando o Custo da Tecnologia, mas agora vamos evoluir a ideia, e chegar a segunda fase do que queremos entender: como os mercados e os negócios se relacionam com isso, e, principalmente, quem será responsável por arcar com o Custo da Tecnologia envolvida

Tecnologia Nunca é Custo. Mito?

Web & business Rafael Esberard

E-COMMERCE

Para quem trabalha com tecnologia, o título

deste artigo soa como música para nossos ou-

vidos. Gostamos de ouvir essa frase e muitas

vezes adoramos repeti-la para nossos clientes,

amigos, parceiros etc. Afinal, quem trabalha

fornecendo ou vendendo algo que não é um

custo para a outra parte, é provavelmente al-

guém muito feliz e realizado, pois com certeza

está com muitos clientes, todos extremamente

felizes, muito dinheiro em caixa de ambos os

lados, onde todos saem sempre lucrando em

um mundo de duendes, coelhinhos da páscoa

e papai noel. Calma! Não estou querendo dizer

que tecnologia é custo. Ironias à parte, eu acre-

dito que tecnologia não deva ser custo. Então,

vamos começar a desconstruir este mito?

Page 111: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 109

Rafael Esberard

Trabalha há 15 anos com internet, é consultor de novos negócios para

grandes e médias empresas com foco na estratégia de novos empreen-

dimentos no mundo digital, em específico e-commerces. Fundou a AWM

Interactive há 10 anos, empresa especializada em desenvolvimento de e-

-commerce, e, em 2010, fundou a Hubee, empresa de consultoria com foco

no preparo, ROI e melhoria de empreendimentos de e-commerces. Possui

graduações e pós nas áreas de Gestão da TI, é palestrante e professor de

pós-graduações nas áreas de negócios e estratégias na web.

E-MAIL: [email protected]

TWITTER: @rafaelesberard

nos objetivos de todas as pessoas e empresas pelo mundo afora.No que diz respeito aos mercados, sempre existem muitas

particularidades envolvidas que me obrigam a ser mais gené-rico, já que modelos de negócios, estratégias empresariais, pla-nejamentos comerciais, e todo um universo da gestão corpora-tiva está mudando radicalmente no meio desta revolução que estamos vivendo. E, acredite, o setor mais sensível que precisa se adaptar mais rápido a todas estas mudanças será sempre o comercial. É uma área que lida diretamente com o cliente, sendo a linha de frente para se relacionar com a expectativa do mundo externo sobre a empresa.

Nos negócios, logicamente, nunca queremos prejudicar ou fazer algum lado sair perdendo. Nosso objetivo é sempre atingir uma meta onde os dois lados saiam ganhando. E é justamente neste campo de batalha amigável que dois lados entram para decidir um resultado que deverá satisfazer a ambos, no qual basearemos nossa análise. Ainda que ambas as partes sejam dife-rentes em muitos aspectos, mesmo as duas querendo estar ali, uma delas já entra perdendo e a outra entra neutra.

Não é difí cil entender que quem está de frente para um cliente já traz consigo o Custo da Tecnologia que sua empresa teve ou terá para chegar à solução que ele precisa. Neste momento, este agente terá a oportunidade de fazer com que o Custo da Tecnologia seja transferido para o cliente interessado, logica-mente somado a outros custos, margens, valores agregados etc...chegando ao montante de todos estes fatores que chamamos de Preço. Bem, se você está deste lado da mesa, o da empresa de tec-nologia, a frase “Tecnologia Nunca é Custo”, para você isso é mito. E então como evitar que isto não seja um mito para seu cliente, que é o que mais interessa? Já respondo.

Vamos agora pular para o outro lado da mesa da negocia-ção. Sua empresa está precisando de uma tecnologia X e na sua frente está um representante de uma das mais conceituadas empresas que fornece exatamente o que seu negócio precisa. Minutos após a uma boa conversa, chegamos ao valor Z pela tecnologia desejada. Neste exato momento, Z é custo para a parte interessada, e não existe nada no mundo que faça nesse momento Z deixar de ser um custo apresentado. A sala esfria, o ar pesa, e um silêncio toma conta do ambiente. Mas deste momento em diante, Z passa a ter vida própria, dependendo de todos envolvidos neste processo, para descobrir se esse custo irá crescer como despesa ou investimento.

Logicamente se a empresa que está contratando percebe que

a implantação da tecnologia fará com que ela economize ou lucre 20 vezes o Z, no segundo seguinte que teve seu preço anunciado, será visto por esta empresa como investimento. Por outro lado, se a empresa percebe que o preço da tecnologia representa mais do que a economia ou lucro que ela terá com sua implantação, será percebido imediatamente como despesa/prejuízo. E se a empresa não consegue perceber, analisar, estudar ou fazer qualquer tipo de avaliação frente ao valor do objetivo que ela busca, contratando determinada tecnologia, este continuará sendo custo por muito tempo até descobrirem o resultado.

Moral da história: em uma negociação/contratação, a tecno-logia representará um custo somente se a empresa interessada não souber exatamente o que a tecnologia pode fazer por ela. Quando ela atingir a maturidade e conhecimento de como este recurso pode ajudá-la, a tecnologia nunca mais será um custo, e sim uma opção de investimento.

Levando-se em conta que as empresas de tecnologia cum-prem o que estão propondo, está nas mãos das contratantes fazer com que a tecnologia não seja apenas um custo e sim uma forma de investimento. No dia em que o mercado entender todas as possibilidades que a tecnologia pode lhe oferecer, ela nunca será um custo! Mas por enquanto...permanece um mito para a maioria das empresas de um mercado atrasado como o do Brasil.

“Não existe tecnologia que não tenha um objetivo como foco. Da mesma

forma, não há ideia de custo que não vise atingir alguma meta”

Page 112: O Poder do mercado de Aplicativos

110 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

Fazer previsões é a maneira mais certa de se extrapolar quando se está no papel de ser colu-nista. Porém, a vida já tem certezas demais para sermos conservadores. Vou me arriscar. Assim como Diogo Mainardi, que se auto intitulou “o oráculo de Ipanema”, me arrisco a fazer algumas previsões do mercado de comércio eletrônico para os próximos 5 anos.

Que a Amazon está entrando no Brasil todos já sabem. Que o custo de marketing (ROI) de mídias conhecidas (Google, Buscape, Terra, Uol, Globo.com etc) está cada vez mais caro, também. Ou seja, qual o futuro dos varejistas online?

Se o custo de marketing cresce pela escassez de inventário de mídia online, se o custo logístico cresce porque os Correios estão deixando escapar a chance de atender a escala (sai PMDB), se contratar pessoas qualifi cadas está cada vez mais difí cil, natu-ralmente a margem do varejista está em risco. Será a morte dos varejistas?! Obvio que não. O mundo se arbitra. Quando se está ganhando demais em um mercado, um movimento de arbitra-gem ocorre e por muitas vezes quando estes mercados são cons-tituídos de poucas empresas, estes movimentos de dinâmicas bem complexas são realizados de forma “disruptiva”.

No varejo do mundo fí sico foi assim, quando os bancos come-çaram a ganhar muito com adiantamento de crédito do varejo, os varejistas se transformaram em bancos. Assim ocorrerá com o mercado de comércio eletrônico. Os varejistas descobrirão outras formas de rentabilizar o seu maior ativo (ser dono da con-fi ança do cliente fi nal). Varejistas se tornarão geradores de leads, varejistas se tornarão bancos, varejistas se tornarão empresas de logística, varejistas se tornarão prestadores de serviço, e por aí vai.

Parece uma previsão muito distante? Parece retrato de um futuro incerto ou fotografi a de um passado disruptivo? Estou falando do que será a realidade dos maiores varejistas do Brasil ou estou falando do que é a Amazon? É isso, meus amigos. Prever o passado é fácil. Chego a conclusão então que de oráculo do Brooklin sou um bom observador dos fatos. Destas previsões só há uma incerteza: quando e como este processo irá ocorrer.

Não tenham dúvida, os maiores varejistas eletrônicos do Brasil se tornarão:

1) BANCOS – associações de varejistas com adquirentes ocorre-rão, varejistas vão virar adquirentes, varejistas serão prestadores de serviço de gateway e antifraude, varejistas disponibilizarão checkout.

2) GERADORES DE LEADS – Por que Walmart, Nova.com (Ponto frio, Extra, Bahia, Pão de Açúcar etc), B2W, Compra Fácil, Magazine Luiza, Máquina de Vendas (Ricardo Eletro e suas marcas) vão

2017 news: Facebook e Wordpress se tornam os maiores marketplaces do mundo

E-commerce Mariano Faria

E-COMMERCE

Page 113: O Poder do mercado de Aplicativos

92 > E-COMMERCE | WIDE | 111

Mariano Gomide de Faria

Diretor executivo da empresa de tecnologia Vtex, membro do conselho

de administração do E-commerce Summit e presidente do conselho da

Estação do Vinho.

E-mail: [email protected]

pagar preços exorbitantes aos geradores de leads? Não vão. O fazem por um período de tomada de mercado e um pouco de pavor. Mas isso passa. E quando a cabeça pensar com mais calma, todos chegarão a conclusão (ops, ou já chegaram) que ter conteúdo, comparadores de preço ou instrumentos de busca são necessários para rentabilizar a atividade do comércio eletrônico. Esta nova fase geopolítica do e-commerce brasileiro está em seu primeiro degrau. E a escada é longa. O primeiro passo que virá a tona mais cedo que muitos esperam é a criação de marketpla-ces (as Amazon). Todos os 10 maiores varejistas do Brasil serão marketplaces. Você que é proprietário em Itanhaém (sempre citam esta cidade, mas não conheço) de um comércio eletrônico de fl ores poderá vendê-las, além de Google e Buscapé, no Pão de Açúcar, no Submarino, no Walmart, no Extra, no Ponto frio etc. Assim como na Amazon e no Rakuten. Ou seja, em vez de pagar hoje a comissão de venda (este é o termo correto) para Google e irmãos, vocês poderão optar por pagar tal comissão por venda a demais players. Isso é fantástico!! Regra básica: quanto mais opções, menor o preço.

A previsão do título entra aqui. Se todos os lojistas receberão pedidos de marketplaces, por que não receber também pedidos do Blog da Lala (não a conheço, mas todas as mulheres que eu conheço, conhecem), ou por que não comprar a TV indicada pelo Rafi nha Bastos pelo Facebook dele, ou ainda por que não comprar uma camisa igual a que a Paola de Oliveira postou no Facebook?

Um mundo onde lojistas se tornarão “bilheteiros” (termo inventado para aqueles que só existem para emitir pedidos e entregar), todos poderão vender qualquer tipo de mercadoria. Eu posso virar uma mega loja com mais de mil opções de TVs, pois na verdade apenas estarei sendo o blog de venda para um ou mais lojistas. É por isso que Pinterest, Ahalife e demais valem o que valem. Pois agrupam objetos de desejos e comunicam com milhões de pessoas. Quantos televisores um grande varejista vende por dia? Mil? Imaginem quantos televisores serão vendi-dos se a banda Restart colocar no blog deles a opção de compra da televisão que eles gostam? Estaremos em uma nova era da comunicação e da publicidade. Qual a conclusão mais óbvia: Facebook e Wordpress são plataformas que hoje controlam por meio de terceiros (no Face, através das páginas das pessoas e no Wordpress através de blogs de terceiros) a totalidades dos

usuários conectados. Por consequência natural, são estas as pla-taformas que se transformarão nos maiores geradores de leads do varejo. Wordpress e Facebook serão os maiores marketplaces do mundo, pois nestas plataformas estão concentradas, de longe, o maior tempo que os usuários gastam na web.

3) EMPRESAS DE LOGÍSTICA – as margens líquidas de um varejo atualmente estão próximas de 1%. O custo logístico pode repre-sentar algo em torno de 5%. As empresas de varejo se tronarão grandes centros de logística. Concentrando com eles efetiva-mente todos os pontos de contato com o cliente. As empresas de logística serão para os e-commerces o que é a compra de terreno para um varejista. É uma questão estratégica controlar o ponto de contato com o usuário. Se o usuário não vai mais a uma loja, quem deve entregar é um funcionário do varejo. Por quê? Porque as empresas de logísticas podem se tornar tão poderosas que um dia podem resolver fazer o seu próprio marketplace. Por que não comprar uma TV no shopping dos Correios? Será que a entrega seria mais confi ável?

Enfi m. Muitas previsões cataclísmicas. Parece loucura?! Relaxem. São apenas previsões de um

modesto morador da Rua Geórgia, do bairro do Brooklin. No dia que pagarem no checkout do Ponto Frio, ou se afi liarem ao gateway do Walmart, ou contratarem a anti-fraude da B2W, ou contratarem a logística da Americanas, ou simplesmente vende-rem uma roupa no Blog da Lala.

O movimento que se aproxima é o maior movimento da Internet no Brasil depois do boom do ano 2000. Estaremos em um novo boom. Tenham certeza disso. E vamos que vamos....porque na vida já temos certezas demais para sermos conservadores.

“Esta nova fase geopolítica do e-commerce brasileiro está em seu

primeiro degrau”

Page 114: O Poder do mercado de Aplicativos

112 | WIDE | 92 > E-COMMERCE

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Page 115: O Poder do mercado de Aplicativos

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